Revista da Misericórdia #48
A imagem de capa associa a bússola enquanto representação de audácia: explora o desconhecido e a segurança de tomar decisões firmes, mesmo em momentos de incerteza. Nesta edição exploramos como a Audácia se manifesta na prática do bem, através do voluntariado. Mas também na coragem de perseguir sonhos – mesmo que pareçam impossíveis – e na capacidade de sabermos dizer “basta” à violência de género; manifesta-se na ousadia da criação de projetos artísticos e musicais, bem como no desafio de novos paradigmas do trabalho social. Porque audácia é mais que coragem, as palavras do Editorial, escritas pelo Chief Executive Officer da PROEF, Paulo Sousa, refletem que “a verdadeira audácia exige reflexão, propósito e um profundo sentido de responsabilidade…é ter a visão de identificar oportunidades onde outros só veem obstáculos…a audácia implica assumir riscos calculados e requer humildade, saber ouvir diferentes perspetivas e aprender com os erros...é através da combinação de coragem e sabedoria que a audácia se transforma numa força poderosa.”
A imagem de capa associa a bússola enquanto representação de audácia: explora o desconhecido e a segurança de tomar decisões firmes, mesmo em momentos de incerteza.
Nesta edição exploramos como a Audácia se manifesta na prática do bem, através do voluntariado. Mas também na coragem de perseguir sonhos – mesmo que pareçam impossíveis – e na capacidade de sabermos dizer “basta” à violência de género; manifesta-se na ousadia da criação de projetos artísticos e musicais, bem como no desafio de novos paradigmas do trabalho social.
Porque audácia é mais que coragem, as palavras do Editorial, escritas pelo Chief Executive Officer da PROEF, Paulo Sousa, refletem que “a verdadeira audácia exige reflexão, propósito e um profundo sentido de responsabilidade…é ter a visão de identificar oportunidades onde outros só veem obstáculos…a audácia implica assumir riscos calculados e requer humildade, saber ouvir diferentes perspetivas e aprender com os erros...é através da combinação de coragem e sabedoria que a audácia se transforma numa força poderosa.”
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dezembro ‘24
#48
Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso
Rua da Misericórdia, 171, 4780-501 Santo Tirso
t. + 252 808 260
santacasa@iscmst.pt
www.iscmst.pt
www.facebook.com/MisericordiaSantoTirso
editorial AUDÁCIA
por Paulo Sousa (Chief Executive Officer, Proef)
Num contexto em que, social e politicamente, se
discute e confunde o conceito de Audácia,
questionando a coragem e a visão daqueles que se
dizem ousados, é importante refletir sobre o
verdadeiro significado deste termo.
Ser audacioso não é simplesmente arriscar sem
pensar ou agir de forma impulsiva.
A verdadeira audácia exige reflexão, propósito e um
profundo sentido de responsabilidade. Mais do que
desafiar o estabelecido, é ter a visão para identificar
oportunidades onde outros só veem obstáculos, e a
coragem de agir em prol de um bem maior, mesmo
quando o caminho é incerto.
A audácia genuína implica assumir riscos calculados,
sempre com o compromisso de beneficiar não apenas
o indivíduo, mas a comunidade como um todo.
No entanto, ser audacioso também
requer humildade, saber ouvir diferentes
perspetivas e aprender com os erros. É
através dessa combinação de coragem e
sabedoria que a audácia se transforma
numa força poderosa para a mudança
positiva.
É este tipo de Audácia que permite às
instituições, e em especial à Misericórdia
de Santo Tirso, liderada pelo Sr.
Provedor José Pinto, romperem com os
limites impostos e alcançarem novos
patamares de sucesso, sem nunca perder
de vista a responsabilidade social e o
impacto das suas ações.
Exige determinação, resiliência e uma capacidade
inabalável de superar adversidades.
SUMÁRIO /// ATUALIDADES / O SILÊNCIO É MÚSICA - ENTREVISTA A JOÃO ÁLVARES ABREU
P.04 / 139 ANOS DE AUDÁCIA E CONQUISTAS P.10 / PLANO DE ATIVIDADES E ORÇAMENTO
2025 P.12 / MISERICÓRDIA EM NÚMEROS JANEIRO-DEZEMBRO 2024 P.20 / CERIMÓNIA
PROTOCOLAR - PROJETO DE INOVAÇÃO COMUNITÁRIA (PIC) P.22 / ENTRE O VERDE E
O DIGITAL - A AUDÁCIA DE TRANSFORMAR O NOSSO MUNDO P.24 /// AÇÃO SOCIAL E
COMUNIDADE / DIA MUNICIPAL PARA A IGUALDADE 2024 P.26 / MAIORIDADES 2024 - NÃO HÁ
IMPOSSÍVEIS P.28 / 25N - SANTO TIRSO CONTRA A VIOLÊNCIA DE GÉNERO P.30 / A AUDÁCIA
DE SER MULHER CIGANA P.34 / FUGIR À GUERRA - AS PALAVRAS DA CORAGEM P.37 / O
SONHO COMANDA A VIDA P.38 / A AUDÁCIA COMO NECESSIDADE NA INTERVENÇÃO SOCIAL
P.40 /// RECURSOS HUMANOS / VOLUNTARIADO NA PRIMEIRA PESSOA P.44 /// CULTURA /
AS MULHERES NA INDÚSTRIA TÊXTIL - UMA REFLEXÃO A PARTIR DE SANTO TIRSO P.50 / POEMA
P.53 / CARTOON P.54 / TRIBUTO AOS 50 ANOS DE ABRIL - A AUDÁCIA NA PARTILHA DAS VOZES
P.56 / AUDÁCIA E SEU CONTEXTO P.58 /// SAÚDE / AUDÁCIA A SEGUIR OS SONHOS! P.59 ///
/// SOMOS NOTÍCIA P.60 /// REVELAÇÕES MARIA CONCEIÇÃO DOMINGUES PINTO P.62
O
CAPA
N
S
E
A bússola representa a audácia de explorar o
desconhecido e a segurança de tomar decisões firmes,
mesmo em momentos de incerteza.
Obs: a Revista da Misericórdia obedece ao novo acordo ortográfico.
PROPRIEDADE IRMANDADE E SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO // DIREÇÃO CARLA MEDEIROS / SARA A. SOUSA //
SECRETARIADO CARLA LEBREIRO // COLABORADORES ANA ALVARENGA // ANA LUISA MARTINHO // ANDREIA PINTO // ANTÓNIO PARAÍSO
MACHADO // CARLA NOGUEIRA // CÁTIA AZEVEDO // JOÃO LOUREIRO // LILIANA SALGADO // Mª EUGÉNIA MIRANDA // MARIANA KRYSKO
// MIGUEL DIAS // NUNO OLAIO // PAULO SOUSA // SOFIA MOITA // SUSANA MOURA // SUSANA FREITAS // TIRAGEM 900 EXEMPLARES //
EDIÇÃO DEZEMBRO 2024 // DEPÓSITO LEGAL 167587/01 PERIODICIDADE SEMESTRAL // IMPRESSÃO NORPRINT // DESIGN SUBZERODESIGN
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#48
Atualidades
O SILÊNCIO É MÚSICA
ENTREVISTA A JOÃO ÁLVARES
ABREU
João Álvares Abreu é, ‘em primeiro lugar’, músico. Tem 24
anos e é natural de Santo Tirso. É também diretor artístico
do Festival Cidnay Vale do Ave, presidente da direção da
FAMART - Plataforma Artística e violetista da Orquestra
Filarmónica da Rádio dos Países Baixos. É um jovem cheio
de projetos, alicerçados na sua enorme paixão pelas artes,
estando empenhado na divulgação do que de melhor se faz
no domínio da música erudita e, neste contexto, reforçar a
posição do Vale do Ave - em
particular, Santo Tirso e Famalicão
- como importante centro da cultura
musical portuguesa.
O tema da edição desta revista é
audácia. O João tem um significativo
percurso na música e na sua
divulgação, promoção e partilha.
Sente-se uma pessoa audaciosa?
Audacioso, talvez, embora nunca tenha
sido um objetivo. O meu percurso
artístico e profissional tem sido muito
espontâneo e tudo tem acontecido
naturalmente. A ideia do Festival Cidnay
surgiu numa altura em que eu já estava
a estudar fora do país, e talvez o facto de ter criado um projeto
com esta dimensão no Vale do Ave se traduza em alguma
audácia da minha parte.
Quem é o João Álvares Abreu? Dentro e fora da música, o
que é que o move, inspira?
Em primeiro lugar, sou músico, e essa é grande parte da minha
identidade. Tenho também uma enorme paixão pela criação
de projetos artísticos e musicais que acrescentem algo à
comunidade. Sinto que é uma outra forma de dar a ouvir a
música. Dentro e fora dela, move-me uma busca constante pelo
belo.
Como fez as suas escolhas ao longo
do seu percurso enquanto aluno e
profissional? A família influenciou em
parte o seu trajeto?
Uma das minhas primeiras memórias
relacionadas com a música é a de ter
assistido a um concerto de orquestra
com o meu avô materno. Ouvi, pela
primeira vez, o Requiem de Mozart. Não
sei que idade tinha, mas era muito novo.
Lembro-me de tudo aquilo me fascinar.
Anos mais tarde, os meus pais acharam
que eu tinha uma aptidão especial para
esta vertente artística e inscreveram-me,
também por vontade minha, num
conservatório de música. Comecei por estudar violoncelo e,
naturalmente, acabei por seguir este caminho, descobrindo a
viola d’arco pouco tempo depois. Iniciei o meu percurso
musical em Santo Tirso, no CCM - Centro de Cultura Musical
e, mais tarde, na ARTAVE - Escola Profissional Artística do Vale
do Ave. Durante esses anos, descobri o que se passava no
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Atualidades
mundo, na Europa, onde a tradição musical erudita é
fortíssima. Com 18 anos, acabei por rumar até aos Países
Baixos, Conservatório de Amesterdão, onde me licenciei e
concluí um primeiro mestrado. Vivi também dois anos na Suíça,
em Genebra, onde concluí o meu segundo mestrado, mas
sempre “com um pé” em Amesterdão. Foram dois anos muito
intensos e em permanente viagem, entre o Festival Cidnay
(Santo Tirso), Lisboa, Genebra e Amesterdão, período em que
comecei a colaborar com a orquestra para a qual conquistei
um lugar, em junho deste ano. Em Portugal, profissionalmente,
mantenho uma relação próxima com diversos
agrupamentos. Destaco a Orquestra de
Câmara Portuguesa, com a qual interpretei,
a solo com a fantástica colega Sofia Ruivo, a
Sinfonia Concertante de Mozart para viola e
violino.
E quais foram as grandes dificuldades que
encontrou ao longo do seu percurso enquanto estudante.
Nunca teve dúvidas?
A dúvida e hesitação fazem parte do caminho. Surgem sempre
questões, por vezes, quase existenciais. No meu caso, foram
passageiras e à medida que fui avançando, dissiparam-se
completamente. Fui sempre muito livre nas minhas escolhas,
mas também muito influenciado pelo ambiente exigente das
escolas onde estudei. Esta área, particularmente, requer algum
sacrifício e desde muito cedo percebemos que, ou é mesmo
isto, ou o melhor será pensar noutra opção. Tenho cada vez
mais a certeza que escolhi o caminho certo.
Tenho cada vez mais a
certeza que escolhi o
caminho certo.
Nasceu em Santo Tirso, vive numa cidade na Europa, fora
de Portugal, mas acaba por andar sempre “dentro e fora”.
Santo Tirso é um porto de abrigo, o seu berço, o que é que
significa para si esta cidade?
É um local seguro, a minha terra, e será sempre “casa”. Gosto
muito de Santo Tirso, foi onde cresci, e é uma cidade que me
tem dado muito. A minha história começou aqui, as memórias
são muitas, e voltar é sempre uma grande alegria. Por isso sinto
também o dever de retribuir à cidade tudo aquilo que me deu.
Sente que a sua infância/adolescência foi
condicionada pela disciplina que o estudo
da música exige?
Enquanto músicos, quando não estamos em
palco, passamos muitas horas sozinhos,
dedicados ao estudo e ao pensamento.
Acabamos por desenvolver competências
diferentes que, naturalmente, influenciam
tudo o resto. Durante a adolescência, fui formando um grupo
de amigos que, na sua maioria, também são músicos. É normal,
passávamos muito tempo na escola, umas quase doze horas…
começámos a tocar um instrumento com a mesma idade e
fomos crescendo juntos. Fora da escola, o tempo dedicado ao
estudo era também muito, e é provável que outras vivências
tenham passado para segundo plano.
Em tudo há música?
Em tudo há música. O silêncio é música.
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#48
Atualidades
O SILÊNCIO É MÚSICA
ENTREVISTA A JOÃO ÁLVARES
ABREU
Ao longo do dia ouve vários géneros de música?
Sim. É engraçado porque muito raramente abro o Spotify e
ouço o que estiver a estudar naquele momento. Refiro-me à
obra em si, não ao género. Sinto que acabo por ser
influenciado, e não procuro isso. Há quem pense de forma
diferente, e nenhuma das abordagens estará errada. De resto,
ouço vários géneros musicais. Em viagens de carro, por
exemplo, é menos provável optar pela música clássica.
Quando me sento para ouvir música com o objetivo de ouvir,
sim, ouço mais o tipo de música que faço (com algumas
exceções).
A viola de arco é uma extensão do corpo?
A viola ou qualquer outro instrumento musical. De forma
abstrata, é uma extensão da nossa voz, uma outra forma de
exprimir o que temos para dizer, aquilo em que pensamos.
Fale-nos do Festival Cidnay em Santo Tirso - é fundador e
diretor artístico. Quem são os destinatários deste evento,
quais os objetivos?
A ideia surgiu em 2020 e o objetivo inicial não era o de
produzir um festival de música com a dimensão que
conhecemos hoje, que abrange os Municípios de Santo Tirso e
Famalicão e conta com uma programação diversa, com
grandes concertos e solistas internacionais em diálogo com a
nova geração de músicos. No início, era simples: promover, em
Santo Tirso, um programa de academia com uma série de
masterclasses sob orientação de grandes mestres e abertura a
inscrições internacionais. Hoje, essas inscrições são já oriundas
de mais de 25 países, dos quatro cantos do mundo. O conceito
foi crescendo para o formato de festival e 2023 acabou por ser
um ano de afirmação. Apostámos muito em grandes solistas
internacionais e tivemos, em Santo Tirso, o que de melhor se
faz no mundo. Desde então, realizamos concertos que
poderiam facilmente acontecer em qualquer palco de uma
grande cidade europeia. Este ano, foram nove dias de grandes
propostas programáticas, masterclasses, projetos com a
comunidade, performances multidisciplinares e ações
educativas e de formação. Trabalhámos, inclusivamente, com a
Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, com os idosos, e
com a ASAS e as suas crianças e jovens adultos. É este o rumo
que vamos continuar a seguir no próximo ano.
E como têm sido feitos esses contactos para a vinda desses
grandes nomes? Tivemos Mischa Maisky e Nobuko Imai
em 2023.
Esta rede de contactos tem sido criada desde os últimos sete ou
oito anos, a partir do momento em que começo a pensar em
sair do país para estudar numa grande escola europeia. Tive a
oportunidade de participar em muitos festivais deste género,
perceber como funcionam e contactar com estes grandes
solistas e pedagogos. Para além deste conhecimento, sinto que
a marca Festival Cidnay tem conseguido atingir, em muito
pouco tempo, grande credibilidade e isso deve-se ao facto de
todos os músicos que por aqui passam levarem consigo a
melhor impressão deste formato e organização. Ouvir, de
solistas que já passaram por todos os grandes palcos mundiais,
dizer que não mudariam nada no Cidnay deixa-nos muito
satisfeitos. Não é por acaso que os músicos voltam ao Festival.
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Atualidades
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#48
Atualidades
O SILÊNCIO É MÚSICA
ENTREVISTA A JOÃO ÁLVARES
ABREU
Este tipo de feedback circula, naturalmente, e cria a confiança
necessária que proporciona estas participações. Para além
disso, tem sido um enorme sucesso também entre o público
local. Encher a Fábrica de Santo Thyrso com 450 pessoas para
um concerto de música clássica, ou cativar mais de 50 pessoas
para uma performance ao nascer do sol no topo do Monte da
Assunção são provas disso mesmo.
Quais são os desafios do próximo ano?
Antes de qualquer outra ambição, que temos, é importante
consolidar o que construímos. A programação Cidnay Vale do
Ave 2025 está praticamente fechada. Será a maior edição de
sempre, no mesmo formato, entre Santo Tirso e Famalicão, com
mais concertos, mais academias com novos instrumentos,
programação didática e para famílias, momentos de
performance multidisciplinar e programas de proximidade com
a comunidade. Os grandes solistas de sempre, que
continuarão a partilhar o palco com a nova geração de
músicos. Contaremos, ainda, com um novo compromisso com a
escultura contemporânea, na cidade que acolhe o maior
museu de escultura contemporânea ao ar livre da Península
Ibérica. Vamos continuar a explorar o património histórico e
natural da região, porque a música acontece no tempo, mas
também no espaço. Voltando ao início, se me considero uma
pessoa audaciosa? Talvez. Se a programação do Cidnay é
audaciosa? Certamente.
Não teme que o seu percurso enquanto músico possa sair
prejudicado com a dedicação que um festival exige como
diretor artístico?
É um equilíbrio que tenho procurado encontrar, com maior ou
menor sucesso. O festival acontece durante o mês de setembro,
mas está comigo 365 dias por ano, há 5 anos. As
programações são preparadas com cada vez maior
antecedência e estou constantemente a pensar no próximo
desafio e em soluções que nos permitam colocar em prática
ideias que, à primeira vista, nos parecem inatingíveis. Peco até,
por vezes, por não aproveitar o momento presente como devia.
Tenho tido a sorte de estar rodeado pelas pessoas certas em
cada momento, a quem devo muito e sem as quais seria
impossível colocar um projeto desta dimensão em prática.
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Atualidades
Temos um núcleo muito pequeno, em quem confio, que me
complementa e que, à medida que se desenvolve, me permite
focar a atenção noutro tipo de questões e também no meu
percurso enquanto intérprete. Destaco o Maestro Henrique
Constância, que assumirá, a partir de 2025, a direção
pedagógica do Festival.
É possível viver-se da música clássica em Portugal?
É possível, mas não creio que seja uma tarefa fácil. Portugal
não tem a mesma tradição musical clássica de outros países da
Europa Central, por exemplo, e esse é um fator determinante.
Temos muitos excelentes músicos e ainda poucos lugares à
disposição. Visitando grandes salas de concerto pelo mundo, é
difícil não encontrar um português.
Como é que consegue gerir o seu tempo? O que é que faz
para além da música?
É uma questão interessante e sobre a qual reflito muito. Nos
últimos anos, entre compromissos académicos e profissionais,
tem sido difícil fazer muito mais para além da música e o tempo
restante tem sido dedicado ao descanso. Neste momento, sinto
que estou a entrar numa nova fase, com mais tempo e novos
projetos pessoais em mente. •
POR CARLA NOGUEIRA (JORNALISTA)
Uma curiosidade sobre o nome Cidnay
«[...] a povoação que passou a ser sede do concelho, ter[á]
abandonado o seu verdadeiro e antigo nome “Cidenai”,
topónimo sem igual em toda a península e que teria tido
origem na junção de duas palavras de línguas diferentes mas
significando o mesmo: “Cide”, em árabe significando “senhor”
e “Na” em basco, também “senhor” acrescido do sufixo “aia”
designativo de lugar de. De facto, num prazo do Séc. XVI, este
lugar aparece escrito “Cideanaya”; num documento do Papa
Urbano VIII, de 1629, são referidos os moradores de “Oppidi
seu loci Cidanai” a quem eram concedidas indulgências por
sete anos quando visitassem a igreja do Mosteiro no dia da
festa do mártir Tirso (28 de Janeiro). Em 1651, Frei Leão de S.
Tomaz, na Benedictina Lusitana, chama-lhe “Cidenai” que é a
forma que ainda hoje se mantêm. Cidnay grafia adoptada
para denominar o hotel que naquele lugar existiu, aparece
apenas na Corografia Portuguesa, do Pe. Carvalho da Costa.
Em prazos de Séc. XIX é vulgar escrever-se Sidenai. Mas,
esqueçamos este pormenor já sem remédio, e entremos no
assunto que nos propusemos tratar.» (in Actas do Colóquio de
História Local e Regional – Santo Tirso, 17 e 18 de Março de
1979 – no âmbito das comemorações do Milenário da
fundação do Mosteiro de Santo Tirso, 978-1978, edição da
Câmara Municipal de Santo Tirso, 1982; citado no Facebook
de Santo Tirso com História; consultado em 17/10/2020).
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#48
Atualidades
139 ANOS DE AUDÁCIA E
CONQUISTAS
Foram 139 anos que a Misericórdia de Santo Tirso festejou a 3
de julho de 2024. Desde a sua fundação, tem sido um pilar
fundamental na promoção da solidariedade e bem-estar,
garantindo assistência, saúde e educação a tantos que foram
acolhidos nestas 14 décadas de trajetória. Sempre com a
audácia de enfrentar desafios e com a coragem de lutar por
fazer a diferença na vida daqueles que mais necessitam.
O programa voltou a cumprir a tradição: pela manhã, a
Mesa Administrativa homenageou Conde S. Bento, nosso
instituidor. O ponto alto da comemoração aconteceu na
renovada Capela da Misericórdia, mediante celebração
religiosa de agradecimento ao trabalho contínuo de todos/
/as aqueles/as que dedicam o seu tempo, em prol de quem
necessita de apoio e atenção. Envolveu a participação de
Órgãos Sociais, Colaboradores/as, Utentes e Voluntários num
ambiente em que a espiritualidade se uniu à alegria dos
presentes. Também um pouco por todas as valências,
durante o dia, registou-se o envolvimento festivo.
O encerramento do programa de aniversário aconteceu a 6 de
julho, com um concerto promovido pelo Coral da
Misericórdia. Contou com a participação do Ensemble Vocal
Pro Música, expondo a habitual qualidade vocal, desta vez no
Tributo aos 50 anos de abril.
Com o olhar voltado para o futuro, a Misericórdia segue para
os 140 anos reafirmando, com audácia, o compromisso com os
valores que a tornaram, ao longo dos tempos, um pilar da
sociedade. •
POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
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Atualidades
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#48
Atualidades
PLANO DE ATIVIDADES E
ORÇAMENTO 2025
“Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são a
nossa visão comum para a Humanidade e um contrato social
entre os líderes mundiais e os povos. São uma lista das coisas a
fazer em nome dos povos e do planeta e um plano para o
sucesso”.
Ban Ki-moon - antigo Secretário-Geral das Nações Unidas
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável representam
um apelo urgente à ação de todos os países – desenvolvidos e
em desenvolvimento – para uma parceria global:
• Reconhecem que a erradicação da pobreza e outras
privações devem ser acompanhadas de estratégias que
melhorem a saúde e a educação, reduzam a desigualdade
e estimulem o crescimento económico, ao mesmo tempo
que combatem as alterações climáticas e preservam os
ecossistemas.
• Definem as prioridades e aspirações globais para 2030 em
áreas que afetam a qualidade de vida de todas pessoas do
mundo e daquelas que ainda estão para vir.
Os Governos, as Instituições, as Empresas, os vários Setores da
Economia são motores de desenvolvimento económico,
impulsionam a inovação e a tecnologia, constituem uma fonte
de investimento e possuem cadeias de valor.
A Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso
orienta a sua MISSÃO para a “promoção de respostas e
iniciativas adequadas à prossecução dos seus fins e às
necessidades diagnosticadas na comunidade, contribuindo
para o desenvolvimento local e proteção de grupos sociais
mais vulneráveis.”
ERRADICAR
A POBREZA
IGUALDADE
DE GÉNER O
PRODUÇÃO
E CONSUMO
SUSTENTÁVEIS
ERRADICAR
A FOME
ENERGIAS
RENOVÁVEIS
E ACESSÍVEIS
AÇÃO
CLIMÁTICA
SAÚDE
DE QUALIDADE
TRABALHO DIGNO
E CRESCIMENT O
ECONÓMICO
PAZ, JUSTIÇA
E INSTITUIÇÕES
EFICAZE S
EDUCAÇÃO
DE QUALIDADE
Com a sua atuação, a Misericórdia de Santo Tirso oferece
respostas que vão ao encontro do preconizado nos ODS,
concretamente:
REDUZIR AS
DESIGUALDADES
PARCERIAS P ARA
A IMPLEMENTAÇÃO
DOS OBJETI VOS
1 . Garantia de acesso aos recursos económicos e a
serviços básicos.
Intervenção social comunitária, através do Serviço de
Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS) no
Centro Comunitário de Geão realizado às famílias
residentes na área de intervenção.
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Atualidades
2 . Promoção do acesso a alimentos seguros, nutritivos e
suficientes.Oferta de serviço de alimentação, nutrição e
qualidade alimentar, transversal a toda a instituição.
Protocolo de colaboração no âmbito da Convenção da
Rede Solidária de Cantinas Sociais com a distribuição
de refeições diárias a famílias e pessoas isoladas.
Programa Operacional de Apoio às Pessoas mais
Carenciadas (POAPMC), com distribuição de géneros
alimentares.
3 . Garantia de acesso à saúde de qualidade e promoção
do bem-estar para todos/as, em todas as idades.
Cobertura de cuidados de saúde, possibilitando o
acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade,
complementando o Estado no seu dever de resposta.
Concretamente, oferta de serviços médicos e de
enfermagem nas ERPI e disponibilidade de serviços
clínicos à comunidade (Clínica de Fisiatria, Clínica de
Endoscopia, Medicina Dentária, Unidades de Cuidados
Continuados).
Promoção da saúde mental e do bem-estar de utentes e
colaboradores/as.
4. Acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa,
e promoção oportunidades de aprendizagem ao longo
da vida.
O Jardim de Infância (creche e pré-escolar) garante um
serviço de qualidade certificado pela APCER,
assegurando todos os critérios ao nível pedagógico e de
cuidados.
Educar também é formar a população ativa empregada.
A Direção de RH investe neste sentido, promovendo
iniciativas formativas para os/as colaboradores/as de
acordo com as necessidades diagnosticadas
subjacentes ao Plano de Formação.
Nas estruturas residenciais são oferecidas
oportunidades de aprendizagem de novas
competências e o desenvolvimento das já adquiridas.
5. A Igualdade de Género é um princípio garantido na
Instituição no exercício de prestação de serviços, quer
com utentes, quer com colaboradores/as, quer com
todas as pessoas com quem estabelecemos relações
institucionais (entidades fornecedoras e parceiras…).
A Casa Abrigo o Centro de Emergência são respostas
sociais diferenciadas, direcionadas para vítimas de
violência doméstica, focadas na prevenção da violência
e promoção da Igualdade de Género.
7. Medidas de redução do desperdício e da pegada
ecológica, e promoção de eficiência energética, tais
como reciclagem e reutilização de resíduos e utilização
de energias limpas/renováveis, contribuindo para uma
sociedade mais justa e sustentável.
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#48
Atualidades
PLANO DE ATIVIDADES E
ORÇAMENTO 2025
8. Promoção do crescimento económico inclusivo e
sustentável.
Alcance de níveis mais altos de produtividade
económica por meio da diversificação, atualização
tecnológica e inovação.
Proteção dos direitos do trabalho e promoção de
ambientes de trabalho seguros, protegidos e saudáveis.
10. A intervenção comunitária tem como objetivo promover
a igualdade de oportunidades a todas as pessoas,
independentemente das circunstâncias que possam
condicionar a expressão de direitos individuais.
O Centro Comunitário de Geão está vocacionado para
atuar na redução de desigualdades sociais através do
Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social
(SAAS).
12. O Centro Comunitário de Geão promove iniciativas
com diferentes grupos-alvo para incentivar medidas de
consumos controlados, gestão financeira e apoio social,
que consolidam a consciência ambiental e o respeito
pelos recursos existentes.
13. Otimização de condutas e reforço de estratégias que
promovem a sustentabilidade e o respeito pelo meio
ambiente, acreditando que tal conduz a benefícios
ambientais e proveitos económicos, sociais e culturais a
curto, médio e longo prazo.
14. A promoção da Paz e da Justiça está implícita na missão
da Misericórdia.
Salienta-se a intervenção com vítimas de crime
(violência doméstica e outros crimes) e o cumprimento
das normas relativas à prevenção da corrupção e
infrações conexas.
Pretendemos que as pessoas que acolhemos ou
trabalham connosco se sintam de plenos direitos e que
encontrem na Misericórdia um abrigo e apoio eficaz
para o exercício da cidadania.
17. O estabelecimento de parcerias (comerciais,
financeiras, institucionais…) potencia o alcance de
metas mais ambiciosas para a organização, fortalece a
mobilização de recursos internos e da comunidade
local, assegura serviços mais ajustados às
necessidades das populações e à promoção de
sinergias.
Pela sua importância, nos últimos anos, a Revista da
Misericórdia teve como temas, entre outros,
“Sustentabilidade”, “Repartir” e “Igualdade” abordando alguns
ODS. Explorar estes objetivos continuará a ser uma intenção
institucional.
O ano de 2025 será de continuidade, no que diz respeito à
prestação de serviços de qualidade e à procura de novas
respostas para a comunidade.
Nesse sentido, mantém-se o projeto para o edifício do
Antigo Liceu/1º Hospital de Santo Tirso, devolvendo-o à sua
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Atualidades
génese com a construção de uma nova Unidade de Cuidados
Continuados (já projetada). Porém, as incógnitas do ponto de
vista económico, financeiro e social, obrigam a uma profunda
análise e avaliação do timing e da dimensão deste
investimento. As candidaturas apresentadas ao Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR) neste âmbito tinham como
objetivo a atribuição de 62 camas (27 de Cuidados Paliativos e
35 para Convalescença), tendo sido apenas aprovadas as 27
camas referentes à tipologia de paliativos. Neste contexto, foi
proposta a reformulação do projeto de arquitetura,
aguardando-se a sua aprovação e ficando em aberto uma
ampliação futura do edifício.
No próximo ano, na sequência de candidatura aprovada para
criação de uma Unidade de Dia e Promoção de Autonomia
na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração
“Comendador Alberto Machado Ferreira”, a Misericórdia de
Santo Tirso terá em funcionamento esta nova tipologia da Rede
Nacional de Cuidados Continuados Integrados com
capacidade efetiva para 17 utentes.
Prosseguiremos o caminho da transformação digital. Este
processo será mais evidente no âmbito administrativo e
informático com a desmaterialização dos registos clínicos/
técnicos. Concretamente, nas Unidades da Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados – RNCCI será introduzido o
programa SONHO-v2, e nas Estruturas Residenciais para
Pessoas Idosas – ERPI a solução SClínico (parceria com os
Serviços Partilhados do Ministério da Saúde – SPMS).
A aquisição de novos equipamentos continuará a permitir a
atualização do parque informático, para desempenho capaz
face a novas ferramentas da área de IT (Tecnologias de
Informação).
No âmbito de candidatura efetuada ao PRR para “Investimento
TC-C13-i03 – Eficiência Energética em Edifícios de Serviços”,
em 2025 será concluído o processo que propõe a Instalação
de um Sistema VRV em substituição das atuais unidades de
aquecimento (caldeiras a GPL e radiadores elétricos) na
valência Casa de Repouso de Real. Com esta medida calculase
uma redução anual do consumo energético de cerca de
42%.
A proteção da privacidade e o correto tratamento dos dados
pessoais assume primordial importância para a nossa
instituição no âmbito da relação estabelecida com os/as
clientes, utilizadores/as dos seus serviços, irmãos/ãs,
colaboradores/as, stakeholders e outros interessadosa/as.
A Misericórdia assume o compromisso de, em 2025, continuar
a respeitar e implementar um conjunto alargado de medidas
com vista à redução do risco de incumprimento das regras de
privacidade e proteção dos dados pessoais.
A Misericórdia de Santo Tirso adotou um conjunto de políticas
e procedimentos tendo em vista a prevenção da corrupção e
infrações conexas, do qual se destaca a implementação do
seu canal de denúncias. Em 2025, a Instituição está
comprometida em manter o regular cumprimento das suas
políticas sociais e normativas, com especial incidência no
respeito pela ética dos comportamentos adotados e
transparência e conformidade legal em todas as áreas de
atuação.
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#48
Atualidades
PLANO DE ATIVIDADES E
ORÇAMENTO 2025
O desenvolvimento da nossa Missão e Valores sustenta-se,
ainda, em Parcerias, das quais destacamos o Projeto VIVER+,
que envolve utentes residentes e que usufruem dos nossos
serviços da área Social. Neste âmbito são reforçadas
metodologias/equipamentos de intervenção para grupos de
utentes com maior dependência física e cognitiva (que
dificilmente participam em atividades de ocupação).
Rentabilizar e divulgar a Immersive Room do Centro
Comunitário de Geão, continuará a ser um objetivo,
promovendo-se a interação institucional e de utentes com
outras entidades do concelho e do distrito. Recordar que esta
sala, em funcionamento desde 2023, foi a primeira sala
imersiva em Portugal desenvolvida e dirigida especificamente
à população sénior, com ferramentas no âmbito da intervenção
gerontológica.
O projeto JUNTOS!Porto é uma iniciativa conjunta entre a
Fundação Aga Khan Portugal e Fundação ”la Caixa”. Em 2025,
a Misericórdia de Santo Tirso continuará a trabalhar no âmbito
desta parceria, com enfoque no diagnóstico participativo com
pessoas da Comunidade Cigana acompanhadas em Ação
Social no Centro Comunitário de Geão.
A integração em atividades regulares promovidas pela
Autarquia (Boccia, Ginástica Geriátrica, Baú das Letras/Hora
do Conto, Competências Digitais,…) facilita a dinamização de
atividades diversificadas com recursos adequados, o que
continuará a ser desenvolvido.
O Felicidário é uma atividade dinamizada na instituição há
cerca de 10 anos que, através da auscultação de interesses e
motivações dos/as utentes, realiza sonhos/desejos individuais.
Projetamos maior investimento a este nível, conseguindo
parcerias externas para concretizar desejos mais onerosos
(individuais ou coletivos).
A Misericórdia de Santo Tirso continua profunda e plenamente
empenhada na continuidade da Escola Profissional Agrícola
Conde S. Bento, inclusive na instalação de um polo superior
agrário na nossa cidade. Mantêm-se inalteradas as intenções
manifestadas já desde 2014, ou seja, há e houve sempre
disponibilidade institucional para negociar um novo acordo,
em respeito pelas condições atuais de mercado. A nossa
instituição estará sempre ao serviço da comunidade, sem
quebra da sua autonomia e independência nem dos princípios
que a criaram e orientam. A história, os princípios e as
necessidades da comunidade impunham que fosse esta a
posição desta Misericórdia quanto à Escola Profissional
Agrícola Conde S. Bento. Como se esperava, 2024 permitiu
que se alcançasse o ambicionado acordo, com atualização do
valor de renda mensal e a enunciação das obras a levar a cabo
pelo Estado. Aguarda-se apenas a redação final desse acordo
e sua assinatura para consolidação do mesmo.
Iniciados trabalhos nas infraestruturas dos Serviços
Centralizados (Cozinha, Lavandaria/Costura e Compras), no
edifício da ex “Fecoli”, encontra-se projetada a sua conclusão
em 2025. Tal possibilitará maior eficiência dos serviços de
apoio e, consequentemente, melhor rentabilização de recursos
e aumento da qualidade de resposta.
Daremos continuidade à remodelação e reabilitação do Bairro
da Misericórdia, dando continuidade às 4 moradias de
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Atualidades
tipologia T2 na Rua da Misericórdia. Como consta no nosso
Compromisso, a instituição pode prosseguir, de modo
secundário ou instrumental, outras atividades, a título gratuito
ou geradoras de fundos, para garantir a sua sustentabilidade
económico-financeira, por si ou em parceria, que possa trazer
um retorno financeiro a ser investido no setor social.
Será mantido o empenho junto do Estado para o pagamento
dos justos valores pelos serviços prestados: prosseguiremos
com as candidaturas e persistiremos na renegociação com o
Instituto da Segurança Social, I.P. da comparticipação
financeira para o funcionamento das respostas sociais. Tal será
feito ao abrigo do Programa de Celebração ou Alargamento
de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de
Respostas Sociais (PROCOOP).
Estaremos sempre disponíveis para apoiar o Estado na
implementação das suas políticas sociais e de saúde,
respondendo com determinação, inovação e
empreendedorismo a qualquer projeto ou desafio nas nossas
áreas de intervenção, desenvolvido por nós ou em parceria,
como IPSS ou mediante outra entidade legalmente constituída
para o efeito.
Por outro lado, os fundos a ser gerados também passam pelo
mecenato social. Para fazer face à melhoria contínua dos
nossos serviços é importante encontrar outras fontes de
financiamento. Reiteramos que é necessário aprofundar
capacidades comunicacionais com vista à promoção de uma
colaboração ativa entre potenciais mecenas/benfeitores e a
instituição. Neste sentido, trabalharemos a promoção do
estabelecimento de redes de cooperação para divulgação da
inovação, do empreendedorismo e da responsabilidade social,
potenciando a imagem e a estratégia de marketing institucional
das entidades parceiras.
Continuamos a aguardar o envolvimento das entidades
competentes, seja através de protocolos, seja através do
mecenato, para a remodelação do Auditório “Centro Eng.º
Eurico de Melo”. Pelos constrangimentos legais relativos à
licença do Auditório, este lugar privilegiado, atualmente, serve
apenas utentes e colaboradores/as da Instituição e não toda a
comunidade, o que importa mudar em 2025.
O meritório trabalho artístico desenvolvido pelo Coral da
Misericórdia terá continuidade, quer através do intercâmbio
com outros grupos musicais, fazendo-se a divulgação do nosso
nome, quer através do envolvimento da família Misericórdia
através da música.
Importará, ainda, em 2025, planear a divulgação do nosso
espólio cultural, equacionando-se novas atividades e outras
formas de comunicação quanto aos objetos que contam a
nossa história.
Todas as atividades serão devidamente divulgadas através de
vários meios e plataformas de comunicação (redes socias,
newsletter, Revista, …).
Mantemos o empenho, como sempre, na melhoria contínua dos
nossos serviços, num modelo de gestão perfeitamente
atualizado, mantendo-nos como entidade exemplar e de
referência nas nossas áreas de intervenção.
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#48
Atualidades
PLANO DE ATIVIDADES E
ORÇAMENTO 2025
O nosso trabalho assentará na promoção e garantia de serviços
de excelência a utentes, na valorização e motivação dos
recursos humanos, na conservação, manutenção e reabilitação
do património, tendo sempre em atenção a garantia da
sustentabilidade financeira da instituição.
Como sempre referimos, é essencial apostar em atividades
geradoras de fundos que possam ser canalizados para o setor
social.
Subsídios à Exploração
295.200,00
Rendimentos 2025 (€ 11.188.200,00)
Outros Rend. Ganhos
1.086.400,00
Juros e Rend. Similares
400,00
Por fim, nunca é demais relevar que o maior ativo das
organizações são os seus recursos humanos, fundamentais
para atingir todos os objetivos, inerentes à Missão, à Visão e
aos Valores institucionais.
Com determinação, empenho, resiliência, autoconfiança e
espírito de união, somos uma equipa forte, somos “Rostos de
Solidariedade”.
Prest. Serviços
9.806.200,00
Sabemos que o ano de 2025 será mais um desafio. As
incógnitas do ponto de vista económico, financeiro e social
continuarão, mas cá estamos e estaremos para “FAZER O
IMPOSSÍVEL”.
Rendimentos 2025 %
Outros Rend. Ganhos
10%
Subsídios à Exploração
3%
Juros e Rend. Similares
0%
Prest. Serviços
88%
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Atualidades
Gastos e Perdas de
Financiamento
27.300,00
Gastos c/ Pessoal
8.065.800,00
Gastos 2025 (€ 11.612.400,00)
Gastos de Depreciação e Amortização
973.000,00
Outros Gastos e Perdas
5.900,00
Custo Merc. Vend. Mat. Cons.
1.053.000,00
Fornecimentos Serviços
Externos
1.487.400,00
Notas:
Rendimentos = € 11.188.200,00
Gastos = € 11.612.400,00
Resultado Líquido do Período= - € 424.200,00
Gastos de Depreciação e Amortização = € 973.000,00
Meios Libertos Previsionais = € 548.800,00 •
POR JOÃO LOUREIRO (DIRETOR GERAL)
Gastos 2025 %
Gastos de Depreciação e Amortização
8,4%
Gastos e Perdas de
Financiamento
0,2%
Gastos c/ Pessoal
69,5%
Outros Gastos e Perdas
0,1%
Custo Merc. Vend. Mat. Cons.
9,1%
Fornecimentos Serviços
Externos
12,8%
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#48
Atualidades
MISERICÓRDIA EM NÚMEROS
JANEIRO-DEZEMBRO 2024
Nota: Números considerados até 15 dezembro 2024
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Atualidades
AMOR UNIVERSAL DESAFIADOR ÁVIDO CORAJOSO INTENSO ARROJADO
UNIÃO
UNIFICADORA
DÁDIVA
DIVINA
AUTENTICIDADE
ÁRDUA
CORAGEM
COLETIVA
IGUALDADE
INTELIGENTE
ALMA UNIDA DISPONÍVEL ÁGUIA CENTRADA IMENSA AGREGADORA
Criativo: Susana Freitas
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#48
Atualidades
CERIMÓNIA PROTOCOLAR
PROJETO DE INOVAÇÃO
COMUNITÁRIA (PIC)
No dia 12 de novembro, a Misericórdia participou no
evento em Matosinhos, organizado pela Fundação Aga
Khan e Fundação La Caixa, para formalização e assinatura
do Acordo entre as partes, para a implementação de um
Projeto de Inovação Comunitária (PIC), entre outros 9
projetos a criar por outras entidades sociais sediadas no
Norte de Portugal.
Presenciamos a cerimónia protocolar de assinatura do
Acordo pelo Provedor da instituição, José dos Santos Pinto,
com a presença da sua Alteza Real Infanta Dona Cristina,
pela Fundação “La Caixa” e Mohamed Azzim Gulamhussen
e Karim Merali, pela Fundação Aga Khan Portugal.
Pretendemos promover a participação das mulheres ciganas
no seio da sua família, comunidade e da sociedade em geral,
de modo a “empoderar” essas mulheres a assumirem um papel
ativo nas suas vidas.
O Projeto irá decorrer até Julho de 2025, para o qual iremos
contar com a parceria ativa da RESINORTE, ACIST e o Projeto
CAPACITA IN, com a dinamização de ações, que
impulsionarão o futuro destas mulheres ciganas, em diferentes
domínios. Estamos certos/as que este será um caminho de
mudança. •
POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE)
Após uma visita guiada à Casa da Arquitetura de Matosinhos,
as entidades parceiras e o público em geral foram convidados/
/as a visitar e conhecer de perto os projetos que foram
firmados nesse dia pelas várias entidades sociais. Este
momento de networking foi extremamente produtivo pelo
contacto de proximidade com investidores sociais e outros
profissionais que poderão, de algum modo, estabelecer
parceria com o nosso Projeto.
O Projeto que a Misericórdia de Santo Tirso apresentou
neste âmbito, designado “NOVA-SINA: Mulheres Ciganas,
Agentes de Mudança”, centra-se no envolvimento de
mulheres da comunidade Cigana de Argemil, pertencentes
aos agregados em acompanhamento social pelo Centro
Comunitário de Geão.
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Atualidades
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#48
Atualidades
ENTRE O VERDE E O DIGITAL
A AUDÁCIA DE TRANSFORMAR
O NOSSO MUNDO
A competência de respondermos às necessidades do presente,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades, trazem-nos desafios
constantes e ambiciosos. Disso são exemplo os 17 objetivos de
desenvolvimento sustentável (ODS) assumidos em setembro de
2015, pelos 193 países das Nações Unidas para 2030 que se
estruturam em torno de 5 princípios: Planeta, Pessoas,
Prosperidade, Paz e Parceiros, e 179 indicadores globais
(última revisão), onde se inclui o nosso país com boas
referências à data, incorporando alguns desses indicadores
nas suas prioridades estratégicas.
Sustentabilidade
Benefícios Ambientais
6,2339 Árvores salvas
216,7858 Quilos de CO2 não emitidos
519490 Litros de água poupados
Consulta PrintAnyWay
Da leitura da publicação do INE disponibilizada no passado
dia 25 de Setembro, assinalado como Dia da Sustentabilidade,
podemos observar a nível Institucional vários contributos
para as metas que os indicadores abarcam, nomeadamente
o nº12 Produção e Consumo Sustentáveis e nº13 Ação
Climática, que integram o Pacto Ecológico Europeu,
definido como uma das prioridades da Comissão Europeia.
Nesse sentido, e no âmbito do que internamente apelidamos
de Transformação Digital, implementamos em junho deste ano
o Projeto Printing, com instalação de equipamentos com
características inovadoras e sustentáveis. A elaboração de um
caderno de encargos minucioso e abrangente que nos
permitisse encontrar um parceiro alinhado com a nossa
máxima de melhoria contínua e inovação como prioridade, foi
desde logo uma premissa. Os 25 equipamentos em
funcionamento, encontram-se distribuídos por 11 edifícios ao
serviço das mais de 15 respostas institucionais, e disponíveis
para os colaboradores cujo acesso e autenticação é efetuado
por pin. Equipamentos de última geração com consumos
mínimos associados à poupança energética, CO2 e consumo
de papel e funcionalidades que rentabilizam tarefas, como por
exemplo, a partilha de documentos de forma digital, são
evidência de prática sustentável. Uma solução de gestão
centralizada, com relatórios que nos permitem visualizar
rapidamente o desempenho operacional e identificar
tendências e novas oportunidades, assegurado por
manutenção proativa, reativa e preventiva.
A atual marca parceira é também reconhecida pelos seus
comprovados programas de sustentabilidade e classificada
como EPA Corporate Leader. Disso é exemplo, o Eco saco (em
papel) para a recolha de resíduos. No seu Código de Conduta
Empresarial (CSR) encontramos o compromisso no
desenvolvimento de produtos, software e serviços sustentáveis
pelo reconhecimento nos efeitos ambientais, sociais e
económicos ao longo do seu ciclo de vida. •
POR SUSANA FREITAS (DIREÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS E IT)
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Atualidades
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#48
Ação
Social e
Comunidade
DIA MUNICIPAL PARA A
IGUALDADE 2024
O Dia Municipal para a Igualdade é assinalado a 24 de
outubro, desde 2010, por centenas de organizações da
sociedade civil da esfera pública a nível nacional. Com o foco
na promoção dos valores da Igualdade, Inclusão e
Participação, ao longo dos anos têm sido promovidas iniciativas
no âmbito dos Direitos das Mulheres, Violência Doméstica,
Igualdade Salarial, Combate à Pobreza, Acolhimento de
Migrantes, a Inclusão de Pessoas com Deficiência e
Incapacidade e Igualdade de Oportunidades.
A Misericórdia de Santo Tirso integrou a Agenda Nacional
do Dia Municipal para a Igualdade, que este ano promoveu
o tema “Igualdade é Desenvolvimento”. Organizações da
sociedade civil e entidades públicas de diferentes pontos do
país, realizaram entre os dias 17 e 31 de outubro dezenas de
iniciativas com vista à promoção dos valores da Igualdade,
Inclusão e Participação, por todo o território continental e ilhas.
“Vestimos preconceitos, estereótipos, desigualdade.
Usamos palavras redutoras, inferiores, discriminatórias
A Misericórdia separou e lavou ROUPA SUJA.
No estendal há ROUPA LIMPA, pronta a usar.
Usamos gestos do quotidiano como metáfora da
consciencialização que se impõe: igualdade, inclusão,
participação. Igualdade é desenvolvimento.”
• Descomplica | Meninos e Meninas: a sala dos 5 anos do
Jardim de Infância viajou no “Immersive Room” pelo tema da
Igualdade. Meninos e meninas DESCOMPLICARAM, ambos
têm os mesmos direitos, devem ter as mesmas oportunidades
para viver em Igualdade.
• Maioridades 2024: “Não há Impossíveis” com o convidado
Paulo Azevedo que decorreu no Auditório “Centro Engº
Eurico de Melo”. •
Em 2024 celebrámos a construção coletiva dos valores da
Igualdade e do envolvimento de todos e todas nesta causa
comum. Só é possível Desenvolvimento com Igualdade!
Esta iniciativa integrou três ações, que combinaram inclusão,
participação ativa e sensibilização para a igualdade em
diversas esferas e dimensões:
POR SOFIA MOITA (COORDENADORA CASA ABRIGO D. Mª MAGALHÃES)
SARA ALMEIDA E SOUSA (DIRETORA DE RECURSOS HUMANOS, COM. E IMAGEM)
• RouPa SuJa | RouPa LimPa: instalação no Foyer do
Auditório “Centro Engº Eurico de Melo”, de peças de roupa
construídas por utentes e colaboradores/as, envolvendo a
comunidade da Misericórdia na reflexão e promoção de
valores Igualdade, Inclusão e Participação.
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Ação
Social e
Comunidade
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#48
Ação
Social e
Comunidade
MAIORIDADES 2024 NÃO HÁ
IMPOSSÍVEIS
Nasceu em Coimbra, sem braços e sem pernas. «Podia ser
pior», disse a sua mãe, com 16 anos, quando se apercebeu da
situação do filho. «Nunca se sabe se não teremos aqui um
grande homem», afirmou o médico que fez o parto. Condenado
a nunca conseguir caminhar e a uma vida de total
dependência, Paulo cedo recusou esse destino e viu na família
e amigos o apoio necessário para construir uma “vida normal”.
(in Não Há Impossíveis, Paulo Azevedo)
No dia 24 de outubro decorreu a segunda edição do evento
MaiorIdades, na data que assinalou o Dia Municipal para a
Igualdade. Este ano o tema escolhido recaiu sobre “Não há
Impossíveis” e o Auditório “Centro Eng. Eurico de Melo” vibrou
com a presença de Paulo Azevedo e com a sua emocionante
história de vida: demonstrou ser possível não ficar limitado
pelas dificuldades físicas, conseguindo ultrapassar múltiplas
barreiras, desde físicas, sociais e emocionais.
O silêncio foi absoluto num auditório com 200 lugares
ocupados, enquanto se ouvia apenas a voz de um exemplo de
determinação, coragem e perseverança. No final, o som
dominante foram aplausos de uma plateia emocionada que
recusou ficar sentada.
Paulo Azevedo, ao incentivar as pessoas a nunca desistir do
que acreditam e ao referir que “tu podes conquistar tudo o que
desejas, basta teres amor no coração e brilho no olhar”, tocou
em todos/as ao “transformar o sentimento na melhor versão da
sua vida”, conforme noticiado no jornal Entre Margens •
POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
Este evento pretendeu alargar conhecimento e desconstruir
barreiras e preconceitos sociais, sensibilizando para a
diferença, através da partilha de experiências de vida reais e
transversais a todas as idades.
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Ação
Social e
Comunidade
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#48
Ação
Social e
Comunidade
25N SANTO TIRSO CONTRA A
VIOLÊNCIA DE GÉNERO
A 25 de Novembro, assinala-se o Dia Internacional pela
Eliminação da Violência contra as Mulheres.
Anualmente são promovidas iniciativas a nível internacional
que envolvem e implicam as comunidades locais, as
instituições e os agentes políticos na desocultação deste crime
e da não-tolerância da violência.
Este ano, a Misericórdia de Santo Tirso, em parceria com a
ACIST – Associação Comercial e Industrial de Santo Tirso e
com o apoio da empresa Grandes Planos, lançou uma
campanha de prevenção e erradicação da tolerância social
para com as várias manifestações de VM/VD (violência contra
as mulheres/violência doméstica) e da sensibilização da
comunidade na promoção de uma cultura de não violência,
direitos humanos, igualdade e não discriminação.
No dia 25 de novembro, a cidade de Santo Tirso acordou
com cartazes nas montras dos estabelecimentos comerciais
e de restauração, e nas instituições de primeira linha de
intervenção na área da violência doméstica (PSP, GNR,
Hospital e Centros de Saúde).
Com o objetivo de aumentar o impacto da campanha na
comunidade, durante uma semana, foi afixada uma lona de
forma itinerante em locais estratégicos da cidade.
A campanha inclui um ‘QR Code’ que remete para a
página da Comissão para a Cidadania e Igualdade de
Género, com informações e contactos da Rede Nacional de
Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, do Serviço de
Informação às Vítimas de Violência Doméstica 800 202 148
e da Linha SMS 3060, que disponibilizam informação e
apoio gratuitos, 7 dias por semana, 24 horas por dia.
Em entrevista à Lusa, alguns comerciantes valorizaram a
iniciativa e afirmaram a importância da sensibilização da
comunidade para a não tolerância e não aceitação de
discursos, atitudes e comportamentos de violência contra as
mulheres.
“Maria Albertina Mota, funcionária há mais de 40 anos na
restauração, escolheu uma mão negra para ilustrar a montra
do café Bonzão, na Rua Luís de Andrade, mesmo no centro de
Santo Tirso. Conta que nos cafés e esplanadas se ouvem
sempre muitas histórias e que “nunca, como agora, lhe
pareceu que a violência doméstica estivesse em níveis tão
assustadores. Por isso quis a mão [uma das seis opções
possíveis de cartazes]. Para dizer ‘parem’, ‘basta’, ‘já chega’.
Acho que a violência contra as mulheres tem aumentado”,
refere.
[…] Isto é algo que preocupa André Gonçalves, da Ourivesaria
Plácido, localizada na Rua Sousa Trêpa em Santo Tirso. Pai de
duas meninas de 7 e 10 anos diz à Lusa que aderiu à iniciativa
“25N-Santo Tirso contra a Violência de Género” sem
pestanejar até porque o tema é frequente em casa.
Digo-lhes que ‘não’ é ‘não’. ‘Não’ não é ‘nim’. É ‘não’. Peço-
-lhes que agora nos contem tudo o que quiserem, e que, no
futuro, peçam sempre ajuda à primeira. Que se defendam e
saibam que têm o poder e o direito de dizer ‘não”, aponta.”
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Ação
Social e
Comunidade
Uma em cada 3 mulheres na União Europeia foi vítima de
violência em casa, no trabalho ou no espaço público. As
mulheres jovens declaram ter sofrido níveis mais elevados de
assédio sexual no trabalho e outras formas de violência do que
as mulheres mais velhas. No entanto, a violência contra as
mulheres continua muitas vezes invisível, uma vez que apenas
uma em cada quatro mulheres denuncia incidentes às
autoridades (a polícia ou os serviços sociais, de saúde ou de
apoio). Inquérito da EU 2020-2024.
A Violência Doméstica é CRIME.
Procure AJUDA!
Denuncie! •
POR SOFIA MOITA (COORDENADORA CASA ABRIGO D. Mª MAGALHÃES)
SARA ALMEIDA E SOUSA (DIRETORA DE RECURSOS HUMANOS, COM. E IMAGEM)
CÁTIA AZEVEDO (EDUCADORA SOCIAL CASA ABRIGO D. Mª MAGALHÃES)
ANA ALVARENGA (JURISTA CASA ABRIGO D. Mª MAGALHÃES)
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#48
Ação
Social e
Comunidade
A AUDÁCIA… DE SER
MULHER CIGANA
A Misericórdia de Santo Tirso foi convidada pela Rede
Europeia Anti-Pobreza (EAPN) a estabelecer parceria no
Programa JUNTOS! (Plataforma de Conhecimento para a
Sociedade Civil).
Na primeira fase participamos num encontro em
Moçambique onde pusemos em prática
metodologias participativas de inovação
comunitária numa aprendizagem colaborativa
entre organizações de Portugal e
Moçambique.
Em Junho de 2024, já em Portugal,
desenrolou-se a segunda fase do Programa
que consistiu na participação de uma
formação de curta duração para reforçar os
conhecimentos e capacidades da
Misericórdia mobilizar, dinamizar,
fortalecer e transformar as pessoas,
organizações e comunidades com
quem trabalhamos.
A partir de Setembro de 2024, na
terceira fase do Programa, propuseram-
-nos a implementação de um Projeto de
Inovação Comunitária (PIC), com vista à
ativação e envolvimento da comunidade na
procura de soluções para resolver e/ou
minimizar problemas existentes. O Projeto a
desenvolver pressupunha um diagnóstico participativo com
o envolvimento das pessoas ou grupos comunitários e
organizações locais com quem trabalhamos.
A resposta da Misericórdia na área de intervenção social,
por excelência, é o Centro Comunitário de Geão. E numa
análise conjuntural, optamos por resgatar o trabalho social
realizado há cerca de 25 anos, com a Comunidade Cigana
de Argemil, com inúmeros projetos de formação e
intervenção social, principalmente com as
mulheres ciganas. Após a transferência das
competências sociais para as autarquias,
voltamos a ficar responsáveis pelo
acompanhamento social de 27 agregados
familiares desta comunidade.
Após vários contactos, aferimos a recetividade
destas mulheres para a participação num
projeto que foi construído tendo por base as
suas preocupações, necessidades e
problemas, bem como as suas competências,
sonhos e habilidades. Este diagnóstico
participativo estruturou as ações a
desenvolver e os parceiros a envolver.
O Projeto designado “NOVA-SINA:
Mulheres Ciganas, Agentes de Mudança”,
pretende promover a participação das
mulheres ciganas no seio da sua família,
comunidade e da sociedade em geral
envolvendo vários parceiros da comunidade
que poderão manter a parceria com a
comunidade cigana, após o término do Projeto.
Embora bastante audacioso, julgamos que as seguintes
ações poderão alavancar a autonomização destas mulheres:
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Ação
Social e
Comunidade
1. Ações de Capacitação:
Em articulação com o Projeto CAPACITA IN (do qual a
Misericórdia é parceira), pretende-se integrar algumas
mulheres que pretendam adquirir competências para
alavancar pequenos negócios ou integrar no mercado de
trabalho formal. Iremos integrar o “laboratório-empresarial de
Upcycling” do PIC, como um negócio coletivo a implementar,
com o apoio deste Projeto, para servir de exemplo para outras
iniciativas individuais.
Pretende-se ainda dinamizar sessões de capacitação no
exercício de Direitos sociais, familiares e individuais, com a
parceria do CIAC (Centro de Informação Autárquico ao
Consumidor).
Propomos ainda em parceria com a Autarquia, alargar o
“Programa de Mentoria para a Capacitação Digital” às
mulheres ciganas identificadas no PIC, de modo a dar-lhes
oportunidade de adquirir novas competências para se
integrarem no mundo digital e beneficiar desses recursos para
o dia-a-dia.
2. Ações Ambientais:
Em parceria com a empresa RESINORTE pretendemos
dinamizar ações de sensibilização ambientais e de reciclagem,
de modo a melhorar a imagem do Bairro e criar uma
responsabilidade social nas pessoas residentes, envolvendo
também as camadas mais jovens, numa perspetiva de mudança
de comportamentos sociais. A empresa disponibiliza-se a
realizar ações de sensibilização ambiental no próprio Bairro e
de envolver os próprios moradores na recolha e seleção dos
resíduos urbanos.
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#48
Ação
Social e
Comunidade
A AUDÁCIA… DE SER
MULHER CIGANA
3. Ações de Autonomização:
Criação de um “laboratório-empresarial de Upcycling” na área
criação de produtos utilitários para venda através de técnicas
de reciclagem, permitindo a experimentação de tarefas e do
que é necessário para impulsionar um negócio social. Ao criar
produtos utilitários a partir de resíduos, reduzem-se os custos
de produção, apoia-se efetivamente a economia local, gerando
rendimento para as mulheres envolvidas. O upcycling estimula
a criatividade, incentiva um estilo de vida sustentável e
promove um senso de comunidade à medida que as pessoas
colaboram em projetos e compartilham ideias. Em suma,
oferece muitos benefícios sociais.
Contamos com a parceria da ACIST (Associação Comercial e
Industrial de Santo Tirso) para promover os produtos
produzidos junto das entidades associadas, bem como
diligenciar recursos (que para as entidades associadas são
desperdícios) e que poderão ser rentabilizados no negócio.
4. Ações de Empoderamento:
Dinamização de sessões de partilha de experiências pessoais e
profissionais com outras mulheres ciganas, que poderão ser
inspiradoras para o desenvolvimento pessoal.
Visitas a outras comunidades ciganas com projetos inovadores.
Iniciativas de cuidados de imagem e valorização pessoal para
reforço da auto-estima e promoção da auto-confiança.
enquadramento social do “Laboratório-empresarial de
Upcycling” às entidades associadas da ACIST, bem como
outras entidades que poderão estar interessadas em adquirir os
produtos para oferecer a colaboradores/as ou fornecedores/
/as, entre outros stakeholders.
Cativar parceiros para o negócio social, nomeadamente na
recolha de desperdícios, disponibilização de equipamentos de
apoio (maquinaria especializada), divulgação do Projeto e dos
produtos e aquisição dos mesmos também como meio de
sensibilizar para a igualdade de oportunidades de género e
étnicas.
Apresentação do PIC e do “Laboratório-empresarial de
Upcycling” na comunicação social, nomeadamente, televisão e
rádio, bem como outras redes sociais digitais.
Na luta contra a dupla discriminação (de género e étnica)
acreditamos que este projeto audacioso será impulsionador da
autonomia socioecónomica destas mulheres e abrir portas com
outras entidades e serviços locais, que poderão diversificar as
oportunidades de desenvolvimento social e pessoal das
pessoas envolvidas direta e indiretamente no Projeto. Este será
um novo paradigma do trabalho social. •
POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE)
5. Ações de Marketing:
Criação de instrumentos de divulgação e marketing comercial
dos produtos criados, nomeadamente a produção de um
Booklet/Catálogo para apresentação dos produtos e do
#48
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FUGIR À GUERRA AS
PALAVRAS DA CORAGEM
Ação
Social e
Comunidade
Em abril de 2022, a Misericórdia de Santo Tirso, face ao
cenário de Guerra na Ucrânia, mobilizou-se para acolher e
acompanhar uma família Ucraniana. Tratou-se de um ato
de coragem para a Mariana e seus quatro filhos
abandonarem as suas origens, enfrentando o
desconhecido. Sendo AUDÁCIA sinónimo de coragem e
determinação, o testemunho que aqui se apresenta reflete
a bravura desta família que nas
adversidades (re)começou a sua vida.
“Já se passaram mais de 1000 dias de guerra
na Ucrânia. A Rússia está exterminando
brutalmente o povo ucraniano. Mais de 6
milhões de pessoas deixaram o país para
salvar os seus filhos. Também vim para
Portugal com os meus 4 filhos para salvar as
suas vidas. E agora estou aqui há dois anos e
meio. Até hoje, tenho dificuldade em aceitar
que há uma guerra no meu país.
Acompanho as notícias, ligo para os meus
amigos que agora estão na Ucrânia, muitos
dos meus conhecidos ingressaram no exército e arriscam suas
vidas todos os dias. Rezo a Deus para que a guerra termine e
as pessoas parem de morrer. Acredito que assim será.
Agradeço ao povo português pelo seu coração aberto para
ajudar os ucranianos. Aqui, eu e os meus filhos vivemos em
segurança. Graças à Misericórdia de Santo Tirso e ao
acompanhamento da Susana Moura temos uma casa e tudo o
que precisamos para a vida. O serviço social cuida de nós e os
vizinhos ajudam.
O meu coração está dividido em dois: metade agradece a
Deus e a Portugal por estarmos seguros, e a outra metade dói
e chora pela Ucrânia. Durante estes anos de residência em
Portugal, senti um grande amor e apoio do povo português,
tratando-me com muita compreensão e ajuda.
No primeiro ano em Portugal, os meus filhos tiveram muitas
dificuldades na escola. Os professores ajudaram muito. Agora
é muito mais fácil para eles, já entendem
português, comunicam com as outras
crianças da turma. O meu filho mais novo
começou a frequentar o Jardim de Infância
neste outono. Ainda está um pouco confuso
e envergonhado porque não entende
português. Vejo como ele é amado e
apoiado pelas educadoras do Jardim de
Infância, pelo que sou muito grata. Cuido
dos meus filhos, estudo português, procuro
emprego. Ainda estou um pouco confusa
porque não sei o que devo fazer, ou como
poderei ser útil a este país. Aos 40 anos, às
vezes sinto-me como uma criança pequena
que não sabe falar e o que fazer a seguir, que futuro esperar.
Mas a pouco e pouco, com a ajuda de Deus e do povo
português, estou a aprender a viver de novo. Estou muito triste
que a Ucrânia esteja a passar por um momento tão difícil.
Obrigada à Europa pela ajuda.
Peço a todos que rezem pela paz na Ucrânia e em todo o
mundo.” •
POR MARIANA KRYSKO (FAMÍLIA UCRANIANA) E SUSANA MOURA (COORDENADORA
DO CENTRO COMUNITÁRIO DE GEÃO)
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#48
Ação
Social e
Comunidade
O SONHO COMANDA A VIDA
[…]o sonho comanda a vida.
[…] sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.”
António Gedeão
Brincar, saltar, correr, andar de cavalinho, escorregar, andar
de baloiço, inventar, criar, imaginar, sonhar... é tudo o que os
meninos e meninas da Casa Abrigo podem alcançar.
O novo parque infantil nesta valência, que a empresa
Garcia e Garcia instalou na Casa Abrigo no âmbito da
responsabilidade social e mecenato, permite a todas as
crianças abraçar e sorrir para o mundo.
Obrigada Garcia e Garcia! •
POR SOFIA MOITA (COORDENADORA CASA ABRIGO D. MARIA MAGALHÃES)
Ação
Educacional
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#48
Ação
Social e
Comunidade
A AUDÁCIA COMO
NECESSIDADE NA
INTERVENÇÃO SOCIAL
É preciso audácia para questionarmos as nossas abordagens
de intervenção e sermos capazes de experimentar novos
métodos, que, pela sua novidade, nos retiram do lugar
confortável de “experts” adquiridos ao longo dos anos de
experiência profissional. Além disso, é necessária humildade
para nos colocarmos em causa e questionarmos a nossa
prática, não como um exercício de desconfiança, mas com um
efetivo espírito crítico e reflexivo.
A análise teórica e empírica da
intervenção social revela que os/as
profissionais das organizações da
economia social que acompanham
pessoas em situação de
vulnerabilidade fundamentam suas
práticas em quadros de valores
estruturantes. Esses valores
formam uma matriz de intervenção
centrada:
1. numa relação humana, paritária e de confiança;
2. na promoção da autodeterminação da pessoa
acompanhada;
3. numa abordagem holística da inclusão social,
reconhecendo o caráter indissociável das várias dimensões
da vida humana.
Com o objetivo de potenciar esta matriz, propomos neste
artigo algumas reflexões para a prática profissional em
contextos de intervenção social, entendida como uma
relação profissional que capacita as pessoas a alcançar o
seu empoderamento e autonomia (Paul, 2020).
Uma simples mudança no
ambiente físico pode simbolizar
essa postura colaborativa, como
ocorre com a disposição do
espaço.
O acompanhamento profissional pressupõe a orientação e o
apoio necessários para que as pessoas superem desafios, se
desenvolvam e alcancem os objetivos alinhados com as suas
necessidades, expectativas e singularidades.
Numa perspetiva de trabalhar com a pessoa acompanhada e
não se substituir a ela, considera-se essencial que ambas as
partes compartilhem um entendimento claro e explícito sobre
os procedimentos a serem adotados. Nesse sentido, sugere-se
apresentar à pessoa acompanhada o modelo de trabalho,
incluindo os pressupostos, a duração, o
funcionamento, bem como os papéis de
cada um/a. Este diálogo inicial pode
também impactar a designada readiness
da pessoa, aumentando o seu
compromisso e autoconfiança para o
processo. Ao mesmo tempo, contribui
para reduzir receios, renovar esperanças
e despertar a motivação para a mudança
(Marques, 2007).
Na prática, a/o profissional encontra-se ao lado da pessoa,
partilhando o mesmo acesso à informação. Trata-se de cocriar
estratégias adaptadas à situação vivida por cada indivíduo.
Neste trabalho conjunto, cada pessoa desempenha papéis
complementares: os/as profissionais mobilizam os seus recursos
técnicos e especializados, enquanto as pessoas acompanhadas
oferecem os seus conhecimentos específicos decorrentes das
suas vivências e experiências, ou seja, do seu lugar de fala.
Como afirma Djamila Ribeiro: “o lugar social não determina
uma consciência discursiva sobre esse lugar. Porém, o lugar
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Ação
Social e
Comunidade
que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e
outras perspetivas” (2024, p. 69).
A audácia também pode-se traduzir no questionamento da
própria configuração do espaço de atendimento. Uma simples
mudança no ambiente físico pode simbolizar essa postura
colaborativa, como ocorre com a disposição do espaço.
Frequentemente, a disposição tradicional coloca o/a
profissional atrás de uma mesa, com computador e outro
material de escritório típicos de um
ambiente assistencial, enquanto a
pessoa acompanhada ocupa uma
posição mais passiva. Propõe-se uma
configuração alternativa, como o uso de
uma mesa redonda, que simboliza e
favorece relações mais horizontais e
participativas. Sentadas lado a lado,
essa disposição ajuda a remover
barreiras de distanciamento e poder,
permitindo que o foco esteja no objetivo comum de cocriar
as estratégias de intervenção, com a devida especialização
e delimitação dos papéis de cada pessoa envolvida.
Esta reorganização permite que o trabalho se desenvolva ao
ritmo da relação estabelecida, explorando a
complementaridade entre as expertises do/a profissional e da
pessoa acompanhada, e abrindo caminhos que, isoladamente,
nenhum dos dois seria capaz de encontrar. Assim, ao unirem
os seus recursos, nasce uma situação única com potencial para
gerar respostas mais eficazes para a pessoa acompanhada.
Propõe-se uma configuração
alternativa, como o uso de uma
mesa redonda, que simboliza
e favorece relações mais
horizontais e participativas.
A combinação de trabalho individual com espaços de
interação grupal, no formato de educação por pares, parece
fortalecer a empatia e desenvolver, de facto, estratégias mais
diversificadas para lidar com a complexidade das situações
vividas pelas pessoas acompanhadas. Neste modelo,
mobilizam-se três especialistas para apoiar a pessoa: ela
mesma, o/a profissional e os pares. Esse poder é sustentado
pela posição única dos pares, que cria um ambiente de apoio
baseado nos valores de empatia, reciprocidade, igualdade,
compaixão, solidariedade e
empoderamento (Symfos for Youth
Care, 2020; American Academy of
Family Physicians Foundation, 2010).
A diversificação das abordagens de
intervenção revela-se mais adequada
para responder às diversas
necessidades e exigências inerentes a
cada processo complexo de
intervenção. Variar a duração, o nível de acompanhamento, os
tipos de apoio e permitir espaço para a experimentação são
elementos fundamentais nesse processo audaz. No contexto da
procura pela diversificação das metodologias de intervenção,
destaca-se o uso de expressões simbólicas, como métodos
baseados em objetos físicos, que ampliam as possibilidades de
comunicação. Quando a expressão oral é limitante, o que
pode ocorrer com pessoas em situação de vulnerabilidade,
especialmente aquelas com baixas qualificações ou com
percursos de rutura em relação aos contextos escolares, onde o
uso da palavra é sobrevalorizado, esses recursos permitem às
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#48
Ação
Social e
Comunidade
A AUDÁCIA COMO
NECESSIDADE NA
INTERVENÇÃO SOCIAL
pessoas “to express themselves more freely, in their own ways,
and on their own terms” (Lefevre, 2011, p.130 as cited in
Symfos for youth care, 2019, p.4). Nestes casos, e para
potenciar uma maior efetivação dos instrumentos e da empatia,
parece importante que os/as profissionais experimentem esses
recursos em si, autoaplicando-os por forma a vivenciar desafios
semelhantes aos enfrentados pelas pessoas acompanhadas.
Algumas metodologias de intervenção defendem essa
premissa, como é o caso da metodologia PATH, que
explicitamente afirma: “A melhor forma de aprender a usar o
PATH é experimentando o processo como observador, como
participante e como dinamizador” (Pearpoint et al., 2001, p. 7).
É certo que existem constrangimentos vários para efetivar essa
postura de audácia e intraempreendedorismo, especialmente
devido à escassez de financiamento para implementar formas
inovadoras de intervenção, que extrapolam as respostas
tradicionais estabelecidas nos acordos de cooperação com a
Segurança Social. No entanto, a audácia aqui defendida
refere-se a um questionamento reflexivo contínuo, que é
fundamental para abrir novos horizontes no caminho a ser
traçado para cada pessoa acompanhada. Esse processo de
questionamento permite, inclusive, que as pessoas envolvidas
— incluindo o/a próprio/a profissional — se interroguem sobre
sua prática. É esse olhar crítico que pode gerar,
potencialmente, descobertas inovadoras ao longo do processo
de trabalho.
Referências:
American Academy of Physicians Foundation (2010). Peer Support in Health and
Health Care. A Guide to Program Development and Management. American
Academy of Physicians Foundation
Marques, A. (2007). Modelo Integrado de Desenvolvimento Pessoal: Um modelo
de Reabilitação Psicossocial para pessoas com incapacidades psiquiátricas.
Tese de doutoramento. Universidade do Porto.
Paul, M. (2020). La démarche d’accompagnement. Repères méthodologiques et
ressources théoriques. Deboeck supérieur.
Pearpoint, J., O’Brien J. & Forest, M. (2001). PATH – Um caminho para futuros
alternativos e com esperança. Manual para planeamento de futuros positivos e
possíveis para escolhas, organizações, empresas ou famílias. Edições ASSOL.
Ribeiro, D. (2024). Lugar de fala. Feminismos Plurais. Editora Jandaíra.
Symfos for youth care (2020). Um guia para o Peer Buddy System. Symfos for
youth care project founded by Erasmus+ Programme of the European Union.
Symfos for youth care (2019). Research Paper and Transnational Adaption Plans
for Implementing Symbol Work. Symfos for youth care project founded by
Erasmus+ Programme of the European Union. •
POR ANA LUISA MARTINHO (ISCAP/CEOS.PP & ASSOCIAÇÃO A3S)
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Saúde
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#48
Recursos
Humanos
VOLUNTARIADO NA
PRIMEIRA PESSOA
A 5 de dezembro celebra-se o Dia Internacional do Voluntário,
usualmente designado Dia Internacional do Voluntariado,
instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em
1985.
De forma a homenagearmos o voluntariado em ação nos
diferentes domínios/serviços da Misericórdia de Santo Tirso,
este ano entrevistamos um grupo de voluntários que
partilharam as suas motivações, experiências e apoio.
Retratamos aqui estes rostos de solidariedade que, durante o
ano de 2024, abraçaram a nossa missão de forma solidária,
altruísta e desinteressada. Obrigado por continuarem
connosco!
A entrevista completa de cada um deles encontra-se disponível
em https://www.iscmst.pt/noticias/voluntariado-na-primeirapessoa/
VER NOTÍCIA NO FACEBOOK
Inês, Voluntária CCG
“É sempre gratificante estar em contacto com cada um
deles.”
A Inês Ribeiro tem uns sorridentes 22 anos, é licenciada em
Serviço Social e partilhou o seu testemunho enquanto
voluntária técnica no Centro Comunitário de Geão. Durante 3
vezes por semana abraçou esta experiência que considerou
“fantástica”. Apesar de a disponibilidade estar mais
condicionada por limitações profissionais, a sensibilidade e o
carinho que evidencia ao falar de quem apoiou é revelador da
satisfação com que abraçou este desafio durante o ano de
2024.
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Recursos
Humanos
Beatriz, Voluntária Clínica de Fisiatria
“A minha história ficou marcada por este espírito de
equipa que vivi na primeira pessoa.”
A Beatriz tem 20 anos e a sua primeira experiência de
voluntariado aconteceu na Misericórdia de Santo Tirso.
Enquanto aluna do Curso Profissional de Técnico Auxiliar de
Saúde, realizou o seu estágio curricular na Clínica de Fisiatria
no verão de 2023. Depois seguiu-se o voluntariado. Ficou
marcada pelo espírito de entreajuda, verdadeiros exemplos de
altruísmo que a fazem sorrir quando recorda a valência que a
acolheu e a quem confiou os seus receios iniciais - que se
revelaram sem fundamento - à medida que os dias foram
passando.
Nuno, Voluntário Cultura
“Nos dias de hoje vive-se muito o egoísmo.”
Nuno Costa gosta de “lançar a semente” do voluntariado na
área da música. O seu percurso na Misericórdia começou em
2023, após um estágio no Lar Dra. Leonor Beleza. Desde
então, mensalmente, esforça-se por vir sempre acompanhado
nos momentos musicais que proporciona a utentes
institucionalizados. Procura cativar artistas, seus conhecidos, a
juntar-se a ele na musicoterapia. Para além da guitarra, traz
também a alegria, diversidade de sons e ritmos, e uma grande
vontade de fazer a diferença. Sente que só faz sentido trazer
artistas voluntários quando está presente a capacidade de
“dizer “SIM” sem pensar, logo à primeira”. É o filtro que define
nos desafios que coloca aos outros, pois como o que realiza
“fá-lo com todo o gosto”, não pretende menos numa iniciativa
que considera mais.
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#48
Recursos
Humanos
VOLUNTARIADO NA
PRIMEIRA PESSOA
Isabel, Voluntária Culto
“O voluntariado é das coisas mais importantes que há na
vida. É entrega.”
Isabel Nogueira tem 75 anos e uma entrega incondicional à
paróquia e aos paroquianos tirsenses, ao longo dos últimos 60
anos.
Encara o voluntariado como uma missão. A sua presença
enquanto voluntária na Misericórdia é mais recente, mas
mesmo assim mantém uma assiduidade quinzenal, há
aproximadamente 15 anos, mais dirigida à atividade de culto
dos/as utentes do Lar José Luiz d’Andrade. Os seus olhos
sorriem quando admite que sempre que vai embora, vai
sempre muito satisfeita, “vou de coração cheio”. E dizem que
os olhos são o espelho da alma…
Olinda, Voluntária Culto
“ O voluntariado nunca é uma perda de tempo, recebemos
sempre algo em troca.”
Olinda Nogueira tem 76 anos e foi aos 14 que iniciou o seu
caminho pelo voluntariado, sempre ligado ao culto e à
paróquia de Santo Tirso. Contou-nos, com um sorriso tímido,
que começou em 1962 como catequista, “numa época em que
os meninos ainda eram separados das meninas”. Nunca
interrompeu a sua missão de voluntária durante os últimos 62
anos. A sua integração na Misericórdia de Santo Tirso é bem
mais recente, mas a responsabilidade e o compromisso
assumido com os/as utentes “que também nos ensinam muito”
tornaram-na num rosto assíduo, quinzenalmente, no Lar José
Luiz d’Andrade.
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Recursos
Humanos
Isabel, Universidade Sénior Tirsense
“A comunicação, o sorriso, o abraço… são momentos que
ficam para a vida e nos enriquecem.”
Isabel Carvalho, enquanto Presidente da Universidade Sénior
Tirsense, representa o grupo de voluntários que se deslocam às
diversas valências da instituição regularmente, com sessões de
poesia, canto e cavaquinhos. Foi professora de Educação
Especial e a sensibilidade para a diferença revela-se em gestos
de solidariedade e nos momentos de alegria partilhados que
“fazem acreditar que vale a pena viver também”.
Manuela, Universidade Sénior Vizela
“No fundo, o que mexe connosco, enquanto voluntários, é
vermos a emoção dos utentes.”
Manuela Castro tem 70 anos, vive em Vizela e é um dos rostos
que representa o voluntariado de grupo. É aluna da
Universidade Sénior de Vizela e foi nesse contexto que o seu
testemunho foi recolhido, em representação do grupo que
desafiou a “trazer alegria” a Santo Tirso, ao lar onde a irmã se
encontra institucionalizada. Irem embora “de coração cheio” é
o sentimento partilhado entre todos os elementos do grupo,
após proporcionarem momentos carregados de emoção,
sintonia e sinfonia.•
POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM) E SARA ALMEIDA E SOUSA
(DIRETORA DE RECURSOS HUMANOS, COM. E IMAGEM)
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#48
Cultura
AS MULHERES NA INDÚSTRIA
TÊXTIL UMA REFLEXÃO A
PARTIR DE SANTO TIRSO
«As mulheres recolhem ás suas aldeas, marchando com a intrepidez
característica de todas as minhôtas, descalças, cabeça ao vento, braços
pendulados. Cantam em coro, uns dias por outros, n`uma espécie de
orphéon espontâneo e instinctivo, que nenhum maestro seria capaz de
ensaiar com melhor consonância. Ellas e os seus companheiros de trabalho
constituem grupos de vizinhos dos mesmos logares, tomando direcções
differentes, estrada fóra, através da noite que vai cahindo. A moralidade dos
costumes não ganha decerto muito com a promiscuidade dos sexos, as
tentações do caminho e os maus encontros. […] Mas, pela theoria das
compensações, a riqueza económica do concelho lucrou com a creação
d`este novo centro fabril, que offerece remuneração ao trabalho braçal fóra
das condições restrictas, e muitas vezes precarias, da vida agricola local.»
Alberto Pimentel, Santo Thyrso de Riba D`Ave, a propósito da criação da
Fábrica de Fiação e Tecidos de Santo Tirso.
O historiador Georges Duby afirmou que retirar as mulheres da
sombra da história foi um desafio cumprido na obra colectiva
História das Mulheres no Ocidente. Para isso convocou outros
enfoques sobre o tema, a antropologia, a história das
mentalidades, a atenção ao quotidiano e à família através da
contribuição de vários historiadores (Duby e Perrot, 2004). Em
Portugal, e em específico sobre a análise da mulher na
indústria têxtil no Vale do Ave surgiram nos últimos anos vários
trabalhos que relevam a riqueza da temática e as suas
abordagens, apontando várias causas para esta penumbra
(Ingerson, 1982; Alves, 2002; Nogueira, 2020; Rei, 2024).
Mas o que terá decidido a entrada das mulheres nas
fábricas? Um gesto de ousadia ou a premente necessidade
de contribuir para o orçamento familiar? A carência sem
dúvida esteve na persistência da mulher em sair do lar e
lançar-se no trabalho nas oficinas e fábricas têxteis no decurso
do séc. XIX, com maior visibilidade nas cidades. A indústria
têxtil em Santo Tirso constitui o pretexto para refletirmos sobre
a relação da mulher com o trabalho industrial desde o seu
aparecimento no Vale do Ave até à revolução de 25 de abril de
1974.
Recordava a historiadora norte-americana Joan W. Scott que
muito antes do séc. XIX existia trabalho feminino fora do
domicílio empregando-se a mulher no comércio e mercados
locais e ao serviço da burguesia, como criadas. A revolução
industrial deu-lhe proeminência e visibilidade social (Scott,
2004). O aparecimento das primeiras fábricas provocará
mudanças na organização do trabalho, precipitando a saída
da mulher do seu espaço tradicional, a casa, repartindo-se
entre a fábrica e a casa. Esta situação irá provocar mudanças
no agregado familiar ao longo do séc. XIX e XX, ao ritmo das
necessidades da família, da vontade dos mercados e das
políticas industriais (Ingerson, 1982). Estas transformações
foram socialmente perceptíveis na imprensa da época e na
opinião de vários publicistas. Em 1909 a operária Rosalina
assinava um texto na imprensa associativa, o periódico
portuense O Fiandeiro, em que desabafava:
«A cada momento o povo, na sua linguagem rude, querendo designar as
mulheres que trabalham nas fabricas como mulheres sem educação diz: são
mulheres de fabrica! Mas se não temos educação, se somos o typo de mulher
ignorante que sendo escrava do homem vive constantemente humilhada
desconhecendo por completo quaes sejam os seus direitos e deveres a culpa
não é nossa, criadas desde a infância dentro da fabrica não tivemos outra
escola que não fosse o trabalho, e todos sabem que na oficina, não há o
mestre que eduque, há o encarregado que quer que se produza.»
O coro de lamentações e críticas debate-se na imprensa e
revela-nos, ao longo dos anos, uma imagem fragmentada
sobre o trabalho feminino, compreendendo a denúncia das
duras condições de trabalho e vida destas mulheres, mas
igualmente as críticas ao trabalho feminino, a ausência da
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Cultura
Fábrica de Fiação e Tecidos de Santo Thyrso, Salão de Tecelagem, 1898
«A mulher trabalhadora ganhou no século XIX uma proeminência extraordinária. […] Mas no século XIX ela foi observada, descrita e documentada com uma atenção sem precedentes, quando os
seus contemporâneos debateram a conveniência, a moralidade e até a legalidade das suas actividades assalariadas. A mulher trabalhadora foi um produto da revolução industrial, não tanto
porque a mecanização tenha criado para ela postos de trabalho onde antes não existiam (mesmo se esse foi seguramente o caso em algumas áreas), mas porque no decurso da mesma ela se
tornou uma figura perturbadora e visível. […] Este problema implicava o próprio sentido da feminilidade e a sua compatibilidade com o trabalho assalariado; foi posto e debatido em termos morais
e categoriais.». Joan W. Scott, A mulher trabalhadora 1
1 Scott, Joan W. (s/d). A mulher trabalhadora. In Duby, Georges e Perrot, Michelle, dir. – História das Mulheres no Ocidente. Vol. 4: O Século XIX. Porto: Edições Afrontamento, [s/d], p. 443.
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#48
Cultura
AS MULHERES NA INDÚSTRIA
TÊXTIL UMA REFLEXÃO A
PARTIR DE SANTO TIRSO
mulher do lar, a condição “natural” da mulher enquanto mãe e
cuidadora da família resgatando os argumentos morais a favor
da permanência da mulher no lar e da defesa da prática do
salário familiar para o homem. Situação curiosamente apoiada
por parte do movimento sindical (Scott, s/d). A legislação
portuguesa foi um espelho desta controvérsia conformando
juridicamente a situação da mulher trabalhadora entre a
Monarquia, a República e o Estado Novo (Alves, 2002).
Apenas com a Constituição da República de 1976 se veria
consagrado totalmente os direitos da mulher ao trabalho e
à maternidade.
Mas como decorreu o processo de contratação das mulheres
para a indústria têxtil em Santo Tirso entre o séc. XIX e XX? No
inquérito de 1845-46 observamos o aparecimento de uma nova
estrutura industrial com a concentração de mão-de-obra e o
aumento significativo de mulheres a laborar no sector têxtil
algodoeiro (Olaio, 2001). É nesta época que o municipalismo
nascido da guerra civil e da nova ordem liberal irá estruturar o
país e, alguns anos mais tarde, será consolidado pelo
movimento da regeneração desencadeado pelo marechal
Saldanha. Este movimento, permitindo o acordo entre as
facções liberais, alcançou a estabilidade necessária à
monarquia constitucional para o arranque de um amplo
programa de obras públicas, que deu pelo nome de fontismo
alicerçado na ideia do progresso.
Na cidade do Porto mercadores e industriais aliaram-se para
formar, alguns anos antes da regeneração, ambiciosos
projectos ligados à indústria têxtil no espaço urbano do Porto e
na sua ligação aos concelhos rurais o que permitiu a
disseminação do trabalho industrial pelo distrito do Porto
(Alves, 1999). A Sociedade de Fiação de Vizela, depois Fábrica
de Fiação e Tecidos do Rio Vizela, foi a primeira fábrica têxtil
do Vale do Ave, sendo o resultado de um emergente
capitalismo industrial. Esta sociedade foi formada a 12 de
setembro de 1845 na cidade do Porto, construindo nos anos
seguintes uma fábrica junto do rio Vizela, em contexto rural, na
qual figuravam entre os primeiros trabalhadores várias
mulheres. Em 1848 a empresa tinha 54 mulheres, número que
subiu para 109 em 1852/3 (Olaio, 2001). O primeiro
regulamento da fábrica, elaborado em 1847, já expunha as
preocupações da convivência de homens e mulheres no
espaço fabril fixando que o director da empresa deveria
manter a disciplina e a boa moral entre homens e
mulheres e que «Fará também proibir que no recinto
externo da Fábrica se juntem ou reúnam homens com as
mulheres para evitar rixas e imoralidades […]»,
manifestando uma preocupação presente em outros
regulamentos e revelando as preocupações morais da
época (Olaio, 1997).
Se voltarmos o nosso olhar de volta ao Porto, verificamos que os
sucessivos registos da indústria têxtil destinados a compreender
o alcance desta atividade confirmariam desde 1845/46 a
importância da mulher na fiação e tecelagem de algodão e lã.
Um dos maiores industriais da cidade, Manuel Joaquim
Machado, possuía uma fábrica de tecelagem onde a maioria
dos operários eram mulheres (Olaio, 2001). No Inquérito
Industrial de 1881 observa-se na cidade do Porto um maior
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Cultura
protagonismo feminino em sectores como as malhas, a fiação e
tecelagem de algodão e os lanifícios (II 1881). Situação
idêntica encontramos para o concelho de Santo Tirso onde
24% dos trabalhadores da Fábrica do Rio Vizela eram mulheres
(II 1881). Em escassos dez anos, o Inquérito Industrial de 1890
veio confirmar o crescimento desta atividade industrial em todo
o distrito e, em Santo Tirso, o maior protagonismo das mulheres
nos sectores de fiação e tecelagem de algodão, linho e lã,
nomeadamente nesta última com a referência a dobadeiras,
escolhedeiras, fiandeiras e tecedeiras (II 1890) 2 . No entanto
esta entrada das mulheres na economia de fábrica foi
progressiva e tardou pois, era forte a tradição do trabalho ao
domicílio na pequena indústria e no trabalho do linho na
região (Alves, 2002).
Em 1896 seria criada a Fábrica de Fiação e Tecidos de
Santo Tirso, cuja laboração inicia em 1898 anunciando o
Jornal de Santo Thyrso:
«Progridem notavelmente os trabalhos d`este estabelecimento industrial,
que já está ocupando sessenta operarias, e que dentro em breve empregará
muito maior número».
Inicialmente concebida para fábrica de tecelagem e torcedura
de algodão esta empresa empregará um grande contingente
de mulheres da outrora vila de Santo Tirso e de muitas das
freguesias do concelho. No início da República esta empresa
tinha várias centenas de operários, dos quais um
considerável número eram mulheres, as quais tiveram
parte ativa nos conflitos grevistas de 1910 e anos
seguintes. Na primeira República a estatística oficial
confirmou um maior número de mulheres na indústria têxtil de
Santo Tirso (60%), o qual expressa uma realidade maior, pois
durante este período surgiram mais fábricas têxteis algodoeiras
no concelho. Esta dinâmica e representação da mulher na
indústria têxtil local manter-se-á até à década de 1930 (58%).
Os registos estatísticos indicam que houve posteriormente uma
inversão de tendência, alcançando na década de 60 apenas
34% dos operários da têxtil algodoeira em Santo Tirso.
Contudo, a omnipresença da mulher na indústria não deixará
de sentir-se em outras áreas, aumentando na década de 60 no
sector da confecção, num momento de reconfiguração da
estrutura têxtil no Vale do Ave. Ainda nesta década
poderemos registar as primeiras entradas de mulheres na
área administrativa (correspondência e contabilidade),
chegando aos escritórios de várias empresas.
Alice Ingerson chamou a atenção para o papel
desempenhado pela família enquanto unidade base para
as transformações operadas pela industrialização no Vale
do Ave, espaço de refúgio e suporte dos seus membros,
espaço de formação e solidariedade de onde a mulher irá
progressivamente autonomizar-se (Ingerson,1982). Para a
década de 70 Jorge Alves analisou o inquérito publicado pela
Comissão de Planeamento da Região Norte sobre as mulheres
da indústria têxtil em Guimarães, no qual se traçam os
contextos de trabalho e as expetativas destas mulheres em
relação à profissão e à vida (Alves, 2002). O autor observa uma
2 Este conjunto de oficinas têxteis estava situado nas freguesias de Alvarelhos, Guidões e Muro, no actual concelho da Trofa e remonta a uma antiga tradição do trabalho nos lanifícios.
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#48
Cultura
AS MULHERES NA INDÚSTRIA
TÊXTIL UMA REFLEXÃO A
PARTIR DE SANTO TIRSO
multiplicidade de situações, com a presença de muitas
trabalhadoras jovens e a existência de maior mobilidade entre
empresas. A mulher continuava a confrontar-se com o trabalho
na fábrica à saída da escolaridade obrigatória, a dar apoio
económico à família, sendo o casamento e a maternidade os
grandes ideais para a realização da mulher operária, com
agregados familiares grandes. No entanto o aumento da
emigração sentida nas décadas de décadas de 60 e 70 tiveram
impacto no recrutamento de mão-de-obra para a indústria
têxtil. Procurava-se melhorar a vida, expressão que continha
em si uma expectativa de melhoria económica e ascensão
social através da emigração, libertando estes operários e
operárias de uma condição fabril na sua terra (Rei, 2022).
Há ainda muito que desconhecemos sobre o papel da mulher
na indústria têxtil e como foi entendido e percepcionado o seu
trabalho na construção de uma cultura e sociedade operária.
Acreditamos que as investigações em curso em várias áreas
possam reduzir progressivamente a penumbra que ainda teima
em persistir sobre esta área de estudo. A historiadora Joan W.
Scott recordaria o cerne da questão:
«A proeminência da mulher trabalhadora no séc. XIX não advém, assim,
tanto do aumento do seu número ou da mudança de local, qualidade ou
quantidade do seu trabalho, como da preocupação dos seus contemporâneos
com o género como divisão sexual do trabalho. Esta preocupação não era
causada pelas condições objectivas do desenvolvimento industrial; antes
ajudava a modelar essas condições, dando às relações de produção a sua
dimensão de género, às mulheres trabalhadoras o seu estatuto secundário,
e aos termos lar e trabalho, reprodução e produção, os seus significados
opostos» 3
Bibliografia:
Jornal de Santo Thyrso (1898). Ano 16, nº 52. Santo Tirso.
O Fiandeiro (1909). Porto: Associação de Classe União dos Operários Fiandeiros de
Ambos os Sexos. Cf citação de periódicos
Inquérito Industrial de 1881 (1881). Parte II, Lisboa: Imprensa Nacional.
Inquérito Industrial de 1890 (1891). Vol. IV, Lisboa: Imprensa Nacional.
Alves, Jorge Fernandes (2002). Para que servem os meus olhos? Notas sobre o trabalho
feminino na indústria têxtil de Guimarães. In Forum (Universidade do Minho), 32,
Julho-Dez., pp. 61-79.
Alves, Jorge Fernandes (1999). Fiar e Tecer – Uma perspectiva histórica da indústria
têxtil a partir do Vale do Ave. Vila Nova de Famalicão: Câmara Municipal de Vila Nova
de Famalicão.
Duby, Georges e Perrott, Michelle (s/d), Escrever a História das Mulheres. In Duby,
Georges; e Perrot, Michelle, dir. – História das Mulheres no Ocidente. Vol. 4: O
Século XIX. Porto: Edições Afrontamento.
Ingerson, Alice E. (1982). Uma história cultural e comparada da indústria têxtil no vale
do Ave. In Análise Social, vol. XVIII (72-73-74), 3.°-4.°-5.°, 1465-1500
Nogueira, Paula Ramos (2020). «Mulheres de fábrica». Breve história da feminização
da indústria têxtil em Guimarães. In Boletim de Trabalhos Históricos, Série 3ª, vol. IX.
Guimarães: Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, 49-127.
Olaio, Nuno (1997). Regimento Interno da Sociedade do Rio Vizela. Comentário. In
Santo Tirso Arqueológico, 1 (2ª serie), 145-150.
Olaio, Nuno (2001). A industrialização do Vale do Ave. A indústria têxtil algodoeira na
II metade do séc. XIX. O caso da Fábrica do Rio Vizela. Lisboa: FLUL.
Pimentel, Alberto (1902) Santo Tirso de Riba D`Ave. Santo Tirso: Clube Tirsense, 301.
Rei, Mariana (2022). Emigrar para “melhorar a vida” no Vale do Ave (anos 1960-1970):
economia, valor e tempo. In Análise Social, LVII (4.º), 2022 (n.º 245), pp. 796-823.
Rei, Mariana (2024). Do operário ao artista. Uma etnografia em contexto industrial no
Vale do Ave, Fora de Jogo.
Scott, Joan W.(s/d). A mulher trabalhadora. In Georges Duby; Michelle Perrot, dir. –
História das Mulheres no Ocidente. Vol. 4: O Século XIX. Porto: Edições Afrontamento.
•
POR NUNO OLAIO (HISTORIADOR)
O autor escreve segundo as normas do antigo acordo ortográfico.
3 Scott, Joan W. (s/d). A mulher trabalhadora. In Duby, Georges e Perrot, Michelle, dir. – História das Mulheres no Ocidente. Vol. 4: O Século XIX. Porto: Edições Afrontamento, [s/d], p. 474.
#48
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POEMA
Cultura
Nas festas de São Bento
Há turismo e devoção
Há alegria nas ruas
Com fé e animação
São Bento, bendito seja
Com tradição secular
O pai dos Monges deseja
Colher um cravo e rezar
Da Europa foi padroeiro
Por Santo Tirso passou
Foi santo milagreiro
Em Effide, o vaso quebrou
Muito há para dizer
Deste Santo universal
Importante a promover
Santo Tirso e Portugal
(julho 2024) •
POR MARIA EUGÉNIA MIRANDA (UTENTE CASA DE REPOUSO DE REAL)
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#48
Cultura
CARTOON
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Cultura
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#48
Cultura
TRIBUTO AOS 50 ANOS DE
ABRIL A AUDÁCIA NA PARTILHA
DAS VOZES
A audácia é pressuposto de grandes mudanças: a coragem
desafia o medo, a ousadia rompe com o conformismo. Foi com
audácia que, há 50 anos, homens e mulheres se uniram por
um ideal maior: a Liberdade.
Assim, se nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril
celebramos a Liberdade, também evocamos a audácia,
preservando-a, não apenas como memória, mas como
inspiração para os desafios que continuam a colocar-se.
Conscientes da importância da data, o Coral da Misericórdia
de Santo Tirso uniu as suas vozes às do Ensemble Vocal Pro
Música e, no âmbito do encerramento das comemorações dos
139 anos da Instituição, apresentou um exímio Tributo aos 50
anos de Abril. Na noite de 6 de julho, imbuídos num espírito
audaz, pelo lugar especial que escolheram, os claustros da
Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento, e pelo movimento
e dinâmica conferida ao momento, o concerto, com os lugares
lotados, permitiu reviver o espírito de revolução e renovação.
Um Coral não se faz sem a união das vozes, é certo, mas a
partilha sentida na noite do Tributo aos 50 anos de Abril
transcendeu o que se esperava. Foi um momento único, maior
do que uma apresentação musical, porque houve a audácia de
criar, naquele lugar, um espaço de reflexão. •
POR ANA ALVARENGA (DIRETORA SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS)
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Cultura
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#48
Cultura
AUDÁCIA E SEU CONTEXTO
Audácia implica o conceito de realizar ou empreender ações
difíceis, afrontar mesmo obstáculos e situações de risco, com
coragem e valentia. A audácia pode ser negativa e pode ser
positiva.
Audácia Negativa: falta de respeito, de bom senso e
consideração, atrevimento, desplante, temeridade,
imprudência, desatino, despropósito, falta de respeito para
com os outros. Etim.lat.audácia,ae
Audácia Positiva: no conceito de ter de enfrentar limitações a
projetos pessoais de crescimento cultural no domínio do
conhecimento humano, no campo da experiência e técnica na
produção e criação de novos objetos, de interesse para o uso e
consumo na área familiar e transações sociais, com vista à sua
utilidade para ocorrer às exigências que se colocam às
necessidades da sociedade atual de grande celeridade nos
afazeres e ocupações díspares.
Assim, podemos concluir que, há audácia negativa que não
promove o audacioso, que se torna inconveniente, atrevido e
desagradável. E que há audácia positiva, quando o esforço
despendido corresponde a uma ambição motivadora, para
uma progressão de valorização pessoal, aos vários patamares
de crescimento, na proporção da quantidade e qualidade das
tarefas a desempenhar, para concretização do sonho
idealizado, apesar das dificuldades dos caminhos a percorrer,
até à materialização do sonho um dia vivido, alimentado e
finalmente conseguido.
A existência e manutenção da Misericórdia de Santo Tirso
ao longo do tempo, virtude dos tirsenses, representa um
verdadeiro exemplo audacioso. •
POR ANTÓNIO PARAÍSO ALMEIDA MACHADO (UTENTE LAR JOSÉ LUIZ D’ANDRADE)
Também a ambição pessoal de subir na escala social, por
forma a atingir preparação para concorrer ao desempenho de
certas tarefas almejadas que exigem preparação de grau de
certo modo elevado, e com impacto. Ainda que seja necessário
despender um certo esforço para alcançar os objetivos
desejados, é de louvar e incentivar o que podem alcançar,
com esta louvável ambição, quem tendo mesmo que manter
este patamar de esforço, com certa audácia e coragem, atinge
e concretiza o sonho que prosseguiu apesar das dificuldades
que ultrapassou.
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AUDÁCIA A SEGUIR
OS SONHOS!
Saúde
É necessário sermos audazes para termos alguma saúde
mental na nossa vida. Tudo acontece à velocidade da luz e
quando nos apercebemos já é tarde para mudar.
Não nos podemos acomodar, devemos pelo menos tentar fazer
alguma coisa, para não termos o sentimento de fracasso. Tanto
na vida como no trabalho, é preciso fazer muitos esforços e
sacrifícios, e nem sempre o resultado é o esperado. Por vezes,
permanece no pensamento um sentimento de frustração e
desânimo, uma sensação de não valer a pena tentar, deixar
tudo como está.
Uns dias sentimo-nos capazes de mover o mundo com as
nossas mãos, mas noutros dias estamos incapazes de carregar
nos ombros toda a negatividade.
Nada é fácil, devemos mentalizar-nos que existem muitos
obstáculos. Nós, enquanto seres humanos, é que determinamos
se esses obstáculos serão objetivos a atingir, para nos sentirmos
realizados, ou deixarmos que eles nos deitem abaixo. •
POR ANDREIA PINTO (AUXILIAR AÇÃO MÉDICA, UCC MÉDIA DURAÇÃO)
Evento a destacar e ninguém
pode perder – MaiorIdades 2024
in Rádio Voz Santo Tirso
(outubro 2024)
Aniversário da Misericórdia
in Jornal de Santo Thyrso
(junho 2024)
Ministra já está a trabalhar com algumas
misericórdias, como as de S. João da Madeira e
Santo Tirso, “para a transferência dos respetivos
hospitais para as mãos das Misericórdias”
in Jornal de Notícias
(dezembro 2024)
Workshops dirigidos a idosos
da Misericórdia
in Jornal Entre Margens
(agosto 2024)
Campanha de sensibilização da Santa Casa da
Misericórdia para dizer “basta” à violência doméstica
in Impala/News/Lusa
(novembro 2024)
Hospital de Santo Tirso vai
passar para a alçada da
Misericórdia
in Diário de Santo Tirso
(dezembro 2024)
História de superação de Paulo Azevedo
celebrou igualdade na Misericórdia
in Jornal Entre Margens
(novembro 2024)
Quais são os 3 locais favoritos em Portugal?
Sintra pelos seus monumentos, como o Palácio da Pena e a
Quinta da Regaleira; Douro pela região vinhateira, com uma
paisagem única; Alentejo pelas encantadoras vilas e cidades
e o sossego das suas praias.
O que a deixa cheio de orgulho no concelho de Santo
Tirso?
Orgulho-me de ser uma cidade tranquila com diversos
parques de lazer e os seus lindos jardins.
E na Misericórdia?
Orgulho-me de fazer parte do seu crescimento e
desenvolvimento.
Quais as duas músicas que tem ouvido recentemente?
Que o Amor te Salve Nesta Noite Escura - Pedro Abrunhosa e
Sara Correia; Desliza - Ana Moura
E o filme que marcou a sua vida?
Foi o “Clube dos Poetas Mortos”. Na altura, vi o filme com a
minha professora e restante turma, foi muito bom.
Um livro para ler antes de dormir?
Mulheres Fortes Também Choram, de Isabel Baía Marques.
É um livro que aborda a importância da vulnerabilidade e
das emoções. Numa época em que a tristeza não é bem vista
ou é totalmente reprimida, este livro mostra-nos a
importância de sermos reais, podermos não estar sempre
bem, sentirmos, vivermos, escutarmos e aprendermos com a
nossa dor.
RE
VE
LA
ÇÕES...
Prefere praia ou cidade?
Praia, pela calma que o mar me transmite.
Se pudesse escolher a vista de sua casa, como seria?
Com vista para o mar.
O que valoriza no ser humano?
A honestidade, lealdade e espírito lutador.
O que recorda do primeiro dia de trabalho na
Misericórdia?
Recordo-me que foram muito simpáticos e acolheram-me
muito bem.
Que idade teria se não soubesse a sua idade?
Sinceramente a questão da idade ainda não me assusta.
Sinto-me com muita energia. Se não soubesse a minha idade
talvez tivesse 40 anos.
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