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EDIÇÃO 05 dezembro 2024
REVISTA LOBOS
FICHA TÉCNICA
Diretor Geral
Joel Pinho
Paginação
André Nogueira
Redação
André Nogueira
Maria Canha
Tiago Pinho
NOME DO ARTIGO
#05
Revisão
André Nogueira
Contacto
comunicacao@fcarouca.eu
Fotografia
Alberto Pacheco
Aparício Alves
José Carlos Duarte
Pedro Fontes
3
REVISTA LOBOS
FOTO DO MÊS
Uma nova era começou em novembro, com a estreia
de Vasco Seabra no comando técnico do FC Arouca
FOTO DO MÊS
#05
5
REVISTA LOBOS
Índice
08
Entrevista
Presidente
Carlos Pinho
20
60 segundos com...
Henrique Araújo
22
Especial
Aniversário
56
Entrevista
Rafa Mujica
70
Top 7 de...
Nico Mantl
78
Memória
FC Arouca
ÍNDICE
Grandes Eletrodomésscos | Informááca | Telecomunicações
Pequenos Eletrodomésscos | CCTV Vigilância | Componentes Eletrónicos
Ferramentas | Iluminação LED | Material Elétrico | Car Audio
UUlidades para o Lar | Moda e Acessórios | Som e Luz
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REVISTA LOBOS
DIZEM POR AÍ
#05
DIZEM POR AÍ
“O MEU AMOR
PELO CLUBE É
INEXPLICÁVEL. É
COMO UM FILHO
PARA MIM”
Foi no Estádio Municipal de Arouca, local onde o Futebol Clube de Arouca
joga desde que Carlos Pinho assumiu a presidência do clube, onde falou
das suas primeiras memórias enquanto adepto, os seus primeiros
feitos como presidente e os seus seus desejos para o futuro.
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REVISTA LOBOS
DIZEM POR AÍ
#05
Carlos Pinho nasceu no ano de 1959, uma década antes do clube entrar em
campo com o nome de Futebol Clube de Arouca. Um filho da terra cujas primeiras
memórias do futebol surgem nessa altura com o Ginásio Clube de
Arouca a realizar encontros de caráter amigável no Campo da Aborrida, junto ao
Convento, “Sei que era muito novo quando fui pela primeira vez a um jogo de futebol
em Arouca. Teria, provavelmente, perto de dez anos e lembro-me de vir a pé, sozinho,
desde Sá, em Santa Eulália, que ficava a dois quilómetros e meio, só para ver alguns
dos jogos no parque da praça. Lembro-me perfeitamente como vibrava com esses
momentos de futebol na terra. Nutria uma grande paixão pelo desporto, principalmente
o futebol, desde aquela altura”.
Era o jogo em si que o entusiasmava, a possibilidade de conseguir assistir a uma
equipa a representar a terra, “Não me recordo se admirava algum jogador em especial
daqueles tempos. Como disse, era uma criança pequena que já se deslumbrava com
a existência do futebol. Foram tantos os jogadores que me passaram pelos olhos e
tantas situações memoráveis, que tornam complicado agora dizer um nome. Mas
muita gente ia assistir aos jogos de então, que eram uma novidade. Penso que as
pessoas também precisavam de descontrair das suas rotinas, com estas horas de
entretenimento”.
Com a passagem do clube para Futebol Clube de Arouca e, principalmente, com a
mudança da equipa para o Campo de Jogos Afonso Pinto Magalhães, o interesse
manteve-se, “Tenho muitas memórias de infância associadas ao clube. Acho que,
desde que o Futebol Clube de Arouca começou a jogar no Campo de Jogos Afonso
Pinto Magalhães, eu não falhei um único jogo. Chegado o fim de semana, para mim
só existia uma opção: ir ver o clube da minha terra. Era o dia mais especial da semana,
quando havia jogo”.
Acho que, desde que o Futebol Clube de Arouca
começou a jogar no
Campo de Jogos Afonso Pinto Magalhães,
eu não falhei um único jogo
Posteriormente passou a desempenhar os primeiros trabalhos ao serviço do clube,
ocupando vários cargos, “Como referi anteriormente, desde os meus dez anos, ou
perto disso, que tinha um gosto enorme pelo futebol e pelo Futebol Clube de Arouca,
inclusive as camadas jovens que, sempre que podia, acompanhava. Até que me chegaram
várias vozes de incentivo para assumir a presidência do clube. Nunca quis
ser presidente, porque também eram outros tempos, e eu só poderia ser presidente
quando soubesse que tinha reunidas as condições para levar o futebol mais alto, ao
nível dos meus sonhos. Decidi avançar quando me senti preparado e com capacidade
para iniciar um percurso sério e custoso. Felizmente, hoje posso dizer que consegui
fazer isso e que cumpri a minha principal missão”.
11
REVISTA LOBOS
Decorria o ano de 2006 quando foi eleito
presidente do Futebol Clube de Arouca e,
finalmente, teve a oportunidade de pôr
em prática a sua determinação de levar o
emblema da terra ao topo do futebol
nacional - longe ainda de vislumbrar as
passagens para apuramentos europeus
como os que alcançaria para a UEFA
Europa League e UEFA Conference
League, “sempre fui uma pessoa de ideias
fixas, quem me conhece sabe. Não vou
dizer nesta entrevista que nunca equacionei
levar o Arouca ao topo. Na minha
cabeça, embora soubesse que seria
muito difícil, tinha o objetivo claro de
chegar à Primeira Liga. Foquei-me nisso.
Lembro-me perfeitamente que, quando
fui eleito presidente, e o Futebol Clube de
Arouca ainda andava nas distritais, na
sala de imprensa os jornalistas me perguntarem
qual seria o meu propósito para
o clube. E eu, na minha boa fé, disse que,
realmente, o meu objetivo era chegar à
Primeira Liga. Recordo-me que os jornalistas
da terra e alguns de fora que
estavam ali presentes começaram todos
a rir. Eu vi-os a fazer troça do que eu tinha
acabado de dizer. Então humildemente
acrescentei que, até poderia não conseguir
alcançar tal feito, como eles achavam,
mas que a minha verdadeira intenção era
trabalhar para um dia conseguir chegar
à Primeira Liga. E a verdade é que cheguei
mesmo”.
Numa presidência marcada por várias
subidas de divisão, nenhuma é mais
especial do que a anterior, nem mesmo
a primeira promoção ao principal escalão
do futebol nacional na temporada
de 2012-2013, uma vez que, todas juntas,
apresentam o currículo e trabalho que um
clube como o Futebol Clube de Arouca
precisou de escrever para alcançar o
O meu objetivo era
chegar à Primeira Liga.
Vi-os a fazer troça
(...) mas a verdade é
que cheguei mesmo
sucesso, “Para mim, todas as subidas
foram especiais. Isto porque foi degrau
a degrau que o Futebol Clube de Arouca
chegou à Primeira Liga. Foi desde a distrital
até ao topo nacional, passando pela
Terceira Nacional, pela Segunda Nacional
e pela Segunda Liga. Subir da distrital já
seria, por si só, um grande feito. Na subida
seguinte, lembro-me do povo arouquense
ter ficado eufórico porque o Futebol Clube
de Arouca nunca tinha chegado a esse
campeonato. Depois, nunca mais me
esquecerei, chegámos à terceira divisão
nacional e imediatamente fomos promovidos
para a Segunda Liga. Penso que
só a partir daí é que as pessoas começaram,
por fim, a levar a sério as minhas
declarações anteriores - é que eu tinha
prometido a Segunda Liga e o clube já lá
estava - questionaram-se aí se a Primeira
Liga não seria, afinal, alcançável. Agora
já se permitiam acreditar naquilo que
eu lhes tinha falado há uns anos atrás,
quando ainda estávamos na distrital”.
Uma vitória para o emblema da terra mas
também para o homem que sempre acreditou,
“A população de Arouca ficou muito
contente mas eu fiquei muito mais orgulhoso.
Porque sempre fui uma pessoa
pouco susceptível de ser influenciado pela
cabeça dos outros. Fui desempenhando o
meu trabalho no clube com persistência
e motivação. Toda a minha vida foi assim.
A fazer mais e a querer mais. Ainda hoje
eu quero sempre mais”.
DIZEM POR AÍ
#05
Perto de celebrar quase vinte anos de
presidência, num percurso inigualável
no nosso país, Carlos Pinho continua a
fazer provar que, para ele, o impossível
é possível, e mantém a ambição de conquistar
ainda mais pelos Lobos de Arouca,
“Como já referi em ocasiões anteriores,
isto de ter um clube na Primeira Liga não
é fácil, como as pessoas possam pensar.
Às vezes até eu me interrogo como é que
é possível um clube como o Futebol Clube
de Arouca estar na Primeira Liga, depois
de todas as anteriores décadas terem
sido passadas em campeonatos distritais?
Mas eu sei como é que isto é possível.
Só com a fórmula na medida certa de
orgulho, vontade, paixão e convicção.
Quando eu ando por esse mundo fora,
as pessoas perguntam-me como é que
uma terra tão pequenina como Arouca
consegue ter um clube no topo do futebol
nacional, e já com tantos feitos, como os
apuramentos europeus que levaram as
nossas cores a disputar eliminatórias
internacionais nos Países Baixos, na
Grécia e na Noruega.
A verdade é que sinto, genuinamente,
que esta é a garra que melhor caracteriza
o nosso povo e as nossas gentes.
Todo este reconhecimento é um motivo
de orgulho e acrescenta estímulo para
lutarmos e trabalharmos para se fazer
cada vez mais, até porque é inevitável
uma pessoa não destacar que, atualmente,
do distrito do Porto até ao distrito
de Lisboa, só existe um clube na Primeira
Liga, que é o Futebol Clube de Arouca.
É honroso e gratificante. Tanto tempo
andou o clube a tentar filiar-se à Associação
de Futebol de Aveiro e hoje é
reconhecido como o maior símbolo do
distrito”.
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REVISTA LOBOS
Com mais de 700 jogos a acompanhar
o Futebol Clube de Arouca desde que
assumiu a presidência, há um encontro
que, ainda hoje, guarda com uma recordação
especial, “Eu acompanhei tantos
jogos que é difícil escolher só um. Mas
quando andávamos na disputa para subir
à Segunda Liga, lembro-me perfeitamente
de um jogo que me marcou muito
e que acabou também por ser o arranque
que precisávamos para a subida.
Estávamos no início do ano e jogámos
aqui no Estádio Municipal de
Arouca com o Eléctrico Futebol Clube.
Ao intervalo, estávamos a perder 0-2,
então dirigi-me ao balneário para falar
com os jogadores. Entretanto encontro
o treinador, muito exaltado, a dizer que
estando a perder e a jogar daquela forma
tinha vontade de ir embora. Disse-lhe de
imediato que isso não seria admissível.
Depois, já no balneário, dirigi-me aos
jogadores e deixei claro que, mesmo que
todos fossem embora, o treinador ficaria.
Porque a verdade é que, naquele momento,
tinha total confiança naquele grupo e
sabia que era totalmente possível a equipa
dar a volta ao resultado daquele jogo.
E a verdade é que foram uns heróis, ganhámos
esse jogo por 3-2. Por isso é que me
ficou marcado. Se eu tive ou não influência
na forma como entraram para o campo
na segunda parte, não sei, gosto de pensar
que sim, mas só eles poderiam dizer.
Certo é que foram dois jogos completamente
diferentes em cada um dos 45
minutos. O líder do campeonato era o
Futebol Clube Pampilhosa e nós, a partir
desse jogo, praticamente não perdemos
mais nenhum, ultrapassando todos os
clubes, até passarmos à fase seguinte e,
depois, conseguirmos o principal objetivo,
que era subirmos”.
DIZEM POR AÍ
#05
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REVISTA LOBOS
Apesar de já ter afirmado anteriormente
que não conseguiria fazer um
projeto idêntico noutro clube, pois faltaria
a paixão que tem pelo Futebol
Clube de Arouca, o presidente Carlos
Pinho fundamenta o que é realmente
para si o Arouca enquanto clube,
“O Futebol Clube de Arouca é quase
como um filho meu. Eu tenho dois filhos
e este é como se fosse o terceiro, é uma
coisa inexplicável. É também esse um
dos motivos pelo qual ainda hoje usamos
o lema «Amor e Paixão» a representar
o que sente a nossa gente pelo clube
de futebol que leva a sua terra ao peito.
Posso hoje dizer que já tive clubes que,
ao longo dos anos, através de pessoas
muito influentes do nosso país, olhando
para o sucesso que íamos tendo por aqui
no nosso clube, vieram pedir-me ajuda
no sentido de projetar, também, o clube
das suas cidades até à Primeira Liga.
Acontece que vivi sempre em Arouca e,
uma pessoa para fazer qualquer coisa
de bom, tem de o fazer com um espírito
de total entrega. A mim não me interessa
a quantidade de campos de treino
ou a quantidade de funcionários que
esses clubes têm. Fiz o que fiz por este
clube, e continuo a fazer o que estou
a fazer somente por paixão, é que eu
gosto e tenho um orgulho muito grande
de poder dizer que sou arouquense.
E também é por isso que o staff do nosso
clube pouco altera de temporada para
temporada, são pessoas que estão concentradas
na missão de representar da
melhor forma o nome do Futebol Clube
de Arouca e fazem-no como uma família.
Não há mais segredos para o sucesso.
É um clube profissional que foi trabalhado
e que continua a ser trabalhado por excelentes
profissionais.
Eu estou neste clube e fiz
o que fiz (...) por paixão.
É que eu tenho um
orgulho muito grande
de poder dizer que
sou arouquense
Tenho, ainda, o gosto adicional de este
meu percurso conseguir ser partilhado
com, pelo menos, a mesma intensidade
pela minha família. Era algo que era
importante para mim, isto de conseguir
partilhar um pouco desta minha paixão
com todos eles. Mas a verdade é que,
desde cedo, que procuraram saber mais
e conhecer melhor o clube da sua terra e
estarem envolvidos da melhor forma que
conseguirem”.
Antes de se despedir, o presidente
Carlos Pinho guardou ainda tempo
para uma mensagem especial, neste
que é o mês de aniversário do clube e,
ao mesmo tempo, de época natalícia,
“A mensagem que deixo a todos os
arouquenses é que, acima de tudo,
tenham calma e que continuem a confiar
no nosso projeto, tal como eu confio.
Vamos fazer todos os possíveis para sair
da situação atual com a maior brevidade,
porque sabemos que não é esta a posição
que nós merecíamos estar. Que apoiem
fervorosamente o clube, porque nós
vamos fazer tudo por tudo para sermos
mais eficazes em todos os campos.
Gostaria também de desejar a todos os
arouquenses, a todos os sócios e adeptos
e seus familiares, festas felizes recheadas
de muita saúde e alegria”.
DIZEM POR AÍ
#05
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#05
CITAÇÃO DO MÊS
“Para mim, tem sido muito
gratificante vestir esta
camisola e receber o carinho
dos adeptos e dos meus
companheiros”
Tiago Esgaio
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REVISTA LOBOS
60 SEGUNDOS COM...
HENRIQUE ARAÚJO
Um super poder?
Teletransporte
Bebida preferida?
Água
Comida favorita?
Espetada
Série preferido?
Guerra dos Tronos
Cantor preferido?
Plutónio
Animal preferido?
Tubarão
Viagem de sonho?
Caraíbas
Jogador preferido na infância?
Cristiano Ronaldo
Jogador do plantel que se veste pior?
Morlaye Sylla
Jogador com o melhor cabelo?
Pedro Santos
Jogador mais engraçado da equipa?
Pedro Moreira
60 SEGUNDOS COM
#05
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REVISTA LOBOS
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
TODOS OS
72 ANOS DE
ORGULHO
AROUQUENSE
A história completa do Futebol Clube de Arouca desde a
sua fundação até à corrente temporada de 2024-2025,
no mês em que celebra o seu 72.º aniversário
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REVISTA LOBOS
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
O
começo de tudo dá-se em pleno
regime salazarista onde, a vila de
Arouca ganhava uma alegria, em
1952, através do futebol. Antes disso, sob
os nomes de Arouca Futebol Club, Associação
Desportiva Arouquense e Arouca
Atlético Club, nas décadas de 30 e 40,
eram jogados os primeiros amigáveis na
terra. Seriam, também, lá efetuados os
primeiros jogos no Campo da Aborrida,
junto ao Convento.
Mas, em 1951, era organizado o primeiro
clube com Fernando Pinto Calçada como
primeiro presidente do Ginásio Clube de
Arouca. O processo demorou um ano a
ser legalizado, sendo que a data 25 de
dezembro de 1952 se tornou a data oficial
para a inauguração do clube.
Fernando Calçada, Valdemar Duarte
e Joaquim da Rocha Ferreira ficavam
marcados como os elos chave para a
fundação do emblema da vila. Fernando
Calçada ficaria também nos registos
como o primeiro capitão do clube.
Como dito anteriormente, o primeiro
campo seria construído junto ao Convento
por trabalhadores das famosas
minas de exploração de volfrâmio, em
Rio de Frades. Hoje, enquanto campo
sintético de dimensões mais reduzidas, é
utilizado por vários jovens e adultos para
a prática de futebol.
O primeiro equipamento era azul e branco
às riscas verticais, com calção azul. Através
de festas organizadas pela direção de
então, eram arrecadadas receitas para
comprar equipamentos, bolas e restante
material desportivo.
“O meu maior desejo é desenvolver a cultura e o
desporto na minha terra” - Fernando Calçada
25
REVISTA LOBOS
Um dos primeiros jogos registados em
1953 foi frente à União Sport Club, num
encontro que terminou empatado 3-3.
A primeira vitória surgiria no segundo
encontro, com o resultado de 3-0 frente
ao Macieirense de Macieira de Cambra.
Apesar da chuva, o povo movimentou-se
em bom número para assistir ao futebol
em Arouca.
A falta de apoio de camarário era contestada,
em 1958, através de uma publicação
no jornal A Defesa de Arouca onde era
lamentado o facto de todas as despesas
estarem a carga do clube, incluindo a limpeza
do campo para as Feiras do Gado e
festas do concelho que aí se realizavam,
impedindo o Ginásio Clube de Arouca de
ter os meios necessários para participar
nas competições distritais.
“Os sacrificios que
tivemos nada representam.
Já sabíamos que o caminho
a percorrer tinha grandes
escolhas, era preciso
lutar para vencer. Se
assim não fosse, não
existiria a coletividade”
- Waldemar Duarte
Os anos 60 trouxeram uma nova imagem
ao mundo futebolístico de Arouca. Apesar
dos dois primeiros anos terem sido completamente
inativos, sem realizarem
qualquer jogo, falando-se, então, num
possível fim do clube, não só devido ao
afastamento cada vez mais prolongado
dos dirigentes por razões profissionais
mas, principalmente, pelas maiores
dificuldades financeiras, resultado de um
projeto ainda sem qualquer apoio económico.
Era, inclusive, incentivado através
dos jornais locais, que os jovens deixassem
de jogar futebol na praça pública,
afastando ainda mais o desporto da
população.
Seria no ano de 1966, no mesmo
momento em que se celebrava a melhor
classificação de sempre de Portugal
num Campeonato do Mundo com um
terceiro lugar, naquela que era também
a primeira participação de sempre da
seleção das quinas na competição, que
o Ginásio Clube de Arouca realizaria os
últimos jogos apenas de caráter amigável.
Em fevereiro de 1967, é, finalmente,
registada a filiação ao futebol distrital de
Aveiro. Seria, portanto, Joaquim Brandão
de Almeida o primeiro presidente do clube
enquanto emblema registado nas competições
distritais. Fernando Calçada,
primeiro capitão, acompanhava-o como
vice-presidente.
A 12 de março de 1967, o Ginásio Clube
de Arouca realizava o seu primeiro jogo
oficial, frente ao Pejão AC, do concelho
de Castelo de Paiva, onde era estreado
um novo equipamento com camisola
amarela e calções azuis, as duas cores
do concelho, algo que se manteve até
aos dias de hoje. Apesar da derrota por
5-0, ficariam para os registos os primeiros
onze homens a entrarem em campo:
Júlio, Morais, José Augusto, Rocha, Matos,
Esteves, Belmiro, Armando, Dilermando,
Mendes e Mário Alberto.
O jogo ficaria marcado pela lesão do
guarda-redes Júlio ao minuto 20, após
embater contra um poste, sendo substituído
por um jogador de campo.
O guarda-redes não voltaria a jogar mais,
ficando a equipa sem elemento para a
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
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REVISTA LOBOS
posição até ao final da temporada. Tal
condição afetaria a equipa que, nessa
temporada de estreia, terminaria na
oitava posição (penúltimo lugar), com três
vitórias, dois empates e onze derrotas.
O INÍCIO DO FUTEBOL CLUBE DE
AROUCA
Já com Dr. António Sardoura como novo
presidente do clube, em 1969, após um
novo jogo de caráter amigável com os
júniores do Futebol Clube do Porto, surgiu
também o convite para o Ginásio Clube
de Arouca se tornar filial do emblema azul
e branco. Como tal, em Assembleia Geral
Extraordinária, a 27 de dezembro, foi a
votação e saiu aprovada a filiação. Apesar
de alguma contestação local, o importante
apoio financeiro prestado a filiais
por parte do clube nortenho, bem como
a possibilidade de poder receber atletas a
título de empréstimo, foram pontos fortes
para a mudança de nome do clube para
Futebol Clube de Arouca. Assim, 17 anos
após a sua fundação, as mudanças para
a filiação à Associação de Futebol de
Aveiro, o novo nome e o amarelo e azul
dos equipamentos tornavam o clube
cada vez mais idêntico ao emblema que
hoje reconhecemos. O final da década
era também marcado pela criação de um
plantel de escalão jovem e instalação de
iluminação no campo de jogos.
Se o início dos anos 60 foi marcada pela
inatividade, os anos 70 escreveram uma
página de glória. 1970 é o ano da primeira
subida à Primeira Divisão Distrital, a mais
importante competição da Associação de
Futebol de Aveiro. Após uma vitória por
2-0 frente ao Sporting Clube Vista Alegre,
o emblema arouquense terminou na
segunda posição do campeonato, registando
a inédita subida de divisão.
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
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REVISTA LOBOS
CAMPO DE JOGOS AFONSO PINTO
MAGALHÃES
Da euforia da subida de divisão surge
uma nova força: a vontade e necessidade
de um novo campo para a prática dos
jogos, que cumprisse com as condições
exigidas.
Com António Moreira Duarte como novo
presidente, o campo acabaria por nascer
com o apoio de vários voluntários, no local
onde, nos dias de hoje, atuam as camadas
jovens do Futebol Clube de Arouca.
O nome do campo foi dado em homenagem
a Afonso Pinto Magalhães, não
só pelos esforços feitos anteriormente,
mas pelo generoso donativo que tornou
a construção do campo uma realidade.
Na temporada de 1972-1973, o novo presidente
Valdemar Leite Duarte avança com
a proposta de inscrição de uma equipa de
iniciados, a juntarem-se aos já existentes
juvenis. O seu mandato seria marcado por
todas as temporadas na Primeira Divisão
de Aveiro, até ser substituído, em eleições,
por Telmo Brito Peres, que seria seguido
por David Maia Vasconcelos.
Após o final da década, e também após
uma descida de divisão, a equipa voltaria
a conseguir regressar à elite do futebol
distrital, já com António Gomes como
presidente, não só vencendo a sua série
Norte, como derrotando, na grande final,
o Sporting Clube Vista Alegre por 3-1, juntando
ao palmarés o título de campeão
distrital, pela primeira vez na história.
Seguiram-se dez anos de poucas mudanças
no futebol, marcada apenas pela
descida na temporada de 1985-1986,
com a imediata promoção na temporada
seguinte, já com António da Rocha
Duarte enquanto novo presidente, a trazer
a segunda taça de campeão distrital para
o museu do clube.
O início da década de 90 marcava novo
regresso à Primeira Divisão Distrital,
com uma nova direção encabeçada por
Zeferino Duarte Brandão. Por pouco não
se celebraram duas promoções consecutivas
e a estreia nos campeonatos
nacionais, com a quarta posição final
na tabela classificativa a ser insuficiente
para o realizar deste sonho.
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
Porém, depois de uma temporada que
poderia ter sido de sucesso, seguiram-se
novas descidas de divisão e anos negros
na história do clube.
Por entre esta névoa desportiva, destaca-se
a temporada de 1994-1995, com a
participação, pela primeira vez, dos três
escalões de camadas jovens em simultâneo
(júniores, juvenis e iniciados).
Além disso, no plantel sénior, registou-se
a quinta subida de divisão da história do
clube. O presidente António Brito passava
o testemunho a Alberto Seabra, que via o
Futebol Clube de Arouca a voltar a descer
de divisão na temporada de 1996-1997.
Uma temporada depois, agora com Nuno
da Silva Daniel como novo presidente
eleito, o emblema arouquense sagrava-se
campeão da série, sendo depois derrotado
na final distrital pela primeira vez.
NOVA DÉCADA, NOVO CLUBE
Com o final da última década do século
XX e começo do século XXI, um novo
nome entra na direção do clube: Alberto
Camisão é eleito presidente e inicia o processo
de reestruturação do clube, tendo
sido o primeiro a ter este importante trabalho
de organização do clube que, hoje,
representa todo um concelho. Seria, como
iremos confirmar, a década mais vitoriosa
da história do clube até então, com novos
feitos inimagináveis pela grande maioria
da população.
Por um lado, o Campo de Jogos Afonso
Pinto de Magalhães é alvo de obras
de remodelação com a construção de
novos balneários, criada uma lavandaria,
onde, pela primeira vez, seriam lavados e
secados os equipamentos do plantel principal,
e a serem fornecidos equipamentos
para os atletas das camadas jovens. Em
campo, a equipa abria o campeonato de
forma brilhante só com vitórias, sendo
que a primeira derrota só surgiu na jornada
11. Não foi, portanto, com espanto
que o Futebol Clube de Arouca se sagrou
campeão da série Norte. Porém, para a
promoção aos campeonatos nacionais,
seria necessário ser um dos dois primeiros
classificados na liga com os dois
classificados das duas séries.
A 16 de junho de 2001, o Futebol Clube
de Arouca segurava o segundo lugar, ao
empatar a uma bola com o Grupo Desportivo
Milheiroense, que viria a ser campeão,
e garantia definitivamente a subida de
divisão. A um ano do clube celebrar meio
século de existência, alcançavam, por
fim, os campeonatos nacionais.
Porém, a primeira experiência nos
nacionais revelava-se dura. Apesar do
entusiasmo da massa adepta, que compareceu
em peso em todos os jogos, a
15.ª classificação no campeonato ditou a
descida de divisão.
A estadia nos campeonatos distritais
seria curta desta vez. Na temporada de
2002-2003, já com José Carlos Mendes
a presidente, jogou-se o famoso jogo em
Canedo. O empate a três bolas sagrou
o Futebol Clube de Arouca campeão da
Primeira Divisão Distrital pela primeira
vez, num jogo marcado pela expulsão do
guarda-redes Vítor Couto nos últimos dez
minutos, com o lateral esquerdo Hugo
Xavier a terminar como guarda-redes
improvisado.
Em ano de Campeonato da Europa de
2004, o Futebol Clube de Arouca anunciava,
também, a construção de uma
bancada lateral no Campo de Jogos
Afonso Pinto Magalhães e a superação
de mais de mil sócios. Por outro lado,
ditou também a descida do clube, uma
vez mais, aos campeonatos distritais.
31
REVISTA LOBOS
ERA CARLOS PINHO
O verão de 2006 foi marcado por novidades
que seriam históricas para o
emblema do Futebol Clube de Arouca.
Depois de várias décadas, o plantel sénior
abandonava o Campo de Jogos Afonso
Pinto Magalhães e inaugurava o Estádio
Municipal de Arouca.
A 20 de maio de 2006 era oficialmente
inaugurado o Estádio, num amigável
frente ao Futebol Clube do Porto.
Um mês depois, novas eleições apresentam
Carlos Pinho como novo presidente
do clube do concelho. Depois de já ter
passado anteriormente pelo clube com
outros cargos, concretiza, por fim, o sonho
de presidir o clube e escrever as mais
bonitas páginas da história do nosso
emblema.
O primeiro ano já ficou marcado por um
mediatismo sem igual devido à presença
do famoso apresentador de televisão
Jorge Gabriel no banco de suplentes do
Futebol Clube de Arouca, como treinador
adjunto de Rui Correia.
O primeiro jogo oficial no Estádio Municipal
de Arouca foi a 24 de setembro do
mesmo ano, frente ao Futebol Clube de
Cortegaça, com uma vitória por 2-0.
Seria um arranque vitorioso muito idêntico
ao que se viria a assistir durante toda
a temporada. A dez jogos do final, a vantagem
para o segundo classificado era já
de 14 pontos. Como tal, foi sem surpresa
que a Era Carlos Pinho se iniciou com a
subida de divisão com quatro jornadas
ainda por se jogarem.
No último teste, para também se sagrar
campeão distrital, o Futebol Clube de
Arouca entrou em campo e bateu, ainda,
o Grupo Desportivo da Mealhada por 2-0,
na final, com os dois golos a serem apontados
por William.
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
Volvida a temporada e como sempre
desde a chegada ao clube, o presidente
Carlos Pinho voltava a colocar o objetivo
numa nova subida de divisão.
Para tal, o treinador-adjunto Jorge Gabriel
era promovido a treinador principal. Mais
tarde, os compromissos profissionais
acabaram por se mostrar incompativeis
com a agenda do clube e Jorge Gabriel
abandonou o clube no quinto posto, a
dois pontos do primeiro lugar, com José
Pedro a ser prontamente apresentado
aos sócios.
A mudança revelou-se de sucesso e inicou-se
uma senda de vitórias que colocou
o Futebol Clube de Arouca no topo da sua
série. Porém, para nova promoção, para o
terceiro escalão do futebol nacional, seria
necessário cumprir uma segunda fase
com as seis melhores equipas da primeira
fase. Aí, o Futebol Clube de Arouca voltou
a destacar-se e segurou o primeiro lugar
com 48 pontos, mais um que a Associação
Desportiva Sanjoanense.
Em 2009-2010, ano em que se realizaria
o Campeonato do Mundo na África do
Sul, o Futebol Clube de Arouca também
vivia anos de muito sucesso. Ainda assim,
e com duas subidas no palmarés, o presidente
Carlos Pinho ambicionava ainda
mais.
“Vamos subir à
Segunda Liga”
- Carlos Pinho
Dito e feito. A vila que se encontrava isolada
do país, com apenas 43 temporadas
de existência, continuava a fazer as suas
gentes sonharem mais alto. A temporada
que se iniciou com Carlos Secretário,
antigo jogador do Futebol Clube do Porto
e Seleção Nacional, terminaria com Henrique
Nunes no leme arouquense.
Dividida por três séries (Norte, Centro
e Sul), a remodelada equipa do Futebol
Clube de Arouca venceu a série Centro,
encontrando Moreirense Futebol Clube
e Clube Futebol União da Madeira na
fase final. O Futebol Clube de Arouca
recebeu o Moreirense Futebol Clube, na
última jornada, a precisar de vencer. O
jogo começou da pior forma mas Beré e
Hélder Silva apontaram os golos da vitória
por 2-1 e, consequentemente, a tão esperada
subida à Segunda Liga.
Era a primeira vez que o clube chegava
aos campeonatos profissionais, logo
com o estatuto de campeão. Em apenas
quatro anos, a equipa saía dos distritais
de Aveiro até aos campeonatos profissionais,
um feito inédito no futebol português.
DO TOPO NACIONAL À EUROPA
A estreia na Segunda Liga foi marcada
com um honroso quinto lugar. Porém,
esse registo seria melhorado na temporada
2012-2013. Com o ‘Rei das Subidas”
Vítor Oliveira como treinador principal,
como era carinhosamente apelidado,
a equipa teve a melhor prestação de
sempre na Taça de Portugal, alcançando
os quarto de final.
Porém, o maior sucesso seria apresentado
em formato campeonato. Apenas
atrás de um espantoso Clube de Futebol
«Os Belenenses», que detém até hoje o
recorde de pontos numa só edição com
96 pontos, o Futebol Clube de Arouca
segurou a segunda posição, com Joeano
como melhor marcador do campeonato,
e realizava o principal sonho do presidente
Carlos Pinho: a chegada ao topo
do futebol nacional.
33
REVISTA LOBOS
Após a subida de divisão, Vítor Oliveira
abandonava o cargo, dando lugar a Pedro
Emanuel. Apesar da sua curta carreira de
treinador, apenas tendo orientado a Associação
Académica de Coimbra, contava
já com uma Taça de Portugal e uma presença
na UEFA Europa League no seu
palmarés.
Em Arouca, dois objetivos cumpridos com
a permanência assegurada em ambas as
temporadas. Fica o registo do primeiro
onze utilizado na Primeira Liga, numa
derrota no Estádio Alvalade XXI: Stefanovic,
Luís Dias, Mika, Henrique, Luís Tinoco,
Nuno Coelho, David Simão, Bruno Amaro,
Pintassilgo, Roberto e Paulo Sérgio.
Para muitos, aqueles anos ultrapassavam
mais que a realidade para um clube
que, antes do presidente Carlos Pinho,
apenas tinha presenças esporádicas na
Terceira Divisão Nacional. Porém, esta
viagem utópica não terminava por aqui.
Para a temporada 2015-2016 era contratado
Lito Vidigal como técnico principal e
o impacto seria imediato.
O campeonato começou logo com duas
vitórias de registo. A primeira, em Moreira
de Cónegos, num terreno que, no historial
de confrontos, costuma ser complicado
para a formação arouquense. Ainda
assim, o desafio foi ultrapassado com
uma vitória por 0-2. Na segunda jornada,
em casa emprestada no Estádio Municipal
de Aveiro, vitória por 1-0 frente ao Sport
Lisboa e Benfica e liderança isolada do
campeonato. Até hoje, trata-se da única
vitória da história frente aos encarnados.
Assim se construiu uma equipa extremamente
complicada de derrotar.
No campeonato, apenas seis derrotas
em todo o percurso, apenas superado
por Sporting Clube de Portugal (2) e Sport
Lisboa e Benfica (4). Para surpresa de
muitos, o Futebol Clube de Arouca, que há
uns anos era desconhecido para a generalidade
dos adeptos de futebol, terminava
no quinto lugar da tabela classificativa e,
consequentemente, apurava-se para a
UEFA Europa League, confirmando a sua
primeira experiência europeia.
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
ALEGRIA E TRISTEZA
A temporada 2016-2017 iniciou-se com
grande alegria e terminou com o sentimento
oposto.
A pré-temporada iniciava-se mais cedo
pois, a 28 de julho de 2016, o Futebol Clube
de Arouca deslocou-se a Almelo para
disputar o primeiro jogo europeu da sua
história. Walter González, ao cair do pano,
apontou o golo do empate a uma bola e
trouxe a esperança da passagem para
Arouca.
Como já referido na Edição 01 da Revista
Lobos, o primeiro jogo europeu em Arouca
foi vivido em clima de festa durante dois
dias. O empate a 0-0 garantiu a presença
do emblema arouquense na ronda
seguinte, onde iria enfrentar o gigante
grego do Olympiacos, que viria a terminar
o ano como campeão da Grécia.
Uma derrota por 0-1 em Arouca, levava
o complicado sonho para solo grego.
Porém, a formação de Lito Vidigal nunca
desistiu. Após inúmeras tentativas ao
longo do encontro, Gégé encontrou o
fundo das redes e apontou o golo que
levou as contas para prolongamento.
Aí, a experiência e o cansaço fizeram-se
sentir no prolongamento, com a equipa
da casa a dar a volta à derrota e a colocar
um ponto final no sonho europeu.
Os bons resultados arouquenses chamavam
à atenção internacional que,
após a jornada 21, fizeram Lito Vidigal
rumar ao Maccabi Tel Aviv, de Israel. Uma
temporada que parecia de tranquilidade
transformou-se em instabilidade. Seguiram-se
seis derrotas consecutivas com
o comando técnico a passar de Manuel
Machado a Jorge Leitão.
A mudança não se provou suficiente. Dois
empates, uma vitória e uma conjugação
altamente improvável de resultados na
última jornada, empurrou o Futebol Clube
de Arouca para a Segunda Liga. Um percalço
inesperado numa maravilhosa que
estava a ser escrita na pequena vila de
Arouca.
A partir daí, o objetivo era claro: a subida
imediata. Porém, um novo desastroso
final de temporada com um empate e três
derrotas nos últimos quatro jogos, fez o
Futebol Clube de Arouca cair da segunda
para a sexta posição, permanecendo por
mais uma temporada na Segunda Liga.
Porém, o pior viria na temporada seguinte,
em 2018-2019, com mais uma última jornada
com uma conjugação de resultados
improváveis, a fazer o Futebol Clube de
Arouca terminar na 16.ª posição da tabela,
ditando uma nova descida de divisão.
O RENASCER
A temporada de 2019-2020 seria especial
não só para o futebol português
como para todo o futebol internacional.
A pandemia antecipou o fim de vários
campeonatos e, entre eles, o Campeonato
de Portugal, onde o Futebol Clube
de Arouca se encontrava inserido. Líder
da sua série, com 18 vitórias em 25 jogos,
o emblema arouquense comandado por
Henrique Nunes era uma das melhores
equipas da divisão.
Após o campeonato ter sido interrompido,
o comunicado da Federação Portuguesa
de Futebol chegou, informando a subida
de divisão das duas equipas com melhor
registo nas jornadas jogadas. Esses
clubes eram o Futebol Clube de Vizela e...
o Futebol Clube de Arouca.
Uma subida que foi feita em conjunto por
dois anos consecutivos. Para a Segunda
Liga, o treinador escolhido foi Armando
Evangelista. Olhado por muitos como
uma temporada que tinha como difícil
35
REVISTA LOBOS
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
tarefa a permanência, o Futebol Clube de
Arouca tinha, após 25 jornadas, 38 pontos,
estando colocado na sexta posição a 8
pontos do terceiro lugar, que garantia a
presença no play-off de subida/descida
com um emblema da Primeira Liga.
O que se seguiu foi uma história que seria
descrita como irrealista caso fosse um
roteiro de cinema. Nove vitórias em nove
jogos. Um ciclo de vitórias sem igual que
colocava o Futebol Clube de Arouca no
pódio, com encontro marcado com o Rio
Ave Futebol Clube no play-off.
O emblema vilacondense, que iniciou a
temporada com pé e meio na fase de
grupos da UEFA Europa League, quase
eliminando, em eliminatórias consecutivas,
o Besiktas da Turquia e o AC Milan
de Itália. Porém, os italianos foram mais
fortes no desempate (interminável) por
grandes penalidades. Esse mesmo
emblema rioavista terminava o campeonato
na 16ª posição, deslocando-se
ao Estádio Municipal de Arouca para a
primeira mão do play-off. Se dúvidas existissem
do bom momento arouquense, os
comandados de Armando Evangelista
fizeram questão de as dissipar. 3-0 em
casa e 0-2 em Vila do Conde. Quatro anos
depois da descida, os Lobos de Arouca
estavam de regresso à elite do futebol
português.
“Ninguém dava nada pelo
Futebol Clube de Arouca,
ninguém pensava que ia
fazer aquilo que fez.
Estivemos caladinhos mas
o nosso objetivo era este”
- Carlos Pinho
37
REVISTA LOBOS
Com o regresso à Primeira Liga, manteve-se
a confiança no treinador Armando
Evangelista por mais uma temporada.
Com poucas mudanças no plantel, onde
se incluiam nove jogadores que seguiam
no plantel desde o Campeonato de Portugal,
o clube garantia a permanência na
primeira temporada. Porém, seria a temporada
de 2022-2023 onde o renascer se
completava.
A chegada de novas aquisições como o
guarda-redes de Arruabarrena, o médio
Morlaye Sylla ou o avançado Rafa Mujica,
trouxeram mais profundidade e qualidade
a um plantel que viria a obter um
ano histórico.
Na Taça da Liga, como poderá ler mais
para a frente nesta edição, a vitória em
Moreira de Cónegos, com reviravolta
assinada por Tiago Esgaio e Rafa Mujica,
colocava o Futebol Clube de Arouca na
Final Four pela primeira vez na história.
Já na fase de grupos da competição, a
última jornada tinha sido escrita de forma
épica nos Açores, com a equipa, reduzida
a dez elementos durante um largo período
da segunda parte, a chegar ao golo da
reviravolta ao minuto 87, com autoria de
Oday Dabbagh. A presença em Leiria para
a final four da Taça da Liga terminaria de
forma controversa, após a derrota por 1-2
frente ao Sporting Clube de Portugal.
No campeonato, foi igualada a melhor
pontuação de sempre com o quinto
lugar a ser celebrado na última jornada,
em Portimão, com golos apontados por
Antony e Alan Ruiz. Um ano onde ficariam
os registo de vários penáltis defendidos
pelo guarda-redes de Arruabarrena, a
apresentação aos adeptos da nova mascote
Ibéricus e os vários recordes batidos,
onde se inclui a primeira vitória de sempre
frente ao Sporting Clube de Portugal (1-0).
No ano seguinte, a nova temporada de
2023-2024 iniciava-se com duas das
maiores vendas da história do clube, através
das saídas de Antony para o Portland
Timbers dos Estados Unidos da América
e Basso para o Santos do Brasil, além da
saída do treinador Armando Evangelista
para o Goiás, também do campeonato
brasileiro. Daniel Ramos era o treinador
escolhido para iniciar a segunda experiência
europeia, desta vez na UEFA
Conference League.
Ditou o sorteio que o primeiro jogo europeu
fosse jogado no Estádio Municipal de
Arouca, frente ao SK Brann da Noruega.
Num jogo de sentido único, o Futebol
Clube de Arouca abriu cedo o marcador
por Rafa Mujica. O inevitável Cristo González
apontou o segundo mas, em fora de
jogo e contra a corrente do jogo, a equipa
visitante reduziu e deixou o resultado em
aberto para Bergen, numa eliminatória
onde o VAR ainda não era utilizado.
Na Noruega, uma primeira parte classificada
como desastrosa colocava o SK
Brann a vencer por 3-0 ao intervalo. O
golo solitário de Morlaye Sylla foi insuficiente
para o Futebol Clube de Arouca
continuar a sua caminhada, apesar do
final de jogo polémico com dois lances
de grande penalidade não assinalados.
No campeonato, apesar de um início
promissor, a equipa só conheceu o sabor
da derrota nos últimos sete jogos de
Daniel Ramos no comando dos Lobos de
Arouca. Para perto da segunda metade
do ano, era chamado Daniel Sousa, uma
aposta não apreciada por todos devido
à sua falta de experiência como treinador
principal, tendo apenas o Gil Vicente
Futebol Clube como única experiência, na
temporada anterior. Porém, a aposta da
direção revelou-se a mais acertada.
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
39
REVISTA LOBOS
Uma mudança clara na equipa que fez a
qualidade do plantel, por fim, sobressair-
-se. Entre as várias vitórias, que, nesse
capítulo, se tornaram o melhor registo
de sempre do clube no campeonato,
destaca-se a série de quatro vitórias consecutivas
no campeonato, onde se inclui
o jogo que terminou com o resultado de
3-2 frente ao Futebol Clube do Porto, com
golos do trio atacante espanhol, Rafa
Mujica, Cristo González e Jason. O mesmo
Rafa Mujica, depois dos 14 golos na temporada
passada, apontaria mais 23 golos
neste ano, tornando-se o maior marcador
do Futebol Clube de Arouca na Primeira
Liga e o terceiro melhor marcador desse
campeonato, apesar de não ter alinhado
no último mês do campeonato. Também
Cristo González, com apenas uma temporada,
se tornaria o segundo melhor
marcador de sempre. A equipa aumentava
a sua pontuação em 40 pontos e
passava do último lugar à sétima classificação,
a terceira melhor da história.
Em ano de 72º aniversário, o Futebol
Clube de Arouca é hoje um clube organizado
e estável, sendo um considerado
por muitos um exemplo na sua gestão.
Além da saída de Daniel Sousa, também
Rafa Mujica e Cristo González levaram
consigo 41 golos da temporada passada
para o Al-Sadd do Catar, tornando-se,
respetivamente, as novas duas maiores
transferências do emblema que hoje é o
único representante da Associação Futebol
de Aveiro na Primeira Liga.
Depois de um início de temporada com
o técnico uruguaio Gonzalo García, o primeiro
treinador estrangeiro na história
do clube, no mês passado, Vasco Seabra
foi o escolhido para fazer o clube continuar
a escrever lindas histórias no livro do
emblema que orgulha uma vila.
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
#05
41
REVISTA LOBOS
1 - 2
LIGA PORTUGAL
JORNADA 10
03 DE NOVEMBRO DE 2024
Estádio Municipal de Arouca
Golos
0-1, Bruma (16’)
0-2, El Ouazzani (54’)
1-2, Morlaye Sylla (90’)
Árbitro
Ricardo Baixinho (AF Lisboa)
Assistentes
Andreia Sousa
Diogo Pereira
4º Árbitro
Sérgio Chaves Jesus
VAR
Fábio Melo
Cartão Amarelo
Trezza (5’) Jose Fontán (9’)
David Simão (23’) Zalazar (27’)
Vitor Carvalho (68’)
Cartão Vermelho
Nada a registar
FC AROUCA
Treinador: Vasco Seabra
58 Mantl
3 Jose Fontán (83’)
5 David Simão (C)
7 Ivo (71’)
10 Jason
13 Popovic
19 Trezza
21 Fukui (59’)
27 Dante (71’)
28 Tiago Esgaio
50 Güven Yalçin (59’)
Suplentes
João Valido, Morlaye Sylla (59’), Quaresma
(71’), Gozálbez (83’), Loum, Henrique Araújo
(71’), Chico, Alex Pinto e Pedro Santos (59’)
SC BRAGA
Treinador: Carlos Carvalhal
1 Matheus (C)
4 Niakaté
6 Vitor Carvalho
7 Bruma (73’)
9 El Ouazzani (90’+1’)
10 André Horta (56’)
11 Roger (73’)
13 João Ferreira
15 Paulo Oliveira
16 Zalazar (56’)
25 Yuri Ribeiro
Suplentes
Lukas Hornicek, Victor Gomez, Adrián
Marín, Gharbi (73’), Ricardo Horta (56’),
Rafik Guitane, Gorby Jean Baptiste (56’),
Gabri Martinez (73’) e Roberto (90’+1’)
LIGA
#05
FLASH
“Ainda não vi a repetição mas o penálti parece-me um lance
natural. Penso que foi notório que na segunda parte tentamos
muito mais. A mudança de treinador faz com que a mentalidade
da equipa também cresça e hoje fomos guerreiros.”
JASON
“Sofremos o golo de penálti sem o Sp. Braga criar qualquer
oportunidade. A partir dos 30 minutos, chegámos mais perto
da baliza e até poderíamos, com justiça, alcançar o empate.
Na segunda parte entrámos a perder. Depois, carregamos e
tivemos muitas oportunidades, sobretudo no espaço central.
A equipa teve uma grande atitude, empurrando o adversário
para trás. Dá confiança para o futuro”
VASCO SEABRA
49
REVISTA LOBOS
0 - 0
LIGA PORTUGAL
JORNADA 11
09 DE NOVEMBRO DE 2024
Estádio Municipal de Famalicão
Golos
Nada a registar
Árbitro
Miguel Nogueira (AF Lisboa)
Assistentes
Nuno Pires
Luís Viegas
4º Árbitro
Marcos Brazão
VAR
Sérgio Guelho
Cartão Amarelo
Aranda (39’) David Simão (40’)
Liimatta (49’) Pedro Santos (56’)
de Amorim (65’) Henrique Araújo (82’)
Gil Dias (82’) Topic (90’)
Cartão Vermelho
Nada a registar
FC FAMALICÃO
Treinador: Armando Evangelista
1 Zlobin
2 Calegari
4 Mihaj
5 Rafa Soares
8 Topic
11 Aranda (90’+1’)
15 Riccieli (C)
18 Liimatta (60’)
20 Gustavo Sá (60’)
23 Gil Dias (83’)
28 Zaydou Youssouf (90’+1’)
Suplentes
Carevic, van de Looi (90’+1’), Mario Gonzalez
(60’), de Amorim (60’), de Haas,
Rodrigo Pinheiro, Afonso Rodrigues (90’+1’),
Diogo Costa e Samuel Lobato (83’)
FC AROUCA
Treinador: Vasco Seabra
58 Mantl
2 Morlaye Sylla
3 Jose Fontán
5 David Simão (C) (80’)
7 Ivo (73’)
10 Jason (90’+1’)
13 Popovic
19 Trezza (80’)
27 Dante
28 Tiago Esgaio
89 Pedro Santos (73’)
Suplentes
Thiago, Puche, (80’), Fukui (73’),
Gozálbez (90’+1’), Loum (80’), Henrique
Araújo (73’), Güven Yalçin, Chico e Alex Pinto
LIGA
#05
FLASH
“Sabíamos que era importante pontuar e queríamos a vitória
antes da paragem. Mas um ponto fora é bom. Creio que houve,
durante o jogo, poucas oportunidades. As equipas encaixaram
bem uma na outra. Faltou um toque de magia, talvez, para
desiquilibrar o jogo”
TIAGO ESGAIO
“Estou muito satisfeito com a atitude da equipa, com a proatividade
que tivemos. Um dos objetivos era, naturalmente,
reduzirmos as condições que o Famalicão teria para chegar
à nossa baliza. Estávamos a jogar num campo muito difícil,
onde só o Sporting conseguiu vencer, portanto, sabíamos que
era um adversário difícil, impulsionado também pelo público.
Felizmente a equipa teve uma atitude muito grande”
VASCO SEABRA
51
REVISTA LOBOS
1 - 2
TAÇA DE PORTUGAL
4ª ELIMINATÓRIA
23 DE NOVEMBRO DE 2024
Estádio Municipal de Arouca
Golos
0-1, Poveda (07’)
1-1, Trezza (16’)
1-2, Elves Baldé (32’)
Árbitro
Fábio Veríssimo (AF Leiria)
Assistentes
Pedro Martins
Hugo Marques
4º Árbitro
Fá Sanhá
Cartão Amarelo
David Simão (28’) PV (55’)
Lucas Áfrico (65’) Seruca (90’+2’)
Henrique Araújo (90’+3’) Puche (90’+6’)
Cartão Vermelho
Vasco Seabra (17’)
FC AROUCA
Treinador: Vasco Seabra
58 Mantl
3 José Fontán
5 David Simão (C)
6 Quaresma (61’)
7 Ivo
10 Jason
13 Popovic (45’)
19 Trezza
21 Fukui (45’)
28 Tiago Esgaio
89 Pedro Santos (84’)
Suplentes
Thiago, Puche (84’), Gozálbez (61’),
Weverson, Loum, Henrique Araújo (45’),
Güven Yalçin, Chico (45’) e Alex Pinto
SC FARENSE
Treinador: Tozé Marreco
1 Kaique
2 PV
3 Marco Moreno
6 Neto (83’)
7 Elves Baldé (61’)
14 Poveda
28 Pastor
29 Cláudio Falcão
44 Lucas Áfrico
77 Marco Matias (61’)
93 Menino (84’)
Suplentes
Ricardo Velho, Artur Jorge, Rafael Barbosa,
Bermejo (61’), Poloni, Raul Silva (83’),
Seruca (84’), Rivaldo e Jaime Pinto (61’)
LIGA
#05
FLASH
“Faltou sermos altamente competitivos desde
o primeiro até ao último minuto. Demos a primeira parte
de borla. Não fomos tão fortes quanto desejamos ser e
demos um passo atrás em relação a aquilo que vínhamos
a fazer. Temos que forçosamente olhar para a segunda
parte com olhos de ver e perceber que somos capazes
e temos que olhar para a primeira parte com
olhos de muito ver e perceber que não podemos
dar um milímetro que seja de relva, atitude e postura”
VASCO SEABRA
53
#05
O 5 IDEAL DE...
JASON
LEVANTE | VILLAREAL | ALBACETE | GETAFE | VALENCIA | ALAVÉS | FC AROUCA
COM QUEM JOGUEI
DE SONHO
55
REVISTA LOBOS
REGRESSO AO PASSADO
#05
REGRESSO AO PASSADO
“FUI MUITO
FELIZ E DEVO
MUITO DA
MINHA VIDA AO
FC AROUCA”
A Revista Lobos regressa ao passado para conversar com o melhor marcador,
na Primeira Liga, na história do Futebol Clube de Arouca.
Tinha como vítima preferida o Gil Vicente Futebol Clube, a quem
apontou dois hat-tricks dos 37 golos que deixou por terras arouquesas
57
REVISTA LOBOS
REGRESSO AO PASSADO
#05
Rafa Mujica precisou apenas de
duas temporadas para ficar na história
do Futebol Clube de Arouca
e nos corações de todos os adeptos.
Chegou com o estatuto de “avançado
sem golos”, saiu como melhor marcador
de sempre dos Lobos de Arouca na Primeira
Liga e terceiro melhor marcador da
temporada 2023-2024, apenas atrás de
Simon Banza e Viktor Gÿokeres.
Numa ligação direta para o Catar, onde
atualmente representa o Al-Sadd Sports
Club com Cristo González, conta-nos do
primeiro contacto que recebeu, no final da
temporada 2021-2022 com o Las Palmas,
da Segunda Liga espanhola, após uma
derrota na meia-final do play-off de
acesso à Liga Santander, “Foram jogos
onde as equipas consideradas favoritas,
por terem terminado mais acima na
classificação, acabaram por ser supreendidas
e não chegaram à final. Na altura,
senti uma deceção grande por não ter
conseguido a promoção com o clube da
minha terra mas estava focado no que o
futuro me traria.
Os meus agentes falaram-me de terem
sido contactados através do Joel Pinho
e do Flávio Soares sobre a possibilidade
de poder ingressar no Futebol Clube
de Arouca. A verdade é que eu vinha de
alguns anos sem jogar muitos minutos
e o Futebol Clube de Arouca tinha acabado
de lutar pela permanência até perto
do final. Na teoria, tanto eu como o clube
estávamos a procurar fazer da temporada
de 2022-2023 um ano de afirmação.
Fiz a minha pesquisa e considerei que
juntos podíamos ter um bom ‘casamento’
e que podíamos alcançar objetivos juntos.
Claro que as expetativas pessoais, no
início, foram sempre mais baixas do que
se tornaram na realidade, no final do ano”.
Uma conjugação de resultados que
tornou ainda mais improvável adivinhar
como terminaria a temporada. Para o
registo, 14 golos apontados, quinto lugar
no campeonato e apuramento para a
UEFA Conference League, “Foi inesperado
mas acabamos por encontrar um
ponto de equilíbrio em ambos. Gostei
bastante da Primeira Liga. Os jogadores
espanhóis têm tendência a menosprezar
o campeonato português mas a verdade
é que o nosso futebol vai muito de encontro
com o futebol jogado em Portugal. Daí
a aposta em jogadores espanhóis ser
também cada vez maior. O objetivo da
Direção foi, desde o início, a qualificação
europeia. Pensei que era apenas mais um
sonho irrealista como já me apresentaram
em tantos outros clubes. A verdade é
que via a qualidade do plantel e os resultados
foram aparecendo. Acho que, a meio
da temporada, já todos acreditávamos
que podiamos fazer um ano histórico”.
A única coisa que mudou
para conseguir fazer muitos
golos foi a confiança que o
clube me deu desde o início
Como referido, aquando a sua chegada,
a referência de um avançado sem veia
goleadora, com números reduzidos em
temporadas anteriores, deixaram dúvidas
em adeptos e imprensa, “A única coisa
que mudou para conseguir fazer muitos
golos foi a confiança que o clube e os treinadores
me passaram desde o princípio.
Já tinha muita confiança em mim e sabia
que, com essa confiança, iam-me sair
bem as coisas dentro de campo.
59
REVISTA LOBOS
No início, ouvia dizer e lia que tinha sido
contratado pois a minha velocidade ia
ajudar a fazer assistências para o Oday
Dabbagh, que é também um grande
avançado. A verdade é que consegui
provar que também tinha golos em mim
e que tinha sido essa a principal característica
que o clube viu em mim. Tinha
sempre um prazer muito grande em estar
em campo com esta equipa e foi apenas
o primeiro de dois anos maravilhosos pelo
Futebol Clube de Arouca”.
O início da temporada 2023-2024 fez-se
em forma de Taça da Liga, UEFA Conference
League e Primeira Liga. Rafa Mujica
assinava um golo em cada um dos três
jogos. Ainda assim, apesar dessas três
vitórias iniciais, a equipa demoraria mais
de um mês até voltar a encontrar o caminho
para as vitórias e quase quatro meses
até nova vitória no campeonato, “Na classificação,
é um facto que começamos mal
a temporada e até chegamos a ocupar
o último lugar. Felizmente, conseguimos
dar a volta e ainda conseguimos fazer
uma enorme temporada a nível coletivo,
a jogar muito bom futebol, e isso ajudou-
-me muito, também, a nível individual. Já
conhecia muito melhor os meus companheiros
de equipa e, principalmente,
a Primeira Liga. Olhava para a qualidade
do plantel e sabia que seríamos capazes
de alcançar grandes feitos, como viemos
a realizar. Num começo tão complicado,
conseguimos terminar em grande forma
e a criar novos registos históricos para
clube, seja em golos, seja em vitórias. O
entendimento entre todos era fantástico
e vê-se muito disso no meu golo contra
o Futebol Clube do Porto, com a bola a
passar por todos os onze jogadores da
equipa e a marcarmos sem que o adversário
tivesse tempo de tocar na bola”.
Rafa Mujica fechou o ano com a presença
na Equipa do Ano da Liga Portugal, o primeiro
jogador do Futebol Clube de Arouca
a conseguir alcançar tal feito, “Foi um privilégio
muito grande ter alcançado este
reconhecimento por parte dos capitães e
treinadores da principal liga em Portugal.
Sabia que havia essa possibilidade mas
tentava sempre sonhar baixo e concentrar-me
apenas no meu trabalho.
Foram duas temporadas
muito felizes. Sinto
saudades de muitas
pessoas com quem me
cruzava diariamente
A verdade é que foi o culminar de uma
temporada que só seria ainda melhor se
tivéssemos alcançado uma nova qualificação
europeia com o Futebol Clube
de Arouca. Embora, realisticamente,
sabíamos que seria muito complicado
pelos vários pontos que perdemos na
fase inicial. O facto de ainda termos
sonhado mostra o quão superiores
fomos naqueles meses e quanto prazer
tínhamos em entrar em campo. Fomos
capazes de fazer e olhar olhos nos olhos
contra praticamente todos os adversários.
Isso é muito gratificante num clube
como Futebol Clube de Arouca, que tem
crescido muito, no seu espaço, e dado
a oportunidades a vários jogadores que
se encontravam mais esquecidos, como
era o meu caso. Como falamos, chegar
de temporadas sem muitos minutos e
golos e terminar como terceiro melhor
marcador da Primeira Liga é algo muito
complicado de imaginar mas a Direção
teve essa visão”.
REGRESSO AO PASSADO
#05
61
REVISTA LOBOS
A recordar as temporadas passadas, Rafa
Mujica admite sentir saudades do clube e
do país, “A verdade é que foram duas temporadas
muito felizes. Sinto saudades de
muitas coisas e de muitas pessoas com
quem me cruzava diariamente. Ainda
mantenho contacto com muita gente do
clube e ainda tento acompanhar os jogos
do Futebol Clube de Arouca, sempre que
posso. Foi o clube que apresentou uma
vila que me acolheu muito bem desde o
primeiro dia e o país onde vivia quando
a minha filha nasceu. Sei que me tornei
um homem de família mais maduro e
mais preparado para o Mundo. Por isso
sempre digo que fui muito feliz em Arouca
e que devo muito da minha vida ao Futebol
Clube de Arouca. Foi, sem dúvida, o
melhor e mais importante clube por onde
passei em toda a minha carreira profissional.
A alegria que me deu durante
dois anos é complicado de retribuir. Fico
muito feliz em ter contribuído para o crescimento
do clube e hoje ter a marca de
melhor marcador do clube na Primeira
Liga. É um orgulho enorme saber que o
meu nome ficará ligado a um clube que
me diz e me deu tanto”.
Antes de se despedir, o avançado do
Al-Sadd Sports Club, do Catar, pede,
ainda, para deixar umas palavras a todos
os que acompanharam o seu trajeto nos
últimos dois anos, “A minha mensagem
para todos os adeptos do Futebol Clube
de Arouca é que estarão no meu coração
para sempre. Tantos os adeptos, como o
clube, como a vila de Arouca. E espero que
também esteja no deles. Também gostaria
de dizer que me fizeram sentir que
serei mais um arouquense para sempre
e, quem sabe, se não nos voltaremos a
encontrar no futuro. Para já, resta-me
desejar um feliz aniversário ao clube”.
REGRESSO AO PASSADO
#05
63
REVISTA LOBOS
RESULTADOS FORMAÇÃO
#05
SUB-19
SUB-17
SUB-15
SUB-15 B
RESULTADOS
FORMAÇÃO
65
REVISTA LOBOS
SUB-19
SUB-17
FC AROUCA 1-1 S. JOÃO VER
90’+4’ Pedro Pinho
______________________
CD ESTARREJA 7-1 FC AROUCA
59’ Batata
______________________
FC AROUCA 2-1 OLIVEIRA DO BAIRRO
36’ Zé Ricardo
90’+3’ Miguel Pinho
______________________
JUVEFORCE 1-2 FC AROUCA
49’ Lisboa
86’ Ricardo
______________________
FC AROUCA 1-5 AD SANJOANENSE
25’ Zé Ricardo
______________________
Melhores Marcadores:
Miguel Pinho - 7 golos
Zé Ricardo - 5 golo
Pedro Pinho - 1 golo
Lisboa - 1 golo
Samuel Pereira - 1 golo
Ricardo - 1 golo
Batata - 1 golo
FC AROUCA 3-1 TABOEIRA
55’ Barbosa
63’ Afonso Almeida
77’ Dinis Tavares
______________________
RD ÁGUEDA 2-3 FC AROUCA
21’ Barbosa
33’ Costinha
90’ Dinis Tavares
______________________
FC AROUCA 2-2 SC ESPINHO B
01’ Costinha
68’ Gabi
______________________
FEIRENSE B 0-0 FC AROUCA
______________________
Melhores Marcadores:
Barbosa - 6 golos
Dinis Tavares - 2 golos
Costinha - 2 golos
Lopes - 1 golo
Gabi - 1 golo
Afonso Almeida - 1 golo
Rui Gonçalves - 1 golo
Mais Jogos:
8 jogadores - 10 jogos
Mais Jogos:
7 jogadores - 10 jogos
RESULTADOS FORMAÇÃO
#05
SUB-15
SUB-15 B
ANADIA FC 2-2 FC AROUCA
01’ Gui Tavares
44’ Rafa Silva
______________________
FC AROUCA 0-3 LUSITÂNIA DE LOUROSA
______________________
SC ESPINHO B 0-2 FC AROUCA
31’ Duarte Montenegro
54’ Reis
______________________
FC AROUCA 0-3 BEIRA-MAR
______________________
Melhores Marcadores:
Gui Tavares - 3 golos
Duarte Montenegro - 3 golos
Reis - 1 golo
Tó - 1 golo
Rafa Silva - 1 golo
João Martins - 1 golo
Gui Costa - 1 golo
Mais Jogos:
10 jogadores - 10 jogos
CCR SÃO MARTINHO 2-3 FC AROUCA B
02’ Filipe
03’ Bruno Almeida
49’ Bernardo Peralta
______________________
FC AROUCA B 1-1 PAÇOS BRANDÃO
50’ Manuel
______________________
EF RUI DOLORES 1-2 FC AROUCA B
37’ André Ferreira
46’ Tomás Ferreira
______________________
FC AROUCA B 5-1 S. JOÃO VER B
02’ Bruno Almeida
15’ André Martins
27’ Bruno Almeida
55’ Bruno Almeida
60’ Bernardo Peralta
______________________
Melhores Marcadores:
Bruno Almeida - 6 golos
Diogo Justo - 4 golos
André Ferreira - 4 golos
Leandro Carvalho - 2 golos
David Teixeira - 2 golos
Filipe - 2 golos
Bernardo Peralta - 2 golos
Gui Tavares - 1 golo
André Martins - 1 golo
Tomás Ferreira - 1 golo
Vilela - 1 golo
Manuel - 1 golo
Afonso Brandão - 1 golo
Mais Jogos:
Brian Paixão - 9 jogos
Bruno Almeida - 9 jogos
67
REVISTA LOBOS
LENDA FC AROUCA
HUGO CRUZ
Hugo Miguel Gomes da Cruz, ou simplesmente Hugo Cruz, foi lobo nas temporadas
de 2010-2011 e 2011-2012. Duas temporadas no plantel principal do nosso emblema,
que marcaram as duas primeiras temporadas do clube na Segunda Liga. A nível
internacional, chegou com um currículo de luxo, onde se incluíam as conquistas dos
Campeonatos da Europa de sub-16 em 1996 e de sub-18 em 1999.
Tratava-se de um médio centro com qualidades reconhecidas, apesar de, ao serviço
do emblema arouquense, também tenha atuado em posições mais defensivas. Um
jogador que tinha como ponto chave o jogo aéreo, face à alta estatura, que não dava
nenhuma bola como perdida e como qualidade para iniciar as jogadas de ataque.
Estreou-se no elenco das Lendas do Futebol Clube de Arouca em 2023, compondo
o plantel de Legends para um evento especial da Liga Portugal, com os quatro finalistas
da Final Four da Taça da Liga desse ano. Depois de um segundo lugar nessa
competição, voltou no verão para a primeira edição da Liga Portugal Legends, com
nova entrada no pódio. Já em 2024, participou na última edição da Liga Portugal
Legends, sendo mais um dos nomes arouquenses a ter participado em 100% das
convocatórias para as competições de Legends.
LENDA FC AROUCA
REVISTA LOBOS
White Ferrari
Frank Ocean
The Rapture Pt.III
André Boadu e Black Coffee
Emotions
Maz & Antdot
Novacane
Frank Ocean
first order of business
Baby Keem
Derek Fisher
Gunna
Impossible
&ME Remix
TOP 7
REVISTA LOBOS
QUIZ DO MÊS
AROUCA
ATLETICO
BOLA
CAMPEAO
CARLOS PINHO
ESTADIO
GINASIO
NACIONAL
1. Qual o mês da fundação do FCA?
A. Janeiro
B. Março
C. Outubro
D. Dezembro
2. Nacionalidade do nosso jogador Mamadou Loum?
A. Burkina Faso
B. Mali
C. Senegal
D. Zâmbia
3. Apelido do treinador do FC Arouca?
A. Castro
B. Ramos
C. Seabra
D. Sousa
QUIZ DO MÊS
#05
4. Distrito onde está filiado o nosso clube?
A. Aveiro
B. Coimbra
C. Porto
D. Lisboa
5. Quantas aparições tem o FC Arouca na
Primeira Liga?
A. 4
B. 6
C. 8
D. 10
6. Qual o número do nosso defesa Jose Fontán?
A. 2
B. 3
C. 4
D. 5
7. Quem foi o primeiro adversário europeu
do FC Arouca?
A. Heracles
B. Olympiakos
C. SK Brann
D. VV Venlo
8. Qual o nome da maior serra do concelho?
A. Drave
B. Freita
C. Mó
D. Portela
SOLUÇÕES
1. D
2. C
3. C
4. A
5. C
6. B
7. A
8. B
73
REVISTA LOBOS
RECEITA RÁPIDA
NUTRICIONISTA MARIA CANHA
RABANADAS LIGHT
A época do Natal não é altura de fazer dieta restrita. Mas também não é altura de
comermos demasiadas calorias a todas as refeições… o equilíbrio é a chave.
Então deixamos aqui uma opção bastante deliciosa de rabanadas grelhadas com
menos kcal e que não deixa de ser DELICIOSA!
Ingredientes
- 2 fatias de pão de aproximadamente 40g
- 1 ovo
- 100ml de claras
- Raspas de limão
- Canela
- Adoçante líquido a gosto (opcional)
- Essência de baunilha
RECEITA RÁPIDA
#05
Procedimento:
1. Bater o ovo com as claras. e misturar a canela, raspa de limão e a essência de
baunilha
2. Demolhar/envolver o pão no ovo
3. Levar a grelhar em lume brando dos dois lados numa frigideira antiaderente
4.Polvilhar com mais canela e comer de imediato
Benefícios:
• É baixo em calorias e gorduras em comparação com a versão original.
• É rico em proteína pela presença de ovo e claras.
• É uma fonte de vitaminas e minerais presentes no ovo e no pão, e alguma
quantidade de vitamina C da raspa de limão.
• Por ser leve e de fácil digestão, é uma excelente opção para comer ao p. almoço
ou ao lanche durante esta época natalícia.
Kcal:
342kcal a receita toda
75
REVISTA LOBOS
MOREIRENSE 1-2 FC AROUCA
FOI HÁ 2 ANOS...
Foi a 22 de dezembro de 2022 que
o Futebol Clube de Arouca visitou
o terreno do Moreirense Futebol
Clube, com vista a um lugar na Final Four
da Taça da Liga.
Com a competição a ser jogada em
novembro e dezembro devido ao Campeonato
do Mundo no Catar, o Futebol Clube
de Arouca vencia o grupo G, enquanto o
Moreirense Futebol Clube terminava no
topo do grupo C, surpreendendo o favorito
Sport Lisboa e Benfica, avançando pela
diferença de golos.
Com os olhos na Final Four de Leiria, o
bom momento de forma de ambas as
equipas era indício para um jogo de qualidade.
E nem a chuva que se fez sentir
nesse dia conseguiu evitar isso mesmo.
Esse equilíbrio acabou por não ser tão
notado em campo, com o Futebol Clube
de Arouca a assumir o jogo desde cedo
mas sem encontrar o golo. No sentido
contrário, ao cair do pano para o tempo
de intervalo, um penálti convertido por
André Luís deu a vantagem à equipa da
casa, que até então poucas oportunidades
tinha conseguido para se encontrar
com a baliza defendida por João Valido.
Mas, a segunda parte arrancou com uma
bola de Rafa Mujica a embater no poste,
a servir de alerta para o que se seguiria.
Em dez minutos, o resultado alterava-se
com justiça. Primeiro por Tiago Esgaio, a
responder de calcanhar ao pontapé de
canto de Alan Ruiz. Pouco depois, Antony
a encontrar Rafa Mujica que, no frente a
frente com Mateus Pasinato, não perdoou
e colocou os Lobos na frente do marcador.
A equipa da casa caía e a turma arouquesa
continuava a sua história em Leiria.
MEMÓRIA FC AROUCA
#05
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