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Jornal Paraná Novembro 2024

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OPINIÃO<br />

De sonho a realidade -<br />

o projeto de uma vida<br />

O Combustível do Futuro tem tudo para se tornar<br />

o maior programa de descarbonização da matriz<br />

de transportes e mobilidade do planeta<br />

Por Miguel Tranin<br />

Asanção do Projeto de Lei<br />

Combustível do Futuro, no<br />

dia oito de outubro de<br />

<strong>2024</strong>, foi o ápice de um grande<br />

sonho, que se consolidou nos últimos<br />

dois anos com a união do<br />

setor automotivo nacional. Pode<br />

se dizer, como enfatiza o governo,<br />

que se trata do maior programa<br />

de descarbonização da matriz de<br />

transportes e mobilidade do planeta<br />

e que veio para substituir os<br />

combustíveis fósseis no transporte<br />

terrestre, marítimo e aéreo<br />

por combustíveis sustentáveis e<br />

limpos no Brasil.<br />

O ministro de Minas e Energia,<br />

Alexandre Silveira, disse que o<br />

programa irá destravar “investimentos<br />

em diversas áreas e colocar<br />

o país na liderança global<br />

para uma transição energética no<br />

mercado de descarbonização do<br />

setor de transporte”. Se isso efetivamente<br />

acontecer, o Combustível<br />

do Futuro pode ser determinante<br />

para o futuro do setor de<br />

transporte e de mobilidade no<br />

Brasil e, tudo isso, apenas reconhecendo<br />

o valor estratégico dos<br />

biocombustíveis e implementando<br />

uma solução brasileira para a<br />

descarbonização.<br />

Em um evento, há dois anos<br />

atrás, comentei com o grande<br />

embaixador dos biocombustíveis,<br />

Plinio Nastari, presidente da Datagro,<br />

que eu parecia estar vendo<br />

um sonho se realizar com toda<br />

aquela mobilização. Há anos buscávamos<br />

um maior engajamento<br />

das indústrias em investimentos<br />

que pudessem não só evidenciar<br />

as qualidades desses combustíveis,<br />

mas, também, mostrar a capacidade<br />

tecnológica e a competitividade<br />

frente aos combustíveis<br />

fósseis.<br />

Com a união do setor produtivo<br />

agroindustrial, somados ao automotivo,<br />

a academia, a Embrapa e<br />

aos trabalhadores, foi possível visualizar<br />

o “Movimento de Baixo<br />

Carbono Brasil”, um grande sonho<br />

voltado a todas as fontes de<br />

biocombustíveis do nosso país,<br />

que é reconhecido em todo o<br />

mundo pelas variadas opções<br />

sustentáveis de energia e de mobilidade,<br />

capacidade esta que nos<br />

últimos anos, com os avanços<br />

tecnológicos mais recentes, tem<br />

dado origem a novos produtos e<br />

processos, como o combustível<br />

sustentável para aviação (SAF, na<br />

sigla em inglês), o gás biometano,<br />

o biogás, os veículos flex e<br />

híbrido, a célula de combustível e<br />

toda combinação de mobilidade.<br />

Mas, além das iniciativas de fomento<br />

à descarbonização e mobilidade<br />

sustentável, a Lei do<br />

Combustível do Futuro veio promover<br />

a integração de diversas<br />

políticas públicas relacionadas ao<br />

setor de transportes, como a Política<br />

Nacional de Biocombustíveis<br />

(RenovaBio), o Programa de Mobilidade<br />

Verde (Mover) e o Programa<br />

de Controle da Poluição do<br />

Ar por Veículos (Proconve).<br />

Com a implementação do MBCB<br />

- Acordo de Mobilidade de Baixo<br />

Carbono para o Brasil -, vimos<br />

entrar em ação a busca pela mobilidade<br />

verde, ou como se tem<br />

dito, a busca pela desfossilização,<br />

e isso em uma velocidade nunca<br />

vista. E agora, com a sanção do<br />

“Combustível do Futuro”, que<br />

consolidou o “ciclo de vida” do<br />

combustível, “do berço ao túmulo”,<br />

isso vem coroar a posição<br />

do Brasil e a sua importância na<br />

transição energética em todo o<br />

mundo, com soluções inovadoras<br />

para enfrentar os desafios da<br />

mudança climática.<br />

Além de toda preservação promovida,<br />

como o país do combustível<br />

limpo, que praticamente zera<br />

a emissão de gases poluentes em<br />

sua mobilidade terrestre com o<br />

etanol, o biodiesel e outras opções,<br />

estamos trabalhando para<br />

conquistar o mesmo na mobilidade<br />

aérea e, no futuro, nas indústrias.<br />

A história dos biocombustíveis no<br />

Brasil começou com o uso de<br />

etanol nos veículos, depois vieram<br />

os veículos flex, o híbrido e o<br />

biogás, a mistura gradativa na gasolina<br />

e no diesel e, por fim, a célula<br />

de combustível. Também vemos<br />

o crescimento vigoroso do<br />

etanol de milho, que além de<br />

combustível e energia elétrica, é<br />

fonte de alimento para aves, suínos<br />

e bovinos, agregando valor a<br />

produção do grão e que nos tornarão<br />

um grande exportador de<br />

proteína animal, gerando emprego,<br />

renda e tributos ao país.<br />

Com os projetos aprovados o caminho<br />

será de aumento da mistura<br />

de etanol à gasolina iniciando<br />

para 30% e podendo chegar até<br />

35%, isso após a realização de<br />

mais pesquisas e testes, pois<br />

uma mistura maior de etanol aumenta<br />

a octanagem da gasolina.<br />

Outra medida importante prevista<br />

na lei, entre as inúmeras propostas,<br />

é que que as montadoras poderão<br />

regular o motor dos veículos<br />

flex para o etanol e não para<br />

a gasolina, como é feito atualmente.<br />

Todas essas ações fortalecem a<br />

produção nacional de biocombustíveis,<br />

reduzindo as emissões<br />

de carbono no setor de transporte<br />

e mobilidade, ao mesmo tempo<br />

em que impulsionam a economia,<br />

gerando empregos e aumentando<br />

a segurança energética do país,<br />

também com o fornecimento de<br />

energia elétrica para as indústrias<br />

e cidades. Uma matriz energética<br />

limpa e competitiva. E isso deve<br />

ser motivo de orgulho para todo<br />

brasileiro, num contexto onde o<br />

Brasil segue com uma das matrizes<br />

elétricas mais limpas do mundo,<br />

com 89,2% sendo produzida<br />

a partir de fontes renováveis.<br />

Os primeiros passos já foram<br />

dados, mas, muito ainda há por<br />

vir. E para que o sonho efetivamente<br />

se torne realidade há muito<br />

ainda a ser feito pela pesquisa,<br />

pelo governo e pela iniciativa privada,<br />

investindo no Combustível<br />

do Futuro para que este se torne<br />

o nosso presente, contribuindo<br />

para a economia do país, para a<br />

saúde da população e para a preservação<br />

do meio ambiente.<br />

Como, certamente, nossos veículos<br />

em um futuro próximo serão<br />

Carbono Positivo, ou seja, toda a<br />

cadeia produtiva dos biocombustíveis,<br />

ao final, será reconhecida<br />

pela captura do Carbono.<br />

Miguel Tranin, presidente da Alcopar<br />

(Associação Produtores de Bioenergia<br />

Estado PR), do Sialpar (Sindicato Indústria<br />

Fabricação Álcool Estado PR),<br />

do Siapar (Sindicato Indústria do Açúcar<br />

Estado PR), do Sibiopar (Sindicato<br />

Indústria de Produção Biocombustíveis<br />

derivados Biomassa Renovável,<br />

Biodiesel e Etanol Milho Estado PR),<br />

e Sibielpar (Sindicato Indústria Produção<br />

e Geração Bioeletricidade através<br />

biomassa e biogás Cana Estado PR).<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


CANA-DE-AÇÚCAR<br />

Safra menor no <strong>Paraná</strong><br />

deve encerrar em novembro<br />

Expectativa é de quebra na safra <strong>2024</strong>/25, que deve encerrar com<br />

um mês de antecedência, devido às altas temperaturas e estiagens<br />

Asafra de cana-de-açúcar<br />

<strong>2024</strong>/25 no <strong>Paraná</strong><br />

caminha para o<br />

seu encerramento.<br />

Várias usinas já paralisaram<br />

suas máquinas. A expectativa<br />

é de até o final de novembro<br />

toda as unidades industriais<br />

sucroenergéticas do Estado<br />

estejam paralisadas para manutenção.<br />

Isso deve adiantar<br />

em praticamente um mês o<br />

encerramento da safra de<br />

cana-de-açúcar no <strong>Paraná</strong> em<br />

relação ao ano passado e ao<br />

que normalmente ocorre.<br />

O clima mais seco durante todo<br />

o ano acelerou a colheita reduzindo<br />

a quantidade de dias parados<br />

na indústria. As estiagens,<br />

entretanto, reduziram a produtividade<br />

dos canaviais, que sofreram<br />

com a falta de água. Portanto,<br />

a produção de cana-deaçúcar<br />

no <strong>Paraná</strong> deve ser bem<br />

menor do que a do ano passado,<br />

quando foram esmagadas<br />

36,3 milhões de toneladas de<br />

cana-de-açúcar.<br />

“Já no início da safra tínhamos<br />

a expectativa de uma quebra<br />

na safra desse ano, por conta<br />

das altas temperaturas e das<br />

estiagens registradas no ano<br />

passado. Os canaviais já vinham<br />

sentindo bastante o<br />

clima adverso, mas, ainda não<br />

havia fundamentos técnicos<br />

para reduzir os números da<br />

previsão de safra no Estado.<br />

Tudo dependeria de como o<br />

clima se comportaria ao longo<br />

do ano”, avalia o presidente da<br />

Alcopar, Miguel Tranin.<br />

Como o déficit hídrico novamente<br />

se repetiu neste ano, o<br />

que era uma grande incerteza<br />

vem se configurando em uma<br />

quebra que deve ficar em 5% a<br />

10%, ressalta Tranin. “Tudo depende<br />

ainda de quanto de cana<br />

será possível moer em março,<br />

quando as usinas retomam as<br />

atividades, mas, a produção de<br />

cana-de-açúcar ainda é computada<br />

como da safra do ano anterior.<br />

Se o clima for mais favorável<br />

neste final de ano, talvez<br />

ainda possamos colher mais<br />

um milhão de toneladas em<br />

março, antes de iniciar a próxima<br />

safra em abril”, prevê.<br />

Até o dia 1 de novembro, a moagem<br />

de cana-de-açúcar realizada<br />

pelas unidades produtoras<br />

do <strong>Paraná</strong>, no acumulado da<br />

safra, continuava 4% abaixo do<br />

volume produzido na safra passada.<br />

Foram processadas até a<br />

data pouco mais do que 30,5<br />

milhões de toneladas, comparada<br />

com a produção da safra<br />

anterior de 31,8 milhões de toneladas<br />

no período. O problema<br />

é que no ano passado a colheita<br />

avançou até quase o final de dezembro.<br />

“Nas últimas quinzenas<br />

o ritmo de moagem tem sido<br />

prejudicado em razão de algumas<br />

ocorrências de chuvas,<br />

mas a colheita deve paralisar até<br />

o final de novembro”, acrescenta<br />

o presidente da Alcopar.<br />

A produção de açúcar tem sido<br />

priorizada, com aumento na<br />

participação do mix em 3,4%,<br />

totalizando 2,47 milhões de toneladas<br />

produzidas contra<br />

2,46 milhões de toneladas da<br />

commodity no mesmo período<br />

do ano passado, pouco acima,<br />

apesar do menor volume de<br />

cana processada este ano.<br />

Com relação a produção de<br />

etanol total, entretanto, observa-se<br />

uma redução de<br />

7,3%, somando 981,89 milhões<br />

de litros até 1 de novembro,<br />

com destaque para a<br />

queda de 16,4% na produção<br />

de etanol anidro em relação ao<br />

mesmo período na safra passada,<br />

totalizando 524,62 milhões<br />

de litros, e o aumento na<br />

produção do etanol hidratado<br />

(+5,9%) comparado ao período<br />

anterior, totalizando 457,28<br />

milhões de litros.<br />

Já o ATR (Açúcar Total Recuperável)<br />

por tonelada de cana,<br />

também no acumulado desta<br />

safra, está 1,1% maior em relação<br />

ao período anterior totalizando<br />

140,16 Kg, quando<br />

comparado com a safra passada<br />

de 138,61 Kg, devido ao<br />

clima mais seco, que favorece<br />

o maior acúmulo de açúcar na<br />

cana e o melhor rendimento industrial.<br />

4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


CENTRO-SUL<br />

Volume esmagado é<br />

semelhante ao do ano passado<br />

No acumulado, moagem<br />

atingiu 566,03 milhões<br />

de toneladas, ante 561,09<br />

milhões de toneladas no<br />

ciclo anterior, crescimento<br />

de 0,88%<br />

Na segunda quinzena<br />

de outubro, as unidades<br />

produtoras<br />

da região Centro-<br />

Sul processaram 27,17 milhões<br />

de toneladas ante a<br />

34,66 milhões da safra 2023/<br />

24 - o que representa uma<br />

queda de 21,62%. No acumulado<br />

desde o início da<br />

safra <strong>2024</strong>/25 até 1º de novembro,<br />

a moagem atingiu<br />

566,03 milhões de toneladas,<br />

ante 561,09 milhões de toneladas<br />

registradas no mesmo<br />

período no ciclo anterior -<br />

crescimento de 0,88%.<br />

Operaram na segunda quinzena<br />

de outubro 250 unidades<br />

produtoras na região<br />

Centro-Sul, sendo 231 unidades<br />

com processamento de<br />

cana, nove empresas que fabricam<br />

etanol a partir do<br />

milho e dez usinas flex. No<br />

mesmo período, na safra<br />

23/24, operaram 258 unidades<br />

produtoras.<br />

Até o final da segunda quinzena<br />

de outubro, 27 unidades<br />

encerram a moagem. No<br />

acumulado desde o início do<br />

ciclo <strong>2024</strong>/25, 38 unidades<br />

finalizaram as operações. No<br />

mesmo período da safra anterior,<br />

26 usinas haviam finalizado<br />

a moagem.<br />

Além do término de safra em<br />

algumas unidades, a redução<br />

na moagem quinzenal esteve<br />

associada à dificuldade de<br />

operacionalização da colheita<br />

em Goiás, Minas Gerais e nas<br />

regiões central e noroeste<br />

paulista, que foram impactadas<br />

pelas chuvas.<br />

Em relação à qualidade da<br />

matéria-prima, o nível de<br />

Açúcares Totais Recuperáveis<br />

(ATR) registrado na segunda<br />

quinzena de outubro<br />

atingiu 149,48 kg de ATR por<br />

tonelada de cana-de-açúcar,<br />

contra 146,14 kg por tonelada<br />

na safra 2023/24 - variação<br />

positiva de 2,28%. No<br />

acumulado da safra, o indicador<br />

marca 142,58 kg de ATR<br />

por tonelada, índice levemente<br />

superior (1,04%) ao<br />

do último ciclo na mesma posição.<br />

Até o final da segunda quinzena<br />

de outubro, 27 unidades<br />

encerram a moagem.<br />

6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Produção de açúcar e etanol<br />

A produção de açúcar na segunda<br />

metade de outubro totalizou<br />

1,78 milhões de toneladas,<br />

registrando queda de<br />

24,30% na comparação com<br />

a quantidade observada em<br />

igual período na safra 2023/<br />

224 (2,36 milhões de toneladas).<br />

No acumulado desde o<br />

início da safra até 1º de novembro,<br />

a fabricação do adoçante<br />

totalizou 37,38 milhões<br />

de toneladas, contra 37,27<br />

milhões de toneladas do ciclo<br />

anterior (+0,27%).<br />

Na última quinzena de outubro,<br />

apenas 46,12% da matéria-prima<br />

disponível foi direcionada<br />

para a produção de<br />

açúcar, ante 48,85% observados<br />

no mesmo período da<br />

safra 2023/24.<br />

A fabricação de etanol pelas<br />

unidades do Centro-Sul, por<br />

sua vez, atingiu 1,64 bilhão de<br />

litros, sendo 990,3 milhões de<br />

litros de etanol hidratado (-<br />

8,22%) e 650,3 milhões de litros<br />

de etanol anidro<br />

(-8,03%). No acumulado do<br />

atual ciclo agrícola, a fabricação<br />

do biocombustível totalizou<br />

28,85 bilhões de litros<br />

(+6,87%), sendo 18,38 bilhões<br />

de etanol hidratado<br />

(+15,11%) e 10,46 bilhões<br />

de anidro (-5,08%).<br />

Do total de etanol obtido na<br />

segunda quinzena de outubro,<br />

21,8% foram fabricados a<br />

partir do milho, que registrou<br />

produção de 357,92 milhões<br />

de litros neste ano, contra<br />

268,62 milhões de litros no<br />

mesmo período do ciclo<br />

2023/24 - aumento de<br />

33,25%. No acumulado desde<br />

o início da safra até 1º de novembro,<br />

a produção de etanol<br />

de milho atingiu 4,49 bilhões<br />

de litros - avanço de 27,80%<br />

na comparação com igual período<br />

do ano passado.<br />

Vendas de etanol<br />

No mês de outubro, as vendas<br />

de etanol totalizaram 3,03 bilhões<br />

de litros, o que representa<br />

uma variação positiva<br />

de 4,65% em relação ao<br />

mesmo período da safra<br />

2023/24.<br />

No mercado interno, o volume<br />

de etanol hidratado vendido<br />

pelas unidades do Centro-Sul<br />

totalizou 1,82 bilhão de litros,<br />

o que representa um aumento<br />

de 6,27% em relação ao<br />

mesmo período da safra anterior.<br />

A venda de etanol anidro,<br />

por sua vez, atingiu a marca<br />

de 1,09 milhão de litros,<br />

avanço de 13,21%.<br />

No acumulado desde o início<br />

da safra até o término de outubro,<br />

a comercialização de<br />

etanol pelas unidades do Centro-Sul<br />

somou 20,86 bilhões<br />

de litros, registrando crescimento<br />

de 14,38%. O volume<br />

acumulado de etanol hidratado<br />

totalizou 13,49 bilhões<br />

de litros (+ 25,96%), enquanto<br />

o de anidro alcançou<br />

7,37 bilhões de litros (-<br />

2,09%).<br />

"Desde agosto de 2023, o<br />

preço do etanol hidratado na<br />

bomba ficou abaixo de 73%<br />

daquele registrado para a gasolina<br />

em São Paulo, Goiás,<br />

Mato Grosso, Mato Grosso do<br />

Sul, Minas Gerais e <strong>Paraná</strong>,<br />

oferecendo a possibilidade de<br />

descarbonização com economia<br />

aos proprietários de veículos<br />

flex-fuel. Como reflexo<br />

da competitividade do biocombustível,<br />

desde as vendas<br />

de etanol hidratado continuam<br />

registrando crescimento anual<br />

robusto, com aumento médio<br />

superior a 46% em <strong>2024</strong>", explicou<br />

Luciano Rodrigues, diretor<br />

de Inteligência Setorial<br />

da UNICA.<br />

Dados da B3 até o dia 11 de<br />

novembro indicam a emissão<br />

de 36,04 milhões de créditos<br />

em <strong>2024</strong> pelos produtores de<br />

biocombustíveis. A quantidade<br />

de CBios disponível para<br />

negociação em posse da<br />

parte obrigada, não obrigada<br />

e dos emissores totaliza<br />

29,17 milhões de créditos de<br />

descarbonização.<br />

"Somando os CBios disponíveis<br />

para comercialização e<br />

os créditos já aposentados<br />

para cumprimento da meta de<br />

<strong>2024</strong>, já temos quantidade de<br />

títulos suficiente para o atendimento<br />

integral da quantidade<br />

exigida pelo Programa<br />

em 31 de dezembro deste<br />

ano", destacou o diretor da<br />

UNICA.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7


RECONHECIMENTO<br />

Santa Terezinha recebe Certificado<br />

de Energia Renovável <strong>2024</strong><br />

Documento reconhece as empresas que consomem<br />

energia de fontes renováveis, colaborando para<br />

reduzir as emissões de gases poluentes<br />

Em <strong>2024</strong>, a Usina Santa<br />

Terezinha recebeu o<br />

Certificado Sinerconsult<br />

de Energia Renovável,<br />

concedido pela Comerc<br />

Energia à empresa pela redução<br />

do equivalente a 528,62<br />

toneladas de Dióxido de Carbono<br />

por meio da utilização de<br />

energia de fontes renováveis<br />

durante o ano de 2023. As<br />

emissões evitadas voluntariamente<br />

são equivalentes a<br />

3.701 árvores em 30 anos.<br />

Este certificado reconhece as<br />

empresas que consomem<br />

energia de fontes renováveis,<br />

colaborando para reduzir as<br />

emissões de gases poluentes<br />

na atmosfera. O procedimento<br />

empregado no processo é baseado<br />

no GHG Protocol Corporate<br />

Standard, por meio da<br />

Plano de ação visa<br />

reduzir paradas industriais<br />

metodologia de cálculo WRI<br />

(World Resources Institute) –<br />

aceito e adotado mundialmente<br />

por organizações privadas<br />

e/ou organizações públicas<br />

e/ou organizações nãogovernamentais.<br />

As unidades da Usina Santa<br />

Terezinha analisadas e, consequentemente,<br />

certificadas<br />

estão localizadas no <strong>Paraná</strong>:<br />

Maringá (Logística), Paranacity,<br />

Tapejara, Ivaté, Terra Rica,<br />

Rondon, Cidade Gaúcha e<br />

Moreira Sales.<br />

Ivaté ganha com<br />

Bioestação Inteligente<br />

Ao final da safra 2023, um levantamento<br />

feito pela Usina Santa Terezinha em suas<br />

unidades industriais mapeou todas as paradas<br />

de moagem acima de 4 horas por<br />

motivos industriais. O objetivo era identificar<br />

as causas e solucioná-las, priorizando<br />

o período da entressafra.<br />

O resultado? Um Plano de Ação Corporativo<br />

com 54 medidas que, além de beneficiar<br />

cada unidade, visa compartilhar<br />

soluções e disseminar o conhecimento<br />

interno. A iniciativa também serve para<br />

revisitar problemas que podem ter sido<br />

amenizados durante a safra e resolvê-los<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

de forma definitiva, mapeando as falhas<br />

em suas diversas origens.<br />

As ações propostas são abrangentes:<br />

criação de procedimentos operacionais e<br />

de limpeza; aumento da frequência de<br />

análises de óleo; reuniões com fornecedores;<br />

alterações de projetos; aquisição<br />

de equipamentos (demandando investimento).<br />

A Unidade Iguatemi da Santa Terezinha foi<br />

destaque por não possuir nenhum item<br />

no plano, pois não registrou paradas superiores<br />

a 4 horas na safra 2023, sendo<br />

parabenizada pela diretoria da usina.<br />

A Unidade Ivaté, em parceria com a Microgeo,<br />

implantou em <strong>2024</strong> sua primeira<br />

Bioestação Inteligente (BIM)[LT1] . A iniciativa<br />

visa aumentar a matéria orgânica<br />

e a atividade biológica do solo, fatores<br />

cruciais para o aumento da produtividade.<br />

Com uma produção diária de aproximadamente<br />

15.000 litros, a BIM atua como<br />

um condicionador de solo, promovendo<br />

diversos benefícios: restauração da biodiversidade;<br />

alta atividade enzimática; redução<br />

da temperatura foliar; melhoria na<br />

eficiência do uso da água; maior assimilação<br />

de CO2 (dióxido de carbono); melhoria<br />

dos níveis de P (fósforo), Ca2+<br />

(cálcio), Mg2+ (magnésio) e K+ (potássio)<br />

no solo; e auxílio na estruturação física<br />

e descompactação do solo. Também<br />

houve maior enraizamento e desenvolvimento<br />

da parte aérea da cana-de-açúcar.<br />

A aplicação da BIM é direcionada inicialmente<br />

às canas de maior potencial produtivo.<br />

O produto pode ser aplicado em<br />

diversas operações: no plantio; na aplicação<br />

de herbicida em cana planta; na aplicação<br />

de vinhaça localizada e em<br />

conjunto com o ACOP (Aplicação de<br />

Composto Orgânico em Profundidade); e<br />

na aplicação aérea.<br />

A implantação da BIM na Unidade de Ivaté<br />

representa mais um passo na busca por<br />

práticas agrícolas sustentáveis e produtivas,<br />

com foco na Inovação e Resultado.


MEIO AMBIENTE<br />

Potencial dos<br />

biocombustíveis é enorme<br />

Eles podem reduzir de 10% a 15% as emissões de Gases de Efeito Estufa de<br />

combustíveis líquidos em mercados emergentes, conclui estudo da IEA Bioenergy<br />

Amistura de 25% (ou<br />

mais) de biocombustíveis<br />

com baixo teor<br />

de carbono em misturas<br />

de combustíveis convencionais<br />

líquidos em alguns<br />

países selecionados da África<br />

e da Ásia podem levar a reduções<br />

de 10% a 15% na pegada<br />

total de carbono dos combustíveis<br />

líquidos, ou 262 Mt (milhões<br />

de toneladas) de CO 2 e<br />

por ano.<br />

A conclusão é do Task 39, um<br />

dos grupos de trabalho da IEA<br />

Bioenergia, um organismo<br />

subordinado à Agência Internacional<br />

de Energia. E está publicada<br />

no relatório "Biocombustíveis<br />

nos Mercados Emergentes<br />

da África e da Ásia". O<br />

estudo que foi liderado por<br />

Glaucia Mendes Souza, pesquisadora<br />

e professora titular<br />

do Departamento de Bioquímica<br />

da Universidade de São<br />

Paulo (USP) e coordenadora<br />

do Programa de Bioenergia<br />

(BIOEN) da Fundação de Amparo<br />

à Pesquisa do Estado de<br />

São Paulo (Fapesp).<br />

Nele, é detalhado o potencial<br />

da mistura de biocombustíveis<br />

aos combustíveis fósseis de<br />

uso corrente em sete mercados<br />

emergentes: China, Etiópia,<br />

Índia, Indonésia, Malásia,<br />

África do Sul e Tailândia. O estudo<br />

agrega dados a um estudo<br />

anterior que avaliou Argentina,<br />

Brasil, Colômbia e<br />

Guatemala. Juntos, estes 11<br />

países podem contribuir com<br />

quase metade da meta de redução<br />

de emissões globais<br />

necessárias no setor de transporte<br />

para atingirmos a neutralidade<br />

de carbono até 2050<br />

(IEA, 2023).<br />

O documento foi apresentado<br />

oficialmente durante a conferência<br />

BBEST & IEA Bioenergy<br />

<strong>2024</strong>, em São Paulo, entre 22<br />

e 24 de outubro. O evento é<br />

organizado conjuntamente pelo<br />

Programa de Pesquisa em<br />

Bioenergia (BIOEN/FAPESP),<br />

pelo Programa de Colaboração<br />

em Tecnologia de Bioenergia<br />

da Agência Internacional<br />

de Energia (IEA Bioenergy) e<br />

pela Sociedade de Bioenergia<br />

(SBE).<br />

Redução de gases de efeito estufa<br />

"A iniciativa tem como objetivo<br />

apresentar uma estratégia<br />

custo-efetiva para reduzir as<br />

emissões de GEE do setor de<br />

transportes nesses mercados,<br />

já que ele deverá crescer<br />

rapidamente nos próximos<br />

anos em função do desenvolvimento<br />

econômico pelo qual<br />

estão passando", ressalta a<br />

professora.<br />

O relatório apresenta uma estimativa<br />

das emissões de GEE<br />

do biodiesel e do etanol que<br />

podem ser comercializados<br />

em mercados emergentes da<br />

África e da Ásia. "Reduções de<br />

até 87% foram relatadas em alguns<br />

casos de misturas,<br />

quando comparadas às suas<br />

contrapartes de combustíveis<br />

fósseis", comenta ela.<br />

Para a professora, o estudo indica<br />

que os biocombustíveis<br />

são, sim, competitivos em termos<br />

de custos, quando comparados<br />

com a base dos<br />

preços dos combustíveis fósseis,<br />

com algumas exceções.<br />

Entre elas, nos casos de países<br />

em que as matérias-primas são<br />

muito caras para a produção de<br />

biocombustíveis ou nos quais<br />

os combustíveis fósseis são altamente<br />

subsidiados.<br />

Como alternativa à utilização<br />

de matérias-primas locais, o<br />

relatório considera a adoção<br />

do comércio internacional de<br />

biocombustíveis - uma estratégia<br />

amplamente adoptada<br />

para os combustíveis fósseis.<br />

Os resultados demonstraram a<br />

competitividade em termos de<br />

custos desta opção. Outro aspecto<br />

abordado são emissões<br />

adicionais de GEE provenientes<br />

de fretes internacionais, as<br />

quais são facilmente compensadas<br />

pelas poupanças de<br />

GEE proporcionadas pelos biocombustíveis.<br />

O relatório do Task 39 da IEA<br />

Bioenergia traz recomendações<br />

aos decisores de políticas<br />

públicas e inclui sugestões<br />

para o desenvolvimento de políticas<br />

de biocombustíveis que<br />

busquem recompensar critérios<br />

de sustentabilidade e excluir<br />

as práticas insustentáveis<br />

– tudo baseado em esquemas<br />

de certificação.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9


DOIS<br />

PONTOS<br />

BNDES<br />

A chamada pública do BNDES<br />

e da Finep para selecionar<br />

projetos de produção de combustíveis<br />

sustentáveis recebeu<br />

76 propostas. Esses planos<br />

de negócio visam a criação de<br />

biorrefinarias dedicadas à fabricação<br />

de combustíveis<br />

para aviação e navegação, somando<br />

um potencial de R$<br />

167 bilhões em investimentos.<br />

Entre as propostas, 43<br />

são para combustíveis de<br />

aviação e totalizam R$ 120<br />

bilhões. As outras 33, focadas<br />

em combustíveis marítimos,<br />

envolvem R$ 47 bilhões. A iniciativa<br />

busca fortalecer a posição<br />

do Brasil como referência<br />

na produção de energia<br />

renovável, além de atender às<br />

metas da Lei do Combustível<br />

do Futuro.<br />

Transição<br />

energética<br />

A USP inaugurou o Centro de<br />

Inovação para Transição Energética,<br />

ligado à Escola Politécnica,<br />

faculdade de engenharia<br />

da instituição. O grupo vai<br />

focar parcerias entre alunos<br />

da universidade e empresas<br />

privadas para resolver problemas<br />

diários dessas companhias<br />

relacionados à geração<br />

de energia e eficiência energética.<br />

No primeiro semestre de<br />

2025, a USP vai também lançar<br />

uma nova disciplina optativa<br />

sobre transição energética<br />

disponível para alunos de<br />

todos os cursos de graduação<br />

da universidade. Com isso, o<br />

objetivo é que o grupo seja<br />

multidisciplinar. Também poderão<br />

fazer parte do centro<br />

alunos de pós-graduação,<br />

pré-mestrado, mestrado e<br />

pós-doutorado.<br />

Aviação verde<br />

Um impulso global para descarbonizar as viagens aéreas fez com que grupos ligados<br />

a grandes empresas de petróleo e fundos soberanos apostassem no Brasil para se<br />

tornar um dos principais centros globais de combustível de aviação verde. O País<br />

tem se tornado um ímã para esses investimentos, à medida que os países correm<br />

para abocanhar uma parte do que promete ser um mercado de rápido crescimento.<br />

O Brasil, um gigante da agricultura, tem uma ampla variedade de culturas de baixo<br />

custo para a produção de biocombustíveis, o que lhe dá uma vantagem sobre concorrentes,<br />

como os EUA. Além disso, muitos desses insumos brasileiros apresentam<br />

uma pegada de carbono mais baixa, fator essencial para atender aos requisitos na<br />

produção do SAF. A produção de combustível de aviação verde no Brasil tem o potencial<br />

de atingir cerca de 50 bilhões de litros (13,2 bilhões de galões) até 2030<br />

com mais investimentos na agricultura.<br />

São Paulo terá a primeira planta<br />

industrial para produção de<br />

combustível sustentável de<br />

aviação a partir de biogás de resíduos<br />

de biomassa do setor<br />

sucroenergético. A base será<br />

Planta industrial<br />

instalada em Elias Fausto, a 45<br />

Km de Campinas. O projeto<br />

com prazo de três anos prevê<br />

investimentos da ordem de 7,8<br />

milhões de euros. A produção<br />

esperada é de cerca de 750 litros/dia<br />

de SAF, a partir de<br />

2025, que pode ser misturado<br />

com o combustível fóssil querosene<br />

de aviação. O SAF é um<br />

biocombustível que pode ser<br />

produzido a partir de óleos vegetais<br />

(de cana-de-açúcar, milho<br />

ou palma), gorduras animais<br />

e até óleo de cozinha<br />

usado. Ele emite de 60% a 80%<br />

menos carbono do que o querosene<br />

de aviação usado hoje e<br />

é tido como a principal ferramenta<br />

para as companhias aéreas<br />

atingirem a meta com a<br />

qual se comprometeram de<br />

zerar as emissões líquidas de<br />

carbono até 2050.<br />

Hidrogênio<br />

Entrará em operação, no campus<br />

Capital-Butantã da Universidade<br />

de São Paulo (USP), a<br />

primeira estação de abastecimento<br />

de hidrogênio renovável<br />

a partir do etanol do mundo. A<br />

estação produzirá inicialmente<br />

4,5 quilos (kg) de hidrogênio<br />

por hora – aproximadamente<br />

Maturidade<br />

Consideradas fundamentais no<br />

desejo brasileiro de usar a transição<br />

energética como motor<br />

para uma nova indústria, as tecnologias<br />

de hidrogênio verde e<br />

combustível sustentável de<br />

aviação (SAF) demandam ainda<br />

forte apoio governamental e só<br />

devem atingir a maturidade em<br />

2035. Essa é a avaliação da<br />

MIT Tech Review, publicação do<br />

braço de energia da renomada<br />

universidade americana. O Brasil<br />

é apontado como uma das lideranças<br />

no processo de<br />

100 kg por dia. O combustível<br />

será utilizado para o abastecimento<br />

de três ônibus urbanos<br />

que circularão pelo campus da<br />

USP, e um rodoviário, com autonomia<br />

de 450 quilômetros,<br />

suficiente para ir e voltar da Cidade<br />

Universitária para Piracicaba,<br />

no interior paulista.<br />

transição, pela elevada capacidade<br />

de geração de energia renovável.<br />

Já começa a atrair<br />

projetos de hidrogênio verde,<br />

considerado fundamental para<br />

descarbonizar indústrias como<br />

a siderúrgica e a química. Para<br />

os especialistas do MIT, os governos<br />

terão papel fundamental<br />

no desenvolvimento dessa tecnologia,<br />

com políticas de subsídio<br />

e créditos de carbono para<br />

fomentar a infraestrutura para<br />

produção, transporte e armazenamento.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Mais quente<br />

<strong>2024</strong> superará 2023 como o<br />

ano mais quente do mundo<br />

desde que os registros começaram,<br />

disse o observatório Copernicus,<br />

da União Europeia. O<br />

observatório afirmou que de janeiro<br />

a outubro a temperatura<br />

média global foi tão alta que<br />

<strong>2024</strong> certamente será o ano<br />

mais quente da história - a menos<br />

que a anomalia de temperatura<br />

no restante do ano caia para<br />

quase zero. Os cientistas disseram<br />

que <strong>2024</strong> também será o<br />

primeiro ano em que o planeta<br />

Emissões de carbono<br />

O Brasil não reduziu suas emissões de gases de efeito estufa<br />

nos últimos cinco anos e, mantido o atual ritmo, não vai fazer<br />

sua parte para o mundo cumprir o Acordo de Paris. Pelo<br />

pacto, o planeta deveria limitar o aquecimento global a 1,5°C<br />

acima do nível pré-industrial. Mesmo ao se excluir a parte de<br />

uso da terra e florestas, o Brasil mostrou um aumento médio<br />

de 1,7% nas emissões nos últimos cinco anos (de 2019 a<br />

2023). Quando analisada apenas a parte excluída, houve<br />

crescimento médio de 0,8% no período. Levantamento<br />

aponta que país ficaria acima do alvo mesmo considerando<br />

sua participação justa no objetivo.<br />

Açúcar<br />

estará mais de 1,5°C mais quente<br />

do que no período pré-industrial<br />

(de 1850-1900), quando os<br />

humanos começaram a queimar<br />

combustíveis fósseis em escala<br />

industrial. As emissões de dióxido<br />

de carbono provenientes da<br />

queima de carvão, petróleo e<br />

gás são a principal causa do<br />

aquecimento global. Os países<br />

concordaram no Acordo de<br />

Paris de 2015 em tentar evitar<br />

que o aquecimento global ultrapasse<br />

1,5°C, para evitar suas<br />

piores consequências.<br />

O ano nem acabou e o Brasil já<br />

bateu o recorde histórico de<br />

exportação de açúcar ao exportar<br />

31,68 milhões de toneladas<br />

de açúcar entre janeiro e<br />

outubro de <strong>2024</strong>, com receita<br />

cambial de US$ 15,45 bilhões.<br />

O número já é superior à soma<br />

de todo o ano passado, quando<br />

31,28 milhões de toneladas<br />

foram vendidas internacionalmente,<br />

de acordo com a Secretaria<br />

de Comércio Exterior.<br />

Expectativa é que país embarque<br />

cerca de 40 milhões de toneladas<br />

do produto em <strong>2024</strong>.<br />

O crescimento se deve a problemas<br />

climáticos na Índia,<br />

país que, tradicionalmente, se<br />

destaca pela produção, consumo<br />

e também venda do<br />

item.<br />

Os subsídios do governo federal<br />

para energias renováveis<br />

cresceram em 2023,<br />

mas 81,9% dos incentivos<br />

fiscais ainda são direcionados<br />

para os combustíveis<br />

fósseis (petróleo e gás natural,<br />

sobretudo), que, por sua<br />

O futuro dos biocombustíveis<br />

no Brasil é altamente promissor,<br />

de acordo com projeções<br />

do Itaú BBA feitas durante o<br />

Agro Vision <strong>2024</strong>. As estimativas<br />

da instituição financeira<br />

indicam que a produção de<br />

etanol, proveniente tanto de<br />

milho quanto de cana-de-açúcar,<br />

deve aumentar 84%, passando<br />

de 32 bilhões de litros<br />

em <strong>2024</strong> para 59 bilhões de litros<br />

em 2037. Já a produção<br />

de biodiesel deverá crescer<br />

130%, dando um salto de 10<br />

bilhões de litros produzidos<br />

atualmente para 23 bilhões de<br />

A região Centro-Sul enfrentou<br />

acentuado déficit hídrico no<br />

período de outubro de 2023 a<br />

setembro de <strong>2024</strong>, impactando<br />

o desenvolvimento dos<br />

canaviais colhidos na safra<br />

atual. A produtividade agrícola<br />

do mês de setembro se mostrou<br />

inferior à observada na<br />

safra passada (69,7 t/ha nessa<br />

Produção global<br />

Subsídios<br />

vez, não tiveram redução significativa<br />

na comparação<br />

com 2022.<br />

É o que mostra estudo do<br />

Instituto de Estudos Socioeconômicos.<br />

Pelos cálculos<br />

da instituição, para cada R$<br />

1 investido em renováveis,<br />

Biocombustível<br />

litros em 2037. O Brasil tem a<br />

oportunidade de atender essa<br />

demanda crescente apostando<br />

na conversão de terras<br />

degradadas, expansão do<br />

Produtividade<br />

safra contra 83,4 t/ha na safra<br />

anterior). Analisando os dados<br />

acumulados, o Centro-Sul alcançou<br />

uma produtividade de<br />

83,2 toneladas por hectare até<br />

setembro de <strong>2024</strong>, dentro da<br />

média das últimas 10 safras,<br />

que é de 79,7 t/ha, segundo<br />

dados do Programa de Benchmarking<br />

do CTC (Centro de<br />

A Czarnikow, empresa britânica<br />

do ramo de açúcar e<br />

etanol, elevou ligeiramente<br />

sua previsão de um excedente<br />

global de açúcar na<br />

temporada <strong>2024</strong>/25 para 4,7<br />

milhões de toneladas métricas,<br />

impulsionada por uma<br />

melhor perspectiva de produção<br />

na Colômbia. A empresa<br />

havia projetado anteriormente<br />

um excedente de 4,5<br />

milhões, viu a oferta na temporada<br />

<strong>2024</strong>/25 aumentar<br />

para 184,7 milhões de toneladas,<br />

0,4 milhão a mais do<br />

que em sua projeção anterior<br />

e bem acima dos 181,5 milhões<br />

da temporada anterior.<br />

O consumo global na temporada<br />

<strong>2024</strong>/25 foi estimado<br />

em 180,0 milhões de toneladas,<br />

um aumento de 0,3 milhão<br />

em relação à previsão<br />

do mês passado. O consumo<br />

da temporada anterior foi estimado<br />

em 177,6 milhões.<br />

outros R$ 4,52 vão para os<br />

fósseis. Em 2023, a soma de<br />

tudo isso chegou a um total<br />

de quase R$ 100 bilhões,<br />

dentre os quais R$ 81,7 bilhões<br />

foram para fósseis,<br />

apenas 0,45% a menos que<br />

em 2022.<br />

milho de segunda safra sobre<br />

áreas de soja, uso de biomassa<br />

residual, além de investimentos<br />

em irrigação e<br />

aumento de produtividade.<br />

Tecnologia Canavieira). A qualidade<br />

da matéria-prima (ATR)<br />

em setembro foi superior à observada<br />

na safra passada,<br />

como consequência da falta de<br />

chuvas. No acumulado desta<br />

safra, o ATR apresenta um<br />

valor de 136,71 kg de ATR/t de<br />

cana, enquanto na safra passada<br />

foi de 136,1 kg/t.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

11


SETOR ELÉTRICO<br />

Cogeração ajuda a<br />

enfrentar desafios<br />

Cogeração de biomassa bate recorde na garantia física de termelétricas<br />

com crescimento com novos empreendimentos de 399,8 MW médios<br />

Em levantamento da Associação<br />

da Indústria<br />

da Cogeração de Energia<br />

(Cogen) e da União<br />

da Indústria de Cana-de-Açúcar<br />

e Bioenergia (UNICA), o<br />

montante total de garantia física<br />

de termelétricas a biomassa<br />

- que compreende a<br />

produção movida a bagaço de<br />

cana-de-açúcar, licor negro,<br />

resíduos de madeira, biogás<br />

entre outras - obteve um<br />

acréscimo de 399,8 MW médios,<br />

17% acima do registrado<br />

em relação ao ano anterior.<br />

Na análise sem levar em conta<br />

a entrada dos empreendimentos<br />

novos, o balanço também<br />

foi positivo, com acréscimo de<br />

93,9 MWmédios – 4% de<br />

crescimento real nas usinas já<br />

existentes. Com isso, a Garantia<br />

Física Total de Termelétricas<br />

a Biomassa verificada é de<br />

2.701,6 MWmédios, valor recorde<br />

para a série histórica.<br />

O levantamento foi feito com<br />

base na portaria do Ministério<br />

de Minas e Energia nº 2.848/<br />

2042 que define e revisa os<br />

montantes de Garantia Física<br />

de Energia e de disponibilidade<br />

mensal das usinas termelétricas<br />

movidas a biomassa com<br />

Custo Variável Unitário - CVU<br />

nulo. Esses montantes de garantia<br />

física terão vigência a<br />

partir de 1º de janeiro de 2025<br />

com término em 31 de dezembro<br />

de 2025.<br />

De acordo com o presidente<br />

executivo da Cogen, Newton<br />

Duarte, o reconhecimento da<br />

garantia física das usinas movidas<br />

a biomassas é de suma<br />

importância para o País. "A cogeração<br />

vem sendo extremamente<br />

importante para ajudar<br />

o Operador Nacional do Sistema<br />

(ONS) a enfrentar os desafios<br />

do setor elétrico, especialmente<br />

nesse momento,<br />

com pouca água nos reservatórios<br />

das hidrelétricas, principalmente<br />

no subsistema Sudeste-Centro-Oeste.<br />

A cogeração<br />

traz resiliência e provê o<br />

sistema de forma distribuída,<br />

com potência e com capacidade<br />

para enfrentar as oscilações<br />

de tensão diante do<br />

crescimento da geração de<br />

fontes intermitentes na matriz<br />

elétrica brasileira no fim da<br />

tarde, especialmente as solarfotovoltaicas",<br />

afirma Duarte.<br />

Para o gerente de Bioeletricidade<br />

da UNICA, Zilmar Souza,<br />

esse incremento cumpre um<br />

papel importante para uma<br />

matriz energética mais sustentável.<br />

"Esses mais de 2,7 mil<br />

MW médios, por serem de<br />

uma energia renovável e sustentável,<br />

são equivalentes a<br />

evitar a emissão de mais de 7<br />

milhões de toneladas de CO 2<br />

por ano, marca que somente<br />

seria atingida com o cultivo de<br />

51 milhões de árvores nativas<br />

ao longo de 20 anos."<br />

A Cogen e a UNICA defendem<br />

um ajuste regulatório<br />

na Portaria MME 564/<strong>2024</strong>,<br />

de forma a permitir que as<br />

usinas movidas a biomassas<br />

possam ter maior liberdade<br />

e negociar os excedentes da<br />

cogeração, acima da garantia<br />

física, também no ambiente<br />

de contratação livre<br />

(ACL), uma vez que essa indústria<br />

já comercializa mais<br />

de 2/3 de sua energia no<br />

mercado livre.<br />

"O pleito da Cogen é que se<br />

permita que o excedente de<br />

energia de cada usina possa<br />

também ser comercializado<br />

no mercado livre, o que hoje é<br />

limitado pela portaria 564 de<br />

2014 do Ministério de Minas<br />

e Energia. Esse entrave desestimula<br />

o aumento da produção,<br />

visto que as usinas<br />

que excedam sua garantia física<br />

ficam limitadas a liquidar<br />

esse excedente de energia<br />

ao Preço de Liquidação de Diferenças<br />

(PLD) ou vender nos<br />

leilões regulados e, em função<br />

da significativa judicialização<br />

do setor, as usinas acabam levando<br />

muitos anos para receber<br />

por essa energia excedente",<br />

diz Duarte.<br />

12<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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