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091 - Digital Union: Pacote Conetividade

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Webinar

Pacote

Conectividade:

acelerar rede

gigabit na UE

#91

Out.

2023


7ª Sessão | Digital Union: Pacote Conetividade

Quem vai pagar as

redes gigabit na UE?

Bruxelas tem um pacote com 3 projetos distintos para acelerar

as redes gigabit no espaço comunitário. Mas há críticas de vários

quadrantes e o tema do investimento está no centro do debate,

com telcos e big tech a esgrimirem argumentos.

Bruxelas quer acelerar as infraestruturas de

alta velocidade, para alcançar as ambiciosas

metas da Década Digital. Nesse sentido,

tem em marcha a negociação e aprovação

do Pacote Conectividade. São três projetos

distintos, que visam criar redes gigabit no

espaço comunitário, e que estão a gerar

críticas de vários quadrantes. O tema do

investimento está no centro do debate, com

telcos e big tech a esgrimirem argumentos.

Num cenário onde é dificil traçar perspetivas,

dada a aceleração tecnológica sem paralelo,

aguarda-se com expetativa a entrada em

vigor das novas regras, como ficou claro

na 7ª Sessão do Digital Union, o ciclo de

webinars sobre o digital realizado pela APDC

em parceria com a VdA.

“Com o Pacote Conectividade, a UE pretende

ultrapassar os desafios da implementação

de infraestruturas de comunicações,

que é lenta e dispendiosa. E fornecer às

entidades nacionais orientação sobre o

acesso às redes, incentivando a partilha de

infraestruturas e o abandono de tecnologias

antigas, porque a tecnologia evolui muito

depressa. Mas também perceber o futuro da

conetividade e dos avanços tecnológicos das

infraestruturas, que é um ponto importante”,

avançou Fernando Resina da Silva - Sócio

da Área Comunicações, Proteção de Dados

& Tecnologia, Sócio Responsável da Área

PI Transacional da VdA, no arranque deste

webinar.

Para este responsável, os três documentos

base deste pacote, ainda recente, e que têm

o “objetivo de fornecer conectividade gigabit

a todos os cidadãos e empresas até 2030”, já

estão a gerar críticas, nomeadamente entre

os operadores europeus. A começar pela

“intenção de forçar a partilha de redes, em

vez de criar mecanismos de incentivos para

essa partilha. Vem ainda estabelecer uma

regulação ex-ante, quando o setor deve ser

governado por normas da concorrência, expost,

e a própria CE tem defendido isso. Há

aqui alguma contradição entre o que tem

vindo a ser a prática e o que o regulamento

agora define”, considera.

Destaca ainda, entre as críticas, para o

facto de o pacote excluir “as infraestruturas

nacionais críticas. Apesar de não ser muito

claro, são entendidas como as existentes,

pelo que os incumbentes estariam a salvo

de muitas obrigações e que o regulamento

de aplicaria essencialmente aos novos

operadores”. Acresce que, para se atingirem

estes objetivos muito ambiciosos de 2030,

serão necessários muitos investimentos,

sendo a questão a de “saber quem é que os

vai pagar. Os operadores de comunicações,

as big tech, os utilizadores finais? Espero

que a discussão ajude a lançar alguma luz

sobre estes temas”, conclui.

2


CONETIVIDADE GIGABIT PARA TODOS

O Pacote Conectividade Bruxelas insere-se

num dos quatro eixos do amplo programa

europeu Década Digital, com o qual Bruxelas

definiu múltiplas metas a alcançar até 2030

em termos de skills, governança, negócios e

infraestruturas. E surge precisamente para

cumprir o objetivo de garantir conetividade

gigabit para todos e cobertura de alta

velocidade móvel (pelo menos de 5G) em

todo o lado.

João Ferraz, Associado da área TIC da

VdA, destacou, na apresentação do

projeto europeu, que “há um objetivo

da UE de continuar a investir e estar na

vanguarda das telecomunicações. O que

se pretende é que haja uma continuidade

nesse investimento. Para isso, avançou

com o Pacote Conectividade”, sendo os

documentos em discussão ainda propostas,

não se conhecendo ainda as versões finais.

Em cima da mesa estão três documentos:

a proposta de Regulamento Infraestruturas

Gigabit, que estabelece regras para permitir

uma implantação mais rápida, barata e

eficaz de redes gigabit em toda a UE; o

projeto de Recomendação Gigabit, dirigido

aos reguladores nacionais, que fornece um

conjunto de orientações sobre as condições

de acesso às redes de comunicações

dos operadores com poder de mercado

significativo (PMS), para incentivar um

abandono mais rápido das tecnologias

clássicas e uma implantação acelerada

das redes gigabit; e a consulta pública

exploratória sobre o futuro da conetividade

e das suas infraestruturas, onde se procurou

auscultar o mercado sobre a forma como as

crescentes exigências de conectividade e

os desenvolvimentos tecnológicos podem

afetar o futuro do setor, dos seus players e

dos utilizadores.

Neste último caso, refere que ainda “não se

conhece o resultado em termos legislativos.

Não se sabe o que virá depois desta consulta

pública e de que forma a CE atuará, tendo

em conta os resultados da consulta. O que

se sabe é como o mercado olha para o futuro

da conectividade e das infraestruturas na

UE, o que é essencial para a definição das

políticas que venham a ser implementadas

neste âmbito.”

Fernando

Resina da Silva

Sócio da Área

Comunicações,

Proteção de Dados

& Tecnologia, Sócio

Responsável da Área

PI Transacional,

VdA

João de Araújo

Ferraz

Associado da área

de ICT,

VdA


7ª Sessão | Digital Union: Pacote Conetividade

Detalhando cada um dos documentos,

João Ferraz explica que, no caso do

Regulamento Infraestruturas Gigabit,

procurou-se resolver as falhas que houve

na Europa na implementação da anterior

diretiva, a Diretiva de Redução de Custos de

Banda Larga (Diretiva 2014/61/UE). Esta foi

interpretada de forma diversa pelos vários

países, não se registando uma harmonização

na forma como o tema foi tratado.

O facto de a diretiva anterior ter sido

interpretada e aplicada de forma diferente

nos estados-membros, com mais ou menos

exigência, vai ditar alterações de fundo

em muitos países. Mas não será o caso de

Portugal, que “sempre esteve na vanguarda

do acesso, com regras muito exigentes

para incentivar a partilha e o acesso a

infraestruturas”. Por isso, não se esperam

no nosso país “grandes alterações ou de

enorme relevo”.

Já no caso da Recomendação, sendo

dirigida aos reguladores nacionais, esperase

que todos tenham uma interpretação

conjunta e consistente sobre a forma como

devem aplicar as obrigações aos operadores

com PMS.

Na consulta pública, o objetivo foi ver como

é que os diferentes players olham para

os temas do futuro do setor. E há aspetos

convergentes nas quase 400 respostas: todos

concordam na necessidade de inovação

e investimento eficiente em novas redes;

que deve haver um aproveitamento do

mercado único para impulsionar a inovação

e o investimento, nomeadamente através

da simplificação e da harmonização da

legislação aplicável na UE, nomeadamente

quanto ao espetro; e destacado o tema da

segurança das redes, com o aumento das

tensões geopolíticas.

Como explica este responsável, esta

consulta focou-se essencialmente em 4

pontos: evolução tecnológica e do mercado,

barreiras ao mercado único, fairness para

os consumidores e fair contribution. E em

muitos casos, as opiniões foram muito

divergentes. Particularmente no último

tema, que envolve a eventual contribuição

das big tech para o investimento nas redes.

“Os três documentos base do

pacote, ainda recente, têm como

objetivo fornecer conectividade

gigabit a todos os cidadãos e

empresas até 2030. e já estão a

gerar críticas, nomeadamente

entre os operadores europeus

em temas como forçar a partilha

de redes ou a regulação ex-ante.

Defende-se alguma contradição

entre o que tem vindo a ser a

prática e o que o regulamento

agora define”

E deixa claro que na Declaração dos Direitos

Digitais e dos Princípios para a Década

Digital, aprovada no final do ano passado,

se preconiza “a necessidade de uma

contribuição justa e proporcional de todos

os atores do mercado. Resta saber de que

forma e ainda não há resposta para isso”.

A finalizar, recordou que a implementação

do novo pacote ainda não tem data

definida, sendo provável que o Projeto de

Recomendação seja aprovado primeiro, pois

não está sujeito a tantas fases de discussão.

Já o projeto de Regulamento ainda está

numa fase inicial. Nos resultados da consulta

pública, espera-se pela forma como serão

aproveitados por Bruxelas.

DIFERENÇAS E DIVERGÊNCIAS

No debate que se seguiu, moderado

por Sandra Fazenda Almeida, Diretora

Executiva da APDC, e Tiago Bessa, Sócio

da Área de Comunicações, Proteção de

Dados & Tecnologia, PI Transacional da VdA,

ficaram claras as diferenças e divergências,

consoante o perfil dos players de mercado.

No caso de uma big tech como a Google,

Helena Martins, Head of Government Affairs

and Public Policy da subsidiária portuguesa,

manifestou a sua preocupação com o

facto dos operadores de telecomunicações

continuarem a defender uma posição de

imposição de uma contribuição às gigantes

tecnológicas. Trata-se de um “problema de

premissa. As telcos alegam que precisam

de financiamento para preencher um gap

de investimento e centenas de milhões de

4


euros para construir as redes de próxima

geração. Mas, na nossa opinião, o tema

tem de der visto numa outra perspetiva: o

investimento ainda não foi feito e, de acordo

com o histórico dessas empresas, isso vai

acontecer no desenvolvimento normal dos

negócios”.

Destaca ainda não existe qualquer evidência

de falha de mercado, que obrigue a

qualquer intervenção, o que foi mesmo

confirmado pelo BEREC, o regulador

europeu das comunicações. Cita ainda um

estudo pedido pela CE sobre necessidades

de investimento e financiamento para as

metas de conetividade, aponta-se que as

as telcos precisam entre 174 mil milhões e

200 mil milhões de euros para atingirem os

targets de produtividade. O que representa

100 mil milhões a menos do que dizem as

empresas.

“Bruxelas tem objetivos muito

ambiciosos para alcançar

até 2030. O que implicará a

necessidade de realizar muitos

investimentos. A questão que se

coloca é quem os irá pagar, se os

operadores de comunicações, as

big tech ou os utilizadores finais.

Esta é uma discussão em aberto”

Já os operadores têm uma visão distinta.

Pedro Mota Soares, Secretário-Geral da

Apritel, associação que representa os

operadores, começa por destacar que o tema

é conseguir garantir na Europa as condições

que promovam o desenvolvimento das

redes, alcançado os objetivos da Década

Digital, para que não fiquemos para trás de

outras regiões do mundo. O que implica um

esforço de investimento muito elevado.Tendo

em conta que só nas redes 5G a previsão de

investimento é de 300 mil milhões de euros,

diz que “temos de conseguir criar todas

as condições para que este investimento

seja real, porque mudará a forma de viver

e trabalhar, garantindo à Europa ser um

espaço geográfico destacado”.

Sandra

Fazenda

Almeida

Diretora Executiva,

APDC

Tiago

Bessa

Sócio da Área de

Comunicações,

Proteção de Dados

& Tecnologia, PI

Transacional, VdA

Helena Martins

Head of

Government Affairs

and Public Policy -

Portugal, Google


7ª Sessão | Digital Union: Pacote Conetividade

Considerando que o novo Regulamento

Infraestruturas Gigabit “não pode significar

um retrocesso face ao que já existe no

mercado nacional”, refere que fica claro que

em algumas áreas “ataca o vanguardismo do

setor em Portugal”. Como a orientação para

os custos, que já é uma realidade nacional,

que permitiu que o país disponha de redes

de alta velocidade que cobrem mais de

94% do território. Mas fica também claro, na

sua perspetiva, que “há matérias que têm

que ser revistas, e muito rapidamente, para

permitir continuar a fazer os investimentos

necessários”.

Tendo em conta a consulta pública, destaca

que “ao nível europeu (e em Portugal

os números são similares), seis gigantes

tecnológicos utilizam cerca de 56% das

redes. O que gera um enorme esforço

para as redes e a previsão é que continue

a aumentar. Este aumento de tráfego não

representa para os operadores mais receitas,

pelo contrário. Temos vindo a assistir a uma

redução do custo unitário de cada um dos

serviços, o que está a gerar dificuldades de

levantamento de capital”.

Por isso, defende ser “importante que haja

uma justa contribuição de todos os que

estão a utilizar e tirar benefício das redes,

para garantir o objetivo de continuar a fazer

o investimento que Portugal e a Europa

precisam nesta matéria. O jogo, de facto, fica

muitas vezes desequilibrado, com ausência

de level playing field. Os operadores estão

sujeitos a regulação e as big tech não.

Pagam taxas regulatórias que outros não o

fazem, quando usam com muito significado

a rede. Tem se ser aplicado o princípio de

uma contribuição justa, onde todos possam

contribuir de forma adequada para um

esforço que vai beneficiar todos”.

Já a abordagem de Ana Amoroso das Neves,

Head of the Internet Governance Office da

FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia,

é totalmente distinta, numa altura em

que, como refere, “estamos a começar um

período muito curiosos na governação da

“O Pacote Conectividade,

definido no âmbito de um dos

quatro eixos da Década Digital,

surge para cumprir o objetivo

de garantir conetividade gigabit

para todos e cobertura de alta

velocidade móvel (pelo menos

5G) em todo o lado. Em cima da

mesa estão três documentos:

a proposta de Regulamento

Infraestruturas Gigabit, o projeto

de Recomendação Gigabit e a

consulta pública exploratória

sobre o futuro da conetividade e

das suas infraestruturas”

internet a nível mundial”, com pactos e

acordos. A Europa, por sua vez, “tenta dar as

suas respostas, num esforço para equilibrar

um mercado que é totalmente dominado

pelas big tech norte-americanas, que estão

a contribuir para um aumento do tráfego

de uma forma brutal, por serem grandes

fornecedores de conteúdos”.

Questionado sobre o que falta para o país

alcançar uma cobertura total com redes de

alta velocidade, Pedro Mota Soares salienta

que houve um enorme investimento por

parte dos operadores na infraestrutura,

hoje ao nível das melhores na Europa.

Reconhece que o quadro legal ajudou,

ainda que seja necessário fazer revisões

pontuais, nomeadamente para garantir

uma aplicação igual em todo o país.

Mas, para se alcançar uma cobertura total

do país falta ainda cobrir as chamadas zonas

brancas, onde não há interesse comercial

nem rentabilidade para o investimento.

Aqui, defende que o que faz sentido é

haver investimento público, nacional e

comunitário. O processo está em curso,

ainda que atrasado. Sendo um dos maiores

desafios do setor. Mas deixa claro que

os operadores continuam a fazer os seus

investimentos, que são muito elevados.

6


O tema do fair share voltou a ser destacado

por Helena Martins, no âmbito de um

ecossistema digital que é incontornável,

quando questionada sobre o futuro na ótica

da Google. Reiterando que a relação entre

empresas de tecnologia que desenvolvem

serviços, aplicações e conteúdos é simbiótica

com os operadores de telecomunicações,

deixa claro que têm as primeiras têm

“investido triliões no desenvolvimento de

serviços, como a IA ou a cloud, para que

se tornem mais interessantes e úteis para

os utilizadores. E para que estes tenham

interesse em adquirir um plano para ter

acesso a esses serviços. Cada um tem já

a sua contribuição justa e os modelos de

negócio são complementares”.

Destaca ainda os investimentos em

infraestruturas, como os cabos submarinos

Equiano e o Nuvem, a partir de Portugal,

projetos sempre em parceria com parceiros

locais, nomeadamente em telcos. “Há

uma relação complementar, para que nós,

como utilizadores tenhamos acesso a esta

quantidade de soluções e serviços, através

das redes. Estamos num momento de

inflexão no desenvolvimento tecnológico e

é dificil prever onde estaremos dentro de

alguns anos”, salienta.

Pedro Mota

Soares

Secretário Geral,

APRITEL

Ana Amoroso

das Neves

Head of the Internet

Governance Office,

FCT - Fundação

para a Ciência e a

Tecnologia

E os “desafios que o setor tem pela frente

são tremendos”, acrescenta o responsável

da Apritel. O “tráfego cresce em média 27%

ao ano e quase 80% tem a ver com serviços

de streaming. A utilização das redes cresceu

brutalmente, o que significa fazer mais

investimento. Temos de encontrar uma

situação de equilíbrio para responder ao

que temos pela frente, que todos possam

contribuir de forma justa e equitativa. A

dificuldade é real, os operadores vêm os seus

preços médios a descer, enquanto as big

tech vê as receitas a subir. A preocupação

é não ficar pior do que hoje estamos. O

problema é real e não teórico”.


7ª Sessão | Digital Union: Pacote Conetividade

Reportagem

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