Quem é Quem nos Resíduos - 2024
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
QUEM É QUEM<br />
NOS RESÍDUOS<br />
<strong>2024</strong>
3<br />
QUEM É QUEM<br />
NOS RESÍDUOS<br />
<strong>2024</strong>
Saiba mais em<br />
www.greensavers.pt<br />
A REVISTA QUE<br />
DÁ VOZ A TODOS<br />
OS QUE ACREDITAM<br />
NUM MUNDO MAIS<br />
SUSTENTÁVEL
\\ EDITORIAL \\<br />
5<br />
Desperdiçar lixo <strong>é</strong> como<br />
rasgar uma nota.<br />
Vale dinheiro!<br />
S<br />
e <strong>é</strong> do tempo em que só tínhamos dois canais de televisão, certamente se recorda de uma novela brasileira<br />
chamada Rainha da Sucata, em que uma das protagonistas enriqueceu com um negócio de ferro<br />
velho. Uma trama visionária, afinal desengane-se quem pensa que os resíduos são descartáveis e sem<br />
valor. Pelo contrário. Há quem enriqueça com o “lixo” dos outros. Por isso, o termo “gestão de resíduos”<br />
deveria ser alterado para “valorização de resíduos”. Segundo a CNN Brasil, o mercado global, da recolha at<strong>é</strong> à reciclagem<br />
movimenta 410 mil milhões de dólares por ano.<br />
O estudo The Future of The Waste Managemenet Sector (2020-2030), da International Solid Waste Association<br />
(ISWA), uma organização sem fins lucrativos, que reúne profissionais do setor de resíduos sólidos, prevê que a<br />
geração mundial de lixo chegará a 3,4 mil milhões de toneladas, por ano, at<strong>é</strong> 2050. Será que at<strong>é</strong> lá os consumidores<br />
aprenderão a rentabilizar os seus resíduos? Se houvesse uma forma de compensação como, por exemplo, acontecia<br />
com a tara — quando se entregava uma garrafa de vidro de cerveja ou de leite vazias nas mercearias do bairro<br />
recebia-se o valor da mesma, faria a diferença? Afinal era a cenoura que motivava a reciclagem! Mas estaremos já<br />
a caminhar para aí? Ou continuamos a regredir?<br />
Não sei se já viram o filme Wall-E, que estreou em 2008. Este conta uma história de amor entre dois robôs que se<br />
conheceram na Terra, transformada num enorme aterro pela humanidade que sem conseguir mais viver no meio<br />
do lixo, resolve partir à procura de um novo lar. Mas passado algum tempo, os huma<strong>nos</strong> decidem voltar ao seu<br />
antigo planeta. <strong>Quem</strong> não gosta de regressar a casa? O filme termina com uma mensagem de esperança. Ainda há<br />
salvação. Na ficção <strong>é</strong> mais fácil, o guionista faz a história à sua maneira. Na vida real <strong>é</strong> preciso trabalhar para isso.<br />
Que tal começar já a tratar dos seus resíduos, sob pena de um dia tamb<strong>é</strong>m ter de fazer as malas para um planeta<br />
B. Se houver!<br />
Teresa Cotrim, jornalista<br />
// FICHA TÉCNICA<br />
DIRETOR GERAL Rog<strong>é</strong>rio Junior • DIRETORA EDITORIAL Ana Filipa Rego • COLABORADORES E REDAÇÃO Alexandra Costa, Filipe Rações, Teresa Cotrim • DIREÇÃO<br />
DE COMUNICAÇÃO Marisa Silvestre • DIREÇÃO DE ARTE Sofia Marques • REVISÃO Lígia Mendes • IMAGENS Getty Images • PUBLICIDADE Mário Serra (mario.serra@<br />
greensavers.pt) • PERIODICIDADE Anual • TIRAGEM MÉDIA 15.000 exemplares • PROPRIEDADE | SEDE | EDITOR Green News Editora, LDA, Rua Cidade de Rabat, 41B,<br />
1500-159 Lisboa, NIPC: 516292412, geral@greensavers.pt • IMPRESSÃO E ACABAMENTO Jorge Fernandes, LDA - Rua Quinta do Conde de Mascarenhas, 9, 2820-652<br />
Charneca da Caparica • Revista distribuída gratuitamente com a Green Savers nº 16<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
6 \\ ÍNDICE \\<br />
08<br />
ENTREVISTA<br />
“GOSTO DE RESOLVER PROBLEMAS,<br />
CONCRETIZAR PROJETOS E ALCANÇAR<br />
CONSENSOS”<br />
Vera Eiró, Presidente do Conselho de<br />
Administração da Entidade Reguladora<br />
dos Serviços de Águas e <strong>Resíduos</strong><br />
(ERSAR)<br />
22<br />
RECICLAGEM<br />
Portugal à frente na<br />
reciclagem têxtil<br />
Na Europa a partir de janeiro de 2025 será<br />
proibido enviar roupa no fim de vida para<br />
aterro, incinerar ou exportá-la. Em Portugal<br />
são 200 mil toneladas ano.<br />
28<br />
RECICLAGEM<br />
<strong>Resíduos</strong> Perigosos<br />
O que “talvez” se passa no país<br />
A lei Pro-Solos continua na gaveta, as<br />
licenças dos CIRVER estão em banho-<br />
-maria, muitos destes resíduos ainda<br />
vão parar ao “lixo” comum e os dados<br />
não estão atualizados.<br />
36<br />
RESÍDUOS<br />
ATERROS NACIONAIS<br />
à beira da rutura<br />
As unidades que fazem os tratamentos<br />
de resíduos estão a ficar sem<br />
aterros para os colocar. Quando<br />
atingirem o limite, ou exportamos<br />
o “lixo” ou teremos de apostar na<br />
incineração e valorização energ<strong>é</strong>tica.<br />
42<br />
FÓRUM DE LÍDERES<br />
1<br />
2<br />
54<br />
De que forma a sua empresa/<br />
entidade está comprometida<br />
com as melhores práticas<br />
sustentáveis?<br />
Como perspetiva o futuro do<br />
setor da gestão de resíduos<br />
em Portugal?<br />
DIRETÓRIO<br />
Rumo a uma<br />
economia circular<br />
Conheça as empresas que se destacam<br />
na gestão de resíduos em Portugal.
8 \\ ENTREVISTA \\<br />
“Gosto de resolver problemas,<br />
concretizar projetos e alcançar<br />
consensos”<br />
A GESTÃO DA ÁGUA E DOS RESÍDUOS EM PORTUGAL ENFRENTA DESAFIOS SIGNIFICATIVOS.<br />
ENQUANTO A GOVERNANÇA É UM DOS MAIORES OBSTÁCULOS NO SETOR DA ÁGUA, NOS<br />
RESÍDUOS É O CONSUMO DESREGRADO E A DEPOSIÇÃO EM ATERRO QUE IMPÕE GRANDES<br />
DIFICULDADES.<br />
\\ Por Teresa Cotrim<br />
No setor da água destaca como desafio a governança e<br />
<strong>nos</strong> resíduos, o consumo. Duas pastas que entram na<br />
mesma fatura do consumidor, mas este nem sabe quanto<br />
realmente custam estes serviços. No caso da recolha<br />
e tratamento de resíduos urba<strong>nos</strong>, as tarifas aplicadas<br />
apenas permitem cobrir cerca de 70% dos gastos efetivos, os restantes<br />
30% são assegurados pelos municípios, por exemplo. Vera Eiró, Presidente<br />
do Conselho de Administração da Entidade Reguladora dos<br />
Serviços de Águas e <strong>Resíduos</strong> (ERSAR), diz ainda que se pudesse ter<br />
já algumas medidas concretas, gostaria que houvesse o alargamento<br />
das competências do regulador em termos da sua capacidade de intervenção<br />
para fazer cumprir a legislação e as boas práticas.<br />
Como <strong>é</strong> ser presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de<br />
Águas e <strong>Resíduos</strong> (ERSAR)? Uma mulher a cuidar das águas e dos<br />
resíduos nacionais.<br />
Gosto mesmo muito de exercer as funções de Presidente do Conselho<br />
de Administração da ERSAR. Tenho o privil<strong>é</strong>gio de, simultaneamente,<br />
integrar uma equipa, desde o Conselho de Administração at<strong>é</strong> o<br />
corpo t<strong>é</strong>cnico da ERSAR, muito especializado e competente, onde<br />
posso contribuir com os conhecimentos adquiridos ao longo da minha<br />
vida acad<strong>é</strong>mica e profissional, e da qual me orgulho muitíssimo.<br />
As minhas funções permitem-me tamb<strong>é</strong>m trabalhar ativamente<br />
em questões críticas para a sustentabilidade, associados à gestão da<br />
água e dos resíduos urba<strong>nos</strong>, à implementação da economia circular<br />
e à descarbonização, que têm um impacte diário na vida das pessoas<br />
—são serviços públicos essenciais. Não vejo, com franqueza, qual seja<br />
a especificidade de ser uma mulher a exercer estas funções.<br />
O que a levou a sair de um escritório de advogados para uma empresa<br />
de serviço público?<br />
Sempre exerci na área do Direito Público, onde me doutorei e especializei<br />
do ponto de vista acad<strong>é</strong>mico. Sou professora universitária e<br />
mantive o exercício de funções docentes a par das da ERSAR. A passagem<br />
para a Regulação prendeu-se com uma vontade que senti de,<br />
mantendo-me na minha área de especialidade, continuar a resolver<br />
problemas, a concretizar projetos, a alcançar consensos, mas agora<br />
— e isso <strong>é</strong> um plus relevantíssimo, ao serviço do interesse público e<br />
de um bem coletivo. Os setores regulados pela ERSAR são de futuro<br />
e permitem-me pensar que, durante este mandato, posso marcar<br />
a diferença, para melhor, na vida dos consumidores de hoje e os de<br />
amanhã.<br />
Quais os principais desafios dos setores água e resíduos? Ou os<br />
maiores problemas!<br />
Para não me alongar, na água temos um desafio de governança, ou<br />
seja, de gerir melhor um bem que <strong>é</strong> valioso e escasso porque precisamos<br />
de o usar cada vez em maior quantidade. Nos resíduos, destacaria<br />
o <strong>nos</strong>so padrão de consumo, que terá de ser alterado e regrado<br />
para alcançarmos as metas de gestão de resíduos, diminuindo drasticamente<br />
a sua deposição em aterro e aumentando tamb<strong>é</strong>m drasticamente<br />
a separação, a reutilização e a reciclagem.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ ENTREVISTA \\<br />
9<br />
Vamos começar pela Água. A qualidade da<br />
água que bebemos em Portugal <strong>é</strong> boa? O que<br />
falta ainda fazer?<br />
A ERSAR assume desde 25 de dezembro de 2003<br />
a missão de autoridade competente para a qualidade<br />
da água destinada ao consumo humano.<br />
Desde essa data foi definido e implementado um<br />
modelo de regulação da qualidade da água para<br />
consumo humano que permitiu, entre outros objetivos,<br />
contribuir para uma melhoria significativa<br />
da qualidade da água na torneira, bem como<br />
da confiança de todos os portugueses neste serviço<br />
público essencial.<br />
As últimas três d<strong>é</strong>cadas caracterizaram-se por<br />
uma crescente melhoria da qualidade da água<br />
para consumo humano, tendo sido atingido o<br />
nível de excelência de 99 % de “água segura” na<br />
torneira, em 2015 — água gerida pelas entidades<br />
gestoras dos sistemas públicos de distribuição,<br />
que se mant<strong>é</strong>m como tal desde então.<br />
Pode explicar o que significa o indicador “água<br />
segura”?<br />
O indicador “água segura” reflete o controlo da<br />
qualidade da água, tanto pela realização do número<br />
mínimo de análises regulamentares previstas<br />
<strong>nos</strong> Programas de Controlo da Qualidade<br />
(PCQA) aprovados pela ERSAR (mais de meio<br />
milhão de análises realizadas em 2023), como<br />
pelo cumprimento das normas legais da qualidade<br />
da água (valores param<strong>é</strong>tricos) nas análises<br />
realizadas.<br />
As normas legais de controlo da qualidade<br />
da água em Portugal resultam da transposição<br />
para o ordenamento jurídico nacional das normas<br />
legais europeias. É importante salientar que<br />
os resultados do controlo da qualidade da água<br />
destinada ao consumo humano são obtidos com<br />
amostras de água recolhidas na torneira do consumidor<br />
e contêm pontos de amostragem em edifícios<br />
mais sensíveis como hospitais, escolas, lares<br />
de idosos ou hot<strong>é</strong>is, por exemplo, mas tamb<strong>é</strong>m<br />
pontos de amostragem em casas particulares.<br />
Como funciona o modelo de regulação da qualidade<br />
da água implementado pela ERSAR?<br />
É complementado pelos programas de vigilância<br />
sanitária executados pelas autoridades de saúde e<br />
que se materializam na recolha e análise de amostras<br />
de água da torneira em laboratórios próprios,<br />
em vistorias aos sistemas de distribuição e na<br />
gestão de risco dos incumprimentos dos valores<br />
limite identificados, tanto <strong>nos</strong> programas de vigilância<br />
como <strong>nos</strong> PCQA (Programa de Controlo >><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
10 \\ ENTREVISTA \\<br />
COMPETÊNCIAS DA ERSAR<br />
Relativamente às competências da ERSAR, <strong>nos</strong> termos do artigo 5.o dos<br />
seus estatutos, aprovados pela Lei n.o 10/2014, de 6 de março, já alterado,<br />
são atribuições desta entidade, designadamente, regulamentar, avaliar e<br />
auditar a fixação das tarifas praticadas pelas entidades gestoras dos serviços<br />
de águas e resíduos de titularidade municipal. O artigo 21.o da Lei<br />
n.o 73/2013, de 3 de setembro, dispõe que as tarifas (preços) municipais<br />
dos serviços de abastecimento, saneamento e resíduos estão sujeitas ao<br />
parecer obrigatório e não vinculativo desta entidade reguladora, no que<br />
respeita à sua conformidade com as disposições legais e regulamentares<br />
em vigor. Estes pareceres continuam a ser emitidos no âmbito das revisões<br />
tarifárias a realizar por cada uma das entidades gestoras e contêm a avaliação<br />
e recomendações da ERSAR sobre a proposta tarifária (ou seja, sobre<br />
o que seriam as tarifas/preços adequadas/os). Assim, a fixação de tarifas<br />
do serviço de abastecimento de água, aplicadas aos utilizadores finais, <strong>é</strong><br />
da competência dos municípios, estando sujeita a parecer da ERSAR, nomeadamente,<br />
no que respeita à verificação da sua conformidade com as<br />
disposições legais e regulamentares em vigor, <strong>nos</strong> termos do estabelecido<br />
no n.o 7 do artigo 21.o da Lei n.o 73/2013, de 3 de setembro.<br />
A ERSAR considera que reforçar o quadro regulatório desta entidade <strong>é</strong> uma<br />
mat<strong>é</strong>ria que deve merecer reflexão, no âmbito da Assembleia da República<br />
e dos órgãos de soberania que interagem com esta entidade reguladora<br />
independente (desde 6 de março de 2014), de modo que as decisões<br />
relativas aos tarifários dos serviços de águas e resíduos sejam baseadas<br />
em crit<strong>é</strong>rios objetivos, salvaguardando os interesses das entidades gestoras<br />
e dos consumidores atuais e futuros destes serviços.<br />
O caso do Algarve <strong>é</strong> paradigmático da necessidade desta reflexão: num<br />
contexto de elevada escassez hídrica, era fundamental sinalizar aos consumidores<br />
pela via dos tarifários a necessidade de pouparem água, em<br />
particular no que se refere aos consumos não essenciais e sup<strong>é</strong>rfluos. Por<br />
esse motivo, no contexto da Resolução do Conselho de Ministros n.o 26-<br />
A/<strong>2024</strong>, de 20 de fevereiro, a ERSAR recomendou às entidades gestoras<br />
municipais o aumento das tarifas para os consumos sup<strong>é</strong>rfluos (sem afetar<br />
consumos essenciais e considerando que as tarifas vigentes no Algarve<br />
são de base inferiores à m<strong>é</strong>dia nacional), mas apenas uma minoria optou<br />
por seguir estas orientações, o que se traduziu numa eficácia limitada da<br />
medida.<br />
da Qualidade da Água) das entidades gestoras. Eventuais incumprimentos<br />
dos valores limite estabelecidos na legislação têm de ser comunicados pelas<br />
entidades gestoras à ERSAR e às respetivas autoridades de saúde no prazo<br />
de 24 horas, para que estas entidades acompanhem e possam pronunciar-se<br />
sobre eventual risco para a saúde dos consumidores. Caso a autoridade de<br />
saúde entenda haver risco potencial para a saúde dos consumidores em geral<br />
ou para grupos de população sensíveis, esta autoridade determina alertas<br />
aos consumidores, a publicar no Sítio público da entidade gestora, com a<br />
informação e conselhos que entenda necessário divulgar à população.<br />
Em 20 a<strong>nos</strong> Portugal perdeu 20% dos recursos hídricos. Se nada for<br />
feito, em 2100, num cenário mais pessimista, as perdas podem chegar<br />
aos 50% no Algarve, 40% no Tejo e 20% no Norte. Perante um cenário<br />
de alterações climáticas, secas, chuvas torrenciais, ondas de calor e de<br />
frio, serão cada vez mais frequentes. Daí ser fundamental conhecer os<br />
recursos hídricos disponíveis por região e ver como está a água a ser<br />
utilizada? O que está Portugal a fazer para mitigar este cenário?<br />
A velha máxima da gestão diz que só podemos gerir o que conhecemos.<br />
Isso tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong> válido para a gestão da água. É fundamental melhorar o conhecimento<br />
dos recursos hídricos disponíveis atualmente e a sua evolução<br />
futura para podermos tomar medidas de acordo com essa disponibilidade.<br />
No entanto, segundo os estudos mais recentes, sabemos que a quantidade<br />
de água que estará disponível em algumas regiões será inferior à que dispomos<br />
atualmente. Isto significa que temos de começar já a antecipar esses<br />
cenários e a tomar medidas de adaptação que <strong>nos</strong> preparem para essa redução<br />
da quantidade de água disponível e para a maior variabilidade desses<br />
recursos ao longo do tempo. Essa adaptação terá de ser feita a longo prazo<br />
e significa que, para fazermos o mesmo com me<strong>nos</strong> água disponível, temos<br />
de ser mais eficientes no seu uso.<br />
A tónica que a ERSAR tem dado ao nível da redução das perdas de água<br />
nas entidades que regula tem tanto a ver com os impactos económicos <strong>nos</strong><br />
gastos que as entidades têm na captação, tratamento, transporte e distribuição<br />
de água como com os impactos ambientais e de gestão de recursos<br />
hídricos.<br />
A água em Portugal <strong>é</strong> bem gerida? Se não, o que falha? E como fazer<br />
uma gestão sustentável dos recursos hídricos.<br />
A identificação das dificuldades da gestão da água <strong>é</strong> essencial para a implementação<br />
de soluções. Neste âmbito, em primeiro lugar, destacaria a<br />
necessidade de encontrar soluções assentes num conhecimento mais aprofundado<br />
(que ainda não existe) dos usos de água pelos diferentes setores.<br />
Nem todos os usos têm uma monitorização tão eficaz como o que existe no<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ ENTREVISTA \\<br />
11<br />
Só podemos gerir o que<br />
conhecemos. Isso <strong>é</strong> válido para<br />
a gestão da água. É fundamental<br />
melhorar o conhecimento dos<br />
recursos hídricos disponíveis e a<br />
sua evolução futura para podermos<br />
tomar medidas de acordo com essa<br />
disponibilidade”<br />
setor urbano, mas <strong>é</strong> fundamental conhecer onde<br />
e como a água está a ser usada para possibilitar<br />
uma gestão holística deste recurso vital e para<br />
implementar medidas eficazes em contexto de<br />
urgência e de contingência.<br />
Esta falta de informação resulta, não só, mas<br />
tamb<strong>é</strong>m, de uma excessiva fragmentação das<br />
entidades que fazem uso da água <strong>nos</strong> diferentes<br />
setores e da necessidade de mecanismos de monitorização<br />
mais robustos. No setor urbano, regulado<br />
pela ERSAR, a utilização da água para consumo<br />
humano assenta em indicadores e dados<br />
robustos recolhidos e tratados por esta Entidade<br />
Reguladora e, do que <strong>é</strong> do <strong>nos</strong>so conhecimento,<br />
o mesmo não sucederá com outras utilizações<br />
de água relevantes (note-se que, em Portugal, só<br />
cerca de 14% da água potável <strong>é</strong> que <strong>é</strong> usada pelo<br />
setor urbano).<br />
Em segundo lugar, temos um país a duas velocidades:<br />
por um lado, temos entidades gestoras<br />
(EG) que se situam ao nível das melhores entidades<br />
gestoras a nível mundial, com níveis de<br />
desempenho de excelência, e, por outro, temos<br />
entidades que, devido à sua reduzida dimensão, à<br />
insuficiente capacitação t<strong>é</strong>cnica, à impossibilidade<br />
de obtenção de financiamento em condições<br />
vantajosas ou, simplesmente, menor capacidade<br />
ou inconsistência de gestão, têm demonstrado<br />
dificuldades em conseguir melhorar os serviços<br />
prestados às populações e aumentar a sua sustentabilidade<br />
e resiliência.<br />
Em terceiro lugar, de um ponto de vista mais<br />
t<strong>é</strong>cnico — e considerando o trabalho que tem<br />
sido realizado pela ERSAR ao longo dos a<strong>nos</strong> na<br />
implementação de um modelo robusto de regulação<br />
económica e comportamental — existem<br />
indicadores de gestão muito relevantes com desempenho<br />
insatisfatório em muitas regiões em<br />
Portugal.<br />
>><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
12<br />
\\ ENTREVISTA \\<br />
É necessário encontrar<br />
soluções assentes num<br />
conhecimento mais<br />
aprofundado dos usos<br />
de água pelos diferentes<br />
setores. Nem todos os<br />
usos têm uma monitorização<br />
tão eficaz como o<br />
que existe no setor urbano,<br />
mas <strong>é</strong> fundamental<br />
conhecer onde e como a<br />
água está a ser usada<br />
Quais são esses indicadores?<br />
Um dos indicadores <strong>é</strong> a água não faturada. Continuam<br />
a existir muitas entidades com valores de<br />
água não faturada superiores aos 30%, considerado<br />
como insatisfatório pela ERSAR. Este reflete<br />
a percentagem de água entrada no sistema que<br />
não <strong>é</strong> faturada e destina-se a avaliar o nível de<br />
sustentabilidade da gestão do serviço em termos<br />
económico-financeiros correspondendo à água<br />
que, apesar de ser captada, tratada, transportada,<br />
armazenada e distribuída, não chega a ser faturada<br />
aos utilizadores, traduzindo- se assim numa<br />
perda económica para a entidade gestora;<br />
Outro <strong>é</strong> a reabilitação de condutas. De acordo<br />
com os intervalos de referência aplicados pelo<br />
sistema de avaliação da qualidade de serviço da<br />
ERSAR, a taxa de renovação, medida pelo indicador<br />
AA09, está longe de ser cumprida, situando-se,<br />
em m<strong>é</strong>dia, <strong>nos</strong> 0,6%. As perdas de água na<br />
rede são normalmente graduais e silenciosas e a<br />
falta de proatividade na sua renovação e reabilitação<br />
<strong>é</strong> uma das principais causas dos elevados<br />
níveis de perdas, roturas e colapsos. A rede de<br />
abastecimento de água, pelas suas características<br />
físicas, necessita de um nível de investimento<br />
elevado e de manutenção contínua. Estas redes<br />
apresentam um longo “período de vida”, que pode<br />
ir de 50 a 100 a<strong>nos</strong>, pelo que, de forma indicativa,<br />
a renovação das mesmas deveria ocorrer a uma<br />
taxa de 1,5 a 4% ao ano, o que não tem sucedido;<br />
Depois, temos ainda a cobertura de gastos.<br />
Atualmente, a maioria das entidades gestoras<br />
que não recupera os gastos com a prestação dos<br />
serviços de águas e resíduos, opera em regime de<br />
gestão direta (serviços municipais, municipalizados<br />
e associações de municípios), sendo esta<br />
questão mais evidente no setor em baixa da gestão<br />
de resíduos urba<strong>nos</strong>. Este indicador pretende<br />
avaliar a sustentabilidade da gestão do serviço em<br />
termos económico-financeiros, no que respeita à<br />
capacidade da entidade gestora para gerar meios<br />
próprios para a cobertura dos encargos que decorrem<br />
do desenvolvimento da sua atividade.<br />
Há ainda o indicador das perdas reais de<br />
água...<br />
Sim, esse indicador mede as perdas que ocorrem<br />
ao longo da rede de distribuição e avalia o nível de<br />
sustentabilidade ambiental do serviço em termos<br />
da eficiência na utilização de recursos ambientais<br />
no que respeita às perdas reais de água (fugas e<br />
extravasamentos). O aumento da eficiência tem<br />
sido obtido sobretudo devido à ação das entidades<br />
com melhores desempenhos e tem trazido<br />
alguns frutos com uma redução m<strong>é</strong>dia gradual<br />
dos níveis de perdas de água. Subsiste, no entanto,<br />
um universo de entidades com práticas me<strong>nos</strong><br />
eficazes a este nível, o que ilustra a realidade de<br />
um setor da água a duas velocidades, com entidades<br />
que registam perdas com resultados ao nível<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ ENTREVISTA \\<br />
13<br />
facilmente mobilizável e cuja redução tem vantagens<br />
ao nível ambiental, económico e social.<br />
Por outro lado, <strong>é</strong> fundamental implementar as<br />
soluções de m<strong>é</strong>dio e longo prazo para novas origens<br />
de água alternativa – água residual tratada<br />
ou água dessalinizada – e, em paralelo, apostar na<br />
eficiência hídrica e adoção de comportamentos<br />
e práticas mais sustentáveis como, por exemplo<br />
a implementação de metodologias de controlo<br />
e redução de perdas nas redes de abastecimento<br />
ou, no caso da agricultura, optar por culturas<br />
mais adaptadas e compatíveis com as disponibilidades<br />
hídricas da região.<br />
Por último, as soluções estruturais para promover<br />
a sustentabilidade dos recursos hídricos<br />
podem e devem ser acompanhadas de uma maior<br />
consciencialização da população geral no sentido<br />
de valorizar a água e fazer um uso regrado deste<br />
bem escasso, ajustando comportamentos e combatendo<br />
o desperdício.<br />
das melhores entidades gestoras de países de referência<br />
e um conjunto bastante significativo de<br />
entidades cujas ações são incipientes ou mesmo<br />
inexistentes <strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>.<br />
Mas faltam medidas de natureza mais<br />
preventiva?<br />
As medidas de natureza mais preventiva e de<br />
m<strong>é</strong>dio longo prazo, tanto associadas à redução<br />
da procura de água como associadas ao aumento<br />
da oferta, são de difícil implementação e implicam<br />
duas coisas que são escassas <strong>nos</strong> dias de hoje:<br />
consensos políticos (ao nível central – consensos<br />
entre os diferentes usos da água — e ao nível local)<br />
e visão de m<strong>é</strong>dio longo prazo (que não esteja<br />
dependente de ciclos eleitorais). A este propósito,<br />
de salientar que, apesar de já existirem mecanismos<br />
institucionais para acompanhamento da<br />
problemática da seca, o que <strong>é</strong> excelente. Na última<br />
d<strong>é</strong>cada houve alguma in<strong>é</strong>rcia na implementação<br />
de soluções assentes em opções e compromissos<br />
dos vários agentes económicos (públicos<br />
e/ou privados).<br />
E quanto à gestão sustentável de recursos<br />
hídricos?<br />
É essencial o conhecimento mais detalhado das<br />
perdas de água e elaboração de pla<strong>nos</strong> de ação,<br />
que permitam uma redução da água que <strong>é</strong> desperdiçada.<br />
Esta <strong>é</strong> a origem de água que <strong>é</strong> mais<br />
Água para consumo humano nunca vai faltar<br />
em Portugal, ou corre-se esse risco?<br />
O acesso à água — em quantidade e qualidade,<br />
<strong>é</strong> um dos desafios mais relevantes nas próximas<br />
d<strong>é</strong>cadas, considerando as transformações do território,<br />
as alterações climáticas, o crescimento<br />
populacional e a expansão das cidades, as pressões<br />
<strong>nos</strong> recursos hídricos e os riscos naturais ou<br />
provocados a que se encontram sujeitas as origens<br />
de água.<br />
O ciclo da água está diretamente ligado ao clima<br />
e, por isso, mudanças climáticas que alterem<br />
o regime de chuvas provocam o aumento da frequência<br />
de eventos hidrológicos extremos, como<br />
inundações e secas severas. Esses eventos afetam<br />
a oferta de água e criam problemas adicionais de<br />
planeamento e gestão dos recursos hídricos. Adicionalmente,<br />
as condições meteorológicas extremas<br />
modificam o equilíbrio normal das massas<br />
de água e dos ecossistemas, levando à degradação<br />
da qualidade da água — aspeto crucial para >><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
14<br />
\\ ENTREVISTA \\<br />
A taxa de renovação está longe<br />
de ser cumprida, situando-se, em<br />
m<strong>é</strong>dia, <strong>nos</strong> 0,6%. As perdas de<br />
água na rede são normalmente<br />
graduais e silenciosas e a falta de<br />
proatividade na sua renovação e<br />
reabilitação <strong>é</strong> uma das principais<br />
causas dos elevados níveis de<br />
perdas, roturas e colapsos<br />
a ERSAR enquanto entidade competente para a<br />
coordenação do sistema de controlo da qualidade<br />
da água para consumo humano em Portugal.<br />
Mas há regiões do país onde a escassez<br />
de água se tem tornado mais estrutural,<br />
caso do Algarve?<br />
Devemos estar preparados para situações de<br />
contingência e para, com agilidade, ajustar os<br />
usos de água a situações temporárias, salvaguardando<br />
sempre os usos prioritários para que, precisamente,<br />
a água não falte. Todas as medidas de<br />
contingência que têm vindo a ser ponderadas e<br />
aplicadas em Portugal têm mantido sempre a<br />
prioridade da disponibilidade de água para consumo<br />
humano. De salientar que as entidades gestoras<br />
potencialmente mais sujeitas a problemas<br />
de falta de água decorrentes dos efeitos de seca<br />
hidrológica, têm já prevista a adoção de pla<strong>nos</strong> de<br />
contingência com medidas que visam assegurar o<br />
fornecimento de água à população com elevada<br />
qualidade, mesmo em situações de seca.<br />
Com a seca no Algarve o Governo apoiou com<br />
26,67 milhões de euros para atenuar os efeitos<br />
<strong>nos</strong> setores afetados, apesar desta ajuda ter<br />
sido necessária, não <strong>é</strong> empurrar o problema<br />
com a barriga?<br />
A seca <strong>é</strong> o resultado de um período prolongado<br />
com precipitação abaixo da m<strong>é</strong>dia, que se traduz<br />
na diminuição dos recursos hídricos disponíveis.<br />
A seca não pode ser resolvida pelo efeito de<br />
uma determinada política, apenas atenuada. Por<br />
outro lado, a escassez hídrica, que se traduz na<br />
falta de água disponível para satisfazer as necessidades<br />
de consumo de uma determinada região,<br />
pode ser gerida, influenciando quer a oferta, quer<br />
a procura. Os investimentos estabelecidos no<br />
Plano de Recuperação e Resiliência de cerca de<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ ENTREVISTA \\<br />
15<br />
200 milhões de euros para aumentar a resiliência<br />
hídrica no Algarve têm como objetivo assegurar<br />
mais eficiência no uso dos recursos, mas tamb<strong>é</strong>m<br />
novas origens de água para fazer face aos impactos<br />
das alterações climáticas.<br />
No entanto, uma vez que estes investimentos<br />
com vista ao aumento da oferta levam algum<br />
tempo, para gerir a escassez de água no curto<br />
prazo <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m fundamental fazer uma melhor<br />
gestão da procura, sinalizando aos utilizadores de<br />
água a necessidade de reduzir os seus consumos,<br />
algo que as Resoluções de Conselhos de Ministros<br />
sobre este tema procuraram acautelar. Isso<br />
significa, no curto prazo, diminuir os usos de água<br />
não essenciais como as regas, lavagens ou enchimentos<br />
de piscinas, sinalizar a escassez atrav<strong>é</strong>s de<br />
limitações ao licenciamento de captações ou com<br />
preços mais elevados para consumos sup<strong>é</strong>rfluos.<br />
A ERSAR tem feito parte da equipa que monitoriza<br />
regularmente a evolução da disponibilidade<br />
de recursos hídricos no setor urbano e com algumas<br />
medidas simples foi possível alargar o chamado<br />
“dia zero”, o dia em que se nada acontecesse<br />
seria necessário tomar medidas mais drásticas e<br />
condicionar todos os usos não essenciais. Felizmente,<br />
esse dia não aconteceu, mas <strong>é</strong> importante<br />
que as populações tenham a consciência que um<br />
dia pode acontecer e de que temos todos de fazer<br />
o que está ao <strong>nos</strong>so alcance para que nunca venha<br />
a acontecer. No caso do Algarve, <strong>é</strong> mesmo aplicável<br />
o slogan de “todas as gotas de água contam”,<br />
porque a probabilidade de fenóme<strong>nos</strong> de seca se<br />
manterem <strong>nos</strong> próximos a<strong>nos</strong> <strong>é</strong> cada vez mais<br />
elevada.<br />
Como tem a ERSAR atuado preventivamente<br />
sobre os possíveis efeitos da seca<br />
meteorológica?<br />
Atua a montante, acompanhando as entidades<br />
gestoras para que estas tenham pla<strong>nos</strong> a longo<br />
prazo e se tornem mais resilientes. Centra a sua<br />
ação em medidas de prevenção e promoção de<br />
boas práticas na gestão do ciclo urbano da água,<br />
nomeadamente, atrav<strong>é</strong>s da Regulação da Qualidade<br />
do Serviço e implementação do sistema de<br />
indicadores de avaliação, entre os quais se destacam:<br />
o indicador que calcula as perdas reais de<br />
água e os indicadores relacionados com sustentabilidade<br />
das infraestruturas — uma vez que<br />
infraestruturas em bom estado reduzem perdas<br />
e são essenciais para a garantia da qualidade da<br />
água na torneira — e ainda, atrav<strong>é</strong>s da monitorização<br />
da reutilização das águas residuais tratadas,<br />
promovendo assim, um uso eficiente deste<br />
recurso.<br />
Disponibiliza elementos de apoio t<strong>é</strong>cnico, com<br />
recomendações e procedimentos a adotar pelas<br />
entidades gestoras dos serviços de abastecimento<br />
público de água, tais como o Guia T<strong>é</strong>cnico n.º8<br />
sobre o uso eficiente da água no sector urbano e<br />
participa na elaboração de pla<strong>nos</strong> de prevenção<br />
nacionais, destacando-se o Plano de Prevenção,<br />
Monitorização e Contingência para Situações de<br />
Seca, de 2017, do Governo.<br />
As tarifas da água foram aumentadas. Considera<br />
os valores justos ou as tarifas deveriam<br />
ainda ser mais elevadas?<br />
Algumas tarifas foram aumentadas, mas outras<br />
não. Depende muito de sistema para gestão e de<br />
entidade gestora para entidade gestora, e a ER-<br />
SAR publica anualmente dados detalhados a este<br />
propósito que disponibiliza no site. O preço pago<br />
pelos serviços de abastecimento público de água e<br />
saneamento de águas residuais procura a recuperação<br />
dos custos incorridos com a prestação dos<br />
mesmos e o incentivo ao consumo eficiente, entre<br />
outros aspetos. As tarifas devem ser determinadas<br />
para gerar rendimentos que cubram os custos<br />
de investimento e de operação nas diferentes<br />
etapas necessárias ao processo de abastecimento/<br />
saneamento de água.<br />
A “Lei da Água” (Lei n.o 58/2005, de 29 de<br />
dezembro) e o Regime Financeiro dos Recursos<br />
Hídricos (Decreto-Lei n.o 97/2008, de 11 de junho),<br />
em consonância com o Direito da União<br />
Europeia, determinam que o regime de tarifas/<br />
preços dos serviços de águas deve assegurar a tendencial<br />
recuperação do investimento inicial e de<br />
novos investimentos de expansão, modernização<br />
e substituição das infraestruturas; a manutenção,<br />
a reparação e a renovação de todos os bens<br />
e equipamentos afetos aos serviços; o pagamento<br />
de todos os encargos obrigatórios que lhes estejam<br />
associados e a eficácia dos serviços num quadro<br />
de eficiência da utilização dos recursos. Estas<br />
quatro vertentes são associadas ao “princípio de<br />
recuperação de custos”, ou seja, as tarifas devem<br />
refletir os custos das entidades gestoras com a<br />
prestação dos serviços.<br />
Mas este aumento de preços deve-se a um passado<br />
histórico...<br />
A adequada evolução do custo dos serviços de<br />
água que determinará, por consequência, o aumento<br />
de preços, deve-se, essencialmente, mas<br />
não só, a um passado histórico de desajustamento<br />
da cobertura dos custos por parte de entidades<br />
gestoras que assumiram uma vontade política<br />
de manter artificialmente reduzidos os preços<br />
destes bens essenciais. Será necessário, parece-<br />
-me, um adequado ajustamento dos preços para<br />
aproximar a tarifa do efetivo custo do serviço, de<br />
modo a assegurar o cumprimento da lei e possibilitar<br />
a sustentabilidade da prestação destes<br />
serviços no longo prazo, permitindo financiar a<br />
reabilitação de sistemas que registam níveis muito<br />
elevados de perdas.<br />
Por outro lado, <strong>é</strong> fundamental que os preços<br />
reflitam tamb<strong>é</strong>m outros fatores tais como alterações<br />
climáticas e crescente necessidade de<br />
encontrar soluções para enfrentar a escassez de<br />
água, redução de população em algumas regiões,<br />
com o consequente desajuste entre o esforço de<br />
investimento mínimo necessário para garantir<br />
acessibilidade e os volumes de água abastecida ou >><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
16<br />
\\ ENTREVISTA \\<br />
tratada, ou, ainda, a possível dificuldade de realização<br />
de investimentos de manutenção/substituição<br />
adequados das infraestruturas.<br />
De acordo com o relatório anual do setor publicado<br />
pela ERSAR, o indicador “acessibilidade<br />
económica” em todos os serviços destaca-se pela<br />
positiva, ou seja, em m<strong>é</strong>dia, atualmente, estes serviços<br />
são economicamente acessíveis aos consumidores<br />
finais. Para as famílias mais vulneráveis,<br />
podem ser oferecidos tarifários sociais sendo<br />
que a ERSAR emitiu uma recomendação nesse<br />
sentido.<br />
A questão das perdas de água... Segundo a<br />
DECO em 2022, desperdiçámos mais de 162<br />
milhões de metros cúbicos de água já tratada,<br />
e paga, que não foi distribuída aos consumidores.<br />
Em euros, são 88 milhões de euros em<br />
água não faturada. Se quisermos aprofundar o<br />
cálculo, os últimos dez a<strong>nos</strong> levaram à evaporação<br />
de cerca de 840 milhões de euros, valor<br />
calculado por baixo. Nem todas as entidades<br />
gestoras reportam dados à ERSAR, pelo que<br />
só se pode supor que as ineficiências sejam<br />
superiores. Estes 840 milhões chegariam para<br />
cobrir mais de 30% do investimento para renovar<br />
condutas e ramais envelhecidos. Não <strong>é</strong><br />
pouca coisa...<br />
As perdas reais de água no setor urbano têm sido<br />
medidas regularmente pela ERSAR - os números<br />
que a DECO divulgou são, aliás, os números publicados<br />
pela ERSAR no seu relatório anual. O<br />
indicador com denominação “AA15 – Perdas reais<br />
de água” mede as perdas que ocorrem ao longo<br />
da rede de distribuição e visa avaliar o nível de<br />
sustentabilidade ambiental do serviço em termos<br />
da eficiência na utilização de recursos ambientais<br />
no que respeita às perdas reais de água (fugas e<br />
extravasamentos).<br />
Ao longo dos últimos a<strong>nos</strong>, tem havido um<br />
aumento da eficiência. Subsiste, no entanto, um<br />
universo de entidades com práticas me<strong>nos</strong> eficazes<br />
a este nível e que registam perdas reais relevantes<br />
e indesejáveis. Consideramos que o passo<br />
primordial se prende com a gestão patrimonial<br />
dos sistemas de abastecimento de água, que tem<br />
gradualmente melhorado devido à intervenção<br />
da ERSAR. A gestão tem de começar no maior<br />
conhecimento das infraestruturas existentes. O<br />
índice de conhecimento infraestrutural e de gestão<br />
patrimonial trabalhado pela ERSAR ilustra o<br />
conhecimento que as EG têm sobre as suas infraestruturas<br />
e <strong>é</strong> fundamental para uma boa gestão<br />
deste tipo de infraestruturas que, como sabemos,<br />
estão na sua maioria enterradas e cujos problemas<br />
não conseguimos visualizar. Se as EG não<br />
conhecerem a sua rede <strong>é</strong> difícil atuarem preventivamente<br />
para evitar que haja perdas e roturas. As<br />
perdas são normalmente graduais e silenciosas<br />
e a falta de proatividade na renovação e reabilitação<br />
das redes <strong>é</strong> uma das principais causas dos<br />
elevados níveis de perdas, roturas e colapsos (no<br />
caso dos coletores de AR).<br />
E o tema da reabilitação?<br />
É o segundo passo. A reabilitação das infraestruturas<br />
tem sido muito incipiente em Portugal, e<br />
isto torna-se cada vez mais problemático, uma<br />
vez que as redes vão envelhecendo e os investimentos<br />
têm acontecido sobretudo <strong>nos</strong> últimos<br />
40 a<strong>nos</strong>. Se considerarmos que o tempo m<strong>é</strong>dio<br />
de vida útil da infraestrutura <strong>é</strong> de 40 a 50 a<strong>nos</strong>,<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ ENTREVISTA \\<br />
17<br />
A rede de abastecimento de água, pelas<br />
suas características físicas, necessita<br />
de um nível de investimento elevado e<br />
de manutenção contínua. Estas redes<br />
apresentam um longo “período de vida”,<br />
que pode ir de 50 a 100 a<strong>nos</strong>, pelo que, de<br />
forma indicativa, a renovação das mesmas<br />
deveria ocorrer a uma taxa de 1,5 a 4%<br />
ao ano, o que não tem sucedido<br />
deveria haver pelo me<strong>nos</strong> 2% de reabilitação das<br />
redes para assegurar que no prazo de 50 a<strong>nos</strong><br />
toda a rede de uma entidade <strong>é</strong> renovada. Se deixarmos<br />
isso para mais tarde, os custos de renovação<br />
irão concentrar-se todos quando a rede<br />
colapsar, à custa de um valor adicional e de uma<br />
redução significativa da qualidade do serviço.<br />
Com todas as medidas implementadas na sua<br />
opinião haverá reserva de água para 2025?<br />
Conforme a monitorização que tem sido feita<br />
relativamente ao setor urbano, aquele que a ER-<br />
SAR acompanha, tem-se verificado uma redução<br />
de consumos no ano de <strong>2024</strong> face ao ano de 2023,<br />
mas <strong>é</strong> fundamental continuar os esforços de redução<br />
de consumos de água por todos os setores<br />
para prevenir eventuais impactos decorrentes da<br />
seca.<br />
O que podemos dizer segundo os cenários<br />
mais atuais de que dispomos já considerando<br />
projeções de acordo com os consumos registados<br />
<strong>nos</strong> últimos meses, as estimativas indicam que,<br />
no início de 2025 teremos uma situação muito<br />
semelhante à que tivemos em janeiro de <strong>2024</strong>, o<br />
que <strong>é</strong> preocupante.<br />
O setor agrícola <strong>é</strong> sempre o mais penalizado e<br />
apontado como o grande “gastador”, sendo que<br />
na ótica dos agricultores a água que gastam estão<br />
a devolvê-la à natureza, devido ao ciclo da<br />
água. Mas falando do Algarve esta classe tem<br />
pedido transvases de água a partir do Douro<br />
ou do Alqueva e a construção de mais barragens.<br />
É uma boa saída ou solução?<br />
A ERSAR regula o setor urbano, não tendo competências<br />
de regulação no setor agrícola. Em relação<br />
à “devolução da água à natureza”, isso <strong>é</strong> válido<br />
para vários outros setores, incluindo o urbano,<br />
que trata as águas residuais recolhidas nas <strong>nos</strong>sas<br />
casas e as devolve ao meio hídrico ou, por exemplo,<br />
como acontece em várias áreas do Algarve,<br />
as reutiliza.<br />
Quando os vários investimentos previstos para<br />
o Algarve estiverem concluídos prevê-se fornecer<br />
cerca de 8 hm3 de água tratada oriunda das<br />
ETAR para irrigação, lavagem de ruas e outros<br />
usos não potáveis. Relativamente a eventuais<br />
transvases entre bacias hidrográficas, estas carecem<br />
sempre de uma análise pr<strong>é</strong>via por parte da<br />
Agência Portuguesa do Ambiente (APA), autoridade<br />
competente nesta mat<strong>é</strong>ria.<br />
Água dessalinizada — a de Albufeira está prevista<br />
ficar concluída em 2026. Qual a vossa posição<br />
sobre obter água via dessalinização?<br />
A principal prioridade deve ser o aumento da<br />
eficiência, <strong>nos</strong> diferentes tipos de uso. Há ainda<br />
uma elevada margem de melhoria, quer no<br />
setor urbano, quer noutros setores que pode<br />
ser explorada e que, em termos económicos, faz<br />
muito mais sentido, uma vez que contribui para<br />
a diminuição dos gastos associados ao uso da<br />
água. A dessalinização apresenta como principal<br />
vantagem o facto de a produção de água potável<br />
a partir de água do mar não ser afetada pelas<br />
condições climáticas que se verifiquem, pelo que<br />
contribuirá para o aumento da resiliência e das<br />
disponibilidades hídricas da região algarvia independentemente<br />
de se tratar de um ano húmido<br />
ou de um ano seco.<br />
Outro aspeto positivo consiste no facto de a<br />
instalação de uma central desta natureza em<br />
Portugal permitir adquirir experiência e conhecimentos<br />
t<strong>é</strong>cnicos acerca do processo de dessalinização,<br />
que poderão vir a ser úteis no futuro,<br />
se se optar pela construção de outras instalações >><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
18<br />
\\ ENTREVISTA \\<br />
De acordo com os dados de que a ERSAR dispõe, em<br />
m<strong>é</strong>dia, as tarifas aplicadas aos consumidores apenas<br />
permitem cobrir cerca de 70% dos gastos efetivos do<br />
serviço de recolha e tratamento de resíduos urba<strong>nos</strong><br />
que recorram a esta tecnologia. Este tipo de solução<br />
tem tamb<strong>é</strong>m desvantagens, como eventuais<br />
impactos ambientais e a necessidade de tratar adequadamente<br />
os subprodutos que resultam deste<br />
tratamento, ou os custos significativamente superiores<br />
face ao uso de outro tipo de origens de água.<br />
A possibilidade de o PRR financiar o investimento<br />
desta infraestrutura prevista para o Algarve,<br />
ainda que parcialmente, constitui uma oportunidade<br />
única e de grande relevância, enquanto<br />
permite a redução muito significativa do custo<br />
específico de produção de água relacionado com<br />
a amortização do investimento. Considerando<br />
que a construção da central de dessalinização se<br />
enquadra num contexto de gestão integrada dos<br />
recursos hídricos da região algarvia, esta infraestrutura<br />
contribui para uma resiliência maior desses<br />
recursos, o que se traduz em benefícios para<br />
todos os utilizadores de água da região.<br />
Mas a produção de água recorrendo à dessalinização<br />
da água do mar tem custos mais<br />
elevados?<br />
Tem custos significativamente superiores ao do<br />
uso da água de outras origens, atendendo aos elevados<br />
custos operacionais (por exemplo, custos<br />
com a energia consumida ou com a manutenção<br />
e substituição dos equipamentos necessários), a<br />
ERSAR considera que os respetivos custos deverão<br />
ser partilhados pelos vários setores beneficiados,<br />
para não serem apenas os utilizadores<br />
do setor urbano a suportar o acr<strong>é</strong>scimo de custos<br />
que o funcionamento da dessalinizadora induzirá.<br />
De acordo com as informações disponibilizadas<br />
pelas Águas do Algarve (AdA), a entidade<br />
que irá construir e explorar esta infraestrutura,<br />
e cujo serviço <strong>é</strong> regulado pela ERSAR, caso não<br />
haja essa solidariedade por parte de todos os utilizadores<br />
de água do Algarve, que beneficiam em<br />
igual medida da construção desta infraestrutura,<br />
isso poderá significar um aumento muito significativo<br />
do custo da água para os utilizadores urba<strong>nos</strong><br />
(dom<strong>é</strong>sticos e não dom<strong>é</strong>sticos).<br />
Outro problema sob a sua regulação são os resíduos:<br />
Portugal tem falhado nas metas de reciclagem.<br />
O que <strong>é</strong> preciso mudar?<br />
Mais do que a mudança de um setor, necessitamos<br />
de uma mudança global na forma de consumo,<br />
com a transição de uma economia linear, que<br />
se baseia na produção, utilização e rejeição dos<br />
produtos e materiais, para uma economia circular<br />
que permite aproveitar os materiais usados e<br />
gerir melhor os recursos naturais. Isso implica<br />
que produtores e consumidores contribuam para<br />
essa mudança e que os incentivos estejam alinhados<br />
para que cada interveniente na cadeia<br />
de produção, de consumo e de gestão de resíduos<br />
trabalhem no sentido desejado e tornem essa gestão<br />
eficiente e autossustentável.<br />
A circularidade da economia não <strong>é</strong> só um imperativo<br />
ambiental, tem muitas outras vantagens<br />
como a diminuição do risco da dependência da<br />
importação de produtos de outros países, a gestão<br />
mais eficiente dos recursos, a gestão territorial<br />
ou a proteção dos habitats e ecossistemas.<br />
A mudança deste modelo económico baseado<br />
em produzir, usar e deitar fora, esperando que a<br />
sociedade assuma os custos do tratamento dos<br />
resíduos daí decorrentes depende em primeira<br />
instância da mudança dos pressupostos económicos<br />
que levam a que seja mais vantajoso esse<br />
tipo de consumo. Importa refletir esses custos<br />
<strong>nos</strong> preços dos produtos que usem mat<strong>é</strong>rias-<br />
-primas virgens para promover uma hierarquia<br />
de gestão dos resíduos que assente sobretudo no<br />
ecodesign dos produtos que possibilite a redução<br />
e reutilização, e fomente o aproveitamento dos<br />
materiais atrav<strong>é</strong>s da reciclagem e valorização em<br />
detrimento da sua eliminação, que se traduz em<br />
maior ineficiência. Instrumentos como o ecovalor<br />
pela inserção de produtos no mercado, a<br />
obrigatoriedade de incorporação mínima de materiais<br />
reciclados ou a taxa de gestão de resíduos<br />
podem contribuir para comportamentos mais<br />
corretos por parte dos produtores, sempre que os<br />
valores associados são adequados.<br />
E incentivos para um comportamento mais<br />
consciente por parte dos consumidores...<br />
São tamb<strong>é</strong>m essenciais porque contribuem para<br />
um consumo e gestão de resíduos mais consciente<br />
das respetivas implicações para o ambiente.<br />
Para isso em muito contribui a existência de tarifas<br />
relativas ao serviço de gestão de resíduos que<br />
promovam a redução da produção de resíduos e<br />
a sua separação adequada.<br />
As entidades gestoras do serviço de gestão de<br />
resíduos devem tamb<strong>é</strong>m desenvolver um conjunto<br />
de esforços para se tornarem mais eficientes e<br />
com capacitação adequada para fazerem a melhor<br />
gestão dos resíduos que recolhem. Para dar<br />
resposta às exigências da legislação comunitária e<br />
nacional prevê- se a necessidade de realização de<br />
um conjunto muito significativo de investimentos<br />
no setor dos resíduos para modernizar as infraestruturas<br />
existentes e reformular a lógica de<br />
recolha e tratamento de resíduos em adaptação a<br />
essas novas exigências.<br />
Devíamos pagar mais pelos resíduos?<br />
Segundo os dados de que a ERSAR dispõe, em<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ ENTREVISTA \\<br />
19<br />
ENQUADRAMENTO<br />
DOS SISTEMAS PAYT<br />
O Regime Geral de <strong>Resíduos</strong> (RGGR), e mais em concreto o<br />
seu artigo 107 dispõe que:<br />
• “Os municípios devem cobrar ao utilizador final uma tarifa<br />
pelo serviço de gestão de resíduos urba<strong>nos</strong> prestado de forma<br />
a cobrir os respetivos custos, incluindo os de tratamento<br />
dos resíduos urba<strong>nos</strong>. “ ;<br />
• “A tarifa de resíduos deve incentivar a redução da quantidade<br />
dos resíduos urba<strong>nos</strong> e a nocividade dos mesmos,<br />
bem como a separação na origem e um incremento dos<br />
resíduos recolhidos seletivamente.”<br />
• “As tarifas devem ser aplicadas sobre a quantidade de resíduos<br />
recolhidos, medida em unidades de peso ou estimada<br />
pelo volume de contentorização” (tarifação tipo PAYT).<br />
• Os municípios devem, assim, cobrar uma tarifa pelo serviço<br />
de gestão de resíduos urba<strong>nos</strong> prestado de forma a<br />
cobrir todos os custos, incluindo os de tratamento efetuado<br />
pela entidade gestora em alta, deduzindo, naturalmente<br />
todas as receitas que possam ter com o encaminhamento<br />
dos resíduos para reciclagem de acordo com o quadro legar<br />
em vigor.<br />
• A fatura dos resíduos está em quase todo o país ainda indexada<br />
ao consumo da água, não obstante os esforços que<br />
têm sido efetuados no sentido de inverter esta situação.<br />
Esta realidade faz com que os incentivos neste âmbito para<br />
a redução da produção de resíduos bem como para a separação<br />
de resíduos recicláveis sejam muito limitados.<br />
O referido artigo 107.o do RGGR prevê que a partir de 2025<br />
as tarifas a aplicar ao setor do com<strong>é</strong>rcio, serviços e restauração<br />
e, a partir de 2030, as tarifas a aplicar ao setor dom<strong>é</strong>stico<br />
deixem de estar indexadas ao consumo de água, o que,<br />
não obstante os esforços que têm at<strong>é</strong> agora sido efetuados,<br />
quer em termos de legislação, quer de sensibilização, requer<br />
um esforço articulado de todos os agentes do setor e<br />
será uma grande mudança na forma como os consumidores<br />
percecionam o serviço e o seu próprio papel na redução da<br />
sua tarifa de gestão de resíduos.<br />
m<strong>é</strong>dia, as tarifas aplicadas aos consumidores<br />
apenas permitem cobrir cerca de 70%<br />
dos gastos efetivos do serviço de recolha e<br />
tratamento de resíduos urba<strong>nos</strong>. Existe, de<br />
facto, um conjunto significativo de entidades<br />
gestoras, sobretudo de gestão municipal,<br />
que subsidiam o serviço de recolha de<br />
resíduos urba<strong>nos</strong> atrav<strong>é</strong>s dos orçamentos<br />
municipais, optando por definir tarifas<br />
mais baixas que esses gastos. Esta prática<br />
recorrente numa parte significativa dos<br />
municípios acarreta dois problemas: afeta<br />
a sustentabilidade económica do serviço<br />
no longo prazo e a capacidade futura de<br />
introdução de melhorias e de realização de<br />
investimentos; e não permite transmitir<br />
aos consumidores o verdadeiro custo do<br />
serviço.<br />
Qual a posição da ERSAR?<br />
A ERSAR tem defendido que, tal como<br />
previsto na legislação nacional (lei das finanças<br />
locais), os preços a cobrar por estes<br />
serviços essenciais devem cobrir os custos<br />
incorridos na prestação dos serviços. Este<br />
<strong>é</strong> um aspeto relativamente ao qual a ER-<br />
SAR alerta em todos os pareceres tarifários,<br />
que são o instrumento de que dispõe<br />
para influenciar as tarifas deliberadas pelos<br />
municípios.<br />
Nos casos em que há esta insuficiente<br />
cobertura dos gastos <strong>é</strong>, de facto, previsível<br />
que as tarifas tenham de aumentar para<br />
assegurar um serviço de qualidade, em<br />
função dos investimentos a realizar para<br />
assegurar as metas ambientais definidas na<br />
legislação. É tamb<strong>é</strong>m fundamental que as<br />
entidades procurem formas de assegurar<br />
maior eficiência nas suas operações, seja<br />
pela agregação com outras entidades, seja<br />
pela otimização dos circuitos de recolha<br />
de resíduos ou pela sensibilização de modo<br />
a promover uma maior separação de resíduos<br />
para reciclagem e aproveitamento.<br />
Tudo isso pode influenciar os seus gastos<br />
e o aumento das tarifas que poderá ser<br />
necessário.<br />
Os encargos de Portugal comparativamente<br />
a outros países europeus...<br />
A ERSAR avalia em paralelo os níveis de<br />
acessibilidade económica dos serviços que<br />
regula e, no caso do serviço de gestão de<br />
resíduos urba<strong>nos</strong>, uma família portuguesa<br />
gasta em m<strong>é</strong>dia cerca de 0,18% do seu<br />
rendimento com este serviço (cerca de 75<br />
€ por ano), o que se traduz num serviço<br />
economicamente acessível face aos valores<br />
de referência. Comparando os encargos<br />
em Portugal com encargos noutros países<br />
europeus, verificamos que Portugal regista<br />
valores em regra mais baixos, havendo,<br />
por isso, margem para aumento das tarifas<br />
dos serviços de gestão de resíduos, em benefício<br />
da melhoria da sustentabilidade e<br />
qualidade do serviço prestado e sem prejudicar<br />
a capacidade para pagar da generalidade<br />
dos utilizadores.<br />
É importante ainda salientar que, mesmo<br />
para os agregados familiares mais desfavorecidos<br />
está previsto no regulamento<br />
tarifário a definição de tarifas sociais, mais<br />
reduzidas, sendo algo que a ERSAR recomenda<br />
em todos os seus pareceres tarifários<br />
que as entidades adotem.<br />
Acredita no sistema PAYT – Pay as you<br />
throw, ou seja, paga à medida que deposita,<br />
este pode ser implementado em<br />
que resíduos e Portugal já tem casos de<br />
sucesso?<br />
O princípio do utilizador-pagador, <strong>é</strong> um<br />
dos princípios que se aplicam quer aos<br />
serviços de águas, quer ao dos resíduos >><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
20 \\ ENTREVISTA \\<br />
As entidades gestoras do serviço de gestão de resíduos<br />
devem tamb<strong>é</strong>m desenvolver um conjunto de esforços<br />
para se tornarem mais eficientes e com capacitação<br />
adequada para fazerem a melhor gestão dos resíduos<br />
que recolhem<br />
Mas este sistema <strong>é</strong> difícil de implementar e<br />
tem alguns custos...<br />
Sim, a adoção destes sistemas implica custos<br />
adicionais na sua implementação, mas <strong>é</strong> uma<br />
das formas mais eficazes de incentivar os consumidores<br />
a reduzir a sua produção de resíduos<br />
indiferenciados. Apesar desses custos adicionais,<br />
permite às entidades gestoras aumentar a eficiência<br />
dos processos de recolha e tratamento de<br />
resíduos e aumentar a quantidade e qualidade<br />
de materiais recuperados resultantes desses processos<br />
que podem ser reciclados e obter maior<br />
urba<strong>nos</strong> e a aplicação de tarifários do tipo PAYT<br />
será um passo importante para assegurar a redução<br />
da produção de resíduos, bem como para fomentar<br />
a adequada separação de resíduos, dando<br />
um incentivo adequado aos consumidores para<br />
reduzirem a sua produção de resíduos indiferenciados,<br />
uma vez que possibilita que paguem um<br />
valor mais baixo pela sua fatura, caso adotem<br />
comportamentos mais corretos.<br />
A política tarifária do serviço público de resíduos<br />
deve, assim, promover a recuperação gradual<br />
e tendencial dos gastos, compatível com a<br />
capacidade económica da população, no quadro<br />
do princípio do poluidor-pagador.<br />
A Estrat<strong>é</strong>gia para a Economia Circular e as<br />
diretivas aprovadas nesse âmbito, em particular<br />
a Diretiva Quadro <strong>Resíduos</strong>, estabelecem metas<br />
ambiciosas de reciclagem e desvio de aterro para<br />
2035, preconizando a prática de instrumentos<br />
económicos, entre os quais os sistemas de tarifação<br />
PAYT, eficazes para a mudança de comportamentos<br />
com vista à aplicação da hierarquia de<br />
resíduos urba<strong>nos</strong>, a nível nacional e local.<br />
Ciente da relevância de que esta temática se<br />
reveste, e de que estes sistemas PAYT são sistemas<br />
de tarifação que permitem uma melhor<br />
perceção dos cidadãos da importância da separação,<br />
a ERSAR tem vindo, <strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>, a<br />
desenvolver iniciativas com vista à promoção<br />
dos sistemas PAYT, aumento do conhecimento<br />
e capacitação t<strong>é</strong>cnica e suporte à tomada de<br />
decisão das EG. No <strong>nos</strong>so site temos mais informação<br />
sobre os trabalhos desenvolvidos nesta<br />
temática.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ ENTREVISTA \\<br />
21<br />
valor desse aproveitamento. Em termos globais,<br />
se os sistemas funcionarem bem, podem resultar<br />
em ganhos de eficiência em benefício das tarifas,<br />
enquanto possibilita a substituição do uso de mat<strong>é</strong>rias-primas<br />
virgens e impactos ambientais positivos<br />
tamb<strong>é</strong>m pela redução da necessidade de<br />
eliminação dos resíduos e deposição em aterro.<br />
De acordo com as estimativas de que dispomos,<br />
ao atual ritmo de produção de resíduos indiferenciados,<br />
poderemos ter necessidade de aumentar<br />
a capacidade de deposição em aterro em<br />
me<strong>nos</strong> de dois a<strong>nos</strong>, em virtude de a atual capacidade<br />
já não ser suficiente. Isto <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m um problema<br />
para a opinião pública: apesar da gestão<br />
de odores e de mitigação da poluição que <strong>é</strong> feita<br />
nessas infraestruturas, ningu<strong>é</strong>m quer um aterro<br />
perto da sua casa ou mesmo no seu concelho.<br />
Os biorresíduos correspondem a 40% do que<br />
produzimos. Com os novos contentores castanhos<br />
considera que esta percentagem possa ser<br />
revertida para uma economia mais circular?<br />
De facto, os biorresíduos têm um importante impacto<br />
no tratamento dos resíduos urba<strong>nos</strong>, por<br />
representarem cerca de 40% dos resíduos urba<strong>nos</strong><br />
produzidos em Portugal e por contaminarem<br />
e prejudicarem e ou impossibilitarem, quando<br />
depositados de forma indiferenciada, a recuperação<br />
de materiais <strong>nos</strong> processos de triagem associados<br />
ao tratamento de resíduos. A esmagadora<br />
maioria destes biorresíduos continua a ser depositada<br />
em aterro, impactando significativamente<br />
todo o setor dos resíduos.<br />
E se, conforme a hierarquia de gestão de resíduos,<br />
o primeiro passo <strong>é</strong> reduzir, importa repensar<br />
comportamentos e padrões de produção<br />
e consumo para evitar o desperdício alimentar<br />
que resulte na produção de me<strong>nos</strong> biorresíduos:<br />
reduzir doses, aproveitar os restos de comida<br />
para a preparação de outros alimentos, doar g<strong>é</strong>neros<br />
alimentícios perto do fim de vida. Para os<br />
biorresíduos cuja produção não se consiga evitar,<br />
importa assegurar que a sua recolha <strong>é</strong> efetuada<br />
de forma adequada de forma a viabilizar o seu<br />
aproveitamento enquanto recurso.<br />
Mas a partir de <strong>2024</strong> passou a ser obrigatório<br />
a implementação de sistemas de recolha seletiva<br />
de biorresíduos pelas várias entidades<br />
gestoras municipais para garantir, por um<br />
lado, o seu aproveitamento para outros fins<br />
— por exemplo, a produção de biogás para<br />
aproveitamento energ<strong>é</strong>tico ou a produção de<br />
composto para aproveitamento agrícola ou de<br />
enriquecimento dos solos — e, por outro, o<br />
desvio de aterro dos biorresíduos evitando a<br />
contaminação de outros tipos de resíduos que<br />
poderiam ter maior aproveitamento. O que<br />
fez a ERSAR?<br />
No sentido de auxiliar as EG na implementação<br />
de sistemas de recolha seletiva de biorresíduos,<br />
a ERSAR emitiu uma recomendação relativa à<br />
formação de tarifários do serviço de gestão de<br />
resíduos urba<strong>nos</strong> decorrente da implementação<br />
das atividades obrigatórias de recolha e tratamento<br />
seletivos de biorresíduos - Recomendação<br />
n.º4/2023.<br />
Adicionalmente, considerando a relevância<br />
da recolha seletiva destes resíduos para o cumprimento<br />
das metas de preparação para reciclagem<br />
e reutilização e de desvio de aterro, a ER-<br />
SAR realizou um inqu<strong>é</strong>rito junto das entidades<br />
gestoras a nível nacional, cujo relatório com as<br />
principais conclusões se encontra disponível<br />
para consulta no <strong>nos</strong>so site. Com o desvio de<br />
aterro dos biorresíduos <strong>é</strong> expectável uma diminuição<br />
significativa de resíduos a serem encaminhados<br />
para aterro (saliente-se que at<strong>é</strong> 2035, a<br />
quantidade de resíduos urba<strong>nos</strong> depositados em<br />
aterro, deve ser reduzida para um máximo de<br />
10 % da quantidade total, em peso, de resíduos<br />
urba<strong>nos</strong> produzidos, e que em 2022, segundo<br />
dados da APA, 57% dos resíduos tiveram como<br />
destino o aterro e a diminuição dos seus odores.<br />
Que medidas ou ações tomaria já para cada<br />
um dos setores?<br />
Não há medidas milagrosas que resolvam todos<br />
os problemas destes setores. O trabalho tem<br />
de ser integrado, contínuo e os vários intervenientes<br />
devem assumir o seu papel para implementar<br />
as medidas previstas <strong>nos</strong> pla<strong>nos</strong> estrat<strong>é</strong>gicos<br />
para estes setores (PENSAARP 2030,<br />
no caso das águas, e PERSU 20230, no caso dos<br />
resíduos).<br />
Pelo papel importante que a ERSAR, entidade<br />
reguladora, tem na integração das medidas, diria<br />
que o alargamento das competências do regulador<br />
em termos da sua capacidade de intervenção<br />
para fazer cumprir a legislação e as boas<br />
práticas, poderia ser uma das medidas mais importantes<br />
a tomar.<br />
Na sua opinião considera que falta informação<br />
ao “consumidor” sobre como reciclar? Ou<br />
as pessoas já estão mais familiarizadas com os<br />
contentores?<br />
A informação e sensibilização nunca <strong>é</strong> demais,<br />
at<strong>é</strong> porque estamos a falar de mudanças geracionais<br />
que requerem o envolvimento individual<br />
de cada um e, sobretudo, o esforço e consciencialização<br />
da sociedade para a importância de<br />
todos adotarem comportamentos adequados.<br />
Uma vez que se trata de um novo tipo de recolha<br />
seletiva, e que serão aplicadas metodologias<br />
de recolha distintas em diferentes áreas geográficas,<br />
<strong>é</strong> fundamental que os cidadãos estejam<br />
informados sobre o que devem fazer em termos<br />
da separação dos biorresíduos.<br />
Ainda assim, muitas vezes as más práticas<br />
não acontecem por falta de informação, mas<br />
por requererem um esforço adicional e por o cidadão<br />
não perceber os benefícios desse esforço<br />
adicional, que transcendem os benefícios individuais<br />
que ele terá. A implementação de sistemas<br />
PAYT pode vir a ajudar a dar os incentivos necessários<br />
para mudar comportamentos.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
22<br />
\\ TÊXTIL \\<br />
PORTUGAL À FRENTE<br />
NA RECICLAGEM TÊXTIL<br />
NA EUROPA, A PARTIR DE JANEIRO DE 2025, SERÁ PROIBIDO ENVIAR ROUPA EM FIM DE VIDA<br />
PARA ATERRO, INCINERAR OU MESMO EXPORTÁ-LA. EM PORTUGAL SÃO CERCA DE 200 MIL<br />
TONELADAS POR ANO. SOLUÇÃO? CIRAR UM GIGANTE CEMITÉRIO DE TRAPOS OU RECICLAR<br />
E CONSEGUIR MATÉRIA-PRIMA NOVA.<br />
\\ Por Teresa Cotrim<br />
Antes de começar a ler este artigo, faço-lhe um desafio:<br />
abra as portas do roupeiro e questione se precisa<br />
de toda essa roupa. Há quanto tempo não veste<br />
algumas dessas peças? Segundo a Comissão Económica<br />
das Nações Unidas para a Europa, 40% das<br />
indumentárias que temos no armário não são usadas. “Nos últimos<br />
15 a<strong>nos</strong>, duplicámos a quantidade de vestuário que produzimos<br />
e reduzimos pela metade as vezes que o vestimos antes de o descartarmos”,<br />
diz o relatório A New Textiles Economy: redesigning<br />
fashion`s future desenvolvido pela Fundação Ellen Macarthur em<br />
parceria com a H&M, Nike e Fundação C&A. Por este motivo, a<br />
roupa que usamos e deitamos fora <strong>é</strong> já a quarta causa de pressão<br />
para o ambiente, depois da alimentação, alojamento e transportes.<br />
Se antigamente havia duas coleções por ano, agora fazem-se cerca<br />
de 50. O chamado fastfashion, que produz mais de 92 milhões de<br />
toneladas de resíduos por ano, veio para ficar. Anualmente, cerca<br />
de 90 milhões de peças de vestuário acabam em aterros sanitários<br />
— os tecidos não biodegradáveis podem resistir at<strong>é</strong> 200 a<strong>nos</strong>.<br />
O circuito, do produtor ao consumidor tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong> nefasto para o<br />
ambiente. Desde 1975, a produção de fibras têxteis quase triplicou<br />
e, hoje, 60% são sint<strong>é</strong>ticas. Estima-se que os europeus comprem 26<br />
kg de roupa por ano e 56% <strong>é</strong> poli<strong>é</strong>ster; a fibra mais usada e que<br />
está relacionada uma enorme pegada ecológica — são necessários<br />
mais de 70 milhões barris de petróleo por ano. O algodão requer<br />
muita água e uma enorme área de cultivo, sobretudo se for orgânico.<br />
Al<strong>é</strong>m disso, como refere o mesmo relatório citado acima, a<br />
indústria têxtil depende sobretudo de recursos não renováveis (98<br />
milhões de toneladas no total, por ano), incluindo petróleo para<br />
produzir fibras sint<strong>é</strong>ticas, fertilizantes para cultivar algodão e químicos<br />
para produzir, tingir e finalizar fibras e têxteis.<br />
Mas os números não ficam por aqui. A indústria da moda anualmente<br />
produz 20 peças de roupa por pessoa. 140 mil milhões de<br />
novas peças de vestuário a cada 365 dias, ou seja, 4,4 mil peças por<br />
segundo. Mais de 3500 substâncias químicas são utilizadas na produção<br />
têxtil, pelo me<strong>nos</strong>, 750 foram classificadas como perigosas<br />
para a saúde e 440 para o ambiente. Estima-se tamb<strong>é</strong>m que 20% da<br />
poluição da água tenha origem <strong>nos</strong> processos de tinturaria e acabamento<br />
das peças, com consequências para a saúde dos trabalhadores<br />
e das comunidades locais.<br />
E Portugal, como está nesta mat<strong>é</strong>ria? Segundo o site Portugal<br />
Têxtil e conforme os dados publicados por sete entidades com pontos<br />
de recolha de vestuário usado, que no total detêm 8.975 contentores<br />
espalhados pelo país, todos os a<strong>nos</strong> são recolhidas 26.800<br />
toneladas de resíduos têxteis em Portugal. Já a Agência Portuguesa<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ TÊXTIL \\<br />
23<br />
do Ambiente, com dados relativos a 2017, indica<br />
que, em contentores de resíduos urba<strong>nos</strong>,<br />
foram recolhidas cerca de 200.756 toneladas de<br />
resíduos têxteis, o que representa cerca de 4%<br />
do total de resíduos produzidos no país, ou seja,<br />
cerca de 4,75 milhões.<br />
Por<strong>é</strong>m, tudo isto está prestes a mudar. Isto<br />
porque a legislação assim o obriga. Os vários<br />
pacotes legislativos que estão a ser negociados<br />
no bloco europeu contemplam a proibição de<br />
incineração ou colocação em aterro de têxteis,<br />
a responsabilidade alargada do produtor sobre<br />
os resíduos, o condicionamento nas exportações<br />
de têxteis usados para países terceiros, nomeadamente<br />
para África, e, previsivelmente, a obrigatoriedade<br />
de incorporação de mat<strong>é</strong>rias-primas<br />
recicladas em novos artigos. A boa notícia?<br />
Portugal já está na linha da frente.<br />
No entanto, Luís Cristino, co-fundador da<br />
Plataforma Sustentável OMA e presidente<br />
da Assembleia Geral da Academia do Têxtil <strong>é</strong><br />
claro: “como aumentar a circularidade no setor<br />
têxtil <strong>é</strong> a pergunta de um milhão de dólares,<br />
aquela que todos os intervenientes do setor gostariam<br />
de saber a resposta!” Isto porque na sua<br />
opinião não <strong>é</strong> apenas apregoar a redução de X<br />
por cento no consumo de água ou de energia no<br />
processo de fabrico, <strong>é</strong> o repensar todo um modelo<br />
de negócio da moda/têxtil. Por<strong>é</strong>m, afirma<br />
que acredita numa indústria têxtil do futuro,<br />
>><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
24<br />
\\ TÊXTIL \\<br />
sem petroquímicos e com muito me<strong>nos</strong> resíduos,<br />
verdadeiramente inovadora e circular. O<br />
presidente da Academia do Têxtil diz, inclusive,<br />
que a próxima revolução económica do<br />
mundo será a da bioeconomia azul sustentável.<br />
“Esta <strong>é</strong> uma das poucas, senão a única oportunidade<br />
para a diferenciação e descarbonização<br />
do setor”.<br />
RECICLAGEM TÊXTIL PODE CHEGAR AOS 80%,<br />
EM 2030<br />
O estudo Scalling Textile Recycling in Europe<br />
— turning waste into value da consultora<br />
McKinsey revela que cada europeu produz em<br />
m<strong>é</strong>dia 15 quilogramas de resíduos têxteis por<br />
ano e, em 2030 este número subirá para 20 quilogramas<br />
(um aumento de mais 30%), dizendo<br />
ainda que a maioria destes resíduos <strong>é</strong> proveniente<br />
de vestuário e têxteis dom<strong>é</strong>sticos. Mais:<br />
65% destes resíduos são transportados diretamente<br />
para aterro ou são incinerados e apenas<br />
um terço de todo o vestuário pós-consumo <strong>é</strong><br />
recolhido e reciclado. Por isso, esta análise diz<br />
que a “taxa de reciclagem têxtil pode aumentar<br />
entre 50% a 80% at<strong>é</strong> 2030 e, a economia circular<br />
tamb<strong>é</strong>m para a produção de fibras têxteis<br />
para novos artigos de vestuário a partir de resíduos<br />
têxteis pode atingir entre 18% e 26%”. A<br />
consultora refere ainda que este mercado pode<br />
gerar seis a oito milhões de euros e criar 15 mil<br />
postos de trabalho at<strong>é</strong> 2030.<br />
Voltando ao relatório A New Textiles Economy:<br />
redesigning fashion`s future este conclui<br />
que a reciclagem apresenta uma oportunidade<br />
para a indústria da moda reaver mais<br />
de 100 mil milhões de dólares em materiais<br />
desperdiçados anualmente pelo sistema. Mas<br />
desengane-se quem pensa que <strong>é</strong> tarefa fácil.<br />
Há desafios pela frente, como por exemplo, os<br />
problemas com a logística reversa, recolha e<br />
separação, dificuldade em reciclar tecidos com<br />
misturas — materiais com mais de uma fibra,<br />
elevado uso de energia. Outro desafio <strong>é</strong> a qualidade<br />
das fibras recicladas. O algodão desfibrado,<br />
por exemplo, muitas vezes necessita de ser<br />
misturado com fibras de algodão virgem ou poli<strong>é</strong>ster<br />
para ser novamente usado no vestuário,<br />
pela perda de qualidade das fibras, que ocorre<br />
no processo, al<strong>é</strong>m de ser me<strong>nos</strong> resistente, embora<br />
nesta mat<strong>é</strong>ria haja já soluções que garantem<br />
a qualidade do mesmo.<br />
O co-fundador da plataforma OMA, realça,<br />
por<strong>é</strong>m, que há uma questão infernal: “a logística<br />
associada a tudo isto. A moda arrasta. É<br />
a questão da pegada carbónica associada, por<br />
exemplo a todo o transporte de fibras de um<br />
lado para o outro”. E questiona: será que quando<br />
as pessoas compram uma camisa de linho<br />
têm noção das voltas que esta deu ao mundo<br />
para ser produzida? Por isso, na sua opinião, o<br />
primeiro objetivo <strong>é</strong> procurar que as mat<strong>é</strong>rias-<br />
-primas estejam tão perto quanto possível do<br />
local de consumo. “A deslocalização que houve<br />
<strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>, tanto da produção de fibras<br />
como da produção de vestuário, agudizou tudo<br />
isto porque ficou tudo na Ásia”. Para o especialista<br />
em sustentabilidade temos de produzir<br />
fibras a partir daquilo que temos, ou seja, da<br />
floresta e da agricultura, isto <strong>é</strong>, fibras artificiais,<br />
mas fabricadas a partir de biomassa.<br />
PORTUGAL NO PELOTÃO DA FRENTE A NÍVEL<br />
EUROPEU<br />
A Europa já está a meter mãos à obra. A European<br />
Apparel and Textile Confederation<br />
(Euratex), que representa os interesses da<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ TÊXTIL \\<br />
25<br />
Como aumentar a circularidade no setor têxtil <strong>é</strong> a<br />
pergunta de um milhão de dólares, aquela que todos os<br />
intervenientes do setor gostariam de saber a resposta!<br />
Luís Cristino, co-fundador da plataforma OMA e Presidente da Assembleia Geral da Academia<br />
do Têxtil<strong>Resíduos</strong> Sólidos<br />
indústria têxtil e do vestuário europeu ao nível<br />
das instituições da EU, referiu em comunicado<br />
a criação da ReHubs Europe que vai operar a<br />
partir de Bruxelas para impulsionar a reciclagem<br />
têxtil em resposta ao pacote legislativo que<br />
está a ser definido para a União Europeia, que<br />
impõe a recolha e seleção de resíduos têxteis at<strong>é</strong><br />
2025. A meta <strong>é</strong> reciclar 2,5 milhões de toneladas<br />
de resíduos têxteis at<strong>é</strong> 2030. Esta pretende juntar<br />
players de toda a cadeia, produtores, marcas<br />
de moda, empresas de recolha e reciclagem,<br />
indústria química e fornecedores de tecnologia.<br />
“Isso exige at<strong>é</strong> 250 projetos industriais na Europa,<br />
abrangendo diferentes tipos de reciclagem<br />
da fibra à fibra”, indicam na mesma fonte. “Estou<br />
muito entusiasmado por fazer parte desta<br />
aliança”, afirma Chris Deloof, diretor-executivo<br />
da ReHubs Europe, acrescentando ainda “<strong>é</strong> um<br />
privil<strong>é</strong>gio trabalhar lado a lado com os capitães<br />
da indústria e da moda que estão a juntar-se à<br />
ReHubs Europe para construir em conjunto o<br />
futuro circular da indústria têxtil”.<br />
Alberto Paccanelli, presidente da Euratex no<br />
mesmo comunicado afiança que esta iniciativa<br />
prova que estão empenhados em fazer avançar<br />
a indústria para um novo modelo de negócio<br />
circular, mesmo durante os tempos difíceis<br />
que se enfrentam atualmente. “Estou particularmente<br />
contente por ver todos os segmentos<br />
da <strong>nos</strong>sa cadeia de valor têxtil a juntar forças.<br />
A ReHubs Europe vai dar um impulso novo à<br />
indústria têxtil na Europa”.<br />
No âmbito da reciclagem a Euratex está<br />
tamb<strong>é</strong>m a promover o RegioGreenTex, no<br />
qual participam os portugueses CITEVE, Sasia<br />
e Tintex, colocando desta forma Portugal<br />
no centro da reciclagem. Este projeto pretende<br />
ser uma ferramenta para atingir o objetivo de<br />
tornar a Europa num exemplo para o resto do<br />
mundo. Para Braz Costa, diretor-geral do CI-<br />
TEVE, centro tecnológico dedicado ao setor<br />
têxtil e do vestuário, “o próprio nome revela o<br />
intuito do projeto, ou seja, um grupo de regiões<br />
onde o setor têxtil tem um papel importante.<br />
O que está em causa será a construção de um<br />
hub industrial para a reciclagem com recolha,<br />
separação, desmantelamento, descontaminação<br />
e reciclagem. Todos estes passos focados na<br />
sustentabilidade”.<br />
O site Portugal Têxtil explica que estão previstos<br />
cinco hubs e cada um vai desenvolver o<br />
seu tipo específico de ecossistema de reciclagem<br />
têxtil que será passível de ser replicado noutras<br />
regiões. Por exemplo: “no nordeste da Rom<strong>é</strong>nia,<br />
o foco estará no design para evitar o desperdício<br />
e a pensar na reciclagem, enquanto nas chamadas<br />
Terras Baixas — que incluem o leste dos Países<br />
Baixos, a Flandres e Altos-da-França —, as<br />
atividades irão concentrar-se na reciclagem de<br />
misturas de resíduos têxteis com destaque em<br />
vestuário de trabalho com retardantes de chama<br />
e paraamidas. Em Itália, que terá uma localização<br />
na Toscânia e outra em Piemonte, vão<br />
concentrar-se na reciclagem de têxteis com elevada<br />
percentagem de lã e no sul de França, em<br />
Auv<strong>é</strong>rnia-Ródano-Alpes, o objetivo será promover<br />
a reciclagem de têxteis t<strong>é</strong>cnicos. Quanto<br />
a Portugal estará na reciclagem de têxteis com<br />
elevada percentagem de algodão”.<br />
Braz Costa refere ainda que o país lidera a<br />
componente do projeto destinada à construção<br />
destes hubs, sempre com um pendor altamente<br />
tecnológico sem descurar o modelo económico-sustentável,<br />
que será feito via mercado. Em<br />
princípio o modelo assenta, por um lado, na<br />
geração de valor pela transformação do “lixo”<br />
em nova mat<strong>é</strong>ria-prima e, por outro, mediante<br />
o recebimento de incentivos provenientes de<br />
eco-taxas a ser pagas, tal como já acontece em<br />
outros setores, caso dos fabricantes de pneus.<br />
No entanto, o valor não deverá ser igual para<br />
>><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
26 \\ TÊXTIL \\<br />
O que está em causa será a construção de um hub<br />
industrial para a reciclagem com recolha, separação,<br />
desmantelamento, descontaminação e reciclagem.<br />
Todos estes passos focados na sustentabilidade<br />
Braz Costa, Diretor-geral do CITEVE<br />
todos, porque o que têm estado a defender a nível<br />
europeu <strong>é</strong> que essa taxa deve ser calculada em<br />
função do nível de sustentabilidade da produção<br />
que <strong>é</strong> feita. Isto <strong>é</strong>, para que quem faz investimentos<br />
para produzir de forma sustentável não seja<br />
obrigado a pagar o mesmo que outra empresa<br />
que não tem as mesmas práticas. Por exemplo:<br />
uma peça foi desenvolvida com bons crit<strong>é</strong>rios de<br />
ecodesign, vai ser fácil de desmontar e de reciclar.<br />
Só tem um tipo de material e, portanto, não levanta<br />
problemas de reciclagem, logo não pode ser<br />
comparada com outra que tem misturas difíceis e<br />
acessórios problemáticos de remover.<br />
O CITEVE “está a difundir conhecimento tecnológico<br />
entre parceiros e em particular está a coordenar<br />
o workpackage que dará suporte às PME<br />
na implementação de pilotos industriais que, uma<br />
vez articulados com outros, constituirão os tais<br />
hubs de reciclagem no contexto de cada região e<br />
como um todo na EU”.<br />
Pedro Magalhães, diretor de inovação da Tintex,<br />
empresa têxtil especializada no tingimento,<br />
acabamento e revestimento de malhas circulares,<br />
diz que estão a trabalhar em duas vertentes. A<br />
primeira com o CITEVE mediante o reaproveitamento<br />
dos desperdícios de malha, dando origem<br />
a novos fios. “Ainda estamos numa fase piloto”. A<br />
segunda centra-se no tingimento e acabamento<br />
de malhas, tornando o processo mais sustentável.<br />
Estão a utilizar o seu processo patenteado de tingimento<br />
natural recorrendo a extratos de plantas e<br />
madeiras combinado com tratamento enzimático<br />
ou biopolishing. Utilizam ainda água reciclada <strong>nos</strong><br />
processos, obtida com tecnologia de membranas<br />
— ultrafiltração e osmose inversa. “Pretendemos<br />
usar estes processos com materiais têxteis não só<br />
de Portugal como tamb<strong>é</strong>m de outros clusters europeus,<br />
focando a sua aplicação em malhas recicladas.<br />
At<strong>é</strong> agora temos tido bons resultados, nomeadamente<br />
com malhas que incorporam algodão<br />
reciclado e liocel em diferentes percentagens, por<strong>é</strong>m<br />
ainda estamos numa fase piloto”.<br />
Outro projeto importante para a circularidade<br />
do setor <strong>é</strong> o be@t — bioeconomia no têxtil e vestuário<br />
que representa um investimento global de 138<br />
milhões de euros, cofinanciados pelo PRR – Plano<br />
de Recuperação e Resiliência e pelos Fundos Europeus<br />
Next Generation EU <strong>é</strong> outro projeto fundamental<br />
para a economia circular deste setor. Sob o<br />
mote “Da natureza, de forma circular e sustentável,<br />
para as pessoas”, o projeto integra 56 parceiros<br />
e tem como pilares fundamentais a obtenção de<br />
novas mat<strong>é</strong>rias-primas alternativas às de origem<br />
fóssil, a implementação da circularidade no setor,<br />
a aposta na sustentabilidade transparente e rastreável<br />
e a intervenção na sociedade para levar à<br />
alteração dos hábitos de consumo. Braz Costa, explica<br />
que o maior desafio está al<strong>é</strong>m da reciclagem<br />
mecânica, algo que já se faz em Portugal há mais de<br />
50 a<strong>nos</strong>, mas sim na química e biotecnológica. “Os<br />
<strong>nos</strong>sos investigadores estão já muito avançados<br />
em soluções para separar o algodão do poli<strong>é</strong>ster,<br />
assim como na segregação do elastano de misturas<br />
com fibras naturais, com um processo revolucionário<br />
que não recorre a solventes orgânicos, isto <strong>é</strong>,<br />
ainda com derivados de petróleo”, explica. Por isso,<br />
garante que “já estamos com excelentes perspetivas<br />
de que estas tecnologias constituam um grande<br />
salto!”<br />
O PASSAPORTE DIGITAL<br />
O CITEVE já estava a testar um protótipo da etiqueta<br />
do futuro desde 2020 — por considerarem<br />
que as atuais não davam praticamente nenhuma<br />
informação ao nível da sustentabilidade ao consumidor<br />
no ato da compra, quando a União Europeia<br />
decidiu avançar com o passaporte digital para<br />
os têxteis. “Percebemos que o futuro passaria por<br />
ter uma etiqueta digital para incluir tudo o que<br />
pretendíamos informar, sob pena de outra forma<br />
serem precisos metros e metros de etiqueta”, diz<br />
o diretor-geral do CITEVE, afinal quanto maior<br />
esta for mais probabilidade tem de ser cortada.<br />
Haverá mais de 120 parâmetros a ser incluídos.<br />
Por<strong>é</strong>m, a boa notícia <strong>é</strong> que a nível europeu Portugal<br />
está na dianteira. Braz Costa afiança que não<br />
será um encargo para as empresas do setor, uma<br />
vez que pode ser, por exemplo, gerado um QR<br />
Code, “algo muito acessível para as empresas que<br />
dominam a estamparia”. Depois, a nível tecnológico<br />
foram à banca buscar a tecnologia utilizada nas<br />
criptomoedas. “Já está testada e <strong>é</strong> segura”, garante,<br />
admitindo, contudo, que o problema está em “conseguir<br />
reunir a informação e assegurar que esta <strong>é</strong><br />
verdadeira”. At<strong>é</strong> porque a europa importa 70% dos<br />
têxteis que consume e “temos de garantir, at<strong>é</strong> por<br />
uma questão de equidade e de paridade, que a informação<br />
que vem com os produtos importados <strong>é</strong><br />
de facto fidedigna”.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ TÊXTIL \\<br />
27<br />
O responsável do CITEVE afirma ainda<br />
que acredita que os consumidores irão estar<br />
atentos à origem dos produtos. “Porque há<br />
uma consciência ecológica, principalmente<br />
nas gerações mais jovens”, mas “se uma peça<br />
sustentável custar mais 50% do que outra<br />
me<strong>nos</strong> sustentável, a carne <strong>é</strong> fraca e pode-se<br />
ceder ao produto mais barato!” No entanto,<br />
a promessa da União Europeia de que as regras<br />
serão apertadas para todos – desde que<br />
os produtos sejam vendidos no espaço único,<br />
então os preços serão mais nivelados.<br />
Para Luís Cristino, co-fundador da Plataforma<br />
Sustentável OMA e presidente da<br />
Academia do Têxtil, o passaporte digital <strong>é</strong><br />
uma das formas de nivelar o “terreno do jogo”,<br />
leia-se mercado, isto porque “temos de fazer<br />
um esforço maior do que outros países que<br />
não cumprem regras ambientais, sociais e<br />
que têm outros custos de produção, mais baixos”.<br />
O especialista diz que não se pode exigir<br />
responsabilidade ao consumidor no ato da<br />
compra se não lhe for dada informação sobre<br />
o que está a comprar. “At<strong>é</strong> há pouco tempo<br />
entravamos numa loja e tudo o que era algodão<br />
orgânico era bom. Isso não <strong>é</strong> verdade.<br />
At<strong>é</strong> porque não há algodão orgânico suficiente<br />
para a publicidade que anda a ser feita”.<br />
O ECODESGIN TAMBÉM JÁ CHEGOU AO TÊXTIL<br />
O regulamento de ecodesign foi aprovado<br />
pelo Conselho Europeu em maio deste ano,<br />
naquele que <strong>é</strong> o último passo do processo legislativo.<br />
A nova legislação substitui a atual<br />
diretiva relativa à conceção ecológica e alarga<br />
o seu âmbito a todos os tipos de bens colocados<br />
no mercado da UE. “Como regulamento<br />
relativo ao ecodesign, criamos os incentivos<br />
certos para que a indústria pense de forma<br />
circular desde a própria conceção do design<br />
dos produtos que planeia produzir e vender<br />
na EU”, afirma, em comunicado, Pierre-Yves<br />
Dermagne, Vice-Primeiro-Ministro da B<strong>é</strong>lgica.<br />
Segundo o Portugal Têxtil, o documento<br />
afeta todos os tipos de produtos, com apenas<br />
algumas exceções, nomeadamente automóveis<br />
ou produtos relacionados com a defesa<br />
e segurança. O regulamento introduz novos<br />
requisitos, como a durabilidade, a reutilização,<br />
a capacidade de atualização e a reparabilidade<br />
dos produtos, regras sobre a presença<br />
de substâncias que inibem a circularidade,<br />
eficiência energ<strong>é</strong>tica e de recursos, conteúdo<br />
reciclado e reciclagem, pegada de carbono<br />
e requisitos de informação, incluindo um<br />
passaporte de produto digital. A Comissão<br />
Europeia ficará habilitada a estabelecer<br />
requisitos de conceção ecológica com atos<br />
delegados e a indústria terá 18 meses para<br />
os cumprir.<br />
A mesma fonte refere ainda que os crit<strong>é</strong>rios<br />
de conceção ecológica serão aplicáveis <br />
<strong>nos</strong> contratos públicos para incentivar a<br />
aquisição pública de produtos mais sustentáveis.<br />
Já a nova legislação introduz uma<br />
proibição direta da destruição de têxteis<br />
e calçado não vendidos (as PMEs serão<br />
temporariamente excluídas) e capacita a<br />
Comissão Europeia para introduzir proibições<br />
semelhantes para outros produtos<br />
no futuro. O regulamento de ecodesign<br />
será ainda alinhado com a lei dos serviços<br />
digitais, no que diz respeito aos produtos<br />
vendidos online.<br />
A NOVA DIRETIVA DE<br />
RESÍDUOS E TÊXTEIS<br />
O Parlamento Europeu apresentou ideias para alterar as<br />
regras dos resíduos têxteis em março de <strong>2024</strong>. A revisão da<br />
diretiva introduzirá regimes de responsabilidade alargada<br />
ao produtor. Deste modo quem produz vestuário, chap<strong>é</strong>us,<br />
calçado, acessórios, bem como outros produtos ligados ao<br />
têxtil terão de cobrir os custos da recolha separada, triagem<br />
e reciclagem.<br />
Perante a proposta da Comissão para que os regimes de<br />
responsabilidade alargada dos produtores sejam introduzidos<br />
30 meses, os eurodeputados insistiram para que esta<br />
fosse implementada em 18 meses. Al<strong>é</strong>m disso, perante a<br />
atual diretiva-quadro os países da EU deveriam ser obrigados<br />
a recolher separadamente os têxteis at<strong>é</strong> ao dia 1 de<br />
janeiro de 2025 para reutilização, preparação para a reutilização<br />
e reciclagem. De acordo com a orientação geral,<br />
at<strong>é</strong> ao final de 2028 a Comissão considerará a definição de<br />
metas específicas para a prevenção de resíduos, a recolha, a<br />
preparação para a reutilização e a reciclagem dos resíduos<br />
do setor têxtil.<br />
O que isto significa? As marcas de moda e os produtores<br />
têxteis terão de pagar taxas para ajudar a financiar os custos<br />
de recolha e tratamento dos resíduos têxteis. E as microempresas<br />
estão incluídas. O valor das taxas vai basear-se na<br />
circularidade e no desempenho ambiental dos produtos<br />
têxteis (eco-modulação). O comunicado do Conselho Europeu<br />
destaca ainda que a prevenção de resíduos <strong>é</strong> a melhor<br />
opção, e estabelece que os Estados-Membros possam exigir<br />
taxas mais elevadas às empresas que seguem práticas<br />
industriais e comercias de fash fashion.<br />
A orientação geral tamb<strong>é</strong>m cont<strong>é</strong>m disposições específicas<br />
para os Estados-Membros onde existe uma percentagem<br />
mais elevada de produtos têxteis avaliados como próprios<br />
para reutilização no mercado. Esses Estados-Membros podem<br />
exigir que os operadores comerciais de reutilização<br />
paguem uma taxa (mais baixa) quando disponibilizarem<br />
esses produtos no seu mercado pela primeira vez.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
28<br />
\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />
RESÍDUOS PERIGOSOS<br />
O QUE “TALVEZ” SE PASSA NO PAÍS<br />
A LEI PRO-SOLOS CONTINUA NA GAVETA, AS LICENÇAS DOS CIRVER ESTÃO EM BANHO-MARIA,<br />
MUITOS DESTES RESÍDUOS AINDA VÃO PARAR AO “LIXO” COMUM E OS DADOS NÃO ESTÃO<br />
ATUALIZADOS. A CEREJA NO TOPO DO BOLO? O SISTEMA DOS REEE ESTÁ QUASE FALIDO.<br />
\\ Por Teresa Cotrim<br />
Quando se fala em resíduos perigosos, os industriais e<br />
os da saúde aparecem logo no topo. Dados da Agência<br />
Portuguesa do Ambiente (APA), apontam que<br />
em 2022 (números mais recentes) foram produzidas<br />
perto de um milhão de toneladas de resíduos perigosos,<br />
na sua maioria provenientes de atividades industriais. Do total,<br />
cerca de 41% tiveram como destino o tratamento por valorização,<br />
que implica a reciclagem de metais e compostos metálicos, refinação<br />
e outras reutilizações de óleos. Compreende ainda a valorização<br />
energ<strong>é</strong>tica e operações de valorização interm<strong>é</strong>dias de processamento<br />
de resíduos, caso de tratamentos mecânicos e químicos, triagem,<br />
produção de combustíveis alternativos, despoluição e desmantelamento,<br />
entre outros. Os restantes 59% foram conduzidos para operações<br />
de eliminação, em que se destaca a deposição de resíduos em<br />
aterro e os tratamentos físico-químico e biológico. As operações de<br />
gestão de resíduos perigosos são efetuadas <strong>nos</strong> centros integrados de<br />
recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos (CIR-<br />
VER), localizados na Chamusca, no Ribatejo.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />
29<br />
Mas há mais setores a produzir este tipo de<br />
resíduos, caso da agricultura, com<strong>é</strong>rcio e serviços<br />
e at<strong>é</strong> na casa de cidadãos comuns, como na<br />
sua, por exemplo. Elsa Agante, Team Leader<br />
da área da sustentabilidade da DECO PRO-<br />
TESTE, diz que na lista de resíduos dom<strong>é</strong>sticos<br />
que podem ser considerados perigosos,<br />
dependendo da sua composição e quantidade,<br />
estão alguns produtos químicos, como artigos<br />
de limpeza, tintas, vernizes, colas e pesticidas<br />
de jardim de uso dom<strong>é</strong>stico. Depois há ainda<br />
resíduos de prestação de cuidados de saúde<br />
em casa, como algum material m<strong>é</strong>dico cortante,<br />
seringas entre outros potencialmente<br />
infeciosos. Na lista constam tamb<strong>é</strong>m resíduos<br />
de construção e demolição que contenham<br />
amianto, ou madeira tratada, ou at<strong>é</strong> componentes<br />
com alcatrão. Na área da manutenção<br />
de automóveis, os filtros de óleo, materiais<br />
absorventes contaminados, fluidos anticongelantes<br />
ou produtos de polimento de superfícies<br />
são tamb<strong>é</strong>m considerados resíduos perigosos.<br />
“Atualmente os de origem dom<strong>é</strong>stica ainda<br />
não são recolhidos de forma seletiva, com a<br />
exceção dos fluxos de resíduos el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos<br />
e de pilhas e acumuladores”, avança a<br />
especialista da DECO PROTESTE.<br />
Para ter uma ideia, segundo o Relatório<br />
Anual dos <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> 2022, da APA, a<br />
presença de resíduos perigosos representa em<br />
m<strong>é</strong>dia 0,1% do total de resíduos, em que se inclui<br />
a recolha seletiva e a indiferenciada, “o que<br />
se traduz na presença de cerca de 5000 toneladas<br />
de resíduos perigosos no fluxo dos resíduos<br />
urba<strong>nos</strong>”, contabiliza Elsa Agante, dizendo<br />
ainda que estas toneladas de resíduos urba<strong>nos</strong><br />
perigosos devem ser desviadas do circuito de<br />
resíduos urba<strong>nos</strong> não perigosos. “Neste sentido,<br />
alterações legislativas recentes indicam que<br />
a partir de 1 janeiro de 2025, os municípios são<br />
responsáveis por operacionalizar a recolha seletiva<br />
de resíduos urba<strong>nos</strong> perigosos, devendo<br />
disponibilizar uma rede de pontos ou centros<br />
de recolha seletiva para os resíduos urba<strong>nos</strong><br />
perigosos da sua responsabilidade, em particular<br />
para os biorresíduos perigosos, e para os<br />
resíduos de embalagens que contenham substâncias<br />
perigosas”, informa.<br />
Portugal <strong>é</strong> destino de resíduos perigosos?<br />
Dentro da União Europeia não se deve falar de<br />
importação e exportação de resíduos porque<br />
os países pertencem a um mercado comum.<br />
Há entrada e saída de “lixo”. Há um movimento<br />
transfronteiriço de resíduos que se rege por<br />
um regulamento da Comissão Europeia (n.º<br />
1013/2006). Há dois protocolos em vigor. Os<br />
que pertencem à lista laranja (perigosos) e os<br />
que se incluem na lista verde (não perigosos).<br />
Para se entender as operações de valorização<br />
de resíduos incluem a reciclagem, compostagem,<br />
regeneração e valorização energ<strong>é</strong>tica.<br />
As operações de eliminação são, por exemplo,<br />
o depósito à superfície ou no subsolo (aterro)<br />
e a incineração. Rui Berkemeier, membro do<br />
Conselho Geral da Zero, diz que Portugal tem<br />
infraestruturas para tratar os resíduos perigosos<br />
desde que criou os Centros Integrados<br />
de Recuperação, Valorização e Eliminação de<br />
<strong>Resíduos</strong> Perigosos (CIRVER), garantindo que<br />
há espaço para o que vem de fora at<strong>é</strong> porque<br />
são unidades modernas de tratamento. “Desde<br />
que a importação não seja exagerada estamos<br />
dentro dos padrões”, desmentindo a ideia de<br />
que Portugal poderá ser um futuro depósito<br />
europeu deste tipo de resíduos.<br />
Um problema com as licenças!<br />
Temos boas condições de tratamento, mas as<br />
licenças dos CIRVER ainda estão no limbo.<br />
Caducaram em novembro do ano passado e o<br />
presidente da República, Marcelo Rebelo de<br />
Sousa não promulgou o decreto-lei aprovado<br />
em conselho de Ministros, a 13 de outubro de<br />
2023, que alterava o regime jurídico a que fica<br />
sujeito o licenciamento dos CIRVER, o qual<br />
eliminava a exclusividade na gestão de tratamento<br />
dos resíduos perigosos, promovendo<br />
a concorrência, mas obrigava a que as novas<br />
unidades de tratamento destes resíduos tivessem<br />
as características e exigências a que estão<br />
sujeitos os atuais.<br />
“O mercado abria, mas quem quisesse entrar<br />
teria de instalar um CIRVER com as mesmas<br />
obrigações dos atuais e constituído pelas mesmas<br />
unidades de tratamento, garantindo-se,<br />
assim, que a instalação de novas unidades de<br />
tratamento destes resíduos perigosos manteriam<br />
o elevado padrão de exigência ambiental<br />
e um funcionamento transparente”, explica o<br />
ambientalista da Zero. Rui Berkemeier considera<br />
que foi com alguma deceção que receberam<br />
esta notícia, at<strong>é</strong> porque já tinham enviado<br />
uma carta ao Presidente da República onde<br />
explicavam as razões pelas quais era importante<br />
que se promulgasse esta legislação. “Com<br />
esta decisão, a situação dos resíduos perigosos<br />
em Portugal ficou, num limbo, apesar das licenças<br />
dos CIRVER terem sido recentemente<br />
prorrogadas at<strong>é</strong> à publicação da legislação do<br />
seu enquadramento. Por<strong>é</strong>m não ficou claro se<br />
>><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
30<br />
\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />
cofundador da Refuberd, sublinha que estes<br />
equipamentos representam um enorme desperdício<br />
de recursos valiosos. Acrescenta ainda que<br />
ao “recondicioná-los e reintroduzi-los no ciclo<br />
de reutilização, podemos poupar recursos significativos<br />
e, assim reduzir o impacto ambiental”.<br />
Se cinco em cada dez smartphones vendidos em<br />
Portugal fossem recondicionados pouparíamos<br />
o equivalente a um dia de emissões de CO2.<br />
Mas o tema não se fica apenas pela poupança<br />
das emissões. Nos resíduos de equipamentos<br />
el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos (REEE), em que algumas<br />
tipologias são consideradas como resíduos perigosos,<br />
como equipamentos de regulação de temperatura,<br />
monitores antigos tipo CRT ou lâmpadas<br />
fluorescentes, dados de 2023 da Agência<br />
É fundamental o estabelecimento<br />
de uma rede de<br />
recolha seletiva ajustada<br />
e adequada à tipologia de<br />
resíduos e de fácil acesso<br />
por parte do cidadão<br />
Elsa Agante, Team Leader da área da<br />
sustentabilidade da DECO PROTESTE<br />
no futuro, vão poder entrar outros operadores<br />
no mercado, nem em que condições, criando-se<br />
uma situação de incerteza, num setor que at<strong>é</strong> à<br />
data, tem funcionado sem grandes problemas”.<br />
Pilhas, computadores e afins...<br />
Segundo as Nações Unidas, a produção mundial<br />
de resíduos eletrónicos atingiu 62 milhões<br />
de toneladas em 2022, o suficiente para encher<br />
24.800 piscinas olímpicas, mais 82% do que em<br />
2010. Destas 4,6 milhões de toneladas provêm<br />
de peque<strong>nos</strong> equipamentos tecnológicos e de telecomunicações<br />
como computadores portáteis<br />
ou telemóveis. Outro dado importante <strong>é</strong> que<br />
destes resíduos apenas 22,3% foram entregues e<br />
reciclados adequadamente.<br />
Um estudo recente publicado pela Refurbed,<br />
um marketplace online de produtos recondicionados<br />
indica que, em m<strong>é</strong>dia, cada pessoa guarda<br />
2,72 smartphones sem uso. Kilian Kaminski,<br />
Portuguesa do Ambiente, referem que do total<br />
destes resíduos gerados em Portugal apenas cerca<br />
de 30% foram recolhidos em 2020 e devidamente<br />
enviados para tratamento e valorização.<br />
“Já no caso das pilhas e baterias o país recicla<br />
sensivelmente apenas 20% do que <strong>é</strong> colocado no<br />
mercado”, diz Elsa Agante, quando a meta legal<br />
era de 65%.<br />
Este incumprimento, segundo a Zero, tem levado<br />
a problemas ambientais graves, como seja,<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />
31<br />
a libertação dos gases dos frigoríficos, para a atmosfera<br />
com a consequente aumento da temperatura<br />
do planeta, a disseminação no ambiente<br />
de mercúrio proveniente das lâmpadas fluorescentes,<br />
ou ainda a libertação de diversos poluentes<br />
orgânicos persistentes existentes em vários<br />
destes equipamentos. Rui Berkemeier considera<br />
que “após os inúmeros alertas feitos pela Zero<br />
aos diversos responsáveis governamentais sobre<br />
o colapso eminente do sistema de gestão das<br />
REEE, não se compreende a manutenção desta<br />
postura de inação por parte das autoridades<br />
ambientais face às graves consequências para a<br />
saúde pública e o ambiente decorrentes da má<br />
gestão destes resíduos”.<br />
No entanto, já há alguns exemplos de boas<br />
práticas. A Câmara Municipal da Amadora e o<br />
Eletrão estabeleceram recentemente uma parceria<br />
para prestar um serviço diferenciado aos<br />
munícipes atrav<strong>é</strong>s da recolha gratuita porta a<br />
porta de grandes equipamentos el<strong>é</strong>tricos usados<br />
como, por exemplo, frigoríficos, máquinas de lavar,<br />
entre outros. Os “moradores” podem ainda<br />
aproveitar para entregar telemóveis, lâmpadas<br />
ou pilhas, por exemplo. Este <strong>é</strong> o oitavo concelho<br />
da Área Metropolitana de Lisboa com este<br />
serviço. “Todos os equipamentos el<strong>é</strong>tricos recolhidos<br />
são encaminhados para reciclagem em<br />
unidades especializadas para o efeito que asseguram<br />
a descontaminação e, consequentemente,<br />
a proteção da saúde pública e do ambiente”,<br />
sublinha Ricardo Furtado, Diretor-Geral do<br />
Eletrão A recolha porta a porta garante que 99%<br />
dos equipamentos estão completos, o que significa<br />
que todas as componentes nocivas para o<br />
ambiente podem ser eliminadas em segurança.<br />
A Zero levanta ainda outra questão relacionada<br />
com os comerciantes de frigoríficos. Estes<br />
são obrigados por lei a recolherem os velhos<br />
quando entregam os novos, por<strong>é</strong>m esta não está<br />
a ser cumprida, uma vez que me<strong>nos</strong> de 30% destes<br />
eletrodom<strong>é</strong>sticos usados estão a ser recolhidos<br />
e encaminhados para tratamento adequado.<br />
“As autoridades ambientais deveriam fiscalizar<br />
melhor este incumprimento por parte do setor<br />
da distribuição, al<strong>é</strong>m disso deveria ser dado um<br />
incentivo financeiro aos consumidores para evitar<br />
que as empresas transportadoras, contratadas<br />
pelos comerciantes, os desviem para sucateiros<br />
ilegais”.<br />
A legislação feita em março relativamente à<br />
taxa de gestão de resíduos para cada tonelada<br />
de incumprimento das metas, teriam de pagar<br />
mesmo sem os recolher e tratar. Para Rui Berkemeier<br />
isto foi uma vitória ambiental, contudo o<br />
novo Governo alterou as regras ao atribuir as<br />
novas licenças. “Reduziu as metas de recolha<br />
e tratamento de 65%, meta da união europeia,<br />
para 40%, logo não terão de pagar mais mesmo<br />
que não cumpram as metas comunitárias. Mais.<br />
Se a entidade gestora não cumpre, então o país<br />
tamb<strong>é</strong>m não conseguirá atingir as metas impostas<br />
pela UE”, lamenta.<br />
Seringas, agulhas, canetas de insulina e<br />
outros produtos<br />
Elsa Agante, refere que tamb<strong>é</strong>m os resíduos de<br />
autocuidados de saúde, que usualmente têm<br />
como destino a deposição em aterro, vão ter sistemas<br />
de recolha próprios, o que <strong>é</strong> essencial porque<br />
têm características potencialmente perigosas,<br />
por conterem mat<strong>é</strong>ria biológica. Estes são<br />
essencialmente produzidos pelos portadores de<br />
doenças crónicas, como a diabetes, por exemplo,<br />
e podem ser lancetas de uso único, agulhas isoladas,<br />
canetas com agulhas integradas, seringas<br />
com agulhas, tiras de teste, agulhas descartáveis<br />
para caneta de insulina e outros medicamentos,<br />
dispositivos de punção, sensores de monitorização<br />
contínua de glicose, cateteres e ainda seringas<br />
para medicamentos (incluindo vacinas).<br />
Rui Berkemeier explica que se pretende criar<br />
uma rede de recolha seletiva com forte capilaridade,<br />
que assegure o acesso fácil dos cidadãos<br />
e com isso se promova taxas de recolha significativas.<br />
O ambientalista refere ainda que <strong>é</strong><br />
proposto que at<strong>é</strong> 31 de dezembro de 2030 se<br />
atinja uma taxa de recolha numa proporção<br />
de, pelo me<strong>nos</strong>, 75% dos resíduos de autocuidados<br />
de saúde no domicílio, face aos produtos<br />
que se colocam anualmente, no mercado.<br />
O ambientalista acredita que com a aplicação<br />
desta, Portugal passa a ter uma solução para esta<br />
fração de resíduos perigosos hospitalares que at<strong>é</strong><br />
>><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
32<br />
\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />
A recolha de resíduos que não fazem parte da <strong>nos</strong>sa<br />
licença não pode continuar porque se trata de um tratamento<br />
com custos significativos que a empresa não<br />
pode e não tem de suportar porque neste momento está<br />
a canalizar recursos financeiros da sociedade que<br />
deveriam estar a ser direcionados para outros fins<br />
Luís Figueiredo, diretor geral da VALORMED<br />
Embalagens e Medicamentos atrav<strong>é</strong>s do Sistema<br />
Integrado de Gestão de <strong>Resíduos</strong> de Embalagens<br />
e Medicamentos (SIRGREM) assegura a<br />
recolha de uma quantidade significativa de resíduos<br />
anualmente que são “indevidamente colocados<br />
<strong>nos</strong> contentores e que não fazem parte do<br />
âmbito de gestão da licença que lhes está atribuída<br />
pelo Estado Português. Por<strong>é</strong>m, o responsável<br />
diz que muitas vezes os doentes como não<br />
têm como eliminar de forma segura os diversos<br />
materiais de origem dom<strong>é</strong>stica que utilizam no<br />
tratamento das suas patologias e auto-controlo<br />
da sua doença, então consideram mais seguro<br />
depositá-los num contentor da VALORMED,<br />
em vez de os colocarem no lixo comum. O diretor<br />
geral da VALORMED diz que esta situação<br />
não pode continuar porque se trata de um tratamento<br />
com custos significativos que a empresa<br />
não pode e não tem de suportar porque neste<br />
momento está a canalizar recursos financeiros<br />
da sociedade que deveriam estar a ser direcionados<br />
para outros fins.<br />
ao momento apenas tinha como destino legal os<br />
sistemas de resíduos urba<strong>nos</strong> indiferenciados,<br />
causando um risco significativo para a saúde dos<br />
trabalhadores responsáveis pela sua recolha e<br />
tratamento.<br />
No caso dos corto-perfurantes, utilizados em<br />
autocuidados para administração de insulina<br />
para diab<strong>é</strong>ticos, de fármacos para tratamento<br />
da infertilidade ou de heparinas (anticoagulante<br />
pós-operatório), a Zero em comunicado<br />
referiu que não existe um sistema nacional de<br />
recolha e tratamento destes resíduos, apesar de<br />
anualmente, segundo a Associação de Farmácias<br />
de Portugal, serem vendidas em Portugal<br />
mais de 250 milhões de seringas e agulhas nas<br />
farmácias comunitárias destinadas a utentes<br />
que necessitem de medicamentos injetáveis.<br />
“Do ponto de vista legal, as agulhas e seringas<br />
utilizadas por estes doentes em suas casas não<br />
são consideradas resíduos hospitalares, pelo que<br />
a sua gestão <strong>é</strong> da responsabilidade dos seus utilizadores”,<br />
explica Rui Berkemeier.<br />
Luís Figueiredo, Diretor Geral da VALOR-<br />
MED, Sociedade Gestora de <strong>Resíduos</strong> de<br />
Há oito a<strong>nos</strong> que a Lei do Prosolos está na<br />
gaveta<br />
A história <strong>é</strong> antiga. Em junho do ano passado,<br />
a Zero pediu uma reunião com o Secretário de<br />
Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires, devido<br />
à promessa do Governo — na altura, pela ex-Secretária<br />
de Estado do Ambiente, Inês Costa, da<br />
garantia da publicação da legislação Pro-solos<br />
— Prevenção da Contaminação e Remediação<br />
dos Solos, tendo-lhes sido dito que esta era uma<br />
prioridade da política ambiental do anterior<br />
executivo e que transitara para o atual Governo.<br />
Aliás, esta lei esteve em consulta pública em<br />
2015 e, desde altura, continua dentro da gaveta.<br />
“A lei ainda não foi aprovada. Andamos nisto<br />
há oito, quase nove a<strong>nos</strong>. Não há razão para este<br />
governo não avançar com a sua aprovação, afinal<br />
<strong>é</strong> um tema que vem da sua pasta, ou seja, do<br />
governo anterior ao de António Costa”, afirma<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />
33<br />
Rui Berkemeier, garantindo que esta lei <strong>é</strong> fundamental<br />
por vários motivos como, por exemplo,<br />
obrigaria a condicionar a venda de terre<strong>nos</strong>,<br />
onde estivessem instaladas atividades de risco<br />
de poluição do solo, e à apresentação de um<br />
relatório com o estado de contaminação desse<br />
solo, pelo proprietário, ficando assim responsável<br />
pelos eventuais custos de descontaminação.<br />
“Desta forma, esta legislação reduziria a ocorrência<br />
de situações em que os novos proprietários<br />
descobrem que afinal os solos dos terre<strong>nos</strong><br />
adquiridos estão contaminados e já não podem<br />
responsabilizar o anterior proprietário”, explica.<br />
Esta lei obrigaria ainda a fazer uma avaliação<br />
da contaminação do solo por parte dos proprietários<br />
dos terre<strong>nos</strong> onde funcionaram atividades<br />
de risco ambiental. “Com esta medida,<br />
seria drasticamente reduzida a ocorrência de<br />
situação em que, por impossibilidade de identificação<br />
de quem foram os responsáveis pela<br />
poluição do solo, acaba por ser o Estado muitas<br />
vezes a arcar com os custos para resolver esses<br />
passivos ambientais”, reitera.<br />
Portugal <strong>é</strong> um dos poucos países da União<br />
Europeia sem legislação específica sobre solos<br />
contaminados. Um estudo realizado pela Agência<br />
Portuguesa do Ambiente, em 2017, concluiu<br />
que Portugal ganharia cerca de 25 milhões de<br />
euros em seis a<strong>nos</strong>, em resultado da publicação<br />
da Prosolos, aos quais se acrescentam ganhos<br />
ambientais e de saúde pública. A Zero destacou<br />
tamb<strong>é</strong>m em comunicado a importância da<br />
criação de um Atlas da Qualidade do Solo, onde<br />
estariam referenciadas as situações de risco de<br />
contaminação do mesmo, possibilitando às autoridades<br />
delinear, com maior conhecimento da<br />
realidade no terreno, as políticas para a prevenção<br />
e remediação da poluição do solo.<br />
Sistema de gestão dos REEE quase falido<br />
Para financiar a recolha e tratamento dos<br />
REEE, Portugal optou por criar um sistema de<br />
responsabilidade alargada do produtor, atrav<strong>é</strong>s<br />
do qual as empresas que colocam estes produtos<br />
no mercado têm de aderir e pagar a uma entidade<br />
gestora (eletrão ou ERP), transferindo-lhe a<br />
responsabilidade por financiar a recolha e tratamento<br />
desses equipamentos quando chegam<br />
ao fim de vida. Como refere a Zero, nesse sentido<br />
foram estabelecidos ecovalores (montantes<br />
de prestação financeira) que os produtores dos<br />
equipamentos pagam a essas entidades gestoras,<br />
sendo que esses deveriam ser suficientes para<br />
cobrir custos inerentes ao cumprimento das<br />
metas e obrigações legais das entidades gestoras.<br />
No entanto, Rui Berkemeier garante que se<br />
tem verificado, ao longo dos a<strong>nos</strong>, que esses ecovalores<br />
forem diminuindo face às necessidades<br />
das entidades gestoras, correspondendo atualmente<br />
a cerca de 25% do montante necessário<br />
para que estas consigam cumprir as metas. “A<br />
Zero exige aos minist<strong>é</strong>rios que têm a tutela deste<br />
assunto (Ambiente e Economia) que resolvam<br />
rapidamente esta situação, a qual se arrasta<br />
há vários a<strong>nos</strong>, comprometendo a sustentabilidade<br />
financeira do Sistema de Gestão dos REEE<br />
e com p<strong>é</strong>ssimos resultados que estão à vista de<br />
todos”, inclusive de Bruxelas, pois Portugal <strong>é</strong> um<br />
dos 27 membros que arrisca pagar uma multa<br />
de infração por não estar a cumprir os objetivos.<br />
O que se passa neste momento <strong>é</strong> que as entidades<br />
gestoras estão em concorrência, ou seja,<br />
há um mecanismo de compensação: quem recolhe<br />
me<strong>nos</strong> tem de pagar à outra. No caso do<br />
eletrão que deveria ter recebido cerca de um<br />
milhão de euros de compensações relativas ao<br />
período de 2019-2021, essa quantia não lhe foi<br />
paga por atrasos da Comissão de Acompanhamento<br />
da Gestão de <strong>Resíduos</strong> (CAGER), já em<br />
relação a 2022-2023 a mesma entidade tamb<strong>é</strong>m<br />
ainda não recebeu um milhão e oitocentos mil<br />
euros relativos a este mecanismo. Mas o problema<br />
não fica por aqui. O ambientalista destaca<br />
ainda a qualidade do tratamento, apontando >><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
34<br />
\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />
É uma vergonha que a<br />
legislação do Prosolos<br />
continue na gaveta desde<br />
2015. Já não há desculpas!<br />
Rui Berkemeier<br />
que o eletrão removeu contaminantes proporcionalmente<br />
cerca de quatro vezes mais do que a sua<br />
concorrente.<br />
O que falta fazer?<br />
Rui Berkemier lamenta que a legislação do Prosolos<br />
continue na gaveta. “É uma vergonha, desde<br />
2015. Já não há desculpas!”, acusa. Aponta ainda<br />
o dedo à APA por não ter disponíveis dados mais<br />
recentes sobre a recolha e tratamento dos resíduos<br />
perigosos. “Assim nunca sabemos ao certo<br />
o que se passa em Portugal”. No caso dos resíduos<br />
perigosos de origem urbana ou dom<strong>é</strong>stica, da responsabilidade<br />
dos municípios, Elsa Agante, diz ser<br />
fundamental o estabelecimento de uma rede de<br />
recolha seletiva ajustada e adequada à tipologia<br />
de resíduos e de fácil acesso por parte do cidadão.<br />
Por outro lado, será essencial a sua sensibilização<br />
para que estes consigam identificar, manusear e<br />
depositar corretamente estes resíduos urba<strong>nos</strong><br />
perigosos. “Será extremamente relevante a clareza<br />
da informação e sensibilização aos cidadãos porque<br />
há, por exemplo, embalagens que serão para<br />
colocar no ecoponto amarelo e outras, que estiveram<br />
em contacto com produtos considerados perigosos,<br />
caso de tintas e pesticidas dom<strong>é</strong>sticos que<br />
devem ser encaminhados para este novos locais de<br />
recolha de resíduos urba<strong>nos</strong> perigosos”. A especialista<br />
considera ainda a recolha seletiva de resíduos<br />
de autocuidados de saúde uma boa notícia. “No<br />
entanto, será fundamental criar uma rede de recolha<br />
que assegure o fácil acesso dos cidadãos”.<br />
No caso dos REEE, “as várias falhas no sistema<br />
de recolha destes resíduos, que têm valor para<br />
serem reaproveitados, implicam ação urgente”,<br />
afiança Elsa Agante., apontando que um dos<br />
problemas em Portugal, à semelhança de outros<br />
países europeus, será o facto de os equipamentos<br />
em fim de vida não irem parar aos sistemas<br />
oficiais de recolha e reciclagem. A especialista<br />
da DECO PROTESTE acredita tamb<strong>é</strong>m que<br />
as falhas na recolha deve-se, por exemplo, às<br />
compras online, em que várias lojas não fazem<br />
a recolha de equipamentos usados aquando da<br />
compra dos novos, ou só a asseguram em certas<br />
zonas, ou para alguns produtos.<br />
A não gestão adequada deste tipo de resíduos<br />
tem consequências não só ambientais como<br />
tamb<strong>é</strong>m económicas. De salientar que mesmo<br />
equipamentos considerados como não perigosos,<br />
têm por vezes na sua composição alguns<br />
componentes com materiais perigosos, contendo<br />
ars<strong>é</strong>nio, cádmio, chumbo, mercúrio, crómio,<br />
PBC, CFC, entre outros, que têm consequências<br />
graves, quer para a saúde humana, quer para o<br />
ambiente. Por outro lado, nestes equipamentos<br />
podem ser encontrados at<strong>é</strong> 69 elementos<br />
da tabela periódica, incluindo metais preciosos<br />
(ouro, prata, cobre, platina, paládio, rut<strong>é</strong>nio,<br />
ródio, irídio e ósmio), mat<strong>é</strong>rias-primas críticas<br />
(cobalto, paládio, índio, germânio, bismuto e<br />
antimónio), e metais não críticos, como alumínio<br />
e ferro. Por outro lado, a pressão extrativa<br />
<strong>é</strong> considerável. A sua produção <strong>é</strong> responsável<br />
por cerca de 40% da extração mineira mundial<br />
(cobre, estanho, antimónio, índio, rut<strong>é</strong>nio e terras<br />
raras). Só os telemóveis e os computadores<br />
exigem 4% da extração mineira anual de ouro<br />
e prata e mais de 20% de cobalto e paládio. A<br />
maioria dos materiais críticos necessários para<br />
a produção de novos equipamentos el<strong>é</strong>tricos e<br />
eletrónicos não existe na Europa, são importados<br />
de vários países instáveis do ponto de vista<br />
político e económico. Deste modo, o aumento<br />
das quantidades recolhidas e envio para tratamento<br />
e valorização <strong>é</strong> fundamental. “Muitos<br />
consumidores não estão sensibilizados para<br />
efetuar a separação dos seus resíduos, incluindo<br />
dos resíduos perigosos, pelo que extensivas campanhas<br />
de sensibilização devem ser consideradas<br />
como prioritárias”, termina.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ OPINIÃO \\<br />
35<br />
O CONTRIBUTO DO SUPER BOCK GROUP PARA A<br />
GESTÃO DE RESÍDUOS<br />
Graça Borges, Diretora de Comunicação, Responsabilidade Institucional<br />
e Sustentabilidade, Super Bock Group<br />
Enquanto empresa líder no setor das<br />
bebidas em Portugal, no Super Bock<br />
Group temos consciência do <strong>nos</strong>so<br />
papel e do contributo que podemos<br />
dar para o cumprimento dos Objetivos<br />
de Desenvolvimento Sustentável da Agenda<br />
2030 das Nações Unidas. Sendo as embalagens<br />
incontornáveis no <strong>nos</strong>so negócio, o ODS12 – Produção<br />
e Consumo Sustentáveis – torna-se prioritário,<br />
o que significa que estamos empenhados em<br />
reduzir e valorizar os seus resíduos.<br />
Fazemo-lo atrav<strong>é</strong>s do desenvolvimento de um<br />
Programa de Melhoria Contínua das Embalagens,<br />
que tem como grande objetivo promover a<br />
circularidade e a sustentabilidade das <strong>nos</strong>sas embalagens,<br />
atrav<strong>é</strong>s da aplicação de vários princípios<br />
fundamentais da Economia Circular dos quais, à<br />
data, destacaria aqueles onde <strong>nos</strong> temos focado<br />
<strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>: Reutilizar, Reduzir e Reciclar.<br />
Trata-se de um programa de Inovação & Desenvolvimento<br />
que se apoia em metodologias como o<br />
ecodesign e a biomimicry para encontrar soluções<br />
que reduzam o uso de mat<strong>é</strong>rias-primas virgens na<br />
produção, integrem mais materiais reciclados e que<br />
promovam a reutilização das <strong>nos</strong>sas embalagens,<br />
que habitualmente designamos de retornáveis, e<br />
que incluem quer garrafas de vidro, grades e barris.<br />
Como resultado da aplicação e desenvolvimento<br />
desta prática/Programa, <strong>nos</strong> últimos 13 a<strong>nos</strong>, o<br />
Super Bock Group evitou já o uso de mais de 2.600<br />
toneladas de PET. Conseguimos tamb<strong>é</strong>m manter<br />
uma forte presença de embalagens retornáveis no<br />
canal HORECA, que representa o maior volume<br />
de consumo de bebidas em Portugal. Com efeito<br />
todas as <strong>nos</strong>sas marcas e produtos disponibilizam<br />
ao mercado embalagens retornáveis, embalagens<br />
que duram vários a<strong>nos</strong> num ciclo contínuo entre<br />
fábrica e clientes/consumidores.<br />
Em cada garrafa de cerveja âmbar, cerca de 50%<br />
a 60% do vidro utilizado <strong>é</strong> reciclado. Nas garrafas<br />
de uso único, tamb<strong>é</strong>m conseguimos reduzir 3.000<br />
toneladas de vidro, em 2022, atrav<strong>é</strong>s do uso de garrafas<br />
mais leves, o que resultou na diminuição de<br />
1.200 toneladas de CO2 emitido.<br />
Dando continuidade ao espírito da Agenda 2030<br />
das Nações Unidas, todo este trabalho de promover<br />
a redução e valorização dos <strong>nos</strong>sos resíduos<br />
<strong>é</strong> feito de forma colaborativa, com os diferentes<br />
agentes económicos da cadeia de valor, a academia<br />
e o setor associativo. Uma componente essencial<br />
para garantir sinergias que visam a melhoria da<br />
gestão de resíduos de forma global e o cumprimento<br />
das metas de reciclagem e de descarbonização<br />
com que o país e a <strong>nos</strong>sa empresa estão comprometidos.<br />
A integração da Sociedade Ponto Verde,<br />
da SDR Portugal (entidade que irá gerir o sistema<br />
de depósito e reembolso de embalagens de bebidas)<br />
ou mesmo da Associação SmartWaste Portugal<br />
(destacando o Pacto Português para os Plásticos e<br />
a Plataforma Vidro+) são evidencias do trabalho<br />
colaborativo que levamos a cabo e do <strong>nos</strong>so compromisso<br />
de continuar a promover a economia<br />
circular.<br />
A sensibilização dos consumidores para o trabalho<br />
que desenvolvemos, bem como, para o papel chave<br />
que desempenham nesta longa cadeia de valor em<br />
prol de uma adequada devolução dos resíduos de<br />
embalagem <strong>é</strong> outro fator que levamos em consideração.<br />
É imprescindível que o consumidor saiba<br />
como contribuir corretamente no processo de reciclagem.<br />
É crucial que entenda que as mesmas no<br />
fim de vida têm um valor enorme. Por outro lado,<br />
entendemos que <strong>é</strong> necessário incentivar tamb<strong>é</strong>m a<br />
um maior uso das embalagens retornáveis. Explicar<br />
o que são e em que medida são embalagens circulares.<br />
É nessa medida que o Super Bock Group<br />
tamb<strong>é</strong>m investe em campanhas de comunicação<br />
(nas embalagens, nas redes sociais, etc) que promovam<br />
a literacia nesta mat<strong>é</strong>ria, nomeadamente no<br />
que diz respeito ao tratamento a dar no fim de vida<br />
das embalagens (devolver ao ecoponto correto as<br />
de uso único e aos pontos de venda as retornáveis).<br />
Criar um futuro mais sustentável só <strong>é</strong> possível<br />
atrav<strong>é</strong>s da circularidade e adoção dos seus vários<br />
R’s onde o reciclar <strong>é</strong> o último deles. Isto só <strong>é</strong> possível<br />
com o envolvimento e colaboração de todos.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
36 \\ RESÍDUOS \\<br />
ATERROS NACIONAIS<br />
À BEIRA DA RUTURA<br />
AS UNIDADES QUE FAZEM OS TRATAMENTOS DE RESÍDUOS ESTÃO A FICAR SEM<br />
ATERROS PARA OS COLOCAR. QUANDO ATINGIREM O LIMITE, OU EXPORTAMOS O<br />
“LIXO” OU TEREMOS DE APOSTAR NA INCINERAÇÃO E VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA.<br />
ESTE É UM TEMA PRIORITÁRIO PARA O PAÍS<br />
\\ Por Teresa Cotrim<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ RESÍDUOS \\<br />
37<br />
Arecolha seletiva de resíduos em Portugal continua<br />
abaixo das metas definidas para 2025. No relatório<br />
da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)<br />
sobre reciclagem relativa a 2022, a indiferenciada<br />
(lixo comum) representa 77% dos resíduos recolhidos,<br />
enquanto a seletiva fica pelos 21%. O vidro foi o mais<br />
reciclado (55%), o plástico rondou os 22% e o cartão, 47%. A<br />
APA alerta: embora tenham havido “algumas melhorias na recolha<br />
seletiva, que tem aumentado na última d<strong>é</strong>cada, a taxa<br />
de recolha indiferenciada (80%) mant<strong>é</strong>m-se elevada e <strong>é</strong> fundamental<br />
inverter o panorama”. Ao longo dos a<strong>nos</strong> este indicador<br />
não tem dado sinais de melhoria “apesar dos investimentos efetuados<br />
para o efeito”, quando estes “têm um enorme potencial”<br />
que <strong>é</strong> pouco aproveitado, por terem como destino o aterro ou a<br />
valorização energ<strong>é</strong>tica, refere o mesmo relatório.<br />
Ismael Casotti, ambientalista da associação Zero, diz que<br />
são encaminhados para reciclagem cerca de 24% do total de<br />
resíduos urba<strong>nos</strong> produzidos em Portugal, sendo que a maioria<br />
vem da recolha seletiva, outra parte vem da triagem e há ainda<br />
um pequeno contributo da compostagem. O ambientalista<br />
acredita que os dados de 2023 possam ser mais elevados, isto<br />
porque alguns municípios têm melhorado bastante na componente<br />
dos biorresíduos — valorização da mat<strong>é</strong>ria orgânica.<br />
Carlos Vieira, diretor-delegado dos Serviços Municipalizados<br />
de Sintra (SMAS-SINTRA) refere ter um sentimento agridoce<br />
porque “efetivamente Portugal progrediu imenso, onde foram<br />
dados passos muito importantes, como a recolha seletiva e o<br />
seu aumento, mas <strong>nos</strong> últimos dez, quinze a<strong>nos</strong> assistimos a<br />
uma estagnação da taxa de reciclagem o que <strong>é</strong> um problema”,<br />
considera, referindo ainda que na sua opinião está relacionado<br />
com o tratamento em alta (unidades que fazem o tratamento<br />
de resíduos) e com a recolha.<br />
Para Ismael Casotti existem várias razões para isto acontecer,<br />
nomeadamente a insistência na recolha seletiva efetuada<br />
por meio de ecopontos em vez de ser porta a porta. “O Subfinanciamento<br />
do sistema de recolha seletiva pelas entidades<br />
gestoras de embalagens com prejuízos para as autarquias<br />
na ordem dos 35 milhões de euros anuais e a sub declaração<br />
fraudulenta das embalagens colocadas no mercado, constatável<br />
pela diferença entre as declaradas pelos produtores (16%) e as<br />
que são identificadas nas caraterizações dos resíduos urba<strong>nos</strong><br />
(27%) do total de resíduos urba<strong>nos</strong>”, enumera.<br />
Já Nuno Soares, Presidente do Conselho de Administração<br />
da TRATOLIXO, Tratamento de <strong>Resíduos</strong> Sólidos, afirma<br />
que nas últimas d<strong>é</strong>cadas se registou uma evolução positiva na<br />
gestão de resíduos urba<strong>nos</strong>, mas ainda há um longo caminho<br />
a percorrer. “Foram erradicadas as lixeiras e realizados vários<br />
investimentos, mas em contraponto, verificou-se, sobretudo<br />
<strong>nos</strong> últimos dez a<strong>nos</strong>, uma estagnação nas taxas de recolhas<br />
seletiva e o aterro sanitário mant<strong>é</strong>m-se como a principal opção<br />
de tratamento”.<br />
A União Europeia e o Parlamento Europeu têm vindo a<br />
definir um conjunto de metas a alcançar no curto prazo e já<br />
em 2025, deverá ser cumprida a meta de 55% de reciclagem<br />
de resíduos urba<strong>nos</strong> (RU). At<strong>é</strong> 2030 o objetivo <strong>é</strong> de 60% e em<br />
2035 deverão ser atingidos 65%. “E, at<strong>é</strong> 2035, a percentagem<br />
de RU a depositar em aterro deverá ser inferior a 10% quando<br />
atualmente ascende a 55%”, aponta. Segundo Nuno Soares,<br />
o cumprimento das metas dependerá, não só, da articulação<br />
entre os Sistemas de Gestão de <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> (SGRU) ao<br />
nível de partilha de infraestruturas numa perspetiva de minimização<br />
do investimento e maximização da rentabilização dos<br />
meios existentes, como tamb<strong>é</strong>m do reforço da dotação financeira<br />
para o setor, na alta e na baixa (quem recolhe os resíduos),<br />
que possibilitem a todos os intervenientes designadamente aos<br />
SGRU e municípios, realizar atempadamente os investimentos,<br />
sob pena do que se verificou em pla<strong>nos</strong> anteriores, os objetivos<br />
previstos no PERSU 2030 não serem atingidos.<br />
A Associação Zero aponta ainda que a taxa de gestão de<br />
resíduos <strong>é</strong> muito reduzida, o que não desincentiva o envio de<br />
materiais recicláveis para aterro ou incineração. Ismael Casotti<br />
defende tamb<strong>é</strong>m que os tarifários têm de aumentar, porque<br />
desta forma a gestão dos resíduos urba<strong>nos</strong> continuará a ser deficitária<br />
e explica que os municípios têm de ir buscar verba a<br />
outras áreas, para colmatar as despesas e os consumidores não<br />
estão alertados para esta situação. “Devia haver uma tarifa dual<br />
>><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
38<br />
\\ RESÍDUOS \\<br />
e uma comunicação clara que esta subiria para<br />
quem não cumprisse as regras de reciclagem, ou<br />
seja, quem não reciclasse seria penalizado com<br />
uma fatura mais cara”.<br />
Uma opinião partilhada em parte por Carlos<br />
Vieira, que conta a experiência do SMAS<br />
de Sintra onde já praticam algo semelhante no<br />
caso dos biorresíduos. “O que fizemos foi quem<br />
AS DIRETIVAS<br />
E AS METAS EUROPEIAS<br />
Para reduzir a quantidade de resíduos urba<strong>nos</strong><br />
que acabam <strong>nos</strong> aterros sanitários<br />
(a diretiva europeia 2018/850 exige aos<br />
Estados-membros que at<strong>é</strong> 2035 não mais<br />
do que 10% dos resíduos produzidos sejam<br />
para lá enviados), para valorizar o ‘lixo’, para<br />
criar uma economia realmente circular e<br />
para, por fim, tornar a região mais sustentável,<br />
a UE aprovou uma outra diretiva (UE<br />
2018/851). Esta última, estabelece que, at<strong>é</strong><br />
31 de dezembro de 2023, os países deveriam<br />
assegurar que “os biorresíduos são<br />
separados e reciclados na origem, ou são<br />
recolhidos seletivamente e não são misturados<br />
com outros tipos de resíduos”.<br />
Daí surgiu o Decreto-Lei n.º 102-D/2020,<br />
que determina o Regime Geral de Gestão<br />
de <strong>Resíduos</strong> e estabelece que as entidades<br />
responsáveis pela gestão municipal dos resíduos<br />
urba<strong>nos</strong> tinham, at<strong>é</strong> ao último dia do<br />
ano passado, de implementar medidas que<br />
permitissem separar e reciclar os biorresíduos<br />
na origem, atrav<strong>é</strong>s da compostagem,<br />
por exemplo, e “garantir a recolha seletiva<br />
e o posterior transporte para instalações de<br />
reciclagem”, esclarece a Agência Portuguesa<br />
do Ambiente no seu portal online.<br />
aderiu à sua reciclagem tem um desconto de um<br />
euro na fatura. Estamos a estudar e possivelmente<br />
at<strong>é</strong> iremos aumentar esse valor em 2025”,<br />
adianta, defendendo que no caso dos resíduos<br />
dever-se-ia ter uma fatura fixa, que não fosse<br />
indexada à da água e saneamento e pudesse ter<br />
fatores de diferenciação, de descontos associados<br />
a recolhas. Uma forma de compensar quem<br />
recicla. O diretor delegado do SMAS não concorda<br />
com a implementação de sistemas PAYT<br />
(ou pay-as-you-Throw, em inglês), pelo qual as<br />
pessoas pagam pelo serviço de resíduos de acordo<br />
com o peso ou volume dos sacos de lixo que<br />
depositam <strong>nos</strong> contentores, porque este al<strong>é</strong>m de<br />
complexo, implica dar cartões — que podem ser<br />
perdidos ou deixar de funcionar, al<strong>é</strong>m da necessidade<br />
de comprar contentores e distribuí-los à<br />
população, entre outros custos.<br />
No entanto, este sistema tem de ser adotado<br />
em todos os concelhos portugueses at<strong>é</strong> 2026 e o<br />
valor cobrado pelo lixo dom<strong>é</strong>stico deixa de estar<br />
associado à quantidade de água que usamos<br />
em casa. “Quanto me<strong>nos</strong> lixo indiferenciado<br />
produzirmos, me<strong>nos</strong> pagamos”, lê-se no site da<br />
Deco Proteste. A Zero refere tamb<strong>é</strong>m haver um<br />
desperdício de centenas de milhões de euros do<br />
último quadro comunitário de apoio, “gastos de<br />
forma pouco criteriosa, muitas vezes favorecendo<br />
investimentos que só vão agravar as dificuldades<br />
de cumprimento das metas (contentores<br />
semienterrados ou de proximidade sem identificação<br />
do utilizador e recolha de biorresíduos<br />
com sacos óticos misturados com os resíduos<br />
indiferenciados)”.<br />
Citada em comunicado no dia Internacional<br />
da Reciclagem (17 de maio), Ana Trigo Morais,<br />
CEO da Sociedade Ponto Verde (SPV), defende<br />
que o <strong>nos</strong>so país “tem feito um trabalho notável<br />
no que respeita à reciclagem de embalagens<br />
e o sistema tem evoluído”, mas considera que “<strong>é</strong><br />
preciso acelerar porque há novas metas para<br />
cumprir”. A responsável da SPV acredita “que<br />
motivar para gerar ainda mais ação <strong>é</strong> fundamental.<br />
São os cidadãos que depositam as suas<br />
embalagens <strong>nos</strong> ecopontos e, por isso, a par de<br />
terem ao dispor um serviço de qualidade e conveniente,<br />
há que investir em campanhas de proximidade<br />
e diferenciadoras, ensinando o impacto<br />
positivo que este gesto tem no planeta”.<br />
O QUE FALTA FAZER?<br />
“De imediato? Há que infraestruturar o país<br />
para impedir o envio direto de resíduos para<br />
aterro (quase 2 Mt): muitos sistemas ainda não<br />
têm infraestruturas de tratamento, al<strong>é</strong>m de unidades<br />
de triagem e aterro e a partilha de infraestruturas<br />
não <strong>é</strong> solução, uma vez que está praticamente<br />
preenchida”, defende Nuno Soares,<br />
acrescentando ainda que o envio de rejeitados<br />
para aterro tamb<strong>é</strong>m terá de ser solucionado a<br />
curto prazo. Mesmo com o aumento exponencial<br />
das RSMM e da recolha seletiva de biorresíduos,<br />
na sua opinião, destes existirá uma fração<br />
significativa que não terá possibilidade de ser<br />
reciclada pelo que a valorização energ<strong>é</strong>tica para<br />
rejeitados e refugos dos processos de tratamento<br />
terá de ser francamente aumentada com a máxima<br />
urgência, devendo ser definido um limiar<br />
mínimo para Portugal, em que a capacidade<br />
de valorização energ<strong>é</strong>tica deverá dar resposta<br />
às necessidades resultantes da implementação<br />
de todas as medidas e cumprimentos de metas<br />
(design ecológico, mercado de embalagens, economia<br />
circular, entre outros), mas tamb<strong>é</strong>m o de<br />
resistir a fatores inesperados como a COVID<br />
19 e outros decorrentes da atividade como paragens<br />
e avarias nas infraestruturas existentes.<br />
“Trata-se de uma questão de segurança do sistema<br />
de tratamento de resíduos do país, não só<br />
de cumprimento de metas, devendo ser a nível<br />
nacional encarado como uma prioridade no domínio<br />
ambiental”.<br />
Os países com me<strong>nos</strong> de 10% de envio de resíduos<br />
para aterro têm associada uma capacidade<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ RESÍDUOS \\<br />
39<br />
A recolha seletiva de<br />
resíduos continua abaixo<br />
das metas definidas<br />
para 2025, nomeadamente<br />
devido à insistência<br />
na recolha seletiva<br />
efetuada por meio de<br />
ecopontos em vez de ser<br />
porta a porta<br />
Ismael Casotti, ambientalista da<br />
associação Zero<br />
de valorização energ<strong>é</strong>tica superior a 30%. “Portugal<br />
tem apenas 19%”, lamenta Nuno Soares. O<br />
Presidente do Conselho de Administração da<br />
TRATOLIXO, diz tamb<strong>é</strong>m que, se por questões<br />
de facilidade de localização e de licenciamento,<br />
este aumento poderá passar de imediato pelo<br />
incremento da capacidade instalada nas duas<br />
incineradores existentes, a Lipor e a Valorsul<br />
“deverão tamb<strong>é</strong>m ser equacionadas soluções<br />
descentralizadas dos grandes centros urba<strong>nos</strong><br />
com a máxima prioridade, sob risco de, se não<br />
agirmos já, assistirmos em todo o território nacional<br />
uma situação de rutura por falta de capacidade<br />
dos aterros no curto/m<strong>é</strong>dio prazo”.<br />
Para Carlos Vieira este <strong>é</strong> um problema gravíssimo<br />
que tem passado despercebido, mas que<br />
será um calcanhar de Aquiles neste setor. E está<br />
para breve! “As entidades em alta estão a ficar<br />
sem aterros para os colocar. Têm mais três, quatro<br />
a<strong>nos</strong>...”, contabiliza, interrogando “e depois?”.<br />
O diretor-delegado do SMAS de Sintra, refere<br />
que das duas uma, “ou exportamos os resíduos<br />
— que não <strong>é</strong> uma medida popular nem barata;<br />
o custo ronda os 300 euros por tonelada, quando<br />
atualmente se paga entre 50 e 70 euros por<br />
tonelada, ou temos a coragem de apostar em<br />
mais valorização energ<strong>é</strong>tica, ou seja, na incineração”.<br />
E, se at<strong>é</strong> agora, os munícipes não deram<br />
conta deste problema, decerto que o sentirão na<br />
carteira caso este não seja resolvido brevemente<br />
porque quando não houver mais espaço <strong>nos</strong><br />
aterros, os custos serão imputados na fatura.<br />
Portanto, a saída passa “por renovar os equipamentos<br />
da Valorsul e da Lipor, fazendo um<br />
investimento a s<strong>é</strong>rio nestas duas entidades, ou<br />
instalar novas valorizações energ<strong>é</strong>ticas noutras<br />
empresas que já fazem tratamento de resíduos<br />
e que estejam mais próximas das zonas onde há<br />
mais resíduos, caso das áreas metropolitanas de<br />
Lisboa e Porto”.<br />
Outra das preocupações do presidente da<br />
TRATOLIXO passa por este ser um setor altamente<br />
deficitário e existir a necessidade de<br />
investimento para cumprir as metas ambiciosas<br />
que estão a ser propostas. “Tendo em conta que o<br />
custo de recolha e tratamento dos resíduos tem<br />
aumentado <strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>, e que estes têm<br />
sido suportados pelos aumentos dos tarifários<br />
em toda a cadeia — municípios e cidadãos — <strong>é</strong><br />
algo que se torna insustentável, sobretudo numa<br />
fase em que os municípios têm uma responsabilidade<br />
acrescida de apoio social num contexto<br />
de crise inflacionista e juros elevados”, considera,<br />
terminando: “É essencial serem criadas as<br />
condições financeiras para o setor sem colocar<br />
em causa a sustentabilidade económica das autarquias”.<br />
O ambientalista da Zero fala ainda do<br />
Plano de Ação do Plano Estrat<strong>é</strong>gico de <strong>Resíduos</strong><br />
Sólidos Urba<strong>nos</strong> (PAPERSU), dizendo que “os<br />
municípios não valorizam suficientemente as<br />
metas estabelecidas pela União Europeia e, ao<br />
mesmo tempo, não existem penalizações para<br />
quem não as cumprir”.<br />
O diretor-delegado do SMAS de Sintra alerta<br />
para a necessidade de fazer mais campanhas de<br />
sensibilização à população para a importância<br />
da reciclagem at<strong>é</strong> para ajudar as entidades em<br />
baixa (quem recolhe os resíduos) no crescimento<br />
da recolha seletiva, o que depois tamb<strong>é</strong>m vai >><br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
40<br />
\\ RESÍDUOS \\<br />
beneficiar as entidades em alta e a tirar pressão<br />
dos aterros. Por<strong>é</strong>m, Carlos Vieira chama ainda<br />
a atenção para o flagelo que se vive nas áreas<br />
metropolitanas e neste caso em Sintra. “Ainda<br />
esta semana junto à estação de Queluz de Baixo,<br />
ao lado de um posto de transformação, onde<br />
nem há contentores, as pessoas iam deixando ali<br />
os seus resíduos. Não se deslocavam 50 metros<br />
para os colocar no local correto”, lamenta.<br />
O concelho de Sintra, por exemplo, tem 13<br />
mil contentores e, apesar de terem fiscais à paisana<br />
para controlar estes abusos, nem sempre <strong>é</strong><br />
fácil apanhar quem não cumpre as regras — as<br />
coimas vão dos 250 euros at<strong>é</strong> aos 22.500 euros<br />
se forem empresas. Inclusive já recolheram 32<br />
mil toneladas de resíduos de construção colocados<br />
junto a uma área industrial. “Tivemos de<br />
levar retroescavadoras e camiões para limpar<br />
aquela zona”, conta. Portanto, Carlos Vieira defende<br />
que a videovigilância deveria ser regulamentada<br />
para prevenir esses abusos.<br />
QUAIS OS RESÍDUOS MAIS ABUNDANTES?<br />
A comunidade europeia está atenta e as estatísticas<br />
estão cada vez mais apertadas no que respeita<br />
à reciclagem. Só para ter uma ideia quase<br />
40% de todos os resíduos urba<strong>nos</strong> produzidos<br />
em Portugal são biorresíduos. “Algo que a nível<br />
mundial pode chegar aos 70%”, revela a bióloga<br />
Kate Tepper, num artigo publicado na revista<br />
Communications Biology. E por cá? Como estamos<br />
nesta mat<strong>é</strong>ria? Segundo o mapa interativo<br />
do portal de sustentabilidade da Deco Proteste,<br />
estão inscritos 118 municípios (dados de julho<br />
de 2023), mas a mesma fonte refere que estes<br />
ainda crescerão este ano dada a cooperação das<br />
entidades gestoras, a nível nacional. No entanto,<br />
atualmente, destes apenas 42 fazem recolha seletiva<br />
dos biorresíduos. “Contas feitas, desse total,<br />
31% faz apenas recolha de proximidade, 33%<br />
só recolhe porta a porta e 36% faz ambas”, diz<br />
fonte da Deco Proteste. Ismael Cosetti afirma<br />
O cumprimento das metas dependerá, não só, da<br />
articulação entre Sistemas de Gestão de <strong>Resíduos</strong><br />
Urba<strong>nos</strong> na partilha de infraestruturas como tamb<strong>é</strong>m<br />
do reforço da dotação financeira para o setor, na<br />
alta e baixa para que todos os intervenientes possam<br />
realizar os investimentos atempadamente<br />
Nuno Soares, Presidente do Conselho de Administração da TRATOLIXO, Tratamento de<br />
<strong>Resíduos</strong> Sólidos<br />
que não se sabe ao certo o valor total da recolha<br />
seletiva de biorresíudos porque os números são<br />
de 2022 e na realidade a maioria dos municípios<br />
apenas a começaram a implementar a partir da<br />
metade do ano de 2023 e alguns apenas no início<br />
de <strong>2024</strong>.<br />
O ambientalista da Zero salienta que as estatísticas<br />
dos resíduos se situam na ordem dos<br />
10% (plásticos), 9% (papel e cartão), 9% (têxteis<br />
sanitários, fraldas, entre outros) e 8% (fi<strong>nos</strong>), só<br />
para citar alguns. E refere tamb<strong>é</strong>m que <strong>nos</strong> resíduos<br />
urba<strong>nos</strong> se enumeram <strong>nos</strong> indiferenciados<br />
outras frações como pilhas e medicamentos,<br />
por exemplo. No entanto, a pegada ecológica da<br />
medicação tem vindo a diminuir desde 1999,<br />
quando a indústria, farmácias e distribuidores<br />
se juntaram para tratar estes resíduos criando<br />
um sistema seguro e fechado controlado pela<br />
VALORMED, Sociedade Gestora de <strong>Resíduos</strong><br />
de Embalagens e Medicamentos. Uma das<br />
quatro entidades de sistemas integrados para<br />
a recolha de medicamentos da Europa, al<strong>é</strong>m<br />
da Espanha, França e Hungria. Um sistema financiado<br />
pelo setor farmacêutico mediante o<br />
pagamento de um “eco-valor” ou prestação financeira<br />
de cada embalagem colocada no mercado.<br />
At<strong>é</strong> porque os ganhos com a reciclagem<br />
são baixos. “As receitas em 2023 rondaram os 12<br />
mil euros. A vender toneladas de papel, vidro,<br />
cartão e plástico. No caso do vidro at<strong>é</strong> pagamos<br />
para o entregar”, revela Luís Figueiredo, Diretor<br />
Geral da VALORMED.<br />
Em 20 a<strong>nos</strong> já recolheram 20 mil toneladas<br />
de resíduos, o que significa que se evitaram 4500<br />
toneladas de gases poluentes para a atmosfera,<br />
al<strong>é</strong>m da contribuição para a preservação<br />
do ambiente e proteção da saúde pública. “Em<br />
2023 recolhemos 1275 toneladas. Destas 40%<br />
separámos, classificámos e enviámos para reciclagem.<br />
O refugo, ou seja, 60% foi para incineração<br />
e valorização energ<strong>é</strong>tica”, afirma, explicando<br />
que, por exemplo, os blisters não são recicláveis<br />
porque são feitos de alumínio e PVC mas têm<br />
cola para preservar o medicamento, o que os<br />
inviabiliza de serem reciclados. Os espanhóis<br />
recolheram quatro vezes mais resíduos de medicamentos,<br />
mas tamb<strong>é</strong>m a população <strong>é</strong> quatro<br />
vezes maior, por isso, per capita recolhemos o<br />
mesmo, analisa.<br />
Quando estes resíduos são colocados no lixo<br />
ou despejados <strong>nos</strong> esgotos dom<strong>é</strong>sticos contaminam<br />
os solos e as águas, inclusive <strong>é</strong> importante<br />
relembrar que o mesmo acontece tamb<strong>é</strong>m durante<br />
as excreções. Nas Estações de Tratamento<br />
de Águas Residuais, são tratados, mas não <strong>é</strong><br />
suficiente. Continuam presentes nas águas dos<br />
rios, mares e at<strong>é</strong> nas <strong>nos</strong>sas torneiras. Quando<br />
os medicamentos terminam ou ficam fora da<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ RESÍDUOS \\<br />
41<br />
validade, a caixa, o blister e at<strong>é</strong> a bula “não<br />
devem ser colocados <strong>nos</strong> ecopontos. Devem<br />
ser entregues nas farmácias ou parafarmácias”,<br />
adverte Luís Figueiredo. At<strong>é</strong> porque, por<br />
terem estado em laboratório, isto <strong>é</strong>, em ambiente<br />
de produção têm sempre vestígios de<br />
medicamentos.<br />
Al<strong>é</strong>m disso, as embalagens não devem ser<br />
descartadas <strong>nos</strong> ecopontos porque podem haver<br />
pessoas mal-intencionadas que as utilizem<br />
para fazer falsificação das mesmas, usando a<br />
caixa original com outro fármaco lá dentro.<br />
At<strong>é</strong> porque no ponto de venda, que <strong>é</strong> a farmácia,<br />
cada “caixa” tem um código que <strong>é</strong> único<br />
e <strong>é</strong> comunicado num sistema centralizado, o<br />
MVO, que demonstra que aquele fármaco <strong>é</strong><br />
original, inclusive as embalagens estão todas<br />
seladas. Os frascos dos xaropes, antibióticos,<br />
colheres de plástico, seringas para administração<br />
dos rem<strong>é</strong>dios e copos doseadores devem<br />
ter o mesmo destino. No entanto, Luís Figueiredo<br />
queixa-se da dificuldade em reciclar o<br />
vidro das embalagens dos medicamentos por<br />
ficarem com cheiro a rem<strong>é</strong>dio. “Entregar o<br />
vidro em Portugal <strong>é</strong> uma autêntica desgraça.<br />
Temos um único recetor”. Os outros recicladores<br />
só aceitavam o vidro oriundo dos medicamentos<br />
se este tivesse um tratamento pr<strong>é</strong>vio,<br />
ou seja, se fosse lavado, o implicaria tamb<strong>é</strong>m<br />
o tratamento da água utilizada para o efeito.<br />
Outro problema apontado pela VALORMED<br />
são os resíduos vindos das ilhas, principalmente<br />
dos Açores. São nove ilhas. “Fica caríssimo<br />
porque andam a saltar de ilha para ilha<br />
e depois veem para o continente de barco. A<br />
seguir <strong>é</strong> preciso ir ao porto buscá-los e transportá-los<br />
para a reciclagem”.<br />
Para Luís Figueiredo o que se está a passar<br />
neste momento relativamente à licença da<br />
VALORMED recentemente atribuída tem de<br />
ser questionado. “A nova licença estipula objetivos<br />
de recolha e de reciclagem praticamente<br />
inatingíveis”, admite, referindo que o setor do<br />
medicamento <strong>é</strong> altamente regulado e, como<br />
tal, não podem ser estabelecidas as mesmas<br />
exigências do que para as embalagens generalistas.<br />
“Estamos a falar de materiais que foram<br />
selecionados para preservar a eficácia do medicamento<br />
ao longo do seu prazo de validade,<br />
que requerem a realização de estudos de estabilidade<br />
e autorização pr<strong>é</strong>via do Infarmed<br />
para serem introduzidas no mercado”.<br />
A verdade <strong>é</strong> que os objetivos de recolha e<br />
reciclagem vão sempre em crescendo durante<br />
os dez a<strong>nos</strong> da vigência da licença. No caso das<br />
recolhas, at<strong>é</strong> ao final deste ano, mantêm-se os<br />
20%, mas em 2025 passam para 40%, em 2030<br />
serão 80% e em 2035, sobem para 85%. Na reciclagem<br />
por material são igualmente muito<br />
exigentes. Depois, em tom de brincadeira, mas<br />
pondo o dedo na ferida, diz que “se as pessoas<br />
não aderem ao sistema a VALORMED não se<br />
pode ir a casa das pessoas com uma “pistola”<br />
e obrigá-las a entregar nas farmácias e parafarmácias<br />
os seus resíduos”. Questiona ainda<br />
“se estamos a brincar ou a falar a s<strong>é</strong>rio e se o<br />
pretendido <strong>é</strong> acabar com a VALORMED?<br />
Esta <strong>é</strong> uma das entidades gestoras que foi criada<br />
há 25 a<strong>nos</strong> e certamente o setor vai reagir”,<br />
assumindo a sua preocupação. “Em Espanha a<br />
legislação contemplou um regime de exceção<br />
para o setor do medicamento. Se at<strong>é</strong> aqui não<br />
tinham objetivos de recolha, para 2025 estipularam<br />
15% e depois 25% e 35% para 2030<br />
e 2035, respetivamente. O mesmo se passa<br />
em relação às metas de reciclagem a atingir“.<br />
Neste momento em Portugal recolhemos cerca<br />
de 16% do que <strong>é</strong> colocado anualmente no<br />
mercado, “mas devemos considerar a especificidade<br />
de um medicamento, que pode não<br />
ser de consumo integral no imediato. Podemos<br />
tomar um ou dois comprimidos porque<br />
estamos com dores de cabeça, guardando os<br />
restantes para uma outra ocasião, pelo me<strong>nos</strong><br />
PROJETO SIMULADORES<br />
SIMRECICLA<br />
Os simuladores SimRecicla (www.simrecicla.pt)<br />
ajudam a conhecer de forma detalhada e completa<br />
todo o processo de gestão de resíduos e<br />
o ciclo de vida das embalagens. Destinam-se<br />
ao público final e à comunidade escolar. Foi<br />
desenvolvida pela TRATOLIXO, em parceira com<br />
o Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e<br />
Políticas de Desenvolvimento do Instituto Superior<br />
T<strong>é</strong>cnico e a empresa 3drivers, e com o apoio<br />
da Sociedade Ponto Verde.<br />
O SimRecicla inclui três simuladores com diferentes<br />
objetivos, que respondem às seguintes<br />
perguntas:<br />
1. Onde coloco a minha embalagem? Calcula o<br />
impacte das práticas de separação e encaminhamento<br />
dos resíduos de embalagens.<br />
2. Quero melhorar a reciclabilidade de uma<br />
embalagem: calcula o impacte das opções de<br />
produção, materiais e componentes adotados<br />
3. Quero otimizar uma linha de triagem: calcula<br />
a recuperação de materiais numa linha de triagem<br />
de embalagens, conforme a sequenciação<br />
de diferentes operações e equipamentos.<br />
at<strong>é</strong> ao final do seu prazo de validade”, exemplifica.<br />
O não atingimento dos objetivos de recolha e metas<br />
de reciclagem vai refletir-se duplamente no pagamento<br />
da Taxa de Gestão de <strong>Resíduos</strong> (TGR). “O<br />
valor <strong>é</strong> sempre variável e crescente de ano para ano!<br />
Portanto, o que está a acontecer em Portugal <strong>é</strong> um<br />
ataque e perseguição à fileira do medicamento, um<br />
absurdo completo”, acusa.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
42<br />
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
1<br />
2<br />
FÓRUM DE LÍDERES<br />
De que forma a sua empresa/entidade<br />
está comprometida com as melhores<br />
práticas sustentáveis?<br />
Como perspetiva o futuro do setor da gestão<br />
de resíduos em Portugal?<br />
IImplementar a economia circular <strong>é</strong> dos maiores desafios ambientais do País. No ranking europeu,<br />
Portugal aparece como o quarto pior, com uma taxa de circularidade de apenas 2,5%<br />
e, segundo a avaliação realizada pela Agência Europeia do Ambiente, a maioria dos Estados-Membros<br />
está em risco de não atingir as metas de reciclagem de resíduos urba<strong>nos</strong> e de<br />
resíduos de embalagens.<br />
Os pla<strong>nos</strong> sobre a produção de resíduos urba<strong>nos</strong> e reciclagem pretendem prevenir, at<strong>é</strong> 2030, a produção<br />
de resíduos ao nível da quantidade e da perigosidade e aumentar a reutilização da reciclagem.<br />
O Plano Estrat<strong>é</strong>gico para os <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> para 2030 (PERSU2030) irá dar continuidade à aplicação<br />
da política nacional de resíduos, orientando os agentes envolvidos para a implementação de<br />
ações que permitam ao país estar alinhado com as políticas e orientações comunitárias, contribuir<br />
para o aumento da prevenção, reciclagem e outras formas de valorização dos resíduos urba<strong>nos</strong>, com a<br />
consequente redução de consumo de mat<strong>é</strong>rias-primas naturais de recurso limitado.<br />
Este plano irá focar-se na prevenção da produção de resíduos e na recolha seletiva, tendo particular<br />
atenção às novas frações: resíduos têxteis, resíduos perigosos e biorresíduos. Será ainda dada relevância<br />
à promoção do uso dos materiais provenientes de resíduos (combustível derivado de resíduos,<br />
composto, recicláveis recuperados, biogás e cinzas/escórias).<br />
Neste Fórum de Líderes, as principais instituições do setor no <strong>nos</strong>so país revelam de que forma estão<br />
comprometidas com estes desígnios e explicam a sua visão sobre o futuro.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
43
44<br />
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
CARLOS DE ANDRADE BOTELHO<br />
Diretor-Geral Musami<br />
1<br />
A MUSAMI procura responder afirmativamente ao<br />
compromisso com a sustentabilidade ambiental e social.<br />
Para tal, tem implementado medidas que visam reduzir<br />
o seu impacto ambiental, seja por via da triagem seletiva<br />
(que decorre em três das suas instalações), seja por via<br />
da valorização energ<strong>é</strong>tica do biogás (captado de aterro<br />
e do centro de tratamento biológico), para produção de<br />
energia el<strong>é</strong>trica.<br />
A empresa tem, igualmente, medidas que visam reduzir<br />
o consumo de recursos, como água, energia e combustíveis,<br />
tendo montado sistemas de eficiência energ<strong>é</strong>tica<br />
nas suas instalações. Para al<strong>é</strong>m disso, parte da frota da<br />
empresa <strong>é</strong> constituída por veículos el<strong>é</strong>tricos.<br />
Ao nível da responsabilidade social, apoia instituições<br />
e projetos de cariz social, atrav<strong>é</strong>s do fornecimento de<br />
equipamentos essenciais à suas atividades, tal como,<br />
atrav<strong>é</strong>s de doações de produtos alimentares (frutos e<br />
hortaliças), produzidos na Eco5 da MUSAMI.<br />
Para al<strong>é</strong>m disso, aposta na qualificação dos seus colaboradores,<br />
atrav<strong>é</strong>s da oferta de programas de formação<br />
e desenvolvimento profissional e tem um programa de<br />
recrutamento e integração de pessoas com deficiência,<br />
para que possam ter oportunidades de emprego e desenvolvimento<br />
profissional.<br />
Al<strong>é</strong>m da busca de prestar serviços sustentáveis de acordo<br />
com as melhores tecnologias disponíveis estamos a<br />
montar um processo de ESG que possa monitorar e medir<br />
o grau de desempenho de todos os processos críticos.<br />
2<br />
A União Europeia estabeleceu metas ambiciosas para a reciclagem<br />
e a redução de resíduos, as quais Portugal ainda<br />
está aqu<strong>é</strong>m de alcançar.<br />
A estes desafios, já de si muitos exigentes, vão juntar-se outros,<br />
nomeadamente relacionados com novos fluxos de resíduos,<br />
como os têxteis e resíduos perigosos, que requerem<br />
adaptações os sistemas de recolha que vigoram.<br />
Com enfoque na transição para uma economia circular, a<br />
evolução da recolha de seletiva de alta qualidade dependerá,<br />
sempre, da adesão encontrada junto das populações. A<br />
mesma população, a quem se apela a mudanças de comportamento,<br />
ao nível das boas práticas ambientais, mas<br />
tamb<strong>é</strong>m ao nível do consumo, na muito desafiante meta de<br />
redução da produção de resíduos (aqui com particular incidência<br />
no setor têxtil, ainda muito orientado para a “fast<br />
fashion”, com o rápido consumo e descarte dos produtos).<br />
Idealmente, no futuro a curto-prazo, imagina-se um aumento<br />
da integração de tecnologias digitais e sistemas de<br />
informação <strong>nos</strong> processos de gestão de resíduos, com vista<br />
a uma monitorização mais eficiente e à otimização dos<br />
processos de recolha, triagem e reciclagem; bem como um<br />
forte enfoque na economia circular, com incentivo à reutilização<br />
de materiais e a redução do desperdício na fonte.<br />
A educação ambiental deverá continuar a ser uma prioridade,<br />
com campanhas destinadas a reduzir o consumo excessivo<br />
e promover a separação correta de resíduos.<br />
Parece que Portugal necessita de uma grande revolução<br />
neste setor, mas o panorama não parece apresentar soluções<br />
para a financiar.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
45<br />
EMÍDIO PINHEIRO<br />
Presidente do Conselho de<br />
Administração, EGF<br />
CLIMÉNIA SILVA<br />
Diretora-Geral, Valorpneu<br />
1<br />
A EGF lidera um setor que <strong>é</strong> responsável por assegurar o tratamento e valorização<br />
dos resíduos e dos recursos, da forma ambientalmente mais correta e<br />
economicamente mais eficiente, e <strong>é</strong> uma empresa para quem a sustentabilidade<br />
<strong>é</strong> uma prática fundamental - faz parte do <strong>nos</strong>so ADN. A <strong>nos</strong>sa atividade<br />
diária de recolha e tratamento de resíduos visa precisamente contribuir, de<br />
forma muito direta, para um mundo mais sustentável.<br />
No entanto, esta atividade diária, que incorpora todos os requisitos e compromissos<br />
que <strong>nos</strong> são exigidos, procura sempre a melhoria contínua dos serviços<br />
que prestamos a todos os cidadãos, de forma responsável, segura e sustentável.<br />
Para ser mais concreto, e para al<strong>é</strong>m das exigentes atividades diárias de recolha<br />
de resíduos recicláveis, tratamento e valorização de resíduos, nas suas mais<br />
diferentes formas, e atendimento ao cidadão em todas as suas necessidades<br />
relacionadas com as <strong>nos</strong>sas prestações de serviço, destacaria os avultados investimentos<br />
que têm sido feitos em infraestruturas, viaturas e nas pessoas, que<br />
permitem sustentar o crescimento de atividade que registamos <strong>nos</strong> últimos<br />
a<strong>nos</strong>.<br />
2<br />
Antecipo que os próximos 5 a<strong>nos</strong> sejam profundamente transformacionais e<br />
de intensa atividade neste setor. Tudo, a bem do ambiente e do cumprimento<br />
das metas e objetivos ambientais do país. Não temos tempo a perder. Será necessário<br />
unir esforços de todos os intervenientes <strong>nos</strong> complexos processos que<br />
terão de ser atacados, acelerar o processo de transformações, com implementação<br />
de soluções no terreno que <strong>nos</strong> permitam aumentar a circularidade e<br />
desviar os resíduos de aterro o mais depressa possível. Em igual medida, será<br />
necessário alargar a recolha de biorresíduos e recicláveis com soluções mais<br />
robustas e mais modernas. Finalmente, implementar modalidades de financiamento<br />
que acompanhem a capacidade e ambição de todas as partes e que<br />
fomente a partilha das infraestruturas existentes e futuras.<br />
1<br />
A Valorpneu já conta com mais de duas d<strong>é</strong>cadas de existência, dedicadas<br />
à sustentabilidade, gestão de resíduos e à promoção de uma<br />
economia mais circular. A <strong>nos</strong>sa atividade consiste na gestão do Sistema<br />
Integrado de Gestão dos Pneus Usados em Portugal. Este sistema<br />
permite que os pneus usados sejam tratados e encaminhados para um<br />
dos três desti<strong>nos</strong> (recauchutagem, reciclagem ou valorização energ<strong>é</strong>tica)<br />
para poderem ter uma nova vida. De forma a promover a <strong>nos</strong>sa<br />
atividade, temos vindo a realizar inúmeras ações de sensibilização e<br />
comunicação junto dos cidadãos e de público mais especializado. Estas<br />
ações têm como objetivo promover a correta utilização dos pneus<br />
de forma a prolongar o seu tempo de vida útil, assim como comunicar<br />
as diversas aplicações que podem resultar do seu reaproveitamento.<br />
Temos marcado presença e realizado ativações em eventos ligados à<br />
área do ambiente, resíduos, automobilismo e arte, onde o contacto direto<br />
com o público tem sido bastante positivo. A realização de campanhas<br />
nacionais em diversos meios de comunicação, tamb<strong>é</strong>m tem sido<br />
uma excelente forma de conseguirmos impactar a população. Estas<br />
campanhas ajudam a alertar para a importância da correta gestão deste<br />
resíduo. Nos próximos a<strong>nos</strong> esperamos conseguir chegar a cada vez<br />
mais público e continuar a superar as <strong>nos</strong>sas metas.<br />
2<br />
Esperamos que o setor dos resíduos em Portugal demonstre mais crescimento<br />
e aumento de capacidade para conseguir ultrapassar as metas<br />
de ano para ano. Este crescimento obviamente depende do empenho e<br />
dedicação não só das entidades e empresas do setor, mas tamb<strong>é</strong>m dos<br />
cidadãos. As ações de sensibilização, por exemplo como referi acima<br />
são uma ferramenta muito importante para criar engagement junto<br />
da população.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
46 \\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
CONSTANÇA NEIVA CORREIA<br />
B2B Circularity Area Coordinator, MC<br />
1<br />
A MC tem desenvolvido diversas ações no âmbito da sustentabilidade,<br />
prevenção da produção de desperdício e valorização dos resíduos produzidos,<br />
contribuindo para a preservação do ambiente e com foco no apoio à<br />
comunidade. Nesse sentido, implementámos o conceito Ecospot, um espaço<br />
para os clientes entregarem os seus resíduos, com o qual procuramos dar<br />
resposta às necessidades crescentes na utilização da conveniência das lojas<br />
para a prestação de serviços de economia circular.<br />
Assim, os <strong>nos</strong>sos clientes podem depositar <strong>nos</strong> Ecospots existentes em loja<br />
resíduos como óleos alimentares usados, pilhas, lâmpadas, peque<strong>nos</strong> equipamentos<br />
el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos, rolhas de cortiça, entre outros, sendo que<br />
posteriormente asseguramos o seu correto encaminhamento para valorização.<br />
Mais recentemente, em 2023, implementámos a recolha de cápsulas<br />
de caf<strong>é</strong> multimarca, tendo esta iniciativa já permitido o envio para valorização<br />
de 28 toneladas de cápsulas de caf<strong>é</strong>, at<strong>é</strong> ao momento. Adicionalmente,<br />
ao entregarem as rolhas de cortiça, os <strong>nos</strong>sos clientes estão a contribuir<br />
para a iniciativa Green Cork Escolas, em parceria com a Quercus e Corticeira<br />
Amorim, que permite valorizar este recurso ao mesmo tempo que<br />
são apoiadas iniciativas de reflorestação. Para o futuro temos planeada a<br />
incorporação do Sistema de Depósito e Reembolso no conceito Ecospot,<br />
um sistema no qual a MC se tem empenhado desde o primeiro momento<br />
e que acreditamos que será resonsável por um salto muito significativo na<br />
valorização de embalagens de bebidas de uso único em Portugal.<br />
Em <strong>2024</strong>, lançámos tamb<strong>é</strong>m um projeto de recolha de embalagens de plástico<br />
de iogurte e similares, para avaliação da reciclabilidade dos materiais<br />
de embalagem e o envolvimento do cidadão na separação. Associámo-<strong>nos</strong><br />
aos agrupamentos escolares das áreas de implementação do projeto, premiando<br />
os mesmos em função das quantidades separadas – são doados<br />
três euros aos agrupamentos escolares, por cada kg de plástico recolhido.<br />
Das diversas iniciativas em curso, saliento, ainda, o Cadernão, iniciativa<br />
que decorre pelo terceiro ano consecutivo e com a qual <strong>nos</strong> comprometemos<br />
a plantar 20 árvores por cada tonelada de papel recolhida atrav<strong>é</strong>s<br />
da recolha de papel e cader<strong>nos</strong> usados nas <strong>nos</strong>sas lojas. Em colaboração<br />
com a ANTARR, entidade que tem por missão desenvolver uma floresta<br />
produtiva e biodiversa em Portugal, essa recolha será encaminhada para<br />
reciclagem. Só em 2023, foram valorizadas 155 toneladas de papel, dando<br />
lugar à plantação de 3100 árvores.<br />
Todas estas ações, bem como outras que podem encontrar na MC, permitem-<strong>nos</strong><br />
avançar com exigência no caminho da maior valorização dos<br />
recursos que temos nas <strong>nos</strong>sas mãos, contribuindo, sempre que possível,<br />
para uma maior consciência ambiental do consumidor e apoio à comunidade<br />
onde <strong>nos</strong> inserimos.<br />
2<br />
Acredito que <strong>nos</strong> próximos a<strong>nos</strong>, o setor dos resíduos em Portugal irá crescer<br />
e conseguir dar resposta às solicitações que tem pela frente, apesar de<br />
todos os desafios que tem em mãos (esgotamento dos aterros, capacidade<br />
instalada para valorização de resíduos, etc). A separação na origem <strong>é</strong> essencial<br />
para uma adequada valorização destes recursos e para a criação de<br />
produtos com qualidade e a sua reintrodução na economia. Desta forma,<br />
seja <strong>nos</strong> biorresíduos, seja nas embalagens, e ainda no futuro sistema de<br />
depósito e reembolso, será essencial garantir uma qualidade na separação<br />
na origem, mas tamb<strong>é</strong>m que o mercado se desenvolva e disponibilize as<br />
soluções adequadas para que possamos valorizar os resíduos separados. Na<br />
MC, contribuímos para promover a qualidade no desenvolvimento dos<br />
serviços no setor dos resíduos, com a exigência que colocamos nas <strong>nos</strong>sas<br />
operações e contribuindo de forma positiva <strong>nos</strong> fóruns de discussão destes<br />
temas. A atividade regulatória crescente, seja relativa aos plásticos de uso<br />
único, seja no ecodesign, entre outras, imprime mais velocidade e ajuda-<strong>nos</strong><br />
a avançar.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
47<br />
MANUEL COSTA<br />
Presidente do Conselho de<br />
Administração, SUMA<br />
PAULO PRAÇA<br />
Presidente da Direção, ESGRA<br />
1<br />
A SUMA assinala este ano 30 a<strong>nos</strong> de história, e orgulhamo-<strong>nos</strong> de desenvolver<br />
a <strong>nos</strong>sa atividade num setor em que a sustentabilidade, o ambiente e a<br />
responsabilidade social são pilares fundamentais para o sucesso da <strong>nos</strong>sa organização.<br />
São valores incutidos <strong>nos</strong> peque<strong>nos</strong> gestos do dia-a-dia - nem poderia<br />
ser de outra forma. É por isso que mantemos um compromisso inabalável com<br />
a sustentabilidade, norteando as <strong>nos</strong>sas ações com o foco na proteção ambiental<br />
e no desenvolvimento da qualidade de vida das comunidades atendidas, o<br />
que ocorre simultaneamente à adoção de práticas exemplares de responsabilidade<br />
social e governança corporativa.<br />
A título de exemplo, reforçamos continuadamente a formação e proteção das<br />
equipas; diversificamos os programas de educação ambiental junto da comunidade;<br />
inovamos na forma como prestamos serviços aos <strong>nos</strong>sos clientes, com<br />
soluções tecnologicamente cada vez mais avançadas, mas economicamente<br />
sustentáveis.<br />
2<br />
Acredito que estamos perante um novo ciclo de crescimento e inovação, o<br />
que permitirá à SUMA oferecer aos seus clientes, propostas mais integradas<br />
e competitivas, reforçando as <strong>nos</strong>sas competências distintivas e a mais-valia<br />
que aportamos na implementação dos projetos. Antecipamos uma fase em que<br />
muitas entidades, em simultâneo, terão necessidades similares, e o mercado<br />
terá de estar preparado para dar resposta rápida e eficaz para picos de procura,<br />
tanto ao nível das soluções t<strong>é</strong>cnicas como ao nível dos recursos huma<strong>nos</strong> qualificados.<br />
Esta será a fase de fazer acontecer, o país já deixou passar muito tempo com<br />
os pla<strong>nos</strong> e com as suas revisões, está na hora de agir, de implementar recolhas<br />
seletivas mais inteligentes, de tratar resíduos de forma diferenciada, de incluir<br />
o cidadão como gestor de resíduos. <strong>Quem</strong> trabalha no setor aguarda há muito<br />
pela implementação dos pla<strong>nos</strong>, nós estamos prontos para fazer acontecer.<br />
1<br />
Sendo a ESGRA uma associação privada sem fins lucrativos que visa a promoção<br />
dos interesses dos seus associados no âmbito da gestão e tratamento de resíduos,<br />
bem como o seu desenvolvimento estrat<strong>é</strong>gico e no domínio da investigação de<br />
recursos que preservem e potenciem o país como território de desenvolvimento<br />
socioeconómico e ambientalmente sustentável, as ações desenvolvidas incidem<br />
na participação em grupos de trabalho, seminários, publicação de artigos, entre<br />
outras iniciativas que permitam contribuir para a sustentabilidade e criação e<br />
melhoria de conhecimento e condições para o desempenho do setor.<br />
2<br />
De acordo com os últimos dados oficiais, em 2022, Portugal produziu 5,323 milhões<br />
de toneladas (t) de resíduos urba<strong>nos</strong> (RU), das quais cerca de 57% foram<br />
depositados em aterro, muito distante da meta de 10% de deposição da produção<br />
total de resíduos urba<strong>nos</strong> a atingir at<strong>é</strong> 2035, a que acresce a gravidade da situação<br />
dos aterros em Portugal continental cuja capacidade se encontra em vias de esgotamento,<br />
o que pode traduzir-se num colapso do sistema caso não seja adotado,<br />
rapidamente, um plano de contingência, a que acresce a situação de insuficiente<br />
capacidade de valorização energ<strong>é</strong>tica necessária para alcançar a meta e valorizar<br />
os resíduos não recicláveis cuja produção mant<strong>é</strong>m a tendência de crescimento.<br />
Apesar do esforço e de investimentos realizados <strong>nos</strong> últimos 20 a<strong>nos</strong>, a deposição<br />
de resíduos indiferenciada continua a ser a opção predominante dos portugueses,<br />
o que significa que quanto à meta relativa à preparação para reutilização e<br />
reciclagem (PRR), de 55%, 60% e 65%, a atingir, respetivamente, em 2025, 2030 e<br />
2035, o País tamb<strong>é</strong>m se encontra muito distante, com um desempenho de 33%.<br />
Não se vislumbra uma ação concertada e um compromisso político nacional<br />
para investir em soluções para o setor, antevemos uma situação muito grave e<br />
preocupante de falta de respostas para tratar os resíduos produzidos e um retrocesso<br />
nacional inconcebível de falta de sustentabilidade num setor garante da<br />
qualidade do ambiente e da saúde pública.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
48 \\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
NUNO SOARES<br />
Presidente do Conselho de<br />
Administração, TRATOLIXO<br />
1<br />
O cidadão <strong>é</strong> uma peça fundamental para o sucesso das políticas estrat<strong>é</strong>gicas de resíduos, pelo que a sua sensibilização<br />
e envolvimento numa participação mais ativa <strong>é</strong> sempre necessária. Neste âmbito, a TRATOLIXO tem<br />
desenvolvido várias ações de sustentabilidade e inovação. São disso exemplo o Projeto SimRecicla, desenvolvido<br />
por nós em parceria com o Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento do Instituto<br />
Superior T<strong>é</strong>cnico e a empresa 3drivers, e que contou com o financiamento da SPV.<br />
Outro projeto no qual a TRATOLIXO está envolvida <strong>é</strong> a campanha “Mafra Reciclar a Valer+ Rua a Rua”, associada<br />
ao projeto-piloto a ser desenvolvido pelo município de Mafra, no domínio de processos que permitem<br />
potenciar a triagem e reciclagem das embalagens de plástico, de metal e de vidro, atrav<strong>é</strong>s duma solução tecnológica<br />
inovadora a qual, com a instalação de um dispositivo de leitura <strong>nos</strong> ecopontos amarelo e verde, permitirá<br />
adotar um sistema de incentivo financeiro para o cidadão. Tamb<strong>é</strong>m de modo a fomentar o incremento das<br />
recolhas seletivas e desvio de resíduos de aterro, a empresa manteve em 2023 a participação <strong>nos</strong> Projectos “Blue<br />
Circular Postbranding”, “Green Cork” e “Reciclagem de Cápsulas de Caf<strong>é</strong>”. De destacar ainda que o facto de <strong>nos</strong><br />
tornarmos entidade signatária da iniciativa act4nature Portugal, iniciativa promovida pelo BCSD Portugal no<br />
âmbito do act4nature international, com o objetivo de mobilizar as empresas a proteger, promover e restaurar a<br />
biodiversidade.<br />
A TRATOLIXO continua tamb<strong>é</strong>m a promover várias ações de sensibilização junto da comunidade escolar.<br />
2<br />
Quero acreditar que daqui a cinco a<strong>nos</strong> Portugal estará muito mais próximo do cumprimento das metas, sendo<br />
que isto vai depender, não só, da necessária articulação entre os Sistemas de Gestão de <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> ao<br />
nível da partilha de infraestruturas numa perspetiva de minimização do investimento e maximização da rentabilização<br />
dos meios existentes, como tamb<strong>é</strong>m do reforço da dotação financeira para o sector, na alta e na baixa,<br />
que possibilitem a todos os intervenientes do mercado realizar atempadamente os indispensáveis investimentos.<br />
Por outro lado, gostaria que daqui a cinco a<strong>nos</strong> houvesse uma ainda maior consciencialização por parte das pessoas<br />
para a importância da reciclagem e da economia circular, <strong>é</strong> certo que a população já dispõe de consciência<br />
ambiental e que de uma forma generalizada entende a importância da separação e reciclagem dos resíduos, mas<br />
<strong>é</strong> importante reforçar as mensagens e promover literacia e consciencialização ambiental sobre o que acontece aos<br />
resíduos depois de depositados <strong>nos</strong> contentores.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
49<br />
GRAÇA BORGES<br />
Diretora de Comunicação, Responsabilidade Institucional<br />
e Sustentabilidade, Super Bock Group<br />
1<br />
A <strong>nos</strong>sa estrat<strong>é</strong>gia, que incorpora a Sustentabilidade ambiental, social e económica, assenta<br />
em quatro bandeiras -“Mais Pessoas e Comunidade”, “Mais Consumo Responsável”, “Me<strong>nos</strong><br />
Água”, “Me<strong>nos</strong> Carbono” - que refletem muito bem os <strong>nos</strong>sos compromissos e materializam-<br />
-se num conjunto de ações, das quais vou destacar duas.<br />
O restauro ecológico <strong>nos</strong> terre<strong>nos</strong> contíguos ao Pedras Salgadas Spa & Nature Park, com o<br />
apoio da ANP|WWF, que está a possibilitar a expansão do espaço arbóreo para 26,3 hectares,<br />
numa lógica agroflorestal de recuperação dos solos e aumento da capacidade de retenção<br />
de água, e permitir o sequestro anual de CO2.<br />
Tamb<strong>é</strong>m assente no <strong>nos</strong>so compromisso de descarbonização at<strong>é</strong> 2030, e já em parceria com o<br />
Grupo Greenvolt, estamos a proceder à instalação de mais de 20.000 pain<strong>é</strong>is solares fotovoltaicos<br />
nas várias unidades do Grupo, como em Pedras Salgadas ou Castelo de Vide/Envendos,<br />
onde estão as captações de Vitalis. Isto vai permitir reduzirmos as <strong>nos</strong>sas necessidades<br />
energ<strong>é</strong>ticas e permitir criar seis comunidades de energia renovável no país.<br />
2<br />
A <strong>nos</strong>sa expectativa <strong>é</strong> que haja uma gestão cada vez mais eficiente e sustentável dos resíduos<br />
e estes sejam mais entendidos pelo seu valor.<br />
Sabemos que o funcionamento de qualquer empresa e negócio, independentemente do setor<br />
de atividade e dimensão, mas tamb<strong>é</strong>m atividades que realizamos nas <strong>nos</strong>sas casas, gera resíduos<br />
e, como tal, deve existir uma atuação responsável que deve ter como princípios, e por<br />
esta ordem, a prevenção, reutilização e tratamento adequado pela via da valorização, como<br />
a reciclagem, ou a eliminação.<br />
Diria que, globalmente, as empresas, nomeadamente as que operam no Grande Consumo<br />
como o Super Bock Group, estão a investir em soluções inovadoras que cumprem com essa<br />
hierarquia na gestão dos resíduos e a adotar práticas de economia circular. O compromisso<br />
com os temas ambientais, embora possa ocorrer a diferentes níveis, <strong>é</strong> crescente, e acontece<br />
pelos regulamentos e diretrizes cada vez mais rigorosos, mas tamb<strong>é</strong>m por “pressão social” e<br />
pela própria liderança nas organizações, que procuram fazer mais e melhor a cada dia, com a<br />
consciência que a Sustentabilidade <strong>é</strong> vital para o futuro.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
50<br />
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
PEDRO NAZARETH<br />
CEO, Electrão<br />
1<br />
A actividade desenvolvida pelo ELECTRÃO, enquanto<br />
entidade gestora de embalagens, pilhas e equipamentos<br />
el<strong>é</strong>ctricos usados, pressupõe acções que têm já o foco na<br />
sustentabilidade.<br />
A estrat<strong>é</strong>gia multifluxo, que o ELECTRÃO tem vindo<br />
a reforçar, permite criar sinergias que melhoram a eficiência<br />
da rede de recolha e reciclagem nas várias áreas<br />
de actuação.<br />
Ao longo de quase 20 a<strong>nos</strong> o ELECTRÃO tem desenvolvido<br />
o sistema de recolha e triagem de el<strong>é</strong>ctricos em<br />
conjunto com o das pilhas e baterias usadas com grandes<br />
ganhos operacionais. Os locais de produção destes resíduos<br />
são muitas vezes comuns e permitem o estabelecimento<br />
de contentorização de recolha conjunta.<br />
O ELECTRÃO fez evoluir, entretanto, a sua actividade<br />
para um novo sistema de gestão de embalagens usadas<br />
com o objectivo de desenvolver a rede de recolha<br />
própria. Em muitos produtores empresariais onde recolhe<br />
equipamentos el<strong>é</strong>ctricos e pilhas usadas existem<br />
embalagens usadas por recolher ou separar.<br />
Mais recentemente o ELECTRÃO começou a desenvolver<br />
a actividade de um novo sistema de responsabilidade<br />
alargada do produtor dos plásticos de uso único, mais<br />
especificamente para os produtos de tabaco, o que implicou<br />
a caracterização de varreduras e papeleiras com<br />
origem nas actividades da limpeza urbana. Al<strong>é</strong>m das<br />
pontas de cigarro que procurava identificar, encontrou<br />
embalagens usadas, el<strong>é</strong>ctricos e pilhas que agora está<br />
a separar para reciclagem com diferentes parceiros.<br />
Sem esta visão integral e multisectoral não seria possível<br />
maximizar a gestão dos recursos. O ELECTRÃO contribui<br />
assim de forma determinante para a sustentabilidade<br />
e protecção ambiental com ganhos para toda a<br />
comunidade.<br />
2<br />
A aposta na prevenção da produção de resíduos terá que<br />
assumir uma dimensão mais expressiva na estrat<strong>é</strong>gia de<br />
gestão de resíduos em Portugal num futuro próximo.<br />
O ELECTRÃO desenvolve vários projectos que têm esse<br />
objectivo. É o caso do Onde Doar, uma iniciativa pioneira<br />
que incentiva as empresas a doar produtos, que já não podem<br />
ser integrados no circuito comercial. Esses bens são<br />
doados a instituições que deles necessitam para desenvolver<br />
a sua actividade. Este projecto evita que esses produtos<br />
doados, sejam equipamentos el<strong>é</strong>ctricos ou outros, se<br />
transformem em resíduos. Com o prolongamento da vida<br />
destes bens evita-se o desperdício, garante-se eficiência no<br />
uso de recursos e reduz-se a necessidade de extracção de<br />
mat<strong>é</strong>rias-primas da natureza com ganhos ambientais significativos.<br />
O ELECTRÃO promove tamb<strong>é</strong>m a reutilização atrav<strong>é</strong>s<br />
do projecto de recolha porta a porta de grandes electrodom<strong>é</strong>sticos<br />
ao domicílio, uma campanha que está actualmente<br />
activa em oito municípios da Área Metropolitana<br />
de Lisboa. Esta campanha impede a degradação de resíduos<br />
na via pública e potencia, ao mesmo tempo, a reutilização<br />
atrav<strong>é</strong>s da forma cuidada da sua recolha prevenindo<br />
a geração de resíduos.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
51<br />
CARLOS VIEIRA<br />
Diretor Delegado, Serviços Municipalizados de Água<br />
e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra)<br />
1<br />
Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento<br />
de Sintra (SMAS de Sintra) são responsáveis,<br />
na área do concelho de Sintra, pelo abastecimento<br />
de água, saneamento e recolha de resíduos.<br />
Na vertente dos resíduos, temos desenvolvido<br />
uma significativa aposta no aumento da recolha<br />
seletiva. Nos últimos a<strong>nos</strong>, a separação na origem<br />
dos biorresíduos - os restos alimentares que correspondem<br />
a mais de 40 por cento dos resíduos<br />
produzidos - <strong>é</strong> o novo desafio que enfrentam as<br />
entidades em baixa, como <strong>é</strong> o caso dos SMAS de<br />
Sintra, e das entidades em alta, no <strong>nos</strong>so caso a<br />
Tratolixo, responsável pelo tratamento dos resíduos<br />
<strong>nos</strong> concelhos de Sintra, Cascais, Oeiras e<br />
Mafra.<br />
A este nível, os números são animadores, resultado<br />
de um intenso trabalho de comunicação, para que<br />
a população entenda que aquele resíduo orgânico<br />
pode ser valorizado e transformado num recurso.<br />
Mas, mais do que comunicação, tamb<strong>é</strong>m decidimos<br />
apostar na formação, no sentido de que, desde<br />
tenra idade, cada cidadão seja um embaixador das<br />
causas ambientais. É neste contexto que se insere<br />
a criação do Museu da Água e <strong>Resíduos</strong>, inaugurado<br />
recentemente, e que visa colocar o ambiente<br />
no centro das atenções. E encontrar as melhores<br />
soluções na área dos resíduos, assim como para a<br />
poupança desse recurso vital que constitui a água,<br />
são questões prioritárias em termos ambientais.<br />
2<br />
Mais do que imaginar como estará o setor dos resíduos<br />
<strong>nos</strong> próximos a<strong>nos</strong>, faço votos para que seja<br />
possível consciencializar a população de que o caminho<br />
a seguir <strong>é</strong> o reforço da recolha seletiva, <strong>nos</strong><br />
diferentes fluxos, mas, a montante, há tamb<strong>é</strong>m que<br />
desenvolver esforços para reduzir a quantidade de<br />
resíduos.<br />
Tamb<strong>é</strong>m não podemos continuar com o descarte<br />
ilegal de resíduos volumosos em todo e qualquer<br />
canto do espaço público, sob pena da proliferação<br />
de lixeiras a c<strong>é</strong>u aberto. A este nível, <strong>é</strong> preciso criar<br />
alternativas, os chamados ecocentros ou centros de<br />
deposição temporários de resíduos, se possível at<strong>é</strong><br />
numa escala supramunicipal, para combater verdadeiros<br />
crimes ambientais e autênticos atentados à<br />
saúde pública. Apesar dos municípios já disporem de<br />
meios de fiscalização, que, naturalmente, são escassos<br />
para as necessidades, combater este flagelo impõe<br />
a adoção de medidas dissuasoras que podem passar,<br />
por exemplo, pelo incremento da videovigilância em<br />
locais mais críticos.<br />
Espero tamb<strong>é</strong>m que sejam dados passos concretos<br />
no sentido da criação de condições para a valorização<br />
dos resíduos, nomeadamente com o reforço da<br />
capacidade de incineração nas áreas metropolitanas<br />
de Lisboa e do Porto, dado que os aterros estão a ficar<br />
esgotados. Esta questão exige decisões urgentes<br />
e a disponibilização dos correspondentes recursos<br />
financeiros.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
52<br />
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
ANA TRIGO MORAIS<br />
CEO, Sociedade Ponto Verde<br />
1<br />
A missão da Sociedade Ponto Verde está intrinsecamente ligada<br />
à agenda do Ambiente, da Sustentabilidade e da Economia Circular,<br />
dada a responsabilidade na organização, gestão da retoma e<br />
valorização dos resíduos de embalagens em Portugal, e atua tendo<br />
por base os três requisitos de ESG.<br />
Isto significa que a ação da SPV <strong>é</strong> feita em alinhamento aos ODS,<br />
principalmente aos ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestruturas),<br />
ODS 11 (Cidades e Comunidades sustentáveis), ODS 12<br />
(Produção e Consumo Sustentáveis), e ODS 17 (Parcerias para a<br />
implementação dos Objetivos).<br />
Nesse sentido, trabalhamos em várias “frentes” com diferentes<br />
projetos. Destaco o “Juntos a reciclar ++”, um programa de financiamento<br />
de ações de comunicação, sensibilização e educação<br />
para os Sistemas de gestão de resíduos urba<strong>nos</strong>, autarquias e<br />
Empresas Municipais e os “Relatórios de Medidas de Prevenção”<br />
para ajudar os <strong>nos</strong>sos clientes embaladores a conceberem embalagens<br />
ainda mais sustentáveis.<br />
Já com o objetivo de colocarmos mais pessoas a reciclar melhor<br />
as suas embalagens “onde quer que se encontrem” realizámos, sob<br />
a chancela da Academia Ponto Verde, sessões formativas nas escolas<br />
e atividades lúdicas nas praias; e estivemos em dezenas de<br />
eventos, como a Feira do Livro, o Festival da Comida Continente,<br />
o Beja Air Show ou a Volta a Portugal Continente. Levámos<br />
ainda a reciclagem de embalagens aos festivais de música, como<br />
o Ageas Cooljazz, Sumol Summer Fest e Rock in Rio, onde, neste<br />
caso, associámos uma campanha da Acerta e Recicla. Al<strong>é</strong>m da<br />
presença física estivemos tamb<strong>é</strong>m no digital, uma vez mais, com a<br />
campanha da Acerta & Recicla, que veio comprovar que a inovação,<br />
a tecnologia e a gamificação podem muito bem ser estrat<strong>é</strong>gias<br />
acertadas para mais e melhor reciclagem de embalagens. Desde a<br />
primeira vaga que a Acerta&Recicla já impactou 97 mil pessoas.<br />
2<br />
A SPV tem vindo a defender que <strong>é</strong> necessário termos um setor<br />
mais colaborativo, com capacidade de inovar. Só assim será possível<br />
prestar um serviço cada vez melhor aos cidadãos, tendo sempre<br />
em vista o cumprimento de metas da reciclagem e chegar a 0% de<br />
embalagens colocadas em aterro.<br />
É um caminho que vai continuar, pelo que a <strong>nos</strong>sa expectativa <strong>é</strong><br />
que o setor se reinvente e esteja significativamente diferente daqui<br />
a 10 a<strong>nos</strong>. Seja ainda mais inovador, tecnológico, moderno e eficiente,<br />
que traga mais qualidade e conveniência aos cidadãos, para<br />
que estes sejam mais participativos no processo de reciclagem das<br />
embalagens e tenham confiança no funcionamento do sistema nacional<br />
de reciclagem.<br />
Neste contexto, o Governo desempenhou um papel fundamental.<br />
Houve celeridade na tomada de decisão sobre a atribuição da nova<br />
licença da SPV, que passa agora a ser a 10 a<strong>nos</strong>, o que se aplaude.<br />
Assim, a <strong>nos</strong>sa expectativa <strong>é</strong> que se siga este ciclo no sentido<br />
de se implementar, com agilidade, o que <strong>é</strong> preciso no setor e apoie<br />
os cidadãos a serem mais participativos neste processo da reciclagem<br />
de embalagens. É preciso mais estabilidade e transparência no<br />
quadro de atuação e de operação de todos os agentes da cadeia de<br />
valor, bem como a revisão urgente do modelo de financiamento da<br />
reciclagem de embalagens. Com isto poderá planear-se melhor o<br />
investimento e as soluções que devem ser implementadas.<br />
No que diz respeito à SPV vamos continuar o trabalho colaborativo<br />
e investir na introdução de inovação do setor, para que este se<br />
mantenha um exemplo e continue a cumprir as ambiciosas metas.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />
53<br />
CARLOS RODRIGUES<br />
Presidente, Luságua Serviços<br />
1<br />
No contexto atual, cada vez mais marcado pela necessidade<br />
de preservar o meio ambiente e garantir um<br />
futuro sustentável, <strong>é</strong> essencial que as empresas (e não<br />
só) adotem ações concretas que promovam a sustentabilidade<br />
e responsabilidade social.<br />
A Luságua, tem adotado medidas a nível da sustentabilidade<br />
ambiental, social e económica, criando valor<br />
ao mesmo tempo que cria benefícios para os seus<br />
stakeholders. Há uma preocupação permanente em<br />
minimizar os impactos das atividades que desenvolve<br />
optado, sempre que possível, por medidas sustentáveis<br />
na utilização dos seus recursos promovendo a<br />
economia circular. De entre as ações desenvolvidas,<br />
destaca-se as medidas implementadas no âmbito da<br />
problemática da escassez da água, atrav<strong>é</strong>s da utilização<br />
de água não potável para os serviços de lavagem de<br />
arruamentos e equipamentos bem como por viaturas<br />
com recirculação de água na lavagem de contentores<br />
que permitam a poupança deste recurso, medidas de<br />
desvio de resíduos para aterro atrav<strong>é</strong>s da implementação<br />
da recolha seletiva de bioresiduos contribuindo<br />
para o cumprimento das metas nacionais e comunitárias<br />
de valorização de resíduos biodegradáveis.<br />
Na área da Educação Ambiental e Consciencialização<br />
temos desenvolvido e implementado um conjunto de<br />
campanhas de sensibilização dirigidas a diferentes<br />
faixas etárias sobre a importância da conservação<br />
ambiental e práticas sustentáveis, promovendo uma<br />
cultura de responsabilidade ambiental e social, capacitando<br />
os cidadãos a adotarem comportamentos<br />
mais sustentáveis no seu dia a dia.<br />
2<br />
O setor dos resíduos está a mudar e está a evoluir de<br />
um modelo predominantemente linear para um modelo<br />
mais circular e sustentável, impulsionado por fatores<br />
como inovação tecnológica, mudanças regulatórias, e<br />
crescente consciencialização pública. Para um horizonte<br />
de 5 a<strong>nos</strong> está prevista a implementação de ações<br />
que permitam ao país estar alinhado com as políticas e<br />
orientações comunitárias, vertido num plano ambicioso<br />
e focado na prevenção da produção de resíduos e na recolha<br />
seletiva.<br />
Seria interessante que daqui a 5 a<strong>nos</strong> já estivessemos<br />
bem preparados para implementar o princípio do poluidor-pagador<br />
pela diferenciação de sistemas de tarifação<br />
de acordo com a produção de resíduos atrav<strong>é</strong>s de<br />
sistemas de tipo pay-as-you-throw (PAYT) e não pelo<br />
consumo da água, (conforme previsto), seria interessante<br />
assistir a uma mudança efetiva dos comportamentos<br />
e que a consciencialização pública estivesse significativamente<br />
mais aprimorada, por último seria interessante<br />
que nessa altura os “homens do lixo” fossem vistos como<br />
uma profissão nobre de tal maneira que trabalhar nesta<br />
área, que <strong>é</strong> essencial e imprescindível, fosse um orgulho<br />
não só para os que aqui trabalham como para toda a sociedade.<br />
A dignificação da profissão de quem trabalha<br />
nesta área seria, na minha opinião uma mudança que<br />
gostaria de ver.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
54<br />
\\ DIRETÓRIO \\<br />
DIRETÓRIO<br />
Rumo a uma<br />
economia circular<br />
Todos os a<strong>nos</strong> produzem-se 2,2 mil milhões de toneladas de lixo na União Europeia (UE).<br />
Segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente, em Portugal, a produção total de<br />
resíduos urba<strong>nos</strong> (RU), atingiu, em 2022, 5,05 milhões de toneladas (mais 0,7% do que<br />
em 2021). Estes valores refletem uma estabilização na produção de RU desde o ano<br />
2019, invertendo a tendência de crescimento que se vinha a observar desde 2014.<br />
No entanto, relativamente à recolha de resíduos, apesar de se verificar uma evolução favorvel da<br />
recolha seletiva ao longo dos a<strong>nos</strong>, era expectável uma taxa de crescimento com maior expressão face<br />
à recolha indiferenciada.<br />
Continua a ser previso promover a mudança de uma economia linear para uma economia circular. E<br />
o papel de todas as empresas <strong>é</strong> fulcral para esta transição.<br />
Na prática, a economia circular implica a redução do desperdício ou dos resíduos ao mínimo. Reutilizar<br />
e reciclar os produtos permite retardar o uso dos recursos naturais, reduzir a perturbação das<br />
paisagens e dos habitats e ajudar a limitar a perda de biodiversidade.<br />
As empresas portuguesas estão empenhadas em promover essa circularidade e, apesar de o país continuar<br />
a falhar as metas estabelecidas pela Comissão Europeia, há muitas empresas no bom caminho.<br />
Conheça alguns dos bons exemplos no diretório que lhe apresentamos neste suplemento.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
55<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
56 \\ DIRETÓRIO \\<br />
SINTRA INVESTE NA RECOLHA E<br />
VALORIZAÇÃO DE BIORRESÍDUOS<br />
Responsáveis pela recolha e transporte de resíduos<br />
na área do concelho de Sintra, que<br />
abrange um território de 320 km2 e uma<br />
população residente na ordem dos 385 mil habitantes,<br />
os Serviços Municipalizados de Água<br />
e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra) estão<br />
apostados em melhorar a eficiência do serviço<br />
prestado à população, com um significativo investimento<br />
na renovação da contentorização com<br />
recurso à instalação de equipamentos enterrados.<br />
Atrav<strong>é</strong>s do aumento da capacidade instalada de<br />
deposição de resíduos, com menor impacto na<br />
ocupação do espaço público e na vertente ambiental,<br />
com a redução de odores, pretende-se,<br />
ainda, reforçar os indicadores de recolha seletiva<br />
<strong>nos</strong> diferentes fluxos, plástico/metal, vidro e papel/cartão,<br />
permitindo o seu encaminhamento<br />
para reciclagem, no sentido do cumprimento das<br />
metas nacionais e internacionais em prol de um<br />
melhor ambiente.<br />
Tendo em conta a importância dos resíduos<br />
orgânicos no âmbito dos indiferenciados, cerca<br />
de 40 por cento, os SMAS de Sintra implementaram<br />
o Sistema de Recolha Seletiva de Biorresíduos,<br />
em estreita articulação com os outros municípios<br />
da Tratolixo, a empresa intermunicipal<br />
responsável pelo tratamento <strong>nos</strong> concelhos de<br />
Sintra, Cascais, Oeiras e Mafra. Após um projeto<br />
piloto em 2020, na freguesia de Rio de Mouro, o<br />
sistema foi alargado a todo o território do concelho<br />
de Sintra no início de outubro de 2022, mais<br />
de um ano antes da obrigatoriedade da recolha<br />
em todo o país.<br />
Percorrido este caminho, os números são positivos<br />
e colocam Sintra na linha da frente da<br />
recolha de biorresíduos: uma centena de grandes<br />
produtores de restos alimentares, cerca de<br />
75 mil aderentes no setor dom<strong>é</strong>stico e mais de<br />
1.500 toneladas de resíduos orgânicos recolhidos<br />
(estimativa para o total do ano de <strong>2024</strong>).<br />
A separação dos restos alimentares <strong>é</strong> efetuada<br />
em regime de co-coleção, que consiste na<br />
recolha conjunta de duas ou mais frações de<br />
materiais. Para o efeito, no setor dom<strong>é</strong>stico,<br />
são cedidos gratuitamente peque<strong>nos</strong> contentores,<br />
com capacidade de 7 litros, e sacos verdes,<br />
para deposição dos restos alimentares no contentor<br />
de resíduos indiferenciados. A separação<br />
dos biorresíduos, devidamente acondicionados<br />
<strong>nos</strong> sacos verdes, <strong>é</strong> efetuada nas instalações da<br />
Tratolixo, desviando esses resíduos do encaminhamento<br />
para aterro e a sua valorização para a<br />
produção de energia e composto para a fertilização<br />
de solos agrícolas.<br />
Al<strong>é</strong>m dos benefícios ambientais do sistema, que<br />
permite, assim, a valorização de 40% dos resíduos<br />
produzidos, os aderentes usufruem de um desconto<br />
de 1€, por cada 30 dias, no tarifário dos serviços<br />
de águas e resíduos dos SMAS de Sintra.<br />
Para o setor não dom<strong>é</strong>stico, os SMAS de Sintra<br />
estão a adotar dois modelos: por um lado, em<br />
regime de co-coleção, para os estabelecimentos de<br />
restauração e similares, com a cedência de contentores<br />
e sacos verdes com capacidade de 20 litros, e,<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
57<br />
BOARD<br />
BASÍLIO HORTA<br />
Presidente do Conselho<br />
de Administração<br />
MARIA PIEDADE MENDES<br />
Vogal do Conselho de Administração<br />
PEDRO VENTURA<br />
Vogal do Conselho de Administração<br />
CARLOS VIEIRA<br />
Diretor delegado<br />
por outro, com recurso a um circuito exclusivo com<br />
recolha dedicada, destinado a grandes produtores<br />
de restos alimentares, como empresas de maior<br />
dimensão, estabelecimentos de ensino, mercados<br />
municipais e IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade<br />
Social), em que <strong>é</strong> atribuída contentorização<br />
que varia dos 40 aos 660 litros.<br />
A recolha junto destes grandes produtores <strong>é</strong><br />
efetuada atrav<strong>é</strong>s de viatura específica, com capacidade<br />
de 15 metros cúbicos e equipada com sistema<br />
de lavagem e de elevação e basculamento de<br />
recolha, tendo sido adquirida no âmbito de uma<br />
candidatura ao POSEUR (Programa Operacional<br />
Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos),<br />
num investimento de 250 mil euros. Este circuito<br />
exclusivo de recolha dedicada já foi reforçado com<br />
uma segunda viatura, com capacidade de 8 metros<br />
cúbicos e que representou um investimento<br />
de cerca de 120 mil euros, que se destina a dar resposta<br />
a entidades de menor dimensão que apresentem<br />
acessos limitativos para as operações de<br />
recolha, assim como as que se localizam em áreas<br />
urbanas com maior dificuldade de circulação.<br />
Com o crescente aumento do número de grandes<br />
produtores, sejam particulares ou entidades<br />
públicas, como <strong>é</strong> o caso de estabelecimentos de ensino,<br />
os SMAS de Sintra vão continuar a reforçar<br />
a frota de recolha de biorresíduos e, em processo<br />
de aquisição, encontra-se já uma nova viatura com<br />
capacidade de 16 m3, que representará um investimento<br />
superior a 410 mil euros e contará com financiamento<br />
do Fundo Ambiental, no âmbito do<br />
“Programa RecolhaBio”. Neste caso, uma viatura<br />
100 por cento el<strong>é</strong>trica.<br />
Este circuito dedicado, para al<strong>é</strong>m das escolas,<br />
contempla outras entidades públicas, como os<br />
estabelecimentos prisionais de Sintra e da Carregueira,<br />
os regimentos de Artilharia Antia<strong>é</strong>rea<br />
(Queluz) e de Comandos (Belas) e a Escola da<br />
Guarda (Queluz), assim como outras instituições<br />
de cariz social e educativo como a Associação de<br />
Pais e Amigos de Deficientes Profundos, Aldeia<br />
de Santa Isabel, Casa de Saúde da Idanha, Casa<br />
de Saúde do Telhal, CERCITOP, Col<strong>é</strong>gio do Ramalhão<br />
e Fundação Cardeal Cerejeira. Tamb<strong>é</strong>m<br />
empresas de maior dimensão, como a Adreta<br />
Plásticos, a Essilor, a Estêvão Luís Salvador, a Mercedes-Benz<br />
e a Wurth, integram este circuito, que<br />
abrange ainda o Hotel Pestana Sintra Golf (Beloura)<br />
e o Hotel Vila Gal<strong>é</strong> Sintra.<br />
CONTACTOS<br />
Av. Movimento das Forças<br />
Armadas, 16 Portela de Sintra<br />
2714-503 Sintra<br />
+351 219 119 000<br />
geral@smas-sintra.pt<br />
www.smas-sintra.pt<br />
ÁGUA POTÁVEL<br />
E SANEAMENTO<br />
CIDADES E<br />
COMUNIDADES<br />
SUSTENTÁVEIS<br />
ACÇÃO<br />
CLIMÁTICA<br />
PROTEGER A<br />
VIDA TERRESTRE<br />
INDÚSTRIA,<br />
INOVAÇÃO E<br />
INFRAESTRUTURAS<br />
PRODUÇÃO E<br />
CONSUMO<br />
SUSTENTÁVEIS<br />
PROTEGER A<br />
VIDA MARINHA<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
58<br />
\\ DIRETÓRIO \\<br />
BOARD<br />
AQUAPOR APOSTA EM TECNOLOGIA<br />
PARA OTIMIZAR RECOLHA DE RESÍDUOS<br />
Carlos Rodrigues<br />
Presidente do Conselho de<br />
Administração da Luságua<br />
Serviços Ambientais, SA<br />
D<br />
esde o ínicio de 2023, a Aquapor tem vindo a<br />
apostar na utilização de tecnologia para tornar<br />
o serviço de gestão e recolha de resíduos<br />
mais eficiente. Atrav<strong>é</strong>s da sua empresa Luságua,<br />
tem implementado em diferentes regiões do país<br />
o projeto <strong>Resíduos</strong> Smart+, que contribui ainda<br />
para reduzir o impacto ambiental do serviço.<br />
O projeto utiliza um software de controlo operacional<br />
que permite a otimização de rotas e<br />
serviços, o que contribui para a poupança dos<br />
custos de recolha, do número de quilómetros<br />
percorridos e dos gastos em combustível.<br />
Significa isto que, ao contrário do modelo tradicional<br />
em que os circuitos e a frequência das recolhas<br />
são pr<strong>é</strong>-definidos e fixos, com o <strong>Resíduos</strong><br />
Smart+ <strong>é</strong> possível adaptar as rotas de recolha de<br />
acordo com as reais necessidades.<br />
Com uma forte componente sustentável, o projeto<br />
utiliza água não<br />
potável para os serviços<br />
de lavagem de<br />
arruamentos e contentores,<br />
e equipamentos<br />
com recirculação<br />
de água que<br />
permitem a poupança<br />
deste recurso.<br />
Em paralelo, o <strong>Resíduos</strong><br />
Smart+ participa<br />
num conjunto<br />
de iniciativas na<br />
área da sustentabilidade,<br />
como o Projeto Bluebiotech, inserido no<br />
Pacto da Bioeconomia Azul, em que recolhe redes<br />
de pesca dos portos do Algarve, geridos pela<br />
Doca Pesca, sendo posteriormente encaminhadas<br />
para a produção de novas fibras têxteis.<br />
A recolha seletiva dos biorresíduos <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m<br />
uma aposta da Aquapor, que contribui assim<br />
para o cumprimento das metas nacionais e comunitárias<br />
de valorização de resíduos biodegradáveis<br />
e de desvio de resíduos enviados para<br />
aterro.<br />
Numa altura em que a gestão dos resíduos assume,<br />
mais do que nunca, um papel crucial na<br />
preservação do meio ambiente, o projeto <strong>Resíduos</strong><br />
Smart+ reflete a aposta da Aquapor no<br />
desenvolvimento de soluções inovadoras que<br />
contribuam ativamente para um futuro mais<br />
sustentável.<br />
CONTACTOS<br />
+351 217 928 670<br />
info@residuossmartmais.pt<br />
www.residuossmartmais.pt<br />
ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />
/ Recolha e transporte de <strong>Resíduos</strong>, Mo<strong>nos</strong><br />
e Verdes<br />
/ Recolha Seletiva de Bioresíduos<br />
/ Lavagem e Desinfecção de Arruamentos<br />
/ Manutenção e Lavagem de Contentores<br />
/ Serviços de Limpeza e Higiene Urbana<br />
/ Corte de Ervas e Aplicação de Herbicida<br />
/ Serviços Diários de Fiscalização<br />
/ Gestão e Vigilância de Ecocentros<br />
/ Sensibilização e Educação Ambiental<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
59<br />
BOARD<br />
POR UM MELHOR AMANHÃ<br />
Trabalhamos diariamente para construir um futuro mais<br />
sustentável e contribuir para a qualidade de vida das pessoas.<br />
A<br />
EcoAmbiente tem como visão tornar-se um grupo<br />
empresarial de referência na área do ambiente.<br />
O foco principal da empresa <strong>é</strong> oferecer soluções<br />
inovadoras e de excelência de forma integrada,<br />
sempre no âmbito da economia verde, promovendo<br />
um futuro mais sustentável.<br />
A empresa compromete-se a cuidar e preservar o<br />
meio ambiente com o objetivo de melhorar a qualidade<br />
de vida dos seus colaboradores e clientes. Este<br />
compromisso <strong>é</strong> sempre orientado por uma cultura<br />
de crescimento sustentável. Atualmente, a empresa<br />
conta com mais de 1350 colaboradores, promovendo<br />
a descentralização da responsabilidade e autonomia<br />
das suas equipas. Cada projeto <strong>é</strong> gerido de forma<br />
única, o que contribui para a satisfação dos clientes,<br />
uma prioridade fundamental para a companhia. O<br />
investimento contínuo no desenvolvimento pessoal<br />
e profissional dos colaboradores tem sido um dos<br />
principais focos da empresa, a qualificação e especialização<br />
das equipas são encaradas como fatores<br />
essenciais para a melhoria constante da qualidade<br />
dos serviços prestados. Não me<strong>nos</strong> importante <strong>é</strong> a<br />
satisfação e a motivação dos colaboradores, fatores<br />
essenciais para o sucesso das atividades da empresa.<br />
A formação contínua, tanto interna quanto externa,<br />
<strong>é</strong> fortemente incentivada, e a empresa busca ser uma<br />
referência nas comunidades onde atua.<br />
A EcoAmbiente dispõe de uma vasta frota de viaturas<br />
que garante a eficiência e adequação dos serviços<br />
oferecidos aos seus clientes. Diariamente, mais de<br />
200 camiões operam na recolha de resíduos, assegurando<br />
uma operação de qualidade. A renovação e<br />
o reforço constante dos equipamentos são tamb<strong>é</strong>m<br />
prioridades da empresa, que busca estar sempre preparada<br />
para responder adequadamente a todos os<br />
desafios. A empresa assume, em parceria com os seus<br />
clientes, a responsabilidade de cuidar e preservar o<br />
meio ambiente, alinhada com os princípios da economia<br />
verde e da sustentabilidade.<br />
O compromisso com a qualidade <strong>é</strong> acompanhado<br />
pelo respeito aos mais elevados padrões de segurança,<br />
sempre privilegiando ações preventivas que visem<br />
a proteção da saúde, a preservação do ambiente e o<br />
respeito pela sociedade. A EcoAmbiente valoriza<br />
atitudes proativas e inovadoras, premiando o envolvimento<br />
e o compromisso com os objetivos da empresa.<br />
A participação ativa na redução de impactos<br />
ambientais negativos, atrav<strong>é</strong>s de campanhas de sensibilização,<br />
<strong>é</strong> uma das formas pelas quais a EcoAmbiente<br />
se destaca como uma empresa comprometida<br />
com o futuro sustentável.<br />
H<strong>é</strong>lder Baptista<br />
CEO<br />
CONTACTOS<br />
Parque Industrial da Abrunheira<br />
Quinta do Lavi, Edifício 2<br />
2710-089 Sintra, Portugal<br />
t. +351 219 156 090<br />
geral@ecoambiente.pt<br />
www.ecoambiente.pt<br />
ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />
/ Recolha e Transporte de <strong>Resíduos</strong><br />
/ Lavagem e Manutenção de Contentores<br />
/ Aluguer Operacional de Viaturas<br />
/ Limpeza Urbana<br />
/ Limpeza de Praias<br />
/ Serviços Florestais<br />
/ Conceção, Construção e Manutenção de<br />
Espaços Verdes<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
60<br />
\\ DIRETÓRIO \\<br />
BOARD<br />
SUSTENTABILIDADE, SEGURANÇA<br />
E INOVAÇÃO<br />
A<br />
EGF <strong>é</strong> uma empresa de referência<br />
no setor ambiental europeu<br />
e líder no tratamento e<br />
valorização de resíduos em Portugal.<br />
Integrada no Grupo MOTA-<br />
-ENGIL, <strong>é</strong> responsável por assegurar<br />
o tratamento e valorização de<br />
resíduos, da forma ambientalmente<br />
mais correta e economicamente<br />
sustentável, contribuindo para a<br />
melhoria da qualidade de vida e do<br />
ambiente.<br />
A gestão dos sistemas de tratamento<br />
e valorização de resíduos <strong>é</strong> feita<br />
atrav<strong>é</strong>s de 11 empresas concessionárias<br />
(Algar, Amarsul, Ersuc, Resiestrela, Resinorte,<br />
Resulima, Suldouro, Valorlis, Valorminho,<br />
Valnor, Valorsul), constituídas em parceria com<br />
os municípios servidos, que processam anualmente<br />
cerca de 3,3 milhões de toneladas de resíduos<br />
urba<strong>nos</strong> (RU), servindo uma população<br />
de 6,3 milhões de pessoas distribuídas por 174<br />
municípios, numa área equivalente a 60% do território<br />
em Portugal.<br />
Para al<strong>é</strong>m de dar valor aos resíduos, a EGF valoriza<br />
a qualidade de vida das pessoas, garantindo que<br />
os resíduos gerados são utilizados como recursos<br />
ou encaminhados para o destino mais adequado<br />
no âmbito da economia circular. Com o reforço<br />
da sua integração no Grupo MOTA-ENGIL, a<br />
EGF possui recursos com potencialidades a serem<br />
exploradas, num contexto de inovação que<br />
permitirá, num futuro que estamos a construir,<br />
melhorar a qualidade de vida das populações.<br />
Atrav<strong>é</strong>s da EGF, <strong>é</strong> possível garantir a valorização<br />
de resíduos de forma segura e sustentável nas suas<br />
várias áreas de atuação, assegurando elevados padrões<br />
ambientais, práticas sociais exemplares e a<br />
criação de valor, posicionando a empresa como<br />
um farol de inovação e uma referência ambiental.<br />
No âmbito de atuação da EGF, os resíduos são<br />
considerados um recurso, quer seja como mat<strong>é</strong>ria-prima<br />
para reciclagem, composto para a agricultura<br />
ou energia el<strong>é</strong>trica exportada para a rede<br />
el<strong>é</strong>trica nacional.<br />
ÁREA DE ATUAÇÃO<br />
/ Recolha, tratamento e valorização de resíduos e<br />
recursos.<br />
Emídio Pinheiro<br />
Presidente do Conselho<br />
de Administração<br />
CONTACTOS<br />
EGF<br />
Empresa Geral do Fomento, S.A.<br />
Rua Mário Dionísio, N. º2<br />
2799-557 Linda-a-Velha<br />
t. +351 214 158 200<br />
(chamada para a rede fixa nacional)<br />
egf@egf.pt<br />
www.egf.pt<br />
www.linkedin.com/company/<br />
egf-environment-global-facilities/<br />
www.facebook.com/egf.pt<br />
www.instagram.com/egf_pt/<br />
800 911 400<br />
(chamada gratuita para pedidos de informação,<br />
dúvidas, reclamações e pedidos<br />
de serviço).<br />
atendimento@linhadareciclagem.pt<br />
www.linhadareciclagem.pt<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
61<br />
EQUIPA EXECUTIVA<br />
UMA VISÃO MULTIFLUXO PARA A<br />
GESTÃO DE RESÍDUOS EM PORTUGAL<br />
O<br />
ELECTRÃO foi constituído em 2005 para a<br />
gestão de equipamentos el<strong>é</strong>ctricos usados em<br />
Portugal, em representação das suas 60 empresas<br />
associadas fundadoras na recolha e reciclagem<br />
destes resíduos. Em 2009, alargava o âmbito<br />
da sua actuação à gestão das pilhas e baterias usadas<br />
e, em 2018, iniciava a actividade na gestão de<br />
embalagens usadas, tornando-se a primeira entidade<br />
gestora a actuar em Portugal com participação<br />
em três dos principais sistemas de fim de vida<br />
de resíduos. Actualmente merece a confiança de<br />
cerca de duas mil empresas, nacionais e estrangeiras,<br />
que transferem todos os a<strong>nos</strong> para o ELEC-<br />
TRÃO a responsabilidade pela gestão de fim de<br />
vida dos respectivos produtos e embalagens que<br />
colocam no mercado, em Portugal, servindo muitas<br />
destas empresas em mais do que um sistema<br />
integrado de reciclagem.<br />
O ELECTRÃO tem a expectativa de que os plásticos<br />
de uso único venham a ser, a curto prazo, o<br />
quarto sistema de responsabilidade alargada do<br />
produtor em que marcará presença atrav<strong>é</strong>s da<br />
associação ÚNICO, fundada para a gestão deste<br />
fluxo de resíduos com algumas das principais empresas<br />
produtoras.<br />
Muitos dos projectos que tem desenvolvido, no âmbito<br />
desta estrat<strong>é</strong>gia, são críticos para a separação<br />
para reciclagem de diferentes fluxos e para o cumprimento<br />
das respectivas metas ambientais estabelecidas.<br />
Sem uma visão e uma abordagem de gestão<br />
multifluxo integrada de resíduos não teriam sido desenvolvidos.<br />
Os resíduos urba<strong>nos</strong> e não urba<strong>nos</strong> que Portugal tem<br />
que necessariamente separar para reciclagem vão<br />
continuar a ser, infelizmente, produzidos e recolhidos<br />
de forma misturada integrando diferentes famílias de<br />
resíduos – el<strong>é</strong>ctricos, pilhas, mobílias, embalagens,<br />
têxteis. O ELECTRÃO responde a este desafio de<br />
forma eficaz e custo eficiente com a continuada aposta<br />
estrat<strong>é</strong>gica de desenvolvimento da sua vocação de<br />
gestão multifluxo de resíduos.<br />
A confiança que tem vindo a merecer das empresas<br />
produtoras que serve tem-se traduzido em iniciativas<br />
conjuntas para o desenvolvimento e implementação<br />
destes novos sistemas. Vai por isso continuar a desenvolver<br />
a actividade explorando as diferentes sinergias<br />
operacionais que existem entre sistemas de reciclagem<br />
e beneficiar das economias de escala e de gama<br />
que daqui decorrem, melhorando a competitividade<br />
da proposta de valor que oferece às empresas.<br />
Pedro Nazareth<br />
CEO<br />
Ricardo Furtado<br />
Director Geral para os El<strong>é</strong>ctricos<br />
e Pilhas<br />
CONTACTOS<br />
Rua Afonso Praça 6<br />
1400-402 Lisboa<br />
t. +351 214 169 020<br />
geral@electrao.pt<br />
www.electrao.pt<br />
ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />
/ Entidade gestora de embalagens, pilhas<br />
e equipamentos el<strong>é</strong>ctricos usados<br />
CIDADES E<br />
COMUNIDADES<br />
SUSTENTÁVEIS<br />
PRODUÇÃO<br />
E CONSUMO<br />
SUSTENTÁVEIS<br />
ACÇÃO<br />
CLIMÁTICA<br />
PROTEGER A<br />
VIDA MARINHA<br />
PROTEGER<br />
A VIDA<br />
TERRESTRE<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
62 \\ DIRETÓRIO \\<br />
UMA EMPRESA FOCADA NA PROMOÇÃO<br />
DA CIRCULARIDADE<br />
N<br />
a MC, acreditamos que o <strong>nos</strong>so propósito <strong>é</strong> democratizar<br />
o acesso a uma cesta saudável e sustentável,<br />
assegurando que hoje estamos a construir<br />
um futuro que respeita as Pessoas, as Comunidades<br />
e o Planeta. Os <strong>nos</strong>sos valores guiam as <strong>nos</strong>sas ações<br />
diárias, tamb<strong>é</strong>m na promoção da circularidade, uma<br />
dimensão cada vez mais visível nas <strong>nos</strong>sas operações,<br />
atrav<strong>é</strong>s da qual incentivamos a prevenção da produção<br />
de desperdício e a valorização de resíduos.<br />
Em 2023, gerimos mais de 73 mil toneladas de resíduos,<br />
atingindo uma taxa de valorização de 83,5%.<br />
No entanto, continuamos empenhados em introduzir<br />
melhorias constantes nas operações para garantir<br />
uma triagem e encaminhamento mais eficazes dos<br />
resíduos recicláveis e dos biorresíduos.<br />
Apesar de tudo, reconhecemos que ainda enfrentamos<br />
limitações ao nível dos serviços de recolha e das<br />
infraestruturas de valorização de resíduos urba<strong>nos</strong>,<br />
o que condiciona tamb<strong>é</strong>m a evolução da separação<br />
destes fluxos.<br />
INICIATIVAS DE SUCESSO<br />
Na MC, estamos comprometidos em promover<br />
comportamentos sustentáveis junto do consumidor.<br />
No campo da circularidade, um exemplo <strong>é</strong> a<br />
implementação do conceito Ecospot nas <strong>nos</strong>sas lojas<br />
– pontos de recolha de cápsulas de caf<strong>é</strong>,<br />
pilhas, rolhas de cortiça, roupa, baterias,<br />
lâmpadas, óleos alimentares usados e<br />
peque<strong>nos</strong> equipamentos el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos.<br />
Estes materiais são posteriormente<br />
encaminhados para valorização,<br />
respondendo à crescente necessidade de<br />
conveniência na prestação de serviços de<br />
economia circular. No caso específico das<br />
cápsulas de caf<strong>é</strong> multimarca, só no primeiro<br />
semestre de <strong>2024</strong> já encaminhámos para valorização<br />
23 toneladas, o que reflete o sucesso desta<br />
iniciativa.<br />
Outras ações de sucesso incluem, por exemplo, a<br />
iniciativa de recolha de embalagens de plástico de iogurte<br />
e similares, com o objetivo de avaliar a exequibilidade<br />
t<strong>é</strong>cnica, económica e social da recolha e valorização<br />
destas embalagens, cujo material (PP e PS)<br />
não segue ainda uma solução totalmente circular.<br />
Para incentivar a entrega destes materiais, as 11 lojas<br />
onde o projeto se econtra a decorrer vão doar três euros,<br />
por cada kg de plástico recolhido, aos seus agrupamentos<br />
de escolas locais.<br />
Destaca-se tamb<strong>é</strong>m o Cadernão - uma iniciativa que<br />
tem tido grande sucesso no momento de preparação<br />
para o regresso às aulas - atrav<strong>é</strong>s do qual a MC se<br />
compromete a plantar 20 árvores por cada tonelada<br />
de papel recolhido durante a campanha e encaminhado<br />
para reciclagem. Em 2023, foram valorizadas<br />
155 toneladas de papel, resultando na plantação de<br />
3.100 árvores.<br />
Estas iniciativas demonstram o compromisso da MC<br />
em liderar com impacto, sempre em busca de novas<br />
oportunidades para fazer a diferença e influenciar<br />
positivamente os outros com a força das <strong>nos</strong>sas ideias<br />
e ações.<br />
Constança Neiva Correia<br />
B2B Circularity Area<br />
Coordinator<br />
CONTACTOS<br />
MCretail, SGPS, S.A.<br />
Rua João Mendonça, nº 529<br />
4464-501 Senhora da Hora,<br />
Matosinhos<br />
+351 229 561 899<br />
rpsonaemc@mc.pt<br />
ERRADICAR<br />
A FOME<br />
REDUZIR AS<br />
DESIGUALDADES<br />
PROTEGER A<br />
VIDA MARINHA<br />
TRABALHO DIGNO<br />
E CRESCIMENTO<br />
ECONÓMICO<br />
PRODUÇÃO<br />
E CONSUMO<br />
SUSTENTÁVEIS<br />
PROTEGER<br />
A VIDA<br />
TERRESTRE<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
63<br />
BOARD<br />
António Nogueira Leite<br />
Presidente do Conselho de<br />
Administração da SPV<br />
A SUSTENTABILIDADE É UM PILAR<br />
CENTRAL NA NOSSA MISSÃO E ATIVIDADE<br />
Ana Trigo Morais<br />
CEO/Administradora Delegada da SPV<br />
ASociedade Ponto Verde (SPV) tem como<br />
missão organizar e gerir a retoma e valorização<br />
dos resíduos de embalagens, atrav<strong>é</strong>s<br />
do Sistema Integrado de Gestão de <strong>Resíduos</strong> de<br />
Embalagens (SIGRE), contribuindo para a promoção<br />
da Economia Circular e o país alcançar as<br />
metas da reciclagem com as quais está comprometido.<br />
Estamos ao serviço de Portugal e dos portugueses,<br />
e, por isso, cooperamos a nível nacional, regional e<br />
setorial com todos os intervenientes desta cadeia<br />
de valor, apoiando na conceção de embalagens<br />
mais circulares em todo o seu ciclo de vida e propondo<br />
novas formas para melhorar os processos<br />
de recolha - em qualidade e conveniência -, separação<br />
e tratamento. Junto da população, procuramos<br />
sensibilizar e dar conhecimento para incentivar<br />
a que sejam mais participativos no processo<br />
da separação correta<br />
dos resíduos utilizados,<br />
gerando mais e<br />
melhor reciclagem de<br />
embalagens.<br />
A SPV está fortemente<br />
comprometida com<br />
a I&D e Inovação, com<br />
grande aposta na prevenção<br />
de resíduos e<br />
para que sejam concebidas<br />
embalagens mais<br />
sustentáveis e circulares,<br />
tendo por base as<br />
melhores práticas de ecodesign – este <strong>nos</strong>so compromisso<br />
materializa-se, por exemplo, na plataforma<br />
digital Ponto Verde Lab; e com a Literacia<br />
Ambiental e a Cidadania Ativa, pelo que desenvolvemos<br />
um grande trabalho de sensibilização,<br />
comunicação e educação junto dos cidadãos sobre<br />
a importância da reciclagem de embalagens<br />
e da adoção de práticas mais sustentáveis. Nesta<br />
estrat<strong>é</strong>gia estão incluídas a Academia Ponto Verde,<br />
a app Acerta e Recicla, a presença em festivais<br />
de Música e eventos desportivos e o Junta-te ao<br />
Gervásio.<br />
A SPV <strong>é</strong> uma empresa privada, Sociedade Anónima,<br />
que não distribui lucros aos seus acionistas.<br />
É líder de mercado e serve atualmente 8.200<br />
clientes entre micro, pequenas, m<strong>é</strong>dias e grandes<br />
empresas.<br />
CONTACTOS<br />
Rua João Chagas, 53, 1ºDTO<br />
1495-764 Cruz Quebrada<br />
t. +351 210 102 400<br />
www.pontoverde.pt<br />
www.pontoverdelab.pt<br />
ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />
/ Inovação<br />
/ Educação Ambiental<br />
/ Comunicação & Sensibilização<br />
/ Investigação & Desenvolvimento<br />
/ Gestão de resíduos de embalagens<br />
/ Sustentabilidade<br />
INDÚSTRIA,<br />
INOVAÇÃO E<br />
INFRAESTRUTURAS<br />
PRODUÇÃO<br />
E CONSUMO<br />
SUSTENTÁVEIS<br />
CIDADES E<br />
COMUNIDADES<br />
SUSTENTÁVEIS<br />
PARCERIAS PARA<br />
A IMPLEMENTAÇÃO<br />
DE OBJECTIVOS<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
64<br />
\\ DIRETÓRIO \\<br />
BOARD<br />
EMPRESA DE CONFIANÇA<br />
HÁ 30 ANOS<br />
ASUMA <strong>é</strong> uma referência há 30 a<strong>nos</strong> na gestão<br />
de resíduos urba<strong>nos</strong> e de limpeza pública em<br />
Portugal, assim como <strong>nos</strong> mercados internacionais<br />
em que opera. Com um perfil ímpar, e<br />
apoiada <strong>nos</strong> alicerces sólidos da Mota-Engil, conjuga<br />
à missão de construir um ambiente melhor,<br />
a de se tornar, ainda mais, a entidade parceira de<br />
confiança, segura e líder quanto à sustentabilidade,<br />
valorização de recursos, salubridade pública e<br />
promoção da educação ambiental.<br />
A SUMA existe desde 1994. Em 1996, iniciou<br />
a prestação de serviços a um município, e atualmente<br />
serve cerca de 40% dos municípios nacionais<br />
que recorrem à prestação de serviços exter<strong>nos</strong>,<br />
ao nível da recolha de resíduos e da limpeza<br />
urbana; e mais de 60%<br />
dos municípios nacionais,<br />
na gestão e tratamento<br />
de resíduos; e<br />
apoia dezenas de municípios<br />
na comunicação<br />
ambiental para a<br />
redução da produção<br />
de resíduos e reutilização<br />
de recursos. Ao<br />
nível internacional,<br />
prossegue a sua estrat<strong>é</strong>gia<br />
de crescimento<br />
sustentado e de implementação<br />
<strong>nos</strong> mercados<br />
al<strong>é</strong>m-fronteiras,<br />
com contratos efetivos<br />
em Angola, Brasil, Moçambique e Omã.<br />
A capacidade permanente de inovação e de adaptação<br />
às necessidades emergentes do setor e das<br />
populações, o pioneirismo na existência de valências<br />
internas especializadas em áreas-chave para<br />
otimização dos serviços - como a educação, a<br />
tecnologia e o planeamento -, a aposta na capacidade<br />
t<strong>é</strong>cnica do seu capital humano, e a credibilidade<br />
publicamente reconhecida e atestada - com<br />
a atribuição de distinções múltiplas ao longo dos<br />
a<strong>nos</strong> de atividades -, anteveem a longevidade e a<br />
continuidade da seleção desta marca para o serviço<br />
ao ambiente e às populações.<br />
Manuel Costa<br />
Presidente do Conselho<br />
de Administração<br />
CONTACTOS<br />
SUMA<br />
Rua Mário Dionísio, N. º2<br />
2799-557 Linda-a-Velha<br />
t. +351 217 997 700<br />
geral@suma.pt<br />
www.linkedin.com/company/suma<br />
ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />
/ Recolha de <strong>Resíduos</strong><br />
/ Limpeza Pública<br />
/ Gestão e Tratamento de <strong>Resíduos</strong><br />
/ Laboratório<br />
/ Educação Ambiental<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
65<br />
BOARD<br />
35 ANOS A ASSEGURAR O TRATAMENTO<br />
E A VALORIZAÇÃO DOS RESÍDUOS URBANOS<br />
A<br />
TRATOLIXO <strong>é</strong> uma empresa intermunicipal<br />
de capitais integralmente públicos, detida<br />
em 100% pela Associação de Municípios<br />
de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra (AMTRES)<br />
para o Tratamento de resíduos urba<strong>nos</strong>.<br />
Criada em 1989, a TRATOLIXO abrange uma<br />
área geográfica de 753 Km², incluindo 31 freguesias,<br />
presta serviço a uma população mais de<br />
860 mil habitantes, o que constitui 8% do total<br />
nacional em termos populacionais, sendo o terceiro<br />
maior Sistema, em termos de produção de<br />
resíduos.<br />
A TRATOLIXO trata anualmente mais de 470<br />
mil toneladas de resíduos urba<strong>nos</strong>, aos quais<br />
acresce os resíduos de entidades particulares.<br />
Tem como missão assegurar o tratamento e a<br />
valorização dos resíduos urba<strong>nos</strong>, tendo sempre<br />
em consideração os princípios da Sustentabilidade.<br />
A empresa <strong>é</strong> responsável pelo tratamento,<br />
deposição final, recuperação e reciclagem de<br />
resíduos, e pela comercialização dos materiais<br />
transformados, bem como por outras prestações<br />
de serviços no domínio dos resíduos.<br />
Com 35 a<strong>nos</strong> de experiência, uma das suas prioridades<br />
tem sido a procura constante de novas<br />
soluções de tratamento, com forte aposta na<br />
Inovação & Tecnologia. Um dos mais recentes<br />
investimentos <strong>é</strong> a nova Unidade de Tratamento<br />
Mecânico com Separação Óptica Automática<br />
de Sacos com Biorresíduos, situada no Ecoparque<br />
de Trajouce, em Cascais. Este projeto, pioneiro<br />
em Portugal, permite a redução da deposição<br />
dos resíduos urba<strong>nos</strong> em aterro – indo ao<br />
encontro dos objetivos do Plano Nacional de<br />
Gestão de <strong>Resíduos</strong> – e capacita a TRATOLI-<br />
XO para tratar a totalidade de biorresíduos produzidos<br />
<strong>nos</strong> referidos concelhos. Está integrado<br />
numa operação conjunta de 10 milhões de euros<br />
(que engloba ainda uma nova portaria operacional<br />
e o aumento da capacidade da Central de<br />
Digestão Anaeróbia) e representa um investimento<br />
de 5 milhões de euros, com o co-financiamento<br />
do POSEUR em 85%.<br />
A visão de estrat<strong>é</strong>gia da TRATOLIXO baseia-se<br />
no pressuposto de garantir um funcionamento<br />
operacional otimizado e assente em metodologias<br />
certificadas, promovendo anualmente a melhoria<br />
contínua da atividade desenvolvida nas<br />
suas infraestruturas, de modo a maximizar a recuperação<br />
de produtos valorizáveis e minimizar<br />
os refugos operacionais. Este trabalho <strong>é</strong> de primordial<br />
importância para o cumprimento das<br />
metas de gestão de resíduos do PERSU 2030.<br />
Nuno Soares<br />
Presidente do Conselho<br />
de Administração da TRATOLIXO<br />
CONTACTOS<br />
Ecoparque da Trajouce<br />
Estrada 5 de Junho, nº 1 - Trajouce<br />
2785-155 São Domingos de Rana<br />
+351 214 459 500<br />
https://www.tratolixo.pt/<br />
residuos@tratolixo.pt<br />
ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />
/ Tratamento de resíduos<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
66 \\ DIRETÓRIO \\<br />
LISTAGEM<br />
GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS: SERVIÇO<br />
PÚBLICO ESSENCIAL E GARANTE DA SAÚDE<br />
PÚBLICA E DA QUALIDADE DO AMBIENTE<br />
AESGRA – Associação para a Gestão de <strong>Resíduos</strong>, <strong>é</strong> uma associação privada<br />
sem fins lucrativos, criada em 2009 com a missão de promover o exercício<br />
da atividade de gestão de resíduos urba<strong>nos</strong>, alinhado com um modelo de<br />
desenvolvimento estrat<strong>é</strong>gico e sustentável, de modo a contribuir para a contínua<br />
melhoria da saúde pública e do ambiente, bem como para a transição para<br />
um modelo de economia circular.<br />
A ESGRA representa atualmente 15 entidades, 14 das quais Sistemas de Gestão<br />
de <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> (SGRU), no Continente e nas Regiões Autónomas<br />
dos Açores e da Madeira – uma área de 41 850 Km2 (45% do Total Nacional)<br />
e uma população de 4 091 Milhões de habitantes (39%), correspondente a 2<br />
137 694 toneladas de resíduos por ano (40%), produzidos <strong>nos</strong> Municípios que<br />
constituem a área de intervenção dos seus Associados.<br />
Na União Europeia, a ESGRA integra a Municipal Waste Europe (MWE),<br />
associação europeia sediada em Bruxelas que representa o setor de gestão de<br />
resíduos urba<strong>nos</strong> de responsabilidade pública e <strong>é</strong> interveniente formal junto das<br />
instituições comunitárias no âmbito dos procedimentos legislativos em mat<strong>é</strong>ria<br />
de resíduos.<br />
ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />
/ Gestão de resíduos urba<strong>nos</strong><br />
BOARD<br />
CONTACTOS<br />
Paulo Praça<br />
Presidente da Direção<br />
Cátia Borges<br />
Vice-presidente da Direção<br />
Rua Rodrigues Sampaio, nº 19, 5º A<br />
1150-278 Lisboa<br />
+351 214 240 221<br />
geral@esgra.pt / www.esgra.pt<br />
Carlos de Andrade Botelho<br />
Vice-presidente da Direção<br />
Carla Velez<br />
Secretária Geral<br />
Abrantaqua<br />
Urbanização dos Pláta<strong>nos</strong>,<br />
Lote 2-D, Loja B<br />
2200-025 Abrantes<br />
t. 241 331 562<br />
e. geral@abrantaqua.pt<br />
w. www.abrantaqua.pt<br />
Agere , Empresa de Águas<br />
Efluentes e <strong>Resíduos</strong><br />
de Braga E.M<br />
Praça Conde Agrolongo, 115<br />
4700-312 Braga<br />
t. 253 205 000<br />
e. agere@agere.pt<br />
w. agere.pt<br />
Água São Martinho<br />
Rua Nova da Telha, 327<br />
4821-909 Fafe<br />
t. 253 459 000<br />
e. geral@aguasmartinho.com<br />
w. www.aguasmartinho.com<br />
Águas da Azambuja<br />
Rua Teodoro Jos<strong>é</strong> da Silva, 37<br />
2050-335 Azambuja<br />
t. 263 002 470<br />
e. geral@aguasdaazambuja.pt<br />
w. www.aguasdaazambuja.pt<br />
Águas da Covilhã<br />
Rua Ruy Faleiro, n.º 111<br />
6201-905 Covilhã<br />
t. 275 310 810<br />
e. geral@aguasdacovilha.pt<br />
w. www.aguasdacovilha.pt<br />
Águas da Figueira<br />
Rua Dr. Mendes Pinheiro<br />
3080-032 Figueira da Foz<br />
t. 233 401 450<br />
e. geral@aguasdafigueira.com<br />
w. www.aguasdafigueira.com<br />
Águas da Região de Aveiro<br />
Travessa Rua da Paz nº 4<br />
3800-587 Aveiro<br />
t. 234 910 200<br />
e. adra@adp.pt<br />
w. www.adra.pt<br />
Águas da Serra<br />
Rua Senhora da Estrela, 20<br />
6200-454 Boidobra<br />
t. 275 313 260<br />
e. aguasdaserra@ags.pt<br />
w. www.aguasdaserra.pt<br />
Águas da Teja<br />
Av.ª Comunidades Europeias<br />
N.º 39<br />
6420-044 Trancoso<br />
t. 271 829 000<br />
e. aguasdateja@aguasdateja.pt<br />
w. www.aguasdateja.org<br />
Águas de Alenquer<br />
Rua Sacadura Cabral,<br />
22 C - R/C<br />
2580-371 Alenquer<br />
t. 263 731 217<br />
e. geral@aguasdealenquer.pt<br />
w. www.aguasdealenquer.pt<br />
Águas de Barcelos<br />
Rua Rosa Ramalho, n.º 9/A<br />
4750-331 Barcelos<br />
t. 253 813 814<br />
e. geral@aguasdebarcelos.pt<br />
w. www.aguasdebarcelos.pt<br />
Águas de Carrazeda<br />
Rua Vitor Guilhar, 90 - 92<br />
5140-103 Carrazeda de Ansiães<br />
t. 278 617 736<br />
e. geral@aguasdecarrazeda.pt<br />
w. www.cm-carrazedadeansiaes.pt<br />
Águas de Cascais<br />
Estrada da Malveira, 1237<br />
Aldeia de Juso,<br />
2750-836 Cascais<br />
t. 214 838 300<br />
e. geral@aguasdecascais.pt<br />
w. www.aguasdecascais.pt<br />
Águas de Coimbra<br />
Rua da Alegria, 111<br />
3000-018 Coimbra<br />
t. 239 096 000<br />
e. geral@aguasdecoimbra.pt<br />
w. www.aguasdecoimbra.pt<br />
Águas de Fafe<br />
Largo 1.º de Dezembro<br />
4820-142 Fafe<br />
t. 253 700 020<br />
e. geral@aguasdefafe.pt<br />
w. www.aguasdefafe.pt<br />
Águas de Gaia<br />
Rua 14 de Outubro, 343<br />
4431-954 Vila Nova de Gaia<br />
t. 223 770 460<br />
e. info@aguasgaia.pt<br />
w. www.aguasdegaia.pt<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
67<br />
Águas de Gondomar<br />
Rua 5 de Outubro, 112<br />
4420-086 Gondomar<br />
t. 224 660 200<br />
e. geral@aguasdegondomar.pt<br />
w. www.aguasdegondomar.pt<br />
Águas de Our<strong>é</strong>m<br />
Rua Dr. Francisco Sá Carneiro<br />
n.º 66 D – Loja A, 2490-548 Our<strong>é</strong>m<br />
t. 249 540 010<br />
e. aguas.ourem@bewater.com.pt<br />
w. www.ourem-bewater.com.pt<br />
Águas de Paços de Ferreira<br />
Rua Dr. Leão Meireles, 94<br />
4590-586 Paços de Ferreira<br />
t. 255 860 560<br />
e. geral@adpf.pt<br />
w. www.aguasdepacosferreira.pt<br />
Águas de Paredes<br />
Rua de Timor, 27,<br />
4580-015 Paredes<br />
t. 255 788 530<br />
e. aguas.paredes@bewater.com.pt<br />
w. www.paredes-bewater.com.pt<br />
Águas de Portugal<br />
Rua Visconde de Seabra, 3<br />
1700-421 Lisboa<br />
t. 212 469 400<br />
e. info@adp.pt<br />
w. www.adp.pt<br />
Águas de S. João<br />
Avenida da Liberdade<br />
Edifício da Câmara Municipal<br />
3701-956 S. Joao da Madeira<br />
t. 256 100 700<br />
e. geral@aguasdesjoao.pt<br />
w. www.aguasdesjoao.pt<br />
Águas de Santar<strong>é</strong>m<br />
Praça Visconde Serra do Pilar<br />
2001-904 Santar<strong>é</strong>m<br />
t. 243 305 050<br />
e. geral@aguasdesantarem.pt<br />
w. www.aguasdesantarem.pt<br />
Águas de Santo Andr<strong>é</strong><br />
Cerca da Água, Rua dos Cravos<br />
7500-999 Vila Nova de Santo Andr<strong>é</strong><br />
t. 269 708 240<br />
e. geral.adsa@adp.pt<br />
w. www.adsa.pt<br />
Águas de Valongo<br />
Av. 5 de Outubro, 306<br />
4440-503 Valongo<br />
t. 224 227 390<br />
e. aguas.valongo@bewater.com.pt<br />
w. www.valongo-bewater.com.pt<br />
Águas de Vila Real de Santo António<br />
Z. Ind. de V. R. de Santo António, Lt 46<br />
8900-216 Vila Real de Santo António<br />
t. 281 249 510<br />
e. advrsa.geral@aguas-vrsa.pt<br />
w. www.aguas-vrsa.pt<br />
Águas do Algarve<br />
Rua do Repouso, 10<br />
8000-302 Faro<br />
t. 289 899 070<br />
e. geral.ada@adp.pt<br />
w. www.aguasdoalgarve.pt<br />
Águas do Alto Alentejo<br />
Praça da República<br />
Edifício do Mercado Municipal<br />
7400-232 Ponte de Sor<br />
t. 242 001 040<br />
e. geral@aguasdoaltoalentejo.pt<br />
w. www.aguasdoaltoalentejo.pt<br />
Águas do Alto Minho<br />
Rua Frei Bartolomeu Mártires n.º 156<br />
4904-878 Viana do Castelo<br />
t. 258 806 900<br />
e. geral.adam@adp.pt<br />
Águas do Baixo Mondego e Gândara<br />
Rua Dr. Francisco Luís Coutinho Solar<br />
dos Pinas<br />
3140-256 Montemor-o-Velho<br />
t. 239 246 600<br />
e. geral@abmg.pt<br />
w. www.abmg.pt<br />
Águas do Centro Litoral<br />
ETA da Boavista<br />
Av. Dr. Luís Albuquerque<br />
3030-410 Coimbra<br />
t. 239 980 900<br />
e. geral.adcl@adp.pt<br />
w. www.aguasdocentrolitoral.pt<br />
Águas do Douro e Paiva<br />
Edifício Scala, Rua de Vilar, nº 235, 5º<br />
4050-626 Porto<br />
t. 226 059 300<br />
e. geral.addp@adp.pt<br />
w. www.addp.pt<br />
Águas do Interior Norte<br />
Av. Rainha Santa Isabel, n.º 1<br />
5000-434 Vila Real<br />
t. 309 101 101<br />
e. geral@adin.pt<br />
w. www.adin.pt<br />
Águas do Lena<br />
Rua Infante Dom Fernando Lt 10 - C<strong>é</strong>lula B<br />
2440-901 Batalha<br />
t. 244 764 080<br />
e. aguasdolena@aguasdolena.pt<br />
w. www.aguasdolena.pt<br />
A MUSAMI – Operações Municipais do Ambiente<br />
EIM, S.A., foi criada em dezembro de<br />
2006, detendo o Ecoparque da Ilha de São<br />
Miguel, para onde são encaminhados os resíduos<br />
sólidos urba<strong>nos</strong> dos seis concelhos<br />
da ilha: Lagoa, Ponta Delgada, Povoação,<br />
Ribeira Grande, Vila Franca do Campo e<br />
Nordeste.<br />
Nas suas instalações, são garantidas as<br />
respostas mais adequadas para os resíduos<br />
seletivos e indiferenciados, procurando<br />
sempre soluções de vanguarda em mat<strong>é</strong>ria<br />
de valorização de resíduos em toda a linha.<br />
CONTACTOS<br />
Rua Eng. Arantes e Oliveira, 15-B, 9600-228 Ribeira Grande, S. Miguel, Açores<br />
T. +351 296 472 990<br />
E. geral@musami.pt // W. www.musami.pt<br />
Águas do Marco<br />
Travessa Eng. Adelino Amaro Costa,<br />
nº 83 RC Dtº<br />
4630-231 Marco de Canaveses<br />
t. 255 538 350<br />
e. geral@aguasdomarco.pt<br />
w. www.aguasdomarco.pt<br />
Águas do Norte<br />
Rua Dom Pedro de Castro, n.º 1A<br />
5000-669 Vila Real<br />
t. 259 309 370<br />
e. geral.adnorte@adp.pt<br />
w. www.adnorte.pt<br />
Águas do Ribatejo<br />
Rua Gaspar Costa Ramalho, 38<br />
2120-098 Salvaterra de Magos<br />
t. 263 509 400<br />
e. geral@aguasdoribatejo.com<br />
w. www.aguasdoribatejo.com<br />
Águas do Tejo Atlântico<br />
ETAR de Alcantara, Avenida de Ceuta<br />
1300-254 Lisboa<br />
t. 213 107 900<br />
e. geral.adta@adp.pt<br />
w. www.aguasdotejoatlantico.adp.pt<br />
BOARD<br />
Carlos de Andrade Botelho<br />
Diretor Geral<br />
ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />
/ Gestão de <strong>Resíduos</strong><br />
Sólidos Urba<strong>nos</strong>.<br />
Águas do Vale do Tejo<br />
Rua Dr. Francisco Pissarra de Matos,<br />
nº.21, R/C, 6300-693 Guarda<br />
t. 271 225 317<br />
e. geral.advt@adp.pt<br />
w. www.advt.pt<br />
Águas do Vouga<br />
Estrada Nacional n.º1 Lugar Feira Nova<br />
3850-200 Albergaria-a-Velha<br />
t. 234 520 090<br />
e. avouga@aguasdovouga.pt<br />
w. www.aguasdovouga.pt<br />
Águas e Energia do Porto<br />
Rua Barão de Nova Sintra, 285<br />
4300-367 Porto<br />
t. 225 190 800<br />
e. geral@aguasdoporto.pt<br />
w. www.aguasdoporto.pt<br />
Águas Públicas da Serra da Estrela<br />
Praceta os 12 de Inglaterra,<br />
n.º 11<br />
6270-465 Seia<br />
t. 238 310 230<br />
e. geral@apdse.pt<br />
w. www.apdse.pt<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
68 \\ DIRETÓRIO \\<br />
Águas Públicas do Alentejo<br />
Rua Doutor Aresta Branco, nº 51<br />
7800-310 Beja<br />
t. 284 101 100<br />
e. geral.agda@adp.pt<br />
w. www.agda.pt<br />
Aldi Portugal<br />
Supermercados, Lda<br />
Rua Ponte dos Cavalos, 155<br />
2870-674 Montijo<br />
t. 800 420 800<br />
e. geral@aldi.pt<br />
w. www.aldi.pt<br />
ALG - Tratamento de Águas<br />
Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 25A<br />
4780-448 Santo Tirso<br />
t. 252 861 305<br />
e. geral@alg.pt<br />
w. www.alg.pt<br />
Ambiosfera Lda<br />
Edif. Sines Tecnopolo Z.I.L II Lt122-A<br />
7520-309 Sines<br />
t. 215 873 741<br />
e. geral@ambiosfera.com<br />
w. www.ambiosfera.com<br />
AMBIRUMO, Projetos Inovação<br />
e Gestão Ambiental, Lda.<br />
Av. General Norton de Matos, 63 E<br />
1495-148 Alg<strong>é</strong>s<br />
t. 213 978 255<br />
e. geral@ambirumo.pt<br />
w. www.ambirumo.pt<br />
Amorim Cork Composites, SA<br />
Rua de Meladas, 260<br />
4536-902 Mozelos<br />
t. 227 475 300<br />
e. acc@amorim.com<br />
w. amorimcorkcomposites.com/pt<br />
BeWater<br />
Avenida Conde Valbom, nº30- 3º<br />
1050-068 Lisboa<br />
t. 211 552 700<br />
e. bewater@bewater.com.pt<br />
w. www.bewater.com.pt<br />
Biorumo, Consultoria em Ambiente e<br />
Sustentabilidade, Lda.<br />
Rua do Carvalhido, 155, 4250-102 Porto<br />
t. 228 349 580<br />
e. geral@biorumo.com<br />
w. www.biorumo.com<br />
BioSmart, Soluções<br />
Ambientais, S.A.<br />
Rua de Tomar, n.º 80<br />
2495-185 Santa Catarina da Serra<br />
t. 244 749 100<br />
e. geral@biosmart.pt<br />
w. www.biosmart.pt<br />
Bondalti Chemicals, S.A<br />
Lagoas Park<br />
Edif. 6, 2º B<br />
2740-244 Porto Salvo<br />
t. 210 058 600<br />
e. bondalti@bondalti.com<br />
w. www.bondalti.com<br />
Central de Cervejas<br />
Estrada da Alfarrobeira<br />
2625-244 Vialonga<br />
t. 219 528 600<br />
e. scc@centralcervejas.pt<br />
w. www.centralcervejas.pt<br />
CELPA<br />
Associação da Indústria Papeleira<br />
Rua Marquês Sá da Bandeira,<br />
74 - 2.º, 1069-076 Lisboa<br />
t. 217 611 510<br />
e. celpa@celpa.pt<br />
w. www.celpa.pt<br />
Cimpor<br />
Indústria de Cimentos S.A<br />
Avª Jos<strong>é</strong> Malhoa, Nº22,<br />
Pisos 6 A<br />
111099-020 Lisboa<br />
t. 213 118 100<br />
e. geral@cimpor.com<br />
w. www.cimpor.pt<br />
Consulai, Consultoria<br />
Agro-Industrial Lda<br />
Rua Fernando Namora, Nº 28, 1º Esq.<br />
7800-502 Beja<br />
t. 284 098 214<br />
e. mkt_team@consulai.com<br />
w. www.consulai.pt<br />
Cortadoria Nacional de Pêlo S.A<br />
Avenida 1º de Maio, 64<br />
3700-227 São João da Madeira<br />
t. 256 815 030<br />
e. mail@cortadoria.pt<br />
w. www.cortadoria.pt<br />
CVR - Centro para a Valorização<br />
de <strong>Resíduos</strong><br />
Campus de Azur<strong>é</strong>m da Univ. do Minho<br />
4800-058 Guimarães<br />
t. 253 510 020<br />
e. geral@cvresiduos.pt<br />
w. www.cvresiduos.pt<br />
Delta Caf<strong>é</strong>s<br />
Avenida Calouste Gulbenkian, Nº 15<br />
7370-025 Campo Maior<br />
t. 218 624 700<br />
e. ambiente@delta-cafes.pt<br />
w. www.gruponabeiro.com<br />
Doya Ambiental<br />
Av da. Da Liberdade Nº 36, 6º<br />
1250-145 Lisboa<br />
t. 211 217 661<br />
e. geral@doyaambiental.com<br />
w. www.doyaambiental.com<br />
ECOGESTUS<br />
<strong>Resíduos</strong>, Estudos e Soluções, Lda.<br />
Rua D. Afonso IV, 23<br />
3080-328 Figueira da Foz<br />
t. 233 109 034<br />
e. contacto@ecogestus.com<br />
w. www.ecogestus.com/pt<br />
Ecoib<strong>é</strong>ria - Reciclados Ib<strong>é</strong>ricos, SA<br />
Travessa Sebastião Fernandes,<br />
n.º 60 Ribeirão<br />
4760-706 Vila Nova Famalicão<br />
t. 252 372 462<br />
e. info@ecoiberia.pt<br />
w. www.ecoiberia.pt/<br />
ECOMETAIS - Sociedade de<br />
Tratamento e Reciclagem, SA<br />
Avenida da Siderurgia Nacional,<br />
1 Edifício Sn<br />
2840-075 Aldeia de Paio Pires<br />
t. 212 275 500<br />
e. ecometais@ecometais.com<br />
w. www.valorcar.pt<br />
ECOSATIVA - Consultoria<br />
Ambiental, Lda<br />
Urbanização Pinhal do Moinho,<br />
Lote 11 - 1º F<br />
7645-294 Vila Nova de Milfontes<br />
t. 283 959 906<br />
e. info@ecosativa.pt<br />
w. www.ecosativa.pt<br />
E-CYCLE<br />
Associação de Produtores de EEE<br />
Rua dos Pláta<strong>nos</strong>, 197, Ed. AIMMAP<br />
4100-414 Porto<br />
t. 934 750 131<br />
e. geral@e-cycle.pt<br />
w. www.e-cycle.pt<br />
EGEO Tecnologia e Ambiente SA<br />
R. 25 de Abril 1,<br />
Qnt. da Francelha de Baixo<br />
2685-368 Prior Velho<br />
t. 211 556 000<br />
e. geral@egeo.pt<br />
w. www.egeo.pt<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
69<br />
Esposende Ambiente<br />
Travessa Conde Agrolongo,<br />
N.º 10<br />
4740-245 Esposende<br />
t. 253 969 380<br />
e. geral@esposendeambiente.pt<br />
w. www.esposendeambiente.pt<br />
Euro Separadora<br />
Environment<br />
and Recycling S.A.<br />
Rua das Fontainhas,<br />
Nº 48<br />
4730-020 Braga<br />
t. 253 380 020<br />
e. geral@euroseparadora.pt<br />
w. www.euroseparadora.pt<br />
FAGAR - Faro<br />
Rua Prof. Norberto Silva, 8<br />
8004-002 Faro<br />
t. 289 860 900<br />
e. mail@fagar.pt<br />
w. www.fagar.pt<br />
Interecycling, Sociedade de<br />
Reciclagem, SA<br />
Z. Industrial do Lajedo,<br />
Apartado 8<br />
3465-157 Santiago de Besteiros<br />
t. 232 857 040<br />
e. info@interecycling.com<br />
w. www.interecycling.com<br />
Jerónimo Martins, SGPS, SA<br />
Rua Actor António Silva, 7<br />
1649-033 Lisboa<br />
t. 217 532 000<br />
e. provedoria@jeronimo-martins.pt<br />
w. www.jeronimomartins.com<br />
Lactogal - Produtos Alimentares S.A<br />
R. do Campo Alegre,<br />
nº 830, 4º A 7º<br />
4150-171 Porto<br />
t. 226 070 000<br />
e. geral@lactogal.pt<br />
w. www.lactogal.pt<br />
El Corte Ingl<strong>é</strong>s<br />
Grandes Armaz<strong>é</strong>ns SA<br />
Av. António Augusto de Aguiar, 31<br />
1069-413 Lisboa<br />
t. 213 532 020<br />
e. apoio.lojaonline@elcorteingles.pt<br />
w. www.elcorteingles.pt<br />
Empresa Municipal de Ambiente<br />
do Porto, E.M., SA<br />
Rua de S. Dinis, 249<br />
4250-434 Porto<br />
t. 228 348 770<br />
e. geral@portoambiente.pt<br />
w. www.portoambiente.pt<br />
Enhidrica, Consultores de<br />
Engenharia Ambiental, Lda<br />
R. Dr. Carlos Pires Felgueiras, 98 - 3º E<br />
4470-157 Maia<br />
t. 229 414 445<br />
e. enhidrica@enhidrica.com<br />
w. www.enhidrica.com<br />
EPAL<br />
Av. da Liberdade, 24<br />
1250-144 Lisboa<br />
t. 213 251 000<br />
e. geral.epal@adp.pt<br />
w. www.epal.pt<br />
ERSAR<br />
Rua Tomás da Fonseca,<br />
Torre G - 8º,<br />
1600-209 Lisboa<br />
t. 210 052 200<br />
e. geral@ersar.pt<br />
w. www.ersar.pt<br />
ERP Portugal<br />
Associação Gestora de <strong>Resíduos</strong><br />
Rua D. Dinis Bordalo Pinheiro,<br />
nº 467 B<br />
2645-539 Alcabideche<br />
t. 219 119 630<br />
e. info@erp-portugal.pt<br />
w. www.erp-recycling.pt<br />
Fapil - Indústria, SA<br />
R. Alto do Matoutinho,<br />
n.º 5 - Apartado 8<br />
2669-909 Malveira<br />
t. 219 828 008<br />
e. geral@fapil.pt<br />
w. www.fapil.pt<br />
FREETILIZER, Com<strong>é</strong>rcio<br />
de Equipamentos e Serviços<br />
Integrados, Lda.<br />
Rua do Rio Novo, n.º 450<br />
4495-145 Póvoa de Varzim<br />
t. 252 240 490<br />
e. geral@pipemasters.pt<br />
w. www.pipemasters.pt<br />
Gintegral - Gestão Ambiental, SA<br />
Rua Avelino Barros, 282<br />
4490-479 Póvoa de Varzim<br />
t. 252 688 444<br />
e. geral.gintegral@gintegral.pt<br />
w. www.gintegral.pt<br />
Hychem, Química Sustentável, S.A<br />
Rua Engenheiro Cl<strong>é</strong>ment Dumoulin<br />
2625-106 Póvoa de Santa Iria<br />
t. 219 534 000<br />
e. geral@hychem.com<br />
w. www.hychem.pt<br />
Indaver Portugal, SA<br />
Rua Central Park,<br />
Edifício 2 - 4º andar C<br />
2795-242 Linda-a-Velha<br />
t. 219 405 039<br />
e. info@indaver.pt<br />
w. www.indaver.pt<br />
Lidl & Companhia<br />
Rua P<strong>é</strong> de Mouro, n.º 18 - Linhó<br />
2714-510 Sintra<br />
t. 219 102 254<br />
e. sustentabilidade@lidl.pt<br />
w. www.lidl.pt<br />
Maiambiente, EM<br />
Rua 5 de Outubro, 359<br />
4475-302 Milheirós<br />
t. 800 202 639<br />
e. geral@maiambiente.pt<br />
w. www.maiambiente.pt<br />
Mercadona<br />
Irmãdona Supermercados, Lda.<br />
Avenida Padre Jorge Duarte, n.º 123<br />
4430-946 Vila Nova de Gaia<br />
t. 221 201 000<br />
e. sugestoes@mercadona.com<br />
w. www.mercadona.pt<br />
Neutroplast, Indústria de<br />
Embalagens, SA<br />
Z. Ind., Casal da Espinheira, Lt. 10<br />
2590-057 Sobral Monte Agraço<br />
t. 261 940 100<br />
e. neutroplast@neutroplast.com<br />
w. www.neutroplast.com<br />
Novo Verde, Sociedade Gestora<br />
de <strong>Resíduos</strong> de Embalagem, SA<br />
Rua São Sebastião,<br />
n.º 16 - Cabra Figa<br />
2635-448 Rio de Mouro<br />
t. 219 119 630<br />
e. info@novoverde.pt<br />
w. www.novoverde.pt<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
70 \\ DIRETÓRIO \\<br />
OVO Solutions, Soluções<br />
Ambientais SA<br />
Estrada dos Espanhóis<br />
S/N, CCI 7515, Venda do Alcaide<br />
2955-250 Pinhal Novo<br />
t. 212 328 760<br />
e. geral@ovosolutions.com<br />
w. www.ovosolutions.com<br />
R3Natura, Lda.<br />
Rua do Monte, Centro de Negócios<br />
de Oleiros<br />
4730-325 Vila Verde<br />
t. 253 320 110<br />
e. info@r3natura.pt<br />
w. www.r3natura.pt<br />
Rduz<br />
Gestão Global de <strong>Resíduos</strong>, S.A<br />
Zona Industrial Argvai,<br />
L t. 4, 5, 6 e 22<br />
4490-232 Póvoa de Varzim<br />
t. 252 622 495<br />
e. geral@rduz.pt<br />
w. www.rduz.pt<br />
Recivalongo - Gestão de <strong>Resíduos</strong>, Lda<br />
Vale da Cobra, S/N Apartado 54<br />
4440-339 Valongo<br />
t. 224 154 663<br />
e. recivalongo@recivalongo.pt<br />
w. www.recivalongo.pt<br />
Recypolym, Lda.<br />
Z.I.M. Adiça<br />
3460-070 Tondela<br />
t. 232 816 007<br />
e. info@recypolym.com<br />
w. www.recypolym.com<br />
Residuos do Nordeste, Eim, S.A<br />
Rua Fundação Calouste Gulbenkian<br />
5370-340 Mirandela<br />
t. 278 201 570<br />
e. geral@residuosdonordeste.pt<br />
w. www.residuosdonordeste.pt<br />
Rovensa, S.A<br />
Alameda dos Ocea<strong>nos</strong>,<br />
lote 1.06.1.1 D, 3.º A<br />
1990-207 Lisboa<br />
t. 213 222 750<br />
e. info@rovensa.com<br />
w. www.rovensa.com<br />
Sacentro - Com<strong>é</strong>rcio de Têxteis, SA<br />
Estr. Octácio Pato, Nº 177,<br />
Ed. A, Arm. 3<br />
2785-723 Cascais<br />
t. 210 046 870<br />
e. customercare@sacoor.com<br />
w. www.sacoor.com<br />
Saint - Gobain Portugal, S.A<br />
Rua da Carreira Branca,<br />
Zona Industrial de Taboeira<br />
3800-055 Aveiro<br />
t. 234 101 010<br />
e. info.portugal@saint-gobain.com<br />
w. www.saint-gobain.pt<br />
Sair da Casca<br />
Praça Marquês de Pombal, nº14<br />
1250-162 Lisboa<br />
t. 213 558 296<br />
e. sdc@sairdacasca.com<br />
w. www.sairdacasca.com<br />
SGS ICS Serviços Internacionais<br />
de Certificação, Lda.<br />
R. Cesina Adães Bermudes,<br />
Lt. 11, N.º 1, 1600-604 Lisboa<br />
t. 217 104 200<br />
e. pt.info@sgs.com<br />
w. www.sgs.pt<br />
Silvex Indústria de Plásticos<br />
e Pap<strong>é</strong>is, SA<br />
Quinta da Brasileira, lote 10<br />
2130-999 Benavente<br />
t. 263 519 180<br />
e. comercial@silvex.pt<br />
w. www.silvex.pt<br />
SIMARSUL<br />
ETAR da Quinta do Conde<br />
Estrada Nacional 10<br />
2975-403 Quinta do Conde<br />
t. 265 544 000<br />
e. geral.simarsul@adp.pt<br />
w. www.simarsul.adp.pt<br />
SIMAS de Oeiras e Amadora<br />
Av. Dr. Francisco Sá Carneiro,<br />
19 Urb. Moinho das Antas<br />
2784-541 Oeiras<br />
t. 214 460 231<br />
e. mcpaiva@simas-oeiras-amadora.pt<br />
w. www.smas-oeiras-amadora.pt<br />
SIMDOURO<br />
Rua do Ribeirinho, 706<br />
4415-679 Lever<br />
Vila Nova de Gaia<br />
t. 220 109 300<br />
e. geral.simdouro@adp.pt<br />
w. www.simdouro.pt<br />
Sistragua<br />
Rua Principal 76<br />
2100-016 Azervadinha<br />
t. 934 199 064<br />
e. geral@sistragua.com<br />
w. www.sistragua.com<br />
Sirplaste - Sociedade Industrial<br />
de Recuperados de Plástico, SA<br />
Urb. Ind. da Santeira,<br />
LT 76, n.º 16, Santeira,<br />
2480-410 Porto de Mós<br />
t. 244 870 073<br />
e. sirplaste@sirplaste.pt<br />
w. www.sirplaste.pt<br />
SM de Abrantes<br />
Via Industrial 1, Lote 65<br />
2200-480 Abrantes<br />
t. 241 360 120<br />
e. geral@smabrantes.pt<br />
w. www.smabrantes.pt<br />
SM de Alcobaça<br />
Rua da Liberdade<br />
2460-060 Alcobaça<br />
t. 262 580 900<br />
e. geral@sm-alcobaca.pt<br />
w. www.smalcobaca.pt<br />
SM de Castelo Branco<br />
Av. Nuno Alvares, 32 - R/C<br />
6000-083 Castelo Branco<br />
t. 272 340 500<br />
e. geral@sm-castelobranco.pt<br />
w. www.sm-castelobranco.pt<br />
SM de Nazar<strong>é</strong><br />
Av. Vieira Guimarães<br />
Ed. Paços do Concelho<br />
2450-951 Nazar<strong>é</strong><br />
t. 262 561 153<br />
e. geral@sm-nazare.pt<br />
w. www.cm-nazare.pt<br />
SM de Setúbal<br />
Av, 5 de Outubro<br />
Edifício Bocage<br />
n.º 146 e 148 - 2.ºC<br />
2900-309 Setúbal<br />
t. 265 247 810<br />
e. geral@sms-setubal.pt<br />
w. www.mun-setubal.pt<br />
SMAS de Almada<br />
Praceta Ricardo Jorge,<br />
2 - 2A<br />
2800-709 Almada<br />
t. 212 726 000<br />
e. geral@smasalmada.pt<br />
w. www.smasalmada.pt<br />
SMAS de Caldas da Rainha<br />
Prç. 25 de Abril<br />
Edíficio Paços do Concelho<br />
2500-110 Caldas da Rainha<br />
t. 262 240 002<br />
e. tecnica@smas-caldas-rainha.pt<br />
w. www.smas-caldas-rainha.pt<br />
SMAS de Leiria<br />
Rua da Cooperativa Nº2<br />
2410-256 Leiria<br />
t. 244 817 300<br />
e. geral@smas-leiria.pt<br />
w. www.smas-leiria.pt<br />
SMAS de Mafra<br />
Rua Constância Maria Rodrigues, n.º 19<br />
2640-389 Mafra<br />
t. 261 816 650<br />
e. geral@smas-mafra.pt<br />
SMAS de Montijo<br />
Av. dos Pescadores<br />
2870-114 Montijo<br />
t. 212 327 768<br />
e. smas.montijo@mun-montijo.pt<br />
w. www.mun-montijo.pt/pages/498<br />
SMAS de Peniche<br />
Rua 13 de Infantaria,<br />
19-21<br />
2520-256 Peniche<br />
t. 262 780 050<br />
e. smaspeniche@cm-peniche.pt<br />
w. www.cm-peniche.pt/smas<br />
SMAS de Torres Vedras<br />
Edifício Multisserviços<br />
Av. 5 de Outubro<br />
2560-270 Torres Vedras<br />
t. 261 336 500<br />
e. geral@smastv.pt<br />
w. www.smastv.pt<br />
SMAS de Vila Franca de Xira<br />
Av. Pedro Vitor, 5<br />
2600-221 Vila Franca de Xira<br />
t. 263 200 600<br />
e. geral@smas-vfxira.pt<br />
w. www.smas-vfxira.pt<br />
SMAS de Viseu<br />
R. Conselheiro Afonso de Melo<br />
3510-024 Viseu<br />
t. 232 470 670<br />
e. geral@smasviseu.pt<br />
w. www.smasviseu.pt<br />
SMAT de Portalegre<br />
Rua Guilherme Gomes Fernandes,<br />
n.º 28, 7300-186 Portalegre<br />
t. 245 307 401<br />
e. smatp@cm-portalegre.pt<br />
w. www.cm-portalegre.pt<br />
SMEAS de Maia<br />
R. Dr. Carlos Felgueiras<br />
4471-909 Maia<br />
t. 229 430 800<br />
e. smas-maia@smasmaia.pt<br />
w. www.smasmaia.pt<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
\\ DIRETÓRIO \\<br />
71<br />
Sogrape Vinhos, S.A<br />
Rua 5 de Outubro, 4527<br />
4430-809 Avintes<br />
t. 227 850 300<br />
e. sogrape@sogrape.com<br />
w. sogrape.com<br />
Soja de Portugal, SGPS, SA.<br />
EN 109 - Lugar da Pardala<br />
3880-728 São João OVR<br />
t. 256 581 100<br />
e. geral@sojadeportugal.pt<br />
w. www.sojadeportugal.pt<br />
Somincor - Sociedade Mineira<br />
de Neves-Corvo, S.A<br />
Santa Bárbara de Padrões, Apartado 12<br />
7780-409 Castro Verde<br />
t. 286 689 000<br />
e. geral.somincor@lundinmining.com<br />
w. somincor.com.pt<br />
SOPINAL - Indústria de<br />
Equipamentos e Contentores, S.A.<br />
R. do Vale da Relva, 188, Relva, Vila Chã<br />
3730-657 Vale de Cambra<br />
t. 256 410 770<br />
e. sopinal@sopinal.pt<br />
w. www.sopinal.pt<br />
SPV , Sociedade Gestora de<br />
<strong>Resíduos</strong> de Embalagens, SA<br />
Edifício Infante D. Henrique,<br />
Rua João Chagas nº 53 - 1º Dto<br />
1495-764 Cruz Quebrada<br />
t. 210 102 400<br />
e. info@pontoverde.pt<br />
w. www.pontoverde.pt<br />
Stericycle Portugal Lda.<br />
Rua Fernando Pessoa n.º 8 C<br />
2560-241 Torres Vedras<br />
t. 261 320 300<br />
e. ambimed@ambimed.pt<br />
w. www.stericycleportugal.pt<br />
Super Bock Bebidas, S.A.<br />
Via Norte Leça do Balio Apartado 1044<br />
4465-955 S. Mamede de Infesta<br />
t. 229 052 100<br />
e. apoio.clientes@superbockgroup.com<br />
w. www.superbock.pt<br />
Tabaqueira<br />
Empresa Industrial de<br />
Tabacos, S.A<br />
Avª Alfredo da Silva, Nº 35<br />
2639-002 Rio de Mouro<br />
t. 219 157 700<br />
e. tabaqueira@tabaqueira.pt<br />
w. www.tabaqueira.pt<br />
Tecnoplano<br />
Tecnologia e Planeamento S.A<br />
Av. João Crisóstomo, Nº 54 B<br />
1050-128 Lisboa<br />
t. 21 358 1960<br />
e. geral@tecnoplano.pt<br />
w. www.tecnoplano.pt<br />
The Navigator Company, S.A<br />
Av. Fontes Pereira de Melo, 27<br />
1050-117 Lisboa<br />
t. 219 017 300<br />
e. info@thenavigatorcompany.com<br />
w. www.thenavigatorcompany.com<br />
Tratolixo, Tratamento de <strong>Resíduos</strong><br />
Sólidos, EIM, SA<br />
Ecoparque da Trajouce,<br />
Estr. 5 de Junho, nº 1<br />
2785-155 São Domingos de Rana<br />
t. 214 459 500<br />
e. residuos@tratolixo.pt<br />
w. www.tratolixo.pt<br />
Trivalor, Sociedade Gestora de<br />
Participações Sociais, S.A.<br />
Av. Infante Santo, 21 A<br />
1350-177 Lisboa<br />
t. 210 420 083<br />
e. trivalor@trivalor.pt<br />
w. www.trivalor.pt<br />
Unicer Águas<br />
Via Norte - Leça do Baldio<br />
4466-955 S. Mamede de Infesta<br />
t. 229 052 100<br />
e. sbg.direto@superbockgroup.com<br />
w. www.superbockgroup.com<br />
Universidade Católica Portuguesa<br />
(Porto)<br />
Rua Diogo de Botelho, 1327<br />
4169-005 Porto<br />
t. 226 196 200<br />
e. comunicacao@porto.ucp.pt<br />
w. www.porto.ucp.pt<br />
Universidade de Aveiro<br />
Campus Universitário de Santiago<br />
3810-193 Aveiro<br />
t. 234 370 200<br />
e. geral@ua.pt<br />
w. www.ua.pt<br />
Universidade de Coimbra<br />
Reitoria da Universidade<br />
de Coimbra, Paço das Escolas<br />
3004-531 Coimbra<br />
t. 234 370 200<br />
e. gbreitor@uc.pt<br />
w. www.uc.pt<br />
Universidade de Trás-os-Montes<br />
e Alto Douro<br />
Quinta de Prados<br />
5000-801 Vila Real<br />
t. 259 350 000<br />
e. reitor@utad.pt<br />
w. www.utad.pt<br />
Universidade do Minho<br />
Largo do Paço<br />
4704-553 Braga<br />
t. 253 601 106<br />
e. sec.reitor@reitoria.uminho.pt<br />
w. www.uminho.pt<br />
Valorcar, Sociedade de Gestão<br />
de Veículos em Fim de Vida, Lda.<br />
Av. Torre de Bel<strong>é</strong>m, 29<br />
1400-342 Lisboa<br />
t. 213 011 766<br />
e. valorcar@valorcar.pt<br />
w. www.valorcar.pt<br />
Valorpneu - Sociedade de<br />
Gestão de Pneus Lda<br />
Avª Torre de Bel<strong>é</strong>m, 29<br />
1400-342 Lisboa<br />
t. 213 032 303<br />
e. valorpneu@valorpneu.pt<br />
w. www.valorpneu.pt<br />
Veolia<br />
Estrada de Paço de Arcos, 42<br />
2770-129 Paço de Arcos<br />
t. 214 404 700<br />
e. geral@veolia.pt<br />
w. www.veolia.pt<br />
Verallia Portugal, S.A.<br />
Rua da Vidreira, 68<br />
3090-641 Figueira da Foz<br />
t. 233 403 100<br />
e. info@verallia.com<br />
w. pt.verallia.com<br />
VIMÁGUA<br />
Rua do Rei Pegu,<br />
172 S. Sebastião<br />
4810-025 Guimarães<br />
t. 253 439 560<br />
e. vimagua@vimagua.pt<br />
w. www.vimagua.pt<br />
Vitrus Ambiente EM SA<br />
Av. Cónego Gaspar Estaço<br />
n.º 606<br />
4810-266 Guimarães<br />
t. 253 424 740<br />
e. geral@vitrusambiente.pt<br />
w. www.vitrusambiente.pt<br />
W2V, SA<br />
Rua das Alminhas, 900<br />
4810-608 Guimarães<br />
t. 253 092 334<br />
e. fcastro@w2v.pt<br />
w. w2v.pt<br />
Waste To Me Lda.<br />
Av. 25 Abril nº 61 C<br />
2840-400 Torre da Marinha<br />
t. 216 065 895<br />
e. geral@wastetome.com<br />
w. www.wastetome.com<br />
Watercare - Tratamento De Águas<br />
Centro Empresarial de Alverca<br />
Corpo A - Fracção 5 (E)<br />
2615-187 Alverca<br />
t. 219 108 700<br />
e. geral@aquaservice.pt<br />
w. www.aquaservice.pt<br />
Watertech<br />
Rua Casal do Cego, Armaz<strong>é</strong>m 2,<br />
Frac. A<br />
2415-315 Leiria<br />
t. 244 872 354<br />
e. comercial@watertech.pt<br />
w. www.watertech.pt<br />
XZ Consultores SA<br />
Rua da Cruz, 3A, Loja J<br />
4705-406 Celeirós<br />
t. 253 257 007<br />
e. geral@xzconsultores.pt<br />
w. www.xzconsultores.pt<br />
Zor Thermal<br />
Advanced Products Portugal<br />
Rua Eng. Frederico Ulrich 3210<br />
Piso 2, Sala 214<br />
4470-605 Maia<br />
t. 229 538 567<br />
e. aa@zor-thermal.com<br />
w. zor-thermal.com<br />
Gostava de ver<br />
a sua empresa<br />
aqui listada?<br />
Envie-<strong>nos</strong> as suas<br />
informações para<br />
geral@greensavers.pt<br />
As informações deste diretório foram recolhidas pela Green Savers em agosto de <strong>2024</strong>. Somos alheios a alterações que possam ter ocorrido, ou venham a ocorrer.<br />
A listagem <strong>é</strong> representativa das companhias a operar em Portugal com forte foco na sustentabilidade, mas não inclui a totalidade das empresas existentes.<br />
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS<br />
atualize os seus dados<br />
para a próxima edição<br />
Envie os seus dados para<br />
geral@greensavers.pt
INDÚSTRIA<br />
TECNOLOGIA INOVAÇÃO
ASSINE JÁ<br />
assinaturas.greensavers.pt<br />
1 ano<br />
assinatura digital<br />
€9,00<br />
versão em papel<br />
€13,90<br />
2 a<strong>nos</strong><br />
assinatura digital<br />
€17,10<br />
versão em papel<br />
€26,60<br />
NÃO PERCA<br />
NENHUMA EDIÇÃO DA<br />
GREEN SAVERS<br />
Das empresas aos cidadãos, acompanhamos o<br />
impacto das <strong>nos</strong>sas ações para o Planeta.<br />
Analisamos a sustentabilidade em<br />
todas as vertentes, apresentando<br />
uma visão global do país e do mundo.
QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS