Revista 100PORCENTOAGRO, Ano 2, Edição nº 3, Abril 2025
Crie uma copy para Instagram e ajuste o tempo verbal para algo que aconteceu há pouco tempo, com as seguintes informações: A edição número 3 da Revista 100porcentoagro já está online. O lançamento aconteceu na Expocacer, e Patrocínio (MG), nesta quarta-feira dia 16. Nesta terceira edição da Revista 100PORCENTOAGRO, celebramos a resiliência do agronegócio no Cerrado frente aos desafios contemporâneos. Em um momento de incertezas, nossa publicação reforça seu compromisso com informação especializada e parcerias sólidas. Mesmo diante da crise que atinge o setor, empresas visionárias decidiram investir nesta edição, demonstrando que acreditam na força da comunicação profissional e estratégica. Agradecemos à Plant Health Care Brasil (PHC), Agrobuy Alimentos, Result Agro, Coopadap, Ribeiro Corretora de Seguros, Montanari Agronegócios e ANAPA/Alho Brasileiro por estarem conosco e fortalecerem esse propósito. A matéria de capa desta edição aborda um tema muito sensível: a inadimplência no setor agropecuário. Sob a perspectiva de Isadora Caixeta, destacamos como os produtores podem navegar pelas adversidades financeiras mantendo o curso rumo à prosperidade. E complementamos com uma reportagem especial sobre a realidade regional. Além disso, Diego Siqueira explora o papel fundamental do solo na segurança financeira. Exploramos também a revolução tecnológica no campo, com foco nos robôs e sua contribuição para uma nova era agrícola. Não poderíamos deixar de homenagear as mulheres que inspiram o agronegócio regional, reconhecendo seu papel fundamental no desenvolvimento do setor. Entre outros destaques, analisamos a crescente produção de soja em Minas Gerais, oferecendo uma visão abrangente sobre seu impacto econômico e ambiental. Nesta edição, reafirmamos nosso compromisso de fornecer conteúdo de qualidade que informa, inspira e impulsiona o agronegócio no Cerrado Mineiro. Esta edição é um tributo a empresas e pessoas que enxergam valor na informação e na comunicação especializada. Juntos, continuaremos a escrever a história de sucesso do agronegócio brasileiro. Rodolfo de Souza Editor-chefe, Revista 100PORCENTOAGRO
Crie uma copy para Instagram e ajuste o tempo verbal para algo que aconteceu há pouco tempo, com as seguintes informações:
A edição número 3 da Revista 100porcentoagro já está online. O lançamento aconteceu na Expocacer, e Patrocínio (MG), nesta quarta-feira dia 16. Nesta terceira edição da Revista 100PORCENTOAGRO, celebramos a resiliência do agronegócio no Cerrado frente aos desafios contemporâneos. Em um momento de incertezas, nossa publicação reforça seu compromisso com informação especializada e parcerias sólidas. Mesmo diante da crise que atinge o setor, empresas visionárias decidiram investir nesta edição, demonstrando que acreditam na força da comunicação profissional e estratégica. Agradecemos à Plant Health Care Brasil (PHC), Agrobuy Alimentos, Result Agro, Coopadap, Ribeiro Corretora de Seguros, Montanari Agronegócios e ANAPA/Alho Brasileiro por estarem conosco e fortalecerem esse propósito.
A matéria de capa desta edição aborda um tema muito sensível: a inadimplência no setor agropecuário. Sob a perspectiva de Isadora Caixeta, destacamos como os produtores podem navegar pelas adversidades financeiras mantendo o curso rumo à prosperidade. E complementamos com uma reportagem especial sobre a realidade regional. Além disso, Diego Siqueira explora o papel fundamental do solo na segurança financeira.
Exploramos também a revolução tecnológica no campo, com foco nos robôs e sua contribuição para uma nova era agrícola. Não poderíamos deixar de homenagear as mulheres que inspiram o agronegócio regional, reconhecendo seu papel fundamental no desenvolvimento do setor. Entre outros destaques, analisamos a crescente produção de soja em Minas Gerais, oferecendo uma visão abrangente sobre seu impacto econômico e ambiental.
Nesta edição, reafirmamos nosso compromisso de fornecer conteúdo de qualidade que informa, inspira e impulsiona o agronegócio no Cerrado Mineiro. Esta edição é um tributo a empresas e pessoas que enxergam valor na informação e na comunicação especializada. Juntos, continuaremos a escrever a história de sucesso do agronegócio brasileiro.
Rodolfo de Souza
Editor-chefe, Revista 100PORCENTOAGRO
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3ª EDIÇÃO - ABRIL 2025
100porcentoagro.com.br
pág. 40
Os ventos mudaram de direção
Saiba como o produtor rural deve navegar pela tormenta
e manter-se no rumo da prosperidade nanceira
11 Inadimplência 20 Sustentabilidade 29 Ciência
O solo como base da
segurança nanceira e
alicerce da produtividade
A demanda por práticas
agrícolas mais sustentáveis
e produtos orgânicos
A sinfonia da automação
no campo: robôs, uma
nova era agrícola
Revista 100PORCENTOAGRO
Ano 2 • Edição Número 3 • Abr, 25
Publicação semestral de:
100PORCENTOAGRO
Comunicação no Agronegócio LTDA.
www.100porcentoagro.com.br
contato@100porcentoagro.com.br
DIRETORIA
Rodolfo de Souza (Jornalismo)
rodolfo.souza@100porcentoagro.com.br
Eder Aguiar Faria Junior (Mercado)
eder.aguiar@100porcentoagro.com.br
EDITOR-CHEFE / PROJETO GRÁFICO
Rodolfo de Souza, Jornalista
Reg. Prof. 0006873 MG
COLUNISTAS DESTA EDIÇÃO
Titulares:
Diego Siqueira - linkedin.com/siqueirads
Hélio Lemes Costa - linkedin.com/helio
Maria Emília Alves - linkedin.com/
mariaemiliaalves
Convidados:
Rafael Jorge Corsino - https://www.linkedin.com/
in/rafael-corsino-b9774756
Sérgio Almeida - https://www.linkedin.com/in/
salmeidasp
DIAGRAMAÇÃO, GRÁFICOS E ILUSTRAÇÕES
Petrônio César Resende, @petroniomkt
(34) 98810-7842 | petroniomarketing@gmail.com
Todos os direitos reservados a:
100PORCENTOAGRO Comunicação Ltda.
Rua Santa Cruz, 2.187, Sala 10, Vila Mariana, São
Paulo (SP)
Endereço para correspondência:
Sucursal Triângulo Mineiro - Alto Paranaíba
Rua Leônidas Bueno da Silva, 240, CEP 38800-000
Mansões do Lago, São Gotardo/MG
EDITORIAL
Nesta terceira edição da Revista 100PORCEN-
TOAGRO, celebramos a resiliência do agronegócio
no Cerrado frente aos desafios contemporâneos.
Em um momento de incertezas, nossa publicação
reforça seu compromisso com informação especializada
e parcerias sólidas. Mesmo diante da crise
que atinge o setor, empresas visionárias decidiram
investir nesta edição, demonstrando que acreditam
na força da comunicação profissional e estratégica.
Agradecemos à Plant Health Care Brasil (PHC),
Agrobuy Alimentos, Result Agro, Coopadap, Ribeiro
Corretora de Seguros, Montanari Agronegócios
e ANAPA/Alho Brasileiro por estarem conosco e
fortalecerem esse propósito.
A matéria de capa desta edição aborda um tema
muito sensível: a inadimplência no setor agropecuário.
Sob a perspectiva de Isadora Caixeta, destacamos
como os produtores podem navegar pelas
adversidades financeiras mantendo o curso rumo
à prosperidade. E complementamos com uma reportagem
especial sobre a realidade regional. Além
disso, Diego Siqueira explora o papel fundamental
do solo na segurança financeira.
Exploramos também a revolução tecnológica
no campo, com foco nos robôs e sua contribuição
para uma nova era agrícola. Não poderíamos deixar
de homenagear as mulheres que inspiram o agronegócio
regional, reconhecendo seu papel fundamental
no desenvolvimento do setor. Entre outros
destaques, analisamos a crescente produção de soja
em Minas Gerais, oferecendo uma visão abrangente
sobre seu impacto econômico e ambiental.
Nesta edição, reafirmamos nosso compromisso
de fornecer conteúdo de qualidade que informa,
inspira e impulsiona o agronegócio no Cerrado Mineiro.
Esta edição é um tributo a empresas e pessoas
que enxergam valor na informação e na comunicação
especializada. Juntos, continuaremos a escrever
a história de sucesso do agronegócio brasileiro.
Rodolfo de Souza
Editor-chefe,
Revista 100PORCENTOAGRO
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SAÚDE DO SOLO
40
CAPA GESTÃO FINANCEIRA
Inadimplência no agro: o solo
Saiba como o produtor rural deve
como base da segurança
navegar pela tormenta e manter-se
financeira
no rumo da prosperidade financeira
14 BIOINSUMOS E
INADIMPLÊNCIA NO
SUSTENTABILIDADE 44 AGRONEGÓCIO
Bioinsumos: a revolução verde
O impacto das taxas de juros e
na agricultura brasileira
o risco da inadimplência no agro
CAFÉ & SUSTENTABILIDADE
20 AGRICULTURA
SUSTENTÁVEL 50 Tecnologias sustentáveis para
A construção de uma agricultura
a alta produtividade do cafeeiro
sustentável
CIÊNCIA NO AGRO
ALHO BRASILEIRO
29 A sinfonia da automação no 56 O Papel da Tecnologia na Evolução
campo: robôs, soja e o amanhecer
da Produção de Alho
de uma nova era agrícola
CADERNO ESPECIAL
31 IRRIGAÇÃO E DRENAGEM Crise climática: segurança 58 Mulheres no agronegócio
alimentar e a disponibilidade
hídrica
33 CONTEÚDO DE MARCA SOJA BRASILEIRA
A transformação de desafios 70 Safra de soja 2024/2025:
da gestão em oportunidades de
crescimento e desafios no Brasil
desenvolvimento sustentável
e em Minas Gerais
37 TECNOLOGIA RURAL DILEMA BRASILEIRO
Agronegócio conectado: o impacto 74 Fertilizantes nacionais: desafios
das novas tecnologias na gestão
e perspectivas para o agronegócio
rural
brasileiro
SAÚDE DO SOLO
Inadimplência no agro: o
solo como base da segurança
financeira
revista
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Imagine se produtores, técnicos e financiadores
pudessem identificar, de forma
remota e antecipada, os riscos naturais
do solo de cada talhão. Isso evitaria estratégias
equivocadas e permitiria a criação de
linhas de crédito adaptadas às áreas mais
vulneráveis. Esse futuro já é possível, mas
pouco aplicado.
A produtividade agrícola não depende
apenas de tecnologias modernas ou insumos
de qualidade. O verdadeiro alicerce é
o solo. Se ele apresenta alto risco natural,
insistir em estratégias tradicionais pode levar
à inadimplência e à desvalorização de
ativos.
ACERVO PESSOAL
Por isso, o solo
precisa ser
tratado como o
principal pilar
da segurança
financeira no
agro, indo além
de análises
convencionais
como fertilidade
básica e
quantidade de
argila
DIEGO SILVA SIQUEIRA –
Cientista do Solo, Embaixador
do Fundo PROSPERA UNESP,
Professor do Programa
SOLLOAgro/ESALq-USP
e Diretor na Quanticum
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12
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O caso de Petita e Luzia:
duas abordagens, dois
destinos
O Senhor Petita e a Dona Luzia, vizinhos,
possuem propriedades com solo do
tipo Latossolo Vermelho e 45% de argila,
aparentemente homogêneas. Petita busca
crédito baseado no Valor da Terra Nua
(VTN) e na produção futura, utilizando
instrumentos como a Cédula de Produto
Rural (CPR) ou o Certificado de Recebíveis
do Agronegócio (CRA). Ele aplica os
recursos igualmente em seus talhões, sem
analisar a aptidão individual de cada área,
acreditando que só análise da fertilidade
seria suficiente. O resultado? Perdas financeiras,
produtividade abaixo do esperado
intensificada por extremos climáticos e, em
três safras ou menos, inadimplência.
Luzia, por outro lado, adota tecnologias
de mapeamento e descobre que seus
talhões têm aptidões naturais diferentes,
mesmo que, o solo tenha o mesmo nome,
cor e quantidade de argila. Um talhão armazena
mais água, outro responde melhor
a bioinsumos e solubilizadores de fósforo.
Com essas informações, Luzia ajusta o manejo,
taxa de sementes, planta rústica ou
exigente, escolhe melhor fonte de insumo,
não e refiro a dose apenas, mas o tipo do
insumo, e assim, reduz custos em mais de
15% e aumenta a produtividade em mais
de 7%, garantindo a sustentabilidade financeira.
Ciência do solo: um
tesouro subutilizado
O Brasil é referência mundial na ciência
do solo, com nomes como Ana Primavesi,
que mostrou a importância do solo vivo
para a produtividade sustentável; Antônio
Carlos Moniz, que revelou como solos
aparentemente iguais podem ter aptidões
muito diferentes; e Mauro Rezende, que
destacou o papel da mineralogia, os tipos
de argila, e da variação natural dos solos
tropicais, mesmo em pequenas áreas como
do Joaquim e da Luzia.
Apesar disso, grande parte desse conhecimento
ainda não chega ao campo de uma
forma inclusiva. No Catálogo de Teses e
Dissertações da CAPES entidade brasileira
que ajuda na formação de pesquisadores
e pesquisadoras de alto nível, há mais
de 3.000 estudos só sobre fertilidade do
solo. A SciELO, um dos maiores portais
de conteúdo científico validado da América
Latina, oferece quase mil artigos só sobre
fertilidade do solo, até a data dessa edição
da Revista 100PORCENTOAGRO. Esses
dados poderiam ser traduzidos em práticas
acessíveis que revolucionassem o crédito
rural e a gestão produtiva.
DeepTechs e Rattan
Lal: inovação e
reconhecimento
As DeepTechs, empresas 100% focadas
em ciência de ponta, já transformam
pesquisas acadêmicas em soluções práticas,
como sensores de precisão, softwares
preditivos e modelos de seguro talhão a talhão,
como o paramétrico. Essas tecnologias
permitem avaliar o solo com precisão e
ajustar estratégias financeiras e produtivas.
Com base na análise da aptidão natural do
solo, não seria mais adequado oferecer linhas
de crédito diferentes para cada área
das propriedades de Petita e Luzia?
>>
O cientista Rattan Lal, Prêmio Nobel da
Paz e referência em saúde do solo e carbono
no solo, reconhece o Brasil como líder
global no manejo de solos tropicais. Iniciativas
como o PronaSolos e as diretrizes
do Painel Técnico Intergovernamental de
Solos (ITPS) consolidam o protagonismo
brasileiro, integrando ciência, tecnologia e
práticas regenerativas ao agro. O brasileiro
precisa saber disso!
E se avaliássemos o solo
como avaliamos carros?
Aprendendo com outros
ativos
No seguro automotivo, variáveis como
histórico do motorista e modelo do veículo
influenciam o valor. Por que o solo, pilar
da agricultura, não é avaliado da mesma
forma? Solos com comportamentos distintos
exigem critérios personalizados. Modelos
como o seguro paramétrico já levam
essas diferenças em consideração, mas sua
aplicação ainda é limitada. Ao identificar a
aptidão natural do solo, é possível desenvolver
estratégias mais seguras, criando pacotes
de manejo específicos para o talhão
A e outros para o talhão B. Tudo isso pode
ser ajustado ao orçamento, tornando-se
viável também para pequenos produtores,
como Petita e Luzia
Dona Luzia exemplifica como o uso
de tecnologias e o entendimento do solo
podem otimizar recursos e garantir estabilidade
financeira. Já o Senhor Petita mostra
o impacto negativo de estratégias homogêneas,
que ignoram as peculiaridades de
cada talhão.
O futuro do agro: tudo
começa no solo
Transformar ciência em ação é o próximo
passo para consolidar um modelo de
crédito sustentável no agro. Com o uso de
ferramentas tecnológicas e conhecimento
científico, é possível reduzir a inadimplência,
aumentar a previsibilidade e melhorar a
segurança financeira.
Enquanto Luzia avança com estratégias
bem fundamentadas, Petita enfrenta desafios
que poderiam ter sido evitados com
um diagnóstico mais preciso do solo. No
final, quem compreende que tudo começa
no solo – indo além da fertilidade e do teor
de argila – está sempre um passo à frente.
Esse texto, é uma homenagem aos pesquisadores
e pesquisadoras de solo no Brasil,
e também aos produtores e produtoras que
cresceram da terra, como meus avôs Petita
e Luzia.
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BIOINSUMOS E SUSTENTABILIDADE
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Bioinsumos:
a revolução
verde na
agricultura
brasileira
14
O
desafio de produzir alimentos de
forma suficiente e sustentável para o
abastecimento de um número crescente
de pessoas é uma realidade vivenciada
pelo agronegócio brasileiro nos últimos
anos. Neste sentido, não se pode deixar
de lado um fator de alto significado com
relação à proteção dos recursos naturais e
à saúde dos trabalhadores do campo e do
consumidor.
À medida que os impactos ambientais
com o uso de defensivos agrícolas e fertilizantes
químicos se tornam evidentes para
mais pessoas, os bioinsumos emergem
como uma boa oportunidade de possíveis
insumos para culturas e controle de pragas.
Por ser um produto biológico que tem
ganhado destaque no campo da agricultura
sustentável, especialmente pela sua capacidade
de promover a saúde do solo, melhorar
a nutrição das plantas e aumentar a produtividade
de forma mais ecológica, o uso
dos bioinsumos pode ser contextualizado
nas realidades das diversas regiões agrícolas
do país, além de disponibilizar soluções
ambientalmente positivas em comparação
aos tradicionais, sem os impactos e riscos
associados.
O que são bioinsumos?
Os bioinsumos são produtos de origem
biológica, os quais incluem microorganismos,
extratos vegetais e outros
compostos naturais, utilizados para
promover o crescimento das plantas,
melhorar a saúde do solo e controlar
pragas e doenças. Entre os bioinsumos
mais comuns, estão os biofertilizantes, os
biopesticidas e os biocontroladores.
>>
contra doenças.
Biopesticidas são os organismos vivos
utilizados para o controle de doenças e
pragas nas plantas. Esses organismos podem
ser bactérias, fungos e vírus. Como
exemplo, tem-se o fungo defensivo agrícola
Trichoderma, defensivo agrícola utilizado
no controle de doenças fúngicas ou ainda
o Bacillus thuringiensis, utilizado para combater
lagartas. Diferente de outros pesticidas
químicos, os biopesticidas possuem um
menor impacto ambiental ao se classificarem
como produtos menos tóxicos para os
organismos vivos os quais não são o alvo
de controle, como as abelhas.
Já os biocontroladores são utilizados no
controle de pragas e doenças nas plantas,
utilizando organismos vivos como insetos,
parasitoides e predadores. São classificados
como uma forma ecológica, sustentável e a
qual não prejudica a flora e a fauna, afinal,
utilizam os inimigos naturais das pragas e
doenças no lugar dos pesticidas químicos.
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Classificação dos
bioinsumos
Biofertilizantes: adubos feitos a partir
da decomposição de resíduos orgânicos,
como restos de animais e plantas, os quais,
através deste processo, geram um adubo
para o plantio. Esse tipo de composto é capaz
de melhorar a absorção de nutrientes
pelas plantas, além de melhorar a estrutura,
o que aumenta a capacidade de retenção
de água e ainda atua na proteção das raízes
Vantagens de utilizar os
bioinsumos
A adoção de bioinsumos na agricultura
oferece uma série de benefícios, tanto para
os agricultores quanto para o meio ambiente,
justamente pelo fato de que não geram
resíduos tóxicos no ambiente, são menos
prejudiciais à saúde, além de não contaminar
as águas e o solo.
Eles diminuem os impactos ambientais
ao oferecerem uma alternativa mais saudável
a qual não promove a contaminação do
solo e da água, ajudando na preservação
desses recursos.
Promovem a saúde do solo e das plantas,
resultando em uma maior produtividade
a longo prazo. Além disso, auxiliam as
plantas, melhorando sua resistência natural
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às doenças e estresses ambientais, como a
variação climática e adversidades as quais
surgem com as estiagens ou os períodos de
chuva excessiva.
Garantem sustentabilidade econômica,
pois as propriedades dos bioinsumos permitem
a redução do uso de fertilizantes sintéticos
e agroquímicos, um benefício tanto
econômico quanto ambiental, e ainda ajudam
a aumentar a produtividade agrícola.
São fatores de segurança alimentar.
Com a crescente preocupação sobre o uso
dos defensivos agrícolas e seus impactos
no meio ambiente e na saúde humana e
animal, o uso dos bioinsumos vem como
uma maneira ecológica na produção de alimentos
mais saudáveis e livres dos resíduos
tóxicos dos pesticidas comuns.
O uso dos bioinsumos pode ser considerado
um caminho para os produtores
da região se alinharem com as crescentes
exigências do mercado por produtos sustentáveis.
Além disso, eles surgem como
diferencial competitivo em mercados ávidos
por certificações ambientais, como os
exportadores de grãos fiéis aos padrões internacionais
de sustentabilidade.
Desafios na adoção dos
bioinsumos
Apesar dos benefícios, a adoção de
bioinsumos enfrenta alguns desafios. A
principal barreira é a falta de conhecimento
por parte dos agricultores sobre esses produtos
e suas vantagens. Muitos continuam
acostumados com os métodos tradicionais
e relutam em adotar novas práticas. Além
disso, o custo de alguns bioinsumos ainda
pode ser um obstáculo para pequenos produtores,
embora esse valor tenha diminuído
com o tempo à medida que a demanda
por esses produtos cresce.
Segundo o engenheiro agrônomo Michel
Garcez, gerente de pesquisa e desenvolvimento
na região de Uberlândia, um
dos desafios os quais os pequenos produtores
enfrentam em relação à utilização
dos bioinsumos é o custo. “Os pequenos
produtores têm um desafio inicial, o qual
é o custo, além disso, se o produtor adquirir
o produto pronto para aplicação direta
ou se ele for fabricar em sua própria fazenda,
ele vai precisar ainda de uma instrução
mais técnica. Justamente pelo fato de que
os bioinsumos, quando utilizados de maneira
incorreta, podem não surtir o efeito
desejado naquele momento”, diz.
Apesar do custo inicial, é importante
ressaltar a extrema importância sobre a regulamentação
e a certificação dos bioinsumos.
Em alguns países, a legislação sobre
o uso desses produtos ainda é pouco clara
ou não está suficientemente desenvolvida,
o que pode dificultar a comercialização e o
uso amplo dessas soluções, além da necessidade
de adaptação e acompanhamento
técnico na transição para o uso de biológicos
para que os resultados sejam alcançados
de forma eficiente.
A regulamentação dos
bioinsumos
Com a proposta do projeto de lei (PL
658/21) do deputado Zé Vitor (PL-MG),
a nova lei sobre os bioinsumos foi aprovada
na Câmara dos Deputados e no Senado.
O relator na Câmara foi o deputado
Sergio Souza (MDB-PR). As normas serão
aplicáveis a todos os sistemas de cultivo,
incluindo o convencional, o orgânico e o
de base agroecológica, como também a todos
os bioinsumos utilizados na atividade
>>
agropecuária.
Sancionada em 03/12/2024, a Lei
15.070/2024 regulamenta a produção, o
uso e a comercialização dos bioinsumos,
além de abranger outros aspectos como o
registro, a exportação e importação, o uso,
inspeção, transporte, armazenamento, entre
outros.
A Lei ainda estimula o uso desse sistema,
justamente por ter como um dos principais
fatores a dispensa de registro dos
bioinsumos produzidos para o consumo
próprio nas propriedades rurais — desde
que não seja comercializada —, além de
permitir que a produção própria dos bioinsumos
possa ser realizada também por
outros meios, como a associação ou cooperativas,
o consórcio rural, o condomínio
agrário, entre outras formas similares as
quais auxiliem o produtor. Além disso, a
Lei 15.070/24 determina que compete ao
órgão federal, estadual ou distrital o registro,
inspeção e a fiscalização dos produtos
e estabelecimentos conforme o seu âmbito
e competência e institui a criação de
uma Taxa de Registro de Estabelecimento
e Produto da Defesa Agropecuária (Trepda),
referente ao exercício regular e controle
das atividades de registro. Essa taxa
será cobrada apenas para os casos os quais
exigem uma avaliação e alteração de registros
que demandem análises técnicas para
os bioinsumos produzidos ou importados
para fins comerciais, e estabelecimentos
os quais produzam ou importem com esse
propósito.
Em casos onde os bioinsumos serão
comercializados, a Lei 15.070/24 exige o
registro seja para as biofábricas, exportadores,
importadores e comerciantes.
O futuro dos bioinsumos
Apesar de ainda existirem obstáculos,
as vantagens desta tecnologia fazem dela
um elemento fundamental para a criação
de uma agricultura mais verde, saudável e
sustentável no futuro.
Com o aumento da demanda por práticas
agrícolas sustentáveis e a crescente
pressão para reduzir os impactos ambientais
da agricultura convencional, espera-se
que o mercado de bioinsumos continue a
crescer.
A integração de bioinsumos com outras
tecnologias inovadoras, como a agricultura
de precisão, a biotecnologia e a inteligência
artificial, pode acelerar sua adoção, além
disso, todo o setor o qual envolve a pesquisa
científica está avançando, desenvolvendo
novos produtos e técnicas para tornar
os bioinsumos mais eficazes e acessíveis.
Diversas iniciativas e programas de capacitação
têm sido desenvolvidos por entidades
do setor, como a Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária),
universidades e empresas privadas, as quais
buscam disseminar o conhecimento sobre
os bioinsumos, além de mostrar suas vantagens
a longo prazo. Na área governamental,
tem-se o Pronaf (Programa Nacional
Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar), onde o produtor pode buscar
formas de crédito para a aquisição de
bioinsumos e tecnologias sustentáveis.
Todos esses fatores permitem otimizar
a aplicação de bioinsumos, monitorar os
resultados e garantir que a agricultura se
torne cada vez mais sustentável, produtiva
e responsável.
O uso de bioinsumos na agricultura é
uma tendência crescente que oferece soluções
inovadoras para os desafios enfrentados
pelo setor agrícola. Ao promover a saúde
do solo, reduzir os impactos ambientais
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e melhorar a segurança alimentar, os bioinsumos
representam uma alternativa viável
e eficaz aos insumos químicos tradicionais.
Bioinsumos no Cerrado
Brasileiro
Com uma área em torno de 2 milhões
de quilômetros quadrados e cobrindo cerca
de 25% do território nacional, o Cerrado
é um dos maiores polos produtivos do
agronegócio, sendo responsável por grande
parte da produção de grãos no país. Os
bioinsumos têm se consolidado como uma
alternativa sustentável e eficiente nas vastas
regiões do Cerrado.
A aplicação desses produtos no Cerrado
tem alcançado êxito, tanto na produtividade
das lavouras quanto na recuperação de
áreas degradadas, gerando eficiência e sustentabilidade.
A agricultura no Cerrado tem sido intensamente
marcada pela adoção de tecnologias
inovadoras. Nesse contexto, os
bioinsumos surgem como uma resposta a
essas limitações, trazendo benefícios tanto
para a produtividade quanto para o meio
ambiente.
Embora o processo de adaptação ainda
demande tempo e investimento, os benefícios
a longo prazo, tanto para o meio
ambiente quanto para a produtividade são
incontestáveis e o uso de bioinsumos nas
regiões de Cerrado representa um avanço
importante no caminho para uma agricultura
mais sustentável e eficiente.
Fazenda Três Meninas, exemplo de
agricultura verde no Cerrado Mineiro
Localizada em Monte Carmelo, em Minas
Gerais, a Fazenda Três Meninas é um
modelo de agricultura sustentável e produção
de café de alta qualidade.
Administrada pelo casal Paula Curiacos
e Marcelo Urtado, a fazenda é internacionalmente
reconhecida por suas práticas
inovadoras e compromisso com o
meio ambiente. Além de utilizar o sistema
agroflorestal na produção do café arábica,
os sócios também utilizam outros meios
como a energia solar, a polinização assistida,
os bioinsumos e outros. Esta forma
de trabalho rendeu à propriedade diversas
certificações, comprovando o compromisso
com a sustentabilidade.
O CASAL MARCELO E PAULA COM AS FILHAS
MALU E FEFÊ
“A grande mudança, mais do que usar
um bioinsumo ou um insumo sintético, é
como você pratica a agricultura. A precursora
das mudanças foi a agricultura de processos.
Ter um pensamento agronômico, o
qual é o mais importante de tudo e ter vá-
>>
rias ferramentas e formas de se fazer isso.
Tanto os insumos convencionais quanto os
bioinsumos são ferramentas as quais fazem
parte de um todo e não apenas o meio principal.
Os bioinsumos são uma ferramenta
importantíssima a qual vem auxiliar essa
agricultura de processos. E dependendo do
caso e da situação da propriedade, você vai
utilizando a melhor ferramenta”, comenta
Marcelo Urtado.
O investimento na produção de uma
agricultura regenerativa combina com o
pensamento de tratar o meio como um
ecossistema, gerando equilíbrio entre a
produtividade, o ambiente e a sociedade.
Nesta linha de práticas ambientais, o uso
dos bioinsumos é fundamental, mas não
se trata apenas de trocar um produto pelo
outro e sim de aliar as diversas tecnologias
disponíveis, criando um ambiente biodiverso.
“Você escolhe um tradicional, um bioinsumo
para que você tenha uma melhor
eficiência. Se você tem um ambiente mais
preparado, ele será mais eficiente. Quanto
mais o ambiente estiver biodiverso, mais
você potencializa o uso do bioinsumo”, diz
o produtor.
Um exemplo do uso conjunto dos
bioinsumos e outras técnicas agrícolas, é o
uso dos nematicidas biológicos, juntamente
com a irrigação, aplicados via gotejo ou
via drencha — também conhecida como
sulco ou calha, ou ainda a soltura de crisopídeos
via drones. Os crisopídeos são insetos
os quais agem como controle biológico
na fase de larvas e os quais se alimentam de
várias espécies de pragas agrícolas, como
cochonilhas, pulgões, mosca-branca, ácaros
e tripes.
“Você aliar alguns bioinsumos — bactérias,
micro-organismos – com sementes
de plantas de cobertura já é uma prática
a qual está sendo bem feita. Esse processo
acaba por unir o uso dessas plantas de
cobertura inoculando as sementes com alguns
bioinsumos, uma tecnologia bastante
utilizada”, ensina Marcelo Urtado. O produtor
explica que as maiores mudanças ao
utilizar os bioinsumos surgem quando eles
são bem aplicados. “Por exemplo, no controle
da broca houve um desempenho muito
eficiente, o que gera um impacto direto
na produção e no custo”.
Já em relação aos desafios e barreiras as
quais possam surgir a respeito dos bioinsumos
em comparação com insumos tradicionais,
Urtado avalia que, por ser uma
tecnologia nova, é normal ter essa barreira.
“Isso gera nos produtores o receio de adotar
e ter uma eficiência menor, causando
diminuição em sua receita. Uma forma de
vencer esse receio é estar ao lado
da ciência, testar. Testar em uma
área menor, com um produto e ir
ampliando”, conclui.
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FOTOS DESTA MATÉRIA CEDIDAS
PELA FAZENDA TRÊS MENINAS
MARCELO URTADO E O SISTEMA DE
AGROFLORESTA DA FAZENDA TRÊS
MENINAS
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AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
A construção de uma
agricultura sustentável
20
Nos últimos anos, a crescente conscientização
sobre os impactos ambientais
e na qualidade da saúde
humana tem impulsionado uma mudança
significativa nos padrões de consumo e na
produção de alimentos em todo o mundo.
A agricultura convencional, que usa fertilizantes
artificiais, é considerada um grande
problema para o meio ambiente. A procura
por práticas agrícolas mais sustentáveis e
produtos orgânicos continua a crescer, indicando
uma mudança na forma como as
pessoas lidam com a alimentação e o meio
ambiente.
Os consumidores estão questionando
sobre a origem e a forma de produção
dos alimentos que colocam nos seus pratos,
resultando no aumento do consumo
de orgânicos. Além disso, essa busca pelos
produtos saudáveis vem levando tanto os
agricultores a repensar em uma agricultura
livre de fertilizantes e insumos químicos,
além de políticas públicas com o intuito
de desenvolver iniciativas de certificação
ambiental para fortalecer a credibilidade
das práticas sustentáveis. De hortas urbanas
a grandes redes de supermercados, a
demanda por esse tipo de alimento tem se
>>
expandido consideravelmente, impulsionada
por um crescente interesse em práticas
sustentáveis e pelo desejo de uma alimentação
mais racional e sadia. Essa mudança de
hábitos na busca por alimentos mais saudáveis
ultrapassa o consumo consciente. É
um movimento global de mudança de hábitos
cujo objetivo é equilibrar a produção
com a preservação do meio ambiente e o
cuidado com a saúde humana.
O aumento do interesse em práticas
agrícolas mais responsáveis tem levado
diversos produtores rurais a rever suas
estratégias de produção. Enquanto isso,
políticas públicas e iniciativas de certificação
ambiental estão ajudando a fortalecer
a credibilidade das práticas sustentáveis. A
demanda por alimentos mais éticos e ecológicos
está aí, e a agricultura convencional
precisa se adaptar. A transformação já está
em andamento, e a cada dia, a conscientização
sobre os impactos ambientais da agricultura
só cresce.
Fatores que impulsionam
a mudança por uma
alimentação saudável
A procura por produtos orgânicos também
é consequência de uma combinação de
fatores que afetam diretamente o meio ambiente,
a saúde humana e o futuro do nosso
planeta. Dentre essas condições, podemos
citar as alterações climáticas, como as secas
prolongadas ou as crescentes inundações,
o uso excessivo de pesticidas e fertilizantes
químicos, a degradação ambiental causada
por práticas insustentáveis que tornam
muitas terras improdutivas, o que ameaça
a segurança alimentar no longo prazo, resultando
em grandes prejuízos econômicos.
Todos esses aspectos contribuem para
um aumento significativo do número de
organizações não governamentais e movimentos
sociais que pressionam governos,
empresas e consumidores a adotarem práticas
menos agressivas ao meio ambiente
e à saúde. Por outro lado, a educação ambiental
também é de extrema importância
nesse processo de transformação, à medida
que mais consumidores estão buscando se
informar sobre os produtos que compram
e como eles são produzidos. O aumento
dessa conscientização tem incentivado a
mudança de hábitos, com muitos optando
por alimentos orgânicos e de pequenas
produções locais.
Dentro desses parâmetros, a combinação
de fatores ambientais, sociais e educativos
está moldando um novo cenário para
a agricultura sustentável, onde a responsabilidade
coletiva ganha cada vez mais força.
O consumidor na
popularização de
produtos orgânicos
As mudanças nos hábitos de consumo e
a busca por alimentos mais saudáveis, juntamente
com o aumento da preferência por
alimentos isentos de pesticidas e fertilizantes
químicos, e a influência das mídias sociais
na disseminação de informações sobre
alimentos orgânicos, têm um impacto positivo
na saúde humana e no meio ambiente.
O desejo por uma alimentação mais pura
e natural tem sido um fator essencial para
a busca gradativa por produtos orgânicos,
transformando os consumidores em atores
fundamentais na popularização dos produtos
orgânicos. Esse aumento na demanda
também é consequência da divulgação de
informações pelas redes sociais, influenciadores,
nutricionistas e chefs que alteraram
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a comunicação sobre como se alimentar.
São milhares de informações sobre uma
alimentação, receitas, dicas de compras e,
até mesmo, ajudando o pequeno produtor
a atingir um público mais amplo, o que
contribui para o crescimento do mercado
orgânico e incentiva mais pessoas a fazerem
escolhas alimentares responsáveis.
Um mercado em
constante evolução
O mercado de produtos orgânicos tem
demonstrado uma elevação constante no
Brasil e no mundo. No Brasil, por exemplo,
o setor teve um aumento de 35% nas
vendas nos últimos dois anos, com destaque
para frutas, hortaliças e grãos. Apesar
desse crescimento, muitas pessoas ainda
não consomem uma quantidade maior devido
a diferença do preço entre o produto
produzido de forma convencional e o da
agricultura orgânica.
Um exemplo é Dona Marlene Rodrigues,
residente em Patos de Minas relata
que aos 60 anos busca manter o consumo
como forma de saúde e bem-estar e comenta:
“Eu acredito que o consumo de produtos
orgânicos é uma excelente escolha para
a saúde e sempre que posso, opto por produtos
orgânicos”.
Por outro lado, ela comenta que o preço
ainda é um fator decisivo para o aumento
no consumo:
“Embora eu entenda a importância dos
produtos orgânicos e seus benefícios, preciso
admitir que nem sempre é fácil optar
por eles devido ao preço. Apesar disso,
compro produtos orgânicos em feiras locais
ou em promoções”.
Realizada pelo Brain Inteligência Estratégica,
a pesquisa “ Panorama do Consumo
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>>
22%
Saúde
11%
Sem
agrotóxicos
3%
Natureza
3%
Qualidade
de vida
25% Saudáveis
e naturais
42%
Frutas, verduras
e legumes
de orgânicos no Brasil 2023” mostra essa
busca pelos alimentos saudáveis, além do
aumento na demanda.
Na referida pesquisa, 36% dos participantes
responderam que consumiram
produtos orgânicos nos últimos 30 dias
em 2023, o que demonstrou um aumento
em relação a 2021, cujo consumo ficou em
31%. Ao comparar as regiões, o sudeste
obteve um aumento de 30% em 2023 em
relação ao ano de 2021, que ficou em 26%.
O aumento na demanda também é visível
na divisão de classes sociais, onde todas
as classes declararam o consumo dos orgânicos,
enquanto na classe A, o consumo
ficou em 41% e na B 44%, a classe C registrou
38% e as classes D+E, 21%.
Um dos dados mais reveladores da pesquisa
mostra que o consumo nos últimos
30 dias se firmou entre as pessoas acima
de 65 anos com 48%, enquanto a faixa do
18 - 34 anos marcou 36%, 35-54 anos 33%
e 55-65 anos 38%, uma surpresa tendo em
vista que a maioria das pessoas que prezam
pelo bem-estar, frequentando academias,
realizando dietas está abaixo dos 55 anos.
Além do consumo, a pesquisa realizou perguntas
como: “a primeira coisa que pensa
ao ouvir falar de orgânicos”. O resultado
se dividiu entre os consumidores e os não
consumidores de produtos orgânicos, cujo
resultado se configurou da seguinte maneira
para os consumidores:
Em relação ao preço, esses consumidores
classificaram como mais caro 83%,
preço similar 13% e mais barato 4%, sendo
que 61% declarou acreditar que a diferença
de valor é justificada. Para os não consumidores,
houve uma alteração nessa ordem,
com o seguinte resultado:
14%
Qualidade
de vida
15%
Saúde
11%
Sem
agrotóxicos
3%
Preço
alto
31% Saudáveis
e naturais
29%
Frutas, verduras
e legumes
Em relação ao preço, os não consumidores
classificaram como mais caro 87%,
preço similar 10% e mais barato 3%. Dentro
desse parâmetro, apenas 42% dos pesquisados
acreditam que a diferença de valor
é justificada. No quesito sobre a compra de
produtos de empresas que se preocupam
com o tipo de embalagem, onde não seja
nociva à saúde e ao meio ambiente, que
possa ser reciclada, 50% dos consumidores
buscam por essas embalagens, enquanto os
não consumidores ficaram em 28%.
Na busca por informações sobre alimentos
saudáveis, entre os consumidores,
as redes sociais lideram com 55%, os sites
de busca ficaram em segundo lugar com
29%, programas de televisão 12%, site e
blogs especializados 8% e aplicativos 5%, o
patamar se mantém parecido entre os não
consumidores onde as redes sociais marcaram
46%, sites de busca 21%, programas
de televisão 14%, site e blogs especializados
3% e nenhum registrou o índice de
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10%.
No ranking dos produtos mais consumidos
as verduras ficaram em primeiro lugar
com 57%, lideradas por alface, couve,
rúcula, agrião, brócolis, couve-flor e repolho,
as frutas alcançaram a segunda posição
com 55% sendo a banana em primeiro
e em seguida a maçã, laranja, uva, manga,
morango, mamão, pera, abacate, melancia,
tomate e goiaba, já os legumes obtiveram
o terceiro posto com 44% onde a batata
lidera a lista e em seguida temos a cenoura,
tomate, chuchu, beterraba, batata-doce,
cebola, mandioca, abobrinha, berinjela e
abóbora, em seguida vem o açúcar, grãos
e farinhas com 11%, as sementes, nozes,
castanhas e sucos engarrafados que marcaram
4%.
Os motivos para o consumo dos orgânicos
variaram entre: como uma forma de
melhorar a saúde com 50%, por ser mais
saudável com 48%, por não conter agrotóxicos
com 16% e por ser um produto de
melhor qualidade com 10%. Além disso, o
supermercado ficou com 54% como local
preferido para a compra de produtos orgânicos,
seguido pelas feiras com 49%, lojas
exclusivas de orgânicos com 12%, outros
tipos de comércio marcando 9%, os aplicativos
com 2% e sites de e-commerce com
1%.
Os consumidores ainda responderam
sobre a importância do orgânico ser um
produto local ou não, registrando em 37%
como, sim, que importa ser local, 58%
como não e 10% às vezes. Um quesito de
extrema importância é o fato de como esses
compradores identificam os produtos
orgânicos, sendo que 47% responderam
que identificam pela embalagem, 39% pelo
certificado, 24% pelas seções específicas
nas lojas, a marca, produtor ou vendedor
ficou com 11% e a venda em lojas especializadas
com 6%. Na escolha, a aparência
do produto alcançou 61% e o preço 44%.
Ainda foi possível identificar que 76% dos
consumidores alegaram ter conhecimento
sobre o selo que identifica o produto orgânico
e 89% consideraram como importante
ter o selo.
Apesar do aumento da demanda, a pesquisa
mostrou que 54% dos consumidores
que já adquirem os produtos orgânicos não
consomem mais devido ao preço, 13% pela
dificuldade de encontrar os produtos e pela
falta de costume, 8% declarou que já consome
em alta quantidade e por isso não vê
a necessidade de aumentar a compra desses
alimentos e 5% marcou como falta de conhecimento
a respeito dos produtos. Um
ponto positivo é que o preço como uma
barreira para o aumento do consumo diminuiu
em relação a 2021, onde esse patamar
era de 67%. Por outro lado, quando
a pesquisa se refere aos consumidores que
não consomem orgânicos, o preço marcou
44%, seguido pela falta de conhecimento
com 28%, dificuldade em encontrar 6% e
por não gostar 4%. Aqui também é possível
perceber que a barreira preço diminuiu
em relação ao ano de 2021, que era de 59%.
No geral, a pesquisa demonstrou que o
número de consumidores aumentou 16%
em relação ao ano de 2021, frutas, legumes
e verduras conseguiram manter fortemente
a sua associação do orgânico com vegetais
frescos, demonstrando ainda a forte necessidade
de se divulgar os demais produtos.
Além disso, a preocupação com a saúde é
o principal argumento na compra dos orgânicos.
Demais hábitos de compra evidenciados
pela pesquisa:
Ainda como resultado da pesquisa temos
os seguintes dados sobre a forma de
reconhecimento dos produtos:
“A maioria dos consumidores diz reconhecer
os produtos orgânicos pela embalagem.
Já o reconhecimento dos produtos
>>
orgânicos pelo selo de certificação manteve-se
em 39% e é apontado por 13% dos
consumidores como importante critério
na decisão de compra. Também observa-
-se que 89% deles concordam que o selo
de certificação deve estar obrigatoriamente
presente nas embalagens. Cada vez mais se
evidencia a necessidade de se organizarem
seções específicas de produtos orgânicos
nos pontos de venda, uma facilidade cobrada
por 83% dos entrevistados.
Hoje, 24% dos consumidores afirmam
identificar os orgânicos no ponto de venda
graças à separação por setor, contra 10%
em 2021”.
Em relação à aparência e disponibilidade
dos produtos orgânicos os consumidores
responderam o seguinte:
“De 2021 para 2023, cresceu significativamente
a importância da aparência dos
produtos como critério de escolha, mantendo-se,
na sequência, os critérios preço e
embalagem. Embora ainda apontem certa
dificuldade de acesso aos orgânicos, melhorou
a percepção do consumidor quanto
à facilidade de encontrar os produtos em
seu dia a dia”.
Em relação ao preço, temos as respostas
ficaram conforme a pesquisa dessa maneira:
“As incertezas econômicas enfrentadas
pelo Brasil ao longo de 2021 e 2022 fizeram
crescer a percepção de que os produtos
orgânicos são mais caros. A maioria dos
consumidores de orgânicos considera que
existem boas razões para os preços mais
elevados dos produtos. Os números apontam
que a grande maioria dos consumidores
considera razoável pagar em torno de
20% a mais pelos produtos, em relação aos
convencionais”.
Os números ainda demonstram como
esse mercado pode crescer:
“54% dos que se declararam consumidores
usuais apontaram o fator preço como
principal motivo para não consumirem orgânicos
em maior quantidade. Desses, um
percentual significativo, 43% dos entrevistados,
declara que está muito disposto a aumentar
o consumo e entre os não-consumidores
de orgânicos, 13% disseram estar
muito dispostos a passar a consumir”.
A Agricultura Sustentável
e o papel das certificações
como fatores decisivos na
produção de orgânicos
O apelo dos orgânicos está profundamente
ligado à busca por práticas sustentáveis
de produção agrícola. Ao contrário dos
métodos tradicionais, que dependem do
uso de pesticidas e fertilizantes químicos,
a agricultura orgânica aposta em técnicas
naturais para cuidar do solo e das plantas,
como a rotação de culturas, o uso de compostagem
e o controle biológico de pragas.
Além do mais, ela tem como objetivo minimizar
o impacto ambiental, preservando
a biodiversidade, os recursos hídricos e a
saúde dos seres humanos e dos ecossistemas.
A adoção de tecnologias que prezam
pela sustentabilidade também tem se tornado
uma prioridade, com o uso crescente
de bioinsumos, como fertilizantes orgânicos
e biopesticidas, que reduzem a dependência
de produtos químicos. Outro fator
de extrema importância é que a agricultura
de precisão, que utiliza dados de sensores
e inteligência artificial para otimizar o uso
de insumos, está ajudando a aumentar a
eficiência da produção agrícola e reduzir o
desperdício de recursos.
Nessa transformação, um componente
de extrema importância é a tecnologia,
onde esse avanço tecnológico tem sido um
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grande aliado da agricultura sustentável,
permitindo que os produtores melhorem a
produtividade e a eficiência sem comprometer
o meio ambiente. Tecnologias como
sensores para monitoramento de irrigação,
drones para análise de plantios e o uso de
inteligência artificial para prever pragas e
doenças são algumas das inovações que
tornam o cultivo orgânico mais viável e
escalável. Com o tempo, essas tecnologias
devem se popularizar ainda mais, tornando
a agricultura sustentável uma opção mais
acessível, não só para pequenos produtores,
mas também para grandes fazendas
que buscam adotar práticas mais verdes.
Ademais, a produção agrícola sustentável,
os produtos orgânicos também se
diferenciam devido às certificações que
recebem, garantindo a confiança dos consumidores
nesses produtos. Certificados
como o “Orgânico Brasil” ou o selo internacional
“USDA Organic” funcionam
como uma garantia de que os alimentos
foram produzidos de acordo com normas
rigorosas que preservam o meio ambiente
e asseguram a ausência de pesticidas e
fertilizantes químicos. Os selos e as certificações
são ferramentas essenciais para o
fortalecimento do mercado de orgânicos e
na promoção de um consumo consciente.
Além das certificações, o avanço da tecnologia
tem facilitado a rastreabilidade dos
alimentos, permitindo que os consumidores
acompanhem a origem dos produtos e
saibam como e onde foram cultivados.
Desafios para os
produtores e a produção
no Cerrado
Embora a demanda por produtos orgânicos
esteja crescendo, os produtores
enfrentam uma série de desafios para se
manterem competitivos nesse mercado.
As dificuldades incluem o custo elevado de
certificação, a maior demanda por mão de
obra qualificada, a adaptação às novas técnicas
de cultivo e os desafios de escala, já
que a agricultura orgânica costuma ser mais
trabalhosa e, muitas vezes, menos produtiva
do que a agricultura convencional. Para
completar, o acesso a mercados e canais
de distribuição nem sempre é fácil, especialmente
para pequenos produtores, que
precisam se destacar em um setor que está
cada vez mais competitivo.
Por ser uma das maiores áreas agrícolas
do país, o Cerrado enfrenta desafios ambientais,
como a degradação do solo e o
uso excessivo de agrotóxicos, que afetam a
saúde do ecossistema, impactam os recursos
hídricos e a qualidade da produção.
A adaptação à agricultura orgânica no
Cerrado também enfrenta desafios, como
o alto custo de certificação e a necessidade
de adaptação das técnicas de cultivo. No
entanto, o setor tem mostrado sinais de
transformação, com a ampliação do número
de produtores e o fortalecimento de
>>
feiras e eventos que promovem o consumo
de orgânicos.
Nesse cenário, a agricultura sustentável
se apresenta como uma solução viável,
promovendo práticas que respeitam
o meio ambiente, conservam os recursos
naturais e evitam a contaminação do solo
e das águas. Embora a produção de orgânicos
no Cerrado ainda represente uma
pequena parcela do agronegócio, a demanda
por alimentos sustentáveis tem crescido
significativamente e a agricultura orgânica
é uma oportunidade para os produtores se
destacarem no mercado, criando uma vantagem
competitiva ao oferecer produtos
diferenciados, mais saudáveis e ambientalmente
responsáveis.
Por outro lado, as dificuldades como a
produção e a venda resultaram no encerramento
das atividades de alguns produtores.
Um deles, atuando no mercado há alguns
anos em Patos de Minas, decidiu abandonar
a área dos orgânicos devido as dificuldades
enfrentadas, ele nos relatou que
optou por encerrar a produção devido às
dificuldades enfrentadas:
“Estamos parados há um ano. Estava
muito difícil continuar devido à dificuldade
de encontrar mão de obra especializada, o
clima mudou muito e também nos afetou, a
venda também já não estava gerando bons
resultados. Em uma semana vendíamos
muito bem, em outras não. Sentimos que
as pessoas ainda não estão realmente valorizando
o orgânico. Todos esses fatores
geraram o desgaste enorme nos últimos
tempos que produzimos e percebemos ainda
que todo esse nosso trabalho realmente
não estava compensando, o que nos levou
a encerrar nossa atividade. Produzir comida
não é fácil, é preciso ser mais valorizado”.
O futuro da agricultura
sustentável
Apesar das dificuldades e desafios, a
busca pelos produtos orgânicos continua a
aumentar e o cenário é cada vez mais favorável.
Iniciativas como hortas comunitárias
e a expansão de feiras locais oferecem
uma alternativa mais acessível para quem
deseja consumir orgânicos, mas não tem
acesso imediato a grandes redes de supermercados.
As cooperativas de agricultores
e produtores locais têm ganhado força,
permitindo que os consumidores adquiram
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alimentos frescos e sem agrotóxicos a preços
mais justos.
Com a crescente conscientização sobre
os impactos ambientais da agricultura convencional,
muitas pessoas estão optando
por produtos mais saudáveis que respeitam
o meio ambiente, como os orgânicos. Essa
busca por alimentos livres de agrotóxicos e
fertilizantes químicos está longe de ser uma
moda passageira, já que a procura por uma
alimentação mais ética e consciente está
cada vez mais enraizada no comportamento
dos consumidores.
Com o apoio das políticas públicas, que
cada vez mais incentivam a produção sustentável,
a agricultura orgânica se apresenta
como uma alternativa sólida e promissora
para os próximos anos. Em um cenário de
maior valorização da saúde e da sustentabilidade,
não há dúvida de que esse mercado
continuará a crescer. O futuro da agricultura
sustentável parece promissor, mas seu
sucesso dependerá da colaboração entre
governo, empresas e consumidores para
criar um ambiente favorável ao crescimento
contínuo dessa tendência, sem deixar de
lado a necessidade de respeitar os limites
do meio ambiente.
Eventos como a “Bio Brazil Fair e a
Naturaltech” desempenham um papel fundamental
na promoção desses avanços tecnológicos
e no fortalecimento do mercado
de orgânicos. Essas feiras reúnem produtores,
pesquisadores e empresas do setor para
trocar experiências, apresentar inovações e
discutir o futuro da agricultura sustentável.
A “Bio Brazil Fair”, por exemplo, é uma
das maiores feiras de produtos orgânicos
da América Latina e serve como um importante
ponto de encontro para quem busca
novidades em produtos e tecnologias verdes.
Já a “Naturaltech” se destaca por reunir
empresas voltadas para a nutrição natural,
suplementos e produtos alimentícios
saudáveis. Ambos os eventos têm ajudado
a consolidar o setor orgânico no Brasil e a
conectar produtores com consumidores e
parceiros, fomentando a troca de conhecimento
e o crescimento da indústria.
Em um cenário
de constantes
desafios ambientais,
econômicos e
sociais, o caminho
para um futuro mais
sustentável parece
ser alimentado,
literalmente, por
escolhas mais
conscientes e
informadas sobre
nossa alimentação.
E, nesse movimento,
os orgânicos
desempenham um
papel de liderança,
convidando todos
a refletir sobre a
relação entre nossa
comida, nossa saúde
e o mundo que
deixaremos para as
próximas gerações
CIÊNCIA NO AGRO
A sinfonia da automação
no campo: robôs, soja e o
amanhecer de uma nova era
agrícola
ACERVO PESSOAL
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agro
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PHD HÉLIO L. COSTA – Professor do Instituto
de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade
Federal de Alfenas, no Campus Varginha (Unifal-
MG).
Imagine uma orquestra de máquinas inteligentes,
trabalhando em harmonia sob
o céu do Cerrado, cada uma executando
sua parte na sinfonia da produção agrícola.
Essa não é uma visão futurista, mas a realidade
emergente nas fazendas brasileiras,
onde robôs agrícolas estão redefinindo o
conceito de trabalho no campo e abrindo
um novo capítulo na história da agricultura.
No coração do Brasil, o Grupo Baumgart,
um dos maiores produtores de grãos
do país, está liderando essa revolução robótica.
Em uma fazenda de soja e milho em
Goiás, onze robôs Solix da Solinftec, equipados
com sensores, câmeras e inteligência
artificial, estão assumindo o controle do
manejo de plantas daninhas. Essa iniciativa
pioneira marca o início da primeira fazenda
totalmente robotizada do Brasil, um marco
que promete transformar a maneira como
produzimos alimentos.
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Os robôs Solix, como maestros de uma
orquestra, coordenam suas ações para garantir
a máxima eficiência e precisão. Eles
navegam autonomamente pelos campos,
identificando e eliminando ervas daninhas
com jatos de herbicida direcionados, reduzindo
o uso de produtos químicos e minimizando
o impacto ambiental. Além disso,
os robôs coletam dados valiosos sobre as
condições do solo, o desenvolvimento das
plantas e a ocorrência de pragas, informações
que podem ser utilizadas para otimizar
o manejo da lavoura e aumentar a produtividade.
A robotização da
agricultura não se
trata apenas de
aumentar a eficiência
e reduzir custos. É
sobre criar um futuro
mais sustentável
e resiliente para
o nosso sistema
alimentar, um futuro
em que a tecnologia e
a natureza trabalham
em conjunto para
garantir a segurança
alimentar da nossa
população
É também sobre abrir novas oportunidades
para jovens do nosso país nas áreas
de engenharia, pesquisa e empreendedorismo,
que podem contribuir para o desenvolvimento
de soluções inovadoras para os
desafios do campo.
Enquanto o Brasil dá seus primeiros
passos com fazendas robotizadas, o mundo
inteiro já está experimentando os benefícios
da agricultura automatizada. Países
como Estados Unidos, Japão e Alemanha
estão investindo pesadamente em tecnologias
avançadas para o campo, com drones,
robôs colheitadeiras e sistemas de monitoramento
remoto que estão redefinindo as
práticas agrícolas. Para se manter competitivo
no cenário global, o Brasil, como líder
mundial em diversos setores da produção
agrícola, precisa assumir o protagonismo
dessa transformação tecnológica.
O desafio está em integrar ainda mais a
tecnologia no dia a dia das fazendas, promovendo
acesso às inovações mesmo para
pequenos e médios produtores. Com programas
de incentivo, parcerias público-privadas
e políticas que estimulem a pesquisa
e a inovação, o Brasil pode liderar essa revolução
no campo, garantindo sua posição
de destaque na agricultura mundial e colaborando
para um futuro sustentável e inovador
no agronegócio.
Ainda estamos no “amanhecer dessa
nova era agrícola”, que nos surpreende todos
os dias e se transforma a cada instante.
Olhar para o futuro não é abandonar o conhecimento
construído no passado, muito
pelo contrário. O Brasil e os brasileiros têm
histórias e histórico suficientes para fazer
essa transformação do modo como tem
que ser feita: melhorando a vida de tudo e
todos na terra e na Terra.
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM
Crise climática: segurança
alimentar e a disponibilidade
hídrica
revista
100
porcento
agro
abr, 25
Diariamente o noticiário traz relatos e
alertas sobre as condições climáticas
adversas que estão se tornando cada
vez mais frequentes nos últimos anos. Enchentes
históricas (e devastadoras...), secas
severas e as ondas de calor vem afetando
as diversas regiões do país. Até o final de
fevereiro foi contabilizada a quinta onda
de calor no país no ano de 2025, ano que,
diga-se de passagem, acabou de começar.
Esta realidade, decorrente das mudanças
climáticas, tem consequências diretas
na vida da população, seja na saúde e conforto
térmico ou seja na produção e acesso
a bens de consumo e alimentos e aumento
da demanda energética.
A atividade agrícola é, entre os setores
produtivos, aquela que é mais influenciada
pelo clima. E nesse contexto de risco
climático agrícola, temos duas condições
que, muitas vezes, geram entendimentos
semelhantes pelo público em geral, mas
que diferem no conceito, nos impactos e
eventuais soluções, são elas: a variabilidade
climática interanual, que é uma característica
natural do sistema climático global,
corresponde àqueles anos em que as condições
climáticas fogem do padrão normal
(tendo como referência as Normais Climatológicas*)
e as mudanças climáticas globais
que, de acordo com a Organização das
Nações Unidas (ONU), são as mudanças
de longo prazo nas temperaturas e padrões
climáticos.
As normais climatológicas são valores
médios de variáveis meteorológicas calculados
para um período relativamente longo
e uniforme, compreendendo no mínimo
três décadas consecutivas, e representa as
características médias do clima em um determinado
local
As variações interanuais caracterizadas
pela ocorrência de volumes de chuvas
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>>
maiores ou menores que o normal, temperaturas
mais elevadas ou mais baixas, entre
outros eventos, contribuem para o sucesso
ou o insucesso da produção agrícola
de determinada safra, especialmente em
culturas de sequeiro. Como a variabilidade
interanual ocorre dentro de uma certa previsibilidade,
os riscos podem ser reduzidos
por meio do planejamento agrícola, com a
adequação do manejo e época de plantio
naquele ano específico, temática que tem
como referência o ZARC - Zoneamento
Agrícola de Risco Climático.
Por outro lado, com as mudanças climáticas
estas alterações nos padrões normais
do clima ocorrem com mais frequência e
perduram a longo prazo. Os estudos mostram
que seus efeitos mais evidentes como
a elevação das temperaturas, a ocorrência
de eventos climáticos extremos e a alteração
nos regimes de chuva seguem uma
tendência de aumento da intensidade e da
frequência, no entanto, as probabilidades
de que essa tendência se acelere aumentam
ano a ano, de acordo com o relatório da
OMM (Organização Meteorológica Mundial).
Estes cenários impõem a adoção de
medidas de mitigação e adaptação. No
caso da agricultura, estas medidas incluem
o desenvolvimento de cultivares adaptadas,
adoção de práticas conservacionistas e o
uso da irrigação.
A irrigação tem se apresentado como
uma ferramenta poderosa (e é isso que essa
tecnologia é!), seja para reduzir os riscos
decorrentes das variabilidades interanuais
como para prevenir e se adaptar ao possível
aumento da demanda hídrica em função da
elevação das temperaturas e alterações nos
regimes de chuva. Já estamos vivenciando,
em algumas regiões do país, o crescimento
da demanda por irrigação para sanar os
prejuízos com anos seguidos de estiagem,
como vem ocorrendo no oeste do Rio
Grande do Sul, por exemplo. Assim, nos
vemos diante de um paradoxo pois as incertezas
climáticas podem impactar tanto
na demanda como na oferta de água em
todos os setores e, não seria diferente, na
agricultura irrigada.
Garantir a segurança alimentar com segurança
hídrica é tarefa que requer conhecimento
e responsabilidade, vai além da
implantação de um do projeto de irrigação.
É preciso ‘administrar’ a água disponibilizada
pela chuva e pela irrigação. Adequar
épocas de plantio, trabalhar com sistemas
de irrigação eficientes e bem manejados,
estabelecer plantios integrados que promovam
a conservação do solo e da água,
entender as peculiaridades de cada região.
Teremos água
suficiente para
irrigar? A reposta
é sim se fizermos a
gestão responsável
do recurso hídrico
dentro da fazenda
vislumbrando o todo:
a bacia hidrográfica
em que está inserido,
o(s) município(s),
o(s) estado(s), o
país... Seguindo a
velha máxima do
desenvolvimento
sustentável, ‘pensar
globalmente, agir
localmente’
CONTEÚDO DE MARCA
Avanze Consultoria em
Negócios transforma desafios
da gestão em oportunidades de
desenvolvimento sustentável
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Metodologia replica conhecimento
pautado em experiências para
empreendimentos que buscam crescer de
forma planejada e consistente.
Os desafios na gestão das fazendas do
grupo Montanari impulsionou a criação
da Avanze Consultoria em Negócios.
A iniciativa, que oferece soluções
em gestão empresarial e financeira para
agronegócio, conta com a expertise dos
empresários: Roger Montanari, especialista
em gestão financeira; do empresário e engenheiro
agrônomo, Marcelo Montanari e
do administrador e consultor de negócios,
Marcos Ramos, fundadores da iniciativa.
Atualmente, mais dois consultores uniram
suas expertises sendo, o administrador de
empresas, Romerito Diniz Oliveira e o médico
veterinário, Leonardo Leite.
Com uma abordagem estratégica que integra
aspectos econômicos, operacionais e
de sustentabilidade, a consultoria apoia empresas
na profissionalização de suas operações
e no acesso a recursos financeiros.
“Nascemos de um desafio vivenciado em
um empreendimento familiar e rural que
atravessa gerações e, que ao ser confrontado
por grandes adversidades, nos impulsionou
a desenvolver um método administrativo
que transformou o nosso negócio,
tornando-o mais competitivo, fortalecido e
sustentável, uma vez que nos debruçamos
sobre as dificuldades, sobre os cenários,
sobre os números, sobre a organização e
entendemos que cada um dos fatores ofertava
caminhos de sucesso. Com os resultados
que alcançamos, desenvolvemos uma
metodologia que pode ser replicada em negócios
de todos os segmentos”, explica o
consultor, Marcos Ramos.
A metodologia se baseia em planejar,
executar, monitorar e avançar, inserindo
nas análises e estratégias, a vasta experiência
dos consultores, como explica Roger
Montanari. “Nos especializamos em gestão
pela sustentabilidade do nosso negócio e
nosso modelo gera resultados que permite
o progresso sólido e constante. Nós somos
o nosso próprio case de sucesso e compartilhamos
nosso conhecimento por meio de
nossas competências para avanços assertivos
e consistentes”, aborda.
Por meio da experiência e do conhecimento
das necessidades para uma gestão
que objetiva negócios sustentáveis, a consultoria
oferece os seguintes serviços:
Diagnóstico:
É uma ação indispensável do nosso
serviço, pois ele abrange todas as dimensões
essenciais da empresa do cliente, permitindo
uma visão holística do negócio.
É por meio dele que entenderemos o real
momento vivido pelo empreendimento e
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traçaremos estratégias para o crescimento
sustentável e melhorias contínuas. A partir
do diagnóstico, oferecemos caminhos que
orientam as decisões, otimizando a gestão
e apontando com assertividade para o desenvolvimento
do negócio.
Gestão corporativa em
negócios e estratégias:
Com um estudo aprofundado desde o
regime de competência até o regime de caixa,
envolvendo contabilidade, custos, orçamento,
planejamento e controle financeiro,
nesse serviço, as análises incluem liquidez,
lucratividade e rentabilidade. Com foco na
administração de capital de giro, capital
fixo e fontes de financiamento, tanto de
curto quanto de longo prazo, essa consultoria
inclui também auditorias internas e
externas e um profundo entendimento da
linha do tempo do negócio (passado, presente
e futuro).
Gestão agronômica e
operacional:
Com foco na aplicação de técnicas de
agricultura regenerativa e práticas que focam
a sustentabilidade para melhorar a
eficiência e os resultados produtivos, esse
segmento envolve o gerenciamento de todas
as operações agrícolas, desde a coleta
e o registro de dados até a sistematização
e análise das informações para a tomada
de decisões assertivas. O sistema de gestão
utilizado é baseado na nuvem, proporcionando
segurança e acessibilidade aos dados.
Gestão societária e de
talentos:
Nesse segmento, procuramos entender
a relação entre homem e empreendimento,
ou seja, a liderança e o protagonismo
do empresário/empreendedor frente ao
propósito de aperfeiçoamento, mudan-
>>
ça estrutural e diversificação ou intenção
de explorar um novo negócio de natureza
mercantil. Dessa forma, a constituição
e a natureza jurídica do empreendimento
e, no caso, o empreendimento societário
são levados em consideração. Além disso,
considera os métodos e práticas racionais
e eficazes de gestão dos processos, das
atividades e dos negócios como forma de
garantir a qualidade da tomada de decisões
pelos empresários/empreendedores.
Gestão organizacional:
A gestão organizacional da Avanze é
voltada para otimizar a estrutura e os processos
das empresas, melhorando a eficiência,
a governança e o alinhamento estratégico.
Oferecemos diagnóstico detalhado,
planejamento personalizado, implementação
de melhores práticas, capacitação de
equipes e monitoramento contínuo, tudo
para fortalecer a cultura organizacional e
impulsionar o desempenho. Ideal para empresas
que desejam profissionalizar suas
operações, melhorar a gestão de pessoas
e se adaptar rapidamente às mudanças do
mercado, sempre com foco em sustentabilidade
e crescimento.
Gestão econômicofinanceira:
Criada para ajudar empresas do agronegócio
a alcançar maior controle e eficiência
financeira, nessa gestão, oferecemos um
conjunto completo de serviços, incluindo
análise de custos, planejamento orçamentário,
gestão de fluxo de caixa, administração
de capital de giro e auditorias. Com foco
em regimes de competência e caixa, nosso
objetivo é fornecer insights claros sobre a
rentabilidade e a liquidez do negócio, facilitando
a tomada de decisões estratégicas e
garantindo uma gestão financeira sólida e
sustentável para o presente e o futuro da
sua empresa.
Captação de recursos:
Esse serviço é focado em auxiliar empresas
do agronegócio a obter o financiamento
necessário para expandir suas operações.
Oferecemos consultoria especializada para
identificar as melhores fontes de financiamento.
Nosso suporte inclui a elaboração
de projetos, a preparação de documentação
e a assessoria na negociação com instituições
financeiras. Com um entendimento
profundo dessa negociação, ajudamos a
construir um lastro de credibilidade e a demonstrar
a capacidade de honrar compromissos,
seja por meio de garantias reais ou
pelo fortalecimento da estrutura financeira
da empresa. O objetivo é viabilizar o acesso
a recursos de forma rápida e eficiente,
impulsionando o crescimento e a competitividade
do seu negócio.
A consultoria tem como foco a gestão
para desenvolvimento de negócios de todos
os segmentos que buscam avançar de
forma consistente, planejada e preparada
para vencer as adversidades, respeitando
as particularidades de cada empreendimento.
“Nossa metodologia enxerga cada
empreendimento como um negócio único,
respeitando suas particularidades e sua
história, encontramos oportunidades de
transformação. É analisando o que foi feito
e mirando aonde queremos chegar que trabalhamos.
É assim que trilhamos caminhos
para avanços sustentáveis”, finaliza o consultor
Marcelo Montanari.
Acesse para mais
informações:
avanze.agr.br
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TECNOLOGIA RURAL
Agronegócio conectado: o
impacto das novas tecnologias
na gestão rural
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A
adoção de tecnologias inovadoras,
como Inteligência Artificial (AI),
drones e Internet das Coisas (IoT),
tem se tornado cada vez mais comum nas
fazendas, oferecendo soluções para otimizar
a produção e a gestão agrícola.
A Inteligência Artificial pode analisar
dados para prever climas, doenças e pragas,
facilitando decisões mais assertivas e
menos dependentes de suposições. Além
disso, a IA permite automatizar processos,
como o monitoramento do solo e do clima,
ajustando atividades agrícolas em tempo
real para maior produtividade e menor
impacto ambiental.
A agricultura de precisão é uma das inovações
do setor agrícola, mudando a maneira
como as lavouras são manejadas. Ao
monitorar em tempo real as condições das
plantações, como umidade, temperatura,
pH e até pragas, é possível aplicar insumos
segmentados no momento certo, eliminando
desperdício e otimizando o uso de
fertilizantes, pesticidas e água. Além disso,
ao diminuir o uso de produtos químicos,
há uma contribuição para práticas agrícolas
mais sustentáveis. Essa abordagem ecológica
melhora o solo a longo prazo, preservando
sua fertilidade e garantindo produção
agrícola melhor.
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Segundo Hélio Lemes Costa Júnior,
professor universitário, pesquisador, mestre
e PhD em ciência e inovação: “A inteligência
artificial vai estar presente em todos
os lugares e não teria como ela não estar
no agro. A IA usada com qualquer outra
tecnologia, com IoT, com drones, com vários
outros sistemas no campo, vai resultar
em muitos benefícios e facilitações para o
produtor”.
E complementa: “A Inteligência Artificial
está sendo implantada. Ainda não é
realidade para muitos, são poucas as iniciativas
com IA, mas as que já acontecem têm
mostrado excelentes resultados e vão continuar
se expandindo assim como foi em
outros setores”.
Para o produtor rural, professor e pesquisador
Marcelo Sekita, a IA tem impacto
significativo na otimização dos processos
de produção agrícola. Ela permite o processamento
de grandes volumes de dados
gerados no campo, auxiliando na tomada
de decisão baseada em análises precisas e
em tempo real. Sekita acredita que as áreas
mais beneficiadas em uma fazenda são o
monitoramento e o diagnóstico de culturas
por meio de sensores, drones e imagens de
satélite alimentados por IA.
Uma das principais vantagens da agricultura
de precisão é a redução dos custos
operacionais. A aplicação adequada de
insumos, como fertilizantes, garante que
cada planta receba a quantidade exata do
produto, evitando sobrecarga ou escassez.
O monitoramento constante das condições
da lavoura permite intervenções pontuais,
sem a necessidade de tratamentos generalizados
em toda a área, resultando em economia
de tempo e recursos. Esse tipo de
manejo eficiente reduz significativamente
os custos de produção e aumenta a rentabilidade
das fazendas. A agricultura de precisão
também possibilita uma gestão mais
inteligente das lavouras, por meio da análise
das condições naturais da propriedade.
Ferramentas de análise de dados integradas
permitem ao produtor rural tomar decisões
mais aprofundadas e rápidas, reagindo às
mudanças nas condições climáticas ou no
crescimento das plantas com mais rapidez.
Dessa forma, a tecnologia torna-se ferramenta
indispensável para assegurar a competitividade
e a sustentabilidade no agronegócio
atual.
A adoção de drones na
agricultura
Os drones têm papel fundamental na
agricultura de precisão, para monitorar,
analisar e melhorar práticas agrícolas. Essa
tecnologia foca em sustentabilidade e lucro,
fornecendo imagens aéreas detalhadas para
análise de grandes áreas, facilitando a identificação
de problemas nas lavouras, como
falta de irrigação, pragas ou deficiências
nutricionais. Além disso, os drones podem
pulverizar insumos, reduzir desperdícios e
impacto ambiental e melhorar a eficiência
operacional nas fazendas. Hélio comenta
que o drone evoluiu justamente devido ao
agro: “Hoje a área que mais usa drones no
mundo é o agro fora da área militar”.
IoT: tecnologia
aliada para otimizar
processos e maximizar
a produtividade nas
fazendas
A IoT conecta dispositivos e sensores
à internet, permitindo que os dados cole-
>>
tados sejam transmitidos e analisados automaticamente.
Isso significa que equipamentos,
irrigação, sistemas de climatização
e até mesmo os animais podem ser monitorados
remotamente. Sensores no solo
medem a umidade, a temperatura e o pH,
garantindo condições ideais para o crescimento
das culturas sem intervenção manual.
A conectividade também possibilita
a gestão de grandes propriedades, proporcionando
visão integrada e em tempo real
de toda a operação.
O cooperativismo como
aliado dos pequenos e
médios produtores
O uso das tecnologias é desafiador para
pequenos e médios produtores rurais, principalmente
pelo alto custo de aquisição e
integração. Sekita ressalta: “A implementação
de tecnologias como drones e sensores
IoT na agricultura oferece grandes benefícios.
Mas os agricultores ainda enfrentam
desafios significativos, como o alto custo
inicial e a infraestrutura limitada. Por exemplo,
a conectividade, que em muitas regiões
ainda não é de qualidade, além de fatores
como a manutenção e suporte técnico para
os equipamentos, a integração com a rotina
da fazenda e a capacitação para o uso e
análise de dados”.
A revolução digital, como a inteligência
artificial, os drones e IoT, está transformando
o campo, melhorando a gestão, aumentando
a eficiência e a sustentabilidade
no agro. A tecnologia colocada a serviço do
agronegócio gera grande impacto nas fazendas,
redefinindo o panorama da agricultura
e trazendo resultados concretos para
os produtores rurais.
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CAPA GESTÃO FINANCEIRA
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Os ventos mudaram
de direção
Saiba como o produtor rural
deve navegar pela tormenta
e manter-se no rumo da
prosperidade financeira
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>>
por
ISADORA CAIXETA, Campo Capital
Imagine que você seja um marinheiro há
20 anos fazendo o mesmo percurso de um
ponto a outro. Depois de todo esse tempo,
já possui a confiança necessária para realizá-lo,
pois os desafios são muito parecidos.
Antes de embarcar, faz um planejamento do
trajeto, certifica-se das condições meteorológicas,
prepara a alimentação necessária, kit
de primeiros socorros e verifica as condições
do motor. Já se tornou referência em navegação
entre as pessoas da sua comunidade, que
testemunhou seu aprendizado desde criança,
acompanhando seu pai em alto-mar.
Você acaba de embarcar em mais um percurso
pelo mesmo trajeto. Só que, após dois
dias navegando, percebe que o clima está diferente
dos anos anteriores e isso o preocupa.
Os ventos não estão tão fortes e, para chegar
na data prevista, passa a precisar mais do motor.
Após usá-lo intensamente, ele começa a
falhar, e você pede ajuda à tripulação. Mas
não há nenhum mecânico a bordo. Você se
lembra de ter sido questionado sobre colocar
um motor mais potente, porém, na época,
esse investimento pareceu alto e desnecessário.
Agora, está diante de um desafio nunca
vivido, ainda que seja o mesmo trajeto. Os
tempos mudaram, e seu barco está prestes a
parar em alto-mar.
Essa situação, contada como uma metáfora,
pode tomar forma em diferentes cenários,
como na gestão de um negócio. Neste caso,
quero falar da gestão de uma fazenda. O preparo
para a safra, o planejamento do plantio
e colheita, a verificação das condições meteorológicas,
a contratação e gestão das pessoas,
a utilização de tecnologia, tudo isso faz parte
do percurso de iniciar uma safra e chegar ao
destino, a colheita, de forma lucrativa.
O setor do agronegócio passa por uma
grande transformação, desde a adoção de no-
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CAPA GESTÃO FINANCEIRA
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vas práticas de manejo até a agricultura de
precisão, que, por meio de sistemas e maquinários
inteligentes, mede a utilização de
insumos para um uso mais eficiente, além
da gestão financeira.
Se voltarmos para o ano de 2013, quando
iniciei minha carreira na Faria Lima,
centro do mercado financeiro no Brasil,
pouco se falava (para não dizer que nada
se falava) sobre investimentos no agronegócio.
Em 2021, com o surgimento dos
FIAGROS – fundos de investimentos no
agronegócio, que permitem investimentos
de pessoas físicas –, o setor passou a ganhar
mais destaque não somente nos portfólios
de investimentos, mas também no
acompanhamento de indicadores por parte
dos gestores de recursos, que finalmente
voltaram sua atenção para o óbvio: o agro
representa quase um quarto do PIB brasileiro.
Com isso, um novo dinheiro passou
a chegar para empresas do agro e produtores
rurais, aumentando de forma considerável
as linhas de crédito e financiamento
disponíveis. Para um setor em expansão e
desenvolvimento, esse dinheiro novo foi
muito bem-vindo. Em
2023, a demanda total de
crédito do agronegócio
ultrapassou a casa dos R$
1 trilhão por ano. Também
em 2023, vimos a
inadimplência aumentar
drasticamente, principalmente
porque o ambiente
jurídico passou a permitir
a recuperação judicial de
produtores rurais pessoa
física. Em 2024, a inadimplência
alcançou o
patamar mais alto da história
já verificada no setor
agrícola.
Os fatores para tal
acontecimento são inúmeros:
aumento do dólar,
queda do preço de venda
das commodities, quebras
de safra, aumento da taxa
de juros. No entanto, um
ponto pouco analisado
quando se fala de gestão
de recursos financeiros é
o comportamento humano
perante a tomada de
decisão.
>>
A melhor forma de explicar esse comportamento
é com um experimento conduzido
por Daniel Kahneman e Richard Thaler
em 1991, na Universidade de Cornell,
nos Estados Unidos. Eles deram canecas
de café que custavam U$ 4,95 para metade
de um grupo de 44 estudantes, enquanto
a outra metade não recebeu nada. Então,
perguntaram para quem tinha caneca: “Por
quanto você venderia essa caneca?”. Para
quem não tinha caneca, perguntaram: “Por
quanto você compraria essa caneca?”.
O resultado expôs um dos vieses mais
profundos do cérebro humano, que fez os
pesquisadores ganharem o Prêmio Nobel
de Economia anos mais tarde: quem tinha
a caneca exigia, em média, U$ 7,12 para
vender. Quem não tinha, pagaria, em média,
apenas U$ 2,87 pelo mesmo objeto.
A conclusão desse experimento recebeu
o nome de “efeito dotação”, que implica a
tendência das pessoas atribuírem mais valor
ao que possuem. Trazendo os efeitos
do estudo para a nossa vida, esse viés faz
com que o investidor mantenha ações que
só caem (na esperança de que um dia irão
se valorizar); os empresários mantenham
negócios falidos e superestimem o valor de
suas empresas; na vida pessoal, relacionamentos
ruins sejam mantidos e mudanças
necessárias sejam evitadas.
Nos meus cinco anos atuando no mercado
do agro e já tendo feito um número
enorme de análises de fazendas, é perceptível
um grande apego ao valor das propriedades
por parte dos produtores rurais, que
baseiam a avaliação do seu negócio em sentimentos,
ao invés de utilizarem uma análise
financeira racional. O mesmo acontece
com as projeções futuras de novos investimentos,
que normalmente são feitos pela
ânsia de crescer, porém sem passar por
uma análise de viabilidade financeira e sem
considerar cenários que incluam os indicadores
de maior impacto no negócio.
Em cenários adversos como o que vivemos
agora no Brasil – com a desvalorização
do real, aumento da inflação e alta
considerável da taxa de juros, somados a
uma dificuldade muito maior de prever o
clima –, o agronegócio pede uma gestão financeira
profissional para conseguir sobreviver.
Sem acompanhamento de resultados
da forma correta – e aqui não me refiro
somente ao lucro operacional, mas sim à linha
final: o lucro líquido –, o risco fica cada
vez maior, e as chances de os produtores
perderem suas terras para os credores das
dívidas só aumentam.
Da mesma forma que vimos tecnologia
chegar ao campo, já passou da hora
de profissionalizar as fazendas também na
parte financeira. Investir em um bom contador
e em uma boa consultoria financeira
já não é mais questão de luxo, pois esses
serviços ajudam os sócios a tomar decisões
baseadas na realidade, de forma consciente
e voltada para o futuro. Nossas fazendas
estão se tornando empresas. As gerações
mais novas já enxergam o negócio da família
como sua carreira profissional, e o setor
só tende a crescer com a expectativa de a
população mundial chegar a 10 bilhões de
pessoas até 2050.
Quem faz a gestão da fazenda há muitos
anos poderá me entender: os tempos mudaram,
e a bússola para a prosperidade não
são mais as experiências passadas, mas os
números do seu caixa. Sem o acompanhamento
dos resultados, os produtores rurais
deixam o negócio à deriva, como um barco
que navega sem preparo para as adversidades
do mar.
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INADIMPLÊNCIA NO AGRONEGÓCIO
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O impacto das taxas de juros e
o risco da inadimplência no agro
44
ENERGIA SOLAR: ARMAZENAGEM DE
GRÃOS COM SUSTENTABILIDADE
(Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA)
>>
As taxas de juros no Brasil têm causado
um impacto negativo no crédito agrícola,
aumentando o índice de inadimplência
entre produtores rurais
O
agronegócio brasileiro segue como
um dos pilares da economia nacional,
desempenhando um papel elementar
nas exportações e no crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB). Sendo o
Brasil um dos principais produtores e exportadores
mundiais de commodities agrícolas,
como soja, milho, carne bovina e
açúcar, o setor resiste aos desafios internos
e externos, como as oscilações de preços
internacionais, questões logísticas e o impacto
das mudanças climáticas. A agricultura
se consolidou como um exemplo de
inovação e resiliência, enfrentando desafios
e o otimismo na expansão de um setor vital
para a cadeia global.
O agro representa 22% do PIB brasileiro,
garantindo o abastecimento dos
mercados locais e mundiais. Além do trabalho
árduo do produtor, o investimento
em tecnologia é um fator importante no
desenvolvimento do setor, que aumentou
em torno de 2,7% em 2024 ao comparar as
análises realizadas desde 2010.
Para 2025, a agricultura cresce moderadamente,
com a ampliação das exportações
de produtos de alto valor agregado, como
carnes e grãos orgânicos. A demanda por
alimentos deve continuar, especialmente
nos países em desenvolvimento. No entanto,
o setor terá que lidar com incerteza
econômica, flutuações nos preços das
commodities e a necessidade de adaptação
às novas regulamentações ambientais e de
sustentabilidade. Apesar das previsões de
aumento em torno de 8,2% na produção
de grãos, o cenário se mantém receoso em
relação à alta das taxas de juros, às dívidas
renegociadas pelos produtores rurais e às
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incertezas climáticas. A taxa Selic foi alterada
em 2024, o que afetou a renovação
das dívidas para o ano de 2025, devido aos
custos adicionais e à maior probabilidade
de inadimplência no setor. Além disso, essa
alta das taxas eleva a pressão sobre os custos
de insumos, resultando em maiores dificuldades
para os agricultores na hora de
cumprir suas obrigações financeiras. Diversos
produtores vêm solicitando a renegociação
das dívidas como maneira de evitar
a interrupção das operações. Além das
questões econômicas, o setor sofre com a
variação climática, afetando diretamente a
produtividade.
Crédito no agro: desafios
e oportunidades para o
futuro
O crédito é um desafio e uma oportunidade
para o futuro do agronegócio no
Brasil. Embora resiliente, o setor enfrenta
desafios relacionados à inadimplência, um
problema que se intensifica em momentos
de instabilidade econômica e volatilidade
no mercado. O não cumprimento dos pagamentos
no setor agrícola é um reflexo
das dificuldades dos produtores, como o
aumento dos custos, as taxas de juros e as
mudanças climáticas. Apesar das boas colheitas,
a necessidade de financiar o crescimento
e a modernização da produção ainda
é um obstáculo para muitos agricultores,
especialmente os de menor porte, e a insolvência
dos débitos afeta os produtores e as
instituições financeiras, comprometendo a
saúde econômica de cooperativas de crédito
e bancos especializados em agronegócio.
O cenário limitado contribui para uma
situação de risco em relação à inadimplência
que afeta, sobretudo, os pequenos e médios
produtores. Além do menor acesso ao
crédito, o setor tem a alta taxa de juros, dos
insumos e do custo da produção. Para os
produtores, a renegociação das dívidas é o
caminho.
Contudo, as previsões indicam que a
inadimplência no agronegócio brasileiro
poderá sofrer uma redução, mas ainda representará
um desafio significativo. A melhoria
no acesso às linhas de crédito, digitalização
do setor e tecnologias de gestão
financeira vêm de auxílio para os produtores
poderem melhorar o planejamento e reduzir
os riscos de endividamento excessivo.
A flutuação nos preços das commodities, a
incerteza das políticas agrícolas e a pressão
ambiental por práticas sustentáveis podem
>>
agravar a inadimplência, especialmente entre
agricultores mais vulneráveis.
O papel dos bancos no
crédito da agricultura
A atuação dos bancos na oferta de crédito
rural será decisiva para modernizar
e garantir a segurança financeira do setor
agrícola.
A agricultura brasileira, apesar de ser
forte, enfrenta desafios significativos no
acesso ao crédito. A instabilidade econômica
e a alta volatilidade vêm dificultando a
obtenção de crédito com condições favoráveis
para os produtores rurais. O ano de
2025 revela-se mais desafiador em relação
à inadimplência. Além dos problemas enfrentados
pelos produtores em decorrência
da alta dos juros, que afeta diretamente a
produção. As instituições financeiras têm
demonstrado prudência ao liberar recursos,
tornando o crédito ainda mais seletivo.
O cenário atual demonstra que os bancos
estão sendo mais cautelosos ao liberar
financiamentos. O crédito rural, que antes
era mais acessível, está enfrentando mais
exigência de garantias, um melhor planejamento
financeiro e análises de risco por
parte das instituições financeiras. As instituições
bancárias têm oferecido mais prazo
nos financiamentos e ofertas de renegociação
como uma maneira de evitar o
agravamento da inadimplência resultante
do endividamento dos produtores e da não
renovação dos financiamentos devido aos
juros.
Para enfrentar as oscilações, o setor
bancário e os produtores optam pela diversificação
para lidar com as incertezas.
Enquanto os bancos diversificam suas carteiras,
com fundos de investimento, os agricultores
elegem seguros rurais para reduzir
os riscos da queda dos preços das commodities
ou das adversidades climáticas, como
forma de segurança para os momentos de
crise.
O governo federal tem ampliado linhas
de crédito e oferecido taxas de juros mais
acessíveis para projetos de sustentabilidade
e inovação tecnológica. Espera-se que
o agronegócio se beneficie de uma maior
colaboração entre instituições financeiras
e produtores rurais para um crédito mais
flexível, impulsionando a competitividade
e o crescimento da agropecuária nacional.
Segundo a Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA), que montou
um panorama dos desafios de 2024 e das
perspectivas para 2025, o setor agropecuário
é resiliente em tempos de crise. Mesmo
com um recuo na produção de grãos
em 2024 devido a fatores como o clima, as
exportações conseguiram se manter estáveis
e as perspectivas de crescimento para
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agro
abr, 25
48
>>
o segundo semestre se mostram otimistas,
projetando um aumento de 5% com a recuperação
dos preços.
Apesar do otimismo, o mercado continua
enfrentando os desafios econômicos.
Enquanto os grandes produtores têm acesso
a mais financiamentos, tendo em vista
o impacto da inflação e acabam optando
pela precaução, os menores enfrentam dificuldades
para manter a saúde financeira em
ordem devido ao menor acesso às linhas de
crédito disponíveis.
As cooperativas como alternativa de
crédito no agro
As cooperativas de crédito são uma
alternativa viável para produtores rurais,
oferecendo taxas mais acessíveis e apoio
financeiro personalizado, importantes para
o agronegócio brasileiro, especialmente
para pequenos e médios produtores rurais
que enfrentam dificuldades para acessar o
sistema financeiro tradicional. Essas instituições
oferecem soluções financeiras mais
acessíveis, com taxas de juros mais competitivas
e condições de pagamento mais
flexíveis.
No entanto, com o atual cenário, as cooperativas
de crédito têm tomado medidas
para reduzir os riscos, assim como os bancos.
As ações vão desde tecnologias para
análise e antecipação de riscos, até programas
de educação financeira para associados.
O objetivo é garantir que os produtores
possam planejar melhor seus investimentos
e evitar endividamento excessivo.
A ampliação das cooperativas de crédito
no Brasil tem impulsionado a economia do
agronegócio, permitindo que agricultores
tenham acesso a financiamentos de maneira
mais simplificada. Com atendimento
personalizado e foco na realidade dos produtores,
essas instituições são aliadas estratégicas
na manutenção da produtividade e
no crescimento do setor.
Os desafios persistem, especialmente
diante das incertezas econômicas e climáticas.
Entretanto, a tendência é de fortalecimento
das cooperativas como solução
viável para manter o agro competitivo e
sustentável, garantindo acesso ao crédito
de forma segura e estruturada.
Otimismo no
Agronegócio: perspectiva
de crescimento e
inovação
O agronegócio brasileiro é resiliente,
com boas perspectivas de expansão. Apesar
das incertezas em relação ao crédito, o
agronegócio ainda demonstra grande resistência.
Se por um lado existem dúvidas
quanto à conjuntura atual, por outro, há
uma expectativa positiva em relação à produção
agrícola. Mesmo com a economia
mais limitada, o ciclo de safra 2024/2025
projeta uma colheita recorde de grãos.
A perspectiva é favorável para a produção,
segundo o Banco do Brasil. O valor
financiado na safra 2024/2025 é de R$ 138
bilhões, 2,5% acima do previsto. Espera-se
um aumento nas parcerias entre o setor privado
e as cooperativas para promover um
crescimento mais inclusivo e equilibrado.
Mesmo com a necessidade de soluções
mais flexíveis para os produtores rurais, o
agronegócio segue inovador e resiliente.
Através de investimentos em tecnologia e
estratégias sustentáveis, o setor busca superar
os desafios e expandir sua participação
na economia nacional. A expectativa é que
a colaboração entre produtores, cooperativas
e instituições financeiras continue fortalecendo
a competitividade da agropecuária
brasileira.
CAFÉ & SUSTENTABILIDADE
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Tecnologias sustentáveis
para a alta produtividade do
cafeeiro
por
SÉRGIO LUIZ DE ALMEIDA,
Engenheiro Agrômomo
PLANT HEALTH CARE BRASIL
50
FRUTOS DO CAFÉ
Foto de João Bento da Silva
iStock Ref.: 1403325012
>>
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HPLANT, que combina
resistência a estresses
climáticos com
qualidade dos frutos
e alta produtividade,
e MOSHY, que
controla a ferrugem
sem resíduos, são
destaques no portfólio
da empresa.
A
agricultura regenerativa busca restaurar,
regenerar e fortalecer os
ecossistemas agrícolas, promovendo
a saúde do solo, a biodiversidade e a resiliência
dos sistemas produtivos. No cultivo
do café, práticas regenerativas envolvem
o uso de cobertura vegetal nas entrelinhas
para proteger o solo da erosão, melhorar
sua estrutura, aumentar a matéria orgânica
e promover a biodiversidade. Além disso,
o uso de biofertilizantes e biopesticidas,
derivados de fontes naturais busca reduzir
a dependência de produtos químicos sintéticos.
A Plant Health Care (PHC) é uma empresa
global, parte do grupo P.I. Industries,
com mais de 30 anos de pesquisa e desenvolvimento,
especializada em tecnologias
de proteínas elicitoras derivadas de fontes
naturais e focada em soluções que potencializam
a produtividade das plantas. São
tecnologias exclusivas que aliam os mais
altos padrões de manejo e respeito ao meio
ambiente, segurança alimentar e saúde do
trabalhador com a garantia de retorno
econômico ao produtor.
52
>>
Comercializado no Brasil desde 2018, o
HPLANT é um bioativador composto por
proteína hidrolisada, que estimula a fisiologia
da planta e promove maior crescimento
radicular, melhorando a absorção de água
e nutrientes e tornando a planta mais resiliente
às condições de estresse relacionados
ao clima, o que é determinante para o
sucesso da produção de café. O HPLANT
impacta positivamente fatores de produção
como o comprimento dos ramos laterais, o
número de gemas (com impacto no potencial
produtivo da safra seguinte) e a uniformidade
de maturação dos frutos, reduzindo
o percentual de catação e resultando em
um incremento médio de 9 sacos de café
beneficiado por hectare, proporcionando
alto retorno financeiro. O gráfico abaixo
apresenta os resultados da aplicação de
HPLANT em algumas das principais variedades
de café plantadas no Brasil, comparadas
com as áreas não tratadas (padrão do
produtor).
Além do HPLANT, a PHC Brasil está
lançando o MOSHY, o primeiro fungicida
foliar a base de peptídeos registrado no
Brasil, para o controle de doenças do café
e da cana-de-açúcar. MOSHY propicia
uma alternativa ao controle convencional
de doenças no cafeeiro, apresentando perfil
ambientalmente mais seguro e saudável,
sem resíduos e com um novo modo de
ação que contribui para o manejo de resistência
de doenças a fungicidas.
A PHC acredita que a produtividade começa
com tecnologia, inovação e ousadia,
e por isso tem como trabalha em prol de
uma agricultura ativa, saudável e sustentável,
antecipando o futuro para oferecer
hoje as respostas que o agricultor precisa
para trabalhar com liberdade, tranquilidade
e rentabilidade. Para maiores informações
acesse as redes sociais da empresa em
www.planthealthcare.com.
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Produtividade (sc 60 kg/ha, beneficiado)
67
58
44
37
41
23
25
13
9
8
15
4
IAPAR 125
(Garça, SP)
OBATÃ (Garça,
SP)
ARARA
(Alfenas, MG)
HPLANT
ACAIA
(Alfenas, MG)
Padrão do Produtor
ARARA (Alto
Porã, SP)
CATUCAÍ 2SL
(Alto Porã, SP)
53
ALHO BRASILEIRO
revista
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porcento
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O papel da tecnologia na
evolução da produção de alho
56
A
tecnologia não é apenas uma aliada
do produtor de alho. Ela se tornou
um divisor de águas. Nos últimos
dez anos, a alhicultura brasileira passou
por uma transformação intensa, marcada
por inovações que elevaram a competitividade
do setor e redefiniram a forma como
produzimos. Quem não se adaptou ficou
para trás.
Um dos avanços mais disruptivos foi a
introdução das sementes livres de vírus, desenvolvidas
pela Embrapa. Essa inovação
mudou completamente o patamar da pro-
>>
dução nacional, garantindo maior sanidade
e elevando a produtividade, beneficiando
desde pequenos agricultores até grandes
produtores. Paralelamente, a melhoria das
técnicas de vernalização trouxe mais vigor
às sementes. Se antes trabalhávamos com
temperaturas positivas de 2 a 4 graus, hoje
o alho é submetido a temperaturas negativas
de até -3 graus, um ajuste que reflete
diretamente na qualidade da lavoura.
O manejo do solo também foi revolucionado.
A pesquisa acadêmica possibilitou
um avanço expressivo na nutrição da cultura,
ajustando a aplicação de macro e micronutrientes
com precisão. A adubação, antes
realizada de forma empírica, passou a ser
baseada em análises detalhadas, permitindo
o uso adequado de fertilizantes, especialmente
o fósforo, essencial para o alho. Mas
não foi só a parte química que evoluiu. O
estudo da biologia do solo e a introdução
da rotação de culturas trouxeram mais sustentabilidade
à produção, agregando valor
à cadeia produtiva.
Se a tecnologia otimizou a produção,
também impactou a gestão da mão de obra.
O aumento do custo de produção e a escassez
de trabalhadores impulsionaram a mecanização
em uma velocidade jamais vista.
O que antes era impensável hoje é realidade:
plantio mecanizado, colheita automatizada
e processos pós-colheita mais eficientes,
como a cura do alho com forçadores
de vento. Mas essa não foi a única frente: as
medidas de defesa comercial, como o direito
antidumping em vigor e a Letec, foram
essenciais para dar ao produtor um respiro,
permitindo que o setor se capacitasse
internamente e desenvolvesse tecnologias
para melhorar sua competitividade. Essas
políticas corrigem uma competição desleal
com produtos importados, permitindo que
a alhicultura brasileira avance com maior
segurança e estrutura.
Outro avanço significativo foi a rastreabilidade
e a certificação da produção. O
consumidor exige transparência, e o setor
respondeu com tecnologia para garantir segurança
alimentar e qualidade. Além de elevar
a eficiência e a qualidade, essas inovações
impactam diretamente a rentabilidade
do produtor, reduzindo custos e ampliando
oportunidades de mercado.
A tecnologia também impactou o aspecto
social da cadeia produtiva. O cumprimento
das normas trabalhistas e a
preocupação com o bem-estar dos trabalhadores
tornaram-se pilares estratégicos.
A discussão do PL dos Safristas, por exemplo,
nasceu da necessidade de regulamentar
e oferecer melhores condições para a mão
de obra temporária no campo. O fortalecimento
das boas práticas trabalhistas e ambientais
não é apenas uma obrigação regulatória
– é um diferencial competitivo que
fortalece a imagem do alho brasileiro e abre
portas para novos mercados. Essa preocupação
com sustentabilidade se estende ao
meio ambiente, onde os produtores brasileiros
se destacam como alguns dos que
mais preservam suas áreas de cultivo.
Por fim, a digitalização da produção
trouxe novas possibilidades, como o uso de
softwares para monitoramento de doenças,
controle de irrigação e até a implementação
da agricultura de precisão. A conectividade
avançou e, com o suporte das redes 4G
e 5G, a automação chegou com força ao
campo.
A alhicultura brasileira evoluiu. E não
há alternativa senão continuar inovando.
O mercado exige modernização, eficiência
e adaptação constante. A tecnologia não é
uma opção – é a chave para a permanência
no setor. E quem não acompanha essa
evolução não apenas deixa de plantar, mas
perde o direito de competir.
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FLORES DO CAFÉ
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porcento
agro
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Flores do café e do
bem-estar: o papel da mulher
na sustentabilidade do
agronegócio
A
presença feminina no agronegócio
tem crescido, proporcionando
transformações essenciais. Para fortalecer
essa participação, surgiu o projeto
Flores do Café e do Bem-Estar UFV-CRP ,
uma iniciativa do Grupo Mulheres AGRO
UFV-CRP, Lorena Mangabeira e Karina
Seibt. O projeto está alinhado aos ODS 2
(Fome Zero e Agricultura Sustentável), 5
(Igualdade de Gênero) e 3 (Saúde Mental e
Bem-Estar) , além de promover os Objetivos
de Desenvolvimento Interno (IDGs).
A iniciativa dá voz e protagonismo às
mulheres da cafeicultura – produtoras, colaboradoras
rurais, esposas de produtores
e baristas – oferecendo capacitação técnica
e desenvolvimento emocional.
O projeto está
estruturado em dois
eixos:
58
Técnico: Amplia a segurança e a
autoconfiança por meio de capacitações
presenciais em polos estratégicos
da cafeicultura, como Patos de Minas,
Patrocínio, Campos Altos, Monte Carmelo,
Rio Paranaíba e São Gotardo.
>>
Emocional: Conta com oito encontros
semanais de mentorias individuais, customizados
conforme as necessidades de cada
mulher, fortalecendo sua capacidade de tomar
decisões com equilíbrio e bem-estar.
Em seu terceiro ano, o Flores do Café
e do Bem-Estar já impactou a cafeicultura
brasileira, promovendo:
Aumento de 24% no bem estar das participantes.
Felicidade subjetiva avaliada em 8.1, associada
à família.
Capacitação técnica de mais de 700 mulheres.
Fortalecimento de uma rede feminina
baseada em inspiração, conhecimento técnico
e equilíbrio emocional.
Estímulo à agricultura sustentável e regenerativa,
reforçando o papel das mulheres
na tomada de decisão.
Ao valorizar a força feminina no agro, o
projeto reafirma a importância da presença
ativa das mulheres no setor, contribuindo
para uma cafeicultura mais equitativa, sustentável
e promissora.
PROFESSORA MARIA ELISA SENA FERNANDES
Coordenadora.
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EQUIPE DO “FLORES”
NO SEMEAR.
59
MULHERES NO AGRONEGÓCIO
revista
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agro
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Regina Ikeura Akabossi: a
força feminina na cafeicultura
60
A
presença feminina no agronegócio
cresce a cada dia, e Regina Ikeura
Akabossi é um exemplo inspirador
dessa evolução. À frente da Ikeura Cafés
Especiais , sua trajetória é marcada por
dedicação, resiliência e paixão pela cafeicultura
, consolidando seu nome entre as
mulheres que fazem a diferença no campo.
Uma Jornada de
Determinação
Nascida em Londrina, Paraná , Regina é
filha de agricultores e sempre esteve próxima
do campo. Buscando novas oportunidades,
viveu no Japão, onde conheceu seu
esposo, Roberto Sumio Akabossi. Com esforço
e determinação, o casal adquiriu sua
fazenda, e em 2010 , Regina retornou ao
Brasil para iniciar o cultivo dos primeiros
pés de café.
Seu compromisso com cafés especiais
rendeu reconhecimentos importantes,
como o prêmio “Mulheres que Inspiram”,
o Mérito do Agronegócio 2024 e a Homenagem
à Agricultura Regenerativa pela
Nespresso e Cooxupé . Além disso, faz
parte de redes de mulheres no agro, como
Mulheres do Agro Monte Carmelo, Elas no
Café Monteccer, Flores do Café e a IWCA
(International Women’s Coffee Alliance),
contribuindo para fortalecer a participação
feminina na cafeicultura.
Conhecimento e
Sustentabilidade
Determinada a se especializar, Regina
investiu em capacitação e se tornou especialista
em operação de tratores, colhedoras,
supervisão, gestão de qualidade, torra
e extração de cafés especiais. Sua fazenda
possui certificações como Rainforest Alliance,
Programa AAA Nespresso, CAFE
Practices e Programa AteG Senar Minas ,
garantindo sustentabilidade e excelência na
produção.
O início foi desafiador: seu primeiro
contato com um trator Massey Ferguson
o “cinquentinha” vermelho, foi o símbolo
de sua jornada de aprendizado. Desde então,
busquei conhecimento constante para
gerenciar a propriedade com eficiência e
inovação .
Para Regina, ser mulher no agro é equilibrar
amor e firmeza, coragem e delicadeza,
prática e sensibilidade. Com humildade
e resiliência, ela se reinventa a cada dia, inspirando
outras mulheres a ocuparem seu
espaço no setor.
Um Agro Mais Forte e
Inclusivo
Sua maior motivação vem de Deus, da
família e do compromisso com o desenvolvimento
do agronegócio. Acredita que
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o sucesso no agro depende da cooperação
e da força da comunidade. “Sozinhos, não
estamos tão longe”, afirma.
A história de Regina Ikeura Akabossi
prova que as mulheres podem e devem
estar onde desejam , contribuindo para
um agro mais forte, inovador e inclusivo .
Seu legado é um exemplo de persistência,
aprendizado e transformação – e seguirá
inspirando muitas gerações.
61
MULHERES NO AGRONEGÓCIO
revista
100
porcento
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Lislane Parro: uma história de
transformação e paixão pelo
café
A
jornada de uma mulher no agro
pode ser desafiadora, mas também
repleta de descobertas que mudam
vidas. Para Lislane Parro, a cafeicultura não
foi um caminho planejado, mas se tornou
sua grande paixão. Hoje, à frente do Café
Reviver, ela oferece acolhimento e qualidade
a cada xícara, mostrando que o café é
sinônimo de transformação e inovação.
Um Novo Caminho
62
Lislane sempre esteve
no mundo empresarial,
trabalhando em
escritórios e distantes
do campo. No entanto,
um convite do marido,
Vicente Moraes,
para atuar na produção
de café mudou
sua trajetória. Deixar
a faculdade para
se dedicar à família e
ao cultivo do café foi
uma decisão desafiadora,
mas também
repleta de aprendizados.
Apesar de crescer
próximo ao agro,
acompanhando o
trabalho do pai em
fazendas, foi somente
ao se entregar a
>>
essa nova jornada que Lislane descobriu
sua verdadeira conexão com a terra. Assim
nasceu o Café Reviver, um projeto que tem
tradição, sabor e renovação.
Construindo
Conhecimento e
Superando Desafios
O início foi um grande aprendizado, do
plantio à seleção dos grãos, complexidade
e resiliência. Reaprender uma profissão do
zero, sem formação específica na área, foi
um desafio que ela assumiu com determinação.
Com o tempo, o café passou a fazer
parte de sua identidade. A experiência adquirida
e a paixão pelo que faz a levaram
a desenvolver um olhar diferenciado sobre
a produção, combinando técnicas tradicionais,
inovação e qualidade. Hoje, o Café
Reviver reflete não apenas seu crescimento
profissional, mas também sua transformação
pessoal.
Seu maior orgulho é ter conquistado seu
espaço na cafeicultura sem ter vindo desse
universo. Sua história mostra que não é
preciso nascer no campo para fazer a diferença.
Com coragem e dedicação, tornou-
-se uma referência, provando que as mulheres
podem estar à frente de negócios no
agro, liderando processos e transformando
realidades.
Um Legado em
Construção
O impacto do seu trabalho vai além da
produção de um café de qualidade. Por
meio do Café Reviver , Lislane inspira outras
mulheres a acreditarem que, independentemente
de onde escolherem, podem
construir seu caminho no agronegócio. Seu
exemplo reforça que os desafios existentes,
mas com paixão e persistência, é possível
superá-los e criar algo grandioso.
A história de Lislane Parro é uma prova
de que a vida pode nos levar a caminhos
inesperados – e que esses caminhos podem
revelar nossa verdadeira vocação. Hoje, ela
segue transformando sua paixão pelo café
em um negócio que resgata memórias, valoriza
a qualidade e fortalece a presença feminina
no agro. Seu legado, assim como o
aroma de um bom café, seguirá inspirando
muitas outras pessoas por gerações.
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porcento
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MULHERES NO AGRONEGÓCIO
Sarah Guimarães Vieira dos
Santos: tradição e liderança no
agro
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100
porcento
agro
abr, 25
A
história de Sarah Guimarães Vieira
dos Santos é marcada pela paixão
pelo campo e pelo agro. Natural de
Belo Horizonte e engenheira agrônoma formada
pela Universidade Federal de Lavras
, ela encontrou em Campos Altos o lugar
ideal para consolidar sua trajetória como
produtora rural. Hoje, como Presidente
do Sindicato Produtores Rurais (SPR) de
Campos Altos, Sarah equilibra tradição e
inovação, impulsionando novas oportunidades
para os produtores da região.
Uma Vida Dedicada ao
Agro
Sarah se mudou para Campos Altos em
2006 para seguir sua carreira profissional,
escolhendo a cidade para se estabelecer
após sua formação acadêmica. Filha de
uma família com mais de 70 anos de dedicação
à produção de café, Sarah representa
a terceira geração de produtores da propriedade
familiar. Embora sua família também
tenha trabalhado com bovinocultura
de leite, a cafeicultura passou a ser o foco
da produção, sendo hoje a única atividade
desenvolvida na fazenda.
Ao longo dos anos, Sarah investiu continuamente
em sua capacitação técnica,
realizando diversos cursos do SENAR nas
áreas de novas lideranças rurais, inseminação,
ordem, classificação e distribuição de
cafés especiais, torra, negociações e gestão
de qualidade. Esse conhecimento aprofundado
fortalece sua atuação como produtora
e gestora de propriedade.
Orgulho e Desafios de
um Líder no Agro
Gerir a propriedade ao lado da mãe, sua
maior inspiração, e com o apoio do esposo
e da filha, é uma fonte de orgulho para
Sarah. O crescimento contínuo da fazenda
reflete o comprometimento de sua família
com a excelência na produção de cafés de
qualidade. Além de produtora, Sarah planejou
um novo e desafiante papel como Presidente
da SPR Campos Altos. Consciente
dos desafios, ela está determinada a promover
avanços e melhorias para os produtores
rurais da região. Seu trabalho à frente da
entidade reafirma seu compromisso com
o fortalecimento do setor e o desenvolvimento
sustentável da cafeicultura.
Um Olhar para o Futuro
Sarah é um exemplo da força da mulher
no agro e da importância da sucessão familiar
na cafeicultura. Ver sua filha crescendo
no campo e participando desse universo
a motiva ainda mais a inovar e contribuir
para um agro mais forte e inclusivo. Sua
trajetória é marcada por tradição, dedicação
e liderança, e ela continua a trabalhar
na cafeicultura de Campos Altos, garantindo
que a paixão pelo café e pelo campo seja
transmitida para as futuras gerações.
65
MULHERES NO AGRONEGÓCIO
revista
100
porcento
agro
abr, 25
Karoline Pereira: paixão e
propósito na cafeicultura
A
trajetória de Karoline Pereira no
agronegócio é marcada pela dedicação,
conhecimento e um compromisso
genuíno com a qualidade do café e o
fortalecimento da presença feminina no setor.
Natural de Pouso Alegre, Sul de Minas
Gerais , ela se mudou para o Cerrado Mineir
o h á cin co a n o s,
consolidando
sua carreira na cafeicultura. Engenheira
Agrônoma , especialista em qualidade
do café , consultora em pós-colheita,
degustadora certificada Q-Grader e instrutora
de cursos , Karoline se tornou uma
referência no segmento de cafés especiais.
Uma História Construída
com Propósito
66
O interesse de Karoline pelo agro começou
em 2016, quando ingressou no curso
de Agronomia. Sua admiração pela natureza
e pela produção de alimentos cresceu,
mas foi em 2017, ao se conectar com pequenos
produtores, que encontrou sua verdadeira
paixão na cafeicultura. O desejo de
apoiar esses produtores, contribuir para a
valorização do café e impulsioná-los a buscar
especialização e experiência prática.
A participação no grupo de pesquisa
e extensão Agrocoffee foi um divisor de
águas. Através de visitas às propriedades,
Karoline levou conhecimento técnico e
suporte aos cafeicultores, reforçando seu
compromisso com a divulgação de boas
práticas. Ao longo dos anos, investiu em
sua formação, realizou cursos do Senar ,
participando como voluntário em campeonatos
da BSCA e adquirindo experiência
em todas as etapas do café, da lavoura
à xícara.
A pandemia trouxe desafios, mas
também oportunidades. Nesse período,
Karoline se aprofundou no
pós-colheita e mudou para São Gotardo
, no Cerrado Mineiro, onde
>>
iniciou um estágio no Bioma Café . O que
começou como um aprendizado logo se
transformou em crescimento profissional:
de estagiária a gerente , liderando equipes
e participando de processos que resultaram
em prêmios regionais e nacionais em qualidade
de café.
Novos Desafios:
Consultoria e
Empreendedorismo
Em 2023, Karoline decidiu iniciar um
novo capítulo, ampliando seu alcance como
consultora. No início de 2025, inaugurou
seu escritório e laboratório , onde ministra
cursos profissionais de qualidade e análise
sensorial do café . Paralelamente, lançou a
marca Marins Café , dedicada à seleção e
torra de cafés especiais, proporcionando
experiências sensoriais diferenciadas.
Outro grande marco foi sua seleção
para compor o júri internacional do Cup
of Excellence 2025, o maior concurso de
qualidade de café do Brasil. Como única
mulher entre os degustadores escolhidos,
esse feito reforça sua competência técnica
e simboliza a crescente participação feminina
no setor.
Ao olhar para sua trajetória, Karoline
sente orgulho dos desafios superados.
Como mulher jovem no agro, quebrou
barreiras, mas sua determinação e trabalho
duro levaram a construir um caminho sólido.
Seu propósito agora é inspirar outras
pessoas a acreditarem em seus sonhos, superarem
desafios e conquistarem espaço na
cafeicultura.
A história de Karoline Pereira é prova
de que paixão, conhecimento e dedicação
transformam vidas e fortalecem a cafeicultura
brasileira.
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100
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abr, 25
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MULHERES NO AGRONEGÓCIO
revista
100
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agro
abr, 25
Hilda Beatriz de Queiroz Elias
Torezan: tradição, inovação e
propósito no agro
A
cafeicultura vai além do negócio; é
uma história de vida, tradição e compromisso
com o futuro. Para Hilda
Beatriz de Queiroz Elias Torezan , essa
jornada representa um reencontro com
suas raízes e uma conexão profunda com
sua história familiar. Movida pela fé, pela
família e pelo desejo de transformar desafios
em oportunidades, ela encontrou nos
cafés especiais um propósito transferido ao
legado de sua família no Cerrado Mineiro.
Uma Jornada de
Propósito
68
Hilda vem de uma família que
ajudou a construir uma cafeicultura
na região. Após mais de 20 anos
de experiência no mercado, decidiu
fortalecer a produção de cafés
especiais, reconhecendo que cada
grão cultivado carrega o esforço e
a dedicação de gerações.
Sua trajetória no agro se destaca
pela capacidade de inovar sem
perder de vista as tradições. Em
um setor tradicional masculino,
mudou uma visão moderna de
gestão, investindo na governança
e na valorização da liderança feminina.
Sua participação em iniciativas
como Elas no Café e Flores
do Café e do Bem-Estar UFV-
-CRP reforça sua crença no agro
como um espaço de aprendizado,
evolução e colaboração.
A conexão com sua história
familiar é um dos pilares de sua
atuação. Seu avô materno, Durval
Queiroz , foi um pioneiro da
>>
pecuária nos estados de São Paulo, Mato
Grosso e Acre. Seu avô paterno, Jorge
Elias , ajudou a consolidar uma cafeicultura
no Cerrado Mineiro , tornando a região um
dos terroirs mais identificados para cafés
especiais no mundo.
Tradição e Inovação
Caminhando Juntas
Hoje, Hilda preserva esse legado ao
mesmo tempo que implementa inovações
na produção e na gestão. Sua missão vai
além da qualidade do café: ela busca agregar
valor ao produto, investir em sustentabilidade
ambiental e social e fortalecer a
governança no Grupo Recanto . Junto à família
e parceiros, trabalha para consolidar a
presença do Cerrado Mineiro no mercado
global, garantindo excelência na produção
de café, grãos, algodão, uva e vinho.
Orgulho e Impacto no
Setor
O maior orgulho de Hilda é equilibrar
tradição e inovação, mantendo viva uma
essência familiar enquanto abre caminho
para novas oportunidades. Com um olhar
estratégico e humano, acredita que o sucesso
no agro vem da capacidade de evoluir,
aprender e compartilhar conhecimento.
Os resultados desse trabalho são visíveis
tanto no campo quanto na estruturação da
governança. A produção de cafés de alta
qualidade e commodities como
algodão, soja, milho, feijão e
sorgo reflete seu compromisso
com a excelência e a sustentabilidade.
Mais do que números,
sua satisfação está em inspirar
novas gerações. Ver seu filho e
sobrinhos descobrindo o amor
pelo agro confirma que seu trabalho
vai além dos negócios: é
uma construção familiar e coletiva
para um futuro promissor .
A trajetória de Hilda mostra
que tradição e inovação podem
caminhar juntas para transformar
o agronegócio. Seu olhar
estratégico, compromisso com
a qualidade e dedicação ao Cerrado
Mineiro demonstra que o
futuro do setor está nas mãos
de mulheres que desafiam limites
e constroem novas oportunidades
para o agro brasileiro.
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SOJA BRASILEIRA
revista
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Safra de soja
2024/2025:
crescimento
e desafios no
Brasil e em
Minas Gerais
70
COLHEITA DE SOJA
Foto de Wenderson Araujo
Trilux CNA
revista
100
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agro
abr, 25
Produtores mineiros mantêm posição
de destaque na produção nacional de
soja, com o Alto Paranaíba desempenhando
papel estratégico no avanço da
safra 2024/2025. A Coopadap, referência
na região, acompanha de perto os desafios
climáticos e investe em tecnologia para garantir
alta produtividade
A safra de soja 2024/2025 no Brasil é
promissora, com projeção de novo recorde
de produção. Dados da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab) e do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) apontam para um volume estimado
de 167,3 milhões de toneladas, um crescimento
de 13,3% em relação à safra anterior.
Esse avanço se deve ao aumento da
área plantada, que alcançou 47,45 milhões
de hectares, e à melhoria da produtividade,
que atingiu 3.527 quilos por hectare.
Com esse desempenho, o Brasil reafirma
sua posição como maior produtor e
exportador mundial da oleaginosa. O impacto
da safra recorde se reflete em diversas
áreas, desde a geração de empregos no
campo até o fortalecimento do agronegócio
e a contribuição para o Produto Interno
Bruto (PIB).
Minas Gerais: polo
estratégico na produção
de soja
Minas Gerais se consolida como um
dos principais estados produtores de soja
no Brasil. Para a safra 2024/2025, a estimativa
é de 6,5 milhões de toneladas colhidas,
um crescimento de 10% em comparação
ao ciclo anterior. O avanço se deve a investimentos
em tecnologia, manejo adequado
do solo e condições climáticas favoráveis.
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A produção no estado
está concentrada no Triângulo
Mineiro e no Alto Paranaíba,
regiões conhecidas por
seus solos férteis e clima propício
para o cultivo da oleaginosa. A
soja mineira tem se destacado pela
alta qualidade, conquistando espaço
nos mercados nacional e internacional.
Além da renda gerada
para os produtores rurais, a cultura
impulsiona setores como
transporte, armazenagem e
processamento, contribuindo
para o desenvolvimento
econômico do estado.
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Expectativas para
2025 e desafios
climáticos
A produção de soja no Brasil
deve continuar crescendo em 2025.
Segundo dados da Agroconsult apresentados
pela Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), a safra nacional
está projetada em 171,3 milhões de toneladas,
um aumento de 10,2% em relação ao
ciclo anterior. A produtividade média deve
alcançar 60 sacas por hectare, enquanto a
área plantada chegará a 47,6 milhões de
hectares, um incremento de 1,7%.
Minas Gerais mantém seu papel estratégico,
com as regiões Noroeste, Triângulo
Mineiro e Alto Paranaíba figurando entre
as principais áreas produtoras do país.
O 5º Levantamento da Safra de Grãos
2024/2025 da Conab indica que a colheita
já teve início em áreas irrigadas e de ciclo
curto, abrangendo 6% da área total cultivada
no estado. As lavouras apresentam bom
engalhamento e inserção de vagens, fatores
positivos para a produtividade.
Apesar do cenário otimista, o clima
segue como um fator de preocupação.
Chuvas prolongadas durante a colheita podem
comprometer a produção, enquanto
a baixa luminosidade pode reduzir o peso
dos grãos. “Em áreas de materiais de ciclo
precoce produzindo abaixo do esperado
devido ao excesso de chuva no início do
ciclo, a produção sentiu a falta de luz e excesso
de umidade no solo. Já os grãos de
ciclo tardio estão sentindo a baixa umidade
do solo no final do ciclo, o que pode acarretar
perda de produtividade”, explica Rafael
Pereira Borges, engenheiro agrônomo
de cereais da Cooperativa Agropecuária do
>>
Alto Paranaíba (Coopadap).
Além da possível redução no volume
produzido, o excesso de umidade favorece
o surgimento de doenças como mofo
branco, mancha-alvo, cercospora e septoriose.
Também há maior pressão de nematoides
de solo em áreas com histórico
da praga. “Nessas situações, as doenças
devem ser controladas com o uso de fungicidas
sistêmicos e protetores, mitigando
assim as perdas de produtividade causadas
por esses problemas”, avalia o engenheiro
agrônomo.
Desempenho no Alto
Paranaíba
A produção da Coopadap tem apresentado
bons resultados, com rendimento médio
de 68 sacas por hectare em uma área
de 9,5 mil hectares. No início da safra, a
expectativa era de 70 sacas por hectare.
Contudo, as últimas áreas plantadas sofreram
com a falta de chuvas em fevereiro,
mês que registrou um índice pluviométrico
abaixo da média histórica da região.
Até o momento, aproximadamente 1,5
mil hectares já foram colhidos, com
produtividade variando entre 66
e 82 sacas por hectare. Ainda
restam cerca de 8 mil hectares
a serem colhidos. Para dar suporte aos
produtores, a Coopadap mantém um corpo
técnico especializado, responsável por
fornecer recomendações e soluções durante
o ciclo produtivo.
“A cooperativa também tem uma estação
de pesquisas que testa uma ampla
variedade de produtos e suas respectivas
eficiências, garantindo que apenas aqueles
validados em campo sejam repassados aos
cooperados. Isso aumenta a assertividade
e proporciona um manejo mais eficiente e
com melhor custo-benefício”, conclui Rafael.
Com o avanço da tecnologia
e o aprimoramento das
práticas agrícolas, a
expectativa é de que a
produção de soja no Brasil
continue sua trajetória de
crescimento nos próximos
anos, consolidando ainda
mais o país como líder
global no setor
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Fertilizantes nacionais:
desafios e perspectivas para o
agronegócio brasileiro
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SOLO DA REGIÃO DE BARREIRAS,
NA BAHIA (Foto: Tony Oliveira/CNA)
>>
O
Brasil é um dos maiores produtores
agrícolas do mundo, mas ainda enfrenta
desafios na produção de fertilizantes.
A agricultura, que representa uma
parcela significativa das exportações e da
economia nacional, depende da produção
desses insumos para assegurar a produtividade
do solo e o aumento das safras. O
país vem enfrentando dificuldades com o
fornecimento e o aumento dos preços devido
ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia mostrou
que o país precisa de alternativas para
diversificar as fontes de fornecimento e
fortalecer a produção nacional de insumos
agrícolas para reduzir a dependência dos
fertilizantes importados.
Dessa forma, o uso de produtos nacionais
se tornou evidente como alternativa
aos importados, o que resultou na procura
por ações que amenizem essa dependência
externa.
A dependência de
fertilizantes importados
e o impacto na alta dos
preços
O Brasil é o quarto maior consumidor
mundial de fertilizantes, o que demonstra
a dependência de insumos oriundos de outros
países.
Segundo a Associação Nacional para
a Difusão de Adubos (ANDA), cerca de
85% dos fertilizantes utilizados no Brasil
são provenientes de países como Rússia,
Canadá e Belarus. As principais dependências
externas do Brasil são o Cloreto de
Potássio (95%), nitrogênio (80%) e fosfato
(60%), um dos fatores críticos para o agronegócio
brasileiro.
O potássio, um dos principais componentes
dos fertilizantes, apresentou um aumento
de mais de 200% em um período,
o que teve um impacto direto nos custos
de produção das lavouras. Isso pressiona
os produtores a reverem suas estratégias de
uso desses insumos e até reduzir a quantidade
aplicada.
Alternativas e a busca por
soluções
Diante deste cenário, surgem alternativas
e soluções para diminuir a dependência
de fertilizantes importados, dentre elas o
investimento em pesquisas e desenvolvimento
de produtos mais sustentáveis e eficientes.
O Brasil possui uma grande variedade
de recursos naturais, como as reservas de
potássio, fósforo e nitrato, que, se bem explorados,
podem aumentar a produção de
fertilizantes, além de diminuir os efeitos de
crises externas no setor agrícola. Além disso,
as companhias brasileiras estão investindo
mais em tecnologias de produção e
em parcerias com universidades e centros
de pesquisa.
A produção de fertilizantes no Brasil
está aumentando. A região norte do país
tem se mostrado uma importante fonte de
matérias-primas, como o potássio. Outra
possibilidade é aumentar a produção de
fertilizantes orgânicos e biológicos, bem
como investir mais no uso da biotecnologia,
que pode trazer benefícios à agricultura
e ao meio ambiente. Ainda é possível
utilizar tecnologias como a agricultura de
precisão, que permite um monitoramento e
controle mais eficientes da aplicação de fertilizantes.
O uso de drones, sensores e mapas
de variabilidade do solo auxilia os produtores
a otimizarem o uso dos insumos,
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garantindo melhores resultados com uma
aplicação mais controlada e econômica.
Apesar de várias alternativas, o país enfrenta
dificuldades como a falta de produção
local, o alto custo para implementar uma
indústria nacional de fertilizantes, além dos
desafios econômicos e ambientais. Sendo
assim, para que o Brasil se torne autossuficiente,
é preciso investir mais em pesquisa,
inovação e infraestrutura.
Plano Nacional de
Fertilizantes
O governo também tem se esforçado
para criar incentivos e estabelecer parcerias
com o setor privado de forma que a indústria
local possa prosperar.
Apesar de não ser uma solução definitiva
para a agricultura, há um aumento na
busca por fertilizantes nacionais. Nesse
cenário, o Governo oficializou, em março
de 2022, o Plano Nacional de Fertilizantes
(PNF), política pública que pretende incentivar
principalmente a produção nacional,
facilitar o acesso aos produtos, a distribuição
e o uso eficiente, e, consequentemente,
diminuir a vulnerabilidade e a dependência
brasileira.
O Plano Nacional de Fertilizantes visa
atender às demandas agrícolas e estabelecer
metas a curto, médio e longo prazo. O plano
visa modernizar, ampliar e reativar os
projetos de fertilizantes no país, promover
vantagens competitivas na cadeia produtiva
por meio de investimentos no setor,
melhorias na distribuição e infraestrutura,
além de mais investimentos em pesquisas.
As metas para aumentar a autonomia e
diminuir a dependência externa até 2050
são, basicamente, a capacidade de produ-
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zir 2,8 milhões de toneladas de nitrogênio,
6 milhões de toneladas de potássio e 9,2
milhões de toneladas de fosfato. Além disso,
são necessárias quatro companhias que
produzam nitrogênio fertilizante no país e,
no mínimo, 20 bilhões de reais em investimentos
para a construção de novas fábricas
de fertilizantes nitrogenados.
O Plano Nacional de Fertilizantes aumenta
a produtividade, a produção, a qualidade
dos produtos agrícolas, os investimentos,
a sustentabilidade ambiental e o
uso correto dos fertilizantes, como no manejo
e na aplicação corretas para minimizar
a poluição da água e do solo.
Minas Gerais, um estado
inovador
A demanda de fertilizantes no Brasil
e no mundo torna Minas Gerais uma
região estratégica no mercado global. O
estado não somente atende às necessidades
do setor agrícola nacional, como
também exporta insumos, sobretudo
para países da América Latina e da África.
Diante dos desafios da sustentabilidade
e da procura por tecnologias mais
eficientes e menos poluentes, companhias
mineiras investem em inovação
e pesquisa para melhorar a qualidade e
diminuir o impacto ambiental de seus
produtos.
O Estado de Minas Gerais produz
insumos essenciais para a agricultura,
como fosfato e potássio, usados na fabricação
de fertilizantes minerais e na
mineração de rochas como a dolomita.
Além disso, essas companhias se beneficiam
da sua infraestrutura logística e
proximidade com grandes centros agrícolas,
o que as conecta às grandes regiões
consumidoras de insumos.
Minas Gerais vai ao encontro do
Plano Nacional de Fertilizantes com
empresas como a Verde Agritech nos
municípios de São Gotardo e Matutina
e o Complexo mineral do Grupo Euro-
Chem em Serra do Salitre.
Fertilizantes em São
Gotardo: O potencial
e os desafios de uma
região estratégica no
agronegócio brasileiro
O município de São Gotardo, localizado
no Alto Paranaíba, em Minas Gerais, é
uma das áreas com maior potencial para o
crescimento do agronegócio no Brasil, sobretudo
no ramo de fertilizantes. A região
é estratégica para o fornecimento de insumos
ao agronegócio nacional por suas vastas
reservas de potássio e verdete.
Segundo a empresa Verde Agritech que
possui uma mina de potássio em São Gotardo
e Matutina, o verdete “ é um grupo de
rochas sedimentares com propriedades que
fazem com que seu uso como fonte potássica
na agricultura desperte o interesse dos
pesquisadores da área. Ele normalmente
ocorre intercalado com ritmitos silto-argilosos,
arenitos e, em menor proporção,
fosforitos e carbonatos e é composto predominantemente
por glauconita, quartzo e
argilominerais”.
Com a instalação de empresas, a região
se torna estratégica em um cenário nacional
de crescente demanda por fertilizantes,
uma vez que o Brasil é um dos maiores
produtores e exportadores de alimentos do
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mundo. Diante dessa situação, a possibilidade
de uma produção maior em São Gotardo
pode ser uma estratégia para diminuir
os efeitos da alta nos preços. No entanto,
para que isso seja possível, é crucial haver
um esforço conjunto entre o setor privado
e o governo para superar os desafios logísticos
e promover uma maior capacitação
tecnológica na região. A modernização da
infraestrutura de transporte é importante
para reduzir custos e buscar preços mais
competitivos.
Desafios e oportunidades
pelos fertilizantes da
região
Apesar do grande potencial agrícola,
a procura pelos fertilizantes produzidos
na cidade tem sido reduzida, levantando
questionamentos quanto às dinâmicas
econômicas e às possíveis causas dessa estagnação.
As reservas de potássio e verdete
representam um fator relevante para a
economia regional e nacional. No entanto,
o aproveitamento dessas riquezas enfrenta
obstáculos que vão desde questões logísticas
até questões tecnológicas e financeiras.
De acordo com relatos de agrônomos,
a baixa procura pelo verdete na região é
atribuída ao tipo de cultura agrícola predominante,
bem como à rapidez com que o
produto age na planta.
“A baixa procura pelo verdete é atribuída
ao fato de a cultura local ser caracterizada
como uma cultura agrícola de ciclo e
o verdete ser uma fonte de potássio mais
adequada para a cultura perene. A cultura
de ciclo necessita de um potássio mais forte
e de ação mais rápida”.
“Outro fator que contribui para a diminuição
da procura é o fato de o verdete ser
uma rocha moída, na qual as bactérias precisam
agir nesse produto para que este seja
disponibilizado às plantas. Diante de uma
liberação mais lenta, os produtores tendem
a buscar insumos importados que atuem de
forma mais rápida. O potássio utilizado na
região provém, por exemplo, do Canadá e
de Israel”.
Apesar dos desafios, a perspectiva não
é totalmente desfavorável. As reservas de
potássio e verdete em São Gotardo representam
uma oportunidade estratégica para
o Brasil diversificar a produção de fertilizantes
e reduzir a dependência das importações,
sobretudo em um cenário de incerteza
geopolítica e ambiental.
A demanda por alimentos
e o crescimento do
agronegócio no Brasil
podem fortalecer a
indústria de fertilizantes.
A busca por insumos
sustentáveis e
tecnologias verdes
podem fazer os
produtores de São
Gotardo se destacarem,
investindo em processos
de produção mais
eficientes e menos
poluentes
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