UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Letras - Repositório ...
UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Letras - Repositório ...
UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Letras - Repositório ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
parte <strong>de</strong> Constantino III, um romano-britânico. Os esforços político-estratégicos <strong>de</strong><br />
Constantino III passavam prioritariamente pelo controlo da Hispânia, on<strong>de</strong> o Imperador<br />
Honório possuía gran<strong>de</strong> apoio, mormente dos seus familiares, terratenentes po<strong>de</strong>rosos<br />
na Lusitânia, por isso incumbiu um seu general, Gerôncio, <strong>de</strong> aplacar tal apoio e<br />
proce<strong>de</strong>r ao controlo da província; face ao parcial insucesso da sua missão e<br />
adivinhando uma substituição <strong>de</strong>sonrosa do seu cargo, Gerôncio revoltou-se contra<br />
Constantino III e aliou-se as hordas germanas, à altura além Pirinéus. A aliança foi<br />
aceite e suevos, vândalos asdingos, silingos e alamanos penetram na Península Ibérica,<br />
segundo Idácio 8 , implacáveis (CAR<strong>DO</strong>SO 1982: 13), esten<strong>de</strong>ndo o terror que vinham<br />
provocando na Gália Meridional ao Norte da Hispânia.<br />
3.2. O Noroeste Peninsular no Baixo Império<br />
Nos tempos anteriores à chegada dos invasores germânicos, a situação política e<br />
económica vivida na Península Ibérica era, certamente, semelhante à verificada durante<br />
o século IV para o restante Império. Um estudo <strong>de</strong> José Blázquez evi<strong>de</strong>nciou uma<br />
relativa quebra produtiva verificada com a diminuição da exportação do azeite e até,<br />
pela presença <strong>de</strong> ânforas africanas na Hispânia, um importante indicador <strong>de</strong> que esta<br />
província não conseguia satisfazer a procura interna (BLÁZQUEZ 1990: 140). O<br />
mesmo autor enten<strong>de</strong>u que a mineração <strong>de</strong> ouro e prata haviam entrado em gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>clínio <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final da Dinastia dos Severos, isto é, meados do século III<br />
(BLÁZQUEZ 1990: 140). O sal e o garum continuariam, contudo, a abastecer Roma e o<br />
Oriente, sendo reconhecida a sua qualida<strong>de</strong> pela corte <strong>de</strong> Juliano (BLÁZQUEZ 1990:<br />
191).<br />
Carlos Alberto Ferreira <strong>de</strong> Almeida ao estudar as problemáticas da Gallecia do<br />
século IV e V, apontou a quebra dos vestígios arqueológicos nas zonas auríferas,<br />
dissociando a renovação ocorrida nas vias romanas nesta província atestada pelos<br />
miliários com uma reintensificação da exploração mineira (ALMEIDA CAF 1993:<br />
192). Antes preferiu relacionar esta renovação viária com a dinâmica vivida nesta<br />
região, impulsionada, em parte, pelas reformas fiscais <strong>de</strong> Diocleciano; tais reformas<br />
teriam implicado um aumento do "arroteamentos e a extensão dos solos aráveis, até<br />
Idácio foi bispo <strong>de</strong> Aquae Flaviae, pelo menos, em meados do século V, pois o relato histórico que<br />
produziu finda em 469; para o conhecimento <strong>de</strong>sta obra leia-se TRANOY, Alain, Hydace, ; e Crónica <strong>de</strong><br />
Idácio. Descrição da Invasão e Conquista da Península Ibérica pelos Suevos (Séc. V), Versão e<br />
Anotações <strong>de</strong> José Cardoso, Braga, Universida<strong>de</strong> do Minho, 1982<br />
27