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XXVIII CONGRESSO - Sociedade Brasileira de Geologia

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA<br />

ANAIS<br />

Do<br />

<strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong><br />

VOLUME 3<br />

Porto Alegre, RS - Outubro 1974


xxvm <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

VOLUME 3<br />

SIMPÚSIOS<br />

11SIMPÚSIO SOBRE GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO<br />

11SIMPÚSIO DE GEOLOGIA MARINHA<br />

INDlCE<br />

11Simpósio Sobre <strong>Geologia</strong> do Quaternário<br />

Consi<strong>de</strong>raçõessobre a BaciaCenozóicaSolimões- João Orestes Schnei<strong>de</strong>r Santos. o. o o. . o. 3<br />

Consi<strong>de</strong>rações Petrográficas sobre Alúvios Recentes da Região da Serra do Mar, RI. - A.M.<br />

Ferreira Monteiro, Ao Lo Coelho Netto Silva, J. Rodrigues da Silva, L. F. Cardoso, MoR.<br />

Mousinho<strong>de</strong> Meis. . o. . . o. . . . . . . . . . . o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13<br />

A Gênese das Planícies Costeiras Paulistas - Vicente José Fúlfaro, Kenitiro Suguio, Waldir<br />

Lopes Ponçano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37<br />

Estudo das Tendências <strong>de</strong> Circulação das Águas <strong>de</strong> Superfície da Lagoa dos Patos - R.Herz. . 43<br />

Seqüências <strong>de</strong> Alteração na Região da Serra do Limoeiro, SP - R. P. DiasFerreira,J.P.<br />

QueirozNeto . . . o. . . . . . o. . . . . . . . . . . . o. o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49<br />

Estratigrafia do Quaternário Continental do Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro - J. M. Mabesoone,José<br />

LinsRolim. . . o. o. o. . . . . . o. . . . o. . o. . . . . . . . . o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S9<br />

Fonnações Superficiais e Latossolo Vennelho Amar~lo Húmico na Área <strong>de</strong> Bragança Paulista,<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, Brasil - José Pereira <strong>de</strong> Queiroz Neto, Sebna Simões <strong>de</strong> Castro. . . . . 6S<br />

DeprêAAÕêADoliniformêA do Pllltõ <strong>de</strong> Itllpetiningll, SP; Tentativa <strong>de</strong> Interpretaç!o - S.Castro<br />

Françoso,C.Aillaud,J. P. <strong>de</strong> QueirozNeto 85<br />

O Cenozóico Paulista:Gênesee Ida<strong>de</strong>- VicenteJosé Fúlfaro,Kenitiro Suguio. . . . . . . . . . . 91


Interpretação Morfotectônica do Relevo no Planalto do It~tiaia - Faustino Penalva. . . . . . . . 103<br />

O Quaternário da Área Interior do Rio Pardo, RS - Tânia Dutra Gonzaga . . . . . . . . . . . . . . 115<br />

Bioestratigrafia e Paleoecologia com Moluscos Quaternários da Planície Costeira do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul(Brasil)- Iêda ReginaForti Esteves.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133<br />

Estado Actual <strong>de</strong> los Conocimientos sobre el Cuaternario en el Uruguay - Danilo Ant6n,<br />

HéctorGoso.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151<br />

Litoestratigrafia do Quaternário do Espírito Santo - Henrique Della Piazza, Mauro Barbosa<br />

<strong>de</strong> Araujo,AlfredoN. Ban<strong>de</strong>iraJr. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159<br />

Solos e Paleossolos do Estado <strong>de</strong> São Paulo e suas Interpretações Paleogeográficas - José<br />

Pereira <strong>de</strong> Queiroz Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173<br />

Evidências Paleoclimáticas em Solos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul - Miguel Bombin, Egon Klamt . . . 183<br />

Estruturas Sedimentares no Reverso da Praia da Barra da Tijuca - Jorge Xavier da Silva,<br />

Jorge SoaresMarques. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195<br />

U Simpósio <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> Marinha<br />

Conceito, <strong>de</strong> Facies em <strong>Geologia</strong> Marinha - Ivan <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Tinoco . . . . . . . . . . . . . . . . . 201<br />

A Distribuição da Energia na Praia <strong>de</strong> Juqueí (SP)-Antonio Christofoletti, Antonio Gonçalves<br />

Pires Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207<br />

Sedimentos da Plataforma Continental Sul Americana entre Cabo Santa Marta (Brasil) e Terra<br />

do Fogo (Argentina)- C. M.Urien,L. R. Martins. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213<br />

Suspen<strong>de</strong>d Matter in Surface Waters: Influence of River Discharge and up Upwelling - K.O.<br />

Emery,J. D. Milliman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225<br />

Cor dos Sedimentos Superficiais da Plataforma Continental <strong>Brasileira</strong> - Marcio Paulo <strong>de</strong><br />

Atal<strong>de</strong> Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237<br />

Contribuição ao Estudo <strong>de</strong> Material em Suspensão na Plataforma Continental do Amazonas<br />

- John D. Milliman, Colin P. Summerhayes, Henyo T. Barretto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263<br />

Refração Sísmica Marinha nas Bacias <strong>de</strong> Pelotas Santos Sul e na Plataforma <strong>de</strong> Torres - Renato<br />

Oscar Kowsmann, Robert Ley<strong>de</strong>n, Odimo Francisconi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283<br />

Interpretação <strong>de</strong> Testemunhos Coletados na Margem Continental Sul <strong>Brasileira</strong> Durante a<br />

Operação GEOMAR VI - Renato Oscar Kowsmann, Mareio Paulo <strong>de</strong> Ataí<strong>de</strong> Costa. . . . . . 297<br />

<strong>Geologia</strong> Costeira e Sedimentos da Plataforma Continental <strong>Brasileira</strong> - Ódimo Francisconi,<br />

Marcio Paulo <strong>de</strong> Atai<strong>de</strong> Costa, Maria Glícia da N6brega Coutinho, Marco Aurélio<br />

Vicalvi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 305<br />

Summary of REMAC-LDGO Cooperative Research on the Brazilian Continental Margin.<br />

Part I: Northeastern Brazilian Margin - N. Kumar, G. M. Bryan, J. C. <strong>de</strong> Carvalho, M.A.<br />

Gorini,J. E. Damuth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323<br />

Econornic Potential of Brazilian Continental Margin Sediments - John D. Milliman, Carlos<br />

A. B.Amaral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335


CONSIDERAÇOES SOBRE A BACIA CENOZOICA SOLIMOES<br />

JOÃO ORESTES SCHNEIDER SANTOS.<br />

ABSTRACT<br />

By observation Df radar imagery of tlle region, on a scale of 1:1.000.000 waa out1ined tlle wi<strong>de</strong> diatn'bution of Solimões For.<br />

mation as a continuous cover ranging from the western portion Df tlle higll course of Purus river to tIle vicinity of Peru and Colombia coun.<br />

tries, covering an area over tIlan 1.000.000 sq. km. Litllologics1 characteriatics and fauniatical composition of tIlis formstion give clear clues<br />

toward this wi<strong>de</strong> sedimentation Ilas <strong>de</strong>veloped in a continental environment and its upper section <strong>de</strong>position, reported as pleistocenic in age,<br />

was controlled by the equilibrium between subsi<strong>de</strong>nce and sedimentetion rates whicll in tum was indirectly conditioned by ses levei glacial.<br />

eustatics oscilations.<br />

RESUMO<br />

A observaçAo das imagens radargramétricas, em escala 1:1.000.000, por outro lado, permitiu <strong>de</strong>limitar a vasta distribuiçAo<br />

da Formsçlo jolimões. <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a regi40 oci<strong>de</strong>ntel do Alto <strong>de</strong> Purus até às cercanias do Peru e da Colômbia, abrangendo áres superior a<br />

1.000.000 km . As caracterlsticas litológicaa e a composiçlo faunistlca da formaçlo indicam claramente que essa ampla sedimentaçAo se<br />

proceesou em ambiente continental e que a <strong>de</strong>posiçAo <strong>de</strong> sua seçlo superior, <strong>de</strong> i<strong>de</strong><strong>de</strong> pleistoa!nica, foi controlada pelo balanço entre tuas <strong>de</strong><br />

subsidência e sedimentaçAo, o qual esteve condicionado indiretsmente pelas oscilações gUocio stãticaadoniveldomar.<br />

CCNSIDERAÇÕES GERAIS<br />

Até há bem pouco tempo, toda a extensiva cobertura sedimentar continental póspaleozóica<br />

da Amazônia Oci<strong>de</strong>ntal. era admitida como representada por uma única unida<strong>de</strong><br />

ffidimentar, com uma ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida como terciária, po<strong>de</strong> ser observado, por exemplo, no Mapa<br />

Geológico do Brasil (1970). Caputo et alii (1971) foram os primeiros a manifestar claramente a<br />

existência <strong>de</strong> duas seqüências sedimentares distintas nessa área, ou seja, a Formação Alter do<br />

Chão e a Formação Solimões, sem entretanto <strong>de</strong>finir os seus limites. A última vem sendo estudada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século passado, na região do alto Solimões (rios Puros, Juruá, Javari), principalmente<br />

<strong>de</strong>vido à sua abundante fauna fóssil, e diversas <strong>de</strong>signações foram adotadas para<br />

<strong>de</strong>nominá-Ia, entre as quais citam-se: Formação Pebas (Orton, 1870/1876), Formação Aquiri (Hartt.<br />

1870); Formação Capas Rojas (Singewald.1927)eFormaçãoPuca (Steinmann, 1929/1930).


-- - --.--<br />

4 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Moraes Rego (1930), trabalhando na referida região, introduziu a <strong>de</strong>nominação Série<br />

Solimões, caracterizada por: "argila e areias com cores pardas ou cinzentas e abundantes restos<br />

m plantas e animais, contrastando com as cores vivas da chamada Série Barreiras". Esta <strong>de</strong>nominaçã>,<br />

entretanto, ficou em <strong>de</strong>suso, sendo substituída por outras <strong>de</strong>signações atribuídas por<br />

vários estudiosos, ~tre as quais: Formação Cruzeiro (Oppenheim, 1937); Formaçio Baixada<br />

(Miranda, 1938); Formação Quixito (Oliveira, 1940); Formação Acre (Oliveira e Leonardos,<br />

1940); Formação Rio Branco (Wan<strong>de</strong>rley, 1940); Grupo Conta mana (Kummel, 1946); Formação<br />

Ramon (Bouman, 1959) e Formação Purus (Cunha, 1963).<br />

A <strong>de</strong>signação Série Solimões, foi revalidada como Formação Solimões por Caputo et<br />

alii (op. cit.) que estabeleceram sua seção tipo ao curso do Rio SoHmões, caracterizando-a litologicamente<br />

por argilas vermelhas, cinzas e variegadas, e secundariamente, por arenitos, caláU'ios<br />

e conglomerados, com interligações <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> linhito com 2 a 10 m <strong>de</strong> espessura nos<br />

300 m superiores da formação.<br />

Durante os trabalhos <strong>de</strong> campo levados li efeito no Projeto Norte da Amazônia, foi<br />

verificada a extensão <strong>de</strong>ssa ampla planície cenozóica à região do Dominio Baixo Rio Negro, na<br />

Q.lal seu contato com as unida<strong>de</strong>s mais antigas representa o limite oriental na distribuição regional<br />

da Formação Solimões.<br />

Na realida<strong>de</strong>, estes <strong>de</strong>pósitos já haviam sido <strong>de</strong>scritos por Paiva (1929), na região do<br />

Rio Negro. O referido autor, na margem direita <strong>de</strong>sse rio, a montante <strong>de</strong> Barcelos, nas Iocaliài<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Cumaru e Baturité, em 12 m <strong>de</strong> exposição, <strong>de</strong>screveu ..."uma camada inferior conglomerática,<br />

porosa, com concreções arredondadas e uma camada superior (6 m) <strong>de</strong> um argilito<br />

fissurado <strong>de</strong> cor parda ou cinza". Posteriormente, verificou que os mesmos <strong>de</strong>piósitos ocorriam<br />

ros afluentes da margem direita do Rio Negro, principalmente no Rio Carabinâni, on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>screveu<br />

como formando extensa planície, a qual <strong>de</strong>nominou apropriadamente <strong>de</strong> ... Terra Geral do<br />

Japurá.<br />

DISTRIBUIÇÃO E ESPESSURA<br />

A real distribuição regional <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> sedimentar cenozóica, permaneceu mal<br />

<strong>de</strong>liImda durante muito tempo, <strong>de</strong>vido a diversos fatores, entre os quais, a carência <strong>de</strong> traoolhos<br />

geológicos e <strong>de</strong> coberturas aerofotográficas na Amazônia Oci<strong>de</strong>ntal, e o não discernimento<br />

entre os <strong>de</strong>pósitos da Formação Solimões e as camadas da Formação Alter do Chão. O pnblema<br />

bi agravado ainda, porque essas duas formações eram freqüentes e indistitamente referidas à<br />

Série Barreiras. Entretanto, com o advento do Projeto RADAM, executando cobertura radargramétrica<br />

<strong>de</strong> toda a Amazônia, po<strong>de</strong>-se perceber, através <strong>de</strong> simples observação das imagens <strong>de</strong><br />

radar em escala 1:1.000.000, a notável distribuição da Formação Solimões, reoobrindo a maior<br />

parte do Estado do Amazonas (quase que a totalida<strong>de</strong> da bacia do Rio Solimões), esten<strong>de</strong>ndo-se<br />

para norte, pela bacia do baixo Rio Branco (Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Roraima) ; para oeste, à Colômbia<br />

(rios Iça e Caquetá) e ao Peru (rios Maraí'ion e Iça) e finalmente, para sudoeste, em<br />

direção ao Acre (bacias dos rios alto Purus e alto Juruá). Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>ssa forma estimar uma área<br />

da distribuição <strong>de</strong> pelo menos 1.000.000 km2 para essa unida<strong>de</strong>.<br />

Além da bacia dos rios Javari, Juruá, Jutaí e Purus, esten<strong>de</strong>-se à região do baixo<br />

Ma<strong>de</strong>ira e do Rio Japurá, como po<strong>de</strong> ser visualizado na Figura 1.<br />

Na região do baixo Rio Negro, on<strong>de</strong> foram estudadas durante os trabalhos do Projeto<br />

Norte da Amazônia, as camadas da Formação Solimões expõem-se em diversos rios tais 001:\10:<br />

Negro, Branco, Demêni, Aracá, Jauaperi, Jufari, Caurés, Unini, Jaú, Carabinâni, Xeriuini,<br />

Anauá, !tapará, Manacapuru, Macucuaú, Catrimâni e Ãgua Boa do Univíni<br />

Quanto à espessura da Formação Solimões, poucos dados po<strong>de</strong>m ser registrados,<br />

tendo-se em vista, que não foi efetuada nenhuma sondagem na área do Projeto Norte da<br />

Amazônia. Entretanto no âmbito regional, diversos dados foram obtidos pela PETROBRÁS,<br />

através <strong>de</strong> perfurações. Assim os poços executados na Amazônia Oci<strong>de</strong>ntal, na região do alto<br />

Solimóes e dos rios Javarl e Juruá, indicam que a espessura <strong>de</strong>ssa formação aumenta para oeste<br />

e suas camadas apresentam.um mergulho regional nesse sentido. Vale salientar que na região do<br />

Rio Negro, valores <strong>de</strong> mergulho não foram <strong>de</strong>terminados no campo, comportando-se as camadas<br />

<strong>de</strong> maneira horizontal, com freQÜentes <strong>de</strong>formações penecontemporâneas, principalmente nos siltitos<br />

e argilitos, provocando o aparecimento <strong>de</strong> mergulhos locais.


SANTOS 5


6 ANAIS 06 <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

No alto Rio Jaú, a Formação Solimões chega atingir 106 m <strong>de</strong> espessura (MM-068),<br />

valor esse obtido <strong>de</strong> acordo com o empilhamento litológico efetuado a partir da seção observada<br />

msse rio. Uma espessura <strong>de</strong> 570 m foi observada no poço 2Rc-1-Am, localizado no Rio Javari,<br />

na seção <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> Caputo et alii (1971) e a máxima <strong>de</strong> 980 m no poço 2Fg-St-1- Am; no'<br />

Rio Juruá. Já no poço 2C-St-1-Am, localizado em Coari, a Formação Solimões atinge p)~co<br />

mais <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> espessura. Um poço para abastecimento <strong>de</strong> água executado pela Companhia<br />

<strong>de</strong> Saneamento do Amazonas (COSAMA), na se<strong>de</strong> do município <strong>de</strong> Barcelos, atravessa mais <strong>de</strong><br />

30 m <strong>de</strong>ssa formação, conforme informação verbal do geólogo Keller.<br />

Todavia, a vasta distribuição regional, bem como a conf()rmação da bacia cenozóica<br />

Solimões, certamente só ficarão melhor conhecidas com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> trabalhos geológicos<br />

em toda região a W do alto <strong>de</strong> Purus.<br />

COMPARAÇÃO ENTRE AS FORMAÇOES SOLIMOES E ALTER DO CHÃO<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> campo do Domínio Baixo Rio Negro foram realizados em uma área<br />

que abrange o limite oriental da bacia Solimões e conseqiientemente, seu contato com as camadas<br />

da Formação Alter do Chão. Possibilitou-se então o estabelecimento <strong>de</strong> uma sme <strong>de</strong> distinções<br />

patentes entre essàs duas coberturas terrígenas, <strong>de</strong>ntre as quais <strong>de</strong>stacamos:<br />

Estruturais<br />

A bacia Solimões está limitada no seu setor oriental pela região do Alto <strong>de</strong> Purus, a<br />

qual, comportando-se como um alto estrutural durante o início do Terciário, não permitiu a<br />

ooposição <strong>de</strong> suas camadas a leste da referida estrutura. A Formação Alter do Chão, ao contrário,<br />

ocorre tanto na Amazônia Oriental como Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Estratigráficas<br />

A Formação Alter do Chão está confinada ao interior da bacia paleozóica, não havendo<br />

nenhum registro na bibliografia da região amazônica, <strong>de</strong> algum contato com rochas do emmsamento.<br />

Por outro lado, a Formação Solimões comporta-se <strong>de</strong> maneira caracteristicamente<br />

transgressiva sobre as unida<strong>de</strong>s sedimentares da bacia paleozóica, indo recobrir diretammte o<br />

cristalino, tanto ao norte como ao sul da referida bacia.<br />

O contato entre as duas unida<strong>de</strong>s é mantido através <strong>de</strong> uma ampla discordAncia erosiva,<br />

cujo traçado é facilmente assinalável em imagens <strong>de</strong> radar. Em subsuperficie, a superposição das<br />

camadas Solimõss sobre as camadas Altar do Chio, foi verificada em diversas perfurações da PE-<br />

TROBRÃS, conforme Caputo et alii (1971).<br />

Geomorfológicas<br />

A Formação Alter do Chão está situada em uma planície <strong>de</strong> dissecação que vem<br />

sofrendo movimentações positivas provavelmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do Terciário. São feições características<br />

<strong>de</strong>ssa planície uma drenagem <strong>de</strong>ndrítica relativamepte <strong>de</strong>nsa com vales bem entalhados,<br />

em V, praticamente <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> planície aluvial e Um relevo ondulado. Em contrapartida<br />

a Formação Solimões compreen<strong>de</strong> uma extensa planície <strong>de</strong> acumulação, em subsidmcia,<br />

rontígua ou não, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do Terciário, e na qual o relevo é extremamente plano, <strong>de</strong>sprovido<br />

<strong>de</strong> qualquer elevação, cuja monotonia no mo<strong>de</strong>lado é interrompida unicamente pelos<br />

wrsos<strong>de</strong> água. Estes, compõem um padrão <strong>de</strong>ndrítico excepcionalmente aberto, com vales amplos,<br />

em forma <strong>de</strong> U, com largas faixas aluviais. Essas marcantes distinções entre os terrenos<br />

das duas unida<strong>de</strong>s, formam notável limite geomorfológico entre dois tipos distintos <strong>de</strong> planície,<br />

uma em dissecação e outra em acumulação, o qual correspon<strong>de</strong> à linha <strong>de</strong> contato entre as duas<br />

formações (Fig. 2).<br />

Litológicas<br />

A Formação Alter do Chão é composta principalmente por arenitos argilosos e ar-<br />

---


SANTOS 7<br />

gilitos, ambos <strong>de</strong> coloração vermelha intensa. A Formação Solimões, em superfície, é caracterizada<br />

por arenitos amarelos intercalados com siltitos cinza ricos em restos vegetais e com leve<br />

fissibilida<strong>de</strong>além <strong>de</strong> ocasionais lentes <strong>de</strong> turfa. Em subsuperfície, <strong>de</strong> acordo com Caputo et alii,<br />

é constituída principalmente por arenitos e argilitos. Os arenitos são finos a médios, cinza esverooados,<br />

brancos e marrom-avermelhados, argilosos ou não, friáveis e com estratificação cruzada.<br />

Os argilitos são variegados, sílticos, inconsolidados, listrados ou maciços, contendo comunente<br />

roncreções calcíferas. Muitas camadas marrons ou cinza esver<strong>de</strong>adas contêm abundantes cristais<br />

disSEminados <strong>de</strong> gipsita. Os argilitos gradam para margas e calcários argilosos e nos 300 m<br />

!Ilperiores ocorre linhito <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong>, em camadas <strong>de</strong> 2 maiO m <strong>de</strong> espessura.<br />

Geocronológicas<br />

A Formação Alter do ChioédoCretáceo Superior (Cenomaniano 'a Maestrichtiano),<br />

enquanto que a Formação Solimões foi <strong>de</strong>positada do Terciário ao Quatemário (Paleoceno a<br />

Pleistoceno), conforme Daemon e Contreiras (1971).<br />

IDADE E PALEONTOLOGIA<br />

A Formação Solimões é ricamente fossilífera, tanto em flora como em fauna, cujas<br />

espécies têm sido objeto <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século passado.<br />

Paula Couto, in: Atas do Simpósio sobre a Biota Amazônica (1967), faz um apanhado<br />

histórico sobre os estudos paleontológicos na Amazônia, no qual se observa a existência<br />

00 inúmeros trabalhos a respeito do conteúdo fossilífero <strong>de</strong>sta formação na região do alto Solimões,<br />

compreen<strong>de</strong>ndo moluscos, crocodilos, peixes, quelônios, megatérios, mastodontes, taxodontes,<br />

lamelibrânquios, gastrópodos, angiospermas (troncos e folhas), cetáceos, roedores,<br />

mtoungulados, sirênios, gliptodontes, tatus, etc. Caputo et alii (op. cit.) citam ainda carófitas,<br />

ostraC


Reprodução parcial <strong>de</strong> mosaico semi-controlado <strong>de</strong> radar da folha SA.2Q-Z-A<br />

82° 00'<br />

00


10 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

ORIGEM E AMBIENTE DE DEPOSIÇÃO<br />

A Formação Solimões originou-se pela <strong>de</strong>posição predominantemente clástica, com<br />

contribuição química, em uma bacia cenozóica individualizada como área subsi<strong>de</strong>nte, provavelmmte<br />

a partir do Terciário Inferior. A essa movimentação negativa, <strong>de</strong>vem ter coincidido estágios<br />

<strong>de</strong> movimentação do ciclo Andino, também contemporâneos do soerguimento rEgional<br />

verificado a leste do Alto Purus. Seu abundante conteúdo fossilífero na região do alto Solimões,<br />

notável principalmente pela presença <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> mamíferos, não <strong>de</strong>ixa dúvidas quanto a sua<br />

origemcontinental.A existência em suas camadas <strong>de</strong> fósseis <strong>de</strong> vertebrados <strong>de</strong> ambiente fluvial,<br />

muiU; semelhantes às espécies atuais (quelônios, cetáceos, peixes e crocodilí<strong>de</strong>os), leva a supor a<br />

predominância <strong>de</strong> um ambiente flúvio-Iacustre, semelhante ao atual. A presença <strong>de</strong> calcários argilosos<br />

impregnados <strong>de</strong> gipsita em testemunhos <strong>de</strong> sondagens da PETROBRÃS na região do alto<br />

Solimões, é sugestiva da existência <strong>de</strong> bacias restritas, condicionadas na época <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição,<br />

a um clima bem mais seco que o atual.<br />

A seção superior da formação, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pleistocênica, teve uma <strong>de</strong>posição fortemente<br />

rontrolada pelo balanço entre taxas <strong>de</strong> subsidências e sedimentação, por sua vez, condicionado<br />

indiretamente pelas oscilações glácio-eustáticas do nível do mar. Acreditamos que os períodos<br />

interglaciais, ou seja, períodos <strong>de</strong> mar alto, foram acompanhados por uma diminuição geral no<br />

gradEnte e no po<strong>de</strong>r erosivo <strong>de</strong> toda a re<strong>de</strong> fluvial, sendo portanto, períodos eminentanente<br />

mposicionais que estavam sujeitos a um clima com elevadas precipitações pluviométricas, responsável<br />

pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma vegetação dominantemente do tipo floresta equatorial,<br />

!emelhante às atuais florestas. Por outro lado, os períodos glaciais provocaram um aumento<br />

geral no gradiente e no po<strong>de</strong>r erosivo da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem, tornando-se períodos tanto <strong>de</strong>po-<br />

3cionais como erosivos. Em tais épocas, favoráveis às laterizações, <strong>de</strong>vido à sensível diminuição<br />

da umida<strong>de</strong> atmosférica, <strong>de</strong>ve ter imperado um clima mais seco, provocando o <strong>de</strong>saparecimento<br />

das florestas, substituídas provavelmente por uma vegetação similar às atuais savanas. Tal oscilação<br />

climática e vegetacional na região amazônica é admitida por alguns estudiosos, entre<br />

<strong>de</strong>s, Braun (1973) e Hammen (1972). Este, estudando o conteúdo palinológico <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong><br />

argila <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pleistocênica, provenientes do Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Rondônia, verificou a intercalação<br />

<strong>de</strong> camadas ricas em pólen <strong>de</strong> espécies típicas <strong>de</strong> floresta pluvial, com outras, cuja associação<br />

polinífera era rica em espécie <strong>de</strong> gramineas, indicando, na época <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>posição, a<br />

existência <strong>de</strong> uma vegetação provavelmente do tipo savana.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

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Am.rican Aasociadon of Petrol_ lopt.. Tulsa. Okla.. 21(10):1347.61.


2.5K.. o<br />

I<br />

'<br />

2.5 . u, rOKm<br />

I<br />

Fotomosaico 2 - Contato entre as formações Alter do Chão (Ksac) e Solimões (TPs) na região do Rio Carabinâni, correspon<strong>de</strong>ndo a um limite geomorfológico entre uma<br />

planície <strong>de</strong> acumulação (à esquerda) e uma planície <strong>de</strong> dissecação (à direita). A primeira é caracterizada por um relevo extremamentc plano e um padrão<br />

<strong>de</strong> drenagem aberto, com vales amplos, enquanto que a segunda dcnota um relevo suavemente ondulado e um padrão <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong>nso, com va-<br />

Ies bem entalhados.


SANTOS 11<br />

ORTON. J. - 1870. 6 - Tbe Ando. and tbe Amu or a..- the contment 01 Sontb AmerleL 3.ed. New York. 645p.<br />

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Janeiro. 41:128.9.


CONSIDERAÇOES PETROGRÁFICAS SOBRE ALOVIOS<br />

RECENTES DA REGIÃO DA SERRA DO MAR, RJ<br />

A.M.FERREIRA MONTEIRO*, A.L.COELHO NETTO SILVA *,<br />

J.RODRIGUES DA SILVA*, L.F.CARDOSO**,<br />

M.R.MOUSINHO DE MEIS***<br />

ABSTRACT<br />

SlUDpleOfrom the weatherillll prom. 01 JInIIi. _~ oome 11II ted that clooe to the W8\KhorIngfront lIf8in oizo<br />

dlotributkJa8 are C081Wr8Ddpoor liaoIlt 8DdcIay..1ud particIe8. OraiD cIIam8ten dimIDIobpad~ 810118tbe IIIOI8lDteD81w17W8IItbond uppoioput<br />

01 prom.: tbe ImportaDl:e01the 8&Ddyfractio.. ~ III8l<strong>de</strong>tbe ~a aad al8eOadary erlPlJacoouamocIe<strong>de</strong>v8l0p0.TbI8tread<br />

_<br />

to<br />

t"<br />

ba partlally uplalaod by tbe J.baviourof u bI. mlaeraJo (iDcIudlq feldapara) 810118tbe prom..<br />

Ia the viclail;y 01tbe -tber1a8 froat foIdapan cIJ8aantp&e cIevap aad/or fndwe pIueo, beIq pnl8N8ively reduc:ed<br />

towarda fiaer dIamotan. Hilhor liatbe proflleo tbe feld8par CGGteateIae c:oaaId8üIy liatbe Iba 8&DdyfractIoao. SampIed coDuvium obowed<br />

theloldopvdl8tributfoatoba,elmllar to tbooe p1'8ll8Dtedby the <strong>de</strong>opJy W8IItherecIeIluvium. -<br />

The bed1oad'of rlvera drainiag s...ra do Mar the feld8par CODteat8to be 1_ 88D8Ítive to the grairl diametiir. Ia<br />

thi8 88D88,It opproach... the mlaera10gical dletrlbutioa<br />

t"<br />

of poorIy _thered o"""e eDuvium (W8IItherlagfront). Such cheracterl8t1c8 I_d oae to oup.<br />

poIe thet the oource area of the pr8881t otream load ehould be rept'888ated, to lIOIDeuteat, by poorJy _tbered lItbe. ~ ......<br />

movemeat p__<br />

are thought to be octlve to provld. oum p&rtiaDy"eathered <strong>de</strong>brio to the f10wIagwatere.<br />

INTRODUÇÃO E MÉTODOS<br />

Na área adjacente à Baía <strong>de</strong> Guanabara. a Serra do Mar apresenta condições favoráveis<br />

ao estudo dos mais variados aspectos <strong>de</strong> sedimentação sob altos gradientes em ambiente<br />

tropical úmido. Dentro do ponto <strong>de</strong> vista teórico, os fatores ligados ao comportamento dos<br />

processos erosivos mostram nela, com bastante clareza. toda a complexida<strong>de</strong> inerente ao smtema<br />

rrorfodinâmico. Os <strong>de</strong>clives íngremes po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados por <strong>de</strong>finição como superfícies <strong>de</strong><br />

alta energia potencial, enquanto a existência <strong>de</strong> uma cobertura vegetal espessa sugere uma baixa<br />

tficácia do processo erosivo.<br />

Trabalho efetuado oob 08 auoplcioo do CNPq e do CEPG /UFRJ.<br />

-BoloiotaICNPq<br />

--Soloiota/CEPG<br />

"-IO/uFRJ


14 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Ao lado <strong>de</strong>ste raciocínio teórico, coloca-se, entretanto, outro tipo <strong>de</strong> aproximação:<br />

qual seria o significado geomorfulógico (e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação na seqüência estratigráfica)<br />

dos fenômenos erosivos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados pelos eveQtos climáticos <strong>de</strong> alta intensida<strong>de</strong>, se<br />

relacionados à <strong>de</strong>snudação média regional? Acredita-se que somente através <strong>de</strong> um equacionamento<br />

das relações <strong>de</strong>sta natureza torna-se-á possível no futuro, atingir um julgamento imparcial<br />

do papel <strong>de</strong>sempenhado pelas variáveis topográficas e climáticas <strong>de</strong>ntro do processo<br />

erosivo. E~emplificando: na área da Serra do Mar ocorrem esporadicamente <strong>de</strong>slizamentos <strong>de</strong><br />

encostas. N as vertentes ainda protegidas pela vegetação florestal estes movimentos <strong>de</strong> massa<br />

parecem estar tanto mais ligados aos eventos climáticos <strong>de</strong> alta intensida<strong>de</strong> (chuvas torrenciais)<br />

quanto menores os <strong>de</strong>clives e maiores os volumes <strong>de</strong> materiais movimentados. Entretanto, o intervalo<br />

<strong>de</strong> recorrência <strong>de</strong>stes eventos <strong>de</strong> alta inten$ida<strong>de</strong> paJece ser relativamente alto. Eventos<br />

climáticos <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> média e baixa, cujas freqü4!ncias se elevam progressivamente serão,<br />

por outro lado, responsáveis por fenômenos erosivos diversos: remoção <strong>de</strong> partículas finas da<br />

capa do solo, retrabalhamento <strong>de</strong> partículas liberadas pelos movimentos <strong>de</strong> massa. Cabe então a<br />

pergunta: serão os eventos <strong>de</strong> maior freqüência suficientes para diluir, nos sedimentos, as características<br />

petrográficas e estruturais herdadas dos fenômenos <strong>de</strong> baixa recorrmcia?<br />

Lamentavelmente, estudos <strong>de</strong> morfodinâmica são ainda insuficientes para assegurar<br />

uma correlação mais segura entre a intensida<strong>de</strong> do processo erosivo e a composição dos sedimentos<br />

<strong>de</strong>le resultantes. Esta <strong>de</strong>ficiência, por si SÓ, compromete qualquer ttmtativa <strong>de</strong> quantificação<br />

das relações obtidas, mantendo a análise <strong>de</strong>ntro do domínio qualitativo. Apesar <strong>de</strong>sta limitação,<br />

}rOcurou-se testar alguns parâmetros petrográficos, como índices da intensida<strong>de</strong> da erosão na<br />

Serra do Mar.<br />

O enfoque principal foi dado aos sedimentos aluviais atuais e sub-atuais: <strong>de</strong>pósitos<br />

dos canais dos rios que <strong>de</strong>scem a serra e materiais <strong>de</strong> planícies <strong>de</strong> inundação sub-atuais (resultados<br />

<strong>de</strong> C14 fornecem ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> até 2000 anos A.P., po<strong>de</strong>ndo entretanto alcançar um período<br />

<strong>de</strong> tempo maior).<br />

A coleta dos alúvios foi realizada respeitando-se, ao máximo, as seguintes condições<br />

limitantes: 1) que a vegetação florestal da área estivesse ainda bem preservada. O controle <strong>de</strong>sta<br />

condição mostrou-se bastante difícil, tanto em campo como sobre as fotografias aéreas, pois à<br />

IIEta juntam.se diversificados tipos <strong>de</strong> vegetação secundária <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação imprecisa; 2) que<br />

os cursos <strong>de</strong> água amostrados em suas cargas <strong>de</strong> fundo não tivessem sofrido, a montante,<br />

flagrantes alterações no seu comportamento hidrológico <strong>de</strong>vido á ação humana (barragens,<br />

canalização, etc.); 3) que a área fonte dos sedimentos aluviais se restringisse unicamente às<br />

rochas do embasamento cristalino (com eventuais núcleos <strong>de</strong> alcalinas) excluindo-se por princípio,<br />

qualquer região <strong>de</strong> afloramento <strong>de</strong> sedimentos antigos (formações cenozóicas).<br />

Para auxiliar a interpretação dos resultados obtidos foram também realizados perfis<br />

Em elúvio <strong>de</strong> rochas graníticas e alcalinas, além <strong>de</strong> amostragem mais generalizada dos elúvios<br />

gnáissicos. A sistemática obe<strong>de</strong>ceu dois critérios distintos: 1) amostragem em perfis a partir da<br />

frente <strong>de</strong> intemperismo com controle da rocha sã; e V amostragem <strong>de</strong> materiais esparsos na<br />

parte superíor da capa intemperizada. Para as coletas procurou-se encostas com gradientes<br />

àevados.<br />

Foram ainda amostrados sedimentós coluviais subatuais, possivelmente ligados ao<br />

Pleistoceno Superior e início do Holoceno (Machado et alii, 1974). Um controle dos <strong>de</strong>pósitos<br />

coluviais tornou-se necessário por estarem os mesmos muito disseminados pela região, levando à<br />

admissão <strong>de</strong> que pelo menos parte dos alúvios atuais possa provir <strong>de</strong> seu retrabalhamento. A<br />

amostragem dos colúvios foi realizada em áreas <strong>de</strong> substrato gnáissico e granítico, aleatoriamente,<br />

e sob gradientes <strong>de</strong> encostas variáveis.<br />

As amostras foram submetidas à análise mecânica por peneiragem e pipetagem, sendo<br />

suas curvas e parâmetros granulométricos obtidos <strong>de</strong> acordo com FoIk (1968) e Folk e Ward<br />

(1957). A constituição mineralógica das frações arenosas foi avaliada qualitativa e quantitativlUIEnte<br />

empregando-se o ácido fluorídrico e cobaltinitrito <strong>de</strong> sódio <strong>de</strong> acordo com a técnica <strong>de</strong>scrita<br />

por Gabriel e Cox (1929) e H~es e Klugman (1959). As amostras do elúvio, por.apresentanm<br />

partículas <strong>de</strong> feldspato já parcialmente alteradas e não mais reagindo ao tratamento,<br />

foram IUlI!lisadas por contagem direta na binocular. Nelas tomou-se impossível quantificar os<br />

teores em K e Na, Ca feldspatos.<br />

Os minerais pesados, após pesagem e separação no bromofórmio foram levados ao<br />

separador magnético (Frantz) e posteriormente i<strong>de</strong>ntificados na binocular. A natureza dos argilo-<br />

---.--


MONTEIRO, SILVA, SILVA, CARDOSO, MEIS 15<br />

minerais presentes nas amostras foi <strong>de</strong>tectada por difratometria dos Raio X, associada eventualmente<br />

à análise térmica diferencial (D.T.A.).<br />

Dentro da classe textural das areias, tanto os minerais leves como os pesados foram<br />

estudados em dois diâmetros <strong>de</strong> grão distintos: O.50mm (+ l~) e O.125mm (+3 ~). Estes<br />

diâImtros foram escolhidos por representarem os valores extremos da faixa <strong>de</strong> maior incidência<br />

dos valores <strong>de</strong> diâmetro mediano dos grãos das amostras dos sedimentos fluviais.<br />

C(l\ffiIÇOES REGIONAIS<br />

A área em estudo comprren<strong>de</strong> a baixada da Baía <strong>de</strong> Guanabara e as encostas da Serra do<br />

Mar adjacente (Fig. 1). Caracteriza-se pela justaposição <strong>de</strong> relevos íngremes e formas planas e colinosas<br />

rebaixadas.<br />

..<br />

LEGENDA<br />

. . ÁREAS . ÁREAS<br />

DE<br />

DE<br />

COLETAS ND AlUvlo<br />

COLETAS NO COLÚVto<br />

. ÁREAS "DE COlETAS No ELÚVMI<br />

ESCA l A<br />

o 10KM<br />

Fig. 1 - Topografia da área estudada, com localização dos pontos <strong>de</strong> coleta das amostras.<br />

A configuração da topografia exerce influência consi<strong>de</strong>rável sobre as condições climáticas<br />

reinantes. Como po<strong>de</strong>-se observar pela Figura 2, a vertente atlântica da Serra do Mar<br />

apresenta totais <strong>de</strong> precipitações bem mais elevados do que a baixada ao seu sopé e as áreas<br />

ma~ interiorizadas. Outrossim, na área serrana as temperaturas médias ten<strong>de</strong>m a cair, dimimrindo<br />

em conseqüência os índices <strong>de</strong> evaporação.<br />

Tanto o alvéolo da <strong>de</strong>pressão da Guanabara como as altas escarpas da Serra do Mar e<br />

maciços litorâneos são constituídos por dois domínios geológicos bem <strong>de</strong>finidos do ponto <strong>de</strong> vista<br />

cronológico: 1) a plataforma pré-siluriana on<strong>de</strong> predominam granitos. migmatitos e gnaisses diversos<br />

(Rosier. 1965 - Fig. 3) fortemente metamorfizados e tectonizados. Seus mantos <strong>de</strong>intemperismo ten<strong>de</strong>m<br />

a apresentar-se mais espessos nas áreas colinosas do centro da <strong>de</strong>pressão. tornando-se mais escassos<br />

ou mesmo inexistentes nas escarpas dA SêrrA: 2) O domínio cenozóico on<strong>de</strong> agrupam. se os<br />

afloramentos <strong>de</strong> rochas aJcalinas neocretáceas a eocenoz6icas (maciços <strong>de</strong> Gericinó. Tinguá. Tanguá.<br />

Rio Bonito. ete.) e os calcários paleogênicos <strong>de</strong> ltaboraí. os quais tem sido consi<strong>de</strong>rados por diversos<br />

--~---


16 ANAIS DO XXV/1/ <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

,f<<br />

o<br />

«<br />

u<br />

o<br />

8<br />

"""<br />

3000<br />

~XEAEM<br />

~RIO D'OURO<br />

Z<br />

w -- PETRÓPOllS<br />

:;:)50<br />

--- TE RESÓPOLlS<br />

C!<br />

w<br />

a:<br />

u.<br />

50<br />

o<br />

A<br />

C<br />

___ SÃO lENTO<br />

___ PRAÇA XV IGBI<br />

--- NlTER61<br />

__ PIR.,<br />

____ PINHEIRAL<br />

D ........FRIBURGO<br />

o 3000<br />

TOTAIS ANUAIS DE CHUVAS (EM MMJ<br />

Fig. 2 - Distribuição <strong>de</strong> freqüência dos totais anuais <strong>de</strong> precipita~ões<br />

(1941-1960) - A: Baixada da Guanabara; B: Encostaatlantica<br />

da Serra do Mar; C: Topo da Serra; D: Reverso da Serra do<br />

Mar.<br />

autores como relacionados às fases <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> crustal responsáveis pela gênese dos relevos da<br />

Serra do Mar e maciços litorâneos (Ruellan, 1945; Freitas, 1951; Couto, 1953. etc.). Em discordância<br />

erosiva sobre estes materiais, na área da baixada. aparecem os sedimentos terrígenos continentais<br />

(terciários a pleistocênicos) das Camadas pré-Macacu e Formação Macacu (Meis e Amador, em<br />

publicação). Ainda mais recentes, e possivelmente ligados aos eventos do Pleistoceno Superior e<br />

Holoceno ocorrem <strong>de</strong>pósitos coluviais. aluviais e flúvio-marinhos.<br />

Os materiais coluviais. <strong>de</strong> características muito variáveis. seguem as eocostas até os<br />

fundos das <strong>de</strong>pressões, com espessuras <strong>de</strong>siguais. Muitas vezes a inconformida<strong>de</strong> existente entre<br />

o colúvio e o substratoé marcada por uma linha <strong>de</strong> seixos (stone Une) <strong>de</strong> quartzo, fragmentos<br />

silicosos ou ferruginosos.<br />

Gran<strong>de</strong>s espessuras <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos fluviais e flúvio-marinhos são encontrados em<br />

baixos terraços e várzeas da periferia da Baía <strong>de</strong> Guanabara. Representam acúmulos <strong>de</strong> <strong>de</strong>trital


MONTE/RO, S/L VA, S/L VA, CARDOSO, ME/S 17<br />

Em ligação com o nível <strong>de</strong> base marinho. Apesar dos canais dos rios torrenciais que <strong>de</strong>scem a<br />

serra apresentarem riqueza em rudáceos, os <strong>de</strong>pósitos responsáveis pela colmatagem da baixada,<br />

ro<strong>de</strong> os gradientes dos cursos <strong>de</strong> água tomam-se <strong>de</strong>sprezíveis, mostram o predomínio das facies<br />

areno-síltica e silto-argilosa. Uma aceleração do processo <strong>de</strong> colmatagem parece ter ocorrido a<br />

plrtir <strong>de</strong> meados do século passado, quando verificou-se um <strong>de</strong>smatamento intensivo das encostas<br />

serranas. Cursos d'água navegáveis ao longo <strong>de</strong> várias milhas há pouco mais <strong>de</strong> 100 anos<br />

atrás tiveram seus baixos cursos literalmente entupidos por uma vasa fina, testemunho da <strong>de</strong>snudação<br />

ativada nas áreas <strong>de</strong>clivosas.<br />

ESBOÇO GEOLOGICO (ROSIER 1965)<br />

p ...~.,...<br />

. ,<br />

(<br />

)<br />

\<br />

!<br />

o 5KM<br />

50KM<br />

LEGENDA<br />

D GRANITOS PÓS TECTÔNICOS<br />

OROGENESE ASsiNTI C A<br />

ITIIII GNAISSES GRANITOIDE.S<br />

~ G~AISSES<br />

MIGMATITOS<br />

DIVERSOS<br />

t::,:'JGNAISSES FACOIDAIS PAS-<br />

SANDO A GRANITOS<br />

PORFIROIDES<br />

Fig. 3 - Esboço geológico do Prércambriano na área estudada, segundo Rosier (1965).<br />

RESULTADOS E DISCUSSOES<br />

Para a compreensão da petrologia dos sedimentos fluviais atuais toma-se importante<br />

um reconhecimento prévio das características apresentadas pelos elúvios e colúvios <strong>de</strong> cuja<br />

erosão <strong>de</strong>verão provir os <strong>de</strong>pósitos transportados pelas águas correntes.<br />

Elúvi08<br />

As consi<strong>de</strong>rações que se seguem provêm <strong>de</strong> amostragem relativamente pequena na<br />

qual se procurou abranger elúvios em substrato granítico (9 amostras), gnáissico indiferenciado<br />

(5 amostras) e alcalino (4 amostras). A gama <strong>de</strong> variações petrográficas aliada à pobreza em<br />

controles a partir <strong>de</strong> perfis <strong>de</strong> intemperismo <strong>de</strong>finidos tornam bastante prematuro o estabe1eamento<br />

<strong>de</strong> padrões rígidos no que concerne ao <strong>de</strong>senvolvimento do intemperismo na área. A<br />

análise fornecerá apenas uma primeira visualização das tendências, as mais gerais, passíveis <strong>de</strong><br />

serem aqui documentadas.<br />

Inicialmente torna-se necessário <strong>de</strong>finir o que se enten<strong>de</strong> por frente <strong>de</strong> intemperismo,<br />

termo <strong>de</strong> conceituação controvertida <strong>de</strong>ntro da literatura (Bu<strong>de</strong>l, 1959; Ruxton e Berry, 1957;<br />

D.tmanowski, 1964). De acordo com Cady e Cleaves (1974) caracteriza-se como frente <strong>de</strong> intemperismo<br />

qualquer faixa ao longo do perfil do elúvio, na qual se encontrem preservados minerais e<br />

tBtruturas as mais <strong>de</strong>licadas e instáveis <strong>de</strong>ntro do ambiente. Tal <strong>de</strong>finição é, entretanto, pouco<br />

prática para utilização durante os trabalhos <strong>de</strong> campo. Em conseQÜência. levou-se em consi-<br />

~ração que à progressão <strong>de</strong> intemperismo químico das roohas estudadas ten<strong>de</strong> a associar-se um<br />

aumento gradual dos teores em minerais <strong>de</strong> neo-formaçio. em <strong>de</strong>trimento dos elásticos. Prag-


18 ANAIS 00 <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

OBticamente, procurou-se consi<strong>de</strong>rar como frente <strong>de</strong> intemperismo os setores do elúvio que contivessem<br />

os mais baixos teores em finos (teores em siltes + argilas inferiores a 20%).<br />

l:)<br />

li:<br />

«<br />

w<br />

....<br />

o<br />

A B<br />

A B C<br />

-1.0 3,0 +0,8<br />

.<br />

a.o 2,0 . .<br />

..<br />

" '" -<br />

b-<br />

11)<br />

'"<br />

2.D 1,0 ..' ,.'.. . o<br />

~50 o<br />

o o<br />

o +4 o ..4<br />

McitJ<br />

Fig. 4 - Textura dos alúvios: A. correlação t;ptre o diâmetro mediano (MD CP)e o percentual em<br />

silte e argila contido na amostra (V~ = 0.88); B: correlação entre o diâmetro médio<br />

(Mz CP)e o percentual em silte e argila contido na amostra (~ = 0,94).<br />

Pela Figura 4 percebe-se os diâmetros <strong>de</strong> grão médio ten<strong>de</strong>m a se correlacionar<br />

melhor com os teores em finos (siltes e argilas) contidos na amostra, do que os diâmetros medianos.<br />

Este fato parece ser o reflexo da existência <strong>de</strong> distribuições granulométricas bimodais ou<br />

bifásicas, já consi<strong>de</strong>radas na literatura como freqüentes nos elúvios graníticos dos trópicos<br />

úmidos (Bakker e Muller, 1957; Nossin e Levelt, 1967).<br />

Os gráficos plotados na Figura 5 sugerem que, com o <strong>de</strong>slocamento da média na<br />

dreção dos diâmetros <strong>de</strong> grão mais finos, associam-se: 1) uma gradual perda <strong>de</strong> seleção por parte<br />

do elúvio. Grosso modo, os valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão ten<strong>de</strong>m a crescer com o avanço do<br />

:p'Ocesso <strong>de</strong> intemperismo~ 2) curvas <strong>de</strong> freqüência textural <strong>de</strong> formas mais achatadas (platicúrticas<br />

e muito platicúrticas). Em outras palavras, com o aumento do percentual <strong>de</strong> finos das<br />

amostras, passam a ocorrer distribuições que já mostram tendência à bimodalida<strong>de</strong>.<br />

". .<br />

1D o -0,4<br />

o .4 o .4 o .4<br />

\1:. U M.!i' M, e<br />

Fig. 5 - Textura dos elúvios. A: correlação entre os valores do diâmetro médio (Mz 9» e do <strong>de</strong>svio padrão<br />

(61); B: correlação entre o grão médio (Mz cp) e a curtosis (K(;); c: correlaçao entre o diâmetro<br />

medio aritmético (Mz CP)e o parâmetro da assimetria (SKI).<br />

w<br />

Os valores <strong>de</strong> assimetria (Fig. 5 C) são caracteristicamente positivos, apresentando


GRANITOS<br />

. 3<br />

.. .' C<br />

A B .<br />

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ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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MONTE/RO, S/L VA S/L VA, CARDOSO, ME/S 21<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, as características petrográficas da rocha matriz são <strong>de</strong> extrema importância<br />

e são ressaltadas quando se procura analisar as composições individuais <strong>de</strong> cada uma<br />

das amostras. Entretanto, como se observa na figura 9, em elúvios gnáissicos, os altos teores<br />

em siltes e argilas ten<strong>de</strong>m a correspón<strong>de</strong>r a baixas taxas <strong>de</strong> feldspatos nos diâmetros grosseiros<br />

e enriquecimento na granulação mais fina. Nos granitos, com teores inferiores a 30% <strong>de</strong> siltes e<br />

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2 3 4 li 15<br />

c;jjJoutros<br />

Fig..9 -C~mposição minerológica dos elúvios: histogramas com percentuais <strong>de</strong> freqüência dos<br />

crIstais <strong>de</strong> quartzo, feldspatos e outros minerais (minerais pesados e fragmentos <strong>de</strong> rocha).<br />

argilas, o comportamento dos felspatos é mais variável. A queda na importância do quartzo no<br />

diâmetro mais fino não parece ser apenas uma função do aumento percentual do feldspato, mas também<br />

dos fragmentos <strong>de</strong> rocha e minerais acessórios. Estes últimos foram i<strong>de</strong>ntificados semiquantitativamente<br />

nas frações arenosas <strong>de</strong> + 1 e + 3 ~. Devido à variada natureza petrográfica das<br />

rochas estudadas, houve"se por bem analisar separadamente cada amostra do elúvio. Tratando-se <strong>de</strong><br />

regolitos <strong>de</strong> rochas ácidas e alcalinas, as porcentagens totais <strong>de</strong> minerais pesados mostraram-se<br />

relativamente baixas. Entretanto, duas tendências gerais pu<strong>de</strong>ram ser observadas: 1. o predomínio<br />

dos minerais opacos (magnetita e ilmenita em ambas as frações); 2. a maior diversificação mineralógica<br />

e aumento do percentual dos mineraiB peBadoll nafração mais fina (Fig. 10).<br />

Pela análise das Figuras 9 e 10 verificou-se, entretanto, que ao avanço do intemperismo<br />

nos granitos ten<strong>de</strong> a ligar-se uma diminuição progressiva do teor total em minerai9


----<br />

22 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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o<br />

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LEGEt4QA<br />

LIEOCOxÊNID<br />

Fig. 10 - Composição mineralógica dos elúvios: histogramas com os percentuais <strong>de</strong> freqüência dos<br />

minerais pesados observados.<br />

lEsados, tanto na fração das areias grossas como das areias finas. Os teores em fragmentos <strong>de</strong><br />

rocha. mantêm-se relativamente constantes em ambas as frações, <strong>de</strong>saparecendo apenas ~<br />

amostras referentes ao manto já bastante intemperizado. Na fração <strong>de</strong> + 3 if> (O,125mm) a<br />

biotita assume importância consi<strong>de</strong>rável, A presença do zircão apenas na fração mais fina <strong>de</strong>ve<br />

estar ligada ao próprio talhe original dos cristais.<br />

De modo geral, os minerais pesados presentes nos sienitos analisados não chegam a<br />

representar mais <strong>de</strong> 20% dos seus constituintes. Diferenciam-se dos elúvios graníticos pela<br />

ausência <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> rochas. Cristais <strong>de</strong> anfibólio e piroxênio ocorrem com relativa regularida<strong>de</strong><br />

junto à frente <strong>de</strong> intemperismo. Entretanto, verifica-se o seu <strong>de</strong>saparecimento nas<br />

faixas <strong>de</strong> maior alteração. Tal fato parece relacionar-se à sua alta instabilida<strong>de</strong> face ao intanlErismo<br />

quimico. Isto ten<strong>de</strong> a ser confirmado pelo aumento do percentual <strong>de</strong> material oxidado<br />

não i<strong>de</strong>ntificado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta faixa.<br />

Nos gnaisses predominam seja as magnetitas seja os materiais oxidados não i<strong>de</strong>ntificados,<br />

sendo rara a ocorrência <strong>de</strong> biotita. A gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> em minerais pesados <strong>de</strong>ve estar<br />

associada à própria diversida<strong>de</strong> petrográfica da rocha matriz (parent material) .<br />

Como é do conhecimento geral, a natureza dos minerais <strong>de</strong> argila ten<strong>de</strong>m a refletir a<br />

mtur~a da rocha matriz, o seu grau <strong>de</strong> intemperismo (Power, 1969; Birkeland e Janda, 1971),<br />

assim como as condições microquímicas ambientais. Foge ao objetivo do presente trabalho um<br />

e3tudo <strong>de</strong>talhado do sistema que regula a formação dos argilo-minerais, procurando-se apenas<br />

visualizar <strong>de</strong> modo suscinto a sua natureza (Tab. 1).<br />

* Os fragmentos <strong>de</strong> rochas são representados, principalmente, pela associação <strong>de</strong> quartzo e magnetita, na fração <strong>de</strong><br />

0,50 e feldspato e magnetita na <strong>de</strong> 0,125 mm.<br />

/<br />

lutCio


MONTE/RO, S/L VA S/L VA, CARDOSO, ME/S 23<br />

IDENTIFICAÇÃO ROCHA %DE SILTE E ARGILQ-MINERAL ARGILQ-MINERAL ARGILQ-MINERAL<br />

DA AMOSTRA MATRIZ ARGILA PRINCIPAL SECUNDÁRIO ACESSÓRIO<br />

DA AMOSTRA<br />

TABELA 1<br />

Quadro Interpretativo dos Resultados Obtidos Através da Difratometria Pelos Raios X e Analise<br />

Térmica Diferencial (DT A) para as Partículas Menores que + 8


24 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

em encostas <strong>de</strong> altos gradientes ou urbanizadas (Pichler, 1957; Mousinho e Bigare1la, 1965; Meis e<br />

Silva, 1968; PetrieSuguio, 1971).<br />

Com o intuito <strong>de</strong> facilitar a análise sedim~tológica dos colúvios,procurou-se subdvidí-Ios<br />

em dois gran<strong>de</strong>s grupos; a) colúvios das áreas montanhosas; b) oolúvios das colinas<br />

rebaixadas em substrato cristalino. O cálculo aproximado da amplitu<strong>de</strong> do relevo foi feito a partir<br />

das cartas topográficas em 1:50.000 através do estabelecimento <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> aleatória <strong>de</strong><br />

leituras altimétricas em torno dos pontos <strong>de</strong> coleta.<br />

COLÚVIOS<br />

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LEGENDA, .<br />

OflHf'JO MAIOR DE 200 METAOS<br />

. PElEVOMENOR Df. 200 METAOS<br />

Fig. 11 - Textura dos colúvios: correlações entre os diferentes parâmetros texturais. A. correlação entre os<br />

valores do grão médio (Mz


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MONTE/RO, S/L VA, S/L VA, CARDOSO,ME/S 25<br />

2 3 4 li . 7 . . 10 11 12 13<br />

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o<br />

o quartzo ~ feldspatos 8outroE<br />

Fig. 12 - Composição mineralógica dos colúvios: histogramas com<br />

percentuais <strong>de</strong> freqüência dos cristais <strong>de</strong> quartzo, feldspatos e<br />

outros minerais.<br />

Pela Figura 12 po<strong>de</strong>-se observar as distribuiçtles percentuais dos minerais leves nas<br />

amostras estudadas. Sobressai uma tendência para o empobrecimento em cristais <strong>de</strong> feldspato<br />

<strong>de</strong>ntro dos diâmetros mais grosseiros. Esta tendência, já noticiada nos elúvios fortemente alta"ados,<br />

parece ser ainda mais acentuada nos mantos coluviais.<br />

. Para melhor quantificar o comportamento dos dois principais minerais ocorrentes - o<br />

quartzo e o feldspato - plotou-se os vJllores da razão Q/F em função do diâmetro do grão (Fig.<br />

13). A razão Q/F po<strong>de</strong> atingir índices muito altos, ocorrendo mesmo algumas amostras que,<br />

totalmente <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> feldspato na granulação <strong>de</strong> + I rJ (0,5 mm) não se prestaram a este<br />

tipo <strong>de</strong> representação. Já na fração mais fina nota-se sensível enriquecimento em cristais <strong>de</strong> feldspato.<br />

A disparida<strong>de</strong> entre os valores apresentados pelas duas granulações faz com que os<br />

coeficientes <strong>de</strong> variação sejam, para a maioria das amostras, bastante elevados.<br />

Torna-se aínda digna <strong>de</strong> nota a observação <strong>de</strong> que os mais altos teores <strong>de</strong> feldspato<br />

(especialmente na fração mais grosseira) parecem correspon<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>pósitos coluviais consi<strong>de</strong>rados<br />

como <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s relativamente recentes. Neles, ao que tudo indica, o intemperismo pósà!posicional<br />

ainda pouco <strong>de</strong>senvolvido parece ter facilitado a preservação dos cristais <strong>de</strong> feld5patos.<br />

Nos colúvios mais antigos (Pleistoceno Superior?) os cristais <strong>de</strong> feldspato já se encontram<br />

parcialmente hidrolizados ou reduzidos a areias finas. Aparentemente, o intemperismo dos man-


26 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

tos coluviais ten<strong>de</strong>ria a promover, como nos elúvios, a redução progressiva da granulometria dos<br />

fragmentos <strong>de</strong> feldspato.<br />

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Fig. 13 - Minerais leves nos colúvios: variação da razão<br />

entre os teores em quartzo e feldspatos em<br />

função do diâmetro do grão (1 + 1 e + 3


MONTE/RO, S/LVA S/LVACARDOSO, ME/S 27<br />


------<br />

28 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

IBssa a apresentar importância variável, po<strong>de</strong>ndo mesmo <strong>de</strong>saparecer nos colúvios.<br />

Na análise dos minerais <strong>de</strong> argila dos materiais coluviais (Tab. 2) verificou-se uma<br />

certa diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> argilo-minerais. Tal fato parece espelhar o caráter variável não somente da<br />

itologia da rocha matriz, como também o seu grau <strong>de</strong> alteração quando movimentada assim<br />

como o intemperismo pós-<strong>de</strong>posicional. Ressalta-se, porém, a presença relativamente constante<br />

à! argilo-minerais do grupo da clorita, resultante da precipitação e recristalização dos elementos<br />

liberados quando da alteração dos silicatos. Além da clorita, aparecem ora como argilo-minerais<br />

Irincipais, ora secundários, as caulinitas, gibbsitas e ilitas.<br />

TABELA 2<br />

Quadro Interpretativo dos Resultados Obtidos Através da Difratometria Pelos Raios X e Análise<br />

Diferencial (DTA) para as Partículas menores que + 8 cpnos Materiais do Colúvio.<br />

IDENTIFICAÇÃO %DE SILTE E ARGILQ-MINERAL ARGILQ-MINERAL ARGILQ-MINERAL<br />

DA AMOSTRA ARGILA PRINCIPAL SECUNDÁRIO ACESSÓRIO<br />

RX31 71,70% Clorita Caulini ta -<br />

RX32<br />

RX33<br />

26,00%<br />

40.00<br />

Gibbsita<br />

Clorita<br />

Clorita<br />

Caulini ta<br />

-<br />

-<br />

RX56 46.00 Gr. Caulinita Gibbsita -<br />

RX57 32.00 Gr. Caulinita ilita -<br />

RX59 18.95 Ilita Cam. Mistas <strong>de</strong><br />

Ilita-Clorita -<br />

ALÚVIOS<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista textural os alúvios coletados ten<strong>de</strong>m a superpor as características<br />

dos mo<strong>de</strong>los clássicos elaborados para os ambientes fluviais. Pela análise da Figura 15 percebese<br />

que o comportamento dos parâmetros texturais apresenta-se bastante diversificado, refletindo<br />

o modo e a energia do transporte (Friedman, 1961; Potter, 1967).<br />

Para que se entenda os resultados texturais aqui reproduzidos é necessário, porém,<br />


------<br />

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MONTE/RO, S/L VA, S/L VA, CARDOSO, ME/S 29<br />

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M10 KG<br />

Fig. 15 - Textura dos materiais aluviais: correlação entre os diferentes<br />

parâmetros granulométricos. A correlação entre os diâmetros<br />

médios (Mz


30 ANAIS DO XXVIlI <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

op.cit.; Friedman, po. cit.; Potter, op.cit.); entretanto, não parece existir um padrão típico <strong>de</strong> Assimetria<br />

nos alúvios. Cumpre salientar ainda, que os mais baixos valores <strong>de</strong> Assimetria core~pon<strong>de</strong>m<br />

aos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> canais que <strong>de</strong>scem a Serra do Mar. Com a diminuição do diâmetro do material ten<strong>de</strong>m<br />

a aparecer as assimetrias positivas. Entretanto, nos <strong>de</strong>pósitos muito finos, como era <strong>de</strong> se esperar,<br />

as curvas passam a uma distribuição as simétrica negativa.<br />

A curtosis é consi<strong>de</strong>rada, assim como o <strong>de</strong>svio padrão e a assimetria, como um dos<br />

indicadores da ação seletiva do agente <strong>de</strong> transporte (Krumbein e Pettijohn, 1938). Pela Figura<br />

15 E, verifica-se que nos materiais estudados ocorrem curvas mesocúrticas (20 amostras) ao lado<br />

dJ lepto e muito leptocúrticas (20 amostras) e platicúrticas (13 amostras). Essa variação nos<br />

valores <strong>de</strong> curtosis foi também observada por Pollack (1961) CJ.leobteve uma distribuição <strong>de</strong> 10<br />

curvas leptocúrticas, 9 platicúrticas e uma mesocúrtica nos sedimentos <strong>de</strong> rio. Os altos valores<br />

associados às Assimetrias (Fig. 15 F) evi<strong>de</strong>nciam a ocorrência <strong>de</strong> curvas unimodais, nos <strong>de</strong>pósitos<br />

aluviais. A presença <strong>de</strong> curvas leptocúrticas e muito leptocúrticas relacionam-se ao<br />

~arecimento <strong>de</strong> modas subsidiárias insuficientes, porém, à constituição <strong>de</strong> uma moda secundária<br />

que leve a tornar equivalentes as frações grosseiras efinas (Folk e Ward, 1957; Cronan,<br />

1972).<br />

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LEGENDA o quartzo l::::sJ k feldspatos (Z"2J Na, ca feldspatos ~i:~!~.outlOS<br />

Fig. 16 - Composição mineralógica dos alúvios: histogramas com percentuais <strong>de</strong> freqüência dos<br />

cristais <strong>de</strong> quartzo, feldspatos e outros minerais.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista mineralógico, as areias fluviais amostradas são constituídas principalmente<br />

por cristais <strong>de</strong> quartzo e fe1dspato, aumentando a participação dos últimos nos<br />

dâmetros <strong>de</strong> grão mais finos (Fig. 16). Também po<strong>de</strong>-se notar, pela análise da figura em questão,<br />

que o crescimento dos teores em feldspatos nas areias finas se faz em gran<strong>de</strong> parte, em<br />

renefício dos K fe1dspatos. Por outro lado, verifica-se maior crescimento relativo em plagioclásios,<br />

cujos teores médios chegam a duplicar com a diminuição do diâmetro do grão (Tab. 3).


MONTEIRO, SILVA, SILVA, CARDOSO, MEIS 31<br />

DIÂMETRO DO GRÃo K FELDSP ATOS Na-CaFELDSPATOS RAZÃO K/Na-Ca<br />

FELDSP ATOS<br />

+ 1 q,(0,50 mm) 20,97 5,91 5,52<br />

+3 q,(0,125 mm) 28,94 11,67 4,91<br />

DIÂMETRO DO GRÃO QUARTZO FELDSPATO RAZÃO Q/F OUTROS<br />

+ 1 q, (0,50 mm) 65,06 26,65 3,24 9,19<br />

+3 q, (0,125 mm) 47,53 34,09 1,46 20,30<br />

10,°1<br />

TABELA 3<br />

Teores Médios <strong>de</strong> K e Na-Ca - Feldspatos nos Aluvios<br />

Tal observação confirma parcialmente os dados<strong>de</strong> Hayes((1962),que mostraram uma tendência ao<br />

enriquecimento em plagioclásios em <strong>de</strong>trimento dos K feldspatos nos alúvios <strong>de</strong> granulação mais fina.<br />

Entretanto, os resultados aqui documentados diferenciam-se dos obtidos por este autor no que diz<br />

respeito ao comportamento dos teores totais em feldspato: na área estudada por Hayes a participação<br />

dos feldspatos manteve. se constante nas diferentes granulaç5es arenosas, enquanto que na Serra do<br />

Mar os feldspatos ten<strong>de</strong>m a apresentar percentuais mais elevados na granulação mais fina (Tab. 4).<br />

TABELA 4<br />

Constituição Mineralógica Média os Aluvios Estudados<br />

Numa análise mais <strong>de</strong>talhada da variação da razão Q/F dos alúvios estudados (Fig.<br />

17) nota.se que a maior parte das amostras apresenta ligeiro enriquecimento em feldspatos na<br />

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32 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

granulação mais fina, o que vem a ser confirmado pelo índice médio <strong>de</strong> variação, cujo valor atinge<br />

apenas + 0,09. Este comportamento apresentado pelos alúvios da Serra do Mar não parece,<br />

entretanto, anômalo caso leve-se em consi<strong>de</strong>ração estar o mesmo em concordância com a tendência<br />

geral apresentada pelos elúvios e colúvios da área. Anteriormente Pollack (1961) expicou este<br />

aumento da freqüência relativa dos feldspatos em direção dos diãmetros <strong>de</strong> grão mais finos<br />

cano relacionados à fragmentação dos cristais ao longo dos seus planos <strong>de</strong> clivagem, assim<br />

como aos processos <strong>de</strong> intemperismo e abrasão operantes na área.<br />

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DIÂMETRO:+11J 10.5MM) DIÂMETftO:.. 3 f (0,125 MMI<br />

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10 20 30 40 50<br />

TEOR EM FELDSPATO (~)<br />

Fig. 18 - Alúvios: teores em feldspatos nos diâmetros <strong>de</strong> grão <strong>de</strong> + 1 e+ 3 mineral face ao intemperismo químico, reação ao transporte, peso específico e condições<br />

dnãmicas do meio em se tratando <strong>de</strong> ambiente seletivo, etc. FoIk, 1968). Entretanto, algumas<br />

tendências pu<strong>de</strong>ram ser <strong>de</strong>lineadas e parecem individualizar os minerais pesados dos alúvios,<br />

daqueles constituiQtes dos <strong>de</strong>mais conjuntos estudados (Fig. 19). Em primeiro lugar <strong>de</strong>ve-se<br />

notar o flagrante enriquecimento (quantitativo) em minerais pesados na fração textural mais<br />

fina. A sua freqüência, por vezes extremamente alta, é em gran<strong>de</strong> parte responsável pela queda<br />

d>s percentuais em quartzo observadas na Figura 16 para o diâmetro <strong>de</strong> + 3


MONTEIRO, S/L VA, S/L VA, CAROOSO, ME/S 33<br />

se mais signilicativos nos grãos <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> + 3 cp .É fato comum ocorrerem combinações minera16gica1'<br />

das mais heterogêneas nas quais predominam, <strong>de</strong> modo geral, os minerais <strong>de</strong> lD8Í8 alta estabilida<strong>de</strong>.<br />

U."[fC)A<br />

~ ..<br />

Fig. 19 - Composição mineraJógica dos aJúvios: histogramas com os percentuais <strong>de</strong> freqüência dos<br />

diferentes minerais pesados.<br />

Enquanto os argilo-minerais dos elúvios e colúvios ten<strong>de</strong>m a refletir com intensida<strong>de</strong><br />

as características da rocha matriz e condições microquímicas específicas <strong>de</strong> áreas localizadas, as<br />

argilas dos alúvios são consi<strong>de</strong>radas, em princípio, como aquelas que melhor po<strong>de</strong>m docu:nentar<br />

as tendências gerais do intemperismo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> áreas relativamente amplas e heterogêneas. Com<br />

efeito, confirmando a literatura, nos resultados obtidos para as argilas dos alúvios passam a<br />

sroressair como argilo-minerais característicos aqueles do grupo da caulinita. Secundariamente<br />

ocorrem minerais do grupo da ilita e gibbsita (Tab. 5).<br />

Tratando-se <strong>de</strong> alúvios muito recentes (ida<strong>de</strong>s inferiores a 2000 anos) acredita-se que<br />

a constituição <strong>de</strong>tectada esteja intimamente associada ao intemperismo na área fonte e pouco alo<br />

tErada pelo intemperismo pós-<strong>de</strong>posicional.<br />

TABELA 5<br />

Quadro Interpretativo dos Resultados Obtidos Através da Difratometria dos Raios X e Análise<br />

Térmica Diferencial (DT A) para as Partículas Menores que + 8 nos Materiais Aluviais<br />

IDENTIFICAÇÃO ARGIL(}.MINERAL QUE ARGIL(}.MINERAL ARGIL(}.MINERAL<br />

DA AMOSTRA CARACTERIZA A AMOSTRA SECUNDÁRIO ACESSÓRIO<br />

RX 54 - DTA 40 Caulinita Gibbsita CM montm.-Ilita<br />

RX55-DTA4I Caulinita Ilita CM montm.-haJoisita<br />

RX 51 Caulinita Gibbsita -<br />

RXS2 Caulinita - Gibbs!ta<br />

RX58 Caulinita Ilita Gibbsita<br />

li!


34 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

CONCLUSOES<br />

Os dados apresentados no presente trabalho sugerem que: a) ai eIúvios <strong>de</strong> rochas<br />

graniticas e gnáissicas ten<strong>de</strong>m a se empobrecer gradualmente em partículas <strong>de</strong> feldspato nos<br />

diâmetros <strong>de</strong> grão mais grosseiros + I ~ ou 0,5 mm) com o avanço do intemperismo; b) concomitantemente,<br />

a intensiticação do processo do intemperismo ten<strong>de</strong> a provocar aumentos nos<br />

toores <strong>de</strong> feldspato na fração arenosa mais fina (+ 31/) ou 0,125 mm) ; c) os elúvios mais fortemente<br />

intemperizados parecem mostrar, ainda nos granitos e gnaisses, uma predominânáa <strong>de</strong><br />

argilo-minerais do grupo da caulinita; d) colúvios antigos apresentam composição mineralógica<br />

que se assemelha, grosso modo, à dos elúvios fortemente alterados. Neles acentua-se signifimtivamente<br />

o empobrecimento em cristais <strong>de</strong> feldspato nos diâmetros <strong>de</strong> grão grosseiros, pomndo<br />

crescer os seus percentuais na granulação fina; e) os alúvios, <strong>de</strong> modo geral, apresentam<br />

diversida<strong>de</strong> mineralógica maior: que a dos elúvios. Entretanto, não parecem existir padrões <strong>de</strong><br />

oomposição rígidos. As areias dos canais que <strong>de</strong>scem a Serra do Mar apresentam, no seu conjunto,<br />

teores relativamente altos em feldspato tanto nos diâmetros mais grosseiros como nos<br />

finos.<br />

A riqu.eza em feldspatos e minerais acessórios mostrada pelas areias fluviais ten<strong>de</strong> a<br />

individualizá-Ias dos elúvios em avançado grau <strong>de</strong> alteração assim como dos colúvios mais antigos.<br />

Esta característica não po<strong>de</strong>, em principio, ser explicada pelas condições litolégicas<br />

apresentadas pela área-fonte, pois a amostragem dos alúvios englobou bacias <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong><br />

substrato geológico altamente diversificado. A petrografia dos alúvios <strong>de</strong>ve, por conseguinte, espelhar<br />

com maior intensida<strong>de</strong> as condições morfodinâmicas regionais.<br />

Teores altos em feldspato parecem indicar que os cursos d'água retrabalham não<br />

apenas os materiais provenientes dos horizontes mais superficiais <strong>de</strong> solos muito lixiviados mas<br />

transportam ainda, como carga <strong>de</strong> fundo, <strong>de</strong>tritos advindos <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> intemperismo menos<br />

avançado. Os indícios <strong>de</strong> uma ação erosiva intensa na encosta da Serra do Mar po<strong>de</strong>m estar<br />

relacionados a uma série <strong>de</strong> fatores tais como o <strong>de</strong>smatamento das vertentes, a existênáa <strong>de</strong><br />

altos gradientes assim como à distribuição das precipitações na região serrana.<br />

Como é <strong>de</strong> conhecimento geral, o <strong>de</strong>smatamento ten<strong>de</strong> a provocar uma aceleração do<br />

}rOcesso erosivo, seja através da ativação do trabalho do escoamento superficial, seja facilitando<br />

a ocorrência <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> massa. Este fenômeno ten<strong>de</strong> a ser intensificado face à existência<br />

<strong>de</strong> fortes <strong>de</strong>clives. A <strong>de</strong>snudação dos elúvios relativamente pouco espessos da área montanhosa<br />

parece provocar frequentemente a exposição <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> alteração mais incipiente.<br />

A avaliação do papel <strong>de</strong>sempenhado pelos processos ligados ao escoamento das águas<br />

superficiais e aos movimentos <strong>de</strong> massa <strong>de</strong>ntro do trabalho erosivo é extremamente complexo e<br />

difícil <strong>de</strong> ser atingida com os conhecimentos existentes. N umá primeira aproximação ao problema<br />

procurou-se testar um índice <strong>de</strong> caráter climático, a distribuição das precipitações, como<br />

àemento capaz <strong>de</strong> testemunhar a intensida<strong>de</strong> da energia atuante sobre as vertentes durante os<br />

dias atuais.<br />

Pela Figura 20 po<strong>de</strong>-se perceber que na encosta da serra os impulsos climáticos<br />

médios, ou seja, aqueles <strong>de</strong> maior freqüência, apresentam valores sensivelmente mais elevados<br />

d> que nas outras regiões fisiográficas estudadas. Admite-se que a morfodinâmica da área estivesse<br />

em equilíbrio com tais condições <strong>de</strong> precipitações em épocas anteriores ao <strong>de</strong>smatamento.<br />

Com a interferência humana, o limite crítico para o seu <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento do processo erosivo<br />

parece ter sido rebaixado. A <strong>de</strong>snudação das encostas pelo escoamento superficial po<strong>de</strong>, ac;sim,<br />

ligar-se aos eventos <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> média. Os movimentos <strong>de</strong> massa, entretanto, associam-se<br />

geralmente aos eventos <strong>de</strong> maior intensida<strong>de</strong> e amplo intervalo <strong>de</strong> recorrência. Na área urbanizada<br />

da Guanabara, os <strong>de</strong>slizamentos ten<strong>de</strong>m a se associar a totais <strong>de</strong> precipitações mensais<br />

oostante altos e que apresentam-se com baixa freqüência (2%) ou seja, com altos intervalos <strong>de</strong><br />

recorrência. Tal associação dos movimentos <strong>de</strong> massa aos fenômenos climáticos excepci>nais<br />

parece reproduzir-se na região serrana. Evi<strong>de</strong>ntemente, intervalos <strong>de</strong> recorrencia <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 4<br />

anos para os eventos catastróficos são relativamente baixos e parecem estar intimamente ligados<br />

ao <strong>de</strong>sequilíbrio provocado pela ação antrópica.<br />

Concluindo, po<strong>de</strong>-se sugerir que os alúvios atuais na área em estudo representam o<br />

retraballiamento dos <strong>de</strong>tritos fornecidos pelos fenômenos climáticos <strong>de</strong> baixa intensida<strong>de</strong> mas<br />

também ten<strong>de</strong>m a refletir episódios climáticos <strong>de</strong> alta energia. A <strong>de</strong>snudação das encostas, no


'00<br />

A<br />

lEGENDA<br />

'"' w<br />

- -<br />

OC [Zj 8AI xAOA<br />

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..<br />

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0 TOPO DA SERR'" ..<br />

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ENCOSTA<br />

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D<br />

100 -TOTAIS MENSAIS EM MM<br />

w<br />

c<br />

- - 800<br />

..<br />

~30<br />

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w<br />

..<br />

E<br />

100 200<br />

TOTAIS MENSAIS - EM - M. - -<br />

,.,<br />

MONTE/RO, S/L VA S/L VA CARDOSO, ME/S 35<br />

seu conjunto, parece estar sendo, entretanto, intensificada pela ação humana.<br />

Fig. 20 -<br />

~... - '00<br />

PAECIPITACQES 10<br />

20<br />

B<br />

- """<br />

Distribuis:ão <strong>de</strong> freqüência dos totais mensais <strong>de</strong> precipitações (período 1941-1960). A. distribuição<br />

<strong>de</strong> freqüencia acumulada dos valores mensais <strong>de</strong> precipitações. Cada curva correspon<strong>de</strong> à média<br />

aritmética dos valores obtidos para as estações localizadas <strong>de</strong>ntro da mesma área fisiográfica.<br />

B. distribuição <strong>de</strong> freqüência simples dos totais <strong>de</strong> precipitações mensais nas estações situadas na<br />

baixada da Guanabara. C. i<strong>de</strong>m, para as estações da encosta atlântica da serra do Mar. D. i<strong>de</strong>m, para<br />

as estações do topo da serra. E. i<strong>de</strong>m, para as estações situadas no reverso da Serra do Mar.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores <strong>de</strong>sejam expressar os seus agra<strong>de</strong>cimentos para com os Profs. Baldomero<br />

Gonzalez, do Museu Nacional, UFRJ; Lucy P. Gallego, Sergio Cabral e Joel G. Valença, do Instituto<br />

<strong>de</strong> Geociências da UFRJ, pelo assessoramento e sugestões fornecidas ao presente trabalho.<br />

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A GÊNESE DAS PLANÍCIES COSTEIRAS PAULISTAS<br />

VICENTE JOSÉ FúLF ARO., KENITIRO SUGUIO.,<br />

WALDIRLOPES PONÇANO..<br />

ABSTRACT<br />

The Slo Paulo State coastal plaina heve a otrOug slmi1arity in their .tratigraphic coIumn and thu. <strong>de</strong>mon.tratiug<br />

!' 8&IDe.<br />

pological evolution. Geomotphologically tbey can be divi<strong>de</strong>d into', compartmenta tbe largut on88 beiug .ltuated south of Sai>~-BertIoira<br />

area. To the north of this naturállimit only one compartment, Carsguatatuba, oa:1Íro M1lTOun<strong>de</strong>dby rock. of the Crysta1line Baaement. The<br />

.ame region is the Umit of two type. of coastline: a coast of emmeroion to the 80Uth end submersion to the north. Structuralline. are the<br />

natural limita of paulistas coastal plsins such as the ltatins fault. at the north 01Cananéia . 19uape region. the Cuhatlo and Paranapmema<br />

fault lines in the Santos. ltanheem . Perulbe area end the Camburu fault in the Caraguatatuba - coastal plain. A .trong Cenozoic fluviatile<br />

erosion conditioned by thoee fault \ines a110wedthe ftnnation of the ~nt c tal plain ares. with the .ubeequent marins ingreeaians.<br />

RESUMO<br />

A. planicies co.teira. paulista. apresentam coluna. estratigr6fica. .imilares <strong>de</strong>monstrando uma evoluçlo geológica similar.<br />

Geomorficamente 810 dividida. em compsrtimento., sendo 08 mais exten808 em área, localizado. 80 sul da regilo Santo. . Bertioga. Ao<br />

norte <strong>de</strong>ete limite natural somente um compartimento. o <strong>de</strong> Caraguatstuba, encontra-se embutido entre rache. do emba.amento cristalino.<br />

E..e meamo limite .epara a costa paulista em uma área com carscterlstica. <strong>de</strong> emerslo ao sul e .ubmerolo ao norte. As áreas ocupadas pela.<br />

planicie. coeteira. paulista. slo dominadas por fortes 1inhes estruturais como bS falhas <strong>de</strong> ltatins ao norte do Compartimento 19uape .<br />

Canenéia, falha <strong>de</strong> Cubatlo limitando o Compartimento Santo. - ltanheem . Perulbe, o alinhsmento estrutural do Paranapanema ao norte<br />

<strong>de</strong> Santo. e a falha do Camburu 00 Compartimento <strong>de</strong> Caraguatatuba. Ampla erosato fluvial durante o Cenozóico condicionada a es.es alinhamentos<br />

estruturais propiciaram a formaçlo doe largo. anfiteatros hoje ocupado. pelas planicies costairas.<br />

INTRODUçAO<br />

O litoral paulista foi palco, no Quaternário, <strong>de</strong> diversos processos <strong>de</strong> sedimentação,<br />

que lhes imprimiram feições locais, permitindo dividi-Io em seções ou compartimentos distintos<br />

(Fig.1).<br />

.IGIUSP<br />

..IPT /SP<br />

-~


o . 10 20 30 40<br />

Fig. 1 -<br />

K..<br />

.<br />

50<br />

Planícies costeiras<br />

do Estado <strong>de</strong> Sao - Paulo mostrando ~ arte<br />

controle estrutural.<br />

.?<br />

.<br />

sÃo PaULO<br />


FÚLFARO, SUGUIO, PONÇANO 39<br />

Ao norte uma costa em que predominam pequenas enseadas e praias <strong>de</strong> bolso possui<br />

características <strong>de</strong> uma costa <strong>de</strong> submersão, oom significativas diferenças tanto granulométricas<br />

como mineral6gicas com a área sul (Fúlfaro e Coimbra, 1972 : 253-255). A enseada <strong>de</strong> Cara.<br />

guatatuba, com mais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> quilômetros <strong>de</strong> comprimento, constitui a maior extensão<br />

<strong>de</strong> planície costeira com praia contínua <strong>de</strong>ssa faixa.<br />

A gran<strong>de</strong> predominância <strong>de</strong> planícies costeiras paulistas situa-se na faixa ao sul da<br />

á'ea Santos - Bertioga, tendo como representante mais setentrional a planície <strong>de</strong> Santos e, em<br />

sentido S, as faixas sedimentares costeims <strong>de</strong> Santos - Peruíbe - Iguape, interrompidas ocasionalmente<br />

por pontões do cristalino <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pré.cambriana. De Iguape ao sul <strong>de</strong> Cananéia<br />

encontra-se a maior das planícies costeiras paulistas, que ocupa o baixo vale do Rio Ribeira.<br />

Nesta área, costas retilineas formadas predominantemente por cordões litorâneos progradantes<br />

mo<strong>de</strong>lam a costa, sendo a sua granulometria um reflexo do retrabalhamento <strong>de</strong> sedimentos mais<br />

antigos, também marinhos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> cenozóica, pertencentes à Formação Cananéia (Suguio e<br />

Petri, 1973).<br />

A região <strong>de</strong> Santos - Bertioga, já mencionada, constitui um limite entre duas áreas<br />

tE comportamento diverso quanto ao ambiente geral <strong>de</strong> sedimentação costeira. Ao norte da Ponta<br />

da Boracéia, a única área significativa <strong>de</strong> planície costeira paulista é a <strong>de</strong> Caraguatatuba. Ao<br />

sul <strong>de</strong>sta ponta, mesmo on<strong>de</strong> as planícies são mais contínuas, acham-se separados por pequenos<br />

pontões do embasamento cristalino. Manchas <strong>de</strong> rochas cristalinas do mesmo grupo, representando<br />

possivelmente ilhas pretéritas próximas <strong>de</strong> uma antiga linha <strong>de</strong> costa, encontram-se dispersas<br />

nessas planícies. A ilha <strong>de</strong> Santo Amaro, juntamente com a faixa <strong>de</strong> cristalino que vai <strong>de</strong><br />

Peruíbe à Praia do Una, são uns dos poucos aci<strong>de</strong>ntes a quebrar a homogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma costa<br />

ten<strong>de</strong>ndo a retilinida<strong>de</strong>.<br />

Compartimento <strong>de</strong> Caraguatatuba<br />

DESCRIÇÃO DAS PLANÍCIES COSTEIRAS<br />

A planície <strong>de</strong> Caraguatatuba apresenta uma área total <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 70 km2, pouco ultrapassado<br />

o seu comprimento a uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> km.<br />

As características sedimentol6gicas das areias <strong>de</strong> suas praias, incluindo, granulometriae<br />

mineralogia, foram estudadas por Freitas (1960) e Fulfaro e Coimbra (op. cit.). Segundo estes estudos<br />

a fonte <strong>de</strong> sedimentos é predominantemente o embasamento cristalino, conforme atestam a hete.<br />

rogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus diâmetros médios (variando <strong>de</strong> 0,20 a 0,80 mm) e a composição <strong>de</strong> minerais pe.<br />

sados.<br />

Neste trecho, os processos <strong>de</strong> erosão e <strong>de</strong>posição seriam governados por uma corrente<br />

paralela à costa, vinda do norte, com a linha <strong>de</strong> costa apresentando características <strong>de</strong> baías encurvadas<br />

na forma da letra grega zeta segundo Fulfaro e Coimbra (op. cit.). Utilizando a classificação<br />

geomorfol6gica <strong>de</strong> Cotton (1952), Freitas (op. cit.) caracteriza o litoral entre Caraguatatuba<br />

e {]batuba como sendo do tipo transversal, em que as praias se dispõem transversal.<br />

mmte à linha <strong>de</strong> costa. Embora tenha encontrado fortes evidências <strong>de</strong> progradação marinha,<br />

através <strong>de</strong> seus estudos granulométricos, o que indicaria costa em emersão, o autor classificou a<br />

ca;;ta estudada como sendo do tipo genético <strong>de</strong> submergência. Além disso, Freitas (op. cit.) teria<br />

verificado, também por exames sedimentológicos, que há maior afogamento da costa entre<br />

Caraguatatuba e Ubatuba, portanto ao norte, que no trecho entre São Sebastião e Caraguatatuba,<br />

situado mais ao sul. A idéia reinante na época era <strong>de</strong> que teria havido um afogamento<br />

wstático no Pleistoceno Médio e o atual ambiente seria <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> tectônica. No entanto,<br />

segundo se manifestou Silveira (1952), "a idéia <strong>de</strong> submersão parece chocar-se com numerosos<br />

sinais <strong>de</strong> levantamento". Recentemente, com a <strong>de</strong>finição dos grantEs traços tectônicos da área<br />

(Fulfaro, 1974; Fulfaro e Ponçano, 1974) o afogamento eustático da área é explicado por rebaixamento<br />

da costa neste trecho, conferindo-lhe as características atuais <strong>de</strong> submersão. As<br />

características progradantes dos <strong>de</strong>pósitos sedimentares atestam a juventu<strong>de</strong> do evento.<br />

Compartimento Santos' Itanhaem . Peruíbe<br />

A planície que constitui este trecho da costa do Estado <strong>de</strong> SIo Paulo é bastante


40 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

ampla, ocupando uma área superior a 1000 km2. Esta planície chega a apresentar uma largura<br />

máxima <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 30 km ao norte <strong>de</strong> Cubatio. Nessa região ocorrem praias com mais <strong>de</strong> 40<br />

km <strong>de</strong> extensão.<br />

No compartimento em questão Encontra-se toda uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas geomorfà6gicas<br />

que caracterizam uma zona costeira, tais como,. praias, largas zonas <strong>de</strong> dunas, mangues<br />

e estuários, diferentemente dos <strong>de</strong>mais compartimentos da costa paulista.<br />

No trecho litorâneo que compreen<strong>de</strong> a Baixada Santista, assim como acontece com os<br />

outros compartimentos das planícies cóstl'Íras paulistas, as áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição quatemária,<br />

inicialmente em forma <strong>de</strong> enseadas, avançam para o interior acompanhando pequenos vales<br />

fluviais. Representam assoreamento, que ainda hoje se vem processando, das reentrâncias da<br />

linha costeira, abrigadas entre promotórios, que da serrania costeira a<strong>de</strong>ntram o mar.<br />

Exceto trabalhos <strong>de</strong> cunho geomorfológico (Ab'Saber, 1955, 1965; Almeida, 1964)<br />

pouco tem sido, aparentemente, o interesse <strong>de</strong>spertado pela região, para pesquisas geológicas<br />

8p'Ofundadas. No estudo <strong>de</strong> FulfaroeCoimbra pp. cit.) amostras <strong>de</strong>ssa região também foram<br />

tratadas, notando-se uma diminuição do diâmetro médio das areias das praias <strong>de</strong>ssa região Em<br />

relação ao Compartimento <strong>de</strong> Caraguatatuba. Este fato fora constatado também por Freitas<br />

(1951), ao estudar as areias da praia <strong>de</strong> Bertioga. A seleção das areias é também pior no litOral<br />

norte e melhor ne~ compartimento.<br />

Correntes paralelas à costa, vindas do SE, têm sido <strong>de</strong>scritas e o diâmetro médio das<br />

areias das praias <strong>de</strong>cresce ligeiramente do sul para o norte. No entanto, não é possível utilizar-se<br />

!UDente os resultados <strong>de</strong> análises granulométricas na interpretação <strong>de</strong>sses fatos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os<br />

<strong>de</strong>pósitos são constituídos <strong>de</strong> sedimentos retrabalhados, po<strong>de</strong>ndo ter herdado as características<br />

da fonte, pouco refletindo as condições atuais <strong>de</strong> sedimentação. Devido às intensas flutuações <strong>de</strong><br />

pólos climáticos durante as glaciações quaternárias, influindo no padrão <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> ventos<br />

responsáveis pelas correntes paralelas à costa, é sempre arriscado usarmos as caracteristicas impressas<br />

nos sedimentos para analisarmos os padrões atuais da sedimentação.<br />

Compartimento <strong>de</strong> Iguape -Cananéia<br />

As planícies <strong>de</strong> Iguape -Cananéia representam a região <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

S!dimentação costeira cenozóica no Estado <strong>de</strong> São Paulo. A sua área aproxima-se <strong>de</strong> 2.000 km2<br />

e apresenta uma largura máxima <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 23 km ao norte da foz do Ribeira <strong>de</strong> Iguape. Nessa<br />

região encontram-se as mesmas 'feições morfológicas da área <strong>de</strong> Santos - Itanhaem - Peruíbe.<br />

Por outro lado, caracteriza esta região a existência da Ilha Comprida e da Ilha <strong>de</strong> Cananéia, ambas<br />

feições sedimentares <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> cenozóica, separando 2 canais principais que <strong>de</strong>finem zonas<br />

lagunares.<br />

As caractensticas sedimentológicas dos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong>ste trecho foram estudadas por<br />

Fulfaro e Coimbra (op. cit.) e por Suguio e Petri (op. cit.: 1 - 20).<br />

Nesta área mostra-se melhor <strong>de</strong>senvolvida a Formação Cananéia, que parece ter-se<br />

constituído em principal fonte <strong>de</strong> sedimentos para as planícies costeiras paulistas ao sul da Ponta<br />

da Boracéia, anteriormente mencionada. Além das antigas ilhas <strong>de</strong> rochas do embasamento<br />

aistalino <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pré-cambriana, são encontradas intrusões alcalinas do Morro do São João<br />

(situado na Ilha <strong>de</strong> Cananéia) e Morrete (situado na Ilha Comprida), ambas com 80 m.a. <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>.<br />

CONTROLE ESTRUTURAL<br />

A área <strong>de</strong> Caraguatatuba é uma ocorrência isolada em uma linha <strong>de</strong> costa atualmente<br />

<strong>de</strong>sfavorável ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> planícies costeiras, sendo uma área isolada no meio <strong>de</strong><br />

rochas do embasamento cristalino. Ao sul, a separação dos compartimentos Santos - Itanhaem-<br />

Peruíbe e Iguape - Cananéia é estabelecida pelo pontão <strong>de</strong> cristalino ao Sul <strong>de</strong> Peruíbe. Em uma<br />

rosta que revela um levantamento contínuo e generalizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim do Cretáceo, concomitante<br />

com o afundamento da Bacia <strong>de</strong> Santos (Miranda, 1972), portanto com evi<strong>de</strong>ntes características<br />

tectônicas, é <strong>de</strong> se estranhar a localização das planícies costeiras em compartimentos<br />

isolados (Fig. 1).<br />

A explicação da localização <strong>de</strong>stas planícies está justamente nas gran<strong>de</strong>s estruturas


-----....-<br />

FÚLFARO, SUGUIO, PONÇANO 41<br />

t:ecoonicas que condicionaram a escultura por erosão a partir da re<strong>de</strong> fluvial. Estes eventos tornaram-se<br />

mais claros a partir do conhecimento da estratigrafia dos sedimentos das planícies costeiras,<br />

que revelaram na base <strong>de</strong>pósitos conglomeráticos assoreando paleovales da antiga fase <strong>de</strong><br />

erosão fluvial, que assolou a área em um regime <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> base diferente do atual. Essa se-<br />

steriormente ocupados pelas ingressões marinhas do Quaternário que os assorearam, aumentando<br />

a sua faixa por construção sucessiva <strong>de</strong> cordões arenosos durante a fase eustática negativa<br />

seguinte.<br />

Aparentemente a costa do Estado <strong>de</strong> São Paulo está, nos dias atuais, em franca<br />

emergência, <strong>de</strong> maneira mais acentuada na região 19uape - Cananéia e com menor intensida<strong>de</strong><br />

na área <strong>de</strong> Caraguatatuba. Esta ascenção diferencial da linha <strong>de</strong> costa explicaria a característica<br />

<strong>de</strong> submergência encontrada no litoral norte.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

AB'SABER ,A. N. . 1966 . Contribuição à geomorfologia do litoral paulista. Revl8ta BIII8IIeIra <strong>de</strong> a..ralla, 1m <strong>de</strong> Jaoeiro, 18(11:3-48.<br />

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------<br />

--- -


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Stratigraphy 01 the 19uape.Cananéia iagoonal region sedirnentary <strong>de</strong>posits, São Paulo State, Brazi! .<br />

pt.l<br />

- Field observations and geaiu size analysis. Boletim do Instituto <strong>de</strong> Geociêucias da USP. São Paulo, 4:1-20.


ESTUDO DAS TEND~NCIAS DE CIRCULAÇÃO<br />

DAS ÁGUAS DE SUPERFÍCIE DA LAGOA DOS PATOS<br />

REN ATO HERZ.<br />

ABSTRACT<br />

The coastal province of Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrazU, has a very complex hydrographical structure where Patos Lagoon is the largest<br />

fresh water surfsce. Seasonal charsctsristics of the hydrological regime cause different contrast on the ERTS.I, and SKYLAB orbital imsges by the<br />

suspen<strong>de</strong>d matter from which we can interpret the surface water distribuiUon pattem8. Morphological, meteorologicaJ andhydrological variable8<br />

will be consi<strong>de</strong>red in each period 8imultaneou8ly with the 8atallite image8, in an sttampt to discover tbe circulation of surface waters insi<strong>de</strong> the Iagoon.<br />

The propo8al of a circulation mo<strong>de</strong>l wUl contribute greatly to the un<strong>de</strong>ratanding of the Quaternary processes in the 80Uth BrazUian cosstal<br />

region.<br />

RESUMO<br />

Interpretações preliminare8 <strong>de</strong> imagens orbitais pelo satélite ERTS.I e laboratório e8pacial SKYLAB <strong>de</strong>monstram gran<strong>de</strong><br />

potencialida<strong>de</strong> no levantemento <strong>de</strong> eventos hidrográficos e oceanográficos estudados em escala regional.<br />

Os primeiros resultados obtidos com a aplicaçAo <strong>de</strong> imagens multiespectrais, revelam a possibUida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão sinótica<br />

<strong>de</strong> fatos dinâmicos através <strong>de</strong> análise8 repetitivas <strong>de</strong> imagensobtida8 80bre a costa do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

A proposiÇão <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo saronal <strong>de</strong> circulaçAo para as águas <strong>de</strong> SUperf'lCie <strong>de</strong> Laguna dos Patos e rona costeira, po<strong>de</strong>rá<br />

contribuir eficientemente nas interpretações dos processos atuais usando o material em suspensAo como traçador natural.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Brasil sul, em sua região costeira, é caracterizado por sedimentos recentes que justificam<br />

fisiograficamente a Província Costeira do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Esta unida<strong>de</strong> geomorfológica<br />

cobre uma área <strong>de</strong> 47.100 km2 distribuída por uma faixa alongada <strong>de</strong> largura média <strong>de</strong> 90<br />

km no sentido NE-SO.<br />

Complexo sistema hidrográfico abastece o sistema lagunar, drenando as vertentes <strong>de</strong><br />

noroeste, distribuídas por 198.672 km2 la<strong>de</strong>ando a planície costeira. As bacias fluviais que compõem<br />

o sistema, contribuem cada qual, com diferentes <strong>de</strong>scargas sólido-líquidas dando origem a<br />

um intenso processo <strong>de</strong> mistura das diferentes concentrações sedimentares contidas pelas águas<br />

das lagoas Mirim e dos Patos. Diferentes litologias, que compõem as bacias <strong>de</strong> captação, fornecem<br />

contigentes sedimentares diferentes, transportados em suspensão pelas águas, em função<br />

do produto originado <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> intemperismo, bem como da variação sazonal dos níveis <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scarga dos referidos rios e do regime climático em cada bacia hidrográfica.<br />

*INPE<br />

--


44 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

As imagens orbitais produzidas durante 1973 pelo satélite ERTS-1 e estação espacial<br />

SKILAB, permitem acompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sses processos, a partir <strong>de</strong> interpretação da<br />

distribuiçio dos padrões <strong>de</strong> cinza em.düerentes contrastes sobre as imagens multiespectrais MSS e<br />

SI90-A.<br />

Interpretações elaboradas sobre imagens obtidas em diferentes passagens sobre a<br />

região, permitem a observaçio do fato dinâmico que <strong>de</strong>fine o comportamento das águas lagunares<br />

<strong>de</strong> superfície por sua tendência <strong>de</strong> circulação, consi<strong>de</strong>rando a distribuição dos ventos na<br />

ocasião da tomada <strong>de</strong> cada imagem.<br />

,<br />

. o<br />

.<br />

COSTA SUL-BRASIL<br />

o .<br />

Fig. 1 - Detalhe da Carta Náutica n~ 90 (DHN) apresentando a Província Costeira do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

MÉTODO DE ESTUDO<br />

--~<br />

I<br />

+<br />

I<br />

--J<br />

o estudo preliminar das imagens resultou no reconhecimento <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> cinza <strong>de</strong><br />

diferentes contmstes.<br />

A partir do mapeamento dos bordos <strong>de</strong> convergência dos contrastes <strong>de</strong> cinza, relativos<br />

ao material em suspensão em diversas concentrações, levado pelas águas, obteve-se algumas<br />

cartas <strong>de</strong> distribuição. Consi<strong>de</strong>rando os ventos atuantes no instante da tomada das


----------<br />

HERZ 45<br />

imagens, procurou-se inferir as tendências da circulação associando mo<strong>de</strong>los dinâmicos propostos<br />

em trabalhos experimentais no campo da hidrodinâmica, procurando justificar a inferência do<br />

sentido do fluxo pela análise da distribuição das formas mapeadas.<br />

O resultado obtido da aplicação <strong>de</strong>sse método po<strong>de</strong> ser observado nos esquemas<br />

apresentados nas Figuras 2 e 3, ficando bastante evi<strong>de</strong>nciadas a atuação do vento sobre as<br />

águas <strong>de</strong> superfície bem como a importância dos débitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> alguns rios na distribuição<br />

das tendências <strong>de</strong> circulação no interior da bacia lagunar.<br />

As imagens multiespectrais utilizadas, foram obtidas nas faixas do laranja e vermelho,<br />

produzindo mais <strong>de</strong>talhes com relação ao fato discutido, pois a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolução<br />

ffiPOCtraldas mesmas é excelente, discriminando diferentes concentrações sedimentares, <strong>de</strong> cores<br />

amarelo e vermelho, como é o caso estudado. As cargas sólidas transportadas pelas águas<br />

fluviais possuem quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> sedimentar bem distinta, que respon<strong>de</strong> diferentemente<br />

aos característicos da penetração da luz na água, segundo as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> absorção, espalhamento<br />

e reflexão sobre as partículas em suspensão. Isto permite que nas imagens estudadas o<br />

pesquisador possa i<strong>de</strong>ntificar por diferentes padrões <strong>de</strong> cinza, as diversas concentrações sólidas<br />

distribuídas pelas águas no interior da Laguna dos Patos.<br />

'11<br />

Fig. 2 - Esquema <strong>de</strong> interpretação da imagem ERTS-1338-12475 obtida a 26 <strong>de</strong><br />

junho <strong>de</strong> 1973 e inclusa no mosaico geral em escala 1/1.000.000.<br />

32°<br />

,


46 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

IMAGENS<br />

INTERPRETAÇÃO<br />

As imagens consi<strong>de</strong>radas nas interpretações visuais foram obtidas através <strong>de</strong> 2 sistemas<br />

distintos aplicados ao estudo <strong>de</strong> recursos naturais. O satélite ERTS-1 e a estação espacial<br />

SKYLAB produziram no ano <strong>de</strong> 1973 uma série <strong>de</strong> imagens que serviram <strong>de</strong> apoio para a constituição<br />

<strong>de</strong> mosaicos fotográficos em escala <strong>de</strong> 1/1000000.<br />

DATA ESPAÇONAVE SENSOR<br />

26 JUN ERTS-l MSS<br />

1 SET SKYLAB S190A<br />

24 SET ERTS-l MSS<br />

Os resultados <strong>de</strong> interpretação propondo uma circulação <strong>de</strong> superfície para as águas<br />

m Laguna dos Patos, foram obtidos consi<strong>de</strong>rando algumas variáveis como distribuição geral dos<br />

ventos, <strong>de</strong>scargas fluviais e marés no momento da tomada da imagem; em cada caso, consirerando<br />

a conjuntura das citadas variáveis provoca um sistema <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> águas <strong>de</strong><br />

supemcie próprio <strong>de</strong> acordo com a atuação <strong>de</strong> cada uma. Além disso, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompmhar<br />

a região por observações <strong>de</strong> imagens repetitivas dá ao pesquisador a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

concluir sob um global e sinótico aspecto, o comportamento regional <strong>de</strong> alguns fatos hidrodinimicos.<br />

As primeiras comparações estabelecidas revelaram o fato <strong>de</strong> que ventos <strong>de</strong> inten-<br />

!ida<strong>de</strong> regular, abaixo <strong>de</strong> 5 nós, po<strong>de</strong>m provocar uma circulação semelhante à apresentada na<br />

Figura 3 on<strong>de</strong> as <strong>de</strong>scargas fluviais assumem uma importância maior na manutenção <strong>de</strong> um sistema<br />

<strong>de</strong> circulação.<br />

Quando os ventos assumem intensida<strong>de</strong>s maiores que 5 nós, aquela distribuição vai<br />

se modificando, po<strong>de</strong>ndo chegar a uma distribuição diferente quando o cizalhamento arrasta as<br />

águas no sentido em que sopra o vento. No mosaico que é composto <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> setembro<br />

percebe-se o fato nitidamente; nesse caso o vento sopra <strong>de</strong> NE com 10 nós <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong><br />

provocando um fluxo contínuo na distribuição das águas <strong>de</strong> supemcie arrastado <strong>de</strong> NE<br />

para SW não se i<strong>de</strong>ntificando mais a circulação celular proposta nas imagens <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> junho e 12 <strong>de</strong><br />

setembro.<br />

LAGOA DOS PATOS<br />

INTERPRETAÇÃO OA CIRCULAÇÃO OE 5UPERflCIE<br />

SKYLAB .5ENSOR 5180A '5U RLZ.<br />

Fig. 3 - Esquema <strong>de</strong> interpretação do mosaico elaborado com imagens da Estação Espacial SKYLAB obtidas<br />

em 1~ <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1973.<br />

A correlação dos esquemas <strong>de</strong> interpretação das imagens com a carta batimétrica nJl.<br />

2140 da DHN do Ministério da Marinha, estabelece que a morfologia do fundo influi na circulação<br />

proposta para situações <strong>de</strong> ventos normais <strong>de</strong> fraca intensida<strong>de</strong>. A margem noroeste da<br />

---.-<br />

-----.---


HERZ 47<br />

laguna recebe fluxos <strong>de</strong> águas <strong>de</strong>slocados em vórtices <strong>de</strong> sentido horário <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a margem SE on<strong>de</strong> há<br />

um fluxo que se move no sentido SW, ou seja, para a barra <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>. Possivelmente<br />

a redução da velocida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>slocamento dos v6rtices celulares provoca uma sedimentação, por<br />

gravida<strong>de</strong>, do material sólido transportado pelas águas, contribuindo para um espt*!samento dos<br />

repásitos naquela margem. A margem oposta (SE) mantém profundida<strong>de</strong>s em tomo <strong>de</strong> 6 m,<br />

ten<strong>de</strong>ndo à superfície num <strong>de</strong>clive muito rápido por on<strong>de</strong> passam os fluxos d'água que alimentam<br />

os vórtices, mantendo-se numa intensida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o transporte <strong>de</strong> material é intenso.<br />

Futuros levantamentos <strong>de</strong> campo a serem realizados na área simultaneamente com a<br />

passagem do satélite, <strong>de</strong>verão efetivar a proposição estabelecida pelas correlações extraídas <strong>de</strong><br />

alguns trabalhos parciais já existentes, no sentido <strong>de</strong> documentar e aperfeiçoar os resultados<br />

preliminares apresentados nesta oportunida<strong>de</strong>.<br />

... ,...<br />

onorte<br />

0,<br />

.1 10'. ..<br />

....-.........-<br />

Fig. 4 - Carta Batimétrica da Lagoa dos Patos realizada a partir dos dados representados na<br />

Carta Náutica n~ 2140 (DHN).<br />

CONCLUSÃO<br />

Das observações já realizadas, o que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado é sobretudo, a capacida<strong>de</strong><br />

repetitiva e sinótica das informações. Em se tratando <strong>de</strong> um fato dinâmico, é evi<strong>de</strong>nte que a in-


48 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO Of GfOf.OGfA<br />

terpretação sistemática das imagens representará a curto prazo o apoio efetivamente necessário<br />

às pesquisas que eventualmente possam ser <strong>de</strong>senvolvidas na área <strong>de</strong> processos atuais sobre a<br />

região.<br />

A continuida<strong>de</strong> do trabalho <strong>de</strong> pesquisa proposto nesta oportunida<strong>de</strong>. enquadra-se no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do Projeto Rio Gran<strong>de</strong> do Sul <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do Instituto <strong>de</strong> Pesquisas<br />

Espaciais, através do Programa SERE, iniciado em maio <strong>de</strong> 1974 e programado para o biênio<br />

1974-1975.<br />

AMERICAN GEOLOGICAL INSTITUTE<br />

logical Institute.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

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HERZ. R. . 1973. Lale.421. São José dos Campos. SP.


SEQUÊNCIAS DE ALTERAÇÃO NA REGIÃO<br />

DA SERRA DO LIMOEIRO, SP<br />

R. P. DIASFERREIRA*,J. P.QUEIROZNETO*<br />

ABSTRACT<br />

The surface materiaIs af Serra do Limoeiro region were interpreted consi<strong>de</strong>ring the weathering sequence, and related to<br />

regional landscape elements, mainly the topographic situation and the morphological and ansiytical characteristics of the corresponding soil<br />

profiles,<br />

The ol<strong>de</strong>r materiais are represented by rernnants oflateritic crust situated on the summit of the Serra do Limoeiro, and were formed<br />

probably during the Tertiary, The thick sandy sediment covering the Santo Inácio Plateau ia believed to be related to the N eogenic<br />

surface (plio.Pleiatocenel. The surface <strong>de</strong>posits, corresponding to slope colluvial materiais, were tentatively dated as Pleistocene and Holocene,<br />

on the basis of their topographic situation, the <strong>de</strong>gree of evolution and their pedogenetic processes.<br />

RESUMO<br />

Pesquisas efetuadas sobre as formações superficiais na região da Serra do Limoeiro, pennitiram a interpretação em termos<br />

<strong>de</strong> cronologia <strong>de</strong> alteração. relacionada com outros elementos da paisagem regional. sobretudo a posição ocupada. e as características moro<br />

fológicas e ansiíticas dos perfis <strong>de</strong> solo correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

Os materiais mais antigos são representados por restos <strong>de</strong> couraças ferruginosas do reverso da Serra, cuja gênese remontaria<br />

ao Terciário. Sedimentos arenosos espeasos do platõ do Santo Inácio estariam relacionados à superfície neogênica (Plio-Pleistoceno). As<br />

outras formações superficiais, correspon<strong>de</strong>ntes a colúvios <strong>de</strong> vertentes, são tentativamente colocadas no Pleistoceno e Holoceno, em função<br />

da posição que ocupam, grau <strong>de</strong> evolução e processos pedogenéticos responsáveis pela sua evolução.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Serra do Limoeiro, com sua ponta avançada da Barra Mansa, constitui pequena<br />

parcela da chamada cuesta arenítlco-basáltica <strong>de</strong> Botucatu. Sua singularida<strong>de</strong> é representar, ao<br />

rresmo tempo, a zona <strong>de</strong> contacto entre a Depressão Periférica e o Planalto Oci<strong>de</strong>ntal, e uma<br />

parcela do divisor <strong>de</strong> águas do Tieté e Paranapanema.<br />

Foi possível individualizar na região 3 compartimentos distintos, separados por escarpamentos<br />

<strong>de</strong> importâncias diversas, e em situações altimétricas particulares.<br />

Pesquisa financiada pela F APESP<br />

°IG /USP


50 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A 500-600 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, sobre arenito Botucatu e siltitos Estrada Nova, a NE, a<br />

porção drenada pelos rios do Peixe e Bonito.<br />

O platô do Santo Inácio, a SW, entre 600-700 m, nível intermediário, separa-se do<br />

anterior por frente escarpada <strong>de</strong> arenito Botucatu-Pirambóia, que domina a margem esquerda do<br />

alto curso do Bonito.<br />

O reverso da Serra do Limoeiro, a 900-1000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, representa os restos da<br />

&lperficie cimeira regional, sobre Bauru. Distingue-se na paisagem pelo seu front escarpado <strong>de</strong><br />

200 a 300 m <strong>de</strong> <strong>de</strong>snível, constituído por arenitos e basaltos na face sul e arenitos na leste.<br />

.<br />

~ooo<br />

sw<br />

800<br />

11/....<br />

800 .'"<br />

0.'\.<br />

400<br />

li/L..<br />

i<br />

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...<br />

: " r<br />

8 8<br />

.§ i<br />

o . . . 15 18 11,.<br />

Fig.l-Corte esquemático mostrando os principais compartimentos com os solos correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

Essas 3 áreas representam ~tapas da própria evolução da paisagem (Dias Ferreira,<br />

inédito). O topo da Serra do Limoeiro e do Morro do Bofete correspon<strong>de</strong>m a restos da superfície<br />

cimeira regional, relacionada à superfície das Cristas Médias <strong>de</strong> De Martonne (1940) ou pediliano<br />

Pd3 <strong>de</strong> Bigarella e Mousinho (1965). Ela apresenta 2 níveis gerais, o mais elevado pós<strong>de</strong>posição<br />

cretácea superior e testemunhado por pequena chapada <strong>de</strong> arenito Bauru. O mais extenso<br />

oorrespon<strong>de</strong> às colinas <strong>de</strong> topo quase aplainado que circundam o vale do Rio Pardo.<br />

A face sul da escarpa arenítico-basáltica da Serra apresenta patamares, alguns re.<br />

lacionáveis a topos <strong>de</strong> morros isolados situados bem mais ao sul da área pesquisada (MOlTO<br />

Alegre, da Fortaleza, Sarandi, etc.). Isso faz supor, para alguns, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> constituirem<br />

restos <strong>de</strong> extensa superfície aplainada (Pd2 <strong>de</strong> Bigarella e Mousinho), posterior à das Cristas<br />

Médias. Já embutida nesta, correspon<strong>de</strong> à uma primeira etapa dos processos <strong>de</strong> formação da<br />

Thpressão Periférica. Po<strong>de</strong>ria estar relacionada à superfície intermediária <strong>de</strong>finida por Christofoletti<br />

e Queiroz Neto (1966) na região da Serra <strong>de</strong> Santana.<br />

O platô do Santo lnácio representa uma fase <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> entalharnento da superfície <strong>de</strong><br />

cimeira com posterior expansão da Depressão Periférica, tendo sido elaborado posteriormente às<br />

Cristas Médias. Seria também anterior à gran<strong>de</strong> fase <strong>de</strong> pediplanação que "<strong>de</strong>ixou os maiores<br />

wstigios nas superfícies interplanálticas extensivas (= superfície <strong>de</strong> Rio Claro) que nivelaram os<br />

cimos dos principais interflúvios da Depressão Periférica" (Penteado, 1974). Correspon<strong>de</strong>ria à<br />

superfície <strong>de</strong> Urucaia, <strong>de</strong>finida nas proximida<strong>de</strong>s da Serra <strong>de</strong> Santana por Penteado (1968), ou<br />

superficie neogênica I.<br />

Segue-se fase <strong>de</strong> entalhamento bem menos pronunciada que a anterior, já que a<br />

pediplanação que sobrevem <strong>de</strong>senvolveu-se cerca <strong>de</strong> 40-50 m apenas abaixo da superfície do Santo<br />

lnácio. Essa nova fase <strong>de</strong> pediplanação, que elabora a superfície interplanáltica <strong>de</strong> Rio Claro,<br />

a mais extensamente representada hoje em dia no dizer <strong>de</strong> Penteado, e situada por este autor no<br />

final do Neogeno, <strong>de</strong>ixou testemunhos nos interflúvios do sistema Peixe-Bonito.<br />

Após essa fase <strong>de</strong> plainação lateral, durante o Quartenário os processos <strong>de</strong> enta-<br />

Ihamento fluvial, tanto no reverso como nas áreas pré-frontais, conferiram à paisagem seus aspectos<br />

atuais. Os vales em V ou U, abertos ou fechados, com <strong>de</strong>graus escarpados ou vertentes<br />

regularizadas, em patamares mais amplos a juzante, contendo baixos terraços ao longo das várzeas,<br />

testemunham as ações erosivas, as pulsações climáticas e a resistência diferencial das<br />

diferentes litologias.<br />

Em nenhum ponto da área estudada foram encontrados indicios seguros <strong>de</strong> tectônica<br />

rrn<strong>de</strong>rna, e os elementos <strong>de</strong>scritos não se mostram <strong>de</strong>slocados. Parece confirmar-se, assim, a observação<br />

<strong>de</strong> Soares (1973) <strong>de</strong> que a evolução teria sido sobretudo erosiva, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>: "um<br />

movimento epirogenético positivo, muito lento, agindo em impulsos, e basculante para oeste".<br />

~"LI<br />

:J.l


FERREIRA, QUEIROZ NETO 51<br />

Não produziria rupturas com movimentos em blocos, mas seria responsável pelas sucessivas<br />

retomadas <strong>de</strong> erosão, seguidas <strong>de</strong> fases <strong>de</strong> plainação lateral, que teriam originado patamares das<br />

mcbstas, os níveis <strong>de</strong> terraço e a própria várzea atual.<br />

As pesquisas permitiram verificar que cada parcela apresenta formações superficiais e<br />

9>los característicos, em diferentes estágios <strong>de</strong> alteração, e com proprieda<strong>de</strong>s pedogenéticos<br />

variadas.<br />

AS FORMAÇOES SUPERFICIAIS<br />

Os trab~hos <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> campo das formações superficiais foram efetuados<br />

concomitantemente com os levantamentos geológico e geomorfológico (Dias Ferreira, inédito).<br />

De inicio foram fotografias aéreas, que permitiram <strong>de</strong>limitar as ocorrências <strong>de</strong> sedmentos<br />

arenosos muito espessos, não consolidados, que recobrem extensivamente o platô do<br />

Santo Inácio e gran<strong>de</strong> parte dos topos dos espigões do sistema Peixe-Bonito.<br />

Foram também assinaladas as áreas <strong>de</strong> formações pouco espessas: face escarpada leste da<br />

Serra do Limoeiro, algumas partes da face sul, correspon<strong>de</strong>ndo a afloramentos respectivamente <strong>de</strong><br />

Botucatu e Basalto. O mesmo com as vertentes mais íngremes do Peixe, Bonito e afluentes, on<strong>de</strong><br />

ocorrem <strong>de</strong>graus escalonados ocasionados por lentes mais argilosas em estratos plano-paralelos da<br />

facies aquosa do Botucatu. Formações pouco espessas ocorrem também na ruptura <strong>de</strong> nível, escarpada,<br />

das bordas do pequeno platô do Bauru, no topo da Serra.<br />

As formações mais arenosas, <strong>de</strong> espessura intermediária, também pu<strong>de</strong>ram ser<br />

mapeadas nessa fase, e ocorrem sobretudo nas vertentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s médias do sistema<br />

Peixe-Bonito. Correspon<strong>de</strong>m com freqüência a encostas <strong>de</strong> colinas cujos topos apresentam formações<br />

arenosas espessas.<br />

Distinguiu-se também as áreas <strong>de</strong> formações superficiais mais argilosas, vermelho escuras,<br />

<strong>de</strong> espessuras variáveis. Recobrindo praticamente todo o reverso da Serra, com exceçãJ<br />

apenas <strong>de</strong> pequenas faixas mais arenosa, próxima à borda sul, aliás assinalada anteriormente<br />

pela Comissão <strong>de</strong> Solos (1960). As correspon<strong>de</strong>ntes a materiais provenientes da alteração <strong>de</strong><br />

rochas básicas, com ou sem remanejamento posterior, são encontradas sobretudo na face sul da<br />

Serra do Limoeiro.<br />

O reconhecimento <strong>de</strong> campo e as <strong>de</strong>scrições das formações superficiais obe<strong>de</strong>ceu a<br />

critérios empregados em levantamentos <strong>de</strong> solo (Instituto Agronômico, 1969). Foram i<strong>de</strong>ntificados<br />

os horizontes pedológicos com suas características, permitindo a <strong>de</strong>finição do tipo <strong>de</strong> solo.<br />

Conferiu-se especial importância à <strong>de</strong>finição dos tipos <strong>de</strong> contacto com o substrato, a fim <strong>de</strong> assinalar<br />

eventuais indícios <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> erosivas dos materiais <strong>de</strong> origem dos solos com as<br />

brmações geológicas sotopostas, <strong>de</strong> acordo com os critérios propostos por Queiroz Neto (1973).<br />

Foram coletadas amostras dos perfis mais representativos das formações superficiais,<br />

a fim <strong>de</strong> caracterizá-Ias laboratorialmente. Foram efetuados análises granulométricas, com separação<br />

da fração argila. Nesta foi efetuada i<strong>de</strong>ntificação minera lógica por difração <strong>de</strong> raios<br />

X, em aparelho Phillips Norelco, com tubo <strong>de</strong> cobre, da Seção <strong>de</strong> Pedologia do Instituto<br />

Agronêmico <strong>de</strong> Campinas. Em alguns perfis foram feitas <strong>de</strong>terminações das bases trocáveis,<br />

hidrogênio e alumínio trocáveis, permitindo o cálculo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> cátions e da<br />

saturação em bases. As análises foram efetuadas pela Seção <strong>de</strong> Pedologia do Instituto Agrommico<br />

<strong>de</strong> Campinas. Nas amostras foram ainda <strong>de</strong>terminados os teores <strong>de</strong> carbono total e o<br />

pH. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca específica das argilas foi calculada como indicou Queiroz Neto (1969) .<br />

Os resultados das análises, bem como as principais caracteristicas morfológicas das<br />

fonnações superficiais e tipos <strong>de</strong> solo correspon<strong>de</strong>ntes, acham-se representados nos Quadros 1 e<br />

2.<br />

A Figura 1 mostra a distribuição das diferentes formações superficiais e solos dos<br />

diferentes compartimentos.<br />

No reverso da Serra do Limoeiro aparece, extensivamente, material argiloso vermelho<br />

escuro, espesso, recobrindo os topos e as vertentes das colinas. Sobre o pequeno platô do BaunI,<br />

aparentam-se com Latossolos Roxo (LR, perfil 209), homogêneos morfologicamente, não tendo<br />

sido possivel observar a espessura total.<br />

Nas bordas do pequeno platô, sobretudo a leste, observa-se com freqüência a presen-


52 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Número e localização dos perfIS Espessura Tipo <strong>de</strong> contacto Tipo <strong>de</strong> solo<br />

Observada<br />

em<br />

Reverso da Serra<br />

207 -<br />

208 -<br />

209 -<br />

Escarpa da Serra<br />

29 -<br />

206 -<br />

210 -<br />

Encosta abaixo do platô 110 não observado Latossolo Vermelho<br />

do arenito Bauro Amarelo Húmico (LH)<br />

Encosta, sotoposto à cou- 200 Alteração do Bauro<br />

raça superior do platô do<br />

Bauro<br />

Topo do platô do Bauro 80 não observado Latossolo Roxo{Vermelho<br />

Escuro (LR/LE)<br />

Ombreira próxima ao topo 200 colúvio sobre Bronizem <strong>de</strong>gradado.<br />

paleossolo (Br)<br />

Patamar intermediário 80 colúvio sobre Terra Roxa Estroturada/<br />

120 paleossolo Latossolo Roxo (TE/LR)<br />

Base do Patamu interme- 100 contacto <strong>de</strong> Terra Roxa Estroturada<br />

diário alteração (7 ) (TE)<br />

Platô do Santo lnácio<br />

146 - Topo <strong>de</strong> colina 1000 não observado Regossolo Intergra<strong>de</strong> Latossolo<br />

Vermelho Amarelo,<br />

fase arenosa (R/LV a)<br />

158 - Topo <strong>de</strong> colina 700 Sobre alteração I<strong>de</strong>m<br />

Botucatu<br />

160 - Topo <strong>de</strong> colina 200 não observado I<strong>de</strong>m<br />

Colinas do Sistema Peixe-Bonito<br />

218 - Topo <strong>de</strong> espigão, margem 1000 erosivo sobre Regossolo Intergra<strong>de</strong> Latosé1li'eínLdo<br />

Bonito Botucatu altera- solo Vermelho Amarelo,<br />

do fase arenosa (R/LV a)<br />

219 -<br />

Topo <strong>de</strong> espigão, margem 100 contacto <strong>de</strong> al- Podzólico Vermelho Amaredireita<br />

do Bonito teração do Botu- 10,variação Laras (PVls)<br />

catu<br />

199 - Meia encosta, espigão 100 erosivo com I<strong>de</strong>m<br />

Paraná-Sobradinho stone-line<br />

220 -<br />

QUADRO 1<br />

Localização e características morfológicas principais dos perfis estudados.<br />

Margem direita do Peixe, 170 contacto <strong>de</strong> alte- Podzólico Vermelho Amaremeia<br />

encosta ração do Estrada 10, variação Piracicaba (PVp)<br />

Nova<br />

174 - Meia enc~ta, espigão 110 superposição Paleossolos Hidromórficos<br />

Tanque-Agua Rasa, cabe- <strong>de</strong> colúvios<br />

ceira <strong>de</strong> ravinamento<br />

ça <strong>de</strong> couraças ferruginosas, muitas vezes <strong>de</strong> aspecto conglomerático. No topo <strong>de</strong> pequenas<br />

oolinas, ao longo da estrada para Pardinho, foram encontrados verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> cascalho,<br />

representados por fragmentos da canga epe provém das couraças.<br />

----


FERREIRA, QUEIROZ NETO 53<br />

Para o norte, as formações são semelhantes às do topo do platô do Bauru. Nas<br />

lI"Oximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pardinho, originam Latossolos Roxo, em perfis homogêneos até mais <strong>de</strong> 100 cm<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Para o sul, foi possível verificar a presença freqüente <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s erosivas,<br />

sob a forma <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> pedras constituidas sobretudo por fragmentos da couraça, com alguns<br />

seixos <strong>de</strong> quartzo. Nesta parcela foram encontrados perfis <strong>de</strong> Latossolos Vermelho ~marelo<br />

Húmico (LH, perfil 207), com horizonte A escurecido e <strong>de</strong> espessura superior a 100 cm. Ainda<br />

aqui foi observada pequena mancha <strong>de</strong> Latossolo Vermelho Amarelo, fase arenosa (LVa), que<br />

parece ter-se originado <strong>de</strong> material proveniente da alteração do Bauru.<br />

Formações superficiais provenientes da alteração <strong>de</strong> rochas básicas ocorrem na vertente<br />

sul da Serra do Limoeiro. As menos espessas são encontradas nas partes <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clive,<br />

Jogo abaixo da escarpa. Apresentam-se geralmente como um colúvio muito grosseiro, heterométrico,constit1\.ído<br />

só por fragmentos <strong>de</strong> basalto, recobrindo a rocha. Também nas encostas<br />

00 Morro do Bofete ocorre material análogo. Apresentam uma matriz fina alterada e estão<br />

sotopostos a um horizonte A pouco espesso. Os solos <strong>de</strong>rivados foram <strong>de</strong>finidos como litossolos.<br />

Nas partes <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>clive as formações são mais espessas, mais alteradas,<br />

apresentando perfis <strong>de</strong> solo <strong>de</strong>senvolvidos com horizonte B textura!. Morfologicamente aparmtam-se<br />

aos Brunizems A vermelhados, constituindo-se em intergra<strong>de</strong>s para Terra Roxa Estruturada<br />

(Br, perfil 29). Repousam sobre colúvios grosseiros, constituídos <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> basalto<br />

com capa <strong>de</strong> alteração e matriz intersticial com características morfológicas análogas às do<br />

lDrizonte B. Em alguns locais foi possível observar a presença <strong>de</strong> paleossolos sob o colúvio.<br />

N os patamares das vertentes da Serra foram encontradas formações superficiais es-<br />

!Essas, sobre basalto, que geralmente aflora nas bordas. Essas formações constituem perfis <strong>de</strong><br />

solo com horizonte B textural, correspon<strong>de</strong>ntes às Terras Roxas Estruturadas (TE, perfil 210).<br />

Foi possível observar a presença <strong>de</strong> horizonte B3 sob o B textural, com estrutura maciça, que<br />

em alguns casos correspon<strong>de</strong>m a paleossolos enterrados. A transição entre os horizontes é nítida<br />

e abrupta, marcada também por vezes por fragmentos alinhados <strong>de</strong> carvão (TE/LR, perfil 206).<br />

O platô do Santo lnácio é recoberto por formações superficiais cuja espessura nik><br />

raro ultrapassa 10 m (R/LVa, perfis 146, 158 e 160). São arenosas, extremamente homõgeneas<br />

tanto em profundida<strong>de</strong> como lateralmente, e foram <strong>de</strong>finidas como Regossolos Intergra<strong>de</strong>s para<br />

IBtossolos Vermelho Amarelo, fase arenosa. As pequenas variações granulo métricas encontradas<br />

no interior dos perfis e ao longo das encostas foram interpretadas como <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> processos<br />

!Edológicos e erosivos (Queiroz Neto e Dias Ferreira, 1973).<br />

As encostas do Rio Santo Inácio e <strong>de</strong> alguns dos afluentes apresentam, pouco acima<br />

00 nível da várzea, uma pequena ruptura <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> foi observada a presença <strong>de</strong><br />

pequeno lençol <strong>de</strong> seixos <strong>de</strong> quartzo. Este foi interpretado como a parte basal da formação<br />

El"enosa do Santo Inácio. Parece representar um pequeno <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> origem fluvial e correspon<strong>de</strong><br />

a um contacto erosivo com o substrato. Fora <strong>de</strong>ssa situação, o contacto com a formação subjacente,<br />

Botucatu, faz-se <strong>de</strong> forma abrupta, passando da massa homogenea superior para o<br />

arenito alterado, porém conservando sua estrutura original.<br />

Sobre os topos mais extensos e mais aplainados dos espigões do vale do Peixe e<br />

Bonito, ocorrem formações superficiais e solos semelhantes aos do Santo Inácio, porém apresentando<br />

com freqüência, na base, uma linha <strong>de</strong> pedras constituidas por seixos às vezes <strong>de</strong>cimétricos<br />

<strong>de</strong> quartzo e quartzito, geodos <strong>de</strong> basalto recobertos por película ferruginosa (R/LVa, perfil<br />

218) .<br />

Nas vertentes <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clive do sistema Peixe-Bonito, correspon<strong>de</strong>ndo às proximida<strong>de</strong>s<br />

das cabeceiras dos cursos d'água e à escarpa mais abrupta da face leste da Serra do<br />

Limoeiro, o arenito Botucatu aflora com freqüÊncia. Os estratos lenticulares mais argilosos, mais<br />

resistentes à erosão, formam pequenas saliências nas encostas. Entre os afloramentos há algum<br />

material alterado e pedogeneisado, dando origem a Litossolos.<br />

Nas vertentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> média as formações são mais espessas e apresentam<br />

com freqüência stone-lines separando indiferentemente os horizontes super(iciais dos inferiores.<br />

São formados por material petrograficamente semelhante ao <strong>de</strong>scrito para o dos topos das 00linas.<br />

Essas linhas <strong>de</strong> seixos formam verda<strong>de</strong>iras guirlandas nos perfis (Fig. 2), <strong>de</strong>vido à ocorrência<br />

das rupturas com afloramento <strong>de</strong> arenito, on<strong>de</strong> elas passam a aflorar. Os solos que aí<br />

ooorrem apresentam horizonte B textural e foram <strong>de</strong>finidos como Podzólicos Vermelho Amarelo,


54 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

variação Laras (PVls, perfil 199) .<br />

Na margem direita dos rios Bonito e Peixe, sobretudo após as confluências, ocorrem<br />

fcnnações pouco espessas, com caracteristicas <strong>de</strong> constituírem alteração in situ das formações<br />

sedimentares sotopostas. Sobre o arenito Botucatu originam perfis <strong>de</strong> Podzólicos Vermelh><br />

Amarelo, variação Laras (PVls, perfil 219), análogos aos citados anteriormente, porém com<br />

mosqueamento em profundida<strong>de</strong> indicando condições menos favoráveis <strong>de</strong> drenagem interna. Este<br />

fato <strong>de</strong>ve ser imputado à pequena espessura dos arenitos sobre os siltitos Estrada Nova,<br />

menos permeáveis.<br />

Sobre as alterações dos siltitos Estrada Nova, ocorrem perfis <strong>de</strong> Podzólicos Vermelho<br />

Amarelo, variação Piracicaba. Apresentam gran<strong>de</strong> variação textural entre os horizonte A e B, e<br />

a natureza mais arenosa daquele permite pensar em contribuição pelo arenito, que anteriormente<br />

ocupava posição mais elevada.<br />

Nas vertentes arenosas da região drenada pelo Peixe e Bonito, são freqüentes os<br />

ravinamentos com cabeceiras em alvéolos. Representam processos recentes, relacionados ao entalhamento<br />

fluvial. Mostram formações arenosas, esbranquiçadas, contendo paleossolosenterrados,<br />

com preservação total ou parcial dos horizontes A (perfil 174) . No perfil analisado, por<br />

exemplo, o teor <strong>de</strong> carbono total que a 80-100 em <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> ainda é <strong>de</strong> 0,8%, passa a<br />

1,9% no horizonte IIA1 enterrado.<br />

NWnero Arsila Areia pH CTC V% CTC Fraçio argila: composiçlo<br />

do fma me/ argila núneral6pca<br />

perfrl<br />

1001 me/I 00 1<br />

" "<br />

W7 65 W 4.5 7,6


FERREIRA, QUEIROZ NETO 55<br />

mlculada com correção para o carbono. A saturação em bases permitiu inferir o maior ou menor<br />

grau <strong>de</strong> lixiviação apresentado pelos perfis.<br />

Dois materiais apenas são correlacionáveis à superfície <strong>de</strong> erosão: as couraças do topo<br />

do platô da Serra do Limoeiro e os <strong>de</strong>pósitos arenosos que capeiam o Santo lnácio e aparecEm<br />

Em posições cimeiras nos espigões do sistema Peixe-Bonito.<br />

As couraças representam processos <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> ferro por migração lateral das<br />

!Dluções, como proposto por Maignien (1958). Esses processos ocorreriam sobretudo em duas<br />

posições: bordas <strong>de</strong> platô ou sopés <strong>de</strong> vertente. As observações não permitiram verificar a qual<br />

reles po<strong>de</strong>riam se enquadrar os testemunhos encontrados. Porém, tanto num caso como noutro,<br />

é forçoso admitir configuração totalmente diversa da atual, na época da sua formação.<br />

Elas ocorrem em rupturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clive, que representam a passagem da parte cimeira<br />

dos espigões sobre arenito Bauru para as vertentes. Esses espigões separam atualmente o sistana<br />

<strong>de</strong> drenagem do Rio Pardo dos pré-frontais, estando mais afastados da escarpa sul e<br />

praticamente confundindo-se com a escarpa leste da Serra do Limoeiro,<br />

Seria necessário imaginar maior continuida<strong>de</strong> para norte e noroeste da superficie<br />

cimeira hoje sustentada por essescorpos ferruginosos. O Rio Pardo, por erosão remontante, <strong>de</strong>struiu<br />

a maior parte <strong>de</strong>ssa superfície naquela direção.<br />

Nas faces hoje voltadas para as escarpas da Serra, a erosão remontante dos cursos<br />

d'água do sistema Santo lnácio atacou a couraça, espalhando fragmentos encostas abaixo, sendo<br />

encontrados hoje como material coluvial. Certos <strong>de</strong>pósitos, no entanto, parecem testemunhar<br />

lI'Ocessos <strong>de</strong> acumulação bastante antigos, talvez <strong>de</strong> natureza fluvial, também indícios <strong>de</strong> relevo<br />

pretérito diverso do atual.<br />

Essas razões levam a interpretar as couraças ferruginosas como contemporãneas da<br />

presença <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong> erosão extensa no tq>o da Serra, regionalmente a mais antiga e que<br />

vários autores colocam no Terciário (Paleogeno)(Penteado, 1968, Queiroz Neto, op. cit.).<br />

Os <strong>de</strong>pósitos espessos do platô do Santo lnácio assemelham-se, pela granulometria,<br />

estado <strong>de</strong> alteração e posição ocupada, com aqueles estudados por Queiroz Neto (op. cit.) na<br />

superfície <strong>de</strong> Urucaia, na Bacia <strong>de</strong> Rio Claro.<br />

A morfologia e o alto grau <strong>de</strong> seleção indicam como fonte fornecedora o arenito<br />

Botucatu, havendo no entanto indícios <strong>de</strong> constituir material retrabalhado. A mineralogia da argila<br />

indica constituir material bastante alterado, contendo somente caulinita acompanhada <strong>de</strong> alguma<br />

gibbsita.<br />

A ocorrência do mesmo tipo <strong>de</strong> material cape ando gran<strong>de</strong> parte dos espigões laterais<br />

do Rio do Peixe e até alguns da margem direita do Bonito, indica ter tido maior extensão da<br />

superfície do Santo lnácio para leste e noroeste. Sua <strong>de</strong>posição aí só po<strong>de</strong> ser interpretada como<br />

anterior ao entalhe do sistema Peixe-Bonito. e os <strong>de</strong>pósitos acima citados permanecem como testEmunhos<br />

daquela superfície, parcialmente <strong>de</strong>struida pela re<strong>de</strong> fluvial.<br />

A superfície <strong>de</strong> Urucaia vem sendo <strong>de</strong>finida como elaborada no Terciário Superior<br />

(Neogeno), correspon<strong>de</strong>ndo à superfície interplanáltica mais antiga da Depressão Periférica (Penteado,<br />

op. cit.). Pelas suas características, associamos o platô do Santo lnácio à essa superfície<br />

pediplanaàa.<br />

Ações erosivas mais recentes provocaram o coluvionamento <strong>de</strong>sse material vertente<br />

abaixo. Esse fato é observável em encostas <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, no vale do Peixe, a exemplo<br />

00 que Nakashima (1973) obsavara para os sedimentos cenozóicos da área <strong>de</strong> Viracopos.<br />

No próprio platô do Santo Inácio, a erosão fluvial mais recente <strong>de</strong>scobriu muitas<br />

vezes os sopés das vertentes, que são entalhadas em arenito Botucatu (Dias Ferreira, inédito).<br />

Em alguns locais, no entanto, processos <strong>de</strong> coluvionamento dos materiais foram responsáveis pelo<br />

seu arrastamento e colmatagem dos fundos <strong>de</strong> vales, conferindo-lhes forma em U ou em berço.<br />

As outras formações superficiais correspon<strong>de</strong>m ou a processos <strong>de</strong>coluvionamento das<br />

vErtentes ou a alterações in situ do substrato. Seriam posteriores às ações morfogenéticas responsáveis<br />

pelos extensos aplainamentos da região, e mesmo <strong>de</strong> algumas fases <strong>de</strong> pedimentação<br />

Quatemária. pois encontram-se recobrindo vertentes elaboradas pelo entalhamento fluvial.<br />

Foram interpretadas como colúvios pleistocênicos, alguns com maior certeza do<br />

Pleistoceno Superior e/ou Holoceno. correspon<strong>de</strong>ntes aos últimos processos <strong>de</strong> erosão e pedogênese<br />

que afetaram esta parte do Brasil Su<strong>de</strong>ste.<br />

No reverso da Serra são encontrados os materiais mostrando estágio mais avançado


56 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

<strong>de</strong> alteração e perfis <strong>de</strong> solo geralmente intelpretados como os mais evoluidos. Um exemplo é o<br />

Latossolo Vermelho Amarelo Húmico (p. 207), cuja fração argila contémcontingentesimportantes<br />

<strong>de</strong> gI1>bsita junto à caulinita. O perfil 209, do topo do pequeno platô do Bauru, apresenta<br />

características análogas.<br />

A época em que ocorreram processos <strong>de</strong> coluvionamento, responsáveis pela <strong>de</strong>posição<br />

<strong>de</strong>sses materiais, é difícil <strong>de</strong> ser precisada. O estágio <strong>de</strong> alteração não é indicativo, já que aquelas<br />

ações morfogenéticas po<strong>de</strong>riam ter-se processado a partir <strong>de</strong> materiais previamente alterados, tal<br />

como Nakashima observou em Campinas (1973). Pela posição ocupada, parecem relacionados aos últimos<br />

processos erosivos que atuaram nas vertentes, já no limite Pleistoceno- Holoceno.<br />

A esses colúvios seguem-se em grau <strong>de</strong> alteração os que <strong>de</strong>ram origem aos solos com<br />

horizonte B textural, argilosos, dos patamares da SeITa do Limoeiro, face sul (perfis 210 e 206).<br />

Os horizontes B texturais vem smdo interpretados como um processo <strong>de</strong> evolução<br />

pedogenética mais recente que os B latossólicos (Queiroz Neto, op. cit.). No entanto, é difícil<br />

ainda precisar a época em que se formamm. Pela posição ocupada, e <strong>de</strong>vido ao fato que <strong>de</strong>sa-<br />

]Erecem na meia encosta ou terço inferior das vertentes, supõe-se serem anteriores à fase <strong>de</strong> entalhamento<br />

mais recente, tal como fora intelpretado na área <strong>de</strong> Bragança Paulista por Queiroz<br />

Neto e Castro (1974). O processo pedogenético que leva à formação do horizonte B textural seria<br />

holocênico.<br />

O perfil 206 mostra uma supetposição <strong>de</strong> colúvios, pelas características morfológicas<br />

e alinhamento <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> carvão vegetal, confirmada pela variação sensível <strong>de</strong> saturaçoo<br />

em bases. Ao primeiro material, cuja evolução pedológica formou um horizonte B latossólico,<br />

houve superposição <strong>de</strong> outro, com características <strong>de</strong> alteração semelhantes, mas sobre o qual<br />

formou-se um perfil com B textural. É sobretudo este que seria relacionável ao perfil 210, pois<br />

ambos possuem características morfológicas e analíticas análogas.<br />

Os colúvios nas vertentes dos rios do sistema Peixe-Bonito apresentam normahnente<br />

perfis com horizonte B textural. A posiçã> irregular das linhas <strong>de</strong> pedras no interior dos perfis,<br />

não separando sistematicamente horizontes <strong>de</strong>finidos, constitui indicação <strong>de</strong> que a evolução<br />

pedológica é posterior aos processos morfogenéticos que retrabalharam o material, já que atinge<br />

todo o perfil. As análises confirmam essa intelpretação, pois acima e abaixo da stone-/ine as<br />

características morfológicas, mineralógicas e analíticas são as mesmas.<br />

A linha <strong>de</strong> pedra aparece hoje enterrada nas porções das vertentes localizadas entre 2<br />

níveis <strong>de</strong> arenito com estratos mais argilosos e horizontais, e sobre estes é superficial (Fig. 2).<br />

Teria se originado durante fase mais seca, possibiliatando o arrastamento do material mais fino, e<br />

ficou aprisionado em verda<strong>de</strong>ira armadilha da vertente. O coluvionamento posterior, que ten<strong>de</strong>u a<br />

regularizar a vertente, recobriu esse pavimento grosseiro com areias. Por outro lado, a stone-line<br />

não exerceu nenhuma influência no processo <strong>de</strong> alteração e pedogênese, não afetou a circulação<br />

cBS soluções, e a formação do perfil <strong>de</strong> solo processou-se acima e abaixo como um todo.<br />

Perfil com stone line<br />

Fa<strong>de</strong>s arenoso<br />

F aCles . mais<br />

.<br />

argiloso<br />

. Botucatu<br />

}<br />

Fig.2-Rcpresentação esquemática do perfil 199.<br />

--


FERREIRA, QUEIROZ NETO 57<br />

Esses colúvios são correlativos dos processos <strong>de</strong> entalhamento fluvial dos sistemas<br />

Peixe e Bonito. Os resultados das análises <strong>de</strong> raios X e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> cátions indicam<br />

estágio <strong>de</strong> alteração menos avançado que os do Santo Inácio e que perfis similares estudados por<br />

Queiroz Neto (op.cit.). Este autor situou-se no Pleistoceno Médio.<br />

As condições <strong>de</strong> alteração, semelhantes nos 2 casos, permitem supor menor espaço <strong>de</strong><br />

tempo para o caso em foco neste trabalho. Adotando a proposição cronológica para os pavimentos<br />

<strong>de</strong>tríticos, <strong>de</strong> Ab'Saber (1969), estariam relacionados ao último episódio mais seco, que<br />

afetou esta parcela do Brasil <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste no limite Pleistoceno-Holoceno. Por estarem presos a<br />

wrda<strong>de</strong>iras armadilhas nas vertentes, po<strong>de</strong>m apresentar maior estabilida<strong>de</strong> e sua gênese po<strong>de</strong>ria<br />

ser recuada.<br />

Nessas vertentes são comuns cabeceiras <strong>de</strong> ravinamento em alvéolo, cujo interior<br />

apresenta formações arenosas, geralmente sujeitas a processos <strong>de</strong> hidromorfia. O perfil 174 é um<br />

ex:emplo e estaria relacionado à fase <strong>de</strong> retomada dos processos <strong>de</strong> entalhamento fluvial mais<br />

recentes, do Holoceno. Apresentam-se como perfis pouco <strong>de</strong>senvolvidos, características <strong>de</strong> mdumorfia,<br />

como mosqueamento ou colorações acinzentadas.<br />

Nas escarpas da Serra do Limoeiro o perfil 29 representa material <strong>de</strong> vertente sobre<br />

rochas básicas. As características morfológicas e analíticas indicam superposição <strong>de</strong> perfis, com<br />

preservação pelo menos parcial <strong>de</strong> um horizonte A enterrado a 200 cm, on<strong>de</strong> o teor <strong>de</strong> carbom<br />

total atinge 1%. Apresenta composição mineralógica com certa analogia ao do p. 199, tanto<br />

qualitativamente como quantitativamente, bem como capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> cátions da argila.<br />

A maior saturação em bases ao longo do perfil indica processos <strong>de</strong> lixiviação menos intensos no<br />

perfil 29.<br />

QUADRO 3<br />

Cronologia regional das formações superficiais e dos solos <strong>de</strong>rivados<br />

Cronologia relativa Posição regional Naureza do material<br />

Características pedol6gicas<br />

Holoceno Cabeceiras dos alvéolos<br />

<strong>de</strong> ravinamentos<br />

Pleistoceno Superior-<br />

Holoceno (? )<br />

Pleistoceno Superior<br />

(?)<br />

Colinas do sistema Peixe<br />

e Bonito<br />

(? ) Vertentes da escarpa<br />

da Serra<br />

(? ) Vertentes <strong>de</strong> colinas<br />

dos sistemas Peixe- Bonito<br />

Patamares <strong>de</strong> escarpa<br />

da Serra<br />

(1) Vertentes das colinas<br />

do reverso da Serra<br />

Terciário Superior, Neogeno,<br />

Plio-Pleistoceno<br />

Terciário Inferior (? )<br />

Superfície do Santo<br />

Inacio<br />

Superfície cimeira<br />

topo da Serra<br />

Colúvios arenosos<br />

Alterações in situ<br />

Colúvios argilosos pouco<br />

alterados, pouco espessos<br />

Colúvios arenosos pouco<br />

espessos, com linhas <strong>de</strong><br />

cascalho<br />

Colúvios argilosos espessos<br />

Colúvios argilosos com<br />

stone-lines <strong>de</strong> fragmentos<br />

tos <strong>de</strong> couraça<br />

Depósitos arenosos espessos<br />

homogeneos, friáveis<br />

couraças ferruginosas<br />

Solos Hidrom6rficos e Paleossolos enterrados<br />

Podz6licos Vermelho Amarelo, variações Laras<br />

e Piracicaba; mica, verrniculita, caulinita; Capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> troca <strong>de</strong> cátions (CTC) = 20-4- mel<br />

100 g <strong>de</strong> argila<br />

Bronizem intergra<strong>de</strong> B textural ;caulinita,mica<br />

e vermiculita; CTC = 25 me/l 00 g <strong>de</strong> argila<br />

Podz6licos Vermelho Amarelo, variação Laras;<br />

caulinita (gibbsita), mica, vermiculita; CTC =<br />

25 me/lOO.g <strong>de</strong> argila.<br />

Terra Roxa Estroturada, por vezes sobre Latossolo<br />

Roxo; caulinita; CTC = 10 mel I00 g <strong>de</strong><br />

argila.<br />

Latossolo Roxo, Latossolo Vermelho Escuro<br />

orto; Latossolo Vermelho Amarelo Húmico;<br />

caolinita e gibbsita; CTC = 5 mel I 00 g <strong>de</strong> argila.<br />

Regossolos Intergra<strong>de</strong> Latossolo Vermelho Amarelo;caulinita,<br />

gibbsita; CTC = 10me/lOOg<br />

<strong>de</strong> argila<br />

A comparação entre os 2 não é totalmente válida, pois o p. 29 formou-se a partir da<br />

alteração <strong>de</strong> rochas básicas, que intemperizam-se mais rapidamente e intensamente que as<br />

ácidas, nestas condições climáticas. Assim, é possível interpretar o perfil 29 como <strong>de</strong> origem<br />

mais recente ou no máximo contemporãneo ao p. 199.<br />

Os materiais <strong>de</strong> alteração in situ correspon<strong>de</strong>m, em toda a área, apenas a pequenas<br />

partes do arenito Botucatu e siltito Estrada Nova. A fração argila contem quantida<strong>de</strong>s apreàáveis<br />

<strong>de</strong> mica, provavelmente herdada do material <strong>de</strong> origem, acompanhada <strong>de</strong> vermiculita e<br />

caulinita mal cristalizada. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong>cátions é elevada, variando em função da<br />

mUor ou menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mica presente.


58 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Apresentam o menor grau <strong>de</strong> alteração. apesar da posição privilegiada que ocupam<br />

tm tennos <strong>de</strong> drenagem (topo <strong>de</strong> colina) . A baixa permeabilida<strong>de</strong> do material (perfil 220) ou do<br />

substrato imediatamente sotoposto (perfil 219). dificulta a passagem das soluções e justifica<br />

uma evolução mais lenta.<br />

Esses materiais foram interpretados como posteriores à última fase erosiva sobre as<br />

vertentes. que teria retirado todo o material alterado previamente. A evolução teria se proce!sadonoHoloceno.<br />

Os materiais menos evoluidos correspon<strong>de</strong>m às partes <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clive <strong>de</strong> toda a<br />

região. mais intensamente sujeitas à erosão. Encontram-se neste caso os litossolos sobre Botucatu.<br />

nas encostas mais íngremes e às vezes escarpadas que la<strong>de</strong>iam os rios das bacias d><br />

F\illce e Bonito. São relacionados aos litossolos das escarpas da Serra do Limoeiro.<br />

No Quadro 3 foram colocados os materiais com suas características pedológicas principais.<br />

bem como a posição ocupada na paisagem. A tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição cronológica baseia-se<br />

na interpretação <strong>de</strong> cada um. tal como relatada acima.<br />

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ESTRATIGRAFIA DO QUATERNÃRIO CONTINENTAL<br />

DO NORDESTE BRASILEIRO<br />

J. M. MABESOONE*, JOSÉ LINS ROLIM*<br />

ABSTRACT<br />

The stratigraphic subdivision of the QuaterJUll'Y in NE Brazil is difficult due to the tropical climatic conditions which tend<br />

to make obscure subtle differences in sedimentation and emaioo.<br />

For the Early Pleistocene the lithostratigraphy of ol<strong>de</strong>r periods has to be applied. In this way only one lithostratigraphy<br />

unit is distinguished (Guararapes Formation and equivalente), correlative of the <strong>de</strong>velopment of an extensive erosion and <strong>de</strong>nudation surface<br />

(Sertaneja Surface and equivalents).<br />

On1y from the Riss/Illinoian glaciation on the consequences of the oscillations of the sea levei and the reduced climatic<br />

changes may be noted, so that a geologic.climatic stratigraphy may be applied. The resulting phenomena are the fluvial terraces and the<br />

pediments (erosion glacis) which can be dated with more certainty. The fossil remains of Pleistocene mammals are found in the ol<strong>de</strong>st levei<br />

of this phase.<br />

RESUMO<br />

A subdivisAo estratigráfica do Quaternário do Nor<strong>de</strong>ste é dificultada pelas condições climáticas tropicais que ten<strong>de</strong>m a obs.<br />

curecer diferenças sutis na sedimentaçAo e erodo.<br />

Para o Pleistoceno Inferior precisa-se aplicar a litoestratigrafia dos períodos mais antigos. Nestes termos, distingue-se<br />

apenas uma unida<strong>de</strong> litosstratigráfica (FormaçAo Guararapes e equivalentes), correlativa do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma extensa plarúcie <strong>de</strong><br />

erosAo e <strong>de</strong>nudaçAo (Superfície Sertaneja e equivalentes).<br />

Apenas a partir da glaciaçAo Riss/Illinoian, sAo notáveis as conseqüências das oscilações do nível do mar e das reduzidas<br />

mudanças climáticas, po<strong>de</strong>ndo-se aplicar uma estratigrafia geológico-climática. Os fenômenos resultantes sAo os terraços fluviais e os pedimentos<br />

(glacis <strong>de</strong> erosAo), datáveis com bastente segurança. Os restos fósseis <strong>de</strong> mamíferos pleistocênícos sAo encontrados no nível mais<br />

antigo <strong>de</strong>sta fase.<br />

INTRODUÇAO<br />

A subdivisão estratigráfica do Quaternário é feita à base das mudanças climáticas<br />

causadas pelas glaciações das latitu<strong>de</strong>s altas. Mesmo o Código <strong>de</strong> Nomenclatura Estratigráfica<br />

rocomenda para este período a utilização da unida<strong>de</strong> geológico-climática, baseada em glacial e<br />

interglacial, estádio e interstadial(Krumbein e Sloss, 1963). Porém, em regiões intertropicais os<br />

efeitos das glaciações são mal <strong>de</strong>finidos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os climas não mudaram, pelo menos para a<br />

zona das florestas tropicais e equatoriais (Bü<strong>de</strong>l, 1951). Apenas existem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> subo<br />

divisões à base das oscilações do nível do mar, que aliás são melhor reronhecidas nas zonas<br />

sitorâneas e sublitorâneas. N o interior do continente, a interpretação dos fenômenos fica bem<br />

mais difícil.<br />

*IGIUFPe


---<br />

60 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

o Nor<strong>de</strong>ste brasileiro, porém, ocupa lugar especial. Realmente, nota-se que nas zonas<br />

<strong>de</strong> clima mais úmido, principalmente nas faixas litorâneas, os fenômenos quaternários são di.<br />

ficilmente distinguíveis. Mas, o interior semi-árido dá algumas indicações sobre os acontecimentos,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esta área sofreu oscilações climáticas mais pronunciadas. Os efeitos <strong>de</strong>stes climas<br />

mais ou menos rigorosos são, em vários casos, sensíveis também na faixa costeira, principalmente<br />

pela <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> certos sedimentos correlativos que ainda caracterizam sua origem<br />

Isto nos permite atualmente dar um esboço da história geológica do Quaternário da<br />

região, pela pesquisa integrada <strong>de</strong> todos os fenômenos presentes.<br />

Euro&: oci<strong>de</strong>ntal Europa central Mediterrâneo Estados Unidos<br />

olanda)<br />

Subatlanticum<br />

Subborea1 Dunkerquiano<br />

Holoceno Atlanticum<br />

Boreal<br />

Préboreal FIandriano<br />

PIeistoceno<br />

MÉTODOS DE ESTUDO<br />

Des<strong>de</strong> que Cailleux (1956) publicou um estudo sobre os conhecimentos do Quaternário,<br />

seus problemas e seus métodos <strong>de</strong> estudo, tentamos aplicar esses conhecimentos também numa<br />

região intertropical. Infelizmente, são poucos os métodos que restam, <strong>de</strong>vido aos seguintes fatores:<br />

(1) muito reduzido efeito <strong>de</strong> oscilações climáticas, (2) ambiente <strong>de</strong> oxidação não permitindo uma boa<br />

fossilização, (3) falta <strong>de</strong> uma coluna estratigráfica, (4) falta <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> culturas humanas <strong>de</strong>termináveis,<br />

(5) forte perturbação tectônica.<br />

Desta maneira, nos restam apenas poucas opções. Em primeiro lugar, a dificulda<strong>de</strong><br />

em aplicar uma estratigrafia climática, nos levou a voltar para a estratigrafia litológica, utilizada<br />

para épocas mais antigas. Em segundo lugar, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos muito da oscilações do nível do<br />

mar, mesmo inferindo seus efeitos sobre áreas fora da sua influência direta. Finalmente, uma<br />

comparação com áreas melhor conhecidas, com os mesmos problemas, ou seja, uma comparação<br />

com os fenômenos presentes na região mediterrânea. Tricart e Cardoso da Silva (1968) mostraram,<br />

neste sentido, o caminho a seguir. Mesmo comparações com o sul do Brasil e com a<br />

~ão do Prata, não permitem uma base suficiente para tirar conclusões <strong>de</strong>finitivas.<br />

TABELA 1<br />

Subdivisão cronogeológica do Quaternário, em várias regiões do mundo.<br />

Weichseliano Würm Wisconsian<br />

Eemiano Riss-Würm Ouljiano Sangamonian<br />

Saaliano (Drenthiano) Riss lIIinoian<br />

Neediano (Holsteiniano) Min<strong>de</strong>l-Riss Tirreniano Yarmouthian<br />

EIsteriano ) Min<strong>de</strong>l Kansan<br />

Cromeriano ) (Taxandriano) Günz-Min<strong>de</strong>l Milazziano Aftonian<br />

Menapiano ) Günz Nebraskan<br />

Waaliano Donau-Günz<br />

Eburoniano ) Donau<br />

Tigliano ) lceniano Biber-Donau ) Siciliano "Citronelle"<br />

Prétigliano Biber )<br />

Amsteliano<br />

)<br />

"ViIlafranchiano (Calabriano) Calabriano<br />

* Consi<strong>de</strong>rado, por alguns autores, como pertencente ao PIioceno.<br />

----..--


MABESOONE, ROLlM 61<br />

COLUNA ESTRATIGRÃFICA<br />

o primeiro problema consta da aceitação <strong>de</strong> uma coluna estratigráfica que serve aos<br />

nossos objetivos. A Tabela 1 mostra a coluna cronogeológica para o Quatemário <strong>de</strong> várias re.<br />

giões (Fairbridge, 1961; van Eysinga, 1970), <strong>de</strong> modo que permita uma comparação.<br />

Durante o início do Quaternário,os primeiros frios glaciais e periglaciais atuaram<br />

!Dbre uma paisagem plana, formada no fim doPlioceno (Bakker e Levelt, 1964; Cailleux, 1956).<br />

Assim, produziram efeitos muito diferentes daqueles das últimas glaciações. Os jovens rios<br />

periglaciais vagaram livremente sobre amplas planícies <strong>de</strong> erosão; as águas <strong>de</strong> <strong>de</strong>gelo escorregaram<br />

superficialmente sobre suaves escarpas. Não houve ainda gran<strong>de</strong>s regressões eustáticas<br />

mundiais, os rios não podiam escavar vales profundos. Supõe-se que a primeira regressão importante,<br />

aconteceu junto com a glaciação Ganz = Nef!r.askan. Desta maneira, os efeitos <strong>de</strong>sta regressão tardaram<br />

muito a ser sentidos nos médios e altos cursos fluviais, por causa da<br />

erosão regressiva. As primeiras glaciações eram entã"o muito superficiais, extensas em largura,<br />

Enquanto as duas últimas (Riss e Würm) agiram na profundida<strong>de</strong> por terem encontrado já um<br />

relevo premoldado, sendo por isso mais violentas. É óbvio que condições locais, como tectonismo<br />

e vulcanismo, podiam ter causado modificações neste <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Supõe-se, durante o Villafranchiano, um período seco até semi-árido nas latitu<strong>de</strong>s altas.<br />

Parece, assim que esta seca era talvez fria, parcialmente periglacial.<br />

As observações feitas sobre latitu<strong>de</strong>s altas tem as seguintes conseqüências para as<br />

latitu<strong>de</strong>s tropicais: durante o Pleistoceno Inferior, os períodos frios e quentes não produziram<br />

quase mudanças nos trópicos. Apenas no Nor<strong>de</strong>ste podia ter havido pequenas oscilações no clima<br />

semi-árido do interior. Mas, nas zonas costeiras, não houve qualquer efeito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a ausência<br />

<strong>de</strong> regressões importantes não causou qualquer mudança nos vales fluviais.<br />

Concluindo, a coluna estratigráfica para o período pré-Günz fica duvidosa e, em<br />

muitas áreas, sem subdivisão.<br />

FEN()MENOS NO NORDESTE<br />

O Quatemário na região foi objeto <strong>de</strong> estudo nos últimos anos, mais por parte <strong>de</strong> esttrlo<br />

geomorfológico do que geológico. Po<strong>de</strong>mos mencionar os seguintes trabalhos: Andra<strong>de</strong><br />

(1955), Bigarella e Andra<strong>de</strong> (1965), Campos e Silva (1966), Tricart e Cardoso da Silva (1968),<br />

IrOjeto RADAM (DNPM, 1973), MabesooneeRolim(1974),MabesooneeCastro(Í974).<br />

à base do estudo do Quatemário numa região on<strong>de</strong> a fossilização é precária, pre.<br />

domina necessariamente a geomorfologia. Assim, <strong>de</strong>screvemos primeiramente as feições do<br />

relevo, interpretadas como <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> quatemária, com seus <strong>de</strong>pósitos correlativos (Mabesoone e<br />

Castro, 1974). Depois tentamos incorporar os dados paleontológicos <strong>de</strong>ntro do esquema lito e<br />

morfoestratigráfico estabelecido.<br />

Conforme os estudos acima mencionados, a feição mais evi<strong>de</strong>nte do início do Quaternário<br />

é a Superfície Sertaneja do interior da região e a equivalente Superfície dos Tabuleiros da<br />

zona litorânea, segundo a nomenclatura proposta por Mabesoone e Castro (1974). Esta superfície<br />

canposta encontra-se em cotas a partir <strong>de</strong> 40 m nos tabuleiros até uns 600 m no sopé <strong>de</strong> elemEntos<br />

<strong>de</strong> um relevo anterior. Os sedimentos correlativos <strong>de</strong>sta superfície são reunidos nas for-<br />

IIIlções Jaicós (Bacia do Piauí-Maranhão), Moura (nos vales fluviais da região cristalina), Capim<br />

Grosso (na região da Chapada Diamantina) e Guararapes (na faixa litorânea). Todas estas<br />

unna<strong>de</strong>s estratigráficas foram <strong>de</strong>positadas sob condições <strong>de</strong> clima semi-árido, por corridas <strong>de</strong><br />

lama ou <strong>de</strong> areia e por rios <strong>de</strong> clima seco (Mabesoone, Campos e Silva e Beurlen, 1972). A causa<br />

da elaboração <strong>de</strong>sta superficie e a concomitante acumulação dos sedimentos correlativos foi<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, a ruptura do equilíbrio pelo abaulamento da anterior Superfície Sul-americana,<br />

aproximadamente no fim do Plioceno (vi<strong>de</strong>, por exemplo, DNPM, 1973).<br />

Segundo já supuseram Bigarella e Andra<strong>de</strong> (1965), o <strong>de</strong>senvolvimento das superfícies<br />

Sertaneja e dos Tabuleiros perdurou até a glaciação Günz = Nebraskan. Assim, o período da<br />

plena elaboração ocupa justamente aquele dificilmente <strong>de</strong>terminável período pré.Günz, o início<br />

do Pleist,oceno. Realmente, as formações <strong>de</strong> sedimentos correlativos, principalmente a Formação<br />

Guararapes, representam unida<strong>de</strong>s litoestratigráficas e não climato-estratigráficas. Na fonnação


62 ANAIS DO XXV'" <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

<strong>de</strong>senvolveu-se uma capa <strong>de</strong> intemperismo, um solo laterítico, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Intemperismo<br />

Riacho Morno. Caso houver mais do que uma fase <strong>de</strong> glaciação superficial ou apenas fase fria,<br />

os efeitos das mesmas não seriam notáveis nesta seqüência sedimentar. Porém, po<strong>de</strong>mos supor<br />

que os horizontes <strong>de</strong> cascalhos inhumados possam talvez representar as interrupções causadas<br />

por essas fases frias iniciais (Biber e Donau). Estes horizontes ocorrem frequentemente nos perfís<br />

da Formação Guararapes, em linhas que sugerem uma antiga superfície <strong>de</strong> afloramento ou<br />

wna fase <strong>de</strong> não <strong>de</strong>posição. Para tal interpretação po<strong>de</strong> ser importante o fato da existência <strong>de</strong><br />

wna zona <strong>de</strong> intemperismo, com as mesmas caracteristicas do Imtemperismo Riacho Morno,<br />

mas <strong>de</strong> espessura reduzida, logo abaixo <strong>de</strong>ste horizonte <strong>de</strong> cascalho. No entanto, as distinções<br />

são muito sutis e não permitem uma conclusão <strong>de</strong>finitiva. Ficamos, assim, com a interpretação<br />

gemi da Formação Guararapes ser uma unida<strong>de</strong> litoestratigráfica, <strong>de</strong>positada no início do PleislDeeno,<br />

aproximadamente até a glaciação Günz = Nebraskan.<br />

Depois da sedimentação das formações correlativas <strong>de</strong>sta fase <strong>de</strong> aplainamento,<br />

aparentemente houve uma reativação tectônica na faixa costeira, com o aprofundamento das<br />

repressões falhadas ocupadas pelos principais rios da região (Jaguaribe, Potengi, Paraíba). O<br />

material da capa do Intemperismo Riacho Morno foi erodido e re<strong>de</strong>positado como a Formação<br />

Macaíba nestas <strong>de</strong>pressões (Mabessone, Campos e Silva e Beurlen, 1972). Possivelmente, esta<br />

ilse tectônica coincidiu com a glaciação Min<strong>de</strong>l = Kansan, dada a forte influência climática nos<br />

<strong>de</strong>pósitos. Além disso, a acumulação da unida<strong>de</strong> chegou quase até o nível da Superfície dos<br />

Toouleiros, sugerindo que talvez esta superfície continuou a elaborar-se até nos tempos da<br />

glaciação Min<strong>de</strong>l.<br />

Na Formação Macaíba <strong>de</strong>senvolveu-se outro solo, também do tipo tropical, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser chamado <strong>de</strong> um podsol vermelho-amarelado, o qual foi <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Intemperismo potengi<br />

(Mabesoone, Campos e Silva e Beurlen, 1972). O solo formou-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta formação e on<strong>de</strong><br />

ela fRIta, diretamente <strong>de</strong>ntro do Intemperismo Riacho Morno.<br />

Embutido na Superfície dos Tabuleiros, esten<strong>de</strong>ndo-se no interior também na Superfície<br />

Sertaneja, encontra-se outro ciclo, polifásico, que não chegou a formar extensas planícies <strong>de</strong><br />

erosão. E representado nos vales fluviais por terraços, em dois níveis (15-16 e 7-8 m), que passam<br />

no interior gradativamente em pedimentos, bem visíveis nos sopés do relevo antigo. O ciclo<br />

foi <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Ciclo polifásico Paraguaçu (no sentido <strong>de</strong> King, 1956; vi<strong>de</strong> Mabesoone e Castro,<br />

1974) e suas fases: terraço superior e terraço médio, respectivamente. Os terraços são bem<br />

<strong>de</strong>senvolvidos nos baixos cursos fluviais, ficando suas superfícies abaixo do nível <strong>de</strong> acumulação<br />

da Formação Macaíba. Daí a conclusão <strong>de</strong> que estes terraços são mais jovens. De conformida<strong>de</strong><br />

rom os trabalhos acima citados, atribuimos oa terraço superior uma ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Riss = Illinoian, e<br />

00 terraço médio uma ida<strong>de</strong> Würm = Visconsian.<br />

A época pós -glacial fica ainda representada por várias feições em níveis topográficos<br />

baixos. Existem principalmente os estuários e os terraços inferiores, <strong>de</strong> 2-3 m acima do atual<br />

talvegue. Estes fenômenos recentes foram amplamente tratados por Mabesoone e Rolim (1974).<br />

São menos notáveis no interior da região e mais na faixa costeira e na plataforma submersa.<br />

Na Tabela 2 apresentamos o esquema estratigráfico acima explicado, com suas respectivas<br />

unida<strong>de</strong>s litológicas e supostas ida<strong>de</strong>s.<br />

Notamos assim, que a subdivisão do Quaternário continental no Nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>ve girar<br />

em dois princípios. Para os períodos mais antigos <strong>de</strong>vemos aplicar o mesmo sistema utilizado<br />

para épocas pré-quaternárias, isto é, à base <strong>de</strong> litoestratigrafia. Apenas a partir da glaciação<br />

Riss = Illinoian, po<strong>de</strong>mos aplicar a estratigrafia baseada em unida<strong>de</strong>s geológico-climáticas.<br />

P ALEONTOLOGIA<br />

são essencialmente importantes para a estratigrafia do Quaternário continental os<br />

fá:;seis <strong>de</strong> mamíferos e dos moluscos <strong>de</strong> água doce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o ambiente <strong>de</strong> oxidação noo permite<br />

a sobrevivência <strong>de</strong> muitos restos vegetais, inclusive, pólens. Mas, a datação <strong>de</strong>stes restos<br />

fósseis encontrados é baseada mais na coluna estratigráfica inferida para a geologia e geomorfologia,<br />

do que servindo <strong>de</strong> base para essa coluna. Possuimos atualmente bastante indícios para<br />

juntar os dados paleontológicos e litológicos em uma só coluna, mas o estabelecimento <strong>de</strong>sta<br />

coluna <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito <strong>de</strong> interpretações paleoecológicas e <strong>de</strong> conclusões sobre uma seqüência


MABESOONE, ROLIM 63<br />

TABELA 2<br />

Estratigrafia do Quatemário continental nor<strong>de</strong>stino.<br />

ida<strong>de</strong> nível do mar Jitologia morfol0l!ia outros fenômenos<br />

Recente Om várzeas atuais<br />

Dunkerquiano<br />

Flandriano<br />

Würm Wisconsian<br />

+ 2-m<br />

fusão<br />

60m<br />

englaciação<br />

Ouljiano/Sangamonian + 6-8 m<br />

fusão<br />

areias brancas<br />

terraço 2 - 3 m<br />

terraço 7 - 8 m<br />

estuários<br />

pedimento<br />

estuários<br />

Riss/lllinoian 80-90 m pedimento, <strong>de</strong>pressão<br />

periférica subJitorânea<br />

englaciação<br />

Tirreniano/Yarmouthian + 15-20 m<br />

Min<strong>de</strong>l/Kansan<br />

Milazziano/ Aftonian<br />

( Günz/Nebraskan<br />

(Siciliano<br />

(Villafranchiano<br />

terraço 15-16 m<br />

Intemperismo Potengi<br />

fase terraço médio<br />

(Ciclo Paraguaçu)<br />

fase terraço superior<br />

(Ciclo Paraguaçu),<br />

tanques e cacimbas com<br />

mamíferos fósseis<br />

Formação Macaíba continuação da forma. forte influência tectônica<br />

ção Superfície Sertaneja<br />

Formações Guararapes,<br />

Capim<br />

Grosso, Moura,<br />

Jaicos<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da<br />

Superfícies Sertaneja<br />

e dos Tabuleiros<br />

Intemperismo Riacho Morno?<br />

lógica <strong>de</strong> eventos.<br />

Os vertebrados, principalmente mamíferos são encontrados em cacimbas, tanques,<br />

mvemas e pântanos. Campos e Silva (1966) publicou uma lista <strong>de</strong> espécies até então encontradas,<br />

enquanto uma lista atualizada foi composta por Rolim (Mabesoone e Rolim, 1974). Essas<br />

jazidas fossilíferas encontram-se em geral no equivalente do nível do terraço superior, no intaior,<br />

isto é: num nível um tanto rebaixado em relação à Superfície Sertaneja (Ab'Sáber, 1969).<br />

Em tais lugares eles aparecem geralmente nos fundos das cacimbas ou dos tanques, abaixo <strong>de</strong><br />

wna camada sedimentar <strong>de</strong> 3 a 4 m. As jazidas encontradas nas superfícies mais antigas, nunca<br />

são mais profundas do que 1 m. Dado o caráter do sedimento, grosseiro nas jazidas em nível<br />

mais baixo e fino naquelas em nível mais elevado, po<strong>de</strong>mos supor que a maioria <strong>de</strong>ssas jazidas<br />

mta da mesma época, isto é, aproximadamente a ida<strong>de</strong> do terraço superior (Riss = IIIinoian). A<br />

fauna <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s mamíferos conseguiu, assim, se espalhar sobre as áreas nor<strong>de</strong>stinas no Interglacial<br />

Min<strong>de</strong>l-Riss = Yarmouthian, sob condições climáticas <strong>de</strong> savana, retirando-se nas zonas<br />

<strong>de</strong> tanques e cacimbas quando o clima com o início da glaciação Riss começou a ser muito mais<br />

seco. Aliás, o clima <strong>de</strong>sta glaciação <strong>de</strong>via ter sido bastante rigoroso, dada a formação dos inselbergs,<br />

além <strong>de</strong> bastante duração (a mais longa glaciação). Aparentemente, a fauna' primitiva não<br />

sobreviveu a este clima rigoroso da época.<br />

Recentemente, Muniz e Ramirez (1971) <strong>de</strong>screveram gastrópo<strong>de</strong>s fósseis encontrados em<br />

tufos calcários, repositados a partir do material <strong>de</strong> dissolução dos calcários do embasamento cristalino.<br />

Os gastrópo<strong>de</strong>s são <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> quatemária, porém sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior precisão. As<br />

ocorrências <strong>de</strong>scritas encontram-se em vales fluviais, no mesmo nível da Superfície Sertaneja ou do<br />

terraço superior.<br />

CONCLUSOES<br />

O conhecimento do Quatemário no Nor<strong>de</strong>ste é ainda muito reduzido. Estudos pormenorizados<br />

não foram feitos, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> bastante dados <strong>de</strong> base. Porém, os trabalhos <strong>de</strong><br />

Tricart e Cardoso da Silva (1968), Mabesoone e Rolim (1974) e Mabesoone e Castro (1974) conseguiram<br />

tirar o máximo <strong>de</strong> conclusões possíveis, com os dados existentes. Estes dados foram


64 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

colocados numa sequência lógica <strong>de</strong> eventos, principalmente baseados em mudanças climáticas e<br />

oscilações do nível do mar. A Tabela 2 representa essa seqüência <strong>de</strong> eventos, esquema satisfaoorio<br />

para o momento, aguardando ainda estudos sobre gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pormenores para<br />

seu aperfeiçoamento. Também <strong>de</strong>vem ser tomados em conta os fenômenos litorâneos e a situação<br />

na plataforma submersa, que possam fornecer mais dados facilitando a interpretação dos fenômenos<br />

no continente.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

AB'SABER, A. N. - 1969 - Participeção das superfícies aplainodas nas paisagens do Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro. Geomorfologla. São Paulo, 19: 1.38.<br />

ANDRADE,G.O.. 1965- It ",: ooDtribulção para o _tudo aeomorfolóp,o da C08ta pemambucaDa. Recife, lmpr. 01. 84p.<br />

BAKKER, J. P. & LEVELT. Th. W. M. . 1964 - An in quiry intu the probabilit)' 01 a pol)'climatic <strong>de</strong>velopment 01 peneplains and pediments<br />

(etcbplains) in Europe during the Senonian and tertiar)' period. PubUcatioDOdu Servlce <strong>de</strong> Ia Carte G"loJrique <strong>de</strong> Luxembourg,<br />

Luxembourg, 14:27-75. .<br />

BIGARELLA, J. J. & ANDRADE, G. O. . 1965 - Contribution to the stud)' of the Brazilian Quaternar)'. Special Publícation of tbe Geolop,aI<br />

Soclet)' of Amerlca, New Yorl


FORMAÇOES SUPERFICIAIS E LATOSSOLO VERMELHO<br />

AMARELO HÚMICO NA ÁREA DE BRAGANÇA PAULISTA,<br />

ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL<br />

JOSÉ PEREIRA DE QUEIROZ NETO* SELMA SIMOES DE CASTRO**<br />

ABSTRACT<br />

The reeearch carried out in Bragança Paulista region showed that the Humic ReeI Yellow Latosol preseots a complex soil .<br />

profile.<br />

Granulometric andmorpboscopic analysis,<br />

formed in the different horizons of the soil profi1es.<br />

total C <strong>de</strong>tarmination and X.ray diffraction<br />

.<br />

ana1ysis of the clay fraction w..-e per.<br />

material,<br />

The results sbowed evi<strong>de</strong>nces<br />

affected by pedogenetic processes.<br />

that some horizons, especial1y<br />

.<br />

the humic an C horizons, cOll8ist of superimposed layer of drift<br />

The relationship between the soils and the regional landscape aUow to consi<strong>de</strong>r it as originated from recent processes of<br />

slope evolution that reworked ol<strong>de</strong>r materiaIs.<br />

RESUMO<br />

A pesquisa efetuada na regiAo <strong>de</strong> Bragança Paulista permitiu mostrar que o Latosso1o Vermelho Amarelo Húmico cOll8titui<br />

na realida<strong>de</strong> um perfil complexo. As análises granulométricas, a morfoscopia, carbono total e difrat


66 ÂNAIS 00 <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Mapa 1<br />

fQ!ITL. COMiSSÃO DO SOLO (1960<br />

)<br />

4 .<br />

MA~ ESQUEMATICO MOSTRAN_<br />

DO A LOCALIZAÇÃO DO LA_<br />

TOSSOLO VERMELHO AMARE_<br />

LO HÓMICO NO ESTADO DE<br />

SÁo PAULO<br />

ESCALA<br />

eo IDO 11IO<br />

. . .<br />

APitOXiMAQA<br />

4'"<br />

Ocorr'ncio em 238 k,J , 0,1 %<br />

da o'r.o do Estado<br />

Perfis semelhantes foram encontrados no Estado do Rio <strong>de</strong> JaneÍJ'o (Comissão <strong>de</strong><br />

Solos, 1958), em Minas Gerais na região sob influência do reservatório <strong>de</strong> Fumas (Comissão <strong>de</strong><br />

Solos, 1962), no vale do Rio Doce (DPFS, 1970)eno sul da Babia (EPFS, 1970).<br />

A presença <strong>de</strong>sses solos em região <strong>de</strong> clima tropical úmido com esta~ alternadas,<br />

levanta <strong>de</strong> início, alguns problemas:<br />

1) a espessura e conteúdo <strong>de</strong> carbono do horizoDte A não são relacionáveis ao clima atual.<br />

2) não se apresentam <strong>de</strong> forma contínua, passando lateralmente a pedis cujOs horizontes A não<br />

mostram essas características.<br />

Observações feitas anteriormmte na área <strong>de</strong> Campinas (Carvalho et alii, 1968) e !tu<br />

(QueÍJ'oz Neto e Mo<strong>de</strong>nesi, 1971), permitÚ'am verificar a presença <strong>de</strong> perfis <strong>de</strong> LH sempre em<br />

topos <strong>de</strong> colinas relacionáveis à Superfície Neogênica <strong>de</strong> De Martonne (1940) e <strong>de</strong> Viracopos <strong>de</strong><br />

Ab'Saber (1969), <strong>de</strong>senvolvidos sobre materiais <strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong> origem mal <strong>de</strong>finida, que re.<br />

ceberam as <strong>de</strong>nominações genéricas <strong>de</strong> Sedimentos Neo-Cenozóicos ou Formações Superficiais <strong>de</strong><br />

topo <strong>de</strong> colina.<br />

Alguns perfis estudados mostraram indícios <strong>de</strong> campo e laboratório <strong>de</strong> que se trata<br />

<strong>de</strong> perfil. complexo, o espesso horizonte A representando sucessão <strong>de</strong> camadas superpostas ou<br />

pileossolos.<br />

Esta pesquisa teve como objetivo estudar as ocorrências <strong>de</strong> LH na região <strong>de</strong> Bragan-<br />

Paulista,<br />

9'<br />

sua posição na paisagem<br />

A área estudada acha-se<br />

regional,<br />

ao norte<br />

seu material<br />

do Município<br />

<strong>de</strong> origem.<br />

<strong>de</strong> Bragança Paulista (S 22°32'30" e<br />

W 46°33'), no Estado <strong>de</strong> São Paulo (Mapa 1). Faz parte da bacia do Rio Jaguari, drenada por<br />

seus duentes Araras e Curitibanos. Acha.se no domínio da Floresta Latifoliada Tropical<br />

apresentando clima Cfa (Koppen), com 1368 mm <strong>de</strong> chuvas anuais e temperatura média anual <strong>de</strong><br />

19° ,4 C (Setzer, 1946). O relevo vai <strong>de</strong> ondulado a fortemente ondulado, chegando mesmo a<br />

montanhoso com altitu<strong>de</strong>s que variam <strong>de</strong> 700 a pouco mais <strong>de</strong> 900 m.<br />

Abrange uma área <strong>de</strong> aproximadamente 70 km2 e tem como eixo central <strong>de</strong> referência<br />

a Rodovia BR.146 (Bragança. Socorro) naalturadoskm90eUOaproximadamente.<br />

22.<br />

24.


QUEIROZ NETO, CASTRO 67<br />

MATERIAL E MÉTODO<br />

A carta base foi obtida por restituição sem controle <strong>de</strong> fotos aéreas na escala<br />

1:25.000, do Levantamento Aerofotogramétrico do Estado <strong>de</strong> São Paulo, 1962, do Instituto<br />

Agronômico <strong>de</strong> Campinas (Mapa 2).<br />

Por foto interpretação foram levantados e mapeados os principais aspectos do relevo,<br />

geologia e formações superficiais. Inicialmente foi feita a compartimentação ou separação <strong>de</strong><br />

áreas homogêneas, que foram estudadas em <strong>de</strong>talhe separadamente.<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> campo constaram do controle da fotointerpretação, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong><br />

formações superficiais (Fig. 1 e 2)e, perfis <strong>de</strong> solo obe<strong>de</strong>ceram <strong>de</strong> modo geral aos critérios clássicos<br />

(<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Ciência do Solo, 1967), e da <strong>de</strong>finição e correção da extensão e posição ocupadas.<br />

Nesses trabalhos foi dada particular atenção ao Latossolo Vermelho Amarelo Húmico<br />

(LH) , a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o mais corretamente possível suas características morfológicas, posição<br />

em que aparece e áreas <strong>de</strong> ocorrência. Foram coletados dois perfis <strong>de</strong> LH.<br />

Os outros solos presentes foram <strong>de</strong>finidos apenas no campo, empregando os critérios<br />

propostos pela Comissão <strong>de</strong> Solos (1960) .<br />

As formações superficiais foram <strong>de</strong>finidas pela cor, textura e estrutura. Sua distinção<br />

ou diferenciação com o substrato rochoso que comumente acha-se alterado, foi feita. pela presença<br />

<strong>de</strong> stone-lines, blocos ou seixos anormalmente esparsos e presença <strong>de</strong> paleossolos nos contactos.<br />

As amostras coletadas sofreram análises granulométricas (pipeta <strong>de</strong> Robinson e<br />

peneiramento), tendo sido separadas as frações argila « 0,002 mm) e areia (0,250 a 0,125 mm).<br />

(Quadro 1 e 2, Fig. 3,4,5 e 6).<br />

As frações argila foram analisadas por difração <strong>de</strong> raios X em aparelhos Phillips<br />

Norelco da Secção <strong>de</strong> Pedologia do Instituto Agronômico <strong>de</strong> Campinas (Fig. 7).<br />

As frações areia foram examinadas na lupa binocular, para <strong>de</strong>finir a textura superficial<br />

(Pettijohn, 1938) e arredondamento (Krumbein, 1941). Foi possível o reconhecimento<br />

mineralógico sumário e a presença <strong>de</strong> nódulos argilosos resistentes aos tratamentos. (Quadro 3 e<br />

4) .<br />

Foi feita ainda a <strong>de</strong>terminação do carbono total por combustão, em forno Varitemp e<br />

aparelho Leco.<br />

A carta representa o resumo das observações e algumas das interpretações propostas.<br />

A legenda utilizada apresenta alguns símbolos extraídos <strong>de</strong> Tricart (1965), enquanto a<br />

maior parte foi adaptada para o assunto e objetivos propostos (Mapa 2).<br />

ASPECTOS GERAIS DA ÁREA.<br />

A área estudada, segundo Almeida (1964), situa-se na Zona Cristalina do Norte da<br />

Provín:ia Geomorfológica do Planalto Atlântico, como parte da extensa faixa <strong>de</strong> transição entre<br />

as terras altas da Mantiqueira e a bacia sedimentar do Paraná.<br />

O teto regional seria correlacionável a restos da superficie do Japi, segundo Almeida<br />

(1964), que <strong>de</strong>finiu o relevo como <strong>de</strong> gênese complexa, <strong>de</strong>vido à erosão diferencial e cíc1ica, que<br />

se seguiu o entalhe daquela superfície, originando níveis <strong>de</strong> erosão rebaixados locais.<br />

Predominam granito-gnaisses pré-cambrianos apresentando indícios <strong>de</strong> tectônica acentuada<br />

e intenso metamorfismo, sobretudo constatados pela presença <strong>de</strong> faixas catac1asadas, lentes<br />

<strong>de</strong> anfibolitos concordantes com a xistosida<strong>de</strong> da rocha encaixante, etc.<br />

São bastante evi<strong>de</strong>ntes as direções estruturais NE-SW e, secundariamente NN-SE,<br />

marcadas pelos alinhamentos <strong>de</strong> cristas e pelo nítido controle estrutural sobre a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem<br />

que correspon<strong>de</strong> ao padrão <strong>de</strong>ndrítrico retangular <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> angularida<strong>de</strong> em alguns<br />

trechos. Reforça-se ainda a evidência do controle estrutural pelo paralelismo existentes entre os<br />

citados alinhamentos <strong>de</strong> crista e entre os afluentes e suba fluentes do Rio Jaguari.<br />

Foram encontrados <strong>de</strong>pósitos sedimentares <strong>de</strong> estratificação, próximos ao vale do<br />

ribeirão das Araras e do Rio Jaguari, <strong>de</strong> cores violáceas, alternada com cores vermelho-<br />

-..-----


68 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

amareladas, constituídos por m~teriais síltico-arenosos, alguns sobre linha <strong>de</strong> seixos ou <strong>de</strong> canga<br />

fragmentada.<br />

FORMAÇÕES.SUPERFICIAIS E LATOSSOLO ~RMELHO AMARELO HlÍ41CO<br />

BRAGANCA PAULISTA<br />

ESCALA<br />

.,IX> --<br />

CARTA RANMTRlCA NÃO OOVTROlAOA FEITA CQ\I BASE EAf FOTOS AÉREAS<br />

1: 25000 04 COOERTURA AEROfO~AAÉTRICA 00 ESTAOO DE SÁO PAULO,<br />

1962, 00 INSTITUTO AGRONÓMlCO ELAlDlAOO PIJII SELMA SMás DE cc,TI!(L1971<br />

AÇ.iO<br />

DAS A'GUAS CORROTES<br />

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FORMAS DAS vr"r(,,1E$ f rNTERFlÚVlOS<br />

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LEGENDA<br />

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QUEIROZ NETO, CASTRO 69<br />

muito aci<strong>de</strong>ntado, com as maiores altitu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s.<br />

Os alinhamentos das mais altas cristas <strong>de</strong>ssa parcela da área em estudo mostram<br />

uma certa continuida<strong>de</strong> altimétrica, sendo sobrepujados aqui e ali por pequenos maciços, verda<strong>de</strong>iros<br />

restos <strong>de</strong> inselbergs. Esses alinhamentos foram interpretados como remanescentes <strong>de</strong><br />

superfície <strong>de</strong> erosão (nível 1).<br />

Ao seu redor, pequenas ombreiras e restos muito inclinados <strong>de</strong> uma segunda superfície<br />

<strong>de</strong> erosão (nível 2) são observados.<br />

Ao longo dos rios Araras e Curitibanos observa-se a segunda área, nitidamente<br />

rebaixada em relação à primeira. As <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s das vertentes são menos acentuadas (Foto 1) e<br />

a configuração geral é <strong>de</strong> colinas alongadas <strong>de</strong> perfis policonvexos e topos longitudinalmente<br />

aplainados (nível 3).<br />

Neste compartimento foi possível distinguir, além do nível 3, dois outros embutidos<br />

ao longo dos vales. O nível 4 é mais conspícuo tanto no Curitibanos quanto no Araras, sendo o<br />

5 restrito a pequenas ombreiras rebaixadas, mascaradas por rampas <strong>de</strong> colúvio. Em um,ou outro<br />

ponto foi possível distinguir níveis situados pouco acima das várzeas. possíveis baixos terraços<br />

fluviaÍl.<br />

Foto 1- Vista geral panorâmica tirada do Vale do Araras em direção ao Norte; à direita e à esquerda observe-se os níveis<br />

1 e 2 e em primeiro plano um extenso nível 3 com Latossolo Vermelho Amarelo Húmico.<br />

Acreditamos que os restos da Superfície Japi <strong>de</strong>finidos por Almeida não são encontrados<br />

na área pesquisada. O nível 1 representado tem certas analogias com aquele <strong>de</strong>finido por<br />

Mo<strong>de</strong>nesi (1971) na região <strong>de</strong> Itu, correspon<strong>de</strong>nte aos altos da Serra do Itaguá, e correlacionável<br />

ao Pd2 <strong>de</strong> Bigarella et alii (1965).<br />

O nível 2 constituiria apenas em testemunho <strong>de</strong> episódio <strong>de</strong> aplainamento no periodo<br />


70 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

um canal pouco marcado.<br />

A drenagem é pouco <strong>de</strong>nsa, pouco ramificada e os vales aparecem normalmente com<br />

fundo chato e às vezes com meandros abandonados refletindo sedimentação mais intensa, formando<br />

várzeas.<br />

A área <strong>de</strong> relevo mais aci<strong>de</strong>ntado, correspon<strong>de</strong>nte aos maciços residuais, apresenta<br />

formações superficiais menos espessas. São constituídos por material mais grosseiro, com<br />

blocos, conferindo o aspecto corrugado das fotos aéreas. São freqüentes os afIoramentos <strong>de</strong> rocha<br />

e os matacões.<br />

Na base das cabeceiras <strong>de</strong> erosão, correspon<strong>de</strong>ndo aos sopés <strong>de</strong> vertentes, são comuns<br />

os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> talus, heterométricos, com blocos, seixos e material fino, visíveis nas<br />

btografias aéreas.<br />

As duas áreas <strong>de</strong> relevo mais colinoso ao longo do Curitibanos e Araras, apresentam<br />

brmações superficiais mais espessas, com vários indícios <strong>de</strong> retrabalhamento. Apresentam na<br />

base, no contacto com a rocha alterada in situ, linhas <strong>de</strong> pedras <strong>de</strong> contituição variada on<strong>de</strong><br />

predomina o quartzo, alternâncias <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> cor, textura e estrutura diversas muitas vezes<br />

correspon<strong>de</strong>ndo a paleossolos (Fig. 1 e 2). A presença <strong>de</strong> blocos e pedras ou seixos esparsos na<br />

massa alterada também foi tomada como indício da presença <strong>de</strong> material retrabalhado.<br />

Nessa parcela da região em estudo foi possível distinguir os materiais <strong>de</strong> recobrimento<br />

<strong>de</strong> topo e vertente. As formações <strong>de</strong> topo recobrem extensamente os testemunhos do nível 3,<br />

eKtravasando em alguns casos para o nível 4. Sua espessura é maior, o contacto com o substrato<br />

nem sempre visível por falta <strong>de</strong> afloramentos mais nítidos. A textura é normalmente argilosa,<br />

mas ocorrem com freqüência pequenos seixos milimétricos. A passagem para a rocha, quando<br />

observada, se faz ou por linha <strong>de</strong> seixos ou pelo aparecimento do substrato alterado, com veios<br />

<strong>de</strong> quartzo, lentes <strong>de</strong> anfibolito e sinais <strong>de</strong> xistosida<strong>de</strong>.<br />

O solo dominante sobre esse materiB.Ié o Latossolo Vermelho Amarelo Húmico (LH);,<br />

ocorrendo subsidiariamente o Latossolo Amarelo Orto (LV), reconhecidos pelas características<br />

propostas pela Comissão <strong>de</strong> Solos (1960) .<br />

As diferenças fundamentais entre os dois solos dizem respeito à espessura e cor do<br />

Horizonte A, e estrutura do B.<br />

O horizonte A do LH alcança mais <strong>de</strong> 100 em <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, com cores mais<br />

Fig. l-Corte Esquemático do Perfil do Barranco do Km 100<br />

da Rodovia BR-146 (Para Socorro).<br />

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ESTRADA<br />

Fig. 2- Representação Esquemática do Barranco do km 95, na Rodovia BR-146.<br />

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COICOIho. _1OYR _ _~. __,<br />

10YR8/1. 10ft4/8<br />

IV . HoriI:. C , ; Qr,íloso .CQIII _<br />

calcalho. cor 10ft 6/8 ".rilfOlFÓG 10YR 618<br />

V _ HoriLC IW9itno _<br />

cosclllho, corl,5YR4/8 a 1DR6/8<br />

V I . Potea hOri 8 Latosld\ica ..,ilolo, cor 10YR 4/8<br />

VII ..-,; LMte8dliClO. _9iIala, - cor 5YR518 o 10YR4/8<br />

VIU . HDrí_"A~. or,i+-. cor7.5YR312 5YR4....<br />

..., tlO<br />

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1.2 14. ~ ......<br />

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150m<br />

....<br />

.....


72 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

freqüentes bruna escura (7,5 YR 3/2 a 4/4) até 50 cm e bruna avennelhada (5 YR 4/4 a 4/8)<br />

abaixo. O horizonte B apresenta coloração entre vermelho amarelado (5 YR 4/8 e 5/8) e vermelho<br />

(2,5 YR 4/8) e estrutura maciça, que se <strong>de</strong>sfaz em granular muito fina.<br />

O LV apresenta horizonte A geralmente inferior a 50 cm, com coloração pouco mais<br />

clara que o LH. As cores no B são análogas às dos perfis anteriores e esse horizonte apresentase<br />

fracamente estruturado em blocos subangulares, que se <strong>de</strong>sfazem em granular ou subangular<br />

nnito fina. Num ponto observado foi verificada a presença <strong>de</strong> mica e cerosida<strong>de</strong> fraca e <strong>de</strong>scontínua,<br />

tendo sido consi<strong>de</strong>rado intergra<strong>de</strong> para Podzólico Vermelho Amarelo.<br />

Nas vertentes as formações superficiais apresentam espessura variável, mas o substrato<br />

é comumente visível nos barrancos das estradas. Sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> textura e cor,<br />

apresentam analogias com as formações <strong>de</strong> topo, sobretudo ao que correspon<strong>de</strong>m ao LV. O contacto<br />

com o substrato se faz sempre por <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> erosiva, marcada por linhas <strong>de</strong> seiXos<br />

(Fig. 1) e, às vezes presença <strong>de</strong> paleossolos enterrados. Somente em dois pontos não foram observados<br />

os indícios <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>.<br />

O perfil <strong>de</strong> solo correspon<strong>de</strong> morfologicamente a um Latossolo Vermelho Amarelo,<br />

em geral mais raso que o anterior. Foram observados também perfis <strong>de</strong> Podzólico Vermelho<br />

Amarelo Orto, num ponto da bacia do Araras, e também <strong>de</strong> intergra<strong>de</strong>s.<br />

A espessura do horizonte A varia <strong>de</strong> 20 a 50 cm e as cores mais freqüentes do B são<br />

lruna (7,5 YR 4/4), vermelha amarelada (5 YR 4/8 e 5/8) e vermelha (2,5 YR 4/6), portanto<br />

com maiores variações do que no topo. A textura é argilosa e homogênea e a estrutura fraca,<br />

9lbangular .<br />

LATOSSOLOVERMELHO AMARELO HúMICO<br />

Foram <strong>de</strong>scritos e coJetados dois perfis (62 e 114) oom as seguintes caracteristicas<br />

morfológicas :<br />

Perfil 62<br />

Classificação: Latossolo Vermelho Amarelo Húmico.<br />

Localização: Município <strong>de</strong> Bragança Paulista, próximo ao km 100 da Rodovia Bragança-Socorro.<br />

Situação: Entrada para o Sítio das Araras, na passagem do nível 3 para o 4.<br />

Relevo: Colinoso.<br />

Cobertum Vegetal: Cerrado.<br />

Drenagem: Bem drenado.<br />

Horizontes:<br />

0-25cm - An - seco: bruno escuro (7,5 YR 4/4); úmido: bruno escuro (7,5 YR 3/2), argilosa,<br />

mo<strong>de</strong>rada granular gran<strong>de</strong> a muito gran<strong>de</strong>, ligeiramente dura, muito friável, ligeiramente<br />

p.ástica, ligeiramente pegajosa, limite plano.<br />

25-8Ocm - A12- seco: vermelho amarelado (5 YR 4/6); bruno avennelhado (5 YR 4/4), argilosa,<br />

maciça que <strong>de</strong>sfaz em mo<strong>de</strong>rada granular gran<strong>de</strong> a muito gran<strong>de</strong>, ligeiramente dura,<br />

muito friável, ligeiramente plástica, ligeiramente pegajosa, limite plano.<br />

80-12Ocm - A3- seco: bruno avermelhado escuro (5 YR 3/4); úmido: bruno avermelhado<br />

escuro (5 YR 3/3), argilosa, estrutura como a anterior, consistência como a anterior, limite<br />

plano.<br />

120-150cm - B1- seco: vermelho amarelado (5 YR 4/8) ; úmido: vermelho escuro (2,5 YR<br />

3/6), argilosa, estrutura como a anterior, dura, muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente<br />

pegajosa, limite plano.<br />

150-165+cm - B2 - seco: vermelho amarelado (5 YR 5/6); úmido: vermelho (2,5 YR 4/6),<br />

argilosa, estrutura como a anterior, consistência como a anterior.<br />

Perfil 114<br />

Classificação: Latossolo Vermelho Amarelo Húmico.<br />

Localização: Municipio Bragança Paulista, estrada Bragança-Socorro-km 95.<br />

Situação: Barranco junto a estrada no topo do nível 3 (Fig. 2).<br />

Relevo: Colinoso.<br />

Drenagem: Bem drenado.<br />

Cobertum Vegeta1: Cerrado.


-----<br />

horizontes pH C Classes <strong>de</strong> tamanho em mm.<br />

total<br />

QUEIROZ NETO, CASTRO 73<br />

Horizontes:<br />

0-12cm - AU - seco e úmido: bruno escuro (7,5 YR 3/2), argilosa, maciça porosa que <strong>de</strong>sfaz<br />

em subangular pequena, solta, muito friável, limite ondulado, transição abrupta.<br />

12-90cm- A12- seco: bruno escuro (7,5 YR 4/4); úmido: bruno avermelhado escuro .(5 YR<br />

3/4), argilosa, maciça que se <strong>de</strong>sfaz em muito fraca subangular, muito friável, limite plano,<br />

transição difusa.<br />

00-112cm - A31 - seco: bruno forte (5 YR 4/6); úmido: bruno avermelhado escuro (5 YR<br />

3/4), textura, estrutura e consistência como a anterior, limite plano, transição gradual.<br />

112.136cm - A32 - seco: vermelho amarelado (5 YR 4/8) ; úmido: bruno avermelhado (5 YR<br />

4/4), textura, estrutura e consistência como a anterior,limite irregular, transição abrupta.<br />

136.166cm - Bll - úmido: verIDi!lho amarelado (5 YR 5/8), argilosa, fraca subangular<br />

gran<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>sfaz em fraca, subangular média a pequena, macia, solta, limite irregular, transição<br />

abrupta.<br />

166-200cm - B12 - i<strong>de</strong>m, argilosa, fraca subangúlar que se <strong>de</strong>sfaz em granular pequena,<br />

macia, solta, limite ondulado, transição clara.<br />

200-280cm- B21- úmido: vermelho amarelado (5 YR 4,5/8), argilosa, estrutura como a<br />

anterior, macia, friável, limite plano, transição difusa.<br />

280.350cm - B22 - seco: vermelho (2,5 YR 5/8); úmido: vermelho amarelado (5 YR 4/8),<br />

argilosa, estrutura e consistência como a anterior, limite plano transiçãodifusa.<br />

350-452cm - B23 - seco e úmido: vermelho (2,5 YR 4/8) , argilosa, estrutura e consistência<br />

como a anterior, limite irregular transição abrupta.<br />

452-650cm - B3 - seco: vermelho (10 R 4/8), úmido: vermelho (10 R 4/6), argilosa, fraca,<br />

subangular média, macia, friável, limite plano, transição clara.<br />

ffiO.675cm- C1- seco: vermelho (2,5 YR 4/8); úmido: vermelho (10 R 4/6), argilosa com<br />

cascalho, esqueleto pouco, pequeno, sem anotações <strong>de</strong> estrutura e consistência (dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

observação <strong>de</strong>vido à textura), limite plano, transição clara.<br />

675-710cm . C2 - seco: vermelho (2,5 YR 4/8) ; úmido: vermelho (10 YR 4/6), argilosa, esqueleto<br />

como a anterior, limite ondulado, transição clara.<br />

710 :t cm C3 - seco: vermelho claro (10 YR 6/8); úmido: vermelho (2,5 YR 4/6), textura e<br />

esqueleto como a anterior.<br />

O perfil 62 apresenta um subhorizonte A 12 ligeiramente mais claro do que o AlIe<br />

A3' O carbono total do A12 é, também, ligeiramente menor do que do A3 (Quadro 1). Além dis.<br />

so, os teores <strong>de</strong> carbono são ainda elevados no B1 e B2.<br />

O horizonte A do perfil 114 mostra uma gradação progressiva <strong>de</strong> cor para mais claro.<br />

Os resultados <strong>de</strong> C total indicam também diminuição em profundida<strong>de</strong>, mas os teores em<br />

A12' A31 e<br />

A32 são muito próximos. No B os teores diminuem mais nitidamente que no perfil 62 (Quadro 2) .<br />

(Quadro 2).<br />

A observação dos resultados da análise granulométrica (Quadro 1 e 2) dos horizontes<br />

dos dois perfis mostra uma gran<strong>de</strong> heterometria e baixo selecionamento. As porcentagens das<br />

QUADRO I<br />

Resultados do pH, carbono total e análise granulométrica do perfil 62.<br />

2,00 2,00. 1,00. 0,50. 0,250. 0,125- 0,062- 0,031- 0,008- 0,002<br />

1,00 0,50 0,250 0,125 0,062 0,031 0,008 0,002<br />

% % % % % % % % % % %<br />

Al1 2,70 2,1 3,1 11,1 8,6 6,4 3,8 3,5 9,5 9,4 42,8<br />

A12 1,35 5,9 7,9 5,8 5,8 3,7 1,8 4,2 2,6 61,0<br />

A3 1,45 5,9 7,7 6,3 6,7 4,9 2,3 6,6 4,2 53,3<br />

B1 0,95 2,8 5,9 5,6 5,9 3,8 1,9 5,1 15,3 54,8<br />

B2 0,81 2,9 6,2 6,0 6,1 3,7 1,9 5,5 13,7 54,1<br />

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74 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

classes <strong>de</strong> tamanho maiores que 0,002 mm (argila) variam pouco e sempre abaixo <strong>de</strong> 10 %.<br />

As curvas poligonais <strong>de</strong> freqüência (Fig. 3 e 4) Irostram claramente que essas classes<br />

<strong>de</strong> tamanho distinguem-se pouco umas das outras.<br />

Há no entanto diferenças <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe tanto entre os perfis como entre os horizontes <strong>de</strong><br />

cada pedil. No perfil 62 a granulometria ten<strong>de</strong> a tornar-se mais fina em profundida<strong>de</strong>, COIro indicam<br />

as porcentagens acumuladas até a classe 0,0031-0,008 mm. O teor máximo <strong>de</strong> argila foi<br />

encontrado no A12 (que possui maior teor <strong>de</strong> C), e a partir do A3 torna-se constante.<br />

No perfil 114, parecem ocorrer fenômenos diversos. As porcentagens acumuladas até<br />

a classe 0,0031-0,008 mm mostram pequenas oscilações até o Bll em torno <strong>de</strong> 40%. Diminuem<br />

logo abaixo (B12) e a partir daí aumentam por etapas (35% -42%) até 50% no C.<br />

QUADRO 2<br />

Resultados do pH, carbono total e análise granulométrica do perfil 114.<br />

horizontes pH C Classes <strong>de</strong> tamanho em mm.<br />

2,00 2,00- 1,00- 0,50- 0,250- 0,125- 0,062- 0,031. 0,00'8- 0,002<br />

1,00 0,50 0,250 0,125 0,062 0,031 0,008 0,002<br />

% % % % % % % % % % %<br />

AI1 3,85 0,5 5,5 9,1 7,8 7,2 4,2 3,1 7,7 11,0 42,1<br />

A12 1,42 1,7 3,8 8,0 6,4 5,9 4,0 3,0 5,8 4,6 57,1<br />

A31 1,38 1,0 4,4 8,7 6,9 6,5 5,4 2,4 5,6 2,5 55,2<br />

A32 1,20 1,0 4,4 7,7 6,2 7,0 3,8 2,4 7,2 4,0 57,0<br />

811 0,82 5,1 6,9 9,4 5,3 5,5 3,5 2,1 3,8 4,9 54,5<br />

8\2 0,56 3,8 4,8 7,1 5,5 5,1 3,5 2,3 3,4 3,2 61,0<br />

821 0,56 2,5 4,5 7,4 5,8 4,4 3,2 2,2 4,3 7,8 59,6<br />

822 0,30 2,7 5,3 7,9 4,7 4,7 3,6 3,3 9,9 6,5 51,1<br />

823 0,42 1,9 5,9 7,4 4,9 4,8 3,0 3,0 10,0 6,9 52,2<br />

83 0,42 2,8 5,9 7,3 4,8 4,4 3,2 2,7 11,2 7,7 51,0<br />

CI 0,1I 6,0 4,0 7,9 4,4 4,6 4,5 5,0 l3,1 10,0 41,5<br />

C2 0,06 7,4 4,9 8,7 6,4 6,0 4,3 2,9 10,3 11,7 40,7<br />

C3 0,07 4,6 5,7 7,6 6,2 6,2 4,9 4,2 9,7 10,8 42,9<br />

Um primeiro máximo <strong>de</strong> argila ocorre no A12' como no perfil 62, e um segundo no<br />

B12. Tanto a partir do primeiro como do segundo máximo, as porcentagens diminuem em<br />

profundida<strong>de</strong>, atingindo os menores valores no C.<br />

Não levando em conta a argila, no perfil 62, a maior concentração ocorre na classe<br />

1,00-0,500 mm no horizonte A, ao passo que no B é na 0,008-0,002 mm. O All apresenta quantida<strong>de</strong><br />

significativa <strong>de</strong> grãos maiores que 2 mm, o que não ocorre nos outros horizontes.


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Fig. 3 - POlígonos <strong>de</strong> freqüência do Perfil 62.<br />

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QUEIROZ NETO, CASTRO<br />

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821.<br />

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Fig. 4 - Polígonos <strong>de</strong> freqüência do Perfil 114.<br />

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76 ANAIS 00 <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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78 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

0,002 em profundida<strong>de</strong>.<br />

Ao contrário do P62, ten<strong>de</strong>m a tornar-se mais grosseiro em profundida<strong>de</strong> como indicam<br />

o aumento das frações superiores a 1-0,5 mm e diminuição da argila.<br />

Examinando os resultados e as curvas acumulativas (Fig. 6 e 7), é possível agrupar as<br />

amostras:<br />

- All' A12' A31 e A32' com pequena participação <strong>de</strong> fração 2,00 mm, teor <strong>de</strong> argila 55%.<br />

- Bll com mais <strong>de</strong> 5% na fração 2 mm e contendo mais areia (0,031 mm) que todas as outras,<br />

com exceção dos horizontes C.<br />

- B12' B21, B22' B23 e BS com maior<br />

com menos areia (2-0,031 mm).<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fração 2 mm que no horizonte A, porém<br />

- C1, C2 e C3 contendo as maiores porcentagens <strong>de</strong> fração 2 mm, nitidamente mais arenosas e<br />

menos argilosas que as outras.<br />

Os Quadros 3 e 4 mostram situações análogas para os dois perfis. As classes <strong>de</strong><br />

arredondamento dominantes são 2 e 3, aparecendo secundariamente 1 ou 4. De modo geral, os<br />

horizontes superficiais mostram menor índice <strong>de</strong> arredondamento. No perfil 114 os horizontes B<br />

chegam a apresentar grãos na classe 6, ao passo que A e C praticamente não ultrapassam a<br />

classe 4.<br />

QUADRO 3<br />

Resultados das análises morfoscópicas nas frações 0,500-0,250 e 0,250-0,125 mm<br />

dos diferentes horizontes do perfil 62.<br />

Horizon- Frações Textura Superficial Classes <strong>de</strong> arredondamento<br />

tes<br />

LF LB RF RB I 2 3 4 5 6<br />

% % % % % % % % % %<br />

AlI 0,250 15 4 81 44 23 33<br />

0,125 2 6 2 90 32 32 34 2<br />

Ferrugi-<br />

nização<br />

A}2 0,250 10 10 80 30 20 40 8 2 74<br />

0,125 II 7 26 54 10 28 36 24 2 16<br />

A3 0,250 15 38 38 9 19 38 40 3<br />

0,125 10 76 24 10 18 58 14 20<br />

B1 0,250 5 47 46 2 5 44 46 5<br />

0,125 17 64 12 7 5 55 40<br />

B2 0,250 22 70 16 10 40 26 4 18<br />

0,125 22 6 70 17 37 44 2<br />

O perfil 114 mostra dominância <strong>de</strong> grãos rugosos brilhantes até o B12 e mais brilhantes<br />

abaixo, sendo estas praticamente as duas classes <strong>de</strong> textura superficial que ocorrem. No<br />

perfil 62 dominam geralmente as rugosas brilhantes, constituindo exceção os horizontes A3 e<br />

Bl' com participação significativa <strong>de</strong> rugoso fosco.<br />

A partir do A31' até o B3, os grãos do perfil 114 apresentam elevado indice <strong>de</strong> reconhecimento<br />

por película ferruginosa.<br />

Os horizontes C, ao contrário, praticamente não mostram esse aspecto, No perfil 62,


QUEIROZNETO. CASTRO<br />

QUADRO 4<br />

Resultados das análises morfoscópicas nas frações 0,500-0,250 e 0,250-0,125mm<br />

dos diferentes horizontes do perfd 114.<br />

Horizon. Frações Textura Superficial Classes<strong>de</strong> arredondamento F~rru.f<br />

tes rnzaçao<br />

LF LI RF RB 1 2 3 4 5 6<br />

% % % % % % % % % %<br />

A11 0,250 40 14 46 5 41 54<br />

0,125 2 39 19 40 5 49 46<br />

A12 0,250 14 5 81 27 49 24<br />

0,125 11 5 84 16 39 41 4<br />

A31 0,250 12 80 10 14 40 26 8 2 54<br />

0,125 56 44 30 6 44 10 6 38<br />

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A32 0,250 4 6 90 6 10 58 24 64<br />

0,125 40 10 50 50 18 26 6 6 42<br />

811 0,250 24 14 58 16 24 30 14 8 54<br />

0,125 2 36 8 54 22 26 28 12 8 4 48<br />

B12 0,250 2 22 10 66 8 40 34 12 6 46<br />

0,125 34 8 58 24 42 20 24 44<br />

821 0,250 6 64 6 20 14 28 26 24 6 60<br />

0,125 66 4 30 60 26 6 2 2 60<br />

~2 0,250 38 2 60 12 42 24 6 6 2 56<br />

0,125 58 2 40 2 34 16 6 12 8 48<br />

823 0,250 60 2 38 4 42 34 6 10 2 40<br />

0,125 12 74 12 2 4 30 56 19<br />

~0,250 2 50 2 46 8 36 12 14 8 4 58<br />

0,125 2 90 2 6 24 34 12 22 6 28<br />

C1 0,250 6 82 12 40 26 26 8 6<br />

0,125 96 4 22 46 12 10 4 4<br />

C2 0,250 94 6 6 42 38 4 10 2<br />

0,125 4 90 6 40 26 16 10 8<br />

C3 0,250 2 18 20 60 18 38 30 14<br />

0,125 6 6 88 25 42 21 12<br />

79


80 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

somente o A 12 apresenta elevada participação <strong>de</strong> grãos com película ferruginosa, sobretudo nas<br />

frações <strong>de</strong> menor tamanho.<br />

Uma contagem sumária <strong>de</strong> nódulos argilosos presentes, indicaram uma quase ausência<br />

no perfil 62, ao passo que no perfil 114 aparecem em quantida<strong>de</strong> significativa do A11 até o B11'<br />

diminuindo bastante a seguir. Esse aspecto também foi observado pela Comissão <strong>de</strong> Solos<br />

(1960), mostrando que as técnicas empregadas na análise granulométrica não conseguiram <strong>de</strong>terminar<br />

a totalida<strong>de</strong> da argila, restando uma parcela nesses agregados estáveis. Trabalho recente<br />

<strong>de</strong> Pedro, et alii (1971) mostrou que na terra roxa estruturada ocorreriam duas formas <strong>de</strong> argila,<br />

uma facilmente mobilizável e <strong>de</strong>tectável na análise e outra fortemente retida ou agregada,<br />

causadora do aparecimento <strong>de</strong>sses nódulos ou pseudo-sables.<br />

Finalmente, a análise da fração argila dos horizontes <strong>de</strong> cada perfil, por difração dos<br />

Iaios X, mostrou composição bastante constante nos horizontes A e B (Fig. 8). Foi possível<br />

i<strong>de</strong>ntificar a presença <strong>de</strong> caulinita, gibbsita e goetita-hematita, com pequenas variações sobretudo<br />

reflexões mais marcadas na base (B3) do perfil 114.<br />

Nos horizontes C do perfil 114 só ocorrem caulinita e goetita-hematita. Os picos correspon<strong>de</strong>ntes<br />

à caulinita mostram-se sempre nítidos, <strong>de</strong>notando maior grau <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong><br />

ou partículas <strong>de</strong> maior tamanho e mais facilmente orientáveis nas lâminas.<br />

OONSIDERAÇOES FINAIS<br />

As variações dos teores <strong>de</strong> carbono total não <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> prOCE!!SOSpedológicos<br />

ples: no perfil 62 há inicialmente diminuição (A 11-A 12) e <strong>de</strong>pois ligeiro aumento (A3) .<br />

sim-<br />

A quase i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos teores <strong>de</strong> C nos horizontes superficiais do perfil 114 também<br />

I1Dstram fenômenos análogos.<br />

Os perfis analisados pela Comissão <strong>de</strong> Solos (1960) também apresentam teores <strong>de</strong> C<br />

muito<br />

tagens<br />

semelhantes,<br />

<strong>de</strong> carbono<br />

abaixo do A11' mostrando variações aleatórias. Em todos eles, as porcen-<br />

são sempre superiores a 1 % no A, diminuindo no B progressivamente.<br />

Perfis que sofrem lixiviação ou podzolização po<strong>de</strong>m apresentar aumentos do teor <strong>de</strong><br />

carbono no topo do horizonte B, em relação ao A2; no Estado <strong>de</strong> São Paulo (Comissão <strong>de</strong> Solos,<br />

1960), os solos com B textural: Podzólicos Vermelho Amarelo variação Laras, Solos Podzolizados<br />

com cascalho e solos Podzolizados <strong>de</strong> Lins e Marilia. Neles, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> migmção é<br />

indicada pela nítida variação textural A/B e presença <strong>de</strong> cerosida<strong>de</strong> no B (ligação argila-humus),<br />

cs teores <strong>de</strong> Fe203 aumentam também sensivelmente no mesmo sentido (lígação ferro-humus).<br />

Além disso, apresentam sempre horizonte A2 e teores <strong>de</strong> carbono inferiores a 0,5% no B.<br />

Os podzois hidromórficos também apresentam esse aspecto, porém são caracterizados<br />

pelo A2 quase branco e variações nítidas dos teores <strong>de</strong> ferro (ligação ferro-humus), indicando<br />

processos <strong>de</strong> migração.<br />

Nos solos com horizonte B latossólico, como o P6~ e P1l4, não se registram process>s<br />

<strong>de</strong> migração <strong>de</strong> argila, nem presença <strong>de</strong> horizontes A2 e B textural com cerosida<strong>de</strong>. Por<br />

outro lado, os teores <strong>de</strong> ferro mostram-se constantes nos horizontes A, mostrando apenas ligeiro<br />

aumento no B (Comissão <strong>de</strong> Solos, 1960). Os resultados das análisE!! <strong>de</strong> raios X dos perfis aqui<br />

<strong>de</strong>scritos confirmaram parcialmente aqueles.<br />

° aumento <strong>de</strong> teor <strong>de</strong> argila que se observa entre A11 e A12 não é acompanhado <strong>de</strong><br />

indícios morfológicos <strong>de</strong> migração. Além disso, há oscilações <strong>de</strong>sses teores em profundida<strong>de</strong> que<br />

também não po<strong>de</strong>m ser interpretados como resultados <strong>de</strong>sses processos.<br />

Po<strong>de</strong>r-se-ia pensar em empobrecimemo em argila do horizopte A11<br />

por carreamento<br />

lateral pela erosão superfial. Como observamos anteriormente, esses fenômenos ocorreriam<br />

apenas nos primeiros centímetros do perfil e em material arenoso (Queiroz Neto, 1962).<br />

Chernozens <strong>de</strong> regiões <strong>de</strong> clima temperado também apresentam problemas análogos.<br />

O elevado teor <strong>de</strong> carbono até 200 em, em certos casos, fora interpretado como resultado da<br />

<strong>de</strong>composição do sistema radicular <strong>de</strong> gramineas em condições climáticas especiais, comreduzida<br />

mcrobiológica durante os meses mais quentes.<br />

Datações com C14 <strong>de</strong> certos chernozens mostraram um aumento-<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, do humus<br />

e suas frações (tempo médio <strong>de</strong> residência), <strong>de</strong> 3 a 8 vezes, freqüentemente 4 vezes, entre a<br />

camada superficial e as que estão a mais <strong>de</strong> 100 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (Guerassimov, 1969).


..<br />

QUEIROZ NETO, CASTRO<br />

DIFRATOGRAMAS DAS FRAÇÕES ARGILA DOS PERAS 62(A) E 114(8)<br />

A B<br />

62<br />

FIG.8<br />

114<br />

08'<br />

I,<br />

81


82 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Como afIrma Guerassimov (1969), é muito difícil Impor que teores elevados <strong>de</strong> humus<br />

a gran<strong>de</strong>s profundida<strong>de</strong>s sejam <strong>de</strong>vidos a migrações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, na falta <strong>de</strong> indícios <strong>de</strong><br />

movimentação <strong>de</strong> outros componentes do solo. Assim, acha mais provável que sejam o resultado<br />

<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> recobrimento o que explicaria, ao mesmo tempo, sua conservação e as ida<strong>de</strong>s<br />

(Tempo médio <strong>de</strong> residência) <strong>de</strong>crescentes até a superfície.<br />

Apesar da falta <strong>de</strong> dados para estabelecer analogias mais completas, po<strong>de</strong>-se supor<br />

que os horizontes húmicos espessos estudados em Bragança, provenham <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> recobrimento,<br />

a exemplo dos propostos por Guerassimov para os chernozens.<br />

Representariam fases sucessivas <strong>de</strong> recobrimento, através <strong>de</strong> processos capazes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>positar materiais sobre horizontes A <strong>de</strong> solo, sem ao mesmo tempo provocar sua erosão.<br />

Seriam análogos aos <strong>de</strong>scritos por Queroz Neto e Nakashima (1971) na região <strong>de</strong> Parelheiros, on<strong>de</strong>,<br />

numa espessura aproximada <strong>de</strong> 200 cm, foram encontrados 4 paleossolos superpostos, com pelo<br />

menos parte do horizonte A preservada.<br />

O exame do extenso barranco do Km 95, on<strong>de</strong> foi coletado o perfil 114, (Fig. 2) permitiu<br />

uma série <strong>de</strong> constataçõeB importantes a respeito da natureza do material <strong>de</strong> origem do<br />

LH.<br />

No ponto mais elevado da estrada aflora gnaisse aparentemente são. Ao longo da estrada,<br />

até a proximida<strong>de</strong> do km 95, ocorre uma camada basal, que foi interpretada como <strong>de</strong> altEração<br />

in situ da rocha. Mostra restos <strong>de</strong> veios <strong>de</strong> quartzo, feldspatos muito alterados e, em<br />

certos pontos, camadas diferenciadas que parecem constituir velhas zonas <strong>de</strong> alteração concêntricas.<br />

Na altura do km 95 e para baixo ocorrem com características semelhantes às dos<br />

horizontes C do perfil 114 (camadas lU, IV e V). Apresentam cascalho miúdo <strong>de</strong> quartzo, não<br />

contém mais minerais alteráveis (Fig. 7) e mostram um certo acamamento, pouco nítido <strong>de</strong>vido<br />

à alteração. Foram interpretados como materiais retrabalhados assentando sobre rocha alterada,<br />

e cuja alteração caulinítica não atingiu o estágio avançado observado nas camadas superiores,<br />

on<strong>de</strong> aparece também gibbsita.<br />

Acima <strong>de</strong>ssas camadas, com transição clara, assenta o horizonte B latossólico (camadas<br />

VI e VII). Ã diferença dos anteriores, apresenta menores porcentagens <strong>de</strong> cascalho e<br />

maiores <strong>de</strong> argila. Com pequenas variações (B3 = Fig. 7, B11 = Quadro 2) parece bastante<br />

homogêneo até a base dos horizontes A. No extremo do barranco um horizonte vermelho escuro,<br />

qJe foi interpretado como remanescente <strong>de</strong> um paleo B (B2 ou B3 ?) . Por sobre o B aparecem os<br />

horizontes húmicos.<br />

A passagem do B para o C ou para a rocha alterada é sempre clara, até abrupta,<br />

bem como a passagem do C para a rocha, observada no ponto 5.Essas transições foram também<br />

interpretadas como contatos erosivos <strong>de</strong> camadas superpostas.<br />

Assim, as características <strong>de</strong>sse extenso barranco mostram indícios <strong>de</strong> que o perfil <strong>de</strong><br />

sdo <strong>de</strong>senvolveu-se sobre material retrabalhado, constituído claramente na base por várias<br />

camadas, e confirmado pelos resultados analíticos.<br />

Mesmo a sucessão <strong>de</strong> horizontes B (menos nitidamente) e A (mais nitidamente) leva<br />

a supor processos <strong>de</strong> recobrimento sucessivos. Sobre estes agiram processos pedogenéticos,<br />

sobretudo <strong>de</strong> alteração dos minerais e, em certos casos, adição <strong>de</strong> matéria orgãnica.<br />

O exame das características granulométricas indicam que os processos <strong>de</strong> mise en<br />

place <strong>de</strong>sses materiais não tinham nenhuma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seleção. O baixo- grau <strong>de</strong> arredondamento<br />

mostra que não provocaram senão um pequeno <strong>de</strong>sarestamento <strong>de</strong> grãos. Há diferenças<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe entre, horizontes ou perfis, mas as ações <strong>de</strong> transporte não eram <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a provocar<br />

uma usura sensível. A ausência <strong>de</strong> grãos polidos, rugosos ou lisos confirma essas observações,<br />

indicando ainda a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terem sido protegidns durante o transporte. O coluvionamento foi<br />

<strong>de</strong> pequena distância, em fluido <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> elevada, argiloso.<br />

A mesma interpretação fora proposta para os paleossolos da região <strong>de</strong> Parelheiros, ao<br />

fUI <strong>de</strong> São Paulo (Queiroz Neto e Nakashima, 1971). Somente aqui os paleohorizontes A não se<br />

superpunham diretamente, <strong>de</strong>ixando entre si camadas estreitas, que correspon<strong>de</strong>riam a paleohorizontes<br />

B. Além disso, a posição ocupada era diversa, pois encontram-se no terço inferior<br />

das encostas. Isso levou Queiroz Neto e Nakashima (op. cit.) suporem constituir testemunhos<br />

dos últimos processos <strong>de</strong> evolução das vertentes, correspon<strong>de</strong>ndo talvez ao limite Pleistoceno-<br />

Holoceno.


QUEIROZ NETO, CASTRO 83<br />

Na região <strong>de</strong> Bragança há uma diminuição progressiva da espessura do horizonte<br />

húmico em direção às vertentes. Com o aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, aparecem os LV.<br />

Mesmo não tendo sido possível observar com <strong>de</strong>talhe essa passagem, tudo leva a crer<br />

seja ela semelhante à <strong>de</strong>scrita para a região <strong>de</strong> !tu (Queiroz Neto e Mo<strong>de</strong>nesi, 1971). Aqui, não<br />

só os horizontes húmicos tornam-se menos espessos como, também, <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> espaço a espaço<br />

rfStos <strong>de</strong> um horizonte B intercalar.<br />

Ao contrário <strong>de</strong> Parelheiros, não parecem representar testemunhos das mesmas fases<br />

<strong>de</strong> evolução das vertentes, mas pouco anteriores.<br />

Representariam processos <strong>de</strong> colúvio-pedogênese anteriores à última fase erosiva, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scarnamento generalizado dos materiais <strong>de</strong> recobrimento. Teriam sido preservados certos pontos,<br />

não atingidos pelo processo, correspon<strong>de</strong>ntes aos topos mais aplainados e às vertentes <strong>de</strong><br />

menor <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>. No entanto, seriam o resultado <strong>de</strong> retrabalhamento <strong>de</strong> material previamente<br />

alterado, pois a presença <strong>de</strong> gibbsita em perfis <strong>de</strong> solos indicaria processos <strong>de</strong> intemperisrm que<br />

remontariam pelo menos ao Quaternário Médio (Queiroz Neto, 1969, 1970).<br />

Essas suposições <strong>de</strong>verão ser reexaminadas primeiramente quando forem efetuadas<br />

datações radiométricas nas matérias orgânicas dos perfis. Além disso, a conservação <strong>de</strong> teores<br />

elevados <strong>de</strong> matéria orgânica em profundida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> estar relacionada não só a fatores externos<br />

<strong>de</strong> proteção (enterrio) como a uma estrutura, composição ou ligação estável, que uma <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> composição e tipo <strong>de</strong> humus po<strong>de</strong>rão esclarecer.<br />

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~.._._-----


DEPRESSOES DOLINIFORMES DO PLATO<br />

DE ITAPETININGA, SP<br />

TENTATIVA DE INTERPRETAÇAO<br />

S. CASTRO FRANÇOSO.. C. AILLAUD**. J. P. DE QUEIROZ NETO...<br />

ABSTRACT<br />

Some <strong>de</strong>pressions of doline and po/djés type occurr on the Itapetininga Plateau. The <strong>de</strong>pr08sions normal1y elongated and<br />

lined up according the main structural directions in the area, foUow the fluvial vaUeys directions or from smaU ponds.<br />

Siltstone, claystone and lirn08tone of the Estrada Nova and Irati formations of the Permian Passa Dois Group occur on the<br />

plateau edges and where the vaUeys are <strong>de</strong>eply cut. The plateau is covered by a thick clayey, strongly weathered surface <strong>de</strong>posit, that form<br />

a ORTHO DARK-RED LATOSOL.<br />

The origin of the <strong>de</strong>pressions is related to Iim08tone solution. Partial 801ution of the basle rock and sills is al80 consi<strong>de</strong>red as<br />

rnliable hypothesis for their origino<br />

The relationship of the coverin material, the doline-type <strong>de</strong>pression and the geomorphologic evolution of the plateau are also<br />

discussed.<br />

RESUMO<br />

No Platõ <strong>de</strong> Itapetininga aparecem <strong>de</strong>pressões semelhantes a dolinas e poldjés. Geralmente alongadas e alinhadas segundo<br />

as direções estruturais predominantes da área, ora acompanham as direções dos vales fluviais ora fonnam pequenas lag08S.<br />

Nas bordas e entalhes fluviais mais profundos do Platô, foi observada a presença <strong>de</strong> siltitos, argilitos e calcários das formaçõ08<br />

Eatrada Nova e lrati, do Grupo Passa Dois do Permiano. As partea cimeiras acham-se recobertas po< formaçõ08 superficiais argilosas, 08pessas,<br />

intensamente alteradas, originando solos Latossoloe Vermalho Escuro orto.<br />

A origem das <strong>de</strong>pressões O8tá relacionada à solubilização <strong>de</strong> calcários do Grupo Passa Dois. Levanta-se a hipótese <strong>de</strong><br />

OCOITerem pelo menos parcialmente por solubilizaçAo <strong>de</strong> rochas básicas <strong>de</strong> diques e suis.<br />

São discutidas as relações entre o capeamento. as <strong>de</strong>prassõ08 doliniforrnes e a evolução geomorfológica do Platô.<br />

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> foto interpretação e <strong>de</strong> campo efetuados na região <strong>de</strong> Itapetininga,<br />

SP, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a distribuição espacial e as características do Latossolo Vennelho<br />

Escuro orto (LE), permitiram a observação <strong>de</strong> algumas particularida<strong>de</strong>s referentes à área <strong>de</strong><br />

ocorrência.<br />

Pesquisa financiada pela F APESP.<br />

"Bolsista/F APESP<br />

""Bolsista/I tamarati/U A P<br />

"""IGEOGIUSP


86 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Em primeiro lugar, foi possível <strong>de</strong>finir a presença <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> superfície aplainada<br />

(neogênica?) <strong>de</strong>nominada Platô <strong>de</strong> Itapetininga. Desenvolve-se entre 700-750 m, <strong>de</strong>clinando<br />

81avemente para NW até 680 m. Forma um conjunto semi-circular, com cerca <strong>de</strong> 400 km2, <strong>de</strong>stacando-se<br />

na região pelas rupturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clive por vezes forte e abruptas com que se liga às<br />

mnas circunvizinhas mais baixas.<br />

Conforme o Mapa 1 e Figura I, situa-se entre as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Guarei e Itapetininga<br />

(principalmente a N e NW <strong>de</strong>sta) entalhado em toda a porção S pelo Rio Itapetininga e NW pelo<br />

Rio Guarei. Prolonga-se para o N até o Espigão da Areia Branca e para NW e S para alÉm dos<br />

rios Guarei e Itapetininga.<br />

Constitui pequena parcela do divisor <strong>de</strong> águas das bacias do Tietê e Paranapanema,<br />

cujos afluentes principais (ltapetininga, Guarei, Tatui e respectivos tributários) o entalham, às<br />

vezes profundamente, como o Ribeirão do Pinhal. Os vales apresentam vertentes em <strong>de</strong>graus e<br />

patamares escalonados, os mais baixos correspon<strong>de</strong>ndo a terraços fluviais. Inúmeros sinais <strong>de</strong><br />

capturas, sobretudo pelo sistema do Tietê, atestam uma retomada <strong>de</strong> erosão mais recente e intensa<br />

por parte <strong>de</strong>ste. Alguns vales secos abandonados (ou intermitentes) Ina!tram aspectos da<br />

paleohidrografia.<br />

Acha-se recoberto extensivamente por formações superficiais argilosas, nas quais se<br />

brmam perfis <strong>de</strong> LE segundo a nomenclatura da Comissão <strong>de</strong> Solos (1960) . Apresentam contato<br />

em discordância erosiva com o substrato, nos diversos pontos observados, marcado pela presença<br />

<strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> pedras ou fragmentos esparsos, ambos constituídos por lascas <strong>de</strong> sílex, poupées<br />

<strong>de</strong>sílica, restos <strong>de</strong> concreçóes (couraças, carapaças?) ferruginosas, arenitos e mais raramente siltitos<br />

alterados. Às vezes, o contato com o substrato apresenta aspecto <strong>de</strong> bad lands enterrados<br />

~lo capeamento do LE (exemplo do km 178 da Rodovia Raposo Tavares).<br />

Tais <strong>de</strong>tritos grosseiros são oriundos das formações geológicas locais, mas nem sempre<br />

compatíveis com o substrato imediatamente subjacente. Constituem exceção os fragmentos<br />

<strong>de</strong> canga que provém <strong>de</strong> longo processo <strong>de</strong> alterações e pedogênese com posterior fragmentação<br />

por ações erosivas.<br />

A propósito ainda <strong>de</strong>sse capeamento, em alguns trechos ele alcança maiores espes-<br />

81ras (6 a 7 m). Parece estar a ciclos <strong>de</strong>posicionais mais mo<strong>de</strong>rnos (?) relacionáveis à bacia do<br />

Itapetininga. Em certos pontos foram observadas, inclusive, estruturas semelhantes às <strong>de</strong> escavação<br />

e preenchimento, em paleo-canais superpostos, com cascalheiras que apresentam uma<br />

certa seleção. Um bom exemplo <strong>de</strong>sses fatos ocorre entre os km 174-176 da Rodovia Raposo<br />

Tavares.<br />

Morfologicamente, o LE apresenta um horizonte A <strong>de</strong> 40-50 cm <strong>de</strong> espessura, com<br />

coloração 2,5 YR 4/4, 4/6, 5/8 textura argilosa, estrutura subangular média, mo<strong>de</strong>radamente<br />

<strong>de</strong>senvolvida, ligeiramente dura, ligeiramente plástica a plástica, ligeiramente pegajosa a pegajosa.<br />

Apresenta transição gradual para um horizonte B, que chega a atingir 3 a 4 m <strong>de</strong> espessura<br />

em alguns perfis, <strong>de</strong> coloração mais vermelha, 2,5 YR 3/6, 4/6 a 4/8 até 10 R 3/6,4/4, 4/6,<br />

4/8 e 5/4, textura e consistência semelhantes às do A, estrutura ten<strong>de</strong>ndo a mais maciça. A<br />

base do horizonte é marcada por fragmentos <strong>de</strong> 2 a 5 em <strong>de</strong> concreções ferruginosas ou arenitos.<br />

Às vezes po<strong>de</strong> ocorrer material argiloso, rico em mica, mosqueado <strong>de</strong> vermelho, rosa e amarelo,<br />

sem estratificação visível, que por sua vez mostra o contato claro com o substrato geológico<br />

propriamente dito, marcado por linhas <strong>de</strong> pedra ou fragmentos grosseiros <strong>de</strong>scritos anteriormente.<br />

Ê nas vertentes mais abruptas que aparecem afloramentos com Litossolos fase substrato<br />

argilito ou folhe1ho. A partir das observações efetuadas nesses locais, foi possível elaborar a<br />

suposta sucessão estratigráfica local como mostra o Quadro I, a seguir. Essas formações<br />

sustentam o Platô <strong>de</strong> Itapetininga, e são recobertas no topo pela formação superficial acima<br />

citada, que compoe o LE. Nesta posição, sem o auxílio <strong>de</strong> sondagens profundas o exame do substrato<br />

foi impossível.<br />

Nos terraços são encontradas cascalheiras qUe contém seixos <strong>de</strong> natureza variada,<br />

análoga a dos contatos do LE/Substrato, além <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> arenito róseo silicificado (Botucatu ?) e<br />

mais raramente fragmentos <strong>de</strong> geados.<br />

DEPRESSÕES DOLINIFORMES<br />

As <strong>de</strong>pressões do topo do Platô foram assinaladas no Mapa I, sendo que as menores


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10<br />

Fig. 1- Perfil Topográfico Representativo do Platô <strong>de</strong> Itapetininga (SP).<br />

IDADE GRUPO FORMAÇÃO MEMBRO LITOLOGIA J;ORMA DE OCORRÊNCIA<br />

Siltitos cinza-claros a médios, mal estratificados, com Sobre a Irati, amarelados por alteração<br />

o<br />

.!!!<br />

I':<br />

e<br />

Estrada Nova<br />

fratura conchoidal<br />

Calcarenitos<br />

S11ex<br />

Siltitos cinza-escuros com fratura conchoidal (semelhante<br />

Bancadas e níveis (? )'<br />

Níveis (ou silicificações)<br />

Intercalados nos folhelhos do Irati<br />

~Passa<br />

ao Taquaral)<br />

Dois<br />

Folhelhos negros betuminosos ou não, calcários, Folhelhos sobre banco calcário na base <strong>de</strong> seqüência<br />

o<br />

Irati<br />

bonecas <strong>de</strong> silex, silex escuro, siltitos cinza~scuros. rítmica <strong>de</strong> siltitos calcários e sílex; bonecas em camadas<br />

onduladas com níveis <strong>de</strong> precipitação <strong>de</strong> Mn<br />

...<br />

,~<br />

QUADRO 1<br />

~(quando alterados)<br />

I': o<br />

.o<br />

Siltitos, argilitos (lâminas), cinza-escuros com fratura Sobrepõem-se concordantemente a arenitos<br />

~o<br />

y 'oS<br />

Taquaral conchoidal esver<strong>de</strong>ados do Tatuí, sob o Irati<br />

o ] Guatá Tatuí<br />

e ::s<br />

~E-<<br />

Tatui Arenitos estratificados, predominantemente<br />

~cinza-esver<strong>de</strong>ados<br />

,<br />

"'<br />

, .<br />

<strong>Geologia</strong> do Platô <strong>de</strong> Itapetininga<br />

30<br />

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88 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

cursoa fluviais<br />

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Mapa l-"Depressões Doliniformes"-Platô <strong>de</strong> Itapetininga, SP i'}<br />

o,qani lido por S C.Franços. a C.Ai /I<br />

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da lova 1:f'J,.I<br />

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Ct.form..çtio ra tui (I<br />

'linha antos<br />

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~:..,<br />

tini.. ,. )(i)<br />

/<br />

,...---<br />

apresentam um certo exagero em função da escala <strong>de</strong> representação. Ocorrem em relevo sua-<br />

VEmente ondulado e coincidindo com a presença do LE. Aparecem também nas vertentes mais<br />

suavizadas da borda sul do Platô.<br />

Suas formas são dominantemente alongadas, algumas vezes em cabeça <strong>de</strong> palito <strong>de</strong><br />

fósforo como Verda<strong>de</strong> a assinalou no sill <strong>de</strong> Campinas (informação verbal) e menos freqüentemente<br />

arredondadas ou elipsoidais. Na maioria <strong>de</strong>las os fundos são chatos com bordos 9.laves,<br />

úmidos, porém poucas vezes formando lagoas permanentes ou pequenos alagados e parecem estar<br />

colmatados por material arenoso.<br />

Não foram feitas medidas precisas <strong>de</strong> campo, mas o cálculo por fotointerpretação indiero<br />

que seu tamanho não é muito gran<strong>de</strong>, pois a maioria não ultrapassa algumas centEnas <strong>de</strong><br />

nHtros <strong>de</strong> comprimento por umas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros <strong>de</strong> largura.<br />

As formas apresentam certo alinhamento que parece obe<strong>de</strong>cer às direções estruturais


FRANÇOSO, AILLAUD, ,-,t!EIROZ NETO 89<br />

NESW e secundariamente ortogcnais a estas NW-SE. Muitas vezes ocorrem como prolongamentos<br />

das cabeceiras, situando-se assim no mesmo alinhamento preferencial dos vales encaixados<br />

que também obe<strong>de</strong>cem àquelas direções. Mais raramente dão origem às nascentes e nos<br />

<strong>de</strong>mais casos apresentam-se fechadas.<br />

Duas hipóteses po<strong>de</strong>m ser levantadas para interpretar a origem <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>pressões,<br />

anDas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> alteração química, solubilização e lixiviação a partir das rochas<br />

carbonatadas ou das rochas Ígneas básicas.<br />

A Formação Irati apresenta camadas e lentes <strong>de</strong> calcários, e logo ao N do Platô, no<br />

vale do Rio Tatuí, são comuns <strong>de</strong>pressões que po<strong>de</strong>m estar associadas a elas. Ao S do Plaw,<br />

sobre a Formação Tatuí, também aparecem <strong>de</strong>pressões se bem que em menor número. O topo<br />

<strong>de</strong>sse Platô apresenta sedimentos da Formação Estrada Nova, incluindo calcarenitos que po<strong>de</strong>riam<br />

estar relacionados com o problema.<br />

A solubilização dos carbonatos dar-se-ia em profundida<strong>de</strong> e três fatores concorreriam<br />

para isso. Durante o Quaternário ocorreram condições que favoreceriam essesprocessos, a exemplo<br />

do clima úmido atual.<br />

O LE encontrado na região apresenta elevada porosida<strong>de</strong>, apesar dos seus altos<br />

toores <strong>de</strong> argila. Permitem rápida infiltração da água das chuvas que alimentam os lençóis subtBTâneos.<br />

Segundo observações <strong>de</strong> Schubert e Rawtscher (1950) ,em Emas, SP, os solos porosos<br />

mostram intensa circulação das águas atmosféricas, revelada pela oscilação dos lençóis subterrâneos.<br />

O mesmo ocorreria aqui, já que foram constatadas oscilações do lençol freático no interior<br />

<strong>de</strong> um poço a NE <strong>de</strong> Itapetininga, numa fazenda entre a EFS e o Ribeirão da Agwda.<br />

Finalmente, a presença <strong>de</strong> um fraturamento e diaclasamento intenso do substrato<br />

rochoso permitindo o entalhamento preferencial da drenagem, levaria à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentação<br />

<strong>de</strong> águas subterrâneas com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solubilização dos carbonatos, principalmente<br />

nas juntas.<br />

As medidas <strong>de</strong> pH dos solos da região (menores que 5,0) leva a supor que as soluções<br />

provenientes <strong>de</strong> águas atmosféricas, e em equilíbrio com o meio, tenham efeito solubilizador<br />

arentuado sobre os carbonatos em profundida<strong>de</strong>. Além disso, as soluções carregam-se <strong>de</strong> CO2 e<br />

ácidos húmicos (o perfil 171, <strong>de</strong>scrito anteriormente, e analisado, mostra 0,1 % <strong>de</strong> C Total a<br />

mais <strong>de</strong> 5 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>) o que elevará seu po<strong>de</strong>r solubilizador. Informações dadas pelo resp:msável<br />

da fazenda acima referida, indicaram presença <strong>de</strong> águas duras impróprias para o conswro.<br />

Algumas <strong>de</strong>pressões apresentam bordos mais abruptos. Nesses casos, a solubilização<br />

mais rápida e intensa das lentes <strong>de</strong> calcários, <strong>de</strong>vido à maior circulação subterrânea local, po<strong>de</strong>ria<br />

provocar o solapamento das camadas suprajacentes e seu conseqüente abatimento. O <strong>de</strong>s-<br />

IIDronamento seria no sentido quase vertical, a exemplo do que ocorre em áreas cársticas. A<br />

maior suavida<strong>de</strong> dos bordos das <strong>de</strong>pressões do Platô estariam relacionadas ao espesso capeamento<br />

com o LE.<br />

Além da presença <strong>de</strong> rochas calcárias, uma eventual relação do processo com afiommentos<br />

<strong>de</strong> rochas básicas (sílIs e diques), algumas vezes coincidindo com vales, necessita ser<br />

rre1hor estudada.<br />

Observações efetuadas na região <strong>de</strong> Vacaria, Caxias e São Francisco <strong>de</strong> Paula, no<br />

Planalto Riogran<strong>de</strong>nse, indica a presença <strong>de</strong> inúmeras <strong>de</strong>pressões fechadas (Divisão <strong>de</strong> Pedologia<br />

e Fertilida<strong>de</strong> do Solo, 1967; Queiroz Neto, 1968). Tais <strong>de</strong>pressões, na região <strong>de</strong> rochas básicas,<br />

vem sendo interpretadas como <strong>de</strong>correntes da alteração das rochas, facilítada pela existmcia <strong>de</strong><br />

wna re<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsa <strong>de</strong> fraturas e diaclases.<br />

As formas apresentadas são análogas às aqui apresentadas e alongam-se geralmente<br />

segundo direções preferenciais, assumindo freqüentemente o mesmo aspecto <strong>de</strong> cabeça <strong>de</strong> palito<br />

<strong>de</strong> fósforo.<br />

Não foi possível, até o momento, verificar a extensão ocupada pelas rochas básicas<br />

no Plaw <strong>de</strong> Itapetininga, contudo, foram observados ao longo da rodovia Raposo Tavares<br />

(km178) e próximo às cabeceiras do afluente esquerdo do Ribeirão do Pinhal.<br />

CONSIDERAÇOES FINAIS<br />

A presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressões doliniformes foram observadas já há algum tempo por


90 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

vários pesquisadores. Fúlfaro (informação verbal) consi<strong>de</strong>ra-as como formas <strong>de</strong> relevo muito<br />

comuns em áreas <strong>de</strong> rochas básicas, e que também ocorrem sobre os solos vermelhos argilosos<br />

cp! aparecem sobre a Formação ltapetininga (= Formação Tatuí) até o Rio Paranapanema<br />

(próximo à nossa área em estudo).<br />

Nenhum trabalho <strong>de</strong> pesquisa, no entanto, propõe interpretação para sua gênese, a<br />

E!lCemplodas hipóteses acima discutidas.<br />

A formação e evolução <strong>de</strong> formas análogas às cársticas apresentam problemas <strong>de</strong> intaesse<br />

para o conhecimento do processo <strong>de</strong> evolução da paisagem durante o Quaternário.<br />

E possível relacioná-Ias a períooos <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> climática suficiente para promover a<br />

solubilização dos carbonatos. No Quaternário do Brasil <strong>de</strong> SE, teriam ocorrido períodos úmidos,<br />

ntercalados <strong>de</strong> fases mais secas, segundo Bigarella, et alii (1965).<br />

O Platô <strong>de</strong> ltapetininga vem sendo consi<strong>de</strong>rado contemporâneo das superfícies <strong>de</strong><br />

Urucaia ou <strong>de</strong> Rio Claro, <strong>de</strong> Penteado (1974). Suas relações com a do Santo lnácio, logo ao N (Dtas<br />

Ferreira, inédito), necessitam ainda <strong>de</strong> maior pesquisa.<br />

O material <strong>de</strong> recobrimento que contém o LE, vem sendo estudado por um dos<br />

altores (Castro Françoso), no SEntido <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir sua origem. Os dados preliminares indicam<br />

tratar-se <strong>de</strong> formação superficial, repousando em <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> erosiva sobre o substrato<br />

gmlógico.<br />

Nessas condições, a gênese das <strong>de</strong>pressões só po<strong>de</strong>riam ser posteriores à elaboração<br />

da superfície neogênica do Platô e anterior aos entalhamentos provocados pela re<strong>de</strong> fluvial atual<br />

já que não ocorre nas vertentes <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clive.<br />

A formação das <strong>de</strong>pressões seria posterior recobrimento, p..,is só ocorreria após o<br />

abaixamento do nível <strong>de</strong> base local, <strong>de</strong>corrente do entalhamento pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem qle perdiria<br />

a ação solubilizadora dos lençóis subterrâneos em profundida<strong>de</strong>. A posição dos corpos<br />

abngados das <strong>de</strong>pressões, coincidindo com a dos vales indica certa <strong>de</strong>pendência na evolução das<br />

duas formas. O alinhamento segundo direções estruturais indica um condicionamento do processo<br />

às fraturas e diaclases.<br />

Por outro lado, a formação das <strong>de</strong>pressões não implica em processos simultâneos <strong>de</strong><br />

erosão superficial, pelo menos <strong>de</strong> forma mais intensa sobre o recobrimento. O abatimento por<br />

ldapamento não modifica a posição do recobrimento, porém passa a oferecer novas condições <strong>de</strong><br />

evobção dos solos, por hidromorfia, visível nas fotos aéreas.<br />

Seu aparecimento tanto sobre as formas <strong>de</strong> relevo mais antigas com mais recentes<br />

(vales do Tatuí e ltapetininga) colocam o problema cronológico. De outro lado, parecem estreitamente<br />

relacionadas à evolução da própria re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem.<br />

Constituiriam um primeiro indício da instalação <strong>de</strong> futuros cursos <strong>de</strong> água que<br />

seguiriam os alinhamentos estruturais. A solubilização em profundida<strong>de</strong> dar-se-ia assim que<br />

ocorresse o abaixamento do nível <strong>de</strong> base, com o abaixamento do lençol freático, possibilitando<br />

o ataque das camadas carbonatadas.<br />

Com o prosseguimento dos processos do entalhamento fluvial controlado estruturalmente,<br />

os vales passariam a englobar as <strong>de</strong>pressões, <strong>de</strong> início na zona da cabeceira e por erosão<br />

regressiva, provocariam sua <strong>de</strong>struição gradativa até seu <strong>de</strong>saparecimento, passando, então, a<br />

constituir uma forma característica <strong>de</strong> evolução dos vales.<br />

Esse processo evolutivo começaria <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros entalhes da Superfície Neogêrú:a.<br />

Assim, as formas visíveis atualmente seriam <strong>de</strong> evolução mais recente, já que ss mais<br />

antigas já estariam englobadas pelos atuais vales.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

BIGARELLA, J. J.; MOUSINHO, M. R.; XAVIER DA SILVA, J. . 1966 - Pecliplanoe pedimeDto. e seu. <strong>de</strong>pósitos correlativ08 no Brasil.<br />

Bolatlm Par__ da GeapafIa, Curitiba, 18/17:117-52.<br />

DIVISAo DE PEDOLOGIA E FERTILIDADE DOS SOLOS -1967 . lAvaD_ do aheclmeato doa "'08 do _tado do RIo Gnm<strong>de</strong><br />

do Sal; prim etapa: PlalUllto RIotIna Rio da Janeiro, Mmiatérlo da Atrricultura. Separata da P_qaI8a A8r0peeaúla Braallelra,<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2:1-209. (Bolatim Técnico n.2).<br />

PENTEADO, M. M. - 1974 . Fundamento. <strong>de</strong> ~orfologia. BI>UopatIa GeotIr'JI.. Braan : Série D, São Paulo, 3:1-158.<br />

QUEIROZ NETO, J. P. - 1968 - O. 80108do Braeil. In: AZEVEDO, Haroldo do - B...u, a terra e o homem. São Paulo, Ed.<br />

Nacional. cap. 8, p. 463-514.<br />

SNPA - COMISsAo DE SOLOS - 1960 - Lnaat8a..to <strong>de</strong> aheclmeato doa do _tado <strong>de</strong> 8io Pa Rio <strong>de</strong> Jall8iro, Ministério da<br />

Atrricultura. 834p. (Boletim n.121.


o CENOZOICO PAULISTA: GÊNESE E IDADE<br />

VICENTE JOSÉ FÚLF ARO.. KENITIRO SUGUIO.<br />

ABSTRACT<br />

The Cenozoic stratigraphic column for Southeastern Brazil was never ve'Y well established and only a chronology of events<br />

based on climate oscilation related to Quaterna'Y sea levei changes was proposed. A tectonic framework of sedimentation seema to be the best tooI<br />

fot the stratigraphic division of the brasilian cenozoic sedimentary <strong>de</strong>posits. In the State of São Paulo the beggining of the Tertiary is marked by<br />

structureless sedimenta <strong>de</strong>posited in a fanglomerate shape around regional topographic elevations revealing a tectonic framework similar to the<br />

existing at the close of the Mesozoic times (Bauru Formation). Similarity of semi.arid climate conditions reinforced the evi<strong>de</strong>nces. At the Miocene<br />

fault reactivation in the continent interior, mainly as compensation of a brazilian coast generalized subsi<strong>de</strong>nce, causes natural dams to the ancient<br />

streams with sedimentetion and final collapse by filling of the stream valleys. With a new base leveI. after the drainage restablishment and higher<br />

crescent energy. gravei beds with quartz and quartzite pebbles were <strong>de</strong>posited along the main stream channels (Paraná. Gran<strong>de</strong>. Tietê and Paranapanema<br />

rivere). The proces8 evolution in a lower base leveI and les8 stream energy causes the concentration of stream flows in the main channels<br />

starting the eeconda'Y rivers downcutting. At this stage the basalts and inteme<strong>de</strong>d sandstones were submited to erosion and new gravei beds<br />

mainly with pebbles of agates and silicified sandstones and pebbles reworked from the previous episo<strong>de</strong> were <strong>de</strong>posited. The process is still goingon<br />

with a lower base leveI.<br />

In the coast at the Mesozoic and beggining of Tertiary the area was submited to uplift with the Serra do Mar formation.<br />

This region was source area for the Santos Basin and there are not <strong>de</strong>posita that can be correlated to the propoaed evolutiona'Y column.<br />

Only at the Tertia'Y - Quaternary boundary the area was <strong>de</strong>positional site with the sedimentation of the Cananéia and Pariquera.Açu Formations.<br />

RESUMO<br />

A coluna estratigráfica do Cenozóico para o Su<strong>de</strong>ste Brasileiro nunca foi muito bem estabelecida. e somente uma cronologia<br />

<strong>de</strong> eventos. baseada em oscilações climáticas relacionadas a mudanças do nível marinho no Quaternário. foi proposta. Um arcabouço tectônico<br />

<strong>de</strong> sedimentação parece ser o melhor instrumento para a subdivis40 estratigráfica dos <strong>de</strong>pósitos sedimentares cenoz6icos brasileiros.<br />

No Estado <strong>de</strong> São Paulo. o início do Terciário é marcado por sedimentos sem estrutura. <strong>de</strong>positados sob forma <strong>de</strong> fanglomerad08<br />

ao redor <strong>de</strong> elevações topográficas regionais, revelando um arcahouço tectônioo similar ao eXistente no fim dos tempos mesozóioos<br />

(Formação Bauru). Similarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> condições climáticas semi-áridas reforçam essas evidências. A reativação miocênica <strong>de</strong> faUtas no interior<br />

do continente, principalmente como compensação <strong>de</strong> uma subsidência generalizada na costa brasileira, ocasionou a barragem natural da<br />

paleodrenagem com conseqüente sedimentação e colapso final pelo preenchimento dos vales fluviais.<br />

O restabelecimento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem, com diferente nível <strong>de</strong> base, causou um aumento crescente <strong>de</strong> energia permitindo<br />

então a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> seixos <strong>de</strong> quartzo e quartzito ao longo dos canais dos principais rios ~rios Paraná. Gran<strong>de</strong>. Tietê e Para.<br />

napanema).<br />

A evolução dos processos em nivel <strong>de</strong> base mais baixo e menor energia causou a concentraçAo <strong>de</strong> rios em canais principais<br />

começando então o encaixamento dos rios secundários. Neste estágio os basalt08 e os arenitos inter.trapianos foram submetidos à erosóo e<br />

novas camadas <strong>de</strong> seixos, constituídôe principalmente <strong>de</strong> ágatas, arenitos silicificados e retrabalhados <strong>de</strong> episódios previos, foram formadas.<br />

O processo ainda está em andamento com um nível <strong>de</strong> base mais baixo.<br />

A área costeira. no Mesozóico e o início do Terciário. foi submetida a levantamentos com a formação da Serra do Mar. Esta região<br />

foi a area fonte para a Bscia <strong>de</strong> Santos e aqui não existem <strong>de</strong>pÔsitos que possam ser oorrelacionados com a coluDa <strong>de</strong> svolução proposta.<br />

Somente no limite Terciário . Quaternário a área passou a sítio <strong>de</strong>posicional com a aedimentação das Formações Cananéia e Pariquera.Açu.<br />

*IG/USP


92 ANAIS 00 <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

INTRODUÇÃO<br />

As tentativas <strong>de</strong> classificação estratigráfica dos <strong>de</strong>pósitos cenozóicos brasileiros tem<br />

sido baseadas freqüentemente na correlação <strong>de</strong> níveis que <strong>de</strong>finem antigas superfícies <strong>de</strong><br />

aplainamento. Esses níveis, <strong>de</strong>finidos por vários autores (Rich, 1953 e Braun, 1971) foram recentemente<br />

associados à existência <strong>de</strong> vários <strong>de</strong>pósitos com os quais guardam relações genéticas<br />

(Landim et alii, 1974). Bigarella et a/i,i (1964) apresentaram uma extensa revisão sobre os <strong>de</strong>pósitos<br />

quaternários do su<strong>de</strong>ste brasileiro, on<strong>de</strong> analisam a evolução <strong>de</strong>sses diversos níveis.<br />

A classificação proposta neste trabalho para os sedimentos cenozóicos é baseada na<br />

evolução tectônica e paleogeográfica, que constitui um aspecto não anteriormente abordado no<br />

EStudo <strong>de</strong>ssas sucessões sedimentares. Para esta análise, torna-se necessário <strong>de</strong>screver os últimos<br />

eventos <strong>de</strong>posicionais do Mesozóico, em nossa opinião, associadas a um arcabouço tectônico<br />

<strong>de</strong>le <strong>de</strong>rivado e ainda presente no início do Terciário. O arcabouço tectônico que comandou<br />

a dEPOsição da Formação Bauru, que tem o seu início no Cretáceo Superior e a sua evolução<br />

p:>sterior, foi a base da análise estratigráfica efetuada tomando-se os <strong>de</strong>pósitos sedimentares<br />

como uma resposta natural aos diversos estádios da evolução tectônica.<br />

Como os gran<strong>de</strong>s traços estruturais da sub-bacia norte do Paraná permanecem ainda<br />

hoje, praticamente os mesmos, variando tão somente a intensida<strong>de</strong> dos eventos tectônicos a ela<br />

associados, parece-nos óbvio analisar todos os eventos <strong>de</strong>ssa sedimentação como estando compreendidos<br />

entre o estabelecimento <strong>de</strong>ste arcabouço tectônico e o presente. Existe uma boa<br />

correlação entre os gran<strong>de</strong>s eventos tectônicos e os correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>pósitos cenozóicos permitindo<br />

o estabelecimento <strong>de</strong> uma datação relativa bastante precisa em sucessões sedimentares<br />

qJe anteriormente eram colocadas só no Terciário ou só no Quaternário. A distribuição é muito<br />

mais harmônica, dispondo-se os eventos tecto-sedimentares ao longo <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> intervalo Terciário<br />

- Quaternário.<br />

O termo arcabouço tectônico <strong>de</strong> sedimentação é aqui utilizado no sentido <strong>de</strong> Krumrein<br />

e Sloss (1963), <strong>de</strong>finido como uma combinação <strong>de</strong> elementos tectônicos (subsidência, estabilida<strong>de</strong><br />

e levantamento) existentes em áreas sedimentares (fonte e sítio <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição).<br />

Fonnação Bauru<br />

DEPOSITOS DO PLANALTO<br />

Os sedimentos da Formação Bauru foram <strong>de</strong>scritos com bastante <strong>de</strong>talhe recentemente<br />

por Suguio (1973), que <strong>de</strong>finiu a composição e origem dos termos clásticos e carbonáticos<br />

localizados preferencialmente em sua borda setentrional. Mezzalira (1974) também discute a Formação<br />

Bauru dando maior ênfase aos seus afIoramentos no Estado <strong>de</strong> São Paulo e ao seu contaído<br />

paleontológico. A bibliografia sobre a Formação Bauru é relativamente extensa mas os<br />

seus problemas estratigráficos permanecem <strong>de</strong> certa forma insolúveis, principalmente com rEBpeito<br />

à posição dos calcários e sedimentos carbonáticos na coluna estratigráfica.<br />

O arcabouço tectônico da Formação Bauru é constituído pelo Arco da Canastra ao<br />

rorte, maciço cristalino (Serra do Mar) a leste e o alinhamento estrutural do Paranapanema ao<br />

sul. Os arcos marginais, que tiveram a sua ascenção iniciada no começo do Mesozóico, têm no<br />

Cretáceo Superior o seu movimento positivo mais forte dando origem à <strong>de</strong>posição dos sedimentos<br />

da Formação Bauru restrita a essas alinhamentos (Suguio, 1973). Os sedimentos que constituem<br />

esta formação, arenitos, siltitos, argilitos, conglomerados carbonáticos e calcários impuros,<br />

revelam uma sedimentação em um sistema <strong>de</strong> paleodrenagem semelhante à re<strong>de</strong> hidrográfica<br />

atual da região. Suguio (1973) analisando os calcários da Formação Bauru, compara-os<br />

aos caliches do Deserto <strong>de</strong> Moçâme<strong>de</strong>s em Angola, chegando a conclusões <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> ambiental<br />

entre as duas rochas, indicando a possibilida<strong>de</strong> da existência <strong>de</strong> um clima semi-árido para a formação<br />

<strong>de</strong>stes carbonatos.<br />

O arcabouço tectônico acima enunciado para a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>stes sedimentos não<br />

revela características <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> subsidência, antes mostrando um entulhamento da sub-bacia<br />

norte do Paraná a partir do levantamento dos arcos marginais. Dentro do conceito em que é estabelecida<br />

esta coluna para o Cenozóico Paulista, este fato é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância como veremos<br />

a seguir.


Depósitos <strong>de</strong> areias e colúvios <strong>de</strong> espigão<br />

FÚLFARO, SUGUIO 93<br />

Estes <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> areias e colúvios, situados predominantemente nos atuais divisores<br />

<strong>de</strong> água da drenagem da região paulista, são dificilmente individualizados quando não há a<br />

presença <strong>de</strong> um cascalho basal. Esses sedimentos, sempre mal estruturados, são freqüentemente<br />

confundidos com solos residuais pois poucos se diferenciam do material <strong>de</strong> alteração das rochas<br />

regionais, <strong>de</strong>notando sempre pequeno transporte. Dessa maneira, freqüentemente apresentam as<br />

mesmas características das rochas que afloram na região. Apresentam quase sempre um nível<br />

oonstituído por cascalhos com seixos <strong>de</strong> quartzito e calcedônia na base, ou então, formado por<br />

fragmentos retrabalhados <strong>de</strong> limonita e às vezes mesmo placas <strong>de</strong> mesmo material.<br />

A sua falta <strong>de</strong> estruturas sedimentares e a disposição tridimensional dos corpos<br />

revelam características torrenciais <strong>de</strong> transporte, a partir <strong>de</strong> altos regionais. Na rodovia entre<br />

Itirapina e Brotas, há um belo exemplo <strong>de</strong>ste fato no km 227,2. O contato entre os sedimentos<br />

da Formação Pirambóia e os sedimentos cenozóicos' é marcado por um conglomerado <strong>de</strong> base<br />

oom direção N 40° W e mergulhando 25° SW. A projeção <strong>de</strong>ste plano vai encontrar as escarpas<br />

regionais constituídas pelo Arenito Pirambóia, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> parecem ter sido originados a partir <strong>de</strong><br />

torrentes constituindo <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> fanglomerados. Como na região ocorrem afloramentos <strong>de</strong><br />

arenitos e conglomerados da Formação Bauru (Membro Itaqueri), os seixos que constituem o<br />

cascalho da base foram possivelmente retrabalhados <strong>de</strong>sta formação. Em cima <strong>de</strong>sta cascalheira<br />

resal ocorrem arenitos mal estruturados lembrando solo residual da Formação Pirambóia.<br />

N a mesma estrada, no km 223,7, ocorre um afloramento <strong>de</strong> arenitos da Formação<br />

Pirambóia cortados por um dique <strong>de</strong> diabásio que não atinge o nível superior do afloramento. O<br />

dique está interrompido por erosão aproximadamente na parte média do afloramento e, por<br />

cima, em discordância erosiva assentam-se os sedimentos cenozóicos. As rochas estão bem alteradas<br />

e a situação é bem elucidativa para mostrar a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se separar no campo, os<br />

,<br />

O<br />

ESTADO DO PARANÁ<br />

(/' Depósitoslitorâneos<br />

,<br />

~~, Depósitos do planalto<br />

o:r limites inferidos<br />

Dep6sitos do planalto<br />

limites conhecidos<br />

Em parte baseado em Landlm etal.(1974<br />

ESTADO DE MINAS GERAIS<br />

Fig. 1 - Esboço <strong>de</strong> distribuição dos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> sedimentos cenozóicos mais expressivos em área no Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo.<br />

o


94 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

arenitos da Formação Pirambóia intemperizados dos <strong>de</strong>pósitos cenozóicos na inexistência <strong>de</strong> uma<br />

cascalheira basal (Fúlfaro et alii, 1971). Adjacente ao dique os arenitos intemperizados da formação<br />

inferior passam a arenitos cenozóicos para cima sem que se perceba a passagem ressal.<br />

tada pelo dique erodido, no meio do afloramento.<br />

Os afloramentos <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito são mais comuns na margem setentrional da<br />

sub.bacia norte do Paraná, revelando uma maior intensida<strong>de</strong> do processo para esta área. Na<br />

região <strong>de</strong> Pedregulho - Franca. Batatais, recobrem todos os espigóes entre os rios Pardo,<br />

Sapucaí e Mogi - Guaçu (Fig.1).<br />

Depósitos associados às calhas fluviais atuais<br />

Esses <strong>de</strong>pósitos são caracterizados por sedimentos arenosos, freqüentemente areias<br />

<strong>de</strong>granulação média, situados nas calhas ou próximos aos canais fluviais atuais. São <strong>de</strong>pósitos<br />

muito ricos em estruturas sedimentares, principalmente estratificações cruzadas. Fácies <strong>de</strong> trans.<br />

bordamento po<strong>de</strong>m ou não estar associadas e, quando presentes, estão situadas estratigrafi.<br />

camente acima, sugerindo um assoreamento final do ciclo. Muitos autores têÍn <strong>de</strong>scrito <strong>de</strong>pósitos<br />


FÚLFARO, SUGUIO 95<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> cascalho como facies associadas. Suas características sedimentológicas indicam<br />

<strong>de</strong>posição fluvial em ambiente <strong>de</strong> planície <strong>de</strong> transbordamento e po<strong>de</strong>riam constituir <strong>de</strong>pósitos<br />

associados na antiga drenagem.<br />

Cascalheiras constituídas predominantemente por seixos <strong>de</strong> calcedônia<br />

Descritas pelos mesmos autores anteriormente citados (í<strong>de</strong>m, í<strong>de</strong>m) , ocorrem em<br />

situação estratigraficamente superior nas partes mais baixas dos vales fluviais dos gran<strong>de</strong>s rios<br />

e, diversamente da anterior, ao longo <strong>de</strong> seus afluentes. São constituídas por seixos <strong>de</strong> ágatas,<br />

arenitos silicificados e quartzo e quartzito retrabalhados do ciclo anterior. Associam-se freqüentemente<br />

a expressivos corpos arenosos com abundantes estratificações cruzadas como na região<br />

<strong>de</strong> Jupiá, SP.<br />

Guidicini e Silva (1972) <strong>de</strong>screvem um extenso <strong>de</strong>pósito na região <strong>de</strong> Três Lagoas,<br />

MT - J upiá, SP, paralelo à atual calha do Rio Paraná e com possantes espessuras. Tais <strong>de</strong>pSsitos<br />

pertencem a este ciclo da evolução da re<strong>de</strong> hidrográfica do Paraná, bem distinta da fase<br />

anterior. A maior parte dos afloramentos encontram-se na ampla planície aluvial do Rio Paraná<br />

e <strong>de</strong> seus afluentes.<br />

As características impressas nestes sedimentos revelam uma <strong>de</strong>posição em canal<br />

fluvial com energia semelhante a do atual Rio Paraná, que mostra <strong>de</strong>pósitos semelhantes na sua<br />

atual calha. A diferença em cota nos afloramentos <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>pósitos em relação à calha dos rios<br />

atuais indica também um diferente nível <strong>de</strong> base.<br />

Uma característica importante na <strong>de</strong>scrição da gênese <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>pósitos é o fato <strong>de</strong><br />

cpe os afluentes do Rio Paraná que não têm as suas nascentes em rochas do Cristalino, mas sim<br />

no platô basáltico apresentam cascalheiras <strong>de</strong>ste ciclo constituídas somente por seixos provementes<br />

<strong>de</strong> materiais dos basaltos e arenitos inter-trapianos, tais como ágatas e arenitos silícificados.<br />

A associação com seixos <strong>de</strong> quartzito ocorre somente nas áreas <strong>de</strong> afloramentos do ciclo<br />

anterior, restritos aos rios principais.<br />

Formação Pariquera-Açu<br />

DEPOSITOS LITORÂNEOS<br />

A Formação Pariquera-Açu foi <strong>de</strong>scrita por Bigarella e Mousinho (1965), quase concomitantemente<br />

com a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Almeida (1964), qae a <strong>de</strong>nominou Formação Jacupiranga.<br />

Posteriormente, Franzinelli (1970) <strong>de</strong>screveu o seu ar.1biente <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição atribuindo-lhe uma<br />

origem fluvial a partir <strong>de</strong> um barramento causado por elevação do nível marinho associada às<br />

glaciações quaternárias. Bistrichi et alii (1973), mediram direções <strong>de</strong> paleocorrentes em <strong>de</strong>pósitos<br />

conglomeráticos da formação na região <strong>de</strong> Eldorado, SP, <strong>de</strong>terminando direções <strong>de</strong> transporte<br />

normais à atual direção do Rio Ribeira <strong>de</strong> Iguape, com características <strong>de</strong> regime torrencial, como<br />

já haviam assinalado Petri e Suguio (1971) .<br />

A formação é constituída por conglomerados situados no vale do Rio Ribeira <strong>de</strong><br />

19uape e <strong>de</strong> seu afluente o Rio Jacupiranga, predominantemente (Fig. 1). Os conglomerados estão<br />

associados, a juzante, com corpos areno-argilosos e encontram-se freqüentemente ocupando,<br />

em suas partes basais, calhas no embasamento. Seus afloramentos mais orientais aproximam-se<br />

da costa a menos <strong>de</strong> 20 km <strong>de</strong> Cananéia, sendo recobertos por areias da Formação Cananéia. A<br />

ampla planície ocupada por estes sedimentos possui um nítido controle estrutural, tendo sido<br />

<strong>de</strong>scrita por Fúlfaro et alii (1974).<br />

Furos <strong>de</strong> sondagens realizados na orla litorânea como os <strong>de</strong>scritos por Petri e Suguio<br />

(1973) e visitados mais recentemente pelos autores, têm assinalado <strong>de</strong>pósitos conglomeráticos<br />

por baixo <strong>de</strong> argilas transicionais da base da Formação Cananéia. A relação <strong>de</strong> contato entre as<br />

areias da Formação Cananéia e os <strong>de</strong>pósitos mais orientais da Formação Pariquera-Açu, entre a<br />

cida<strong>de</strong> do mesmo nome e Cananéia, permite supor que esses conglomerados assinalados em furos<br />

<strong>de</strong> sondagens sejam correlacionáveis à esta formação, tendo em vista a presença entre as duas<br />

formações da camada <strong>de</strong> argila transicional entre os ambientes continental e marinho.<br />

A Formação Pariquera-Açu, assim esten<strong>de</strong>r-se-ía em sub-superfície em direção à<br />

plataforma continental, tendo os seus termos granulométricos mais dis~is constituídos pelas<br />

areias, que o avanço marinho responsável pela <strong>de</strong>posição da Formação Cananéia retrabalhou.<br />

--~<br />

--


--<br />

96 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Formação Cananéia<br />

Descrita por Petri e Suguio (1973), é constituída por areias muito bem selecionadas<br />

com raras intercalações argilosas, <strong>de</strong>positadas em ambiente marinho. Sua área <strong>de</strong> afloramento<br />

típica encontra-se nas planícies costeiras paulistas ao sul da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santos, 'mas ocorrem<br />

<strong>de</strong>pósitos correlacionáveis em toda a costa SE brasileira (Fig. 1). Na base, separando-a dos<br />

cascalhos e areias conglomeráticas da Formação Pariquera-Açu ocorre uma camada <strong>de</strong> argila <strong>de</strong><br />

espessura variável, caracterizada a partir do estudo <strong>de</strong> seus microfósseis, como representando<br />

uma transição entre um ambiente continental e marinho.<br />

A Formação Cananéia ocupa, na área em que foi <strong>de</strong>scrita, as regiões até a cota <strong>de</strong> 9<br />

m, representando este o nível provável da transgressão. Nas proximida<strong>de</strong>s da atual linha <strong>de</strong> costa,<br />

encontra-se entalhada na altura da cota 3 m, que representa portanto um segundo nível <strong>de</strong><br />

ingressão marinha que entalhou os <strong>de</strong>pósitos da primeira. Este segundo nível, mais baixo, tem<br />

sido assinalado ao nível da transgressão flandriana <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> entre 3.000 a 7.000 anos.<br />

As características gerais <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição das areias da Formação Cananéia e o seu modo<br />

<strong>de</strong> ocorrência a associam indubitavelmente aos avanços e recuos do nível marinho ligados as<br />

variações glácio-eustáticas do Quatemário.<br />

EVOLUÇÃO TECTONICA E PALEOGEOGRÃFICA DO CENOZOICO PAULISTA<br />

A partir da <strong>de</strong>scrição das principais características dos <strong>de</strong>pósitos cenozóicos é possível<br />

traçar o seguinte quadro da sua evolução.<br />

Os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> areias e colúvios <strong>de</strong> espigão distribuem-se praticamente na mesma área <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> sedimentos da Formação Bauru, ao qual recobrem sem haver aparentemente discordância<br />

entre as duas unida<strong>de</strong>s. O arcabouço tectônico presente na <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>stes sedimentos cenozóicos<br />

é ainda o mesmo que comandou a <strong>de</strong>posição da formação prece<strong>de</strong>nte.<br />

As características torrenciais, a falta <strong>de</strong> estrutura e o pequeno transporte indicam<br />

<strong>de</strong>pósitos formados em zona <strong>de</strong> quebra <strong>de</strong> relevo ao pé <strong>de</strong> elevações regionais, daí <strong>de</strong>correndo a<br />

sua maior expressão ao norte da sub-bacia, na margem setentrional, a partir das elevações do<br />

Cristalino na região do Arco da Canastra. Estes <strong>de</strong>pósitos foram então sedimentados Em uma<br />

ampla área sob a forma <strong>de</strong> imensos leques recobrindo o ciclo prece<strong>de</strong>nte.<br />

As características que indicam um clima semi-árido para o tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>stas<br />

camadas encontram suporte nas <strong>de</strong>scrições do clima vigente à época <strong>de</strong> sedimentação do Arenito<br />

Bauru, em que pese as discussões estratigráficas sobre a posição dos calcários <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>.<br />

Haveria uma certa continuida<strong>de</strong> não só no arcabouço geológico regional, como também climático<br />

entre um e outro ciclo.<br />

No Mioceno são <strong>de</strong>scritas ao longo da costa brasileira diversas ingressões marinhas,<br />

que <strong>de</strong>ram origem a <strong>de</strong>pósitos que afloram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Estado do Pará até a foz do Rio da Prata.<br />

Essas ingressões marinhas que na foz do Prata atingiram uma ampla área (Rich, 1945), <strong>de</strong>vem<br />

ser <strong>de</strong>vidas a um abaixamento generalizado da costa brasileira, que teve corm resultado levantamentos,<br />

por reativações das antigas linhas <strong>de</strong> falha, no interior do continente, causando o<br />

aparecimento <strong>de</strong> soleiras que <strong>de</strong>ram origem aos <strong>de</strong>pósitos cenozóicos associados à atual drenagem.<br />

Tal mecanismo já havia sido proposto por Landim e Fúlfaro (1971) para a gênese da<br />

Formação Caiuá.<br />

Os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> espigão estariam assim situados no tempo, entre o Cretáceo Superior,<br />

início da sedimentação da Formação Bauru, e o Mioceno, época da reativação tectônica<br />

mencionada, que causou a <strong>de</strong>posição do ciclo seguinte.<br />

Esses barramentos causaram sempre assoreamento a montante, no entanto, com<br />

mracterísticas diferentes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sua área <strong>de</strong> atuação. Na Formação Rio Claro houve um<br />

barramento na região do domo <strong>de</strong> Pitanga causando uma mudança do antigo curso do rio para a<br />

sua posição atual, abandonando o antigo leito (Fúlfaro e Suguio, 1968). Na região <strong>de</strong> GuaÍra, o<br />

aparecimento da soleira <strong>de</strong> basalto com soerguimento <strong>de</strong>stas camadas básicas <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100 m<br />

causou um represamento natural dando origem a um imenso lago on<strong>de</strong> houve progradação <strong>de</strong><br />

frentes arenosas sub-aquáticas, dando origem aos sedimentos da Formação Caiuá.<br />

O restabelecimento da drenagem nos gran<strong>de</strong>s barramentos, por entalhe subseQÜente<br />

~~-----


N<br />

o; ~-<br />

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FÚLFARO, SUGUIO 97<br />

rebaixa rapidamente o nível <strong>de</strong> base causando um corte nos <strong>de</strong>pósitos anteriores e, a gran<strong>de</strong><br />

energia atestada pelos <strong>de</strong>pósitos, transporta seixos a partir do Cristalino e do pavimento <strong>de</strong>trítico<br />

associado ao ciclo dos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> espigão. Esta é a origem da abundância <strong>de</strong> seixos <strong>de</strong><br />

quartzo e quartzito <strong>de</strong>ste ciclo, litologias as mais resistentes aos processos <strong>de</strong> transporte e<br />

abrasão.<br />

As estratificações cruzadas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte existentes nestes <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> cascalhos,<br />

com camadas frontais <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 30 m, <strong>de</strong>monstram a existência <strong>de</strong> muita água com alta energia,<br />

responsável em gran<strong>de</strong> parte pelo entalhamento dos gran<strong>de</strong>s vales fluviais ocupados pela<br />

drenagem atual. Por outro lado, a falta <strong>de</strong> contribuição expressiva dos seixos ligados à litologia<br />

das rochas componentes do platô basáltico, com contribuições somente locais, indica não estaremestas<br />

rochas entalhadas profundamente na ocasião.<br />

A continuação do processo, com o progressivo abaixamento do nível <strong>de</strong> base, causa<br />

uma retração das correntes ao centro dos vales fluviais, dando início ao entalhamento lateral e<br />

<strong>de</strong>finição dos afluentes que passam a carrear seixos <strong>de</strong> ágatas e arenitos silicificados, que constituem<br />

a litologia predominante das suas cascalheiras. Nos vales dos rios principais, passam a se<br />

associar aos <strong>de</strong>pósitos do ciclo anterior a ele anexadas por efeito <strong>de</strong> retrabalhamento.<br />

O modo <strong>de</strong> ocorrência e disposição tridimensional <strong>de</strong>stes corpos indicam um regime<br />

semelhante <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição ao atual, constituídos predominantemente por <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> calha. A<br />

evolução <strong>de</strong>monstrada pela <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>stes dois corpos sedimentares revela um entalhamento<br />

progressivo da drenagem dando o quadro <strong>de</strong> evolução da atual re<strong>de</strong> hidrográfica do Paraná. Os<br />

rios Gran<strong>de</strong>, Tietê e Paranapanema, localizados como o Paraná em gran<strong>de</strong>s alinhamentos estruturais,<br />

tiveram o mesmo quadro evolutivo, diferente dos <strong>de</strong>mais afluentes, que somente tiwram<br />

origem neste segundo ciclo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> cascalheiras.<br />

Atualmente a região mostra indícios <strong>de</strong> levantamento, estando os rios em regime<br />

predominante <strong>de</strong> transporte (by passing) com as taxas <strong>de</strong> erosão e <strong>de</strong>posição ao longo <strong>de</strong> seus<br />

percursos aproximadamente em equilíbrio local. A maior parte <strong>de</strong>stes rios corre por sobre emrnsamento<br />

rochoso com freqüentes saltos e cachoeiras nas regiões <strong>de</strong> antigos barramentos e<br />

planícies aluviais a montante <strong>de</strong>stes pontos.<br />

No litoral paulista, separado da área <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>pósitos pelo levantamento<br />

terciário da Serra do Mar, encontramos um quadro evolutivo diverso em razão da presença da<br />

S<br />

AREIA<br />

ARGILA DE<br />

TRANSIÇÃO<br />

}<br />

FORMAÇÁO<br />

CANANÉIA<br />

CONGLOMERADOl FORMAÇÃO<br />

I PARIQUERA-ACU ,<br />

FI LI TO<br />

Fig. 2 - Perfil esquemático das relações entre os <strong>de</strong>pósitos cenozóicos costeiros e o embasamento cristalino em<br />

19uapé (SP).


98 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Bacia<strong>de</strong> Santos, iniciada no Cretáceo Superior e em franco processo <strong>de</strong> subsidência durante o<br />

Terciário, on<strong>de</strong> estão presentes sedimentos com apreciável espessura (Miranda, 1970).<br />

A região da Serra do Mar é, nesta época, fonte <strong>de</strong> sedimentos para a Bacia <strong>de</strong> Santos,<br />

sendo caracterizada por um profundo entalhamento da sua superfície com um recuo calculado<br />

em <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> quilômetros da sua frente original (Almeida, 1973). O assoreamento da Bacia<br />

<strong>de</strong> Santos vem encontrar a Serra do Mar aproximadamente em sua posição atual com intensa<br />

erosão fluvial dando origem às áreas da atual planície costeira paulista (Fúlfaro et alii, 1974).<br />

Em um nível do mar mais baixo que o atual e em um regime <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição mais enérgco,<br />

dá-se a <strong>de</strong>posição dos conglomerados da Formação Pariquera-Açu. Franzinelli (1970) já<br />

havia noticiado uma diminuição <strong>de</strong> granulação <strong>de</strong>stes sedimentos <strong>de</strong> montante para juzante. Os<br />

termos distais <strong>de</strong>sta formação, portanto, em direção à plataforma contiental seriam areias <strong>de</strong>positadas<br />

não em um regime fluvial formando gran<strong>de</strong>s canyons, como <strong>de</strong>pósitos similares existentes<br />

a:n outras partes do mundo, mas ainda guardando as características <strong>de</strong> frentes progradacionais<br />

<strong>de</strong>vido à alta razão <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> sedimentos, ainda herdada da fase <strong>de</strong> sedimentação<br />

na Bacia <strong>de</strong> Santos.<br />

O entalhamento do Cristalino foi governado estruturalmente pela presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

alinhamentos tectônicos e pelas diferentes litologias presentes, encontrando-se as gran<strong>de</strong>s<br />

calhas, tanto em superfície como em subsuperfície, associadas a rochas menos resistentes (Fig.<br />

2).<br />

O avanço do mar durante o Quaternário, elevando progresivamente o nível <strong>de</strong> base<br />

regional, vai dando origem a <strong>de</strong>pósitos transicionais compostos predominantemente por arenitos<br />

argilosos que passam a <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> ambientes francamente marinhos litorâneos da Formação<br />

Qmanéia, ocupando todas as partes baixas das planícies anteriores. A situação está esquematizada<br />

na Figura 3.<br />

.<br />

:.. Cota 89 m "-- .<br />

....~ T21FORMCANANEIAJ<br />

~.~ ~1ti1il~.I~';;!,;;,ii~~:~;?<br />

~:.. ~~-=-== ARGILADNE<br />

..:::~"j;"---::= TRANS/CAO !<br />

---------<br />

:gt~:~~<br />

++ .7;6õe...J":'; =-'~ :.: .<br />

· ... ...~ =--=--===--==--= ~ CANANEIA<br />

+ + · .. ..;:r;õ:r, o.. .. =-= =;c::------<br />

=-=-_-=---==-__=_<br />

++ + ++++++<br />

EMBASAMENTO +++++++ ...~ ... FORM.PARIOUERA-AÇU<br />

'<br />

INDI FERENCIADO + + + +<br />

Fig. 3 - Esquema das interrelações dos <strong>de</strong>pósitos cenozóicos costeiros no su<strong>de</strong>ste do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

A cronologia dos eventos <strong>de</strong>scritos para a zona litorânea dá uma possível correlação<br />

com os <strong>de</strong>pósitos do planalto. Não existem <strong>de</strong>pósitos correlativos na costa aos eventos tectosedimentares<br />

<strong>de</strong>scritos para o planalto, pois nessa época era a região caracterizada por forte<br />

levantamento, sendo área fonte <strong>de</strong> uma bacia que apresenta cerca <strong>de</strong> 8.000 m <strong>de</strong> sedimentos entreoCretáceo<br />

e o Terciário. A região era alvo <strong>de</strong> intensa ativida<strong>de</strong> erosiva e os seus <strong>de</strong>pósitos<br />

estão localizados na plataforma continental brasileira, <strong>de</strong> estratigrafia ainda <strong>de</strong>sconhecida.<br />

Os <strong>de</strong>pósitos existentes na costa, formações Pariquera-Açu e Cananéia, revelam indícios<br />

<strong>de</strong> se correlacionarem com os <strong>de</strong>pósitos do planalto no topo <strong>de</strong> sua coluna, como está<br />

<strong>de</strong>monstrado no Quadro 1. A Formação Cananéia, sendo <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> quaternária e tendo uma<br />

gradação em sua base para os <strong>de</strong>pósitos da Formação Pariquera-Açu subjacente, <strong>de</strong>vem estar<br />

mais ou menos associadas no tempo. No entanto, as características torrenciais dos <strong>de</strong>pósitos<br />

<strong>de</strong>sta última formação, são análogas aos <strong>de</strong>pósitos das cascalheiras do planalto no início da formaçãoda<br />

atual re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem. Assim, tentativamente, correlacionamos estes dois ciclos<br />

litorâneos ao topo da coluna proposta para o planalto.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Fúlfaro (1974) <strong>de</strong>finindo a linha estrutural do Paranapanema e as<br />

recentES <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s elementos tectônicos no Su<strong>de</strong>ste Brasileiro, como indicado<br />

pelos trabalhos <strong>de</strong> Torquato (1974) e Rezen<strong>de</strong> (1973) Slgere a existência <strong>de</strong> compartimentos tectônicos<br />

isolando áreas entre esses gran<strong>de</strong>s alinhamentos. A correlação pura e simples <strong>de</strong> níveis<br />

topográficos para todo o su<strong>de</strong>ste brasileiro é <strong>de</strong>sta maneira precária. As correlações entre as


IDADE UTOLOGIA PREDOMINANTE E SITUAÇÃO GEOGRÁFICA AMBIENTE DEPOSIOONAL UTOLOGIA PREDOMINANTE E SITUAÇÃO GEOGRÁFICA AMBIENTE DEPOSICIONAL<br />

o E/OU POSSlVEL CUMA E/OU POSSIVEL CLIMA<br />

,< õ3<br />

Z<br />

Formação Cananéia (Local tipo: Cananéia, SP). Areias finas a muito MARINHO RASO<br />

00:<br />

Cascalheiras e Linhas <strong>de</strong> Seixos Associadas a CoIúvios. Apresentam-se TORRENCIAL.<br />

finas <strong>de</strong> seleção extremamente boa com estratificações plano-paralelas Possíveis alternâncias<br />

~freqüeI)temente em meia encosta e são resultado do retraba1hamento Possíveis alternâncias<br />

~<strong>de</strong>ciclos anteriores. climáticas. horizontais e cruzadas <strong>de</strong> pequena escala. climáticas.<br />

:=><br />

-$. PLEISTOCENO ------------ --- -- --------------- -------- ----- -----------....-------- --------- ------------<br />

t CascaJheiras constituídas predominantemente por seixos <strong>de</strong> FLUVIAL Formação Pariquera-Açu (Bacia Ribeira do Iguape). Cascalheiras <strong>de</strong> FLUVIAL<br />

I<br />

catcedônia (áptas), arenitos silicirlcados, quartzo e quartzito úMIDO quartzo e quartzito associadas a abundante matriz <strong>de</strong> areia e argila TORRENCIAL ÚMIDO<br />

: : retrabalhados <strong>de</strong> ciclo anterior. Associam--se a esses níveis <strong>de</strong> cascalho em alguns locais passando, em direção ao mar, para teunos cada vez (pelo menos em parte).<br />

I<br />

I:<br />

:<br />

O<br />

õ3 ~I -<<br />

espessos corpos <strong>de</strong> areia com abundantes estratificaÇões cruzadaS.<br />

Canal principal e afluentes do Rio Paraná.<br />

----------------------------------<br />

Cascalheiras constituídas predominantemente por seixos <strong>de</strong> quutzito<br />

e secundariamente ca1cedônia (sílex). Localmente seixos <strong>de</strong> arenito.<br />

Praticamente ausentes Oscorpos arenosos. Estratificaçôes 'gradativas e<br />

~cruzadasnas cascaIheiras. Eixo principal da Bacia Hidrográfica do<br />

---------------<br />

FLUVIAL<br />

ÚMIDO<br />

mais finos, inclusive argilas transicionais.<br />

------------------------------<br />

Gran<strong>de</strong> entalhamento da região da Sem do Mar, concomitante<br />

seu levantamento =área fonte da Bacia <strong>de</strong> Santos.<br />

ao<br />

I<br />

i<br />

I<br />

i<br />

Rio Paraná.<br />

~------------- ------ - ----- -------<br />

Areias <strong>de</strong> panuIação média, freqUentemente com abundantes<br />

estratificações cruzadas e níveis argilosos intercalados. Acham-se<br />

situadas, em geral, ao longo das calhas fluviais atuais (Formações Rio<br />

Claro,-Caiuá, São Paulo, Rio Gran<strong>de</strong>, etc).<br />

--------------<br />

FLUVIAL<br />

ÚMIDO<br />

I MIOCENO --------------------------------- ---------------<br />

I Areias e coIúvios reOelindo a litolopa das rochaa locais, sem TORRENCIAL<br />

I<br />

estrutura, assemelhando--se a solos residuais. Situam-se SEMI-ÁRIDO<br />

I preferencialmente nos atuais divisores <strong>de</strong> água.<br />

-t- ------- --------- EMBASAMENTO REGIONAL -------- "'"------------<br />

+<br />

O<br />

u<br />

QUADRO 1<br />

Quadro Demonstrativo da Sucessão Estratigráfica do Cenozóico Paulista e suas Relações<br />

com as Unida<strong>de</strong>s do fim do Mesozóico.<br />

DEPÓSITOS DO PLANALTO DEPÓSITOS LITORÂNEOS<br />

.06<br />

N<br />

O<br />

CRETÁCEO<br />

SUPERIOR<br />

Formação Bauru. Arenito argiloso, siltito, argilito, conglomerado e<br />

calcário impuro. Sedimentos relativamente pobre em estruturas<br />

sedimentares primárias indicando paleodrenagem similar à atual bacia<br />

FLUVIAL<br />

Semi-árido no início e<br />

no fim (7) do ciclo.<br />

'" ~hidrográfica do Rio Paraná.


---------<br />

100 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

IDADE DEPÓSITOS DO PLANALTO DEPÓSITOS LITORÂNEOS ~~~rf!~O~~~S<br />

D: o<br />

ILI<br />

z<br />

Cascalheiros e linhas ~<strong>de</strong> Formação Cananéla . ã!<br />

::;)<br />

seixos associadas a colúvlo c<br />

:a<br />

....2. PLEIS1OCENO Ta<br />

--I<br />

T .... --Ta ----<br />

Cascalhelras retrabalhadas ct Form. Pariquera-Açu i=1!<br />

(ágata e arenlto sillclflcado) ..<br />

t-<br />

o...<br />

T4<br />

u. ------T4----o<br />

Z ~,<br />

/' , Cascalhelras com predoml- I J:<br />

o ILI , ,<br />

D: nlo <strong>de</strong> seixos <strong>de</strong> quartzito I \ Z<br />

z t \<br />

'ct TI \ -----TI-____<br />

- -<br />

Areias médias com abun- - I<br />

(,)<br />

\<br />

D:<br />

t- I levantamento \<br />

a: dantes estratos cruzados z I<br />

, ct<br />

ILIMIOCENO Ta I da ,<br />

Areias e cOlúvlos refletln- (,) I Serra do Mar ,<br />

do o embasamento local I ,<br />

I \<br />

-----.,.---T1 -------- I \<br />

rIS I \ -----T1 ----<br />

CRETÁCEO Forma9ão Bauru<br />

t- o I , -----Ta ---- ::E<br />

ILI j \<br />

::E SUPERIOR<br />

,<br />

T1.LI ""A DE TEMPO<br />

Fig. 4 - Quadro <strong>de</strong>monstrativo dos eventos tecto-sedimentares entre os <strong>de</strong>pósitos cenozóicos do Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo.<br />

diversas áreas <strong>de</strong>vem ser reaIizadas a partir <strong>de</strong> levantamentos <strong>de</strong> colunas estratigráficas para<br />

cada compartimento, a exemplo do que po<strong>de</strong> ser visto na Figura 4.<br />

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----


INTERPRETAÇAO MORFOTECTONICA DO RELEVO<br />

NO PLANALTO DO ITATIAIA<br />

FAUSTINOPENALVA*<br />

ABSTRACT<br />

The author discus_ tha problom of the exlstonce of alpine galcial pbeDomena, during the Plei8toc:ste, in tbe ItotJaia p1ateau,<br />

southeaotern BrazR. The i<strong>de</strong>a was firat conceived by De Martoll1l8in 1940and <strong>de</strong>velopped m..tIy by bruRian and foreJsn geographera.<br />

It saems that the necessary climatic conditions nev... existed, and typical glaciated land formo are absent in the area.<br />

The very interesting morphologicsJ aspecto that led to suppose glacial ~sion, are rather easib' un<strong>de</strong>rstood und... the inf1uenceof<br />

the tectonic environment: circular faulting and colapse, grovity faulto and a very prominent joint system.<br />

The intense jointing Iad, not onIy to the formlltion of a countless number of boul<strong>de</strong>rs, but also to the <strong>de</strong>velopment of certain Iand<br />

folms and some peculiar features in drainage pattern. Weatherlng and vegetation are also Importantin tbe <strong>de</strong>vslopment of somo Iand formo.<br />

RESUMO<br />

No presente trabalho o autor apresenta o resultado dao suas observaç6es morfológicas no planalto do Itlltiaia. Ao executarmo.,<br />

há alguns anos, o estudo da gsologia e toctônica da regilo, eativemos atentos, também, aos problemas da glac/aç40 p"'iBtoc'nica, CllJa<br />

idéia foi laneada por De Martonne em 1940. De nossa parte, invocamos os elemontos da toct6nica pare explicar a morfologia dao cin:unvi.<br />

zinh.nças das Aculhas Negt'88; achamos que os argumentos climáticos usados pelos gsomorf6logos aio multo duvidosos, foram muito distanciados<br />

da idéia inic"l e as provas apresentadas nlo se harmomzam em conjunto, sendo por vezes inaceitáveis.<br />

As condições climáticas que <strong>de</strong>vem ter prevalecido naquelas altitu<strong>de</strong>s durante o Ploistoceno, certamente Dlo foram favoráveis à<br />

existência <strong>de</strong> tipicao geleiras, pois em comparaçAo com a situaçlo climática atual vê.se que é remota a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que uma glaciaçAo<br />

tenha ocorrido. As formas erosivas e os <strong>de</strong>pósitos resultantes do transporto pelo gelo, os quais alo ca,'acteristicos no ambiente <strong>de</strong> uma<br />

glaciaçlo do tipo alpino, nlo se apresentam no Itatiaia, nem mesmo em forma <strong>de</strong> veotlgios coÍ1cratos; es... evidências <strong>de</strong>veriam ser bastante<br />

claras se consi<strong>de</strong>rarmos o pouco tempo <strong>de</strong>corrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época glacialllté o presente.<br />

Os fenômenos tectônicos, por <strong>de</strong>mais evi<strong>de</strong>ntes no maciço alcalino do Itatiaia, explicam com muito maior proprieda<strong>de</strong> as<br />

feiçôes do relevo na regilo. Falhamentos circulares no final da intruslo permitiram o colapso do topo da meams e a f


104 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> SRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

senciais, quando tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar a nossa opinião a respeito. Voltamos<br />

agora ao problema, para estudá-Io <strong>de</strong> maneira mais ampla, discutindo-o nos seus pormenores, na<br />

tentativa <strong>de</strong> elucidar os pontos básicos que originaram a oontrovérsia.<br />

Depois <strong>de</strong> vários anos <strong>de</strong> convívio com a região, coletando dados para o estudo da<br />

tectônica e a elaboração do mapa geológico do Itatiaia, colhemos informações que ilos pemitem<br />

argumentar <strong>de</strong> forma muito mais segura que os estudiosos que nos prece<strong>de</strong>ram, os quais foram,<br />

em sua maioria, visitantes <strong>de</strong> passagem ou excursionistas <strong>de</strong> alguns dias.<br />

Estamos convictos, e tentaremos provar, que a morfologia do planalto do Itatiaia<br />

não está ligada ao trabalho <strong>de</strong> geleiras <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, que teriam ocorrido no Pleistoceno, mas a<br />

erosão: "mo<strong>de</strong>lou o relevo seguindo as condições impostas pelos elementos estruturais" (penalva,<br />

1967, p. 188).<br />

Fig.l<br />

Maciço Alcalino <strong>de</strong><br />

Posso- Quatro<br />

-/ Contato<br />

- LEGENDA -<br />

da intrusõo<br />

~ Estrutura anelar<br />

_Área acima <strong>de</strong> 2300m<br />

~ Área acima <strong>de</strong> 2000m<br />

MAPA 00 MACICO ALCALINO DO<br />

APARECIMENTO E EVOLUÇÃO DAS ID~IAS GLACIAIS<br />

ITATIAIA<br />

Q 4)1a<br />

A idéia <strong>de</strong> invocar o trabalho do gelo para explicar certas feições topográficas nos altos<br />

do Itatiaia foi apresentada por Martonne em 1940. Esse pesquisador europeu, com toda a<br />

sua autorida<strong>de</strong>, sugeriu um abaixamento <strong>de</strong> 6° a 7°C na média anual das temperaturas no Pleistoceno,<br />

colocando a região nos limites da linha <strong>de</strong> neve perene. As chuvas abundantes causariam<br />

1m abaixamento adicional, permitindo a nivação e a existência <strong>de</strong> uma pequena glaciação. A<br />

idéia foi, porém, extemada com todo o cuidado, <strong>de</strong>ixando claro que ela não representava uma<br />

afirmação categórica (De Martonne, 1943 - 44).


PENAL VA 105<br />

A novida<strong>de</strong> foi acolhida com entusiasmo pelos autores nacionais estudiosos da<br />

~omorfologia, que ampliaram o seu alcançe e passaram a buscar as provas da sua realida<strong>de</strong>.<br />

Nota-se que a idéia básica <strong>de</strong> De Martonne foi <strong>de</strong>turpada, sendo usada por aqueles que já tinham<br />

idéia formada a priori. Com o espírito predisposto a aceitar os fatos em questão, foram<br />

facilmente impressionados pelos aspectos realmente sugestivos que apresenta o relevo do planalto<br />

(Fig. 2 e 3), aceitando as idéias glaciais sem antes levar em consi<strong>de</strong>ração os importantes<br />

elementos fornecidos pela geologia.<br />

Fig. 2 - Soleira (atrás do Abrigo Rebouças) originando charco em espécie <strong>de</strong> anfiteatro.<br />

Destaque para as Agulhas Negras (no fundo, à esquerda), as diáclases e os matacões.<br />

Fig. 3 - Sistemas <strong>de</strong> diaclasamento (vertical e horizontal), originando matacões<br />

(arredondamento in situ). Ao fundo, as Prateleiras.<br />

Hoje po<strong>de</strong>mos perceber que a confusão se <strong>de</strong>veu, em gran<strong>de</strong> parte, ao <strong>de</strong>sconhecimento<br />

dos elementos da geologia, os quais só agora foram estudados com relativa profundida<strong>de</strong>.


106 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Apesar disso, os geólogos e alguns geomorfólogos mantiveram certa reserva com respeito às<br />

idéias glaciais, achando-as improváveis.<br />

Silveira (1942) e Ruellan (1943) seguem-se e <strong>de</strong> Martonne, apresentando a g.laciação<br />

como fato indiscutivel. O <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> piemonte das imediações da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itat~aia é tomado<br />

IDr Silveira como sendo o tilito resultante das geleiras do planalto. Rich (1953) visita a região,<br />

em excursão <strong>de</strong> reconhecimento, e enumera várias provas do fenômeno, incluindo um vale BI1 U,<br />

blocos erráticos e as caneluras. Afirma que, no seu conjunto, o planalto lembra uma região fortemente<br />

trabalhada pelo gelo.<br />

Ab'Saber e Bernar<strong>de</strong>s (1956) voltam ao problema, alinhando várias provas favoráveis<br />

à glaciação, sintetizando as idéias aparecidas até então. Mencionam rosário <strong>de</strong> lagoas, vales em<br />

U, drenagem <strong>de</strong>sorganizada e <strong>de</strong>pósito flúvio-glacial. Maack (1957) também publica suas observações,<br />

vindo em apoio dos <strong>de</strong>fensores da glaciação.<br />

Ebert (1960) estudou a zona, nor<strong>de</strong>ste do maciço, nas proximida<strong>de</strong>s da vila <strong>de</strong> Mauá,<br />

percorrendo os vales dos rios Preto, Morro Cavado e Bonito (Riachão). Procura provar a forma<br />

em U dos talvegues (hoje assoreados) e interpreta os <strong>de</strong>pósitos dos mesmos como sendo um<br />

barro a bloco, sedimentado pelas geleiras originadas no planalto. A linha <strong>de</strong> neve perene pleistocênica<br />

estaria a 2100 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Barbosa (1962) visitou o planalto e julga ter reconhecido<br />

todos os indícios <strong>de</strong> glaciação anteriormente apontados. Em 1969 Christofolettianalisa o breve<br />

capítulo sobre a geomorfologia do planalto, pertencente a trabalho que publicamos sobre o<br />

Itatiaia (Penalva, pp. 182-90) e não aceita nossas pon<strong>de</strong>rações, optando por um mo<strong>de</strong>lado<br />

glacial.<br />

Domingues (1952) foi um dos primeiros autores a manifestar sua opinião contrária às<br />

idéias glaciais, chamando a atenção para a pequena altitu<strong>de</strong> da região. Odman (1955) preferiu<br />

invocar o intemperismo, as abundantes chuvas e o diaclasamento para tentar interpretar a situação<br />

atual do planalto. Em 1957 um grupo <strong>de</strong> geomorfólogos publicou uma série <strong>de</strong> observações<br />

sobre o Itatiaia, após terem visitando a região em 1956 (excursão <strong>de</strong> 2 dias, guiada por<br />

Ab'Saber), durante o XVIII Congresso Internacional <strong>de</strong> Geografia (Cailleux, 1962). Na tradução<br />

fEita por Christofoletti verifica-se que a maioria dos congressistas não aceitou como condusivos<br />

os indicios e argumentos apresentados por Ab'Sáber (p. ex. Raynal, Dresch, Birot,<br />

Macar, Mortensen e Lefevre). Teixeira (1961) procura valer-se <strong>de</strong> elementos tectônicos para explicar<br />

certas feições do planalto, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado as idéias glaciais.<br />

Ao percorrer a literatura que trata do assunto, percebe-se que a maioria dos <strong>de</strong>fensores<br />

da glaciação somente ve o fato realizado, tentando caracterizá-Io a todo custo. Poucos ensaiaram<br />

um estudo crítico <strong>de</strong> conjunto, analisando as possibilida<strong>de</strong>s teóricas do fenômeno, consi<strong>de</strong>rando-se<br />

o clima, a altitu<strong>de</strong> e a área da região, e comparando esses fatores com a amplitu<strong>de</strong><br />

da glaciação suposta.<br />

ARGUMENTOS CONTRÁRIOS A UMA GLACIAÇAo PLEISTOC:€NICA<br />

Durante a temporada <strong>de</strong> trabalho na região estivemos sempre atentos na coleta <strong>de</strong> informações<br />

para o mapeamento, a interpretação tectônica e a presumível glaciação. Na verda<strong>de</strong>, procuramos<br />

reconhecer as evidências apontadas pelos autores e confrontá-Ias com todos os <strong>de</strong>mais aspectos<br />

do conjunto, tendo em vista que os resultados do trabalho do gelo sobre o substrato rochoso<br />

apresentam características bem <strong>de</strong>finidas (Engein e Caster, 1952; Flint, 1953). Das observações por<br />

nós realizadas e dos dados gerais recolhidos na literatura, pu<strong>de</strong>mos reformular os fatores básicos envolvidos<br />

na interpretação do problema.<br />

Altitu<strong>de</strong> e Clima<br />

Quando se fala em glaciação no Itatiaia, é lembrada a altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> quase 2800 m das<br />

Agulhas Negras. Mas não <strong>de</strong>vemos esquecer-nos que o ambiente real dos fenômenos glaciais estaria<br />

localizado abaixo dos 2500 m, pois são restritas as áreas que ultrapassam essa altitu<strong>de</strong><br />

(pouco mais que 10 km2) . Por outro lado, não chega a 80 km2 a área <strong>de</strong>ntro e fora do planalto<br />

acima dos 2000 m, por <strong>de</strong>mais pequena para sustentar uma glaciação como aquela imaginada<br />

IDr Ebert(1960), Silveira (1942) e outros. Não se compreen<strong>de</strong> como <strong>de</strong> 111ft área tão pequena


PENAL VA 107<br />

pu<strong>de</strong>ssem se <strong>de</strong>slocar geleiras a 20, ou mesmo 12 km <strong>de</strong> distância.<br />

A posição da linha <strong>de</strong> neve perene pleistocênica no Itatiaia é assunto controvertido.<br />

Ebert (1960) imagina que ela tenha alcançad9 2100 m, enquanto que Odman (1955) a coloca a<br />

4500 m no Pleistoceno e 4800 m atualmente (p. ex. nos An<strong>de</strong>s, em latitu<strong>de</strong> idêntica).<br />

Consi<strong>de</strong>rando que a temperatura média anual no planalto do Itatiaia é <strong>de</strong> 11°C, é<br />

difícil acreditar que o planalto tivesse sido atingindo pela linha <strong>de</strong> neve perene em qualquer<br />

momento da ida<strong>de</strong> glacial quaternária. O mês mais frio do ano é julho, e no planalto tem média<br />

dJ 8°C. É certo que a temperatura noturna cai abaixo <strong>de</strong> O°C com certa freqüência, e a geada e<br />

a umida<strong>de</strong> congelada do solo, quando ao abrigo do sol, conseguem às vezes persistir durante<br />

tndo o dia. Porém, fevereiro que é o mês mais quente, tem média <strong>de</strong> 14°C. A média das máximas<br />

nesse mesmo mês alcança 17°C. O abaixamento da temperatura média anual <strong>de</strong>veria ter<br />

rido suficiente para colocar as médias dos meses <strong>de</strong> verão não muito acima <strong>de</strong> O°C, <strong>de</strong> modo a<br />

preservar boa parte da neve acumulada no inverno.<br />

Muito importante é o fato <strong>de</strong> que atualmente o inverno na região é bastante seco,<br />

com precipitação quase nula. Esta se realiza essencialmente no verão, com dias quentes e<br />

chuvosos. Se não admitirmos uma mudança radical na distribuição anual da precipitação, não<br />

conseguiremos explicar a queda da neve alimentadora das geleiras.<br />

Como sabemos, a existência <strong>de</strong> geleiras só é possível on<strong>de</strong> a queda <strong>de</strong> neve é relativamente<br />

abundante e on<strong>de</strong> a temperatura média é suficientemente baixa para permitir a conservação<br />

<strong>de</strong> boa parte da mesma. De maior importância são os valores das temperaturas médias<br />

nos meses <strong>de</strong> verão, pois se as mesmas forem altas, toda a neve caída no inverno se <strong>de</strong>rreterá.<br />

Intemperismo<br />

É um agente do trabalho geológico que não tem sido <strong>de</strong>vidamente consi<strong>de</strong>rado nos<br />

&Jtudos do planalto. Mesmo a formação das marmitas e caneluras, on<strong>de</strong> o intemperismo químico<br />

é responsável direto, não foi por todos aceita, sendo tomadas por alguns como resultado da<br />

ativida<strong>de</strong> do gelo em movimento.<br />

O intemperismo físico e químico completam-se mutuamente. Anotamos diferenças <strong>de</strong><br />

temperatura significativas: 4°C no solo e 15°C no ar; O°C em uma marmita, na rocha ao lado<br />

20°C. De maior importância, porém, é o trabalho do congelamento da água embebida na rocha<br />

Em <strong>de</strong>composição ou infiltrada nas inúmeras diáclases. O trabalho mecânico executado pela água<br />

ao congelar-se, vai enfraquecendo a rocha nos blocos e afloramentos, e permite que o intemperis-<br />

DD químico avance profundamente para <strong>de</strong>ntro das rochas. O grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição não é<br />

muito intenso, mas é com dificulda<strong>de</strong> que se consegue amostras realmente frescas. A rocha vai<br />

ficando friável, os blocos menores <strong>de</strong>smancham-se e as superfícies maiores <strong>de</strong>scascam, originando<br />

um farelo grosso que po<strong>de</strong> ser visto no chão, nas trilhas e marmitas. São freqüentes também<br />

0'1pedaços <strong>de</strong> rochas na forma <strong>de</strong> lascas, espalhados pelas encostas das elevações do planalto,<br />

lembrando a ativida<strong>de</strong> do intemperismo físico nas regiões periglaciais. Esse resultado do mtemperismo<br />

permite a formação <strong>de</strong> aspectos menores da topografia e que foram tomados como<br />

nichos glaciais.<br />

A vegetação, associada à gran<strong>de</strong> umida<strong>de</strong> do verão chuvoso, representa um pap~l<br />

importante no intemperismo químico nas áreas mais baixas do planalto.<br />

Topografia e drenagem<br />

Concordam os geólogos que certos aspectos, como vales em U, circos, vales suspen-<br />

80S, po<strong>de</strong>m aparecer isolados em regiões não afetadas por erosão glacial. Somente se po<strong>de</strong> falar<br />

Em trabalhos do gelo quando estão reunidos todos os aspectos erosivos, os sedimentos típicos<br />

resultantes e as condições topográficas e climáticas apropriadas (Flint, 1953).<br />

Quando, em ambiente glacial, a rocha apresentar zonas <strong>de</strong> fraqueza ao longo do vale,<br />

o gelo escava bacias com a mesma forma do circo glacial (vi<strong>de</strong> adiante), resultando daí os rosários<br />

<strong>de</strong> lo,gos em <strong>de</strong>graus <strong>de</strong>ntro do vale em U, na fase pós-glacial (Engeln e Caster, 1952). Os<br />

rosários <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressões lacustres ao longo <strong>de</strong> riachos, e que representariam (Ab'Saber e BEnlareles,<br />

1956) uma <strong>de</strong>sorganizada drenagém pós-glacial, nio são tão comuns ê nem !lemp1'9favorecem<br />

esta idéia. O Rio Aiuru6ca apresenta uma série <strong>de</strong>las quando atravessa zona <strong>de</strong> corre<strong>de</strong>iras,<br />

ao buscar o boqueirão <strong>de</strong> saída do planalto. O ribeirão das Flores apresenta dois pontos


108 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

on<strong>de</strong> atravessa zonas <strong>de</strong> charco (a montante do abrigo Rebouças) , o mesmo acontecendo com o<br />

afluente do Rio Campo Belo, que nasce a leste das Agulhas Negras. Em ambos os casos, essas<br />

áreas planas são o fruto do trabalho <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> soleiras, em vales que em nada lembram<br />

erosão glacial.<br />

Existem várias lagoas no planalto, isoladas ou ligadas à nascente <strong>de</strong> riachos. São<br />

sempre rasas, com 1 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> no máximo; a lagoa Bonita (Fig. 4) , sul das Agulhas<br />

Negras, vai pouco além <strong>de</strong> 1 m. Esta, bem como a lagoa a norte do Leão e outras duas, 4 km a<br />

reste da Pedra do Altar tem ligação clara com a drenagem. Porém. aquela a norte das Prateleiras<br />

e outras seis a sul da Pedra do Altar (Fig. 5)são totalmente isoladas, sem saída aparente.<br />

Em nenhum caso, no entanto, assemelham-se aos lagos que se formam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> vales ou circos<br />

glaciais (vi<strong>de</strong> logo adiante).<br />

Fig.4 - Em primeiro plano, lagoas e charcos relacionados com soleiras e intenso<br />

diac1asamento (sul das Agulhas Negras).<br />

As várzeas localizadas nas nascentes dos rios Preto e Aiuruóca (Fig. 6), foram supostas<br />

como amplos circos glaciais (De Martonne, 1943-44). Em região glacial, a erosão aumenta as dimensões<br />

do nincho inicial, dando ao circo a forma típica <strong>de</strong> uma meia taça.<br />

Na maioria dos casos, o circo glacial apresenta, em perfil longitudinal, a forma <strong>de</strong> uma<br />

bacia assimétrica, com a parte mais profunda a montante (Engeln e Caster, 1952). Disso resulta que,<br />

após o <strong>de</strong>gelo, o antigo circo é ocupado por um lago. Com o progresso da erosão <strong>de</strong>ntro dos circos, os<br />

divisores entre circos contÍguos se estreitam e finalmente se apresentam como cristas agudas e <strong>de</strong>nteadas.<br />

Isto não acontece na região do planalto. Da mesma forma, não se observam os <strong>de</strong>mais<br />

elementos indicadores da ativida<strong>de</strong> do gelo, quais sej am, as formas <strong>de</strong> erosão logo abaixo das várzeas<br />

(vales em U), bem como os sedimentos resultantes do transporte.<br />

Na realida<strong>de</strong>, nenhum circo, vale em U, vale suspenso ou qualquer outra evidência <strong>de</strong><br />

erosão glacial se apresenta <strong>de</strong> foma clara e indiscutível.<br />

Depósitos glaciais<br />

o tilito é a rocha típica <strong>de</strong> ambiente glacial, com ausência quase total <strong>de</strong> estratificação<br />

e seleção no tamanho dos fragmentos. Existe, porém, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong><br />

sedimentos (tálus, cone <strong>de</strong> <strong>de</strong>jeção) se confundirem com o tilito, principalmente quando afetados<br />

pelo intemperismo quimico. No estudo <strong>de</strong> um tal <strong>de</strong>pósito é necessário verificar se as <strong>de</strong>mais


PENAL VA 109<br />

Fig. 5 - Conjunto <strong>de</strong> lagoas isoladas, a sul da Pedra do Altar. Veja-se o gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> ma tacões e diáclases.<br />

Fig. 6 - Do alto da Pedra do Altar, visão da várzea do Aiuruoca, retida por soleira (anel<br />

morfológico intermediário). Ao fundo a Serra Negra (porção norte da estrutura<br />

anelar externa).<br />

características <strong>de</strong> um ambiente glacial se manifestam <strong>de</strong> modo seguro e se não estão presentes<br />

evidências <strong>de</strong> uma outra provável origem do sedimento.<br />

O <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> talu<strong>de</strong> das imediações da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itatiaia foi apontado por Silveira<br />

(1942) COOlOsendo o tilito que provaria a glaciação. Mas esse autor não apresentou outras<br />

provas que <strong>de</strong>veriam ser por <strong>de</strong>mais evi<strong>de</strong>ntes, se consi<strong>de</strong>rarmos uma geleira que transportou<br />

IIIlterial a quase 20 km das Agulhas Negras, até a cota <strong>de</strong> 500 m; o Rio Campo Belo e o ribeirão<br />

das Flores <strong>de</strong>veriam ter vales em U característicos, e ligação evi<strong>de</strong>nte com circos glaciais típicos.<br />

A distância alcançada pela frente da geleira <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da eficiência das fontes <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong><br />

um clima regional com temperaturas pouco elevadas. Nas zonas tropicais essas distâncias são


110 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

Fig. 7- Seqüência <strong>de</strong> bloco-diagramas mostrando a evolução <strong>de</strong> uma paisagem em<br />

biente glacial, <strong>de</strong>stacando os aspectos típicos resultantes da erosão (lagos,<br />

cos, cristas, vales em U, etc.) Apud Flint, 1953.<br />

amcir-


PENALVA 111<br />

em geral pequenas, <strong>de</strong>vido à rápida elevação da temperatura ao diminuir a altitu<strong>de</strong>.<br />

Ab'Saber e Bernar<strong>de</strong>s (1956), na tentativa <strong>de</strong> simplificarem o problema, parece que o<br />

complicaram ainda mais, pois acham que o mesmo <strong>de</strong>pósito tem origem mista. O material<br />

trazido do planalto pelo gelo teria sido posteriormente retrabalhado pelas torrentes do <strong>de</strong>gelo,<br />

que o trouxeram para o sopé da montanha.<br />

Ebert (1960) estudou a região NE do maciço, e nas imediações da vila <strong>de</strong> Mauá encontrou<br />

supostos vales em U e sedimentos glaciais (barro a bloco) noleito dos rios Preto e<br />

Bonito (ou Riachão). Teriam assim as geleiras alcançado 12 km fora do planalto, na cota <strong>de</strong><br />

1.100 m. Ainda aqui o fenômeno seria <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixando marcas evi<strong>de</strong>ntes as<br />

q..lais o autor <strong>de</strong>veria ter buscado pelo Rio Preto acima, até o interior do planalto. O Rio Bonito<br />

nasce fora do planalto, no flanco da estrutura anelar (Fig. 1), e dificilmente uma geleira po<strong>de</strong>ria<br />

ser alimentada o suficiente para alcançar a distância e altitu<strong>de</strong> mencionadas, a não ser que a<br />

linha<strong>de</strong> neve perene tivesse <strong>de</strong>scido abaixo dos 1800 m (Ebert supõe que ela <strong>de</strong>sceu até 2.100<br />

m).<br />

De nossa parte, acreditamos que os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> talu<strong>de</strong> são <strong>de</strong> caráter elúvio-coluvial<br />

e se formaram <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> fragmentos e blocos <strong>de</strong> dimensões variadas, com material <strong>de</strong><br />

natureza argilosa <strong>de</strong>rivado do intemperismo quimico e que <strong>de</strong>sceu as encostas do maciço pela<br />

açãoda gravida<strong>de</strong>; as abundantes chuvas na escarpa da encosta da serra auxiliaram no rastejo<br />

do material. No caso especial do <strong>de</strong>pósito das proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Itatiaia, o regime torrencial do<br />

Rio Campo Belo imprimiu ao mesmo o caráter parcial <strong>de</strong> um cone <strong>de</strong> <strong>de</strong>jeção, daí resultando um<br />

<strong>de</strong>pósito fanglomerático <strong>de</strong> características mistas.<br />

Os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong>scritos por Ebert, similares a outros mais vistos por nós, certamente<br />

contaram com a energia dos rios por ocasião das enchentes, quando o volume das águas se multiplica.<br />

MUItos dos blocos, que rastejaram com o manto <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição pela encosta, estabilizaram-se<br />

acima do nível alcançado por aqueles que ganharam o leito dos rios e foram levados<br />

a maiores distâncias.<br />

Em todos os casos a tendência é a mesma observada por Ebert. O material que <strong>de</strong>sce<br />

vai sendo transformado, pelo intemperismo quimico, no barro a bloco (boul<strong>de</strong>r c1ay), o que ainda<br />

facilita seu escorregamento e rolamento. Atualmente, após longo tempo sujeitos à <strong>de</strong>composição,<br />

os blocos do tálus estâo arredondados; muitos <strong>de</strong>les foram totalmente <strong>de</strong>compostos, ou só resta<br />

o núcleo central envolvido por capas concêntricas esferoidais. Nos países tropicais é<strong>de</strong>se esparar<br />

seja encontrado com certa freqüência êsse barro a bloco, associado às zonas <strong>de</strong> relevo mais<br />

acentuado e rochas favoráveis. Foi a confusão com esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos que levou Agassiz a<br />

encontrar, ainda em 1865, vários exemplos <strong>de</strong> sedimentos glaciais no nosso país, inclusive no<br />

Amazonas e no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Ab'Saber e Bernar<strong>de</strong>s (1956) citam De MartOI1ne para dizer que o tálus do Itatiaia é<br />

um <strong>de</strong>pósito anômalo <strong>de</strong> piemonte, pois nenhum outro se encontrou no sopé da Serra do Mar e<br />

Serra da Mantiqueira. Talvez não se <strong>de</strong>u a <strong>de</strong>vida consi<strong>de</strong>ração à natureza da rocha, ao clima e<br />

ao porte do relevo. Os gnaisses e xistos são pouco diaclasados e muito mais facilmente intemperisados.<br />

No ambiente chuvoso da floresta atlântica será muito difícil <strong>de</strong>scobrir os raros <strong>de</strong>pósitos<br />

<strong>de</strong> tálus porventura formados.<br />

Do exposto se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> que, quer no seu conjunto quer isoladamente, nenhuma das<br />

caracteristicas <strong>de</strong> uma região glacial está representada no Itatiaia. As formas erosivas e os<br />

<strong>de</strong>pósitos propostos, não suportam uma análise mais profunda; em geral, cada argumento tem<br />

um peso diferente, faltando harmonia à interpretação do conjunto. Os <strong>de</strong>pósitos glaciais, por<br />

ex:emplo, estão muito baixos e muito distantes, sem apoio <strong>de</strong> circos e vales típicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

dimensões que os sustentassem.<br />

A TECTONICA COMO BASE DA INTERPRETAÇÃO<br />

Não é nossa intenção negar dogmaticamente a presença <strong>de</strong> gelo do Itatiaia. Com o<br />

abaixamento <strong>de</strong> vários graus na temperatura média anual e com a mudança no regime estaciona!<br />

das precipitações, é possível que tenha ocorrido a formação <strong>de</strong> pequenos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> neve e<br />

gelo, num ambiente periglacia!. Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> as condições climáticas terem permitido a<br />

parenida<strong>de</strong> do gelo, apesar dos dias mais quentes <strong>de</strong> verão. No entanto, achamos pouco provável<br />

que tenham existido condições para formação <strong>de</strong> geleiras. É inegável, porém, que ainda hoje o


112 ANAIS DO XXV'" <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

trabalho do gelo é um importante agente do intemperismo físico.<br />

De nossa parte, coerentes com o que nos foi dado observar, colocamos os fenômenos<br />

tectônicos como base para a interpretação geomorfológica, relegando os problemas climáticos a<br />

um plano secundário. Os elementos estruturais comandaram os processos erosivos, contando<br />

rom o auxílio do intemperismo físico e químico.<br />

12 A fase <strong>de</strong> colapso e o falhamento das intrusivas<br />

O planalto do Itatiaia foi por nós interpretado (Penalva, 1967) como sendo conseqüência<br />

<strong>de</strong> uma fase <strong>de</strong> colapso do topo da intrusão alcalina, no final da sua consolidação. Desses<br />

falhamentos circulares resultou uma área interior <strong>de</strong>primida e circundada por uma muralha<br />

circular <strong>de</strong> 9 km <strong>de</strong> diâmetro. Outras estruturas arqueadas <strong>de</strong> extensâo limitada e <strong>de</strong> diâmetros<br />

menores estão presentes (Fig. 1); exercem um controle evi<strong>de</strong>nte sobre a drenagem nos setores N<br />

e NE (Fig. 6) e também no sul. Essas estruturas menores são as responsáveis pela existência<br />

das várzeas do Rio Aiuruóca e Rio Preto; agem como soleiras e exercem o efeito <strong>de</strong> um nível <strong>de</strong><br />

base local.<br />

Falhamentos retilíneos em gran<strong>de</strong> número foram suspeitados, penecontemporâneos à<br />

intrusão ou <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> terciária e quaternária. São responsáveis pelas gran<strong>de</strong>s linhas estruturais<br />

observadas no planalto, com <strong>de</strong>staque o vale dos Lírios. O rebaixamento da muralha externa no<br />

setor sul e a escarpa do vale do Paraíba são consi<strong>de</strong>rados também como resultado dos falhamentos<br />

que originaram a fossa tectônica hoje ocupada pelo vale do Rio Paraiba. O <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />

pie monte que Silveira (1942) menciona como sendo tilito, está ligado a essa escarpa e ao regime<br />

torrencial do Rio Campo Belo.<br />

Fig. 8 - Lagoa com dreno subterrâneo a SSW da Pedra do Altar (Veja-se também o<br />

papel da vegetação no represamento).<br />

2!l) A importância do diaclasamento<br />

Po<strong>de</strong>mos afirmar, sem sombra <strong>de</strong> dúvida, que o intenso diaclasamento das intrusivas<br />

alcalinas é o principal responsável pelo aspecto do planalto, e que a todos impressiona. Apresenta-se<br />

em sistemas variados, alguns <strong>de</strong>les bem <strong>de</strong>finidos: vertical nas Agulhas Negras (Fig. 2),<br />

horizontal nas Prateleiras (Fig. 3), etc.<br />

Uma quantida<strong>de</strong> imensa <strong>de</strong> blocos vai sendo afrouxada e iiberada, <strong>de</strong>sagregando a<br />

rocha e atulhando encostas e vales (Fig. 4). Vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>címetros até vários metros <strong>de</strong><br />

diâmetro e muitos <strong>de</strong>les já se acham relativamente arredondados ainda in situ (Fig. 3). Alguns


PENAL VA 113<br />

pequenos vales são claramente condicionados por direções <strong>de</strong> diáclases, enquanto muitas careluras<br />

também o são.<br />

A <strong>de</strong>sorganização relativa da drenagem, tida como fenômeno pós-glacial, é conseqüência<br />

da luta contra a geometria tridimensional imposta pela tectônica. Quando uma direção<br />

<strong>de</strong> diáclases bem pronunciada ou uma lombada intercepta um riacho, esse elemento morfolágico<br />

agecomo uma soleira, <strong>de</strong>terminando um nível <strong>de</strong> base local. O resultado é sempre uma área<br />

plana e alagadiça, ou pequena lagoa (Fig. 8).<br />

As <strong>de</strong>pressões planas, charcos e lagoas, tem a sua gênese ligada, também a uma intensa<br />

e eficiente drenagem subterrânea, através <strong>de</strong> juntas e falhas; vemos a todo momento a<br />

água minar das fraturas, em trânsito para níveis mais baixos. Algumas pequenas lagoas a S da<br />

Pedra do Altar (Fig. 8) tBtão práticamente isoladas em um núcleo rochoso muito fraturado. O<br />

material solubilizado pelo intemperismo <strong>de</strong>ve ser levado através das fraturas, enquanto que os<br />

resíduos são evacuados em suspensão durante as gran<strong>de</strong>s chuvas (Do mingues, 1952). Finalmente,<br />

não <strong>de</strong>vemos nos esquecer que a vegetação, principalmente os pseudotroncos da gramínea<br />

Corta<strong>de</strong>ria mo<strong>de</strong>sta, os quais exercem uma ação <strong>de</strong> represamento, pois "cobrem as várzeas do<br />

solo úmido e <strong>de</strong> terra preta", "on<strong>de</strong> o solo ainda é, periodicamente, pantanoso" (Bra<strong>de</strong>, 1956,<br />

p.29). No conjunto da lagoa Bonita (Fig. 4), bem como na lagoa das Prateleiras, o papel da Corta<strong>de</strong>ria<br />

e da Xiris é evi<strong>de</strong>nciado claramente, retendo <strong>de</strong>tritos, represando as águas e permitindo<br />

o entulhamento dos charcos.<br />

OONCLUSÕES<br />

1. Se o clima e a altitu<strong>de</strong> permitissem uma glaciação <strong>de</strong> montanha, o ltatiaia conservaria<br />

hoje as marcas indubitáveis do fenômeno, pois as suas caracteristicas tectônicas (cúpula<br />

reprimida, falhamentos lineares e intenso diaclasamento) favoreceriam sobremaneira o trabalho<br />

do gelo.<br />

2. O tempo geológico <strong>de</strong>corrido após o fim da presumível glaciação no Itatiaia é<br />

muito curto. Assim, as provas apresentadas por Silveira, Rich, Ebert e outros estariam ainda<br />

presentes <strong>de</strong> forma irrefutável, como em muitos lugares do hemisfério norte.<br />

3. Se, por condições que nos escapam, houve a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algum gelo permanente,<br />

foi coisa insignificante; e se <strong>de</strong>ixou alguma evidência, já foi <strong>de</strong>struída.<br />

4. Os argumentos apresentados pelos <strong>de</strong>fensores da glaciação, em geral são fracos e<br />

sem conexão lógica entre si (alguns chegam mesmo a ser absurdos, como o tilito <strong>de</strong> Silveira, os<br />

circos <strong>de</strong> De Martonne e o vale em U <strong>de</strong> Rich) .<br />

5. As condições <strong>de</strong> clima e altitu<strong>de</strong> para a formação <strong>de</strong> geleiras no Itatiaia são dificilmente<br />

aceitáveis. Os resultados da erosão e transporte no planalto em nada são comparáveis<br />

aos exemplos bem conhecidos das regiões glaciais; nenhum dos 3 vales que drenam as águas do<br />

planalto mostram erosão glacial, mesmo em sua cabeceiras.<br />

6. Sentimos que houve um excesso <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong> em provar a idéia, a qual era uma<br />

novida<strong>de</strong> muito atraente. E aquele que a não aceitaram, pouco fizeram para negá-Ia em bases<br />

firmes .<br />

7. Os elementos da geologia estrutural,até hoje em gran<strong>de</strong> parte ignorados, explicam<br />

com muito mais proprieda<strong>de</strong> a topografia, drenagem e outras feições do planaltD.<br />

8. Os falhamentos circulares e retilíneos e o impressionante diaclasamento comandaram<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento dos vales, lagoas e um sem número da matacões espalhados pelo<br />

planalto.<br />

9. O intemperismo, físico e químico, auxilia a mo<strong>de</strong>lagem do relevo, enquanto a<br />

wgetação contribui na formação <strong>de</strong> charcos e lagoas, obstruindo vales e retendo <strong>de</strong>tritos.<br />

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o QUATERNÁRIO DA ÁREA INTERIOR DO RIO PARDO,RS<br />

TÂNIA DUTRA GONZAGA*<br />

ABSTRACT<br />

The present paper is a first attempt to characterize the interior sedimentary Quatemary areas of Rio Gran<strong>de</strong> do Sul Stete,<br />

Brazil, by using as a modol part of the middle portion of the Rio Pardo valley,<br />

The following aspecto were i<strong>de</strong>ntified:<br />

1 . there werepredominant warm, 8emi.arid conditiona initially, altemated withhumidperioda, from the fina1partoftheTertiary<br />

up to the heginningof the Pleiatocene (Nebra8kan-Aftonian limit); thoae conditiona bl'Oughtup the formatiem ofpJaneted surfacea and Iria corre1ated<br />

terrBCe levela with grave1a at laeat un<strong>de</strong>r two cycle8;<br />

2 . a gradual passage ocurred, leading to more humid climate8, different than the on~ nowadays prevailing, la8ting until<br />

the final of the Pleistocene. Two low terraces with gravei, covered with soila appeared in this phaaa, being related to the variationaof the Rio<br />

Pardo base levei and cJimatic changas;<br />

3 - the advent of a atage, finally, represented by the pre8ent climatea, with the formation of less expressive terracea assoeiated<br />

only to local variations of the base levei in the drainage network.<br />

Similar evente, wich ocurred in other parts of Brazil and on the coastal regions of the state as well, can be correlated with<br />

those present within the studied ares.<br />

INTRODUÇÂO<br />

Com o progresso das pesquisas sobre os <strong>de</strong>pósitos quaternários na zona litorânea do<br />

Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e, com os estudos <strong>de</strong> caráter mais regional, realizados por Ab'Saber<br />

(1969) nas zonas interiores, nosso interesse foi <strong>de</strong>spertado no sentido <strong>de</strong> uma maior caracterização<br />

gmética e evolutiva <strong>de</strong>stes sedimentos. Por outro lado, o atual conhecimento dos renômmos,<br />

não só <strong>de</strong> flutuações do nível do mar, mas também paleoclimáticos, que atuaram junto à<br />

costa, permitiram <strong>de</strong>duzir que estes <strong>de</strong>vem ter exercido alguma influência no sentido <strong>de</strong> uma<br />

salimentação para o montante daquela drenagem pretérita, que possuía um controle <strong>de</strong> nível <strong>de</strong><br />

base regional, efetuado pelas várias altitu<strong>de</strong>s do mar durante o Quaternário. De modo smilar,<br />

as condições paleoclimáticas que existiam nesse período <strong>de</strong>veriam, com segurança ser razoavelmente<br />

universais para o estado, sendo, não só sua existência, mas também suas flutuações, passíveis<br />

<strong>de</strong> registro em áreas favoráveis a alguma sedimentação quaternária.<br />

Trabalho realizado como dia8ert8Çio <strong>de</strong> ~trado no Curso <strong>de</strong> Pós.graduaçio em GeociAnciaa da UFROS, sob 08 auaplci8 do CNPq<br />

.Peaq. Aaaist./CNPq<br />

--------


116 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

fr~ //.tio.


GONZAGA 117<br />

nárias do interior do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, sintetizar sua gênese e evolução morfológica<br />

e sedimentar e aproximar os fatores que envolvem suaindividualização.<br />

Para tanto, foi selecionada, <strong>de</strong>ntre os vários locais visitados, uma área <strong>de</strong> cobertura<br />

sedimentar quaternária, no vale do Rio Pardo. Sua localização geográfica <strong>de</strong> fácil ace&


118 ANAIS 00 <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Morfologicamente, a área estudada situa-se numa posição limítrofe entre o front do<br />

relevo <strong>de</strong> cuesta, mantido pelas formações Botucatu e Serra Geral, e o início da região fisiográfica<br />

caracterizada como Depressão Periférica, mantida aqui apenas pela Formação Santa<br />

Maria.<br />

Conforme se po<strong>de</strong> observar no exame do mapa da Figura I, a forma da área está, as.<br />

sim, condicionada a duas paleotopografias contrastantes, isto é, <strong>de</strong> um lado, um front <strong>de</strong> cuesta<br />

festonado estabelece o limite norte e, <strong>de</strong> outro, uma sucessão <strong>de</strong> colinas baixas, submamelonadas,<br />

que mantém uma região elevada ao longo <strong>de</strong> todo o limite sul da área na região. Vindo<br />

do norte, o contorno dos sedimentos quaternários sofre uma inflexão para leste e sua sedimentação<br />

transgri<strong>de</strong>, a norte, as faldas do limite do front <strong>de</strong> cuesta.<br />

A transição entre a cuesta e as colinas da <strong>de</strong>pressão está marcada por uma sucessão<br />

<strong>de</strong> morros-testemunho, dispostos em arco, <strong>de</strong> concavida<strong>de</strong> voltada para leste, e que estabà.ecem,<br />

por sua vez, o limite oeste da área quaternária.<br />

Desse modo, a sedimentação, na região, obe<strong>de</strong>ce nitidamente a um gran<strong>de</strong> conjunto<br />

morfológico prévio, mas igualmente se configura através <strong>de</strong> feições menores do mesmo, ingressando<br />

ao longo dos talvegues fósseis e estabelecendo um limite <strong>de</strong> sedimentação <strong>de</strong> contornos<br />

irregulares.<br />

O fato <strong>de</strong> as colinas situadas a sul possuírem cotas <strong>de</strong> baixo valor, em torno <strong>de</strong> 100 a<br />

80 m, resultando em um nível <strong>de</strong> base também baixo e provavelmente, em um pequeno volume<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos sólidos disponíveis à época <strong>de</strong> assoreamento da região, fez com que a sedimentação<br />

não transgredisse em muito esse relevo, reduzindo-se apenas a um tipo <strong>de</strong> sedimentação <strong>de</strong> talvegue<br />

amplo.<br />

No que diz respeito aos aspectos geométricos os <strong>de</strong>pósitos po<strong>de</strong>m ser agrupados em<br />

três categorias: lentes, <strong>de</strong>pósitos lineares e camadas.<br />

No conjunto <strong>de</strong> lentes se distinguem as cuneiformes <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> encosta, que se<br />

apresentam como uma franja <strong>de</strong>scontínua ao longo da periferia da área, e as lentes planoconvexa<br />

distribuídas ao acaso nas porções mais internas. Em ambos os casos as dimensões<br />

variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>zenas até várias centenas <strong>de</strong> metros <strong>de</strong> eixo longitudinal e com espessuras<br />

que oscilam <strong>de</strong> 0,5 até 10 m, na seção mais espessa. No caso das lentes da periferia, fenômenos<br />

<strong>de</strong> coalescência resultaram em <strong>de</strong>pósitos lenticulares expressivos.<br />

Sob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos lineares, enquadramos todos aqueles caracterizados<br />

como paleocanais, arenosos e conglomeráticos, cuja <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> lateral foi constatada. Sua<br />

goometria se caracteriza por aquela resultante do preenchimento completo <strong>de</strong> um canal por<br />

acreção vertical, resultante do abandono do meandro, ou pela formação <strong>de</strong> diques marginais, on<strong>de</strong><br />

em ambos os casos, o comprimento dos <strong>de</strong>pósitos varia entre a centena e o milhar <strong>de</strong> metro e<br />

com espessuras nunca superiores a dois metros. A freqüência <strong>de</strong> tais <strong>de</strong>pósitos é baixa e se encmtram<br />

restritos ao interior da área.<br />

As camadas são normalmente pouco espessas (0,5 - O,7m) refletindo possivelmente<br />

uma sucessão <strong>de</strong> estratos constituídos tanto por sedimentos, como por solos <strong>de</strong>senvolvnos em<br />

planícies <strong>de</strong> inundação, e <strong>de</strong>pósitos arenosos e conglomeráticos <strong>de</strong> acreção lateral. Constituem,<br />

aparentEmente, o arcabouço sedimentar mais expressivo da área.<br />

litologia<br />

Devido a gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> .tamanhos e cores apresentadas pelos sedimentos, a<br />

presença <strong>de</strong> material orgânico e a repetição <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> litologias que ocorrem c


GONZAGA 119<br />

Foto 1 - Material dos Depósitos <strong>de</strong> Encosta (Terraços <strong>de</strong> Pedimento): Corridas <strong>de</strong> Lama e<br />

Pedra, Conglomerados e Areias Fluviais.<br />

j lentes <strong>de</strong> mate,ial fino, coluvial<br />

~ canais (conglomerados <strong>de</strong> p,eenehimento)<br />

~ ,ampas <strong>de</strong> colúvlO sobre os canais<br />

Is:v..z~ canais (conglomerados <strong>de</strong> p,eenehimento)<br />

Fig. 2- Registro Observavel dos Depósitos <strong>de</strong> Encosta (Terraços <strong>de</strong> Pedimento ) Junto a RS-3.<br />

A) Corridas <strong>de</strong> lama e pedra (Foto 1 e Fig. 2)<br />

Constituídas <strong>de</strong> material muito mal classificado, com gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tamanho<br />

<strong>de</strong> grão e com predominância ora da matriz, ora dos fenoclastos. Estes últimos são angulosos e<br />

<strong>de</strong> tamanhos que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> grânulos até pedras. O material que compõe estas corridas <strong>de</strong> lama e<br />

pedra não possui qualquer estrutura interna e constitui, na área, gran<strong>de</strong>s cunhas, dispostas em<br />

forma <strong>de</strong> leque.<br />

B) Conglomerados e areias fluviasis (Foto 2 e Fig. 2)<br />

FOr1nlldoB <strong>de</strong> uma mlUleirl1 gerl1l por .mI1terial extremllmente m~ cla~ificado,<br />

Os conglomerados possuem fenoclastos angulosos a subarredondados, <strong>de</strong> tamanho<br />

variando <strong>de</strong> seixo a grânulo, litologicamente constituídos <strong>de</strong> basalto e arenitos da Formação<br />

o I<br />

4 I<br />

Bm


120 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Botucatu, com- matriz estratificada, variando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> areia grossa até silte e argila. O cimento<br />

ferruginoso lhes confere cores <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong> ocre e marron-claro. As camadas, quando evi<strong>de</strong>nciadas,<br />

mostram-se inclinadas entre 15 e 25°, <strong>de</strong>nunciando uma <strong>de</strong>posição em <strong>de</strong>clives e apresentando<br />

uma espessura variável entre 0,5 e 1 m. Estes conglomerados ocorrem na forma <strong>de</strong> lentes<br />

<strong>de</strong> cascalho imersa ora em lentes maiores <strong>de</strong> areia e argila, ora em camadas ferruginizadas <strong>de</strong><br />

mantos <strong>de</strong> colúvio. A relação arcabouço-matriz, estabelece a ocorrência só <strong>de</strong> ortoconglomerados<br />

petromíticos. O baixo grau <strong>de</strong> arredondamento observado nos fenoclastos, assim como a varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sua composição litológica indicariam procedência <strong>de</strong> fonte próxima e um pequeno<br />

transporte, realizado em meio <strong>de</strong>nso. Segundo Christofoletti e Penteado (1970), e:;tas características<br />

são próprias <strong>de</strong> cascalheiras originadas <strong>de</strong> movimentos sobre as vertentes (pedimentos<br />

da;ríticos), constrastando enormemente com o encontrado no interior da área on<strong>de</strong>, como será<br />

visto, o arredondamento é sempre bom.<br />

As areias fluviais apresentam estruturas primárias do tipo corte e preenchimento.<br />

Granulometricamente, variam <strong>de</strong> grosseiras a médias, com certa percentagem <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong><br />

rocha, uma matriz silto-argilosa e cimento ferruginoso.<br />

C) Colúvios<br />

São freqüentes nos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> periferia e se caracterizam por um material arenosíltico,<br />

com alguma estrutura <strong>de</strong> escorregamento visível, baixa coesão, via <strong>de</strong> regra com uma estrutura<br />

frouxa e, por isso, permeáveis. Cores <strong>de</strong> cinza a vermelho (Foto 2).<br />

foto 2 - Depósitos <strong>de</strong> Encosta (Tp). Os conglomerados (1), nrl(mna4.:-leJ;les <strong>de</strong> cascalho<br />

imersas em lentes maiores <strong>de</strong> areia e argila ou em camadas ferruginizadas <strong>de</strong> mantos<br />

<strong>de</strong> colúvio (2).<br />

No interior (Fig. 4 e Fotos 6 e 7)<br />

Foram constatados os seguintes tipos litológicos, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> ocorrênda:<br />

A) Areias finas a médias<br />

Relativamente bem classificadas, <strong>de</strong> cores pardas e pouco consolidadas ou amareladas<br />

e endurecidas por ferruginização, mostram espessuras que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns centímetros<br />

até 10 a 15 m. As areias finas <strong>de</strong> cor parda são constituídas por grãos <strong>de</strong> quartzo imer-<br />

80S em matriz síltico-argilosa. Algumas camadas apresentam cor esver<strong>de</strong>ada pelo alto teor <strong>de</strong><br />

matéria orgânica que contém e que chega a constituir, em alguns locais, abundante flora fóssil<br />

<strong>de</strong> material distribuído <strong>de</strong>s<strong>de</strong> folhas até troncos. Em alguns pontos à montante, as areias<br />

apresentam estruturas primárias do tipo estratos cruzados (fore-set beds e acanaladas).


GONZAGA<br />

Foto 3- Corte ao Longo da RS-3, Mostrando a Disposição dos Depositos da Periferia daÃrea,<br />

Esquematizados na Figura 2.<br />

Foto 4- Nível Orgânico nos Depósitos do Interior da Área.<br />

B) Areias conglomeráticas<br />

São areias quartzosas com grãos <strong>de</strong> tamanho variando <strong>de</strong> areia a silte e englobando<br />

seixos <strong>de</strong> basalto, na maioria das vezes, ou <strong>de</strong> arenito da Formação Botucatu. mais raramente.<br />

A matriz é composta por um material síltico-argiloso, <strong>de</strong> cor amarelada. São encontradas como<br />

uma camada entre os <strong>de</strong>pósitos conglomeráticos (Foto 7).<br />

C) Ortoconglomerados petromíticos<br />

Contendo fenoclastos <strong>de</strong> basalto, <strong>de</strong> tamanhos <strong>de</strong> seixo a grânulo, <strong>de</strong> subarredondados<br />

a arredondados e imersos em uma matriz areno-síltica, ocasionalmente argilosa. Esse<br />

material correspon<strong>de</strong> aos terraços aluviais <strong>de</strong> Penteado (1969) e Christofoletti e Penteado (op.<br />

121


122 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

80'lntemp.mecamco -ln m.q CI)<br />

vento -movo <strong>de</strong> massa<br />

águas correntes .águas<br />

70<br />

'" _ - - - correntes<br />

/ -intemp. '-<br />

50<br />

Imecânico e. quf.\<br />

mlCO<br />

I-águas<br />

correntes<br />

'.mov. <strong>de</strong> massa<br />

I<br />

40 I<br />

I<br />

ao I<br />

-intemp'. mecânico<br />

'mov. <strong>de</strong> massa<br />

.águas correntes<br />

30 "10 50 60 7 80<br />

<strong>de</strong> precipitação anual(po1eg.)<br />

Fig. 3 - Regiões Morfogenéticas Hipotéticas.<br />

A importância relativa dos processos <strong>de</strong> intem.<br />

perismo e erosionais está indica da pela or<strong>de</strong>m<br />

em que estão listados (segundo Leopold Wo~<br />

man e Miller, 1964).<br />

cito )<br />

D) Argilas<br />

Compondo o conjunto <strong>de</strong> lutitos do interior da área vamos encontrar um material<br />

muito variável: argilas arenosas <strong>de</strong> cor castanha e estrutura maciça, argilas plásticas, algo<br />

arenosas, também com estrutura maciça e cores variadas <strong>de</strong> castanho, argilas siltosas maciças<br />

<strong>de</strong> cores cinza amareladas, <strong>de</strong>vido a impregnação com óxido <strong>de</strong> ferro e argilas muito puras, <strong>de</strong><br />

cores escuras, constituindo horizontes <strong>de</strong> solos, com estrutura colunar e fragmentos <strong>de</strong> raízes.<br />

Foto 5- Aspecto Atual do Canal do Rio Pardo, em Direção à Montante.<br />

As camadas argilosas, seguem os siltes e areias numa seqüência gradacional no in.<br />

terior da área. Repetem.se frequentemente em toda a região à juzante e são ocasionalmente en.


57<br />

Og<br />

L I<br />

01 Qs<br />

- ----...---- :-:-<br />

'-.- -~.<br />

areias<br />

siltosas<br />

pardacentas<br />

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q~eias. ver<strong>de</strong>~<br />

MO clmentQt/a<br />

com restos<br />

vegetDis<br />

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>.:.::.;~~<br />

.<br />

-.'-;--'-"-"T'<br />

Fig. 4- Secção Colunar dos Terraços no<br />

Interior da Área.<br />

GONZAGA<br />

Foto 6<br />

123<br />

----


124 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

contrados nos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> montante.<br />

E) Siltitos arenosos (Foto 4)<br />

Com cores amareladas, formando camadas com laminação plano-paralela e ricos em<br />

folhas, os siltitos arenosos são encontrados ao longo da maioria dos afloramentos, embora em<br />

pequena quantida<strong>de</strong>, geralmente associados às areias ver<strong>de</strong>s, com troncos.<br />

Todas estas litologias estão distribuídas verticalmente, <strong>de</strong> modo granoclassificado,<br />

com os conglomerados constituindo a base da seqüência, passando pelos termos arenosos e culminando<br />

com as argilas. Estas últimas referem-se principalmente aos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> enchentes<br />

(Bigarella e Mousinho, 1965) e estão intercaladas por horizontes <strong>de</strong> solo, que sempre iniciam sua<br />

ocorrência a partir do topo da sucessão arenosa.<br />

Cumpre <strong>de</strong>stacar ainda que, no âmbito regional, existem características litológicas<br />

importantes. As areias, nos locais mais próximos à montante; per<strong>de</strong>m em quantida<strong>de</strong> para os<br />

conglomerados, sendo sua presença limitada a lentes ocasionais. Ã juzante porém, são elas que<br />

predominam junto com as lamas e os solos.<br />

Os conglomerados que são caracteristicamente do tipo ortoconglomerado, à juzante,<br />

passam gradativamente a paraconglomerados, conformes subimos para as partes altas do vale.<br />

A maior incidência <strong>de</strong> cimentação ferruginosa ocorre naqueles <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> juzante, indicando<br />

S3rem os conglomerados <strong>de</strong> épocas mais antigas e constituindo o que Bigarella e Mousinho (op.<br />

cit.) e posteriormente Bigarella, et alii (1969) em seus estudos sobre o valley-flat, apontam como<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> cascalho do assoalho <strong>de</strong> várzea, formados durante a vigência <strong>de</strong> climas rigorosos do<br />

tipo semiárido.<br />

'150m- - - ---<br />

Fig. 5- Formação do Pedimento por Processos Erosivos nas Terras Altas.<br />

Estruturas primárias<br />

o I<br />

500<br />

I<br />

_ _ _500m<br />

Representadas na área principalmente por aquelas do tipo plano-paralelas. Ê essa estrutura<br />

que, numa visão <strong>de</strong> conjunto dos <strong>de</strong>pósitos, mais se <strong>de</strong>staca, po<strong>de</strong>ndo suas camadas<br />

S3rem acompanhadas por extensões <strong>de</strong>, no mínimo, 200 e, no máximo, 3000 m.<br />

Estratificações cruzadas acanaladas, do tipo corte e preenchimento, sugerindo a<br />

presença <strong>de</strong> pequenos córregos foram também encontrados nas porções interiores. São <strong>de</strong> pouca<br />

envergadura, atingindo, no máximo, 10 a 5 cm <strong>de</strong> espessura. Nas areias e conglomerados <strong>de</strong><br />

talu<strong>de</strong>, se tomam mais expressivas as lentes, <strong>de</strong> dimensões entre os 50 cm e 1 m.<br />

A presença <strong>de</strong> laminações do tipo fore-set está restrita às areias finas silto-argilosas<br />

<strong>de</strong> alguns paleocanais, estando associadas tanto aos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> acreção lateral, quanto aos <strong>de</strong><br />

fimdo <strong>de</strong> canal.<br />

Estruturas primárias do tipo plano-paralela e estratificação cruzada acanalada do<br />

tipo corte e preenchimento já tinham sido apontadas por Bigarella, et alii (1965) como características<br />

do ambiente <strong>de</strong> valley-flat quando, como aqui, se encontram acompanhadas <strong>de</strong> material<br />

coluvial e <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> canal.<br />

Estruturas maciças foram registra das , preferencialmente em camadas <strong>de</strong> areias siltosas<br />

<strong>de</strong> cor parda.<br />

Nos conglomerados <strong>de</strong> fundo dos paleocanais foi constatada imbricação dirigida para<br />

juzante.


Paleocorrentes<br />

Por fim, nos solos temos estruturas colunares.<br />

GONZAGA 125<br />

Imbricações <strong>de</strong> seixos, estratos cruzados <strong>de</strong> corte e preenchimento e estratos do tipo<br />

fore-set beds, cujas medidas foram coletadas, registram, conforme o esperado, um padrão médio<br />

<strong>de</strong> paleocorrentes unimodal, dirigido para juzante, isto é, inicialmente N oS, no interior do <strong>de</strong>sfila<strong>de</strong>iro,<br />

passando para NW-SE e W-E na secção da área situada na <strong>de</strong>pressão periférica.<br />

Desse modo, o padrão <strong>de</strong> paleocorrentes reflete, a grosso modo, um regime fluvial,<br />

Smilar ao que atualmente drena a área, com paleocorrentes arranjadas paralela ou subparalelamente<br />

ao eixo da bacia e dirigidas para a juzante.<br />

Fósseis<br />

Uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restos vegetais foram encontrados na área, especialmente<br />

naqueles <strong>de</strong>pósitos do interior.<br />

Troncos, com diâmetros variando entre 10 e 30 cm, inteiros na maioria das vezes,<br />

gravetos e galhos com diâmetros entre 2 e 5 cm e gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> folhas encontravam-se<br />

englobados em sedimentos arenosos <strong>de</strong> cor esver<strong>de</strong>ada. Ocasionalmente estes restos orgânicos<br />

vegetais foram encontrados também nas areias <strong>de</strong> cores amareladas.<br />

Esse material fóssil reconstitui a existência, na área, <strong>de</strong> uma vegetação <strong>de</strong> pequeno,<br />

médio e gran<strong>de</strong> porte, com predominância dos tamanhos intermediários e baixos, arranjada pelo<br />

rmnos na forma <strong>de</strong> uma mata ciliar, ou até, em matas <strong>de</strong> várzea ou planície <strong>de</strong> inundação, em<br />

clima aproximadamente semelhante ao atual.<br />

Estas areias fossilíferas se encontram logo acima dos cascalheiros e areias conglomeráticas<br />

e são seguidas superiormente por camadas argilosas, numa situação similar àquela<br />

rescrita por Bigarella, et alii (1961) para a Bacia <strong>de</strong> Curitiba e Ab'Saber (1962) nos rios Pirabeiraba<br />

e Palmital.<br />

Do que foi visto, conclui. se que o assoreamento da área do Rio Pardo verificou-se,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se apenas os processos sedimentares, mediante:<br />

1. Uma alimentação lateral, dirigida para o centro da região, primária, através da<br />

dissecação das áreas elevadas por processos <strong>de</strong> erosão hídrica e escorregamento <strong>de</strong> lama e pedra,<br />

oom predominância dos últimos, e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma efêmera drenagem anastomosada<br />

sobre tais <strong>de</strong>pósitos, gerando, assim, um pacote sedimentar, típico <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição piemôntica;<br />

2. Uma sedimentação interna, fluvial, <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> montante para juzante, e<br />

caracterizada por um controle fluvial, com a geração <strong>de</strong> facies sedimentares interrelacionados e<br />

cbs tipos <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> canal, acreção lateral, diques marginais e paludal.<br />

3. A natureza dos clásticos e a presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria orgânica<br />

clástica nos conduz a um raciocínio em termos <strong>de</strong> área.fonte, representada pelas terras altas do<br />

relevo, sujeita a um regime <strong>de</strong> intensa e rápida dissecação.<br />

4. Em termos <strong>de</strong> espessura total dos <strong>de</strong>pósitos é imprescindível que se tome em con.<br />

si<strong>de</strong>ração a contribuição significativa exercida pelo <strong>de</strong>senvolvimento dos horizontes <strong>de</strong> sob.<br />

EVOLUÇÃO PALEOGEOGRÃFICA E PALEOCLlMÃTICA<br />

Como é possível <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r dos aspectos relativos à <strong>de</strong>scrição dos <strong>de</strong>pósitos sedimentares<br />

na área do Rio Pardo, o progressivo assoreamento <strong>de</strong>sta, é fruto <strong>de</strong> uma sedimentação<br />

re periferia e outra <strong>de</strong> interior, em que ambas se interrelacionam.<br />

Por outro lado, enquanto se constatou o relacionamento lateral <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>pósitos, por<br />

exemplo, através da progressiva individualização <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> encosta para <strong>de</strong>pósitos fluviais<br />

<strong>de</strong> interior da bacia, as interrelações no tempo não obe<strong>de</strong>cem a uma seqüência que, a um dado<br />

rível, tenha relações genéticas globais.<br />

Desse modo, o estudo, na escala <strong>de</strong> tempo, <strong>de</strong>ve perseguir elementos morfológicos,<br />

dimaticos e sedimentares distintos.<br />

Como conseqüência, é necessário abordarmos a evolução da área sob duas categorias<br />

re sedimentos distintos, a saber, os <strong>de</strong>pósitos cenozóicos mais antigos e aqueles mais mo<strong>de</strong>rnos,


126 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

uma vez que entre uns e outros inexistem quaisquer relações.<br />

Depósitos Cenozóicos mais Antigos (Foto 3)<br />

Vários cortes localizados ao longo da rodovia RS-3 seccionam estes <strong>de</strong>pósitos e permitem<br />

observar a seqüência <strong>de</strong> sua evolução sedimentar.<br />

De um modo geral, da base para o topo, partindo das rochas <strong>de</strong> embasamento que,<br />

como vimos, são constituídas <strong>de</strong> sedimentos Mesozóicos, vamos encontrar uma série <strong>de</strong> sedimentos<br />

que nos permitem traçar os primeiros passos evolutivos da área.<br />

Desse material, os leques aluviais, mais expressivos em área e espessura, são constituídos<br />

por uma seqüência or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos. Refletem episódios marcados por um conglomerado<br />

<strong>de</strong> base, representado por corridas <strong>de</strong> lama e pedra (Fig. 2). Encaixados no topo <strong>de</strong>stas<br />

corridas <strong>de</strong> lama e pedra e recobertos parcial ou totalmente por uma camada <strong>de</strong> material<br />

eluvial e coluvial, ocorre um nível <strong>de</strong> conglomerados <strong>de</strong> preenchimento <strong>de</strong> canal. Cada um dos<br />

litÓtopos ocupa uma posição <strong>de</strong>finida e relativamente constante nos perfis. Um <strong>de</strong>les, rEi>resen-<br />

tado na figura parece indicar a repetição do ciclo.<br />

A natureza <strong>de</strong>posicional <strong>de</strong>stes sedimentos mais antigos situados ao longo da pe-<br />

riferia, revela-nos uma série <strong>de</strong> evidências <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m dinâmica e paleoclimática, <strong>de</strong> profundo signíficado<br />

evolutivo e que consistem em:<br />

A) houve, necessariamente, a implantação <strong>de</strong> condições climáticas úmidas, embora<br />

sem que possamos precisar-lhe a natureza, que nos terrenos altos se <strong>de</strong>senvolveu em um proces-<br />

so <strong>de</strong> pedogênese. Esta condição permitiu a fragmentação química in si tu das rochas mais ano<br />

tigas, principalmente os basaltos. Segundo Thornbury (1960), essa alteração química torna o<br />

material solto e disponível para <strong>de</strong>slizamentos, do tipo corridas <strong>de</strong> lama e pedra, no que é impedido<br />

apenas pela vegetação.<br />

B) a generalizada presença <strong>de</strong>stas corridas <strong>de</strong> lama e pedra constitui elemento suficiente<br />

para estabelecer-se num dado instante um fenômeno universal <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamentos na área.<br />

Mostram ainda que, o fator condicionante <strong>de</strong> sua manutenção nas vertentes, a vegetação, foi<br />

sendo gradativamente eliminado, permitindo mais fácil infiltração das águas provenientes da<br />

áreas altas, na capa do solo, sua excessiva embebição e seu <strong>de</strong>slizamento pela encosta.<br />

C) uma gradativa dizimação da cobertura vegetal e um <strong>de</strong>créscimo do índice pluviométrico<br />

favorecem a implantação <strong>de</strong> um regime climático progressivamente mais árido. Nessa<br />

gradual passagem a condições climáticas mais severas, através <strong>de</strong> um período intermediário <strong>de</strong><br />

semi-ari<strong>de</strong>z com enxurradas freqüentes, a falta <strong>de</strong> vegetação favoreceu a <strong>de</strong>capagem da cobertura<br />

edáfica, livre para a ação das águas torrenciais. O condicionamento climático para estes<br />

fenômenos po<strong>de</strong> ser visto no esquema da Figura 3.<br />

Esses processos <strong>de</strong> erosão das terras altas <strong>de</strong>ram origem à formação <strong>de</strong> uma superfície<br />

<strong>de</strong> aplainamento ou pedimento, em conformida<strong>de</strong> com a nomenclatura <strong>de</strong> Bigarella, et alii<br />

(1965:125), situada, em média, a 150 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> e cujos <strong>de</strong>pósitos mais imediatos são encontrados<br />

na forma <strong>de</strong> corridas <strong>de</strong> lama e pedra, ao longo <strong>de</strong> sua periferia entre os 60 e 80 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong><br />

(Fig. 5 e 6).<br />

D) por outro lado, a seqüência <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos que se encontram na forma <strong>de</strong> canais<br />

fluviais preenchidos, ao longo da superfície exposta das corridas <strong>de</strong> lama e pedra e mesmo encaixada<br />

no topo <strong>de</strong>stas, mostram terem sido os primeiros <strong>de</strong>pósitos parcialmente erodidos e<br />

revelam:<br />

- uma semi-ari<strong>de</strong>z progressiva, até condições climáticas extremas, proporcionando o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um regime fluvial <strong>de</strong> características anastomosadas <strong>de</strong> efêmera duração e<br />

fruto <strong>de</strong> enxurradas localizadas;<br />

- estas águas correntes, não encontrando mais material a ser erodido nas terras altas,<br />

totalmente <strong>de</strong>capadas, retiraram o restante das encostas e das próprias corridas <strong>de</strong> lama e<br />

pedra, levando-o por canais anastomosados, para o centro da bacia, on<strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>ncia uma<br />

<strong>de</strong>posição que obe<strong>de</strong>ce a uma granulometria caracterizada, da base para o topo, por conglomerados<br />

<strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> tamanho seixo que, gradativamente, dão lugar a uma areia mais grosseira,<br />

segundo uma seqüência vertical granoclassificada.<br />

- a partir <strong>de</strong>ste ponto presencia-se o retorno gradativo a condições mais úmidas,<br />

nfletidas sob a forma <strong>de</strong> coluviações iniciais e pedogenese no final do ciclo, já no momento da<br />

completa instalação do clima úmido.


GONZAGA 127<br />

Não é possível estabelecer, atualmente, qual dos dois processos, eluviação e coluviação,<br />

foi o mais efetivo, mas <strong>de</strong> qualquer modo, é indiscutível, que se verifique uma retratação<br />

das condições climáticas mais drásticas e uma progressiva implantação das mais amenas, com<br />

índice pluviométrico maior, acompanhado da regeneração da biota vegetal da região. A peoogênese<br />

passa a se esten<strong>de</strong>r sobre todas as superfícies expostas alcançando os <strong>de</strong>pósitos do<br />

centro da área e, com este retorno às condições úmidas, encerra-se o ciclo climático.<br />

Os pedimentos apresentam uma inclinação leve em direção ao centro da bacia e, em<br />

um dado instante, são recobertos pela sedimentação <strong>de</strong>trítica que lhes é correlativa no tempo.<br />

Este material após a passagem da área por estes climas rigorosos, secos, é bastante incrementado,<br />

aumentando em área e volume. Com o advento das fases mais úmidas sofrem intensa dissecação,<br />

indo constituir os Terraços <strong>de</strong> pedimento (Bigarella e Mousinho, op. cito :161).<br />

É importante acentuar que os efeitos <strong>de</strong>stes fenômenos não ficaram restritos a periferia<br />

da área. Arenitos e principalmente conglomerados, ambos com cimentação ferruginosa,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo a um regime fluvial e com maior índice <strong>de</strong> seleção, foram encontrados no interior.<br />

Desse modo, enquanto nas encostas a sedimentação se processava mediante uma<br />

alimentação <strong>de</strong> clastos provenientes da elaboração <strong>de</strong> um pedimento, no interior da área, a<br />

!Edimentação foi fruto <strong>de</strong> material fornecido principalmente pelos terraços (Tp) e, assim, apenas<br />

indiretamente foram conseqüência da construção do pedimento. Em muitos locais estes <strong>de</strong>pósitos<br />

<strong>de</strong> encosta não mais existem, mesmo sendo presente o pedimento, supondo-se o seu completo<br />

consumo pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem na época e sua remobilização para <strong>de</strong>pósitos fluviais, no<br />

interior da bacia.<br />

Depósitos Cenozóicos Mais Mo<strong>de</strong>rnos<br />

Após o predomínio dos ciclos semiáridos que acabamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver, toda a bacia<br />

sofreu uma modificação sedimentar, resultante <strong>de</strong> um processo climático <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> progressivamente<br />

crescente, o qual veio refletir-se nos <strong>de</strong>pósitos encontrados nas partes centrais da<br />

bacia. Os ocasionais retornos a um regime semi-árido, não mais atingiram a intensida<strong>de</strong> das<br />

4>ocas supra<strong>de</strong>scritas. O exame dos perfis, nestes sedimentos, evi<strong>de</strong>ncia uma seqüência que<br />

obe<strong>de</strong>ce àquela representada na Figura 4 e Fotos 6 e 7. A partir <strong>de</strong> uma dada superfície estratigráfica<br />

que separa ortoconglomerados ou areias com abundante cimento ferruginoso, sotopostos,<br />

<strong>de</strong> uma seqüência <strong>de</strong> paraconglomerados. areias, siltes, areias com abundante flora fóssil e<br />

solos, é que se inicia o novo ciclo sedimentar da área.<br />

Esses sedimentos mostram nítida granoclassificação da base para o topo, evi<strong>de</strong>nciando<br />

progressiva queda das características <strong>de</strong> competênc~a da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem.<br />

A este pacote <strong>de</strong> dépósitos mais superficiais, não correspon<strong>de</strong>m - como ocorreu com<br />

os mais antigos . sedimentos que <strong>de</strong>notem influência <strong>de</strong> calha <strong>de</strong> drenagem. Pelo contrário, a<br />

ampla dominância <strong>de</strong> sedimentos finos, entremeados <strong>de</strong> lentes <strong>de</strong> para conglomerados , nos conduzem<br />

a recompor um ambiente <strong>de</strong> canais divagantes, meandrados, <strong>de</strong> baixa competência, mas<br />

com apreciáveL volume <strong>de</strong> carga sólida em suspensão, aos quais se associaram, como ainda hoje<br />

ocorre, amplas planícies <strong>de</strong> inundação.<br />

O razoável predomínio <strong>de</strong> conglomerados e areias ricas em clásticos vegetais no sentioo<br />

da base, revela, segundo Kukal (1971:32), que este ciclo sedimentar principiou com a <strong>de</strong>nudação<br />

da área-fonte. uma vez que, quanto maior a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>nudação e o conteúdo total da<br />

carga em suspensão, tanto maior será a percentagem <strong>de</strong> substâncias orgânicas carregadas em<br />

suspensão.<br />

O subsequente <strong>de</strong>créscimo do conteúdo <strong>de</strong> flora fóssil, associado a diminuição dos<br />

clastos grosseiros e o aumento das argilas, evi<strong>de</strong>ncia uma gradativa diminuição da <strong>de</strong>nudação na<br />

área fonte, sem que, necessariamente, tenha havido <strong>de</strong>créscimo das condições <strong>de</strong> pluviosida<strong>de</strong>.<br />

Desse modo, nos parece altamente viável que a sucessão <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong> topo da<br />

seqüência na área do Rio Pardo retrate uma retomada <strong>de</strong> clima úmido, após a retração dos semiáridos,<br />

não alcançando porém a magnitu<strong>de</strong> daqueles que os antece<strong>de</strong>ram e formaram os <strong>de</strong>pósitos<br />

periféricos.<br />

A estes episódios segue a evolução do clima até as condições atuais, através <strong>de</strong> um<br />

pacote <strong>de</strong> solos, cuja espessura não ultrapassa 1 m.<br />

Para o material mais antigo, composto por sedimentos <strong>de</strong> grãos grosseiros, adota-


- --'-'---<br />

128 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

nrnos a terminologia <strong>de</strong> Te, coni>rme o <strong>de</strong>scrito por Bigarella e Mousinho (op. cit.:155-162)<br />

como baixos terraços <strong>de</strong> cascalheiros <strong>de</strong>positados durante condições úmidas e terraceados em<br />

curtos períodos <strong>de</strong> semi-ari<strong>de</strong>z, quando se restabelecem os processos <strong>de</strong> morfogênese mecânica.<br />

Na área do Rio Pardo este terraceamento é observável em superfície, pelos <strong>de</strong>clives <strong>de</strong> terreno.<br />

No exame das barrancas do rio torna-se, no entanto, mais complexa a separação dos dois eventos<br />

mais antigos por estarem terraceados em único front biselado. Isto parece indicar que os<br />

efeitos <strong>de</strong> uma variação do nível <strong>de</strong> base local e mesmo regional do rio tenha se feito sentir<br />

durante a sua formação.<br />

Por outro lado, os sedimentos que lhes seguem, mais atuais, vão formar os Terraços<br />

<strong>de</strong> Várzeas (Tv) <strong>de</strong> Bigarella e Mousinho (op. cit.), compostos <strong>de</strong> sedimentos mais finos e sem<br />

recobrimento coluvial.<br />

Toda esta seqüência sedimentar do interior da área, compõe o que os autores citados<br />

mracterizam como <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos do valley-flat, constituídos por diversos níveis <strong>de</strong> fill-terraces,<br />

acima da várzea inundável atual.<br />

Dúvidas po<strong>de</strong>riam ser levantadas no que diz respeito à formação dos baixos terraços<br />

com conselheiros (Tc).O exame na área do Rio Pardo, como vimos, parece <strong>de</strong>monstrar que, mais<br />

que as variações climáticas. foi a mudança do nível <strong>de</strong> base que causou o terraceamento. Em um<br />

tmbalho posterior, Bigarella, et alii (1969) ressaltam a incerteza que ainda persiste quanto ao<br />

tipo climático que daria origem a estes <strong>de</strong>pósitos, já que o exame da sedimentação mostra não<br />

terem sido tão úmidos como os atuais, nem possuirem as características dos períodos semiáridos<br />

anteriores.<br />

uniforme.<br />

Esta fase climática po<strong>de</strong>ria, inclusive ser <strong>de</strong> um tipo intermédio e mais ou menos<br />

Para os Terraços <strong>de</strong> Várzea, atuais e subatuais parece não haverem dúvidas quanto a<br />

sua origem a partir <strong>de</strong>stas mudanças do nível base <strong>de</strong> erosão num clima semelhante ao <strong>de</strong> hoje.<br />

Os sucessivos terraceamentos <strong>de</strong>ram como resultado o progressivo rejuvenescimento<br />

da drenagem, até as condições atuais. A tendência pronunciada <strong>de</strong> erosão se processou, com<br />

ajuste da <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> no sentido da retilinização do canal e colocando em parcial situação <strong>de</strong><br />

perigo parte da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Can<strong>de</strong>lária e fazendolas vizinhas, sobre a qual se situa. O aspecto<br />

atual do canal e seus terraços po<strong>de</strong>m ser vistos na Foto 5.<br />

Do que foi visto sobre a evolução da área po<strong>de</strong>mos concluir que, <strong>de</strong> uma maneira<br />

geral, os fenômenos sedimentares ali ocorridos coinci<strong>de</strong>m com aqueles verificados por diversos<br />

autores para outras regiões do pais, como eventos típicos do Quatemário, ou seja, a formação<br />

inicial <strong>de</strong> superfícies <strong>de</strong> aplainamento, os pedimentos, e seus <strong>de</strong>pósitos correlativos, seguidos, na<br />

mudança do clima para os tipos mais amenos, por terraços fluviais do valley-flat, nas partes<br />

mais centrais.<br />

,-<br />

,-<br />

/<br />

I<br />

I DI<br />

I _/<br />

Fig. 6- A Implatação <strong>de</strong> P e seus Depósitos Correlativos.<br />

QUEsTõES DE ORDEM ESTRATIGRÁFICA<br />

Correlações morfo-estratigráficas e crono-estratigráficas<br />

spo . 'apam<br />

Os exames dos <strong>de</strong>pósitos quatemários, na área do Rio Pardo, agora <strong>de</strong> posse dos


GONZAGA 129<br />

dados<br />

como:<br />

morfológicos e litológicos, vem suscitar o levantamento <strong>de</strong> importantes questões tais<br />

a) os terraços mais baixos, <strong>de</strong>nominados Terraços <strong>de</strong> Várzea (Tv), representam um<br />

processo <strong>de</strong> agradação-<strong>de</strong>gradação em fases úmidas recentes, e, por suas características, são<br />

correlacionáveis aos <strong>de</strong> Bigarella e Mousinho (op. cito :156) <strong>de</strong> mesma situação no valley-flat dos<br />

rios Otajaí-Mirim e Ribeira.<br />

b) topograficamente acima da Tv, porém mais antigo s, encontramos os baixos terraços<br />

<strong>de</strong> cascalheiro, Te, representados na área por um bem evi<strong>de</strong>nciável e outro, mais jovem,<br />

<strong>de</strong> menor expressão, respectivamente T~ e TCl' Sobre<br />

são COOlpOStO<strong>de</strong> materi!ll variando <strong>de</strong> troncos a folhas.<br />

eles um nível orgânico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> expres-<br />

c) o material que compõe os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> encosta seria corre1acionável com os Terraços <strong>de</strong><br />

Pedimento, caracterizados como altos terraços com cascalheiros e contemporâneos à<br />

formação dos pedimentos, durante a vigência das condições <strong>de</strong> clima <strong>de</strong> semi-ari<strong>de</strong>z alternada.<br />

Nesta mesma época mo<strong>de</strong>lam-se os pedimentos e <strong>de</strong>saparece a vegetação, <strong>de</strong>ixando o material<br />

livre para na fase úmida subseqüente, ser levado, na forma <strong>de</strong> corridas <strong>de</strong> lama e pedra, para as<br />

<strong>de</strong>pressões, on<strong>de</strong> formam os <strong>de</strong>pósitos correlativos <strong>de</strong> encosta. Estes últimos terraceados dão os<br />

Tp (Terraços<br />

úmida.<br />

<strong>de</strong> pedimento). Seu recobrimento por material coluvial, representa o final da fase<br />

Este ciclo se repete por duas vezes, nas áreas estudadas em todo o país, inclusive na<br />

área do Rio Pardo. A diferença é que aqui apenas uma superfície <strong>de</strong> aplainamento correspon<strong>de</strong>ndo<br />

as duas fases climáticas, sendo a i<strong>de</strong>ntificação possível apenas em subsuperfície e através dos<br />

<strong>de</strong>pósitos correlativos, num corte <strong>de</strong> estrada ou em perfurações.<br />

Bigarella e Mousinho (op. cit.) já haviam salientado que, dificilmente o esquema<br />

morfológico é completo, <strong>de</strong>vido não somente ao maior ou menor número <strong>de</strong> flutuaçóes que cada<br />

área tenha sofrido, como também, as suas características morfológicas.<br />

Correlações litológicas<br />

Um exame dos estudos realizados no país e no estado permite a realização <strong>de</strong> algumas<br />

correlações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m litoestratigráfica.<br />

Os terraços <strong>de</strong> várzea (Tv) po<strong>de</strong>riam ser dotados com bases nas medídas realizadas com<br />

Carbono-14, como mais jovens que 2420 + 220 anos (Bigarella, 1971) o que os coloca, como vimos, no<br />

período pós- W isconsin.<br />

Os terraços <strong>de</strong> cascalheiros mais baixos (Tc) , formados por sedimentos melhor classificados<br />

que aqueles da periferia da área o que <strong>de</strong>monstra uma menor aspereza do clima e suas<br />

variações, <strong>de</strong>vem ter iniciado sua <strong>de</strong>posição durante o Wisconsin, ou pelo menos, neste período<br />

foram terraceados. Os estudos realizados em todo o mundo <strong>de</strong>monstram ter esta fase pleistocênica<br />

se caracterizado por menor intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> glaciações e conseqüentes variações do nível do<br />

rmr (Fairbridge, 1961) ocasionando também, modificações climáticas menos intensas. Se confirmar<br />

a hipótese <strong>de</strong> que estes terraços formaram-se por variações apenas do nível <strong>de</strong> base <strong>de</strong><br />

erosão, como parecem <strong>de</strong>monstrar pelo seu terraceamento em único front, p:><strong>de</strong>remos com certeza<br />

situá-Ios neste período. O exame dos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> paleosolos da Planície Costeira do estado,<br />

correspon<strong>de</strong>ntes ao Pleistoceno Superior parecem confirmar a existência <strong>de</strong> um clima mais ou<br />

menos uniforme (Jost, 1973) e <strong>de</strong> maior umida<strong>de</strong>.<br />

Finalmente temos, nas áreas altas da periferia a formação <strong>de</strong> uma superfície <strong>de</strong><br />

aplainamento e <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>pósitos correlativos. Os estudos realizados por Andra<strong>de</strong>, et alii (1963)<br />

e Ab'Saber (1969) levam-nos a correlacionar esta superfície ao pedimento P2, mais comumente<br />

preservado, segundo os primeiros autores e com a Superfície Gravataí <strong>de</strong> extensa ocorrência na<br />

parte leste do estado e situada em uma cota <strong>de</strong> 50 a 60 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Trabalhos <strong>de</strong> Bigarella e<br />

:M:>usinho (op. cit.) no Vale do ltajaí-Mirim em Santa Catarina, Bigarella, et alii (1961) e Bi-<br />

~re1la e Mousinho (1965) no vale do Ribeira em São Paulo, <strong>de</strong>screvem esta superfície e mostram<br />

ter este evento um caráter regional. O Pl' mais jovem se encontra muito dissecado, sendo<br />

extremamente difícil sua i<strong>de</strong>ntificação em superfície, sendo provável, como já tivemos oportunila<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> salientar, que a mesma superfície tenha sofrido as conseqüências da mudança climática<br />

durante os dois ciclos.<br />

Já os <strong>de</strong>pósitos correlativos <strong>de</strong> Terraços <strong>de</strong> Pedimento (Tp) , contemporâneos a formação<br />

do Pedimento, são passíveis <strong>de</strong> correlação com o material <strong>de</strong> mesmo nome <strong>de</strong>scrito em


-<br />

130 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

todo o Brasil e, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, com os <strong>de</strong>pósitos da Formação Gravataí, <strong>de</strong>scrita por<br />

M>rris (1963). Segundo este pesquisador esta unida<strong>de</strong> é composta por uma fase conglomerática<br />

bem <strong>de</strong>senvolvida, com seixos do arenito Botucattu e do basalto da Formação Serra Geral, uma<br />

matriz argilo-arenosa <strong>de</strong> cores variegadas, <strong>de</strong>rivada do intemperismo e erosão das rochas do embasamento,<br />

A presença <strong>de</strong>stes caracteres e a posição irregular e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada dos seixos <strong>de</strong><br />

basalto, mostra que, como na área do Rio Pardo, as condições climáticas e <strong>de</strong>posicionais coincidiram.<br />

Um clima mais seco que o atual, com formação <strong>de</strong> flash-fioods e sheet wash nas planeies<br />

<strong>de</strong> bolson ocasionam este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e a formação associada <strong>de</strong> seixos e areias com<br />

cimentação ferruginosa, em tudo semelhante ao que temos na periferia da área do Rio Pardo e<br />

como assoalho do valley-fiat, sotopostos aos Terraços <strong>de</strong> cascalheiros mais baixos.<br />

Este material recobre tanto na área <strong>de</strong> Gravataí, como aqui, os pedimentos que mergulham<br />

em direção ao centro da bacia. As espessuras dos <strong>de</strong>pósitos nos dois locais, se situam<br />

entre<br />

ração.<br />

os 10 e 15 m, no máximo e garantem a universalida<strong>de</strong> do fenômeno climático e sua du-<br />

Segundo Morris (op. cit.) estes <strong>de</strong>pósitos datam, provavelmente do Terciário Superior<br />

a Pleistoceno Inferior.<br />

Num nível superior cerca <strong>de</strong> 100 m, encontramos ainda, na área do Rio Pardo, uma<br />

outra superfície que se mantém mais ou menos constante nos perfís.<br />

) chama<br />

Não possui<br />

<strong>de</strong> Superfície<br />

<strong>de</strong>pósitos correia-<br />

<strong>de</strong> Campanha. no<br />

tivos aparentes e <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r ao que Ab'Saber (op. cito<br />

Estado, <strong>de</strong>senvolvida na transição topográfica entre o Escudo Uruguaio-Sul-rio-gran<strong>de</strong>nse<br />

e as estruturas sedimentares paleozóicas, em nosso caso representadas pelos <strong>de</strong>rrames<br />

basálticos do Mesozóico, como uma superfície interplanáltica típica. Esta superfície ainda po<strong>de</strong><br />

ser correlacionada ao Pd1 <strong>de</strong> Bigarella, et alii (op. cito :117).<br />

CONCLUSOES<br />

o estudo da área quaternária do Rio Pardo objetivou a complementação dos trabalhos<br />

realizados no país e, para o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, a continuida<strong>de</strong> do que vinha sendo<br />

realizado nas zonas costeiras.<br />

Isto posto, po<strong>de</strong>mos, <strong>de</strong> posse dos dados, estabelecer os seguintes pontos principais:<br />

- As correlações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m morfológica entre as várias regiões estudadas são válidas e<br />

um recurso <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> vale no estudo e <strong>de</strong>terminação estratigráfica dos sedimentos quaternários.<br />

- As litologias dos vários terraços apresentam características em comum com aquelas<br />

<strong>de</strong> mesma situação, <strong>de</strong> outras áreas do país.<br />

- As relações <strong>de</strong> discordância entre os vários <strong>de</strong>pósitos são inicialmente <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

climática e posteriormente controladas por flutuações do nível <strong>de</strong> base local da drenagem,<br />

inex:istindo aquelas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m estrutural.<br />

- Os Terraços <strong>de</strong> Várzea são os sedimentos mais jovens na seQÜência <strong>de</strong>posicional e<br />

resultado <strong>de</strong> variações no nível <strong>de</strong> base da drenagem. Suas características concordam em sua<br />

colocação no periodo compreendido entre o pós-Wisconsin e a época atual.<br />

- Os Terraços com cascalheiras baixos (Te) também parecem <strong>de</strong>monstrar terem<br />

sofrido atuações <strong>de</strong>vidas a estas variações do nível base <strong>de</strong> erosão durante o Wisconsin. Maíores<br />

estudos neste período quaternário po<strong>de</strong>ria esclarecer até que ponto foram estes fatores predominantes<br />

ou as mudanças climáticas.<br />

- Estas últimas foram notáveis na área durante a formação da superfície <strong>de</strong><br />

aplaínamento, P2 e seus <strong>de</strong>pósitos corretivos <strong>de</strong> Terraços' <strong>de</strong> Pedimento, TP2 e TP1' As evidências<br />

e correlações com outras áreas do estado nos levam a colocá-Io entre o final do Terciário e o<br />

Pleistoceno Inferior a Médio.<br />

- Um nível mais alto <strong>de</strong> aplaínamento, sem <strong>de</strong>pósitos correlativos evi<strong>de</strong>nciáveis, foi<br />

idEntificado como eqüivalente à Superfície da Campanha (Ab'Saber, 1969) .<br />

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BIOESTRATIGRAFIA E PALEOECOLOGIA (MOLLUSCA)<br />

DO QUATERNÃRIO DA PLANÍCIE COSTEIRA<br />

DO RIO GRANDE DO SUL (BRASIL)<br />

I~DA REGINA FORTI ESTEVES*<br />

ABSTRACT<br />

The paleoecological study of Cenozoic Mollusks consi<strong>de</strong>rate Holocene in age from the Rio Gran<strong>de</strong> do Sul Coastal Plain dri11.<br />

hole. and outcrops show us, comparing them with the recent fauna, the exÍ8tence of a marine ambient of shallow water, with fresh water af.<br />

fIux, during the <strong>de</strong>position of these associations. The occurence of mixohaline specles suggest yet a <strong>de</strong>ltaic ambiento<br />

INTRODUÇÃO<br />

Este trabalho compreen<strong>de</strong> o reestudo estratigráfico, dos já efetuados anteriormente<br />

pela autora (1969, 1971), sendo aqui feito concomitantemente o estudo paleoecológico das associações<br />

estudadas.<br />

Foram feitos inicialmente estudos com material <strong>de</strong> subsuperfície e superfície da<br />

Planície Costeira do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Fig. 1). O material <strong>de</strong> subsuperfície provém <strong>de</strong> duas das<br />

8 perfurações efetuadas pela PETROBRÃS no nosso Estado. A primeira perfuração situa-se a 9<br />

km da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Palmares do Sul (2-PS-1-RS), coor<strong>de</strong>nadas 30° lO'39"S e 50"29'30"W, com um<br />

nível <strong>de</strong> moluscos entre 24-45 m. As amostras são <strong>de</strong> calha, coletadas <strong>de</strong> 3 em 3 m. A perfumção<br />

alcançou o embasamento do tipo granito aos 405 m. A segunda perfuração localizada a 2<br />

km do balneário da praia do Cassino (2-CI-1-RS\, coor<strong>de</strong>nadas 32°12'00"S e 52°1O'30"W, com<br />

alguns níveis <strong>de</strong> moluscos entre 9-36 m e 87-213 m. A perfuração alcançou o embasamento do tipo<br />

micaxisto aos 522 m.<br />

Ambas perfurações estãoi situadas na faixa <strong>de</strong> planície litorãnea marítima. O material<br />

re superfície foi coletado em 5 pontos na área <strong>de</strong> Santa Vitória do Palmar, também localizada na<br />

planície litorânea marítima.<br />

Trabalho realizado Cmauxilio do CNPq, Cam. Esp./UFRGS.<br />

°10 /UFRGS


134 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Os pontos <strong>de</strong> coletas foram os seguintes:<br />

EI - afloramento correspon<strong>de</strong>nte à Fazenda do Dr. Mario Anselmi, 4,5 km do Chuí.<br />

E2 - mesma localização, parte superior do afloramento.<br />

E3 praia do Hermenegildo.<br />

E4 Canal do arroio Chuí.<br />

E5 Fazenda Figueras, km 188 da estrada fe<strong>de</strong>ral entre Santa Vitória do Palmar e<br />

Pelotas.<br />

Com os estudos já efetuados, foi possível correlacionar as associações com as da Formação<br />

Querandino do Uruguai e Argentina, consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> holocênica. Foram ainda<br />

efetuados estudos <strong>de</strong> sistemática e breves comentários sobre a distribuição zoogeográfica da> espécimens<br />

encontrados. A classificação dos exemplares seguiu a or<strong>de</strong>m taxonômica adotada por<br />

Abbott (1954) para os gastrópodas e a usada por Olsson (1961) e Moore (1969) para os bivalvos. As<br />

consi<strong>de</strong>rações ecológicas para cada espécie foram baseadas nos seguintes autores: Abbott (1954);<br />

Altena (1971); Camacho (1966); Carcelles (1944); Castellanos (1967); Gofferge (1959); Moore (1961);<br />

Morris (1963); Rios (1970). Para as tabelas ecológicas os dados <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> são baseados no<br />

máximo registrado segundo Rios (1970). Para a análise quantitativa utilizou-se a seguinte tabela <strong>de</strong><br />

freqüencia:<br />

1<br />

2-3<br />

4-10<br />

MR (Muito raro)<br />

R (Raro)<br />

E (Escas so)<br />

11-20<br />

21-30<br />

+ 31<br />

F (Freqüente)<br />

A (Abundante)<br />

AD (Abundante dominante)<br />

A lista <strong>de</strong> freqüência das espécies (Tab. 1) foi estabelecida segundo a or<strong>de</strong>m sistemática<br />

das mesmas. O material está <strong>de</strong>positado nas coleções do Departamento <strong>de</strong> Paleontologia<br />

e Estratigrafia do Instituto <strong>de</strong> Geociências da UFRGS.<br />

COMENTÁRIO ESTRA TIGRÁFICO SOBRE A PLAN1CIE<br />

COSTEIRA DO RIO GRANDE SO SUL<br />

Ê fato comprovado, através <strong>de</strong> estudos efetuados por diversos autores, da existência<br />

<strong>de</strong> sedimentos terciários somente em subsuperfície na Planície Costeira do RS. Os sedimentos<br />

qlaternários (Pleistoceno e Holoceno) e recentes, em superfície. Até 1965, entretanto, os estudos<br />

e mapas realizados não davam uma maior especificação sobre as unida<strong>de</strong>s estratigráficas, <strong>de</strong>screvendo<br />

a área como recoberta por sedimentos Quaternários e recentes. Importante estudo na<br />

área <strong>de</strong> geologia e estratigrafia foi o realizado em 1965 por Delaney que fez o mapeamento <strong>de</strong><br />

&lperficie da Planície Costeira na escala <strong>de</strong> 1:500.000, contribuindo com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> várias<br />

unida<strong>de</strong>s estratigráficas, as quais reuniu sob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Grupo Patos (Fig. 2). Ao mesmo<br />

tempo Bigarella e Andra<strong>de</strong> (1965), realizando estudos geomorfológicos e paleoclimáticos sobre o<br />

Quaternário do Brasil, estabelecem algumas subdivisões numa das unida<strong>de</strong>s propostas por<br />

Delaney (op. cit.).<br />

Closs (1970) realizou estudos com material <strong>de</strong> subsuperfície <strong>de</strong> 8 sondagens efetuadas<br />

pela PETROBRÃS, comprovando com base em foraminíferos, especialmente, a inexistência <strong>de</strong><br />

s:!dimentos mais antigos que do Mioceno na Bacia <strong>de</strong> Pelotas, contendo sedimentos só <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

terciária.<br />

Bianchi (1969) através <strong>de</strong> estudos com ostreídos fósseis encontrados em afloramentos<br />

dos arredores das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pelotas e Pedro Osório, localizadas na área da planície inferior<br />

lagunar, propôs o nome <strong>de</strong> facies Piratini para estes bancos <strong>de</strong> ostreí<strong>de</strong>os, consi<strong>de</strong>rados pelo<br />

autor cano uma variação lateral da Formação Graxaim correlacionável com os <strong>de</strong>pósitos da Formação<br />

Belgranense (Argentina) <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pleistocênica,. Posteriormente estes ostreí<strong>de</strong>os, submetidos<br />

à datação pelo C14 mostraram urna ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 29.405 A. C., confirmando a dataçoo estabelecida.<br />

Forti (1969-1971) concluiu, com moluscos agora reestudados, que a datação antes estabelecida<br />

para a Formação Chuí (Pleistoceno) <strong>de</strong>via ser alterada para Holoceno, baseada na<br />

correlaçoo efetuada com as associações similares às nossas do Querandino uruguaio, prireipalmente,<br />

e argentino, acreditando serem estes moluscos pertencentes à Formação Chuí.<br />

Bombin, (1971) <strong>de</strong>screve a ocorrência em subsuperfície <strong>de</strong> moluscos holocênicos, no S <strong>de</strong>


TABELA 1<br />

De Freqüência<br />

PERFURAÇÕES AFLORAMENTOS<br />

PS-I-RS CI-I-RS El E2 E3 E4 E5<br />

NueuIa ( Nueula ) semiornata<br />

Nueula<br />

A F A A MR<br />

( EnnueuIa) pueleha<br />

Nueula (Ennueula<br />

E E<br />

) uruguayensis<br />

Arca<br />

E<br />

( scapharea ) transversa<br />

Anadara<br />

MR<br />

( Lunarea ) ovalis<br />

Anadara<br />

AD MR<br />

( Larkinia ) notabilis<br />

Anadara<br />

R<br />

( Cunearea ) brasiliana<br />

Noetia<br />

E<br />

( Eontia ) bisuleata<br />

Glyeymeris longior<br />

Plieatula gibbosa<br />

Paeten<br />

R<br />

F<br />

R<br />

R<br />

R<br />

R<br />

( Chlamys ) tehuelehus<br />

Ostrea<br />

E R<br />

( Ostrea ) puelehana<br />

Ostrea<br />

R A E A F AD<br />

( Aleetryonia ) equestris<br />

Crassinella maldonadoensis<br />

Carditamera<br />

MR<br />

F MR<br />

A R E R E<br />

( Carditamera ) plata<br />

Venerieardia tri<strong>de</strong>ntata<br />

E E AD<br />

MR<br />

AD AD<br />

Ph1yeti<strong>de</strong>rma<br />

Codakia aíf. ( Ctema ) orbieulata MR<br />

Traehycardium ( Dalloeardia ) murieatum MR<br />

Cardium <strong>de</strong>lieatulum MR MR<br />

Pitar ( Pitar) rostratum A AD AD A AD E<br />

Arniantis (Amiantis) purpurata F E A<br />

Protothaea antiqua<br />

E<br />

Anomaloeardia brasiliana A AD AD E AD A<br />

Clausinella gayi F F A R AD MR<br />

Chione ( Lirophora ) paphia R<br />

Maetra ( Maetra ) patagoniea AD A MR R<br />

Maetra ( Maetra ) marplatensis A E MR<br />

Maetra ( Maetra ) isabelleana<br />

E<br />

Donax hanleyanus R R<br />

Selene ( Selene ) bellastriata MR<br />

Abra aequalis<br />

E<br />

Tagelus ( Tagelus ) plebeius AD AD AD<br />

Corbula ( Caryoeorbula ) caribaea A AD AD AD<br />

Corbula ( Caryocorbula ) patagoniea AD AD A F<br />

Corbula ( Caryoeorbula ) cf. nasura<br />

MR<br />

Corbula iheringiana<br />

AD<br />

Erodona maetroi<strong>de</strong>s MR F E E<br />

Cadulus sp E E<br />

Tegula patagoniea F MR<br />

Halistylus eolumna A<br />

Littoridina australis F AD AD AD AD<br />

Parodizia uruguayensis E A A<br />

Caeeum ( Elephantanellum ) imbrieatum R<br />

Alabina eerithidioi<strong>de</strong>s AD E F F<br />

Epitonium ( Epitonium ) georgettina F E<br />

Odostomia ( Crisallida ) serninuda F R<br />

Turbonilla ef. atypba A MR<br />

Turboni1la ( pyrgiseus ) interrupta MR MR<br />

Turbonilla ef. uruguayensis E E R<br />

Iseliea anomala<br />

Crepidula ( Bostryeapulus ) aeuleata A E R E<br />

Crepidula (Crepidula) protea AD E R E<br />

Natiea ( Natiea ) isabelleana E<br />

Teetonatiea pusi1la A MR<br />

Anaehis ( Costoanaehis ) obesa A<br />

Anaehis ( Costoanaehis ) avara AD E<br />

Anaehis ( Anaehis ) eateneta E MR<br />

Anaehis aff. isabellei MR E R MR E<br />

Nassarius ( Tritia ) eoppingeri AD<br />

Nassarius ( Hinia ) ambiguus R<br />

Olivaneillaria <strong>de</strong>sbayesiana<br />

Olivella ( Olivina ) tehueleharna A R MR R<br />

Olivella ( Olivina ) puelebana MR<br />

Bueeinanopsgradatum R R<br />

Bueeinanops globulosum E E E<br />

A<strong>de</strong>lomelom ( Paehyeymbiola ) brasiliana<br />

MR<br />

Drillia patagoniea<br />

E<br />

Hastula einerea<br />

MR<br />

Aeteon punetostriatus<br />

ESTEVES 135<br />

Cyliehna ( Cyliehnella ) bi<strong>de</strong>ntata E R MR<br />

Acteocina can<strong>de</strong>i R B B<br />

AD<br />

MR<br />

MR<br />

MR


136 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 2<br />

Dados ecológicos<br />

(Perfurações e AfIoramentos).<br />

AMBIENTE PROFUNDo FUNDO<br />

Marinho Mixohalino 5!<br />

.g<br />

~o<br />

~.<br />

o<br />

.!1 ~l9 ~S 1 S }<br />

~j ~~~" ..,<br />

~~~~.3 &:<br />

Anadara ( Lunarea ) ovalis X X 14 X X<br />

Alabina cerithidioi<strong>de</strong>s X<br />

Iselica eC.anomala X<br />

Crepidula ( Crepidula ) protea X 27 X<br />

Anaehis ( Costoanachis ) avara X 18 X<br />

Nassarius (Tritia) eoppingeri X HiO X X<br />

Ollivela ( Olivina ) tehuelehana X 27 X<br />

Corbuia iheringiana X 6-12<br />

Maetra ( Maetra ) patagonica X 16 X<br />

Littoridina australis X X<br />

DEMAIS ESPÉCIES<br />

Nueuia ( Nucula ) semiornata X 46 X<br />

Nueula ( Ennucula ) pueleha X 73 X X<br />

Arca ( Seapharea ) transversa X X X<br />

Anadara ( Larekinia ) notabilis X 73 X<br />

Andara (Cunearea) brasi1iana X X 73 X X<br />

Noetia ( Eontia ) bisuleata X X 40 X<br />

Glyeymeris longior X 40 X<br />

Plicatula gibbosa X X 118 X<br />

Pecten ( Chlamys ) tehuelehus X 40 X X<br />

Ostrea ( Ostrea ) puelehana X 18 X<br />

Ostrea ( Ostrea ) equestris X 18 X<br />

Crassinella maldonadoensis X X 3-6 X<br />

Carditamera (Carditamera) plata X 70 X<br />

Codakia ( Ctena ) orbieulata X 200 X<br />

Traekycardium ( Dallocardia ) muricatum X X 76 X<br />

Pitar ( Pitar) rostratum X 80 X<br />

Amiantis ( Amiantis ) purpurata X X<br />

Prothothaea antiqua X 45 X X<br />

Anomalocardia brasiliana X X X X X<br />

Clausinella gayi X<br />

Maetra ( Maetra ) isabelleana X X X<br />

Maetra ( Maetra ) marplatensis X 10 X<br />

Donax hanleyanus X X X<br />

Semeie ( Semeie) bellastriata X X<br />

Abra aequalis X 36 X<br />

Corbula (Caryocorbula ) earibaea X X 88 X<br />

Corbula (Caryoeorbula ) eConasuta X X<br />

Erodona maetroi<strong>de</strong>s X X X<br />

Tegula patagonica X 49 X<br />

Halistylus eolumna X 65 X<br />

Caeeum ( Elephantanellum) imbricatum X<br />

Epitonium ( Epitonium ) georgettina X 110 X<br />

Odostomia ( Crisa1lida ) seminuda X<br />

Turboni1la eCoatypha i X X 6-12<br />

Turbonilla ( Pyrgiseus ) interrupta X 56<br />

Crepidula (Bostryeapuius ) aeuleata X X 40 X<br />

Natica ( Natiea ) isabelleana X 73 X X<br />

Tectonatiea pusilla X X<br />

Anaehis ( Costoanaehis ) obesa X<br />

Anaehis ( Anaehis ) eatenata X<br />

Anaehis afCoisabellei X 18 X X<br />

Nassarius ( Hinia ) ambiguus X X X X<br />

Olivaneillaria <strong>de</strong>shayesiana X 70 X<br />

Olivella ( Olivina ) puelehana X 27 X<br />

Drillia patagoniea X 118<br />

Hastula cinerea X X X<br />

Aeteon punetostriatus X 76 X<br />

Cylichna ( Cyliehnella ) bi<strong>de</strong>ntata X 65<br />

Aeteoeina can<strong>de</strong>i X 106


ESTEVES<br />

Santa Catarina, ampliando o limite N <strong>de</strong>sta planície baseado na fisiografia da região, até o Cabo Santa<br />

Marta ao N do Estado <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

Jost (1971) através do estudo geológico da parte N da planície, estabeleceu wna<br />

nova unida<strong>de</strong> estratigráfica, e propôs que o conceito <strong>de</strong> Grupo Patos estabelecido por Delaney<br />

(op. cit.) para reunir as unida<strong>de</strong>s estratigráficas pleistocênicas, seja ampliado ~reúna todas as<br />

unida<strong>de</strong>s quatemárias da Planície Costeira do RS.<br />

Associações <strong>de</strong> Subsuperficie<br />

IDADE E CORRELAÇÃO DAS ASSOCIAÇOES<br />

Palmares do Sul (2-PS-1-RS) - Conforme perfis litoestratigráficos efetuados por Closs<br />

(1970), e posteriormente Sanguinetti (1974, inédito), Fig. 3, sobre a Perfuração Palmares do<br />

Sul. O nível <strong>de</strong> moluscos situados entre 24-45 m mostra sedimentos do tipo argila plástica, alguma<br />

areia cinza com fragmentos <strong>de</strong> conchas areias e argilas alternam-se na predominllncia dos<br />

sucessivos níveis. Areia geralmente fina. Argilas mostram na maioria cores cinza e ver<strong>de</strong>. Cores<br />

avermelhadas na parte basal. Os sedimentos <strong>de</strong> superfície foram mapeados por Delaney (op. cit.)<br />

como pertencentes à Formação Chuí. Closs (op. cit.) consi<strong>de</strong>rou, embora com duvida, estes<br />

sedimentos e a fauna aí contida (foraminíferos) <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> plestocênica, ambiente marinho <strong>de</strong>ltaico.<br />

O material <strong>de</strong> moluscos aí encontrado, segundo Forti (op. cit.) foi comparado com as<br />

associações do Querandino uruguaio e argentino e Belgranense argentino, embora as espécies<br />

sejam mais numerosas no Querandino. O tipo <strong>de</strong> sedimento <strong>de</strong>sta perfuração coinci<strong>de</strong> com os<br />

sedimentos do Querandino uruguaio conforme se vê na <strong>de</strong>scrição do Post-Arazatí = Vizcaino<br />

(Goni, 1958). A área estudada, apud Delaney (1965, Fig. 2 norte) compreen<strong>de</strong> terrenos consi<strong>de</strong>rados<br />

em superfície como quatemários (pleistoceno) da Formação Chuí. Conforme mapa geomorfológico<br />

efetuado por Villwock (1972) a área em questão está situada em sedimentos oriundos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos<br />

eólicos epraiais marinhos.<br />

Cassino (2-éI-1-RS). O perfillitoestratigráfico <strong>de</strong> Sanguinetti (op. cit.) para a Perfuração<br />

Cassino, com níveis <strong>de</strong> moluscos entre 9-36 m e 87-213 m, embora menos representaüvos<br />

numericamente do que os <strong>de</strong> Palmares do Sul (Fig. 4) mostram sedimentos entre 9-36 m<br />

do tipo areia muito fina inconsolidada às vezes, bastante fossilífera, e entre 87-213 mareia gros-<br />

!eira pouco consolidada, grãos <strong>de</strong> quartzo, algumas intercalações <strong>de</strong> argila <strong>de</strong> cor cinza a<br />

amarelo e ainda areia muito fina. Os sedimentos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superficie até 215 m aproximadamente,<br />

foram datados como Pleistocenol?Plioceno, ambiente continental/ marinho apud Closs (op.<br />

cit.) dizendo ainda o autor que boa parte foi <strong>de</strong>positada no Plioceno <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong> espessura.<br />

Os fósseis <strong>de</strong> moluscos entretanto aí encontrados, são iguais aos da Perfuração Palmares do Sul<br />

com exceção <strong>de</strong> Corbula (Caryocorbula) cf. nasuta Sowerby (só um exemplar); e Erodona mactroi<strong>de</strong>s<br />

Daudin (só um exemplar), que pela rara presença não tem valor muito expressivo, embora<br />

o gênero Erodona seja típico do Holoceno uruguaio. Esta área estudada, apud Delaney<br />

(1965, fig.2, sul), está situada em terrenos consi<strong>de</strong>rados em superfície como Quaternário recente.<br />

Porém conforme esquema <strong>de</strong> mapa geomorfológico Jost (inédito) a perfuração está enquadrada<br />

na área <strong>de</strong> feixes <strong>de</strong> restingas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> holocênica.<br />

As duas perfurações estudadas não foram submetidas à datação pelo C14, por não<br />

haver material em quantida<strong>de</strong> suficiente para isto. Entretanto, como já foi afirmado anterior-<br />

Irente, mostram estreita relação com a fauna do Holoceno uruguaio e argentino, sendo exemplares<br />

mais abundantes em espécies nos sedimentos holocênicos que pleistocênicos da Formação<br />

Belgranense.<br />

Associações <strong>de</strong> Superfície<br />

As associações <strong>de</strong> moluscos <strong>de</strong> superfície são similares às encontradas nas perfurações,<br />

com exceção <strong>de</strong> 13 espécies ocorrentes só nos afloramentos <strong>de</strong> superfície, mas que também<br />

são comuns nos <strong>de</strong>pósitos holocênicos, como foi constatado pela comparação com o material<br />

OCOITente em e5tado 5ubfóssil no Querandino uruguaio. As amostras provenientes da Fazenda<br />

Anselmi submetidas à datação pelo método C14 da SmithsQnian Radioation Biology Laboratory,<br />

mostraram uma ida<strong>de</strong> em tomo dos 5.045 A.C., confirmando a datação holocênica proposta para<br />

137


---.<br />

138 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

ai afloramentos na área <strong>de</strong> Santa Vitória do Palmar. Segundo o mapa geológico efetuado nesta<br />

área por Soliani Junior (1973), os <strong>de</strong>pósitos estudados são consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>pósitos marinhos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> holocênica. (Fig. 5).<br />

CONSIDERAÇOES ECOLOOICAS<br />

Através <strong>de</strong> comparação feita na literatura sobre dadps ecológicos, das espécies<br />

atuais, foi visto que as nossas espécies fósseis da Planície Costeira, são encontradas em águas<br />

rasas da zona litorânea e sublitorânea (Plataforma Continental).<br />

Associações Faunisticas <strong>de</strong> Subsuperficie<br />

Os exemplares encontrados em subsuperfície são formas milimétricas, atingindo no<br />

máximo 1,5 em em sua maioria representados por formas juvenis. Os organismos apresentam<br />

uma coloração esbranquiçada à exceção <strong>de</strong> algumas formas que se encontram com uma cor acinzentada.<br />

O número total <strong>de</strong> espécies encontradas foi <strong>de</strong> 51, dos quais 26 são bivalvos e 25 gastrópodas.<br />

Entre as espécies mais abundantes nota-se o predomínio <strong>de</strong> formas marinhas sobre as<br />

mixohalinas (Tab. 2). As espécies mais abundantes são (Est. 1):<br />

a) - Espécies marinhas: Aoadara (Lunarca) ovalis, Mactra (Mactra) patagonica,<br />

Corbule iheringiana, Alabina cerithidioi<strong>de</strong>s, lselica cf. anomala, Crepidula (À'epidula) protea,<br />

Aoachis (Costoanachis) avara, Nassarius (Tritia) coppingeri.<br />

b) - Espéciemixohallna: Littoridinaaustralis<br />

Espécies das Perfurações<br />

Figura<br />

ESTAMPA 1<br />

1 - Anadara (Lunarca) ovalis BR UGUIERE - Comprimento 7,4 mm<br />

2 - Mactra (Mactra) patagonica ORBIGNY - Comprimento 17,9 mm<br />

3 - lselica cf. anomala (C.B. ADAMS) - Altura 2,21 mm<br />

4 - Corbula iheringianaPILSBRY - Comprimento 3,72 mm<br />

5 - Alabina cerithidioi<strong>de</strong>s (DALL) - Altura 4,05 mm<br />

6 - Nassarius (Tritia) coppingeri SMITH - Altura 4,91 mm<br />

7 - Crepidula (Crepidula) protes ORBIGNY - Altura 5,5 mm<br />

8 - Anachis (Costoanachis) avara (SA Y) - Altura 7,5 mm<br />

Espécies dos Afloramentos<br />

Figura<br />

9 - Ostrea( Ostrea) puelchana ORBIGNY - Comprimento 24 mm<br />

10 - Carditamera (Carditamera) plata (IHERING) - C'omprimento 6,9 mm<br />

11 - Pitar (pitar) rostratum (KOCH) - Comprimento 29,2 mm<br />

12 - Anomalocardia brasiliana (GMELIN) - Comprimento 16,5 mm<br />

13 - aausinella gayi (HUP~) - Comprimento 8,6 mm<br />

14 - Corbule (Caryocorbula) patagonica ORBIGNY - Comprimento 10,9 mm<br />

15 - Tagelus (Tagelus) plebeius SOLANDER - Comprimento 38,2 mm<br />

16 - Corbula (Caryocorbula) caribaea ORBIGNY - Comprimento 9,7 mm<br />

17 - Littoridina australis (ORBIGNY) - Altura 7,8 mm<br />

18 - Parodizia uruguaienais MEDlNA - Altura 4,31 mm


ESTEVES 139


140 ANAIS DO XXVI/1 <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

---<br />

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M,trinho M'I"!<br />

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X<br />

X<br />

ITAPOÃ<br />

MA<br />

Fig. 2- Quadro Estratigráfico das Rochas do Quaternário<br />

da Planície Costeira do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Sego Delaney ( 1965 ).


ESTE VES 141<br />

trada nas perfurações. As <strong>de</strong>mais espécies marinhas abundantes ocorrem em subsuperfície.<br />

b) - Espécies mixohalinas: citamos como abundante dominante as espécies Tagelus<br />

plebeius e Parodizia uruguaiensis, que não ocorrem nas perfurações.<br />

0-<br />

50-<br />

100-<br />

150-<br />

200-<br />

250-<br />

300-<br />

350-<br />

400-<br />

'"<br />

:#=<br />

.,.<br />

Areia fma a muito fina, bem selecionada.<br />

Argila cinza amarronzada, mole, -priStica, maciça, allUma<br />

areia.<br />

Coquina <strong>de</strong> bivalvos.<br />

}..Argila cinza levemente esver<strong>de</strong>ada.<br />

Areia muito grossa a cascalho, bem selecionada, grfas<br />

subangulares. hialina, brilho vitreo, friável, quartzos..<br />

Argila cinza, mole. Iro-<br />

2 Areia muito Una, bem classificada, grãos subangulares,<br />

cinza, friável.<br />

Argila cinza, média, baça, mole, plástica a quebradiça.<br />

maciça.<br />

3 Areia fina a grossa. pessimamente selecionada, grãos<br />

subangulares a subarredondad05, hialina, maciça.<br />

Ar~a cinza, levemente esver<strong>de</strong>a~, baça, ~ole, quebradiça,<br />

provável topo terciário 171m, fossilífera.<br />

Areia fina a grossa, pessimamente selecionada, hialina, bem<br />

polida, quartzosa, algum feldspato.<br />

"'4 Areia fina, seleção média, grãos subangulares a subarredon.<br />

'dados, hialina, fosca, com 20% <strong>de</strong> grl05 polidos, friável,<br />

quartzosa.<br />

Argila arenosa, cinza esver<strong>de</strong>ada, plástica, muito fossil1íera,<br />

.J.<br />

~ 5 areia fma, bem selecionada.<br />

Areia muito fina a muito grossa, pessimamente seÍecionacia,<br />

grãos subarredondados, hialinos, alguns brancos, não<br />

transparentes, friável.<br />

Areia muito grossa a cascalho, seleção média, grios suban.<br />

guiares, brancos a cinza-avermelhados, friável, maciça,<br />

algum feldspato.<br />

7<br />

.<br />

Rocha ígnea (granito levemente metamorfisado),<br />

equicristalino, porfirítico, com quartzo, feldspato, gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mica.<br />

"<br />

Fig. 3- Perfurações 2 - PS -1- RS. Palmares do Sul- RS<br />

Sego Sanguinetti ( 1974) -Modificada.<br />

1f<br />

0-<br />

110-<br />

210-<br />

300-<br />

3'10-<br />

400-<br />

5110-<br />

CONCLUSOES<br />

::.: ~.:.....<br />

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+.. .<br />

+ +.+ +<br />

+..+......<br />

.. + +<br />

"<br />

,. ~<br />

Areia muito fina a fina, incolor e cinza, grios soltos,<br />

subangulares a angulares, muito fossllifera.<br />

Areia muito fma, fm. a grossa, grios <strong>de</strong> coloração<br />

variada. muito argilosa, cinza a cinza escura, pios<br />

angulares, muito fossilífera, muito mole.<br />

Argila arenosa. cinza, muito mole, muito fossilífera.<br />

Alei. muito argilosa, muito fma a fina. cinza a levemente<br />

esver<strong>de</strong>ada. muito mole, com abundincia <strong>de</strong> microf6<strong>de</strong>is.<br />

com algumas lâminas <strong>de</strong> mica.<br />

Argila cinza a cinza escura, muito mole, levemente arenosa,<br />

semf6sseis.<br />

Areia muito fina a fma, cinza, alguma argila, abundante em<br />

microf6sseis, grfos soltos, angulares.<br />

~ 4 Argila muito síltica, muito mole, cinza, calcífera.<br />

r'<br />

~8<br />

Argila muito arenosa a síltica. muito mole, alguns microfósseis.<br />

cinza, levemente calcífera.<br />

5 Argila avermelhada parda a chocolate, muito mole, com<br />

grãos <strong>de</strong> areia espanos e muito finos.<br />

Mica - Xisto<br />

Fig. 4- Perfuração 2 - CI-I- RS. Cassino - RS. Sego Sanguinetti<br />

( 1974) - Modificada.<br />

- A'IJperfuraçõe'IJ efetuadas em Palmares do Sul e Cassino mostraram a ocorrência <strong>de</strong><br />

uma associação faunística <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. quaternária (Holoceno) .<br />

- As associações <strong>de</strong> superfície em Santa Vitória do Palmar, confirmaram, pelo C14, a<br />

datação holocênica para aquela área.


142 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

ERA PERíODO ÉPOCA GRUPO FORMAÇÃO síMBOlO<br />

C Q Depósitos Eólicos<br />

E U<br />

N<br />

O<br />

A<br />

T<br />

E<br />

Holoceno P<br />

A<br />

Depósitos<br />

DePósitos<br />

Lagunare.<br />

Marinhos<br />

Z<br />

6<br />

I<br />

C<br />

O<br />

R<br />

N<br />

Á<br />

R<br />

I<br />

O<br />

Plel.toeeno<br />

T<br />

O<br />

S<br />

Sta. Vitória<br />

Itapoã<br />

Chu I<br />

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r:* ~"'-, '" :<br />

Fig. 5- Coluna Estratigráfica Sego Solani Junior (1973)<br />

- Estes sedimentos holocênicos não pertencem à Formação Chuí, como tinha sido<br />

afirmado anteriormente, (Forti, 1969).<br />

- A análise da associação <strong>de</strong> moluscos, encontrada na perfuração Palmares do Sul,<br />

revela o predomínio <strong>de</strong> espécies marinhas <strong>de</strong> águas rasas que se <strong>de</strong>senvolvem sobre fundo<br />

arenoso, ocorrendo todas em praias marinhas. Algumas <strong>de</strong>stas formas são ainda encontradas em<br />

lEías e enseadas. As <strong>de</strong>mais, em menor número, são <strong>de</strong> fundos pedregosos e rochosos, arenoargilosos<br />

e lodosos.<br />

- A espécie mixohalina encontrada não é abundante e ocorre normalmente em fundos<br />

pedregosos. Nota-se, ainda, que a associação <strong>de</strong>sta perfuração é muito mais rica em número <strong>de</strong><br />

espécies que a encontrada na perfuração Cassino. E possível afinnar que as camadas das quais<br />

foram retiradas as espécies, registram um ambiente marinho com pouco afluxo <strong>de</strong> água doce.<br />

- Na perfuração Cassino observa-se o predomínio <strong>de</strong> espécies márinhas <strong>de</strong> águas<br />

rasas <strong>de</strong> fundo arenoso, caracterizando um ambiente praial. Poucos são os exemplares encontrados<br />

<strong>de</strong> baias, enseadas ou estuários. Os 2 exemplares mixohalinos aí ocorrentes Littoridina<br />

australis e Erodona mactroi<strong>de</strong>s são espécies eurihalinas que preferem zonas com salinida<strong>de</strong><br />

média. O gênero Erodona só ocorre na perfuração Cassino e a Littoridina é mais freqüente no<br />

Cassino que em Palmares do Sul.<br />

- As espécies mixohalinas Tagelus (Tagelus) plebeius, Erodona mactroi<strong>de</strong>s, Littoridina<br />

australis, Parodizia uruguaiensis, encontradas nos afloramentos também indicam um ambiente<br />

c


A - Espécies mais abundantes<br />

ESTEVES 143<br />

DISTRIBUlÇÁO ZOOGEOGRÁFICA E ECOLOGICA<br />

DASESPÉCIESENCONTRADASNASPERFURAÇÚES<br />

Espécies marin/w,s<br />

Anadara (Lunarca) ovalis Bruguiere (MP-UFRGS n~ 5142) - Esta espécie sob o nome<br />

<strong>de</strong> Arca (Arca) campechiensis americana Wood, foi citada por Goffergé (1950) como vivendo enterrada<br />

Em pequena profundida<strong>de</strong> nos fundos areno-argilosos <strong>de</strong> enseadas. Tem sido citada ainda<br />

como ocorrendo<br />

dida<strong>de</strong>.<br />

em agregados calcários e boias. Encontrada em Rio Gran<strong>de</strong> a 14,5 m <strong>de</strong> profun-<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a América do Norte, Indias Oci<strong>de</strong>ntais e Estados do Golfo,<br />

toda costa brasileira até o Uruguai.<br />

Corbula iheringiana Pilsbry (MP-UFRGS n2 5179) - Encontrada entre 6 - 12 m na<br />

Baía <strong>de</strong> Maldonado (Uruguai).<br />

Ocorrência atual: costa atlântica uruguaia. Ainda não foram registrados dados sobre<br />

sua ocorrência atual na costa sul-brasileira.<br />

Mactra (Mactra) patagonica d'Orbigny (MP-UFRGS n2 5167) - ocorre em fundos<br />

arenosos na <strong>de</strong>sembocadura do Rio da Prata.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul até o norte da Patagônia.<br />

Alabina cerithidioi<strong>de</strong>s (Dali) (MP-UFRGS n!l6189). espécie milimétrica pertencente<br />

à Família Cerithiidae, cujos gêneros vivem em águas mo<strong>de</strong>radamente rasas, sobre capins e ervas<br />

marinhas, em zonas tropicais e subtropicais.<br />

Ocorrência atual: Flórida (USA) , costa brasileira até o sul do País.<br />

Iselica d. anomala (C. B. Adams) (MP-UFRGS n.2 6196) - espécie encontrada em<br />

fundos arenosos em águas pouco profundas.<br />

Ocorrência atual: Antilhas, toda costa brasileira e costa atlântica uruguaia. Citada<br />

pela primeira vez para o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. _<br />

Crepidula (Crepidula) protea d'Orbigny (MP-UFRGS n.2 6197) - espécie <strong>de</strong> águas<br />

rasas, vive em fundos <strong>de</strong> pedra, fixa sobre mexilhões ou qualquer outro corpo marinho.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as Antilhas, ao longo da costa brasileira até o norte da Patagônia.<br />

Anachis (Costoanachis) avara Say (MP-UFRGS n2 6202) - espécie <strong>de</strong> águas rasas<br />

encontrada em fundos arenosos. Comum nos cordões <strong>de</strong> ressaca da praia e no conteúdo estomacal<br />

do asteroi<strong>de</strong>o Astropecten cingulatus Sla<strong>de</strong>n.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Cabo Cod, toda costa do Brasil até Buenos Aires (Argentina).<br />

Esta espécie foi registrada como Niti<strong>de</strong>la moleculina Duelos no trabalho <strong>de</strong> Morretes<br />

(1949) que a cita para as praias <strong>de</strong> São Sebastião e Guarujá no Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Nassarius (Tritia) coppingeri Smith (MP-UFRGS n~ 5206) - espécie encontrada<br />

primeiramente por Smith na Baia <strong>de</strong> Tom (su<strong>de</strong>ste da Patagônia) Entre 2-60 m. Ocorre em fundos<br />

lodosos, rochosos e sobre algas marinhas.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o sul do Brasil até o norte da Patagônia.<br />

Olivella (Olivina) tehuelchana d'Orbigny (MP-UFRGS n.2 6211) - encontra-se vivendo<br />

em fundos arenosos próximo à costa.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, costa uruguaia até o Golfo Novo na<br />

Argentina.<br />

Espécie mixohalina<br />

Littoridina australis d'Orbigny (MP-UFRGS n.2 5186) - encontra-se em fundos pedregosos<br />

<strong>de</strong> águas rasas. É própria <strong>de</strong> águas salobres, mas por ser eurihalina subsiste nos estuários.<br />

Ocorre também entre as algas marinhas, sendo lançada pelo mar durante a maré alta.<br />

Ocorrência atual:' São Paulo, Paraná e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Uruguai e Argentina, distribuindo-se<br />

segundo Carcelies (op. cit.) atéonortedaPatagônia.<br />

B -Espécies <strong>de</strong> menor freqüência<br />

Espécies marin/w,s<br />

Nucula (Nucula) semiomata d'Orbigny (MP-UFRGS n2. 5138) - ocorre próximo à<br />

.


-<br />

144 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

costa em fundos arenosos.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Caribe (América Central), toda costa brasileira, Uruguai e<br />

Argentina (Baía <strong>de</strong> San Blas).<br />

Nucula (Ennucula) puelcha d'Orbigny (MP-UFRGS n.L.(139) - ocorre em fundos<br />

arenosos e lodosos, em águas rasas. Comumente encontrada no estômago <strong>de</strong> Astropecten cingulatus<br />

Sla<strong>de</strong>n.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, costa do Uruguai até a Baía <strong>de</strong> San Blas (Argentina)<br />

.<br />

Arca (Scapharca) transversa Say (MP-UFRGS n2. 5141) - espécie comum no lodo ou<br />

areia em águas rasas.<br />

Ocorrência atual: costa leste e sul dos Estados Unidos, Indias Oci<strong>de</strong>ntais e Estados<br />

do Golfo.<br />

Anadara (Larkinia) notabilis IWding (MP-UFRGS n2 5143) - vive em águas rasas<br />

nos fundos lodosos e <strong>de</strong> capins. Segundo Rios (1970) o máximo <strong>de</strong> reiistro foi 73 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> no<br />

norte do Brasil.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o norte da Flórida, Caribe e em toda costa brasileira.<br />

Anadara (Cunearca) brasiliana Lamarck (MP-UFRGS n2. 5143a) - ocorre em fundos<br />

arenosos, po<strong>de</strong>ndo ser encontrada também em fundos areno-argilosos <strong>de</strong> enseadas.<br />

Ocorrência atual: costa su<strong>de</strong>ste e sul dos Estados Unidos, Indias Oci<strong>de</strong>ntais, toda<br />

costa bmsileira, sendo muito rara no Uruguai, encontrando-se valvas soltas em Chuí e La<br />

Coronilla, possivelmente levadas pelas correntes.<br />

Noetia (Eontia) bisulcata (Lamarck) (MP-UFRGS n2. 5144) - vive sobl1! boias e em<br />

praias rochosas <strong>de</strong> enseadas. Espécie referida por alguns autores como Arca martini Reduz.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as Antilhas, toda costa brasileira até o Uruguai.<br />

Glycymeris longior Sowerby (MP-UFRGS n2. 5145) - encontrada em fundos arenosos<br />

próximo à costa. O máximo <strong>de</strong> registro em profundida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 44 m em Espírito Santo segundo<br />

Rios (op. cit.).<br />

Ocorrência atual: costa leste e sul do Brasil, Uruguai e Argentina.<br />

P6catula gibbosa Lamarck (MP-UFRGS n2. 5147) - espécie <strong>de</strong> águas rasas, fixa sobre<br />

rochas e conchas.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Carolina do Norte, Antilhas, costa leste e sul do Brasil,<br />

Uruguai e Argentina.<br />

Chlamys Tehuelchus d'Orbigny (MP-UFGRS n2. 5148) - espécie vivendo em fundos<br />

<strong>de</strong> pedra e areia. Ocorre em águas rasas.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro até o Golfo Novo na Argentina.<br />

Ostrea (Ostrea) puelchana d'Orbigny (MP-UFRGS ne 5149) e Ostrea (Alectryonia)<br />

equestris Say (MP-UFRGS n2. 5150) - vivem em fundos pedregosos próximos à costa.<br />

Ocorrência atual: O. puelchana ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro até o Golfo San Matias<br />

(Argentina). A espécie O. equestris, ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Pemambuco até a Argentina.<br />

Crassinella maldonadoensÍ8 Pilsbry (MP-UFRGS n2 5151) - vive em águas rasas,<br />

sendo en:ontrada na areia e cordões <strong>de</strong> ressaca das praias marinhas. Foi encontrada na Baia <strong>de</strong><br />

Maldonado (Uruguai) entre 3-6 m por Pilsbry (1897).<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul até o Uruguai.<br />

Carditamera (Carditamera) plata (Ilhering) (MP-UFRGS n25152) - ocorre em fundos<br />

arenosos próximo à costa. Foram coletados na ilha Rasa no Rio <strong>de</strong> Janeiro a uma profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 74 m.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro até Baía Blanca na Argentina.<br />

Codakia (Ctena) orbiculata (Montagu) (MP-UFRGS n2. 5156) - Vive em fundos <strong>de</strong><br />

areia. Ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> águas rasas até cerca <strong>de</strong> 200 m.<br />

Ocorrência atual: Carolina do Norte, Indias Oci<strong>de</strong>ntais e norte do Brasil.<br />

Trachycardium (Dallocardia) muncatum (Linné) (MP-UFRGS n.Q... 5158) vive em<br />

fundos arenosos <strong>de</strong> enseadas, baixios areno-argilosos <strong>de</strong> baias. Espécie comum em âguas rasas.<br />

Ocorrência atual: Flórida, toda costa brasileira até o Uruguai.<br />

Pitar (Pitar) rostratum (Koch) (MP-UFRGS n2. 5161) - espécie <strong>de</strong> águas rasas, vive<br />

em fundos areno-argilosos. Foram coletados em Tramandaí (RS) , exemplares a uma profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 80 m.


ESTEVES<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro até o Golfo San Matias na Argentina.<br />

Amiantis (Amiantis) purpurata (Lamarck) (MP-UFRGS n2. 5162) - vive em águas<br />

rasas, em fundos arenosos.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Espírito Santo (Brasil), até o Golfo San Matias (Argentina).<br />

Prothothaca antiqua (King) (MP-UFRGS n2 5164) - ocorre em águas rasas, em fundos<br />

areno-Iodosos. Espécie <strong>de</strong> tamanho pequeno, cerca <strong>de</strong> 4 cm <strong>de</strong> comprimento, porém os<br />

ex:emplares do sul da Argentina po<strong>de</strong>m chegar a tamanhos maiores.<br />

Ocorrência atual: são encontrados a partir do Uruguai até o Estreito Magalhães e<br />

lhas Malvinas, passando para o Pacífico e chegando ao Chile e Peru. Não há, até o momento,<br />

nenhuma citação <strong>de</strong> ocorrência atual para a costa sul-brasileira.<br />

Anomalocardia brasiliana (Gmelin) (MP-UFRGS n!5165)- espécie <strong>de</strong> águas rasas,<br />

encontrada em baías e enseadas em fundos arenosos, areno-argilosos e limosos. Vive enterrada a<br />

mna profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 15 cm. Espécie comestível muito comum.<br />

Ocorrência atual: Cabo Hateras (USA), Antillias, toda costa brasileira até o Rio da<br />

Prata (Uruguai).<br />

Clausinella gayi (Hupé) (MP-UFRGS n~ 5166) - espécie provenientes do Hemisfério<br />

Sul e pouco abundante atualmente nas costas uruguaias, on<strong>de</strong> tem sido encontrada somente valvas<br />

soltas, especialmente nas praias Solari e Rocha e em La Pastora, Maldonado. Ocorre em<br />

fundos arenosos.<br />

Ocorrência atual: Valparaíso, sul do Chile, costa argentina até a <strong>de</strong>sembocadura do<br />

Rio da Prata. Não há referências sobre sua ocorrência atual no sul do Brasil.<br />

Mactra (Mactra) isabelleana d'Orbigny (MP-UFRGS n2. 5169) - vive em fundos<br />

arenosos em águas rasas.<br />

Ocorrêncua atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul até o Golfo San Matias na Argentina.<br />

Mactra (Mactra( marplatensis D. Jurado (MP-UFRGS n!t 5168) - ocorre em fundos<br />

arenosos a mais <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul até o Porto Quéquem na Argentina.<br />

Donax hanleyanus Phillippi (MP-UFRGS n2. 5170) - espécie <strong>de</strong> águas rasas, vive<br />

semi-enterrada na areia. Espécie comestível.<br />

Ocorrência atual: Espírito Santo (Brasil), Uruguai, costa bonaerense, Argentina.<br />

Semeie (Semeie) beUastriata (Conrad) (MP-UFRGS n!t 5172) - vive em águas rasas, em<br />

fundos arenosos.<br />

Ocorrência atual: Carolina do Norte até Flórida (USA), Antilhas e Indias Oci<strong>de</strong>ntais,<br />

norte e nor<strong>de</strong>ste do Brasil.<br />

Abra aequalis (Say) (MP-UFRGS n2 5173) - ocorre em águas rasas.<br />

Ocorrência atual: Estados Unidos, Texas, Indias Oci<strong>de</strong>ntais, nor<strong>de</strong>ste e leste do<br />

Brasil até o Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

StrigiUa sp (MP-UFRGS n!! 5174) - os representantes <strong>de</strong>ste gênero ocorrem em<br />

baixios areno-argilosos <strong>de</strong> enseadas.<br />

Ocorrência atual: Estados Unidos, Antilhas, Brasil e Uruguai.<br />

Corbula (Caryocorbula) caribaea d'Orbigny (MP-UFRGS nO 5175) -ocorre em baixios<br />

areno-argilosos <strong>de</strong> baías, também freqüentemente encontradas em fundos <strong>de</strong> rochas e areias em<br />

águas rasas.<br />

Ocorrência atual: Estados Unidos, Caribe, Indias Oci<strong>de</strong>ntais, toda costa brasileira,<br />

Uruguai até o Golfo Novo na Argentina.<br />

Corbula (Caryocorbula) d nasuta Sowerby (MP-UFRGS n2. 5177) - espécie rara em<br />

águas rasas.<br />

Ocorrência atual: Carolina do Norte, Flórida, Indias Oci<strong>de</strong>ntais. As ocorrências<br />

dadas para o Bralil não parecem correspon<strong>de</strong>r à mesma espécie. Até que fique aclarada a verda<strong>de</strong>ira<br />

posição sistemática fica aqui registrada como ocorrendo uma espécie similar a esta, em<br />

estado sub-fóssil no sul do Brasil.<br />

Corbula iheringiana Pilsbry (MP-UFRGS nl!. 5179) - espécie encontrada entre 6-12 m na<br />

Baía <strong>de</strong> Maldonado.<br />

Ocorrência atual: Uruguai.<br />

Tegula patagonica (d'Orbigny) (MP-UFRGS n2 5183) - ocorre em fundos pedregosos e<br />

rochosos da zona litorânea. Foram encontrados exemplares em Sarita (Chuí) a 40 m segundo Rio s<br />

145


146 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

(1970).<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o RioGran<strong>de</strong>doSulatéoGolfoNovonaArgentina.<br />

Hallstylus columna DalI (MP-UFRGS n~ 5184) - vive em fundos arenosos e pedregosos<br />

<strong>de</strong> águas rasas.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro (Brasil) até Porto Quéquem na Argentina.<br />

Caecum (Elephantanellum) imbricatum Carpenter (MP-UFRGS n!!. 5188) . espécie <strong>de</strong><br />

águas rasas, encontrada em esponjas.<br />

Ocorrência<br />

te no Bmsil.<br />

atual: Flórida, Indias Oci<strong>de</strong>ntais. Não é citada como ocorrendo atualmen-<br />

Paraná) .<br />

Epitonium (Epitonium) georgettina (Kiener) (Mp. UFRGS n2. 5190) - ocorre em<br />

rochas<br />

110m.<br />

e agregados calcários. Vive tanto em águas rasas como em profundida<strong>de</strong>s maiores até cerca <strong>de</strong><br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul até o Golfo San Matias na Argentina.<br />

Odostomia (Chrysallida) seminuda (Adams) (MP-UFRGS n525191) - espécie <strong>de</strong> águas<br />

bem ra!Bs.<br />

Ocorrência atual: Nova Escócia até o Golfo do México. Esta espécie não é citada<br />

como ocorrendo atualmente ao longo da costa brasileira.<br />

Turbonilla ci. atypha Bush (MP-UFRGS n2 5192) - encontrada na profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

6-12 m na baía <strong>de</strong> Maldonado.<br />

Ocorrência atual: Uruguai.<br />

Turbonilla (Pyrgiseus) interrupta (Totten) (MP-UFRGS nl! 5193) - espécie comum<br />

em drenagens rasas.<br />

Ocorrência atual: Maine (USA), ludias Oci<strong>de</strong>ntais, no Brasil ocorre do norte ao sul até o<br />

Estado do Paraná.<br />

Crepidula (Bostrycapulus) aeuleata (Gmelin) (MP-UFRGS n2. 5198) - vive em mares<br />

abertos e enseadas <strong>de</strong> costas rochosas, em águas rasas. Também sobre outros organismos como<br />

Ostrea e Mytilus.<br />

Ocorrência atual: espécie cosmopolita.<br />

Natiea (Natiea) isabelleana d'Orbigny (MP-UFRGS n,g 5199) . ocorre em fundos<br />

arenosos <strong>de</strong> águas rasas, também entre mexilhoes e sobre rochas.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro até o Golfo San Matias na Argentina.<br />

Tectonatiea pusilla Say (MP-UFRGS n!!. 5200) - vive em fundos <strong>de</strong> areia em águas<br />

rasas, sob a ação das ondas e correntes.<br />

Ocorrência atual: costa leste dos Estados Unidos, Golfo do México, Indias Oci<strong>de</strong>ntais,<br />

no Estado da Bahia (Brasil).<br />

Anachis (Costoanaehis) obesa (C. B. Adams) (MP-UFRGS n2 5201) - espécie encontrada<br />

an águas rasas.<br />

Ocorrência atual: Virgínia até Flórida (USA), Golfo do México, Indias Oci<strong>de</strong>ntais,<br />

nor<strong>de</strong>ste e sul do Brasil até o norte da PatagÔnia.<br />

Anachis (Anaehis) eatenata Sowerby (MP-UFRGS n2. 5203) -encontradaemáguas<br />

bem rasas.<br />

Ocorrência atual: Bermuda, Indias Oci<strong>de</strong>ntais, nor<strong>de</strong>ste e sul do Brasil.<br />

Anachis aff. isabellei (d'Orbigny)(MP-UFRGS "])25204) - espécie <strong>de</strong> águas rasas, vive<br />

em fundos arenosos e lodosos. Comum nos cordões <strong>de</strong> ressaca da praia e no conteúdo estomacal<br />

w asterói<strong>de</strong>o Astropecten cingulatus Sla<strong>de</strong>m.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Brasil), até o Golfo Novo na Argentina.<br />

Nassarius (Hinia) ambíguus (Montagu) (MP-UFRGS n2.5207) - ocorre sobre fundo <strong>de</strong><br />

pedra e areno-argiloso, em enseadas e baías. É uma espécie <strong>de</strong> águas rasas.<br />

Ocorrência atual: Cabo Hateras até Flórida, Antilhas, costa sul do Brasil (Estado do<br />

Olivancillaria <strong>de</strong>shayesiana (Dueros) (MP-UFRGS n.2 5210) - vive sob a areia em<br />

águas msas.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Brasil) , até o Uruguai.<br />

Olivella (Olivina) puelehana d'Orbigny (MP-UFRGS n52 5212) - vive sobre areia em<br />

águas rasas.<br />

..~----


ESTEVES 147<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Brasil), até o Golfo San Matias na Argentina.<br />

Drillia patagonica d'Orbigny (MP-UFRGS n~ 5214) . comum em fundos arenoargilosos,<br />

a cerca <strong>de</strong> 118 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Brasil), até o Golfo San Jorge na Argentina.<br />

Hastula cinerea (Bom) (MP.UFRGS n2 5216) . vive em águas rasas, nas praias<br />

arenosas <strong>de</strong> mar aberto e enseadas.<br />

Ocorrência atual: Flórida (USA), Indias Oci<strong>de</strong>ntais, costa brasileira do Ceará até<br />

Santa Catarina.<br />

Acteon punctostriatus (C. B. Adams) (MP-UFRGS n~ 5217) - ocorre em fundos <strong>de</strong><br />

pedra, em águas rasas, e é muito abundante no estômago <strong>de</strong> Astropecten cingulatus Sla<strong>de</strong>m.<br />

Ocorrência atual: Golfo do México e costa brasileira.<br />

Cylichna (Cylichnella) bi<strong>de</strong>ntata d'Orbigny (MP.UFRGS n2. 5218) . espécie <strong>de</strong> águas<br />

rasas, po<strong>de</strong>ndo ser encontrada em profundida<strong>de</strong>s maiores.<br />

Ocorrência atual: Carolina do Norte, Golfo do México, Indias Oci<strong>de</strong>ntais, Antilhas,<br />

toda costa brasileira, Uruguai.<br />

Acteocina can<strong>de</strong>i (d'Orbigny) (MP-UFRGS n2 5219) . espécie comum <strong>de</strong> águas rasas<br />

e também encontrada <strong>de</strong>ntro do asterói<strong>de</strong>o Astropecten cingulatus Sla<strong>de</strong>m.<br />

Ocorrência<br />

atéo Uruguai.<br />

atual: Indias Oci<strong>de</strong>ntais, Antilhas (América Central) , toda costa brasileira<br />

b2 . Espécie mixohalina:<br />

Erodona mactroi<strong>de</strong>s Daudin (MP.UFRGS n~ 5180) - vive enterrada a cerca <strong>de</strong> 1 cm<br />

em baixios areno-argilosos e limosos no interior -<strong>de</strong> baías. Espécie eurihalina que ocorre também<br />

Em lagoas, arroios e embocaduras <strong>de</strong> rios.<br />

Ocorrência atual: Paraná (Brasil) até o Rio da Prata no Uruguai.<br />

DISTRIBUIÇÃO ZOOGEOGRÃFICA E ECOLOGlCA DAS<br />

ESPÉCIES ENCONTRADAS NOSAFLORAMENTOS<br />

A . Espécies mais abundantes<br />

Espécies marinhas<br />

Entre as espécies marinhas citadas como abundantes nos afloramentos estudados, só<br />

o gênero Tagelus e a espécie Corbula (Caryocorbula) patagonica não foram encontradas nas perfurações,<br />

pois as <strong>de</strong>mais espécies, ocorrentes em superfície, e subsuperfície, já foram analisadas<br />

ro item anterior.<br />

Tagelus (Tagelus) plebeius Solan<strong>de</strong>r (MP-UFRGS n2. 5171) - prefere fundos lodoarenosos.<br />

Esta espécie, segundo Carcelles (1943), é eurihalina e vive também nos fundos das<br />

<strong>de</strong>sembocaduras dos rios.<br />

Ocorrência atual: Flórida (USA), Indias Oci<strong>de</strong>ntais, toda costa brasileira até Bahia<br />

Blanca na Argentina.<br />

Cor bula (Caryocorbula) patagonica d'Orbigny (MP-UFRGS n~ 5176) - vive em amo<br />

biente <strong>de</strong> águas rasas em fundos arenosos e pedregosos, similar ao da C. caribaea. Foi encon.<br />

trada em Rio Gran<strong>de</strong> a uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 88 m.<br />

Ocorrência atual: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Brasil), em estado subfóssil, até o Golfo<br />

Novo (Argentina).<br />

Espécie mixohalina<br />

Parodizia uruguayensis Medina (MP.UFRGS n2. 5187) - encontrada nas praias<br />

mixohalinas do Uruguai. Espécie <strong>de</strong> águas rasas.<br />

Ocorrência atual: Uruguai.<br />

B . Espécies <strong>de</strong> menor freqüência<br />

Espécies marinhas<br />

Nucula (Ennucula) uruguayensis Smith (MP-UFRGS n2. 5140) . ocorre em fundos


ESTADO ACTUAL DE LOS CONOCIMIENTOS SOBRE<br />

EL CUATERNARIO EN EL URUGUAY.<br />

DANILO ANTON*, HÉCTOR GOSO*<br />

ABSTRACT<br />

The evolution ai knowledge about Pllooene and Quaternary i. briefJy l8VÍ8ed.For tbe paleocHmatic aopecte, the .ituation ai<br />

Uruguey wit.h regard to atmo.pheric circulation lu the couthem homÍ8p.!>ereÍ8 teken luto account. Afta- a brief reference to Pre-PHocene<br />

an PHocene geófoglcal context, earJy, medium and late Quatemary is consi<strong>de</strong>red, stating the malu aspects of the evolution, taking iuto censi<strong>de</strong>ration<br />

pJ"esent accumulations and the morphol!JI!Ícalframe. LaotJy, evi<strong>de</strong>nces of mo<strong>de</strong>m tectonic activity are discussed with regard to the<br />

befare mentioned a.pecte. It is con.i<strong>de</strong>red that the Quaternary wao present lu Uruguay through a change from the hot and dry climate ai the PHocene<br />

to the pre t more humid anel col<strong>de</strong>r clim.ate. Said evolution wa. not continuou. and the diocontinuitieo luId beon ao.ociated to<br />

glacio-eustatic oeciJãtions. The climatic evolution was inserted in a tectonic-.tructural frame and the reoult of ouch interaction is th;' present<br />

land.cape.<br />

RESUMO<br />

o trabalho apreo...ta uma breve ointe.e da evoluçio do conhecim...to do Plioca>oe Quatem8rlo do Uruguai. Leva-ee om conta na<br />

conal<strong>de</strong>ração paJeo.r.limática, a poalçio do palio em relaçio com a frmte da circulaçio atmooíBrica eu.tral. A oeguir, faz.ao uma curte ref8rêncl~ ao<br />

contexto geológico pré-pliocAnico e plioeârlco; con.id,,!,a-.e, logo <strong>de</strong>poÍ8, o Quatemário Antigo, Mtld.io e Recente, expondo-ao aolinhao principais<br />

da evolução oucedida pare iato, con.i<strong>de</strong>rando ao acumulaÇÕ80 preeenteo e o quadro morfológico que ao acompanha. Flualm...te diecutom-se u<br />

evidências da ativida<strong>de</strong> tect6nica mo<strong>de</strong>rna om relaçio aoo elementoo ante. mencionadOl. Conoi<strong>de</strong>ra-ee que o Quatemário uruguaio oe caracterizou<br />

pe~ puoagem do. cnmao .eco. e quenteo do PHoceno aoo maio úmido. e mOI atuei.. Tal evoluçio nio foi continua, tmdo oe produzido <strong>de</strong>ocontinulda<strong>de</strong>.<br />

aooociadaa COO1u OICiJaçõeo glácio-euotáticao. E.ta evoluçio climática nio foi i80Iada mao oe inoeriu em um quadro tect6nico-aotrutural.<br />

De.te interaçio ourge como reoultado a paioagom atual.<br />

INTRODUCCION<br />

El estudio <strong>de</strong>I Cuaternario que estuvo relegado hasta 1960 a un segundo plano <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> los trabajos geológicos regionales (Serra, Lambert, Jones, Fa1conner) y generales <strong>de</strong>i Uruguay<br />

(Walther, Caorsi,Goi'ü) tomó un impulso nuevo a principios <strong>de</strong> Ia década <strong>de</strong>l60através<strong>de</strong><br />

los estudios que realizó Goso en eI Instituto Geológico <strong>de</strong>I Uruguay y que culminaron en 1965 en<br />

un trabajo sobre EI Cenozoico en el Uruguay en don<strong>de</strong> se intenta <strong>de</strong>finir una estratigrafía para<br />

dicha era geológica,<br />

En particular se establece Ia existencia <strong>de</strong> dos unida<strong>de</strong>s claramente diferenciables: Ia<br />

FormaCDn Raigón y Ia Formación Libertad no <strong>de</strong>smentidas por 10s estudios posteriores.<br />

.MAPlU


152 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A partir <strong>de</strong> 1968, el sector geología <strong>de</strong>I Programa <strong>de</strong> Estudios y Levantamiento <strong>de</strong><br />

Suelos <strong>de</strong>I Ministerio <strong>de</strong> Gana<strong>de</strong>ría y Agricultura <strong>de</strong>I Uruguay cartografía dichas formaciones en<br />

San José, precisándose mucho más sus características. En 1970, este mismo grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

<strong>de</strong>I P.E.L.S. estudia el litoral atlántico rochoso con Ia participación <strong>de</strong> Ecochard (1969-70) y<br />

Lacombe (1970-71) y Ia zona norocci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>I Dpto. <strong>de</strong> Soriano. De todos estos trabajos<br />

surgen Cartas a 1/100.000 e informes cuya publicación total aún no ha sido posible.<br />

En 1972, Rozan, estudia Ia cuenca <strong>de</strong>I río Santa Lucia (especialmente en Ia zona <strong>de</strong><br />

San Ramón), mientras que Prost comienza una investigación en ellitoral platense <strong>de</strong> Canelones,<br />

completada últimamente por Antón (1973) y Antón-Prost (1974).<br />

Un aporte reciente <strong>de</strong> gran importancia está constituído por los trabajos <strong>de</strong> Sprechmann<br />

(1974) sobre Ia paleontología <strong>de</strong>I Plioceno y Cuaternario <strong>de</strong> varias perforaciones <strong>de</strong> Ia<br />

zona litoral.<br />

La intención <strong>de</strong> los autores <strong>de</strong> Ia presente comunicación es <strong>de</strong> sintetizar y or<strong>de</strong>nar los<br />

elementos más importantes <strong>de</strong> toda esta década <strong>de</strong> trabajos con vistas a Ia mejor compresión <strong>de</strong><br />

Ia evolución geológica cuaternaría.<br />

/ · CBUY<br />

.<br />

PT A. <strong>de</strong> los LOBFROS<br />

o 50 100 \(1'\<br />

Localizacion <strong>de</strong> los parajes que han pennitido <strong>de</strong>finir Ias unida<strong>de</strong>s mencionadas en este trabajo.<br />

PRESENT ACIÓN DEL PROBLEMA<br />

En el estudio <strong>de</strong>I Cuaternario Uruguayo hay que tener en cuenta a<strong>de</strong>más <strong>de</strong> Ia<br />

ubicacián latitudinal, Ia posición <strong>de</strong>I país frente a los sistemas <strong>de</strong> circulación atmosférica <strong>de</strong>I<br />

lEmisferio austral.<br />

Su extensión latitudinal ubica al Uruguay en el área <strong>de</strong> Ias latitu<strong>de</strong>s medias a medias<br />

oo.jas (35 a 30° S) correspondiendo actualmente a Ias isotermas anuales <strong>de</strong> 16° en el Sur y algo<br />

más <strong>de</strong> 19° S en el Norte.<br />

Los sistemas <strong>de</strong> circulación atmosférica son en Ia región, el sistema atlántico y el sis-<br />

-----


ANTÓN, G050 153<br />

tema pacífico, separados aI oeste por Ia ca<strong>de</strong>na andina. El sistema atlántico está constituído -<br />

como es sabido - por um anticiclón centrado hacia Ia zona sub-tropical atlántica y da lugar en el<br />

Uruguay a vientos <strong>de</strong>I cuadranteN-NE-E, cargados con Ia humedad que queda luego <strong>de</strong>I pasaje sobre<br />

regiones continentales más aI norte.<br />

El sistema pacífico que lugra atravesar los An<strong>de</strong>s, a través <strong>de</strong> ciertos valles <strong>de</strong> Ia<br />

región patagónica, também está constituído por un gran anticiclón <strong>de</strong> latitud sub-tropical. Este<br />

anticiclón da lugar aI <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> vientos <strong>de</strong>I oeste en Ias latitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 40 a 60° S que s:m los<br />

qJe atraviesan los An<strong>de</strong>s perdiendo su humedad para aparecer en Ia zona <strong>de</strong>I Rio <strong>de</strong> Ia Plata<br />

como vientos secos <strong>de</strong>I suroeste.<br />

El avance <strong>de</strong> estas masas <strong>de</strong> aire se manifiesta a través <strong>de</strong> lenguas <strong>de</strong> altas presiones<br />

más frías y secas que dan lugar en el contacto con el sistema atlántico a un frente <strong>de</strong> lluvias que<br />

!:Il~lebarrer cíclicamente Ia costa sud-oriental <strong>de</strong> América <strong>de</strong>I Sur.<br />

Cuando se instaura el sistema pacífico, <strong>de</strong>ja <strong>de</strong> llover, el cielo se <strong>de</strong>speja y Ia tem-<br />

~ratura baja. En algunos casos, en Ia línea sinuosa <strong>de</strong>I frente se generan zonas ciclónicas que<br />

pue<strong>de</strong>n dar lugar a Ias su<strong>de</strong>stadas persistentes (vientos frescos y hÚInedos que aportam gran<br />

cantidad <strong>de</strong> lluvias).<br />

En invierno predomina el sistema pacífico y en verano el sistema atlántico.<br />

Nosotros creemos que en el Cuaternario ha habido una predominancia cíclica <strong>de</strong> los<br />

sistemas (cosa visible hoy en invierno y en verano en forma <strong>de</strong> ciclo anual) . El predominio <strong>de</strong>I<br />

sistema pacífico dió lugar a períodos más fríos y secos. El predominio <strong>de</strong>I sistema atlántico dió<br />

rogar a períodos cálidos y secos. El equilíbrio <strong>de</strong> ambos-mstemas trajo aparejada Ia imposición<br />

<strong>de</strong> épocas húmedas aI abundar Ias estradas <strong>de</strong> frentes y Ia instauración <strong>de</strong> su<strong>de</strong>stadas. Consi<strong>de</strong>ramos<br />

que los períodos fríos contemporáneos con Ias glaciaciones reconocidas en el Hemisferio<br />

Norte y en los An<strong>de</strong>s correspon<strong>de</strong>n conlos momentos <strong>de</strong> predominio <strong>de</strong>I sistema pacífico. Los<br />

~riodos inter-glaciares correspon<strong>de</strong>rían por el contrario con épocas <strong>de</strong> dominancia <strong>de</strong>I sistema<br />

atlántico.<br />

EL CONTEXTO GEOLÓGICO PRE-PLIOCENO<br />

Cuando se inicia el Plioceno en el territorio uruguayo, están ya <strong>de</strong>finidas Ias líneas<br />

estructurales actuales. Los basaltos afloran ya en toda Ia región centro-septentrional, los sedimentos<br />

gondwánicos en el noroeste, el complejo cristalino en Ia mitad sur, y Ias rocas sedimentarias<br />

cretáceas en Ia región occi<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>I país y fosa tectónica <strong>de</strong>I Sta. lucía.<br />

A mediados <strong>de</strong>I terciario, se <strong>de</strong>senvuelven l0s <strong>de</strong>pósitos correspondientes a Ia Formación<br />

Fray Bentos cuya extensión en ese momento era seguramente mucho mayor que Ia actual.<br />

EL PLIOCENO<br />

Existen elementos para pensar que durante el Plioceno se dieron momentos <strong>de</strong> ari<strong>de</strong>z:<br />

ciertas costras calcáreas sobre Fray Bentos, tal vez una parte <strong>de</strong> Ias silicificaciones d~' esta misma<br />

formación, y <strong>de</strong> parte <strong>de</strong>I Cretáceo, así como algunas arcillas con caliches en su parte cuspidal.<br />

De todos modos, no se pue<strong>de</strong> excluir a priori Ia existencia <strong>de</strong> momentos húmedos alternados<br />

con Ias épocas <strong>de</strong> ari<strong>de</strong>z (ciertas arenas graníticas sobre granitos y gneises, así como<br />

algunos suelos rojos presentes en Rivera y Rocha hallarian explicación haciéndolos intervenir).<br />

AI margen <strong>de</strong> estas incertidumbres, pue<strong>de</strong> probarse que durante el fin <strong>de</strong>I Plioceno el<br />

mar tenia una temperatura más elevada que Ia actual, y que paulatinamente fue enfriándose<br />

hasta llegar ya en plano Cuaternario a una temperatura vecina a Ia actual o menor. Ha sido<br />

Sprechmann (1974) quien estudiando Ia perforación <strong>de</strong>I Chuy <strong>de</strong>terminó Ia ecologia <strong>de</strong> Ias<br />

asociaciones paleo-faunística:; <strong>de</strong> 105 aedimentos <strong>de</strong> Ia Formación Camacho presente en ese son<strong>de</strong>o<br />

<strong>de</strong>bajo <strong>de</strong> los 113 m <strong>de</strong> profundidad. Todo indica que en esa época el nivel marino era más<br />

elevado que el actual (Camacho llega a más <strong>de</strong> 20 m <strong>de</strong> altura sobre el nivel <strong>de</strong>I Itio <strong>de</strong> Ia PIam<br />

en Colonia).<br />

El clima cálido <strong>de</strong> fines <strong>de</strong>I Plioceno, indicaría a nuestro juicio el neto predominio <strong>de</strong>I


154 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

sistema atlántico sobre el pacífico, dando lugar a una época árida y cálida que fué aparentemente<br />

Ia que dió lugar aIos primeros <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> Ias formaciones Salto, Raigón y Malvín.<br />

EL CUATERNARIO ANTIGUO<br />

La instauración <strong>de</strong>I Cuaternario en el Uruguay marca el paulatino predominio <strong>de</strong>I sistema<br />

pacífico que va a traer también un clima árido pero frío con una mucha mayor frewencia<br />

<strong>de</strong> los vientos <strong>de</strong>I SW y aporte <strong>de</strong> limos que comienzan a ser retenidos por una vegetación esteparia<br />

modificando Ia dinámica <strong>de</strong>I paisaje. Esta evolución climática <strong>de</strong> Ia base <strong>de</strong>I Cuaternario<br />

se apoya en los siguientes argumentos:<br />

a) abundancia <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos aluviales dominantemente gruesos por encima <strong>de</strong> los<br />

sedimentos <strong>de</strong> Camacho que muestran una esc asa protección <strong>de</strong> Ias la<strong>de</strong>ras por Ia vegetación,<br />

con predominio <strong>de</strong>i escurrimiento superficial y torrencial.<br />

b) dichos <strong>de</strong>pósitos están recubiertos por limos eólicos y lodolitas (producto <strong>de</strong> Ia<br />

removilización <strong>de</strong> dichos limos). Estos materiales han sido caracterizados por Goso (1965) bajo el<br />

nombre <strong>de</strong> Formación Libertad. Las condiciones <strong>de</strong> <strong>de</strong>posición áridas <strong>de</strong> Ias formaciones aluviales<br />

antiguas fueron consi<strong>de</strong>radas como frías anteriormente por Goso (op. cit.) suponiendo Ia<br />

ínicíación <strong>de</strong>I Cuaternario en ese momento. Esto presentaba algunos problemas, como por ejem-<br />

{io Ias diferencias entre los <strong>de</strong>pósitos aluviales <strong>de</strong>I Cuaternario Antiguo y la Formación Libertad.<br />

AIos efectos <strong>de</strong> salvar esta contradicción se acudió a Ias posibles diferencias <strong>de</strong> configuración<br />

<strong>de</strong> los valles andinos que seguramente variaron sensiblemente a 10 largo <strong>de</strong> los tiempos<br />

neógenos <strong>de</strong>terminando modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> circulación atmosféricas distintas a Ia actual. A Ia luz<br />

<strong>de</strong>I trabajo <strong>de</strong> Sprechmann se pue<strong>de</strong> interpretar esta ari<strong>de</strong>z como correspondiente a un clima<br />

cálido.<br />

Ignoramos si luego <strong>de</strong> los <strong>de</strong>pósitos aluviales y antes <strong>de</strong> Ias acumulaciones limosas,<br />

existe algún tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito continental que marque Ia discontinuidad en forma neta. Es posible<br />

que haya habido un aumento <strong>de</strong> Ia humedad en algún momento<strong>de</strong>terminandoalteraciones y<br />

entalles en Ias formaciones aluviales pre-existentes.<br />

La Formación Libertad parece haber sido enriquecida - a<strong>de</strong>más <strong>de</strong>I aporte eólico alóctono<br />

- por Ia movilización <strong>de</strong> mantos <strong>de</strong> alteración cuya génesis <strong>de</strong>beria ubicarse en un momento<br />

húmedo pre-Libertad y posterior a los <strong>de</strong>pósitos aluviales <strong>de</strong>I Cuaternario Antiguo. De todos modos<br />

ello queda en el marco hipotético.<br />

De acuerdo a Ias muestras <strong>de</strong> 54 a 66 m en el son<strong>de</strong>o <strong>de</strong>I Chuy, no es <strong>de</strong> excluir que<br />

exista una transgresión posterior a Raigón y anterior a Libertad que podría <strong>de</strong>nominarse entonces<br />

Chuy I (Ia transgresión Chuy propiamente dicha seria entonces Chuy 11).<br />

En resumen: el cuaternario antiguo, marca el pasaje <strong>de</strong> un clima árido y probablemente<br />

cálido, con U!l nivel marino elevado, a un clima semi-árido y frío con ua illvel marino<br />

mucho más bajo. En el continente esta evolución se expresa a través <strong>de</strong> una sucesión <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos<br />

aluviales y limosos (Raigón-Salto-Malvín en Ia base y Libertad en Ia cima).<br />

La existencia <strong>de</strong> una interrupción en esta ten<strong>de</strong>ncia no está aún suficientemente<br />

probada, aunque no pue<strong>de</strong> <strong>de</strong>scartarse en el estado actual <strong>de</strong> nuestros conocimientos.<br />

EL CUA TERNARIO MEDIO<br />

Los <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> Libertad se interrumpen en algún momento <strong>de</strong>I Cuaternario dándo<br />

se lugar a entalles fluviales generalizados que permiten el afloramiento <strong>de</strong> los aluviones pre-<br />

Libertad e inclusive <strong>de</strong> sustrato geológico ante-cuaternario. Estos entalles se asocian con alteraciones<br />

en el A. Curupí y Tupambaé por 10 que parecen correspon<strong>de</strong>r a una época húmeda posterior<br />

a Libertad con predomínio <strong>de</strong> Ia pedogénesis sobrela ablación'en Ias la<strong>de</strong>ras y <strong>de</strong> Ia incisión<br />

sobre Ia aluviación en los talvegs mayores.<br />

A nuestro juicio, este momento húmedo se inicia con un nivel mínimo bajo, ahogándose<br />

finalmente los entalles cuando se produce Ia transgresión Chuy. Otro hecho que aparentemente<br />

favorece Ia terminación <strong>de</strong> Ia incisión fluvial es Ia aridificación Navarrense época <strong>de</strong><br />

predommio <strong>de</strong>I sistema atlántico que da lugar a un clima semi-árido templado cálido con escasa<br />

protección <strong>de</strong> Ias la<strong>de</strong>ras y escurrimiento dominante. Los <strong>de</strong>pósitos aluviales <strong>de</strong>I Sta. Lucía, Ias<br />

terrazas <strong>de</strong>I Navarro y Ia baja terraza <strong>de</strong>I Ao Malvín, parecen correspon<strong>de</strong>r a este período con-


ANTÓN, 6050 155<br />

temporáneo <strong>de</strong> Ia transgresión Chuy.<br />

Un nuevo predominio <strong>de</strong>i sistema <strong>de</strong> altas presiones provenientes <strong>de</strong>i SW, trae<br />

aparejada un nuevo momento semi-árido frio, que se correspon<strong>de</strong> con Ia regresión marina post-<br />

Chuy.<br />

En este momento hay nuevamente aporte eólico, con una consecuente removilización<br />

por movimientos <strong>de</strong> masas o coluviación en Ias la<strong>de</strong>ras que <strong>de</strong>termina Ia acumulación <strong>de</strong> Ia For-<br />

Imción Dolores también <strong>de</strong>nominada Libertad 11.<br />

EL CUATERNARIO RECIENTE<br />

Esta recurrencia <strong>de</strong> Ias condiciones <strong>de</strong> <strong>de</strong>posición <strong>de</strong> Libertad fue interrumpida por<br />

un aumento <strong>de</strong> Ia pluviosidad que provocó un pequeno entalle y Ia estabilización <strong>de</strong> Ias la<strong>de</strong>ras<br />

dolorenses. Los <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> Villa Soriano y el escarpado <strong>de</strong> Ia Formación Dolores frecuente a 10<br />

largo <strong>de</strong> todo ellitoral platense y <strong>de</strong>i bajo río Uruguay son Ia consecuencia <strong>de</strong> una transgresión<br />

Imrina que se produce en ese momento: la transgresión Villa Soriano.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos que Ia regresión post-Villa Soriano - que a nuestro juicio sué muy pequena<br />

- es contemporánea con un aumento <strong>de</strong> Ia humedad expresado en los limos Mosquitenses.<br />

Durante Ia regresión senalada, se produjo Ia <strong>de</strong>flación <strong>de</strong> Ias arenas neríticas y <strong>de</strong><br />

playa <strong>de</strong>scubiertas por Ia regresión dando lugar a acumulaciones en el interior <strong>de</strong>i continente que<br />

favorecieron Ia retención <strong>de</strong> Ias aguas <strong>de</strong> lluvia y un mayor <strong>de</strong>sarrollo vegetal como consecuencia<br />

<strong>de</strong> Ia concurrencia <strong>de</strong> Ia mayor humedad disponible y <strong>de</strong> Ia ligera humidificación procesada. Los<br />

suelos así originados son muy abundantes en el litoral Sur <strong>de</strong>i país y pasan con frecuencia lateralmente<br />

a turbas y arenas turbosas.<br />

En tiempos meso-holocenos se produce Ia ingresión <strong>de</strong> Punta <strong>de</strong> los Loberos concomitantemente<br />

con una aridificación pequena que dió lugar a Ia formación <strong>de</strong> ciertas cárcavas<br />

hoy <strong>de</strong>gradadas visibles en múltiples puntos <strong>de</strong>i sur <strong>de</strong>i país (en Rocha, en Canelones, y en Maldonado,<br />

especialmente). Estas cárcavas están hoy aún en funcionamiento en Ias cercanías <strong>de</strong> Ia<br />

costa. Esta aridificación dura poco tiempo y es sustituída por una nueva evolución climática,<br />

hasta el sub-húmedo actual (durante el cual se <strong>de</strong>gradan Ias cárcavas).<br />

Estos..episodios <strong>de</strong> incremento <strong>de</strong> ari<strong>de</strong>z se expresan en general a través <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos<br />

<strong>de</strong> limos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbor<strong>de</strong> en Ias planicies aluviales.<br />

En tiempos recientes, .el nivel marino <strong>de</strong>scendió aproximadamente 1.50 m con relación<br />

ai nivel <strong>de</strong> Pta <strong>de</strong> los Loberos hasta llegar ai o actual.<br />

IA TECTÚNICA CUATERNARIA<br />

Este esquema general que hemos planteado se vió modificado localmente por movimientos<br />

tectónicos <strong>de</strong> indole variado que agregaron nuevos matices <strong>de</strong> complejidad ai problema.<br />

No siempre es fácil probar Ia existencia <strong>de</strong> movimientos relativos <strong>de</strong> los compartimentos<br />

tectónicos durante el Cuaternario. No obstante, varios hechos hacen pensar que Ia actividad tectónica<br />

no ha sido <strong>de</strong>spresiable:<br />

1) la formación marina Camacho aparece a alturas muy distintas en Colonia (20 m sobre él) y en<br />

el Chuy (90 m bajo el), así como en Laguna <strong>de</strong>i Sauce (50 m bajo el) y en San José (O m) mostrando<br />

faunas y litologías muy similares;<br />

2) los <strong>de</strong>pósitos cuaternarios están organizados en cuencas <strong>de</strong> subsi<strong>de</strong>ncia que en algunos casos llegan<br />

a constituir apilamientos <strong>de</strong> potencias consi<strong>de</strong>rables (20 a 100 m). Múltiples ejemplo§J!On visibles a 10<br />

largo <strong>de</strong>i país (zona al S <strong>de</strong> Villa Soriano, Laguna <strong>de</strong>i Sauce, Laguna Merin, SW dê Ia fosa tectónica <strong>de</strong><br />

Sta Lucia, etc).<br />

3) la existencia <strong>de</strong> basculamientos <strong>de</strong> ciertas formaciones cuaternarias es visible en múltiples<br />

lugares <strong>de</strong> Ia costa, en particular en Colonia, San José, y Can~lones.<br />

De todas maneras, si bien Ia tectónica ha jugado intensamente en ciertos lugares, no<br />

pue<strong>de</strong> por sí, explicar Ia evolución <strong>de</strong>i paisaje cuaternario. Es por esa razón que hemos insistido<br />

en eI aspecto paIeo-climático, ai cual hay que recurrir para explicar 10s tipos <strong>de</strong> sedimentQS existentes.<br />

Localmente Ia tectónica <strong>de</strong> Ias lineas que permitem el <strong>de</strong>senvolvimiento <strong>de</strong> acumulaciones<br />

<strong>de</strong> mayor o menor espesor y es por eso que el contexto climático no se da aislado sino inserto en<br />

un cuadro estructural <strong>de</strong> cuya interacción compleja surge como resultado el paisaje actual.<br />

--~<br />

--.-


156 ANAIS 00 XXV/II <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

DA T ACION FORMACIONES CONTlNENTALES FORMACIONES MARI- CRONO-MORFO-<br />

Depósitos y entalles NAS - Nivel <strong>de</strong>i mar ESTRATlGRAFICA<br />

HOLOCENO Limos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbroche Regresión actual<br />

Transg. PUNTA DE LOS<br />

LOBEROS<br />

POST-MOSQUlTENSE<br />

Limos negros arenosos <strong>de</strong> La Floresta Regresión POST-VILLA MOSQUlTENSE<br />

SORlANO<br />

Limos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbor<strong>de</strong> Transg. VILLA-SORIANO POST-DOLORENSE<br />

Lodolitas- Formación Dolores Regresión POST-CHUY DOLORENSE<br />

PLElSTOCE-<br />

NO REClEN-<br />

TE Aluviones-Formación Navarro (F. Transgresión CHUY NA V ARRENSE<br />

Río Negro? )<br />

Entalle Curupiense Regresión POST-CAMA- CURUPlENSE<br />

PLElSTOCE-<br />

CHO<br />

NO MEDIO<br />

Limos-Lodolitas-Formación Libertad Regresión<br />

CHO<br />

POST-CAMA- LlBERTADENSE<br />

Entalle ? Curupiense ?<br />

PLEISTOCE- an tiguo? Transgresión<br />

NO ANTlGUO CHUY antiguo? ?<br />

Aluviones-formaciónes Raigón, Malvín, Regresión POST-CAMACHO MAL VINENSE<br />

Base, <strong>de</strong> Salto (F.Río Negro? )<br />

PLlOCENO Costras ca1cáreas, arcillas con caliches, Transgresión CAMACHO PRE-MAL VINENSE<br />

silicificaciones<br />

MIOCENO Limos y areniscas calcáreas-formación ? FRA Y BENTOS<br />

Fray Bentos<br />

CONCLUSION<br />

Este trabajo no ha pretendido resolver el problema <strong>de</strong>I Cuaternario uruguayo sino<br />

sentar las líneas <strong>de</strong> Ia evolución <strong>de</strong> la comprensión <strong>de</strong> su dinámica. Los problemas a resolver no<br />

son fáciles y en más <strong>de</strong> un caso existen muchas dudas acerca <strong>de</strong> la naturaleza <strong>de</strong> los procesos.<br />

En particular, reconocemos Ias dificulta<strong>de</strong>s para reconstruir el Plioceno cuyo verda<strong>de</strong>ro<br />

carácter se nos aparece muy nebuloso aún. En el Cuaternario Antiguo, si bien se han<br />

precisado aspectos importantes, aún hay dudas acerca <strong>de</strong>I clima reinante cuando Ia <strong>de</strong>posición <strong>de</strong><br />

Raigón y Malvín (árido frio o árido cálido) así como <strong>de</strong> Ias características <strong>de</strong>I pasaje entre<br />

Raigón-Malvín y Libertad.<br />

La misma Formación Libertad se encuentra aún <strong>de</strong>limitada en forma bastante imprecisa,<br />

no sabiéndose a ciencia cierta si hay un ciclo o dos (exceptuando Dolores) separados por<br />

un momento más húmedo y cálido.<br />

DeI mismo modo, Ias transgresiones anteriores aI último Chuy están aún en duda, y<br />

falta mucho trabajo <strong>de</strong> reconocimiento para precisar su existencia y características. A<strong>de</strong>más hay<br />

incertidumbre en Ia i<strong>de</strong>ntidad <strong>de</strong> los diferentes niveles transgresivos <strong>de</strong>l Cuaternario Reciente,<br />

generalmente <strong>de</strong> difícil ubicación estratigráfica.<br />

Claro que el lado <strong>de</strong> todas estas dudas queda en pie un número suficiente <strong>de</strong> mojones<br />

estratigráficos como para sentar un cuadro general <strong>de</strong>I Cuaternario Uruguayo (ver Quadro).<br />

Cuadro General <strong>de</strong>I Cuatemario Uruguayo Propuesto<br />

----


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TEISSEIRE, A. - 1928 . Contribución ai estudio <strong>de</strong> Ia geologja y Ia paleontologja <strong>de</strong>i Uruguay (Colonia). Anales <strong>de</strong> Ia Univeroidad, 122.<br />

TRICART, J. . 1968 - Geomorfologla <strong>de</strong> Ia pampa <strong>de</strong>prhnldaar,...tlna. Buenos Airee, Mapa <strong>de</strong> Sueloo.<br />

WALTHER. K. - 1930 - Sedimentos geliticos y clasto-gelíticos <strong>de</strong>i cretáceo superior y terciario uruguaya. Boletln <strong>de</strong>i Instituto Geológico <strong>de</strong>i<br />

Uruguay. Montevi<strong>de</strong>o, 13.<br />

Cartas. geomorfológicas:<br />

ECOCHARD (Sta Tere.. y Chuy), LACOMBE (Canlda Gran<strong>de</strong>)ANTON-PROST (Sa<strong>de</strong> Animao-Lao FIorea-Solío)y (Ao Malvíny ouo oistemas <strong>de</strong><br />

terrazao) ROZAN (Planicie <strong>de</strong> San Ramón).<br />

Cartas geológicas:<br />

GOSO et alü (Sta Tere.., Chuy, Canáda Gran<strong>de</strong>, Noroeste <strong>de</strong> Soriano, Sur <strong>de</strong> San José).


LITOESTRATIGRAFIA DO QUATERNÁRIO DO ESPIRITO SANTO<br />

HENRIQUE DELLA PIAZZA.,<br />

MAUROBARBOSA DE ARAUJO., ALFREDON. BANDEIRAJR...<br />

ABSTRACT<br />

med un<strong>de</strong>r RIO<br />

D


160<br />

IS.3d<br />

LEGENDA<br />

Q! QUATERNARIO<br />

FORM. UNHARES<br />

Tb TERCIÁRIO<br />

FORM. BARREIRAS<br />

,<br />

PE: PRE-CAMBRIANO<br />

19.od e TABULEIROS<br />

190301<br />

20.00'<br />

Fig. 1<br />

40030'<br />

ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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2000 1<br />

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19.<br />

20.<br />

.<br />

200km


Fig.2<br />

PIAZZA, ARAUJO, BANDEIRA Jr. 161<br />

COLUNA ESTRATIGRÁFICA GENERALIZADA DO EspíRITO SANTO<br />

<br />

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162 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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ARGILAS<br />

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164 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

:rrofundida<strong>de</strong> final do poço aos 60 m. A espessura observada nesta sondagem, on<strong>de</strong> não foi atingida<br />

a base da formação, é anormal para a área. Aparentemente, a sonda penetrou num antigo<br />

canhão do Rio Doce que foi preenchido por argilas marinhas durante a Transgressão Flandriana.<br />

O contato inferior da Formação Monsarás é discordante, repousando a mesma, na<br />

mUor parte da área, sobre a Formação Barreiras <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pliocênica (?) . Na área entre Nativo e<br />

Ipiranga a unida<strong>de</strong> subjacente é a Formação Rio Doce, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Paleoceno até o<br />

Miocento (Asmus et alii, 1971). Para o lado do mar <strong>de</strong>sconhece-se até on<strong>de</strong> a formação repousa<br />

sobre sedimentos terciários.<br />

O contato superior, com a Formação Linhares é via <strong>de</strong> regra concordante, porém<br />

abrupto, representado por uma quebra litológica, com as areias grosseiras do Membro Povoação.<br />

Entretanto este contato é <strong>de</strong> natureza erosiva quando a relação se faz com o Membro Barro<br />

Novo. Isto acontece, localmente, nos casos em que antigos canais escavaram profundamente, alcançando<br />

as aJ:gilas marinhas.<br />

Lateralmente, para o lado do continente, a Formação Monsarás interdigita-se com as<br />

areias grosseiras <strong>de</strong> cordões litorâneos e <strong>de</strong> praias do Membro Povoação, como aconteceu na<br />

sondagem PRD-12-ES escolhida para seção <strong>de</strong> referência <strong>de</strong>ste membro.<br />

Ida<strong>de</strong> e N eontologia<br />

As argilas que constituem a Formação Monsarás têm posição estratigráfica pós-<br />

Barreiras, sendo-lhe atribuída uma ida<strong>de</strong> quaternária. Parte <strong>de</strong>la foi <strong>de</strong>positada durante a Transgressão<br />

Flandriana, iniciada na passagem do Pleistoceno para o Recente, e parte <strong>de</strong>positou-se<br />

como sedimentos pró-<strong>de</strong>ltaicos após aquela transgressão, durante a progradação do <strong>de</strong>lta do Rio<br />

Doce. Atualmente estes sedimentos ainda vêm se <strong>de</strong>positando na área do pró-<strong>de</strong>lta.<br />

A associação <strong>de</strong> organismos presente nestes sedimentos é muito rica em foraminíferos,<br />

incluindo ainda moluscos, crustáceos, equino<strong>de</strong>rmas e diatomáceas.<br />

Os foraminíferos apresentam associação muito diversíficada, porém não foram ainda<br />

realizados estudos para <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> formas evolucionárias ou formas fósseis.<br />

Formação Linhares<br />

Generalida<strong>de</strong>s Definição Seção-tipo<br />

Sob esta <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong>signa-se aqui o pacote <strong>de</strong> areias grosseiras <strong>de</strong> frente <strong>de</strong>ltaica<br />

e sedimentos areno-sílto-argilosos <strong>de</strong> origem flúvio-<strong>de</strong>ltaica, da parte superior da seqüência<br />

sedimentar quaternária da planície costeira do Espírito Santo, justapostas às argilas marinhas<br />

pró-<strong>de</strong>ltaicas da Formação Monsarás.<br />

O nome provêm da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Linhares, situada na parte centro-oriental do Estado do<br />

Espírito Santo, edificada sobre os tabuleiros da Formação Barreiras, na margem esquerda do<br />

Ri:>Doce, no ponto on<strong>de</strong> este penetra na planície costeira.<br />

A seção-tipo é representada pelo perfil geológico levantado na Fazenda do Gaúcho, a<br />

norte da localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vila do Riacho, na parte sul do Delta do Rio Doce (Fig. 5). Esta seção é<br />

incompleta, porém reflete <strong>de</strong> modo geral a litologia típica da formação. Completam-na as seçõestipo<br />

dos seus membros, que são tomadas como seções <strong>de</strong> referência para a formação.<br />

Litologia<br />

A formação é constituída por areias grosseiras, conglomeráticas, micáceas, com<br />

abundantes minerais pesados, areias silto-argilosas e argilas muito micáceas. Na <strong>de</strong>finição dos<br />

membros a litologia é <strong>de</strong>scrita em <strong>de</strong>talhe.<br />

Comportamento Estratigráfico<br />

A Formação Linhares distribui-se em toda a parte emersa do Delta do Rio Doce,<br />

compondo a planície costeira, e avança sobre a plataforma continental. Ocupando na parte emersa<br />

uma área <strong>de</strong> 2.550 km2, a formação esten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> Itaunas, ao norte, até as cercanias <strong>de</strong> Santa<br />

Cruz, ao sul.


N<br />

Fig.5<br />

PIAZZA, ARAUJO, BANDEIRA Jr. 165<br />

LlTOESTRATIGRAFIA DO QUATERNÁRIO DO ESP(RITO<br />

SEÇÃO -TIPO DA FORMAÇÃO LlNHARES<br />

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SANTO<br />

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AREIA COBERTA DE 15-20cm<br />

DE SOLO PRETO, TURFOSO,<br />

CONCREÇOES LlMONITICAS<br />

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MAPA DE SITUACÃO<br />

ESCALA: 1:1000000<br />

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166 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Para oeste, chega até a altura do meridiano 20° 20' 30" <strong>de</strong> Long W. Para leste esten<strong>de</strong>-se<br />

irregularmente pela plataforma continental, sendo limitada, naquela direção, por extenso<br />

recife algálico.<br />

Para su<strong>de</strong>ste ela se limita com a área <strong>de</strong> exposição subaquosa da Formação Monsarás,<br />

representada pela atual área <strong>de</strong> sedimentação pró-<strong>de</strong>ltaica.<br />

O limite superior da Formação Linhares constitui a atual superfície quatemária da planície<br />

aluvial do Rio Doce. Seu contato inferior se dá com a Formação Monsarás e já foi discutido anteriormente.<br />

Lateralmente, nas direções norte, sul e oeste a formação tem contato discordante<br />

com a Formação Barreiras. A su<strong>de</strong>ste para o lado do mar, a formação interdigita-se com as argilas<br />

marinhas da Formação Monsarás, e a leste ela tem contato discordante com o recife algálXo.<br />

Naf! sondagens realizadas na área não se verificaram espessuras acima <strong>de</strong> 30 m para<br />

a Formação Linhares.<br />

Ida<strong>de</strong> e Neontologia<br />

Os sedimentos englobados na Formação Linhares são consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> holocênica,<br />

uma vez que sua <strong>de</strong>posição iniciou-se após a relativa estabilização do nível do mar ao fim<br />

da Transgressão Flandriana.<br />

Esta formação apresenta variado conteúdo biológico, com organismos <strong>de</strong> água doce,<br />

água salobra e água salgada. Diatomáceas, tecamebas, algas, moluscos, crustáceos, equino<strong>de</strong>rmas<br />

e foraminíferos estão presentes nestes sedimentos, ocorrendo algumas associações ligadas a<br />

ambientes específicos.<br />

Subdivisão Litoestratigráfica<br />

O pacote sedimentar que constitui a Formação Linhares apresenta em sua base uma<br />

seção <strong>de</strong> areIaS grosseiras, conglomeráticas, que representam <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> frente <strong>de</strong>ltaica. Esta<br />

~&o distingue-se facilmente da seção superior, a qual envolve elásticos finos e grosseiros que<br />

representam sedimentos <strong>de</strong>positados em planície <strong>de</strong>ltaica. Em vista disto, <strong>de</strong>cidiu-se subdividir a<br />

Formação Linhares em dois membros, para os quais são propostas aqui as <strong>de</strong>nominações <strong>de</strong><br />

Membro Povoação e Membro Barro Novo.<br />

Membro Povoação - É a unida<strong>de</strong> inferior da Formação Linhares, sendo constituído<br />

pelos elásticos grosseiros da frente <strong>de</strong>ltaica.<br />

A <strong>de</strong>nominação proposta para este membro provêm da localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Povoação, situada<br />

na parte centro-leste do Estado do Espírito Santo, às margens do Rio Doce e distando 8<br />

km <strong>de</strong> sua foz.<br />

Para representar a seção. tipo <strong>de</strong>ste membro foi escolhido o intervalo entre 0,5 e 6,0 m da<br />

sondagem PRD-fr.ES (Fig. 6) localizada a 35 km a nor<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Linhares e a<br />

10 km su<strong>de</strong>ste da Lagoa da Suruaca. Apesar da pequena espessura com que o membro aparece nesta<br />

sondagem, ela foi escolhida por ser a única em que se observa os limites superior e inferior do Membro<br />

Povoação.<br />

Na seção-tipo este membro é recoberto por 0,5 m <strong>de</strong> sedimentos finos e grosseiros<br />

com restos vegetais, representando <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> planície <strong>de</strong> inundação, do Membro Barro Novo<br />

e sua base repousa sobre as argilas marinhas da Formação Monsarás.<br />

Como seção <strong>de</strong> referência tomou-se a sondagem PRD-12-ES (Fig. 7) situada a leste<br />

da Lagoa do Zacarias, a menos <strong>de</strong> 1 km da praia, ao norte da foz do Rio Doce. Esta sondagem<br />

atravessou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superfície até 15 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, areias grosseiras, conglomeráticas do<br />

Membro Povoação, cortou a seguír 3 m <strong>de</strong> argilas marinhas da Formação Monsarás e penetrou, aos 18<br />

m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, novamente em areias grosseiras do Membro Povoação, continuando a amostrar<br />

estes elásticos grosseiros até a profundida<strong>de</strong> final do poço aos 27 m.<br />

Esta sondagem foi tomada como seção <strong>de</strong> referência para amostrar a ocorrência <strong>de</strong><br />

interdigitações das argilas marinhas da Formação Monsarás com as areias grosseiras do Manlro<br />

Povoação. Esta interdigitação representa fenômeno comum nas relações <strong>de</strong> contato entre os<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> frente <strong>de</strong>ltaica e os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> pró-<strong>de</strong>lta.


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168 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A litologia <strong>de</strong>ste membro é mais ou menos uniforme. Compõe-se <strong>de</strong> areias quartzosas<br />

grosseiras, mal seleciona das, conglomeráticas, com frequentes grânulos e seixos, abundantes<br />

mnerais escuros, principalmente homblenda, zircão, monazita, turmalina, ilmenita e magnetita,<br />

que ocorrem em lâminas e leitos <strong>de</strong>lgados e também disseminados. Ocasionalmente, ocorrem<br />

leitos <strong>de</strong> areias finas e médias, micáceas, <strong>de</strong> seleção boa a regular.<br />

A espessura <strong>de</strong>ste membro, nas sondagens efetuadas para o PROJETO RIO DOCE, não<br />

ultrapassou 15 m em seção contínua. Entretanto, na seção <strong>de</strong> referência (Fig. 7) a sonda perfurou um<br />

pacote <strong>de</strong> 27 m constituído por uma seção <strong>de</strong> 15 m <strong>de</strong> areias grosseiras do Membro Povoação, uma in-<br />

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Fig.8<br />

PIAZZA, ARAUJO, BANDEIRA Jr.<br />

LlTOESTRATIGRAFIA DO QUATERNÁRIO DO<br />

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N.M.M.<br />

396000<br />

(UTM)<br />

SEÇÃO-TIPO DO MEMBRO BARRO<br />

PP-1I8.02<br />

CANAL A8ANDONAOO<br />

,<br />

ESPIRITO<br />

NOVO<br />

SANTO<br />

SEÇÃO B<br />

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CORTE A-B<br />

REF- NíVEL MÉDIO DO MAR<br />

PLANTA<br />

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10 m<br />

SILTE-ARGILA<br />

CASCALHO<br />

(cola)<br />

DE CANAL<br />

ARGILA<br />

ESCURA<br />

ESCALAS<br />

200 400m<br />

169


170 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

tercalação <strong>de</strong> 3 m <strong>de</strong> argilas da Formação Monsarás, e mais 9 m <strong>de</strong> areias grosseiras daquele membro,<br />

sem alcançar a sua base.<br />

O contato inferior do Membro Povoação se faz com a Formação Monsarás e já foi<br />

discutido anteriormente. Seu contato superior, com o Membro Barro Novo, po<strong>de</strong> ser abrupto,<br />

quando os sedimentos superpostos são sílticos e argilosos, ou pouco aparente, "apesar do caráter<br />

mJsivo, quando se lhe superpõem areias grosseiras <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> canais. Neste último caso, a<br />

distinção po<strong>de</strong> ser feita com base na gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plaquetas <strong>de</strong> mica e menor concentração<br />

<strong>de</strong> minerais escuros nos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> canais ou na ocorrência <strong>de</strong> estratificações cruzadas,<br />

muito freqüentes nas seqüências fluviais.<br />

Para o lado do mar, as areias grosseiras do Membro Povoação interdigitam-se com<br />

as argilas marinhas da Formação Monsarás, como se verificou nas sondagens PRD-ll-ES e PR-<br />

D-12-ES.<br />

Membro Barro Novo - Este membro constitui a parte superior da Formação Linhares<br />

e apresenta litologia muito variada, pois correspon<strong>de</strong> aos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> planície <strong>de</strong>ltaica,<br />

on<strong>de</strong> a sedimentação é complexa.<br />

O nome provém da vila <strong>de</strong> Barro Novo, erigida sobre um trecho aflorante <strong>de</strong><br />

paleocanal do Tio Doce, situada a 28 km nor<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Linhares. Como seção-tipo<br />

foi escolhida a seção amostrada pelas sondagens PP-117 e PP-118 (Fig. 8), nas proximida<strong>de</strong>s<br />

da Fazenda Itapuri, a 8 km leste <strong>de</strong> Linhares.<br />

Compõem o membro sedimentos <strong>de</strong>positados nos diversos subambientes <strong>de</strong> planície<br />

<strong>de</strong>ltaica, envolvendo clásticos finos e grosseiros <strong>de</strong>positados em lagoas, pântanos, planícies <strong>de</strong><br />

inundação, diques naturais e canais fluviais. Constituem-se <strong>de</strong> areias quartzosas finas a grosseiras,<br />

mal a regularmente selecionadas, em parte conglomeráticas, micáceas, com abundantes<br />

minerais escuros, siltes argilosos, argilas sílticas e arenosas, muito micáceas e com abundante<br />

matéria orgãnica, turfas e vasas orgãnicas.<br />

Este membro tem espessura variável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> apenas 0,5 m, como se observou a 7 km<br />

nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Vila do Riacho, on<strong>de</strong> se encontrou meio metro <strong>de</strong> turfa sobre areias grosseiras do<br />

MEmbro Povoação, até mais <strong>de</strong> 30 m como ocorreu na sondagem PRD-15-ES, locada a 20 km<br />

su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Linhares. Nesta perfuração foram amostrados mais <strong>de</strong> 30 m <strong>de</strong> areias <strong>de</strong> canais<br />

fluviais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superfície até a profundida<strong>de</strong> final do poço, sem que se tenha alcançado a base<br />

do membro.<br />

O limite superior <strong>de</strong>ste membro, que correspon<strong>de</strong> ao limite superior da Formação<br />

Linhares, constitui a atual superfície quatemária do <strong>de</strong>lta do Rio Doce. Seu contato inferior com<br />

o Membro Povoação já foi discutido anteriormente.<br />

Observações<br />

Outros <strong>de</strong>pósitos quaternários ocorrem no Espírito Santo, porém não têm status que<br />

justifiquem uma <strong>de</strong>signação formal.<br />

Depósitos representados por aluviões, coluviões e eluviões ocorrem fora da planície<br />

costeira estudada no PROJETO RIO DOCE. Dentre estes é interessante mencionar os<br />

areiõesencontradiços sobre os tabuleiros terciários da Formação Barreiras, constuidos <strong>de</strong><br />

areias quartzosas brancas, <strong>de</strong> granulação média e seleção regular. Estes areiões, alguns com<br />

extensões <strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong> metros e com espessuras ao redor <strong>de</strong> 4 m, correspon<strong>de</strong>riam<br />

a <strong>de</strong>pósitos semelhantes, com a mesma posição estratigráfica, comuns no Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro,<br />

aos quais Mabesoone (1964) <strong>de</strong>nominou ínformalmente areias brancas.<br />

Os sedimentos quaternários da estreita faixa costeira ao sul do <strong>de</strong>lta do Rio Doce, no<br />

Estado do Espírito Santo, representados por praias, aluviões e, inclusive, os sapropelitos mencionados<br />

por Oliveira e Leonardos (1943) correspon<strong>de</strong>m aos <strong>de</strong>pósitos incluídos na Formação<br />

Linhares.<br />

-~---_.-<br />

------


PIAZZA. ARAUJO, BANDEIRA Jr. 171<br />

BIBLIOGRA:fIA<br />

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n.I6821.


SOLOS E PALEOSSOLOS DO ESTADO DE SÃO PAULO<br />

E SUAS INTERPRETAÇOES PALEOGEOGRÁFICAS<br />

Jost PEREIRA DE QUEIROZ NETO.<br />

ABSTRACT<br />

The concepts of relicts sons and burisd soils now in uss by pedologists are CÜ8cusssdaDl! applied to the soils of Slo Paulo<br />

State.<br />

Relict sons, which have been interpreted as old BOil., are thought to correapond to wasthering and pedogeneois occurred<br />

within the Iower Quatemary or even the Tertiary. Subeequmt weatilerIDg proc- eeem to be related to latemic crusts and to some soRe<br />

with latoeolic B homans. Their char"cteristics and situation.in the landa


174 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

É principalmente a última tendência que nos interessa, pois as interpretações paleogeográficas<br />

só po<strong>de</strong>m ser feitas levando em conta a posição dos perfis na paisagem. É a partir<br />

daí que torna-se possível encontrar resposta para um certo número <strong>de</strong> indagações, sobretudo<br />

como e quando iniciou-se a formação dos perfis <strong>de</strong> solo e como, a partir daí, evoluiu. Essas indagações<br />

constituem uma das preocupações dos pedólogos e levam a enfocar certos problemas,<br />

como Ruellan (1971) assinalara: os solos são jovens ou velhos? Quais as principais etapas <strong>de</strong> sua<br />

formação? As condições atuais do' meio ambiente on<strong>de</strong> se encontram são semelhantes ou diversas<br />

daquelas on<strong>de</strong> o perfil evoluiu?<br />

O perfil <strong>de</strong> solo, na sua concepção clássica, representa um elemento em equilíbrio<br />

dinâmico com os outros elementos da paisagem, seus fatores <strong>de</strong> formação.Face às modificações do<br />

meio ambiente, sobretudo bioclimáticos com possíveis reflexos sobre o relevo, as características <strong>de</strong><br />

evolução pedogenética dos perfis não são necessariamente as mesmas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Somente<br />

aqueles que tiveram sua evolução iniciada após a instalação das condições bioclimáticas atuais,<br />

apresentariam todas as características relacionadas a elas. Todos os outros apresentariam parcial<br />

ou totahnente características <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> evolução em condições revolutas.<br />

Como assinalaram Pias e Ruellan (1969), a noção <strong>de</strong> paleossolos abrangeria dois<br />

casos distintos: solos enterrados ou fósseis e solos relíquias.<br />

Os primeiros, conservados totalmente quando não sofrem previamente ações erosivas<br />

intensas, ou dos quais apenas os horizontes profundos são conservados em caso contrário, são<br />

consi<strong>de</strong>rados os verda<strong>de</strong>iros paleossolos por alguns.<br />

Os solos relíquias, também consi<strong>de</strong>rados solos velhos, são aqueles que ocorrem na<br />

superfície e que conservariam certas caracteristicas herdadas <strong>de</strong> evoluções passadas, sob condições<br />

ambientais passadas e diversas das atuais. No caso <strong>de</strong> solos enterrados parece mais simples,<br />

já que o enterrio provocaria uma freagem dos processos, e o perfil po<strong>de</strong>ria conservar as<br />

principais características <strong>de</strong> sua evolução. No outro caso, o problema é mais complexo, pois o<br />

perfil pelo menos na sua parte mais superficial, continua evoluindo mesmo após as modificações<br />

das condições bioclimáticas.<br />

Recentemente, tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecer consi<strong>de</strong>rações a respeito e não voltaremos<br />

a tratar em <strong>de</strong>talhe o problema (Queiroz Neto, 1972). É necessário lembrar, apenas, que<br />

os diferentes autores nem sempre estão <strong>de</strong> acordo com a extensão temporo-espacial a ser dada ao<br />

termo paleossolo.<br />

Para alguns, como Avery (in Pias e Ruellan, 19691 a palavra paleossolo <strong>de</strong>ve ser<br />

reservada apenas para os perfis cujo início <strong>de</strong> evolução é anterior ao Holoceno. Para outros,<br />

como Firman (1969), somente os horizontes O e A, em muitos casos, estariam relacionados às\<br />

oondições atuais. Os outros, situados abaixo, seriam velhos (ali the others horizons are old). Por<br />

rotro lado, o termo fóssil só po<strong>de</strong>ria ser aplicado a solos profundamente enterrados (Firman, in<br />

Pias e Ruellan, 1969).<br />

Para o pedólogo há uma dificulda<strong>de</strong> suplementar, ao <strong>de</strong>finir o tipo <strong>de</strong> evolução do<br />

perfil, tentando separar o que é <strong>de</strong> hoje daquilo que vem como herança do passado, face a certas<br />

tendências atuais da Pedologia expressas pelo Soil Survey Staff (1960). Com efeito, passou-se a<br />

dar importância prepon<strong>de</strong>rante aos horizontes B (horizontes diagnósticos) para interpretação<br />

genética e classificação dos perfis.<br />

Como observara Firman (1969) , o conceito <strong>de</strong> uma origem poligenética leva a concluir<br />

que o perfil é um arranjo <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> materiais (horizontes), cada qual formada por diferentes<br />

caminhO'.! e em tempos diversos. O perfil <strong>de</strong> solo seria assim tão quanto a primeira gênese e<br />

evolução, e tão novo quanto os mais recentes horizontes (O e A) . O horizonte B po<strong>de</strong>ria situar-se<br />

numa posição intermediária temporal, sua gênese anterior a do material sotoposto, mas posterior<br />

ao <strong>de</strong> superfície. Mas é este que, pela sua posição espacial, refletiria mais fortemente as condições<br />

atuais, apesar <strong>de</strong> ser o mais antigo.<br />

Mesmo não encontrando atualmente resposta para estas e outras questões apontadas<br />

anteriormente (Queiroz Neto, 1972) é preciso levantá-Ias ao se tentar estabelecer um balanço das<br />

interpretações e correlações paleogeográficas dos solos.<br />

Os pesquisadores nacionais não preocuparam-se situar os problemas, nos seus relatos<br />

<strong>de</strong> pesquisa, o que teria permitido <strong>de</strong>finir com maior clareza os verda<strong>de</strong>iros limites das interpretações<br />

propostas. Em outros termos, não foram <strong>de</strong>finidas as características dos perfis relacionadas<br />

com os processos atuais e as interpretações e correlações paleogeográfica não passam,


QUEIROZ NETO 175<br />

por enquanto, <strong>de</strong> meras hipóteses <strong>de</strong> trabalho.<br />

Os critérios mais comumente utilizados para as interpretações e correlações paleogeográficas<br />

dizem respeito sobretudo a alguns aspectos:<br />

1 - A posição ocupada pelos perfis <strong>de</strong> solo na paisagem e a possível relação com eventos geomorfológicos.<br />

2 - A presença <strong>de</strong> indícios <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s erosivas no interior ou na base dos perfis,<br />

muitas vezes representadas por stone Unes.<br />

3 - A presença <strong>de</strong> perfis em diferentes graus <strong>de</strong> alteração, <strong>de</strong>finida pelas caracteristicas mineralógicas(areia<br />

e argila) e do oomplexo <strong>de</strong> troca (capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> cátions, saturação).<br />

4 - A presença <strong>de</strong> horizontes representando <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alteração.<br />

5 - A presença <strong>de</strong> perfis enterrados, que muitas vezes po<strong>de</strong>m ser distinguidos dos anteriores<br />

sobretudo quando os horizontes A foram preservados.<br />

6 - A presença <strong>de</strong> perfis apresentando certas características <strong>de</strong> processos pedogenéticos (B textural<br />

e cerosida<strong>de</strong>) ao lado <strong>de</strong> outros que não as apresentam.<br />

Nem sempre os perfis interpretados paleogeograficamente foram <strong>de</strong>finidos claramente<br />

oomo unida<strong>de</strong>s estratigráficas: seriam os perfis "com caracteristicas fisicas e relações estratigráficas,<br />

que permitem seu reconhecimento sistemático e mapeamento como unida<strong>de</strong> estratigráfica"<br />

(Ruhe, 1969).<br />

os SOLOS E AS INTERPRETAÇÕES P ALEOGEOGRÁFICAS<br />

E possível <strong>de</strong>finir algumas linhas <strong>de</strong> pesquisa, que levam à interpretação paleogeográfica<br />

dos perfis <strong>de</strong> solo, cada qual empregando métodos e técnicas bem <strong>de</strong>fínidas.<br />

1. Interpretação dos solos através <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s morfológicas, mineralógicas, físicas e<br />

químicas, e tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição das características relíquias e antigas.<br />

As interpretações procuram integrar os perfis na paisagem, através do relacionamento<br />

entre a posição ocupada e o grau e tipo <strong>de</strong> alteração que apresentam.<br />

O prímeiro trabalho <strong>de</strong>ssa natureza é o daComissâo <strong>de</strong> Solos! 1960), que trata do assunto<br />

em termos genéricos para todo o estado, e <strong>de</strong>fine os solos com horizonte B latossólico como velhos.<br />

Estabeleceram relações com o material <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong>finindo-os como <strong>de</strong>senvolvendo-se sobre<br />

materiais retrabalhados. Estabeleceram cronoseqüências, on<strong>de</strong> aparecem sempre como os mais<br />

evoluídos <strong>de</strong> cada seqüência.<br />

A pesquisa realizada na região <strong>de</strong> Rio Claro (Queiroz Neto, 1969), representa a primeira<br />

em que o problema é tratado com maior grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe, e torna-se tanto mais interessante quanto a<br />

região vem recebendo a atenção <strong>de</strong> pesquisadores <strong>de</strong> ramos os mais diversos das Ciências da Terra.<br />

A <strong>de</strong>finição do grau <strong>de</strong> alteração dos diferentes perfis foi estabelecida em função das<br />

quantida<strong>de</strong>s presentes <strong>de</strong> minerais primários alteráveis, <strong>de</strong> caulinita e gibbsita, da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

troca <strong>de</strong> cátions, saturação em bases, relação silte/argila, relação sílica/alumina (relação ki),<br />

comparando-se sempre perfis formados a partir <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> origem <strong>de</strong> mesma natureza.<br />

A interpretação foi feita em termos estratigráficos, como Ruhe (1969) propôs, e os<br />

perfis foram relacionados às superfícies geomorfológicas datadas hipoteticamente. Para as correlações<br />

geomorfológicas, utilizou-se gran<strong>de</strong>mente o trabalho <strong>de</strong> Penteado (1968) e as principais<br />

conclusões acham-se no Quadro 1.<br />

A área abrangida pela pesquisa, na realida<strong>de</strong>, não alcançava aos Latossolos Vermelho<br />

Amarelo fase arenosa, que ocorrem sobretudo na margem direita do Rio Corumbataí,on<strong>de</strong><br />

situa-se a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rio Claro. Estes foram introduzidos no Quadro 1, no sentido <strong>de</strong> torná-lo<br />

mais canpleto. Por outro lado, em relação ao trabalho original, algumas modificações foram<br />

feitas na interpretação das superfícies <strong>de</strong> erosão.<br />

Pesquisando região análoga, e empregando também critérios afins para a i<strong>de</strong>ntificação<br />

dos perfis <strong>de</strong> solo, Dias Ferreira e Queiroz Neto (1974) encontram distribuição semelhante<br />

para certos solos. Partiu-se <strong>de</strong>sta vez do estudo e cartografia das formações superficiais da<br />

região <strong>de</strong> Bofete, encaradas como material <strong>de</strong> origem dos solos (Dias Ferreira, inédito). Foi possível<br />

verificar que as alterações mais antigas estão testemunhadas por couraças ferruginosas do<br />

topo da Serra do Limoeiro, correspon<strong>de</strong>ndo a processos do Terciário Inferior a Médio. Para o<br />

restante, parece haver uma relação bastante estreita entre os tipos <strong>de</strong> solo e a superfície geomor-


------ --<br />

176 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

fol6gica em que se encontram. Deu-se maior atençAo a08 8010s das vertentes e escarpas, formados<br />

sobre colúvios, e cujos perfis quase sempre <strong>de</strong>senvolvem-se no Holoceno.<br />

Na borda leste da DepressAo Periférica, no contato com o Planalto Atlântico, dois<br />

traballDs <strong>de</strong> pesquisa confirmam certos aspectos citados.<br />

Mo<strong>de</strong>nesi (1971) realizou um estudo geomorfol6gico e <strong>de</strong> formações superficiais no<br />

maciço granitico <strong>de</strong> !tu-Salto. A8 relaçõe8 com os solos, <strong>de</strong>finidos apenas pelas suas características<br />

morfol6gicas e relatadas por Queiroz Neto e Mo<strong>de</strong>nesi (1973), indicam que couraças ferruginosas<br />

constituem testemunhos <strong>de</strong> procellOl relacionad08 com superfícies neogênicas, portanto<br />

pré-quaternárias. Sobre elas ocorrem, com freqüência, 80108 em nitida <strong>de</strong>scordAncia com o<br />

substmto granitico alterado. Nas vertentel ocorrem perfi8 complexos, às vezeB oom suce88ÕeS <strong>de</strong><br />

paleohorizontes indicando processos sUCeBsiv08<strong>de</strong>coluvlonamento.C01T8llpon<strong>de</strong>riam a fase8 recentes<br />

<strong>de</strong> evolução das vertentes e dos solos, que foram colocados no máximo no limite Pleilltoceno-<br />

Holoceno.<br />

QUADRO I<br />

Ensaio <strong>de</strong> interpretação palegeográfiea dos solos da região da Serra <strong>de</strong> Santana, adaptado <strong>de</strong><br />

Queiroz Neto (1969)<br />

Superfície Geomorfológiea Cronologia e correlações Solos presentes e minerais da fração argila<br />

Escarpas da Serra e Vertentes<br />

em <strong>de</strong>graus sobre o Botueatu<br />

Holoeeno Litossolos sobre alterações in situ, caulinita até<br />

miea.<br />

Várzeas Holoeeno Aluviões e solos Hidromórficos<br />

Nível dos baixos terraços<br />

Níveis <strong>de</strong> altos terraços<br />

pedimentares<br />

Pleistoceno Inferior, Holoceno, TI<br />

Pleistoceno Médio, Inferior, P 2<br />

Podzólicos Vermelho Amarelo variação Laras e<br />

variação Piracicaba, alterações in situ, eaulinita<br />

até mica.<br />

Superfície Rio Claro Plio-Pleistoceno, Neógena, Pdl Latossolos Vermelho Amarelo fase arenosa, sobre<br />

material retrabalhado, caulinita e pouca gibbsita.<br />

Superfície Urucaia Plio-Pleistoceno, Neógena, Pdl Podzólico Vermelho Amarelo variação Laras Intergra<strong>de</strong><br />

para Latossolos Vermelho Amarelo fase<br />

arenosa, sobre material retrabalhado, caulinita e<br />

pouca gibbsita.<br />

Superfície Santana Terciário Médio, Paleógena, p~ Latossolos Vermelho Amarelo fase arenosa, muito<br />

evoluídos, sobre material retrabalhado, caulinita<br />

e gibbsita.<br />

o segundo trabalho <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>sse contato Depressão Periférica e Planalto AtlAntico,<br />

foi apre8entado recentemente por Nakashima (1973). A cartografia das formações superficiais,<br />

e o relacionamento <strong>de</strong>stas com o substrato e os so108, permitiu confirmar aspectos anteriormente<br />

apontados por Carvalho e outros (Carvalho et alii, 1969). A superficie Viracopos,<br />

neogênica, é extensamente recoberta por formaçAo superficial, arenosa, em discordAncia com o<br />

IUbstrato, profunda e intensamente intemperi8ado e originado Lato8solos Vermelho Amarelo.<br />

Na8 porç0e8 inferiore8, elaborada8 já no Plei8toceno e Holoceno, a8 alteraÇÕeB8Aomeno8 e8pessas<br />

e os solos, menos alterados, aparentam-se aos B texturais, mas geralmente <strong>de</strong>senvolvidas<br />

sobre oolúvios.<br />

Dentro <strong>de</strong>s8a linha <strong>de</strong> pesquisas, recentemente foram apresentados os resultados <strong>de</strong><br />

uma pellQ.ui8aem equipe pluridisciplinar na regiAo <strong>de</strong> Marilia, no Planalto Oci<strong>de</strong>ntal. A elaooraçAo<br />

<strong>de</strong> uma carta geomorfológica e <strong>de</strong> formações superficiais, envolvendo o estudo dos perfis<br />

<strong>de</strong> 8010mai8 representativO! da 'rea permitem confirmar a hipóteBe <strong>de</strong> que nas superficies <strong>de</strong><br />

11011I0mai8 elevada8, e <strong>de</strong>e<strong>de</strong> que 08 mat8'iai8 <strong>de</strong> recobrimento tenham sido preservados pelo<br />

menos parcialmente, encontramo" 08 te8temunho8 da. alteraoO_ mala avançadas e solos mais<br />

evoluid08 (Queiroz Neto et alii, 1973). Aqui 08 perfi8 foram também <strong>de</strong>finidos pela8 caracterll!lticas<br />

l1Ú1eral6gicase do complexo <strong>de</strong> troca.


QUEIROZ NETO 177<br />

A antiguida<strong>de</strong> dos perf~, em termos <strong>de</strong> alter~ção seria testemunhada pela espessura<br />

total, tipo pedogenético, mineralogia da areia e argila, e vem sendo <strong>de</strong>finida em termos <strong>de</strong> grau<br />

ou cronologia da alteração. Um dos elementos básicos da interpretação da mineralogia da fração<br />

argila siio as variações inversas dos teores <strong>de</strong> mica e caulinit!i ou caulinita e gibbsita.<br />

No entanto, é preciso levar em consi<strong>de</strong>ração que a área <strong>de</strong> pesquisa não abrangeu<br />

nenhuma porção dos extremos espigões recobertos pelos Latossolos Vermelho Escuro, face<br />

arenosa. Estes ocupam, via <strong>de</strong> regra, uma superfície geomorfologicamente mais baixa, apesar <strong>de</strong><br />

ronstituirem os solos mais evoluídos do oeste, como Moniz e Carvalho (1969) verificaram. Essa<br />

situação até certo ponto anômala parece confirmar-se pelas pesquisas <strong>de</strong> Penteado e Ranzani<br />

(1971) em.Jaboticabal e <strong>de</strong> I. Leptch, em andamento na região <strong>de</strong> Echaporã (informação verbal).<br />

Ainpa sAonecessárias mais pesquisas nessa parcela do estado para qualquer tentativa <strong>de</strong> estabelecimento<br />

<strong>de</strong> interpretações paleogeográficas mais...seguras dos perfis <strong>de</strong> solo.<br />

2. Interpretaçõesdas características relíquias ou horizontes fósseis <strong>de</strong> perfis <strong>de</strong> solo em seqüência<br />

topográficas, abrangendo os-principais elementos da geomorfologia regional. Os perfis <strong>de</strong> solo<br />

são <strong>de</strong>finidos por suas características morfológicas, às vezes acompanhadas <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong><br />

análise físico-químicas rotineiras. Na realida<strong>de</strong>, alguns dos objetivos são análogos aos anteriores,<br />

pois os perfis relíquias ou fossilizados são relacionados às superfícies geomorfológims ondJ<br />

se encontram.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Ranzani et alii (1972), reveste-se <strong>de</strong> particular importância. Diz respeito<br />

ao reverso imediato da cuesta a renítico-basá ltica , na serra do Itaqueri, e situa as couraças<br />

ferrugmosas do topo do planalto como testemunhos <strong>de</strong> processo antigo, pós-Cretáceo, pois afeta<br />

o Bauru, porém pré-Neogêmco. Gran<strong>de</strong> extensão seria ocupada por solos e alterações neogêmcas:<br />

inicialmente, na base, ocorreria um paleossolo (horizontes B e C) <strong>de</strong>senvolvidos em fase<br />

úmida sobre Bauro. Segue-se a fase <strong>de</strong> sedimentação neogênica, que teria <strong>de</strong>capitado o perfil e<br />

JrOvocado a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> uma cascalheira <strong>de</strong> quartzo, quartzito e canga. Por fim, colúvios <strong>de</strong><br />

natumms variadas teriam permitido a formação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um paleossolo em fases climáticas<br />

bem mais recentes. Vários outros indícios <strong>de</strong> coluvionamento mais recente foram também encontrados.<br />

Infelizmente os dados analíticos que acompanham as <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> campo não são<br />

suficientes para separar nitidamente os paleossolos apontados. Seria <strong>de</strong> se supor, pela gran<strong>de</strong><br />

diferença <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> das alterações (Neogênica-Pleistoceno Superior-Holoceno) que ocorressem<br />

diferenças mineralógicas suficientes para afetar pelo menos a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> cátions que<br />

no entanto, revela-se estável em todo o perfil, bem como a saturação em bases.<br />

Outra importância da pesquisa é a tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição dos antece<strong>de</strong>ntes paleoclimáticos<br />

sob os quais teriam se formado os paleos8010s.<br />

Dentro da mesma linha <strong>de</strong> pesquisas, mas pouco anterior, é o trabalho <strong>de</strong> Penteado e<br />

Ranzani (1971) e referido anteriormente. A superfície cimeira regional (Monte Alto) é colocada<br />

no Neogí'nico e o solo que nela ocorre é um Podrolico Vermelho Amarelo (Podzolizado variação<br />

Marília). Abaixo <strong>de</strong>ssa superfície, ocorreriam outros B texturais, como também Latossolos Vermelhos<br />

Escuros fase arenosa e Latossolos Roxo, geralmente formados sobre colúvios que rerobrem<br />

rampas e patamares (pedimentos).<br />

Essa distribuição contraria a hipótese apontada anteriormente, <strong>de</strong> que as alterações<br />

mais antigas seriam encontradas sobre as superfícies mais elevadas, mais antigas ou <strong>de</strong> cimeira.<br />

3. Interpretação <strong>de</strong> solos fossilizados, ou paleossolos S.s. As principais pesquisas dizem respeito<br />

a tentativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> perfis enterrados, parcial ou totalmente preservados, e relacionados<br />

àposição que ocupam, aos processos e época do enterrio ou fossilização.<br />

Na maior parte dos casos, os perfis foram apenas <strong>de</strong>finidos pelos seus aspectos morfológicos,<br />

tal como já mencionado nos trabalhos <strong>de</strong> Ranzani, et alii (1972) e Queiroz Neto e<br />

Mo<strong>de</strong>nesi (1973).<br />

Em vertentes da região <strong>de</strong> !tu-Salto foram <strong>de</strong>finidos em certo número <strong>de</strong> paleossolos<br />

mterrados, apresentando muitas v&es mracterísticas morfológicas <strong>de</strong> B Latossólicos que, em<br />

certos casos, sofrem processos mais recentes (atuais 7) dJ acumulação <strong>de</strong> argila (Queiroz Neto e<br />

Mo<strong>de</strong>nesi, 1973). Em trabalho mais recente, foi encontrada sucessAo análoga na escarpa are-<br />

IÚtico-b~lÍltica<strong>de</strong>BotuçlltuIDiall FemirlleQueiroli Neto, 1974).<br />

O perfil mais complexo da área <strong>de</strong> Itu-Salto apresenta quatro horizontes B separados<br />

IDr camadae <strong>de</strong> caecalho fino. Esses horizontes B apresentam extrollida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>radamente <strong>de</strong>senvolvida<br />

recobrtndo agregados, indicando terem sofrido prOC811108<strong>de</strong> migração <strong>de</strong> argila, pro-


178 ANAIS DO XXVJJJ <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

vavelmente em climas <strong>de</strong> estações alternantes e análogos ao atual. Representariam fases <strong>de</strong> estIilbilidacie<br />

das vertentes, que teriam possibilitado o <strong>de</strong>senvolvimento dos processos pedogenéticos.<br />

Essas fases seriam interrompidas por processos erosivos, que <strong>de</strong>struíram parcialmente os<br />

perfis arrastando os horizontes superficiais, seguidos <strong>de</strong> períodos <strong>de</strong> coluvionamento que recobriram<br />

os paleohorizontes: teriam ocorrido assim quatro fases sucessivas <strong>de</strong> coluvionamento, pedogênese e<br />

erosão. A gênese <strong>de</strong>sses perfis foi tentativamente colocada no final do Pleistoceno e início do Holoceno.<br />

Essa interpretação geocronológica parece confirmar as <strong>de</strong> Penteado (1969) sobre<br />

<strong>de</strong>pósita:l coluviais, <strong>de</strong> várzea e <strong>de</strong> terraços, do córrego Tira Chapéu, em Rio Claro. Apesar <strong>de</strong><br />

não fornecer indicações mais precisas sobre o caráter pedológico, aquela autora apresenta um<br />

levantamento bastante minucioso dos <strong>de</strong>pósitos. No quadro que sumarisa as conclusões, foram<br />

assinaladas pelo menos quatro fases favoráveis àquele tipo <strong>de</strong> pedogênese, no limite Pleistoceno-<br />

Holoceno até o atual.<br />

Se adotarmos o critério <strong>de</strong> Penteado, o quarto paleossolo <strong>de</strong> !tu (correspon<strong>de</strong>ndo ao<br />

primeiro processo pedogenético, quinto horizonte B, <strong>de</strong> cima para baixo) sjtuar-se-ia já no Pleistoceno,<br />

provavelmente Superíor e próximo ao limite Holoceno.<br />

Na região <strong>de</strong> Parelheiros, Queiroz Neto e Nakashima (1972) verificaram em sopés <strong>de</strong><br />

vertentes e extravasando sobre <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> várzea,a presença freqüente <strong>de</strong> paleossolos enterrados.<br />

Nestes casos, os horizontes A foram parcial ou totalmente preservados, tornando extremamente<br />

claras as diferenciações dos perfis. O exemplo mais complexo mostrava a presença<br />

<strong>de</strong> quatro paleossolos enterrados com horizontes A sobre horizontes B incipientes. O mais espesso<br />

e contínuo conservava ainda um edifício <strong>de</strong> cupim totalmente preservado pelo enterrio.<br />

Os autores propuzeram interpretação análoga à exposta anteriormente para o perfil<br />

<strong>de</strong> !tu-Salto. Observaram, além disso, a presença <strong>de</strong> indícios claros <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> migração <strong>de</strong><br />

argila nas condições atuais e sobre material <strong>de</strong> origem coluvial.<br />

As únicas datações radiométricas efetuadas em paleossolos <strong>de</strong> vertente foram<br />

apresentadas por Bigarella (1971), para dois <strong>de</strong>pósitos nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Curitiba e on<strong>de</strong> também<br />

foram preservados os horizontes A. Há uma gran<strong>de</strong> analogia entre o perfil do km 30 da<br />

rodovia Curitiba-Paranaguá, <strong>de</strong>ste autor, e o <strong>de</strong> Parelheiros citado acima, com o paleossolo mais<br />

recente, superior, melhor preservado que os anteriores. As <strong>de</strong>terminações pelo C14 nos paleossolos<br />

mais recentes revelaram ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aproximadamente 18.000 anos.<br />

Essas datações colocam em dúvida as interpretações cronogeológicas anteriores. No<br />

entanto, ainda é preciso cautela na interpretação <strong>de</strong>sses dados, não tendo Bigarella indicado <strong>de</strong><br />

que maneira foram efetuadas as amostragens e as datações. Sabe-se das dificulda<strong>de</strong>s em interpretar<br />

resultados <strong>de</strong> medidas radiométricas em matéria orgânica (humus) <strong>de</strong> perfis <strong>de</strong> solo.<br />

4. Definições do grau <strong>de</strong> alteração dos perfis e estabelecimento <strong>de</strong> cronologias, a partir das<br />

características morfológicas, mineralógicas, físicas e químicas. As comparações e cronologias<br />

foram feitas normalmente entre perfis <strong>de</strong> solo <strong>de</strong>senvolvidos sobre materiais <strong>de</strong> origem <strong>de</strong> mesma<br />

natureza petrográfica, porém a posição ocupada na paisagem nem sempre foi levada em consi<strong>de</strong>ração.<br />

O trabalho pioneiro é, sem dúvida alguma, o da Comissão <strong>de</strong> Solos (1960). Apresenb»"am<br />

um quadro <strong>de</strong>cronosseqüências dos perfis <strong>de</strong> solo do Estado <strong>de</strong> São Paulo, estabelecido a<br />

partir do grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do perfil e/ou alteração, avaliado pelas suas características<br />

morfológicas, mineralógicas, químicas (sobretudo complexo absorvente e saturação em bases).<br />

Para cada tipo <strong>de</strong> material <strong>de</strong> origem acronosseQÜência seria: Litossolo-B Textural-B LatosaSlico,<br />

dos menos aos mais <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Queiroz Neto (1969) citado anteriormente retoma o problema, colocando-o<br />

mnn contexto mais amplo. Pouco <strong>de</strong>pois, foi possível discutir a maneira como se formaria o<br />

horizonte B textural e como este se transformaria em B latossólico (Queiroz Neto,1970).<br />

V ários trabalhos <strong>de</strong> pesquisa seguem essa linha, como tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

relatar recentemente (Queiroz Neto, 1974), sobretudo os efetuados por Moniz, Dematte e colaboradores.<br />

O processo fundamental seria a <strong>de</strong>ssilicatização (Moniz e Jackson, 1967), e os teores<br />

<strong>de</strong> gibbsita e caulinita e a relação molar ki (Si02/ A1203)' são tomados como índices para <strong>de</strong>finir<br />

as seQÜências <strong>de</strong> alteração. Assim, à medida que os teores <strong>de</strong> caulinita diminuem, aumentariam<br />

OS<strong>de</strong> gibbsita e a relação ki tornar-se-ia menor.<br />

De modo geral, esses trabalhos não situam no tempo os processos, sendo <strong>de</strong> menor valia


QUEIROZ NETO 179<br />

para interpretações paleogeográficas diretas. No entanto,.contribuem para a melhor compreensão dos<br />

processos pedogenéticos e as possíveis conseqüências temporo-espaciais.<br />

CONSIDERAÇOES FINAIS<br />

Ao compararmos as interpretações propostas para os diferentes casos estudados; é possível<br />

ressaltar o seguinte:<br />

1. Os perfis <strong>de</strong> solo do Estado <strong>de</strong> São Paulo que apresentam composição mineralógica variada,<br />

vem sendo interpretados por alguns autores como pertencentes à uma seqüência <strong>de</strong> alteração e<br />

evolução: Litossolos - B Texturais - B Latossólicos, também <strong>de</strong>nominada cronosseqüência.<br />

Dessa maneira, toma-se claro que os mais alterados e evoluídos correspon<strong>de</strong>m à<br />

noção <strong>de</strong> solos mais antigos ou mais velhos. Suas características não seriam necessariamente<br />

relíquias se, como observou Queiroz Neto (1969), elas representam processos pedogenéticos por<br />

adição, relacionadas apenas às fases <strong>de</strong> pedogênese em climas próximos aos atuais. Nesses perfis,<br />

as fases pedogenéticas relativas a climas diversos dos atuais não teriam <strong>de</strong>ixado testemunhos.<br />

O problema acha-se ainda em aberto, já que envolve o problema da transformação <strong>de</strong><br />

um perfil com horizonte B Textural para B Latossólico. Essa transformação foi explicada em<br />

termos hipotéticos, não tendo sido encontrado ainda nenhum indício seguro <strong>de</strong> como se faz. A<br />

passagen Litossolo-B Textural é comum, pois não só aqueles apresentam indícios <strong>de</strong> migração<br />

incipiente até os mais <strong>de</strong>senvolvidos com horizonte argílico.<br />

Os B Latossólicos, por outro lado, mais evoluídos, encontram-se frequentemente<br />

sobre superfícies <strong>de</strong> erosão geomorfologicamente consi<strong>de</strong>radas pré-Quartenárias. Como <strong>de</strong>senvolvem-se<br />

sobre material retrabalhado, este vem sendo interpretado como correlativo das superficies.<br />

2. Os corpos ferruginosos consolidados e coerentes, couraças, ou certos horizontes plínthicos, representam<br />

zonas <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> ferro e vem sendo interpretados como testemunhos <strong>de</strong> processos<br />

pré-quartenários ou no máximo do Pleistoceno Superior.<br />

A posição que ocupam atualmente na paisagem, em morrotes testemunhos ou bordos<br />

<strong>de</strong> remanescentes <strong>de</strong> chapadas, toma impossível interpretá-los como atuais ou próximos do<br />

atual, já que só po<strong>de</strong>riam ter sido gerados em relevos com configuração diversa.<br />

Constituem indício dos mais seguros da antiguida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses processos <strong>de</strong> ferruginização,<br />

bem como da superfície on<strong>de</strong> encontram-se. Atualmente, esse fenômeno ocorre somente<br />

em condições regionais muito especiais, como áreas <strong>de</strong> rochas básicas, e posições topográficas<br />

bem <strong>de</strong>finidas, como baixos terraços e <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> várzea, mas em escala muito menor do que a<br />

correspoo<strong>de</strong>nte a daqueles testemunhos.<br />

3. Alterações menos acentuadas que a dos B latossólicos típicos vêm sendo colocadas no Pleistoceno<br />

e correspon<strong>de</strong>m geralmente a perfís com B textural.<br />

Há que se diferenciar as alterações dos processos pedogenéticos que sobre elas<br />

atuam. Como observaram Queiroz Neto e Nakashima (1973) , a migração <strong>de</strong> argila é um fenômeno<br />

atual, que ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que entre em dispersão na solução do solo. Todos os perfis com B Textural<br />

apresentam essa condição, e o fenômeno <strong>de</strong> migração po<strong>de</strong> então ser recente.<br />

Certas interpretações indicam que o fenômeno <strong>de</strong> migração po<strong>de</strong> atuar sobre material<br />

nmito alterado e evoluído como se observa claramente porções mais superficiais <strong>de</strong> certos perfis<br />

B Latossólico. Em terras Roxas Estruturadas é comum a presença <strong>de</strong> horizontes profundos com<br />

características <strong>de</strong> B Latossólico. Além disso, certas suposições <strong>de</strong> horizontes B n(!sses solos<br />

parecem marca das por uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> talvez erosivá. Tanto num caso como noutro, os<br />

resultados das análises mineralógicas e outras não permitem distinguir um horizonte do outro, a<br />

não ser por <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> grau <strong>de</strong> lixiviação (Dias Ferreira e Queiroz Neto, 1974).<br />

Em termos <strong>de</strong> interpretação, as alterações correspon<strong>de</strong>riam a processos mais antigos,<br />

w paleoprocessos, e po<strong>de</strong>riam constituir características relíquias, às quais adicionam-se processos<br />

mais recente, testemunhados pela argilização.<br />

4. Os paleossolos s.s. correspon<strong>de</strong>riam apenas aos exemplos <strong>de</strong> perfis enterrados por colúvios <strong>de</strong><br />

vertentes.<br />

A posição em que foram encontrados é quase sempre a mesma, sopés <strong>de</strong> encosta,<br />

testemunhando fases mais recentes <strong>de</strong> erosão e pe.dógênese. O perfil da superfície correspon<strong>de</strong>


180 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

sempre ao atual (I 2.500 anos ?) e aí percebe-se que a atuação dos processos <strong>de</strong> alteração e<br />

pedogênese <strong>de</strong>ssa última fase foi relativamente fraca. O material sobre o qual se <strong>de</strong>senvolvem é<br />

pouco espesso, muitas vezes apenas parcialmente alterado. e os horizontes B <strong>de</strong> acumulação neste<br />

caso apenas incipientes.<br />

Dessa maneira, po<strong>de</strong>-se supor que os perfis <strong>de</strong> solo com B Textural mais espessos<br />

(150-200 cm) e mais evoluídos, também po<strong>de</strong>m representar perfis por adição <strong>de</strong> processos pedogenéticos.<br />

Testemunhariam assim zonas <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> da paisagem face aos processos<br />

erosivos mais recentes, holocênicos ou até mesmo final do Pleistoceno, sobretudo nas vertentes.<br />

5. Pelo menos parcialmente, as consi<strong>de</strong>rações teóricas a respeito <strong>de</strong> paleossolos e solos relíquias<br />

são aplicáveis aos casos estudados até agora no Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Por carência <strong>de</strong> dados mais objetivos, não se po<strong>de</strong> colocar limites precisos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

no sentido <strong>de</strong> discutir a vali<strong>de</strong>z das afirmações <strong>de</strong> Avery. Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar com certo grau <strong>de</strong><br />

certeza, que os horizontes superficiais (AI) estão em equilíbrio com as condições bioclimáticas<br />

atuais. Os situados abaixo po<strong>de</strong>m ser mais velhos, como Firman observara na Austrália, mas<br />

po<strong>de</strong>m receber influências dos superiores.<br />

A maior parte dos perfis seria poligenética, como aliás Queiroz Neto (1969) já observara.<br />

Certos perfis e alterações parecem ter valor estratigráfico, no sentido proposto por<br />

Ruhe, porém ainda é necessário melhorar nossos conhecimentos a respeito para chegar a conclusões<br />

mais precisas.<br />

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QUEIROZ NETO 181<br />

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..


EVID:ENCIAS PALEOCLIMÃTICAS<br />

EM SOLOS DO RIO GRANDE DO SUL<br />

MIGUEL BOMBIN*, EGON KLAMT**<br />

ABSTRACT<br />

The authors postulate the existence of some Dark Cl4y Soils with similar faatures and polycyclic paralJel evolution, speciaUy<br />

in the <strong>de</strong>velopment of CaC03 horizona, that may be useful as paleocP.f"':tic indicator of a drier than today's episo<strong>de</strong>.<br />

U sing pa1eontological and archeological data and C radiometric measures a chronological sequence is proposed.<br />

Tentatively beginning at 20.000 bP with sedimentary <strong>de</strong>position on fluviatüe-lacustrine environment in wet climatic COnditions.<br />

until 4.000 bP when, in a drier climate, pedogenesis began.<br />

Probably between 3.500 bP and 2.400 bP the dry climatic flactuation created conclitions for the <strong>de</strong>position of ca horizons.<br />

This dry" phase occurred after the extintion of the megafauna in the ares.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Na região da Campanha e Planície Costeira do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, existem ocorrêndas<br />

homogêneas <strong>de</strong> solos argilosos escuros (Dark Clay Soils) , hidromórficos, apresentando em<br />

comum: horizonte B textural, saturação <strong>de</strong> bases alta, argilas predominantes do tipo 2:1 e<br />

horizontes com concreções <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> cálcio (Fig, 1).<br />

A primeira referência a estes solos foi feita por Setzer (1951), que <strong>de</strong>vescreve sumariamente<br />

perfis com as citadas características, na região da Campanha do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e tece consi<strong>de</strong>rações<br />

a respeito da gênese e da ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> precipitação das concentrações <strong>de</strong> CaCog.<br />

Delaney (1962) cita a presença <strong>de</strong> uma camada superficial <strong>de</strong> caliche em Santa Vitória<br />

do Palmar (Planície Costeira) e, em trabalho posterior (1965), propõe informalmente o<br />

nome <strong>de</strong> Caliche Cordão, para o que consi<strong>de</strong>rou uma calcificação da Formação Chuí, bem <strong>de</strong>senvolvida<br />

na localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cordão, em Santa Vitória do Palmar, aventando condições paleoclimáticas<br />

diferentes das atuais para a sua formação (mais frio e mais seco) e colocando a sua<br />

gênese no Pleistoceno Superior.<br />

*MC/PUCRGS<br />

**F A/UFRGS


184 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Goe<strong>de</strong>rt (1968) e Goe<strong>de</strong>rt e Beatty (1971, 1971a) <strong>de</strong>screvem e interpretam caracterÍsticas<br />

<strong>de</strong> solos <strong>de</strong>sta classe na Campanha e citam a ocorrência <strong>de</strong> horizonte ca em uma <strong>de</strong>stas<br />

unida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> solo Bagé.<br />

Cogo (1972) estuda entre outros, o solo Uruguaiana e o solo Escobar, que apresentam<br />

as características supra-citadas, propondo uma inconsistência entre o clima atual e o estágio<br />

evolutivo dos solos em questão, indicando "que as condições ambientais reinantes em épocas<br />

passadas eram caracterizadas por um clima mais seco".<br />

Soliani Jr. (1973) admite que o Caliche Cordão <strong>de</strong> Delaney, possa "constituir-se em<br />

uma unida<strong>de</strong> edafoestratigráfica, conseqüente <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> evento pedogenético <strong>de</strong>nominado<br />

lntemperismo Cordão, do qual fariam parte vários tipos <strong>de</strong> paleossolos (sic), geneticamente<br />

sinc1'Õniros, mas com caraCterísticas geoquímicas algo distintas", que seriam "os solos f6sseis<br />

sialítico-argilO8Os e si~tico-carbonáticos". O mesmo autor propõe ida<strong>de</strong>s compreendidas entre o<br />

Pleistocm.o Médio e Superíor, em períodos semi-áridos relacionados às fases regressivas, correspon<strong>de</strong>ntes<br />

aos máximos glaciais Kansan, lllinoian e Wisconsin do Hemisfério Norte, concluindo<br />

por fim que, "esta unida<strong>de</strong> edafoestratigráfica é correlacionável aos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> looss e argila<br />

00 Pleistoceno Superior do Uruguai e Argentina" .<br />

Finalmente, Lemos et alü (1973) englobam nas unida<strong>de</strong>s Uruguaiana, Virgtnia, Escobar,<br />

Bagé e Formiga, todos os solos anteriormente citados. Especificamente no que tange ao<br />

chamado <strong>de</strong> Caliche Cordão ou Paleossolos 00 lntemperismo Cordiio, na Planicie Costeira, incluem-se<br />

na unida<strong>de</strong> Formiga e na realida<strong>de</strong>, observa-I!!.eque as concreçôes <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> cálcio,<br />

constituem, simplesmente, horizontes ca <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>.<br />

No presente trabalho serão consi<strong>de</strong>radas estas unida<strong>de</strong>s reconhecidas por Lemos et<br />

alii (op. cit.), citadas anteriormente, tentando-se reconstituir sumariamente as condjções ambientais<br />

<strong>de</strong> gênese, com a respectiva cronologia, face a novas observações por ocasião da execução<br />

da fase brasileira do Paleoindian Research da Smithsonian Institution e outros dados paralelos.<br />

Fig. 1 - Áreas <strong>de</strong> ocorrência dos solos argilosos. escuros<br />

com horizontes CIIO$.Oladosou em associações).<br />

Em 1, enconttam-se as unida<strong>de</strong>s UrugwziTUl,<br />

ViTglnill e Escobor, em 2 a unida<strong>de</strong><br />

Bagé e em 3 a unida<strong>de</strong> Formiga.<br />

CARACTERIZAÇAO DAS UNIDADES<br />

As unida<strong>de</strong>s ocupam uma área <strong>de</strong> aproximadamente 8.500 km2 (cerca <strong>de</strong> 3,15% do<br />

Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul).<br />

---------


BOMBIN, KLAMT 185<br />

Na classificação americana, via <strong>de</strong> regra são enquadradas como Argiaquell, mas em<br />

alguns casos encaixam melhor em Umbraqualf ou Pellu<strong>de</strong>rt. N a classificação brasileira, são em<br />

geral solos Brunizem Hidromórfico, alguns po<strong>de</strong>ndo ser melhor enquadrados como Vertisolou<br />

mesmo Planasol Vértico.<br />

O agrupamento <strong>de</strong>stas unida<strong>de</strong>s para efeito <strong>de</strong> reconstituição paleoecológica, é feito<br />

tm bases as seguintes características comuns: são solos medianamente profundos ou até pouco<br />

profundo;;, apresentando cores escuras com tonalida<strong>de</strong>s negras, brunas e acinzentadas no matriz<br />

10YR da escala <strong>de</strong> Munsell, nos horizontes superficiais. São argilosos, imperfeitamente drenados<br />

a mal drenados, com horizonte B textural, muito plásticos e muito pegajosos, com saturação <strong>de</strong><br />

ooses alta. Apresentam níveis <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> CaC03 no horizonte B e/ou no C. Geralmente<br />

exibem seqüência <strong>de</strong> horizontes A, B, C e R, contudo, em alguns casos apresentam A, A/C; C e<br />

R, po<strong>de</strong>ndo haver em ambas as situações transição gradual ou clara. Apresentam um B com<br />

máxima acumulação <strong>de</strong> argila, com estrutura mo<strong>de</strong>rada a fortemente <strong>de</strong>senvolvida em blocos angulares<br />

ou subangulares, com presença <strong>de</strong> slikensi<strong>de</strong>s.,<br />

O pH varia <strong>de</strong> fortemente ácido a ácido (5,0 - 6,0) no horizonte superficial, a neutro<br />

ou alcalino (até pH 8,2) nos horizontes profundos.<br />

As argilas são predominantemente do tipo 2:1 (Fig. 2). O C po<strong>de</strong> estar gleizado. Em<br />

alguns casos apresentam microrelevo <strong>de</strong> gilgai. São <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> sedimentos quatemários.<br />

-..-<br />

o ww<br />

A 'Wa,<br />

Fig. 2 - Difratogramas <strong>de</strong> R-X do solo Uruguaiana. da fração<br />

argila natural


186 ANAIS DO XXV", <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

----<br />

OONDIçOES ECOLOOICAS ATUAIS<br />

Para que se possa melhor concluir pela incongruência da manutenção das condições<br />

ecológicas atuais durante todo o processo pedogenético das unida<strong>de</strong>s em questão, é necessário<br />

oonsi<strong>de</strong>rar que presentemente predomina o tipo <strong>de</strong> clima fundamental Cfa2 <strong>de</strong> Koepen, sendo a<br />

temperatura média anual em torno <strong>de</strong> 19,6°C; a precipitação média anual é <strong>de</strong> 1.350-mm, podanà><br />

ocorrer chuvas torrenciais <strong>de</strong> 165 mm em 24 h e geadas <strong>de</strong> abril a novembro. Ocorrem períodos<br />

secos maiores que 100 mm 6 vezes cada 9 anos e maiores que 300 mm 2 vezes cada 8<br />

anos.<br />

A formação vegetal dominante é <strong>de</strong> campos finos com mais <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> cobertura<br />

wgetal, composta <strong>de</strong> gramíneas em sua gran<strong>de</strong> maioria (com abundância dê Paspalum, Axonopus<br />

e Andropogon), ocorrendo também leguminosas (predominantemente Trifo6um), compostas,<br />

mirtáceas, umbelíferas, verbenáceas, pteridófitas, ciperáceas, labiadas e euforbiáceas, geralmente<br />

<strong>de</strong> pequeno porte. Marginando os cursos <strong>de</strong> água po<strong>de</strong>mos ter matas ciliares <strong>de</strong> galeria,<br />

on<strong>de</strong> sobressaem como espécies higrófilas e salgueiro (Salix humboldtiana), o sarandi (Cephalanthus<br />

glabratus) e a corticeira (Erythrina crista-gali). Também em áreas mal-drenadas, ocorrem<br />

com freqüência dominâncias <strong>de</strong> Cyperus, palha santa fé (Panicum) e Erygium. Em alguns pontos<br />

da Campanha, aparentemmte como relictus <strong>de</strong> clima mais secos, ocorre vegetação <strong>de</strong> parque<br />

(savana), com espécies características como Prosopis aIgerobilla, Gledischiaamorphoi<strong>de</strong>s e Parkinsoma<br />

aculeta.<br />

Há gran<strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> quanto à posição dos solos na paisagem, sempre ocorrenà><br />

em relevo plano ou suavemente ondulado, com <strong>de</strong>clives não maiores que 5% e em áreas que<br />

são ou bram imperfeitamente drenadas.<br />

EVIDÊNCIAS P ALEOCLIMÁTICAS<br />

Todos os autores já citados, que se ocuparam do assunto, estio <strong>de</strong> acordo que nas presentes<br />

condições ambientais da área on<strong>de</strong> ocorrem estes solos, não há no momento condições<br />

<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> horizontes com precipitação <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> cálcio, no que concordamos, pois se<br />

com relação à temperatura não há muito acordo, encontrando-se presentemente em formação estes<br />

horizontes em regiões cujas temperaturas variam <strong>de</strong> -20°C a 20°C, no que tange à precipitação,<br />

entretanto, é pensamento vigente que a mesma não <strong>de</strong>va ultrapassar em muito os 500<br />

mm anuais, a julgar pelas ocorrências mundiais on<strong>de</strong> está presentemente em formação horizontes<br />

ca.<br />

.....<br />

cc<br />

N<br />

U<br />

J<br />

10<br />

argilas<br />

1:1<br />

~ d& fração Argila fina<br />

20 30 40 50 60 10 80 90<br />

argilas 2:1<br />

Fig. 3 - Concentração percentual dos constituintes mineralógicos <strong>de</strong> fração argila<br />

fina «0,211 do solo UrugwzÜ1na.<br />

I<br />

100<br />

Além <strong>de</strong>sta evidência <strong>de</strong> clima mais seco durante uma fase pretérita da pedogênese e<br />

talvez, não necessariamente, mais fria, tal fato é corroborado ainda pelos indícios <strong>de</strong> que no<br />

presente as concreçóes estão em fase <strong>de</strong> dissolução e em muitos casos, em solos semelhantes sem<br />

rnrizonte ca, talvez já tenham sido dissolvidas, bem como peJo aumento <strong>de</strong> argilas do tipo 1:1


BOMBIN, KLAMT 187<br />

nos horizontes superficiais, <strong>de</strong>vido provavelmente ao aumento <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> atual e ao conseQÜente<br />

abaixamento do pH nestes horizontes (lixiviação das bases) (Fig. 3).<br />

Soliani' Jr. (op. cit.), acredita que a presença das concreções carbonáticas liga-se à<br />

expressiva contribuição eólica <strong>de</strong> finos provenientes dos <strong>de</strong>pósitos periglaciais do sul da Argentina.<br />

Ao nosso ver, não há suficientes evidências <strong>de</strong> tal aporte eólico, embora possa vir a ser<br />

confirmado. Entretanto, não vemos necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste argumento para explicar a presença <strong>de</strong><br />

roncreções, pois sabe-se que o carbonato <strong>de</strong> cálcio po<strong>de</strong> ser originado a partir dos minerais da<br />

fração argila, como <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> condições apropriadas durante a pedogênese e a partir dos<br />

silicatos das rochas-fonte locais.<br />

'. .<br />


188 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

pela impermeabilida<strong>de</strong> do horizonte C e R, como especialmente pela situação geomorfológica em<br />

epe se apresentam estes solos.<br />

Ainda Troeh (op. cit.) acredita que o tipo predominante <strong>de</strong> vegetação atual <strong>de</strong><br />

pradaria, não estaria <strong>de</strong> acordo com as condições <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> vigentes no vizinho País o que, em<br />

última análise, po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado para o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, pela analogia <strong>de</strong> situação, servindo<br />

então como uma prova <strong>de</strong> climas mais secos em passado próximo, pois a mata ainda não<br />

teria tido tempo <strong>de</strong> substituir o campo. Isto, entretanto, não é uma justificativa, pois a existência<br />

<strong>de</strong> uma distribuição irregular das chuvas, com períodos <strong>de</strong> seca coinci<strong>de</strong>ntes com as épocas<br />

<strong>de</strong> maior evapotranspiração, atua como fator limitante e a umida<strong>de</strong> efetiva é insuficiente para<br />

sustentar uma floresta subtropical, especialmente para possibilitar às plântulas das árvore:; uma<br />

rompetição eficaz contra o campo, que aliás, ao que parece, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Uruguai é<br />

uma vegetação clímax. Outrossim, é mais lógico admitir que os parques <strong>de</strong> espinilhos (com<br />

Prosopis e Gledischia) e os parques <strong>de</strong> cina-cina (com Parkinsonia aculeata) e que hoje parecem<br />

estar em regressão, confinados apenas a relictus, pu<strong>de</strong>ssem representar indicadores <strong>de</strong> climas<br />

mais secos em passado próximo.<br />

.,~<br />

"-<br />

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li,.<br />

J<br />

-"-<br />

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.<br />

-<br />

..<br />

".,'t<br />

I.<br />

.~<br />

---....-<br />

Fig. 5 - Aspecto <strong>de</strong> um corte típico dos solos argilosos com horizontes ca, na região <strong>de</strong> Uruguaiana. No nível C e<br />

R foram encontrados fósseis (Fig. 7 e 8). Em todo perfil encontra-se material arqueológico.<br />

, .


BOMB/N, KLAMT 189<br />

Fig. 6 - Corte mostrando nos lugares assinalados pelas<br />

etiquetas a ocorrência <strong>de</strong> peças arqueológicas,<br />

em solo semelhante ao da Figura 5.<br />

EVOLUÇÃO E CRONOLOGIA DOS EVENTOS<br />

Po<strong>de</strong>mos esquematizar uma primeira aproximação da evolução até os pedons atuais<br />

<strong>de</strong>stes solos, na seguinte seqüência: durante a época correspon<strong>de</strong>nte ao Wisconsin, teríamos


190 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

lI'edominantemente processos erosivos em clima mais seco, que foi gradualmente umidificando e<br />

ocasionando na Campanha do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul <strong>de</strong>pósitos em planícies <strong>de</strong> inundação das bacias<br />

locais e na Planície Costeira áreas lacustres e lagunares, , muitas vezes com características paludais,<br />

inclusive com influência marinha, <strong>de</strong>vido ao episódio transgressivo correspon<strong>de</strong>nte ao optimum<br />

pós-glacial, após o qual,as condições flutuaram novamente para mais seco, dando-se, então,<br />

a pedogênese <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>pósitos sedimentares, agora expostos. É durante este período, que<br />

cEvem ter estado em vigência as condições que possibilitaram a precipitação das concreções <strong>de</strong><br />

carbonato <strong>de</strong> cálcio. Com o retorno <strong>de</strong> clima mais úmido, até as atuais condições, contimaram<br />

cs processos pedogenéticos, agora traduzindo-se numa maior lixiviação, acidificação dos horizontes<br />

superficiais e início da transformação das argilas 2:1 em 1:1. Ao que parece, iniciou também<br />

a dissolução das concreções (Fig. 4).<br />

As consi<strong>de</strong>rações acima sobre a história evolutiva dos perfis, nos levam a concluir<br />

que estes solos <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados policíclicos e não paleossolos no conceito <strong>de</strong> Ruhe (1965),<br />

como querem Soliani Jr. e Jost (Soliani Jr., op. eit.).<br />

Fig. 7 - Aspecto em <strong>de</strong>talhe do horizonte C <strong>de</strong> um corte semelhante ao da Figura 5, vendo-se um fóssil <strong>de</strong><br />

mamífero in situo


BOMB/N, KLAMT 191<br />

Quanto à cronologia absoluta dos eventos acima e~postos, a dat~ção <strong>de</strong> um crânio<br />

<strong>de</strong> Glossotherium nas seqüências médias dos <strong>de</strong>pósitos fluviais dos quais se originaram solos da<br />

classe Em questão, em 12.770:t 220 aP, bem como a datação dos mamíferos encontrados nos<br />

<strong>de</strong>pósitos lacustres subjacentes aos solos eqüivalentes da Planície Costeira, em 7.000 a 9.000 aP,<br />

estabelocem aproximadamente a ida<strong>de</strong> média dos horizontes R. A datação <strong>de</strong> material arqueológico<br />

existente ao longo dos perfis da Campanha e que está sendo estudado por E. Th.<br />

Miller como parte do citado Paleoindian Research da Smithsonian Institution , revela ida<strong>de</strong>s cuspidais<br />

para os <strong>de</strong>pósitos fluviais pré-pedogênicos em tomo dos 4.000 anos. Finalmente, transp:>rtando<br />

as datações aceitas por Bigarella (1964) e Vanzolini e Ab'Saber (1968) para o início da<br />

fase seca em aproximadamente 3.500 aP e o fim em aproximadamente 2.400 aP no Sul do<br />

Brasil, que po<strong>de</strong> ser ainda reforçado pela datação do sítio arqueológico <strong>de</strong> Alfredo Wagner em<br />

Santa Catarina, em 3.000:t 120 aP e que atualmente é um <strong>de</strong>pósito paludal, indicando naquela<br />

~oca condições mais secas, po<strong>de</strong>ríamos então, tentativamente colocar a fase seca responsável<br />

pela gênese das concreções neste período, o que vem a estar aproximadamente <strong>de</strong> acordo com<br />

Setzer (op. cit.) e em <strong>de</strong>sacordo com Delaney (op. cit.), Soliani Jr. (op.cit.) e Jost (op. cit.) que<br />

aventam ida<strong>de</strong>s pleistocênicas ou no máximo no limite Pleistoceno-Holoceno. Esta hipótese <strong>de</strong><br />

na<strong>de</strong> para o período seco recente, também está <strong>de</strong> acordo com um avanço neoglacial generalizado,<br />

nesta época, segundo Denton e Porter (1970).<br />

Fig. 8 - Detalhe do horizonte Cca, na área da Figura 5, mostrando um bivalve dulciaqüícola (indicado pela seta)<br />

fossilizado em posição <strong>de</strong> vida, atestando a natureza fluvial permanente dos sedimentos.


192 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

CONCLUSÚES<br />

Existe no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul uma classe <strong>de</strong> solos argilosos escuros com caracteristicas<br />

aparentadas, especialmente com relação à presença <strong>de</strong> horizontes ca, que po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong><br />

indicadaes paleoclimáticos, pois as condições atuais parecem não indicar a sua formação no<br />

lI"esente, até pelo contrário, há indicações <strong>de</strong> dissolução dos mesmos, <strong>de</strong>vendo portanto, admitir-se<br />

um clima mais seco para a sua gênese, a julgar pelas condições em que atualmente estão<br />

se formando em outros pontos do globo.<br />

Estes solos encontram-se atualmente em condições ecológicas semelhantes (clima,<br />

vegetação, horizonte R, posição na paisagem, etc.) e <strong>de</strong>vem ter evoluído paralelamente durante a<br />

pedogÊnese.<br />

Os parques <strong>de</strong> espinilho (com Prosopis e Gledischia) e os parques <strong>de</strong> cina-cina (com<br />

Parkinsonia aculeata), ainda sobre estes solos em alguns casos, po<strong>de</strong>riam representar relictus <strong>de</strong><br />

vegetaçoo que reforçariam a idéia <strong>de</strong> clima mais seco em passado próximo.<br />

Há evidências que indicam policiclicida<strong>de</strong>, inclusive com reversão do processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> CaC03, aumento da aci<strong>de</strong>z e início <strong>de</strong> alteração das argilas 2:1 para 1:1.<br />

A seqüência <strong>de</strong> eventos que levaria ao status atual <strong>de</strong> pedogênesé <strong>de</strong>stes solos, seria<br />

resumidamente: <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> sedimentos fluviais, lacustres ou lagunares durante clima úmido -<br />

começo da flutuação para clima mais seco com exposição dos sedimentos e início da pedogênese<br />

(cobertura vegetal <strong>de</strong> pradaria com início <strong>de</strong> formação do A e do B textural) - flutuação climática<br />

para clima mais seco em seu climax com <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> CaC03 - retomo gradual as condições<br />

úmidas atuais e início da reversão dos horizontes ca, acidificação do solo e alteração das<br />

argilas.<br />

As datações propostas para esta seqüência, baseadas em medições radiométricas do<br />

C14 em fósseis <strong>de</strong> mamíferos e <strong>de</strong> evidências arqueológicas presentes em diversos níveis <strong>de</strong> perfis,<br />

bem como em extrapolações <strong>de</strong> outras datações obtidas para o Sul do Brasil (para a fase<br />

seca), seriam as seguintes: entre 20.000 aP e 4.000 aP, <strong>de</strong>posições fluviais,lacustres,lagunares e até<br />

marinhas rasas (estas duas últimas na Planície Costeira) . entre 4.000 aP (ou um pouco antes) e o<br />

presente, afetua-se a pedogênese, o que dá uma ida<strong>de</strong> bastante jovem para os solos em questão -entre<br />

3.500 aP e 2.400 aP se daria a fase seca responsável pela <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> CaC03, que inclusive<strong>de</strong>u-!!e<br />

sobre material arqueológico e fósseis, o que permitiria afirmar que pelo menos na região estudada, a<br />

extinção da megafauna foi anterior à <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> CaC03' não po<strong>de</strong>ndo ser explicada por este período<br />

seco tão recehte.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

à Smithsonian lnstitution. ao Prof. Eurico Th. Miller e especialmente à Pontifícia<br />

Universida<strong>de</strong> Católica do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e ao Prof. Jeter J. Bertoletti, pelas facilida<strong>de</strong>s<br />

oferecidas e que possibilitaram este trabalho.<br />

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ESTRUTURAS SEDIMENTARES NO REVERSO<br />

DA PRAIA DA BARRA DA TIJUCA<br />

JORGE XAVIERDASILVA,JORGE SOARES MARQUES<br />

ABSTRACT<br />

In the co truction of .kyocrapers foundati n Bamo da Tijuca Beach (Rio <strong>de</strong> Janeiro city) , the hidroetatic levei wa.<br />

quickJy lowered by a suction sy.tem.<br />

It was pos.ible to .ee the sub.oil .tructure at the area . in front of the beach. This i. an unusual fact ... it is attested by the<br />

biography of coastol .tudy.<br />

The conclu.ion. about the sedimento (texture and .tlUcture) are reatricted to the ...,.pstered documentation.<br />

They don't intand to prove pre<strong>de</strong>tannined hypothesis about the origin, the age and the relation.hip among .t..,died feature..<br />

INTRODUÇÃO<br />

Informações concernent.es a texturas e estruturas sedimentarei encontradas na sub-<br />

!Ilperfície do reverso da praia atual (Fig. 1) da Barra da Tijuca são apresentadas neste trabalho.<br />

As investigações <strong>de</strong> Bigarella e outros pesquisadores em estudos costeiros indicam<br />

ser relativamente difícil encontrar registros das condições do sub-solo em área tão próxima à<br />

praia, on<strong>de</strong> o nível hidrostático acha-se a pouca profundida<strong>de</strong>. Neste sentido ofereceu-se oportunida<strong>de</strong><br />

singular na área da Barra da Tijuca on<strong>de</strong> foi rebaixado o nível hidrostático rapidamente,<br />

por um sistema <strong>de</strong> bombeamento, para construção das fundações <strong>de</strong> edificações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

porte (torres <strong>de</strong> cêrca <strong>de</strong> 30 andares), que se situam no reverso da restinga atual, entre a praia e<br />

a lagoa <strong>de</strong> Marapendi.<br />

O recolhimento <strong>de</strong> informações não visou a comprovação <strong>de</strong> nenhuma hipótese préestabelecida<br />

quanto à origem, ida<strong>de</strong> e relacionamento entre as feições estudadas. As conclusões<br />

apresentadas restringem-se à documentação registrada no trabalho.<br />

Esta pesquisa foi amparada pelo C N Pq e pelo CEPG da UFRJ e repre.enta um rePtro inicial <strong>de</strong> certa. ocorrflncias .ub..uperticiais na<br />

ár_ da Barra da Tijuca. Eocavaçiles nec_árias à con.truçio <strong>de</strong> outro. l1"an<strong>de</strong>s prédios eetio projetada.. Da realiaçlo e andamento d....<br />

ob_ dapen<strong>de</strong>oaa _tlyaçio do tipo eepeáAeo <strong>de</strong> inv"icaçill aq1lieacetada.


196 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

.." "<<br />

----<br />

c<br />

;;; o:<br />

:z:<br />

...<br />

z<br />

ii:<br />

..<br />

Fig. 1 - Localização das Trincheiras.<br />

UNIDADE A<br />

UNIDADE 8<br />

UNIDACE C<br />

UNIDU( D<br />

AVENI~<br />

SERHAMBETlBA<br />

__ _ _ __ _ __u ___ _ _ _ _ _ ___<br />

----- ~41.e _. +- - -- 78.4__ - --i<br />

------<br />

.. I III<br />

I<br />

2,2...<br />

I<br />

I<br />

1______<br />

" TOPO DA UNIDADE<br />

TRINCHEIRAS<br />

Fig. 2 - Trincheira 1 - Unida<strong>de</strong>s<br />

EI<br />

:.<br />

~I<br />

!<br />

1.<br />

ESCALA<br />

:1.mL<br />

:1Dm<br />

NIVEL DA MARE<br />

As técnicas utilizadas foram as <strong>de</strong> levantamento topográfico usual, recolhimento e<br />

análises granulométricas <strong>de</strong> amostras, registros fotográficos e diagramáticos das estruturas<br />

primárias encontradas, inclusive <strong>de</strong>terminação da atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> estratos cruzados através do estereo-<br />

OOdreo-planímetro. No nível inferior da escavação foi recolhido um testemunho com tubo <strong>de</strong> PVC<br />

que penetrou até 1,90 m no terreno e do qual foram tiradas radiografias. Entre as trenicas<br />

usadas po<strong>de</strong>m ainda ser citadas a análise <strong>de</strong> mapas topográficos em várias escalas e fotografias<br />

aérea3 .<br />

Foram analisadas 3 exposições <strong>de</strong>ntro das escavações (Fig. 1). Em caráter preliminar<br />

foram i<strong>de</strong>ntificados 4 gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>s estratigráficas (Fig. 2), a saber:<br />

A) O solo, com cerca <strong>de</strong> 2 m, constituído <strong>de</strong> areia quartzosa, <strong>de</strong> talhe médio,<br />

apresentando variação <strong>de</strong> cor, <strong>de</strong> cinza no topo a castanho na base. A superfície do terreno achase<br />

coberta por vegetação rasteira típica <strong>de</strong> restinga, o que gera abundância <strong>de</strong> raizes nos primeiros<br />

60 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Não foram i<strong>de</strong>ntificadas estruturas primárias ao longo <strong>de</strong>sta<br />

PRAIA


S/L VA, MARQUES 197<br />

unida<strong>de</strong> estratigráfica.<br />

B) Esta unida<strong>de</strong>, com espessura <strong>de</strong> 1,30 m, é constituída <strong>de</strong> areia grossa quartzosa<br />

<strong>de</strong> cor castanho escura e apresenta em toda sua extensão estratos cruzados cujas atitu<strong>de</strong>s foram<br />

registradas (Fig. 3 - rosa das atitu<strong>de</strong>s dos estratos cruzados e direção predominante do mergulho).<br />

ÂNGULOS GERAIS<br />

1-00 1.'1 .0 'I.8ft-..<br />

't- 00 1'0 ,. ..o .,..,.- 8'<br />

UNIDADES<br />

A B C O<br />

] .153 0,650 0,850 ],633<br />

],300 0,700 ],250 1,667<br />

1,233 0,850 0,933<br />

0,817<br />

0,767<br />

0,750<br />

N<br />

w E<br />

Fig. 3 - Rosa das atitu<strong>de</strong>s dos estratos cruzados e<br />

direção predominante do mergulho.<br />

C) Esta unida<strong>de</strong> é composta <strong>de</strong> camadas arenosas <strong>de</strong> areia grossa e média <strong>de</strong> coloração<br />

escura sendo possível distiIíguir 4 estratos.<br />

O primeiro <strong>de</strong> areia grossa com espessura <strong>de</strong> 5 cm, variação lateral em textura e espessura<br />

e limite inferior nítido com o estrato argiloso que lhe é inferior.<br />

O segundo estrato <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> é um folhelho com espessura variando entre 4 e 8<br />

em ao longo <strong>de</strong> 7 m no sentido da lagoa a<strong>de</strong>lgaçando-se no sentido da praia atual chegando a<br />

&<br />

MATRIZ DE DADOS - MÉDIA ARITMÉTICA (Valores em


198 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fonte <strong>de</strong> Variação SQ GL QM Ftab FC G..!!ill.amentos por MDS<br />

(MDS ~0,231369)<br />

Entre Unida<strong>de</strong>s 1.340223 3 0,446740 3,626 24.83788"<br />

Residual 0,197849 11 0,017986<br />

Total 1,538072 14<br />

.-----<br />

TABELA DE ANÁLISE DE VARIÂNCIA<br />

Unida<strong>de</strong> Val. da Med<br />

u= 0,7557 I<br />

a= 1,0875<br />

12287 I<br />

CQ=: 1,6500 I<br />

<strong>de</strong>saparecer a cerca <strong>de</strong> 26 m naquele sentido.<br />

Entre as lâminas argilosas <strong>de</strong>sse folhelho ocorrem grânulos esparsos <strong>de</strong> areia.<br />

O terceiro estrato é constituído <strong>de</strong> uma areia média <strong>de</strong> coloração creme castanho com<br />

pequenos estratos sub-horizontais; sua espessura é <strong>de</strong> 3 cm.<br />

O quarto e último estrato componente <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> é uma areia creme na porção<br />

superior, tornando-se castanha no seu limite inferior. Neste estrato aparecem manchas negras<br />

que são i<strong>de</strong>ntificáveis como vestígios <strong>de</strong> conchas por, em alguns casos, apresentarem ainda<br />

preservadas algumas caracteristicas <strong>de</strong> carapaças <strong>de</strong> moluscos.<br />

Os limites entre os estratos componentes <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> estratigráfica são irregulares,<br />

com exceção do limite superior do folhelho que apresenta contato nítido sub-horizontal. A espessura<br />

<strong>de</strong>ste estrato é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 15 cm.<br />

D) Esta unida<strong>de</strong> é composta <strong>de</strong> areia média, creme, com estratos sub-horizontais<br />

bem <strong>de</strong>finidos quando o material está seco por exposição no corte da trincheira, na sua porção<br />

inferior. Seu contato com a unida<strong>de</strong> acima (C) é irregular e a espessura total <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> é <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 40 em. Pela inspeção da radiografia do testemunho <strong>de</strong> 1,90 m, obtido a partir <strong>de</strong>ste<br />

nível, que é o fundo da trincheira, po<strong>de</strong>-se verificar a continuação <strong>de</strong> estratos sub-horizontais até<br />

a profundida<strong>de</strong> testemunhada.<br />

1~ Conclusão<br />

CONCLUSÚES<br />

A análise conjugada das exposições existentes no local indica que existem quatro<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>finíveis por:<br />

a) Diastemas i<strong>de</strong>ntificáveis entre essas unida<strong>de</strong>s;<br />

b) Presença ou ausência <strong>de</strong> estruturas primárias, não existentes na unida<strong>de</strong> (A) que é<br />

o solo; constituídas <strong>de</strong> estratos cruzados na unida<strong>de</strong> (B); constituídas <strong>de</strong> quatro camadas, uma<br />

das quais um folhelho, na unida<strong>de</strong> (C) , e constituídas, finalmente, por estratos sub-horizontais<br />

m unida<strong>de</strong> (D).<br />

c) Características texturais, conforme documentado no esquema <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> variância<br />

apresentado na Figura 4, referente asmedidasgranulométricas dos sedimentos (parâmetro <strong>de</strong><br />

maior po<strong>de</strong>r diagnóstico (Xavier da Silva et alii, 1973), no qual se verifica que as unída<strong>de</strong>s B e D são<br />

diferentes das outras e que as unida<strong>de</strong>s A e C são semelhantes em termos <strong>de</strong> médias granulométricas.<br />

Ê necessário, entretanto, notar que estas unida<strong>de</strong>s semelhantes A e C estão separadas fisicamente<br />

pela unida<strong>de</strong> B.<br />

Po<strong>de</strong>-se assim afirmar que as quatro unida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas em campo são reconhecíveis<br />

pelas análises <strong>de</strong> suas estruturas primárias e <strong>de</strong> suas texturas sedimentares.<br />

2! Conclusão<br />

A seqüência estratigráfica analisada indica condições ambientais semelhantes as<br />

atuais, <strong>de</strong> um modo geral. Certas observações permitem, no entanto, estabelecer algumas inferências<br />

quanto a situações ambientais ocorridas no passado recente da área:


S/L VA, MARQUES 199<br />

a) A presença <strong>de</strong> estratos cruzados em material arenoso com menor coeficiente <strong>de</strong><br />

dispersão (ar para a unida<strong>de</strong> B = 0,3768; para a unida<strong>de</strong> D = 0,4130; para a unida<strong>de</strong> A=<br />

0,4193 e para a unida<strong>de</strong> C =0,4452) entre as 4 unida<strong>de</strong>s estratigráficas analisadas<br />

po<strong>de</strong>ria indicar ação eólia e conseqüentemente superfície <strong>de</strong> terreno livre <strong>de</strong> vegetação. Esta<br />

hipótese tem sua sustentação tomada precária pelo talhe grosseiro <strong>de</strong>sse material arenoso. Po<strong>de</strong><br />

ser levantada, então, a hipótese <strong>de</strong> serem estes estratos provenientes da presença <strong>de</strong> mna conexão<br />

esporádica, no passado recente da área, entre o mar e a lagoa <strong>de</strong> Marapendi.<br />

b) A presença <strong>de</strong> um folhelho em processos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>lgaçamento na área abrangida<br />

pelas trincheiras indica estar, naquele local, o limite da extensão da lagoa próxima (lagoa <strong>de</strong><br />

Marapendi). Tal lagoa, no caso, esten<strong>de</strong>u-se até o local do atual reverso da restinga e foi recoberta<br />

por cerca <strong>de</strong> 3,60 m <strong>de</strong> sedimentos arenosos.<br />

c) A direção geral do mergulho dos estratos cruzados é <strong>de</strong> N 120 W. Os ventos mais<br />

importantes na área atualmente são os <strong>de</strong> SE e SW. A atitu<strong>de</strong> geral dos estratos cruzados indica<br />

um fluxo orientado no sentido do interior. Po<strong>de</strong>mos afirmar em conseqüência, que tanto as<br />

estruturas primárias como a presença <strong>de</strong> conchas,.as quais também ocorrem no fundo da lagoa<br />

vizinha, juntamente com a textura do material encontrado nas exposições estudadas, indicam<br />

semelhança entre as condições ambientais presentes e aquelas vigorantes quando da <strong>de</strong>posição<br />

do material que constitui o sub-solo da área estudada.<br />

BILBIOGRAFIA<br />

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CONCEITO DE FACIES EM GEOLOGIA MARINHA<br />

IVAN DE MEDEIROS TINOCO*<br />

ABSTRACT<br />

Critical reading of the papel!! on the faciological mapping of the submel!!ed Brazilian continental shelf reveals that different con.<br />

cepte of the term facies. as they were used. are entirely lacking of an environmental significance. In the referred papers such concepts are either<br />

geographical . morphological, sedimentological (grain size) , O


202 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Em 1893-94, Walther, re<strong>de</strong>finiu facies como. sendo a soma dos caracteres primários <strong>de</strong><br />

uma rocha sedimentar, enunciando a conhecida lei das facies. Tal conceituação não obteve aceitação<br />

geral por não permitir classificar aspectos dos mais importantes, tomo a dolomitização, silicificação<br />

etc., por serem caracteres secundários <strong>de</strong> uma rocha.<br />

Nos vários conceitos antigos havia unida<strong>de</strong> na diversida<strong>de</strong>, todos consi<strong>de</strong>ravam basicamente<br />

o conjunto <strong>de</strong> aspectos, não um único aspecto.<br />

Mo<strong>de</strong>rnamente, a literatura geológica registra o termo facies com vários significados<br />

baseados em 1) relações estratigráficas, 2) caracteres litológicos, 3) composição biológica, 4) forma<br />

ou condições estruturais, 5) alterações metamórficas, 6) localização ou distribuição geográfica, 7)<br />

relações temporais, 8) influências ambientais, 9) situação e controle tectônico, 10) implicações<br />

genéticas, 11) composição química, 12) composição mineralógica e, provavelmente outros.<br />

Ê evi<strong>de</strong>nte que tal diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conceitos é supérflua e <strong>de</strong>snecessária. Observa-se, que<br />

uma mesma área foi sucessivamente mapeada com fundamento nos caracteres litológicos, ou pela<br />

composição mineralógica, ou distribuição <strong>de</strong> fósseis ou caracteres ambientais, em diferentes facies,<br />

sem que tais mapeamentos forneçam informações sobre as relações entre as mesmas. Se tal mapeamento<br />

fosse verda<strong>de</strong>iramente faciológico cada facies em único mapeaménto seria caracterizada<br />

por uma feição litológica, uma composição mineralógica, uma associação paleontológica e uma influência<br />

ambiental particular.<br />

Uma hipótese <strong>de</strong> trabalho, no caso facies, que oferece solução a um problema particular,<br />

tem uma existência isolada e liga imperfeitamente resultados diversos, mas intrinsicamente interligados.<br />

Representando o termo facies uma idéia abstrata e sintética, sua melhor conceituação<br />

seria aquela que logicamente revela a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se alargar em todas as direções, apresentando<br />

sempre correlações naturais e inevitáveis com interpretações válidas a outras partes da realida<strong>de</strong>.<br />

Nesse sentido, facies seria uma imagem físico-geográfica <strong>de</strong> uma rocha ou sedimento,<br />

resultante dos caracteres petrográficos, paleontológicos, geoquímicos, estruturais, texturais etc.<br />

<strong>de</strong>sses sedimentos, susceptíveis <strong>de</strong> serem utilizados na interpretação do ambiente <strong>de</strong> sedimentação.<br />

Tal conceito é válido tanto no estudo dos sedimentos recentes que permitiriam a organização<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los ambientais reais, como no estudo dos sedimentos pela organização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />

correlatos aos ambientais, já que em ambos, os mesmos parâmetros seriam utilizados, permitindo<br />

assim visualizar o ambiente antigo <strong>de</strong> sedimentação.<br />

A noção <strong>de</strong> facies não po<strong>de</strong> ser dissociada daquela <strong>de</strong> microfacies. A granulometria, a<br />

microfauna, os fenômenos <strong>de</strong> diagênese ou <strong>de</strong> corrosão, as interrelações entre os minerais e os elementos<br />

microscópicos (minerais e microestruturas) são do domínio das microfacies. A técnica <strong>de</strong><br />

microfacies e sua utilização em estratigrafia é bem exposto por Carozzi et alii (1973) para calcários e<br />

Mabesoone (no prelo) para os arenitos.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento atual da paleoecologia está voltado principalmente para a <strong>de</strong>terminação<br />

dos ambientes antigos <strong>de</strong> sedimentação, não prescin<strong>de</strong> dos conhecimentos fornecidos pelos<br />

estudos das facies recentes, tanto do domínio marinho, como do continental.<br />

Uma facies po<strong>de</strong> sofrer influência ou mesmo resultar da ação dos ambientes interferentes.<br />

Estes são ambientes <strong>de</strong> domínio diferente que se superpõem ou justapõem à facies consi<strong>de</strong>rada~<br />

Uma facies marinha (domínio marinho) interrompida por uma facies fluvial (domínio<br />

misto) não po<strong>de</strong> ser estudada sem que se faça interferir elementos <strong>de</strong>sse ambiente interferente<br />

(facies estuarianas, <strong>de</strong>ltaicas etc.). Os sedimentos <strong>de</strong> facies marinha po<strong>de</strong>m permitir conhecer a<br />

origem dos componentes, o modo <strong>de</strong> transporte, o ambiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e das condições <strong>de</strong> sedimentação.<br />

Unicamente estes dados permitem conhecer até on<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong> a influência do ambiente<br />

interferente.<br />

PARÂMETROS FACIOLÚGlCOS<br />

Os parâmetros ou aspectos a serem consi<strong>de</strong>rados para <strong>de</strong>terminação das facies po<strong>de</strong>m<br />

ser resumidos em:<br />

Geometria do <strong>de</strong>pósito<br />

Ê uma função da topografia pré-<strong>de</strong>posição, erosão e <strong>de</strong>formação tectônica. Ê conhecida


T/NOCO<br />

a <strong>de</strong>pendência da acumulação dos oligoelementos nos sedimentos, das condições tectônico - topográficas<br />

dos fundos (armadilhas), on<strong>de</strong> tais elementos ficam protegidos da dispersão e transporte e on<strong>de</strong><br />

há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um certo grau <strong>de</strong> agitação para que se processe a oxidação, caso tais elementos<br />

provenham <strong>de</strong> produtos orgânicos (P205). Farias e Dantas (1972), mostram interessantes fotografias<br />

on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> observar as concentrações <strong>de</strong> minerais pesados nas calhas das marcas <strong>de</strong> onda.<br />

Litologia<br />

De gran<strong>de</strong> importância faciológica e gran<strong>de</strong> significado ambiental. Permite bem maior<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microfacies isópicas notadamente em se tratando <strong>de</strong> sedimentos carbonáticos.<br />

Entre os autores observa-se o gran<strong>de</strong> realce emprestado aos sedimentos elásticos, principalmente<br />

pela realização <strong>de</strong> análises granulométricas. Vale contudo salientar, que esses sedimentos<br />

resultam não somente do ambiente em que se <strong>de</strong>positam, mas também da história pretérita do<br />

transporte e do tipo <strong>de</strong> rocha da qual <strong>de</strong>rivam. Úm sedimento bem selecionado não resulta necessariamente<br />

<strong>de</strong> um ambiente que possibilitasse tal tipo <strong>de</strong> sedimentação, porque os grãos po<strong>de</strong>m préexistir<br />

nas rochas mais antigas que margeiam a bacia.<br />

Seria interessante um estudo dos sedimentos clásticos marinhos atuais, relacionados às<br />

rochas da margem continental aflorante na costa.<br />

Estruturas sedimentares<br />

Ê um importante indicador <strong>de</strong> facies sedimentar. Em sua maioria as publicações sobre<br />

geologia marinha carecem <strong>de</strong> tal tipo <strong>de</strong> aspecto o que <strong>de</strong>corre do método <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> material,<br />

geralmente dragado. Só será possível o estudo <strong>de</strong>sse caracter em material <strong>de</strong> sondagem, testemunhos.<br />

Baumgarton et alii (1973) e Suguio (1973), já transcrevem a significação ambiental dos<br />

diversos tipos <strong>de</strong> estruturas sedimentares, incluindo uma terminologia em Português.<br />

Energia da bacia (Dinâmica)<br />

Ê geralmente medida por análise granulométrica e morfoscópica dos sedimentos, acumulação,<br />

<strong>de</strong>sagregação e fragmentação <strong>de</strong> restos orgânicos. Vale notar que todos esses métodos<br />

<strong>de</strong>vem ser olhados com certa reserva como foi visto anteriormente no item litologia. A acumulação<br />

<strong>de</strong> conchas po<strong>de</strong> resultar da razão <strong>de</strong> sedimentação, como <strong>de</strong>monstrado por Tinoco (1973) nos sedimentos<br />

que recobrem os bancos imersos ao largo da costa nor<strong>de</strong>stina. A dissociação <strong>de</strong> conchas ou<br />

peças articuladas <strong>de</strong> organismos, po<strong>de</strong> ser consequência da ausência <strong>de</strong> articulações firmes (charneira)<br />

em locais <strong>de</strong> pouca sedimentação; o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> conchas po<strong>de</strong> resultar do enorme tempo <strong>de</strong><br />

exposição em locais <strong>de</strong> pouca ou nenhuma sedimentação; a fragmentação, por sua vez, po<strong>de</strong> ser<br />

originada por causas alheias à energia da bacia, como ação <strong>de</strong> organismos predadores perfuradores,<br />

juntamente à exposição, ou mesmo que tais fragmentos resultem da passagem pelo trato intestinal<br />

<strong>de</strong> organismos predadores.<br />

Componentes bióticos dos sedimentos<br />

Este caráter faciológico permite, pela classificação biológica dos organismos, alcançar<br />

conclusões paleocológicos (coerência ecológica) como também atingir resultados dos mais prometedores<br />

pelo estudo dos restos orgânicos como grãos dos sedimentos (Paraecologia). No primeiro<br />

caso, po<strong>de</strong>m servir como indicadores ambientais, fornecendo dados não impressos nos sedimentos,<br />

como a temperatura, salinida<strong>de</strong> ect. do meio, além da ida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>pósito.No segundo caso, permitem<br />

reconhecer a razão <strong>de</strong> sedimentação, profundida<strong>de</strong> da bacia, pela razão <strong>de</strong> dominância, índice <strong>de</strong><br />

variabilida<strong>de</strong>, morfologia funcional, etc. Destacam-se entre esses componentes, os foraminíferos<br />

pela gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> em que ocorrem nos sedimentos marinhos e pelas numerosas observações<br />

expostas na vasta bibliografia internacional.<br />

A gran<strong>de</strong> importância dos componentes bióticos po<strong>de</strong> ser divisada em sua plenitu<strong>de</strong> pelo<br />

e::ltudo da compo::lição química <strong>de</strong>et~. Se conei<strong>de</strong>rW'mo5 a concentração média <strong>de</strong> algum! elemento5<br />

químicos na fração mineral dos organismos (cerca <strong>de</strong> 0,9 a 11,9%, em média, do peso fresco dos organismos)<br />

e comparamos com as concentrações médias dos mesmos elementos na água do mar e nos<br />

203


-----<br />

204 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

sedimentos (do Cretáceo p. ex.), verificaremos que os organismos são maiores armazenadores dos<br />

componentes químicos do meio.<br />

Alguns minerais <strong>de</strong> cálcio e fósforo, po<strong>de</strong>m constituir gran<strong>de</strong> porção da fração mineral<br />

dos organismos. O cálcio po<strong>de</strong> atingir entre 90 e 99% nos moluscos e, 40 -54 % entre os corais. O<br />

fósforo po<strong>de</strong> constituir 40 % da fração mineral dos peixes e 13 % das algas.<br />

A Tabela I, <strong>de</strong>monstra que a concentração <strong>de</strong> alguns elementos nos organismos atinge<br />

valores altíssimos em relação a do meio que os cerca; o cobre alcança um fator <strong>de</strong> concentração da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 20 x 106 e o zinco, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 x 106.<br />

Alguns autores negam a existência <strong>de</strong> calcários por precipitação exclusivamente química,<br />

apontando uma origem bioquímica para todos os calcários, mesmo para os calcários <strong>de</strong> cavernas.<br />

Não é <strong>de</strong> estranhar tal excesso <strong>de</strong> afirmativas extremadas, quando se consi<strong>de</strong>ra (Tab. 2) a<br />

biomassa ao largo da Califórnia em função da profundida<strong>de</strong> citada por Peres (1956 - in Slanski e<br />

Fomonnier, 1973).<br />

A produção <strong>de</strong> carbono orgânico anual é estimada em 475 t/km2 para uma região <strong>de</strong> alta<br />

produtivida<strong>de</strong> (Peres e Devereze, 1964).<br />

Calvert (in Slanski e Fomonnier, 1973) avaliou em 1,5 x 107 t/ano <strong>de</strong> sílica biológica,<br />

<strong>de</strong>positada numa superfície <strong>de</strong> 30000 km2, ou seja, 500 t anuais por km2.<br />

Pelo exposto, a ação dos organismos na distribuição dos oligoelementos nos sedimentos<br />

favorece a consi<strong>de</strong>ração inalienável dos organismos na <strong>de</strong>terminação das facies marinhas. Estabelecer<br />

os limites <strong>de</strong>ssa ação dos organismos nos sedimentos, é fato ainda a estudar.<br />

Composição química<br />

Este último parâmetro, intimamente ligado aos anteriores, tem sido muito <strong>de</strong>stacado<br />

nos últimos anos. Alguns autores expõem mapas <strong>de</strong> distribuição dos diversos elementos, sem consi<strong>de</strong>rarem<br />

contudo a precarieda<strong>de</strong> do próprio método geoquímico. Entre os elementos maiores, como<br />

cálcio, cujos teores são representados em percentagem do sedimento, os erros, apesar <strong>de</strong> existirem,<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sprezíveis. Entre os elementos menores, com teores representados em p.p.m (=<br />

rng/kg) tal erro é enorme, dada a heterogeneida<strong>de</strong> da amostra. Consi<strong>de</strong>rando que para análise<br />

utiliza-se uma fração <strong>de</strong> 2,5 g <strong>de</strong> uma amostra i<strong>de</strong>al (lkg), tal erro po<strong>de</strong>rá alcançar mais <strong>de</strong> 65 %,<br />

po<strong>de</strong>-se avaliar a precarieda<strong>de</strong> da utilização <strong>de</strong> tais valores.<br />

TABELA 1<br />

Concentração dos elementos em ppm<br />

ELEMENTOS NOS SEDIMENTOS NA ÁGUA DO MAR NOS ORGANISMOS<br />

Cobalto<br />

Cromo<br />

Cobre<br />

Gálio<br />

Chumbo<br />

Molib<strong>de</strong>no<br />

Níquel<br />

Vanádio<br />

Zinco<br />

Titânio<br />

Ferro<br />

13,0<br />

94,0<br />

37,50<br />

18,0<br />

23,0<br />

7,35<br />

42,S<br />

20,0<br />

122,5<br />

0,0005<br />

0,00005<br />

0,003<br />

0,0005<br />

0,00003<br />

0,01<br />

0,002<br />

0,002<br />

0,01<br />

0,001<br />

0,01<br />

1,0<br />

2,0<br />

3.000,0<br />

0,40<br />

700,0<br />

60,0<br />

5,0<br />

560,0<br />

10.000,00<br />

40,0<br />

1.000,00<br />

Comparação entre os teores médios <strong>de</strong> alguns elementos químicos nos sedimentos,<br />

organismos e água do mar (Segundo vários aut'ores).<br />

Nos mapeamentos, usa-se uma simbologia com significados quantitativos dos teores <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> cada elemento. Nas escalas assim elaboradas os limites quantitativos são fixados sem<br />

base estatística, daí resultando mapas com numerosas ilhas e sem que os mapas <strong>de</strong> distribuição dos<br />

vários elementos se correlacionem. Tal fato não se verificaria caso os resultados fossem trabalhados<br />

estatisticamente e, representassem as relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência (coeficiente <strong>de</strong> correlação) <strong>de</strong> pelo<br />

menos dois elementos, tal como estudado e proposto por Lepeltier (1969).


TINOCO<br />

TABELA 2<br />

Biomassa marinha em relação à profundida<strong>de</strong><br />

PROFUNDIDADE ATOBENTOS ZOOBENTOS<br />

t/km2 t/km2<br />

1,5m<br />

7,Om<br />

15,Om<br />

4.667<br />

2.490<br />

1.972<br />

126<br />

329<br />

392<br />

TOTAL<br />

t/km2<br />

4.792<br />

2.819<br />

2.364<br />

A separação <strong>de</strong> fácies unicamente pela variação quantitativa <strong>de</strong> um elemento quimico<br />

ou mineralógico é <strong>de</strong>snecessária e supérflua, não apresentando qualquer objetivo prático ou teórico,<br />

uma amostra areno-argiloso e uma outra argilo-arenosa <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma<br />

faeies, em se tratando <strong>de</strong> uma área em escala <strong>de</strong> mapeamento.<br />

NOTAS SOBRE A TERMINOLOGIA<br />

Alguns vocábulos utilizados nos vários trabalhos precisam ser revistos por se tratarem<br />

<strong>de</strong> neologismo <strong>de</strong>snecessários.<br />

Lamítico<br />

Termo utilizado por alguns autores para <strong>de</strong>signar o fato do sedimento apresentar lama.<br />

Lamítico, seria com lamito, do mesmo modo que arenítico não significa com areia, mas com a condição<br />

<strong>de</strong> arenito (rocha). A terminação ito é utilizada para <strong>de</strong>signar rocha, alguns autores utilizam o<br />

termo sedimentito para <strong>de</strong>signar um sedimento litificado. Lama significa a mistura <strong>de</strong> argila, mais<br />

siltito mais água. A <strong>de</strong>signação correta seria lamoso, lamosa.<br />

Arenáceo<br />

Alguns autores utilizam o vocábulo para <strong>de</strong>signar a condição <strong>de</strong> ter areia. Neologismo<br />

<strong>de</strong>snecessário, <strong>de</strong>vendo ser substituído por arenoso, arenosa ou arenífero em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pósito fonte <strong>de</strong> areia. Po<strong>de</strong>-se utilizar arenáceo, <strong>de</strong>signando os foraminíferos aglutinados arenosos,<br />

no sentido <strong>de</strong> super-família.<br />

Transicional<br />

Vocábulo muito usado para dar a idéia <strong>de</strong> uma faeies misturada ou intermediária entre<br />

duas outras. Transição é o ato ou o efeito <strong>de</strong> transitar, passagem <strong>de</strong> um lugar para outi'O, ete. O adjetivo<br />

é utilizado em sentido temporal, mudar <strong>de</strong> um tom para outro, dando a idéia <strong>de</strong> efêmero, passageiro.<br />

Nunca se disse que o mulato seria a forma transieional do homem <strong>de</strong> cor preta para a cor<br />

branca, porque res\llta da mistura, miscigenação <strong>de</strong> caracteres, caso semelhante às facies citadas.<br />

Po<strong>de</strong>r-se-ia usar faeies transicional para uma faeies temporal, como por exemplo às lamas formadas<br />

por ocasião das gran<strong>de</strong>s enchentes. Nas chamadas facies transicionais, há mudança gradual,<br />

progressiva <strong>de</strong> uma faeies para outra, on<strong>de</strong> os caracteres <strong>de</strong> ambas se mesclam, se misturam. Seria<br />

uma interfacies, uma zona intercalar entre duas faeies distintas.<br />

Ocorrência quântico - relativa<br />

Nos mapas <strong>de</strong> distribuição quântico -relativas <strong>de</strong> elementos quimicos, a maior parte dos<br />

autores não consi<strong>de</strong>ram os erros inerentes ao método (coleta <strong>de</strong> material e àosagens).<br />

SUGESTOES<br />

São usados indiferentemente os vocábulos agregados e aglomerados, já há na biblio-<br />

205


206 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

grafia internacional a distinção entre seus significados.<br />

Aglomerado - Seria uma partícula composta <strong>de</strong> duas ou mais outras individuais ligadas<br />

sempre por forças coersitivas, relativamente fracas. Po<strong>de</strong> um aglomerado ser quebrado por técnicas<br />

ordinárias <strong>de</strong> dispersão, o aglomerado po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sfeito com a própria mão.<br />

Floculado Um corpo aglomerado por forças eletrostáticas, é a infra estrutura <strong>de</strong> todos<br />

os aglomerados.<br />

Agregado Uma partícula composta <strong>de</strong> duas ou mais outras individuais ligadas por<br />

fortes forças coersitivas. São estáveis aos processos comuns <strong>de</strong> dispersão e mesmo ao ultra som. Só<br />

<strong>de</strong>struidos com auxílio <strong>de</strong> força mecânica, com um martelo.<br />

Facies - Deve ser tratada como uma variação lateral <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> estratigráfica<br />

<strong>de</strong>finida. Um mapa <strong>de</strong> facies <strong>de</strong>ve ser o corolário natural <strong>de</strong>sse conceito. Deve ser i<strong>de</strong>ntificada<br />

como expressão empírica do conjunto <strong>de</strong> aspectos <strong>de</strong> um sedimento (respectivamente sedimentito)<br />

capazes <strong>de</strong> permitirem uma interpretação ambiental.<br />

Mapeamento - Dentro <strong>de</strong> uma facies, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar um ou vários aspectos separados,<br />

po<strong>de</strong>ndo tal ou tais aspectos serem mapeados, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das facies que caracterizam;<br />

o mapeamento das facies marinhas atuais <strong>de</strong>ve ser suceptível <strong>de</strong> aplicação no reconhecimento<br />

dos ambientes antigos <strong>de</strong> sedimentação e paleogeografia.<br />

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A DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA NA PRAIA DE JUQUEt (SP)<br />

ANTONIO CHRISTOFOLETTI*, ANTONIO GONÇALVES PIRES NETO*<br />

ABSTRACT<br />

The Juquei beach is Iocated in the litoral between Santo. am Slo SobaotiAo citie.. The .tatistica1 paromote.. <strong>de</strong>fined by FoIk<br />

and Ward (196 7) were utilized by Sahu (1964) with the fina1lity of to diocem <strong>de</strong>pooitionol enyironment.. The.e approoch.. were applled to J uquei<br />

beach and the enerl!)' distribuition .how. that there is enerl!)' variotions in the .hore, from thelow ti<strong>de</strong> to the landward. The low ti<strong>de</strong> niveau (PU<br />

ohow. Ie.. enerl!)' applicotion and the high ti<strong>de</strong> .horetine (P6) .how. greo.t enerl!)'. This diotribution wa. eaplicated a. conoequence ofthe magnitu<strong>de</strong><br />

and frequency of the wave.. In the low ti<strong>de</strong> niveau the waven. are ofhigh frequency and Iow intensity, but in the high ti<strong>de</strong>, inveroe1ly, the wave.are<br />

of low frequency and high intensity .<br />

RESUMO<br />

A praia <strong>de</strong> J uquei está localizada no litoral entre ao cida<strong>de</strong>. <strong>de</strong> Santos e Slo SebaotiAo (SP). A abordagem anaUtica baseia-.e na<br />

coracterizaçAo do. parâmetro. estabelecidos por FoIk e Ward (1957) e que foram utilizados por Sahu (1964) para di.comir o. ombienteo <strong>de</strong> <strong>de</strong>po.içIo.<br />

A distribuiçlo <strong>de</strong> energia mostra que ... variaçlo ao longo da zona intertidal, do nivel da maré baixa para o interior. O nive1 da maré<br />

baixa (Pl) mostra menor aplicoçlo, <strong>de</strong> energia enquanto o nivel da. maré alta (P5) inala maior enenria. E.ta distribuiçlo foi explicada como .endo<br />

conseqüência da magnitu<strong>de</strong> e freqüência da. ondas no nive1 da maré baixa, as onda. .10 freQÜente. e <strong>de</strong> baixa intensida<strong>de</strong>, no nive1 da maré alta a.<br />

onda. 910 <strong>de</strong> baixa e alta intenllida<strong>de</strong>.<br />

INTRODUÇAO<br />

As características granulométricas dos sedimentos po<strong>de</strong>m ser indicadoras da energia<br />

aplicada pelo processo quando da fase <strong>de</strong>posicional. Do ponto <strong>de</strong> vista granulo métrico , os parâmetros<br />

média, <strong>de</strong>svio padrão, curtose, variância e assimetria <strong>de</strong>finem as suas peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scritivas.<br />

Se a tais dados informativos aplicarmos a metodologia proposta por Sahu (1964), os parâmetros<br />

granulométricos po<strong>de</strong>m servir para analisar a variação <strong>de</strong> energia no ambiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição.<br />

Os parâmetros estatísticos <strong>de</strong>finidos por Folk e Ward (1957) foram utilizados por Sahu<br />

(op, cit.) a fim <strong>de</strong> estabelecer separações entre vários ambientes <strong>de</strong>posicionais, postulando que essa<br />

classificação era <strong>de</strong>vida às diversida<strong>de</strong>s energéticas e <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z ocorridas nos vários meios <strong>de</strong> transporte<br />

e nos ambientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. A melhor discriminação possível entre os ambientes, assim<br />

como entre os diversos processos implicados na <strong>de</strong>posição, é obtida colocando-se, em papel bilogarítmico,<br />

os valores ~ contra S (Kg) X S ( 12) Tais parâmetros significam:<br />

I<br />

S (Mz)<br />

S (Kg) - <strong>de</strong>svio padrão dos valores <strong>de</strong> curtose <strong>de</strong> um conjunto n <strong>de</strong> amostras, sendo n<br />

maior que 2;<br />

S (Mz) - <strong>de</strong>svio padrão dos valores <strong>de</strong> diâmetros médios <strong>de</strong>sse mesmo conjunto <strong>de</strong><br />

amostras;<br />

S (a I~. - <strong>de</strong>svio padrão dos valores <strong>de</strong> varíância <strong>de</strong>sse mesmo conjunto <strong>de</strong> amostras;<br />

~ - média das variâncias <strong>de</strong>sse mesmo conjunto <strong>de</strong> amostras,<br />

Dessa maneira, baseando-se no estudo granulo métrico , o presente trabalho visa estudar<br />

a distribuição da energia na praia <strong>de</strong> Juqueí.<br />

Trabalho elaborado com auXrlio da F APESP<br />

*FFCL/RC


208 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

CARACTERíSTICAS GRANULOMÉTRICAS DA PRAIA DE JUQUEí<br />

A praia <strong>de</strong> Juqueí encontra-se no Município <strong>de</strong> São Sebastião, distante da cida<strong>de</strong><br />

aproximadamente 40 Km, pela estrada que intérliga São Sebastião a Bertioga.'O terraço arenoso da<br />

praia <strong>de</strong> Juqueí apresenta largura média variando em torno <strong>de</strong> 60 a 70 m, enquanto a extensão<br />

medida correspon<strong>de</strong> a 3 650 m.<br />

Os dados granulométricos dos sedimentos praiais foram obtidos a partir da metodologia<br />

proposta por Folk e Ward (1957), sendo <strong>de</strong>tidamente analisada por Pires Neto (1974). As principais<br />

características po<strong>de</strong>m ser sumarizadas da seguinte maneira:<br />

a) o diâmetro médio das partículas indica tratar-se <strong>de</strong> areia fina, com valor <strong>de</strong> 0,17 mm;<br />

b) o <strong>de</strong>svio padrão obtido (0,451) mostra sedimento bem selecionado, segundo a escala<br />

qualitativa proposta por Folk e Ward para interpretar e classificar o grau <strong>de</strong> seleção dos sedimentos;<br />

c) a as simetria é negativa, com valor <strong>de</strong> -0,143;<br />

d) a curtose <strong>de</strong>monstra uma distribuição granulo métrica sob a forma <strong>de</strong> curva mesocúrtica.<br />

TABELA 1<br />

Dados calculados segundo a metodologia proposta<br />

por Soou (1964), para análise englobada<br />

<strong>de</strong> todas as amoskas coletadas.<br />

AMOSTRAS<br />

Pa 1<br />

Pa2<br />

Pa3<br />

Pa4<br />

Pa5<br />

Pa6<br />

Pa 7<br />

Pbl<br />

Pb2<br />

Pb3<br />

Pb4<br />

Pb5<br />

Pc1<br />

Pc2<br />

Pc3<br />

Pc4<br />

Pdl<br />

Pd 2<br />

Pd3<br />

Pd4<br />

Pkl<br />

Pk2<br />

Pk3<br />

Pk4<br />

Pk5<br />

Pe 1<br />

Pe 2<br />

Pe3<br />

~<br />

0.401<br />

0.378<br />

0.352<br />

0.300<br />

0.298<br />

0.263<br />

0.343<br />

0.554<br />

0.348<br />

0.281<br />

0.423<br />

0.425<br />

0.315<br />

0.324<br />

0.844<br />

0.490<br />

0.626<br />

0.363<br />

0.314<br />

0.573"<br />

0.882<br />

0.560<br />

0.498<br />

0.465<br />

0.498<br />

0.803<br />

0.751<br />

0.553<br />

S (KG) S( a I 2)<br />

S (Mz) x<br />

0.019<br />

0.006<br />

0.007<br />

0.010<br />

0.000<br />

0.008<br />

0.013<br />

0.024<br />

0.030<br />

0.011<br />

0.000<br />

0.003<br />

0.026<br />

0.004<br />

0.010<br />

0.034<br />

0.004<br />

0.010<br />

0.007<br />

0.020<br />

0.148<br />

0.006<br />

0.012<br />

0.001<br />

0.576<br />

0.002<br />

0.004


CHRISTOFOLETTI, PIRES NETO 209<br />

A DISTRIBUIÇÁO DE ENERGIA EM FUNÇÁO<br />

DOS DADOS GRANULOM~TRICOS<br />

A variação <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z na praia <strong>de</strong> Juqueí foram medidas através da utilização<br />

do gráfico proposto por Sahu (op. cito ).<br />

TABELA 2<br />

N.o do<br />

PerfIl<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

Dados calculados segundo a metodologia proposta<br />

por Sahu (1964), para análise das amostras<br />

coletadas a partir <strong>de</strong> perfis longitudinais.<br />

Amostras longitudinais<br />

Pa, Pb, Pc, Pd, Pe, Pk<br />

Pa,Pb,Pc, Pd,Pe, Pk<br />

Pa,Pb,Pc,Pd,Pe,Pk<br />

Pa,Pb,Pc,Pd,Pk<br />

Pa,Pb,Pk<br />

\~<br />

V O (2<br />

0.630<br />

0.479<br />

0.511<br />

0.459<br />

0.415<br />

S(KG) 2<br />

S (Mz)x S ca I )<br />

0.622<br />

0.060<br />

0.082<br />

0.013<br />

0.006<br />

Em primeiro lugar, analisamos englobamente os valores pertencentes a todas as amostras<br />

da praia <strong>de</strong> Juqueí. A hipótese levantada era a <strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria haver concentração das amostras<br />

pertencentes à mesma faixa longitudinal ao longo da praia, conforme o critério da distância em<br />

relação ao nível da maré baixa. Supunha-se então, que as amostras localizadas ao mesmo nível em<br />

relação a linha <strong>de</strong> maré baixa, sofrendo impactos <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>s semelhantes, formariam conjuntos.<br />

Todavia, os resultados <strong>de</strong>monstraram que essa hipótese não era válida, pois os pontos concentraram-se<br />

na faixa correspon<strong>de</strong>nte ao ambiente eólico do gráfico original <strong>de</strong> Sahu (Fig.l), sem haver<br />

distinção entre os vários perfis coletados.<br />

Posteriormente, calculou-se a variação <strong>de</strong> energia levando em conta os parâmetros dos<br />

conjuntos formados pelas amostras localizadas na mesma faixa longitudinal. Os resultados obtidos<br />

e assinalados na ]figura 2 <strong>de</strong>notam variação <strong>de</strong> energia da linha <strong>de</strong> maré baixa para o interior da<br />

praia. Este fato foi interpretado da seguinte maneira:<br />

a) o nível <strong>de</strong> maré baixa Pl é o que apresenta menor aplicação <strong>de</strong> energia. Isso <strong>de</strong>ve-se<br />

ao fato <strong>de</strong> que, embora esteja sob a ação das ondas durante maior parte do tempo, a intensida<strong>de</strong> das,<br />

ondas é diminuta;<br />

b) o nível mais alto da zona intertidal P5 representa o <strong>de</strong> maior aplicação <strong>de</strong> energia.<br />

Todavia, a duração <strong>de</strong>ste nível sob a influência das ondas é pequena; a frequência das ondas é<br />

1.0<br />

~PC-2 : n8<br />

03<br />

o.<br />

-r -- .-------<br />

~<br />

j<br />

01<br />

""'"<br />

~...~~~.~....-.....-<br />

------<br />

.PE-3<br />

-::-. s«/~ _<br />

-<br />

Fig. 1 - Gráfico <strong>de</strong> Sahu, mostrando diferenças <strong>de</strong> energia entre as amostras coletadas na praia <strong>de</strong> Juqueí.<br />

.....<br />

1.0<br />

- -- -----.--


210 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

1.0<br />

0.9<br />

0.9<br />

0.7<br />

Q6 _--------<br />

0.'<br />

0.4<br />

_-------------<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

0.001<br />

--<br />

---<br />

,<br />

--- ,<br />

--- - --<br />

,<br />

-- - I<br />

i;.;--<br />

,<br />

eÓllCO<br />

__________<br />

~<br />

~<br />

j %~<br />

.~~<br />

~ ~~<br />

0.01<br />

.ãP.'<br />

0.1 \0<br />

Fig. 2 - Gráfico <strong>de</strong> Sahu, mostrando os diferentes níveis <strong>de</strong> energia das faixas paralew a linha <strong>de</strong> maré<br />

na praia <strong>de</strong> Juqueí.<br />

'1<br />

3.0<br />

:2.11<br />

2.2<br />

2<br />

1.8<br />

1.8<br />

P1 P2 P3 P4 P5 P8 P 7<br />

Fig. 3 - O gráfico mostra a variação granulométrica<br />

da praia <strong>de</strong> Juqueí segundo o perfil<br />

transversal.<br />

PA<br />

3.0<br />

2.8<br />

2.8<br />

2.4<br />

2.2<br />

2.0<br />

1.8<br />

1.11<br />

PA PB PC PO PK PE<br />

Fig. 4 - Gráfico mostrando a variação granulométrica<br />

da praia <strong>de</strong> Juqueí segundo o perfil<br />

longitudinal.<br />

menor, mas individualmente as ondas <strong>de</strong> maré alta apresentam intensida<strong>de</strong> elevada, explicando a<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia aplicada nesse nivelo Os niveis intermediários (P2, P3 e P4) mostram<br />

<strong>de</strong> maneira clara as etapas sucessivas <strong>de</strong> passagem entre os dois niveis <strong>de</strong> energia acima referidos.<br />

Outro aspecto abordado relaciona-se com a variação granulométrica dos perfis transversais<br />

da praia. A fim <strong>de</strong> visualizar melhor essa variação, construiu-se um gráfico (Fig.3) , colocandose<br />

nas abcissas o valor da média das amostras (na escala 0) e nas or<strong>de</strong>nadas os pontos amostrais<br />

dos referidos perfis. A observação <strong>de</strong>sse gráfico mostra que a granulometria dos sedimentos à


CHRISTOFOLETTI, PIRES NETO 211<br />

medida que se afasta da linha <strong>de</strong> maré baixa aumenta, tornando-se grosseiros em direção da parte<br />

superior da zona intertidal. Também verifica-se aumento da granulometria no sentido dos perfis PA<br />

para PB da parte leste para oeste da praia, que po<strong>de</strong> indicar a existência <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva no<br />

sentido oeste para leste.<br />

Na Figura 4 as amostras foram representadas conforme o perfil transversal, unindo-se<br />

os seus vários pontos. As curvas assinaladas não <strong>de</strong>monstraram nenhuma distinção permitindo inferir<br />

que, para explicar a variabilida<strong>de</strong> da granulometria ao longo do perfil transversal, se po<strong>de</strong> apelar para a<br />

ação das ondas enão para a influênda das correntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva.<br />

BffiLIOGRAFIA<br />

FOLK. R. L. '" WARD, W. c. . 1967. Bruoe riwr bar: utudy Ia tbulplflCl'1II:eof .nw..i8IJI8l8ID ots.u-t817I'8Ua1087. Tul-<br />

...Olda.., 27(1):8-26.<br />

KINO, C. A. M. - 1972 - Be8dae8 _.. 2.ed. LondoD, Edward Amold.<br />

PIRES NETO, A. O. -1974. Grua---d8pr...d8JaqaeL/mémt.o/<br />

SAHU o B. K. . 1964 . DepoaitioD81mecb8lú81D8from tbe IIÍJIB1llUliy8iof clutie oedim..ta. Jo1lrll8i of 8odImoatllry I'etrolou. Tuln, Ok18.,<br />

34(1 ):73-83.<br />

SUOUIO, K. .1973. I.trodaçioà...um_tGl Sio P8II10,Edgar Blucher e Univeraida<strong>de</strong><strong>de</strong> Sio P8II1o.


SEDIMENTOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL<br />

SUL AMERICANA ENTRE CABO SANTA MARTA (BRASIL)<br />

E TERRA DO FOGO (ARGENTINA).<br />

PARTE 1 TEXTURAS SEDIMENTARES E ORIGEM<br />

C. M. URIEN*, L. R. MARTINS*<br />

ABSTRACT<br />

Studias <strong>de</strong>veloped on the last ten yesn, aIlowed tIIe auchors to show the main events reganling to the eedimentsry cover of che<br />

Atlantic Souch America continentslshelfbetween Santa Marte Cape (Brasü) and Hornos Cape (Atgentine).<br />

The shelf is stable type on1y submittsd to epirogenic movements and mo<strong>de</strong>led by ses leveI fluctuations and hidrodynamic conditions.<br />

Five fundamental zones based on sedimenta age, souree and textural properties were i<strong>de</strong>ntified: Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, U lUgusy,<br />

Buenos A ires , Patagonia and Tiarra <strong>de</strong>i Fuego.<br />

RESUMO<br />

Estudos reslizados pelos autores nestes Últim08 <strong>de</strong>z anos, permitiram apresentar os principais elementos relativos ao recobrimento<br />

sedimentar da Plataforma Continental Atüntica da América so Sul, num trecbo compremdido entre Cabo Santa Marte (Bmsü) e Cabo <strong>de</strong><br />

Homos (Argantina).<br />

A plataforma pesquisa<strong>de</strong> é do tipo est'vel, sujeita somente a movimentos do tipo epirogênico e on<strong>de</strong> as feições topogrâficas e<br />

eedimentares mais ssliantes foram impressas especialmente pelas variações <strong>de</strong> nivel do mar êpelas condições hidrodinAmicaspresentes na regilo.<br />

Cinco zonas fundamentais, camcterizadas através da ida<strong>de</strong>, fonte e propried8<strong>de</strong> texturais <strong>de</strong> seus sedimentos acham-se representadas:<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Uruguai, BuenosAires, Pategonia e Terra do Fogo.<br />

INTRODUÇÁO<br />

A plataforma continental é a zona submersa rasa que boràeja o continente ou a planície<br />

costeira, e que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a linha <strong>de</strong> maré até uma profundida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ocorre um sensível<br />

aumento <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>clive.<br />

Esta zona que se <strong>de</strong>nomina ruptura ou borda da plataforma, é observada na região <strong>de</strong>scrita<br />

no presente trabalho, entre as profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 50 e 160 m.<br />

Os pesquisadores que se tem ocupado do estudo dos <strong>de</strong>pósitos marinhos intra e pericratônicos<br />

como mo<strong>de</strong>lo para seqüências estratigráficas, têm atingido nas últimas décadas importantes<br />

dados neste campo da geologia. Assim, graças aos progressos nestes últimos anos da tecnologia,<br />

engenharia e da exploração oceânica, as plataformas continentais se converteram em importantes<br />

laboratórios naturais para o estudo da sedimentação costeira e nerítica e da geometria dos<br />

corpos arenosos associados, obtendo-se interessantes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> investigação.<br />

A plataforma continental do sul do Brasil, Uruguai e Argentina é classificada como do<br />

tipo estável, sujeita somente a movimentos epirogênicos e on<strong>de</strong> o mar com suas flutuações <strong>de</strong> nível,<br />

imprimiu salientes feições topográficas -<strong>de</strong>posicionais e erosivas -e sedimentares produto do pris-<br />

TmbsIbo realizado com auxilio financeiro do CNPq, FUNTEC/BNDE, CAPES, F APERGS. Colabomçio da DHN'(BrasB)e SHN (Argantina).<br />

.CECO/UFRGS


- -----<br />

214 ANAIS 00 <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLQGIA<br />

ma sedimentar costeiro que variou horizontal e verticalmente em função das condições hidrodinâmicas<br />

(ondas e corrente) da região.<br />

Todos esses eventos ficaram impressos <strong>de</strong> Uma forma ou <strong>de</strong> outra na plataforma continental,<br />

cuja análise nos permite ensaiar sua reconstrução histórica.<br />

Des<strong>de</strong> o século passado foram realizados estudos parciais da plataforma continental da<br />

América do Sul Meridional. Po<strong>de</strong>m ser citadas além da memorável expedição do H. M. S. Challenger<br />

(1873-1876), as expedições alemãs do Gazelle (1876) e Meteor (1925/27), que iniciaram o primeiro<br />

estudo sistemático do Atlântico Sul. Posteriormente a expedição britânica do Discovery 11<br />

(1926-39), efetuou um <strong>de</strong>talhado estudo da plataforma continental austral (Halle, 1932, 48).<br />

Mais tar<strong>de</strong>, e em especial a partír do ano <strong>de</strong> 1950, a Armada Argentina realizou estudos<br />

em diversas regiões da plataforma daquele país.<br />

Em 1957, o Lamont Geological Observatory da Columbia University em colaboração<br />

com o Servício <strong>de</strong> Hidrografia Naval da Armada Argentina, iniciou uma nova etapa no estudo dos<br />

sedimentos da margem continental com a aplicação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnas técnicas oceanográficas.<br />

Em 1964, o Servicio <strong>de</strong> Hidrografia Naval começou o estudo integral do Rio <strong>de</strong> Ia Plata<br />

(CLIAP) que em 1967, sob a coor<strong>de</strong>nação do autor senior efetuou uma <strong>de</strong>talhada pesquisa geológica<br />

do rio e da plataforma continental vizinha a Mar <strong>de</strong>I Plata (Ottman e Urien, 1965, 66),Urien (1967,<br />

69, 73) e Urien e Mouzo (inédito).<br />

Essa Instituição realizou igualmente diversas campanhas oceanográficas, nas quais se<br />

incluíram estudos <strong>de</strong> geologia marinha, entre elas Tri<strong>de</strong>ntes I e 11, Merluza e as Pesquerias I a XIII<br />

e nas quais ainda sob a direção do autor senior, se efetuou uma amostragem geológica sistemática e<br />

obteve-se alguns milhares <strong>de</strong> quilômetros <strong>de</strong> perfis batimétricos.<br />

Estudos parciais zonais foram executados em Cabo San Antonio (Urien, 1969), Mar <strong>de</strong>I<br />

Plata (Cortelezzi et alii, 1960),Bahia Blanca (Mouzo, 1970); Bahia San Blás e Golfo Nuevo (Codignotto,<br />

1969) e Terra do Fogo e Malvinas (Urien, Grinell e Ewing, 1972).<br />

O sul do Brasil e Uruguai foi estudado pelos autores através do Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros<br />

e Oceanográficos, CECO da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Através das campanhas<br />

Tri<strong>de</strong>nte I e 11, Almirante Saldanha, Austral I e Eclipse I (Oceanographer), se realizou um<br />

reconhecimento <strong>de</strong>ssa região (Martins, Urien e Eichler, 1967), (Martins e Urien, 1969), complementado<br />

através das Operações GEOMAR IV e VI do Programa Plurianual <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> e Geofísica<br />

Marinha da Diretoria <strong>de</strong> Hidrografia e Navegação e coor<strong>de</strong>nado pelo autor "junior". (Martins et<br />

alii, 1967; Urien, Martins e Butler, 1973e Martins et alii, 1973).<br />

A finalida<strong>de</strong> do presente trabalho é a <strong>de</strong> apresentar uma revisão dos trabalhos realizados<br />

pelos autores e outros estudiosos, especialmente efetuados através do Servicio <strong>de</strong> Hidrografia<br />

Naval, Diretoria <strong>de</strong> Hidrografia e Navegação, Lamont Doherty Geological Observatory e CE-<br />

CO/UFRGS.<br />

Esta informação encontra. se exposta em forma sucinta e está bastante distante <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>finitiva uma vez que ainda é muito gran<strong>de</strong> o trabalho a ser <strong>de</strong>senvolvido.<br />

A escala inicial do trabalho foi 1:500.000 e 1:2.000.000 o que permite certas generalizações<br />

gráficas que fornecem a visão <strong>de</strong> conjunto regional. Em próximos trabalhos se preten<strong>de</strong><br />

apresentar a informação complementar a este estudo.<br />

M~TODO DE TRABALHO<br />

As amostras do fundo submarino da região <strong>de</strong>scrita foram obtidas através <strong>de</strong> vários<br />

tipos <strong>de</strong> instrumentos: draga, buscafundo, testemunhador <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e testemunhador a pistão.<br />

Dos testemunhos verticais somente foram utilizados neste trabalho as secçôes superiores.<br />

O tratamento das amostras foi o mesmo adotado e <strong>de</strong>scrito em trabalhos anteriores dos<br />

autores (Urien, 1967; Martins, Urien e Eichler, 1967; Urien e Mouzo, 1973; Martins et aUi, 1973) e<br />

as técnicas fornecidas por Krumbein e Pettijohn (1938), Folk (1967), Carver (1970).<br />

Com base em sua composição os sedimentos são divididos em 2 grupos:<br />

Sedimentos Detríticos, com um conteúdo <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> cálcio menor do que 25%,<br />

compostos principalmente por grãos minerais alogênicos, agregados minerais e/ou fragmentos <strong>de</strong><br />

rocha.


URIEN, MARTINS 215<br />

Sedimentos Biógenos com teor <strong>de</strong> calcário maior do que 75% e que se acha composto por<br />

valvas <strong>de</strong> moluscos inteiras ou fragmentadas, foraminíferos e fragmentos calcários em geral (betU:h<br />

roch, tosca ete.).<br />

Um terceiro grupo, estaria constituído por minerais autígenos, mas não é levado em<br />

consi<strong>de</strong>ração por seu baixo percentual nas amostras.<br />

Os 2 grupos sedimentares básicos, são classificados textura1mente <strong>de</strong> acordo com as<br />

percentagens <strong>de</strong> seus tamanhos granulométricos: cascalho, areia, silte e argila; representados<br />

graficamente, em um diagrama ternário <strong>de</strong> acordo com Shepard (1954).<br />

Um quarto elemento é consi<strong>de</strong>rado nesta classificação textural, e está representado pelo<br />

material maior do que 2 mm <strong>de</strong>nominado sob o termo geral <strong>de</strong> material concmfero (conchilla), sendo<br />

composto por cascalhos pequenos, granulos <strong>de</strong> rochas ou arenito <strong>de</strong> praia, fragmentos e esqueletos<br />

calcários. No caso <strong>de</strong> aparecer material clástico, cascalho grosso, cascalho e/ou blocos se esclarece<br />

na representação como elemento subordinado.<br />

Se bem que se possa efetuar divisões com}>osicionais<strong>de</strong>stes conjuntos, as finalida<strong>de</strong>s do<br />

mapa sedimentar apresentado somente se agrupam em cascalho, rodados e/ou fragmentos <strong>de</strong> rochas<br />

(quando estes são abundantes), ou somente material conchífero em geral.<br />

A parte da análise <strong>de</strong>scrita anteriormente, foram realizadas <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> teor<br />

CaC03, percentagens <strong>de</strong> areia e sua relação clástica, parâmetros estatísticos e mineralogia que<br />

foram publicados parcialmente por Martins, Urien e Eichler (1967),Urien e Ewing (1972) e Martins<br />

et alii (1972,73).<br />

DISTRIBUIÇAO DAS TEXTURAS SEDIMENTARES<br />

A plataforma continental na região estudada possui uma superflcie aproximada <strong>de</strong><br />

1.200.000 km2 e sua largura oscila entre 150 km no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e 450 km nas Ilhas Malvinas.<br />

Por outro lado os gradientes <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>clive variam entre 1/3000 e 1/5000.<br />

O terraço continental contorna diversas unida<strong>de</strong>s morio-estruturais que se esten<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>ntro da mesma, constituindo seu núcleo (Zambrano e Urien, 1970; Urien, 1972) e sendo assim as<br />

responsáveis por sua largura e controlando sua moriologia.<br />

A região pesquisada po<strong>de</strong> ser dividida em 5 zonas (Urien, 1970), sendo que cada uma<br />

possui características topográficas e sedimentares típicas. Esta divisão se adapta com a localização<br />

dos sistemas fluviais que possuem intervenção fundamental na provisão <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong> cada<br />

zona.<br />

Estas 5 zonas são:<br />

a) Terra do Fogo<br />

b) Patagônia:<br />

b.l - Santa Cruz e Ilhas Malvinas<br />

b.2 - Chubut - Rio Negro<br />

c) Buenos Aires<br />

d) Uruguai<br />

e) RioGran<strong>de</strong>doSul<br />

a) Terra do Fogo -Os sedimentos da plataforma continental da Terra do Fogo variam<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cascalho, material conchifero e areia em sua parte central, a cascalho com blocos e silte argiloso<br />

próximo à costa.<br />

A su<strong>de</strong>ste do Cabo Vírgenes se observam cascalhos e blocos <strong>de</strong> diferentes diâmetros <strong>de</strong><br />

provável origem glacial.<br />

Os sedimentos finos são muito escassos <strong>de</strong>vido provavelmente a ação <strong>de</strong> correntes que se<br />

movem para fora <strong>de</strong>ste setor.<br />

A topografia nesta zona é irregular e em geral abrupta, apresenta bancos cobertos em<br />

sua maioria por areia e em alguns casos por cascalho. Na parte central a variação <strong>de</strong> texturas é bastante<br />

marcada, predominando os tamanhos grosseiros <strong>de</strong> cascalho (fragmentos e valvas <strong>de</strong> moluscosI;<br />

este material é <strong>de</strong> carater fóssil a subfóssil e consistiria <strong>de</strong> colÔnias que proliferam sobre um<br />

fundo estável (cascalho).<br />

O cascalho nesta região po<strong>de</strong>ria estar relacionado com fenômenos periglaciais (fluvioglaciais)<br />

do Pleitoceno.


---<br />

216 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Paralelo à costa ao sul do estreito <strong>de</strong> Magalhães, se esten<strong>de</strong> uma extensa faixa <strong>de</strong> silte<br />

argiloso até a Ilha dos Estados, on<strong>de</strong> estes sedimentos <strong>de</strong> textura predominantemente fina estão<br />

separados <strong>de</strong> atual linha <strong>de</strong> costa por faixa <strong>de</strong> areia e cascalho. Estes <strong>de</strong>pósitos pelíticos foram<br />

provavelmente transportados por rios, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a wna periglacial continental e logo distribuídos pelas<br />

correntes litorâneas ao largo da costa no Recente, sepultando cascalho e areia.<br />

b) Patagônia<br />

Santa Cruz e Ilhas Malvinas<br />

Na primeira subzona se observam as texturas mais variadas <strong>de</strong> toda a região. Aqui a<br />

plataforma continental apresenta sua largura máxima e seu menor gradiente, e on<strong>de</strong> as variações <strong>de</strong><br />

nível do mar manifestam-se através <strong>de</strong> extensas variações laterais e na distribuição dos sedimentos.<br />

Cinquenta por cento dos sedimentos está representado pela textura arenosa, aparecendo<br />

subordinadamente material conchífero e areia com cascalho e material conchífero.<br />

A topografia em traços gerais apresenta canais distribuídos principalmente num gran<strong>de</strong><br />

abano que aos 100 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> se apresenta cercado por uma extensa franja <strong>de</strong> cascalho e<br />

material conchífero que se <strong>de</strong>senvolve alternado com areia. Em geral a areia é <strong>de</strong> média a fina, composta<br />

fundamentalml;!nte <strong>de</strong> plagioclásios, fragmentos <strong>de</strong> rocha, grãos argilosos e baixo conteúdo <strong>de</strong><br />

minerais pesados. Em algumas zonas, torna-se enriquecida por fragmentos moídos <strong>de</strong> pelecípodos.<br />

Conchas e moluscos, fraturadas ou moídas, mescladas com cascalhos <strong>de</strong> rochas basá!ticas<br />

e pórfiras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 5 mm até mais <strong>de</strong> 70 mm <strong>de</strong> diâmetro, cobrem um setor entre a profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 100 até 200 m. Tais sedimentos estaram relacionados com uma re<strong>de</strong> fluvial que <strong>de</strong>sceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

terraços patagônicos esten<strong>de</strong>ndo-se sobre a plataforma interior e <strong>de</strong>positando este material em<br />

sucessivas camadas. A areia, se bem que <strong>de</strong> mesma origem, é sucetível <strong>de</strong> maior mobilida<strong>de</strong> e por isso<br />

foi dispêrsa mais generosamente sobre o litoral.<br />

Em Bahía Gran<strong>de</strong>, aproximadamente a 50 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> entre Cabo Vírgenes e San<br />

Julian, encontra-se presente uma extensa franja <strong>de</strong> silte argiloso sobre a zona pré-litoral.<br />

Na wna do Rio Deseado, o fundo é novamente rochoso ou <strong>de</strong> cascalho, sendo este <strong>de</strong><br />

origem fluvial e formando com areia síltica e silte argiloso um complexo <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong>ltaico, tanto pelas<br />

características topográficas submarinas, como pelo arranjo sedimentar neste setor.<br />

Deve-se ter presente que ao largo da costa patagônica a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> marés é superior a<br />

10 m, criando violentas correntes <strong>de</strong> maré e litorâneas, bem como <strong>de</strong> refluxo <strong>de</strong>ntro dos rios. Assim<br />

são esperados nas zonas litorâneas, condições <strong>de</strong> alta energia, que juntamente com as ondas são<br />

capazes <strong>de</strong> mobilizar material <strong>de</strong> tamanho consi<strong>de</strong>rável (cascalho e rodados). No litoral são bastante<br />

comuns as praias e bancos (fundos rasos) <strong>de</strong> cascalho ativados por essas correntes e ondas.<br />

No Golfo <strong>de</strong> San Jorge existe uma gran<strong>de</strong> concavida<strong>de</strong> com uma <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> quase 150<br />

m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (50 m abaixo da profundida<strong>de</strong> média da plataforma), on<strong>de</strong> a textura predominante<br />

é silte argiloso e argila arenosa. Este material é proveniente da meseta patagônica e permaneceu<br />

hidraulicamente trapeado nesta <strong>de</strong>pressão, estando ro<strong>de</strong>ado por um anel <strong>de</strong> areia síltica<br />

que na plataforma interna (até a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 120 m)<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> passa transicionalmente à<br />

areia.<br />

Chubut e Rio Negro<br />

Tanto na zona costeira como nos golfos, existe uma singular varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> texturas, enquanto<br />

no restante da zona -plataforma continental média e exterior - predomina a textura areia.<br />

A plataforma interior se acha coberta por areia síltica que na costa passa à silte argiloso.<br />

Nos Golfos Nuevo e San José a areia é a textura predominante que próximo a costa jaz<br />

sobre cascalho ou blocos riolíticos e misturado com silte rico em material tobaceo, do mesmo tipo<br />

que aqueles que constituem os <strong>de</strong>pósitos terciários litorâneos.<br />

O carbonato <strong>de</strong> cálcio é escasso e se encontra presente como fragmentos <strong>de</strong> moluscos.<br />

Nesta zona, o atual sistema fluvial é suficientemente pobre para se supor um aporte <strong>de</strong><br />

terrígenos baixo a quase nulo. Tal campo <strong>de</strong> sedimentos texturalmente finos <strong>de</strong>vem estar relacionados<br />

com a drenagem durante o início do Holoceno, em condições mais úmidas e/ou <strong>de</strong> máximo<br />

<strong>de</strong>gelo glacial cordilherano.<br />

O Golfo <strong>de</strong> San Matias conta com uma <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 145 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>


URIEN, MARTlNS 217<br />

atapetada por texturas argilo-sílticas até a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50 m, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aí até a costa uma cobertura<br />

<strong>de</strong> areia em forma <strong>de</strong> ferradura. O golfo está separado da plataforma continental vizinha por<br />

um umbral coberto por areia cuja textura em algumas partes se torna material conchífe;o, pelo<br />

aumento <strong>de</strong> fragmentos e <strong>de</strong> conchas <strong>de</strong> moluscos calcários e rodados riolíticos.<br />

Ao N da península <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>z e ao sul do Rio Negro predomina cascalho.<br />

Na plataforma média o material conchífero e areia com material conchífero se apresentam<br />

em um corpo alongado <strong>de</strong> 130 km <strong>de</strong> comprimento, paralelo à batimetria.<br />

Próximo ao Rio Colorado também estão presentes estas formas alongadas - ronas <strong>de</strong><br />

material conchífero -em especial naquelas zonas próximas a rios (Colorado, Negro e outros) e são<br />

i<strong>de</strong>ntificadas com antigas ilhas <strong>de</strong> barreira e frentes <strong>de</strong> praía (cordões pré-litorâneos etc.) <strong>de</strong> zonas<br />

estuarinas e/ou <strong>de</strong>ltaicas.<br />

Tanto a plataforma continental média como externa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Cabo Três Puntas a Punta<br />

<strong>de</strong>I Este, as texturas sedimentares apresentam um arranjo sumamente monótono; areia fina à<br />

média com fragmentos líticos e rica em plagioclásios com indícios <strong>de</strong> meteorização (plagioclásios<br />

opacos com óxido <strong>de</strong> ferro), <strong>de</strong>vido provavelmente a sucessivas exposições subaéreas, condicionadas<br />

pelas flutuações do nível do mar.<br />

c) Buenos Aires<br />

Similar à plataforma média e externa <strong>de</strong> Chubut e Rio Negro predomina a textura areia,<br />

que cobre tanto a plataforma continental interna, média e externa como o talu<strong>de</strong> superior até a altura<br />

do Uruguai.<br />

Este extenso e monótono campo arenoso, com características multiformes possui uma<br />

superfície irregular, especialmente na plataforma interna on<strong>de</strong> existem cordões <strong>de</strong> praia, dunas snbmarinas<br />

e escalões <strong>de</strong> erosão.<br />

Em frente ao Rio <strong>de</strong> La Plata, na batimetria <strong>de</strong> 40 m existe um corpo saliente <strong>de</strong> forma<br />

alongada paralelo aos contornos batimétricos, rico em areia bio<strong>de</strong>tl'ítica e conchas inteiras e/ou<br />

fragmentadas.<br />

Urien e Mouzo (op. cit.), relacionam estas formas e os <strong>de</strong>pósitos associados con relíquias<br />

<strong>de</strong> uma costa <strong>de</strong> barreira que tendia a fechar o estuário durante o Holoceno Superior, quando o nível<br />

do mar se achava aproximadamente nesta profundida<strong>de</strong>.<br />

Sobre a costa, nas zonas com baías, próximas a <strong>de</strong>sembocaduras <strong>de</strong> rios (Rio Colorado,<br />

por exemplo) se observa uma predominância <strong>de</strong> silte argiloso e arenoso e uma gran<strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong><br />

argila no fundo das baías. Este material é <strong>de</strong> origem fluvial e se encontra trapeado <strong>de</strong>ntro das baías,<br />

enquanto o mar se enriqueceu <strong>de</strong> areia como Mouzo (inédito), <strong>de</strong>screveu para Bahia Blanca. Fundamentalmente<br />

estes sedimentos seriam providos em sua maioria pelo Rio Colorado e captados por<br />

correntes litorâneas para o norte. Além <strong>de</strong>ste processo se relacionam as texturas pelíticas, com<br />

relíquias <strong>de</strong> antigos <strong>de</strong>ltas e planícies costeiras abandonadas, ambas em <strong>de</strong>struição por ondas e<br />

marés.<br />

Fotografias <strong>de</strong> satélites mostram perfeitamente a configuração <strong>de</strong> um <strong>de</strong>lta abandonado,<br />

que se localiza na impropriamente chamada ria <strong>de</strong> Bahia Blanca (Urien, em preparação). O rio<br />

que alimentava essa região migrou até o sul (Urien e Ewing, no prelo). Até o Cabo San Antonio, a<br />

plataforma interior encontra-se livre <strong>de</strong> sedimentos finos, dada a ausência <strong>de</strong> aporte fluvial e a or<strong>de</strong>nação<br />

das correntes litorâneas.<br />

Na baía <strong>de</strong> Samborombón (setor sul do Rio <strong>de</strong> La Plata externo) as texturas finas -silte<br />

argiloso, argila síltica e silte arenoso -cobrem todo este setor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a região média até o norte do<br />

Cabo San Antonio. Parte <strong>de</strong>ste arco predominantemente lutáceo, segue a costa norte-Uruguaia esten<strong>de</strong>ndo-se<br />

com uma língua lamítica na plataforma interna do Uruguai. Estas texturas finas são<br />

produto do material transportado principalmente em suspensão, pelo Rio <strong>de</strong> La Plata com unia<br />

média anual <strong>de</strong> 80 t. Parte <strong>de</strong>ste fica trapeado no Rio <strong>de</strong> La Plata interior, outra em Samborombón e<br />

sobre a costa norte; o restante atinge a plataforma interna on<strong>de</strong> acabou por acumular-se. Esporadicamente<br />

parte <strong>de</strong>ste material em suspensão, sobrepassa a plataforma até o talu<strong>de</strong> continental.<br />

N a zona central externa do rio, a textura arenosa se prolonga <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a plataforma interna<br />

vizinha, como um manto arenoso transgressivo (Urien, 1967,1972 a,b). A leste do limite exterior do<br />

estuário, a textura areia é maís grossa até que predomina o material conchífero, como <strong>de</strong>screvemos<br />

anteriormente, seguindo-se a textura areia que se prolonga até o talu<strong>de</strong> continental superior.


218 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

d) Uruguai<br />

Os sedimentos provenientes do Rio <strong>de</strong> La Plata imprimem à plataforma interna, uma<br />

textura predominantemente pelítica (silte argiloso), cobrindo a zona <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> lama (Martins,<br />

Urien e Eichler, 1967; Martins e Urien, 1969; Urien, 1972) até o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Para o norte o<br />

silte argiloso se torna mais arenoso predominando em seguida novamente a areia. Estes sedimentos<br />

finos cobrem paleocanais que estariam vinculados com canais e lagoas, influenciados pela antiga<br />

drenagem do Rio <strong>de</strong> La Plata sobre a planície costeira submersa no Holoceno Inferior (Urien e Ewing,<br />

no prelo).<br />

Na plataforma média encontra-se presente a textura arenosa e areia com conchas, sob<br />

a forma <strong>de</strong> corpos alongados. Na parte externa e talu<strong>de</strong> continental superior estão presentes texturas<br />

lamíticas, que se esten<strong>de</strong>m até a parte norte da região <strong>de</strong>scrita.<br />

Na zona do litoral, entre a franja <strong>de</strong> silte argiloso e a costa, se repete a presença <strong>de</strong> areia<br />

que em geral em alguns setores é rica em conchas.<br />

Os sedimentos finos no bordo da plataforma continental po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>rados<br />

relíquias <strong>de</strong> sedimentos finos <strong>de</strong> plataforma, produto do sobrepasse esporádico do material em suspensão<br />

da zona fluviomarinha, do Rio <strong>de</strong> La Plata para mar a<strong>de</strong>ntro.<br />

e) Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

Nesta região sobressaem 3 texturas <strong>de</strong> diferentes origens.<br />

Os sedimentos finos <strong>de</strong> plataforma cobrem um extenso setor que progressivamente se<br />

alarga para o norte, até cobrir a plataforma média e parte da interna, como ocorre na região do Cabo<br />

Santa Marta (Martins et alii 1973 e Denhardt et alii 1974). Estes sedimentos são formados fundamentalmente<br />

por silte~irgila e argila síltica, que ao norte da Lat. <strong>de</strong> 310, passa para silte arenoso<br />

e alcalçam sua maior largura, cobrindo a plataforma interna do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Martins, Urien e Eichler (1967), atribuem esta facies <strong>de</strong> lamas <strong>de</strong> plataforma a relíquias<br />

<strong>de</strong> sedimentação nerítica durante estágios mais baixos do mar quando a drenagem das terras altas<br />

riogran<strong>de</strong>nses chegavam até esta zona, atualmente isolada na região costeira.<br />

Os componentes pelíticos provenientes do Rio <strong>de</strong> La Plata que se estendiam sobre o<br />

setor Uruguai, chegam até a altura do Albardão fornecendo uma outra zona <strong>de</strong> texturas finas, na<br />

plataforma média. Deve-se ter em conta a ação das correntes litorâneas que auxiliam gran<strong>de</strong>mente o<br />

transporte do material em suspensão para o norte, a ponto <strong>de</strong> dar às águas <strong>de</strong>ssa região uma coloração<br />

tipicamente parda.<br />

De modo similar a zona do Uruguai, a plataforma interna e parte da média do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul são arenosas.<br />

Próximo ao litoral existem setores arenosos com cascalhos bio<strong>de</strong>tríticos e ricos em<br />

placas <strong>de</strong> arenito <strong>de</strong> praia (beach rock), possivelmente relíquias <strong>de</strong> linhas costeiras (Delaney, 1965;<br />

Martins e colaboradores 1972-73).<br />

A plataforma média e interna, arenosa, dão lugar ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> barreiras emergentes<br />

como as que se encerram as Lagoas dos Patos e Mirim. Na zona <strong>de</strong> contato do manto arenoso,<br />

relíquia <strong>de</strong> antigas zonas litorâneas e a zona pelítica <strong>de</strong> plataforma, esta se acunha sobre as<br />

areias basais.<br />

TALUDE CONTINENTAL<br />

O talu<strong>de</strong> encontra-se fora dos objetivos do presente estudo, <strong>de</strong>vido especialmente ao escasso<br />

número <strong>de</strong> amostras obtidas nesta unida<strong>de</strong> fisiográfica.<br />

Desta forma, apresentamos apenas uma rápida resenha das texturas que cobrem sua<br />

parte superior, mais especificamente entre 150 e 500 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Cabe esclarecer <strong>de</strong> acordo com os gradientes da plataforma continental, que a zona <strong>de</strong><br />

ruptura consi<strong>de</strong>rando aquele local estruturalmente com uma variação abrupta <strong>de</strong> seu gradiente -oscila<br />

entre 80 e 130 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>-isto implica dizer que já nos ocupamos nos parágrafos anteriores<br />

<strong>de</strong> boa parte dos sedimentos do talu<strong>de</strong>.<br />

Na reentrância das Malvinas (Malvinasembayment), no talu<strong>de</strong> sul do arquipélogo e no<br />

Banco Burdwood em toda sua extensão, a textura predominante é síltico-arenosa.


URIEN, MARTINS 219<br />

Os corpos <strong>de</strong> material conchífero e cascalho po<strong>de</strong>m ser relacionados com transporte<br />

subaquosogravitavional, através dos canyons submarinos a partir da borda da plataforma externa.<br />

Des<strong>de</strong> o norte das Malvinas, até a Lat <strong>de</strong> 45° Sul, o talu<strong>de</strong> encontra-se coberto por silte<br />

arenoso e a parte superior por areia, que atapeta em sua extensão as cabeceiras dos canyons submarinos<br />

patagônicos.<br />

Até os 35° <strong>de</strong> Lat. o talu<strong>de</strong> superior é coberto pelas mesmas areias da plataforma continental.<br />

Mais ao norte as texturas síltico-argilosas cobrem tanto a plataforma externa como o<br />

talu<strong>de</strong> continental <strong>de</strong>sçle 50 a 100 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Esta predominância <strong>de</strong> sedimentos finos e<br />

ricos em material bio<strong>de</strong>trítico se esten<strong>de</strong> até o Cabo Santa Marta (Brasil).<br />

Sua origem conforme <strong>de</strong>screvem Martins, Urien e Eichler (op. cit.) e posteriormente<br />

Urien e Ewing (no prelo), estaria presumivelmente relacionada com uma drenagem fluvial, do platô<br />

basáltico e planície riogran<strong>de</strong>nse, durante estágios <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> mar mais baixos, provavelmente no<br />

Pleistoceno tardio.<br />

Aqui também o Rio <strong>de</strong> La Plata <strong>de</strong>senvolveu um papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância nessa<br />

época, não somente na sedimentação nerítica como também :Q.osprofundos efeitos <strong>de</strong> sobrepasse<br />

<strong>de</strong> sedimentos até o talu<strong>de</strong> superior, que posteriormente <strong>de</strong>sceu pelas correntes <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z às profundida<strong>de</strong>s<br />

oceânicas.<br />

DISCUSSÃO SOBRE A ORIGEM DOS SEDIMENTOS<br />

Nos parágrafos prece<strong>de</strong>ntes foram <strong>de</strong>scritos os aspectos texturais dos sedimentos da<br />

plataforma continental do sul do Brasil, Uruguai e Argentina.<br />

Foram esboçadas também as possíveis relações <strong>de</strong> proveniência dos sedimentos, baseados<br />

não somente no estudo das texturas sedimentares, mas também na combinação <strong>de</strong> todos os<br />

aspectos sedimentares, textuais e mineralógicos, complementados com os dados da paleontologia<br />

(Richard e Craig),topografia submarina (Martins, Urien e Butler, 1972; Urien e Mouzo, op. cit.)<br />

Urien e Ewing (no prelo). Aliados ao conhecimento dos parâmetros ambientais: clima, correntes,<br />

marés, e ondas; analisados à luz dos processos <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> nível do mar (glacioeustasismo, por<br />

exemplo) tais elementos permitiram a preparação do mapa <strong>de</strong> sedimentos (Fig. 1).<br />

A enunciação <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> conceitos, ainda que alguns sejam algo especulativos, são<br />

extremamente válidos, mesmo que alguns possam ser revisados, ajustados e também modificados,<br />

com os novos aportes científicos que se façam no futuro.<br />

A origem dos diversos tipos <strong>de</strong> sedimentos encontra-se vinculada à áreas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

rios, como o Rio <strong>de</strong> La Plata (por exemplo) ou às áreas periglaciais ou glaciais. Além do mais, é<br />

evi<strong>de</strong>nte que como se constata ao sul da Terra do Fogo, as condições <strong>de</strong> energia são muito mais rigorosas<br />

que ao norte na área <strong>de</strong> Buenos Aires o que não somente é marcado pelas texturas sedimentares,<br />

como também pelos parâmetros estatísticos e caracteristicos da modologiasubmarina.<br />

Emery (1952), classifica os sedimentos das plataformas continentais em 5 grupos:<br />

autígenos, organógenos, residuais, relíquias e <strong>de</strong>tríticos.<br />

No presente trabalho se utiliza a mesma classificação, dando atenção dada sua importância,<br />

somente aos dois últimos grupos.<br />

Os sedimentos <strong>de</strong>triticos são aqueles que atualmente ou durante o passado, se originaram<br />

do continente, sendo também conhecidos por terrigenos.<br />

Como se sabe, o mecanismo <strong>de</strong> transporte po<strong>de</strong> ser gelo, vento ou água. Assim, estes<br />

sedimentos se encontram em equilíbrio ambiental com as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição da área. Um<br />

exemplo, são os sedimentos mo<strong>de</strong>rnos das zonas costeiras, estuários ou baias.<br />

Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sta carga fluvial é hidraulicamente trapeada nestes ambientes, que a se<br />

continuar o processo (com nível <strong>de</strong> mar estabilizado) estariam con<strong>de</strong>nados a serem colmatados, escapando<br />

o superavit sedimentar para o mar aumentando a largura da faixa costeira, através <strong>de</strong><br />

feições morfológicas progradacionais (<strong>de</strong>lta).<br />

Além do que é trapeado na zona litorânea, parte do material a sobrepassa sendo captado<br />

pelas ondas e correntes litorâneas que o distribue pela zona próximo-litoral, gerando formas geomorfológicas<br />

variadas <strong>de</strong> acordo com a dinâmica marinha e o tipo <strong>de</strong> material sedimentar.<br />

O material fino transportado em suspensão, <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong> agitação da zona litorânea


220 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

~<br />

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1001


UR1EN, MARTlNS 221<br />

não é <strong>de</strong>positado e somente<br />

<strong>de</strong>riva através das correntes<br />

começa a fazê-h>. ew. zon~:Il;lais calmas e distantes -<strong>de</strong>vido também à<br />

-on<strong>de</strong> o movimento normal orbital das ondas não chega a perturbar seu<br />

repouso no fundo. A bioperturbação e o acunhamento com a zona arenosa favorece a criação <strong>de</strong><br />

diferentes tipos <strong>de</strong> texturas <strong>de</strong> transição entre a facies lamítica e arenosa.<br />

biente<br />

Os sedimentos<br />

atual e suas linhas<br />

relíquia (não mo<strong>de</strong>rnos) são aqueles que estão em <strong>de</strong>sequilíbrio ..<br />

<strong>de</strong> união com a fonte estão normalmente rompidas.<br />

com o am-<br />

Eles não estão necessariamente estáticos e po<strong>de</strong>m ter sido colocados em movimento e<br />

retransportados, porém sob condições dinâmicas diferentes das do ambiente <strong>de</strong>posicional inicial,<br />

.<br />

sendo classificados como sedimentos palimpsest (Swiftet alii, 1971).<br />

As areias relíquias po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas segundo diferentes critérios ~ como por sua associação<br />

faunística, ou florística, ou pela topografia <strong>de</strong> fundo (relíquia ou mo<strong>de</strong>rna) .<br />

Além disso, os grãos <strong>de</strong> areia acham-se recobertos ou impregnados por óxido <strong>de</strong> ferro,<br />

produto <strong>de</strong> alterações subareas repetidas (por exemplo, em praias e dunas). Em outras palavras, os<br />

sedimentos relíquias são produtos <strong>de</strong> um prOCesso que <strong>de</strong> uma forma ou<strong>de</strong> outra <strong>de</strong>ixaram sinais,<br />

tanto na associação sedimentar como na topografia e componentes orgânicos.<br />

A história <strong>de</strong>posicional e as feições fisiográficas das plataformas e dos talu<strong>de</strong>s continentais<br />

são principalmente produtos das flutuações eustáticas resultantes dos avanços e retrocessOs<br />

das glaciações continentais, sem <strong>de</strong>scartar movimentos tectõnicos do tipo epirogênico.<br />

Ê evi<strong>de</strong>nte que a morfologia presente nas plataformas e talu<strong>de</strong> continentalsuperiôr é o<br />

resultado <strong>de</strong> processos erosivos e <strong>de</strong>posicionais durante o Quaternário, e que a ruptura da plataforma<br />

está relacionada com tais processos durante níveis<br />

Supõe-se assim que também a plataforma<br />

<strong>de</strong> mar mais ba,ixos. .<br />

continental argentina,uruguaia e sul brasileira,<br />

durante período <strong>de</strong> graciação esteve em exposição subárea e sujeita a erosão e <strong>de</strong>posição<br />

aluvial.<br />

Ela afetou também o perfil do talu<strong>de</strong> continental superior ,já que o estoque sedimentar<br />

sobre o bordo da plataforma (zona costeira), criou uma zona localizada <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material passou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a zona nerítica e litorânea para as profundida<strong>de</strong>s oceãnicas,<br />

em forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamentos subaquosos e correntes <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z como ocorre atualmente nas zonas <strong>de</strong><br />

plataformas suficientemente estreitas para gerar este fenômeno. '<br />

Curray (1965), supõe um avanço tão rápido do mar Holocênico (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> aproximadamente<br />

18.000 a.c.) ao ponto que a linha <strong>de</strong> costa migrou sobre os ambientes subaéreos (planícies costeiras e<br />

planícies<br />

areia .<br />

fluviais) cobrindo-as em gran<strong>de</strong> parte com sedimentos nitidamente litorâneos, ou seja com<br />

Ê assim que, os sedimentos dos mares epicontinentais mo<strong>de</strong>rnos enContram-se bastante<br />

distantes <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> real equilíbrio comas condições ambientais presentes,.e que correspon<strong>de</strong>m<br />

a <strong>de</strong>posição dos sedimentos recentes. Em realida<strong>de</strong> uma vasta planície costeira foi inundada pelo<br />

mar, que cobriu variadas forma <strong>de</strong> seu relêvo.<br />

Fraye Ewing (1963), Urien e Ottmann (1971) e Urien e Ewing (1972) documentaram<br />

mediante C14, além das facies sedimentares, texturas, estruturas e outros elementos, variações do<br />

nível do mar a -170 m. Assim<br />

a.c.<br />

se fixaria a transgressão holocênica com uma ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 15.000 anos<br />

Boltovskoy (1973), mediante o estudo <strong>de</strong> foraminíferos <strong>de</strong>terminou os limites Pleistoceno-Holoceno,<br />

e a presença <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> águas rasas (litorâneas) contidas nos sedimentos <strong>de</strong> testemunhos<br />

obtidos a mais <strong>de</strong> 120 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>s, confirma além do mais, importantes fenômenos<br />

paleoclimáticos pela variação das correntes marinhas.<br />

Isto consolidaria muitas das hipóteses e conclusões apresentadas e expostas pelos<br />

autores neste, e em outros trabalhos referentes a influência do nível do mar na geração <strong>de</strong> diferentes<br />

ambientes sedimentares, tanto subaéreos como subaquosos, presentes na plataforma continental e<br />

produto das variações <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> mar durante o Quaternário.<br />

Lamentavelmente o numero <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações radiométricas ainda não é suficiente para<br />

se seguir passo a passo a subida do nível do mar e suas flutuações, para pelo menos se tentar estabelecer<br />

uma curva <strong>de</strong> suas variações durante a transgressão holocênica.


222 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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SUSPENDED MA TTER IN SURFACE W ATERS:<br />

INFLUENCE OF RIVER DISCHARGE AND UP UPWELLING<br />

K. O. EMERY*, J. D. MILLIMAN*<br />

ABSTRACT<br />

About 4.100 .amp1e. of su.pendsd matter w collscted by filtrat;ion of .urface ocean water. in three large J1!IIÍOII8 on the _atem<br />

.i<strong>de</strong>. of oceans and two on theea.tem .i<strong>de</strong>s. Comparison of result. show. that the non.combu.tib1e fraction (chiefiy <strong>de</strong>trital clay. aud silt.<br />

with some si1iceou. and calcsreou. .keletaJ <strong>de</strong>ori.) dominates slong the westem si<strong>de</strong>s of ocean., where 1arge contributions of solid <strong>de</strong>trital asdi-<br />

:nent are ma<strong>de</strong> by river. that drain much of the adjaoont continente. The combustible fraction aleo i. importent off these riv but it ia mora<br />

importent (both ralative to the non-combustible fraction and in sb.olute termal slong the esatem .i<strong>de</strong>s of oceano, wb upwelJing ia intense.<br />

GENERAL<br />

The distribution and nature of suspen<strong>de</strong>d matter in the ocean have received increasing<br />

attention during the past <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>. Largely, this reflects increasing interest amongst oceanographers<br />

to document the character and origin of various suspen<strong>de</strong>d particles-both organic and inorganic forms.<br />

In addition, many pollutants are known to traveI with the suspen<strong>de</strong>d load, so a knowledge of<br />

suspen<strong>de</strong>d matter is recognized as offering insights into the uptake and transportation of polluting<br />

components in the oceans.<br />

During the same <strong>de</strong>ca<strong>de</strong> scientists of the Woods Role Oceanographic Institution have<br />

ma<strong>de</strong> geological and geophysical investigations of the continental margins off the eastern United<br />

States, eastern Asia, Brazil, and Western Africa. Collections of suspen<strong>de</strong>d matter in surface waters<br />

obtained as adjuncts to the geophysical measurements are from larger regions than would have<br />

been possible had the only objective been a study of suspen<strong>de</strong>d matter. The regions are not quite as<br />

large as those <strong>de</strong>scribed by Lisitzin (1972, p. 47 -66), but the samples are much more closely spaced<br />

and the results are more consistent with those of other workers and other methods than are his<br />

results. The data reported in this summary are from three regions on the western si<strong>de</strong>sofoceansand<br />

two on the eastern si<strong>de</strong>s (Fig. 1), and they are entirely from collections at the ocean surlace.<br />

Studies by others have shown that subsurface concentrations of suspen<strong>de</strong>d matter are lower than at<br />

the surlace. Only near the bottom do concentrations exceed those at the surlace, and most of this<br />

material appears to be resuspen<strong>de</strong>d bottom sediment (Spencer and Sachs, 1970; Mea<strong>de</strong> et alii, in<br />

press). In addition, our results do not show the effects of seasonal variations ofriver discharge and<br />

upwelling nor do they inclu<strong>de</strong> the impact of catastrophic events such as floods or storms.<br />

The many workers who have investigated suspen<strong>de</strong>d matter have used a wi<strong>de</strong> variety of<br />

analytical techiques, including light scattering or nephelometry (both in situ and in the laboratory),<br />

grain counts by optica1 microscopy and electron microscopy, grain counts that <strong>de</strong>pend upon<br />

Contribution N° 340~ of the WHOI.<br />

Supported by IDOE/NSF<br />

.WHOI


226 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 1 - Areas where regional studies of suspen<strong>de</strong>d matter in surface waters were based on a uniform method<br />

with results that are summarized in Figure 2 to 6.<br />

change of electrical characteristics when parti<strong>de</strong>s pass between electro<strong>de</strong>s, filters, and centrifuges.<br />

Each technique has advantages for specific purposes, but most studies have measured toa few<br />

parameters or have been too local to allow the making of broad generalizations concerning the distribution<br />

and composition of suspen<strong>de</strong>d matter within the world oceano<br />

The Woods Hole studies were ma<strong>de</strong> by a single group of workers that used the same<br />

technique, the one <strong>de</strong>scribed by Manheim et alii (1970). Concentrations of total suspen<strong>de</strong>d matter<br />

are based upon about 4,100 samples filtered from 1 to 10 liters of surface water taken with a plastic<br />

bucket and hand line. Filtration was through tared Millipore (R) filters having 0.45-micron nominal<br />

openings. After air drying them the filters were reweighed and the suspen<strong>de</strong>d matter was calculated<br />

as mg/liter and plotted in map formo About one-third of the samples were combusted at 500° C and<br />

each residue was weighed and plotted as the noncombustible fraction of that samples. This fraction<br />

consists of inorganic sediment (day minerals with some silts and fine sands composed of other<br />

minerals) brought to the ocean by streams and winds or by erosion of shores and sea floor, plus<br />

skeletal <strong>de</strong>bris of siliceous plants and animaIs (diatoms, radiolarians, and silicoflagelIates) and<br />

some incompletely combusted calcareous <strong>de</strong>bris of coccolithophorids and probably foraminiferans.<br />

I<strong>de</strong>ntification and estimation of relative abundance of days, mineral grains, and skeletal <strong>de</strong>bris was<br />

attempted in nearly alI of the studies, but most attempts were unsuccessful because of the smalI<br />

parti<strong>de</strong> size. The most complete attempt was based upon vidicon imagery and scanning electron<br />

microscopy (Honjo and Emery, in press; Honjo et alii, in press) for samples off eastem Asia, but<br />

the method is so time consuming that it has not yet been applied to samples from the other regions.<br />

The combustible fraction is dominant in the open ocean, but not in river mouths (Bond and Mea<strong>de</strong>,<br />

1966). It consists of the soft parts of plants and animals and to a lesser extent to their calcareous<br />

skeletons.<br />

Asia<br />

WESTERN SIDES OF OCEANS<br />

Abundant data are available for suspen<strong>de</strong>d matter in the surface waters of the western<br />

Pacific Ocean between Latitu<strong>de</strong>s 400N and 80S (Fig. 2). Nearshore concentrations of total suspen<strong>de</strong>d<br />

matter can exceed 4 mg/liter, but farther offshore concentrations <strong>de</strong>crease rapidly. Still, the<br />

concentrations of suspen<strong>de</strong>d matter exceed 0.25 mg/liter between the shore and 100 to 500 km from<br />

shore. Greatest distances are attained in the East China Sea off the mouths of the very large H uang<br />

-----


40.<br />

30.<br />

EMERY, MILLlMAN 227<br />

100. 130.<br />

~ 'n__<br />

. .<br />

r _9<br />

Fig. 2 - Suspen<strong>de</strong>d matter in surface walers off eastern Asia. From Wageman et alii (1970) -- 390 samples in<br />

northern area; Parke et alii (\ 971) and Emery et alii (\972) -- 710 samples in southern area. In this and<br />

subsequent figures the continuous tine <strong>de</strong>notes the position of the 0.25 mg/liter contour of total<br />

suspen<strong>de</strong>d matter; areas oceanward of the tine contain lowcr concentrations that local\y are indicated by<br />

less-than signs. Hatching <strong>de</strong>notes areas where more than 50 per cent of the total suspen<strong>de</strong>d matter is<br />

non-combustible at 5000 C - - mostly <strong>de</strong>trital silts and cIays from the land and siliceous skelctal <strong>de</strong>bris.<br />

Ho and Yangtze rivers, and in the South China Sea off the Chao Phraya and Mekong rivers.<br />

Smaller horizontal extents occur off islands, including even the large islands of Japan, Taiwan, and<br />

Borneo. In the open ocean, concentrations generally are less than 0.05 mg/liter.<br />

In some nearshore areas the non-cosbustible matter reaches 90 per cent of the total suspen<strong>de</strong>d<br />

matter, but offshore it generally is less than 10 per cento Non-combustibles constitute more<br />

than 50 per cent of the total suspen<strong>de</strong>d matter mainly in the sarne areas where the latter occurs in<br />

the wi<strong>de</strong>st belts and to a lesser extent along the coasts of the islands (Fig. 2). Vidicon and scanning<br />

o~


- --- ------------------- -------<br />

228 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 3 - Suspen<strong>de</strong>d matter of part of eastem North Anterica. From Manhein et ali; (1970; 1972) -- 800 samples.<br />

Symbols as for FiJmre 2.<br />

microscopy show that the coarsest grains of the noncombustible fraction consist of skeletal <strong>de</strong>bris,<br />

primarily siliceous diatoms and silicoflagellates in the north and calcareous coccolithophorids in the<br />

south. Trace amouts of radiolarians and foraminiferal fragments also occur in these areas (Honjo et<br />

alU, in press). Intermediate in abundance are grains of clay minerals that appear to be most abundant<br />

in nearshore areas. Presumably, most of them settle by flocculation or by fecalpelletization<br />

before reaching far from shore. Least abundant are <strong>de</strong>trital minerals of silt and sand size. Curiously,<br />

grain size analyses by vidicon screen, light pencil, and computer show that the median diameter of<br />

these <strong>de</strong>trital mineraIs increases oceanward, as though the smaller grains tend to be <strong>de</strong>posited with<br />

the clays.<br />

Eastem United States<br />

Studies of suspen<strong>de</strong>d matter in surface waters for this program began off the eastern<br />

United States, between Latitu<strong>de</strong>s 25° and 42° N (Manheim et alii, 1970). Perhaps as a result, the<br />

data are less complete than in areas that were studied subsequently. As shown in Figure 3, the belt<br />

of total suspen<strong>de</strong>d matter exceeding 0.25 mg/liter is very narrow (about 50 km) off most of the eastem<br />

United States and less than 200 km off southern United States. The non-combustible components<br />

constitute more than half the total within most of the area inshore of the 0.25 mg/liter contour<br />

of total suspen<strong>de</strong>d matter. Terrigenous grains are particularly dominant in the estuaries along<br />

the eastern seaboard (for example, see Nichols and Thompson, 1973).


Brazil<br />

EMERY, MILLlMAN 229<br />

The third area where suspen<strong>de</strong>d matter was studied in surface waters along the west<br />

si<strong>de</strong> of an ocean is Brazil, between Latitu<strong>de</strong>s 50 N and 350 S (Fig. 4). The wi<strong>de</strong>st belt of concentration<br />

greater than 0.25 mg/liter for total suspen<strong>de</strong>d matter occurs off the Amazon River, where it<br />

can reach more than 200 km offshore during rainy seasons. Within the river mouth itself, concentrations<br />

exceed 100 mg/liter, but they <strong>de</strong>crease sharply offshore so that at 75 km from shore concentrations<br />

generally are less than 1 mg/liter. Farther south, concentrations exceeding 0.25<br />

mg/liter occupy a coastal belt about 50 km wi<strong>de</strong>. Only at the extreme south, near the northern influence<br />

of the La Plata River, do relatively high concentrations reach farther offshore. Noncombustible<br />

matter comprising more than 50 per cent of the total is mostly restricted to the inner<br />

half of the same belt. Examination of samples off the Amazon River indicated that clay minerals<br />

dominate the non-combustible matter in waters having salinities less than 5 0/00, and skeletal<br />

<strong>de</strong>bris dominates at higher salinities. Presumably, tms means that clay and silt grains are <strong>de</strong>posited<br />

as the river water initially mixes with ocean water, and that abundant plankton utilize the<br />

river-borne nutrients following reduction of the turbidity. Farther seaward, after the nutrients are<br />

exhausted, the surviving clays and silts again dominate but occur in very low concentrations; organic<br />

grains are represented primarily by coccoliths.<br />

Fig.4 - Suspen<strong>de</strong>d rnatter orr part or eastern South America. From Barretto and Summerhaye~ (in press),<br />

Milliman and Santana (in preparation), Milliman et alii (in press), and Summerhayes et alii (in press)<br />

-- 600 samples.<br />

EASTERN SIDES OF OCEANS<br />

Suspen<strong>de</strong>d matter in surface waters was investigated off Africa in the eastern North<br />

Atlantic Ocean between the equador and Latitu<strong>de</strong> 400N. The results (Fig. 5) are very different from<br />

those obtained along the western si<strong>de</strong>s of oceans. The belt of total suspen<strong>de</strong>d matter in excess of<br />

0.25 mg/liter is 100 to 500 km wi<strong>de</strong> off a short segment of coast between Latitu<strong>de</strong>s 100 and 240 N.<br />

EIsewhere, the belt is narrower than 50 km, andwas not <strong>de</strong>tected by shipboard observations along<br />

most of the east-west-trending coast between Latitu<strong>de</strong>s 40 and 70 N. Non-combustible matter<br />

present in concentrations of more than 50 per cent of the total occurred only near the rnouth of the<br />

U1<br />

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230 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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Fig. 5 - Suspen<strong>de</strong>d matter off northwestern Africa. From Emery et aUi (1974) --850 samples.<br />

o<br />

O<br />

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Fig.6 - Suspen<strong>de</strong>d matter off southwestern Africa. From Emery et aUi (1973) --650 samples.<br />

o ON<br />

o OM


3D.<br />

O.<br />

3D.<br />

60.<br />

EMERY, MILLlMAN 231<br />

Niger-Benue rivers (Fig. 5). This distribution pattem of low concentrations of non-combustible<br />

fraction (or high concentration of the combustible fraction) was verified by low concentrations of<br />

chlorophyll and counts of phytoplankton in surlace waters (Emery et alii in press). Somewhat<br />

higher concentrations of total suspen<strong>de</strong>d matter and of the non-combustible fraction was found off<br />

the Niger-Benue rivers by Bomhold et alii, (1973) who collected samples during the season of<br />

flooding rivers. There is no evi<strong>de</strong>nce in Figure 5 of the <strong>de</strong>position of wind-blown dust in the ocean<br />

off northwestem Africa; evi<strong>de</strong>ntly, the dust that is <strong>de</strong>posited is obscured by the growth of phytoplankton.<br />

This is <strong>de</strong>spite the fact that 1973 was a year of very great wind erosion and transportation<br />

in northem Africa (Wa<strong>de</strong>, 1974).<br />

Rather similar results are shown in Figure 6 for the ocean off southem Africa (between<br />

the equator and 40° S). Total suspen<strong>de</strong>d matter exceeds 0.25 mg/liter in a belt 100 to 600 km wi<strong>de</strong><br />

between, Latitu<strong>de</strong>s 10° and 33° S. EIsewhere, the belt generally is narrow except off the mouth of<br />

the Congo River. The non-combustible fraction exceeds 50 per cent of the total only in a small area<br />

off the mouth of the Congo River and the Swakob River.<br />

COMPARISON WITH RIVER DISCHARGE AND UPWELLlNG<br />

The distribution of high concentrations of total suspen<strong>de</strong>d matter and of its noncombustible<br />

fraction appears to be related to the distribution of large rivers with their discharge to<br />

the ocean of both <strong>de</strong>trital sediment and dissolved nutrients, and to the distribution of major of<br />

coastal upwelling. A test of this belief was sought through compilation of solid and dissolved loads<br />

discharged to the ocean by major rivers combined with the outlining of major areas of upwelling<br />

along the coasts and divergence in the open ocean (Fig. 7 and 8). An error in the tonnages, of cour-<br />

Fig. 7 - Watersheds on land and areas of upwelling in the oceano Watersheds draining into diferent ocean are<br />

<strong>de</strong>noted by lined patterns oriented in the general direction of drainage, with coarseness of hatching<br />

rough1y proportional to the sediment discharge ofthe watershed that reaches the oceano Dotted pattern<br />

shows areas where discharge does not reach the oceano Numbers indicate the average annual number of<br />

million metric tons of sediment that is discharge to the ocean by major rivers in each watershed. Data<br />

are from Gibbs (1967), Holeman (1968), Lisitzin (1972, p. 37), NEDECO (1959), Heezen et aUi (1964),<br />

Strahkov (1967, p. 16), and Urien (1972); discrepancies were resolved in favor of the worker most c10sely<br />

associated with a given river. The wavy pattern in the ocean shows the chief regions of upwelling along<br />

the coast and of divergence in the open ocean (modified from Emery, 1963).<br />

se, is introduced by the use of data from only major rivers, but small streams are undocumented<br />

and are believed to berelatively insignificant.<br />

Discharge of solid suspen<strong>de</strong>d sediment to the ocean by the major rivers totaIs about<br />

8,010 million tons (Fig. 7) with the bulk (73 per cent) <strong>de</strong>rived from eastem and southem Asia. More<br />

than half the contribution from North America goes to the Gulf of Mexico, and most of that from<br />

...<br />

,'~<br />

'.I


232 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 8 - Same as Figure 7 except that the numbers indicate the 8Yerage annual millions of tons of dissolved salts<br />

carried to the ocean by rivers in each watershed. Data are from Livingstone (1963) and Leifeste (1974).<br />

South America is to the northeastem coast. The contrast for North America is even greater when<br />

we consi<strong>de</strong>r that the 261 million tons that is indicated as reaching the west coast inclu<strong>de</strong>s 135<br />

million tons that presently is trapped in Lake Mea<strong>de</strong> and that in any event could scarcely escape the<br />

Gulf of Califomia to reach the open oceano Similarly, the Mediterranean Sea is shown on Figure 7 as<br />

receiving 322 million tons of solid sediment from Europe and Africa, including 111 million tons<br />

carried by the Nile River most of which now is trapped in Lake Nasser; probably none of the solid<br />

sediment that reaches the Mediterranean Sea from any source escapes to the eastem Atlantic<br />

Ocean. Thus, most of the river-borne <strong>de</strong>trital sediment of Eurasia, North America, and South<br />

America is discharged to the westem si<strong>de</strong>s of adjacent oceans, mainly because of the distribution of<br />

mountain ranges on the continents that affects both rainfall and tiver courser. Africa is an exception<br />

because most of its <strong>de</strong>trital sediment reaches the west coast (the eastem si<strong>de</strong> of the Atlantic<br />

Ocean) , but its contribution is much smaller than that of the other continents.<br />

Marine erosion of the 370,000 km of coasts of the world (Albers et aUi 1973, p. 125, plus<br />

Antarctica is concentrated upon the estimated 50,000 km ofcliffedcoasts (Hay<strong>de</strong>n etalii, 1973, p.<br />

35), the actively ero<strong>de</strong>d part of which can scarcely exceed an average of 10 m height. If these coasts<br />

retreat an average of 5 em per year (high for rocky cliffs, low for ones composed of alluvium or<br />

glacial till), the annual product of seacliff erosin must be only about 5 million tons. This is only 0.04<br />

per cent of the <strong>de</strong>trital sediment contributed to the ocean by river erosin of the huge subaerial expanse<br />

of the lands of the world (Table 1).<br />

At present, most sediment from rivers and seacliffs does not traveI far into the marine<br />

environment. Coasts having <strong>de</strong>eply embayed estuaries, such as the eastem United States, trap<br />

most of the sediment before it reaches the ocean; in fact, there may be actually a net transport of<br />

shelf sediment into estuaries, rather than estuarine sediments onto shelves (Pevear and Pilkey,<br />

1966; Mea<strong>de</strong>, 1972). Even off major rivers, such as the Amazon and Mississippi, sediment that does<br />

reach the ocean settles from the surface waters long before the water reaches the middle shelf. Thus,<br />

while fluvial sediment does account for the vast portion of suspen<strong>de</strong>d matter introduced to the<br />

oceans, it appears to be concentrated mainly near land primarily along the westem si<strong>de</strong>s of oceans;<br />

only during major catastrophes, such as storrns or floods, does much sediment escape the nearshore<br />

area.<br />

Contribution of wind-blown dust to the ocean probably is far greater than the contribution<br />

of <strong>de</strong>bris from seacliff erosin. The chief source areas for dust appear to benorthem Africa and<br />

northeastem Asia. Dust from northem Africa has long been noted aboard ships that traversed the<br />

eastem Atlantic Ocean, and measurements of dust concentrations from aircraft suggest that 25 to<br />

37 million tons of dust fromnorthem Africa each year reach the longitu<strong>de</strong> of Barbados on the op-


EMERY, MILLlMAN 233<br />

TABLE 1<br />

Sources of quantities of suspen<strong>de</strong>d matter introduced to<br />

the ocean, and their main areas of importance<br />

in the surface waters<br />

Source<br />

Quantity<br />

106 metric tons/year<br />

Area of greatest concentration<br />

Major rivers 8,01 O (solids) Near the shore on western<br />

si<strong>de</strong>s fo oceans<br />

Seacliff erosion 3,830 (dissolved)<br />

Wind<br />

Plankton<br />

»40<br />

133,000*<br />

Very near the shore off cliffs<br />

Leeward of large <strong>de</strong>serts<br />

Open ocean, particularly<br />

along the eastern si<strong>de</strong>s;<br />

offlarge rivers<br />

*Most of this is recycled and represents no addition to the bottom<br />

sediments<br />

posite si<strong>de</strong> of the Atlantic (Prospero and Carlson, 1972). A much greater tonnage must be <strong>de</strong>posited<br />

on the ocean surface en route (Radczewski, 1939), and in fact Rona (1971) suggested that much of<br />

the bottom topography off northwestem Africa is due to the dust. Possibly an even greater influen.<br />

ce of eolian dust occurs in the North Pacific Ocean, where Rex and Goldberg (1958) i<strong>de</strong>ntified sediment<br />

from the Gobi Desert.<br />

The contribution of dissolved salts carried to the ocean by major rivers was computed<br />

(Fig. 8; Table 1) for the same watersheds used for solid <strong>de</strong>trital suspen<strong>de</strong>d sedimento The total discharge<br />

of 3,830 million tons is about half that of the solid fraction and its distribution pattern is<br />

rather different. In fact, the character of dissolved versus solid discharge of rivers almost guarantees<br />

a different pattem, as many small rivers that drain <strong>de</strong>sert regions contain much dissolved but<br />

little solid load; nevertheless, some rivers that contain low concentrations of dissolved load are so<br />

large that they still discharge more dissolved load than do the small rivers. Inspection of Figure 8<br />

shows a larger discharge of dissolved than of solid load from the eastem or southem si<strong>de</strong>s of Asia,<br />

North America, and South America, with the converse for Africa. Perhaps more significant, however,<br />

is the ratio of solid to dissolved contributions by the rivers. Most watersheds that are within<br />

low latitu<strong>de</strong>s have a ratio of 1.5 to 3.0, whereas those at high latitu<strong>de</strong>s have aratio ofless than 0.5.<br />

This difference was unexpected in view of the greater rate of chemical weathering at low than at<br />

high latitu<strong>de</strong>s, but it may reflect the low gradients ofmany high.latitu<strong>de</strong> rivers.<br />

The dissolved salts nee<strong>de</strong>d for plant growth in the ocean also are brought to the photosynthetic<br />

zone by the ocean through upwelling and other vertical movements such as divergence between<br />

surface currents and mixing by waves. Moreover, the growth of phytoplankton is followed by<br />

<strong>de</strong>ath, sinking, and <strong>de</strong>composition, so that several growth cycles occur each year. Thus a measure<br />

of the ocean's ability to renew the dissolved salts is provi<strong>de</strong>d by estimates of phytoplankton pro.<br />

ductivity. The generally accepted figure for annual fixation of carbon by phytoplankton in the wQrlocean<br />

is 30,00 million metric tons (Bogorov, 1971; Emery, 1963; Koblentz.Mishke et alii, 1970),<br />

correspondig with a total weight of about 115,000 million tons of dry plankton. The figure for growth<br />

of zooplankton is about 18,000 million tons dry weight according to Bogorov (1971). Both together<br />

total 133 ,000 million tons annually, far greater than the 8. O10 million tons of solid <strong>de</strong>tritial sediments<br />

and the 3,900 million tons of dissolved salts annually contributed to the ocean by rivers from the land.<br />

The organic fraction of the suspen<strong>de</strong>d matter collected in the filter samples (Fig. 2-6), however, is a<br />

function of the standing crop of plankton rather than their productivity. If the estimates for annual<br />

productivity are converted to standing crops and combined, they are reduced to about 1,080 million<br />

tons owing to the short life spans of the plankton organisms. A comparable figure for <strong>de</strong>trital sediment<br />

remaining in suspendsion in the ocean is unknown; it could beeither smaller or larger <strong>de</strong>pending<br />

upon the time for the grains to settle to the bottom, rather than be <strong>de</strong>composed as is typical for oro<br />

ganic <strong>de</strong>bris.<br />

Comparison of Figures 7 and 8 with the data of Figures 2 to 6, reveal a general correlation<br />

of the total suspen<strong>de</strong>d matter with river discharge of solid and dissolved materiaIs along the


~- ,------<br />

234 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

western si<strong>de</strong>s of oceans and with ocean upwelling along the eastern si<strong>de</strong>s. The correlation of percentage<br />

non-combustible matter in surface waters with the discharge of solid sediment by rivers is even<br />

better, as both are large along the western si<strong>de</strong>s of oceans and both are small along the eastern<br />

si<strong>de</strong>s. In short, the dominant generalization is that rivers exert the major control of the nature of<br />

suspen<strong>de</strong>d matter on the western si<strong>de</strong>s of oceans and upwelling is the major influence on the eastern<br />

si<strong>de</strong>s. Local <strong>de</strong>viations are caused by such factors as the presence along most of the United States<br />

coast of estuaries and lagoons that serve as traps for river-contributed materiaIs. In contrast to<br />

<strong>de</strong>trital sediment that is contributed by rivers and seacliff erosion, most of which is concentrated in<br />

a nearshore belt, the sediment carried by wind reaches distant parts of the open oceano<br />

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EMERY, MILLlMAN 235<br />

PARKE JR., M. L.; EMERY, K. O.; SZIMANKIEWICZ, R.; REYNOLDS,L. M. -1971- Structural fram_orl


COR DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS<br />

DA PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

MARCIO PAULO DE A TAIDE COSTA *<br />

ABSTRACT<br />

As a contribution to the evaluation of submerge


238 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

ÁREA DE ESTUDO<br />

A área <strong>de</strong> amostragem ficou compreendiada entre os paralelos <strong>de</strong> 5 o N e 340 S e os<br />

meridianos <strong>de</strong> 340 a 520 W. (Fig. 1). Como referências geográficas tivemos: como limite norte o Rio<br />

Oiapoque; como limite sul o Arroio Chuí; como limite leste a isóbata <strong>de</strong> 200 m; como limite oeste a<br />

isóbata <strong>de</strong> 10 m.<br />

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Metodologia <strong>de</strong> Bordo<br />

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MAI'III DE SITUAÇÃO DA<br />

ÁREA DE AMDSTIIAGEM<br />

METODOLOGIA EMPREGADA NO ESTUDO<br />

Todas as amostras utilizadas para os registros <strong>de</strong> cor, foram coletadas com o amostrador<br />

Phipps Un<strong>de</strong>rway, modüicado por Ellis (1973). As cores foram observadas até 5 mino após a<br />

chegada das amostra ao convés do navio.<br />

A escala comparativa <strong>de</strong> cor foi a <strong>de</strong> Munsell (Munsell Color-Co., 1929 - 63), sendo as<br />

cores tomadas com as amostras ainda úmidas e, na medida do possível, pelos mesmos observadores.<br />

Não se consi<strong>de</strong>rou a película superficial característica da interface água/sedimento.<br />

Desenvolvimento do Estudo<br />

Observou-se um total <strong>de</strong> 66 diferentes colorações, reunidas em 10 grupos principais: A,<br />

B, C, D, E, F, G, H, I e J (Tab. 1). O agrupamento buscou aten<strong>de</strong>r as seguintes necessida<strong>de</strong>s:<br />

caráter <strong>de</strong> amostragem, condicionando a variação das cores a pàdróes regionais <strong>de</strong> interpretação;<br />

caráter regional dos resultados sedimentológicos e morfológicos comparativos; tentativa <strong>de</strong> sistematização<br />

<strong>de</strong> uso <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong> cores em trabalhos regionais; possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comparação<br />

com resultados regionais similares, em outras plataformas continentais do mundo.<br />

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COSTA<br />

TABELA 1<br />

Cores dos sedimentos da plataforma continental do Brasil<br />

GRUPOS PRINCIPAIS CORES DE CADA GRUPO<br />

REUNIDOS (Código <strong>de</strong> Cores da NOMES DAS CORES<br />

(Símbolos) Tabela MunseU)<br />

A 5yr4/4, 5yr3/4, 5yr6/4 e Marron Claro (Light Brown)<br />

5yr5/4<br />

B 10yr4/2, 10r3/4, 5r4 e Marron Amarelado Escuro<br />

10r4/6<br />

(Dusky Yellowish Brown)<br />

C 10yr5/4, 10yr6/4, 10yr4/4, Amarelo Ocre (YeUow Ochre)<br />

10yr7/4, 10yr8/6, 10yr6/6,<br />

10yr7/6<br />

D 10yr6/2, lOyr8/2, 5yr5/2,<br />

5yr6/2, 10r5/2, 5r4/2, 10y- Marron Amarelado Pálido<br />

r5/2, 5yr3/2, 10yr7/2, (Pale YeUowish Brown)<br />

10yr3/2 e 10yr4/2<br />

E 5y4/1, 5gy4/1, 5gy6/1, Cinza Esver<strong>de</strong>ado<br />

5g4/1 e 5g6/1 (Greenish Gray)<br />

F 5y5/6, 5y5/4, 5y4/4, Amarelo Escuro<br />

5y6/~, 5y7/4 e 5y6/6 (Dusky Yellow)<br />

G 5y4/2, 5y5/2, 10y4/2, Oliva Pálido a Oliva<br />

10y6/2, N8, N5, N6, N7, Acinzentado (Pale Olive<br />

5y6/1, 10y8/2, 5yr7/2, to Grayish Olive)<br />

5y8/4, 5y8/1 e 5r8/2<br />

H 10y5/4, 5gy5/2 e 10y6/4 Oliva Claro (Light Olive)<br />

I 5y3/2, e 5gy3/2 Preto Esver<strong>de</strong>ado<br />

(Greenish Black)<br />

J 5r4/6, 5r2/6, 5r3/4, Vermelho Escuro<br />

5r4/4 e 5r5/4<br />

(Dusky Red)<br />

A seguir foi realizado o mapeamento regional dos grupos principais <strong>de</strong> cores. Para a fase<br />

<strong>de</strong> interpretação, dividiu-se a plataforma em 4 gran<strong>de</strong>s áreas com sedimentações caracteristicamente<br />

distintas: áreas Norte, da foz do Rio Oiapoque até a foz do Rio Pará; área Norte/Nor<strong>de</strong>ste, da foz<br />

do Rio Pará até a foz do Rio Parnaíba; área Nor<strong>de</strong>ste/Leste, da foz do Rio Parnaíba até a foz do Rio<br />

Paraíba do Sul; área Sul, da foz do Rio Paraíba do Sul até o Arroio Chuí.<br />

Realizou-se um confronto, por área, das cores mapeadas com a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta,<br />

grupos texturais e composições principais. O confronto foi efetuado através <strong>de</strong> gráficos utilizando as<br />

amostras coletadas em cada área dividida na plataforma continental.<br />

Comparou-se os resultados expressos pelos gráficos com dados mais <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong><br />

trabalhos <strong>de</strong> morfologia, sedimentologia e geo química , <strong>de</strong>senvolvidos anteriormente por vários<br />

autores.<br />

DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DOS GRUPOS DE CORES<br />

As áreas acima divididas, apresentaram os seguintes padrões <strong>de</strong> distribuição dos grupos<br />

<strong>de</strong> cores (convenções):<br />

Área Norte (Fig. 2 e 3) - Aplataforma interna ficou caracterizada pela ocorrência do<br />

grupo D (marron amarelado pálido), ao largo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembocadura do Rio Amazonas. Para noroeste<br />

<strong>de</strong>stacou-se o grupo G (oliva-pálido a otiva acinzentado), ocorrendo localmente os grupos C<br />

(amarelo ocre) e I (preto esver<strong>de</strong>ado).<br />

239


240 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

CONVENÇÕES<br />

A - MARRON CLARO (LIGHT BROWN)<br />

B - MARRON AMARELADO ESCURO (DUSKY YELLOWISH BROWN)<br />

C - AMARELO OCRE (YELLOW OCHRE)<br />

D - MARRON AMARELADO PÁLIDO (DUSKY YELLOWISH BROWN)<br />

E - CINZA ESVERDEADO (GREENISH GRA Y)<br />

F - AMARELO ESCURO (DUSKY YELLOW)<br />

G - OLIVA PÁLIDO-OLIVA ACIZENTADO (PALE OLIVE-GRAYISH)<br />

H - OLIVA CLARO ( LIGHT OLIVE)<br />

I - PRETO ESVERDEADO (GREENISH BLACK)<br />

J - VERMELHO ESCURO (DARK RED)<br />

Na plataforma média a ocorrência foi mais variada. Tivemos distribuídos os grupos D,<br />

G, F (amarelo escuro), E (cinza esver<strong>de</strong>ado), Ie C.<br />

Na plataforma externa <strong>de</strong>stacaram-se os grupos C, D e F.<br />

... ... ... .. ... ... ...<br />

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PROJETO REMAC<br />

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242 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Área Norte/Nor<strong>de</strong>ste (Figo 2 e 3) - Caracterizou-se pela ampla ocorrência do grupo Go<br />

Somente <strong>de</strong> modo muito local constatou-se a presença dos grupos H (oliva claro), B (marrom<br />

amarelado escuro), F, C, D, e Fo Entretanto, já a partir da Baía <strong>de</strong> So Marcos para su<strong>de</strong>ste, houve<br />

uma tendência a mudança do padrão da área para os grupos F e Co<br />

Área Nor<strong>de</strong>ste/Leste (Figo 3,4,5 e 6) - O Grupo <strong>de</strong> cor predominante em gran<strong>de</strong> parte<br />

<strong>de</strong>ssa área foi também o G. Entretanto em alguns trechos houve substituição quase total pelos<br />

grupos C, B e A (marron claro). Na plataforma interna, na região <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rios, os<br />

grupos D, I e E se fizeram presentes. Foi também marcante a ocorrência dos grupos J (vermelho escuro)<br />

eD, no trecho compreendido entre os rios Jequitinhonha e Doce.<br />

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PROJETO REMA


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REMAC<br />

RECONHECIMENTO DA MARGEM CONTINENTALBRASa.E~AA 3.<br />

TRECHO [fIITPE 05 PARALELOS 1,00 ISO SUl E OS MEAtOIANp5<br />

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MAPA DE COR DOS SEDIMENTOS SuPERFICIAIS<br />

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244 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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COSTA 245<br />

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COJITATO 11fT_IAloo..r.....UMI<br />

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posicional, situada entre as cotas batimétricas <strong>de</strong> Oe 30 m. De 30 a 60 m os grupos a, D I e E associaram-se<br />

a uma acentuação brusca do gradiente da plataforma, formando um pequeno talu<strong>de</strong>. De<br />

70 a 90 m os grupos a, c, F e D associaram-se a uma superfície média a externa, erosional, situada<br />

entre 70 e 85 m e apresentando <strong>de</strong>nso ravinamento. De 90 m em diante predominou o grupo C, em<br />

associação a uma superfície externa, recortada por feições erosivas tais como: vales Orange, Maracá<br />

e Saldanha; canais Cassiporé, Amapá e Maracá; canyons Pará e Amazonas.,<br />

Área Norte/Nor<strong>de</strong>ste - As relações Cores/Profundida<strong>de</strong>s (Fig. 10eTab. 1), comparadas<br />

com as feições morfológicas <strong>de</strong>scritas por Zembruscki et alü (1971 e 1972)mostraram predominância<br />

do grupo a, da costa até cerca <strong>de</strong> 70 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, em associação com cristas <strong>de</strong> areias (tidal<br />

currents ridges) e ondas <strong>de</strong> areias (sand waues), ao longo do litoral doEstadodo Pará. Ao largo do<br />

Maranhão, em quase toda a plataforma, uma superfície <strong>de</strong> relevo quase plano relacionou-se aos<br />

grupos F, C e a. Na parte externa da plataforma <strong>de</strong> toda essa área, algumas feições erosivas como<br />

os vales São Luis, Maranhão e Pamaíba, relacionaram-se aos grupos C e D.<br />

Área Nor<strong>de</strong>ste/Leste - As relações Cores/Profundida<strong>de</strong>s (Fig. 11 e Tab. 1), comparadas<br />

com as feições morfológicaB <strong>de</strong>BCritl15por ZembrUBcki et alii (1972), mo~trl'nun que<br />

da costa até cerca <strong>de</strong> 50 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, predominaram os grupos a e C. O grupo a associou-se<br />

a trechos <strong>de</strong> relevo quase plano. enquanto o grupo C associou-se a relevo <strong>de</strong> recifes<br />

,..<br />

,..<br />

...<br />

,..


246 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

.... ... ...<br />

PROJETO REMAC<br />

MCONI1EClMENTO<br />

DA MARGEM CONTINENTAl MAlllLEtlU.<br />

TMCHO [NTRE OS MIIIAL[LO$ 2ft!4,5 SUl.. [OS _IIIMNOS<br />

47,,",, s..- OES'IT<br />

MAPA DE COR DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS<br />

FSCIILiI. 1.1000000<br />

O 10 2O:!O 40<br />

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CONVENÇÕES + 32.<br />

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iIIoMAlllELO OC"f: (TEllOW OeHIIE)<br />

(DUS!


A<br />

COSTA<br />

PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁREA NORTE -QA FOZ DO RIO 01APOQUE À FOZ DO RIO AMAZONAS<br />

RELAÇÕES CORES OOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS I PROFUNDIDADES<br />

FIG. 9<br />

PROFUNDIDADES EM M<br />

50<br />

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OBSERVAÇÃO I O ,,",boto AJI ,.pr8IIfIIa ocorrenda nIo qU8Wtlflcóv81 do pupo <strong>de</strong> cor.<br />

posições dos sedimentos. Os grupos Texturais principais <strong>de</strong>scritos por Costa e Vicalvi(1973) são<br />

basicamente: lama, lama-arenosa, areia-Iamosa, areia, areia-cascalhosa, cascalho-arenoso e cascalho.<br />

As composições principais, <strong>de</strong>scritas pelos mesmos autores acima, são: quartzo, minerais <strong>de</strong><br />

sedimentos terrigenos finos, bio<strong>de</strong>tritos calcários, nódulos <strong>de</strong> algas calcária, sedimentos calcários<br />

algais finos e minerais pesados.<br />

Área Norte - Entre os estudos <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong>ssa área, <strong>de</strong>stacaram-se os<br />

<strong>de</strong> Mabesoone e Coutinho (1970), Zembruscki et alii (1972), Pomerancblum e Costa (1972), Figueiredo<br />

Jr. et alii (1972), Santos (1972), Martins et alii (1972) e Millimanet alii (1972). As relações<br />

geraisCores/GruposTexturais (Fig. 13 e Tab. 1) e Core/Composições dos Sedimentos (Fig. 14 e Tab.<br />

1), mostraram as seguintes associações com os resultados chegados pelos autores acima:<br />

50<br />

W<br />

247


248 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁREA NORTE/NOROESTE-OA FOZ 00 RIO AMAZONAS À FOZ 00 RIO PARNAíBA<br />

RELAÇÕES CORES DOS SEDIMENTOS SUPERFlCIAlSIPROFUNDIDADES<br />

FIG.IO<br />

PROFUNDIDADES EM METROS<br />

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PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁREA NORDESTE/LESTE- DA FOZ DO RIO PAIINAI8A À FOZ DO RIO PARNAI8A DO SUL<br />

RELAÇÕES CORES DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS I PROFUNDIDADES<br />

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FIG.II<br />

PROFUNDIDADES EM METROS<br />

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trecho.<br />

Esses sedimentos associaram-se ao grupo G e localmente ao grupo 1.<br />

_ na plataforma média a externa, a textura predominante é <strong>de</strong> areia fina a grossa. Localmente <strong>de</strong>stacam-se<br />

cascalhos <strong>de</strong> composição carbonática. As areias são compostas principalmente <strong>de</strong> quartzo<br />

com razoável teor <strong>de</strong> feldspatos e, por vezes, glauconita. É freqüente a ocorrência <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>tritos cal.<br />

cários e minerais pesados. As areias são capeadas por óxido <strong>de</strong> ferro, com baixo teor relativo em<br />

matéria orgânica e alto teor relativo em carbonato.<br />

E$$es sedimentos associaram-se aos grupos C, F, D e G.<br />

_ os sedimentos <strong>de</strong> transição entre as lamas <strong>de</strong> plataforma interna e as areias <strong>de</strong> plataforma média<br />

externa, são caracterizados por uma mistura <strong>de</strong>ssas duas litologias.<br />

Esses sedimentos associaram-se aos grupos I, E, G eD.<br />

eo<br />

o<br />

*<br />

~


250 ANAIS DQ <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁREA SU~ - DA FOZ DO RIO PIIIRAIBA DO SU~ À FOZ DO ARROIO aIÚ<br />

RELAÇÕES CORES DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAISI PROFUNDIDADES<br />

FIG. 12<br />

PROFUNDIDADES EM METROS<br />

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OBSERVAÇAo:O .tmboto t=d ,."...nta ocorr.ncla n40 quontfflcav81 do Qrupo di caro<br />

Área Norte/Nor<strong>de</strong>ste - Entre os estudos <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong>ssa área, <strong>de</strong>stacaram-se<br />

os <strong>de</strong> Kempf et alii (1968), Mabesoone e Coutinho (1970), Zembruscki et alii (1971),<br />

Pomerancblum e Costa (1972) e Millman et alii (1972). As relações gerais Cores/Grupos Texturais<br />

(Fig. 15 e Tab. 1) e Cores/Composições dos Sedimentos (Fig. 16 e Tab. 1), mostraram as seguintes<br />

associações com os resultados chegados pelos autores acima:<br />

- nas plataformas interna e média, predomina o grupo textural areia (com granulação fina e média).<br />

Quartzo é o componente principal, sendo raros os feldspatos, glauconita e minerais pesados (exceção<br />

da região ao largo da foz do Rio Paranaíba, on<strong>de</strong> a concentração <strong>de</strong> pesados aumenta). Os<br />

grãos <strong>de</strong> quartzo são subangulares a subarredondados e apresentam-se sem capeamento <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong><br />

ferro.<br />

Esses sedimentos relacionaram-se ao grupo G, entre a foz do Rio Pará e a Baía <strong>de</strong> São Marcos e aos<br />

~Z<br />

...<br />

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a:<br />

...<br />

...


PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁREA NORTE - OA FOZ 00 RIO OIAPOOUE À FOZ 00 RIO AMAZONAS<br />

RELAÇÕES CORESlGRUPOS TEXTURAIS DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS<br />

FIG.13<br />

GRUPOS TEXTURAIS<br />

LAMA AREIA AREIA CASCALHO<br />

LAMA . ARENOSA LAMOSA AREJA CASCALHOSA ARENOSO CASCALHO<br />

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grupos F, C e G, entre a Baía <strong>de</strong> São Marcos e a foz do Rio Parnaíba.<br />

- na plataforma externa predominam cascalhos e areias calcárias (principalmente <strong>de</strong> algas) e nódulos<br />

algais <strong>de</strong> tamanho variável.<br />

Esses sedimentos associaram-se ao grupo G.<br />

Área Nor<strong>de</strong>ste/Leste - Entre os estudos <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong>ssa área, <strong>de</strong>stacaram-se<br />

os <strong>de</strong> Mabesoone e Coutinho (1970) e Kempf (1972). As relações gerais Cores/Grupos<br />

Texturais (Fig. 18 e Tab. 1) e Cores/Composições dos Sedimentos (Fig. 18 e Tab. 1) mostraram as<br />

seguintes associa.ções com os resultados chegados pelos autores acima:<br />

_<br />

as lamas <strong>de</strong> composição terrígena, restritas à <strong>de</strong>sembocadura dos gran<strong>de</strong>s rios, associaram-se aos<br />

grupos D e 1.<br />

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252 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁMA NORTE-DA FOZ DO MO 0IAJI0QIa À POZ 00 110 MIIZOIUII<br />

COMPO~ÇÕES GER~S<br />

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Fig.14<br />

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_ as areias quartzosas e quatzosas com bio<strong>de</strong>tritos calcários, associaram-se principalmente ao<br />

grupo G e secundariamente aos grupos F, D, B, A, E e C.<br />

. as lamas <strong>de</strong> composição calcária associaram-se ao grupo G.<br />

_ as areias e cascalhos calcários, <strong>de</strong> plataforma externa, associaram-se aos grupos G e C. Secundariamente<br />

associaram-se aos grupos D, A, F e B.<br />

as algas calcârias, ,sob forma <strong>de</strong> nódulos,associaram-se aos grupos J (quando frescas) e G.<br />

Ãrea Sul _ Entre os estudos <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong>ssa área, <strong>de</strong>stacaram-se os <strong>de</strong><br />

Martin§..'Qrien e Eichler (1967), Martins e Urien (1969) e Kowsmann (1973). As reh!çóes geqüs<br />

Cores/Grupos Texturais (Fig. 19 e Tab. 1) e Cores/Composições dos Sedimentos (Fig. 20 e Tab. 1),<br />

mostraram as seguintes associações com os resultados chegados pelos autores acima:<br />

~c<br />

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A<br />

B<br />

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C<br />

PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁREA NORTE/NORDESTE - DA FOZ DO RIO AMAZONAS À FOZ DO RIO PARNAIBA<br />

RELAÇÕES CORESIURUPOS TEXTURAIS DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS<br />

FIG.15<br />

GRl,1POS TEXTURAIS<br />

LAMA AREIA AREIA CASCALHO<br />

LAMA I ARENOSA<br />

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254 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁMA TE/NOftOESTE- DA FOZ DO RIO AMAZONAS À FOZ DO ItIO PARNAIIA<br />

IIELAÇOU COIIIIJeOMPOSIÇÕES DOS T08 SUPEllf1ClA1S<br />

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PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ÁREA NORDESTE/LESTE-DA FOZ DO RIO PARNAIBA À FOZ DO RIO PARAI8A DO SUL<br />

RELAÇÕES CORES/GRUPOS TEXTURAlS DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS<br />

FIG.17<br />

GRUPOS TEXTURAIS<br />

LAMA AREIA AREIA CASCALHO<br />

LAMA ARENOSA LAMOSA AREIA CASCALHOSA ARENOSO CASCALHO<br />

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Fig. 18<br />

ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

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relevo, sugerindo um mo<strong>de</strong>lado erosional relicto, originário <strong>de</strong> um antigo sistema <strong>de</strong> drenagem<br />

fluvial. Os canyons, vales e canais recortados na plataforma externa, sugerem um mo<strong>de</strong>lado erosional<br />

relicto, associado ao complexo do canyon Amazonas.<br />

A característica comum entre os sedimentos associados aos dois mo<strong>de</strong>lados <strong>de</strong> origem<br />

fluvial, é o forte capeamento dos grãos por óxido <strong>de</strong> ferro. Essa pigmentação é a principal responsável<br />

pela coloração amarelada predominante na área. Provavelmente esse caráter oxidante é mais<br />

um reflexo das condições das áreas fontes (proveniências), do que modificações impostas pelas condições<br />

ambientais <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição.<br />

Como duas exceções ao exposto acima, tem-se a zona mais externa da região lamosa (entre<br />

a foz do Rio Amazonas e o Cabo Orange) e a zona do talu<strong>de</strong> <strong>de</strong>posicional. Nessas duas regiões<br />

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PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ARE A SUL - DA FOZ DO RIO PARAIBA DO SUL A FOZ DO ARROIO CHlIl<br />

RELAÇÕES CORESlGRUPOS TEXTURAIS DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS<br />

A<br />

B<br />

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FIG. 19<br />

GRUPOS TEXTURAIS<br />

LAMA AREIA AREIA CASCALHO<br />

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Fig. 20<br />

' ,-~<br />

258 ANAIS DO XXVI11 <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A<br />

B<br />

H<br />

NÃO TRANSICIONAIS<br />

D<br />

o<br />

=<br />

PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

Mo SUL- DA POZ DO 110 DO IUL À fOZ 00 AItIDO ou.<br />

COMPOSIÇÕES GERAIS<br />

T1UI8$OII __TI: T~I T..,.OII T ,.. TI._-<br />

84CIOITIMT08,II8ODUUJIIIODIT.'1'011 T"'TOI)<br />

_<br />

'IMII)IIODI'TIIIrIO<br />

1T8I TOI .........<br />

I '11I01<br />

II<br />

( TRANSlCIONAIS)<br />

nota-se a influência ambienta! <strong>de</strong> processos redutores, embora a composição <strong>de</strong>trítica seja bem<br />

semelhante à das áreas <strong>de</strong> caráter oxidante. A coloração é oliva-pálida a oliva-acinzentada e, localmente,<br />

preta-esver<strong>de</strong>ada. Na primeira região tem-se, como indícios <strong>de</strong> condições propícias a ativida<strong>de</strong>s<br />

redutoras, as seguintes evidências: ocorrência <strong>de</strong> pirita como um dos componentes minerais<br />

autigênicos; predomínio da fração argilosa nas lamas; estado <strong>de</strong> maior compactação dos sedimentos.<br />

Na segunda região tem-se a gran<strong>de</strong> razão <strong>de</strong> sedimentação nafrente<strong>de</strong>progradação<strong>de</strong>ltaica,<br />

atestada pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> foresets (Zembruscki et alii, 1971) (Figueiredo Jr. et<br />

alii, 1972).<br />

Na Área Norte/Nor<strong>de</strong>ste, na plataforma interna e na média, as feições morfológicas<br />

como cristas e ondas <strong>de</strong> areias, que se <strong>de</strong>senvolvem da foz do Rio Pará até a Baía <strong>de</strong> São Marcos,<br />

sugerem um mo<strong>de</strong>lado relicto atualmente não <strong>de</strong>posicional e sofrendo retrabalhamento. Entre a<br />

'I"<br />

8! ;<br />

~"<br />

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"<br />

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~.<br />


COSTA 259<br />

Baía <strong>de</strong> S. Marcos e a foz do Rio Parnaíba, também nas plataformas interna e média, o relevo é<br />

quase plano, sugerindo um mo<strong>de</strong>lado relicto não <strong>de</strong>posicional. Na plataforma externa <strong>de</strong> toda a área<br />

a topografia é plana, condicionada por acreção calcária mo<strong>de</strong>rna e sugerindo um mo<strong>de</strong>lado <strong>de</strong>posicional<br />

atual, sofrendo retrabalhamento. Esse relevo suave da plataforma externa é localmente<br />

recortado por vales, sugerindo mo<strong>de</strong>lados erosionais relictos.<br />

Entre a foz do Rio Pará e a Baía <strong>de</strong> São Marcos, a caracteristica comum entre os sedimentos<br />

calcários atuais e quartzosos relictos (associados aos mo<strong>de</strong>lados <strong>de</strong>posicional e não <strong>de</strong>posicional,<br />

respectivamente) é a neutralida<strong>de</strong> da cor (oliva-pálida a oliva-acinzentada). Essa coloração<br />

caracteriza um equilíbrio entre os processos oxidantes e redutores. Os sedimentos <strong>de</strong> acreção calcária<br />

adquirem cor neutra inerente ao próprio ambiente marinho em que vêm se <strong>de</strong>positando. Os<br />

quartzosos mantêm uma tonalida<strong>de</strong> neutra, <strong>de</strong>vido a sua composição <strong>de</strong>tritica (Proveniência)<br />

uniforme, sendo relictos <strong>de</strong> ambientes Pleistocênicos/Holocênicos <strong>de</strong> alta energia e com fraca contribuição<br />

terrígena.<br />

Entre a Baía <strong>de</strong> S. Marcos e a foz do Rio Parnaíba, a característica dos sedimentos quartzosos<br />

e localmente dos calcários, é a influência relativamente alta <strong>de</strong> material ferruginoso. Essa é a<br />

principal responsável pela cor amarelada da referida região. Devido ao pouco aporte atual <strong>de</strong> terrígenos,<br />

acredita-se que esse aspecto oxidante <strong>de</strong>va-se à proviniência dos <strong>de</strong>tritos, sob unfluência<br />

mais atuante da drenagem continental (principalmente do Rio Parnaíba), durante e após a última<br />

estadia <strong>de</strong> mar mais baixo.<br />

Na Área Nor<strong>de</strong>ste/Leste é extrema a complexida<strong>de</strong> das cores mapeadas. A ausência <strong>de</strong><br />

estudos mais <strong>de</strong>talhados dos parâmetros petrográficos sedimentares e das feições morfológicas, torna<br />

bastante especulativa qualquer tentativa <strong>de</strong> relacionamento Cores/Condições <strong>de</strong> Deposição.<br />

Deve-se ressaltar que as lamas terrígenas atuais, drenadas por gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scargas<br />

fluviais e <strong>de</strong> ocorrência restrita e local, apresentam colorações ora amareladas, ora escuras. Essa<br />

variação parece ser função do confronto Proveniência/Condições <strong>de</strong> Deposição. Nas áreas <strong>de</strong> calcários,<br />

quando ao largo <strong>de</strong> trechos do litoral com forte drenagem fluvial, as cores predominantes são<br />

amareladas. Ao largo <strong>de</strong> trechos com fraca contribuição terrígena atual, os calcários têm cores olivapálida<br />

a oliva-acinzentada e arroxeada, evi<strong>de</strong>nciando algas vivas e frescas (Kempf, 1970). As areias<br />

quartzosas <strong>de</strong> plataforma interna apresentam coloração amarelada, mesmo ao largo <strong>de</strong> áreas com<br />

fraca drenagem atual.<br />

Na Área Sul a topografia se caracteriza pela suavida<strong>de</strong> do relevo. Entre os cabos Frio e<br />

Santa Marta a plataforma é recortada por vales <strong>de</strong> pequenas amplitu<strong>de</strong>s, Entre o cabo <strong>de</strong> Santa<br />

Marta e o Arroio Chuí, ocorrem <strong>de</strong>pressões rasas e alongadas, dispostas paralelamente à linha da costa.<br />

Em toda a área a topografia sugere um mo<strong>de</strong>lado relicto não <strong>de</strong>posicional.<br />

A característica comum entre os sedimentos é a disposição longitudinal <strong>de</strong> lamas terrígenas<br />

<strong>de</strong> caráter redutor (cor preto-esver<strong>de</strong>ada), encaixadas entre areias quartzosas e bio<strong>de</strong>tríticoquatzosas<br />

<strong>de</strong> caráter neutro (coroliva-pálidaaoliva-acinzentada). Condições ambientais <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />

propícias àpreservação <strong>de</strong> matéria orgânica, parecem as responsáveis pelo caráter redutor das<br />

lamas. Essa ocorrência é anômala em relação ao ambiente marinho atual na plataforma. A nertralida<strong>de</strong><br />

das cores dos sedimentos quartzosos e bio<strong>de</strong>trítico-quartzosos parece ser função da composição<br />

(Proveniência).<br />

CONCLUSOES<br />

- Observou-se um total <strong>de</strong> 66 cores diferentes, nos sedimentos da plataforma continental<br />

brasileira. Os grupos <strong>de</strong> cores diagnósticos dos processos <strong>de</strong> coloração foram: A (marrom claro),<br />

B (marrom amarelado), C (amarelo ocre) , D (marrom amarelado pálido), F (amarelo escuro), G<br />

(oliva pálido aoliva acinzentado), J (vermelho escuro), H (oliva claro), E (cinza esver<strong>de</strong>ado) e I<br />

(preto esver<strong>de</strong>ado).<br />

_ Os grupos A, B, C, De F, <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong>s amareladas, caracterizam colorações oxidantes.<br />

Os grupos E e I, <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong>s escuras, colorações redutoras. Os grupos G, H e J colorações<br />

neutras (intermediárias).<br />

_ Os sedimentos terrígenos atuais, geralmemte <strong>de</strong> origem fluvial, restritos a áreas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sembocadura <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rios e associados a feições morfológicas <strong>de</strong>posicionaís, apresentaram-se<br />

ora com colorações oxidantes, ora com colorações mais redutoras. As cores oxidantes aparentemente<br />

são mais um reflexo das condições prevalecentes nas áreas fontes, do que das condições ambien-


260 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

tais <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Nesse caso a carga <strong>de</strong>trítica, rica em material ferruginoso, foi a princiJ?al responsável<br />

pela tonalida<strong>de</strong> amarelada. As cores redutoras são um reflexo das condições ambientais <strong>de</strong><br />

sedimentação, propícias à preservação <strong>de</strong> matéria orgânica. Nesse caso a <strong>de</strong>composição incompleta e<br />

a concentração <strong>de</strong> material organogênico, em condições anaeróbicas, foram as responsáveis pela<br />

tonalida<strong>de</strong> escura.<br />

- Os sedimentos terrigenos finos, em quase toda a transição entre as areias <strong>de</strong> plataforma<br />

externa e lamas <strong>de</strong> plataforma interna, da área Norte, mantiveram tonalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> redutoras a<br />

neutras, caracterizando uma anomalia <strong>de</strong>ntro do padrão oxidante da área.<br />

- Os sedimentos terrígenos finos, da área Sul, apresentaram-se com coloração escura,<br />

redutora, sendo um padrão <strong>de</strong> cor anômalo em relação ao ambiente marinho atual. Como esses<br />

sedimentos <strong>de</strong>senvolvem-se na plataforma média a externa e livres <strong>de</strong> contribuição terrigenas<br />

atuais, acredita-se serem relictos <strong>de</strong> um ambiente costeiro <strong>de</strong> condições anaeróbicas. Kowsmann<br />

(1973) atribuiu uma origem provavelmente lagunar para as lamas escuras da plataforma média a<br />

externa, ao largo do litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

- Os sedimentos terrigenos arenosos, associados a feições morfológicas erosionais e não<br />

<strong>de</strong>posicionais, apresentaram-se com colorações oxidantes (anômalas) e neutras. Devido ao escasso<br />

aporte atual <strong>de</strong> sedimentos terrigenos arenosos na plataforma, acredita-se serem <strong>de</strong> ocorrência relicta.<br />

A diferenciação em tonalida<strong>de</strong>s oxidantes e neutras, foi função do conteúdo <strong>de</strong> material ferrugi-<br />

DOSOnas áreas fonte <strong>de</strong> suprimento. Os sedimentos oxidantes apresentaram um alto teor relativo em<br />

óxidos <strong>de</strong> ferro em sua composição <strong>de</strong>trítica, além <strong>de</strong> um forte capeamento ferruginoso nos grãos. Os<br />

sedimentos <strong>de</strong> cores neutras apresentaram baixa percentagem em óxidos <strong>de</strong> ferro e ausência <strong>de</strong> capeamento.<br />

- Os sedimentos calcários atuais <strong>de</strong> origem marinha (restritos à plataforma externa na<br />

área Norte/Nor<strong>de</strong>ste e abrangendo quase toda a plataforma, em trechos da área Nor<strong>de</strong>ste/Leste),<br />

apresentaram-se com colorações neutras, inerentes às condições ambientais atuais, pouco influenciadas<br />

pela drenagem continental.<br />

- Os sedimentos calcários <strong>de</strong> plataforma externa (na área Norte e em trechos da área<br />

Nor<strong>de</strong>ste/Leste), apresentaram-se com colorações amareladas oxidantes, provavelmente sob influência<br />

da drenagem continental, num período <strong>de</strong> mar mais baixo. Devido ao caráter anômalo da<br />

cor e ao aspecto quebradiço dos calcários (refletindo alto retrabalhamento), acredita-se serem <strong>de</strong><br />

ocotTência relicta.<br />

- Os sedimentos coletados nas cabeceiras <strong>de</strong> canyons, vales e canais, que esculpiram<br />

localmente um mo<strong>de</strong>lado erosional na borda da plataforma, apresentaram-se com colorações<br />

amareladas oxidantes (anômalas). Acredita-se serem relictos.<br />

- As cores em <strong>de</strong>sajuste com as presentes condições ambientais, foram mais características<br />

em sedimentos e feições morfológicas <strong>de</strong> aspecto relicto. A recíproca não foi verda<strong>de</strong>ira, pois<br />

nem todos os <strong>de</strong>tritos e formas <strong>de</strong> relevo remanescentes, estiveram associadas a cores anômalas.<br />

- Tanto nos sedimentos relictos, como nos atuais, foi <strong>de</strong> importância o confronto entre<br />

contribuições <strong>de</strong>tríticas (Proveniência) e as condições ambientais <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Para os relictos, o<br />

grau <strong>de</strong> preservação no ambiente atual das características herdadas do ambiente anterior, foi também<br />

bastante significativo.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Somos gratos aos geólogos Alberto Carlos Ferreira <strong>de</strong> Almeida e Haroldo Asmus pelas<br />

críticas e comentários referentes a redação final do presente trabalho.<br />

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proceeeo <strong>de</strong> alta'açio<br />

2810, BeIém - "'_0<br />

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doa C<br />

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CONTRIBUIÇAo AO ESTUDO DE MATERIAL EM SUSPENSÃO<br />

NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO AMAZONAS<br />

JOHN D. MILLIMAN*, COLIN P. SUMMERHA YES*, HENYO T. BARRETTO**<br />

ABSTRACT<br />

Hydrographic parametero of swface watara In anel near the Amazon River in February and March of 1973 were indicative of<br />

fIood condlüons, both in terms of the offshore,e>:tensionof the freshwater plume and the high concentraÜODeof suspen<strong>de</strong>d matter wlthin the tiver<br />

water. While the net transport of Amazon waterWas NW (due to the Guiana Current), seasonal changes in wind dlrecüon resulted In formaüon of<br />

a nearshore countel' current along the Pará COB8t.<br />

More than 96 percent of the terrigenous sediment within the Amazon surface watere settles out in the tiver mouth, before ea.<br />

linity reaches 3%. Most of this sediment is resuspen<strong>de</strong>d by ti<strong>de</strong>s, waves and currente, and ia transported to the NW by nearshore Olrrente. Prac.<br />

ücany no terrigelious sediment appears to escape offshore.<br />

The prime components of suspen<strong>de</strong>d matter in the brackiah-watel' plume off the Amazon are distom fruetules. Contrary to the<br />

suggeetions of other workers, Amazon outflow markedly increases the ferttlity of shelf watara. However, the high production of diatoms ia not<br />

reflected In the sediments, probably due to rapid recycling as wen as to NW traneport of frustules by the Guaians Corrent. Although Amazon.<br />

borne silica is initially removed by bioiogic means, recycling releaees it the ultimate fate of the sUicaiaunknown.<br />

INTRODUÇÁO<br />

o estudo da composição, da concentração e da distribuição <strong>de</strong> material em suspensão<br />

nos diversos oceanos do globo tem interessado, especialmente nestes últimos anos, a um número<br />

cada vez maior <strong>de</strong> cientistas marinhos. Esses estudos ajudam não somente a <strong>de</strong>finir a natureza do<br />

material em suspensão propriamente dito, mas também a discemir acerca da origem e do <strong>de</strong>stino<br />

final <strong>de</strong> vários componentes geológicos e biológicos, <strong>de</strong>ntro das bacias oceânicas.<br />

Tem sido publicado um razoável número <strong>de</strong> relatórios sobre o caráter e a distribuição <strong>de</strong><br />

material em suspensão, no Atlântico equatorial e meridional (por exemplo, Jacobs e Ewing, 1969;<br />

Lisitzin, 1972; Bornhold et alii, 1973; Emery et alii, 1973, 1974). Contudo, a maioria <strong>de</strong>sses trabalhos<br />

está iimitada ao estudo <strong>de</strong> regiões <strong>de</strong> oceano aberto, on<strong>de</strong> as variações são reduzidas ou bastante<br />

atenuadas. Até então, nenhum estudo centralizado se havia realizado sobre material em suspensão,<br />

na <strong>de</strong>sembocadura <strong>de</strong> um dos gran<strong>de</strong>s sistemas <strong>de</strong> drenagem como o Níger, o Congo, ou o<br />

Amazonas. No entanto é nas águas imediatamente adjacentes a tais rios que se processam as<br />

maiores variações, tanto na composição como na distribuição do material em suspensão.<br />

Este trabalho apresenta os resultados <strong>de</strong> observações' feitas, no período <strong>de</strong> fevereiro a<br />

março <strong>de</strong> 1973, sobre a hidrografia e o conteúdo <strong>de</strong> suspensatos 'na camada superficial das águas da<br />

margem continental norte brasileira. Embora já existam vários relatórios escritos sobre a oceanografia<br />

da área (citados enl seguida no texto), o~ alltores não conhecem qualquer dado, publicado,<br />

que trate especificamente <strong>de</strong> material em suspensão na <strong>de</strong>sembocadura do Amazonas.<br />

----<br />

.WHOI<br />

"REMAC


264 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

O Sistema Amazônico<br />

QUADRO REGIONAL<br />

O sistema amazônico <strong>de</strong> drenagem consiste, realmente, em dois sistemas <strong>de</strong> rios dissimilares:<br />

o Rio Amazonas e o Rio Pará (Fig. 1). O Amazonas é o maior rio do globo terrestre, tanto<br />

em termos <strong>de</strong> área da bacia <strong>de</strong> drenagem (7 X 106 km2) como em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga média (1,75 X<br />

105 m3/segundo) (Davis, 1964; Oltman, 1965, 1968; Gibbs, 1967; Marlier, 1973). Convém ressaltar,<br />

todavia, que a razão <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga sofre enorme variação sazonal. No domínio da estação chuvosa, <strong>de</strong><br />

abril a junho, a vazão média em Obidos (cerca <strong>de</strong> 450 km a montante da foz do rio) atinge 2,25 X<br />

105 m3/segundo, enquanto no período <strong>de</strong> menor precipitação pluviométrica, <strong>de</strong> outubro a <strong>de</strong>zembro,<br />

a vazão média se situa em 0,9 X 105m3/segundo (Oltman, 1968). A ocorrência <strong>de</strong> enchentes<br />

periódicas tem provocado razões <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga anomalamente (p. ex. 3,6 X 105m3/s foi registrado<br />

durante a enchente em 1953; Oltman, 1968), enquanto variações verticais <strong>de</strong> 15 a 30 m no nível do<br />

rio chegam a ocorrer durante tais enchentes (Diegues, 1973; Marlier, 1973).<br />

Embora o Rio Amazonas banhe principalmente uma região baixa <strong>de</strong> floresta tropical<br />

chuvosa, uma gran<strong>de</strong> parte dos seus maiores tributários drena a região <strong>de</strong> montanhas dos An<strong>de</strong>s.<br />

Gibbs (1967) encontrou a seguinte relação entre os minerais <strong>de</strong> argila (fração menor do que2"u) nas<br />

águas da foz do Amazonas: 33 % <strong>de</strong> ilita, 31 % <strong>de</strong> caulinita, 27 % <strong>de</strong> montmorilonita e 2 % <strong>de</strong> clorita.<br />

Ele concluiu que mais <strong>de</strong> 80% da carga anual <strong>de</strong> material em suspensão (5 X 108 toneladas) é <strong>de</strong>-<br />

Fig. 1 - Mapa da margem continental amazônica. Contornos topográficos, em m.


MILLIMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO 265<br />

rivada dos An<strong>de</strong>s. Assim como a vazão do rio, a concentração da carga em suspensão nâ massa<br />

d'água também varia, notavelmente, com as estações. Nos meses chuvosos, a média da carga em<br />

suspensão próximo à foz do rio atinge 125 mgll, enquanto que na estação seca a concentração fica<br />

em tomo <strong>de</strong> 22 mgll (Gibbs, 1967).<br />

O segundo rio do sistema amazônico <strong>de</strong> drenagem é o Rio Pará, formado pela confluência<br />

<strong>de</strong> um ramo do Amazonas com o Rio Tocantins. Este drena uma área <strong>de</strong> 0,7 X 106km2 e possui<br />

uma vazão estimada em cerca <strong>de</strong> 104m3/s (Oltman, 1968). Embora não exista informação publicada<br />

acerca da carga em suspensão do Rio Pará, os dados apresentados neste relatório sugerem que o sistema<br />

do Pará contribui com o equivalente a menos <strong>de</strong> 1/20 da carga do Amazonas. Pelo fato do<br />

Tocantins drenar exclusivamente uma área baixa <strong>de</strong> floresta chuvosa, a composição <strong>de</strong> sedimentos<br />

carreados difere bastante da encontrada no Amazonas. Os sedimentos coletados do piso marinho na<br />

boca do Rio Pará mostram altas concentrações <strong>de</strong> quartzo e caulinita, com baixo conteúdo <strong>de</strong> feldspatos,<br />

ilita e montmorilonita (Barreto et alii, 1974).<br />

Oceanografia da margem continental norte<br />

A plataforma continental do setor mais setentrional do Brasil marca a incorporação da<br />

<strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> água doce do Amazonas t>elas águas do Atlântico equatorial. Investigações <strong>de</strong>talhadas<br />

acerca das características hidrográficas das águas da plataforma foram feitas por Bõhnecke (1936) e<br />

Diegues (1973), os quais documentaram mudanças sazonais em concordância com variações da <strong>de</strong>scarga<br />

do Amazonas. Durante a estação chuvosa (<strong>de</strong> enchente), uma frente <strong>de</strong> água relativamente<br />

doce (salinida<strong>de</strong>s menores do que 10 %0 ) se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100 a 180 km ao largo, enquanto que outra, <strong>de</strong><br />

água salobra (salinida<strong>de</strong>s entre 10 e 35 ')(' ), cobre a quase totalida<strong>de</strong> da plataforma a oeste-noroeste<br />

do Amazonas (Fig. 2). Essa frente <strong>de</strong> água salobra esten<strong>de</strong>-se também para leste, quase atingindo a<br />

Baía <strong>de</strong> São Marcos no clímax da estação <strong>de</strong> enchente (Diegues, 1973). Durante a estação seca, a<br />

frente <strong>de</strong> água relativamente doce já não se <strong>de</strong>sloca tão ao largo, assim como a frente salobra não ultrapassa<br />

muito a boca do Rio Pará, em: direção a leste. Embora a água salobra recubra uma parte<br />

substancial da plataforma continental, a norte-noroeste do Amazonas, nessa estação ela é menos<br />

doce do que durante o período <strong>de</strong> enchent~ (Fig. 2).<br />

50.W 45. 50.W<br />

Fig. 2 - Salinida<strong>de</strong>s/(%O),típicas da água superficial durante condições <strong>de</strong> estação chuvosa (abril-maio, 1968) e <strong>de</strong><br />

estação seca (novembro, 1967). Os perfis, nos cantos superiores, mostram os gradientes verticais da salinida<strong>de</strong><br />

ao longo <strong>de</strong> linhas, diretamente ao largo da boca do Amazonas. Segundo Diegues (1973).<br />

Diegues (1973) e Gibbs (1970) <strong>de</strong>monstraram que a água do Amazonas forma uma<br />

camada superficial, <strong>de</strong> espessura variável entre 10 e 20 m, sob a qual existe uma camada salgada


266 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

que migra em direção ao continente. De acordo com Gibbs (1970), uma estratificação vertical bem<br />

<strong>de</strong>senvolvida se esten<strong>de</strong> através duma faixa da plataforma, <strong>de</strong> 60 até 185 km <strong>de</strong> largura, durante a<br />

estação seca, e <strong>de</strong> 80 a 230 km, durante a estação chuvosa (Fig. 2). As isoalinas verticais indicativas<br />

<strong>de</strong> mistura turbulenta são, contudo, confinadas à boca do rio. Em nenhum caso a água salgada<br />

penetra no Amazonas. O mesmo não se po<strong>de</strong> afirmar quanto ao Rio Pará, conforme os resultados<br />

obtidos por Ryther et alii (1967), os quais mediram salinida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>até14 %0,<br />

O sistema <strong>de</strong> correntes, sobre a plataforma e o talu<strong>de</strong> do setor setentrional brasileiro, é<br />

influenciado <strong>de</strong> modo marcante pelo fluxo das águas equatoriais para NW. Trabalhos recentes<br />

(Metcalf, 1968; Metcalf e Stalcup, 1967) mostram que esse sistema é mais complexo do que se pensava<br />

antes. Ao sul do Amazonas, o fluxo equatorial se concentra nas águas oxigenadas e salinas da<br />

corrente costeira norte brasileira, um ramo da corrente sul-equatorial. Nas proximida<strong>de</strong>s da longitu<strong>de</strong><br />

do Amazonas, essa corrente se curva para leste e mergulha, formando então a contracorrente<br />

equatorial atlântica. O fluxo noroeste das águas da plataforma, ao norte do Amazonas, está concentrado<br />

na corrente das Guianas, um ramo da corrente norte-equatorial. Entre esses 2 sistemas<br />

divergentes <strong>de</strong> correntes, a <strong>de</strong>scarga do Amazonas po<strong>de</strong> ser arrastada por centenas <strong>de</strong> km ao largo.<br />

A ocorrência <strong>de</strong> amplos bolsões ou lentes <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong> relativamente baixa (localmente menores do<br />

que (30%")é particularmente comum sobre o talu<strong>de</strong> continental das Guianas (Bõhnecke, 1936; Metcalf,<br />

1968; Metcalf e Stalcup, 1967; Ryther et alii, 1967; Gibbs, 1967; Cochrane, 1969).<br />

As velocida<strong>de</strong>s da corrente das Guianas variam entre 25 e 200 cm/s, verificando-se,<br />

porém, velocida<strong>de</strong>s instantâneas maiores, as quais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, sobretudo, <strong>de</strong> padrões dos ventos e<br />

da localização <strong>de</strong>sses padrões no trajeto da corrente. Em geral, o limite mais interno da corrente se<br />

situa <strong>de</strong>ntro duma faixa que dista 20 a 40 km da linha <strong>de</strong> costa, enquanto que as velocida<strong>de</strong>s má.<br />

ximas se <strong>de</strong>senvolvem numa faixa que dista entre 150 a 200 km da costa (U. S. Naval Oceanographic<br />

Office, 1967). De acordo com Lue<strong>de</strong>mann (1967), a velocida<strong>de</strong> média combinada da corrente<br />

costeira norte-brasileira e da corrente das Guianas é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 110 cm/s em março e abril. Experiências<br />

com garrafas <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva, feitas por Lue<strong>de</strong>mann (op. cit.), resultaram em algumas recuperações<br />

distantes no hemisfério norte (Miami-U.S.A.), enquanto que outras <strong>de</strong>rivaram para o sul,<br />

sugerindo a presença <strong>de</strong> um fraco fluxo costeiro para o sul. a migração <strong>de</strong> água salobra para o sul,<br />

observada por Diegues (1973), reforça a sugestão <strong>de</strong> Lue<strong>de</strong>mann (op. cit.).<br />

As correntes <strong>de</strong> maré no estuário do Amazonas e em suas cercanias po<strong>de</strong>m exce<strong>de</strong>r a 250<br />

em/segundo. Suas amplitu<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser maiores do que 12 m (Diegues, 1973). Embora a água sal.<br />

gada não penetre no rio, as flutuações <strong>de</strong> maré são sensíveis a gran<strong>de</strong> distância da foz, tal como<br />

acontece na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santarém, cerca <strong>de</strong> 850 km a montante (Marlier, 1973). Os dados disponíveis<br />

sugerem, também, que as flutuações <strong>de</strong> maré não chegam a <strong>de</strong>slocar a posição horizontal das<br />

isoalinas mais do que poucos quilômetros, nas águas costeiras (Diegues, 1973; Gibbs, 1970).<br />

Produtivída<strong>de</strong> Biológica<br />

O efeito do Amazonas sobre a produtivida<strong>de</strong> biológica das águas costeiras adjacentes<br />

tem sido objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates. Os níveis <strong>de</strong> nutrientes <strong>de</strong>ntro das águas do Amazonas são pobremente<br />

documentados, embora Gessner (1960) e Klinge e Ohle (1964) tenham encontrado níveis relativamente<br />

baixos <strong>de</strong> nítratos e fosfatos. Ryther et alii (1967) mostraram que as águas do Rio Parácontêm<br />

valores <strong>de</strong> silicato, fósforo total, nitrogênio e ferro, consi<strong>de</strong>ravelmente mais altos que os das<br />

águas costeiras, as quais, por sua vez, possuem valores mais altos que os das águas <strong>de</strong> oceano aberto<br />

(Tab. 1). Ryther et alii concluíram, também, que os níveis <strong>de</strong> nutrientes do Amazonas não são<br />

impressionantemente altos, e sugeriram que é improvável que o Amazonas contribua para aumentar<br />

diretamente a produtivida<strong>de</strong> biológica do oceano para o qual ele escoa. De fato, ainda <strong>de</strong><br />

acordo com Ryther et alii (op. cit.), o efeito direto e total do rio é, portanto, no sentido <strong>de</strong> diminuir<br />

a fertilida<strong>de</strong> do oceano para o qual ele corre<br />

Contudo, observações sobre a produtivida<strong>de</strong> costeira não coinci<strong>de</strong>m com os efeitos, consi<strong>de</strong>rados<br />

negativos ou <strong>de</strong>sprezíveis, da <strong>de</strong>scarga do Amazonas. As águas costeiras, ao largo da sua<br />

foz, contêm significativas concentrações <strong>de</strong> uma flora <strong>de</strong> diatomáceas e dinoflagelados (W ood, 1966;<br />

Vannucci e Queiroz, 1963), a qual favorece populações muito menores <strong>de</strong> cocolitoforí<strong>de</strong>os, sobre a<br />

plataforma externa e o talu<strong>de</strong> (Teixeira e Tundisi, 1967). Por exemplo, HulberteCorwin (1969)informam<br />

sobre a presença <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 135.000 células <strong>de</strong> fitoplâncton por 100cc, nas águas costeiras,<br />

em contraste com um conteúdo menor do que 500 células por 1oocc, geralmente encontrado nas


MILLlMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO<br />

Fig.3 - Trajeto do N/OC PROF. W. BESNARD durante os tratos 5 (12 a 23/02), SA (27/02 a 03/03) e<br />

6 (08 a 16/03/1973). As bolas representam estações <strong>de</strong> material em suspensão; os triângulos representam<br />

estações <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> suspensatos tanto em filtros Millipore como <strong>de</strong> prata.<br />

267


268 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

águas da plataforma externa.<br />

Gran<strong>de</strong>s lentes salobras <strong>de</strong> superfície ocorrem ao longo do talu<strong>de</strong> das Guianas, aparentemente<br />

<strong>de</strong>stacadas do sistema salobro amazônico e transportadas ao largo, em conseqUência da<br />

bifurcação <strong>de</strong> correntes já citada (Metcalf, 1968). Embora essas águas salobras sejam pobres tanto<br />

em nutrientes quanto em plâncton, as águas que envolvem a atlréola interna das lentes são relativamente<br />

produtivas. Ryther et alii (1967) explicam essa alta produtivida<strong>de</strong> como conseqüência <strong>de</strong><br />

ressurgência local das águas do talu<strong>de</strong>.<br />

MÉTODOS<br />

Observações oceanográficas e coleta <strong>de</strong> material em suspensão sobre o setor norte<br />

brasileiro da plataforma continental e talu<strong>de</strong> superior foram feitas <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> fevereiro a 16 <strong>de</strong> março<br />

<strong>de</strong> 1973, em três tratos sucessivos (números 5, 5A e 6) do N.Oc. Prof. W. Besnard, fretado, pelo<br />

Projeto REMAC, do Instituto Oceanográfico da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (Fig. 3). Uma vez que o<br />

objetivo do cruzeiro era a obtenção <strong>de</strong> perfis contínuos <strong>de</strong> batimetria, sísmica e magnetometria, o.<br />

navio não parou para estações geológicas ou oceanográficas. As medições <strong>de</strong> temperatura e salinida<strong>de</strong><br />

da superfície da água foram tomadas a intervalo horário, usando-se um termo-salinógrafo<br />

Bisset-Berman <strong>de</strong> registro contínuo. As amostras <strong>de</strong> material em suspensão foram coletadas na<br />

superfície da água, em vaso <strong>de</strong> polietileno, com o navio em movimento, a intervalos <strong>de</strong> quatro horas.<br />

Por outro lado, a cada 12 horas era coletada uma amostra <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> água (<strong>de</strong> até 151),<br />

para fins <strong>de</strong> análise mineralógica do possível material terrigeno em suspensão. Uma vez que a<br />

velocida<strong>de</strong> média do navio era em torno <strong>de</strong> 14 km/hora, as medições <strong>de</strong> temperatura e salinida<strong>de</strong><br />

guardavam esse mesmo intervalo (14 km) ao longo da linha navegada, enquanto que as amostras <strong>de</strong><br />

material em suspensão estavam espaçadas <strong>de</strong> 56 km, e as mineralógicas, <strong>de</strong> aproximadamente 168<br />

km. Foi obtido um total <strong>de</strong> 150 amostras <strong>de</strong> material em suspensão e <strong>de</strong> 50 amostras mineralógicas,<br />

na área em questão, principalmente sobre a plataforma continental (Fig. 3).<br />

O conteúdo <strong>de</strong> material em suspensão foi concentrado por filtragem <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s<br />

medidas <strong>de</strong> água, através <strong>de</strong> filtros <strong>de</strong> Millipore pré-pesados, com diâmetro nominal dos poros <strong>de</strong><br />

O,45.p No laboratório, os conteúdos <strong>de</strong> material em suspensão total e <strong>de</strong> material combustível foram<br />

<strong>de</strong>terminados segundo os métodos <strong>de</strong>scritos por Manheim et alii (1970). A temperatura <strong>de</strong> combustão<br />

utilizada para <strong>de</strong>terminar o material combustível foi mantida em 500°C.<br />

Filtros <strong>de</strong> prata, com diâmetro nominal dos poros <strong>de</strong> 0,45).(, foram usados como substrato<br />

para as análises <strong>de</strong> difratometria, por raios X, dos minerais <strong>de</strong> argila (ver Manheim et alii,<br />

1972). Devido à pouca quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partículas minerais em suspensão na água essencialmente<br />

oceânica, os filtros <strong>de</strong> prata foram freqüentemente obstruídos com material orgânico, antes <strong>de</strong> se<br />

retirar uma quantida<strong>de</strong> suficiente <strong>de</strong> grãos mineralizados. De forma a corrigir esse problema, o<br />

material <strong>de</strong>stinado a análise mineralógica passou a ser coletado em três séries normais <strong>de</strong> filtros <strong>de</strong><br />

Millipore, resultando, portanto, uma obtenção <strong>de</strong> uma quantida<strong>de</strong> total três vezes maior do que<br />

seria coletada com um filtro <strong>de</strong> prata padrão (Summerhayes, 1973). Os volumes filtrados variaram<br />

<strong>de</strong> IilEmos <strong>de</strong> 100 mI, no Amazonas, até mais <strong>de</strong> 15 1, no oceano aberto. As amostras foram preparadas<br />

para a análise dos minerais <strong>de</strong> argila, passando por tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição da matéria<br />

orgãnica com H202 aquecido, durante um período <strong>de</strong> 4 a 5 horas. O tratamento com peróxido facilitou<br />

também a limpeza dos filtros. Depois que o peróxido foi removido, por aquecimento, até a<br />

evaporação total, o resíduo inorgânico foi resuspendido em água e lavauo através <strong>de</strong> uma máscara<br />

montada sobre o filtro <strong>de</strong> prata. A máscara favorece a concentração dos sedimentos no centro do filtro,<br />

permitindo assim dobrar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material exposta ao foco dos raios X. Obteve-se, em<br />

aproximadamente meta<strong>de</strong> do total das amostras trabalhadas, uma concentração <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 1mg <strong>de</strong><br />

mátéria inorgânica por filtro. Essa concentração, segundo Spencer e Sachs (1970), é mais do que<br />

suficiente para a análise por raios X. Todavia, a dominância <strong>de</strong> carapaças <strong>de</strong> diatomá~as em muitas<br />

amostras chegou a prevalecer completamente sobre outros padrões minerais. Essa ocorrência mascarou<br />

e impossibilitou a análise quantitativa dos minerais terrígenos.


MILLlMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO 269<br />

~ EQUAroR/AL WATER D TRANS/T/ON WATER mrn<br />

Leg 5A<br />

Fig. 4 - Salinida<strong>de</strong>s das águas superficiais ao largo do Amazonas durante os tratos 5, 5A e 6.<br />

R/VER WATER


-----<br />

270 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Observações Oceanográficas<br />

RESULTADOS<br />

A temperatura da água superficial ao largo da costa norte brasileira permaneceu relativamente<br />

constante, oscilando entre 27,5 e 28,52.C, durante os 3 tratos realizados na área. Temperaturas<br />

similares foram registradas nos rios Amazonas e Pará, no mesmo período.<br />

Por outro lado, os padrões da salinida<strong>de</strong> na superfície acusaram consi<strong>de</strong>ráveis variações<br />

horizontais. Ainda assim, os padrões mapeados foram suficientes para tipificar as condições <strong>de</strong> enchente<br />

<strong>de</strong>scritas por Diegues (op. cit.). Durante o trato n~ 5, águas com salinida<strong>de</strong>s inferiores a 10%<br />

se estendiam até quase 100 km ao largo do Amazonas, e até cerca <strong>de</strong> 40 km ao largo do Rio Pará. A<br />

água equatorial atltintica (salinida<strong>de</strong>s superiores a 36 %0 ), embora estando a cerca <strong>de</strong> 200 km ao largo<br />

da foz do Amazonas, chegava a atingir o litoral a leste do Rio Pará (Fig. 4A). A noroeste do<br />

Amazonas, a água da plataforma permaneceu essencialmente salobra, com salinida<strong>de</strong>s entre 20 e<br />

35%2; a água equatorial atlântica, nesse setor, ficou a cerca <strong>de</strong> 100 km da costa. No trato subseqüente,<br />

n2 5A (Fig. 4B), a água salobra se esten<strong>de</strong>u por mais <strong>de</strong> 100 km em direção a leste do Rio<br />

Pará, enquanto que no trato n~ 6 (Fig. 4C) ela praticamente atingiu a Baía <strong>de</strong> São Marcos. Durante<br />

este último trato, a água equatorial se restringiu à área da plataforma mais externa e do talu<strong>de</strong> continental,<br />

a leste-su<strong>de</strong>ste do Rio Pará, em marcante contraste com as condições observadas durante o<br />

trato n~ 5 (comparar Fig. 4A e 4C).<br />

O <strong>de</strong>slocamento dos padrões da salinida<strong>de</strong> na superfície estava provavelmente relacionado<br />

a mudanças na direção dos ventos. No período do trato n.2.5 o vento era <strong>de</strong> E .N .E , tendo se<br />

<strong>de</strong>slocado para NE. durante os tratos n2s 5A e 6, com uma força Beaufort variando <strong>de</strong> 2 a 3. O<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tal contracorrente costeira dirigida para su<strong>de</strong>ste, durante os meses <strong>de</strong> fevereiro<br />

e março, foi mostrado por Lue<strong>de</strong>mann (1967) e Diegues (1973). Ambos relacionaram esse <strong>de</strong>slocamento<br />

com as mudanças no padrão dos ventos. Os dados sugerem, todavia, que esse fluxo contrário<br />

é tão somente um fenômeno local temporário, e que na águas salobras o fluxo principal é induzido<br />

para noroeste, tanto pela corrente costeira norte brasileira como pela corrente das Guianas.<br />

Material em Suspensão<br />

A concentração <strong>de</strong> material em suspensão nas águas superficiais, ao largo do Brasil<br />

setentrional, é inversamente proporcional à salinida<strong>de</strong>. As amostras da água do Rio Amazonas contêm<br />

cerca <strong>de</strong> 140 mg/l <strong>de</strong> suspensatos; essenúmeroé relativamente próximoda concentraçãomédia<br />

durante os meses chuvosos, conforme relatado po Gibbs (1967; ver acima). As águas costeiras com<br />

salinida<strong>de</strong> inferiores a 10 ~ contêm geralmente mlrls <strong>de</strong> '4mg/l, enquanto que as águas salobras da<br />

plataformacontêmentreO,25e I,O~/1 (Fig. 5).<br />

A água equatorial atlântica quase sempre contém menos <strong>de</strong> 0,25mg/l, e, localmente,<br />

menos <strong>de</strong> 0,10mg/l. A correlação entre concentrações <strong>de</strong> material em suspensão e salinida<strong>de</strong>s também<br />

pô<strong>de</strong> ser notada pelo conteúdo aumentado <strong>de</strong> suspensatos, a su<strong>de</strong>ste do Rio Pará, durante os<br />

tratos n~ 5 e 6 (comparar Fig. 4 e 5).<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material combustível é também inversamente proporcional à salinida<strong>de</strong><br />

e, portanto, à distância da costa. Foram encontrados valores maiores do que 4mg/l nas proximida<strong>de</strong>s<br />

da boca do Amazonas (localmente maiores do que 10 mg/l), enquanto que nas águas oceânicas<br />

as concentrações caíram para menos <strong>de</strong> 0,20 mg/l (Fig. 6). No entanto, pelo fato do material<br />

incombustível apresentar um <strong>de</strong>créscimo muito mais rápido com o aumento da salinida<strong>de</strong> (Fig. 7),<br />

observa-se um aumento significativo da percentagem <strong>de</strong> combustíveis <strong>de</strong>ntro do total <strong>de</strong> suspensatos<br />

no oceano aberto (Fig. 8).<br />

Observa-se, portanto, que a fração combustível geralmente constitui <strong>de</strong> 10 a 25% do<br />

total <strong>de</strong> suspensatos nas águas costeiras, e <strong>de</strong> 50 a 80 % <strong>de</strong>sse total na água salobra e na oceânica.<br />

Este quadro é típico para as águas superficiais <strong>de</strong> outras áreas do oceano (por exemplo: Manheim et<br />

alii, 1970, 1972; Emery et alii, 1973, 1974).<br />

A fração incombustível mapeada é composta tanto <strong>de</strong> grãos terrígenos como <strong>de</strong> material<br />

biogênico não combustível. Embora vários autores tenham pressuposto que a fração incombustível<br />

fosse principalmente formada por terrígenos (Lisitzin, 1972; Emery et alü, 1973), essa suposição


MILLlMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO 271<br />

TOTAL SUSPENOEO MATTE/? Mg/l<br />

Leg 5 A<br />

Fig. 5 - Concentração total <strong>de</strong> material em suspensão (em mg/l) nas águas superficiais, durante os tratos<br />

5, 5A e 6.


272 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

COMBl/ST/BLES Mg/t<br />

Fig. 6 - Concentração <strong>de</strong> material combustível (a 5000 C) nas águas superficiais, durante os tratos 5, 5A e 6.


MILLlMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO<br />

NON-COM8VST/8LE MATTER 1.19/1<br />

Fig. 7 - Concentração <strong>de</strong> material incombustível nas águas superficiais, durante os tratos 5, 5A e 6.<br />

-~~------<br />

273


274 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

PERCENT COMBUST/BLES<br />

Fig. 8 - Percentagem da fração combustível no total <strong>de</strong> material em suspensão, nas águas superficiais.


MILLlMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO 275<br />

não se aplica ao largo do Amawnas. Estimativas visuais dos componentes incombustíveis indicam<br />

que a fração terrígena <strong>de</strong>cresce abruptamente tão logo a água do Amawnas atinge o ambiente<br />

marinho. A uma salinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3 %0 , mais <strong>de</strong> 95% da fração <strong>de</strong> terrígenos são removidos das águas<br />

superficiais.. Assim, a quase totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material em suspensão remanescente é composta <strong>de</strong> frústulos<br />

<strong>de</strong> diatomáceas (Fig. 9 e 10). Embora a quantida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> diatomáceas <strong>de</strong>cresça com o<br />

aumento da salinida<strong>de</strong>, a perda correspon<strong>de</strong>nte aos grãos terrígenos (<strong>de</strong>vida tanto à floculação<br />

física como à biológica) é ainda mais pronunciada. Daí resulta que a gran<strong>de</strong> maioria dos suspensatos<br />

incombustíveis, nas águas <strong>de</strong> superfície, é biogênica. Isso ocorre principalmente nas porções média<br />

e interna da plataforma.<br />

* Esse <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> material terrígeno em salinida<strong>de</strong>s pouco menores do que 3%° coinci<strong>de</strong> aproximadamente<br />

1000r<br />

~<br />

100<br />

0.0 O 10 20 30 36<br />

So/inity (%0)<br />

Fig. 9 - Variação em composição e quantida<strong>de</strong>, com o incremento da salinida<strong>de</strong>, do material em suspensão<br />

nas águas superficiais do Amazonas e da plataforma continental. Os pequenos círculos pretos representam<br />

as concentrações totais; os círculos abertos, a fração <strong>de</strong> incombustíveis, e os triângulos<br />

escuros, a fração <strong>de</strong> componentes terrígenos.<br />

com a floculação predita para as partículas <strong>de</strong> argila (ver Whitehouse et aUi, 1960 ; Mea<strong>de</strong>, 1972).


276 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Fig. 10a - Variação na composição da fração incombustível<br />

<strong>de</strong> suspensatos, através da plataforma<br />

do Amazonas. A - Na boca do rio (salinida<strong>de</strong><br />

= 2%0, concentração <strong>de</strong> incombustíveis<br />

= 12,4mg/l), a composição dominante<br />

é <strong>de</strong> partículas terrígenas do tamanho<br />

silte e argila.<br />

Fig. 10c - No limite mais exterior do feixe salobro<br />

(30,3%0, 0,39mg/I), também existe domínio<br />

das diatomáceas, aparecendo, porém,<br />

algumas partículas terrígenas do tamanho<br />

argila (nos limites do canto direito).<br />

Fig. 10b - No feixe <strong>de</strong> água salobra ao largo do Amazonas<br />

02,5~ 3,05mg/l), dominam diatomáceas<br />

(p. ex.: Coscinodiscus sp.).<br />

Fig. 10d - Na plataforma mais externa (36%0, 0,03<br />

mg/l) a gama <strong>de</strong> suspensatos é composta<br />

principalmente por partículas <strong>de</strong> argila (possivelmente<br />

agregadas durante a filtragem),<br />

com algum material biogênico. As escalas<br />

em A, C e D representam 10 miera, e em<br />

B, 100 micra.


MILLlMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO 277<br />

52.w 51. 50. 49. 48. 47. 46. 45. 44'<br />

Diotoms %<br />

In Non - Combustible Froction 2.<br />

Fig. 11 - Percentagem <strong>de</strong> carapaças <strong>de</strong> diatomáceas na fração incombustível <strong>de</strong> suspensatos. Este mapa integra os<br />

dados dos tratos 5, 5A e 6.<br />

Na área da platafonna externa, on<strong>de</strong> as salinida<strong>de</strong>s ultrapassam 3D%" ,os componentes<br />

terrígenos tornam-se, uma vez mais, relativamente proeminentes (Fig. 9 a 12). Uma faixa <strong>de</strong><br />

concentrações terrígenas ligeiramente mais altas (0,06 a 0,15 mg/l) foi reconhecida na área mais externa<br />

da plataforma (Fig. 12), po<strong>de</strong>ndo ser conseqüência <strong>de</strong> agitação e ressuspensão dos sedimentos<br />

do fundo (ver discussão mineralógica).<br />

Dentre as espécies dominantes no material em suspensão rico <strong>de</strong> diatomáceas, <strong>de</strong>stacamse:<br />

Coscinodiscus lineatos (?), várias outras espécies <strong>de</strong> Coscinodiscus eNitzchia, Skeletonema coso<br />

tatum e Thalassionema nitzchioi<strong>de</strong>s. Entre as subordinadas, <strong>de</strong>stacam-se Ditylum brightwelli,<br />

Chaetoceros sp., Rbizosoelenia sp., Hemiaulus sp.e Biddulphia sp., assim como o dinoflagelado<br />

Ceratium sp. Nas águas oceânicas, os <strong>de</strong>tritos biológicos eram dominantemente constituídos por<br />

cocolitoforí<strong>de</strong>os e cocolitos individuais. Hulbert e Corwin (1969)* catalogaram o cocolitoforí<strong>de</strong>o<br />

Emiliania huxleyi como a espécie dominante, em 1964.<br />

Mineralogia dos suspensatos terrígenos<br />

As concentrações <strong>de</strong> montmorilonita (17 A), ilita (10A), caulinita (7 A) e c10rita (3,5À)<br />

foram, todas, calculadas a partir das medições das áreas <strong>de</strong> picos (Biscaye, 1965). De modo geral, a<br />

resolução foi tão precária que se tornou impraticável por esse método a diferenciação entre clorita e<br />

caulinita, nas amostras, pobres, <strong>de</strong> oceano aberto. Contudo, nem as argilas do rio nem as do mar,<br />

nessa área, contém mais d~ 5% <strong>de</strong> c10rita (Gibbs, 1967; Barreto et alii, 1974). Portanto, po<strong>de</strong>-se<br />

consi<strong>de</strong>rar <strong>de</strong>sprezível a c1orita.<br />

* Hulbert e Corwin (1969) acharam espécies similares nas águas da plataforma, durante o outono <strong>de</strong> 1964 e a pri-<br />

mavera <strong>de</strong> 1965; as espécies Skeletonema tropicum, S. costatum e Hemiaulus hankii foram as mais proeminentes.<br />

6'N<br />

5'<br />

4'<br />

3'<br />

,.<br />

,.<br />

2.


278 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

52.W 51. 50. 49. 48. 47. 46. 45. 44.<br />

Fig. 12 - Distribuição dos suspensatos tenígenos (aquela porção da fração incombustíve1 que não é fonnada <strong>de</strong><br />

carapaças <strong>de</strong> origem biogênica) nas águas superficiais ao largo do Amazonas.<br />

As pequenas concentrações <strong>de</strong> minerais terrígenos nas águas <strong>de</strong> oceano aberto criaram<br />

dificulda<strong>de</strong>s para a quantificação, mesmo estimada, do conteúdo mineral, particularmente da montmorilonita.<br />

Embora esse fato pu<strong>de</strong>sse ser relacionado a uma floculação preferencial e <strong>de</strong>posição da<br />

montmorilonita, Manheim et alii (1972) não encpntraram indícios que pu<strong>de</strong>ssem sugerir que tal<br />

mecanismo funcione na água do mar. Des<strong>de</strong> que é igualmente improvável que o sistema do Rio Pará<br />

(com baixo conteúdo <strong>de</strong>montmorilonita) possa dominar o material em suspensão na plataforma, conclui-se<br />

que a quase total ausência <strong>de</strong> montmorilonita nos registros difratométricos é resultante da<br />

pouca quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> argilas terrígenas nos filtros <strong>de</strong> prata (Tucholke, 1974). Em vista dos problemas<br />

relacionados ao pouco conteúdo mineral das maostras <strong>de</strong> suspensatos, concentrou-se atenção na<br />

razão <strong>de</strong> certos minerais <strong>de</strong> argila, <strong>de</strong> acordo com sugestão <strong>de</strong> Byscaye (1965) .<br />

Ilita/ caulinita - O material em suspensão do Rio Amazonas possui uma razão média<br />

ilita/caulinita <strong>de</strong> 2,3, refletindo portanto a sua <strong>de</strong>rivação dos An<strong>de</strong>s temperados (Gibbs, 1967). Ao<br />

contrário, a razão média das águas do Pará, cujo sistema drena uma região baixa <strong>de</strong> floresta chuvosa,<br />

é <strong>de</strong> 0,6. Essas razões são significativamente mais altas no material em suspensão do que as<br />

obtidas da fração argila dos sedimentos <strong>de</strong> fundo dos dois rios em questão (respectivamente, 1,04 e<br />

0,32). A diferença é provalvelmente relacionada à diferença no tamanho da partícula, <strong>de</strong> modo que<br />

as argilas que constituem os suspensatos representam, geralmente, uma escala <strong>de</strong> tamanho mais<br />

ampla do que a escala das argilas do fundo (ver Gibbs, 1967).<br />

As águas da plataforma média e interior, imediatamente ao largo do Amazonas, exibem<br />

razões I/C que são típicas do Rio Amazonas (Fig. 13). Valores <strong>de</strong> razões mais baixas são característicos<br />

para as águas da plataforma média e mais interna, imediatamente ao norte e ao sul do<br />

Amazonas; essa situação sugere uma mistura dos minerais do Amazonas ou com sedimentos<br />

6.N<br />

5.<br />

4.<br />

3.<br />

2.<br />

1.<br />

1.<br />

2.


MILLIMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO 279<br />

cauliníticos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnos rios tropicais costeiros, ou com sedimentos <strong>de</strong> fundo também<br />

cauliníticos, trazidos a ressuspensão, e que são proeminentes na plataforma média (Barreto et alii,<br />

1974). O aumento da razão I/C na área da plataforma mais externa po<strong>de</strong> também resultar da ressuspensão<br />

dos sedimentos <strong>de</strong> fundo nesse setor, os quais contêJ,Jl razões I/C relativamente altas<br />

(Barreto et alii, 1974). Essa possibilida<strong>de</strong> é também sugerida pelas concentrações aumentadas <strong>de</strong><br />

material terrígeno em suspensão, na área da plataforma mais externa (Fig. 12).<br />

Talco/ilita. O talco, ou seu análogo, pirofilita, não é comum nos sedimentos marinhos,<br />

porém tem aparecido freqüentemente citado nos estudos <strong>de</strong> material em suspensão. Embora alguns<br />

investigadores expliquem a presença <strong>de</strong> talco como um indicador <strong>de</strong> poluição (uma vez que o talco é<br />

veículo comum <strong>de</strong> pesticidas <strong>de</strong>spejados por avião), ele está presente em pequenas quantida<strong>de</strong>s nos<br />

sedimentos <strong>de</strong> fundo ao largo do nor<strong>de</strong>ste do Brasil (Byscaye, 1965).<br />

O talco foi reconhecido na matéria em suspensão ao largo do Brasil setentrional, pela<br />

presença<strong>de</strong>picosa9,2 . 9,4e3,06 - 3,12A.A abundâpcia relativa <strong>de</strong> talco <strong>de</strong>ntro do sedimento foi<br />

computada por comparação da altura do seu pico a 9,2A, com a altura do pico <strong>de</strong> ilita. A razão Til<br />

dos suspensatos, tanto dI? Amazonas como do Pará, situa-se em tomo <strong>de</strong> 0,04 a 0,05, porém sofre<br />

significativo aumento ao largo, atingindo valores <strong>de</strong> 2,5 na área da plataforma mais extensa do<br />

Amazonas, e <strong>de</strong> 6,1 a su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>ssa área. Embora seja possível explicar esse aumento da razão Til<br />

52°w 51° 50° 49° 48° 47° 46° 45° 44°<br />

Fig. 13 - Razão ilitajcaulinita no material em suspensão ao largo do Amazonas.<br />

Illite (10A) / Kaolinite ( 7 A)<br />

como um provável reflexo do pequeno tamanho da amostra e do alto grau <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong> do talco,<br />

não é razoável a mesma explicação para o enorme incremento observado, especialmente no setor<br />

su<strong>de</strong>ste. Tal aumento po<strong>de</strong> indicar a ressuspensão <strong>de</strong> sedimentos da borda da plataforma, os quais,<br />

conforme se mencionou, também contêm talco.<br />

4000~<br />

6°N<br />

5°<br />

4°<br />

3°<br />

2°<br />

1°<br />

'0


280 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

INTERAÇÃO DO AMAZONAS E ÂGUAS COSTEIRAS<br />

No encontro das águas do Amazonas com o oceano suce<strong>de</strong>m dois processos significativos.<br />

Primeiro, a maioria do sedimentos terrígenos é <strong>de</strong>positada <strong>de</strong>ntro da vizinhança imediata da<br />

boca do rio. Segundo, ocorre uma produção primária <strong>de</strong> flora rica <strong>de</strong> diatomáceas. Cada um <strong>de</strong>stes<br />

aspectos será <strong>de</strong>talhadamente discutido nesta parte final.<br />

1) A maior parte do material em suspensão transportado pelo Rio Amazonas parece ser<br />

<strong>de</strong>positado <strong>de</strong>ntro da boca do rio; a concentração <strong>de</strong> terrígenos nas águas superficiais se reduz <strong>de</strong><br />

aproximadamente três or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>, antes que as salinida<strong>de</strong>s alclU\cem 10'J/? (Fig. 9 e 12).<br />

Devido ao processo <strong>de</strong> mistura vertical <strong>de</strong>ntro da boca do rio (como sugerem as isoalinas verticais:<br />

Gibbs, 1970), é provável que as concentrações na superfície representem, grosso modo, as concentrações<br />

existentes por quase toda a coluna d'água. Embora a carga <strong>de</strong> sedimentos se <strong>de</strong>posite<br />

inicialmente <strong>de</strong>ntro da boca do rio, a maior parte <strong>de</strong>la não pennanece ali, pois <strong>de</strong>ssa forma o estuário<br />

seria logo preenchido. Contudo, parece que muito pouco sedimento se <strong>de</strong>sloca mar fora, segundo indica<br />

o movimento dominante, em direção ao continente, da água <strong>de</strong> fundo da plataforma (Gibbs,<br />

1970), e a presença <strong>de</strong> sedimentos relíquias (lamas e areias) sobre gran<strong>de</strong> parte da plataforma<br />

amazônica (Barreto et alU, 1974). Mais provavelmente, a maior parte do sedimento é ressuspendido,<br />

ou mantido em suspensão próximo ao fundo, pela ação das ondas e marés, sendo então transportado<br />

em direção ao noroeste pela corrente das Guianas e corrente costeira associada. A magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse<br />

transporte costeiro para NW po<strong>de</strong> ser avaliada pelo fato <strong>de</strong> que aproximadamente 100% dos sedimentos<br />

costeiros e estuarinos, ao largo do Suriname, são <strong>de</strong> origem amazônica (Eisma e van <strong>de</strong>r<br />

Marel, 1971). Além disso, aproximadamente 20% dos sedimentos amazônicos estão ainda em suspensão<br />

ao largo do Suriname (Eisma e van <strong>de</strong>r Marel, 1971), e uma apreciável quantida<strong>de</strong> permanece<br />

em suspensão no Caribe meridional (Jacobs e Ewing, 1969).<br />

2) Apesar <strong>de</strong> atualmente não influenciar a sedimentação terrígena na plataforma continental,<br />

o Amazonas <strong>de</strong>sempenha certamente o papel mais importante no controle da produtivida<strong>de</strong><br />

das águas da plataforma. O material em suspensão distribuído por quase todo o feixe <strong>de</strong> água<br />

doce a salobra, ao largo do Amazonas, é dominado pordiatomáceas (Fig. 9 a 11). A localização <strong>de</strong>sse<br />

feixe e os níveis <strong>de</strong> nutrientes <strong>de</strong>ntro das águas do Amazonas (Tab. 1), <strong>de</strong>monstram que a alta<br />

produtivida<strong>de</strong> das águas está relacionada à introdução <strong>de</strong> nutrientes pelo Amazonas..<br />

Com a alta produção <strong>de</strong> diatomáceas e a aparente ausência <strong>de</strong> influxos terrígenos, seria <strong>de</strong><br />

esperar que ocorressem sedimentos ricos em diatomáceas sobre quase toda a plataforma média e interior<br />

do Amazonas. Ao contrário, suce<strong>de</strong> que a maioria dos sedimentos <strong>de</strong>ssa área contém somente<br />

traços <strong>de</strong> diatomáceas (Barreto et alU, 1974). Vários fatores po<strong>de</strong>riam explicar a aparente anomalia.<br />

As correntes po<strong>de</strong>riam ser suficientemente fortes para transportar as diatomáceas por centenas <strong>de</strong><br />

quilômetros, antes que elas viessem a ser <strong>de</strong>positadas; todavia, mesmo aqueles sedimentos situados<br />

a mais <strong>de</strong> 400 km ao norte do Amazonas contêm poucas diatomáceas (Barreto et alU, 1974). O fator<br />

provavelmente mais importante é a recic1agem das carapaças <strong>de</strong> diatomáceas, antes do soterramento.<br />

Têm sido notados casos similares <strong>de</strong> rápida recic1agem <strong>de</strong> diatomáceas, tanto no oceano aberto<br />

(Hurd, 1973) como em águas muito mais rasas (Wollast e DeBroeu, 1971).<br />

Um aspecto interessante <strong>de</strong>ssa alta produtivida<strong>de</strong> e da recic1agem <strong>de</strong> diatomáceas é o<br />

<strong>de</strong>stino, nos oceanos, da sílica carreada pelo rio. A água normal do rio contém aproximadamente<br />

duas vezes mais sílica dissolvida do que a água superficial do oceano (por exemplo, Tab. 1). A remoção<br />

da sílica po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong> três modos, quando a água do rio atinge o oceano. No primeiro caso<br />

não está envolvida a remoção própriamente dita, porém, mais própriamente, a diluição da água do<br />

rio, rica em sílica, na água oceânica pobre em sílica (Liss e Pointon, 1973; Fanning e Pilson, 1973).<br />

O segundo tipo <strong>de</strong> remoção envolve precipitação inorgânica, conforme observam Bien et alli (1958),<br />

e Mackenzie e Garrels (1966). O terceiro método é biológico e envolve remoção pela produção <strong>de</strong><br />

diatomácea (Wollast e DeBroeu, 1971). Não há dúvida que a remoção da sílica do Amazonas (o<br />

maior supridor isolado, do mundo, <strong>de</strong> sílica para os oceanos) é por produção <strong>de</strong> diatomáceas, como<br />

Embora Rytheret alii(1967) tenham se referido& às <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Klinge e Ohle acerca dos baixos níveis <strong>de</strong> nutrientes<br />

das águas do Amazonas, na realida<strong>de</strong>, os conteúdos <strong>de</strong> fósforo e nitrogênio são consi<strong>de</strong>ravelmente mais<br />

ricos ( <strong>de</strong> 20 a60 X) do que na àgua oceânica normal (Tab. 1).


TIPO DE ÁGUA S%o<br />

MILLlMAN, SUMMERHA YES, BARRETTO 281<br />

indicam seja o <strong>de</strong>créscimo abrupto no conteúdo <strong>de</strong> silica com o incremento <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong> (Tab. 1),<br />

seja a enorme população <strong>de</strong> diatomáeeas imediatamente ao largo da boca do rio (Fig. 9 a 11). Todavia,<br />

é igualmente <strong>de</strong>stacável que poucas diatomáceas estejam preservadas nos sedimentos da<br />

plataforma. Se as diatomáceas são recicladas, qual é o <strong>de</strong>stino final da silica? E possível que toda ela<br />

se acumule eventualmente como partículas biologicamente formadas? Ou será que alguma sllica se<br />

incorpora em partículas silicáticas, conforme sugerem Wollast e DeBroeu (1971), que notaram<br />

semelhante ausência <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> diatomáceas nos sedimentos estuarlnos <strong>de</strong> Scheldt? Certamente,<br />

muito ainda resta por estudar sobre o suprimento <strong>de</strong> silica na água oceânica e sobre o seu<br />

conteúdo nas águas intersticiais, antes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos realmente <strong>de</strong>terminar o <strong>de</strong>stino da sllica<br />

produzida pelo rio.<br />

TABELA 1<br />

Valores médios <strong>de</strong> sílica dissolvida; fosfato e nitrogênio,<br />

no Rio Amazonas e nas adjacências do Atlântico tropical.<br />

Dados segundo KHngee Ohle (1964) e<br />

Ryther et aUi (1967).<br />

(em ppm) (em ppm) (em ppm)<br />

Si03 - Si P04 - P N03 - N<br />

- Rain forest water O 3,52 ,007 ,006<br />

Qear forest water O 1,67 ,062 ,012<br />

Rio Solimões O 4,17 ,062 ,020<br />

Estuário do Pará 6,95 ,064 ,015 ,130<br />

14,00 ,022 ,005 ,002<br />

Estuário do Amazonas 12,87 ,084 ,074<br />

Águas da plataforma 24,84 ,013 ,0009 ,002<br />

e do talu<strong>de</strong> 29,46 ,018 ,0003 ,001<br />

36,26 ,002 ,0021 ,001<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Este estudo fez parte do programa <strong>de</strong> trabalhos do Projeto REMAC e foi realizado por<br />

contrato estabelecido com o Woods Hole Oceanographic Institution. Os autores agra<strong>de</strong>cem a ajuda<br />

<strong>de</strong> Lois Toner e Virginia Peters na execução das análises, e a apreciação crítica e comentários <strong>de</strong> K. O.<br />

Emergy e R. H. Mea<strong>de</strong>, na preparação <strong>de</strong>sse relatório.<br />

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REFRÃÇÁO SíSMICA MARINHA NAS BACIAS DE PELOTAS<br />

SANTOS SUL E NA PLATAFORMA DE TORRES<br />

RENATO OSCAR KOWSMANN*, ODlMO FRANCISCONI*,<br />

ROBERT LEYDEN**<br />

ABSTRACT<br />

FOIty-one 8ODObuoyrefl'llCtionprofües 8J8 presenteei to <strong>de</strong>serihe the offshore of the PeIotu and Santos besins and the interbasinsl<br />

shelf sectionoffTo~s, Rio Oran<strong>de</strong>do Sul, Brazil.<br />

Seismic sections aeros. the Pelotas shelf reveal that .ediment thickness inerea... seaward from 1.5 km near the OII.hore<br />

besin to 8 km near she1f breu.<br />

A thick seclimlmtary wedge found off Uruguay and Arpntina at the base of their continantsl slopes is found here, east ofPelotas,<br />

landward of the preeent shelf break where continentsl bu_ tenninates and sedúnents progra<strong>de</strong>. The basement scarp which controls the dis.<br />

tribution of sedimento is mllPpec! 011the basis of previously published data and those reported here. .<br />

A basemept high benesth the she1foff Torres separatea the Pelotas &em the Santos Duin. Paleozoie sedimento of the Parane<br />

are not idantified in theshelf secdon. Speculation is presenteei reprdinc the nature of the high and ita prÍlbable trend furtharoffshon.<br />

Resu1ta from the southem end of the Santos basin 8J8 in agreement wlth tho.. previously publisbed to the north betwaen FIo.<br />

rianopolis and Rio <strong>de</strong> Janeiro. Velocity.ep correlaticms 8J8presénteel based on welldata available fromonshoreand offshore dril1ing.<br />

INTRODUçAo<br />

O presente trabalho <strong>de</strong>screve os resultados <strong>de</strong> refração sísmica obtidos durante os<br />

cruzeiros Conrad 15 e 16, na margem continental brasileira, resultante do programa <strong>de</strong> cooperação<br />

entre Lamont Doherty Geological Observatory e o Projeto REMAC, sob auspícios do IDOE da<br />

National Science Foundation.<br />

A área pesquisad~ está compreendida entre 25°S e 28°S. É limitada, ao norte, pelo<br />

Platô <strong>de</strong> São Paulo e a plataforma continental d~ Santos e, ao sul, pela Bacia da Argentina e a<br />

plataforma Uruguaia. As feiQÕesao norte foram <strong>de</strong>scritas por Ewing et alii (1969), Butler (1970);<br />

Baccar (1970); Ley<strong>de</strong>n etalii (1971)e Ley<strong>de</strong>n etalii (no prelo). As feições ao sulforam extensamente<br />

estudadas por Ewing et alii (1963)e Ludwig et alii 1968).<br />

O presente estudo focaliza a plataforma continental e o talu<strong>de</strong> pertencentes à Bacia <strong>de</strong><br />

Pelotas. Foi consi<strong>de</strong>rada ainda uma linha na plataforma continental da Bacia <strong>de</strong> Santos.<br />

*CPRMIREMAC<br />

-LAMONT


284 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A parte emersa da Bacia <strong>de</strong> Pelotas foi <strong>de</strong>scrita por Delaney (1966), como uma <strong>de</strong>pressão<br />

controlada por graben, <strong>de</strong> 1.5 km <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, encaixada no escudo Pré-cambriano. Sedimentos<br />

quaternários" que constituem a parte aflorante da bacia, formam a planície costeira do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul. Closs (1964) i<strong>de</strong>ntificou sedimentos miocênicos, em subsuperfície, utilizando amostras <strong>de</strong><br />

perfurações da PETROBRAS.<br />

But1er (1970) constatou, por meio <strong>de</strong> reflexão sísmica, a presença <strong>de</strong> sedimentos progradando,<br />

da plataforma continental em direção ao mar profundo. Sugeriu, então, que estes sedimentos<br />

<strong>de</strong>veriam pertencer à Bacia <strong>de</strong> Pe10tas e que esta se esten<strong>de</strong>ria ao largo. Miranda (1970)<br />

Fig. 1 - Mapa mostrando a locação das estações ocupadas durante os Cruzeiros C-15 e<br />

C-16, e utilizados neste trabalho. Secçães sísmicas mostradas nas figuras seguintes<br />

são i<strong>de</strong>ntificadas por letras em or<strong>de</strong>m alfabética. Linha tracejada indica a orientacão<br />

da escarpa no embasamento mapeada como a falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> por Miranda<br />

(1970), e modificada pelos dados expostos aqui. Feições estruturais no continente,<br />

baseados em Northfleet et alii (1969). Batimetria em braças segundo Lonardi e<br />

Ewing (1971).


KOWSMANN, FRANCISCONI, LEYDEN 285<br />

sumarizou os resultados obtidos, pela PETROBRÃS , na parte submersa da Bacia <strong>de</strong> Pelotas, levantados<br />

por sismica <strong>de</strong> reconhecimento, gravimetria e magnetometria. Neste trabalho foi i<strong>de</strong>ntificada<br />

uma falha normal, <strong>de</strong> strike subparalelo à costa, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> rejeito e soterrada sob espessa coluna se.<br />

dimentar, que separa a Bacia <strong>de</strong> Pelotas rasa (em gran<strong>de</strong> parte emersa) , da profunda, que se inicia no<br />

centro da plataforma continental. Miranda (1970)datou a falha como pré-miocênica, <strong>de</strong>nominando a<br />

Falhado Rio Gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ndo no entanto ser <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> Terciário Inferior a Cretáceo.<br />

Recentemente, a PETROBRÃS perfurou na plataforma continental, penetrando sedi.<br />

mentos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Cretáceo Inferior a 4160 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (Com. pessoal).<br />

Quinze estações <strong>de</strong> sonobóia foram efetuados durante o Cruzeiro C-15-07, utilizando um<br />

air gun <strong>de</strong> 1000polegadas cúbicas. Durante o Cruzeiro C-16-07, utilizou -se um airgun <strong>de</strong> 25 polegadas<br />

cúbicas para efetuar 26 estações <strong>de</strong> sonobóia. Os registros <strong>de</strong> refração foram reduzidos como perfis<br />

unidirecionais seguindo as técnicas <strong>de</strong> Houtz et alii (1968) e Le Pichon et alii (1968). Suas locações<br />

po<strong>de</strong>m ser vistas na Figura 1 e na Tabela 1.<br />

Secçóes sísmicas foram mcntadas, correlacionando-se soluções <strong>de</strong> sonobóias isoladas.<br />

Na Figura 1 cada secção é i<strong>de</strong>ntificada por letras que progri<strong>de</strong>m em or<strong>de</strong>m alfabética <strong>de</strong> sul para<br />

norte. Convém salientar a diferença na penetração obtida durante os dois cruzeiros em virtu<strong>de</strong> da<br />

utilizacão <strong>de</strong> fontes sonoras <strong>de</strong> potencfas distintas. Assim, os perfis 118-134obtidos no cruzeiro C-15,<br />

são geralmente <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> do que os perfis 228-248obtidos no cruzeiro C-16.<br />

Secção AB<br />

SECÇÕES SíSMICAS<br />

Se esten<strong>de</strong> por, aproximadamente, 360 km <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o sopé continental até a plataforma, na<br />

fronteira entre o Brasil e o Uruguai, tomando posteriormente um rumo paralelo à costa.<br />

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I<br />

I<br />

I<br />

,<br />

8.10 . Exagero Vertical<br />

Fig. 2 - Secção AB através da margem continental e ao longo da plataforma 'na fronteira Brasil-Uruguai. Escarpa<br />

no embasamento, tracejada segundo Miranda (1970), <strong>de</strong>limita a borda do bloco continental. Refratores<br />

são indicados por linha tracejada on<strong>de</strong> carecem <strong>de</strong> controle.<br />

No perfil 118, uma espessa coluna sedimentar <strong>de</strong> 4.5 km recobre uma camada <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 5.65 km/seg. Esta velocida<strong>de</strong> coinci<strong>de</strong> com aquela publicada por Raitt (1963) e correspon<strong>de</strong><br />

à camada oceânica 2. Abaixo encontra-se uma camada <strong>de</strong> 6.60 km/seg <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte<br />

à camada oceânica 3.


286 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

A espessura sedünentar aumenta para 7.0 km na base do talu<strong>de</strong>, como po<strong>de</strong> ser visualizado<br />

DOperfil 119. Embora seja mascarada por um forte sinal, proveniente da camada <strong>de</strong> 4.50<br />

km/seg superjacente, a ~mRda oceAnica 2 po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntüicada por uma múltipla com velocida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 6.25 km/seg. Como no perfil anterior, a camada oceAnica3, também está presente.<br />

A Falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> passa entre 08 perfis 119 e 120. Aqui apenas infere.se a sua<br />

presença <strong>de</strong>vido à distAncia entre 08 2 perfis.<br />

Perfis 120 e 121, na plataforma, mostram uma seqilência sedimentar pouco espessa,<br />

também <strong>de</strong>tectada por O\\tros autores na plataforma continental uruguaia (Ewing et ala 1963, Ley<strong>de</strong>u<br />

et ala (1971)utilizando o método <strong>de</strong> refraçAo a dois navios (secçõe8 reversas).<br />

A transição entre o embasamento continental e o oceAnico, nesta secçAo,ocorre entre os<br />

perfis 119e 120. A Falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> (Miranda, 1970)representa o local <strong>de</strong> transição.<br />

Secção BCD<br />

Esta secçAo iniciando com a sonobóia 121, comum a secçAo AB, possui mudanças <strong>de</strong><br />

rumo sobre a plataforma localizados DOSperfis 123 e 124.<br />

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B<br />

121<br />

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lU 124 128 IZT Ia<br />

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ID<br />

Fig. 3 - Secção BCD ao longo da plataforma e através da Bacia <strong>de</strong> Pelotas. Convém notar a espessura <strong>de</strong> 8km dos<br />

<strong>de</strong>pósitos situados sob o perfil 124, localizado internamente à atual quebra da plataforma. Camada oceânica<br />

2 encontra o bloco continental na escarpa do embasamento.<br />

. Convém notar que, embora situado 64 km ao largo da sonobóia 123, o perfil 124 ainda<br />

está localizado na plataforma continental. Isto <strong>de</strong>monstra claramente que a escarpa <strong>de</strong>tectada aqui<br />

e mapeada por Miranda (1970) como a Falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, se situa sob a plataforma continental<br />

batimétrica.<br />

Utilizou-se a palavra escarpa ao invés <strong>de</strong> falha, e foram excluídas setas indicando rejeito<br />

nas Figuras 2 e 3 para evitar que a camada <strong>de</strong> 6.60 km/seg da sonobóia 124 fosse correlacionada<br />

com aquela <strong>de</strong> mesma velocida<strong>de</strong> presente na sonobóia 123.<br />

A interpretação adotada aqui é que as velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 6.60, 5.70 e 5.50 km/seg respectivas<br />

às sonobóias 124, 127, e 128 representam a camada oceânica 2 (Fig. 3). Esta camada termina,<br />

ao atingir a borda do bloco continental, e a palavra escarpa aqui refere-se somente ao seu abrupto<br />

<strong>de</strong>clive. Não é sabido se o embasamento continental, <strong>de</strong>finido pelas velocida<strong>de</strong>s 5.70 km/seg no perfil120<br />

e 5.60 ou 6.20 km/seg na sonobóia 123 (Fig. 3), termina sob forma <strong>de</strong> falha. O que se quer<br />

frizar é que o embasamento coiltinental não continua, externamente à escarpa, on<strong>de</strong> somente é<br />

i<strong>de</strong>ntificada a crosta oceinica.<br />

Uma camada, presumivelmente sedimentar, apresentando velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4.30 km/seg<br />

recobre a c8Im8ldaoceinica 2, nos perfis 124, 127 e 128. Ela não é observada, sobre o embasamento<br />

continental, nas secçõe8 AB e BCD pois termina <strong>de</strong> encontro a escarpa. Sugere-se que os sedimentos<br />

que compõem esta camada tenham sido <strong>de</strong>positados, durante a abertura inicial do Oceano Atlântico<br />

na região.<br />

Sobre a camada <strong>de</strong> 4.30 km/seg, encontra-se uma cunha <strong>de</strong> progradação constituída <strong>de</strong><br />

.,<br />

ID


KOWSMANN, FRANCISCONI, LEYDEN 287<br />

sedimentos que apresentam velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 3.50 a 2.45 km/seg (perfil 124). Observa-se a migração<br />

do <strong>de</strong>pocentro, durant.e a sedimentação da camada <strong>de</strong> 2.00 km/seg (perfil 125), Estes sedimentos<br />

progradantes foram, anteriormente, <strong>de</strong>scritos por Butler (1970).<br />

Secção EE'<br />

Esta secção atravessa o eixo da Bacia <strong>de</strong>Pelotas.<br />

o<br />

2<br />

4<br />

I 5<br />

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8<br />

9<br />

10<br />

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I<br />

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2.10<br />

2.10<br />

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6.6!1<br />

E<br />

200 km<br />

I<br />

Fig.4 - Secção EE' ao longo do eixo da Bacia <strong>de</strong> Pelotas.<br />

Três camadas acústicas presentes no talu<strong>de</strong><br />

se combinam, formando uma única na<br />

plataforma continental. A escarpa segue internamente<br />

ao perfIl 226 e é responsável pela<br />

espessa cunha sedimentar. Convém notar a<br />

extensão a profundida<strong>de</strong>s menores, da camada<br />

4.0 + km/seg.<br />

Embora não se tenha <strong>de</strong>tectado refrações proce<strong>de</strong>ntes do embasamento, na plataforma<br />

continental, a espessura sedimentar parece aumentar consi<strong>de</strong>ravelmente em relação àquelas observadas,<br />

na plataforma interna ao sul na secção BCD: A Falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, inflete em direção a<br />

Mostardas, passando internamente ao perfil 226. Isto explica o awnento da espessura sedimentar,<br />

no trecho <strong>de</strong>sta secção que percorre a plataforma.<br />

A camada <strong>de</strong> 4.0 + km/seg, <strong>de</strong>scrita anteriormente, se restringe nas secções ao sul <strong>de</strong><br />

EE', a profundida<strong>de</strong>s superiores a 5 km. Nesta secção, porém, ela sobe <strong>de</strong> uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 7<br />

km, sob a elevação continental, até a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3.5 km, lIoba platafonna.<br />

Da elevação continental até a plataforma, os sedimentos reduzem muito em espessura e<br />

refratores com velocida<strong>de</strong>s entre 3.55 e 2.55 km/seg se combinam em um único refrator <strong>de</strong> 3.00<br />

km/seg.


288 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> CONGR!SSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

SecçãoDF<br />

Tendo início na platafonna continental, na latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> P8rto Alegre, vai encontrar as<br />

seCÇÕ8sEE' e BCD a su<strong>de</strong>ste, ao largo.<br />

F<br />

o, - , E D<br />

-, -, -. -.<br />

....<br />

. -- '.10<br />

10<br />

1/<br />

Exqero Vertical<br />

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--------<br />

....<br />

Fig. 5 - Secção DF mostrando uma espessa coluna sedimentar sob a plataforma continental. A camada acústica<br />

com velocida<strong>de</strong> entre 5.0 e 5.3km/seg. po<strong>de</strong> representar lavas Serra Geral Como na secção EE' observase<br />

a extensão da camada 4.0 + km/seg à profundida<strong>de</strong>s baixas. Nas secções AB e BCD esta camada está<br />

confinada à região abissal cujo embasamento é <strong>de</strong> natureza oceânica.<br />

Como nas secçÕ8s anteriores, os sedimentos se espessam, da plataforma continental<br />

para o oceano profundo, atingindo o máximo <strong>de</strong> 8 km, na elevação continental, antes <strong>de</strong> diminuir<br />

novamente, no perfil 128 no extremo da linha.<br />

Embasamento oceânico s6 po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectado até a base do talu<strong>de</strong>. No perfil 129, encon.<br />

tra-se, também, velocida<strong>de</strong> característica <strong>de</strong> camada oceAnica3.<br />

Como foi observado na secçio EE', a camada com velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4.00 + km/seg sobe até<br />

atingir menores profundida<strong>de</strong>s, terminando contra a escarpa, que se situa entre os perfis 132 e 232.<br />

No entanto, em contraste com a secção EE', esta camada superpôe uma outra <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5.0<br />

km/seg. É improvável que a camada <strong>de</strong> 5.0 km/seg represente embasamento oceânico, pois isto<br />

causaria um <strong>de</strong>snível da camada oceAnica 2 <strong>de</strong> aproximadamente 6 km, a partir do perfil 130, on<strong>de</strong><br />

ela foi positivamente i<strong>de</strong>ntificada pela última vez. Isto significa que nem senpre a escarpa marca o<br />

limite entre a crosta continental e oceânica, e po<strong>de</strong>, aqui, representar uma falha no bloco continental,<br />

como proposto por Miranda (1970).<br />

Alternativamente, a camada oceAnica2 po<strong>de</strong>ria se esten<strong>de</strong>r, em profundida<strong>de</strong>, até o perfil<br />

232, sendo mascarada, acusticamente, pela camada <strong>de</strong> 5.0 + km/seg <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> espessura, sobreposta<br />

a ela. A camada <strong>de</strong> 5.0 + km/seg po<strong>de</strong>ria representar lavas Serra Geral ou sedimentos<br />

compactados e cimentados, <strong>de</strong> composição semelhante àqueles formadores <strong>de</strong> camada <strong>de</strong> 4.0 +<br />

km/seg, sobreposta a ela.<br />

Secção FF'<br />

Destaca-se nesta linha o espessamento marcante da coluna sedimentar entre os perfis<br />

233 e 133.<br />

A Falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, segundo Miranda (1970), atravessa,<br />

e é responsável pelo aumento do pacote sedimentar.<br />

entre estas duas sonob6ias,<br />

.<br />

-..<br />

1.10<br />

..8.<br />

'.10<br />

70


Secção GG'<br />

rianópolis.<br />

o<br />

;,<br />

F<br />

o,<br />

KOWSMANN, FRANCISCONI, LEYDEN 289<br />

100<br />

I<br />

4 4.110<br />

Fig. 6 - Secção FF' mostrando um acréscimo na espessura<br />

sedimentar sob o perfil 133, localizado<br />

na plataforma continental ao largo da<br />

escarpa mapeada por Miranda (1970).<br />

Esten<strong>de</strong>-se por 550 km, ao longo da plataforma continental, entre Mostardas e Flo-<br />

o, 100<br />

,<br />

100<br />

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,<br />

F'<br />

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4<br />

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221 228 22t 230 231 232 233 234 ne 2 m 2!8 238 2~ 241 242<br />

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8020<br />

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Fig. 7 - SecçãoGG' ao longo da plataformaadjacentea Torres.A Bacia<strong>de</strong> Pelotasjaz à esquerda,a <strong>de</strong> Santosà direita<br />

do alto estrutural no perfil 238. Perf11237 não foi mostrado <strong>de</strong>vido a má qualida<strong>de</strong> do registro. A<br />

camada <strong>de</strong> 4.0 + km/seg na Bacia <strong>de</strong> Pelotas se esten<strong>de</strong> aquém da escarpa em direção ao continente e.recobre<br />

o embasamento Pré.çambriano. Lavas Serra Geral parecem ser representadas pela camada acústica <strong>de</strong><br />

5.0 +km/seg.<br />

Inclui esta linha a parte norte da Bacia <strong>de</strong> Pelotas e a parte sul da Bacia <strong>de</strong> Santos. O<br />

extremo norte <strong>de</strong>sta linha se une ao extremo sul da linha Florianópolis . Rio <strong>de</strong> Janeiro, publicada<br />

por Ewing et alii (1969). Convém notar que o traçado da Falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, na Figura 1, ao longo<br />

<strong>de</strong>sta porção da costa, difere um pouco daquele publicado por Miranda. A escarpa do embasamento<br />

passa, entre a linha GG' e a costa, até a sonobóia 233, cruzando, então, a linha GG'. O segmento da<br />

escarpa paralelo à costa, na Figura 1, é subparalelo à linha <strong>de</strong> falha <strong>de</strong> Miranda e corre interior a es.<br />

ta. Esta interpretação é baseada na falta <strong>de</strong> uma velocida<strong>de</strong> que possa ser correlacionada com o embasamento<br />

até a sonobóia 233( GG') e na ocorrência<strong>de</strong> uma escarpa, entre as sonobóias 132e 232,da<br />

linha DEF (Fig. 5). Em conseqüência as sonobóias 227-232 <strong>de</strong> GG' e 129.226 <strong>de</strong> EE' estariam situadas<br />

na parte rebaixada da Bacia <strong>de</strong> Pelotas. No continente, o extremo norte da Bacia <strong>de</strong> Pelotas,<br />

em sua porção rasa, é controlada por uma escarpa leste-oeste, ao longo da Lat. 30° S(Delaney, 1966).<br />

Um prolongamento <strong>de</strong>sta falha normal, para leste, passa entre as sonobóias 232 e 233 <strong>de</strong> GG'.<br />

O mais profundo refrator encontrado, na parte da Bacia <strong>de</strong> Pelotas, presente na linha<br />

GG', possui velocida<strong>de</strong><strong>de</strong> 5.45 km/seg (sonobóias230e 232).Comofoi visto, na secção DF, quein.<br />

clui o perfil 232, esta velocida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada muito baixa para representar o embasamento<br />

Pré-cambriano. Embora seja observada, ao largo da escarpa, esta camada acústica é muito rasa


290 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

para ser consi<strong>de</strong>rada a camada oceânica 2. Sugere-se aqui que esta velocida<strong>de</strong> represente ou lavas<br />

Serra Geral, ou sedimentos consolidados ou uma mistura dos 2 tipos <strong>de</strong> fa<strong>de</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da escarpa na parte norte da Bacia <strong>de</strong> Pelotas, ser ou não o limite do bloco continental.<br />

O refrator com velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 4.30 km/seg, se esten<strong>de</strong> sobre o embasamento con.<br />

tinental, entre as sonobóias 233-236,terminando contra o alto <strong>de</strong> embasamento,<br />

238.<br />

observado no perfil<br />

A camada apresentando velocida<strong>de</strong>s entre 2.40 e 3.20 km/seg, sobreposta a ela sofre<br />

acunhamento para norte terminando <strong>de</strong> encontro ao alto observado no perfil 238. Apenas as duas<br />

camadas superiores parecem recobrir o alto estrutural.<br />

.<br />

Ao norte do alto estrutural, já na Bacia <strong>de</strong> Santos, o embasamento continental é <strong>de</strong>tectado<br />

em todos os perfis, mergulhando <strong>de</strong> 1 km no extremo sul, para 5 km no extremo norte da seco<br />

ção. Devido ao maior espaçamento das estações <strong>de</strong> sonobóia, as feições estruturais não po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>tectadas com a mesma resolução com que foram observadas, na Bacia <strong>de</strong> Pelotas. No entanto, um<br />

rejeito <strong>de</strong> 2 km, entre os perfis 238 e 239, parece <strong>de</strong>limitar a Bacia <strong>de</strong> Santos, ao sul. As secções sís.<br />

micas, ao norte e ao sul do alto observado na sonobóia 238, não são simétricas. A presença <strong>de</strong> um<br />

horizonte, com velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5.45 km/seg, na sonobóia 239 e 5.10 km/seg, no perfil 240, po.<br />

<strong>de</strong>presentar <strong>de</strong>munes basálticos. Velocida<strong>de</strong>s compressionais, observadas no extremo norte da secção,<br />

geralmente concordam com aquelas <strong>de</strong>tectadas por Ewing et alii (1971)na Bacia <strong>de</strong> Santos, en.<br />

tre Florianópolis e Rio.<br />

Secção IJK<br />

Esta secção foi executada, em zona abissal, sendo a secção IJ perpendicular àcostaea<br />

secção JK paralela à mesma.<br />

I<br />

O<br />

I J K<br />

O C/C 100 200 300 km<br />

I I I I<br />

244 2~5 246 247 248<br />

I - Exagero Vertical<br />

2-<br />

3- ----- -<br />

4- 1.80<br />

1.80 1.80 1.80<br />

1.80<br />

~5- ---- ----.- ----<br />

6-<br />

4.70 4~~~5<br />

7- ----- 4.10<br />

5.40 --------<br />

8-<br />

9-<br />

6.75<br />

5.60<br />

--- 3.45<br />

2.9~_<br />

- 4.55<br />

3~7~5~20<br />

Fig. 8 - Secção IJK em direção ao Platô <strong>de</strong> São Paulo. Embasamento oceânico mais raso (520km/seg) no perfil<br />

248 indica a proximida<strong>de</strong> da escarpa no embasamento que <strong>de</strong>marca o limite externo do Platô.<br />

Embasamento característico da camada oceânica 2, foi <strong>de</strong>tectado em toda a linha. Nos<br />

perfis 244 e 247, foram também observadas velocida<strong>de</strong>s provenientes da camada oceânica 3.<br />

5.35<br />

6.80


KOWSMANN, FRANCISCONI, LEYDEN 291<br />

o embasamento ten<strong>de</strong> a subir, DOperfil 248, <strong>de</strong>vido à proximida<strong>de</strong> doembasamento vulcânico,<br />

que marca o limite sul do Plateau <strong>de</strong> São Paulo (Ley<strong>de</strong>n et alU,no vrelo).<br />

A espessura sedimentar, nos perfis 246 e 247, assemelha-se aqueÍaobservada nos perfis<br />

118 e 128, mais ao sul.<br />

INTERPRETAÇAO GEOLOGICA E ESTRUTURAL<br />

As amostras dos poços perfurados pela PETROBRÃS, na porção rasa da Bacia <strong>de</strong><br />

Pelotas, foram <strong>de</strong>scritas e correlacionadas por Closs (1964). Destes poços, o 2-MO-1-RS, perfurado<br />

em Mostardas, obteve à seqüência sedimentar mais completa e constitui a secção tipo da Bacia <strong>de</strong><br />

Pelotas, interior à Falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

O embasamento cristalino é recoberto por um conglomerado basal, afossilífero (continental),<br />

à profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1.5 km, que é tentativamente datado como Terciário pré-Mioceno.<br />

Clásticos marinho-transgressivos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Mioceno Inferior, recobrem o conglomerado e são, por<br />

sua vez, cobertos por folhelhos do Mioceno Superior. Estes, gradam para <strong>de</strong>pósitospÍiopleistocênicos,<br />

predominantemente grosseiros, que são finalmente capeados por areias holocênicas,<br />

com variâveis quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> silte e argila.<br />

tentativa<br />

As secções sísmicas GG', ao sul do perfil 238, e BCD são as mais indicadas para uma<br />

<strong>de</strong> correlação com a litologia <strong>de</strong>scrita acima.<br />

A camada <strong>de</strong> 4.30 km/seg aumenta em espessura, abaixo da escarpa, na secção GG' e<br />

ocorre somente ao largo da mesma, na secção BCD. Se a escarpa representa o limite do bloco continental,<br />

esta camada é, provavelmente, composta por elásticos grosseiros e carbonatos <strong>de</strong> águas<br />

rasas, <strong>de</strong>positados durante a proto-abertura oceânica. O fato <strong>de</strong> que esta camada recobre o embasamento,<br />

com velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 6 + km/seg, consi<strong>de</strong>rado Pré-cambriano, na secçio GG', entre as<br />

sonobóias 233-236, <strong>de</strong>monstra que o embasamento aqui foi mais profundo do que ao sul (BCD),<br />

durante o rifteamento.<br />

A camada <strong>de</strong> 4.30 km/seg também é encontrada, na Bacia <strong>de</strong> Santos, ao norte da sonobóia<br />

238, imediatamente acima do-embasamento continental (Ewing et alii, 1969), e foi datada como<br />

Cretáceo Inferior (PETROBRÃS com. pessoal). A relação entre a escarpa e o rifteamento inicial do<br />

oceano Atlântico sugere a mesma ida<strong>de</strong> (Cretáceo Inferior) para a camada 4.30 km/seg em GG' e em<br />

BCD.<br />

A camada acústica superposta a aquela <strong>de</strong> 4.3 km/ seg em GG' abrange velocida<strong>de</strong>s entre<br />

2.40 e 3.20 km/seg, não sendo afetada pela escarpa. Na secção BCD duas camadas apresentam<br />

velocida<strong>de</strong>s entre estes limites, uma <strong>de</strong> 2.45 km/seg e a outra <strong>de</strong> 3.40 km/seg. A inferior parece<br />

transgredir sobre o embasamento continental. Por isso, foi correlacionada com a transgressão do<br />

Cretáceo Superior, ocorrida na área <strong>de</strong> Sonborombon, Argentina (360 30 S), conhecida como cielo<br />

transgressivo . Rocanense (Maestrichtiano-Paleoceno) (CONOCO OIL, Com. pessoal).<br />

A camada <strong>de</strong> 2.60 km/seg se <strong>de</strong>senvolve sob a forma <strong>de</strong> cunha progradacional. Po<strong>de</strong><br />

correlacionlU' em ida<strong>de</strong> como conglomerado Pré-Mioceno, atingindo pelo poço <strong>de</strong> Mostardas.<br />

<strong>de</strong>vido a mudanças <strong>de</strong> facies pela distância da fonte, <strong>de</strong>ve ser constituída por elásticos finos.<br />

Porém,<br />

A camada <strong>de</strong> 2.0 km/seg que recobre, discordantemente, o alto do embasamento, no<br />

perfil 238 da secção GG', po<strong>de</strong> ser encontrada, na secção BCD, como uma seqüência progradacional<br />

<strong>de</strong> rápido espessamento. Como esta camada se esten<strong>de</strong> às partes mais rasas da bacia, ela é correlacionável,<br />

na plataforma, à transgressão miocênica, bem documentada por Closs (1964). A rápida<br />

progradação dos sedimentos miocênicos, na plataforma foram discutidos por Butler (1970). Ele<br />

relaciona a mesma com o rejuvenecimento da Serra do Mar, <strong>de</strong>scrito por Bigarella e Andra<strong>de</strong> (1965).<br />

A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1.80 km/seg para a camada superficial é teórica. Ela <strong>de</strong>ve abranger<br />

sedimentos <strong>de</strong>positados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Mioceno Superior até o Pleistoceno-Holoceno.<br />

Durante a redação final <strong>de</strong>ste trabalho, foi concluída a perfuração do poço 2-RSS-1, na<br />

plataforma continental do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, ao largo da Falha <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, próximo ao perfil<br />

131 da secção DEF. Os sedimentos perfurados são constituídos <strong>de</strong> elásticos finos em quase sua<br />

totalida<strong>de</strong>. (PETROBRÁS, com. pessoal).<br />

O topo do Aptiano foi pêrfurado a 4160 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, alcancando, portanto, a<br />

camada <strong>de</strong> 3.60 km/seg próximo ao contacto com a <strong>de</strong> 4.25 km/seg subjacente, que teria ida<strong>de</strong> aptiana<br />

ou mais antiga. O topo do Maestrichtiano (Cretáceo Superior), perfurado a 3900 m, é corre-


292 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

lacionável ao topo da camada <strong>de</strong> 3.60 km/seg. Sedimentos do Mioceno Inferior foram perfurados a<br />

1300 m, o que correspon<strong>de</strong> à camada <strong>de</strong> 2.35 km/seg. Os refratores <strong>de</strong> 2.65 e 3.15 km/segpossuem<br />

ida<strong>de</strong> terciária pré-Mioceno pois o Paleoceno foi atingido a 3550 m,o Eoceno médio a 2800 m e o<br />

Oligoceno superior a 1900 m.<br />

Estas correlações, <strong>de</strong> um modo geral, confirmam as ida<strong>de</strong>s sugeridas. anteriormente à<br />

perfuração do 2-RSS-l, para os refratores presentes na Bacia <strong>de</strong> Pelotas.<br />

Na Bacia <strong>de</strong> Santos. vários poços foram perfurados pel~ PETROBRÃS. na área da plataforma<br />

continental. Cinco foram localizados na plataforma média, entre Rio e 25°30' S e um foi executado,<br />

na borda da plataforma <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>terminando a seqüência litológica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Cretáceo Inferior.<br />

Um dos poços penetrou o embasamento <strong>de</strong> rochas basálticas, correlatas às lavas<br />

Serra Geral, a uma profundida<strong>de</strong> relativamente rasa <strong>de</strong> 2.80 km. No centro da bacia. a secção possui<br />

uma espessura máxima <strong>de</strong> 8 km, <strong>de</strong>terminada por Ley<strong>de</strong>n et alii (1971) através <strong>de</strong> sísmica <strong>de</strong> refração.<br />

A camada <strong>de</strong> 5.4 km/seg, correlacionada 1as lavas Serra Geral, encontra-se no centro da<br />

bacia a uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4 km.<br />

A primeira transgressão marinha, na bacia <strong>de</strong> Santos. evi<strong>de</strong>nciada pela <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> sal.<br />

é datada como Cretáceo Inferior, possivelmente Aptiano. Clásticos finos, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> cretácea inferior,<br />

capeiam concordantemente o sal. exceto em áreas <strong>de</strong> diapirismo. Estes elásticos são seguidos <strong>de</strong><br />

uma seqüência predominantemente calcária. <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Albiana-Santoniana. Nas áreas nor<strong>de</strong>ste da<br />

bacia. red-beds grosseiros foram <strong>de</strong>positados do Cretáceo' Inferior ao Oligoceno, e graduam lateralmente<br />

a elásticos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> paleocênica a oligocênica. Carbonatos do Paleoceno ao Plioceno, são encontrados<br />

em áreas com mudanças <strong>de</strong> facies. Finalmente o Pleistoceno e Holoceno são representados<br />

por areias que capeiam o piso oceânico atual.<br />

Da <strong>de</strong>scrição acima. toma-se evi<strong>de</strong>nte que a mudança <strong>de</strong> facies controla a litologia em<br />

toda a bacia e que a correlação da mesma com a secção sísmica GG' só po<strong>de</strong>rá ter caráter tentativo.<br />

Gran<strong>de</strong> volume do pacote sedimentar. ao norte do perfil 238. é l't'!presentado por camadas<br />

com velocida<strong>de</strong>s entre 3.65 e 2.70 km/seg. Como a porção norte da secção GG' está localizada,<br />

na borda sul da Bacia <strong>de</strong> Santos. estas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem originar <strong>de</strong> clásticos marinhos. <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> Cretáceo Superior a Terciário. Depósitos salíferos não foram encontrados, no poço mais<br />

próximo à secção GG' ao sul. Velocida<strong>de</strong>s médias <strong>de</strong> 4.4 km/seg po<strong>de</strong>m ser provenientes <strong>de</strong> carbonatos<br />

superjacentes ao basalto. As lavas Serra Geral po<strong>de</strong>m, por sua vez, estar representadas<br />

pelo mais profundo refrator, com velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5.45 km/seg.<br />

A natureza do alto no embasamento acústico, i<strong>de</strong>ntificado no perfil 238, implica em consi<strong>de</strong>rações<br />

geológicas importantes. O centro da ~ecção GG' está situado ao largo <strong>de</strong> Torres. on<strong>de</strong><br />

lavas da Serra Geral afloram na costa e capeiam 800 m <strong>de</strong> sedimentos da Bacia do Paraná. assentados<br />

sobre embasamento granítico (Northfleet et alii. 1969). Estes sedimentos representam o terminalleste<br />

<strong>de</strong> um ramo da Bacia doParaná. <strong>de</strong>nominado sinclinal <strong>de</strong> Torres. Dois arcos mergulhando<br />

em direção ao continente são responsáveis pelo afloramento <strong>de</strong> sedimentos Paleozóicos e do escudo<br />

Pré-cambriano<br />

(Fig. 1).<br />

em ambos os flancos dos <strong>de</strong>rrames Serra Geral ao longo do sinclinal <strong>de</strong> Torres<br />

No centro da, secção GG', ao invés da continuação do sinclinal <strong>de</strong> Torres, foi <strong>de</strong>tectado<br />

um alto estrutural. Este já havia sido sugerido<br />

mento traçado por Ley<strong>de</strong>n et alii (1971) .<br />

anteriormente pelo mapa <strong>de</strong> contorno <strong>de</strong> embasa-<br />

Na hipótese do embasamento acústico raso, i<strong>de</strong>ntificado pela velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 6.0 km/seg.<br />

representar o escudo Pré-cambriano. estaria implícito o término da Bacia do Paraná entre a costa e a<br />

secção GG' situada a 50 km da costa. Nesta interpretação, o alto estrutural representaria um horst<br />

<strong>de</strong>senvolvido durante a formação das Bacias <strong>de</strong> Santos e Pelotas através <strong>de</strong> falhamento.<br />

Sanford e Lange (1969) <strong>de</strong>monstram que uma fissura. percorrendo o centro do sinelinal<br />

<strong>de</strong> Torres e por eles <strong>de</strong>nominada Torres-Possadas. foi responsável pela extravasão <strong>de</strong> lava no sul da<br />

Bacia do Paraná. Uma alternativa na interpretação do alto estrutural, observado no perfil 238, seria<br />

que este alto representa um dique ou neck <strong>de</strong> lava. prolongamento da extrusão Torres-Possadas.<br />

Neste caso o embasamento Pré-cambriano permaneceria mascarado, abaixo da refração <strong>de</strong> 6.0<br />

km/seg no perfil 238.<br />

Não existem medidas <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> compressional para diques, presentes na Bacia do<br />

Paraná. Velocida<strong>de</strong>s para lavas Serra Geral, intercaladas com arenitos eóleos (Fm. Botucatu),<br />

variam entre 4.5 e 6.0 km/seg (PETROBRAS, com. pessoal). Diques associados a zonas <strong>de</strong> fratura,


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218 30°55.7' 50001. O' 1. 90 2.40 4.20 0.110 I. t32 1.148<br />

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294 ANAIS 00 XXV'" <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO OE GEOLOGIA<br />

A secção IJK, <strong>de</strong>scrita anteriormente, foi executada com o intuito <strong>de</strong> se <strong>de</strong>tectar uma<br />

possível ligação entre o alto estrutural, observado no perfil 238, e um alto <strong>de</strong> embasamento, obtido<br />

na linha LM <strong>de</strong>reflexão sísmica, efetuada durante o cruzeiro C-16 (fig. 1). A ausência <strong>de</strong> um alto<br />

pronunciado, na linha IJK, <strong>de</strong>correu da falta <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta linha, pois, durante o Cruzeiro<br />

VEMA -31, efetuado em 1974, ficou positivamente i<strong>de</strong>ntificada a continuida<strong>de</strong> do alto do embasamento,<br />

partindo da sonob6ia 238, ligeiramente ao sul da secção IJK (Ley<strong>de</strong>n, com. pessoal). Esta<br />

continuida<strong>de</strong> é também <strong>de</strong>monstrada pela batimetria, especialmente pela isóbata <strong>de</strong> 2000 braças,<br />

que é cortada pela secção LM (Fig. 1). Tais consi<strong>de</strong>rações muito favorecem a hipótese da associação<br />

<strong>de</strong> uma fratura oceânica com a fissura Possadas-Torres, sendo conseqüentemente o alto <strong>de</strong> embasamento<br />

observado no perfil 238 <strong>de</strong> origem vulcânica.<br />

CONCLUSOES<br />

Perfis <strong>de</strong> refração sísmica, executados através <strong>de</strong> sonobóias, na parte submersa da Bacia<br />

<strong>de</strong> Pelotas, revelam a presença <strong>de</strong> uma escarpa continua que se esten<strong>de</strong> paralelamente à costa, sob<br />

a atual plataforma continental. A espessura sedimentar aumenta <strong>de</strong> 1.5 km, na zona interior à'escarpa,<br />

para um máximo <strong>de</strong> 8 km na área ao largo da meslDll.<br />

Na parte sul da Bacia <strong>de</strong> Pelotas, a escarpa parece <strong>de</strong>linear o contacto entre a crosta<br />

continental e a oceânica e po<strong>de</strong> estar relacionada com o rifteamento inicial, entre a América do Sul e<br />

a África. No norte da bacia, a camada oceânica 2 não foi i<strong>de</strong>ntificada, na base da escarpa, que se<br />

localiza próxima à costa.<br />

Sedimentos, com velocida<strong>de</strong> compressional <strong>de</strong> 4.50 km/seg, formam uma cunha na base<br />

da escarpa e são contemporâneos a ela, exceto ao longo da plataforma <strong>de</strong> Torres, on<strong>de</strong> a escarpa é<br />

recoberta por estes sedimentos. Uma ida<strong>de</strong>cretácea é sugerida para estes sedimentos.<br />

Após uma transgressão no Cretáceo Superior, que é marcada pela camada <strong>de</strong> 3.30<br />

km/seg <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> média, sedimentos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Terciário Inferior possuindo velocida<strong>de</strong>s entre<br />

3.50 e 2.40 km/seg progradaram através da bacia profunda.<br />

Uma camada acústica com 2.0 km/seg recobre até as partes mais rasas do embasamento<br />

continental e marca a primeira <strong>de</strong>posição sedimentar sobre toda a bacia. A base <strong>de</strong>sta camada é<br />

correlacionada aos mais antigos sedimentos marinhos encontrados na planície costeira, e que são<br />

datados como Mioceno Inferior.<br />

Um alto <strong>de</strong> embasamento foi encontrado na plataforma continental, adjacente à Torres.<br />

Este alto separa a Bacia <strong>de</strong> Pelotas da Bacia <strong>de</strong> Santos que jaz ao norte. Duas hipóteses são<br />

apresentadas para a natureza <strong>de</strong>ste alto; um horst Pré-cambriano, formado durante o falhamento<br />

das bacias circundantes, ou então uma intrusão <strong>de</strong> origem vulcânica, relacionada com a zona <strong>de</strong><br />

fratura Torres-Possadas. A continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste alto por mais <strong>de</strong> 300 milhas ao largo favorece a<br />

segunda hipótese.<br />

A secção na plataforma da Bacia <strong>de</strong> Santos mostra o embasamento Pré-cambriano<br />

sotoposto li uma camada <strong>de</strong> 5.40 km/seg, provavelmente correlacionável às lavas Serra Geral.<br />

Acima, uma camada <strong>de</strong> 4.40 km/seg possivelmente representando carbonatos do Cretáceo Inferior,<br />

é recoberta por outra <strong>de</strong> 2.70-3.60 km/seg cuja ida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ir do Cretáceo Superior ao Terciário.<br />

A camada <strong>de</strong> 2.0 km/seg esten<strong>de</strong>ndo sobre o alto interbacinal é correlacionada com a<br />

secção miocênica da Bacia <strong>de</strong> Pelotas.<br />

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INTERPRETACÃO DE TESTEMUNHOS COLETADOS<br />

NA MARGEM CONTINENTAL SUL BRASILEIRA<br />

DURANTE A OPERAÇÃO GEOMAR VI<br />

RENATO OSCAR KOWSMANN* ,MARCIO PAULO DE ATAÍDE COSTA*<br />

ABSTRAcr<br />

studied in or<strong>de</strong>r<br />

Fourt...n short cores taken along the continental<br />

to un<strong>de</strong>rstand the facies reJationships of QuaternaIy<br />

she1f and sJope off Rio Gran<strong>de</strong> do Sul during<br />

sedimento preaent in the area. Tha shelf ia<br />

Geomar VI Expedition were<br />

p ently nan <strong>de</strong>poeitional and is<br />

covered by relict sedimento.<br />

The inner shelf cores are general1y composed of thin aIternating layers of muddy sand, sandy mud and with abundant moluak<br />

shells<br />

shelf.<br />

present in ths more sandy parts of the cores. Extensive reworking of the full length of the cores reflects the high ell8rgy condition of the inner<br />

Cores from the mid-shelf are muddy and compl8tsly homogenous. These <strong>de</strong>posite cover an a lobato in shape and are believed<br />

to be lagoonal in origin, accumulated before the hoJocene transgr8asion. The short cores penetrated only marine muds, however.<br />

The outer shelf cor.. are ComP08ed of biogenic sands alternating with sandy muds and muds. Although the msjority of the<br />

moJu8ks and foraminifera are characteriatic of mid. shelf and are only somewhat displaced in the pleSent bathymetry, their broken state of pre_.<br />

vation suggesto a short period<br />

supports a lowering of seaJevel<br />

of exp08ure to a high energy environment. Abundant coarse iImenite<br />

during the Pleiatocene to the limito of the p ent outer shelf.<br />

graillll UIOCiated with the biogenic sedimento<br />

Cores taken aJong the continental sJope are predominantly muddy and Jocally landy, rich in p1anktonic foraminifera. In one<br />

core, planktonic species abundant in the first 15 cm practically diasppear giving way to muds with f_ benthic species beJow. This fauna! boun.<br />

dary ia believed to represent the Holocene/Pleistocene coÍttact. .<br />

In general, the co collected during Geomar VI are toa short to revealltratigraphic<br />

truction of the Quaternary <strong>de</strong>pends ..sential1y on obtaining longer co and on C14 dating.<br />

relationshipl. The paleogeographic recono.<br />

INTRODUÇÁO<br />

Durante os meses <strong>de</strong> abril e maio <strong>de</strong> 1973 foi realizada a Operação GEOMAR VI na margem<br />

continental sul brasileira, como parte do Projeto Rio Gran<strong>de</strong>, pertencente ao Programa Plurianual<br />

<strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> Marinha e Geofisica.<br />

Executada à bordo do navio oceanográfico Almirante Saldanha da Diretoria <strong>de</strong> Hidrografia<br />

e Navegação do Ministério da Marinha, teve a operação como principal objetivo o estudo<br />

da sedimentação Quatemária na plataforma, talu<strong>de</strong> e sopé continentais, compreendidos entre Rio<br />

Gran<strong>de</strong> (RS) e Cabo Santa Marta (SC).<br />

Coube à CPRM além da chefia científica, o processamento e interpretação <strong>de</strong> testemunhos<br />

coleta dos durante a operação. Propôs-se com este estudo caracterizar em subsuperfície as<br />

facies sedimentares superficiais <strong>de</strong>scritas por Zembruscki (1967), Martins, Urien e Eichler (1967) e<br />

ainda sumariamente pelos técnicos do PROJETO REMAC, durante o Cruzeiro Águas Rasas-tratos<br />

1 e 2. Estes dados e aqueles obtidos durante a Operação Geomar VI foram aqui integrados na confecção<br />

do mapa <strong>de</strong> facies preliminar (Fig. 1).<br />

OPERAÇÁO DE BORDO<br />

A coleta <strong>de</strong> testemunhos foi realizada por meio <strong>de</strong> um testemunhador à pistão, em cujo<br />

interior se inseriu um barrilete <strong>de</strong> plástico PVC <strong>de</strong> 140 cm <strong>de</strong> comprimento e 4 em <strong>de</strong> diãmetro interno.<br />

Foi utilizada uma queda livre variando <strong>de</strong> 4 a 5 m.<br />

.CPRM<br />

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298 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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Deste modo foram coletadas 47 testemunhos entre Rio Gran<strong>de</strong> e Torres (RS) e cujos<br />

comprimentos oscilavam entre 12 cm e 134 cm. Ficou constatado que para amostras obtidas em<br />

profundida<strong>de</strong>s superiores a 200 m, a recuperação <strong>de</strong> testemunhos <strong>de</strong>cresce com o aumento <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong> da lamina d'água, <strong>de</strong>vido a problemas operacionais. Para amostras coletadas a menos<br />

<strong>de</strong> 200 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, a natureza do fundo torna-se o fator controlador da recuperação, sendo<br />

esta melhor em sedimentos terrigenos finos e pior em bio<strong>de</strong>tritos grosseiros (Fig. 2).<br />

PROCESSAMENTO EM LABORATÚRIO<br />

Dos 47 testemunhos coletados foram selecionados 14 para imediato processamento,<br />

baseando-se na sua localização proxima aos bordos das facies, no seu comprimento e na sua distribuição<br />

regional, visando um melhor recobrimento da área amostrada. A localização dos testemunhos<br />

selecionados po<strong>de</strong> ser vista na Figura 1 e na Tabela 1.<br />

A sua relação com as faeies superficiais é mostrada na Figura 1 e na Tabela 2.<br />

O processamento dos testemunhos foi realizado no laboratório <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> Marinha do<br />

Instituto <strong>de</strong> Geociências da UFRJ, por contar este com equipamento <strong>de</strong> raios X para tomada <strong>de</strong><br />

radiografias e aparelhagem necessária ao seccionamento dos barriletes <strong>de</strong> PVC.<br />

Os testemunhos foram radiografados ainda no interior dos barriletes <strong>de</strong> PVC, em secçôes<br />

<strong>de</strong> 37.5 em, <strong>de</strong> acordo com as técnicas <strong>de</strong>scritas por Dantas <strong>de</strong> Oliveira (1972). A finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta técnica consiste em <strong>de</strong>tectar estruturas primárias não perceptíveis a olho nu, que po<strong>de</strong>riam ser<br />

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KOWSMANN, COSTA 299<br />

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~Ç,ÃO:<br />

O LAMA<br />

I!I 810DETIUTO<br />

A AREIA LAMOSA<br />

X LAMA ARENOSA<br />

<strong>de</strong>struídas quando na abertura dos testemunhos. O equipamento utilizado foi do tipo convencional<br />

médico, te.do sido empregado filme Kodak AA <strong>de</strong> caráter industrial para curto tempo <strong>de</strong> exposição.<br />

Logo após a tomada <strong>de</strong> radiografias, os tubos <strong>de</strong> PVC foram serrados longitudinalmente<br />

em dois lados diametralmente opostos e dispostos perpendicularmente à seção radiografada correspon<strong>de</strong>nte.<br />

Para isso utilizou-se uma bancada dotada <strong>de</strong> serra elétrica rotativa que corre ao longo<br />

<strong>de</strong> trilhos metálicos. Com o emprego <strong>de</strong> uma lâmina afiada, seccionou-se em seguida a fina camada<br />

<strong>de</strong> plástico restante.O testemunho foi então seccionado por meio <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong> nylon retesado, dividindo.o<br />

em duas secções longitudinais idênticas.<br />

Imediatamente fotografou-se uma das secções longitudinais, enquanto na outra eram<br />

<strong>de</strong>scritas a cor, litologia, estrutura, contactos basais e manchas.


300 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABELA 1<br />

ESTAÇÃO PROF. LATS LONG W COMPRIMENTO<br />

TESTEMUNHO (m) (em)<br />

G340 872 32°34' 050°09' 97<br />

G341 161 32°29' 050°25' 123<br />

G342 100 32°21' 050°33' 134<br />

G344 78 32°14' 050°51' 77<br />

G346 44 31°52' 051 °10, 102<br />

G349 60 31 °24,5' 050°41' 90<br />

G362 135 31°06' 049°46' 105<br />

G363 108 30°57' 059°04' 115<br />

G365 25 30°48' 050°24' 110<br />

G368 70 30°25' 049°42' 115<br />

G369 114 30°31' 049°24' 117<br />

G378 106 30°01' 049°12' 132<br />

G384 38 29°19' 049°21' 117<br />

G389 282 29°48' 048°11 ' 125<br />

TABELA 2<br />

FACIES TESTEMUNHOS<br />

Arenoso interno G346<br />

Transição interno G 344, G 349, G 363, G 365, G 368, G 384<br />

Lamoso Central G 342, G 369, G 378<br />

Transição externo G 341<br />

Bio<strong>de</strong>trltieo G362<br />

Larnoso <strong>de</strong> talu<strong>de</strong> G 340, G 389<br />

Dos 14 testemunhos radiografados apenas 12 foram abertos e <strong>de</strong>scritos. Os testemunhos<br />

G 344 e G 378 não foram utilizados por ter-se obtido informação suficiente com os <strong>de</strong>mais, <strong>de</strong> maior<br />

comprimento.<br />

DESCRIÇAO DOS TESTEMUNHOS<br />

Em geral as radiografias dos testemunhos mostram gran<strong>de</strong> pobreza <strong>de</strong> estruturas<br />

primárias diagnósticas. Não é sabido se isso se <strong>de</strong>ve às condições <strong>de</strong> tensão oscilante durante as<br />

operações com o aparelho <strong>de</strong> raios-X, ou se estas estruturas são naturalmente ausentes. As diferentes<br />

litologias aio caracterizadas por apresentarem contatos irregulares e gran<strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> interna.<br />

Os testemunhos provenientes da plataforma interna apresentam uma alternância <strong>de</strong><br />

leitos constituídos por areias lamosas, lamas arenosas e lamas <strong>de</strong> espessuras variadas e cujos contatos<br />

são geralmente gradacionais. Em geral os leitos mais arenosos são mais ricos em material<br />

biogênico, constituído principalmente <strong>de</strong> valvas <strong>de</strong> pelecípodos. Estes leitos são normalmente <strong>de</strong><br />

tonalida<strong>de</strong> cinza escura esver<strong>de</strong>ada, enquanto os leitos predominantemente lamosos são <strong>de</strong> cor preta<br />

esver<strong>de</strong>ada. Destes testemunhos o G 384 <strong>de</strong>monstrou ser <strong>de</strong> maior interesse por conter, em subsuperficie,<br />

uma camada <strong>de</strong> 26 cm <strong>de</strong> cascalho bio<strong>de</strong>trítico. As conchas <strong>de</strong> moluscos, que perfazem a<br />

quase totalida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>pósito apresentam-se quebradas e <strong>de</strong>sgastadas, evi<strong>de</strong>nciando um retrabalhamento<br />

e provável exposição subaquosa em ambiente <strong>de</strong> alta energia. Mais abaixo, foi encontrada<br />

uma sequência lamosa homogênea, plástica mas <strong>de</strong> textura superficial áspera, <strong>de</strong> cor cinza média<br />

azulada completamente <strong>de</strong>stoante com outras zonas argilosas. Na <strong>de</strong>scrição litológica i<strong>de</strong>ntificamos<br />

a referida como lama basal (Lv). Uma lama semelhante encontra-se na base do testemunhos G 346.<br />

Inspeção rápida dos microfósseis mostrou ter esta lama características marinhas. A mineralogia <strong>de</strong>


--.<br />

KOWSMANN, COSTA 301<br />

argilas revelou a presença <strong>de</strong> illita e camada mista illita-montmorillonita em péssimo estado <strong>de</strong> cristalização,<br />

mas <strong>de</strong> características mineralógicas semelhantes às argilas superjacentes do testemunho.<br />

Os testemunhos obtidos nas facies lamosas do centro da plataforma, são contituídos <strong>de</strong><br />

lama plástica cinza oliva totalmente homogênea. Microfósseis presentes são <strong>de</strong> carácter puramente<br />

marinho.<br />

Especial atenção foi dada ao testemunho G 362 obtido nafacies bio<strong>de</strong>trítica da plataforma<br />

externa. Este testemunho apresenta intercalações <strong>de</strong> sedimentos bio<strong>de</strong>tríticos com sedimentos<br />

terrígenos que vão <strong>de</strong> areia lamosa a lama. A espessura da camada bio<strong>de</strong>trítica superior, medida no<br />

bordo das facies, é <strong>de</strong> apenas 13 cm. Os bio<strong>de</strong>tritos encontram-se quebrados mas pouco <strong>de</strong>sgastados,<br />

mostrando terem sido submetidos a ambientes <strong>de</strong> alta energia por curto período <strong>de</strong> tempo. A<br />

fauna predominante, no entanto, é característica <strong>de</strong> plataforma média e parece estar em ligeiro<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio com a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 135 m, em que foi obtido o testemunho.<br />

O estudo mineralógico ao longo do testemunho revela a presença <strong>de</strong> ilmenita arredondada<br />

<strong>de</strong> granulometria bastante gro~seira, associada a quartzo <strong>de</strong> granulometria bem menor e anguloso,<br />

sem equivalência hidráulica. Quartzo arredondado, compatível com a granulometria dos minerais<br />

pesados, só é encontrado prenchendo orifícios <strong>de</strong>briozoários e interior <strong>de</strong> conchas. Estas características<br />

<strong>de</strong>monstram a existência <strong>de</strong> pelo menos dois grupos ambientais; o quartzo e ilmenita com<br />

equivalência hidráulica foram <strong>de</strong>positados em ambiente <strong>de</strong> maior energia e parecem ser posteriores à<br />

fauna. O quartzo fino anguloso pertence a um ciclo muito posterior e está em equilíbrio com o ambiente<br />

da plataforma externa atual. Próximo à base encontramos a mesma lama <strong>de</strong> características peculiares<br />

<strong>de</strong>scrita também nos testemunhos G 346 e G 384. No entanto, os últimos 3 em inferiores<br />

revelam a presença <strong>de</strong> um leito bio<strong>de</strong>trítico <strong>de</strong> fauna idêntica àquela presente na parte superficial do<br />

testemunho.<br />

Os testemunhos, da região do talu<strong>de</strong>, apresentam lamas mais ou menos arenosas, com<br />

conteúdo variável <strong>de</strong> foraminiferos planctõnicos. Foi verificado, durante a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> bordo das<br />

amostras superficiais que, em geral, o teor <strong>de</strong> foraminíferos planctônicos aumenta consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

em direção ao sopé continental. No testemunho G 340, obtido a uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 870 m, obserVou-se<br />

que o teor <strong>de</strong> foraminíferos planctônicos <strong>de</strong>scresce do topo para a base. Embora não se<br />

constatasse um contato realmente brusco, o teor máximo <strong>de</strong> foraminíferos se limita aos 15 cm<br />

superiores do testemunho.<br />

Um sumário das litologias <strong>de</strong>scritas acima é apresentado na Figura 3.<br />

Relações Ambientais<br />

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS<br />

A litologia encontrada na plataforma interna evi<strong>de</strong>nciou um ambiente <strong>de</strong> alta energia e<br />

<strong>de</strong> retrabalhamento intenso. Curray (1960) constatou que na plataforma interna do Golfo do México,<br />

o retrabalhamento atinge 1,5 m abaixo da superfície, o que equivale ao comprimento total dos<br />

testemunhos obtidos na GEOMAR VI. A plataforma continental sul constitui um ambiente <strong>de</strong><br />

muito maior energia do que a região do Golfo do México e portanto é <strong>de</strong> se esperar um retrabalhamento<br />

ainda mais intenso. Villwock (1972) mostrou, a partir <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações hidrodinâmicas na<br />

costa riogran<strong>de</strong>nse, que o retrabalhamento do fundo por ação <strong>de</strong> vagas passa a atuar à profundida<strong>de</strong>s<br />

menores <strong>de</strong> 45 m <strong>de</strong> lâmina d'água, englobando pois gran<strong>de</strong> parte da plataforma continental<br />

interna. Durante condições pós-frontais <strong>de</strong> ondulação, o nível <strong>de</strong> base da onda <strong>de</strong>ve atingir profundida<strong>de</strong>s<br />

ainda maiores.<br />

A homogeneida<strong>de</strong> dos testemunhos obtidos no centro da facies lamosa da plataforma<br />

média, mostra por sua vez a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilização <strong>de</strong>stes sedimentos, em relação àqueles mais<br />

arenosos situados internamente. Aliás, a própria regularida<strong>de</strong> e permanência da facies lamosa é<br />

prova <strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada relicto.<br />

A interpretação ambiental dos sedinÍentos <strong>de</strong>positados na facies bio<strong>de</strong>trítica <strong>de</strong> plataforma<br />

externa constitui () problema <strong>de</strong> maior interesse. Como foi visto anteriormente, a fauna embora<br />

possuindo elementos pertencentes a ambiente raso, é <strong>de</strong> um modo geral representativa <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>s médias. No entanto o seu aspecto quebrado e a mineralogia associada invocam um


302 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

~I- P. EXTERNA<br />

PLATAFORMA IN"TERNA P. MÉDIA<br />

........... E ,.LUDE<br />

CONVENÇOES<br />

.. LITOLOGIA ..<br />

ano ~.O<br />

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CONTATOS<br />

110<br />

TESTEMUNHOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL SUL - OPERAÇÃO GEOMAR VI<br />

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Fig.3<br />

ambiente <strong>de</strong> alta energia pretérito. Com base nestes dados po<strong>de</strong>mos sugerir a seguinte reconstituição<br />

paleogeográfica.<br />

Gran<strong>de</strong> parte da fauna foi <strong>de</strong>positada em um ambiente <strong>de</strong> plataforma média, um pouco<br />

mais raso do que o ambiente batimétrico atual. Posteriormente ocorreu um abaixamento do nível do<br />

mar que propiciou a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> minerais como ilmenita e quartzo grosseiros, que preencheram as<br />

carapaças da fauna pré-existente. Este ambiente <strong>de</strong> alta energia <strong>de</strong>ve ter sido <strong>de</strong> curta duração, pois<br />

provocou apenas o fraturamento das conchas sem gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste e contribuiu apenas com uma<br />

pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fauna costeira. Em seguida uma nova transgressão afogou estes <strong>de</strong>pósitos<br />

até a linha batimétrica atual, permitindo apenas uma contribuição <strong>de</strong> quartzo fino e anguloso.<br />

A litologia apresentada pelo testemunho G 340 po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada típica do talu<strong>de</strong>.<br />

Curray (1960) mencionou que no Golfo do México, testemunhos <strong>de</strong> talu<strong>de</strong> apresentam-se ricos em<br />

foraminíferos planctônicos no topo, tomando-se pobres em direção à base. Esse <strong>de</strong>créscimo em<br />

componentes planctônicos foi ocasionado pelo maior fluxo <strong>de</strong> sedimentos terrígenos, ocorrido<br />

durante o Pleistoceno quando o nível do mar era mais baixo. Com a subsequente transgressão Flan.<br />

driana, a fonte <strong>de</strong> sedimentos terrígenos foi afogada, propiciando a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> material estritamente<br />

pelágico, composto por foraminíferos planctônicos. Baseando-se nestes dados Curray (1960)<br />

verificou que a espessura <strong>de</strong> sedimentos holocênicos <strong>de</strong>positados no talu<strong>de</strong> é <strong>de</strong> apenas 1 m. Na<br />

costa leste dos Estados Unidos, Emery e Uchupi (1972) mencionam espessuras <strong>de</strong> Holoceno da oro<br />

<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1 a 4 m no talu<strong>de</strong> superior, <strong>de</strong>crescendo provavelmente para 0,5 m no sopé continental.<br />

Baseando.se na análise da fração grosseira do testemunho G 340 e ainda adotando-se os<br />

critérios empregados por Curray (1960) para a <strong>de</strong>finição do limite Holoceno/Pleistoceno, po<strong>de</strong>mos<br />

sugerir uma espessura <strong>de</strong> sedimentos holocênicos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 15 em no talu<strong>de</strong> sulriogran<strong>de</strong>nse.<br />

Relações Estratigráficas<br />

Constatou-se durante a fase operacional que, em linhas gerais, os sedimentos capeadores<br />

da plataforma consistem em uma faixa lamosa central, encaixada em <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> caráter<br />

mais arenoso.<br />

Kowsmann (1973) notando a semelhança entre esta seqüência sedimentar e aquela que


KOWSMANN, COSTA 303<br />

ocorre na planície costeira riogran<strong>de</strong>nse, aventou a hipótese <strong>de</strong> que a facies lamosa central representasse<br />

uma faixa lagunar pretérita, hoje afogada pela transgressão flandriana.<br />

Jost (1971) e Villwock (1972)<strong>de</strong>terminaram que durante o Holoceno, vários ciclos transgressivos<br />

e regressivos atuaram na planície costeira riogran<strong>de</strong>nse, sugerindo que os mesmos atingiram<br />

a plataforma continental. Kowsmann e Costa (no prelo) mostraram evid~ncias <strong>de</strong> paleolinhas<br />

<strong>de</strong> costa localizadas à atual profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 60 m e 110m. De antemão era <strong>de</strong> se esperar que se existissem<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> caráter lagunar-salobro, estes já estariam capeados por lamas marinhas <strong>de</strong>positadas<br />

após o afogamento final ocorrido durante a transgressão flandriana. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

atingir os <strong>de</strong>pósitos lagunares em subsuperfície <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria pois da taxa <strong>de</strong> sedimentação marinha<br />

posterior.<br />

Como foi visto, os testemunhos analisados para bioestratigrafia, incluindo aquele obtido<br />

na facies lamosa central, penetraram somente sedimentos marinhos. Devido ao curto comprimento<br />

dos testemunhos não po<strong>de</strong>mos excluir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existirem sedimentos lagunares em subsuperfície,<br />

<strong>de</strong> acordo com o mo<strong>de</strong>lo sugerido.<br />

Um perfil sísmico <strong>de</strong> reflexão rasa, executado durante a Operação GEOMAR VI, revelou<br />

a presença <strong>de</strong> canais soterrados por aproximadamente 42 m <strong>de</strong> sedimentos, na plataforma interna<br />

e média (Kowsmann, 1973). Estes canais foram interpretados como representando uma<br />

drenagem subaérea pleistocênica, sendo pois os sedimentos superjacentes <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Holocênica. Um<br />

furo <strong>de</strong> sondagem em Palmares do Sul estudado por Closs (1970), revelou uma espessura holocênica<br />

<strong>de</strong> 50 m. Portanto, mesmo que o pacote <strong>de</strong> sedimentos marinhos fosse apenas 10% do total <strong>de</strong>positado<br />

durante o Holoceno, este seria ainda <strong>de</strong>masiadamente espesso para ser vasado por um testemunhador<br />

<strong>de</strong> 1,5 m. Neste caso extremamente otimista os sedimentos lagunares <strong>de</strong> subsuperfície<br />

teriam uma espessura <strong>de</strong> 45 m. Emery e Uchupi (1972).mencionam que sedimentos lagunares normahnente<br />

possuem uma espessura em torno <strong>de</strong> 10 m.<br />

De um modo geral os testemunhos obtidos nos bordos das facies mostraram apenas uma<br />

interdigitação por retrabalhamento com as facies vizinhas. O melhor exemplo é mostrado pelo testemunho<br />

G 362, representativo da fácies bio<strong>de</strong>trítica <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> plataforma. Este revela intercalações<br />

<strong>de</strong> leitos bio<strong>de</strong>tríticos com sedimentos terrigen08 mais finos. Os testemunhos da zona <strong>de</strong><br />

transição interna mostraram-se transicionais também em subsuperfície, com a presença <strong>de</strong> sedimentos<br />

lamosos intercalados com leitos mais ou menos arenosos. Não foi verificada uma clara tendência<br />

granulométrica em direção ao topo ou base dos testemunhos.<br />

O estudo dos testemunhos da GEOMAR VI mostrou claramente a necessida<strong>de</strong> da obtenção<br />

<strong>de</strong> testemunhos longos, na tentativa <strong>de</strong> uma reconstituição paleogeográfica da plataforma<br />

sulriogran<strong>de</strong>nse. Por outro lado, a coincidência entre a sequência areia, lama e bio<strong>de</strong>tritos, observada<br />

no furo realizado em Palmares do Sul (Closs, 1970) e que constitui o pacote sedimentar holocênico<br />

na planície costeira (Formação Chuí; Jost, 1971), com a sequência horizontal areia, lama e<br />

bio<strong>de</strong>tritos, observada superficialmente na plataforma continental, sugere que um estudo <strong>de</strong>talhado<br />

dos sedimentos superficiais, incluindo datação por C14' seja <strong>de</strong> maior valia na ausência <strong>de</strong> testemunhos<br />

<strong>de</strong> comprimento suficiente.<br />

CONCLUSOES<br />

Os testemunhos da plataforma interna se caracterizam pela alternãncia <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong><br />

pouca espessura constituídas <strong>de</strong> areias lamosas, lamas arenosas e lamas, com bio<strong>de</strong>tritos predominantemente<br />

bivalvos abundantes nos leitos mais arenosos. Esta litologia evi<strong>de</strong>ncia um retraijalhamento<br />

intenso, que possivelmente atinge a base do testemunho e caracteriza a plataforma interna<br />

como sendo <strong>de</strong> alta energia.<br />

Os testemunhos da plataforma média são lamosos e completamente homogêneos. A<br />

microfauna associada é francamente marinha nos primeiros 120 em que correspon<strong>de</strong>m ao comprimento<br />

do testemunho. A homogeneida<strong>de</strong> e individualização <strong>de</strong>sta facies mostra que a energia atual<br />

na plataforma média é muito menor que aquela na plataforma interna. Essa menor energia permite<br />

li preBervação <strong>de</strong>etetJ <strong>de</strong>pótJitotJ cQDl:li<strong>de</strong>rtWQe relictos.<br />

Os testemunhos da plat"aforma externa são constituídos por areia bio<strong>de</strong>trítica, alternando<br />

com lama arenosa e lama em subsuperfície. Embora a fauna seja apenas ligeiramente discrepante<br />

com a batimetria atual, o seu estado <strong>de</strong> preservaçâo reflete uma fase pós-<strong>de</strong>posicional em ambiente<br />

-


304 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

<strong>de</strong> alta energia. provavelmente provocada por oscilações eustáticas. A minerologia associada parece<br />

corroborar esta interpretação.<br />

Os testemunhos do talu<strong>de</strong> são caracterizados pela presença <strong>de</strong> lama homogênea localmente<br />

arenosa e com foraminíferos planctônicos. O <strong>de</strong>créscimo verificado em um testemunho das<br />

formas planctônicas, a partir do nível situado a aproximadamente 15 cm do topo, sugere que esta<br />

seja a espessura total dos sedimentos holocênicos no talu<strong>de</strong> inferior.<br />

Os testemunhos coletados na Operação GEOMAR VI são <strong>de</strong>masiadamente curtos para<br />

revelarem relações estratigráficas diretas entre as facies. A reconstituição paleogeográfica do<br />

Quatemário <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá essencialmente <strong>de</strong> testemunhos mais longos, ou <strong>de</strong> estudo das amostras<br />

superficiais com ênfase na datação por C14.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao Senhor Comandante Capitão <strong>de</strong> Mar-e-Guerra Claudio <strong>de</strong><br />

Azevedo Monteiro Bastos e a toda oficialida<strong>de</strong> e tripulação do Navio Oceanográfico Almirante Saldanha,<br />

pela execução da Operação GEOMAR VI.<br />

Ainda ao Professor Dieter Muehe que facultou o uso do laboratório <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong> Marinha<br />

do Instituto <strong>de</strong> Geociências da UFRJ para estudo dos testemunhos.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

CLOSS, D. . 1970. E.trá II. da Bacia <strong>de</strong> Pelot.., Rio Gl'IUI<strong>de</strong> do Sul Porto Alegre, E.rola <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong>. p.3-76.<br />

CURRA Y, J. . 1960 . Sedimento .neI history of bolocene tr.nsgreesion, rontinentsl shelf, northeweot Gulf of Mexiro. In: RECENT sediments<br />

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ciências da UFRJ. Rel.tório <strong>de</strong> Bois. <strong>de</strong> Iniciação Cientifica, CNPq./lnédito./<br />

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JOST, H. -1971 . O quáeraúlo d. região d. plaal<strong>de</strong> telr. do Rio Gra<strong>de</strong> do Sul. 8Op. Tese (Meotr.1 . Instituto <strong>de</strong> Geociências d. UFRGS,<br />

Porto AlegrefInédito-f<br />

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/Inédito"<br />

-& A. COSTA, M. P. <strong>de</strong> . PaJeoliDh.. <strong>de</strong> _ta n. plataforma continental .ule norte brasllelr.. Submetido à revista Brasileir. <strong>de</strong> Geociências<br />

para publicaçio. (No prelo).<br />

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GRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 2J,i., Curitiba. Anala. Curitib., <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Geologia</strong>.<br />

VILLWOCK, J. A. . 1972- Contribuição à 1otrIa do bolocODo d. provlnd. _tal.. do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Brun. Tese (Mestr.l' Instituto <strong>de</strong><br />

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~.~-_._-


GEOLOGIA COSTEIRA E SEDIMENTOS<br />

DA PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA<br />

ODIMO FRANCISCONI*, MARCIOPAULO DEATAIDE COSTA*,<br />

MARIA GLÍCIA DA NOBREGA COUTINHO**, MARCO AURELIO VICAL VI***<br />

ABSTRACT<br />

Thia study is an effort to correlate the available data on Brasilian coastal geology with the continental shelf sediments.<br />

Off Rio Gran<strong>de</strong> do Sul state the shelf sediments revealed the influence of adjacent coastal basic rocks. East of Gun.pi river the<br />

coastal source rocks were mainJy sedimentary. To the northwest of this river, however, shelf sediments were <strong>de</strong>rived form the Amazon drainage<br />

system, which contributes mainly metamorphic minerais. From Ceara state all the way to Cape Santa Marta, shelf sediments reflect an undi.<br />

ferentiated metamorphic source.<br />

ln general textural characteriatics of the terrigenous sediments. rather than their mineralogical content, reveal the direction of<br />

sedirnent transport along the shelf.<br />

Three ancient shorelines were i<strong>de</strong>ntified along certain sections of the shelf, reflecting sealevel stillstands near thepresent 110,60 and<br />

30 m bathimetric contours. These were based on the geometry of the mapped facies their mineralogy and maturity and also on regional shelf morphology.<br />

The different relationships between muddy sediments and the 60 m contourline, along the SAo Paulo embayment and southern Rio<br />

Granda do Sul, suggests a different age for the <strong>de</strong>position ofthe muds in the two above mentioned aress.<br />

Finally a compariaon ia drawn between the sedimentation off the Amazon mouth and sedimentary events established for the Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul coas tal plain.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O mapa, ora apresentado, integra a geologia costeira e os sedimentos <strong>de</strong> plataforma e é<br />

uma tentativa <strong>de</strong> reunir, no atual estágio <strong>de</strong> andamento do Projeto REMAC, todos os dados<br />

geológicos disponíveis.<br />

Da parte emersa plotou-se os dados geológicos referentes a faixa <strong>de</strong> 50 a 100 km, con.<br />

tínua ao longo do litoral. Esses dados foram compilados <strong>de</strong> inúmeros trabalhos, realizados por<br />

vários órgãos e instituições brasileiras.<br />

Da parte imersa, foram plotadas, praticamente, todas as amostras do Projeto REMAC,<br />

coletadas no período <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1972 a abril <strong>de</strong> 1973, durante a realização do Cruzeiro WHOI-<br />

Âguas Rasas e analisadas pelo Laboratório <strong>de</strong> Sedimentologia da CPRM.<br />

Tentou-se nessa etapa, uma <strong>de</strong>finição das possíveis relações existentes entre os sedimentos<br />

<strong>de</strong> fundo da plataforma e a geologia costeira contígua.<br />

A área <strong>de</strong> trabalho esten<strong>de</strong>u-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Oiapoque ao Chuí e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 50 a 100 km da linha<br />

da costa, até isóbata <strong>de</strong> 200 m.<br />

METODOLOGIA DO TRABALHO<br />

Construiu -se 8 folhas na escala 1:1000.000, projeção policrônica, abrangendo cada uma 7 o<br />

<strong>de</strong> Lat por 8 <strong>de</strong> Long. Utilizou-se, como base, as cartar do IBGE escala 1.1.000.000 e a General Bathimetric<br />

Chart ofthe Oceans, escala 1:1.000.000, transportadas para a projeção policrônica.<br />

*CPRM/REMAC<br />

**CPRM<br />

***DNPM/REMAC


306 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> individualizar os tipos <strong>de</strong> sedimentos mais característicos na plataforma,<br />

adotou-se <strong>de</strong>limitadores <strong>de</strong> membros-finais, os seguintes critérios:<br />

Relações Quartzo/Feldspato:<br />

areia ortoquartzítica - 95% a<br />

areia subarcosiana -- 85% a<br />

areia arcosiana - 50% a<br />

Relações Areias Terrígenas/Bio<strong>de</strong>tritos:<br />

100% <strong>de</strong> quartzo<br />

95%<strong>de</strong> quartzo e 5%a 15% <strong>de</strong> felsdpato<br />

85% <strong>de</strong> quartzo e 15% a 50% <strong>de</strong> felsdpato<br />

areia terrígena - 75% a 100% <strong>de</strong> terrígeos<br />

areia terrígena-bio<strong>de</strong>trítica - 50% a 75% <strong>de</strong> terrígenos e 25% a 50% <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>tritos<br />

areia bio<strong>de</strong>trítica-terrígena - 25% a 50% <strong>de</strong> terrígenos e 50% a 75% <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>tritos<br />

areia bio<strong>de</strong>tr(tica-terrígena - 75% a 100% <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>tritos<br />

- Lama terrígena - composição terrígena > 75%<br />

- Lama calcária - composição calcária > 75%<br />

GEOLOGIA COSTEIRA<br />

Para <strong>de</strong>scrição dos aspectos geológicos e morfológicos da faixa costeira, foram consi<strong>de</strong>rados<br />

6 trechos, <strong>de</strong> acordo com aspectos característicos da borda litorânea e com peculiarida<strong>de</strong><br />

dos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> plataforma que lhes são relacionados<br />

Costa da Área do Rio Amazonas<br />

Abrangendo o trecho compreendido entre o Rio Oiapoque e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vigia, Pará (Fig.<br />

1). O complexo Amazônico contribui para construção <strong>de</strong> planícies pantanosas, ao longo <strong>de</strong> toda a<br />

costa do Amapá. Os clásticos grosseiros são <strong>de</strong>positados na foz dos rios, ou ao longo <strong>de</strong> seus vales,<br />

<strong>de</strong> relevo pouco pronunciado. Essa sedimentação recente penetra profundamente pelo continente e<br />

está relacionada a última transgressão holocênica que, elevando o nível <strong>de</strong> base, reduziu a competência<br />

das correntes fluviais.<br />

Em toda zona costeira, influenciada pela <strong>de</strong>scarga do Rio Amazonas, predominam extensas<br />

planícies aluvionares que, em última análise, são uma conseqüência do fraco mar/continente,<br />

do clima e do tipo <strong>de</strong> drenagem. Como exceção temos a área do Rio Araguari, em que sedimentos<br />

terciários alcançam a borda litorânea.<br />

Costa Norte<br />

Trecho compreendido entre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vigia e o Rio Pamaíba (Fig. 1 e 2) . A faixa costeira<br />

é caracteristicamente sedimentar. Amplos <strong>de</strong>pósitos quaternários, relacionados com a Bacia <strong>de</strong><br />

Barreirinhas, ocorrem entre o Rio Parnaíba e a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Luís. Desenvolvem-se extensos campos<br />

<strong>de</strong> dunas, na faixa litorânea. Rios, como o Negro, têm seus cursos interrompidos por essas construções<br />

eólicas.<br />

Entre as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Luís e vigia, a borda litorânea é extremamente recortada e como<br />

a Amazônica, caracteristicamente afogada. No trecho entre a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> S. Luís e o Rio Gurupi, uma<br />

faixa estreita <strong>de</strong> aluviões interpõe-se entre o mar e os sedimentos mais antigos, terciários e cretáceos.<br />

Do Rio Gurupi à Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belém, essa faixa <strong>de</strong>saparece e os sedimentos terciários chegam<br />

até o limite oceânico. Os rios, com perfis pouco pronunciados e relacionados à Bacia <strong>de</strong> São Luí~,<br />

apresentam sedimentação recente ampla, penetrando profundamente no continente. Na área do Rio<br />

Gurupi, chegando até o oceano, <strong>de</strong>stacam-se intrusivas graníticas.<br />

Costa Nor<strong>de</strong>ste<br />

Trecho compreendido entreo Rio Pamaíba e o Cabo <strong>de</strong> São Roque (Fig. 2 e 3). Os <strong>de</strong>pósitos<br />

quaternários aparecem numa faixa estreita e contínua. A Formação Barreiras (terciária),


FRANCISCONI, COSTA, COUTINHO, VICAL VI 307<br />

situada imediatamente atrás da faixa aluvionar, é constante em todo o trecho. A exemplo do que<br />

acontece, na região <strong>de</strong> drenagem do Complexo Amazônico e costas maranhenses, a sedimentação<br />

recente, ao longo dos rios, também penetra profundamente pelo continente, sobrepondo-se a rochas<br />

mais antigas que o terciário.<br />

A leste do Rio Jaguaribe, o Terciário capeia sedimentos cretáceos da Bacia Potiguar e a<br />

oeste, rochas paleozóicas e o próprio embasamento cristalino.<br />

Costa Oriental<br />

regiões:<br />

Trecho compreendido entre os Cabos <strong>de</strong> São Roque e Frio. Po<strong>de</strong> ser subdividido em duas<br />

Costa Oriental Norte<br />

Região compreendida entre o cabo <strong>de</strong> São Roque e o Rio das Contas (Fig. 3 e 4). Entre o<br />

Cabo <strong>de</strong> S. Roque e Maceió, os <strong>de</strong>pósitos recentes são pouco expressivos e restringem-se a ocorrências<br />

esparsas. O Terciário é contínuo e normalmente alcança a borda litorânea. Esses sedimentos<br />

capeiam rochas cristalinas gnáissicas e na área <strong>de</strong> Maceió, rochas cretáceas da Bacia Sergipai<br />

Alagoas.<br />

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lIITJTIJjj<br />

CONVENÇÕES<br />

CONTINENTAL<br />

QUATERNARIO PLEISTOCENO<br />

{ CALCARIAS<br />

BARREIRAS<br />

TERCIARIO PIRABAS<br />

{ ALTER DO CHAÕ<br />

ROCHAS<br />

ROCHAS<br />

ROCHAS<br />

BASICAS<br />

ALCALINAS<br />

SEDIMENTARES CRETACEAS<br />

ROCHAS SEDIMENTARES PERMIANAS<br />

ROCHAS SEDIMENTARES CARBONíFERAS<br />

ROCHAS SEDIMENTARES DEVONIANAS<br />

ROCHAS METASSEDIMENTARES<br />

VASA BARRIS<br />

GRANITOS<br />

XISTOS<br />

GNAISSES / MIGMATITOS<br />

CONTATOS LlTO OU CRONOuiGICOS<br />

DELIMITAÇÕES DE FACEIS<br />

FALHAS E/OU DIRECÓES DE FRATURAS<br />

LAMA TERRíGENA<br />

AREIA ORTOQUARTízíTlCA<br />

AREIA SUBARCOSIANA<br />

CONSTRUÇÕES CARBONÁTICAS<br />

BIODETRITOS<br />

LAMA CALCÁRIAS<br />

Na borda W <strong>de</strong>ssa bacia, os <strong>de</strong>pósitos terciários capeiam rochas graníticas..<br />

Entre a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maceió e o Riacho Itapecuru (situado aproximadamente a 50 km ao S<br />

do limite estadual Sergipe/Bahia), ocorrem extensos <strong>de</strong>pósitos aluvionares, sendo, a linha <strong>de</strong> costa<br />

recortada e com inúmeras baías. Sedimentação recente, ao longo dos rios, penetra continente a <strong>de</strong>ntro,<br />

capeando o Terciário e rochas pré-cambrianas. O Terciário, bastante dissecado, apenas ocasionalmente<br />

atinge o limite oceânico e capeia rochas gnáissicas e os meta-sedimentos Vaza-Barris e<br />

Estância.


308 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

x<br />

x<br />

...<br />

:x >.<br />

...


..<br />

FRANCISCONI, COSTA, COUTINHO, VICAL VI<br />

.. c:.<br />

"~ ...,...<br />

FIG. 2<br />

'1>.<br />

.. .<br />

309


310 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

Entre o Riacho Itapecuru e o Rio das Contas, praticamente <strong>de</strong>saparecem os <strong>de</strong>pósitos<br />

quaternários. O Terciário, <strong>de</strong>scontínuo, alterna-se com sedimentos çretáceos, ambos chegando ao<br />

limite oceânico. Na área do Rio das Contas, <strong>de</strong>saparece o registro sedimentar e o cristalino gnáissico<br />

atinge a borda marinha.<br />

Costa Oriental Sul<br />

Abrangendo a região compreendida entre o Rio das Contas e o Cabo Frio (Fig. 4 e 5). Do<br />

Rio das Contas até o S do Rio Doce o Terciário, capeando o cristalino gnáissico, normalmente atinge<br />

a linha <strong>de</strong> costa. Inúmeros e extensos rios carreiam gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos para o mar,<br />

construindo planícies aluvionares costeiras. Essas planícies po<strong>de</strong>m ser observadadas nas áreas dos<br />

rios Pardo, Jequitinhonha, Doce, São Mateus e Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caravelas.<br />

Entre o Rio Doce e Cabo Frio o Terciário, em superfície, é <strong>de</strong>scontínuo, sendo suas<br />

ocorrências alternadas com <strong>de</strong>pósitos recentes. Essa alternância <strong>de</strong> Terciário e Recente é condicionada<br />

a uma estreita faixa, limitada por rochas cristalinas. Na área da Lagoa Feia, <strong>de</strong>staca-se extensa<br />

planície construcional, mantendo estreita relação com a <strong>de</strong>posição elástica progradante do<br />

ambiente marinho.<br />

Costa Su<strong>de</strong>ste<br />

Trecho compreendido entre Cabo Frio e Cabo <strong>de</strong> Santa Marta (Fig. 5 e 6). Neste trecho<br />

predominam rochas cristalinas gnáissicas e graníticas, que comumente alcançam a borda litorânea.<br />

Os <strong>de</strong>pósitos quaternários po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finir 2 trechos característicos:<br />

Trecho Cabo Frio -Ilha Bela<br />

Os <strong>de</strong>pósitos são restritos, <strong>de</strong>stacando-se a planície <strong>de</strong> Araruama e aqueles relacionados<br />

à Baía <strong>de</strong> Guanabara.<br />

Trecho Ilha Bela - Santa Marta<br />

Os <strong>de</strong>pósitos são <strong>de</strong>scontínuos porém extensos, fazendo com que a borda cristalina fique<br />

afastada do limite oceânico. Especialmente neste trecho e também na área da Baía <strong>de</strong> Guanabara,<br />

os <strong>de</strong>pósitos relacionam-se a baías e enseadas, que construídas em posições abrigadas, retilinizam a<br />

costa, ligando ilhas entre si ou ao continente.<br />

Costa Sul<br />

Trecho compreendido entre o Cabo <strong>de</strong> Santa Marta e o Arroio Chui (Fig. 7). A faixa<br />

mapeada constitui. se numa planície arenosa quaternária, la<strong>de</strong>ando as lagoas Patos, Mirim, Mangueira,<br />

etc. Ao norte, ocorrem sedimentos paleozóicos, mesozóicos e <strong>de</strong>rrames basálticos, afastados<br />

~e 10 a 30 km do oceano por uma faixa aluvionar contínua. Em alguns trechos os <strong>de</strong>rrames basál.<br />

ticos atingem a borda litorânea. A linha <strong>de</strong> costa migra em direção ao mar, pela contínua adição <strong>de</strong><br />

material arenoso, carreado pela ação marinha.<br />

SEDIMENTOS DA PLATAFO~MA CONTINENTAL<br />

De acordo com os critérios relacionados no item Metodologia <strong>de</strong> Estudo, foram ma.<br />

peados os seguintes tipos <strong>de</strong> sedimentos: areia ortoquartzítica, areia subarcoseana, areia arcoseana.<br />

areia e cascalho bio<strong>de</strong>trítico, lama terrígena e lama calcária. As transições entre esses membros.<br />

finais foram l~vaqas em consi<strong>de</strong>ração no mapeamento.<br />

Plataforma da área do Rio Amazonas (Oiapoque-Vigia) . Os sedimentos <strong>de</strong> fundo são<br />

essencialmente terrígenos, predominando lamas e areias lamosas subarcosianas. Areias subarcosianas<br />

e bio<strong>de</strong>tritos ocorrem na parte externa (Fig. 1).


FRANCISCONI, COSTA, COUTlNHO, VICAL VI<br />

+<br />

+<br />

I<br />

/<br />

/<br />

/<br />

/<br />

/<br />

"tO<br />

GRANDE DO NORTE<br />

- -----<br />

+ +<br />

FIG. 3<br />

4°<br />

0°<br />

4°<br />

,O'<br />

311


312 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA


FRANCISCONI, COSTA, COUTlNHO, VICAL VI 313<br />

Plataforma Norte (Vigia-Rio Parnaíba)<br />

Uma extensa faixa <strong>de</strong> areias arredondadas, ortoquartzíticas, se faz presente, limitada por construções<br />

carbonáticas da plataforma externa, Detritos originários dos calcários, distribuem-se uniformemente<br />

pela área da plataforma (Fig. 1 e 2).<br />

Plataforma Nor<strong>de</strong>ste (Rio Parnaíba -Cabo <strong>de</strong> S. Roque)<br />

Destaca-se uma faixa contínua <strong>de</strong> areias subarcosianas, encaixada entre a linha <strong>de</strong> praia<br />

e construções calcárias externas. Nas porções extremas <strong>de</strong>sse trecho, interpondo-se entre as areias<br />

subarcosianas e os calcários externos, ocorre uma faixa <strong>de</strong> areias ortoquartzíticas-bio<strong>de</strong>tríticas.<br />

Costa Oriental (Cabo <strong>de</strong> S. Roque - Cabo Frio)<br />

Costa Oriental Norte<br />

Do Cabo <strong>de</strong> São Roque ao Rio das Contas a plataforma apresenta construções carbonáticas<br />

próximas à linha da costa, reduzindo a ocorrência <strong>de</strong> areias ortoquartzíticas-bio<strong>de</strong>tríticas a<br />

uma estreita faixa, contígua a borda litorânea. Na região do Rio São. Francisco, a plataforma está<br />

representada por lamas terrígenas, sendo uma interrupção no padrão sedimentar <strong>de</strong>sse trecho. Em<br />

algumas regiões <strong>de</strong>ssa plataforma, especialmente ao sul do Rio São Francisco, <strong>de</strong>staca-se a ocorrência<br />

<strong>de</strong> faixa areno-subarcosiana, interna (Fig. 3 e 4).<br />

Costa Oriental Sul<br />

Do Rio das Contas a Cabo Frio, as construções biogênicas estão mais afastadas da linha<br />

<strong>de</strong> costa, <strong>de</strong>vido a maior contribuição terrígena, favorecida por inúmeros cursos fluviais. As construções<br />

calcárias biogênicas (inclusive lamas calcárias, na região <strong>de</strong> Abrolhos), caracterizam a<br />

sedimentação predominanrte <strong>de</strong>ste trecho. Os terrígenos são representados por areias ortoquartzíticas<br />

ou subarcosianas, bio<strong>de</strong>tríticas. Na <strong>de</strong>sembocadura <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rios, ocorrem areias lamosas<br />

e lamas arenosas subarcosianas (Fig. 4 e 5).<br />

Costa Su<strong>de</strong>ste (Cabo Frio -Cabo Santa Marta)<br />

A plataforma mostra a continuida<strong>de</strong> das construções biogênicas externas que, entretanto,<br />

sofrem interrupção na altura da Ilha Bela. A frequência <strong>de</strong> bioclastos sugere uma acentuada<br />

submissão a ações abrasivas. As construções biogênicas com alinhamento SE, gradam progressivamente<br />

para bio<strong>de</strong>tritos e, posteriormente, para areias terrígenas, ortoquartzíticas, <strong>de</strong>saparecendo<br />

na altura <strong>de</strong> Paranaguá (Pr). Junto a costa, ocorre uma extensa faixa <strong>de</strong> areias subarcosian.ls.<br />

Na plataforma média, ocorre lama terrígena, progradando sobre bio<strong>de</strong>trítos e areias ortoquartzíticas<br />

bio<strong>de</strong>tríticas <strong>de</strong> plataforma externa (Fig. 5 e 6).<br />

Costa Sul (Cabo Santa Marta-Chuí)<br />

Os sedimentos distribuem-se paralelamente à linha <strong>de</strong> costa. Na plataforma extern:.t,<br />

uma faixa <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>tritos, associados a areias ortoquartzíticas, esten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a costa su<strong>de</strong>ste, até<br />

a altura da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> (RS). Daí para sul, é substituída por lamas e areias lamosas<br />

subarcosianas. Na plataforma média, ocorrem, em continuida<strong>de</strong> com a plataforma su<strong>de</strong>ste, bmas<br />

terrígenas e lamas arenosas subarcoseanas. Na plataforma interna, <strong>de</strong>stacam-se areias subarcoseanas<br />

e ortoquartzíticas (Fig. 7).<br />

DISCUSSÃO GERAL DOS RESULTADOS<br />

O trecho da costa norte, entre os rios Oiapoque e Parnaíba, tem sido alvo <strong>de</strong> inúmeros<br />

estudos, especialmente a região Rio Oiapoque-Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vigia, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>staca-se a influência <strong>de</strong>posicional<br />

do Complexo Amazônico.<br />

Na plataforma continental, entre o Rio Oiapoque e a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vigia, existe uma predominância<br />

<strong>de</strong> pelitos subarcoseanos internos (Torres e Belo, 1973), progradando sobre areias terrígenas<br />

(Kempf e Coutinho, 1968) (Zembruscki et alii, 1971) (Martinsetalü, 1972), subarcosea.'1as,<br />

expostas na plataforma externa. Em frente a área <strong>de</strong> <strong>de</strong>sague do Rio Amazonas, é notável a característica<br />

<strong>de</strong>ltaica progradante dos elásticos finos (Figueiredo Jr. et alii, 1972).<br />

A faixa <strong>de</strong> areias terrígenas, expostas na plataforma externa, é o registro <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos<br />

<strong>de</strong> águas rasas (Milliman et alii, 1972), numa fase <strong>de</strong> mar regressivo, durante o Wisconsiniano (Santos,<br />

1972). Essas areias correspon<strong>de</strong>m à superfície <strong>de</strong> afloramento da Forrnação Tucunaré (<strong>de</strong>nominação<br />

dada por Schaller e Vasconcelos, 1971), representada por 700 m <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> sedimentos,<br />

no Furo l-APS-l da PETROBRÃS e com ida<strong>de</strong> abrangendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Plioceno até o Holoceno.


314 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

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FRANCISCONI, COSTA COUTINHO, VICAL VI 315


316 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

x<br />

x


FRANCISCONI, COSTA, COUTINHO, VICAL VI 317<br />

Essa formação, com características predominantemente continentais, esten<strong>de</strong>-se, lateralmente, por<br />

toda a bacia sedimentar da foz do Amazonas, transgredindo seus limites (Schaller e Vasconcelos,<br />

1971) e sobrepondo-se, discordantemente, a sedimentos mais antigos, fora <strong>de</strong> seu centro principal <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição. A Figura 8 representa a Formação Tucunaré, recobrindo sedimentos marinhos do<br />

Mioceno Superior, na bacia sedimentar da Foz do Amawnas. Fora dos limites <strong>de</strong>ssa bacia, sobrepõe-se<br />

ao Mioceno Inferior marinho (Formação Pirabas) ou continental.<br />

I.L.I<br />

a::<br />


318 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

o assoreamento Wisconsiniano dos elásticos, na plataforma norte, tem correspondêcia<br />

com os <strong>de</strong>pósitos marinhos das formações Chuí e Guaíba, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, que segundo Jost<br />

(1971), são resultantes <strong>de</strong> um evento transgressão/regressão, no Pleistoceno Superior.<br />

Se a fase transgressiva do Wisconsiniano Médio permitiu uma distribuição dos sedi.<br />

mentos amazônicos, até ao Rio Gurupi, a fase regressiva, no final do Wisconsiniano e correspon<strong>de</strong>nte<br />

ao último mãximo glacial, com nível do mar 110 m abaixo do atuai, (Curray, 1965; Kowsmann<br />

e Costa, 1973) restringiu a distribuição dos sedimentos amazônicos à sua calha natural (Fig. 10).<br />

A restrição dos elásticos fluviais à calha amazônica, acompanhada <strong>de</strong> um clima árido (relação<br />

glaciação-elima; Bigarella, 1965; Damuth, 1970; McGeary, 1973), não propiciaram condições <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição na plataforma do Pará. Os sedimentos superficiais, <strong>de</strong>positados durante a transgressão<br />

wisconsiniana média, associados ao recuo posterior da linha <strong>de</strong> praia e ao clima, no final do Wisconsiniano,<br />

possibilitaram condições à formação <strong>de</strong> extensos campos <strong>de</strong> dunas, hoje novamente afo.<br />

gados e retrabalhados pelo mar transgressivo holocênico.<br />

FIG 10<br />

WI~IUII:/HoI_O<br />

A Figura 11 mostra, a leste (plataforma do Pará). uma área <strong>de</strong> areias ortoquartzíticas<br />

arredondadas, prováveis remanescentes da <strong>de</strong>posição wisconsiniana média (transgressão), <strong>de</strong>limitada<br />

bruscamente, ao longo da calha amazônica, pelos <strong>de</strong>pósitos mais recentes do último evento<br />

regressão/transgressão (fim do Wisconsiniano/Holoceno Inferior). AFigura 12 tenta <strong>de</strong>monstrar,<br />

através da seção A-A', os eventos do último cielo regressão/transgressão, registrados na Formação<br />

Tucunaré.<br />

0--m<br />

"<br />

.SEDIMENTAÇÃO<br />

A~<br />

:<br />

I<br />

j<br />

RECENTE<br />

I<br />

;"f-",.4-"f_<br />

R..........<br />

SEÇÃO HIPOTETICA A-A' (FIG 12)<br />

CALHA"MAZONICA.<br />

~~H~loi:~I~;/;iÊ';o'~-~~"-:'-<br />

"~~J}"<br />

~ .<br />

Mo: I - LAMA AVERMELHADA(HOlOCENO MEDIO)<br />

Z - LAMA ESCURA- SEDIMENTAÇÃO RECENTE<br />

3. LIMITE LESTE DA SEDIMENTAÇÃO FLUVIAL<br />

4-<br />

NO HOLOCENO INF/MED<br />

CLÁSTICOS DO W5CONSHANQ MÉDtO RETRAEtALHAOOS<br />

(ARE A DAS DUNAS)<br />

1$<br />

- CLÁSTICOS DO WISCONSINtANO MÉDIO<br />

6 -" HOLOCENC SUP/RECENTE (ADiÇÃO DE AIODETRITOS)<br />

. !<br />

DO AMAZONAS<br />

O corpo <strong>de</strong> lama terrígena (número 1), exposto em frente a Ilha <strong>de</strong> Marajó (Fig. 11),<br />

<strong>de</strong>ve marcar a fase final da sedimentação na calha amazônica, durante a transgressão holocênica e<br />

<strong>de</strong> acordo com Milliman e Emery (1968), pelo menos anterior a 7.000 anos. O contraste entre a co~<br />

avermelhada do corpo n.2 1 e a cor cinza escura do corpo n2 2 po<strong>de</strong>ria refletir características mais<br />

continentais do primeiro. É também possível que a sua coloração avermelhada esteja mais es-


FRANCISCONI, COSTA, COUTlNHO, VICAL VI 319<br />

treitamente ligada ao clima árido ou semi-árido, do último período glacial.<br />

Na plataforma do Pará e Maranhão, a sedimentação alóctone, durante o Holoceno (Fig.<br />

11, 12 e 2), aparentemente liga-se a abrasão das construções carbonáticas externas e transporte em<br />

direção ao continente.<br />

As areias ortoquartzíticas, expostas no trecho da plataforma entre o Rio Gurupi e o Rio<br />

Pamaíba, i<strong>de</strong>ntificam-se a aquelas a oeste do Rio Gurupi, provavelmente submetidas ao mesmo<br />

evento, porém originárias <strong>de</strong> fonte exclusivamente sedimentar (Koppiler e Nogueira, 1973).<br />

Em frente a foz do Rio Parnaíba, uma faixa <strong>de</strong> areias subarcoseanas, limitada por construções<br />

carbonáticas (Fig. 3), representa <strong>de</strong>posição em um nível <strong>de</strong> mar baixo. O calcá rio da plataforma<br />

interna, entre as faixas <strong>de</strong> clásticos, mostra características <strong>de</strong> exposição sub-área.<br />

Des<strong>de</strong> a área do Rio Parnaíba até a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paranaguá, observa-se uma íntima relação<br />

entre a faixa <strong>de</strong> carbonatos, externa, e a <strong>de</strong> areias ortoquartzíticas e ortoquartzíticas bio<strong>de</strong>tríticas<br />

interna, exceto gran<strong>de</strong> parte da plataforma do Ceará e da foz do Rio Paraíba do Sul.<br />

As faixas <strong>de</strong> areias ortoquartzíticas, contíguas aos calcários e mais caracteristicamen.<br />

te <strong>de</strong>senvolvida na plataforma <strong>de</strong> São Paulo (Fig. 6), sugerem antigos níveis <strong>de</strong> praias (Bigarella,<br />

1965), em períodos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> do mar a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 e 60 m. A ida<strong>de</strong> para o nível <strong>de</strong> 60 m<br />

será em tomo <strong>de</strong> 11.000 anos, quando estimada através da curva <strong>de</strong> variação eustática do nível do<br />

mar, nos últimos 40.000 anos (Curray, 1965).<br />

Um terceiro nível <strong>de</strong> praia (Milliman et alii, 1972) (Vicalvi e Milliman, no prelo), constituído<br />

<strong>de</strong> areias ortoquartzíticas bio<strong>de</strong>tríticas retrabalhadas (Kowsmann e Costa, no prelo), ocorre<br />

na plataforma externa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> São Paulo ao extremo sul do Brasil. Esta praia relaciona-se ao nível <strong>de</strong><br />

mar <strong>de</strong> 110 m e, segundo Curray (op. cit.), com aproximadamente 19.000 anos.<br />

A faixa <strong>de</strong> lama terrígena da plataforma média <strong>de</strong> São Paulo (Fig. 6), tem o limite interno<br />

acompanhando, aproximadamente, a isóbata <strong>de</strong> 80 m e <strong>de</strong>ve ter sua origem e ida<strong>de</strong> relacionadas ao<br />

nível <strong>de</strong> praia <strong>de</strong> 60 m (Fig.13).<br />

Om<br />

10<br />

20<br />

30<br />

40<br />

50<br />

60<br />

70<br />

80<br />

30<br />

100<br />

110<br />

120<br />

Om<br />

10<br />

20<br />

30<br />

40<br />

50<br />

60<br />

70<br />

80<br />

90<br />

100<br />

NIVEL DO MAR<br />

LINHA DE COSTA<br />

__<br />

NIVEL DE 60m<br />

i "NIV.EL DE PRAIA"<br />

Fig. 13 - Perfil aproximado na plataforma <strong>de</strong> S. Paulo -<br />

baseado no mapa <strong>de</strong> fácies e batimétrico.<br />

NIVEL DO MAR<br />

ARENOSA/ AREIA LA A<br />

DA PLATAFORMA EXTERNA<br />

DE 60m(64m).<br />

RELACIONADA AO NIVEL DE 60 m.<br />

LINHA DE COSTA<br />

Fig. 14 - Perfil aproximado na área sul do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul. (dados do ecobatímetro)<br />

N a área do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, a faixa <strong>de</strong> lama5 terrígena5 (Fig, 7) recobre, total ou parcialmente,<br />

o nível <strong>de</strong> 60 m (Fig. 14), sendo por conseguinte mais recente que sua congênere da área<br />

<strong>de</strong> São Paulo. Ainda no extremo sul, o nível <strong>de</strong> praia <strong>de</strong> 110 m encontra-se coberto por areias lamosas<br />

subarcoseanas, cuja formação e ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve coincidir com aquelas sugeridas para a plataforma


----<br />

320 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

<strong>de</strong> São Paulo, que seria <strong>de</strong> 11.000 anos.<br />

De modo geral, na plataforma do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, as faixas dispõem-se paralelamente à<br />

costa, evi<strong>de</strong>nciando predominância da distribuição granulométrica sobre os terrigenos, oriundos da<br />

costa adjacente, na seqüência: areia subarcoseana, areia lamosa subarcoseana, e lama arcoseana. Es.<br />

ta última contata com o nível <strong>de</strong> praia <strong>de</strong> 110 m ou com areias lamosas externas mais antigas.<br />

A contribuição <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> rochas fontes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Ceará ao Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, não foi<br />

a<strong>de</strong>quadamente evi<strong>de</strong>nciada no presente trabalho. De notável, apenas a ocorrência <strong>de</strong> duas provincias<br />

semelhantes, que ocorrem isoladas. Uma na plataforma externa, ao sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e<br />

a outra interna, numa pequena área próxima a Torres (RS). Ambas, mostram nítidas contribuição<br />

<strong>de</strong> ígneas básicas, concordante com as fontes do continente adjacente. A província da plataforma<br />

externa, ao sul, aparentemente isolada, está incluída na facies <strong>de</strong> areia-Iamosa, cuja ida<strong>de</strong> relacionase<br />

com as lamas da plataforma <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Po<strong>de</strong>-se prever, pela associação existente, a continuida<strong>de</strong> da provincia externa do sul,<br />

numa faixa sub-aflorante, ao longo da plataforma do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, até on<strong>de</strong> houve influência<br />

<strong>de</strong> rochas básicas, isto é, até próximo ao Cabo <strong>de</strong> Santa Marta. Po<strong>de</strong>-se também prever que numa<br />

reconstrução paleogeográfica, esta faixa permanecerá paralela ao nível <strong>de</strong> 60 m.<br />

CONCLUSOES<br />

As extensas faixas <strong>de</strong> areias subarcosianas, que ocorrem na parte interna, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

plataforma do Ceará ao extremo sul, menos mapeadas na costa oriental, <strong>de</strong>vem representar assoreamento<br />

durante a transgressão holocênica, acompanhado <strong>de</strong> um clima árido. As faixas <strong>de</strong> areias<br />

ortoquartzíticas ~epresentam ação mecânica, durante períodos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> do mar.<br />

Três períodos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> do mar foram constatados, sendo-Ihes relacionados an -<br />

tigos níveis <strong>de</strong> praia:<br />

- o nível<br />

nhamento<br />

- o nível<br />

<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 110 m, com registro nas plataformas norte e sul. Associa-lhe o ali-<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos submetidos a ações <strong>de</strong> praia ao longo da parte externa da plataforma sul;<br />

<strong>de</strong> 60 m, com registro nas plataformas norte, nos bancos calcários do Espírito Santo e<br />

sul. Associa-lhe uma faixa <strong>de</strong> areias ortoquartzíticas<br />

- o nível <strong>de</strong> 30 m, o qual carece melhor <strong>de</strong>finição.<br />

e bio<strong>de</strong>tríticas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Cabo Frio a Paranaguá;<br />

Relaciona-lhe a ocorrência <strong>de</strong> antigas praias na<br />

área da plataforma do Rio Paraíba do Sul, em toda costa oriental e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

As suítes mineralógicas das plataformas a nor<strong>de</strong>ste do Rio Pamaíba e ao sul do Cabo <strong>de</strong><br />

Santa Marta, são capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>finirem as áreas <strong>de</strong> proveniência dos materiais terrigenos. A geometria<br />

da distribuição granulométrica dos terrigenos, reflete mais a<strong>de</strong>quadamente, em vários<br />

trechos da plataforma, as áreas <strong>de</strong> suas origens.<br />

As relações dos corpos <strong>de</strong> lama com o nível <strong>de</strong> 60 m, nas plataformas <strong>de</strong> São Paulo e na<br />

área sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, estabelecem uma diferença <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> entre esses<strong>de</strong>pósitos.<br />

No presente tràbalho os corpos <strong>de</strong> lamas terrígenas, <strong>de</strong> toda área sul, foram mapeadas<br />

como único, abrangendo gran<strong>de</strong> extensão. Toma-se necessário um estudo mais minucioso, para estabelecer<br />

as áreas on<strong>de</strong> as relações estratigráficas existentes se <strong>de</strong>finam a<strong>de</strong>quadamente.<br />

É previsto a continuida<strong>de</strong> subaflorante, em direção ao norte, da província mineralógica<br />

da plataforma externa, observada na área sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

Enquanto a sedimentação holocênica se fazia presente, na plataforma da foz do Amazonas,<br />

esta se mantinha ausente na plataforma do Pará-Maranhão, caracterizando um hiato.<br />

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SUMMARY OF REMAC-LDGO COOPERATIVE RESEARCH<br />

ON THE BRAZILIAN CONTINENTAL MARGIN. PART I:<br />

NORTHEASTERN BRAZILIAN MARGIN<br />

N. KUMAR*. G. M. BRYAN*. J. C. DE CARVALHO**.<br />

M. A. GORINI***. J. E. DAMUTH*<br />

ABSTRACT<br />

Since 1972, per.onnel of the Lamont-Doherty aoological Ob.ervarory of ColumbiIJ University, PaUsado., U. S. A and Projoct<br />

REMAC (Reconhecimento da Margem Continental <strong>Brasileira</strong>) of Brazil have been engaged in a cooperative survey of the continental margin of<br />

Brazil. We have coUected bathymetric, magnetic, gravity, .eiamic reflection, seiamic refraction, and .edimentologic date during the 1972- 74 field<br />

_son. along more tIlan 20.000 km of .hip'. track. in tIle northea.tem Brazilian Margin. L-DOO data colJected .ince tIle early 1950'. .upplement<br />

the work.<br />

The following problems bave been .tudied in the nortl1ea.tem Brazilian margln: Age and eV'l.lution of Amezon Cone; origin and<br />

age of .tructure. on nortllem Brazilian .helfi poasible w..tward extensions of ocean ba.in fracture 'z~..ÍI1to tIle continent; origin of North<br />

Brazilian ridge. evolution of Fernando <strong>de</strong> Noronha ridge and basinõ proc of sedimentation and sediment tlúcknes. in the Guiana ba.in, and<br />

crustalstructure and origin of Ceara riae.<br />

Significant conclusion. to date are: Amazon cone may be a very young feature (8-15 my old); tIle compre..ional.tructures on<br />

the shelf off Ceara and Piaui .tate. of Brazil originated between 127 and 84 my BP during the early opening of equatorial Atlantic; the equatorial<br />

fracture zones have structural connection with kDOwn feab.1res 00 land, continental shelf, and riss, oceanic crust is present 00 either ai<strong>de</strong> af the<br />

North Brezilian ridge; there is a fracture zone south of Cbain fracture zone and tIle .ediment. in tIle margln are primarily of tu.rbidito type ratrer<br />

than of contourite type.<br />

RESUMO<br />

De.<strong>de</strong> 1972, técnico. do Lamont-Dolurty GeoIotJlcal Oboervatory of Columbia Unlvo..lty, PaHudu, USA e do Projeto RE-<br />

MAC (Roconhecimento da Margem Continental <strong>Brasileira</strong>) têm trabalhado em conjunto num programa cooperativo <strong>de</strong> pe.quisa da margem<br />

continental bra.ileira. Foram coletado. dados batimétricos, magnéticos. gravimétrico.. .ísmico. (reflexão e refração) e sedimentológicos<br />

durante OS trabalhos <strong>de</strong> campo, 80 longo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 20.000 km <strong>de</strong> linba. <strong>de</strong> navegação n amrgem nor<strong>de</strong>ste bra.ileira. O trabalho<br />

foi .uplementado com dado. coletado. pelo Lamont <strong>de</strong>.<strong>de</strong> 1950.<br />

Os seguintes probelmas foram estudados na margem nor<strong>de</strong>ste brasileira: ida<strong>de</strong> e evolução do Cone Amazonas; origem e<br />

ida<strong>de</strong> das estruturas da plataforma nor<strong>de</strong>ste brasileira; possível continuação para oeste das zonas <strong>de</strong> fratura oceânicas e sua extenção no<br />

continente; origem da Ca<strong>de</strong>ia Norte <strong>Brasileira</strong>; evolução da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha e Bacias relacionadas; processos <strong>de</strong> sedimentação<br />

e espessura do sedimento na bacia das Guianas e estrutura da crosta e origem da elevação do Ceará.<br />

As conclusões mais significantes são: o Cone Amazonas po<strong>de</strong> ser bastante jovem (8 - 15 m.a.); as estruturas compres-<br />

.ionaís na plataforma do. E.tado. do Ceará e Piauí origlnaram-.. entre 127 e 84 m.a. atrá., durante o início da abertura do Atlãntico<br />

equatorial; as zonas <strong>de</strong> fratura equatoriais têm conexão estrutural com feições conhecidas no continente. na plataforma continental e na<br />

elevação continental; a crosta oceânica está presente em ambos os lados da Ca<strong>de</strong>ia Norte <strong>Brasileira</strong>; há uma zona <strong>de</strong> fratura ao sul da<br />

zona <strong>de</strong> fratura Chaín e os sedirn.E!I1tos na margem são mais do tipo turbidíto do que do tipo <strong>de</strong>positado pela. corrente. <strong>de</strong> contorno<br />

(mlltouríte type).<br />

.LAMONT<br />

"DNPM/REMAC<br />

...IG/UFRJ


:!1<br />

q<br />

:ti


KUMAR, BRYAN, CARVALHO,GORINI, DAMUTH 325<br />

INTRODUCTION<br />

Geological and geophysical investigations of the northeastern Brazilian margin (Fig. 1)<br />

have been carried out un<strong>de</strong>r the auspices of REMAC.<br />

(Reconhecimentos da Margem Continental <strong>Brasileira</strong>) and the Lamont-Doherty Geological Observatory<br />

at Palisa<strong>de</strong>s, NY, USA. Lamont's participation in this cooperative program has been supported<br />

by the office for the International Deca<strong>de</strong> of Ocean Exploration (lDOE) of the US National<br />

Science Foundation. This program began in 1972 and two months of ship time each year during<br />

1972, 1973, and 1974 was utilized in collection of marine geological and geophysicai data. At present<br />

we are engaged in the final analysis and interpretation of data and writing ofreports.<br />

The study of the northeastern Brazilian margin is part of a larger study of the entire<br />

continental margin of southwest Atlantic. For ease in reporting the results we have divi<strong>de</strong>d the<br />

Brazilian continental margin into two sectors: The margin north and northwest of Recife, and the<br />

margin south of Recife. This paper summarizes our work in the northern area. A companion paper<br />

in this volume <strong>de</strong>scribes the objectives of studies being carried out in the area south of Recife.<br />

GENERAL OBJECTlVES<br />

The primary objective of our study is to un<strong>de</strong>rstand the early history of continental rifting<br />

in the northern Brazilian area and the mechanisms that caused this rifting.<br />

Various studies have <strong>de</strong>scribed the fit between the shorelines of northern Brazil and the<br />

region from Nigeria to Liberia in West Africa (Bullard et alii 1965; Dietz and Hol<strong>de</strong>n, 1970). Still<br />

others have noted the apparent continuity of geological structures when South America and Africa<br />

are fitted together (Almeida, 1968; Allard and Hurst, 1968) and some have measured similar ages of<br />

rocks found on the two si<strong>de</strong>s of the equatorial Atlantic (Hurley et alii, 1967; Almeida etalii, 1969).<br />

The time ofthe initial rifting has also been fairly well established (Miura and Barbosa, 1973; Larson<br />

and Ladd, 1973). However. the processes and changes that accompany rifting are largely unknown.<br />

A knowledge of the early history of rifting is important from the aca<strong>de</strong>mic point ofview<br />

--- 1972 Trock<br />

1973 Track<br />

- 1974 Trock<br />

50nollll01 Profil.<br />

Two-Sl'lip R,'roction Protile<br />

.. .<br />

. Slation (Cor., Co",.,., Nephtdoma'.r)<br />

30'"<br />

10'"<br />

Fig. 2- Map showing the 1972, 1973, and 1974 tracks of R/V CONRAD and<br />

VEMA in the northem Brazilian area. See text for further <strong>de</strong>tails DO<br />

the objectives of each year's tracks.<br />

5.<br />

O.<br />

0005


326 ANAIS DO XXIlIlI <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

and is of economic interest as well. During the last <strong>de</strong>ca<strong>de</strong> PETROBRÁS has <strong>de</strong>voted consi<strong>de</strong>rable effort<br />

and expenditure to the exploration of coastal basins of northem Brazil such as the Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul Norte, Potiguar, Ceara, Piaui, and Barreirinhas basins. The structure of these basins, their tectonic<br />

evolution, and the lithologies and facies distributions of the ol<strong>de</strong>st manne sequences in them are<br />

intimately related to the ihitial rifting between South America and Africa. Hence a realistic mo<strong>de</strong>l for<br />

the genesis and evolution of such basins can aid in exploration efforts in northem Brazil as well as in<br />

otherpartsoftheworldwhere coastal basins ocurr along rifted margins.<br />

Another objective which has aca<strong>de</strong>mic and economic implications is the location of the<br />

true ocean-continent boundary in the Westem Equatorial Atlantic. The location ofthis boundary<br />

would a allow a more realistic {it than that obtained by matching the shelf breaks or the 1000 m<br />

isobaths of the South American and African continents (Bullard et alii, 1965). Also, once the true<br />

edge of the continent ia located, we can estimate the seaward extent of the coastal basins-assuming<br />

that these basins were formed as the continental crust subsi<strong>de</strong>d along fractures during the initial<br />

rifting.<br />

OBJECTIVES OF FIELD WORK CARRIED OUT<br />

IN 1972, 1973 and 1974<br />

The prosn-am of fieldwork carried out in 1972 was <strong>de</strong>signed to: (1) trace the continuity of<br />

North Brazilian ridge, (2) <strong>de</strong>termine the differences, if any, in the crus tal structure between the landward<br />

and sel!Ward si<strong>de</strong>s of the ridge, and (3) trace whether some of the structures on the shelf can<br />

be connected with the landward extensions of the equatorial fracture zones (Fig. 2).<br />

The field work in 1973 was <strong>de</strong>signed to investigate further the difference between the<br />

landward and seaward si<strong>de</strong>s of the North Brazilian ridge; to complete our coverage of the northem<br />

Brazilian shelf with sonobuoy refraction and wi<strong>de</strong>-angle reflection profiles; and to survey the<br />

Amazon canyon and the Amazon cone (Fig. 2).<br />

The 1974 field program was primarily a two-ship refraction program, and was <strong>de</strong>signed<br />

to investigate the crustal structure down to the crust-mantle boundary un<strong>de</strong>r the landward and<br />

seaward si<strong>de</strong>s of the North Brazilian ridge, Ceara rise, and Amazon Cone. Various regions of Ceara<br />

rise were also surveyed during each year's field program (Fig. 2).<br />

NATURE AND EXTENT OF THE DATA COLLECTED DURING<br />

THE PROGRAM AND THE MODE OF PRESENTA TION<br />

OF THE RESULTS<br />

The surveys of the north Brazilian margin have been carried out by R/V CONRAD (in<br />

1972 and 1973) and R/V VEMA (in 1974) ofthe Lamont-Doherty Geological Observatory. The surveys<br />

have inclu<strong>de</strong>d continuous seismic profiling; continuous bathymetric, gravity, and magnetic<br />

measurements; seismic refraction and wi<strong>de</strong>-angle reflection measurements through unreversed<br />

sonobuoys; coring, bottom photography, and nephelometer measurements. Besi<strong>de</strong>s these, 8 reversed<br />

and one unreversed two-ship refraction profiles were ma<strong>de</strong> in 1974. In addition, land field work<br />

was conducted in the coastal regions of Ceara and Rio Gran<strong>de</strong> do Norte states and Femando <strong>de</strong><br />

Noronha islands during the summer of 1974.<br />

Approximately 20.000 km of marine geophysical tracks have been ma<strong>de</strong> in the northeastem<br />

Brazilian area since 1972. Our surveys have inclu<strong>de</strong>d 104 sonobuoy stations and 40<br />

oceanographic stations (Fig. 2). Oceanographic station work aboard R. V. CONRAD and VEMA<br />

consists of raising a core; taking nephelometer measurements and several bottom photographs at<br />

each station.<br />

Our results will be presented in a series of maps and papers. A gravity map of the<br />

Guiana basin, based on the work done in the area until1972 has been published (Cochran, 1973).<br />

This map will be updatedin 1975. An echo-character map <strong>de</strong>picting the nature of bottom echoes as<br />

recor<strong>de</strong>d by 3.5 kHz Precision Depth Recor<strong>de</strong>r is also in press (Damuth, 1974).Maps <strong>de</strong>picting the


KUMAR, BRYAN, CARVALHO, GORINI, DAMUTH 327<br />

bathymetry, sediment thickness, and magnetics of the region are in preparation. Papers based on<br />

studies of various problems in this region will be published as a collection <strong>de</strong>voted to the southwest<br />

Atlantic margin.<br />

PROBLEMS STUDIED AND SIGNIFICANT RESULTS<br />

The cooperative program to study the north-northeastern Brazilian margin has resulted<br />

in the achievements listed below:<br />

(1) Age and evolution of Amazon Cone - The Amazon Cone (Fig. 1) was first named by<br />

Heezen and Tharp (1961). The sedimentation on the shelf off Amazon river has been <strong>de</strong>scribed by<br />

Zembruscki et alii (1971), Pomerancblum and ,Costa (1973a, b, c), and Milliman et alii (1973).<br />

However, a synthesis of the structure and evolution of the cone, using available geological and<br />

geophysical data had not been attempted. Because no published data are available on the age of the<br />

cone, some authors have assumed (e. g. Cochran, 1973) that the cone must be as old as the western<br />

equatorial Atlantic (approximately 100 m. y. orso).<br />

Damuth et alii (1973) and Damuth and Kumar (1975) have discussed the morphology,<br />

sediments, and growth pattern of this cone and have attempted an estimation of the age of the cone<br />

which is very different from the suggested age for this feature. Our studies show that the morphology,<br />

sediment distribution, and the growth pattern of the Amazon Cone are quite similar to<br />

other <strong>de</strong>ep-sea fans; its sediments, at least during the Quaternary were <strong>de</strong>posited in response to<br />

glaciallinterglacial cycles; and its age of formation is estimated to be Middle to Late Miocene.<br />

A prominent, leveed central channel or fan valley emanates from the Amazon Submarine<br />

Canyon and mean<strong>de</strong>rs seaward across the upper cone to the middle cone where it divi<strong>de</strong>s into<br />

severalleveed distributaries (Fig. 3).<br />

These distributaries further subdivi<strong>de</strong> into numerous small channels on the lower cone.<br />

Sedimentation on the cone has been climatically controlled. During high sea leveI stands<br />

(interglacials) all terrigenous sediments are trapped on the inner continental shelf and only pelagic<br />

sediments are <strong>de</strong>posited on the cone. In contrast, during low sea-Ievel stands (glaciaIs), the Amazon<br />

River discharges terrigenous sediments directly into the Amazon Submarine Canyon from where<br />

they can be easily transported to the cone by gravity-controlled sediment flows. Wisconsin sedimentation<br />

rates on the cone were in excess of 30 cm/l03 yr.<br />

Average sedimentation rates for the entire Pleistocene, based on the extrapola<strong>de</strong>d age<br />

(2.2 m. y.) of a prominent acoustic reflector within the cone, range from 50 to 115 cm/l03yr. Rates of<br />

90 to 115 cm/l03 yr are probably more appropriate for the upper cone. The maximum thickness of<br />

sediments, which occurs un<strong>de</strong>r the upper cone, is between 9 and 14 km. These figures imply an age<br />

of 8 to 15 m.y.b.p.(Middle to Late Miocene) for the beginning of formation of the cone. Thus, the<br />

Amazon cone is a very young feature which is only about one tenth the age of the equatorial Atlantic.<br />

(2) Origin and age of structures on the north Brazilian shelf - The structures on the shelf<br />

offshore of Maranhão, Piaui, Ceara, and Rio Gran<strong>de</strong> do Norte states have been recently mapped by<br />

Miura and Barbosa (1973). In <strong>de</strong>scribing the structures offshore of these states Miura and Barbosa<br />

traced compressional structures between 39° and 43° W on the shelf. All the proposed mo<strong>de</strong>ls for<br />

the opening of South Atlantic (Funnel and Smith, 1968; Le Pichon and Hayes, 1971; Francheteau<br />

and Le Pichon, 1972) call for a shear motion between the northern margin of Brazil and the eastwest<br />

segment (between Nigeria and Sierra Leone) of the western margin of Africa. The problem is to<br />

explain the origin of compressional structures striking parallel to the direction of that shear motion.<br />

Miura and Barbosa (1973) suggested that these folds probably formed approximately 80 m.y. ago,<br />

and were caused by a compressional north-south stress produced by the movement along equatorial<br />

fracture zone.<br />

Kumar and Ladd (1974) have attempted to explain that these structures have originated<br />

as a result of the opening of South Atlantic, and have predicated an age for the formation of these<br />

structures which is slightly ol<strong>de</strong>r than 80 m.y. According to Kumar and Ladd (1974) compressional<br />

structures (folds and reverse faults) formed on the shelf off Brasil because the spreading between<br />

South America and Africa was constrained during the early phase of the opening of the equatorial<br />

Atlantic. The driving forces that caused the spreading acted in a direction parallel to small circles


328 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

about a pole (with respect to Africa) at 67.3° N latitu<strong>de</strong>, 39.5° W longitu<strong>de</strong>. However, the shape of<br />

the initial rift was such that the continents could not separate in accordance with this pole and hence<br />

the spreading took place in a direction parallel to small cir<strong>de</strong>s about a pole (with respect to<br />

Africa) at 21.5° N latitu<strong>de</strong>, 14° W longitu<strong>de</strong>. Once the continents had separated sufficiently so that<br />

the margins of the two continents did not restrict each other's movement, the continents could<br />

separate in the direction in which the driving forces would have carried them at the initiation ofrif.<br />

ting. Compression was caused within a small segment of the Brasilian and G hanian shelf because of<br />

a difference between the direction of early stress and the direction of actual motion. This segment<br />

extends from 39° to 43° W longitu<strong>de</strong>s on the Brazilian shelf and between 1 ° E and 3° W longitu<strong>de</strong>s<br />

on the G hanian shelf.<br />

The early phase of opening lasted from 127 m.y. to 84 m.y. before present. Hence, the age<br />

of these compressional structures should fall within this range. Although Miura and Barbosa (1973)<br />

interpreted the geologic evi<strong>de</strong>nce as suggesting an age of 80 m. y. for these structures, the same<br />

geologic evi<strong>de</strong>nce is also in agreement with our prediction. An ol<strong>de</strong>r age for these structures<br />

makes these structures economically more interesting (Miura and Asmus; personal communication,<br />

1973).<br />

(3) Westw!U"d extensions of equatorial fracture zones and the origin of North Brazilian<br />

Ridge . The westward extensions of the equatorial fracture zones are intimately related to the tectonic<br />

evolution of the equatorial Atlantic. Le Pichon and Hayes (1971) have suggested that segments<br />

of North Brazilian ridge appear to lie along the westward extensions of theSt. Paul's and<br />

Romanche fracture zones. Farther westward, these fracture zones appeared to them to full along the<br />

boundaries of coastal basins. Le Pichon and Hayes also suggested that the Chain fracture zone<br />

seemed to extend into the Fernando <strong>de</strong> Noronha chain of islands and then appeared to intersect- the<br />

continent at the northern boundary of the Rio Gran<strong>de</strong> do Norte Plateau basin (Apodi Plateau basin<br />

of Beurlen, 1970) (Francheteau and Le Pichon, 1972). However, Hayes and Ewing (1970) maintained<br />

that the St. Paul's and Romanche frácture zones do not seem to have any connection with<br />

the North Brazilian Ridge.<br />

The westward extensions of. the equatorial fractures have been traced in <strong>de</strong>tail by<br />

Kumar and Bryan (1973) and Bryan et alii (1973). These studies connected the Chain fracture zone<br />

(Fig. 4) with the Fernando<strong>de</strong> Noronha and Atol das Rocas and Fortaleza High (Miura and Barbosa,<br />

1973) and a series of normal faults parallel to the coastline on the shelf between 37° and 44°<br />

W. Romanche fracture zone can be exten<strong>de</strong>d through the southern east-west segment of the North<br />

Brazilian Ridge to the Ceara high and a series of normal and reverse faults parallel to the coastline<br />

on the shelf between 39° and 45° W. Ceara, Piaui, and Barreirinhas coastal basins are boun<strong>de</strong>d by<br />

these two fracture zones. Complex folds and faults occur where the Romanche fracture zone and<br />

Fernando <strong>de</strong> Noronha ridge come dose to the Brazilian continental shelf. Such complex structures<br />

have been noticed un<strong>de</strong>r the Ceara Terrace and the Rio Gran<strong>de</strong> do Norte plateau (Gorini and Bryan,<br />

1974).<br />

FIGURÉ 3<br />

Map of Amazon cone and adjacent physiographic provinces. Cruise track !ines are indicated by fine dotted !ines.<br />

Bathymetric contours (in corrected meters) are from an unpublished bathymetric map of the Brazilian continental<br />

margin by Connary and Hayes. Piston core locations are indicated by so!id circles surroun<strong>de</strong>d by open circles and<br />

are i<strong>de</strong>ntified by a cruise and core number. Arrows indicate locations of channels crossed by cruise track-lines; small<br />

arrows indicate channels of less than SOm relief whereas large arrows indicate channels of greater than SOm relief.<br />

Large so!id circles indicate the axis of the Amazon Submarine Canyon and the central channel or fan valley of the<br />

cone. Smaller so!id circles indicate inferred axes of the major distributary channels. Black areas indicate Mid-Atlantic<br />

ridge, isolated basement outcrops, and the Ceará rise. (after Damuth and Kumar, in press).


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KUMAR, BRYAN, CARVALHO, GORINI, DAMUTH 329<br />

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330 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

St. Paul's fracture zone can be exten<strong>de</strong>d into the northern east-west segment of the<br />

North Brazilian ridge. Farther westward, the 80uthern boundary ofthe Sr. Paul's fracture zone appears<br />

to connect with a series of normal faults at the 80uthern end of the Amazon trough. The northern<br />

boundary of the fracture zone may be traced into structural highs on the northern si<strong>de</strong> of the<br />

Amazon trough (Fig. 4).<br />

50. 45. 40. 35. 30.W<br />

-<br />

Strike Slip Foull<br />

-<br />

Thrust<br />

(... pain ts toword upfhrQwn block)<br />

Norma! Faull<br />

points !oward downlhrown block)<br />

+<br />

+<br />

Syncline<br />

Anticline<br />

Fig. 4- Map showing the proposed westward extensions of the equatorial fracture zones. Structure on the shelf from<br />

Miura and Barbosa (1973) and unpublished PETOBRAS data. Normal faulting in the continental margin shown<br />

along the extension of St. Paul fracture zones is also from unpublished Petrobras sources. Further <strong>de</strong>tails<br />

in the texto<br />

Recently Gorini et alii (1974) have argued that whereas the landward connection of Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha chain of islands and Atol das Rocas (Fernando <strong>de</strong> Noronha ridge of Gorini and<br />

Bryan. 1974) into Fortaleza high is acceptable to them, the seaward connection of Fernando <strong>de</strong><br />

Noronha ridge is not into the Chain fracture zone but into another fracture zone 120 km to the<br />

8Outh. Gorini and Bryan are at present trying to trace the Romanche and chain fracture zones and<br />

the fracture zone to the south of Chain to 10° W longitu<strong>de</strong> (across the crest of the Mid-Atlantic Ridge).<br />

Hayes and Ewing (1970) have consi<strong>de</strong>red the North Brazilian ridge a consequence of<br />

oceanic volcanism, whereas Le Pichon and Hayes (1971) have suggested that the ridge consists of<br />

two marginal fracture ridges (the two east-west segments) and a major continental rise fault (the<br />

NW-SE segment). The suggestion that the St. Paul's and Romanche fracture zones connect with<br />

the North Brazilian ridge segments supports the i<strong>de</strong>a that the ridge may consist of marginal fracture<br />

ridges. If 80, the mo <strong>de</strong>i of Le Pichon and Hayes implies that the area landward of the ridge<br />

should be un<strong>de</strong>rlain by oceanic crust created by seafloor spreading. On the other hand, features<br />

which may be characteristic of an ocean-continent boundary are as80ciated to some extent with the<br />

North Brazilian ridge. The basement is <strong>de</strong>eper on thelandward si<strong>de</strong> than on the seaward si<strong>de</strong><br />

(Bryan et alii, 1973); a slight indication of change in the character of magnetic anomaly across the ridge<br />

is noted (Cochran, 1973), and the free-air gravity anomaly also sharply drops in value across the<br />

ridge.<br />

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" a:<br />

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O.


KUMAR, BRYAN, CARVALHO, GORINI, DAMUTH 331<br />

To resolve this conflict, we shot reversed two-ship seismic refraction profiles down to<br />

mantle on the landward si<strong>de</strong> of the ridge. The two-ship refraction l'rufiles suggest the LTustal structure<br />

on the landward si<strong>de</strong> of the ridge is typically oceanic and hence, the ridge is probably not related<br />

to the ocean-continent boundary.<br />

The data to date support the i<strong>de</strong>a that the two east-west segments of the North Brazilian<br />

ridge are marginal fracture ridges formed during the early opening of the equatorial Atlantic.<br />

However, the role of NW -SE segment of the ridge in this scheme and the origin of this segment are<br />

still unclear.<br />

(4) Evolution of Fernando <strong>de</strong> Noronha ridge and basin and the Equatorial Mid-Ocean<br />

Canyon-The Femando <strong>de</strong> Noronha ridge was enhanced by volcanism as recently as 1 m.y. ago. The<br />

alkaline basalts of the Femando <strong>de</strong> Noronha islands are 1 to 12 m. y. old.The Mecejana Phonolite<br />

which crops out along the strike of Femando <strong>de</strong> Noronha ridge near the city of Fortaleza, is a 30 m. y.<br />

old intrusion into the Precambrian continental crust.<br />

The Femando <strong>de</strong> Noronha ridge and the Romanche fracture zone to the north <strong>de</strong>limit a<br />

semi-isolated sedimentary basin (Femando <strong>de</strong> Noronha basin, Gorini and Bryan, 1974). This basin<br />

extends from the Brazilian coast to the flanks of the Mid-Atlantic ridge. Post-Early Miocene sedimentary<br />

history of this basin can be reconstructed from the history of the Equatorial Mid-Ocean<br />

canyon which runs east-west parallel to the continental rise of Brazil for 650 km just north of the<br />

Femando <strong>de</strong> N oronha ridge (Fig. 1).<br />

The canyon floor <strong>de</strong>scends with a gradient of 1:500 from 2200 m to 5390 m and it is up to<br />

10 km wi<strong>de</strong> and 200 m <strong>de</strong>ep (Damuth and Gorini, 1974). The canyon is inactive today. !ts bathymetric<br />

expression continues landward to 33°20' W longitu<strong>de</strong> only, but a buried extension continues<br />

west-southwest for another 75 km. The trend of the buried extension indicates that the canyon<br />

emanates from the continental slope of Brazil. Buried naturallevees of the canyonimply a turbiditycurrent<br />

origino Latest Quatemary sediments from the downslope part of the canyon consist of<br />

pelagic brown clay, suggesting the relict nature of the canyon. Farther upslope, the piston cores<br />

consist of pelagic clay with interbed<strong>de</strong>d turbidites. However, these turbidites apparently travelled<br />

downslope perpendicular to the trend of the canyon and thus contributed to its burial. When active,<br />

the canyon channeled terrigenous sediments southeastward around the eastem end of the Femando<br />

<strong>de</strong> Noronha ridge to the Brazil basin. The canyon incises a prominent acoustic reflector of Early<br />

Miocene age which indicates an age of formation younger than the earliest Miocene. Apparently the<br />

canyon was buried when the direction of sediment flow to the lower


332 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

dicates continuous accumulation (5 to:> 25 cmIl03yr). Re<strong>de</strong>posited<br />

ticles clay to gravel in size and are < 1 cm to several meters th1ck.<br />

beds consist of terrigenous par-<br />

The distribution and abundance of bed<strong>de</strong>d, coarse (silt-to graveI size) re<strong>de</strong>posited sediment<br />

within the upper few meters of the continental margin have been evaluated by three parameters:<br />

(1) totalpercentage of core composed of silt/sand beds, (2) thickest silt!sand bed per<br />

core, and (3) number of silt/sand beds per 10 m of core. Cores from the continental slope and uppermost<br />

continental rise generally do not contain silt/sand beds. Although silt/sand beds comprise up<br />

to 100% of a few continental rise cores, most rise cores consistof less than 40% silt/sand beds (avg<br />

= 16%). The thickest silt/sand beds are up. to 400 cm thick (average = 54 cm) and the average oc-<br />

currence of silt/sand beds is only 14 beds per 100 m of core.<br />

On the basis of criteria <strong>de</strong>veloped from western North Atlantic data, the values of these<br />

three parameters suggest that transport and <strong>de</strong>position on the continental rise of western Equatorial<br />

Atlantic take place predominantly downslope through turbidit)' currents and relatoo types of<br />

mass flows rather than parallel to bathymetric contours by contour currents. AIso, the character<br />

and distribution of bottom echoes recordéd from the continental rise show no evi<strong>de</strong>nce of extensive<br />

contour-current activity. In contrast, the frequencies and thicknesses of silt/sand beds as wall as<br />

the character of bottom echoes of the continental rise of western North Atlantic (Heezen et alii,<br />

1966; Hollister and Heezen, 1972) indicate that transport and <strong>de</strong>position is predominantly parallel<br />

to isobaths by active contour currents .<br />

Because the outer continental margin sediments of the western equatorial Atlantic<br />

contain abundant organic material as well as abundant thick silt/sand beds, this region has excellent<br />

potencial hydrocarbon source-and reservoir rocks. The distribution of sand bodies will be<br />

controlled by the geometry of the submarine canyon and channel systems. These sand bodies would<br />

occur occasionally as sheets but most commonly as lenticular sediment bodies which would mean<strong>de</strong>r<br />

seaward across the continental margin in response to shifting submarine canyon and channel<br />

systems. Interbed<strong>de</strong>d hemipelagic clays would provi<strong>de</strong> impervious sediment which would surround<br />

these sand bodie~. Hence the stratigraphic and sedimentologic setting of regions similar to western<br />

equatorial Atlantic appear to be well suited for potential stratigraphic traps and significant accumulation<br />

of hydrocarbons.<br />

The sedimentation mo<strong>de</strong>l for the western equatorial Atlantic is significantly different<br />

from that available for the western North Atlantic. Off eastern North America, the continental-rise<br />

sedimentation is primari1y contour - current controlled resulting in mostly fine-grained (silt - and<br />

clay size) sediments. Hence, in a setting such as off the eastern North America, potential reservoir<br />

rock would be absent from the continental rise. The finegrained sediments, rich in organic matter<br />

would compose excellent source rock.<br />

On the other hand, in a setting such as off Northern Brazil the continental-rise sediments<br />

contain potential reservoir as well as source rocks. Therefore, the present setting of the continental<br />

margin off northern Brazil may be attractive for hydrocarbons. Also, ancient rocks <strong>de</strong>posited in<br />

margins similar to that off northern Brazil would probably form better hydrocarbon prospects than<br />

rocks <strong>de</strong>posited in a marginal setting similar to that off eastern North America.<br />

(6) Crustal structure and origin of Ceara rise - A study of sediments, sedimentary<br />

processes, bathymetry, crustal structure and origin of Ceara rise is now in progresso The sout.hern<br />

boundary of the rise is a major tectonic scarp whereas the northern boundary is gradational and<br />

merges with the flanks of the Mid.Atlantic ridge (Fig. 1). A substantial part of the Ceara rise is now<br />

buried un<strong>de</strong>r the Amazon cone sediments (Damuth and Kumar, 1975). Current-controlled microtopography<br />

is observed on the rise (Embley et alii, 1972).<br />

Results of unreversed sonobuoy profiles have suggested that the structure un<strong>de</strong>r the<br />

rise is typicallyoceanic (similar to the oceanic crustal structure <strong>de</strong>scribed by Ewing, 1969). Beneath<br />

the sediment cover (velocity 2.0 to2.5 km/sec; average thickness 1.5 km), the structure consists of<br />

a layer with an average thickness of 2.5 km and an average velocity of 4.8 km/sec un<strong>de</strong>rlain by a<br />

layer with an average velocity of 6.8 km/sec. The 4.8 km/sec and 6.8 km/sec layers have velocities<br />

similar to layers 2 and 3, respectively, of Ewing (1969). However, the reversed two ship refraction<br />

profile on the Ceara rise indicates the presence of a 1.6 km thick layer with a velocity of 3.4 km/ sec un<strong>de</strong>r<br />

the sediment cover (velocity 2.0 km/sec, thickness 1.2 km). This 3.4 km/sec layer is un<strong>de</strong>rlain<br />

by a 2.0 km thick layer of 5.1 km/sec velocity that is un<strong>de</strong>rlain by a layer with a velocity of 6.8<br />

km/sec. The 3.4 km/sec làyer probably consists of extru<strong>de</strong>d volcanic material which built the rise


KUMAR, BRYAN, CARVALHO, GORINI, OAMUTH 333<br />

when the area occupied by the rise was c10se to the crest of the Mid-Atlantic ridge (Houtz, personal<br />

communication, 1974).<br />

CONCLUDING REMARKS<br />

We have tried to i<strong>de</strong>ntify the significant problems <strong>de</strong>serving comprehensive study and<br />

<strong>de</strong>scribe our progress to date toward solving them. We hope that upon completion of our cooperative<br />

studies, a comprehensive history of the structu-e, tectonics, sedimentation, and economic<br />

potential of the Brazilian continental margin will emerge. The mo<strong>de</strong>l for rifting and continentalmargin<br />

evolution wbich should be the final outcome of our studies will nor only have local significance<br />

but, hopefully, will help in un<strong>de</strong>rstanding other continental margins as well.<br />

ACKNOWLEDGEMENTS<br />

We are in<strong>de</strong>bted to Dr. A. C. F. <strong>de</strong> Almeida for bis efforts in coordinating the Brazilian<br />

participation in our cooperative studies. Drs. H. A. Asmus of REMAC and PETROBRÃS and K.<br />

Miura of PETROBRÃS have discussed with the authors the various studies mentioned in tbis<br />

paper. Access to unpublished information of PETROBRÃS is aIso gratefully acknowledged. We are<br />

in<strong>de</strong>bted to the Captains, crew, and the scientific teams (comprised of Lamont and REMAC staff<br />

members) of Research Vessels CONRAD and VEMA for their cooperation during the data collection<br />

phase of our studies. W. Ludwig and R. Houtz, both from Lamont, have given us access to unpublished<br />

two-ship refraction data and have read the manuscrlpt. Technical assistance was provi<strong>de</strong>d<br />

by B. Hautau and E. Batchel<strong>de</strong>r.<br />

Financial support for this work was provi<strong>de</strong>d by the National Science Foundation<br />

through the office for the International Deca<strong>de</strong> of Ocean Exploration un<strong>de</strong>r Grant NJ! GX34410 and<br />

through the Division of Environmental Sciences un<strong>de</strong>r Grant No. GA 27281, and by the Office of<br />

Naval Research by Grant No. NOO014-67-A-0108-0004. Brazilian participation in the program has<br />

been financed by PETROBRÃS and REMAC.<br />

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ECONOMIC POTENTIAL OF BRAZILIAN<br />

CONTINENTAL MARGIN SEDIMENTS<br />

JOHN D. MILLlMAN*, CARLOS A. B. AMARAL**<br />

ABSTRACT<br />

The most economicaU)' important sedimentary <strong>de</strong>posite on the Brazilian continental margin appear to be sands and gravels<br />

which cover extensive portions of the inner and outer shclf, aOO nearJy pure ca1cium carboiiata sands which dominate the sediments from Ceará to<br />

Cabo Frio. The sanda and gravels are used in the building industry, while the carbonate sands are used in the manufacture of cement anil fertilizer.<br />

Several other types of surficialsediments ma)' be useful, including heav)' minera!. in several nearshore aress, manganese <strong>de</strong>posits on the Rio<br />

Gran<strong>de</strong> Rise aOO Pernambuco Plateau. phosphorite on the Ceará Guyot. a"d organic-rich muds off the Amazon and on the southern shelf.<br />

RESUMO<br />

Areias e cascalhos parecem formar os <strong>de</strong>pbsitos sedimentares econOmicamente mais importantes da Margem Continental<br />

<strong>Brasileira</strong>. Ambos cobrem extensas regi6es das plataformas interna e externa. Do Ceará ao Cabo Frio. predominam areias biogênicas que se <strong>de</strong>stacam<br />

pelo elevado teor em carbonato <strong>de</strong> cálcio. As areias e cascalhos servem como material <strong>de</strong> construçlo à engenharia civil. e as areias carbonáticas<br />

se prestam ao fabrico <strong>de</strong> cimento, corretivos <strong>de</strong> 8010 e adubos.<br />

Entre outros <strong>de</strong>pósitos que po<strong>de</strong>rio se tornar atrativos estio os minerais pesados em diversas regi6es próximas do litoral. <strong>de</strong>pósitos<br />

manganíferos na Elevaçlo do Rio Gran<strong>de</strong> e platô <strong>de</strong> Pemambuco. fosforita no Guyot do Ceará e lamas orginicas ao largo do Amazonas e<br />

na Plataforma Sul.<br />

INTRODUCTION<br />

ane of the primary purposes of the REMAC (Reconhecimento Global da Margem Continental<br />

<strong>Brasileira</strong>) project with the Woods Hole üceanographic Institution was to document the<br />

composition, source and history of the surficial sediments of the Brazilian continental margin, in an<br />

attempt to <strong>de</strong>lineate areas having <strong>de</strong>posits of possible economic importance. At present the Brazilian<br />

shelf and slope <strong>de</strong>posits do not appear to be attractive for exploitation, but increased need and<br />

<strong>de</strong>creased supply of terrestrial sources in future years will change this assessment.<br />

Several types of sediments may have economic value. We have exclu<strong>de</strong>d subsurface<br />

<strong>de</strong>posits, notably petroleum and evaporites (particularly sulfur), as they have been discussed elsewhere<br />

(Amaral et alii, 1972). The data for the present study from the petrographic and mineralogic<br />

analyses of more than 2000 sediment samples collected by GEOMAR and REMAC, as well as<br />

by several other Brazilian and foreign institutions. Many of the results discussed in tl:.is paper have<br />

been presented elsewhere (Barreto et alii, 1975; Summerhayes et alii, 1975; <strong>de</strong> MeIo et alii, 1975; da<br />

Rocha et alii, 1975; Milliman and Summerhayes, 1975), and most of the sedimentologic data are listed<br />

in a separate data file (Barreto et alii, 1975). In addition to the authors of these papers, we thank<br />

Lois Toner and Catherine Offinger for their help in the analysis, and C. P. Summerhayes and K.<br />

O. Emery for their critical reading of this manuscript. This project was sponsored primarily by<br />

Project REMAC, through the cooperation of Pet"oleo Brasileiro, Companhia Pesquisa Recursos<br />

Minerais, and Qepartamento Nacional da Produção Mineral and also by the International Deca<strong>de</strong> of<br />

Ocean Exploration (National Science Foundation Grant GX-41960).<br />

'WHOI<br />

"DNPM /REMAC


336 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

O. 35. 30. O.<br />

50.<br />

Gravei<br />

40.<br />

BRASIL<br />

Sand Silt + Clay 15° 15°<br />

25°<br />

50.<br />

45°<br />

45°<br />

Fig. 1 - Distribution or sands, gravels and muds (silt plus clay) on the upper continental margin or Brazil.<br />

High organic contents are restricted to those <strong>de</strong>posits containing predominant1y silt and clay.<br />

10°<br />

40°<br />

25°<br />

35°<br />

20.<br />

5.<br />

10.


MILLIMAN, AMARAL 337<br />

SAND AND GRAVEL<br />

Probably the most important economic resources on the Brazilian continental margin<br />

(excluding fishing and possible petroleum reserves) are sand and graveI <strong>de</strong>posits. These sediments<br />

are used in the construction industry, and in 1972 alone total production oí sand and graveI in<br />

Brazil was 2 million tons (DNPM, 1972). Assuming an averagt> thickness or 5 m, the sand and<br />

graveI (those sediments containing less than 20 percent silt and clay) on the Brazilian shelf (Fig. 1)<br />

O"<br />

50"<br />

CARBONATE - POOR<br />

40"<br />

35" 30" O"<br />

~ < 5<br />

,. 5 - 25 10" 10"<br />

CARBONATE<br />

. - RICH<br />

75-95<br />

> 95<br />

15"<br />

25"<br />

50"<br />

45"<br />

Fig. 2 - Calcium carbonate content of the 5urficial segiment~ orr BraziJ.<br />

40"<br />

25"<br />

35"<br />

20"<br />

5"


338 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

exceed 4 X 1011 tons, or more than 2000 times the known land reserves in Brazil (DNPM, 1972).<br />

Undoubtedly, average sediment thicknesses are greater than 5 m, and thus the total shelf reserve<br />

should exceed this estimate.<br />

The problem, of course, is that the present cost of mining sand and graveI from the shelf<br />

is greater than the value of the <strong>de</strong>posito However, as metropolitan areas, such as Rio <strong>de</strong> Janeiro and<br />

Santos, expand over available coastal <strong>de</strong>posits, utilization of offshore sand and graveI should<br />

become feasible. Similar predictions for future use have been ma<strong>de</strong> for the graveI <strong>de</strong>posits off the<br />

eastern United States (Schlee, 1968; Manheim, 1972), and in fact, subsea <strong>de</strong>posits presentIy constitute<br />

a major source of sand and graveI off Britain (Dunham, 1969).<br />

CARBONATE<br />

In 1972, 1.9 X 106 tons of limestone (nearly 0.5 percent of the estimated carbonate<br />

reserves) were mined in Brazil (DNPM, 1972). This calcium carbonate has several important uses in<br />

mo<strong>de</strong>rn society. First, it is a fundamental ingredient in the manufacture of cement; second, it is<br />

wi<strong>de</strong>ly used in agriculture, both to neutralize acid soil and as a potential source of nutrients and<br />

trace elements.<br />

According to <strong>de</strong> Castro (1973), the carbonate reserve from living intertidal and shallowwater<br />

mollusk shells alone accounts for 3.5 X 107 tons. A much larger reserve, however, is the carbonate-rich<br />

sediments which dominate the continental shelf off northeastern and southeastem<br />

Brazil (Kempf, 1974) (Fig. 2). Assuming that surface sediments that contain more than 75 percent<br />

CaC03 are 5 m thick, the shelf reserve is 2 X 1011 tons,or more than 50 times the estimated land<br />

reserve(DNPM,1972).<br />

The carbonate <strong>de</strong>posits on the Brazilian shelf are not uniform in composition or texture.<br />

Although most carbonate sediments are sand and graveI (compare Fig. 1 and 2), at least one large<br />

area on Abrolhos Bank is predominantly mud (<strong>de</strong> MeIo et alU, 1975). These fine-grained carbonates<br />

may be.more valuable than coarser ones in that they should require littIe crushing prior to use.<br />

At the other end of the spectrum are the limestone reefs which line much of the inner<br />

shelf off northeastern Brazil (Mabesoone and Coutinho, 1970). According to P. N. Coutinho (1974,<br />

oral communication), some reefs off Recife have been excavated for commercial use, but the impact<br />

upon the environment has been <strong>de</strong>leterious: 1) the reefs provi<strong>de</strong> habitats for many economically important<br />

fishes and shell fishes, particularly lobster. Thus, <strong>de</strong>struction of the reefs can <strong>de</strong>stroy a<br />

valuable economic resource; 2) the reefs provi<strong>de</strong> an effective barrier against the erosion of landward<br />

beaches. Removal of these reefs could have a disastrous effect upon beach stabilization in northeastem<br />

Brazil.<br />

In terms of composition, two dominant types of carbonate rich shelf sediments occur off<br />

Brazil. The first is composed primarily of encrusting and branching coralline algae, with secondary<br />

amounts of bryozoans, mollusks and foraminifera (Fig. 3, Table 1). Tropical coralline algae contain<br />

TABLE 1<br />

Average composition of carbonate-rich sediments off Brazil<br />

PERCENT<br />

% % % Coralline Algal<br />

Assernblage CaC03 Sand Gravei Algae Lirnestone HalimedIJ Bryozoa Mollusk<br />

Encrusting coralline 85 53 47 45 25 3 7 7<br />

algae<br />

Branching coralline 80 62 38 61 8 6 6<br />

algae (rnaerl)<br />

Halirneda rnaerl 93 64 36 21 61 2 4<br />

Bryozoa 78 44 50 15 2 2 58 8<br />

Mollusk (Rio G. do Sul) 70 >95 >80


CARBONATE ASSEMBLAGE<br />

5'''~ AiC)olReei<br />

.<br />

~~<br />

tI,iç1Q1 Rl!el<br />

Sonds ond Grovels<br />

Caro!iine Algol Moerl<br />

HOlimedo Moerl<br />

Bryozoan Sonds ond Grovels<br />

MILLIMAN, AMARAL<br />

45'<br />

Fig. 3 - Assemblages of the carbanate-rich sediments 011 lhe Brazilian continental shelf. The average campo-<br />

sitions af these assembJages are given in Tablc 1.<br />

10'<br />

IS'<br />

25'<br />

35'<br />

IS'<br />

20'<br />

30' O'<br />

S'<br />

10'<br />

339


340 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

TABLE 2<br />

Average chemica1 conpositions (in percent) of major carbonate components<br />

within BraziJian shelf sediments; range of values in parentheses.<br />

Data taken fram Milliman (1974).<br />

Ca Mg Sr Na K Fe Mn P<br />

Coralline Algae 31 4.8 .26 .7 .3<br />

(29-32) (3.1-6.6) (.18-34) (.2-1.4) (.07-. 7) .02 .004<br />

Bryozoans 36 (0.9-3.0) (.23-.88) .10 .07 .45<br />

Halimeda 35 .09 .88 .21 .02 Tr<br />

Mollusks 39-39 (.01-.4) (.01-.4) .4 Tr Tr Tr Tr<br />

between 4 and 7 percent magnesium and up to 1 percent sodium, as well as some iron and potassium<br />

(Table 2). In contrast, some of the carbonate sands on the inner and middle shelf off northern and<br />

northeastern Brazil are dominated by the skeletons of the green alga Halimeda (Table 1). These<br />

skeletons are aragonitic and contain about 1 percent strontium (Table 2). Mollusean sediments,<br />

which are present in large amounts on the inner shelf off southern Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Vicalvi and<br />

Milliman, 1975) as well as in nearshore areas off eastern Brazil (<strong>de</strong> Castro, 1973), are compo'sed of<br />

even more pure calcium carbonate than Halimeda sands (Table 2). Bryozoans, which dominate<br />

SO' 49" 48' 47' 46' 4S' 44'<br />

\,<br />

(\ ~eavy Minerais %<br />

.~ \ [TI]32<br />

95% CaCO./ine<br />

Fig. 4 - Distribution or heavy. minerais in the Amazon region. Arter Barreto and others, 1975.<br />

6'N<br />

S'<br />

4'<br />

3'<br />

2'<br />

I'


MILLlMAN, AMARAL 341<br />

some shelf areas (Fig. 3), contain variable amounts of aragonite and calcite, and thus varying<br />

amounts of trace and minor elements (Table 2). Thus, where purity is important, Halimeda and<br />

molluscan <strong>de</strong>posits may be the more useful source of calcium carbonate, but where high quantities<br />

of trace and minor elements are nee<strong>de</strong>d (such as in fertilizer), the coralline algae may be more useful.<br />

HEA VY MINERALS<br />

Brazilian shelf sands generally contain less than 2% heavy minerals, and in only a few<br />

areas do heavies comprise more than 4% of the sand fraction. Greatest concentrations <strong>de</strong>lineated<br />

during the REMAC program occur in a relict channel <strong>de</strong>posit immediately seaward of the Amazon<br />

River; concentrations locally exceed 28% of the 125-250 micron fraction (Fig. 4). However, these<br />

sands are dominated by hematite-coated grains and hornblen<strong>de</strong> (Barreto et alU, "1975), neither of<br />

which have any economic potencial. Probably more important <strong>de</strong>posits are the placer sands of<br />

beaches and nearshore areas along northeastern, southeastern and southern Brazil (Gillson, 1950;<br />

Amaral et alii, 1972). According to Oliveras and Leonardos (1961), totallittoral reserves of heavy<br />

minerals in Brazil exceed 1.3 X 106 tons; principal mineraIs inclu<strong>de</strong> ilmenite, rutile and zircon<br />

(Amaral et alü, 1972).<br />

TABLE 3<br />

Composition of manganese nodules dredged off Brazil and comparison with<br />

world-wi<strong>de</strong> values. Most data from Hom and Others (1973) and<br />

Cronan (1972). Results of analyses from Pemambuco Plateau<br />

(08° 03' S, 34° 02' W) were suppliedby Uf>irajara<strong>de</strong> MeIo (REMAe)<br />

Location<br />

13°04'S<br />

24° 41'W<br />

29°27'S<br />

21°51'W<br />

28°30'S<br />

28°58'W<br />

23°32'S<br />

29°00'W<br />

28°32'S<br />

29°00'W<br />

20° 59'S<br />

31 °48'W<br />

28° 42'S<br />

38°14'W<br />

32°12'S<br />

26°44'W<br />

30°11 'S<br />

39°22'W<br />

38°08'S<br />

39°28'W<br />

Water<br />

Depth (m) Ni eu Co Fe Mn Mn/Fe Ca Ti<br />

4415<br />

4510<br />

3781<br />

3566<br />

4361<br />

4301 -<br />

4254<br />

4777<br />

4193<br />

4813<br />

4111<br />

Mean<br />

08°03'W 950<br />

34°02'W<br />

Mean Atlantic<br />

Mean Pacific<br />

Mean Indian<br />

0.32 0.13 0.36 18.0 14.0 0.8<br />

0.07 0.07 0.21 21.4 6.2 0.3<br />

0.38 0.12 0.45 17.0 12.7 0.7<br />

0.24 0.09 0.21 9.4 6.6 0.7<br />

0.30 0.13 0.37 15.7 11.3 0.7<br />

0.05 0.04 0.05 10.0 3.0 0.3 1.6<br />

0.24 0.14 0.04 13.2 11.3 0.9<br />

0.21 0.09 0.32 18.8 11.7 0.6<br />

0.38 0.11 0.12 13.6 12.1 0.9<br />

0.25 0.08 0.22 15.0 11.7 0.8<br />

0.24 0.10 0.24 15.2 10.1 0.7<br />

0.97 0.20 0.74 40.0 27.0 0.67 3.1 0.94 0.33<br />

0.30 0.11 0.31 21.8 16.2 0.74<br />

0.72 0.37 0.38 14.3 19.8 1.38<br />

0.51 0.22 0.28 16.3 18.0 1.11<br />

Pb


342 ANAIS DO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

25'<br />

~ 1000<br />

50' 45'<br />

45'<br />

10'<br />

15'<br />

BRASIL<br />

Figo 5 - Concentration of P2Os in the surface sediments of the continental shelfo Arrows point to manganese and<br />

phosphate <strong>de</strong>posits dredged from the Pernambuco Plateau (1) and phosphate slabs from Ceará<br />

Guyot (2)0<br />

40'<br />

25'<br />

35'<br />

35'<br />

15'<br />

20'<br />

30'<br />

O'<br />

10'


MILLlMAN, AMARAL 343<br />

MANGANESE<br />

Slabs and nodules of Mn.Fe oxi<strong>de</strong> occur on the flanks of the Rio Gran<strong>de</strong> Rise and adjacent<br />

Vema Channel. Judging from the available compositional data (Table3), Mn, Fe, Cu and Ni<br />

concentrations are consi<strong>de</strong>rably less than those found in mid.Pacific <strong>de</strong>posits. Therefore, it is doub.<br />

tful whether these <strong>de</strong>ep-sea <strong>de</strong>posits off Brazil will be economically valuabIe in the foreseeable<br />

future.<br />

Recent dredging during Chain Cruise 115recovered large quantities of manganese slabs<br />

and nodules from the outer edge of the Pernambuco Plateau (Fig. 5). Preliminary analysis of these<br />

nodules indicates relatively high concentrations of Mn, Fe, Ni and Cu, and very high concentrations<br />

of Co (Table 3). Further dredging and compositional analyses may show that this <strong>de</strong>posit is<br />

economicallyexploitable.<br />

PHOSPHATE<br />

Calcium phosphate (phosphorite) is a primary source of fertilizer used in mo<strong>de</strong>rn<br />

agriculture. While Brazil appears to have sufficient terrestial phosphate reserves (much of it being<br />

igneous apatite) for the foreseeable future (DNPM, 1972), more than 95 percent of the reserves are<br />

located in São Paulo, Minas Gerais and Pernambuco. Other states which need fertilizer for agricul.<br />

ture (such as Ceará) have little or no phosphate.<br />

Unfortunately the sediments on the Brazilian continental shelf contain very little phosphate,<br />

and only relatively small areas contain more than 1% P205 (Fig. 5). Most of the phosphate<br />

is present as organic material within mud matrices or trapped within carbonate shells (Barreto et<br />

alii, 1975).<br />

Recent dredgings on the western slope of the Ceará Guyot, recovered rocks which contain<br />

more than 13 percent P205 (Table 4) and centers of some manganese nodules from Pernambuco<br />

Plateau contain still higher amounts of P205. Further sampling of these and other marginal piateaus<br />

off Brazil may well result in the <strong>de</strong>lineation of major <strong>de</strong>posits of phosphorite. In the case of<br />

the Ceará Guyot, the water <strong>de</strong>pth of the apparent <strong>de</strong>posit is shallow enough and sufficiently close to<br />

land to make it a potential site of phosphate for Ceará state if large phosphorite-rich <strong>de</strong>posits are<br />

discovered there.<br />

TABLE 4<br />

A~raF5 of analyses from phosphorite rocks dredged<br />

from Ceará Guyot in June, 1974. Data supplied by<br />

Ubirajara <strong>de</strong> MeIo, REMAC.<br />

Location FZ03 MnO TiOz CaO Alz03 PzOs<br />

03°20'S 6.61 0.21 0.06 43.9 0.58 13.20<br />

37°28'W 22.2 2.24 0.15 27.3 1.47 3.70<br />

ORGANIC MUDS<br />

Rhoads, Gordon and Ruggerio (d. Manheim, 1972) have found that organic-rich, carbonate-poor<br />

marine muds can be fired into ceramic material of exceptionally high quality. According<br />

to Manheim, the presence of sea salts within the muds imparts a great strength to the final<br />

product.<br />

Orgf1I1ic-rich terrigenoufI muds occur off the AmQZion md on the middle shelf off much of<br />

southern Brazil (Fig. 1), although organic carbon values seldom exceed 5% (Milliman and Summerhayes,<br />

1975).


344 ANAIS IJO <strong>XXVIII</strong> <strong>CONGRESSO</strong> BRASILEIRO DE GEOLOGIA<br />

CONCLUSIONS<br />

The hope of finding rich placer <strong>de</strong>posits of heavy minerals anel/or gem stones has led<br />

many countries in both the northem and southem hemisphere to make <strong>de</strong>tai1ed investigations of<br />

the heavy mineral provinces on their continental she1ves. While these studies have greatly ai<strong>de</strong>d in<br />

our un<strong>de</strong>rstanding of shelf sedimentation processes, no placer <strong>de</strong>posits have been successfully exploited<br />

(Emery and Noakes, 1968). Thus, it is not surprising to discover the lack of economica11y<br />

viableplacerson theBrazilianshelf.<br />

Far morevaluable<strong>de</strong>posits appearto besandand gravei as wellascarbonatesandsoffmuch<br />

of northeastem and southeastem Brazil. Perhaps further studies also will <strong>de</strong>lineate potentia11y valuablephosphoriteandmangapese<strong>de</strong>positson<br />

someofthe marginal plateaus andseamounts.<br />

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