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Jornal Paraná Setembro 2024

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OPINIÃO<br />

O que o MapBiomas diz sobre a produção<br />

agropecuária em biomas no Brasil<br />

Dados obtidos pelo mapeamento apontam que quase metade das áreas<br />

dedicadas à produção de alimentos são destinadas à preservação ambiental<br />

Por Lygia Pimentel<br />

Você sabe como estão<br />

divididos os biomas<br />

brasileiros no que diz<br />

respeito à produção<br />

agropecuária e preservação<br />

ambiental? Em 2023, o Brasil<br />

possuía 67% do seu território<br />

coberto por vegetação nativa<br />

e corpos da água, de modo<br />

que 33% responderam à atividade<br />

agropecuária, e o resto,<br />

à infraestrutura.<br />

As informações são do conglomerado<br />

de ONGs, universidades<br />

e startups, e do mapeamento<br />

anual do uso de cobertura<br />

de terra no Brasil, também<br />

conhecido como MapBiomas.<br />

Analisando por bioma e começando<br />

com a Amazônia, essa<br />

relação é de 84% e 16%, respectivamente.<br />

Na Caatinga<br />

61% e 38%, no Pampa 53% e<br />

45%, no Cerrado, grande produtor<br />

de alimentos, 52% e<br />

47%. Na Mata Atlântica, bioma<br />

mais populoso do país, 33% e<br />

65%. É importante lembrar<br />

que a dinâmica da vegetação<br />

nativa, também chamada de<br />

fito dinâmica, é constante.<br />

Por exemplo, quase 30% das<br />

áreas mapeadas como desmatadas<br />

na Amazônia nos últimos<br />

30 anos, hoje, estão<br />

ocupadas de novo com vegetação<br />

nativa em diversos estágios<br />

de regeneração florestal,<br />

segundo os dados do projeto<br />

TerraClass, da Embrapa.<br />

Aliás, é interessante lembrar<br />

que, de acordo com a Embrapa<br />

Territorial, a área destinada<br />

à vegetação protegida e<br />

preservada no Brasil representa<br />

66% do território nacional,<br />

dado que pouquíssima<br />

gente conhece e também corroborado<br />

pelos dados do próprio<br />

MapBiomas. Essa área é<br />

composta por 33,2% de áreas<br />

destinadas à preservação<br />

pelos produtores rurais, 9,4%<br />

de unidades de conservação,<br />

13,8% de terras indígenas,<br />

9,9% de vegetação em áreas<br />

militares e terras devolutas.<br />

Os 30,2% restantes são dedicados<br />

às lavouras, pastagens<br />

e florestas plantadas, e 3,5%<br />

do território brasileiro é reservado<br />

para infraestrutura. Impressiona<br />

que aproximadamente<br />

50% das áreas dedicadas<br />

à produção de alimentos<br />

sejam destinadas à preservação<br />

ambiental. Ou seja, metade<br />

das fazendas é floresta.<br />

Esses dados foram obtidos a<br />

partir do cruzamento das coordenadas<br />

geográficas de estabelecimentos<br />

agropecuários<br />

com os perímetros de imóveis<br />

registrados no Cadastro Ambiental<br />

Rural (CAR). Devemos<br />

nos orgulhar por sermos o<br />

único país do planeta com<br />

esse nível de preservação, que<br />

está em conjunção com uma<br />

produção agropecuária eficiente,<br />

tecnológica e competitiva,<br />

capaz ainda de alimentar<br />

Em 2023, o Brasil possuía 67%<br />

do seu território coberto por<br />

vegetação nativa e corpos da água<br />

oitocentos milhões de pessoas<br />

no mundo, ainda de<br />

acordo com a Embrapa.<br />

Lygia Pimentel é médica veterinária,<br />

economista e consultora<br />

para o mercado de<br />

commodities. Atualmente é<br />

CEO da AgriFatto. Desde<br />

2007 atua no setor do agronegócio<br />

ocupando cargos<br />

como analista de mercado na<br />

Scot Consultoria, gerente de<br />

operação de commodities na<br />

XP Investimentos e chefe de<br />

análise de mercado de gado<br />

de corte na INTL FCStone<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


CLIMA<br />

Incêndios batem recorde no <strong>Paraná</strong><br />

Altas temperaturas, estiagens e incêndios causam prejuízos às lavouras de<br />

cana-de-açúcar nesta safra e devem impactar negativamente também na próxima<br />

Aexemplo do que ocorre<br />

em grande parte<br />

do Brasil, as temperaturas<br />

acima das<br />

médias históricas, os períodos<br />

de estiagens prolongadas e os<br />

incêndios prejudicaram a safra<br />

atual de cana-de- açúcar do<br />

<strong>Paraná</strong> e deve causar efeitos<br />

negativos também na próxima.<br />

O Brasil enfrenta a pior seca já<br />

registrada desde o início da<br />

atual série histórica, em 1950.<br />

Segundo o Centro Nacional de<br />

Monitoramento e Alertas de<br />

Desastres Naturais, o momento<br />

atual supera as estiagens de<br />

1998 e de 2015/16, e a seca<br />

neste ano se estende por 5<br />

milhões de quilômetros quadrados<br />

- 58% do território nacional.<br />

O prognóstico não é otimista.<br />

Todo o país sofrerá com o<br />

calor acima da média e pouca<br />

chuva nos próximos meses.<br />

Apenas na região Sul, que sofreu<br />

as enchentes históricas<br />

em abril passado, deve chover<br />

mais, aponta o Instituto Nacional<br />

de Meteorologia (Inmet).<br />

Mesmo para quem trabalha há<br />

décadas analisando fenômenos<br />

de seca, não há clareza<br />

sobre o que está acontecendo<br />

no Brasil. A comunidade de<br />

pesquisadores tenta desvendar<br />

se há relações entre o<br />

aquecimento anormal dos<br />

oceanos, o desmatamento e a<br />

estiagem prolongada atual.<br />

Segundo o presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin, a estiagem<br />

prolongada, com baixa umidade<br />

no ar, favorece muito os<br />

incêndios. “Além das queimadas<br />

criminosas, uma simples<br />

bituca de cigarro jogada pela<br />

janela do carro, ao cair na<br />

palha seca, pode virar um incêndio<br />

de grandes proporções,<br />

causando prejuízos significativos”,<br />

alerta.<br />

No dia 9 de setembro, o Estado<br />

<strong>Paraná</strong> bateu um recorde<br />

histórico ao registrar 11.115<br />

casos ao longo de <strong>2024</strong>, segundo<br />

dados do Corpo de<br />

Bombeiros. Até então, o topo<br />

do ranking de incêndios florestais<br />

era o de 2019, com<br />

10.835 ocorrências, seguido<br />

por 2021 com 10.648 incidentes.<br />

A situação alarmante, que coloca<br />

em risco a agropecuária,<br />

fez com que governo estadual<br />

decretasse situação de emergência<br />

no <strong>Paraná</strong>, atendendo<br />

ao ofício enviado pelo Sistema<br />

FAEP, pedindo ações urgentes<br />

de apoio ao setor agropecuário<br />

paranaense. A medida permite<br />

ações como a autorização<br />

para os órgãos estaduais<br />

atuarem no combate<br />

aos incêndios, reconstrução<br />

das áreas atingidas e dispensa<br />

do processo de licitação a<br />

contratação de bens e serviços.<br />

Além do prejuízo ao meio ambiente<br />

e aos agricultores, os<br />

incêndios podem gerar multas<br />

aos produtores rurais, por<br />

isso, o presidente interino do<br />

Sistema FAEP, Ágide Eduardo<br />

Meneguette orienta que o produtor<br />

rural, em caso de incêndio<br />

em sua propriedade, faça<br />

o Boletim de Ocorrência, para<br />

ter segurança jurídica.<br />

Tranin comenta que a extensão<br />

real do prejuízo aos produtores<br />

de cana ainda está<br />

sendo avaliada e depende<br />

muito de quando se dará a retomada<br />

das chuvas em toda a<br />

região canavieira do Estado,<br />

especialmente com relação a<br />

próxima safra. Além da menor<br />

produtividade das lavouras de<br />

cana-de-açúcar, que não se<br />

desenvolveram devido à estiagem,<br />

as queimadas aumentam<br />

os prejuízos ao atingirem<br />

lavouras fora do ponto ideal de<br />

colheita, diminuindo o rendimento<br />

e alterando toda a logística<br />

de colheita, ou ao atingirem<br />

as lavouras em fase de<br />

rebrota, atrasando todo o processo<br />

e a próxima safra, ou<br />

demandando até o replantio.<br />

Isso sem falar quando há<br />

perda da qualidade da matériaprima,<br />

nos casos em que, ante<br />

um grande número de incêndios,<br />

as usinas demorem para<br />

moer a cana queimada.<br />

O Corpo de Bombeiros elenca<br />

algumas dicas que o produtor<br />

rural pode adotar em sua propriedade,<br />

como a manutenção<br />

do terreno, com a retirada de<br />

materiais que possam alastrar<br />

o fogo. Além disso, a orientação<br />

é fazer aceiros, separando<br />

as zonas de mata das áreas<br />

residenciais e agricultáveis.<br />

Outro ponto importante é<br />

manter equipamentos de<br />

combate ao fogo, como abafadores,<br />

enxadas, rastelos e<br />

mangueiras.<br />

Como a maior parte das usinas<br />

estão localizadas próximas<br />

a pequenos municípios, e boa<br />

parte destes sequer contam<br />

com estrutura para apagar incêndios,<br />

dependendo de municípios<br />

maiores próximos, são<br />

as usinas que, em muitos casos,<br />

acabam dispondo de suas<br />

estruturas e pessoal de prevenção<br />

de incêndio para combater<br />

os focos existentes. “As<br />

usinas estão sempre em prontidão,<br />

ajudando até mesmo cidades<br />

maiores uma vez que<br />

suas equipes já contam com a<br />

pratica de entrar e combater incêndios<br />

em lavouras, mesmo<br />

áreas que não são de cana, e<br />

até florestas. Elas fazem um<br />

trabalho sensacional no combate<br />

e nas campanhas de prevenção”,<br />

comenta o presidente<br />

da Alcopar.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


CENTRO-SUL<br />

Dados de produção ainda não<br />

retratam impactos das queimadas<br />

Moagem no Centro-Sul atinge 45 milhões<br />

de toneladas na 2ª quinzena de agosto<br />

e 422,61 milhões de toneladas no<br />

acumulado, um avanço de 3,93%<br />

Mercado<br />

de CBios<br />

Na segunda quinzena<br />

de agosto, as unidades<br />

produtoras<br />

da região Centro-<br />

Sul processaram 45,07 milhões<br />

de toneladas ante a<br />

46,58 milhões da safra<br />

2023/24 – queda de 3,25%.<br />

No acumulado desde o início<br />

da safra <strong>2024</strong>/25 até 1º de<br />

setembro, a moagem atingiu<br />

422,61 milhões de toneladas,<br />

ante 406,64 milhões de toneladas<br />

registradas no mesmo<br />

período no ciclo 2023/<strong>2024</strong><br />

– um avanço de 3,93%.<br />

Ao término da segunda metade<br />

de agosto, 258 unidades<br />

estavam em operação no<br />

Centro-Sul, sendo 239 unidades<br />

com processamento<br />

de cana-de-açúcar, nove<br />

empresas que fabricam etanol<br />

a partir do milho e dez<br />

usinas flex.<br />

Em relação à qualidade da<br />

matéria-prima, o nível de<br />

Açúcares Totais Recuperáveis<br />

(ATR) registrado na segunda<br />

quinzena de agosto<br />

atingiu 155,34 kg de ATR por<br />

tonelada de cana-de-açúcar,<br />

contra 153,92 kg por tonelada<br />

na safra 2023/24 – variação<br />

positiva de 0,92%. No<br />

acumulado da safra, o indicador<br />

marca 137,27 kg de ATR,<br />

ligeiro aumento de 0,02% em<br />

relação ao mesmo período<br />

do último ciclo.<br />

Dados da B3 até o dia 9 de setembro indicam a emissão<br />

de 28,73 milhões de créditos em <strong>2024</strong> pelos produtores<br />

de biocombustíveis. A quantidade de CBios<br />

disponível para negociação em posse da parte obrigada,<br />

não obrigada e dos emissores totaliza 28,61<br />

milhões de créditos de descarbonização.<br />

"Somando os CBios disponíveis para comercialização<br />

e os créditos já aposentados para cumprimento da<br />

meta de <strong>2024</strong>, já temos cerca de 83% dos títulos necessários<br />

para o atendimento integral da quantidade<br />

exigida pelo Programa para o final deste ano", destacou<br />

o diretor da UNICA.<br />

4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Produção de açúcar e etanol<br />

A produção de açúcar na segunda<br />

quinzena de agosto totalizou<br />

3,26 milhões de toneladas,<br />

registrando queda de<br />

6,02% na comparação com a<br />

quantidade observada em igual<br />

período na safra 2023/<strong>2024</strong><br />

(3,47 milhões de toneladas).<br />

No acumulado desde o início<br />

da safra até 1º de setembro, a<br />

fabricação do adoçante totalizou<br />

27,17 milhões de toneladas,<br />

contra 26,15 milhões de<br />

toneladas do ciclo anterior<br />

(+3,90%).<br />

O diretor de Inteligência Setorial<br />

da UNICA, Luciano Rodrigues,<br />

esclarece que a proporção<br />

de cana-de-açúcar direcionada<br />

para a fabricação do<br />

adoçante também apresentou<br />

retração na segunda metade<br />

de agosto, alcançando 48,85%<br />

da matéria-prima utilizada na<br />

produção de açúcar neste ano,<br />

ante 50,75% registrada na<br />

mesma quinzena da safra anterior.<br />

Nesse contexto, a fabricação<br />

de etanol pelas unidades do<br />

Centro-Sul na segunda metade<br />

de agosto atingiu 2,45 bilhões<br />

de litros, sendo 1,56 bilhão de<br />

litros (+10,27%) de etanol hidratado<br />

e 888,93 milhões de litros<br />

(-0,14%) de etanol anidro.<br />

No acumulado desde o início<br />

do atual ciclo agrícola até 1º de<br />

setembro, a fabricação do biocombustível<br />

totalizou 20,46<br />

bilhões de litros (+7,14%),<br />

sendo 13,0 bilhões de etanol<br />

hidratado (+16,34%) e 7,46<br />

bilhões de anidro (-5,84%).<br />

"Os dados de produção da segunda<br />

quinzena de agosto<br />

ainda não retratam de forma<br />

efetiva o impacto das queimadas<br />

nas lavouras do Centro-<br />

Sul, especialmente em São<br />

Paulo, onde os incêndios ocorreram<br />

de forma mais intensa a<br />

partir do dia 22 de agosto",<br />

acrescenta Rodrigues.<br />

Levantamento parcial realizado<br />

pela UNICA junto a empresas<br />

responsáveis por cerca de<br />

75% da produção do estado de<br />

São Paulo indicou que pelo<br />

menos 231,83 mil hectares de<br />

cana-de-açúcar foram atingidos<br />

pelos incêndios em território<br />

paulista na segunda metade<br />

de agosto. Desse total, 132,04<br />

mil hectares foram em lavouras<br />

que ainda seriam colhidas<br />

e a área restante - 99,79 mil<br />

hectares - em locais onde a<br />

cana-de-açúcar já havia sido<br />

colhida ou lavoura de canaplanta.<br />

"Os prejuízos associados à<br />

queima são diversos. Nas<br />

áreas em que a cana já havia<br />

sido colhida, o fogo pode exigir<br />

a necessidade de nova condução<br />

de tratos culturais, com<br />

suplementação de fertilizantes,<br />

pulverização foliar e aplicação<br />

de herbicidas, além do risco de<br />

não rebrota e o consequente<br />

replantio de parte da lavoura.<br />

Nas áreas onde a cana ainda<br />

seria colhida, o impacto dos<br />

incêndios pode incorporar a<br />

perda de qualidade da matériaprima,<br />

a alteração do cronograma<br />

de colheita das usinas e<br />

a impossibilidade de processamento<br />

nos locais onde a colheita<br />

não pode ser realizada<br />

em tempo hábil para evitar<br />

maior degradação da cana-deaçúcar<br />

queimada", explica Rodrigues.<br />

Esse cenário deve<br />

ampliar a dificuldade para a fabricação<br />

de açúcar e intensificar<br />

a queda de rendimento<br />

agrícola da lavoura, concluiu o<br />

executivo.<br />

Vendas de etanol estão aquecidas<br />

Do total de etanol obtido na segunda<br />

quinzena de agosto,<br />

14% foram fabricados a partir<br />

do milho, registrando produção<br />

de 348,63 milhões de litros<br />

neste ano, contra 236,53<br />

milhões de litros no mesmo<br />

período do ciclo 2023/24 – aumento<br />

de 47,39%. No acumulado<br />

desde o início da safra, a<br />

produção de etanol de milho<br />

atingiu 3,13 bilhões de litros –<br />

avanço de 26,92% na comparação<br />

com igual período do<br />

ano passado.<br />

No mês de agosto, as vendas<br />

de etanol totalizaram 3,06 bilhões<br />

de litros, o que representa<br />

uma variação positiva de<br />

3,76% em relação ao mesmo<br />

período da safra 2023/24. Trajetórias<br />

distintas foram registradas<br />

entre o hidratado e anidro:<br />

o primeiro, registrou crescimento<br />

de 6,81% (1,93 bilhão<br />

de litros); já o segundo, queda<br />

de 1,03% no volume comercializado<br />

(1,14 bilhão de litros).<br />

No mercado interno, o volume<br />

de etanol hidratado vendido<br />

pelas unidades do Centro-Sul<br />

totalizou 1,79 bilhão de litros em<br />

agosto deste ano, o que representa<br />

um aumento de 11,16%<br />

em relação ao mesmo período<br />

da safra anterior. A venda mensal<br />

de etanol anidro, por sua vez,<br />

atingiu a marca de 1,04 bilhão<br />

de litros, retração de 3,33%.<br />

"As vendas de etanol hidratado<br />

no mercado interno continuam<br />

em ritmo aquecido há 12 meses,<br />

posicionando o mercado<br />

em um patamar superior àquele<br />

observado em 2023", explicou<br />

Rodrigues.<br />

Dados da Agência Nacional de<br />

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis<br />

(ANP) indicam<br />

que, na semana de 01/09 a<br />

07/09, o biocombustível segue<br />

economicamente muito vantajoso<br />

aos consumidores em<br />

70% do mercado de combustíveis<br />

leves. A paridade média<br />

no Brasil atingiu 66,3%, muito<br />

aquém da relação técnica de<br />

referência de 73%.<br />

Segundo o executivo da<br />

UNICA, "dos 338 municípios<br />

com preços apurados pela<br />

ANP na última quinzena, 206<br />

deles apresentaram preço do<br />

etanol abaixo da paridade técnica<br />

com a gasolina. Nos estados<br />

de São Paulo, Mato Grosso,<br />

Goiás, Minas Gerais e Mato<br />

Grosso do Sul, todos os municípios<br />

amostrados pela agência<br />

registraram preço do etanol<br />

economicamente vantajoso<br />

em relação a gasolina, reforçando<br />

a expectativa de manutenção<br />

do consumo do biocombustível".<br />

No acumulado desde o início<br />

da safra até 1º de setembro, a<br />

comercialização de etanol pelas<br />

unidades do Centro-Sul<br />

somou 14,69 bilhões de litros,<br />

registrando crescimento de<br />

16,88%, sendo 671,24 milhões<br />

de litros destinados para<br />

exportação (-31,99%). O volume<br />

acumulado de etanol hidratado<br />

totalizou 9,50 bilhões<br />

de litros (+33,97%), enquanto<br />

o de anidro alcançou 5,19 bilhões<br />

de litros (-5,21%).<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


CANA-DE-AÇÚCAR<br />

Seca e queimadas reduzem produção<br />

Datagro reduz estimativa sobre moagem e produção de açúcar na região<br />

Centro-Sul para a safra 24/25 e mostra preocupação quanto a safra 25/26<br />

Oaumento sem precedentes<br />

de casos<br />

de incêndio, muitos<br />

deles de origem criminosa,<br />

na região Centro-Sul<br />

do Brasil no final de agosto<br />

despertou maiores preocupações<br />

sobre as condições dos<br />

canaviais, já bastante impactados<br />

pela prolongada estiagem,<br />

a serem colhidos durante<br />

o último terço da safra<br />

24/25.<br />

Mesmo que os impactos dos<br />

incêndios ainda estejam sendo<br />

mensurados, sobretudo<br />

quanto às perdas, a extensão<br />

da área afetada já sinaliza o<br />

ambiente desafiador para as<br />

operações de colheita, sobretudo<br />

diante da necessidade<br />

das usinas moerem a cana<br />

queimada dentro de um intervalo<br />

de até 48 horas para evitar<br />

perda significativa de qualidade,<br />

sem esquecer das áreas<br />

cuja cana ainda não atingiu o<br />

seu ponto ideal de corte.<br />

À luz dos resultados iniciais<br />

desses impactos, além dos<br />

danos já provocados pela<br />

seca, a Datagro publicou uma<br />

revisão do balanço de safra<br />

24/25 da região Centro-Sul do<br />

Brasil no dia 26 de agosto<br />

para os clientes do Datagro<br />

Crop Survey, cujos novos números<br />

podem ser resumidos<br />

através dos seguintes pontos:<br />

• CANA-DE-AÇÚCAR: redução<br />

de 602,0 para 593,0 milhões<br />

de toneladas (654,43<br />

milhões de toneladas em<br />

23/24);<br />

• RENDIMENTO INDUSTRIAL:<br />

redução de 140,60 para<br />

140,20 kg de ATR por tonelada<br />

de cana (139,22 kg<br />

ATR/tc em 23/24);<br />

• PRODUÇÃO DE AÇÚCAR:<br />

redução de 40,025 para<br />

39,30 milhões de toneladas<br />

(42,43 milhões de toneladas<br />

em 23/24);<br />

• PRODUÇÃO DE ETANOL<br />

TOTAL: redução de 0,44 bilhões<br />

de litros por conta dos<br />

efeitos na safra de cana (na<br />

safra 23/24 foram produzidos<br />

33,59 bilhões de litros);<br />

• MIX DE PRODUÇÃO PARA<br />

AÇÚCAR: mantido em<br />

49,6%, contra 48,9% na safra<br />

23/24.<br />

O acompanhamento do impacto<br />

dos incêndios e a condição<br />

geral do canavial na<br />

safra 24/25 e as perspectivas<br />

para 25/26 continuam a ser<br />

monitorados, e eventuais refinamentos<br />

de estimativa poderão<br />

ser realizados à frente.<br />

Mais do que em relação à moagem,<br />

há maior preocupação<br />

sobre o poder de cristalização<br />

das usinas do Centro-Sul,<br />

com muitos agentes do mercado<br />

já desconfiados da possibilidade<br />

de que o mix para a<br />

produção de açúcar em 24/25<br />

fique próximo ao de 23/24, a<br />

depender dos danos nos canaviais<br />

provocados pelos incêndios<br />

e da velocidade pela<br />

qual as usinas conseguiram<br />

colher estas áreas em<br />

tempo hábil - além dos impactos<br />

sobre a planta, o forte ritmo<br />

de moagem tende a limitar<br />

a flexibilidade das usinas para<br />

maximizar a produção de<br />

açúcar.<br />

Por outro lado, é importante<br />

ressaltar para a revisão sobre<br />

a produção de etanol de<br />

milho, de 7,7 para 8 bilhões<br />

de litros em 24/25, correspondendo,<br />

portanto, a 24,6%<br />

da oferta total de etanol na região<br />

para a atual temporada,<br />

contra 18,7% em 23/24, que<br />

ajuda a compensar a queda<br />

da produção de etanol de<br />

cana. A nova estimativa de<br />

produção de etanol total na<br />

safra 24/25 na região Centro-<br />

Sul passa de 32,66 para<br />

32,52 bilhões de litros.<br />

Os incêndios também provocaram<br />

preocupações sobre as<br />

áreas a serem colhidas na próxima<br />

safra de 25/26, tendo em<br />

vista os danos já observados<br />

pela equipe de agrônomos da<br />

Datagro Crop Survey nas áreas<br />

de rebrota, o que deve encorajar<br />

os produtores a retardar o<br />

início das operações de moagem<br />

na próxima temporada.<br />

CTC também aponta queda na produtividade<br />

A produtividade dos canaviais<br />

colhidos no mês de julho no<br />

Centro-Sul atingiu a média de<br />

86,6 toneladas por hectare,<br />

12,1% inferior à registrada no<br />

mesmo mês da safra 2023/24.<br />

A falta de chuvas preocupa<br />

os produtores da maioria das<br />

regiões do centro-sul, uma<br />

vez que os canaviais que serão<br />

colhidos em ciclo médio/<br />

tardio deverão sofrer um<br />

maior impacto devido ao elevado<br />

déficit hídrico acumulado.<br />

No acumulado desta safra<br />

(abril a julho), a produtividade<br />

se mantém próxima à<br />

observada no ciclo anterior,<br />

com queda de aproximadamente<br />

5,6% (88,7 t/ha nesta<br />

safra, contra 94 t/ha em<br />

2023/24).<br />

Já a qualidade da matéria<br />

prima (ATR) colhida no mês de<br />

julho foi superior em praticamente<br />

todas as regiões, com<br />

exceção de Araçatuba e Mato<br />

Grosso. No acumulado dos<br />

quatro meses de safra o resultado<br />

é bastante similar - aumento<br />

da qualidade da matéria<br />

prima em praticamente todos<br />

os estados (129,1 kg/tc em<br />

2023/24 para 129,4 kg/tc nesta<br />

safra). Esta condição é esperada.<br />

O clima mais seco<br />

propicia o acúmulo de sacarose<br />

pela cultura.<br />

6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SÃO PAULO<br />

Pelo menos 230 mil hectares<br />

foram atingidos por incêndios<br />

Levantamento é da ÚNICA. Usinas continuam<br />

concentradas na prevenção e combate<br />

a possíveis focos de queimadas<br />

Combate e<br />

prevenção<br />

Pelo menos 231,83<br />

mil hectares de lavouras<br />

de cana-deaçúcar<br />

foram atingidos<br />

pelos recentes incêndios<br />

registrados no interior<br />

de São Paulo. O dado é fruto<br />

de levantamento parcial<br />

realizado pela UNICA (União<br />

da Indústria de Cana-de-<br />

Açúcar e Bioenergia) junto<br />

às usinas do estado e refere-se<br />

aos incêndios ocorridos<br />

em agosto. As empresas<br />

com os números já<br />

contabilizados representam<br />

mais de 75% da produção<br />

paulista de cana-deaçúcar.<br />

De acordo com o levantamento,<br />

132,04 mil hectares<br />

são de áreas que ainda seriam<br />

colhidas. O restante, ou<br />

seja, 99,79 mil hectares, é<br />

referente a locais em que a<br />

cana-de-açúcar já havia sido<br />

colhida ou a lavouras de<br />

cana-planta (plantadas nesse<br />

ano para colheita no próximo<br />

ciclo agrícola).<br />

As regiões de Ribeirão Preto,<br />

São José do Rio Preto e São<br />

Carlos foram as mais atingidas<br />

pelos incêndios, respondendo<br />

por cerca de 90% da<br />

área queimada apurada até o<br />

momento. Nas regiões de<br />

Piracicaba, Araçatuba e Assis<br />

o impacto dos incêndios<br />

foi menor.<br />

A UNICA e suas associadas colocaram à disposição do<br />

Estado de São Paulo toda a estrutura de combate ao<br />

fogo já disponível nas usinas. Mais de 1,5 mil caminhões-pipa<br />

e cerca de 10 mil colaboradores do setor<br />

sucroenergético treinados para combater incêndios<br />

continuam atuando sob coordenação do governo estadual.<br />

"Nesse momento, os esforços do setor sucroenergético<br />

seguem dedicados à prevenção e combate dos focos<br />

de incêndio, com segurança aos colaboradores e colaboração<br />

com o Governo do Estado", destaca o diretor<br />

de Inteligência Setorial da UNICA, Luciano Rodrigues.<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


DOIS<br />

PONTOS<br />

Combustível do Futuro<br />

O plenário da Câmara dos Deputados<br />

aprovou em definitivo<br />

o projeto de lei conhecido<br />

como “Combustível do Futuro”<br />

por estabelecer regras estáveis<br />

para a expansão da produção<br />

e do uso de biocombustíveis,<br />

como biodiesel, etanol, biometano,<br />

diesel verde e SAF (aviação).<br />

A votação aconteceu<br />

porque o plenário do Senado<br />

aprovou a matéria, com alterações<br />

em relação ao projeto anteriormente<br />

aprovado pela Câmara,<br />

em março deste ano. A<br />

conclusão do processo legislativo<br />

em torno da proposta<br />

significa que o Congresso Nacional<br />

acaba de dar mais um<br />

passo na transição energética,<br />

colocando o Brasil mais uma<br />

vez no protagonismo na utilização<br />

de energias limpas. Em relação<br />

ao biodiesel, o teor de<br />

mistura ao diesel fóssil, atualmente<br />

em 14%, irá aumentar<br />

gradativamente a partir de<br />

março de 2025 até atingir 20%<br />

em março de 2030, podendo<br />

ser estendido até a 25%, conforme<br />

decisão do Conselho<br />

Nacional de Política Energética.<br />

Quando se trata do custo da energia, insumo essencial para a produção em geral e a<br />

competitividade da indústria em particular, o Brasil está longe das melhores práticas<br />

globais e erodindo sua posição como potencial destino de investimentos. Empresas<br />

brasileiras pagam muito mais que seus concorrentes nas modalidades principais, da<br />

energia elétrica ao gás natural. As famílias arcam com uma conta de luz que é uma<br />

das maiores do mundo - ainda mais quando se considera o nível médio de renda da<br />

população brasileira. A causa é o acúmulo de políticas mal desenhadas e a submissão<br />

a interesses particulares. Pesquisa da Abrace, associação que representa mais de<br />

40% do consumo industrial de energia do país, mostra que há cerca de R$ 100 bilhões<br />

anuais em ineficiências e subsídios, 20% acima do que se verificaria na projeção de<br />

uma regulação mais eficiente.<br />

Energia cara<br />

Etanol de milho<br />

O Itaú BBA espera que a produção<br />

de etanol de milho do<br />

Brasil cresça 25% na safra<br />

<strong>2024</strong>/25, para 7,8 bilhões de<br />

litros. Para 2025/26, a expectativa<br />

é de um incremento de<br />

11%, para 8,7 bilhões de litros.<br />

Dessa forma, o volume de milho<br />

consumido para a produção<br />

de etanol deve alcançar<br />

17,3 milhões de toneladas em<br />

<strong>2024</strong> (avanço de 29% ante<br />

2023), representando 21% do<br />

consumo doméstico. Em<br />

2025, o banco estima que<br />

serão consumidos 19,4 milhões<br />

de toneladas. O Brasil<br />

possui 21 usinas de etanol que<br />

utilizam o milho como matériaprima<br />

em funcionamento, sendo<br />

11 no Mato Grosso, 6 em<br />

Goiás, 2 no Mato Grosso do<br />

Sul, 1 no <strong>Paraná</strong> e 1 em São<br />

Paulo. Dessas 21 unidades, 11<br />

são exclusivamente de milho,<br />

enquanto as demais produzem<br />

etanol de cana e de milho, denominadas<br />

usinas flex.<br />

O Senado Federal aprovou o<br />

projeto que cria R$ 18,3 bilhões<br />

em incentivos fiscais<br />

para o setor de hidrogênio de<br />

baixa emissão de carbono, o<br />

chamado hidrogênio verde.<br />

A iniciativa vai conceder subsídio<br />

fiscal por meio da Contribuição<br />

Social sobre o Lucro<br />

Líquido. O crédito pode<br />

A BMW anunciou que planeja<br />

começar a vender veículos<br />

movidos a hidrogênio<br />

verde em quatro anos, em<br />

uma tentativa de estabelecer<br />

a tecnologia como uma alternativa<br />

aos carros elétricos<br />

a bateria. A fabricante alemã<br />

desenvolverá uma nova geração<br />

de sistemas de propulsão<br />

a célula de combustível<br />

em parceria com a Toyota. A<br />

produção em série começará<br />

em 2028, com uma variante<br />

a hidrogênio de um<br />

modelo existente da BMW<br />

que estará disponível até lá.<br />

Senado<br />

ser convertido em ressarcimento<br />

financeiro caso não<br />

haja débitos em impostos<br />

suficientes para compensar<br />

a quantia. O limite estabelecido<br />

é de R$ 1,7 bilhão em<br />

2028, R$ 2,9 bi em 2029,<br />

R$ 4,2 bi em 2030, R$ 4,5 bi<br />

em 2031 e R$ 5 bilhões em<br />

2032.<br />

Hidrogênio verde<br />

A BMW e a Toyota planejam<br />

fabricar sistemas de propulsão<br />

a hidrogênio juntos para<br />

uso em modelos de ambas<br />

as montadoras. Eles esperam<br />

que o desenvolvimento<br />

conjunto e a aquisição de<br />

peças ajudem a reduzir os<br />

custos e tornem a tecnologia<br />

mais competitiva. A Toyota<br />

está se preparando para<br />

converter a maior parte da<br />

linha Toyota e Lexus para<br />

modelos exclusivamente híbridos<br />

e pode se tornar a primeira<br />

a abandonar carros<br />

movidos apenas a gasolina.<br />

Incêndio IAC<br />

Um dos incêndios que atingiram<br />

a região de Ribeirão Preto<br />

nos últimos dias afetou pesquisas<br />

desenvolvidas no Centro<br />

de Cana do IAC (Instituto<br />

Agronômico de Campinas).<br />

Referência no setor sucroenergético<br />

em estudos sobre<br />

variedades de cana, o órgão<br />

viu serem destruídos pelo fogo<br />

cerca de 80% da área de<br />

150 hectares de cultivo na cidade.<br />

A área atingida abrigava<br />

plantas em todas as etapas,<br />

das mais novas às mais antigas,<br />

algumas das quais inseridas<br />

em estudos desenvolvidos<br />

há mais de dez anos.<br />

Além de atrasar as pesquisas,<br />

o fogo atrasará também a<br />

chegada aos produtores rurais<br />

de variedades de cana<br />

que seriam lançadas em<br />

breve.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Carros híbridos<br />

O grupo Stellantis, multinacional<br />

que controla as marcas Fiat,<br />

Jeep, Peugeot, Citroën e RAM,<br />

aposta nos carros híbridos<br />

como alternativa aos veículos<br />

elétricos no hemisfério Sul, com<br />

destaque para o Brasil. A estratégia<br />

da empresa considera que<br />

países em desenvolvimento<br />

terão mais dificuldades para<br />

BYD<br />

eletrificar suas frotas e que, por<br />

isso, permanecerão com carros<br />

movidos a combustão - no<br />

caso, o etanol. O plano, se<br />

assim posto em prática, aumentaria<br />

a produção de carros<br />

híbridos no mundo, o que colocaria<br />

o Brasil como um importante<br />

fornecedor de combustível<br />

no mercado internacional.<br />

A chinesa BYD começará a produzir veículos híbridos - elétricos<br />

e a gasolina ou etanol - no Brasil a partir do primeiro<br />

semestre de 2025, em sua planta em Camaçari, na Bahia. A<br />

meta da empresa é investir em tecnologia até que se atinja<br />

um modelo de carro flexível, que funcione a etanol ou gasolina<br />

e eletricidade, trazendo maior aproveitamento do álcool<br />

produzido da cana-de-açúcar no país, aproveitando as matrizes<br />

brasileiras abundantes, que podem nos colocar na dianteira<br />

da inovação energética no mundo.<br />

Renovação<br />

A General Motors vai iniciar a renovação<br />

de seus produtos no<br />

Brasil, e os modelos híbridos<br />

flex serão destaque. A produção<br />

será concentrada em São Paulo.<br />

Ao todo serão investidos no país<br />

R$ 7 bilhões anunciado em janeiro,<br />

com aplicação prevista<br />

para o período de <strong>2024</strong> a 2028.<br />

Dois modelos híbridos flex<br />

Biocarvão<br />

serão produzidos e terão sistema<br />

considerado leve ou<br />

micro-híbrido. Nesse caso, a<br />

eletricidade ajuda a reduzir a<br />

queima de combustível nas partidas<br />

e fornece torque extra nas<br />

arrancadas, entre outros recursos.<br />

O Brasil será o primeiro<br />

mercado a oferecer a tecnologia<br />

híbrida flex da GM no mundo.<br />

Estudo da Empresa de Pesquisa<br />

Energética (EPE) aquece a discussão<br />

sobre a produção nacional<br />

de biocarvão, uma tecnologia<br />

utilizada em 230 empresas<br />

no mundo, mas que no Brasil<br />

ainda engatinha. O biocarvão é<br />

um material similar ao carvão<br />

vegetal, mas produzido a partir<br />

de biomassa por meio da pirólise<br />

(reação em que uma substância<br />

é decomposta em outras<br />

pela ação do calor do fogo), sendo<br />

considerado uma solução<br />

baseada na natureza no combate<br />

às mudanças climáticas.<br />

Seu uso para remoção permanente<br />

de carbono pode ser uma<br />

peça-chave para a agricultura<br />

brasileira, avaliam especialistas,<br />

além de abrir oportunidades na<br />

comercialização de créditos no<br />

mercado voluntário de carbono.<br />

Entre os desafios estão a necessidade<br />

de mais pesquisas para<br />

entender plenamente os impactos<br />

de longo prazo nos solos<br />

brasileiros, além de barreiras<br />

econômicas e tecnológicas para<br />

a produção em larga escala.<br />

Seca<br />

O Brasil enfrenta a pior seca<br />

já registrada desde o início da<br />

atual série histórica, em<br />

1950. Segundo um índice<br />

que mede as quantidades de<br />

água da chuva e da evapotranspiração<br />

de plantas, o<br />

momento atual supera as estiagens<br />

de 1998 e de<br />

2015/2016. É o que apontam<br />

dados do Centro Nacional de<br />

Monitoramento e Alertas de<br />

Desastres Naturais. O problema<br />

de seca neste ano se<br />

Em carta endereçada à Secretaria<br />

Nacional de Mudança do<br />

Clima, do Ministério do Meio<br />

Ambiente e Mudanças Climáticas,<br />

representantes do setor<br />

agropecuário pedem uma maior<br />

participação nas discussões do<br />

Plano Clima <strong>2024</strong>-25, em elaboração<br />

pelo governo federal.<br />

Eventos climáticos extremos:<br />

como ondas de calor e secas -<br />

estão dificultando a produção<br />

agrícola no mundo todo. Segundo<br />

a Organização das Nações<br />

Unidas para Alimentação<br />

e Agricultura, nos últimos 30<br />

anos, o mundo perdeu US$ 3,8<br />

trilhões em produção agrícola<br />

e pecuária em consequência<br />

Um estudo do Laboratório Nacional<br />

de Biorrenováveis do<br />

Centro Nacional de Pesquisa<br />

em Energia e Materiais projeta<br />

que as mudanças climáticas<br />

podem provocar uma queda na<br />

produção de biomassa total de<br />

cana de até 20% nos próximos<br />

10 anos, no cenário mais pessimista,<br />

e de 5% no mais otimista.<br />

A redução pode ter efeito<br />

estende por 5 milhões de quilômetros<br />

quadrados - 58% do<br />

território nacional e 500 mil a<br />

mais do que em 2015. A situação<br />

tende a se estender,<br />

Plano Clima<br />

Tendo em vista a extrema dependência<br />

da atividade agropecuária<br />

em relação ao clima,<br />

ressaltam os signatários, “o<br />

setor é perdedor pelo que ocorre<br />

(na atual crise climática)”.<br />

“Reforçamos, por isso, a relevância<br />

de estarmos envolvidos<br />

nas discussões para construir<br />

Produção agrícola<br />

das catástrofes climáticas -<br />

mais de R$ 21 trilhões. As mudanças<br />

no clima não têm causado<br />

ainda queda na produção<br />

mundial, mas já afetam a vocação<br />

agrícola de algumas regiões,<br />

que vão ter que cultivar<br />

outros alimentos. É preciso garantir<br />

a viabilidade das culturas<br />

e o abastecimento de todas as<br />

Produção de cana<br />

drástico equivalente no mercado<br />

de etanol combustível e<br />

no setor de biocombustíveis no<br />

Brasil. Até o fim do século, a<br />

queda total na produção pode<br />

chegar a 26%. A região estudada<br />

abrange os estados de<br />

São Paulo, Goiás, Minas Gerais,<br />

<strong>Paraná</strong>, Mato Grosso e Mato<br />

Grosso do Sul, que juntos produzem<br />

atualmente 90% da cana<br />

porque as chuvas devem<br />

atrasar, com chance de intensificação<br />

da seca em toda a<br />

região central e no Norte do<br />

país, segundo o centro.<br />

possíveis soluções”, dizem os<br />

signatários da carta, que reiteram<br />

a “disposição de atuar em<br />

conjunto” e dão várias sugestões.<br />

O Plano Clima será apresentado<br />

pelo governo brasileiro<br />

em novembro, durante a 29ª<br />

Conferência do Clima (COP-<br />

29), no Azerbaijão.<br />

populações com tecnologias<br />

que ajudem o agronegócio a<br />

se adaptar às mudanças. O<br />

Brasil sabe trabalhar com<br />

agropecuária voltada ao baixo<br />

carbono. O caminho é o plantio<br />

direto, rotação de pastagens,<br />

abate do gado mais<br />

cedo, integração lavoura-pecuária-floresta<br />

e outros.<br />

do país. A redução na quantidade<br />

e frequência de chuvas<br />

será o principal fator prejudicial<br />

ao desenvolvimento da cana,<br />

superando até mesmo a elevação<br />

das temperaturas. No cenário<br />

mais pessimista, a redução<br />

de receitas pode alcançar<br />

US$ 1,9 milhão anual por bilhão<br />

de litros de etanol, somente em<br />

créditos de descarbonização.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

11


DESTAQUE<br />

Nova Londrina é<br />

premiada pelo IAC<br />

A usina está entre os vencedores do 2º Prêmio Produtividade<br />

com Modernidade do Instituto Agronômico de Campinas<br />

AUsina Nova Londrina,<br />

do Grupo CMNP<br />

(Companhia Melhoramentos<br />

Norte do <strong>Paraná</strong>),<br />

no Estado do <strong>Paraná</strong>, foi<br />

uma das vencedoras do 2º<br />

Prêmio Produtividade com Modernidade,<br />

promovido pelo Instituto<br />

Agronômico de Campinas<br />

(IAC). O evento de premiação<br />

foi no Centro de Cana<br />

IAC, em Ribeirão Preto-SP e<br />

contou com a participação de<br />

221 empresas, de 17 estados<br />

brasileiros, todas com produção<br />

superior a 500 mil toneladas<br />

de cana-de-açúcar.<br />

O objetivo da premiação é reconhecer<br />

as empresas de destaque<br />

na safra canavieira<br />

2023/24, e este ano trouxe<br />

mudanças significativas em relação<br />

à sua primeira edição, refletindo<br />

as condições climáticas<br />

e as novas tecnologias<br />

adotadas no setor. Segundo<br />

Rubens Braga Junior, consultor<br />

do IAC, metade dos vencedores<br />

deste ano não estava presente<br />

na lista de 2023, o que<br />

era esperado devido à variação<br />

nas condições climáticas entre<br />

as duas safras.<br />

“A produtividade está fortemente<br />

ligada ao clima, e os últimos<br />

dois anos foram bastante<br />

diferentes. A safra de<br />

2022/23 foi marcada por seca<br />

e baixa produtividade, enquanto<br />

2023/24 registrou uma<br />

safra recorde, com chuvas<br />

abundantes. Aqueles que conseguiram<br />

responder melhor a<br />

esse clima mais favorável elevaram<br />

consideravelmente sua<br />

produtividade”, explicou.<br />

Para a escolha dos vencedores,<br />

os especialistas utilizaram<br />

o Índice IAC de Produtividade<br />

com Modernidade (IIPM), que<br />

considera a quantidade de toneladas<br />

de ATR por hectare<br />

(TAH5) e o índice de liberação<br />

varietal (ILV), o qual reflete a<br />

idade média das variedades<br />

utilizadas. A fórmula utilizada<br />

foi IIPM = TAH5 – 0,20 x ILV,<br />

valorizando, assim, produtores<br />

que investiram em novas variedades<br />

de cana, desenvolvidas<br />

pelos programas de melhoramento<br />

genético do Brasil.<br />

A grande vencedora do 2º Prêmio<br />

Produtividade com Modernidade<br />

foi a Usina Alta Mogiana,<br />

do estado de São Paulo,<br />

que alcançou um IIPM de<br />

13,67, superando em quase<br />

dois pontos o índice da vencedora<br />

da primeira edição. Entre<br />

as usinas premiadas também<br />

estão a Marituba, do Grupo<br />

Carlos Lyra, do Estado de Alagoas;<br />

Pagrisa – Grupo Pagrisa,<br />

dos Estados da Região Norte/<br />

Nordeste, exceto Alagoas e Tocantins;<br />

Rio Brilhante, do<br />

Grupo Raízen, dos Estados de<br />

Mato Grosso e Mato Grosso<br />

do Sul; Uberaba, do Grupo<br />

Balbo, dos Estados de Minas<br />

Gerais/Espírito Santo; Denusa<br />

– Destilaria Nova União, dos<br />

Estados de Goiás/Tocantins.<br />

Também estão entre os vencedores<br />

a Diana Bioenergia, da<br />

Região de Araçatuba-SP; São<br />

Luiz, do Grupo Quagliato, da<br />

Região de Assis-SP; Usina Ferrari,<br />

da Região de Jaú-SP;<br />

Santa Lúcia, do Grupo Ometo,<br />

da Região de Piracicaba-SP;<br />

Novo Horizonte, do Grupo<br />

Santa Isabel, da Região de São<br />

José do Rio Preto-SP.<br />

Segundo o diretor geral do Instituto<br />

Agronômico, Marcos<br />

Landell, um ponto fundamental<br />

para o aumento de produtividade<br />

das empresas vencedoras<br />

foi a adoção de novas variedades<br />

de cana. Landell destacou<br />

que o uso dessas variedades<br />

é essencial para o sucesso<br />

agroindustrial e a recuperação<br />

do setor, duramente<br />

atingido por queimadas em diversas<br />

regiões produtoras.<br />

“A ampla adoção das novas<br />

tecnologias varietais, que apresentam<br />

maior capacidade de<br />

produção em soqueiras, com<br />

melhor brotação e emissão de<br />

colmos, será fundamental para<br />

enfrentar os desafios impostos<br />

pelos incêndios”, citou o pesquisador<br />

enfatizando que o uso<br />

dessas novas variedades servirá<br />

como um “antídoto” para<br />

reduzir significativamente os<br />

danos causados pelos incêndios,<br />

especialmente no Centro-<br />

Sul do Brasil, onde a recuperação<br />

demandará ciência e<br />

tecnologia. “A recuperação das<br />

áreas afetadas exigirá grande<br />

esforço tecnológico para evitar<br />

o aumento excessivo nos custos<br />

de produção”, concluiu.<br />

12<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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