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095 - Digital Union: NIS 2: Cibersegurança na União Europeia

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Evento híbrido

NIS 2:

Cibersegurança

na

União Europeia

#95

Abr.

2024


9ª Sessão | Digital Union | NIS 2: Cibersegurança na União Europeia

Ir muito além da teia

regulatória

A NIS 2 é a mais abrangente legislação de sempre em matéria

de cibersegurança no espaço europeu. Tem como prazo final de

transposição o dia 17 de outubro de 2024 e implicará alterações de

tal forma profundas que as organizações têm de se preparar desde

já para a mudança.

Perante o acelerado desenvolvimento

tecnológico e a crescente digitalização, que

trouxeram consigo inúmeras vantagens,

mas também muitas ameaças, Bruxelas

avançou no final de 2020 com uma nova

Estratégia de Cibersegurança para a Década

Digital. Objetivo: criar uma economia digital

segura, aumentar a ciber-resiliência na

UE, melhorar a capacidade de resposta

a incidentes e melhorar a proteção das

infraestruturas críticas. A Diretiva NIS 2 faz

parte desta resposta legislativa e implicará

uma profunda alteração, pelo que não há

tempo a perder nas organizações.

Esta diretiva foi o centro do debate na 9ª

sessão do Digital Union, uma parceria entre

a APDC e a VdA, que se realizou a 2 de abril

em formato híbrido, a partir da sede da .PT,

em Lisboa. A estratégia de cibersegurança

do espaço europeu e os impactos esperados

no mercado nacional também estiveram

em destaque.

“Os sistemas de informação são cada vez

mais um elemento fundamental da nossa

vida coletiva” e de todas as organizações,

incluindo do Estado. Todas “tratam dos

nossos dados, que assumem um papel

relevante e são o ‘sangue’ das empresas”. Por

isso, como afirma Fernando Resina da Silva

- Sócio da Área Comunicações, Proteção de

Dados & Tecnologia e Sócio Responsável da

Área PI Transacional da VdA, “a segurança

no mundo digital é fundamental”. Até

porque estamos a entrar numa nova era,

com a legislação a tentar seguir as evoluções

tecnológicas, garantindo os direitos

fundamentais em tempos incertos, em que

“ainda desconhecemos o que se vai passar”.

Tendo em conta que “todas as tecnologias

podem ser mal ou bem usadas”, como a

história tem vindo a ensinar à Humanidade,

o presidente da APDC, Rogério Carapuça,

adianta que o determinante é a forma como

vão ser usadas. Sobretudo tendo em conta

que a evolução tecnológica é cada vez mais

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rápida, pelo que “há que analisar como

fazer bem. É um imperativo civilizacional”,

garante.

ULTRAPASSAR CATALIZADORES

DE RISCO

Ciente de que vive um contexto de

aceleração da digitalização da economia e

da sociedade, com vários catalisadores de

risco - como a utilização de novas tecnologias

e ferramentas, a sofisticação dos incidentes

e ciberataques, a maior dependência de

terceiros, ambientes de armazenamento

e transferência de dados mais complexos,

preservação de informação sensível,

partilha de grandes volumes de dados e a

sua transferência para países terceiros - a

Comissão Europeia (CE) anunciou no final

de 2020 a sua Estratégia de Cibersegurança

para a Década Digital.

Esta “resposta legislativa”, como explica

Inês Antas de Barros, Sócia da Área de

Comunicações, Proteção de Dados &

Tecnologia da VdA, teve como meta criar um

ambiente propício à economia digital segura,

aumentar a ciber-resiliência na UE, melhorar

a capacidade de resposta a incidentes e

melhorar a proteção das infraestruturas

críticas. É neste âmbito que se enquadra

a Diretiva NIS 2, já que a NIS 1, ainda em

vigor, a par da Lei da Cibersegurança, se

relevaram “insuficientes, na perspetiva do

decisor público e do legislador comunitário,

para fazer face a todo o desenvolvimento

tecnológico do mercado”.

Como refere a responsável da VdA, “quando

falamos em cibersegurança, temos várias

camadas de legislação que podem ser

aplicadas, sem prejuízo de legislação

setorial”. Por isso, além da NIS 2, que traz

um alargamento do âmbito, tanto dos

setores abrangidos, como da dimensão

das empresas incluídas, permitindo ainda

a cada país fazer uma seleção adicional, foi

criada uma Diretiva sobre a resiliência das

infraestruturas críticas e o Regulamento

DORA, para a resiliência digital nos setores

financeiro e segurador.

A NIS 2, que entrou em vigor no espaço

europeu a 16 de janeiro de 2023, tem como

data-limite de transposição nos estadosmembros

o próximo dia 17 de outubro. E

Inês Barros avisa: “as alterações provocadas

por esta diretiva são de tal forma profundas

que a preparação deve iniciar-se o mais

cedo possível”.

No seu âmbito, terá de ser criada uma

Estratégia Nacional de Cibersegurança,

processo que está a ser liderado pelo CNCS

e que obriga a uma divulgação coordenada

de vulnerabilidades, assim como à criação

de um Grupo de Cooperação e de uma

Rede Europeia de Organizações para crises

cibernéticas (CyCLONe). Preconiza-se ainda

um reforço da supervisão e da partilha de

Fernando

Resina da Silva

Sócio da Área

Comunicações,

Proteção de Dados

& Tecnologia, Sócio

Responsável da Área

PI Transacional, VdA

Rogério

Carapuça

Presidente,

APDC

Inês Antas de

Barros

Sócia da Área de

Comunicações,

Proteção de Dados &

Tecnologia, VdA


9ª Sessão | Digital Union | NIS 2: Cibersegurança na União Europeia

informação que, para já é voluntária, mas

deverá passar a ser obrigatória.

Entre as principais alterações que a NIS 2 vem

introduzir, a oradora destaca o alargamento

do seu âmbito de aplicação a mais setores,

assim como a definição de operadores de

serviços digitais, desaparecendo a distinção

entre operadores de serviços essenciais e

de serviços digitais. Passa é a haver uma

distinção entre operadores de serviços

essenciais e entidades importantes, sendo

que as do primeiro caso têm um conjunto

de obrigações mais apertado. Há ainda

um reforço dos requisitos de segurança,

com uma lista mínima que depende

sempre da avaliação de risco, e uma maior

proteção das cadeias de abastecimento

e relação com fornecedores. Por fim, as

regras de supervisão vão ser mais estritas,

harmonizando as sanções aplicáveis.

Na sua intervenção, destacou ainda as

disposições que considera serem mais

importantes na NIS 2. A começar pela

necessidade de adoção de medidas de

gestão dos riscos de cibersegurança

aprovadas pela administração, com

obrigações de formação. Destacou ainda

as avaliações coordenadas a nível da UE

dos riscos de segurança de cadeias de

abastecimento críticas e das obrigações

de notificação de incidentes com impacto

significativo. Os sistemas europeus de

certificação da cibersegurança podem ser

ainda ser impostos às entidades abrangidas.

André Baptista (Founder, Ethiack) interveio

remotamente numa sessão moderada

por Sandra Fazenda Almeida (Diretora

Executiva, APDC) e Tiago Bessa (Sócio, VdA)

onde participaram ainda Joel Guerreiro

(Diretor, Município de Lagos) e Pedro Pinto

(Responsável de Cibersegurança, IPL)

A ideia por detrás da NIS 2 é que as

organizações adotem uma abordagem

proativa na gestão dos riscos de

cibersegurança, que inclua a adoção de

políticas de segurança da informação.

Terão de implementar medidas de

cibersegurança em três domínios distintos:

prevenção, deteção e resposta a incidentes;

continuidade do negócio e gestão de crises;

e segurança da cadeia de abastecimento.

E estabelece-se um reforço substancial da

responsabilidade das administrações no

âmbito da aprovação das políticas e da sua

supervisão.

ANTECIPAR, ANTECIPAR

As novas regras vêm ainda reforçar as

obrigações em termos de notificação

de incidentes, distinguindo quatro

fases distintas, assim como as regras de

supervisão e as sanções por incumprimento.

As infrações graves podem dar origem

à aplicação de coimas de, pelo menos,

10 milhões de euros ou 2% do volume

de negócios anual total a nível mundial,

consoante o montante mais elevado.

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Por isso, a oradora não tem dúvidas que

que, para fazer face à “complexa teia

regulatória”, as organizações terão de

antecipar, monitorizando e acompanhando

todos os desenvolvimentos regulatórios

e tecnológicos, assim como capacitar

os stakeholders internos e planear e

implementar as mudanças necessárias, a

nível estratégico, jurídico e tecnológico.

José Capote

Cyber Security and

Privacy Officer

(CSPO), Huawei

E qual é a perspetiva de um provider

tecnológico sobre as novas regras? José

Capote, Cyber Security and Privacy Officer

(CSPO) da Huawei, defende a necessidade

de começar a trabalhar de imediato: “Tem

de se estar consciente da regulação, tendo

em conta a situação de cada empresa, e de

se saber quais as obrigações que se aplicam

à organização e aos seus fornecedores”.

Depois, há que apostar na certificação,

apesar de ainda não estar disponível ao

nível comunitário uma nova certificação

harmonizada de produtos e serviços. A

colaboração vertical é também estratégica e

um “exemplo de como a indústria trabalha

em domínios similares, partilhando os seus

pontos de vista”.

Já ao nível das competências das autoridades

de mercado que vão implementar a NIS 2, o

gestor defende que “nos estados-membros,

a cibersegurança deve ser gerida de acordo

com as entidades, a sua dimensão e os

serviços que disponibilizam. Não se podem

usar os mesmos tipos de exigências, tem

de haver níveis distintos, para permitir às

empresas gerir melhor o processo”. Mas

não será fácil, já que terão de reforçar a sua

resiliência e, em paralelo, assegurar que

conseguem competir no mercado europeu.

Para o grupo Huawei, a NIS 2 representará

“mudanças enormes e com um custo

importante. As obrigações de compliance

são duras e o seu custo não poderá ser

canalizado para o investimento no mercado”,

diz o mesmo responsável. Por isso, defendese

uma abordagem de acordo com o risco,

sendo que as certificações poderiam reduzir

os níveis dos gastos. Mas, para isso, será

necessário definir standards harmonizados

ao nível europeu.

No debate que se seguiu, moderado por

Sandra Fazenda Almeida, Diretora Executiva

da APDC, e Tiago Bessa, Sócio da Área

de Comunicações, Proteção de Dados &

Tecnologia e da Área de PI Transacional

da VdA, foi dada a perspetiva de vários

players de mercado. Todos confirmam que

implementar as regras da NIS 2 será tudo

menos fácil. Neste processo, consideram

essencial contar com o apoio total das

lideranças das organizações, conhecer bem

as novas regras, assim como os requisitos

e obrigações e estabelecer um roadmap

de implementação. Apostar na formação

dos colaboradores é também essencial

para a consciencialização e a tomada de

medidas preventivas. Mas, mais do que

dificuldades tecnológicas ou até físicas, há

um problema: a falta de talento qualificado

em cibersegurança.

Na Autarquia de Lago, já se está a proceder

à migração para a NIS 2. Foi realizada uma

“reengenharia infraestrutural de todo

o município, tentando securizar tudo

ao máximo”, e Joel Guerreiro, diretor de

Modernização Administrativa e Financeira

do município, admite que o que mais

o preocupa é a crescente preparação

para garantir capacidade de resposta às

diferentes vulnerabilidades e aos prazos de

reporte, muito mais curtos.


9ª Sessão | Digital Union | NIS 2: Cibersegurança na União Europeia

Admitindo que “vamos todos precisar de

ajuda, porque ninguém está a salvo em

termos de cibersegurança”, destaca a

importância de ter um executivo municipal

que está presente e apoia a implementação

de todas as medidas. Acresce a capacidade

de realização dos investimentos necessários,

tanto ao nível da infraestrutura como em

termos de segurança.

Já a experiência de Pedro Pinto, responsável

de Cibersegurança do Instituto Politécnico

da Guarda, é distinta. Admite que uma

das maiores dificuldades é a de colocar os

projetos no terreno, se a gestão de topo não

está envolvida. Mas com a responsabilização

das administrações, haverá muito a fazer,

implicando um verdadeiro processo de

“mudança de cultura nas organizações”,

já que terão de ser criados novos

departamentos e a colaboração será

essencial para o sucesso da implementação

das novas regras.

André Baptista, founder da Ethiack,

startup especializada na prevenção da

cibersegurança e proteção de ativos

digitais das empresas, confirma que a sua

experiência mostra que ainda subsiste uma

“distância entre as administrações e quem

trabalha”, quando deveria haver proximidade

e maior facilidade de comunicação dentro

das organizações. Só assim “os topos ficam

mais conscientes relativamente aos riscos e

as vulnerabilidades que possam surgir nos

seus sistemas”.

Mas as maiores dificuldades com que

todos se defrontam são as humanas. Não

só em encontrar talento qualificado em

cibersegurança, para responder aos novos

desafios de um mundo digital, mas também

em termos de capacitar as pessoas para não

cometerem erros dentro nas organizações.

Joel Guerreiro não tem quaisquer dúvidas:

“o grande problema atualmente é humano”.

A pensar no talento na área, Pedro Pinto

destaca que o Politécnico da Guarda foi

o primeiro do país a criar um CTESP em

cibersegurança que, se no início não tinha

grande adesão, agora regista uma enorme

procura. E será ainda lançado este ano um

mestrado na área. Mas admite que “o que se

sente é que a questão ainda não é prioritária

para as organizações”.

“Num contexto de aceleração

da digitalização da economia

e da sociedade, com vários

catalisadores de risco, Bruxelas

deu a sua resposta legislativa,

com a NIS2. A meta é criar um

ambiente propício à economia

digital segura, aumentar a

ciber-resiliência e melhorar

a capacidade de resposta a

incidentes e a proteção das

infraestruturas críticas”

Também André Batista assegura que

“o fator humano ainda é extremamente

significativo. Estamos a assistir a uma

transição digital muito acelerada e focamonos

muito no problema da indústria de

identificar vulnerabilidades e corrigi-las.

As dores ou dificuldades dos clientes são

realmente muitas, desde a clara falta de

consciencialização para o tema aos recursos

limitados na área”. Há ainda problemas

como a tecnologia desatualizada, onde

é muito dificil corrigir vulnerabilidades.

Ou o receio que persiste na utilização de

tecnologias de hacking ético. Ainda assim,

“nos setores mais críticos, acredito que

esta nova legislação venha trazer bastantes

benefícios. Pelo menos é essa a esperança”.

Tendo em conta que as novas regras estão

a chegar, Inês Barros não tem dúvidas sobre

os passos a dar nas empresas: antecipar,

capacitar e implementar. Primeiro, há

que conhecer as regras que aplicáveis em

termos de cibersegurança, mapear muito

bem os requisitos que se aplicam e conhecer

as obrigações. Depois, perceber o que já

está aplicado e o que é necessário fazer,

estabelecendo um roadmap de obrigações.

Certa de que quando o NIS 2 entrar em

vigor, “naturalmente, as empresas não vão

estar totalmente preparadas”, destaca que

já terão de ter “identificado medidas que

sejam realistas para capacitar a organização.

Isto é um ponto muito importante”.

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Reportagem

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