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OPINIÃO<br />
O biocombustível sob ameaça<br />
O Brasil está diante de três opções: investe em refinarias que custam dezenas<br />
de bilhões de dólares; investe em logística que garanta importações de gasolina;<br />
ou provê condições para que o setor privado invista em etanol CELSO MING (*)<br />
O governo prepara um aumento da Cide, a<br />
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico,<br />
com duplo objetivo: dar um gás para<br />
o combalido setor do etanol e obter certo aumento<br />
de arrecadação.<br />
Em 2012, o governo zerou a Cide de modo<br />
a promover o achatamento dos preços da gasolina<br />
e, assim, segurar a inflação. Com isso, salvou<br />
o aquário, mas matou o peixe. A economia<br />
do etanol entrou em processo de forte deterioração.<br />
No momento, a Cide está de volta, embora<br />
a níveis inferiores, com o objetivo de abrir um<br />
pequeno espaço para o etanol. Explica-se:<br />
como apresenta apenas 70% do teor energético<br />
da gasolina, o etanol perde competitividade sempre<br />
que seus preços ultrapassam os 70% dos preços<br />
da gasolina. Apesar da derrubada das cotações internacionais<br />
do petróleo, a Petrobrás ainda segura<br />
o preço antigo dos derivados, o que ainda dá certo<br />
fôlego ao etanol.<br />
Mas essa situação é instável, porque mantida artificialmente.<br />
Na medida em que aumenta os preços<br />
da gasolina ao consumidor, a Cide ajuda o<br />
etanol. O efeito colateral é seu impacto sobre a inflação.<br />
Além disso, um combustível mais caro tende<br />
a reduzir o consumo e, com isso, a reduzir a arrecadação,<br />
especialmente do ICMS. As resistências<br />
dentro do governo ao aumento da Cide levam em<br />
conta esses dois fatores.<br />
Mas o problema do etanol enfrenta problema<br />
mais grave: o da enorme perda "natural" de competitividade<br />
em relação à gasolina, num ambiente<br />
de forte derrubada dos preços internacionais do petróleo.<br />
O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues,<br />
hoje coordenador do Centro de Agronegócios da<br />
Fundação Getúlio Vargas, reconhece que a competitividade<br />
do etanol no Brasil fica comprometida<br />
sempre que os preços do petróleo resvalam para<br />
abaixo dos US$ 40 por barril de 159 litros.<br />
Este é o nível em que, nas condições atuais de impostos,<br />
compensa mais a queima de gasolina nos<br />
motores dos veículos, especialmente nos dotados<br />
de tecnologia flex. Hoje, os preços do petróleo oscilam<br />
em torno desse limite, mas grande número<br />
de analistas de respeito no seu setor prevê que a<br />
baixa continuará.<br />
Para a defesa do etanol contra predadores de vários<br />
tipos, os especialistas evocam duas "externalidades":<br />
seus efeitos positivos na preservação<br />
ambiental e sua forte capacidade de produzir empregos.<br />
A implantação de avanços de<br />
ponta requer grande emprego<br />
de capitais, que o setor hoje<br />
nem está em condições de<br />
fazer nem está disposto a isso.”<br />
Um estudo da Unicamp apontou redução de 11%<br />
nas emissões de CO 2 no Brasil, graças à maior<br />
utilização do etanol desde o início do Proálcool,<br />
em 1975. Então, se é para desenvenenar o ar, é<br />
preciso garantir o futuro do etanol - como se<br />
pode deduzir desse estudo.<br />
E há o fator emprego. Estimativas de analistas<br />
da área dão conta de que o setor do etanol<br />
no Brasil produziu cerca de 1 milhão de<br />
empregos. Uma devastação nessa área, já enfraquecida<br />
pela crise, poderia gerar estragos<br />
significativos no mercado de mão de obra.<br />
Mas, apesar dessas recomendações, nas atuais<br />
condições em que opera o mercado, o etanol<br />
está vulnerável. Poderia não estar se o governo<br />
mantivesse regras firmes de jogo, como reclama o<br />
presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari.<br />
Houvesse essas regras, os empresários do setor poderiam<br />
correr mais riscos e, por exemplo, investir<br />
em tecnologias redentoras.<br />
O professor Roberto Rodrigues observa que há<br />
enormes avanços na área de tecnologia agrícola da<br />
cultura da cana de açúcar, cujo emprego poderia<br />
derrubar substancialmente os custos de produção.<br />
Mas reconhece que a implantação desses avanços<br />
de ponta requer grande emprego de capitais, que o<br />
setor hoje nem está em condições de fazer nem está<br />
disposto a isso.<br />
O Brasil está diante de três opções, como aponta<br />
Antonio de Padua, diretor técnico da Unica, uma<br />
das entidades do setor: ou investe em refinarias<br />
que custam algumas dezenas de bilhões de dólares;<br />
ou investe em projetos de logística que garantam<br />
importações de gasolina; ou provê as<br />
condições necessárias para que o setor privado invista<br />
em etanol e dobre sua produtividade para<br />
12 mil litros de etanol por hectare de cana produzida.<br />
O País decide.<br />
(*) Celso Ming é jornalista econômico, palestrante e<br />
colunista diário do jornal O Estado de São Paulo.<br />
2 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
Colheita avança para o terço final no PR<br />
Chuvas voltam a atrapalhar ritmo dos trabalhos e deve sobrar cana bisada.<br />
Forte consumo tem demandado maior produção de etanol DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
SAFRA<br />
Com 65,3% já colhido do total de<br />
cana de açúcar esperado, a safra<br />
<strong>2015</strong>/16 do <strong>Paraná</strong> avança para o seu<br />
terço final. Dos 43,08 milhões de toneladas<br />
de cana estimados para este<br />
ano, número semelhante ao produzido<br />
no período anterior, já foram<br />
processadas até o dia 16 de setembro,<br />
28,129 milhões de toneladas, 2,6% a<br />
menos do que na mesma quinzena<br />
do ano passado, segundo o presidente<br />
da Alcopar, Miguel Tranin.<br />
Do dia 1 a 16 de setembro foram esmagadas<br />
2,193 milhões de toneladas,<br />
27% a menos que na quinzena anterior,<br />
quando foram moídas mais de 3<br />
milhões de toneladas e 24,3% a menos<br />
que a mesma quinzena do ano<br />
passado,quando chegou-se a 2,898<br />
milhões. As chuvas ocorridas no período<br />
diminuíram o ritmo de colheita<br />
e as usinas já trabalham com a possibilidade<br />
de sobrar cana bisada de uma<br />
safra para a outra. “O volume de produção<br />
este ano vai depender muito da<br />
intensidade do El Niño”, diz Tranin.<br />
Boa parte da matéria prima paranaense<br />
tem sido destinada, por enquanto,<br />
para a produção de etanol,<br />
especialmente de hidratado, por<br />
conta da maior demanda devido à<br />
alta do preço da gasolina. Situação<br />
que se repete no Centro Sul do País.<br />
O consumo do combustível fóssil<br />
também pode ser influenciado pela<br />
violenta mudança cambial, encarecendo<br />
o produto internamente.<br />
O diretor da Datagro, Guilherme<br />
Nastari, calcula que a disponibilidade<br />
de etanol em <strong>2015</strong>/16 no Centro Sul<br />
seja de 16,74 bilhões de litros. Mas,<br />
se a demanda continuar em cerca de<br />
1,5 bilhão de litros por mês, serão necessários<br />
18 bilhões de litros para<br />
atender a esta.<br />
Para “corrigir o forte consumo”, ele<br />
estima que, até dezembro, os preços<br />
do etanol podem se valorizar até<br />
mais do que 10%, ou R$ 0,15 por<br />
litro, caso as exportações brasileiras<br />
superem as expectativas do mercado.<br />
"O dólar valorizado frente ao real<br />
está tornando o etanol brasileiro mais<br />
competitivo no exterior", comenta.<br />
O <strong>Paraná</strong> já processou quase 69%<br />
do volume de hidratado esperado na<br />
safra, 655 milhões de litros dos 949,8<br />
milhões. O volume produzido, entretanto,<br />
é 5,7% menor do que o obtido<br />
no mesmo período do ano passado,<br />
694,4 milhões. Considerando o etanol<br />
total, foram industrializados<br />
1,037 bilhão de litros no <strong>Paraná</strong>,<br />
67,9% dos 1,526 bilhão<br />
esperados.<br />
Até o dia 16 de setembro foram processadas<br />
28,129 milhões de toneladas de cana<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
3
SAFRA<br />
Mais açúcar<br />
Os percentuais de açúcar produzidos vêm se recuperando<br />
e já são 0,9% superiores aos registrados na mesma<br />
quinzena no ano passado, 1,945 milhão de toneladas contra<br />
1,927 milhão. A estimativa inicial é de que serão industrializados<br />
3,058 milhões de toneladas no <strong>Paraná</strong>.<br />
Para os especialistas presentes na 15ª Conferência Internacional<br />
Datagro, realizada recentemente em São<br />
Paulo, as usinas brasileiras maiores e mais estáveis financeiramente<br />
devem ajustar a produção no próximo anosafra<br />
para industrializar mais açúcar e menos etanol. Com<br />
a leve recuperação do preço da commodity nos mercados<br />
futuros em Nova York, e especialmente a forte depreciação<br />
da moeda brasileira, estão reforçando os valores do<br />
açúcar em reais em relação ao etanol. “Esperamos que o<br />
câmbio influencie numa rápida recuperação dos preços<br />
do açúcar”, afirma Miguel Tranin.<br />
Mesmo com as perspectivas de déficit mundial de açúcar<br />
na safra internacional <strong>2015</strong>/16, Guilherme Nastari,<br />
da Datagro, calcula que esta deve ser finalizada, em 30 de<br />
setembro de 2016, com a relação entre estoques e consumo<br />
mundial em 46%. E ressalta que as cotações da<br />
commodity só deverão registrar alguma reação expressiva<br />
quando esta recuar para 41%, para o que seria necessário<br />
que o déficit mundial acumulado atingisse cerca de 9 milhões<br />
de toneladas.<br />
O déficit projetado pela Organização Internacional do<br />
Açúcar, entretanto, é de 2,487 milhões de toneladas de<br />
açúcar na safra internacional <strong>2015</strong>/16 e de 6,2 milhões<br />
de toneladas na 2016/17. Mas, “o El Niño pode mudar o<br />
cenário", destaca.<br />
Moagem em rítmo lento<br />
Unidades do Centro Sul continuam priorizando a<br />
produção de etanol, confirmando a expectativa<br />
de safra mais alcooleira DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Durante a primeira quinzena<br />
de setembro, a colheita<br />
de cana de açúcar pelas usinas<br />
e destilarias do Centro Sul foi<br />
prejudicada pelas chuvas intensas<br />
registradas nas principais<br />
regiões produtoras.<br />
A quantidade esmagada no<br />
período atingiu só 29,58 milhões<br />
de toneladas, queda de<br />
25,93% em relação ao registrado<br />
na mesma quinzena de<br />
2014 (39,93 milhões) e<br />
37,39% a menos no comparativo<br />
com o processado na<br />
segunda metade de agosto<br />
deste ano (47,24 milhões).<br />
No acumulado da safra<br />
<strong>2015</strong>/16 até 15 de setembro,<br />
a moagem alcançou 403,81<br />
milhões de toneladas, contra<br />
412,62 milhões registrados na<br />
mesma data da safra anterior.<br />
O diretor Técnico da União<br />
da Indústria de Cana de Açúcar,<br />
Antonio de Padua Rodrigues,<br />
explica que “o volume<br />
final de cana a ser processado<br />
na safra <strong>2015</strong>/16 vai depender<br />
do ritmo de moagem observado<br />
no Estado de São<br />
Paulo nos próximos meses,<br />
pois a moagem está bastante<br />
atrasada”. A quantidade processada<br />
pelas unidades paulistas<br />
até o momento está 20<br />
milhões de toneladas aquém<br />
As vendas de etanol pelas<br />
unidades produtoras do<br />
Centro Sul continuam<br />
aquecidas devido “a ampliação<br />
da competitividade<br />
deste frente à gasolina e da<br />
dificuldade de armazenagem<br />
do produto por muitas<br />
unidades produtoras sem<br />
caixa para manter a operação”,<br />
afirma Antonio Rodrigues.<br />
A linha de financiamento<br />
para estocagem<br />
de etanol chegou tarde e é<br />
pouco atrativas, dificultando<br />
a tomada do recurso.<br />
do índice verificado na safra<br />
2014/15, explicou.<br />
Seguindo a tendência observada<br />
nas últimas quinzenas, a<br />
proporção de matéria-prima<br />
destinada à fabricação de açúcar<br />
até agora (40,01%) manteve-se<br />
abaixo do nível observado<br />
na mesma data da safra<br />
2014/15 (43,94%).<br />
A produção de açúcar nos<br />
primeiros quinze dias do mês<br />
atingiu 1,68 milhão de toneladas,<br />
com recuo de 32,73%<br />
em relação as 2,5 milhões verificados<br />
em 2014. Já a produção<br />
de etanol atingiu 1,56<br />
bilhão de litros na quinzena.<br />
Vendas de etanol<br />
Na primeira quinzena de<br />
setembro, o volume comercializado<br />
pelos produtores<br />
atingiu 1,24 bilhão de litros,<br />
com crescimento de 19,65%<br />
em relação ao montante<br />
vendido na mesma quinzena<br />
de 2014.<br />
Deste total comercializado<br />
nos primeiros quinze dias<br />
de setembro, 72,12 milhões<br />
de litros direcionaram-se à<br />
exportação e 1,17 bilhão de<br />
litros ao mercado doméstico.<br />
Para Rodrigues, “apesar da<br />
desvalorização do Real nas<br />
últimas semanas, os números<br />
indicam que as unidades continuam<br />
priorizando a produção<br />
de etanol, confirmando a<br />
expectativa de safra mais alcooleira”.<br />
No acumulado até 15 de setembro,<br />
a produção de açúcar<br />
alcançou 20,89 milhões de<br />
toneladas, com queda de<br />
10,92% no comparativo com<br />
a safra 2014/15. A produção<br />
de etanol, em sentido contrário,<br />
totalizou 18,21 bilhões de<br />
litros, com alta de 0,54% no<br />
comparativo com igual período<br />
da safra anterior.<br />
Do volume total de etanol<br />
produzido, 6,69 bilhões de<br />
litros referem-se ao etanol<br />
anidro e 11,52 bilhões ao<br />
hidratado, cuja produção<br />
até 15 de setembro de <strong>2015</strong><br />
registra alta de 11,25% na<br />
comparação com o mesmo<br />
período da safra 2014/<br />
<strong>2015</strong>.<br />
O volume de etanol hidratado<br />
comercializado no mercado<br />
interno somou 767,45<br />
milhões de litros na primeira<br />
metade de setembro, frente<br />
a 560,47 milhões registrados<br />
no mesmo período da<br />
safra 2014/15 - crescimento<br />
de 36,93%.<br />
As vendas internas de etanol<br />
anidro totalizaram<br />
404,15 milhões de litros na<br />
primeira quinzena de setembro,<br />
contra 423,72 milhões<br />
no mesmo período de 2014.<br />
4<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
Chuvas favorecem ferrugem<br />
Período mais crítico da doença normalmente ocorre no verão, que este ano tende<br />
a ser mais chuvoso. Fato preocupa os produtores MARLY AIRES<br />
LAVOURA<br />
Condições climáticas atípicas<br />
de inverno neste ano,<br />
com a ocorrência de um volume<br />
de chuvas acima da<br />
média, favoreceram o aparecimento,<br />
com maior severidade,<br />
dos sintomas da ferrugem<br />
alaranjada, causada<br />
pelo fungo Puccinia kuhenni,<br />
e da ferrugem marrom,<br />
Puccinia melanocephala, em<br />
lavouras de cana de açúcar<br />
no <strong>Paraná</strong>, segundo a engenheira<br />
agrônoma doutora<br />
Ana Cristina Fiori-Tutida,<br />
da Universidade Federal do<br />
<strong>Paraná</strong> (UFPR).<br />
Normalmente, o problema<br />
tende a ser mais intenso<br />
nos meses de verão,<br />
entre novembro e fevereiro.<br />
A antecipação do período<br />
normal de ocorrência deste<br />
e a previsão de chuvas<br />
abundantes no verão, por<br />
conta do fenômeno El<br />
Niño, já preocupam os<br />
produtores de cana do Estado.<br />
“O final do ano deve<br />
ser o período mais crítico”,<br />
avalia Heroldo Weber,<br />
pesquisador da UFPR. O<br />
fato preocupa principalmente<br />
por conta do tamanho<br />
da área comercial<br />
ainda cultivada com variedades<br />
já caracterizadas como<br />
suscetíveis a doença,<br />
mas que vêm sendo substituídas<br />
conforme o período<br />
de reforma do canavial.<br />
“Neste ano, observamos<br />
que muitos dos clones de<br />
cana de açúcar em avaliação,<br />
tidos como tolerantes,<br />
manifestaram sintomas expressivos<br />
da doença. E isso<br />
nas diferentes fases do Programa<br />
de Melhoramento<br />
Genético da Ridesa/UFPR<br />
e nas várias subestações<br />
aonde são avaliados - Paranavaí,<br />
Iguatemi, Colorado,<br />
Ivaté, Jussara e São Pedro<br />
do Ivaí. Por isso concluímos<br />
que esse ano foi extremamente<br />
favorável ao aparecimento<br />
das ferrugens”, explica<br />
Ana Cristina.<br />
A engenheira agrônoma<br />
ressalta que, por conta disso,<br />
o Programa de Melhoramento<br />
Genético da Ridesa/<br />
UFPR está buscando alternativas<br />
que permitam assegurar<br />
condições climáticas<br />
ideais às doenças nas fases<br />
iniciais do processo de seleção,<br />
proporcionando assim<br />
uma maior segurança quanto<br />
à suscetibilidade à doença<br />
em relação aos materiais em<br />
estudo.<br />
Perdas significativas<br />
Sintomas iniciam-se com pequenas pontuações nas folhas,<br />
que evoluem rapidamente para pústulas<br />
As perdas de produtividade<br />
nas lavouras de cana de açúcar<br />
devido à ferrugem, especialmente<br />
a alaranjada,<br />
podem ser significativas, dependendo<br />
da suscetibilidade<br />
da variedade de cana à doença.<br />
É preciso vistoriar a lavoura<br />
com frequência e<br />
acompanhar de perto. Se for<br />
identificado problema, avaliar<br />
a produtividade esperada<br />
e se o controle com fungicida<br />
compensa a aplicação,<br />
sendo necessária, normalmente,<br />
de três ou mais aplicações.<br />
Os fungos causadores das<br />
ferrugens possuem esporos<br />
facilmente dispersos pelo<br />
vento e respingos de chuva,<br />
pois são muito leves e pequenos.<br />
Podem ser carreados por<br />
muitos quilômetros quando<br />
atingem grandes altitudes, ou<br />
pelo transporte de mudas.<br />
Os sintomas iniciam-se<br />
como pequenas pontuações<br />
nas folhas e evoluem rapidamente<br />
formando estruturas,<br />
denominadas pústulas, na superfície<br />
inferior destas. Embora<br />
haja uma diferença,<br />
ainda que pequena, em relação<br />
à temperatura ótima para<br />
o processo de infecção dos<br />
dois tipos de ferrugem, ambos<br />
são favorecidos por condições<br />
de elevada umidade,<br />
situação essa presente em<br />
grande parte dessa safra,<br />
afirma Ana Cristina Fiori-<br />
Tutida.<br />
Essa combinação, associada<br />
à maior quantidade de dias<br />
nublados, foi favorável à criação<br />
de microclimas que favoreceram<br />
a infecção das folhas<br />
por esses patógenos, explica.<br />
“Trabalhos de pesquisa citam<br />
uma grande dependência das<br />
ferrugens às condições climáticas<br />
locais, as quais têm influência<br />
direta nos processos<br />
de penetração, infecção e colonização<br />
do patógeno nas<br />
plantas”, diz a engenheira<br />
agrônoma.<br />
Presente no Brasil desde<br />
2009 quando foi identificada<br />
em Araraquara (SP) e no <strong>Paraná</strong><br />
desde 2010, a ferrugem<br />
alaranjada não repetiu os<br />
efeitos devastadores de outros<br />
países produtores, mas<br />
eliminou diversas variedades<br />
e clones que apresentavam<br />
grandes potenciais. Uma das<br />
variedades que mais sofreu<br />
com a doença foi a<br />
RB72454.<br />
A Austrália, onde esta foi<br />
identificada em 2000, foi um<br />
dos países mais afetados.<br />
Com 45% da área cultivada<br />
com uma variedade suscetível,<br />
a Q124, a doença provocou<br />
perdas de 24% da produção,<br />
causando prejuízos de<br />
210 milhões de dólares australianos.<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
5
AMBIENTE<br />
“Semeando o Verde” supera meta<br />
Iniciativa desenvolvida pela Santa Terezinha tem patrocínio da FMC e contempla<br />
5,5 mil alunos de 35 escolas do <strong>Paraná</strong> e Mato Grosso do Sul DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Em setembro mais de<br />
30 mil mudas de espécies<br />
de árvores nativas da região<br />
foram plantadas por voluntários<br />
e por estudantes em<br />
mais uma edição do projeto<br />
“Semeando o Verde”. Participam<br />
5,5 mil alunos do Ensino<br />
Fundamental e mais de<br />
250 educadores de 35 escolas<br />
de 16 municípios no <strong>Paraná</strong> e<br />
Mato Grosso do Sul.<br />
Segundo Júlio Meneguetti,<br />
diretor da unidade Iguatemi<br />
da Usina Santa Terezinha, o<br />
projeto tem como objetivo<br />
levar educação ambiental a<br />
crianças de escolas públicas.<br />
É promovido há quatro anos<br />
em todas as unidades industriais<br />
da usina, conta com<br />
apoio da FMC Agricultural<br />
Solutions e faz parte das comemorações<br />
ao Dia da Árvore,<br />
21 de setembro. O projeto,<br />
entretanto, teve início em<br />
2005, em Ivaté, disseminando-se,<br />
posteriormente, para as<br />
demais.<br />
Entre as atividades desenvolvidas<br />
com os alunos do 3º<br />
ao 5º anos do Ensino Fundamental<br />
estão palestras educativas,<br />
apresentação teatral,<br />
concurso de desenho e redação<br />
e plantio de árvores. Os<br />
três primeiros colocados de<br />
cada categoria dos concursos<br />
recebem premiação. Este ano,<br />
os professores também puderam<br />
participar de concurso de<br />
redação específico.<br />
Ao todo são 16 municípios<br />
e vários distritos contemplados<br />
com as atividades da usina<br />
em toda sua área de ação:<br />
Mandaguaçu, Maringá<br />
(Iguatemi), Paranacity, Tapejara,<br />
Tuneiras do Oeste (e<br />
Marabá), Ivaté (e Herculândia),<br />
Icaraíma (e Porto Camargo<br />
e Vila Rica do Ivaí),<br />
Douradina (e Vila Formosa),<br />
Guairaçá, Terra Rica (e<br />
Adhemar de Barros), São<br />
Tomé, Rondon, Cidade Gaúcha,<br />
Umuarama (Serra do<br />
Dourados) e Moreira Sales,<br />
no <strong>Paraná</strong>, e em Eldorado, no<br />
Mato Grosso do Sul. As mudas<br />
usadas no plantio são cultivadas<br />
nos viveiros da usina e<br />
fornecidas também pela Itaipu<br />
Binacional.<br />
De 2012 a <strong>2015</strong>, o Semeando<br />
o Verde já envolveu quase<br />
20 mil crianças com as atividades<br />
educacionais e possibilitou<br />
o plantio de mais de 141<br />
mil mudas de árvores nativas<br />
Soluções ao agronegócio<br />
A FMC Corporation, especializada nos mercados agrícolas,<br />
industriais e de consumo, atua globalmente há mais<br />
de um século com soluções inovadoras, aplicações e produtos<br />
de qualidade. Em 2014, o faturamento anual da<br />
companhia foi de aproximadamente US$ 4,5 bilhões, gerando<br />
aproximadamente 7 mil empregos no mundo, com<br />
negócios em três segmentos: FMC Agricultural Solutions,<br />
FMC Health and Nutrition e FMC Lithium.<br />
Há mais de quatro décadas no Brasil, a FMC Agricultural<br />
Solutions, uma das tradicionais e principais empresas<br />
de agronegócio do País, investe em soluções tecnológicas<br />
inovadoras e customizadas com pesquisas e desenvolvimento<br />
de novas moléculas e formulações químicas e biológicas<br />
eficientes no controle e prevenção de pragas e<br />
doenças nas lavouras. É pioneira em produtos para algodão,<br />
líder em cana, com tecnologias para grãos, café, H&F,<br />
florestas plantadas, pastagem e outras culturas.<br />
e frutíferas, recuperando 48<br />
áreas. “Os números obtidos<br />
superaram em muito a meta<br />
inicial”, afirmou Waldomiro<br />
Baddini, gerente de Recursos<br />
Humanos da usina.<br />
De acordo com Solange Gil<br />
de Azevedo, analista de governança<br />
corporativa da Santa<br />
Terezinha, o melhor lugar<br />
para se cultivar o futuro é<br />
dentro da escola. “As crianças<br />
são comprometidas com a<br />
A Santa Terezinha é a<br />
maior usina do Sul do Brasil<br />
e uma das maiores do<br />
País. Possui 11 unidades industriais:<br />
em Iguatemi (distrito<br />
de Maringá), Paranacity,<br />
Tapejara, Ivaté, Terra<br />
Rica, São Tomé, Cidade<br />
Gaúcha, Rondon, bem como<br />
a Usina de Açúcar e Álcool<br />
Goioerê Ltda. (em<br />
Moreira Sales) e a Costa<br />
Bioenergia Ltda. (em<br />
Umuarama) – situadas no<br />
<strong>Paraná</strong>, e a Usina Rio <strong>Paraná</strong><br />
S.A (em Eldorado) -<br />
no Mato Grosso do Sul.<br />
Quase 20 mil estudantes participaram do plantio de mais<br />
de 141 mil mudas de árvores em quatro anos<br />
preservação da biodiversidade<br />
e têm a oportunidade de<br />
construir um futuro melhor”.<br />
O presidente da FMC, Antonio<br />
Carlos Zem, participou<br />
das ações do projeto no dia<br />
22 de setembro, na Usina<br />
Santa Terezinha, Unidade<br />
Iguatemi, onde foi feito o<br />
plantio de árvores com os<br />
alunos de escolas municipais<br />
de Iguatemi (Maringá) e<br />
Mandaguaçu.<br />
A maior do Sul do Brasil<br />
Também compõem a empresa<br />
o corporativo e o terminal<br />
logístico – em Maringá,<br />
e o terminal rodoferroviário<br />
em Paranaguá. A<br />
empresa foi fundada há 51<br />
Para a empresa, patrocinar o<br />
projeto significa promover a<br />
cidadania contribuindo para<br />
a formação e conscientização<br />
das gerações futuras. “O ‘Semeando<br />
o Verde’ é uma aula<br />
de cidadania. Dentro da escola<br />
se cultiva um futuro melhor<br />
e, ao incentivarmos projetos<br />
como esse, fazemos com<br />
que seus ideais e objetivos<br />
cresçam dentro de cada criança”,<br />
declara Zem.<br />
anos em Maringá (Iguatemi)<br />
e possui mais de 20<br />
mil colaboradores nos setores<br />
industrial, agrícola e administrativo.<br />
Projeto envolve palestras educativas, apresentação teatral,<br />
concurso de desenho e redação e plantio de árvores<br />
6<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
ANP realiza seminário em Maringá<br />
O objetivo foi esclarecer as dúvidas sobre as exigências quanto à qualidade do etanol e<br />
sobre o Sistema de Informação e Movimentação de Produtos DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
EVENTO<br />
Para discutir a "Qualidade do Etanol<br />
e Sistema de Informação e Movimentação<br />
de Produtos – SIMP", a Agência<br />
Nacional do Petróleo, Biocombustíveis<br />
e Gás Natural (ANP), a pedido<br />
da Alcopar, realizou um seminário a<br />
respeito para os produtores de etanol,<br />
no último dia 2 de setembro, na sede<br />
do Serviço Social da Indústria (SESI),<br />
em Maringá.<br />
Os objetivos do evento foram<br />
orientar os produtores de biocombustíveis<br />
com relação às atividades<br />
regulatórias da ANP, tirar dúvidas<br />
sobre as mudanças ocorridas e divulgar<br />
essas alterações promovidas<br />
recentemente na legislação do setor<br />
de combustíveis.<br />
Dentre as palestras realizadas os<br />
temas foram: “Especificação, Certificação<br />
do Etanol e envio de dados de<br />
Qualidade”; “Alterações e envio de<br />
dados no Sistema de Informação e<br />
Movimentação de Produtos –<br />
SIMP”; e “Alteração de códigos de<br />
instalação na tabela SIMP (T008)<br />
aplicável às movimentações entre fornecedor<br />
e distribuidor de combustíveis<br />
(vendas)”.<br />
Também foi falado sobre o fechamento<br />
de filiais distribuidoras de<br />
combustíveis que não atenderam à<br />
Resolução nº 58/2014. A legislação é<br />
voltada a distribuição, especialmente<br />
no âmbito da segurança operacional e<br />
da proteção ambiental.<br />
Como parte da programação foi incluído<br />
ainda um Posto Avançado da<br />
ANP, no qual foram sanadas as dúvidas<br />
existentes e realizadas orientações<br />
sobre as obrigações constantes nas<br />
Resoluções que regulamentam o setor<br />
e as ferramentas para envio de dados<br />
para a Agência.<br />
O Sistema de Informações de Movimentação<br />
de Produtos – SIMP –<br />
tem por objetivo monitorar, de forma<br />
integrada, os dados de produção e<br />
movimentação de produtos regulados<br />
pela ANP, disponibilizando estatísticas<br />
para a sociedade e compartilhando<br />
o acompanhamento do mercado com<br />
os agentes econômicos e entidades de<br />
classe.<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
7
BIODIESEL<br />
Miopia e falta de<br />
compromisso impedem avanço<br />
Produtores pleiteiam que o percentual de mistura seja elevado para 10% para<br />
reduzir capacidade ociosa e estimular investimentos DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
O aumento da participação<br />
de biocombustíveis na composição<br />
do diesel em 2014 de<br />
5% para 7% trouxe alento aos<br />
produtores. Mas as empresas<br />
continuam operando com capacidade<br />
ociosa elevada. “A<br />
ampliação foi importante, sinalizou<br />
que o país quer avançar<br />
em combustíveis alternativos<br />
ao petróleo. Mas não<br />
podemos parar no B7. Temos<br />
condições de ir adiante e toda<br />
a sociedade ganha com isso”,<br />
diz Erasmo Carlos Battistella,<br />
presidente da Associação dos<br />
Produtores de Biodiesel do<br />
Brasil (Aprobio).<br />
Estudo do Instituto Saúde<br />
e Sustentabilidade aponta<br />
que a adoção gradual da mistura<br />
B20 até 2025 pode gerar<br />
economia de R$ 2 bilhões ao<br />
sistema de saúde das seis<br />
maiores capitais brasileiras<br />
com a redução de problemas<br />
cardiorrespiratórios. O biodiesel<br />
emite 98% menos gás<br />
carbônico do que o petróleo<br />
Biocombustível emite 98% menos gás carbônico do que o petróleo<br />
A produção brasileira de<br />
biodiesel saltou de 2,9 bilhões<br />
de litros em 2013 para 3,4 bilhões<br />
de litros e a projeção<br />
para <strong>2015</strong> é chegar a 4,2 bilhões<br />
de litros. Mas, as 54 usinas<br />
autorizadas pela Agência<br />
Nacional do Petróleo, Gás<br />
Natural e Biocombustíveis<br />
(ANP) somam uma capacidade<br />
produtiva de 7,6 bilhões<br />
de litros.<br />
Benefícios<br />
Quanto a eficiência dos<br />
motores, há um estudo com<br />
dados de 12 países dos cinco<br />
continentes, com condições<br />
climáticas distintas, que indicam<br />
que são praticamente<br />
inexistentes os impactos sobre<br />
o desempenho e a durabilidade<br />
dos motores movidos<br />
com uma mistura de até<br />
50% de biodiesel, o B50.<br />
“Não há nenhum impedimento<br />
técnico. Só falta a decisão<br />
política”, diz Leonardo<br />
Zilio.<br />
O biodiesel também dá<br />
sustentação ao preço da soja<br />
para o produtor rural e tem<br />
papel importante para a indústria<br />
de esmagamento, segundo<br />
Zilio. O óleo de soja<br />
é o principal insumo do biodiesel<br />
no Brasil, respondendo<br />
por 75% da produção,<br />
uma vez que o complexo<br />
agroindustrial do grão já está<br />
bem desenvolvido no País e<br />
possui economia de escala.<br />
Em <strong>2015</strong> a estimativa da<br />
Com enorme potencial para<br />
o desenvolvimento de combustíveis<br />
renováveis, o Brasil<br />
carece ainda de investimentos<br />
e políticas voltadas para o<br />
incentivo à indústria. Nesse<br />
cenário, a criação de um<br />
marco regulatório é uma necessidade<br />
urgente, afirma<br />
Battistella. “Não vamos exportar<br />
porque não temos<br />
Abiove é que sejam produzidos<br />
3,2 bilhões de litros de<br />
biodiesel a partir do insumo,<br />
o que representa 35% da<br />
produção de óleo de soja nacional.<br />
A gordura bovina é a segunda<br />
matéria-prima mais<br />
utilizada, respondendo por<br />
21,6% da produção no primeiro<br />
trimestre do ano. O<br />
biodiesel consome 40% do<br />
sebo bovino do País. “O biodiesel<br />
é estratégico, possibilitou<br />
agregar valor a um resíduo<br />
gerado em nossa atividade”,<br />
diz Alexandre Pereira,<br />
diretor comercial da unidade<br />
de biodiesel do grupo frigorífico<br />
JBS.<br />
competitividade. Precisamos<br />
que se crie uma política clara<br />
para que o país possa processar<br />
mais soja e vender seus<br />
subprodutos”.<br />
A BSBios, empresa dirigida<br />
por Battistella, conta com<br />
duas unidades, uma em Passo<br />
Fundo (RS) com capacidade<br />
para 160 milhões de litros de<br />
biodiesel por ano, e outra em<br />
Marialva (PR), com capacidade<br />
para 208 milhões de litros.<br />
As duas operam com<br />
soja e sebo bovino e antes do<br />
B7 trabalhavam em 85% de<br />
seu potencial e agora estão em<br />
95%. Battistella informa que<br />
está investindo R$ 10 milhões<br />
para ampliar a capacidade da<br />
unidade gaúcha para 219 milhões<br />
de litros anuais. Seus<br />
planos incluem uma terceira<br />
usina, também no Sul do País.<br />
“O investimento, porém, só<br />
fará sentido se houver a aprovação<br />
do B10”.<br />
Propostas ao governo<br />
Já foram encaminhadas ao<br />
governo federal quatro propostas<br />
para a expansão do<br />
consumo. A principal é elevar<br />
a mistura até 10% por<br />
litro, o B10, gradualmente<br />
até 2020. No período de<br />
transição valeria o BX, ou<br />
seja, a mistura poderia variar<br />
de 7% a 10%, de acordo com<br />
o interesse de cada região.<br />
Leonardo Zilio, assessor<br />
econômico da Associação<br />
Brasileira das Indústrias de<br />
Óleos Vegerais (Abiove), diz<br />
que regiões produtoras, como<br />
Mato Grosso, Rio Grande<br />
do Sul e o oeste paulista, poderiam<br />
se beneficiar de uma<br />
redução de custo do diesel<br />
com a proposta. Em junho,<br />
cita, o litro do diesel mineral<br />
chegava a um distribuidor de<br />
Mato Grosso por R$ 2,72. O<br />
litro do diesel S-10 custava<br />
R$ 2,87, enquanto o biodiesel,<br />
na usina, estava em R$<br />
2,08.<br />
As outras duas propostas<br />
para ampliar o consumo do<br />
biodiesel envolvem a adoção<br />
imediata da mistura em até<br />
30% em máquinas agrícolas<br />
e até 20% na frota de ônibus<br />
em cidades com mais de 500<br />
mil habitantes. As propostas<br />
estão sendo avaliadas por um<br />
grupo interministerial.<br />
Otimista, Erasmo Battistella<br />
acredita que a Conferência<br />
do Clima da ONU, a<br />
COP 21, que ocorre em dezembro<br />
em Paris, deve acelerar<br />
o processo de decisão<br />
brasileiro, dando ao governo<br />
uma medida concreta a apresentar<br />
na conferência.<br />
8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
BSBIOS é “Destaque de<br />
Comércio Exterior”<br />
A empresa recebeu a distinção na área do agronegócio devido ao crescimento<br />
de mais de 15% em suas exportações DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
RECONHECIMENTO<br />
A BSBIOS ganhou mais um prêmio,<br />
o “Destaque de Comércio Exterior –<br />
categoria agronegócio”, concedido<br />
pelo Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio Exterior<br />
(MDIC) e pela Associação de Comércio<br />
Exterior do Brasil (AEB).<br />
O tradicional prêmio, criado em<br />
1993, está em sua 21ª edição e as empresas<br />
e entidades são selecionadas<br />
com base em dados estatísticos fornecidos<br />
pelo MDIC, além de outros indicadores.<br />
A iniciativa busca<br />
reconhecer e incentivar as empresas<br />
que se destacam no comércio exterior<br />
ou em atividades relevantes no setor,<br />
que projetam o País no cenário econômico<br />
internacional.<br />
Com dez anos de fundação, a<br />
BSBIOS é uma companhia voltada<br />
para o desenvolvimento sustentável<br />
por meio da agroenergia, produzindo<br />
biodiesel a partir de óleos vegetais e<br />
gorduras animais. Além do biocombustível,<br />
a empresa exporta farelo de<br />
soja, óleo vegetal, glicerina e soja em<br />
grão. No ano passado, suas operações<br />
externas registraram um incremento<br />
de 15,6% nas vendas.<br />
“Atenta ao mercado internacional, a<br />
BSBIOS se preparou para atender as<br />
demandas externas, conquistando certificações<br />
de qualidade de produto<br />
como a GMP+B2, GMP+B3 e ISCC<br />
- Certificação Internacional de Sustentabilidade”,<br />
afirma o diretor presidente<br />
da empresa, Erasmo Carlos<br />
Battistella.<br />
Ele destaca que o Brasil é capaz de<br />
processar grãos e exportar produtos<br />
acabados, agregando valor ao PIB.<br />
“Não podemos mandar somente produtos<br />
in natura para o exterior, pois<br />
temos condições de atender os mais<br />
exigentes mercados”, ressalta o empresário.<br />
Hoje, a BSBIOS está presente<br />
em países da Europa, Ásia e África.<br />
Este é o quinto prêmio que a empresa<br />
ganha desde 2012 sendo destaque<br />
na área da exportação, e este ano<br />
ainda tem mais um para receber. A<br />
companhia já ganhou quatro vezes o<br />
“Prêmio Exportação RS” em diversas<br />
categorias ligadas ao comércio exterior,<br />
concedido pela ADVB – Associação<br />
dos Dirigentes de Vendas do<br />
Brasil, seção Rio Grande do Sul.<br />
Em <strong>2015</strong> ainda ela ganhará, também,<br />
o “Prêmio Sul for Export”, da revista<br />
Amanhã, especializada em economia<br />
no Sul do País, por estar entre as 25<br />
maiores exportadoras do Rio Grande<br />
do Sul, por ser a maior exportadora de<br />
biodiesel do estado, e por estar entre<br />
as 20 companhias que mais cresceram<br />
nos últimos três anos.<br />
Erasmo Carlos Battistella recebendo o prêmio,<br />
o quinto desde 2012<br />
Fotos: Divulgação BSBIOS<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
9
SYNTEGRAÇÃO<br />
Solução passa pela<br />
agricultura conservacionista<br />
Denizart Bolonhezi, do IAC, destacou a importância da cobertura do solo, plantio direto, rotação<br />
de culturas e controle de tráfego para reduzir custos e aumentar produtividade MARLY AIRES<br />
Com a efetivação da colheita<br />
mecânica de cana crua,<br />
a adoção dos princípios da<br />
agricultura conservacionista<br />
se tornou uma prática fundamental,<br />
com destaque ao<br />
plantio direto na reforma dos<br />
canaviais e o cultivo de uma<br />
cultura intercalar. Isso considerando<br />
os benefícios no<br />
controle da erosão, na redução<br />
dos custos de produção e<br />
na diminuição das emissões<br />
de gases de efeito estufa.<br />
A afirmação é do pesquisador<br />
doutor Denizart Bolonhezi<br />
(IAC/APTA), que<br />
no dia 2 de setembro esteve<br />
em Maringá falando sobre<br />
sistemas e manejo da produção<br />
para renovação de canaviais<br />
durante a segunda edição<br />
do Syntegração <strong>2015</strong>. O<br />
evento é promovido pela Alcopar<br />
e Syngenta e conta<br />
com a participação das equipes<br />
técnicas das usinas sucroenergéticas<br />
paranaenses.<br />
O pesquisador destacou<br />
que a adoção de práticas como<br />
a colheita de cana crua,<br />
com manutenção dos resíduos<br />
na superfície, o plantio<br />
direto ou o mínimo revolvimento<br />
do solo, o uso de uma<br />
cultura intercalar na reforma<br />
da cana e o controle do tráfego<br />
na lavoura criam um<br />
ciclo de sustentabilidade<br />
com inúmeros benefícios.<br />
Estas técnicas não só aumentam<br />
a produtividade da<br />
cana, dão estabilidade à produção<br />
e melhoram a rentabilidade,<br />
mas também diminuem<br />
os custos de produção<br />
de 13% a 28%, otimizando<br />
recursos e o tempo<br />
das operações agrícolas. Só o<br />
consumo de diesel é reduzido<br />
em 72% e as horas de<br />
trabalho em 60%. O menor<br />
impacto ambiental é outro<br />
benefício importante: reduz<br />
a erosão em 10 vezes e a<br />
emissão de gases de efeito<br />
estufa em até oito vezes,<br />
além de favorecer a microbiologia<br />
do solo e a ciclagem<br />
de nutrientes, aumentando o<br />
estoque de carbono no solo.<br />
Também diversifica a renda<br />
do fornecedor de cana e a<br />
economia da região, melhora<br />
o fluxo de caixa para a usina<br />
na entressafra e a imagem do<br />
etanol no exterior.<br />
O pesquisador reconheceu<br />
que nem sempre será possível<br />
adotar a agricultura conservacionista<br />
em toda área. Que<br />
será necessário tempo e uma<br />
curva de aprendizagem para<br />
obter os melhores resultados.<br />
Ele cita, entretanto, que já há<br />
tecnologias disponíveis para<br />
solucionar vários dos problemas<br />
existentes, e lamenta que<br />
a adoção ainda seja baixa,<br />
apesar de todo o potencial.<br />
“Se não tiver planejamento e<br />
convicção, não avança”, ressaltou,<br />
lembrando que o solo<br />
tem um limite em sua capacidade<br />
de sofrer estresse e<br />
que algo terá que ser feito urgentemente.<br />
10<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
É preciso planejar a reforma da cana<br />
Na escolha das opções de cultivo, tem que se levar em conta o tamanho da janela,<br />
o nível de restrição do ambiente, a situação e interesses da usina<br />
Em média, por ano, são reformados<br />
72 mil hectares de cana de açúcar no<br />
<strong>Paraná</strong> e de 500 mil a 700 mil hectares<br />
em São Paulo, área que no Centro<br />
Sul chega a 1,123 milhão de hectares<br />
de cana, segundo o Canasat 2014. “É<br />
uma fronteira agrícola para produção<br />
de soja, amendoim ou outras culturas<br />
de forma intercalar em reforma do<br />
canavial. Apesar da tendência de expansão,<br />
a prática ainda é negligenciada<br />
como estratégia importante no<br />
planejamento da reforma”, afirmou o<br />
pesquisador doutor Denizart Bolonhezi<br />
(IAC/APTA). Para ele, falta<br />
política pública de estímulo às parcerias<br />
entre grãos e cana.<br />
Denizart destacou que com o uso da<br />
soja em sucessão à cana é possível<br />
aproveitar a frota ociosa de tratores e<br />
equipamentos, aumentar a produtividade,<br />
dar maior estabilidade na produção<br />
de grãos, reduzir o custo de<br />
produção em 32%, amortizar em<br />
30% a 40% os gastos com a implantação<br />
do canavial e fornecer nitrogênio<br />
para a cana planta. Com a utilização<br />
da tecnologia RR da soja, permite<br />
ainda o uso de talhões colhidos<br />
no final da safra.<br />
Resultados semelhantes são obtidos<br />
com o cultivo de amendoim. Além<br />
das leguminosas comerciais, também<br />
podem ser cultivados na reforma da<br />
cana mucuna verde, crotalária e outras<br />
opções de adubação verde, que<br />
deixam um volume considerável de<br />
massa seca, aumentando a produtividade<br />
da cana, citou o pesquisador.<br />
No planejamento da agricultura<br />
conservacionista e escolha das opções<br />
de cultivo na reforma, o pesquisador<br />
disse que tem que se levar em conta<br />
o tamanho da janela para plantio da<br />
cultura de sucessão, o nível de restrição<br />
do ambiente de produção, a situação<br />
e interesses da usina e o que se<br />
espera obter com a prática.<br />
Se o foco for fornecimento de nutrientes,<br />
tem que se pensar o que está<br />
faltando no solo e qual cultura dá<br />
melhores resultados. Se é preciso<br />
controlar nematoides, a crotalária e a<br />
mucuna são mais eficientes. A palha<br />
sobre o solo também ajuda a controlar<br />
o nematoide Pratylenchus enquanto<br />
o plantio convencional potencializa<br />
a multiplicação dos nematoides.<br />
Denizart lembrou ainda que a rotação<br />
de culturas, ou melhor, o plantio<br />
de leguminosas ou adubação verde na<br />
reforma da cana, não é assunto novo.<br />
Já no início do Proálcool se discutia o<br />
assunto. “A novidade é pensar isso no<br />
contexto de colheita de cana crua”,<br />
disse, acrescentando que rotação e<br />
adubação verde são práticas milenares.<br />
A primeira pesquisa no Brasil sobre<br />
adubação verde na cana vem de 1953,<br />
citou. Da mesma forma, o uso da rotação<br />
de culturas e adubação verde<br />
Sucessão com soja traz benefícios como aumento<br />
de produtividade e redução de custos<br />
nas diversas culturas já é testado a<br />
centenas de anos por grandes universidades<br />
no mundo, sempre com ganhos<br />
consideráveis na produtividade,<br />
na maior retenção de água e na saúde<br />
do solo.<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
11
SYNTEGRAÇÃO<br />
Manter o solo fértil<br />
tem se tornado uma<br />
missão cada vez mais<br />
difícil e mais cara. E a experiência<br />
mostra que, se não<br />
cuidar, chega uma hora em<br />
que não se consegue mais<br />
corrigi-lo, alertou o pesquisador<br />
doutor Denizart Bolonhezi<br />
(IAC/APTA), que<br />
defende o plantio direto da<br />
cana como parte da solução.<br />
Ele citou que a erosão<br />
custa só ao estado de São<br />
Paulo mais de US$ 212 milhões<br />
ao ano, considerando<br />
os efeitos direitos e indiretos<br />
das perdas de solo. Que há<br />
estimativa de que há mais<br />
de 430 milhões de hectares<br />
de solo degradado no mundo.<br />
E que outros 23 bilhões<br />
de toneladas de solo são erodidos<br />
por ano. Isso numa realidade<br />
em que somente<br />
1/32 da terra apresenta potencial<br />
de uso para a agricultura.<br />
“Em 1961 havia 0,41 hectare<br />
cultivado por habitante.<br />
Em 2007 era 0,21 e em<br />
2050 haverá menos de 0,1<br />
hectare para a produção de<br />
alimentos, fibras e energia<br />
Cada vez mais comuns nos<br />
canaviais, as falhas no estande<br />
podem ser eliminadas<br />
com o uso das mudas de<br />
cana Plene PB, também<br />
indicadas para a formação<br />
de viveiros com alta sanidade<br />
e qualidade, segundo o<br />
engenheiro agrônomo Victor<br />
Hugo Silveira, da área<br />
de Desenvolvimento Técnico<br />
de Mercado Cana de<br />
Açúcar da Syngenta. Ele<br />
ressalta que esse é um mercado<br />
crescente para o produto,<br />
pois permite a recomposição<br />
da produtividade do<br />
canavial, maior rendimento<br />
Adeus ao preparo convencional<br />
Para o pesquisador do IAC, o setor de cana tem que aprender com o de grãos,<br />
onde a área de plantio direto cresceu muito<br />
para cada habitante no<br />
mundo. Considerando a expectativa<br />
de que haverá 9<br />
bilhões de pessoas em 2050,<br />
a produção terá que aumentar<br />
entre 60% e 110%”, afirmou.<br />
Diante dessa realidade, é<br />
cada vez maior a cobrança<br />
com relação ao cuidado com<br />
o solo e isso se dá de forma<br />
especial no que se refere à<br />
produção de cana de açúcar,<br />
devido ao foco na sustentabilidade<br />
ambiental de seus<br />
produtos, destacou o pesquisador<br />
doutor.<br />
Por outro lado, há o paradigma<br />
de que se tem que<br />
preparar o solo de forma intensiva.<br />
“Preparo profundo<br />
de solo não deve ser padrão”,<br />
ressaltou citando que as culturas<br />
da mandioca, batata e<br />
cana de açúcar são os mais<br />
citados como prejudiciais<br />
devido ao potencial de erosão.<br />
Defensor da agricultura<br />
conservacionista, o pesquisador<br />
disse que o setor de<br />
cana tem que aprender com<br />
o de grãos, onde a área de<br />
operacional das máquinas<br />
na colheita, posterga a reforma<br />
e reduz os custos da<br />
matéria prima.<br />
As mudas pré-brotadas<br />
podem ser usadas para preencher<br />
falhas de plantio, de<br />
soqueira, de áreas de ataques<br />
de pragas de solo, de acabamento<br />
de sulcação e de<br />
caixa de terraço embutido.<br />
Para isso, a Syngenta está<br />
criando parcerias para o desenvolvimento<br />
de soluções<br />
que permitam a viabilidade<br />
técnica e econômica deste<br />
replantio. Já há, inclusive,<br />
Denizart: é crescente a cobrança com relação ao cuidado com todo ecossistema<br />
plantio direto cresceu muito.<br />
“Com toda essa crise hídrica,<br />
tem que otimizar o<br />
uso de água e a melhor forma<br />
é com cobertura do solo,<br />
adotando-se o plantio direto.<br />
As culturas sofrem menos<br />
com as instabilidades do<br />
clima”.<br />
A palha residual e o sistema<br />
radicular deixados não<br />
só retêm e conservam mais<br />
água, como reduzem as<br />
temperaturas no nível do<br />
solo, favorecendo a atividade<br />
protótipos de máquinas para<br />
o plantio das mudas nestes<br />
espaços.<br />
Silveira alerta, entretanto,<br />
que o replantio de falhas em<br />
soqueira e áreas de pragas<br />
exige que o solo seja preparado<br />
para permitir uma<br />
operação adequada de<br />
transplantes das mudas,<br />
bem como garantir condições<br />
para seu pegamento e<br />
desenvolvimento.<br />
Também, é preciso que o<br />
replantio ocorra no máximo<br />
até 45 dias após o plantio ou<br />
microbiana, a ciclagem de<br />
nutrientes e dando melhores<br />
condições para as culturas.<br />
Nas áreas de plantio direto,<br />
a cana apresenta menos falhas<br />
na brotação e maior<br />
perfilhamento.<br />
“O solo é o ecossistema<br />
mais complexo do mundo.<br />
Em 100 gramas de solo há<br />
mais microorganismos que a<br />
população da China. Por<br />
isso a presença de palha e<br />
raízes no solo é fundamental.<br />
Os resíduos vegetais são<br />
Para formar viveiros ou replantar falhas<br />
o tamanho da soqueira não<br />
ultrapasse 40 centímetros de<br />
altura (duas a quatro folhas)<br />
para minimizar a competição<br />
em relação às mudas<br />
transplantadas. Da mesma<br />
forma, o tamanho da falha<br />
precisa ter mais de 1,5<br />
metro e ter mais de 20% de<br />
falhas no canavial, e o replantio<br />
ocorrer, preferencialmente,<br />
após a fertirrigação,<br />
irrigação ou chuva<br />
(20 a 30 mm), com até<br />
dois dias para entrada na<br />
área.<br />
as fontes de energia que alimentam<br />
todo esse ecossistema”,<br />
explicou.<br />
Denizart alertou que o intenso<br />
preparo, a compactação<br />
e o excesso de fertilizantes<br />
podem impactar<br />
negativamente a biologia do<br />
solo. E que o terraceamento<br />
adotado para a colheita mecânica<br />
de cana crua é incompatível<br />
com uma intensa<br />
movimentação do solo.<br />
“Os riscos de erosão são<br />
enormes”.<br />
Quando usadas nos viveiros,<br />
Silveira lembra que as<br />
mudas pré-brotadas permitem<br />
explorar o máximo potencial<br />
das variedades comerciais,<br />
antecipar a introdução<br />
de novos materiais e<br />
evitar a disseminação de<br />
pragas e doenças sistêmicas.<br />
Também proporciona<br />
maiores taxas de multiplicação,<br />
alto vigor, homogeneidade<br />
das plantas, excelente<br />
perfilhamento, liberação da<br />
área de viveiro para moagem,<br />
evita reforma antecipada<br />
dos canaviais e aumenta<br />
a rentabilidade do<br />
negócio.<br />
12<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
Estruturar o solo em vez de revolver<br />
Para o professor doutor Denizart<br />
Bolonhezi, manejo de<br />
solo não se resume a práticas<br />
mecânicas. “Não é com ferro<br />
que se estrutura o solo.<br />
Quando se movimenta este<br />
utilizando grade e aiveca, o<br />
que se ganhou com a rotação<br />
de culturas ou com a palha<br />
deixada com a colheita mecânica<br />
de cana crua é jogado<br />
fora, resultando na perda do<br />
equilíbrio do solo. Movimentar<br />
o solo não garante<br />
qualquer aumento de produtividade”.<br />
Ao contrário. Além de provocar<br />
processos erosivos, a<br />
prática reduz a matéria orgânica,<br />
há maior emissão de<br />
gases de efeito estufa e custo<br />
maior. O preparo do solo para<br />
o plantio de cana tem um<br />
peso considerável no custo de<br />
implantação, valor este que<br />
tende a ser 30% maior onde<br />
há colheita de cana crua.<br />
“Mesmo se não houvesse aumento<br />
de produtividade com<br />
a adoção do plantio direto, só<br />
a redução de custo já resultaria<br />
em lucro”.<br />
Denizart defendeu que,<br />
contra a compactação do<br />
solo, a solução é controle de<br />
tráfego e a colocação de raízes<br />
no sistema, melhorando<br />
a estrutura do solo. “Mexer<br />
no solo é paliativo e não resolve<br />
o problema. Preparo<br />
profundo do solo só beneficia<br />
no primeiro corte, porque no<br />
segundo o problema já voltou.<br />
Tem que pensar em melhorar<br />
a entrelinha da cana<br />
com cultura intercalar, de<br />
forma biológica, colocando<br />
raiz”, disse, lembrando que o<br />
plantio direto na cana é facilitado<br />
com o uso de uma leguminosa<br />
na reforma da<br />
cana.<br />
Denizart citou ainda que a<br />
Austrália enfrentou um problema<br />
semelhante de queda<br />
de produtividade nos canaviais<br />
há anos, apesar do uso<br />
de variedades cada vez mais<br />
produtivas. E que trabalhos<br />
com rotação de cultura e<br />
plantio direto resultaram em<br />
Apostando numa mudança<br />
de conceito no plantio<br />
comercial da cana de<br />
açúcar, a Syngenta tem trabalhado<br />
no desenvolvimento<br />
do New Plene, produto<br />
considerado uma espécie de<br />
“semente de cana”. Segundo<br />
o engenheiro agrônomo<br />
Victor Hugo Silveira, da<br />
área de Desenvolvimento<br />
Técnico de Mercado Cana<br />
de Açúcar da empresa, a<br />
tecnologia é complementar<br />
ao Plene Evolve, indicado<br />
para a formação de viveiros<br />
pré-primários, e ao Plene<br />
PB, mudas pré-brotadas<br />
usadas na implantação dos<br />
“Semente de cana”<br />
viveiros primários, secundários<br />
e no preenchimento de<br />
falhas.<br />
O New Plene vem sendo<br />
desenvolvido em parceria<br />
com o setor sucroenergético<br />
e deve ser lançado em<br />
2017. Comparado com o<br />
sistema convencional de<br />
plantio, este promete maior<br />
velocidade de multiplicação<br />
e um menor custo unitário<br />
por tonelada, além da<br />
maior flexibilidade, simplicidade<br />
e conveniência, permitindo<br />
armazenamento<br />
em câmara fria, alto rendimento<br />
operacional e menor<br />
um aumento de mais de 20%<br />
na produtividade de colmos,<br />
redução de custos e melhora<br />
da qualidade do solo, com<br />
aumento da quantidade de<br />
minhocas, de inimigos naturais<br />
das pragas, bactérias e<br />
fungos benéficos e até um<br />
maior controle de nematoides<br />
de vários tipos, reduzindo<br />
consideravelmente a população<br />
destes.<br />
impacto ambiental e operacional.<br />
Silveira diz que também<br />
facilita o transporte, onde<br />
com um caminhão refrigerado<br />
para 30 toneladas é<br />
possível plantar 150 hectares,<br />
destinando as áreas<br />
para a produção comercial.<br />
Possibilitará também a redução<br />
de investimentos e<br />
custos, uma vez que reduzirá<br />
a quantidade de máquinas,<br />
estrutura de apoio e<br />
mão de obra envolvida no<br />
processo de plantio com<br />
aumento significativo dos<br />
rendimentos operacionais.<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 13
EVENTOS<br />
Fenasucro fecha com<br />
R$ 2,8 bilhões em negócios<br />
Cerca de 30 mil visitantes/compradores passaram pelo local para conferir as mais de<br />
1.000 marcas expostas, de 25 a 28 de agosto, em Sertãozinho DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
A 23ª Fenasucro & Agrocana<br />
(Feira Internacional de<br />
Tecnologia Sucroenergética),<br />
realizada entre os dias<br />
25 e 28 de agosto, no Centro<br />
de Exposições Zanini, em<br />
Sertãozinho (SP), demonstrou<br />
o ânimo da cadeia produtiva<br />
da cana de açúcar para<br />
a retomada do setor sucroenergético.<br />
Segundo o presidente do<br />
CEISE Br, Antonio Eduardo<br />
Tonielo Filho, a movimentação<br />
e os contatos com<br />
expositores e visitantes demonstram<br />
que o evento<br />
cumpriu sua finalidade, que<br />
é de fomentar negócios. Isto<br />
porque o balanço da feira,<br />
que é a principal vitrine tecnológica<br />
e a maior do mundo<br />
no segmento, aponta que<br />
as metas estabelecidas para<br />
<strong>2015</strong> foram atingidas.<br />
Dentre estas está a geração<br />
de negócios para a modernização<br />
e reaparelhamento das<br />
Rodadas<br />
usinas. Em busca de soluções<br />
e alternativas, cerca de<br />
30 mil visitantes/compradores<br />
passaram pela feira para<br />
conferir as mais de 1.000<br />
marcas expostas nos pavilhões.<br />
O volume de negócios,<br />
iniciados na feira e que<br />
serão concluídos no decorrer<br />
de <strong>2015</strong>, segundo a organização,<br />
deverá atingir ou superar<br />
os R$ 2,8 bilhões.<br />
A energia limpa e a cogeração<br />
se destacaram no<br />
evento, sendo apontadas<br />
como as principais estratégias<br />
para novos rumos do<br />
setor, afirmou o diretor de<br />
Portfólio de Energia da<br />
Reed Exhibitons Alcantara<br />
Machado, Igor Tavares.<br />
Na cerimônia de abertura, o<br />
secretário estadual de Agricultura<br />
e Abastecimento, Arnaldo<br />
Jardim, disse que há<br />
fatores que sinalizam uma<br />
possível saída para a crise que<br />
o setor enfrenta há anos.<br />
O Projeto Brazil Sugarcane Bioenergy Solution, parceria<br />
entre o Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla)<br />
e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos<br />
(Apex-Brasil) trouxe à feira 14 delegações<br />
internacionais de compradores de 30 países como África<br />
do Sul, Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Cuba,<br />
Equador, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, Peru,<br />
Sudão e Venezuela.<br />
As rodadas de negócios contaram com a participação<br />
de 61 empresas brasileiras vendedoras e 30 convidados<br />
internacionais, gerando 691 oportunidades de negócios<br />
e promovendo toda a cadeia produtiva da cana de açúcar.<br />
O valor total negociado foi de cerca de US$ 290<br />
milhões, de acordo com as pesquisas realizadas durante<br />
as rodadas de negócios, número maior do que o de 2014.<br />
"Essa edição da feira superou nossas expectativas", disse<br />
Flávio Castelar, diretor executivo da APLA.<br />
Feira reuniu toda a cadeia produtiva do segmento sucroenergético<br />
Além da junção de políticas<br />
tributárias e de incentivos a<br />
produtores que tende a favorecer<br />
o mercado brasileiro do<br />
etanol, há os incentivos para<br />
a modernização dos equipamentos<br />
voltados à cogeração<br />
de energia.<br />
O Ministro da Ciência,<br />
Tecnologia e Inovação, Aldo<br />
Rebelo, também presente na<br />
As medidas anunciadas<br />
pelo governo estadual durante<br />
a 23ª Fenasucro e<br />
Agrocana também colaboraram<br />
para os negócios, incentivando<br />
empresários do<br />
setor. O vice-governador<br />
Márcio França anunciou a<br />
destinação de R$ 3 milhões<br />
para a segunda etapa do<br />
projeto de suporte tecnológico<br />
das empresas do Aglomerado<br />
Produtivo de Metal-Mecânico<br />
de Sertãozinho<br />
e Região.<br />
abertura, destacou que “o<br />
projeto de desenvolvimento<br />
do setor sucroalcooleiro do<br />
Brasil é o projeto de desenvolvimento<br />
nacional".<br />
Com foco em negócios, a<br />
Fenasucro & Agrocana é dividida<br />
em cinco grandes setores:<br />
Agrícola, Fornecedores<br />
Industriais (pequenos, médios<br />
e grandes fornecedores<br />
O secretário estadual de<br />
Energia, João Carlos de<br />
Souza Meirelles, e as empresas<br />
GasBrasiliano (distribuidora),<br />
Malosso Bioenergia<br />
(fornecedora da vinhaça) e<br />
Consórcio CSO (produtor<br />
da tecnologia de biodigestão<br />
de vinhaça) assinaram protocolo<br />
de intenções para viabilizar<br />
a distribuição de gás<br />
biometano produzido por<br />
meio da vinhaça. O objetivo<br />
é substituir o uso do diesel<br />
nas usinas por fontes de<br />
de equipamentos, suprimentos<br />
e serviços industriais),<br />
Processos Industriais (vitrine<br />
do que há de mais moderno<br />
em tecnologias, máquinas,<br />
equipamentos e serviços para<br />
a indústria), Transporte e<br />
Logística e Energia.<br />
A 24ª edição já está marcada<br />
para os dias 23 a 26 de<br />
agosto de 2016.<br />
Medidas incentivam setor<br />
energia menos poluentes,<br />
com a mesma eficiência e<br />
custo de produção 50%<br />
menor.<br />
O governo de São Paulo<br />
também anunciou o projeto,<br />
"São Paulo na Rede Elétrica",<br />
visando aumentar o<br />
uso de cana de açúcar na<br />
matriz energética ao estimular<br />
a produção de bioeletricidade<br />
nas usinas no interior<br />
paulista a partir da queima<br />
da palha e do bagaço.<br />
14<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
Espaço de Conferências atrai público qualificado<br />
Cerca de 2 mil pessoas participaram das palestras, debates e seminários com especialistas<br />
Aliar o ambiente focado<br />
para negócios ao espaço<br />
criado para ser difusor de<br />
conhecimento, informação<br />
e tendências dentro da<br />
feira - o Espaço de Conferências<br />
- tem feito com que<br />
o público participante da<br />
Fenasucro & Agrocana se<br />
torne cada vez mais qualificado.<br />
Cerca de 2 mil pessoas<br />
participaram das mais de 90<br />
horas de eventos de conteúdo<br />
promovidos no Espaço<br />
de Conferências. Foram<br />
palestras, conferências<br />
e seminários com especialistas<br />
do setor, que possibilitou<br />
o debate de tendências,<br />
cenários e a qualificação<br />
profissional e técnica,<br />
compreendendo novas visões<br />
à gestão dos negócios.<br />
Perspectivas de mercado,<br />
comércio internacional, safras<br />
futuras e questões<br />
atuais dos segmentos de<br />
açúcar e etanol estão entre<br />
os temas debatidos no Espaço<br />
de Conferências.<br />
Um dos eventos realizados<br />
foi o 15º Encontro Anual de<br />
Produtores de Cana de Açúcar,<br />
dia 28 de agosto, onde o<br />
presidente da Comissão Nacional<br />
de Cana de Açúcar da<br />
Confederação de Agricultura<br />
e Pecuária do Brasil (CNA),<br />
Ênio Jaime Fernandes Júnior,<br />
participou do painel “Sobrevivendo<br />
à Crise, Enxergando<br />
Além da Cana”, falando<br />
sobre ações estratégicas e alternativas<br />
visando novos resultados<br />
para os produtores.<br />
O encontro, organizado pela<br />
Organização de Plantadores<br />
de Cana da Região Centro-<br />
Sul do Brasil (Orplana) e pela<br />
Associação dos Plantadores<br />
de Cana do Oeste do Estado<br />
de São Paulo (Canaoeste),<br />
reúne a classe produtora do<br />
setor canavieiro, parlamentares<br />
e líderes do setor para debater<br />
os mecanismos estratégicos<br />
para o futuro da cultura<br />
e seus subprodutos.<br />
Falando sobre perspectivas<br />
e oportunidades no agronegócio,<br />
dia 27, o secretário de<br />
Agricultura e Abastecimento<br />
do estado de São Paulo, Arnaldo<br />
Jardim, foi o palestrante<br />
do Encontro Lide -<br />
um evento voltado para grupo<br />
de empresários destinado<br />
a fortalecer o pensamento,<br />
relacionamento e princípios<br />
éticos de governança corporativa<br />
no Brasil.<br />
Jardim ressaltou que quando<br />
Foram mais de 90 horas de eventos de conteúdos<br />
não há um projeto de país,<br />
surge a multiplicação das demandas<br />
setoriais da sociedade.<br />
“Isso faz com que as<br />
prioridades se percam, com<br />
uma consequente falta de rumo<br />
para as ações do Governo<br />
Federal”. Para ele, o momento<br />
crítico deve ser usado<br />
como aprendizado para o futuro,<br />
deixar lições para a sociedade<br />
começar a construir<br />
Datagro eleva previsão de safra<br />
Durante a 4ª Conferência<br />
Datagro Ceise Br, que tradicionalmente<br />
abre a Fenasucro<br />
& Agrocana, dia 25<br />
de agosto, o presidente da<br />
Datagro, Plínio Nastari,<br />
elevou sua estimativa para a<br />
safra de cana de açúcar<br />
<strong>2015</strong>/16 no Centro-Sul do<br />
Brasil em 2,3%, de 591 milhões<br />
para 604,65 milhões<br />
de toneladas. Caso se confirme,<br />
o volume ficaria<br />
quase 6% acima das 571<br />
milhões de toneladas da<br />
temporada 2014/15, superando,<br />
pela primeira vez, a<br />
marca de 600 milhões de<br />
toneladas.<br />
Com isso, seriam produzidos<br />
31,4 milhões de toneladas<br />
de açúcar na região e<br />
28,2 bilhões de litros de<br />
etanol. Considerando-se todo<br />
o Brasil, a Datagro prevê<br />
moagem de 667,15 milhões<br />
de toneladas de cana, com<br />
produção de 34,87 milhões<br />
de toneladas de açúcar e<br />
30,59 bilhões de litros de<br />
etanol total (anidro e hidratado).<br />
O evento reuniu empresários<br />
do setor para discutir o<br />
cenário brasileiro e internacional,<br />
perspectivas de mercado,<br />
bem como medidas<br />
preventivas que estimulam<br />
o crescimento da produtividade<br />
de açúcar e etanol e a<br />
retomada do setor.<br />
Nastari também falou sobre<br />
a importância do setor<br />
sucroenergético brasileiro<br />
no cenário mundial, onde o<br />
um novo projeto de nação.<br />
Outro evento de destaque<br />
no dia foi o Seminário Agroindustrial<br />
STAB, que discutiu<br />
"A Vinhaça na Agroindústria<br />
da Cana de Açúcar",<br />
além do Seminário do Grupo<br />
Gegis, que abordou a<br />
"Redução de Perdas no Processo<br />
Industrial", entre outros.<br />
Brasil representa 35,3% da<br />
produção mundial de cana<br />
de açúcar. “Este é o momento<br />
de união entre todos<br />
do setor e, com a aplicação<br />
das novas tecnologias que<br />
estão surgindo no mercado,<br />
existe a possibilidade de aumento<br />
da competitividade,<br />
trazendo sustentabilidade<br />
econômica e ambiental para<br />
o setor”, afirmou.<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15
EVENTOS<br />
Especialistas apontam caminhos à cogeração<br />
A cogeração de energia<br />
a partir do bagaço<br />
da cana e as soluções<br />
para a cadeia produtiva<br />
da cana de açúcar<br />
foram os principais destaques<br />
da 23ª Fenasucro &<br />
Agrocana. A geração de<br />
energia limpa foi um dos<br />
principais rumos apontados<br />
para a retomada do setor,<br />
tornando-se uma alternativa<br />
ao Brasil que se encontra<br />
diante de uma crise hídrica.<br />
Além de palestras e discussões<br />
sobre o assunto,<br />
muitos expositores apresentaram<br />
o conceito da solução<br />
Retrofit, um processo de<br />
modernização das usinas<br />
que melhora a eficiência das<br />
plantas industriais, tornando-as<br />
mais competitivas<br />
na produção de etanol, açúcar<br />
e energia elétrica.<br />
Para o presidente de honra<br />
da Fenasucro & Agrocana,<br />
Antônio Eduardo Tonielo, a<br />
cogeração de energia é a<br />
grande aposta para revitalização<br />
do setor, já que, atualmente,<br />
só 14,5% do potencial<br />
total brasileiro é<br />
aproveitado.<br />
“O setor ainda deve passar<br />
por um grande processo de<br />
capacitação tecnológica para<br />
a recuperação plena, entretanto,<br />
ainda há uma<br />
grande expectativa para a<br />
entressafra deste ano com o<br />
aumento da demanda. Os<br />
investimentos na inovação e<br />
tecnologia do setor devem<br />
ser os grandes aliados nesse<br />
processo”, complementou.<br />
José Roberto e Mozart Barduco, do setor<br />
de Vendas da Romi ladeiam o engenheiro<br />
de aplicação Robson Rodrigues DMB TESTON<br />
TECNIPLAS ENGEVAP SHERWIN WILLIAMS<br />
REUNION ENGENHARIA CALDEMA FCN<br />
16<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
ZANARDO BRAY SALVI CASAGRANDE<br />
VLC AREVA PENTAIR<br />
ZANINI EDRA BMA<br />
FERTRON TJA RG SERTAL<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 17
O setor ampliará sua capacidade<br />
de geração de<br />
energia elétrica a partir da<br />
biomassa em 1.192 megawatts<br />
(MW) até 2018,<br />
apenas 24% do esperado<br />
pelo governo federal, 5 mil<br />
MW médios. Segundo a<br />
Unica, apesar de o setor já<br />
ter instalado 1.750 MW<br />
médios em um só ano<br />
(2010), a política do governo<br />
tida como equivocada<br />
à época e os preços<br />
Cide<br />
DOIS<br />
Um estudo elaborado pelo setor sucroenergético e encaminhado<br />
ao governo mostra que uma possível elevação<br />
da Contribuição de Intervenção no Domínio<br />
Econômico (Cide) na gasolina para R$ 0,60 por litro<br />
geraria receita de R$ 14,9 bilhões, sendo R$ 5,5 bilhões<br />
apenas em ICMS. A medida teria um impacto<br />
de R$ 0,50 no preço do produto nas bombas e de<br />
0,84% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo<br />
(IPCA), que mede a inflação oficial. A Cide chegou a<br />
ser zerada em 2012, mas o governo voltou a cobrá-la<br />
em maio deste ano, mas no valor de R$ 0,10, em vez<br />
dos R$ 0,28 previstos num decreto de 2004, mais R$<br />
0,38 de PIS/Cofins.<br />
A indústria de açúcar da<br />
Austrália deve continuar a<br />
se expandir nos próximos<br />
anos, mas o ritmo de crescimento<br />
deve desacelerar<br />
após a forte alta no período<br />
Cogeração<br />
Austrália<br />
baixos nos leilões de compra<br />
de energia desestimularam<br />
investimentos para a<br />
produção de energia elétrica<br />
a partir da biomassa.<br />
O problema é a falta de<br />
políticas públicas que valorizem<br />
as externalidades<br />
da biomassa da cana. O<br />
teto de preços praticado<br />
no último leilão de compra<br />
de energia para 2018 de<br />
R$ 218 o MW/h foi considerado<br />
um retrocesso.<br />
entre as safras 2011/12 e<br />
2014/15, afirmou o BMI<br />
Research. O setor é muito<br />
competitivo e deve ver um<br />
aumento da demanda dos<br />
compradores tradicionais.<br />
PONTOS<br />
Exportações<br />
As exportações de etanol<br />
do Brasil em <strong>2015</strong>/16 devem<br />
ultrapassar as projeções<br />
iniciais de 1,2 bilhão<br />
de litros por causa do real<br />
fraco, que favorece as vendas<br />
externas, de acordo<br />
com a Unica. A expectativa<br />
é de que atinjam 1,3 bilhão<br />
Como se as condições<br />
baixistas do mercado não<br />
fossem suficientemente<br />
ruins, os produtores de<br />
açúcar nos países que mais<br />
produzem a commodity -<br />
Brasil, Tailândia e Índia -<br />
podem enfrentar em breve<br />
uma competição mais robusta<br />
de um antigo rival:<br />
Cuba. As exportações<br />
anuais de açúcar de Cuba<br />
podem quase dobrar para<br />
Cuba<br />
Milhares de acres da safra<br />
de cana da Índia estão sofrendo<br />
severos danos com a<br />
ausência de chuvas de<br />
monções. Alguns produtores<br />
no segundo maior produtor<br />
de cana do mundo<br />
estão alimentando o gado<br />
com a cana ressecada no<br />
maior estado produtor.<br />
Arrecadação<br />
Buscando fechar as contas públicas de 2016, evitando o<br />
déficit de R$ 30,5 bilhões, o governo passou a considerar o<br />
aumento da Cide. Dos R$ 14,9 bilhões que podem ser arrecadados,<br />
R$ 10,6 bilhões (71%) iriam para o governo e R$<br />
4,3 bilhões (29%) para estados e municípios. Pelas projeções<br />
do setor, o consumo de gasolina C, que leva 27% de etanol<br />
anidro, seria de 38,8 bilhões de litros, abaixo dos 42,2 bilhões<br />
de litros previstos para este ano. Já o de etanol hidratado, que<br />
veria sua competitividade aumentar nos postos, passaria de<br />
17,2 bilhões de litros para 19,1 bilhões de litros. Caso haja<br />
mudanças na Cide, a safra seja mais alcooleira e haja problemas<br />
climáticos, tanto no Brasil como na Índia, isso poderia<br />
influenciar os preços do açúcar.<br />
a 1,4 bilhão de litros. Estas<br />
poderiam ser ainda maiores,<br />
mas a forte demanda<br />
local por etanol é um fator<br />
limitante para as exportações<br />
do biocombustível. Na<br />
temporada passada, o Brasil<br />
exportou 1,5 bilhão de<br />
litros de etanol.<br />
2,5 milhões de toneladas<br />
em 2020, conforme o país<br />
reconstrói uma indústria<br />
de açúcar em dificuldades<br />
e faz mudanças para recuperar<br />
uma porção de seu<br />
legado no setor. Cuba já<br />
foi o maior exportador<br />
mundial, mas a produção<br />
despencou de um pico de<br />
mais de 8 milhões de toneladas<br />
em 1990, para 1,9<br />
milhões em 2014/15.<br />
Índia<br />
Após uma sequência de<br />
colheitas recorde que criaram<br />
um excesso de açúcar<br />
na Índia, a seca pode diminuir<br />
a oferta, e há um risco<br />
de que a produção caia<br />
abaixo do consumo pela<br />
primeira vez em sete anos<br />
na temporada 2016/17. E<br />
mesmo que a Índia ainda<br />
Rússia<br />
A produção russa de açúcar<br />
refinado a partir de beterraba<br />
deve ser maior em <strong>2015</strong>. Os<br />
estoques de matéria-prima estão<br />
maiores, 3,6 milhões de toneladas<br />
de beterraba nas 40 refinarias<br />
em operação. A expectativa<br />
é de que sejam colhidas<br />
entre 36 milhões e 40 milhões<br />
de toneladas, superando as<br />
33,5 milhões de toneladas de<br />
2014 e produzidos entre 4,75<br />
milhões e 4,85 milhões de toneladas<br />
de açúcar, contra 4,438<br />
milhões no ano anterior.<br />
esteja buscando impulsionar<br />
exportações na próxima<br />
temporada para diminuir<br />
estoques, este cenário pode<br />
se transformar rapidamente<br />
com uma escassez na produção<br />
impulsionando os<br />
preços globais, que estão<br />
pairando ao redor de mínimas<br />
de sete anos.<br />
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<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong>
O setor produtivo não suporta<br />
mais sustentar uma máquina pública<br />
gigantesca e ineficiente, que<br />
não provê condições para o pleno<br />
desenvolvimento econômico e social<br />
do país. Com essa mensagem,<br />
Edson Campagnolo assumiu, no<br />
dia 18 de setembro, seu segundo<br />
mandato na presidência da Federação<br />
das Indústrias do <strong>Paraná</strong> (Fiep)<br />
para o quadriênio <strong>2015</strong>-2019. Em<br />
Posse<br />
seu discurso de posse, Campagnolo<br />
ressaltou as dificuldades enfrentadas<br />
pelo setor industrial, que são<br />
fruto de políticas que desestimulam<br />
o empreendedorismo e de uma sede<br />
arrecadatória que tira a competitividade<br />
das empresas em troca do<br />
sustento de uma estrutura pública<br />
inchada. O presidente da Alcopar,<br />
Miguel Tranin, faz parte da diretoria<br />
reeleita.<br />
A explosão do consumo<br />
de etanol hidratado no<br />
Nordeste e em Minas Gerais,<br />
influenciada, como no<br />
país em geral, pelo aumento<br />
dos preços da gasolina,<br />
provoca mudanças na<br />
estratégia de abastecimento.<br />
O mercado mineiro,<br />
que era "exportador", deve<br />
se tornar "importador".<br />
Em julho de 2014, para<br />
cada litro de etanol vendido,<br />
sete de gasolina saíram<br />
das bombas. Agora, a<br />
Receita<br />
O aumento médio de 40% na demanda por etanol hidratado,<br />
como alternativa de abastecimento diante da<br />
gasolina mais cara, não tem se refletido em preços melhores<br />
para o produtor de cana. O fato de o setor não<br />
utilizar o mercado futuro impossibilita o aproveitamento<br />
de valores mais altos. Todos os usineiros ofertam seus<br />
produtos no mesmo momento, o preço cai e 100% das<br />
comercializações são feitas por spot [à vista], o que inviabiliza<br />
negociações ou travamento de preços durante<br />
movimentos de alta, o que é um problema segundo o<br />
presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari.<br />
Distribuição<br />
proporção caiu para dois<br />
litros de gasolina. E o<br />
Nordeste, que trazia de<br />
outras regiões cerca de<br />
20% de suas necessidades,<br />
deve aumentar para 50%.<br />
Em Minas Gerais a migração<br />
da gasolina para o<br />
etanol foi também estimulada<br />
pela mudança tributária<br />
no Estado que estabeleceu<br />
uma diferenciação<br />
de 15% entre as alíquotas<br />
de ICMS cobradas sobre<br />
os dois produtos.<br />
O programa de apoio ao<br />
setor foi comemorado na<br />
divulgação do Plano<br />
Agrícola e Pecuário da<br />
safra <strong>2015</strong>/16, mas acabou<br />
sendo frustrado. Ele<br />
prometia R$ 2 bilhões para<br />
armazenamento de etanol,<br />
não impunha limite<br />
para a tomada dos recursos<br />
e estipulava TJLP<br />
Foi reeleito, no final de<br />
agosto, para presidir o Fórum<br />
Nacional Sucroenergético,<br />
o presidente executivo<br />
dos Sindicatos da Indústria<br />
de Fabricação de<br />
Etanol e de Açúcar do Estado<br />
de Goiás (Sifaeg/Sifaçucar),<br />
André Rocha. Renato<br />
Cunha, presidente do<br />
Sindicato da Indústria do<br />
Açúcar e do Álcool no Estado<br />
de Pernambuco (Sindaçucar/PE),<br />
também foi<br />
Armazenamento<br />
Petróleo<br />
Reeleição<br />
mais 2,5%. O problema<br />
está no pacote financeiro.<br />
Diante das restrições da<br />
política econômica, o<br />
BNDES não tem como<br />
bancar este volume. A solução<br />
foi manter o volume<br />
financeiro, mas alterar as<br />
taxas de financiamento. A<br />
empresa que tomar o recurso<br />
pagará 25% do valor<br />
Após um ano de quedas<br />
acentuadas na cotação internacional<br />
do barril de petróleo,<br />
a indústria não espera<br />
uma retomada dos preços<br />
antes de 2018. O barril<br />
abaixo de US$ 40 sepultou<br />
as expectativas de uma situação<br />
conjuntural e levou<br />
as petroleiras a reverem projeções.<br />
Estudo do órgão<br />
americano de análise do setor<br />
indica que a produção<br />
global de óleo teve, em<br />
<strong>2015</strong>, a maior alta média em<br />
17 anos. Entre as razões estão<br />
o sucesso, nos EUA, da<br />
extração de petróleo de xisto,<br />
de alto impacto ambiental,<br />
e a retomada da produção<br />
do Iraque e do Irã,<br />
após acordo diplomático<br />
que retirou sanções econômicas<br />
impostas aos países.<br />
reeleito vice-presidente do<br />
Fórum.<br />
em TJLP, mas os outros<br />
75% serão a juros de mercado,<br />
mais os custos financeiros<br />
de 1,775% ao<br />
ano. A taxa não tem atratividade<br />
para as usinas.<br />
Diante das dificuldades<br />
de armazenamento, as<br />
empresas devem vender<br />
agora a produção, operando<br />
no prejuízo.<br />
Importação<br />
Os gastos totais da Petrobras<br />
com importações<br />
caíram para US$ 12 bilhões<br />
nos sete primeiros<br />
meses deste ano, 48% menos<br />
do que em igual período<br />
do ano passado,<br />
segundo a Secretaria de<br />
Comércio Exterior. Queda<br />
nos preços do petróleo<br />
e a aceleração no consumo<br />
interno de etanol hidratado<br />
deram alívio às contas<br />
da empresa. O avanço<br />
do consumo de etanol<br />
permite uma economia de<br />
250 milhões de litros de<br />
gasolina do tipo A por<br />
mês. Se a produção de etanol<br />
fosse maior, a economia<br />
de gasolina seria ainda<br />
mais acentuada.<br />
<strong>Setembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
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CURSO<br />
Trabalho em espaço<br />
confinado demanda cuidados<br />
Capacitação técnica dos profissionais das usinas paranaenses foi oferecida pela Alcopar,<br />
em agosto e setembro, visando à segurança do colaborador DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Cerca de 30 profissionais<br />
das usinas paranaenses que<br />
trabalham com segurança<br />
do trabalho e atuam em espaços<br />
confinados estiveram<br />
participando, em agosto e<br />
setembro, de um curso de<br />
Capacitação da NR-33 para<br />
Supervisores de Entrada,<br />
que trata sobre Segurança<br />
no Trabalho em Espaço<br />
Confinado, organizado pelo<br />
Comitê de Segurança, Saúde<br />
e Meio Ambiente da Alcopar.<br />
As aulas teóricas foram<br />
ministradas nas dependências<br />
do Senai nos dias 21,<br />
22, 28 e 29 de agosto. Foram<br />
abordados temas como<br />
identificação e práticas seguras<br />
em espaços confinados,<br />
noções de resgate e<br />
primeiros socorros, reconhecimento,<br />
avaliação e<br />
controle de riscos, funcionamento<br />
de equipamentos<br />
A NR-33 tem como objetivo<br />
estabelecer os requisitos<br />
mínimos para identificação<br />
de espaços confinados<br />
e o reconhecimento, avaliação,<br />
monitoramento e controle<br />
dos riscos existentes. O<br />
objetivo é garantir permanentemente<br />
a segurança e<br />
utilizados, procedimentos e<br />
utilização da Permissão de<br />
Entrada e Trabalho, legislação<br />
de segurança e saúde<br />
no trabalho, critérios de indicação<br />
e uso de equipamentos<br />
para controle de<br />
saúde dos trabalhadores que<br />
interagem direta ou indiretamente<br />
nestes espaços.<br />
É considerado espaço confinado<br />
qualquer área ou ambiente<br />
não projetado para<br />
ocupação humana contínua,<br />
que possua meios limitados<br />
Aulas teóricas e práticas abordaram diversos temas<br />
dentro do que estabelece a legislação<br />
riscos, programa de proteção<br />
respiratória e operações<br />
de salvamento, entre outros<br />
assuntos.<br />
Já a parte prática do curso,<br />
abordando resgate e entrada<br />
O que diz a NR-33<br />
de entrada e saída, cuja ventilação<br />
existente é insuficiente<br />
para remover contaminantes<br />
ou onde possa<br />
existir a deficiência ou enriquecimento<br />
de oxigênio.<br />
Os espaços confinados<br />
podem oferecer riscos físicos<br />
(vibrações, radiações,<br />
umidade, temperatura, eletricidade,<br />
ruídos e pressões<br />
anormais), biológicos (vírus,<br />
bactérias, parasitas e fungos),<br />
químicos (poeiras, vapores,<br />
gases, fumos metálicos,<br />
diminuição de oxigênio<br />
e aumento de gases tóxicos),<br />
mecânicos (iluminação<br />
deficiente, ferramentas<br />
defeituosas, EPI’s inadequados<br />
e possibilidade de<br />
explosões) e ergométricos<br />
(esforço, postura, fobia).<br />
em espaço confinado, foi dividida<br />
em duas etapas: metade<br />
da turma desenvolveu<br />
as atividades nas instalações<br />
da CPA Trading, no Terminal<br />
de Armazenagem e<br />
Transbordo da CPA localizado<br />
em Sarandi, no dia 19<br />
de setembro e a outra metade,<br />
na unidade industrial<br />
da Usina Santa Terezinha<br />
em Tapejara, no dia 26.<br />
“Nosso objetivo com este<br />
trabalho é atender a legislação,<br />
fazer um Benchmarking,<br />
trocando informações<br />
entre os profissionais que<br />
atuam no setor sucroenergético,<br />
e principalmente<br />
oferecer maior segurança<br />
aos nossos colaboradores,<br />
com a capacitação técnica<br />
de toda a equipe quanto à<br />
Segurança e Medicina do<br />
Trabalho”, afirma Wesley<br />
Martins de Lima, engenheiro<br />
de Segurança do<br />
Trabalho da Cooperval<br />
Cooperativa Agroindustrial<br />
Vale do Ivaí Ltda., produtora<br />
de etanol e açúcar, e<br />
coordenador do Comitê de<br />
Segurança, Saúde e Meio<br />
Ambiente da Alcopar.<br />
Somente se pode entrar<br />
em espaço confinado quando<br />
a empresa fornecer a autorização<br />
de permissão de<br />
entrada e trabalho (PET), e<br />
o serviço executado deve ser<br />
acompanhado por um vigia.<br />
O colaborador tem que conhecer<br />
o trabalho a ser executado<br />
e os riscos oferecidos,<br />
ser treinado para atuar<br />
nestas condições e seguir<br />
todas as medidas de segurança.<br />
Cabe à empresa treinar<br />
todos os trabalhadores envolvidos,<br />
fazer uma inspeção<br />
prévia do local e elaboração<br />
da análise preliminar<br />
de risco, fazer exames<br />
médicos e dar a PET, além<br />
de sinalizar e isolar a área e<br />
providenciar um supervisor<br />
de entrada e vigia.<br />
Também deve providenciar<br />
os Equipamento de<br />
Proteção Individual e outros<br />
equipamentos que reduzam<br />
as condições de risco,<br />
como iluminação, ventilação<br />
e de resgate, entre outros.<br />
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