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Bouça do Castro e da Corta de Casais (ALMEIDA CAB 1996a: 113-115), o que pode deixar indícios de um controlo mineiro da região em evidência. Na villa do Boudilhão, situada numa colina de encostas suaves, foram encontrados testemunhos que indiciam a existência de uma exploração agrária com origens no período final da Idade do Ferro, se atentarmos na existência das três casas castrejas (ALMEIDA CAB 1996a: 192). Mas parece possível que a referida exploração tenha perdurado para cronologias mais tardias no contexto da Romanização, com outra fisionomia arquitectónica, mormente pela comparação de elementos aqui aparecidos com os conhecidos em outros locais da nossa área de estudo, caso do forno cerâmico, da sepultura feita com tegulae e aparentemente sem espólio, para além de um capitel provincial toscano e das cerâmicas de fabrico comum romano (ALMEIDA CAB 1996a: 192-193). É que no Paço (Correlhã), Paço Velho e Prazil (Facha) ocorre a associação semelhante de vestígios deste tipo, pelo que começa a existir uma certa licitude para se agrupar os elementos e se apontar para o local a nomenclatura de villa tardia Para mais, a existência na periferia do local de indicadores de povoamento menor, caso dos hipotéticos casais de Canadelo e Bouça do Cavalo, subsidiários da exploração maior, compõem o quadro arqueológico daquele sítio. Esta exploração aproveitaria a sua excelente posição no centro do recanto da Serra de Antelas onde se acha actualmente a freguesia de Moreira para a prática da agro-pecuária. Como acima foi equacionado, a existência de dois casais na envolvente à villa do Boudilhão, parecem relacionar-se com a existência de caseiros que explorariam parte da propriedade do dominas, a qual possuiria nécropole e forno cerâmico próprios. Na margem sul do Lima surgem dois importantes exemplos desta articulação entre o edifício habitacional, o forno e a necrópole, nomeadamente o Paço (Correlhã) e Paço Velho (Facha), para além de duas explorações de semelhante importância e até articuladas territorialmente com aqueles dois sítios, respectivamente Igreja (Correlhã) e Prazil (Facha). Na freguesia da Correlhã os vestígios do povoamento disperso atribuído à parte final da Romanização são notáveis. Em tomo do Lugar do Paço, para onde se aponta uma villa (ALMEIDA CAB 1996a: 95-97), ocorre tegula em Barro, Mourelo, Tesido e Pregai, para além de se conhecer bem um forno no Lugar do Pereiro (ALMEIDA CAB 1996a: 100-106). Estaremos, como considerou o Professor Brochado de Almeida, perante uma repartição ào fundus da villa por uma série de rendeiros (ALMEIDA CAB 1995: 147)? Uma outra villa haveria na envolvente à igreja paroquial e da capela de 39
Santo Abdão, a atentar na grande quantidade de cerâmica comum romana, alguma dela até mais tardia, para além das grandes quantidades de íegula e fragmentos de dolia. Mas aqui não conhecemos mais sítios com vestígios na envolvente, o que torna mais difícil o estabelecimento de um quadro mais preciso na determinação do fundus, a não ser que a via romana secundária que atravessava este território tivesse funções de fronteira de territórios. A cautela aconselha-nos a incluir a hipótese de terem existido nécropoles por entre algum destes vestígios, mas ressalvamos a pertinência da hipótese levantada pelo Professor Brochado de Almeida, no que concerne à existência de um grupo de rendeiros que explorariam parcelas do fundus da villa do Paço (ALMEIDA CAB 1995: 147). O forno de Pereira é o único caso com segurança funcional, pois foi intervencionado arqueologicamente nos princípios da década de 90 (ALMEIDA et alii 1992: 481-482), e estaria seguramente ligado ao dominus daquela villa (ALMEIDA CAB 1995: 147). Ambas as villae mencionadas acima praticariam a exploração agro-pecuária dos seus fundi, ainda que o caso da v/7/a do Paço parece ter encontrado complemento económico com a produção industrial a partir do forno cerâmico do Pereiro. No caso dos vestígios da freguesia da Facha, o panorama é semelhante ao verificado na Correlhã, mas pode-se afirmar, sem embargo, a existência de uma maior definição geográfica da distribuição e associação dos vestígios, até pela presença de uma barreira natural, o Rio Tinto, que separou os fundi das villae do Prazil e do Paço Velho. Esta distinção parece ter grande perduração, dado que actualmente ainda é vigente na freguesia da Facha a separação entre a Meia de Cima, onde se incluem os vestígios subsidiários à villa do Prazil, e a Meia de Baixo, onde se agrupam os vestígios conotados com a villa do Paço Velho. A exploração agrícola centrada no Prazil parece ter-se iniciado algures durante o século I d.C, se atentarmos nas cerâmicas castrejas aparecidas durante as obras de construção de uma moradia (ALMEIDA CAB 1996: 130). A riqueza dos terrenos envolventes marcou a evolução da pequena exploração indígena para uma abastada exploração do tipo villa, cuja riqueza parece ser atestada no aparecimento de dois capitéis toscano provinciais nos terrenos de Tiandes, para além da profusão de íegula, imbrex, dolia, e as cerâmicas de uso comum romano (ALMEIDA CAB 1996: 130). Na envolvente do Prazil e Tiandes, a tegula ocorre pontualmente em Mende, Mangas e Telheiro. 40
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