28.10.2016 Views

Jornal Paraná Dezembro 2015

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

OPINIÃO<br />

O recente aumento dos preços dos combustíveis<br />

fósseis não foi suficiente para<br />

resolver os problemas de caixa da Petrobras<br />

nem deu melhores condições ao<br />

etanol. Economistas de peso têm mostrado<br />

a grande vantagem de resgatar a<br />

CIDE sobre a gasolina.<br />

Em primeiro lugar, é uma taxa que já<br />

existe, que foi zerada no primeiro mandato<br />

da presidente Dilma Rousseff e apenas<br />

parcialmente recuperada em março deste<br />

ano. Portanto, não necessita ser aprovada<br />

ou votada no Congresso Nacional.<br />

Mais-valia da cana energia<br />

As atuais usinas de açúcar e álcool se transformarão em biorrefinarias modernas e<br />

competitivas, produzindo novos produtos de maior valor agregado ROBERTO RODRIGUES (*)<br />

Isso daria competitividade ao etanol,<br />

mostrando que o Brasil não teria jogado<br />

fora o maior, mais importante e mais admirado<br />

programa global de alternativa energética<br />

(renovável e ambientalmente superior) desde a<br />

crise do petróleo, em 1974/75.<br />

Por outro lado, seria uma injeção direta de recursos<br />

no Tesouro, sem a oposição que existe em<br />

torno da volta da CPMF. Por fim, seria o reconhecimento<br />

das externalidades do etanol para a<br />

saúde pública e o meio ambiente, cantadas e decantadas<br />

em todo o mundo. E ainda salvaria um<br />

setor que gera empregos e economiza divisas.<br />

Não existe nenhuma explicação plausível para<br />

essa teimosia do governo em não aumentar a<br />

CIDE. Nem mesmo o eventual aumento da inflação,<br />

sempre levantado, serve como argumento,<br />

de acordo com o que dizem respeitados analistas.<br />

Independentemente dessa questão, entretanto,<br />

o setor sucroenergético, que vem naufragando<br />

desde que o governo segurou os preços da gasolina,<br />

para frear a inflação nos quatro anos passados,<br />

precisa investir em avanços tecnológicos<br />

para encontrar outras formas de sobrevivência e<br />

progresso.<br />

E já existem muitas inovações, tanto na área<br />

agrícola quanto na industrial. Novos equipamentos<br />

de plantio e colheita são aperfeiçoados<br />

para evitar perdas ou má brotação das soqueiras;<br />

entram no mercado fórmulas especiais de adubação<br />

com nutrientes mais bem calibrados; e estudos<br />

são desenvolvidos para obter o melhor<br />

espaçamento entre ruas de cana e perfilhamento<br />

das plantas, e assim por diante.<br />

Mas uma das mais extraordinárias novidades é<br />

a chamada "cana energia". Acontece que, contrariamente<br />

a diversas culturas - soja, milho, algodão,<br />

entre outras -, cujas novas variedades são<br />

CIDE e cana energia, eis o<br />

binômio para a recuperação<br />

do setor sucroenergético:<br />

uma política pública e uma<br />

ação técnico-empresarial.<br />

sistemática e rapidamente desenvolvidas com<br />

maior produtividade e adaptabilidade às áreas<br />

de cultivo, a produtividade da cana de açúcar,<br />

que teve grandes avanços nos anos 70<br />

do século passado, estagnou na última<br />

década. Está difícil superar a média de<br />

85/90 toneladas por hectare em quatro<br />

ou cinco cortes.<br />

Pois a cana energia surge como uma resposta<br />

impressionante a essa necessidade.<br />

Com maior participação da S. Spontaneum<br />

nos cruzamentos com a S. Officinarum,<br />

ela facilmente supera as 100<br />

toneladas por hectare.<br />

Além disso, a cana energia tem um sistema<br />

radicular muito mais forte do que as variedades<br />

hoje cultivadas, de modo que tem muito maior<br />

brotação das socas, o que lhe dá uma vida útil<br />

mais longa e melhor resistência a secas eventuais.<br />

Isso também permite o seu cultivo em regiões<br />

com menor pluviosidade que aquelas atualmente<br />

utilizadas em canaviais. E tem mais: com a cogeração<br />

de eletricidade a partir da biomassa de<br />

bagaço e palha, a cana energia se torna uma alternativa<br />

agrícola muito melhor, notadamente<br />

com o avanço do etanol de segunda geração.<br />

Com seu uso, as atuais usinas de açúcar e álcool<br />

se transformarão em biorrefinarias modernas e<br />

competitivas, produzindo uma gama de novos<br />

produtos de maior valor agregado.<br />

CIDE e cana energia, eis o binômio para a recuperação<br />

do setor sucroenergético: uma política<br />

pública e uma ação técnico-empresarial.<br />

(*) É coordenador do Centro de Agronegócio da<br />

FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio<br />

(Cosag) da Federação das Indústrias do Estado<br />

de São Paulo (Fiesp) e ex-ministro da<br />

Agricultura<br />

2 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>


Um ano melhor,<br />

mas aquém do necessário<br />

2016<br />

Para Miguel Tranin, perspectivas dependem muito do comportamento da economia,<br />

dos rumos políticos, financeiros e do consumo de combustíveis<br />

O cenário para o setor sucroenergético<br />

vem mudando<br />

bastante, avalia o presidente<br />

da Alcopar, Miguel<br />

Tranin. A melhora do preço<br />

do etanol criou um ambiente<br />

positivo, amparado<br />

também pelo preço do açúcar,<br />

que vem se recuperando<br />

no mercado internacional e<br />

interno. Mas o comportamento<br />

dos preços destes<br />

produtos é parte do cenário<br />

que inclui vários fatores. “As<br />

perspectivas para a próxima<br />

safra de cana, etanol e açúcar<br />

no Brasil vão depender<br />

muito do comportamento<br />

da economia, dos rumos<br />

políticos e financeiros, e,<br />

consequentemente, do consumo<br />

de combustíveis”,<br />

afirma.<br />

Na opinião do presidente<br />

da Alcopar, deve haver uma<br />

melhora no cenário, mas<br />

não a grande recuperação<br />

que o setor necessita. “É,<br />

sem dúvida, um ano melhor,<br />

mas ainda com incertezas,<br />

principalmente por conta<br />

dos desencontros políticos e<br />

econômicos do Brasil. O<br />

desempenho do setor está,<br />

de certa forma, atrelado a<br />

recuperação econômica do<br />

País, a qual não deve ocorrer<br />

no curto prazo”, afirma.<br />

Outro fator que deve influenciar<br />

é o tamanho da<br />

safra que finaliza em março.<br />

Com as chuvas constantes,<br />

as usinas não têm<br />

conseguido esmagar cana e<br />

já se trabalha com a possibilidade<br />

de estoques apertados<br />

de etanol na entressafra.<br />

“O <strong>Paraná</strong> tem<br />

destinado a maior parte da<br />

matéria prima para a produção<br />

de etanol, principalmente<br />

o anidro, buscado<br />

atender a demanda criada<br />

no mercado interno com o<br />

aumento da adição de anidro<br />

na gasolina para 27%,<br />

conforme compromisso assumido<br />

com a Agência<br />

Nacional do Petróleo e Gás<br />

Natural e Biocombustíveis<br />

(ANP).<br />

Tranin avalia como negativo<br />

quando há um aumento<br />

grande nos preços do<br />

etanol. Diz que apesar de o<br />

biocombustível ter conquistado<br />

consumidores cativos,<br />

que optam pelo etanol pensando<br />

no meio ambiente e<br />

na saúde da população, a<br />

elevação dos valores leva<br />

automaticamente à redução<br />

do consumo.<br />

Como, historicamente, há<br />

uma demora maior para o<br />

consumidor voltar a optar<br />

pelo biocombustível, isso<br />

fatalmente leva a redução<br />

acentuada nas vendas, pressionando<br />

os preços para<br />

baixo, conforme produção e<br />

demanda. “A oferta de etanol<br />

a valores dentro dos níveis<br />

de competitividade<br />

com a gasolina atualmente<br />

permite uma boa rentabilidade<br />

para o etanol, o que é<br />

o mais interessante”.<br />

“Cenário é positivo”,<br />

diz presidente da<br />

Alcopar<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

3


2016<br />

Fazer a lição de casa<br />

A cogeração, a partir de uma parceria com a Copel, também pode abrir<br />

boas perspectivas para as usinas paranaenses<br />

Ao analisar as perspectivas<br />

para o próximo ano,<br />

o presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin, diz que não<br />

pode esquecer que houve<br />

uma forte elevação de custos<br />

de produção. “A mesma alta<br />

do dólar que favoreceu a remuneração<br />

das usinas com<br />

as exportações de açúcar, aumentou<br />

os preços dos defensivos,<br />

fertilizantes e tudo<br />

mais, já que muitos desses<br />

têm seus componentes importados”.<br />

Ele comenta que<br />

ainda não é possível mensurar<br />

o percentual de aumento<br />

de custos, mas crê que será<br />

significativo. O custo agrícola<br />

pesa bastante no valor<br />

final do produto.<br />

Tranin afirma que as usinas<br />

estão fazendo a lição de casa,<br />

investindo na renovação dos<br />

canaviais e melhorando o<br />

manejo para aumentar produtividade.<br />

Mas ressalta que<br />

ainda há muito por fazer. “Há<br />

quanto tempo trabalhamos<br />

com as mesmas produtividades?”,<br />

questiona. Ele lembra<br />

que o açúcar produzido a<br />

partir da beterraba vem ganhando<br />

produtividade e os<br />

avanços tecnológicos nos<br />

EUA deram ao país a liderança<br />

na produção de etanol<br />

produzido a partir do milho.<br />

“Temos a tarefa de buscar<br />

práticas agrícolas e industriais<br />

que aumentem a eficiência<br />

dos nossos produtos”.<br />

Por outro lado, o setor tem<br />

buscado também sensibilizar<br />

o governo para o retorno da<br />

CIDE (Contribuição de Intervenção<br />

no Domínio Econômico)<br />

sobre a gasolina. “O<br />

imposto não só beneficiaria as<br />

usinas na recomposição dos<br />

preços do etanol, melhorando<br />

a competitividade frente à gasolina,<br />

mas também resolveria<br />

parte do problema do governo,<br />

que necessita aumentar<br />

a arrecadação. Isso, mais definições<br />

quanto à política energética<br />

brasileira, dariam maior<br />

Perspectiva de custo de produção maior demanda atenção especial<br />

confiabilidade para os empresários<br />

investirem em etanol”,<br />

ressalta.<br />

O presidente da Alcopar diz<br />

também aguardar um posicionamento<br />

da Copel quanto<br />

à parceria para se produzir<br />

energia elétrica a partir da<br />

biomassa, especialmente a<br />

palha e o bagaço da cana de<br />

açúcar. “A cogeração realmente<br />

pode abrir boas perspectivas<br />

para as usinas do<br />

<strong>Paraná</strong>”, enfatiza.<br />

Rumo ao desenvolvimento<br />

Depois de uma amarga<br />

temporada, o etanol está retomando<br />

os rumos do desenvolvimento<br />

segundo o presidente<br />

da Associação das Indústrias<br />

Sucroenergéticas de<br />

Mário Campos lembra que Brasil tem meta de<br />

reduzir emissão de gases de efeito estufa<br />

Minas Gerais (Siamig),<br />

Mário Campos. “A melhora<br />

vem tanto do aumento da<br />

competitividade, com a redução<br />

do ICMS, que barateou<br />

o produto (em Minas Gerais),<br />

como da agenda ambiental.<br />

O Brasil tem uma<br />

meta de reduzir, até 2030,<br />

43% das emissões de gases do<br />

efeito estufa. Até lá, a projeção<br />

do governo é elevar o<br />

consumo anual de biocombustíveis<br />

de 28 bilhões de litros<br />

para 50 bilhões de litros”,<br />

afirma.<br />

Segundo dados do Carbonômetro,<br />

ferramenta criada<br />

pela Unica (União da Indústria<br />

de Cana de Açúcar), para<br />

cada litro de etanol usado no<br />

lugar da gasolina, 2,2 kg de<br />

gás carbônico (CO 2 ) deixam<br />

de ir para a atmosfera. “Não<br />

existe nenhuma outra forma<br />

de retirar tanto CO 2 da atmosfera<br />

de maneira tão imediata<br />

como usar o etanol”,<br />

afirma o consultor em emissões<br />

e tecnologia da entidade,<br />

Alfred Szwarc.<br />

Campos afirma que só<br />

agora a situação começa a<br />

melhorar, e o setor sucroalcooleiro<br />

vê uma luz no fim do<br />

túnel. “O governo federal<br />

liberou os preços da gasolina,<br />

e o estadual baixou o ICMS<br />

do etanol. O preço voltou a<br />

ser competitivo, e isso vai paralisar<br />

o fechamento de usinas.<br />

Mas, para voltar a investir,<br />

primeiro o setor tem<br />

que pagar suas dívidas, que<br />

chegam a R$ 90 bilhões, o<br />

equivalente a 120% do faturamento”,<br />

afirma Campos.<br />

A saída, segundo ele, é taxar<br />

o carbono. “Isso pode ser<br />

feito com a volta da CIDE.<br />

O governo trabalha com uma<br />

contribuição de R$ 0,10 por<br />

litro, mas o setor defende que<br />

seja elevada para R$ 0,60, o<br />

que vai gerar uma receita de<br />

R$ 15 bilhões e ainda vai<br />

mostrar para a comunidade<br />

internacional a preocupação<br />

do Brasil em cumprir as metas<br />

de redução dos gases que<br />

provocam o efeito estufa”,<br />

destaca Campos.<br />

Para a consultoria Agroconsult,<br />

a alta de preços e<br />

câmbio podem levar à<br />

queda do endividamento do<br />

setor, que deverá obter,<br />

nesta e na próxima temporada,<br />

resultados capazes de<br />

reduzir o passivo em quase<br />

R$ 8 bilhões.<br />

4<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>


Fundamentos estão melhorando<br />

Para Eduardo Lambiasi, da Jacarezinho, o lado positivo na crise é que<br />

as empresas vêm tomando medidas de melhoria em seus processos<br />

O ano de 2016 se aproxima<br />

com um rol imenso de incertezas,<br />

segundo Eduardo<br />

Lambiasi, diretor Corporativo<br />

da Usina Jacarezinho, localizada<br />

no município com o<br />

mesmo nome. Mas, apesar<br />

disso, para o setor sucroenergético<br />

a situação começa a<br />

melhorar, aponta.<br />

Na sua avaliação, há um ano,<br />

o mercado não imaginava que<br />

a crise brasileira se aprofundaria<br />

na dimensão que se observa,<br />

tanto em seu aspecto<br />

fiscal como, principalmente,<br />

no político. “O cenário político<br />

está povoado de pequenices,<br />

do salve-se quem puder,<br />

algo que nos trás muita preocupação”,<br />

afirma.<br />

Lambiasi ressalta que é difícil<br />

não imaginar 2016 sem<br />

mais um decréscimo no Produto<br />

Interno Bruto. “Acredito,<br />

porém, que uma vez que a<br />

questão política, e consequentemente<br />

a fiscal, sejam minimamente<br />

saneadas, o Brasil<br />

terá condições de retomar o<br />

crescimento, pois temos uma<br />

economia pujante e pronta<br />

para reagir”, diz.<br />

Quanto ao setor sucroenergético,<br />

Lambiasi destaca que<br />

os fundamentos estão melhorando,<br />

com a expectativa de<br />

um déficit no balanço mundial<br />

do açúcar nessa safra.<br />

“Com isso, os preços do produto<br />

reagiram, restando saber<br />

se de forma estruturada e duradoura”.<br />

Isso vale também<br />

para o etanol, que em <strong>2015</strong><br />

apresentou uma reação muito<br />

grande na demanda, acrescenta.<br />

O diretor Corporativo da<br />

Usina Jacarezinho diz também<br />

que, aparentemente, a<br />

Petrobrás, por tudo que vem<br />

passando, será menos contaminada<br />

por intervenções do<br />

governo, que por sua vez necessita<br />

atenuar a questão fiscal,<br />

algo que pode resultar no aumento<br />

da CIDE. “Obviamente<br />

que esses pontos vêm<br />

ao encontro dos interesses do<br />

nosso setor, que finalmente,<br />

ainda que por vias tortas, pode<br />

ter em seus produtos o reconhecimento<br />

das externalidades<br />

positivas de um produto<br />

limpo e adequado do ponto<br />

de vista ambiental”, enfatiza.<br />

Diretor diz que economia é pujante e pode reagir<br />

Mesmo com todas as dificuldades<br />

enfrentadas pelo setor,<br />

Lambiasi comenta que sempre<br />

se pode encontrar um lado<br />

positivo na crise. “É impressionante<br />

como as empresas<br />

vêm tomando medidas de<br />

melhoria em seus processos e<br />

como as pessoas ficam mais<br />

abertas a quebrar paradigmas”.<br />

O diretor cita que o controle<br />

de custos aumentou, os instrumentos<br />

de gestão de orçamento<br />

vêm se aprimorando, e<br />

a busca para melhoria dos<br />

processos industriais e agrícolas<br />

também. “Nossa lição de<br />

casa tem que ser feita de maneira<br />

ainda melhor e mais<br />

aprofundada, de modo a incorporarmos<br />

esses ganhos na<br />

cultura das organizações, o<br />

que nos permitirá sair muito<br />

fortalecidos da crise”, finaliza.<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

5


2016<br />

Panorama positivo, mas incerto<br />

Segundo Celso Torquato Junqueira Franco, presidente da UDOP,<br />

há vários fatores que podem favorecer ou prejudicar o setor<br />

Esse ano, o regime<br />

de chuvas trouxe prejuízos<br />

operacionais e para o andamento<br />

da safra. Boa parte<br />

das usinas vai colher menos<br />

do que tem no campo, sobrando<br />

muita cana para a<br />

próxima safra. “O que significa<br />

que vamos entrar na entressafra<br />

com um estoque<br />

baixo de etanol e esta será<br />

mais curta, com muitas usinas<br />

voltando a moer já em<br />

março”, prevê Celso Torquato<br />

Junqueira Franco, presidente<br />

da UDOP - União<br />

dos Produtores de Bioenergia.<br />

Os preços do etanol e do<br />

açúcar começaram o ano reprimidos<br />

e se recuperaram<br />

nos últimos meses, o que vai<br />

ajudar as usinas a fechar<br />

<strong>2015</strong> com ganhos pouco superiores<br />

aos de 2014. "Há<br />

uma recuperação, mas diria<br />

que ainda é pequena, porque<br />

o estrago foi grande".<br />

Ele aposta na continuidade<br />

de valores favoráveis para o<br />

etanol na entressafra e que a<br />

nova safra deve iniciar também<br />

com preços remuneradores.<br />

“Com estoques<br />

mundiais menores, o açúcar<br />

tem apresentado uma recuperação<br />

importante que pode<br />

também levar a preços<br />

melhores para o etanol”.<br />

O que preocupa, diz o presidente<br />

da UDOP, é que na<br />

próxima safra o Centro Sul<br />

deve moer mais de 600 milhões<br />

de toneladas de cana.<br />

“O que vai acontecer com os<br />

preços da gasolina é outra<br />

incerteza”, comenta. Com o<br />

preço do barril de petróleo<br />

em baixa no mundo, mas<br />

com a taxa de câmbio em<br />

alta, o preço da gasolina no<br />

Brasil se equiparou ao do<br />

resto do mundo e não sofreu<br />

muito com a baixa do combustível<br />

fóssil, avalia Torquato.<br />

Mas, ressalta, para o próximo<br />

ano há duas situações<br />

que podem trazer mudanças.<br />

Com problemas de caixa, a<br />

Petrobras tem solicitado<br />

uma margem maior para os<br />

preços da gasolina. Por outro<br />

lado, com as contas em desequilíbrio,<br />

o governo federal<br />

também precisa arrecadar<br />

impostos, onde a CIDE<br />

entra como uma possível solução,<br />

impulsionando os<br />

preços do etanol. “É um cenário<br />

relativamente positivo,<br />

mas incerto, porque depende<br />

de uma série de fatores”,<br />

afirma.<br />

“Recuperação ainda é pequena, porque o estrago foi grande", diz empresário<br />

Na opinião do presidente<br />

da UDOP, a bioeletricidade<br />

é um caminho importante<br />

para o setor e para o País.<br />

Por estar próximo aos centros<br />

consumidores, é opção<br />

importante para geração de<br />

energia e significa uma receita<br />

de 15% a 20% a mais<br />

para os caixas das usinas que<br />

trabalham com cogeração,<br />

agregando renda com a<br />

mesma matéria prima. “O<br />

grande problema é que é<br />

Tendência de concentração<br />

uma fonte alternativa que<br />

não está na pauta de prioridades<br />

do governo, que tem<br />

apostado na energia eólica e<br />

solar, apesar da sazonalidade<br />

e das distâncias dos grandes<br />

centros”.<br />

Celso Torquato Junqueira<br />

Franco aposta também numa<br />

concentração do setor,<br />

com as usinas que estão em<br />

melhores condições aproveitando<br />

para consolidar<br />

suas posições e crescerem,<br />

além da entrada de capital<br />

estrangeiro, mas não nos<br />

níveis de 2009. “Com a<br />

desvalorização do câmbio,<br />

aumentou a atratividade<br />

dos investimentos no Brasil<br />

e com recuperação à vista, o<br />

setor deve atrair novos<br />

players internacionais”, diz.<br />

Atração de novos players internacionais<br />

O foco das aquisições seriam<br />

as usinas que, apesar<br />

das dificuldades enfrentadas,<br />

ainda estão em equilíbrio<br />

e podem sair sozinhas<br />

da crise ou, com pouco capital,<br />

agregar um ativo importante<br />

para outras empresas.<br />

O que preocupa são<br />

as unidades com sérias dificuldades<br />

econômicas, que<br />

valem menos do que devem<br />

e que representam um<br />

terço da produção brasileira.<br />

“É preciso buscar<br />

uma saída”, alerta.<br />

Para ele, o caminho passa<br />

por uma maior estabilidade e<br />

previsibilidade nas políticas<br />

públicas quanto a matriz<br />

energética do país, com regras<br />

claras sobre qual o papel do<br />

etanol e da bioeletricidade,<br />

além do reconhecimento das<br />

externalidades ambientais,<br />

com tributos diferenciando os<br />

produtos. Por outro lado, as<br />

indústrias necessitam continuar<br />

investindo em inovação<br />

e tecnologia, buscando aumento<br />

de produtividade e redução<br />

de custos, avalia.<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>


Sem crise política, cenário favorável<br />

Com demanda maior, os investimentos se farão necessários nas usinas,<br />

movimentando a indústria de base e serviços, prevê Antonio Tonielo Filho<br />

“O país vive um momento de incertezas,<br />

em que o clima político tem<br />

interferido nos aspectos econômicos.<br />

Tudo vai depender de como essa situação<br />

será solucionada e, havendo<br />

então conclusão da crise institucional,<br />

teremos um cenário favorável”.<br />

A afirmação é do presidente do<br />

CEISE Br, Antonio Eduardo Tonielo<br />

Filho.<br />

Ele diz que com o dólar alto, as exportações<br />

são beneficiadas, além do<br />

açúcar, que tem sido mais bem remunerado.<br />

De acordo com especialistas<br />

do setor, a tendência para o ano que<br />

vem é que o cenário – câmbio e preço<br />

da commodity em alta – se mantenha,<br />

inclusive a previsão de um déficit no<br />

mercado global entre 5 milhões e 10<br />

milhões de açúcar até o final da safra<br />

<strong>2015</strong>/16.<br />

“Fatores como estes, somados às iniciativas<br />

implantadas nesse ano em<br />

prol da competitividade do etanol, nos<br />

dão a hipótese de um ambiente mais<br />

promissor para indústria de base da<br />

cadeia produtiva da cana de açúcar”,<br />

afirma Tonielo Filho, citando a volta<br />

da CIDE, o aumento da adição de<br />

etanol na gasolina, além de incentivos<br />

à cogeração de energia elétrica através<br />

da biomassa da cana.<br />

Presidente do CEISE Br<br />

diz que é preciso criar<br />

condições para que estas<br />

voltem a crescre<br />

“E com o prognóstico de uma demanda<br />

maior (de açúcar, etanol e<br />

energia), os investimentos em manutenção,<br />

eficiência e produtividade se<br />

farão necessários por parte das usinas,<br />

movimentando dessa maneira, a indústria<br />

de base e serviços sucroenergética<br />

(automação, bioenergia e metalmecânica)<br />

do País”, prevê.<br />

No entanto, para que toda a cadeia<br />

produtiva retome o crescimento de<br />

fato,o presidente do CEISE Br ressalta<br />

que é preciso que sejam criadas<br />

condições para que as usinas voltem a<br />

investir em novos projetos, e não se limitem<br />

somente à manutenção (reformas)<br />

de entressafra – o que, inclusive,<br />

não foi realizada de forma adequada<br />

nas últimas três safras.<br />

Entre as alternativas elencadas por<br />

Tonielo Filho está a implantação de<br />

um plano específico para as unidades<br />

produtoras de renegociação de dívidas,<br />

para que possam reorganizar a<br />

saúde financeira, e assim estimular os<br />

investimentos e, consequentes, desenvolvimento<br />

e crescimento.<br />

Para ele, urge a necessidade de definição<br />

efetiva do papel da energia de<br />

biomassa na matriz energética brasileira<br />

e a garantia de que o preço do álcool<br />

não seja mais penalizado por<br />

políticas macroeconômicas de combate<br />

à inflação. “Estas iniciativas darão<br />

condições de planejamento no longo<br />

prazo e, consequentemente, garantir<br />

novos investimentos”, finaliza.<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

7


2016<br />

O ano de <strong>2015</strong> acabou<br />

sendo surpreendente para<br />

o setor que vive um cenário<br />

mais positivo, avaliam lideranças.<br />

Os bons tempos não<br />

estão de volta, mas o certo é<br />

que a indústria sucroalcooleira<br />

brasileira voltou a respirar<br />

sem a ajuda de aparelhos.<br />

“Começou a melhorar e se<br />

deu o início de uma virada",<br />

afirma o presidente do grupo<br />

Maubisa, Maurílio Biagi<br />

Filho. No que concorda Alexandre<br />

Figliolino, chefe de<br />

agronegócio no Itaú BBA. "O<br />

setor está finalmente se recuperando",<br />

diz.<br />

Para Dib Nunes Junior, diretor<br />

do Grupo Idea, esse é<br />

primeiro passo rumo à retomada,<br />

com uma recuperação<br />

gradativa. "É um alívio, mas<br />

não resolve os problemas nem<br />

anima novos investimentos ",<br />

adverte Plinio Nastari, da<br />

Datagro.<br />

Uma série de fatores tornou<br />

o ano favorável ao setor. Mas,<br />

não significa a volta de investimentos<br />

e instalação de novas<br />

usinas, advertem especialistas.<br />

As incertezas regulatórias<br />

e o alto endividamento<br />

travam a retomada de crescimento.<br />

Cerca de 80 usinas fecharam<br />

no Centro Sul e 67<br />

estão em recuperação judicial.<br />

Para Plínio Nastari, da Datagro,<br />

o setor tem de conhecer<br />

claramente a política fiscal do<br />

governo. “Para termos um<br />

novo ciclo de crescimento é<br />

preciso uma política de preços<br />

consistente, que garanta uma<br />

estabilidade das regras do<br />

jogo”, acrescenta Antonio de<br />

Padua Rodrigues, da Unica.<br />

Início de uma virada<br />

Lideranças apostam numa recuperação do setor no próximo ano,<br />

o que não significa o retorno dos bons tempos de forte crescimento<br />

O consumo de etanol hidratado<br />

está em patamares recordes<br />

e o anidro teve seu percentual<br />

de mistura à gasolina<br />

aumentado para 27%. A alteração<br />

na CIDE e mudanças<br />

no ICMS em vários Estados<br />

tornaram o etanol mais competitivo<br />

e a remuneração melhorou,<br />

tanto para o etanol<br />

quanto para o açúcar.<br />

Na safra <strong>2015</strong>/16 no mundo,<br />

que teve início em 1° de outubro<br />

de <strong>2015</strong> e vai até 30 de<br />

setembro de 2016, o déficit<br />

entre produção e demanda<br />

será de 2,6 milhões de toneladas<br />

de açúcar, segundo Nastari,<br />

que aposta numa reação<br />

modesta do mercado por<br />

conta da elevada relação estoque/consumo,<br />

que está em<br />

48,5%. A Organização Internacional<br />

do Açúcar prevê um<br />

déficit um pouco maior, 3,5<br />

milhões de toneladas.<br />

A recuperação do setor deve<br />

ser considerada apenas no<br />

médio prazo, avalia Fábio<br />

Meneghin, da Agroconsult.<br />

Para ele, os resultados positivos<br />

deste ano devem ser usados<br />

para a indústria "arrumar<br />

a casa, modernizar seus processos<br />

internos e aumentar a<br />

produtividade”.<br />

Por isso, Meneghin acredita<br />

que a recuperação do setor<br />

será lenta, partindo da reorganização<br />

financeira das empresas,<br />

passando pelo tratamento<br />

dos canaviais, reforço da capacidade<br />

atual instalada, reabertura<br />

de usinas paradas e, como<br />

último passo, a construção de<br />

novos parques industriais. “A<br />

cadeia produtiva reivindica e<br />

Com o clima favorável, a expectativa é de crescimento da produção<br />

Já para a consultoria INTL<br />

FCStone o mercado global<br />

de açúcar vai sair de um superávit<br />

de 2,9 milhões de toneladas<br />

na temporada 2014/15,<br />

para um déficit de 5,6 milhões<br />

em <strong>2015</strong>/16, com a demanda<br />

de 183,2 milhões de<br />

toneladas/ano. E a Índia, que<br />

teve sua produção afetada<br />

pela redução das chuvas durante<br />

as monções, será um<br />

importante player, prevê.<br />

As exportações brasileiras de<br />

etanol estão aquecidas, principalmente<br />

devido às compras<br />

da Índia e da China, que deve<br />

terminar o ano com importações<br />

de 400 milhões de litros,<br />

chegando a 700 milhões em<br />

2016. As compras dos chineses<br />

ocorrem porque eles precisam<br />

reduzir a poluição,<br />

segundo Nastari. Apesar da<br />

queda em dólares, as receitas<br />

dos exportadores são maiores<br />

espera por decisões do governo<br />

que tragam melhor remuneração,<br />

especialmente<br />

para o etanol”, diz.<br />

Para o consultor, o setor tem<br />

um pé atrás muito grande em<br />

relação à atual política do governo,<br />

“mas há pontos que nos<br />

permitem acreditar que esta<br />

vai permanecer", diz, lembrando<br />

dos compromissos de<br />

redução de emissões de gases<br />

de efeito estufa assumidos<br />

pelo governo, que dá esperança<br />

de que o setor pode,<br />

nos próximos anos, voltar a<br />

crescer. "Para atingir essa meta,<br />

tem que estimular o etanol",<br />

afirma.<br />

“Se há alguma chance de o<br />

em reais, devido à desvalorização<br />

da moeda brasileira, o<br />

que dá também mais competitividade<br />

ao produto, diz.<br />

Com o clima favorável, a expectativa<br />

é de crescimento da<br />

produção. Segundo a União<br />

da Indústria de Cana de Açúcar<br />

(Unica), a safra deste ano<br />

deve ser recorde, com moagem<br />

de 600 milhões de toneladas<br />

de cana, contra 571<br />

milhões registradas em 2014,<br />

afirmou o diretor Técnico<br />

Antonio de Padua Rodrigues.<br />

Cedo para voltar a investir<br />

setor ter uma visão de longo<br />

prazo, está na COP 21. É<br />

onde podemos nos ancorar”,<br />

diz a presidente da Unica,<br />

Elizabeth Farina. Argumenta<br />

que o não cumprimento de<br />

um acordo internacional pode<br />

trazer altos custos políticos<br />

e para a imagem do País, prejudicando<br />

futuras negociações.<br />

Mas, para o País chegar<br />

a produzir os 50 bilhões de litros<br />

de etanol estimados, teriam<br />

que ser construídas 75<br />

novas usinas (hoje são 371),<br />

só possível com investimentos<br />

de US$ 40 bilhões. “Há<br />

condições técnicas para cumprir<br />

essa meta, o que falta é o<br />

País recuperar credibilidade<br />

para estimular os investimentos”.<br />

Para a Datagro Consultoria,<br />

esse volume será maior, 605,9<br />

milhões de toneladas no<br />

Centro Sul, com a produção<br />

de 30,02 bilhões de litros de<br />

etanol no País.<br />

Para o ciclo 2016/17, a<br />

Agroconsult prevê uma moagem<br />

entre 615 e 630 milhões<br />

de toneladas e considera que<br />

a próxima safra deve apresentar<br />

maior rentabilidade para o<br />

açúcar do que para o etanol,<br />

com margens calculadas em<br />

20% e 14%, respectivamente.<br />

O diretor da Datagro, Guilherme<br />

Nastari, acredita que a<br />

preocupação com o meio ambiente<br />

deve estimular a procura<br />

pelo biocombustível. E<br />

lembra que os países do G7<br />

assumiram o compromisso de<br />

substituir o consumo de energia<br />

fóssil por renovável.<br />

Padua afirma que o etanol<br />

tem um “futuro brilhante” se<br />

adotadas “políticas claras” de<br />

participação na matriz energética<br />

brasileira. Que o apoio<br />

ao biocombustível passa por<br />

diferenciação tributária, com<br />

taxação dos fósseis. E que o<br />

seu consumo tem potencial<br />

para crescer com o desenvolvimento<br />

de motores mais eficientes.<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>


Aprender com a prática<br />

Especialização em Tecnologia Mecânica do Setor Sucroalcooleiro, realizada pela UEM,<br />

tem o patrocínio da Santa Terezinha DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Aliar o aprofundamento teórico<br />

oferecido pela academia aos<br />

conhecimentos práticos, que só são<br />

alcançáveis no dia a dia de trabalho,<br />

é o principal objetivo da especialização<br />

em Tecnologia Mecânica<br />

do Setor Sucroalcooleiro, realizada<br />

pela UEM (Universidade Estadual<br />

de Maringá) em parceria<br />

com a Usina Santa Terezinha.<br />

PÓS-GRADUAÇÃO<br />

Neste ano, 24 alunos se formaram<br />

na terceira turma, que se reuniu em<br />

novembro para a cerimônia de encerramento<br />

e lançamento da terceira<br />

edição do livro Tecnologia<br />

Mecânica do Setor Sucroalcooleiro,<br />

que compila os projetos de<br />

conclusão de curso de todos os alunos.<br />

Com dois anos de duração, o<br />

curso alia aulas e pesquisas teóricas,<br />

dentro da universidade, ao estágio<br />

supervisionado nas unidades da<br />

usina. Formados nas áreas de engenharia<br />

mecânica, química, de<br />

produção e automação industrial,<br />

os estudantes encerram a pós-graduação<br />

tecnicamente capacitados<br />

para atuarem em usinas de açúcar<br />

e álcool.<br />

Segundo o coordenador do curso,<br />

Norival Ferreira dos Santos Neto,<br />

o grande diferencial dos trabalhos<br />

apresentados neste ano foi a preocupação<br />

em oferecer uma análise<br />

de viabilidade econômica. A preocupação<br />

com a aplicabilidade foi<br />

essencial para que muitas destas<br />

propostas já tenham deixado a teoria<br />

e sido implementadas.<br />

Uma delas é a do engenheiro mecânico<br />

Adriano Mesquita, colaborador<br />

da Unidade Ivaté. Com o<br />

título ‘Redução do pisoteio na<br />

linha de cultivo da cana de açúcar<br />

através do ajuste das bitolas do<br />

transbordo’, Mesquita apresentou<br />

uma solução para otimizar o uso<br />

do solo da região, que já foi colocada<br />

em prática na unidade.<br />

Iniciada em 2010, a pós-graduação<br />

em Tecnologia Mecânica do<br />

Setor Sucroalcooleiro já formou 67<br />

alunos. De acordo com o diretor<br />

jurídico da Usina Santa Terezinha,<br />

Samuel Meneguetti, a empresa entende<br />

que esse tipo de parceria<br />

entre a universidade pública e o<br />

setor privado é de grande vantagem<br />

e deve ser amplamente implementada.<br />

“A universidade é um<br />

centro de saber, onde nascem projetos<br />

de vanguarda que podem dar<br />

oxigenação à empresa, criando soluções<br />

e caminhos para o crescimento”,<br />

afirmou.<br />

Neste ano, 24 alunos<br />

se formaram na terceira<br />

turma e tiveram seus<br />

projetos lançados em livro<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

9


CORRIDA<br />

Rústica de Iguatemi reúne 1.500 atletas<br />

A prova é uma das quatro corridas do Projeto Tabagismo, promovido pela UEM e é realizada<br />

em parceria com a Santa Terezinha, por meio do Projeto Atletismo DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Com a participação<br />

de 86 colaboradores,<br />

dependentes e convidados,<br />

a Usina Santa Terezinha<br />

fez bonito na oitava<br />

edição da Corrida Rústica<br />

de Iguatemi Elenilson Silva<br />

– Pare de Fumar Correndo.<br />

Em novembro, as ruas do<br />

distrito de Iguatemi, em<br />

Maringá (PR) foram tomadas<br />

por quase 1.500 atletas<br />

disputando a prova. Divididos<br />

em 10 categorias, corredores<br />

dos 7 aos 69 anos<br />

correram percursos de<br />

1,3km, 2,5km e 5km, conforme<br />

a faixa etária.<br />

A prova é uma das quatro<br />

corridas do Projeto Tabagismo,<br />

promovido pela<br />

UEM (Universidade Estadual<br />

de Maringá) por meio<br />

do Mudi (Museu Dinâmico<br />

Interdisciplinar) e é<br />

realizada em parceria com a<br />

Usina Santa Terezinha, por<br />

meio do Projeto Atletismo.<br />

A Corrida Rústica de<br />

Iguatemi tem como maior<br />

Dentro do Projeto Atletismo,<br />

a Usina Santa Terezinha,<br />

conforme a tradição, sempre<br />

apoia e premia os atletas melhor<br />

posicionados na Corrida<br />

Rústica de Iguatemi, dentre<br />

os seus colaboradores, dependentes<br />

e convidados inscritos,<br />

que este ano somaram 86<br />

participantes. Além da premiação<br />

e do sorteio de brindes,<br />

que distribuiu vale-tênis,<br />

mochilas, bicicletas, medalhas<br />

e troféus, a usina oferece barraca<br />

de apoio com água, lanches,<br />

área de descanso e distribuição<br />

dos kits de corrida.<br />

diferencial as categorias<br />

pré-mirim, mirim e juvenil,<br />

que contemplam crianças e<br />

jovens a partir dos 7 anos<br />

de idade, cumprindo um<br />

importante papel no incentivo<br />

e fortalecimento do esporte<br />

desde a base educacional.<br />

Na categoria mirim, João<br />

Vitor Alves de Souza, 9<br />

anos, subiu ao pódio como<br />

segundo colocado. Essa foi<br />

sua primeira (e muito bem<br />

sucedida) experiência com<br />

a corrida. Isso, apesar de já<br />

ser bem familiarizado com<br />

os esportes de forma geral<br />

– ele é participante do programa<br />

Atleta do Futuro e<br />

do Projeto Fênix, ambas<br />

iniciativas de incentivo ao<br />

esporte realizadas pela Usina<br />

Santa Terezinha.<br />

“Me inscrevi porque meus<br />

professores falaram, mas<br />

não achei que fosse ganhar<br />

alguma coisa. Fiquei bem<br />

feliz e agora já estou com<br />

vontade de participar de<br />

Os primeiros colocados,<br />

dentre os colaboradores, na<br />

categoria masculina já são<br />

participantes assíduos de corridas<br />

de rua e colecionam ótimos<br />

tempos, sempre figurando<br />

entre os primeiros lugares<br />

da classificação interna.<br />

Luciano Miguel dos Santos,<br />

da Unidade Paranacity, ficou<br />

com a primeira posição, completando<br />

o percurso em<br />

16m36s. Da Unidade Tapejara,<br />

Alessandro da Silva<br />

Foram 10 categorias, dos 7 aos 69 anos, com percursos de 1,3km,<br />

2,5km e 5km, conforme a faixa etária<br />

outras corridas”, disse.<br />

Entre os adultos, a Acorremar<br />

(Associação dos<br />

Corredores de Rua de Maringá)<br />

– que tem a Usina<br />

Os melhores tempos<br />

Flauzino ficou com o segundo<br />

lugar, com um tempo de<br />

17m28s. A terceira colocação<br />

ficou com Edmar Antonio<br />

Correia, da Unidade Iguatemi,<br />

que completou a prova<br />

em 18m12s.<br />

Santa Terezinha como um<br />

de seus patrocinadores –<br />

ficou com as primeiras posições.<br />

No masculino, o primeiro<br />

a cruzar a linha de<br />

chegada foi Fernando Alex<br />

Enquanto o pódio masculino<br />

foi dominado por veteranos,<br />

o das mulheres foi repleto<br />

de novidades. A colaboradora<br />

do Corporativo, Natália<br />

Andréa Cércere, foi a primeira<br />

a cruzar a linha de chegada,<br />

com 27m54s. A segunda<br />

posição ficou com Sebatiana<br />

Ferreira da Silva Rosa,<br />

completando o percurso em<br />

35m00s. A conquista marcou<br />

Usina participou com 86 colaboradores, dependentes e convidados<br />

Fernandes, com o tempo de<br />

14m52s. No feminino, a<br />

campeã foi também a atleta<br />

da Acorremar, Patrícia Fernanda<br />

Lobo, que completou<br />

a prova em 19m01s.<br />

o seu retorno a uma vida mais<br />

ativa.<br />

“Quando era solteira, joguei<br />

futebol, futsal e corria. Depois<br />

que casei e tive filhos<br />

acabei diminuindo o ritmo,<br />

mas agora estou voltando e<br />

comecei a correr há uns 6<br />

meses”. Já pensando em melhorar<br />

o desempenho nas<br />

próximas corridas, Sebastiana<br />

pratica todos os dias e já conseguiu<br />

incluir a corrida na sua<br />

rotina diária.<br />

“É difícil conciliar família,<br />

casa, trabalho e o esporte, mas<br />

aos poucos e com força de<br />

vontade a gente consegue. E<br />

isso me faz muito bem. O esporte<br />

é a minha vocação”, finaliza.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>


Adubar para maturar<br />

Com a aplicação de macro e micronutrientes, observando-se o equilíbrio e a interação<br />

entre estes, é possível aumentar e acelerar a produção de açúcar MARLY AIRES<br />

CANAVIAL<br />

Uma nutrição mineral<br />

equilibrada e que atende às<br />

demandas da planta, no balanço<br />

entre os macro e micronutrientes,<br />

pode ser um<br />

instrumento fundamental na<br />

maturação da cana de açúcar<br />

segundo o professor doutor<br />

Carlos Alexandre Crusciol,<br />

da Faculdade de Ciências<br />

Agronômicas da Unesp –<br />

Universidade Estadual Paulista.<br />

Ele falou sobre o assunto<br />

no 1º Workshop<br />

ATRiun realizado em parceria<br />

da UPL, empresa global<br />

de agroquímicos, com a Alcopar,<br />

realizado dia 19 de<br />

novembro em Maringá.<br />

A proposta do professor<br />

doutor é trabalhar com o manejo<br />

nutricional para preparar<br />

a planta para maturar, adotando-o<br />

cerca de 120 dias<br />

antes da colheita. Ele diz que<br />

o maturador não produz açúcar,<br />

mas apenas muda a rota<br />

do metabolismo da planta da<br />

fase de crescimento para a<br />

maturação. Já o uso de nutrientes<br />

faz com que aumente<br />

o percentual de açúcar na<br />

planta, levando-a à maturação<br />

. “Experimentos mostram<br />

que 15% a 20% do produto<br />

dessecante aplicado como<br />

maturador ficam presos no<br />

rizoma da planta, causando<br />

fitotoxidade à cana soca, afetando<br />

brotação e reduzindo<br />

produtividade”, alerta.<br />

Crusciol afirma que, apesar<br />

de a adubação adotada nas<br />

usinas ser relativamente boa,<br />

não tem ocorrido uma reposição<br />

adequada dos nutrientes.<br />

E as variedades atuais,<br />

mais produtivas, têm aumentado<br />

a extração destes.<br />

Também, a maior parte das<br />

usinas só se preocupa com o<br />

manejo nutricional para a<br />

produção de toneladas de<br />

cana por hectare, não sendo<br />

tradição adotar qualquer<br />

manejo para preparar a<br />

planta para a maturação.<br />

Carlos Alexandre Crusciol, da Unesp, falou sobre o assunto no 1º Workshop<br />

ATRiun realizado em Maringá pela UPL e Alcopar<br />

“Uma coisa é adubar para<br />

fazer TCH e outra é adubar<br />

para produzir tonelada de<br />

açúcar por hectare. As usinas<br />

não comercializam<br />

TCH, mas sim açúcar e têm<br />

que pensar nisso”, destaca. E<br />

ressalta que, tendo em vista<br />

a forte ação dos fenômenos<br />

químicos, físicos e biológicos<br />

sobre os solos brasileiros<br />

e a deficiência generalizada<br />

de nutrientes e, principalmente,<br />

de micronutrientes,<br />

a reposição nutricional torna-se<br />

prática indispensável<br />

para garantir o sucesso do<br />

processo produtivo. “Quanto<br />

menor o volume de matéria<br />

orgânica no solo, menores<br />

os teores de micronutrientes”.<br />

Quando o foco é fazer açúcar,<br />

tem que ter equilíbrio<br />

entre os nutrientes, tem que<br />

pensar na interação destes,<br />

segundo o pesquisador.<br />

“Normalmente os produtores<br />

não se preocupam com os<br />

micronutrientes, mas estes<br />

são fundamentais para aumentar<br />

a produção e para a<br />

maturação da cana. Também<br />

se esquece da interação entre<br />

os nutrientes”, lamenta o<br />

professor doutor, ressaltando<br />

que o crescimento não é<br />

controlado pela quantidade<br />

total dos recursos disponíveis,<br />

mas pelo recurso mais<br />

escasso, o fator limitante. “O<br />

manejo nutricional eleva o<br />

potencial produtivo da cana<br />

de açúcar mediante incremento<br />

de produtividade,<br />

tanto de colmos quanto de<br />

sacarose”.<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

11


12CANAVIAL<br />

Pesquisador diz que usinas só se preocupam com o manejo nutricional para a produção de<br />

toneladas de cana por hectare, esquecendo de preparar a planta para a maturação<br />

“Quem nunca teve problemas<br />

de maturação com a<br />

cana de açúcar produzida<br />

em área de vinhaça, apesar<br />

de ter potássio e magnésio<br />

em bom volume e das altas<br />

produtividades obtidas”,<br />

questiona Carlos Alexandre<br />

Crusciol, da Unesp. Isso<br />

ocorre, explica, porque o potássio,<br />

que estimula a vegetação<br />

da planta, e o magnésio,<br />

que ajuda na maturação,<br />

estão em desequilíbrio<br />

na vinhaça. Como os dois<br />

elementos são absorvidos<br />

pelo mesmo canal, a planta<br />

acaba absorvendo mais potássio,<br />

em detrimento do<br />

magnésio.<br />

O nitrogênio é outro nutriente<br />

importante para a<br />

maturação e as usinas costumam<br />

utilizar boas doses<br />

deste na adubação, diz<br />

Crusciol. “O problema é a<br />

deficiência de molibdênio.<br />

Sem este micronutriente, a<br />

planta não consegue incorporar<br />

o nitrogênio”, alerta,<br />

podendo a sua falta reduzir<br />

até a fotossíntese, o crescimento<br />

e a produtividade da<br />

planta.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong><br />

Como age cada nutriente<br />

Em média a cana de açúcar<br />

absorve cerca de 60% do<br />

nitrogênio aplicado, extraindo<br />

o resto do que sobrou<br />

do ano anterior. Quando<br />

se aplica o nutriente via<br />

foliar, e não há deficiência<br />

de molibdênio, o resultado é<br />

potencializado porque estimula<br />

a planta a obsorver<br />

mais do solo.<br />

Além de aumentar a produção<br />

de tonelada de cana<br />

por hectare, o fósforo é outro<br />

nutriente básico para aumentar<br />

a concentração de<br />

açúcar na planta. É vital para<br />

todo metabolismo. Gerar<br />

açúcar custa energia para a<br />

planta e quem proporciona<br />

isso é o fósforo. Mas os solos<br />

brasileiros são pobres e demandam<br />

uma boa adubação<br />

fosfatada.<br />

Um estudo desenvolvido<br />

em 2008 em canaviais paulistas<br />

também mostrou que<br />

67% dos canaviais têm deficiência<br />

de zinco e 96% de<br />

boro, além da falta dos demais<br />

micronutrientes, situação<br />

que que não diferem<br />

muito das demais regiões canavieiras.<br />

Também se contatou<br />

que a planta responde<br />

pouco ao micronutriente<br />

quando este é aplicado via<br />

solo, no início. “Tem que<br />

fazer o manejo pré-maturação,<br />

onde o efeito aumenta<br />

bastante. A aplicação é via<br />

foliar”, diz o professor doutor.<br />

A deficiência de zinco<br />

reduz a produção de açúcar<br />

porque limita a fotossíntese,<br />

que é responsável pelo acúmulo<br />

de sacarose. O boro<br />

também é um elemento<br />

chave e atua em todo o metabolismo<br />

da planta, no<br />

transporte de nutrientes, na<br />

fotossíntese, na síntese e<br />

transporte de açúcar, no balanço<br />

hormonal, na estrutura<br />

da parede celular, na<br />

reprodução das plantas e na<br />

formação de raízes, entre<br />

outras. Aplicado junto com<br />

o maturador, melhora o desempenho<br />

deste antecipando<br />

a maturação e aumentando<br />

o teor de açúcar.<br />

Há ainda o cobre, que atua<br />

na distribuição de açúcar na<br />

planta e participa de muitos<br />

processos fisiológicos.<br />

Quando em deficiência, leva<br />

a planta a vegetar mais.<br />

Para Crusciol é preciso<br />

considerar também a necessidade<br />

de utilizar algumas<br />

tecnologias (adjuvantes) para<br />

melhorar a absorção de<br />

produtos e a eficiência, conforme<br />

avança a safra.<br />

Também, a aplicação de<br />

micronutrientes na cana<br />

planta tem efeito residual nas<br />

soqueiras. Da mesma forma,<br />

o efeito da torta de filtro perdura<br />

nas soqueiras, com produtividades<br />

de colmos, de<br />

açúcar e de bagaço superiores<br />

as áreas que não receberam<br />

o subproduto, principalmente<br />

no solo arenoso.<br />

Atriun potencializa<br />

resultados<br />

A UPL, empresa global de agroquímicos apresentou para<br />

os profissionais presentes ao evento um de seus produtos,<br />

o Atriun Biocatalizador, que age na cana de açúcar de<br />

forma a potencializar todas as reações envolvidas na produção,<br />

transporte e armazenamento de sacarose.<br />

Este tem substâncias que atuam nas reações bioquímicas<br />

das plantas, aumentando a velocidade destas e trazendo<br />

ganhos operacionais, em produtividade de cana e de açúcar<br />

e maior segurança, porque não causa problema à cana<br />

soca. Não é só um maturador, veio para mudar esse conceito,<br />

segundo a equipe técnica da empresa.<br />

O produto possui também uma quantidade equilibrada<br />

de macro e micronutrientes dentro de uma formulação<br />

especial, o necessário para estimular a cultura a maturar.<br />

Além do balanço nutricional, tem diferencial que facilita<br />

a absorção e potencializa os resultados.


Conhecer para planejar<br />

as pulverizações<br />

Para um controle efetivo das plantas daninhas, tem que considerar todas as variantes,<br />

pensar os diversos fatores que influem ao recomendar os herbicidas MARLY AIRES<br />

SYNTEGRAÇÃO<br />

Na hora de definir qual<br />

tratamento com herbicida<br />

utilizar no canavial, o que<br />

normalmente pesa na decisão<br />

é o custo do produto,<br />

optando-se pelo menor. “O<br />

mais barato, entretanto, não<br />

tem necessariamente o melhor<br />

custo benefício. Em vez<br />

de focar em quanto custa<br />

manter a lavoura limpa de<br />

plantas daninhas, tem que<br />

ver o quanto se perde por<br />

falta de planejamento”, afirmou<br />

o engenheiro agrônomo<br />

Marcelo Nicolai (Esalq/<br />

USP/AgroCon), que tem<br />

pós-doutorado em controle<br />

de plantas daninhas.<br />

O agrônomo falou sobre<br />

aspectos importantes para o<br />

manejo de plantas daninhas<br />

em cana de açúcar, utilizando<br />

produtos pré-emergentes<br />

e pós-emergentes, no último<br />

dia 27 de novembro, em<br />

Maringá, durante o 3º Syntegração<br />

<strong>2015</strong>, realizado em<br />

parceria da Syngenta com a<br />

Alcopar.<br />

Para ele, não faz sentido<br />

Evento da Syngenta com a Alcopar trouxe Marcelo Nicolai, da Esalq<br />

investir o que se investe no<br />

plantio do canavial e correr<br />

o risco de perdas significativas<br />

em produtividade ou redução<br />

da longevidade da<br />

lavoura por causa de plantas<br />

daninhas, enquanto que o<br />

gasto com herbicida, para<br />

manter a cana limpa, é um<br />

pequeno percentual desse<br />

valor.<br />

“O herbicida não aumenta<br />

a produtividade, mas protege<br />

o potencial da planta.<br />

O produtor pode perder de<br />

quatro a cinco toneladas de<br />

cana por hectare, o equivalente<br />

a R$ 200, sem nem<br />

perceber”, disse, ressaltando<br />

que é importante começar o<br />

ciclo da cana sem a interferência<br />

de plantas daninhas.<br />

Nicolai destacou, entretanto,<br />

que o uso de herbicida<br />

não é uma ciência<br />

linear e que cada herbicida<br />

tem o seu espaço. Tem que<br />

se considerarem todas as<br />

variantes, pensar os diversos<br />

fatores para fazer a recomendação<br />

de herbicidas,<br />

entender como o produto<br />

funciona e o posicionar<br />

Quem o faz, erra menos<br />

conforme suas características<br />

físico-químicas e as<br />

condições existentes.<br />

“Deve-se usar a melhor ferramenta,<br />

se basear no melhor<br />

posicionamento para<br />

ter o melhor resultado. Tem<br />

que conhecer o ambiente,<br />

avaliar a época do ano em<br />

que se está, qual a planta<br />

daninha existente e até qual<br />

a variedade plantada, já que<br />

algumas são mais sensíveis<br />

e pode dar fitotoxidade”,<br />

enfatizou, lamentando que<br />

muitos não levam nada<br />

disso em consideração.<br />

“É preciso conhecer para<br />

não incorrer em erros”, afirmou,<br />

lembrando que normalmente<br />

há um complexo<br />

de plantas daninhas infestando<br />

a área, sendo necessário<br />

identificar qual a<br />

principal, lançando mão<br />

também de tecnologias como<br />

os drones, que ajudam a<br />

identificar reboleiras onde<br />

há alta pressão de infestação,<br />

demandando atenção.<br />

Mesmo reconhecendo que<br />

é difícil analisar tudo isso e<br />

planejar as aplicações dos<br />

herbicidas na correria do dia<br />

a dia, com os contratempos<br />

que surgem e a diversidade<br />

de situações que fogem ao<br />

controle, o engenheiro agrônomo<br />

Marcelo Nicolai destacou<br />

que “quem o faz, erra<br />

menos”.<br />

Também, com tudo acontecendo<br />

ao mesmo tempo: colheita,<br />

plantio, controle de<br />

plantas daninhas e etc, em<br />

caso de quebra de equipamento,<br />

na oficina, o pulverizador<br />

nunca é a prioridade.<br />

Por isso, disse, é fácil entender<br />

porque a cana fecha com<br />

mato no pé e explica a preferência<br />

pelo uso dos pré-emergentes.<br />

Mas Nicolai alertou que aí<br />

tem que se atentar para o<br />

tempo do residual dos produtos,<br />

que deve ser longo, para<br />

que a cana feche no limpo.<br />

Desde o plantio até o fechamento<br />

da lavoura, somam<br />

mais de 150 dias. E, dependendo<br />

do período do ano e<br />

do clima, o tempo necessário<br />

pode ser maior ou menor.<br />

É preciso lembrar que<br />

mesmo com o tempo seco, a<br />

planta daninha germina e<br />

completa o ciclo. Em média,<br />

neste período, pelo menos<br />

20% das sementes germinam.<br />

“Há infestação o ano todo,<br />

portanto, o controle precisa<br />

ser feito o ano todo para não<br />

aumentar o banco de sementes”,<br />

afirmou o engenheiro<br />

agrônomo.<br />

Nicolai destacou que, justamente,<br />

a pior cana para se trabalhar<br />

é a de início de safra,<br />

por causa da estiagem. “A expectativa<br />

de chuva e a disponibilidade<br />

hídrica são fundamentais<br />

na escolha do manejo<br />

e de qual herbicida utilizar,<br />

para tempo úmido ou<br />

seco, sob risco de perder o trabalho<br />

e o produto e a cana<br />

ainda fechar com plantas daninhas<br />

no pé”, citou, comentando<br />

que isso representa, no<br />

mínimo, uma perda de oito<br />

toneladas por hectare. “E se a<br />

cana for mais produtiva, a<br />

perda é ainda maior”.<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

13


SYNTEGRAÇÃO<br />

A dessecação das<br />

plantas daninhas<br />

com um pós-emergente,<br />

antes do plantio da<br />

cana de açúcar, é fundamental,<br />

mas, com a presa entre<br />

as operações, é comum muitas<br />

usinas plantarem um ou<br />

outro talhão sem dessecar.<br />

“O canavial tem que começar<br />

no limpo, ponto que representa<br />

50% do sucesso no<br />

controle das plantas daninhas.<br />

O que acontecerá no<br />

canavial nos próximos cinco<br />

anos depende de um preparo<br />

e de uma dessecação<br />

bem feitos”, afirmou o engenheiro<br />

agrônomo Marcelo<br />

Nicolai.<br />

Ele disse que as plantas<br />

daninhas podem causar<br />

danos diretos na quantidade<br />

e na qualidade da cana colhida,<br />

podendo as perdas<br />

variarem de 30% a 90%.<br />

Mas os danos também podem<br />

ser indiretos como o<br />

atraso na colheita, a menor<br />

Começar no limpo<br />

De uma dessecação bem feita antes do plantio depende o futuro do canavial nos<br />

próximos anos, com prejuízos diretos e indiretos sobre a lavoura<br />

longevidade do canavial e o<br />

incremento do banco de sementes,<br />

com consequente<br />

aumento de custos.<br />

A planta leva cerca de quatro<br />

a oito horas para absorver<br />

os produtos. Em média,<br />

24 horas após a aplicação, o<br />

herbicida já está circulando<br />

por toda a planta, mas é necessário,<br />

no mínimo, esperar<br />

sete dias para fazer qualquer<br />

outra operação na lavoura.<br />

O ideal são 15 dias de sol.<br />

A dose de herbicida aplicada<br />

é determinante para<br />

um controle efetivo e varia<br />

de acordo com o tamanho<br />

da planta – quanto menor,<br />

mais fácil o controle e<br />

menor a dose. O mesmo<br />

ocorre em relação à qualidade<br />

da água. Se o PH estiver<br />

alto ou houver impurezas,<br />

tudo afeta a ação<br />

do produto e a qualidade da<br />

aplicação, por isso a importância<br />

de fazer uma análise<br />

Oferta de serviços<br />

facilita a vida<br />

nas usinas<br />

Diante da escassez de mão de obra e da correria do dia a<br />

dia nas usinas, Victor Hugo Silveira, do Desenvolvimento<br />

Técnico de Mercado de Cana de Açúcar da Syngenta<br />

apresentou algumas inovações tecnológicas para levantamento,<br />

diagnóstico e controle de plantas daninhas, pragas<br />

e doenças, projeto em desenvolvimento e que será trabalhado<br />

pela empresa junto aos parceiros. “Os objetivos principais<br />

são: otimização da mão de obra, diagnóstico preciso<br />

e redução com levantamentos de campo e aplicações”, disse<br />

Victor.<br />

Outro serviço em fase de desenvolvimento pela empresa<br />

junto a seus parceiros é o de aplicação de herbicidas em reboleiras<br />

de plantas daninhas com helicóptero. Outras possibilidades<br />

estão sendo estudadas para o uso dessa<br />

tecnologia de pulverização, como aplicação de maturadores<br />

em regiões de relevo muito ondulado e ainda a aplicação<br />

de inseticidas com alta qualidade e segurança.<br />

dessa e adicionar aditivos, se<br />

necessário.<br />

Outro problema, citou<br />

Marcelo Nicolai, é aplicar o<br />

herbicida na palha, que é<br />

uma barreira para os préemergentes.<br />

“Temos que<br />

conhecer qual a quantidade<br />

de palha, quanto tempo ela<br />

dura, qual o manejo e se a<br />

distribuição é homogênea”.<br />

O agrônomo explicou que<br />

pode-se perder o herbicida<br />

aplicado na palha para a<br />

chuva, para o vento que a<br />

Tem ainda que considerar<br />

o ambiente de produção<br />

(umidade do ar, vento, temperatura,<br />

se tem orvalho, se<br />

está nublado), e se a planta<br />

está estressada ou não, devido<br />

à estiagem ou outros<br />

problemas. Nesta condição,<br />

o produto não transloca na<br />

planta, não tendo efeito<br />

sobre ela. É preciso avaliar a<br />

necessidade de usar adjuvantes<br />

para melhorar qualidade<br />

da aplicação e os<br />

resultados.<br />

Palha requer atenção<br />

carrega, e para o fogo. “A reaplicação<br />

é complicada. Pode<br />

dar fitotoxidade ou ser<br />

uma subdose. Tem que esperar<br />

a emergência das plantas<br />

para avaliar”, orientou.<br />

Apenas um<br />

pequeno percentual<br />

do que se aplica<br />

é absorvido pela<br />

planta daninha<br />

Já para os pós-emergentes,<br />

a palha não influi muito na<br />

aplicação. Só ocorre uma<br />

mudança com relação às<br />

plantas daninhas que vão<br />

prevalecer na lavoura. Plantas<br />

que têm semente pequena,<br />

e pouca reserva de<br />

nutrientes, acaba não germinando<br />

bem e prevalece as<br />

com sementes grandes.<br />

O agrônomo explicou ainda<br />

que apenas um pequeno<br />

percentual do que se aplica é<br />

absorvido pela planta. O<br />

resto perde-se por deriva, lixiviação,<br />

ao ficar retido no<br />

solo, não sendo disponibilizado<br />

para a planta, ou de outras<br />

formas.<br />

14<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>


Parar ou não parar<br />

Dúvida tira o sossego dos empresários. As chuvas não deixam moer, mas bons preços<br />

e contratos a cumprir pressionam para continuar operando MARLY AIRES<br />

USINAS<br />

Novembro deste ano foi o<br />

mais chuvoso dos últimos 34<br />

anos. Como consequência, a<br />

moagem que já tinha sido<br />

baixa na primeira quinzena<br />

do mês, na segunda ficou<br />

muito aquém do esperado no<br />

<strong>Paraná</strong>, segundo o presidente<br />

da Alcopar, Miguel Tranin.<br />

O total esmagado, 555,1 mil<br />

toneladas é 66,2% menor<br />

que o processado no mesmo<br />

período do ano anterior<br />

(1,641 milhão).<br />

Na quinzena em que as usinas<br />

mais esmagaram cana<br />

nesta safra, a primeira de<br />

agosto, foram processadas<br />

245 mil toneladas por dia de<br />

cana de açúcar, somando<br />

3,688milhões de toneladas<br />

de cana nos 15 dias. Considerando<br />

essa média diária, de<br />

16 a 30 de novembro foram<br />

moídos o equivalente a 2,26<br />

dias de trabalho.<br />

Atraso<br />

Com isso, a safra, que já deveria<br />

estar com 40 milhões a<br />

41 milhões de toneladas de<br />

cana esmagadas, diante da<br />

perspectiva de processar<br />

43,08 milhões de toneladas<br />

de cana neste ano, está com<br />

somente 36,8 milhões, 85,6%<br />

do previsto e 9,2% a menos<br />

em relação aos 40,6 milhões<br />

de toneladas já moídas nesta<br />

mesma data na safra 2014/<br />

15. “Perdemos pelas chuvas<br />

mais de vinte dias de trabalho<br />

em novembro. Teve unidade<br />

no <strong>Paraná</strong> que não trabalhou<br />

nenhum dia no mês e outras,<br />

apenas três ou quatro dias”,<br />

afirma Tranin.<br />

A grande dúvida dos empresários<br />

das usinas paranaenses<br />

é se, diante da perspectiva<br />

de as chuvas continuarem<br />

neste ritmo, em ano<br />

de El Niño, se param agora<br />

perto do Natal, como estava<br />

previsto, retornando a colheita<br />

mais cedo para esmagar<br />

a cana bisada que sobrou<br />

Com uma produção 75,1% a menos de açúcar no período<br />

de 16 a 30 de novembro na safra <strong>2015</strong>/16 do <strong>Paraná</strong>, em<br />

relação à mesma quinzena do ano anterior, foram industrializados<br />

somente 27,8 mil toneladas do produto. No<br />

acumulado, a safra <strong>2015</strong>/16 somam 2,57 milhões de toneladas<br />

contra 2,78 no mesmo período da safra 2014/15, volume<br />

7,4% menor.<br />

A produção total de etanol anidro no ano, com 521,6 milhões<br />

de litros até agora, contra 499,4 milhões na mesma<br />

época do ano passado, é o único produto com margem positiva<br />

no comparativo, 4,4% a mais, tendo produzido 90,6%<br />

do total previsto na safra, 575,9 milhões.<br />

“O Estado tem destinado a maior parte da matéria prima<br />

para a produção de etanol, atentando principalmente para<br />

a produção de anidro, visando atender a demanda criada<br />

no mercado interno com o aumento da adição deste na gasolina<br />

para 27%, conforme compromisso assumido com a<br />

Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis”,<br />

comenta Miguel Tranin.<br />

A expectativa de produção de etanol total é 1,526 bilhão<br />

de litros na safra. Até o momento foram produzidos 1,369<br />

bilhão, 9,3% a menos do que os 1,510 bilhão do mesmo<br />

período da safra passada.<br />

Foram colhidos até 1 de dezembro somente 36,8 milhões<br />

dos 43,08 milhões de toneladas previstos no ano<br />

no campo de uma safra para<br />

outra, ou se continuam trabalhando,<br />

praticamente<br />

emendando as duas safras.<br />

Tranin conta que algumas<br />

têm contrato a cumprir e<br />

continuarão produzindo,<br />

mesmo em situação tão adversa,<br />

podendo seguir até janeiro.<br />

“E tem também a<br />

As chuvas que assolam a<br />

principal região produtora<br />

de cana de açúcar do Brasil,<br />

o Centro Sul, já foram responsáveis<br />

pela paralisação<br />

de até 35 dias de moagem<br />

em algumas usinas, dificultando<br />

que o setor consiga<br />

processar toda a cana disponível<br />

para esta temporada.<br />

As informações são<br />

de balanço de safra divulgado<br />

pela Unica - União da<br />

Indústria de Cana de Açúcar.<br />

No acumulado desde o<br />

início da atual safra até 1º<br />

de dezembro, o volume<br />

processado de matériaprima<br />

somou 563,29 milhões<br />

de toneladas, crescimento<br />

de 1,64% ante as<br />

554,22 milhões de toneladas<br />

registradas em igual<br />

período do ciclo anterior.<br />

questão da necessidade de<br />

melhorar o fluxo de caixa,<br />

pois nesse momento o etanol<br />

tem bons preços. Porém, certamente<br />

teremos um início<br />

de safra bem precoce”, ressalta.<br />

Por outro lado, a chuva de<br />

forma generalizada por todo<br />

o Estado, aliada ao clima<br />

Isso ocorre por conta do<br />

maior número de usinas<br />

ainda em operação, já que a<br />

estiagem no ano passado,<br />

principalmente no estado<br />

de São Paulo, reduziu significativamente<br />

a safra. Até<br />

o dia 1º de dezembro, apenas<br />

47 unidades produtoras<br />

haviam encerrado a moagem,<br />

contra 137 unidades<br />

com safra finalizada na<br />

mesma data de 2014. Devido<br />

ao baixo aproveitamento<br />

de moagem no último<br />

mês, grande parte das<br />

unidades produtoras está<br />

postergando a data de encerramento.<br />

Segundo o diretor Técnico<br />

da Unica, Antonio de<br />

Padua Rodrigues, no acumulado<br />

desde o início da<br />

safra <strong>2015</strong>/16 até 1º de dezembro,<br />

a fabricação de<br />

mais quente, sem geadas ou<br />

outros contratempos, favoreceu<br />

o desenvolvimento vegetativo<br />

da planta este ano,<br />

devendo aumentar a expectativa<br />

de produção de cana na<br />

próxima safra, sendo considerável<br />

a quantidade de cana<br />

que deve ficar sem moer<br />

nessa safra, bisando para a seguinte,<br />

ressalta Tranin.<br />

Chuvas prejudicam fim de safra<br />

açúcar somou 29,42 milhões<br />

de toneladas, recuo<br />

de 6,42% em relação a<br />

igual período de 2014. A<br />

produção de etanol totalizou<br />

25,79 bilhões de litros<br />

(15,87 bilhões de hidratado<br />

e 9,92 bilhões de anidro),<br />

2,34% superior ao índice<br />

registrado até a mesma<br />

data de 2014 (25,2 bilhões).<br />

Com relação às vendas de<br />

etanol, o diretor da Unica<br />

alerta que as estatísticas indicam<br />

um recuo na demanda<br />

por etanol hidratado."A<br />

taxa de crescimento<br />

das vendas do produto<br />

ao mercado doméstico<br />

era superior a 40% até<br />

setembro; alcançou 36,44%<br />

em outubro e, em novembro,<br />

caiu para 25,15%”, comenta.<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15


MELHORAMENTO<br />

Universidades liberam 16 variedades de cana<br />

A Liberação Nacional<br />

de Variedades RB<br />

de Cana de Açúcar no<br />

<strong>Paraná</strong> ocorreu no último<br />

dia 9 de dezembro<br />

na Unespar - Universidade<br />

Estadual do <strong>Paraná</strong><br />

Campus de Paranavaí. Foram<br />

16 novas variedades de<br />

cana de açúcar desenvolvidas<br />

por sete das 10 universidades<br />

federais que compõem a Ridesa<br />

(Rede Interuniversitária<br />

para o Desenvolvimento do<br />

Setor Sucroenergético). A última<br />

liberação de variedades<br />

da rede foi em 2010.<br />

Dentre os novos materiais<br />

desenvolvidos pelas universidades<br />

federais, três são do<br />

<strong>Paraná</strong> (UFPR), quatro da de<br />

São Carlos (UFSCar), duas<br />

de Alagoas (UFAL), duas da<br />

Rural de Pernambuco<br />

(UFRPE), duas de Viçosa<br />

(UFV), duas da Rural do Rio<br />

de Janeiro (UFRRJ) e uma<br />

de Goiás (UFG). São variedades<br />

de ciclo precoce ou<br />

médio, voltadas para ambientes<br />

bons ou restritivos, mas<br />

todas apresentam alta produtividade,<br />

colheitabilidade e<br />

Dentre elas estão três da UFPR, que já vêm sendo plantadas pelas usinas paranaenses<br />

e de outros estados, com grande possibilidade de expansão MARLY AIRES<br />

são adaptadas para o plantio<br />

e colheita mecanizados.<br />

Na abertura do evento, o<br />

reitor da UFPR, professor<br />

doutor Zaki Akel Sobrinho,<br />

falou sobre os avanços, conquistas<br />

e a importância do<br />

trabalho da Ridesa, “que é<br />

um exemplo de cooperação<br />

técnica”. Lembrou que foi<br />

graças ao trabalho das universidades<br />

federais que não se<br />

perdeu 20 anos de pesquisa<br />

com cana, quando o Planalsucar<br />

foi extinto, prejuízo que<br />

seria incalculável. Também<br />

destacou a importância da<br />

parceria com o setor privado.<br />

“Estamos vivendo um dos<br />

períodos mais desafiantes,<br />

mas com o trabalho conjunto,<br />

nada vai segurar esse projeto”,<br />

disse.<br />

O presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin citou os problemas<br />

enfrentados pelo setor,<br />

e a forte redução das produtividades<br />

agrícolas, com a<br />

falta de renovação dos canaviais<br />

e a rápida mecanização<br />

das lavouras. E diz que o desafio<br />

agora é trabalhar com<br />

Lançamentos<br />

Liberação Nacional das RBs no <strong>Paraná</strong> ocorreu dia 9 de dezembro em Paranavaí<br />

produtividades de três dígitos,<br />

citando o esforço das<br />

universidades para dar continuidade<br />

aos projetos de pesquisa<br />

e a necessidade de continuar<br />

investindo nesta parceria.<br />

Para o coordenador Nacional<br />

da Ridesa e Coordenador<br />

do Programa de Melhoramento<br />

Genético da Cana de<br />

Açúcar na UFPR, Edelclaiton<br />

Daros, os três principais<br />

desafios das universidades<br />

são dar continuidade ao programa,<br />

captar recursos como<br />

órgão público e estabelecer<br />

um programa nacional de<br />

pesquisa em cana de açúcar<br />

em todas as áreas e não só<br />

desenvolvimento de novas<br />

variedades. “O crescimento<br />

das variedades RB não é<br />

fruto do acaso, mas de trabalho<br />

e competência, com<br />

visão realista do processo”,<br />

afirmou.<br />

Participaram da cerimônia<br />

Homenagens<br />

ainda o vice-reitor da UFPR,<br />

Antonio Varelo Neto, o diretor<br />

da Fafipa (Faculdade Estadual<br />

de Educação, Ciência<br />

e Letras de Paranavaí), Elias<br />

Souza Júnior, e o diretor de<br />

Administração e Finanças da<br />

Funpar (Fundação da Universidade<br />

Federal do <strong>Paraná</strong>),<br />

Enio Ponczek, além de entidades<br />

e representantes dos<br />

produtores e empresários do<br />

setor sucroenergético. Também<br />

foi lançado o livro de<br />

variedades RB.<br />

A exemplo do que ocorreu nos últimos cinco anos,<br />

quando do último lançamento de variedades RB, onde<br />

a participação destas nas lavouras de cana de açúcar do<br />

Brasil saltaram de 58% para 68%, a expectativa é novamente<br />

ganhar mais 10% do mercado brasileiro nos próximos<br />

cinco anos, segundo Edelclaiton Daros. “São<br />

grandes variedades que devem chegar com força total,<br />

ganhando espaço junto com as mais plantadas”, disse.<br />

As três novas variedades apresentadas pela UFPR são:<br />

RB036066, RB036088 e RB036091. Com rápido crescimento<br />

inicial e grande estabilidade, a variedade<br />

RB036066 também se destaca pelo seu grande potencial<br />

produtivo e elevado teor de sacarose, sendo recomendada<br />

até para ambientes D, considerados restritivos.<br />

Já a variedade RB036088 apresenta excelente colheitabilidade<br />

e longevidade, podendo ser considerada um<br />

novo modelo de ideótipo para a colheita mecanizada. E<br />

a variedade RB036091 tem rápido crescimento e fechamento<br />

da entrelinha de plantio, com elevado potencial<br />

produtivo e sanidade vegetal.<br />

No final do evento houve<br />

várias homenagens a pessoas<br />

que se dedicaram nos 25 anos<br />

de Ridesa e 45 anos das variedades<br />

RB. Foram destacados<br />

os técnicos Clausio José<br />

da Silva, Ailton José da Silva,<br />

José Batista Primo e Luiz<br />

Carlos Honorato, que desenvolvem<br />

o programa de melhoramento<br />

no <strong>Paraná</strong> há<br />

mais de 20 anos; e os profissionais<br />

que já atuavam no<br />

setor na época do Planalsucar,<br />

o técnico agrícola Lungas<br />

Lopes Menezes e os doutores<br />

Antonio Marcos Iaia<br />

(UFMT), Geraldo Veríssimo<br />

de Souza Barbosa<br />

(UFAL), Luís Cláudio Inácio<br />

da Silveira (UFV), Luiz José<br />

Oliveira Tavares de Melo<br />

(UFRP) e Jair Felipe Garcia<br />

Pereira Ramalho (UFRRJ).<br />

A Alcopar, através do presidente<br />

Miguel Tranin, também<br />

ganhou a homenagem<br />

como parceira de primeira<br />

hora, que acreditou no trabalho<br />

das universidades. Da<br />

mesma forma, o reitor da<br />

UFPR, Zack Akel Sobrinho,<br />

que representou todos os reitores<br />

pelo apoio e dedicação<br />

que o programa recebeu.<br />

Também tiveram sua justa<br />

homenagem os professores<br />

doutores da UFPR que dedicaram<br />

sua vida a pesquisa:<br />

Edelclaiton Daros, José Luís<br />

Camargo Zambon, Paulo<br />

Afonso Graciano, Oswaldo<br />

Teruyo e o doutor Heroldo<br />

Weber.<br />

16<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>


Além do lançamento das<br />

novas variedades RB, o<br />

evento foi marcado pela comemoração<br />

dos 25 anos da<br />

Ridesa (Rede Interuniversitária<br />

para Desenvolvimento do<br />

Setor Sucroenergético) e dos<br />

45 anos das variedades RB,<br />

que teve seu início de pesquisa<br />

na época do Planalsucar<br />

(Programa Nacional de Melhoramento<br />

Genético da Cana<br />

de Açúcar).<br />

Neste período, já foram lançadas<br />

94 variedades RB. Só no<br />

<strong>Paraná</strong>, através da Universidade<br />

Federal do <strong>Paraná</strong><br />

(UFPR), foram 10, materiais<br />

que juntamente com outras<br />

variedades RB, hoje respondem<br />

por 84% do que é plantado<br />

no Estado e 68% no Brasil.<br />

Em 1990 as RB respondiam<br />

por somente 5% da área<br />

colhida no Brasil. “Buscamos<br />

nos manter fiel ao nosso compromisso<br />

de sempre liberar<br />

novos materiais que atendam<br />

às demandas das unidades<br />

conveniadas”, afirma Edelclaiton<br />

Daros, coordenador do<br />

Programa de Melhoramento<br />

Genético da Cana de Açúcar<br />

(PMGCA) da UFPR.<br />

45 anos de RB e 25 de Ridesa<br />

São 94 variedades colocadas no mercado e que atualmente respondem<br />

por 84% do que é plantado no <strong>Paraná</strong> e 68% no Brasil<br />

Depois de vários desafios<br />

superados e inúmeras conquistas<br />

ao longo de seus 25<br />

anos de história, desde a extinção<br />

do Instituto do Álcool<br />

e do Açúcar (IAA) e do Planalsucar,<br />

em 1990, a Ridesa se<br />

consolida não só como um<br />

importante instrumento de<br />

parceria entre a academia e o<br />

setor privado para o desenvolvimento<br />

de pesquisa, mas<br />

como o maior programa de<br />

melhoramento genético de<br />

cana de açúcar do Brasil e do<br />

mundo.<br />

Na época de sua criação, os<br />

recursos humanos, estruturas<br />

físicas e tecnológicas foram<br />

transferidas para as universidades<br />

federais. Estas, através<br />

de parceria público privada,<br />

que hoje somam 314 empresas<br />

no País, passaram a desenvolver<br />

as variedades de<br />

cana de açúcar em 79 bases<br />

de pesquisa em todo o país e<br />

duas estações de cruzamento:<br />

a Serra do Ouro, em Murici<br />

(AL) e a de Devaneio, em<br />

Amaraji (PE).<br />

Atualmente, participam da<br />

Ridesa 10 universidades federais:<br />

de Alagoas (UFAL),<br />

Piauí (UFPI), Rural de Pernambuco<br />

(UFRPE), Sergipe<br />

(UFS), Viçosa (UFV), Rural<br />

do Rio de Janeiro (UFRRJ),<br />

Mato Grosso (UFMT),<br />

Goiás (UFG), São Carlos<br />

(UFSCar) e <strong>Paraná</strong> (UFPR).<br />

Fazem parte da equipe Ridesa<br />

268 profissionais entre<br />

professores (51), pesquisadores<br />

(39), técnicos (60) apoio<br />

administrativo (18) e operacional<br />

(100), além de 130 alunos<br />

por ano, sendo 102 de<br />

graduação e 28 de pós-graduação,<br />

até pós-doutorado.<br />

Edelclaiton: materiais que atendam à demanda<br />

Graças ao melhoramento<br />

genético, na safra 2014/15<br />

foram cultivados no Brasil 9<br />

milhões de hectares de cana<br />

de açúcar, produzidas 635<br />

milhões de toneladas de cana,<br />

com produtividade média de<br />

70,5 toneladas por hectare, o<br />

que dá 136,8kg de ATR por<br />

tonelada de cana ou 9.652 kg<br />

de ATR por hectare.<br />

Houve um aumento anual<br />

de 155,7 kg de ATR/ha nas<br />

últimas quatro décadas, média<br />

de 4% ao ano, sendo que<br />

metade deste ganho se deve<br />

História de lutas e conquistas<br />

ao melhoramento genético. O<br />

acréscimo de 700,65 milhões<br />

de toneladas de ATR, devido<br />

à substituição contínua de variedades,<br />

representou um<br />

ganho de R$ 350 milhões na<br />

safra 2014/15.<br />

Considerando que a cana de<br />

açúcar participa com 18,1%<br />

da matriz energética brasileira<br />

(etanol e a bioeletricidade) e<br />

que 68% da área plantada são<br />

com variedades RB, pode se<br />

dizer que a Ridesa contribui<br />

com 12,3% da matriz energética<br />

do Brasil.<br />

A criação do Planalsucar em<br />

1970, que daria início às pesquisas<br />

e lançamento das variedades<br />

RB, foi um projeto<br />

de Gilberto Azzi com colaboração<br />

de Morton Rotenberg,<br />

Antonio Rocha e Silvio<br />

Rugai. Daí surgiram as grandes<br />

inovações tecnológicas<br />

em diversas áreas que deram<br />

suporte ao Proálcool (Programa<br />

Nacional do Álcool),<br />

criado em 1975 como alternativa<br />

à crise do petróleo de<br />

1973.<br />

Toda história, entretanto,<br />

teve início em 1966, quando<br />

o IAA promoveu a visita do<br />

pesquisador norte-americano<br />

Albert Mangelsdorf aos centros<br />

produtores de cana de<br />

açúcar do Brasil. Este propôs<br />

a implantação de um programa<br />

nacional de melhoramento<br />

genético da cana. Nesta<br />

época , a produtividade média<br />

brasileira era de 38 toneladas<br />

de cana por hectare, segundo<br />

o pesquisador Geraldo de<br />

Sou za Barbosa, da Universidade<br />

Federal de Alagoas<br />

(UFAL).<br />

Foi aí que o IAA criou a Estação<br />

Experimental da Cana<br />

de Açúcar de Alagoas e a Estação<br />

de Floração e Cruzamento<br />

Serra do Ouro, em<br />

Murici (AL), contando com<br />

os pesquisadores pioneiros<br />

Jarbas Oiticica, Antonio Rocha<br />

e Rokuro Urata. Os resultados<br />

dos cruzamentos<br />

eram reproduzidos e avaliados<br />

na Estação Experimental<br />

do IAA criada em Araras.<br />

Também importou variedades<br />

do mundo todo para servir<br />

de banco genético.<br />

Como resultado, na safra<br />

1970/71 foram produzidas 57<br />

milhões de toneladas de cana<br />

com produtividade de 50 toneladas<br />

de cana por hectare,<br />

90 kg de açúcar por tonelada<br />

ou 4,5 toneladas de açúcar<br />

por hectare. As primeiras variedades<br />

RB foram 70194,<br />

70141 e 7096. Mas, no período<br />

de atuação do Planalsucar<br />

foram lançadas 19, com<br />

destaque para a RB72454,<br />

plantada em todo o País e que<br />

chegou a ocupar 22,1% da<br />

área colhida em 1995, perdendo<br />

espaço principalmente<br />

por conta da ferrugem alaranjada.<br />

Outras 35 variedades surgiram<br />

das pesquisas iniciadas<br />

no Planalsucar e que tiveram<br />

continuidade com a Ridesa.<br />

Destas se destacam a precoce<br />

RB 855156, para início de<br />

safra, e a R$ 867515, que venceu<br />

desafios sendo altamente<br />

produtiva tanto em ambientes<br />

restritivos quanto em ambientes<br />

bons e que é atualmente<br />

a mais plantada em<br />

todo o País, ocupando 27,3%<br />

de todo canavial existente na<br />

safra 2014/15, mais de um<br />

milhão e meio de hectares.<br />

Já do trabalho exclusivo da<br />

Ridesa surgiram 40 variedades,<br />

incluindo as 16 lançadas<br />

este ano, somando 94 RBs.<br />

Desse trabalho da rede se<br />

destacam as variedades RB<br />

92579, que impactou a produtividade<br />

do Nordeste do<br />

Brasil, respondendo por 37%<br />

da cana colhida na região; a<br />

paranaense RB 966928, desenvolvida<br />

para o plantio e<br />

colheita mecanizada e que já<br />

ocupa 9% da área colhida no<br />

Centro Sul, sendo a terceira<br />

mais cultivada em todo o<br />

Brasil, com 450 mil hectares.<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 17


DOIS<br />

PONTOS<br />

Colheita mecanizada<br />

avançou em mais de 9,3<br />

milhões de hectares; o número<br />

de colheitadeiras em<br />

atividade em São Paulo saltou<br />

de 753 para 3.716; cresceu<br />

a adoção de medidas de<br />

proteção em 267.822 hectares<br />

de áreas de matas ciliares<br />

e cerca de 8.100 nascentes;<br />

desenvolveu-se tecnologias<br />

que aumentam a eficiência<br />

A Agência de Proteção<br />

Ambiental dos Estados<br />

Unidos anunciou as metas<br />

para o uso de biocombustíveis<br />

para 2014/16,<br />

requerendo que as empresas<br />

de energia misturem<br />

18,1 bilhões de galões<br />

de combustíveis renováveis<br />

na oferta de<br />

combustíveis do país no<br />

Agroambiental<br />

Opep<br />

nos processos industriais,<br />

com redução do consumo<br />

de água médio para 1,12<br />

metros cúbicos por tonelada<br />

de cana processada; e evitou-se<br />

a emissão de 34,7<br />

milhões de toneladas de poluentes<br />

(monóxido de carbono,<br />

hidrocarbonetos e<br />

material particulado) e, de<br />

5,7 milhões de toneladas de<br />

Gases de Efeito Estufa na<br />

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo<br />

decidiu manter suas políticas de produção,<br />

abstendo-se de tomar medidas para limitar a oferta<br />

e potencialmente agravando um dos piores excedentes<br />

de oferta da commodity na história. O<br />

grupo, que produz um terço do petróleo no mundo,<br />

decidiu aumentar o limite coletivo de produção<br />

para 31,5 milhões de barris por dia, ante 30 milhões<br />

de anteriormente.<br />

EUA<br />

próximo ano. A aguardada<br />

meta de obrigatoriedade<br />

do Padrão de<br />

Combustíveis Renováveis<br />

da Agência coloca os requerimentos<br />

de etanol<br />

para o próximo ano em<br />

14,5 bilhões de galões,<br />

representando um aumento<br />

ante a proposta da<br />

agência em maio.<br />

atmosfera. Estes são alguns<br />

resultados verificados após<br />

sete anos de implantação do<br />

Protocolo Agroambiental<br />

do estado de São Paulo,<br />

acordo assinado entre governo,<br />

produtores e associações<br />

de fornecedores, que<br />

estabelece uma série de<br />

princípios e diretivas técnicas<br />

a serem observadas pelas<br />

usinas.<br />

Subsídios<br />

Os US$ 5,3 bilhões de<br />

subsídios destinados ao<br />

consumo de combustíveis<br />

fósseis em todo o<br />

mundo este ano correspondem<br />

US$ 10 milhões<br />

por minuto. A<br />

constatação é de relatório<br />

do Fundo Monetário<br />

Internacional.<br />

Estudo da Câmara Setorial<br />

da Cadeia Produtiva<br />

de Oleaginosas e<br />

Biodiesel mostra que cada<br />

ônibus metropolitano<br />

usando B7 (7% de biodiesel<br />

misturado ao diesel)<br />

reduz em emissão de<br />

CO 2 o equivalente ao<br />

Renovável<br />

Biodiesel<br />

O consumo de etanol<br />

hidratado atingiu um<br />

novo recorde no Brasil.<br />

Em outubro, foram<br />

consumidos 1,747 bilhão<br />

de litros, contra<br />

1,631 bilhão de litros<br />

em setembro. Já no acumulado<br />

deste ano, seu<br />

consumo totalizou<br />

O Ministério de Minas e<br />

Energias prevê que até o<br />

fim de <strong>2015</strong> as energias<br />

renováveis correspondam<br />

a 42,5% de toda a matriz<br />

energética brasileira, com<br />

crescimento da participação<br />

das energias eólica,<br />

solar e biomassa em alternativa<br />

à hidrelétrica. As<br />

hidrelétricas respondem<br />

por mais da metade da geração,<br />

mas outras fontes<br />

vão representar 16%. Os<br />

derivados da cana de açúcar,<br />

como o etanol e a<br />

queima do bagaço, são hoje<br />

a segunda maior fonte<br />

energética brasileira, perdendo<br />

apenas para o petróleo.<br />

De 2004 a 2014, o<br />

País aumentou em 75% a<br />

produção de energia elétrica<br />

pelo bagaço de cana.<br />

plantio de 44 árvores por<br />

ano. Se essa mistura fosse<br />

ampliada para B20<br />

(20% biodiesel), 18 toneladas<br />

de CO 2 deixariam<br />

de ser emitidas por este<br />

mesmo veículo, o equivalente<br />

a 132 novas árvores<br />

por ano.<br />

Consumo<br />

14,888 bilhões de litros,<br />

um crescimento de<br />

42,5% sobre o mesmo<br />

período de 2014. O<br />

consumo de gasolina A<br />

apresentou queda de<br />

9,2%, de janeiro a outubro,<br />

passando de 27,479<br />

bilhões de litros para<br />

24,450 bilhões de litros.<br />

CEISE Br<br />

A nova diretoria do<br />

CEISE Br, para o triênio<br />

de 2016/18, será<br />

presidida, a partir de 1º<br />

de janeiro de 2016, pelo<br />

empresário Paulo Roberto<br />

Gallo (foto), que<br />

atua como diretor técnico<br />

da entidade na<br />

atual gestão, presidida<br />

por Antonio Eduardo<br />

Tonielo Filho.<br />

18<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>


"Semente de cana"<br />

A partir da safra 2018/19, os plantadores de cana do<br />

país poderão ter à disposição uma importante inovação<br />

tecnológica, a utilização da "semente de cana" (célula<br />

de cana clonada), cuja pesquisa está em desenvolvimento<br />

no Centro de Tecnologia Canavieira e deve provocar<br />

uma verdadeira revolução nos índices de<br />

produtividade do setor. A primeira variedade transgênica<br />

deverá ser colocada no mercado em 2017, antecedendo<br />

à "semente de cana" prevista estar à disposição<br />

dos produtores dois anos mais tarde.<br />

Biodegradável<br />

A Embrapa Instrumentação de São Carlos (SP) desenvolveu<br />

um plástico biodegradável que pode ser produzido<br />

em escala e em poucos minutos. Feita à base de açúcares<br />

e sem aditivos químicos, a nova película se parece com a<br />

tradicional, mas demora apenas um mês para ser decomposta,<br />

não mais 100 anos. A fabricação é mais econômica<br />

do que a tradicional. O plástico pode ser produzido em<br />

temperaturas e pressões menores que os sintéticos, gerando<br />

redução de energia elétrica. A expectativa é de que<br />

esteja disponível no mercado em dois anos.<br />

Bioplástico<br />

A italiana Bio-On assinou<br />

acordo com a Moore Capital<br />

para construir, em até 18<br />

meses, uma fábrica de bioplástico<br />

que usará como<br />

matéria prima coprodutos<br />

da cana de açúcar. Esta será<br />

a primeira fábrica de poliéster<br />

“verde” do Brasil<br />

com produção de 10 mil<br />

toneladas por ano no estado<br />

Com investimentos expressivos<br />

em pesquisa e<br />

desenvolvimento para a<br />

produção de biopolímeros,<br />

a Braskem anunciou a produção<br />

de butadieno em escala<br />

de laboratório, matéria-prima<br />

utilizada na fabricação<br />

de borracha para<br />

Química<br />

de São Paulo. A Moore<br />

Capital tem uma opção de<br />

construir uma segunda unidade<br />

no país que poderá ser<br />

instalada no Acre. Em todo<br />

o mundo, há apenas mais<br />

um projeto já anunciado, na<br />

França, que utiliza a mesma<br />

tecnologia de produção<br />

de poliéster 100% biodegradável.<br />

pneus a partir da cana de<br />

açúcar. Também é aplicada<br />

em aparelhos elétricos, calçados,<br />

plásticos, asfalto, materiais<br />

de construção e látex.<br />

A crescente demanda mundial<br />

pelo insumo já é, hoje,<br />

de mais de 9 milhões de toneladas<br />

por ano.<br />

As temperaturas globais em <strong>2015</strong> estão bastante acima<br />

das registradas no ano passado, que foi o mais quente já<br />

registrado desde 1880, o que indica um novo recorde de<br />

temperatura anual. Segundo a agência americana dedicada<br />

aos oceanos e à atmosfera, dos dez meses mais quentes da<br />

história, seis aconteceram em <strong>2015</strong>: setembro (1º lugar),<br />

fevereiro (3º), março (4º), agosto (5º), junho (6º) e maio<br />

(9º lugar). Todos os outros quatro aconteceram de 1998<br />

para cá: janeiro de 2007 (2º), fevereiro de 1998 (7º), março<br />

de 2010 (8º) e dezembro de 2014 (10º).<br />

Os especialistas atribuem<br />

a grande quantidade de<br />

anos quentes em sequência<br />

ao aquecimento global.<br />

Desde 1976 a temperatura<br />

Aquecimento<br />

Degradação<br />

O cientista Paul Fixen,<br />

vice-presidente sênior do<br />

International Plant Nutrition<br />

afirmou que 40% dos<br />

solos no mundo estão degradados,<br />

índice que em algumas<br />

regiões da África<br />

chega a 65%, e que metade<br />

dos solos agriculturáveis no<br />

mundo foram perdidos nos<br />

últimos 150 anos. Ele destacou<br />

a importância das<br />

boas práticas com o manejo<br />

do solo para assegurar o<br />

constante aumento de produtividade<br />

necessário para<br />

garantir alimentos para o<br />

mundo. Disse ainda que fazendas<br />

com uma gestão<br />

adequada dos solos permite<br />

aumentar em até 58% a<br />

produção de alimentos.<br />

El Niño<br />

O El Niño registrado<br />

em <strong>2015</strong>/16 deve se<br />

igualar ao de 1997/98, o<br />

mais forte já identificado.<br />

O alerta é da<br />

agência espacial norteamericana<br />

(Nasa). O<br />

fenômeno climático é<br />

caracterizado pelo<br />

aquecimento fora do<br />

normal das águas do<br />

Oceano Pacífico Equatorial.<br />

No Brasil, enquanto<br />

a Região Sul<br />

sofre com fortes chuvas<br />

e tempestades de granizo,<br />

moradores da região<br />

central do país<br />

buscam formas de se<br />

proteger do sol, enfrentar<br />

as altas temperaturas<br />

e a baixa umidade.<br />

global está acima da média<br />

histórica do século 20. Isso<br />

significa que ninguém com<br />

menos de 36 anos conheceu<br />

um ano "frio" para os padrões<br />

dos seus pais ou avós.<br />

Os dez anos mais quentes<br />

da história, com exceção de<br />

1998, ocorreram depois da<br />

virada deste século.<br />

Raízen<br />

O comando do maior<br />

grupo produtor de açúcar e<br />

etanol do Brasil vai mudar a<br />

partir de 1º de janeiro. Pedro<br />

Mizutani (foto), vice-presidente<br />

da área na Raízen,<br />

joint venture entre Cosan e<br />

Shell, vai sair do cargo e assumir<br />

a vice-presidência executiva<br />

da recém-criada diretoria<br />

de Relações Externas<br />

e Estratégia da companhia.<br />

Assume seu lugar João Alberto<br />

Abreu, atual diretorexecutivo<br />

agroindustrial.<br />

<strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

19


PERSPECTIVAS<br />

No momento em<br />

que o Programa Nacional<br />

de Produção e<br />

Uso do Biodiesel<br />

completa 10 anos, as perspectivas<br />

se abrem. A recente<br />

decisão do Conselho Nacional<br />

de Política Energética<br />

de permitir o uso voluntário<br />

de biodiesel no diesel<br />

fóssil em percentuais superiores<br />

ao da mistura<br />

obrigatória de 7%, que entra<br />

em vigor em 1 de janeiro de<br />

2016, reforçou o otimismo<br />

com o aumento da demanda<br />

pelo produto no Brasil e<br />

injetou novo ânimo na indústria<br />

processadora de soja,<br />

beneficiada pelo progressivo<br />

avanço do biocombustível<br />

no mercado interno. O<br />

órgão autorizou a utilização<br />

de até 20% de biodiesel no<br />

diesel fóssil (B20) em frotas<br />

cativas e de até 30% (B30)<br />

no uso agrícola, ferroviário<br />

e industrial.<br />

A expectativa da Associação<br />

dos Produtores de Biodiesel<br />

do Brasil (Aprobio) é<br />

que as vendas domésticas<br />

Biodiesel expande mercado<br />

A expectativa da Aprobio é que as vendas somarão 4 bilhões de litros em <strong>2015</strong>, 15,5%<br />

mais que em 2014, crescendo pelo menos mais 10% em 2016 DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

do produto somarão 4 bilhões<br />

de litros em <strong>2015</strong>,<br />

processando 40,1 milhões<br />

de toneladas de soja, 15,5%<br />

a mais que em 2014. O volume<br />

deve voltar a subir pelo<br />

menos 10% em 2016.<br />

Hoje, 78% do biodiesel no<br />

Brasil são produzidos a partir<br />

do óleo de soja.<br />

No longo prazo, o ministro<br />

de Minas e Energia Eduardo<br />

Braga afirmou que a<br />

presença do biodiesel na<br />

matriz energética brasileira<br />

saltará de 4,1% no ano passado<br />

para 9,8% em 2030,<br />

para atingir as metas de redução<br />

de emissões de gases<br />

de efeito estufa que o Brasil<br />

apresentou na Conferência<br />

do Clima das Nações Unidas,<br />

a COP 21, em Paris. A<br />

proposta é aumentar a participação<br />

de bioenergia sustentável<br />

(biodiesel + etanol)<br />

na matriz energética brasileira<br />

para aproximadamente<br />

18% até 2030.<br />

O presidente da Aprobio,<br />

Erasmo Carlos Battistella,<br />

Impulso a economia<br />

regional<br />

Dados da Aprobio mostram os impactos da produção<br />

de biodiesel na economia brasileira. O Índice de Desenvolvimento<br />

Humano cresceu nas regiões Centro<br />

Oeste e Sul do país, onde está a maior concentração de<br />

usinas. Em Passo Fundo (RS), com 185 mil habitantes,<br />

o PIB industrial cresceu 107% com a instalação de uma<br />

usina de biodiesel, e o de serviços, 101%.<br />

Segundo estudo da FIPE/USP, o biocombustível representa<br />

0,12% do PIB nacional, tem potencial de gerar<br />

113% mais empregos que o refino de diesel fóssil, e de<br />

2008 a 2012, quando a mistura no diesel passou de 2%<br />

para 5%, o valor agregado pela produção do biodiesel<br />

ao PIB foi de R$ 12 bilhões. No mesmo período, a economia<br />

de importação de diesel na balança comercial foi<br />

de R$ 11,5 bilhões.<br />

Hoje, 78% são produzidos a partir do óleo de soja no Brasil<br />

tem defendido a adoção da<br />

mistura B10 dentro de dois<br />

a três anos, e o B15 em até<br />

dez anos.<br />

Para ele a indústria brasileira<br />

do biocombustível está<br />

pronta para atender estes<br />

níveis de mistura, para o<br />

que os empresários estão<br />

dispostos a investir no parque<br />

fabril. E disse ainda<br />

acreditar na exportação, experiência<br />

que sua empresa,<br />

Ainda que recebida com<br />

entusiasmo pela indústria,<br />

a normativa que trata da<br />

mistura voluntária de biodiesel<br />

poderia “ter ido um<br />

pouco além”, avalia a<br />

Aprobio. Havia a expectativa<br />

de que fosse avalizado<br />

o uso de 100% do biocombustível<br />

em máquinas<br />

agrícolas, uma vez que a<br />

maioria dos fabricantes já<br />

dá garantias para essa proporção.<br />

a BSBIOS e outras associadas<br />

da entidade fizeram<br />

com sucesso no ano passado,<br />

mesmo sem o País ter<br />

uma política de exportação.<br />

Segundo Battistella, o ritmo<br />

da atividade econômica<br />

continua a ser o fiel da balança.<br />

As previsões iniciais<br />

eram de que com 7% de<br />

mistura ao diesel, as vendas<br />

do biodiesel fossem alcançar<br />

4,3 bilhões de litros em<br />

Poderia ser mais<br />

O segmento também<br />

contava que fosse liberada<br />

a comercialização sem o<br />

intermédio das distribuidoras<br />

dos produtores em<br />

leilão. “Em vários momentos<br />

do ano, em regiões distintas,<br />

o biodiesel é competitivo<br />

em preço com o<br />

diesel para o cliente final,<br />

e queríamos a oportunidade<br />

de vender diretamente<br />

a ele”, diz Erasmo<br />

Battistella.<br />

<strong>2015</strong>. Mas, com a desaceleração<br />

do Produto Interno<br />

Bruto, houve uma redução<br />

no consumo de diesel, ao<br />

qual é atrelado o biocombustível.<br />

Como a capacidade<br />

de produção instalada<br />

chega a 7,4 bilhões de litros,<br />

o potencial de crescimento<br />

da oferta ainda é grande.<br />

“Temos fábricas e matériaprima,<br />

mas precisamos facilitar<br />

o acesso do consumidor”,<br />

defende.<br />

A Aprobio previa que se a<br />

decisão incluísse todas essas<br />

liberações, haveria uma demanda<br />

adicional de 1 bilhão<br />

de litros, mas as contas ainda<br />

não foram refeitas. O fato é<br />

que o apetite da demanda<br />

dependerá dos preços. “Sem<br />

dúvida, será uma relação dinâmica<br />

ao longo dos próximos<br />

anos. Quando for economicamente<br />

mais acessível,<br />

o mercado evoluirá na mistura”,<br />

diz ele.<br />

20<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Dezembro</strong> <strong>2015</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!