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Quem é Quem nos Resíduos - 2024

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QUEM É QUEM<br />

NOS RESÍDUOS<br />

<strong>2024</strong>


3<br />

QUEM É QUEM<br />

NOS RESÍDUOS<br />

<strong>2024</strong>


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www.greensavers.pt<br />

A REVISTA QUE<br />

DÁ VOZ A TODOS<br />

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SUSTENTÁVEL


\\ EDITORIAL \\<br />

5<br />

Desperdiçar lixo <strong>é</strong> como<br />

rasgar uma nota.<br />

Vale dinheiro!<br />

S<br />

e <strong>é</strong> do tempo em que só tínhamos dois canais de televisão, certamente se recorda de uma novela brasileira<br />

chamada Rainha da Sucata, em que uma das protagonistas enriqueceu com um negócio de ferro<br />

velho. Uma trama visionária, afinal desengane-se quem pensa que os resíduos são descartáveis e sem<br />

valor. Pelo contrário. Há quem enriqueça com o “lixo” dos outros. Por isso, o termo “gestão de resíduos”<br />

deveria ser alterado para “valorização de resíduos”. Segundo a CNN Brasil, o mercado global, da recolha at<strong>é</strong> à reciclagem<br />

movimenta 410 mil milhões de dólares por ano.<br />

O estudo The Future of The Waste Managemenet Sector (2020-2030), da International Solid Waste Association<br />

(ISWA), uma organização sem fins lucrativos, que reúne profissionais do setor de resíduos sólidos, prevê que a<br />

geração mundial de lixo chegará a 3,4 mil milhões de toneladas, por ano, at<strong>é</strong> 2050. Será que at<strong>é</strong> lá os consumidores<br />

aprenderão a rentabilizar os seus resíduos? Se houvesse uma forma de compensação como, por exemplo, acontecia<br />

com a tara — quando se entregava uma garrafa de vidro de cerveja ou de leite vazias nas mercearias do bairro<br />

recebia-se o valor da mesma, faria a diferença? Afinal era a cenoura que motivava a reciclagem! Mas estaremos já<br />

a caminhar para aí? Ou continuamos a regredir?<br />

Não sei se já viram o filme Wall-E, que estreou em 2008. Este conta uma história de amor entre dois robôs que se<br />

conheceram na Terra, transformada num enorme aterro pela humanidade que sem conseguir mais viver no meio<br />

do lixo, resolve partir à procura de um novo lar. Mas passado algum tempo, os huma<strong>nos</strong> decidem voltar ao seu<br />

antigo planeta. <strong>Quem</strong> não gosta de regressar a casa? O filme termina com uma mensagem de esperança. Ainda há<br />

salvação. Na ficção <strong>é</strong> mais fácil, o guionista faz a história à sua maneira. Na vida real <strong>é</strong> preciso trabalhar para isso.<br />

Que tal começar já a tratar dos seus resíduos, sob pena de um dia tamb<strong>é</strong>m ter de fazer as malas para um planeta<br />

B. Se houver!<br />

Teresa Cotrim, jornalista<br />

// FICHA TÉCNICA<br />

DIRETOR GERAL Rog<strong>é</strong>rio Junior • DIRETORA EDITORIAL Ana Filipa Rego • COLABORADORES E REDAÇÃO Alexandra Costa, Filipe Rações, Teresa Cotrim • DIREÇÃO<br />

DE COMUNICAÇÃO Marisa Silvestre • DIREÇÃO DE ARTE Sofia Marques • REVISÃO Lígia Mendes • IMAGENS Getty Images • PUBLICIDADE Mário Serra (mario.serra@<br />

greensavers.pt) • PERIODICIDADE Anual • TIRAGEM MÉDIA 15.000 exemplares • PROPRIEDADE | SEDE | EDITOR Green News Editora, LDA, Rua Cidade de Rabat, 41B,<br />

1500-159 Lisboa, NIPC: 516292412, geral@greensavers.pt • IMPRESSÃO E ACABAMENTO Jorge Fernandes, LDA - Rua Quinta do Conde de Mascarenhas, 9, 2820-652<br />

Charneca da Caparica • Revista distribuída gratuitamente com a Green Savers nº 16<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


6 \\ ÍNDICE \\<br />

08<br />

ENTREVISTA<br />

“GOSTO DE RESOLVER PROBLEMAS,<br />

CONCRETIZAR PROJETOS E ALCANÇAR<br />

CONSENSOS”<br />

Vera Eiró, Presidente do Conselho de<br />

Administração da Entidade Reguladora<br />

dos Serviços de Águas e <strong>Resíduos</strong><br />

(ERSAR)<br />

22<br />

RECICLAGEM<br />

Portugal à frente na<br />

reciclagem têxtil<br />

Na Europa a partir de janeiro de 2025 será<br />

proibido enviar roupa no fim de vida para<br />

aterro, incinerar ou exportá-la. Em Portugal<br />

são 200 mil toneladas ano.<br />

28<br />

RECICLAGEM<br />

<strong>Resíduos</strong> Perigosos<br />

O que “talvez” se passa no país<br />

A lei Pro-Solos continua na gaveta, as<br />

licenças dos CIRVER estão em banho-<br />

-maria, muitos destes resíduos ainda<br />

vão parar ao “lixo” comum e os dados<br />

não estão atualizados.<br />

36<br />

RESÍDUOS<br />

ATERROS NACIONAIS<br />

à beira da rutura<br />

As unidades que fazem os tratamentos<br />

de resíduos estão a ficar sem<br />

aterros para os colocar. Quando<br />

atingirem o limite, ou exportamos<br />

o “lixo” ou teremos de apostar na<br />

incineração e valorização energ<strong>é</strong>tica.<br />

42<br />

FÓRUM DE LÍDERES<br />

1<br />

2<br />

54<br />

De que forma a sua empresa/<br />

entidade está comprometida<br />

com as melhores práticas<br />

sustentáveis?<br />

Como perspetiva o futuro do<br />

setor da gestão de resíduos<br />

em Portugal?<br />

DIRETÓRIO<br />

Rumo a uma<br />

economia circular<br />

Conheça as empresas que se destacam<br />

na gestão de resíduos em Portugal.


8 \\ ENTREVISTA \\<br />

“Gosto de resolver problemas,<br />

concretizar projetos e alcançar<br />

consensos”<br />

A GESTÃO DA ÁGUA E DOS RESÍDUOS EM PORTUGAL ENFRENTA DESAFIOS SIGNIFICATIVOS.<br />

ENQUANTO A GOVERNANÇA É UM DOS MAIORES OBSTÁCULOS NO SETOR DA ÁGUA, NOS<br />

RESÍDUOS É O CONSUMO DESREGRADO E A DEPOSIÇÃO EM ATERRO QUE IMPÕE GRANDES<br />

DIFICULDADES.<br />

\\ Por Teresa Cotrim<br />

No setor da água destaca como desafio a governança e<br />

<strong>nos</strong> resíduos, o consumo. Duas pastas que entram na<br />

mesma fatura do consumidor, mas este nem sabe quanto<br />

realmente custam estes serviços. No caso da recolha<br />

e tratamento de resíduos urba<strong>nos</strong>, as tarifas aplicadas<br />

apenas permitem cobrir cerca de 70% dos gastos efetivos, os restantes<br />

30% são assegurados pelos municípios, por exemplo. Vera Eiró, Presidente<br />

do Conselho de Administração da Entidade Reguladora dos<br />

Serviços de Águas e <strong>Resíduos</strong> (ERSAR), diz ainda que se pudesse ter<br />

já algumas medidas concretas, gostaria que houvesse o alargamento<br />

das competências do regulador em termos da sua capacidade de intervenção<br />

para fazer cumprir a legislação e as boas práticas.<br />

Como <strong>é</strong> ser presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de<br />

Águas e <strong>Resíduos</strong> (ERSAR)? Uma mulher a cuidar das águas e dos<br />

resíduos nacionais.<br />

Gosto mesmo muito de exercer as funções de Presidente do Conselho<br />

de Administração da ERSAR. Tenho o privil<strong>é</strong>gio de, simultaneamente,<br />

integrar uma equipa, desde o Conselho de Administração at<strong>é</strong> o<br />

corpo t<strong>é</strong>cnico da ERSAR, muito especializado e competente, onde<br />

posso contribuir com os conhecimentos adquiridos ao longo da minha<br />

vida acad<strong>é</strong>mica e profissional, e da qual me orgulho muitíssimo.<br />

As minhas funções permitem-me tamb<strong>é</strong>m trabalhar ativamente<br />

em questões críticas para a sustentabilidade, associados à gestão da<br />

água e dos resíduos urba<strong>nos</strong>, à implementação da economia circular<br />

e à descarbonização, que têm um impacte diário na vida das pessoas<br />

—são serviços públicos essenciais. Não vejo, com franqueza, qual seja<br />

a especificidade de ser uma mulher a exercer estas funções.<br />

O que a levou a sair de um escritório de advogados para uma empresa<br />

de serviço público?<br />

Sempre exerci na área do Direito Público, onde me doutorei e especializei<br />

do ponto de vista acad<strong>é</strong>mico. Sou professora universitária e<br />

mantive o exercício de funções docentes a par das da ERSAR. A passagem<br />

para a Regulação prendeu-se com uma vontade que senti de,<br />

mantendo-me na minha área de especialidade, continuar a resolver<br />

problemas, a concretizar projetos, a alcançar consensos, mas agora<br />

— e isso <strong>é</strong> um plus relevantíssimo, ao serviço do interesse público e<br />

de um bem coletivo. Os setores regulados pela ERSAR são de futuro<br />

e permitem-me pensar que, durante este mandato, posso marcar<br />

a diferença, para melhor, na vida dos consumidores de hoje e os de<br />

amanhã.<br />

Quais os principais desafios dos setores água e resíduos? Ou os<br />

maiores problemas!<br />

Para não me alongar, na água temos um desafio de governança, ou<br />

seja, de gerir melhor um bem que <strong>é</strong> valioso e escasso porque precisamos<br />

de o usar cada vez em maior quantidade. Nos resíduos, destacaria<br />

o <strong>nos</strong>so padrão de consumo, que terá de ser alterado e regrado<br />

para alcançarmos as metas de gestão de resíduos, diminuindo drasticamente<br />

a sua deposição em aterro e aumentando tamb<strong>é</strong>m drasticamente<br />

a separação, a reutilização e a reciclagem.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ ENTREVISTA \\<br />

9<br />

Vamos começar pela Água. A qualidade da<br />

água que bebemos em Portugal <strong>é</strong> boa? O que<br />

falta ainda fazer?<br />

A ERSAR assume desde 25 de dezembro de 2003<br />

a missão de autoridade competente para a qualidade<br />

da água destinada ao consumo humano.<br />

Desde essa data foi definido e implementado um<br />

modelo de regulação da qualidade da água para<br />

consumo humano que permitiu, entre outros objetivos,<br />

contribuir para uma melhoria significativa<br />

da qualidade da água na torneira, bem como<br />

da confiança de todos os portugueses neste serviço<br />

público essencial.<br />

As últimas três d<strong>é</strong>cadas caracterizaram-se por<br />

uma crescente melhoria da qualidade da água<br />

para consumo humano, tendo sido atingido o<br />

nível de excelência de 99 % de “água segura” na<br />

torneira, em 2015 — água gerida pelas entidades<br />

gestoras dos sistemas públicos de distribuição,<br />

que se mant<strong>é</strong>m como tal desde então.<br />

Pode explicar o que significa o indicador “água<br />

segura”?<br />

O indicador “água segura” reflete o controlo da<br />

qualidade da água, tanto pela realização do número<br />

mínimo de análises regulamentares previstas<br />

<strong>nos</strong> Programas de Controlo da Qualidade<br />

(PCQA) aprovados pela ERSAR (mais de meio<br />

milhão de análises realizadas em 2023), como<br />

pelo cumprimento das normas legais da qualidade<br />

da água (valores param<strong>é</strong>tricos) nas análises<br />

realizadas.<br />

As normas legais de controlo da qualidade<br />

da água em Portugal resultam da transposição<br />

para o ordenamento jurídico nacional das normas<br />

legais europeias. É importante salientar que<br />

os resultados do controlo da qualidade da água<br />

destinada ao consumo humano são obtidos com<br />

amostras de água recolhidas na torneira do consumidor<br />

e contêm pontos de amostragem em edifícios<br />

mais sensíveis como hospitais, escolas, lares<br />

de idosos ou hot<strong>é</strong>is, por exemplo, mas tamb<strong>é</strong>m<br />

pontos de amostragem em casas particulares.<br />

Como funciona o modelo de regulação da qualidade<br />

da água implementado pela ERSAR?<br />

É complementado pelos programas de vigilância<br />

sanitária executados pelas autoridades de saúde e<br />

que se materializam na recolha e análise de amostras<br />

de água da torneira em laboratórios próprios,<br />

em vistorias aos sistemas de distribuição e na<br />

gestão de risco dos incumprimentos dos valores<br />

limite identificados, tanto <strong>nos</strong> programas de vigilância<br />

como <strong>nos</strong> PCQA (Programa de Controlo >><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


10 \\ ENTREVISTA \\<br />

COMPETÊNCIAS DA ERSAR<br />

Relativamente às competências da ERSAR, <strong>nos</strong> termos do artigo 5.o dos<br />

seus estatutos, aprovados pela Lei n.o 10/2014, de 6 de março, já alterado,<br />

são atribuições desta entidade, designadamente, regulamentar, avaliar e<br />

auditar a fixação das tarifas praticadas pelas entidades gestoras dos serviços<br />

de águas e resíduos de titularidade municipal. O artigo 21.o da Lei<br />

n.o 73/2013, de 3 de setembro, dispõe que as tarifas (preços) municipais<br />

dos serviços de abastecimento, saneamento e resíduos estão sujeitas ao<br />

parecer obrigatório e não vinculativo desta entidade reguladora, no que<br />

respeita à sua conformidade com as disposições legais e regulamentares<br />

em vigor. Estes pareceres continuam a ser emitidos no âmbito das revisões<br />

tarifárias a realizar por cada uma das entidades gestoras e contêm a avaliação<br />

e recomendações da ERSAR sobre a proposta tarifária (ou seja, sobre<br />

o que seriam as tarifas/preços adequadas/os). Assim, a fixação de tarifas<br />

do serviço de abastecimento de água, aplicadas aos utilizadores finais, <strong>é</strong><br />

da competência dos municípios, estando sujeita a parecer da ERSAR, nomeadamente,<br />

no que respeita à verificação da sua conformidade com as<br />

disposições legais e regulamentares em vigor, <strong>nos</strong> termos do estabelecido<br />

no n.o 7 do artigo 21.o da Lei n.o 73/2013, de 3 de setembro.<br />

A ERSAR considera que reforçar o quadro regulatório desta entidade <strong>é</strong> uma<br />

mat<strong>é</strong>ria que deve merecer reflexão, no âmbito da Assembleia da República<br />

e dos órgãos de soberania que interagem com esta entidade reguladora<br />

independente (desde 6 de março de 2014), de modo que as decisões<br />

relativas aos tarifários dos serviços de águas e resíduos sejam baseadas<br />

em crit<strong>é</strong>rios objetivos, salvaguardando os interesses das entidades gestoras<br />

e dos consumidores atuais e futuros destes serviços.<br />

O caso do Algarve <strong>é</strong> paradigmático da necessidade desta reflexão: num<br />

contexto de elevada escassez hídrica, era fundamental sinalizar aos consumidores<br />

pela via dos tarifários a necessidade de pouparem água, em<br />

particular no que se refere aos consumos não essenciais e sup<strong>é</strong>rfluos. Por<br />

esse motivo, no contexto da Resolução do Conselho de Ministros n.o 26-<br />

A/<strong>2024</strong>, de 20 de fevereiro, a ERSAR recomendou às entidades gestoras<br />

municipais o aumento das tarifas para os consumos sup<strong>é</strong>rfluos (sem afetar<br />

consumos essenciais e considerando que as tarifas vigentes no Algarve<br />

são de base inferiores à m<strong>é</strong>dia nacional), mas apenas uma minoria optou<br />

por seguir estas orientações, o que se traduziu numa eficácia limitada da<br />

medida.<br />

da Qualidade da Água) das entidades gestoras. Eventuais incumprimentos<br />

dos valores limite estabelecidos na legislação têm de ser comunicados pelas<br />

entidades gestoras à ERSAR e às respetivas autoridades de saúde no prazo<br />

de 24 horas, para que estas entidades acompanhem e possam pronunciar-se<br />

sobre eventual risco para a saúde dos consumidores. Caso a autoridade de<br />

saúde entenda haver risco potencial para a saúde dos consumidores em geral<br />

ou para grupos de população sensíveis, esta autoridade determina alertas<br />

aos consumidores, a publicar no Sítio público da entidade gestora, com a<br />

informação e conselhos que entenda necessário divulgar à população.<br />

Em 20 a<strong>nos</strong> Portugal perdeu 20% dos recursos hídricos. Se nada for<br />

feito, em 2100, num cenário mais pessimista, as perdas podem chegar<br />

aos 50% no Algarve, 40% no Tejo e 20% no Norte. Perante um cenário<br />

de alterações climáticas, secas, chuvas torrenciais, ondas de calor e de<br />

frio, serão cada vez mais frequentes. Daí ser fundamental conhecer os<br />

recursos hídricos disponíveis por região e ver como está a água a ser<br />

utilizada? O que está Portugal a fazer para mitigar este cenário?<br />

A velha máxima da gestão diz que só podemos gerir o que conhecemos.<br />

Isso tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong> válido para a gestão da água. É fundamental melhorar o conhecimento<br />

dos recursos hídricos disponíveis atualmente e a sua evolução<br />

futura para podermos tomar medidas de acordo com essa disponibilidade.<br />

No entanto, segundo os estudos mais recentes, sabemos que a quantidade<br />

de água que estará disponível em algumas regiões será inferior à que dispomos<br />

atualmente. Isto significa que temos de começar já a antecipar esses<br />

cenários e a tomar medidas de adaptação que <strong>nos</strong> preparem para essa redução<br />

da quantidade de água disponível e para a maior variabilidade desses<br />

recursos ao longo do tempo. Essa adaptação terá de ser feita a longo prazo<br />

e significa que, para fazermos o mesmo com me<strong>nos</strong> água disponível, temos<br />

de ser mais eficientes no seu uso.<br />

A tónica que a ERSAR tem dado ao nível da redução das perdas de água<br />

nas entidades que regula tem tanto a ver com os impactos económicos <strong>nos</strong><br />

gastos que as entidades têm na captação, tratamento, transporte e distribuição<br />

de água como com os impactos ambientais e de gestão de recursos<br />

hídricos.<br />

A água em Portugal <strong>é</strong> bem gerida? Se não, o que falha? E como fazer<br />

uma gestão sustentável dos recursos hídricos.<br />

A identificação das dificuldades da gestão da água <strong>é</strong> essencial para a implementação<br />

de soluções. Neste âmbito, em primeiro lugar, destacaria a<br />

necessidade de encontrar soluções assentes num conhecimento mais aprofundado<br />

(que ainda não existe) dos usos de água pelos diferentes setores.<br />

Nem todos os usos têm uma monitorização tão eficaz como o que existe no<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ ENTREVISTA \\<br />

11<br />

Só podemos gerir o que<br />

conhecemos. Isso <strong>é</strong> válido para<br />

a gestão da água. É fundamental<br />

melhorar o conhecimento dos<br />

recursos hídricos disponíveis e a<br />

sua evolução futura para podermos<br />

tomar medidas de acordo com essa<br />

disponibilidade”<br />

setor urbano, mas <strong>é</strong> fundamental conhecer onde<br />

e como a água está a ser usada para possibilitar<br />

uma gestão holística deste recurso vital e para<br />

implementar medidas eficazes em contexto de<br />

urgência e de contingência.<br />

Esta falta de informação resulta, não só, mas<br />

tamb<strong>é</strong>m, de uma excessiva fragmentação das<br />

entidades que fazem uso da água <strong>nos</strong> diferentes<br />

setores e da necessidade de mecanismos de monitorização<br />

mais robustos. No setor urbano, regulado<br />

pela ERSAR, a utilização da água para consumo<br />

humano assenta em indicadores e dados<br />

robustos recolhidos e tratados por esta Entidade<br />

Reguladora e, do que <strong>é</strong> do <strong>nos</strong>so conhecimento,<br />

o mesmo não sucederá com outras utilizações<br />

de água relevantes (note-se que, em Portugal, só<br />

cerca de 14% da água potável <strong>é</strong> que <strong>é</strong> usada pelo<br />

setor urbano).<br />

Em segundo lugar, temos um país a duas velocidades:<br />

por um lado, temos entidades gestoras<br />

(EG) que se situam ao nível das melhores entidades<br />

gestoras a nível mundial, com níveis de<br />

desempenho de excelência, e, por outro, temos<br />

entidades que, devido à sua reduzida dimensão, à<br />

insuficiente capacitação t<strong>é</strong>cnica, à impossibilidade<br />

de obtenção de financiamento em condições<br />

vantajosas ou, simplesmente, menor capacidade<br />

ou inconsistência de gestão, têm demonstrado<br />

dificuldades em conseguir melhorar os serviços<br />

prestados às populações e aumentar a sua sustentabilidade<br />

e resiliência.<br />

Em terceiro lugar, de um ponto de vista mais<br />

t<strong>é</strong>cnico — e considerando o trabalho que tem<br />

sido realizado pela ERSAR ao longo dos a<strong>nos</strong> na<br />

implementação de um modelo robusto de regulação<br />

económica e comportamental — existem<br />

indicadores de gestão muito relevantes com desempenho<br />

insatisfatório em muitas regiões em<br />

Portugal.<br />

>><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


12<br />

\\ ENTREVISTA \\<br />

É necessário encontrar<br />

soluções assentes num<br />

conhecimento mais<br />

aprofundado dos usos<br />

de água pelos diferentes<br />

setores. Nem todos os<br />

usos têm uma monitorização<br />

tão eficaz como o<br />

que existe no setor urbano,<br />

mas <strong>é</strong> fundamental<br />

conhecer onde e como a<br />

água está a ser usada<br />

Quais são esses indicadores?<br />

Um dos indicadores <strong>é</strong> a água não faturada. Continuam<br />

a existir muitas entidades com valores de<br />

água não faturada superiores aos 30%, considerado<br />

como insatisfatório pela ERSAR. Este reflete<br />

a percentagem de água entrada no sistema que<br />

não <strong>é</strong> faturada e destina-se a avaliar o nível de<br />

sustentabilidade da gestão do serviço em termos<br />

económico-financeiros correspondendo à água<br />

que, apesar de ser captada, tratada, transportada,<br />

armazenada e distribuída, não chega a ser faturada<br />

aos utilizadores, traduzindo- se assim numa<br />

perda económica para a entidade gestora;<br />

Outro <strong>é</strong> a reabilitação de condutas. De acordo<br />

com os intervalos de referência aplicados pelo<br />

sistema de avaliação da qualidade de serviço da<br />

ERSAR, a taxa de renovação, medida pelo indicador<br />

AA09, está longe de ser cumprida, situando-se,<br />

em m<strong>é</strong>dia, <strong>nos</strong> 0,6%. As perdas de água na<br />

rede são normalmente graduais e silenciosas e a<br />

falta de proatividade na sua renovação e reabilitação<br />

<strong>é</strong> uma das principais causas dos elevados<br />

níveis de perdas, roturas e colapsos. A rede de<br />

abastecimento de água, pelas suas características<br />

físicas, necessita de um nível de investimento<br />

elevado e de manutenção contínua. Estas redes<br />

apresentam um longo “período de vida”, que pode<br />

ir de 50 a 100 a<strong>nos</strong>, pelo que, de forma indicativa,<br />

a renovação das mesmas deveria ocorrer a uma<br />

taxa de 1,5 a 4% ao ano, o que não tem sucedido;<br />

Depois, temos ainda a cobertura de gastos.<br />

Atualmente, a maioria das entidades gestoras<br />

que não recupera os gastos com a prestação dos<br />

serviços de águas e resíduos, opera em regime de<br />

gestão direta (serviços municipais, municipalizados<br />

e associações de municípios), sendo esta<br />

questão mais evidente no setor em baixa da gestão<br />

de resíduos urba<strong>nos</strong>. Este indicador pretende<br />

avaliar a sustentabilidade da gestão do serviço em<br />

termos económico-financeiros, no que respeita à<br />

capacidade da entidade gestora para gerar meios<br />

próprios para a cobertura dos encargos que decorrem<br />

do desenvolvimento da sua atividade.<br />

Há ainda o indicador das perdas reais de<br />

água...<br />

Sim, esse indicador mede as perdas que ocorrem<br />

ao longo da rede de distribuição e avalia o nível de<br />

sustentabilidade ambiental do serviço em termos<br />

da eficiência na utilização de recursos ambientais<br />

no que respeita às perdas reais de água (fugas e<br />

extravasamentos). O aumento da eficiência tem<br />

sido obtido sobretudo devido à ação das entidades<br />

com melhores desempenhos e tem trazido<br />

alguns frutos com uma redução m<strong>é</strong>dia gradual<br />

dos níveis de perdas de água. Subsiste, no entanto,<br />

um universo de entidades com práticas me<strong>nos</strong><br />

eficazes a este nível, o que ilustra a realidade de<br />

um setor da água a duas velocidades, com entidades<br />

que registam perdas com resultados ao nível<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ ENTREVISTA \\<br />

13<br />

facilmente mobilizável e cuja redução tem vantagens<br />

ao nível ambiental, económico e social.<br />

Por outro lado, <strong>é</strong> fundamental implementar as<br />

soluções de m<strong>é</strong>dio e longo prazo para novas origens<br />

de água alternativa – água residual tratada<br />

ou água dessalinizada – e, em paralelo, apostar na<br />

eficiência hídrica e adoção de comportamentos<br />

e práticas mais sustentáveis como, por exemplo<br />

a implementação de metodologias de controlo<br />

e redução de perdas nas redes de abastecimento<br />

ou, no caso da agricultura, optar por culturas<br />

mais adaptadas e compatíveis com as disponibilidades<br />

hídricas da região.<br />

Por último, as soluções estruturais para promover<br />

a sustentabilidade dos recursos hídricos<br />

podem e devem ser acompanhadas de uma maior<br />

consciencialização da população geral no sentido<br />

de valorizar a água e fazer um uso regrado deste<br />

bem escasso, ajustando comportamentos e combatendo<br />

o desperdício.<br />

das melhores entidades gestoras de países de referência<br />

e um conjunto bastante significativo de<br />

entidades cujas ações são incipientes ou mesmo<br />

inexistentes <strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>.<br />

Mas faltam medidas de natureza mais<br />

preventiva?<br />

As medidas de natureza mais preventiva e de<br />

m<strong>é</strong>dio longo prazo, tanto associadas à redução<br />

da procura de água como associadas ao aumento<br />

da oferta, são de difícil implementação e implicam<br />

duas coisas que são escassas <strong>nos</strong> dias de hoje:<br />

consensos políticos (ao nível central – consensos<br />

entre os diferentes usos da água — e ao nível local)<br />

e visão de m<strong>é</strong>dio longo prazo (que não esteja<br />

dependente de ciclos eleitorais). A este propósito,<br />

de salientar que, apesar de já existirem mecanismos<br />

institucionais para acompanhamento da<br />

problemática da seca, o que <strong>é</strong> excelente. Na última<br />

d<strong>é</strong>cada houve alguma in<strong>é</strong>rcia na implementação<br />

de soluções assentes em opções e compromissos<br />

dos vários agentes económicos (públicos<br />

e/ou privados).<br />

E quanto à gestão sustentável de recursos<br />

hídricos?<br />

É essencial o conhecimento mais detalhado das<br />

perdas de água e elaboração de pla<strong>nos</strong> de ação,<br />

que permitam uma redução da água que <strong>é</strong> desperdiçada.<br />

Esta <strong>é</strong> a origem de água que <strong>é</strong> mais<br />

Água para consumo humano nunca vai faltar<br />

em Portugal, ou corre-se esse risco?<br />

O acesso à água — em quantidade e qualidade,<br />

<strong>é</strong> um dos desafios mais relevantes nas próximas<br />

d<strong>é</strong>cadas, considerando as transformações do território,<br />

as alterações climáticas, o crescimento<br />

populacional e a expansão das cidades, as pressões<br />

<strong>nos</strong> recursos hídricos e os riscos naturais ou<br />

provocados a que se encontram sujeitas as origens<br />

de água.<br />

O ciclo da água está diretamente ligado ao clima<br />

e, por isso, mudanças climáticas que alterem<br />

o regime de chuvas provocam o aumento da frequência<br />

de eventos hidrológicos extremos, como<br />

inundações e secas severas. Esses eventos afetam<br />

a oferta de água e criam problemas adicionais de<br />

planeamento e gestão dos recursos hídricos. Adicionalmente,<br />

as condições meteorológicas extremas<br />

modificam o equilíbrio normal das massas<br />

de água e dos ecossistemas, levando à degradação<br />

da qualidade da água — aspeto crucial para >><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


14<br />

\\ ENTREVISTA \\<br />

A taxa de renovação está longe<br />

de ser cumprida, situando-se, em<br />

m<strong>é</strong>dia, <strong>nos</strong> 0,6%. As perdas de<br />

água na rede são normalmente<br />

graduais e silenciosas e a falta de<br />

proatividade na sua renovação e<br />

reabilitação <strong>é</strong> uma das principais<br />

causas dos elevados níveis de<br />

perdas, roturas e colapsos<br />

a ERSAR enquanto entidade competente para a<br />

coordenação do sistema de controlo da qualidade<br />

da água para consumo humano em Portugal.<br />

Mas há regiões do país onde a escassez<br />

de água se tem tornado mais estrutural,<br />

caso do Algarve?<br />

Devemos estar preparados para situações de<br />

contingência e para, com agilidade, ajustar os<br />

usos de água a situações temporárias, salvaguardando<br />

sempre os usos prioritários para que, precisamente,<br />

a água não falte. Todas as medidas de<br />

contingência que têm vindo a ser ponderadas e<br />

aplicadas em Portugal têm mantido sempre a<br />

prioridade da disponibilidade de água para consumo<br />

humano. De salientar que as entidades gestoras<br />

potencialmente mais sujeitas a problemas<br />

de falta de água decorrentes dos efeitos de seca<br />

hidrológica, têm já prevista a adoção de pla<strong>nos</strong> de<br />

contingência com medidas que visam assegurar o<br />

fornecimento de água à população com elevada<br />

qualidade, mesmo em situações de seca.<br />

Com a seca no Algarve o Governo apoiou com<br />

26,67 milhões de euros para atenuar os efeitos<br />

<strong>nos</strong> setores afetados, apesar desta ajuda ter<br />

sido necessária, não <strong>é</strong> empurrar o problema<br />

com a barriga?<br />

A seca <strong>é</strong> o resultado de um período prolongado<br />

com precipitação abaixo da m<strong>é</strong>dia, que se traduz<br />

na diminuição dos recursos hídricos disponíveis.<br />

A seca não pode ser resolvida pelo efeito de<br />

uma determinada política, apenas atenuada. Por<br />

outro lado, a escassez hídrica, que se traduz na<br />

falta de água disponível para satisfazer as necessidades<br />

de consumo de uma determinada região,<br />

pode ser gerida, influenciando quer a oferta, quer<br />

a procura. Os investimentos estabelecidos no<br />

Plano de Recuperação e Resiliência de cerca de<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ ENTREVISTA \\<br />

15<br />

200 milhões de euros para aumentar a resiliência<br />

hídrica no Algarve têm como objetivo assegurar<br />

mais eficiência no uso dos recursos, mas tamb<strong>é</strong>m<br />

novas origens de água para fazer face aos impactos<br />

das alterações climáticas.<br />

No entanto, uma vez que estes investimentos<br />

com vista ao aumento da oferta levam algum<br />

tempo, para gerir a escassez de água no curto<br />

prazo <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m fundamental fazer uma melhor<br />

gestão da procura, sinalizando aos utilizadores de<br />

água a necessidade de reduzir os seus consumos,<br />

algo que as Resoluções de Conselhos de Ministros<br />

sobre este tema procuraram acautelar. Isso<br />

significa, no curto prazo, diminuir os usos de água<br />

não essenciais como as regas, lavagens ou enchimentos<br />

de piscinas, sinalizar a escassez atrav<strong>é</strong>s de<br />

limitações ao licenciamento de captações ou com<br />

preços mais elevados para consumos sup<strong>é</strong>rfluos.<br />

A ERSAR tem feito parte da equipa que monitoriza<br />

regularmente a evolução da disponibilidade<br />

de recursos hídricos no setor urbano e com algumas<br />

medidas simples foi possível alargar o chamado<br />

“dia zero”, o dia em que se nada acontecesse<br />

seria necessário tomar medidas mais drásticas e<br />

condicionar todos os usos não essenciais. Felizmente,<br />

esse dia não aconteceu, mas <strong>é</strong> importante<br />

que as populações tenham a consciência que um<br />

dia pode acontecer e de que temos todos de fazer<br />

o que está ao <strong>nos</strong>so alcance para que nunca venha<br />

a acontecer. No caso do Algarve, <strong>é</strong> mesmo aplicável<br />

o slogan de “todas as gotas de água contam”,<br />

porque a probabilidade de fenóme<strong>nos</strong> de seca se<br />

manterem <strong>nos</strong> próximos a<strong>nos</strong> <strong>é</strong> cada vez mais<br />

elevada.<br />

Como tem a ERSAR atuado preventivamente<br />

sobre os possíveis efeitos da seca<br />

meteorológica?<br />

Atua a montante, acompanhando as entidades<br />

gestoras para que estas tenham pla<strong>nos</strong> a longo<br />

prazo e se tornem mais resilientes. Centra a sua<br />

ação em medidas de prevenção e promoção de<br />

boas práticas na gestão do ciclo urbano da água,<br />

nomeadamente, atrav<strong>é</strong>s da Regulação da Qualidade<br />

do Serviço e implementação do sistema de<br />

indicadores de avaliação, entre os quais se destacam:<br />

o indicador que calcula as perdas reais de<br />

água e os indicadores relacionados com sustentabilidade<br />

das infraestruturas — uma vez que<br />

infraestruturas em bom estado reduzem perdas<br />

e são essenciais para a garantia da qualidade da<br />

água na torneira — e ainda, atrav<strong>é</strong>s da monitorização<br />

da reutilização das águas residuais tratadas,<br />

promovendo assim, um uso eficiente deste<br />

recurso.<br />

Disponibiliza elementos de apoio t<strong>é</strong>cnico, com<br />

recomendações e procedimentos a adotar pelas<br />

entidades gestoras dos serviços de abastecimento<br />

público de água, tais como o Guia T<strong>é</strong>cnico n.º8<br />

sobre o uso eficiente da água no sector urbano e<br />

participa na elaboração de pla<strong>nos</strong> de prevenção<br />

nacionais, destacando-se o Plano de Prevenção,<br />

Monitorização e Contingência para Situações de<br />

Seca, de 2017, do Governo.<br />

As tarifas da água foram aumentadas. Considera<br />

os valores justos ou as tarifas deveriam<br />

ainda ser mais elevadas?<br />

Algumas tarifas foram aumentadas, mas outras<br />

não. Depende muito de sistema para gestão e de<br />

entidade gestora para entidade gestora, e a ER-<br />

SAR publica anualmente dados detalhados a este<br />

propósito que disponibiliza no site. O preço pago<br />

pelos serviços de abastecimento público de água e<br />

saneamento de águas residuais procura a recuperação<br />

dos custos incorridos com a prestação dos<br />

mesmos e o incentivo ao consumo eficiente, entre<br />

outros aspetos. As tarifas devem ser determinadas<br />

para gerar rendimentos que cubram os custos<br />

de investimento e de operação nas diferentes<br />

etapas necessárias ao processo de abastecimento/<br />

saneamento de água.<br />

A “Lei da Água” (Lei n.o 58/2005, de 29 de<br />

dezembro) e o Regime Financeiro dos Recursos<br />

Hídricos (Decreto-Lei n.o 97/2008, de 11 de junho),<br />

em consonância com o Direito da União<br />

Europeia, determinam que o regime de tarifas/<br />

preços dos serviços de águas deve assegurar a tendencial<br />

recuperação do investimento inicial e de<br />

novos investimentos de expansão, modernização<br />

e substituição das infraestruturas; a manutenção,<br />

a reparação e a renovação de todos os bens<br />

e equipamentos afetos aos serviços; o pagamento<br />

de todos os encargos obrigatórios que lhes estejam<br />

associados e a eficácia dos serviços num quadro<br />

de eficiência da utilização dos recursos. Estas<br />

quatro vertentes são associadas ao “princípio de<br />

recuperação de custos”, ou seja, as tarifas devem<br />

refletir os custos das entidades gestoras com a<br />

prestação dos serviços.<br />

Mas este aumento de preços deve-se a um passado<br />

histórico...<br />

A adequada evolução do custo dos serviços de<br />

água que determinará, por consequência, o aumento<br />

de preços, deve-se, essencialmente, mas<br />

não só, a um passado histórico de desajustamento<br />

da cobertura dos custos por parte de entidades<br />

gestoras que assumiram uma vontade política<br />

de manter artificialmente reduzidos os preços<br />

destes bens essenciais. Será necessário, parece-<br />

-me, um adequado ajustamento dos preços para<br />

aproximar a tarifa do efetivo custo do serviço, de<br />

modo a assegurar o cumprimento da lei e possibilitar<br />

a sustentabilidade da prestação destes<br />

serviços no longo prazo, permitindo financiar a<br />

reabilitação de sistemas que registam níveis muito<br />

elevados de perdas.<br />

Por outro lado, <strong>é</strong> fundamental que os preços<br />

reflitam tamb<strong>é</strong>m outros fatores tais como alterações<br />

climáticas e crescente necessidade de<br />

encontrar soluções para enfrentar a escassez de<br />

água, redução de população em algumas regiões,<br />

com o consequente desajuste entre o esforço de<br />

investimento mínimo necessário para garantir<br />

acessibilidade e os volumes de água abastecida ou >><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


16<br />

\\ ENTREVISTA \\<br />

tratada, ou, ainda, a possível dificuldade de realização<br />

de investimentos de manutenção/substituição<br />

adequados das infraestruturas.<br />

De acordo com o relatório anual do setor publicado<br />

pela ERSAR, o indicador “acessibilidade<br />

económica” em todos os serviços destaca-se pela<br />

positiva, ou seja, em m<strong>é</strong>dia, atualmente, estes serviços<br />

são economicamente acessíveis aos consumidores<br />

finais. Para as famílias mais vulneráveis,<br />

podem ser oferecidos tarifários sociais sendo<br />

que a ERSAR emitiu uma recomendação nesse<br />

sentido.<br />

A questão das perdas de água... Segundo a<br />

DECO em 2022, desperdiçámos mais de 162<br />

milhões de metros cúbicos de água já tratada,<br />

e paga, que não foi distribuída aos consumidores.<br />

Em euros, são 88 milhões de euros em<br />

água não faturada. Se quisermos aprofundar o<br />

cálculo, os últimos dez a<strong>nos</strong> levaram à evaporação<br />

de cerca de 840 milhões de euros, valor<br />

calculado por baixo. Nem todas as entidades<br />

gestoras reportam dados à ERSAR, pelo que<br />

só se pode supor que as ineficiências sejam<br />

superiores. Estes 840 milhões chegariam para<br />

cobrir mais de 30% do investimento para renovar<br />

condutas e ramais envelhecidos. Não <strong>é</strong><br />

pouca coisa...<br />

As perdas reais de água no setor urbano têm sido<br />

medidas regularmente pela ERSAR - os números<br />

que a DECO divulgou são, aliás, os números publicados<br />

pela ERSAR no seu relatório anual. O<br />

indicador com denominação “AA15 – Perdas reais<br />

de água” mede as perdas que ocorrem ao longo<br />

da rede de distribuição e visa avaliar o nível de<br />

sustentabilidade ambiental do serviço em termos<br />

da eficiência na utilização de recursos ambientais<br />

no que respeita às perdas reais de água (fugas e<br />

extravasamentos).<br />

Ao longo dos últimos a<strong>nos</strong>, tem havido um<br />

aumento da eficiência. Subsiste, no entanto, um<br />

universo de entidades com práticas me<strong>nos</strong> eficazes<br />

a este nível e que registam perdas reais relevantes<br />

e indesejáveis. Consideramos que o passo<br />

primordial se prende com a gestão patrimonial<br />

dos sistemas de abastecimento de água, que tem<br />

gradualmente melhorado devido à intervenção<br />

da ERSAR. A gestão tem de começar no maior<br />

conhecimento das infraestruturas existentes. O<br />

índice de conhecimento infraestrutural e de gestão<br />

patrimonial trabalhado pela ERSAR ilustra o<br />

conhecimento que as EG têm sobre as suas infraestruturas<br />

e <strong>é</strong> fundamental para uma boa gestão<br />

deste tipo de infraestruturas que, como sabemos,<br />

estão na sua maioria enterradas e cujos problemas<br />

não conseguimos visualizar. Se as EG não<br />

conhecerem a sua rede <strong>é</strong> difícil atuarem preventivamente<br />

para evitar que haja perdas e roturas. As<br />

perdas são normalmente graduais e silenciosas<br />

e a falta de proatividade na renovação e reabilitação<br />

das redes <strong>é</strong> uma das principais causas dos<br />

elevados níveis de perdas, roturas e colapsos (no<br />

caso dos coletores de AR).<br />

E o tema da reabilitação?<br />

É o segundo passo. A reabilitação das infraestruturas<br />

tem sido muito incipiente em Portugal, e<br />

isto torna-se cada vez mais problemático, uma<br />

vez que as redes vão envelhecendo e os investimentos<br />

têm acontecido sobretudo <strong>nos</strong> últimos<br />

40 a<strong>nos</strong>. Se considerarmos que o tempo m<strong>é</strong>dio<br />

de vida útil da infraestrutura <strong>é</strong> de 40 a 50 a<strong>nos</strong>,<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ ENTREVISTA \\<br />

17<br />

A rede de abastecimento de água, pelas<br />

suas características físicas, necessita<br />

de um nível de investimento elevado e<br />

de manutenção contínua. Estas redes<br />

apresentam um longo “período de vida”,<br />

que pode ir de 50 a 100 a<strong>nos</strong>, pelo que, de<br />

forma indicativa, a renovação das mesmas<br />

deveria ocorrer a uma taxa de 1,5 a 4%<br />

ao ano, o que não tem sucedido<br />

deveria haver pelo me<strong>nos</strong> 2% de reabilitação das<br />

redes para assegurar que no prazo de 50 a<strong>nos</strong><br />

toda a rede de uma entidade <strong>é</strong> renovada. Se deixarmos<br />

isso para mais tarde, os custos de renovação<br />

irão concentrar-se todos quando a rede<br />

colapsar, à custa de um valor adicional e de uma<br />

redução significativa da qualidade do serviço.<br />

Com todas as medidas implementadas na sua<br />

opinião haverá reserva de água para 2025?<br />

Conforme a monitorização que tem sido feita<br />

relativamente ao setor urbano, aquele que a ER-<br />

SAR acompanha, tem-se verificado uma redução<br />

de consumos no ano de <strong>2024</strong> face ao ano de 2023,<br />

mas <strong>é</strong> fundamental continuar os esforços de redução<br />

de consumos de água por todos os setores<br />

para prevenir eventuais impactos decorrentes da<br />

seca.<br />

O que podemos dizer segundo os cenários<br />

mais atuais de que dispomos já considerando<br />

projeções de acordo com os consumos registados<br />

<strong>nos</strong> últimos meses, as estimativas indicam que,<br />

no início de 2025 teremos uma situação muito<br />

semelhante à que tivemos em janeiro de <strong>2024</strong>, o<br />

que <strong>é</strong> preocupante.<br />

O setor agrícola <strong>é</strong> sempre o mais penalizado e<br />

apontado como o grande “gastador”, sendo que<br />

na ótica dos agricultores a água que gastam estão<br />

a devolvê-la à natureza, devido ao ciclo da<br />

água. Mas falando do Algarve esta classe tem<br />

pedido transvases de água a partir do Douro<br />

ou do Alqueva e a construção de mais barragens.<br />

É uma boa saída ou solução?<br />

A ERSAR regula o setor urbano, não tendo competências<br />

de regulação no setor agrícola. Em relação<br />

à “devolução da água à natureza”, isso <strong>é</strong> válido<br />

para vários outros setores, incluindo o urbano,<br />

que trata as águas residuais recolhidas nas <strong>nos</strong>sas<br />

casas e as devolve ao meio hídrico ou, por exemplo,<br />

como acontece em várias áreas do Algarve,<br />

as reutiliza.<br />

Quando os vários investimentos previstos para<br />

o Algarve estiverem concluídos prevê-se fornecer<br />

cerca de 8 hm3 de água tratada oriunda das<br />

ETAR para irrigação, lavagem de ruas e outros<br />

usos não potáveis. Relativamente a eventuais<br />

transvases entre bacias hidrográficas, estas carecem<br />

sempre de uma análise pr<strong>é</strong>via por parte da<br />

Agência Portuguesa do Ambiente (APA), autoridade<br />

competente nesta mat<strong>é</strong>ria.<br />

Água dessalinizada — a de Albufeira está prevista<br />

ficar concluída em 2026. Qual a vossa posição<br />

sobre obter água via dessalinização?<br />

A principal prioridade deve ser o aumento da<br />

eficiência, <strong>nos</strong> diferentes tipos de uso. Há ainda<br />

uma elevada margem de melhoria, quer no<br />

setor urbano, quer noutros setores que pode<br />

ser explorada e que, em termos económicos, faz<br />

muito mais sentido, uma vez que contribui para<br />

a diminuição dos gastos associados ao uso da<br />

água. A dessalinização apresenta como principal<br />

vantagem o facto de a produção de água potável<br />

a partir de água do mar não ser afetada pelas<br />

condições climáticas que se verifiquem, pelo que<br />

contribuirá para o aumento da resiliência e das<br />

disponibilidades hídricas da região algarvia independentemente<br />

de se tratar de um ano húmido<br />

ou de um ano seco.<br />

Outro aspeto positivo consiste no facto de a<br />

instalação de uma central desta natureza em<br />

Portugal permitir adquirir experiência e conhecimentos<br />

t<strong>é</strong>cnicos acerca do processo de dessalinização,<br />

que poderão vir a ser úteis no futuro,<br />

se se optar pela construção de outras instalações >><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


18<br />

\\ ENTREVISTA \\<br />

De acordo com os dados de que a ERSAR dispõe, em<br />

m<strong>é</strong>dia, as tarifas aplicadas aos consumidores apenas<br />

permitem cobrir cerca de 70% dos gastos efetivos do<br />

serviço de recolha e tratamento de resíduos urba<strong>nos</strong><br />

que recorram a esta tecnologia. Este tipo de solução<br />

tem tamb<strong>é</strong>m desvantagens, como eventuais<br />

impactos ambientais e a necessidade de tratar adequadamente<br />

os subprodutos que resultam deste<br />

tratamento, ou os custos significativamente superiores<br />

face ao uso de outro tipo de origens de água.<br />

A possibilidade de o PRR financiar o investimento<br />

desta infraestrutura prevista para o Algarve,<br />

ainda que parcialmente, constitui uma oportunidade<br />

única e de grande relevância, enquanto<br />

permite a redução muito significativa do custo<br />

específico de produção de água relacionado com<br />

a amortização do investimento. Considerando<br />

que a construção da central de dessalinização se<br />

enquadra num contexto de gestão integrada dos<br />

recursos hídricos da região algarvia, esta infraestrutura<br />

contribui para uma resiliência maior desses<br />

recursos, o que se traduz em benefícios para<br />

todos os utilizadores de água da região.<br />

Mas a produção de água recorrendo à dessalinização<br />

da água do mar tem custos mais<br />

elevados?<br />

Tem custos significativamente superiores ao do<br />

uso da água de outras origens, atendendo aos elevados<br />

custos operacionais (por exemplo, custos<br />

com a energia consumida ou com a manutenção<br />

e substituição dos equipamentos necessários), a<br />

ERSAR considera que os respetivos custos deverão<br />

ser partilhados pelos vários setores beneficiados,<br />

para não serem apenas os utilizadores<br />

do setor urbano a suportar o acr<strong>é</strong>scimo de custos<br />

que o funcionamento da dessalinizadora induzirá.<br />

De acordo com as informações disponibilizadas<br />

pelas Águas do Algarve (AdA), a entidade<br />

que irá construir e explorar esta infraestrutura,<br />

e cujo serviço <strong>é</strong> regulado pela ERSAR, caso não<br />

haja essa solidariedade por parte de todos os utilizadores<br />

de água do Algarve, que beneficiam em<br />

igual medida da construção desta infraestrutura,<br />

isso poderá significar um aumento muito significativo<br />

do custo da água para os utilizadores urba<strong>nos</strong><br />

(dom<strong>é</strong>sticos e não dom<strong>é</strong>sticos).<br />

Outro problema sob a sua regulação são os resíduos:<br />

Portugal tem falhado nas metas de reciclagem.<br />

O que <strong>é</strong> preciso mudar?<br />

Mais do que a mudança de um setor, necessitamos<br />

de uma mudança global na forma de consumo,<br />

com a transição de uma economia linear, que<br />

se baseia na produção, utilização e rejeição dos<br />

produtos e materiais, para uma economia circular<br />

que permite aproveitar os materiais usados e<br />

gerir melhor os recursos naturais. Isso implica<br />

que produtores e consumidores contribuam para<br />

essa mudança e que os incentivos estejam alinhados<br />

para que cada interveniente na cadeia<br />

de produção, de consumo e de gestão de resíduos<br />

trabalhem no sentido desejado e tornem essa gestão<br />

eficiente e autossustentável.<br />

A circularidade da economia não <strong>é</strong> só um imperativo<br />

ambiental, tem muitas outras vantagens<br />

como a diminuição do risco da dependência da<br />

importação de produtos de outros países, a gestão<br />

mais eficiente dos recursos, a gestão territorial<br />

ou a proteção dos habitats e ecossistemas.<br />

A mudança deste modelo económico baseado<br />

em produzir, usar e deitar fora, esperando que a<br />

sociedade assuma os custos do tratamento dos<br />

resíduos daí decorrentes depende em primeira<br />

instância da mudança dos pressupostos económicos<br />

que levam a que seja mais vantajoso esse<br />

tipo de consumo. Importa refletir esses custos<br />

<strong>nos</strong> preços dos produtos que usem mat<strong>é</strong>rias-<br />

-primas virgens para promover uma hierarquia<br />

de gestão dos resíduos que assente sobretudo no<br />

ecodesign dos produtos que possibilite a redução<br />

e reutilização, e fomente o aproveitamento dos<br />

materiais atrav<strong>é</strong>s da reciclagem e valorização em<br />

detrimento da sua eliminação, que se traduz em<br />

maior ineficiência. Instrumentos como o ecovalor<br />

pela inserção de produtos no mercado, a<br />

obrigatoriedade de incorporação mínima de materiais<br />

reciclados ou a taxa de gestão de resíduos<br />

podem contribuir para comportamentos mais<br />

corretos por parte dos produtores, sempre que os<br />

valores associados são adequados.<br />

E incentivos para um comportamento mais<br />

consciente por parte dos consumidores...<br />

São tamb<strong>é</strong>m essenciais porque contribuem para<br />

um consumo e gestão de resíduos mais consciente<br />

das respetivas implicações para o ambiente.<br />

Para isso em muito contribui a existência de tarifas<br />

relativas ao serviço de gestão de resíduos que<br />

promovam a redução da produção de resíduos e<br />

a sua separação adequada.<br />

As entidades gestoras do serviço de gestão de<br />

resíduos devem tamb<strong>é</strong>m desenvolver um conjunto<br />

de esforços para se tornarem mais eficientes e<br />

com capacitação adequada para fazerem a melhor<br />

gestão dos resíduos que recolhem. Para dar<br />

resposta às exigências da legislação comunitária e<br />

nacional prevê- se a necessidade de realização de<br />

um conjunto muito significativo de investimentos<br />

no setor dos resíduos para modernizar as infraestruturas<br />

existentes e reformular a lógica de<br />

recolha e tratamento de resíduos em adaptação a<br />

essas novas exigências.<br />

Devíamos pagar mais pelos resíduos?<br />

Segundo os dados de que a ERSAR dispõe, em<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ ENTREVISTA \\<br />

19<br />

ENQUADRAMENTO<br />

DOS SISTEMAS PAYT<br />

O Regime Geral de <strong>Resíduos</strong> (RGGR), e mais em concreto o<br />

seu artigo 107 dispõe que:<br />

• “Os municípios devem cobrar ao utilizador final uma tarifa<br />

pelo serviço de gestão de resíduos urba<strong>nos</strong> prestado de forma<br />

a cobrir os respetivos custos, incluindo os de tratamento<br />

dos resíduos urba<strong>nos</strong>. “ ;<br />

• “A tarifa de resíduos deve incentivar a redução da quantidade<br />

dos resíduos urba<strong>nos</strong> e a nocividade dos mesmos,<br />

bem como a separação na origem e um incremento dos<br />

resíduos recolhidos seletivamente.”<br />

• “As tarifas devem ser aplicadas sobre a quantidade de resíduos<br />

recolhidos, medida em unidades de peso ou estimada<br />

pelo volume de contentorização” (tarifação tipo PAYT).<br />

• Os municípios devem, assim, cobrar uma tarifa pelo serviço<br />

de gestão de resíduos urba<strong>nos</strong> prestado de forma a<br />

cobrir todos os custos, incluindo os de tratamento efetuado<br />

pela entidade gestora em alta, deduzindo, naturalmente<br />

todas as receitas que possam ter com o encaminhamento<br />

dos resíduos para reciclagem de acordo com o quadro legar<br />

em vigor.<br />

• A fatura dos resíduos está em quase todo o país ainda indexada<br />

ao consumo da água, não obstante os esforços que<br />

têm sido efetuados no sentido de inverter esta situação.<br />

Esta realidade faz com que os incentivos neste âmbito para<br />

a redução da produção de resíduos bem como para a separação<br />

de resíduos recicláveis sejam muito limitados.<br />

O referido artigo 107.o do RGGR prevê que a partir de 2025<br />

as tarifas a aplicar ao setor do com<strong>é</strong>rcio, serviços e restauração<br />

e, a partir de 2030, as tarifas a aplicar ao setor dom<strong>é</strong>stico<br />

deixem de estar indexadas ao consumo de água, o que,<br />

não obstante os esforços que têm at<strong>é</strong> agora sido efetuados,<br />

quer em termos de legislação, quer de sensibilização, requer<br />

um esforço articulado de todos os agentes do setor e<br />

será uma grande mudança na forma como os consumidores<br />

percecionam o serviço e o seu próprio papel na redução da<br />

sua tarifa de gestão de resíduos.<br />

m<strong>é</strong>dia, as tarifas aplicadas aos consumidores<br />

apenas permitem cobrir cerca de 70%<br />

dos gastos efetivos do serviço de recolha e<br />

tratamento de resíduos urba<strong>nos</strong>. Existe, de<br />

facto, um conjunto significativo de entidades<br />

gestoras, sobretudo de gestão municipal,<br />

que subsidiam o serviço de recolha de<br />

resíduos urba<strong>nos</strong> atrav<strong>é</strong>s dos orçamentos<br />

municipais, optando por definir tarifas<br />

mais baixas que esses gastos. Esta prática<br />

recorrente numa parte significativa dos<br />

municípios acarreta dois problemas: afeta<br />

a sustentabilidade económica do serviço<br />

no longo prazo e a capacidade futura de<br />

introdução de melhorias e de realização de<br />

investimentos; e não permite transmitir<br />

aos consumidores o verdadeiro custo do<br />

serviço.<br />

Qual a posição da ERSAR?<br />

A ERSAR tem defendido que, tal como<br />

previsto na legislação nacional (lei das finanças<br />

locais), os preços a cobrar por estes<br />

serviços essenciais devem cobrir os custos<br />

incorridos na prestação dos serviços. Este<br />

<strong>é</strong> um aspeto relativamente ao qual a ER-<br />

SAR alerta em todos os pareceres tarifários,<br />

que são o instrumento de que dispõe<br />

para influenciar as tarifas deliberadas pelos<br />

municípios.<br />

Nos casos em que há esta insuficiente<br />

cobertura dos gastos <strong>é</strong>, de facto, previsível<br />

que as tarifas tenham de aumentar para<br />

assegurar um serviço de qualidade, em<br />

função dos investimentos a realizar para<br />

assegurar as metas ambientais definidas na<br />

legislação. É tamb<strong>é</strong>m fundamental que as<br />

entidades procurem formas de assegurar<br />

maior eficiência nas suas operações, seja<br />

pela agregação com outras entidades, seja<br />

pela otimização dos circuitos de recolha<br />

de resíduos ou pela sensibilização de modo<br />

a promover uma maior separação de resíduos<br />

para reciclagem e aproveitamento.<br />

Tudo isso pode influenciar os seus gastos<br />

e o aumento das tarifas que poderá ser<br />

necessário.<br />

Os encargos de Portugal comparativamente<br />

a outros países europeus...<br />

A ERSAR avalia em paralelo os níveis de<br />

acessibilidade económica dos serviços que<br />

regula e, no caso do serviço de gestão de<br />

resíduos urba<strong>nos</strong>, uma família portuguesa<br />

gasta em m<strong>é</strong>dia cerca de 0,18% do seu<br />

rendimento com este serviço (cerca de 75<br />

€ por ano), o que se traduz num serviço<br />

economicamente acessível face aos valores<br />

de referência. Comparando os encargos<br />

em Portugal com encargos noutros países<br />

europeus, verificamos que Portugal regista<br />

valores em regra mais baixos, havendo,<br />

por isso, margem para aumento das tarifas<br />

dos serviços de gestão de resíduos, em benefício<br />

da melhoria da sustentabilidade e<br />

qualidade do serviço prestado e sem prejudicar<br />

a capacidade para pagar da generalidade<br />

dos utilizadores.<br />

É importante ainda salientar que, mesmo<br />

para os agregados familiares mais desfavorecidos<br />

está previsto no regulamento<br />

tarifário a definição de tarifas sociais, mais<br />

reduzidas, sendo algo que a ERSAR recomenda<br />

em todos os seus pareceres tarifários<br />

que as entidades adotem.<br />

Acredita no sistema PAYT – Pay as you<br />

throw, ou seja, paga à medida que deposita,<br />

este pode ser implementado em<br />

que resíduos e Portugal já tem casos de<br />

sucesso?<br />

O princípio do utilizador-pagador, <strong>é</strong> um<br />

dos princípios que se aplicam quer aos<br />

serviços de águas, quer ao dos resíduos >><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


20 \\ ENTREVISTA \\<br />

As entidades gestoras do serviço de gestão de resíduos<br />

devem tamb<strong>é</strong>m desenvolver um conjunto de esforços<br />

para se tornarem mais eficientes e com capacitação<br />

adequada para fazerem a melhor gestão dos resíduos<br />

que recolhem<br />

Mas este sistema <strong>é</strong> difícil de implementar e<br />

tem alguns custos...<br />

Sim, a adoção destes sistemas implica custos<br />

adicionais na sua implementação, mas <strong>é</strong> uma<br />

das formas mais eficazes de incentivar os consumidores<br />

a reduzir a sua produção de resíduos<br />

indiferenciados. Apesar desses custos adicionais,<br />

permite às entidades gestoras aumentar a eficiência<br />

dos processos de recolha e tratamento de<br />

resíduos e aumentar a quantidade e qualidade<br />

de materiais recuperados resultantes desses processos<br />

que podem ser reciclados e obter maior<br />

urba<strong>nos</strong> e a aplicação de tarifários do tipo PAYT<br />

será um passo importante para assegurar a redução<br />

da produção de resíduos, bem como para fomentar<br />

a adequada separação de resíduos, dando<br />

um incentivo adequado aos consumidores para<br />

reduzirem a sua produção de resíduos indiferenciados,<br />

uma vez que possibilita que paguem um<br />

valor mais baixo pela sua fatura, caso adotem<br />

comportamentos mais corretos.<br />

A política tarifária do serviço público de resíduos<br />

deve, assim, promover a recuperação gradual<br />

e tendencial dos gastos, compatível com a<br />

capacidade económica da população, no quadro<br />

do princípio do poluidor-pagador.<br />

A Estrat<strong>é</strong>gia para a Economia Circular e as<br />

diretivas aprovadas nesse âmbito, em particular<br />

a Diretiva Quadro <strong>Resíduos</strong>, estabelecem metas<br />

ambiciosas de reciclagem e desvio de aterro para<br />

2035, preconizando a prática de instrumentos<br />

económicos, entre os quais os sistemas de tarifação<br />

PAYT, eficazes para a mudança de comportamentos<br />

com vista à aplicação da hierarquia de<br />

resíduos urba<strong>nos</strong>, a nível nacional e local.<br />

Ciente da relevância de que esta temática se<br />

reveste, e de que estes sistemas PAYT são sistemas<br />

de tarifação que permitem uma melhor<br />

perceção dos cidadãos da importância da separação,<br />

a ERSAR tem vindo, <strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>, a<br />

desenvolver iniciativas com vista à promoção<br />

dos sistemas PAYT, aumento do conhecimento<br />

e capacitação t<strong>é</strong>cnica e suporte à tomada de<br />

decisão das EG. No <strong>nos</strong>so site temos mais informação<br />

sobre os trabalhos desenvolvidos nesta<br />

temática.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ ENTREVISTA \\<br />

21<br />

valor desse aproveitamento. Em termos globais,<br />

se os sistemas funcionarem bem, podem resultar<br />

em ganhos de eficiência em benefício das tarifas,<br />

enquanto possibilita a substituição do uso de mat<strong>é</strong>rias-primas<br />

virgens e impactos ambientais positivos<br />

tamb<strong>é</strong>m pela redução da necessidade de<br />

eliminação dos resíduos e deposição em aterro.<br />

De acordo com as estimativas de que dispomos,<br />

ao atual ritmo de produção de resíduos indiferenciados,<br />

poderemos ter necessidade de aumentar<br />

a capacidade de deposição em aterro em<br />

me<strong>nos</strong> de dois a<strong>nos</strong>, em virtude de a atual capacidade<br />

já não ser suficiente. Isto <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m um problema<br />

para a opinião pública: apesar da gestão<br />

de odores e de mitigação da poluição que <strong>é</strong> feita<br />

nessas infraestruturas, ningu<strong>é</strong>m quer um aterro<br />

perto da sua casa ou mesmo no seu concelho.<br />

Os biorresíduos correspondem a 40% do que<br />

produzimos. Com os novos contentores castanhos<br />

considera que esta percentagem possa ser<br />

revertida para uma economia mais circular?<br />

De facto, os biorresíduos têm um importante impacto<br />

no tratamento dos resíduos urba<strong>nos</strong>, por<br />

representarem cerca de 40% dos resíduos urba<strong>nos</strong><br />

produzidos em Portugal e por contaminarem<br />

e prejudicarem e ou impossibilitarem, quando<br />

depositados de forma indiferenciada, a recuperação<br />

de materiais <strong>nos</strong> processos de triagem associados<br />

ao tratamento de resíduos. A esmagadora<br />

maioria destes biorresíduos continua a ser depositada<br />

em aterro, impactando significativamente<br />

todo o setor dos resíduos.<br />

E se, conforme a hierarquia de gestão de resíduos,<br />

o primeiro passo <strong>é</strong> reduzir, importa repensar<br />

comportamentos e padrões de produção<br />

e consumo para evitar o desperdício alimentar<br />

que resulte na produção de me<strong>nos</strong> biorresíduos:<br />

reduzir doses, aproveitar os restos de comida<br />

para a preparação de outros alimentos, doar g<strong>é</strong>neros<br />

alimentícios perto do fim de vida. Para os<br />

biorresíduos cuja produção não se consiga evitar,<br />

importa assegurar que a sua recolha <strong>é</strong> efetuada<br />

de forma adequada de forma a viabilizar o seu<br />

aproveitamento enquanto recurso.<br />

Mas a partir de <strong>2024</strong> passou a ser obrigatório<br />

a implementação de sistemas de recolha seletiva<br />

de biorresíduos pelas várias entidades<br />

gestoras municipais para garantir, por um<br />

lado, o seu aproveitamento para outros fins<br />

— por exemplo, a produção de biogás para<br />

aproveitamento energ<strong>é</strong>tico ou a produção de<br />

composto para aproveitamento agrícola ou de<br />

enriquecimento dos solos — e, por outro, o<br />

desvio de aterro dos biorresíduos evitando a<br />

contaminação de outros tipos de resíduos que<br />

poderiam ter maior aproveitamento. O que<br />

fez a ERSAR?<br />

No sentido de auxiliar as EG na implementação<br />

de sistemas de recolha seletiva de biorresíduos,<br />

a ERSAR emitiu uma recomendação relativa à<br />

formação de tarifários do serviço de gestão de<br />

resíduos urba<strong>nos</strong> decorrente da implementação<br />

das atividades obrigatórias de recolha e tratamento<br />

seletivos de biorresíduos - Recomendação<br />

n.º4/2023.<br />

Adicionalmente, considerando a relevância<br />

da recolha seletiva destes resíduos para o cumprimento<br />

das metas de preparação para reciclagem<br />

e reutilização e de desvio de aterro, a ER-<br />

SAR realizou um inqu<strong>é</strong>rito junto das entidades<br />

gestoras a nível nacional, cujo relatório com as<br />

principais conclusões se encontra disponível<br />

para consulta no <strong>nos</strong>so site. Com o desvio de<br />

aterro dos biorresíduos <strong>é</strong> expectável uma diminuição<br />

significativa de resíduos a serem encaminhados<br />

para aterro (saliente-se que at<strong>é</strong> 2035, a<br />

quantidade de resíduos urba<strong>nos</strong> depositados em<br />

aterro, deve ser reduzida para um máximo de<br />

10 % da quantidade total, em peso, de resíduos<br />

urba<strong>nos</strong> produzidos, e que em 2022, segundo<br />

dados da APA, 57% dos resíduos tiveram como<br />

destino o aterro e a diminuição dos seus odores.<br />

Que medidas ou ações tomaria já para cada<br />

um dos setores?<br />

Não há medidas milagrosas que resolvam todos<br />

os problemas destes setores. O trabalho tem<br />

de ser integrado, contínuo e os vários intervenientes<br />

devem assumir o seu papel para implementar<br />

as medidas previstas <strong>nos</strong> pla<strong>nos</strong> estrat<strong>é</strong>gicos<br />

para estes setores (PENSAARP 2030,<br />

no caso das águas, e PERSU 20230, no caso dos<br />

resíduos).<br />

Pelo papel importante que a ERSAR, entidade<br />

reguladora, tem na integração das medidas, diria<br />

que o alargamento das competências do regulador<br />

em termos da sua capacidade de intervenção<br />

para fazer cumprir a legislação e as boas<br />

práticas, poderia ser uma das medidas mais importantes<br />

a tomar.<br />

Na sua opinião considera que falta informação<br />

ao “consumidor” sobre como reciclar? Ou<br />

as pessoas já estão mais familiarizadas com os<br />

contentores?<br />

A informação e sensibilização nunca <strong>é</strong> demais,<br />

at<strong>é</strong> porque estamos a falar de mudanças geracionais<br />

que requerem o envolvimento individual<br />

de cada um e, sobretudo, o esforço e consciencialização<br />

da sociedade para a importância de<br />

todos adotarem comportamentos adequados.<br />

Uma vez que se trata de um novo tipo de recolha<br />

seletiva, e que serão aplicadas metodologias<br />

de recolha distintas em diferentes áreas geográficas,<br />

<strong>é</strong> fundamental que os cidadãos estejam<br />

informados sobre o que devem fazer em termos<br />

da separação dos biorresíduos.<br />

Ainda assim, muitas vezes as más práticas<br />

não acontecem por falta de informação, mas<br />

por requererem um esforço adicional e por o cidadão<br />

não perceber os benefícios desse esforço<br />

adicional, que transcendem os benefícios individuais<br />

que ele terá. A implementação de sistemas<br />

PAYT pode vir a ajudar a dar os incentivos necessários<br />

para mudar comportamentos.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


22<br />

\\ TÊXTIL \\<br />

PORTUGAL À FRENTE<br />

NA RECICLAGEM TÊXTIL<br />

NA EUROPA, A PARTIR DE JANEIRO DE 2025, SERÁ PROIBIDO ENVIAR ROUPA EM FIM DE VIDA<br />

PARA ATERRO, INCINERAR OU MESMO EXPORTÁ-LA. EM PORTUGAL SÃO CERCA DE 200 MIL<br />

TONELADAS POR ANO. SOLUÇÃO? CIRAR UM GIGANTE CEMITÉRIO DE TRAPOS OU RECICLAR<br />

E CONSEGUIR MATÉRIA-PRIMA NOVA.<br />

\\ Por Teresa Cotrim<br />

Antes de começar a ler este artigo, faço-lhe um desafio:<br />

abra as portas do roupeiro e questione se precisa<br />

de toda essa roupa. Há quanto tempo não veste<br />

algumas dessas peças? Segundo a Comissão Económica<br />

das Nações Unidas para a Europa, 40% das<br />

indumentárias que temos no armário não são usadas. “Nos últimos<br />

15 a<strong>nos</strong>, duplicámos a quantidade de vestuário que produzimos<br />

e reduzimos pela metade as vezes que o vestimos antes de o descartarmos”,<br />

diz o relatório A New Textiles Economy: redesigning<br />

fashion`s future desenvolvido pela Fundação Ellen Macarthur em<br />

parceria com a H&M, Nike e Fundação C&A. Por este motivo, a<br />

roupa que usamos e deitamos fora <strong>é</strong> já a quarta causa de pressão<br />

para o ambiente, depois da alimentação, alojamento e transportes.<br />

Se antigamente havia duas coleções por ano, agora fazem-se cerca<br />

de 50. O chamado fastfashion, que produz mais de 92 milhões de<br />

toneladas de resíduos por ano, veio para ficar. Anualmente, cerca<br />

de 90 milhões de peças de vestuário acabam em aterros sanitários<br />

— os tecidos não biodegradáveis podem resistir at<strong>é</strong> 200 a<strong>nos</strong>.<br />

O circuito, do produtor ao consumidor tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong> nefasto para o<br />

ambiente. Desde 1975, a produção de fibras têxteis quase triplicou<br />

e, hoje, 60% são sint<strong>é</strong>ticas. Estima-se que os europeus comprem 26<br />

kg de roupa por ano e 56% <strong>é</strong> poli<strong>é</strong>ster; a fibra mais usada e que<br />

está relacionada uma enorme pegada ecológica — são necessários<br />

mais de 70 milhões barris de petróleo por ano. O algodão requer<br />

muita água e uma enorme área de cultivo, sobretudo se for orgânico.<br />

Al<strong>é</strong>m disso, como refere o mesmo relatório citado acima, a<br />

indústria têxtil depende sobretudo de recursos não renováveis (98<br />

milhões de toneladas no total, por ano), incluindo petróleo para<br />

produzir fibras sint<strong>é</strong>ticas, fertilizantes para cultivar algodão e químicos<br />

para produzir, tingir e finalizar fibras e têxteis.<br />

Mas os números não ficam por aqui. A indústria da moda anualmente<br />

produz 20 peças de roupa por pessoa. 140 mil milhões de<br />

novas peças de vestuário a cada 365 dias, ou seja, 4,4 mil peças por<br />

segundo. Mais de 3500 substâncias químicas são utilizadas na produção<br />

têxtil, pelo me<strong>nos</strong>, 750 foram classificadas como perigosas<br />

para a saúde e 440 para o ambiente. Estima-se tamb<strong>é</strong>m que 20% da<br />

poluição da água tenha origem <strong>nos</strong> processos de tinturaria e acabamento<br />

das peças, com consequências para a saúde dos trabalhadores<br />

e das comunidades locais.<br />

E Portugal, como está nesta mat<strong>é</strong>ria? Segundo o site Portugal<br />

Têxtil e conforme os dados publicados por sete entidades com pontos<br />

de recolha de vestuário usado, que no total detêm 8.975 contentores<br />

espalhados pelo país, todos os a<strong>nos</strong> são recolhidas 26.800<br />

toneladas de resíduos têxteis em Portugal. Já a Agência Portuguesa<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ TÊXTIL \\<br />

23<br />

do Ambiente, com dados relativos a 2017, indica<br />

que, em contentores de resíduos urba<strong>nos</strong>,<br />

foram recolhidas cerca de 200.756 toneladas de<br />

resíduos têxteis, o que representa cerca de 4%<br />

do total de resíduos produzidos no país, ou seja,<br />

cerca de 4,75 milhões.<br />

Por<strong>é</strong>m, tudo isto está prestes a mudar. Isto<br />

porque a legislação assim o obriga. Os vários<br />

pacotes legislativos que estão a ser negociados<br />

no bloco europeu contemplam a proibição de<br />

incineração ou colocação em aterro de têxteis,<br />

a responsabilidade alargada do produtor sobre<br />

os resíduos, o condicionamento nas exportações<br />

de têxteis usados para países terceiros, nomeadamente<br />

para África, e, previsivelmente, a obrigatoriedade<br />

de incorporação de mat<strong>é</strong>rias-primas<br />

recicladas em novos artigos. A boa notícia?<br />

Portugal já está na linha da frente.<br />

No entanto, Luís Cristino, co-fundador da<br />

Plataforma Sustentável OMA e presidente<br />

da Assembleia Geral da Academia do Têxtil <strong>é</strong><br />

claro: “como aumentar a circularidade no setor<br />

têxtil <strong>é</strong> a pergunta de um milhão de dólares,<br />

aquela que todos os intervenientes do setor gostariam<br />

de saber a resposta!” Isto porque na sua<br />

opinião não <strong>é</strong> apenas apregoar a redução de X<br />

por cento no consumo de água ou de energia no<br />

processo de fabrico, <strong>é</strong> o repensar todo um modelo<br />

de negócio da moda/têxtil. Por<strong>é</strong>m, afirma<br />

que acredita numa indústria têxtil do futuro,<br />

>><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


24<br />

\\ TÊXTIL \\<br />

sem petroquímicos e com muito me<strong>nos</strong> resíduos,<br />

verdadeiramente inovadora e circular. O<br />

presidente da Academia do Têxtil diz, inclusive,<br />

que a próxima revolução económica do<br />

mundo será a da bioeconomia azul sustentável.<br />

“Esta <strong>é</strong> uma das poucas, senão a única oportunidade<br />

para a diferenciação e descarbonização<br />

do setor”.<br />

RECICLAGEM TÊXTIL PODE CHEGAR AOS 80%,<br />

EM 2030<br />

O estudo Scalling Textile Recycling in Europe<br />

— turning waste into value da consultora<br />

McKinsey revela que cada europeu produz em<br />

m<strong>é</strong>dia 15 quilogramas de resíduos têxteis por<br />

ano e, em 2030 este número subirá para 20 quilogramas<br />

(um aumento de mais 30%), dizendo<br />

ainda que a maioria destes resíduos <strong>é</strong> proveniente<br />

de vestuário e têxteis dom<strong>é</strong>sticos. Mais:<br />

65% destes resíduos são transportados diretamente<br />

para aterro ou são incinerados e apenas<br />

um terço de todo o vestuário pós-consumo <strong>é</strong><br />

recolhido e reciclado. Por isso, esta análise diz<br />

que a “taxa de reciclagem têxtil pode aumentar<br />

entre 50% a 80% at<strong>é</strong> 2030 e, a economia circular<br />

tamb<strong>é</strong>m para a produção de fibras têxteis<br />

para novos artigos de vestuário a partir de resíduos<br />

têxteis pode atingir entre 18% e 26%”. A<br />

consultora refere ainda que este mercado pode<br />

gerar seis a oito milhões de euros e criar 15 mil<br />

postos de trabalho at<strong>é</strong> 2030.<br />

Voltando ao relatório A New Textiles Economy:<br />

redesigning fashion`s future este conclui<br />

que a reciclagem apresenta uma oportunidade<br />

para a indústria da moda reaver mais<br />

de 100 mil milhões de dólares em materiais<br />

desperdiçados anualmente pelo sistema. Mas<br />

desengane-se quem pensa que <strong>é</strong> tarefa fácil.<br />

Há desafios pela frente, como por exemplo, os<br />

problemas com a logística reversa, recolha e<br />

separação, dificuldade em reciclar tecidos com<br />

misturas — materiais com mais de uma fibra,<br />

elevado uso de energia. Outro desafio <strong>é</strong> a qualidade<br />

das fibras recicladas. O algodão desfibrado,<br />

por exemplo, muitas vezes necessita de ser<br />

misturado com fibras de algodão virgem ou poli<strong>é</strong>ster<br />

para ser novamente usado no vestuário,<br />

pela perda de qualidade das fibras, que ocorre<br />

no processo, al<strong>é</strong>m de ser me<strong>nos</strong> resistente, embora<br />

nesta mat<strong>é</strong>ria haja já soluções que garantem<br />

a qualidade do mesmo.<br />

O co-fundador da plataforma OMA, realça,<br />

por<strong>é</strong>m, que há uma questão infernal: “a logística<br />

associada a tudo isto. A moda arrasta. É<br />

a questão da pegada carbónica associada, por<br />

exemplo a todo o transporte de fibras de um<br />

lado para o outro”. E questiona: será que quando<br />

as pessoas compram uma camisa de linho<br />

têm noção das voltas que esta deu ao mundo<br />

para ser produzida? Por isso, na sua opinião, o<br />

primeiro objetivo <strong>é</strong> procurar que as mat<strong>é</strong>rias-<br />

-primas estejam tão perto quanto possível do<br />

local de consumo. “A deslocalização que houve<br />

<strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>, tanto da produção de fibras<br />

como da produção de vestuário, agudizou tudo<br />

isto porque ficou tudo na Ásia”. Para o especialista<br />

em sustentabilidade temos de produzir<br />

fibras a partir daquilo que temos, ou seja, da<br />

floresta e da agricultura, isto <strong>é</strong>, fibras artificiais,<br />

mas fabricadas a partir de biomassa.<br />

PORTUGAL NO PELOTÃO DA FRENTE A NÍVEL<br />

EUROPEU<br />

A Europa já está a meter mãos à obra. A European<br />

Apparel and Textile Confederation<br />

(Euratex), que representa os interesses da<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ TÊXTIL \\<br />

25<br />

Como aumentar a circularidade no setor têxtil <strong>é</strong> a<br />

pergunta de um milhão de dólares, aquela que todos os<br />

intervenientes do setor gostariam de saber a resposta!<br />

Luís Cristino, co-fundador da plataforma OMA e Presidente da Assembleia Geral da Academia<br />

do Têxtil<strong>Resíduos</strong> Sólidos<br />

indústria têxtil e do vestuário europeu ao nível<br />

das instituições da EU, referiu em comunicado<br />

a criação da ReHubs Europe que vai operar a<br />

partir de Bruxelas para impulsionar a reciclagem<br />

têxtil em resposta ao pacote legislativo que<br />

está a ser definido para a União Europeia, que<br />

impõe a recolha e seleção de resíduos têxteis at<strong>é</strong><br />

2025. A meta <strong>é</strong> reciclar 2,5 milhões de toneladas<br />

de resíduos têxteis at<strong>é</strong> 2030. Esta pretende juntar<br />

players de toda a cadeia, produtores, marcas<br />

de moda, empresas de recolha e reciclagem,<br />

indústria química e fornecedores de tecnologia.<br />

“Isso exige at<strong>é</strong> 250 projetos industriais na Europa,<br />

abrangendo diferentes tipos de reciclagem<br />

da fibra à fibra”, indicam na mesma fonte. “Estou<br />

muito entusiasmado por fazer parte desta<br />

aliança”, afirma Chris Deloof, diretor-executivo<br />

da ReHubs Europe, acrescentando ainda “<strong>é</strong> um<br />

privil<strong>é</strong>gio trabalhar lado a lado com os capitães<br />

da indústria e da moda que estão a juntar-se à<br />

ReHubs Europe para construir em conjunto o<br />

futuro circular da indústria têxtil”.<br />

Alberto Paccanelli, presidente da Euratex no<br />

mesmo comunicado afiança que esta iniciativa<br />

prova que estão empenhados em fazer avançar<br />

a indústria para um novo modelo de negócio<br />

circular, mesmo durante os tempos difíceis<br />

que se enfrentam atualmente. “Estou particularmente<br />

contente por ver todos os segmentos<br />

da <strong>nos</strong>sa cadeia de valor têxtil a juntar forças.<br />

A ReHubs Europe vai dar um impulso novo à<br />

indústria têxtil na Europa”.<br />

No âmbito da reciclagem a Euratex está<br />

tamb<strong>é</strong>m a promover o RegioGreenTex, no<br />

qual participam os portugueses CITEVE, Sasia<br />

e Tintex, colocando desta forma Portugal<br />

no centro da reciclagem. Este projeto pretende<br />

ser uma ferramenta para atingir o objetivo de<br />

tornar a Europa num exemplo para o resto do<br />

mundo. Para Braz Costa, diretor-geral do CI-<br />

TEVE, centro tecnológico dedicado ao setor<br />

têxtil e do vestuário, “o próprio nome revela o<br />

intuito do projeto, ou seja, um grupo de regiões<br />

onde o setor têxtil tem um papel importante.<br />

O que está em causa será a construção de um<br />

hub industrial para a reciclagem com recolha,<br />

separação, desmantelamento, descontaminação<br />

e reciclagem. Todos estes passos focados na<br />

sustentabilidade”.<br />

O site Portugal Têxtil explica que estão previstos<br />

cinco hubs e cada um vai desenvolver o<br />

seu tipo específico de ecossistema de reciclagem<br />

têxtil que será passível de ser replicado noutras<br />

regiões. Por exemplo: “no nordeste da Rom<strong>é</strong>nia,<br />

o foco estará no design para evitar o desperdício<br />

e a pensar na reciclagem, enquanto nas chamadas<br />

Terras Baixas — que incluem o leste dos Países<br />

Baixos, a Flandres e Altos-da-França —, as<br />

atividades irão concentrar-se na reciclagem de<br />

misturas de resíduos têxteis com destaque em<br />

vestuário de trabalho com retardantes de chama<br />

e paraamidas. Em Itália, que terá uma localização<br />

na Toscânia e outra em Piemonte, vão<br />

concentrar-se na reciclagem de têxteis com elevada<br />

percentagem de lã e no sul de França, em<br />

Auv<strong>é</strong>rnia-Ródano-Alpes, o objetivo será promover<br />

a reciclagem de têxteis t<strong>é</strong>cnicos. Quanto<br />

a Portugal estará na reciclagem de têxteis com<br />

elevada percentagem de algodão”.<br />

Braz Costa refere ainda que o país lidera a<br />

componente do projeto destinada à construção<br />

destes hubs, sempre com um pendor altamente<br />

tecnológico sem descurar o modelo económico-sustentável,<br />

que será feito via mercado. Em<br />

princípio o modelo assenta, por um lado, na<br />

geração de valor pela transformação do “lixo”<br />

em nova mat<strong>é</strong>ria-prima e, por outro, mediante<br />

o recebimento de incentivos provenientes de<br />

eco-taxas a ser pagas, tal como já acontece em<br />

outros setores, caso dos fabricantes de pneus.<br />

No entanto, o valor não deverá ser igual para<br />

>><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


26 \\ TÊXTIL \\<br />

O que está em causa será a construção de um hub<br />

industrial para a reciclagem com recolha, separação,<br />

desmantelamento, descontaminação e reciclagem.<br />

Todos estes passos focados na sustentabilidade<br />

Braz Costa, Diretor-geral do CITEVE<br />

todos, porque o que têm estado a defender a nível<br />

europeu <strong>é</strong> que essa taxa deve ser calculada em<br />

função do nível de sustentabilidade da produção<br />

que <strong>é</strong> feita. Isto <strong>é</strong>, para que quem faz investimentos<br />

para produzir de forma sustentável não seja<br />

obrigado a pagar o mesmo que outra empresa<br />

que não tem as mesmas práticas. Por exemplo:<br />

uma peça foi desenvolvida com bons crit<strong>é</strong>rios de<br />

ecodesign, vai ser fácil de desmontar e de reciclar.<br />

Só tem um tipo de material e, portanto, não levanta<br />

problemas de reciclagem, logo não pode ser<br />

comparada com outra que tem misturas difíceis e<br />

acessórios problemáticos de remover.<br />

O CITEVE “está a difundir conhecimento tecnológico<br />

entre parceiros e em particular está a coordenar<br />

o workpackage que dará suporte às PME<br />

na implementação de pilotos industriais que, uma<br />

vez articulados com outros, constituirão os tais<br />

hubs de reciclagem no contexto de cada região e<br />

como um todo na EU”.<br />

Pedro Magalhães, diretor de inovação da Tintex,<br />

empresa têxtil especializada no tingimento,<br />

acabamento e revestimento de malhas circulares,<br />

diz que estão a trabalhar em duas vertentes. A<br />

primeira com o CITEVE mediante o reaproveitamento<br />

dos desperdícios de malha, dando origem<br />

a novos fios. “Ainda estamos numa fase piloto”. A<br />

segunda centra-se no tingimento e acabamento<br />

de malhas, tornando o processo mais sustentável.<br />

Estão a utilizar o seu processo patenteado de tingimento<br />

natural recorrendo a extratos de plantas e<br />

madeiras combinado com tratamento enzimático<br />

ou biopolishing. Utilizam ainda água reciclada <strong>nos</strong><br />

processos, obtida com tecnologia de membranas<br />

— ultrafiltração e osmose inversa. “Pretendemos<br />

usar estes processos com materiais têxteis não só<br />

de Portugal como tamb<strong>é</strong>m de outros clusters europeus,<br />

focando a sua aplicação em malhas recicladas.<br />

At<strong>é</strong> agora temos tido bons resultados, nomeadamente<br />

com malhas que incorporam algodão<br />

reciclado e liocel em diferentes percentagens, por<strong>é</strong>m<br />

ainda estamos numa fase piloto”.<br />

Outro projeto importante para a circularidade<br />

do setor <strong>é</strong> o be@t — bioeconomia no têxtil e vestuário<br />

que representa um investimento global de 138<br />

milhões de euros, cofinanciados pelo PRR – Plano<br />

de Recuperação e Resiliência e pelos Fundos Europeus<br />

Next Generation EU <strong>é</strong> outro projeto fundamental<br />

para a economia circular deste setor. Sob o<br />

mote “Da natureza, de forma circular e sustentável,<br />

para as pessoas”, o projeto integra 56 parceiros<br />

e tem como pilares fundamentais a obtenção de<br />

novas mat<strong>é</strong>rias-primas alternativas às de origem<br />

fóssil, a implementação da circularidade no setor,<br />

a aposta na sustentabilidade transparente e rastreável<br />

e a intervenção na sociedade para levar à<br />

alteração dos hábitos de consumo. Braz Costa, explica<br />

que o maior desafio está al<strong>é</strong>m da reciclagem<br />

mecânica, algo que já se faz em Portugal há mais de<br />

50 a<strong>nos</strong>, mas sim na química e biotecnológica. “Os<br />

<strong>nos</strong>sos investigadores estão já muito avançados<br />

em soluções para separar o algodão do poli<strong>é</strong>ster,<br />

assim como na segregação do elastano de misturas<br />

com fibras naturais, com um processo revolucionário<br />

que não recorre a solventes orgânicos, isto <strong>é</strong>,<br />

ainda com derivados de petróleo”, explica. Por isso,<br />

garante que “já estamos com excelentes perspetivas<br />

de que estas tecnologias constituam um grande<br />

salto!”<br />

O PASSAPORTE DIGITAL<br />

O CITEVE já estava a testar um protótipo da etiqueta<br />

do futuro desde 2020 — por considerarem<br />

que as atuais não davam praticamente nenhuma<br />

informação ao nível da sustentabilidade ao consumidor<br />

no ato da compra, quando a União Europeia<br />

decidiu avançar com o passaporte digital para<br />

os têxteis. “Percebemos que o futuro passaria por<br />

ter uma etiqueta digital para incluir tudo o que<br />

pretendíamos informar, sob pena de outra forma<br />

serem precisos metros e metros de etiqueta”, diz<br />

o diretor-geral do CITEVE, afinal quanto maior<br />

esta for mais probabilidade tem de ser cortada.<br />

Haverá mais de 120 parâmetros a ser incluídos.<br />

Por<strong>é</strong>m, a boa notícia <strong>é</strong> que a nível europeu Portugal<br />

está na dianteira. Braz Costa afiança que não<br />

será um encargo para as empresas do setor, uma<br />

vez que pode ser, por exemplo, gerado um QR<br />

Code, “algo muito acessível para as empresas que<br />

dominam a estamparia”. Depois, a nível tecnológico<br />

foram à banca buscar a tecnologia utilizada nas<br />

criptomoedas. “Já está testada e <strong>é</strong> segura”, garante,<br />

admitindo, contudo, que o problema está em “conseguir<br />

reunir a informação e assegurar que esta <strong>é</strong><br />

verdadeira”. At<strong>é</strong> porque a europa importa 70% dos<br />

têxteis que consume e “temos de garantir, at<strong>é</strong> por<br />

uma questão de equidade e de paridade, que a informação<br />

que vem com os produtos importados <strong>é</strong><br />

de facto fidedigna”.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ TÊXTIL \\<br />

27<br />

O responsável do CITEVE afirma ainda<br />

que acredita que os consumidores irão estar<br />

atentos à origem dos produtos. “Porque há<br />

uma consciência ecológica, principalmente<br />

nas gerações mais jovens”, mas “se uma peça<br />

sustentável custar mais 50% do que outra<br />

me<strong>nos</strong> sustentável, a carne <strong>é</strong> fraca e pode-se<br />

ceder ao produto mais barato!” No entanto,<br />

a promessa da União Europeia de que as regras<br />

serão apertadas para todos – desde que<br />

os produtos sejam vendidos no espaço único,<br />

então os preços serão mais nivelados.<br />

Para Luís Cristino, co-fundador da Plataforma<br />

Sustentável OMA e presidente da<br />

Academia do Têxtil, o passaporte digital <strong>é</strong><br />

uma das formas de nivelar o “terreno do jogo”,<br />

leia-se mercado, isto porque “temos de fazer<br />

um esforço maior do que outros países que<br />

não cumprem regras ambientais, sociais e<br />

que têm outros custos de produção, mais baixos”.<br />

O especialista diz que não se pode exigir<br />

responsabilidade ao consumidor no ato da<br />

compra se não lhe for dada informação sobre<br />

o que está a comprar. “At<strong>é</strong> há pouco tempo<br />

entravamos numa loja e tudo o que era algodão<br />

orgânico era bom. Isso não <strong>é</strong> verdade.<br />

At<strong>é</strong> porque não há algodão orgânico suficiente<br />

para a publicidade que anda a ser feita”.<br />

O ECODESGIN TAMBÉM JÁ CHEGOU AO TÊXTIL<br />

O regulamento de ecodesign foi aprovado<br />

pelo Conselho Europeu em maio deste ano,<br />

naquele que <strong>é</strong> o último passo do processo legislativo.<br />

A nova legislação substitui a atual<br />

diretiva relativa à conceção ecológica e alarga<br />

o seu âmbito a todos os tipos de bens colocados<br />

no mercado da UE. “Como regulamento<br />

relativo ao ecodesign, criamos os incentivos<br />

certos para que a indústria pense de forma<br />

circular desde a própria conceção do design<br />

dos produtos que planeia produzir e vender<br />

na EU”, afirma, em comunicado, Pierre-Yves<br />

Dermagne, Vice-Primeiro-Ministro da B<strong>é</strong>lgica.<br />

Segundo o Portugal Têxtil, o documento<br />

afeta todos os tipos de produtos, com apenas<br />

algumas exceções, nomeadamente automóveis<br />

ou produtos relacionados com a defesa<br />

e segurança. O regulamento introduz novos<br />

requisitos, como a durabilidade, a reutilização,<br />

a capacidade de atualização e a reparabilidade<br />

dos produtos, regras sobre a presença<br />

de substâncias que inibem a circularidade,<br />

eficiência energ<strong>é</strong>tica e de recursos, conteúdo<br />

reciclado e reciclagem, pegada de carbono<br />

e requisitos de informação, incluindo um<br />

passaporte de produto digital. A Comissão<br />

Europeia ficará habilitada a estabelecer<br />

requisitos de conceção ecológica com atos<br />

delegados e a indústria terá 18 meses para<br />

os cumprir.<br />

A mesma fonte refere ainda que os crit<strong>é</strong>rios<br />

de conceção ecológica serão aplicáveis ​<br />

<strong>nos</strong> contratos públicos para incentivar a<br />

aquisição pública de produtos mais sustentáveis.<br />

Já a nova legislação introduz uma<br />

proibição direta da destruição de têxteis<br />

e calçado não vendidos (as PMEs serão<br />

temporariamente excluídas) e capacita a<br />

Comissão Europeia para introduzir proibições<br />

semelhantes para outros produtos<br />

no futuro. O regulamento de ecodesign<br />

será ainda alinhado com a lei dos serviços<br />

digitais, no que diz respeito aos produtos<br />

vendidos online.<br />

A NOVA DIRETIVA DE<br />

RESÍDUOS E TÊXTEIS<br />

O Parlamento Europeu apresentou ideias para alterar as<br />

regras dos resíduos têxteis em março de <strong>2024</strong>. A revisão da<br />

diretiva introduzirá regimes de responsabilidade alargada<br />

ao produtor. Deste modo quem produz vestuário, chap<strong>é</strong>us,<br />

calçado, acessórios, bem como outros produtos ligados ao<br />

têxtil terão de cobrir os custos da recolha separada, triagem<br />

e reciclagem.<br />

Perante a proposta da Comissão para que os regimes de<br />

responsabilidade alargada dos produtores sejam introduzidos<br />

30 meses, os eurodeputados insistiram para que esta<br />

fosse implementada em 18 meses. Al<strong>é</strong>m disso, perante a<br />

atual diretiva-quadro os países da EU deveriam ser obrigados<br />

a recolher separadamente os têxteis at<strong>é</strong> ao dia 1 de<br />

janeiro de 2025 para reutilização, preparação para a reutilização<br />

e reciclagem. De acordo com a orientação geral,<br />

at<strong>é</strong> ao final de 2028 a Comissão considerará a definição de<br />

metas específicas para a prevenção de resíduos, a recolha, a<br />

preparação para a reutilização e a reciclagem dos resíduos<br />

do setor têxtil.<br />

O que isto significa? As marcas de moda e os produtores<br />

têxteis terão de pagar taxas para ajudar a financiar os custos<br />

de recolha e tratamento dos resíduos têxteis. E as microempresas<br />

estão incluídas. O valor das taxas vai basear-se na<br />

circularidade e no desempenho ambiental dos produtos<br />

têxteis (eco-modulação). O comunicado do Conselho Europeu<br />

destaca ainda que a prevenção de resíduos <strong>é</strong> a melhor<br />

opção, e estabelece que os Estados-Membros possam exigir<br />

taxas mais elevadas às empresas que seguem práticas<br />

industriais e comercias de fash fashion.<br />

A orientação geral tamb<strong>é</strong>m cont<strong>é</strong>m disposições específicas<br />

para os Estados-Membros onde existe uma percentagem<br />

mais elevada de produtos têxteis avaliados como próprios<br />

para reutilização no mercado. Esses Estados-Membros podem<br />

exigir que os operadores comerciais de reutilização<br />

paguem uma taxa (mais baixa) quando disponibilizarem<br />

esses produtos no seu mercado pela primeira vez.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


28<br />

\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />

RESÍDUOS PERIGOSOS<br />

O QUE “TALVEZ” SE PASSA NO PAÍS<br />

A LEI PRO-SOLOS CONTINUA NA GAVETA, AS LICENÇAS DOS CIRVER ESTÃO EM BANHO-MARIA,<br />

MUITOS DESTES RESÍDUOS AINDA VÃO PARAR AO “LIXO” COMUM E OS DADOS NÃO ESTÃO<br />

ATUALIZADOS. A CEREJA NO TOPO DO BOLO? O SISTEMA DOS REEE ESTÁ QUASE FALIDO.<br />

\\ Por Teresa Cotrim<br />

Quando se fala em resíduos perigosos, os industriais e<br />

os da saúde aparecem logo no topo. Dados da Agência<br />

Portuguesa do Ambiente (APA), apontam que<br />

em 2022 (números mais recentes) foram produzidas<br />

perto de um milhão de toneladas de resíduos perigosos,<br />

na sua maioria provenientes de atividades industriais. Do total,<br />

cerca de 41% tiveram como destino o tratamento por valorização,<br />

que implica a reciclagem de metais e compostos metálicos, refinação<br />

e outras reutilizações de óleos. Compreende ainda a valorização<br />

energ<strong>é</strong>tica e operações de valorização interm<strong>é</strong>dias de processamento<br />

de resíduos, caso de tratamentos mecânicos e químicos, triagem,<br />

produção de combustíveis alternativos, despoluição e desmantelamento,<br />

entre outros. Os restantes 59% foram conduzidos para operações<br />

de eliminação, em que se destaca a deposição de resíduos em<br />

aterro e os tratamentos físico-químico e biológico. As operações de<br />

gestão de resíduos perigosos são efetuadas <strong>nos</strong> centros integrados de<br />

recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos (CIR-<br />

VER), localizados na Chamusca, no Ribatejo.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />

29<br />

Mas há mais setores a produzir este tipo de<br />

resíduos, caso da agricultura, com<strong>é</strong>rcio e serviços<br />

e at<strong>é</strong> na casa de cidadãos comuns, como na<br />

sua, por exemplo. Elsa Agante, Team Leader<br />

da área da sustentabilidade da DECO PRO-<br />

TESTE, diz que na lista de resíduos dom<strong>é</strong>sticos<br />

que podem ser considerados perigosos,<br />

dependendo da sua composição e quantidade,<br />

estão alguns produtos químicos, como artigos<br />

de limpeza, tintas, vernizes, colas e pesticidas<br />

de jardim de uso dom<strong>é</strong>stico. Depois há ainda<br />

resíduos de prestação de cuidados de saúde<br />

em casa, como algum material m<strong>é</strong>dico cortante,<br />

seringas entre outros potencialmente<br />

infeciosos. Na lista constam tamb<strong>é</strong>m resíduos<br />

de construção e demolição que contenham<br />

amianto, ou madeira tratada, ou at<strong>é</strong> componentes<br />

com alcatrão. Na área da manutenção<br />

de automóveis, os filtros de óleo, materiais<br />

absorventes contaminados, fluidos anticongelantes<br />

ou produtos de polimento de superfícies<br />

são tamb<strong>é</strong>m considerados resíduos perigosos.<br />

“Atualmente os de origem dom<strong>é</strong>stica ainda<br />

não são recolhidos de forma seletiva, com a<br />

exceção dos fluxos de resíduos el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos<br />

e de pilhas e acumuladores”, avança a<br />

especialista da DECO PROTESTE.<br />

Para ter uma ideia, segundo o Relatório<br />

Anual dos <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> 2022, da APA, a<br />

presença de resíduos perigosos representa em<br />

m<strong>é</strong>dia 0,1% do total de resíduos, em que se inclui<br />

a recolha seletiva e a indiferenciada, “o que<br />

se traduz na presença de cerca de 5000 toneladas<br />

de resíduos perigosos no fluxo dos resíduos<br />

urba<strong>nos</strong>”, contabiliza Elsa Agante, dizendo<br />

ainda que estas toneladas de resíduos urba<strong>nos</strong><br />

perigosos devem ser desviadas do circuito de<br />

resíduos urba<strong>nos</strong> não perigosos. “Neste sentido,<br />

alterações legislativas recentes indicam que<br />

a partir de 1 janeiro de 2025, os municípios são<br />

responsáveis por operacionalizar a recolha seletiva<br />

de resíduos urba<strong>nos</strong> perigosos, devendo<br />

disponibilizar uma rede de pontos ou centros<br />

de recolha seletiva para os resíduos urba<strong>nos</strong><br />

perigosos da sua responsabilidade, em particular<br />

para os biorresíduos perigosos, e para os<br />

resíduos de embalagens que contenham substâncias<br />

perigosas”, informa.<br />

Portugal <strong>é</strong> destino de resíduos perigosos?<br />

Dentro da União Europeia não se deve falar de<br />

importação e exportação de resíduos porque<br />

os países pertencem a um mercado comum.<br />

Há entrada e saída de “lixo”. Há um movimento<br />

transfronteiriço de resíduos que se rege por<br />

um regulamento da Comissão Europeia (n.º<br />

1013/2006). Há dois protocolos em vigor. Os<br />

que pertencem à lista laranja (perigosos) e os<br />

que se incluem na lista verde (não perigosos).<br />

Para se entender as operações de valorização<br />

de resíduos incluem a reciclagem, compostagem,<br />

regeneração e valorização energ<strong>é</strong>tica.<br />

As operações de eliminação são, por exemplo,<br />

o depósito à superfície ou no subsolo (aterro)<br />

e a incineração. Rui Berkemeier, membro do<br />

Conselho Geral da Zero, diz que Portugal tem<br />

infraestruturas para tratar os resíduos perigosos<br />

desde que criou os Centros Integrados<br />

de Recuperação, Valorização e Eliminação de<br />

<strong>Resíduos</strong> Perigosos (CIRVER), garantindo que<br />

há espaço para o que vem de fora at<strong>é</strong> porque<br />

são unidades modernas de tratamento. “Desde<br />

que a importação não seja exagerada estamos<br />

dentro dos padrões”, desmentindo a ideia de<br />

que Portugal poderá ser um futuro depósito<br />

europeu deste tipo de resíduos.<br />

Um problema com as licenças!<br />

Temos boas condições de tratamento, mas as<br />

licenças dos CIRVER ainda estão no limbo.<br />

Caducaram em novembro do ano passado e o<br />

presidente da República, Marcelo Rebelo de<br />

Sousa não promulgou o decreto-lei aprovado<br />

em conselho de Ministros, a 13 de outubro de<br />

2023, que alterava o regime jurídico a que fica<br />

sujeito o licenciamento dos CIRVER, o qual<br />

eliminava a exclusividade na gestão de tratamento<br />

dos resíduos perigosos, promovendo<br />

a concorrência, mas obrigava a que as novas<br />

unidades de tratamento destes resíduos tivessem<br />

as características e exigências a que estão<br />

sujeitos os atuais.<br />

“O mercado abria, mas quem quisesse entrar<br />

teria de instalar um CIRVER com as mesmas<br />

obrigações dos atuais e constituído pelas mesmas<br />

unidades de tratamento, garantindo-se,<br />

assim, que a instalação de novas unidades de<br />

tratamento destes resíduos perigosos manteriam<br />

o elevado padrão de exigência ambiental<br />

e um funcionamento transparente”, explica o<br />

ambientalista da Zero. Rui Berkemeier considera<br />

que foi com alguma deceção que receberam<br />

esta notícia, at<strong>é</strong> porque já tinham enviado<br />

uma carta ao Presidente da República onde<br />

explicavam as razões pelas quais era importante<br />

que se promulgasse esta legislação. “Com<br />

esta decisão, a situação dos resíduos perigosos<br />

em Portugal ficou, num limbo, apesar das licenças<br />

dos CIRVER terem sido recentemente<br />

prorrogadas at<strong>é</strong> à publicação da legislação do<br />

seu enquadramento. Por<strong>é</strong>m não ficou claro se<br />

>><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


30<br />

\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />

cofundador da Refuberd, sublinha que estes<br />

equipamentos representam um enorme desperdício<br />

de recursos valiosos. Acrescenta ainda que<br />

ao “recondicioná-los e reintroduzi-los no ciclo<br />

de reutilização, podemos poupar recursos significativos<br />

e, assim reduzir o impacto ambiental”.<br />

Se cinco em cada dez smartphones vendidos em<br />

Portugal fossem recondicionados pouparíamos<br />

o equivalente a um dia de emissões de CO2.<br />

Mas o tema não se fica apenas pela poupança<br />

das emissões. Nos resíduos de equipamentos<br />

el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos (REEE), em que algumas<br />

tipologias são consideradas como resíduos perigosos,<br />

como equipamentos de regulação de temperatura,<br />

monitores antigos tipo CRT ou lâmpadas<br />

fluorescentes, dados de 2023 da Agência<br />

É fundamental o estabelecimento<br />

de uma rede de<br />

recolha seletiva ajustada<br />

e adequada à tipologia de<br />

resíduos e de fácil acesso<br />

por parte do cidadão<br />

Elsa Agante, Team Leader da área da<br />

sustentabilidade da DECO PROTESTE<br />

no futuro, vão poder entrar outros operadores<br />

no mercado, nem em que condições, criando-se<br />

uma situação de incerteza, num setor que at<strong>é</strong> à<br />

data, tem funcionado sem grandes problemas”.<br />

Pilhas, computadores e afins...<br />

Segundo as Nações Unidas, a produção mundial<br />

de resíduos eletrónicos atingiu 62 milhões<br />

de toneladas em 2022, o suficiente para encher<br />

24.800 piscinas olímpicas, mais 82% do que em<br />

2010. Destas 4,6 milhões de toneladas provêm<br />

de peque<strong>nos</strong> equipamentos tecnológicos e de telecomunicações<br />

como computadores portáteis<br />

ou telemóveis. Outro dado importante <strong>é</strong> que<br />

destes resíduos apenas 22,3% foram entregues e<br />

reciclados adequadamente.<br />

Um estudo recente publicado pela Refurbed,<br />

um marketplace online de produtos recondicionados<br />

indica que, em m<strong>é</strong>dia, cada pessoa guarda<br />

2,72 smartphones sem uso. Kilian Kaminski,<br />

Portuguesa do Ambiente, referem que do total<br />

destes resíduos gerados em Portugal apenas cerca<br />

de 30% foram recolhidos em 2020 e devidamente<br />

enviados para tratamento e valorização.<br />

“Já no caso das pilhas e baterias o país recicla<br />

sensivelmente apenas 20% do que <strong>é</strong> colocado no<br />

mercado”, diz Elsa Agante, quando a meta legal<br />

era de 65%.<br />

Este incumprimento, segundo a Zero, tem levado<br />

a problemas ambientais graves, como seja,<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />

31<br />

a libertação dos gases dos frigoríficos, para a atmosfera<br />

com a consequente aumento da temperatura<br />

do planeta, a disseminação no ambiente<br />

de mercúrio proveniente das lâmpadas fluorescentes,<br />

ou ainda a libertação de diversos poluentes<br />

orgânicos persistentes existentes em vários<br />

destes equipamentos. Rui Berkemeier considera<br />

que “após os inúmeros alertas feitos pela Zero<br />

aos diversos responsáveis governamentais sobre<br />

o colapso eminente do sistema de gestão das<br />

REEE, não se compreende a manutenção desta<br />

postura de inação por parte das autoridades<br />

ambientais face às graves consequências para a<br />

saúde pública e o ambiente decorrentes da má<br />

gestão destes resíduos”.<br />

No entanto, já há alguns exemplos de boas<br />

práticas. A Câmara Municipal da Amadora e o<br />

Eletrão estabeleceram recentemente uma parceria<br />

para prestar um serviço diferenciado aos<br />

munícipes atrav<strong>é</strong>s da recolha gratuita porta a<br />

porta de grandes equipamentos el<strong>é</strong>tricos usados<br />

como, por exemplo, frigoríficos, máquinas de lavar,<br />

entre outros. Os “moradores” podem ainda<br />

aproveitar para entregar telemóveis, lâmpadas<br />

ou pilhas, por exemplo. Este <strong>é</strong> o oitavo concelho<br />

da Área Metropolitana de Lisboa com este<br />

serviço. “Todos os equipamentos el<strong>é</strong>tricos recolhidos<br />

são encaminhados para reciclagem em<br />

unidades especializadas para o efeito que asseguram<br />

a descontaminação e, consequentemente,<br />

a proteção da saúde pública e do ambiente”,<br />

sublinha Ricardo Furtado, Diretor-Geral do<br />

Eletrão A recolha porta a porta garante que 99%<br />

dos equipamentos estão completos, o que significa<br />

que todas as componentes nocivas para o<br />

ambiente podem ser eliminadas em segurança.<br />

A Zero levanta ainda outra questão relacionada<br />

com os comerciantes de frigoríficos. Estes<br />

são obrigados por lei a recolherem os velhos<br />

quando entregam os novos, por<strong>é</strong>m esta não está<br />

a ser cumprida, uma vez que me<strong>nos</strong> de 30% destes<br />

eletrodom<strong>é</strong>sticos usados estão a ser recolhidos<br />

e encaminhados para tratamento adequado.<br />

“As autoridades ambientais deveriam fiscalizar<br />

melhor este incumprimento por parte do setor<br />

da distribuição, al<strong>é</strong>m disso deveria ser dado um<br />

incentivo financeiro aos consumidores para evitar<br />

que as empresas transportadoras, contratadas<br />

pelos comerciantes, os desviem para sucateiros<br />

ilegais”.<br />

A legislação feita em março relativamente à<br />

taxa de gestão de resíduos para cada tonelada<br />

de incumprimento das metas, teriam de pagar<br />

mesmo sem os recolher e tratar. Para Rui Berkemeier<br />

isto foi uma vitória ambiental, contudo o<br />

novo Governo alterou as regras ao atribuir as<br />

novas licenças. “Reduziu as metas de recolha<br />

e tratamento de 65%, meta da união europeia,<br />

para 40%, logo não terão de pagar mais mesmo<br />

que não cumpram as metas comunitárias. Mais.<br />

Se a entidade gestora não cumpre, então o país<br />

tamb<strong>é</strong>m não conseguirá atingir as metas impostas<br />

pela UE”, lamenta.<br />

Seringas, agulhas, canetas de insulina e<br />

outros produtos<br />

Elsa Agante, refere que tamb<strong>é</strong>m os resíduos de<br />

autocuidados de saúde, que usualmente têm<br />

como destino a deposição em aterro, vão ter sistemas<br />

de recolha próprios, o que <strong>é</strong> essencial porque<br />

têm características potencialmente perigosas,<br />

por conterem mat<strong>é</strong>ria biológica. Estes são<br />

essencialmente produzidos pelos portadores de<br />

doenças crónicas, como a diabetes, por exemplo,<br />

e podem ser lancetas de uso único, agulhas isoladas,<br />

canetas com agulhas integradas, seringas<br />

com agulhas, tiras de teste, agulhas descartáveis<br />

para caneta de insulina e outros medicamentos,<br />

dispositivos de punção, sensores de monitorização<br />

contínua de glicose, cateteres e ainda seringas<br />

para medicamentos (incluindo vacinas).<br />

Rui Berkemeier explica que se pretende criar<br />

uma rede de recolha seletiva com forte capilaridade,<br />

que assegure o acesso fácil dos cidadãos<br />

e com isso se promova taxas de recolha significativas.<br />

O ambientalista refere ainda que <strong>é</strong><br />

proposto que at<strong>é</strong> 31 de dezembro de 2030 se<br />

atinja uma taxa de recolha numa proporção<br />

de, pelo me<strong>nos</strong>, 75% dos resíduos de autocuidados<br />

de saúde no domicílio, face aos produtos<br />

que se colocam anualmente, no mercado.<br />

O ambientalista acredita que com a aplicação<br />

desta, Portugal passa a ter uma solução para esta<br />

fração de resíduos perigosos hospitalares que at<strong>é</strong><br />

>><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


32<br />

\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />

A recolha de resíduos que não fazem parte da <strong>nos</strong>sa<br />

licença não pode continuar porque se trata de um tratamento<br />

com custos significativos que a empresa não<br />

pode e não tem de suportar porque neste momento está<br />

a canalizar recursos financeiros da sociedade que<br />

deveriam estar a ser direcionados para outros fins<br />

Luís Figueiredo, diretor geral da VALORMED<br />

Embalagens e Medicamentos atrav<strong>é</strong>s do Sistema<br />

Integrado de Gestão de <strong>Resíduos</strong> de Embalagens<br />

e Medicamentos (SIRGREM) assegura a<br />

recolha de uma quantidade significativa de resíduos<br />

anualmente que são “indevidamente colocados<br />

<strong>nos</strong> contentores e que não fazem parte do<br />

âmbito de gestão da licença que lhes está atribuída<br />

pelo Estado Português. Por<strong>é</strong>m, o responsável<br />

diz que muitas vezes os doentes como não<br />

têm como eliminar de forma segura os diversos<br />

materiais de origem dom<strong>é</strong>stica que utilizam no<br />

tratamento das suas patologias e auto-controlo<br />

da sua doença, então consideram mais seguro<br />

depositá-los num contentor da VALORMED,<br />

em vez de os colocarem no lixo comum. O diretor<br />

geral da VALORMED diz que esta situação<br />

não pode continuar porque se trata de um tratamento<br />

com custos significativos que a empresa<br />

não pode e não tem de suportar porque neste<br />

momento está a canalizar recursos financeiros<br />

da sociedade que deveriam estar a ser direcionados<br />

para outros fins.<br />

ao momento apenas tinha como destino legal os<br />

sistemas de resíduos urba<strong>nos</strong> indiferenciados,<br />

causando um risco significativo para a saúde dos<br />

trabalhadores responsáveis pela sua recolha e<br />

tratamento.<br />

No caso dos corto-perfurantes, utilizados em<br />

autocuidados para administração de insulina<br />

para diab<strong>é</strong>ticos, de fármacos para tratamento<br />

da infertilidade ou de heparinas (anticoagulante<br />

pós-operatório), a Zero em comunicado<br />

referiu que não existe um sistema nacional de<br />

recolha e tratamento destes resíduos, apesar de<br />

anualmente, segundo a Associação de Farmácias<br />

de Portugal, serem vendidas em Portugal<br />

mais de 250 milhões de seringas e agulhas nas<br />

farmácias comunitárias destinadas a utentes<br />

que necessitem de medicamentos injetáveis.<br />

“Do ponto de vista legal, as agulhas e seringas<br />

utilizadas por estes doentes em suas casas não<br />

são consideradas resíduos hospitalares, pelo que<br />

a sua gestão <strong>é</strong> da responsabilidade dos seus utilizadores”,<br />

explica Rui Berkemeier.<br />

Luís Figueiredo, Diretor Geral da VALOR-<br />

MED, Sociedade Gestora de <strong>Resíduos</strong> de<br />

Há oito a<strong>nos</strong> que a Lei do Prosolos está na<br />

gaveta<br />

A história <strong>é</strong> antiga. Em junho do ano passado,<br />

a Zero pediu uma reunião com o Secretário de<br />

Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires, devido<br />

à promessa do Governo — na altura, pela ex-Secretária<br />

de Estado do Ambiente, Inês Costa, da<br />

garantia da publicação da legislação Pro-solos<br />

— Prevenção da Contaminação e Remediação<br />

dos Solos, tendo-lhes sido dito que esta era uma<br />

prioridade da política ambiental do anterior<br />

executivo e que transitara para o atual Governo.<br />

Aliás, esta lei esteve em consulta pública em<br />

2015 e, desde altura, continua dentro da gaveta.<br />

“A lei ainda não foi aprovada. Andamos nisto<br />

há oito, quase nove a<strong>nos</strong>. Não há razão para este<br />

governo não avançar com a sua aprovação, afinal<br />

<strong>é</strong> um tema que vem da sua pasta, ou seja, do<br />

governo anterior ao de António Costa”, afirma<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />

33<br />

Rui Berkemeier, garantindo que esta lei <strong>é</strong> fundamental<br />

por vários motivos como, por exemplo,<br />

obrigaria a condicionar a venda de terre<strong>nos</strong>,<br />

onde estivessem instaladas atividades de risco<br />

de poluição do solo, e à apresentação de um<br />

relatório com o estado de contaminação desse<br />

solo, pelo proprietário, ficando assim responsável<br />

pelos eventuais custos de descontaminação.<br />

“Desta forma, esta legislação reduziria a ocorrência<br />

de situações em que os novos proprietários<br />

descobrem que afinal os solos dos terre<strong>nos</strong><br />

adquiridos estão contaminados e já não podem<br />

responsabilizar o anterior proprietário”, explica.<br />

Esta lei obrigaria ainda a fazer uma avaliação<br />

da contaminação do solo por parte dos proprietários<br />

dos terre<strong>nos</strong> onde funcionaram atividades<br />

de risco ambiental. “Com esta medida,<br />

seria drasticamente reduzida a ocorrência de<br />

situação em que, por impossibilidade de identificação<br />

de quem foram os responsáveis pela<br />

poluição do solo, acaba por ser o Estado muitas<br />

vezes a arcar com os custos para resolver esses<br />

passivos ambientais”, reitera.<br />

Portugal <strong>é</strong> um dos poucos países da União<br />

Europeia sem legislação específica sobre solos<br />

contaminados. Um estudo realizado pela Agência<br />

Portuguesa do Ambiente, em 2017, concluiu<br />

que Portugal ganharia cerca de 25 milhões de<br />

euros em seis a<strong>nos</strong>, em resultado da publicação<br />

da Prosolos, aos quais se acrescentam ganhos<br />

ambientais e de saúde pública. A Zero destacou<br />

tamb<strong>é</strong>m em comunicado a importância da<br />

criação de um Atlas da Qualidade do Solo, onde<br />

estariam referenciadas as situações de risco de<br />

contaminação do mesmo, possibilitando às autoridades<br />

delinear, com maior conhecimento da<br />

realidade no terreno, as políticas para a prevenção<br />

e remediação da poluição do solo.<br />

Sistema de gestão dos REEE quase falido<br />

Para financiar a recolha e tratamento dos<br />

REEE, Portugal optou por criar um sistema de<br />

responsabilidade alargada do produtor, atrav<strong>é</strong>s<br />

do qual as empresas que colocam estes produtos<br />

no mercado têm de aderir e pagar a uma entidade<br />

gestora (eletrão ou ERP), transferindo-lhe a<br />

responsabilidade por financiar a recolha e tratamento<br />

desses equipamentos quando chegam<br />

ao fim de vida. Como refere a Zero, nesse sentido<br />

foram estabelecidos ecovalores (montantes<br />

de prestação financeira) que os produtores dos<br />

equipamentos pagam a essas entidades gestoras,<br />

sendo que esses deveriam ser suficientes para<br />

cobrir custos inerentes ao cumprimento das<br />

metas e obrigações legais das entidades gestoras.<br />

No entanto, Rui Berkemeier garante que se<br />

tem verificado, ao longo dos a<strong>nos</strong>, que esses ecovalores<br />

forem diminuindo face às necessidades<br />

das entidades gestoras, correspondendo atualmente<br />

a cerca de 25% do montante necessário<br />

para que estas consigam cumprir as metas. “A<br />

Zero exige aos minist<strong>é</strong>rios que têm a tutela deste<br />

assunto (Ambiente e Economia) que resolvam<br />

rapidamente esta situação, a qual se arrasta<br />

há vários a<strong>nos</strong>, comprometendo a sustentabilidade<br />

financeira do Sistema de Gestão dos REEE<br />

e com p<strong>é</strong>ssimos resultados que estão à vista de<br />

todos”, inclusive de Bruxelas, pois Portugal <strong>é</strong> um<br />

dos 27 membros que arrisca pagar uma multa<br />

de infração por não estar a cumprir os objetivos.<br />

O que se passa neste momento <strong>é</strong> que as entidades<br />

gestoras estão em concorrência, ou seja,<br />

há um mecanismo de compensação: quem recolhe<br />

me<strong>nos</strong> tem de pagar à outra. No caso do<br />

eletrão que deveria ter recebido cerca de um<br />

milhão de euros de compensações relativas ao<br />

período de 2019-2021, essa quantia não lhe foi<br />

paga por atrasos da Comissão de Acompanhamento<br />

da Gestão de <strong>Resíduos</strong> (CAGER), já em<br />

relação a 2022-2023 a mesma entidade tamb<strong>é</strong>m<br />

ainda não recebeu um milhão e oitocentos mil<br />

euros relativos a este mecanismo. Mas o problema<br />

não fica por aqui. O ambientalista destaca<br />

ainda a qualidade do tratamento, apontando >><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


34<br />

\\ RESÍDUOS PERIGOSOS \\<br />

É uma vergonha que a<br />

legislação do Prosolos<br />

continue na gaveta desde<br />

2015. Já não há desculpas!<br />

Rui Berkemeier<br />

que o eletrão removeu contaminantes proporcionalmente<br />

cerca de quatro vezes mais do que a sua<br />

concorrente.<br />

O que falta fazer?<br />

Rui Berkemier lamenta que a legislação do Prosolos<br />

continue na gaveta. “É uma vergonha, desde<br />

2015. Já não há desculpas!”, acusa. Aponta ainda<br />

o dedo à APA por não ter disponíveis dados mais<br />

recentes sobre a recolha e tratamento dos resíduos<br />

perigosos. “Assim nunca sabemos ao certo<br />

o que se passa em Portugal”. No caso dos resíduos<br />

perigosos de origem urbana ou dom<strong>é</strong>stica, da responsabilidade<br />

dos municípios, Elsa Agante, diz ser<br />

fundamental o estabelecimento de uma rede de<br />

recolha seletiva ajustada e adequada à tipologia<br />

de resíduos e de fácil acesso por parte do cidadão.<br />

Por outro lado, será essencial a sua sensibilização<br />

para que estes consigam identificar, manusear e<br />

depositar corretamente estes resíduos urba<strong>nos</strong><br />

perigosos. “Será extremamente relevante a clareza<br />

da informação e sensibilização aos cidadãos porque<br />

há, por exemplo, embalagens que serão para<br />

colocar no ecoponto amarelo e outras, que estiveram<br />

em contacto com produtos considerados perigosos,<br />

caso de tintas e pesticidas dom<strong>é</strong>sticos que<br />

devem ser encaminhados para este novos locais de<br />

recolha de resíduos urba<strong>nos</strong> perigosos”. A especialista<br />

considera ainda a recolha seletiva de resíduos<br />

de autocuidados de saúde uma boa notícia. “No<br />

entanto, será fundamental criar uma rede de recolha<br />

que assegure o fácil acesso dos cidadãos”.<br />

No caso dos REEE, “as várias falhas no sistema<br />

de recolha destes resíduos, que têm valor para<br />

serem reaproveitados, implicam ação urgente”,<br />

afiança Elsa Agante., apontando que um dos<br />

problemas em Portugal, à semelhança de outros<br />

países europeus, será o facto de os equipamentos<br />

em fim de vida não irem parar aos sistemas<br />

oficiais de recolha e reciclagem. A especialista<br />

da DECO PROTESTE acredita tamb<strong>é</strong>m que<br />

as falhas na recolha deve-se, por exemplo, às<br />

compras online, em que várias lojas não fazem<br />

a recolha de equipamentos usados aquando da<br />

compra dos novos, ou só a asseguram em certas<br />

zonas, ou para alguns produtos.<br />

A não gestão adequada deste tipo de resíduos<br />

tem consequências não só ambientais como<br />

tamb<strong>é</strong>m económicas. De salientar que mesmo<br />

equipamentos considerados como não perigosos,<br />

têm por vezes na sua composição alguns<br />

componentes com materiais perigosos, contendo<br />

ars<strong>é</strong>nio, cádmio, chumbo, mercúrio, crómio,<br />

PBC, CFC, entre outros, que têm consequências<br />

graves, quer para a saúde humana, quer para o<br />

ambiente. Por outro lado, nestes equipamentos<br />

podem ser encontrados at<strong>é</strong> 69 elementos<br />

da tabela periódica, incluindo metais preciosos<br />

(ouro, prata, cobre, platina, paládio, rut<strong>é</strong>nio,<br />

ródio, irídio e ósmio), mat<strong>é</strong>rias-primas críticas<br />

(cobalto, paládio, índio, germânio, bismuto e<br />

antimónio), e metais não críticos, como alumínio<br />

e ferro. Por outro lado, a pressão extrativa<br />

<strong>é</strong> considerável. A sua produção <strong>é</strong> responsável<br />

por cerca de 40% da extração mineira mundial<br />

(cobre, estanho, antimónio, índio, rut<strong>é</strong>nio e terras<br />

raras). Só os telemóveis e os computadores<br />

exigem 4% da extração mineira anual de ouro<br />

e prata e mais de 20% de cobalto e paládio. A<br />

maioria dos materiais críticos necessários para<br />

a produção de novos equipamentos el<strong>é</strong>tricos e<br />

eletrónicos não existe na Europa, são importados<br />

de vários países instáveis do ponto de vista<br />

político e económico. Deste modo, o aumento<br />

das quantidades recolhidas e envio para tratamento<br />

e valorização <strong>é</strong> fundamental. “Muitos<br />

consumidores não estão sensibilizados para<br />

efetuar a separação dos seus resíduos, incluindo<br />

dos resíduos perigosos, pelo que extensivas campanhas<br />

de sensibilização devem ser consideradas<br />

como prioritárias”, termina.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ OPINIÃO \\<br />

35<br />

O CONTRIBUTO DO SUPER BOCK GROUP PARA A<br />

GESTÃO DE RESÍDUOS<br />

Graça Borges, Diretora de Comunicação, Responsabilidade Institucional<br />

e Sustentabilidade, Super Bock Group<br />

Enquanto empresa líder no setor das<br />

bebidas em Portugal, no Super Bock<br />

Group temos consciência do <strong>nos</strong>so<br />

papel e do contributo que podemos<br />

dar para o cumprimento dos Objetivos<br />

de Desenvolvimento Sustentável da Agenda<br />

2030 das Nações Unidas. Sendo as embalagens<br />

incontornáveis no <strong>nos</strong>so negócio, o ODS12 – Produção<br />

e Consumo Sustentáveis – torna-se prioritário,<br />

o que significa que estamos empenhados em<br />

reduzir e valorizar os seus resíduos.<br />

Fazemo-lo atrav<strong>é</strong>s do desenvolvimento de um<br />

Programa de Melhoria Contínua das Embalagens,<br />

que tem como grande objetivo promover a<br />

circularidade e a sustentabilidade das <strong>nos</strong>sas embalagens,<br />

atrav<strong>é</strong>s da aplicação de vários princípios<br />

fundamentais da Economia Circular dos quais, à<br />

data, destacaria aqueles onde <strong>nos</strong> temos focado<br />

<strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>: Reutilizar, Reduzir e Reciclar.<br />

Trata-se de um programa de Inovação & Desenvolvimento<br />

que se apoia em metodologias como o<br />

ecodesign e a biomimicry para encontrar soluções<br />

que reduzam o uso de mat<strong>é</strong>rias-primas virgens na<br />

produção, integrem mais materiais reciclados e que<br />

promovam a reutilização das <strong>nos</strong>sas embalagens,<br />

que habitualmente designamos de retornáveis, e<br />

que incluem quer garrafas de vidro, grades e barris.<br />

Como resultado da aplicação e desenvolvimento<br />

desta prática/Programa, <strong>nos</strong> últimos 13 a<strong>nos</strong>, o<br />

Super Bock Group evitou já o uso de mais de 2.600<br />

toneladas de PET. Conseguimos tamb<strong>é</strong>m manter<br />

uma forte presença de embalagens retornáveis no<br />

canal HORECA, que representa o maior volume<br />

de consumo de bebidas em Portugal. Com efeito<br />

todas as <strong>nos</strong>sas marcas e produtos disponibilizam<br />

ao mercado embalagens retornáveis, embalagens<br />

que duram vários a<strong>nos</strong> num ciclo contínuo entre<br />

fábrica e clientes/consumidores.<br />

Em cada garrafa de cerveja âmbar, cerca de 50%<br />

a 60% do vidro utilizado <strong>é</strong> reciclado. Nas garrafas<br />

de uso único, tamb<strong>é</strong>m conseguimos reduzir 3.000<br />

toneladas de vidro, em 2022, atrav<strong>é</strong>s do uso de garrafas<br />

mais leves, o que resultou na diminuição de<br />

1.200 toneladas de CO2 emitido.<br />

Dando continuidade ao espírito da Agenda 2030<br />

das Nações Unidas, todo este trabalho de promover<br />

a redução e valorização dos <strong>nos</strong>sos resíduos<br />

<strong>é</strong> feito de forma colaborativa, com os diferentes<br />

agentes económicos da cadeia de valor, a academia<br />

e o setor associativo. Uma componente essencial<br />

para garantir sinergias que visam a melhoria da<br />

gestão de resíduos de forma global e o cumprimento<br />

das metas de reciclagem e de descarbonização<br />

com que o país e a <strong>nos</strong>sa empresa estão comprometidos.<br />

A integração da Sociedade Ponto Verde,<br />

da SDR Portugal (entidade que irá gerir o sistema<br />

de depósito e reembolso de embalagens de bebidas)<br />

ou mesmo da Associação SmartWaste Portugal<br />

(destacando o Pacto Português para os Plásticos e<br />

a Plataforma Vidro+) são evidencias do trabalho<br />

colaborativo que levamos a cabo e do <strong>nos</strong>so compromisso<br />

de continuar a promover a economia<br />

circular.<br />

A sensibilização dos consumidores para o trabalho<br />

que desenvolvemos, bem como, para o papel chave<br />

que desempenham nesta longa cadeia de valor em<br />

prol de uma adequada devolução dos resíduos de<br />

embalagem <strong>é</strong> outro fator que levamos em consideração.<br />

É imprescindível que o consumidor saiba<br />

como contribuir corretamente no processo de reciclagem.<br />

É crucial que entenda que as mesmas no<br />

fim de vida têm um valor enorme. Por outro lado,<br />

entendemos que <strong>é</strong> necessário incentivar tamb<strong>é</strong>m a<br />

um maior uso das embalagens retornáveis. Explicar<br />

o que são e em que medida são embalagens circulares.<br />

É nessa medida que o Super Bock Group<br />

tamb<strong>é</strong>m investe em campanhas de comunicação<br />

(nas embalagens, nas redes sociais, etc) que promovam<br />

a literacia nesta mat<strong>é</strong>ria, nomeadamente no<br />

que diz respeito ao tratamento a dar no fim de vida<br />

das embalagens (devolver ao ecoponto correto as<br />

de uso único e aos pontos de venda as retornáveis).<br />

Criar um futuro mais sustentável só <strong>é</strong> possível<br />

atrav<strong>é</strong>s da circularidade e adoção dos seus vários<br />

R’s onde o reciclar <strong>é</strong> o último deles. Isto só <strong>é</strong> possível<br />

com o envolvimento e colaboração de todos.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


36 \\ RESÍDUOS \\<br />

ATERROS NACIONAIS<br />

À BEIRA DA RUTURA<br />

AS UNIDADES QUE FAZEM OS TRATAMENTOS DE RESÍDUOS ESTÃO A FICAR SEM<br />

ATERROS PARA OS COLOCAR. QUANDO ATINGIREM O LIMITE, OU EXPORTAMOS O<br />

“LIXO” OU TEREMOS DE APOSTAR NA INCINERAÇÃO E VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA.<br />

ESTE É UM TEMA PRIORITÁRIO PARA O PAÍS<br />

\\ Por Teresa Cotrim<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ RESÍDUOS \\<br />

37<br />

Arecolha seletiva de resíduos em Portugal continua<br />

abaixo das metas definidas para 2025. No relatório<br />

da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)<br />

sobre reciclagem relativa a 2022, a indiferenciada<br />

(lixo comum) representa 77% dos resíduos recolhidos,<br />

enquanto a seletiva fica pelos 21%. O vidro foi o mais<br />

reciclado (55%), o plástico rondou os 22% e o cartão, 47%. A<br />

APA alerta: embora tenham havido “algumas melhorias na recolha<br />

seletiva, que tem aumentado na última d<strong>é</strong>cada, a taxa<br />

de recolha indiferenciada (80%) mant<strong>é</strong>m-se elevada e <strong>é</strong> fundamental<br />

inverter o panorama”. Ao longo dos a<strong>nos</strong> este indicador<br />

não tem dado sinais de melhoria “apesar dos investimentos efetuados<br />

para o efeito”, quando estes “têm um enorme potencial”<br />

que <strong>é</strong> pouco aproveitado, por terem como destino o aterro ou a<br />

valorização energ<strong>é</strong>tica, refere o mesmo relatório.<br />

Ismael Casotti, ambientalista da associação Zero, diz que<br />

são encaminhados para reciclagem cerca de 24% do total de<br />

resíduos urba<strong>nos</strong> produzidos em Portugal, sendo que a maioria<br />

vem da recolha seletiva, outra parte vem da triagem e há ainda<br />

um pequeno contributo da compostagem. O ambientalista<br />

acredita que os dados de 2023 possam ser mais elevados, isto<br />

porque alguns municípios têm melhorado bastante na componente<br />

dos biorresíduos — valorização da mat<strong>é</strong>ria orgânica.<br />

Carlos Vieira, diretor-delegado dos Serviços Municipalizados<br />

de Sintra (SMAS-SINTRA) refere ter um sentimento agridoce<br />

porque “efetivamente Portugal progrediu imenso, onde foram<br />

dados passos muito importantes, como a recolha seletiva e o<br />

seu aumento, mas <strong>nos</strong> últimos dez, quinze a<strong>nos</strong> assistimos a<br />

uma estagnação da taxa de reciclagem o que <strong>é</strong> um problema”,<br />

considera, referindo ainda que na sua opinião está relacionado<br />

com o tratamento em alta (unidades que fazem o tratamento<br />

de resíduos) e com a recolha.<br />

Para Ismael Casotti existem várias razões para isto acontecer,<br />

nomeadamente a insistência na recolha seletiva efetuada<br />

por meio de ecopontos em vez de ser porta a porta. “O Subfinanciamento<br />

do sistema de recolha seletiva pelas entidades<br />

gestoras de embalagens com prejuízos para as autarquias<br />

na ordem dos 35 milhões de euros anuais e a sub declaração<br />

fraudulenta das embalagens colocadas no mercado, constatável<br />

pela diferença entre as declaradas pelos produtores (16%) e as<br />

que são identificadas nas caraterizações dos resíduos urba<strong>nos</strong><br />

(27%) do total de resíduos urba<strong>nos</strong>”, enumera.<br />

Já Nuno Soares, Presidente do Conselho de Administração<br />

da TRATOLIXO, Tratamento de <strong>Resíduos</strong> Sólidos, afirma<br />

que nas últimas d<strong>é</strong>cadas se registou uma evolução positiva na<br />

gestão de resíduos urba<strong>nos</strong>, mas ainda há um longo caminho<br />

a percorrer. “Foram erradicadas as lixeiras e realizados vários<br />

investimentos, mas em contraponto, verificou-se, sobretudo<br />

<strong>nos</strong> últimos dez a<strong>nos</strong>, uma estagnação nas taxas de recolhas<br />

seletiva e o aterro sanitário mant<strong>é</strong>m-se como a principal opção<br />

de tratamento”.<br />

A União Europeia e o Parlamento Europeu têm vindo a<br />

definir um conjunto de metas a alcançar no curto prazo e já<br />

em 2025, deverá ser cumprida a meta de 55% de reciclagem<br />

de resíduos urba<strong>nos</strong> (RU). At<strong>é</strong> 2030 o objetivo <strong>é</strong> de 60% e em<br />

2035 deverão ser atingidos 65%. “E, at<strong>é</strong> 2035, a percentagem<br />

de RU a depositar em aterro deverá ser inferior a 10% quando<br />

atualmente ascende a 55%”, aponta. Segundo Nuno Soares,<br />

o cumprimento das metas dependerá, não só, da articulação<br />

entre os Sistemas de Gestão de <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> (SGRU) ao<br />

nível de partilha de infraestruturas numa perspetiva de minimização<br />

do investimento e maximização da rentabilização dos<br />

meios existentes, como tamb<strong>é</strong>m do reforço da dotação financeira<br />

para o setor, na alta e na baixa (quem recolhe os resíduos),<br />

que possibilitem a todos os intervenientes designadamente aos<br />

SGRU e municípios, realizar atempadamente os investimentos,<br />

sob pena do que se verificou em pla<strong>nos</strong> anteriores, os objetivos<br />

previstos no PERSU 2030 não serem atingidos.<br />

A Associação Zero aponta ainda que a taxa de gestão de<br />

resíduos <strong>é</strong> muito reduzida, o que não desincentiva o envio de<br />

materiais recicláveis para aterro ou incineração. Ismael Casotti<br />

defende tamb<strong>é</strong>m que os tarifários têm de aumentar, porque<br />

desta forma a gestão dos resíduos urba<strong>nos</strong> continuará a ser deficitária<br />

e explica que os municípios têm de ir buscar verba a<br />

outras áreas, para colmatar as despesas e os consumidores não<br />

estão alertados para esta situação. “Devia haver uma tarifa dual<br />

>><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


38<br />

\\ RESÍDUOS \\<br />

e uma comunicação clara que esta subiria para<br />

quem não cumprisse as regras de reciclagem, ou<br />

seja, quem não reciclasse seria penalizado com<br />

uma fatura mais cara”.<br />

Uma opinião partilhada em parte por Carlos<br />

Vieira, que conta a experiência do SMAS<br />

de Sintra onde já praticam algo semelhante no<br />

caso dos biorresíduos. “O que fizemos foi quem<br />

AS DIRETIVAS<br />

E AS METAS EUROPEIAS<br />

Para reduzir a quantidade de resíduos urba<strong>nos</strong><br />

que acabam <strong>nos</strong> aterros sanitários<br />

(a diretiva europeia 2018/850 exige aos<br />

Estados-membros que at<strong>é</strong> 2035 não mais<br />

do que 10% dos resíduos produzidos sejam<br />

para lá enviados), para valorizar o ‘lixo’, para<br />

criar uma economia realmente circular e<br />

para, por fim, tornar a região mais sustentável,<br />

a UE aprovou uma outra diretiva (UE<br />

2018/851). Esta última, estabelece que, at<strong>é</strong><br />

31 de dezembro de 2023, os países deveriam<br />

assegurar que “os biorresíduos são<br />

separados e reciclados na origem, ou são<br />

recolhidos seletivamente e não são misturados<br />

com outros tipos de resíduos”.<br />

Daí surgiu o Decreto-Lei n.º 102-D/2020,<br />

que determina o Regime Geral de Gestão<br />

de <strong>Resíduos</strong> e estabelece que as entidades<br />

responsáveis pela gestão municipal dos resíduos<br />

urba<strong>nos</strong> tinham, at<strong>é</strong> ao último dia do<br />

ano passado, de implementar medidas que<br />

permitissem separar e reciclar os biorresíduos<br />

na origem, atrav<strong>é</strong>s da compostagem,<br />

por exemplo, e “garantir a recolha seletiva<br />

e o posterior transporte para instalações de<br />

reciclagem”, esclarece a Agência Portuguesa<br />

do Ambiente no seu portal online.<br />

aderiu à sua reciclagem tem um desconto de um<br />

euro na fatura. Estamos a estudar e possivelmente<br />

at<strong>é</strong> iremos aumentar esse valor em 2025”,<br />

adianta, defendendo que no caso dos resíduos<br />

dever-se-ia ter uma fatura fixa, que não fosse<br />

indexada à da água e saneamento e pudesse ter<br />

fatores de diferenciação, de descontos associados<br />

a recolhas. Uma forma de compensar quem<br />

recicla. O diretor delegado do SMAS não concorda<br />

com a implementação de sistemas PAYT<br />

(ou pay-as-you-Throw, em inglês), pelo qual as<br />

pessoas pagam pelo serviço de resíduos de acordo<br />

com o peso ou volume dos sacos de lixo que<br />

depositam <strong>nos</strong> contentores, porque este al<strong>é</strong>m de<br />

complexo, implica dar cartões — que podem ser<br />

perdidos ou deixar de funcionar, al<strong>é</strong>m da necessidade<br />

de comprar contentores e distribuí-los à<br />

população, entre outros custos.<br />

No entanto, este sistema tem de ser adotado<br />

em todos os concelhos portugueses at<strong>é</strong> 2026 e o<br />

valor cobrado pelo lixo dom<strong>é</strong>stico deixa de estar<br />

associado à quantidade de água que usamos<br />

em casa. “Quanto me<strong>nos</strong> lixo indiferenciado<br />

produzirmos, me<strong>nos</strong> pagamos”, lê-se no site da<br />

Deco Proteste. A Zero refere tamb<strong>é</strong>m haver um<br />

desperdício de centenas de milhões de euros do<br />

último quadro comunitário de apoio, “gastos de<br />

forma pouco criteriosa, muitas vezes favorecendo<br />

investimentos que só vão agravar as dificuldades<br />

de cumprimento das metas (contentores<br />

semienterrados ou de proximidade sem identificação<br />

do utilizador e recolha de biorresíduos<br />

com sacos óticos misturados com os resíduos<br />

indiferenciados)”.<br />

Citada em comunicado no dia Internacional<br />

da Reciclagem (17 de maio), Ana Trigo Morais,<br />

CEO da Sociedade Ponto Verde (SPV), defende<br />

que o <strong>nos</strong>so país “tem feito um trabalho notável<br />

no que respeita à reciclagem de embalagens<br />

e o sistema tem evoluído”, mas considera que “<strong>é</strong><br />

preciso acelerar porque há novas metas para<br />

cumprir”. A responsável da SPV acredita “que<br />

motivar para gerar ainda mais ação <strong>é</strong> fundamental.<br />

São os cidadãos que depositam as suas<br />

embalagens <strong>nos</strong> ecopontos e, por isso, a par de<br />

terem ao dispor um serviço de qualidade e conveniente,<br />

há que investir em campanhas de proximidade<br />

e diferenciadoras, ensinando o impacto<br />

positivo que este gesto tem no planeta”.<br />

O QUE FALTA FAZER?<br />

“De imediato? Há que infraestruturar o país<br />

para impedir o envio direto de resíduos para<br />

aterro (quase 2 Mt): muitos sistemas ainda não<br />

têm infraestruturas de tratamento, al<strong>é</strong>m de unidades<br />

de triagem e aterro e a partilha de infraestruturas<br />

não <strong>é</strong> solução, uma vez que está praticamente<br />

preenchida”, defende Nuno Soares,<br />

acrescentando ainda que o envio de rejeitados<br />

para aterro tamb<strong>é</strong>m terá de ser solucionado a<br />

curto prazo. Mesmo com o aumento exponencial<br />

das RSMM e da recolha seletiva de biorresíduos,<br />

na sua opinião, destes existirá uma fração<br />

significativa que não terá possibilidade de ser<br />

reciclada pelo que a valorização energ<strong>é</strong>tica para<br />

rejeitados e refugos dos processos de tratamento<br />

terá de ser francamente aumentada com a máxima<br />

urgência, devendo ser definido um limiar<br />

mínimo para Portugal, em que a capacidade<br />

de valorização energ<strong>é</strong>tica deverá dar resposta<br />

às necessidades resultantes da implementação<br />

de todas as medidas e cumprimentos de metas<br />

(design ecológico, mercado de embalagens, economia<br />

circular, entre outros), mas tamb<strong>é</strong>m o de<br />

resistir a fatores inesperados como a COVID<br />

19 e outros decorrentes da atividade como paragens<br />

e avarias nas infraestruturas existentes.<br />

“Trata-se de uma questão de segurança do sistema<br />

de tratamento de resíduos do país, não só<br />

de cumprimento de metas, devendo ser a nível<br />

nacional encarado como uma prioridade no domínio<br />

ambiental”.<br />

Os países com me<strong>nos</strong> de 10% de envio de resíduos<br />

para aterro têm associada uma capacidade<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ RESÍDUOS \\<br />

39<br />

A recolha seletiva de<br />

resíduos continua abaixo<br />

das metas definidas<br />

para 2025, nomeadamente<br />

devido à insistência<br />

na recolha seletiva<br />

efetuada por meio de<br />

ecopontos em vez de ser<br />

porta a porta<br />

Ismael Casotti, ambientalista da<br />

associação Zero<br />

de valorização energ<strong>é</strong>tica superior a 30%. “Portugal<br />

tem apenas 19%”, lamenta Nuno Soares. O<br />

Presidente do Conselho de Administração da<br />

TRATOLIXO, diz tamb<strong>é</strong>m que, se por questões<br />

de facilidade de localização e de licenciamento,<br />

este aumento poderá passar de imediato pelo<br />

incremento da capacidade instalada nas duas<br />

incineradores existentes, a Lipor e a Valorsul<br />

“deverão tamb<strong>é</strong>m ser equacionadas soluções<br />

descentralizadas dos grandes centros urba<strong>nos</strong><br />

com a máxima prioridade, sob risco de, se não<br />

agirmos já, assistirmos em todo o território nacional<br />

uma situação de rutura por falta de capacidade<br />

dos aterros no curto/m<strong>é</strong>dio prazo”.<br />

Para Carlos Vieira este <strong>é</strong> um problema gravíssimo<br />

que tem passado despercebido, mas que<br />

será um calcanhar de Aquiles neste setor. E está<br />

para breve! “As entidades em alta estão a ficar<br />

sem aterros para os colocar. Têm mais três, quatro<br />

a<strong>nos</strong>...”, contabiliza, interrogando “e depois?”.<br />

O diretor-delegado do SMAS de Sintra, refere<br />

que das duas uma, “ou exportamos os resíduos<br />

— que não <strong>é</strong> uma medida popular nem barata;<br />

o custo ronda os 300 euros por tonelada, quando<br />

atualmente se paga entre 50 e 70 euros por<br />

tonelada, ou temos a coragem de apostar em<br />

mais valorização energ<strong>é</strong>tica, ou seja, na incineração”.<br />

E, se at<strong>é</strong> agora, os munícipes não deram<br />

conta deste problema, decerto que o sentirão na<br />

carteira caso este não seja resolvido brevemente<br />

porque quando não houver mais espaço <strong>nos</strong><br />

aterros, os custos serão imputados na fatura.<br />

Portanto, a saída passa “por renovar os equipamentos<br />

da Valorsul e da Lipor, fazendo um<br />

investimento a s<strong>é</strong>rio nestas duas entidades, ou<br />

instalar novas valorizações energ<strong>é</strong>ticas noutras<br />

empresas que já fazem tratamento de resíduos<br />

e que estejam mais próximas das zonas onde há<br />

mais resíduos, caso das áreas metropolitanas de<br />

Lisboa e Porto”.<br />

Outra das preocupações do presidente da<br />

TRATOLIXO passa por este ser um setor altamente<br />

deficitário e existir a necessidade de<br />

investimento para cumprir as metas ambiciosas<br />

que estão a ser propostas. “Tendo em conta que o<br />

custo de recolha e tratamento dos resíduos tem<br />

aumentado <strong>nos</strong> últimos a<strong>nos</strong>, e que estes têm<br />

sido suportados pelos aumentos dos tarifários<br />

em toda a cadeia — municípios e cidadãos — <strong>é</strong><br />

algo que se torna insustentável, sobretudo numa<br />

fase em que os municípios têm uma responsabilidade<br />

acrescida de apoio social num contexto<br />

de crise inflacionista e juros elevados”, considera,<br />

terminando: “É essencial serem criadas as<br />

condições financeiras para o setor sem colocar<br />

em causa a sustentabilidade económica das autarquias”.<br />

O ambientalista da Zero fala ainda do<br />

Plano de Ação do Plano Estrat<strong>é</strong>gico de <strong>Resíduos</strong><br />

Sólidos Urba<strong>nos</strong> (PAPERSU), dizendo que “os<br />

municípios não valorizam suficientemente as<br />

metas estabelecidas pela União Europeia e, ao<br />

mesmo tempo, não existem penalizações para<br />

quem não as cumprir”.<br />

O diretor-delegado do SMAS de Sintra alerta<br />

para a necessidade de fazer mais campanhas de<br />

sensibilização à população para a importância<br />

da reciclagem at<strong>é</strong> para ajudar as entidades em<br />

baixa (quem recolhe os resíduos) no crescimento<br />

da recolha seletiva, o que depois tamb<strong>é</strong>m vai >><br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


40<br />

\\ RESÍDUOS \\<br />

beneficiar as entidades em alta e a tirar pressão<br />

dos aterros. Por<strong>é</strong>m, Carlos Vieira chama ainda<br />

a atenção para o flagelo que se vive nas áreas<br />

metropolitanas e neste caso em Sintra. “Ainda<br />

esta semana junto à estação de Queluz de Baixo,<br />

ao lado de um posto de transformação, onde<br />

nem há contentores, as pessoas iam deixando ali<br />

os seus resíduos. Não se deslocavam 50 metros<br />

para os colocar no local correto”, lamenta.<br />

O concelho de Sintra, por exemplo, tem 13<br />

mil contentores e, apesar de terem fiscais à paisana<br />

para controlar estes abusos, nem sempre <strong>é</strong><br />

fácil apanhar quem não cumpre as regras — as<br />

coimas vão dos 250 euros at<strong>é</strong> aos 22.500 euros<br />

se forem empresas. Inclusive já recolheram 32<br />

mil toneladas de resíduos de construção colocados<br />

junto a uma área industrial. “Tivemos de<br />

levar retroescavadoras e camiões para limpar<br />

aquela zona”, conta. Portanto, Carlos Vieira defende<br />

que a videovigilância deveria ser regulamentada<br />

para prevenir esses abusos.<br />

QUAIS OS RESÍDUOS MAIS ABUNDANTES?<br />

A comunidade europeia está atenta e as estatísticas<br />

estão cada vez mais apertadas no que respeita<br />

à reciclagem. Só para ter uma ideia quase<br />

40% de todos os resíduos urba<strong>nos</strong> produzidos<br />

em Portugal são biorresíduos. “Algo que a nível<br />

mundial pode chegar aos 70%”, revela a bióloga<br />

Kate Tepper, num artigo publicado na revista<br />

Communications Biology. E por cá? Como estamos<br />

nesta mat<strong>é</strong>ria? Segundo o mapa interativo<br />

do portal de sustentabilidade da Deco Proteste,<br />

estão inscritos 118 municípios (dados de julho<br />

de 2023), mas a mesma fonte refere que estes<br />

ainda crescerão este ano dada a cooperação das<br />

entidades gestoras, a nível nacional. No entanto,<br />

atualmente, destes apenas 42 fazem recolha seletiva<br />

dos biorresíduos. “Contas feitas, desse total,<br />

31% faz apenas recolha de proximidade, 33%<br />

só recolhe porta a porta e 36% faz ambas”, diz<br />

fonte da Deco Proteste. Ismael Cosetti afirma<br />

O cumprimento das metas dependerá, não só, da<br />

articulação entre Sistemas de Gestão de <strong>Resíduos</strong><br />

Urba<strong>nos</strong> na partilha de infraestruturas como tamb<strong>é</strong>m<br />

do reforço da dotação financeira para o setor, na<br />

alta e baixa para que todos os intervenientes possam<br />

realizar os investimentos atempadamente<br />

Nuno Soares, Presidente do Conselho de Administração da TRATOLIXO, Tratamento de<br />

<strong>Resíduos</strong> Sólidos<br />

que não se sabe ao certo o valor total da recolha<br />

seletiva de biorresíudos porque os números são<br />

de 2022 e na realidade a maioria dos municípios<br />

apenas a começaram a implementar a partir da<br />

metade do ano de 2023 e alguns apenas no início<br />

de <strong>2024</strong>.<br />

O ambientalista da Zero salienta que as estatísticas<br />

dos resíduos se situam na ordem dos<br />

10% (plásticos), 9% (papel e cartão), 9% (têxteis<br />

sanitários, fraldas, entre outros) e 8% (fi<strong>nos</strong>), só<br />

para citar alguns. E refere tamb<strong>é</strong>m que <strong>nos</strong> resíduos<br />

urba<strong>nos</strong> se enumeram <strong>nos</strong> indiferenciados<br />

outras frações como pilhas e medicamentos,<br />

por exemplo. No entanto, a pegada ecológica da<br />

medicação tem vindo a diminuir desde 1999,<br />

quando a indústria, farmácias e distribuidores<br />

se juntaram para tratar estes resíduos criando<br />

um sistema seguro e fechado controlado pela<br />

VALORMED, Sociedade Gestora de <strong>Resíduos</strong><br />

de Embalagens e Medicamentos. Uma das<br />

quatro entidades de sistemas integrados para<br />

a recolha de medicamentos da Europa, al<strong>é</strong>m<br />

da Espanha, França e Hungria. Um sistema financiado<br />

pelo setor farmacêutico mediante o<br />

pagamento de um “eco-valor” ou prestação financeira<br />

de cada embalagem colocada no mercado.<br />

At<strong>é</strong> porque os ganhos com a reciclagem<br />

são baixos. “As receitas em 2023 rondaram os 12<br />

mil euros. A vender toneladas de papel, vidro,<br />

cartão e plástico. No caso do vidro at<strong>é</strong> pagamos<br />

para o entregar”, revela Luís Figueiredo, Diretor<br />

Geral da VALORMED.<br />

Em 20 a<strong>nos</strong> já recolheram 20 mil toneladas<br />

de resíduos, o que significa que se evitaram 4500<br />

toneladas de gases poluentes para a atmosfera,<br />

al<strong>é</strong>m da contribuição para a preservação<br />

do ambiente e proteção da saúde pública. “Em<br />

2023 recolhemos 1275 toneladas. Destas 40%<br />

separámos, classificámos e enviámos para reciclagem.<br />

O refugo, ou seja, 60% foi para incineração<br />

e valorização energ<strong>é</strong>tica”, afirma, explicando<br />

que, por exemplo, os blisters não são recicláveis<br />

porque são feitos de alumínio e PVC mas têm<br />

cola para preservar o medicamento, o que os<br />

inviabiliza de serem reciclados. Os espanhóis<br />

recolheram quatro vezes mais resíduos de medicamentos,<br />

mas tamb<strong>é</strong>m a população <strong>é</strong> quatro<br />

vezes maior, por isso, per capita recolhemos o<br />

mesmo, analisa.<br />

Quando estes resíduos são colocados no lixo<br />

ou despejados <strong>nos</strong> esgotos dom<strong>é</strong>sticos contaminam<br />

os solos e as águas, inclusive <strong>é</strong> importante<br />

relembrar que o mesmo acontece tamb<strong>é</strong>m durante<br />

as excreções. Nas Estações de Tratamento<br />

de Águas Residuais, são tratados, mas não <strong>é</strong><br />

suficiente. Continuam presentes nas águas dos<br />

rios, mares e at<strong>é</strong> nas <strong>nos</strong>sas torneiras. Quando<br />

os medicamentos terminam ou ficam fora da<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ RESÍDUOS \\<br />

41<br />

validade, a caixa, o blister e at<strong>é</strong> a bula “não<br />

devem ser colocados <strong>nos</strong> ecopontos. Devem<br />

ser entregues nas farmácias ou parafarmácias”,<br />

adverte Luís Figueiredo. At<strong>é</strong> porque, por<br />

terem estado em laboratório, isto <strong>é</strong>, em ambiente<br />

de produção têm sempre vestígios de<br />

medicamentos.<br />

Al<strong>é</strong>m disso, as embalagens não devem ser<br />

descartadas <strong>nos</strong> ecopontos porque podem haver<br />

pessoas mal-intencionadas que as utilizem<br />

para fazer falsificação das mesmas, usando a<br />

caixa original com outro fármaco lá dentro.<br />

At<strong>é</strong> porque no ponto de venda, que <strong>é</strong> a farmácia,<br />

cada “caixa” tem um código que <strong>é</strong> único<br />

e <strong>é</strong> comunicado num sistema centralizado, o<br />

MVO, que demonstra que aquele fármaco <strong>é</strong><br />

original, inclusive as embalagens estão todas<br />

seladas. Os frascos dos xaropes, antibióticos,<br />

colheres de plástico, seringas para administração<br />

dos rem<strong>é</strong>dios e copos doseadores devem<br />

ter o mesmo destino. No entanto, Luís Figueiredo<br />

queixa-se da dificuldade em reciclar o<br />

vidro das embalagens dos medicamentos por<br />

ficarem com cheiro a rem<strong>é</strong>dio. “Entregar o<br />

vidro em Portugal <strong>é</strong> uma autêntica desgraça.<br />

Temos um único recetor”. Os outros recicladores<br />

só aceitavam o vidro oriundo dos medicamentos<br />

se este tivesse um tratamento pr<strong>é</strong>vio,<br />

ou seja, se fosse lavado, o implicaria tamb<strong>é</strong>m<br />

o tratamento da água utilizada para o efeito.<br />

Outro problema apontado pela VALORMED<br />

são os resíduos vindos das ilhas, principalmente<br />

dos Açores. São nove ilhas. “Fica caríssimo<br />

porque andam a saltar de ilha para ilha<br />

e depois veem para o continente de barco. A<br />

seguir <strong>é</strong> preciso ir ao porto buscá-los e transportá-los<br />

para a reciclagem”.<br />

Para Luís Figueiredo o que se está a passar<br />

neste momento relativamente à licença da<br />

VALORMED recentemente atribuída tem de<br />

ser questionado. “A nova licença estipula objetivos<br />

de recolha e de reciclagem praticamente<br />

inatingíveis”, admite, referindo que o setor do<br />

medicamento <strong>é</strong> altamente regulado e, como<br />

tal, não podem ser estabelecidas as mesmas<br />

exigências do que para as embalagens generalistas.<br />

“Estamos a falar de materiais que foram<br />

selecionados para preservar a eficácia do medicamento<br />

ao longo do seu prazo de validade,<br />

que requerem a realização de estudos de estabilidade<br />

e autorização pr<strong>é</strong>via do Infarmed<br />

para serem introduzidas no mercado”.<br />

A verdade <strong>é</strong> que os objetivos de recolha e<br />

reciclagem vão sempre em crescendo durante<br />

os dez a<strong>nos</strong> da vigência da licença. No caso das<br />

recolhas, at<strong>é</strong> ao final deste ano, mantêm-se os<br />

20%, mas em 2025 passam para 40%, em 2030<br />

serão 80% e em 2035, sobem para 85%. Na reciclagem<br />

por material são igualmente muito<br />

exigentes. Depois, em tom de brincadeira, mas<br />

pondo o dedo na ferida, diz que “se as pessoas<br />

não aderem ao sistema a VALORMED não se<br />

pode ir a casa das pessoas com uma “pistola”<br />

e obrigá-las a entregar nas farmácias e parafarmácias<br />

os seus resíduos”. Questiona ainda<br />

“se estamos a brincar ou a falar a s<strong>é</strong>rio e se o<br />

pretendido <strong>é</strong> acabar com a VALORMED?<br />

Esta <strong>é</strong> uma das entidades gestoras que foi criada<br />

há 25 a<strong>nos</strong> e certamente o setor vai reagir”,<br />

assumindo a sua preocupação. “Em Espanha a<br />

legislação contemplou um regime de exceção<br />

para o setor do medicamento. Se at<strong>é</strong> aqui não<br />

tinham objetivos de recolha, para 2025 estipularam<br />

15% e depois 25% e 35% para 2030<br />

e 2035, respetivamente. O mesmo se passa<br />

em relação às metas de reciclagem a atingir“.<br />

Neste momento em Portugal recolhemos cerca<br />

de 16% do que <strong>é</strong> colocado anualmente no<br />

mercado, “mas devemos considerar a especificidade<br />

de um medicamento, que pode não<br />

ser de consumo integral no imediato. Podemos<br />

tomar um ou dois comprimidos porque<br />

estamos com dores de cabeça, guardando os<br />

restantes para uma outra ocasião, pelo me<strong>nos</strong><br />

PROJETO SIMULADORES<br />

SIMRECICLA<br />

Os simuladores SimRecicla (www.simrecicla.pt)<br />

ajudam a conhecer de forma detalhada e completa<br />

todo o processo de gestão de resíduos e<br />

o ciclo de vida das embalagens. Destinam-se<br />

ao público final e à comunidade escolar. Foi<br />

desenvolvida pela TRATOLIXO, em parceira com<br />

o Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e<br />

Políticas de Desenvolvimento do Instituto Superior<br />

T<strong>é</strong>cnico e a empresa 3drivers, e com o apoio<br />

da Sociedade Ponto Verde.<br />

O SimRecicla inclui três simuladores com diferentes<br />

objetivos, que respondem às seguintes<br />

perguntas:<br />

1. Onde coloco a minha embalagem? Calcula o<br />

impacte das práticas de separação e encaminhamento<br />

dos resíduos de embalagens.<br />

2. Quero melhorar a reciclabilidade de uma<br />

embalagem: calcula o impacte das opções de<br />

produção, materiais e componentes adotados<br />

3. Quero otimizar uma linha de triagem: calcula<br />

a recuperação de materiais numa linha de triagem<br />

de embalagens, conforme a sequenciação<br />

de diferentes operações e equipamentos.<br />

at<strong>é</strong> ao final do seu prazo de validade”, exemplifica.<br />

O não atingimento dos objetivos de recolha e metas<br />

de reciclagem vai refletir-se duplamente no pagamento<br />

da Taxa de Gestão de <strong>Resíduos</strong> (TGR). “O<br />

valor <strong>é</strong> sempre variável e crescente de ano para ano!<br />

Portanto, o que está a acontecer em Portugal <strong>é</strong> um<br />

ataque e perseguição à fileira do medicamento, um<br />

absurdo completo”, acusa.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


42<br />

\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

1<br />

2<br />

FÓRUM DE LÍDERES<br />

De que forma a sua empresa/entidade<br />

está comprometida com as melhores<br />

práticas sustentáveis?<br />

Como perspetiva o futuro do setor da gestão<br />

de resíduos em Portugal?<br />

IImplementar a economia circular <strong>é</strong> dos maiores desafios ambientais do País. No ranking europeu,<br />

Portugal aparece como o quarto pior, com uma taxa de circularidade de apenas 2,5%<br />

e, segundo a avaliação realizada pela Agência Europeia do Ambiente, a maioria dos Estados-Membros<br />

está em risco de não atingir as metas de reciclagem de resíduos urba<strong>nos</strong> e de<br />

resíduos de embalagens.<br />

Os pla<strong>nos</strong> sobre a produção de resíduos urba<strong>nos</strong> e reciclagem pretendem prevenir, at<strong>é</strong> 2030, a produção<br />

de resíduos ao nível da quantidade e da perigosidade e aumentar a reutilização da reciclagem.<br />

O Plano Estrat<strong>é</strong>gico para os <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> para 2030 (PERSU2030) irá dar continuidade à aplicação<br />

da política nacional de resíduos, orientando os agentes envolvidos para a implementação de<br />

ações que permitam ao país estar alinhado com as políticas e orientações comunitárias, contribuir<br />

para o aumento da prevenção, reciclagem e outras formas de valorização dos resíduos urba<strong>nos</strong>, com a<br />

consequente redução de consumo de mat<strong>é</strong>rias-primas naturais de recurso limitado.<br />

Este plano irá focar-se na prevenção da produção de resíduos e na recolha seletiva, tendo particular<br />

atenção às novas frações: resíduos têxteis, resíduos perigosos e biorresíduos. Será ainda dada relevância<br />

à promoção do uso dos materiais provenientes de resíduos (combustível derivado de resíduos,<br />

composto, recicláveis recuperados, biogás e cinzas/escórias).<br />

Neste Fórum de Líderes, as principais instituições do setor no <strong>nos</strong>so país revelam de que forma estão<br />

comprometidas com estes desígnios e explicam a sua visão sobre o futuro.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


43


44<br />

\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

CARLOS DE ANDRADE BOTELHO<br />

Diretor-Geral Musami<br />

1<br />

A MUSAMI procura responder afirmativamente ao<br />

compromisso com a sustentabilidade ambiental e social.<br />

Para tal, tem implementado medidas que visam reduzir<br />

o seu impacto ambiental, seja por via da triagem seletiva<br />

(que decorre em três das suas instalações), seja por via<br />

da valorização energ<strong>é</strong>tica do biogás (captado de aterro<br />

e do centro de tratamento biológico), para produção de<br />

energia el<strong>é</strong>trica.<br />

A empresa tem, igualmente, medidas que visam reduzir<br />

o consumo de recursos, como água, energia e combustíveis,<br />

tendo montado sistemas de eficiência energ<strong>é</strong>tica<br />

nas suas instalações. Para al<strong>é</strong>m disso, parte da frota da<br />

empresa <strong>é</strong> constituída por veículos el<strong>é</strong>tricos.<br />

Ao nível da responsabilidade social, apoia instituições<br />

e projetos de cariz social, atrav<strong>é</strong>s do fornecimento de<br />

equipamentos essenciais à suas atividades, tal como,<br />

atrav<strong>é</strong>s de doações de produtos alimentares (frutos e<br />

hortaliças), produzidos na Eco5 da MUSAMI.<br />

Para al<strong>é</strong>m disso, aposta na qualificação dos seus colaboradores,<br />

atrav<strong>é</strong>s da oferta de programas de formação<br />

e desenvolvimento profissional e tem um programa de<br />

recrutamento e integração de pessoas com deficiência,<br />

para que possam ter oportunidades de emprego e desenvolvimento<br />

profissional.<br />

Al<strong>é</strong>m da busca de prestar serviços sustentáveis de acordo<br />

com as melhores tecnologias disponíveis estamos a<br />

montar um processo de ESG que possa monitorar e medir<br />

o grau de desempenho de todos os processos críticos.<br />

2<br />

A União Europeia estabeleceu metas ambiciosas para a reciclagem<br />

e a redução de resíduos, as quais Portugal ainda<br />

está aqu<strong>é</strong>m de alcançar.<br />

A estes desafios, já de si muitos exigentes, vão juntar-se outros,<br />

nomeadamente relacionados com novos fluxos de resíduos,<br />

como os têxteis e resíduos perigosos, que requerem<br />

adaptações os sistemas de recolha que vigoram.<br />

Com enfoque na transição para uma economia circular, a<br />

evolução da recolha de seletiva de alta qualidade dependerá,<br />

sempre, da adesão encontrada junto das populações. A<br />

mesma população, a quem se apela a mudanças de comportamento,<br />

ao nível das boas práticas ambientais, mas<br />

tamb<strong>é</strong>m ao nível do consumo, na muito desafiante meta de<br />

redução da produção de resíduos (aqui com particular incidência<br />

no setor têxtil, ainda muito orientado para a “fast<br />

fashion”, com o rápido consumo e descarte dos produtos).<br />

Idealmente, no futuro a curto-prazo, imagina-se um aumento<br />

da integração de tecnologias digitais e sistemas de<br />

informação <strong>nos</strong> processos de gestão de resíduos, com vista<br />

a uma monitorização mais eficiente e à otimização dos<br />

processos de recolha, triagem e reciclagem; bem como um<br />

forte enfoque na economia circular, com incentivo à reutilização<br />

de materiais e a redução do desperdício na fonte.<br />

A educação ambiental deverá continuar a ser uma prioridade,<br />

com campanhas destinadas a reduzir o consumo excessivo<br />

e promover a separação correta de resíduos.<br />

Parece que Portugal necessita de uma grande revolução<br />

neste setor, mas o panorama não parece apresentar soluções<br />

para a financiar.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

45<br />

EMÍDIO PINHEIRO<br />

Presidente do Conselho de<br />

Administração, EGF<br />

CLIMÉNIA SILVA<br />

Diretora-Geral, Valorpneu<br />

1<br />

A EGF lidera um setor que <strong>é</strong> responsável por assegurar o tratamento e valorização<br />

dos resíduos e dos recursos, da forma ambientalmente mais correta e<br />

economicamente mais eficiente, e <strong>é</strong> uma empresa para quem a sustentabilidade<br />

<strong>é</strong> uma prática fundamental - faz parte do <strong>nos</strong>so ADN. A <strong>nos</strong>sa atividade<br />

diária de recolha e tratamento de resíduos visa precisamente contribuir, de<br />

forma muito direta, para um mundo mais sustentável.<br />

No entanto, esta atividade diária, que incorpora todos os requisitos e compromissos<br />

que <strong>nos</strong> são exigidos, procura sempre a melhoria contínua dos serviços<br />

que prestamos a todos os cidadãos, de forma responsável, segura e sustentável.<br />

Para ser mais concreto, e para al<strong>é</strong>m das exigentes atividades diárias de recolha<br />

de resíduos recicláveis, tratamento e valorização de resíduos, nas suas mais<br />

diferentes formas, e atendimento ao cidadão em todas as suas necessidades<br />

relacionadas com as <strong>nos</strong>sas prestações de serviço, destacaria os avultados investimentos<br />

que têm sido feitos em infraestruturas, viaturas e nas pessoas, que<br />

permitem sustentar o crescimento de atividade que registamos <strong>nos</strong> últimos<br />

a<strong>nos</strong>.<br />

2<br />

Antecipo que os próximos 5 a<strong>nos</strong> sejam profundamente transformacionais e<br />

de intensa atividade neste setor. Tudo, a bem do ambiente e do cumprimento<br />

das metas e objetivos ambientais do país. Não temos tempo a perder. Será necessário<br />

unir esforços de todos os intervenientes <strong>nos</strong> complexos processos que<br />

terão de ser atacados, acelerar o processo de transformações, com implementação<br />

de soluções no terreno que <strong>nos</strong> permitam aumentar a circularidade e<br />

desviar os resíduos de aterro o mais depressa possível. Em igual medida, será<br />

necessário alargar a recolha de biorresíduos e recicláveis com soluções mais<br />

robustas e mais modernas. Finalmente, implementar modalidades de financiamento<br />

que acompanhem a capacidade e ambição de todas as partes e que<br />

fomente a partilha das infraestruturas existentes e futuras.<br />

1<br />

A Valorpneu já conta com mais de duas d<strong>é</strong>cadas de existência, dedicadas<br />

à sustentabilidade, gestão de resíduos e à promoção de uma<br />

economia mais circular. A <strong>nos</strong>sa atividade consiste na gestão do Sistema<br />

Integrado de Gestão dos Pneus Usados em Portugal. Este sistema<br />

permite que os pneus usados sejam tratados e encaminhados para um<br />

dos três desti<strong>nos</strong> (recauchutagem, reciclagem ou valorização energ<strong>é</strong>tica)<br />

para poderem ter uma nova vida. De forma a promover a <strong>nos</strong>sa<br />

atividade, temos vindo a realizar inúmeras ações de sensibilização e<br />

comunicação junto dos cidadãos e de público mais especializado. Estas<br />

ações têm como objetivo promover a correta utilização dos pneus<br />

de forma a prolongar o seu tempo de vida útil, assim como comunicar<br />

as diversas aplicações que podem resultar do seu reaproveitamento.<br />

Temos marcado presença e realizado ativações em eventos ligados à<br />

área do ambiente, resíduos, automobilismo e arte, onde o contacto direto<br />

com o público tem sido bastante positivo. A realização de campanhas<br />

nacionais em diversos meios de comunicação, tamb<strong>é</strong>m tem sido<br />

uma excelente forma de conseguirmos impactar a população. Estas<br />

campanhas ajudam a alertar para a importância da correta gestão deste<br />

resíduo. Nos próximos a<strong>nos</strong> esperamos conseguir chegar a cada vez<br />

mais público e continuar a superar as <strong>nos</strong>sas metas.<br />

2<br />

Esperamos que o setor dos resíduos em Portugal demonstre mais crescimento<br />

e aumento de capacidade para conseguir ultrapassar as metas<br />

de ano para ano. Este crescimento obviamente depende do empenho e<br />

dedicação não só das entidades e empresas do setor, mas tamb<strong>é</strong>m dos<br />

cidadãos. As ações de sensibilização, por exemplo como referi acima<br />

são uma ferramenta muito importante para criar engagement junto<br />

da população.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


46 \\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

CONSTANÇA NEIVA CORREIA<br />

B2B Circularity Area Coordinator, MC<br />

1<br />

A MC tem desenvolvido diversas ações no âmbito da sustentabilidade,<br />

prevenção da produção de desperdício e valorização dos resíduos produzidos,<br />

contribuindo para a preservação do ambiente e com foco no apoio à<br />

comunidade. Nesse sentido, implementámos o conceito Ecospot, um espaço<br />

para os clientes entregarem os seus resíduos, com o qual procuramos dar<br />

resposta às necessidades crescentes na utilização da conveniência das lojas<br />

para a prestação de serviços de economia circular.<br />

Assim, os <strong>nos</strong>sos clientes podem depositar <strong>nos</strong> Ecospots existentes em loja<br />

resíduos como óleos alimentares usados, pilhas, lâmpadas, peque<strong>nos</strong> equipamentos<br />

el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos, rolhas de cortiça, entre outros, sendo que<br />

posteriormente asseguramos o seu correto encaminhamento para valorização.<br />

Mais recentemente, em 2023, implementámos a recolha de cápsulas<br />

de caf<strong>é</strong> multimarca, tendo esta iniciativa já permitido o envio para valorização<br />

de 28 toneladas de cápsulas de caf<strong>é</strong>, at<strong>é</strong> ao momento. Adicionalmente,<br />

ao entregarem as rolhas de cortiça, os <strong>nos</strong>sos clientes estão a contribuir<br />

para a iniciativa Green Cork Escolas, em parceria com a Quercus e Corticeira<br />

Amorim, que permite valorizar este recurso ao mesmo tempo que<br />

são apoiadas iniciativas de reflorestação. Para o futuro temos planeada a<br />

incorporação do Sistema de Depósito e Reembolso no conceito Ecospot,<br />

um sistema no qual a MC se tem empenhado desde o primeiro momento<br />

e que acreditamos que será resonsável por um salto muito significativo na<br />

valorização de embalagens de bebidas de uso único em Portugal.<br />

Em <strong>2024</strong>, lançámos tamb<strong>é</strong>m um projeto de recolha de embalagens de plástico<br />

de iogurte e similares, para avaliação da reciclabilidade dos materiais<br />

de embalagem e o envolvimento do cidadão na separação. Associámo-<strong>nos</strong><br />

aos agrupamentos escolares das áreas de implementação do projeto, premiando<br />

os mesmos em função das quantidades separadas – são doados<br />

três euros aos agrupamentos escolares, por cada kg de plástico recolhido.<br />

Das diversas iniciativas em curso, saliento, ainda, o Cadernão, iniciativa<br />

que decorre pelo terceiro ano consecutivo e com a qual <strong>nos</strong> comprometemos<br />

a plantar 20 árvores por cada tonelada de papel recolhida atrav<strong>é</strong>s<br />

da recolha de papel e cader<strong>nos</strong> usados nas <strong>nos</strong>sas lojas. Em colaboração<br />

com a ANTARR, entidade que tem por missão desenvolver uma floresta<br />

produtiva e biodiversa em Portugal, essa recolha será encaminhada para<br />

reciclagem. Só em 2023, foram valorizadas 155 toneladas de papel, dando<br />

lugar à plantação de 3100 árvores.<br />

Todas estas ações, bem como outras que podem encontrar na MC, permitem-<strong>nos</strong><br />

avançar com exigência no caminho da maior valorização dos<br />

recursos que temos nas <strong>nos</strong>sas mãos, contribuindo, sempre que possível,<br />

para uma maior consciência ambiental do consumidor e apoio à comunidade<br />

onde <strong>nos</strong> inserimos.<br />

2<br />

Acredito que <strong>nos</strong> próximos a<strong>nos</strong>, o setor dos resíduos em Portugal irá crescer<br />

e conseguir dar resposta às solicitações que tem pela frente, apesar de<br />

todos os desafios que tem em mãos (esgotamento dos aterros, capacidade<br />

instalada para valorização de resíduos, etc). A separação na origem <strong>é</strong> essencial<br />

para uma adequada valorização destes recursos e para a criação de<br />

produtos com qualidade e a sua reintrodução na economia. Desta forma,<br />

seja <strong>nos</strong> biorresíduos, seja nas embalagens, e ainda no futuro sistema de<br />

depósito e reembolso, será essencial garantir uma qualidade na separação<br />

na origem, mas tamb<strong>é</strong>m que o mercado se desenvolva e disponibilize as<br />

soluções adequadas para que possamos valorizar os resíduos separados. Na<br />

MC, contribuímos para promover a qualidade no desenvolvimento dos<br />

serviços no setor dos resíduos, com a exigência que colocamos nas <strong>nos</strong>sas<br />

operações e contribuindo de forma positiva <strong>nos</strong> fóruns de discussão destes<br />

temas. A atividade regulatória crescente, seja relativa aos plásticos de uso<br />

único, seja no ecodesign, entre outras, imprime mais velocidade e ajuda-<strong>nos</strong><br />

a avançar.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

47<br />

MANUEL COSTA<br />

Presidente do Conselho de<br />

Administração, SUMA<br />

PAULO PRAÇA<br />

Presidente da Direção, ESGRA<br />

1<br />

A SUMA assinala este ano 30 a<strong>nos</strong> de história, e orgulhamo-<strong>nos</strong> de desenvolver<br />

a <strong>nos</strong>sa atividade num setor em que a sustentabilidade, o ambiente e a<br />

responsabilidade social são pilares fundamentais para o sucesso da <strong>nos</strong>sa organização.<br />

São valores incutidos <strong>nos</strong> peque<strong>nos</strong> gestos do dia-a-dia - nem poderia<br />

ser de outra forma. É por isso que mantemos um compromisso inabalável com<br />

a sustentabilidade, norteando as <strong>nos</strong>sas ações com o foco na proteção ambiental<br />

e no desenvolvimento da qualidade de vida das comunidades atendidas, o<br />

que ocorre simultaneamente à adoção de práticas exemplares de responsabilidade<br />

social e governança corporativa.<br />

A título de exemplo, reforçamos continuadamente a formação e proteção das<br />

equipas; diversificamos os programas de educação ambiental junto da comunidade;<br />

inovamos na forma como prestamos serviços aos <strong>nos</strong>sos clientes, com<br />

soluções tecnologicamente cada vez mais avançadas, mas economicamente<br />

sustentáveis.<br />

2<br />

Acredito que estamos perante um novo ciclo de crescimento e inovação, o<br />

que permitirá à SUMA oferecer aos seus clientes, propostas mais integradas<br />

e competitivas, reforçando as <strong>nos</strong>sas competências distintivas e a mais-valia<br />

que aportamos na implementação dos projetos. Antecipamos uma fase em que<br />

muitas entidades, em simultâneo, terão necessidades similares, e o mercado<br />

terá de estar preparado para dar resposta rápida e eficaz para picos de procura,<br />

tanto ao nível das soluções t<strong>é</strong>cnicas como ao nível dos recursos huma<strong>nos</strong> qualificados.<br />

Esta será a fase de fazer acontecer, o país já deixou passar muito tempo com<br />

os pla<strong>nos</strong> e com as suas revisões, está na hora de agir, de implementar recolhas<br />

seletivas mais inteligentes, de tratar resíduos de forma diferenciada, de incluir<br />

o cidadão como gestor de resíduos. <strong>Quem</strong> trabalha no setor aguarda há muito<br />

pela implementação dos pla<strong>nos</strong>, nós estamos prontos para fazer acontecer.<br />

1<br />

Sendo a ESGRA uma associação privada sem fins lucrativos que visa a promoção<br />

dos interesses dos seus associados no âmbito da gestão e tratamento de resíduos,<br />

bem como o seu desenvolvimento estrat<strong>é</strong>gico e no domínio da investigação de<br />

recursos que preservem e potenciem o país como território de desenvolvimento<br />

socioeconómico e ambientalmente sustentável, as ações desenvolvidas incidem<br />

na participação em grupos de trabalho, seminários, publicação de artigos, entre<br />

outras iniciativas que permitam contribuir para a sustentabilidade e criação e<br />

melhoria de conhecimento e condições para o desempenho do setor.<br />

2<br />

De acordo com os últimos dados oficiais, em 2022, Portugal produziu 5,323 milhões<br />

de toneladas (t) de resíduos urba<strong>nos</strong> (RU), das quais cerca de 57% foram<br />

depositados em aterro, muito distante da meta de 10% de deposição da produção<br />

total de resíduos urba<strong>nos</strong> a atingir at<strong>é</strong> 2035, a que acresce a gravidade da situação<br />

dos aterros em Portugal continental cuja capacidade se encontra em vias de esgotamento,<br />

o que pode traduzir-se num colapso do sistema caso não seja adotado,<br />

rapidamente, um plano de contingência, a que acresce a situação de insuficiente<br />

capacidade de valorização energ<strong>é</strong>tica necessária para alcançar a meta e valorizar<br />

os resíduos não recicláveis cuja produção mant<strong>é</strong>m a tendência de crescimento.<br />

Apesar do esforço e de investimentos realizados <strong>nos</strong> últimos 20 a<strong>nos</strong>, a deposição<br />

de resíduos indiferenciada continua a ser a opção predominante dos portugueses,<br />

o que significa que quanto à meta relativa à preparação para reutilização e<br />

reciclagem (PRR), de 55%, 60% e 65%, a atingir, respetivamente, em 2025, 2030 e<br />

2035, o País tamb<strong>é</strong>m se encontra muito distante, com um desempenho de 33%.<br />

Não se vislumbra uma ação concertada e um compromisso político nacional<br />

para investir em soluções para o setor, antevemos uma situação muito grave e<br />

preocupante de falta de respostas para tratar os resíduos produzidos e um retrocesso<br />

nacional inconcebível de falta de sustentabilidade num setor garante da<br />

qualidade do ambiente e da saúde pública.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


48 \\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

NUNO SOARES<br />

Presidente do Conselho de<br />

Administração, TRATOLIXO<br />

1<br />

O cidadão <strong>é</strong> uma peça fundamental para o sucesso das políticas estrat<strong>é</strong>gicas de resíduos, pelo que a sua sensibilização<br />

e envolvimento numa participação mais ativa <strong>é</strong> sempre necessária. Neste âmbito, a TRATOLIXO tem<br />

desenvolvido várias ações de sustentabilidade e inovação. São disso exemplo o Projeto SimRecicla, desenvolvido<br />

por nós em parceria com o Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento do Instituto<br />

Superior T<strong>é</strong>cnico e a empresa 3drivers, e que contou com o financiamento da SPV.<br />

Outro projeto no qual a TRATOLIXO está envolvida <strong>é</strong> a campanha “Mafra Reciclar a Valer+ Rua a Rua”, associada<br />

ao projeto-piloto a ser desenvolvido pelo município de Mafra, no domínio de processos que permitem<br />

potenciar a triagem e reciclagem das embalagens de plástico, de metal e de vidro, atrav<strong>é</strong>s duma solução tecnológica<br />

inovadora a qual, com a instalação de um dispositivo de leitura <strong>nos</strong> ecopontos amarelo e verde, permitirá<br />

adotar um sistema de incentivo financeiro para o cidadão. Tamb<strong>é</strong>m de modo a fomentar o incremento das<br />

recolhas seletivas e desvio de resíduos de aterro, a empresa manteve em 2023 a participação <strong>nos</strong> Projectos “Blue<br />

Circular Postbranding”, “Green Cork” e “Reciclagem de Cápsulas de Caf<strong>é</strong>”. De destacar ainda que o facto de <strong>nos</strong><br />

tornarmos entidade signatária da iniciativa act4nature Portugal, iniciativa promovida pelo BCSD Portugal no<br />

âmbito do act4nature international, com o objetivo de mobilizar as empresas a proteger, promover e restaurar a<br />

biodiversidade.<br />

A TRATOLIXO continua tamb<strong>é</strong>m a promover várias ações de sensibilização junto da comunidade escolar.<br />

2<br />

Quero acreditar que daqui a cinco a<strong>nos</strong> Portugal estará muito mais próximo do cumprimento das metas, sendo<br />

que isto vai depender, não só, da necessária articulação entre os Sistemas de Gestão de <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> ao<br />

nível da partilha de infraestruturas numa perspetiva de minimização do investimento e maximização da rentabilização<br />

dos meios existentes, como tamb<strong>é</strong>m do reforço da dotação financeira para o sector, na alta e na baixa,<br />

que possibilitem a todos os intervenientes do mercado realizar atempadamente os indispensáveis investimentos.<br />

Por outro lado, gostaria que daqui a cinco a<strong>nos</strong> houvesse uma ainda maior consciencialização por parte das pessoas<br />

para a importância da reciclagem e da economia circular, <strong>é</strong> certo que a população já dispõe de consciência<br />

ambiental e que de uma forma generalizada entende a importância da separação e reciclagem dos resíduos, mas<br />

<strong>é</strong> importante reforçar as mensagens e promover literacia e consciencialização ambiental sobre o que acontece aos<br />

resíduos depois de depositados <strong>nos</strong> contentores.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

49<br />

GRAÇA BORGES<br />

Diretora de Comunicação, Responsabilidade Institucional<br />

e Sustentabilidade, Super Bock Group<br />

1<br />

A <strong>nos</strong>sa estrat<strong>é</strong>gia, que incorpora a Sustentabilidade ambiental, social e económica, assenta<br />

em quatro bandeiras -“Mais Pessoas e Comunidade”, “Mais Consumo Responsável”, “Me<strong>nos</strong><br />

Água”, “Me<strong>nos</strong> Carbono” - que refletem muito bem os <strong>nos</strong>sos compromissos e materializam-<br />

-se num conjunto de ações, das quais vou destacar duas.<br />

O restauro ecológico <strong>nos</strong> terre<strong>nos</strong> contíguos ao Pedras Salgadas Spa & Nature Park, com o<br />

apoio da ANP|WWF, que está a possibilitar a expansão do espaço arbóreo para 26,3 hectares,<br />

numa lógica agroflorestal de recuperação dos solos e aumento da capacidade de retenção<br />

de água, e permitir o sequestro anual de CO2.<br />

Tamb<strong>é</strong>m assente no <strong>nos</strong>so compromisso de descarbonização at<strong>é</strong> 2030, e já em parceria com o<br />

Grupo Greenvolt, estamos a proceder à instalação de mais de 20.000 pain<strong>é</strong>is solares fotovoltaicos<br />

nas várias unidades do Grupo, como em Pedras Salgadas ou Castelo de Vide/Envendos,<br />

onde estão as captações de Vitalis. Isto vai permitir reduzirmos as <strong>nos</strong>sas necessidades<br />

energ<strong>é</strong>ticas e permitir criar seis comunidades de energia renovável no país.<br />

2<br />

A <strong>nos</strong>sa expectativa <strong>é</strong> que haja uma gestão cada vez mais eficiente e sustentável dos resíduos<br />

e estes sejam mais entendidos pelo seu valor.<br />

Sabemos que o funcionamento de qualquer empresa e negócio, independentemente do setor<br />

de atividade e dimensão, mas tamb<strong>é</strong>m atividades que realizamos nas <strong>nos</strong>sas casas, gera resíduos<br />

e, como tal, deve existir uma atuação responsável que deve ter como princípios, e por<br />

esta ordem, a prevenção, reutilização e tratamento adequado pela via da valorização, como<br />

a reciclagem, ou a eliminação.<br />

Diria que, globalmente, as empresas, nomeadamente as que operam no Grande Consumo<br />

como o Super Bock Group, estão a investir em soluções inovadoras que cumprem com essa<br />

hierarquia na gestão dos resíduos e a adotar práticas de economia circular. O compromisso<br />

com os temas ambientais, embora possa ocorrer a diferentes níveis, <strong>é</strong> crescente, e acontece<br />

pelos regulamentos e diretrizes cada vez mais rigorosos, mas tamb<strong>é</strong>m por “pressão social” e<br />

pela própria liderança nas organizações, que procuram fazer mais e melhor a cada dia, com a<br />

consciência que a Sustentabilidade <strong>é</strong> vital para o futuro.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


50<br />

\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

PEDRO NAZARETH<br />

CEO, Electrão<br />

1<br />

A actividade desenvolvida pelo ELECTRÃO, enquanto<br />

entidade gestora de embalagens, pilhas e equipamentos<br />

el<strong>é</strong>ctricos usados, pressupõe acções que têm já o foco na<br />

sustentabilidade.<br />

A estrat<strong>é</strong>gia multifluxo, que o ELECTRÃO tem vindo<br />

a reforçar, permite criar sinergias que melhoram a eficiência<br />

da rede de recolha e reciclagem nas várias áreas<br />

de actuação.<br />

Ao longo de quase 20 a<strong>nos</strong> o ELECTRÃO tem desenvolvido<br />

o sistema de recolha e triagem de el<strong>é</strong>ctricos em<br />

conjunto com o das pilhas e baterias usadas com grandes<br />

ganhos operacionais. Os locais de produção destes resíduos<br />

são muitas vezes comuns e permitem o estabelecimento<br />

de contentorização de recolha conjunta.<br />

O ELECTRÃO fez evoluir, entretanto, a sua actividade<br />

para um novo sistema de gestão de embalagens usadas<br />

com o objectivo de desenvolver a rede de recolha<br />

própria. Em muitos produtores empresariais onde recolhe<br />

equipamentos el<strong>é</strong>ctricos e pilhas usadas existem<br />

embalagens usadas por recolher ou separar.<br />

Mais recentemente o ELECTRÃO começou a desenvolver<br />

a actividade de um novo sistema de responsabilidade<br />

alargada do produtor dos plásticos de uso único, mais<br />

especificamente para os produtos de tabaco, o que implicou<br />

a caracterização de varreduras e papeleiras com<br />

origem nas actividades da limpeza urbana. Al<strong>é</strong>m das<br />

pontas de cigarro que procurava identificar, encontrou<br />

embalagens usadas, el<strong>é</strong>ctricos e pilhas que agora está<br />

a separar para reciclagem com diferentes parceiros.<br />

Sem esta visão integral e multisectoral não seria possível<br />

maximizar a gestão dos recursos. O ELECTRÃO contribui<br />

assim de forma determinante para a sustentabilidade<br />

e protecção ambiental com ganhos para toda a<br />

comunidade.<br />

2<br />

A aposta na prevenção da produção de resíduos terá que<br />

assumir uma dimensão mais expressiva na estrat<strong>é</strong>gia de<br />

gestão de resíduos em Portugal num futuro próximo.<br />

O ELECTRÃO desenvolve vários projectos que têm esse<br />

objectivo. É o caso do Onde Doar, uma iniciativa pioneira<br />

que incentiva as empresas a doar produtos, que já não podem<br />

ser integrados no circuito comercial. Esses bens são<br />

doados a instituições que deles necessitam para desenvolver<br />

a sua actividade. Este projecto evita que esses produtos<br />

doados, sejam equipamentos el<strong>é</strong>ctricos ou outros, se<br />

transformem em resíduos. Com o prolongamento da vida<br />

destes bens evita-se o desperdício, garante-se eficiência no<br />

uso de recursos e reduz-se a necessidade de extracção de<br />

mat<strong>é</strong>rias-primas da natureza com ganhos ambientais significativos.<br />

O ELECTRÃO promove tamb<strong>é</strong>m a reutilização atrav<strong>é</strong>s<br />

do projecto de recolha porta a porta de grandes electrodom<strong>é</strong>sticos<br />

ao domicílio, uma campanha que está actualmente<br />

activa em oito municípios da Área Metropolitana<br />

de Lisboa. Esta campanha impede a degradação de resíduos<br />

na via pública e potencia, ao mesmo tempo, a reutilização<br />

atrav<strong>é</strong>s da forma cuidada da sua recolha prevenindo<br />

a geração de resíduos.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

51<br />

CARLOS VIEIRA<br />

Diretor Delegado, Serviços Municipalizados de Água<br />

e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra)<br />

1<br />

Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento<br />

de Sintra (SMAS de Sintra) são responsáveis,<br />

na área do concelho de Sintra, pelo abastecimento<br />

de água, saneamento e recolha de resíduos.<br />

Na vertente dos resíduos, temos desenvolvido<br />

uma significativa aposta no aumento da recolha<br />

seletiva. Nos últimos a<strong>nos</strong>, a separação na origem<br />

dos biorresíduos - os restos alimentares que correspondem<br />

a mais de 40 por cento dos resíduos<br />

produzidos - <strong>é</strong> o novo desafio que enfrentam as<br />

entidades em baixa, como <strong>é</strong> o caso dos SMAS de<br />

Sintra, e das entidades em alta, no <strong>nos</strong>so caso a<br />

Tratolixo, responsável pelo tratamento dos resíduos<br />

<strong>nos</strong> concelhos de Sintra, Cascais, Oeiras e<br />

Mafra.<br />

A este nível, os números são animadores, resultado<br />

de um intenso trabalho de comunicação, para que<br />

a população entenda que aquele resíduo orgânico<br />

pode ser valorizado e transformado num recurso.<br />

Mas, mais do que comunicação, tamb<strong>é</strong>m decidimos<br />

apostar na formação, no sentido de que, desde<br />

tenra idade, cada cidadão seja um embaixador das<br />

causas ambientais. É neste contexto que se insere<br />

a criação do Museu da Água e <strong>Resíduos</strong>, inaugurado<br />

recentemente, e que visa colocar o ambiente<br />

no centro das atenções. E encontrar as melhores<br />

soluções na área dos resíduos, assim como para a<br />

poupança desse recurso vital que constitui a água,<br />

são questões prioritárias em termos ambientais.<br />

2<br />

Mais do que imaginar como estará o setor dos resíduos<br />

<strong>nos</strong> próximos a<strong>nos</strong>, faço votos para que seja<br />

possível consciencializar a população de que o caminho<br />

a seguir <strong>é</strong> o reforço da recolha seletiva, <strong>nos</strong><br />

diferentes fluxos, mas, a montante, há tamb<strong>é</strong>m que<br />

desenvolver esforços para reduzir a quantidade de<br />

resíduos.<br />

Tamb<strong>é</strong>m não podemos continuar com o descarte<br />

ilegal de resíduos volumosos em todo e qualquer<br />

canto do espaço público, sob pena da proliferação<br />

de lixeiras a c<strong>é</strong>u aberto. A este nível, <strong>é</strong> preciso criar<br />

alternativas, os chamados ecocentros ou centros de<br />

deposição temporários de resíduos, se possível at<strong>é</strong><br />

numa escala supramunicipal, para combater verdadeiros<br />

crimes ambientais e autênticos atentados à<br />

saúde pública. Apesar dos municípios já disporem de<br />

meios de fiscalização, que, naturalmente, são escassos<br />

para as necessidades, combater este flagelo impõe<br />

a adoção de medidas dissuasoras que podem passar,<br />

por exemplo, pelo incremento da videovigilância em<br />

locais mais críticos.<br />

Espero tamb<strong>é</strong>m que sejam dados passos concretos<br />

no sentido da criação de condições para a valorização<br />

dos resíduos, nomeadamente com o reforço da<br />

capacidade de incineração nas áreas metropolitanas<br />

de Lisboa e do Porto, dado que os aterros estão a ficar<br />

esgotados. Esta questão exige decisões urgentes<br />

e a disponibilização dos correspondentes recursos<br />

financeiros.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


52<br />

\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

ANA TRIGO MORAIS<br />

CEO, Sociedade Ponto Verde<br />

1<br />

A missão da Sociedade Ponto Verde está intrinsecamente ligada<br />

à agenda do Ambiente, da Sustentabilidade e da Economia Circular,<br />

dada a responsabilidade na organização, gestão da retoma e<br />

valorização dos resíduos de embalagens em Portugal, e atua tendo<br />

por base os três requisitos de ESG.<br />

Isto significa que a ação da SPV <strong>é</strong> feita em alinhamento aos ODS,<br />

principalmente aos ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestruturas),<br />

ODS 11 (Cidades e Comunidades sustentáveis), ODS 12<br />

(Produção e Consumo Sustentáveis), e ODS 17 (Parcerias para a<br />

implementação dos Objetivos).<br />

Nesse sentido, trabalhamos em várias “frentes” com diferentes<br />

projetos. Destaco o “Juntos a reciclar ++”, um programa de financiamento<br />

de ações de comunicação, sensibilização e educação<br />

para os Sistemas de gestão de resíduos urba<strong>nos</strong>, autarquias e<br />

Empresas Municipais e os “Relatórios de Medidas de Prevenção”<br />

para ajudar os <strong>nos</strong>sos clientes embaladores a conceberem embalagens<br />

ainda mais sustentáveis.<br />

Já com o objetivo de colocarmos mais pessoas a reciclar melhor<br />

as suas embalagens “onde quer que se encontrem” realizámos, sob<br />

a chancela da Academia Ponto Verde, sessões formativas nas escolas<br />

e atividades lúdicas nas praias; e estivemos em dezenas de<br />

eventos, como a Feira do Livro, o Festival da Comida Continente,<br />

o Beja Air Show ou a Volta a Portugal Continente. Levámos<br />

ainda a reciclagem de embalagens aos festivais de música, como<br />

o Ageas Cooljazz, Sumol Summer Fest e Rock in Rio, onde, neste<br />

caso, associámos uma campanha da Acerta e Recicla. Al<strong>é</strong>m da<br />

presença física estivemos tamb<strong>é</strong>m no digital, uma vez mais, com a<br />

campanha da Acerta & Recicla, que veio comprovar que a inovação,<br />

a tecnologia e a gamificação podem muito bem ser estrat<strong>é</strong>gias<br />

acertadas para mais e melhor reciclagem de embalagens. Desde a<br />

primeira vaga que a Acerta&Recicla já impactou 97 mil pessoas.<br />

2<br />

A SPV tem vindo a defender que <strong>é</strong> necessário termos um setor<br />

mais colaborativo, com capacidade de inovar. Só assim será possível<br />

prestar um serviço cada vez melhor aos cidadãos, tendo sempre<br />

em vista o cumprimento de metas da reciclagem e chegar a 0% de<br />

embalagens colocadas em aterro.<br />

É um caminho que vai continuar, pelo que a <strong>nos</strong>sa expectativa <strong>é</strong><br />

que o setor se reinvente e esteja significativamente diferente daqui<br />

a 10 a<strong>nos</strong>. Seja ainda mais inovador, tecnológico, moderno e eficiente,<br />

que traga mais qualidade e conveniência aos cidadãos, para<br />

que estes sejam mais participativos no processo de reciclagem das<br />

embalagens e tenham confiança no funcionamento do sistema nacional<br />

de reciclagem.<br />

Neste contexto, o Governo desempenhou um papel fundamental.<br />

Houve celeridade na tomada de decisão sobre a atribuição da nova<br />

licença da SPV, que passa agora a ser a 10 a<strong>nos</strong>, o que se aplaude.<br />

Assim, a <strong>nos</strong>sa expectativa <strong>é</strong> que se siga este ciclo no sentido<br />

de se implementar, com agilidade, o que <strong>é</strong> preciso no setor e apoie<br />

os cidadãos a serem mais participativos neste processo da reciclagem<br />

de embalagens. É preciso mais estabilidade e transparência no<br />

quadro de atuação e de operação de todos os agentes da cadeia de<br />

valor, bem como a revisão urgente do modelo de financiamento da<br />

reciclagem de embalagens. Com isto poderá planear-se melhor o<br />

investimento e as soluções que devem ser implementadas.<br />

No que diz respeito à SPV vamos continuar o trabalho colaborativo<br />

e investir na introdução de inovação do setor, para que este se<br />

mantenha um exemplo e continue a cumprir as ambiciosas metas.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ FÓRUM DE LIDERES \\<br />

53<br />

CARLOS RODRIGUES<br />

Presidente, Luságua Serviços<br />

1<br />

No contexto atual, cada vez mais marcado pela necessidade<br />

de preservar o meio ambiente e garantir um<br />

futuro sustentável, <strong>é</strong> essencial que as empresas (e não<br />

só) adotem ações concretas que promovam a sustentabilidade<br />

e responsabilidade social.<br />

A Luságua, tem adotado medidas a nível da sustentabilidade<br />

ambiental, social e económica, criando valor<br />

ao mesmo tempo que cria benefícios para os seus<br />

stakeholders. Há uma preocupação permanente em<br />

minimizar os impactos das atividades que desenvolve<br />

optado, sempre que possível, por medidas sustentáveis<br />

na utilização dos seus recursos promovendo a<br />

economia circular. De entre as ações desenvolvidas,<br />

destaca-se as medidas implementadas no âmbito da<br />

problemática da escassez da água, atrav<strong>é</strong>s da utilização<br />

de água não potável para os serviços de lavagem de<br />

arruamentos e equipamentos bem como por viaturas<br />

com recirculação de água na lavagem de contentores<br />

que permitam a poupança deste recurso, medidas de<br />

desvio de resíduos para aterro atrav<strong>é</strong>s da implementação<br />

da recolha seletiva de bioresiduos contribuindo<br />

para o cumprimento das metas nacionais e comunitárias<br />

de valorização de resíduos biodegradáveis.<br />

Na área da Educação Ambiental e Consciencialização<br />

temos desenvolvido e implementado um conjunto de<br />

campanhas de sensibilização dirigidas a diferentes<br />

faixas etárias sobre a importância da conservação<br />

ambiental e práticas sustentáveis, promovendo uma<br />

cultura de responsabilidade ambiental e social, capacitando<br />

os cidadãos a adotarem comportamentos<br />

mais sustentáveis no seu dia a dia.<br />

2<br />

O setor dos resíduos está a mudar e está a evoluir de<br />

um modelo predominantemente linear para um modelo<br />

mais circular e sustentável, impulsionado por fatores<br />

como inovação tecnológica, mudanças regulatórias, e<br />

crescente consciencialização pública. Para um horizonte<br />

de 5 a<strong>nos</strong> está prevista a implementação de ações<br />

que permitam ao país estar alinhado com as políticas e<br />

orientações comunitárias, vertido num plano ambicioso<br />

e focado na prevenção da produção de resíduos e na recolha<br />

seletiva.<br />

Seria interessante que daqui a 5 a<strong>nos</strong> já estivessemos<br />

bem preparados para implementar o princípio do poluidor-pagador<br />

pela diferenciação de sistemas de tarifação<br />

de acordo com a produção de resíduos atrav<strong>é</strong>s de<br />

sistemas de tipo pay-as-you-throw (PAYT) e não pelo<br />

consumo da água, (conforme previsto), seria interessante<br />

assistir a uma mudança efetiva dos comportamentos<br />

e que a consciencialização pública estivesse significativamente<br />

mais aprimorada, por último seria interessante<br />

que nessa altura os “homens do lixo” fossem vistos como<br />

uma profissão nobre de tal maneira que trabalhar nesta<br />

área, que <strong>é</strong> essencial e imprescindível, fosse um orgulho<br />

não só para os que aqui trabalham como para toda a sociedade.<br />

A dignificação da profissão de quem trabalha<br />

nesta área seria, na minha opinião uma mudança que<br />

gostaria de ver.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


54<br />

\\ DIRETÓRIO \\<br />

DIRETÓRIO<br />

Rumo a uma<br />

economia circular<br />

Todos os a<strong>nos</strong> produzem-se 2,2 mil milhões de toneladas de lixo na União Europeia (UE).<br />

Segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente, em Portugal, a produção total de<br />

resíduos urba<strong>nos</strong> (RU), atingiu, em 2022, 5,05 milhões de toneladas (mais 0,7% do que<br />

em 2021). Estes valores refletem uma estabilização na produção de RU desde o ano<br />

2019, invertendo a tendência de crescimento que se vinha a observar desde 2014.<br />

No entanto, relativamente à recolha de resíduos, apesar de se verificar uma evolução favorvel da<br />

recolha seletiva ao longo dos a<strong>nos</strong>, era expectável uma taxa de crescimento com maior expressão face<br />

à recolha indiferenciada.<br />

Continua a ser previso promover a mudança de uma economia linear para uma economia circular. E<br />

o papel de todas as empresas <strong>é</strong> fulcral para esta transição.<br />

Na prática, a economia circular implica a redução do desperdício ou dos resíduos ao mínimo. Reutilizar<br />

e reciclar os produtos permite retardar o uso dos recursos naturais, reduzir a perturbação das<br />

paisagens e dos habitats e ajudar a limitar a perda de biodiversidade.<br />

As empresas portuguesas estão empenhadas em promover essa circularidade e, apesar de o país continuar<br />

a falhar as metas estabelecidas pela Comissão Europeia, há muitas empresas no bom caminho.<br />

Conheça alguns dos bons exemplos no diretório que lhe apresentamos neste suplemento.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

55<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


56 \\ DIRETÓRIO \\<br />

SINTRA INVESTE NA RECOLHA E<br />

VALORIZAÇÃO DE BIORRESÍDUOS<br />

Responsáveis pela recolha e transporte de resíduos<br />

na área do concelho de Sintra, que<br />

abrange um território de 320 km2 e uma<br />

população residente na ordem dos 385 mil habitantes,<br />

os Serviços Municipalizados de Água<br />

e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra) estão<br />

apostados em melhorar a eficiência do serviço<br />

prestado à população, com um significativo investimento<br />

na renovação da contentorização com<br />

recurso à instalação de equipamentos enterrados.<br />

Atrav<strong>é</strong>s do aumento da capacidade instalada de<br />

deposição de resíduos, com menor impacto na<br />

ocupação do espaço público e na vertente ambiental,<br />

com a redução de odores, pretende-se,<br />

ainda, reforçar os indicadores de recolha seletiva<br />

<strong>nos</strong> diferentes fluxos, plástico/metal, vidro e papel/cartão,<br />

permitindo o seu encaminhamento<br />

para reciclagem, no sentido do cumprimento das<br />

metas nacionais e internacionais em prol de um<br />

melhor ambiente.<br />

Tendo em conta a importância dos resíduos<br />

orgânicos no âmbito dos indiferenciados, cerca<br />

de 40 por cento, os SMAS de Sintra implementaram<br />

o Sistema de Recolha Seletiva de Biorresíduos,<br />

em estreita articulação com os outros municípios<br />

da Tratolixo, a empresa intermunicipal<br />

responsável pelo tratamento <strong>nos</strong> concelhos de<br />

Sintra, Cascais, Oeiras e Mafra. Após um projeto<br />

piloto em 2020, na freguesia de Rio de Mouro, o<br />

sistema foi alargado a todo o território do concelho<br />

de Sintra no início de outubro de 2022, mais<br />

de um ano antes da obrigatoriedade da recolha<br />

em todo o país.<br />

Percorrido este caminho, os números são positivos<br />

e colocam Sintra na linha da frente da<br />

recolha de biorresíduos: uma centena de grandes<br />

produtores de restos alimentares, cerca de<br />

75 mil aderentes no setor dom<strong>é</strong>stico e mais de<br />

1.500 toneladas de resíduos orgânicos recolhidos<br />

(estimativa para o total do ano de <strong>2024</strong>).<br />

A separação dos restos alimentares <strong>é</strong> efetuada<br />

em regime de co-coleção, que consiste na<br />

recolha conjunta de duas ou mais frações de<br />

materiais. Para o efeito, no setor dom<strong>é</strong>stico,<br />

são cedidos gratuitamente peque<strong>nos</strong> contentores,<br />

com capacidade de 7 litros, e sacos verdes,<br />

para deposição dos restos alimentares no contentor<br />

de resíduos indiferenciados. A separação<br />

dos biorresíduos, devidamente acondicionados<br />

<strong>nos</strong> sacos verdes, <strong>é</strong> efetuada nas instalações da<br />

Tratolixo, desviando esses resíduos do encaminhamento<br />

para aterro e a sua valorização para a<br />

produção de energia e composto para a fertilização<br />

de solos agrícolas.<br />

Al<strong>é</strong>m dos benefícios ambientais do sistema, que<br />

permite, assim, a valorização de 40% dos resíduos<br />

produzidos, os aderentes usufruem de um desconto<br />

de 1€, por cada 30 dias, no tarifário dos serviços<br />

de águas e resíduos dos SMAS de Sintra.<br />

Para o setor não dom<strong>é</strong>stico, os SMAS de Sintra<br />

estão a adotar dois modelos: por um lado, em<br />

regime de co-coleção, para os estabelecimentos de<br />

restauração e similares, com a cedência de contentores<br />

e sacos verdes com capacidade de 20 litros, e,<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

57<br />

BOARD<br />

BASÍLIO HORTA<br />

Presidente do Conselho<br />

de Administração<br />

MARIA PIEDADE MENDES<br />

Vogal do Conselho de Administração<br />

PEDRO VENTURA<br />

Vogal do Conselho de Administração<br />

CARLOS VIEIRA<br />

Diretor delegado<br />

por outro, com recurso a um circuito exclusivo com<br />

recolha dedicada, destinado a grandes produtores<br />

de restos alimentares, como empresas de maior<br />

dimensão, estabelecimentos de ensino, mercados<br />

municipais e IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade<br />

Social), em que <strong>é</strong> atribuída contentorização<br />

que varia dos 40 aos 660 litros.<br />

A recolha junto destes grandes produtores <strong>é</strong><br />

efetuada atrav<strong>é</strong>s de viatura específica, com capacidade<br />

de 15 metros cúbicos e equipada com sistema<br />

de lavagem e de elevação e basculamento de<br />

recolha, tendo sido adquirida no âmbito de uma<br />

candidatura ao POSEUR (Programa Operacional<br />

Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos),<br />

num investimento de 250 mil euros. Este circuito<br />

exclusivo de recolha dedicada já foi reforçado com<br />

uma segunda viatura, com capacidade de 8 metros<br />

cúbicos e que representou um investimento<br />

de cerca de 120 mil euros, que se destina a dar resposta<br />

a entidades de menor dimensão que apresentem<br />

acessos limitativos para as operações de<br />

recolha, assim como as que se localizam em áreas<br />

urbanas com maior dificuldade de circulação.<br />

Com o crescente aumento do número de grandes<br />

produtores, sejam particulares ou entidades<br />

públicas, como <strong>é</strong> o caso de estabelecimentos de ensino,<br />

os SMAS de Sintra vão continuar a reforçar<br />

a frota de recolha de biorresíduos e, em processo<br />

de aquisição, encontra-se já uma nova viatura com<br />

capacidade de 16 m3, que representará um investimento<br />

superior a 410 mil euros e contará com financiamento<br />

do Fundo Ambiental, no âmbito do<br />

“Programa RecolhaBio”. Neste caso, uma viatura<br />

100 por cento el<strong>é</strong>trica.<br />

Este circuito dedicado, para al<strong>é</strong>m das escolas,<br />

contempla outras entidades públicas, como os<br />

estabelecimentos prisionais de Sintra e da Carregueira,<br />

os regimentos de Artilharia Antia<strong>é</strong>rea<br />

(Queluz) e de Comandos (Belas) e a Escola da<br />

Guarda (Queluz), assim como outras instituições<br />

de cariz social e educativo como a Associação de<br />

Pais e Amigos de Deficientes Profundos, Aldeia<br />

de Santa Isabel, Casa de Saúde da Idanha, Casa<br />

de Saúde do Telhal, CERCITOP, Col<strong>é</strong>gio do Ramalhão<br />

e Fundação Cardeal Cerejeira. Tamb<strong>é</strong>m<br />

empresas de maior dimensão, como a Adreta<br />

Plásticos, a Essilor, a Estêvão Luís Salvador, a Mercedes-Benz<br />

e a Wurth, integram este circuito, que<br />

abrange ainda o Hotel Pestana Sintra Golf (Beloura)<br />

e o Hotel Vila Gal<strong>é</strong> Sintra.<br />

CONTACTOS<br />

Av. Movimento das Forças<br />

Armadas, 16 Portela de Sintra<br />

2714-503 Sintra<br />

+351 219 119 000<br />

geral@smas-sintra.pt<br />

www.smas-sintra.pt<br />

ÁGUA POTÁVEL<br />

E SANEAMENTO<br />

CIDADES E<br />

COMUNIDADES<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

ACÇÃO<br />

CLIMÁTICA<br />

PROTEGER A<br />

VIDA TERRESTRE<br />

INDÚSTRIA,<br />

INOVAÇÃO E<br />

INFRAESTRUTURAS<br />

PRODUÇÃO E<br />

CONSUMO<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

PROTEGER A<br />

VIDA MARINHA<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


58<br />

\\ DIRETÓRIO \\<br />

BOARD<br />

AQUAPOR APOSTA EM TECNOLOGIA<br />

PARA OTIMIZAR RECOLHA DE RESÍDUOS<br />

Carlos Rodrigues<br />

Presidente do Conselho de<br />

Administração da Luságua<br />

Serviços Ambientais, SA<br />

D<br />

esde o ínicio de 2023, a Aquapor tem vindo a<br />

apostar na utilização de tecnologia para tornar<br />

o serviço de gestão e recolha de resíduos<br />

mais eficiente. Atrav<strong>é</strong>s da sua empresa Luságua,<br />

tem implementado em diferentes regiões do país<br />

o projeto <strong>Resíduos</strong> Smart+, que contribui ainda<br />

para reduzir o impacto ambiental do serviço.<br />

O projeto utiliza um software de controlo operacional<br />

que permite a otimização de rotas e<br />

serviços, o que contribui para a poupança dos<br />

custos de recolha, do número de quilómetros<br />

percorridos e dos gastos em combustível.<br />

Significa isto que, ao contrário do modelo tradicional<br />

em que os circuitos e a frequência das recolhas<br />

são pr<strong>é</strong>-definidos e fixos, com o <strong>Resíduos</strong><br />

Smart+ <strong>é</strong> possível adaptar as rotas de recolha de<br />

acordo com as reais necessidades.<br />

Com uma forte componente sustentável, o projeto<br />

utiliza água não<br />

potável para os serviços<br />

de lavagem de<br />

arruamentos e contentores,<br />

e equipamentos<br />

com recirculação<br />

de água que<br />

permitem a poupança<br />

deste recurso.<br />

Em paralelo, o <strong>Resíduos</strong><br />

Smart+ participa<br />

num conjunto<br />

de iniciativas na<br />

área da sustentabilidade,<br />

como o Projeto Bluebiotech, inserido no<br />

Pacto da Bioeconomia Azul, em que recolhe redes<br />

de pesca dos portos do Algarve, geridos pela<br />

Doca Pesca, sendo posteriormente encaminhadas<br />

para a produção de novas fibras têxteis.<br />

A recolha seletiva dos biorresíduos <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m<br />

uma aposta da Aquapor, que contribui assim<br />

para o cumprimento das metas nacionais e comunitárias<br />

de valorização de resíduos biodegradáveis<br />

e de desvio de resíduos enviados para<br />

aterro.<br />

Numa altura em que a gestão dos resíduos assume,<br />

mais do que nunca, um papel crucial na<br />

preservação do meio ambiente, o projeto <strong>Resíduos</strong><br />

Smart+ reflete a aposta da Aquapor no<br />

desenvolvimento de soluções inovadoras que<br />

contribuam ativamente para um futuro mais<br />

sustentável.<br />

CONTACTOS<br />

+351 217 928 670<br />

info@residuossmartmais.pt<br />

www.residuossmartmais.pt<br />

ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />

/ Recolha e transporte de <strong>Resíduos</strong>, Mo<strong>nos</strong><br />

e Verdes<br />

/ Recolha Seletiva de Bioresíduos<br />

/ Lavagem e Desinfecção de Arruamentos<br />

/ Manutenção e Lavagem de Contentores<br />

/ Serviços de Limpeza e Higiene Urbana<br />

/ Corte de Ervas e Aplicação de Herbicida<br />

/ Serviços Diários de Fiscalização<br />

/ Gestão e Vigilância de Ecocentros<br />

/ Sensibilização e Educação Ambiental<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

59<br />

BOARD<br />

POR UM MELHOR AMANHÃ<br />

Trabalhamos diariamente para construir um futuro mais<br />

sustentável e contribuir para a qualidade de vida das pessoas.<br />

A<br />

EcoAmbiente tem como visão tornar-se um grupo<br />

empresarial de referência na área do ambiente.<br />

O foco principal da empresa <strong>é</strong> oferecer soluções<br />

inovadoras e de excelência de forma integrada,<br />

sempre no âmbito da economia verde, promovendo<br />

um futuro mais sustentável.<br />

A empresa compromete-se a cuidar e preservar o<br />

meio ambiente com o objetivo de melhorar a qualidade<br />

de vida dos seus colaboradores e clientes. Este<br />

compromisso <strong>é</strong> sempre orientado por uma cultura<br />

de crescimento sustentável. Atualmente, a empresa<br />

conta com mais de 1350 colaboradores, promovendo<br />

a descentralização da responsabilidade e autonomia<br />

das suas equipas. Cada projeto <strong>é</strong> gerido de forma<br />

única, o que contribui para a satisfação dos clientes,<br />

uma prioridade fundamental para a companhia. O<br />

investimento contínuo no desenvolvimento pessoal<br />

e profissional dos colaboradores tem sido um dos<br />

principais focos da empresa, a qualificação e especialização<br />

das equipas são encaradas como fatores<br />

essenciais para a melhoria constante da qualidade<br />

dos serviços prestados. Não me<strong>nos</strong> importante <strong>é</strong> a<br />

satisfação e a motivação dos colaboradores, fatores<br />

essenciais para o sucesso das atividades da empresa.<br />

A formação contínua, tanto interna quanto externa,<br />

<strong>é</strong> fortemente incentivada, e a empresa busca ser uma<br />

referência nas comunidades onde atua.<br />

A EcoAmbiente dispõe de uma vasta frota de viaturas<br />

que garante a eficiência e adequação dos serviços<br />

oferecidos aos seus clientes. Diariamente, mais de<br />

200 camiões operam na recolha de resíduos, assegurando<br />

uma operação de qualidade. A renovação e<br />

o reforço constante dos equipamentos são tamb<strong>é</strong>m<br />

prioridades da empresa, que busca estar sempre preparada<br />

para responder adequadamente a todos os<br />

desafios. A empresa assume, em parceria com os seus<br />

clientes, a responsabilidade de cuidar e preservar o<br />

meio ambiente, alinhada com os princípios da economia<br />

verde e da sustentabilidade.<br />

O compromisso com a qualidade <strong>é</strong> acompanhado<br />

pelo respeito aos mais elevados padrões de segurança,<br />

sempre privilegiando ações preventivas que visem<br />

a proteção da saúde, a preservação do ambiente e o<br />

respeito pela sociedade. A EcoAmbiente valoriza<br />

atitudes proativas e inovadoras, premiando o envolvimento<br />

e o compromisso com os objetivos da empresa.<br />

A participação ativa na redução de impactos<br />

ambientais negativos, atrav<strong>é</strong>s de campanhas de sensibilização,<br />

<strong>é</strong> uma das formas pelas quais a EcoAmbiente<br />

se destaca como uma empresa comprometida<br />

com o futuro sustentável.<br />

H<strong>é</strong>lder Baptista<br />

CEO<br />

CONTACTOS<br />

Parque Industrial da Abrunheira<br />

Quinta do Lavi, Edifício 2<br />

2710-089 Sintra, Portugal<br />

t. +351 219 156 090<br />

geral@ecoambiente.pt<br />

www.ecoambiente.pt<br />

ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />

/ Recolha e Transporte de <strong>Resíduos</strong><br />

/ Lavagem e Manutenção de Contentores<br />

/ Aluguer Operacional de Viaturas<br />

/ Limpeza Urbana<br />

/ Limpeza de Praias<br />

/ Serviços Florestais<br />

/ Conceção, Construção e Manutenção de<br />

Espaços Verdes<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


60<br />

\\ DIRETÓRIO \\<br />

BOARD<br />

SUSTENTABILIDADE, SEGURANÇA<br />

E INOVAÇÃO<br />

A<br />

EGF <strong>é</strong> uma empresa de referência<br />

no setor ambiental europeu<br />

e líder no tratamento e<br />

valorização de resíduos em Portugal.<br />

Integrada no Grupo MOTA-<br />

-ENGIL, <strong>é</strong> responsável por assegurar<br />

o tratamento e valorização de<br />

resíduos, da forma ambientalmente<br />

mais correta e economicamente<br />

sustentável, contribuindo para a<br />

melhoria da qualidade de vida e do<br />

ambiente.<br />

A gestão dos sistemas de tratamento<br />

e valorização de resíduos <strong>é</strong> feita<br />

atrav<strong>é</strong>s de 11 empresas concessionárias<br />

(Algar, Amarsul, Ersuc, Resiestrela, Resinorte,<br />

Resulima, Suldouro, Valorlis, Valorminho,<br />

Valnor, Valorsul), constituídas em parceria com<br />

os municípios servidos, que processam anualmente<br />

cerca de 3,3 milhões de toneladas de resíduos<br />

urba<strong>nos</strong> (RU), servindo uma população<br />

de 6,3 milhões de pessoas distribuídas por 174<br />

municípios, numa área equivalente a 60% do território<br />

em Portugal.<br />

Para al<strong>é</strong>m de dar valor aos resíduos, a EGF valoriza<br />

a qualidade de vida das pessoas, garantindo que<br />

os resíduos gerados são utilizados como recursos<br />

ou encaminhados para o destino mais adequado<br />

no âmbito da economia circular. Com o reforço<br />

da sua integração no Grupo MOTA-ENGIL, a<br />

EGF possui recursos com potencialidades a serem<br />

exploradas, num contexto de inovação que<br />

permitirá, num futuro que estamos a construir,<br />

melhorar a qualidade de vida das populações.<br />

Atrav<strong>é</strong>s da EGF, <strong>é</strong> possível garantir a valorização<br />

de resíduos de forma segura e sustentável nas suas<br />

várias áreas de atuação, assegurando elevados padrões<br />

ambientais, práticas sociais exemplares e a<br />

criação de valor, posicionando a empresa como<br />

um farol de inovação e uma referência ambiental.<br />

No âmbito de atuação da EGF, os resíduos são<br />

considerados um recurso, quer seja como mat<strong>é</strong>ria-prima<br />

para reciclagem, composto para a agricultura<br />

ou energia el<strong>é</strong>trica exportada para a rede<br />

el<strong>é</strong>trica nacional.<br />

ÁREA DE ATUAÇÃO<br />

/ Recolha, tratamento e valorização de resíduos e<br />

recursos.<br />

Emídio Pinheiro<br />

Presidente do Conselho<br />

de Administração<br />

CONTACTOS<br />

EGF<br />

Empresa Geral do Fomento, S.A.<br />

Rua Mário Dionísio, N. º2<br />

2799-557 Linda-a-Velha<br />

t. +351 214 158 200<br />

(chamada para a rede fixa nacional)<br />

egf@egf.pt<br />

www.egf.pt<br />

www.linkedin.com/company/<br />

egf-environment-global-facilities/<br />

www.facebook.com/egf.pt<br />

www.instagram.com/egf_pt/<br />

800 911 400<br />

(chamada gratuita para pedidos de informação,<br />

dúvidas, reclamações e pedidos<br />

de serviço).<br />

atendimento@linhadareciclagem.pt<br />

www.linhadareciclagem.pt<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

61<br />

EQUIPA EXECUTIVA<br />

UMA VISÃO MULTIFLUXO PARA A<br />

GESTÃO DE RESÍDUOS EM PORTUGAL<br />

O<br />

ELECTRÃO foi constituído em 2005 para a<br />

gestão de equipamentos el<strong>é</strong>ctricos usados em<br />

Portugal, em representação das suas 60 empresas<br />

associadas fundadoras na recolha e reciclagem<br />

destes resíduos. Em 2009, alargava o âmbito<br />

da sua actuação à gestão das pilhas e baterias usadas<br />

e, em 2018, iniciava a actividade na gestão de<br />

embalagens usadas, tornando-se a primeira entidade<br />

gestora a actuar em Portugal com participação<br />

em três dos principais sistemas de fim de vida<br />

de resíduos. Actualmente merece a confiança de<br />

cerca de duas mil empresas, nacionais e estrangeiras,<br />

que transferem todos os a<strong>nos</strong> para o ELEC-<br />

TRÃO a responsabilidade pela gestão de fim de<br />

vida dos respectivos produtos e embalagens que<br />

colocam no mercado, em Portugal, servindo muitas<br />

destas empresas em mais do que um sistema<br />

integrado de reciclagem.<br />

O ELECTRÃO tem a expectativa de que os plásticos<br />

de uso único venham a ser, a curto prazo, o<br />

quarto sistema de responsabilidade alargada do<br />

produtor em que marcará presença atrav<strong>é</strong>s da<br />

associação ÚNICO, fundada para a gestão deste<br />

fluxo de resíduos com algumas das principais empresas<br />

produtoras.<br />

Muitos dos projectos que tem desenvolvido, no âmbito<br />

desta estrat<strong>é</strong>gia, são críticos para a separação<br />

para reciclagem de diferentes fluxos e para o cumprimento<br />

das respectivas metas ambientais estabelecidas.<br />

Sem uma visão e uma abordagem de gestão<br />

multifluxo integrada de resíduos não teriam sido desenvolvidos.<br />

Os resíduos urba<strong>nos</strong> e não urba<strong>nos</strong> que Portugal tem<br />

que necessariamente separar para reciclagem vão<br />

continuar a ser, infelizmente, produzidos e recolhidos<br />

de forma misturada integrando diferentes famílias de<br />

resíduos – el<strong>é</strong>ctricos, pilhas, mobílias, embalagens,<br />

têxteis. O ELECTRÃO responde a este desafio de<br />

forma eficaz e custo eficiente com a continuada aposta<br />

estrat<strong>é</strong>gica de desenvolvimento da sua vocação de<br />

gestão multifluxo de resíduos.<br />

A confiança que tem vindo a merecer das empresas<br />

produtoras que serve tem-se traduzido em iniciativas<br />

conjuntas para o desenvolvimento e implementação<br />

destes novos sistemas. Vai por isso continuar a desenvolver<br />

a actividade explorando as diferentes sinergias<br />

operacionais que existem entre sistemas de reciclagem<br />

e beneficiar das economias de escala e de gama<br />

que daqui decorrem, melhorando a competitividade<br />

da proposta de valor que oferece às empresas.<br />

Pedro Nazareth<br />

CEO<br />

Ricardo Furtado<br />

Director Geral para os El<strong>é</strong>ctricos<br />

e Pilhas<br />

CONTACTOS<br />

Rua Afonso Praça 6<br />

1400-402 Lisboa<br />

t. +351 214 169 020<br />

geral@electrao.pt<br />

www.electrao.pt<br />

ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />

/ Entidade gestora de embalagens, pilhas<br />

e equipamentos el<strong>é</strong>ctricos usados<br />

CIDADES E<br />

COMUNIDADES<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

PRODUÇÃO<br />

E CONSUMO<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

ACÇÃO<br />

CLIMÁTICA<br />

PROTEGER A<br />

VIDA MARINHA<br />

PROTEGER<br />

A VIDA<br />

TERRESTRE<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


62 \\ DIRETÓRIO \\<br />

UMA EMPRESA FOCADA NA PROMOÇÃO<br />

DA CIRCULARIDADE<br />

N<br />

a MC, acreditamos que o <strong>nos</strong>so propósito <strong>é</strong> democratizar<br />

o acesso a uma cesta saudável e sustentável,<br />

assegurando que hoje estamos a construir<br />

um futuro que respeita as Pessoas, as Comunidades<br />

e o Planeta. Os <strong>nos</strong>sos valores guiam as <strong>nos</strong>sas ações<br />

diárias, tamb<strong>é</strong>m na promoção da circularidade, uma<br />

dimensão cada vez mais visível nas <strong>nos</strong>sas operações,<br />

atrav<strong>é</strong>s da qual incentivamos a prevenção da produção<br />

de desperdício e a valorização de resíduos.<br />

Em 2023, gerimos mais de 73 mil toneladas de resíduos,<br />

atingindo uma taxa de valorização de 83,5%.<br />

No entanto, continuamos empenhados em introduzir<br />

melhorias constantes nas operações para garantir<br />

uma triagem e encaminhamento mais eficazes dos<br />

resíduos recicláveis e dos biorresíduos.<br />

Apesar de tudo, reconhecemos que ainda enfrentamos<br />

limitações ao nível dos serviços de recolha e das<br />

infraestruturas de valorização de resíduos urba<strong>nos</strong>,<br />

o que condiciona tamb<strong>é</strong>m a evolução da separação<br />

destes fluxos.<br />

INICIATIVAS DE SUCESSO<br />

Na MC, estamos comprometidos em promover<br />

comportamentos sustentáveis junto do consumidor.<br />

No campo da circularidade, um exemplo <strong>é</strong> a<br />

implementação do conceito Ecospot nas <strong>nos</strong>sas lojas<br />

– pontos de recolha de cápsulas de caf<strong>é</strong>,<br />

pilhas, rolhas de cortiça, roupa, baterias,<br />

lâmpadas, óleos alimentares usados e<br />

peque<strong>nos</strong> equipamentos el<strong>é</strong>tricos e eletrónicos.<br />

Estes materiais são posteriormente<br />

encaminhados para valorização,<br />

respondendo à crescente necessidade de<br />

conveniência na prestação de serviços de<br />

economia circular. No caso específico das<br />

cápsulas de caf<strong>é</strong> multimarca, só no primeiro<br />

semestre de <strong>2024</strong> já encaminhámos para valorização<br />

23 toneladas, o que reflete o sucesso desta<br />

iniciativa.<br />

Outras ações de sucesso incluem, por exemplo, a<br />

iniciativa de recolha de embalagens de plástico de iogurte<br />

e similares, com o objetivo de avaliar a exequibilidade<br />

t<strong>é</strong>cnica, económica e social da recolha e valorização<br />

destas embalagens, cujo material (PP e PS)<br />

não segue ainda uma solução totalmente circular.<br />

Para incentivar a entrega destes materiais, as 11 lojas<br />

onde o projeto se econtra a decorrer vão doar três euros,<br />

por cada kg de plástico recolhido, aos seus agrupamentos<br />

de escolas locais.<br />

Destaca-se tamb<strong>é</strong>m o Cadernão - uma iniciativa que<br />

tem tido grande sucesso no momento de preparação<br />

para o regresso às aulas - atrav<strong>é</strong>s do qual a MC se<br />

compromete a plantar 20 árvores por cada tonelada<br />

de papel recolhido durante a campanha e encaminhado<br />

para reciclagem. Em 2023, foram valorizadas<br />

155 toneladas de papel, resultando na plantação de<br />

3.100 árvores.<br />

Estas iniciativas demonstram o compromisso da MC<br />

em liderar com impacto, sempre em busca de novas<br />

oportunidades para fazer a diferença e influenciar<br />

positivamente os outros com a força das <strong>nos</strong>sas ideias<br />

e ações.<br />

Constança Neiva Correia<br />

B2B Circularity Area<br />

Coordinator<br />

CONTACTOS<br />

MCretail, SGPS, S.A.<br />

Rua João Mendonça, nº 529<br />

4464-501 Senhora da Hora,<br />

Matosinhos<br />

+351 229 561 899<br />

rpsonaemc@mc.pt<br />

ERRADICAR<br />

A FOME<br />

REDUZIR AS<br />

DESIGUALDADES<br />

PROTEGER A<br />

VIDA MARINHA<br />

TRABALHO DIGNO<br />

E CRESCIMENTO<br />

ECONÓMICO<br />

PRODUÇÃO<br />

E CONSUMO<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

PROTEGER<br />

A VIDA<br />

TERRESTRE<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

63<br />

BOARD<br />

António Nogueira Leite<br />

Presidente do Conselho de<br />

Administração da SPV<br />

A SUSTENTABILIDADE É UM PILAR<br />

CENTRAL NA NOSSA MISSÃO E ATIVIDADE<br />

Ana Trigo Morais<br />

CEO/Administradora Delegada da SPV<br />

ASociedade Ponto Verde (SPV) tem como<br />

missão organizar e gerir a retoma e valorização<br />

dos resíduos de embalagens, atrav<strong>é</strong>s<br />

do Sistema Integrado de Gestão de <strong>Resíduos</strong> de<br />

Embalagens (SIGRE), contribuindo para a promoção<br />

da Economia Circular e o país alcançar as<br />

metas da reciclagem com as quais está comprometido.<br />

Estamos ao serviço de Portugal e dos portugueses,<br />

e, por isso, cooperamos a nível nacional, regional e<br />

setorial com todos os intervenientes desta cadeia<br />

de valor, apoiando na conceção de embalagens<br />

mais circulares em todo o seu ciclo de vida e propondo<br />

novas formas para melhorar os processos<br />

de recolha - em qualidade e conveniência -, separação<br />

e tratamento. Junto da população, procuramos<br />

sensibilizar e dar conhecimento para incentivar<br />

a que sejam mais participativos no processo<br />

da separação correta<br />

dos resíduos utilizados,<br />

gerando mais e<br />

melhor reciclagem de<br />

embalagens.<br />

A SPV está fortemente<br />

comprometida com<br />

a I&D e Inovação, com<br />

grande aposta na prevenção<br />

de resíduos e<br />

para que sejam concebidas<br />

embalagens mais<br />

sustentáveis e circulares,<br />

tendo por base as<br />

melhores práticas de ecodesign – este <strong>nos</strong>so compromisso<br />

materializa-se, por exemplo, na plataforma<br />

digital Ponto Verde Lab; e com a Literacia<br />

Ambiental e a Cidadania Ativa, pelo que desenvolvemos<br />

um grande trabalho de sensibilização,<br />

comunicação e educação junto dos cidadãos sobre<br />

a importância da reciclagem de embalagens<br />

e da adoção de práticas mais sustentáveis. Nesta<br />

estrat<strong>é</strong>gia estão incluídas a Academia Ponto Verde,<br />

a app Acerta e Recicla, a presença em festivais<br />

de Música e eventos desportivos e o Junta-te ao<br />

Gervásio.<br />

A SPV <strong>é</strong> uma empresa privada, Sociedade Anónima,<br />

que não distribui lucros aos seus acionistas.<br />

É líder de mercado e serve atualmente 8.200<br />

clientes entre micro, pequenas, m<strong>é</strong>dias e grandes<br />

empresas.<br />

CONTACTOS<br />

Rua João Chagas, 53, 1ºDTO<br />

1495-764 Cruz Quebrada<br />

t. +351 210 102 400<br />

www.pontoverde.pt<br />

www.pontoverdelab.pt<br />

ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />

/ Inovação<br />

/ Educação Ambiental<br />

/ Comunicação & Sensibilização<br />

/ Investigação & Desenvolvimento<br />

/ Gestão de resíduos de embalagens<br />

/ Sustentabilidade<br />

INDÚSTRIA,<br />

INOVAÇÃO E<br />

INFRAESTRUTURAS<br />

PRODUÇÃO<br />

E CONSUMO<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

CIDADES E<br />

COMUNIDADES<br />

SUSTENTÁVEIS<br />

PARCERIAS PARA<br />

A IMPLEMENTAÇÃO<br />

DE OBJECTIVOS<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


64<br />

\\ DIRETÓRIO \\<br />

BOARD<br />

EMPRESA DE CONFIANÇA<br />

HÁ 30 ANOS<br />

ASUMA <strong>é</strong> uma referência há 30 a<strong>nos</strong> na gestão<br />

de resíduos urba<strong>nos</strong> e de limpeza pública em<br />

Portugal, assim como <strong>nos</strong> mercados internacionais<br />

em que opera. Com um perfil ímpar, e<br />

apoiada <strong>nos</strong> alicerces sólidos da Mota-Engil, conjuga<br />

à missão de construir um ambiente melhor,<br />

a de se tornar, ainda mais, a entidade parceira de<br />

confiança, segura e líder quanto à sustentabilidade,<br />

valorização de recursos, salubridade pública e<br />

promoção da educação ambiental.<br />

A SUMA existe desde 1994. Em 1996, iniciou<br />

a prestação de serviços a um município, e atualmente<br />

serve cerca de 40% dos municípios nacionais<br />

que recorrem à prestação de serviços exter<strong>nos</strong>,<br />

ao nível da recolha de resíduos e da limpeza<br />

urbana; e mais de 60%<br />

dos municípios nacionais,<br />

na gestão e tratamento<br />

de resíduos; e<br />

apoia dezenas de municípios<br />

na comunicação<br />

ambiental para a<br />

redução da produção<br />

de resíduos e reutilização<br />

de recursos. Ao<br />

nível internacional,<br />

prossegue a sua estrat<strong>é</strong>gia<br />

de crescimento<br />

sustentado e de implementação<br />

<strong>nos</strong> mercados<br />

al<strong>é</strong>m-fronteiras,<br />

com contratos efetivos<br />

em Angola, Brasil, Moçambique e Omã.<br />

A capacidade permanente de inovação e de adaptação<br />

às necessidades emergentes do setor e das<br />

populações, o pioneirismo na existência de valências<br />

internas especializadas em áreas-chave para<br />

otimização dos serviços - como a educação, a<br />

tecnologia e o planeamento -, a aposta na capacidade<br />

t<strong>é</strong>cnica do seu capital humano, e a credibilidade<br />

publicamente reconhecida e atestada - com<br />

a atribuição de distinções múltiplas ao longo dos<br />

a<strong>nos</strong> de atividades -, anteveem a longevidade e a<br />

continuidade da seleção desta marca para o serviço<br />

ao ambiente e às populações.<br />

Manuel Costa<br />

Presidente do Conselho<br />

de Administração<br />

CONTACTOS<br />

SUMA<br />

Rua Mário Dionísio, N. º2<br />

2799-557 Linda-a-Velha<br />

t. +351 217 997 700<br />

geral@suma.pt<br />

www.linkedin.com/company/suma<br />

ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />

/ Recolha de <strong>Resíduos</strong><br />

/ Limpeza Pública<br />

/ Gestão e Tratamento de <strong>Resíduos</strong><br />

/ Laboratório<br />

/ Educação Ambiental<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

65<br />

BOARD<br />

35 ANOS A ASSEGURAR O TRATAMENTO<br />

E A VALORIZAÇÃO DOS RESÍDUOS URBANOS<br />

A<br />

TRATOLIXO <strong>é</strong> uma empresa intermunicipal<br />

de capitais integralmente públicos, detida<br />

em 100% pela Associação de Municípios<br />

de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra (AMTRES)<br />

para o Tratamento de resíduos urba<strong>nos</strong>.<br />

Criada em 1989, a TRATOLIXO abrange uma<br />

área geográfica de 753 Km², incluindo 31 freguesias,<br />

presta serviço a uma população mais de<br />

860 mil habitantes, o que constitui 8% do total<br />

nacional em termos populacionais, sendo o terceiro<br />

maior Sistema, em termos de produção de<br />

resíduos.<br />

A TRATOLIXO trata anualmente mais de 470<br />

mil toneladas de resíduos urba<strong>nos</strong>, aos quais<br />

acresce os resíduos de entidades particulares.<br />

Tem como missão assegurar o tratamento e a<br />

valorização dos resíduos urba<strong>nos</strong>, tendo sempre<br />

em consideração os princípios da Sustentabilidade.<br />

A empresa <strong>é</strong> responsável pelo tratamento,<br />

deposição final, recuperação e reciclagem de<br />

resíduos, e pela comercialização dos materiais<br />

transformados, bem como por outras prestações<br />

de serviços no domínio dos resíduos.<br />

Com 35 a<strong>nos</strong> de experiência, uma das suas prioridades<br />

tem sido a procura constante de novas<br />

soluções de tratamento, com forte aposta na<br />

Inovação & Tecnologia. Um dos mais recentes<br />

investimentos <strong>é</strong> a nova Unidade de Tratamento<br />

Mecânico com Separação Óptica Automática<br />

de Sacos com Biorresíduos, situada no Ecoparque<br />

de Trajouce, em Cascais. Este projeto, pioneiro<br />

em Portugal, permite a redução da deposição<br />

dos resíduos urba<strong>nos</strong> em aterro – indo ao<br />

encontro dos objetivos do Plano Nacional de<br />

Gestão de <strong>Resíduos</strong> – e capacita a TRATOLI-<br />

XO para tratar a totalidade de biorresíduos produzidos<br />

<strong>nos</strong> referidos concelhos. Está integrado<br />

numa operação conjunta de 10 milhões de euros<br />

(que engloba ainda uma nova portaria operacional<br />

e o aumento da capacidade da Central de<br />

Digestão Anaeróbia) e representa um investimento<br />

de 5 milhões de euros, com o co-financiamento<br />

do POSEUR em 85%.<br />

A visão de estrat<strong>é</strong>gia da TRATOLIXO baseia-se<br />

no pressuposto de garantir um funcionamento<br />

operacional otimizado e assente em metodologias<br />

certificadas, promovendo anualmente a melhoria<br />

contínua da atividade desenvolvida nas<br />

suas infraestruturas, de modo a maximizar a recuperação<br />

de produtos valorizáveis e minimizar<br />

os refugos operacionais. Este trabalho <strong>é</strong> de primordial<br />

importância para o cumprimento das<br />

metas de gestão de resíduos do PERSU 2030.<br />

Nuno Soares<br />

Presidente do Conselho<br />

de Administração da TRATOLIXO<br />

CONTACTOS<br />

Ecoparque da Trajouce<br />

Estrada 5 de Junho, nº 1 - Trajouce<br />

2785-155 São Domingos de Rana<br />

+351 214 459 500<br />

https://www.tratolixo.pt/<br />

residuos@tratolixo.pt<br />

ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />

/ Tratamento de resíduos<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


66 \\ DIRETÓRIO \\<br />

LISTAGEM<br />

GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS: SERVIÇO<br />

PÚBLICO ESSENCIAL E GARANTE DA SAÚDE<br />

PÚBLICA E DA QUALIDADE DO AMBIENTE<br />

AESGRA – Associação para a Gestão de <strong>Resíduos</strong>, <strong>é</strong> uma associação privada<br />

sem fins lucrativos, criada em 2009 com a missão de promover o exercício<br />

da atividade de gestão de resíduos urba<strong>nos</strong>, alinhado com um modelo de<br />

desenvolvimento estrat<strong>é</strong>gico e sustentável, de modo a contribuir para a contínua<br />

melhoria da saúde pública e do ambiente, bem como para a transição para<br />

um modelo de economia circular.<br />

A ESGRA representa atualmente 15 entidades, 14 das quais Sistemas de Gestão<br />

de <strong>Resíduos</strong> Urba<strong>nos</strong> (SGRU), no Continente e nas Regiões Autónomas<br />

dos Açores e da Madeira – uma área de 41 850 Km2 (45% do Total Nacional)<br />

e uma população de 4 091 Milhões de habitantes (39%), correspondente a 2<br />

137 694 toneladas de resíduos por ano (40%), produzidos <strong>nos</strong> Municípios que<br />

constituem a área de intervenção dos seus Associados.<br />

Na União Europeia, a ESGRA integra a Municipal Waste Europe (MWE),<br />

associação europeia sediada em Bruxelas que representa o setor de gestão de<br />

resíduos urba<strong>nos</strong> de responsabilidade pública e <strong>é</strong> interveniente formal junto das<br />

instituições comunitárias no âmbito dos procedimentos legislativos em mat<strong>é</strong>ria<br />

de resíduos.<br />

ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />

/ Gestão de resíduos urba<strong>nos</strong><br />

BOARD<br />

CONTACTOS<br />

Paulo Praça<br />

Presidente da Direção<br />

Cátia Borges<br />

Vice-presidente da Direção<br />

Rua Rodrigues Sampaio, nº 19, 5º A<br />

1150-278 Lisboa<br />

+351 214 240 221<br />

geral@esgra.pt / www.esgra.pt<br />

Carlos de Andrade Botelho<br />

Vice-presidente da Direção<br />

Carla Velez<br />

Secretária Geral<br />

Abrantaqua<br />

Urbanização dos Pláta<strong>nos</strong>,<br />

Lote 2-D, Loja B<br />

2200-025 Abrantes<br />

t. 241 331 562<br />

e. geral@abrantaqua.pt<br />

w. www.abrantaqua.pt<br />

Agere , Empresa de Águas<br />

Efluentes e <strong>Resíduos</strong><br />

de Braga E.M<br />

Praça Conde Agrolongo, 115<br />

4700-312 Braga<br />

t. 253 205 000<br />

e. agere@agere.pt<br />

w. agere.pt<br />

Água São Martinho<br />

Rua Nova da Telha, 327<br />

4821-909 Fafe<br />

t. 253 459 000<br />

e. geral@aguasmartinho.com<br />

w. www.aguasmartinho.com<br />

Águas da Azambuja<br />

Rua Teodoro Jos<strong>é</strong> da Silva, 37<br />

2050-335 Azambuja<br />

t. 263 002 470<br />

e. geral@aguasdaazambuja.pt<br />

w. www.aguasdaazambuja.pt<br />

Águas da Covilhã<br />

Rua Ruy Faleiro, n.º 111<br />

6201-905 Covilhã<br />

t. 275 310 810<br />

e. geral@aguasdacovilha.pt<br />

w. www.aguasdacovilha.pt<br />

Águas da Figueira<br />

Rua Dr. Mendes Pinheiro<br />

3080-032 Figueira da Foz<br />

t. 233 401 450<br />

e. geral@aguasdafigueira.com<br />

w. www.aguasdafigueira.com<br />

Águas da Região de Aveiro<br />

Travessa Rua da Paz nº 4<br />

3800-587 Aveiro<br />

t. 234 910 200<br />

e. adra@adp.pt<br />

w. www.adra.pt<br />

Águas da Serra<br />

Rua Senhora da Estrela, 20<br />

6200-454 Boidobra<br />

t. 275 313 260<br />

e. aguasdaserra@ags.pt<br />

w. www.aguasdaserra.pt<br />

Águas da Teja<br />

Av.ª Comunidades Europeias<br />

N.º 39<br />

6420-044 Trancoso<br />

t. 271 829 000<br />

e. aguasdateja@aguasdateja.pt<br />

w. www.aguasdateja.org<br />

Águas de Alenquer<br />

Rua Sacadura Cabral,<br />

22 C - R/C<br />

2580-371 Alenquer<br />

t. 263 731 217<br />

e. geral@aguasdealenquer.pt<br />

w. www.aguasdealenquer.pt<br />

Águas de Barcelos<br />

Rua Rosa Ramalho, n.º 9/A<br />

4750-331 Barcelos<br />

t. 253 813 814<br />

e. geral@aguasdebarcelos.pt<br />

w. www.aguasdebarcelos.pt<br />

Águas de Carrazeda<br />

Rua Vitor Guilhar, 90 - 92<br />

5140-103 Carrazeda de Ansiães<br />

t. 278 617 736<br />

e. geral@aguasdecarrazeda.pt<br />

w. www.cm-carrazedadeansiaes.pt<br />

Águas de Cascais<br />

Estrada da Malveira, 1237<br />

Aldeia de Juso,<br />

2750-836 Cascais<br />

t. 214 838 300<br />

e. geral@aguasdecascais.pt<br />

w. www.aguasdecascais.pt<br />

Águas de Coimbra<br />

Rua da Alegria, 111<br />

3000-018 Coimbra<br />

t. 239 096 000<br />

e. geral@aguasdecoimbra.pt<br />

w. www.aguasdecoimbra.pt<br />

Águas de Fafe<br />

Largo 1.º de Dezembro<br />

4820-142 Fafe<br />

t. 253 700 020<br />

e. geral@aguasdefafe.pt<br />

w. www.aguasdefafe.pt<br />

Águas de Gaia<br />

Rua 14 de Outubro, 343<br />

4431-954 Vila Nova de Gaia<br />

t. 223 770 460<br />

e. info@aguasgaia.pt<br />

w. www.aguasdegaia.pt<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

67<br />

Águas de Gondomar<br />

Rua 5 de Outubro, 112<br />

4420-086 Gondomar<br />

t. 224 660 200<br />

e. geral@aguasdegondomar.pt<br />

w. www.aguasdegondomar.pt<br />

Águas de Our<strong>é</strong>m<br />

Rua Dr. Francisco Sá Carneiro<br />

n.º 66 D – Loja A, 2490-548 Our<strong>é</strong>m<br />

t. 249 540 010<br />

e. aguas.ourem@bewater.com.pt<br />

w. www.ourem-bewater.com.pt<br />

Águas de Paços de Ferreira<br />

Rua Dr. Leão Meireles, 94<br />

4590-586 Paços de Ferreira<br />

t. 255 860 560<br />

e. geral@adpf.pt<br />

w. www.aguasdepacosferreira.pt<br />

Águas de Paredes<br />

Rua de Timor, 27,<br />

4580-015 Paredes<br />

t. 255 788 530<br />

e. aguas.paredes@bewater.com.pt<br />

w. www.paredes-bewater.com.pt<br />

Águas de Portugal<br />

Rua Visconde de Seabra, 3<br />

1700-421 Lisboa<br />

t. 212 469 400<br />

e. info@adp.pt<br />

w. www.adp.pt<br />

Águas de S. João<br />

Avenida da Liberdade<br />

Edifício da Câmara Municipal<br />

3701-956 S. Joao da Madeira<br />

t. 256 100 700<br />

e. geral@aguasdesjoao.pt<br />

w. www.aguasdesjoao.pt<br />

Águas de Santar<strong>é</strong>m<br />

Praça Visconde Serra do Pilar<br />

2001-904 Santar<strong>é</strong>m<br />

t. 243 305 050<br />

e. geral@aguasdesantarem.pt<br />

w. www.aguasdesantarem.pt<br />

Águas de Santo Andr<strong>é</strong><br />

Cerca da Água, Rua dos Cravos<br />

7500-999 Vila Nova de Santo Andr<strong>é</strong><br />

t. 269 708 240<br />

e. geral.adsa@adp.pt<br />

w. www.adsa.pt<br />

Águas de Valongo<br />

Av. 5 de Outubro, 306<br />

4440-503 Valongo<br />

t. 224 227 390<br />

e. aguas.valongo@bewater.com.pt<br />

w. www.valongo-bewater.com.pt<br />

Águas de Vila Real de Santo António<br />

Z. Ind. de V. R. de Santo António, Lt 46<br />

8900-216 Vila Real de Santo António<br />

t. 281 249 510<br />

e. advrsa.geral@aguas-vrsa.pt<br />

w. www.aguas-vrsa.pt<br />

Águas do Algarve<br />

Rua do Repouso, 10<br />

8000-302 Faro<br />

t. 289 899 070<br />

e. geral.ada@adp.pt<br />

w. www.aguasdoalgarve.pt<br />

Águas do Alto Alentejo<br />

Praça da República<br />

Edifício do Mercado Municipal<br />

7400-232 Ponte de Sor<br />

t. 242 001 040<br />

e. geral@aguasdoaltoalentejo.pt<br />

w. www.aguasdoaltoalentejo.pt<br />

Águas do Alto Minho<br />

Rua Frei Bartolomeu Mártires n.º 156<br />

4904-878 Viana do Castelo<br />

t. 258 806 900<br />

e. geral.adam@adp.pt<br />

Águas do Baixo Mondego e Gândara<br />

Rua Dr. Francisco Luís Coutinho Solar<br />

dos Pinas<br />

3140-256 Montemor-o-Velho<br />

t. 239 246 600<br />

e. geral@abmg.pt<br />

w. www.abmg.pt<br />

Águas do Centro Litoral<br />

ETA da Boavista<br />

Av. Dr. Luís Albuquerque<br />

3030-410 Coimbra<br />

t. 239 980 900<br />

e. geral.adcl@adp.pt<br />

w. www.aguasdocentrolitoral.pt<br />

Águas do Douro e Paiva<br />

Edifício Scala, Rua de Vilar, nº 235, 5º<br />

4050-626 Porto<br />

t. 226 059 300<br />

e. geral.addp@adp.pt<br />

w. www.addp.pt<br />

Águas do Interior Norte<br />

Av. Rainha Santa Isabel, n.º 1<br />

5000-434 Vila Real<br />

t. 309 101 101<br />

e. geral@adin.pt<br />

w. www.adin.pt<br />

Águas do Lena<br />

Rua Infante Dom Fernando Lt 10 - C<strong>é</strong>lula B<br />

2440-901 Batalha<br />

t. 244 764 080<br />

e. aguasdolena@aguasdolena.pt<br />

w. www.aguasdolena.pt<br />

A MUSAMI – Operações Municipais do Ambiente<br />

EIM, S.A., foi criada em dezembro de<br />

2006, detendo o Ecoparque da Ilha de São<br />

Miguel, para onde são encaminhados os resíduos<br />

sólidos urba<strong>nos</strong> dos seis concelhos<br />

da ilha: Lagoa, Ponta Delgada, Povoação,<br />

Ribeira Grande, Vila Franca do Campo e<br />

Nordeste.<br />

Nas suas instalações, são garantidas as<br />

respostas mais adequadas para os resíduos<br />

seletivos e indiferenciados, procurando<br />

sempre soluções de vanguarda em mat<strong>é</strong>ria<br />

de valorização de resíduos em toda a linha.<br />

CONTACTOS<br />

Rua Eng. Arantes e Oliveira, 15-B, 9600-228 Ribeira Grande, S. Miguel, Açores<br />

T. +351 296 472 990<br />

E. geral@musami.pt // W. www.musami.pt<br />

Águas do Marco<br />

Travessa Eng. Adelino Amaro Costa,<br />

nº 83 RC Dtº<br />

4630-231 Marco de Canaveses<br />

t. 255 538 350<br />

e. geral@aguasdomarco.pt<br />

w. www.aguasdomarco.pt<br />

Águas do Norte<br />

Rua Dom Pedro de Castro, n.º 1A<br />

5000-669 Vila Real<br />

t. 259 309 370<br />

e. geral.adnorte@adp.pt<br />

w. www.adnorte.pt<br />

Águas do Ribatejo<br />

Rua Gaspar Costa Ramalho, 38<br />

2120-098 Salvaterra de Magos<br />

t. 263 509 400<br />

e. geral@aguasdoribatejo.com<br />

w. www.aguasdoribatejo.com<br />

Águas do Tejo Atlântico<br />

ETAR de Alcantara, Avenida de Ceuta<br />

1300-254 Lisboa<br />

t. 213 107 900<br />

e. geral.adta@adp.pt<br />

w. www.aguasdotejoatlantico.adp.pt<br />

BOARD<br />

Carlos de Andrade Botelho<br />

Diretor Geral<br />

ÁREAS DE ATUAÇÃO<br />

/ Gestão de <strong>Resíduos</strong><br />

Sólidos Urba<strong>nos</strong>.<br />

Águas do Vale do Tejo<br />

Rua Dr. Francisco Pissarra de Matos,<br />

nº.21, R/C, 6300-693 Guarda<br />

t. 271 225 317<br />

e. geral.advt@adp.pt<br />

w. www.advt.pt<br />

Águas do Vouga<br />

Estrada Nacional n.º1 Lugar Feira Nova<br />

3850-200 Albergaria-a-Velha<br />

t. 234 520 090<br />

e. avouga@aguasdovouga.pt<br />

w. www.aguasdovouga.pt<br />

Águas e Energia do Porto<br />

Rua Barão de Nova Sintra, 285<br />

4300-367 Porto<br />

t. 225 190 800<br />

e. geral@aguasdoporto.pt<br />

w. www.aguasdoporto.pt<br />

Águas Públicas da Serra da Estrela<br />

Praceta os 12 de Inglaterra,<br />

n.º 11<br />

6270-465 Seia<br />

t. 238 310 230<br />

e. geral@apdse.pt<br />

w. www.apdse.pt<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


68 \\ DIRETÓRIO \\<br />

Águas Públicas do Alentejo<br />

Rua Doutor Aresta Branco, nº 51<br />

7800-310 Beja<br />

t. 284 101 100<br />

e. geral.agda@adp.pt<br />

w. www.agda.pt<br />

Aldi Portugal<br />

Supermercados, Lda<br />

Rua Ponte dos Cavalos, 155<br />

2870-674 Montijo<br />

t. 800 420 800<br />

e. geral@aldi.pt<br />

w. www.aldi.pt<br />

ALG - Tratamento de Águas<br />

Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 25A<br />

4780-448 Santo Tirso<br />

t. 252 861 305<br />

e. geral@alg.pt<br />

w. www.alg.pt<br />

Ambiosfera Lda<br />

Edif. Sines Tecnopolo Z.I.L II Lt122-A<br />

7520-309 Sines<br />

t. 215 873 741<br />

e. geral@ambiosfera.com<br />

w. www.ambiosfera.com<br />

AMBIRUMO, Projetos Inovação<br />

e Gestão Ambiental, Lda.<br />

Av. General Norton de Matos, 63 E<br />

1495-148 Alg<strong>é</strong>s<br />

t. 213 978 255<br />

e. geral@ambirumo.pt<br />

w. www.ambirumo.pt<br />

Amorim Cork Composites, SA<br />

Rua de Meladas, 260<br />

4536-902 Mozelos<br />

t. 227 475 300<br />

e. acc@amorim.com<br />

w. amorimcorkcomposites.com/pt<br />

BeWater<br />

Avenida Conde Valbom, nº30- 3º<br />

1050-068 Lisboa<br />

t. 211 552 700<br />

e. bewater@bewater.com.pt<br />

w. www.bewater.com.pt<br />

Biorumo, Consultoria em Ambiente e<br />

Sustentabilidade, Lda.<br />

Rua do Carvalhido, 155, 4250-102 Porto<br />

t. 228 349 580<br />

e. geral@biorumo.com<br />

w. www.biorumo.com<br />

BioSmart, Soluções<br />

Ambientais, S.A.<br />

Rua de Tomar, n.º 80<br />

2495-185 Santa Catarina da Serra<br />

t. 244 749 100<br />

e. geral@biosmart.pt<br />

w. www.biosmart.pt<br />

Bondalti Chemicals, S.A<br />

Lagoas Park<br />

Edif. 6, 2º B<br />

2740-244 Porto Salvo<br />

t. 210 058 600<br />

e. bondalti@bondalti.com<br />

w. www.bondalti.com<br />

Central de Cervejas<br />

Estrada da Alfarrobeira<br />

2625-244 Vialonga<br />

t. 219 528 600<br />

e. scc@centralcervejas.pt<br />

w. www.centralcervejas.pt<br />

CELPA<br />

Associação da Indústria Papeleira<br />

Rua Marquês Sá da Bandeira,<br />

74 - 2.º, 1069-076 Lisboa<br />

t. 217 611 510<br />

e. celpa@celpa.pt<br />

w. www.celpa.pt<br />

Cimpor<br />

Indústria de Cimentos S.A<br />

Avª Jos<strong>é</strong> Malhoa, Nº22,<br />

Pisos 6 A<br />

111099-020 Lisboa<br />

t. 213 118 100<br />

e. geral@cimpor.com<br />

w. www.cimpor.pt<br />

Consulai, Consultoria<br />

Agro-Industrial Lda<br />

Rua Fernando Namora, Nº 28, 1º Esq.<br />

7800-502 Beja<br />

t. 284 098 214<br />

e. mkt_team@consulai.com<br />

w. www.consulai.pt<br />

Cortadoria Nacional de Pêlo S.A<br />

Avenida 1º de Maio, 64<br />

3700-227 São João da Madeira<br />

t. 256 815 030<br />

e. mail@cortadoria.pt<br />

w. www.cortadoria.pt<br />

CVR - Centro para a Valorização<br />

de <strong>Resíduos</strong><br />

Campus de Azur<strong>é</strong>m da Univ. do Minho<br />

4800-058 Guimarães<br />

t. 253 510 020<br />

e. geral@cvresiduos.pt<br />

w. www.cvresiduos.pt<br />

Delta Caf<strong>é</strong>s<br />

Avenida Calouste Gulbenkian, Nº 15<br />

7370-025 Campo Maior<br />

t. 218 624 700<br />

e. ambiente@delta-cafes.pt<br />

w. www.gruponabeiro.com<br />

Doya Ambiental<br />

Av da. Da Liberdade Nº 36, 6º<br />

1250-145 Lisboa<br />

t. 211 217 661<br />

e. geral@doyaambiental.com<br />

w. www.doyaambiental.com<br />

ECOGESTUS<br />

<strong>Resíduos</strong>, Estudos e Soluções, Lda.<br />

Rua D. Afonso IV, 23<br />

3080-328 Figueira da Foz<br />

t. 233 109 034<br />

e. contacto@ecogestus.com<br />

w. www.ecogestus.com/pt<br />

Ecoib<strong>é</strong>ria - Reciclados Ib<strong>é</strong>ricos, SA<br />

Travessa Sebastião Fernandes,<br />

n.º 60 Ribeirão<br />

4760-706 Vila Nova Famalicão<br />

t. 252 372 462<br />

e. info@ecoiberia.pt<br />

w. www.ecoiberia.pt/<br />

ECOMETAIS - Sociedade de<br />

Tratamento e Reciclagem, SA<br />

Avenida da Siderurgia Nacional,<br />

1 Edifício Sn<br />

2840-075 Aldeia de Paio Pires<br />

t. 212 275 500<br />

e. ecometais@ecometais.com<br />

w. www.valorcar.pt<br />

ECOSATIVA - Consultoria<br />

Ambiental, Lda<br />

Urbanização Pinhal do Moinho,<br />

Lote 11 - 1º F<br />

7645-294 Vila Nova de Milfontes<br />

t. 283 959 906<br />

e. info@ecosativa.pt<br />

w. www.ecosativa.pt<br />

E-CYCLE<br />

Associação de Produtores de EEE<br />

Rua dos Pláta<strong>nos</strong>, 197, Ed. AIMMAP<br />

4100-414 Porto<br />

t. 934 750 131<br />

e. geral@e-cycle.pt<br />

w. www.e-cycle.pt<br />

EGEO Tecnologia e Ambiente SA<br />

R. 25 de Abril 1,<br />

Qnt. da Francelha de Baixo<br />

2685-368 Prior Velho<br />

t. 211 556 000<br />

e. geral@egeo.pt<br />

w. www.egeo.pt<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

69<br />

Esposende Ambiente<br />

Travessa Conde Agrolongo,<br />

N.º 10<br />

4740-245 Esposende<br />

t. 253 969 380<br />

e. geral@esposendeambiente.pt<br />

w. www.esposendeambiente.pt<br />

Euro Separadora<br />

Environment<br />

and Recycling S.A.<br />

Rua das Fontainhas,<br />

Nº 48<br />

4730-020 Braga<br />

t. 253 380 020<br />

e. geral@euroseparadora.pt<br />

w. www.euroseparadora.pt<br />

FAGAR - Faro<br />

Rua Prof. Norberto Silva, 8<br />

8004-002 Faro<br />

t. 289 860 900<br />

e. mail@fagar.pt<br />

w. www.fagar.pt<br />

Interecycling, Sociedade de<br />

Reciclagem, SA<br />

Z. Industrial do Lajedo,<br />

Apartado 8<br />

3465-157 Santiago de Besteiros<br />

t. 232 857 040<br />

e. info@interecycling.com<br />

w. www.interecycling.com<br />

Jerónimo Martins, SGPS, SA<br />

Rua Actor António Silva, 7<br />

1649-033 Lisboa<br />

t. 217 532 000<br />

e. provedoria@jeronimo-martins.pt<br />

w. www.jeronimomartins.com<br />

Lactogal - Produtos Alimentares S.A<br />

R. do Campo Alegre,<br />

nº 830, 4º A 7º<br />

4150-171 Porto<br />

t. 226 070 000<br />

e. geral@lactogal.pt<br />

w. www.lactogal.pt<br />

El Corte Ingl<strong>é</strong>s<br />

Grandes Armaz<strong>é</strong>ns SA<br />

Av. António Augusto de Aguiar, 31<br />

1069-413 Lisboa<br />

t. 213 532 020<br />

e. apoio.lojaonline@elcorteingles.pt<br />

w. www.elcorteingles.pt<br />

Empresa Municipal de Ambiente<br />

do Porto, E.M., SA<br />

Rua de S. Dinis, 249<br />

4250-434 Porto<br />

t. 228 348 770<br />

e. geral@portoambiente.pt<br />

w. www.portoambiente.pt<br />

Enhidrica, Consultores de<br />

Engenharia Ambiental, Lda<br />

R. Dr. Carlos Pires Felgueiras, 98 - 3º E<br />

4470-157 Maia<br />

t. 229 414 445<br />

e. enhidrica@enhidrica.com<br />

w. www.enhidrica.com<br />

EPAL<br />

Av. da Liberdade, 24<br />

1250-144 Lisboa<br />

t. 213 251 000<br />

e. geral.epal@adp.pt<br />

w. www.epal.pt<br />

ERSAR<br />

Rua Tomás da Fonseca,<br />

Torre G - 8º,<br />

1600-209 Lisboa<br />

t. 210 052 200<br />

e. geral@ersar.pt<br />

w. www.ersar.pt<br />

ERP Portugal<br />

Associação Gestora de <strong>Resíduos</strong><br />

Rua D. Dinis Bordalo Pinheiro,<br />

nº 467 B<br />

2645-539 Alcabideche<br />

t. 219 119 630<br />

e. info@erp-portugal.pt<br />

w. www.erp-recycling.pt<br />

Fapil - Indústria, SA<br />

R. Alto do Matoutinho,<br />

n.º 5 - Apartado 8<br />

2669-909 Malveira<br />

t. 219 828 008<br />

e. geral@fapil.pt<br />

w. www.fapil.pt<br />

FREETILIZER, Com<strong>é</strong>rcio<br />

de Equipamentos e Serviços<br />

Integrados, Lda.<br />

Rua do Rio Novo, n.º 450<br />

4495-145 Póvoa de Varzim<br />

t. 252 240 490<br />

e. geral@pipemasters.pt<br />

w. www.pipemasters.pt<br />

Gintegral - Gestão Ambiental, SA<br />

Rua Avelino Barros, 282<br />

4490-479 Póvoa de Varzim<br />

t. 252 688 444<br />

e. geral.gintegral@gintegral.pt<br />

w. www.gintegral.pt<br />

Hychem, Química Sustentável, S.A<br />

Rua Engenheiro Cl<strong>é</strong>ment Dumoulin<br />

2625-106 Póvoa de Santa Iria<br />

t. 219 534 000<br />

e. geral@hychem.com<br />

w. www.hychem.pt<br />

Indaver Portugal, SA<br />

Rua Central Park,<br />

Edifício 2 - 4º andar C<br />

2795-242 Linda-a-Velha<br />

t. 219 405 039<br />

e. info@indaver.pt<br />

w. www.indaver.pt<br />

Lidl & Companhia<br />

Rua P<strong>é</strong> de Mouro, n.º 18 - Linhó<br />

2714-510 Sintra<br />

t. 219 102 254<br />

e. sustentabilidade@lidl.pt<br />

w. www.lidl.pt<br />

Maiambiente, EM<br />

Rua 5 de Outubro, 359<br />

4475-302 Milheirós<br />

t. 800 202 639<br />

e. geral@maiambiente.pt<br />

w. www.maiambiente.pt<br />

Mercadona<br />

Irmãdona Supermercados, Lda.<br />

Avenida Padre Jorge Duarte, n.º 123<br />

4430-946 Vila Nova de Gaia<br />

t. 221 201 000<br />

e. sugestoes@mercadona.com<br />

w. www.mercadona.pt<br />

Neutroplast, Indústria de<br />

Embalagens, SA<br />

Z. Ind., Casal da Espinheira, Lt. 10<br />

2590-057 Sobral Monte Agraço<br />

t. 261 940 100<br />

e. neutroplast@neutroplast.com<br />

w. www.neutroplast.com<br />

Novo Verde, Sociedade Gestora<br />

de <strong>Resíduos</strong> de Embalagem, SA<br />

Rua São Sebastião,<br />

n.º 16 - Cabra Figa<br />

2635-448 Rio de Mouro<br />

t. 219 119 630<br />

e. info@novoverde.pt<br />

w. www.novoverde.pt<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


70 \\ DIRETÓRIO \\<br />

OVO Solutions, Soluções<br />

Ambientais SA<br />

Estrada dos Espanhóis<br />

S/N, CCI 7515, Venda do Alcaide<br />

2955-250 Pinhal Novo<br />

t. 212 328 760<br />

e. geral@ovosolutions.com<br />

w. www.ovosolutions.com<br />

R3Natura, Lda.<br />

Rua do Monte, Centro de Negócios<br />

de Oleiros<br />

4730-325 Vila Verde<br />

t. 253 320 110<br />

e. info@r3natura.pt<br />

w. www.r3natura.pt<br />

Rduz<br />

Gestão Global de <strong>Resíduos</strong>, S.A<br />

Zona Industrial Argvai,<br />

L t. 4, 5, 6 e 22<br />

4490-232 Póvoa de Varzim<br />

t. 252 622 495<br />

e. geral@rduz.pt<br />

w. www.rduz.pt<br />

Recivalongo - Gestão de <strong>Resíduos</strong>, Lda<br />

Vale da Cobra, S/N Apartado 54<br />

4440-339 Valongo<br />

t. 224 154 663<br />

e. recivalongo@recivalongo.pt<br />

w. www.recivalongo.pt<br />

Recypolym, Lda.<br />

Z.I.M. Adiça<br />

3460-070 Tondela<br />

t. 232 816 007<br />

e. info@recypolym.com<br />

w. www.recypolym.com<br />

Residuos do Nordeste, Eim, S.A<br />

Rua Fundação Calouste Gulbenkian<br />

5370-340 Mirandela<br />

t. 278 201 570<br />

e. geral@residuosdonordeste.pt<br />

w. www.residuosdonordeste.pt<br />

Rovensa, S.A<br />

Alameda dos Ocea<strong>nos</strong>,<br />

lote 1.06.1.1 D, 3.º A<br />

1990-207 Lisboa<br />

t. 213 222 750<br />

e. info@rovensa.com<br />

w. www.rovensa.com<br />

Sacentro - Com<strong>é</strong>rcio de Têxteis, SA<br />

Estr. Octácio Pato, Nº 177,<br />

Ed. A, Arm. 3<br />

2785-723 Cascais<br />

t. 210 046 870<br />

e. customercare@sacoor.com<br />

w. www.sacoor.com<br />

Saint - Gobain Portugal, S.A<br />

Rua da Carreira Branca,<br />

Zona Industrial de Taboeira<br />

3800-055 Aveiro<br />

t. 234 101 010<br />

e. info.portugal@saint-gobain.com<br />

w. www.saint-gobain.pt<br />

Sair da Casca<br />

Praça Marquês de Pombal, nº14<br />

1250-162 Lisboa<br />

t. 213 558 296<br />

e. sdc@sairdacasca.com<br />

w. www.sairdacasca.com<br />

SGS ICS Serviços Internacionais<br />

de Certificação, Lda.<br />

R. Cesina Adães Bermudes,<br />

Lt. 11, N.º 1, 1600-604 Lisboa<br />

t. 217 104 200<br />

e. pt.info@sgs.com<br />

w. www.sgs.pt<br />

Silvex Indústria de Plásticos<br />

e Pap<strong>é</strong>is, SA<br />

Quinta da Brasileira, lote 10<br />

2130-999 Benavente<br />

t. 263 519 180<br />

e. comercial@silvex.pt<br />

w. www.silvex.pt<br />

SIMARSUL<br />

ETAR da Quinta do Conde<br />

Estrada Nacional 10<br />

2975-403 Quinta do Conde<br />

t. 265 544 000<br />

e. geral.simarsul@adp.pt<br />

w. www.simarsul.adp.pt<br />

SIMAS de Oeiras e Amadora<br />

Av. Dr. Francisco Sá Carneiro,<br />

19 Urb. Moinho das Antas<br />

2784-541 Oeiras<br />

t. 214 460 231<br />

e. mcpaiva@simas-oeiras-amadora.pt<br />

w. www.smas-oeiras-amadora.pt<br />

SIMDOURO<br />

Rua do Ribeirinho, 706<br />

4415-679 Lever<br />

Vila Nova de Gaia<br />

t. 220 109 300<br />

e. geral.simdouro@adp.pt<br />

w. www.simdouro.pt<br />

Sistragua<br />

Rua Principal 76<br />

2100-016 Azervadinha<br />

t. 934 199 064<br />

e. geral@sistragua.com<br />

w. www.sistragua.com<br />

Sirplaste - Sociedade Industrial<br />

de Recuperados de Plástico, SA<br />

Urb. Ind. da Santeira,<br />

LT 76, n.º 16, Santeira,<br />

2480-410 Porto de Mós<br />

t. 244 870 073<br />

e. sirplaste@sirplaste.pt<br />

w. www.sirplaste.pt<br />

SM de Abrantes<br />

Via Industrial 1, Lote 65<br />

2200-480 Abrantes<br />

t. 241 360 120<br />

e. geral@smabrantes.pt<br />

w. www.smabrantes.pt<br />

SM de Alcobaça<br />

Rua da Liberdade<br />

2460-060 Alcobaça<br />

t. 262 580 900<br />

e. geral@sm-alcobaca.pt<br />

w. www.smalcobaca.pt<br />

SM de Castelo Branco<br />

Av. Nuno Alvares, 32 - R/C<br />

6000-083 Castelo Branco<br />

t. 272 340 500<br />

e. geral@sm-castelobranco.pt<br />

w. www.sm-castelobranco.pt<br />

SM de Nazar<strong>é</strong><br />

Av. Vieira Guimarães<br />

Ed. Paços do Concelho<br />

2450-951 Nazar<strong>é</strong><br />

t. 262 561 153<br />

e. geral@sm-nazare.pt<br />

w. www.cm-nazare.pt<br />

SM de Setúbal<br />

Av, 5 de Outubro<br />

Edifício Bocage<br />

n.º 146 e 148 - 2.ºC<br />

2900-309 Setúbal<br />

t. 265 247 810<br />

e. geral@sms-setubal.pt<br />

w. www.mun-setubal.pt<br />

SMAS de Almada<br />

Praceta Ricardo Jorge,<br />

2 - 2A<br />

2800-709 Almada<br />

t. 212 726 000<br />

e. geral@smasalmada.pt<br />

w. www.smasalmada.pt<br />

SMAS de Caldas da Rainha<br />

Prç. 25 de Abril<br />

Edíficio Paços do Concelho<br />

2500-110 Caldas da Rainha<br />

t. 262 240 002<br />

e. tecnica@smas-caldas-rainha.pt<br />

w. www.smas-caldas-rainha.pt<br />

SMAS de Leiria<br />

Rua da Cooperativa Nº2<br />

2410-256 Leiria<br />

t. 244 817 300<br />

e. geral@smas-leiria.pt<br />

w. www.smas-leiria.pt<br />

SMAS de Mafra<br />

Rua Constância Maria Rodrigues, n.º 19<br />

2640-389 Mafra<br />

t. 261 816 650<br />

e. geral@smas-mafra.pt<br />

SMAS de Montijo<br />

Av. dos Pescadores<br />

2870-114 Montijo<br />

t. 212 327 768<br />

e. smas.montijo@mun-montijo.pt<br />

w. www.mun-montijo.pt/pages/498<br />

SMAS de Peniche<br />

Rua 13 de Infantaria,<br />

19-21<br />

2520-256 Peniche<br />

t. 262 780 050<br />

e. smaspeniche@cm-peniche.pt<br />

w. www.cm-peniche.pt/smas<br />

SMAS de Torres Vedras<br />

Edifício Multisserviços<br />

Av. 5 de Outubro<br />

2560-270 Torres Vedras<br />

t. 261 336 500<br />

e. geral@smastv.pt<br />

w. www.smastv.pt<br />

SMAS de Vila Franca de Xira<br />

Av. Pedro Vitor, 5<br />

2600-221 Vila Franca de Xira<br />

t. 263 200 600<br />

e. geral@smas-vfxira.pt<br />

w. www.smas-vfxira.pt<br />

SMAS de Viseu<br />

R. Conselheiro Afonso de Melo<br />

3510-024 Viseu<br />

t. 232 470 670<br />

e. geral@smasviseu.pt<br />

w. www.smasviseu.pt<br />

SMAT de Portalegre<br />

Rua Guilherme Gomes Fernandes,<br />

n.º 28, 7300-186 Portalegre<br />

t. 245 307 401<br />

e. smatp@cm-portalegre.pt<br />

w. www.cm-portalegre.pt<br />

SMEAS de Maia<br />

R. Dr. Carlos Felgueiras<br />

4471-909 Maia<br />

t. 229 430 800<br />

e. smas-maia@smasmaia.pt<br />

w. www.smasmaia.pt<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


\\ DIRETÓRIO \\<br />

71<br />

Sogrape Vinhos, S.A<br />

Rua 5 de Outubro, 4527<br />

4430-809 Avintes<br />

t. 227 850 300<br />

e. sogrape@sogrape.com<br />

w. sogrape.com<br />

Soja de Portugal, SGPS, SA.<br />

EN 109 - Lugar da Pardala<br />

3880-728 São João OVR<br />

t. 256 581 100<br />

e. geral@sojadeportugal.pt<br />

w. www.sojadeportugal.pt<br />

Somincor - Sociedade Mineira<br />

de Neves-Corvo, S.A<br />

Santa Bárbara de Padrões, Apartado 12<br />

7780-409 Castro Verde<br />

t. 286 689 000<br />

e. geral.somincor@lundinmining.com<br />

w. somincor.com.pt<br />

SOPINAL - Indústria de<br />

Equipamentos e Contentores, S.A.<br />

R. do Vale da Relva, 188, Relva, Vila Chã<br />

3730-657 Vale de Cambra<br />

t. 256 410 770<br />

e. sopinal@sopinal.pt<br />

w. www.sopinal.pt<br />

SPV , Sociedade Gestora de<br />

<strong>Resíduos</strong> de Embalagens, SA<br />

Edifício Infante D. Henrique,<br />

Rua João Chagas nº 53 - 1º Dto<br />

1495-764 Cruz Quebrada<br />

t. 210 102 400<br />

e. info@pontoverde.pt<br />

w. www.pontoverde.pt<br />

Stericycle Portugal Lda.<br />

Rua Fernando Pessoa n.º 8 C<br />

2560-241 Torres Vedras<br />

t. 261 320 300<br />

e. ambimed@ambimed.pt<br />

w. www.stericycleportugal.pt<br />

Super Bock Bebidas, S.A.<br />

Via Norte Leça do Balio Apartado 1044<br />

4465-955 S. Mamede de Infesta<br />

t. 229 052 100<br />

e. apoio.clientes@superbockgroup.com<br />

w. www.superbock.pt<br />

Tabaqueira<br />

Empresa Industrial de<br />

Tabacos, S.A<br />

Avª Alfredo da Silva, Nº 35<br />

2639-002 Rio de Mouro<br />

t. 219 157 700<br />

e. tabaqueira@tabaqueira.pt<br />

w. www.tabaqueira.pt<br />

Tecnoplano<br />

Tecnologia e Planeamento S.A<br />

Av. João Crisóstomo, Nº 54 B<br />

1050-128 Lisboa<br />

t. 21 358 1960<br />

e. geral@tecnoplano.pt<br />

w. www.tecnoplano.pt<br />

The Navigator Company, S.A<br />

Av. Fontes Pereira de Melo, 27<br />

1050-117 Lisboa<br />

t. 219 017 300<br />

e. info@thenavigatorcompany.com<br />

w. www.thenavigatorcompany.com<br />

Tratolixo, Tratamento de <strong>Resíduos</strong><br />

Sólidos, EIM, SA<br />

Ecoparque da Trajouce,<br />

Estr. 5 de Junho, nº 1<br />

2785-155 São Domingos de Rana<br />

t. 214 459 500<br />

e. residuos@tratolixo.pt<br />

w. www.tratolixo.pt<br />

Trivalor, Sociedade Gestora de<br />

Participações Sociais, S.A.<br />

Av. Infante Santo, 21 A<br />

1350-177 Lisboa<br />

t. 210 420 083<br />

e. trivalor@trivalor.pt<br />

w. www.trivalor.pt<br />

Unicer Águas<br />

Via Norte - Leça do Baldio<br />

4466-955 S. Mamede de Infesta<br />

t. 229 052 100<br />

e. sbg.direto@superbockgroup.com<br />

w. www.superbockgroup.com<br />

Universidade Católica Portuguesa<br />

(Porto)<br />

Rua Diogo de Botelho, 1327<br />

4169-005 Porto<br />

t. 226 196 200<br />

e. comunicacao@porto.ucp.pt<br />

w. www.porto.ucp.pt<br />

Universidade de Aveiro<br />

Campus Universitário de Santiago<br />

3810-193 Aveiro<br />

t. 234 370 200<br />

e. geral@ua.pt<br />

w. www.ua.pt<br />

Universidade de Coimbra<br />

Reitoria da Universidade<br />

de Coimbra, Paço das Escolas<br />

3004-531 Coimbra<br />

t. 234 370 200<br />

e. gbreitor@uc.pt<br />

w. www.uc.pt<br />

Universidade de Trás-os-Montes<br />

e Alto Douro<br />

Quinta de Prados<br />

5000-801 Vila Real<br />

t. 259 350 000<br />

e. reitor@utad.pt<br />

w. www.utad.pt<br />

Universidade do Minho<br />

Largo do Paço<br />

4704-553 Braga<br />

t. 253 601 106<br />

e. sec.reitor@reitoria.uminho.pt<br />

w. www.uminho.pt<br />

Valorcar, Sociedade de Gestão<br />

de Veículos em Fim de Vida, Lda.<br />

Av. Torre de Bel<strong>é</strong>m, 29<br />

1400-342 Lisboa<br />

t. 213 011 766<br />

e. valorcar@valorcar.pt<br />

w. www.valorcar.pt<br />

Valorpneu - Sociedade de<br />

Gestão de Pneus Lda<br />

Avª Torre de Bel<strong>é</strong>m, 29<br />

1400-342 Lisboa<br />

t. 213 032 303<br />

e. valorpneu@valorpneu.pt<br />

w. www.valorpneu.pt<br />

Veolia<br />

Estrada de Paço de Arcos, 42<br />

2770-129 Paço de Arcos<br />

t. 214 404 700<br />

e. geral@veolia.pt<br />

w. www.veolia.pt<br />

Verallia Portugal, S.A.<br />

Rua da Vidreira, 68<br />

3090-641 Figueira da Foz<br />

t. 233 403 100<br />

e. info@verallia.com<br />

w. pt.verallia.com<br />

VIMÁGUA<br />

Rua do Rei Pegu,<br />

172 S. Sebastião<br />

4810-025 Guimarães<br />

t. 253 439 560<br />

e. vimagua@vimagua.pt<br />

w. www.vimagua.pt<br />

Vitrus Ambiente EM SA<br />

Av. Cónego Gaspar Estaço<br />

n.º 606<br />

4810-266 Guimarães<br />

t. 253 424 740<br />

e. geral@vitrusambiente.pt<br />

w. www.vitrusambiente.pt<br />

W2V, SA<br />

Rua das Alminhas, 900<br />

4810-608 Guimarães<br />

t. 253 092 334<br />

e. fcastro@w2v.pt<br />

w. w2v.pt<br />

Waste To Me Lda.<br />

Av. 25 Abril nº 61 C<br />

2840-400 Torre da Marinha<br />

t. 216 065 895<br />

e. geral@wastetome.com<br />

w. www.wastetome.com<br />

Watercare - Tratamento De Águas<br />

Centro Empresarial de Alverca<br />

Corpo A - Fracção 5 (E)<br />

2615-187 Alverca<br />

t. 219 108 700<br />

e. geral@aquaservice.pt<br />

w. www.aquaservice.pt<br />

Watertech<br />

Rua Casal do Cego, Armaz<strong>é</strong>m 2,<br />

Frac. A<br />

2415-315 Leiria<br />

t. 244 872 354<br />

e. comercial@watertech.pt<br />

w. www.watertech.pt<br />

XZ Consultores SA<br />

Rua da Cruz, 3A, Loja J<br />

4705-406 Celeirós<br />

t. 253 257 007<br />

e. geral@xzconsultores.pt<br />

w. www.xzconsultores.pt<br />

Zor Thermal<br />

Advanced Products Portugal<br />

Rua Eng. Frederico Ulrich 3210<br />

Piso 2, Sala 214<br />

4470-605 Maia<br />

t. 229 538 567<br />

e. aa@zor-thermal.com<br />

w. zor-thermal.com<br />

Gostava de ver<br />

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As informações deste diretório foram recolhidas pela Green Savers em agosto de <strong>2024</strong>. Somos alheios a alterações que possam ter ocorrido, ou venham a ocorrer.<br />

A listagem <strong>é</strong> representativa das companhias a operar em Portugal com forte foco na sustentabilidade, mas não inclui a totalidade das empresas existentes.<br />

QUEM É QUEM NOS RESÍDUOS \ GREEN SAVERS \ <strong>2024</strong>


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