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Edição digital Nº11 - Outubro/2012
Editorial<br />
As portas do submundo se abrem novamente e de lá arrancamos mais uma edição! Quando olhamos<br />
para trás, mal dá para acreditar que já se foram dez edições! Começar um projeto não é tão difícil, mantê-lo vivo<br />
é que requer sacrifícios. Muitos atribuem o sucesso ao pacto com o Diabo, mas prefiro acreditar na nossa capaci-<br />
dade e suor. Todos sabem que lidar com pessoas é uma tarefa ingrata. Porém, o que temos visto no mundo virtual<br />
é algo assustador. Alienação com direito a rédeas, incapacidade de discutir temas simples, razões vazias e uma<br />
imbecilidade sem tamanho. Já que somos uma revista digital, com quem estamos falando, afinal? Trazer algo de<br />
novo não é querer mudar seu gosto pessoal, mas abrir sua mente para um outro mundo que, apesar de muitos<br />
desconhecerem, ele existe. Muitos estão vivendo presos a uma realidade paralela, parados no tempo e relutam<br />
para enxergar a nova e crescente cena que se forma, não só no Brasil, mas no mundo todo. Pedimos desculpas<br />
se sua vontade era de ver bandas consagradas em nossas páginas, mas continuaremos a trazer o inesperado, o<br />
desconhecido, o bom e velho underground. O caldeirão está fervendo e quase transbordando nessa edição. Nela,<br />
você verá o Andre Matos falando sobre sua carreira solo, a volta da banda brasiliense Harllequin, um papo com<br />
o eterno ex-vocalista do Iron Maiden, Blaze Bayley, o Keep Of Kalessin que passou por nossas terras, além das<br />
bandas Vulture e Age Of Artemis. Tem pra todo mundo! E se isso ainda não é capaz de te satisfazer, sugiro então<br />
começar seu próprio projeto. Desejamos sorte, pois no fim do túnel, o inferno lhe espera. GO TO HELL!!<br />
Pedro Humangous.<br />
Índice<br />
Equipe<br />
02<br />
03<br />
04<br />
22<br />
34<br />
36<br />
40<br />
44<br />
45<br />
50<br />
equipe<br />
Conheça quem faz a Hell Divine.<br />
editorial<br />
Nota do Editor Chefe.<br />
entrevistas<br />
Keep Of Kalessin, Andre Matos, Blaze Bayley, Vulture, Harllequin e Age Of Artemis.<br />
resenhas<br />
Diversas avaliações da revista pra você acompanhar.<br />
divine death match<br />
Veja a análise da revista sobre os útimos laçamentos para<br />
PS3 e XBOX360.<br />
covering sickness<br />
Entrevista com Guilherme Sevens, um mostro das artes.<br />
live shit<br />
Resenhas dos últimos shows<br />
no Brasil.<br />
Upcoming Storm<br />
Conheça as bandas que estão<br />
surgindo.<br />
MOMENTO WTF<br />
Bizarrices do mundo do rock.<br />
rascunho do inferno<br />
Sessão dedicada aos quadrinhos, pinturas<br />
e ilustrações de nossos leitores.<br />
Editor Chefe: Pedro Humangous<br />
Redatores: Augusto Hunter e Yuri Azaghal<br />
Designer: Ricardo Thomaz<br />
Publicidade: Maicon Leite<br />
Revisão: Fernanda Cunha<br />
Web Designer: William Vilela<br />
Colaboradores: Christiano K.O.D.A, Marcos Garcia e<br />
Júnior Frascá.<br />
Errata: Na entrevista com a banda Terrorizer da<br />
edição passada, o nome do finado ex-integrante do<br />
Napalm Death e Lock Up é Jesse Pintado, e não<br />
Pete Sandoval.<br />
Envio de Material:<br />
Rua Alecrim, Lote 4, Ap. 1301 - Ed. Mirante das Águas<br />
Águas Claras - Brasília/DF - CEP: 71.909-360<br />
2 3
entrevista<br />
peso a todo custo<br />
O nome do KEEP OF KALESSIN é bem conhecido por todos que seguem a cena de Metal extremo mundial<br />
há alguns anos. Unindo um som que soa brutal, rápido e afiado com melodias e grande técnica, e letras bem<br />
escritas, o nome da banda anda crescendo mais e mais a cada dia. Aproveitando que a banda passou pela<br />
primeira vez em nosso país, junto com Gorgoroth, Autopsy e Cauterization, fomos conversar sobre o passado,<br />
presente e futuro com o fundador e líder do Keep <strong>of</strong> Kalessin, Obsidian C.<br />
HELL DIVINE: Olá, Obsidian. É um prazer tê-lo em nossas páginas.<br />
Um pouco sobre o passado: você começou a banda,<br />
em 1995, mas entre os anos de 2000 e 2003, vocês ficaram<br />
em um hiato, e então retornaram com tudo. Poderia nos dizer<br />
quais os motivos para este tempo parados?<br />
OBSIDIAN C.: Após dois álbuns, houve muitas disputas pessoais<br />
dentro da banda. Era simplesmente impossível de continuar com<br />
aquela formação, já que todos ou eram preguiçosos ou focados<br />
em destruir o espírito da banda, em vez de edificá-lo. Você sabe...<br />
Sempre existem pessoas em uma banda que realmente desejam<br />
o sucesso, mas nunca estão dispostas a trabalhar o necessário.<br />
Estive lutando com pessoas assim por algum tempo e chegou um<br />
ponto em que eu acabei dizendo “basta”. Pus a banda em espera,<br />
mas Trondheimk é uma cidade pequena, e não havia pessoas que<br />
colaborassem no nível que eu queria. E assim foi até eu me juntar<br />
ao Satyricon, quando, finalmente, pude contatar pessoas que<br />
estavam aptas a me ajudar a soprar fogo nas cinzas do Keep <strong>of</strong><br />
Kalession.<br />
HELL DIVINE: O nome da banda foi tirado de uma referência<br />
literária, da série de livros de Ursula K. Le Guin, “Earthsea”<br />
(NR.: que só existem em português de Portugal. Os livros não<br />
saíram no Brasil). Por favor, diga-nos sua visão sobre o nome<br />
da banda.<br />
OBSIDIAN C.:Keep Of Kalessin (NR.: na tradução, é algo como<br />
Masmorra, ou Torre de Kalessin) é uma ilha em forma de torre<br />
onde o mais poderoso dragão de Earthsea, Kalesin, reside. É um<br />
nome de poder, magia e resistência, que hoje se encaixa definitivamente<br />
em uma das bandas que continua insistindo, apesar de todos<br />
os obstáculos e contratempos que tivemos por todo caminho.<br />
HELL DIVINE: Após o hiato, vocês voltaram com Attila Csihar<br />
no EP “Reclaim”, mostrando um som mais técnico e uma<br />
evolução musical em todos os aspectos. Como foi trabalhar<br />
com Attila e a recepção do EP na época?<br />
OBSIDIAN C.: Encontrei Attila quando estava em excursão com<br />
o Satyricon e cheguei ao ponto de realmente conhecê-lo, pois há<br />
anos que o estava querendo como vocalista para o novo estilo do<br />
Keep <strong>of</strong> Kalessin. E ele concordou em fazer os vocais para o EP<br />
imediatamente quando ouviu o material. E assim também foi com<br />
Frost do Satyricon. Assim, com a formação fechada, comecei a<br />
trabalhar para finalizar o material que, na verdade, já estava pronto<br />
há alguns anos, guardado. O estilo musical é um desenvolvimento<br />
natural de “Agnen”, e foi ótimo trabalhar este material com Attila.<br />
Lembro que passamos uma semana no estúdio, escrevendo letras,<br />
gravando e caindo de sono atrás da mesa de som (risos)... Era tão<br />
quente na sala de controle naquele verão que gravávamos por 10<br />
minutos e desmaiávamos por 30 (risos)! Foi um ótimo momento<br />
de minha vida!<br />
HELL DIVINE: “Armada” e “Kolossus” foram dois CDs que<br />
mostraram uma banda que não parava de evoluir, mas sempre<br />
mantendo uma forte personalidade sonora. Poderia nos<br />
dizer o que acha deles, e quais aspectos deles que mais gostou?<br />
OBSIDIAN C.: Pessoalmente, penso que definimos um novo padrão<br />
de metal extremo com o “Armada”. É um álbum muito original,<br />
com riffs muito diferentes de qualquer outra banda de Metal. Com<br />
“Kolossus” continuamos a evoluir, mas de algum jeito as pessoas<br />
não entenderam bem este álbum como o “Armada”. Mas minha<br />
opinião é que “Kolossus” é um dos álbuns mais subestimados dos<br />
últimos cinco anos. A forma como as músicas são construídas, a<br />
atmosfera, os riffs e os vocais são tão diferentes... E eu entendo<br />
que seja difícil para os fãs se apegarem a uma música que é tão<br />
diferente do que normalmente se ouve, mas eu ainda acho que as<br />
pessoas devem dar mais tempo e realmente ouvir o nosso material,<br />
porque são álbuns que crescem em você e ele são tão cheios<br />
de detalhes que é impossível compreendê-los na primeira, ou até<br />
mesmo nas primeiras dez vezes que os ouvem.<br />
HELL DIVINE: Falando do último disco, “Reptilian” é surpreendente<br />
de todas as maneiras, pois ninguém poderia ter dito o<br />
que o CD seria antes de sair, mas então veio uma música mais<br />
elaborada, mas ainda intensa e pesada. E estava mais épico<br />
que antes. Então, como foi a recepção a “Reptilian”? A banda<br />
conseguiu chegar ao ponto que você desejava em termos de<br />
reconhecimento?<br />
OBSIDIAN C.: A recepção da mídia ao Keep <strong>of</strong> Kalessin sempre<br />
tem sido boa, e ganhamos respeito, especialmente entre outros<br />
músicos e bandas de Metal, mas nunca achei que realmente<br />
chegamos ao nível de reconhecimento que queremos ou que<br />
merecemos dos fãs. Ainda estamos lutando para fazer com que as<br />
pessoas compreendam a qualidade de nossa música, muito disso<br />
devido a não estarmos seguindo ninguém, mas trilhando um novo<br />
caminho no mundo do Metal. Mas as coisas estão crescendo dia<br />
após dia, então, esperemos que um dia a maioria dos fãs de Metal<br />
compreenda o que a banda quer.<br />
HELL DIVINE: A música da banda, como dito antes, é uma<br />
fusão perfeita entre melodias bem compostas com uma técnica<br />
complexa, e sempre mantendo os aspectos mais brutais<br />
e crus do Black Metal mais extremo. Por favor, poderia<br />
comentar como é o processo de composição da banda, e se<br />
Thebon, Vyl e Wizziac dão algum tipo de contribuição musical?<br />
OBSIDIAN C.: Existem várias formas diferentes de escrevermos<br />
nossas músicas. Na maioria das vezes, eu faço os riffs de guitarras,<br />
as melodias e arranjos antes de dizer a Thebon como cantar<br />
e Vyl como deve tocar a bateria. No entanto, algumas vezes ensaiamos<br />
juntos e mantemos as ideias que gostamos. Outro método<br />
que uso – que é mais para quando escrevo material mais épico e<br />
grandioso – é que penso em um conceito para uma música ou na<br />
atmosfera que quero para ela, então faço as melodias e arranjos<br />
em minha mente antes mesmo de pôr a mão na guitarra ou no<br />
teclado para começar a trabalhar nela. Algumas vezes, tenho uma<br />
ideia muito clara de como eu a quero soando antes de começar<br />
a tocá-la. Também visualizo como o riff está sendo tocado e o<br />
aprendo mentalmente antes de pegar a guitarra e tocá-lo.<br />
HELL DIVINE: Outro ponto bastante intrigante são as letras.<br />
Em “Reptilian”, a temática sobre dragão é visível em muitas<br />
vezes e em “Armada” e “Kolossus” vemos as mesmas características,<br />
ambos tendo um tema central. Por favor, fale-nos<br />
das letras. Como são feitas? E como os temas centrais dos<br />
álbuns surgem? E o que os fãs podem esperar deles?<br />
OBSIDIAN C.: Como na composição das músicas, também usamos<br />
várias técnicas diferentes. Temos várias páginas escritas com<br />
um alcance lírico que abrange muitos temas diferentes. Algumas<br />
vezes, as colocamos juntas de uma forma que funciona e, outras<br />
vezes, usamos metáforas para mostrar nosso ponto de vista. Por<br />
exemplo, podemos ter uma “fantasia” lírica, mas a mensagem por<br />
trás disso é muito real e baseada na sociedade de hoje ou nossos<br />
pontos de vista pessoais. Quando terminamos todas as músicas<br />
de um álbum, sento-me no estúdio com toneladas de papeis na<br />
minha frente. Então eu começo a pegar cada linha do ritmo que<br />
quero nos vocais. Eu mudo as palavras e frases para se encaixarem<br />
nas músicas e também para combinar com o tema geral das<br />
letras. Às vezes, também temos uma visão clara do que a música<br />
4 5
6<br />
deve ser, então escrevemos a partir desse ponto de vista. Nós também<br />
fazemos isso para um álbum inteiro às vezes. Temos uma<br />
história ou um conceito e uma atmosfera que queremos no álbum<br />
e então nós escrevemos as letras que correspondem a essa visão.<br />
O resto da banda é mais envolvido no processo de escrever as letras<br />
do que em escrever músicas, principalmente porque acho que<br />
o processo se tornaria lento se eu tiver que escrever tudo sozinho.<br />
HELL DIVINE: Sobre o próximo álbum, já começaram a graválo?<br />
Pode nos dizer algo sobre ele, o nome ou como ele deverá<br />
soar?<br />
OBSIDIAN C.: Já estamos escrevendo agora mesmo. Ele soará<br />
como o Keep <strong>of</strong> Kalessin, mas vamos levar tudo ao próximo nível.<br />
E faz muito tempo que não fico tão empolgado em relação a minha<br />
música como agora. Eu realmente sinto que o próximo álbum será<br />
o melhor que já fizemos! Como sempre, será diversificado e interessante,<br />
mas mantendo o espírito da banda, ainda evoluindo. É<br />
uma música que vocês não ouvem em outro lugar.<br />
HELL DIVINE: A banda fez vários shows após o lançamento de<br />
“Reptilian” e vocês foram aos EUA e a grande parte da Europa.<br />
Isso é sinal que o nome da banda está crescendo mais e mais,<br />
e podemos esperar o Keep <strong>of</strong> Kalessin como um grande nome<br />
da cena do Metal extremo em um futuro próximo? E vocês tocaram<br />
com o Sepultura, não é? Como foi o contato com eles?<br />
OBSIDIAN C.: Temos feito muitos shows desde “Reptilian” e a<br />
maioria deles foi na América do Norte e Europa, mas também levamos<br />
a banda ao México pela primeira vez. E isso nos deu um impulso<br />
para explorarmos mais aquilo que a América do Sul tem para<br />
nos <strong>of</strong>erecer. Os fãs de lá são simplesmente fantásticos! Fizemos<br />
uma excursão com o Sepultura, em 2011, e a conexão com eles<br />
foi grande, mas aqueles que leem meu blog provavelmente sabem<br />
que nem tudo foi tão suave assim em relação ao lado técnico das<br />
coisas. Isso não tem nada a ver com o Sepultura, porém, foram<br />
principalmente a equipe técnica e as equipes locais nos clubes que<br />
fizeram esta turnê muito difícil para as bandas de abertura.<br />
HELL DIVINE: Falando no Brasil, vocês tocarão aqui pela primeira<br />
vez no festival Setembro Negro, junto com Autopsy,<br />
Gorgoroth e Cauterization. Quais são suas expectativas para<br />
o show? Você conhece algo de nossa cena Metal, alguma<br />
banda?<br />
OBSIDIAN C.: Me perdoem, mas não conheço muito sobre a cena<br />
Metal daí, tanto quanto sobre as bandas. Eu amava o Sepultura<br />
quando era garoto, e isso é tudo. Mas ouvi coisas boas sobre tocar<br />
por aí, e estou realmente muito ansioso por isso! Espero que os fãs<br />
enlouqueçam totalmente como ouvi dizer que fazem com outras<br />
bandas!<br />
HELL DIVINE: Agradecemos muito por sua gentil atenção<br />
e palavras. Por favor, deixem sua mensagem para seus fãs<br />
brasileiros e nossos leitores.<br />
OBSIDIAN C.: Estamos totalmente ansiosos para ver todos vocês,<br />
fãs brasileiros loucos, em breve! Esperamos que vocês nos façam<br />
sentir bem-vindos e nós prometemos dar o nosso melhor de palco<br />
e construir uma base de fãs sólida.<br />
Por Marcos Garcia.
entrevista<br />
André Matos é o tipo de músico que não precisa mais provar nada para<br />
ninguém. Apesar de negar, é um workaholic e ajudou a moldar o Heavy Metal<br />
nacional (e, por que não, mundial?) fazendo parte de três das maiores representações<br />
brasileiras (Viper, Angra e Shaman). Isso sem contar os diversos projetos<br />
dentro do Metal mundial em que teve participação. Agora, o cantor tupiniquim<br />
acaba de soltar seu terceiro trabalho solo, intitulado “The Turn Of The Lights”.<br />
Sobre esse e outros assuntos, falamos com André, o que pode ser conferido nas<br />
linhas seguintes.<br />
HELL DIVINE: Mesmo fazendo a turnê de reunião com o<br />
Viper, você está prestes a lançar seu novo álbum em carreira<br />
solo intitulado “The Turn Of The Lights”. Como foi o<br />
processo de composição deste álbum? Você já o havia finalizado<br />
antes de entrar em turnê com sua antiga banda?<br />
ANDRE MATOS: Na realidade, as coisas se deram de forma<br />
paralela. Sim, o projeto do CD solo surgiu antes da ideia definitiva<br />
da reunião do Viper tomar forma. Já vínhamos compondo<br />
músicas para este álbum, desde 2010, e as amadurecendo<br />
no decorrer de 2011. Em 2012, tínhamos mais<br />
energia interminável<br />
material do que o necessário para um álbum e creio que isto<br />
foi uma grande vantagem no final. Enquanto estávamos em<br />
estúdio pré-produzindo, gravando e mixando o material, encontramos<br />
algum tempo para iniciar os ensaios com o Viper.<br />
Tudo foi perfeitamente administrável, mas não quer dizer que<br />
não tenha sido um trabalho dobrado. Assim que terminamos<br />
a última master, saímos em turnê com o Viper – e esta era<br />
minha condição: a de que organizássemos tudo de modo que<br />
uma coisa não atrapalhasse a outra.<br />
HELL DIVINE: O que os fãs podem esperar de “The Turn Of<br />
The Lights”? Você poderia nos traçar um parâmetro em<br />
relação aos álbuns anteriores, “Time To Be <strong>Free</strong>” (2007) e<br />
“Mentalize” (2009)?<br />
ANDRE MATOS: O único parâmetro que ouso traçar é que<br />
parece que, finalmente, alcançamos um tipo de equilíbrio<br />
musical entre as duas propostas anteriores. O que nos<br />
deixa satisfeitos, pois é a prova de que amadurecemos pensando<br />
em inovação e, ao mesmo tempo, nos mantendo fieis<br />
às raízes musicais. O resto, eu deixo a cargo do público e da<br />
imprensa julgarem. Alguns podem dizer que é o melhor disco<br />
da carreira solo; outros não. Isto, na verdade, não é o mais<br />
importante. Importante, sim, é permanecer coerente no que<br />
se faz e entregar um trabalho honesto. Obviamente, o disco<br />
sendo bem recebido ficamos mais realizados, em função de<br />
todo o trabalho e a dedicação que tivemos durante todo esse<br />
processo.<br />
HELL DIVINE: Como já dissemos, você está em turnê com<br />
o Viper e compôs seu terceiro álbum solo. Além disso,<br />
você participa de diversos projetos que é convidado, entre<br />
outros como o HDK e o Virgo. De onde vem tanta disposição<br />
e inspiração para todos estes trabalhos?<br />
ANDRE MATOS: Eles simplesmente vão acontecendo. Tenho<br />
a felicidade de ter feito muitos amigos neste meio musical,<br />
não apenas no Brasil como também no exterior. E gosto de<br />
cooperar com ideias e projetos. Então, geralmente quando<br />
sou chamado para fazer alguma coisa que tenha a ver com<br />
algum tipo de evolução musical ou desafio, costumo aceitar<br />
sem pensar duas vezes.<br />
HELL DIVINE: Falando em Virgo, projeto seu com Sascha<br />
Paeth (músico e produtor alemão – Avantasia,<br />
ex-Heaven’s Gate, Luca Turilli), vocês lançaram um álbum<br />
autointitulado, em 2001, e, mesmo com sucesso, não lançaram<br />
mais nada. Tem algo composto para o Virgo, você<br />
pode nos adiantar algo sobre o projeto?<br />
8 9
10<br />
ANDRE MATOS: O sucesso deste trabalho é praticamente um<br />
sucesso “póstumo”. Na época, fizemos uma super produção<br />
financiada pela gravadora, etc. – a ideia não era fazer um<br />
disco Metal, que seria o óbvio a se esperar de nós, e sim,<br />
um disco rock´n´roll clássico, muito mais mainstream. Desta<br />
maneira, quando do lançamento do mesmo, as vendas do<br />
álbum foram um fracasso, porque não se soube trabalhar o<br />
público-alvo para aquele tipo de música. No entanto, com o<br />
passar dos anos, o álbum se tornou quase um “cult” entre os<br />
headbangers, que, no fim das contas, adoraram as experimentações<br />
e a sonoridade do projeto. Se este disco fosse relançado<br />
hoje, creio que teria muito mais chances de dar certo<br />
comercialmente. Mas com certeza deu certo musicalmente.<br />
Gostaríamos, sim, de trabalhar num Virgo II, seria um grande<br />
prazer.<br />
HELL DIVINE: Você participa do projeto HDK que conta<br />
com outros grandes músicos do cenário mundial como<br />
Amanda Somerville e Ariën van Weesenbeek (Epica,<br />
Mayan). Fale-nos um pouco mais sobre este projeto.<br />
ANDRE MATOS: Este é um projeto desenvolvido por Sander<br />
Gommans (ex-After Forever), um compositor e guitarrista<br />
incrível e também uma pessoa fantástica. Juntamente com<br />
minha amiga de longa data Amanda Somerville, eles conceberam<br />
a parte musical e lírica. Na época, coincidiu de eu estar<br />
terminando o “Time To Be <strong>Free</strong>” no estudio do Sascha, na<br />
Alemanha, e resolvi fazer uma troca com Sander: ele cantaria<br />
uns vocais guturais numa de minhas faixas e eu participaria<br />
de seu projeto. Continuamos amigos até hoje!<br />
HELL DIVINE: Você gravou o álbum “In Paradisum” (2011)<br />
com o Symfonia ao lado de nomes como Timo Tolkki e<br />
Jari Kainulainen (ambos ex- Stratovarius), Uli Kusch (ex-<br />
Helloween). Porém, a banda logo se dissolveu. Conte-nos<br />
o que aconteceu e como foi trabalhar com estes músicos.<br />
ANDRE MATOS: Em primeiro lugar, trabalhar com todos estes<br />
músicos foi um grande privilégio, incluindo o Timo Tolkki,<br />
que tem um talento ímpar. Infelizmente, o sonho acabou cedo,<br />
diria até, precocemente. Como fui morar na Escandinávia há<br />
questão de alguns anos, recebi a proposta de me unir a esta<br />
super banda de músicos que também estavam baseados na<br />
Escandinávia, inclusive o Uli Kusch, que atualmente vive na<br />
Noruega. O trabalho, em si, foi leve e divertido; não tínhamos<br />
nenhuma pretensão de reinventar o estilo Power-Metal que<br />
nos destacou a todos ao longo de nossas carreiras, e sim,<br />
juntar aquilo que pudéssemos aportar de melhor para um<br />
grande projeto musical em cima deste próprio estilo. O CD<br />
“In Paradisum” é excelente neste aspecto. Além disso, tive<br />
a oportunidade de conhecer melhor e tocar junto a músicos<br />
excepcionais como Jari Kainulainen, Mikko Härkin e Alex<br />
Landenburg (que substituiu Uli Kush após as gravações).<br />
Fizemos uma boa dezena de shows na Europa e na América<br />
do Sul e que foram shows incríveis, a banda realmente tinha<br />
uma química especial no palco.<br />
Não vou entrar em detalhes sobre o que aconteceu a respeito<br />
da decisão do Timo de, repentinamente, encerrar a banda. Fui<br />
avisado diversas vezes sobre o seu temperamento, mas sempre<br />
fomos amigos e não foi nada problemático trabalhar com<br />
ele, enquanto estávamos juntos na banda. Foi apenas certo<br />
choque para todos nós o dia em que ele comunicou que não<br />
haveria um próximo álbum do Symfonia, tampouco turnês – e<br />
que ele estava abandonando a sua longa carreira musical para<br />
sempre. Talvez ele tenha esperado um sucesso muito mais<br />
imediato, logo de início com esta banda. Mas todos sabemos<br />
que as coisas não são assim, principalmente hoje em dia e<br />
que se tem que batalhar bastante para chegar a algum patamar,<br />
mesmo tendo nomes internacionalmente conhecidos.<br />
Talvez seja para isto que ele não estivesse preparado.<br />
De qualquer maneira, guardo excelentes recordações e a<br />
amizade permaneceu com os outros músicos; espero um dia<br />
poder voltar a tocar com eles de alguma forma.<br />
HELL DIVINE: AS perguntas anteriores resumem um pouco<br />
da sua carreira. Como é participar da tantas bandas, tantos<br />
projetos e ser sempre requisitado por músicos, muitos<br />
de renome no cenário mundial, para auxiliá-los em seus<br />
trabalhos?<br />
ANDRE MATOS: Normalmente, só participo daquilo em que<br />
acredito de verdade. Preciso me identificar com a música,<br />
com as ideias, com o conceito. Mas tudo isso faz parte de<br />
uma carreira que já pode ser considerada longa. Creio que<br />
todo artista que tenha desenvolvido uma carreira por mais<br />
de 25 anos ininterruptos também acabe sendo uma fonte de<br />
referência. E isso, para mim, é uma grande satisfação.<br />
HELL DIVINE: Você é um dos fundadores de três das maiores<br />
bandas do Metal nacional, que são Viper, Angra e<br />
Shaman, além de participar dos projetos citados e possui<br />
uma carreira sólida com sua banda. Além de um<br />
workaholic, defina para nós André Matos perante tudo<br />
isso.<br />
ANDRE MATOS: Não sou exatamente um workaholic.<br />
Conheço pessoas (mesmo músicos) que são muito mais. Procuro<br />
tomar uma boa parte do meu tempo para ler livros, ver<br />
filmes, curtir a familia ou, simplesmente, descansar. Acho que<br />
isso faz parte do processo inspirativo e deve-se cuidar para<br />
que continue sendo assim. Porém, quando trabalho, aí trabalho<br />
ininterruptamente. E não termino enquanto não achar<br />
que está tudo muito próximo do perfeito.<br />
Por Vitor Franceschini.
entrevista<br />
Qual vocalista nunca sonhou em cantar numa grande banda?<br />
Agora imagina no Iron Maiden? Pois é, Blaze Bayley atingiu essa<br />
façanha mesmo sendo um “desconhecido” na cena mundial<br />
da época. Fez turnê mundial, lançou dois álbuns (tudo bem que<br />
alguns torcem o nariz) e hoje, após muitos anos, se declara um<br />
vocalista underground. Lançando mais um álbum da carreira<br />
solo, retornando com sua antiga banda Wolfsbane, o “Messiah”,<br />
como é conhecido, conversa com a HELL DIVINE e com muita<br />
humildade e simpatia fala um pouco de sua vida e fase atual.<br />
HELL DIVINE: Blaze, primeiramente, é uma satisfação<br />
esta conversa! Diga-nos como está o Blaze Bayley? Que<br />
momento ele vive?<br />
BLAzE BAYLEY: Eu estou muito bem. Estou aproveitando<br />
muito esse tempo em casa com minha família e minha<br />
moto. Estou muito animado para a turnê no Brasil em janeiro.<br />
Mal posso esperar para encontrar os fãs brasileiros novamente.<br />
Quero muito tocar as músicas do novo álbum “The<br />
King <strong>of</strong> Metal” para todos vocês. Tenho estado em estúdio,<br />
trabalhando bastante como participação especial em alguns<br />
álbuns e vídeos em parceria com outras bandas. O álbum<br />
“The King <strong>of</strong> Metal” está sendo um sucesso até agora!<br />
HELL DIVINE: Depois de dois álbuns de altíssimo nível,<br />
toda a formação da banda muda para um novo álbum e<br />
uma nova turnê. Qual razão levou essa a decisão?<br />
BLAzE BAYLEY: Eu realmente quis uma mudança, sangue<br />
novo e novas pessoas para criar música junto.<br />
HELL DIVINE: Uma marca forte na sua carreira solo são<br />
as letras de reflexões pessoais. Conte um pouco sobre o<br />
processo de criação deste álbum. Por que a decisão de<br />
colocar o nome “The King <strong>of</strong> Metal”?<br />
BLAzE BAYLEY: O título “King <strong>of</strong> Metal” refere-se aos fãs do<br />
metal. Eu acredito que a coisa mais importante na cena musical<br />
de Heavy Metal são os fãs. Para mim, cada fã é como se<br />
fosse um rei. São eles que escolhem o que ouvir, são eles que<br />
compram os ingressos para os shows, as camisetas, meus<br />
CDs. São eles que tornam possível o meu sonho de continuar<br />
sendo um cantor pr<strong>of</strong>issional. O álbum é dedicado a eles,<br />
com uma mensagem positiva e simples. Passei algum tempo<br />
compondo com Thomas Zwijsen no começo do ano, e ele<br />
também ajudou a produzir este álbum. As músicas refletem<br />
a minha própria vida e as letras são bem diretas. A música<br />
“Dimebag” é sobre o Dimebag Darrell do Pantera.<br />
HELL DIVINE: Em<br />
algumas letras e entrevistas<br />
você critica<br />
o business na música,<br />
certo? Quais suas críticas<br />
à estrutura do mundo musical<br />
de hoje? Você já se sentiu prejudicado?<br />
BLAzE BAYLEY: Minha maior crítica é que<br />
os fãs não são valorizados pelas gravadoras. Algumas<br />
vezes são tratados como estúpidos, como se não<br />
tivessem inteligência. Em minha experiência, a maioria<br />
das gravadoras está apenas interessada em lucro e não em<br />
musica autoral de qualidade.<br />
HELL DIVINE: Como você encara a cena do Heavy Metal<br />
hoje? O que ainda temos que avançar?<br />
BLAzE BAYLEY: Atualmente, existem bandas muito originais<br />
e inovadoras, com músicos de altíssima qualidade e, infelizmente,<br />
também existem muitas bandas que apresentam<br />
uma musicalidade básica e acham que isso é o suficiente.<br />
Não concordo com isso.<br />
HELL DIVINE: Voltando ao último álbum, gostei bastante<br />
de “One More Step” que, além da sua brilhante interpretação,<br />
as letras são muito bem encaixadas e bem sentimentais<br />
e “Judge Me”, que parece mais um desabafo.<br />
Esse é o “Messiah”?<br />
BLAzE BAYLEY: “One More Step” é uma das minhas músicas<br />
favoritas, a letra é muito boa e fiquei muito satisfeito com<br />
o resultado. É sobre uma história real, e passa uma mensagem<br />
dedicada à minha parceira que me ajudou a vencer<br />
épocas obscuras da minha vida. “Judge me” é uma reação<br />
minha contra as pessoas que não sabem meu nome, não<br />
sabem quem eu sou ou o que eu faço, e só porque eu tenho<br />
tatuagens, gosto de Heavy Metal, acham que eu sou algum tipo de<br />
marginal, sem, ao menos, me conhecerem. Eu penso que essa também<br />
é a história de muitos fãs de Heavy Metal que passam por isso<br />
diariamente.<br />
HELL DIVINE: Outro destaque presente no álbum são as homenagens<br />
a duas gigantes figuras do Heavy Metal: Dio e Dimebag<br />
Darrel. Eram músicas mais antigas ou surgiram na composição<br />
deste álbum? Qual o motivo dessa homenagem agora?<br />
BLAzE BAYLEY: A música “Dimebag” é uma ideia que tive muito<br />
tempo atrás, mas que ainda não tinha encontrado uma maneira de<br />
fazer o arranjo funcionar. Eu mostrei a ideia para o Thomas Zwijsen<br />
em janeiro, quando estávamos trabalhando juntos, e ele me ajudou<br />
a fazer um arranjo bem legal, e deu certo! Estou contente com o resultado.<br />
Eu acredito que os fãs verão que é um tributo genuíno a um<br />
ótimo músico. “The Rainbow Fades to Black” é uma homenagem<br />
a Ronnie James Dio, um cara que influenciou muito minha vida e<br />
minha música. Ronnie era uma luz para o mundo do Metal e<br />
da música em geral. Quando ele morreu, essa luz se<br />
apagou e o arco-íris desapareceu.<br />
HELL DIVINE: Já está sendo programada<br />
uma turnê pelo Brasil para o começo de<br />
2013, correto? Qual é a programação<br />
desta temporada?<br />
BLAzE BAYLEY: Sim, estou indo ao<br />
Brasil e América do Sul em janeiro<br />
de 2013. Assim que tiver mais<br />
detalhes sobre as cidades e<br />
casas de show em que<br />
irei tocar, postarei<br />
informa-<br />
ções<br />
na minha<br />
página do<br />
Facebook (www.<br />
facebook.com/<strong>of</strong>ficialblazebayley)<br />
e no<br />
site (www.blazebayley.net).<br />
HELL DIVINE: Depois de muito<br />
tempo, o Wolfsbane retorna<br />
com um novo trabalho e agendando<br />
shows. Quem foi o principal incentivador<br />
deste retorno? Quais os planos da banda?<br />
BLAzE BAYLEY: Há um novo álbum do Wolfsbane<br />
chamado “Wolfsbane Saves The World” que já está<br />
disponível. Em outubro, nós faremos uma turnê pelo Reino<br />
Unido. Estamos com a formação original da banda e é bem<br />
divertido compor, gravar e tocarmos juntos. Mas como estamos todos<br />
muito ocupados é difícil encontrar tempo para realizarmos uma<br />
turnê maior.<br />
HELL DIVINE: Como disse anteriormente, é uma grande satisfação<br />
que tenha nos concedido esta entrevista! Caso queira,<br />
deixe um recado para os fãs brasileiros! Esperamos vê-los em<br />
breve por estas terras.<br />
BLAzE BAYLEY: Obrigado por todo o apoio que tenho recebido de<br />
vocês e por acreditarem em mim. Eu retornarei ao Brasil e América<br />
do Sul em janeiro de 2013 e mal posso esperar para encontrá-los.<br />
Por Cupim Lombardi.<br />
Tradução por Thais Padoveze.<br />
o REI DO<br />
METAL<br />
12 13
entrevista<br />
A banda Harllequin surgiu em Brasília, no ano de 2005, e fez muito barulho na cena. Literalmente.<br />
Após vários shows importantes pelo Brasil, prometiam lançar um disco de inéditas, porém,<br />
o fim das atividades foi anunciado em 2008. Após três anos parada, a banda resolve voltar à ativa e<br />
já solta no mercado seu primeiro álbum, intitulado “Hellakin Riders”, que já está dando o que falar.<br />
Conversamos com Mario Linhares, mentor desse projeto, para sabermos um pouco mais dessa<br />
trajetória e o que podemos esperar daqui para frente. Confira!<br />
HELL DIVINE: Olá Mario, é um prazer tê-los em nossas<br />
páginas! A banda encerrou suas atividades, em 2008, e<br />
resolveu retornar agora em 2012. Pode nos contar o que<br />
aconteceu na época? E o que fez vocês decidirem voltar?<br />
MARIO LINHARES: Olá a todos. Primeiramente, quero agradecer<br />
espaço e oportunidade de falar um pouco mais sobre<br />
o nosso trabalho. Bem, em 2008, tínhamos o sonho de levar<br />
nosso som para o mundo todo, viajar e ser uma banda pr<strong>of</strong>issional.<br />
Tínhamos bons músicos e boas músicas. Fizemos<br />
alguns shows e investimentos de divulgação da banda objetivando<br />
sermos conhecidos no cenário nacional. A princípio,<br />
tudo funcionou bem, mas aprendemos que mais difícil que<br />
começar algo é manter-se vivo, e no meio musical não é diferente.<br />
Para se estabelecer pr<strong>of</strong>issionalmente é necessário ter<br />
conhecimento, disciplina e dedicação, além de planejamento<br />
e investimentos de longo prazo, coisas que carecíamos, em<br />
maior ou menor grau, à época. A ausência desses fatores<br />
acabou por minar a confiança dos membros na continuidade<br />
da banda. Então, a banda começou a implodir. Alguns saíram,<br />
outros “foram saídos”, outras perspectivas foram aparecendo<br />
para os demais membros que foram se dedicando aos seus<br />
projetos pessoais e, diante desse cenário caótico, achamos<br />
melhor encerrar as atividades. Em 2012, eu decidi retomar<br />
as atividades da banda por me identificar muito com o tipo de<br />
som que o Harllequin faz e por ter mais liberdade de atuação<br />
nas decisões da banda. A primeira coisa que fiz foi contratar<br />
uma empresa de management para gerir a carreira da banda.<br />
A Corrosive Musik, empresa que administra o Harllequin<br />
e que tem sede em Dresden, na Alemanha, prima por uma<br />
administração pautada na análise de cenário e planejamento<br />
estratégico antes de fazer qualquer investimento ou tomar<br />
decisão para os rumos da banda. Comparando nossos<br />
objetivos atuais com os sonhos de 2008, vejo que estes estão<br />
bem mais ampliados e que os membros do Harllequin<br />
estão perfeitamente conscientes da missão da banda e da<br />
atuação de cada um como artistas e músicos pr<strong>of</strong>issionais.<br />
Hoje, sabemos aonde queremos chegar e temos a lucidez<br />
de que teremos que suar muito a camisa para conseguirmos<br />
isso. Acredito que temos mais chances de chegarmos aonde<br />
pretendemos.<br />
HELL DIVINE: O grupo foi todo reformulado, certo? Apresentem-nos<br />
os músicos que fazem parte da formação<br />
atual e no que eles têm ajudado em termos de novas<br />
composições.<br />
superando desafios<br />
MARIO LINHARES: Realmente, a formação atual é totalmente diferente<br />
da que compôs e gravou o primeiro disco. Hoje, o Harllequin<br />
conta com Ian Bemolator e Jeff Castro nas guitarras, Guilherme Maciel<br />
no baixo e Victor Lucano na bateria e a colaboração deles tem sido<br />
fantástica.<br />
HELL DIVINE: O disco “Hellakin Riders” foi lançado na Europa primeiro<br />
e só agora chega ao mercado nacional. Ele, na verdade, é<br />
composto de músicas que foram gravadas antes da banda terminar,<br />
certo?<br />
MARIO LINHARES: Em 2008, estávamos prestes a lançar o álbum e,<br />
devido ao turbilhão de problemas pelos quais passávamos, ficou impossível<br />
tomar uma decisão que agradasse a todos na banda. Então,<br />
com o fim da banda, o Pedro Val, com a anuência de todos, resolveu<br />
disponibilizar as músicas para download, uma vez que as pessoas<br />
pediam muito pelo disco. Na época, uma capa foi improvisada e as<br />
músicas foram colocadas à disposição de todos. Em 2012, com o retorno<br />
da banda, contratação de um empresário e definição de metas e<br />
objetivos, ficou clara e imperativa a necessidade de lançar o material<br />
antigo na forma correta. Isso contribuirá de forma significativa para a<br />
discografia e carreira da banda. É muito triste você dizer que é uma<br />
banda e não poder entregar seu material quando alguém pede.<br />
HELL DIVINE: Do que se tratam as letras? É um disco conceitual?<br />
MARIO LINHARES: A ideia central das letras do Harllequin é baseada<br />
em uma história que eu escutava da minha avó na minha infância<br />
juntamente com experiências de vida minha. Essas histórias<br />
falam de escolhas, perdas e buscas, o tripé básico do comportamento<br />
humano. Mas, com exceção da música “Hellakin Riders”, eu procuro<br />
não narrar história nessas letras. Deixo que as experiências mentais que<br />
todos nós humanos compartilhamos, tais como frustrações, angústias,<br />
aspirações, ansiedades, alegrias, amor, raiva, etc., construam o pano<br />
de fundo onde qualquer indivíduo que se identifique com aquela situação<br />
possa atuar, enxergando-se e buscando saídas possíveis.<br />
HELL DIVINE: E a maravilhosa arte da capa, quem fez? Existe alguma<br />
correlação com a temática lírica?<br />
MARIO LINHARES: A arte foi feita pelo gênio mineiro Marcos<br />
“Quinho” Ravelli e transmite o que acontece na música “Hellakin<br />
Riders”, onde os cavaleiros da morte se encontram em uma dimensão<br />
em que estão mortos para os vivos e vivos para os mortos, sempre<br />
intangíveis, sempre presos.<br />
HELL DIVINE: Vocês conseguem misturar, de forma única e perfeita,<br />
diversos estilos em uma única música. Podemos ouvir bastante<br />
Thrash Metal, Prog, Heavy Metal Tradicional, etc. De onde<br />
veio essa inspiração?<br />
MARIO LINHARES: Isso foi conseguido graças a quatro fatores:<br />
a genialidade das composições do Fabrício Moraes, o fabuloso<br />
desempenho de bateria do Kayo John, os ambientes sombrios criados<br />
pelas linhas de teclado do Pedro Val e pelas interpretações da<br />
minha voz. Cabe ressaltar aqui, também, a magnífica produção de<br />
gravação, mixagem e masterização do Caio Duarte no estúdio dele o<br />
BroadBand Studios. Ficou super! Nessa mescla, que não é nada fácil,<br />
conseguimos escrever mais um bom trabalho na história do metal<br />
nacional e que pretendemos que seja reconhecido mundialmente.<br />
HELL DIVINE: Ao ler sobre vocês na Internet, já existe uma conversa<br />
sobre um novo disco. Já tem previsão de lançamento<br />
desse novo trabalho? O que os fãs podem esperar dessas novas<br />
composições?<br />
MARIO LINHARES: Nós iniciamos, esse mês, a produção do novo<br />
disco do Harllequin, que será lançado, em 2013, e as composições<br />
desses garotos têm me deixado em êxtase. As músicas novas trarão<br />
na dose exata o que pretendemos mostrar com esse próximo álbum.<br />
Uma coisa boa é que teremos o Pedro Val, tecladista original da banda,<br />
nos ajudando nas novas composições e na produção do disco.<br />
No entanto, ao vivo passaremos a utilizar samplers para substituir as<br />
camadas de teclado, uma vez que temos tido muita dificuldade em<br />
encontrar um tecladista que entenda a nossa filos<strong>of</strong>ia musical e que<br />
possa nos acompanhar nas viagens. O disco novo nos traz um desafio.<br />
Nós iremos desmembrar e ampliar a história por trás de uma música<br />
que está no “Hellakin Riders”, a “Archangel Asylum”. A “Archangel”<br />
fala sobre uma garota que foi dada como morta, mas que, na verdade,<br />
estava presa em um porão por dez anos.<br />
No próximo disco, nós pretendemos nos focar nos dez anos que ela<br />
passou presa, descrevendo dez fases que supomos serem as fases<br />
mentais que um ser humano passaria estando em tal situação: percepção,<br />
negação, revolta, fuga, impotência, desespero, loucura, morte<br />
e liberdade. Será o disco mais denso, mais “psycho” e mais difícil que<br />
já escrevi. Torço para que gostem.<br />
HELL DIVINE: O baterista Victor Lucano também toca com a<br />
banda Device e Omfalos. Ian Bemolator toca com o Coral de<br />
Espíritos e você ainda mantém vivo o Dark Avenger. Existe algum<br />
problema de agenda entre as bandas?<br />
MARIO LINHARES: É uma honra ter alguém com o gabarito, caráter e<br />
pr<strong>of</strong>issionalismo do Victor Lucano e devo dizer que os demais músicos<br />
atuais do Harllequin possuem essa mesma característica, o que me<br />
deixa bastante tranquilo e satisfeito. Temos procurado como equilibristas<br />
de pratos, conciliar as agendas das bandas de todos os membros<br />
do Harllequin. Por enquanto está sendo tranquilo, mas sei que logo a<br />
banda terá uma agenda bem cheia e teremos que deixar alguns pratos<br />
cair... (risos). Vamos ver quem quebrará menos pratos.<br />
HELL DIVINE: Falando em agenda, como estão os shows para o<br />
Harllequin? Muita coisa ainda esse ano?<br />
MARIO LINHARES: Esse ano, estamos dedicados à produção do<br />
novo disco e, portanto, não estamos tocando muito, embora estejamos<br />
abertos a shows. Mas 2013 promete ser bem agitado. Vamos<br />
aguardar que boas notícias virão.<br />
HELL DIVINE: Esperamos vê-los logo nos palcos em uma turnê<br />
pelo Brasil! Boa sorte com esse lançamento – que está matador<br />
– e que venham logo novos trabalhos! Deixem um recado para<br />
os fãs.<br />
MARIO LINHARES: Quero agradecer aos músicos que investiram<br />
seus talentos nas composições e gravações do “Hellakin Riders”, aos<br />
músicos atuais, Ian, Jeff, Guilherme e Victor, que também dispõem dos<br />
seus talentos, fé e suor nas novas composições e nos novos trabalhos<br />
e, acima de tudo, quero agradecer a todos que acreditam no nosso<br />
trabalho, que nos incentivam e nos ajudam. Um forte abraço a todos e<br />
espero ver vocês na estrada do rock.<br />
Por Pedro Humangous.<br />
14 15
entrevista<br />
A cena de Metal em Brasília está voltando a mostrar sua cara com grandes bandas, de<br />
todos os estilos. O Age <strong>of</strong> Artemis é uma banda que vem com grandes promessas, depois do<br />
lançamento de “Overcoming Limits” e com a possível entrada do vocalista no Angra. Vamos<br />
conversar com Giovanni Sena (baixista) e saber o futuro que a banda vê para si.<br />
HELL DIVINE: E aí pessoal, vamos começar<br />
sabendo como foi o caminho de vocês até o<br />
lançamento do disco? Conte-nos a história<br />
do Age <strong>of</strong> Artemis.<br />
GIOVANNI SENA: A Age <strong>of</strong> Artemis foi idealizada<br />
por Gabriel T-Bone (guitarra) e Pedro Senna<br />
(bateria). Na época, lançaram um CD demo e,<br />
com o passar do tempo e troca de integrantes,<br />
eles foram amadurecendo e se tornando uma<br />
banda pr<strong>of</strong>issional.<br />
HELL DIVINE: Como foi o caminho da banda até o lançamento<br />
de “Overcoming Limits”? Com certeza, vocês passaram<br />
por algumas situações complicadas; dividam-nas<br />
com a gente.<br />
GIOVANNI SENA: Acredito que as dificuldades é que fazem<br />
as pessoas ou, nesse caso, a banda, se tornar mais madura.<br />
A maior delas foi a constante troca de integrantes. A banda<br />
estava prestes a gravar quando, de última hora, faltando um<br />
mês para as gravações do baixo, surgiu o convite para que eu<br />
tocasse com os caras. Logo após a minha entrada, foi a vez<br />
do Alírio. E a partir disso, fizemos o “Overcoming Limits” e já<br />
rodamos o Brasil, passando pelo Sul, Nordeste e Centro-Oeste<br />
mostrando o nosso trabalho.<br />
HELL DIVINE: No début de vocês a produção ficou a cargo<br />
de Edu Falaschi (ex-Angra, Almah, Symbols). Como foi feito<br />
o contato dele com vocês?<br />
GIOVANNI SENA: Temos a mesma assessoria de imprensa, a<br />
MS Metal Press. Daí, o contato ficou fácil.<br />
HELL DIVINE: Ter trabalhado com Edu deve ter sido uma experiência<br />
única. Diga-nos, em que ponto a Age <strong>of</strong> Artemis<br />
cresceu depois desse trabalho? Como vocês podem ver o<br />
futuro desse encontro?<br />
GIOVANNI SENA: O Edu passou vinte anos com uma das bandas<br />
mais renomadas do Heavy Metal mundial. Ele adquiriu<br />
muita experiência, desde a pré-produção até o business do<br />
mercado musical. Então, toda essa experiência foi canalizada<br />
na gravação do “Overcoming Limits”. Aprendemos muito com<br />
o Edu e essa parceria fez com que o nosso disco fosse lançado<br />
no Japão pela King Records.<br />
ultrapassando os limites<br />
HELL DIVINE: E com a saída do próprio produtor de vocês<br />
do Angra, corre na boca miúda que a pessoa mais certa<br />
para substituí-lo no Angra seria o Alírio Netto. Como<br />
essa notícia caiu para vocês e, caso isso aconteça, como<br />
será o futuro da banda?<br />
GIOVANNI SENA: Para responder essa questão eu preciso<br />
adiantar que nós todos da Age <strong>of</strong> Artemis desejamos muito<br />
que todos se deem bem na música. Eu, particularmente, torço<br />
muito pelo Alírio por se tratar de um cara super talentoso<br />
e competente. O único problema é que toda essa história<br />
não passou de um boato. Claro que, se isso realmente acontecesse,<br />
acredito que seria ótimo para todos, não só para<br />
ele. Uma banda não é feita de um homem só. Acredito que<br />
continuaríamos com o nosso trabalho mostrando que há<br />
espaço para todos.<br />
HELL DIVINE: Quais são as pretensões da banda em<br />
relação a turnês? Estão esperando convites? O disco<br />
“Overcoming Limits” foi muito bem recebido pela mídia<br />
e público especializado; o próximo disco vai seguir a<br />
mesma sonoridade, ou vocês pensam em colocar novos<br />
elementos nas músicas do Age <strong>of</strong> Artemis?<br />
GIOVANNI SENA: Apesar da “era download”, o disco<br />
“Overcoming Limits” superou nossas expectativas. A primeira<br />
prensagem foi esgotada em menos de oito meses.<br />
Parece muito tempo, mas não é. Somos uma banda de primeiro<br />
disco e isso, realmente, foi uma conquista para nós.<br />
Temos que agradecer demais a todos os amigos e fãs que<br />
acreditaram no nosso trabalho, provando que o Brasil tem<br />
sede de conhecer novos artistas. Quanto ao novo trabalho, já<br />
estamos em fase de composição. Não posso adiantar muito,<br />
mas digamos que o novo álbum terá um leque maior de influências.<br />
HELL DIVINE: Quais são os planos da banda para shows e<br />
turnês? Vocês têm muita coisa agendada ou ainda estão<br />
esperando fechamento de datas?<br />
GIOVANNI SENA: Temos alguns eventos agendados para o<br />
final do ano. Logo mais, todas as informações estarão disponíveis<br />
na página da banda. Muita coisa boa está por vir.<br />
HELL DIVINE: É sempre bom conversar com a Age <strong>of</strong><br />
Artemis representada por você. Deixe aqui a sua mensagem<br />
para a HELL DIVINE e seus leitores. Até!<br />
GIOVANNI SENA: É sempre um prazer participar de ideias<br />
como esta. A Hell Divine está de parabéns por essa iniciativa.<br />
Iniciativa que se tornou importante para a música<br />
pesada do Brasil. Gostaria de finalizar dizendo que quem tem<br />
interesse de conhecer mais a Age <strong>of</strong> Artemis pode conhecer<br />
por meio dos canais e rede sociais disponíveis na Internet.<br />
Valeu e tudo de bom!<br />
Por Augusto Hunter.<br />
16 17
entrevista<br />
Death Metal com<br />
diferentes interpretaçoes<br />
Vulture é uma banda que vem com tudo em 2012. Após o lançamento do elogiado “Destructive<br />
Creation”, o grupo de Death Metal busca seu merecido lugar ao Sol no que diz respeito ao reconhecimento<br />
verdadeiro no nosso underground. A banda conta com Adauto Xavier (vocal/guitarra), Max<br />
Schumann (baixo) e seus respectivos irmãos, André Xavier (bateria) e Yuri Schumann (guitarra/<br />
backing vocal), que conversaram com a Hell Divine e contaram mais detalhes sobre o álbum, além<br />
da questão familiar dentro da banda e também de diversos planos para breve. Muita coisa boa!<br />
HELL DIVINE: Como definiriam o novo<br />
disco de vocês “Destructive Creation”?<br />
YURI: É um álbum de Metal no qual predominam<br />
os elementos Death, mas há<br />
muito de Heavy e Thrash Metal também.<br />
Acho que conseguimos equilibrar<br />
bem nossas influências nesse trabalho e<br />
melhoramos alguns quesitos na gravação,<br />
apesar de ser o primeiro álbum gravado<br />
por nós mesmos. Creio que, com relação<br />
a isso, estaremos bem melhores nos próximos lançamentos, pois<br />
melhoramos nas composições que, acredito, ficaram mais coesas,<br />
se comparadas ao álbum anterior. Enfim, esse trabalho nos proporcionou<br />
bastante aprendizado e estamos realmente felizes com<br />
as resenhas que têm saído sobre ele.<br />
ANDRÉ: Bom, eu defino da mesma forma que o Yuri: acho que<br />
fazemos um Death Metal com elementos que passam pelo Heavy,<br />
Thrash, Black e outros. O interessante deste álbum é que ele<br />
mostra um Vulture mais maduro em relação aos álbuns anteriores.<br />
Conseguimos mesclar as influências e ideias de todos integrantes,<br />
desde a capa à gravação, composição, estrutura, etc. Todos nós<br />
fomos muito participativos na produção e ficamos felizes com o<br />
resultado. Estamos recebendo diversos elogios por parte do público<br />
e da mídia especializada, o que nos deixa cada vez mais empolgados<br />
para continuar compondo e disseminando nosso Death<br />
Metal.<br />
HELL DIVINE: O álbum apresenta belas melodias, que transmitem<br />
uma sensação de melancolia. Vocês concordam com<br />
isso? Se sim, esse era um dos objetivos do novo álbum?<br />
YURI: Concordo em parte. Acredito que algumas músicas são<br />
bem melancólicas mesmo, como “Alignment 2012” e “Carrasco<br />
De Si Mesmo”. Outras possuem partes melancólicas, mas sabe<br />
que, depois de escrever essas primeiras linhas, começo concordar<br />
com você, Christiano. Sim, esse álbum ficou melancólico, mas não<br />
tínhamos essa intenção. Fomos compondo as músicas de forma<br />
natural e elas acabaram saindo com esse tipo de melodia. Talvez<br />
tenhamos apresentado isso na hora da escolha das músicas que<br />
fariam parte do CD, uma vez que tentamos colocá-las de forma<br />
que não ficassem tão diferentes umas das outras. Até a sequência<br />
delas no álbum foi analisada por nós. Creio que esse trabalho de<br />
escolha e sequenciamento mais adequado resultou em uma maior<br />
coesão, que ficou meio que dividido em duas partes bastante parecidas.<br />
Aprendemos isso com as críticas que recebemos do álbum<br />
anterior, onde tentamos colocar um número maior de músicas sem<br />
nos preocuparmos muito com o sequenciamento correto delas.<br />
ANDRÉ: Acho interessante essa diversidade de emoções em relação<br />
à música, pois, apesar de concordar que muitas de nossas<br />
composições possuem características melancólicas (para mim,<br />
marcantes na “No Way to Follow”, por exemplo), considero este<br />
álbum enérgico e que, muitas vezes, me passa sensação de empolgação,<br />
luta e desafios, como por exemplo, na “Allfalls Down”<br />
e “Murderous Disciples”. Músicas como “Vulture’s Path” (demo<br />
“Hellraised Abominations”), “Under The Blackest Horizon” e<br />
“Vicious Void” (ambas dos álbuns anteriores) mostram fortemente<br />
essa característica melancólica das nossas composições, sempre<br />
presente em nossos álbuns, mas acredito que está mais diluída<br />
em “Destructive Creation”. Mas o legal é que não pensamos nesse<br />
aspecto na hora de compor; como o Yuri disse, saíram naturalmente<br />
e acho particularmente gratificante ver que elas possuem<br />
interpretações de acordo com a pessoa que está ouvindo, pois<br />
acredito que a subjetividade é um dos objetivos da arte.<br />
HELL DIVINE: Dentro dessa questão, os riffs velozes e melódicos<br />
lembram os de bandas de Black Metal, uma das influências<br />
já mencionadas por André. Falem um pouco sobre isso.<br />
YURI: Certamente somos influenciados pelo Black Metal, mas<br />
acredito que nossas maiores influências estão mesmo no Heavy<br />
e no Thrash Metal, até porque, no momento, não temos escutado<br />
tanto bandas de Black. Acho que, pelo fato de as melodias terem<br />
ficado melancólicas e marcantes, você tenha tomado o estilo como<br />
referência, mas, se notar, vai ver que há também muito Thrash<br />
Metal nesse trabalho e algumas passagens são Heavy puro e simples.<br />
Engraçado é que nos intitulamos como uma banda de Death<br />
Metal e gostamos disso, pois acho que é um estilo que permite<br />
essa mistura de elementos. Eu o vejo como um estilo que não é<br />
tão preso a clichês e onde a mistura, quando bem colocada, fica<br />
muito legal.<br />
ANDRÉ: Ouvimos bastantes bandas, como Rotting Christ e<br />
Dissection. Elas representam uma boa parcela de nossas influências,<br />
mas acredito que nossas músicas estão, de certa forma,<br />
equilibradas nos diversos estilos, pois gostamos de muitas bandas<br />
de Heavy, Thrash, Death e Black, apesar de cada um ter sua<br />
preferência dentro deles. Gosto muito de Emperor, por exemplo, e<br />
acho que, de certa forma, sempre me influenciou muito na hora<br />
de fazer as linhas de bateria e nas minhas opiniões quanto às<br />
composições, que ficam por conta do Adauto e do Yuri e que, certamente,<br />
possuem influências diferentes das minhas. De fato, o<br />
Death Metal nos permite unir essas diversas influências e acho que<br />
nos encaixamos legal dentro desse estilo.<br />
HELL DIVINE: A maioria das letras são críticas ferrenhas à<br />
religião. Vocês acreditam em alguma coisa nesse sentido?<br />
YURI: Não, acreditamos apenas que a religião é uma forma de con-<br />
18 19
20<br />
trole do homem por ele mesmo. Eu até considero as religiões pagãs<br />
interessantes, por serem baseadas na submissão e no respeito à<br />
natureza, uma vez que os povos que as tinham eram totalmente<br />
dependentes dela. Por isso, eles a cultuavam, mas esse modelo<br />
de religião onde um monte de mentiras se tornaram dogmas que<br />
servem apenas para controlar o comportamento e o pensamento<br />
das pessoas eu considero ridículo. É difícil acreditar que, se você<br />
for bonzinho e der seu dinheiro para a igreja, irá para o céu, e caso<br />
não faça isso, irá arder no fogo no inferno. Como eu disse esses<br />
tempos atrás para o Adauto, o papai Noel foi criado para enganar<br />
as crianças e Deus foi criado para enganar os adultos.<br />
HELL DIVINE: Por que a opção de cantar “Carrasco de Si<br />
Mesmo” em português?<br />
YURI: É algo que tomamos como uma regra depois de “Empalação<br />
Brutal”, do nosso primeiro CD: ao menos uma música de nossos<br />
álbuns será em português. Gostamos de fazer esses sons e também<br />
achamos que é uma forma de a galera entender um pouco<br />
mais a nossa proposta musical. Além disso, é muito legal quando<br />
as pessoas cantam junto conosco essas músicas nos shows, acho<br />
que a “Carrasco...” não ficou tão forte como as nossas duas outras<br />
em português, mas posso dizer que ficou bem diferente das outras.<br />
É mais cadenciada e a letra é mais subjetiva, cada um entende<br />
e marca aquilo que considera mais interessante na letra. Minha<br />
intenção, quando a escrevi, era a de expressar que todos nós<br />
carregamos um carrasco dentro de nós mesmos, que é o nosso<br />
pensamento ou nossa consciência que, às vezes, nos tortura e nos<br />
leva até a pontos extremos, como a depressão e o suicídio. Mas<br />
já vi interpretações totalmente diferentes das minhas em algumas<br />
resenhas, o que é super legal e mostra a capacidade que a música<br />
tem de atingir as pessoas de forma diferente.<br />
HELL DIVINE: Adauto e André Xavier, e Yuri e Max Schumann<br />
são irmãos. Quando isso facilita e quando isso dificulta a vida<br />
dentro da banda?<br />
YURI: Então, bro<strong>the</strong>r (risos), essa é uma longa história, mas, em<br />
resumo, o que aconteceu foi o seguinte: o Adauto e eu nos cansamos<br />
de ter que ficar procurando integrantes novos para a banda<br />
quando os outros saíam, então decidimos ensinar nossos irmãos a<br />
tocar. Foi complicado no começo, mas eles se esforçaram e conseguiram<br />
assimilar bem o nosso som com certa rapidez. O André,<br />
por exemplo, fez seu primeiro show conosco depois de seis meses,<br />
quando já estava tocando muito bem. A partir dessa nossa atitude,<br />
a formação se manteve estável, então podemos dizer que isso facilitou<br />
nosso trabalho. Temos uma ótima relação e, na verdade, nos<br />
vemos como quatro irmãos. Cada um conhece muito bem o outro,<br />
seus defeitos e qualidades, e não temos muito problema com relação<br />
a ego e esse tipo coisa. Nós nos vemos como um time, onde<br />
juntos somos bons pra caramba, mas separados, não somos nada.<br />
ANDRÉ: Bom, minha versão é um pouco diferente do Yuri (risos).<br />
Não fomos robôs criados para tocar (mais risos). Sempre fui muito<br />
influenciado pelo meu irmão e meu primo, que formaram a banda,<br />
e desde pequeno acompanhava muito os ensaios e shows, prestando<br />
atenção sempre na bateria e no baixo. Lembro-me que meu<br />
irmão falava da banda e eu dizia que queria tocar baixo. Felizmente,<br />
ele chamou para tocar bateria e eu curti muito a ideia e levei para<br />
frente. O mesmo interesse rolou com o Max. Eu me lembro de<br />
vê-lo curtindo a Vulture em shows onde eu já estava como membro.<br />
Então o Adauto e o Yuri nos deram a maior força nos ensinando<br />
e dando apoio a esse nosso interesse. No final, isso acabou<br />
sempre facilitando nossa vida, pois somos quatro irmãos e nos<br />
entendemos muito bem, sempre respeitando a opinião um<br />
do outro. Ao longo dos anos, isso nos deu uma estabilidade e<br />
entrosamento muito fortes, que continuam crescendo a cada álbum.<br />
Nós nos vemos de fato como uma banda, onde um depende<br />
e ajuda o outro!<br />
HELL DIVINE: São dezessete anos de estrada, com quatro<br />
demos, dois EPs e três “full-lengths”. Que balanço fazem de<br />
todo esse período?<br />
YURI: Passamos por diversas fases durante todo esse período.<br />
Quando lançamos o primeiro CD <strong>of</strong>icial, por exemplo, ficamos<br />
muito ansiosos e achávamos que nos tornaríamos astros do Metal<br />
nacional. No entanto, passando a ansiedade e voltando à realidade,<br />
percebemos que pouca coisa mudaria e que teríamos um longo<br />
caminho ainda a percorrer. No lançamento do segundo álbum, já<br />
estávamos bem mais pé no chão e sabíamos que as coisas são<br />
complicadas dentro do estilo no Brasil. Então, as expectativas já<br />
não eram tão grandes, apenas confirmamos aquilo que estávamos<br />
fazendo já algum tempo, porém, ficamos um bom tempo (quatro<br />
anos) sem lançar nada após o isso. Estávamos passando por viradas<br />
em nossas vidas pessoais e acredito que isso tenha influenciado<br />
nesse vácuo da banda. Agora, em 2012, com o lançamento<br />
de “Destructive Creation”, um álbum onde a coletividade da banda<br />
se tornou muito maior – todos influenciaram, deram palpites e, de<br />
alguma forma, esse álbum tem um pouco de cada um dos integrantes<br />
– estamos muito empolgados. Nós meio que voltamos à<br />
época do “Test <strong>of</strong> Fire” e temos feito um trabalho de divulgação e<br />
promoção do álbum muito melhor que as anteriores. Estamos mais<br />
maduros e mais confiantes em nosso trabalho e a resposta do público<br />
tem sido bem legal, o que nos deixa mais felizes e empolgados<br />
para continuar na batalha, que é fazer Metal autoral no Brasil.<br />
HELL DIVINE: Agradeço a entrevista, pessoal. Estejam à<br />
vontade para um último recado.<br />
YURI: Gratos somos nós, Christiano, pelo espaço e pelo apoio que<br />
tem nos dado. Queremos agradecer também o Pedro Humangous<br />
e toda a equipe da Hell Divine, que fazem um trabalho pr<strong>of</strong>issional<br />
e excelente pelo Metal nacional. A batalha não é fácil, amigos, mas<br />
os perseverantes conquistam seu reconhecimento. Aproveitamos o<br />
espaço também para deixá-los a parte do planejamento da Vulture:<br />
estamos preparando ainda para esse ano a gravação de nosso pri-<br />
meiro DVD, que será um marco na história da banda. Estamos com<br />
site novo, onde o pessoal pode comprar os CDs pelo PagSeguro e<br />
estamos finalizando um novo videoclipe. Estamos acertando também<br />
uma turnê europeia e o lançamento de um EP com músicas<br />
antigas, que ficaram guardadas para o ano que vem. Enfim, estamos<br />
mais ativos do que nunca e esperamos vocês em nossos<br />
shows. HAIL, METAL NACIONAL!!!<br />
ANDRÉ: Agradecemos o espaço fornecido pela Hell Divine e o<br />
grande apoio ao Metal nacional. Vemos e vivemos as dificuldades<br />
que as bandas nacionais autorais enfrentam pelo seu espaço,<br />
buscando reconhecimento, e o quanto é satisfatório participar de<br />
festivais onde o público comparece para ver as bandas de som<br />
próprio. Infelizmente, hoje em dia as bandas autorais disputam<br />
espaço com covers, tornando mais difícil a conquista de espaço e<br />
um público fiel ao Metal nacional autoral. Em contrapartida, vemos<br />
muito moleque novo dando valor às bandas brasileiras, mostrando<br />
que a veia headbanger sempre vai existir, o que nos deixa empolgados<br />
para continuar a batalha!! HAIL, METAL NACIONAL!!<br />
Por Christiano K.O.D.A.
esenhas<br />
anDre MaTos<br />
“The Turn <strong>of</strong> The lights<br />
azul Music<br />
A técnica e talento de Andre Matos são indiscutíveis. Sua carreira teve alguns altos e baixos, sempre passeando por<br />
bandas e projetos diferentes. Após sua saída do Angra, muita coisa aconteceu. Seus trabalhos mais recentes foram com<br />
a banda Symfonia e a reunião com o Viper. Mas o que os fãs esperavam mesmo era por um disco novo de sua carreira<br />
solo. E a espera, finalmente, acabou com o lançamento de “The Turn Of The Lights”, terceiro registro com a banda que<br />
leva o seu nome. Quem acompanha a carreira do Andre sabe que o músico não costuma repetir a mesma fórmula.<br />
Então, o que esperar desse álbum, já que “Time To Be <strong>Free</strong>” foi tão diferente de “Mentalize”? Simples, mais um trabalho<br />
totalmente inesperado e incomum para sua carreira como um todo. As composições estão muito mais maduras, comedidas,<br />
suaves e acessíveis. As guitarras estão com uma timbragem mais limpa, com um toque mais Pop, construções<br />
simples e diretas dando vazão ao que mais interessa, nesse caso, as linhas vocais. Falando nelas, Andre pouco abusa<br />
de sua potência vocal, cantando em um tom mais baixo, de forma linear e mais teatral. Esqueça aquela agressividade e<br />
tons agudos encontrados nos primeiros discos do Shaman, ou mesmo no seu primeiro álbum. Tudo aqui é mais atmosférico,<br />
progressivo. Isso não quer dizer que “The Turn Of The Lights” seja ruim, apenas diferente. Essa estranheza toda<br />
passa após algumas audições e você acaba se acostumando e entendendo melhor a proposta do grupo. O fato é que<br />
faltou um pouco de punch ou, quem sabe, composições mais pegajosas. A arte da capa também deixou a desejar um<br />
pouco e que, apesar de bonita esteticamente, é meio sem sal. Um lançamento, no mínimo, interessante e de respeito.<br />
Andre Matos mostra que tem coragem, sem medo de experimentar. Isso, certamente, trará novos fãs para a banda e,<br />
possivelmente, afastará alguns outros. Faz parte.<br />
Nota: 8.0<br />
Pedro Humangous<br />
eVerTo signUM<br />
“enneachotomy<br />
Depressive illusions records<br />
Existem bandas que, definitivamente, sabem fazer uma estreia marcante. “Enneachotomy”<br />
é o álbum début da banda portuguesa Everto Signum, responsável<br />
por garantir uma ótima primeira impressão para o quarteto de Coimbra. Admito que,<br />
quando peguei esse álbum para resenhar, a capa não me chamou muito a atenção,<br />
mas esse é um ótimo exemplo que não se deve julgar um álbum pela capa (afinal,<br />
tem muitas bandas de Death Metal moderninho que fazem capas gore com efeitos<br />
realistas de cair o queixo, mas que o som é uma porcaria). O arranjo desse álbum<br />
é simplesmente épico, marcante, refinado, ao ponto de fazê-lo sentir-se de volta no<br />
tempo, enquanto a atmosfera pura do Black Metal inunda sua mente com uma elegante<br />
brutalidade que é confirmada desde a primeira faixa. A negatividade simplesmente salta violentamente na forma<br />
de vibrações sonoras, provocando um psicodrama mais do que suficiente para o ouvinte se diluir no clima obscuro da<br />
obra. As letras também não ficam de fora da dedicação meticulosa da banda ao produzir seu primeiro (e excelente)<br />
trabalho, expressando de forma poética e pr<strong>of</strong>unda a temática lírica das faixas. Ao todo, são quase 50 minutos de<br />
produção exemplar e ritmos que alternam do amargo e melancólico ao brutal, violento e extremo. Encontrei essa banda<br />
meio que por acaso e, orgulhosamente, posso dizer que fará parte da minha coleção pessoal. Aprovo e recomendo para<br />
os fãs do gênero.<br />
Falling in Disgrace<br />
“at The gates <strong>of</strong> The Death<br />
independente<br />
A fusão do Death com o Thrash Metal está cada vez mais usual, principalmente, em terras<br />
tupiniquins. A banda pernambucana Falling In Disgrace consegue equilibrar muito bem essas<br />
duas vertentes tão distantes, porém, tão perfeitas quando unidas. Os caras conseguem variar<br />
bastante dentro de uma única composição e o resultado é bem interessante. Outro ponto que<br />
ficou legal no disco é o fato de cantarem em português e em inglês, deixando a audição bem<br />
variada. “At The Gates Of The Death” é o primeiro registro <strong>of</strong>icial do trio formado por Marcio<br />
Paraíso (guitarras e backing vocal), Nilson Marques (vocal e baixo) e Hugo Veikon (bateria), e o<br />
que podemos notar são o esforço e dedicação dos músicos. As composições são muito legais e<br />
bem estruturadas, mas fica explícita a dificuldade na hora de produzir, gravar e mixar o trabalho. É possível notar alguns erros de<br />
execução como no tempo da bateria e algumas sujeiras, que podiam ter sido cortadas, das guitarras. Os vocais são muito bons,<br />
principalmente, os mais guturais. Os caras mandam, inclusive, uns gritos no estilo Destruction, bem Thrash Metal anos oitenta.<br />
Pode-se notar uma forte influência de Cannibal Corpse também, o que é uma bela forma de se inspirar. Ao todo, são seis músicas<br />
novas e mais três bônus do EP “Never Die Alone”, de 2010. O Falling In Disgrace mostra que tem muito potencial e que se investirem<br />
em uma boa qualidade de produção e gravação, podem chegar mais longe em um próximo lançamento.<br />
Nota: 7.0<br />
Pedro Humangous<br />
Flying colors<br />
“Flying colors<br />
som livre<br />
Mais uma vez somos surpreendidos por um supergrupo recheado de estrelas do mundo do<br />
rock! Formado por Mike Portnoy (Adrenaline Mob, ex-Dream Theater), o baixista Dale LaRue<br />
(Joe Satriani, Dixie Dregs), o tecladista Neal Morse (Spock’s Beard, Transatlantic), o guitarrista<br />
Steve Morse (Deep Purple) e o vocalista Casey McPherson (Alpha Rev), o Flying Colors é uma<br />
verdadeira mistura sonora que resultou em um disco fascinante e altamente cativante, daqueles<br />
para se deixar rolando no player por um longo período de tempo. Não se trata de um disco de<br />
Heavy Metal (embora algumas canções, como a excelente “Shoulda Coulda Woulda”, tenham<br />
vários elementos do estilo), e nem algo ultra virtuoso ou complexo, mas sim de um belo disco<br />
rock clássico – até um pouco acessível – com várias incursões em música progressiva, Hard<br />
Rock, e até um tempero pop bem interessante; graças aos excelentes vocais de Casey, que casaram perfeitamente com o som<br />
apresentado, com muita harmonia. É possível perceber, ainda, claras influências de Yes, Genesis e Pink Floyd na sonoridade dos<br />
caras. Passando pela épica “Blue Ocean” (a melhor do disco), com vários momentos bem trabalhados e ambientais e, contendo<br />
também, algumas belas músicas mais suaves e viciantes, como “The Storm” e “Better Than Walking Away”, “Flying Colors” é um<br />
discaço e, certamente, será recorrente em listas de melhores do ano de 2012. Altamente indicado.<br />
Nota: 9.5<br />
Junior Frascá<br />
FroZenWooDs<br />
“echoes <strong>of</strong> <strong>the</strong> Winterforest<br />
Musica Production<br />
“Echoes <strong>of</strong> <strong>the</strong> Winterforest” é a obra de estreia da banda Russa FrozenWoods (que, felizmente,<br />
compôs as letras em inglês, facilitando meu trabalho). Julgando pelo tema, assim como muitos,<br />
deduzi que seria algo voltado para o depressivo, o que não é certo. O álbum é pura pancada<br />
noventa por cento do tempo, contando com um arranjo agressivo e uma técnica admirável.<br />
Apesar de durar quase uma hora, tem apenas cinco faixas, sendo que a última dura mais de 20<br />
minutos – portanto, essa é a sua chance de evitar o álbum se você não tem paciência para ouvir<br />
faixas longas. As letras estão muito boas e criativas, e se levarmos em conta a temática quase<br />
que única do álbum, é uma proeza e tanto escrever letras de temas similares e sem se tornarem<br />
repetitivas ou enfadonhas. O que falar de negativo desse álbum? Alguns poucos elementos em<br />
seu instrumental se tornam repetitivos e se estendem para além de uma faixa (estou, especificamente, falando do abuso de um<br />
prato na bateria que é tocado constantemente e acaba irritando, mas talvez o pessoal da banda tenha feito isso propositalmente na<br />
intenção de tornar o som “agoniante”). Fora isso, “Echoes <strong>of</strong> <strong>the</strong> Winterforest” é um álbum digno de respeito e se me perguntarem<br />
se esse alvo vale a pena, eu posso afirmar com toda a certeza que sim.<br />
Nota: 9.5<br />
Yuri Azaghal<br />
22 23<br />
Nota: 9.0<br />
Yuri Azaghal
30<br />
FrosTeD MinD<br />
“Death carousel”<br />
independente<br />
Depois de muitas tentativas e planejamentos, a banda paulista de Black Metal sinfônico Frosted<br />
Mind está <strong>of</strong>icialmente ativa com o seu EP “Death Carousel”. Apesar de possuir apenas três faixas,<br />
esse “modesto” trabalho possui grande potencial para fazer mais uma ótima banda trazer orgulho<br />
para nós paulistas que amamos o nosso underground. Frosted Mind é mais uma banda que mostra<br />
que um gênero musical não precisa de inovações e alterações ridículas. Basta os músicos possuírem<br />
talento e criatividade que a água desse mar negro jamais se esgotará. E criatividade e<br />
talento foram expostos de sobra nesse trabalho. Logo na primeira faixa, é possível notar a inspiração,<br />
com arranjos s<strong>of</strong>isticados e equilibrados, fazendo emergir uma atmosfera um tanto épica (e<br />
ao mesmo tempo brutal). A banda mostra (assim como muitas outras) como fazer um Black Metal<br />
decente e sem frescuras, além de manter seu toque pessoal na forma de compor, em vez de se tornar apenas mais um “clone de<br />
influências” (e influências excelentes por sinal). Tudo o que digo aqui pode ser entendido no sentimento que a faixa “Moonlight Ritual”<br />
– que, por acaso, é a minha favorita – evoca logo nos primeiros segundos de manifestação sonora. É desnecessário dizer que existem<br />
milhares de bandas excelentes no underground brasileiro, e Frosted Mind provou ser mais uma delas. Como sempre, é um prazer<br />
fazer a minha humilde parte para ajudar uma banda em ascensão que tenha potencial. Novamente, eu só tenho a dizer: Pobre idiota<br />
aquele que não sabe apreciar metal nacional.<br />
Nota: 10<br />
Yuri Azaghal<br />
FoZZy<br />
“sin and Bones”<br />
century Media<br />
Heavy Metal puro e simples, mas forte e com certa dose de modernismo é o que o quinteto norte-americano Fozzy nos <strong>of</strong>erece em<br />
“Sin and Bones”, seu quinto disco de estúdio e, digamos, de passagem: para que mais que isso? Vocais bem melodiosos (e vez por<br />
outra raivosos), bases e solos bem estruturados, baixo e bateria técnicos e pesados, tudo na medida mais certa possível, chegando<br />
a ser um trabalho que, apesar do peso, é bastante acessível aos menos iniciados, mas muito agradável. Lembrando que no time tem<br />
gente que tocou em bandas como Adrenaline Mob, Stuck Mojo, Sickspeed, entre outros, logo, o cacife aqui é alto, pois a produção do<br />
guitarrista Rich Ward (um dos patrões, junto com Chis Jericho, o vocalista) deixou o álbum soando atual e pesado, mas sem perder<br />
aquela pegada melodiosa que a banda sempre teve. Agora, quando o disco começa a rolar, fica claríssima a impressão que encontramos<br />
um dos “Top Ten” de 2012, pois o disco é bastante agradável, especialmente, por conta das faixas “Spider in my Mouth”, que é<br />
uma pedrada certeira; “Sandpaper”, outra cacetada, tendo a participação do vocalista M Shadows do Avenged Sevenfold; “She’s My<br />
Addiction”, tendo Phil Campbell do Motorhead fazendo o solo; e a belíssima e pesadona “Inside my Head”, uma semi-balada muito<br />
bonita e legal, com um refrão ganchudo ótimo.<br />
Nota: 10<br />
Marcos Garcia<br />
graVe<br />
“endless Procession <strong>of</strong> souls”<br />
red general<br />
Algumas bandas, para nossa alegria, realmente nunca decepcionam seus fãs. E esse é o caso<br />
do Grave, que é uma verdadeira instituição do Death Metal, e mesmo com um longo período de<br />
estrada, sempre consegue lançar discos consistentes e seguindo a mesma linha, sem nunca abandonar<br />
o estilo que os consagrou. E “Endless Procession <strong>of</strong> Souls” é a prova viva de que a banda está<br />
em sua melhor forma, em um dos melhores lançamentos de sua carreira. Embora não haja muitas<br />
mudanças na sonoridade dos caras, o Death Metal cru e tradicional perpetrado está cada vez mais<br />
cativante e maduro, primando pela qualidade musical e pelo peso absurdo do que por exageros técnicos ou excessos de velocidade,<br />
inclusive, inserindo alguns elementos de Doom metal que deixam tudo ainda mais interessante. Assim, pedradas como “Amongest<br />
Marble <strong>of</strong> <strong>the</strong> Death” (com linhas vocais de cair o queixo), “Disembodied Steps” (uma das mais legais e soturnas do disco, com riffs<br />
fantásticos), “Passion <strong>of</strong> <strong>the</strong> Weak” (talvez a mais brutal do material) e “Plague <strong>of</strong> Nations” (com cara de trilha sonora de filme gore)<br />
têm tudo para se tornarem clássicos imediatos da banda. Sem dúvida, um dos grandes discos da carreira da banda, e entre os melhores<br />
do metal extremo em 2012. Não deixe de conferir.<br />
Nota: 9.0<br />
Junior Frascá<br />
HarlleqUin<br />
“Hellakin riders”<br />
Die Hard<br />
A banda brasiliense Harllequin havia encerrado suas atividades antes mesmo de ter lançado um<br />
primeiro trabalho <strong>of</strong>icialmente. O grupo já prometia bastante e o material era aguardado com ansiedade<br />
pelos fãs. A boa notícia, então, veio esse ano, com a volta da banda à ativa e com um lineup<br />
reformulado. Hoje, a formação está consolidada com Mario Linhares (Dark Avenger, vocal), Ian<br />
Bemolator (Coral De Espíritos, guitarras), Jeff Castro (guitarras), Guilherme (baixo) e Vitor Lucano<br />
(Device, bateria). “Hellakin Riders” se destaca pela mistura incrível de um instrumental nervoso,<br />
extremamente pesado, aliado aos vocais potentes, agudos e melódicos. As composições passeiam<br />
com facilidade pelo Prog, Thrash e Melodic Metal, sem se prender a nenhum deles. Conseguiram<br />
utilizar o que já existia e transformar em algo novo, inesperado. As guitarras têm forte inspiração<br />
e influência de Yngwie Malmsteen, sendo velozes e técnicas ou calmas e melodiosas, quando o momento pede. As linhas vocais de<br />
Mario Linhares são estupendas. O cara não está para brincadeira e mostra toda sua capacidade vocal nas dez faixas que compõem o<br />
disco. Facilmente, um dos maiores vocalistas do nosso país. O disco é conceitual e, segundo a própria banda, “Hellakin Riders” conta<br />
a primeira parte da saga do Bando do Arlequim: uma lenda espanhola de um grupo de cavaleiros que, amaldiçoados pelo Rei dos<br />
Mortos, foram condenados a vagar eternamente intangíveis, em uma dimensão na qual estavam vivos para os mortos e mortos para<br />
os vivos. Todas são excelentes, mas destaco com facilidade as faixas “Archangel Asylum”, “King Of The Dead” e “Hellakin Riders”,<br />
simplesmente absurdas e perfeitas! A maravilhosa arte da capa é o toque final que faltava para finalizar essa obra de arte. Um dos<br />
trabalhos mais interessantes já lançados no Metal nacional e que merece nota máxima.<br />
Nota: 10<br />
Pedro Humangous<br />
HellyeaH<br />
“Band <strong>of</strong> Bro<strong>the</strong>rs”<br />
eleven seven Music<br />
Mesmo já tendo dois discos lançados anteriormente, a verdade é que a atual banda do eterno<br />
ex-Pantera Vinnie Paul, e que conta ainda com Chad Gray, Greg Tribbett (respectivamente, vocalista<br />
e guitarrista do Mudvayne), Tom Maxwell (guitarrista, ex-Nothingface) e Bob Zilla (baixista,<br />
Damageplan) ainda não tinha conseguido lançar um material de maior destaque. Mas neste novo<br />
lançamento, a coisa é muito diferente, com uma sonoridade bem mais encorpada e pesada que<br />
nos lançamentos anteriores. Influências de Pantera (em especial, dos discos “Cowboys From Hell”,<br />
“Vulgar Display <strong>of</strong> Power” e “Far Beyond Driven”) são notórias em grande parte do material, com<br />
faixas pesadas e repletas de groove, mantendo alguns dos elementos de Sou<strong>the</strong>rn Rock característico<br />
da banda, e acrescentando outros, como o Hardcore, por exemplo (escute a faixa “Drink Drank Drunk” e comprove). Já na<br />
primeira faixa, “War In Me”, a banda já se mostra bem mais agressiva, com vocais rasgados e riffs destruidores, e segue assim até o<br />
final, destacando-se a faixa título com seu refrão pegajoso; a cadenciada “Rage/Burn”, que conta com alguns dos melhores riffs do<br />
disco e lembra algo de High On Fire; “Why Does It Always”, pesadíssima, e com pinta de se tornar um dos clássicos do grupo; e “Dig<br />
Myself A Hole”, outra que gruda na cabeça do ouvinte logo no primeira audição do material. Além disso, a qualidade de gravação do<br />
material (gravado no Home Studio de Vinnie, em Dallas) é excelente, moderna, mas ao mesmo tempo crua, deixando tudo bem na<br />
cara, e com destaque para o peso. Um discaço, altamente indicado para todos os apreciadores da boa música pesada!<br />
Nota: 9.0<br />
Junior frascá<br />
in THis MoMenT<br />
“Blood”<br />
century Media<br />
Mais uma banda embarca na onda do New Metal/Alternativa, oscilando entre momentos brutais<br />
e outros mais amenos. É isso que o quinteto In This Moment se propõe a fazer e consegue ser<br />
convincente sem ser repetitivo ou chato, e nem um pouco clichê no seu disco novo “Blood”, que a<br />
Century Media acaba de por nas prateleiras das lojas. A banda usa de um expediente interessante,<br />
pois seus momentos mais amenos ou caem para o Pop ou para o chamado Gothic, ou até mesmo<br />
para estilos menos ortodoxos. No entanto, quando o quinteto resolve pegar pesado, mostra saber<br />
fazer algo intenso e pesado, com berros estridentes de sua vocalista (que não cai em modelos já<br />
24 25<br />
31
32<br />
estabelecidos, o que é uma boa coisa), guitarras que sabem criar tanto uma suavidade amena quanto o peso quando necessário sem<br />
abrir mão de uma boa técnica, e uma cozinha bem versátil, como o som pede. Kevin Churco teve trabalho ao produzir este disco, mas<br />
valeu a pena, pois o CD soa intenso e pesado ao mesmo tempo, mas quando a suavidade se faz presente, o produto continua sendo<br />
de primeira, especialmente em faixas como “Blood”, onde momentos pais Pop e pesados convivem e se alternam; “Whore”, quase<br />
toda macia; a pesadona “You’re Gonna’ Listen”, com berros extremos de doer os ouvidos; e a forte “‘Beast Within”. Um disco bom e<br />
honesto, apesar deste que vos escreve não ser muito fã deste estilo.<br />
Nota: 8.0<br />
Marcos Garcia<br />
KaMala<br />
“The seven Deadly chakras”<br />
Ms Metal records/Voice Music<br />
O terceiro disco do Kamala é a prova viva de que mesmo sem muito apoio é possível lançar material<br />
de excelente qualidade no mercado nacional, com muito pr<strong>of</strong>issionalismo. Desde a qualidade<br />
da arte gráfica até a gravação do material, tudo é muito bem feito, sem deixar qualquer coisa a<br />
dever ao som de grandes bandas gringas. E a trupe continua exarando o mais puro Thrash Metal<br />
moderno, com altas doses de Death Metal e alguns (poucos) toques de metal industrial (até com<br />
algumas passagens eletrônicas, como se percebe no começo da faixa “Heart”, por exemplo), tudo<br />
de forma bem coesa e visceral. Assim, o material é muito pesado e intenso, exarando fúria em<br />
todas as faixas, trazendo influências como Pantera, Machine Head e Soulfly, e lembrando muito o<br />
Ektomorf. O único problema do disco é que o vocal está muito distorcido e com efeitos exagerados,<br />
tendo ficado muito artificial, mas nada que comprometa o resultado final do disco, que é daqueles difíceis de saírem do player, sendo<br />
bastante homogêneo – sendo, inclusive, impossível citar destaques. Portanto, mais uma grande banda do cenário brasileiro, e que<br />
tem tudo para estourar mundo afora. Talento os caras têm de sobra.<br />
Nota: 8.5<br />
Junior Frascá<br />
Killer KloWns<br />
“rollercoaster ride”<br />
Heart <strong>of</strong> steel records<br />
Os anos oitenta se foram, mas é nítida a falta que faz nas pessoas e mostra o quanto foi marcante,<br />
pelo menos, para a música. Formada em Uberlândia por William (vocal), Teets (guitarras), P.C.<br />
(baixo) e Baby (bateria), a banda Killer Klowns revive, com maestria, os bons e velhos tempos do<br />
Hard Rock. Lembra daquela febre de Bon Jovi, Poison, Mötley Crue e afins? Pois é, os caras trazem<br />
novamente à tona essa energia das músicas pesadas, porém, extremamente acessíveis e pegajosas.<br />
O disco já impressiona de cara pela divertida e bem desenhada capa. Ao colocar a bolacha<br />
para tocar, encontramos músicas de bom gosto, bem produzidas e executadas de forma que soem<br />
como uma apresentação ao vivo. “Rollercoaster Ride” é realmente uma montanha russa, cheia de<br />
surpresas e bons momentos de diversão. Até as baladas estão presentes – só faltou o isqueiro vir<br />
junto com o CD. Muito legal ver como conseguiram uma sonoridade atual, mas, ainda assim, remetendo aos clássicos da época. É<br />
possível ainda sentir alguma influência de Kiss também, ou seja, temos um pouco de tudo, desde os anos oitenta até os noventa.<br />
Se você aprecia essa vertente, o Killer Klowns é um prato cheio. Lançaram um disco de estreia de respeito e já é destaque na cena<br />
nacional, podendo brigar de igual para igual com os grandes do estilo lá fora, sem medos.<br />
Nota: 8.5<br />
Pedro Humangous<br />
liTa ForD<br />
“living like a runaway”<br />
sPV / steamhammer records<br />
A belíssima e talentosa ex-guitarrista do The Runaways, Lita Ford, lança mais um belíssimo disco<br />
de Hard Rock. Cheio de guitarras pesadas, boas melodias e o clássico charme do estilo, o disco de<br />
Lita vale muito a pena para quem sempre curtiu a voz da cantora, que se mantém intacta. O disco<br />
é bem pesado e direto ao ponto, como já denuncia a ótima música de abertura “Branded” em que<br />
guitarras pesadas e sua cativante voz que, sem muito esforço (mas sempre com muito bom gosto),<br />
abrem muito bem esse disco. Músicas como “Hate”, “Devil In My Head”, “The Mask” mostram que<br />
ela está em forma, não devendo nada às bandas mais atuais e aos grandes que se mantiveram no<br />
estilo. A balada “Mo<strong>the</strong>r” tem uma letra muito bem composta e interessante de se prestar atenção.<br />
Ouçam com calma, abram uma gelada e comecem a festa, pois, certamente, “Living Like A Runaway” irá acompanhar bem esse<br />
momento.<br />
Nota: 9.0<br />
Augusto Hunter<br />
losT in HaTe<br />
“cultura Da autodestruição”<br />
seven eight life<br />
A cultura Straight Edge pode ser desconhecida por muitos, mas está fortemente presente no som da banda brasiliense Lost In Hate.<br />
O grupo, formado em 2007, vem crescendo exponencialmente na cena local e expandindo sua música por todo o nosso país. Após<br />
vários shows memoráveis e o lançamento do EP chamado “Disciplina e Honra”, é chegada a hora da estreia <strong>of</strong>icial de um disco<br />
completo, o chamado “Cultura Da Autodestruição”. Toda a bagagem que acumularam durante os anos pode ser vista nesse registro.<br />
Um trabalho maduro, coerente, bem amarrado de ponta a ponta, esbanjando garra por meio das onze faixas que compõem o álbum.<br />
A gravação foi feita no conceituado Orbis Studio e o resultado final ficou de altíssimo nível. A produção, mixagem e masterização<br />
ficaram perfeitas, deixando tudo muito bem encaixado em seu devido lugar, instrumentos precisos e vocais transbordando energia<br />
e violência. As guitarras receberam uma roupagem de peso, mas, ao mesmo tempo, cheias de melodia, com riffs de fácil assimilação,<br />
muito bem compostos. A veia Hardcore pulsa latente e mostra sua cara sem medo, nunca deixando de lado os famosos coros<br />
característicos do estilo. As letras são todas cantadas em português, com temas inteligentes e de forte engajamento social. A cena<br />
do Distrito Federal está crescendo assustadoramente e o Lost In Hate já assume sua posição de destaque nela. Recomendo comprar<br />
o disco dos caras, pois, além de ser muito bom, a embalagem em digipack deixa tudo ainda mais legal. Se preferir, pode fazer o<br />
download gratuito no site da banda. Seja qual for sua opção, não deixe de ouvir esse lançamento!<br />
Nota: 9.0<br />
Pedro Humangous<br />
MacHinage<br />
“it Makes Us Hate”<br />
gear records / Voice Music<br />
O disco de estreia é sempre muito esperado, seja pelos fãs, seja pela própria banda. O Machinage<br />
vem de Jundiaí/SP e já chega com o pé na porta com o lançamento de “It Makes Us Hate”. O<br />
estrago já começa com a bela capa desenvolvida pelo cada vez mais atuante, João Duarte – uma<br />
pena que na impressão final a arte acabou ficando escura demais. A mixagem e masterização<br />
foram feitas em Orlando, na Flórida, pelo renomado Tim Laud, que já trabalhou com bandas como<br />
Soufly e Cavalera Conspiracy. Como se não bastasse, a banda ainda contou com a participação<br />
especial de Antônio Araújo (Korzus) no solo da faixa “Next Victm”. O Machinage está pronto para a<br />
guerra e isso fica claro nas letras abordadas. A sonoridade é voltada completamente para o Thrash<br />
Metal, misturando um pouco do que foi feito há trinta anos com uma pegada totalmente atual. A forma de compor e executar as músicas<br />
me lembrou um pouco dos alemães do Tankard, trocando a cerveja por granadas. Gostei bastante da qualidade de gravação, que<br />
deixou todos os instrumentos bem audíveis, principalmente as linhas do baixo. Todas as faixas são bem empolgantes, com destaque<br />
para “Cold 3rd War”, com sua introdução “Slayeresca”, e “Tides Of War”, uma paulada na orelha. Podemos ficar tranquilos, pois o<br />
Thrash continua firme e está bem representado. Belo cartão de visitas!<br />
Nota: 8.5<br />
Pedro Humangous<br />
26 27<br />
33
34<br />
Massacre<br />
“condemned to <strong>the</strong> shadows”<br />
century media<br />
Lançado pela Century media, este EP de duas faixas marca o retorno do lendário quarteto americano<br />
de Death Metal Massacre à ativa. Ainda tendo Rick Rozz nas guitarras e Terry Butler no baixo,<br />
eles trazem os novos membros Mike Mazzonetto (bateria) e Edwin Webb (vocais), que mostram<br />
eficiência em “Succumb to Rapture” e “Back from Beyond”, que lembram bastante o trabalho da<br />
banda no clássico álbum “From Beyond” ainda naquela mesma fórmula, ou seja, Death Metal à<br />
lá Flórida, com distorção e peso, mas com velocidade moderada. O som está mais agressivo que<br />
antes e um pouco mais técnico, já que o novo batera é mais técnico que Bill Andrews, mas em<br />
contraponto, os vocais urrados característicos de Kam Lee fazem muita falta, apesar de Edwin se<br />
sair bem. Apesar de matar um pouco a ansiedade, é muito pouco para julgar o trabalho deles, pois<br />
não há como traçar que a banda retornou de sua cripta, mas se continuarem assim, o futuro álbum (que acreditamos que deva vir por<br />
aí em breve) vai ser um autêntico... Massacre.<br />
Nota: 8.0<br />
Marcos Garcia<br />
MasTer<br />
“The new elite”<br />
Pulverised records<br />
Banda oriunda da Flórida e contemporânea de nomes como Death e Possessed, o Master, infelizmente,<br />
ficou esquecido com o tempo, coisa que Paul Speckmann e banda não merecem, já que<br />
estamos falando de uma banda única dentro do Death Metal. Sem mais delongas, “The New Elite”<br />
vem mostrando toda a força desse Power Trio incrível, começando de cara com a faixa título do<br />
disco, que dita o que o ouvinte terá depois de todo o disco: um Death Metal cheio de personalidade,<br />
com a cara do Master, que se mantém intocado em sua sonoridade dentro dos anos passados.<br />
Paul Speckmann não deixa de liberar riffs monstruosos um atrás do outro, mas sempre lembrando<br />
algo que a banda já tenha feito no passado, mostrando personalidade nas composições, mas podendo<br />
se tornar um pouco repetitivo com o tempo (nada que possa vir a diminuir o maravilhoso trabalho feito por eles). A gravação e<br />
produção do disco são incríveis, já que eles contam com Dan Swäno na linha de frente da banda; a sonoridade do disco está incrível.<br />
No mais, “The New Elite” não é somente mais um disco do Master, já que, em se tratando deles, nada é “só mais um”, é uma continuidade.<br />
Nota: 9.0<br />
Augusto Hunter<br />
MorTUUs caelUM<br />
“ad libertatem Per Mortem”<br />
War Productions<br />
Prendendo-se completamente ao tradicional, o trabalho mais recente da banda grega Mortuus<br />
Caelum conserva uma sonoridade crua, direta e agressiva. “Ad Libertatem Per Mortem” é um ótimo<br />
álbum para quem está a fim de ouvir Black Metal de acordo com as suas características originais<br />
(ou melhor, as características que se tornaram sua marca). A composição do álbum está evidentemente<br />
ajustada para um ritmo de pura agressividade sem muitas frescuras, sendo a bateria o maior<br />
destaque em termos de técnica. Embora o timbre vocal tenha se encaixado bem, em minha opinião,<br />
digo que um gutural mais rasgado e de tonalidade mais alta combinaria melhor com as faixas. O<br />
baixo e a guitarra fazem ótimos acompanhamentos, porém, há pouca variação de tom e distorção, o<br />
que pode fazer o álbum soar repetitivo em certos momentos. Um ponto alto desse trabalho são as letras bem escritas e criativas, que<br />
possuem temáticas que alguns podem considerar clichês, mas são essas temáticas que são a essência do estilo – afinal, uma música<br />
com o nome “Bloodshed” deixa claro o que queremos ouvir quando procuramos esse estilo musical. “Ad Libertatem Per Mortem”, além<br />
de uma capa bem interessante, tem um bom tamanho (quarenta e oito minutos), agradando e muito os fãs mais “conservadores” do<br />
gênero. Faixas como “Preachers Of The Lie” e “Under A Dead Sky” são simplesmente magníficas. A Grécia pode não estar bem do bolso,<br />
mas ainda podemos encontrar ótimas bandas como essa por lá.<br />
Nota: 8.0<br />
Yuri Azaghal<br />
PossesseD<br />
“seven churches”<br />
Die Hard records/Voice Music/rock Brigade/rock Machine<br />
O primeiro registro dos americanos do Possessed que, para nossa alegria, acaba de ser relançado no mercado nacional, é um dos<br />
discos mais influentes da história da música pesada e, até hoje, é referência para os headbangers. O disco, cujo título faz referência<br />
às “Sete Congregações do Apocalipse” (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia), mostrou ao mundo uma<br />
banda altamente satânica e uma musicalidade crua, rápida e brutal, chamando a atenção de todos os fãs da música pesada, ávidos<br />
por músicas cada vez mais extremas. Mesclando, com uma naturalidade nunca vista até então, o lado mais sujo e agressivo do<br />
Thrash Metal com Death Metal (muitos dizem, inclusive, que o termo surgiu a partir desse lançamento), tudo de forma crua, visceral,<br />
e altamente empolgante. Desde a abertura, com “The Exorcist” (o maior clássico da banda, com guitarras hipnotizantes), até o encerramento,<br />
com a épica “Death Metal”, passando por faixas matadoras como “Pentagram”, “Burn in Hell” (uma das mais agressivas)<br />
e “Seven Churches” (com uma letra totalmente obscura), a banda nos apresenta dez dos maiores clássicos da música pesada, com<br />
climas sinistros e tenebrosos, que marcaram uma geração de fãs da música pesada, influenciando dez em cada dez bandas de<br />
metal extremo surgidas posteriormente. Por isso, meu caro amigo, se você ainda não tem em sua coleção este clássico, eis aqui uma<br />
oportunidade única para adquiri-lo e deixar sua coleção ainda mais completa com este que é um dos débuts mais impactantes da<br />
história do metal!<br />
Nota: 10<br />
Júnior Frascá<br />
rePUlsão exPlíciTa<br />
“Pobre”<br />
cianeto Discos/Violent records/Bucho Discos/Underground Brasil Distro/Back on Track<br />
records/Turbulation Prod./ Murder records<br />
É talentoso o grupo que reúne vários estilos dentro do “barulho” e se dá bem em todos eles. É<br />
o caso do Repulsão Explícita, que transita entre o Crossover (principalmente), Hardcore, Punk e<br />
até Death Metal – escute “Cidade Sitiada” – para citar os mais evidentes. As quinze faixas que<br />
compõem o disco são calcadas na pura violência e criatividade na citada mistura musical. Os<br />
vocais da dupla Fernandes e Osvaldo, por exemplo, passam por gritados, urrados e rasgados de<br />
maneira natural, combinando com cada uma das composições. Além deles, os quatro músicos<br />
restantes – são um sexteto, portanto – também cometem selvagerias para sustentar o poderio<br />
vocálico. São eles: Juninho (baixo), Luiz Carlos (bateria), Leão (guitarra) e Morto (guitarra). A gravação suja deu um toque ainda mais<br />
agressivo ao material e a identidade com o ouvinte aumenta com as letras em português. Haja protesto para todos os lados! O pessoal<br />
da banda é engajado e muito, muito afiado nas palavras. Com um disco tão competente no que se propõe, o conjunto merece<br />
destaque no cenário Crossover nacional. Um début digno de clássico no estilo.<br />
Nota: 8.0<br />
Christiano K.O.D.A.<br />
28 29<br />
35
36<br />
science oF sleeP<br />
“affliction”<br />
Bastardized records<br />
Assim como a Itália, a Alemanha ficou famosa por revelar grandes nomes do Power Metal para o<br />
mundo. A onda do Deathcore assola todo o planeta e chega com força também nas terras germânicas.<br />
A banda Science Of Sleep começou seu trabalho somente há dois anos e em um curto espaço<br />
de tempo, já conquistaram admiração e respeito dos fãs – forte indicador de que será questão de<br />
tempo para se tornarem efetivamente grandes. Após gravarem umas músicas promocionais para<br />
o Myspace e Facebook, resolveram lançar, agora em 2012, esse EP chamado “Affliction”. O disco<br />
conta com sete faixas, que chegam perto de vinte e cinco minutos de música. O trabalho é viciante,<br />
extremamente violento e fiel às raízes do Deathcore. Os vocais de Marcus são absurdamente<br />
insanos, sempre misturando aquele gutural cavernoso ao rasgado e agudo. Os riffs de Sven e Nils são assustadores, muito bem<br />
construídos e juntos devem pesar uma tonelada! O baterista Dennis deve ter saído de algum filme do Exterminador do Futuro, pois<br />
esse cara não é humano – o pedal duplo mais parece uma metralhadora. O baixista Phil acompanha de perto o restante da banda com<br />
uma técnica de cair o queixo. A produção está simplesmente perfeita, tudo muito bem encaixado e audível, sem perder a potência<br />
que o estilo pede. O EP passa voando e é impossível não ouvi-lo repetidas vezes. A capa é maravilhosa e enigmática, provando que<br />
nem sempre uma arte toda colorida e cheia de informação, seja a melhor opção. “Affliction” é um verdadeiro tsunami, devasta tudo<br />
depois que passa. Só os mais fortes permanecerão de pé. Essa é mais que uma dica, é uma ordem: não deixem de ouvir o trabalho<br />
desses alemães endiabrados!<br />
Nota: 9.5<br />
Pedro Humnagous<br />
screaMs oF HaTe<br />
“corrupted<br />
independente<br />
Esse underground sempre nos surpreende! Quando menos se espera, aparece uma banda com uma proposta incrível, qualidade de<br />
gravação absurda, praticamente pronta para o sucesso. Esse é o caso do Screams Of Hate. A banda iniciou suas atividades em Guarulhos,<br />
no ano de 2002, e “Corrupted” é o primeiro trabalho dos caras. O EP, feito de forma independente, contém cinco faixas do mais<br />
puro genuíno Metal extremo. Uma mistura fina entre o Thrash e o Death Metal. A qualidade de gravação ficou excelente, deixando<br />
as composições firmes e fortes, empolgantes do início ao fim. Os riffs de guitarra são muito bem construídos e grudam na mente<br />
com muita facilidade. A cozinha está em perfeita harmonia e cada instrumento se destaca pelas execuções precisas. As músicas<br />
falam do comportamento humano, com uma veia político-social. Tudo isso embrulhado com vocais nervosos e bastante agressivos.<br />
Ao terminar de ouvir o disco, senti uma vontade enorme de sair correndo sem rumo pela cidade, destruindo o que viesse pela frente.<br />
Destaque para as faixas “Fight” (que introdução insana!) e “Revanche”, cantada em português. Não perca tempo e baixe logo o EP dos<br />
caras, pois é gratuito! Belíssima estreia e já fico curioso pelo que poderão fazer no próximo registro! Por enquanto, destruíram tudo!<br />
Nota: 10<br />
Pedro Humangous<br />
sKinner<br />
“The enemy Within”<br />
independente<br />
O mundo do Metal é cheio de surpresas. Quando<br />
a banda Skinner fez contato conosco, confesso<br />
que nunca tinha ouvido falar deles. Pesquisando<br />
um pouco na Internet, acabei descobrindo que<br />
após o fim da banda Imagika, os músicos remanescentes<br />
resolveram montar o Skinner. “The<br />
Enemy Within” é o primeiro trabalho <strong>of</strong>icial do<br />
grupo formado por Norman Skinner (vocais),<br />
Robert Kolowitz (guitarras), Ramon Ochoa (bateria), Elena Repetto (baixo) e Grant<br />
Kolowitz (guitarras). Nesse EP, que contém cinco faixas, é possível encontrar um<br />
Thrash Metal veloz como um trem bala, nervoso como um cão de briga e empolgante<br />
em cada segundo. A forma de compor lembra bastante as coisas feitas pelos<br />
primórdios do estilo, porém, com uma roupagem mais moderna. As guitarras trabalham<br />
com uma distorção cortante, mas, ao mesmo tempo, bastante melódicas<br />
e acessíveis, mixadas de forma limpa, sem perder a agressividade necessária. Os<br />
vocais de Norman são realmente um destaque à parte. Sua forma de cantar passeia<br />
por diversos estilos, desde o rasgado até o “choramingado”, no melhor estilo<br />
Warrel Dane (Nevermore), passando pelos agudos à la Tim Ripper Owens. Algumas<br />
faixas lembram uma mistura de Iced Earth com Testament, bastante interessante.<br />
A banda já está a todo vapor e promete lançar seu primeiro álbum completo no<br />
início do ano que vem. Já aguardo com ansiedade.<br />
Nota: 8.5<br />
Pedro Humangous<br />
ain soF aUr<br />
“atra serpens”<br />
Desgraça records<br />
Já se vão cerca de vinte anos desde o boom<br />
histórico do Black Metal no mundo, solidificado<br />
pelo movimento norueguês, o mais polêmico<br />
e respeitado até hoje. Quando se fala em uma<br />
banda de lá e com esse estilo musical, as<br />
expectativas são quase sempre as melhores.<br />
Tanto é que inúmeros outros grupos, mais<br />
atuais, de todas as partes do planeta, ainda<br />
absorvem aquela atmosfera mortífera e se dedicam<br />
a executar esse tipo mais primitivo de som. É o caso do brasileiro Ain S<strong>of</strong><br />
Aur, que investe firme no lado mais direto e cru do Metal do demônio. Porradas<br />
e mais porradas (exceto as instrumentais “Conjurating Oblivion” e “Distress <strong>of</strong><br />
Transgression”) compõem as oito faixas do disco, com a bateria violenta de Vulkan<br />
M61-A1 – cheia de blast beats. No caso, o guitarrista Sorath Abbadon, que gravou<br />
também o baixo em duas composições, e Lucifer, que o registrou nas restantes,<br />
fazem das cordas elementos fortíssimos e avassaladores para manter a alta agressividade<br />
das canções – verifiquem, por exemplo, “Wi<strong>the</strong>red Husk <strong>of</strong> Amaziah”.<br />
Por fim, M. Harab Serapel se esgoela de maneira obscura e, claro, satânica, para<br />
vociferar as letras de sua ideologia anticristã. E como a crueza do CD foi mencionada,<br />
é bom citar que a gravação também está no clima do álbum: totalmente suja<br />
e... Bem, não há definição melhor: cuidadosamente crua, como nos primórdios.<br />
Vale dizer que a incorporação do clima negro não se atém somente à música em<br />
si, mas também, por exemplo, ao encarte do material: é simples, lindo e sombrio,<br />
de causar calafrios mesmo. O Ain S<strong>of</strong> Aur resgata o Black Metal real e chuta bundas<br />
Brasil afora.<br />
Nota: 8.0<br />
Christiano K.O.D.A.<br />
30 31<br />
37
38<br />
soUnDcraWler<br />
“The sandcrawler”<br />
independente<br />
Puxando pela memória, não consigo me lembrar de grandes nomes vindos da França. Provavelmente,<br />
a cena por lá deve ter bastante coisa legal, mas, infelizmente, não se espalham pelo mundo<br />
com facilidade. A banda Soundcrawler vem de lá e tenta expandir seus horizontes. Por mais que o<br />
estilo praticado por Pocquet Remy (guitarras e vocais) e Riviriego Clement (guitarras e baixo) não<br />
seja o Metal, o grupo consegue agradar aos amantes do Stoner Rock. O instrumental é bastante<br />
coeso e preciso, com aquela sujeira mais leve e riffs simples, cheios de personalidade. Infelizmente,<br />
o estilo do vocal não acompanha a excelência do instrumental. Quando Pocquet resolve soltar os<br />
berros, as músicas ficam um pouco exageradas e cansativas. A voz dele é muito boa quando é mais<br />
cantada e menos forçada – “My Mind Is Going Away” é um bom exemplo. Muitas vezes, o ouvinte<br />
pode achar que está ouvindo um disco do Pearl Jam ou Audioslave, tamanha semelhança na construção das músicas. Existem bons<br />
momentos no álbum quando resolvem investir no Sou<strong>the</strong>rn Rock ou mesmo numa pegada mais Hard Rock. Destaque total para a<br />
faixa “Escape”, a melhor dentre as seis – música instrumental com uma pitada de Mastodon. A capa de “The Sandcrawler” é simplesmente<br />
maravilhosa, talvez tenha algo a ver com as letras – que, infelizmente, não estão disponíveis no álbum. Talvez uma roupagem<br />
mais obscura e um vocal mais agressivo funcionem melhor para essa dupla. No geral, é uma banda interessante, porém o vocalista<br />
deixou a desejar e merece maior atenção nos próximos trabalhos.<br />
Nota: 6.0<br />
Pedro Humangous<br />
sTrings oF ares<br />
“Temple To Mars”<br />
independente<br />
Pronto, finalmente encontramos a trilha sonora perfeita para o jogo “God Of War” ou, quem sabe,<br />
para a série de filmes “Fúria de Titãs”. Mais uma ótima banda que surge do Canadá (a galera lá<br />
parece que finalmente acordou). Strings Of Ares vem com a proposta de misturar um pouco de tudo<br />
e tenta fugir da zona de conforto. Eles possuem uma forte veia no Thrash Metal (lembrando bastante<br />
o Sepultura antigo, principalmente os vocais), injetando bastante Death Metal com a técnica<br />
apurada do Prog. Tudo isso envolto em uma temática dedicada ao império romano e aos deuses<br />
da guerra. É como se montassem um mega projeto envolvendo membros de bandas como Dying<br />
Fetus, Cannibal Corpse, Machine Head e Nile. A banda é nova, mas consegue passar aquela confiança<br />
e maturidade de uma banda antiga. O legal do som é que, apesar de bem produzido e gravado,<br />
tem aquela pegada mais old school e underground – principalmente no timbre da bateria. As composições são bastante variadas,<br />
repletas de passagens intrigantes. A maior parte do tempo é pancadaria nos tímpanos, mas também é possível conferir momentos,<br />
digamos, mais suaves. A última faixa, uma das minhas favoritas, consegue misturar Belphegor com Trivium com extrema facilidade.<br />
Com todas essas comparações, dá para notar que o Strings Of Ares é uma banda bastante versátil e consegue agradar a todos um<br />
pouco. Só não entra na minha cabeça como nenhuma gravadora assinou com eles ainda. Procure conhecer o trabalho dos caras, vale<br />
cada segundo da audição!<br />
Nota: 8.5<br />
Pedro Humangous<br />
VinTersorg<br />
“orkan”<br />
century Media<br />
Andreas Hedlund já é um artista famoso no undergound por cantar no clássico Borknagar, mas ele<br />
sempre manteve sua carreira solo bem atualizada. Com temas que vão do paganismo a fatos da<br />
natureza, astronomia, física e filos<strong>of</strong>ia, ele retorna com o sucessor de “Jordplus”, disco lançado em<br />
2011. Mais uma vez, o disco é produzido pelo próprio. “Orkan” vem mostrando todo o viés clássico<br />
que sua carreira tomou; algo mais ligado ao Folk, Avant-Garde, com passagens bem rápidas e<br />
ríspidas, mas também percebemos em todas as músicas guitarras bastante harmoniosas e polidas.<br />
O disco começa com “Istid”, demonstrando como o disco irá seguir em suas oito faixas; passagens<br />
rápidas e guitarras harmoniosas dão o tom ao álbum. Gravação clara e bem límpida fazem a<br />
audição ser melhor, sendo que a escolha de sua língua mãe, o sueco, faz do disco um pouco mais<br />
complicado de ser digerido. Mas nada que tire a maestria colocada em sua parte musical que é de extremo bom gosto e cuidado em<br />
todas as passagens. “Polarnatten” é, com certeza, minha faixa preferida, com uma construção bem elaborada e um refrão muito gostoso<br />
de ser ouvido. Como em qualquer disco da carreira de Vintersorg, “Orkan” não é um álbum de simples assimilação, recomendo<br />
a todos várias audições de qualquer fase de sua carreira para vir a compreender suas ideias completamente.<br />
Nota: 9.0<br />
Augusto Hunter<br />
TesTaMenT<br />
“Dark roots <strong>of</strong> earth”<br />
nuclear Blast<br />
O ano de 2012 tem se apresentado como um belo presente para todos os fãs da música pesada. Lançamentos maravilhosos até o<br />
momento, com certeza, vão complicar a vida de todos ao final do ano; e o Testament não deixará por menos, já que, apesar da demora<br />
e toda a tensão gerada em torno do quinteto de Thrash norte-americano, Chuck Billy e turma não decepcionaram. Nesse disco,<br />
eles contam com a adição de um novo membro de peso ao time: Gene “The Atomic Clock” Hoglan está de volta! Desde “Demonic”,<br />
o músico não passava pela banda e parece que agora o baterista voltou para ficar – pelo menos nesse disco! O disco começa com a<br />
maravilhosa “Rise Up”, que tem riffs nervosos e bem melódicos ao mesmo tempo, e vai crescendo até um belo Thrash Metal com tudo<br />
que merecemos ouvir. “Native Blood” vem logo depois e o que temos de interessante nessa música é o refrão, no qual encontramos<br />
uma bateria completamente Death Metal, maravilhosamente encaixada por Gene Hoglan e as guitarras com aquelas notas soltas,<br />
perfeito. Todo o disco é perfeito, música após música de qualidade intocada do quinteto e, com certeza, é um disco que marcará não<br />
somente a carreira da banda, mas também os fãs, que curtirão demais.<br />
Nota: 10<br />
Augusto Hunter<br />
32 33<br />
39
divine death match<br />
UncHarTeD 3 - DraKe´s DecePTion<br />
NAUGHTY DOG<br />
PS3<br />
Uncharted sempre foi um jogo que diferencia o Playstation de qualquer<br />
outra plataforma existente no mercado, mas em sua 3ª edição, a<br />
produtora resolveu levar todo o processo para outro nível. E ela conseguiu.<br />
Sem mais delongas, a 3ª parte da história do caçador Nathan<br />
Drake e seu fiel escudeiro Jake Sullivan retorna, ainda na cola das<br />
pistas do que seriam as descobertas do seu tio. Drake e Sully embarcam<br />
em mais uma viagem louca e perigosa, que percorre todo o<br />
mundo, mas dessa vez, a história fica bem complicada para eles, pois<br />
uma antiga parceira de Jake Sullivan está interessada nessa descoberta.<br />
Com uma jogabilidade padrão da sequência, Uncharted é, mais<br />
uma vez, um deleite para todos os gamers que curtem um belo jogo<br />
de ação, espionagem e inteligência. Temos ainda mais puzzles neste<br />
jogo e o que faz ele se diferenciar ainda mais é uma fase que você passa pulando entre barcos em alto mar!<br />
Foi aí que a Naughty Dog conseguiu levar o processo a outro nível, pois não importa quantas vezes você<br />
morrer nessa passagem, a maré nunca é a mesma. Eles desenvolveram um sistema que calcula o vento no<br />
local, fazendo a maré mudar entre um reboot e outro e, mesmo durante a passagem de Nathan por esse<br />
local, a maré estará sempre mudando. Não tem como falar outra coisa a não ser que, se você é dono de um<br />
Playstation 3, esse é um jogo obrigatório em sua coleção.<br />
Gráfico: 10<br />
Jogabilidade: 10<br />
Som: 10<br />
Enredo: 10<br />
Diversão: 10<br />
Por Augusto hunter<br />
sleePing Dogs<br />
UNITED FRONT GAMES<br />
PS3/XBOX 360/PC<br />
Sendo agora transportado para as ruas de Hong Kong, o jogador pode<br />
assumir a pele de um policial infiltrado nos negócios das tríades (as<br />
“famílias” da violenta máfia chinesa). Obviamente inspirado em Grand<br />
Theft Auto, Sleeping Dogs conta com gráficos incríveis e centenas de<br />
missões, que variam de missões policiais a criminosas. O jogo possui<br />
uma interação incrível, e nesse quesito supera, e muito, jogos como<br />
Máfia. O game peca apenas nos fatores jogabilidade (que alterna entre<br />
ótima e horrível dependendo da situação) e também na falta de<br />
realismo de sua física – especialmente nas batidas de carro. Embora<br />
possa soar como um incremento de algo bem manjado, Sleeping Dogs<br />
não é apenas mais um “Filhote de GTA”. O jogo é extenso, possibilitando<br />
uma boa quantidade de exploração livre, o que, por si só, já foge<br />
um pouco do constante clima de perseguição, tudo com um toque pessoal do oriente. Vendo pelo outro lado<br />
da moeda, o jogo pode ficar um tanto enjoativo, já que muitas side missions são iguais (como no caso das<br />
corridas ilegais). Se você é fã de jogos longos e gosta de terminar um game sempre nos cem por cento,<br />
Sleeping Dogs é um título perfeito. .<br />
Gráfico: 10<br />
Jogabilidade: 8.0<br />
Som: 9.0<br />
Enredo: 9.0<br />
Diversão: 9.0<br />
Por Yuri Azaghal<br />
BaTMan - arKHaM ciTy<br />
ROCKSTEAD GAMES<br />
PS3/XBOX 360<br />
Um dos jogos mais aguardados de 2012, o retorno do Cavaleiro das<br />
Trevas ao mundo dos games conseguiu superar todas as expectativas.<br />
Mantendo o ambiente sombrio e o clima obscuro de “Arkham<br />
Asylum”, e ampliando ainda mais a qualidade dos gráficos e a jogabilidade,<br />
“Arkham City” é uma verdadeira odisseia para nosso heroi que,<br />
dessa vez, se vê emboscado em uma cidade repleta de criminosos<br />
exilados pelas autoridades, e que está sob o controle de Coringa e<br />
sua trupe. As possibilidades de exploração dos cenários estão muito<br />
melhores do que na primeira parte, assim como as missões paralelas,<br />
muito mais complexas e abrangentes. As lutas continuam muito bem<br />
elaboradas e violentas, e com um grau maior de dificuldade, o que<br />
aumenta os desafios do jogador. Há ainda a possibilidade de jogar com<br />
a Mulher Gato em algumas missões paralelas. A única decepção do jogo fica para a luta final, mas nada<br />
que retire a excelência geral do material. Sem dúvida, o jogo mais legal e divertido de heroi já lançado no<br />
mercado, e que dificilmente será superado ainda nessa geração de consoles.<br />
Gráfico: 10<br />
Jogabilidade: 10<br />
Som: 9.5<br />
Enredo: 9.0<br />
Diversão: 10<br />
Por Junior Frascá<br />
sniPer eliTe V2<br />
REBELLION DEVELOPMENTS<br />
PS3/XBOX 360/PC<br />
Um exemplo de remake bem produzido. Sniper Elite V2 é a versão<br />
recriada do primeiro game Sniper Elite, lançado em 2005. Você<br />
assume o papel de um <strong>of</strong>icial americano da OSS (Office <strong>of</strong> Strategic<br />
Service) chamado Karl Fairburne, um atirador de elite especialista em<br />
infiltração e espionagem. O jogo se passa nos últimos dias da Segunda<br />
Guerra Mundial, onde sua missão é capturar ou exterminar cientistas<br />
alemães que estão envolvidos no projeto do foguete V2. Apesar<br />
de o jogo focar no uso do sniper, é possível carregar outras armas e<br />
avançar usando outros tipos de tática. Apesar de ser um jogo divertido,<br />
ele deixa a desejar em muitos aspectos. Os gráficos, apesar de<br />
reproduzirem bem um ambiente da Segunda Guerra, são razoáveis. A<br />
inteligência artificial dos inimigos não é muito avançada, e o realismo<br />
do game varia entre incrível (fatores que influenciam o disparo do sniper) e terrível (reação dos inimigos ao<br />
serem atingidos por granadas). O jogo é divertido e faz com que você se sinta um verdadeiro atirador de<br />
elite, porém, em certo ponto se torna enjoativo, além de ser incrivelmente curto. Recomendado apenas para<br />
os fanáticos por jogos do gênero.<br />
Gráfico: 8.0<br />
Jogabilidade: 8.0<br />
Som: 9.0<br />
Enredo: 8.0<br />
Diversão: 9.0<br />
Por Yuri Azaghal<br />
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covering sckness<br />
46<br />
o Brasil vem se destacando cada vez mais no cenário underground não somente pela qualidade<br />
da música apresentada de suas bandas; os artistas gráficos brasileiros estão cada vez mais conquistando<br />
o mundo com suas cores e ideias inacreditáveis, quesito em que temos como referência ótimos artistas.<br />
alguns deles já passaram por essa seção, como gustavo sazes, Marcelo Vasco, caio caldas entre muitos<br />
outros. Dessa vez, vamos conversar com guilherme sevens, artista gráfico de alta qualidade e frontman<br />
do Painside. Vamos tentar desvendar o segredo desse ótimo artista gráfico. confira!<br />
HELL DIVINE: Guilherme, vamos começar pelo mais básico:<br />
como você começou a trabalhar com artes gráficas e quem é<br />
o seu maior influenciador?<br />
SEVENS: Comecei a trabalhar com arte, entre 2005 e 2006,<br />
quando comecei a adquirir técnica o suficiente para <strong>of</strong>erecer meu<br />
trabalho. Essa técnica foi adquirida praticamente de forma autodidata,<br />
o que me ajudou muito na faculdade de design gráfico<br />
no mesmo período. Me formei, em 2007, e hoje atuo como web<br />
designer fixo em uma grande empresa de broadcasting(transmissão)<br />
e como freelancer. Difícil escolher um só artista influente, mas o<br />
artista que fez me apaixonar pelo que faço hoje talvez tenha sido<br />
o Derek Riggs com as capas do Maiden. Mais tarde, Andreas Marshall<br />
com seus incríveis desenhos e, mais a frente, Travis Smith<br />
com a sua linguagem característica.<br />
HELL DIVINE: Hoje, temos no mundo artistas gráficos com<br />
ideias cada vez mais variadas e de tipos de arte; alguns buscando<br />
traços mais clássicos, outros com ideias mais coloridas<br />
e vibrantes. Em qual segmento você se encaixaria?<br />
SEVENS: Como trabalho sob demanda, tenho sempre que me<br />
adequar ao pedido do cliente. Então, abraço desde o desenho vetorial<br />
com muitas cores e abordagem infantil até as artes carregadas<br />
em texturas.<br />
HELL DIVINE: Dentro do seu trabalho, você procura ter uma<br />
noção mais futurista ou mais clássica? Por quê?<br />
SEVENS: Realmente, depende da ideia prévia passada pelo cliente,<br />
ou da minha vontade, caso seja um trabalho pessoal. Procuro ser<br />
o mais versátil possível para conseguir executar a maior parte das<br />
ideias malucas que vêm à cabeça.<br />
HELL DIVINE: Temos artistas dos mais variados no cenário<br />
underground mundial. Quem você destacaria como um expoente<br />
na arte gráfica?<br />
SEVENS: Apesar de ser um cara que não vê seus trabalhos sendo<br />
publicados todo tempo, eu diria Niklas Sundin (Dark Tranquillity),<br />
pela sua versatilidade. Usa muito bem papel e lápis e meios digitais<br />
em suas artes.<br />
HELL DIVINE: Em seu portfolio digital, você fala que trabalha<br />
para a Rede Globo de Televisão. Deve ser um desafio diário<br />
trabalhar para uma empresa tão grande. Como você vê essa<br />
situação?<br />
SEVENS: É um desafio ótimo, principalmente, porque me força a<br />
trabalhar com uma linguagem totalmente diferente da que eu uso<br />
com os clientes que me procuram como autônomo. É um desafio<br />
que me faz crescer como designer, até porque tenho a oportunidade<br />
de trabalhar coisas diferentes, como projetando aplicativos<br />
para celulares, que, como autônomo, é um pouco mais difícil de<br />
ter demanda. Como todos nós sabemos, o trabalho da TV Globo é<br />
muito variado e tem muito pouco da linguagem aplicada aos meus<br />
trabalhos externos.<br />
36 37<br />
47
38<br />
HELL DIVINE: Vimos, também, que você trabalhou com o Metal<br />
Mike. Como foi o processo de criação da arte de Metal Mike e o<br />
que você quis passar naquela arte?<br />
SEVENS: Trabalho com Mike, desde 2006, fazendo sites, propaganda/publicidade<br />
e outros projetos. Nesse novo CD ele me contou<br />
que era um projeto muito especial. Ele passou por momentos bem<br />
difíceis. Ele queria transmitir na arte de “The Metalworker” uma<br />
mensagem de superação, como se ele tivesse sido abençoado por<br />
forças externas e pela vontade de tocar o Heavy Metal que tanto<br />
ama. Ambos fizeram sair desse inferno pessoal. Já nos singles,<br />
houve uma interpretação mais livre e literal, como em “This is war”<br />
com aquelas munições voando, etc. (risos).<br />
HELL DIVINE: Como você curte criar? Primeiro você faz algo<br />
em grafite para depois digitalizar, ou trabalha direto no computador?<br />
Conte-nos um pouco sobre seu processo de criação.<br />
Quais ferramentas são as suas prediletas na hora de trabalhar?<br />
SEVENS: Apesar de gostar muito de rascunhar no papel as ideias,<br />
como tempo é curto, costumo fazer do mockup à finalização no<br />
computador mesmo. Gosto muito de visitar blogs do seguimento e<br />
pesquisar sobre as últimas tendências. Eu uso tanto meu Mac e PC<br />
para realizar meus trabalhos, arrisco até algo no iPad, mas não importa<br />
onde eu esteja, meus melhores amigos são a dupla da Adobe:<br />
Photoshop e Illustrator.<br />
HELL DIVINE: Guilherme, muito obrigado pelo seu tempo para<br />
a Hell Divine! Desejamos que continue crescendo! Deixe aqui<br />
alguma mensagem para o pessoal que lê a revista.<br />
SEVENS: Gostaria de agradecer pelo espaço. É sempre uma honra<br />
conversar com vocês, seja como músico ou como designer,<br />
fico realmente feliz. Quem quiser conhecer meu trabalho como<br />
vocalista, é só acessar diretamente painside.net ou www.facebook.com/painside<strong>of</strong>ficial.<br />
Também não é difícil me encontrar pelas<br />
redes sociais, então, sintam-se à vontade para entrar em contato.<br />
Ah, e visitem meu portfolio em www.gsevens.net e me digam o que<br />
acharam! Fiquem bem!<br />
Por Augusto Hunter.
live shit<br />
52<br />
HATE FREE FESTIVAL<br />
Clube Recreativo Trindade – Trindade – São Gonçalo / RJ<br />
Data: 28/07/2012<br />
Texto por: Augusto Hunter<br />
Fotos por: Marcos Ramos<br />
A noite do dia 28 de julho prometia ser lendária<br />
para a cidade de São Gonçalo/RJ, pois depois de<br />
anos, um grupo de ousados produtores resolveu<br />
arriscar em fazer um evento voltado ao público<br />
Metal, de qualquer gênero na cidade (que uma<br />
vez foi ativa no cenário), tendo recebido<br />
bandas como Arkanum, Imago Mortis,<br />
Krueger, Unearthly, Musica Diablo, Massacration,<br />
Matanza e outros nomes diversos<br />
do underground nacional e até<br />
mesmo o ex-baixista do Hammerfall,<br />
Magnus Rósen fez uma apresentação na<br />
cidade. Bandas locais de grande qualidade<br />
saíram dali como Cihen (RIP), Unliver<br />
(RIP), Flagelador, Internal Bleed e<br />
outros nomes, mas como nada é para<br />
sempre, a cidade entrou em uma maré<br />
de baixa e, infelizmente, os bons eventos<br />
de Metal foram sumindo gradativamente,<br />
ficando somente o básico<br />
de sempre em qualquer local. Mas<br />
o Hate <strong>Free</strong> Festival veio com essa proposta<br />
de reativar o underground e foi isso que eu<br />
vi no dia do evento. Mesmo a produção tendo<br />
passado pelo pior problema no dia – que<br />
foi o cano do pessoal do som – o evento aconteceu<br />
e foi muito prazeroso participar da história sendo<br />
re-escrita no local que, um dia, foi conhecido como<br />
RecreaLIXO Trindade. Sem mais história, vamos ao<br />
evento.<br />
Mesmo com o atraso que ocorreu por falta do<br />
equipamento, o evento foi ótimo; nenhuma confusão<br />
e com todos os presentes se divertindo<br />
horrores! A primeira banda da noite foi a Mortarium,<br />
banda de Doom Metal composta por três grandes guerreiras<br />
em nome do som pesado. Elas fizeram um set<br />
de uma hora tocando composições próprias, levando<br />
o pessoal no local ao delírio com o peso e qualidade<br />
sonora apresentada pelas meninas. Depois dela veio o<br />
pessoal do Outcore, banda local que sempre apostou<br />
no Rap Metal para empolgar a molecada local e eles<br />
conseguiram; o pessoal fã do estilo levantou com o<br />
som dos caras que, para quem curte, é completo e<br />
irreverente. Eles fizeram uma bela apresentação. Em<br />
seguida, a banda Obscurium Soul, fazendo um Doom/<br />
Gothic Metal calcado no Tristania e Trail Of Tears. A<br />
banda fez uma boa apresentação, com uma produção<br />
de palco interessante, com tochas e coisas afins em<br />
palco. Ponto alto para o vocalista Douglas Nefron<br />
que tem uma bela voz, forte e presente. A banda levou<br />
o cover do Cradle Of Filth “Nymphetamine”, que<br />
foi muito bem executada. Final de mais um show,<br />
hora de subir ao palco do Death Metal destruidor do<br />
Peristaltic Movements. A banda, mais uma vez,<br />
mostrou que veio para ficar. O quarteto está ainda mais<br />
entrosado e mais destruidor em suas composições, o<br />
público ficou extasiado e os clássicos mosh-pits rolaram<br />
em toda a apresentação deles. Sem maiores<br />
palavras: memorável! Depois seria a vez da apresentação<br />
do Red Front, mas houve uma mudança de última<br />
hora – algo<br />
altamente reprovado<br />
por<br />
todos – e subiu<br />
ao palco o Fobia.<br />
A banda<br />
de New Metal<br />
tocou o básico<br />
som deles, com<br />
respeito, autoral<br />
e bem<br />
composto, mas<br />
o público não<br />
respondeu<br />
como eles queriam, mas fizeram o seu<br />
show e assim mais uma banda tocou. Só<br />
então os paulistas do Red Front subiram<br />
ao palco para mostrar porque eles são<br />
uma das bandas que mais cresce dentro<br />
do país. Apresentando composições<br />
de seu primeiro trabalho, “Memories <strong>of</strong><br />
War”, vários fãs ficaram até 4h da manhã<br />
e assistiram a um show memorabilíssimo.<br />
Mesmo a banda estando cansada<br />
de uma viagem longa e da espera, os<br />
caras destruíram o local; músicas como<br />
“Circle Of Hate”, “Institutions Down”<br />
caíram como uma pedra e fizeram o<br />
pessoal retirar de dentro de seu corpo<br />
o último sopro de energia, depois dessa<br />
longa noite, e agitar feito loucos. Incrível<br />
e único! A última banda que ia se apresentar seria<br />
a carioca Sufoco, mas, infelizmente, o baterista teve<br />
um problema e a banda não pode tocar, mas, mesmo<br />
assim, a simpática vocalista Maria Martins e banda<br />
ainda foram ao local explicar o ocorrido e ainda<br />
jogaram blusa e material de divulgação para a galera.<br />
Muito legal da parte deles, parabéns!<br />
Então, por volta de 5h da manhã, o evento tinha<br />
acabado e voltamos todos para casa. Posso parabenizar<br />
toda a produção do evento por ter tido a coragem<br />
de tentar mais uma vez. Deu certo e espero que o<br />
próximo seja ainda melhor.<br />
Por Augusto Hunter.<br />
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live shit<br />
52<br />
THE RETURN OF BLASPHEMY<br />
Garage (Teatro Odisseia) – Rio de Janeiro – RJ<br />
Data: 19/08/2012<br />
Texto por: Marcos Garcia<br />
Fotos por: Marcos Garcia<br />
A Lapa mal sabia o que a esperava nesta tarde<br />
quente de domingo, pois foi a data escolhida para<br />
o retorno de um dos maiores ícones do Black Metal<br />
nacional, o Mysteriis, tendo como convidados as<br />
bandas Castifas, Impacto Pr<strong>of</strong>ano e Imperador Belial,<br />
todas do Rio de Janeiro.<br />
1- Imperador Belial<br />
Abrindo a tarde, veio o quarteto Imperador Belial,<br />
que faz um Black Metal mais cru e cheio de influências<br />
oitentistas. Não tão veloz, mas cru e cheio<br />
de energia – na linha do Hellhammer e Bathory,<br />
mas tendo sua própria personalidade – lançando<br />
mão de um repertório próprio, com músicas como<br />
“Funeral <strong>of</strong> God”, “Metal Wolves”, e “Journey Back<br />
to Hell”, em que a banda se mostrou bastante à vontade<br />
no palco, especialmente, pelo vocalista Raphael<br />
Mangelli “Inkubus” e Carlos Outor “Chaos”. Houve,<br />
inclusive, a participação<br />
especial<br />
de um ex-membro<br />
da formação original que subiu<br />
para um jam em uma música,<br />
além da presença de Leon<br />
“Necromaniac” Manssur, do<br />
Apokalyptic Raids nos vocais em<br />
outra. E pelo que se sabe, em<br />
breve, a banda lançará um CD<br />
pelo qual esperamos ansiosos.<br />
2- Impacto Pr<strong>of</strong>ano<br />
Seguindo, veio o Impacto Pr<strong>of</strong>ano.<br />
Graças à formação estar<br />
consolidada há mais de um ano<br />
e à experiência dos 10 anos de<br />
estrada, a banda mostra não só<br />
uma postura de palco invejável e<br />
segura (especialmente, porque o baixista Pazuzu e<br />
a guitarrista S. Kals não param um segundo sequer<br />
de agitar), mas uma coesão musical absurda, já que<br />
sua a música possui técnica apurada sob tamanha<br />
brutalidade. Tocando músicas de suas demos e do<br />
álbum que chegará em breve (esperamos que ainda<br />
em 2012), o público presente os recebeu calorosamente.<br />
Destaques óbvios para “Slave <strong>of</strong> Illusion”,<br />
“Baphomet” e o hino “Lucifer”, cantado pelos presentes.<br />
E um destaque mais que óbvio é o baterista<br />
Lord Anti-Christ, que tem pegada rápida, pesada e<br />
bastante técnica, especial pela condução nos bumbos.<br />
3- Castifas<br />
As paredes do Teatro Odisseia tremeram quando o<br />
Castifas subiu ao palco, estreando sua nova formação,<br />
após a adição do guitarrista Herr Tyr, que deu<br />
mais peso e substância ao som da banda que ficou<br />
bem mais encorpado, mas mantendo a identidade soturna<br />
e crua que lhes é característica. Usando de vários<br />
aparatos como cruzes reversas e uma cabeça de porco,<br />
a banda fez um cenário bem forte, calcado nas músicas<br />
de seu CD “Journey Through <strong>the</strong> Darkness Path”,<br />
como “Into <strong>the</strong> Ceremonial Sodom” e “Pure Evocation”,<br />
e mais algumas novas, como “Kingdom <strong>of</strong> Satan”, que<br />
mostram que a banda está madura para um novo CD,<br />
e foram bastante ovacionados pela plateia. Destaque<br />
para Hoertel, vocalista, que sabe prender a atenção do<br />
público com carisma e uma boa movimentação, além<br />
de cantar muito bem.<br />
4- Mysteriis<br />
Fechando a noite, o retorno do Mysteriis aos palcos,<br />
após anos de hiato. Com muita pirotécnica usada, a<br />
banda trouxe os veteranos Agares, Mantus e Agramon<br />
de volta, além da estreia de Arawn (guitarra) e MKult<br />
(bateria), e o retorno do tecladista Blitzgork, destilando<br />
sua sonoridade mórbida e climática, já que a banda<br />
está voltando à sua sonoridade de raiz. Nem parecia<br />
que a banda andou parada por anos, já que todos estavam<br />
à vontade no palco, com um conjunto musical<br />
sólido, todos com boa postura e movimentação (especialmente<br />
Agares e Mantus), e desfilando clássicos<br />
do CD “About <strong>the</strong> Christian Despair”, como “Ave<br />
Mysteriis”, “A Song for Anu” e “Nocturnal Celebration”.<br />
Houve uma do “Fucking in <strong>the</strong> Name <strong>of</strong> God”(“Hysterical<br />
Zero Hymn”), e “Nazarene Shall Fall” e “Hell Hath no<br />
Limits” do mais recente, “Hellsurrection”, mostrando<br />
que a banda está pronta para recuperar seu espaço<br />
devido.<br />
Foi um ótimo evento e terá sequência em breve, possivelmente<br />
no seu espaço original, pois a conversa<br />
que rola no baixo underground carioca é que o evento<br />
voltará a ser realizado na Rua Ceará daqui a um tempo.<br />
Por Marcos Garcia.<br />
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53
upcoming storm<br />
66<br />
ALANIS NA CADEIA<br />
A banda oriunda de Ubatuba, São Paulo, vem com uma proposta<br />
de fazer um Thrash/Death mais ligado ao old school,<br />
como bandas da Bay Area nos anos 80 e do Death Metal de<br />
90. Com um som bem pesado, letras que procuram retratar<br />
a visão dos membros sobre as questões sociais e existenciais.<br />
Nesse momento, a banda prepara seu primeiro material,<br />
que será produzido por Heros Trench (Korzus). Vemos<br />
que é mais uma banda que está prometendo bastante no<br />
underground, se ligue nela!<br />
Contato: samusicaskate@gmail.com<br />
Por Augusto Hunter.<br />
MORTARIUM<br />
As cariocas do Mortarium surgiram, em 2010, idealizadas<br />
por Tainá Domingues e Julie Souza. Depois de uma constante<br />
movimentação de integrantes pela banda, com a<br />
chegada da Vivi Alves, o grupo se estabilizou e começou<br />
a sua carreira lançando o single “The Awakening Of The<br />
Spirit”. Elas fazem um Doom Metal coeso e bem pesado,<br />
influenciadas por nomes como Novembers Doom, Paradise<br />
Lost e My Dying Bride. Elas estão conquistando cada vez<br />
mais o seu espaço e respeito no underground e, mesmo<br />
com tão pouco tempo de existência, elas já conquistaram<br />
outras cidades do país, provando que o Mortarium não está<br />
brincando e elas, com certeza, vieram pra ficar.<br />
Contatos:<br />
www.reverbnation.com/mortariumdoommetal<br />
www.youtube.com/user/mortariumdoommetal<br />
www.myspace.com/mortarium<br />
www.twitter.com/mortarium<br />
Por Augusto Hunter.<br />
OPUS PROFANUS<br />
Banda simplesmente incrível do Amapá. Formada em<br />
2007, a banda lançou esse ano seu primeiro EP de forma<br />
independente, intitulado “Glorificando O Reino Das Trevas”,<br />
contando oito faixas de média duração cada, que são,<br />
além de músicas excelentes, provas de que o underground<br />
brasileiro consegue atingir uma maestria exemplar; muitas<br />
vezes superando com relativa facilidade o desempenho,<br />
qualidade, criatividade e, principalmente, a sinceridade<br />
ideológica muita banda “malvada” do exterior (que cada<br />
vez mais se revelam palhaços que ridicularizam as próprias<br />
palavras e estão apenas infectando o gênero como parasitas<br />
atrás de dinheiro).<br />
Contato: http://www.myspace.com/opuspr<strong>of</strong>anusband<br />
Por Yuri Azaghal.<br />
GOAT INVOCATION<br />
Para comemorar o progresso de mais um representante<br />
do nosso admirável underground, dedico esse espaço mais<br />
como uma recomendação do que como ajuda de divulgação.<br />
Em 2011, a banda Goat Invocation foi formada na<br />
cidade de Colatina (Espírito Santo) e, por meio do selo Black<br />
Goat Terrorist 666, do Equador, lançou esse ano sua primeira<br />
demo intitulada “Invocation <strong>of</strong> Black Evil”. Apesar de ser<br />
um trabalho bem curto, é uma amostra um tanto quanto<br />
satisfatória do potencial desse trio. Aos fãs do gênero, é<br />
altamente recomendado.<br />
Por Yuri Azaghal.<br />
LAMÚRIA ABISSAL<br />
Nesse ano, também foi lançado material que vale a pena<br />
ser conferido para aqueles que apreciam Black Metal depressivo.<br />
A demo “Cânticos de um Além Abismo” da banda<br />
carioca Lamúria Abissal é um deles. Lançada pela Depressive<br />
Illussions Records, a demo possui apenas quatro<br />
faixas, porém, já aviso que são de duração consideravelmente<br />
extensa. Portanto, não é recomendável para quem<br />
não tem paciência para ouvir músicas longas (que passam<br />
dos dez minutos), mas, sim, para aquelas pessoas que não<br />
se importam com o tempo, mas com atmosfera negativa,<br />
amarga, melancólica e agoniante que podem assimilar<br />
em cada minuto, tornando “Cânticos de um Além Abismo”<br />
uma experiência única em termos de “incitação da besta<br />
interior”.<br />
Contato: http://www.myspace.com/lamuriadsbm<br />
Por Yuri Azaghal.<br />
antes de começarmos, a inevitável advertência:<br />
esse texto vai te <strong>of</strong>ender se<br />
você for um babaca, portanto não o leia.<br />
se você continua lendo, é porque ou você<br />
não é um babaca, ou é um babaca e decidiu<br />
ler mesmo assim por ser muito curioso.<br />
De qualquer forma, se a carapuça servir,<br />
não diga que eu não avisei.<br />
A.M. F – Capítulo 3: Os “Zumbis” Do Metal.<br />
Não é de agora que sabemos que as pessoas<br />
que estão voltadas para a esfera do rock/metal são mais<br />
inteligentes, e isso, inclusive, é supostamente provado<br />
por um estudo feito na Inglaterra. Eu nunca duvidei disso,<br />
mas tem muita gente dentro dessa mesma esfera que<br />
não faz por merecer esse “estereótipo”. Alguns rockers/<br />
bangers se julgam muito inteligentes, abominando a futilidade<br />
e a alienação do ser humano comum aprisionado<br />
na sociedade das massas manipuladas, escravas da<br />
mídia, do governo, do sistema etc. Até ai tudo bem, mas<br />
o problema é que muitos rockers/bangers s<strong>of</strong>rem dessa<br />
mesma futilidade que eles tanto repudiam, apenas a<br />
aplicam de uma forma diferente (ou seja, aplicam no<br />
Rock/Metal). Exemplos não faltam e a meta desse texto<br />
é ressaltar alguns dos diversos para que essa molecada<br />
que pratica essas atitudes cretinas abra os olhos.<br />
Para começar, as malditas listas dos cem<br />
melhores guitarristas de todos os tempos. Se vocês<br />
analisarem com um pouco de bom senso, verão que<br />
essa lista formada por “cultos” amantes da boa música<br />
é tão absurda quanto a lista dos melhores brasileiros de<br />
todos os tempos. E isso ocorre por um fator em comum:<br />
Eleita pelo povão (sim, no Rock/Metal também temos<br />
os “plebeus” por assim dizer, e são eles que estragam<br />
tudo). A lista, para começar, não é medida pela habilidade<br />
(que seria o certo), e sim pelo número de fãs e pelo<br />
fanatismo (muito similar ao fanatismo religioso irracional<br />
de gente que não quer pensar). E então surgem os<br />
absurdos, como Kurt Cobain na frente do Zakk Wylde<br />
(isso quando o Zakk aparece na lista), e por aí vai. E<br />
outro fator irritante: Jimmy Hendrix SEMPRE em primeiro<br />
lugar. Certo, ele era canhoto, tocava com uma fender<br />
invertida e foi muito inovador. Mas o cara morreu há mais<br />
de quarenta anos! Mais de quarenta anos! Então quer<br />
dizer que NUNCA vai aparecer alguém que o supere?<br />
Sendo que provavelmente já superaram? Tenha dó! Se<br />
fosse a lista dos cem guitarristas mais revolucionários<br />
(ou estrelinhas) de todos os tempos, eu até ficava quieto,<br />
mas melhores?!<br />
Outro fator que me irrita pr<strong>of</strong>undamente são<br />
aquelas figuras que ficam medindo habilidade pela velocidade<br />
do músico, e só falam que uma música é boa se<br />
ela for tocada durante pelo menos sete minutos a 6000<br />
bpm. Então quer dizer que uma música não pode ser<br />
bonita ou marcante se ela tiver um arranjo simples? Para<br />
começar, não são só pegada e velocidade que fazem<br />
alguém bom músico ou não. Criatividade, inspiração,<br />
feeling e, principalmente, inteligência contam muito, sabiam?<br />
E outra coisa: Honestamente, não vejo graça alguma<br />
naqueles solos frita-dedo que alguns fazem para<br />
se mostrar. Isso não passa de notas rápidas, irritantes e<br />
incapazes de serem captadas corretamente pelo ouvido.<br />
Ou seja, essa “música”, em vez de me acalmar, alegrar<br />
ou me deixar eufórico, acaba me incomodando, porque,<br />
para mim, essa atitude de encher o ego brincando de<br />
Sonic com a escala da guitarra e as cordas primas não<br />
é música, e sim um cover estridente do Klunk (aquele<br />
inventor genial de aviões e que fala de forma incompreensível.<br />
Para quem não se lembra da infância, ele<br />
pertence à esquadrilha do Dick Vigarista que deseja<br />
capturar o pombo correio). Portanto, uma boa música<br />
não precisa ser lotada de harmônicos, bends e<br />
alavancadas, tocadas o mais rápido possível com<br />
técnica two-handed até a exaustão. Pegue pela música<br />
clássica, obras como “O Outono de Vivaldi”, “O Primeiro<br />
Movimento do Adágio A Sonata Ao Luar” (Moonlight Sonata)<br />
de Beethoven.<br />
E para finalizar, eu não poderia deixar de citar a<br />
mais odiosa de todas. Fãs com mania de “só o que vem<br />
de fora e/ou que lota estádio com pelo menos setenta<br />
mil pessoas é que presta”. É o típico roqueirinho de “Yahoo!<br />
Respostas” que fica dando pontos para quem fazer<br />
a melhor lista de cinco músicas do Metallica, do Iron<br />
Maiden, do AC/DC, dos Rolling Stones, do Ozzy etc. E<br />
então, por exemplo, aparece um e coloca assim “Enter<br />
Sandman, Fade To Black, Master Of Puppets, Sad But<br />
True e Some Kind Of A Monster”. E o cara fala “Ah, eu<br />
não gostei. Essa lista ai está muito clichê!”. E eu pergunto:<br />
Ah e você não é clichê com as bandas que gosta,<br />
não é? Filhinhos, olhem aqui: Uma pesquisa no site<br />
Metal Archives sem nenhum parâmetro mostra quase<br />
oitenta e seis MIL bandas. Algumas delas já encerram<br />
suas atividades <strong>of</strong>icialmente, mas leve em consideração<br />
que há milhares de bandas excelentes que sequer<br />
possuem registro nesse site. Vocês reclamam tanto que<br />
a cena está uma droga, mas são vocês mesmos que<br />
fazem a cena ficar uma droga. Por quê? Por não valorizarem<br />
as bandas do seu próprio país, por não verem<br />
que existem muitas outras bandas além daquela mesma<br />
meia dúzia que todo mundo ouve e, principalmente, por<br />
acharem um absurdo gastar R$ 15 em um CD; mas, em<br />
compensação, gastam R$ 60 na Galeria do Rock comprando<br />
camisetas de estampas vagabundas (também<br />
das mesmas bandas de sempre...). Portanto, não exijam<br />
progresso em nosso mundinho enquanto vocês só estiverem<br />
interessados nas f<strong>of</strong>ocas da família Osbourne ou<br />
nas porcarias que o Hetfield fala, lotando o HD de arquivos<br />
mp3, preocupados como vai ser o próximo “Eddie” e<br />
idolatrando cegamente o Big Four.<br />
Por Yuri Azaghal.<br />
44 45<br />
momento wtf<br />
67
ascunho do inferno<br />
46<br />
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