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Novembro 2009 - eBooksBrasil

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duas horas. Pra não variar chegou de porre. Com um aspecto que me fez<br />

sentir pregos no estômago. Não sei bulir lucidamente com essa situação.<br />

Poupo vocês dos detalhes sórdidos da conversa.<br />

NEIVA: Aquele fiofó chupando manga aparece depois de sete anos, na data que a filha<br />

morreu, pra discutir negócios? Não falou em Beatriz?<br />

ODELAIR: Não tocou no nome da filha. Vocês tinham que ver o tipo, cheio de gás. O<br />

dono do “putero”.<br />

REGINA: Que insensibilidade. Imagino o que você deve ter sentido. Depois de tanto<br />

tempo e de tudo que aconteceu, ter que encarar aquele dragão de Comodo,<br />

ouvir a voz daquele homem.<br />

ODELAIR: Garanto a vocês que foi um tormento. Sentamos à mesa da cozinha e ele<br />

teve a audácia de pedir whisky. Assistindo Alexandre beber, já na terceira<br />

dose, falando enrolado, espumando, meu pensamento voltou pra Beatriz<br />

ensangüentada no carro retorcido. Ela no hospital. Morta no caixão. Gente,<br />

entrei em erupção vulcânica. Minha filha morta aos I5 anos - por culpa<br />

dele - e o cretino ali, vivo, falante, fazendo graça, encharcando o pacová<br />

de álcool.<br />

CLAUDETE: Numa hora dessas dá pra entender o que seja a ira bíblica. Ode, como<br />

você pôde casar - e pior - ficar casada com esse sujeito tanto tempo?<br />

Ricardo, Fernandinho e Miguel amavam você de verdade. Os três, gente<br />

finíssima. Alexandre não valia e não vale nem o que vomita.<br />

ODELAIR: Vocês, outros amigos, meus irmãos, me alertaram mil vezes contra<br />

Alexandre. Hilda, Milton, Vera, Tânia e Roberta, foram duros nas críticas.<br />

É aquela coisa da paixão. A ilusão idiótica de que um dia a figura mudaria.<br />

A debilidade mental da mulher que tenta, que quer ser feliz, apesar de um<br />

cotidiano de meleca. Foi isso. É aquele velho ditado espanhol: “cria corvos<br />

ao teu redor pra que te arranquem os olhos”.

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