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propmark.com.br ANO 60 - Nº 3.033 - 17 de março de 2025 R$ 20,00
SXSW 2025 alerta para relações
humanas afetadas pela tecnologia
O South by Southwest ganhou fama por profetizar avanços ditados por tecnologias que transformariam mercados - do marketing à medicina. Hoje, porém,
dá um passo para trás. Especialistas advertem para os efeitos nocivos de tantas inovações no relacionamento humano. O celular tornou as pessoas
menos sociais, enquanto algoritmos espalham emoções negativas, ansiedade e isolamento. A epidemia da solidão foi uma das mazelas mais repetidas
pelos palestrantes do SXSW, que ocorreu em Austin, no Texas (EUA), entre os dias 7 e 15 de março. O centro de convenções, polo das conferências,
entrará em reforma, sinalizando um período de reinvenção para o próprio festival, já marcado para ocorrer dos dias 12 a 18 de março de 2026. pág. 14
Amy E. Price/Divulgação SXSW
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editorial
Armando Ferrentini
SXSW mais humano
Para quem já foi em outros anos, a 39ª edição do South by Southwest (SXSW), realizado
na última semana em Austin, no Texas, causou espanto. Maior festival de
inovação do mundo, o SXSW é conhecido por ser um lugar de disrupção, onde as
tendências tecnológicas estão sempre no foco, sendo que o impacto da inteligência
artificial no mercado dominou as discussões nas edições mais recentes. Mas, neste ano,
a tônica do evento foi sobre a importância das conexões humanas.
Pode ser contraditório para muitos, porém, o assunto que tomou conta da maior parte
das conferências durante os sete dias do festival foi a necessidade de as pessoas se
reconectarem no mundo real. Vários especialistas falaram sobre a epidemia da solidão,
um mal que surgiu em plena era da hiperconectividade, mas que por causa disso mesmo
nunca nos sentimos tão solitários.
O desafio, agora, é usar a própria tecnologia para tentar ajudar nossa reconexão emocional,
com a convergência entre a IA e a humanização. E é aí que as marcas entram no
jogo, com a oportunidade de criar experiências autênticas que geram conexões verdadeiras
para tirar as pessoas da tela digital.
É claro que teve palestras com assuntos diversos para além do mundo corporativo,
como o painel que contou com a participação de astronautas da Nasa, que dividiram
experiências vivenciadas durante o treinamento para a missão Artemis II, viagem tripulada
de dez dias em torno da Lua que deve ocorrer em 2026.
Mesmo assim, a especialista de missão Christina Koch deu uma pincelada na importância
das relações, dizendo que o trabalho em equipe ajuda a enfrentar os desafios e os
cenários adversos. Afinal, um pode contar com o outro para tomar as decisões certas.
Já a badalada futurista americana Amy Webb apresentou seu aguardado relatório de
tendências tecnológicas emergentes, como a inteligência viva e a convergência entre
a IA e a biologia, com os chamados metamaterials (materiais sintéticos), que podem
revolucionar a indústria. No entanto, o seu principal recado foi que as empresas devem
trabalhar com previsões de cenários futuros para tomar as decisões certas hoje. Segundo
Amy, as regras da sociedade como conhecemos começam a se quebrar, porque
vivemos uma transição para o que ela chama de conceito beyond (ir além).
O futurista Ian Beacraft falou do paradigma que o mercado atravessa diante das mudanças
provocadas pela IA, trazendo o conceito de generalistas criativos, que são os
profissionais com habilidades para transitar por diferentes áreas. Segundo ele, é necessário
que as pessoas tenham resiliência para aprender tudo de novo. Para Beacraft, o
que aprendemos na escola não serve para os dias de hoje e as próprias universidades
terão de reinventar os métodos de ensino. Por isso, a adaptação é fundamental.
Como navegar em um mercado de trabalho em transformação foi o destaque da palestra
de outro nome de peso, Rishad Tobaccowala, autor do livro ‘Rethinking work’. O especialista
também tocou no aspecto da interação entre as pessoas, mas acredita que o
trabalho presencial faz sentido para alguns ramos de negócios e apontou as mentorias
como uma estratégia valiosa para reunir os funcionários e transmitir conhecimento.
Os participantes do SXSW saem com a cabeça fervendo de um festival que “despeja”
tanta informação em uma semana. São em torno de 1.700 palestras que ocorrem ao
mesmo tempo. O medo de perder alguma coisa, o chamado Fomo (Fear of missing out),
é real. Como disseram vários executivos, duas pessoas não terão a mesma experiência.
O evento será diferente para cada um. É disrupção na veia.
E os brasileiros, mais uma vez, marcaram presença em peso no evento. Sem exageros,
mas o português foi um dos idiomas mais ouvidos no Austin Convention Center, onde
ocorrem as principais conferências do SXSW, e nos seus arredores. Para se ter uma ideia
do sucesso do Brasil em Austin, a SP House, iniciativa do governo de São Paulo, recebeu
mais de 15 mil visitantes em quatro dias de programação.
Frase:“A disrupção não está na tecnologia, e sim na velocidade na qual as coisas
vão acontecer” (Klamt).
as Mais lidas da seMana no propMark.coM.br
1ª
2ª
A agência PROS contratou Leandro Dario como seu novo gerente de
marketing de influência. Ele atenderá todos os clientes da agência, como
Colgate, Grupo Boticário, Grupo Mondeléz, PetLove, Porto Seguro e Vibra.
3ª
PROS tem novo gerente
de marketing de influência
Sérgio Valente no TakeOff:
‘O SXSW é sobre disrupção’
Em participação no TakeOff, evento realizado pela Hands no SXSW, o CMO
da JBS, Sergio Valente, afirmou que está todo mundo buscando aplausos
e querendo pregar, mas que na verdade o SXSW é sobre disrupção.
TakeOff: A epidemia da solidão
e as conexões humanas
O segundo dia do TakeOff, no SXSW, reuniu CMOs brasileiros que discutiram a
epidemia de solidão e as conexões humanas. Participaram Marcelo Lenhard
(Hands), Thalita Martorelli (Cielo), Guilherme Figueiredo (Betano), Tannia
Fukuda (Seara) e Eduardo Picarelli (Heineken).
4ª
A Omoda se articula para ter comunicação publicitária nos canais
por meio da agência iD\TBWA, de acordo com fonte credenciada
e com acesso à concorrência.
5ª
iD\TBWA assegura conta da
montadora chinesa Omoda
Ex-CCO da BBDO, David Lubars receberá
o Leão de São Marcos no Cannes Lions
O Cannes Lions anunciou que David Lubars, ex-chief creative officer da
BBDO Worldwide, será o homenageado com o Leão de São Marcos, honraria
concedida a profissionais que possuem protagonismo na indústria criativa.
jornal propmark - 17 de março de 2025 3
índice
SXSW aponta para as
transformações que
impactam mercados
Amy Webb, CEO da
consultoria FTSG, fez alerta
no SXSW para a importância
de traçar cenários com o
conceito beyond. Ir além é
fundamental para entender
um mercado que vive
rápidas transformações.
14
Fotos: Divulgação
propmark
propmark.com.br
Jor na lis ta res pon sá vel
Ar man do Fer ren ti ni
Editora-chefe: Kelly Dores
Editores: Janaina Langsdorff e
Paulo Macedo
Editor de fotografia: Alê
Oliveira
Editor-assistente: Vinícius
Novaes
Repórteres: Adrieny Magalhães,
Bruna Nunes e Vitor Kadooka
Revisor: José Carlos Boanerges
Diagramador Sênior: Lucas
Boccatto
Diretor-presidente
Armando Ferrentini
Diretor-executivo
Tiago Ferrentini
Erh Ray enfatiza que criatividade
sem resultado ao cliente é arte
Criador de campanhas icônicas como ‘Mamíferos’, para
a Parmalat, e o iDigital do Banco Itaú, Erh Ray completa
10 anos da BETC Havas no mercado brasileiro. Um dos
pilares do seu pensamento é usar a criatividade para
gerar resultados às marcas. pág. 10
AlmapBBDO, DM9 e Africa Creative
se destacam no ranking Creative 100
Na análise do Warc das agências globais mais criativas,
a AlmapBBDO conquistou a 14ª posição do ranking,
sendo a brasileira melhor colocada. Outras agências
do país também figuraram na estatística, como a DM9,
na 17ª posição, e a Africa, na 27ª. pág. 40
Departamento comercial
Gerentes de contas:
Roberta Barricelli
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As ma té rias as si na das não re pre sen tam
ne ces sa ria men te a opi nião des te jor nal,
po den do até mes mo ser con trá rias a ela.
Editorial .............................................................................3
Conexões ...........................................................................6
Curtas .................................................................................7
Entrevista ..........................................................................10
SXSW 2025 .........................................................................14
Opinião...............................................................................38
Prêmios..............................................................................39
Agências ............................................................................42
Mídia ..................................................................................45
Mercado .............................................................................46
Pesquisas ..........................................................................48
Inspiração ..........................................................................49
Quem Fez ...........................................................................50
Out of Home ......................................................................51
ESG no MKT ........................................................................52
Super Cenas .......................................................................53
Última Página ....................................................................54
Agency Scopen mostra
transformação entre
agências e anunciantes
Pesquisa mostra busca por
modelos mais integrados. 35% dos
anunciantes optam por simplificar
operações com a consolidação
de parceiros. Movimento
quer consistência e melhor
aproveitamento das capacidades
globais das agências. pág. 46
4 17 de março de 2025 - jornal propmark
OI
conexões
última hora
Post: iD\TBWA anuncia quatro novas
diretoras
“Obrigada, propmark, por dar ainda
mais destaque para as novas líderes femininas
da iD\, que se unem aos nossos
mais de 250 talentos!”
Camila M. Costa
CENA
A Stink Films reforça seu elenco com Gabriel Augusto (foto acima) como seu mais novo
diretor de cena. Segundo a produtora, ele representa uma nova geração de diretores que
vai moldar o futuro das narrativas visuais.
PROGRAMÁTICA
A 4ADS foi a escolhida para impulsionar receita de publicidade online da Serasa Experian.
A empresa de tecnologia será responsável pela gestão de negócios em mídia programática.
A ação será executada por meio da plataforma SaaS Robooster, desenvolvida ao longo dos
últimos cinco anos ,período que foi integrada e testada por mais de 30 publishers.
Post: Maria Pirajá apoia cultura que
incentive e dê condições à ascensão
das mulheres
“Muito obrigada, propmark, que honra
estar ao lado de tantas mulheres que
estão liderando a mudança no nosso
mercado!!!”
Maria Pirajá
ERRATA
O nome do executivo Ariel Barlaro, vicepresidente
da Dataxis para a região Américas,
foi digitado de forma errada na matéria ‘Retail
media cresce como opção para a publicidade
Duailibi Essencial
das marcas’, publicada na edição 3.031 de 24
de fevereiro. Pedimos desculpas.
ERRATA 2
No especial sobre lideranças femininas,
informamos que Gabriela Borges assumiu a
presidência da Publicis Brasil em fevereiro
de 2025. No entanto, apenas a nomenclatura
do cargo foi alterada nessa data; a executiva
ocupa a posição desde abril de 2024. Além
disso, reiteramos que Gabriela Onofre é CEO
do Grupo Publicis, enquanto Gabriela Borges
preside a agência Publicis Brasil.
“A verdadeira questão não é se as máquinas pensam, mas se os homens pensam”
(B.F.Skinner).
dorinho
PRANCHA
Patrocinadora oficial da WSL, marca Mãe Terra lança a promoção ‘Comece pela granola e viaje
para a Califórnia” (foto acima), criada pela agência Accuracy, cujo vencedor ganha passagem
e infra para a etapa do campeonato de surfe em Los Angeles, na Califórnia (EUA). A ação
acontece até o dia 15 de maio. “Criamos uma campanha que une alimentação saudável,
sustentabilidade e a paixão pelo surfe, proporcionando uma jornada envolvente e cheia de
significado para os consumidores”, conta Marcos Pirozzelli, CEO da Accuracy.
PUBLICIDADE
Publicado pelo Grupo Gen, o livro
‘Publicidade e comunicação pública’ tem
Bob Vieira da Costa (foto à esquerda),
criador da Nova SB, Oscar Luiz Kita e Otávio
Venturini como organizadores e mais cinco
autores convidados.
CONTRATAÇÃO 1
A Kraft Heinz Brasil acabou de anunciar
novo VP comercial, o executivo Alonso Bee.
A empresa tem no seu portfólio as marcas
Heinz, Quero, Hemmer e BR Spices.
CONTRATAÇÃO 2
A produtora Paranoild anuncia a chegada
de Magui Arrieta. Ela é reconhecida por suas
produções para as marcas globais Ford, Samsung, Jeep, Gatorade e Corona. Resultado de um
trabalho que construiu na Argentina e no Brasil.
PRÊMIO
David Lubars, ex-CCO da BBDO Worldwide, será homenageado com o Leão de São Marcos,
durante o Cannes Lions em junho, durante cerimônia, no Palais des Festivals de Cannes.
6 17 de março de 2025 - jornal propmark
curtas
Fotos: Divulgação
ID\TBWA vence concorrêncIA DAs MArcAs
oMoDA & JAecoo, AMBAs DA chery
Os chineses estão chegando. E trazendo com força seu portfólio de marcas
automobilísticas para o mercado brasileiro. A Omoda & Jaecoo, por exemplo, já
está se articulando para ter comunicação publicitária nos canais por meio da
agência ID\TBWA, da CEO Camila Costa (foto), que venceu concorrência e já está
trabalhando nas primeiras ações, ainda sem prazo para veiculação, com equipe
de 20 profissionais. O anunciante está resolvendo os problemas burocráticos
relacionados à importação que já estão em trânsito da China para o Brasil. O foco
da Omoda é se conectar com o público jovem, seguindo o branding proposto pela
marca, que se inspira nas palavras moderno, moda e oxigênio. O grupo Chery,
que tem faturamento anual de US$ 42 bilhões e está em fase de crescimento no
mercado brasileiro, aposta na nova marca criada em 2022 para dar suporte às
suas pretensões mercadológicas. A ideia é que sejam comercializadas 1,4 milhão
de unidades nos mercados onde a Chery atua (Ásia e Oriente Médio, por exemplo).
No Brasil, a Chery tem parceria com a Caoa na fabricação do Tiggo, por exemplo,
que vai se responsabilizar pela distribuição dos modelos da Omoda & Jaecoo.
snack cresce no guaraná antarctica
Divulgação
liVe passa a integrar a nostos network
Divulgação
O carnavalesco Milton Cunha está entre os nomes para ações da marca no Instagram e TikTok
Aline Rossin, CEO da Live, participou do encontro da comunidade em Nashvile nos EUA
A Snack, da B&Partners, expande sua atuação com Guaraná Antarctica e, além do canal Coisa
Nossa no YouTube, agora passa a gerenciar todo o planejamento editorial, produção de conteúdo
e gestão de redes no TikTok e Instagram da marca. A agência reforça sua visão data-driven,
aliando dados e criatividade para criar conteúdos genuínos, como explica seu comunicado. “O
Snack Bubblegum, plataforma proprietária da Snack, cruza métricas de engajamento, afinidade
e relevância para entregar roteiros baseados em tendências e gerar conversas reais. Dessa
forma, a parceria se ancora na “Economia da Atenção”, garantindo que a comunicação da marca
seja não apenas vista, mas também interativa e engajadora”, acrescenta o documento.
A agência Live agora faz parte da Nostos Network, uma rede global de agências independentes
que nasceu nos Estados Unidos e vem expandindo sua atuação internacionalmente. A agência
se torna a primeira representante da América Latina a integrar essa comunidade exclusiva,
consolidando sua posição no cenário global da publicidade. Com mais de dois mil especialistas
em 50 países, a organização realizou o Global Meetup, em Nashville (EUA), onde esteve em um
painel discutindo o futuro do conteúdo na publicidade e no mercado de criação com participação
de Aline Rossin, CEO da Live. “Fazer parte dessa comunidade é um passo estratégico para
expandirmos nosso impacto”, destaca a executiva.
gM teM playlist centenária no spotfy VMl apresenta seu noVo cbo consigaZ traZ lucas lucco no Jubileu
Divulgação
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Marca revive clássicos dos anos 1920 até os dias de hoje
A Chevrolet lança ação no Spotify como parte de sua campanha
de 100 anos no Brasil, assinada pela WMcCann, o projeto
‘Chevrolet 100 Anos de Hits’, que convida os usuários da plataforma
a reviverem os sucessos que marcaram sua história
dentro de um Chevrolet ao longo das décadas, com os seus
modelos clássicos e os clássicos da música que brilharam em
seus rádios dos anos 1920 até hoje. “Nesta ação exclusiva no
Spotify, reafirmamos nosso compromisso com a inovação,
unindo tecnologia, cultura e música para celebrar um século
de história e nossa conexão com os consumidores brasileiros”,
garante Guilherme Arruda, CMO da GM América do Sul. A partir
dos próprios hábitos de escuta, o usuário poderá encontrar o
que estaria tocando no seu Chevrolet há 100 anos.
O novo CBO da VML, Renato Fischer, e a CEO Karina Ribeiro
A VML Brasil anuncia a promoção de Renato Fischer ao cargo
de chief business officer (CBO). Com uma trajetória de 25 anos
no Grupo WPP, sendo 17 dedicados à Y&R (atual VML), Fischer
assume a nova posição com o objetivo de liderar a área de
negócios da agência, impulsionando o crescimento sustentável
e fortalecendo o relacionamento com clientes. “Renato é
um profissional ético, experiente e talentoso, com histórico
comprovado de sucesso. Sua liderança e conhecimento do
mercado serão fundamentais para continuarmos a oferecer o
melhor para nossos clientes e a impulsionar o crescimento da
VML Brasil. Estamos muito felizes em tê-lo como CBO”, referenda
a CEO Karina Ribeiro que trabalha com o executivo há um
ano, desde que assumiu a liderança da VML no Brasil
Lucas Lucco é a estrela da campanha ‘Aqui o gás nunca acaba’
A Consigaz celebra seus 50 anos de atividades, ou jubileu
de ouro, com estratégias para trazer novos consumidores
a conhecerem a marca. Seguindo essa premissa, o artista
e empresário Lucas Lucco passa ser embaixador da marca
e faz campanha intitulada ‘Aqui o gás nunca acaba’, criada
pela agência Anti Copy, comandada por Miguel Montezzo.
Atualmente a Consigaz tem aproximadamente 1.500 revendas
e para este ano o objetivo é crescer para 1.800. “Estamos
voltando nossa comunicação visando a essa proximidade e
humanizando nossas ações, pois sabemos que essa história
é feita por pessoas reais”, explica Latifa Kadri, diretora de
marketing Consigaz. “Completamos 50 anos e queremos
compartilhar nossas vitorias com o público.”
jornal propmark - 17 de março de 2025 7
entrevista
Erh ray
CEO e CCO da BETC Havas
‘Criatividade sem resultado é arte’
Divulgação
Há 10 anos Erh Ray deu um novo passo na sua carreira quando
se uniu à BETC Havas para ser sócio e líder da operação brasileira
da marca criativa criada em Paris por Rémi Babinet. Em 2012, ele
deixou a sociedade que mantinha com José Henrique Borghi, na
BorghiErh Lowe, para seguir caminho independente, mesmo em
um grupo internacional. Seu plano era dar vasão às ideias com
criatividade como combustível para crescimento de marcas e,
consequentemente, da reputação da agência e dos seus profissionais.
Foi com esse asset que tornou a campanha ‘Mamíferos’ referência
para a Parmalat e o iDigital como adorno para o Itaú há cerca de duas
décadas. Já na BETC Havas, ajudou a conceber a ação ‘HerShe’, para
Hersheys, que transformou barras de chocolate em arte e, também,
em plataforma de empoderamento feminino.
10 17 de março de 2025 - jornal propmark
“ Somos uma agência aberta, conectada com a
cidade e com as pessoas criando experiências”
Paulo Macedo
Qual é o fator marcante na trajetória de uma década da BETC Havas
no Brasil?
A agência sempre se destacou por unir criatividade e negócios de forma autêntica, sem
fórmulas prontas. Ao longo desses dez anos, construímos uma agência que entrega
inovação, consistência e impacto, tanto para marcas quanto para a cultura. Nossa obsessão
por boas ideias e nossa capacidade de adaptação nos trouxeram até aqui, consolidando
a agência como uma das maiores do país.
Como foi construída a reputação da agência, que nesse período se
tornou uma das líderes de negócios e de criatividade?
Criatividade sem resultado é arte. Negócio sem criatividade é commodity. Sempre acreditamos
que a criatividade é um ativo de negócios. Esse pensamento nos guiou desde o
início, garantindo que entregássemos campanhas que não só performam, mas também
criam conversas e impacto cultural. Além disso, sempre tivemos um olhar global sem
perder a brasilidade, o que nos permitiu crescer e nos diferenciar.
Como a matriz francesa inspira a operação brasileira?
A BETC Paris é referência mundial em criatividade sofisticada e branding de alto nível.
Isso nos influencia, mas a operação brasileira sempre teve uma identidade própria, que
equilibra excelência criativa com um olhar mais ousado e adaptável ao mercado local.
E como o Brasil inspira a rede? E o Grupo Havas?
O Brasil sempre foi um celeiro de criatividade e inovação. Nossos desafios e diversidade
nos obrigam a pensar de forma diferente. Essa mentalidade inspirou a rede global, seja
no digital, no impacto social ou em novas formas de conectar marcas e pessoas.
O viés criativo do fundador Rémi Babinet foi o que influenciou a
sua decisão de se unir à BETC? Afinal, havia outras propostas para
o seu aproveitamento profissional?
Rémi é uma lenda da publicidade e sempre admirei sua visão. Mas o que realmente
me fez embarcar na BETC foi a liberdade para construir algo único no Brasil. Eu queria
uma agência que unisse criatividade, propósito e resultado, sem se prender a formatos
tradicionais. A BETC Havas me deu esse espaço.
O que mudou nesses 10 anos?
Tudo. A publicidade mudou, as marcas mudaram, o consumo de conteúdo mudou. E a
BETC Havas evoluiu junto. Hoje somos uma agência ainda mais integrada, ágil e conectada
com o que realmente gera valor para os clientes e para a cultura.
Apesar de ter uma dupla de copresidentes, Carol Boccia e Diego
Alonso, e uma equipe robusta de criação com a Sophie Schonburg,
Alexandre ‘Xã’ e Otavio Schiavon, você ocupa a posição de CCO
e CEO. Como essa estrutura contribui para a gestão da agência e
para o seu dia a dia?
A liderança compartilhada permite que cada um foque no que faz de melhor. Carol e
Diego garantem a excelência operacional e estratégica da agência, enquanto eu mantenho
o olhar criativo e de inovação. No fim das contas, é uma estrutura que potencializa
nossa performance.
Quais os trabalhos mais significativos da BETC Havas nessa primeira
década?
Tivemos muitos trabalhos marcantes, mas campanhas como as da TIM, Reckitt e
Stellantis ajudaram a consolidar nossa identidade e impacto. Cada case reflete nosso
compromisso com criatividade relevante e resultados sólidos.
O BETC Havas Café se transformou em atração da Rua Oscar Freire,
que congrega as principais grifes de moda da capital de São Paulo.
Qual o propósito dessa iniciativa e desse prédio que vai abrigar
parte da agência? É um point receptivo para clientes?
O BETC Havas Café, o nosso “experience office”, é um espaço onde a criatividade e os
negócios se encontram. Queremos que ele seja um ambiente vivo, onde clientes, criativos
e o público possam interagir. Mais do que um escritório, é um ponto de contato da
agência com o mundo. Vivemos no momento de criar experiências.
Por assim dizer, é uma flagship da marca?
Exatamente. Ele traduz o que somos: uma agência aberta, conectada com a cidade e
com as pessoas criando experiências.
O Café é benchmark para a rede?
Sem dúvida. É um conceito novo dentro do grupo Havas, alguns países já se inspiraram
no nosso Café para replicá-lo em nível local e, além disso, ele tem chamado a atenção
de outras operações globais.
Quais os planos da agência? Da prospecção de negócios à sua cultura
de marca?
Continuar crescendo de forma estratégica, consolidando nossa cultura de criatividade
com impacto real para os clientes. Estamos sempre de olho em novas oportunidades e
setores, porém sem perder nossa essência.
Como está observando a publicidade e sua transformação?
A publicidade sempre esteve em transformação. O que muda agora é a velocidade.
Hoje, criatividade e tecnologia caminham juntas, e quem souber usar isso da forma
certa sai na frente.
Essa transformação, pelo viés digital, é natural, como já aconteceu
em outros momentos, mas como ela se configura na área financeira
em um cenário de margens reduzidas e maior volume de trabalho?
A transformação digital trouxe oportunidades gigantes para a publicidade, mas também
desafios estruturais. Hoje, a lógica do negócio mudou: há mais canais, mais formatos,
mais personalização e um consumo de conteúdo fragmentado, o que exige das
agências uma entrega mais ágil e integrada. Esse cenário elevou o volume de trabalho
e a complexidade operacional, mas nem sempre acompanhado por um aumento proporcional
nas receitas.
Poderia falar um pouco do seu trabalho referência, a campanha da
Parmalat, que chega aos 30 anos em 2026?
A campanha dos ‘Mamíferos’ é um case raro: 30 anos depois, ainda é lembrada e querida
pelo público. Foi uma combinação perfeita de timing, conceito e execução. É um
exemplo de como a publicidade pode ir além da venda e se tornar parte da cultura.
E também do iDigital do Itaú?
O iDigital não é só um símbolo. Ele é o Itaú dizendo, lá atrás, que o futuro era digital. E
dizendo com estilo, com um gesto, com um arroba estilizado que virou uma assinatura.
Quando todo mundo ainda tentava entender a internet, o Itaú já estava lá, desenhando
o digital no ar. E o iDigital continua sendo isso: um lembrete de que o banco sempre
estava na frente. Mas agora, ele não é só sobre tecnologia, é sobre experiência, sobre
confiança, sobre fazer da inovação algo simples e humano. O digital do Itaú não é só
código, é conexão.
O que te inspira nesse mundo que hoje tem dados e inteligência
artificial, por exemplo?
O que me inspira é a possibilidade de unir dados e criatividade para gerar ideias mais
relevantes e eficazes. Durante muito tempo, criatividade e tecnologia eram vistas como
caminhos paralelos, quase antagônicos. Agora, elas não apenas se encontram, mas se
potencializam. A inteligência artificial e os dados nos permitem entender o comportamento
humano de uma forma que antes era impossível. Podemos testar conceitos em
tempo real, ajustar campanhas com base em reações instantâneas e, principalmente,
criar mensagens muito mais personalizadas e contextuais. Isso é fascinante. Mas
a grande questão não é apenas coletar e analisar dados, e sim interpretá-los criativamente.
O desafio para a publicidade hoje não é ter acesso à informação – é saber
transformá-la em algo emocionalmente relevante.
“A publicidade mudou, as marcas mudaram,
o consumo de conteúdo mudou”
jornal propmark - 17 de março de 2025 11
APOIO: MEDIA PARTNER: CONTENT PARTNER:
HANDS.AG
HANDS.AG
IDEALIZAÇÃO:
sxsw 2025
Epidemia da solidão alerta para a
necessidade de reconexão humana
Festival conhecido por reunir os gurus da tecnologia dá lugar para
especialistas do comportamento, que advertem sobre saúde mental
Renee Dominguez/ Divulgação SXSW
Rohit Bhargava, fundador da The Non-Obvious Company: vício digital, negatividade dos algoritmos, epidemia da solidão, o levante da broligarchy e a dianteira dos bots
C
Janaina Langsdorff
– de Austin
O
South by Southwest (SXSW) é
uma fagulha progressista acesa
em pleno reduto conservador do
Texas, no Sul dos Estados Unidos. Talvez
a Califórnia, por seu perfil histórico
mais liberal, fosse o destino mais óbvio.
Mas foi na capital texana, Austin,
que o evento nasceu. Dos corredores
do jornal ‘The Austin Chronicle’, o SXSW
cresceu com a vontade de falar sobre o
futuro Rodapé.pdf do entretenimento 1 21/02/2025 e da mídia. 12:27
Quase 40 anos depois, abraça a diversidade,
alerta para a crise climática,
enaltece a ascensão de grupos minoritários,
indica o impacto de tecnologias
e espalha histórias que inspiram. O festival
forjado na música se consolidou
como ambiente de inovação, com futuristas,
gurus do marketing e autoridades
da tecnologia, que arrastaram uma
legião de 3.852 palestrantes em 1.702
painéis no passado.
Os números oficiais de 2025 ainda
não saíram, mas entre as sessões mais
disputadas estavam as de Amy Webb,
Ian Beacraft, Michelle Obama e seu irmão
Craig Robinson, Amy Gallo, Jay Graber,
Jim Louderback, John Maeda, Scott
Galloway e Meredith Whittaker. Hoje, o
festival desvenda as nuances do comportamento
e das conexões humanas
diante do exército de robôs que se avista
no horizonte tomado pela inteligência
artificial. A mesma tecnologia que
elevou a conectividade, hoje isola as
pessoas, desencadeando uma epidemia
de solidão. Esse foi um dos alertas mais
comentados no evento.
“Não tente enfrentar isso sozinho.
“A política vai
e vem. Mas o
progresso fica”
M
Y
PATROCÍNIO EXCLUSIVO:
CM
MY
EMOTION
DRIVEN
CY
CMY
K
14 17 de março de 2025 - jornal propmark
Divulgação
Rachel Scott, Jamila K. Taylor, Nancy Northup, Chelsea Clinton e Elizabeth Monteleone: crise na saúde pública, riscos para as mulheres e impacto no mercado de trabalho
Não deixe a solidão tomar conta. Procure
a sua comunidade. Temos muitas
opiniões, mas nenhuma resposta nestes
tempos difíceis”, comenta Craig Robinson,
diretor-executivo da National Association
of Basketball Coaches (NABC)
e apresentador do podcast ‘Higher
ground: Ways to win’, irmão de Michelle
Obama.
Ambos contaram a história de união
da família em torno dos esforços do
pai, Fraser Robinson que, mesmo com
um diagnóstico precoce de esclerose
múltipla, teve de trabalhar para sustentar
a família. “A vulnerabilidade nos faz
pensar em situações adversas, sobre
como aprendemos a superar dificuldades.
Temos de amar as pessoas que nos
cercam, assim, a adversidade se torna
relativa”, lembra Robinson.
O exemplo se choca hoje com uma
geração de jovens que não conseguem
encontrar felicidade. Colado à epidemia
de solidão, está o contágio da desesperança
e um emaranhado de pensamentos
e emoções negativas. O alerta
fica também para os pais, que tentam
preparar os filhos para o mundo sem,
muitas vezes, contar sobre os desapontamentos
que, certamente, surgirão,
e sobre as emoções que os filhos nunca
imaginariam sentir.
“Não deixe a negatividade entrar
no seu espaço”, diz Michelle Obama.
Diante de algoritmos treinados para
espalhar negatividade, só resta ficar
cada vez mais atento para escapar
das armadilhas. “Por causa do telefone,
nos tornamos menos sociais”, observa.
Buscar alternativas que levem a um
caminho virtuoso é uma das saídas comentadas.
“Quem tem uma plataforma
tem a obrigação de espalhar positividade”,
ressalta.
Em muitas sessões, o SXSW parece
ter virado um consultório de terapia.
A normalização do momento é crítica,
com quadros cada vez mais graves
de depressão e ansiedade. “A crise
de saúde mental atinge mais de 40%
dos estudantes pesquisados”, aponta
Laurie Santos, professora e psicóloga
da Yale University, convidada
para participar do painel ‘IMO Live:
Michelle Obama, Craig Robinson and
Dr. Laurie Santos’, apresentado no dia 13
de março.
EstrEla solitária
O estado da ‘Lone star’ empenha o
bastião da agenda inclusiva a despeito
também de incertezas que incitam o
“Maiores de 18
anos precisam
votar para
restaurar o senso
de democracia”
embate cultural. Governado pelo republicano
Greg Abbott, o Texas reduziu permissões
legais para o aborto, afrouxou
leis sobre armas para defesa, fechou
o cerco à imigração ilegal e ao casamento
entre pessoas do mesmo sexo
e tem agora mais controle do Estado. O
governador democrata de Nova Jersey,
Phil Murphy, chegou a pedir a líderes de
empresas do Texas que se mudem para
o seu estado após a proibição do aborto.
Em 2022, o caso Dobbs versus Jackson
anulou o direito constitucional ao
aborto nos Estados Unidos. A Jackson
Women’s Health Organization, clínica
de aborto do Mississippi, levou Thomas
E. Dobbs, oficial de saúde estadual do
Departamento de Saúde do Estado do
Mississippi, aos tribunais em 2018. O processo
tratava da constitucionalidade de
uma lei estadual que proibia o procedimento
após as primeiras 15 semanas de
gravidez.
A sentença proferida pelo Supremo
Tribunal norte-americano neutralizou
uma decisão anunciada 52 anos antes,
no julgamento de Roe versus Wade,
que permitiu a realização do procedimento
sob a lei dos Estados Unidos à
época. Após a vitória de Dobbs, porém,
a regulamentação do aborto ficou sob
a responsabilidade dos estados. Muitos
adotaram proibições. O Texas, palco do
SXSW, é um deles.
EmbatE cultural
Não à toa, a controvérsia foi o centro
do debate ‘Reproductive freedom: Good
for workers, good for business’, com a
médica Chelsea Clinton, vice chair da
Fundação Clinton; Elizabeth Monteleone,
chief legal officer do Bumble; Nancy
Northup, presidente e CEO do Centro
de Direitos Reprodutivos; Rachel Scott,
correspondente política sênior da ABC
News; e Jamila K. Taylor, presidente e
CEO do Institute for Women’s Policy Re-
jornal propmark - 17 de março de 2025 15
Divulgação
Kurt Osenlund, Alia J. Daniels, John McCourt e Tiq Milan: painel criticou o marketing de empresas que não cumprem o que pregam em seus posicionamentos e campanhas
search. O painel ocorreu na manhã do
dia 9 de março.
“Mulheres estão viajando para outros
estados para terem o seu direito ao aberto
garantido. O local escolhido para viver,
hoje, precisa considerar as condições de
saúde oferecidas”, adverte Nancy North.
A pena é severa. Se condenada, a mulher
pode pegar de 10 a 99 anos de prisão.
“Queremos direitos que nos protejam.
Esse momento precisa ser entendido e a
conversa, muitas vezes considerada um
tabu, precisa ocorrer”, alerta.
A decisão incide em uma crise de
saúde pública, que desampara mulheres
e coloca também os profissionais
de saúde sob escrutínio. “Cerca de 50%
das grávidas enfrentam infecção generalizada.
Há trabalhos investigativos de
jornalistas empenhados em denunciar
as consequências e perigos para a saúde”,
conta Nancy. A taxa de mortalidade
entre mulheres residentes em estados
com restrições ao aborto é de 62%.
A morte materna escancara a gravidade
da situação e tem consequências
também no mundo corporativo.
“Estamos conversando com lideranças
de empresas para entender o cenário
e orientar sobre o planejamento familiar”,
diz Jamila. Segundo ela, as pessoas
estão valorizando cada vez mais as
companhias que resguardam o direito
reprodutivo.
Os custos são elevados. Nos Estados
Unidos, podem alcançar US$ 60 bilhões.
No Texas, atinge US$ 16 bilhões. “É preciso
refletir sobre o impacto na economia
e na rotina de colaboradores”, frisa
Rachel Scott. Nancy deixa o exemplo de
plataformas de saúde, que podem ser
utilizadas por empresas para dar suporte
às mulheres.
“É importante saber os benefícios
cobertos pelos planos corporativos. Nenhum
estado com restrições ao aborto é
seguro e deixar a mulher desprotegida,
com esse caos na saúde, não é um bom
negócio. Empresas devem dar apoio
porque serão afetadas na sua força de
trabalho. Algumas evitam a política, mas
a reivindicação vem das próprias trabalhadoras”,
avisa.
Atitudes são urgentes. De acordo
com Elizabeth, uma em cada cinco mulheres
pretende ter filhos nos próximos
anos. Os homens também têm papel
fundamental. Devem se informar mais
sobre a gravidez, os métodos contraceptivos,
o aborto e seus riscos, e ser
aliados para enfrentar desafios que se
espalham por todo o mundo. “Gravidez
não é uma doença, mas pode ser perigosa.
Precisamos salvar a vida das mulheres
que, infelizmente, ainda estão
morrendo devido às restrições”, lembra
Chelsea Clinton.
Nancy lembra que nos últimos 30
anos 60 países legalizaram o aborto.
Apenas Estados Unidos, Polônia, Nicarágua
e El Salvador retrocederam.
“Maiores de 18 anos precisam votar
para restaurar o senso de democracia”,
convoca Elizabeth.
“Não deixe a
negatividade
entrar no
seu espaço”
Reinvenção
Em compensação, o Texas - uma das
principais economias e um dos estados
mais populosos dos Estados Unidos -
se transformou em polo de tecnologia
e vive hoje um boom de crescimento.
Para além de posicionamentos políticos,
já atraiu Tesla, Oracle, Caterpillar
e Hewlett-Packard, além das big techs,
que deixaram a Califórnia. Nesse pacote
de modernidade, entra também o novo
endereço e dinâmica do evento a partir
do próximo ano com investimento estimado
em US$ 1,6 bilhão.
O Austin Convention Center inicia
uma reforma prevista para terminar
em quatro anos. O presidente e chief
programming officer do evento, Hugh
Forrest, já anunciou a data da próxima
edição, marcada para ocorrer entre os
dias 12 e 18 de março de 2026.
É neste cenário que o SXSW tenta se
reinventar diante de críticas a respeito
da sobrecarga de assuntos. Desse “lugar
para imaginar o futuro” saem hoje projeções
envoltas em um cenário político
enfraquecido e propenso a elevar o nível
de estresse e ansiedade.
“Vício digital, a negatividade dos
algoritmos, a epidemia da solidão, o
levante da broligarchy, a dianteira dos
bots e a queda de natalidade, ou antinatalismo,
estão entre as causas de distopias
que, muitas vezes, vemos nos livros
e filmes que consumimos”, elenca Rohit
Bhargava, fundador da The Non-Obvious
Company, que utilizou o bilionário Elon
16 17 de março de 2025 - jornal propmark
Divulgação
Principal corredor do Austin Convention Center, que recebe as sessões mais disputadas do SXSW e passará por uma reforma prevista para ocorrer nos próximos quatro anos
Musk para exemplificar a “broligarchy”,
termo que se refere a homens poderosos
vistos como amigos.
A vida real não quer imitar a ficção.
“É preciso descobrir o que está mais a
fundo. O único futuro que construímos
é o que imaginamos”, certifica Bhargava,
que subiu aos palcos do SXSW no dia
7 de março para apresentar ‘7 non-obvious
secrets of understanding people
to predict the future’, no Austin Convention
Center.
Being uniquely human is the advantage;
Identity always shapes beliefs;
Winners aren’t the same as champions;
Easy, obvious answers are a distraction;
People and experiences should surprise
you; Meaning comes from intersections;
e Undiscovery can be better than discovery
são os sete segredos não óbvios
listados por Bhargava.
Diante de um mercado que vive tentando
antecipar o futuro das marcas,
o trabalho de Bhargava pode chegar
como um guia para balizar estratégias.
“A inteligência artificial não vai substituir
humanos, mas humanos com inteligência
artificial vão substituir humanos
sem inteligência artificial”, avisa.
Respeitar a cultura e tradições é
outro ponto importante para entender
comportamentos e preservar identidade.
Bhargava ainda recomenda que
“você seja a pessoa com energia para
inspirar outras”, e sugere fugir de obviedades
que só atrapalham e desviam
a atenção.
Segundo o fundador da The Non-
-Obvious Company, experiências devem
surpreender e rótulos podem ser arrancados
a fim de proteger os laços que
criamos com as pessoas. “Devemos estimular
a curiosidade”, propõe. Bhargava
convida ainda o mercado a repensar
suposições. A “não descoberta” pode ser
melhor que a descoberta.
OrgulhO
“Sei que o medo circula e o ambiente
é mais vulnerável, mas as marcas precisam
insistir em conversas com a comunidade
para encarar os desafios”, defende
Alia J. Daniels, co-founder e COO da
Revry, streaming voltado para a comunidade
LGBT, que participou da sessão ‘Pride
campaigns vs. proud campaigns: The
new queer marketing’ ao lado de John
McCourt, vice-presidente de impacto
social da Weber Shandwick; e Tiq Milan,
consultor de diversidade. Kurt Osenlund,
vice-presidente de relacionamento com
clientes da PrideNOW na consultoria de
PR Mark Allen & Co, mediou o painel ministrado
no dia 8 de março.
Cultura e contexto devem ser pilares
de estratégias, cujo propósito é engajar
a marca com o grupo LGBT, que “detém
um potencial de consumo da ordem de
US$ 4,7 trilhões”, lembra Osenlund. “As
campanhas são uma oportunidade de
reconhecer e celebrar a comunidade”,
complementa John McCourt. Mas é preciso
ter mensagens verdadeiras para causar
o impacto necessário. “Qual é o seu
“O único
futuro que
construímos é o
que imaginamos”
plano para interagir com essa comunidade
e acessar uma audiência propensa a
consumir a sua marca?”, questiona Alia.
Para McCourt, a sociedade ainda está
aprendendo a criar uma cultura que
respeite as pessoas LGBT. “É importante
identificar esses consumidores e futuros
trabalhadores da geração Alpha, que deve
puxar o crescimento da comunidade”,
adverte.
A despeito do retrocesso em políticas
de diversidade e inclusão anunciadas recentemente,
especialmente pelas big techs,
os palestrantes ressaltam os avanços
conquistados até o momento e destacam
o papel das marcas em continuar a educar
a sociedade a fim de evitar o isolamento
da comunidade. “A política vaivém. Mas o
progresso fica”, critica Osenlund. “Qual é a
cultura que você quer criar em torno de
sua marca?”, instiga Milan.
McCourt alerta para o perigo do brandwashing,
termo direcionado a marcas
que não cumprem o que pregam em
suas campanhas. “Há orgulho nisso?”,
pergunta Osenlund.
Trabalhar em parceria com as organizações,
abrir espaço para a colaboração,
proteger as pessoas LGBT, criar conversas
autênticas, preservar a confiança de
marca a partir de atitudes verdadeiras,
planejar estratégias de longo prazo e
não apenas ações pontuais são algumas
das orientações deixadas pelos
painelistas a fim de que as empresas,
enfim, tenham orgulho de suas ações de
marketing.
jornal propmark - 17 de março de 2025 17
sxsw 2025
Especialistas falam sobre luta contra
a solidão na era da hiperconectividade
Painel com a participação da cantora Kesha também abordou a
necessidade de se mostrar vulnerável e se conectar no mundo real
Kelly Dores
– de Austin
sabemos que o digital
transformou a maneira como
“Todos
nos relacionamos, como nos
aproximamos das pessoas, mas mesmo
com a conectividade nos sentimos
mais solitários do que nunca”, disse Ana
Kirova, CEO do app de encontros para
relações alternativas Feeld. Ela foi mediadora
do painel ‘Fighting loneliness
in our digital world’ (Lutando contra a
solidão em um mundo digital, em uma
tradução livre), durante o South by Southwest
(SXSW), no dia 15.
A epidemia da solidão foi o tema da
vez nesta edição do maior festival de
inovação do mundo. A preocupação dos
especialistas é em como combater esse
mal em uma era de hiperconectividade,
mas que as pessoas estão mais solitárias.
A questão levantou ainda o debate
sobre o papel da tecnologia para ajudar
a criar mais conexões humanas.
A mediadora começou a discussão
questionando os participantes sobre o
que é solidão para cada um deles. “Para
mim, solidão é desconexão. Eu acredito
que os seres humanos nasceram biologicamente
para se conectarem com as
pessoas e quando você se desconecta, se
sente solitário”, afirmou a educadora de
saúde mental Minna B. Já Alok Vaid-Menon,
poeta e comediante, destacou que
se sentir solitário é uma pré-condição
para o amor, enquanto a cantora Kesha
afirmou que solidão era algo que ela tinha
muito medo no passado, mas que se
aproximar mais da sua família e comunidade
ajudou muito no processo.
Minna ressaltou que solidão pode
ser muito diferente para cada pessoa.
“Eu encorajo as pessoas que se sintam
desconectadas emocionalmente a se
mostrarem vulneráveis, a falar sobre si
mesmo. Sempre digo para os meus clientes:
você não pode se esconder e esperar
que seja visto”, ressaltou. Ela lembrou
que com a pandemia as pessoas mudaram
de casa e muitos que ficaram para
trás não conseguem socializar ou se dar
a oportunidade de conhecer gente nova.
Falando sobre vulnerabilidade, Kesha
A epidemia da solidão foi o tema da vez nesta edição do South by Southwest (SXSW): preocupação é como combater esse mal
“Quando você se
desconecta das
pessoas, se
sente solitário”
Freepik
afirma que buscou concentrar sua energia
em ser autêntica. “Quanto mais eu
sou autêntica na letra das minhas músicas,
mais eu me conecto com os meus
fãs. Quanto mais autêntico, mais vulnerável
você é e melhor é o resultado. Eu
sinto que sou mais considerada pelo público”,
revelou a pop star.
Sobre como navegar em um mundo
digital sem regras, Minaa observou que
é importante lembrar que cada um tem
de estabelecer os próprios limites nessa
interação. “Eu, pessoalmente, desativo
todas as notificações das minhas redes
sociais no meu celular. Eu não quero estar
conectada a isso o tempo todo. Mesmo
você sendo um usuário ou criador
de conteúdo, pense nas suas interações
e em quais comunidades está ligado.
É realmente necessário se engajar em
discussões na internet?”, questionou a
especialista.
Ela também ressaltou que, independentemente
do avanço da inteligência
artificial, as pessoas precisam ser responsáveis
em relação a como se mostram
e se comportam nas redes sociais.
“É importante lembrar que os usuários
são seres humanos que precisam aprender
a coexistir nesse mundo digital.”
ARMÁRIO
Em relação ao medo que muita gente
sente em ser autêntico, a artista trans
Alok afirmou que o armário não é só para
os gays. “Todo mundo está no armário. As
pessoas pretendem ser o que não são.
Eu acho que esse é o motivo de pessoas
trans como eu inspirarem tanto, nós assumimos
quem somos. Inveja é sinônimo
para transfobia. E liberdade vem com várias
escolhas que fazemos. Eu acho que
todos devem se perguntar o que fazer
para ser você mesmo.”
Para Kesha, é tudo sobre confiar em
você mesmo. “Quando você começa a
prestar atenção em você mesmo, agir
como uma pessoa independente, a sua
comunidade se aproxima mais de você”,
pontuou a pop star.
18 17 de março de 2025 - jornal propmark
sxsw 2025
Amy Webb alerta para a importância de
traçar cenários com o conceito beyond
A badalada futurista afirmou que ir além é fundamental para entender
o que está acontecendo em um mercado de rápidas transformações
Kelly Dores
– de Austin
Uma das conferências mais concorridas
do South by Southwest
(SXSW), com parte da audiência
chegando duas horas antes do início do
painel para garantir lugar, a futurista
Amy Webb apresentou a edição de 2025
do seu relatório sobre tendências tecnológicas
emergentes, no sábado (8).
Amy, CEO da consultoria Future Today
Strategy Group (FTSG), começou a palestra
afirmando que este é o ano mais
difícil do mercado, novamente – isso
porque ela fez essa mesma afirmação
no palco do SXSW no ano passado.
“Eu não sei por que não consigo parar
de pensar em autoritarismo. Há muitas
mudanças e variáveis do clima que estão
impactando o mundo. Temos de ir
além para explicar o que está acontecendo,
como descobertas de plástico no
cérebro das pessoas. Como resultado, as
regras da sociedade como nós conhecemos
começam a se quebrar, porque
é uma transição para o que chamo de
beyond (ir além)”, explicou.
A americana destacou que vivemos a
era do Fomo (Fear of Missing Out) e isso
explica por que os anos passam tão rápido.
Amy ressaltou que em um mundo
em transformação como agora, em que
temos essa sensação de estar sempre
perdendo algo, é fundamental que as
empresas e os profissionais trabalhem
com tendências e previsões de cenários.
“As tendências dizem onde estamos
no presente e influenciam o futuro. Nós
combinamos isso com coisas que não
sabemos e os resultados são os macrocenários.
Mas os líderes não sabem o
que fazer com isso. Em nossa consultoria
acreditamos que o mundo precisa de
mais tendências futuras para entender
os cenários. O nosso relatório tem mil páginas,
mas vou resumir para vocês.”
Antes de listar as tendências, Amy falou
sobre o conceito ‘Stone in your shoe
effect’ (Efeito da pedra no sapato), que
mostra como as pessoas vão em frente
sem planos, sem estratégia. Segundo
ela, isso explica como líderes tomam decisões
catastróficas em um mundo em
Amy Webb falou também sobre tecnologias como a inteligência viva: “A LI vai transformar as decisões futuras de todos os líderes”
“Você cria um
futuro melhor
tomando as
decisões
certas hoje”
contrados na natureza e desenhados pela
engenharia com objetivos precisos. Matematerials
quebram todas as regras da
física. Eles podem ter formas impossíveis
e mudar as propriedades dos produtos.”
Ela continuou: “Não sei sobre vocês,
mas isso me causa muito desconforto.
Qual é o plano da sua empresa? Porque
vão surgir novos competidores e eles
serão muito mais rápidos”. Ela também
falou sobre wearable cells, ou seja, ‘acessórios’
em células. Com essa tecnologia,
será possível, por exemplo, estimular o
neurônio específico no cérebro de um
paciente com Parkinson para ajudar no
controle do tremor.
O destaque ficou com a LI (Living Intelligence)
ou inteligência viva. São sistemas
que podem sentir, aprender, se adaptar
através de inteligência artificial, sensores
avançados e biotecnologia. “A LI vai transformar
as decisões futuras de todos os líderes.
E nós não estamos preparados para
a LI. E a LI não é a mesma coisa que AGI
(inteligência artificial generativa), embora
Mike Jordan/Divulgação SXSW
transformação. “Imagine que você está
caminhando na rua, sente uma pedra no
seu sapato e abaixa para tirar a pedra. De
repente, uma pessoa adorável tenta te
ajudar, mas você não dá a mínima, porque
está tentando tirar a estúpida pedra
do sapato. Mas a pessoa é simplesmente
Pedro Pascal”, brincou ela.
Segundo Ammy, esse tipo de atitude
causa o que chama de deterioração cognitiva
e se você não intervir o seu cérebro
vai priorizar esse desconforto, em vez de
tomar decisões certas para planejar o futuro.
“Isso explica por que CEOs reagem
em vez de anteciparem situações, por
que empresas não inovam e por que temos
medo do futuro, em vez de planejar
o futuro. O problema é que essa pedra no
sapato não vai embora, o futuro vai chegar,
independentemente de como a gente
se sente. No final, você vai se sentir
desconfortável e ter a sensação de Fomo
de qualquer jeito. E não intervindo, você
perde a habilidade de construir o futuro.”
Uma das tendências apresentadas
pela CEO da FTSG é a combinação de inteligência
artificial com biologia. “Os avanços
no último ano são chocantes. Toda companhia
que fabrica qualquer produto físico
pode ser impactada por essa tecnologia,
que pode criar qualquer tipo de alimento
ou produto adaptado. E isso não é o futuro,
já é realidade e está sendo desenvolvido.
Eles são chamados de metamaterials
(materiais sintéticos), que não são enseja
uma parte dela. O problema é que a
maioria das organizações está focada em
IA. Ninguém ainda descobriu o que isso realmente
envolve. LI vai ajudar a resolver os
problemas em relação à energia e acelerar
o desenvolvimento de robôs”, disse ela.
A futurista decretou que esta será
a década dos robôs. “Nós vivemos com
essa ideia de conviver com robôs há tanto
tempo, mas ainda não temos robôs
em casa. E a questão é que o que segurou
o avanço dessa tecnologia é que os
robôs se confundem com desordem. E
com a living intelligence, finalmente a
década dos robôs chegou. Os robôs serão
mais adaptáveis e mais ‘humanos’”.
Em sua conclusão, Amy falou que o
objetivo de fazer previsões de cenários
futuros é explorar o que o além pode trazer
como resultado. “Estou falando sobre
ir além como uma metáfora, mas a realidade
é que ir além não é uma metáfora.
Essa não é a hora de dizer que não há o
que fazer”, lembrou.
Segundo Amy, você cria um futuro
melhor tomando as decisões certas
hoje. “Trabalhar com previsão de cenários
é a melhor estratégia para tomar
as decisões certas e não ser pego de
surpreso ou estar cego num cenário
que não foi previsto. É importante que
vocês prestem atenção no que está
acontecendo, assim como as pessoas
que estão ao seu redor. Precisamos trabalhar
juntos”, finalizou.
jornal propmark - 17 de março de 2025 19
sxsw 2025
Festival vai da Lua à Terra para
aterrissar ensinamentos ao mercado
Astronautas da Nasa compartilham aprendizados e reflexões sobre a
importância do trabalho em equipe para a tomada de decisões certas
Janaina Langsdorff
– de Austin
Os astronautas Christina Koch e
Reid Wiseman, ambos da National
Aeronautics and Space Administration
(Nasa), a agência espacial norte-
-americana, e Jeremy Hansen, da Canadian
Space Agency, mostraram o quanto
um “papo cabeça” pode elevar a mente
para além de territórios inexplorados.
Mediada por Courtney Beasley, da comunicação
da Nasa, a conversa ocorreu
no dia 7 de março.
‘Meet the astronauts going to the
moon with Nasa’s Artemis II’ foi o nome
da sessão que lotou um dos auditórios
do Austin Convention Center, polo de conferências
do evento. O piloto Victor Glover
também participou, com mensagem
enviada por vídeo. Os astronautas dividiram
experiências vivenciadas durante
o treinamento para a missão Artemis II,
viagem tripulada de dez dias em torno da
Lua que deve ocorrer em 2026, refazendo
o caminho percorrido pelo programa
Apollo, que levou o homem à Lua pela primeira
vez em 1969. Depois de circular a
Lua, a espaçonave Orion retornará à Terra
para um pouso no Oceano Pacífico.
O nome da missão vem da mitologia
grega. Ártemis é irmã gêmea de Apolo,
deus grego do Sol – da profecia, da poesia,
das artes, da música, da medicina e
da justiça – e deusa da Lua. O objetivo é
estudar sistemas críticos e desenvolver
atividades científicas capazes de preparar
as tripulações para futuras missões,
entre elas a Artemis III, que pousará astronautas
na Lua, além do ambicioso desejo
de chegar a Marte.
Anunciada há dois anos, a tripulação
treina para simular situações próximas
da realidade. “Todo o avanço mostra a
força da humanidade, mas aprendemos a
lidar também com as nossas fraquezas”,
testemunha o especialista de missão Jeremy
Hansen. Em solo firme, no terreno
da propaganda, não é diferente. Em um
mundo cada vez mais complexo e tomado
por telas, a ansiedade é outro desafio
a ser superado. A especialista de missão
Christina Koch aponta a necessidade de
estratégias mentais para transformar a
Jeremy Hansen, Reid Wiseman e Christina Koch na palestra ‘Meet the astronauts going to the moon with Nasa’s Artemis II’
ansiedade em algo positivo – da missão
à Lua ao projeto para um pitch de marca.
“O trabalho em equipe nos ajuda a enfrentar
os nossos desafios e cenários adversos.
Quando surge um problema, sabemos
que podemos contar com o nosso
time para tomar as decisões certas”,
lembra Hansen. Ele deixa outra reflexão,
que cai como uma luva para quem tem
a criatividade como business: “A solução
mais simples é a melhor”.
Embora envoltos em atribuições tão
distintas dos publicitários, os astronautas
compartilham histórias que ratificam a
busca de estratégias com potencial para
estreitar laços emocionais. O comandante
Reid Wiseman, piloto do foguete, guarda
uma girafa de pelúcia de sua filha. “Quando
vejo o brinquedo flutuando, sinto o
quanto a minha família está perto”, relata.
“A solução mais
simples é a
melhor”
Já Christina Koch instiga o impulso de
explorar novos terrenos. Sobre uma possível
missão à Marte, a engenheira fala que
“não há nada que impeça, mas há decisões
difíceis a serem tomadas, e pessoas
estão trabalhando para encontrar soluções”.
E por que não adentrar em campos
compatíveis com a marca, mas ainda não
visitados? Coragem com os devidos cuidados
forma uma combinação que pode
elevar a marca a uma missão pioneira.
No espaço ou na terra da publicidade,
outra aliada é a inteligência artificial.
Mike Jordan/Divulgação SXSW
“É curioso pensar em suas aplicações. A
mescla de humanos com robôs pode tornar
as missões mais seguras e aumentar
a assertividade de comandos”, exemplifica
Christina. Ela cita ainda o potencial da
tecnologia para dados.
Mas a importância da união entre
as equipes é unânime. “Ser parte de
um time”, como frisou Jeremy Hansen,
foi o ponto central da sessão, e o seu
principal ensinamento. Christina também
adverte para a relevância de ter
uma vida com propósito, tal qual como
as marcas. “Quem eu sou não muda”,
avisa. Reid Wiseman ainda alerta para
a colaboração entre países. “O espaço
não é a solução mágica para tudo, mas
traz a oportunidade de colaborarmos
juntos para encontrarmos soluções”,
complementa Hansen.
20 17 de março de 2025 - jornal propmark
sxsw 2025
K-entertainment cresce sem drama
ao redor do mundo e Brasil é destaque
K-pop e k-drama atraem fãs apaixonados pela cultura sul-coreana com
conteúdos e experiências que aproximam os artistas da comunidade
Janaina Langsdorff
– de Austin
O ator Yoo Jung Ho, do elenco da série ‘My girlfriend is the man!’, que estreia neste ano
Divulgação Rakuten Viki
ta Regina. O grupo já tem shows marcados
no Brasil. No dia primeiro de abril,
a apresentação será no Rio de Janeiro,
no estádio Nilton Santos; e nos dias
5 e 6 do mesmo mês, a banda reunirá
os fãs de São Paulo, no estádio do MorumBis.
Os ingressos esgotaram em poucas
horas.
Nam ressalta a importância de parcerias
e colaborações capazes de apoiar o
crescimento. O negócio de Nam já atraiu
investidores da Union Square Ventures e
Hybe Corporation, e registra mais de 1,5
bilhão de views. A comunidade criada pelos
estúdios Dive supera a marca de sete
milhões de seguidores.
“Vimos uma tremenda expansão nos
últimos anos. O conteúdo extrapolou a
fronteira da Coreia do Sul”, confirma Karen.
Segundo a executiva, as produções
se destacam por ter “boas histórias para
contar, se diferenciando do padrão de
obras ocidentais ditadas pelos Estados
Unidos”.
Segundo ela, romances com “roteiros
que surpreendem os espectadores”
despertaram a curiosidade das pessoas
por conhecer e acompanhar os atores de
Regina Kim (Forbes), Jini Cho (WebToon), Brian Nam (Dive Studios) e Karen Paek (Rakuten Viki): parcerias para conteúdos autênticos
A
música e as novelas sul-coreanas
se espalham por todo o mundo. O
fenômeno do k-pop e do k-drama
atrai jovens apaixonados por artistas
que interagem com os fãs para manter
o engajamento no holofote das estratégias.
Será uma onda passageira?
Essa foi a discussão promovida no
painel ‘Sustaining fandom: Why k-entertainment
is here to stay’, com Jini Cho,
head de marketing da WebToon, especializada
em webcomics; a jornalista Regina
Kim, da Forbes; Brian Nam, fundador e
CEO do Dive Studios, companhia de mídia
digital especializada na geração Z e
no entretenimento sul-coreano; e Karen
Paek, vice-presidente de marketing da
plataforma de streaming Rakuten Viki. O
debate foi promovido em uma das salas
do Austin Convention Center, na manhã
do dia 10 de março.
“Construímos uma das comunidades
mais apaixonadas. A nossa base é crescente”,
confirma Regina, que mediou
o debate. As marcas representadas na
sessão são consideradas pioneiras em
estratégias com potencial para globalizar
a cultura da Coreia do Sul por meio do
k-drama e k-pop.
“A maioria dos fãs está fora da Coreia
do Sul. A banda Stray Kids, por exemplo, é
mais popular em outros países”, comenk-drama
e os músicos do k-pop, dando
origem a uma comunidade que atrai
cada vez mais o interesse das marcas.
“Os fãs descobriram os artistas e se
apaixonaram, o que puxou o consumo
em torno do k-entertainment”, acrescenta
Jini. Ela lidera as parcerias com marcas.
Discord, Duolingo, DC e McDonald’s são
algumas delas. Em parceria com a Viki
Rakuten, a plataforma promete lançar o
k-drama ‘My girlfriend is the man!’ até o
fim deste ano.
Além de apaixonada, a comunidade é
leal ao mundo do k-entertainment. “Não
fale mal”, brinca Regina. Para Nam, essa
fidelidade vem da consciência de que é
preciso gerar experiências e conteúdos
de valor. Interação e acesso são primordiais
para oferecer o que as pessoas esperam
de seus ídolos.
A conexão é firmada a partir de uma
estratégia praticamente cocriada com
a base de fãs, que enxergam as suas
opiniões e pensamentos refletidos nos
roteiros de k-drama, contados de um jeito
original, característico da cultura sul-
-coreana. Inspiração e motivação se misturam
para deixar pistas que vão além da
ficção. “Essa proximidade permite descobrir
o que faz os fãs serem tão apaixonados.
O nosso desafio é saber quais são os
seus próximos vícios”, aponta Jini.
A sustentação do movimento ocorre
por meio de shows, lançamentos e novas
experiências. Uma delas foi a criação do
Dia Internacional do K-Drama. Celebrada
em 29 de novembro, a data foi idealizada
pelo Rakuten Viki.
O apoio aos criadores de conteúdo é
outro alicerce para manter a popularidade
do k-entertainment em alta. “O conteúdo
criado por eles ajuda a ultrapassar
limites com novas histórias. E também
precisamos ajudá-los a ganhar dinheiro
por meio de parcerias com marcas que
apoiam o crescimento da nossa cultura
globalmente”, lembra Karen.
Jini garante que os fãs aplaudem
quando veem marcas bancando conteúdos
que levam a cultura sul-coreana
além das fronteiras do país. “O bom
conteúdo transcende barreiras”, pontua.
Ela menciona o Brasil, “outra cultura
global”, define.
22 17 de março de 2025 - jornal propmark
sxsw 2025
Ian Beacraft reforçou necessidade
de adaptação e novas habilidades
O futurista introduziu o conceito de generalistas criativos, profissionais
capazes de transitar por diferentes áreas em uma era dominada pela IA
Kelly Dores
– de Austin
Fotos: Freepik e reprodução
Em palestra realizada no dia 10, no
South by Southwest, em Austin, o
futurista Ian Beacraft destacou o
paradigma que o mercado atravessa
diante das mudanças provocadas pela
inteligência artificial generativa. Mas,
ao contrário da tradicional discussão
sobre a ameaça de que a IA vai acabar
com vagas de emprego, Beacraft
pregou que vivemos a era em que os
skills são os novos dados e introduziu
o conceito dos generalistas criativos,
profissionais capazes de transitar por
diferentes áreas.
“Nós colaboramos com as máquinas,
é uma parceria. O desafio é que não sabemos
como navegar nessa tendência. A
inteligência artificial não é somente uma
tecnologia, uma questão econômica,
mas é uma questão social. Essa é a grande
mudança. E as pessoas estão pirando
muito sobre essa nova realidade. Nós
temos de encarar a IA como uma ferramenta
para transformação e não só para
otimização. É um paradigma, porque o
foco deve ser na reinvenção, em vez de
automatização, pois a IA está remodelando
a sociedade”, ressaltou ele.
O futurista observou que não estamos
vivendo numa era estável e ainda
estamos descobrindo esse novo território
de transição. “É de fato um paradoxo.
Os skills são os novos dados. A necessidade
de apreender novas coisas é cada vez
maior. No século 20, não havia exigência
por tantas habilidades. É claro que isso
já faz tempo, mas estamos experimentando
mais fricção e flutuação em nossas
carreiras. E não temos ideia de como
lidar com isso, mas estamos em transição
para um mundo em que os skills
mudam muito rapidamente em termos
de valor e são mais importantes do que
nunca.”
Segundo ele, uma vez que tudo está
colapsando, é preciso pensar em como
adicionar mais valor, sendo que a adaptação
é o caminho para navegar nesse
cenário. Para ele, o que aprendemos
na escola não nos preparou para um
momento como este. “E é preciso ser
resiliente para aprender. As próprias universidades
terão de rever seus métodos
de ensino para transmitir novos skills aos
estudantes”, pontuou.
Beacraft lembrou ainda que as empresas
estão gastando muito dinheiro
em tecnologia, licenças e infraestrutura,
mas muito pouco para o desenvolvimento
e aprendizado de como usar a IA.
Em um dos momentos da apresentação,
ele propôs uma dinâmica à audiência
em que cada um seguia comandos
com as mãos da pessoa sentada ao seu
lado, e vice-versa. Ao final da atividade,
o futurista destacou que em uma época
de adaptabilidade como vivemos, a hierarquia
não interessa. “Os líderes têm de
se transformar em seguidores e seguidores
em líderes”. Além disso, a ideia foi
mostrar como as pessoas se sentem desconfortáveis
com a mudança de padrão.
“É importante também prestar atenção
ao que o seu cérebro e o corpo estão dizendo,
isso vai ajudar a navegar em um
cenário de mudanças.”
“É preciso ser
resiliente para
aprender. As
universidades terão
de rever métodos
de ensino”
Ian Beacraft: “Nós colaboramos
com as máquinas, é uma parceria”
O futurista alertou que, embora muitas
pessoas pensem que é necessário
uma grande quantidade de dados para a
IA, com small data é possível fazer muitas
coisas. “Gastamos 13% do nosso tempo
procurando documentos no trabalho
e 37% do tempo falando sobre trabalho.
A IA pode ajudar a organizar isso, como
também compartilhar esses documentos
em real time com o seu time perdendo
menos tempo”, exemplificou.
Segundo Beacraft, as responsabilidades
também estão mudando e hoje o
sucesso dentro do ambiente de trabalho
depende de uma série de habilidades.
Um insight importante é que a era da IA
demanda métricas que exigem novas capacidades
e adaptabilidade.
“A tecnologia pode fazer grandes coisas,
muito interessantes, mas é preciso
estar aberto para expandir o conhecimento.
Podemos construir grandes organizações
com a inteligência artificial,
mas não é algo para se fazer sozinho”,
finalizou Beacraft.
jornal propmark - 17 de março de 2025 23
sxsw 2025
Filme com Elis Regina e Maria Rita
traz exemplo de história que emociona
Em painel sobre storytelling, Cheryl Houser, fundadora da agência
Creative Breed, evidencia campanha criada pela AlmapBBDO para Volks
Janaina Langsdorff
– de Austin
Cheryl Miller Houser, em sessão no Austin Convention Center: “Marcas que captam experiências humanas parecem como humanas”
são com fracasso, outros acharam que ela
foi uma heroína”, lembra Cheryl.
Nas Olimpíadas de Paris 2024, ela
retornou, e voltou a ganhar medalhas.
Foram três Ouros e uma Prata. “Simone
quebrou barreiras sobre as expectativas
que formamos de outras pessoas. Estudos
mostram que as pessoas gostariam
de se preocupar menos com a opinião
dos outros”, indica Cheryl.
A necessidade de ganhar a aprovação
das pessoas agrava problemas de saúde
mental. “Vamos todos aprender com Simone
Biles. Abrace a plenitude da humanidade”,
convoca Cheryl. Empatia é fundamental
para mobilizar mudanças. “O grande
presente que recebemos é descobrir o que
podemos oferecer para enfrentar a bagunça
que vemos neste país”, critica Cheryl.
A executiva lembra que a decisão de
compra é tomada pela emoção e não de
forma racional. Valores, crenças e o propósito
de marca devem ser compartilhados
para criar conexão. “Jovens querem
comprar marcas que compartilham os
seus valores”, certifica.
super-herói
O ator Jeremy Renner, intérprete de
Gavião Arqueiro na saga dos ‘Vingadores’,
da Marvel, foi atropelado por uma
máquina para extração de gelo em 2023.
Os médicos chegaram a dizer que ele não
andaria mais. “O único poder que temos
é a perspectiva de ser um super-herói.
Comece um sonho, um objetivo”, teste-
Cena de filme criado pela AlmapBBDO para a Volkswagen com Maria Rita e Elis Regina
Fotos: Divulgação
Sob aplausos dos brasileiros que estavam
na plateia do principal auditório
do Austin Convention Center,
polo de conferências do South by Southwest
(SXSW), a cineasta Cheryl Miller
Houser, fundadora da agência Creative
Breed, especializada em storytelling,
utilizou a premiada campanha ‘VW Brasil
70: O novo veio de novo’, lançada em
2023 pela AlmapBBDO para Volkswagen,
como exemplo de história que transformou
a inteligência artificial (IA) em um
instrumento para emocionar.
“É a história de uma filha e sua
mãe. Perdi o meu pai e estou prestes
a perder a minha mãe. Chorei quando
vi esse filme pela primeira vez”, testemunha
Cheryl, que ministrou o painel
‘Human-centered storytelling: Driving
connection and culture’, apresentado
na manhã do dia 11 de março.
“As pessoas chegaram a questionar a
ética em reviver pessoas mortas sem consentimento
por meio da tecnologia, e que
isso poderia confundir os mais jovens.
Mas há tanta tecnologia aplicada para
promover fake news e deepfake. De qualquer
forma, a mágica da IA foi usada para
contar a história. A resposta foi positiva.”
A campanha foi elencada por sua capacidade
de imaginar, condição favorável
para a criatividade e a inovação, alimentando
a habilidade de sonhar e ter esperanças.
“Marcas que captam experiências
humanas parecem como humanas”, pontua
Cheryl. Esse direcionamento ganha importância
no momento em que a humanidade
vive uma epidemia de saúde mental.
Aí entra o poder de histórias capazes
de moldar o mundo rumo a um futuro
com mais esperança. “Escute com o coração
aberto. Falar do coração é a voz que
deve ser ecoada por aqueles que estão
envolvidos com experiências transformadoras”,
recomenda Cheryl.
Ela cita o exemplo da ginasta Simone Biles,
que nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020,
reconheceu a necessidade de cuidar de sua
saúde mental devido à elevada pressão e
cobrança por vitórias, e decidiu se retirar
da competição. “Alguns associaram a decimunha
o ator em vídeo apresentado por
Cheryl. “Hoje, ele está mais conectado
com as pessoas que o cercam”, diz.
Segundo ela, esta é uma história cravada
no “centro da experiência humana”.
De acordo com estudos do economista
Dan Ariely citados por Cheryl, o senso
de realização após a superação de desafios
endereça mais satisfação para o
trabalho, mais até que dinheiro. Da luta
à vitória, a escala clássica de estrutura
do storytelling traz objetivo, obstáculos,
conflito, transformação e triunfo.
Visão para o futuro
Atenção, inspiração e admiração garantem
brand recall. Esse exemplo está
no filme ‘Born to play’, exibido durante o
intervalo do Super Bowl 58, em 2024. Com
dois minutos e meio, a história mostra jogadores
da NFL, que correm pelas tumultuadas
ruas de Accra, capital de Gana.
Mas os lances de Saquon Barkley, Justin
Jefferson, Cameron Jordan e Jeremiah
Owusu-Koramoah estavam na imaginação
de um garoto apaixonado pelo esporte,
que termina em um acampamento
montado pela NFL África, em Accra. “A
emoção controla a parte do cérebro que
estimula a memória e a atenção. É o tipo
de história que leva a imaginação para
novas realidades. Qual futuro você quer
criar?”, reflete Cheryl.
24 17 de março de 2025 - jornal propmark
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sxsw 2025
MIT apresenta lista com tecnologias que
prometem impactar o mercado no ano
O relatório descreve desde o poder da IA até um suplemento para
vacas que reduz a emissão de metano, além de avanços dos robotáxis
Kelly Dores
– de Austin
Com o objetivo de identificar tecnologias
que impactem a economia
e a sociedade, desde 2001,
o MIT (Massachusetts Institute of
Technology) organiza todos os anos
o relatório MIT Technology Review. O
jornalista Niall Firth, editor-executivo
do documento, apresentou essas previsões
na sessão intitulada ‘10 breakthrough
technologies of 2025’, no
primeiro dia (7) da 39ª edição do South
by Southwest (SXSW).
“O nosso objetivo é ajudar a entender
o futuro. Buscamos interpretar o que
está acontecendo agora para saber o
que vem depois. Entre os critérios para a
escolha da lista, é olhar para tecnologias
que tenham potencial de estarem disponíveis
para as pessoas, ou seja, se tornarem
comercial, e sobre seus impactos
positivos e negativos. Nós publicamos
tendências todos os dias em tecnologyreview.com,
cobrindo temas como IA,
clima e bi tech”, disse Firth.
Mostrando desde o poder da inteligência
artificial generativa até um suplemento
alimentar para vacas que reduz
a emissão de metano, além de avanços
com os robotáxis, Firth afirmou que é
muito animador apresentar as dez tecnologias
que acreditam que vão mudar a
vida das pessoas. “Olhando para trás, admito
que já erramos algumas vezes, mas
fico animado para saber se daqui a alguns
anos realmente estávamos certos.”
A lista é a seguinte:
1 - Vera C. Rubin Observatory: Um telescópio
poderoso que entrará em operação
este ano em uma região remota do
Chile e possui a maior câmera digital já
feita para astronomia. O objetivo é ajudar
astrônomos a estudar a Via Láctea e desvendar
outras incógnitas cósmicas.
2 - Generative AI Search: “Obviamente
escolhemos essa tecnologia porque ela é
uma das maiores mudanças das últimas
décadas, na forma como nós navegamos
na internet e encontramos informações
online”, disse Firth. A busca generativa
promete tornar a busca online muito
mais simples e rápida.
Niall Firth, editor-executivo do documento: “Escolhemos tecnologias que tenham potencial de estarem disponíveis para as pessoas”
3 - Small language models: Modelos
de linguagem pequenos, mais baratos
e que consomem menos energia agora
podem competir com os grandes programas
em uma série de atividades. “Small
is the next big thing”.
4 - Cattle burping remedies: Um suplemento
alimentar para vacas que reduz
significativamente a emissão de metano
e já está disponível em vários países.
5 - Robotáxis: “A maioria das pessoas
ainda não esteve em um, mas os carros
autônomos já estão operando em dezenas
de cidades e vão se tornar comum
em breve”, falou Firth.
6 - Cleaner jet fuel: Combustíveis
alternativos para a indústria aérea levaram
anos para serem desenvolvidos, mas
agora já se tornaram um grande negócio,
sendo produzidos por vários players e
governos demandando regulações. “Na
Europa, essa demanda por combustíveis
limpos para aviões cresce rapidamente e
objetivo é chegar a 70% em 2050.”
7 - Fast-learning robots: Graças à IA, os
robôs estão aprendendo novos comandos
mais rápido do que nunca. “Eu amo
robôs. Agora com a IA, está muito mais
“Buscamos
interpretar o que
está acontecendo
agora para saber
o que vem depois”
Chris Saucedo/Divulgação SXSW
fácil programar e treinar os robôs”, destacou
Firth.
8 - Long-acting HIV prevention meds:
Teste de um novo medicamento que
previne a infecção por HIV, com 100% de
eficácia no tratamento de mulheres e
garotas, sendo que precisa ser injetado
apenas a cada seis meses. Uma droga
que pode ajudar a acabar definitivamente
com a Aids. “É uma droga que
ainda não foi aprovada e, quando for,
esperamos que ela esteja disponível
para todos.”
9 - Green steel: A primeira planta industrial
de aço verde está sendo produzida
com hidrogênio pela Stegra, uma
startup de US$ 7 bilhões que está programada
para começar a operar no próximo
ano no norte da Suécia. “O mundo produz
muito aço e é um processo muito sujo”,
alertou Firth.
10 - Stem-cell therapies that work:
Células tronco de embriões humanos vão
curar doenças. É uma promessa feita pelos
cientistas há décadas e agora está se
tornando realidade. Transplantes experimentais
estão ajudando no tratamento
de doenças como diabetes e epilepsia.
26 17 de março de 2025 - jornal propmark
sxsw 2025
Bluesky chega com estratégia
customizada e incita concorrentes
CEO da rede tem 32 milhões de usuários que experimentam a
plataforma de protocolos sociais descentralizados e códigos abertos
Reprodução
Jay Graber, CEO da Bluesky, alega que a sua vantagem em relação aos concorrentes é ter espaço customizado, com a incorporação de serviços desenvolvidos por comunidades
Janaina Langsdorff
– de Austin
É
com uma equipe de apenas 21 pessoas
e 32 milhões de usuários que a
novata Bluesky atiça concorrentes
já estabelecidos no mundo das redes
sociais e a curiosidade das pessoas. Com
abertura de Hugh Forrest, copresidente
e diretor de programação do South by
Southwest (SXSW), a sesão ‘The future
of social with Jay Graber, Bluesky CEO’ foi
mediada por Mike Masnick, fundador e
editor do blog Techdirt, no Austin Convention
Center, na tarde do dia 10 de março.
Forrest define a Bluesky como um negócio
que chegou para oxigenar o ambiente
tóxico das plataformas. O sistema baseado
em protocolos sociais descentralizados e
em códigos abertos foi um dos diferenciais
sublinhados por Jay, que começou a
sua carreira como ativista digital. “Temos
jornalistas, cientistas, desenvolvedores e
pessoas interessadas em experimentar
novas formas de conexão”, ressalta.
O desafio é construir a rede que as
pessoas esperam e escalar o modelo.
“Precisamos repensar o que estamos
fazendo”, alerta Jay, CEO da rede, que
nasceu do Twitter, mas atua de forma independente.
“Tudo mudou muito. Ainda
bem que somos independentes”, comenta.
Lançado em 2006, o Twitter foi comprado
por Elon Musk, dono da Tesla, Starlink
e SpaceX, em 2022 e renomeado para
X no ano seguinte. O homem mais rico do
mundo está cada vez mais embrenhado
nas esferas de poder da Casa Branca.
“A nossa moderação ocorre em multicamadas,
o que nos permite incorporar
serviços desenvolvidos por comunidades.
A nossa estratégia está voltada para que
as pessoas continuem utilizando o app”,
explica Jay. A Bluesky deve manter o uso
de timelines e interfaces já criadas. A
empresa se organiza também como uma
corporação de utilidade pública. Além de
lucro, a missão é abrir protocolos para
conversas. “O protocolo aberto cria camadas
que preservam componentes centrais,
mas permitem mudanças conforme
as preferências das pessoas”, garante Jay.
A executiva reconhece a dificuldade
da migração para outra rede. “Você tem
de recomeçar do zero, reconstruir sua
base de seguidores, seu histórico de postagens,
e uma nova identidade. Por que
não recomeçar na Bluesky”, sugere Jay.
A alternativa apresentada pela
Bluesky oferta uma experiência customizada,
com dois feeds padrão, um para o
algoritmo e outro cronológico, com um
marketplace que traz mais de 50 mil
campos para escolha. “Se você não vê
o que quer, pode criar um campo. Pode
manter o controle dos seus dados e seu
nome de domínio”, explica Jay.
A preocupação com dados é latente.
Jay ressalta a necessidade de transparência
e responsabilidade. “O protocolo
do app faz com que os dados fiquem públicos,
mas realmente queremos respeitar
como os usuários querem que seus
dados sejam utilizados”, assegura.
Manter o modelo de negócios alinhado
aos interesses dos usuários é um
dos princípios preservados para que o
negócio tenha valor e atinja escala. Um
serviço de assinatura deve ser lançado a
fim de impulsionar crescimento e gerar
valor. O desenvolvimento de serviços é
outro pilar de expansão. Esse direcionamento
reafirma a montagem de uma
rede aberta, que caracteriza a Bluesky.
“Na medida em que o ecossistema cresce,
oferecemos vários serviços que as
pessoas poderão utilizar”, observa Jay.
A Bluesky montou um espaço social
personalizável. Se a pessoa não gosta,
pode customizar com ferramentas elaboradas
por desenvolvedores, e cada vez
mais adaptáveis às necessidades de comunidades
específicas. A empresa busca
atender a todos, mas com interfaces abertas,
permite que as pessoas achem soluções
para seus desafios individuais. “Essa
é a melhor maneira de promover inovação
e é o tipo de concorrência que move o mercado.
Estamos promovendo mudanças que
outras empresas nunca fizeram”, pontua.
“Na história da tecnologia, há várias
empresas que nasceram e morreram.
Hoje, pessoas buscam alternativas a
ambientes tóxicos, opções capazes de
dar mais controle. Estamos promovendo
um novo paradigma que dá para as
pessoas a habilidade de implementar
ideias antes inacessíveis. Quem já testou
a Bluesky já percebeu isso”, afirma Jay.
Ela convida as pessoas a baixar o app,
procurar campos de interesse e acessar
a lista de contas recomendadas. Para desenvolvedores,
a recomendação é criar
algo, do serviço mais simples ao mais
complexo. Entre comunidades, ela sugere
interatividade e envolvimento. “Ajude a
moldar a cultura postando ou elaborando
um serviço de moderação”, acrescenta. Já
os criadores de conteúdo devem começar
publicando seus conteúdos e apostar em
parcerias com o time da Bluesky. “Esse é
um projeto de comunidades, que dá controle
para as pessoas sobre as próprias
experiências”, conclui.
jornal propmark - 17 de março de 2025 27
sxsw 2025
Mentorias são indicadas como caminho
para enfrentar mudanças no trabalho
Especialistas afirmaram que programas são importantes para reunir os
profissionais no ambiente físico e ajudar a navegar melhor no mercado
Kelly Dores
– de Austin
O
futurista Rishad Tobaccowala,
autor do livro ‘Rethinking work’
e destacado pela Business Week,
Times e Ad Age pelo seu pioneirismo no
campo da inovação, fez várias provocações
em relação ao mercado de trabalho
durante a sua conferência no South
by Southwest (SXSW), no dia 10. Ele lembrou
que um dos principais impactos da
Covid não foi sobre de onde as pessoas
trabalhavam e sim por que trabalhavam
em determinado lugar. Para ele,
não faz sentido as empresas chamarem
os funcionários de volta aos escritórios
físicos diante de tamanha transformação.
“Agora as pessoas trabalham para
finalmente poder viver”, disse ele.
Tobaccowala ressaltou que é um
grande admirador da interação entre as
pessoas, mas questionou até quanto realmente
as companhias precisam disso.
“A interação é importante, mas também
depende do negócio em que você atua.
Além disso, a maioria das empresas reduziu
em até 20% o espaço físico das suas
sedes, isso significa que os profissionais
não terão onde sentar”, lembrou.
Pesquisas mostram que os profissionais
estão dispostos a abrir mão de 15%
a 17% dos seus salários para trabalharem
remotamente, de qualquer lugar. “Muitas
empresas estão com medo dessa
transformação”. O futurologista indica
que o melhor caminho para enfrentar as
transformações causadas no mercado
de trabalho é investir em programas de
mentoria. “Com as sessões de mentoria,
você consegue reunir as pessoas e esse
é um benefício de estar junto, mas de outro
jeito as empresas não vão conseguir
trazer os profissionais de volta ao trabalho
presencial”, reforçou o especialista.
Para ele, outro benefício de trabalhar
de casa é escolher com qual inteligência
artificial trabalhar, já que as empresas
decidem qual IA os funcionários vão poder
usar. “Eu certamente tenho uma IA
melhor do que a PNG”. Segundo ele, tudo
virou de cabeça para baixo, “o novo modelo
de trabalho é totalmente revolucionário”,
frisou.
Buscar conexões com pessoas de idades diferentes foi outro conselho dado por painelistas no SXSW
Em função das tarefas que a IA vem
fazendo no lugar da mão de obra humana,
Tobaccowala lembrou que as companhias
estão reduzindo seus quadros
de colaboradores. Portanto, o futuro do
trabalho será cada vez mais sobre os
skills que os profissionais têm a oferecer
e menos sobre a quantidade de horas
trabalhadas. “E as companhias precisam
treinar os seus times, caso contrário, não
teremos pessoas qualificadas para competir
no futuro.”
Existem riscos e oportunidades neste
cenário, com os negócios se transformando,
bem como o ambiente de
trabalho. “Eu acredito que a maioria dos
negócios vai se transformar e mudar o
ambiente de trabalho”. Outra transformação
é o conceito de liderança. “Todo
mundo nesta sala tem potencial para ser
um líder. Mas um líder é diferente de um
chefe. Se você passa a maior parte do seu
tempo delegando, controlando, medindo
e checando, fique com medo. Líderes são
aqueles que influenciam, guiam e monitoram
as pessoas”, ressaltou.
Gerações
Como navegar em um mercado de
trabalho em que quatro gerações (baby
“O novo modelo
de trabalho
é totalmente
revolucionário”
boomers, X, Y e Z) convivem ao mesmo
tempo? O recado dado no painel ‘The
multigenerational workplace: Age diversity
in modern communities’ foi claro:
se conecte com pessoas de idades e backgrounds
diferentes. Você sempre vai
aprender algo.
Thom Singer, CEO do Austin Technology
Council, debateu o tema ao lado de
Yj Lin, da Dell for Startups. “Eu tenho 58
anos e Lin está na casa dos 30, e nos conectamos.
Os estudos mostram que uma
empresa tem mais sucesso quando reúne
profissionais diversos, de diferentes
Freepik
backgrounds, idades e lugares. Ninguém
fala muito sobre cross generation. É engraçado,
mas em geral as gerações não
se misturam, as pessoas estão sempre
em grupos com gente da mesma idade”,
observou Singer.
Fazer mentorias para navegar melhor
no mercado de trabalho foi outro ponto
bastante destacado pelos painelistas. Yj
reforçou que a mentoria mudou a sua
vida profissional e pessoal. “As mentorias
me ajudaram tanto na minha carreira
como também a conviver melhor com
a minha família, amigos e vizinhos. Por
causa do meu mentor comecei a me conectar
e me relacionar com as pessoas
certas no mercado de tecnologia, como
o Thom”, disse ele.
O CEO do Austin Technology Council reforçou
o conceito de que cada pessoa é
diferente da outra e sempre temos algo
a aprender com o outro. O seu conselho é
que as pessoas circulem, se mostrem disponíveis,
façam perguntas, networking e
aprendam.
Lin finalizou o painel destacando que
quanto maior e mais diversa for a comunidade
com a qual nos relacionamos,
mais longas, bem-sucedidas e felizes serão
as nossas vidas.
28 17 de março de 2025 - jornal propmark
sxsw 2025
Na era data-driven, computação
quântica promete guinada em cálculos
Sistema de estados sobrepostos pode substituir a lógica binária da
computação clássica, potencializando descobertas em várias indústrias
Divulgação
Reed Albergotti (Semafor) e Charina Chou (Google) em painel realizado no Hilton Austin Downtown: resolução de problemas complexos até mesmo para a inteligência artificial
Janaina Langsdorff
– de Austin
A
humanidade nem entendeu direito
o potencial de impacto da
inteligência artificial, e já encara
outra faceta tecnológica pronta para
abarcar no planeta. Ou em mundos paralelos?
A nova aventura vem da física
quântica, área da ciência que estuda o
comportamento de partículas extremamente
pequenas, com potencial para
impulsionar avanços expressivos na
tecnologia, medicina, biologia e no ramo
de energia, entre outras.
O universo quântico retratado na
ficção da saga de ‘Homem-Formiga’, da
Marvel, está bem longe. Mas a realidade
flerta com a mudança do sistema binário
clássico da computação, o bit ou a menor
parcela de informação processada por
um computador, para o quantum bit ou
qbit, operado conforme os princípios da
mecânica quântica para combinar dois
estados sobrepostos. A velocidade de
processamento de informações é muito
maior e deve dar uma guinada nas estratégias
data-driven das marcas pela sua
gigantesca capacidade para cálculos e a
resolução de questões complexas.
“Computadores quânticos são capazes
de resolver problemas impossíveis
de serem solucionados pela inteligência
artificial”, diz Charina Chou, chief
operating officer no Google Quantum AI,
projeto de desenvolvimento de computadores
quânticos em escala, que apresentou
o painel ‘Quantum computing
– The what, why, and when’, mediado
por Reed Albergotti, fundador e editor
de tecnologia da Semafor, onde realiza
uma ampla cobertura do universo da
tecnologia. A conversa ocorreu na manhã
do dia 12 de março.
Com 105 qubits, o Willow, computador
quântico do Google lançado em
dezembro, solucionou em apenas cinco
minutos uma questão que tomaria dez
septilhões de anos para supercomputadores.
O teste de desempenho foi realizado
no benchmark de amostragem
de circuito aleatório (RCS, na sigla em
inglês), que traça comparativos com os
computadores convencionais. Já a Microsoft
acaba de anunciar o chip quântico
Majorana I.
Charina lembra que a própria natureza
tem a sua origem na mecânica quântica.
“Ela está na corrente elétrica do coração,
nos átomos e moléculas, árvores
e flores, nas células do nosso corpo, e
reações químicas acontecem por dentro,
moldando o que vemos. Temos pessoas
estudando essa linguagem complexa
dos elétrons e átomos. Há avanços, mas
não conseguimos calcular exatamente
das propriedades da maioria das moléculas
do universo. A habilidade de utilizar
um computador quântico para escalar a
mecânica quântica será um divisor”, explica
a PhD em nanotecnologia.
Segundo Charina, há diferentes abordagens
sendo pesquisadas, e ainda não
há dados para que a inteligência artificial
possa aprender. “É crítico que os estudos
continuem, que o investimento em ciência
aumente. China e Europa apresentam
papel importante na colaboração com
países interessados em pensar na engenharia,
na força de trabalho, em componentes
e condutores”, alerta.
Para além dos cálculos, as pesquisas
navegam por diversas áreas. Da medicina
à fusão nuclear, o desafio é descobrir
aplicações úteis, que devem chegar
dentro de aproximadamente cinco
anos. “O estimulante de ser um cientista
é investigar alternativas que não sabemos”,
comenta Charina. Ela recomenda
que as pessoas se informem e se atentem
ao que dizem os especialistas para
evitar desinformação. “Segurança e
transparência no desenvolvimento são
fundamentais em tempos de códigos
abertos”, ressalta.
As oportunidades estão postas também
para os jovens, que experimentarão
novas possibilidades dentro de cerca de
dez anos. Estimular o estudo de matemática
e ciência é essencial para formar
profissionais capazes de aprender e conhecer
implementações para a solução
de problemas futuros.
“Não sei se quem já diz usar a
computação quântica para resolver
problemas está realmente recebendo
respostas úteis”, alerta. Segundo Charina,
há no momento uma conjunção
de forças de big techs, como Amazon,
na direção de correções quânticas, um
dos principais desafios da computação
quântica. O desenvolvimento de chips
e hardwares capazes de suportar os
computadores quânticos é outro ponto
de atenção, ao lado de algoritmos que
consigam definir quais as melhores
aplicações.
“Particularmente, trabalhar com
soluções para o tratamento do câncer
é a minha opção favorita”, revela Charina.
As pesquisas exploram também o
potencial da computação quântica na
otimização de processos, “mas as aplicações
ainda não são claras”.
jornal propmark - 17 de março de 2025 29
sxsw 2025
Kevin Bacon revela que sempre quis
ser um ator sério, mas não um pop star
Astro, que estreia em breve a série da Prime Video ‘The Bondsman’, disse
que nunca teve um plano de carreira e não lida muito bem com a fama
Kelly Dores
– de Austin
Astro de ‘Footlose’, clássico do cinema
norte-americano dos anos 1980,
Kevin Bacon foi uma das atrações
do primeiro dia do SXSW 2025. Mais novo
de seis filhos e criado na Filadélfia, ele fez
uma retrospectiva sobre sua trajetória e
contou que quis ser ator ainda criança. Aos
17 anos, se mudou para Nova York, onde
conheceu o teatro.
O estrelato veio com ‘Footlose’. Questionado
pela mediadora, a jornalista Kara Warner,
sobre como ele encarou a fama, Bacon
respondeu que “não muito bem”. “Sempre foi
meu sonho ter meu nome nos cinemas, ter
a chance de andar no tapete vermelho, mas
quando você chega lá é estranho. É como
viver a clássica síndrome do impostor. Eu realmente
não quero estar nas revistas todos
os domingos”, disse ele. “Sempre quis ser um
Jason Bollenbacher/Divulgação SXSW
Kevin Bacon: “Eu faço o meu melhor para não pensar no tamanho do budget do filme”
ator sério, mas não um pop star”, completou.
Sobre a escolha de um personagem, o
ator disse que não se importa se é um vilão
ou um bom moço, mas o que atrai seu interesse
é a complexidade da história, a ideia
de fazer algo novo. Segundo ele, nem mesmo
o budget do projeto ou o quanto ele vai ganhar
é sua prioridade.
“Eu faço o meu melhor para não pensar
no tamanho do budget, do meu salário. É claro
que às vezes é incrível você participar de
um projeto de US$ 150 milhões, mas às vezes
eu me sinto muito bem em participar de um
filme de US$ 2 milhões”, ressaltou Bacon. “Eu
nunca tive um plano de carreira”, revelou.
Prestes a estrear a nova série ao estilo
sobrenatural ‘The Bondsman’, da Prime Video,
em que interpreta um caçador de demônios
que ressuscita, Bacon revelou que
tinha certa resistência em fazer TV. “Quando
você é um ator de cinema, você não faz TV.
Você é antitelevisão.”
Apple reafirma estratégia corporativa
de buscar qualidade e não quantidade
Seja no desenvolvimento de produtos ou de séries para o streaming, VP
da big tech reforça que é impossível fazer muita coisa e ser os melhores
O
vice-presidente de serviços da Apple, Eddy
Cue, e o ator, produtor e diretor Ben Stiller se
reuniram no domingo (9) para falar sobre o
processo de inovação da companhia, incluindo o de
‘Severance’ (Ruptura), série disruptiva da Apple TV+
mais vista da história do streaming da big tech, que
aborda um experimento em que as memórias pessoais
e profissionais dos personagens são separadas
permanentemente.
Para Stiller, o êxito da série se deve principalmente
ao fato de muita gente se identificar com a realidade
de trabalhar em um lugar que não gosta. “As pessoas
se questionam ao passar muito tempo de suas vidas no
escritório e em um ambiente que não apreciam”, falou
ele, acrescentando que o roteiro trata muito também
das conexões emocionais entre os personagens. Como
criar conexão humana tem sido um dos principais tópicos
desta edição do SXSW.
Questionado por Stiller sobre o processo de inovação
na Apple, Cue afirmou que para inovar você precisa
Ben Stiller e Eddy Cue também falaram sobre o storyteller disruptivo de ‘Severance’ (Ruptura), da Apple TV+
fazer diferente dos outros. Segundo ele, os requisitos
básicos envolvem estar cercado de mentes brilhantes e
dar a elas as condições para pensar de outra maneira. O
executivo também lembrou que a Apple preza pela qualidade
e não quantidade. “Não queremos quantidade,
Reprodução
mas sim fazer o melhor, tanto em relação aos produtos
que lançamos como sobre a produção de filmes no streaming.
É impossível, pelo menos no nosso caso, ser os
melhores e fazer muitas coisas”, observou Cue. Segundo
o executivo, sempre é sobre ter o melhor time. KD
30 17 de março de 2025 - jornal propmark
sxsw 2025
Agentes de IA e humanoides definem
a próxima fronteira dos avanços
Credibilidade e segurança de dados também foram destaques em
painel de Sandy Carter, COO e fundadora do Unstoppable Domains
Janaina Langsdorff
– de Austin
Vista do Austin Convention Center, no centro da capital texana, onde ocorreu a sessão de Sandy Carter, referência em IA e blockchain
Sandy Carter: “Pense sobre como um robô ou um humanoide pode ser útil”
car o mantra: “Toda pessoa pode utilizar
IA para fazer milagres”, disse ele.
A mágica pode ocorrer por meio da
combinação de dados genéricos com
informações específicas, estratégia com
potencial para aumentar em mais de
30% a receita de uma empresa. A marca
Levi’s, segundo Sandy, experimentou a
tática e descobriu a tendência “loose fitting
jeans”, de calças mais soltas, elevando
vendas, inventário e promoções. Outro
componente que não pode ficar alheio é
o agente de inteligência artificial. “Crie
Fotos: Divulgação
“A transformação
será maior que
a eliminação
do trabalho”
Sandy Carter, COO e fundadora do
Unstoppable Domains, apresentou
os ‘10 myths busted: The real impact
of AI and emerging tech’, painel apresentado
na tarde do dia 12 de março. “AI não
é só tecnologia, é uma tendência e transforma
todo o aspecto da vida”, indica
Sandy, reconhecida como autoridade em
inteligência artificial e blockchain. Estimativa
da consultoria McKinsey citada
pela executiva indica que serão adicionados
US$ 13 trilhões em investimentos em
inteligência artificial até 2023.
Otimização, suporte aos consumidores,
transformação da música, e a computação
quântica combinada com inteligência
artificial será um divisor. “A IA
avançará mais rapidamente que outras
tecnologias. Crie sua estratégia AI first”,
avisa. A utilização da IA como suporte ao
consumidor também é promissora. “Cerca
de 20% dos questionamentos que 2,1
milhões de pessoas fazem já são respondidos
por IA. Podemos elevar esse índice
para 80%”, aponta.
A confiança é outro pilar de expansão.
O Brasil está entre os países que mais
acreditam em IA. Junto com a Índia, lidera
quadro do Trust Barometer, da Edelman,
com fatia de 70%. Só o Brasil tem 50%.
“Há confiança nos dados, mas também
treinamento de profissionais”, frisa Sandy,
que elenca ainda desafios ligados à
transparência e segurança de dados.
Do mundo do trabalho, vem o receio
de demissões e extinção de empregos.
Segundo Sandy, a IA pode substituir vagas,
mas transformará e criará tantas outras.
Projeções dão conta de que 92 milhões
de posições serão dispensadas. Mas a
McKinsey projeta uma suplementação
entre 60% e 70% das ocupações. “A transformação
será maior que a eliminação
do trabalho. Pense nos novos papéis que
você pode desempenhar e insista em destrinchá-lo.
Descubra novas habilidades e
quais ferramentas de IA você poderá usar
para desempenhá-las”, provoca Sandy.
O impacto para as marcas é certo.
Sandy lembra que o SEO (search engine
optimization) vai virar GEO (generic engine
optimization) em um geração guiada
por inteligência artificial, que já é a fonte
de informação de 45% das pessoas sobre
marcas, em detrimento de buscas e sites
das empresas. Sandy propõe ainda
investir em personalização, experiências
e utilizar a IA para tomar a frente de
estratégias e do mercado. Para aqueles
que se escondem atrás da dificuldade de
implementação, Sandy deixa um recado:
todos podem ser desenvolvedores e
criadores. Ela chamou o guru do marketing
Mark Schaefer ao palco para ratifiseu
agente personalizado. Sabemos que
89% dos CEOs dizem que adotarão essa
prática, em um futuro tomado por programadores
e gerenciadores de agentes
de inteligência artificial.”
Para além da companhia dos agentes,
há os robôs. De acordo com Sandy,
a próxima fase da inteligência artificial
será definida pela convivência entre humanos
e máquinas. Sandy deixou evidências.
Chamou ao palco outro convidado,
Dell Demasi, que tem um braço biônico
comandado por IA. Ele nasceu sem a mão
direita, e as próteses antigas não eram
capazes de se adequar às atividades.
“Cresci vendo ‘Star Wars’. Luke Skywalker
perdeu o braço e ganhou uma mão biônica.
Achei o máximo”, relatou Demasi. As
receitas com a tecnologia biônica podem
ultrapassar a cifra de US$ 66 bilhões.
“Humanoides serão parte da força de
trabalho. Pense sobre como um robô ou
um humanoide pode ser útil. E continue
aprendendo”, convoca Sandy.
jornal propmark - 17 de março de 2025 31
sxsw 2025
Atlantic New York mostra disrupção
de ideias na contramão do mercado
Agência independente participou do festival apresentando suas
estratégias ousadas para chamar a atenção com baixo orçamento
Kelly Dores
– de Austin
Divulgação
O
que você acha de começar uma agência dentro de
um barco? Foi assim que a agência independente
Atlantic New York abriu as portas nos Estados
Unidos no ano de 2021, em plena pandemia, com nenhum
investimento e a ideia de fazer algo diferente no
mercado publicitário. No painel ‘When your new business
strategy becomes your brand’, os sócios Suzanne
Barbosa e Marco Pupo falaram, no sábado (8), durante
o South by Southwest (SXSW), sobre ideias criadas na
contramão do mercado que levaram a Atlantic a se
destacar e ser eleita Ad Age Small Agency of the Year.
“Vamos na direção contrária do mercado. Enquanto
nas agências as pessoas trabalham até tarde, sem hora
para sair do trabalho, nós fechamos a Atlantic por uma
semana no verão. E não há dinheiro ou cliente que faça
a gente abrir as portas. Queremos desafiar esse status
quo. Também buscamos dar espaço para profissionais
de outras indústrias e queremos ver as pessoas felizes”,
disse Pupo.
Enquanto as grandes agências gastam fortunas para
fazer networking no Festival de Cannes, alugando iates
e promovendo grandes recepções, a Atlantic lançou durante
o festival de 2023 o Atlantic Car Service para atrair
novos clientes. A ideia foi bem simples: alugaram uma
van para levar os clientes até o aeroporto de Nice e, de
Campanha da Atlantic New York para divulgar a última loja da Blockbuster no mundo, que viralizou no Super Bowl
quebra, apresentavam a agência para eles. “A única regra
era: o que acontecia na van, ficava na van”, brincou
Suzanne. “Adoramos o que fazemos. E, piadas à parte,
fazemos trabalhos sérios para os clientes”.
Um dos cases da agência foi um vídeo com um investimento
baixíssimo para promover o aluguel de filmes
na última loja existente da Blockbuster em Oregon, nos
Estados Unidos, durante o Super Bowl. A peça que viralizou
dizia: “O mundo está acabando ou é a Blockbuster
lançando o seu primeiro comercial depois de muito, muito
tempo. Sim. Nos vemos em 2/12/23”.
Já em edição anterior do SXSW, lançaram a Atlantic
Line Sitters para os clientes não perderem tempo nas filas
para assistir às conferências. “Ficávamos na fila para
os clientes e, em troca, eles escutavam a nossa proposta
de pitch”, contou Suzanne. Os executivos disseram que já
preparam a próxima ativação para o Cannes Lions deste
ano, criando expectativa pelo que vão fazer. “As pessoas
já esperam pela próxima ideia que teremos.”
Pupo contou que uma das razões para abrirem a
Atlantic é que nas grandes agências os profissionais
têm medo de arriscar e aprovar ideias diferentes com
as marcas. “Nós incentivamos as pessoas que trabalham
conosco a terem ideias estranhas e nós assumimos os
riscos. Somos muito sortudos por ser uma agência pequena
e trabalhar para grandes marcas”, disse.
Suzanne ressaltou que, cada vez mais, as marcas admiram
as agency brands. “Há muitas agências no mercado,
mas cada vez mais os clientes são atraídos pelo que
as agências fazem, o que somos e a nossa integridade.”
Rapper nigeriano traz visão sobre a
economia criativa no continente africano
Jude (M.I) Abaga falou que o marketing de influência é para a África o
que a tecnologia representa para a Índia, com muitas oportunidades
A
39ª edição do South by Southwest (SXSW) teve
várias conferências dedicadas à economia criativa.
O painel ‘How global influencers bring social
impact to social media’ trouxe uma perspectiva interessante
sobre o mercado de influenciadores na África.
Participaram da conversa Erin Thornton, da WRTHY,
uma agência voltada para o impacto social, e o rapper
nigeriano Jude (M.I) Abaga, um dos mais influentes na
região, também fundador da Tasck Agency, que ajuda a
empoderar criadores de conteúdo.
Músico, compositor e produtor, Abaga falou sobre a
importância de abrir oportunidades para influenciadores
na África fazerem o bem e provocarem uma mudança
social na região. “No estágio da vida em que estou, tento
criar mais acesso para criadores como eu na Nigéria”. O
rapper, ganhador do MTV Africa Music Awards, enfatizou
que autenticidade é um dos principais requisitos para o
influencer alcançar engajamento. “O criador precisa ter
também integridade e bom coração para fazer algo diferente
e o bem para o meu continente”, ressaltou ele.
Abaga frisou que os seguidores percebem quando o
influenciador não está sendo autêntico, “porque fazem
parte da sua jornada”. Erin lembrou que autenticidade
não deve cair no lugar-comum. “Ela pode ter virado uma
palavra comum, mas não pode perder o seu significado
entre os criadores de conteúdo.”
Destacando que sua carreira sempre foi baseada na
própria produção – ele tem o próprio selo musical, o Incredible
Music –, o rapper afirmou que muitos criadores
não enxergam oportunidades porque desejam retorno
rápido. “Às vezes, o criador precisa esperar um tempo
para atingir a audiência e eu vejo muitas oportunidades.
Eu sou criador desde sempre”.
Um dos caminhos, segundo ele, é a formação de parcerias,
algo que funciona bem. “Muitas pessoas me procuram
para fazer parcerias, mas precisam realmente se
comprometer com o trabalho”, avisou ele.
Abaga enfatizou que a economia criativa é para a África
o que a tecnologia representa para a Índia, com um
mercado em potencial. “Na África, usamos o poder da economia
criativa para fazer o bem. É um período muito animador
para o continente, com muitos tiktokers, músicos,
representando uma grande oportunidade para mostrar
a cultura africana para o mundo por meio da economia
criativa. Podemos contar uma nova história.” KD
32 17 de março de 2025 - jornal propmark
sxsw 2025
Anu Gupta descreve os efeitos do preconceito
na mente em um momento de polarizações
Advogado especializado em direitos humanos lembra
que “preconceitos podem ser aprendidos e desaprendidos”
Janaina Langsdorff
– de Austin
O
advogado especializado em direitos
humanos Anu Gupta, fundador
e CEO da ‘Be More with Anu’, empresa
de tecnologia educacional que capacita
companhias, ONGs e autoridades
públicas para lidar com políticas inclusivas,
propôs uma reflexão sobre como os
preconceitos se instalam na mente das
pessoas. Bandeira erguida pela publicidade
nos últimos anos, o tema ajuda a
balizar a construção de estratégias realizadas
para as marcas.
“Preconceitos podem ser aprendidos e
desaprendidos”, pontua Anu Gupta, autor
do livro ‘Breaking Bias: Where stereotypes
and prejudices come from and the science-
-backed method to unravel them’, lançado
em 2024. Ele ministrou o painel ‘Breaking
Bias: A path to inclusion and hope in a divided
world’, na tarde do dia 11 de março.
Autenticidade é o aprendizado que Rob Cesternino
extrai da trajetória de ‘Rob Has a Podcast’
Podcaster ensina as marcas a gerar conteúdo relevante, a partir de
mensagens genuínas e experiências que gerem valor para a audiência
Rob Cesternino se aventurou no
mundo dos podcasts em 2010,
quando o mercado ainda não sabia
ao certo o potencial de crescimento
deste ambiente, que se consolidou
como filão de oportunidades para criadores
de conteúdo e marcas. Desempregado
à época, Cesternino idealizou o
programa ‘Rob Has a Podcast’ (RHAP), e
não se arrepende. Hoje, o RHAP tem mais
de 2,5 mil patrocinadores que apoiam o
conteúdo gerado sobre reality shows.
“Depois de 15 anos, continuo construindo
a minha comunidade. As pessoas
querem saber o que acontece nos
realities”, testemunha o criador e host
do canal que já ganhou cinco vezes o ‘People
Choice Podcast Awards’, incluindo o
‘People’s Choice Podcast of 2015’.
Cesternino participou da sessão ‘Connecting
with audiences beyond the spotlight’,
realizada na tarde do dia 9 de março.
Anu Gupta: “Converse, espalhe gentileza, compaixão e sentimentos positivos”
O trabalho de Gupta já alcançou mais
de 300 organizações e cem mil profissionais,
superando 30 milhões de pessoas
impactadas. “Esse é um assunto difícil
em tempos tão divididos”, reconhece. O
advogado, que é também professor de
meditação, sugere que as pessoas conversem
sobre o tema, falem o que sentem
e tomem atitudes.
Heather Osgood, Rob Cesternino, Hilary Shafer e Mattia Verzella: autenticidade
Heather Osgood, fundadora e CEO da True
Native Media, mediou o painel, que ainda
recebeu Hilary Shafer, vice-presidente do
podcast e influenciadora da Veritone One;
e Mattia Verzella vice-presidente de parcerias
da Triton Digital.
“Descobrimos tantas pessoas que queriam
acompanhar os realities. Criar engajamento
com a audiência foi o que mais me
Divulgação
Comprometa-se a dialogar; esteja
presente; investigue o desconforto; respeite
a privacidade e a confidencialidade;
e use declarações proprietárias são
algumas das orientações apontadas. “Segurança
leva à confiança”, lembra.
Gupta compartilhou episódios de discriminação
em sua trajetória. “As pessoas
me confundem com terroristas. Houve
Divulgação
fascinou”, confessa Cesternino. A influencer
Hilary Shafer chama a atenção para a
importância de identificar o perfil dos seus
seguidores.
Autenticidade é o mantra para alcançá-los.
“As pessoas não querem saber da
marca ou produto e sim da experiência
promovida”, ressalta Hilary. “Mensagens
precisam ser genuínas e devem estar
um período de negação dos meus sentimentos,
mas percebi que as mentiras
que ouvimos são problemas culturais.
Foi aí que comecei a minha jornada para
quebrar preconceitos”, testemunha.
Inconscientemente, as pessoas se
expõem a hábitos e pensamentos que
distorcem percepções, raciocínios e
lembranças que interferem no comportamento
e na decisão de compra. “Neurônios
que disparam juntos se conectam”,
lembra. Já as falsas crenças vêm de decisões
conscientes, ligadas a identidade,
raça, gênero, classe social e religião.
Inteligência artificial, saúde mental,
polarização e guerras envolvem a consciência
humana atualmente. Gupta sugere
uma nova colonização. “Temos de mudar
a nós mesmos em vez de querer mudar
o mundo, e reescrever a história da humanidade.
Crie pontes, tenha empatia.
Converse, espalhe gentileza, compaixão
e sentimentos positivos”, sugere.
alinhadas aos valores da marca”, alerta
Cesternino. O projeto precisa evoluir em
parceria. “O desafio é gerar um conteúdo
consistente, que realmente se conecte
de forma profunda com a comunidade.”
Segundo Verzella, a procura das
pessoas é crescente por podcasts incorporados
à estratégia de marketing.
“As marcas estão cada vez mais engajadas
pela emoção e sua capacidade de
gerar sentimentos positivos”, observa.
Da transparência vem o reconhecimento.
“O podcast é uma das mídias
mais confiáveis. Cerca de 80% das pessoas
recomendam”, conta Verzella.
Cesternino lembra que o podcast é
um tipo de programa que a pessoa escolhe
para seguir. “Os podcasters são
reconhecidos como autoridade em um
determinado assunto, e precisam continuar
o aprendizado para seguir como
fonte confiável de seus fãs”. JL
jornal propmark - 17 de março de 2025 33
sxsw 2025
SP House recebe mais de 15 mil
pessoas em quatro dias de programação
Espaço realizou debates e ativações, anunciou projetos, transmitiu
painéis, promoveu negócios e espalhou a música brasileira por Austin
Janaina Langsdorff
– de Austin
A
segunda edição da SP House, espaço
montado pelo governo de São Paulo
em frente ao Austin Convention
Center, recebeu mais de 15 mil pessoas
de 55 nacionalidades. Com 1,2 mil metros
quadrados, o espaço para debates e shows,
que atraiu dez mil visitantes em 2024,
abriu com o grafite de Carolina de Luiz
Folego Silva e terminou com ‘We are that
and much more’, composição criada com
retratos dos visitantes que passaram pelo
local entre os dias 8 e 11 de março.
A programação gerou 32 horas de
conteúdo. “Estar aqui é mostrar ao mundo
que São Paulo é um lugar onde ideias
inovadoras se transformam em realidade
e impactam a sociedade de forma significativa”,
frisa Marilia Marton, secretária da
Cultura, Economia e Indústrias Criativas.
A agenda contemplou o anúncio da
primeira edição do SP2B, que promete fazer
de São Paulo um centro financeiro, de
negócios e um hub de criatividade. Idealizado
por Rafael Lazarini, o projeto ocorrerá
no Parque Ibirapuera, entre os dias 9 e 16
de agosto de 2026, e espera receber cerca
de 500 mil pessoas, entre empresários, investidores,
startups, acadêmicos, criadores
Fachada da SP House com retratos de visitantes que passaram pelo local
de conteúdo, entusiastas da inovação e
frequentadores do parque. Também o programa
Creative SP, da Secretaria de Cultura,
Economia e Indústrias Criativas e InvestSP,
selecionou Acelera-ai; Brunch; Creators Platform;
Lampada.ag; Let’s Gig; Mavo Content;
Movieart; Skyfix; Stratostorm; e Submarino
Fantástico, que apresentaram iniciativas
capazes de gerar impacto econômico para
a cidade de São Paulo.
Tecnologia e inovação; impacto social;
economia criativa, jogos e audiovisual;
artes e festivais foram os temas do cronograma
da SP House em Austin, com destaque
para sustentabilidade e negócios,
que permearam todas as atividades, com
palestras, workshops e networking. Um dos
projetos apresentados foi o ‘Favela Velley
Mercado de dados turbinado por IA é
oportunidade de carreira para geração Z
Especialistas apontam a necessidade de formar profissionais capazes de
captar mudanças e endereçar soluções para os problemas que surgirão
Divulgação
by Gerando Falcões’, que enaltece o protagonismo
das periferias na inovação social.
O local abrigou também debates promovidos
pela Globo, o projeto TakeOff, assinado
pela agência Hands, além do movimento
‘SP por todas’, do governo de São Paulo.
Shows e DJs encerravam a agenda cultural
diária, organizada em parceria com a Billboard
Brasil.
A estrutura ainda teve estúdio para
transmissões via streaming. A conversa
com a atriz Issa Rae, da série ‘Insecure’,
da HBO, speaker do evento, foi uma delas.
Iniciativa inédita, a área de negócios colocou
São Paulo na vitrine de oportunidades.
O volume de ativações aumentou, com a
bandeira símbolo da ação, projeções em
leds, vídeos e materiais educativos.
A casa ainda foi visitada por alguns
dos palestrantes mais aguardados do
SXSW 2025, como Amy Webb, CEO da Future
Today Strategy Group; e Rohit Bhargava,
fundador da The Non-Obvious Company.
Teve apresentação do ‘Clipe da Quebrada’;
painel com a secretária Marília Marton e
KondZilla; o business talk “São Paulo: The
rising star of global investments”, ministrado
por Jorge Lima, secretário de Desenvolvimento
Econômico do Estado de São Paulo;
e a palestra ‘How to boost your profile and
become a creator at SXSW’, com Luiz Gustavo
Ribeiro, do LinkedIn. “O mundo precisa
conhecer mais São Paulo”, alerta em nota
o secretário Jorge Lima.
A SP House acolheu a delegação brasileira,
uma das maiores do festival. Não
há informações oficiais, mas estima-se
que o número pode ter ultrapassado a
marca de dois mil profissionais. Com a
presença da Secretaria de Desenvolvimento
Econômico e Comunicação, o espaço
foi patrocinado por Ambev, Fundação
Itaú, Itaú, Toyota, Sabesp e Prodesp. A SP
House é uma iniciativa organizada pela
Secretaria da Cultura, Economia e Indústria
Criativas, em parceria com a InvestSP,
agência de promoção de investimentos
vinculada à Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, e a Prefeitura de São Paulo.
A
inteligência artificial (IA) causa hoje a mesma
euforia experimentada no fim da década de
1990 com o boom da internet. E deve escalar
avanços na indústria de dados, criando oportunidades
de crescimento nunca vistas pela indústria.
“É um novo ponto de virada. Hoje, os problemas são
mais complexos que há 20 ou 30 anos. É a chance
de pensarmos sobre o quem vem à frente”, comenta
comenta Dana Adams, presidente da Vantage Data
Centers para a América do Norte, que na tarde o dia
8 de março participou do painel ‘5th industrial revolution:
The data-driven future needs you’.
A mediação foi de Kirk Offel, CEO da Overwatch, com
as presenças de Christian Belady, conselheiro sênior
da Christian Belady; e Chris Crosby, CEO da Compass
Datacenters. Os especialistas revisitaram os avanços
da computação até a chegada da IA, que está “destruindo
alguns empregos, mas criando tantos outros”.
O cenário incide na transformação da sociedade e
do mercado de trabalho, gerando oportunidades de
carreira para jovens engenheiros, técnicos e experts.
“Sem dúvida, estamos em um estágio de desenvolvimento
ainda a ser concluído, com questões regulatórias,
mas é uma oportunidade”, ratifica Crosby.
Para Belady, o perfil de profissionais generalistas
pode ganhar relevância pela capacidade de captar
mudanças e endereçar soluções para os problemas
que certamente surgirão a cada ano. A indústria precisa
estar pronta para transformações.
Ele lembra a necessidade de estimular curiosidade,
educação e pesquisas, enquanto Dana Adams coloca
luz na habilidade de se criar estratégias eficientes sem
medo de empresas como a DeepSeek. “Estamos andando
rápido, mas é importante parar para pensar em como impulsionar
a inovação”, recomenda. “Ter um milhão de dólares
nessa indústria não significa nada”, adverte Crosby.
34 17 de março de 2025 - jornal propmark
EM 20 ANOS,
PASSAMOS POR
VARIAS
‘
CRISES,
MAS NENHUMA
DE IDENTIDADE.
Duas décadas no Brasil valem por dois
séculos. Crises, idas e vindas, novas
crises, a cada dia um desafio, uma
correria, transformações que nos
mantêm sempre alertas, todos os dias.
De monotonia, a gente não morre. E
nesse contexto, a 11:21 foi navegando,
sempre com sua Simplicidade Criativa,
o dedo no pulso, e campanhas com
muito humor, contexto, impacto e
simplicidade. Os clientes, então, foram
encontrando na gente uma agência
com cara e personalidade própria, e já
sabem o que vão encontrar. Assim, fica
mais fácil o casamento das marcas
com sua comunicação. E assim, vamos
ajudando marcas em seu crescimento
e em sua construção. Que venham
mais 20 anos, suas crises e contextos
que, para nós, são material para criar.
20 anos de 11:21 são 20 anos
de Simplicidade Criativa.
sxsw 2025
Hands realiza warm up para discutir
as tendências do festival de inovação
Agência reuniu 12 executivos de marketing em painéis sobre os temas
mais quentes do evento; conclusão será apresentada no TakeOff, em SP
Kelly Dores
– de Austin
Divulgação
Faz parte do South by Southwest
(SXSW) os participantes se encontrarem
nos corredores para trocar insights
das conferências com os colegas.
Durante três dias de painéis, a Hands Ag
reuniu 12 executivos brasileiros de grandes
marcas exatamente para levar as suas
impressões pessoais sobre os temas
mais discutidos para o público presente
na SP House, uma iniciativa do governo
de São Paulo, que promoveu uma série de
iniciativas e foi sucesso em Austin, paralelamente
às palestras.
Os painéís foram um esquenta para o
TakeOff, evento que a Hands vai realizar
no dia 27 de março, no B32, em São Paulo,
reunindo os CMOs para apresentar as dez
diretrizes estratégicas mais importantes
observadas no festival de inovação.
O warm up foi interessante para complementar
insights observados pelos
profissionais no SXSW. Na abertura no
domingo (9), eles destacaram que, ao
contrário dos últimos anos, o festival
está focando menos em IA (inteligência
artificial) e ressaltando mais o poder das
conexões humanas, a importância do
convívio físico e como a tecnologia pode
ser usada em favor disso.
“É muito interessante a experiência no
SXSW. Nas primeiras 24 horas, fico fritando
as tendências para conectar com o negócio
e gerar valor. Tudo que envolve IA e sofisticação
para trazer menos fricção para
o consumidor é muito interessante para
a OLX, mas todas as palestras que vi até
agora falam da profunda transformação
provocada pela tecnologia, e também sobre
a solidão e o isolamento que ela traz. O
desafio é quebrar essa barreira. É uma discussão
potente”, frisou Florence Scappini,
CMO da OLX Brasil.
Rodrigo Montesano, head of brand experience
& sponsorships do Itaú, lembrou
que as pessoas saem do SXSW com mais
perguntas do que respostas. “Eu acho
isso fabuloso. Estou ansioso pelos próximos
dias. Com certeza, duas pessoas não
vão ter a mesma experiência no evento”,
disse. “O humano voltou a ter protagonismo,
depois das últimas edições do
Florence Scappini, Rodrigo Montesano, Ana Laura Sivieri e Samuel Lloyd abriram o primeiro dia de painéis de debates
festival em que as discussões giravam
em torno sobre o medo que a IA trazia”,
ressaltou o executivo do Itaú, patrocinador
do SXSW 2025, que ofereceu serviço
gratuito de tradução das palestras para o
português e o espanhol.
CMO da Braskem, Ana Laura Sivieri
acompanhou o raciocínio, destacando
que as mudanças estão tão aceleradas
que até os futuristas como Amy Webb,
que palestrou no sábado (8), estão com
dificuldades para projetar o futuro. “Essa
é a primeira vez que vejo eles falando sobre
a dificuldade de traçar o futuro. Também
vi uma palestra sobre incerteza, em
que a palestrante fazia uma provocação,
dizendo que incerteza é o conhecimento
em movimento, é o que faz você trazer
soluções”, pontou.
Trazendo uma visão concreta sobre
essa demanda por experiências ao ar livre,
Samuel Lloyld, diretor-comercial da Urbia,
administradora de parques como o Ibirapuera,
ressaltou ainda que ficou muito
latente o tom deste ano do festival para
a questão da problemática geopolítica no
mundo. Mas, assim como os outros CMOs,
ele também destacou a tônica sobre como
criar comunidades no mundo real.
“Isso tem muito a ver com o Ibirapuera,
de como estimular a criação de comunidades
que estão buscando experiências ao
ar livre. E a Urbia quer liderar esse movimento
social no Brasil.”
Para Marcelo Lenhard, CEO da Hands e
mediador dos painéis do TakeOff, o lado
humano foi muito mais presente nesta
edição do SXSW.
Já as reflexões do segundo dia (10) giraram
em torno da epidemia da solidão,
tema que surgiu muito forte no festival.
A preocupação é sobre como convergir a
tecnologia e a humanização.
CMO da Seara, Tannia Fukuda trouxe
uma visão sobre como o marketing pode
reverter essa realidade. “A epidemia da solidão
pode estar mais latente nos Estados
Unidos, mas isso se espalha. É muito difícil,
porque em vez de buscarem a cura, as
pessoas se isolam cada mais vez nas redes
sociais. O videogame tem para os jovens o
mesmo efeito de colocarem um moletom
no verão como se fosse um escudo de
proteção. Pensei muito sobre o nosso papel,
como marqueteiros, para mudar esse
jogo”, refletiu ela.
Tannia acrescentou que uma das palestras
que assistiu reunia uma médica,
uma adolescente e uma pedagoga, que
mostraram dados de uma pesquisa em
que 70% dos adolescentes estão sofrendo
de algum problema de saúde mental
nos EUA.
Pela primeira vez no SXSW, o CMO da
Betano, Guilherme Figueiredo, disse que
esperava por um festival de tecnologia e
inovação, mas que em vez disso viu um
evento de conexões humanas.
“Uma das conferências que vi e me
impactou muito foi sobre solidão, como
as pessoas estão solitárias e como a
tecnologia ajuda e atrapalha, ao mesmo
tempo. É, sem dúvida, o ponto alto do
festival”, afirmou ele.
Por sua vez, Eduardo Picarelli, CMO
da Heineken, frisou que para ele o SXSW
se mostrou um festival de comportamento.
Também estreante no evento,
uma das palestras que chamaram a sua
atenção foi a de uma doula da morte.
“A palestrante contou que busca ajudar
as pessoas a morrerem. O seu ponto de
vista é que a morte é o final, mas alertou
para o fato de que tudo que vem antes
pode ser mudado. Ou seja, a gente não
se prepara como ser humano para o fim
das coisas, para a renovação e o fim de
períodos curtos”, destacou.
Thalita Martorelli, CMO da Cielo, reforçou
que o cenário pede mais conexões
e adaptação. “A expectativa maior
é sobre a convergência da tecnologia
e a humanização. A palestra do Maeda
(John Maeda) foi polêmica, mas eu tirei
muitos insights. Ele disse que estamos
saindo da era do UX (user experience)
para agentes autônomos, que não vão
mais dar simples respostas e sim resolver
tarefas complexas, que precisam
de uma adaptabilidade humana. Outro
ponto é sobre trazer fontes e citações
para dar mais credibilidade ao trabalho.
36 17 de março de 2025 - jornal propmark
No final, quem vai escolher e confiar nas
marcas são as pessoas.”
Fotos: Divulgação
C
Disrupção
O último dia dos painéís foi na terça-
-feira (11) e começou com a provocação
de Marcelo Lenhard de que o SXSW joga a
gente para o futuro, sobre o que devemos
fazer hoje para influenciar o futuro.
Levantando polêmica, o CMO da JBS,
Sérgio Valente, afirmou que está todo
mundo buscando aplausos e querendo
pregar, mas que na verdade o SXSW é sobre
disrupção. “Isso aqui é para disruptar,
falar coisas diferentes. Mas tem um monte
de pessoas falando a mesma coisa e
esperando aplausos. Teve um palestrante
que falou que o SXSW tem de retornar
às raízes. Eu adorei”.
O executivo também criticou quem vai
ao festival só para fazer networking. “Gente,
vamos fazer relacionamento mais barato,
estamos fazendo relacionamento em
dólar. Isso aqui é um lugar para transformarmos
o planeta. O mundo passou pela
maior transformação contemporânea dos
últimos dez anos nos últimos 12 meses.
Mas existe um pensamento conservador
no ar que, se não prestarmos atenção nos
sinais, vai tudo voltar para trás. As mulheres
vão voltar para casa, lavar roupa e
louça. Isso incomoda, mas o mundo está
pensando nisso”, ressaltou o publicitário.
Ana Gabriela Lopes, CMO do iFood, destacou
que considera muito interessante
que o SXSW traz uma massa de diferentes
temas, mas que acabam se complementando.
Para ela, o que mais se destacou foi
a relação entre a conexão humana e a tecnologia.
“Obviamente, estou vendo muita
coisa sobre automação, hospitalidade, mas
no final o que mais se tem falado é que as
pessoas precisam se relacionar e como a
IA vai ser um potencializador disso.”
Camila Ribeiro, diretora de comunicação
e marca da TIM, avaliou que um dos
insights mais poderosos nesta edição do
festival é a necessidade de olhar para fora
da bolha do mercado publicitário, estudar
coisas novas, como filosofia e sociologia,
para entender as bases do mundo. “Achei
estranho não ver nenhum conteúdo mais
profundo sobre o Oriente, por exemplo. O
palestrante da Deloitte falou muito sobre
promiscuidade intelectual. O ponto é que
precisamos ter mais conhecimento para
adquirir pensamento crítico. Foi o que ele
disse, aprendam, estudem e construam
conexões”, Rodapé.pdf enfatizou 1 ela. 21/02/2025 12:27
Marcelo Lenhard, Thalita Martorelli, Guilherme Figueiredo, Tannia Fukuda e Eduardo Picarelli
Líder do Institute for Tomorrow, Camilo
Barros reforçou o ponto de vista de Valente,
afirmando que o SXSW não acontece
nos corredores dos auditórios. “A conversa
está dentro das salas de conferências e
temos de aprender a aplicar e a democratizar
esse conteúdo. O termo desta edição
é a epidemia da solidão, mas temos de
dizer de onde veio. Ela começou nos anos
pandêmicos. Os painelistas também tocaram
muito no ponto de que os líderes de
hoje não estão preparados para o futuro.
Segunda-feira nós voltamos e qual é o
“O SXSW é para
disruptar, falar
coisas diferentes”
Marcelo Lenhard, Ana Gabriela Lopes, Sérgio Valente, Camila Ribeiro e Camilo Barros
agente de mudança que queremos ser?”,
questionou ele.
Em sua conclusão, Valente – que tem
longa carreira no mercado publicitário,
com passagens pela DM9 e Globo – recomendou
que os profissionais esqueçam a
tecnologia e prestem atenção nas pessoas.
“Prestem atenção para onde o mundo
está indo. Também não sofra com as ondas
negativas. Se temos uma epidemia da solidão,
precisamos combater isso, ver de que
forma vamos promover encontros mais
gostosos entre as pessoas”, concluiu ele.
M
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CM
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jornal propmark - 17 de março de 2025 37
opinião
Divulgação
O futuro do trabalho e
da comunicação no SXSW
Brenda Maia
Enquanto escrevo este texto, já de volta ao hotel
depois de mais um dia intenso de palestras e encontros
no South by Southwest 2025, fica difícil
não pensar que estamos diante de um ponto de virada
no mundo do trabalho, da comunicação e das relações
humanas. O maior festival de inovação e criatividade
do mundo trouxe previsões sobre tecnologia e inteligência
artificial que, se antes pareciam distantes, agora
são uma realidade batendo à nossa porta.
A sensação, ao sair de cada painel, é de que a transformação
não é mais uma tendência, ela é presente. E
nesse novo presente, as conexões humanas ganham um
valor que nem a melhor tecnologia pode substituir. As
fofocas no trabalho, uma nova perspectiva sobre cultura
organizacional
Começo pelo inesperado: Amy Gallo e sua palestra
sobre o papel das fofocas no ambiente de trabalho. Sim,
fofocas. Em pleno SXSW, ela trouxe um olhar humano e
sensível sobre um comportamento que tentamos evitar,
mas que é parte da nossa natureza. Longe de serem apenas
ruído, as fofocas podem fortalecer vínculos, espalhar
normas culturais e até distribuir poder de forma mais
horizontal dentro das organizações.
A provocação de Amy foi clara, em vez de proibir, é
preciso entender e gerir. Como líderes, devemos criar
espaços seguros para conversas abertas e resolver
problemas que alimentam rumores, em vez de ignorá-
-los. No fundo, é sobre entender que o diálogo, mesmo
informal, pode ser um poderoso instrumento de cultura
e pertencimento.
Rishad Tobaccowala, outro nome de peso nesta edição,
fez uma reflexão certeira sobre o futuro do trabalho.
A combinação de IA com marketplaces já está desenhando
um mercado onde profissionais serão verdadeiras
“empresas de uma pessoa só”. As pessoas vão dividir seu
tempo entre projetos de diferentes empresas, conciliando
o que é trabalho formal com projetos pessoais.
Esse cenário exige uma nova postura dos profissionais:
a valorização da intuição, percepção, imaginação e
capacidade de intervenção humana. E para as lideranças,
o desafio é maior. Precisamos fomentar ambientes
onde a colaboração e o senso de comunidade prevaleçam,
mesmo em tempos de maior independência e
trabalho remoto. As habilidades técnicas continuarão
importantes, mas o verdadeiro diferencial será humano.
Já Ian Beacraft foi direto ao ponto: a IA não veio para
apenas otimizar processos, mas para transformar a maneira
como pensamos e fazemos negócios. Ele introduziu
o conceito dos “generalistas criativos”, profissionais
capazes de transitar por diferentes áreas, com a IA como
aliada para impulsionar a inovação e a resiliência.
A provocação de Ian sobre a transição de big data
para small data é especialmente relevante. Não se trata
mais de coletar tudo, mas de identificar pequenos conjuntos
de dados realmente valiosos, que ajudam a construir
conhecimento interno e diferencial competitivo. É
a velha máxima: menos pode ser mais, se você souber
onde olhar.
Scott Galloway trouxe à tona um tema que ficou ecoando
em muitas conversas pelos corredores do evento:
a solidão será o grande desafio social da próxima década.
Em um mundo hiperconectado, mas superficialmente
engajado, criar espaços para relações autênticas será
fundamental.
E aqui, para nós do live marketing, mora uma grande
oportunidade. As marcas que entenderem seu papel
como criadoras de experiências que geram pertencimento
e conexão verdadeira sairão na frente. O futuro
não é sobre vender um produto ou serviço, mas sobre
entregar encontros que façam sentido para as pessoas.
Enquanto volto para o hotel e revisito cada insight do
dia, fica claro que o live marketing tem uma missão ainda
mais relevante neste novo cenário: ser a ponte entre
a tecnologia e a humanidade. A IA pode até orquestrar a
personalização em tempo real, mas são as experiências
genuínas que criam memórias. Na Eagle Agência, temos
a certeza de que o futuro do live marketing será híbrido
e a tecnologia será apenas uma ferramenta para amplificar
aquilo que realmente importa: a conexão humana. O
futuro não cabe mais nos contêineres do passado. Cabe
a nós desenhar, com criatividade e responsabilidade, as
novas formas de trabalhar, comunicar e nos conectar.
Brenda Maia
é CEO da Eagle Agência
“A combinação de IA com
marketplaces já está
desenhando um mercado
onde profissionais serão
verdadeiras ‘empresas
de uma pessoa só’”
38 17 de março de 2025 - jornal propmark
prêmios
Finalistas Marketing Best 2025
Marketing Best
2025 divulga
lista dos cases
finalistas
95 trabalhos foram
classificados para
a etapa final
Noventa e cinco cases foram classificados para a
etapa final do Marketing Best 2025. Africa Creative
lidera com seis indicações – uma para Ambev,
Pão de Açúcar, Budweiser e Itaú; duas para Brahma.
AlmapBBDO apareceu na sequência, com cinco indicações
(três para O Boticário, uma para Havaianas e
Johnnie Walker). Três agências tiveram quatro trabalhos
classificados na shortlist: BETC Havas, WMcCann e David
– veja os finalistas do Marketing Best na tabela ao lado.
Os cases foram indicados pelos jornalistas do propmark,
que também farão parte do corpo de jurados, ao
lado de um diretor da Editora Referência e dois jornalistas
convidados.
Serão 15 categorias em julgamento, sendo que os
cases considerados ótimos serão declarados vencedores.
O julgamento se norteará por critérios objetivos: (I)
Desafio/Problema; (II) Estratégia; (III) Execução; e (IV)
Criatividade. Às empresas ganhadoras, será entregue o
troféu Marketing Best em formato do cavalo símbolo da
premiação. Os vencedores do Marketing Best 2025 serão
revelados em maio, com cobertura nos canais digitais do
jornal e na versão impressa.
Considerado a mais tradicional premiação de marketing
do mercado brasileiro, o Marketing Best nasceu
com o objetivo de fortalecer, aprimorar e disseminar o
marketing, suas ferramentas e práticas, no ambiente
empresarial do país. Trata-se de uma criação da Editora
Referência, em 1988, ainda sob chancela da Revista Marketing
– hoje, o prêmio está associado ao propmark.
Em 2024, foram premiados dez cases. São eles: ‘Amazon
- de olho no lance’; ‘Anhanguera: uma nova educação,
uma nova estratégia’; ‘Bradesco Familiaridades,
Vida e Previdência’; ‘Carmed Fini’; Instituto Jô Clemente’;
‘Pague Menos BBB 2023’; ‘Pague Menos preconceito aí’;
‘Record - uma batalha real e brutal’; ‘Samsung RE+’ e
‘World Surf League’.
Origem dO marketing
O conceito moderno de marketing, que completou 70
anos no ano passado, nasceu com a publicação da obra
clássica do economista norte-americano Peter Drucker –
“Prática de administração de empresas”.
No Brasil, o marketing demorou a chegar. Em 1972,
a ADVB (Associação de Dirigentes de Vendas do Brasil)
– entidade que promovia as boas práticas de vendas
para empresas brasileiras – lançou o prêmio Top de
Marketing.
No entanto, com a modernização da economia, principalmente
a partir dos anos 1970, a comunicação se
sofisticou e, com isso, o marketing começou a ganhar
protagonismo.
case anunciante agência
Experiência inovadora no Rio Open Shopping Leblon Fibra
#Togetherband all Amazônia BB Terruá
Bisurdo Bis/Lacta Pros
YouTube brandcast Youtube/Google Hands
100 anos Itaú Africa Creative
20 anos digital first WT.AG WT.AG
99 e contando Chevrolet WMcCann
A origem do MorumBis Bis/Lacta David
A princesa e a coroa Seda (Unilever) Droga 5/Soko
A rádio que é o puro suco do Brasil ganhou tempero capixaba Rede Vitória - FM - O dia Ampla
A volta do Mcfish McDonald’s Galeria.ag
Ação de PDV para a campanha ‘A magia do Natal começa com Bauducco‘ Bauducco Casa 96
Adote um pet Repelex BETC Havas
Água com gosto de geladeira Brastemp DM9
Alerta de abuso sexual infantil – ‘Sinais’ Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania Secom
Lançamento Claro Box Claro Talent
Aqui, tudo acontece Anhembi Morumbi Two Comunicação
Artiojo: arte de miojo e de vendas Nissin Foods Dentsu
Atacama Fashion Week ONG Desierto Vestido Artplan
Até os neves preferem Bracell Papéis/Papel higiênico Supra Peralta
Ativação show Shakira Decolar REF+
Auto da Compadecida 2 Brahma Africa Creative
Banco digital e eventos C6 Bank Tech & Soul
BBBom pra Kwai Kwai BETC Havas
Brutus Rede Giraffas Baila
BYD song pro – Melhor amigo BYD We
C4 pets: Para toda espécie de família Citröen BETC Havas
Calendário da equidade Pacto de Promoção da Equidade Racial BFerraz
Calvo drive-thu BK David
Campanha Globo 100 anos Globo In House
Casa de vidro O Boticário AlmapBBDO
Case Billboard Over 30 Revista Billboard Lew/Lara
Case Cacau Show Cacau Show LVL
Case Carmed Cimed In house
Case da empresa de leites e sucos xandô Xandô Rino & Partners
Chevrolet silencioso Chevrolet WMcCann
Chinelaço Havaianas AlmapBBDO
Click to pay Mastercard WMcCann
Conscientizar, prevenir, cuidar: para viver bem, tudo começa no autocuidado Atacado Vem Ampla
Conta em dólar internacional Avenue Hands
Conveniência e praticidade a cada esquina Oxxo Mestiça
Crescimento no segmento de genéricos Cimed We
Demissão Grupo Gay da Bahia Propeg
Departamento de trocadilhos Bis/Lacta David
Desaparecidos Piracanjuba Ampfy
Desejos de aniversário Instituto Maria da Penha F.Biz
Documentário ‘Exilados pelo clima na Amazônia’ Record TV Record
Energias renováveis Raízen Greenz
Faces negras importam BB WMcCann
Floating bar Heineken LePub/Atenas
Fortes são elas Johnnie Walker AlmapBBDO
Gita Positivo Tech & Soul
Gol impedido Fiat Leo
Handshake hunt Mercado Livre GUT
Heineken power station Heineken Atenas
HeineQueen Heineken Le Pub e Atenas
Hoje e sempre nos unindo (The toast) Heineken Le Pub
Icons beyond time Tag Heuer (homenagem a Ayrton Senna) Hands
Isso é mais que um batom Vult Pros
Lançamento veículo TERA na Sapucaí Volkswagen The Group
Livraria dos mais assistidos no TikTok TikTok AKQA Casa
Made in roça Duolingo Jotacom
Menos telas, mais esportes Ceará Sporting Club Temprano/Delantero
Menstruada ou não, ela pode Intimus FCB
Nubank com Matt Leblanc Nubank Wieden+Kennedy
O código Dove Dove (Unilever) Soko
O futuro do turismo: Os próximos 50 anos CVC - Convenção 2025 Innova AATB
Os números do Vini Jr. Omo Soko/Droga 5
Panasonic magic Panasonic Repense
Patrocínio limpo Consul DM9
Pessoas Trabalhando Instituto Mulheres em Construção Publicis
Pizza de ontem Consul DM9
Placa gandula Mercado Livre GUT
Placa gandula Mercado Livre GUT
Quando o RS precisou, estávamos lá Ambev Africa Creative
Queira Santa Clara Santa Clara
Receitas inesquecíveis Nestlé Publicis
Recife – Cidade dos esportes Prefeitura do Recife Ampla
Respeita meu capelo Vult GUT
Sala VIP Aeroporto Guarulhos Nubank Ultravioleta Wieden+Kennedy
Sicredi. Não é só dinheiro. É ter com quem contar. Para você. Para sua empresa Sicredi Suno
Soluções digitais Banco Inter Talent
Sustenta renascer O Boticário AlmapBBDO
Terra dos invisíveis: SP invisível Motim iD\TBWA
The Town The Town Rockers (Grupo Dreamers)
The War Within Blizzard Druid
TIM – Loja segura TIM BETC Havas
Timaço Coca-Cola Coca-Cola Batuque
Todo jogador é um potencial colecionador (álbum Brasileirão) CBF, Fortaleza Esporte Clube e Esporte Clube Bahia Outpromo
Tormenta O Boticário AlmapBBDO
Um São João de João Grilo e Chicó Brahma Africa Creative
Uninterrupt_Ads Budweiser Africa Creative
Você feliz é tudo de Pão Pão de Açúcar Africa Creative
Will sem legendas Nomad David
Aproveitamento de live marketing em shoppings Helloo Helloo
jornal propmark - 17 de março de 2025 39
prêmios
AlmapBBDO, DM9, VML e MRM estão
listadas no Creative 100 da Warc
Fotos: Divulgação
Análise contempla os
trabalhos avaliados
em festivais globais
como o Cannes Lions
Vitor Kadooka
C
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CM
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CY
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Campanhas Anuncio para GrandesNomes Coca-Cola, Preto Leica, 14,5x16.pdf Samsung 1 31/07/2024 e Volkswagen 21:25:23foram distinguidas pelo ranking anual da Warc
EXISTEM VÁRIOS JEITOS
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O CANAL
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CANAL 611
A
Warc divulgou no dia 11 de março sua lista anual
das campanhas e agências mais premiadas
globalmente, o Creative 100, com brasileiros
figurando no ranking. O levantamento é baseado no
desempenho das campanhas nos principais festivais
de criatividade ao longo do último ano, entre os
quais o Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade.
A campanha ‘WoMen’s football’ da Orange,
desenvolvida pela Marcel Paris na França, liderou a
edição de 2025.
Entre as campanhas brasileiras que se destacaram,
estão ‘ThrowBack deals’ da Samsung, criada pela MRM
São Paulo; ‘The one exhibition’ da Leica, criada pela DM9
São Paulo; ‘Thanks for Coke-Creating’ da Coca-Cola, desenvolvida
com contribuição da VML São Paulo; ‘Audience
delivery’ do iFood, criada pela DM9 São Paulo; e ‘VW
70 years campaign’ da Volkswagen, desenvolvida pela
AlmapBBDO São Paulo.
Na análise do Warc das agências globais mais criativas,
a AlmapBBDO conquistou a 14ª posição global, sendo
a brasileira melhor colocada.
A AlmapBBDO
conquistou a 14ª posição
global, sendo a brasileira
melhor colocada
Outras agências brasileiras também figuraram no
ranking, como a DM9, na 17ª posição, e a Africa, na 27ª.
Entre as redes mais criativas, a Ogilvy ficou em primeiro
lugar, seguida por VML, Publicis Worldwide, Mc-
Cann Worldgroup e DDB Worldwide. Já entre as holdings,
o WPP lidera o ranking, seguido por Omnicom Group, Interpublic
Group, Publicis Groupe e Havas Group.
Na lista das marcas mais criativas em 2024, a Apple
liderou a estatística, subindo da 18ª posição em 2022
para o 1º lugar no ranking deste ano. Duas de suas campanhas,
‘Fuzzy feelings’, criação da TBWA Media Arts Lab,
e ‘Shot on iPhone - Little Garlic’, da house da Apple, estão
entre as 100 mais premiadas. Em seguida entram na lista
Heineken, Heinz e McDonald’s.
A lista das 100 mídias mais criativas da Warc está prevista
para ser lançada nesta terça-feira (18) em Londres.
40 17 de março de 2025 - jornal propmark
mude
cOnteúdO de marca
O case que redefiniu o conceito de
experiência de marca no verão brasileiro
Fotos: Divulgação
Durante três meses, a Rio Academia YoPro transformou
a orla de Ipanema no maior hub de marketing,
mídia e experiências do verão. Criado pela Mude,
o projeto integrou mídia out of home (OOH), ativações
presenciais e estratégias digitais, redefinindo o significado
de Brand Experience integrado com um case de
sucesso de awareness, engajamento e conversão.
Extrapolando as barreiras de ativação de marca, a Rio
Academia estruturou uma jornada de marca completa,
trabalhando todas as etapas do funil de marketing de
forma não linear, potencializando o brand recall e criando
vínculos emocionais duradouros com o público.
IMPACTO EM NÚMEROS
• 40 milhões de impactos na mídia OOH, em praças
estratégicas no Brasil
• 27 mil presenças, aumento exponencial de 166%
em comparação ao ano anterior
• 8 mil alunos únicos, crescimento de 146% em relação
2024
• 3 mil treinos gratuitos realizados
• 171 mil interações no app da Mude
• Branded content distribuído no Blog da Mude, CRM e
squad de influenciadores-professores, gerando centenas
de conteúdos exclusivos e ampliando alcance digital
O RESulTAdO?
Campanhas que foram além da exposição, construindo
relevância e impacto de longo prazo para as marcas.
A FÓRMulA dE SuCESSO
As marcas que investiram na Rio Academia enten-
deram que a combinação entre mídia OOH, experiência
física e ativações e conteúdos digitais gera impacto
real no comportamento do consumidor.
• YoPro, patrocinadora master, assegurou o naming
rights do projeto pelo segundo ano consecutivo, garantindo
máxima visibilidade e associação ao universo
wellness. Com centenas de aulas patrocinadas (mais
de 50% da grade da academia), assinatura do espaço
de musculação e estratégias digitais amplificadas por
sampling e collabs com influenciadores, a marca consolidou
seu posicionamento de forma estratégica.
• Neutrogena transformou o espaço Spa da academia
em uma experiência sensorial completa, unindo
massagem com seus produtos e crioterapia na banheira
de gelo, um dos pontos mais instagramáveis
do verão. Além de awareness, a marca reforçou seu
produto ao oferecer proteção solar para o público.
• Stanley e Kibon criaram uma atmosfera de lifestyle
ao dominar as areias de Ipanema, com ombrelones,
espreguiçadeiras e ativações de produtos que
incentivaram o consumo e o compartilhamento de
conteúdo espontâneo nas redes sociais.
A união de presença física e digital garantiu que as
ativações fossem amplificadas, gerando brand recall
e conexão emocional.
O POdER dO CROSS-CHANNEl
O grande diferencial da Rio Academia foi a sinergia
entre mídia OOH, experiência e digital, garantindo que
as marcas não apenas estivessem presentes, mas também
conversassem de forma contínua com seu público.
Os mobiliários urbanos da Mude, presentes no Rio
de Janeiro, São Paulo, Recife, Fortaleza, Brasília, Goiânia
e Florianópolis, ampliaram a presença antes, durante e
após a experiência, reforçando a mensagem das marcas.
A estratégia digital complementou
a jornada com:
» Campanhas in-app no aplicativo da Mude
» Conteúdos segmentados nas redes sociais das marcas
» Squad de influenciadores-professores da Mude,
amplificando a narrativa
» Branded Content e CRM, garantindo relevância e
recorrência na comunicação
O projeto mostrou que construção de marca exige
consistência e múltiplos pontos de contato para
fortalecer a conversão e fidelização.
uM NOVO PAdRÃO PARA O lIVE MARKE-
TING NO BRASIl
O sucesso da Rio Academia reforça que a experiência
é um pilar essencial do marketing atual para
construção de relações fortalecidas com o consumidor,
mas além disso, projetos que trabalham de forma
sinérgica diferentes pontos de contatos, formatos e
mensagens complementares em canais que somam
esforços, geram resultados além da exposição.
A Rio Academia 2025 deixou seu legado na nova era
do live marketing. Agora, qual será a próxima marca a
transformar presença em experiência inesquecível?
jornal propmark - 17 de março de 2025 41
agências
Alê Sousa e Fernando Pelegio lançam,
juntos, o hub de produção Yog Creative
Os executivos têm experiência no audiovisual de emissoras como
SBT e Record e pretendem trazer novas propostas ao mercado
Bruna Nunes
Alê Sousa e Fernando Pelegio se
conheceram ainda jovens, quando
o pai de Alê, o narrador Silvio Luiz,
os apresentou na TV Record. Mais tarde,
em 1992, entraram juntos no setor de
criação visual do SBT, onde Fernando
somou mais de 40 anos de trajetória e
Alê 14, antes de dedicar 17 anos à Record.
Em 2025, a dupla se junta para anunciar
o lançamento de um novo hub: Yog Creative.
Com referência do mercado exterior,
a proposta é oferecer um modelo de produção
mais otimizado.
“A gente percebeu que no mercado
de fora, no mercado europeu, por exemplo,
você não tem um departamento
específico na emissora que cuida disso
[de chamadas e aberturas]. Você tem
produtoras que prestam serviço, ou hubs
que prestam serviço para as emissoras”,
comenta Alê Sousa, que explica que
esse é um departamento custoso nas
emissoras. “É extremamente importante,
mas com muitos gastos, mas tem de
trabalhar com equipamento de ponta. Os
nossos custos, com certeza, são menores
do que essas agências in-house que têm
nas emissoras”, ele acrescenta.
Sousa aponta que com o crescimento
do digital, as demandas estão cada vez
maiores, pois, a cada lançamento, surge
a necessidade de conteúdos adaptados
para diversos formatos, como, por exemplo,
para os streamings. “Um trailer que
foi feito para a TV não pode ser simplesmente
replicado no streaming, afinal,
são públicos diferentes” exemplifica.
Com esse modelo de negócio, a ideia é
otimizar todo o processo de produção,
incluindo os gastos, pois consegue “centralizar
tudo em um time criativo, uma
equipe criativa que vai desdobrar para
todas as plataformas que forem necessárias
para cada produto”.
Fernando Pelegio destaca que, apesar
da reconhecida experiência da dupla em
televisão, a Yog Creative não está buscando
apenas as emissoras como clientes.
O principal objetivo é ajudar uma
diversidade de canais a venderem seus
conteúdos. “A gente não está muito interessado
em questionar se é digital, TV
“Yog Creative: ‘Transformando ideias em histórias que ficam’ é o slogan do novo negócio de Alê Sousa e Fernando Pelegio
Os sócios-fundadores da Yog Creative Alê Sousa (em pé) e Fernando Pelegio
aberta, TV a cabo ou streaming, que tipo
de streaming. Vemos tudo como gerador
de conteúdo. A chamada, o visual, a
abertura, a vinheta, nada mais é do que
vender. A função dela é vender. E com
nossa experiência, sabemos como fazer
isso”, declara Pelegio, que destaca Silvio
Santos como um mentor essencial para
sua experiência.
Paulo Uemura
“Não deixamos
cair a qualidade, e
ao mesmo tempo,
diminuimos os
custos”
Divulgação
DESAFIOS E METAS
A Yog Creative vai buscar alinhar a
inteligência artificial e humana em suas
campanhas, oferecendo chamadas, teasers
e vídeos institucionais para seus
clientes.
Uma das metas dos sócios é ajudar
as emissoras locais, que precisam que
essa demanda de produção de chamadas
seja atendida. “As emissoras locais,
desde quando eu trabalho em televisão,
sentem uma carência de não ter
a mesma qualidade de chamadas, de
pacote gráfico, de abertura, que tem
a cabeça de rede, a emissora principal.
Isso é uma demanda que a gente também
gostaria muito de ajudar, porque
você tem grandes conglomerados de
comunicação fora de São Paulo, do
Rio”, conta Pelegio.
Sobre os desafios em lançar o novo
modelo, a dupla de sócios destaca a
quebra de paradigma. “Porque esse
tipo de serviço sempre foi feito dentro
das emissoras. Mas temos como ajudar
a não deixar cair a qualidade e ao mesmo
tempo diminuir os custos que essas
emissoras têm in-house”, finalizam.
42 17 de março de 2025 - jornal propmark
agências
Africa Creative lança primeira campanha
para Mitsubishi com o SUV Eclipse Cross
Ação marca o retorno da montadora à carteira de clientes da Africa
Creative, que resgata e ilustra o prazer de dirigir no filme ‘Pelúcia’
A
Mitsubishi Motors lança sua primeira
campanha do ano, que marca
seu retorno à agência Africa
Creative, para celebrar a chegada do
Eclipse Cross 2026, modelo recém-lançado
cuja campanha estreou no intervalo
da transmissão do Oscar na TNT e
TV Globo, no dia 2 de março. Com a mensagem
‘O SUV com essência de esportivo
para você relembrar sua essência’,
a campanha marca um novo momento
na comunicação da marca no Brasil.
O filme ‘Pelúcia’ apresenta um
personagem como protagonista, em
uma metáfora da jornada de um pai
que se transformou nesse ser lúdico
que, sempre que está no carro, ouve
músicas infantis com sua filha. Ao longo
da história, esse “pai pelúcia” vai,
gradualmente, recuperando sua forma
humana enquanto redescobre o prazer
de dirigir no novo Eclipse Cross 2026.
Divulgação
No seu retorno à Africa Crative, Mitsubishi investe no prazer da dirigibilidade no SUV
Durante essa transição, a trilha sonora
também se adapta, iniciando com uma
versão infantil e evoluindo para adulta
e moderna, que acompanha a mudança
de atmosfera do filme.
“A comunicação dos SUVs se tornou
pasteurizada e previsível. Mas acreditamos
que escolher um SUV não significa
abrir mão da personalidade. Com o
novo Eclipse Cross 2026, fomos além do
óbvio para resgatar a essência de quem
realmente gosta de dirigir. A campanha
traduz a característica mais marcante
da nova linha: a dirigibilidade e o puro
prazer ao volante. O novo Eclipse Cross
2026 entrega exatamente essa experiência
sem abrir mão de tudo o que se
espera de um SUV – e chega para se
consolidar como o modelo mais vendido
da marca no Brasil, reforçando sua
presença em um segmento tão competitivo”,
destaca a CMO Marcia Neri.
Mutato estreia com Toyota em ação que
promove garantia de 10 anos da marca
Comercial, com produção da Saigon e direção de Ricardo Carelli, explica
que oferta representa a confiança da montadora nos seus produtos
Após vencer a concorrência pela
conta integrada da Toyota em
outubro de 2024, a Mutato estreia
o atendimento à fabricante com
uma campanha regional – que será
veiculada no Brasil, demais países da
América Latina e Caribe – que marca o
lançamento do Toyota 10, um programa
inédito de garantia estendida de 5 para
até 10 anos, sem custo adicional. A nova
plataforma reafirma o compromisso da
marca com QRD – expressão em inglês
que significa qualidade, confiança e durabilidade.
Para comunicar o novo programa,
a marca buscou um elemento
enraizado na cultura da América Latina
e Caribe: o futebol.
Produzida pela Saigon e dirigida por
Ricardo Carelli, a campanha ‘Toyota 10.
Até dez anos de tranquilidade’, teve uma
Mutato, que conquistou a Toyota em 2024, chega à mídia com primeira campanha
Divulgação
dinâmica curiosa para chegar em versões
localizadas de forma mais genuína:
em vez de dublados, os filmes foram gravados
simultaneamente em português
e em espanhol – criando, assim, vídeos
mais naturais e próximos dos diferentes
mercados.
Um dos diferenciais oferecidos pela
montadora é garantia de dez anos. “O
programa Toyota 10 é mais do que uma
garantia estendida, é a expressão da
confiança da Toyota na excelência de
seus veículos. Com isso, reafirmamos
nosso compromisso com a qualidade
e a durabilidade, oferecendo aos nossos
clientes a tranquilidade de uma
garantia de até uma década, seguros de
que produzimos carros feitos para durar”,
destaca Fernando Filie, gerente de
marketing da Toyota do Brasil.
jornal propmark - 17 de março de 2025 43
agências
AlmapBBDO, Artplan e Droga5 se juntam
à ESPM para realizar o Fill the Gap 2025
O programa gratuito, idealizado pelos líderes das agências, busca
impulsionar a formação de lideranças mais diversas para o mercado
Em parceria com a ESPM, AlmapBB-
DO, Artplan e Droga5 anunciam a
segunda edição do Fill the Gap, movimento
para impulsionar a formação
executiva de talentos negros, indígenas,
trans, não-binários e pessoas com
deficiência em posições de liderança da
publicidade global. O programa gratuito
oferece 40 vagas para profissionais em
nível de gerência com experiência de
pelo menos 5 anos na posição.
De acordo com o II Censo de Diversidade
das Agências Brasileiras, liderado pela
Gestão Kairós, em parceria com o Observatório
da Diversidade na Propaganda,
a representação da liderança nesse
mercado ainda é majoritariamente composta
por pessoas brancas, homens, sem
deficiência. A iniciativa foi pensada por
três dirigentes do mercado publicitário:
Filipe Bartholomeu, presidente e CEO da
AlmapBBDO; Rodolfo Medina, presidente-
-executivo do Grupo Dreamers - holding
da qual a Artplan faz parte; e Felipe Simi,
CEO e creative chairperson da Droga5.
Na última edição, o programa formou 35 profissionais
Droga5 São Paulo contrata Renata Leão
como nova diretora-executiva de criação
Divulgação
A inscrição pode ser feita pelo site
e o processo seletivo ficará por conta
da EmpregueAfro, com resultados divulgados
no dia 24 de abril. “Estamos
empolgados com mais uma edição.
Acompanhamos, desde a seleção, o
impacto da iniciativa no mercado da
comunicação e no mundo da diversidade
e o entusiasmo dos candidatos para
fazer parte. Dessa vez, com tantos depoimentos
de transformação de carreira
e vivências compartilhadas, imaginamos
que vamos impactar ainda mais
pessoas e a seleção vai ser bem mais
disputada”, explica Patrícia Santos, CEO
fundadora da EmpregueAfro.
A primeira edição formou 35 profissionais.
“Há um potencial gigantesco
pouco explorado por essa indústria e
gente muito, muito qualificada e habilidosa
pronta para fazer a diferença”,
declara Rejane Romano, formada na
primeira edição do programa e atual
coordenadora pedagógica do curso Fill
The Gap 2025.
Profissional chega na agência com o
objetivo de fortalecer a visão criativa
tanto em contas locais como globais
Divulgação
Vitor Kadooka
Renata Leão assume a posição de diretora-
-executiva de criação (ECD) da Droga5 São
Paulo. Com 25 anos de experiência no mercado
publicitário, Renata chega para fortalecer a visão
criativa da agência, sendo responsável por contas
locais e globais sob a liderança de Rafael Ziggy, CCO
da Droga5 São Paulo.
A criativa soma passagens por agências como
David, AlmapBBDO, F/Nazca Saatchi&Saatchi, Wunderman
Thompson e WMcCann, tendo trabalhado com
marcas como Coca-Cola, Google, Avon, Corona, Dove e
Burger King.
Com uma trajetória premiada, a profissional acu-
mula mais de 130 troféus nos principais festivais de
publicidade do mundo, incluindo Cannes Lions, Effie
Latam, Clio Awards e D&AD, entre outros.
“Vejo esse desafio como uma oportunidade para
criar soluções inéditas, que tragam resultados reais
para as marcas, ao mesmo tempo em que ganho espaço
para colaborar com um time talentoso, chegando
nas melhores ideias e transformando elas em campanhas
poderosas e memoráveis”, afirma a nova ECD.
Rafael Ziggy, CCO da Droga5SP, destaca que Renata
é uma criativa versátil, capaz de potencializar ideias
de marcas dos mais diferentes segmentos. “Isso porque
tem uma preocupação legítima em entender a
fundo o negócio dos clientes para chegar em respostas
inovadoras para todo tipo de desafio”, afirma.
Renata, ex-David, vai liderar a criação da Droga5
44 17 de março de 2025 - jornal propmark
mídia
Google ativa retail do Magalu Ads com
o Performance Max for Marketplaces
Accenture Song e marcas também estão atentas às oportunidades
que esse modelo de publicidade oferece para interação com clientes
Paulo Macedo
Fotos: Divulgação
Gleidys Salvanha é diretora de negócios para o varejo no Google
Rede Hortifruti Natural da Terra contempla o retail com ação para cervejas Sol e Praya
As marcas e vendedores do ecossistema
Magazine Luiza são os
primeiros usuários no Brasil do
sistema Performance Max for Marketplaces
através da plataforma Magalu
Ads que envolve retail media.
“Essa otimização consiste na conexão
direta entre as plataformas do
Pmax e do Magalu Ads, ampliando o
acesso de empresas de todos os tamanhos
à solução, que ajuda o vendedor a
criar campanhas nas principais plataformas
de publicidade do Google, como
Shopping, YouTube e Gmail. Isto é, ele
consegue criar campanhas com muito
mais facilidade e impulsionar o seu
produto além das fronteiras do Magalu”,
esclarece Gleidys Salvanha, diretora de
negócios para o varejo no Google Brasil,
lembrando que a solução já está ativa
na Ásia com a Shopee e Zara.
O Google iniciou a parceria em janeiro
de 2025, quando liberou o acesso
para o Magalu, e o impacto foi sintomático
devido à geração de um maior
volume de vendas tanto para as marcas
quanto para os vendedores. O Google
está atento ao fenômeno retail media.
Por esta razão, fomenta sua atuação
com serviços em ambientes favoráveis
para a decisão de compra, como esclarece
Gleidys. Ela lembra que o retail se
tornou realidade antes da reavaliação
do Chrome, do Google, sobre os cookies
de terceiros que, em 2024, a empresa
decidiu colocar o cliente no centro, ao
descontinuar a restrição.
“Nesse cenário dinâmico que é o
digital, o Google permanece crucial na
jornada do consumidor, atuando como
decisor-chave em diversos estágios
e desenvolvendo novas soluções que
continuarão ajudando marcas, vendedores
e varejo a se conectarem com
consumidores. Isso permitirá que marcas,
vendedores e varejo se beneficiem
da performance e escala que o Google
oferece permitindo que nossos parceiros
meçam o funil de venda de forma
holística no online e offline e otimizem
suas campanhas com dados de audiência
1P e 3P, além de dados de conversão”,
diz Gleidys.
“Enquanto o retail media expande
as possibilidades de alcançar o consumidor
dentro dos ambientes de varejo
online e offline, as soluções do Google
continuam a moldar a consideração e
a decisão de compra, desde um impacto
de anúncio de vídeo, display, áudio
ou digital out of home, indo para pesquisa
inicial até a comparação de produtos
e a descoberta de novas ofertas.
O retail media, portanto, amplia o alcance,
enquanto as ferramentas do Google
continuam a solidificar a influência
ao longo de toda a jornada”, pondera
Gleidys.
Outro ponto que a diretora destaca é
utilização de inteligência artificial. “Para
automatizar a distribuição de budget
“As soluções do
Google moldam
a consideração
e a decisão de
compra”
Vanessa Gianotti é líder de mídia na Accenture Song Latam
de campanhas, buscando a melhor recomendação
para o objetivo de vendas
nas plataformas do Google, automatizando
anúncios, lances e segmentação.
Isso garante anúncios relevantes, nos
locais e momentos ideais para a conexão
com o consumidor. A ferramenta
simplifica o gerenciamento de campanhas,
facilitando a vida do vendedor.”
Vanessa Gianotti, líder de mídia na
Accenture Song na América Latina, credita
o sucesso do retail à ascensão do
ecommerce. “Entender o consumidor e
como ele se comporta nas plataformas
de varejo faz toda a diferença. Mensagens
específicas e direcionadas ao
momento da jornada têm um potencial
muito maior de conversão. Além disso,
utilizar as plataformas com todo o potencial
de segmentação também contribui
para efetividade: uso de dados
para criação de audiências especificas,
segmentação de mensagem e, por fim,
o monitoramento, insight e otimização
em tempo real.”
Do grupo Americanas e com 70 lojas,
inclusive a de Búzios no Rio, que exibe
ação em um lounge com as cervejas
premium Sol e Praya, a rede Hortifruti
Natural da Terra quer impulsionar parcerias
com retail. “A ferramenta não só
permite que nossos parceiros promovam
seus produtos de maneira estratégica,
como também estreita ainda mais
o vínculo com os seus consumidores”,
afirma o CMO Daniel Milagres.
jornal propmark - 17 de março de 2025 45
mercado
Marcas e agências vivem processo
de transformação no relacionamento
Profissionais do mercado destacam mudanças nas expectativas das
grandes marcas e os desafios enfrentados pelas agências no Brasil
Pexels
Estudo da Scopen revelou que as empresas trabalham com cerca de 15 parceiros diferentes, apesar de o desejo de integração crescer entre os ouvidos
Adrieny Magalhães
A
relação entre anunciantes e
agências está passando por
uma transformação significativa
no Brasil. A 10ª edição do estudo
Agency Scope 2024/25 revela um
cenário em que as empresas ainda
trabalham com cerca de 15 parceiros
diferentes, apesar de um desejo crescente
por integração. Essa dinâmica
levanta questões sobre eficiência,
especialização e o impacto na estratégia
das marcas.
O estudo aponta que os anunciantes
estão reduzindo o número de parceiros
(de 17, em 2022, para 15, em 2024), mas a
fragmentação ainda é um desafio. Plataformas
digitais lideram em interação
(7,9 parceiras por empresa), seguidas
por agências de publicidade (2,4), live
marketing (1,7) e digitais (1,3).
Sandra Martinelli, CEO da ABA (Associação
Brasileira de Anunciantes) e
membro do Executive Committee da
WFA (World Federation of Advertisers),
destaca que a busca por integração
tem crescido, com 35% das empresas
priorizando a consolidação de parceiros.
“As agências estão passando por uma
transformação profunda e acelerada,
impulsionada por diversos fatores econômicos
e estratégicos”, afirma.
Essa transformação vem sendo
acompanhada de perto pela WFA – entidade
global que representa os anunciantes
e à qual a ABA é filiada -, que
desenvolveu um trabalho detalhado
sobre o tema em sua Carta Global de
Mídia, documento que a ABA trouxe para
o Brasil em suas duas edições, lançadas
em 2018 e 2022.
Em 2023, a WFA e a MediaSense realizaram
um novo estudo. O material, intitulado
‘Guia ABA sobre o futuro modelo das
agências’, analisou os diferentes modelos
de parceria utilizados pelos principais
anunciantes e como essas estruturas estão
evoluindo para atender às demandas
do futuro ecossistema de mídia.
A pesquisa mostrou uma crescente
busca por modelos mais integrados,
com 35% dos anunciantes optando por
simplificar suas operações por meio
da consolidação de parceiros. Esse
movimento visa a garantir maior consistência
e melhor aproveitamento
das capacidades globais das agências.
As grandes holdings, como Dentsu,
Havas, IPG, OMG, Publicis e WPP, estão
“As agências
estão passando
por uma
transformação
profunda”
46 17 de março de 2025 - jornal propmark
Fotos: Divulgação e Alê Oliveira
Sandra Martinelli, CEO da ABA
Iuri Maia, diretor de estratégia de marca do Meli
Heloísa Santana, presidente-executiva da Ampro
bem posicionadas para atender a essa
demanda, oferecendo amplitude e profundidade
de serviços. Como reflexo
dessa tendência, 77% dos entrevistados
já operam dentro desse modelo, combinando
serviços centralizados e localizados.
Já Heloísa Santana, presidente-executiva
da Ampro (Associação de Marketing
Promocional), aponta que um alto
número de parceiros pode enfraquecer
relações estratégicas e dispersar o foco
das campanhas. “Por isso, reforçamos
que contratações em grande número
vão contra as boas práticas do setor, já
que dificultam a criação de parcerias
profundas e coerentes. Além disso, é
fundamental considerar o impacto nas
premissas do ESG – desde a sustentabilidade
na mobilização de fornecedores
até as implicações para equipes em
situação de vulnerabilidade, incluindo
questões como os prazos e as condições
de cada projeto”, alerta.
CONCORRÊNCIA
O estudo da Scopen também aponta
um crescimento expressivo na adoção
de concorrências como principal método
de seleção de agências. Em 2024, 81%
dos anunciantes utilizaram esse formato,
contra 62,4% em 2022.
Para a ABA, a concorrência pode ser
eficiente para garantir melhores parcerias,
mas deve ser conduzida com transparência
e critérios claros. “Entendemos
que esse modelo de concorrência pode
ser eficiente para garantir melhores
parcerias, pois permite uma avaliação
mais ampla das capacidades das agências,
além de promover a transparência
no processo de seleção”, conta Sandra.
No entanto, ela acredita que é importante
que esse processo seja conduzido de
forma justa e respeitosa, considerando
que as agências investem tempo e recursos
significativos para apresentar
suas propostas.
A Ampro, por sua vez, critica o uso excessivo
desse modelo no live marketing.
“Muitas vezes, essas disputas exigem
grandes investimentos por parte das
agências, sem oferecer a devida contrapartida,
funcionando mais como uma
pesquisa de mercado do que como um
processo ético de seleção”, pondera Heloísa,
reforçando a necessidade de boas
práticas no setor.
ANUNCIANTE-AGÊNCIA
Os anunciantes estão cada vez mais
atentos à necessidade de integração,
mas a realidade ainda está distante do
ideal. Segundo o estudo, apenas 11% dos
executivos acreditam que o modelo atual
de agência se alinha bem com suas
necessidades futuras.
Iuri Maia, diretor de estratégia de
marca do Mercado Livre, ressalta a
complexidade da redução de parceiros.
“Trabalhamos com um ecossistema de
agências estrategicamente selecionadas
para diferentes áreas de atuação.
Dessa forma, garantimos que cada frente
esteja integrada e receba a atenção
e a expertise necessárias. Na prática, a
“A complexidade
do marketing
exige expertise
em diversas
frentes”
complexidade do marketing exige expertise
em diversas frentes, tornando
cada vez mais relevante termos parceiros
com conhecimento especializado”,
explica. No entanto, ele reforça que
a marca busca otimizar a gestão dos
parceiros para manter um alinhamento
consistente.
Olhando para o futuro, Maia acredita
que as marcas tendem a integrar
mais seus projetos com uma única
agência para garantir consistência na
mensagem, conhecimento aprofundado
do negócio e alinhamento em todos
os pontos de contato com o consumidor.
“Essa integração pode fortalecer
a estratégia e otimizar resultados. No
entanto, esse movimento não atende
todas as áreas, por exemplo PR e Ativações
– que exigem expertise específica.
A especialização continua sendo fundamental,
já que uma agência única dificilmente
terá a profundidade necessária
para atender a todas as frentes com
excelência”, completa.
Joubert Brito, professor de comunicação
e publicidade na ESPM, reforça que
a tendência é um modelo híbrido, combinando
integração e especialização. “A
chave está em alinhar processos, criando
uma rede de parceiros para diminuir
riscos”, afirma. Para o professor, uma
proposta de parceria bem estruturada
define claramente os papéis de cada
envolvido e os objetivos a serem alcançados,
garantindo maior eficiência. E
neste cenário, em que o conteúdo é rei,
ter parcerias estratégicas pode ser um
divisor de águas para as empresas que
buscam inovação.
“Por fim, em um mercado publicitário,
cada vez mais colaborativo e competitivo,
buscando sustentação publicitária
de produtos e serviços, entender a
importância de formar parcerias estratégicas
com adaptabilidade e colaboração
é essencial”, finaliza Brito.
Em um mercado que busca agilidade
e resultados, a relação entre anunciantes
e agências continuará evoluindo,
mas o desafio da integração persiste.
O caminho ideal parece estar na flexibilidade:
encontrar o equilíbrio entre
um número reduzido de parceiros e a
expertise necessária para enfrentar as
complexidades do mercado.
jornal propmark - 17 de março de 2025 47
pesquisas
Boticário lança central de estudos para
ampliar conhecimento sobre a mulher
Campanha ‘O corpo mais buscado é o menos pesquisado’ tem criação
da agência GUT com Deborah Secco, Isabelle Drummond e Zezé Motta
Fotos: Divulgação
A managing director Alessandra Visintainer, da GUT, ressalta o briefing detalhado
Renata é CMO do Grupo Boticário e participou do SXSW onde lançou a campanha
Paulo Macedo
Mulher não tem apenas o dia 8
de março para celebrar. O mês
inteiro passou a integrar o
elenco de iniciativas para render homenagens
ao extinto sexo frágil, que
realmente é uma mentira absurda.
Mas, apesar das desigualdades e desequilíbrios
no reconhecimento salarial
que, segundo o Painel do Relatório de
Transparência Salarial do Ministério do
Trabalho, é 19,4% inferior aos homens,
elas crescem e avançam como força
motriz. E isso não inviabiliza a gestão
de autocuidado e da autoestima. O
Boticário sabe disso e este ano lançou
o Centro de Pesquisa da Mulher para
homenageá-las com o plano de ampliar
o conhecimento científico sobre
o bem-estar feminino em todas as fases
da vida.
Um dos parceiros do hub de pesquisa
de O Boticário é o Hospital Albert
Einstein, de São Paulo, conhecido pelas
análises avançadas à medicina. O viés
oportuno da iniciativa coloca na pauta as
peculiaridades femininas, que vão muito
além dos clichês relacionados à estética.
“É importante
conhecer e
estudar nossos
corpos da forma
correta”
nha na semana passada no SXSW durante
o painel “Beleza 2030: As 5 tendências
que redefinem o futuro da longevidade”,
ao lado de Carla Buzasi, presidente e CEO
da empresa de previsão e tendências
WGSN.
A reflexão proposta por O Boticário
ganha credibilidade devido ao seu histórico
de alinhamento nas suas campanhas
com a valorização da pluralidade. A marca,
inclusive, tem desde 2029 um setor
estruturado para diversidade, inclusão
e equidade. Este ano, o anunciante foi
reconhecido pelo Age Friendly Institute
por ações relacionadas à contratação de
pessoas 50+, por exemplo. A campanha
Daí, a escolha de três famosas com diferentes
perfis geracionais.
“Déborah, Isabelle e Zezé são mulheres
que sentiram os impactos do julgamento
e olhar superficial sobre seus
corpos, cada uma ao seu modo e em sua
trajetória de vida. Tê-las conosco no primeiro
grande filme do Grupo Boticário é
muito relevante e potencializa o alcance
do movimento #PesquiseMeuCorpo, estimulando
assim a reflexão que desejamos
na sociedade”, enfatiza a executiva
Renata Gomide, CMO do Grupo Boticário,
ressaltando que o movimento salta a
barreira da provocação.
“Queremos incentivar a valorização da
essência e da individualidade da mulher,
respeitando seus ciclos e, também, fases
como diferenças fisiológicas e hormonais.
Por que monitorar e julgar quando
podemos compreender e cuidar? Equidade
não é apenas garantir oportunidades
iguais, mas também reconhecer e atender
as necessidades reais da mulher,
que muitas vezes são ignoradas. Queremos
que as mulheres sejam protagonistas
das próprias histórias e tenham acesso
ao conhecimento sobre seu corpo”,
pontua Renata, que apresentou a campada
GUT, com produção do filme da Vetor
Zero e de áudio da Cabaret, conta com
estratégia de mídia multimeios e conteúdos
digitais, incluindo uma ação no
Google Ads.
“É muito evidente como as mulheres
sofrem com objetificação do corpo e ao
mesmo tempo é uma realidade pouco
explorada como objeto de estudo científico.
A falta de estudos e pesquisas causa
um impacto grande nas nossas vidas e
é muito importante abrir um espaço para
falarmos sobre. Mais do que uma ação
de Dia da Mulher, queremos chamar a
atenção para esse chamado: pesquise
meu corpo”, relatam Sofia Calvit e Mellina
Fontoura, diretoras de criação da
agência.
“Somos uma agência majoritariamente
feminina, engajada na luta pelos direitos
dos corpos femininos. Quando recebemos
o briefing, abraçamos o desafio
de mostrar a importância de conhecer e
estudar nossos corpos da forma correta.
Transformamos uma iniciativa poderosa
do Grupo em uma ideia criativa capaz de
gerar impacto e amplificar essa mensagem
essencial”, acrescenta a managing
director Alessandra Visintainer.
48 17 de março de 2025 - jornal propmark
inspiração
Tradição e transformação
Fotos: Arquivo Pessoal
“No Maranhão e em diversas outras regiões do Brasil, manifestações
culturais correm o risco de se perder com o tempo”
Thaynara OG
Especial para o propmark
O
que nos inspira a seguir em frente? Para mim, a resposta está nas minhas origens,
nos valores que carrego e no impacto positivo que posso gerar. Crescer sem perder
a essência é um desafio constante, mas também um compromisso que escolhi
assumir.
Ter os meus por perto, viver uma vida real e manter um cuidado genuíno com as marcas
e projetos que escolho abraçar: é nisso que encontro minha maior inspiração. Tenho consciência
dos privilégios que conquistei e da responsabilidade que vem com o alcance que
possuo. Influenciar não é só sobre números; é sobre exemplo. Sempre acreditei no ditado
popular que fala que “o exemplo arrasta”.
Com mais de 6 milhões de pessoas acompanhando minha rotina, não há como ignorar
a força que as redes sociais têm para impactar vidas. Tento usar essa visibilidade para retribuir
tudo o que recebi, transformando inspiração em ações concretas. Pequenos gestos
podem gerar grandes mudanças, e já vivi momentos inesquecíveis ao ver o impacto dessas
atitudes. Desde colaborar com a redução de filas de hospitais públicos da região por meio
da minha imagem até pagar cirurgias para quem precisa, eu entendo que o meu trabalho
pode ir muito além do entretenimento.
Mais do que uma ferramenta de conexão, as redes sociais têm sido um elo entre tradição
e modernidade. No Maranhão e em diversas outras regiões do Brasil, manifestações
culturais correm o risco de se perder com o tempo. No entanto, há um movimento crescente
de resgate e valorização dessas expressões, impulsionado tanto pelo acesso digital quanto
pelo esforço das próprias comunidades em preservar suas identidades. O que vemos hoje
em países que souberam transformar cultura em economia criativa é um grande exemplo
de como tradição e inovação podem caminhar juntas. Olhar para o futuro sem perder o
vínculo com nossas raízes é um desafio global, e acredito que a tecnologia tem um papel
fundamental nessa construção.
Também tenho aprendido, ao longo da minha jornada, que o desenvolvimento econômico
pode e deve andar de mãos dadas com ações sustentáveis. Não basta apenas crescer;
é preciso crescer cuidando das pessoas e do nosso entorno. Empresas que compreendem
essa necessidade saem na frente, pois consumidores estão cada vez mais atentos ao impacto
das marcas que consomem. Essa mudança de mentalidade não é passageira: é uma
demanda real do mercado, e quem souber incorporá-la de forma autêntica terá um diferencial
competitivo significativo.
Para os que empreendem, inovam e lideram, o maior aprendizado é saber equilibrar
propósito e resultado. O mundo dos negócios não se sustenta apenas com números; ele
é construído por pessoas, por histórias e por valores sólidos. Manter a essência e ao mesmo
tempo se reinventar é um desafio diário, mas é também o que diferencia aqueles que
deixam um legado daqueles que apenas passam. O caminho do sucesso, seja em qualquer
setor, não está apenas na inovação, mas na capacidade de gerar impacto positivo. E essa é
uma construção contínua, que exige visão, resiliência e compromisso.
Thaynara OG é advogada, empreendedora e influenciadora
jornal propmark - 17 de março de 2025 49
quem fez
Paulo Macedo
paulo@propmark.com.br
11:11 São Paulo
CoCo Quadrado
Fotos Divulgação
Título: ‘Faz todo sentido - Pássaros’
CCOs: Marcelo Siqueira e Wilson Mateos
ECD: renata antunes
Produtora: The Future Studios, com direção de Baepi Pinna
Criação: Luiz Braga, Vinicius Fuly e João Vereza
Aprovação: Lígia Lunghin Juncal, Márcio Juncal, rogério Ciceroni e
Guilherme Shinzato
Inicialmente voltada para atender a demanda de drinques com gelo de água
de coco (por isso o “quadrado” no nome), a marca expandiu e ganhou também
composições com sabores de outras frutas como morango e melancia – para
assim agradar um público maior, como o das crianças. As vendagens vêm
crescendo 20% anualmente.
lEaN aGENCy
BETnaCionaL
Título: ‘imagina o Galvão narrando o BBB?’
VP de criação: nilo Thiago
Diretor de criação: rafael Lima
Coordenação de criação: Fernando Henrique, daniel Gomes,
Lucas araújo e George Vinícius
Aprovação: Lucas Gasull
Nova campanha da plataforma de apostas do NSX Group,
que estreia como patrocinadora da cota “Big” no ‘Big Brother
Brasil 25’, tem filme, estrelado pelo embaixador da
marca Galvão Bueno. Ele entra no clima e solta suas frases
marcantes. Ao comentar sobre a formação do paredão, dispara:
“Essa é teste pra coração, amigo. Haja coração!”
Studio GioVaNNi BiaNCo
arEZZo
Título: ‘a cada passo, arezzo sempre presente’
Diretor de criação: Giovanni Bianco
Fotógrafo: Fernando Tomaz
Video making off: Cabelo e Matheus Mello
Trilha video making of: Plínio Profeta
Aprovação: Luciana Wodzik
A atriz Fernanda Torres, que estrelou campanha da Arezzo em 2010, retorna à comunicação
da marca 15 anos depois na campanha de inverno 25 da marca que
integra o grupo Azzas 2154. A coleção chegou às lojas na semana passada e apresenta
peças-desejo, com botas over the knee, de cano alto, saltos com novos shapes,
bolsas estruturadas e acabamentos em verniz.
50 17 de março de 2025 - jornal propmark
Out of Home
A MÍDIA QUE MAIS CRESCE NO BRASIL
Cortex e Itabus se unem para fornecer
dados em real time nas ações de MOOH
Projeto traz uma nova fase para o mercado e aproxima a dinâmica
de mídia programática nos espaços de publicidade em movimento
Não é de hoje que o mercado publicitário
busca inovações para
medir o impacto das campanhas
em mídia OOH, visando a personalizar e
obter maior controle das métricas em
ações de marketing. Uma parceria entre
a Cortex, especializada em análise
de dados, e a Itabus, empresa especializada
em mídia em movimento, promete
transformar o cenário atual e monitorar
de forma precisa a publicidade no meio,
combinando dados de forma estratégica
para melhorar a comunicação das
marcas e a visibilidade das ações junto
ao público-alvo.
A iniciativa das empresas usa a tecnologia
de GPS, habitualmente utilizada
em ônibus executivos, para acompanhar,
minuto a minuto, cada ponto do trajeto
dos veículos e a visibilidade gerada pelo
coletivo. Esses veículos são envelopados
ou personalizados com campanhas publicitárias
ou para ativações de experiências
de marca e colocados em circulação
de acordo com a estratégia de marketing
definida pelo cliente. Por não serem ônibus
de linha, que possuem um itinerário
fixo, é possível definir o percurso para
alcançar o target ideal.
A grande novidade está na utilização
da ferramenta de inteligência geográfica
Geofusion Intelligence, da Cortex, empresa
de inteligência de dados, que coleta
dados em tempo real, permitindo analisar
a efetividade e o impacto gerado ao
percorrer as ruas. Por meio do sistema
de georreferenciamento, atrelado aos
dados sociodemográficos da Cortex, a
equipe de marketing é capaz de obter informações
detalhadas sobre a densidade
de tráfego em áreas específicas.
Para Valéria Duarte, VP de marketing
da Cortex, o ineditismo da parceria e a sinergia
entre as empresas contribui para
um mercado de comunicação cada vez
mais orientado a dados.
“Buscamos sempre estar à frente
Mídia itinerante está em expansão e passa a contar com informações para dar suporte às marcas no planejamento de veiculação
das demandas do mercado e inovamos
diariamente para entregar soluções
que apoiem as empresas de forma estratégica.
Unindo análise de dados e
inteligência artificial, a nossa solução
permite compreender melhor o alcance
e a audiência das ações para nortear as
campanhas das marcas”, acrescenta Valéria
Duarte.
De acordo com Juliano Martins, diretor
de marketing da Itabus, essa iniciativa
traz para o mercado dados que até então
não eram possíveis e são cada vez mais
fundamentais para otimizar e customizar
as estratégias de mídia, permitindo não
apenas segmentar o público que será
impactado, mas realizar ‘ajustes de rota’
de forma rápida.
“Se os negócios vão até o cliente (delivery,
ecommerce, streaming, comunicação
mobile etc.), por que a mídia exterior
fica esperando o cliente passar na frente?
Já fizemos ações para marcas como
Claro, Coca-Cola, Nestlé, L’Oréal e Heineken,
entre muitas outras, e hoje, temos
A executiva Valéria Duarte é VP de
marketing da Cortex e ressalta a parceria
com a Itabus: 15 mil ônibus com GPS em
todo o território nacional
mais de 15 mil ônibus mobilizáveis com
GPS via nossos parceiros, que viabilizam
aos anunciantes nacionais e regionais
levar campanhas e projetos especiais
Fotos: Divulgação
da Faria Lima e da Paulista para os mais
de 5.500 municípios do país, com dados
geolocalizados de audiência da Cortex,
minuto a minuto”, esclarece Martins.
A estratégia por trás dos dados também
permite expandir as campanhas
para cidades fora dos grandes centros
urbanos, uma vez que, historicamente, as
campanhas ficam concentradas nas capitais
e em grandes cidades. Como alternativa,
ao otimizar as rotas e os horários
nessas regiões, as campanhas podem ser
readaptadas para impactar e segmentar
novos públicos estratégicos, sem altos
custos, que não eram contemplados.
A dinâmica de uma nova fase da mídia
itinerante começa a se aproximar
da mecânica das mídias programáticas.
Assim como os anúncios na internet são
veiculados com base em dados comportamentais
e de segmentação de público,
a mídia móvel passa a ser orientada por
dados, combinando segmentação e otimização
da entrega, permitindo correção
de rota durante a campanha.
PATROCÍNIO
jornal propmark - 17 de março de 2025 51
esg no mkt
Alê Oliveira
Um novo nome para ESG
“Pode não estar no seu momento mais hype, mas,
acredite, é de importância vital para o mundo”
Alexis Thuller Pagliarini
Pois é... Tem gente que acha que a sigla ESG se enfraqueceu
com a volta do Trump e sua turma ao
poder. De fato, é assustadora a atitude desses líderes,
com relação aos princípios que regem os critérios
ESG. Quanto ao meio ambiente e à crise climática, eles
simplesmente dão de ombros aos riscos do clima adverso,
numa postura negacionista e inconsequente.
Ao contrário de fortalecer o combate ao aquecimento
global, eles se postam resistentes ao desenvolvimento
de energia alternativa e deixam claro que vão priorizar
o sujo petróleo, cujos subprodutos só agravam o efeito
estufa e o consequente aquecimento da Terra.
De quebra, deixaram o Acordo de Paris e romperam
com o Pacto Global, assinado em 2015, exatamente para
combater os efeitos climáticos catastróficos, que já são
sentidos nos dias de hoje em todo mundo.
No campo do “S”, de Social, o desdém é ainda maior.
Só reconhecem dois gêneros – homem e mulher – e
estão eliminando qualquer citação ou referência LGBT+
dos documentos formais.
Chegando ao ridículo de eliminar Gay do nome do
avião Enola Gay, que levou a bomba atômica atirada
pelos EUA em Hiroshima, no Japão, na Segunda Guerra
Mundial. Em paralelo, estão desmontando programas
de ajuda humanitária, retirando recursos de órgãos de
suporte internacional, com a USAID.
A alegação é de corrupção e desvios de atuação desses
órgãos (o que pode até ser verdade), mas o que está por
trás mesmo é o espírito “MAGA (Make America Great Again),
visando ao próprio umbigo, ignorando o resto do mundo.
A insensibilidade social beira ao absurdo de desdenhar
o sofrimento na faixa de Gaza, propondo criar algo
como um resort no lugar.
Incrível a insensibilidade! E no campo do “G”, de Governança,
a desfaçatez é igualmente inacreditável, com
uma gestão autoritária, de arroubos totalitários, sem
qualquer respeito aos fundamentos democráticos, à
constituição e à ética.
Um horror! Pois bem, na esteira dessa onda negacionista
e insensível, grandes empresas, principalmente
as Big Techs americanas, se aproveitam e reveem sua
política social, desmontando processos de DE&I e revertendo
programas socioambientais.
Fazem isso para economizar e se esquivarem da responsabilidade
pelo controle de conteúdo inadequado
nas redes. Daí ESG estar na berlinda.
Seus conceitos resistirão a esse movimento contrário?
Bem, antes de mais nada, é preciso fazer um contraponto
importante: a Europa e muitos países de outros
continentes continuam acreditando na importância
dos princípios ESG e permanecerão atuando sob
seus critérios.
Até porque eles são benéficos para o resultado das
companhias que os adotam.
Mas, OK, se não quiserem mais usar a sigla ESG, que
tal adotarmos outro nome qualquer? Gestão Consciente,
por exemplo.
Sim, o movimento Capitalismo Consciente é sólido
e ganha adesões no mundo inteiro, inclusive nos EUA.
Muitas empresas já estão num nível de maturidade
tão avançado em ESG que nem pensam em reverter
o processo.
Até porque, repito, funciona! Não me canso de dizer
que os princípios ESG não devem ser vistos como algo
estranho ao processo de uma gestão eficiente.
O melhor dos mundos será quando as empresas
adotarem uma administração que incorpora naturalmente
as questões socioambientais e de governança
ética no seu planejamento estratégico e na gestão.
Quando isso acontecer, podemos esquecer ESG e dar
outro nome para esse movimento.
Gestão Consciente me parece muito bom! Mas, até
lá, pelo bem da humanidade e do seu negócio, não deixe
de se aprofundar nas questões ambientais, sociais e
de governança.
E isso tem um nome: ESG. Pode não estar no seu momento
mais hype, mas, acredite, é de importância vital
para o mundo.
Alexis Thuller Pagliarini
é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br
52 17 de março de 2025 - jornal propmark
supercenas
Paulo Macedo
paulo@propmark.com.br
MARISAR
O calendário promocional já contempla
estratégia para o Dia das Mães. A executiva
Karla Longo, diretora de marketing
da Marisa, já está com campanha alusiva
à data, que só perde em vendas para
o Natal, já em produção. A estrela será a
influencer e empreendedora Vih Tube, recentememnte
anunciada como embaixadora
da rede que este ano agrega ao mote
mercadológico ‘De mulher para mulher ‘ o
conceito ‘Vem Marisar’, criação da agência
For All. Faz sentido arregimentar Vih Tube.
Ela é mãe de Lua e Ravi frutos do seu casamento
com o ex-’BBB’ Eliezer. “Em 2024,
Marisa trabalhou o seu reposicionamento
no mercado com a diretriz criativa ‘Papo
de provador. O ‘Vem Marisar’ faz referência
a um dialeto próprio das clientes fiéis
da marca, que soa como uma conversa
entre amigas. Pensando em personificar
esse novo momento da empresa, Marisa
traz a influenciadora, mãe e empresária
Viih Tube como embaixadora da marca e
rosto das campanhas publicitárias, devido
à forte identificação com público da loja”,
justifica o anunciante, há mais de 70 anos
no mercado, por meio de comunicado.
“Conseguimos reposicionar a Marisa com
uma opção acessível e bom custo-benefício,
entre as principais marcas pops do
país. Agora, em 2025, com essa nova campanha,
vamos mostrar que iremos muito
além de preços acessíveis. Nosso foco é
entregar também estilo e versatilidade,
tornando a nossa marca cada dia mais
atual e relevante para as mulheres e suas
famílias”, destaca Karla Longo, enfatizando
ainda que houve alteração da comunicação
nas lojas e ajuste no tíquete.
Mãe dos pequenos Lua e Ravi, Viih Tube é o novo rosto das campanhas publicitárias da
Marisa, a primeira programada para o Dia das Mães, além de ser embaixadora da marca
Fotos: Divulgação
O humorista Marco Luque é atração da campanha criada pela Mestiça para a Shell Select com seus personagens
HUMOR
Rede de lojas de conveniência em postos de combustíveis da distribuidora Shell, a Select lança sua nova campanha
nacional com o humorista Marco Luque e dois de seus personagens mais conhecidos: Jackson Faive e Silas. O
projeto é assinado pela agência Mestiça, que criou um filme que “reforça o conceito de lugar democrático e melhor
parada para fazer uma refeição rápida, com preço justo, além de encontrar amigos, levar itens de reposição
para casa e aproveitar os combos da ‘Promo Shell Select’”.
Barbie celebra as PCDs Paola Antonini e Kelen Ferreira
BONEQUINHAS
Ação da Mattel para o mês da mulher trouxe a criadora
de conteúdo Paola Antonini e a profissional de saúde
Kelen Ferreira, que passam a integrar o projeto ‘Mulheres
Inspiradoras’. Elas são as primeiras brasileiras PCDs
a receberem uma Barbie inspirada nelas.
jornal propmark - 17 de março de 2025 53
última página
Alê Oliveira
O vício nas
más notícias
Stalimir Vieira
é diretor da Base de Marketing
stalimircom@gmail.com
Stalimir Vieira
Tenho lido versões inglesas de jornais chineses e
mesmo jornais escritos em chinês, me utilizando
de tradutores. É interessante o foco dessa mídia
em dar notícias boas. Todos os dias a população chinesa
é convidada a compartilhar das conquistas do país nas
mais diversas áreas.
São as descobertas científicas, alcançadas em laboratórios
de universidades; são os avanços tecnológicos que
levam a aperfeiçoamentos na produção de alimentos; são
as ações comunitárias que contribuem na evolução da qualidade
de vida nas cidades...
Nenhuma linha é perdida para qualquer tema que
não sirva para a sustentação de um estado de ânimo
positivo e de um moral elevado nas pessoas. Por certo
tempo, aceitei a tese de que essa praxe dos países comunistas
servia para, através do enaltecimento exagerado
de alguns fatos, mascarar as consequências das
grandes deficiências do sistema. Em alguns casos e em
alguns momentos, isso é verdade.
A censura e a manipulação da informação sempre
foram clássicas nos regimes autoritários, à esquerda e à
direita. Existe uma diferença, no entanto, entre censura
e manipulação da informação e a aplicação de um certo
bom senso regulatório.
E não se trata apenas de controlar a difusão de fake
news ou de discursos de ódio, mas de compreender o
poder da informação como promotora de estados mentais.
A mídia brasileira se sustenta num permanente
“modo escândalo”.
Ou seja, a população é diariamente convidada a abalar-se.
É assim há tanto tempo e com tamanha intensidade,
que se transformou num verdadeiro vício.
As barbaridades buscadas afoitamente nos programas
policiais do rádio e da televisão, em horários determinados,
agora são garimpadas a qualquer momento nas redes
sociais. A desgraça é um grande negócio no Brasil. Não
apenas nas ocorrências envolvendo roubos, assassinatos e
acidentes, mas em qualquer assunto, da política ao futebol.
O pênalti mal marcado, o gol em impedimento e a briga generalizada
dentro do campo têm mais relevância do que a
bola rolando; as acusações entre membros do parlamento
têm mais potencial de audiência do que os projetos de lei
que venham a beneficiar algum segmento social.
Não há descoberta científica que consiga emocionar
mais do que um estupro de menor de idade. Não há conquista
de índice positivo na alfabetização que atraia mais atenção
do que um choque entre dois ônibus em uma estrada.
Com isso, se estabeleceu um ciclo vicioso, em que as
desgraças moldaram as audiências que, por sua vez, demandam
cada vez mais desgraças.
E perde-se o espaço precioso da grande mídia, que poderia
estar muito bem contribuindo para a evolução do
pensamento do brasileiro e fazendo germinar uma confiança
maior no futuro, para a mera prática comercial de “vender”
notícias para um consumidor de informação, pautado
pela mediocridade.
O interessante é que mesmo aquelas publicações, tidas
como mais intelectualizadas, repercutem muito mais quando
trazem notícias, resultado do chafurdamento em algum
bastidor com potencial de escândalo.
É de se perguntar: quem vai contar o que há de bom
acontecendo no Brasil, não importam quais sejam os políticos
da vez no poder?
“Existe uma diferença,
no entanto, entre
censura e manipulação
da informação e a
aplicação de um certo
bom senso regulatório”
54 17 de março de 2025 - jornal propmark
Caras sempre foi uma
referência. Agora,
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Referência, a nova gráfica de Caras, garantia de boa
impressão pra quem anuncia e pra quem lê.
EDIÇÃO 1635 - ANO 32 - N o 11 - 14/03/2025
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Cientes da força da
dramaturgia para a
construção de uma
sociedade mais justa, a
dupla estende a sintonia
da TV e do cinema para
os palcos e arrebata o
grande público com o
espetáculo Dois de Nós
EXCLUSIVO
TORLONI E FAGUNDES:
ARTE, PARCERIA E
PROVOCAÇÃO
,ff
RAINHA XUXA É HOMENAGEADA
POR PATRICIA ABRAVANEL NO SBT
O ESTILO CLÁSSICO DA OSCARIZADA MIKEY MADISON
JULIA ROBERTS RECEBE TRIBUTO NO CESAR FILM AWARDS
“ACHAVA IMPOSSÍVEL”, DIZ LUCAS
WICKHAUS SOBRE FAZER NOVELAS
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