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Especial sobre seguro garantia

Especial sobre seguro garantia

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Mala Direta

Básica

9912281412/2011-SE/SPM

Correcta Editora

MAIO | 2025

Nº 308 • ANO 30

IMPRESSO FECHADO

Pode ser aberto pela ECT

MAPFRE

CRESCENDO COM O CORRETOR

Seguradora investe em programa

de parceria com corretor para

impulsionar crescimento mútuo

>> ESPECIAL SEGURO GARANTIA

Um catalisador de confiança

Seguro garantia cresce mais que todo

o setor e é ferramenta mais viável que

fianças bancárias para o mercado em

geral, sobretudo na área de infraestrutura

Caderno Especial

TOKIO MARINE INVESTE NAS

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS


Saiba como participar

desta edição histórica.

Acesse pelo QR Code


EDITORIAL

Estamos protegidos

Em um país que necessita de infraestrutura, segurança jurídica

e previsibilidade nos negócios, o seguro garantia atua

como um instrumento essencial não apenas para empresas

e gestores públicos, mas para o próprio desenvolvimento econômico

do Brasil. Trata-se de uma modalidade que, embora ainda

pouco compreendida fora dos círculos especializados, é fundamental

para viabilizar contratos, destravar investimentos e proteger

o interesse público e privado.

Nos últimos anos, a carteira de seguro garantia ganhou destaque

por sua forte atuação no campo das garantias judiciais. No entanto,

o setor vem se reposicionando para retomar protagonismo

também nas garantias de performance, aquelas que asseguram a

execução de obras e serviços, especialmente em um cenário de

retomada dos investimentos em infraestrutura e de aplicação da

nova Lei de Licitações.

A Circular 662 da Susep, com a introdução de cláusulas como

a step in, representa um divisor de águas. Ao permitir que a seguradora

assuma o contrato em caso de inadimplência do tomador,

traz mais segurança para o contratante e confiança para o mercado.

Trata-se de um avanço regulatório que pode impulsionar a

penetração do produto e estimular a entrada de novos players e

projetos.

O seguro garantia vai muito além da função de um mero instrumento

técnico. Ele é um catalisador de confiança. Confiança de

investidores, de contratantes e da sociedade, que esperam ver seus

impostos convertidos em infraestrutura de qualidade. Para o setor

de seguros, representa uma oportunidade estratégica de demonstrar

seu papel como agente de desenvolvimento, atuando de forma

ética, transparente e eficiente.

Nesta edição também trazemos informações sobre um importante

evento realizado em São Paulo. A Conseguro mostrou

que o mercado está buscando o seu lugar nas discussões sobre as

mudanças climáticas e a transformação digital, além de se aproximar

dos poderes públicos para conseguir aprovar as pautas que

sejam do interesse do setor.

Boa leitura!

Diretora de Redação

MAIO • 2025 • Nº 308 • ANO 30

EXPEDIENTE

Diretora de Redação:

Kelly Lubiato - MTB 25933

klubiato@revistaapolice.com.br

Diretora de Negócios:

Graciane Pereira

graciane@revistaapolice.com.br

Repórter

Nicholas Godoy

Colaborador:

André Felipe de Lima

Diagramação e Arte:

Enza Lofrano

Tiragem:

12.000 exemplares

Circulação:

Nacional

Periodicidade:

Mensal

Os artigos assinados são de

responsabilidade exclusiva de

seus autores, não representando,

necessariamente, a opinião desta revista.

Esta revista é uma

publicação independente

da Correcta Editora Ltda e

de público dirigido

CORRECTA EDITORA LTDA

Administração, Redação e Publicidade:

Alameda dos Arapanés, 881 - cjto 22 -

Moema

CEP 04524-001- SÃO PAULO/SP

CNPJ: 00689066/0001-30

Contato: (11) 91666-7799

Mande suas dúvidas,

críticas e sugestões para

redacao@revistaapolice.com.br


CONTEÚDO

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ESPECIAL SEGURO GARANTIA

PANORAMA

A carteira de seguro

garantia teve um

crescimento de 18%

em 2024, em relação ao

ano anterior. Este índice

é resultado da carteira

de Garantia Judicial e

também das mudanças na

legislação

>> PÁG. 12

CAPA

O programa “Mapfre +

Corretor”, que marca

um novo capítulo

comercial da seguradora,

se transformou na sua

principal aposta para

fortalecer a rede de

distribuição e redefinir sua

relação com o mercado

>> PÁG. 08

POTTENCIAL

A posição da

seguradoras é

resultado de uma

estratégia estruturada,

combinando visão

de longo prazo,

inovação tecnológica e

relacionamento com o

mercado

>> PÁG. 24

ÍNDICE

05 ENTREVISTA

O CEO da Seguradora ALM, Alexandre

Dominguez, conta como conseguiu reverter o

prejuízo da companhia, atingindo crescimento

de 37% em prêmios em 2024, comparado com

o ano anterior

06 GENTE

CADERNO ESPECIAL - TOKIO MARINE

20 SEGUROS EMPRESARIAIS

O Seguro Empresarial é o suporte necessário

para que empresas de qualquer tamanho ou

área de atuação tenham continuidade

21 SEGURO GARANTIA

Seguradora compartilha os avanços, números

expressivos e os diferenciais que a companhia

vem agregando à carteira

23 FIANÇA LOCATÍCIA

Produto garante a proprietários e de imóveis e

inquilinos o pagamento de todas as despesas

referentes ao contrato e muitos serviços

26 MERCADO

Newe se posiciona como uma solucionadora de

problemas dos corretores de seguros que atuam

na distribuição de seus produtos, independente

de carteira ou tamanho

27 EDUCAÇÃO

Imersão em Gerenciamento de Riscos e

Inovação da ENS levou executivos para

Connecticut e Nova Iorque, com aulas e visitas

técnicas para aprimorar conhecimento

30 EVENTO

Conseguro foi marcada por reflexões

estruturais, críticas políticas, desafios climáticos

e a urgência da adaptação digital

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião desta revista.

4


ENTREVISTA

SEGURADORA ALM

Um ano de VIRADA

O CEO DA SEGURADORA ALM, ALEXANDRE DOMINGUEZ,

CONTA COMO CONSEGUIU REVERTER O PREJUÍZO

DA SEGURADORA EM GANHOS. O CRESCIMENTO EM

2024 FOI DE 37% EM PRÊMIOS, O QUE CONTRIBUIU

PARA O EQUILÍBRIO. O FOCO AGORA É EM PARCERIAS

E PRODUTOS QUE POSSAM ATENDER ÀS REAIS

NECESSIDADES DOS FUTUROS CLIENTES

Revista Apólice: Quais foram os resultados de 2024 para a

Seguradora ALM?

Alexandre Dominguez: Posso afirmar que 2024 foi o ano da

virada! Herdamos uma companhia com um prejuízo de R$ 7

milhões. Para sanear e estabilizar, reestruturamos profundamente

a operação. Redesenhamos processos, automatizamos

etapas, digitalizamos a jornada do cliente e passamos a

tomar decisões com base em dados. Junto a isso, crescemos

37% em prêmios e zeramos o resultado.

Mudamos a sede para Copacabana, no melhor ponto

corporativo. Houve uma mudança também na logomarca.

Ao mesmo tempo, estamos abrindo lojas em todos os pontos

do Rio de Janeiro, com a Rio Pax, nosso principal parceiro.

Reestruturamos toda a comunicação, privilegiando a

Vida. Afinal, nossos seguros são PARA A VIDA, e não somente

de vida.

Fomos autorizados pela Susep a operar em seguros

de pessoas e de danos em todo o território nacional. E encerramos

o ano com produtos mais competitivos, uma rede de

corretores engajada, operação nacional e resultados positivos.

Foi uma conquista que consolidou a nossa superação.

Revista Apólice: Quais produtos tiveram melhor resultado?

Nosso principal destaque foi o seguro de vida, que se

tornou nosso carro-chefe. Trata-se de um produto com contratação

digital, coberturas simples e valor percebido real no

dia a dia do segurado. Também tivemos ótima recepção com

soluções prestamistas. Esse foi outro ponto em que passamos

a trabalhar com o conceito de soluções para os clientes.

E não exatamente, produtos.

Revista Apólice: Quais são as expectativas para 2025 em

termos de novos produtos e serviços?

Em 2025, lançamos uma solução focada em proteção

de renda para profissionais autônomos, voltada para o público

60+, um segmento ainda pouco explorado pelo setor.

Em breve, atuaremos no mercado de pets com uma solução

única para “gatos”. Será, certamente, a primeira solução especializada

do mercado. Esses lançamentos reforçam nosso

compromisso com a inovação centrada no cliente e com a

criação de soluções acessíveis e relevantes.

Alexandre Dominguez

Revista Apólice: Como a empresa está renovando a sua

atuação? Em quais produtos e serviços ela deve investir?

Renovamos a marca, a cultura e o portfólio. A nova

logomarca, lançada em abril, simboliza superação, transformação

e um novo posicionamento, estando mais conectado

com o cliente, com o corretor e com a tecnologia.

Estamos investindo em produtos personalizados,

seguros, com mecânicas de recompensa e integração com

plataformas digitais. Nosso foco é transformar o seguro em

algo presente e útil na rotina das pessoas, deixando de ser

um produto distante para se tornar parte do cotidiano.

Revista Apólice: Como a empresa espera crescer em 2025?

Quais são os planos de investimento?

Projetamos um crescimento de 50% na operação e a

meta de dobrar a nossa base de clientes. Para isso, estamos

investindo em tecnologia, novas parcerias e na expansão da

nossa rede estratégica de corretores, com o Programa Corretor

Estratégico.

Criamos com a Academia do Universitário. É um programa

de estágio que, na primeira fase, teve 2.000 inscritos,

dos quais selecionamos 20 com as mais variadas formações.

E ainda estamos investindo no apoio às ações ESG,

dentre elas, o Projeto Amigo DOIS IRMÃOS e o Projeto de

Educação Planos Seguros. Além disso, pretendemos fortalecer

integrações com plataformas digitais e acelerar o uso

de inteligência de dados para tornar a operação mais ágil,

inteligente e humana, ao mesmo tempo.

Revista Apólice: Como é feita a distribuição de produtos da

ALM?

Trabalhamos com um modelo híbrido e escalável:

atuamos por meio de corretores estratégicos, integrações

digitais (APIs), plataformas de entretenimento e ativações

físicas em canais alternativos.

Esse modelo nos dá agilidade e adaptabilidade para

atender públicos distintos, com propostas de valor adequadas

a cada canal de venda e jornada do consumidor.

5


gente

CONHECENDO SEGUROS

A Seguradora ALM anunciou Cristiane

Rassier como nova head de Marketing. Com experiência

em gestão estratégica no digital, a executiva

terá como principais atribuições as ativações

da marca, a comunicação integrada e o gerenciamento

dos perfis da

companhia nas redes

sociais.

Ela é formada

em Relações Públicas,

com foco na área

comercial. Construiu

uma carreira focada

em gestão de marketing

para grandes empresas,

além de atuações

com marketing no setor de luxo e no mercado

financeiro. Possui experiência em gerenciamento e

organização de demandas para equipe de produção,

na criação de planejamento para ações de publicidade

digital e eventos.

Seu objetivo é aumentar o engajamento,

impulsionar iniciativas junto aos clientes nas redes

sociais e atingir as metas estabelecidas para o crescimento.

NOVO PRESIDENTE

A Lockton apresentou Felipe Leão de Moura

como novo presidente da Lockton Brasil. Com mais de

25 anos de experiência

no mercado, Felipe

já ocupava o cargo de

Chief Risk Officer &

Head de Risk Solutions

desde a aquisição da

THB Brasil pela Lockton,

em 2023 – empresa

na qual atuou

como Presidente por

15 anos.

Além da presidência,

Felipe também assumirá a posição de

Chief Growth Officer, com a missão de liderar as

frentes de crescimento e impulsionar a geração de

valor para os clientes da Lockton, fortalecendo a

integração entre as áreas de Riscos e Benefícios e

Affinity.

Felipe Moura afirma que é uma honra assumir

a presidência da Lockton Brasil e destaca que

seu foco será fortalecer relações e promover sinergia

e eficiência entre as áreas para garantir o crescimento

sustentável da empresa no país.

EQUIPE DE P&C

A corretora Galcorr anunciou

a nomeação de Denise Bellezi como

nova superintendente da área de Property

& Casualty (P&C), responsável

por seguros patrimoniais e de responsabilidade

civil. Com mais de 25 anos

de experiência no mercado segurador,

Bellezi chega para ampliar a atuação da

empresa no segmento corporativo.

Denise Bellezi assume a nova

posição com o desafio de ampliar a presença

da Galcorr no mercado de seguros empresariais,

com foco em produtos que atendam às necessidades

das empresas. “É com grande satisfação que chego

para contribuir nesse momento tão estratégico

para a Galcorr, com perspectivas

de crescimento, e queremos entregar

soluções completas, que realmente

agreguem valor ao cliente corporativo”,

destaca.

Entre os objetivos de sua gestão

estão o fortalecimento da cultura de

seguros nas empresas e o desenvolvimento

de produtos mais aderentes às

necessidades do mercado. “O mercado

ainda pode ser muito explorado, já que diversas empresas

seguem em operação sem nenhum tipo de

seguro.

6


TROCA NO RESSEGURO

A Lockton Re trouxe

Rodrigo Botti como

Country Head Reinsurance

Treaty no Brasil, que

agora é parte da equipe

da Lockton Re América

Latina e Caribe (LAC). Ele

contribuiu ativamente

para o desenvolvimento

do mercado de resseguros

brasileiro, incluindo a

estruturação de soluções inovadoras de transferência

de riscos. Também presidiu a ANRe (Associação Nacional

das Resseguradoras Locais) e foi Vice-Presidente da Fenaber

(Federação Nacional das Empresas de Resseguros).

“Rodrigo é um executivo com um perfil relevante no

setor de resseguros e financeiro no Brasil e nos Estados

Unidos. Ele terá um papel fundamental na ampliação

das nossas capacidades na região LAC, colaborando

com os colegas da Lockton na América Latina para fortalecer

ainda mais nossa proposta de valor junto aos

clientes”, ressalta Pat Andreson, Co-CEO de Resseguros

Treaty para América Latina e Caribe da Lockton Re.

COMERCIAL RENOVADO

O Affinity Seguro Viagem contratou

Amarildo Sarde como novo Gestor Comercial

para o Estado de

São Paulo. Com

25 anos de experiência

dedicados

exclusivamente

ao segmento de

seguro viagem,

Sarde traz ao time

um histórico sólido

de resultados e

um olhar estratégico

sobre o setor.

“Estou muito empolgado com essa

nova fase da minha carreira. Essa mudança representa

uma oportunidade de crescimento e

aprendizado. Estou motivado a enfrentar novos

desafios e conquistar os objetivos da empresa.

Tenho certeza de que essa etapa trará muitas realizações

pessoais e profissionais. Estou pronto

para aproveitar ao máximo essa nova jornada”,

afirmou Amarildo.

RESSEGURO EM ALTA

O Lloyd’s of London nomeou

Patrick Tiernan como novo Diretor

Executivo (CEO). Ele assumirá o cargo

de novo CEO do Lloyd’s em 1º de junho

de 2025. Ele traz uma vasta experiência

como executivo de seguros, com um histórico

de sucesso acumulado ao longo

de quase 30 anos. Antes de ingressar no

Lloyd’s, Patrick ocupou diversos cargos

de liderança na Aviva, incluindo o de Diretor

Executivo de Linhas Comerciais e

Corporativo Global e Especializado, e Diretor Financeiro

da Aviva Insurance Limited.

Patrick Tiernan afirmou: “É um imenso privilégio

ser escolhido como o próximo Diretor Executivo do

Lloyd’s. Estou entusiasmado em liderar um grupo de

pessoas tão talentosas e dedicadas.

Tenho forte confiança no que podemos

alcançar juntos e estou ansioso para

adicionar mais um capítulo de sucesso

à história desta instituição histórica.

Gostaria de expressar minha gratidão

a Charles e ao Conselho pela confiança

depositada em mim. Também quero

agradecer a Bruce Carnegie-Brown,

John Neal e Burkhard Keese por

deixarem o mercado com uma saúde

tão sólida. Meu foco principal será apoiar o sucesso

comercial de nossos participantes do mercado,

mantendo um controle rígido sobre a disciplina de

subscrição e salvaguardando a solidez financeira da

Corporação”.

7


CAPA

MAPFRE

SEGURADORA PRONTA PARA

crescer com o corretor

COMO O PROGRAMA

‘MAPFRE + CORRETOR’ SE

TRANSFORMOU NA PRINCIPAL

APOSTA DA SEGURADORA

PARA FORTALECER SUA REDE

DE DISTRIBUIÇÃO E REDEFINIR

A RELAÇÃO COM O MERCADO

Quando uma companhia

com mais de 90 anos de

história decide revisar a

sua relação com os corretores de

seguros, o mercado naturalmente

presta atenção. Foi exatamente

isso que aconteceu no último

mês de março, quando a Mapfre,

uma das principais seguradoras

do País, reuniu milhares de corretores

em uma transmissão ao vivo

direto de sua sede em São Paulo.

O que parecia ser mais

um evento corporativo acabou

marcando o início de um novo

capítulo na relação comercial da

empresa com seus distribuidores.

Era o lançamento do ‘Mapfre

+ Corretor’, um programa que

propõe uma virada no relacionamento

entre a seguradora e seus

parceiros. Além de bonificações

mais vantajosas e uma nova estrutura

de reconhecimento mais

aderente às condições de mercado,

a proposta passou a abranger

uma jornada de evolução

conjunta.

Karine Brandão, diretora Executiva Comercial do Canal Corretor

Com esse novo passo, a Mapfre decidiu transformar o corretor em protagonista

na estratégia da empresa, como alguém que contribui com visão,

inteligência e experiência de mercado. “Queremos que ele se veja como parte

do negócio e traga a sua vivência prática para moldar nossos próximos passos”,

8


afirma Karine Brandão, que assumiu em janeiro a diretoria-executiva

comercial do Canal Corretor da companhia, com a missão de

reposicionar a operação brasileira da Mapfre e ganhar novos mercados.

DA DOR DO CORRETOR NASCE A SOLUÇÃO

O novo modelo não foi desenhado da noite para o dia. Ele foi

fruto de um processo de quase três anos de observação, entrevistas,

grupos focais e análises de dados. A seguradora mergulhou nos

bastidores da operação para entender como era, de fato, o dia a dia

dos corretores e compreender suas dores, motivações e expectativas.

O que os motivava? O que os afastava? O que eles esperavam

da companhia?

“A gente sempre olhou muito para a performance, claro, mas

passamos a perceber que havia uma desconexão entre os indicadores

e as histórias por trás deles”, explica Karine Brandão. “Nem sempre

quem vendia mais era quem se sentia mais engajado. Isso nos

acendeu uma luz para entender esses números e trazer o corretor

para mais perto da gente, independentemente da sua produção”,

completa.

Dessa percepção surgiu a ideia de criar um programa baseado

em níveis de relacionamento: Bronze, Prata, Ouro, Diamante

e Rubi. A nova lógica considera uma série de indicadores além do

volume de vendas. O comportamento operacional, a adesão a treinamentos,

a qualidade no atendimento e o alinhamento com a estratégia

da companhia agora também pesam ao lado dos números

de produção. A ideia é premiar o conjunto da obra, não apenas resultados

isolados em um curto período de tempo. “Avaliamos tudo

o que eles vinham dizendo nas últimas mesas, fóruns, roadshows e

encontros e transformamos em um modelo de parceria real, com

começo, meio e evolução”, afirma Karine.

Rodrigo Coelho Mota, da Nova Ideia Consultoria e Corretora

de Seguros, de Fortaleza (CE), está entre os profissionais que enxergam

o programa como um divisor de águas. “Fiquei muito animado

com a proposta do ‘Mapfre + Corretor’. Dá para ver que é algo pensado

para o nosso crescimento real, com orientação prática e um olhar

de longo prazo. Estou otimista com as oportunidades que isso pode

trazer para meu negócio nos próximos meses”, conta.

Histórias como a de Mota tendem a se multiplicar com o

novo programa. A Mapfre já contabiliza centenas de corretores

que, com suporte e direcionamento, estão conseguindo reposicionar

sua atuação e alcançar novos patamares no relacionamento

com a companhia. Mas o segredo, segundo os executivos, está nos

bastidores.

Por trás dessa nova abordagem, existe uma revisão profunda

da estratégia comercial da companhia no Brasil. “Quando falamos de

relacionamento, falamos também de performance. De garantir que o

corretor tenha ferramentas para vender bem, mas também para entender

melhor o cliente dele. Isso só acontece com confiança e troca

verdadeira”, ressalta Karine. “Não queremos apenas premiar quem

vende muito, queremos fazer crescer quem tem potencial e está abaixo

dele. Nossos maiores investimentos neste ano são direcionados à

marca e ao desenvolvimento do canal corretor”, enfatizou.

RELACIONAMENTO COM

ASSESSORIAS É NOVO

TRUNFO DA MAPFRE

Apenas no primeiro trimestre de 2025,

a Mapfre viu suas assessorias parceiras

impulsionarem o volume de negócios em

80%, resultado de uma estratégia que

tem se mostrado cada vez mais acertada.

Desde o lançamento de um canal

exclusivo para assessorias em 2022, a

seguradora conecta quase 4 mil corretores

em todo o Brasil, estreitando laços e

criando uma rede sólida. A estrutura do

canal, que já conta com seis sucursais

exclusivas, tem sido fundamental para

o sucesso dessa iniciativa.

Para Oscar Celada, CEO adjunto de

Negócios da Mapfre no Brasil, a companhia

entendeu que o relacionamento

com as assessorias demanda um modelo

diferente de suporte. “É uma forma

de oferecer uma visão mais completa do

seguro, atendendo melhor tanto pessoas

físicas quanto jurídicas”, explica.

Com trilhas de capacitações contínuas

em áreas como vendas e subscrição,

e um processo simplificado para os

corretores, a Mapfre se prepara para expandir

para o Nordeste e Centro-Oeste,

regiões estratégicas para a empresa. O

objetivo? Consolidar o Brasil como seu

principal mercado fora da Espanha,

reforçando sua posição no setor global

de seguros.

TRANSFORMAÇÕES SILENCIOSAS

Nenhuma transformação acontece

só na ponta. Para fazer o ‘Mapfre + Corretor’

decolar, foi preciso repensar o back

office da companhia. Processos foram

digitalizados, fluxos simplificados e áreas

antes distantes passaram a trabalhar de

forma integrada. O Portal de Negócios

da seguradora foi redesenhado com base

em testes feitos junto aos próprios corretores.

A ideia era clara: menos cliques,

mais negócio.

O primeiro passo foi tecnológico,

acelerando a digitalização de processos

9


CAPA

MAPFRE

HUGO ASSIS,

diretor-geral de Transformação e

Inovação

e eliminando ruídos operacionais. Com

apoio dos times de Inovação, Operações

e Clientes, a Mapfre criou um ambiente

digital mais fluido, permitindo que o

corretor acesse cotações, emita apólices,

acompanhe sinistros e resolva dúvidas

com mais autonomia. “A ideia era tirar o

peso do operacional, liberar tempo para

o corretor se concentrar no cliente”, explicou

Hugo Assis, diretor-geral de Transformação

e Inovação da Mapfre.

Além disso, a companhia inaugurou

ambientes físicos e virtuais para a cocriação

de soluções. A Sala MOL e o Centro

de Formação se tornaram hubs onde

o feedback se transforma em inovação,

com acompanhamento em tempo real.

“É um ciclo de escuta e entrega constante.

O que começa como dor vira solução

nas nossas mãos”, reforça Karine.

Nos últimos anos, após a pandemia,

enquanto o mercado acelerava a

digitalização em busca de eficiência, a

Mapfre foi além e enxergou a tecnologia

como meio para fortalecer relações

humanas. “Nosso desafio era conciliar

eficiência digital com proximidade emocional,

e conseguimos isso com escuta

ativa e um design centrado nas pessoas”,

destaca Karine. Segundo ela, todo o fluxo

de classificação e acompanhamento foi

desenhado para apoiar o corretor, e não

para monitorá-lo. “Temos dashboards e

indicadores para entender o atual momento

e traçar os próximos passos, mas o que guia nossa relação é a

trajetória do corretor, não apenas os números frios do mês.”

O time responsável pelo portfólio de produtos também teve

papel central nessa transformação. Diversas melhorias foram implementadas

nas linhas de Auto, Vida, Agro e Massificados. O novo

produto de Auto exclusivo para roubo e furto aumentou a competitividade

da Mapfre no segmento. No Vida, as opções ficaram mais

flexíveis tanto para pequenas empresas, por meio do PME Global,

quanto para clientes individuais a partir da reformulação do produto

destinado a Doenças Graves e no Agro, a companhia elevou sua presença

num mercado cada vez mais exigente, dando foco às soluções

de seguros patrimoniais do campo.

“O corretor percebe na prática como é trabalhar com uma

seguradora multiproduto”, garante Karine. “Ele sente que tem um

portfólio mais robusto e que pode confiar na companhia para entregar

uma solução completa, seja no campo, na cidade, para o

cliente PJ ou PF. Isso faz toda a diferença para o corretor que quer

explorar o cross selling e estar presente na vida do seu clientes em

diversos momentos”, explica a executiva.

A lógica da percepção dos produtos pelos corretores também

foi analisada a fundo pela companhia. Em vez de pensar primeiro na

engenharia dos seguros, os times passaram a ouvir os corretores antes

de qualquer lançamento. Carolina de Molla Lorenzzatto, diretora comercial

dos produtos de Vida, resume bem essa transformação. “Antes

de lançar qualquer produto, a gente já começa ouvindo o corretor. A

pergunta agora é: como isso pode funcionar melhor na prática? Essa

troca tem deixado nossos produtos mais simples, mais eficientes e

com muito mais chance de sucesso lá na ponta”, afirmou a executiva.

A mudança cultural aconteceu gradualmente, como é natural

em qualquer processo de transformação. No começo, houve

questionamentos e curiosidade sobre como seria, na prática, essa

abertura para a colaboração. Mas os resultados começaram a aparecer.

Hoje, os corretores participam ativamente de comitês, testam

funcionalidades e contribuem com sugestões que geram mudanças

reais. “Temos visto muita coisa evoluir a partir do que ouvimos deles.

A participação está fazendo diferença de verdade”, garante Karine.

UM PROGRAMA, VÁRIAS JORNADAS

O diferencial do ‘Mapfre + Corretor’ está justamente na personalização.

Cada corretor é incentivado a trilhar sua própria jornada

de crescimento, com metas claras e suporte contínuo. Para os mais

experientes, o foco é reconhecimento e protagonismo. Para quem

está começando, o programa atua como guia, encurtando caminhos

e fortalecendo vínculos. Nesse cenário, o Mspfre ON se tornou

a principal porta de entrada para os corretores que desejam começar

a produzir com a companhia, reunindo ferramentas, orientações

e condições especiais. Entre os recursos disponíveis, está o Agger,

solução de multicálculo que agiliza a cotação de seguros e contribui

para uma operação mais eficiente.

A nova proposta da Mapfre é que o pacote de benefícios

dos corretores cresça conforme o seu desenvolvimento, incluindo

capacitação, ações de fomento a negócios e acesso a programas

de recompensas como ‘Acelera’, ‘Club Milla’ e ‘Torcida Mapfre’. Nos

10


próximos ciclos, estão previstas novidades como a incorporação de

práticas de ESG na trilha de evolução, a criação de um programa de

mentoria entre corretores e a construção de um marketplace exclusivo

de serviços complementares.

E se engana quem pensa que tudo se resume a prêmios. Viagens,

mentorias e campanhas são apenas parte de um plano mais

ambicioso: formar uma comunidade de profissionais de alta performance,

conectados pela mesma cultura de excelência e parceria. “A

gente quer construir um ecossistema. Um lugar onde o corretor se

sinta pertencente e valorizado, mas também desafiado a crescer”, reforça

Karine.

Essa abordagem ficou evidente nas primeiras ações promocionais

do programa. Em vez de campanhas genéricas, a seguradora

investiu em ações como a ‘Torcida Mapfre’, premiando corretores

com ingressos para a final da Libertadores e estreitando laços com o

universo esportivo, uma das paixões nacionais e que desperta grande

interesse dos corretores. “Queríamos criar algo que conectasse

emocionalmente o corretor à marca. E conseguimos. O futebol é a

grande paixão nacional, está presente no dia a dia, nas conversas de

bar ao elevador. Nada melhor do que o futebol para criar esse elo de

conexão genuína.”, comenta Karine.

UMA ESTRATÉGIA QUE CRESCE COM O MERCADO

Com mais de 20 mil corretores ativos, a Mapfre mira alto:

quer dobrar a base qualificada até 2030, expandir para novas praças,

fortalecer nichos como agronegócio e microsseguros, além de

promover diversidade entre seus parceiros. Mas esse crescimento,

segundo os executivos, só faz sentido se vier acompanhado de qualidade.

“Nossa ambição é grande, mas não está baseada em volume

puro. Queremos qualidade de relacionamento, constância de desempenho

e, acima de tudo, confiança mútua”, reforça Karine.

Como parte desse movimento de aproximação, os contratos

com remuneração adicional ganharam novo fôlego e triplicaram em

volume nos últimos meses. O modelo, que oferece um valor extra

ao corretor conforme metas de desempenho ou critérios de relacionamento,

ampliou seu alcance e passou a contemplar ramos antes

fora dessa lógica, como Vida, Patrimonial, Rural e Massificados.

Como resultado, mais oportunidades de ganho e uma relação ainda

mais próxima entre a companhia e seus parceiros.

Em continuidade a esse processo de fortalecimento da parceria,

desde o lançamento do ‘Mapfre + Corretor’, a relação com os

parceiros tem se desenvolvido de forma consistente. Os corretores

vêm demonstrando uma maior proximidade com a companhia, e o

suporte comercial vem sendo cada vez mais valorizado por eles. Já

as trilhas de capacitação seguem disponíveis como parte do ecossistema

de desenvolvimento e tendem a assumir um papel ainda

mais relevante nas próximas etapas do programa, com diversificação

de temas e mentorias mais especializadas.

Mas há outras conquistas, menos mensuráveis, que talvez digam

ainda mais sobre o sucesso do programa. Uma delas é o tipo

de conversa que passou a ocorrer entre os times comerciais e os parceiros.

“Antes era comum o papo ser só sobre metas. Agora a gente

discute estratégia de prospecção, perfil de cliente, posicionamento

ANTONIO EDMIR RIBEIRO,

diretor comercial territorial

de produto”, afirma Antonio Edmir Ribeiro,

diretor comercial territorial da Mapfre.

“É outro nível de parceria”, disse.

Enquanto isso, no dia a dia, a principal

mudança já pode ser sentida. O corretor

deixou de ser apenas uma ponta da

cadeia para ocupar um lugar mais estratégico

dentro da companhia. “Quando a

gente escuta alguém dizer que se sente

parte da Mapfre, que tem orgulho de trabalhar

com a gente, é sinal de que estamos

no caminho certo”, diz Karine.

O que começou como um novo

programa de relacionamento, aos poucos

se revela como uma reconfiguração

mais profunda da própria identidade da

Mapfre. A companhia que por anos foi

vista como ‘tradicional’ agora se posiciona

como parceira moderna, ágil e, acima

de tudo, próxima. E esse movimento não

passou despercebido pelos corretores.

“É uma mudança que toca em algo

muito maior do que comissão ou premiação.

É sobre fazer parte de um projeto, de

uma história que a gente ajuda a construir”,

resume o corretor Jair Ernesto, da

Corretora GJX, de Goiânia (GO).

No fim das contas, o ‘Mapfre + Corretor’

talvez seja menos um programa e

mais uma nova forma de pensar o negócio.

Uma forma que reconhece que, num

setor de relações humanas por essência,

não dá mais para tratar parceiros como

números. É preciso construir juntos.

11


ESPECIAL SEGURO GARANTIA

PANORAMA

Bola

da vez

SEGURO GARANTIA CRESCE

PERCENTUALMENTE MAIS QUE TODO O

SETOR E TORNA-SE FERRAMENTA MAIS

VIÁVEL QUE FIANÇAS BANCÁRIAS PARA

O MERCADO EM GERAL, SOBRETUDO

NA ÁREA DE INFRAESTRUTURA.

EXECUTIVOS E ESPECIALISTAS OUVIDOS

POR APÓLICE AVALIAM ESSA GUINADA,

PRINCIPALMENTE DAS APÓLICES

ESPECIFICAMENTE DO CAMPO JUDICIAL,

QUE CORRESPONDEM À QUASE 80% DE

TODA A CARTEIRA

André Felipe de Lima

Que o seguro, de uma forma geral, cresce

satisfatoriamente todo ano, isso é

notório. “Resiliente” é uma palavra que

se tornou chavão quando a pauta abordada é

a indústria securitária. “Inovação” segue incansavelmente

na mesma toada. Mas todo vocabulário

positivo que cerca o mercado sinaliza

para um substantivo em especial: “desenvolvimento”.

Em meio a esse mar de termos, há

uma carteira específica que percentualmente

vem se destacando em relação à média de

evolução do setor e ajudando nesse quesito.

O seguro garantia é a “celebridade” da vez no

mercado e o status deve-se a alguns fatores

que especialistas e executivos do setor discorrem

ao longo desta reportagem. Alguns deles

são a retomada dos investimentos em obras

de infraestrutura ditados pelo Novo Programa

de Aceleração do Crescimento (PAC) e aspectos

regulatórios e tecnológicos.

12


Para se ter ideia da pujança do

seguro garantia, enquanto o setor, conforme

previsão da Confederação Nacional

das Seguradoras (CNseg), deverá

crescer este ano 10%, chegando a 6,4%

do produto interno bruto (PIB), o seguro

garantia está acima de R$ 5 bilhões em

prêmios emitidos, cifra que corresponde

a uma evolução anual entre 15% e 20%.

Na ponta do lápis (e da calculadora, claro),

quem trabalha com a carteira não

tem do que reclamar. Sobretudo quem

atua diretamente com o seguro garantia

judicial, que hoje concentra algo

entre 70% e 80% da carteira integral.

“O mercado deve continuar crescendo

nessa frente, especialmente diante de

um ambiente empresarial que busca eficiência

financeira e alocação inteligente

de capital. Na Axa, temos observado

uma demanda crescente por soluções

sob medida nessa linha. Com a digitalização

e o amadurecimento regulatório,

a tendência é que o seguro judicial siga

ganhando espaço como instrumento de

planejamento financeiro empresarial”,

argumenta o diretor de P&C e Specialties

da Axa no Brasil, Denis Maelaro. Outro

aspecto que impulsiona a carteira é a

recuperação econômica do país, como

assinala o executivo da Axa: “Temos uma

economia que, apesar dos desafios, tem

mostrado sinais de recuperação: o PIB

brasileiro deve crescer cerca de 2% em

2025, segundo projeções do Boletim Focus

do Banco Central, de maio de 2025.

Isso tende a impulsionar projetos de infraestrutura

e concessões, onde o seguro

garantia é essencial”.

Indicado para companhias arroladas

em processos judiciais e que precisam

oferecer uma garantia ao juízo, o seguro

garantia judicial é uma forma de as empresas

não comprometerem o seu caixa

para honrar compromissos com a Justiça.

“O seguro garantia judicial está se consolidando

cada vez mais como uma solução

estratégica para empresas e advogados

que buscam eficiência financeira e gestão

inteligente do capital. Em um cenário

onde o custo do dinheiro tem se valorizado,

as apólices de seguro judicial permitem

não apenas proteger o patrimônio

13


ESPECIAL SEGURO GARANTIA

PANORAMA

Temos uma economia que, apesar dos desafios, tem

mostrado sinais de recuperação: o PIB brasileiro deve

crescer cerca de 2% em 2025, segundo projeções do

Boletim Focus do Banco Central, de maio de 2025.

Isso tende a impulsionar projetos de infraestrutura e

concessões, onde o seguro garantia é essencial”

DENIS MAELARO, da Axa

e o caixa das empresas, como também

demonstrar governança e ainda, mais

responsabilidade perante às exigências

do Poder Judiciário”, diz o sócio da Merit

Seguros, Marcelo Fasolari, acrescentando

que a projeção é de “amadurecimento”,

com perspectivas de “forte crescimento”.

Fasolari prevê uma sofisticação na análise

do risco, no aperfeiçoamento e criação de

novos produtos — estes mais específicos

para cada operação — e, principalmente,

na maior integração entre as companhias

de seguros e os Tribunais de Justiça.

Head Surety Latin America & Brazil

da Swiss Re, Pedro Mattosinho reforça

MARCELO FASOLARI,

da Merit

que o mercado de seguro garantia judicial segue promissor, porém

considerando a litigiosidade judicial brasileira. “A maioria dos empresários

recorre à Justiça para se defender contra autuações arbitrárias

ou simplesmente para ganhar tempo até o desembolso devido,

beneficiando-se da ineficiência do sistema judicial. O seguro

garantia é o instrumento ideal neste contexto. O grande desafio do

ponto de vista das seguradoras é o risco de crédito, cada vez mais

presente no ambiente de altas taxas de juros”, diz.

Diante dessa realidade descrita por Mattosinho, o seguro garantia

judicial permite que as empresas cumpram obrigações judiciais

sem, portanto, comprometer seu fluxo de caixa, garantindo maior capacidade

de investimento e crescimento. Ao evitar a imobilização de

recursos, como analisa o CEO e sócio-fundador da Aliá Seguros, Thiago

Bortoleto Cabral, o seguro garantia judicial garante que a empresa

tenha acesso a seus recursos para outras atividades importantes. “A

tendência é que o seguro garantia judicial continue crescendo e se

consolide como uma ferramenta essencial para empresas que buscam

alternativas à imobilização de capital em processos judiciais.

Como ele permite que as empresas cumpram suas obrigações judiciais

sem comprometer o fluxo de caixa, garante maior capacidade

de investimento e crescimento. Ainda é benéfico para o sistema judiciário,

por reduzir a burocracia e agilizar processos, contribuindo para

desfechos mais rápidos em disputas judiciais”, explica Bortoleto.

O mercado de seguro garantia judicial tem demonstrado

uma relevância crescente, especialmente em um contexto onde as

empresas buscam estratégias que preservem sua liquidez frente

às contingências jurídicas. Neste cenário, é possível vislumbrar algumas

previsões para o futuro desse segmento, sugere a CEO da

RM7 Corretora de Seguros, Rosane Mota. Em primeiro lugar, diz a

executiva, antecipa-se um crescimento sustentável, impulsionado

pela continuidade das incertezas no panorama jurídico e pela necessidade

de assegurar a execução de contratos. Segundo Rosane,

as empresas estão cada vez mais inclinadas a investir em soluções

que não comprometam seu capital operacional. “As seguradoras

poderão inovar ao desenvolver produtos mais sofisticados e personalizados

ajustados às demandas específicas de cada cliente e à

complexidade das questões judiciais”, enfatiza.

Tais inovações, como complementa Rosane, podem incluir coberturas

mais flexíveis que se adaptem a diversos contextos legais. Há

14


também uma expectativa de que o mercado se abra a novos segmentos.

À medida que cresce a conscientização sobre os benefícios do seguro

garantia judicial, é provável que mais setores, incluindo aqueles

que até então não adotavam essa prática, comecem a reconhecê-la

como uma salvaguarda válida em casos de litígios, avalia Rosane.

“Pequenas e médias empresas, em particular, poderão ver

nesse mecanismo uma forma eficaz de mitigar riscos legais. Em

um ambiente de crescente concorrência, é plausível prever um aumento

nos limites e nas coberturas, aliado a condições comerciais

mais atrativas, o que tornará a contratação do seguro mais viável

para um número maior de empresas. Mudanças na legislação e nas

exigências regulamentares também podem influenciar a dinâmica

do mercado. Espera-se que a intensificação da transparência e a

implementação de normas regulatórias reforcem a confiança nas

seguradoras que operam nesse espaço”, destaca a CEO da RM7.

A educação e a conscientização sobre as vantagens e o funcionamento

do seguro garantia judicial são fundamentais. Para

Rosane, investir na disseminação de informações precisas pode se

revelar um fator crítico para a ampliação da adesão por parte das

empresas. “A tecnologia e a digitalização desempenharão papéis

essenciais nesse contexto. A incorporação de ferramentas digitais

para a análise e o gerenciamento de seguros poderá otimizar os

processos de contratação e gestão de riscos, atraindo um número

ainda maior de empresas para esse segmento. O mercado de seguro

garantia judicial está posicionado para uma expansão robusta,

moldado por inovações disruptivas que atendem às demandas

empresariais e à evolução do quadro jurídico. A capacidade de

adaptação a essas novas realidades será determinante para o sucesso

das seguradoras nesse domínio”, resume.

TRILHA MAIS SEGURA

Podemos afirmar que o seguro garantia no Brasil em 2025 está

se consolidando como um instrumento essencial para a segurança

de contratos públicos e privados, beneficiando-se de um ambiente

regulatório favorável, avanços tecnológicos e uma economia em recuperação?

“O seguro garantia se torna cada vez mais aceito, eficiente

e acessível”, responde Bortoleto, para quem o seguro garantia se

apresenta como ferramenta essencial para viabilizar projetos, atrair

investimentos e fortalecer a confiança internacional no país. “O cenário

favorável de 2025, com a recuperação econômica e o aumento

dos investimentos em infraestrutura, está impulsionando a demanda

por seguros garantia, especialmente no setor de construção civil.

Novas leis e mudanças regulatórias favorecem a utilização do seguro

garantia, especialmente com a retomada do Novo PAC e a crescente

necessidade de garantias em obras de infraestrutura”, pontua.

Para Mattosinho, da Swiss Re, há uma ressalva que ocorre no

que diz respeito à credibilidade do seguro garantia quando há um

sinistro, sendo, como ele argumenta, um produto de difícil execução

por parte dos segurados: “Muitas seguradoras têm como prática na

regulação de sinistros negar a cobertura e judicializar a regulação.

Nesse contexto, é cada vez mais comum segurados privados e públicos

recursarem o instrumento ou restringirem as seguradoras das

quais aceitam receber apólices. Como todo seguro, é fundamental

PEDRO MATTOSINHO,

da Swiss Re

que os segurados atentem para a qualidade

de crédito e para a reputação das seguradoras,

uma vez que não são todas iguais

quando surge o sinistro. Para o seguro

garantia é ainda mais complicado, pois o

corretor de seguros, nesta modalidade,

defende os interesses do tomador e não

do segurado.”

Outro viés que norteia o setor é a

digitalização. Hoje, algumas seguradoras

emitem de forma digital quase que integralmente

suas apólices recorrendo à

inteligência artificial, ao blockchain e aos

contratos inteligentes (smart contracts).

Todo esse arcabouço tecnológico está

comprovadamente agilizando processos,

reduzindo fraudes e qualificando a análise

de riscos.

Qual o impacto dessa investida

tecnológica pontualmente no seguro

garantia? COO na Luma Corretora de Seguros,

Bruno Leal ressalta que o avanço

da digitalização no setor de seguros é

uma realidade consolidada: “É importante

destacar que o Brasil está à frente de

muitos países europeus nesse aspecto,

como Portugal, onde diversas seguradoras

ainda operam com processos manuais.

Alcançar 99% de digitalização na

emissão de apólices representa um avanço

significativo para o mercado segurador

nacional, aumentando a confiabilidade

e impulsionando o desenvolvimento

do setor. Esse cenário também reflete o

forte investimento das seguradoras em

15


ESPECIAL SEGURO GARANTIA

PANORAMA

eficiência operacional. “Isso mostra que tecnologia, diversificação

de produtos e capacitação técnica são vetores de diferenciação para

quem quer crescer com sustentabilidade no setor”, frisa.

Mattosinho faz, contudo, o meio termo: “As seguradoras foram

muito eficientes em desenvolver ferramentas tecnológicas para

emissão de apólices. No entanto, as apólices requerem manutenção,

no sentido de endossos, prorrogações, cancelamentos e renovações.

Com o aumento exponencial das emissões pela via digital, muitas

seguradoras se depararam com um enorme desafio operacional,

pois todos estes movimentos pós emissão acabam sendo manuais.

Considerando os prêmios cobrados, cada vez menores, invariavelmente

estas operações se tornaram inviáveis.”

THIAGO BORTOLETO CABRAL,

da Aliá

tecnologia da informação, com foco em

inovação e melhoria contínua”.

Rosane Mota não tem dúvida. Para

ela, é “indiscutível” que as seguradoras

que direcionarem seus esforços para inovação,

diversificação e capacitação estarão

excepcionalmente posicionadas para

explorar as oportunidades emergentes

no expansivo mercado de seguro garantia.

“A digitalização tem provocado uma

transformação paradigmática neste setor,

com a emissão de um grande percentual

das apólices de forma digital em algumas

seguradoras, o que revela uma ruptura

significativa com os processos tradicionais.

Claro, essas emissões não cometem

as garantias de grande vulto. A incorporação

de tecnologias de ponta, como inteligência

artificial, blockchain e contratos

inteligentes, não apenas está acelerando

os processos operacionais, como também

contribuindo para a diminuição das fraudes

e para o aprimoramento da análise de

riscos”, define a executiva.

Já Denis Maelaro ressalta que a

adoção de IA para avaliação de crédito, o

uso de analytics para precificação e até o

estudo de smart contracts para contratos

complexos são movimentos que já estão

em curso no mercado global. “E devem

ganhar tração no Brasil”, garante o executivo

da Axa, que menciona relatório da

McKinsey (2024), cujo resultado aponta

que as seguradoras que investem em

tecnologia aumentam em até 20% sua

QUANDO “DÓI” MENOS NO BOLSO

Muitos afirmam que a expansão do seguro garantia judicial se

deve ao fato de ele ser uma alternativa, em tese, menos onerosa que

as fianças bancárias. Os bancos mantêm um olhar enviesado para o

seguro garantia judicial por este, de certa forma, hoje surfar na onda

onde o setor financeiro era o mandante até algum tempo atrás. Um

ponto muito importante neste comparativo, é que a fiança bancária,

como explica Thiago Bortoleto, compromete o limite de crédito da

empresa junto ao banco, ao passo que o seguro garantia não. “O menor

custo [do seguro garantia] é um grande atrativo para empresas

optarem pelo seguro garantia, entretanto vale ressaltar dois pontos

ainda mais cruciais para esta escolha: a forma de contratação e o

comprometimento de crédito. A contratação do seguro garantia é

uma tratativa direta com a seguradora, onde a aprovação da apólice

depende da análise da saúde financeira da empresa solicitante. Já na

carta fiança ou fiança bancária, uma instituição bancária é a fiadora

em um contrato. Sendo necessário que a carta seja emitida por uma

instituição financeira idônea autorizada pelo Banco Central a atuar

no Brasil, e para a emissão da fiança bancária é necessário ter um

relacionamento de longo prazo com o banco.”

Outro aspecto é apontado por Denis Maelaro: “A contratação

de seguro garantia judicial costuma ser, em média, de 30% a 50%

mais barata do que uma fiança bancária, segundo dados do mercado

levantados pela CNseg. Além disso, o seguro não compromete

o limite de crédito bancário da empresa, o que é um diferencial relevante

na gestão do capital de giro. Essa vantagem estrutural tem

levado a uma substituição crescente das fianças por apólices de seguro,

especialmente entre empresas que buscam maior flexibilidade

financeira. A reação dos bancos tem sido no sentido de tentar

oferecer condições mais competitivas, mas o seguro tem mantido

sua atratividade, especialmente pela agilidade e menor burocracia.”

Diferentemente dos bancos, como resume o diretor-executivo

da Genebra Seguros, Guilherme Silveira, as seguradoras não precisam

realizar provisões de capital nas mesmas bases regulatórias

previstas nos Acordos de Basileia, o que reduz o custo de estruturação

da garantia. Além disso, reforça Silveira, o seguro não consome

limite de crédito bancário da empresa, preservando sua capacidade

de financiamento para outras finalidades — o que é especialmente

estratégico para empresas com grande volume de passivos judiciais

ou que atuam em setores com elevada demanda de capital.

16


Pequenas e médias empresas, em particular,

poderão ver nesse mecanismo uma forma eficaz

de mitigar riscos legais. Em um ambiente de

crescente concorrência, é plausível prever um

aumento nos limites e nas coberturas, aliado a

condições comerciais mais atrativas, o que tornará a

contratação do seguro mais viável para um número

maior de empresas”

ROSANE MOTA, da RM7

Como informa o diretor-executivo da Genebra Seguros, outro

ponto relevante é a agilidade e flexibilidade na contratação: “A

emissão da apólice costuma ser mais rápida do que a fiança bancária,

especialmente quando o tomador já possui limite aprovado com

a seguradora. Quanto aos bancos, já se observa uma reação. Muitos

têm ampliado sua oferta de cartas fiança bancárias, especialmente

em segmentos onde o mercado segurador ainda tem pouco apetite,

como as garantias financeiras puras ou as garantias exigidas em

operações com a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos]. Nesses

casos, os bancos seguem atuando de forma mais ativa e ocupam

um espaço complementar ao das seguradoras, o que mostra uma

evolução natural do mercado — com soluções sendo direcionadas

conforme o perfil de risco e a natureza da obrigação garantida.”

A grande diferença entre o seguro garantia e a fiança bancária

é mesmo o preço, muito favorável ao seguro garantia, e isso é

indiscutível para quem vive o dia a dia da carteira. Mattosinho faz,

contudo, uma ressalva: “Isso não faz muito sentido, pois o efeito

[cobertura] de ambos os instrumentos deveria ser idêntico ou parecido.

Os bancos cobram mais caro, pois se utilizam do conceito

de custo de capital, imposto pelo Banco Central e pelos Acordos

de Basiléia, que impõem limites às alavancagens das instituições financeiras

frente ao seu capital. A Susep ainda não se atentou para

este tema, permitindo que as seguradoras se alavanquem ao infinito

através de estruturas de resseguro em suas emissões de seguro

garantia. Em outros mercados mais maduros, o regulador local de

seguros impõe limites às seguradoras conforme seu capital, como

forma de proteção aos segurados em caso de sinistro. Provavelmente

este tema somente será endereçado no Brasil quando tivermos

um grande sinistro não coberto por resseguro, que leve uma seguradora

à insolvência.”

DINÂMICA DA CARTEIRA

Um dos principais fatores que explicam a trajetória ascendente

do seguro garantia é mesmo sua eficácia como alternativa

mais acessível em comparação às fianças bancárias. Essa dinâmica,

como observa Rosane Mota, é atribuída a diversas vantagens intrínsecas

que o seguro garantia oferece em

relação ao modelo convencional de fiança

bancária. Em primeiro plano, aponta a

executiva, o seguro garantia se destaca

pela sua natureza mais favorável em termos

de custo, na medida em que as seguradoras,

ao avaliarem o risco associado

aos contratos, podem disponibilizar condições

financeiras mais atrativas.

O fato é que as seguradoras têm investido

significativamente em inovações

tecnológicas que aceleram a emissão de

apólices, enquanto as fianças bancárias

costumam ser permeadas por processos

burocráticos complexos e lentos. “Essa

agilidade é especialmente valiosa em um

ambiente corporativo que exige rapidez

e eficiência operacional. Outro aspecto

distintivo do seguro garantia é a sua flexibilidade.

Enquanto as fianças bancárias

tendem a apresentar condições rígidas

e inflexíveis, o seguro garantia pode ser

adaptado para atender às necessidades

específicas de diferentes contratos ou

projetos, proporcionando uma personalização

que muitas vezes não está disponível

nas soluções bancárias tradicionais”,

compara o Rosane, complementando:

“PERFOMANCE BOND”

A nova Lei de Licitações (Lei nº

14.133/2021) introduziu mudanças significativas,

como o aumento do limite

17


ESPECIAL SEGURO GARANTIA

PANORAMA

A nova Lei de Licitações representou uma “virada

de chave” tanto para o setor público quanto para o

mercado de seguros”

BRUNO LEAL, da Luma

de garantia de 5% para até 30% do valor

do contrato e a inclusão da cláusula de

retomada (performance bond), que permite

à seguradora assumir a execução

da obra em caso de inadimplência da

contratada, garantindo, portanto, a continuidade

dos projetos. Segundo Thiago

Bortoleto, a nova legislação estabeleceu

um novo cenário para a contratação pública.

“Com ela, vemos que há cada vez

mais a consolidação do seguro garantia

no setor público. Com foco na eficiência

e segurança das operações, a cláusula

de retomada visa garantir a continuidade

e conclusão de obras, combatendo o

problema das obras paralisadas, garantindo

a execução de projetos com qualidade,

dentro dos prazos e fortalecendo

a confiança da sociedade na execução

de obras públicas, permitindo que a

seguradora, em caso de inadimplemento

do contratado, assuma a execução e

conclua o objeto do contrato”, assinala

Bortoleto, para quem, neste cenário, a

seguradora assume uma responsabilidade

ainda maior, o que pode refletir em

um custo “um pouco mais agravado”. “A

cláusula de retomada não é obrigatória,

mas pode ser prevista no edital de licitação.

A seguradora não é obrigada a assumir

a execução do contrato, podendo

optar por pagar a indenização ao poder

público”, diz.

A nova Lei de Licitações representou uma “virada de chave”

tanto para o setor público quanto para o mercado de seguros, como

define Bruno Leal. O aumento do limite de garantia para até 30% do

valor do contrato, especialmente em obras de grande vulto e alta

complexidade, fortalece, segundo o executivo da Luma Corretora de

Seguros, o papel do seguro garantia como instrumento de proteção

ao interesse público ao reduzir o risco de paralisações e prejuízos

decorrentes da inadimplência contratual. A grande inovação, no entanto,

explica Leal, é a cláusula de retomada, que passa a permitir

que a seguradora assuma diretamente a responsabilidade pela continuidade

e finalização da obra em caso de falha da contratada.

“Esse mecanismo é bastante comum em países como os Estados

Unidos e agora traz mais robustez e credibilidade aos contratos

públicos no Brasil. Do ponto de vista prático, isso exige uma postura

mais técnica e criteriosa das seguradoras, com análise aprofundada

da capacidade operacional das empresas garantidas, além de uma

maior estrutura interna para eventualmente assumir a obra ou indicar

uma nova executora. Para o setor de infraestrutura, o impacto é

altamente positivo. A nova legislação oferece mais segurança jurídica,

previsibilidade e continuidade na execução de obras públicas, o

que deve atrair novos investimentos e melhorar a eficiência da gestão

contratual. Por consequência, também eleva o nível de exigência

e profissionalização dos envolvidos, tanto seguradoras quanto

construtoras e órgãos públicos”, destaca Leal.

Guilherme Silveira lembra, contudo, que no setor privado a

Circular Susep nº 662/2022 trouxe um avanço importante ao permitir

maior flexibilização no clausulado das apólices, possibilitando

a inclusão de cláusulas contratuais que anteriormente não eram

consideradas seguráveis, desde que tecnicamente justificadas e

bem delimitadas. “Com isso, o seguro garantia se torna ainda mais

adaptável às necessidades específicas de cada contrato, ampliando

seu uso como ferramenta de mitigação de riscos e equilíbrio nas relações

comerciais”, enfatiza Silveira

Historicamente, recorda o executivo, os 5% de garantia exigidos

na maior parte dos contratos públicos eram insuficientes para

cobrir os prejuízos em casos de inadimplência ou paralisação de

obras, o que gerava atrasos, perdas financeiras e necessidade de novos

processos licitatórios. A possibilidade de elevar esse percentual

para até 30% do valor do contrato torna a garantia mais efetiva, garante

Silveira, em sintonia com a complexidade e riscos dos projetos,

especialmente em infraestrutura.

A introdução da cláusula de retomada (performance bond),

que permite à seguradora assumir a execução do contrato em caso

de inadimplência, reforça ainda mais esse movimento, argumenta

18


Silveira: “Com isso, a seguradora deixa de atuar apenas como pagadora

de indenizações e passa a ser uma parceira ativa na continuidade

dos projetos públicos, o que gera mais segurança jurídica e

previsibilidade na entrega das obras.”

Essas mudanças também trazem, porém, novas exigências

para as empresas contratadas. Diante de uma responsabilidade

potencialmente maior, as seguradoras tendem a ser mais criteriosas

na análise de risco, o que inclui uma avaliação mais rigorosa

da capacidade técnica, financeira e operacional das empresas.

“Isso deve aumentar os custos de entrada para alguns players e

promover uma seleção natural de empresas mais preparadas para

assumir grandes contratos com garantias mais robustas. Em resumo,

trata-se de uma mudança positiva do ponto de vista da gestão

pública e da maturidade do setor, mas que exigirá maior profissionalização

e preparo por parte das empresas e seguradoras envolvidas”,

pondera Silveira.

CORRETORES E SEGURADORES

Especialistas chamam a atenção para os efeitos do novo seguro

garantia para o mercado. Um deles é o papel do corretor. Para

Rosane Mota, a circular Susep 662 trouxe diretrizes que aumentaram

a responsabilidade dos corretores na intermediação do seguro

garantia. “Os profissionais passaram a adotar uma abordagem mais

consultiva e estratégica, ou pelo menos deveria ser desta forma”,

afirma. Essa mudança exige, segundo Rosane, que os corretores não

apenas compreendam as nuances das apólices de seguro garantia,

mas também se aprofundem nas necessidades específicas de seus

clientes, oferecendo soluções que estejam em sintonia com os objetivos

e características de cada contrato. “Além disso, a nova normativa

traz a necessidade de atualização contínua, demonstrando

aos clientes os benefícios e particularidades do seguro garantia,

como a cláusula de retomada e o aumento dos limites de cobertura.

Devemos estar familiarizados com as inovações e regulamentações

que permeiam o nosso setor. Embora muitos corretores tenham se

adaptado às exigências da Circular Susep 662 e estejam se posicionando

como verdadeiros consultores, a transição completa para

esse novo modelo requer um esforço coletivo, tanto por parte dos

profissionais quanto das seguradoras”, assinala.

As seguradoras já internalizaram que devem, como determina

a circular 662, a dar cobertura para os riscos que o segurado

determinar no contrato e descrever os riscos não cobertos ou excluídos,

o que exigirá uma análise rigorosa de capacidade creditícia e

expertise do tomador? Denis Maelaro responde:

“A Circular 662 representou um marco de responsabilidade

para as seguradoras. A regra exige clareza total na apólice com base

no risco real do contrato garantido. Isso obriga as seguradoras a investirem

em estrutura técnica, capacidade de subscrição e conhecimento

jurídico. O mercado ainda está em processo de adaptação,

mas é evidente que essa regulação trouxe mais transparência e solidez

para o setor, o que é positivo para todos: seguradoras, tomadores,

corretores e beneficiários.”

É fato, portanto, que algumas seguradoras especializadas

têm buscado a adaptação à circular 662 com dedicação, revisando

GUILHERME SILVEIRA,

da Genebra

seus modelos de subscrição, ampliando

sua capacidade técnica e adotando

ferramentas de análise de risco mais

assertivas. Mas o executivo Marcelo Fasolari

pondera, que, no entanto, “boa

parte” do mercado ainda apresenta “resistência”

às novas regras. Ele explica os

motivos: “A obrigação de cobrir riscos

contratualmente assumidos pelo segurado

exige um profundo entendimento

jurídico e econômico do contrato e um

diálogo muito mais transparente entre

seguradora, corretor e tomador. Além

disso, o fato de não haver histórico de

sinistros e, portanto, poucas referências

no Brasil, as companhias de seguros se

mantêm cautelosas e conservadoras. Na

realidade, o mercado necessita de resseguradoras

mais ousadas e com mais

apetite para os riscos. E isso, como sabemos,

vem com estabilidade econômica,

política e jurídica, pontos que o Brasil

vem tentando conquistar no cenário

mundial”, finaliza.

Já o executivo da Swiss Re Pedro

Mattosinho é enfático: as seguradoras

ainda não assimilaram o que determina a

circular 662. “Esta mudança deverá ocorrer

gradualmente através de decisões

judiciais desfavoráveis às seguradoras

que se esmeram atualmente em recusar

sinistros. Não vejo mudança de comportamento

enquanto a sinistralidade aparente

for tão baixa. Mas o horizonte é positivo

no médio prazo”, conclui.

19


TOKIO MARINE

SEGURO EMPRESARIAL

A garantia da sustentabilidade

das empresas

>>

MAIS DO QUE UM PRODUTO, O SEGURO EMPRESARIAL É O SUPORTE NECESSÁRIO PARA QUE

EMPRESAS DE QUALQUER TAMANHO OU ÁREA DE ATUAÇÃO TENHAM CONTINUIDADE

O

mercado de seguros empresariais é uma vertente cada vez

mais estratégica para as seguradoras que desejam ampliar

sua atuação entre empresas de todos os portes. Com uma

carteira robusta, presença em todo o território nacional e uma política

comercial estruturada, a Tokio Marine reforça sua aposta nesse

segmento, enxergando nele um motor relevante para o crescimento

sustentável da companhia.

Sidney Cezarino, diretor de Seguros Patrimoniais da Tokio

Marine, destaca que a companhia vem aprimorando continuamente

seu portfólio para atender com precisão os diferentes perfis de

clientes. “Temos conhecimento em muitas áreas de negócio, o que

permite uma capilaridade enorme. Com isso, conseguimos atender

desde um pequeno comércio de bairro até uma empresa de médio

porte com atuação regional", afirma o executivo. Essa variedade

de perfis é refletida na estrutura de subscrição da seguradora, que

oferece produtos competitivos, com coberturas personalizadas e

possibilidade de customização de acordo com as necessidades do

segurado.

Com um modelo de negócios que combina tecnologia, inteligência

de dados e relacionamento próximo com os corretores, a

Tokio Marine aposta na eficiência dos processos para melhorar a experiência

do cliente e do parceiro de negócios. A companhia trabalha

com inteligência artificial na subscrição, o que garante agilidade

na emissão e análise de risco. “Conseguimos hoje emitir uma apólice

em menos de um minuto em muitos casos. Isso representa um ganho

expressivo para o corretor e para o segurado”, explica Cezarino.

Um dos pilares do crescimento da carteira de seguro empresarial

é o foco em pequenas e médias empresas, que historicamente

apresentam baixa penetração de seguros no Brasil. Segundo Cezarino,

existe um oceano azul a ser explorado. “Muitas dessas empresas

ainda não têm proteção adequada para seus ativos. Nosso papel é

mostrar, junto aos corretores, a importância de garantir a continuidade

dos negócios em caso de imprevistos”. Ele cita como exemplos

as coberturas contra incêndio, roubo, danos elétricos e responsabilidade

civil, que são cruciais para a sobrevivência do negócio em

situações adversas.

Sidney Cezarino

Kelly Lubiato

CAMPANHA DE VENDAS

Para incentivar ainda mais a comercialização

desse tipo de seguro, a

Tokio Marine lançou em 1º de maio a

campanha de vendas voltada para corretores

de todo o Brasil. A ação tem como

objetivo premiar o desempenho dos parceiros

comerciais que mais se destacarem

nas vendas de seguros empresariais, oferecendo

comissionamento extra como

recompensa.

Cezarino acredita que campanhas

como essa cumprem um papel importante

não apenas para impulsionar as

vendas, mas também para educar o mercado

e estimular a comercialização do

produto em todo o Brasil, aproveitando

20


a capilaridade da rede de corretores e a facilidade de contratação.

“O sucesso da campanha reflete o crescimento da carteira no último

ano, acima dos dois dígitos”.

Para 2025, a expectativa é continuar crescendo acima deste

patamar, com destaque para o segmento de energia renovável, especialmente

a solar, alinhada a uma diretriz global de sustentabilidade.

Como diferencial da Tokio, Cezarino cita a assistência 24h,

que oferece suporte emergencial em serviços como chaveiro,

manutenção elétrica, hidráulica, cobertura provisória de telhados

após vendavais, vigilância pós sinistro, entre outros, tanto

para situações decorrentes de sinistros quanto para necessidade

do dia-a-dia. “A novidade são os serviços voltados para a sustentabilidade,

como limpeza de placas solares e descarte correto de

resíduos, como o lixo eletrônico”, pontua o executivo.

Além disso, a companhia também

tem investido em melhorias no produto

Empresarial também investe em melhorias

tecnológicas, como a simplificação

do enquadramento das atividades no

Portal do Corretor, tornando o processo

de cotação mais rápido, intuitivo e

com maior autonomia. “A companhia

também está aprimorando as regras

de inspeção de risco, tornando-as mais

direcionadas aos principais fatores de

sinistros, reforçando a importância da

prevenção e da correta avaliação dos valores

segurados", finaliza.

TOKIO MARINE

SEGURO GARANTIA

Economia e regulamentação

impulsionam o seguro garantia

>>

SEGURADORA COMPARTILHA OS AVANÇOS, NÚMEROS

EXPRESSIVOS E OS DIFERENCIAIS QUE A COMPANHIA VEM

AGREGANDO À CARTEIRA

Kelly Lubiato

O

seguro garantia vive um momento de profunda transformação

no Brasil, impulsionado por inovações, mudanças

regulatórias e uma clara movimentação de mercado. Como

protagonista deste setor, a Tokio Marine direciona investimentos estratégicos

para se consolidar como referência no segmento.

“O ano de 2024 foi bastante importante para a Tokio Marine

no seguro garantia. Fizemos um investimento alto e estratégico,

tanto em pessoas quanto em tecnologia, o que já está refletindo em

resultados concretos”, destaca Carol Ayub, diretora de Riscos Financeiros

da Tokio Marine.

A companhia reforçou seu time com a contratação de 16

profissionais, sendo seis para a área técnica (entre subscritores e

Carol Ayub

21


TOKIO MARINE

SEGURO GARANTIA

>>

analistas de crédito) e dez para a área comercial, com foco exclusivo

em garantia. A decisão por comerciais especializados foi estratégica,

dada a complexidade do produto". "Por ser um segmento bem específico,

entendemos que era necessário ter profissionais dedicados

exclusivamente ao seguro garantia. Hoje temos seis comerciais focados

no varejo e quatro voltados ao segmento corporate”, explica

a executiva.

Esse movimento reforça o Plano de Expansão do Seguro

Garantia da companhia, que projeta alcançar a marca de R$ 400

milhões em prêmios emitidos no seguro garantia até 2026 e conquistar

o terceiro lugar no ranking do segmento.

Um dos principais motores dessa transformação da carteira

no mercado foi a implementação da nova Lei de Licitações (Lei

nº 14.133/2021), que trouxe a obrigatoriedade da cláusula de retomada

para contratos de obras públicas. A Tokio Marine foi pioneira

ao emitir a primeira apólice com essa cláusula no Brasil, em

agosto de 2024, em uma obra no estado do Mato Grosso. “Desde

então, diversos estados se adaptaram à nova legislação. Já emitimos

apólices para os estados do Mato Grosso e Paraná. Estamos

vendo uma tendência clara de adesão por parte dos governos

estaduais”, destacou Carol.

Mais do que cumprir um requisito legal, a seguradora enxerga

na cláusula de retomada uma oportunidade para ampliar

sua atuação e agregar valor aos projetos. “Podemos colocar em

prática tudo aquilo que preparamos. Temos realizado visitas in

loco, conversado com tomadores e com o poder público. A atuação

direta da seguradora como interveniente anuente tem sido

extremamente relevante”, completa.

POTENCIAL NO SETOR PRIVADO E CONCESSÕES

Embora o foco inicial tenha sido em obras públicas, há

uma movimentação crescente para que a cláusula de retomada

seja incorporada também em contratos privados e concessões.

Segundo Carol Ayub, a aplicabilidade no setor privado pode trazer

ainda mais valor ao segurado, uma vez que há maior liberdade

de escolha.

“No setor público, a escolha é pelo menor preço. No setor

privado, o segurado poderá escolher a seguradora que oferece o

melhor serviço. E é aí que a Tokio Marine se diferencia”, afirma. “Temos

um corpo técnico com engenheiros que acompanham os projetos,

analisam desvios e utilizam softwares avançados para prever

possíveis problemas na execução da obra. Essas informações são

compartilhadas com tomadores e segurados, o que é um diferencial

nosso”, completa.

De acordo com dados da Susep, o mercado de seguro garantia

fechou em 2024 com R$ 5,085 bilhões em prêmios emitidos.

Considerando os 12 meses até fevereiro de 2025, o montante

já alcançou R$ 5,362 bilhões, sinalizando um crescimento

contínuo de aproximadamente 42%.

A Tokio Marine segue na mesma

toada. “A carteira de garantia da seguradora

cresceu 40% até fevereiro deste ano.

Estamos alinhados ao nosso plano estratégico

e confiantes de que vamos cumprir

nossa meta para 2026”, pontua Carol.

Mesmo com o domínio do seguro

garantia judicial no portfólio, há uma

expansão clara das modalidades atreladas

à nova lei, especialmente a de performance.

“A cláusula de retomada já

está trazendo efeitos positivos e impulsionando

o crescimento do segmento”,

completa.

Outro pilar estratégico da seguradora

tem sido o investimento na formação

de corretores especializados. A

companhia mantém uma plataforma de

capacitação que oferece treinamentos

específicos em seguro garantia. “A gente

tem atuado fortemente nesse ponto. Percebemos

o interesse de corretores que

atuam em outras linhas, como transporte

e empresarial, buscando migrar para o

garantia. Eles veem nisso uma oportunidade

de diversificar e ampliar sua atuação”,

diz Carol.

Esse movimento é fundamental,

dado que o seguro garantia ainda é um

nicho com poucos especialistas no Brasil.

Com o amadurecimento da legislação e a

complexidade técnica do produto, a necessidade

de uma rede de distribuição

bem treinada é cada vez mais evidente.

A Tokio Marine atua com o objetivo

de liderar as transformações do mercado

de seguro garantia. Ela está apostando

em inovação, conhecimento técnico e especialização

para consolidar sua posição

no mercado.

“Nosso objetivo é sermos reconhecidos

como uma seguradora especialista

em garantia. Estamos prontos

para crescer junto com o mercado e contribuir

com o desenvolvimento de obras

públicas e privadas no Brasil”, finaliza a

executiva.

22


TOKIO MARINE

Liberdade para escolher onde morar

O SEGURO FIANÇA LOCATÍCIA GARANTE A PROPRIETÁRIOS DE IMÓVEIS

E INQUILINOS O PAGAMENTO DE TODAS AS DESPESAS REFERENTES AO

CONTRATO, ALÉM DE SERVIÇOS DURANTE A VIGÊNCIA DA APÓLICE

Kelly Lubiato

A

expansão do mercado imobiliário e as mudanças no comportamento

dos consumidores contribuíram para um avanço

significativo do seguro fiança locatícia. Este movimento fez

com que a Tokio Marine investisse fortemente em soluções que tornam

o seguro mais acessível, eficiente e atrativo para inquilinos, proprietários,

imobiliárias e corretores.

Um dos pilares da evolução da carteira na seguradora é o investimento

em tecnologia. “A gente vem investindo bastante na parte de inovação,

de melhorias do produto, porque ele é muito sensível às necessidades

de mercado”, avalia Magda Truvilhano, Superintendente de Produtos RD

Massificados da Tokio Marine. A empresa desenvolveu um sistema de integração

via API e Web Service que permite maior agilidade para os corretores

e imobiliárias, facilitando a cotação e emissão do seguro em tempo real.

Essa automação também melhora a análise de risco do cliente,

reduzindo o tempo de resposta e tornando o processo mais eficiente.

“Fazemos uma análise de crédito para dar retorno praticamente em real

time, online, para o corretor e o cliente”, explica.

A Tokio também buscou se diferenciar com coberturas exclusivas.

“Nós fomos a primeira seguradora a cobrir, na cobertura de danos

ao imóvel, uma garantia de desaparecimento de bens”, conta Magda. A

companhia foi pioneira nessa cobertura, o que aumenta a proteção ao

proprietário do imóvel.

O seguro fiança também cobre encargos como condomínio,

IPTU, contas de consumo, multas contratuais, pintura e danos ao imóvel

— coberturas acessórias que podem ser contratadas conforme a necessidade

de cada cliente.

CUSTO MAIS COMPETITIVO COM ANÁLISE PERSONALIZADA

Uma antiga queixa dos consumidores em relação ao seguro fiança

era o custo elevado para o inquilino. Mas isso tem mudado graças à personalização

da análise de risco. “O investimento que a gente vem fazendo

nessas análises, podendo apurar um pouco mais de detalhes do perfil, faz

com que você tenha uma cotação muito mais customizada do perfil individual

de cada um”, destaca Magda. Isso tem possibilitado a oferta de

preços mais justos e aderentes ao perfil do consumidor.

Os números comprovam o sucesso da estratégia. Em 2024, a carteira

de seguro fiança locatícia da Tokio cresceu 52%. Até abril de 2025, ele

já acumula um crescimento de 38%, mesmo sobre uma base elevada. “É

crescimento em cima de crescimento”, enfatiza Magda, demonstrando otimismo

com o desempenho contínuo do produto. A seguradora já alcançou

14% de market share, ocupando o terceiro lugar no ranking da Susep,

em um mercado ainda concentrado entre poucas seguradoras.

FIANÇA LOCATÍCIA

Magda Truvilhano

Esse crescimento está diretamente

ligado à expansão do mercado imobiliário e

às transformações no modo de viver da população.

“Tem crescido muito o número de

pessoas interessadas em morar de aluguel”,

pontua Magda. Dados do IBGE mostram que

a proporção de domicílios alugados subiu

de 18% em 2010 para 22,2% em 2022, o que

representa cerca de 6 milhões de imóveis a

mais nessa condição.

Além disso, o comportamento dos

consumidores está mudando. Cada vez mais

pessoas buscam mobilidade, flexibilidade e

independência. “As pessoas têm saído da casa

dos pais para ganhar mais qualidade de vida,

liberdade e flexibilidade”, esclarece a executiva.

A busca por imóveis próximos ao trabalho,

familiares ou em regiões com melhor qualidade

de vida impulsiona o aluguel como escolha,

não apenas como necessidade.

Por toda esta mudança de comportamento

que a Tokio Marine vem investindo

no produto, inclusive em processos cada vez

mais digitais.

Apesar de todo este investimento em

tecnologia, o corretor continua sendo uma

peça central na intermediação do seguro. “O

corretor vai ser sempre o intermediário entre

o produto e o cliente final”, ressalta Magda.

Ele é responsável por harmonizar os interesses

do proprietário, do inquilino, da imobiliária

e da seguradora, um desafio complexo

que exige conhecimento técnico e habilidade

de negociação.

>>

23


ESPECIAL SEGURO GARANTIA

POTTENCIAL SEGURADORA

Um caminho

de GRANDES

NÚMEROS

A POSIÇÃO DA POTTENCIAL COMO MAIOR

SEGURADORA DE LINHAS FINANCEIRAS É RESULTADO

DE UMA ESTRATÉGIA BEM ESTRUTURADA,

COMBINANDO VISÃO DE LONGO PRAZO, INOVAÇÃO

TECNOLÓGICA E RELACIONAMENTO COM O MERCADO

que representa uma oportunidade valiosa

para empresas preservarem seu capital.

“As modalidades judiciais são fundamentais

para a saúde financeira das empresas,

permitindo o pleno fluxo de caixa ao

invés de ter dinheiro parado em disputas judiciais”,

destaca o vice-presidente. A seguradora

atua com diversas modalidades, incluindo

Execução Fiscal, Judicial Cível, Trabalhista

e, mais recentemente, Garantias Arbitral e de

Substituição de Bens e Direitos Arrolados.

Carlos Ferreira Quick

Após um ano de 2024 muito positivo, no qual a empresa superou

a marca de R$1,2 bilhão em prêmios, com crescimento

de 10% em relação a 2023, a Pottencial Seguradora quer continuar

avançando dois dígitos em 2025.

A trajetória da Pottencial Seguradora no mercado de Seguro

Garantia é uma história de consistência, planejamento de longo prazo

e forte capacidade de adaptação diante das transformações regulatórias

e tecnológicas do setor. Em 2024, a companhia consolidou mais

uma vez sua posição como líder do segmento, com um total de R$

771,4 milhões em prêmios emitidos e R$ 641,5 milhões em prêmios ganhos,

de acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados

(Susep). Com 15,17% de market share, este é o sétimo ano consecutivo

em que a seguradora ocupa o topo da lista.

Carlos Ferreira Quick, vice-presidente da companhia, compartilha

os pilares dessa performance robusta e os próximos passos da empresa

em um cenário cada vez mais desafiador. “Quando a Pottencial

iniciou as operações em 2010, podemos dizer que estávamos aprendendo,

mas sempre pensando em construir algo a longo prazo, que

fosse consistente e que entregasse valor”, relembra Quick. Desde o início,

o Seguro Garantia foi o foco da companhia, o que permitiu não

apenas crescimento, mas o desenvolvimento de expertise e uma sólida

reputação no mercado.

Segundo o executivo, um dos pontos-chave dessa trajetória foi

a capacidade da companhia de se adaptar às transformações legais e

regulatórias. “Passamos por mudanças legais, como atualizações de

circulares da Susep que redefiniram modalidades, padronizaram cláusulas

e trouxeram maior transparência e flexibilidade.”

Entre os avanços regulatórios mais significativos, está a crescente

aceitação do Seguro Garantia Judicial. Inicialmente ignorada na legislação,

a modalidade hoje é amplamente reconhecida pelo Judiciário, o

EXPANSÃO, TECNOLOGIA E

INOVAÇÃO

A Pottencial oferece hoje mais de 60

modalidades de Seguro Garantia, atendendo

desde pequenas empresas até grandes

corporações. Além das tradicionais Garantias

de Performance, Licitação (BID) e Concessões,

o portfólio também acompanha clientes

em áreas como construção civil, mercado

financeiro, exportação e agronegócio.

Para suportar essa abrangência, a

companhia investe fortemente em tecnologia.

“Hoje, plataformas automatizadas permitem

que a análise de documentos e a triagem

dos casos sejam feitas com muito mais

velocidade”, afirma Quick. A inteligência artificial

também é usada na leitura de documentos

e na regulação de sinistros, especialmente

em casos de menor complexidade.

A digitalização dos processos trouxe

benefícios não apenas operacionais, mas

também estratégicos: maior capilaridade,

melhores decisões técnicas e a possibilidade

de criar experiências mais transparentes

e ágeis para clientes e parceiros.

UM ANO COM NOVIDADES

A expectativa para 2025 é de crescimento

acelerado, impulsionado especialmente

pela Nova Lei de Licitações (Lei

14.133/2021). A legislação permite que o

valor da garantia exigida suba para até 30%

do contrato, além de incluir a cláusula de

24


retomada, pela qual a seguradora se compromete

a concluir obras inacabadas.

“Esse novo cenário transfere a responsabilidade

de concluir obras do poder

público para as seguradoras”, explica. Isso

exige maior rigor na análise técnica e capacidade

de gestão de projetos, mas também

abre caminho para novos modelos de negócio

e mais relevância institucional para o

Seguro Garantia.

Nos últimos anos, a companhia expandiu

também por meio de aquisições

estratégicas. “Adquirimos recentemente a

carteira de Seguro Garantia da Sura Seguros,

aumentando ainda mais nossa atuação”,

diz o executivo. Em 2021, a Pottencial

já havia incorporado a carteira de Fiança

Locatícia da Cardif, fortalecendo sua posição

também nesse segmento, no qual é

vice-líder de mercado.

Além do Seguro Garantia, a companhia

aposta em linhas complementares como

Máquinas e Equipamentos, Riscos de Engenharia,

Seguro de Vida e Seguro Residencial.

RELACIONAMENTO E DIFERENCIAIS

Um dos principais diferenciais da Pottencial está no relacionamento

com os corretores e clientes. A empresa mantém uma plataforma

digital que oferece autonomia aos parceiros e simplifica a cotação

e emissão de apólices. “Nosso atendimento é atento, eficiente e focado

em proteger o que é valor para nossos clientes”, resume Quick.

A empresa conta com rating A+ (bra) da Fitch Ratings, auditoria

por Big Four, boa reputação junto aos resseguradores e um índice NPS

de 91 no primeiro trimestre de 2025, indicador que coloca a empresa

na faixa de encantamento dos clientes.

“Temos um pensamento de longo prazo. Buscamos construir relações

sólidas e entregar resultados consistentes, não apenas no curto

prazo”, reforça.

Apesar do crescimento expressivo, o Seguro Garantia ainda

enfrenta barreiras de conhecimento e adesão, tanto no setor público

quanto no privado. “Existe um desconhecimento significativo sobre o

produto, mesmo entre empresas da construção civil. É preciso desmistificar

seu uso”, alerta o executivo.

O Seguro Garantia exige gestão ativa, acompanhamento técnico

e atualização constante do status contratual. “É um produto

vivo”, define Carlos Ferreira Quick. A posição da Pottencial no Seguro

Garantia é resultado de uma estratégia bem estruturada, combinando

visão de longo prazo, inovação tecnológica e relacionamento com

o mercado.


MERCADO

NEWE SEGUROS

Uma solucionadora de problemas

NEWE SEGUROS QUER SE POSICIONAR COMO

PARCEIRA DOS CORRETORES QUE ATUAM

NA DISTRIBUIÇÃO DOS SEUS PRODUTOS,

INDEPENDENTE DA CARTEIRA OU TAMANHO

Para buscar resultados diferentes é preciso mudar

as ações. Com o objetivo de crescer a sua operação,

a Newe Seguros investiu na ampliação da sua

área comercial, abertura de novos canais e na criação de

novos produtos, ainda mais aderentes às necessidades

dos corretores de seguros e clientes.

Em 2025, a seguradora abriu novas frentes de atendimento

aos corretores de seguros, escalonando o atendimento

conforme o grau de relacionamento com a Newe,

como explica o diretor Comercial da companhia, Marcos

Pereira: “Revisamos os nossos fluxos para melhorarmos a

experiência do cliente, desde a jornada da contratação até

o pós venda, com entregas de ponta a ponta do processo”.

Três ramos foram contemplados com uma nova

linha de produtos: Liability, Property e riscos de Engenharia.

“No final do dia, é o mesmo corretor, mas eu o enxergo

por diferentes frentes de atuação. O desafio é justamente

consolidar essa visão integrada com o suporte de ferramentas

de BI, IA e CRM”, explica.

A estrutura permite não apenas entender o corretor

de forma mais granular, mas também centralizar os canais

de atendimento, proporcionando jornadas uniformes

e sem fricções, independentemente do ponto de contato.

“Nosso parceiro precisa cair sempre na mesma trilha de

experiência, com a mesma solução no final, seja pelo telefone,

site ou via equipe comercial”, afirma Pereira.

A Newe também aposta no modelo de Managing

General Agent (MGA ou MDA) — estrutura muito comum

no exterior, mas ainda pouco consolidada no Brasil. “Aqui

no Brasil ainda existe alguma desconfiança de que isso

seria uma terceirização desassistida do core business da

empresa, mas o nosso entendimento é de que no mercado

existem bons players, com muita capacidade e know

how, quando atuam de forma focada e direcionada, o segredo

é saber a quem se associar, como amarrar as pontas

e gerenciar esse processo em conjunto, unindo as forças e

escalando os resultados”, aponta Pereira.

Com um plano ambicioso de crescimento para

os próximos cinco anos, a Newe pretende se posicionar

como seguradora de destaque no mercado brasileiro.

Para alcançar essa meta, está abrindo novos canais de

distribuição, descentralizando a carteira e diluindo riscos.

Marcos Pereira

“Não queremos mais ser vistos como uma seguradora

apenas de agro. Queremos relevância em todos os ramos

onde atuamos, com equilíbrio entre os negócios”, destaca

o executivo.

SEGMENTAÇÃO DE CORRETORES E EXPANSÃO

COMERCIAL

Internamente, a Newe também estruturou sua força

de vendas para atender a diferentes perfis de corretores:

desde os digitais com operações menos recorrentes,

até os middle market e os corporate. Cada grupo recebe

atendimento adequado ao seu perfil em potencial, com

foco na qualificação de carteiras e desenvolvimento de

relacionamento.

Já fechamos grande parte do plano de expansão

da equipe comercial em 2025, mas ainda temos algumas

posições estratégicas em aberto. O crescimento rápido

pode exigir mais contratações, e estamos preparados para

isso”, afirma Pereira.

“A escolha de bons profissionais para o nosso time,

pessoas reconhecidas pelo mercado por bom atendimento,

suporte e resolutividade é o que nos conecta com nossos

parceiros nesta fase de reposicionamento. Queremos

ser lembrados na primeira oferta do mercado. Um parceiro

que entende as suas dores e urgências e traz soluções

para os seus desafios”, conclui o executivo.

26


EDUCAÇÃO

GESTÃO DE RISCO E INOVAÇÃO

IA

já está em todas as partes

COORDENADA PELA ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS, IMERSÃO NOS ESTADOS

UNIDOS ABRE NOVAS POSSIBILIDADES DE NEGÓCIOS PARA PARTICIPANTES

Kelly Lubiato

Uma delegação formada por corretores, consultores, advogados

e seguradores participou, entre os dias 28 de abril e 2 de

maio de 2025, de uma imersão internacional em gestão de

riscos e inovação na Universidade de Connecticut (UConn). O programa,

organizado pela Escola de Negócios e Seguros (ENS), incluiu visitas

a empresas como Zinnia, Capgemini e à Bolsa de Valores de Nova

York (NYSE), e colocou em pauta temas estratégicos como inteligência

artificial, mudanças climáticas e cibersegurança. A coordenação

foi do superintendente de São Paulo da Escola, Rodrigo Matos.

A abertura do evento foi marcada pela palestra de Brad Magnetta,

CEO da Modlee AI, que reforçou a ideia de que a revolução

da inteligência artificial já está em pleno

andamento. Magnetta apresentou fundamentos

sobre o uso de LLMs (Modelos

de Linguagem de Grande Escala) e agentes

de IA, oferecendo exemplos práticos

aplicados ao setor de seguros e à gestão

de riscos. Segundo o executivo, a adoção

estratégica dessas tecnologias será determinante

para o futuro das seguradoras e

resseguradoras. “Em vez do modelo tradicional

de grandes investimentos iniciais

27


EDUCAÇÃO

GESTÃO DE RISCO E INOVAÇÃO

Miriah Russo Kelly, da UConn

com resultados incertos, agora é possível

provar conceitos rapidamente e resolver

problemas de forma mais ágil. Isso influencia

decisões estratégicas sobre quais

produtos e serviços desenvolver e comercializar”.

A agenda também incluiu a participação

da cônsul do Consulado do Brasil

em Connecticut, Ana Paula Simões Silva,

que destacou a presença de cerca de 80

mil brasileiros no estado. Ela contou que,

com o avanço das notícias a respeito da

política contra imigrantes do atual presidente

americano, muitos brasileiros, que

antes estavam incógnitos para a Governo

brasileiro, passaram a regularizar sua documentação.

“Triplicou o movimento de

brasileiros querendo o passaporte. A luta

diária do consulado é fazer com que brasileiros

regularizem a sua situação”, comentou

a Cônsul.

UM DESAFIO URGENTE PARA O SETOR

Em uma das apresentações mais

impactantes, Miriah Russo Kelly, cientista

especializada em clima, abordou os efeitos

das mudanças climáticas na indústria de

seguros e as estratégias de adaptação necessárias.

Ela destacou que a modelagem

para análise de riscos é bastante complexa

e leva em conta inúmeros fatores, que vão

desde a movimentação de placas tectônicas

até o contraste da luz incidente sobre

a terra.

Dados apresentados por Scott Hawkins,

diretor da Conning, mostram que

Brad Magnetta, da Modlee AI

98% dos executivos acreditam que os riscos físicos climáticos afetarão

suas empresas, enquanto 96% veem impacto também nos

riscos de transição para uma economia verde.

Nos EUA, sete dos últimos oito anos registraram perdas por

catástrofes naturais superiores a US$ 40 bilhões anuais. “Em 2025,

essas perdas já superaram essa marca, impulsionadas por incêndios

em Los Angeles. Com isso, cresce o interesse em novos modelos de

transferência de risco, como securitização, instrumentos paramétricos

e a entrada de mercados de capitais alternativos no resseguro”,

pontuou Hawkins.

A tendência é o surgimento de seguradoras de nicho focadas

em riscos climáticos e a redefinição do papel das seguradoras,

que devem atuar de forma mais colaborativa, educativa e política

na gestão desses riscos​.

IA É O CENTRO DAS ATENÇÕES

Outro destaque da programação foi a palestra de David Palastro,

da Celonis, que enfatizou a importância da mineração de

processos (process mining) para a implementação eficaz de inteligência

artificial no setor financeiro e de seguros. Palastro defendeu

uma abordagem gradual (“caminhar, andar, correr”) para entender

e redesenhar processos antes da automação.

Segundo ele, as diferenças de maturidade digital entre as regiões

são relevantes, com a Europa estando entre 5 e 7 anos à frente

dos EUA no uso da IA em seguros. “Não é a IA que eliminará empresas,

mas sim os concorrentes que souberem utilizá-la melhor”, concluiu.

A transformação digital e a cultura organizacional também

dependem da adoção de novas tecnologias, como a Inteligência

Artificial. Mais do que isso, as empresas precisam estar abertas às

novidades, voltando-se para a experimentação, com agilidade e

abertura para o novo. Estes são os princípios que guiam as startups,

de qualquer área.

Alexander Fleischer, de Innovation Ecosystem & Ventures

Lead, e Kacey Burden, Strategist & Operations Lead, ambos da Capgemini,

apresentaram algumas tendências que podem ter aderência

ao mercado de seguros. Além dos pontos que já são conhecidos,

28


como a necessidade de se aproximar de startups para ter acesso às

inovações com mais agilidade e flexibilidade, eles mostraram que o

foco crescente está na criação de experiências personalizadas, mais

intuitivas e centradas no cliente.

A delegação brasileira também visitou a SOSA, um hub de

inovação que fica em Nova Iorque e que já possui atuação em

solo nacional. O trabalho dela é identificar as necessidades das

empresas e procurar dentre as soluções de diversas startups, a

que mais se ajusta e seja aderente. Jason Zilberkweit explicou

que a empresa pode atuar como uma pesquisadora de mercado,

mapeando as novidades e criando projetos de inovação. “Montamos

um cenário das novas tecnologias para montar a melhor

estratégia de negócio”.

HARTFORD: CAPITAL DOS SEGUROS

A escolha de Connecticut para sediar o evento não foi aleatória.

Hartford, a capital do estado, é conhecida como um dos maiores

centros de seguros do mundo, com o setor representando cerca de

22% a 25% do PIB local.

“A iniciativa reforça a importância de fomentar o conhecimento

global, a inovação tecnológica e a sustentabilidade no mercado

de seguros, em um momento em que riscos climáticos, cibernéticos

e operacionais demandam respostas rápidas e estratégicas“,

reforçou John Wilson, diretor da UConn e responsável pelo curso.

VISITA À NYSE

O encerramento da Imersão Internacional De Gerenciamento

de Riscos e Inovação, promovida pela ENS - Escola de Negócios e

Seguros, foi marcante. Os participantes tiveram a oportunidade de

visitar a NYSE (New York Stock Exchange), conhecer a sua história e

ainda assistir ao encerramento do pregão. Muito antes dos pregões

eletrônicos e da digitalização completa do mercado financeiro, a

Bolsa de Valores de Nova Iorque nasceu sob as folhas de uma árvore.

Literalmente. “Em 17 de maio de 1792, 24 corretores se reuniram

sob um sicômoro — conhecido como “Buttonwood Tree” — para assinar

um acordo comissionado que, com apenas uma frase, fundaria

o que se tornaria o maior centro financeiro do mundo”, explicou David

D’Onofrio, gerente dos arquivos da entidade.

A criação da NYSE está ligada à consolidação dos Estados

Unidos como nação. Após a independência, o Tesouro americano,

sob a liderança de Alexander Hamilton, estabeleceu-se próximo

ao centro financeiro de Nova Iorque. É possível conhecer um pouco

mais desta história assistindo ao musical Hamilton, baseado na

biografia desse ‘Founding Father’. A ideia era simples: estar onde o

dinheiro circulava. Foi ali que Hamilton negociou a localização da

capital federal e começou a estruturar um sistema financeiro robusto,

base de sustentação do país recém-formado.

Desde então, a evolução da NYSE foi marcada por momentos

simbólicos e avanços tecnológicos. O sistema inicial de negociação,

que destinava cinco minutos a cada papel, rapidamente se mostrou

obsoleto com o crescimento dos ativos. “A introdução do ticker, em

1867, e a criação dos postos fixos de negociação, a partir de um incidente

curioso em 1875, trouxeram mais eficiência ao mercado.

David Palastro, da Celonis

No século XX, a NYSE inaugurou sua sede

definitiva, em 1901, com o maior salão de

Manhattan, sistema de ar-condicionado

próprio e 500 linhas telefônicas”, enumerou

D’Onofrio.

O Brasil também tem lugar nesta

história centenária. Em 1920, foi listado

o primeiro título brasileiro na bolsa

nova-iorquina — um vínculo do governo

federal. Desde então, a relação entre

o mercado financeiro brasileiro e a NYSE

se intensificou, especialmente com empresas

nacionais abrindo capital internacionalmente,

em busca de visibilidade e

captação de recursos.

A presença feminina na NYSE, no

entanto, só se consolidou em 1967, com

Muriel Siebert tornando-se a primeira

mulher membro da bolsa. Já os computadores

desembarcaram no piso em 1979,

trazendo consigo 15 mil quilos em televisores

de tubo e iniciando a digitalização

total do sistema em poucos anos. Hoje,

traders usam tablets e notebooks com

naturalidade, seguindo uma trajetória iniciada

há mais de três décadas.

D’Onofrio destacou: “mesmo com

tanta inovação, a NYSE mantém uma

peculiaridade que a diferencia de outras

bolsas globais: a presença de especialistas

humanos. Em momentos de crise ou

eventos imprevistos, esses profissionais

podem adiar a abertura de determinado

ativo, reduzindo a volatilidade e promovendo

estabilidade — uma prática que

une tecnologia e inteligência humana”.

29


EVENTO

CONSEGURO

O futuro do seguro em debate:

tecnologia, regulação e sustentabilidade

A PRINCIPAL CONFERÊNCIA DO SETOR SEGURADOR BRASILEIRO FOI MARCADA POR REFLEXÕES

ESTRUTURAIS, CRÍTICAS POLÍTICAS, DESAFIOS CLIMÁTICOS E A URGÊNCIA DA ADAPTAÇÃO DIGITAL

Kelly Lubiato e Nicholas Godoy

Alessandro Octaviani, Dyogo Oliveira, Luiz Fux e Armando Virgilio

30


Durante a abertura oficial da Conseguro

2025, Dyogo Oliveira, presidente da

Confederação Nacional das Seguradoras

(CNseg), adotou um tom enfático ao criticar a

imposição de medidas que penalizam a poupança

e restringem a autonomia dos investimentos

do setor segurador. Ele classificou como “absurdo”

a obrigatoriedade imposta às seguradoras

de direcionarem suas reservas para a compra de

créditos de carbono, assim como a incidência de

IOF de 5% sobre valores aplicados em VGBL, tributando

o valor total investido e não apenas o

rendimento.

A Conseguro 2025, realizada pela CNseg,

em São Paulo/SP, reuniu executivos de todas as

áreas do mercado de seguros. Os debates foram

importantes para demonstrar a preocupação do

setor com os temas que o afetam diretamente. A

participação política também demonstrou a urgência

das discussões para que o setor continue

sustentável e juridicamente seguro.

Para Oliveira, as imposições burocráticas e

tributárias comprometem a capacidade de poupança

da população e minam o papel social do

setor segurador. “A expectativa de vida no Brasil

é elevada e um país que não se prepara para isso

está fadado a fracassar”, alertou. Ele defendeu uma

atuação mais ativa junto ao Congresso Nacional e

ao Executivo, especialmente no processo de regulamentação

da reforma tributária e na regulamen-

Luiz Fux

tação da legislação recém aprovada.

Sobre o tema ambiental, Oliveira afirmou que o setor deve

participar ativamente do debate global sobre mudanças climáticas.

Ele destacou a participação da CNseg na COP30 com a “Casa do Seguro”,

um pavilhão dedicado a apresentar soluções e iniciativas do

setor. “Não há como deter os efeitos da transição climática, mas podemos

mitigar seus impactos com a participação ativa do seguro”,

afirmou.

Armando Vergilio, presidente da Fenacor, destacou a velocidade

das transformações tecnológicas e sociais. Ele reconheceu que

o mercado está em constante mutação, exigindo que os 142 mil

corretores de seguros se reinventem em sintonia com a CNseg para

enfrentar os desafios da nova era.

Alessandro Octaviani, superintendente da Susep, reforçou a

necessidade de avançar em marcos regulatórios estruturantes. Destacou

a relevância da Lei 15.040, que trata dos contratos de seguros,

e da LC 213/2025, que regulamenta as cooperativas de seguros.

“Confiança é a base do nosso setor. A regulamentação precisa promover

diálogo e previsibilidade”, declarou. Octaviani sugeriu ainda

a criação de um núcleo estratégico de pensamento para antecipar

tendências que moldarão o mercado.

DISRUPÇÃO TECNOLÓGICA E

SEGUROS 4.0

A palestra de abertura, ministrada

por David Roberts, CEO da GEDI e fundador

da Global Inspiration Goals (GIG),

explorou as profundas mudanças causadas

pelas tecnologias exponenciais no

mercado segurador. Em sua apresentação

intitulada “Seguros 4.0”, Roberts observou

que a expectativa de vida das empresas

despencou de 67 para 15 anos nas últimas

décadas, em função da disrupção digital.

Segundo ele, o Brasil é um dos países

mais vulneráveis às mudanças tecnológicas,

e o setor de seguros precisará se

adaptar com agilidade a esse novo ambiente.

Roberts destacou o impacto de

tecnologias como inteligência artificial,

robôs humanoides e automação preditiva.

Ele mencionou exemplos como os

31


EVENTO

CONSEGURO

Painel sobre riscos emergentes

robôs da Tesla, capazes de executar mais

de 100 tarefas diárias, e a aplicação da IA

em diagnósticos médicos.

Essas inovações, disse ele, alterarão

completamente o conceito de risco.

Profissões como policiais, cirurgiões e

operários de construção civil poderão ser

substituídos por máquinas, o que exigirá

novas formas de precificação, regulação

e cobertura.

Apesar do entusiasmo, Roberts

fez advertências quanto aos riscos. Disse

que cientistas alertam sobre a possibilidade

de IA descontrolada representar ameaça à humanidade.

Apontou também que guerras do futuro serão travadas por máquinas,

alterando a lógica de seguros em setores como defesa e

segurança pública.

Encerrando, Roberts deixou uma mensagem provocadora:

“Somos a última geração a testemunhar o nascimento da tecnologia

exponencial e a primeira a moldar a próxima geração que viverá

completamente imersa nela.”

ESTABILIDADE CONTRATUAL E SEGURANÇA JURÍDICA

Um dos momentos mais institucionais da Conseguro foi

protagonizado pelo ministro do STF Luiz Fux. Em sua palestra sobre

a importância da segurança jurídica, Fux ressaltou que a pre-

32


O uso intenso das plataformas

digitais não transforma o caráter

comportamental das pessoas. A

empatia, o afeto e o amor não são

substituíveis por algoritmos”

NILTON MOLINA

visibilidade é a espinha dorsal da atividade econômica. “A estabilidade

contratual atrai investimentos, gera emprego e fortalece a

economia como um todo”, afirmou o ministro.

Para o magistrado, o contrato é a essência das relações privadas

e sua integridade deve ser respeitada pelo Estado. Ele reforçou

que a função social do contrato não elimina a autonomia das partes,

mas assegura que essa autonomia não colida com princípios fundamentais.

Fux defendeu ainda a ampliação da arbitragem como forma

de resolução de conflitos no setor de seguros, reduzindo a sobrecarga

do Judiciário e conferindo maior agilidade às decisões. Ele concluiu

lembrando que o Supremo tem atuado com responsabilidade

nos temas sensíveis do setor, garantindo equilíbrio entre os interesses

dos segurados e das seguradoras.

CLIMA, INOVAÇÃO E O FATOR HUMANO

Um dos painéis mais aguardados promoveu um debate multifacetado

sobre os efeitos das mudanças climáticas, o avanço das

tecnologias e a importância da empatia e da dimensão humana no

setor de seguros. Roberto Santos, presidente do Conselho Diretor

da CNseg, mediou o encontro e provocou os participantes com a

seguinte pergunta: “Até que ponto a utilização intensa da tecnologia

modifica o comportamento humano e influencia a evolução do

mercado de seguros?”

Nilton Molina, presidente do Conselho de Administração

da MAG Seguros e do Instituto de Longevidade MAG, respondeu

afirmando que a revolução digital é poderosa, mas não substitui

a natureza humana. “O uso intenso das plataformas digitais não

transforma o caráter comportamental das pessoas. A empatia, o

afeto e o amor não são substituíveis por algoritmos”, disse. Para

ele, a longevidade da sociedade está ancorada nessas virtudes humanas.

Molina destacou ainda que a inteligência artificial pode ser

aliada na educação securitária. “A relação entre corretor e cliente

é densa, complexa. A IA pode facilitar essa comunicação e ajudar

o consumidor a entender melhor os produtos de seguro”, completou.

Na mesma linha, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho

de Administração do Bradesco, pontuou que a tecnologia deve ser

uma ferramenta, não um fim. “É o pensamento humano que guia a

evolução. A tecnologia ajuda, mas não substitui a consciência coletiva

que sustenta o seguro.”

O painel também contou com reflexões

sobre sustentabilidade e mudanças

climáticas. Edson Franco, presidente

da Fenaprevi, introduziu o tema da transição

climática como prioridade estratégica.

Ana Toni, diretora-executiva do Instituto

Clima e Sociedade, ressaltou que

os dados já indicam que o cenário climático

tende a se agravar. Ela defendeu que

o setor segurador deve colaborar com o

poder público para desenvolver produtos

e políticas que promovam resiliência

climática.

Cristina Reis, do Ministério da

Fazenda, reforçou que o governo tem

trabalhado para incorporar pautas ecológicas

no planejamento financeiro. Ela

considerou fundamental o engajamento

do setor segurador como parceiro ativo

dessa transformação. Edward Lange, CEO

da Sancor Seguros, alertou para a baixa

conscientização securitária no Brasil e

defendeu a criação de coberturas obrigatórias

para catástrofes como forma de

proteção mínima.

Pedro Farme, CEO da Guy Carpenter

no Brasil, fez uma análise crítica

sobre a vulnerabilidade do país diante

das crises climáticas, agravada pela baixa

penetração dos seguros. Segundo

ele, é urgente implementar planos de

educação em risco para estimular a cultura

de proteção. O deputado federal

Fernando Monteiro, por sua vez, concluiu

que viveremos permanentemente

sob os efeitos da crise climática, mas

que é possível se preparar com planejamento

e inovação.

REGULAÇÃO, CIBERSEGURANÇA E O

PAPEL ESTRATÉGICO DO SETOR

A Conseguro 2025 abriu espaço

para temas regulatórios, inovação, cibersegurança

e novos modelos de negócio.

Três painéis distintos abordaram aspectos

fundamentais para o futuro do setor,

com ênfase na transformação digital, uso

de dados, proteção de informações sensíveis

e modernização regulatória.

No painel “Tecnologia & Inovação

para Diversificação de Produtos e Acesso

ao Mercado”, Nuno Vieira, sócio da EY,

conduziu o debate sobre como as segu-

33


EVENTO

CONSEGURO

David Roberts

radoras estão utilizando a tecnologia

para democratizar o acesso ao seguro.

Eduardo Juliano, superintendente da

Núclea, destacou que a integridade dos

dados é essencial para a precificação e

prevenção de fraudes. “Um setor como

o nosso não pode trabalhar com dados

frágeis. Precisamos de uma base sólida

para garantir eficiência e segurança.”

Iagê Miola, diretor da ANPD, reforçou

os riscos no uso de IA com dados sensíveis,

sobretudo na saúde. “A inteligência

artificial pode trazer eficiência, mas exige

responsabilidade redobrada quando se

trata da privacidade do cidadão.”

Ana Paula Schmeiske, superintendente

da Mapfre, apontou o crescimento

expressivo dos seguros cibernéticos,

impulsionado pela crescente exposição

digital. Para ela, o desafio está em comunicar

melhor esses produtos e torná-los

mais compreensíveis ao público geral.

“Inovação e acesso caminham juntos.

Precisamos simplificar a oferta e ampliar

o alcance.”

Somos a última geração a testemunhar o

nascimento da tecnologia exponencial e a

primeira a moldar a próxima geração que viverá

completamente imersa nela”

DAVID ROBERTS

No painel “Diálogo Regulatório: Visão Estratégica do Mercado”,

Dyogo Oliveira e Alessandro Octaviani discutiram os avanços da regulamentação

das entidades mutualistas. Octaviani explicou que a

Susep acompanhará de perto a governança e a solvência dessas instituições.

Vinicius Brandi, do Ministério da Fazenda, destacou o potencial

do seguro como indutor de crescimento econômico e defendeu

a criação do seguro de vida universal, ainda em debate com a Susep.

O encerramento ficou por conta do painel “Aperfeiçoamento

Regulatório e Competitividade”, que analisou o novo marco legal

do seguro, a LC 213/2025 e a Lei 14.770/2023, além do avanço

do Open Insurance e das exigências por previsibilidade. Carlos

Queiroz, diretor da Susep, reforçou a obrigatoriedade de análise de

impacto regulatório. Marcos Falcão (IRB(Re)) e José Antonio Maia

Piñeiro (Brasilcap) defenderam a construção de uma regulação

equilibrada e voltada ao desenvolvimento sustentável.

34


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