Jornal Paraná Outubro 2024
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OPINIÃO<br />
O risco de apagões, um velho<br />
conhecido, ronda o Brasil<br />
Por que nos períodos de bonança, como foram 2022 e 2023, quando tivemos um<br />
regime de chuva ótimo, não se elaborou uma política consistente para que nos<br />
períodos de pouca chuva não passássemos pelo risco de faltar energia?<br />
Por Adriano Pires<br />
Volta a rondar o Brasil<br />
o risco de faltar energia.<br />
A última vez foi<br />
em 2021. Mais uma<br />
vez, a causa são os baixos níveis<br />
dos reservatórios devido<br />
à estiagem que é a pior dos últimos<br />
94 anos. Período de<br />
seca significa risco de baixa<br />
dos reservatórios e alta na<br />
conta de luz. Tanto o tema<br />
quanto a sua matemática são<br />
velhos conhecidos.<br />
E mais uma vez as térmicas,<br />
sempre tão demonizadas,<br />
serão a solução para tentar<br />
evitar apagões e racionamentos.<br />
Nada de novo. Se não é<br />
nada de novo, por que essas<br />
crises se repetem e são recorrentes?<br />
Por que nos períodos<br />
de bonança, como foram<br />
2022 e 2023, quando tivemos<br />
um regime de chuva ótimo,<br />
não se elaborou uma política<br />
consistente para que nos períodos<br />
de pouca chuva não<br />
passássemos pelo risco de<br />
faltar energia?<br />
Apesar da situação de aparente<br />
oferta de energia, é necessário<br />
entender que o sistema<br />
elétrico brasileiro ainda<br />
é altamente dependente de<br />
usinas hidrelétricas. Mesmo<br />
com o crescimento de 583%<br />
das fontes renováveis intermitentes<br />
(eólicas e solares) na<br />
matriz elétrica brasileira.<br />
Os subsídios oferecidos às<br />
usinas de geração distribuída<br />
fizeram com que o número de<br />
plantas disparasse nos últimos<br />
anos, e atualmente o<br />
Brasil conta com uma capacidade<br />
instalada de 29.587 megawatt<br />
(MW) ante apenas 15<br />
MW verificados no ano de<br />
2015, um crescimento de<br />
mais de 29.572 MW em um<br />
período inferior a dez anos.<br />
Da capacidade de geração<br />
distribuída atual, 29.316 MW<br />
são referentes a empreendimentos<br />
solares e 17 MW a<br />
eólicos.<br />
As fontes despacháveis, que<br />
são as usinas térmicas, possuíam<br />
uma capacidade instalada<br />
da ordem de 41.554 MW<br />
em dezembro de 2015, o que<br />
representava cerca de 30% da<br />
capacidade instalada no Sistema<br />
Interligado Nacional<br />
(SIN). Atualmente, as usinas<br />
térmicas respondem por uma<br />
capacidade instalada de<br />
48.458 MW, um aumento de<br />
apenas 6.904 MW em relação<br />
ao ano de 2015.<br />
As fontes intermitentes, considerando<br />
apenas as usinas<br />
de geração centralizada, cresceram<br />
5,4 vezes mais do que<br />
as fontes despacháveis, isso<br />
sem considerar o nível de inflexibilidade<br />
de usinas térmicas.<br />
Se considerarmos a geração<br />
inflexível, chegamos a<br />
um crescimento relativo ainda<br />
maior, estimado em 7,6 vezes.<br />
Considerando o nível de inflexibilidade<br />
das usinas e o aumento<br />
da geração distribuída,<br />
é possível concluir que as usinas<br />
intermitentes (solar e eólica)<br />
cresceram 13,7 vezes<br />
mais que as fontes despacháveis<br />
(gás natural, carvão e<br />
óleo).<br />
O aumento verificado na capacidade<br />
instalada do Brasil<br />
na última década, com foco<br />
em fontes renováveis intermitentes,<br />
reduziu a segurança do<br />
Sistema Elétrico Brasileiro.<br />
Portanto, se quisermos resolver<br />
as crises recorrentes provocadas<br />
por falta de chuvas,<br />
é preciso medidas pró-mercado,<br />
como a realização de<br />
um leilão de capacidade ainda<br />
este ano só com térmicas,<br />
como o de 2021, o leilão da<br />
Eletrobras e outros dois: um<br />
de inovação tecnológica para<br />
baterias e um outro para hidrelétricas.<br />
Seria o melhor caminho<br />
para trazer segurança<br />
energética ao País.<br />
Adriano Pires é diretor do<br />
Centro Brasileiro de Infraestrutura<br />
– Cbie<br />
2<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
NOVO MARCO REGULATÓRIO<br />
Produção de biocombustíveis<br />
avançados ganha impulso<br />
Agricultura deve ter papel<br />
primordial por ser fonte<br />
de matéria-prima de<br />
baixa emissão de carbono<br />
Foi sancionada dia 8 de<br />
outubro, pelo Presidente<br />
da República, Luiz Inácio<br />
Lula da Silva, a Lei do<br />
Combustível do Futuro, que estabelece<br />
o incentivo ao diesel<br />
verde, biometano, combustível<br />
sustentável de aviação e o aumento<br />
das misturas de etanol à<br />
gasolina e biodiesel ao diesel. A<br />
nova lei representa um avanço<br />
significativo nas políticas de incentivo<br />
ao uso de combustíveis<br />
renováveis e à ampliação de<br />
matrizes energéticas mais sustentáveis<br />
no país.<br />
A proposta, aprovada pelo Congresso<br />
Nacional, em convergência<br />
com Ministério de Minas<br />
e Energia (MME), contou com<br />
contribuição da Embrapa, que<br />
participou ativamente do processo<br />
de concepção, por meio<br />
da participação no grupo de trabalho<br />
(GT) de pesquisa, desenvolvimento<br />
e inovação (PD&I),<br />
na revisão e na aprovação, por<br />
meio de notas técnicas e participação<br />
em audiências públicas<br />
sobre o tema.<br />
"O Brasil é o país que vai fazer<br />
a maior revolução energética no<br />
planeta Terra. Hoje temos mais<br />
de 5 milhões de propriedades<br />
rurais e muitos empresários no<br />
setor agroenergético, que podem<br />
garantir a produção de alimentos<br />
e biocombustíveis. E o<br />
Brasil tem a Embrapa, que hoje<br />
é modelo para o mundo", afirmou<br />
o Presidente Luiz Inácio<br />
Lula da Silva, durante a cerimônia<br />
de sanção da lei.<br />
O novo marco legal cria uma<br />
série de iniciativas de fomento à<br />
descarbonização da economia,<br />
mobilidade sustentável e transição<br />
energética no país, como o<br />
Programa Nacional do Diesel<br />
Verde (PNDV), Programa Nacional<br />
do Bioquerosene de Aviação<br />
(ProBioQAV), dentre outros incentivos<br />
para estimular o desenvolvimento<br />
de combustíveis<br />
sintéticos, etanol e biodiesel.<br />
"A Lei do Combustível do Futuro<br />
é muito ampla e representa um<br />
marco legal histórico para os<br />
setores de energia, agricultura e<br />
transporte no país. Muitas oportunidades<br />
de PD&I devem surgir<br />
a partir dessa regulamentação,<br />
o que pode colocar o Brasil<br />
como protagonista no fornecimento<br />
de fontes energéticas<br />
mais sustentáveis a nível global",<br />
afirma Silvia Massruhá,<br />
presidente da Embrapa.<br />
Para Alexandre Alonso, chefegeral<br />
da Embrapa Agroenergia<br />
(Brasília, DF) - uma das unidades<br />
da empresa mais envolvidas<br />
com a concepção e tramitação<br />
do da proposta dos<br />
combustíveis do futuro - , com<br />
a sanção da lei há grande expectativa<br />
tanto de aumento na<br />
produção e uso de biocombustíveis<br />
tradicionais como o etanol<br />
e o biodiesel decorrente do aumento<br />
das misturas mandatórias,<br />
quanto de uma maior diversificação<br />
de biocombustíveis,<br />
a partir da incorporação de<br />
novas opções como o biometano,<br />
o diesel renovável (verde)<br />
e o combustível sustentável de<br />
aviação, também chamado de<br />
SAF (Sustainable Aviation Fuel,<br />
em inglês).<br />
"Esse aumento de demanda e<br />
diversidade de biocombustíveis,<br />
exigirá mais da agricultura brasileira.<br />
Para atender à crescente<br />
demanda por etanol, por exemplo,<br />
(que pode ser utilizado tanto<br />
como um biocombustível diretamente<br />
quanto como matéria-prima<br />
para produção de outros<br />
biocombustíveis, a exemplo<br />
do SAF) precisaremos aumentar<br />
a oferta de cana-deaçúcar<br />
e milho. Para tanto novos<br />
investimentos em ciência,<br />
tecnologia e inovação (CT&I) serão<br />
cruciais para aumentarmos<br />
a produtividade agrícola dessas<br />
culturas", afirma o gestor.<br />
Atenta a essa demanda, a Embrapa<br />
finaliza a estruturação de<br />
um Programa de Pesquisa em<br />
Cana-de-Açúcar. Esse novo<br />
programa deverá resultar no estabelecimento<br />
de redes de pesquisa<br />
internas, que buscarão<br />
desenvolver tecnologias para<br />
segmentos estratégicos apontados<br />
em consulta realizada no<br />
setor e no estabelecimento de<br />
uma plataforma de colaboração,<br />
que permitirá à empresa<br />
estabelecer novos arranjos de<br />
cooperação diretamente com o<br />
setor produtivo.<br />
O mesmo ocorrerá para o biodiesel<br />
e para viabilizar o diesel<br />
renovável, também chamado<br />
de HVO (Hydrogenated Vegetable<br />
Oil, em inglês), uma vez que<br />
a produção destes biocombustíveis<br />
demandará cada vez mais<br />
óleos de origem vegetal, abrindo<br />
oportunidades de PD&I.<br />
Nesse sentido, uma das apostas<br />
da Embrapa está na produção<br />
destes biocombustíveis, a<br />
partir da macaúba, uma palmeira<br />
brasileira nativa.<br />
"Devido sua alta produtividade<br />
frente a outras oleaginosas como<br />
a soja e a palma (dendê), a<br />
macaúba é considerada fonte<br />
estratégica de biocombustível",<br />
afirma Alonso. Em junho deste<br />
ano, lideranças científicas da<br />
Embrapa, da Acelen Renováveis<br />
e da Embrapii, deram início<br />
a um projeto de desenvolvimento<br />
tecnológico das espécies<br />
de palmeira macaúba para<br />
produção de combustível sustentável<br />
de aviação.<br />
O objetivo é domesticar a macaúba<br />
e implementar lavouras<br />
comerciais para fins de extração<br />
de óleos de alta qualidade<br />
e aproveitamento dos resíduos<br />
agroindustriais para a geração<br />
de bioprodutos. O aporte financeiro<br />
estimado para o projeto é<br />
de R$ 13,7 milhões em cinco<br />
anos.<br />
O etanol ganha um novo incentivo,<br />
avalia analistas da Consultoria<br />
Agro do Itaú BBA. A<br />
mistura do anidro à gasolina<br />
poderá chegar a 35% em<br />
2037, um percentual, no entanto,<br />
que ainda necessita de<br />
novos estudos técnicos. Considerando<br />
uma evolução de<br />
2,5% ao ano no consumo do<br />
ciclo Otto no Brasil, o aumento<br />
do consumo total de etanol,<br />
nessas condições, seria de 9,5<br />
bilhões de etanol anidro em<br />
2037, sendo que 4,9 bilhões<br />
viriam por causa do aumento<br />
da mistura para 35%. Os cálculos<br />
consideram o percentual<br />
do hidrato em 24% no território<br />
nacional.<br />
Já o consumo de biodiesel, levando<br />
em consideração uma<br />
mistura de 25% até 2037, seria<br />
de 13,9 bilhões de litros, 10,3<br />
bilhões por conta do novo percentual<br />
de mistura. A lei indica<br />
4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
um aumento de 1% ao ano na<br />
mistura do biodiesel ao diesel,<br />
até chegar a 20% em 2030, e o<br />
CNPE vai avaliar a viabilidade<br />
técnica para um percentual superior<br />
a 25%. Se a mistura de<br />
25% do biodiesel ao diesel se<br />
confirmar daqui a 13 anos, estima-se<br />
um aumento no consumo<br />
de biodiesel de 13,9 bilhões<br />
de litros. Deste volume,<br />
10,3 bilhões virão por conta do<br />
aumento do teor de mistura, segundo<br />
a Consultoria Agro do<br />
Itaú BBA. A utilização de óleo de<br />
soja aumentaria em 9 milhões<br />
de toneladas, passando dos<br />
atuais 5,9 milhões para 15 milhões,<br />
em 2037.<br />
O combustível sustentável de<br />
aviação (SAF) ainda necessita<br />
de normatização das regras e<br />
métodos de cálculos de intensidade<br />
de carbono pela ANP e<br />
Anac. A meta de redução começa<br />
com 1%, em 2027, e vai<br />
até 10%, em 2037. Utilizando<br />
métodos reconhecidos internacionalmente<br />
de avaliação, o Itaú<br />
BBA chegou a uma demanda<br />
de 11 bilhões de litros de querosene<br />
de aviação em 2037.<br />
Para atingir 100% da demanda<br />
de SAF, por meio de sebo, seriam<br />
necessários 1,5 bilhão de<br />
litros; a partir do óleo de soja,<br />
4,5 bilhões de litros, e a partir<br />
de etanol de cana, 1,7 bilhão de<br />
litros.<br />
Biometano e combustível sustentável de aviação<br />
Uma das grandes oportunidades<br />
criadas pela nova lei é o incentivo<br />
à produção de biocombustíveis<br />
avançados como<br />
o biometano e o combustível<br />
sustentável de aviação. "Há<br />
uma forte pressão para a redução<br />
das emissões de carbono<br />
na indústria de transformação<br />
e na aviação e ainda não há<br />
rotas tecnológicas definidas em<br />
larga escala para a produção<br />
de combustível sustentável, a<br />
fim de atender estes setores",<br />
explica Alonso.<br />
No caso da demanda industrial,<br />
há grande potencial de utilização<br />
do biometano produzido a<br />
partir da biodigestão de resíduos<br />
agrícolas, como substituto<br />
ao gás natural. Dada a<br />
quantidade de resíduos agrícolas<br />
produzidos no Brasil, diversos<br />
estudos apontam que mais<br />
de 60% de todo o potencial de<br />
geração de biometano no país<br />
está associado a rotas que exploram<br />
a biodigestão de resíduos<br />
agrícolas.<br />
Já no caso do segmento de<br />
aviação a aposta recai sobre o<br />
SAF, que pode ser produzido a<br />
partir do etanol (por meio de<br />
um processo chamado de Alcohol<br />
to Jet ou ATJ, na sigla em<br />
inglês) ou por hidrogenação de<br />
óleos vegetais (por meio de um<br />
processo chamado de HEFA -<br />
Hydroprocessed Esters and Fat<br />
Acids, em inglês).<br />
"Em ambos os casos (biometano<br />
e SAF), a agricultura deverá<br />
ter papel primordial por ser<br />
fonte de matéria-prima de baixa<br />
emissão de carbono. Por isso<br />
Pauta Verde<br />
Nos últimos anos, a Embrapa vem atuando intensamente na<br />
chamada "Pauta Verde", agenda prioritária do governo brasileiro<br />
e do poder legislativo. Gestores e pesquisadores da Empresa<br />
vêm participando de audiências públicas, grupos de<br />
trabalho e notas técnicas, a fim de subsidiar cientificamente<br />
políticas públicas, como a lei dos combustíveis do futuro, o<br />
marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono, o<br />
marco do legal do mercado de carbono, o programa de aceleração<br />
da transição energética, entre outros.<br />
"Observamos uma convergência de interesses dos setores<br />
executivo e legislativo do país nesses temas ligados à bioeconomia,<br />
descarbonização e sustentabilidade, em que a Embrapa<br />
já é protagonista, o que se configura como um<br />
importante espaço de articulação e contribuição técnica da<br />
Empresa", explica Cynthia Cury, chefe da Assessoria de Relações<br />
Governamentais e Institucionais da Embrapa.<br />
Com a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, Cury acredita<br />
que a pesquisa agropecuária brasileira ainda terá muito a<br />
contribuir com dados, conhecimentos e tecnologias que possibilitem<br />
a implementação destas políticas públicas, voltadas<br />
para agenda de descarbonização da economia do país. "O trabalho<br />
está só começando", finaliza.<br />
mesmo, a expectativa mundial<br />
é grande e as atenções estão<br />
voltadas para o Brasil, uma vez<br />
que é o país com o maior potencial<br />
para atender a demanda",<br />
complementa Alonso.<br />
Lideranças ressaltam<br />
importância do projeto<br />
“No dia oito de outubro de <strong>2024</strong><br />
tivemos o ápice de um grande<br />
sonho que vem se consolidando<br />
nos últimos dois anos, com a<br />
união do setor automotivo nacional.<br />
Há anos buscávamos<br />
um maior engajamento das indústrias<br />
em investimentos que<br />
pudessem de fato evidenciar as<br />
qualidades desses combustíveis<br />
limpos e mais, a capacidade<br />
tecnológica de mostrar a sua<br />
competitividade frente aos combustíveis<br />
fósseis”, afirmou Miguel<br />
Tranin, presidente da Alcopar.<br />
Ele ressaltou que o setor<br />
produtivo agroindustrial, somados<br />
ao automotivo, à academia,<br />
à Embrapa e aos trabalhadores,<br />
visualizaram o "Movimento de<br />
Baixo Carbono Brasil", “um<br />
grande sonho voltado a todas as<br />
fontes de biocombustíveis do<br />
país, que deve se somar há<br />
mais tecnologias e novos produtos<br />
e processos, como o SAF<br />
e o Biogás, flex, híbrido, célula<br />
de combustível e toda combinação<br />
de mobilidade”.<br />
“O Brasil estabeleceu um importante<br />
marco regulatório<br />
que vai redefinir a história de<br />
seu desenvolvimento sustentável”,<br />
comemorou Francisco<br />
Turra, Presidente do Conselho<br />
de Administração da APRO-<br />
BIO. “Este projeto inaugura<br />
um novo momento da economia<br />
nacional caracterizado<br />
por fortes investimentos no<br />
parque industrial nacional e<br />
pela forte agregação de valor<br />
em toda a cadeia de agronegócio,<br />
impulsionando a economia<br />
e o emprego verde”,<br />
destacou Turra.<br />
“A exposição Liderança Verde<br />
Brasil Expo é a prova viva de<br />
que o setor privado está avançando<br />
e assumindo compromissos<br />
para tornar a transição<br />
energética uma realidade e o<br />
país, uma referência internacional<br />
em uso de biocombustíveis”,<br />
disse Erasmo Carlos<br />
Battistella, Presidente da Be8,<br />
empresa líder em produção de<br />
biodiesel. “Importante destacar<br />
a mobilização de todo o<br />
setor produtivo e a consciência<br />
e compreensão da classe<br />
política da importância do<br />
desafio climático que vivemos<br />
e que resultou na aprovação<br />
do Projeto de Lei Combustível<br />
do Futuro pela ampla maioria<br />
nas casas legislativas”, celebrou<br />
Battistella.<br />
“O Combustível do Futuro tem<br />
muitas faces e todas elas criam<br />
mecanismos que favorecem a<br />
economia brasileira, a transição<br />
energética e oferecem os meios<br />
para melhorar o meio ambiente<br />
e a qualidade de vida dos brasileiros”,<br />
explica Julio Cesar Minelli,<br />
Diretor Superintendente da<br />
APROBIO. “Importante reforçar<br />
a articulação que envolveu várias<br />
entidades do setor em conjunto<br />
com as frentes parlamentares<br />
dos biocombustíveis e do<br />
agronegócio em torno da conquista<br />
de um bem comum”,<br />
conclui Minelli.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5
CENTRO-SUL<br />
Moagem atinge<br />
505 milhões de toneladas<br />
Na quinzena, duas unidades encerram<br />
a moagem, enquanto no acumulado<br />
já se contabilizam quatro unidades<br />
Mercado<br />
de CBios<br />
Na segunda quinzena<br />
de setembro, as<br />
unidades produtoras<br />
da região Centro-Sul<br />
processaram 38,83<br />
milhões de toneladas ante a<br />
44,95 milhões da safra<br />
2023/24, registrando queda<br />
de -13,62%. No acumulado<br />
desde o início da safra<br />
<strong>2024</strong>/25 até 1º de outubro, a<br />
moagem atingiu 505,08 milhões<br />
de toneladas, ante<br />
493,50 milhões de toneladas<br />
registradas no mesmo período<br />
no ciclo anterior – crescimento<br />
de 2,35%.<br />
Operaram na segunda quinzena<br />
de setembro 258 unidades<br />
produtoras na região Centro-Sul,<br />
sendo 239 unidades<br />
com processamento de cana,<br />
nove empresas que fabricam<br />
etanol a partir do milho e dez<br />
usinas flex. No mesmo período,<br />
na safra 23/24, operaram<br />
261 unidades produtoras. Na<br />
quinzena, duas unidades encerram<br />
a moagem, enquanto<br />
no acumulado já se contabilizam<br />
quatro unidades. No ciclo<br />
anterior, até o fim de setembro,<br />
três usinas haviam terminado<br />
com seu período de processamento<br />
de cana-de-açúcar.<br />
Em relação à qualidade da matéria-prima,<br />
o nível de Açúcares<br />
Totais Recuperáveis (ATR)<br />
registrado na última quinzena<br />
de setembro atingiu 160,01 kg<br />
de ATR por tonelada de canade-açúcar,<br />
contra 154,27 kg<br />
por tonelada na safra 2023/<br />
<strong>2024</strong> - variação positiva de<br />
3,72%. No acumulado da safra,<br />
o indicador marca 141,02<br />
kg de ATR por tonelada, índice<br />
levemente superior (0,61%) ao<br />
do último ciclo na mesma posição.<br />
Dados da B3 até o dia 8 de outubro indicam a<br />
emissão de 32,31 milhões de créditos em <strong>2024</strong><br />
pelos produtores de biocombustíveis. A quantidade<br />
de CBios disponível para negociação em<br />
posse da parte obrigada, não obrigada e dos<br />
emissores totaliza 28,88 milhões de créditos de<br />
descarbonização.<br />
"Somando os CBios disponíveis para comercialização<br />
e os créditos já aposentados para cumprimento<br />
da meta de <strong>2024</strong>, já temos mais de 90%<br />
dos títulos necessários para o atendimento integral<br />
da quantidade exigida pelo Programa para o<br />
final deste ano", destacou o diretor da UNICA.<br />
6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
A produção de açúcar na segunda<br />
metade de setembro<br />
totalizou 2,83 milhões de toneladas,<br />
registrando expressiva<br />
queda de 16,21% na<br />
comparação com a quantidade<br />
registrada em igual período<br />
na safra 2023/24 (3,38<br />
milhões de toneladas). No<br />
acumulado desde o início da<br />
safra até 1º de outubro, a fabricação<br />
do adoçante totalizou<br />
33,15 milhões de toneladas,<br />
contra 32,65 milhões<br />
de toneladas do ciclo anterior.<br />
Produção de açúcar e etanol<br />
O diretor de Inteligência Setorial<br />
da UNICA, Luciano Rodrigues,<br />
acrescenta que na<br />
última quinzena de setembro<br />
apenas 47,79% da cana-deaçúcar<br />
foram direcionadas à<br />
fabricação do adoçante, registrando<br />
queda em relação aos<br />
51,10% verificados em igual<br />
período do ano anterior. "O<br />
rendimento acumulado na<br />
produção de açúcar atingiu<br />
65,64 quilos do adoçante por<br />
tonelada de cana até 1º de outubro<br />
desta safra, contabilizando<br />
retração em relação<br />
aos 66,17 quilos verificados<br />
em igual período do ciclo anterior",<br />
afirmou o executivo.<br />
A fabricação de etanol, por<br />
sua vez, atingiu 2,24 bilhões<br />
de litros na segunda metade<br />
de setembro, sendo 1,44 bilhão<br />
de litros de etanol hidratado<br />
(+3,33%) e 792,4 milhões<br />
de litros de etanol anidro<br />
(-4,89%). No acumulado desde<br />
o início do atual ciclo agrícola<br />
até 1º de outubro, a fabricação<br />
do biocombustível<br />
totalizou 25,20 bilhões de litros<br />
(+7,44%), sendo 16,11<br />
bilhões de etanol hidratado<br />
(+16,43%) e 9,10 bilhões de<br />
anidro (-5,50%).<br />
Do total de etanol produzido<br />
na segunda quinzena de setembro,<br />
15% foram fabricados<br />
a partir do milho, registrando<br />
produção de 329,84<br />
milhões de litros neste período,<br />
contra 238,45 milhões<br />
de litros no mesmo período<br />
do ciclo 2023/24 - aumento<br />
de 38,33%. No acumulado<br />
desde o início da safra até 1º<br />
Vendas de etanol<br />
de outubro, a produção de<br />
etanol de milho atingiu 3,80<br />
bilhões de litros - avanço de<br />
No mês de setembro, as vendas<br />
de etanol totalizaram 2,94<br />
bilhões de litros, o que representa<br />
uma variação positiva<br />
de 6,24% em relação ao mesmo<br />
período da safra 2023/24.<br />
No mercado interno, o volume<br />
de etanol hidratado vendido<br />
pelas unidades do Centro-Sul<br />
totalizou 1,73 bilhão de litros,<br />
registrando aumento de<br />
4,36% em relação ao mesmo<br />
período da safra anterior. A<br />
venda de etanol anidro, por<br />
sua vez, atingiu a marca de<br />
1,03 bilhão de litros, avanço<br />
de 10,72%.<br />
26,99% na comparação com<br />
igual período do ano passado.<br />
No acumulado desde o início<br />
da safra até o término de setembro,<br />
a comercialização de<br />
etanol pelas unidades do Centro-Sul<br />
somou 17,84 bilhões<br />
de litros, registrando crescimento<br />
de 16,23%. O volume<br />
acumulado de etanol hidratado<br />
totalizou 11,58 bilhões<br />
de litros (+30,74%), enquanto<br />
o de anidro alcançou a<br />
marca de 6,25 bilhões de litros<br />
(-3,58%).<br />
"Seguindo movimento observado<br />
desde o início de <strong>2024</strong>,<br />
as vendas de etanol hidratado<br />
continuam registrando crescimento<br />
importante, refletindo a<br />
competitividade do biocombustível<br />
na bomba. Desde<br />
agosto de 2023, o etanol hidratado<br />
apresenta paridade<br />
abaixo de 73% do preço da<br />
gasolina em São Paulo, Goiás,<br />
Mato Grosso, Mato Grosso do<br />
Sul e <strong>Paraná</strong>, oferecendo a<br />
possibilidade de descarbonização<br />
com economia aos proprietários<br />
de veículos flexfuel",<br />
explicou Rodrigues.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7
DIA DAS CRIANÇAS<br />
Cooperval promove CooperKids<br />
Tradicional festa contou com a participação de<br />
cerca de 400 crianças, filhos de funcionários<br />
Com o objetivo de<br />
promover a interação<br />
dos filhos dos<br />
funcionários com a<br />
usina, a Cooperval - Cooperativa<br />
Agroindustrial Vale do<br />
Ivaí Ltda., com sede no município<br />
de Jandaia do Sul,<br />
realizou no último dia 12 de<br />
outubro, na Associação da<br />
Cooperval, o CooperKids, tradicional<br />
festa do dia das<br />
crianças, que foi vencedor no<br />
ano passado do Prêmio Master<br />
Cana Social na Categoria<br />
Qualidade de Vida.<br />
Participaram do evento cerca<br />
de 400 crianças, de 0 a 12<br />
anos. Como em todos os<br />
anos, a festa contou com o<br />
trabalho voluntário dos colaboradores<br />
na organização e<br />
realização do evento que teve<br />
um dia inteiro de brincadeiras,<br />
atividades recreativas, cachorro<br />
quente, pipoca, sorvete, algodão<br />
doce e muita diversão<br />
e interação.<br />
“Cuide-se Mais” na prevenção ao câncer<br />
O Cuide-se Mais é um programa<br />
promovido pelo SESI,<br />
com foco principal na prevenção<br />
e combate ao câncer. A<br />
iniciativa visa a conscientização<br />
e a realização de exames<br />
de rastreamento, fundamentais<br />
para o diagnóstico precoce<br />
e o controle da doença,<br />
o que aumenta significativamente<br />
as chances de recuperação.<br />
Por meio de uma parceria entre<br />
o SESI, o SESCOOP e a Cooperval,<br />
uma unidade móvel foi<br />
deslocada até a usina, facilitando<br />
a realização dos exames<br />
diretamente nas instalações da<br />
cooperativa, incentivando os<br />
colaboradores a cuidar da<br />
saúde e prevenir doenças. A<br />
unidade móvel é equipada para<br />
oferecer exames importantes<br />
como papanicolau, mamografia,<br />
para as mulheres, e PSA,<br />
para os homens. Dentro do<br />
Projeto Cuide-se, os exames<br />
foram oferecidos gratuitamente<br />
aos colaboradores da<br />
Cooperval, incentivando ainda<br />
mais a adesão. Além disso, os<br />
exames foram realizados durante<br />
o horário de trabalho,<br />
sem custo algum para o funcionário.<br />
Foram atendidos em<br />
média 400 colaboradores.<br />
8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
OPORTUNIDADE<br />
Santa Terezinha oferece<br />
Residência em Agronomia<br />
Desenvolvido há mais de 10, programa é referência nacional e já formou<br />
dezenas de profissionais, capacitando residentes para modernas tecnologias<br />
Desde o início de outubro<br />
estão abertas<br />
as inscrições para o<br />
Programa de Residência<br />
em Agronomia 2025<br />
da Usina Santa Terezinha, o<br />
primeiro passo para formação<br />
de carreira no setor sucroenergético,<br />
realizado em parceria<br />
com a UFRRJ (Universidade<br />
Federal Rural do Rio de<br />
Janeiro - Instituto de Agronomia).<br />
O prazo vai até 30 de<br />
novembro.<br />
.<br />
São oferecidas oito vagas para<br />
unidades da Usina Santa Terezinha<br />
no <strong>Paraná</strong>: Iguatemi, Paranacity,<br />
Terra Rica, Rondon,<br />
Cidade Gaúcha, Ivaté, Tapejara<br />
e Moreira Sales. Podem participar<br />
da seleção engenheiros<br />
agrônomos e agrícolas cursando<br />
último período ou com<br />
até três anos de formação,<br />
com diploma de graduação de<br />
instituições de ensino superior<br />
reconhecidas pelo MEC (Ministério<br />
da Educação).<br />
Hoje, o Programa é referência<br />
nacional de Residência Agronômica<br />
com a cultura da<br />
cana-de-açúcar. Desenvolvido<br />
há mais de 10, já formou dezenas<br />
de profissionais, capacitando<br />
residentes para modernas<br />
tecnologias da cultura<br />
canavieira.<br />
A formação será um aprimoramento<br />
em conhecimentos<br />
técnicos e práticos sobre a<br />
cultura canavieira por meio de<br />
vivências em diferentes processos<br />
como qualidade, preparo<br />
de solo, tratos culturais,<br />
plantio e colheita, além de desenvolver<br />
futuros gestores<br />
para lideranças de pessoas e<br />
Projeto Super Ação<br />
A Usina Santa Terezinha lançou<br />
recentemente o Projeto<br />
Super Ação realizado em<br />
cinco APAEs (Associação de<br />
Pais e Amigos dos Excepcionais)<br />
do <strong>Paraná</strong>, que busca<br />
promover a inclusão e autonomia<br />
das PCDs (Pessoas<br />
com Deficiência) na Usina<br />
Santa Terezinha.<br />
resultados. Todo o Programa é<br />
desenvolvido na Usina Santa<br />
Terezinha, maior empresa do<br />
setor sucroenergético do sul<br />
do país, com operações na região<br />
noroeste do <strong>Paraná</strong>.<br />
É uma oportunidade única<br />
para que os profissionais possam<br />
aplicar na prática o conhecimento<br />
adquirido em sala<br />
de aula, com incentivo financeiro.<br />
Após a conclusão do<br />
Programa, o engenheiro agrônomo<br />
tem a possibilidade de<br />
ser contratado pela Usina Santa<br />
Terezinha e iniciar sua carreira<br />
em uma das maiores<br />
empresas do setor sucroenergético<br />
do país.<br />
Saiba mais e inscrições em:<br />
https://www.residenciaemagronomiaufrrj.com.br/editais/edital-07-<strong>2024</strong>/<br />
Esses funcionários foram<br />
contratados para produzir artesanato<br />
a partir do bagaço da<br />
cana-de-açúcar, que serão<br />
utilizados em projetos de sustentabilidade<br />
e eventos da<br />
usina com diversos públicos<br />
como parceiros agrícolas, lideranças<br />
da empresa e comunidade.<br />
A Santa Terezinha é a primeira<br />
empresa da região noroeste do<br />
<strong>Paraná</strong> a expandir o Trabalho<br />
Protegido para cinco municípios<br />
(Maringá, Paranacity,<br />
Terra Rica, Cianorte e Umuarama)<br />
no mesmo momento,<br />
contratando até 150 funcionários<br />
dentro do projeto.<br />
Escuto e Penso<br />
em Você <strong>2024</strong><br />
Com o propósito de conscientizar<br />
os funcionários sobre<br />
saúde mental e saúde física<br />
da mulher e do homem, o projeto<br />
Escuto e Penso em Você,<br />
da Usina Santa Terezinha, que<br />
está em sua 5ª edição, proporciona<br />
diálogos participativos<br />
às frentes de trabalho.<br />
A ideia central é trazer reflexão<br />
e conhecimento a respeito da<br />
necessidade de dialogar e<br />
fazer os exames de prevenção<br />
de doenças como o câncer de<br />
mama/colo de útero e próstata.<br />
Na programação deste ano,<br />
será abordado também as temáticas:<br />
doenças respiratórias,<br />
combate à dengue,<br />
vacinação e saúde bucal.<br />
Todas as ações focadas em<br />
saúde preventiva estão programadas<br />
para acontecer em<br />
todas unidades agroindustriais<br />
da empresa, de forma<br />
semanal.<br />
10<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
A trading asiática de commodities<br />
Wilmar International reduziu<br />
suas projeções para a<br />
produção de açúcar no Brasil<br />
na temporada <strong>2024</strong>/25, afirmando<br />
que a produtividade<br />
agrícola e a qualidade da cana<br />
estão caindo rapidamente devido<br />
à seca e aos incêndios<br />
em terras agrícolas. A Wilmar<br />
disse que agora espera que a<br />
produção do Centro-Sul do<br />
Brasil fique entre 38,2 milhões<br />
e 39,5 milhões de toneladas,<br />
abaixo das 38,8 milhões a<br />
40,8 milhões de toneladas<br />
vistas em setembro. A trading<br />
DOIS<br />
Açúcar<br />
também publicou uma estimativa<br />
preliminar para a safra<br />
de cana-de-açúcar 2025/26<br />
PONTOS<br />
do Centro-Sul do Brasil, prevendo<br />
uma faixa de 570-590<br />
milhões de toneladas.<br />
A lei do Combustível do Futuro<br />
vai alavancar o mercado<br />
bilionário de captura e armazenamento<br />
de carbono no<br />
solo (CCS, na sigla em inglês),<br />
especialmente para as<br />
usinas de etanol. Estudos<br />
mostram que considerandose<br />
o nível atual de atividade<br />
econômica, o Brasil tem potencial<br />
de captura de carbono<br />
em torno de 200<br />
milhões de toneladas de CO 2<br />
Carbono<br />
equivalente por ano. Neste<br />
sentido, o mercado brasileiro<br />
de CCS tem perspectiva de<br />
movimentar entre R$ 14 e<br />
R$ 20 bilhões anuais, com<br />
participação significativa do<br />
setor de etanol, indicam estimativas<br />
da CCS Brasil. Já o<br />
mercado mundial de CCS<br />
deve movimentar US$ 3,54<br />
bilhões em <strong>2024</strong>, com estimativa<br />
de atingir US$ 14,51<br />
bilhões em 2032.<br />
Hidrogênio verde<br />
A Petrobras anunciou seu primeiro projeto de produção de hidrogênio renovável,<br />
conhecido como hidrogênio verde, combustível visto como principal alternativa para<br />
a redução de emissões em setores industriais de difícil descarbonização. Com investimento<br />
de R$ 90 milhões, o projeto-piloto será construído em Alto Rodrigues, no Rio<br />
Grande do Norte, em terreno onde a estatal tem uma térmica a gás natural. Será alimentado<br />
por energia solar já instalada no local e que será ampliada. A previsão da<br />
empresa é que a unidade entre em operação no primeiro trimestre de 2026, tendo<br />
como foco testes para o uso do combustível na geração de energia e para mistura no<br />
gás natural usado em térmicas.<br />
As fontes renováveis devem<br />
atender a quase metade de<br />
toda a demanda de energia<br />
elétrica até o final da década,<br />
mas ficarão aquém da<br />
meta da ONU de triplicar em<br />
Energia renovável<br />
capacidade para reduzir as<br />
emissões de carbono, mostrou<br />
um relatório da Agência<br />
Internacional de Energia. O<br />
mundo deverá acrescentar<br />
mais de 5.500 gigawatts<br />
(GW) de capacidade de<br />
energia renovável até 2030,<br />
quase três vezes o aumento<br />
registrado entre 2017 e<br />
2023, segundo o relatório<br />
Renewables <strong>2024</strong> da AIE.<br />
Lei antidesmate<br />
A proposta da Comissão Europeia<br />
de adiar a aplicação da<br />
sua lei antidesmatamento deu<br />
fôlego aos setores brasileiros<br />
que podem ser afetados pelas<br />
novas regras, mas deixou<br />
pouca margem para comemoração.<br />
Para associações<br />
que representam as cadeias<br />
produtivas, a legislação é prejudicial<br />
e precisa ser corrigida<br />
ou derrubada. A sugestão de<br />
prorrogar para 2026 o início<br />
da regra foi bom, mas a decisão,<br />
contudo, ainda precisa<br />
passar pelo Parlamento e pelo<br />
Conselho Europeu. Aprovada<br />
pela União Europeia em<br />
2023, a norma proíbe que<br />
países do bloco importem<br />
produtos provenientes de<br />
áreas que foram desmatadas<br />
após dezembro de 2020 e<br />
estava prevista para começar<br />
a valer em 30 de dezembro<br />
deste ano.<br />
Meta<br />
O relatório afirma que o crescimento<br />
é equivalente à capacidade<br />
atual de energia da<br />
China, da União Europeia, da<br />
Índia e dos Estados Unidos<br />
juntos, mas não é suficiente<br />
para atingir a meta estabelecida<br />
na conferência climática<br />
da ONU COP28. Para que o<br />
mundo triplique a capacidade,<br />
os governos precisam<br />
intensificar esforços para integrar<br />
as energias renováveis<br />
às redes elétricas. Isso exige<br />
a construção e a modernização<br />
de 25 milhões de quilômetros<br />
de redes e o alcance<br />
de 1.500 GW de capacidade<br />
de armazenamento até 2030,<br />
informou a AIE.<br />
12<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Selo global<br />
A Agência Internacional de<br />
Energia apresentou dois relatórios<br />
durante as reuniões do<br />
G20 que propõem um sistema<br />
de certificação global para<br />
combustíveis sustentáveis,<br />
considerando tanto as emissões<br />
diretas de gases de efeito<br />
estufa como aquelas geradas<br />
pelo uso da terra. A<br />
ideia é aplicar a cada combustível<br />
um selo de sustentabilidade<br />
em graus que variem de<br />
A a E, de forma semelhante ao<br />
selo de eficiência energética<br />
usado hoje em eletrodomésticos.<br />
Com isso, o mecanismo<br />
poderia ser facilmente assimilado<br />
pela sociedade - tanto<br />
por investidores, para decidir<br />
sobre a aplicação de recursos,<br />
como pela população em<br />
geral, ao abastecer veículos,<br />
por exemplo.<br />
Dias secos<br />
O Brasil teve uma média de 100 dias secos consecutivos<br />
por ano de 2011 a 2020. São 20 dias de seca a mais na<br />
comparação com o período que vai de 1961 a 1990, o<br />
que representa um aumento de 25%. É o que mostra um<br />
estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).<br />
Considera-se dia seco, para fins do estudo, todo<br />
período de 24h com precipitação abaixo de 1mm de<br />
chuva. A pesquisa utilizou dados de 11.473 pluviômetros<br />
espalhados pelo país para calcular os volumes de chuva<br />
e os períodos de seca ao longo das décadas. Além disso,<br />
usou também as informações de temperatura coletados<br />
por 1.252 estações meteorológicas.<br />
Escaldadura das folhas<br />
Pesquisa inédita realizada<br />
pelo Instituto Agronômico<br />
(IAC) mostrou que a bactéria<br />
Biodiesel<br />
Atualmente, o biodiesel representa<br />
14% da mistura do diesel<br />
no Brasil. Um incremento nessa<br />
composição pode reduzir significativamente<br />
a emissão de dióxido<br />
de carbono (CO2). Com o<br />
potencial de aumentar a mistura<br />
de biodiesel no diesel para 25%<br />
até 2035, o Brasil pode deixar<br />
de emitir mais de 320 bilhões<br />
de toneladas de CO2 na próxima<br />
década.<br />
causadora da escaldadura<br />
das folhas da cana-de-açúcar,<br />
a principal doença bacteriana<br />
desta cultura, é transmitida<br />
pela cigarrinha-das-raízes.<br />
O inseto vetor carrega a<br />
bactéria Xanthomonas albilineans<br />
e a transfere para plantas<br />
sadias, transmitindo essa<br />
doença que não tem controle<br />
e, na maioria das vezes, é assintomática.<br />
Com essa descoberta,<br />
o desenvolvimento<br />
de variedades resistentes à<br />
cigarrinha-das-raízes pode<br />
ser uma das estratégias para<br />
controlar a escaldadura das<br />
folhas.<br />
Restauração<br />
O Inpe fez análises sobre as<br />
temperaturas máximas, as<br />
ondas de calor e os índices de<br />
precipitação no Brasil. Os resultados<br />
mostram que o aumento<br />
da estiagem foi acompanhado<br />
por outras mudanças<br />
que tornaram o clima mais<br />
extremo no país. A quantidade<br />
de dias por ano com ondas<br />
de calor, por exemplo, passou<br />
de 7 para 52 em três décadas.<br />
Calor<br />
Já as temperaturas máximas<br />
aumentaram em até 3°C em<br />
60 anos. A região Sul teve um<br />
aumento de 30% na precipitação<br />
média anual. Tanto os<br />
dados de dias consecutivos<br />
secos quanto a precipitação<br />
máxima em cinco dias servem<br />
para determinar a ocorrência<br />
de extremos climáticos, que<br />
aumentaram no período estudado.<br />
O Brasil registra um crescimento<br />
expressivo nas iniciativas<br />
de restauração ecológica,<br />
com 150 mil hectares em processo<br />
de restauração, uma<br />
área equivalente à da cidade<br />
de São Paulo. Trata-se de um<br />
aumento de 90% em relação a<br />
2021, quando foram mapeados<br />
79 mil hectares. O avanço<br />
se deu particularmente na<br />
Mata Atlântica e no Cerrado.<br />
Os dados são do Observatório<br />
da Restauração e Reflorestamento<br />
da Coalizão Brasil<br />
Clima, Florestas e Agricultura.<br />
Os biomas mais beneficiados<br />
com projetos de restauração<br />
no período foram a Mata<br />
Atlântica (com 117 mil hectares,<br />
77% do total) e o Cerrado<br />
(19,6 mil hectares, ou 13%).<br />
Na Amazônia, foram identificados<br />
14,5 mil hectares em restauração<br />
(9,5%). No fim do<br />
ranking estão a Caatinga (114<br />
hectares em restauração, ou<br />
0,08% do total) e o Pampa<br />
(11,3 hectares, equivalente a<br />
0,07%). A coleta de informações<br />
ainda está em estágio<br />
inicial no Pantanal.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
13