SUSANA AURORA PIMENTA DA SILVA - Universidade do Porto
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Susana Aurora Pimenta da Silva<br />
BIORREMEDIAÇÃO EM ÁGUAS RESIDUAIS: remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong><br />
microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de alginato de sódio<br />
Dissertação de Mestra<strong>do</strong> em Hidrobiologia, apresenta<strong>do</strong> à Faculdade de Ciências da<br />
<strong>Universidade</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, para obtenção <strong>do</strong> grau de Mestre.<br />
Departamento de Zoologia e Antropologia<br />
Faculdade e Ciências da <strong>Universidade</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, 2007
AGRADECIMENTOS:<br />
Quero manifestar os meus mais sinceros agradecimentos às pessoas que<br />
contribuíram para que eu alcançasse este patamar.<br />
Á Professora Natividade, minha Orienta<strong>do</strong>ra e Coordena<strong>do</strong>ra de Mestra<strong>do</strong>,<br />
que me apoiou nos momentos mais difíceis, na minha convalescença e na minha<br />
ausência <strong>do</strong> país.<br />
Sem o seu apoio teria si<strong>do</strong> impossível concretizar a Tese e, ao mesmo tempo,<br />
concretizar o projecto em Angola.<br />
Ao meu co-Orienta<strong>do</strong>r, Amigo, segun<strong>do</strong> Pai, Mestre José Lopes, que tanto me<br />
apoiou com um carinho e paciência que não poderia ter encontra<strong>do</strong> em mais<br />
ninguém, um ser humano excepcional.<br />
À minha Directora e grande Amiga Dra. Eugénia Lobo, que sempre acreditou<br />
em mim e me incentivou continuamente no meu crescimento profissional e pessoal.<br />
Ao Dr. Rui Pinto, por quem tenho uma grande admiração, Administra<strong>do</strong>r da<br />
Clínica Sagrada Esperança, e meu Chefe no Projecto em Angola, que me facultou<br />
as amostras e me deu to<strong>do</strong> o apoio para concretizar este estu<strong>do</strong>.<br />
À Técnica de Laboratório <strong>do</strong> Departamento de Antropologia e Zoologia, Maria<br />
Helena Moreira, que pacientemente preparou as soluções-padrão e aju<strong>do</strong>u na<br />
realização <strong>do</strong>s ensaios para a detecção <strong>do</strong>s fosfatos nas minhas amostras
Ao meu grande Amigo Prof. Brandão, que sempre foi um grande entusiasta<br />
em relação ao meu trabalho.<br />
Aos meus colegas <strong>do</strong> hospital, e aos Amigos que sempre me apoiaram e<br />
incentivaram a progredir na carreira.<br />
Finalmente, à minha Família, a quem eu prezo mais na Vida, e que sempre<br />
me apoiaram, ajudan<strong>do</strong>-me a seguir em frente e a nunca olhar para trás, senão para<br />
aprender, pois me ensinaram que os erros podem ser, quan<strong>do</strong> os encaramos com<br />
humildade, alguns <strong>do</strong>s melhores Mestres para o nosso crescimento como Pessoas.<br />
Muito obrigada por fazerem parte <strong>do</strong> meu percurso....<br />
E deste percurso fez parte, inopinadamente, um poema que, enquanto me<br />
debruçava sobre esta investigação e subsequente escrita, me surgia em mente, sem<br />
qualquer esforço da minha parte. Talvez porque, a par das algas que ajudam a<br />
purificar não podemos deixar de pensar na existência de muitas outras. Que nos<br />
atraem o olhar pela sua beleza aparente mas que matam e asfixiam. Estas, pois, as<br />
palavras que mo diziam:
Eu preciso de palavras novas<br />
Eu preciso de palavras novas...<br />
Porque estas com que falo e comunico<br />
Estão velhas, sujas e cansadas.<br />
Envelheceram na monótona rotina,<br />
Dos desencantos <strong>do</strong> nosso dia-a-dia<br />
A dizer coisas tão triviais como ontem, hoje e amanhã,<br />
Tão triviais que nem existem sequer, como sempre e<br />
nunca,<br />
Pois ontem já foi hoje e amanhã, e vice-versa, é claro.<br />
Estão sujas, poluídas pelas mentiras com que<br />
mascaramos<br />
As falsidades das pontes de contacto.<br />
São elas que servem de lianas e seguram as tábuas<br />
Que nos ligam aos outros<br />
Sobre o vazio da Vida.<br />
Só as limpamos <strong>do</strong>lorosamente<br />
Na nossa mais profunda intimidade,<br />
Dentro de nós mesmos,<br />
Quan<strong>do</strong> já nos sentimos sufocar,<br />
Como peixes em águas contaminadas<br />
Pelos desperdícios necessários,<br />
Mas que nem por isso perdem a sua condição de lixo.<br />
Mesmo que o rio esteja enfeita<strong>do</strong><br />
Com as algas prolíficas,<br />
Verdes mas falsas, que não deixam chegar lá baixo,<br />
A luz <strong>do</strong> sol que vivifica.<br />
Estão cansadas de serem outra coisa, múltiplas quase<br />
sempre,<br />
De funcionarem como flores ou outros ornamentos,<br />
A cobrirem sentimentos frios como a indiferença<br />
Ou a preencher os vazios, aqueles espaços incómo<strong>do</strong>s,<br />
Quan<strong>do</strong> o nosso coração está morto<br />
E já não há mais nada para dizer,<br />
E o silêncio grita e diz da nossa morte e da nossa solidão.<br />
Essas palavras que já não dizem nada, recuso-as.<br />
Quero palavras novas, claras e precisas,<br />
Transparentes e límpidas,<br />
Que não precisem de nenhum dicionário,<br />
Valiosas em si mesmas.<br />
Palavras novas, talhadas na Verdade, como um cristal,<br />
Tão nítidas que nunca ofereçam dúvidas<br />
Nem alimentem segundas intenções.<br />
Mas se um dia tivermos essas palavras novas<br />
Não será tu<strong>do</strong> ainda mais difícil?<br />
(Citação de Maria <strong>do</strong> Carmo Cruz)
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
RESUMO<br />
A eutrofização de ecossistemas aquáticos é, cada vez mais, uma<br />
problemática no nosso planeta. Nos processos de eutrofização existe um grande<br />
aumento de nutrientes, que provocam uma degradação de meios aquáticos, sen<strong>do</strong><br />
que os nitritos e os fosfatos se contam entre os principais nutrientes. Com o<br />
aumento <strong>do</strong> crescimento populacional e da sua concentração em grandes<br />
superfícies industriais, houve necessidade de se definirem novas estratégias para<br />
remover os poluentes <strong>do</strong>s ecossistemas, pois que o uso de técnicas químicas de<br />
remoção daqueles nutrientes tem provoca<strong>do</strong> diversos tipos de poluição<br />
Actualmente, e ten<strong>do</strong> como base o principio de que os ecossistemas reagem<br />
a alterações, quer antropogénicas quer de outra natureza, através <strong>do</strong>s<br />
microrganismos, tem-se recorri<strong>do</strong> à biodegradação pelo recurso à meto<strong>do</strong>logia de<br />
biorremediação. Esta é uma técnica que utiliza microrganismos para promover a<br />
degradação de poluentes com intenção de diminuir ou eliminar contaminantes<br />
ambientais.<br />
O estu<strong>do</strong> efectua<strong>do</strong> foi basea<strong>do</strong> na técnica de biorremediação aplicada ao<br />
tratamento de águas residuais de uma Clínica Hospitalar em Luanda (Angola).<br />
Procedeu-se à remoção de fosfatos das águas residuais (amostra em estu<strong>do</strong>) por<br />
imobilização da microalga Clorella vulgaris em meio de alginato de sódio.<br />
Consideramos que seria de interesse realizar um novo estu<strong>do</strong>, com um<br />
controlo mais estreito das variáveis que possam ou não alterar o comportamento das<br />
microalgas e, consequentemente, a concentração de fosfatos na amostra de águas<br />
residuais.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 5
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
ABSTRACT<br />
Eutrofization of aquatic ecosytems is more and more a problematic of our planet to<br />
be considered. In the eutrofization processes there have been a great increase of<br />
nutients, which causes degradation of aquatic means, the nitrites and fosphastes<br />
being among the principal nutrients. As long as there has been an increased<br />
population growth and their concentration in large industrial areas, it was felt as<br />
necessary to define new approaches to remove polluantes from the ecosystems,<br />
since the use of chemical technics to remove those nutrients has been the cause of<br />
several different types of pollution.<br />
Nowadays and ased on the principle that ecosystems react to changes, either<br />
atropogenic or of any other nature, through mirorganisms, biodegradation has been<br />
being used by means of the bio-remediation metho<strong>do</strong>logy. This is an approach that<br />
uses microorganisms to promote polluents degradation, aiming at reducing or even<br />
eliminating environmental contaminants.<br />
This research was based on the bio-remediation apprach apllied to the treatment of<br />
residual waters of a Clinic in Luanda (Angola) and it consisted of fosphates remotion<br />
from the residual waters (sample study) by iobilization of the microalga Clorella<br />
vulgaris in sodium alginato medium.<br />
At the end of this research we think that it must be of interest to make further studies,<br />
then in conditions of a narrower control of the variables which may or may not alter<br />
the behaviour of the microalgae and, as a consequence, the concentration of<br />
phosfates in residual waters sample.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 6
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
RÉSUMÉ<br />
L'eutrofisation des écosystèmes aquatiques est l’une des questions les plus<br />
problématiques auxquelles notre planète <strong>do</strong>it faire face actuellement. Dans les<br />
processus d'eutrofisation on vérifie une grande augmentation des nutrients, en<br />
particulier des nitrites et des phosphates, ce qui provoque une dégradation des<br />
milieux aquatiques. Avec l'augmentation de la population et de sa concentration dans<br />
les grandes zones industrielles, il a fallu definir de nouvelles stratégies pour retirer<br />
les polluants des écosystèmes, vu que l'utilisation des techniques chimiques du<br />
déplacement de ces nutrients a provoqué des différents types de pollution.<br />
Actuellement, et ayant comme base le principe que les écosystèmes<br />
réagissent aux changements, soit antropogéniques soit de toute autre nature, à<br />
travers les microrganismes, on fait appel à la biodégradation utilisant la<br />
métho<strong>do</strong>logie de la biorremédiation. C'est une technique qui emploie des<br />
microrganismes pour favoriser la dégradation des polluants avec l'intention de<br />
diminuer ou éliminer les contaminants de l’environnement.<br />
L'étude realisée s’appuie sur la technique de la biorremédiation appliquée au<br />
traitement de l'eau résiduelle d'une clinique d'hôpital à Luanda (Angola). On a<br />
déplacé des phosphates des eaux résiduelles (échantillon en étude) pour<br />
l'immobilisation de la microalgue Clorella vulgaris dans un milieu d'alginat de<br />
sodium.<br />
Nous trouvons qu'il serait intéressant de réaliser une nouvelle étude, avec un<br />
contrôle plus étroit des variables qui peuvent ou non modifier le comportement des<br />
microalgues et, par conséquent, la concentration de phosphates dans l'échantillon<br />
d'eau résiduelle<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 7
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
ÍNDICE<br />
1-INTRODUÇÃO………………………………….......................13<br />
1.1-Eutrofização……………….………......................……………….......16<br />
1.1.1- Fósforo e Fosfatos……......…………………………………..................18<br />
1.1.2-Concentrações de fósforo em ecossistemas aquáticos..................20<br />
1.1.3- Remoção <strong>do</strong> fósforo………………………………................................21<br />
1.1.3.1- Remoção de fósforo por precipitação química……...........21<br />
1.2-Biorremediação…………................……………………………….…22<br />
1.2.1-Condições da biorremediação…….................…………………...........24<br />
1.2.1.1- Oxidação e redução de contaminantes..........……..............25<br />
1.2.2- Processos de biorremediação………........…………………...........….25<br />
1.2.2.1- Biorremediação <strong>do</strong>s solos…………..............……............….27<br />
1.2.2.2- Fitorremediação………………….......…..........................…....28<br />
1.3-Águas residuais versus tratamentos físicos e químicos…........29<br />
1.3.1-Remoção biológica <strong>do</strong> fósforo……………………………................….32<br />
1.4-Remoção <strong>do</strong> fósforo de águas residuais por meio de<br />
algas imobilizadas…..........…......................................................34<br />
1.4.1-Imobilização de algas………………....................……………………….29<br />
1.4.2-Requisitos básicos para um útil e eficiente sistema de<br />
algas imobilizadas.........................................................................................36<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 8
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
1.4.3-Méto<strong>do</strong>s de Imobilização celular……………….................……………41<br />
1.4.4-Chlorella vulgaris e a remoção de fósforo…………..........…….........46<br />
1.5-Objectivos…………….................……………………………………..49<br />
2-MATERIAL E MÉTODOS……..................…………………...50<br />
2.1-Algas usa<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>……………............…………………....50<br />
2.2-Amostragem de água residual………………………..............….…51<br />
2.2.1-Frequência de colheitas de amostra, acondicionamento<br />
e transporte....................................................................................................51<br />
2.2.2-Equipamento laboratorial...................................................................52<br />
3-IMOBILIZAÇÃO..................................................................................52<br />
A-Preparação das microalgas para a imobilização...................................52<br />
B-Matriz de gel utilizada...............................................................................53<br />
C-Técnica de imobilização da Chlorella vulgaris.......................................54<br />
D-Adição das esferas de microalgas à água residual...............................55<br />
3.1-Princípio da detecção <strong>do</strong>s fosfatos..............................................57<br />
4-RESULTADOS......................................................................57<br />
5-DISCUSSÃO.........................................................................60<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 9
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
6-CONCLUSÃO.......................................................................53<br />
7-BIBLIOGRAFIA....................................................................62<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 10
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
ÍNDICE DE FIGURAS<br />
Figura 1......................................................................................................................44<br />
Figura 2......................................................................................................................47<br />
Figura 3......................................................................................................................55<br />
Figura 4......................................................................................................................58<br />
Figura 5......................................................................................................................59<br />
ÍNDICE DE TABELAS<br />
Tabela 1.....................................................................................................................37<br />
Tabela 2.....................................................................................................................40<br />
Tabela 3.....................................................................................................................57<br />
Tabela 4.....................................................................................................................58<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 11
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
1- INTRODUÇÃO<br />
O grande crescimento da população humana e a sua concentração em<br />
determinadas áreas constitui, directa ou indirectamente, um <strong>do</strong>s principais factores<br />
responsáveis pelo fenómeno da contaminação ambiental. Directamente, em função<br />
da produção de quantidades cada vez maiores de resíduos (lixos <strong>do</strong>mésticos e<br />
industriais, esgotos, etc.) e, indirectamente, em função <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> consumo<br />
(Vi<strong>do</strong>tti & Rollemberg, 2004).<br />
Tem-se observa<strong>do</strong> que o próprio meio ambiente reage a cada intervenção,<br />
quer benéfica quer maligna, provocada pelo Homem. Assim, e ten<strong>do</strong> em vista o<br />
objecto concreto da nossa investigação, verifica-se que são principalmente os<br />
microrganismos que, nos ecossistemas aquáticos, reagem contra os agentes<br />
agressores degradan<strong>do</strong>-os, constituin<strong>do</strong>-se assim como uma arma de defesa<br />
ambiental, passível de ser potencializada. A utilização e potencialização desta<br />
capacidade microbiana de degradação de agentes contaminantes denomina-se<br />
biodegradação, e a meto<strong>do</strong>logia de utilização desta capacidade para remediação<br />
ambiental designa-se por biorremediação (Korda, 1997; Martins et al., 2003;).<br />
A biodegradação e a biorremediação estão a ser utilizadas como meios de<br />
enfrentar e responder à crescente preocupação, tanto a nível social como<br />
económico e político, com o meio ambiente e com o impacto causa<strong>do</strong> a este pela<br />
poluição. E dentro deste vasto campo que é a relação Terra-Desenvolvimento-<br />
Poluição, uma das vertentes que mais atenção tem mereci<strong>do</strong> é a que decorre da<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 12
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
deposição inadequada de resíduos <strong>do</strong>mésticos e industriais, principalmente de<br />
resíduos perigosos, por implicar a contaminação <strong>do</strong>s solos e <strong>do</strong>s meios hídricos,<br />
conduzin<strong>do</strong> à eutrofização de ecossistemas aquáticos (Imbelloni, 2004).<br />
Já há muitos anos que os méto<strong>do</strong>s de depuração de águas residuais<br />
dependiam apenas de mecanismos naturais de auto-depuração (lagos, rios,<br />
ribeiros), para um adequa<strong>do</strong> tratamento e dispersão <strong>do</strong>s agentes poluentes, da<strong>do</strong><br />
que, comparativamente, se verificavam baixas concentrações de desperdícios.<br />
Actualmente, e pelas razões já apontadas (concentrações humanas e industriais de<br />
grande porte) tanto a concentração de poluentes como o volume <strong>do</strong>s esgotos de<br />
águas residuais descarrega<strong>do</strong>s atingem volumes demasiadamente eleva<strong>do</strong>s para<br />
serem trata<strong>do</strong>s apenas por ecossistemas naturais (Vi<strong>do</strong>tti & Rollemberg, 2004).<br />
O tratamento de águas residuais, apesar da sua extrema e directa<br />
importância na saúde pública e ainda <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> de que se reveste sob o ponto<br />
de vista ecológico, e mesmo estético, entre outros, é, geralmente, visto como uma<br />
prioridade de menor escala, especialmente em países em desenvolvimento. Este<br />
facto leva a que a maior parte das águas residuais sejam muito frequentemente<br />
lançadas próximo de aquíferos, o que vai conduzir à alteração <strong>do</strong> ecossistema<br />
aquático, traduzi<strong>do</strong> em eutrofização.<br />
Os esgotos municipais são os que mais contribuem para a poluição da água natural<br />
e consequente eutrofização <strong>do</strong>s aquíferos, pois a maior parte destes esgotos contém<br />
uma concentração excessiva de fósforo, elemento fundamental nos processos de<br />
eutrofização, (Shiny et al., 2004).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 13
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
De entre as meto<strong>do</strong>logias de remoção de fósforo que têm si<strong>do</strong> estudadas, no<br />
âmbito da biorremediação, destaca-se a técnica que faz uso de algas imobilizadas.<br />
Uma dessas algas, a microalga Chlorella vulgaris, tem si<strong>do</strong> largamente utilizada em<br />
muitos estu<strong>do</strong>s no campo <strong>do</strong> tratamento das águas residuais <strong>do</strong>mésticas, em meio<br />
imobiliza<strong>do</strong>, para a remoção <strong>do</strong>s fosfatos e outros nutrientes, (Lustigman et al.,<br />
1994).<br />
Embora o primeiro estu<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> envolven<strong>do</strong> algas imobilizadas date de<br />
1966 (Hiller & Park, 1969), é só na década de oitenta que La Noüe e os seus<br />
colabora<strong>do</strong>res aparecem como pioneiros na introdução da tecnologia da<br />
imobilização de algas para o tratamento de águas residuais, nomeadamente na<br />
remoção de azoto e fósforo (Chevalier & de la-Noüe, 1985a e 1985b).<br />
A partir de 1990, mais de 50% <strong>do</strong>s registos de estu<strong>do</strong>s de algas referem o seu<br />
uso no tratamento de águas residuais (Shiny et al., 2004).<br />
Em 1992, um estu<strong>do</strong> indicava que a Chlorella vulgaris, imobilizada em meio<br />
de alginato, era mais eficiente na remoção <strong>do</strong>s nutrientes fósforo e azoto de água<br />
residual <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> aquela alga se encontrava livre no mesmo meio. Nesse<br />
estu<strong>do</strong>, os autores referem uma remoção de cinco vezes maior de fosfato por<br />
Chlorella vulgaris quan<strong>do</strong> imobilizada em meio de alginato (Megharaj et al., 1992).<br />
Dada a necessidade cada vez maior <strong>do</strong> tratamento das águas residuais,<br />
ten<strong>do</strong> em vista a sua reutilização e o decorrente imperativo de remover os fosfatos e<br />
outros nutrientes, especialmente no âmbito <strong>do</strong> tratamento das águas residuais<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 14
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
<strong>do</strong>mésticas, as vantagens oferecidas pelo recurso à microalga Clorella vulgaris,<br />
nomeadamente em meio imobiliza<strong>do</strong>, são indiscutíveis. Daí a sua utilização em larga<br />
escala em muitos estu<strong>do</strong>s neste campo (Lustigman et al., 1994).<br />
1.1-Eutrofização<br />
A Eutrofização é um processo natural que corresponde ao envelhecimento de uma<br />
massa de água interior (lago natural, albufeira ou outro reservatório). Este processo<br />
de envelhecimento encontra-se associa<strong>do</strong> ao enriquecimento dessa massa de água<br />
em nutrientes (principalmente azoto e fósforo) e à consequente alteração da<br />
frequência e da diversidade de espécies, de que resulta a diminuição média da<br />
profundidade <strong>do</strong> lago, devi<strong>do</strong> à acumulação de sedimentos, poden<strong>do</strong> mesmo levar<br />
ao seu desaparecimento, com a posterior transformação em ecossistemas<br />
terrestres. (Oliveira et al., 1999; Carapeto, 1999).<br />
Traduz-se pelo desenvolvimento explosivo de populações de algas,<br />
caracterizan<strong>do</strong>-se, normalmente, pela formação de uma película verde à superfície<br />
das águas. Este processo, conheci<strong>do</strong> vulgarmente como “flor de água”, é designa<strong>do</strong><br />
na linguagem anglo-saxónica por bloom (Mendes & Oliveira, 2004).<br />
Em geral, a limitação da produção primária é estabelecida pela relação <strong>do</strong>s<br />
teores de fósforo (fosfatos) e azoto. A entrada de nutrientes em águas pouco férteis<br />
aumenta as taxas de produção primária. Os teores de azoto e fósforo são<br />
frequentemente relaciona<strong>do</strong>s como os principais factores <strong>do</strong> crescimento e estrutura<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 15
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
da comunidade fitoplanctónica e liga<strong>do</strong>s à acumulação da biomassa. (Matsuzaki et<br />
al., 2004).<br />
Um bloom, fenómeno em águas superficiais que corresponde a uma resposta<br />
ambiental devida a um excesso de nutrientes, proporciona um desenvolvimento<br />
vegetal anormalmente importante. É um processo contínuo desde que e enquanto<br />
existirem os nutrientes que propiciem tal desenvolvimento algal.<br />
Quan<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s nutrientes falta, (sen<strong>do</strong> que, normalmente, o primeiro em<br />
relação ao qual tal acontece em águas <strong>do</strong>ces interiores é o fósforo), verifica-se uma<br />
paragem no crescimento e a morte da população vegetal. A consequência normal da<br />
morte da população vegetal é a deposição, no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas aquáticos, da<br />
matéria orgânica morta. Esta matéria orgânica cria condições de desenvolvimento<br />
acelera<strong>do</strong> de organismos heterotróficos decompositores presentes nas águas<br />
afluentes, levan<strong>do</strong> a uma elevada densidade destes organismos. (Wetzel, 1993;<br />
Mendes & Oliveira, 2004).<br />
Uma elevada densidade de organismos decompositores implica um consumo<br />
de oxigénio correspondentemente eleva<strong>do</strong> e, eventualmente, induz a condições de<br />
anaerobiose. Deste mo<strong>do</strong>, podem criar-se condições redutoras no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema<br />
aquático, dan<strong>do</strong>-se a eventual libertação de compostos responsáveis por cheiros<br />
desagradáveis, tais como áci<strong>do</strong> sulfídrico, metano, e outros, que podem, pelo mau<br />
cheiro, prejudicar as populações vizinhas.<br />
Outra consequência frequente de um desenvolvimento algal é a secreção de<br />
substâncias que degradam a qualidade da água, tornan<strong>do</strong>-a imprópria para uso,<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 16
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
quer <strong>do</strong> ponto de vista organoléptico (cor, sabor e cheiro) quer sen<strong>do</strong> a causa, em<br />
alguns organismos-alvo, de efeitos tóxicos. Estes fenómenos provocam uma<br />
degradação e alteração <strong>do</strong>s sistemas aquáticos que podem comprometer a<br />
utilização destas águas, ten<strong>do</strong> em vista a produção de água de consumo humano<br />
(Mendes & Oliveira, 2004).<br />
1.1.1-Fósforo (Fosfatos)<br />
O fósforo encontra-se presente na natureza sob a forma mineral e orgânica,<br />
constituin<strong>do</strong> cerca de 0.07% da crusta terrestre. É um elemento essencial à vida e<br />
não é tóxico para os seres vivos. Porém, o fósforo é o nutriente mineral que mais<br />
limita a produtividade biológica nas águas e no solo, uma vez que contribui para o<br />
processo de eutrofização, visto permitir e acelerar a proliferação de organismos<br />
aquáticos, inclusive de algas produtoras de toxinas, (Massoud, 1992; Wetzel, 1993;<br />
Mendes & Oliveira, 2004,).<br />
O fósforo sob a forma de P–PO4 3- é a forma sob a qual, normalmente, se<br />
encontra dissolvi<strong>do</strong> nas águas superficiais, poden<strong>do</strong> resultar da biodegradação das<br />
substâncias orgânicas ou da lixiviação <strong>do</strong>s solos; contu<strong>do</strong>, o maior contributo para o<br />
aparecimento de fosfato decorre de resíduos e efluentes industriais, <strong>do</strong>mésticos e<br />
agrícolas, (Mackereth et al., 1978; Lévêque, 2002)<br />
Convém, todavia, salientar que um <strong>do</strong>s principais fornece<strong>do</strong>res de fósforo<br />
provém das águas residuais <strong>do</strong>mésticas, onde se encontra sob a forma de fosfatos<br />
provenientes <strong>do</strong>s detergentes, ou como resulta<strong>do</strong> da biodegradação da matéria<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 17
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
orgânica aí presente. Os fosfatos podem ser utiliza<strong>do</strong>s em detergentes como<br />
agentes de redução da dureza da água. No entanto, este uso deve ser restringi<strong>do</strong>,<br />
devi<strong>do</strong> à possibilidade de poluição de rios, sapais, e lagoas (Lévêque, 2002; Mendes<br />
& Oliveira, 2004).<br />
Geralmente, o fósforo é mais escasso <strong>do</strong> que os outros nutrientes, tais como<br />
o azoto e o potássio. Se o sistema florestal não reciclasse o fósforo, este poderia<br />
tornar-se tão escasso que limitaria o crescimento das plantas da floresta<br />
Os fosfatos funcionam como índice de capacidade eutrofizante <strong>do</strong>s nutrientes<br />
conti<strong>do</strong>s numa massa de água, assumin<strong>do</strong> o maior interesse no âmbito da gestão<br />
<strong>do</strong>s recursos hídricos. Não se trata de um risco sanitário directo, mas sim de uma<br />
fonte de inconvenientes potenciais, que importa prever e controlar quan<strong>do</strong><br />
necessário.<br />
A principal fonte de fósforo nos ecossistemas aquáticos <strong>do</strong> nosso país é a<br />
água de escorrimento superficial das bacias de alimentação. A quantidade de fósforo<br />
que chega, por esta via, às massas de água, é condicionada pela natureza <strong>do</strong> solo<br />
da bacia e pelo tipo de aproveitamento a que está sujeita. Como exemplo comum e<br />
concreto, a aplicação de fertilizantes na agricultura, a montante da massa de água, é<br />
um <strong>do</strong>s factores que pode potenciar o aumento da quantidade de fósforo nas águas<br />
de escorrimento.<br />
A urbanização tem um efeito semelhante, na medida em que os esgotos<br />
<strong>do</strong>mésticos têm, geralmente, teores eleva<strong>do</strong>s de fósforo. Daí que muitas massas de<br />
água a jusante de regiões com mau ordenamento rural e/ou urbano, apresentem,<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 18
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
com muita frequência, concentrações elevadas deste elemento. Este facto não só<br />
contribui para a rápida eutrofização daquelas massas de água, como também, se<br />
não for devidamente equaciona<strong>do</strong>, conduz necessariamente a uma má gestão desse<br />
recurso que, em muitos ecossistemas, se caracteriza pela sua escassez. (Wetzel,<br />
1993; Mendes & Oliveira, 2004).<br />
1.1.2-Concentrações de fósforo em ecossistemas aquáticos<br />
As concentrações de fósforo alteram-se consoante a sua forma química. Quanto ao<br />
fósforo inorgânico, as diversas formas de ião ortofosfasto dependem <strong>do</strong> pH da água.<br />
Em águas não poluídas, o teor <strong>do</strong> fósforo situa-se entre 1µg/l e 200mg/l, no caso de<br />
lagos salga<strong>do</strong>s. Pode, no entanto, dizer-se que, na maior parte das águas naturais,<br />
as concentrações de fósforo variam entre 10 a 15 µg por litro, nas camadas<br />
superficiais.<br />
Nas águas <strong>do</strong>ces superficiais, o teor em fosfatos tem de ser cuida<strong>do</strong>samente<br />
controla<strong>do</strong>, na medida em que constitui o factor limitante primário <strong>do</strong>s processos de<br />
eutrofização, ou seja, <strong>do</strong> crescimento de algas e de outras plantas interiores. Por<br />
isso, torna-se conveniente que a concentração <strong>do</strong>s iões fosfato, expressa em<br />
fósforo, não ultrapasse 0.01mg/L. ( Mackereth et al 1978; Lévêque, 2002; Mendes &<br />
Oliveira, 2004).<br />
O teor em fósforo na água para consumo humano é regulamenta<strong>do</strong> em<br />
Portugal pelo Decreto-Lei 236/98, que veio substituir o Decreto-lei nº74/9, sen<strong>do</strong> que<br />
o valor máximo admiti<strong>do</strong> (VMA) é de 5,0 mg/l. É de referir, contu<strong>do</strong>, que na actual<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 19
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
directiva relativa à qualidade da água para o consumo humano, o parâmetro fósforo<br />
foi elimina<strong>do</strong> <strong>do</strong> âmbito <strong>do</strong>s que deverão ser utiliza<strong>do</strong>s no controlo da qualidade da<br />
água para aquele fim específico, uma vez que outros parâmetros o controlam<br />
indirectamente, (Mendes et al., 2004).<br />
1.1.3-Remoção <strong>do</strong> fósforo<br />
Os processos de remoção de fósforo das águas residuais podem associar-se em<br />
<strong>do</strong>is grupos: processos de remoção por precipitação química e processos<br />
combina<strong>do</strong>s de remoção de azoto e fósforo por méto<strong>do</strong>s biológicos.<br />
1.1.3.1- Remoção de fósforo por precipitação química<br />
O tratamento químico é uma tecnologia vulgarmente usada na remoção <strong>do</strong> fósforo.<br />
Esta remoção é feita através da adição de iões de vários metais que formam<br />
precipita<strong>do</strong>s solúveis. Os iões de metais mais vulgarmente usa<strong>do</strong>s são de cálcio, de<br />
alumínio e de ferro. Também têm vin<strong>do</strong> a ser usa<strong>do</strong>s eficientemente polímeros, em<br />
conjugação com o alumínio, como adicionantes floculantes.<br />
Como a precipitação química <strong>do</strong> fosfato com o cálcio é diferente da precipitação com<br />
o alumínio e com o ferro, estes <strong>do</strong>is tipos de precipitação química são considera<strong>do</strong>s<br />
processos separa<strong>do</strong>s. A remoção <strong>do</strong> fósforo da água residual envolve a<br />
incorporação <strong>do</strong> fosfato nos sóli<strong>do</strong>s suspensos totais (SST) com subsequente<br />
remoção desses sóli<strong>do</strong>s (Metacalf & Eddy, 2003).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 20
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
1.2- Biorremediação<br />
A biorremediação é um processo importante na diminuição ou mesmo eliminação de<br />
contaminantes ambientais, mineralizan<strong>do</strong> os poluentes e libertan<strong>do</strong> apenas<br />
substâncias inertes, como dióxi<strong>do</strong> de carbono e água. Existem várias técnicas de<br />
biorremediação aplicadas a ecossistemas contamina<strong>do</strong>s (Li et al., 1997; Wise et al.,<br />
2000), mas, na sua base, encontra-se a capacidade de determina<strong>do</strong>s seres vivos<br />
(microrganismos) para degradar poluentes. A biodegradação realiza-se através <strong>do</strong><br />
aproveitamento <strong>do</strong>s contaminantes pelos microrganismos como fonte de carbono, o<br />
que permite aos microrganismos biorremedia<strong>do</strong>res produzirem novas células e<br />
também, por outro la<strong>do</strong>, abastecer-se de electrões que possibilitem a obtenção de<br />
energia (Martins et al., 2003)<br />
Trata-se de um processo que tem por finalidade desintoxificar as águas<br />
poluídas, o solo ou outros ambientes contamina<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong> microrganismos<br />
(fungos, bactérias, algas, etc.) e enzimas. Segun<strong>do</strong> Martins et al., 2003, a Agência<br />
de Protecção Ambiental Americana (US-EPA) apresenta como definição genérica de<br />
biorremediação “o processo de tratamento que utiliza a ocorrência natural de<br />
microrganismos para degradar substâncias tóxicas perigosas, transforman<strong>do</strong>-as em<br />
substâncias menos, ou não tóxicas”.<br />
A biorremediação baseia-se, pois, na degradação microbiana e em reacções<br />
químicas combinadas com processos de engenharia, de mo<strong>do</strong> que os<br />
contaminantes sejam transforma<strong>do</strong>s, não oferecen<strong>do</strong> riscos ao ambiente e às<br />
populações que habitam na circunvizinhança <strong>do</strong> contaminante (Dua et al., 2002).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 21
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
O uso de tecnologias inova<strong>do</strong>ras no tratamento de contaminantes ambientais<br />
tem vin<strong>do</strong> a aumentar, numa tentativa <strong>do</strong>s diferentes países de limparem<br />
ecossistemas aquáticos contamina<strong>do</strong>s, contra os mais diversos agentes agressores<br />
(Bakst, 1991).<br />
Com os avanços na biotecnologia, a biorremediação tem vin<strong>do</strong> a ser<br />
rapidamente desenvolvida no âmbito da descontaminação das águas e restauração<br />
de solos contamina<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong> microrganismos que possuem a capacidade de<br />
diminuir a concentração de produtos tóxicos e vários poluentes químicos, tais como<br />
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, bifenis policlora<strong>do</strong>s, componentes de<br />
nitrosaminas, solventes industriais, pesticidas e metais.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, também na engenharia genética se têm vin<strong>do</strong> a dar grandes<br />
passos que abriram portas para um novo objectivo, ou seja, a “chamada engenharia<br />
genética de microrganismos” (GEMs-genetically engineered microorganisms), o que<br />
se pode explicitar nos seguintes termos: em condições desejáveis de<br />
biodegradação, certos mecanismos ou enzimas são postos em conjunto num único<br />
hospedeiro com o objectivo de realizar determinadas reacções específicas (Dua et<br />
al., 2002).<br />
O uso de algas na recuperação de efluentes conten<strong>do</strong> espécies metálicas<br />
apresenta vantagens, tais como o baixo custo da operação e a elevada eficiência na<br />
remoção <strong>do</strong>s contaminantes de efluentes muito diluí<strong>do</strong>s, tornan<strong>do</strong>-se, assim, uma<br />
das técnicas mais utilizadas nos dias de hoje. A avaliação de águas contaminadas<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 22
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
com poluentes orgânicos, utilizan<strong>do</strong> filamentos de cianobactérias, por exemplo,<br />
mostrou a capacidade natural destes microrganismos para degradar pesticidas<br />
alifáticos clora<strong>do</strong>s e outros poluentes (Franklin, 1992; Molnar et al., 2002).<br />
1.2.1-Condições da biorremediação<br />
Consideran<strong>do</strong> que a biorremediação é o processo que mais se aproxima de uma<br />
regeneração natural de efluentes, tem vin<strong>do</strong> a ser desenvolvi<strong>do</strong> um grande número<br />
de estratégias para tratamento de locais contamina<strong>do</strong>s. No entanto, as estratégias a<br />
aplicar têm de ser encontradas de acor<strong>do</strong> com as condições de cada local<br />
específico, deven<strong>do</strong> ser ti<strong>do</strong>s em consideração os seguintes princípios básicos:<br />
� Carga tóxica <strong>do</strong> poluente em causa;<br />
l Existência de microrganismos com capacidade catabólica para degradar o<br />
contaminante;<br />
l Acessibilidade <strong>do</strong>s microrganismos aos contaminantes que vão reduzir;<br />
l Oportunidade de actividade biológica <strong>do</strong>s microrganismos redutores <strong>do</strong><br />
contaminante.<br />
Como to<strong>do</strong> o ser vivo, os microrganismos necessitam, para a sua<br />
sobrevivência, de nutrientes, (como fósforo e azoto e outros minerais), e energia. O<br />
carbono garante a energia e a matéria-prima para que os microrganismos cresçam e<br />
possam processar os contaminantes (Singh, 2003).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 23
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alginato de sódio<br />
1.2.1.1- Oxidação e redução de contaminantes<br />
O que ocorre no processo da biodegradação é a quebra de ligações químicas e a<br />
transferência de electrões entre o contaminante e o agente biodegrada<strong>do</strong>r. A energia<br />
necessária ao decurso <strong>do</strong> processo é obtida mediante a catalização das reacções<br />
químicas, nomeadamente por oxidação ou redução.<br />
Na oxidação, o contaminante, agora denomina<strong>do</strong> da<strong>do</strong>r, perde electrões, ou<br />
seja, é oxida<strong>do</strong>. Na redução, o contaminante agora denomina<strong>do</strong> aceita<strong>do</strong>r, recebe<br />
electrões, ou seja, é reduzi<strong>do</strong>. A energia decorrente da conjunção desta<br />
transferência de electrões e carbono <strong>do</strong> contaminante vai possibilitar a produção de<br />
mais células. Os contaminantes da<strong>do</strong>res e os aceita<strong>do</strong>res de electrões são<br />
designa<strong>do</strong>s por substractos primários.<br />
Embora a biodegradação decorra, sobretu<strong>do</strong>, na presença e com consumo de<br />
oxigénio, existem microrganismos que dele não necessitam. Estamos, então, na<br />
presença <strong>do</strong> processo de biodigestão anaeróbia.<br />
Na biodigestão anaeróbia, são outros componentes inorgânicos que exercem<br />
o papel de aceita<strong>do</strong>res, tais como nitratos, sulfatos, metais ou mesmo o CO2. Como<br />
resulta<strong>do</strong>, os produtos secundários da respiração anaeróbia podem ser formas<br />
reduzidas de metais, metano, sulfeto de hidrogénio (Martins et al, 2003; Brito et al,<br />
2004).<br />
1.2.2-Processos de biorremediação<br />
De acor<strong>do</strong> com Martins e et al., 2003, os vários processos de biorremediação são<br />
adjectiva<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com as técnicas utilizadas. Assim:<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 24
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alginato de sódio<br />
O processo de biorremediação pode ocorrer de forma intrínseca, na qual a<br />
ciência pouco interfere. Neste caso, a biorremediação tem apenas lugar pela<br />
presença e acção <strong>do</strong>s microrganismos existentes no local contamina<strong>do</strong> e o processo<br />
é denomina<strong>do</strong> “biorremediação in situ” (no local). Já quan<strong>do</strong> a remoção <strong>do</strong> ambiente<br />
contamina<strong>do</strong> é fácil e a quantidade de pouca monta, é preferível remover a parte<br />
contaminada, a fim de evitar-se o alastramento da contaminação. Neste caso, a<br />
biorremediação é denominada ex situ (Knapp, 1997)<br />
Quan<strong>do</strong> há ausência total de interferência da ciência no processo de<br />
degradação, estamos perante o que designamos por biorremediação intrínseca<br />
natural.<br />
Quan<strong>do</strong> a ciência tem participação no processo de biodegradação, como<br />
acontece, por exemplo, através da recolocação de microrganismos e da criação de<br />
condições que despoletem a ocorrência de processos muito semelhantes aos<br />
utiliza<strong>do</strong>s pela própria natureza, com a finalidade de fortalecer a acção <strong>do</strong>s<br />
microrganismos biodegrada<strong>do</strong>res, estamos perante o que designamos por<br />
biorremediação intrínseca auxiliada.<br />
Quan<strong>do</strong> as técnicas utilizam grande quantidade de recursos tecnológicos,<br />
aliadas a um planeamento meticuloso e extenso, designamo-las por biorremediação<br />
engenhada.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 25
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
1.2.2.1- Biorremediação <strong>do</strong>s solos<br />
Existem igualmente várias técnicas de biorremediação aplicadas a ecossistemas<br />
contamina<strong>do</strong>s. Por exemplo, solos contamina<strong>do</strong>s com hidrocarbonetos possuem<br />
águas extremamente poluídas, pelo que o recurso à biorremediação se torna<br />
importante na eliminação ou diminuição daqueles contaminantes, permitin<strong>do</strong>, assim,<br />
a renovação e crescimento de plantas neste solos (Li et al., 1997).<br />
O uso de ciclodextrinas potencializa a degradação de hidrocarbonetos,<br />
diminuin<strong>do</strong> o efeito tóxico destes, como poluentes, sobre as plantas (Gruiz, 1996).<br />
Existem também outros estu<strong>do</strong>s que referenciam o recurso a outros méto<strong>do</strong>s, tais<br />
como a utilização <strong>do</strong> Butanol, como biorremedia<strong>do</strong>r na biodegradação de<br />
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos em solos contamina<strong>do</strong>s por creosotos<br />
(Breedveld et al, 2002).<br />
Algumas relvas, tais como Dactylis glomereata, Bromus inermis, Festuca<br />
arundinacea, Plhleum pratensee e Panicum virgatum, foram consideradas como<br />
bons candidatos na biorremediação da atrazina (herbicida) e redução de nitratos (Li<br />
et al., 1997). A utilização de ciclodextrinas metiladas ao acaso (RAMEB), como<br />
biorremedia<strong>do</strong>ras, em solos contamina<strong>do</strong>s com diesel (o que os empobrece<br />
relativamente ao crescimento de plantas), permitiu verificar que a quantidade de<br />
hidrocarbonetos diminuiu consideravelmente ao serem degrada<strong>do</strong>s (Molnár et al,<br />
2002; Lin et al., 2004).<br />
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alginato de sódio<br />
1.2.2.2- Fitorremediação<br />
Esta técnica envolve a descontaminação de zonas contaminadas através de<br />
processos biológicos pelo recurso à utilização de plantas. Ou seja, a capacidade das<br />
plantas é usada para remover, acumular ou tornar inofensivos os contaminantes<br />
ambientais (Singh et al., 2003).<br />
A fitorremediação pode ser definida como uma selecção específica e<br />
orientada de espécies de plantas para sequestrar, assimilar, transformar e também<br />
decompor certos contaminantes. É um processo natural que oferece a possibilidade<br />
de uma acção eficaz na remediação de solos, sedimentos e sistemas aquáticos<br />
(Corseuil & Moreno, (1999).<br />
Por ser um processo natural, a fitorremediação promove um tratamento<br />
adequa<strong>do</strong> ao meio, a cuja vantagem acresce ainda um custo baixo, quan<strong>do</strong><br />
compara<strong>do</strong> a outras alternativas convencionais de tratamento de resíduos. Mas para<br />
se obter um rendimento eleva<strong>do</strong> no processo, é necessário que se verifiquem<br />
determinadas condições que favoreçam a actividade microbiana, tais como: meio<br />
anóxico, eleva<strong>do</strong> tempo de retenção, actividade enzimática, temperatura e pH<br />
adequa<strong>do</strong>s. Só nestas condições o inóculo activo tóxico poderá ser trata<strong>do</strong><br />
adequadamente (Singh et al., 2003).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 27
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alginato de sódio<br />
1.3-Águas residuais versus tratamentos físicos e químicos<br />
A mudança de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial foi um <strong>do</strong>s<br />
mais importantes factores para uma maior concentração de população em<br />
determinadas áreas, quer como resulta<strong>do</strong> da localização de matérias-primas quer da<br />
existência ou proximidade de meios ou condições que facilitem o transporte (locais<br />
onde existam minas, água em abundância – necessária na indústria têxtil – estradas,<br />
rios navegáveis, proximidade de portos marítimos, etc). Este fenómeno de<br />
concentração populacional trouxe consigo o problema <strong>do</strong> aumento de águas<br />
residuais (Shiny et al., 2004). À medida que o volume e a complexidade das águas<br />
residuais foram aumentan<strong>do</strong>, foram igualmente sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>s tipos de<br />
tratamento adequa<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> de obter efluentes inofensivos para o meio<br />
ambiente.<br />
De um mo<strong>do</strong> geral, os tradicionais tipos de tratamento de efluentes são<br />
quatro: preliminar, primário, secundário e terciário. A decisão <strong>do</strong> nível de tratamento<br />
a atingir depende <strong>do</strong> tipo de águas residuais a tratar e <strong>do</strong> tipo e processo de<br />
produção de efluentes a obter. Pormenorizan<strong>do</strong> cada um <strong>do</strong>s tradicionais tipos de<br />
tratamento das águas residuais, temos:<br />
O tratamento preliminar é constituí<strong>do</strong> unicamente por processos físico-<br />
químicos. A remoção <strong>do</strong>s flutuantes é feita através da utilização de grelhas e de<br />
crivos grossos, e a separação da água residual das areias é realizada pela utilização<br />
de canais de areia;<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 28
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alginato de sódio<br />
O tratamento primário é constituí<strong>do</strong> por processos físico-químicos. Nesta<br />
etapa, procede-se ao pré-arejamento, equalização <strong>do</strong> caudal, neutralização da carga<br />
<strong>do</strong> efluente a partir de um tanque de equalização e, seguidamente, procede-se à<br />
separação de partículas líquidas ou sólidas, através de processos de floculação e<br />
sedimentação, utilizan<strong>do</strong> um sedimenta<strong>do</strong>r primário. As lamas resultantes deste<br />
tratamento são sujeitas a um processo de digestão anaeróbio num digestor<br />
anaeróbio ou tanque séptico;<br />
O tratamento secundário é constituí<strong>do</strong> por processos biológicos segui<strong>do</strong>s de<br />
processos físico-químicos. No processo biológico podem ser utiliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos<br />
diferentes de tratamento:<br />
-Aeróbios, em que se pode recorrer, dependen<strong>do</strong> da característica <strong>do</strong> efluente, a<br />
tanques de lamas activadas (o ar é insufla<strong>do</strong> com areja<strong>do</strong>r de superfície), lagoas<br />
arejadas com macrófitas, leitos percola<strong>do</strong>res ou biodiscos;<br />
- Anaeróbios, em que podem ser utilizadas as lagoas ou digestores anaeróbios.<br />
O processo físico-químico é constituí<strong>do</strong> por um ou mais sedimenta<strong>do</strong>res<br />
secundários. Nesta etapa é feita a sedimentação <strong>do</strong>s flocos biológicos, sain<strong>do</strong> o<br />
líqui<strong>do</strong>, depois deste tratamento, isento de sóli<strong>do</strong>s ou flocos biológicos. As lamas<br />
resultantes deste tratamento são secas em leitos de secagem, sacos filtrantes ou<br />
filtros de prensa;<br />
O tratamento terciário é constituí<strong>do</strong> unicamente por processos físico-<br />
químicos. Nesta fase procede-se à remoção de microrganismos patogénicos através<br />
da utilização de lagoas de maturação e nitrificação. Finalmente, a água resultante é<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 29
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alginato de sódio<br />
sujeita a desinfecção através da adsorção com a utilização de carvão activa<strong>do</strong> e, se<br />
necessário, é feito tratamento ao cloro e ao ozono (Cruz (1997).<br />
No passa<strong>do</strong>, os tratamentos primários e secundário promoviam óptimas<br />
condições para uma degradação microbiana de desperdícios orgânicos e nutrientes<br />
inorgânicos, através da promoção de uma intensa mistura e introdução de oxigénio.<br />
Actualmente, estes tratamentos são considera<strong>do</strong>s pouco eficientes na degradação<br />
<strong>do</strong>s nutrientes, pelo que foram sen<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong>s pelo tratamento terciário. Mas<br />
este processo também tem variabilidade na eficiência, já que depende da<br />
proximidade <strong>do</strong> nutriente a ser removi<strong>do</strong>.(Gonzáles et al., 1997).<br />
Os tratamentos terciários requerem extensos tempos de reacção em<br />
reactores expansivos e, em alguns casos, o uso de aditivos químicos., o que requer,<br />
geralmente, grandes custos para serem implementa<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, resíduos<br />
próprios <strong>do</strong> processo (subprodutos) podem ficar no efluente, o que conduz a uma<br />
poluição secundária (Gonzáles et al., 1997).<br />
O tratamento biológico das águas residuais surge, pois, como uma alternativa<br />
benéfica para impedir a poluição urbana. Por exemplo, sistemas de cultura de<br />
microalgas têm demonstra<strong>do</strong> uma versatilidade que lhes permite participar em<br />
diferentes processos na remoção de poluição, tais como tratamento de águas<br />
residuais, produção de comida alimentar animal, produção de fertilizantes e<br />
produção de químicos comuns e específicos (Gonzáles et al., 1997).<br />
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alginato de sódio<br />
1.3.1-Remoção biológica <strong>do</strong> fósforo<br />
A remoção biológica <strong>do</strong> fósforo tem vin<strong>do</strong> a ser largamente utilizada desde a década<br />
de 1980, com bastante sucesso. A principal vantagem na remoção biológica <strong>do</strong><br />
fósforo é a redução de custos químicos e a diminuição da biomassa formada,<br />
quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com a remoção por precipitação química.<br />
Na remoção biológica, o fósforo da água efluente é incorpora<strong>do</strong> na biomassa<br />
das células e, subsequentemente, removi<strong>do</strong> pelo processo cujo resulta<strong>do</strong> são lamas<br />
(biomassa). Organismos acumula<strong>do</strong>res de fósforo (OAP) são encoraja<strong>do</strong>s a crescer<br />
e consumir fósforo nos sistemas reactores, cuja configuração promove a competição<br />
com vantagens <strong>do</strong>s OAP sobre as outras bactérias, removen<strong>do</strong> assim o fósforo das<br />
águas residuais.<br />
Os processos tradicionais mais comuns utiliza<strong>do</strong>s para remoção de fósforo e<br />
nitrogénio por méto<strong>do</strong>s biológicos são A2/0, Bardenpho Modifica<strong>do</strong>, UCT, UCT<br />
modifica<strong>do</strong> e VIP (Virginia Iniciative Plant). Pormenorizan<strong>do</strong> um pouco cada um<br />
destes processos, temos:<br />
-Processo A 2 /0. É uma modificação <strong>do</strong> processo A/0. Inclui uma zona anóxica para a<br />
desnitrificação após a zona anaeróbia. O perío<strong>do</strong> de detenção da zona anóxica é de,<br />
aproximadamente, 1 hora. A zona anóxica é deficiente de oxigénio dissolvi<strong>do</strong>, mas o<br />
oxigénio sob a forma de nitrato ou nitrito é introduzi<strong>do</strong> pela re-circulação <strong>do</strong> “licor”<br />
mistura<strong>do</strong> e nitrifica<strong>do</strong> da secção aeróbia. Podemos esperar deste processo<br />
concentrações de fósforo efluente menores que 2 mg/l, sem filtração <strong>do</strong> efluente.<br />
-Processo Bardenpho Modifica<strong>do</strong> (3 ou mais reactores). No sistema Bardenpho<br />
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alginato de sódio<br />
Modifica<strong>do</strong> foi adicionada uma zona aeróbia ao sistema Bardenpho convencional<br />
(zona anóxica + zona aeróbia). O reactor anaeróbio recebe o efluente e o lo<strong>do</strong> de<br />
retorno. Se a remoção de nitrito no sistema de Bardenpho não for completa, o ião<br />
será introduzi<strong>do</strong> na zona anaeróbia, consumin<strong>do</strong> material rapidamente<br />
biodegradável e, portanto, da concentração de P que pode ser removi<strong>do</strong>. A idade <strong>do</strong><br />
lo<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo Bardenpho 5 reactor varia entre 10 a 40 dias (perío<strong>do</strong> longo).<br />
-Processo UCT e UCT modifica<strong>do</strong>. No sistema UCT evita-se a introdução de nitrato<br />
na zona anaeróbia, transferin<strong>do</strong>-se lo<strong>do</strong> da zona anóxica para a zona anaeróbia. Na<br />
zona anóxica, a concentração de nitrato é mantida baixa através de um controlo da<br />
taxa de recirculação <strong>do</strong> primeiro reactor para o reactor anóxico anterior, de tal<br />
maneira que o nitrato disponível para a desnitrificação na zona anóxica se iguale à<br />
capacidade de desnitrificação desta. O sistema UCT modifica<strong>do</strong> foi desenvolvi<strong>do</strong><br />
para assegurar que não haja introdução de nitrato mesmo quan<strong>do</strong> a concentração<br />
deste ião e a taxa de desnitrificação variam com o tempo. A zona anóxica é dividida<br />
em duas partes. O lo<strong>do</strong> de retorno é descarrega<strong>do</strong> na primeira parte e a segunda<br />
parte é usada para a desnitrificação de nitrato introduzi<strong>do</strong> com uma recirculação <strong>do</strong><br />
reactor aeróbio para o reactor anóxico imediatamente anterior. Nesta condição, na<br />
primeira parte da zona anóxica a remoção de nitrato será completa, de mo<strong>do</strong> que<br />
não haverá introdução <strong>do</strong> ião para a zona anaeróbia. A zona anóxica será composta<br />
por 2 reactores e será subutilizada.<br />
-Processo VIP (Virgínia Iniative Plant). É similar ao A 2 /0 e ao UCT, excepto pelos<br />
méto<strong>do</strong>s usa<strong>do</strong>s para recirculação: o lo<strong>do</strong> activa<strong>do</strong> de retorno é descarrega<strong>do</strong> no<br />
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Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
início da zona anóxica, juntamente com o retorno nitrifica<strong>do</strong> da zona aeróbia. O “licor<br />
mistura<strong>do</strong>” da zona anóxica é retorna<strong>do</strong> ao início da zona anaeróbia. Constata-se<br />
que uma parte da matéria orgânica afluente é estabilizada.<br />
1.4-Remoção <strong>do</strong> fósforo de águas residuais por meio de algas<br />
imobilizadas<br />
O cultivo de algas em águas residuais oferece vantagens combinadas no tratamento<br />
de águas residuais e, simultaneamente, na produção de biomassa de algas. Estas<br />
podem, mais tarde, ser exploradas para complementos proteícos e aditivos<br />
alimentares (aquacultura, alimento animal e humano), para cosmética, produtos<br />
farmacêuticos e componentes químicos.<br />
Em comparação com um sistema inteiramente heterotrófico, como lamas<br />
activadas de estações de tratamento, a primeira atracção das algas baseia-se na<br />
necessidade de pouca formação no âmbito da tecnologia para poupar energia, já<br />
que a produção fotossintética de oxigénio pode substituir o arejamento mecânico.<br />
Porém, tem limitações. Uma das maiores limitações práticas no tratamento de águas<br />
residuais com algas é a colheita e separação da biomassa proveniente da descarga<br />
da água tratada. Contu<strong>do</strong>, uma eficiente remoção de biomassa de algas é essencial<br />
para uma boa reciclagem da água residual (Mallick, 2002).<br />
Têm vin<strong>do</strong> a ser feitos numerosos esforços para desenvolver uma adequada<br />
tecnologia para a colheita de microalgas, desde uma simples filtração de areia a<br />
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alginato de sódio<br />
uma intensa e energética centrifugação. A auto-floculação, isto é, auto-agregação<br />
pela paragem <strong>do</strong> arejamento, seguida de decantação, em particular para<br />
cianobactérias, também tem vin<strong>do</strong> a ser praticada (Mallick, 2002).<br />
A imobilização de células de algas para tratamento de águas residuais tem<br />
si<strong>do</strong> proposta, por um la<strong>do</strong>, para circunscrever o problema da cultura e colheita de<br />
algas em número suficiente, e por outro, para manter a quantidade de biomassa de<br />
algas para posteriores processos (Jeanfils et al., 1986).<br />
A utilização de algas imobilizadas ten<strong>do</strong> em vista a remoção de fósforo é uma<br />
meto<strong>do</strong>logia muito actual e tem si<strong>do</strong> frequentemente estudada, da<strong>do</strong> o seu interesse<br />
(Tabela 1).<br />
A aplicação da tecnologia de algas imobilizadas para tratamento de águas<br />
residuais permite maior flexibilidade no desenho e construção de um bioreactor,<br />
quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com o sistema convencional de suspensão de algas. Além disso,<br />
reacções de aceleração aumentam a densidade e a permeabilidade celular, não<br />
haven<strong>do</strong> necessidade de lavagens de células, o que permite uma maior estabilidade<br />
operacional. Estas são vantagens adicionais da utilização de células imobilizadas,<br />
em comparação com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> as algas actuam livres nos seus<br />
compartimentos (La-Noüe e de-Pauw, 1998).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 34
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alginato de sódio<br />
1.4.1-Imobilização de algas<br />
Uma célula imobilizada é definida como uma célula que, por meios naturais ou<br />
artificiais, é impedida de se movimentar, independentemente <strong>do</strong>s seus vizinhos, para<br />
todas as partes da fase aquosa <strong>do</strong> sistema em estu<strong>do</strong>. Vários materiais,<br />
designadamente acrilamidas, copopolímeros, agarose, alginato, gelatina, goma,<br />
“Kappa-Carrageenan”, poliuterano e gel de álcool polivinil, têm vin<strong>do</strong> a ser<br />
desenvolvi<strong>do</strong>s para encapsular ou imobilizar células para vários propósitos.<br />
Recentemente, foram iniciadas investigações sobre o uso destes compostos para<br />
imobilização de microrganismos, com o objectivo de serem usa<strong>do</strong>s nas diversas<br />
áreas de solos.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 35
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Tabela 1.<br />
Lista de estu<strong>do</strong>s de remoção de fósforo e azoto por algas imobilizadas (Mallick,<br />
2002)<br />
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Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Os diferentes materiais possuem várias características e vários graus de<br />
consistência que podem, ou não, ser benéficos, dependen<strong>do</strong> da aplicação. O meio<br />
de alginato é o mais frequentemente investiga<strong>do</strong> por ser também o mais utiliza<strong>do</strong><br />
nas técnicas de biorremediação. Este meio tem si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> na remoção de inúmeros<br />
contaminantes, nomeadamente crómio, cresol, nitrato, pentaclorofenol, fenantreno,<br />
fosfatos, etc.<br />
O uso destes materiais no encapsulamento ou imobilização de células permite<br />
aos microrganismos continuar a sobreviver numa matriz relativamente não tóxica,<br />
através da qual gases e líqui<strong>do</strong>s se podem difundir. A cápsula da matriz, juntamente<br />
com os microrganismos, ajuda a diminuir a toxicidade <strong>do</strong> meio ambiente<br />
(Brandenberger et al., 1998).<br />
Podem ser adiciona<strong>do</strong>s à cápsula substratos ou componentes para conferir<br />
vantagens ao inóculo embebi<strong>do</strong> na matriz. A cápsula pode também proteger as<br />
algas de microrganismos indígenas. Um outro potencial benéfico da tecnologia de<br />
encapsulamento é a capacidade para criar uma única comunidade que trabalha<br />
interactivamente para remediar um componente forneci<strong>do</strong> ou adiciona<strong>do</strong> (Terry et<br />
al., 2004).<br />
O emprego de microrganismos inteiros (bactérias, algas ou fungos<br />
filamentosos) é uma alternativa para a fonte de actividade enzimática, capaz de<br />
metabolizar um substrato orgânico em presença de um meio de cultura ou num<br />
ambiente compatível (Terry et al., 2004).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 37
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alginato de sódio<br />
O uso de gel é um <strong>do</strong>s mais simples méto<strong>do</strong>s de imobilização. O gel<br />
proporciona a imobilização em condições suaves para provocar o mínimo de<br />
alterações aos biocataliza<strong>do</strong>res durante o processo. O gel é utiliza<strong>do</strong> para melhorar<br />
os rendimentos das biotransformações, como a imobilização das células viáveis em<br />
gel de alginato.<br />
A imobilização de células utilizan<strong>do</strong> gel é uma técnica extensamente utilizada.<br />
Esta técnica de imobilização de células vem sen<strong>do</strong> utilizada desde os anos<br />
cinquenta e é explorada, hoje em dia, para aplicações industriais nos campos<br />
agrícolas e farmacêuticos (Almeida et al., 2005).<br />
Têm si<strong>do</strong> igualmente utilizadas algas imobilizadas em microesferas com<br />
objectivos diversos, desde biotransformação e biossíntese de materiais até à<br />
remoção de metais em efluentes, assim como na avaliação da qualidade da água e<br />
previsão <strong>do</strong> impacto de substâncias diversas (metais, pesticidas, nutrientes), quer<br />
ainda em situações de campo ou em meio controla<strong>do</strong>. As técnicas normalmente<br />
utilizadas são de execução simples; contu<strong>do</strong>, deve ser ti<strong>do</strong> em conta que factores<br />
como a intensidade luminosa, temperatura e pH introduzem variações que dificultam<br />
a interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s (Terry et al., 2004; La-Noüe & De Pauw, 1998).<br />
1.4.2-Requisitos básicos para um sistema de algas imobilizadas útil e eficiente<br />
O tratamento convencional de águas residuais com algas pode ser visto como <strong>do</strong>is<br />
componentes de um sistema, algas e água residual. Este sistema inclui interacções<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 38
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alginato de sódio<br />
de factores entre os <strong>do</strong>is componentes, como efeito da densidade da água,<br />
alimentação da alga, aclimatização e natureza da água residual.<br />
A incorporação da tecnologia da imobilização das algas em tratamento de<br />
águas residuais introduz o componente da interacção de uma matriz de gel e a alga.<br />
Este componente é o mo<strong>do</strong> como a imobilização afecta as células das algas,<br />
incluin<strong>do</strong> mudanças morfológicas, características de crescimento e actividades<br />
metabólicas da alga.<br />
Pelo que concerne às algas, temos a considerar a retenção de viabilidade, a<br />
capacidade de fotossintetizar, a elevada densidade celular, a continuidade de<br />
produtividade e a baixa perda de células através da matriz. Quanto às propriedades<br />
de uma matriz ideal de imobilização, ela deverá ser, não tóxica, fototransparente,<br />
estável em crescimento médio, retentora da biomassa e resistente à disrupção pelo<br />
crescimento das células (Mallick, 2002; Yum et al., 1997).<br />
A tabela 2 mostra os principais requisitos para um sistema de imobilização de algas<br />
útil e eficiente e também as propriedades ideais para uma matriz de imobilização<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 39
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Tabela 2.- Requisição básica e útil para algas imobilizadas no sistema e de matrizes de<br />
imobilização (Mallick, 2002).<br />
Requisitos para um sistema eficiente<br />
de algas<br />
Retenção de viabilidade Não toxicidade<br />
Capacidade de fotossintetizar Fototransparência<br />
Propriedades de uma matriz ideal de<br />
imobilização<br />
Grande densidade de células Estabilidade em crescimento médio<br />
Continuidade de produtividade Retenção de biomassas<br />
Baixa perda de células através da matriz Resistência à disrupção pelo crescimento<br />
1.4.3-Méto<strong>do</strong>s de Imobilização celular<br />
das células<br />
São conheci<strong>do</strong>s, pelo menos, seis méto<strong>do</strong>s de imobilização celular, que apresentam<br />
de seguida:<br />
- Par covalente;<br />
-Imobilização por afinidade;<br />
-Adsorção;<br />
-Confinamento em emulsão de líqui<strong>do</strong>-líqui<strong>do</strong>;<br />
-Captura por de trás de uma membrana semi-permeável;<br />
-Armadilha.<br />
l Par covalente<br />
O méto<strong>do</strong> designa<strong>do</strong> por par covalente é o méto<strong>do</strong> mais popular para imobilização<br />
de enzimas, mas raro para o caso de imobilização de células. A principal<br />
desvantagem deste processo é que as células vivas são caracterizadas pela sua<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 40
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
capacidade de se dividirem mesmo no esta<strong>do</strong> imobiliza<strong>do</strong>.<br />
Os registos reporta<strong>do</strong>s nesta área focalizam-se no uso de células mortas, ou então<br />
em células que vão ser utilizadas num único passo, apenas de conversão catalítica.<br />
� Imobil<br />
ização por afinidade<br />
A imobilização por afinidade é baseada no princípio da afinidade cromatográfica.<br />
Esta imobilização não envolve exposições reais a químicos, excepto o material<br />
adsorvente. Contu<strong>do</strong>, no caso de células o suporte usa<strong>do</strong> para afinidade de<br />
imobilização necessita de conter algumas estruturas capazes de interagir com as<br />
estruturas das superfícies das células. Este méto<strong>do</strong> é bastante suave e, por isso, é<br />
especialmente útil para utilizar em estruturas mais voláteis e delicadas.<br />
l Adsorção<br />
Em princípio, a adsorção é um méto<strong>do</strong> reversível. Isto significa que o suporte pode<br />
ser recupera<strong>do</strong> após a desnaturação catalítica. É largamente utiliza<strong>do</strong> com sucesso<br />
no caso de processos enzimáticos.<br />
Uma diferença importante entre adsorção de enzimas e adsorção de células é que,<br />
mais tarde, as enzimas são ligadas por multiligações de agregação, e por isso,<br />
agregam muito mais fortemente ao adsorvente <strong>do</strong> que as células. Este<br />
comportameno leva a uma adsorção mais eficiente mas, por outro la<strong>do</strong>, a uma maior<br />
dificuldade de desadsorção.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 41
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alginato de sódio<br />
l Confinamento em emulsão de líqui<strong>do</strong>-líqui<strong>do</strong><br />
O confinamento em emulsão de líqui<strong>do</strong>-líqui<strong>do</strong> demonstra que soluções aquosas de<br />
<strong>do</strong>is polímeros solúveis em água se misturam entre si e que a mistura<br />
frequentemente ficará turva. Há a ocorrência de uma fase de separação da mistura<br />
depois de algum tempo.<br />
A composição da fase <strong>do</strong> sistema, assim como a natureza química das substâncias<br />
que vão ser separadas, determinam a separação das fases. A fase <strong>do</strong> sistema de<br />
partição <strong>do</strong> material faz-se de acor<strong>do</strong> com as suas propriedades de superfície:<br />
moléculas pequenas e sem carga são distribuídas igualmente pelo sistema,<br />
enquanto que a partição de grandes partículas, tais como as células e os seus<br />
organelos, resultam, muitas vezes, num enriquecimento de ambas na interface,<br />
tornan<strong>do</strong>-se também na fase mais volumosa.<br />
l Captura por detrás de uma membrana semipermeável<br />
Na captura por detrás de uma membrana semipermeável, as células podem ficar<br />
retidas pela semi-permeabilidade membranar, que isola os microrganismos <strong>do</strong><br />
volume de líqui<strong>do</strong>. As células podem ser imobilizadas dentro da membrana. Esta é<br />
uma técnica frequentemente usada na fabricação de biosensores fibra oca (Hollow<br />
fibre) com organismos confina<strong>do</strong>s de um la<strong>do</strong> da fibra porosa e substratos e<br />
produtos solúveis <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>, parecem ser praticamente os mais usa<strong>do</strong>s.<br />
Contu<strong>do</strong>, o crescimento deve ser controla<strong>do</strong> de forma a prevenir um aumento<br />
excessivo de biomassa, visto que pode causar pressão e, consequentemente,<br />
romper a membrana.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 42
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alginato de sódio<br />
l Armadilha<br />
A armadilha é, de longe, o méto<strong>do</strong> mais utiliza<strong>do</strong> em laboratórios experimentais.<br />
Existem igualmente já alguns exemplos de processos industriais com base em<br />
armadilhas de células.<br />
As armadilhas são baseadas no méto<strong>do</strong> de confinamento de células tridimensional<br />
numa matriz de gel. As células são livres nos seus compartimentos e os poros <strong>do</strong><br />
material permitem que substratos e produtos se difundam de e para as células.<br />
Vários polímeros sintéticos (acrilamida, poliuretano, polivinil, etc.) e polímeros<br />
naturais (colágenio, agar, agarose, celulose, alginato, “carrageenan”, etc.), são<br />
usa<strong>do</strong>s para estes propósitos. Para a imobilização de algas, os mais frequentemente<br />
usa<strong>do</strong>s são os géis naturais, como o alginato e o “carrageenan”.<br />
O gel é geralmente forma<strong>do</strong> através de um biocataliza<strong>do</strong>r de esferas, em que<br />
as células são adicionadas a uma suspensão aquosa de material geloso.<br />
Este material vai formar pequenas gotículas que são obrigadas a atravessar uma<br />
ponteira com um orifício, permitin<strong>do</strong> cair gota a gota, para depois interagir com uma<br />
solução salina e formar as referidas esferas de alginato. As gotículas são então<br />
estabilizadas no biocataliza<strong>do</strong>r de esferas com microrganismos, via polimerização ou<br />
outro tipo de ligação.<br />
As gotas de alginato podem ser estabilizadas com iões divalentes, tais como<br />
o cálcio, enquanto que o meio de “carrageenan” é estabiliza<strong>do</strong> tipicamente com o<br />
potássio. Esta técnica demonstrou que a energia vibracional, no processo de criação<br />
das esferas, iria permitir a produção de esferas mono-dispersas.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 43
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Estas técnicas, esquematizadas na Figura1, permitem a produção em larga escala<br />
de biocataliza<strong>do</strong>res de esferas, forçan<strong>do</strong> o material de gel através de múltiplas<br />
ponteiras com orifícios, de forma a formar as esferas (Kaya & Picard, 1995)<br />
Figura 1 Descrição de um esquema em sectores usa<strong>do</strong> para tratamento de águas residuais utilizan<strong>do</strong><br />
algas imobilizadas (1:centrifugação, 2:imobilização, 3: avidez em ar satura<strong>do</strong> a 100% de humidade, 4<br />
incubação da água residual (Kaya & Picard, 1995).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 44
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alginato de sódio<br />
1.4.4-Chlorella vulgaris e a remoção de fósforo<br />
Há muito que foi verifica<strong>do</strong> que as microalgas livres no seu ambiente natural<br />
desempenhavam um papel muito importante na depuração das águas residuais<br />
<strong>do</strong>mésticas, nomeadamente na remoção de fósforo. Mas também foi constata<strong>do</strong> que<br />
a eficiência da remoção <strong>do</strong> fósforo pelas microalgas no esta<strong>do</strong> livre não ultrapassará<br />
os 20 a 30% (Bashan et al., 2003). Uma melhoria significativa da eficiência na<br />
remoção de fósforo é conseguida pela imobilização algal.<br />
A imobilização de algas, designadamente da Chlorella, com vários fins, é<br />
referida desde 1966 (Hiller e Park, 1969) e desde então os estu<strong>do</strong>s com e sobre<br />
Chlorella imobilizada continuaram (Jeanfils & Collard, 1983; Robison et al., 1986;<br />
Bailliez et al., 1988).<br />
La Noüe et al.,1998, foram os pioneiros na introdução da tecnologia da<br />
imobilização de algas para o tratamento de águas residuais, nomeadamente na<br />
remoção de azoto e fósforo. De facto, é a partir de 1990 que cinquenta por cento <strong>do</strong>s<br />
registos de estu<strong>do</strong>s de algas referem o seu uso no tratamento de águas residuais<br />
(La Noüe e De-Pauw, 1998).<br />
Estu<strong>do</strong>s recentes reportam a utilização de C. vulgaris imobilizada na remoção<br />
de nutrientes de águas residuais <strong>do</strong>mésticas. Estes estu<strong>do</strong>s referem uma eficiência<br />
na ordem de 100% na remoção de azoto (N) e de cerca de 95% na remoção de<br />
fósforo (P) (Tam & Wong, 2000; Lau,et al ,1998a e 1998b).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 45
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Os investiga<strong>do</strong>res tem recorri<strong>do</strong> à utilização de diferentes meios de imobilização da<br />
C. vulgaris com vista à melhoria da eficiência na remoção de P mas a imobilização<br />
de C. vulgaris em meio de alginato tem demonstra<strong>do</strong> proporcionar maior eficiência<br />
na remoção de P (Megharaj et al., 1992).<br />
O alginato de sódio é um polímero linear constituí<strong>do</strong> por monómeros <strong>do</strong>s áci<strong>do</strong>s<br />
manurónico e gulurónico. É produzi<strong>do</strong> por algas e várias bactérias, solidificadas por<br />
iões de cálcio. É biodegradável e considera<strong>do</strong> um composto não tóxico (Gentry et<br />
al., 2004).<br />
As microalgas imobilizadas podem sequestrar ou fornecer determinadas<br />
substâncias que podem alterar a viscosidade das esferas. É <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s<br />
investiga<strong>do</strong>res, também, que alguns deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s produtos de macroalgas, como é<br />
o caso <strong>do</strong> alginato de sódio, possuem tendência para acumular determinadas<br />
substâncias. Recentemente, os ecotoxicologistas têm feito esforços no senti<strong>do</strong> de se<br />
realizarem estu<strong>do</strong>s experimentais “in locu”, evitan<strong>do</strong> assim a manipulação das<br />
amostras.<br />
Actualmente, o principal processo comercial de remoção de fosfatos em<br />
efluentes de águas residuais é a precipitação química com ferro e alumínio, que<br />
atinge mais de 95% de remoção.<br />
Na prática, os méto<strong>do</strong>s biológicos de remoção de fosfatos são menos eficientes,<br />
atingin<strong>do</strong> apenas uma remoção de 20 a 30% (de-Bashan et al., 2002).<br />
A Figura 2 mostra um dispositivo de fabrico de esferas de alginato de imobilização<br />
de algas.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 46
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Figura 2-Esquema de um dispositivo de fabrico de esferas (de-Bashan et al., 2002).<br />
Dadas as suas características, C. vulgaris, além de ter vin<strong>do</strong> a ser usada em<br />
vários estu<strong>do</strong>s como um indica<strong>do</strong>r de poluição ambiental (Lustigman et al., 1994),<br />
também tem si<strong>do</strong> estudada ten<strong>do</strong> em vista a sua eficiência na remoção de N e P de<br />
águas residuais, designadamente imobilizada em meio de alginato (Megharaj et al.,<br />
1992).<br />
Em 1992, Megharaj et al. reportaram um estu<strong>do</strong> comparativo concluin<strong>do</strong> que<br />
C. vulgaris imobilizada em meio de alginato era mais eficiente na remoção de P e N<br />
de água residual que Scenedesmus bijugatus. Os mesmos autores também referem<br />
que culturas de células imobilizadas de Chlorella vulgaris e C.emersonii em meio de<br />
alginato removem o fosfato cinco vezes mais rapidamente que as mesmas células<br />
livres.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 47
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Num estu<strong>do</strong> de remoção de fosfatos e amónia de águas residuais municipais<br />
em La Paz, no México, foi feita a combinação de microalgas C. vulgaris com um<br />
promotor de crescimento bacteriano, Azospirillumbrasilense Cd. Os <strong>do</strong>is<br />
microrganismos foram co-imobiliza<strong>do</strong>s em pequenas esferas de alginato e o estu<strong>do</strong><br />
revelou que A. brasilense Cd aumentou significativamente o crescimento de C.<br />
vulgaris quan<strong>do</strong> os microrganismos co-imobiliza<strong>do</strong>s foram postos a crescer nas<br />
águas residuais. A estirpe <strong>do</strong> tipo A. brasilense Cd foi considerada promotora de<br />
muitos parâmetros de crescimento de algas unicelulares, como C. vulgaris, e é<br />
frequentemente utilizada em processos terciários de tratamento de águas residuais<br />
(Bashan et al, 2003).<br />
1.5-Objectivos<br />
- Investigar os processos de remodelação e aplicação de técnicas de imobilização<br />
em meio de alginato de sódio com microalgas.<br />
- Aplicação da técnica e avaliação da eficiência da microalga Chlorella vulgaris<br />
imobilizada em meio de alginato de sódio como forma de tratamento biológico na<br />
remoção de fosfatos em águas residuais <strong>do</strong>mésticas<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 48
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alginato de sódio<br />
2-MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1-Algas utilizadas<br />
De entre as várias técnicas de biorremediação existentes, optou-se pela utilização<br />
da imobilização da Chlorella vulgaris em meio de alginato de sódio. O méto<strong>do</strong> de<br />
referência de detecção de fosfatos utiliza<strong>do</strong> foi o de Strickland & Parsons (1968).<br />
Este méto<strong>do</strong> colorimétrico utiliza o molibdato vanadato de amónio como corante.<br />
Chlorella vulgaris é uma espécie pertencente à classe Chlorophycea, ordem<br />
Chlorococcales, família Chlorellacea e género Chlorella (BDiGPELD - Biblioteca<br />
Digital Georreferenciada). Estu<strong>do</strong>s recentes, basea<strong>do</strong>s em caracteres bioquímicos,<br />
fisiológicos e ultraestruturais, juntamente com a filogenia molecular assente na<br />
sequência 18sRNA completa, têm sugeri<strong>do</strong> que serão quatro as espécies<br />
pertencentes ao género Chlorella: C. vulgaris, C. lobophora, C. sorokiniana e C.<br />
kessleri (Hsiuan et al., 2000).<br />
C. vulgaris é uma alga verde, eucariota, autotrófica e unicelular em condições<br />
normais de cultura. Tipicamente, tem o tamanho aproxima<strong>do</strong> ao de uma hemácia,<br />
cerca de 5-6 µm de diâmetro (Boraas et al., 1998).<br />
Em condições adversas, com dificuldades nutritivas, pode passar da sua<br />
forma normal unicelular à forma multicelular, forman<strong>do</strong> pequenas colónias estáveis<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 49
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
de oito células, característica, esta, que é transmitida hereditariamente. Desta forma,<br />
consegue um diâmetro de cerca de 17 µm, o que lhe permite escapar à ingestão por<br />
flagela<strong>do</strong>s heterotóficos que se alimentam de partículas de dimensões aproximadas<br />
das de C. vulgaris unicelular (Boraas et al., 1998).<br />
Esta microalga é um ser fotoautotrófico, embora não obrigatoramente.<br />
Contém clorofila a e b. É, frequentemente, simbiótica de muitos outros organismos,<br />
tais como hidras e esponjas (Lustigman et al, 1994).<br />
As microalgas usadas foram obtidas de uma amostra gentilmente cedida pelo<br />
CIIMAR (Centro de Investigação Marinha e Ambiental) e referenciadas como ten<strong>do</strong><br />
cresci<strong>do</strong> em meio Z8 (Anexo).<br />
2.2-Amostragem de água residual<br />
A amostra foi recolhida a partir de um tanque para onde convergem e se misturam<br />
as águas residuais, quer <strong>do</strong>mésticas (cozinha, refeitório e sanitários), quer de<br />
esgotos de esterilização de material clínico e de radiologia clínica.<br />
O local de amostragem foi dentro das instalações de uma clínica/hospital de Luanda,<br />
Angola, a Clínica Sagrada Esperança, que autorizou das amostras, das suas<br />
instalações.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 50
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
2.2.1 – Frequência da colheita de amostra, acondicionamento e transporte<br />
As colheitas de águas residuais foram realizadas duas vezes, em Novembro e<br />
Janeiro. Foram colhidas, de cada vez, duas amostras de água<br />
residual em frascos de polietileno com o volume de cerca de 2 litros .<br />
Estes frascos foram introduzi<strong>do</strong>s em caixa térmica, para evitar grandes variações de<br />
temperatura, e assim transportadas até ao Laboratório de Ecologia <strong>do</strong> Departamento<br />
de Zoologia e Antropologia da Faculdade de Ciências da <strong>Universidade</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />
2.2.2– Equipamento laboratorial<br />
O equipamento laboratorial utiliza<strong>do</strong> na determinação <strong>do</strong>s vários parâmetros<br />
analisa<strong>do</strong>s foi:<br />
� Fotómetro Multiparâmetros de Bancada, Série C200 (HANNA Instruments)<br />
� Espectrofotómetro Jenway 630 S UV/VIS<br />
� Balança analítica de 200g de capacidade e 0.1mg de precisão<br />
� balão de algas<br />
3- IMOBILIZAÇÃO <strong>DA</strong>S ALGAS<br />
A-Preparação das microalgas para a imobilização<br />
Por cada série de ensaios, após homogeneização da amostra inicial das<br />
microalgas Chlorella vulgaris, por leve agitação manual <strong>do</strong> balão contentor, foi<br />
retirada uma amostra de 50 ml para uma proveta graduada. Fez-se passar esta por<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 51
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
um filtro de papel e lavou-se três vezes com 50 ml de água destilada, para retirar os<br />
vestígios <strong>do</strong> meio de crescimento.<br />
À massa de microalgas filtradas adicionaram-se 40 ml de água destilada, para<br />
obter uma suspensão de ± 4x10^10 e 9x10^10 células/mL, de tonalidade<br />
esverdeada. Desta suspensão, foi retirada uma pequena porção que foi colocada em<br />
lugol, para avaliação da concentração algal, em câmara de Neubauer. Foram feitas<br />
seis contagens e foi obtida a média de concentração de 6x10^10 células/mL.<br />
B-Matriz de gel utilizada<br />
As características físicas <strong>do</strong>s geís associadas ao seu comportamento são<br />
extremamente importantes e têm um papel muito significativo na eficiência e<br />
fiabilidade <strong>do</strong> processo de imobilização. A matriz usada para a remediação das<br />
águas residuais com a Chlorella vulgaris foi o alginato de sódio.<br />
O meio de alginato de sódio foi prepara<strong>do</strong> a 1,25% com água destilada, isto é,<br />
a partir de 1,25 gramas de pó alginato de sódio que foram coloca<strong>do</strong>s em 100 mL de<br />
água destilada.<br />
Neste estu<strong>do</strong> experimental foram toma<strong>do</strong>s em consideração alguns critérios<br />
de exclusão da matriz. Os critérios de exclusão aludi<strong>do</strong>s foram:<br />
� Estabilidade da matriz em meio salino com alto teor de fosfato;<br />
� Comportamento viscoso versus cadeias de ligação no próprio gel;<br />
� Não toxicidade da matriz com a respectiva inibição de crescimento de vários<br />
microrganismos;<br />
� Propriedade higroscópica e permeabilidade para obter máxima mistura de gel<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 52
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
(Kaya & Picard 1995).<br />
E, atenden<strong>do</strong> às características da matriz, teve-se em conta as vantagens:<br />
� Simplicidade de preparação <strong>do</strong> gel<br />
� Não toxicidade<br />
� Baixo custo.<br />
Ten<strong>do</strong> como desvantagens:<br />
� Fácil dissolução<br />
� Desintegração na presença de tampão fosfato<br />
� Agitação mecânica.<br />
C-Técnica de imobilização da Chlorella vulgaris<br />
- Prepararam-se 100 mL de uma solução de endurecimento de cloreto de cálcio a<br />
1%, com água destilada, num matraz.<br />
- Noutro matraz, juntaram-se 10 ml da suspensão de microalgas a 50 mL de solução<br />
de alginato de sódio.<br />
- Fez-se gotejar a suspensão de algas (diluídas na solução de alginato de sódio)<br />
através de uma bureta, de mo<strong>do</strong> a formar esferas consistentes e homogéneas.<br />
Estas iam cain<strong>do</strong> na solução de cloreto de cálcio referida no ponto 1, com uma<br />
cadência aproximada de 60 por minuto.<br />
- À medida que as esferas iam cain<strong>do</strong>, iam sen<strong>do</strong> homegeneizadas por agitação<br />
lenta, por meio de um agita<strong>do</strong>r de placas, para que não se agregassem.<br />
- As esferas foram deixadas na solução de cloreto de cálcio durante<br />
aproximadamente 40 minutos, para permitir o seu endurecimento.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 53
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
- Após este tempo, as esferas foram filtradas com papel de filtro e foram lavadas<br />
abundantemente com água destilada, de mo<strong>do</strong> a eliminar resquícios de cloreto de<br />
cálcio.<br />
- Este processo foi efectua<strong>do</strong> 20 vezes, de mo<strong>do</strong> a obter uma igual porção de<br />
esferas para cada ensaio e controlo, sen<strong>do</strong> em quatro destas, destinadas aos<br />
controlos, utilizada apenas a solução de alginato de sódio.<br />
D-Adição das esferas de microalgas à água residual<br />
- Foram realizadas quatro séries de quatro ensaios (quatro réplicas) e um controlo<br />
por série.<br />
- Cada ensaio e controlos foram realiza<strong>do</strong>s em matrazes de 100 mL. Em cada<br />
matraz foram coloca<strong>do</strong>s 50 mL de água residual e (as esferas resultantes de 10 mL<br />
da suspensão de microalgas a 50 mL de solução de alginato de sódio), no caso <strong>do</strong>s<br />
ensaios. Nos controlos, as esferas apenas continham alginato de sódio.<br />
- Cada matraz foi tap<strong>do</strong> com algodão e deixou-se a incubar, na sala de cultivo, a<br />
22ºC, durante 13 dias com 24h de fotoperío<strong>do</strong>.<br />
- De três em três dias, eram retira<strong>do</strong>s cerca de 10 mL da água residual em<br />
incubação e era medida a concentração <strong>do</strong>s níveis de fosfatos.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 54
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Figura 3: esquema de imobilização da microalga Chlorella e Azospirillum brasilense cd (Bashan et<br />
al., 2003).<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 55
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
3.1-Princípio da detecção <strong>do</strong>s fosfatos<br />
O méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> foi de Strickland & Parsons (1968).<br />
A concentração inicial de fosfatos nas amostras da água residual era de 60 mg/dL.<br />
Em solução com um áci<strong>do</strong> forte (áci<strong>do</strong> sulfúrico), os ortofosfatos formam um<br />
complexo amarelo com iões molibdato, que pode depois ser reduzi<strong>do</strong> a um<br />
complexo cora<strong>do</strong> de azul, e medi<strong>do</strong> no espectrofotómetro. Se o agente é o áci<strong>do</strong><br />
ascórbico, a formação da cor azul é acelerada pelo antimónio. Este complexo azul<br />
tem o máximo de absorvência a 882 nm.<br />
4-RESULTADOS<br />
Foram usa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s de determinação de concentração de fosfatos, devi<strong>do</strong> a<br />
dificuldades técnicas com os reagentes <strong>do</strong>s fosfatos.<br />
Na primeira fase utilizou-se o méto<strong>do</strong> de Hanna para determinar a<br />
concentração de fosfatos. Na segunda fase, utilizou-se o méto<strong>do</strong> de Strikland. &<br />
Parsons (1968)<br />
Na tabela 3 apresentam-se os resulta<strong>do</strong>s das médias e desvios padrão das<br />
concentrações de fosfatos obtidas pelo méto<strong>do</strong> de Hanna.<br />
Na tabela 4 apresentam-se os resulta<strong>do</strong>s de médias e desvios padrão das<br />
concentrações obtidas pelo méto<strong>do</strong> de Strickland & Parsons(1968)<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 56
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Pela análise <strong>do</strong>s gráficos da fig. 4 e 5 verifica-se a redução de fosfatos da<br />
água residual pelas microalgas durante um perío<strong>do</strong> de 10 dias a 13 dias<br />
Verificou-se, pelos <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s, um decréscimo da concentração de fosfatos<br />
ao terceiro dia de incubação das microalgas na água residual em estu<strong>do</strong>, em cerca<br />
de 43% (Hanna) e 49% (Strikland & Parsons)<br />
Observou-se que o controlo, apenas com esferas e água residual, manteve a<br />
concentração próxima de 45 mg/l de fosfatos.<br />
Pelo méto<strong>do</strong> de Hanna, a concentração de fosfatos desceu no terceiro dia<br />
para 28.4 mg/l, e no quinto dia para 23.9 mg/l. No sétimo dia desceu até aos 17.38<br />
mg/dl e no oitavo, décimo primeiro e décimo segun<strong>do</strong> teve um ligeiro aumento da<br />
concentração: 22,97, 22.5 e 20.6 mg/l, respectivamente. Ao décimo terceiro dia<br />
houve novamente um ligeiro decréscimo de concentração para 15.85 mg/l.<br />
Tabela-3: Média e Desvio Padrão de das concentrações de fosfatos detectadas pelo méto<strong>do</strong> de Hanna.<br />
Média<br />
D´Padrão<br />
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D<br />
9<br />
D10 D11 D12 D13<br />
50 28,4 23,9 23,9 17,38 22,97 22,5 20,6 15,85<br />
6,505 1,401 1,27 1,914 4,65 2,475 0,070 0,078<br />
Controlo da amostra+esferas de alginato de sódio sem microalgas= 45 mg/l<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 57
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Fig.4-Gráfico-1:variação <strong>do</strong>s níveis de remoção de fosfatos pela microalga Chlorella vulgaris ao<br />
longo <strong>do</strong>s dias, pelo Méto<strong>do</strong> Hanna.<br />
Pelo méto<strong>do</strong> de Srickland & Parsons (1968) a concentração de fósforo desceu<br />
no terceiro dia para 25.3mg/l, e no quinto dia para 7,87 mg/l. O sétimo dia desceu<br />
até aos 3.89 mg/l e no décimo dia, manteve praticamente a mesma concentração,<br />
embora se tivesse verifica<strong>do</strong> mesmo um ligeiro aumento da concentração (3.96<br />
mg/l).<br />
Tabela-4: Média e Desvio Padrão de das concentrações de fosfatos detectadas pelo Méto<strong>do</strong> de Strickland & Parsons (1968).<br />
Média<br />
D´Padrão<br />
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10<br />
50 25,3 15,8 7,87 5,22 3,89 3,96<br />
1,986 3,122 4,071 1,044 1,321 1,534<br />
Controlo da amostra+esferas de Alginato de sódio sem microalgas= 40mg/L<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 58
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Fig.5-Gráfico-2: variação <strong>do</strong>s níveis de remoção de fosfatos pela microalga Chlorella vulgaris ao<br />
longo <strong>do</strong>s dias, pelo Méto<strong>do</strong> Strickland & Parsons (1968)<br />
5-DISCUSSÃO<br />
As concentrações de fosfatos encontra<strong>do</strong>s nas águas residuais <strong>do</strong>mésticas são<br />
bastante elevadas (cerca de 50 mg/l), o que pode significar uso exacerba<strong>do</strong> de<br />
detergentes, a montante. Consideramos que os valores forneci<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> de<br />
Strickland & Parsons como mais fiáveis, porque este ainda é visto como méto<strong>do</strong> de<br />
referência e utiliza<strong>do</strong> largamente por vários investiga<strong>do</strong>res.<br />
No processo de detecção de fosfatos pelo méto<strong>do</strong> de Hanna, observou-se<br />
que os níveis de concentração de fosfatos não foram tão baixos como no méto<strong>do</strong> de<br />
Strikland & Parsons (1968). Mas pôde observar-se que houve uma redução<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 59
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
significativa de fosfatos ao terceiro dia, sen<strong>do</strong> a remoção mais lenta nos dias<br />
seguintes e se manteve quase sem variações até ao décimo terceiro dia.<br />
Uma das hipóteses para a remoção mais demorada nos restantes dias poderá<br />
dever-se ao facto de ter si<strong>do</strong> utilizada uma densidade algal de 4,0x106 células/ml.<br />
A determinação da concentração de fosfatos pelo méto<strong>do</strong> de Strikland &<br />
Parsons (1968) apresentou valores bem mais baixos, embora em valores relativos<br />
semelhantes ao méto<strong>do</strong> de Hanna. Obtiveram-se concentrações de fosfatos<br />
significativas ao terceiro dia de incubação das águas residuais com a Chlorella<br />
vulgaris. As concentrações de fosfatos medidas nos dias seguintes foram sempre<br />
mais baixas até ao décimo dia, que baixaram até 3,96 mg/l de concentração de<br />
fostato. Pode pôr-se a hipótese de, nesta segunda fase, a remoção ter si<strong>do</strong> mais<br />
rápida pelo facto de a densidade algal usada ter si<strong>do</strong> maior (9.0x106 celulas/ml).<br />
Deve ser ti<strong>do</strong> em conta o comportamento da microalga, que se revelou<br />
influencia<strong>do</strong> pelas condições ambientais em que se encontrava, como, por exemplo<br />
o fotoperio<strong>do</strong>, a temperatura ambiente, a forma de acondicionamento da microalga e<br />
amostra. Aconteceu que uma das vezes se utilizou papel de prata para tapar o<br />
matraz, enquanto que num outro ensaio foi utiliza<strong>do</strong> algodão. No caso da utilização<br />
<strong>do</strong> algodão de vidro obtiveram-se concentrações mais altas de fosfatos <strong>do</strong> que no<br />
caso em que a incubação foi feita com recurso a cobertura de papel de prata.<br />
Verificou-se ainda que algumas vezes, a falha de corrente eléctrica na sala de<br />
culturas provocou diferenças de concentrações <strong>do</strong>s fosfatos entre amostras<br />
seriadas.<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 60
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
Outra hipótese possível é a de que as esferas de alginato de sódio conten<strong>do</strong><br />
as microalgas tenham começa<strong>do</strong> a perder a sua estrutura, visto que, segun<strong>do</strong><br />
alguns autores (Lau et al., 1998b), devi<strong>do</strong> à sua natureza ionotrópica, a estabilidade<br />
mecânica <strong>do</strong> gel de alginato depende essencialmente das condições iónicas <strong>do</strong><br />
ambiente. Como resulta<strong>do</strong>, a integridade <strong>do</strong> gel é altamente vulnerável à presença<br />
de agentes como, por exemplo, o fósforo e citrato. Este tipo de agentes, quan<strong>do</strong><br />
liga<strong>do</strong>s a catiões, soltam a matriz de gel e causam a perda de células de gel, que<br />
acaba por se dissolver, alteran<strong>do</strong> a experiência (Robinson et al., 1986).<br />
O que acontece alguma frequência, deve-se ao facto de as microesferas de alginato<br />
roçarem umas nas outras (Kaya & Picard, 1995), levan<strong>do</strong> as microalgas a perder a<br />
sua capacidade de remover os fosfatos da água residual.<br />
A variação e a diminuição de capacidades de remoção também podem ser<br />
devidas à dificuldade de esterilização <strong>do</strong> alginato de sódio e, portanto, à existência<br />
de contaminantes que alterem a capacidade das propriedades de gelificação da<br />
matriz.<br />
6-CONCLUSÃO<br />
O estu<strong>do</strong> de novas alternativas para tratamento de águas residuais e para a remedi-<br />
ação de sítios contamina<strong>do</strong>s é hoje, e justificadamente, uma actividade em cresci-<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 61
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
mento. É da experiência de to<strong>do</strong>s nós tomar conhecimento, periodicamente, da exis-<br />
tência de rios ou lagos, em especial, onde a profusão <strong>do</strong> crescimento de algas, devi-<br />
<strong>do</strong> à alta percentagem de fosfatos, se torna altamente perniciosa, não só porque<br />
esse crescimento se torna letal para a fauna, por falta de oxigénio, como ainda o<br />
próprio elemento líqui<strong>do</strong> fica inutilizável aquan<strong>do</strong> a flora se decompõe.<br />
Por isso e de uma maneira geral, a utilização de processos biológicos torna-se alta-<br />
mente conveniente, em função da capacidade destes sistemas para tratar grandes<br />
volumes a um custo mais baixo. É, pois, altamente justificada a relação entre o cres-<br />
cimento descontrola<strong>do</strong> <strong>do</strong>s efeitos poluentes e a necessidade deste aumento mar-<br />
cante na investigação para criar estratégias para limpar os ecossistemas aquáticos.<br />
Daí que, cada vez mais, microrganismos tais com o as algas, são agora aceites<br />
como ferramentas baratas e eficientes para remover muitos poluentes, tais como os<br />
fosfatos, em águas residuais.<br />
Foi, portanto, ten<strong>do</strong> como horizonte esta dupla realidade, o aumento <strong>do</strong>s fosfatos<br />
nas águas e a verificação de que as suas consequências poderiam ser minimizadas<br />
pelo recurso a microrganismos que se perspectivou o principal objectivo deste estu-<br />
<strong>do</strong>: a demonstração prática de uma remoção biológica de fosfatos em águas residu-<br />
ais <strong>do</strong>mésticas, utilizan<strong>do</strong> algas imobilizadas em meio de alginato de sódio. De facto,<br />
comprovadamente, o tratamento com a microalga Chlorella vulgaris imobilizada<br />
mostrou reduções significativas na concentração de fosfatos na água residual em<br />
estu<strong>do</strong>.<br />
Mas não podemos deixar de reconhecer que se torna necessário repetir este estu<strong>do</strong><br />
em campo, isto é, em locais de drenagem directa de águas residuais com caracterís-<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 62
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
ticas semelhantes às das amostras utilizadas, de forma a testar variáveis mais alar-<br />
gadas. Podemos, contu<strong>do</strong>, garantir que, de facto, se verificaram variações de con-<br />
centração de fosfato na amostra em estu<strong>do</strong>, pelo que consideramos ter atingi<strong>do</strong> o<br />
principal objectivo. As amostr as, dada a dificuldade <strong>do</strong> seu transporte para Portugal,<br />
também foram em número reduzi<strong>do</strong>, o que não facilitou uma melhor interpretação<br />
<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />
Seria interessante, de futuro, avaliar também o comportamento algal sob várias con-<br />
dições ambientais e de acondicionamento. Deve, contu<strong>do</strong>, ter -se em conta critérios<br />
rigorosos na escala de microrganismos que possam proliferar num ambiente conta-<br />
mina<strong>do</strong> e que ao mesmo tempo possua um sistema que lhe per mita metabolizar<br />
contaminantes (neste caso, os fosfatos).<br />
Esperamos e desejamos que, com este estu<strong>do</strong>, se possam fazer outros a uma esca-<br />
la mais alargada, contribuin<strong>do</strong> dessa forma para a melhoria da situação da poluição<br />
ambiental <strong>do</strong> meio aquático, nomeadamente neste tipo de águas. A realidade está à<br />
vista de to<strong>do</strong>s e a remediação possível já não é uma miragem.<br />
Tomar conhecimento desta realidade e das acções para a minimizar com os<br />
mais baixos custos económicos e ambientais é mais <strong>do</strong> que necessário: é im-<br />
perativo!<br />
Susana Silva – Faculdade de Ciências <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> Pág. 63
Biorremediação em águas residuais:remoção de fosfatos utilizan<strong>do</strong> microalgas Chlorella vulgaris imobilizadas em meio de<br />
alginato de sódio<br />
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