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DESTAQUE
Prêmio REFERÊNCIA: conheça os vencedores da maior festa do segmento de base florestal
PRONTA PARA O FUTURO
INDÚSTRIA AMPLIA OPERAÇÃO COM NOVA
LINHA DE PRODUÇÃO DE FORMICIDAS
READY FOR THE FUTURE
INDUSTRY EXPANDS OPERATIONS WITH
NEW FORMICIDE PRODUCTION LINE
Linha Pesada HPH
Bicos de metal duro especial (HPH)
Não requer afiação
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vegetação
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SUMÁRIO
NOVEMBRO 2024
38
MAIS FORTE
NO COMBATE
10 Editorial
12 Cartas
14 Bastidores
16 Notas
22 Coluna CIPEM
24 Frases
26 Entrevista
36 Coluna
38 Principal
44 Crescimento
50 Informação
56 Prêmio REFERÊNCIA
60 Solo
64 Compostagem
68 Minuto Floresta
70 Artigo
72 Plantio
74 Pesquisa
80 Artigo
86 Agenda
88 Espaço Aberto
60
74
ANUNCIANTES DA EDIÇÃO
13 BKT
11 Bruno
21 Carrocerias Bachiega
83 D’Antonio Equipamentos
37 Denis Cimaf
02 Dinagro
25 DRV Ferramentas
53 Engeforest
92 Envimat
19 Envimat/CBI
67 Envimat/Compostagem
09 Envu
55 Equilíbrio Florestal
85 Felipe Diesel
06 Fex
04 Himev
33 J de Souza
31 Lion Equipamentos
23 LS Tractor
69 Mill Indústrias
59 Potenza
89 Prêmio REFERÊNCIA
79 Remsoft
35 Rocha Facas
15 Rotary-Ax
47 Rotor Equipamentos
91 Sparta Brasil
27 Tecmater
63 Vale do Tibagi
29 Vantec
49 WDS Pneumática
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O Herbicida seletivo da Envu para impedir as daninhas
desde o início e em todas as épocas do ano
Aplicação
Pré e Pós-Plantio
Das culturas do
eucalipto e pinus
Seletividade
Não afeta o
desenvolvimento
das culturas do
eucalipto e pinus
Flexibilidade
Permite aplicação
em épocas úmidas
e secas
Efeito Recarga
Promove atividade
residual no controle
de plantas daninhas,
mesmo após longos
períodos sem chuvas
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EDITORIAL
Trabalhando por mais
O ano de 2024 marca os 25 anos de existência da Revista REFERÊNCIA.
Nesse quarto de século trabalhamos para fortalecer e defender a indústria
de base florestal e todas as suas áreas de atuação. Do plantio ao processamento
da madeira, lutamos e nos esforçamos para fazer do setor um exemplo
de trabalho e esforço para melhorar o país e proteger o meio ambiente.
Acreditamos e valorizamos o trabalho árduo de todos que estão no campo,
nas estradas e indústrias transformando a madeira em bens de consumo.
Nosso trabalho é representar e mostrar para toda a sociedade e demais órgãos,
que há um setor que cresce, fomenta economia e preserva as riquezas
naturais do nosso país. Nessa edição, o Leitor irá conhecer um pouco mais
sobre a nova linha de produção da Dinagro, especialista em iscas formicidas
resistentes à água, os vencedores do Prêmio REFERÊNCIA Melhores do Ano,
a melhoria das técnicas no agrossilvipastoril, os destaques do relatório IBÁ
2024, a inovação na avaliação de plantas através de ressonância magnética
e uma entrevista exclusiva com Sabrina Marques Wolf, presidente da AGEF
(Associação Gaúcha de Engenheiros Florestais), relatando a importância da
profissão e os desafios para os novos profissionais.
WORKING FOR MORE
In 2024, REFERENCIA celebrates its 25th anniversary. Over the past quarter
century, we have worked to reinforce and promote the Forest-based Sector
and its various segments. From planting to wood processing, we are committed
to making the Sector an exemplar of rigorous work and effort to enhance
the Country and safeguard the environment. We recognize and appreciate the
dedication and hard work of all those involved in the production, transportation,
and processing of wood into consumer goods. It is our responsibility to
represent and demonstrate to society and other entities that there is a sector
that is experiencing growth, contributing to economic expansion, and safeguarding
our Country’s natural resources. This issue will provide readers with
further insight into the new production line from Dinagro, a leading provider
of water-resistant formicide baits. It will also showcase the winners of the
REFERENCIA Best of the Year Award, the latest developments in agroforestry
techniques, key findings from the IBÁ 2024 report, innovative approaches to
plant assessment using magnetic resonance imaging, and an exclusive interview
with Sabrina Marques Wolf, President of the State of Rio Grande do Sul
Association of Forest Engineers (Agef), who will discuss the significance of the
profession and the challenges facing new professionals.
2
Entrevista
com Sabrina
Marques Wolf,
presidente da
AGEF (Associação
Gaúcha de
Engenheiros
Florestais)
1
Na capa dessa edição a
Dinagro, que investiu para
atender ainda melhor
a demanda de iscas
formicidas
As oportunidades de transformar e
utilizar os resíduos da Silvicultura
A Revista da Indústria Florestal / The Magazine for the Forest Product
www.referenciaflorestal.com.br
Ano XXVI • Nº268 • Novembro 2024
DESTAQUE
Prêmio REFERÊNCIA: conheça os vencedores da maior festa do segmento de base florestal
PRONTA PARA O FUTURO
INDÚSTRIA AMPLIA OPERAÇÃO COM NOVA
LINHA DE PRODUÇÃO DE FORMICIDAS
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INDUSTRY EXPANDS OPERATIONS WITH
NEW FORMICIDE PRODUCTION LINE
3
EXPEDIENTE
ANO XXVI - EDIÇÃO 268 - NOVEMBRO 2024
Diretor Comercial / Commercial Director
Fábio Alexandre Machado
fabiomachado@revistareferencia.com.br
Diretor Executivo / Executive Director
Pedro Bartoski Jr
bartoski@revistareferencia.com.br
Redação / Writing
Vinicius Santos
jornalismo@revistareferencia.com.br
Colunista
Cipem
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Depto. de Criação / Graphic Design
Fabiana Tokarski - Supervisão
Ana Paula Vogler
criacao@revistareferencia.com.br
Tradução / Translation
John Wood Moore
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A Revista REFERÊNCIA - é uma publicação mensal e independente,
dirigida aos produtores e consumidores de bens e serviços em madeira,
instituições de pesquisa, estudantes universitários, orgãos governamentais,
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ligados ao segmento de base florestal. A Revista REFERÊNCIA do Setor
Industrial Madeireiro não se responsabiliza por conceitos emitidos em
matérias, artigos ou colunas assinadas, por entender serem estes materiais
de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação,
armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos
textos, fotos e outras criações intelectuais da Revista REFERÊNCIA são
terminantemente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos
direitos autorais, exceto para fins didáticos.
Revista REFERÊNCIA is a monthly and independent publication
directed at the producers and consumers of the good and services of the
lumberz industry, research institutions, university students, governmental
agencies, NGO’s, class and other entities directly and/or indirectly linked
to the forest based segment. Revista REFERÊNCIA does not hold itself
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signed by others. These are the exclusive responsibility of the authors,
themselves. The use, reproduction, appropriation and databank storage
under any form or means of the texts, photographs and other intellectual
property in each publication of Revista REFERÊNCIA is expressly prohibited
without the written authorization of the holders of the authorial rights.
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Capa da Edição 267 da
Revista REFERÊNCIA FLORESTAL,
mês de outubro de 2024
A Revista da Indústria Florestal / The Magazine for the Forest Product
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ENTREVISTA
Celulose: Associação trabalha pelo fortalecimento da produção no extremo sul da Bahia
PLANTIO
DE SUCESSO
PRODUTIVIDADE, VARIEDADE
E CRESCIMENTO MARCAM 20
ANOS DE VIVEIRO FLORESTAL
SUCCESSFUL
PLANTING
PRODUCTIVITY, VARIETY, AND
GROWTH MARK TWO DECADES
FOR A FOREST NURSERY
Ano XXVI • Nº267 • Outubro 2024
PRINCIPAL
Por Claudio Oliveira, Lages (SC)
Santa Catarina não é um Estado florestal à toa. Mais uma grande empresa
enraizada por lá e levando seu grande trabalho para todo o Brasil.
ENTREVISTA
Foto: Emanuel Caldeira
Por Gilberto Souza, Três Lagoas (MS)
Uma região tão importante para a silvicultura deve ser cada vez mais
valorizada por todos aqueles que ali estão. Muito sucesso à ASPEX em
sua luta pelo desenvolvimento da atividade.
LIGNUM
Por Thiago Henrique Lopes Bauru (SP)
Eventos como esse mostram que o segmento florestal é em sua essência feito
por pessoas e esse contato entre elas que move realmente o mercado.
Foto: Malinovski
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Revista Referência Florestal
@referenciaflorestal
@revistareferencia9702
E-mails, críticas e sugestões podem ser
enviados também para redação
jornalismo@revistareferencia.com.br
Mande sua opinião sobre a Revista REFERÊNCIA FLORESTAL
ou a respeito de reportagem produzida pelo veículo.
BASTIDORES
Revista
Foto: REFERÊNCIA
Foto: Emanoel Caldeira
ABTCP
Durante a feira ABTCP em São Paulo (SP), o diretor
comercial da REFERÊNCIA FLORESTAL, Fábio
Machado, teve a oportunidade de conversar com
o vice-presidente do Grupo Cenibra, Júlio César
Tôrres Ribeiro, sobre o crescimento do mercado
florestal da empresa.
BIOMAIS
A equipe da Revista REFERÊNCIA, através da
jornalista Gisele Rossi, esteve visitando a empresa
Comber Indústria em Rio Verde (GO), do sócio e CEO,
Mauro Sérgio Souza, para a produção da capa que foi
publicada na Revista BIOMAIS.
ECONOMIA FORTE
ALTA
O FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou, de
2,1% para 3%, a projeção de crescimento da economia
brasileira neste ano. Apesar da melhoria nas
expectativas para este ano, o fundo estima desaceleração
para 2025, com o crescimento caindo de 2,4%
para 2,2%. O FMI atualizou as previsões de crescimento
para todos os países durante a reunião anual do
órgão, que ocorre em Washington (EUA) nesta semana.
Segundo o fundo, a economia brasileira crescerá
mais que o previsto por causa de resultados melhores
que o esperado no primeiro semestre, o mercado de
trabalho forte, a inflação sob controle e o aumento
da renda. O FMI também citou impacto menor que o
esperado das enchentes no Rio Grande do Sul sobre o
PIB (produto interno bruto).
NOVEMBRO 2024
DINHEIRO MAIS CARO
A previsão do mercado financeiro para o IPCA
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo),
considerando a inflação oficial do país, passou de
4,39% para 4,5% este ano. Para 2025, a projeção
da inflação também subiu de 3,96% para 3,99%.
Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%,
respectivamente. A estimativa para 2024 está no
teto da meta de inflação que deve ser perseguida
pelo BC. Definida pelo CMN (Conselho Monetário
Nacional), a meta é de 3% para este ano, com
intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual
para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é
1,5% e o superior 4,5%.
BAIXA
14 www.referenciaflorestal.com.br
sabres
dentes de corte
ponteiras substituíveis
acessórios
disco de feller
coroas de tração
facas para picadores
SINTA A FORÇA DE CORTAR
O MUNDO EM SUAS MÃOS
rotaryax
rotaryaxoficial
NOTAS
Podcast REFERÊNCIA
Durante o mês de outubro o estúdio do Podcast REFERÊNCIA teve a honra de receber convidados muito importantes para o
desenvolvimento do segmento de base madeireira florestal. Os entrevistados desses episódios foram Martin Kemmsies, americano
radicado em Curitiba (PR), que é engenheiro florestal e consultor da indústria da madeira; e Ricardo Rossini, presidente do Sindusmade/Floema,
que lidera o programa Refloresta Alto Vale, o mesmo tem reconectado produtores e indústrias processadoras do
Estado de Santa Catarina. Os episódios tiveram o apoio da DRV Ferramentas e Águia Máquinas, empresas paranaenses que atuam
oferecendo soluções para o segmento de base florestal.
Martin está no Brasil há mais de duas décadas e desde sua chegada se estabeleceu como uma referência no processamento
de madeira e no período mais recente, construção com madeira. Martin explicou que um dos maiores diferenciais sobre a madeira
estruturada para a construção é que 1 m3 (metro cúbico)
de madeira é diferente de 1 m3 de madeira engenheirada. “É
necessária uma série de testes, para qual carga a madeira está
apta e como aplicar essa madeira dentro da construção”, apontou
Martin (foto ao lado).
Trazendo uma visão de mercado sobre o Brasil em relação
a construção com madeira Martin foi cauteloso e apontou que
ainda há uma série de paradigmas a serem quebrados nesse
ramo, pois há uma cultura de construção já estabelecida em relação
a madeira. “Há ainda uma visão de que a madeira queima
fácil, que terá cupim, que não é resistente, que carrega consigo
uma série de problemas que já tem soluções, mas que não são
do conhecimento do grande público e, por isso, tem um preconceito
que precisa ser derrubado”, alerta Martin.
Ricardo Rossini atua na indústria da madeira há muito tempo,
pois cresceu em meio ao negócio da família. A herança vem
desde a época que sua família ainda estava na Itália. “Tem muito
mais serragem do que sangue nas veias da família”, brincou
Ricardo. O empresário formado em administração de empresas
e especialista em comércio exterior levou sua expertise para o
Sindimade/Floema na busca por melhorar a produção da região
alinhando o direcionamento entre produção madeireira e processamento,
que tomou forma com o Refloresta Alto Vale. “Havia
uma quebra na comunicação entre produtores e indústria
em nossa região e por isso precisamos buscar o alinhamento
entre as partes para fomentar a economia da região”, explicou
Ricardo.
Ricardo relatou que no momento há uma realidade de grande
complicação entre processos e demandas do setor de base
florestal. Ele citou como exemplo a dificuldade de exportação
trazida pelo pouco espaço nos portos nacionais para escoamento
da produção. “Temos como saída para os produtos feitos
de madeira em nossa região o porto de Itajaí, mas temos que
encontrar janelas de espaço para fazer isso, pois não é sempre
que há opções fáceis”, complementou Ricardo (foto ao lado).
Os episódios completos o Leitor pode conferir
no canal do youtube da Revista REFERÊNCIA:
Fotos: REFERÊNCIA
16 www.referenciaflorestal.com.br
Acordo firmado
Foto: divulgação
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudanças
Climáticas), por meio do SFB (Serviço Florestal Brasileiro), firmaram contrato para estruturar e modelar novos projetos de
concessões florestais. Além de contemplar áreas voltadas à prática de atividades de manejo florestal sustentável, essa parceria
visa dar escala às concessões baseadas em créditos de carbono a partir da restauração de áreas degradadas na Amazônia.
O contrato abrange 11 unidades de conservação, que possuem área total de 6 milhões de ha (hectares). Com isso, o Bndes
e SFB pretendem modelar novos projetos para a conservação da floresta e a restauração de áreas degradadas, contribuindo
para o combate ao desmatamento ilegal e para a geração de investimentos, emprego e renda na região amazônica. O plano é
que as novas concessões florestais possibilitem o manejo florestal sustentável em 1,4 milhões de ha e a restauração de 334 mil
ha de florestas degradadas, resultando em investimentos de mais de R$ 6 bilhões ao longo da vigência dos contratos.
Para o diretor de Planejamento e Relacionamento Institucional, Nelson Henrique Barbosa Filho, a saída para estes projetos
florestais passa por combinar capital público e privado. “Quando se fala de concessão, aparecem uns ruídos aqui e ali: temos
de fazer um trabalho de convencimento. Nós do BNDES estamos dedicados a este projeto. Esperamos resultados até metade
do ano que vem, com editais já publicados”, afirmou Nelson
A atuação do BNDES como estruturador de projetos de concessões florestais se iniciou em 2020, a partir de uma primeira
parceria com o SFB e o PPI (Programa de Parceria de Investimentos do Governo Federal), com vistas a ampliar a implantação
de concessões florestais e seus diversos benefícios socioambientais. O trabalho conjunto já rendeu frutos: um contrato
assinado de concessão florestal para restauração da vegetação nativa na Floresta Nacional de Irati (PR) e um pipeline de novas
licitações de concessões florestais previstas para 2025 em cinco florestas no Estado do Amazonas, com mais de 2 milhões de
ha destinados ao manejo florestal sustentável.
Novembro 2024
17
NOTAS
Visita de campo
A Ageflor (Associação Gaúcha de Empresas Florestais) realizou no dia 24 de outubro, o seu quarto Encontro Técnico no ano com
seus associados. O evento aconteceu em Cambará do Sul (RS), na associada Reflorestadores Unidos. Recepcionados com um café da
manhã pelo diretor da empresa no Rio Grande do Sul e vice-presidente da Cadeia Produtiva do Pinus na Ageflor, Cassiano De Zorzi,
e pelo Gerente Florestal, Rafael Wolff, a programação começou com uma apresentação da empresa, com sua trajetória e da atuação
florestal.
Na sequência, foram apresentados experimentos com Pinus taeda da também associada ArborGen. Trata-se de demonstrar a
partir de testes de campo o desenvolvimento de materiais comerciais ArborGen, junto de outros materiais de mercado (testemunhas).
Além de Cambará, a parceria da Unidos com a ArborGen acontece também em fazenda de Cachoeira do Sul.
Em campo, foi possível observar os ganhos de volume, diâmetro e altura dos diferentes materiais genéticos e esclarecer dúvidas
dos presentes. Na visita também foi apresentada a distância uma operação de colheita. Após, o grupo seguiu para almoço, no qual a
empresa ofereceu gentilmente um churrasco a todos. Na parte da tarde, os presentes tiveram apresentação do departamento industrial,
com o coordenador Maicon Passos.
A Ageflor, na pessoa de seu presidente Daniel Chies, encerrou o evento, agradecendo a Reflorestadores Unidos pela recepção,
à equipe da ArborGen pela disponibilidade, bem como a todos os associados, integrantes das instituições do Conselho Consultivo e
demais visitantes que estiveram presentes no encontro, interagindo e desenvolvendo uma sinergia para crescimento do setor como
atividade.
Fotos: Ageflor
18 www.referenciaflorestal.com.br
NOTAS
Proteção à floresta
Um estudo de avaliação de impacto institucional das ações do Programa REM MT, que é coordenado pelo Governo do Estado de
Mato Grosso, por meio da SEMA-MT (Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso), apontou resultados expressivos na
redução do desmatamento no Estado. O estudo, realizado pela empresa Agroicone, avaliou a eficácia do REM MT na preservação de
160 mil ha (hectares) de vegetação em 2 anos.
Uma das principais contribuições do Programa REM para o combate ao desmatamento ilegal em Mato Grosso é a Plataforma com
Imagens de Satélite Planet, que permite o monitoramento em tempo real, com maior precisão e agilidade na identificação de áreas de
desmatamento.
Segundo dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), que analisou o desmatamento evitado em Mato Grosso em 2022, as ações de combate ao desmatamento
no Estado, com recursos do Programa REM MT, foram responsáveis por 27% da área preservada naquele ano.
Desde 2019, o Programa REM investiu R$ 45 milhões em Mato Grosso, recursos direcionados ao aprimoramento do monitoramento,
fiscalização e da reestruturação física dos órgãos do Governo de Mato Grosso responsáveis pelas operações contra crimes
ambientais, o que resultou em um avanço significativo nas ações de combate ao desmatamento, preservação da vegetação nativa e
sustentabilidade do Estado, principalmente com o aumento de tecnologia.
Ligia Vendramin, coordenadora do Programa REM MT, explica que este estudo de impacto foi fundamental para avaliarmos, de
forma mais precisa, como o REM MT tem atuado em Mato Grosso e qual é seu impacto efetivo no combate ao desmatamento e na
vida das pessoas que trabalham para manter a floresta em pé. “Esses resultados positivos são fruto de uma parceria sólida entre o
programa e o Governo de Mato Grosso, alinhada aos objetivos globais de preservação ambiental e sustentabilidade. É a soma desses
esforços que nos permite avançar em direção a um futuro mais sustentável”, destacou Ligia.
Foto: divulgação
20 www.referenciaflorestal.com.br
COLUNA
União de sucesso
Parcerias com instituições
acadêmicas aperfeiçoam
práticas florestais
Por Ednei Blasius, presidente do Cipem
(Centro das Indústrias Produtoras e
Exportadoras de Madeira do Estado de
Mato Grosso)
Atualmente, mais de 5
milhões de hectares
de matas nativas
estão abarcados por
Planos de Manejo
Florestal Sustentável,
com potencial de
expansão para mais
de 6 milhões de
hectares
https://cipem.org.br
22 www.referenciaflorestal.com.br
Pesquisas relacionadas à gestão das florestas apontam soluções para equilibrar
desenvolvimento econômico com sustentabilidade ecológica. Em
Mato Grosso, o Cipem (Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de
Madeira do Estado de Mato Grosso) tem firmado parcerias com instituições
acadêmicas para aprimorar e fortalecer a produção de madeira nativa no
Estado. Somente nos últimos 2 anos, foram implementadas doze ações de inovação e
aprimoramento de práticas com embasamento científico no campo da atividade de base
florestal.
Neste sentido, somando forças com a UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia)
e a UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso), além da Sema (Secretaria
Estadual de Meio Ambiente), foi realizado em setembro, no município mato-grossense
de Alta Floresta, no bioma amazônico, o I Encontro de Identificadores de Árvores Nativas
da Amazônia. O evento promoveu durante 3 dias, com 40 participantes, o intercâmbio
de experiências e atualização de conhecimentos sobre espécies arbóreas, essenciais
para o manejo sustentável das florestas da região.
Outros projetos apoiados pelo Cipem junto às instituições de ensino e pesquisa e
com impacto na sustentabilidade envolvem estudos sobre o potencial energético de
resíduos de madeira, conversão de pó de serra em adubo para melhoramento de solo,
desenvolvimento de software para gestão florestal e sistema computacional para reconhecimento
de espécies arbóreas da Amazônia brasileira. Também foram desenvolvidos
estudos de monitoramento da dinâmica florestal de área de manejo sustentável na
Amazônia mato-grossense e sobre a situação atual das variedades de ipê. Foi realizada,
ainda, atualização de informações técnico-científicas reunidas pelo LAPEX-MAD (Levantamento
e Análise da Produção e Exportação de Madeiras), promovida capacitação
sobre secagem da madeira visando padrão exportação, bem como atualização das espécies
arbóreas nativas mais comercializadas em Mato Grosso.
Em julho deste ano, em parceria com a UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso)
foi criado e apresentado o protótipo de um projeto inovador, batizado de Módulo
TecnoÍndia, que possibilita a aplicação de tecnologias utilizando madeira colhida dos
PMFS (Planos de Manejo Florestal Sustentável). O projeto é resultado de pesquisa coordenada
pelo arquiteto e professor titular aposentado do Departamento de Arquitetura e
Urbanismo da UFMT, José Afonso Botura Portocarrero.
Montado no campus em Cuiabá (MT), o protótipo foi inspirado na arquitetura das
habitações indígenas e apresenta estrutura que passou por testes de carga no Laboratório
de Estruturas do Departamento de Engenharia Civil da UFMT. Além disso, possui
um pedido de patente junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) que é
acompanhado pelo EIT (Escritório de Inovação Tecnológica da UFMT).
Em Mato Grosso, o setor de base florestal é reconhecido por promover práticas eficientes
e ambientalmente responsáveis por meio do manejo sustentável. Atualmente,
mais de 5 milhões de ha (hectares) de matas nativas estão abarcados por PMFS (Planos
de Manejo Florestal Sustentável), com potencial de expansão para mais de 6 milhões
de ha. Das áreas contidas em PMFS, em Mato Grosso são colhidas aproximadamente 46
espécies arbóreas nativas de valor comercial. A colorimetria da madeira tropical mato-
-grossense é caracterizada por 25 tonalidades, variando entre matizes de branco, bege,
amarelo, marrom, vermelho, rosa e verde-oliva. Outros atributos das espécies arbóreas
comerciais são os variados valores de massa, desde os leves aos pesados.
Fotos: divulgação
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FRASES
Foto: Rafael Otero - Podemos do Senado
Precisamos atuar com agilidade,
para não ficarmos nas mãos
dos europeus e desse discurso
travestido de ambiental, mas
que, na realidade, não passa
de uma barreira comercial
para interferir indiretamente no
Código Florestal Brasileiro, para
defender interesses comerciais
e enfraquecer a competitividade
brasileira lá fora
Senador Zequinha Marinho (Podemos-PA),
durante discussões sobre as restrições impostas
pela União Europeia ao Brasil
“Os povos originários do
Pará irão virar a página da
miséria e da dependência
e passarão a ter um
novo desafio de bem
utilizar os recursos que
estarão financiando uma
nova história nos povos
tradicionais da floresta”
Helder Barbalho, governador do Pará, sobre
venda de créditos de carbono realizada pelo
Estado
“Estamos todos alinhados
com a missão do conselho
de promover o crescimento
econômico com eficiência e
segurança jurídica. O benefício
para a teca impulsionará o
setor, que é um destaque na
área florestal e um produto
exportado para a Ásia e
Europa”
César Miranda, secretário do desenvolvimento do
Mato Grosso sobre incentivos fiscais à produção
de teca no Estado, que lidera a produção no
continente
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SERRAS E FACAS INDUSTRIAIS
ENTREVISTA
Liderança
RENOVADA
Renewed leadership
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ENTREVISTA
A
engenharia florestal é a base do segmento de
base florestal madeireira. É na academia e nas
cadeiras deste curso que são formados os profissionais
que vão se dedicar para encontrar caminhos
de produtividade do setor. Sabrina Marques Wolf, presidente
da AGEF (Associação Gaúcha de Engenheiros Florestais)
tem trabalhado para fomentar e melhorar a profissão, unindo
engenheiros e focando no desenvolvimento dos profissionais.
F
orestry Engineering is the foundation of the forest-based
activity. Forestry Schools and their courses
train professionals who are dedicated to finding
ways to increase productivity in the Sector. Sabrina
Marques Wolf, President of the State of Rio Grande
Association of Forest Engineers (Agef), has worked to promote
and improve the profession by bringing engineers together and
focusing on professional development.
Sabrina
Marques Wolf
ATIVIDADE/ ACTIVITY:
Engenheira Florestal da Prefeitura de Lajeado (RS). Formada
pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) em
2014. Atualmente, presidente da AGEF (Associação Gaúcha
de Engenheiros Florestais).
Forestry Engineer for the Municipality of Lajeado (RS). Graduated
from the Federal University of Santa Maria (Ufsm)
in 2014. Currently, President of the State of Rio Grande
Association of Forest Engineers (Agef).
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ENTREVISTA
>> Como foi sua escolha pela Engenharia Florestal?
Foi algo bem natural, pois venho de uma família que sempre trabalhou
com plantio e corte de árvores. Meu avô paterno se chamava
Mário Nicolau Wolf e tinha um horto florestal na cidade de
Cruz Alta (RS). Nas décadas de 60 e 70 ele decidiu fazer mudas
de eucalipto. Levou meu pai e meus tios em um lixão da cidade
e separou sacos de leite descartados para usar como saquinho
para as mudas. As sementes de árvores nativas ele coletava nos
pátios das casas e nos matos. Ele vendia as mudas das árvores
para os moradores de Cruz Alta e região. Vendia até pinheiro-
-alemão na época de natal, mas o carro-chefe do horto eram as
mudas de eucalipto. Meu avô conseguiu importar sementes da
Austrália. Ele fazia até teste de germinação. Quando estavam
grandes, meu pai e meus tios trabalhavam plantando as mudas
nas propriedades e depois fazendo o corte da madeira. Depois
que meu avô morreu em 1995 o horto foi vendido. Meu pai foi
trabalhar em Barra do Ribeiro (RS) onde plantou 90 ha (hectares)
de Acácia-negra. Enquanto cursava o ensino médio, em 2008, fiz
o curso técnico em celulose e papel, em Guaíba (RS). Na época,
o curso era oferecido gratuitamente pelo colégio Gomes Jardim
em parceria com a empresa Aracruz, hoje CMPC Brasil. Na hora
de escolher o próximo passo dos estudos, li em um jornal a
descrição do curso de Engenharia Florestal e essa profissão se
apresentou perfeita para mim. Então, em 2009, fiz o vestibular
na UFSM e entrei no curso. Me formei em 2014. Hoje trabalho
no que gosto. Amo muito minha profissão.
>> O que te motivou a entrar na associação?
Depois que me formei, passei em um concurso de Engenheira
Florestal em Lajeado (RS). Comecei a trabalhar e perceber diversos
desafios, como, por exemplo, a invasão das nossas atribuições
por outras profissões. Também, como não tive mais contato
com meus colegas de turma e com os professores, me senti muito
sozinha. Precisava tirar dúvidas técnicas e não tinham muitos
Engenheiros Florestais na minha região. No final de 2016 vi no
facebook da AGEF (Associação Gaúcha de Engenheiros Florestais),
que haveria assembleia ordinária em Porto Alegre (RS) para
eleição de nova diretoria e decidi participar. Na ocasião, entrei
no conselho deliberativo fiscal. Depois virei vice-presidente e
estou agora como presidente. Vejo a associação como um grande
ponto de encontro de colegas e amigos, pois fiz amizades para
a vida inteira. Também batalhamos para vencer os desafios da
ciência florestal e do próprio setor florestal.
>> E os desafios para o segmento florestal gaúcho?
Temos muitos desafios. Recentemente tivemos episódios em que
o setor foi estigmatizado como destruidor e poluidor. Em 2006,
houve um momento de possível expansão do setor florestal com
a duplicação de várias plantas de empresas já existentes e com
a chegada da empresa finlandesa fabricante de celulose e papel
Stora Enzo. Os jornais da grande mídia vincularam matérias informando
que o plantio de eucalipto causaria um deserto verde,
que a espécie secava o solo, que não nasce nada embaixo do
plantio, entre outras falácias. As empresas desistiram e os investimentos
não chegaram em sua totalidade. Após diversos anos
How did you choose Forestry Engineering?
It was natural because I come from a family that has always
worked with planting and felling trees. Mário Nicolau Wolf, my
paternal grandfather, had a forest seedling nursery in Cruz Alta
(RS). In the 60’s and 70’s, he decided to grow eucalyptus seedlings.
He used to take my father and uncles to the city dump
and separate discarded milk sacks to use as seedling bags. He
collected the seeds of local trees in the yards and the forest. He
sold the seedlings to residents of Cruz Alta and the surrounding
area. He even sold German pines at Christmas time, but
the flagship of the nursery was the eucalyptus seedlings. My
grandfather was able to import seeds from Australia. He even
performed germination tests. When they were ready, my father
and uncles worked planting the seedlings on properties and
then felling the timber. After my grandfather passed away in
1995, the nursery was sold.
My father went to work in Barra do Ribeiro (RS), where he
planted 90 hectares of black acacia. In 2008, while I was in high
school, I took a technical course in pulp and paper in Guaíba
(RS). At that time, the course was offered for free by the Gomes
Jardim School in partnership with Aracruz, now CMPC Brasil.
When it came to choosing the next step in my studies, I read a
description of the Forestry Engineering course in a newspaper,
and it seemed like the perfect profession for me. So, in 2009, I
took the entrance exam at the Ufsm and enrolled in the course.
I graduated in 2014. Today, I am doing what I love. I love my job
very much.
What motivated you to join the Association?
After graduating, I applied for a job as a Forest Engineer in
Lajeado. I started working and realized that there were many
challenges, such as the invasion of our duties by other professions.
I also felt very lonely because I had lost contact with my
classmates and teachers. I had technical questions, and there
were not many forest engineers in my region. At the end of
2016, I saw on the State of Rio Grande Association of Forest Engineers
(Agef) Facebook page that there would be an ordinary
assembly in Porto Alegre (RS) to elect a new board, and I decided
to participate. At that time, I joined the consultative fiscal
council. Then, I became Vice President, and now I am President.
I see the Association as a great place to meet colleagues and
friends, as I have made lifelong friends. We also fight to meet
the challenges facing forestry and the forest-based industry
itself.
What are the challenges for the Forestry Sector in Rio Grande
do Sul?
We have many challenges. Recently, we have had episodes
in which the Sector has been stigmatized as destructive and
polluting. In 2006, there was a moment of possible expansion in
the Forestry Sector with the duplication of several plants of existing
companies and the arrival of the Finnish pulp and paper
manufacturer Stora Enzo. Mainstream newspapers ran stories
claiming that eucalyptus plantations would create a green desert,
that the species would dry out the soil, that nothing would
28 www.referenciaflorestal.com.br
ENTREVISTA
de pesquisas sérias conduzidas pelas universidades e empresas,
verificou-se que a silvicultura bem planejada e conduzida respeita
o meio ambiente e as pessoas e conserva os recursos naturais.
Ano passado, tivemos uma grande vitória do setor, pois houve a
atualização do ZAS (Zoneamento Ambiental para a Atividade da
Silvicultura) aprovada pelo Consema (Conselho Estadual do Meio
Ambiente). Esse instrumento de gestão na implantação da atividade
de silvicultura no Estado não era atualizado há mais de 10
anos, o que atrasava o desenvolvimento do setor.
>> E sobre as principais ações da associação para o fortalecimento
da profissão?
Destaco algumas ações que realizamos no ano passado, como
o I Fórum de Desenvolvimento Florestal no Rio Grande do Sul:
aspectos técnicos e legais que tinha como objetivo discutir tecnicamente
os estudos para atualização da resolução número
187/2008 Consema, que institui o ZAS (Zoneamento Ambiental
da Silvicultura), e o I e II Workshops: Licenciamento florestal na
prática – edições Santa Maria e Frederico Westphalen. Estes últimos
eventos foram realizados em parceria com a UFSM e foram
ofertados para os alunos do curso de Engenharia Florestal. Também
participamos com estande no Seminário Sul Brasileiro de
Silvicultura promovido pelo Sindimadeira (RS) no município de
Canela (RS). Neste ano, participamos da elaboração do evento de
comemoração dos 50 anos de formatura da primeira turma de
Engenharia Florestal da UFSM. O evento foi realizado dia 13 de
julho em Santa Maria (RS) e contou com ciclo de palestras e homenagens
aos primeiros profissionais do Rio Grande do Sul. Na
ocasião, também comemoramos os 40 anos da SOSEF (Sociedade
Santamariense de Engenheiros Florestais) e os 25 anos da Câmara
Especializada de Engenharia Florestal do CREA/RS (Conselho
Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio Grande do Sul).
>> Como o segmento de base florestal gaúcho tem contribuído
na reconstrução das regiões afetadas pelas enchentes deste
ano?
O Sindimadeira (RS) tem feito um trabalho extraordinário enviando
doações para diversos municípios afetados pelas enchentes.
Foram 21 carretas bitrens com cerca de 50 m³ (metros cúbicos)
de carga cada carregadas de madeira e chapas de compensado.
A madeira é utilizada em projetos sociais e de infraestrutura.
Quem quiser saber mais informações, pode acessar o site do Sindimadeira
(RS) (https://www.sindimadeirars.com.br/tv-sindimadeira).
Também diversas madeireiras, como a Mademape Madeiras,
sediada em Campina Grande do Sul (PR), têm executado
projetos incríveis de casas solidárias de madeira para moradores
que perderam suas moradias. É emocionante saber que o setor
florestal tem essa importância para a sociedade, uma vez que ter
um lar seguro e digno é primordial para a dignidade humana. Saber
que existe o trabalho do Engenheiro Florestal acompanhando
todo o processo, desde a semente até a tábua, é emocionante
e dá forças para seguirmos em frente, unindo a produção com a
conservação da natureza.
>> Qual a importância da retirada da silvicultura do rol das atividades
poluidoras para o desenvolvimento da profissão?
grow under the plantations, and other fallacies. The companies
gave up, and the investments did not come to full fruition. After
several years of serious research by universities and companies,
it was found that well-planned and managed forestry respects
the environment and people and conserves natural resources.
Last year, we had a great victory for the Sector when the Environmental
Zoning for Forestry Activities (ZAS) was updated and
approved by the State Environmental Council (Consema). This
Management tool for the implementation of forestry activities
in the State had not been updated for more than 10 years,
which slowed down the development of the Sector.
What are the main actions of the Association to strengthen
the profession?
I would like to highlight some of the activities we carried out
last year, such as the 1st Forum on Forestry Development in
Rio Grande do Sul: Technical and Legal Aspects, which aimed
to technically discuss studies to update Consema Resolution
187/2008, which establishes the Environmental Zoning for
Forestry (ZAS), and the 1st and 2nd Forestry Licensing in
Practice – in Santa Maria and Frederico Westphalen. The latter
events were held in partnership with the Ufsm and were offered
to students of the Forestry Engineering course. We also had
a booth at the South Brazilian Forestry Seminar organized by
Sindimadeira (RS) in Canela (RS). This year, we participated in
the celebration of the 50th anniversary of the graduation of
the first class of Forestry Engineers of Ufsm. The event was held
on July 13 in Santa Maria (RS) and included a series of lectures
and tributes to the first professionals in Rio Grande do Sul. On
this occasion, we also celebrated the 40th anniversary of the
Santa Maria Society of Forest Engineers (Sosef) and the 25th
anniversary of the Specialized Chamber of Forest Engineering
of the Regional Council of Engineering and Architecture of Rio
Grande do Sul (Crea/RS).
How has the Forest-based Sector in Rio Grande do Sul contributed
to the reconstruction of the regions affected by this
year’s floods?
Sindimadeira (RS) has done an extraordinary job of sending donations
to different communities affected by the floods. There
were 21 truckloads of lumber and plywood, each containing
about 50 m³. The lumber will be used for social and infrastructure
projects. For more information, visit the Sindimadeira (RS)
website (https://www.sindimadeirars.com.br/tv-sindimadeira).
Some forest product companies, such as Mademape Madeiras,
based in Campina Grande do Sul (PR), have also carried out
incredible projects to build wooden solidarity houses for residents
who have lost their homes. It is exciting to know that the
Forestry Sector is so important to society because having a safe
and decent home is essential for human dignity. Knowing that
the work of a forest engineer is involved in the whole process,
from seed to lumber, is exciting and gives us the strength to
move forward, combining production with conservation.
How important is the removal of Forestry from the list of polluting
activities for the development of the profession?
30 www.referenciaflorestal.com.br
ENTREVISTA
É a correção de uma injustiça que foi feita com a silvicultura há
anos. É inconcebível pensar que o plantio de árvores era enquadrado
como potencial poluidor semelhante à de um aterro
sanitário (potencial poluir alto) no Rio Grande do Sul, por exemplo.
Acredito que o setor florestal ganha fôlego para prospectar
novos investimentos, pois a burocracia é um dos maiores entraves
para o desenvolvimento do setor. Assim, como profissionais,
podemos focar no que realmente importa, que é o acompanhamento
técnico da cadeia produtiva.
>> Fale sobre as principais conquistas da associação nos últimos
anos?
A AGEF entrou com ações jurídicas importantes nos últimos
anos, como a que protege o manejo florestal sustentável e a que
define as responsabilidades técnicas sobre exploração florestal
e a industrialização de madeira. Também nos aproximamos dos
sindicatos, das empresas do setor florestal, da Secretaria do
Meio Ambiente do Estado e da Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Sul, através do Fórum Democrático de Desenvolvimento
Regional. Em âmbito municipal, estamos atuando em
conselhos de meio ambiente.
>> Acredita que haja preconceito em relação a uma mulher à
frente da entidade?
Nunca senti nenhum tipo de preconceito. Pelo contrário, existem
elogios. Inclusive, a vice-presidente Nadia Helena Bianchini
e as conselheiras da associação, Liana Sarturi de Freitas e Sara
Chagas de Souza, são mulheres exemplares e mães. Brincamos
que conseguimos dar conta de tudo e ainda organizarmos a casa
também.
>> Como a tecnologia tem facilitado o trabalho do engenheiro
florestal?
A tecnologia é um aliado do engenheiro florestal, principalmente
nos levantamentos dos dados a campo. O que antes demorava
dias, hoje em minutos é resolvido. No entanto, o profissional
deve estar mais atento às fichas técnicas dos equipamentos e
trabalhar melhor no escritório, no processamento dos dados
coletados. Também deve haver cuidado com a obsolência das
tecnologias, pois o lançamento de novidades é contínuo.
>> Existem desafios para os recém-formados?
Um dos perfis de mentoria florestal que gosto muito, o Liga
Florestal (@ligaflorestal), tem indicado algumas habilidades essenciais
dos recém-formados que desejam ingressar no mercado
de trabalho, sendo elas: comunicação oral e escrita, resolução
de problemas, proatividade, liderança e trabalho em equipe, vivências
diversas, uso de softwares de análise de dados, inclusive
planilhas, estatística florestal básica e elaboração de gestão e
projetos. Explorar as oportunidades durante a graduação é uma
dica importante, pois pode desenvolver as deficiências e habilidades
antes da entrada efetiva no mercado de trabalho.
>> Que objetivos tem à frente da associação?
Meu maior objetivo é unir os engenheiros florestais através da
It is the correction of an injustice that was done to forestry
years ago. It is inconceivable to think that in Rio Grande do Sul,
for example, the planting of trees was classified as having the
same pollution potential as a landfill (high pollution potential).
I believe that the Forestry Sector is gaining momentum to
prospect for new investments since bureaucracy is one of the
biggest obstacles to the development of the Sector. This allows
us, as professionals, to focus on what really matters, which is
the technical control of the production chain.
Could you tell us about the Association’s main achievements
in recent years?
Agef has launched important legal actions in recent years, such
as the one to protect Sustainable Forest Management and the
one to define technical responsibilities for forest exploitation
and wood industrialization. We have also worked closely with
business unions, forest companies, the State Environment
Department, and the Legislative Assembly of Rio Grande do Sul
through the Democratic Forum for Regional Development. At
the municipal level, we are active in environmental councils.
Do you believe there is any bias against a woman in a leadership
role?
I have never experienced any form of prejudice. On the contrary,
there have been expressions of appreciation. Indeed, Vice-President
Nadia Helena Bianchini and the Association’s Council
members, Liana Sarturi de Freitas and Sara Chagas de Souza,
are exemplary women and mothers. We have a good sense of
humor about our ability to manage everything and keep the
home organized.
How has technology made the Forest Engineer’s job easier?
Technology is the Forest Engineer’s ally, especially when it
comes to collecting data in the field. What used to take days
can now be done in minutes. However, the professional needs
to pay more attention to the technical data sheets of the equipment
and work better in the office to process the data collected.
The Engineer must also be aware of technological obsolescence,
as new products are constantly being introduced.
Are there any challenges for new graduates?
One of the forestry mentoring profiles that I really like, Liga
Florestal (@ligaflorestal), has identified some essential skills for
recent graduates who want to enter the job market, which are
oral and written communication, problem-solving, proactivity,
leadership and teamwork, diverse experience, use of data analysis
software including spreadsheets, basic forestry statistics,
management, and project preparation. Exploring opportunities
during your studies is an important tip, as you can develop your
deficiencies and skills before you actually enter the job market.
What are your goals as President of the Association?
My main objective is to unite Forest Engineers by promoting
interesting events for our members and all professionals in the
field, such as short technical courses, seminars, congresses,
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ENTREVISTA
promoção de eventos interessantes para os nossos associados e
todos os profissionais da área, como cursos técnicos de pequena
duração, seminários, congressos ou palestras de atualização.
Também acho importante a confraternização, através da realização
de jantares de comemoração de datas importantes para nós,
como o dia do Engenheiro Florestal (12 de julho), por exemplo.
Além disso, busco defender a nossa profissão através de envio
de denúncias ao CREA (RS) e de ofícios às prefeituras municipais
e demais órgãos públicos que estejam desrespeitando as nossas
atribuições profissionais.
>> O engenheiro florestal será um profissional cada vez mais
necessário em um mundo focado em economia verde?
Com certeza. Os cursos de Engenharia Florestal têm enfrentado
grandes transformações, pois as pessoas não estão mais interessadas
em cursar cursos de longa duração. Algumas medidas
tomadas pelas instituições de ensino podem auxiliar na atração
de alunos, como diminuir a carga horária e mudar o turno das
aulas para permitir que os discentes possam trabalhar enquanto
estudam. Na minha opinião, a profissão de Engenheiro Florestal
tem vantagem competitiva com outras profissões, pois está ligada
à produção econômica e à preservação dos recursos naturais,
como solo, água, vegetação e animais. Ou seja, dois pontos
importantes para a sociedade humana, a geração de renda e o
cuidado com o meio ambiente. Acabamos de vivenciar umas das
maiores enchentes no Rio Grande do Sul que causou uma catástrofe
social e ambiental. Além da elaboração de projetos técnicos
e avaliativos das áreas afetadas, de projetos de restauração ambiental
e da participação no planejamento de ações preventivas,
também podemos contribuir com a retomada econômica do
Estado por meio da cadeia produtiva de florestas plantadas. Não
podemos esquecer que o Estado é responsável por 935 mil ha de
cultivos florestais, que geram cerca de 65 mil empregos diretos.
Destaco que o setor florestal, onde pode atuar o engenheiro florestal,
produz bens madeireiros e não madeireiros importantes
para a população, como móveis, lenha, fibras celulósicas, madeira
serrada e resinas diversas. O cultivo da erva-mate, por exemplo,
pode ser uma alternativa para as áreas produtivas afetadas
pela enchente. Temos muito trabalho pela frente.
and refresher courses. I also think it is important to socialize by
organizing dinners to celebrate important dates for us, such as
Forest Engineer’s Day (July 12). I also try to defend our profession
by sending complaints to Crea (RS) and letters to municipal
offices and other public bodies that do not respect our professional
attributes.
Will Forest Engineers become an increasingly necessary profession
in a world focused on the green economy?
Absolutely. Forestry Engineering programs are undergoing major
changes because people are no longer interested in taking
long courses. Some measures taken by educational institutions
can help attract students, such as reducing the workload and
changing the class schedule to allow students to work while
they study. In my opinion, the profession of Forest Engineer
has a competitive advantage over other professions because it
is linked to economic production and conservation of natural
resources such as soil, water, vegetation, and animals. In other
words, two important points for human society are generating
income and caring for the environment. We have just experienced
one of the biggest floods in Rio Grande do Sul, which
caused a social and environmental disaster. In addition to developing
technical and assessment projects for the affected areas,
environmental restoration projects, and participating in the
planning of preventive measures, we can also contribute to the
State’s economic recovery through the planted forest production
chain. Let us not forget that the State is responsible for 935
thousand hectares of forest plantations, which generate about
65 thousand direct jobs. I want to point out that the Forestry
Sector, in which Forest Engineers can work, produces timber
and non-timber products that are important to the population,
such as furniture, firewood, cellulose fibers, lumber, and various
resins. The cultivation of yerba mate, for example, could be an
alternative for the production areas affected by the floods. We
still have much work to do.
Hoje vejo a associação como um grande ponto de encontro
de colegas e amigos, pois fiz amizades para a vida inteira.
Também batalhamos para vencer os desafios da ciência
florestal e do próprio setor florestal
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COLUNA
Segurança na aplicação
de herbicidas em
florestas
Gabriel Dalla Costa Berger
Engenheiro Florestal e Segurança do Trabalho
Mestre em Manejo Florestal
gabrielberger.com.br
gabriel@gabrielberger.com.br
Foto: divulgação
A aplicação de herbicidas em florestas é essencial para o controle de pragas e plantas invasoras,
mas requer cuidados rigorosos para proteger os trabalhadores e o meio ambiente
Aaplicação de herbicidas em ambientes florestais,
embora seja essencial para o controle de pragas,
doenças, plantas indesejadas e ervas daninhas,
exige cuidados rigorosos para garantir a segurança
dos trabalhadores, a preservação do meio ambiente,
qualidade dos produtos florestais e consequentemente a
otimização da produção.
A falta de rigor no cumprimento da legislação ambiental e de
segurança intensifica o risco de contaminação, impulsionado por
fatores como:
• Toxicidade: herbicidas são substâncias químicas potencialmente
tóxicas para humanos, animais e organismos aquáticos. A
inalação de vapores, o contato com a pele ou a ingestão acidental
podem causar diversos problemas de saúde, desde irritações
até doenças mais graves.
• Contaminação do solo e da água: os defensivos podem
infiltrar no solo, contaminando lençóis freáticos e cursos d’água,
afetando a qualidade da água e a vida aquática, afetando a biodiversidade
e os ecossistemas.
• Resistência de plantas daninhas: a aplicação frequente
e inadequada de herbicidas pode levar ao desenvolvimento de
plantas daninhas resistentes, dificultando o controle e aumentando
a necessidade de doses mais altas e produtos mais agressivos.
• Danos à biodiversidade: a aplicação indiscriminada de
defensivos pode eliminar organismos benéficos, como insetos
polinizadores e microrganismos decompositores, além de afetar
a fauna em geral.
• Acúmulo de resíduos: o uso contínuo de defensivos pode
levar ao acúmulo de resíduos no solo, tornando-o menos fértil e
mais suscetível à erosão.
• Impacto em ecossistemas sensíveis: áreas florestais, especialmente
as de preservação permanente, são ecossistemas
frágeis e sensíveis a qualquer tipo de perturbação, incluindo a
aplicação de defensivos.
A fim de preservar a saúde e o meio ambiente, é imprescindível
que a aplicação do produto seja realizada conforme as
instruções a seguir:
• Escolha do produto: optar por herbicidas seletivos e menos
tóxicos, seguindo as recomendações técnicas e as normas
vigentes. A aquisição de qualquer produto sempre deverá ser
realizada através de receituário agronômico.
• EPI (Equipamento de Proteção Individual): utilizar EPI
adequado, como máscaras, luvas, botas, macacões e óculos de
proteção, durante todas as etapas da aplicação.
• Treinamento dos trabalhadores: oferecer treinamento
aos trabalhadores sobre os riscos, as medidas de segurança e
os procedimentos corretos de aplicação, conforme determinado
na NR31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura,
Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura
• Condições climáticas: evitar a aplicação de herbicidas em
dias de vento forte, chuva ou alta temperatura, pois as condições
climáticas podem aumentar a dispersão do produto e os
riscos de intoxicação.
• Armazenamento: armazenar os herbicidas em local seguro,
seco, ventilado e de difícil acesso a crianças e animais.
• Limpeza dos equipamentos: limpar os equipamentos de
aplicação após o uso, evitando a contaminação de outras áreas.
• Descarte adequado das embalagens: descartar as embalagens
vazias de acordo com as orientações do fabricante e da
legislação ambiental.
• Monitoramento da área: realizar o monitoramento da
área após a aplicação para verificar a eficácia do tratamento e
identificar possíveis problemas.
A aplicação de herbicidas é regulamentada por leis e normas
específicas, que estabelecem os requisitos para o registro,
a venda, o transporte, o armazenamento e o uso desses produtos.
É fundamental que os trabalhadores estejam cientes
dessas normas e as cumpram rigorosamente.
A segurança na aplicação de herbicidas em florestas é um
tema de grande importância para a saúde humana, a preservação
do meio ambiente e a sustentabilidade da atividade florestal.
Ao adotar as medidas de segurança adequadas e seguir
as recomendações técnicas, é possível minimizar os riscos e
garantir a eficácia do tratamento.
Ao adotar as medidas de
segurança adequadas e seguir as
recomendações técnicas, é possível
minimizar os riscos e garantir a
eficácia do tratamento
36 www.referenciaflorestal.com.br
PRINCIPAL
Mais forte no
COMBATE
Indústria de iscas formicidas resistentes a
água apresenta nova linha de produção para
atender o segmento de base florestal
Por
Bióloga Cristiane de Pieri - Consultora técnica Dinagro
Engenheira Florestal Maria Fernanda Simões - Consultora técnica Dinagro
Fotos: divulgação
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Novembro 2024 39
PRINCIPAL
Para superar as adversidades que surgem
com o passar dos anos deve-se ter sempre a
mente aberta, se atentar às necessidades do
mercado e principalmente ter em seu DNA a
capacidade de solucionar problemas. Foi com
esse espírito tomado por desafios e empreendedor que
a Dinagro, em 2019, após anos de intensas pesquisas
lançou a solução para um grande problema que por
muito tempo atormentou o setor florestal: controlar
formigas cortadeiras em períodos chuvosos e locais de
alta umidade relativa tais como Bahia, Espírito Santo e
Rio Grande do Sul.
Entretanto, o Leitor deve estar se perguntando: Por
que as formigas cortadeiras devem ser controladas até
em períodos chuvosos? De acordo com estudos sobre a
biologia das cortadeiras tem-se que a atividade desses
insetos é mais intensa em períodos de alta temperatura
e alta umidade relativa, o que coincide com o período
do verão em algumas regiões do país.
Na contramão da produtividade, as formigas cortadeiras
são consideradas a principal praga das monoculturas
em florestas plantadas. Há cerca de 5 a 15 milhões
de anos as formigas da tribo Attini (saúvas e quenquéns)
desenvolveram uma agricultura complexa e organizada
colocando-as como um dos únicos grupos de animais
que apresentam associação mutualística com seu fungo
simbionte, do qual elas dependem para obtenção do
seu alimento. Para suprir a necessidade do fungo as
cortadeiras selecionam e cortam grandes quantidades
Enhanced Combat
Capabilities
A water-resistant formicide bait
manufacturer announces the launch of
a new product line designed to meet the
needs of the forest-based segment
T
o overcome the challenges that arise over
time, it is essential to maintain an open mind,
pay close attention to market needs, and,
most importantly, possess the ability to solve
problems. In 2019, the Dinagro team, driven
by a spirit of challenge and entrepreneurship, launched a
solution to a significant problem in the Forest-based Sector:
controlling leafcutter ants during the rainy season and in
areas with high relative humidity, such as the States of
Bahia, Espírito Santo, and Rio Grande do Sul.
However, you may be wondering: Why should leafcutter
ants be controlled even during rainy periods? According
to studies on the biology of leafcutter ants, the activity
of these insects is more intense during periods of high
temperature and high relative humidity, which coincides
with the summer period in some regions of the Country.
Against the backdrop of productivity, leafcutter ants
are considered the main pest of monocultures in planted
40 www.referenciaflorestal.com.br
Assim, a tecnologia
disruptiva desse produto
rompe com o modelo
anteriormente definido
como época de aplicação
de isca formicida e propõe
algo nunca antes visto, a
aplicação em condições
de solos molhados, dias
chuvosos ou com prenúncio
de chuvas
de materiais vegetais, chegando a consumir, ao longo
de um ano, o equivalente a 90 árvores de eucalipto ou,
aproximadamente, 1 tonelada de folhas.
Pesquisas, como a realizada por Mantragolo e colaboradores
em 2010, apontam que a remoção total das
folhas por uma única vez na fase inicial de desenvolvimento
do eucalipto resultou em perdas de 18,9% no
crescimento em diâmetro e 12,0% na altura, com perdas
significativas em volume total de 37,9%. Considerando
três desfolhas consecutivas, esse dano pode alcançar
redução em volume de 79,7%.
A atividade de forrageamento apresenta sazonalidade
ao longo do ano, porém, já foi comprovado que
espécies do gênero Atta (saúvas) forrageiam mais intensamente
em períodos de alta temperatura e umidade
relativa. Diante desse fato comprovado a Dinagro, que
há mais de 5 décadas está na vanguarda do fornecimento
de isca formicida, chegou na solução para este desafio.
A inovação tecnológica no processo de produção
permitiu elevar a resistência à umidade nos pellets, sem
alterar a estrutura, molécula, quantidade do princípio ativo
e a atratividade da isca. Assim, a tecnologia disruptiva
desse produto rompe com o modelo anteriormente definido
como época de aplicação de isca formicida e propõe
algo nunca antes visto, a aplicação em condições de solos
molhados, dias chuvosos ou com prenúncio de chuvas.
Desde o lançamento da isca Dinagro-S Resistente,
cada vez mais empresas do setor florestal preconizam
forests. Between 5 and 15 million years ago, the ants of
the Attini tribe (saúvas and quenquéns) developed complex
and organized agriculture, making them one of the only
groups of animals that have a mutualistic association with
their symbiotic fungus on which they depend for food. To
meet the fungus’ needs, the leafcutters select and cut large
quantities of plant material, consuming the equivalent of
90 eucalyptus trees or approximately 1 ton of leaves over
the course of a year.
Research conducted by Mantragolo et al. (2010) indicates
that the total removal of leaves on a single occasion
during the early stages of eucalyptus development resulted
in significant losses. Specifically, the study found that removing
leaves resulted in an 18.9% loss in diameter growth,
a 12.0% loss in height, and a 37.9% loss in total volume.
Three consecutive defoliations can result in a reduction in
volume of up to 79.7%.
The foraging activity is seasonal throughout the year,
but research has shown that species of the genus Atta
(saúvas) forage more intensively during periods of high
temperature and relative humidity. In light of this proven
fact, Dinagro, a leading supplier of formicide bait for over
five decades, has developed a solution to this challenge.
Thanks to technological innovation in the production
process, we have been able to increase the moisture
resistance of the pellets without altering the structure,
molecule, quantity of the active ingredient, or the attractiveness
of the bait. This product’s innovative technology
Novembro 2024
41
PRINCIPAL
a utilização desta nova tecnologia como parte do manejo
integrado de formigas cortadeiras devido aos seus
diversos benefícios, como: diminuição dos custos com a
atividade de replantio em área de repasse; economia de
retrabalho (insumos e mão de obra); maior área controlada
no período chuvoso, oferecendo mais segurança para
o planejamento das operações seguintes; otimização do
trabalho das equipes e máquinas durante todo o ano; aumento
da eficiência do controle de formigas cortadeiras
no período chuvoso, entre outros benefícios.
A primeira fábrica da Dinagro, construída em 1969,
contava com 400 m² (metros quadrados) de área fabril
para a produção da isca convencional. Com o lançamento
da isca resistente em 2019 foi necessário destinar parte
da fábrica de produção da isca convencional para isca
resistente. A projeção de produção da isca resistente no
primeiro ano de produção extrapolou todas as expectativas,
dobrando o número no ano seguinte, em função
da alta eficiência apresentada pelo produto.
Devido à alta aceitação e efetividade da isca resistente
no mercado florestal, a demanda cresceu e com
challenges the conventional wisdom regarding the use of
formicide bait. It offers a new approach that allows for
application in wet soil conditions, even on rainy days or
when rain is forecast.
Since the launch of the Dinagro-S Resistant bait,
more and more companies in the Forestry Sector are
recommending the use of this new technology as part
of their integrated management of leaf-cutting ants due
to its many benefits, such as a reduction in the costs of
replanting in areas that have been just planted; savings
A nova planta dispõe de
equipamentos de ponta
como moinhos altamente
precisos para uma perfeita
granulometria e secadores
mais produtivos
42 www.referenciaflorestal.com.br
isso a antiga fábrica precisou crescer e se modernizar.
Em comemoração ao seu aniversário de 56 anos, como
líder absoluta no mercado de iscas formicidas, a Dinagro
inaugurou seu novo parque fabril. A nova planta dispõe
de equipamentos de ponta como moinhos altamente
precisos para uma perfeita granulometria e secadores
mais produtivos. Hoje a nova fábrica produz 1 tonelada/
hora, sendo capaz de atingir 2 toneladas/hora.
Em todo o processo de fabricação da isca formicida
existe o aproveitamento total das matérias-primas e
reaproveitamento parcial de subprodutos através de
ideias e tecnologia desenvolvidas. Desta forma, é gerado
o mínimo possível de resíduos que recebe a destinação
final adequada. O processo é integralmente monitorado
a fim de evitar qualquer tipo de contaminação ambiental.
Agora que o Leitor da Revista REFERÊNCIA FLORESTAL
conhece um pouco da história da Dinagro vale ressaltar
que, o segredo para resultados satisfatórios de eficiência
de controle como também de redução do custo operacional
como um todo, não está atrelado apenas à qualidade
da isca escolhida. O sucesso no controle das formigas
cortadeiras depende também de fatores intrínsecos
ligados à biologia e comportamento do inseto e fatores
extrínsecos ligados à fatores climáticos, operacionais e
metodológicos.
on rework (inputs and labor); a larger area controlled during
the rainy season, offering more security for planning
subsequent operations; optimization of the work of teams
and machines throughout the year; increased efficiency
in controlling leaf-cutting ants during the rainy season,
among other benefits.
Dinagro’s first factory, built in 1969, had four hundred
m² of factory space for conventional bait production. With
the launch of the resistant bait in 2019, it was necessary
to allocate part of the conventional bait production plant
to the resistant bait. The production projection for the
resistant bait in the first year of production exceeded all
expectations, doubling production in the following year
due to the product’s high efficiency.
Due to the high acceptance and effectiveness of the
resistant bait in the forestry market, demand grew, and
the old factory had to be expanded and modernized. In
celebration of its 56th anniversary as the absolute leader
in the formicide bait market, Dinagro inaugurated its new
plant. The new plant has state-of-the-art equipment, such
as highly precise mills for perfect granulometry and more
productive dryers. Today, the new plant produces 1 ton/
hour and can reach 2 tons/hour.
The entire manufacturing process of the formicide bait
makes full use of raw materials and partial reuse of by-products
through the ideas and technology developed. In this
way, as little waste as possible is generated and properly
disposed of. The process is fully monitored in order to avoid
any environmental contamination.
Now that the reader of REFERÊNCIA Florestal has learned
a little about Dinagro’s history, it is worth pointing out
that the secret to satisfactory results in terms of control
efficiency as well as reducing operating costs as a whole,
is not only linked to the quality of the bait chosen. Successful
control of leafcutter ants also depends on intrinsic
factors linked to the biology and behavior of the insect
and extrinsic factors linked to climatic, operational, and
methodological factors.
Novembro 2024
43
CRESCIMENTO
MAIOR,
melhor e mais forte
44 www.referenciaflorestal.com.br
Setor florestal
apresenta crescimento
Fotos: divulgação
O
Relatório Anual da IBÁ (Indústria Brasileira
de Árvores) apresenta os indicadores setoriais
econômicos, ambientais e sociais
referentes a 2023. O documento é produzido
em parceria com a consultoria ESG
Tech. O relatório mostra que o setor planta 1,8 milhão de
árvores por dia. Árvores que são plantadas para a produção
de bioprodutos de origem renovável, reciclável e, em sua
maioria, biodegradável, utilizados por mais de 2 bilhões de
planetários.
A área total dedicada ao plantio de árvores no Brasil
ultrapassou, pela primeira vez, os 10 milhões de ha (hectares),
um crescimento de 3% em comparação ao ano
anterior. Os dados foram obtidos por meio de mapeamento
usando imagens de satélite analisadas pela Canopy Remote
Sensing Solutions. Dentre os tipos de plantios, o eucalipto
se destaca, abrangendo 7,8 milhões de ha, o que corres-
Novembro 2024
45
CRESCIMENTO
ENERGIA E ECONOMIA
Em termos de balanço, o consumo de energia foi de
183,6 milhões de GJ (Giga Jaules), sendo que 92% desse
consumo foi suprido pela energia gerada pelas próprias emponde
a 76% da área total plantada. Esse número representa
um crescimento de 41% nos últimos 10 anos, evidenciando
a crescente importância dessa cultura na economia
florestal brasileira. São 1,8 milhão de árvores plantadas por
dia, que removem e estocam carbono da atmosfera. Com
isso, recupera áreas, trazendo uma nova ocupação com
benefícios para o clima e manejo sustentável, entregando
impactos positivos para o ambiente e valor compartilhado
para a sociedade.
Os plantios de eucalipto estão concentrados na região
sudeste, que abriga 44% do total do país, com 3,5 milhões
de ha. O destaque é o Estado de Minas Gerais, responsável
por 63% dos plantios nessa região. Além disso, o centro-
-oeste do país têm emergido com áreas em expansão, totalizando
1,6 milhão de ha de eucalipto plantados.
Uma das práticas de manejo sustentável mais importantes
do setor consiste na técnica chamada de plantio em
mosaico, que intercala áreas de conservação com as áreas
de árvores cultivadas para fins industriais em nível de paisagem.
O setor conserva 6,91 milhões de ha de vegetação
natural, uma extensão maior que o Estado do Rio de Janeiro.
Juntas, as áreas conservadas e plantadas pelo setor,
estocam 4,92 bilhões de toneladas de dióxido de carbono
equivalente (tCO₂eq).
Em 2023, a área conservada da cadeia de árvores
cultivadas chegou a 6,91 milhões de ha, incluindo 4,88
milhões de ha de RL (reserva legal), 1,94 milhão de ha de
APP (Áreas de Preservação Permanente), e 100 mil ha de
RPPN (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), essas
administradas direta ou indiretamente pelo setor. A RPPN é
uma categoria de Unidade de Conservação de domínio privado
e perpétuo, evidenciando o compromisso do setor em
manter voluntariamente áreas de grande relevância para a
conservação da biodiversidade.
Dentro dessas áreas conservadas, 195 mil ha foram
caracterizados como AAVC (Áreas de Alto Valor de Conservação),
um aumento de 8,3% em relação ao último ano. As
AAVCs são uma denominação usada por esquemas de certificação
para se referir a áreas que possuem uma importância
excepcional ou crítica em termos biológicos, ecológicos
e sociais. Essas áreas são identificadas por conta de seus
atributos especiais para a conservação da biodiversidade e
serviços ecossistêmicos, por exemplo.
46 www.referenciaflorestal.com.br
CRESCIMENTO
presas, o equivalente a 168,7 milhões de GJ. O restante da
demanda, 8%, é suprida com a compra de energia, que totalizou
28,3 milhões de GJ. Há ainda que pontuar que algumas
fábricas vendem a energia não utilizada, seja excedente
de produção própria ou de compra, para a rede nacional,
contribuindo significativamente na matriz elétrica de alguns
municípios. O montante de energia vendida em 2023 foi de
13,4 milhões de GJ. A participação da energia renovável no
balanço desse setor é motivo de orgulho e um grande diferencial
em sua estratégia de sustentabilidade. Ao todo, 87%
da energia consumida pelo setor vem de fontes limpas.
O setor brasileiro de árvores cultivadas adota diversas
práticas para otimizar a utilização de seus recursos naturais
A área total dedicada ao
plantio de árvores no Brasil
ultrapassou, pela primeira
vez, os 10 milhões de
hectares, um crescimento
de 3% em comparação ao
ano anterior.
e minimizar o descarte, fundamentando-se nos princípios
da economia circular. Os principais materiais gerados dos
processos produtivos do setor são o licor preto, resíduos
florestais (cascas, galhos e folhas) e materiais reciclados,
que juntos somam 79%. Os outros 21% são materiais como
cavacos não conformes, serragem, lama de cal e cinzas de
caldeira. Quanto à destinação, assim como em anos anteriores,
a principal é para geração de energia (licor preto)
— cerca de 64% —, seguida de reciclagem e/ou reutilização.
O restante fica no campo para proteção, adubação ou
correção do solo (resíduos florestais). Ao final, apenas 17%
dos materiais resultantes dos processos fabris podem efetivamente
ser chamados de resíduos, sendo destinados para
aterros e outros destinos.
ILPF
O crescimento das áreas de ILPF (Integração Lavoura-
-Pecuária-Floresta ) tem sido expressivo, incluindo sistemas
de produção que possuem como componente as florestas,
sendo eles ILF (integração lavoura-floresta), IPF (integração
pecuária-floresta) e ILPF. Essa última é uma das práticas
consideradas dentro do Plano Setorial para Adaptação à
Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária
(conhecido como ABC+), com vistas ao Desenvolvimento
Sustentável (2020-2030), e que tem como propósito
o avanço em soluções tecnológicas sustentáveis para a
produção do campo e melhoria da renda dos produtores
rurais, com foco na agricultura e no enfrentamento das mudanças
climáticas.
48 www.referenciaflorestal.com.br
INFORMAÇÃO
Acesso
FACILITADO
50 www.referenciaflorestal.com.br
Governo lança plataformas
que trazem informações sobre
regularização e autorizações para
a palma das mãos dos usuários
Fotos: divulgação
Novembro 2024
51
INFORMAÇÃO
O
Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis) lançou,
em setembro, o Painel de Autorizações
de Exploração Florestal. Por meio da ferramenta
interativa, os usuários podem acessar
as poligonais georreferenciadas das autorizações emitidas
pelo Sinaflor (Sistema Nacional de Controle da Origem dos
Produtos Florestais).
O painel foi desenvolvido pela Coflo (Coordenação de
Monitoramento do Uso da Flora), em parceria com o Cenima
(Centro Nacional de Monitoramento e Informações
Ambientais), do Instituto. Por meio dele, é possível visualizar
informações geoespaciais de ASV (Autorização de Supressão
de Vegetação), de UAS (Uso Alternativo do Solo), de EFP (Exploração
de Floresta Plantada), de PMFS (Plano de Manejo
Florestal Sustentável) e de POA (Plano Operacional Anual).
Um dos destaques da ferramenta são os filtros interativos
que possibilitam a obtenção de informações relevantes
em poucos passos: após aplicar os filtros desejados, o usuário
pode clicar no botão: Lista; e verificar a relação de autorizações
que correspondem aos critérios aplicados. Ao clicar
em uma autorização específica, a poligonal georreferenciada
piscará no mapa e será possível observar informações como
ente ambiental emissor da autorização, área, data de validade,
município, se há sobreposição com unidades de conservação,
entre outras.
Fernanda Simões, coordenadora da Coflo, explica que a
interatividade do painel facilita a análise comparativa entre
diferentes períodos e regiões, tornando-o uma ferramenta
valiosa para pesquisadores e gestores que buscam entender
as tendências e os impactos das atividades de exploração
florestal no país. “Tudo isso para contribuir com o monitoramento
e a melhor compreensão da dinâmica de supressão
de vegetação em diferentes regiões do país”, aponta Fernanda.
O painel também disponibiliza um link que possibilita
baixar uma pasta compactada contendo todos os polígonos
das autorizações disponíveis na data atual em formato shapefile.
O painel representa um avanço significativo na disponibilização
de informações sobre a gestão florestal no Brasil,
atendendo a demanda por dados mais acessíveis e fortalecendo
o monitoramento e a fiscalização do uso dos recursos
florestais no país.
REGULARIZAÇÃO
O SFB (Serviço Florestal Brasileiro) lançou o Painel Interativo
da Regularização Ambiental. A ferramenta digital
reúne e disponibiliza dados sobre as intenções de adesão
aos PRA (Programas de Regularização Ambiental), além de
oferecer uma visão detalhada dos cadastros, passivos de
reserva legal, APPs (Áreas de Preservação Permanente) e
excedentes de vegetação nativa.
Baseado no Sicar (Sistema de Cadastro Ambiental Rural),
o painel integra e disponibiliza as informações declaradas
no CAR (Cadastro Ambiental Rural), facilitando o acesso a
dados sobre a regularização ambiental dos imóveis rurais
em todo o país. Dividido em várias seções (abas), o painel
permite que os usuários visualizem dados de forma geral ou
52 www.referenciaflorestal.com.br
INFORMAÇÃO
Tudo isso para contribuir com
o monitoramento e a melhor
compreensão da dinâmica de
supressão de vegetação em
diferentes regiões do país
por meio de filtros específicos para obter informações mais
segmentadas.
Marcus Vinicius Alves, diretor de Regularização Ambiental
Rural do SFB (Serviço Florestal Brasileiro), observa que,
a partir de dados extraídos do painel, é possível identificar
progressos significativos após a retomada da agenda ambiental
por este governo: “O número de cadastros com a
análise ambiental concluída mais que triplicou, passando de
aproximadamente 41 mil em janeiro de 2023 para 141 mil
em setembro de 2024, abrangendo uma área de mais de 25
milhões de ha (hectares), representando uma área maior
que a do Estado de São Paulo”, pontuou Marcus.
Por meio dos dados apresentados na plataforma, também
é possível constatar que cerca de 233 milhões de ha de
vegetação nativa estão em áreas privadas, número equivalente
a 150% da área continental de todas as Unidades de
Conservação cadastradas no CNUC (Cadastro Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza). “Com essa informação,
podemos promover políticas públicas de fomento e
incentivo para que os proprietários e detentores de imóveis
rurais continuem a manter a vegetação nativa nas suas terras,
conservada”, destaca Marcus.
Anteriormente, os dados declarados no Sicar eram disponibilizados
pelo SFB nos boletins mensais do CAR. Com
Fernanda Simões,
coordenadora da Coflo
o painel interativo da regularização ambiental, os usuários
poderão ter uma experiência dinâmica, podendo visualizar
os temas de maneira consolidada ou segmentada a partir da
combinação de filtros, sendo também possível obter tabelas
customizadas.
O I Encontro da Regularização Ambiental, realizado em
setembro, contou com a participação de representantes de
24 Estados, incluindo a presença de técnicos, especialistas e
gestores dos órgãos estaduais responsáveis pela gestão do
Sicar para discutir a regularização ambiental de imóveis rurais.
O evento promoveu o intercâmbio de experiências, fortalecimento
de parcerias e alinhamento de estratégias para
avançar na adequação ambiental das propriedades rurais
em todo o país. Durante o encontro, foram apresentados
panoramas e perspectivas sobre modelos de regularização
ambiental e discutidos temas essenciais como a recuperação
da vegetação nativa, incentivos econômicos e a legislação
pertinente.
54 www.referenciaflorestal.com.br
PRÊMIO
Conheça os vencedores
da edição deste ano do
mais tradicional prêmio
do setor de base florestal
N
o dia 2 de dezembro a indústria
de base florestal brasileira estará
em festa, pois neste dia acontece a
cerimônia do Prêmio REFERÊNCIA
Melhores do Ano. O tradicional
evento que chega a sua vigésima primeira edição
é organizado e realizado pela JOTA Editora, que
celebra 25 anos de história em 2024 e é responsável
pela publicação das revistas REFERÊNCIA
CELULOSE & PAPEL, REFERÊNCIA PRODUTOS DE
MADEIRA , REFERÊNCIA MADEIRA INDUSTRIAL,
REFERÊNCIA BIOMAIS e REFERÊNCIA FLORESTAL.
56 www.referenciaflorestal.com.br
Nesta edição, o evento conta com o apoio
de: ABIMCI (Associação Brasileira da Indústria de
Madeira Processada Mecanicamente), ACIDERJ
(Associação do Comércio e Indústria de Madeiras
e Derivados do Estado do Rio de Janeiro), AIMEX
(Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras
do Estado do Pará), CIPEM (Centro das Indústrias
Produtoras e Exportadoras de Madeira do
Estado de Mato Grosso), CPM, DRV, Envimat, Himev,
Montana Química, MSM Química e Rottteng.
A abertura do Prêmio REFERÊNCIA 2024 contará
com um podcast ao vivo sobre tecnologia na
floresta plantada e nativa. Os dois convidados já
estão confirmados, Deryck Pantoja Martins, diretor
técnico da AIMEX, e Ednei Blasius, presidente
do CIPEM. A tecnologia já é uma realidade nas florestas
brasileiras, portanto discutir e fomentar o
aumento de sua utilização dará muito mais segurança
para os produtores, como aponta Fábio Machado,
diretor comercial da Revista REFERÊNCIA.
“Vamos trazer especialistas e informações da mais
alta relevância para o público e fazer um episódio
muito especial do nosso podcast, que tem sido sucesso
de audiência desde o seu lançamento, mostrando
muitas facetas do universo encontradas na
indústria de base florestal”, exalta Fábio.
AMIF
A AMIF (Associação Mineira de Indústria Florestal) é uma das mais tradicionais associações de empresas do
país e em 2024 conseguiu selar um acordo com o ministério público de Minas Gerais, que facilitou e abriu portas
para os investimentos em florestas plantadas no Estado. Por lutar com tanto empenho e fortalecer um Estado que
já é tão pujante no segmento de base florestal, a AMIF é uma das vencedoras do Prêmio REFERÊNCIA Melhores do
Ano.
FRANCIO SOLUÇÕES FLORESTAIS
A Francio Soluções Florestais se destaca pela excelência em manejo sustentável e inovação, especialmente
no preparo e cuidado do solo. Sua dedicação à eficiência e qualidade foi fundamental para transformar desafios
em oportunidades de crescimento. Parabéns à Francio por ser precursor em um caminho rumo a um futuro mais
produtivo e sustentável. Como reconhecimento do trabalho, a empresa será agraciada com o Prêmio REFERÊNCIA
2024.
HAPPY PAK®
Inovar é a chave para o desenvolvimento do setor de celulose e papel e a Happy Pak@ vem de encontro a essa
demanda de forma singular. A empresa do Grupo Bonet lançou em 2024 o copo 100% livre de plásticos na composição,
utilizando de técnicas únicas para gerar um produto sustentável do início ao fim de seu processo, desde
o plantio da matéria-prima, até o descarte. Pensar em sustentabilidade aliada a economia faz com que a natureza
agradeça e o mundo REFERÊNCIA também.
INEXPORT MADEIRAS
A Inexport Madeiras se destaca como uma referência no mercado pela excelência logística e forte atuação no
comércio internacional. Com uma operação ágil e eficiente, a empresa conecta a madeira brasileira a mercados
globais, garantindo qualidade e sustentabilidade em cada entrega. Seu compromisso em representar com orgulho
a madeira nacional no exterior fortalece a imagem do Brasil mundo afora. Por esses motivos, a empresa é merecidamente
agraciada com o Prêmio REFERÊNCIA.
Novembro 2024
57
PRÊMIO
JULITAGO BIOENERGIA
A Julitago é reconhecida por sua contribuição ao mercado de energias renováveis, fornecendo biomassa de
alta qualidade para soluções energéticas sustentáveis. Seu compromisso com a inovação e a eficiência energética
ajuda a reduzir a dependência de fontes fósseis e a promover um futuro mais limpo. A empresa se destaca por
integrar sustentabilidade e desenvolvimento econômico, fortalecendo a cadeia de valor da biomassa. Esse trabalho
exemplar faz da Julitago uma justa vencedora do Prêmio REFERÊNCIA Melhores do Ano.
NOAH | WOOD BUILDING DESIGN
A Noah é premiada no Prêmio REFERÊNCIA 2024 por sua atuação de vanguarda na construção com madeira,
promovendo soluções arquitetônicas sustentáveis e inovadoras. Ao utilizar madeira engenheirada, a empresa alia
estética, funcionalidade e baixo impacto ambiental, contribuindo para a redução de emissões de carbono no planeta.
Seu trabalho destaca a versatilidade e eficiência da madeira como material de construção para o futuro.
REFLORESTA ALTO VALE
Uma floresta não se faz com apenas uma árvore e a partir desse princípio nasceu o programa Refloresta Alto
Vale, que uniu empresas do Alto Vale do Itajaí para retomar o plantio florestal na região. A partir de uma demanda
percebida por empresários da região foi criado há alguns anos esse programa, que visa garantir o suprimento de
madeira para a região, que demandará continuamente de mais e mais madeira para processamento. Por valorizar
a região e desenvolver a economia local de forma sustentável, o Refloresta Alto Vale leva o Prêmio REFERÊNCIA do
ano.
ROMANI MADEIRAS
A Romani Madeiras assume com seriedade a responsabilidade de manejar as florestas e valorizar a madeira
brasileira no mercado global. A conquista do Prêmio REFERÊNCIA Melhores do Ano, destaca o trabalho exemplar
da empresa mato-grossense, que protege as florestas em pé enquanto impulsiona a economia do Estado de forma
sustentável. Para a Revista REFERÊNCIA, é um grande orgulho celebrar iniciativas que fortalecem o setor florestal e
elevam a imagem do Brasil no cenário internacional.
SUPREMA AMBIENTES PLANEJADOS
Mais de 50 anos de história serão celebrados no dia 2 de dezembro por todos aqueles que acompanharem
o Prêmio REFERÊNCIA 2024. Uma família que trabalha com madeira há quase um século se tornou destaque na
fabricação de ambientes planejados com madeiras nobres da Amazônia. A valorização do cuidado com o meio
ambiente e a excelência na entrega de produtos únicos e de alto valor agregado fizeram da Suprema uma das vencedoras
deste ano.
VALE DO TIBAGI
A Vale do Tibagi, ou VT como é chamada por seus clientes, se tornou sinônimo de excelência no trabalho quando
se fala em serviços florestais. Mas a empresa não parou por aí e hoje oferece soluções em logística, pellets,
silvicultura mecanizada e comercialização de madeira. A empresa de Irati (PR) recebe o Prêmio REFERÊNCIA do
ano por trabalhar continuamente para elevar a qualidade de seus serviços, qualificar e cuidar de seus funcionários,
além de oferecer o melhor para seus clientes, seja qual for a demanda apresentada.
58 www.referenciaflorestal.com.br
01 SUB SOLADOR MAIS LEVE DO MERCADO;
02 TODA ESTRUTURA COM MATERIAIS DE ALTA RESISTÊNCIA;
03 CONJUNTO DESTORROADOR E AIVECA;
04 DISCO DO ARADO COM REGULAGEM DE ÂNGULO;
05 CILINDRO DOS BRAÇOS E AIVECA COM SISTEMA DE SEGURANÇA;
06 AIVECA COM AMORTECIMENTO HIDRÁULICO;
07 ESTRUTURA COM TRAVA DE SEGURANÇA PARA MANUTENÇÃO;
08 MAIOR ÂNGULO DE SAÍDA PARA EMBARQUE E DESEMBARQUE;
09 SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO OTIMIZADO;
10 COMPONENTES COM PADRONIZAÇÃO E 100% NACIONAIS;
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comercial@potenzaindustria.com.br
SOLO
Estratégias de resistência à seca
E DEMAIS INTEMPÉRIES: INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS
ALIADAS À SILVICULTURA APLICADA
Por
Jhuan Lucas Melo Maciel - Consultor Florestal | Doutor em Ciência Florestal
Pedro Francio Filho - Consultor Florestal | Engenheiro Agrônomo | Diretor Francio Soluções Florestais
Fotos: Francio Soluções Florestais
O
setor florestal brasileiro enfrenta desafios crescentes,
especialmente os relacionados à variabilidade
climática e à adaptação dos plantios às condições
de déficit hídrico, os quais se intensificaram bastante
nos últimos anos, impulsionadas pelas mudanças
climáticas. Esses plantios estão distribuídos por diversas regiões do
país, com características edafoclimáticas diversas, abrangendo desde
locais com abundância hídrica até áreas frequentemente impactadas
por secas intensas. Os efeitos das mudanças climáticas, como a maior
frequência e intensidade de períodos de seca, apresentam um cenário
desafiador para a silvicultura.
À medida que áreas plantadas com espécies como o eucalipto se
expandem, torna-se essencial investir em estratégias que garantam,
tanto a produtividade, quanto a adaptação às condições adversas impostas
pela estiagem. Uma das principais ferramentas para enfrentar
esses desafios é a escolha criteriosa do material genético, combinando
alto rendimento e resistência à seca. Contudo, essa é apenas uma
parte da solução: há uma necessidade urgente de associar essa seleção
genética à silvicultura aplicada, que oferece maior segurança aos
povoamentos, especialmente em regiões suscetíveis ao déficit hídrico.
O manejo florestal voltado para a resistência à seca é uma estratégia
essencial para ajustar o planejamento florestal às demandas
econômicas e ambientais, mitigando os impactos da seca e ampliando
o rendimento dos plantios. Este artigo explora os principais aspectos
técnicos e práticos do manejo florestal com foco na resistência hídrica,
abordando desde a seleção genética até práticas de solo, controle de
matocompetição e outros fatores.
PLANEJAMENTO
O planejamento da silvicultura voltado à resistência à seca é fundamental
para o sucesso dos povoamentos florestais, principalmente
diante das incertezas climáticas e dos períodos de déficit hídrico. Esse
planejamento exige uma análise cuidadosa das condições edafoclimáticas
locais, considerando o regime de preparação, sua distribuição,
quantidade e características do solo. A investigação dessas variáveis
permite a adoção de práticas específicas para aumentar a retenção e
o uso eficiente da água, como o preparo adequado do solo.
Solos arenosos, que retêm menos água, requerem práticas conservacionistas
para evitar a perda de umidade, enquanto solos argilosos
exigem manejos que minimizem a compactação e favoreçam a oxigenação
radicular. Com um planejamento bem estruturado, é possível
promover a resiliência dos plantios às condições de seca, garantindo
produtividade e sustentabilidade ao setor florestal brasileiro.
Floresta desenvolvida com aderência ao
protocolo silvicultural
Plantio com 2,5 anos em Cândido Sales
(BA) com 850 mm de precipitação, com
espaçamento adequado às condições
edafoclimáticas da região, com manejo de
silvicultura seguindo o protocolo completo
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A IMPORTÂNCIA DO PREPARO DO SOLO NO
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR
O preparo do solo é uma etapa primordial para o êxito florestal,
especialmente em regiões sujeitas à seca, onde o desenvolvimento do
sistema radicular desempenha um papel crucial para garantir o acesso
à água e nutrientes. O solo manejado de forma correta, torna-se mais
propício para o crescimento das raízes em todas as camadas do solo,
aumentando a capacidade das plantas sobreviverem. Um solo bem
preparado favorece a estrutura física para que as raízes se desenvolvam
sem restrições. Práticas como a subsolagem são eficazes para
reduzir a compactação e aumentar a aeração do solo, facilitando o
desenvolvimento radicular, ampliando a área de absorção de água e
nutrientes, promovendo, desta forma, o uso eficiente dos recursos
disponíveis.
Esse preparo contribui para a capacidade de retenção de água,
criando condições ideais para o desenvolvimento radicular, conferindo
aos plantios florestais maior segurança hídrica.
CORREÇÃO DO SOLO COM CALCÁRIO E GESSO
Outro manejo importante é a correção do solo com calcário
(carbonato de cálcio) e gesso (sulfato de cálcio), que fortalece a segurança
hídrica dos plantios, especialmente em períodos de déficit. A
aplicação combinada de calcário aliado ao gesso, elevam os índices de
cálcio e magnésio, corrige pH e neutraliza o alumínio tóxico no solo.
Esse tratamento promove o aumento da rizosfera em profundidade,
60 www.referenciaflorestal.com.br
estimulando a capilaridade radicular em busca de água e nutrientes.
O aprofundamento das raízes amplia a capacidade das plantas de
exploração de reservas de água em camadas mais profundas do solo.
MANEJO NUTRICIONAL
A nutrição florestal adequada permite que o povoamento suporte
períodos de déficit hídrico, impulsionando o desenvolvimento do plantio
e aumentando a resistência e a sobrevivência as plantas no campo.
Nutrientes essenciais, como o potássio, atuam na regulação hídrica
das células, ajudando as plantas a manterem a turgidez e reduzir a
perda de água pela transpiração principalmente nos períodos secos.
O cálcio fortalece as paredes celulares e contribui para a formação de
raízes mais profundas e resistentes, enquanto o magnésio e o fósforo
são indispensáveis para a eficiência fotossintética, garantindo que
a planta tenha energia para explorar o solo e absorver nutrientes.
Além disso, aplicações foliares de micronutrientes no período seco
têm cunho complementar, sendo preventivo ou curativo de sintomas
prejudiciais ao eucalipto nos períodos secos. Os objetivos são fornecer
boro, cobre, zinco e manganês, com ênfase para o boro, pela sua
relação direta com a seca de ponteiro, além dos baixos teores nos
períodos secos que aumentam a incidência de pragas e doenças. A
aplicação precisa destes micronutrientes potencializam o crescimento
inicial e a saúde das plantas, aumentando a capacidade radicular de
explorar as camadas mais profundas.
A bioativação do solo promove e equilibra a atividade microbiológica,
acelerando a mineralização da matéria orgânica e disponibilizando
nutrientes essenciais para as plantas. Esse processo
fortalece o povoamento florestal, aumenta a eficiência no uso dos
recursos hídricos e prepara as plantas para suportar condições de
estresse hídrico, sendo um elemento crucial para a produtividade e
a resiliência florestal.
ESPAÇAMENTO
O planejamento do espaçamento entre árvores é uma prática
essencial no manejo florestal para a resistência à seca, especialmente
em regiões de oferta hídrica limitada. O espaçamento ideal deve
considerar fatores como a precipitação local, a distribuição ao longo
do ano, altitude e o tipo de solo, que influenciam diretamente a capacidade
de retenção de água. Em solos com baixa retenção hídrica,
um espaçamento maior permite que cada planta tenha mais espaço
para explorar o solo em busca de água e nutrientes, reduzindo a competição
e aumentando a capacidade de sobrevivência em períodos
de déficit hídrico.
Preparo do solo com
subsolador acoplado com
disco de corte frontal,
dosador de adubo, grade
niveladora e marcador do
berço de plantio
Espaçamentos amplos promovem um crescimento saudável,
controlando o estresse hídrico, pois aumentam o volume de solo
disponível para cada planta. Esse manejo permite que as árvores
acessem água e nutrientes de forma eficiente, contribuindo para um
desenvolvimento mais uniforme e menos sujeito a restrições hídricas.
Por outro lado, o adensamento excessivo intensifica a competição
por recursos, o que é particularmente crítico em regiões de baixa
incidência. Esse excesso de competição pode levar ao esgotamento
rápido da água nas camadas acessíveis e, em casos extremos, resultar
na mortalidade de plantas devido ao estresse hídrico.
Assim, o espaçamento planejado e equilibrado, aliado ao conhecimento
das características climáticas e edáficas locais, contribui
para um manejo que aumente a resiliência hídrica do plantio. A
combinação entre a pesquisa com foco no material genético em
experimentos com espaçamentos diversos, como os realizados com
Anel de Nelder, oferece uma abordagem robusta para o desenvolvimento
de estratégias de silvicultura mais eficientes. Por meio dessa
integração, é possível selecionar genótipos adaptados às condições
locais e definir o espaçamento que aumentem tanto a produtividade
quanto a segurança hídrica dos plantios. O resultado são florestas
com crescimento homogêneo, maior eficiência no uso de recursos e
resistência aprimorada a estresses abióticos.
ESTRATÉGIAS NO MOMENTO DO PLANTIO
O uso de hidrorretentores à base de celulose, como o da Polyter,
é uma estratégia eficaz na fase de plantio, pois aumenta a capacidade
de retenção de água no solo e a disponibiliza gradualmente para a
muda, conforme a necessidade da planta. Esse recurso permite que
as mudas tenham acesso à água, sendo especialmente vantajoso em
regiões ou períodos de déficit hídrico.
Outro recurso importante nessa fase é o uso do Bacillus aryabhattai,
um indutor biológico que estimula a resistência das plantas à seca.
Esse microrganismo proporciona diversos benefícios, como o aumento
da resistência ao estresse abiótico, maior exploração de nutrientes
no solo e estímulo à formação de raízes, aumentando a capacidade
das mudas de absorção de água e nutrientes em profundidade. Ao
ser aplicado via irrigação no berço do plantio, o Bacillus aryabhattai
Riper com subsolagem
profunda em solos
argilosos e compactados
Preparo do solo com subsolador acoplado com disco de corte
frontal, dosador de adubo e grade niveladora
SOLO
Solo com a bioativação fortalecendo
a capacidade de retenção e
disponibilização de nutrientes
Irrigação pós plantio com Bacillus
aryabhattai para hidratação do gel
hidrorretentor no berço de plantio
Desenvolvimento do sistema radicular
em profundidade
auxilia na adaptação hídrica inicial das mudas.
O plantio noturno é outra prática útil, pois reduz o estresse
térmico das mudas durante a implantação. As temperaturas mais
amenas e a ausência de radiação solar direta favorecem a adaptação
inicial, proporcionando melhor hidratação das mudas e preservando
a umidade do solo ao minimizar as perdas por evaporação. Assim, o
plantio noturno contribui para uma adaptação das mudas e para um
melhor aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis no solo.
CONTROLE DA MATOCOMPETIÇÃO
O controle da matocompetição nas camadas superficiais do solo,
torna-se necessária a fim de reduzir a competição por luz, nutrientes e
principalmente por água, com as plantas recém plantadas. Essas plantas
invasoras absorvem rapidamente a água disponível, diminuindo a
quantidade de água que deveria ser disponibilizada para as árvores.
Manter o solo livre de mato até o fechamento da copa das árvores
é imprescindível para o desenvolvimento dos povoamentos florestais,
pois nesse estágio inicial as plantas são mais vulneráveis. O controle
de matocompetição ajuda a evitar o esgotamento da umidade nas
camadas mais acessíveis, onde as raízes das plantas jovens se concentram.
Ao evitar a presença de plantas invasoras, promove-se um
ambiente mais favorável ao desenvolvimento radicular das árvores,
permitindo que cresçam de forma saudável e acelerada. Além disso, à
medida que a floresta avança e as copas se fecham, a cobertura densa
de folhas naturalmente sombreia o solo, dificultando o crescimento
de plantas invasoras. Esse processo, combinado com o controle inicial
de matocompetição, contribui para uma gestão mais eficiente
dos recursos hídricos, maximizando a
produtividade e a resiliência hídrica da
floresta ao longo de seu ciclo de vida.
O controle da matocompetição, por
sua vez, é indispensável para reduzir a
concorrência por água e nutrientes entre
as árvores e as plantas invasoras. O
manejo integrado, utilizando métodos
mecânicos, químicos ou até biológicos,
aumenta a eficiência do uso da água
no sistema, maximizando o potencial
produtivo das florestas.
62 www.referenciaflorestal.com.br
Área experimental com Anel de Nelder
para auxiliar na tomada de decisão
CENÁRIO ATUAL E FUTURO DO SETOR FLORESTAL
BRASILEIRO
O Brasil enfrenta um cenário de variabilidade climática, onde a
distribuição irregular das chuvas e o aumento na frequência de períodos
de seca impactam a disponibilidade hídrica em várias regiões
florestais. Em resposta, o setor tem buscado estratégias de manejo
para aumentar a resistência ao estresse hídrico.
Práticas como o controle de matocompetição, o preparo adequado
do solo e o planejamento de espaçamento entre árvores são
algumas das abordagens que permitem otimizar o uso de água e nutrientes,
além de reduzir a mortalidade de plantas e o estresse hídrico
em nossos povoamentos. Para o futuro, o setor florestal brasileiro
deverá investir cada vez mais em inovações tecnológicas e práticas
sustentáveis que aumentem a produtividade sem comprometer os
recursos naturais. A integração de práticas de manejo que favoreçam
a saúde do solo e do sistema radicular permitem uma exploração
mais eficiente dos recursos hídricos em profundidade, ampliando a
segurança hídrica das florestas plantadas.
A silvicultura voltada para a resistência à seca se estabelece
como uma estratégia para o setor florestal, especialmente diante
dos desafios impostos pela variabilidade climática e pelas condições
ambientais de déficit hídrico. A combinação de práticas bem estruturadas
fortalece a resiliência dos plantios, garantindo produtividade e
sustentabilidade a longo prazo. Essas práticas, além de protegerem as
florestas plantadas contra os efeitos da seca, aumentam a eficiência
no uso dos recursos hídricos e ajudam a adaptar o setor florestal ao
cenário atual e futuro das mudanças climáticas. Assim, com o apoio
de inovações tecnológicas e técnicas de manejo, o setor florestal se
prepara para continuar crescendo de forma competitiva e responsável,
mantendo sua relevância global.
Plantio com controle eficiente da matocompetição
de pós e pré-emergência no pré-plantio, condução
e manejo
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As oportunidades de transformar e utilizar os resíduos da silvicultura
Fotos: divulgação
64 www.referenciaflorestal.com.br
Asilvicultura é conhecida como prática de cultivo,
manejo e preservação das florestas e seus
recursos, com objetivos claros de produção de
madeira, celulose, papel e outros derivados.
Mas a prática de aproveitamento dos seus resíduos
ainda é pouco explorada. Isso ocorre ainda pelo pouco
conhecimento dos seus benefícios para o solo. Muitas
vezes esses resíduos ainda são conhecidos por dificultar as
operações do manejo das atividades silviculturais. A prática
mais comum são estratégias de minimização dos impactos
ambientais, como:
• Enleirar os restos de colheita;
• Retirar a galharia grossa e toretes para uso como biomassa;
• Usar um picador móvel para retirar os resíduos mais
pesados e grossos como cavacos para uso como biomassa;
• Adubar diretamente o solo com os resíduos de celulose
e cinzas de madeira para favorecer a manutenção e
aumento do rendimento de madeira.
• Compostar os resíduos principalmente os ponteiros
para produção de adubos orgânicos enriquecendo com minerais
na hora de aplicação de preparo de solos.
Mas, é possível afirmar que na silvicultura não é comum
o aproveitamento de outros benefícios de uso dos compostos
orgânicos provenientes das misturas dos próprios
resíduos da silvicultura com outros resíduos orgânicos. Podemos
citar alguns destes benefícios conhecidos, mas ainda
pouco aproveitado:
• Manter ou melhorar as características físicas do solo;
• Melhorar a estrutura física do solo;
• Reduzir perdas de nutrientes do ecossistema;
• Fornecer nutrientes de baixa solubilidade ao solo;
• Manter e elevar as atividades biológicas do solo;
• Manter e produzir fertilidade do solo;
• Controlar a infestação de plantas invasoras;
• Recuperar solos degradados física e biologicamente;
• Reduzir custos de produção.
Outra forma de uso dos compostos orgânicos na silvicultura
é na produção de mudas, pois possui propriedades
que favorecem o desenvolvimento das plantas. O composto
orgânico pode ser considerado um adubo orgânico, resultado
da decomposição de vários resíduos orgânicos como,
folhas, restos de ingesta, dejetos animais entre outros. Esse
composto pode ser usado puro ou misturado com outros
Novembro 2024
65
COMPOSTAGEM
materiais como terra, carvão, húmus de minhoca, formando
um substrato. O substrato pode ser utilizado para crescimento
das mudas em sementeiras, enraizamentos e como
corretivos de solo. Podemos citar alguns benefícios do uso
do composto orgânico como substrato:
• Melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas;
• Substitui e reduz o uso de fertilizantes químicos solúveis;
• É uma opção economicamente viável na produção de
mudas.
O substrato pode ser formulado conforme a disponibilidade
de materiais locais e baixar os custos de produção. Ou
ser formulado conforme as exigências das plantas a serem
produzidas. Os substratos comerciais nem sempre atendem
as necessidades exigidas pelas plantas manejadas.
O substrato de composto orgânico em geral é um material
poroso e pode ser usado na produção de mudas ou
mesmo em cultivo de plantas substituindo o solo ou terra. O
substrato é o meio onde as raízes e a parte aérea das plantas
se desenvolvem e com a adubação adequada alimenta
as plantas nos primeiros estágios de vida. Algumas características
desejadas no substrato para mudas, são a uniformidade
na composição, baixa densidade e boa porosidade.
Um bom substrato para produção de mudas precisa oferecer
condições adequadas para a sustentação e retenção
de quantidades suficientes de água, oxigênio e nutrientes,
ausências de elementos químicos tóxicos e condutividade
elétrica adequada. Alguns compostos orgânicos são oferecidos
no mercado com adequada quantidade de nutrientes
para a produção de mudas, neste caso podemos afirmar que
mesmo para as mudas florestais.
Pergunte ao Tomita
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o sistema de compostagem,
envie sua pergunta para o e-mail
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MINUTO FLORESTA
Fortalecendo
O MERCADO
Participação em eventos técnicos
fortalece a participação de empresa
no segmento de herbicidas
Fotos: divulgação
A
Envu Brasi ampliou sua presença de marca
ao marcar forte presença em eventos do setor
florestal em outubro. Durante o mês, a
Envu apresentou soluções inovadoras para
o controle de plantas daninhas e reforçou
seu compromisso com a sustentabilidade e eficiência no
manejo agrícola e não agrícola. As interações com o público
trouxeram à tona a experiência técnica da empresa,
destacando seus produtos de alto desempenho e o valor
que agregam ao setor florestal.
Além de fortalecer sua rede de contatos e estabelecer
novos canais de comunicação, a participação nos eventos
ajudou a Envu a se posicionar como líder em inovação e
sustentabilidade no mercado de herbicidas. Através do
apoio e de palestras, a Envu não apenas promoveu suas
soluções de manejo eficiente, mas também reafirmou seu
papel de parceira essencial no desenvolvimento de práticas
responsáveis e de alto desempenho.
Entre os dias 01 e 03 de outubro, a Envu esteve presente
e ajudou na organização do Curso presencial de
tecnologia em aplicação de herbicidas em florestas plantadas,
em parceria com a Apoiotec, na cidade de Três Lagoas
(MS). O evento contou com mais de 30 profissionais
do segmento que puderam durante uma semana aprender.
O Curso presencial de tecnologia em aplicação de
herbicidas em florestas plantadas teve como grande objetivo
apresentar as soluções para o plantio de eucaliptos.
Até o ano de 2030, o Mato Grosso do Sul deve se tornar
o maior produtor de celulose do Brasil. Esse crescimento
do Estado foi impulsionado pelo investimento pesado na
construção de duas grandes fábricas de celulose, que devem
garantir ao Brasil o primeiro lugar em nível mundial
na produção dessa commodity.
Já nos dias 29 e 30 de outubro, a Envu Brasil esteve
presente no Seminário de Ecofisiologia Florestal Estação
experimental de Ciências Florestais da ESALQ/USP (Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade
de São Paulo) em Itatinga. Este evento, realizado pelo
IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais), ESALQ
e AEI-GFMO (Associação de Ex-Integrantes do Grupo
Florestal Monte Olimpo), teve como objetivo explorar o
conceito de Ecofisiologia e sua relação com as decisões
estratégicas na produção de florestas plantadas e na restauração
florestal. Contamos com a presença de professores
e especialistas renomados em Ecofisiologia e Manejo
Florestal, que ministraram palestras focadas em temas
fundamentais. Os principais objetivos das palestras estão:
apresentar o conceito de Ecofisiologia e sua aplicação
prática no cotidiano dos silvicultores, discutir o desenvolvimento
de biomassa e acúmulo de carbono nas áreas de
restauração florestal, além de trazer perspectivas futuras
para a produtividade florestal em um cenário de mudanças
climáticas.
Jessica Faria, especialista de desenvolvimento de
soluções para manejo de matocompetição da Envu,
apresentou junto com Joao Peloia e Natalia Bevilaqua,
os objetivos dos ensaios que estão em andamento com
Esplanade NA, herbicida pré-emergente para florestas
nativas da Envu. Segundo Jéssica, a Envu participou com
a equipe de desenvolvimento de soluções no evento de
ecofisiologia florestal, onde foi destacada a importância
do uso de herbicidas pré-emergentes não-agrícolas na
restauração florestal. Para a especialista, essa tecnologia
se mostrou fundamental para o sucesso da formação e estabelecimento
de projetos de restauração, além de apresentar
as soluções, compartilhamos os principais manejos
do programa experimental voltado para o controle de
invasoras, que foi desenvolvido em parceria com a ESALQ.
O objetivo da rede experimental foi avaliar os custos,
aproveitando a eficácia do Esplanade NA no controle da
matocompetição por gramíneas invasoras. “A participação
nesse evento não apenas consolidou nossa posição como
uma empresa parceira com soluções inovadoras no controle
da matocompetição, mas também nos posicionou
como um agente ativo na promoção da sustentabilidade e
na conservação dos ecossistemas”, valorizou Jéssica.
68 www.referenciaflorestal.com.br
ARTIGO
A TRAJETÓRIA DA
MULHER
FLORESTAL
Por Patrícia Rodrigues Soares
O
dia 8 de março retrata um marco na trajetória
das mulheres no mercado do trabalho.
Assim, sugestivamente foi criada como
data comemorativa o Dia Internacional da
Mulher. Para tanto, a sua origem se deu
no início do século 20, quando, em protestos, um grupo
de mulheres reuniram-se e assim reivindicaram melhores
condições de trabalho e igualdade de direitos. Na atualidade
já é perceptível o quanto as mulheres vêm conquistando
o seu espaço no âmbito profissional sem que se fale ainda
sobre o feminismo. A exemplo, podemos citar a atuação
da mulher no setor florestal, a qual abarca um grupo de
mulheres que tem um vasto plantio de pensamentos em
um solo fértil que é o coração feminino, dando assim expansão
a consciência, e dando vazão a colheita de grandes
resultados no setor florestal brasileiro.
No ano de 1910, uma ativista e defensora dos direitos
das mulheres, Clara Zetkin, propôs, durante uma Conferência
Internacional das Mulheres Socialistas, a criação
de uma jornada de manifestações femininas, bem como
o estabelecimento da data como internacional. Assim, o
primeiro dia oficial da mulher passou a ser celebrado em
1911. Após alguns anos, em 1917, aconteceu um marco
ainda maior nesta luta por direitos e deveres. Neste ano,
90 mil operárias manifestavam contra as más condições
de trabalho, fome e a guerra, o que deu voz a um grande
manifesto que por meio da indignação, levou estas mulheres
a se manifestarem no dia 23 de fevereiro pelo antigo
calendário russo, o que corresponde ao dia 08 de março
do calendário gregoriano.
O primeiro acordo que visava a igualdade entre homens
e mulheres foi assinado em 1945 pela ONU. Assim, com o
passar dos anos, o movimento das mulheres ganhou mais
força e em 1960 se consolidou, tendo se oficializado no ano
de 1977. Assim, a ONU (Organização das Nações Unidas)
posicionou-se e oficializou em 1975 a data comemorativa
do Dia Internacional da Mulher ao marco no tempo em
que um brado de mulheres, ganhando assim repercussão
mundial. Desta forma, a origem desta data é muito mais
que apenas sua oficialização.
Até então, na área ambiental, o maior número de
pessoas que se adentravam em cursos profissionalizantes
era representado pelo gênero masculino, porque as mulheres
eram tidas nascidas com o seu papel intrínseco de
matriarcado. Além disso, os principais cargos e lideranças
eram de poder dos mesmos. Contudo, este panorama vem
mudando ao longo dos anos, apesar da conquista por tais
cargos ainda serem uma difícil etapa para as mulheres.
De maneira geral, algumas das empresas do setor
florestal, não possuem mulheres em seus cargos estratégicos.
Com o passar dos anos, mudanças começam a
surgir. A exemplo, faz-se possível identificar a presença de
equipamentos na cor rosa como uma forma de chamar a
atenção para a inclusão das mulheres nas atividades de
campo conectadas à cidade. As empresas estão contratando
mulheres para cargos elevados do setor e, mais do que
contratando, estão relatando os bons resultados obtidos.
Essa labuta é tida como recente, e vai além de formar
profissionais femininas, que além de um olhar técnico que
adquiriram, também colocam em práticas seus nuances
como insigths agregando valor emocional, tendo como porvir
resultados incríveis. As mulheres têm buscado ocupar
melhores cargos, com melhores salários e reconhecimento
genuíno.
Fotos: divulgação
70 www.referenciaflorestal.com.br
Felizmente, vemos um cenário um pouco mais favorável
às mulheres no setor florestal nos últimos anos, como
regresso as propriedades rurais com outros olhares. A
representatividade tem sido ostensiva, com a inserção de
técnicas de equipamentos de trabalhos, operadoras de
maquinários, agrônomas, biólogas, cientistas classificadores
de madeiras, fauna e flora, empresárias e empreendedoras
de implementos agrícolas, engenheiras florestais, madeiras
e de multinacionais de fertilizantes, médicas veterinárias,
zootecnistas, dentre outras. A seguir, alguns dados interessantes
sobre a representatividade e atividades desenvolvidas
pelas mulheres:
Por meio de um levantamento sobre os mais diversos
cursos de engenharia florestal mostram um aumento gradativo
considerável ao número de mulheres formadas nos
últimos anos. Nas universidades federais do Brasil, desde
1960, quando se institucionalizou o primeiro curso de Engenharia
Florestal, observa-se que o número de mulheres
formadas tem crescido gradativamente.
Dados do Confea (Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia) mostram que no Brasil há 15.739 engenheiros
florestais com o registro ativo, sendo que 10.336 (65.67%)
são do sexo masculino e 5.403 (34.33%) do sexo feminino.
Qual seria então o motivo para termos mais mulheres do
que homens se formando em engenharia florestal enquanto
se observa que a grande maioria dos profissionais que
atuam continua sendo os homens? Onde está a atuação da
mulher no setor florestal?
No primeiro momento, aos olhos, as possibilidades que
já são reduzidas, e quando não há resiliência, se reduzem
ainda mais. O cuidado com outros familiares, como os pais
por exemplo, é outro fator responsável por tirar as mulheres
do mercado de trabalho florestal. Assim, os homens
continuam dominando este mercado promissor, que tem
ganhado grande relevância mundial devido ao tema de
grande repercussão.
No âmbito do setor florestal, um estudo realizado pela
RMF (Rede Mulher Florestal) traz informações sobre a
presença e atuação das mulheres nas empresas florestais.
O estudo, publicado no ano de 2021, aponta que dentre
41 organizações, a mão-de-obra é composta em 81% por
homens e 19% por mulheres. Além disso, destaca-se que,
no universo da colheita e carregamento, a participação de
mulheres é de 2,2%.
Das mulheres que atuam nas empresas supracitadas, a
maioria está alocada em atividades dos viveiros, em setores
de celulose, e áreas ligadas ao meio ambiente, qualidade,
certificação e social, administrativo, saúde e segurança do
trabalho. Nos cargos executivos, as mulheres representam
15.9% das ocupações. Além disso, poucas mulheres atuam
nas áreas de silvicultura, proteção florestal, estradas e
colheita, consideradas áreas tradicionalmente masculinas.
Este estudo revela que organizações já começam a olhar
para ações que promovam a equidade ente gêneros. Um
dado interessante, repassado pelas organizações que participaram
da pesquisa, foi que 63,2% das empresas afirmam
O sonho, desejo, força e
coragem tem impulsionado o
sucesso de diversas mulheres.
Contudo, a valorização, respeito,
reconhecimento, direito e
oportunidade de capacitação
destas heroínas ainda são
pontos que precisam ser
debatidos e melhorados
possuir política ou declaração de compromisso com a não
discriminação e com a promoção de equidade de gênero.
Além disso, cerca de 47,37% das empresas apresentam
ações relacionadas ao protagonismo e empoderamento
feminino.
PERSPECTIVAS
Atualmente, o setor apresenta um cenário de maior
diversidade, em que as mulheres alcançaram espaços
tradicionalmente ocupados por homens. A desigualdade
entre as oportunidades para engenheiros e engenheiras
florestais se materializa em um contexto bastante conservador,
no qual as mulheres ainda são impactadas pelas
preocupações acerca das perspectivas de carreira devido à
falta de flexibilidade em suas jornadas de trabalho quando
se deparam com responsabilidades como a maternidade,
que dificultam a sua inserção e permanência no mercado.
O sonho, desejo, força e coragem tem impulsionado
o sucesso de diversas mulheres. Contudo, a valorização,
respeito, reconhecimento, direito e oportunidade de capacitação
destas heroínas ainda são pontos que precisam
ser debatidos e melhorados. Muito mais que igualdade,
os movimentos buscam abraçar a equidade. E o que isso
quer dizer? O que se deseja é que sempre tenhamos mais
atuação da mulher no setor florestal, ambiental, da saúde
e muitos outros. Tendo em vista a desigualdade existente,
mas também as oportunidades emergentes, não podemos
ficar de braços cruzados. A mulher deve sempre agir para
que a sua participação cresça no mercado e que seja reconhecida
cada vez mais.
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Novembro 2024
71
PLANTIO
Cultivando
A SEMENTE
Programa une empresas
catarinenses para fomentar o
plantio florestal na região do
Alto Vale do Itajaí
Fotos: divulgação
S
anta Catarina é um dos Estados com
maior produção florestal do país, sendo
uma referência do segmento de produtos
de madeira devido ao alto volume de
pinus plantado. Mas na região do Alto
Vale do Itajaí, composto por 28 municípios e ocupando
uma área de mais de 7,5 milhoes de km² (quilômetros
quadrados), que tem também sua vocação
para o florestal, as coisas não andaram tão bem e foi
necessária uma mudança de direção para que a floresta
voltasse ao lugar de destaque que sempre teve e
ajudasse a movimentar a economia local.
Ricardo Rossini, presidente do Sindimade/Floema,
explica que um dos maiores problemas enfrentados
na região foi a falta de comunicação entre produtores
florestais e indústria, o que levou ao desentendimento
de como seguir atuando na região. “Quando não
se sabe o que fazer, qualquer coisa feita está certa,
e esse pensamento criou um problema no Alto Vale,
pois cada produtor pensava de um jeito. Isso levou
muitos a sair do plantio de pinus, focando em rendimentos
com prazos mais curtos ou mesmo a abandonar
o segmento florestal”, relata Ricardo sobre a distribuição
da produção local. Hoje a maior demanda,
84% é de pinus, mas a produção é principalmente de
eucaliptos, que representa 70% do total. “É como se
em uma cidade tivéssemos 70% dos restaurantes sendo
churrascarias e uma população em grande maioria
de vegetarianos”, explica Ricardo.
Por isso, em 2022 foi criado o programa Refloresta
Alto Vale, liderado pela Sindimade/Floema, que busca
corrigir a rota do plantio florestal na região e suprir a
72 www.referenciaflorestal.com.br
cadeia produtiva do segundo maior polo processador
de madeira de Santa Catarina. Através de união e associativismo,
foi entendido que era necessário mudar
a forma de agir para manter a indústria ativa. “Nosso
principal objetivo com o programa é alinhar a produção
florestal da região com o consumo da indústria,
garantindo que a região possa ser sustentável”, destaca
Ricardo. Hoje o consumo mensal na região é de
165 mil toneladas mensais de madeira e as perspectivas
das empresas da região são de superar 250 mil
toneladas mensais ou 3 milhões de toneladas ao ano
até o ano de 2032, mantendo o percentual de pinus
acima dos 80% do total processado pela indústria.
As ações do programa estão focadas na conscientização
dos produtores sobre o que e como fazer para
atingir essas metas. Estão sendo realizados seminários
e eventos para que os produtores possam sanar
dúvidas e encontrar especialistas do mais alto nível
a fim de melhorar a produção. “Trabalhamos sobre
o tripé da orientação tecnológica, mercadológica e
comercial para direcionar as ações do programa”,
expõe Ricardo.
Já no segmento mercadológico, para poder entender
o que é necessário para alinhar a cadeia produtiva
e de plantio da região, são realizados eventos
com grandes nomes do setor de base florestal que
levam seu conhecimento até a região. “Em nosso último
seminário tivemos Pedro Francio Filho e Marcelo
Schmid, que são referências dentro do setor para
falar em reflorestamento de alta produtividade e planejamento
florestal, que são chaves para atingirmos
nossa meta produtiva”, relata Ricardo.
Nosso principal objetivo
com o programa é alinhar a
produção florestal da região
com o consumo da indústria,
garantindo que a região possa
ser sustentável
Ricardo Rossini, presidente
do Sindimade/Floema
Novembro 2024
73
PESQUISA
Cálculo
FLORESTAL
74 www.referenciaflorestal.com.br
Medir a área basal dos
troncos ajuda a melhorar
o manejo de sistemas
silvipastoris
Fotos: divulgação
Novembro 2024
75
PESQUISA
U
m estudo publicado na revista internacional
Agroforestry Systems por pesquisadores da
Embrapa destaca a área basal das árvores
como um indicador estratégico para o manejo
de componentes florestais em sistemas
silvipastoris. A pesquisa ressalta a importância e os desafios
dos sistemas integrados, fornecendo insights sobre como
otimizar a densidade de árvores para maximizar a produção
de madeira e pastagem, além de promover benefícios ambientais
e bem-estar animal.
A área basal, que mede a ocupação florestal por meio
da quantificação da área da seção transversal dos troncos
das árvores por hectare, é uma métrica central para equilibrar
a produção agrícola e a sustentabilidade na combinação
de árvores e pastagem. De acordo com o primeiro
autor do artigo, o pesquisador José Ricardo Pezzopane, da
Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)
Pecuária Sudeste, uma área basal bem gerenciada pode
melhorar significativamente a produtividade da pastagem e
das árvores, além de proporcionar benefícios ecológicos.
Os resultados de diversos experimentos em longo prazo
mostraram que existe uma relação entre a transmissão da
luz pelas árvores e a produção do pasto, assim como uma
relação entre a área basal das árvores e a transmissão de
luz, indicando a área basal ideal para uma produção equilibrada
no sistema silvipastoril.
O valor da área basal para manter o equilíbrio de todos
os componentes do sistema foi de 8 m2/ha (metros quadrados
por hectare), permitindo a produção de pastagem
em níveis semelhantes ao sistema a pleno sol. O crescimento
das árvores também foi otimizado com essa área
basal. Esse fato pode contribuir para a conservação do solo,
aumento da biodiversidade e sequestro de carbono, essenciais
para a mitigação das mudanças climáticas, tão presentes
em todo o mundo, afetando todo tipo de vida na terra.
Segundo José Ricardo, há ainda benefícios para o bem-
-estar animal. “O gado em áreas com uma densidade de
árvores equilibrada apresentou melhor ganho de peso e de
indicadores de saúde devido à redução do estresse térmico
e a um ambiente mais confortável”, explica o pesquisador.
76 www.referenciaflorestal.com.br
Deve-se incluir subsídios
para a implementação de
monitoramento da área basal
e outras práticas, além de
programas de educação e
capacitação para pecuaristas
e gestores florestais
José Ricardo Pezzopane,
pesquisador da Embrapa
O trabalho oferece diretrizes práticas para agricultores e
gestores florestais, sugerindo o monitoramento contínuo
da área basal e a adaptação das práticas de manejo às condições
específicas de cada local. O pesquisador Valdemir
Laura, da Embrapa Gado de Corte (Mato Grosso do Sul) um
dos coautores do artigo, reforça que, mesmo alterando o
número de árvores por hectare ou a espécie de eucalipto, o
valor da área basal não muda, é uma referência segura. Os
dados de longo prazo são essenciais para entender as dinâmicas
desses sistemas e garantir a sustentabilidade.
No artigo, os pesquisadores defendem que políticas públicas
devem incentivar essas práticas de manejo que promovam
o uso sustentável das propriedades rurais. “Deve-se
incluir subsídios para a implementação de monitoramento
da área basal e outras práticas, além de programas de educação
e capacitação para pecuaristas e gestores florestais”,
recomenda José Ricardo.
SISTEMAS SILVIPASTORIS
Integrar árvores e pastagem em um mesmo espaço oferece
uma série de benefícios econômicos, ecológicos e sociais.
Os produtores conseguem melhorar a produtividade
agropecuária ao proporcionar sombra e abrigo para o gado,
Novembro 2024
77
PESQUISA
além de conservarem o solo, a biodiversidade e a água. Outra
vantagem é o sequestro de carbono, contribuindo para
a mitigação das mudanças climáticas. O estudo ainda está
alinhado às metas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável), da ONU (Organização das Nações Unidas),
como a meta 13, de combate às mudanças no clima.
DESAFIOS
Um dos principais desafios que o agropecuarista vai enfrentar
é manter o equilíbrio da densidade de árvores com
a produtividade da pastagem. “Se a densidade de árvores
for muito alta, pode haver competição excessiva por recursos
como luz, água e nutrientes, reduzindo a produtividade
da pastagem. Por outro lado, uma densidade muito baixa
pode não fornecer benefícios suficientes para o solo e ao
microclima”, detalha José Ricardo.
Para solucionar esse desafio, a área basal é apresentada
como um indicador essencial e uma ferramenta de manejo
para o produtor maximizar a produção tanto de madeira
quanto de pastagem, mantendo a conservação do solo, a
biodiversidade e o sequestro de carbono.
Isso resolve também a prática do desbaste, que é a retirada
de árvores a fim de evitar a competição entre as árvores,
geralmente realizada a partir do sexto ano de plantio.
Entretanto, o uso de mão-de-obra especializada dificulta a
sua adoção, assim como a finalidade final das árvores para
compensar o investimento.
METODOLOGIA
Os experimentos foram conduzidos na Fazenda Canchim
sede da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos
(SP), área de Mata Atlântica, e na Embrapa Gado de Corte,
em Campo Grande (MS), no Cerrado, com sistemas silvipastoris
com árvores dos gêneros Eucalyptus e Corymbia, com
diferentes práticas de manejo e condições ambientais. Isso
permitiu uma análise abrangente e comparativa dos efeitos
da área basal em diferentes contextos.
Os experimentos englobam medições de produção de
forragem e transmissão de radiação solar pelas árvores
em sistemas silvipastoris com densidades de árvores que
78 www.referenciaflorestal.com.br
variaram de 83 a 357 árvores por hectare. Diferentes espécies
foram utilizadas para avaliar a aplicabilidade geral
dos resultados, incluindo materiais clonais de eucalipto
Urograndis e de Corymbia citriodora, comuns em sistemas
silvipastoris.
Os locais foram escolhidos com base na representatividade
das principais regiões silvipastoris, variando em
clima, tipo de solo e práticas agrícolas. A coleta de dados foi
realizada periodicamente no decorrer dos experimentos,
abrangendo sistemas silvipastoris com até nove anos de
coleta de dados.
RESULTADOS
Há uma área basal ideal para a manutenção produtiva
das pastagens no sistema silvipastoril, no qual a densidade
de árvores maximiza a produção de madeira sem comprometer
a produtividade da pastagem. Quando a área basal
ultrapassa um certo limite, a competição por recursos
como luz, água e nutrientes se intensificava, resultando em
um crescimento reduzido das árvores e da pastagem.
Nesse trabalho, considerando dados de pesquisas em
conjunto dos experimentos de São Carlos e Campo Grande,
o valor da área basal obtido para essa maximização da produção
do sistema foi de 8 m2/ha. Esse valor está associado
à transmissão de radiação solar pelas árvores na faixa de
70%, o que permite produção de pastagem em níveis semelhantes
ao sistema a pleno sol.
O crescimento das árvores, medindo-se altura, diâmetro
do tronco e volume de madeira, foi positivamente
correlacionado com uma área basal otimizada. A produtividade
da pastagem foi significativamente influenciada pela
densidade de árvores. Nos experimentos que contêm maior
quantidade de árvores por hectare e consequentemente
maior valor de área basal mostraram efeito negativo na
produção de pastagem. Isso ocorreu nas cidades pesquisadas
com densidade maiores que 333 árvores por hectare e
antes de se fazer o desbaste. Por outro lado, quando realizado
o desbaste, com diminuição da densidade de árvores
e uma basal intermediária, ocorreu a maior produção de
biomassa da pastagem. A qualidade da forragem, medida
pelo conteúdo de nutrientes e digestibilidade, também
foi afetada pela área basal. Pastagens em áreas com uma
densidade de árvores bem equilibrada mostraram melhor
qualidade nutricional.
TOP OF MIND EM
PLANEJAMENTO
FLORESTAL
remsoft.com/woodstock-optimization-studio
Novembro 2024
79
ARTIGO
ALGORITMO QUÂNTICO
VARIACIONAL APLICADO EM UM
MODELO SIMPLIFICADO PARA
OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS EM
PLANEJAMENTO FLORESTAL
80 www.referenciaflorestal.com.br
RODRIGO BLOOT
UNILA (UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA)
RAPHAEL FORTES INFANTE GOMES
UNILA
ARNALDO SATORU GUNZI
KLABIN
Novembro 2024
81
ARTIGO
RESUMO
Aexpectativa atrelada à superioridade no desempenho
e na segurança dos computadores
quânticos em relação às suas contrapartes
clássicas vem fomentando cada vez mais
o interesse de pesquisadores e do público
geral neste tema. Embora a possibilidade de surgirem
computadores quânticos que operam em larga escala nos
próximos anos seja remota, o desenvolvimento recente
dos dispositivos conhecidos como NISQ (Noisy Intermediate-scale
Quantum) fomentou o interesse em investigar
algoritmos que podem apresentar algum tipo de vantagem
quântica nestas máquinas. Com base neste propósito,
apresentamos neste trabalho um estudo do uso do
VQE (Variational Quantum Eigensolver) para resolver um
modelo sintético relacionado com a otimização de custos
no plantio florestal. Os resultados obtidos através dos
otimizadores selecionados e da plataforma QISKIT (IBM)
comprovam a viabilidade teórica do uso destas ferramentas
no âmbito da demonstração de provas de conceito,
desde que a escolha da forma variacional do ansatz seja
compatível com o problema abordado.
82 www.referenciaflorestal.com.br
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a pesquisa e o desenvolvimento
dos protótipos de computadores quânticos de escala intermediária
- cuja tradução vem de Noisy Intermediate-scale
Quantum (NISQ: Preskill, J.,2018) - acelerou a produção
de dispositivos capazes de manipular bits quânticos
em processos computacionais (Feynman, 2012; Roukes,
2008). Com o avanço da tecnologia e devido ao acúmulo
crescente de erros nas respectivas operações, surge a
necessidade de ampliar o estudo e a adaptação de algoritmos
que sejam compatíveis com estes dispositivos.
Neste contexto, alguns algoritmos quânticos que possuem
vantagens teóricas em comparação às respectivas
contrapartes clássicas já foram reproduzidos com sucesso,
como os modelos apresentados por David Deutsch
em 1985 e 1992 (sendo o último em colaboração com
Richard Jozsa).
Com base nesta premissa, existe a expectativa de que
determinados algoritmos quânticos possam ser utilizados
como uma alternativa para solucionar problemas no con-
Com base nesta premissa, existe a
expectativa de que determinados
algoritmos quânticos possam ser
utilizados como uma alternativa
para solucionar problemas no
contexto específico dos modelos
de plantio florestal, desde que os
primeiros apresentem um tempo de
execução viável e permitam gerar
resultados mais robustos
Disco de corte para Feller
Usinagem
• Disco de Corte para Feller
conforme modelo ou amostra,
fabricado em aço de alta
qualidade;
• Discos com encaixe para
utilização de até 20
ferramentas, conforme
diâmetro externo do disco;
Caldeiraria
• Diâmetro externo e encaixe
central de acordo com
padrão do cabeçote;
•Discos especiais;
Detalhe de encaixe para
ferramentas de 4 lados
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ARTIGO
texto específico dos modelos de plantio florestal, desde
que os primeiros apresentem um tempo de execução
viável e permitam gerar resultados mais robustos. No entanto,
a viabilidade de produzir computadores quânticos
com uma capacidade funcional significativa ainda está
longe de ser concretizada.
Todavia, por mais que o campo de atuação destes
protótipos esteja limitado, o panorama atual gera
oportunidades promissoras para testar estes algoritmos
através de simuladores em cenários nos quais o interesse
consiste em validar os conceitos associados aos
respectivos modelos. Neste sentido, é importante analisar
problemas atrelados a propostas interessantes que
já possuam resultados bem estabelecidos, para que o
desempenho das técnicas de computação quântica apresentadas
ao longo dos últimos anos possa ser comparada
diretamente com o desempenho obtido através das ferramentas
computacionais contemporâneas.
Munidos deste propósito,
analisaremos o desempenho
de um algoritmo quântico
variacional aplicado a um
problema de modelagem de
custos no plantio florestal
84 www.referenciaflorestal.com.br
Munidos deste propósito, analisaremos o desempenho
de um algoritmo quântico variacional aplicado a um
problema de modelagem de custos no plantio florestal.
Para esta finalidade, abordaremos um problema sintético
simplificado (que pode ser escalado posteriormente)
para compreender e comparar os resultados obtidos
na plataforma QISKIT (Javadi-Abhari et. al.,2004) com
soluções clássicas bem definidas. Neste caso, o modelo
será construído com base em hipóteses simplificadas do
problema real, onde a respectiva solução é previamente
determinada.
Desse modo, a estratégia para solucioná-lo consistirá
em aplicar um processo de otimização linear com variáveis
de decisão binárias. O objetivo principal desta abordagem
reside em compreender a estrutura do algoritmo
ao longo do procedimento, visando futuramente escalar
o número de variáveis e aplicar as ferramentas variacionais
em dispositivos reais. Por este motivo, exploraremos
o modelo através de simuladores quânticos, com a finalidade
de prover uma compreensão detalhada de todos os
aspectos que envolvem a análise do problema escolhido.
O trabalho foi estruturado de acordo com as seguintes
etapas: introduziremos o problema de modo a obter
um modelo sintético controlado, cujos detalhes serão
discutidos na seção seguinte. Na sequência, descrevemos
brevemente o algoritmo variacional selecionado para resolver
o problema-alvo. Em seguida, mostraremos como
relacionar o problema linear com sua contraparte física,
onde a última é expressa por um Hamiltoniano do tipo
Ising (Lucas, A., 2014). Os testes desta prova de conceito
foram realizados no simulador QASM com o objetivo de
analisar e validar a convergência para o resultado exato.
Por fim, estabeleceremos uma comparação entre os
métodos, finalizando o trabalho com as discussões e as
subsequentes conclusões.
Essa é uma versão parcial deste artigo,
o material completo pode ser acessado
em: https://revistas.utfpr.edu.br/rbfta/
article/view/18647/10380
AGENDA
AGENDA 2025
JANEIRO
2025
Imagem: reprodução
Programa de Preparação de Gestores
Florestais
Data: 15/01 a 19/02
Local: Piracicaba (SP)
Informações:
https://www.ipef.br/ppgf/
MARÇO
2025
JUN
2025
FOREXPO
A cada 4 anos, no coração do maior polo florestal
produtivo, em um terreno de 70 ha (hectares), 400
expositores internacionais e mais de 500 marcas
apresentam as mais recentes inovações, da silvicultura
à exploração madeireira. Pela primeira vez, a edição
de 2025 será aberta aos produtos provenientes do
processamento primário de madeira. A mostra, através
de exposições, demonstrações, workshops mas também
conferências, debates e visitas a estaleiros de construção
e instalações industriais, irá oferecer uma visão geral
da oferta no setor florestal madeireiro, da semente à
transformação da madeira.
Florestas Tchê
Data: 20 e 21
Local: Piracicaba (SP)
Informações
https://www.florestastche.com.br/
Imagem: reprodução
Congresso de Plantações Florestais
Data: 12 a 16
Local: Porto Alegre (RS)
Informações: https://www.ipef.br/noticias/
congresso_plantacoes_florestais_2025_
save_the_date.aspx
86 www.referenciaflorestal.com.br
MAIO
2025
AGO
2025
SHOW FLORESTAL
Realizada pela primeira vez em maio de 2022 no Parque
de Exposição Arena Mix, em Três Lagoas (MS), a Feira
da Indústria do Eucalipto, reuniu 130 expositores e
7.188 visitantes. O volume de negócios fechados e
prospectados durante a primeira edição do Show
Florestal, segundo os organizadores, foi de R$ 175
milhões. A feira teve a participação de profissionais de
todos os Estados da federação e de países como Paraguai,
Angola, Finlândia, Japão, Índia, Uruguai, Argentina e
Alemanha. A expectativa para esta segunda edição é uma
feira ainda maior. O Show Florestal Mato Grosso do Sul irá
reunir profissionais, grandes marcas, produtos, serviços e
soluções para a cadeia produtiva do eucalipto.
AGENDA 2025
MAIO
2025
Ligna Plus Hannover
Local: Hannover (Alemanha)
Data: 26 a 30
Informações:
https://www.ligna.de/en/
JUNHO
2025
ASSINE AS PRINCIPAIS
REVISTAS DO SETOR
E FIQUE POR DENTRO
DAS NOVIDADES!
Forexpo
Data: 18 a 20
Local: Mimizan (França)
Informações:
https://www.forexpo.fr/
INFORMAÇÃO
A ALMA DO NEGÓCIO!
FLORESTAL
INDUSTRIAL
PRODUTOS
BIOMAIS
AGOSTO
2025
CELULOSE
Show Florestal 2025
Data: 19 a 21
Local: Três Lagoas (MS)
Informações:
https://www.showflorestal.com.br/
LIGUE AGORA PARA NOSSA
CENTRAL DE ATENDIMENTO
0800 600 2038
Pagamento nos Cartões de Crédito em até 3X sem juros
Novembro 2024
87
ESPAÇO ABERTO
Foto: divulgação
O amanhã
CHEGOU
Por Leandro Luiz Branco, formado em
Sistemas de informação pela FURB
(Universidade Regional de Blumenau), tem
MBA e Mestrado em Administração de
empresas e é executivo sênior da AILOS
Principais tendências
estratégicas para 2025:
o que as organizações
precisam saber
O
estudo Top Forces That Will Impact Your Strategic Planning
in 2025 da Gartner foi elaborado a partir de uma
pesquisa com líderes de negócios globais, combinando
dados primários, secundários, tendências emergentes
em tecnologia, economia, política e sociedade. Apresento
aqui as principais tendências que vão impactar seu negócio em 2025.
• Tecnologia e Humanos Digitais: a tecnologia está transformando
a maneira como fazemos negócios, e a ascensão dos humanos digitais
promete revolucionar interações com clientes e processos internos.
Esses humanos digitais — que podem ser avatares, gêmeos digitais ou
assistentes virtuais — não só aumentam a eficiência, mas também garantem
uma experiência mais personalizada para os clientes.
• Declínio do Dinamismo Demográfico: o envelhecimento da população
global e a queda nas taxas de natalidade estão criando uma nova
realidade. Com menos pessoas em idade ativa, haverá uma pressão
crescente sobre os sistemas de saúde e a força de trabalho. As organizações
precisam começar a planejar o impacto dessa mudança demográfica
em suas operações.
• Prédios Positivos em Recursos: o conceito de prédios positivos
em recursos - edifícios que geram mais energia e recursos do que consomem
- está ganhando força. Essa tendência não apenas impulsiona a
sustentabilidade, mas também cria novas fontes de receita para empresas
que buscam se alinhar com a agenda verde.
• Fadiga de DE&I (Diversidade, Equidade e Inclusão): muitas organizações
estão enfrentando desafios com suas iniciativas de DE&I
(Diversidade, Equidade e Inclusão). Após alguns anos de foco intenso, os
resultados nem sempre são claros, o que tem levado à fadiga de DE&I.
Mesmo assim, a pressão por inclusão e justiça social continua, especialmente
entre as gerações mais jovens.
• Inquietação Geopolítica: o cenário geopolítico global está cada
vez mais instável. Tensões internacionais, guerras comerciais e políticas
protecionistas estão aumentando os custos das transações globais e
criando barreiras para o comércio internacional. As organizações que
operam em vários países precisam adaptar suas estratégias rapidamente.
• Democratização da Informação: o aumento do acesso digital está
transformando a produção e o consumo de informações. Embora isso
crie oportunidades para as empresas se conectarem com novos mercados,
também traz desafios relacionados à desinformação e ao controle
de dados. Com o crescente uso de IA e ferramentas digitais, a confiança
e a segurança nas informações serão fatores críticos para o sucesso.
• TrustOps (Operações de Confiança): com a proliferação de deepfakes,
IA generativa e desinformação, as empresas precisam adotar
operações de confiança (TrustOps) para garantir a integridade de suas
marcas e operações. Isso inclui o uso de ferramentas que autenticam o
conteúdo digital e a implementação de estratégias para mitigar riscos
reputacionais.
Conclusão: as organizações que estiverem preparadas para enfrentar
essas forças estarão mais bem posicionadas para prosperar em um
mundo dinâmico e incerto. O momento de agir é agora: investir em
tecnologia, ajustar estratégias demográficas, inovar em sustentabilidade
e adotar práticas que fortaleçam a confiança digital são fundamentais
para o sucesso futuro.
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