iii FEBRE REUMÁTICA
iii FEBRE REUMÁTICA
iii FEBRE REUMÁTICA
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KISS MHB<br />
Tratamento clínico da<br />
febre reumática<br />
INTRODUÇÃO<br />
Uma vez estabelecido o diagnóstico de febre reumática,<br />
a terapêutica envolve três fases que, de modo<br />
geral, são realizadas de forma simultânea:<br />
— profilaxia primária ou erradicação do foco;<br />
— tratamento sintomático;<br />
— profilaxia secundária ou prevenção das recorrências.<br />
PROFILAXIA PRIMÁRIA OU ERRADICAÇÃO<br />
DO FOCO<br />
TRATAMENTO CLÍNICO DA <strong>FEBRE</strong> <strong>REUMÁTICA</strong><br />
MARIA HELENA B. KISS<br />
Departamento de Pediatria —<br />
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo<br />
Endereço para correspondência: Rua Itápolis, 1624 — CEP 01245-000 —<br />
São Paulo — SP<br />
O tratamento de pacientes com febre reumática compreende três fases: a profilaxia<br />
primária ou erradicação dos estreptococos da orofaringe, o tratamento sintomático das<br />
manifestações clínicas, e a profilaxia secundária ou prevenção de novos surtos. Para a<br />
profilaxia primária, a droga de escolha é a penicilina; em pacientes alérgicos à penicilina,<br />
a primeira opção é a eritromicina. As vantagens da penicilina benzatina são enfatizadas<br />
e a utilização de outros antibióticos como as cefalosporinas e azitromicina deve ser<br />
evitada, pelo risco de desenvolvimento de resistência bacteriana. A artrite da febre reumática<br />
deve ser tratada com antiinflamatórios não-hormonais, como o ácido acetilsalicílico<br />
e o naproxeno, durante quatro a seis semanas. A cardite deve ser tratada com<br />
prednisona na dose inicial de 2 mg/kg/dia, com reduções progressivas, dependentes da<br />
evolução, até completar 12 semanas. O uso de corticosteróides por via oral ou parenteral<br />
e de gamaglobulina não interfere no prognóstico da cardite. Para o tratamento da<br />
coréia utilizam-se o haloperidol ou os valproatos. Os barbitúricos, a prednisona em altas<br />
doses e a carbamazepina apresentam eficácias comparáveis. A profilaxia secundária<br />
deve ser realizada com a penicilina benzatina e, nos casos de alergia à penicilina, com<br />
a sulfadiazina ou a eritromicina. Doses de 1.200.000 U devem ser recomendadas e<br />
administradas a cada três semanas. A profilaxia secundária deve se estender até os 18<br />
anos ou, no mínimo, durante cinco anos em pacientes sem cardite. A presença de cardite<br />
indica a profilaxia durante a vida inteira ou pelo menos até os 25 anos e no mínimo<br />
durante dez anos.<br />
Palavras-chave: profilaxia primária, artrite, cardite, coréia, profilaxia secundária.<br />
O objetivo da profilaxia primária é erradicar o es-<br />
(Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo. 2005;1:53-60)<br />
RSCESP (72594)-1508<br />
treptococo beta-hemolítico da orofaringe do paciente<br />
com febre reumática. Para tanto é necessária a utilização<br />
de um antibiótico com eficácia clínica e bacteriológica<br />
comprovada, utilizado em regime terapêutico de<br />
fácil aderência, com baixo custo, espectro de atividade<br />
adequado e efeitos colaterais mínimos. É importante<br />
enfatizar que nenhum antibiótico isoladamente erradica<br />
o estreptococo da orofaringe de 100% dos pacientes<br />
tratados (1-4) .<br />
Levando em conta os aspectos acima mencionados,<br />
o antibiótico de escolha para a profilaxia primária<br />
ainda é a penicilina e nos casos de alergia, a eritromicina<br />
permanece como primeira alternativa (Tab. 1).<br />
Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo — Vol 15 — N o 1 — Janeiro/Fevereiro de 2005 53