edição de 17 de fevereiro de 2025
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propmark.com.br ANO 60 - Nº 3.030 - 17 de fevereiro de 2025 R$ 20,00
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Mulheres reivindicam mérito pela
capacidade de liderar negociações
As executivas não querem mais reconhecimento apenas por qualidades ligadas à empatia, organização e flexibilidade. Cultuados ao longo da história,
estigmas de gênero hoje são insuficientes para honrar a ascensão feminina içada pela competência em desafiar, liderar negociações complexas e
tomar decisões estratégicas para agências e seus clientes. O que antes era visto como habilidade passou a ser percebido como uma repetição de estereótipos.
Impressões enviesadas estão em testemunhos colhidos na pesquisa ‘A feminização do trabalho no setor de atendimento em agências de
publicidade de Chapecó-SC’, realidade que se estende a todo o mercado. pág. 12
Havaianas reforça
descontração da marca
Prêmio Marketing Best
2025 abre as inscrições
Record amplia negócios
com futebol na sua grade
Divulgação Alê Oliveira Divulgação
Com o novo conceito ‘Tira o pé, vai de Havaianas’, criado
pela AlmapBBDO, sandália busca ampliar sua associação
com momentos de pausa e brasilidade, explica a VP global
de marketing Maria Fernanda Albuquerque. pág. 8
Premiação do propmark está com as inscrições abertas até
30 de abril. Júri será formado por uma banca de jornalistas
e diretoria do veículo. Cases de empresas serão indicados
pelos jurados para concorrer ao prêmio. pág. 27
A Record assegura fatia dos orçamentos de anunciantes
como Itaú, McDonald’s, GM, Heineken e Magalu com as
transmissões do Paulista e, em breve, do Brasileirão. São
17 marcas na sua grade comercial. pág. 20
Investimento em mídia cresce 19% de janeiro a setembro de 2024 no país
pág. 23
EM 20 ANOS,
PASSAMOS POR
VARIAS
‘
CRISES,
MAS NENHUMA
DE IDENTIDADE.
Duas décadas no Brasil valem por dois
séculos. Crises, idas e vindas, novas
crises, a cada dia um desafio, uma
correria, transformações que nos
mantêm sempre alertas, todos os dias.
De monotonia, a gente não morre. E
nesse contexto, a 11:21 foi navegando,
sempre com sua Simplicidade Criativa,
o dedo no pulso, e campanhas com
muito humor, contexto, impacto e
simplicidade. Os clientes, então, foram
encontrando na gente uma agência
com cara e personalidade própria, e já
sabem o que vão encontrar. Assim, fica
mais fácil o casamento das marcas
com sua comunicação. E assim, vamos
ajudando marcas em seu crescimento
e em sua construção. Que venham
mais 20 anos, suas crises e contextos
que, para nós, são material para criar.
20 anos de 11:21 são 20 anos
de Simplicidade Criativa.
editorial
Armando Ferrentini
Atendimento nas agências
Lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos e do marido. Estereótipos como esse
estão mais do que ultrapassados, mas vez ou outra ainda se escuta esse tipo de
comentário machista no meio corporativo. Recentemente, um executivo foi praticamente
cancelado ao dizer algo parecido com isso.
Novos dados divulgados no fim do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) mostram que, segundo o Censo 2022, a proporção de mulheres responsáveis
pelo sustento dos domicílios avançou e já se equipara à dos homens.
Entre as pessoas responsáveis pelos lares brasileiros, 50,9% são homens (37 milhões) e
49,1%, mulheres (36 milhões). Em 2010, o percentual de homens responsáveis pela casa
era 61,3%, enquanto o de mulheres chegava a 38,7%.
Um dos maiores desafios das mulheres no mercado de trabalho, no entanto, continua
sendo ocupar cargos de liderança nas empresas. Apesar dessa participação ter
passado de 35,7% em 2013 para 39,1% em 2023, ainda está longe de ser ideal. Os dados
são do levantamento Mulheres no Mercado de Trabalho, realizado pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI).
Vale lembrar que, em 2023, o governo federal sancionou uma lei que garante igualdade
salarial entre homens e mulheres. Com a nova legislação, empresas com cem ou
mais funcionários devem fornecer relatórios semestrais transparentes sobre salários
e critérios de remuneração.
Apesar desses avanços, a capacidade profissional feminina é colocada à prova constantemente
e carrega um viés estereotipado. No mercado publicitário, não é diferente.
Reportagem de capa nesta edição mostra a feminização no atendimento das
agências. Afinal, por que há tantas mulheres trabalhando nessa área? As justificativas
vão desde qualidades ligadas à empatia, organização, sensibilidade e escuta
para conciliar situações adversas.
A matéria apresenta pesquisa realizada pela publicitária Juliane Batistella Martins,
que venceu a categoria Monografia do ‘Concurso Universitário de Trabalho de Conclusão
de Curso Ricardo Ramos’, promovido pela Associação de Profissionais de
Propaganda (APP) no fim do ano passado. Ela investigou os fatores que levaram à
normalização de mulheres no atendimento das agências ao longo dos anos.
Segundo o estudo, a associação com atributos considerados tipicamente femininos
reforça estigmas de gênero e desigualdades estruturais. Os depoimentos obtidos na
pesquisa reforçam os rótulos. “Até se a gente olhar no todo, existem muitas mulheres
que atendem, né? Não só no atendimento de agência”.
A reportagem ouviu algumas das principais lideranças do mercado, que rebatem os estereótipos
e comprovam que a ideia de que mulheres “servem” ainda persiste em salas
de reunião e briefings, como, por exemplo, homens direcionarem para as mulheres a
tarefa de anotar tudo.
O momento pede uma outra visão, como a de que as mulheres performam bem no
atendimento porque sabem liderar negociações complexas e dominam estratégias
de alto impacto, habilidades que, por muito tempo, foram tratadas como exclusividade
masculina.
Marketing Best
Foi dada a largada para o Prêmio Marketing Best 2025! Organizada desde 1988 pela
Editora Referência, que edita o propmark, a premiação está com as inscrições abertas
até 30 de abril. As empresas podem se inscrever no site marketingbest.com.br.
Matéria nesta edição traz mais detalhes sobre o regulamento e a organização.
Frase: ”O grande segredo da vida é que não há nenhum grande segredo. Seja
qual for o seu objetivo, você pode chegar lá se estiver disposto a trabalhar”
(Oprah Winfrey).
as Mais lidas da seMana no propMark.coM.br
2ª
Marina Mansur assume diretoria de estratégia
corporativa da Globo, área recém-criada
Marina Mansur responderá pela estratégia corporativa da Globo, e se
reportará ao diretor-presidente Paulo Marinho. Essa nova diretoria foi criada
pelo Comitê Executivo da companhia.
1ª
Compra de mídia cresce 18,93%
nos primeiros nove meses de 2024,
revela Cenp-Meios
Os investimentos em mídia via agências, realizados nos primeiros nove
meses de 2024, registram um crescimento de 18,93%, de acordo com
levantamento feito pelo Cenp-Meios. A grande novidade foi a Internet, meio
que superou a TV aberta.
3ª
A Meta demitiu em torno de 4 mil funcionários. De acordo com a Reuters, as
demissões foram comunicadas por e-mail e realizadas em escritórios da big
tech ao redor do mundo. A Meta não disse se houve demissão no Brasil.
4ª
O South by Southwest anunciou alguns dos seus palestrantes para a edição
deste ano, que acontece no próximo mês. Entre os nomes estão Issa Rae, a
atriz da série ‘Insecure’, da HBO, Kevin Bacon etc.
5ª
Meta demite 4 mil funcionários
em escritórios pelo mundo
SXSW 2025 terá Issa Rae, Kevin
Bacon e elenco the ‘The last of us’
CNN Brasil reforça
diretoria comercial
Henrique Simões, Cris Vignoli, Felipe Maia e Fábio Ferri e a jornalista Mariana
Garbin foram as novidades anunciadas na diretoria comercial da CNN Brasil,
montada ‘estrategicamente’ para atender os desafios do mercado em 2025.
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 3
índice
Participação feminina
no atendimento das
agências é enviesada
Publicitárias querem
ser reconhecidas pela
capacidade de liderar
negociações complexas, e
não porque são consideradas
empáticas, organizadas e
conciliadoras, qualidades que
carregam viés estereotipado.
12
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Jor na lis ta res pon sá vel
Ar man do Fer ren ti ni
Editora-chefe: Kelly Dores
Editores: Janaina Langsdorff e
Paulo Macedo
Editor de fotografia: Alê
Oliveira
Editor-assistente: Vinícius
Novaes
Repórteres: Adrieny Magalhães,
Bruna Nunes e Vitor Kadooka
Revisor: José Carlos Boanerges
Editor de Arte: Adunias Bispo
da Luz
Diagramador Pleno: Lucas
Boccatto
Diretor-presidente
Armando Ferrentini
Diretor-executivo
Tiago Ferrentini
Leão tem novas linhas de chá e
faz mudança de identidade visual
Com novidades no portfólio, como as linhas Chimarrão
e Tereré, a Leão também renovou recentemente a
sua identidade visual. A nova embalagem foi uma das
mudanças mais impactantes para a marca líder no
mercado de chás por infusão no Brasil. pág. 26
Mercado brasileiro declara manter
em alta programas de diversidade
Enquanto gigantes americanas recuam em ações
voltadas a minorias, empresas no Brasil seguem
investindo na área. Além de projetos internos, a GUT,
por exemplo, criou para o Mercado Livre o ‘Tour do
Orgulho’ para promover a diversidade sexual. pág. 24
Departamento comercial
Gerentes de contas:
Luciano Marcondes
luciano@propmark.com.br
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As ma té rias as si na das não re pre sen tam
ne ces sa ria men te a opi nião des te jor nal,
po den do até mes mo ser con trá rias a ela.
Editorial .............................................................................3
Conexões ...........................................................................5
Curtas .................................................................................6
Entrevista ..........................................................................8
Quem Fez ...........................................................................10
Agências ............................................................................12
Mídia ..................................................................................20
Mercado .............................................................................24
Marcas ...............................................................................26
Prêmios..............................................................................27
Negócios & Sustentabilidade ...........................................28
Out of Home ......................................................................29
Inspiração ..........................................................................30
Opinião...............................................................................31
ESG no MKT ........................................................................32
Supercenas ........................................................................33
Última Página ....................................................................34
Streamings buscam reduzir interrupção
de anúncios diante de críticas de usuários
Com o boom dos serviços de streaming, as plataformas vivem
agora o desafio de equilibrar as demandas das marcas por
publicidade com a experiência dos assinantes. No Globoplay, a
aposta é em diferentes formatos que se adaptam à preferência
de ambos os lados. pág. 22
4 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
conexões
última hora
INFLUÊNCIA 1
Marcella Kaulino (foto à esquerda),
com trajetória em agências como DM9
e Ogilvy na área de RTV, e produtoras,
assume como talent lead da Iman,
empresa de marketing de influência
do grupo Papaki. Em sua trajetória
profissional, a executiva atendeu
clientes como Itaú, Vivo, Skol, Natura,
Boticário, Johnson & Johnson e Claro.
Também foi produtora na ‘Conexão
Schurmann’, websérie que mostra
celebridades e influenciadores vivendo
a bordo do veleiro Kat, a casa oficial
da Família Schurmann. “Sempre tive
uma verve boa para lidar com pessoas
e entender necessidades, conectar
interesses e construir relações que
fazem a diferença. E na Iman meu papel
é justamente esse: ser a ponte entre
talentos, marcas e agências, garantindo
que cada parceria aconteça de forma fluída, eficiente e valiosa para todos”. E acrescenta:
“Quero tornar os processos mais humanos, e a empresa tem esse mesmo ideal, por isso
acredito muito nessa parceria. No fim do dia, nosso trabalho é sobre isso – pessoas e
conexões que geram impacto”.
INFLUÊNCIA 2
A Spark é a nova responsável pelo marketing de influência de Dorflex, Novalgina, Allegra,
Enterogermina e Targifor, marcas que fazem parte do portfólio Opella, a unidade de negócios
consumer healthcare na Sanofi.
Post: CNN Brasil reforça
diretoria comercial
Um desafio, e um orgulho
danado, fazer parte desse
momento. Obrigada por mostrar
essa jornada, propmark!
Mariana Garbin
Post: Publicis Groupe contrata
chief data & technology officer
Cleber Dantas, sucesso!
Eduardo Loges
Post: Oliver reforça atendimento
com nova diretora de negócios
Parabéns, Rachel Paroni Ramos!
Renata Garrido
Post: Vox Haus reforça
área de atendimento
Sucesso, Marina Pimentel!
Jan Philip Strauss
Duailibi Essencial
Post: Santander será patrocinador
do show de Lady Gaga em Copacabana,
diz O Globo
Depois de Itaú com Madonna,
vem aí Santander com Lady Gaga.
Bom demais!
Lavínia
Post: Coletivo Publicitários
Negros tem novo conselho
Gigantes, vocês me inspiram!
Yálungà Leite
“Homens vivem de esquecimentos, e mulheres, de memórias” (T. S. Eliot)
dorinho
CONEXÃO
William Bonner (foto acima) destaca a conexão com os brasileiros em novo filme da
campanha que celebra 100 anos de Globo. A estreia é neste domingo (16) em um dos
intervalos do ‘Fantástico’. O apresentador e editor do ‘Jornal Nacional’ convida o público para
uma viagem no tempo e celebrando a conexão da empresa com as famílias e as diferentes
gerações brasileiras. Uma trajetória centenária, repleta de eventos que uniram o Brasil e são
parte da vida e da memória de todos os brasileiros. “É uma honra ser a voz desse filme, que
revive nossa memória e a de nosso país. Fazer parte dessa história é entender que somos
parte também da vida de milhões de pessoas”, afirma Bonner. A peça ilustra a presença do
jornal, da rádio, da TV e do streaming na vida das pessoas.
OOH
A Central de Outdoor realizará, no Rio de Janeiro, entre os dias 19 e 21 de março de 2025, a 34ª
Convenção Nacional, um dos eventos mais importantes do setor de mídia OOH no Brasil. Entre
os palestrantes confirmados está André Scaciota, superintendente de marketing e mídia do
Itaú, que falará sobre os impactos do OOH no branding e na performance da marca. O evento
também contará com a participação de Tom Goddard (WOO), Rodrigo Cassino (Bizsys), Fátima
Rendeiro (Grupo de Mídia RJ), Gabriel Cedrone (ALOOH) e Sérgio Rizo (RS Projetos), abordando
inovação, tecnologia e regulamentação do setor.
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 5
curtas
Divulgação
Paulo Queiroz assume como ceo da rzK digital
Paulo Queiroz era diretor- executivo e agora atuará
como CEO da empresa de digital out of home (DOOH)
Reprodução
O diretor-executivo da RZK Digital,
Paulo Queiroz, acaba de assumir o
cargo de CEO da empresa especializada
em ciência de dados para
digital out of home (DOOH). Antes
presidida pelo cofundador Eduardo
Mantegazza, que permanece como
sócio e integrante do conselho de
administração, a RSK “nasceu com
a missão de transformar o DOOH
no Brasil, e tenho muito orgulho
do que conquistamos até aqui.
A minha trajetória na empresa
continua, agora com um olhar mais
estratégico no conselho. Tenho
plena confiança no Paulo e na
equipe para seguirmos construindo
um futuro ainda mais promissor”,
declara Mantegazza. Pioneira em
mídia exterior digital, a RZK gera
insights para marcas e agências
interessadas em se comunicar com
os passageiros que circulam por
terminais de ônibus urbanos na
Grande São Paulo e Recife.
Shein chega a Santa catarina, rio
grande do Sul, eSpírito Santo, goiáS e dF
O Brasil foi o primeiro país a adotar o marketplace da Shein, lançado em 2023. Hoje, a operação
já corresponde a 60% das vendas totais da empresa de moda chinesa. Com 30 mil vendedores
cadastrados, a plataforma amplia a sua presença neste ano para Santa Catarina, Rio Grande
do Sul, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal. Já está no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.
“O imposto (taxa das blusinhas) tirou o acesso de muitas pessoas a produtos que não existiam
no mercado local. E, se o mercado interno é competitivo, eventualmente a pessoa começa a
comprar no marketplace”, explica Felipe Feistler, CEO da Shein no Brasil. Hoje, 75% dos produtos
vendidos no marketplace são fabricados no Brasil, e 85% dos itens de vestuário feminino, masculino
e calçados são produzidos localmente. A meta é concentrar 85% das vendas do mercado
nacional até o fim de 2026. A Shein tem 15 milhões de seguidores e 50 milhões de consumidores
no Brasil. Livros e alimentos são as próximas investidas. Para dar conta da demanda, a
empresa montou três centros de distribuição em Guarulhos (SP) com mais de 250 mil metros
quadrados e 3,5 mil trabalhadores. Em novembro de 2023, a empresa lançou um centro de alfandegamento
no aeroporto de Guarulhos, que hoje processa cerca de cem mil pacotes ao dia.
nivea escolhe cheil Para estratégia de search
Tatiana Pacheco, CEO da Cheil Brasil: tornar a marca referência em skincare ainda mais acessível
Estratégia, criatividade e tecnologia são as promessas da Cheil Brasil para ampliar a eficiência
em performance de mídia e potencializar as mensagens transmitidas pela Nivea e Eucerin, marcas
da alemã Beiersdorf, referência em cuidados com a pele. “Atuaremos para deixar isso ainda
mais claro e acessível”, comenta Tatiana Pacheco, COO da Cheil Brasil. A agência, que traz parte
da conta de Eucerin em seu portfólio no mercado nacional, assume agora as estratégias de
search engine optimization (SEO) e search engine marketing (SEM) da Beiersdorf. A estratégia
deve expandir a presença digital, qualificar a performance e a lembrança de marca no Brasil
e em outros países da América Latina. A definição aconteceu após processo de concorrência
liderado pela Iris Londres, operação que integra a holding Cheil Worldwide.
Alê Oliveira
camilo Barros é o novo cro da B&Partners gloBo traz marina mansur vml contrata Pedro rosa Para criação
Bazinho Ferraz, Camilo Barros e Gerson Ribeiro: expansão
Camilo Barros, novo chief revenue office (CRO) da
B&Partners, será responsável por integrar áreas para criar
novos negócios, parcerias e oportunidades capazes de puxar
a expansão da empresa. A meta é unificar as receitas
do grupo no Brasil e internacionalmente. “Espero entregar
crescimento estratégico e resultados sustentáveis”, diz
Barros, que possui mais de 20 anos de carreira. “O seu
vasto conhecimento e experiência em grandes players da
comunicação e tecnologia com certeza trarão ainda mais
tração em nossa presença e relacionamento no mercado”,
acredita Bazinho Ferraz, CEO e fundador da B&Partners. Barros
passa a integrar a estrutura de negócios da B&Partners,
que hoje também conta com o chief growth officer (CGO)
Gerson Ribeiro.
Divulgação
Executiva comandará a nova
diretoria de estratégia corporativa
O comitê executivo
da Globo acaba de
ganhar a diretoria de
estratégia corporativa,
que será liderada por
Marina Mansur a partir
desta segunda-feira
(17). A executiva se
reportará ao diretor-
-presidente Paulo
Marinho. “A evolução
da estrutura organizacional
da Globo
responde aos desafios
do cenário cada vez
mais dinâmico da
indústria de mídia,
exigindo foco e agilidade
crescentes na interpretação de cenários e na tomada
de decisões”, observa Marinho. Marina Mansur é formada
em administração pela FGV e tem MBA na Duke University.
Foi sócia da consultoria McKinsey, e recentemente liderou
a criação de novos negócios digitais na consultoria. “A
criação de uma área central de estratégia na Globo reforça
o compromisso da empresa em manter a sua relevância
e liderança no cenário de mídia brasileiro. Uma estratégia
unificada é essencial para garantir um ecossistema coeso
e harmonioso‘, avalia Marina Mansur.
João Cotta/Divulgação Globo
Pedro Rosa, diretor-executivo de criação da agência: paixão
A criação da VML recebe Pedro Rosa como diretor-executivo
de criação. Ele está de volta ao Brasil após dez anos em Londres,
no Reino Unido. Recentemente, atuou como ECD na VML
UK, onde liderou projetos globais para Duracell e Coca-Cola.
Passou ainda pela Mother e Grey Londres. “Esses anos em
Londres me permitiram reunir uma bagagem entre diferentes
estruturas em agências e modelos de trabalho. Voltar ao
Brasil é reencontrar a paixão e a energia do nosso mercado”,
celebra Rosa, que trabalhou na Lew’Lara\TBWA, Leo Burnett
Tailor Made e AlmapBBDO no Brasil. Para Karina Ribeiro, CEO
da VML, a chegada de Pedro Rosa reflete o “momento de crescimento
e consolidação da VML Brasil”. Em 2024, a agência
colocou mais de 300 campanhas no ar, teve 180 diárias de
produção e 15 mil assets entregues aos clientes.
Yoshi Okubo/Divulgação VML
6 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
entrevista
MARIA FERNANDA AlbuquERquE
VP global de marketing da Havaianas
‘Somos uma marca democrática’
Inspirada no estilo de vida leve e
descontraído do brasileiro, a Havaianas
lançou no fim de 2024 o conceito ‘Tira
o pé, vai de Havaianas’, criado pela
AlmapBBDO, buscando reforçar a marca
como sinônimo de pausa e momentos de
alegria. A campanha, estrelada por Paolla
Oliveira, Diogo Nogueira e Paulo Vieira, já
impulsionou um crescimento nas vendas
e segue expandindo sua mensagem
no Brasil e no exterior. Com estratégias
voltadas para expandir sua conexão com
o público jovem e fortalecer sua presença
no digital, a marca seguirá apostando no
posicionamento nos próximos anos, com
novas ações, experiências e colaborações
que reforçam sua identidade. Na
entrevista a seguir, Maria Fernanda
Albuquerque, VP global de marketing
da Havaianas, detalha novo conceito e
planos da empresa para 2025.
Adrieny Magalhães
Como surgiu a ideia do novo conceito criativo da marca ‘Tira o pé,
vai de Havaianas’?
O conceito nasceu de uma verdade do nosso produto: já percebeu que não dá pra correr
de Havaianas? Se não dá pra correr com elas, por que não desacelerar? Viver mais cada
momento e a caminhada é essencial, não dá para só acelerar com foco na linha de
chegada. Esse é o coração desta marca, por isso que ela conversa tanto com o brasileiro.
Nesse momento de concepção do conceito, também fizemos pesquisas qualitativas
com consumidores que mostraram que muitas pessoas relacionam a Havaianas com
momentos alegres, viagens, verão, liberdade e alívio na rotina, comprovando a força da
marca nos momentos de pausa. ‘Tira o pé, vai de Havaianas’ reforça que a Havaianas é
mais do que o produto que oferece, é um estilo de vida, um estado mental. A gente sabe
que a correria faz parte da vida, mas a vida não deve ser corrida sempre, e as pessoas
podem contar com a nossa marca para ter mais leveza e alegria. Esse é o convite de
Havaianas para desacelerar e aproveitar a vida.
Como foi a escolha do trio Paolla Oliveira, Diogo Nogueira e Paulo
Vieira para ser o rosto dessa nova comunicação?
Todos eles são a cara da nossa marca. Eles transmitem naturalmente a leveza, a descontração
e a ginga da brasilidade, traduzindo muito do que a Havaianas representa.
Como uma marca democrática, que atende diferentes públicos, trabalhar com esse trio
Wanezza Soares/Divulgação
em ‘Tira o pé, vai de Havaianas’ reflete também a nossa estratégia de gerar identificação
e conversas com perfis diversos. Com o carisma e a leveza do Diogo e da Paolla,
somados ao bom humor do Paulo, conseguimos passar a mensagem do novo conceito
criativo de forma autêntica e divertida. Essas escolhas dão início a uma nova fase da
marca, um movimento maior que começou a partir dos comerciais, e continua com novos
conteúdos. Temos, por exemplo, a websérie nas redes sociais estrelada pelo Paulo
Vieira, mídias out of home em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza
e outras ativações, como os chuveirões em praias do litoral de São Paulo e Rio de
Janeiro, e experiências imersivas nas lojas, que fortalecem a mensagem.
Como o posicionamento tem sido trabalhado nos mercados
internacionais?
Esse movimento da marca é global. Nos mercados internacionais ele é trabalhado e
traduzido para o inglês com a frase ‘Break the rush’, que também busca tangibilizar
a marca como uma pausa necessária para aliviar a rotina. A Havaianas sempre esteve
entre as marcas mais amadas pelos brasileiros, reconhecida por sua habilidade
única de se conectar à cultura e ao jeito leve e alegre de nosso povo viver. Lá fora,
essa brasilidade tão genuína também nos impulsiona e nos leva a conquistar espaço
não apenas como um acessório funcional, mas também como um item de moda
que inspira brasilidade. Hoje, os nossos chinelos são um item de desejo que traduz
tendências, principalmente na Europa.
8 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
“A escolha das nossas agências reflete o
nosso compromisso com a excelência”
Quais são os resultados mais significativos que a campanha
alcançou desde o seu lançamento no ano passado?
A campanha de verão que amplifica o conceito ‘Tira o pé, vai de Havaianas’ tem como
objetivo conectar as pessoas com a essência da nossa marca, por isso trazemos o
foco para os produtos core, como os modelos ‘Top’, de cor única e tiras mais grossas,
e Brasil Logo, que traz a bandeirinha do nosso país na tira. Desde o início de sua veiculação,
esses modelos core registraram um crescimento médio de 64% em vendas no
e-commerce versus o mesmo período de 2023. Com isso, as linhas Brasil Logo e Top
ocuparam, respectivamente, a primeira e a segunda posição entre as mais vendidas.
Além disso, segundo o pós-teste realizado pela Kantar, a principal mensagem absorvida
pelo público é a ideia de ‘desacelerar a rotina’, o que evidenciou a eficácia da comunicação
da marca. O pós-teste mostrou ainda que a campanha foi vista como envolvente
e relaxante, sendo bem recebida por diversos segmentos do público. Conseguimos, especialmente,
alcançar o público jovem entre 14 e 24 anos, que considerou a campanha
mais relevante e credível.
A campanha terá novos desdobramentos ou conteúdos específicos
para 2025? O que podemos esperar?
Sim, ‘Tira o pé, vai de Havaianas’ é um novo conceito criativo de marca, por isso vai
muito além de uma campanha, é algo que será reforçado em todas as comunicações
e pontos de contato com os consumidores nos próximos anos. O público pode esperar
ver mais desdobramentos e a campanha forte de divulgação da mensagem com ações
e experiências para tirar o pé de forma perene ao longo do ano.
Quais são as agências de publicidade e comunicação que trabalham
junto com a Havaianas atualmente?
Atualmente, a Havaianas no Brasil trabalha com três agências principais, cada uma
responsável por uma área específica. A AlmapBBDO, nossa parceira de longa data há
mais de 30 anos, segue responsável por toda visão estratégica da marca, conceitos
e caminhos criativos, campanhas e estratégia de mídia OOH. Inclusive, foi a agência
responsável pela criação do posicionamento ‘Tira o pé, vai de Havaianas’. Já na frente
de digital, contamos com a Galeria.ag, que assume um papel de agência full service no
digital, cuidando da criação de campanhas digitais, produção de conteúdo, gestão de
redes sociais, marketing de influência e CRM da Havaianas. A Lema+ lidera a frente de
relacionamento e PR da Havaianas, assegurando uma integração das campanhas com a
imprensa e os principais formadores de opinião, amplificando o impacto e a relevância
da marca. A escolha das nossas agências reflete o nosso compromisso com excelência,
consistência e proximidade com o consumidor. Buscamos otimizar processos sem perder
a identidade da marca, garantindo que nossa comunicação seja estratégica, criativa
e sempre conectada com o nosso público. Essa estrutura nos permite atuar de forma
mais eficiente e impactante, reforçando a presença de Havaianas em todos os pontos
de contato e fortalecendo ainda mais a nossa relação com os consumidores.
Como é a colaboração entre a Havaianas e suas agências na criação
e execução de campanhas?
A colaboração entre Havaianas e nossas agências é extremamente próxima e estratégica.
Trabalhamos de forma integrada desde a concepção da ideia até a execução da
campanha, garantindo que cada etapa reflita a essência da marca e se conecte com o
nosso público. No caso de ‘Tira o pé, vai de Havaianas’, partimos de um insight poderoso
em parceria com a Almap - nossa agência-mãe criativa - e já alinhamos o conceito com
as demais agências, para que as três trabalhassem de forma integrada junto com o
nosso time para desenvolvermos uma narrativa autêntica e relevante. Todo o processo
é baseado em uma troca constante, onde alinhamos criatividade, dados e estratégia
para garantir que a campanha tenha impacto e ressoe com os consumidores. Isso nos
permite criar campanhas icônicas, que vão além da publicidade e se transformam em
movimentos culturais.
Como a marca busca dialogar com diferentes perfis de consumidores,
desde o público jovem até as gerações mais maduras?
A Havaianas é uma marca democrática, que atende aos mais diversos perfis de consumidores
e tem um forte histórico de conexão com a sociedade. Por isso, buscamos continuamente
entender as nuances culturais e sociais dos nossos públicos para oferecer
sempre as melhores experiências com a nossa marca em todos os pontos de contato.
Para o público jovem, por exemplo, fizemos recentemente um novo estudo de mercado
que mostrou seus hábitos de consumo, como são influenciados pelas personalidades
relevantes no mundo digital, como se conectam com o território fashion. Ao longo do
ano, teremos lançamentos, parcerias com personalidades influentes e collabs importantes
voltadas para o fortalecimento da nossa marca com esse público seguindo tendências
mapeadas, como o maximalismo, aliado ao conforto e ao apelo fashion. A geração
alpha está crescendo em um mundo altamente digital, diverso e acelerado. Seus
valores refletem esse contexto e são influenciados por mudanças sociais, tecnológicas
e ambientais. Ainda assim, alguns valores mais importantes para essa geração também
são muito relevantes para Havaianas, como diversidade e inclusão, sustentabilidade,
autenticidade e saúde mental. Mas para além de lançamentos de produtos e parcerias
com influenciadores que conversam com os nossos públicos, buscamos estar presentes
de forma genuína - com o tom e a linguagem característica da marca - nos temas que
mais ressoam com cada perfil. Dessa forma, buscamos fazer com que a marca continue
conectada com as pessoas.
Com a popularidade do e-commerce, qual é a visão da Havaianas
sobre o futuro das lojas físicas e da experiência no ponto de
venda?
Sendo uma marca democrática, que atende aos mais diversos perfis de públicos, buscamos
estar presentes onde nossos consumidores estão, seja online ou offline. Entendemos
que cada canal tem o seu papel, por isso seguimos investindo no crescimento
da marca em ambas as frentes. Nosso e-commerce tem dado resultados cada vez melhores,
mas as lojas físicas têm um papel muito claro, que é mais emocional e de mais
experiência para as pessoas que a visitam. A compra no espaço físico passa a ser menos
funcional e mais de interação com a marca de forma a ampliar e fortalecer a conexão
com os consumidores. Hoje, temos mais de 300 mil pontos de venda só no Brasil, com
penetração em 94% dos lares.
Quais são os principais pilares estratégicos de marketing da
Havaianas para 2025?
A estratégia de marketing da Havaianas para 2025 está focada em três principais pilares:
proteger a liderança da marca com o público feminino, expandir a relação com
o público masculino e ampliar cada vez mais a conexão com os jovens. Para alcançar
esses objetivos, atuamos de forma integrada entre as frentes de conteúdo e influência,
mídia on e offline, PR, produtos e experiências. Assim, inspirados pelos consumidores,
conseguimos acompanhar e lançar tendências que atendem as necessidades e desejos
de cada público-alvo. No digital, nossa parceria com influenciadores e celebridades
continua sendo essencial para conectar a marca com diferentes públicos. Em 2024, contamos
com nomes como Sabrina Sato, Paolla Oliveira e Diogo Nogueira para campanhas
nacionais, fortalecendo nossa imagem como parte do lifestyle brasileiro. Como parte
da campanha do quarto trimestre de 2024, por exemplo, fizemos uma ação na estação
Pinheiros, levando o cantor Diogo Nogueira para cantar de surpresa para o público e
foi o maior sucesso. Chamamos Samanta Alves para fazer a cobertura e só um de seus
conteúdos gerou mais de 150 mil interações e uma taxa de engajamento de 3 pontos
percentuais acima da média da campanha. Em 2025, vamos continuar expandindo
essa estratégia com squads influentes que refletem a essência de Havaianas. Como
já mencionamos, também seguiremos amplificando e tangibilizando para o público o
posicionamento ‘Tira o pé, vai de Havaianas’, que vai guiar a marca de forma perene
nos próximos anos.
“Atuamos de forma integrada entre as frentes de conteúdo
e influência, mídia, PR, produtos e experiências”
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 9
quem fez
Paulo Macedo
paulo@propmark.com.br
ALMAPBBDO
OLX
Fotos Divulgação
Título: ‘Autos’
CCO: Pernil
Diretores-executivos de criação: Fernando Duarte e Henrique
Del Lama
Diretores de criação: Mozar Gudin e Philippe Degen
Criação: Eduarda Vidaurre e Mauro Maedo
Produtora: Saigon
Aprovação: Marcos Leite, Florence Scappini e Sanny Manhães
No filme de 30” da campanha, Humberto Carrão está em uma cafeteria,
observando os carros que passam pela rua enquanto pesquisa
os mesmos modelos no aplicativo da OLX. Após ouvir um trocadilho
engraçado sobre seu sobrenome feito por duas senhoras, ele
reage com bom humor e muda de estratégia: adquire uma moto
pela plataforma e já sai da cafeteria pilotando.
wT.AG
HS CONSóRCIOS
Título: ‘Juntos para investir’
Diretor de criação: Dudu Rodrigues
Coordenador de arte: Bernardo Guimarães dos Santos
Coordenadora de conteúdo: Karine Brandt
Aprovação: Thiago Lima Donald, Renata Kaminski e
Marcelle Sant’Ana
Com veiculação em TV aberta, anúncios em jornais, rádios e
mídia OOH em aeroportos e mobiliário urbano, além de redes
sociais e ações de merchandising, a campanha também
vai guiar a renovação da identidade visual da marca. Em
2024, a empresa totalizou R$ 1,7 bilhão em créditos entregues
e R$ 20,8 bilhões em créditos comercializados.
TwO COMuniCAçãO
ANHEMBI MORUMBI
Título: ‘Aqui, tudo acontece’
Criação: Erick Machado, Tiago Meloni, Cristiano Rodrigues,
Marcelo Rogante, José Pereira e Rico Lins
Planejamento: Gabriella Paulinelli e Gabriel Mattos
Mídia: Dani Miranda, Marina Matielli e Roberto Bertolucci
Aprovação: Raquel Benevides e Vinicius Machado
Anhembi Morumbi vira “AMO” em nova campanha focada no público
jovem da capital e do interior paulistas, onde estão suas cinco unidades.
Ação utiliza imagens dos próprios alunos em ação nos mais
variados ambientes da universidade. As peças estão ganhando as
ruas de São Paulo no mobiliário urbano, na mídia digital, rádio e em
todos os canais da marca.
10 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
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agências
Freepik
Mulheres
contestam
motivos que
levaram à
feminização
do cargo de
atendimento
Ascensão é atribuída à capacidade de liderar negociações complexas
e não por qualidades historicamente relacionadas a estigmas de gênero
Janaina Langsdorff
Você já se perguntou por que existem mais mulheres
trabalhando na área de atendimento das
agências de publicidade? Não raro, as justificativas
apontam para qualidades ligadas à empatia, organização,
sensibilidade e escuta para conciliar situações
adversas. Será que essa ainda é a resposta mais
aceita? Não exatamente.
A publicitária Juliane Batistella Martins, que se formou
em 2024 no curso de comunicação social - publicidade
e propaganda pela Universidade Comunitária da
Região de Chapecó - Unochapecó, de Santa Catarina,
foi a campo investigar os fatores que levaram à normalização
de mulheres no atendimento das agências
ao longo dos anos.
Ela venceu a categoria Monografia do ‘Concurso
Universitário de Trabalho de Conclusão de Curso Ricardo
Ramos’, promovido pela Associação de Profissionais
de Propaganda (APP Brasil) no fim do ano passado,
com a pesquisa ‘A feminização do trabalho no
setor de atendimento em agências de publicidade de
Chapecó-SC’, orientado pelo professor e doutor Marlon
Santa Maria Dias.
A associação com atributos considerados tipicamente
femininos reforça estigmas de gênero e desigualdades
estruturais. O reflexo negativo nas dinâmicas de trabalho
é latente. As mulheres acabaram desenvolvendo
artimanhas para enfrentar preconceitos, cobranças estéticas
e problemas emocionais. Os depoimentos colhidos
na pesquisa respaldam a naturalização dos rótulos.
“Não que o homem não possa fazer, mas, para a mulher,
é algo mais natural”, evidencia uma das entrevistadas.
Outros testemunhos expõem mais discrepâncias.
“É óbvio que você vai encontrar um homem organizado
em cem ou um que consegue ter esse meio termo
da delicadeza”; “O homem tem esse estereótipo, que
os homens resolvem, e aí a gente sente, obviamente,
quando a mulher tem essa habilidade, o quanto ela
sofre pra ter uma posição parecida”; “É muito mais
fácil serem grossos quando a gente está com uma
roupa mais desleixada. Quando eu ia superarrumada,
parecia que eles conversavam mais”; “Até se a gente
olhar no todo, existem muitas mulheres que atendem,
né? Não só no atendimento de agência”. Essa última
declaração mostra como o trabalho da mulher é, muitas
vezes, “confundido com o de secretariado, o ato de
atender, cuidar e servir, que também são atrelados
culturalmente ao feminino”, avalia Juliane.
Segundo o estudo, lideranças femininas espelham
“Notei uma
predominância de
mulheres, mas não nas
cadeiras de liderança”
12 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
Alê Oliveira
Carol Curti/Divulgação Grupo Dreamers
Juliane Batistella Martins, vencedora do concurso ‘Ricardo Ramos’: “Que não nos falte coragem para nos posicionarmos”
Gláucia Montanha, do Grupo Dreamers: gaiola e asas
admiração, felicidade, confiança e liberdade, enquanto a
frente masculina remete a parceria, apoio e segurança.
Mas quando há mais de um homem no comando, a sensação
expressa incapacidade, controle, opressão, medo
de ouvir grosserias, punição, interpretações equivocadas
e demissão, episódios de crises de choro, pânico e
ansiedade. Na direção compartilhada entre homens e
mulheres, os sentimentos percebidos são segurança,
apoio, liberdade e tranquilidade.
“No cenário ideal, profissionais mulheres não deveriam
exigir o básico, como equidade, um ambiente
saudável e justo de trabalho. Mas, se assim for preciso,
que não nos falte coragem e força para falarmos e nos
posicionarmos”, incita Juliane, que já trabalhou como
profissional de atendimento publicitário em agências
de Chapecó por mais de seis anos.
Em sua primeira oportunidade para uma vaga de estágio,
ela pediu para passar por todas as áreas da agência.
A busca era por identificação. Embora tenha concordado,
a pessoa que conduzia o processo logo respondeu
que “você tem cara de atendimento”. Essa foi a lembrança
que inspirou Juliane a desmascarar as facetas da área.
“Nesses anos de atuação no mercado, notei uma
predominância significativa de mulheres, mas não nas
cadeiras de liderança do setor”, assinala. A expectativa
é inspirar estudos capazes de expandir o debate sobre
gênero e trabalho, especialmente no atendimento publicitário,
setor pouco explorado na literatura acadêmica
e profissional.
EstErEótipos
A caracterização tradicionalmente vinculada a mulheres
que atuam na área de atendimento esconde
estereótipos enviesados. Reflexo de uma sociedade deveras
machista, o cenário clama por mudanças. De Chapecó
para o restante do país, a era da “mulher feita para
atender e servir” acabou. O que vale é a competência.
Persistente, no entanto, a visão sexista é ainda mais deletéria
quando vem disfarçada de falsos elogios, como
se a presença feminina no atendimento fosse natural
apenas por conta dos skills já citados, de organização,
empatia e flexibilidade.
Maria Pirajá, vice-presidente de negócios e novos negócios
da Lew’Lara\TBWA, contesta a normalização dos
argumentos. “Precisamos discutir o porquê dessa narrativa”,
provoca. A habilidade de profissionais do atendimento
vai além. Demanda estratégia, gestão, liderança
e tomada de decisão. “Um bom atendimento não é
aquele que ‘serve bem’, mas sim o que constrói, desafia
e transforma negócios”, pontua.
Gláucia Montanha, CEO da Artplan São Paulo e da Convert
Digital Business, ambas empresas pertencentes ao
ecossistema do Grupo Dreamers, engrossa a queixa. “A
ideia de que as mulheres são ‘naturalmente empáticas’
é algo que se repete há tempos, mas estaríamos reconhecendo
habilidades ou apenas reforçando estereótipos?”,
confronta. O coro levanta vozes. “A feminização da
área de atendimento pode ser um reflexo cultural e machista
que associa as mulheres a papéis de acolhimento,
serviço e mediação. A ideia de que a mulher foi feita
para atender e servir está enraizada em diversas esferas
da sociedade”, reconhece Flávia Côrtes, chief operating
officer (COO) da DPZ.
Embora não tenha percebido ou vivenciado discriminações
ao longo dos seus 25 anos de carreira, Tatiana
Pacheco, COO da Cheil Brasil, reitera que a “prática
deve ser combatida em qualquer segmento”. As mulheres
negras são ainda mais afetadas por serem vistas
como “atendentes e serviçais”. O preconceito pesa.
“Paradoxalmente, nem mesmo nesse espaço encontram
representatividade suficiente”, reprova Samanta
Germano, creative business director da Leo.
raiz
O cenário não vem de hoje. A predominância feminina
no atendimento remonta raízes históricas, sociais
e culturais. A elas foi atribuído o papel de cuidadoras.
“Enquanto as mulheres transformavam o atendimento
em um campo de batalha silencioso, em que diplomacia
e resiliência viraram armas, os homens ocupavam
os cargos de front”, constata Gláucia. Ela enxerga um
movimento crescente nos últimos dez anos, e não uma
simples normalização. A ideia de que mulheres “servem”
ainda persiste em salas de reunião e briefings. “Quantas
vezes os homens direcionam para as mulheres a tarefa
de anotar tudo? Quem geralmente é a primeira a se oferecer
para buscar um café?”, reflete.
No decorrer da história, os homens dominaram
algumas áreas, como a criação. “A hegemonia masculina
nas lideranças criativas impacta diretamente as
campanhas publicitárias, a tomada de decisões e a representatividade
no setor”, adverte Samanta, da Leo.
Já a escolha de mulheres para o atendimento não veio
de forma tão natural. Ocorreu, sim, pela capacidade
de articulação, perfil integrador, comprometimento e
visão de negócios, qualidades valiosas em um campo
tão desafiador como o de negócios. Mas “com o passar
do tempo, houve uma normalização”, admite Maria
Fernanda Laudisio de Lucca, COO da Publicis Brasil.
Para além de serem boas ouvintes, “as mulheres performam
bem no atendimento porque sabem liderar negociações
complexas e dominam estratégias de alto impacto,
habilidades que, por muito tempo, foram tratadas
como exclusividades masculinas”, diferencia Gláucia, da
Artplan SP e Convert Digital Business.
Amarradas aos estereótipos de gênero, características
como cuidado e organização acabaram jogando
mulheres para funções que envolvem gestão de crise
e atenção aos detalhes. Na divisão histórica do trabalho,
profissões ligadas ao atendimento e à assistência
administrativa foram majoritariamente exercidas por
mulheres, reforçando uma separação baseada em gênero.
“As desigualdades persistem em relação a assédio,
contratação, promoção e salários que, muitas vezes, não
são equiparados aos dos homens na mesma função.
Também enfrentamos um esvaziamento da comunidade
negra e das pautas de equidade nas agências, afetando
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 13
Fotos: Divulgação
“A questão deveria
ser por que ainda há
poucas mulheres em
outras áreas-chave”
Daniela Koury, da Ampla: oportunidades igualitárias
ainda mais as mulheres negras”, acusa Samanta, da Leo.
As dinâmicas de mercado, especialmente em agências,
denunciam condições flagrantes. Disponibilidade
e constância, por exemplo, estão relacionadas à costumeira
ideia de que mulher consegue dar conta de tudo,
ocasionando desgaste e sobrecarga. “O desafio está em
valorizar essas competências sem limitar as mulheres
a certos papéis, reconhecendo as suas habilidades sem
transformá-las em um critério exclusivo para definir
quem pode ou não ocupar determinadas funções”, defende
Gláucia.
É fundamental transformar percepções contaminadas
por raízes culturais. Maria Fernanda, da Publicis Brasil,
evoca a ajuda de mentoria, iniciativas de educação,
políticas inclusivas, diálogo contínuo sobre diversidade e
a representação desses valores no dia a dia da empresa.
Com board essencialmente feminino, a empresa concentra
74% de mulheres na área de negócios e operações. A
força de trabalho delas perfaz 63% do quadro geral de
funcionários da agência, que iniciou o programa ‘Entre’,
hoje presente em todos os negócios do Publicis Groupe
para atrair a presença feminina na criação. Atualmente,
60% das vagas são para mulheres pretas e pardas.
Juliana Nascimento, da FCB Brasil e GAN: liderança
Incentivos para conhecer diferentes departamentos
devem vir desde a vida acadêmica. No ambiente profissional,
não podem faltar processos seletivos mais diversos,
treinamento para novas áreas e oportunidades de
transição. “O problema não é que mulheres estejam no
atendimento, mas que, muitas vezes, elas sejam empurradas
para essa área por uma lógica machista, que restringe
as suas possibilidades de carreira”, sublinha Flávia,
da DPZ. Não bastasse o menor número de mulheres
em áreas como a criação, a mudança para outras disciplinas
depois de ingressar pelo atendimento “não é um
processo simples nem rápido”, avisa Samanta, da Leo.
EQUILIBRISTA
A conduta perpetrada no passado envolvia padrões
físicos, não só na publicidade. “Já visitei empresas que
tinham nas portas de seus banheiros um padrão corporativo
para cabelos (sempre escovados e longos).
Ou empresas em que homens não podiam trabalhar se
usassem barba ou tivessem tatuagens visíveis”, relata
Juliana Nascimento, chief revenue officer (CRO) da FCB
Brasil e managing diretor da SIX, área de CRM e performance
da agência, e presidente do Grupo de Atendimento
e Negócios (GAN).
Havia ainda empresas que pregavam atitudes agressivas
como mantra. “Para ser aceito, você precisava falar
alto, criticar publicamente o trabalho dos colegas. Esses
exemplos, felizmente, viraram história, mas é fato que
mudanças sociais levam tempo para acontecer e, talvez,
em alguns lugares, esse tipo de pensamento (equivocado)
ainda exista”, lamenta Juliana.
No atendimento das agências, a evolução na forma
de encarar o trabalho ajudou a amenizar realidades desfavoráveis.
“Cada vez mais, o papel de um profissional de
atendimento e negócios é a liderança, e não a subserviência.
Não importa o gênero. O profissional de atendimento
e negócios hoje lidera relações entre empresas,
processos e pessoas”, situa a executiva da FCB Brasil.
Mesmo assim, Juliana enaltece atributos inerentes
às mulheres que atuam na área. Empatia conta muito
para destravar âncoras de valor camufladas nas relações
comerciais, enquanto a escuta ativa e a sensibilidade
aguçam a aptidão para “fazer leituras em camadas dos
ambientes de negócios e das pessoas neles inseridas,
Tatiana Pacheco, da Cheil: prática deve ser combatida
estabelecer confiança nas relações e comunicar de forma
não violenta”, valida Juliana.
Malabarismos não deixam o trabalho ruir. A profissional
precisa coordenar o relacionamento com os clientes,
compreender o negócio e gerenciar as diferentes áreas
da agência. “Exatamente as características de ser flexível
e multitask são notórias nas mulheres. Além, é claro,
de melhor capacidade de escuta e acolhimento, que
fazem com que esta conexão entre as áreas interna e
o cliente aconteça. É natural que haja uma penetração
feminina na área de atendimento”, certifica Tatiana Pacheco,
da Cheil Brasil.
“Costumo dizer que a maior parte das mulheres
‘nasceu sabendo’ gerenciar múltiplas frentes”, complementa
Juliana, que resgata a memória da própria mãe.
“Ela não só gerenciava a nossa casa, mas também um
consultório de psicologia”, relembra.
REpRESEnTATIvIdAdE
Jogo de cintura para entender necessidades e contextos
é um diferencial, mas o êxito reside na capacidade
de transformar desafios em crescimento, conduzindo
a agência rumo às soluções para os problemas
Rafaella Eyer, da 3mais: diversidade garante inovação
14 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
Fotos: Divulgação
Samanta Germano, da Leo: disparidade de cargos Flávia Côrtes, da DPZ: reflexo cultural e machista Dulce Barbosa, da CP+B: afinidade e competência
de negócios dos clientes. Não se trata apenas de perfil
comportamental. “Muitas mulheres mostraram que têm
competência para liderar e tomar decisões estratégicas.
A questão deveria ser por que ainda há poucas mulheres
em outras áreas-chave da publicidade”, questiona Maria
Pirajá, da Lew’Lara\TBWA.
Conscientização e discurso colocam as investidas em
lados opostos. “As mulheres do atendimento representam
muito mais do que estereótipos. São executivas que
transformam diálogos em resultados, impulsionando
uma evolução que desafia o status quo. Mas, enquanto
não ocuparem de forma massiva cargos de c-level, ainda
teremos uma mudança que seguirá incompleta”, ratifica
Gláucia, da Artplan SP e Convert Digital Business.
De acordo com a segunda edição do Censo de Diversidade
das Agências Brasileiras, organizada pelo Observatório
da Diversidade na Propaganda (ODP) em parceria
com a consultoria de sustentabilidade e diversidade
Gestão Kairós e o Sindicato das Agências de Propaganda
do Estado de São Paulo (Sinapro-SP), 57% da força de trabalho
das agências é feminina. Mas a representatividade
das mulheres é de apenas 24% entre CEOS. Diretoras somam
52% e 61% ocupam cargos de gerência.
A chance é ainda menor para mulheres negras, cuja
presença nas agências caiu de 21% em 2023 para 17% em
2024. A incidência é de 13% nos cargos de gerência, número
superior à média de 3% encontrada em outros setores,
mas 15% abaixo da demografia da sociedade brasileira,
que é de 28%. Somente 6% das mulheres negras
são diretoras, índice sete vezes menor que o de brancos
e 15 vezes inferior em comparação a mulheres brancas
na mesma posição. Entre CEOs, a taxa despenca para 3%.
A pesquisa divulgada no ano passado entrevistou
8.056 profissionais de 33 agências, uma adesão de 94%.
“Sendo o atendimento a ‘cara’ da agência, a porta de
entrada do relacionamento com o cliente, ainda vemos
poucas mulheres negras ocupando espaço”, sinaliza Samanta,
da Leo. Dados da pesquisa ‘Mulheres negras na
liderança 2024’, realizada pela 99jobs em parceria com
o Pacto Global da ONU no Brasil, revelam que 81% das
empresas têm, no máximo, 10% de mulheres negras em
cargos de chefia, e que menos de 5% das lideranças das
500 maiores empresas do país são negras. Foram ouvidas
331 pessoas.
“Naturalizar a presença
de um gênero em
determinada área
significa limitar a sua
atuação em outras”
Quando Maria Pirajá, da Lew’Lara\TBWA, iniciou a
sua trajetória, o atendimento já parecia um espaço
predominantemente feminino, mas nem sempre com
o devido apreço. Era visto como suporte e não pilar de
expansão, responsabilidade antes atada às mãos de líderes
específicos. “Essa percepção mudou. Atendimento
precisa ser entendido como uma área que conecta
diferentes disciplinas, influencia a tomada de decisão
dos clientes e direciona a agência estrategicamente”,
reafirma.
AsAs
A área já enfrentou crises de identidade sobre o papel
de lideranças. Hoje, porém, é certa a habilidade de
se navegar por contextos e necessidades diversas. “Essa
valorização tem muito mais a ver com uma mudança
de mindset do que com uma normalização da presença
feminina”, sublinha Maria Pirajá, da Lew’Lara\TBWA.
Abrir espaço em cargos de liderança é prerrogativa para
evitar que a normalização de mulheres no atendimento
atrase a descoberta de talentos em outras disciplinas.
“Isso já aconteceu e, em alguns casos, ainda acontece.
Durante muito tempo, as mulheres foram naturalmente
direcionadas para o atendimento, muitas vezes,
sem nem considerar outras possibilidades”, testemunha
Maria Pirajá. “Quantas estrategistas brilhantes ficaram
presas em reuniões de feedback apenas porque sabiam
ouvir? Isso não é uma carreira. É uma gaiola dourada:
confortável, mas limitante”, emenda Gláucia, da Artplan
SP e Convert Digital Business.
A reprimenda tem o aval de Flávia Côrtes, da DPZ. “A
normalização pode levar mulheres a ingressarem no
atendimento sem necessariamente se identificarem
com a área. Esse fenômeno ocorre porque, desde o início
da carreira, muitas delas são direcionadas ou incentivadas
a ocupar funções tradicionalmente femininas”, diz
a executiva.
Enquanto mulheres são recrutadas para o atendimento
com base em estereótipos, outras áreas seguem preponderantemente
masculinas. “Isso não é mérito. É um
preconceito disfarçado de elogio”, atesta Gláucia. Para
Samanta Germano, da Leo, o cenário preocupa. “Naturalizar
a presença de um gênero em determinada área significa,
muitas vezes, limitar a sua atuação em outras. Ainda há
uma grande disparidade na ocupação de cargos executivos
por mulheres”, afirma. A descoberta de paixões profissionais
ocorre mais cedo atualmente, mas quantas líderes já
foram aprisionadas na caixa de gênero? Glaucia deixa um
recado para as áreas de recursos humanos. “Não basta sensibilidade,
é preciso disrupção. A sua agência ou empresa
está perpetuando a gaiola ou ajudando a construir asas?”.
Tatiana Pacheco, da Cheil Brasil, faz uma ressalva.
‘Apesar do histórico, nunca percebi uma delimitação
de espaço, como a de que homens só podem ficar na
criação e mulheres na área de atendimento e negócio”,
contrapõe. Ela sempre viu processos abertos, voltados
para o profissional e suas qualificações. “Já presenciei
situações onde mulheres migraram para a criação. Há
uma intenção de ter áreas de atendimento e criação
com olhares mais diversos”, nota.
Maria Pirajá, da Lew’Lara\TBWA, também percebe
mais mulheres em posições estratégicas no planejamento,
criação, mídia e tecnologia. “Isso precisa
continuar evoluindo”, espera. Vestígios da cultura de
submissão desaparecem à medida que o mercado e
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 15
Fotos: Divulgação
Maria Pirajá, da Lew’Lara\TBWA: competência para liderar e tomar decisões estratégicas
Maria Fernanda Laudisio, da Publicis Brasil: mentoria, educação e políticas inclusivas
Profissionais reconhecem influência de
herança masculina na divisão de papéis
Fotos: Divulgação
Eduardo Megale, da Talent: descoberta tardia de afinidades em outras disciplinas
O
ambiente historicamente masculino das agências
de publicidade deflagrou a segmentação
de papéis, hoje uma das condições mais combatidas
pelo setor. Entre meados de 1970 e 1990, a
mulher “era tratada de forma menos valorizada,
algo equivocado e fruto de uma cultura machista”,
comprova Eduardo Megale, COO da Talent. A mulher
ocupava um papel de suporte. Vem daí a percepção
de que o atendimento operava como uma espécie de
secretariado entre agência e cliente.
A definição, porém, está longe de honrar a relevância
estratégica que a disciplina assumiu para aquecer
os negócios. Habilidades intrínsecas à atividade “não
são exclusivas de um gênero e entendo que o mercado
é mais equilibrado e consciente”, enfatiza Megale. Ainda
assim, ele exalta qualidades inerentes às mulheres,
como boa comunicação, organização, sensibilidade,
empatia, cuidado e visão estratégica, que “continuam
sendo diferenciais na relação com clientes e marcas”.
A mesma inclusão que abre portas, porém, induz
Atendimento operava
como uma espécie
de secretariado
contratações aculturadas ao perfil feminino, perpetuando
estereótipos de gênero. “Isso pode levar a uma
descoberta tardia de afinidades em outras disciplinas,
o que, em certos casos, atrasa o desenvolvimento profissional”,
confere Megale. Barreiras estruturais ainda
bloqueiam uma incidência equilibrada entre homens e
mulheres em cargos de liderança.
Mentoria, políticas de recrutamento, orientação e incentivos
à diversidade de gênero estão entre as soluções
engendradas para ofuscar a visão de que atendimento
“é coisa de mulher”. Essas iniciativas devem estimular a
participação feminina em qualquer disciplina, não só no
atendimento, garantindo escolhas profissionais pautadas
em competências técnicas. Gradativamente, as mulheres
Andre Gomes, da BETC Havas: entendimento que começou lá atrás, sobre maior empatia
ocupam posições de destaque, apagando caminhos influenciados
por padrões históricos ultrapassados.
A visão masculina ajuda a balizar possíveis avanços.
Andre Gomes, VP de negócios da BETC Havas, reconhece
a dificuldade em encontrar a perspectiva correta para
analisar o cenário. “Pode estar relacionado a um entendimento
que começou lá atrás, sobre maior empatia e
organização por parte das mulheres para uma função
que exige habilidade e bom senso na relação com os
clientes e todos os departamentos”, aventa.
Mas não só isso. Ritmo da agência e líder do processo
de trabalho, atendimento virou motor de negócio.
Gomes considera um equívoco a interpretação de que
a área apresenta limitações devido ao suposto vínculo
com o ato de atender ou servir. “Temos evoluído
com mais presença feminina na criação e na liderança
de diversas áreas. Ainda existem muitos desafios com
relação à equidade de gênero em nosso mercado, mas
entrar em uma agência pelo atendimento tem tudo
para ser uma porta de sucesso”, convida. JL
16 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
Freepik
Mulheres representam 57% da força de trabalho das agências, mas a presença feminina entre CEOs não ultrapassa 24%. O espaço é ainda menor para as profissionais negras
os novos modelos de trabalho arrancam rótulos. “Escolhas
profissionais devem ser guiadas por afinidade e
competência e não por expectativas históricas”, aponta
Dulce Barbosa, diretora de gente e gestão da Crispin
Porter Bogusky (CP+B).
SoluçõeS
Gláucia Montanha, da Artplan SP e Convert Digital
Business, recomenda desafiar hierarquias e enxergar
o atendimento como um celeiro de diretoras
executivas. Pede cuidado também na distribuição de
oportunidades e propõe um percentual de vagas em
tecnologia, estratégia, criação e mídia para mulheres
do atendimento que queiram fazer transição de
área. “Investir em treinamentos sem desculpas, como
workshops de programação para equipes de conta e
mentorias cruzadas com engenharias de dados e profissionais
de BI, entre outros, pode acelerar essa mudança”,
sugere.
A escassez de políticas inclusivas do passado contribuiu
para uma distribuição desigual. Mesmo os esforços
na montagem de times mais diversos ainda não foram
suficientes para garantir equidade. “O atendimento
sempre foi uma área estratégica. Ter muitas mulheres
nessa posição é algo positivo, mas é igualmente importante
incentivar oportunidades em outras áreas, garantindo
um ambiente inclusivo e baseado em escolhas
individuais”, insiste Dulce, da CP+B. A agência opera por
meio de um modelo de desenvolvimento que permite
a mobilidade entre as áreas, condição hoje puxada pela
necessidade de integração da mídia e conteúdo.
“O papel de um
profissional de
atendimento e negócios
é a liderança, não
a subserviência”
Dulce destaca a oportunidade de se explorar diferentes
funções, enquanto as agências adotam “processos
seletivos mais justos e inclusivos, valorizando
diferentes perspectivas e compreendendo que equipes
diversas são fundamentais para o crescimento e
inovação”, acrescenta Rafaella Eyer, diretora de marcas
e negócios da 3mais.
Para Juliana Nascimento, da FCB Brasil e GAN, houve
uma normalização de mulheres em todas as áreas da
publicidade, não só no atendimento. “As estatísticas
de mulheres na criação, por exemplo, evoluíram muito
nos últimos anos”, acredita. “Vejo que há uma ‘miscigenação’,
principalmente com a entrada e o destaque
de mulheres no ambiente criativo. E existem excelentes
homens na área de atendimento e negócio”,
concorda Tatiana, da Cheil Brasil. “Também temos em
nossa realidade alguns profissionais homens na função
de atendimento, e posso afirmar com certeza que
são excelentes profissionais. Valorizamos a diversidade
de perfis e acreditamos que a igualdade de oportunidades
fortalece a agência”, corrobora Daniela Koury,
diretora de negócios da Ampla.
A descoberta de afinidades para outras disciplinas
descortina chances de ascensão. Juliana é um exemplo.
Começou no planejamento, mas logo percebeu
que a facilidade para construir soluções de negócios
poderia alçar a sua carreira na área de atendimento.
“É indiscutível que os meus aprendizados como planejadora
me fazem uma profissional de atendimento e
negócios melhor”, confirma.
Avanços e desafios se misturam. Normalizada, a presença
de mulheres no atendimento costurou uma rede
de referências femininas, mas estigmas perduram. “A
ideia de que mulheres são mais adequadas para o atendimento,
enquanto homens dominam as áreas criativas
e estratégicas, infelizmente, ainda é notada. Esse padrão
limita o acesso das mulheres a cargos de decisão e mantêm
desigualdades estruturais”, confessa Flávia Côrtes,
da DPZ, que renomeou o atendimento para área de negócios
justamente para fortalecer o escopo estratégico
e neutralizar a pecha limitadora. Desde que Flávia assumiu
o cargo de COO, a agência já conseguiu posicionar
55% das mulheres em cargos de liderança.
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 17
agências
We tem novo diretor
executivo de criação
Ex-Galeria, Carlos Schleder
assume como ECD da agência
Carlos Schleder é o novo diretor-
-executivo de criação (ECD) da We,
agência do Grupo We. Schleder atuará
em todos os clientes da agência,
como BYD, SBT, EMS, Shopee e Novibet,
entre outros.
Formado em publicidade pela Escola
de Comunicações e Artes (ECA) da USP,
Schleder tem mais de 20 anos de experiência
e já passou por algumas das principais
agências do mercado brasileiro.
Ele começou a carreira na DPZ e, a
partir daí, passou por Leo Burnett, Neogama/BBH,
Talent, FCB Brasil e DM9DDB,
onde chegou ao posto de diretor de criação.
Passou também pela DPZ&T, onde
assumiu o cargo de diretor-executivo de
criação, posto que ocupou na Galeria.ag,
sua última agência antes de chegar à We.
Ao longo da carreira, Schleder trabalhou
para grandes anunciantes dos mais
diversos segmentos, como Fiat, Santander,
SKY, Vivo, Ambev, Petrobras, Renault,
Carlos Schleder tem mais de 20 anos
de experiência no mercado brasileiro
BRF, TikTok e McDonald’s.
“Estamos muito felizes com a contratação
do Carlinhos. A chegada dele representa
mais um movimento ambicioso da
We para consolidar a criatividade como
uma importante ferramenta de negócios
para os nossos clientes”, afirma Armando
Araújo, CCO da We.
Oliver reforça equipe de
negócios e atendimento
A executiva Rachel Paroni é a
nova business director da empresa
Rachel Paroni acaba de assumir
o cargo de business director na
Oliver. A executiva responderá a
Luciana Chiesa, managing director da
Oliver América Latina.
Com passagens pela B9 Company,
Atento Brasil, Publicis Sapient, Siciliano
S/A e Ambev, entre outras, Rachel possui
experiência na área de atendimento e
negócios, gestão de projetos e gerenciamento
de campanhas de mídias integradas,
entre outros. A executiva já atendeu
marcas como Bradesco, General Motors,
Toyota e Natura.
“Estamos muito entusiasmados com
a chegada da Rachel Paroni à Oliver. A
sua senioridade e expertise, aliadas à
capacidade de construir relacionamentos
profundos e estratégicos com os
clientes, são fundamentais para este
novo momento da empresa”, destacou
Luciana Chiesa.
“Acredito que as transformações
Fotos: Divulgação
Rachel Paroni já passou por empresas
como B9 Company e Publicis Sapient
aconteçam através de uma liderança
que desenvolve times altamente engajados
através de uma cultura colaborativa,
que traga diversidade de visões
e experiências, autonomia e transparência
como base para gerar atitudes proativas
e focadas nos resultados”, disse
Rachel Paroni.
Sotaq lança núcleo para
influenciadores de nicho
Grup visa a conectar marcas com
diferentes regiões e comunidades
A
Sotaq anunciou o
lançamento do Grup,
um núcleo focado em
conectar marcas a influenciadores
de comunidades
e regiões além do alcance
das soluções tradicionais do
mercado.
A novidade promete um
diferencial na curadoria de
criadores digitais capazes
de dialogar com públicos
específicos, levando em conta sotaques,
nichos e particularidades locais.
Criado para atender marcas e agências
de publicidade, o Grup conta com
dezenas de parceiros estratégicos especializados
em diferentes regiões do
Brasil, e combina curadoria humana a
inteligência de dados.
“Com o crescimento da IA, criatividade
e curadoria são os elementos mais
Vinícius Machado: “Entender a força das comunidades
com influenciadores de nicho é algo valioso”
poderosos na busca por diferenciação de
mercado. E entender a força das comunidades
com influenciadores de nicho
especializados no assunto é algo valioso
demais para criar uma conexão real do
produto com sua audiência”, explica Vinícius
Machado, CEO da Sotaq.
Anunciantes como 3 Corações, Assaí,
Devassa e Cimed já utilizaram a solução
personalizada.
Fibra.ag contrata em
quatro áreas diferentes
Há novidades na criação, produção
operações e novos negócios
Quatro novos profissionais
se juntam à Fibra.
ag: Fabio Mergulhão,
Cris Bulhões, Marina Alonso
e Rodrigo Malandrino chegam
para impulsionar a inovação
no desenvolvimento
dos projetos.
O novo head de criação e
planejamento é Fabio Mergulhão,
profissional que já
trabalhou com marcas como
Amazon Prime Video, Hershey’s, Johnson
& Johnson e Itaú, entre outras.
Já Cris Bulhões assume como diretora
de produção. A executiva é especialista
em planejar e executar eventos corporativos,
festivais de música e projetos
audiovisuais.
Marina Alonso chega à Fibra.ag para
o cargo de diretora de operações. Desde
2003, atua como produtora-executiva em
Fabio Mergulhão, Marina Alonso, Cris Bulhões e
Rodrigo Malandrino são os reforços na Fibra.ag
projetos relacionados ao live marketing,
cultura, economia criativa, moda e sustentabilidade
de forma transdisciplinar.
Rodrigo Malandrino entra no time da
agência como head de novos negócios,
sendo responsável por fortalecer o relacionamento
da agência com o mercado
e impulsionar oportunidades de novos
projetos. Já atuou em projetos de trade
marketing e no mercado esportivo.
18 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
agências
Coletiv atrai profissionais para atender
clientes como a Noah Tech e a Deezer
Cooperativa também
atua como white label
de grandes agências
em projetos
Divulgação
Paulo Macedo
Lançada há cerca de seis meses, a Coletiv está colhendo
os primeiros frutos da semente do cooperativismo
na publicidade, iniciativa inédita no mercado
sob a liderança de Beto Rogoski, ex-ECD da VML, e
Letícia Meira, ex-vice-presidente de negócios e operações
da Leo Burnett. O modelo já conta com um banco
de dados de aproximadamente 250 profissionais experientes
que se colocam à disposição para integrar
projetos e participar de squads com direitos e benefícios
trabalhistas. E com o fenômeno da ‘pejotização’
nas agências, estimulam pessoas a buscar novas opções
de trabalho. Os fundadores da Coletiv consideram
como ultrapassado o modelo atual das agências que
insistem na diminuição de custos que propiciam desgastes
e tensões entre mão de obra e empregadores.
“A ‘pejotização’ em toda a cadeia de fornecedores
para o setor na busca por redução de custos têm impactado
a qualidade dos serviços”, destacam Letícia e Rogoski,
que afirmam que cooperativas são obrigadas pelo
espectro legal a oferecer benefícios da CLT para aqueles
que estiverem envolvidos com a operação. “A visão do
negócio é que com tecnologia e um modelo cooperativo
é possível virar esse jogo fazendo com que profissionais,
parceiros e clientes gerem ganhos econômicos e
de qualidade para todos os envolvidos, equilibrando as
relações e melhorando os resultados. O fato de os profissionais
cooperados terem acesso a benefícios básicos
C
M
como plano de saúde e ticket refeição e, caso a empresa
queira oferecer wellhub e também vantagens financeiras,
se tornou um atrativo”, completam.
CM
Y
Letícia e Rogoski enfatizam que a Coletiv não é uma
MY
agência, mas uma unidade colaborativa inspirada nas
CY
cooperativas que possuem regras entre as quais manter
CMY
o foco na atividade fim. “Com flexibilidade nas contratações
e margens de lucro competitivas, as cooperativas
K
otimizam custos, tornando serviços mais acessíveis e gerando
mais trabalho para os cooperados. Assim, o cliente
ganha qualidade e o cooperado, reconhecimento”, ponderam
os fundadores, que estão fazendo parceria com a
Miami Ad School para aperfeiçoamento dos cooperados.
Com clientes como a plataforma Deezer, a Cogecom
e a Noah Tech, que usa madeira sustentável nos seus
projetos com o propósito de carbono negativo, a Coletiv
também atua como white label para agências usando as
proprias experiências e de nomes que estão se achegando
ao ecossistema com bagagem para resolver questões
dos clientes. “Estamos apenas no início, mas com
muita vontade”, finalizam Letícia e Rogoski.
Letícia Meira, Anuncio ex-Leo GrandesNomes Burnett, e Preto Beto 14,5x16.pdf Rogoski, 1 ex-VML, 31/07/2024 unidos 21:25:23para
gerar relações mais produtivas com profissionais
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jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 19
mídia
Record ganha mais com publicidade nos
breaks do futebol e aumenta a audiência
Emissora atrai 17 anunciantes para as transmissões dos campeonatos
Paulista e Brasileiro, entre as quais BYD, Itaú, Perdigão, Heineken e Philco
Fotos: Divulgação
A apresentadora Paloma Tocci reforça a emissora para o seu projeto com futebol
Paulo Macedo
O
futebol é um esporte que aglutina clusters de
todas as castas econômicas. Todos se esmeram
nos detalhes das competições, evolução e decadência
dos seus clubes, erros táticos de arbitragem,
críticas à seleção. É como se estivessem em uma mesa
redonda mostrando seu ponto de vista sobre essa paixão
nacional.
Atenta a esse fenômeno, a Record está se aproximando
cada vez mais das quatro linhas com transmissões
dos campeonatos Paulista e também do Brasileirão.
Consequentemente, como esclarece o executivo Alarico
Naves, superintendente-comercial multiplataforma da
rede, marcas, produtos e serviços se sentem atraídos
a comparecer à sua grade publicitária com seus apelos
mercadológicos.
“Os campeonatos Paulista e Brasileiro somam 17 diferentes
marcas envolvidas. Sete delas só no Paulista, que
tem o patrocínio de BYD, Itaú, McDonald’s, Superbet, Eno,
Sensodyne e Perdigão Na Brasa. Já no Brasileiro, outras
10 grandes marcas estão conosco: Magalu, Grupo Heineken,
Sportingbet, EstrelaBet, General Motors, Mercado
Pago e Natura são os patrocinadores. Além de Ademicon
e Philco, com cotas de participação; e Burger King, com
uma cota do top de 5 segundos”, elenca o profissional,
que enfatiza que o Paulistão tem transmissão nacional e
outros desdobramentos.
“A transmissão do Paulista é nacional e os jogos estão
sendo transmitidos nas quartas-feiras, às 21h35, e
aos domingos, às 18h30. Aos domingos, antes do jogo,
temos também uma programação para aquecer o espectador.
Os pacotes comerciais destinado aos patrocinadores
envolvem, além de inserções e citações, ações
especiais dentro do conteúdo, através de formatos
personalizados. Além disso, o projeto se desdobra em
outros conteúdos esportivos dentro da nossa programação
multiplataforma, fazendo com que essas marcas
“Reestreia de Neymar no
Santos levou a emissora
ao primeiro lugar no
Ibope por 44 minutos”
Alarico Naves comanda a área comercial da Record
Cleber Machado assumiu como um dos âncoras da rede nas transmissões esportivas
ampliem seu alcancem em diferentes momentos e canais.
No Play Plus, streaming da Record, por exemplo, o
DAI (Dynamic Ad Insertion) proporciona a oportunidade
de os nossos parceiros segmentarem a publicidade de
acordo com o target e o conteúdo.”
Para consolidar entregas e disputar um negócio que
estimula os anunciantes, a Record realizou investimentos
para que o conteúdo tivesse peso na programação.
“Estamos desenvolvendo um espaço multiplataforma de
altíssima qualidade para que as marcas alcancem seu
público da maneira mais adequada e, alinhado a este objetivo,
trouxemos os melhores profissionais esportivos
para compor o nosso time de transmissão. No ambiente
digital, os Desimpedidos dão um tom de leveza e descontração
às partidas exibidas ao vivo no R7 e Play Plus.
Na TV aberta e no Play Plus, nomes experientes como Cléber
Machado, Paloma Tocci, Maurício Noriega, Dodô, Lucas
Pereira, Duda Gonçalves, Bruno Piccinato, Jean Brandão,
Bruno Laurence, Sálvio Spínola e Alexandre Oliveira
compõem a nossa equipe esportiva.”
Mas não é só o Brasileirão e o Paulista que estão no
radar da Record, como detalha Alarico Naves. “O esporte
vem se consolidando na Record e o foco é que o gênero
ganhe cada vez mais espaço em nossa grade. Só neste
ano, além do Campeonato Paulista e do Brasileiro, estamos
transmitindo outros nove campeonatos estaduais,
fortalecendo não só o nosso conteúdo esportivo, mas
também o regional”, ele destaca, lembrando que a resposta
dos telespectadores é confirmada pelo volume de
audiência aferido pelos institutos especializados, entre
os quais o Ibope.
“Desde a estreia do Paulistão, temos tido números
extraordinários. Em alguns jogos, como São Paulo x Corinthians,
no dia 26 de janeiro, a Record chegou a alcançar
pico de 18 pontos na Grande São Paulo. Já a reestreia
de Neymar no Santos levou a emissora ao primeiro lugar
no Ibope por 44 minutos e marcou 13 pontos de média”,
finaliza Alarico Naves.
20 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
mídia
Streamings tentam reduzir interrupção
de anúncios na experiência dos usuários
Inserção de peças é o desafio das plataformas pagas, que precisam
equilibrar a vivência dos assinantes e entregar resultado para as marcas
Bruna Nunes
Streamings contextualizam anúncios a fim de se adequar o conteúdo às necessidades dos usuários e das marcas
“Hoje, já é feita
uma clusterização
da audiência”
Julia Rueff, da Globo: planos ajustados às necessidades
Jakub Zerdzicki/ Unsplash
Uma pesquisa sobre investimentos publicitários
realizada pela Tunad em abril de 2024 mostra que
os streamings são a aposta da vez. A análise buscou
informações sobre o perfil dos aportes e impacto
publicitário das marcas. O Globoplay lidera o ranking,
com montante superior a R$ 32 milhões; seguido pela
SKY e Max, com mais de R$ 23 milhões e R$ 21 milhões,
respectivamente.
Mas, o que se mostrou uma ‘mina de ouro’ para a
publicidade, acabou virando uma preocupação para os
usuários, que não gostaram da ideia de serem interrompidos
por anúncios em uma plataforma paga. Foi isso o
que comprovou um estudo feito em dezembro pela empresa
de comportamento de consumo Hibou.
Das 2012 pessoas entrevistadas no Brasil, 68% são
contra propagandas em serviços assinados, mesmo que
sobre conteúdos da própria plataforma. Desse total,
apenas 9% consideram a publicidade como algo positivo.
Também vale ressaltar que essa parcela tem uma
preferência por experiências sem interrupções, ou seja,
sem publicidade no meio do conteúdo.
A surpresa dos usuários traz o desafio de equilibrar
as demandas das marcas com a experiência dos assinantes.
No caso do Globoplay, Julia Rueff, diretora-executiva
da plataforma, fala que “a inclusão de publicidade no
streaming sempre partiu da preocupação de garantir
uma experiência de qualidade para o consumidor e trazer
resultados consistentes para as marcas”. A empresa
aposta em diferentes formatos que se adaptam à preferência
de ambos os lados.
Com o Globo DAI, a plataforma entrega mensagens
segmentadas por públicos de interesse nos intervalos
da programação ao vivo, “garantindo segmentação
com uma taxa de completude acima de 90%”, assegura
Julia. Já o Pause Ads oferta anúncios estáticos exibidos
no momento em que a programação é pausada
pelo usuário. No Binge Ads, as marcas conseguem
participar das maratonas de conteúdo com anúncios
contextualizados exibidos no intervalo entre um capítulo
e outro.
O formato mais recente, o Frame Ads, leva para o Globoplay
uma solução já conhecida, em que a entrega publicitária
divide a tela com o conteúdo sem interferir no
consumo. Inteligência de dados dos usuários também é
utilizada para entregar publicidade segmentada e adaptada
ao contexto.
A Max, plataforma de streaming da Warner, também
adequa os anúncios às experiências dos usuários. “O ambiente
publicitário dentro da Max foi projetado para interferir
o mínimo possível na experiência de visualização
do conteúdo e momento de descontração do assinante,
trazendo as marcas como parte da jornada do consumidor”,
esclareceu Eduardo Teixeira, diretor sênior de soluções
criativas da Warner Bros Discovery Brasil.
“Hoje, já é feita uma clusterização da audiência a partir
do cruzamento dos interesses e paixões em comum
dos nossos fãs, permitindo que as marcas conversem
com diferentes grupos de afinidade que podem ser
escolhidos de acordo com o objetivo da campanha (fãs
de esporte, de música e premiações e gamers, entre outros).
A WBD estuda iniciativas que consideram regionalização
e geolocalização para aprimorar a inserção estratégica
dos anunciantes no melhor momento e formato”,
completa o executivo.
Entre as soluções vislumbradas pelas plataformas,
estão pacotes com diferentes faixas de preço e propostas.
Algumas assinaturas exibem anúncios, mas custam
menos que um plano premium. “A nova estratégia de
planos de assinatura do Globoplay reconhece que o público
busca cada vez mais uma diversidade de ofertas de
conteúdo e planos que se ajustem às suas necessidades
e realidades financeiras”, exemplifica Julia Rueff.
Para Eduardo Teixeira, as alternativas prometem
alinhar a base de assinantes e a inserção de propagandas
nos streamings. “A base dessa estratégia é dar aos
consumidores a possibilidade de escolha, oferecendo
múltiplas alternativas de assinatura, bem como planos e
preços para que cada um escolha a opção que melhor se
adapta às suas preferências ou necessidade”, finalizou o
executivo da Warner Bros Discovery Brasil.
22 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
mídia
Internet recebe mais investimento
do que TV aberta, revela Cenp-Meios
Entre janeiro e setembro de 2024, a TV aberta faturou R$ 6,7 bilhões,
enquanto o digital R$ R$ 7,045 bilhões, tendo um share de quase 40%
Vinícius Novaes
INVESTIMENTOS EM MÍDIA
Os investimentos em mídia via agências,
realizados entre janeiro e se-
Janeiro a setembro de 2024
tembro de 2024, registram um crescimento
de 18,93%, de acordo com levan-
meio
valor faturado
share (%)
(000)
tamento feito pelo Cenp-Meios, divulgado CiNema r$ 48.346 0,3%
na semana passada.
geral r$ 7.045.566 39,5%
No total, o aporte foi de R$ 17,8 bilhões,
ÁUDIO r$ 18.934 0,3%
em comparação aos R$ 14,9 bilhões registrados
no mesmo período de 2023. A leitu-
iNterNet
BUSCA r$ 523.384 7,4%
ra anual foi realizada com a participação
DISPLAY E OUTROS r$ 4.424.632 62,8%
de 336 agências, frente a 325 do ano anterior.
A aferição de janeiro a setembro de
2024 supera em quase três pontos percentuais
SOCIAL
VÍDEO
r$
r$
1.555.443
523.172
22,1%
7,4%
o crescimento do painel do primeiro JorNal r$ 238.427 1,3%
semestre.
ooh/mÍdia eXterior r$ 2.068.696 11,6%
Mas a principal notícia foi que, pela
primeira vez nos registros do Cenp-Meios,
a internet ultrapassou os investimentos
rÁdio
revista
r$
r$
712.959
62.741
4%
0,4%
publicitários em TV aberta. Nos nove primeiros
meses de 2024, a TV aberta faturou
geral r$ 7.655.490 42,9%
R$ 6,7 bilhões, enquanto as mídias digitais televisão
TV ABERTA r$ 6.726.517 87,9%
receberam R$ 7,045 bilhões.
No entanto, também pela primeira vez,
o Cenp-Meios subdividiu a mensuração da
mídia TV. Antes, a entidade media investimentos
em TV aberta e TV por assinatura de
forma separada, cada uma com o próprio
share de mercado. Agora, o Cenp segue o
mesmo modelo da internet, com as suas
subdivisões.
O Cenp explica que, historicamente, o investimento
em mídia tende a ser maior nos
últimos meses do ano, sobretudo por conta
da Black Friday em novembro e o Natal,
considerada uma das principais datas para
o mercado.
Por isso, a expectativa da entidade é que
essa curva siga ascendente. “Mesmo diante
de um ambiente de negócios desafiador, a
indústria da comunicação se mostrou ao
longo de 2024 pujante porque é um ativo
estratégico no desenvolvimento da cadeia
composta por anunciantes, agências de publicidade,
veículos e elos digitais”, disse Luiz
Lara, presidente do conselho do Cenp.
O painel Cenp-Meios é consolidado a
partir dos dados fornecidos pelas agências
por meio dos PIs efetivamente executados,
de forma consolidada por meio, período, estado
e região, sem que o Cenp tenha qualquer
acesso às informações relativas aos
TV POR ASSINATURA
total
r$
r$
928.973
17.832.226
12,1%
clientes ou veículos. Luiz Lara, presidente do conselho do Cenp: “Mesmo diante de um ambiente desafiador, a indústria se mostrou pujante em 2024”
Cenp-Meios
Divulgação
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 23
mercado
Agências mantêm o foco em programas
de diversidade, equidade e inclusão
Enquanto o Vale do Silício recua em ações voltadas a minorias,
empresas no Brasil seguem investindo em iniciativas inclusivas
Vitor Kadooka
Agências de publicidade intensificam ações de diversidade e inclusão no dia a dia e nas campanhas criadas para o público no país
Nos últimos meses, diversas empresas
nos Estados Unidos descontinuaram,
suspenderam ou
reduziram seus programas de diversidade,
equidade e inclusão (DEI), seja por
influência de movimentações políticas
ou mudanças no cenário mundial. O novo
governo de Donald Trump, por exemplo,
encerrou os programas de diversidade
da Casa Branca e determinou que
mulheres trans passem a cumprir pena
em cadeias federais masculinas.
Seguindo esse movimento, entre as
big techs, a primeira a divulgar o encerramento
de suas iniciativas foi a Amazon.
Em dezembro de 2024, a empresa
comunicou que descontinuaria “programas
e materiais desatualizados” relacionados
à representação e inclusão.
Embora não tenha especificado quais
iniciativas seriam afetadas, assegurou
que os grupos internos formados por
funcionários de minorias continuariam
atuando nas operações americanas.
Em seguida, foi a vez da Meta, grupo
de redes como Facebook, Instagram e
WhatsApp. Em janeiro de 2025, a Meta
descontinuou diversos programas internos
de contratação e treinamento
focados em diversidade, além de encerrar
sua equipe dedicada ao DEI.
Mais recentemente, o Google decidiu,
neste mês, eliminar suas políticas
de diversidade na contratação de funcionários.
Além de revisar suas práticas
gerais de DEI. Outras empresas seguiram
esse movimento. O McDonald’s, a
Target e o Walmart, por exemplo, anunciaram
medidas de diversidade que seriam
descontinuadas.
Em contrapartida, a Apple reforçou
o compromisso com seus programas
de diversidade e recomendou a seus
acionistas que recusassem a proposta
de um grupo conservador que poderia
enfraquecer essas políticas.
No cenário brasileiro, a situação parece
se manter relativamente estável.
Em posicionamento oficial enviado ao
propmark, o Google afirmou que está
comprometido em “criar um local de
trabalho onde todos os nossos funcionários
possam ter sucesso e oportunidades
iguais”. A empresa também
comentou sobre as diretrizes da sua
sede principal. “Ao longo do último ano,
temos revisado nossos programas criados
para nos ajudar a chegar a esse objetivo.
Atualizamos nossa linguagem no
relatório 10-K para refletir isso e, como
fornecedor em nível federal, nossos times
estão avaliando as mudanças exigidas
após decisões judiciais recentes
e ordens executivas sobre este tópico.”
A Amazon, questionada pela reportagem,
informou que realiza iniciativas
de DEI globais e no Brasil, como o Black
Employee Network, grupo de afinidades
relacionado a questões raciais, mas
não deu mais detalhes sobre a suspensão
nos EUA e o futuro dessas ações. Já
a Meta não vai comentar o caso.
Segundo a coordenadora do curso
de comunicação e publicidade da ESPM
Rio, Roberta Iahn, a revisão dessas iniciativas
não é um fenômeno isolado.
No entanto, promover um ambiente
diverso e inclusivo melhora a percepção
do público sobre uma marca. “Uma
pesquisa recente da Kantar revela que
a maioria dos brasileiros (86%) considera
importante que as empresas promovam
ativamente a diversidade e a
inclusão. Além disso, 88% afirmam que
diversidade e inclusão são importantes
para eles, ou seja, são valores que
influenciam suas decisões de compra.
No estudo da Kantar, ainda se percebe
uma oportunidade significativa para as
marcas que investem em marketing
inclusivo. Apesar de 76% dos brasileiros
acreditarem que as empresas têm a
responsabilidade de tornar a sociedade
mais justa, 54% já sofreram algum tipo
de discriminação. Essa discrepância revela
que há uma lacuna entre o discurso
e a prática e as marcas que se destacam
nesse aspecto ainda carregam um
diferencial competitivo.”
Esse vaivém de medidas pode representar
uma mudança no paradigma
das estratégias de comunicação. Contudo,
uma das faces da diversidade é justamente
a inovação. O sócio-fundador
da All Set, Leopoldo Jereissati, comenta:
“Times diversos são potências de inovação.
A combinação de perfis distintos
— criativos e analíticos, experientes e
jovens, diferentes gêneros e etnias —
amplia as perspectivas, tornando a comunicação
mais sensível ao ‘espírito do
tempo’. A diversidade não é apenas um
valor ético, mas um diferencial competitivo.
Quando uma equipe homogênea
discute um problema, há um risco real
de se chegar sempre à mesma respostas
para diferentes perguntas. A pluralidade
de olhares permite enxergar
nuances e antecipar tendências. O perigo
da homogeneidade é justamente
Unsplash
perder essa multiplicidade de visões,
reduzindo a capacidade das marcas
de se conectar com públicos diversos
e acompanhar as mudanças culturais”.
Inclusão significa, acima de tudo,
incorporar pessoas diversas em todas
as esferas e decisões da empresa. “É
importante distinguirmos políticas de
diversidade na empresa em relação
aos colaboradores e fornecedores, por
exemplo, da comunicação da marca
dirigida para questões da diversidade.
Vimos a Budweiser corrigindo a rota e
apostando nos valores da marca, símbolos
alimentados ao longo de décadas
para manter a imagem da marca neutra,
sem manifestações que levam a
opiniões polarizadas e também aos boicotes”.
Para contornar isso, a professora
da ESPM explica: “Ter uma estratégia
de DEI bem pensada e comprometida
em longo prazo, não se trata de ações
pontuais, mas de um compromisso contínuo
com a diversidade e a inclusão
em todas as áreas da empresa”.
Publicidade inclusiva
Embora o cenário possa estar mudando,
as agências de publicidade continuam
desempenhando um papel essencial
na promoção de políticas de DEI,
tanto em suas práticas internas quanto
nas campanhas que desenvolvem para
o público.
24 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
Fotos: Divulgação
Debora Fernanda, head de RH:
diversidade e inclusão da GUT
Debora Moura, head de
diversidade e inclusão da Artplan
Roberta Iahn, coordenadora
da ESPM Rio
Leopoldo Jereissati,
sócio-fundador da All Set
Raphael Caffarena, líder do
comite de DEI na AlmapBBDO
Debora Fernanda, head de RH, diversidade
e inclusão da GUT, destaca
que a diversidade faz parte do DNA da
agência. “Nosso objetivo é que cada
colaborador sinta pertencimento, encontrando
pessoas semelhantes em
qualquer ambiente da GUT. Acreditamos
que, para criar campanhas realmente
impactantes, é preciso que elas
representem todos os perfis de consumidores.
Os comitês de diversidade,
por exemplo, são ferramentas que garantem
a representação da diversidade
em todos os aspectos, seja na escolha
das imagens, na linguagem ou no conceito
da campanha. E não é só no que
criamos: buscamos continuamente realizar
um ‘letramento’ interno para que
todos compreendam e trabalhem com
as diferenças de forma ética e natural.”
Entre os projetos, a executiva destaca
a campanha ‘Tour do orgulho’, estrelada
pela cantora Liniker para o Mercado
Livre. A ação promoveu a diversidade
sexual e destinou parte dos recursos
para apoiar pessoas LGBTQIAPN+ em
situação de vulnerabilidade.
No último ano, a GUT implementou
diversas iniciativas internas, como:
criação do grupo de afinidades PCD;
primeiro encontro de mulheres negras;
letramento anticapacitista; talk com
famílias LGBTQIAPN+; workshop financeiro
para pessoas negras; e conversa
sobre branquitude, incentivando a reflexão
sobre o papel das pessoas brancas
no combate ao racismo.
Além disso, apoiou iniciativas externas,
como o Ocupa Trans, que levou
pessoas trans para Cannes, e o projeto
Publicitários Negros, que também reforçou
a presença de profissionais negros
no festival.
A área de diversidade e inclusão
da Artplan, liderada por Debora Moura,
aposta em programas voltados a grupos
diversos como um dos pilares da
mos chegar. No ano passado, junto à
consultoria Transcendemos, desenvolvemos
um plano ainda mais robusto,
com metas e ações afirmativas para os
próximos cinco anos, visando a ampliar
a inclusão e garantir que os talentos
diversos que chegam até nós tenham
espaço para crescer e permanecer na
agência”, explicou o executivo.
Outras ações incluem um programa
de estágio afirmativo com 50% das vagas
destinadas a pessoas negras. Além
de mentorias para pessoas negras e
mulheres, incentivando o crescimento
profissional dentro e fora da agência,
e licença-paternidade de 1 mês, já que
são previstos somente 5 dias por lei.
inclusÃO necessÁRia
Pesquisas ao longo dos anos têm
evidenciado a necessidade de maior
representatividade na publicidade
brasileira. Estudos como o GEMAA e o
TODXS apontam que, apesar de avanços,
a presença de pessoas negras e de
outras etnias nos anúncios ainda está
distante da composição demográfica
do país. Por exemplo, o GEMAA revelou
que, entre 1968 e 2017, a representação
de pessoas não brancas nos anúncios
aumentou somente de 7% para 18%.
Além disso, a pesquisa TODXS, realizada
pela ONU Mulheres, identificou
que, em 2021, 74% dos protagonistas
em comerciais de TV eram brancos, enquanto
20% eram negros.
“A publicidade sempre foi reflexo
da sociedade e, ao mesmo tempo, um
agente de transformação. Ao longo das
décadas, evoluiu acompanhando movimentos
sociais e incorporando pautas
que antes não tinham espaço. Se olharmos
para anúncios dos anos 1970, 1990,
2010 e os de hoje, veremos diferenças
marcantes. Essa evolução não deve
retroceder, mas se adaptar. Mesmo
que as diretrizes corporativas mudem
empresa. “Temos um programa de mentoria
para pessoas negras, LGBTQIAPN+,
pessoas com deficiência e neurodivergentes.
Desde 2018, aplicamos o Censo
da Diversidade e, neste momento, estamos
analisando os resultados de 2024
para definir novas ações e eventos.”
Debora destaca também o projeto
Futuros Sonhadores, realizado em parceria
com a Escola Adolpho Bloch, na
periferia do Rio de Janeiro. “Em 2024,
formamos a primeira turma de alunos
que concluíram o ensino médio consumindo
conteúdos ministrados pela
Artplan e por outras empresas do Grupo
Dreamers. Levamos o dia a dia das
agências para a grade curricular e geramos
oportunidades de emprego.”
Outro projeto recente é o Pacto Preto,
um programa de aceleração de carreira
para colaboradores negros, com o
objetivo de ampliar a diversidade em
cargos de gerência. “São sete meses de
formação, e já observamos resultados
positivos”, comenta a executiva.
Raphael Caffarena, gerente de planejamento
e líder do comitê de DEI da
AlmapBBDO, revela que nos planos mais
recentes, a agência criou iniciativas
voltadas para a população transsexual.
“Como parte do nosso plano de cinco
anos, estamos iniciando uma ação focada
na comunidade trans, criando um
ambiente mais acolhedor e acessível
para essas pessoas dentro da agência.
Sabemos que o mercado publicitário,
assim como outros setores, ainda enfrenta
muitas barreiras para essa comunidade.
Nosso objetivo não é apenas
aumentar a representatividade dentro
da AlmapBBDO, mas também garantir
que essas pessoas tenham acesso a
oportunidades de crescimento.”
“Há seis anos, criamos o Comitê de
Diversidade, Equidade e Inclusão, e partir
daí realizamos um censo anual para
entender onde estamos e onde queree
certas iniciativas percam espaço no
holofote, o aprendizado das últimas
décadas não será apagado. O mercado
amadureceu, e boas práticas ESG já fazem
parte da consciência de marcas e
gestores. O desafio será manter esse
compromisso vivo”, aponta Jereissati.
Caffarena destaca as barreiras impostas
pelo mercado. “Somos signatários
do Observatório da Diversidade
desde o início, e, ao dialogarmos com
outras agências participantes, identificamos
desafios comuns relacionados à
diversidade e inclusão. Entre eles, destacam-se
a dificuldade em atrair e reter
talentos diversos, pois frequentemente
o mercado disputa os mesmos profissionais.
No entanto, podemos investir
na formação de novos talentos.”
Ele completa: “Outro desafio é a definição
de prioridades, já que a diversidade
é um tema amplo e precisamos
determinar onde concentrar nossos esforços
em cada momento. E, claro, manter
o engajamento é crucial, pois, infelizmente,
ainda observamos a perda de
força dessa pauta em alguns espaços,
o que pode desmotivar aqueles que
estão na linha de frente dessas iniciativas.
Apesar desses desafios, estamos
testemunhando mudanças concretas
na agência. O censo que realizamos
anualmente já indicou avanços; não
somos mais a mesma agência que éramos
há seis anos”.
Em síntese, ignorar uma parcela
significativa da população mundial
não é apenas injusto, mas também
um erro estratégico. De acordo com
dados do IBGE, as mulheres representam
51,5% da população brasileira e os
negros constituem 56% dos brasileiros.
“É preciso coragem para defender a
diversidade e a inclusão, mesmo diante
de pressões contrárias, e dar voz a
grupos pouco representados. Eles são
milhões”, finaliza Roberta.
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 25
marcas
Leão renova marca para modernizar
presença na categoria de chás no Brasil
O CEO Marcelo Correa detalha plano para expandir portfólio, aumentar
a conexão com novos consumidores e democratizar o acesso à bebida
Adrieny Magalhães
Divulgação
A
Leão, marca centenária de chás, renovou a sua
identidade visual e ajustou o portfólio para
atender às novas demandas dos consumidores.
A mudança de embalagem, uma das principais
iniciativas recentes da marca, ganhou repercussão
positiva, especialmente nas redes sociais, e ajudou
a reforçar a presença da Leão nas prateleiras. Em
entrevista ao propmark, o CEO Marcelo Correa detalha
a estratégia de reposicionamento.
Plano
O relacionamento com os consumidores é um dos
pilares da estratégia da Leão. Correa conta que a marca
se esforça para criar experiências capazes de surpreender.
“Hoje, as pessoas anseiam por experiências
significativas, conveniência e uma conexão genuína
com as marcas. Por isso, estamos constantemente
criando interações que vão além do produto, promovendo
um relacionamento duradouro e emocional
com os nossos consumidores”, declara.
Para isso, a Leão amplia a sua presença em diferentes
pontos de contato, incluindo ativações em
eventos, parcerias e campanhas voltadas para a experiência
do consumidor.
O mercado de chás por infusão no Brasil já superou
a marca de um bilhão de reais em vendas anuais,
e a Leão ocupa uma posição de destaque. Dados da
Nielsen revelam que a empresa fechou 2024 com 55%
de share. “A cada dez xícaras de chá consumidas no
Brasil, sete são da Leão”, afirma Correa.
A inovação é um dos pilares para manter a relevância
no mercado. “Introduzimos uma gama diversificada
de produtos que atendem aos anseios por opções
saudáveis, refletindo a crescente adesão do brasileiro
a um estilo de vida mais equilibrado e alinhado
às práticas de bem-estar. Além disso, os consumidores
estão cada vez mais conscientes do impacto ambiental
e social de suas escolhas de compra”, aponta
o executivo.
Nos últimos dois anos, a Leão reduziu em 60 toneladas
o uso de plástico em seus produtos, enquanto a
unidade de Fazenda Rio Grande, no Paraná, registrou
um crescimento de 20% no volume de produção, impulsionado
pela crescente demanda por chás no Brasil.
A Leão passou por uma recente atualização em sua identidade visual e diversificou o seu portfólio de produtos
“O nosso propósito é
construir um futuro mais
saudável, diversificado
e sustentável”
Marcelo Correa, CEO da Leão: consumo acessível
acesso
A investida acompanha a meta de aumentar o
acesso à categoria. Leão aposta em produtos diversificados
para atender diferentes perfis de consumidores,
desde opções para hidratação diária até infusões
para momentos específicos, como autocuidado.
“O nosso principal objetivo é democratizar o consumo
de chás no Brasil, satisfazendo os desejos de
nossos consumidores e contribuindo para o desenvolvimento
da categoria”, conta Correa. Entre os destaques
do portfólio, estão a linha de preparo em água
gelada, o Leãozinho - voltado para o público infantil -,
a linha de autocuidado feminino e infusões enriquecidas
com vitaminas.
Internet
Com um mercado cada vez mais digitalizado, a empresa
investe em ações para fortalecer a sua presença
online. “A Leão faz divulgações do produto em suas
redes sociais, com influenciadores, em eventos e em
pontos de vendas”, explica Correa.
Esse movimento gerou resultados positivos. Em
2024, a Leão entrou no ranking das 50 marcas mais
valiosas do Brasil, de acordo com o Kantar BrandZ.
A evolução pressupõe um plano de longo prazo. “O
nosso propósito é construir um futuro mais saudável,
diversificado e sustentável. Enxergamos os próximos
cem anos como uma jornada extremamente promissora,
considerando tudo o que a categoria de chás
representa no Brasil e no mundo”, conclui.
A marca planeja expandir a sua presença no
mercado internacional e fortalecer a relação com
os consumidores brasileiros por meio de novos lançamentos,
canais de distribuição e investimento em
sustentabilidade.
26 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
prêmios
Marketing Best abre inscrições e terá júri
com jornalistas e diretoria do propmark
As empresas podem inscrever os seus cases até 30 de abril, sendo que
os vencedores serão revelados em maio, com cobertura deste veículo
A
mais tradicional premiação de
marketing do mercado brasileiro,
o Marketing Best 2025 está com
as inscrições abertas. Com o objetivo
de fortalecer, aprimorar e disseminar
o marketing, suas ferramentas e práticas,
no ambiente empresarial do país,
a Editora Referência instituiu em 1988
o Marketing Best como premiação da
Revista Marketing e atualmente está
associado ao jornal propmark.
Uma das novidades desta edição é
que o Júri do prêmio será formado por
seis jornalistas do veículo, um diretor
da Editora Referência e dois jornalistas
convidados.
Também há mudança na dinâmica
de indicação dos cases. Os jornalistas
da redação indicarão cases qualificados
para concorrer ao Prêmio Marketing
Best, sendo que a lista com os indicados
será publicada no site da premiação e
As empresas vencedoras receberão o troféu Marketing Best
nas plataformas do jornal ainda neste
mês de fevereiro. Serão 15 categorias
em julgamento, sendo que os cases
considerados ótimos serão declarados
vencedores. O Julgamento se norteará
Alê Oliveira
por critérios objetivos: (i) Desafio/Problema;
(ii) Estratégia; (iii) Execução; e
(iv) Criatividade. Às empresas ganhadoras,
será entregue o troféu Marketing
Best em formato do cavalo símbolo da
premiação. Os vencedores do Marketing
Best 2025 serão revelados em maio,
com cobertura nos canais digitais do
jornal e na versão impressa.
Em 2024, foram premiados dez cases.
São eles: ‘Amazon - de olho no lance’;
‘Anhanguera: uma nova educação, uma
nova estratégia’; ‘Bradesco Familiaridades,
Vida e Previdência’; ‘Carmed Fini’;
Instituto Jô Clemente’; ‘Pague Menos
BBB 2023’; ‘Pague Menos preconceito aí’;
‘Record - uma batalha real e brutal’; ‘Samsung
RE+’ e ‘World Surf League’.
Assim como na última edição, o troféu
do Prêmio Marketing Best será estilizado
e mantém a inspiração na peça do cavalo
no jogo de xadrez.
As empresas podem inscrever os seus
cases até 30 de abril no site da premiação,
marketingbest.com.br, onde estão
descritos todo o regulamento e demais
informações necessárias.
Issa Rae, Kevin Bacon e elenco the ‘The
last of us’ participarão do SXSW 2025
Festival realizado em março nos Estados Unidos terá 23 trilhas que
incluem inteligência artificial, creator economy e sustentabilidade
A
39ª edição do festival South by
Southwest (SXSW), que será realizada
entre os dias 7 e 15 de março
de 2025, na cidade de Austin, no Texas
(EUA), terá entre os palestrantes Issa
Rae, a atriz da série ‘Insecure’, da HBO;
Meredith Whittaker, presidente da Signal;
e Ben Lamm, fundador e CEO da
Colossal Biosciences. Eles se juntam ao
ator Joe Manganiello para debate sobre
edição de genes, clonagem e úteros
artificiais. John Fogerty, da banda Creedence
Clearwater Revival; Jay Graber,
CEO da Bluesky; e Arvind Krishna, presidente
e CEO da IBM, já haviam sido
confirmados pelo festival de inovação,
que une tecnologia, entretenimento,
televisão e música.
Outro destaque da agenda é o elenco
da série ‘The last of us’, da HBO, com
Reprodução
Cidade de Austin, no Texas (EUA), recebe evento que atrai cada vez mais a publicidade
Pedro Pascal, Bella Ramsey, Gabriel Luna,
Kaitlyn Dever, Isabela Merced e Young
Mazino, além dos diretores Craig Mazin
e Neil Druckmann. “Todo ano, o SXSW
reúne um grupo de palestrantes que
surpreendem e superam fronteiras com
storytelling e representação, endossando
uma comunicação segura”, declara
em nota Hugh Forrest, presidente e chief
programming officer do SXSW.
A programação ainda tem: Hideo Kojima
(designer de jogos), Kasley Killam
(especialista em saúde social), Keith Lee
(crítico de gastronomia e criador de conteúdo),
RJ Scaringe (CEO of Rivian), Conan
O’Brien (comediante e produtor), Kevin
Bacon (ator e músico), Taylor Tomlinson
(comediante e apresentador do ‘After
midnight’), Andrew McMahon (cantor e
compositor da Something Corporate).
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 27
negócios &
sustentabilidade
Alê Oliveira
A cafeína e o mar
Ricardo Esturaro
é escritor, administrador de empresas
e especialista em marketing, estratégia
e sustentabilidade
ricardo@esturaro.com
Ricardo Esturaro
O
verão de 2025, que deveria ser um período de lazer
à beira-mar, trouxe à tona um alerta no litoral
paulista: uma epidemia de gastroenterite viral,
associada a surtos de norovírus. Esse episódio revela,
mais uma vez, o descaso com o saneamento básico no
Brasil e expõe a fragilidade de um sistema que é incapaz
de lidar com a realidade atual. O problema, no
entanto, vai além do ocorrido nas praias, e revela um
panorama preocupante: os métodos convencionais
de monitoramento da qualidade da água, centrados
na detecção de bactérias fecais, estão cada vez mais
obsoletos diante dos novos desafios impostos pelos
contaminantes emergentes.
Os contaminantes emergentes são substâncias pouco
conhecidas, cujos efeitos no meio ambiente e na
saúde humana ainda não foram totalmente compreendidos.
Entre esses poluentes, destacam-se os resíduos
farmacêuticos, cosméticos, pesticidas, substâncias químicas
industriais e microplásticos, além de resíduos de
produtos de cuidados pessoais.
Uma pesquisa da Unicamp revelou que a água potável
fornecida em 16 capitais brasileiras está contaminada
com esses poluentes. A grande questão é que
a ciência ainda não estabeleceu limites seguros para a
exposição a essas substâncias, nem compreende plenamente
seus efeitos na saúde humana a longo prazo. Já
se sabe, no entanto, que, em organismos aquáticos, elas
têm gerado alterações no comportamento sexual dos
peixes, redução da fertilidade e o surgimento de microrganismos
resistentes a medicamentos.
Neste contexto, apesar dos obstáculos consideráveis,
seria sensato revisar os parâmetros de potabilidade da
água. Contudo, as tecnologias necessárias para remover
esses poluentes são complexas e custosas. Implementar
sistemas eficazes de purificação exigiria investimentos
elevados, um obstáculo em um país que já enfrenta a
precariedade do saneamento básico. E é aqui que a cafeína
entra na história. Mais do que um simples psicoestimulante
presente no café, chocolates, energéticos
e medicamentos, a cafeína tornou-se um indicador de
contaminação da água. Ao ser consumida por milhões
de pessoas, ela é eliminada em pequenas quantidades
na urina e, por meio de esgoto, acaba chegando aos
ecossistemas aquáticos. A sua presença nas águas serve
como um marcador indireto da contaminação por outras
substâncias eliminadas pelos seres humanos, como hormônios,
antibióticos e até drogas psicoativas.
Um estudo realizado em 258 rios ao redor do mundo
detectou cafeína em mais de 50% dos 1.052 pontos de
amostragem. Esse fluxo contínuo de cafeína nos ecossistemas
aquáticos tem gerado preocupação entre os cientistas
quanto ao seu impacto no meio ambiente e na
saúde humana. No Brasil, uma pesquisa da USP revelou a
presença de cafeína e até mesmo de cocaína nas águas
costeiras de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.
A presença dessas substâncias invisíveis nas águas
é um alerta para uma questão maior e mais profunda:
a contaminação química das águas. Um fenômeno que
afeta diretamente os ecossistemas marinhos e, consequentemente,
a saúde humana. A crise ambiental que
vivemos não se limita à poluição visível — ela envolve
uma série de poluentes invisíveis, mas igualmente prejudiciais.
Neste cenário, a solução para esse desafio não será
simples e nem rápida. Ela exige uma combinação de
educação ambiental, revisão dos processos produtivos
e de descarte, inovação nas tecnologias de tratamento
de águas e políticas públicas eficazes. A cafeína não é
apenas um indicador da poluição, mas um reflexo de
um problema estrutural que pede uma resposta coordenada
e urgente entre a sociedade, o setor privado e os
governantes.
“No Brasil, uma
pesquisa da USP
revelou a presença
de cafeína e até
mesmo de cocaína
nas águas costeiras
de Ubatuba”
28 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
Out of Home
A MÍDIA QUE MAIS CRESCE NO BRASIL
Eletromidia exibe campanha da marca
Smirnoff Ice, que descongela sabores
Mobiliário congelado é estratégia do anunciante para a promoção
de bebida pronta para beber, parte do seu projeto para o verão
A
tradicional Avenida Paulista
amanheceu com uma vibe diferente
na semana passada.
Em pleno domingo, dia que costuma
fechar para uso exclusivo dos pedestres,
ganhou uma atração a mais
entre os artistas de rua que usam o
espaço para entreter o público: um
ponto de ônibus congelado. Smirnoff
Ice, em parceria com a Eletromidia,
criou o primeiro OOH congelado do
Brasil para dar a largada na campanha
‘Smirnoff é Ice, Ice é Smirnoff’.
“Ao longo do verão, a marca pretende
reforçar seu papel como pioneira e referência
de categoria, com ativações que
mostram que, quando o assunto é Ice,
ninguém faz melhor”, esclarece comunicado
divulgado pelo anunciante.
A intervenção também serviu para
provocar os curiosos com um spoiler do
maior lançamento da marca este ano:
conforme o gelo ia derretendo, era possível
enxergar pistas de sabores inéditos:
Ice Tropical e Green Apple, que chegam
para se juntar à clássica Ice Original. Por
assim dizer, a instalação contou com
um craft que garantiu realidade para a
comunicação gerar engajamento com o
público. As peças continuam no local, em
frete à Faculdade Casper Líbero.
“Essa iniciativa simboliza o início de
uma estratégia mais assertiva para consolidar
nosso legado no segmento de
RTDs (ready-to-drinks). Smirnoff Ice criou
a categoria no Brasil, então é apenas
lógico que nós sejamos a referência de
inovação e qualidade quando se pensa
nesses produtos e é isso que estamos
fazendo. Vamos redefinir os padrões
desse mercado nos alinhando às preferências
do consumidor moderno, que
valoriza conveniência sem abrir mão de
uma experiência de qualidade”, explica
Guilherme Martins, vice-presidente de
marketing da Diageo Brasil.
A campanha ‘Smirnoff é Ice, Ice é
Bebida pronta para beber, Smirnoff Ice teve instalação ‘congelada’ na Avenida Paulista para ativar sua campanha de verão
Eletromidia disponibilizou seu mobiliário para a campanha assinada pela AlmapBBDO
Smirnoff’ foi desenvolvida pelos criativos
Rodolfo García, Bruno Antunes, Yael Alvez
e Mateus Palermo, sob a liderença do
CCO Pernil, todos da AlmapBBDO, agência
oficial da marca, que promete ativações
com muito gelo para se inserir na energia
da estação mais caliente do ano.
Para multiplicar a refrescância do
OOH congelado, foram criados conteúdos
para as redes sociais, incluindo um vídeo
em que diferentes blocos de gelo são
espalhados pela cidade de São Paulo e
derretem para revelar as latas dos novos
sabores. Ainda este mês, será lançada
também uma collab com a marca Bon
Gelo, que passará a comercializar emba-
Fotos: Divulgação
lagens personalizadas de Ice.
“Queríamos ‘descongelar’ essa novidade
em grande estilo, porque sabemos
que há uma demanda crescente por bebidas
prontas de qualidade, com sabores
que combinam com a vibe do verão”, explica
Gabriel Garcia, head de vodka e convenience
na Diageo. “Quando se fala em
ready-to-drink no Brasil, Ice é o primeiro
nome que vem à cabeça, então estamos
muito felizes em ampliar nosso portfólio
e oferecer inovação de qualidade e, de
quebra, bem a tempo do Carnaval”, acrescenta
o executivo.
“Buscamos sempre ir além da simples
veiculação de anúncios, criando
experiências que conectam as marcas
com o público de forma genuína. Com
a Smirnoff Ice, criamos uma intervenção
urbana impactante e criativa, materializando
a sensação refrescante da
bebida em um bloco de gelo que revela
a campanha ao longo do dia”, afirma
Raphael Jimenez, diretor-comercial da
Eletromidia em São Paulo.
PATROCÍNIO
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 29
inspiração
Superação, coragem e retribuição
Fotos Arquivo Pessoal e Freepik
“Pilotos de jet ski, médicos, treinadores e competidores formam uma
engrenagem que garante a precisão necessária para enfrentar o impossível”
Pedro Scooby
Especial para o propmark
Olhar para trás e refletir sobre minha trajetória no surfe de ondas gigantes é
perceber que esse esporte é um reflexo da vida: intensa, imprevisível e cheia
de desafios.
Encarar uma onda de 25 metros em Nazaré, Portugal, exige mais do que preparo físico.
É preciso coragem para enfrentar medos, além de foco absoluto. Assim como o mar não
perdoa distrações, a vida também exige atenção a cada momento.
Essa conexão profunda com o mar, me ensinou que este sentimento é uma força a ser
respeitada e desafiada.
No surfe, a coragem não significa a ausência de medo, mas sim a capacidade de seguir
em frente apesar dele.
Cada decisão tomada na água reflete como estamos preparados para enfrentar a imprevisibilidade.
A combinação de disciplina, determinação e preparo, é que me inspira a transformar
minha trajetória em algo maior.
Seja motivando uma nova geração de surfistas ou criando oportunidades para quem
precisa de um empurrãozinho para sonhar, acredito que nossas conquistas ganham verdadeiro
valor quando se tornam um legado.
Por meio de ações como apoio a projetos sociais e o incentivo a jovens talentos no surfe,
busco retribuir as oportunidades que a vida e o mar me deram.
Compartilhar aprendizados e encorajar as pessoas a enfrentarem os próprios desafios é
uma forma de honrar minha jornada e abrir caminhos para outros seguirem os seus sonhos.
No surfe de ondas gigantes, a resiliência é fundamental, mas ninguém supera desafios
sozinho.
Contar com uma equipe talentosa é essencial para a segurança e o sucesso.
Pilotos de jet ski, médicos, treinadores e competidores formam uma engrenagem que
garante a precisão necessária para enfrentar o impossível.
Essa parceria é o que nos permite ir mais longe, transformando cada tentativa em uma
experiência de crescimento.
Nem sempre tudo sai como planejado.
Enfrentei lesões, momentos de exaustão e dúvidas, mas, a cada queda, encontrei uma
chance de me reerguer mais forte.
Neste esporte, como na vida, o segredo está em como reagimos às adversidades.
Cada tombo é uma lição, cada dia de treino, uma nova oportunidade de progresso.
Ao fim, o que permanece são as histórias que vivemos, as pessoas que inspiramos e as
transformações que provocamos.
O mar devolve na medida da nossa entrega, assim como a vida.
Meu conselho é simples: não deixe o medo limitar seus sonhos.
Encare suas ondas — grandes ou pequenas — com coragem e dedicação.
É na superação de cada obstáculo, que encontramos o verdadeiro significado da
nossa jornada.
Pedro Scooby é surfista de ondas gigantes
30 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
opinião
Divulgação
Convergência entre
tecnologia, humanização
e propósito
Sandra Martinelli
Iniciamos o ano com entusiasmo e ávidos pelo que
está por vir, principalmente com a inteligência artificial
onipresente, por trás de estratégias e ações das
marcas.
Apesar dos desafios de um mundo em constante mudança,
o cenário é repleto de oportunidade para experimentar,
inovar e crescer.
A demanda por correlação entre marketing e impacto
nos negócios, destacada no Festival de Cannes 2024,
continuará em alta – e com isso, os anunciantes estarão
cada vez mais orientados por inteligência de dados e
automação.
Na NRF 2025, a mensagem foi clara: o sucesso estará
na convergência entre a tecnologia e a humanização,
entre inovação e propósito.
IA e responsabilidade ambiental deixaram de ser diferenciais
e hoje são necessidades para as marcas prosperarem.
A IA precisa ser usada como motor para a personalização
e a eficiência.
Mas, o medo de perder os postos de trabalho não
está integralmente atrelado à tecnologia e sim a quem
sabe usá-la.
Profissionais com habilidades em análise de dados e
estratégia ganham vantagem competitiva e a IA generativa,
com ferramentas como ChatGPT e a nova DeepSeek,
reforça a importância do comando humano para resultados
satisfatórios.
Como única entidade que representa os anunciantes
no Brasil há 65 anos, alinhada à WFA e comprometida
com os desafios dos CMOs, a ABA atua em temas estratégicos
como inteligência artificial; eficácia do marketing;
criatividade, construção e segurança de marca; e capacidade
e desenvolvimento de talentos.
Somente no ano passado, trabalhamos com o GT Inteligência
Artificial da ABA numa versão atualizada do ‘Guia
ABA sobre impactos da inteligência artificial generativa
na publicidade’; no livro, ‘IA no MKT: Direito, inovação e
tecnologia da inteligência artificial no marketing’; e no
‘One page sobre os princípios da IA’, além de promover
discussões sobre tendências e desafios da IA em nossos
webinares, eventos, reuniões de Comitês e GTs.
No pilar de Advocacy, continuamos monitorando seu
marco regulatório e defendendo o equilíbrio entre proteção
de direitos e inovação.
Entre as oportunidades para as marcas, há ainda as
TVs conectadas, o retail media e as redes sociais, com
estratégias como social listening, cocriação com comunidades
e marketing de influência em alta, assuntos que
fazem parte da agenda da ABA.
Em paralelo à convergência entre tecnologia e humanização,
a criatividade sempre será o caminho para a publicidade
se destacar na disputa acirrada pela atenção
dos consumidores.
Porém, cada vez mais criteriosos e seletivos, eles
colocam hoje, propósitos genuínos, valores éticos, autenticidade
e responsabilidade social e ambiental como
fatores de relevância para a escolha das marcas.
Diante disso, a associação a discursos de ódio e fake
news, e o financiamento da desinformação por meio da
publicidade digital, é uma das maiores preocupações
globais e locais dos anunciantes e representa um risco
às suas reputações.
A segurança de marca precisará ser redobrada em
2025 e a ABA segue comprometida com iniciativas de
brand safety, abordando o tema em seus webinares,
eventos, guias e no livro de autoria da nossa presidente
Nelcina Tropardi, lançado em 2022: ‘Conectados, por dentro
do brand safety’.
Este será um ano de continuidade no engajamento
dos anunciantes e do mercado, para liderarmos juntos
transformações positivas no marketing e nos negócios,
que consolidem a publicidade brasileira como referência
global em criatividade, ética, inclusão e inovação.
Sandra Martinelli
é CEO da ABA e membro do Executive
Committee da WFA
“A segurança de
marca precisará
ser redobrada em
2025 e a ABA segue
comprometida
com iniciativas de
brand safety”
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 31
esg no mkt
Alê Oliveira
Make the world
great again
“É claro que no mundo dos negócios
deve prevalecer o pragmatismo”
Alexis Thuller Pagliarini
Eu estava disposto a não tratar mais do efeito
Trump por aqui, mas não me contenho. Afinal, a
pauta da mídia não nos deixa esquecer essa mudança
crítica que está acontecendo no mundo, na esteira
das decisões do governo Trump.
No momento em que escrevo este artigo, tenho a informação
de que os EUA vão taxar importação de aço e
alumínio em 25%.
Ops! Agora começou a mexer conosco. Afinal, o Brasil
é grande exportador desses itens para os EUA. Temos então
de tomar uma posição. Como vai ser? Pois é... o tal
MAGA (Make America Great Again) está sustentado numa
postura de confronto, egoísmo e protecionismo (já tratei
disso em artigo anterior neste espaço, sob título ‘O pirão
todo, só pra mim’).
Fazer a América (na verdade, Trump trata a América
toda como se fosse os EUA) grande outra vez significa
confrontar parceiros e todos aqueles que vendem muito
para os EUA, usando a força da taxação como instrumento
de pressão. Em vez da diplomacia e do bom diálogo,
esse novo governo americano prefere ameaçar primeiro
para gerar negociação depois.
Se fosse só isso, o impacto seria apenas no comércio
internacional, mas as atitudes autocráticas unilaterais
estão alcançando também a participação dos Estados
Unidos nas instituições de ajuda humanitária e colaboração
internacional.
Numa atitude intempestiva orquestrada pelo controvertido
(pra dizer o mínimo) braço direito do presidente
americano, Elon Musk, a USAID, de tantos serviços humanitários
pelo mundo, está sendo ameaçada de extinção.
Antes disso, já havia sido tomada a decisão de interromper
a ajuda à OMS e a outras tantas instituições
que recebem contribuições de diversos países, além
dos EUA.
O que fica claro então é que o ‘Make America Great
Again’, na verdade, é o mote para uma prática egoísta de
eliminar todos os gastos que não beneficiem diretamente
apenas os EUA. E dane-se o resto.
É bem o estilo de Musk, assessor do governo dos
EUA que acumula riqueza com seus projetos bilionários,
sem qualquer empatia com seus stakeholders e a sociedade,
em geral. E ele é o braço direito de Trump. O
que se espera de um grande estadista é uma gestão
que melhore a vida dos seus compatriotas, mas também
da humanidade.
Não só os governantes, mas todos nós devemos nos
sensibilizar com os grandes problemas do mundo. Não
podemos simplesmente ignorar que há mais de 800 milhões
de pessoas passando fome por aí...
Trump alega que a USAID era foco de corrupção, com
desvios de dinheiro para mãos erradas, além de ações
de caráter político.
De fato, a USAID tem um histórico controvertido, mas
não se justifica simplesmente acabar com a instituição
– e suas preciosas contribuições – por conta disso. Estão
jogando o bebê junto com a água suja da bacia. Que
sejam implementados controles mais eficientes, que
impeçam esses desvios.
O que não pode é interromper, assim de repente,
uma importante ajuda humanitária e deixar milhares
desamparados.
O fato é que o estilo Trump é contradizente com a
tendência que vinha sendo observada no mundo, privilegiando
um capitalismo consciente, reforçando aquela
máxima que afirma que “um negócio só é bom quando o
é pra todo mundo”.
Era a esperança de um mundo mais justo, mais inclusivo,
mais sensível. Mas o que vemos é uma atitude
diametralmente oposta a esses valores.
Tal atitude unilateral está gerando uma reação internacional,
com retaliação na mesma medida, além
de provocar uma antipatia generalizada, com um consequente
movimento antiamericanista. É claro que no
mundo dos negócios deve prevalecer o pragmatismo.
Não se faz negócio apenas com quem temos simpatia.
Mas é triste ver esse retrocesso e suas consequências.
Todos aqueles mais conscientes prefeririam ter governantes
dispostos a tornar o mundo todo grande (no
seu sentido mais amplo) e não somente a tal América do
Trump. Let’s make the world great again!
Alexis Thuller Pagliarini
é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br
32 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
supercenas
Paulo Macedo
paulo@propmark.com.br
Divulgação
O diretor Paschoal Samora chega à Ultravioleta com o projeto NAV, que combina a força do storytelling documental com a criatividade do doc advertising: causas urgentes
iMPacto SociaL
Narrativas mais humanas no audiovisual é a proposta
do selo de doc advertising NAV (Narrativas de Verdade),
criado pelo diretor Paschoal Samora, que acaba
de chegar à produtora Ultravioleta. O label é dedicado
ao desenvolvimento de filmes, séries, conteúdos
de marcas e campanhas publicitárias com o plano de
emocionar e estimular o pensamento crítico. “Em um
cenário marcado pela crescente influência da inteligência
artificial, o NAV se apresenta como um espaço
de criação que valoriza o que é mais humano, como-
vente e surpreendente. O selo propõe uma abordagem
que celebra a criatividade, as habilidades humanas e a
intuição, investigando histórias que tratam de temas
essenciais para nossa existência”, sintetiza comunicado
distribuído pela Lado C. Samora se divide entre
os mundos da publicidade, onde já dirigiu para Itaú,
Ambev, Bradesco, Vivo, HSBC, Nestlé, Banco do Brasil
e Bic, por exemplo, e os documentários. “Ao combinar
a força do storytelling documental com a criatividade
do doc advertising, o NAV se apresenta como uma
autocuidado
Dos sócios Luccas Lucco, os empresários
Gustavo Rosa e Ricardo Rocha,
e recentemente do casal Lore
Improta e Léo Santana, a marca
Topway propõe conscientização da
saúde física e mental por meio de
produtos sem corantes ou adoçantes
artificiais. São oito opções de
snacks, seis tipos de proteínas e, por
exemplo, termogênicos. “Somos um
movimento e nossa bandeira é o
humancare, acreditamos que o cuidado
com o ser humano vai além do
aspecto físico”, coloca o cantor, ator
e empresário Lucas Lucco.
solução aos desafios e oportunidades do momento
atual, conectando marcas a narrativas autênticas e
de impacto”, prossegue o comunicado. “Acreditamos
que histórias reais têm o poder de conectar, provocar
e transformar, criando um impacto positivo tanto no
mercado publicitário quanto na sociedade. Esse é o
propósito que nos motiva e humaniza, que termina por
valorizar temas relacionados ao bem-estar comum, na
produção de filmes de impacto, que apontam causas
urgentes”, finaliza Samora.
O movimento humancare da Topway
une sócios como os artistas Lucas
Lucco, Lore Improta e Leo Santana
Uyra Sodoma está em exposição no CCBB
LGBtQiaPN+
Até o dia 7 de abril, o CCBB de São Paulo receberá 114
trabalhos de 16 artistas de diversas regiões do país.
A indígena e travesti Uyra Sodoma está na exposição
‘Indomináveis presenças’, sobre perspectivas negras,
indígenas e LGBTQIAPN+ na arte brasileira.
jornal propmark - 17 de fevereiro de 2025 33
última página
Divulgação
Flavio Waiteman
é sócio e CCO da Tech&Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br
Bozó
Flavio Waiteman
Você lembra do Bozó? Bozó era um dos mil e um
personagens de Chico Anysio. Personificava um
oportunista que andava por aí com o crachá da
Globo bem visível. Bozó tinha um caráter duvidoso.
Mais do que representar alguns executivos da época,
seria o espelho de algumas figuras de hoje, que conseguem
fazer a confusão entre ser e estar.
Existem Bozós por aí. Um dia ainda vamos entender
coletivamente e reverenciar toda a genialidade e
grandiosidade desse artista, Chico Anysio. Mas voltemos
ao Bozó. O crachá mudava tudo para ele e para
quem o rodeava.
Essa reflexão é cada vez mais importante, pois o
mundo corporativo cresceu, sofisticou-se, mas ainda
cultiva Bozós. O ser humano, orgulhoso de seu desempenho,
sente-se embevecido de seu cargo, mas esquece
que a qualquer momento o chão pode sumir embaixo
de seus pés. Só nos resta a beleza ou a melancolia de
sermos quem somos e a sorte de termos ao lado alguém
que nos ama. O resto é vaidade.
Lá no interior temos uma frase boa: o mundo dá voltas
e tudo depende como você desce do bonde. “Ser” é
algo que ninguém tira de você. O estar é o acaso e sorte.
Confundir quem se é por onde se está é a razão
para muita insatisfação e tristeza pessoal e corporativa.
Hoje você pode estar c-level, ou estar d-level, mas
você é o quê? Gentil, doce, perspicaz ou impaciente,
traiçoeiro, arrogante?
Nas frases do dia a dia de trabalho você usa mais o
“eu”, ou o “nós”? Estar em um cargo é algo transitório.
Uma fantasia, um sonho ou também pesadelo. Não resiste
a uma turbulência. E como tudo, passa.
A confusão entre esses dois estados de consciência
é muito comum. Acreditar que se é, o lugar onde está,
sugere uma holografia que, se faltar energia, desaparece.
E penso nisso, pois leio com perplexidade que determinadas
empresas adotam uma nova agenda em
que anunciam que não vão mais cuidar da diversidade
e vão reduzir seu peso nas empresas e nas suas metas.
Várias empresas globais, modernas, estruturadas pelo
mundo e pelo jeito repletas de Bozós.
Vi com surpresa, no Superbowl, que haveria uma
frase sobre o racismo dentro do campo. Porém, com a
presença de gente do governo tiraram o protesto. Daí
a pergunta: a coisa toda de ativismo empresarial não
era de verdade? E aquele monte de PR e notas de imprensa
anunciando a diversidade e inclusão? Não era
para valer?
A gente aprende em casa que o bem que se faz não
se deve mostrar. Mas a foto no jornal, ok. Só que agora
vai acabar? A inclusão depende do resultado da eleição?
Fazer a coisa certa, que é prosperar coletivamente,
não era um sentimento e uma missão inegociável?
Essas empresas gigantes que anunciam uma “nova
agenda” expõem uma cultura meio Bozó.
O governo americano liberou as suas empresas do
compliance relativo a falcatruas realizadas fora do
país. Ou seja, as empresas podem usar qualquer meio
para prosperarem. Fora dos Estados Unidos. Liberou
geral.
Os executivos vão aderir? As múltis vão permitir
símbolos supremacistas em nome da liberdade de
expressão? E aquela “masculinidade” que as empresas
de tecnologia pedem para voltar, vai mesmo? É preciso
olhar pela lente do tempo para se ter a noção exata se
o mais importante é ser ou estar. São dois os caminhos
para escolher: vai ser Chico Anysio ou Bozó?
“‘Ser’ é algo que
ninguém tira de
você. O estar é
o acaso e sorte”
34 17 de fevereiro de 2025 - jornal propmark
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