11.07.2015 Views

Novos temas no ensino de História - Secretaria da Educação

Novos temas no ensino de História - Secretaria da Educação

Novos temas no ensino de História - Secretaria da Educação

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Governador do Estado <strong>de</strong> GoiásAlci<strong>de</strong>s Rodrigues Filho<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Estado <strong>da</strong> EducaçãoMilca Severi<strong>no</strong> PereiraSuperinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Educação BásicaJosé Luiz DominguesNúcleo <strong>de</strong> Desenvolvimento CurricularFlávia Osório <strong>da</strong> SilvaMaria do Carmo Ribeiro AbreuCoor<strong>de</strong>nadora do Ensi<strong>no</strong> Fun<strong>da</strong>mentalMaria Luíza Batista Bretas VasconcelosGerente Técnico-Pe<strong>da</strong>gógica do 1º ao 9ºa<strong>no</strong>Maria <strong>da</strong> Luz Santos RamosElaboração do DocumentoEquipe do Núcleo <strong>de</strong> DesenvolvimentoCurricularEquipe <strong>de</strong> Apoio Pe<strong>da</strong>gógicoMaria Soraia Borges,Wilmar Alves <strong>da</strong> SilvaEquipe Técnica <strong>da</strong>s SubsecretariasRegionais <strong>de</strong> Educação do Estado <strong>de</strong>GoiásAnápolis, Apareci<strong>da</strong> <strong>de</strong> Goiânia, CamposBelos, Catalão, Ceres, Formosa, Goianésia,Goiás, Goiatuba, Inhumas, Iporá, Itaberaí,Itapaci, Itapuranga, Itumbiara, Jataí, Jussara,Luziânia, Metropolitana, Minaçu, Mineiros,Morrinhos, Palmeiras <strong>de</strong> Goiás, Piracanjuba,Piranhas, Pires do Rio, Planaltina <strong>de</strong> Goiás,Porangatu, Posse, Quirinópolis, Rio Ver<strong>de</strong>,Rubiataba, Santa Helena <strong>de</strong> Goiás, São Luís<strong>de</strong> Montes Belos, São Miguel do Araguaia,Silvânia, Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, UruaçuEquipes escolaresDiretores, secretários, coor<strong>de</strong>nadorespe<strong>da</strong>gógicos, professores, funcionários,alu<strong>no</strong>s, pais e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>Assessoria (6º ao 9º a<strong>no</strong>)Centro <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas emEducação, Cultura e Ação Comunitária(CENPEC)Presi<strong>de</strong>nte do Conselho Administrativo:Maria Alice SetubalSuperinten<strong>de</strong>nte:Maria do Carmo Brant <strong>de</strong> CarvalhoCoor<strong>de</strong>nadora Técnica:Maria Amábile MansuttiGerente <strong>de</strong> Projetos:Anna Helena Altenfel<strong>de</strong>rCoor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> Projeto:Meyri Venci ChieffiAssessoria Pe<strong>da</strong>gógica:Maria José ReginatoAssessoria <strong>da</strong> Coor<strong>de</strong>nação:Adria<strong>no</strong> VieiraAssessoria por área <strong>de</strong> conhecimento:Adria<strong>no</strong> Vieira (Educação Física), AnnaJosephina Ferreira Dorsa (Matemática),Antônio Aparecido Primo (História),Conceição Apareci<strong>da</strong> Cabrini (História),Flávio Augusto Desgranges (Teatro),Humberto Luís <strong>de</strong> Jesus (Matemática), IsabelMarques (Dança), Lenir Morgado <strong>da</strong> Silva(Matemática), Luiza Esmeral<strong>da</strong> Fausti<strong>no</strong>ni(Língua Inglesa), Margarete Artacho <strong>de</strong> AyraMen<strong>de</strong>s (Ciências), Maria Terezinha TelesGuerra (Arte), Silas Martins Junqueira(Geografia)Apoio Administrativo:Solange Jesus <strong>da</strong> SilvaParceriaFun<strong>da</strong>ção Itaú SocialVice-Presi<strong>de</strong>nte: Antonio Jacinto MatiasDiretora: Ana Beatriz PatrícioCoor<strong>de</strong>nadoras do Programa: Isabel CristinaSantana e Maria Carolina Nogueira DiasDocentes <strong>da</strong> UFG, PUC-GO e UEGAdria<strong>no</strong> <strong>de</strong> Melo Ferreira (Ciências/UEG),Agostinho Potencia<strong>no</strong> <strong>de</strong> Souza (LínguaPortuguesa/UFG), Alice Fátima Martins(Artes Visuais/UFG), Anegleyce TeodoroRodrigues (Educação Física/UFG), DarcyCor<strong>de</strong>iro (Ensi<strong>no</strong> Religioso/CIERGO), DeniseÁlvares Campos (CEPAE/UFG), ElianeCarolina <strong>de</strong> Oliveira (Língua Inglesa/UEG),Eduardo Gusmão <strong>de</strong> Quadros (Ensi<strong>no</strong>Religioso/PUC-GO), Eguimar FelícioChaveiro (Geografia/UFG), LucielenaMendonça <strong>de</strong> Lima (Letras/UFG), MariaBethânia S. Santos (Matemática/UFG), NoéFreire San<strong>de</strong>s (História/UFG)Digitação e Formatação <strong>de</strong> Texto (versãopreliminar)Equipes <strong>da</strong>s áreas do Núcleo <strong>de</strong>Desenvolvimento Curricular


ReferênciasABREU, Martha. SOIHET, Rachel. Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> história: conceitos, temáticas emetodologia. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Casa <strong>da</strong> Palavra/FAPERJ, 2003.FREIRE, Paulo. Pe<strong>da</strong>gogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1970.FREIRE, Paulo. Educação como prática <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. São Paulo: Paz e Terra. 1996.SILVA, Marcos. FONSECA, Selva Guimarães. Ensinar história <strong>no</strong> século XXI: em buscado tempo entendido. São Paulo: Papirus, 2007.5


SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO BÁSICASEQUÊNCIA DIDÁTICA: 8º ANO5FESTAS E IDENTIDADE: DO DOCUMENTO PESSOAL AOREGISTRO DA MEMÓRIA COLETIVAEquipe <strong>de</strong> História:Amélia Cristina <strong>da</strong> Rocha Teles 6Janete Roma<strong>no</strong> Fontanezi 7Márcia Apareci<strong>da</strong> Vieira Andra<strong>de</strong> 8Maria Geral<strong>da</strong> <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Moreira 9FESTAS E IDENTIDADE: DO DOCUMENTO PESSOAL AOREGISTRO DA MEMÓRIA COLETIVAEixos TemáticosDiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural: encontros e <strong>de</strong>safios;Mundo dos ci<strong>da</strong>dãos: lutas sociais e conquistas.Terra proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>: po<strong>de</strong>r e resistência.5Disponível em: http://purl.pt/182/1/bad-538-p_JPG/bad-538-p_JPG_08-G-R0072/bad-538-p_0003_rosto_t08-G-R0072.jpg6 Especialista em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC7 Mestre em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC8 Especialista em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC9 Mestre em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC e <strong>da</strong> UEG.6


Expectativas <strong>de</strong> aprendizagem <strong>da</strong> Matriz Curriculari<strong>de</strong>ntificar o patrimônio cultural <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s indígenas e negras do Estado <strong>de</strong>Goiás com vistas a sua valorização;<strong>de</strong>screver os elementos que compõem o patrimônio imaterial do Estado festas,cantigas, culinária...);discutir as representações sociais dos sujeitos coloniais (brancos, negros, índios emulheres) na literatura brasileira em sua fase romântica;refletir sobre os limites <strong>da</strong> soberania política <strong>de</strong> uma nação marca<strong>da</strong> pelocolonialismo.Compreen<strong>de</strong>r os conceitos <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e nação <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong>.Recursos Pe<strong>da</strong>gógicos* Aparelho <strong>de</strong> som, cd, papel, cola, barbante, mapas, livros, revistas e internet.Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aulas17 aulasApresentação <strong>da</strong> PropostaEsta sequência didática foi pensa<strong>da</strong> para você professor (a), realizar na sala <strong>de</strong> aulacom estu<strong>da</strong>ntes do 8º a<strong>no</strong> <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> Estadual, na implementação <strong>da</strong> Reorientação Curricularem curso <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> Goiás. O fato <strong>de</strong> o currículo ter sido repensado a partir <strong>de</strong> trêseixos: leitura e escrita; cultura local e cultura juvenil levou a equipe <strong>de</strong> História a pensar osdocumentos e os ritos (festas), como elementos constitutivos <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong>nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>.A sequência preten<strong>de</strong> discutir a representação do Brasil como nação. Assim,escolhemos uma marcha carnavalesca <strong>de</strong> Lamartine Babo, que brinca com a invenção doBrasil. A rica simbologia, reunindo as imagens <strong>de</strong>finidoras <strong>da</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Ceci, Peri,Feijoa<strong>da</strong> e Parati) serviram <strong>de</strong> suporte para pensar essa invenção que <strong>no</strong>s <strong>de</strong>fine e,conforme a música sugere, está cola<strong>da</strong> na imaginação e na festa e não <strong>no</strong>s ritos oficiais7


<strong>de</strong>marcados pela historiografia. A festa, portanto, foi toma<strong>da</strong> como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para<strong>no</strong>ssa reflexão. O acompanhamento dos festejos populares po<strong>de</strong> ser pensado como indício<strong>da</strong> formação <strong>de</strong> um sentido comum, compartilhado pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> formular umsentido <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>. Vale a pena insistir que o conceito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser usadosempre <strong>no</strong> plural, pois ao valorizar o sentido <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> que a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> comporta correseo risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a percepção <strong>da</strong> diferença que impulsiona o sentido <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nçae <strong>da</strong> plurali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Insistindo na marchinha <strong>de</strong> Lamartine Babo, ressalte-se que nela o compositorin<strong>da</strong>ga sobre quem inventou o Brasil, invertendo a tradicional questão que ocupou oshistoriadores: quem e como o Brasil foi <strong>de</strong>scoberto. Assim,a nação aparece comoproblema, para além do discurso do historiador que preten<strong>de</strong> documentar o “nascimento doBrasil”. Nessa direção, indicamos os documentos pessoais como problema parainvestigação: a certidão <strong>de</strong> nascimento, como reconhecimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Ressaltamosas formas e fontes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que legitimavam esses registros: a Igreja e o Estado. Atrajetória histórica <strong>de</strong>sses registros revela formas <strong>de</strong> sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> próprias à dinâmica <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira entre os séculos XIX e XX.Em segui<strong>da</strong> trabalhamos, em largos traços, sobre o processo <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendênciarealçando o sentido <strong>de</strong> ruptura e <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> que marcaram o processo <strong>de</strong> constituiçãodo Estado Nacional. Os documentos selecionados permitem refletir sobre momentosessenciais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do ci<strong>da</strong>dão: o batismo, o casamento e a morte. Neles se apresentampráticas sociais reveladoras <strong>da</strong>s diferentes formas em que os sujeitos sociaisexperimentavam o sentido e o limite <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> que o conceito <strong>de</strong> nação comporta.Tais conceitos po<strong>de</strong>m aju<strong>da</strong>r na compreensão dos aspectos comuns bem como <strong>da</strong>diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> presente na formação <strong>da</strong> Nação como elementos que enriquecem a culturanacional e tornam-se essenciais na formação <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> coletiva e individual.8


SensibilizaçãoProfessor (a), discutir a invenção do Brasil po<strong>de</strong> ser uma estratégia instigante pararefletir sobre a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional que formamos. Essa é uma questão controverti<strong>da</strong>,pois os brasileiros se imaginam unidos em ritos exter<strong>no</strong>s: nas comemorações <strong>de</strong>correntes<strong>da</strong> conquista <strong>da</strong> copa do mundo sentimos que a vitória <strong>da</strong> seleção canarinho pertence atodos nós, brasileiros. E assim <strong>no</strong>s i<strong>de</strong>ntificamos com o que achamos que <strong>no</strong>s representa:o futebol, a feijoa<strong>da</strong>, a música, a literatura. O sentimento coletivo que <strong>no</strong>s unifica comopovo – festas, ritos, cultura – encobre a e<strong>no</strong>rme diferença social que <strong>no</strong>s divi<strong>de</strong>. Enfim, oque po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> é o modo como <strong>no</strong>s imaginamos como nação, umacomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong>finidos por culturas, línguas e um território.A música po<strong>de</strong> ser ouvi<strong>da</strong> <strong>no</strong> site do You tubehttp://www.youtube.com/watch?v=eJH8GlAvhlQ&feature=related e a letra esta disponível <strong>no</strong> sitehttp://vagalume.uol.com.br/lamartine-babo/historia-do-brasil-archacarnaval.html.Professor (a) a sensibilização será realiza<strong>da</strong> por meio <strong>de</strong> uma marchinha <strong>de</strong>carnaval, com a qual se preten<strong>de</strong> discutir a invenção do Brasil enquanto nação.A canção <strong>de</strong>ve ser ouvi<strong>da</strong> e li<strong>da</strong> coletivamente pelo grupo, em segui<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve-se in<strong>da</strong>garsobre o significado <strong>da</strong>s comparações presentes na música a partir dos questionamentos aseguir.História do Brasil (marcha/carnaval)Lamartine BaboComposição: Lamartine Babo - 1934Quem foi que inventou o Brasil?Foi seu Cabral!Foi seu Cabral!No dia vinte e um <strong>de</strong> abrilDois meses <strong>de</strong>pois do carnavalDepoisCeci amou PeriPeri beijou CeciAo som...Ao som do Guarani!Do Guarani ao guaranáSurgiu a feijoa<strong>da</strong>E mais tar<strong>de</strong> o ParatyDepoisCeci virou IaiáPeri virou IoiôDe lá...Pra cá tudo mudou!Passou-se o tempo <strong>da</strong> vovóQuem man<strong>da</strong> é a SeveraE o cavalo Mossoró9


Lamartine Babo - Lamartine <strong>de</strong> Azeredo Babo - o Lalá - nasceu <strong>no</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro em 08 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1904. Foi o mais versátil <strong>de</strong> todos oscompositores do começo do século. Começou a compor aos 14 a<strong>no</strong>s - umavalsa. Quando foi para o Colégio São Bento <strong>de</strong>dicou-se a músicas religiosas -<strong>de</strong>pois foi a vez <strong>da</strong>s operetas. Contudo, ficou conhecido como o Rei doCarnaval, vencendo, por a<strong>no</strong>s consecutivos, com suas marchinhas diverti<strong>da</strong>s -canta<strong>da</strong>s até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega, Grau 10, Lin<strong>da</strong> Morena, e AMarchinha do Gran<strong>de</strong> Galo. Fez também a maioria dos hi<strong>no</strong>s dos gran<strong>de</strong>stimes brasileiros - sendo o primeiríssimo em seu coração, o América.Essa canção fez sucesso <strong>no</strong> carnaval <strong>de</strong> 1934. A marchinha, bem comoo carnaval, brinca com o que é levado a sério para certa concepção <strong>de</strong>conhecimento histórico, afinal, gastou-se muita tinta em tor<strong>no</strong> <strong>da</strong> questão do<strong>de</strong>scobrimento. Mas a brinca<strong>de</strong>ira também revela um modo <strong>de</strong> pensar,sobretudo questiona a representação <strong>de</strong> um acontecimento, <strong>no</strong> caso o chamadoAtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> “<strong>de</strong>scobrimento” 1 do Brasil.Professor (a) você <strong>de</strong>ve explicar o significado <strong>de</strong> representação aos estu<strong>da</strong>ntes. Faletambém sobre a Ópera <strong>de</strong> Carlos Gomes – Guarani. Depois peça que levantem hipótese, váa<strong>no</strong>tando as respostas, monte um painel com as várias falas e verifique se apareceram asdéias <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, nação e representação.• Após a leitura <strong>da</strong> música discuta por que as palavras Ceci, Peri, Guaraná e Parati sãochaves para representar o Brasil.• Discuta também como o personagem Cabral e a referência à Ópera, Guarani po<strong>de</strong>mrepresentar o Brasil.• Para você isso tudo é uma representação <strong>de</strong> nação.Professor (a), solicite aos estu<strong>da</strong>ntes para realizarem uma pesquisa na literaturabrasileira sobre os personagens que aparecem na música.DiagnósticoProfessor (a), o momento do diagnóstico é essencial para observar as “leituras <strong>de</strong>mundo”, para usar uma frase <strong>de</strong> Paulo Freire, que os alu<strong>no</strong>s possuem referentes aosconceitos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, nação e nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Estes saberes, provenientes do sensocomum, não <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scartados, mas servir <strong>de</strong> base para a discussão e ampliação dosconhecimentos sobre o tema.10


Para levantar esses conhecimentos é interessante propor uma situação-problema,pois, como diz Rubem Alves (1985), em Filosofia <strong>da</strong> Ciência, um carro sem problemas não<strong>no</strong>s preocupa, mas quando ele apresenta algum problema, não quer mais an<strong>da</strong>r, que <strong>no</strong>smovimentamos para encontrar a solução do problema. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em sala <strong>de</strong>vem partir<strong>de</strong> uma questão que leve à investigação, discussão e construção coletiva do saber.Nesta sequência didática, o diagnóstico se <strong>da</strong>rá por intermédio <strong>da</strong>s imagens, pormeio <strong>da</strong> qual se verificará o conhecimento prévio dos estu<strong>da</strong>ntes a partir <strong>da</strong> exposição oral<strong>da</strong>s suas idéias sobre i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, nação, nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Professor(a) é bom conversar com os estu<strong>da</strong>ntes, pois elesfazem parte <strong>de</strong> um grupo, e são vistos como pertencentes auma “tribo” (por exemplo, Hip Hop, Dark, Góticos,Metaleiros). Procure saber qual e que elementos osindivíduos que participam <strong>de</strong>ssa tribo compartilham. Vocêtambém po<strong>de</strong> levar para a sala outras imagens locais pararealizar esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que preten<strong>de</strong> refletir um poucosobre a cultura juvenil.1010 Imagem 1- http://alexxavier.files.wordpress.com/2008/02/gralhas_festa_do_pinhao.jpg. Imagem 2 - persivo.blogspot.com11


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 2Aqui se busca trabalhar com imagens enquanto documento histórico, tendo comofoco a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> do povo brasileiro.Para você trabalhar com os estu<strong>da</strong>ntes as imagens é preciso apresentá-las em umatransparência ou impressas e em segui<strong>da</strong> solicite que i<strong>de</strong>ntifique o que contem ca<strong>da</strong> uma<strong>da</strong>s imagens.O objetivo é verificar se os estu<strong>da</strong>ntes i<strong>de</strong>ntificam aspectos <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong>i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira presentes nas imagens.Peça que olhe e analise individualmente as imagens e veja o que elas retratam.Pergunte aos estu<strong>da</strong>ntes se eles conseguem i<strong>de</strong>ntificar elementos <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong>i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira nas imagens.Vocês já viram algo parecido? Dançam algo semelhante? Com que freqüência?De quais <strong>da</strong>nças vocês mais gostam?O que você enten<strong>de</strong> por i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>?Professor(a) vá a<strong>no</strong>tando as respostas para <strong>de</strong>pois retomá-las em outro momento.Ampliação dos conhecimentosProfessor(a), o diagnóstico foi realizado a partir <strong>da</strong>s imagens <strong>de</strong> festejos para pensara cultura e a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> do povo brasileiro. No texto a seguir, a festa continua sendoelemento importante para pensar a plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> presente nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que formam asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.Nesse momento <strong>da</strong> sequência se <strong>da</strong>rá o contato inicial com os conceitos-chave(nação, i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pendência) conforme se realiza, o trabalho verifique se estáocorrendo a compreensão dos mesmos.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 3 – Trabalhando com o texto “I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e Festas”Professor (a) antes <strong>da</strong> leitura:é interessante promover uma conversa sobre o mesmo, para <strong>de</strong>spertar o interesse,aguçar a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.12


levantar hipóteses sobre o conteúdo, o títulose tem conhecimento sobre o autor (a) e do texto.faça a leitura coletiva do texto. Converse com os estu<strong>da</strong>ntes para <strong>de</strong>stacar asprincipais idéias e a<strong>no</strong>te-as <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>.Durante a leituraProfessor(a) é hora <strong>de</strong> ler o texto I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e festas <strong>de</strong> DAMASCENO, AdrianeÁlvaro. Como o texto é um pouco longo, é interessante que esta leitura seja dialoga<strong>da</strong>,por blocos <strong>de</strong> sentido, <strong>de</strong> forma que após ca<strong>da</strong> bloco lido, você coor<strong>de</strong>na a discussão dogrupo.A seguir, sugerimos um roteiro <strong>de</strong> Leitura:1ª para<strong>da</strong> – No final do 6º parágrafo, promova uma discussão para verificar oentendimento do texto. Peça aos estu<strong>da</strong>ntes que vá a<strong>no</strong>tando o que consi<strong>de</strong>rar maisimportante.2ª para<strong>da</strong> – No final do 10º parágrafo, é interessante você <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> asdiscussões referentes às comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s indígenas <strong>no</strong> Brasil e em Goiás e aos tipos <strong>de</strong>festas realiza<strong>da</strong>s por eles.Você po<strong>de</strong> iniciar um <strong>de</strong>bate também referente as imagens conti<strong>da</strong>s <strong>no</strong> texto.quem é o autor <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> imagem?o que se vê nas imagens?o que elas contam?tem semelhanças e diferenças entre elas?há uma legen<strong>da</strong> nestas imagens?há ligação entre as imagens e o texto?3ª para<strong>da</strong> – até o final do texto.- dê continui<strong>da</strong><strong>de</strong> às discussões sobre festa popular, festas enquanto transmissão <strong>de</strong>valores, patrimônio imaterial.13


I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e festasDAMASCENO, Adriane Álvaro 11Professor (a), antes <strong>de</strong> iniciar a discussão sobrei<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e festas, comentar se é somenteatravés <strong>de</strong> documentos escritos que se conhece ai<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um povo. Fale sabre às festas,ritos, mitos que também constroem a <strong>no</strong>ssai<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>.Você po<strong>de</strong> buscar <strong>no</strong> livro didático subsídiospara a contextualização do momento estu<strong>da</strong>do.Todos nós fazemos aniversário e algumas vezes comemoramos com uma festinha.Festa <strong>de</strong> aniversário diz respeito à comemoração <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso nascimento, mas também secomemora o aniversário <strong>de</strong> diversos eventos.Quando a pessoa produziu algo consi<strong>de</strong>rado muito importante, acreditem secomemora o aniversário <strong>de</strong> morte <strong>de</strong>sta pessoa (a comemoração <strong>da</strong> morte é uma forma <strong>de</strong>enaltecer a vi<strong>da</strong> e as realizações do homenageado). A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que moramos faz aniversário,personagens <strong>de</strong> história em quadrinhos, canal <strong>de</strong> TV, inclusive <strong>no</strong>sso país também fazemaniversário (uns contam a partir do “<strong>de</strong>scobrimento,” outros <strong>da</strong> “in<strong>de</strong>pendência”). Po<strong>de</strong>mosaté fazer uma narrativa histórica tecendo fios que <strong>no</strong>s apontam as festas ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong>história, pois a comemoração <strong>de</strong> um evento como o aniversário faz parte <strong>de</strong> diversasculturas.Comemorar um evento significa or<strong>de</strong>nar as lembranças que pertencem ao conjunto<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos comemorar, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> rememoração, até mesmo a morte <strong>de</strong>alguém, cuja vi<strong>da</strong> marcou um tempo. Os historiadores e jornalistas publicaram refletiram,em agosto <strong>de</strong> 2004 sobre a presença do Presi<strong>de</strong>nte Getúlio Vargas em <strong>no</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,quando completou 50 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> sua morte. No a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2000 comemoramos 500 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong><strong>de</strong>scoberta do Brasil. Essas lembranças, diferente dos aniversários <strong>da</strong>s pessoas, sãolembra<strong>da</strong>s por meio <strong>de</strong> pesquisas e do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> que tais <strong>da</strong>tas representem o <strong>no</strong>ssopassado. Lembrar <strong>da</strong>s referências do passado significa reforçar os laços <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>que organizam uma cultura. Esse tipo <strong>de</strong> comemoração faz parte <strong>de</strong> diversas culturas.Se fecharmos os olhos por alguns instantes e pensarmos em festas, seremoscapazes <strong>de</strong> lembrarmos <strong>de</strong> pelo me<strong>no</strong>s três festas que <strong>no</strong>s vêem a mente. A escola tambémtem um calendário só com as <strong>da</strong>tas festivas você sabe quais são?11 Doutoran<strong>da</strong> em Geografia pela UFG.14


Já imagi<strong>no</strong>u se ca<strong>da</strong> pessoa tivesse um jeito próprio <strong>de</strong>contar os dias, os a<strong>no</strong>s? Afinal <strong>de</strong> contas, como seria parafestejar um aniversário? Quantos a<strong>no</strong>s se comemorariam? Senão soubéssemos em que dia estamos e que dia será <strong>da</strong>qui aalgumas semanas, como po<strong>de</strong>ríamos marcar uma festa, umpasseio ou mesmo um teste? Ufa! Que bom que estu<strong>da</strong>mos<strong>no</strong>sso calendário <strong>no</strong> 6º a<strong>no</strong>, lembra? Senão, que tal umapesquisa rápi<strong>da</strong> para po<strong>de</strong>rmos festejar melhor?A festa é um ato social, político e histórico e revela um momento e o espaço <strong>de</strong>comemoração que implica música, <strong>da</strong>nça, brinca<strong>de</strong>iras e até jogos. A festa, como jáfalamos, serve muitas vezes para celebrar <strong>no</strong>sso nascimento ou o reconhecimento <strong>de</strong>alguma coisa, reafirmando <strong>no</strong>ssa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> que é ao mesmo tempo individual e coletiva,não é estanque e sim dinâmica, está sempre em construção assim como a <strong>no</strong>ssa ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.Nós po<strong>de</strong>mos fazer <strong>no</strong>ssa própria lista <strong>de</strong> eventos festivos, ligados à <strong>no</strong>ssa vivência ouvivencia <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssos familiares.Quando se pesquisa sobre festa, vemos que há autores que <strong>de</strong>finem três tipos <strong>de</strong>festas: carnaval, festas dos santos e festas cívicas. Há outros que divi<strong>de</strong>m <strong>de</strong> outra maneira:populares, sagra<strong>da</strong>s, profanas, <strong>de</strong> trabalho ou <strong>de</strong> ócio. Seja qual for a <strong>de</strong><strong>no</strong>minação,sabemos que muitas <strong>de</strong>las estão presentes <strong>no</strong> Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a colônia e foram <strong>de</strong>scritasprimeiramente por memorialistas e por viajantes que vinham ao Brasil conhecer sua fauna,flora e também o povo e seus costumes. Só <strong>de</strong>pois é que alguns jornais passaram a serfonte <strong>de</strong> pesquisa.“Os primeiros jornais surgiram em Goiás <strong>no</strong> século XIX, e neles recolhemos muitas informaçõessobre festas nesse período. No Matutina Meiapontense, porque era <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> chama<strong>da</strong> MeiaPonte, atual Pirenópolis, encontramos algumas <strong>no</strong>tícias sobre festas que você nem é capaz <strong>de</strong>imaginar...Você acredita que em Goiás, muito distante <strong>da</strong> corte do Rio <strong>de</strong> Janeiro, capital doBrasil <strong>da</strong> época, faziam-se festas para comemorar o aniversário do rei, ou <strong>de</strong> sua família,casamentos e batizados, sendo que o rei nunca esteve em Goiás” (Deus e Silva, 2003, p.18).Não po<strong>de</strong>mos esquecer que mesmo antes <strong>da</strong> colonização do Brasil, <strong>de</strong>veria haveruma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> celebrações indígenas. Diante <strong>da</strong> e<strong>no</strong>rme quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> populaçõesindígenas presentes em terras brasileiras, dá para imaginar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> festas que ca<strong>da</strong>uma realizava, afinal “todo dia era dia <strong>de</strong> índio” e seus rituais festivos muitas vezesduravam dias, semanas ou meses.Muitos povos indígenas celebravam e ain<strong>da</strong> celebram a passagem <strong>da</strong> infância paraa puber<strong>da</strong><strong>de</strong> tanto dos meni<strong>no</strong>s quanto <strong>da</strong>s meninas (é que eles não comemoram15


aniversários como nós). Estamos falando do Hetohoky, festa <strong>de</strong> iniciação dos meni<strong>no</strong>s dopovo Karajá, que simboliza a transição <strong>da</strong> fase criança para a fase adulta masculina, on<strong>de</strong> omeni<strong>no</strong> será preparado para <strong>de</strong>senvolver habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> caça, pesca, canto, <strong>da</strong>nça e outras.Durante a festa o meni<strong>no</strong> tem o corpo pintado e cabelo cortado...Fique Ligado:Uma equipe <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Cultural do Tocantins, juntamentecom técnicos do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional– IPHAN, estará acompanhando o ritual dos índios Karajá,na Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Santa Izabel, na ilha do Bananal, que marca apassagem do meni<strong>no</strong> para a fase adulta, conhecido comoHetoroky (lê-se retorrokã, que significa Casa Gran<strong>de</strong>).Oobjetivo <strong>da</strong> visita é fazer a captação <strong>de</strong> imagens do ritual,para o estudo e instrução do processo <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> bensCulturais <strong>de</strong> Natureza Imaterial que constituem oPatrimônio Cultural Brasileiro.Fonte: http://cultura.to.gov.br/<strong>no</strong>ticia.Foto: Emerson Silva. Fonte: in: http://cultura.to.gov.br/<strong>no</strong>ticia.php?id=52Há na <strong>no</strong>ssa formação histórica e social uma gran<strong>de</strong> circulari<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural entre ospovos, por meio <strong>de</strong> gestos, cantos, <strong>da</strong>nças e linguagens. Vocês <strong>de</strong>vem conhecer ou jáouviram falar <strong>de</strong> cateretê ou catira. Estudiosos apontam essas <strong>da</strong>nças <strong>de</strong> origem indígenaadvindos como parte <strong>da</strong> influencia indígena na própria cultura goiana. Outro exemplomarcante é a conga<strong>da</strong>, que mostra a emergência <strong>da</strong> cultura negra <strong>no</strong> território <strong>da</strong> religiãocatólica, on<strong>de</strong> se inaugura uma forma <strong>de</strong> rezar que é cantado e <strong>da</strong>nçado com tons e ritmosafrica<strong>no</strong>s."Catira – Revivendo Memórias";Conga<strong>da</strong> <strong>de</strong> Catalão em Goiânia. Foto: Adriane DamascenaEscola Estadual Washignton Barros França-Jatai - Fonte:http://www.educacao.go.gov.br/educacao/especiais/vivaereviva/jatai/trabalho08.aspA junção inicialmente compulsória <strong>de</strong> indígenas, africa<strong>no</strong>s e portugueses, produziu,além <strong>de</strong> celebres confrontos ao longo <strong>de</strong> séculos, muitos ritmos e festas, tais como aconga<strong>da</strong>, folia <strong>de</strong> reis, festa junina, festa do divi<strong>no</strong>, catira, samba, sussa e tantas outrasformas <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> alegria e resistência.16


“As Festas do Divi<strong>no</strong> <strong>no</strong> Brasil acontecem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, <strong>de</strong> maneiras muito diferentes. Em São Luis doMaranhão, por exemplo, elas são comemora<strong>da</strong>s em terreiros <strong>de</strong> candomblé, chamados <strong>de</strong> Tambor <strong>de</strong> Mina.Em Rondônia, numa região chama<strong>da</strong> Vale do Guaporé, na divisa do Brasil com a Bolívia, essa festa érealiza<strong>da</strong> com procissões em barcos, em que mulheres carregam ban<strong>de</strong>iras do Divi<strong>no</strong>” (Deus eSilva,2003,p.20).Carlos Julião (por volta <strong>de</strong> 1740-1811 ou1814) Cortejo <strong>da</strong> Rainha Negra na Festa <strong>de</strong> Reis.Rugen<strong>da</strong>s. Congado. Fonte: In: pt.wikipedia.org/wiki/Chico_ReiNão po<strong>de</strong>mos esquecer que muitas pessoas e alguns grupos que estão à frente <strong>da</strong>sfestas ditas populares, muitas vezes não tem o domínio <strong>da</strong> escrita. Assim, sua comunicaçãoe registro se dão por meio <strong>de</strong> <strong>da</strong>nças, cantos e muitas rimas para facilitar a memorização.Desta forma, o povo preserva sua memória que é sempre atualiza<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong>s festasque transmitem valores, regras e crenças. Assim, quando festejamos também apren<strong>de</strong>mos eensinamos. É o apren<strong>de</strong>r brincando.Professor/a, nesse momento, retomar a discussão<strong>da</strong> importância <strong>da</strong> leitura e escrita como um direitoe um exercício <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Uma <strong>da</strong> metas <strong>da</strong>Reorientação Curricular como compromisso <strong>de</strong>to<strong>da</strong>s às áreas.O processo <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> conhecimentos por meio <strong>da</strong>s festas é tambémconhecido como educação não formal que se dá por meio <strong>da</strong> tradição oral na qual,geralmente, os mais velhos tem o conhecimento e transmite aos mais <strong>no</strong>vos. Esse tipo <strong>de</strong>prática é comum em populações que não tem o domínio <strong>da</strong> escrita, o que <strong>no</strong>s faz tambémrepensar o que chamamos <strong>de</strong> documentos históricos. Assim, os cantos, as rezas, as cantigas<strong>de</strong> ninar, saberes fornecidos por meio <strong>da</strong> orali<strong>da</strong><strong>de</strong> também são reconhecidos como17


documentos que revelam uma época, um povo, um lugar, portanto, são históricos. Umaoutra barreira também foi quebra<strong>da</strong> quando foram reconheci<strong>da</strong>s as produções <strong>da</strong>spopulações que vinham “escrevendo” sua história, <strong>no</strong>s corpos, <strong>no</strong>s cantos, nas <strong>da</strong>nças, nascomi<strong>da</strong>s, <strong>no</strong>s instrumentos musicais e <strong>de</strong> trabalho e claro nas festas, como patrimônioimaterial.Professor(a), estes textos são para você.Afinal, o que é o patrimônio imaterial?“Patrimônio ImaterialA Unesco <strong>de</strong>fine como Patrimônio Cultural Imaterial "as práticas, representações,expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos,artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, osgrupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante <strong>de</strong>seu patrimônio cultural."O Patrimônio Imaterial é transmitido <strong>de</strong> geração em geração e constantementerecriado pelas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e grupos em função <strong>de</strong> seu ambiente, <strong>de</strong> suainteração com a natureza e <strong>de</strong> sua história, gerando um sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>e continui<strong>da</strong><strong>de</strong>, contribuindo assim para promover o respeito à diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>cultural e à criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana”. (www.iphan.gov.br)O IPHAN E O REGISTRODepois <strong>de</strong> muita discussão e reivindicação política <strong>de</strong> diversos movimentos sociais e órgãos internacionais como aUNESCO. O Estado brasileiro toma para si a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do registro do patrimônio imaterial, por meio doórgão competente que é o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Instituiu para isso oRegistro <strong>de</strong> Bens culturais <strong>de</strong> natureza imaterial, que é materializado em 4 livros: O livro dos saberes, O livro <strong>da</strong>scelebrações, O livro <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> expressões e por fim o livro dos lugares.Saiba mais visitando o site: http://www.revista.iphan.gov.br/e agora, para on<strong>de</strong> vamos?Gran<strong>de</strong>s <strong>no</strong>mes <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa literatura, <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa música, <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa poesia, <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas artes plásticas estãojustamente se voltando para as culturas populares. José <strong>de</strong> Alencar, o romantismo brasileiro, a <strong>de</strong>scoberta dos<strong>no</strong>ssos índios, Eucli<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Cunha escrevendo Os Sertões e trazendo para o Brasil todo o modo <strong>de</strong> ser e viver <strong>da</strong>sgentes dos fundos <strong>da</strong> Bahia, mais tar<strong>de</strong> Mario <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> saindo para o Brasil, pesquisando com equipamentosprecaríssimos os <strong>no</strong>ssos negros, os <strong>no</strong>ssos indígenas, as <strong>no</strong>ssas músicas e festas tradicionais.O movimento que vem do século 19, <strong>de</strong> re<strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas raízes, <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas maneiras indígenas, negras,populares <strong>de</strong> ser, mas <strong>de</strong> certa maneira impermeável à educação.Hoje nós estamos vivendo um momento, não só aqui <strong>no</strong> Brasil, mas em vários lugares do mundo inteiro, nós<strong>de</strong>scobrimos que a única maneira <strong>de</strong> nós <strong>no</strong>s universalizarmos, uma palavra melhor do que globalizar éestabelecermos diálogos entre nós e com aquilo que <strong>no</strong>s é próprio e peculiar, que está na raiz <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>,<strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa maneira <strong>de</strong> ser.Carlos Rodrigues BrandãoFonte: http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/entrevistas/carlos_bran<strong>da</strong>o.htm18


3.1 - Depois <strong>da</strong> leitura do texto “I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e Festas”Professor(a) para fazer uma síntese como está sendo pedido <strong>de</strong>ve-se primeirotrabalhar com os procedimentos <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> imagens (indicado na SD do 7º a<strong>no</strong>). Éimportante você encaminhar a pesquisa sobre a participação <strong>da</strong>s mulheres <strong>no</strong> século XIX.Como sugestão algumas questões para o trabalho: a mulher era excluí<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssas festas ouhavia funções especificas para homens e para mulheres?• com os estu<strong>da</strong>ntes faça uma síntese sobre a leitura <strong>de</strong> imagens.• a autora fala que a comemoração <strong>da</strong>s festas faz parte <strong>de</strong> diversas culturas. Explique isso.• qual o tipo <strong>de</strong> celebração é realizado pelos índios Karajás? Estas celebrações sãoimportantes? Justifique.• a conga<strong>da</strong> é muito conheci<strong>da</strong> em Goiás? Como esta festa chegou aqui? Fale um poucosobre ela.• o que você enten<strong>de</strong> por Festa Popular?• você acha que a tradição oral é importante para o estudo <strong>da</strong>s festas? Explique.• o que é Patrimônio Imaterial?• faça uma lista <strong>da</strong>s festas cita<strong>da</strong>s <strong>no</strong> texto.• pesquise um pouco <strong>da</strong> história <strong>da</strong>s festas cita<strong>da</strong>s que você não conhece.• faça um <strong>de</strong>senho que represente os principais eventos festivos ligados a você e suafamília. Exponha seu <strong>de</strong>senho <strong>no</strong> varal <strong>de</strong> idéias na sala <strong>de</strong> aula.• faça uma pesquisa em trio na biblioteca <strong>da</strong> sua escola, <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e/ou <strong>no</strong> laboratório<strong>de</strong> informática. Como era a participação <strong>da</strong>s mulheres nas festas <strong>de</strong> sua região <strong>no</strong> séculoXlX?• socializar com a turma.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 4 - Festa do Divi<strong>no</strong>.uma pergunta.Professor(a) ao trabalhar com a Festa do Divi<strong>no</strong> é importante que você inicie com• você conhece ou já ouviu falar sobre a Festa do Divi<strong>no</strong>?• leia o trecho do texto do livro <strong>de</strong> Hugo <strong>de</strong> Carvalho Ramos, Tropas e Boia<strong>da</strong>s:“Folias do Divi<strong>no</strong>, com cantorias louvaminheiras <strong>de</strong> crianças à frente <strong>da</strong>s filarmônicas,os peditórios <strong>de</strong> porta em porta por meni<strong>no</strong>s e cavalheiros revestidos <strong>de</strong> balandrau e opaencarna<strong>da</strong>, o cetro, a coroa e a ban<strong>de</strong>ira do Divi<strong>no</strong> passea<strong>da</strong>s <strong>de</strong> lar em lar, aos ósculos19


extáticos <strong>da</strong> multidão e moe<strong>da</strong>s e cédulas que se iam amontoando nas salvas, mal aspodiam apreciar, através <strong>da</strong>s persianas do monastério, a cuja saleta exígua recebiamalgumas freiras o farrancho” (RAMOS, 1998, p.94.)Professor(a) divi<strong>da</strong> a turma em dois grupos para realizar uma pesquisa.• faça uma pesquisa sobre as festas existentes em seu município. Descreva-as.• em segui<strong>da</strong> verifique as semelhanças e diferenças <strong>da</strong>s festas realiza<strong>da</strong>s em sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>com a apresenta<strong>da</strong> <strong>no</strong> livro Tropas e boia<strong>da</strong>s.• peça aos estu<strong>da</strong>ntes para fazer uma síntese <strong>da</strong>s discussões apresenta<strong>da</strong>s.Professor (a) é importante verificar se as festas apresenta<strong>da</strong>s na pesquisa apontamrememorações <strong>de</strong> cunho político, religioso, cívicas, indígenas e afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.• calendário na mão <strong>da</strong>s festas oficiais comemora<strong>da</strong>s na sua escola. Junto com um/umacolega, fiquem atentos a este calendário e façam uma reflexão se to<strong>da</strong>s as etnias <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> estão presentes nas festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que você conseguiu i<strong>de</strong>ntificar. E sua locali<strong>da</strong><strong>de</strong>está bem representa<strong>da</strong>? Ela <strong>de</strong>ve ser incorpora<strong>da</strong> nas <strong>da</strong>tas e eventos escolares? Vamosfazer um <strong>no</strong>vo calendário?Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 5 - SarauProfessor (a) prepare seus alu<strong>no</strong>s para um sarau histórico.O Sarau é uma reunião festiva, geralmente <strong>no</strong>turna, para ouvir música, produçõesliterárias (poesias, causos, histórias...), conversas e <strong>da</strong>nças. Quase sempre é realizado emcasa <strong>de</strong> particulares, on<strong>de</strong> os poetas, músicos, reúnem os amigos e conhecidos paraapresentarem seus textos, músicas ou apenas conversarem.Para realizar o sarau converse antecipa<strong>da</strong>mente com os alu<strong>no</strong>s para <strong>de</strong>cidirem arespeito <strong>da</strong>s letras <strong>da</strong>s musicas locais, regionais, nacionais, <strong>da</strong>s <strong>da</strong>nças típicas,apresentações teatrais ou contadores <strong>de</strong> história e causos. Explique que o objetivo éapresentar aos colegas <strong>de</strong> outras turmas <strong>da</strong> escola um pouco do que apren<strong>de</strong>u sobre asfestivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Para tanto professor (a), faz-se necessário orientar bem os estu<strong>da</strong>ntes nestaativi<strong>da</strong><strong>de</strong>:• planejar a <strong>da</strong>ta, o público que irá assistir, o local <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar;• listar as canções, os poemas, as histórias ou causos,as <strong>da</strong>nças a serem apresentados ao público.20


• realizar votações para <strong>de</strong>cidir a programação do sarau.• faça uma parceria com o professor <strong>de</strong> arte, educação física, Língua Portuguesa (se tiver oprofessor <strong>de</strong> música e bom convidá-lo também) para a montagem do Sarau.• apresentação do sarau.Professor(a) marque o horário e os dias <strong>de</strong> ensaio.Marcar o dia <strong>de</strong> acontecer o sarau. Fazer os convites e enviar para ospais.Realizar a apresentação <strong>no</strong> sarau e <strong>de</strong>pois em sala <strong>de</strong> aula realizarjunto aos alu<strong>no</strong>s uma avaliação do mesmo.Professor (a)as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s anteriores buscam mostrar a relação entre i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> efesta. A seguir abor<strong>da</strong>remos a questão <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> a partir do texto “Documentos comoelemento <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia”?. Nessa direção indicamos como questão para refletir sobre osdocumentos pessoais: a certidão <strong>de</strong> nascimento, como reconhecimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e asformas e fontes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que legitimam esses registros são: a igreja e o Estado.Este enfoque ficará mais claro a partir <strong>da</strong> leitura e análise do texto “Documento comoelemento <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia”?Documentos como elemento <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia?A certidão <strong>de</strong> nascimento é o primeiro documento que to<strong>da</strong> pessoa tem direito legale é por meio <strong>de</strong>la que se dá o reconhecimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. É um documento quecertifica o nascimento <strong>da</strong> pessoa, em registro guar<strong>da</strong>do <strong>no</strong> cartório. Na certidão consta onúmero e a página do livro on<strong>de</strong> o registro foi assentado, a <strong>da</strong>ta, o local e hora donascimento, o sexo, o <strong>no</strong>me <strong>da</strong> pessoa, o <strong>no</strong>me dos pais, do avô e <strong>da</strong> avó, e do <strong>de</strong>clarante,<strong>no</strong>rmalmente o pai que, mediante uma <strong>de</strong>claração do hospital ou <strong>de</strong> um médico, caso ofilho tenha nascido em casa, registra o filho. Com a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> estrutura familiar nemsempre teremos todos estes <strong>da</strong>dos, pois hoje temos diferentes formas <strong>de</strong> convívio familiar.Consta também o <strong>no</strong>me <strong>da</strong>s testemunhas e a <strong>da</strong>ta do registro. Por fim, a assinaturado oficial responsável pelo cartório, com direito a carimbo. Tantas informações sãotranspostas para o papel timbrado em que se vê escrito República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil,Estado tal, Município tal.Esse é um documento que guar<strong>da</strong>mos com cui<strong>da</strong>do. Serve para tudo: matrícula naescola, vacina, hospitais, etc. Por meio <strong>de</strong>le sabemos o que foi <strong>de</strong>clarado sobre <strong>no</strong>ssa21


pessoa, pois não <strong>no</strong>s lembramos <strong>de</strong> na<strong>da</strong> disso. Aparecemos <strong>no</strong> papel com um <strong>no</strong>me que<strong>no</strong>s foi <strong>da</strong>do pelos <strong>no</strong>ssos pais e com as informações por eles registra<strong>da</strong>s. Enfim, é umdocumento <strong>no</strong> duplo sentido: garante que o que foi afirmado por mim é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, edocumenta o ingresso <strong>da</strong> pessoa <strong>no</strong> mundo <strong>da</strong> lei. O cartório é o lugar, <strong>de</strong>finido legalmente,como capaz <strong>de</strong> comprovar a fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> do que foi registrado. Por fim, o papel timbradoafirma: República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil, <strong>de</strong>pois informa o Estado e o município em que sefirmou tal <strong>de</strong>claração.Isso quer dizer que você nasceu em um lugar específico que tem o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> Brasil,uma república fe<strong>de</strong>rativa, e em um Estado Fe<strong>de</strong>rado, por exemplo, Goiás. Muitas vezestemos que informar a nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Nação) e a naturali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Estado) e recorremos, então,ao que está registrado.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 6 – Trabalhando com o texto “Documento como elemento <strong>de</strong>ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia”?Professor (a) organize os estu<strong>da</strong>ntes em duplas para que possam conversar arespeito <strong>da</strong>s questões abaixo. Em segui<strong>da</strong> proponha que respon<strong>da</strong>m <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> as questões.• grife as palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e faça a pesquisa <strong>de</strong> seus significados <strong>no</strong> dicionário.• qual a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> certidão <strong>de</strong> nascimento?• e quem não tem certidão?• A certidão é uma garantia do atendimento aosdireitos?• on<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos os direitos do ci<strong>da</strong>dão?• o que significa viver numa República Fe<strong>de</strong>rativa?• ser nacional, ser natural <strong>de</strong>... O que significa?Professor (a), discutir com osalu<strong>no</strong>s a situação <strong>de</strong> quem nãopossui certidão <strong>de</strong> nascimento,falar <strong>da</strong> Lei N° 9.534/97 quegarante a gratui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sta.Explique o que é uma RepúblicaFe<strong>de</strong>rativa e dê exemplos <strong>de</strong>países que possui esse mo<strong>de</strong>lopolítico.Outra sugestão para discutir aquestão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia é o livroCi<strong>da</strong>dão <strong>de</strong> Papel <strong>de</strong> G.Dimeinstein.• em uma ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa: discuta a percepção do ci<strong>da</strong>dão como portador <strong>de</strong> direitos.Professor(a) para <strong>da</strong>rmos continui<strong>da</strong><strong>de</strong> aos estudos sobre i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, buscamos umtexto jornalístico <strong>de</strong> caráter informativo para refletirmos a respeito <strong>da</strong> certidão <strong>de</strong>nascimento, enquanto elemento importante para o reconhecimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.Ao realizar a leitura do texto “Crianças sem certidão <strong>de</strong> nascimento em Goiás”, éimportante fazer a antecipação <strong>da</strong> leitura: com base <strong>no</strong> título o que o autor quer apresentar?22


CRIANÇAS SEM CERTIDÃO DE NASCIMENTO EM GOIÁS.Campanha quer atrair 11% sem registroÉrica FerreiraCa<strong>de</strong>r<strong>no</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s- 18/11/2008Em Goiás, 119 comarcas e 258 cartórios <strong>de</strong> Registro Civil estão mobilizados naCampanha Mês pelo Registro Civil, inicia<strong>da</strong> ontem (17), <strong>no</strong> Cartório Antônio Prado, emGoiânia, com a presença do presi<strong>de</strong>nte do Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Goiás (TJ-GO),<strong>de</strong>sembargador José Lenar <strong>de</strong> Melo Ban<strong>de</strong>ira, e o corregedor-geral <strong>da</strong> Justiça <strong>de</strong> Goiás,<strong>de</strong>sembargador Floria<strong>no</strong> Gomes <strong>da</strong> Silva Filho. A campanha, que tem o objetivo <strong>de</strong>erradicar o sub-registro, foi instituí<strong>da</strong> pelo Conselho Nacional <strong>de</strong> Justiça (CNJ) e, emGoiás, é coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> pelo 2º juiz-corregedor Wilson Safatle Faiad.Em 2005, o sub-registro estimado para Goiás foi <strong>de</strong> 14,3%, número maior que amédia nacional, calcula<strong>da</strong> em 11,5%, revela o Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia eEstatística (IBGE). “A falta <strong>de</strong> informação sobre a gratui<strong>da</strong><strong>de</strong> do documento é o gran<strong>de</strong>fator que emperra o registro civil”, <strong>de</strong>clarou o coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> campanha em Goiás.Segundo o juiz-corregedor, a gratui<strong>da</strong><strong>de</strong> do Registro Civil está garanti<strong>da</strong> na Lei9.534/97, que <strong>de</strong>u <strong>no</strong>va re<strong>da</strong>ção ao art. 30 <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Registros Públicos (Lei 6.015/73),isentando a cobrança <strong>de</strong> taxas e emolumentos na emissão <strong>da</strong> certidão <strong>de</strong> nascimento etambém na certidão <strong>de</strong> óbito.O ven<strong>de</strong>dor Geraldo Junior <strong>de</strong> Moraes, 36, foi ao cartório registrar a sua filhaGabriely Pereira <strong>de</strong> Carvalho Moraes, nasci<strong>da</strong> <strong>no</strong> último dia 9. “Acho importantíssima essacampanha porque ain<strong>da</strong> existem pessoas que não sabem <strong>da</strong> gratui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Certidão <strong>de</strong>Nascimento e <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> registrar suas crianças por dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s financeiras”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> oven<strong>de</strong>dor.A certidão <strong>de</strong> nascimento é o passaporte oficial para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, sem ela a pessoanão po<strong>de</strong> retirar outros documentos, não tem acesso aos programas sociais e às políticaspúblicas, não po<strong>de</strong> ingressar na vi<strong>da</strong> escolar e ain<strong>da</strong> ficam comprometi<strong>da</strong>s viagens,vacinações e assistência médica. “Além disso, a ausência do documento dificulta olevantamento <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos ca<strong>da</strong>strais <strong>de</strong> pessoas para que o gover<strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolva campanhassociais efetivas para melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do brasileiro”, <strong>de</strong>staca Faiad.O coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> campanha comentou que os maiores problemas relacionados àfalta <strong>de</strong> registro civil em Goiás ficam <strong>no</strong> interior, como, por exemplo, Niquelândia e23


Cavalcante, que possuem gran<strong>de</strong> extensão territorial, com muitos povoados e zonas ruraisdistantes e <strong>de</strong> difícil acesso. Moraes tem um exemplo em casa. A sua mulher, LucianaPereira <strong>de</strong> Carvalho, nasci<strong>da</strong> na zona rural <strong>de</strong> Firminópolis, só foi registra<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>muitos meses <strong>de</strong> nasci<strong>da</strong>, uma vez que a localização do cartório <strong>de</strong> registros tinhalocalização inviável.Dados do IBGE indicam que todos os a<strong>no</strong>s cerca <strong>de</strong> 500 mil bebês permanecemsem certidão <strong>de</strong> nascimento até o primeiro a<strong>no</strong> <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em 2005, o subregistro estimadopara o País foi <strong>de</strong> 11,5%, o que significou aproxima<strong>da</strong>mente 374.540 crianças sem acertidão <strong>de</strong> nascimento. Entre os Estados brasileiros, os percentuais mais elevados foramobservados em Roraima (37,1%), <strong>no</strong> Amapá (32,1%) e <strong>no</strong> Pará (31,5%). Por outro lado, osmais baixos níveis <strong>de</strong> subregistro ocorreram <strong>no</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral (-1,8%), em São Paulo(1,8%) e <strong>no</strong> Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (3,1%), segundo o IBGE.A campanha, que preten<strong>de</strong> erradicar 100% o subregistro, termina dia 17 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro. Orientações sobre a emissão <strong>de</strong> documentos básicos como Registro Geral (RG),Ca<strong>da</strong>stro <strong>de</strong> Pessoa Física (CPF) e Carteira <strong>de</strong> Trabalho e Previdência Social (CTPS)também serão repassa<strong>da</strong>s à população durante a realização <strong>da</strong> campanha.Fonte: Hoje - 18/11/2008http://www.mp.go.gov.br/portalweb/conteudo.jsp?page=11&pageLink=1&conteudo=<strong>no</strong>ticia/9efcefed4e8633787314b23606386415.html. Acesso em: 27/04/2009Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 7 - Após a leitura do texto Crianças sem certidão <strong>de</strong> nascimento em Goiás.• quais sujeitos sociais estão presentes <strong>no</strong> texto?• quais os espaços citados <strong>no</strong> texto?• <strong>de</strong> que trata o texto?• você conhece alguém que não tenha registro <strong>de</strong> nascimento?• por que o registro é importante?• professor (a), em conjunto com o professor (a) <strong>de</strong> matemática construir um gráfico outabela com os <strong>da</strong>dos disponíveis <strong>no</strong> texto.Professor (a) para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a discussão sobre documentos é necessárioqualificar os vários tipos <strong>de</strong> documentos que conhecemos: documentos escritos (certidão<strong>de</strong> nascimento, <strong>de</strong> batismo, cartas e outros) e não escritos (fotografias, gravuras). Nas24


socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ágrafas, que não usam a escrita, a história <strong>da</strong>s pessoas é lembra<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>memória oral, sendo os mais velhos os guardiões do conhecimento sobre seus integrantes,portanto a rememoração do passado também po<strong>de</strong> documentar as vivências <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Na <strong>no</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, a escrita é uma <strong>da</strong>s formas mais comuns <strong>de</strong> registro <strong>da</strong>sexperiências, o que <strong>no</strong>s permite preservar a memória e aju<strong>da</strong> a construir a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>pessoal e social. Por fim temos que <strong>de</strong>ixar claro que os documentos, como fontes para acompreensão do passado, não falam por si mesmos. Interessa, portanto, quais as questõesque po<strong>de</strong>mos formular para o documento em busca <strong>de</strong> respostas para a compreensão <strong>da</strong>relação entre presente e passado e os procedimentos que possam garantir, <strong>de</strong> algum modo,o compromisso <strong>da</strong> história com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, sem que isso implique em veto a subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>presente na prática historiadora.Documentos: a construção do conhecimento em sala <strong>de</strong> aulaRegistros sociaisOs registros oficiais <strong>de</strong>claram apenas o que a lei exige que seja <strong>de</strong>clarado. Vale apena pensar que o Brasil, como nação, tem uma história que se iniciou com ain<strong>de</strong>pendência em 1822: formamos um Império, havia o Rei e os súditos que eramrepresentados pela lei. Entretanto, índios e escravos não eram consi<strong>de</strong>rados portadores <strong>de</strong>direitos. No século XIX, não havia um documento como a certidão <strong>de</strong> nascimento. A Igrejacatólica era responsável pelo registro <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social: o batismo, o casamento e óbito.A Igreja também se preocupava com o batismo <strong>de</strong> negros e índios, finalmente eramalmas que interessavam a religião, mas não tinham direitos. Os escravos eram mercadoriasvendi<strong>da</strong>s em praça pública. Os mercadores, aproveitando-se <strong>da</strong>s guerras tribais na África,passaram a comprar os vencidos transportando-os em massa para América. O registro <strong>da</strong>história pessoal, portanto, está relacionado com a forma como ca<strong>da</strong> povo concebeu para siuma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e uma forma <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 8 – Trabalhando com os documentos <strong>de</strong> épocaProfessor(a) divi<strong>da</strong> a turma em grupo e distribua os documentos. Solicite que faça aleitura e analise os documentos, escolha um representante do grupo para a<strong>no</strong>tar e <strong>de</strong>poisfalar sobre o mesmo para a turma.25


É bom bater um papo com os estu<strong>da</strong>ntes a respeito <strong>da</strong> importância dos documentospara o trabalho <strong>de</strong> estudiosos em uma pesquisa histórica. É necessário verificar a autoria <strong>da</strong>fonte, as <strong>da</strong>tas existentes <strong>no</strong> texto ou documento. Quem escreveu? Qual a finali<strong>da</strong><strong>de</strong>?• faça leitura dos documentos e a<strong>no</strong>te as palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s.• pesquisar o significado <strong>da</strong>s palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e a<strong>no</strong>tar <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>.Documento 1: Certidão <strong>de</strong> Batismo <strong>de</strong> homens livres e <strong>de</strong> escravosO vigário padre Ma<strong>no</strong>el Ribeiro <strong>de</strong> Freitasao primeiro <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> mil oitocentos e quarenta equatro (01.11.1844), baptizei solemnemente e pus osOleos a Mariain<strong>no</strong>cente, filha legítima <strong>de</strong> Antônio <strong>de</strong> S. AnnaCoelhoe Maria Rosa Marques, nasci<strong>da</strong> a <strong>no</strong>ve <strong>de</strong> Maiodo corrente, foram padrinhos Joaquim Francisco<strong>de</strong> Bessa e Anna Thereza dos Reis 12 .Documento 2: Certidão <strong>de</strong> Óbitos<strong>de</strong> homens livres e <strong>de</strong> escravosAos 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1848 falesceo Maria doRozário viúva <strong>de</strong> Joze <strong>da</strong> Silva, <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> 54 an<strong>no</strong>s,par<strong>da</strong>livre: amortalha<strong>da</strong> em hábito branco, digopreto, recommen<strong>da</strong><strong>da</strong> e supulta<strong>da</strong> nesta Matriz.Aos 10 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1848 falesceo Ma<strong>no</strong>el filholegítimo <strong>de</strong> Antonio Lopes, e Anna Firmina, <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> 7 an<strong>no</strong>s, pardo livre, amortalhado em habito branco,recommen<strong>da</strong>do, Sepultado <strong>no</strong> pateo <strong>de</strong>sta Matriz;grátis.Aos 25 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1850 falesceo DomingosAlvares <strong>de</strong> Magalhães, homem, branco, casado comAntonia Eufrazia <strong>de</strong> Olivª., <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 39 an<strong>no</strong>s poucomais, ou me<strong>no</strong>s, morador <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta Villa, on<strong>de</strong> vivia<strong>de</strong> negócio <strong>de</strong> Taverna: amortalhado em hábito preto,recommen<strong>da</strong>do, sepultado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta Matriz 13 .O Vigª. Silvestre Alvares <strong>da</strong> Silva.12 Documento n. 167. Livro <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Batizados <strong>de</strong> Jaraguá – 1836 a 1881. 13 B. Disponível <strong>no</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e EstudosHistóricos do Brasil Central <strong>da</strong> PUC <strong>de</strong> Goiás. Rua 233, N. 141, Setor Universitário.13 Documentos retirados do livro <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Óbitos <strong>de</strong> Jaraguá <strong>de</strong> 1843 a 1860. IPHH-BC/PUC/GO.26


Documento 3: Certidão <strong>de</strong> Casamento <strong>de</strong> homens livres e <strong>de</strong> escravosAos <strong>no</strong>ve <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> mil setecentos e oitenta e três(09.05.1783) nesta Matriz <strong>de</strong> Nossa do Rosário pelas<strong>no</strong>ve horas do dia com Provisão do Reverendo Vigário<strong>da</strong> Vara e minha Licença na presença do ReverendoBernardo Telles <strong>de</strong> Queiroz recebeo em matrimônio porpalavras <strong>de</strong> presente Pedro <strong>da</strong> Silva Moreira, natural<strong>de</strong>sta freguesia, filho legítimo <strong>de</strong> João Pinto <strong>de</strong>Alvarenga e <strong>de</strong> Anna Moreira <strong>da</strong> Silva com ClaraMaria natural <strong>de</strong>sta mesma freguesia e filha <strong>de</strong> Anna <strong>de</strong>Carvalho e <strong>de</strong> Pay incongnito, re receberão as bençõesna forma <strong>de</strong> Ritual, Sendo por testemunhas presentes oTenente João <strong>de</strong> Campos Cardozo e Simão <strong>da</strong> CostaTeixeira que este Com migo assignarão.Aos <strong>de</strong>z, digo, aos trez <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> mil setecentos eoitenta e três nesta Matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora doRosário pelas <strong>de</strong>z horas do dia na presença doReverendo Padre Joaquim Gomes <strong>de</strong> Lima, <strong>da</strong> licençaminha se recebeo em Matrimônio por palavras dopresente na forma <strong>de</strong> Igreja Simplicia<strong>no</strong> Criolo comLuisa criola ambos escravos <strong>de</strong> Dona Teresa Maria <strong>de</strong>Jesus: forão testemunhas Simão <strong>da</strong> Costa, e João LuisCorrea, que aqui assignarão 14 .O vigª. Joze Correa Leitão.Cartas <strong>de</strong> Alforriafol.77]Digo eu Ma<strong>no</strong>el <strong>de</strong> Souza Magalhães queentre os bens livres e <strong>de</strong>sembargados <strong>de</strong> quesou legítimo senhor e possuidor, é uma escravamestiça <strong>de</strong> <strong>no</strong>me Joanna filha <strong>de</strong>minha escrava Helena criola, que agocontaalias tem <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> treze an<strong>no</strong>s,a qual escrava Joanna , <strong>de</strong>ve acompanhar-meatte o dia em que eu a cazarou fallecer, e sendo que a mesma <strong>de</strong>scre[?]e tenha filhos, tanto ella como seus filhosgozarão <strong>da</strong> mesma liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, cuja liber<strong>da</strong><strong>de</strong>é do dia <strong>de</strong> minha morte por diantecomo si <strong>de</strong> ventre livre nascesse; e não[fol.78]não po<strong>de</strong>rão meus her<strong>de</strong>iros prezentes efucturos contradizerem esta liber<strong>da</strong><strong>de</strong> que a faço <strong>de</strong> minha livre vonta<strong>de</strong>sem constrangimento algum, e sim pelomuito amor que lhe tenho pela tercreado como filha, e alem disso me terservido completamente; e havendo duvi<strong>da</strong>14 Documento retirado do livro <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Casamentos <strong>de</strong> Pirenópolis (1768 a 1795). IPHH-BC/PUC/GO.27


sobre o pon<strong>de</strong>rado recebo a dita escrava em minha terça pela quantia<strong>de</strong> cento e vinte mil reis, e <strong>de</strong>claro quepresentemente o posso fazer por possuirbens aun<strong>da</strong>ntes que bem chegãopara esta liber<strong>da</strong><strong>de</strong>: e para tituloman<strong>de</strong>i passar a presente que pediao Senhor Jose Thomaz <strong>de</strong> Aqui<strong>no</strong> [...]Referência Arquivística:LAG/C1ºOF – Livro <strong>de</strong> Notas – Cx 109403/01/1829Eu, abaixo assigna<strong>da</strong>, <strong>de</strong>sejando <strong>da</strong>r uma prova <strong>de</strong> gratidãodo quanto <strong>de</strong>vo a minha escrava Ignacia Africana, <strong>de</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> quarenta a<strong>no</strong>s, pouco mais ou me<strong>no</strong>s, pelamaneira <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> com que me tem servidoaté hoje, d´esta <strong>da</strong>ta em diante tenho resolvido, em conta<strong>de</strong> minha terça, como me faculta as Leis, conce<strong>de</strong>r à referi<strong>da</strong>minha escrava a sua liber<strong>da</strong><strong>de</strong>; com a condiçãoporém <strong>de</strong> me acompanhar até a minha, aliás, até amorte, <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> qual gosará, como se <strong>de</strong> ventre livrenascesse, <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> que pela presente lhe concêdo<strong>de</strong> minha livre e espontanea vonta<strong>de</strong>. E como não saibaler nem escrever pe<strong>de</strong> ao Senhor Ignácio <strong>de</strong> Souza Valladãoeste [...]Referência Arquivística:MAR/C1ºOF- Livro <strong>de</strong> <strong>no</strong>tas – Cx 849 - 16/06/1868 15Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> - 8.1.Professor(a) a seguir algumas questões para trabalhar com os estu<strong>da</strong>ntes tendocomo base os documentos, você po<strong>de</strong> acrescentar outras que achar necessário.• a morte era segui<strong>da</strong> por <strong>de</strong>terminações or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s por quem?• como ocorriam as alforrias? Quais as condições impostas aos escravos para a obtenção <strong>da</strong>alforria?• em quais documentos aparecem à alforria? Como aparece?• como eram enterrados os mortos? On<strong>de</strong> eram enterrados?• você já ouviu falar em mortalha? Justifique.• o que você mais gostou ao fazer a leitura dos documentos? Explique.• quem eram os responsáveis, pelo registro social na época do Império em Goiás?28


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 9 – “In<strong>de</strong>pendência do Brasil (1822) e organização do EstadoNacional: ser brasileiro, eis a questão”.Professor(a) a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia nacional tem origem na formação do Estadonacional. A partir <strong>da</strong> formação do Estado Nação surge com ele a idéia <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>,uma nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e alguns documentos para comprovar o pertencimento <strong>de</strong> seus ci<strong>da</strong>dãos.No texto a seguir abor<strong>da</strong>remos a in<strong>de</strong>pendência do Brasil e a formação do Estado e <strong>da</strong> idéia<strong>de</strong> nação brasileira.Oriente-os estu<strong>da</strong>ntes para que façam a leitura individual e silenciosa do texto“In<strong>de</strong>pendência do Brasil (1822) e organização do Estado Nacional: ser brasileiro, eis aquestão”, e em segui<strong>da</strong> faça uma discussão coletiva. Peça para comentarem livremente otexto, usando as questões a seguir ou elaborando outras.• apresente o título do texto e solicite aos alu<strong>no</strong>s que apresente hipóteses sobre o mesmo.• quem é o autor do texto? Você conhece?• <strong>de</strong> que trata o texto?In<strong>de</strong>pendência do Brasil (1822) e organização do Estado Nacional:ser brasileiro, eis a questão.SANDES, Noé 16A imaginação nacional organiza, portanto, uma forma <strong>de</strong> conhecimento comum atodos os brasileiros, principalmente por meio <strong>da</strong> história. Finalmente quando po<strong>de</strong>mosfalar do Brasil como nação? A in<strong>de</strong>pendência, em 1822, organiza o Estado Nacional. Antesnão havia propriamente brasileiros. Quem nascia na América portuguesa (Brasil) erai<strong>de</strong>ntificado como súdito do império português, obe<strong>de</strong>cia à legislação portuguesa. Mas aospoucos os portugueses, os do<strong>no</strong>s <strong>de</strong> terras e <strong>de</strong> escravos, ampliaram seus negócios <strong>no</strong>Brasil a tal ponto que não fazia mais sentido retornar ao velho continente: os interesses dosportugueses resi<strong>de</strong>ntes <strong>no</strong> Brasil e em Portugal aos poucos se tornaram distintos e atémesmo opostos. Para os que enriqueceram <strong>no</strong> Brasil importava ven<strong>de</strong>r seus produtosdiretamente ao mundo europeu aumentando seus lucros, enquanto para os habitantes do16 Professor Associado <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> História <strong>da</strong> UFG.29


ei<strong>no</strong> (Portugal) interessava o controle dos negócios comerciais <strong>da</strong> colônia, fonte <strong>de</strong> lucro<strong>da</strong> metrópole. Nesse cenário conflituoso, po<strong>de</strong>-se concluir que os brasileiros queriam sersomente brasileiros e assim estariam livres <strong>da</strong>s or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> PortugalA in<strong>de</strong>pendência, proclama<strong>da</strong> em 1822, é, portanto, um movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong>liber<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica dos gran<strong>de</strong>s proprietários <strong>de</strong> terra. Não se trata propriamente <strong>de</strong> ummovimento contra a metrópole, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1808 o Brasil era o centro do Impérioportuguês. Nesse processo, os escravos e homens pobres livres acompanharam o<strong>de</strong>senrolar dos acontecimentos com gran<strong>de</strong> expectativa, mas foram afastados do centro <strong>da</strong>s<strong>de</strong>cisões, excluídos <strong>da</strong> dimensão <strong>de</strong> agentes históricos.Quem é brasileiro nesse período? Todos os portugueses livres que a<strong>de</strong>rissem ànação que se formava seriam consi<strong>de</strong>rados brasileiros. Escravos e índios eramconsi<strong>de</strong>rados brasileiros? Não. A e<strong>no</strong>rme população <strong>de</strong> escravos e índios ficou <strong>de</strong> fora <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que se formava, portanto não faziam parte do povo brasileiro.A escravidão era consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> pela elite proprietária um mal necessário: índios enegros eram consi<strong>de</strong>rados inferiores, não po<strong>de</strong>riam participar <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional quese formava. Foi necessário um longo período <strong>de</strong> lutas para que a escravidão africana seextinguisse, em 1888, e ain<strong>da</strong> hoje percebemos a <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>, os preconceitos e asatitu<strong>de</strong>s racistas que persistem em <strong>no</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 9.1. Após a leitura do texto proponha aos estu<strong>da</strong>ntes:• grifar as palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e consultar <strong>no</strong> dicionário.• você gostou do texto, que parte achou mais importante?• pergunte quais outros títulos possíveis?• peça para compararem a concepção <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dão em 1822 e hoje, fixando em um quadro assemelhanças e diferenças.• proponha a discussão do significado <strong>de</strong> ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.Professor (a) procure trabalhar a in<strong>de</strong>pendência do Brasil como um processo que se<strong>de</strong>u ao longo <strong>de</strong> vários a<strong>no</strong>s e por meio <strong>de</strong> diferentes estratégias.30


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 9.2. Produção <strong>de</strong> texto:Professor (a), com base <strong>no</strong> resultado <strong>da</strong>s discussões orientem os estu<strong>da</strong>ntes paraproduzir um texto individual ou em dupla. Para tanto sugerimos a seguinte questão: odocumento é uma i<strong>de</strong>ntificação ci<strong>da</strong>dã?• em segui<strong>da</strong> os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>vem socializar o texto com os colegas, fazendo as <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>sa<strong>no</strong>tações.• o texto final <strong>de</strong>ve ser reescrito pela dupla, observando as a<strong>no</strong>tações/observações eacréscimos feitos pelos colegas e as suas próprias conclusões.• o professor (a) recolhera o texto para realiza as correções dos mesmos.• após a correção do professor, se necessário for, propor uma reescrita.Sistematização do conhecimentoPorque sistematizar?Sistematizar permite uma melhor compreensão <strong>da</strong>s experiências realiza<strong>da</strong>s visandoaperfeiçoar a própria prática <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr do processo, permitindo visualizar avanços ounão, avaliando a própria prática visando a superação <strong>de</strong> repetições rotineiras <strong>de</strong> certasmetodologias e a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> perspectivas em relação ao sentido <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa prática.Quando se fala <strong>de</strong> sistematização estamos <strong>no</strong>s referindo a experiências práticasconcretas, experiências vitais carrega<strong>da</strong>s <strong>de</strong> uma e<strong>no</strong>rme riqueza acumula<strong>da</strong>: <strong>de</strong> elementos,valores e crenças que em ca<strong>da</strong> caso representam processos inéditos e irrepetíveis.“A sistematização é um processo permanente, cumulativo, <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>conhecimento a partir <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa intervenção numa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social como um primeiro nível<strong>de</strong> teorização sobre a prática. Nesse sentido, a sistematização apresenta uma articulaçãoentre a teoria e a prática mostrando como melhorá-la. De outro modo, enriquece, confrontae modifica o conhecimento teórico existente, contribuindo para convertê-lo em umaferramenta realmente útil para enten<strong>de</strong>r e transformar a <strong>no</strong>ssa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>” (SIMON, 2008, p.2) 17 .17 SISTEMATIZAÇÃO DE PROCESSOS PARTICIPATIVOS E EDUCATIVOS - Álvaro Afonso Simon1. Disponível em:br.geocities.com/grupopeap/artigos/Simon_sem_a<strong>no</strong>_RAC.pdf. Acesso em: 15.05.09.31


Professor (a) para a sistematização <strong>de</strong>sta sequência sugerimos:• construção <strong>de</strong> um jornal com informes sobre as festas que se realizam em suaci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Instruções para a construção do jornal:O estu<strong>da</strong>nte po<strong>de</strong>rá aproveitar o texto escrita na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 10 e transformá-lo emartigo. Relacionar a festa como elemento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> construção <strong>da</strong> nação (sempreem sentido plural). Isso po<strong>de</strong> ser feito junto ao professor <strong>de</strong> Língua Portuguesa. Paratrabalhar com jornal é importante discutir o que é jornal – suporte jornal (periódico,semanal, mensal). Nele comportam vários gêneros <strong>de</strong> texto. Ver site:http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/documentos/Bibliped/EnsFundMedio/CicloII/LerEscrever?Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>Orientacaodi<strong>da</strong>tica_historia.pdf.• divi<strong>da</strong> a turma em grupos, ou se preferir trabalhe com todos os estu<strong>da</strong>ntes.• utilize o material disponível (pesquisas, textos, imagens e outras) para construir asreportagens e matérias sobre as festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e ou região. Po<strong>de</strong>m tambémconstruir <strong>no</strong>tícias que gostariam <strong>de</strong> ler um dia. Estas po<strong>de</strong>m ser ilustra<strong>da</strong>s com <strong>de</strong>senhos echarges para enriquecer e complementar a produção.• o <strong>no</strong>me do Jornal po<strong>de</strong> ser escolhido por votação.• o jornal po<strong>de</strong> ser afixado <strong>no</strong> mural <strong>da</strong> escola e ou distribuído para outras turmas e atépara a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> verbas.AvaliaçãoAqui a avaliação é diagnóstica, processual e contínua. É feita por meio <strong>de</strong>observação pontual <strong>no</strong>s <strong>de</strong>bates, registros dos ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s, produções coletivas. Também pormeio <strong>da</strong> participação nas leituras dos textos (diferentes gêneros) individuais, coletivos: <strong>da</strong>leitura <strong>de</strong> mapas <strong>da</strong> consulta na internet, <strong>no</strong>s <strong>de</strong>bates.Sugerimos também um processo <strong>de</strong> autoavaliação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> alu<strong>no</strong>: organize um roteiro paraque ca<strong>da</strong> um possa se autoavaliar.Destaque a importância dos trabalhos coletivos e a postura necessária para que issoaconteça.Sugerimos algumas consi<strong>de</strong>rações que o professor po<strong>de</strong> fazer: por meio <strong>da</strong>sobservações <strong>da</strong> leitura dos trabalhos dos estu<strong>da</strong>ntes:32


• como os estu<strong>da</strong>ntes conseguiram posicionar-se na discussão coletiva?• como os estu<strong>da</strong>ntes construíram o texto?• os estu<strong>da</strong>ntes conseguiram interpretar os documentos (<strong>de</strong> época, canção).• como os estu<strong>da</strong>ntes leram e interpretaram os textos (didáticos expositivo, reportagem)?• como os estu<strong>da</strong>ntes leram e interpretaram as imagens?• quais <strong>no</strong>ções foram construí<strong>da</strong>s e quais os alu<strong>no</strong>s têm dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s?Sugestão <strong>de</strong> leitura para o estu<strong>da</strong>nteSugestão para professor(a)BURKE, Peter, Cultura Popular na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna. Tradução: Denise Bottancran. SãoPaulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1989.ESTEVES, Ângela M. C. M. A festa <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa Senhora D´Abadia e sua importância sócioculturalem Ipameri. Goiânia: 2005. Mo<strong>no</strong>grafia <strong>de</strong> final <strong>de</strong> curso. UCG.NOGUEIRA, Ricardo Augusto. O sertão na visão <strong>de</strong> Bernardo Guimarães. Goiânia: 2005.Mo<strong>no</strong>grafia <strong>de</strong> final <strong>de</strong> curso. UCG.SANDES, Noé Freire. A invenção <strong>da</strong> nação: entre a monarquia e a república. Goiânia:UFG, 2002SILVA, Mônica Martins. A Festa do Divi<strong>no</strong>: Romanização, Patrimônio e Tradição emPirenópolis (1890-1980). Goiânia: Agepel, 2001.Festas Cívicas- http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/55.pdf33


ReferênciasALMEIDA, Jaime <strong>de</strong>. To<strong>da</strong>s as festas. In: SWAIN, Tânia N. (org.) História <strong>no</strong> Plural.Brasília: UNB, 1994.BRANDÃO, Carlos Rodrigues. De tão longe eu venho vindo: símbolos, gestos e rituais docatolicismo popular em Goiás. Goiânia: UFG, 2004.DEUS, Maria do Socorro. & SILVA, Mônica Martins. História <strong>da</strong>s festas e religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>em Goiás. Goiânia: Alternativa, 2003.ITANI, A. Festas e calendários. São Paulo: UNESP, 2003.MEC- SECAD. Apren<strong>de</strong>r e ensinar nas festas populares. Salto para o Futuro. Boletim 02,abril <strong>da</strong> 2007.RAMOS, Hugo <strong>de</strong> Carvalho. Tropas e Boia<strong>da</strong>s. Goiânia: UFG, 1998.SILVA, M Mônica Martins. História, narrativas e representações na escrita do folcloreem Goiás. Fonte: http://www.anpuh.uepg.br/xxiiisimposio/anais/textos/MONICA%20MARTINS%20DA%20SILVA.pdf.Acessado em23/03/2009.34


SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOCOORDENAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTALREORIENTAÇÃO CURRICULAR NA PRÁTICASEQUÊNCIA DIDÁTICA DO 9º ANOTerra: ocupação, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r e resistência <strong>no</strong> Brasil Central(1930-1979)Eixo TemáticoDiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural; encontro e <strong>de</strong>safios;Terra proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>: po<strong>de</strong>r e resistência;Mundo dos ci<strong>da</strong>dãos: lutas sociais e conquistas.Equipe <strong>de</strong> História:Amélia Cristina <strong>da</strong> Rocha Teles 18Janete Roma<strong>no</strong> Fontanezi 19Márcia Apareci<strong>da</strong> Vieira Andra<strong>de</strong> 20Maria Geral<strong>da</strong> <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Moreira 2118 Especialista em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC19 Mestre em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC20 Especialista em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC21 Mestre em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC e <strong>da</strong> UEG.35


Expectativa <strong>de</strong> aprendizagem <strong>da</strong> Matriz CurricularAvaliar os movimentos sociais <strong>no</strong> campo e na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> como reação ao <strong>de</strong>scaso comque o Estado tratava as questões sociais.I<strong>de</strong>ntificar as ações dos movimentos sociais em favor <strong>da</strong> Reforma Agrária.Avaliar o alcance dos movimentos <strong>de</strong> resistência em Goiás (Trombas e Formoso;Guerrilha do Araguaia).Avaliar os movimentos em <strong>de</strong>fesa dos direitos civis na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60 e <strong>no</strong>s atuais.Reconhecer diferentes fontes históricas: escritas, orais, ico<strong>no</strong>gráficas, imagéticas,materiais e eletrônicas.I<strong>de</strong>ntificar a construção <strong>de</strong> Goiânia e <strong>de</strong> Brasília como parte do processo <strong>de</strong>ocupação do centro-oeste brasileiro.Material necessário e EquipamentosAparelho <strong>de</strong> som, cd, dvd, livros, folha <strong>de</strong> papel sulfite, mapas.Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aulasAproxima<strong>da</strong>mente14 aulas1) Apresentação <strong>da</strong> propostaEsta sequência didática foi pensa<strong>da</strong> para você, professor (a), realizar na sala <strong>de</strong> aulacom estu<strong>da</strong>ntes do 9º a<strong>no</strong> <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> Estadual, na implementação <strong>da</strong> Reorientação Curricularem curso <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> Goiás.A sequência preten<strong>de</strong> discutir os movimentos sociais <strong>da</strong> terra e os seus sujeitos<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> política <strong>de</strong> ocupação dos sertões através <strong>da</strong> “Marcha para Oeste”. Assim,trabalharemos com as seguintes categorias <strong>de</strong> analise: movimentos sociais; reformaagrária; latifúndio; estado; <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social; proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>; posse; ocupação; expansãoagrícola; urbanização; <strong>de</strong>smatamento e cerrado procurando compreen<strong>de</strong>r como esseprocesso interfere atualmente nas relações estabeleci<strong>da</strong>s entre campo e ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.36


Devido à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar recortes historiográficos, optamos por trabalharcom dois eventos importantes que envolvem a terra. O primeiro, uma experiência <strong>de</strong>assentamento realizado pelo Estado Novo que objetivava ocupar a região do Brasil Centrale aten<strong>de</strong>r a uma política <strong>de</strong> segurança nacional do período <strong>de</strong> guerra e a outra o Movimento<strong>de</strong> Camponeses <strong>de</strong> Trombas e Formoso.Tais discussões po<strong>de</strong>m aju<strong>da</strong>r na compreensão dos movimentos ligados a terra e doprocesso <strong>de</strong> ocupação capitalista do centro oeste e sua relação com a construção <strong>da</strong>sci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e a <strong>de</strong>struição do cerrado.2) Sensibilização – Ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversaProfessor(a) organize os estu<strong>da</strong>ntes para conversarem sobre a migração, os movimentossociais <strong>da</strong> terra e o cerrado.Você po<strong>de</strong> usar uma pergunta <strong>no</strong>rteadora (On<strong>de</strong> você nasceu?) e em segui<strong>da</strong> expor asquestões abaixo para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à conversa. As perguntas po<strong>de</strong>m ser escritas <strong>no</strong>quadro ou em tarjas <strong>de</strong> papel distribuí<strong>da</strong>s aos estu<strong>da</strong>ntes que <strong>de</strong>vem ler a pergunta queestiverem segurando e começar a falar sobre a mesma e <strong>de</strong>pois passar a vez ao colega.Professor(a) se <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> conversa não surgir a migração do campo para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>e sua relação com a <strong>de</strong>struição do cerrado você <strong>de</strong>ve falar sobre isso com os estu<strong>da</strong>ntes.Movimento Sem Terra (MST) e Sem Teto: você sabe quem é consi<strong>de</strong>rado sem teto?On<strong>de</strong> você mora tem alguém que não possui teto?Você nasceu na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> em que mora? E seus pais? E seus avós? Se não nasceramsabe dizer por que vieram para ci<strong>da</strong><strong>de</strong>?Já ouviram falar a palavra latifúndio? Mo<strong>no</strong>cultura?Já ouviram falar em Cerrado? O que sabem sobre isso?37


3) Diagnóstico: Trabalhando com o Filme “Cadê Profíro” <strong>de</strong> AlanRodriguesProfessor é bom conversar sobre a produção do filme e do assunto tratado.O documentário é uma fonte para o estudo <strong>da</strong> história, é a representação <strong>de</strong> um fato apartir <strong>de</strong> fragmentos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.É importante, contextualizar a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50 em Goiás e a revolta camponesa <strong>de</strong>Trombas e Formoso. Fale um pouco sobre o lí<strong>de</strong>r camponês, José Porfírio <strong>de</strong> Souza.Sugestão para trabalhar com ví<strong>de</strong>oProblematização/motivaçãoNesse instante, preten<strong>de</strong>- se provocar <strong>no</strong> educando o interesse pelo tema, procuretambém propiciar ao grupo conhecimento e /ou informações sobre o conteúdo que seráabor<strong>da</strong>do.Exibição do filme (ví<strong>de</strong>o)Assistir coletivamente o ví<strong>de</strong>oO educando assiste à fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o que fala <strong>da</strong> temática em questão. As cenas retratam areali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> luta social <strong>no</strong> campo levando-o a refletir sobre situações do cotidia<strong>no</strong> e asrelações sociais já estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.Leitura <strong>de</strong> imagem e contextualizaçãoÉ o momento em que o educando estabelecerá correlações entre os conteúdos dotema abor<strong>da</strong>do, as imagens veicula<strong>da</strong>s e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. As imagens são uma representação.Nesse momento, o educador tem vários propósitos:Aguçar o olhar do educando para uma maior exploração e compreensão <strong>da</strong>simagens e dos sons.Estimular a formação <strong>de</strong> um telespectador critico.Levar o educando a <strong>de</strong>screver, refletir e contextualizar as imagens mostra<strong>da</strong>s.Estimular o pensamento, a fala e o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.38


ObjetivoAnalisar a partir do documentário a vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>no</strong> campo e sua luta pela posse<strong>da</strong> terra em Trombas e Formoso <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> Goiás.Ficha técnicaNome do filme documentário “Cadê Profíro?”Gênero: __________________________________________________________________Tempo <strong>de</strong> duração: _________________________________________________________Direção: _________________________________________________________________Produção: ________________________________________________________________A<strong>no</strong> <strong>de</strong> lançamento: ________________________________________________________Cenário: _________________________________________________________________Música: __________________________________________________________________Si<strong>no</strong>pse: _________________________________________________________________Professor(a), a seguir seguem sugestões para trabalhar o filme, enquanto veículo <strong>de</strong>comunicação e documento histórico, você po<strong>de</strong>r acrescentar, modificar ou retirar. A partir<strong>de</strong>stas questões o estu<strong>da</strong>nte constrói conceitos e emite opiniões.Assistindo o ví<strong>de</strong>o Descreva o que<strong>de</strong>scobrimos sobre aquestão <strong>da</strong> terra aoassistir o filme.O documentário exerce bem a suafunção ao trabalhar a questão <strong>da</strong>terra?Quais meios <strong>de</strong> transporte aparecem<strong>no</strong> documentário?Qual a localização geográfica <strong>de</strong>on<strong>de</strong> se passa o documentário?Quais os instrumentos <strong>de</strong> trabalhoque aparecem <strong>no</strong> documentário?Cite-os.Como é retratado o meio ambiente<strong>no</strong> documentário?Quais os agentes sociais que sãoretratados <strong>no</strong> documentário?Descreva a função social e política<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um.E o que <strong>de</strong>ve serpesquisado paramelhor enten<strong>de</strong>r aquestão <strong>da</strong> terra.39


Como era o dia a dia dos homens emulheres retratados <strong>no</strong>documentário?Como era vista a questão <strong>da</strong> terraquando os camponeses chegaram naregião e a mesma questão <strong>no</strong> finaldo documentário?No filme aparece a figura <strong>de</strong> GetúlioVargas e referências a Marcha paraOeste. Comente <strong>de</strong> acordo com ofilme.Quais períodos do século XX ofilme retrata? O que acontece nessesperíodos?Professor(a) <strong>da</strong>ndo continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a discussão sobre os movimentos sociais e a terra,trabalhados <strong>no</strong> documentário “Cadê Profíro?”, a seguir sugerimos um texto para ampliar adiscussão sobre o tema.Proponha aos estu<strong>da</strong>ntes a construção <strong>de</strong> um texto tendo como base os <strong>da</strong>dos do quadroacima. Orientem os estu<strong>da</strong>ntes para produzir um texto individual ou em dupla. Para tantosugerimos a seguinte questão: movimento social <strong>da</strong> terra em Goiás ou <strong>no</strong> seu município.4) Ampliação dos ConhecimentosTrabalhando com o texto: A Colônia Agrícola <strong>de</strong> Goiás● Faça leitura coletiva do texto.● Após a leitura coletiva, converse com os estu<strong>da</strong>ntes sobre a temática conti<strong>da</strong> <strong>no</strong> texto.● Alguém já tinha conhecimento do assunto. Explique.● Faça uma <strong>no</strong>va leitura do texto orientando-os a circular as palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e<strong>de</strong>pois procure <strong>no</strong> dicionário fazendo um glossário.40


A Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> GoiásMaria Geral<strong>da</strong> <strong>de</strong> A. Moreira 22Você já ouviu falar <strong>da</strong> CANG? Bom, a partir <strong>de</strong> agora conversaremos um poucosobre a questão agrária começando pela Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> Goiás (CANG).Esta fazia parte <strong>de</strong> um projeto do Gover<strong>no</strong> Vargas, que na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 40, buscavaimpulsionar a ocupação <strong>da</strong> região central do país através <strong>da</strong> “Marcha para o Oeste”.Nesse período, o mundo vivenciava a 2º Guerra Mundial e o país preocupava-secom a questão <strong>da</strong> segurança nacional, com a ocupação dos “gerais”, assentandocamponeses pobres e construindo estra<strong>da</strong>s para ligar o sertão ao litoral.O assentamento <strong>de</strong> camponeses, não seria “a torto e a direito”, mas, através <strong>da</strong>sColônias Agrícolas Nacionais. A Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> Goiás foi a primeira <strong>de</strong>uma serie <strong>de</strong> oito instala<strong>da</strong>s pelo Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral em vários estados (Amazonas, Pará,Maranhão, Paraná, Mato Grosso (Antiga Ponta Grossa), Minas Gerais e Goiás). A terrapara a instalação <strong>da</strong> CANG foi cedi<strong>da</strong> por meio do Decreto n° 3704, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong>1940, do Gover<strong>no</strong> Estadual ao Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral. Para administrar a CANG, foi <strong>no</strong>meado oengenheiro agrô<strong>no</strong>mo Bernardo Sayão Carvalho <strong>de</strong> Araújo que ficou responsável pela faseinicial do projeto, <strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>da</strong> <strong>de</strong> “<strong>de</strong>sbravamento”. Sayão participou, pessoalmente, <strong>da</strong>escolha do local <strong>de</strong> implantação <strong>da</strong> colônia, as matas do São Patrício, região banha<strong>da</strong> portrês rios: São Patrício (rio que dá <strong>no</strong>me a região), Ver<strong>de</strong> e Almas e, portanto, propicio paraum projeto <strong>de</strong> assentamento que <strong>de</strong>senvolveria a prática <strong>da</strong> agricultura e <strong>da</strong> pecuáriaextensiva; <strong>da</strong> <strong>de</strong>rruba<strong>da</strong> <strong>da</strong> mata, com machados e motos-serra para construir os primeirosalojamentos, para plantar as roças e construir estra<strong>da</strong>s, ligando a colônia aos centrosurba<strong>no</strong>s próximos.A <strong>no</strong>tícia <strong>de</strong> que o gover<strong>no</strong> estava assentando trabalhadores corria <strong>de</strong> boca em bocae via on<strong>da</strong>s do rádio, chegando aos rincões <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> Brasil. Os camponeses, sonhandocom um pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> chão para plantar sem pagar arrendo, nem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> patrões“rumam-se” em direção ao <strong>no</strong>rte <strong>de</strong> Goiás, a pé, a cavalo, <strong>de</strong> ca<strong>no</strong>a ou em “pau-<strong>de</strong>-arara”.Os trabalhadores que não conseguiram se instalar na CANG ocuparam as terras <strong>de</strong>volutas<strong>da</strong> região, terras especialmente férteis e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> riqueza florestal, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os a<strong>no</strong>s 20 jáatraíam imigrantes.22 Mestre em História, professora <strong>da</strong> SEDUC e <strong>da</strong> UEG/Anápolis. Pesquisadora do Grupo <strong>de</strong> Estudos do Caribe do CNPQ.41


Chegando a região do São Patrício, os camponeses se <strong>de</strong>paravam com uma lista <strong>de</strong>requisitos, <strong>no</strong>s quais teriam que se enquadrar para pleitear um lote na CANG, como: serbrasileiro, maior <strong>de</strong> 18 a<strong>no</strong>s, não possuir terra, ser reconheci<strong>da</strong>mente pobre, possuiraptidões para o trabalho <strong>no</strong> campo e ser casado. Os selecionados receberiam gratuitamenteos lotes <strong>de</strong> 26 a 32 hectares <strong>de</strong> terra e assistência do Estado. Os colo<strong>no</strong>s não po<strong>de</strong>riam, <strong>no</strong>entanto, ven<strong>de</strong>r, nem <strong>de</strong>smatar to<strong>da</strong> a área recebi<strong>da</strong>. As promessas do estado eram muitas,mas poucas se concretizaram levando ao insucesso, praticamente, to<strong>da</strong>s as colônias. Esse<strong>de</strong>scaso do estado para com as colônias é <strong>de</strong>nunciado em 1951 através <strong>de</strong> um manifestoque <strong>de</strong>monstra a situação na qual se encontravam os trabalhadores <strong>da</strong> CANG....passamos o a<strong>no</strong> inteiro trabalhando em <strong>no</strong>ssas roças <strong>de</strong>baixo do sol e <strong>da</strong>chuva, sofrendo maleita e outras doenças. Não recebemos nenhuma aju<strong>da</strong><strong>da</strong> administração <strong>da</strong> colônia, nem do gover<strong>no</strong>... não recebemos máquinas,ferramentas, sementes, remédios, não temos crédito... agora chegou acolheita, irmãos lavradores, e muitos <strong>de</strong> nós estamos per<strong>de</strong>ndo <strong>no</strong>ssoarroz porque não temos dinheiro para arranjar peão 23 .Os trabalhadores que não se encaixavam nas <strong>no</strong>rmas ou não quisessem ficar naCANG, passavam a ocupar as terras próximas ou distantes, como as <strong>da</strong> região <strong>da</strong>s Trombas(atualmente municípios <strong>de</strong> Trombas e Formoso).Devido a diversos problemas, a colônia foi extinta em 1955. Da transformação <strong>da</strong>mata tosca e fértil em espaços cultivados ou não, surgiram aglomerados urba<strong>no</strong>s que foram<strong>de</strong><strong>no</strong>minados <strong>de</strong> Ceres 24 (<strong>de</strong>usa <strong>da</strong> agricultura) e Rialma, situa<strong>da</strong>s na região do <strong>no</strong>rte <strong>de</strong>Goiás. “Embora com muitos <strong>de</strong> seus objetivos iniciais frustrados, a CANG teve um papelsignificativo em termos <strong>de</strong> ocupação e expansão <strong>da</strong>s fronteiras agrícolas 25 ”.Goiás.Agora que você já sabe um pouco sobre a CANG vamos localizá-la <strong>no</strong> mapa <strong>de</strong>Professor(a) você po<strong>de</strong> distribuir os mapas para os estu<strong>da</strong>ntes ou colocar em umatransparência para mostrar os espaços analisados <strong>no</strong> texto.23 Manifesto do Partido Comunista aos Camponeses <strong>da</strong> Colônia em 1951. In: PESSOA, Jadir <strong>de</strong> M. . A igreja <strong>da</strong> <strong>de</strong>nuncia e o silenciodo fiel : um estudo antropológico sobre as relações entre uma igreja católica pos-conciliar e os diferentes grupos e praticasdo catolicismo popular na região <strong>de</strong> Ceres, em Goiás. Dissertação <strong>de</strong> mestrado em Antropologia Social. Campinas: Unicamp,1990.24 O surgimento <strong>de</strong> um núcleo urba<strong>no</strong>, a partir <strong>da</strong> se<strong>de</strong> <strong>da</strong> colônia, já era previsto <strong>no</strong> <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>sta em 1941.25 REVISTA DA ACICER. Bernando Sayão, o homem que iniciou a história. Edição histórica: 1999-2000. Ceres: A<strong>no</strong> 1 nº1.Abril <strong>de</strong> 2000. p. 542


● Solicite aos estu<strong>da</strong>ntes para fazerem uma leitura e analise <strong>da</strong> representação cartográficaabaixo e a<strong>no</strong>tar o que acharem importante.● Peça para elaborarem uma legen<strong>da</strong> para o mapa <strong>de</strong> acordo com a leitura do texto e <strong>da</strong>analise <strong>da</strong> representação cartográfica.Professor(a), saber ler mapas permite que os estu<strong>da</strong>ntes enten<strong>da</strong>m diversos fatos efenôme<strong>no</strong>s que o auxiliam a compreen<strong>de</strong>r e atuar em uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Aleitura inicia com a <strong>de</strong>codificação, para isso, é necessário que o estu<strong>da</strong>nte:● construa o significado <strong>da</strong>s legen<strong>da</strong>s que representam os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>;● construa e interprete diferentes tipos <strong>de</strong> gráficos.● conheça as visões oblíqua, vertical e lateral;● construa a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> escala compreen<strong>de</strong>ndo que se trata <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> proporção;● construa <strong>no</strong>ções <strong>de</strong> orientação e <strong>de</strong> localização;Na leitura <strong>de</strong> mapas e plantas, é importante que o alu<strong>no</strong> apren<strong>da</strong> a interpretar asinformações e a estabelecer relações. Uma <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> ajudá-lo na construção <strong>de</strong>stacompetência é, por exemplo, a produção <strong>de</strong> um texto informativo a partir dos <strong>da</strong>dosapresentados.Professor(a) se necessário solicite a aju<strong>da</strong> do professor(a) <strong>de</strong> geografia para realizar estetrabalho com mapas.43


1- Mapa <strong>de</strong> Goiás com as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ceres, Rialma e Formoso.2626 http://www.agroecologica.tur.br/up/mapas/jat/mapa_goias.jpg. Acesso em: 13.01.1044


2- Mapa <strong>de</strong> localização <strong>da</strong> CANG (localizar as estra<strong>da</strong>s, as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o acampamento)27Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Leitura dos mapas● Faça a leitura <strong>da</strong> representação cartográfica, tendo como referência o texto e o mapa 2 ea<strong>no</strong>te tudo que você consi<strong>de</strong>rar importante <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>.● Com to<strong>da</strong>s as informações referentes aos dois mapas, crie uma tabela retratando ospontos positivos e negativos em relação à CANG.27 In: PESSOA, Jadir <strong>de</strong> M. A igreja <strong>da</strong> <strong>de</strong>nuncia e o silencio do fiel: um estudo antropológico sobre as relações entre umaigreja católica pos-conciliar e os diferentes grupos e praticas do catolicismo popular na região <strong>de</strong> Ceres, em Goiás.Dissertação <strong>de</strong> mestrado em Antropologia Social. Campinas: Unicamp, 199045


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa: Marcha para OesteProfessor(a) organize a turma para realizarem uma pesquisa sobre a “Marcha paraOeste” na biblioteca <strong>da</strong> escola ou <strong>no</strong> laboratório <strong>de</strong> informática. Relacione a Marcha paraOeste com a ocupação <strong>da</strong> região central do Brasil <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> Vargas, em especial <strong>no</strong>Estado Novo (1937-1945). Esse movimento <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas frentes <strong>de</strong> expansão foiacompanhado <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças fun<strong>da</strong>mentais na or<strong>de</strong>nação territorial do Estado <strong>de</strong> Goiás, coma mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> capital <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás para Goiânia e com a construção <strong>de</strong> Brasília. Oprocesso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização avançava <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> para o campo, valorizando as áreas docerrado 28 .Estabeleça com eles os pontos <strong>da</strong> pesquisa, <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> entrega e <strong>da</strong> socialização.Estabeleça um paralelo entre a agricultura na época <strong>da</strong> Colônia Agrícola em Goiás,com a que hoje predomina na região, atento para a <strong>no</strong>va relação entre o espaço urba<strong>no</strong> erural.Faça uma relação entre a pecuária na Colônia Agrícola <strong>de</strong> Goiás e a pecuáriapratica<strong>da</strong> nas fazen<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s dias <strong>de</strong> hoje.Discuta como era retrata<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> posse <strong>da</strong> terra, tendo como base o texto.Professor(a) agora que os estu<strong>da</strong>ntes já conhecem a história <strong>da</strong> CANG, você po<strong>de</strong>iniciar a discussão sobre a Revolta <strong>de</strong> Trombas e Formoso, pois o processo <strong>de</strong> migraçãoque <strong>de</strong>u origem à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>pois ocasio<strong>no</strong>u a revolta teve início com a intensamigração em função <strong>da</strong>s <strong>no</strong>tícias <strong>de</strong> assentamento <strong>de</strong> camponeses em Goiás.Leitura do texto “Escrevendo certo por linhas tortas: a revolta camponesa <strong>de</strong>Trombas e Formoso”Professor (a) proponha aos estu<strong>da</strong>ntes antes <strong>da</strong> leitura do texto, uma conversasobre o mesmo, para <strong>de</strong>spertar o interesse, aguçar a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso,levantar hipóteses sobre o conteúdo; o título; se tem conhecimento do autor (a) e dotexto.Ao fazer a leitura do texto, oriente-os para que risquem as palavras<strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e procurem seu significado <strong>no</strong> glossário e <strong>no</strong> dicionário.28 Professor(a) esse tema é abor<strong>da</strong>do <strong>no</strong> texto em anexo.46


ESCREVENDO CERTO POR LINHAS TORTAS: A REVOLTA CAMPONESA DETROMBAS E FORMOSORenato Dias <strong>de</strong> Souza 29Em Goiás é <strong>no</strong> campo, como em outras regiões do país, que temos as raízes <strong>da</strong>s lutassociais. Foi na beira <strong>de</strong> córregos que <strong>no</strong>ssos antepassados buscavam água, lavavam suasroupas, erguiam seus ranchos e serviam-se dos recursos naturais para o atendimento <strong>da</strong>ssuas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Nas manhãs e tar<strong>de</strong>s tinham que pegar <strong>no</strong> cabo <strong>da</strong> “sem graça”, suando<strong>no</strong> dia-a-dia para tirar <strong>da</strong> li<strong>da</strong> na terra seu sustento e as condições para criar seus filhos.Nas <strong>no</strong>ites <strong>da</strong>nçavam, cantavam e contavam histórias em ro<strong>da</strong>s. Um tempo em queacor<strong>da</strong>va-se cedo, “dormia-se com as galinhas” e muitos acreditavam ser joguetes nasmãos <strong>de</strong> Deus.Em Trombas e Formoso, <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte <strong>de</strong> Goiás, foi em meio a essas circunstâncias que oscamponeses <strong>de</strong>cidiram “escrever” sua própria história e resistir à expulsão <strong>da</strong>s suas“posses”. Nos <strong>de</strong>ram um <strong>no</strong>vo capítulo nas lutas sociais em que a posse <strong>da</strong> terra era oobjetivo principal. Foram antecedidos por Canudos (1896-1897) na Bahia, Contestado(1912-1916) entre Santa Catarina e Paraná, e tantos outros.Na revolta camponesa <strong>de</strong> Trombas e Formoso entre os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 1950-1964 a organizaçãodo campesinato surpreen<strong>de</strong>u o país em um tempo em que se dizia: “Deus escreve certo porlinhas tortas”. Porém, em condições adversas os camponeses <strong>de</strong>monstraram que são oshomens e mulheres que fazem a história e a partir <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana e dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>senfrenta<strong>da</strong>s na roça se organizaram para a luta. Mutirões e “traições”, aspectos <strong>da</strong> culturacamponesa, foram fun<strong>da</strong>mentais na construção <strong>de</strong> soluções para os problemas queenfrentavam.Eram imigrantes que tomaram o caminho <strong>de</strong> Trombas e Formoso sonhando conquistar“terra para trabalhar”. Chegaram à região após ser explorados, expulsos <strong>de</strong> outrasproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou não ter encontrado lugar na Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> Goiás (CANG).Tinham a expectativa <strong>de</strong> não viver “mais do mesmo” e construir uma vi<strong>da</strong> livre <strong>da</strong>exploração promovi<strong>da</strong> pelos gran<strong>de</strong>s proprietários rurais. Defen<strong>de</strong>ram seu direito às “terraslivres” contrariando quem pretendia cobrar-lhes o arrendo e viver do suor do camponês.Portanto não se sujeitaram a vonta<strong>de</strong> dos fazen<strong>de</strong>iros que <strong>de</strong>cidiram expulsá-los e com issoter “terra para cercar” esten<strong>de</strong>ndo o tamanho <strong>da</strong> sua proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> para explorar outros ouven<strong>de</strong>r terras.Estavam <strong>de</strong>cididos a resistir já que haviam chegado até ali, sabiam ter direito às terras<strong>de</strong>volutas e foram atraídos pelas propagan<strong>da</strong>s dos gover<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Getúlio Vargas para o“povoamento” do oeste do país. O sonho <strong>de</strong> se livrar <strong>da</strong> exploração que os gran<strong>de</strong>sproprietários <strong>de</strong> terras lhes impunham com a cobrança do arrendo e a expectativa <strong>de</strong> <strong>da</strong>rcontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> à existência <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> <strong>no</strong> campo fez com que procurassem to<strong>da</strong>s as formaspara se manter camponeses, o que quer dizer, ter acesso à terra, po<strong>de</strong>r trabalhar com suafamília, produzir para o atendimento <strong>da</strong>s suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e ter auto<strong>no</strong>mia para gerir seutempo <strong>de</strong> trabalho <strong>no</strong> campo.29 Historiador formado na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás (UEG) e mestrando em História pelaUniversi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (UFG).47


Em todo o Brasil, temos terras <strong>de</strong>volutas que os camponeses ocuparam, ergueram seusranchos, começaram a cultivar e colher. Dando-lhes importância por seu valor <strong>de</strong> uso, ouseja, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se retirar <strong>de</strong>la o produto necessário para o atendimento <strong>da</strong>s suasnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Os levando-os a pegar <strong>no</strong> “pau furado” para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>rcontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> a sua existência <strong>no</strong> campo. Uma situação <strong>de</strong> conflitos em que a realização doobjetivo dos camponeses entrava em contradição com os interesses dos fazen<strong>de</strong>iros que<strong>da</strong>vam importância a terra por seu valor <strong>de</strong> troca, <strong>no</strong> caso, sua utilização como mercadoriaque possibilitasse acumular ren<strong>da</strong> e concentrar a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> terra.No primeiro momento a revolta camponesa <strong>de</strong> Trombas e Formoso é caracteriza<strong>da</strong> pelaresistência espontânea contra a cobrança do arrendo e a luta pela posse <strong>da</strong> terra (1950-1954). Tanto que José Firmi<strong>no</strong> (Formoso) e José Porfírio (Trombas) foramrespectivamente à Goiânia e ao Rio <strong>de</strong> Janeiro buscar garantias legais para que eles e osoutros pu<strong>de</strong>ssem continuar nas suas posses.Certo dia os fazen<strong>de</strong>iros tentaram obrigar Nego Carreiro a pagar o arrendo ou sair <strong>da</strong>sterras. Na companhia <strong>de</strong> jagunços e <strong>da</strong> polícia militar foram até seu rancho e quando osargento Nelson ameaçou sacar sua arma contra esse camponês ele se antecipou a ação dopolicial e <strong>de</strong>sferiu um tiro que levou a morte do sargento. Então a luta arma<strong>da</strong> se espalhouna região, motivando outros a resistir e unirem-se contra a expulsão. O episódio foi umareação a queima <strong>de</strong> ranchos, mortes e expulsões <strong>da</strong> terra promovi<strong>da</strong>s contra oscamponeses. Foi a luta arma<strong>da</strong> produto <strong>de</strong>ssas circunstâncias “tortas” em que seencontravam e toparam o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> “escrever” sua história, como escrevemos a <strong>no</strong>ssa diaa-dia.Juntaram-se a esses camponeses membros do Partido Comunista Brasileiro; João Soares,Geraldo Marques, José Ribeiro e Dirce Machado. Participaram <strong>da</strong> criação dos Conselhos<strong>de</strong> Córregos, <strong>da</strong> Associação <strong>de</strong> Lavradores, a mobilização <strong>da</strong> imprensa e outros recursosque lhes possibilitassem permanecer na terra. O segundo momento (1954-1958) se inicioucom a atuação do Partido Comunista Brasileiro na revolta arma<strong>da</strong> inicia<strong>da</strong> peloscamponeses contra os fazen<strong>de</strong>iros. Nesse período ocorreu a Batalha do Tataíra, umatentativa <strong>de</strong> invasão <strong>da</strong> polícia e dos jagunços na região, que pretendia expulsar oscamponeses. Porém, esses saíram vencedores e se espalhou a <strong>no</strong>tícia <strong>de</strong> que estavamorganizados e não pretendiam abandonar suas posses.Apesar <strong>de</strong> ter havido momentos <strong>de</strong> tréguas a situação ficava insuportável <strong>no</strong>s períodos <strong>da</strong>scolheitas quando os fazen<strong>de</strong>iros, grileiros, procuravam tomar dos camponeses suaprodução. Foi sua teimosia em não abandonar a terra fun<strong>da</strong>mental para em um terceiromomento exercerem o gover<strong>no</strong> <strong>da</strong> região através <strong>da</strong> Associação <strong>de</strong> Lavradores e dosConselhos <strong>de</strong> Córregos. Quando tomavam as <strong>de</strong>cisões políticas acerca dos caminhos paraaten<strong>de</strong>r suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>no</strong> território que conquistaram. Esse períodoficou conhecido como a “república camponesa <strong>de</strong> Formoso e Trombas” e durouaproxima<strong>da</strong>mente <strong>de</strong> 1958-1964. Representou a vitória sobre esses gran<strong>de</strong>s proprietáriosrurais <strong>de</strong> Porangatu, Uruaçu, e advogados que tomavam parte na trama contra oscamponeses.No período em que governaram a região também ocorreram conflitos entre osCamponeses e o Partido Comunista Brasileiro. Houve aqueles que com a garantia <strong>da</strong>proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> terra após a luta arma<strong>da</strong> passaram a agir como fazen<strong>de</strong>iros que buscavam48


“terra para cercar”.Cooperativas, exploração do trabalho <strong>de</strong> outros, produzir para aten<strong>de</strong>ros interesses do mercado, ter mais terras e a aproximação com o gover<strong>no</strong> Mauro Borges(1961-1964) que reprimiu violentamente a luta <strong>de</strong> outros camponeses pela posse <strong>da</strong> terra,são alguns exemplos <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças pelas quais passou Trombas e Formoso. Foramcoloca<strong>da</strong>s em segundo pla<strong>no</strong> as práticas <strong>de</strong> participação direta nas <strong>de</strong>cisões sobre a vi<strong>da</strong>social <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> pelos Conselhos <strong>de</strong> Córregos e a Associação <strong>de</strong> Lavradores.Contribuindo na <strong>de</strong>rrota <strong>de</strong>finitiva do campesinato <strong>de</strong> Trombas e Formoso que foicomplementa<strong>da</strong> pela vitória do autoritarismo militar com o golpe <strong>de</strong> 1964. Levando aexpulsão <strong>de</strong> camponeses e um <strong>no</strong>vo momento <strong>de</strong> concentração <strong>da</strong> terra nas mãos <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s proprietários.Fica ligado, Uai ! (glossário)Arrendo: parte <strong>da</strong> produção, um aluguel, cobrado pelo suposto proprietário <strong>da</strong> terra paraque outro possa utilizá-la.Dormir com as galinhas: dormir cedo, poucas horas após o pôr do sol.Grileiro: falsificador que procura se tornar do<strong>no</strong> <strong>de</strong> terras através <strong>de</strong> documentos falsos oucom isso busca favorecer a outros.Joguetes: instrumentos manipulados e para o divertimento <strong>de</strong> quem o manipula.Mutirões: ocasião em que se reuniam vários camponeses para aju<strong>da</strong>r o vizinho na li<strong>da</strong>diária <strong>da</strong> roça. Depois <strong>de</strong> trabalhar juntos durante todo o dia geralmente faziam festas ecomemoravam.Pau furado: apelido <strong>da</strong>do a armas como as carabinas, por exemplo.Posse: o direito <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> ou a faixa <strong>de</strong> terra que se é proprietário e que tinha comofunção produzir para o atendimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> família camponesa.Sem graça: apelido <strong>da</strong>do à enxa<strong>da</strong>.Terras livres: terra vaga, <strong>de</strong>sabita<strong>da</strong>, <strong>de</strong>socupa<strong>da</strong>, improdutiva e o mesmo que terras<strong>de</strong>volutas.Traição: espécie <strong>de</strong> mutirão que se diferenciava pelo segredo que envolvia sua preparaçãoe a surpresa que provocava em quem recebia o auxílio dos <strong>de</strong>mais camponeses. Só se<strong>de</strong>scobria a “armação” quando sua casa se enchia <strong>de</strong> vizinhos que chegavam para trabalhare aju<strong>da</strong>r nas tarefas <strong>da</strong> roça o camponês que precisava.Após a leitura do texto:Professor(a) é importante você usar o livro didático para contextualizar a Era Vargas,Partido Comunista Brasileiro. Explique aos estu<strong>da</strong>ntes o significado histórico <strong>da</strong>cooperativa.49


Professor (a), após a leitura aju<strong>de</strong> os estu<strong>da</strong>ntes:● fazer uma tabela com os sujeitos históricos e sociais presentes <strong>no</strong> texto e analisar <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>um.● fazer um <strong>de</strong>senho representando as marcações <strong>de</strong> tempo presentes <strong>no</strong> texto.● i<strong>de</strong>ntificar e registrar quais são os espaços citados <strong>no</strong> texto? Localize-os em um mapa.● <strong>de</strong>screver como era a vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>no</strong> campo <strong>de</strong> acordo com o texto e procure verificarse existe relação com o cotidia<strong>no</strong> do homem do campo hoje.● <strong>de</strong> que trata o texto?● i<strong>de</strong>ntificar quais informações históricas po<strong>de</strong>mos colher do texto?● outros títulos possíveis.Além <strong>de</strong>ssas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s você po<strong>de</strong> elaborar outras que achar necessário. Depoissolicite aos alu<strong>no</strong>s uma produção <strong>de</strong> texto que po<strong>de</strong> ser em dupla ou trio utilizando omaterial estu<strong>da</strong>do (filmes, textos, pesquisas). Lembre aos estu<strong>da</strong>ntes os passos necessáriospara a produção <strong>de</strong> um texto presente na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do diagnóstico.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa: Movimentos SociaisAtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa em dupla ou trio: pesquisar os movimentos sociais queenvolvem a terra e o meio ambiente na sua região e suas propostas.Professor(a) se você já tiver conhecimento dos movimentos existentes em suaregião, você po<strong>de</strong> estipular um movimento para ca<strong>da</strong> grupo ou um para ca<strong>da</strong> dois grupos.Deci<strong>da</strong> com os estu<strong>da</strong>ntes o período para realização <strong>da</strong> pesquisa, as fontes (pesquisaoral, na biblioteca <strong>da</strong> escola, <strong>no</strong> laboratório <strong>da</strong> informática, em arquivos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e outras)e a forma <strong>de</strong> registro <strong>da</strong> mesma.Depois <strong>de</strong> realiza<strong>da</strong> a pesquisa socializar os resultados com a turma.Faça com eles um cartaz com as idéias principais do texto, a partir <strong>da</strong>s quais elesescreveriam a história <strong>de</strong> Trombas e Formoso.Professor(a), <strong>da</strong>ndo continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>no</strong>ssa discussão, a partir <strong>de</strong> agorabuscaremos relacionar a ocupação do sertão goia<strong>no</strong> com o processo ca<strong>da</strong> vez maisintenso <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do bioma Cerrado, principalmente pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pecuária eagricultura. Assim, o texto que segue é um subsidio para você fazer a ligação entre os<strong>temas</strong> discutidos com seus alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> forma mais prática.50


A ocupação do Cerrado e a sua transformação por meio <strong>da</strong>s ações humanasA ocupação do interior fazia parte dos pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Vargas e foi efetiva<strong>da</strong> através <strong>da</strong>“Marcha para Oeste” com a criação <strong>da</strong>s Colônias Agrícolas Nacionais. A Colônia AgrícolaNacional <strong>de</strong> Goiás intensificou o processo <strong>de</strong> migração para o Estado. Bernardo Sayão,administrador <strong>da</strong> CANG, empenhou em construir estra<strong>da</strong>s que possibilitassem oescoamento <strong>da</strong> produção para regiões próximas, assim esten<strong>de</strong>u a estra<strong>da</strong> que ligavaAnápolis a Jaraguá até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Uruaçu, <strong>da</strong>ndo início à Belém-Brasília, na época<strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>da</strong> <strong>de</strong> “a fe<strong>de</strong>ral”.A ocupação capitalista <strong>da</strong> região ganhou mais força com a construção <strong>de</strong> Goiânia eBrasília, pois junto a elas chegaram melhorias na infra-estrutura que possibilitaram aintensificação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agropecuárias na região do Cerrado. Assim, o sertão goia<strong>no</strong>que era visto até então como local <strong>de</strong> atraso, do <strong>de</strong>sconhecido, selvagem, passou a servalorizado, suas terras, a maioria até então <strong>de</strong>volutas, tornaram-se objetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>vidoao seu valor <strong>de</strong> mercado, gerando conflitos como o <strong>de</strong> Trombas e Formoso.A mu<strong>da</strong>nça na forma <strong>de</strong> representar esse sertão, através <strong>da</strong>s propagan<strong>da</strong>s do Estado,<strong>da</strong> construção <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e rodovias impulsio<strong>no</strong>u o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> região. Por outrolado, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, tornaram-se ca<strong>da</strong> vez mais <strong>no</strong>civas ao meio ambiente,levando em poucas déca<strong>da</strong>s a alteração <strong>de</strong> 40% do seu ambiente natural, o Cerrado.Segundo os <strong>da</strong>dos do Ministério do Meio Ambiente, divulgado em 2007, com baseem análises <strong>de</strong> imagens do satélite Landsat, <strong>de</strong> 2002, aproxima<strong>da</strong>mente, 39,5% <strong>da</strong> área dobioma Cerrado já tinham sido convertidos em diferentes formas <strong>de</strong> uso. As pastagenscultiva<strong>da</strong>s e a agricultura ocupavam, em 2002, 26,5% e 10% do Cerrado,respectivamente 30 .De acordo com o “relatório "Estimativas <strong>de</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong> área do Cerrado brasileiro",lançado pela ONG Conservação Internacional em julho <strong>de</strong> 2004, o total <strong>de</strong> soja planta<strong>da</strong> <strong>no</strong>Cerrado subiu <strong>de</strong> 45 mil quilômetros quadrados, em 1995, para 100 mil km² em 2002. Aárea correspon<strong>de</strong> ao território do estado <strong>de</strong> Pernambuco, e significa 5% <strong>da</strong> área total doCerrado, que abrange 2 milhões <strong>de</strong> km²” 31 . Atualmente, temos além <strong>da</strong> soja, <strong>da</strong> pecuária a30 Dados disponível em: http://www.eco<strong>de</strong>bate.com.br/2009/02/16/cerrado-a-busca-por-numeros-<strong>da</strong>-<strong>de</strong>vastacao-artigo<strong>de</strong>-cristina-cal<strong>da</strong>s/.Acesso em: 30.12.09.31 Disponível em: http://www.reporterbrasil.com.br/imprimir.php?escravo=1&id=688. Acesso em: 30.12.09.51


intensificação do cultivo <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar para fabricação do biodiesel e a micro-região<strong>de</strong> Ceres <strong>de</strong>staca-se por possuir 12, <strong>da</strong>s 21 usinas instala<strong>da</strong>s em Goiás 32 .ReferênciasJORNAL DIÁRIO DA MANHÃ. “Proibido plantio <strong>da</strong> cana em 81% do País”.Disponível em: http://www.dm.com.br/materias/show/t/proibido_plantio_<strong>da</strong>_cana_em_81_do_pas. Acesso em: 30.12.09.PESSOA, Jadir <strong>de</strong> M. A igreja <strong>da</strong> <strong>de</strong>nuncia e o silencio do fiel : um estudo antropológico sobre as relações entre uma igreja católica posconciliare os diferentes grupos e praticas do catolicismo popular na região <strong>de</strong> Ceres, em Goiás. Dissertação <strong>de</strong> mestrado emAntropologia Social. Campinas: Unicamp, 1990REVISTA DA ACICER. Bernando Sayão, o homem que iniciou a história. Edição histórica: 1999-2000. Ceres: A<strong>no</strong> 1 nº1. Abril <strong>de</strong>2000. p. 533Professor(a), você po<strong>de</strong> utilizar os <strong>da</strong>dos acima para analisar com osestu<strong>da</strong>ntes o aumento <strong>da</strong> área cultiva<strong>da</strong>, buscando relacionar asativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s anteriores com as seguintes.32 Dado apresentado <strong>no</strong> fórum <strong>de</strong> ciências e tec<strong>no</strong>logias <strong>no</strong> cerrado. Disponível em: TV- web Aduf.33 A reportagem completa cujo título é “Proibido plantio <strong>da</strong> cana em 81% do País” po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> <strong>no</strong> sit:http://www.dm.com.br/materias/show/t/proibido_plantio_<strong>da</strong>_cana_em_81_do_pas. Acesso em: 30.12.09.52


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Ocupação e <strong>de</strong>smatamento do cerrado.1. Que ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas tem <strong>de</strong>struindo o bioma Cerrado <strong>no</strong> estado <strong>de</strong> Goiás?2. Como preservar o bioma cerrado?3. De acordo com seus conhecimentos, <strong>de</strong>screva com o maior número <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhespossíveis, a fisio<strong>no</strong>mia <strong>da</strong> vegetação que constitui o cerrado.4. Explique como são os troncos <strong>da</strong>s árvores, as folhas e os frutos. Cite também queformas <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> (árvores, arbustos, ervas e lianas) existem <strong>no</strong> cerrado.5. Cite animais encontrados em áreas <strong>de</strong> cerrado.6. Cite exemplares <strong>de</strong> plantas característicos do cerrado.7. As queima<strong>da</strong>s empobrecem o solo?8. O que acontece com a vegetação durante as queima<strong>da</strong>s?9. Qual o manejo i<strong>de</strong>al do fogo em uma área do cerrado?10. Com a mo<strong>de</strong>rnização <strong>da</strong> agricultura, o que ocorre com o bioma cerrado?Sequência <strong>de</strong> mapas do cerrado em vários tempos.Anais XIII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Sensoriamento Remoto, Florianópolis Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p.3877-3883.53


A <strong>de</strong>struição do bioma Cerrado em três momentosFERREIRA, Manuel Eduardo. Et all. Desmatamentos <strong>no</strong> bioma Cerrado: uma análise temporal (2001-2005) com base<strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos MODIS - MOD13Q1. In: http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2006/11.15.21.21/doc/3877-3883.pdf. Acessoem: 12.01.10.Professor(a) os mapas acima representam a <strong>de</strong>struição do bioma Cerrado em trêsmomentos diferentes que possibilitam a análise temporal dos <strong>de</strong>smatamentos <strong>de</strong>ste. A corver<strong>de</strong> indica os remanescentes <strong>de</strong> Cerrado; a cor vermelha indica áreas <strong>de</strong> agricultura,pastagem e outras formas <strong>de</strong> uso.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 1Professor(a), realize está ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em trio. Oriente-os estu<strong>da</strong>ntes para que discutamca<strong>da</strong> uma, tendo como base os mapas acima e em segui<strong>da</strong> a<strong>no</strong>te <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> asconsi<strong>de</strong>rações.● I<strong>de</strong>ntifique o título do mapa e explique-o.● As informações representa<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s diferentes mapas são sempre as mesmas? Quais?● Observar os três mapas <strong>de</strong> diferentes períodos, e dizer quais mu<strong>da</strong>nças que ocorreram?Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 2Professor(a) esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> você po<strong>de</strong> utilizar como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> diversifica<strong>da</strong>para aten<strong>de</strong>r os estu<strong>da</strong>ntes com uma aprendizagem mais avança<strong>da</strong>.● Organizar os alu<strong>no</strong>s em grupos.● Estu<strong>da</strong>nte, pesquisar em revistas, jornais, livros didáticos, Almanaque Socioambiental,Atlas Geográfico Escolar – IBGE, sobre as diversas fitofisio<strong>no</strong>mias constituintes docerrado e a sua <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção.54


Pesquisa site IBGE- www.ibge.gov.br1. Para abor<strong>da</strong>r os aspectos gerais do Bioma Cerrado:a) Os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>verão confeccionar dois cartazes, sendo que um vai ilustrar asdiversas fitofisio<strong>no</strong>mias constituintes do Cerrado e outro exemplificando a atualsituação do referente Bioma, por meio <strong>de</strong> uma comparação entre o seu estadooriginal e o que ele é atualmente;b) Os estu<strong>da</strong>ntes em grupos, com base na pesquisa realiza<strong>da</strong>, vão elaborar umrelatório, um texto argumentativo ou informativo e socializar com a turma.5) SistematizaçãoProfessor(a) após a leitura dos textos, <strong>da</strong>s discussões, dos trabalhos realizados emsala e fora <strong>de</strong>la, a proposta é organizar um “júri simulado” em tor<strong>no</strong> <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> terra <strong>no</strong>Brasil Central.Definir com os estu<strong>da</strong>ntes o que <strong>de</strong>ve ser julgado. É importante que o professor(a)coloque as propostas.Uma vez <strong>de</strong>finido o que será julgado, os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>ve ser distribuídos em 3grupos: acusação, <strong>de</strong>fesa e júri. A sugestão é que se discuta a questão <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>terra. O grupo <strong>de</strong> acusação po<strong>de</strong> voltar-se contra os movimentos sociais com base naexigência <strong>de</strong> cumprimento <strong>da</strong> lei e <strong>da</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong>, o segundo grupo po<strong>de</strong><strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a ação política dos sujeitos sociais envolvidos na luta pela terra em Trombas eFormoso e, finalmente, o júri, <strong>de</strong>ve manifestar-se por escrito <strong>de</strong>finindo a solução doproblema e as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização ou penas. Seria interessante consultar o que aConstituição <strong>de</strong>fine acerca <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> terra.Os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>vem buscar na História os argumentos para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r suas idéias,principalmente na CANG e <strong>no</strong> Movimento <strong>de</strong> Trombas e Formoso.Se for necessário, nessa etapa, os estu<strong>da</strong>ntes po<strong>de</strong>m retomar a leitura dos textospara fun<strong>da</strong>mentar a argumentação sobre a questão <strong>da</strong> terra e <strong>da</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social <strong>no</strong> país.O fun<strong>da</strong>mental não é o veredicto, mas a argumentação. Nesse trabalho, po<strong>de</strong>m serlembra<strong>da</strong>s a força <strong>da</strong>s palavras e a beleza que po<strong>de</strong> conter um discurso argumentativo.O professor(a) precisa ter todo um cui<strong>da</strong>do, ao abor<strong>da</strong>r esta temática, pois elaremete à vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> pessoas do campo que luta por seus direitos e <strong>de</strong>veres em um mundomarcado pelas <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s.55


Professor (a), seu acompanhamento <strong>no</strong> planejamento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, na construção eorganização dos argumentos é <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental importância para o sucesso <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Énecessário também observar as características <strong>da</strong> turma, <strong>da</strong> escola, <strong>de</strong> forma a permitir um<strong>de</strong>bate que pense essas questões. A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser apresenta<strong>da</strong> para outra turma.Participantes:Juiz: dirige e coor<strong>de</strong>na as intervenções e o an<strong>da</strong>mento do júri.Jurados: ouvirão todo o processo e <strong>no</strong> final <strong>da</strong>s exposições, <strong>de</strong>claram o vencedor,estabelecendo a pena ou in<strong>de</strong>nização a se cumprir.Advogados <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa: <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o “réu” (ou assunto) e respon<strong>de</strong>m às acusações feitaspelos promotores.Promotores (advogados <strong>de</strong> acusação): <strong>de</strong>vem acusar o “réu” (ou assunto), a fim <strong>de</strong>con<strong>de</strong>ná-lo.Testemunhas: falam a favor ou contra o acusado, pondo em evidência as contradições eargumentando junto com os promotores ou advogados <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.Descrição <strong>da</strong> dinâmica:1. Divi<strong>de</strong>m os participantes em dois grupos. Grupos - todos os participantes (exceto o juize os jurados) po<strong>de</strong>m ser testemunhas.2. Os promotores <strong>de</strong>vem acusar o latifúndio 34 , a partir <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> concreta <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>/bairro - município. Definir o latifúndio como causa do <strong>de</strong>semprego, <strong>da</strong> fome,<strong>da</strong> violência e <strong>da</strong> miséria em que vive a maioria <strong>da</strong> população.3. Os advogados <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o latifúndio. Este representa o respeito às liber<strong>da</strong><strong>de</strong>sindividuais, ao patrimônio e ao sujeito.4. As testemunhas <strong>de</strong>vem colaborar nas discussões, havendo um revezamento entre aacusação e a <strong>de</strong>fesa, sendo que os advogados po<strong>de</strong>m interrogar a testemunha “adversária”.5. Terminado o tempo <strong>da</strong>s discussões e argumentações dos dois lados, os jurados <strong>de</strong>vem<strong>de</strong>cidir sobre a sentença. Ca<strong>da</strong> jurado <strong>de</strong>ve argumentar, justificando sua <strong>de</strong>cisão.6. Avaliação e comentários <strong>de</strong> todos sobre o assunto discutido.*Obs.: é importante fixar o tema, bem como os fatos que serão matérias do julgamento.Para isso po<strong>de</strong>rá haver uma combinação anterior com to<strong>da</strong>s as partes, preparando comantecedência, os argumentos a serem apresentados.34Professor(a) este é apenas uma sugestão, você po<strong>de</strong> discutir e <strong>de</strong>finir com os estu<strong>da</strong>ntes outros elementos a seremjulgados, o movimento social analisado, ou mesmo um que tenha ocorrido na sua região.56


Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> texto: Artigo <strong>de</strong> opiniãoProfessor(a) após o Júri Simulado proponha aos estu<strong>da</strong>ntes a construção <strong>de</strong> umartigo <strong>de</strong> opinião em dupla, trio ou individual. Para tanto é necessário utilizar todo material(textos, pesquisas, mapa, filme). Faça um esquema com os estu<strong>da</strong>ntes. Po<strong>de</strong>-se partir <strong>da</strong>seguinte in<strong>da</strong>gação: como é trata<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> terra <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> Goiás ou em seumunicípio?O artigo <strong>de</strong> opinião é um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante <strong>de</strong>algum tema atual e <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> muitos. Neste o autor <strong>de</strong>ve; i<strong>de</strong>ntificar, analisar eapresentar a questão polemica e posicionar-se a respeito <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo um ponto <strong>de</strong>vista com argumentos convincentes. É preciso <strong>de</strong>ixar clara a posição assumi<strong>da</strong>, buscarinformações sobre o tema. È importante trazer para o texto outras opiniões, valorizando-asou questionando-as.O artigo <strong>de</strong>ve ser socializado por meio <strong>de</strong> um varal ou <strong>no</strong> mural <strong>da</strong> escola.6) AvaliaçãoImportante avaliar os conceitos e habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s: movimentos sociais;reforma agrária; latifúndio; estado; <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social; proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>; posse; ocupação;expansão agrícola; urbanização; <strong>de</strong>smatamento; cerrado;Habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s: leituras: <strong>de</strong> texto verbal escrito – expositivo didático, historiográfico; mapa;pesquisa: entrevista; bibliográfica e internet.Produção <strong>de</strong> texto- verbal, escrito e elaboração <strong>de</strong> cartazes.Produção oral: <strong>de</strong>bate; argumento; questionamentos; participação <strong>no</strong> júri.Levantamento <strong>de</strong> hipótese: “conhecimento prévio”.Em to<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> é realiza<strong>da</strong> sistematização parcial.Sugestões <strong>de</strong> Filmes:Titulo Original: O Anel <strong>de</strong> TucumGênero: NacionalDuração:País: BraA<strong>no</strong>: 1994Direção: Conrado BerningDistribuição: Verbo57


Titulo Original: Terra para Rose.Gênero: NacionalDuração: 84minPaís: BraA<strong>no</strong>: 1987Direção: Tetê MoraesDistribuição:Titulo Original: Sonho <strong>de</strong> Rose – 10 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois.Gênero: NacionalDuração:País: BraA<strong>no</strong>: 2000Direção: Tetê MoraesDistribuição:Sugestões <strong>de</strong> leitura para o professor (a)ANDRADE, Nair L. <strong>de</strong>. História e histórias <strong>da</strong> CANG (meu rincão por adoção).FERNANDES, Bernardo M. STEDILE, João P. Brava gente: a trajetória do MST e a lutapela terra <strong>no</strong> Brasil. São Paulo: Fun<strong>da</strong>ção Perseu Abramo, 1996.PESSOA, Jadir <strong>de</strong> M. A igreja <strong>da</strong> <strong>de</strong>nuncia e o silencio do fiel: um estudo antropologicosobre as relações entre uma igreja catolica pos-conciliar e os diferentes grupos e praticasdo catolicismo popular na região <strong>de</strong> Ceres, em Goiás. Dissertação <strong>de</strong> mestrado emAntropologia Social. Campinas: Unicamp, 1990. Disponível em:http://libdigi.unicamp.br/document/?co<strong>de</strong>=000028649. Acesso em: 16.11.09.REVISTA DA ACICER. Bernando Sayão, o homem que iniciou a história. Ediçãohistórica: 1999-2000. Ceres: A<strong>no</strong> 1 nº1. Abril <strong>de</strong> 2000.SANTOS, José Alves dos. As aventuras do Dr. Bernardo Sayão na construção <strong>da</strong> Belém-Brasília.SAYÃO, Léa. Meu pai, Bernardo Sayão. Brasília: Editora do Senado Fe<strong>de</strong>ral, 1994.58


ANEXO PARA O PROFESSOR E A PROFESSORA DE HISTÓRIAProfessor (a), este texto foi elaborado objetivando contribuir com a sua prática pe<strong>da</strong>gógicacotidiana. Ele abor<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> terra pelo viés urba<strong>no</strong>. Não aprofun<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong>luta pela posse urbana, pelo direito a moradia, condição fun<strong>da</strong>mental para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,<strong>de</strong>ixando esta questão para que você a amplie <strong>de</strong> acordo com a sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.O texto enfatiza a questão <strong>da</strong> ocupação <strong>da</strong> terra <strong>no</strong> centro geográfico do Brasil, <strong>no</strong>processo <strong>da</strong> Marcha para Oeste, com o planejamento, construção e consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> duasci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais do século vinte: Goiânia e d Brasília. Estas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s são estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s comoprotagonistas <strong>da</strong> História, pois, segundo Lepetit (2001), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>vem <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser palco e cenário <strong>da</strong> História para ocupar o papel <strong>de</strong> protagonista.Como é do seu conhecimento, é muito importante para o/a estu<strong>da</strong>nte compreen<strong>de</strong>r que ofato histórico é o resultado <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> historiadora. Os acontecimentos não sãohistóricos em si, mas tornam-se históricos pela ação e reflexão coletiva, portanto nãopo<strong>de</strong>m ser pensados isola<strong>da</strong>mente. Os fatos históricos são o resultado <strong>da</strong> ação e <strong>da</strong>reflexão dos homens situados em um lugar (i<strong>de</strong>ológico, político, social) que influencia oprocesso <strong>de</strong> reflexão histórica.Desta forma, o estudo histórico <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais planeja<strong>da</strong>s <strong>no</strong> Brasil <strong>no</strong> século vinte,é fonte para enten<strong>de</strong>rmos a ocupação <strong>da</strong> região central do país <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> avanço <strong>da</strong>sforças capitalistas, a Mo<strong>de</strong>rnização e na Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> expressa na Forma Urbana <strong>de</strong>Goiânia e Brasília.O estudo contribui também para que os/as jovens olhem para suas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s com o olharhistórico, pois é <strong>da</strong> competência <strong>da</strong> História registrar o processo <strong>de</strong>construção/<strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>stas.Desta forma, o/a convi<strong>da</strong>mos, para revisitarmos o processo histórico <strong>de</strong> Goiânia eBrasília, ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais do Sertão, hoje Cerrado brasileiro, pois, assim como os guiasturísticos apresentam a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> para o visitante, nós historiadores somos os guias doTEMPO <strong>no</strong>s estudos urba<strong>no</strong>s, e como todo guia, precisamos <strong>de</strong> mapas. Portanto,iniciamos a leitura do texto por intermédio <strong>de</strong> dois mapas que apontam a direção <strong>da</strong>sci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais menciona<strong>da</strong>s. Sugerimos que você os “leia” como documentos históricos,com as marcas do seu tempo.Mas, antes vamos revisitar sucintamente dois conceitos fun<strong>da</strong>mentais paracompreen<strong>de</strong>rmos o processo histórico <strong>de</strong> ocupação <strong>da</strong> região central do Brasil e <strong>da</strong>valorização acelera<strong>da</strong> <strong>da</strong> terra urbana: Mo<strong>de</strong>rnização e Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>.59


Mo<strong>de</strong>rnização e Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>: teoria e prática <strong>no</strong> Brasil CentralNo Estado <strong>de</strong> Goiás, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> trinta do século vinte, o grupo político<strong>de</strong><strong>no</strong>minado <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>ncista, precisava convencer a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> goiana e a brasileira, <strong>de</strong> queera uma boa idéia a criação e transferência <strong>da</strong> Capital do Estado para uma região central.Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> cinqüenta <strong>de</strong>ste mesmo século, o grupo que apoiava Jusceli<strong>no</strong> Kubitschek,também precisava convencer o povo brasileiro <strong>de</strong> que era importante para o país, a criaçãoe transferência <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral do litoral para o centro do Brasil. Assim, paraenfatizarem seus argumentos, ambos utilizavam as idéias <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização e Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Vamos refletir um pouco sobre a importância <strong>de</strong>stes conceitos para a História doBrasil Central?Mo<strong>de</strong>rnização é o processo <strong>de</strong> avanço <strong>da</strong>s forças capitalistas sobre uma regiãoconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> atrasa<strong>da</strong>. Esse atraso está relacionado com as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicaspratica<strong>da</strong>s neste espaço, geralmente uma agricultura e pecuária <strong>de</strong> subsistência e compouca expressão comercial. Interessa, sobretudo, enten<strong>de</strong>r que a relação entremo<strong>de</strong>rnização e a criação <strong>de</strong> uma estrutura econômica é capaz <strong>de</strong> dinamizar a eco<strong>no</strong>miaproduzindo fluxos econômicos orientados para a reprodução do sistema capitalista. Atraso,portanto, significa a permanência <strong>de</strong> espaços econômicos regidos por outra lógica distinta<strong>da</strong> acumulação capitalista.Mo<strong>de</strong>rnizar também exige a formação <strong>de</strong> uma mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> distinta, aberta aosmecanismos <strong>de</strong>finidores <strong>da</strong> lógica do capital. A idéia <strong>de</strong> progresso, contraposta a <strong>de</strong> atraso,permite a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s volta<strong>da</strong>s à aplicação <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logia e, principalmente, <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes que viabilize a comercialização dos produtos produzidos nesse espaço econcretize a localização, ponto <strong>de</strong> chega<strong>da</strong> e <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>, <strong>de</strong> viabilização econômica ecomercial.A mo<strong>de</strong>rnização tem o sentido funcional, <strong>de</strong> resultados. Ao se implantar amo<strong>de</strong>rnização, as relações capitalistas são aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s e a divisão entre ricos e pobres, osque possuem bens e os <strong>de</strong>spossuídos é acirra<strong>da</strong>. Com a transformação <strong>da</strong> terra emmercadoria cobiça<strong>da</strong>, a luta pela mesma torna-se mais intensa.Em Goiânia e Brasília, a Mo<strong>de</strong>rnização esteve, e está, presente <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>ocupação <strong>da</strong> terra. Na transformação <strong>de</strong>sta <strong>de</strong> “espaço vazio” para espaço urba<strong>no</strong>valorizado rápi<strong>da</strong> e intensamente, seja pela implantação <strong>de</strong> uma infra-estrutura promovi<strong>da</strong>pelo Estado, ou pela migração para esta região.Os cartazes publicitários a seguir, elaborados pelos grupos mu<strong>da</strong>ncistas,<strong>de</strong>monstram a expectativa <strong>de</strong> ocupação <strong>da</strong> região central e do sistema capitalista. Ambosconclamavam as pessoas a construir seus sonhos em ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais em construção. Oprimeiro exaltava a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do enriquecimento rápido pela compra <strong>de</strong> lotes urba<strong>no</strong>s ea certeza <strong>da</strong> sua valorização e o segundo, o enriquecimento pelo trabalho. Ambos retratama questão <strong>da</strong> terra.60


Primeiro Cartaz Publicitário: anuncia a ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> lotesem Goiânia, à época <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.www.a-enciclopedia-livre.info/title=GoiásSegundo Cartaz Publicitário: anuncia a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ascensão econômica e social que a futuracapital propiciava a quem aceitasse o convite.Fonte:www.CPDOC. FGV.61


Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> é tema amplo, profundo e polêmico. È uma mu<strong>da</strong>nça lenta eirreversível na mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> Oci<strong>de</strong>ntal, colocando esta como um mo<strong>de</strong>lo universal, quandoutiliza<strong>da</strong> em comparação a distintas culturas. A própria expressão pós-mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>,aplica<strong>da</strong> aos estudos <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s lati<strong>no</strong>-americanas, gera muito <strong>de</strong>bate e conflito. Portanto,não vamos a<strong>de</strong>ntrar na especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa expressão e <strong>de</strong> suas representações. Como esteestudo é urba<strong>no</strong>, vamos apenas apresentar como ela está expressa na Forma <strong>da</strong>s duasci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, pois, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a partir do final do século XIX e início do XX,passou a ser a vitrine <strong>de</strong>sta mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>, por meio do Urbanismo e <strong>da</strong> Arquitetura.Em Goiânia, a Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> está associa<strong>da</strong> à mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> representa<strong>da</strong> peloplanejamento, pela metodologia utiliza<strong>da</strong> na sua concepção e implantação,arquitetonicamente expressa <strong>no</strong> estilo Art Déco e urbanisticamente na funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>,zoneamento, na facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação e integração <strong>da</strong>s partes ao todo urba<strong>no</strong>.Art Déco é uma expressão francesa referente à arte <strong>de</strong>corativa e a um estilo querapi<strong>da</strong>mente se tor<strong>no</strong>u modismo internacional. Associa sua imagem a tudo que se <strong>de</strong>finecomo mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>, industrial, cosmopolita e exótico. Por estar ligado à vi<strong>da</strong> cotidiana –objeto, mobiliários, tecidos, vitrais, painéis pintados – associa-se à Arquitetura,Urbanismo, Paisagismo, Arquitetura <strong>de</strong> Interiores, Design, Ce<strong>no</strong>grafia, Publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, ArtesGráficas, Caricatura, Mo<strong>da</strong> e Vestuário. Teve sua origem em Paris, com a gran<strong>de</strong> mostraExpositon Universelle dés Arts Décoratifs, em 1925. (Agen<strong>da</strong> Cultural Santa Dica, Maio<strong>de</strong> 2004, nº 22, não numera<strong>da</strong>, <strong>da</strong> <strong>Secretaria</strong> Municipal <strong>de</strong> Cultura).Em Brasília, a Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> também está associa<strong>da</strong> a criação, implantação emanutenção <strong>de</strong> um Pla<strong>no</strong> Urbanístico consi<strong>de</strong>rado pelos especialistas como simples emo<strong>de</strong>r<strong>no</strong> e a uma arquitetura exuberante, funcional e mo<strong>de</strong>rna <strong>no</strong>s traços e na composiçãodo conjunto. Referente aos Pla<strong>no</strong>s Urbanísticos <strong>de</strong> Goiânia e Brasília e seus autores, estesserão mencionados posteriormente.As imagens a seguir <strong>de</strong>monstram a presença <strong>da</strong> Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> nas duas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>scapitais, por meio <strong>da</strong> Arquitetura.Primeira imagem - Art Déco. Autor: Wolney Unes. Déc. 19--. Goiânia. Dossiê <strong>de</strong> TombamentoArt Déco Goiânia Acervo pessoal.Goiânia é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a capital <strong>da</strong> Art Déco. Seu acervo arquitetônico e urbanísticoé o mais significativo conjunto do País. Ele foi construído nas déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1940 e 1950 e foitombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em <strong>no</strong>vembro<strong>de</strong> 2003. Estão incluídos 22 prédios e monumentos públicos, o centro original <strong>de</strong> Goiânia e62


o núcleo pioneiro <strong>de</strong> Campinas, locali<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>u origem à capital goiana e que hoje éum bairro.Na <strong>no</strong>va capital do Brasil – Brasília, inaugura<strong>da</strong> em 1960, o Po<strong>de</strong>r Legislativoganhou uma <strong>no</strong>va se<strong>de</strong>: O Palácio do Congresso Nacional. O autor do projeto, OscarNiemeyer, assim <strong>de</strong>finiu sua concepção arquitetônica para a obra:"Arquitetura não constitui uma simples questão <strong>de</strong> engenharia,mas uma manifestação do espírito, <strong>da</strong> imaginação e <strong>da</strong> poesia”.No Palácio do Congresso, por exemplo, a composição seformulou em função <strong>de</strong>sse critério, <strong>da</strong>s conveniências <strong>da</strong>arquitetura e do urbanismo, dos volumes, dos espaços livres, <strong>da</strong>oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> visual e <strong>da</strong>s perspectivas e, especialmente, <strong>da</strong>intenção <strong>de</strong> lhe <strong>da</strong>r o caráter <strong>de</strong> monumentali<strong>da</strong><strong>de</strong>, com asimplificação <strong>de</strong> seus elementos e a adoção <strong>de</strong> formas puras egeométricas. Daí <strong>de</strong>correu todo o projeto do Palácio e oaproveitamento <strong>da</strong> conformação local, <strong>de</strong> maneira a criar <strong>no</strong>nível <strong>da</strong>s aveni<strong>da</strong>s que o la<strong>de</strong>iam uma monumental esplana<strong>da</strong> esobre ela fixar as cúpulas que <strong>de</strong>viam hierarquicamentecaracterizá-lo.Oscar Niemeyerwww.camara.gov.br/internet/infDoc/.../congresso.htm, acessado em 26/11/200963


Segun<strong>da</strong> imagem: visão atual do Congresso Nacional.www.observatorio<strong>de</strong>seguranca.org/seguranca/leis, acessado em 26/11/200964


CENTRO DO BRASIL: Goiânia e Brasília, ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais do SertãoJanete Roma<strong>no</strong> Fontanezi 35Fig. 1 Mapa do Brasil. Destaque para a localização central <strong>de</strong> Goiânia.Déc.1940. Goiânia. IBGEFig. 2. Mapa com <strong>de</strong>staque para Brasília <strong>no</strong> cento do Brasil, fonte <strong>de</strong> pesquisa: em 22-11-2009.www.embrapa.br/ acessado35 Mestre em História pela UFG. Professora <strong>no</strong> Núcleo <strong>de</strong> Reorientação Curricular, área <strong>de</strong>História <strong>da</strong> SEDUC, professora <strong>de</strong> História na EAJA <strong>da</strong> <strong>Secretaria</strong> Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong>Goiânia e voluntária <strong>no</strong> Movimento Social Pastoral dos Migrantes, área <strong>de</strong> Urba<strong>no</strong>s.65


1- Goiânia, <strong>no</strong> centro <strong>de</strong> Goiás e do BrasilGoiânia foi a primeira ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-capital planeja<strong>da</strong> <strong>no</strong>Brasil <strong>no</strong> século vinte. Ela nasceu <strong>da</strong> idéia dos mu<strong>da</strong>ncistas,grupo político pós-1930, que <strong>de</strong>sejava transferir a Capital doEstado <strong>de</strong> Goiás para outro local: um local central.A idéia <strong>de</strong> transferir a capital <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás paraoutra região era antiga. No período colonial, D. Marcos <strong>de</strong>Noronha, primeiro Inten<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Capitania <strong>de</strong> Goiás, em1753 cogitou em transferir a se<strong>de</strong> administrativa <strong>da</strong> Capitaniapara a região do município <strong>de</strong> Pirenópolis. No Império, aidéia <strong>da</strong> transferência foi abor<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo Marechal <strong>de</strong> Campo,Miguel Li<strong>no</strong> <strong>de</strong> Moraes, segundo presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Província(1827-1831), que propôs sua mu<strong>da</strong>nça para a região <strong>de</strong>Niquelândia. Em 1863, o também presi<strong>de</strong>nte, José VieiraCouto <strong>de</strong> Magalhães <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a idéia <strong>da</strong> transferência <strong>da</strong>Capital para as margens do rio Araguaia. Na República, foiincorpora<strong>da</strong>, <strong>no</strong> anteprojeto <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> 1891, e <strong>no</strong> textoconstitucional <strong>da</strong>s reformas <strong>de</strong> 1898 e 1918, artigo 5 o . – “aci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiaz continuará a ser a capital do Estadoenquanto outra causa não <strong>de</strong>liberar o Congresso”.Mas, foi com a ascensão <strong>de</strong> Pedro Ludovico Teixeira,em 22 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1930, como Interventor Fe<strong>de</strong>ral emGoiás, <strong>no</strong>meado por Getulio Vargas, e dos mu<strong>da</strong>ncistas, quea idéia antiga se transformou em um projeto político, comadversários ferrenhos, os antimu<strong>da</strong>ncistas, grupo que apoiavaas oligarquias anteriores e que tinha seu reduto político naentão Capital do Estado.Para fortalecer a idéia <strong>da</strong> transferência, PedroLudovico enfatizava <strong>no</strong>s seus discursos e relatórios aimportância <strong>de</strong> uma Capital Mo<strong>de</strong>rna para Goiás e criticavaas condições gerais <strong>da</strong> então Capital, utilizando para tantosua linguagem <strong>de</strong> Médico.Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1727,por BartolomeuBue<strong>no</strong> <strong>da</strong> Silva, oArraial <strong>de</strong>Sant’Anna,posteriormente VilaBoa (atualmentemunicípio <strong>de</strong> Goiás),foi capital do estadoaté 1933. A AntigaGoiás, ou GoiásVelho, como éconheci<strong>da</strong>carinhosamente pelopovo goa<strong>no</strong>, surgiu<strong>da</strong> garimpagem doouro, <strong>da</strong> ambiçãodos ban<strong>de</strong>irantes,patrocinados peloentão impériocolonial português.Até hoje, suaarquitetura, tomba<strong>da</strong>pelo PatrimônioCultural <strong>da</strong>Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, guar<strong>da</strong>os traços <strong>de</strong>ssaativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que <strong>no</strong>sleva a lembrar dosseus dias <strong>de</strong> glória.(ARRAIS, 2004, p.102)Assim, em 1933, enviou ao Chefe do Gover<strong>no</strong>Provisório, Getúlio Vargas, um relatório sobre a Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás justificando ainviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esta ser a Capital do Estado <strong>de</strong>vido a diversos problemas por elediag<strong>no</strong>sticados. Destes, dois merecem <strong>de</strong>staque: a frágil saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> na época(construção <strong>da</strong>s casas, abastecimento <strong>de</strong> água e saneamento básico) e a inviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> emrecuperá-la; a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação entre a Capital e o Estado e o País, por causa <strong>da</strong>precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos transportes e <strong>de</strong> sua localização <strong>de</strong>vido ao ponto on<strong>de</strong> se encontra, navisão do Interventor.Historicamente, po<strong>de</strong>mos afirmar que esses argumentos, urba<strong>no</strong>s e sanitários, emrelação à Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás, são secundários. A questão maior era <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política.66


Era uma questão estratégica <strong>da</strong> manutenção do po<strong>de</strong>r por Ludovico, pois ele oobteve pela via revolucionária, sem gran<strong>de</strong> respaldo popular e com forte oposição <strong>de</strong>grupos organizados, e, precisava mantê-lo. Para tanto, paulatinamente, o Interventor foi“fechando” os espaços dos grupos que lhe faziam frente. “Foi, porém, com a questão <strong>da</strong>mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> capital que ele alijou <strong>de</strong>finitivamente seus contendores” (CAMPOS, 2002,p.180).Para Campos, cientista político, em relação à transferência,“Ludovico não colocou a questão política como causaprimordial <strong>da</strong> transferência <strong>da</strong> capital, <strong>de</strong>stacando osproblemas: sanitário, “inviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiáscontinuar hospe<strong>da</strong>ndo o Gover<strong>no</strong>”; econômico,“incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás <strong>de</strong> promover o progressodo Estado”, vindo a colocar a questão política somente em1942 <strong>no</strong> discurso <strong>de</strong> inauguração oficial, quanto todo ogover<strong>no</strong> já estava instalado.”(CAMPOS, 2002, p. 181)O Interventor argumentava que uma Capital Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>veria ser construí<strong>da</strong> numlocal central do Estado para facilitar a acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e comunicação e ser pólo irradiador<strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nomeou uma comissão, pelo <strong>de</strong>creto nº 2.737 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1932, para escolher este local. A Comissão escolheu Campinas, hoje umbairro <strong>de</strong> Goiânia, como local central, “Consi<strong>de</strong>rando que Campinas se acha situa<strong>da</strong> <strong>no</strong>ponto centrico <strong>da</strong> parte mais povoa<strong>da</strong> do Estado, e a sua topografia <strong>da</strong>s mais apropria<strong>da</strong>s ebelas para a construção <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> urbanamente mo<strong>de</strong>rna [...]” (MONTEIRO, 1938, p.44).Pelo <strong>de</strong>creto nº 3.359 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1933, Artigo 1º, foi <strong>de</strong>marcado o sítio naárea escolhi<strong>da</strong> pela Comissão.“A região ás margens do córrego Botafogo, compreendi<strong>da</strong>nas fazen<strong>da</strong>s <strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>da</strong>s “Crimeía”, Vaca Brava” e“Botafogo”, <strong>no</strong> município <strong>de</strong> Campinas, fica escolhi<strong>da</strong> paranela ser edifica<strong>da</strong> a futura Capital do Estado, <strong>de</strong>vendo ogover<strong>no</strong> man<strong>da</strong>r organizar o pla<strong>no</strong> <strong>de</strong>finitivo <strong>da</strong> <strong>no</strong>vaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. [...]” (SILVA, 1993, p.19)Em 24/10/1933, foi lança<strong>da</strong> a Pedra Fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> futura Capital,na expectativa <strong>da</strong> transformação do solo rural em urba<strong>no</strong>. A mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> capital foiincorpora<strong>da</strong> à constituição estadual em 1935, o que implicou acordo entre Pedro Ludovicoe as li<strong>de</strong>ranças políticas contrárias a mu<strong>da</strong>nça. Em 23/03/1937, pelo Decreto nº 1816,houve a transferência <strong>de</strong>finitiva <strong>da</strong> Capital <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás para Goiânia. Em05/07/1942 aconteceu o Batismo Cultural <strong>de</strong> Goiânia e sua entregue solene para o Brasil.Nesse momento ela não era apenas a promessa, mas o prenúncio <strong>da</strong> concretização.Goiânia, a primeira ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-capital planeja<strong>da</strong> do século vinte <strong>no</strong> Brasil foiconstruí<strong>da</strong> com Idéias, Relatórios, Pla<strong>no</strong>s mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s, Leis e Decretos do Estado <strong>de</strong> Goiás,na vigência <strong>da</strong> Era Vargas. Planeja<strong>da</strong> para 50.000 mil habitantes, <strong>no</strong> final do século vinte,abrigava mais <strong>de</strong> 1.000.000 <strong>de</strong> moradores. Contemplou a expectativa dos seusi<strong>de</strong>alizadores, dos mu<strong>da</strong>ncistas, graças à força <strong>de</strong>ssa gente (GRAEF, 1983), pioneiros,67


chegantes que vieram <strong>de</strong> vários lugares do Estado, do Brasil e do Mundo, construir a suahistória na poeira, <strong>no</strong> chão vermelho, <strong>no</strong> “vazio” <strong>no</strong> “na<strong>da</strong>”, <strong>no</strong> Sertão, hoje Cerrado <strong>da</strong>região central do Brasil.2- Brasília, <strong>no</strong> centro do BrasilBrasília foi a segun<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> capital planeja<strong>da</strong> <strong>no</strong> Brasil <strong>no</strong> século vinte. Ela nasceu<strong>da</strong> idéia do grupo político ligado a Jusceli<strong>no</strong> Kubitschek, presi<strong>de</strong>nte do Brasil (1956-1961)na i<strong>de</strong>ologia Nacional Desenvolvimentista expressa <strong>no</strong> Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Metas que tinha comoslogan “50 a<strong>no</strong>s em 5”. O Pla<strong>no</strong> era <strong>no</strong>vo, a idéia <strong>da</strong> transferência <strong>da</strong> Capital do litoral parauma região interior do país, antiga.Des<strong>de</strong> a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1891, “Art. 3º Fica pertencendo à União, <strong>no</strong>planalto central <strong>da</strong> República, uma zona <strong>de</strong> 14.400 kilômetros quadrados, que seráoportunamente, <strong>de</strong>marca<strong>da</strong>, para nella estabelecer-se a futura Capital Fe<strong>de</strong>ral.(Constituição <strong>da</strong> República dos Estados Unidos do Brasil, promulga<strong>da</strong> a 24 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>1891, In. ARRAIS, 2004,p. 136).Mas, foi com a campanha presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Jusceli<strong>no</strong> Kubitschek pauta<strong>da</strong> naMo<strong>de</strong>rnização e na Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, que a idéia ganhou força. Eleito Presi<strong>de</strong>nte do Brasiliniciou o processo <strong>de</strong> construção e transferência <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral e, em 21 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong>1960, ela foi inaugura<strong>da</strong>.Vesentini, analisa a construção <strong>de</strong> Brasília.“As condições econômicas, sociais e políticas que dãosentido a este ato – embora ele não seja “<strong>de</strong>duzível”a partir<strong>de</strong>las – [...] po<strong>de</strong>m ser assim esquematizados: o <strong>no</strong>vomomento <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> capital, com maiorinternacionalização <strong>da</strong> eco<strong>no</strong>mia; a i<strong>de</strong>ologia nacional<strong>de</strong>senvolvimentista<strong>no</strong> gover<strong>no</strong> JK; a influência dopensamento geopolítico <strong>no</strong> aparato estatal e na políticaespacial do gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral; o planejamento maiscentralizado em eco<strong>no</strong>mia como o Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Metas; ocoroamento do final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1950 do processo <strong>de</strong>engendramento <strong>de</strong> um espaço geográfico nacional; asituação <strong>da</strong> luta <strong>de</strong> classes <strong>no</strong> período 1945 até o gover<strong>no</strong>JK, ressaltando-se especialmente o projeto político doempresariado industrial. Como to<strong>da</strong> ação histórica, atransferência <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral para Brasília não éexplicável por nenhuma “teoria geral”<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> capital,mas pelas <strong>de</strong>terminações específicas <strong>da</strong> situação (grifo <strong>no</strong>original) que lhe <strong>de</strong>u origem, mais como política que comonecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e sobre a qual ela - a Nova Capital -reversivamente passou a influenciar na condição <strong>de</strong> obraconsuma<strong>da</strong>.” (VESENTINI, 1987, p. 24)Segundo sua análise, nenhuma “teoria geral” po<strong>de</strong> explicar o fenôme<strong>no</strong> <strong>da</strong>construção <strong>de</strong> Brasília e a transferência <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral. Neste, estão mescladosdiscursos dos mu<strong>da</strong>ncistas: racionais, geopolíticos, econômicos, militares e outros. É difíciltambém explicar o porquê milhares <strong>de</strong> pessoas aten<strong>de</strong>ram ao chamado do gover<strong>no</strong> epartiram do seu lugar <strong>de</strong> origem para o Centro do Brasil. Talvez, movi<strong>da</strong>s pela esperançaou pelo sentimento <strong>da</strong> aventura.68


A 3 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1956, armaram-se as primeiras barracas <strong>de</strong> lona e ergueram-secasas <strong>de</strong> tábua para abrigar os primeiros trabalhadores <strong>da</strong> obra.“Os can<strong>da</strong>ngos – <strong>no</strong>me utilizado para <strong>de</strong>signar essestrabalhadores – vão chegando <strong>de</strong> inúmeros recantos do País,principalmente do Nor<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>de</strong> Goiás edo Mato Grosso. O número <strong>de</strong> pessoas na área do <strong>no</strong>voDistrito Fe<strong>de</strong>ral passou <strong>de</strong> 12.238 em julho <strong>de</strong> 1957 para28.804 em fevereiro <strong>de</strong> 1958 e 64.314 em maio <strong>de</strong> 1959 (...)O ritmo <strong>de</strong> trabalho foi intenso até 1960. Os grupos <strong>de</strong>operários revezavam-se continuamente sem interrupções[...]” (VESENTINI, 1987, p. 108)Esses trabalhadores, hoje moradores <strong>da</strong>s áreas periféricas do Centro Brasília,conheci<strong>da</strong>s como ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s satélites e i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Regiões Administrativas do DistritoFe<strong>de</strong>ral, são os ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros construtores <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral.3- Pla<strong>no</strong>s urbanísticos e Arquitetura: Formas e História doBrasil Central3.1 Attílio Corrêa Lima e os Centros do Centro <strong>de</strong> GoiâniaAttílio Corrêa Lima foi o Arquiteto-Urbanista contratado pelo Gover<strong>no</strong> <strong>de</strong> PedroLudovico Teixeira para planejar e administrar a construção <strong>da</strong> futura ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-capital <strong>de</strong>Goiás. Após análise <strong>da</strong> área, fez um Pla<strong>no</strong> para a futura Capital. Neste Pla<strong>no</strong>, planejou doiscentros: um por ele <strong>de</strong><strong>no</strong>minado <strong>de</strong> “cabeça”, a Praça Pedro Ludovico Teixeira, conheci<strong>da</strong>como Praça Cívica e o outro a Praça Attílio Corrêa Lima, conheci<strong>da</strong> como Praça doBan<strong>de</strong>irante.3.1.1 “Praça Cívica” e o Palácio <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>sEsta praça foi concebi<strong>da</strong> com a função <strong>de</strong> administrar o Estado. Todos os órgãosadministrativos foram planejados para ficar ao redor do Palácio, a mora<strong>da</strong> do dirigente. Otermo “cabeça” faz parte <strong>da</strong> concepção <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> na época, inicio do século vinte, que a viacomo um corpo com funções <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s e interliga<strong>da</strong>s.Para concebê-la o Arquiteto-Urbanista seguiu mo<strong>de</strong>los europeus a<strong>da</strong>ptando-os ascondições do Sertão goia<strong>no</strong>, geográfica, política, econômica e culturalmente, expressa nascondições materiais para sua concretização, e Criou um monumento, símbolo <strong>da</strong> época ena atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>: o Palácio <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>s.69


Fig. 4 Palácio <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>s. Autor: Aníbal Machado. Déc 1940. Goiânia. MZA/MIS-GODescrição do Patrimônio. O Palácio <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>s é a edificação mais central <strong>da</strong>ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e chama a atenção por seus altos e baixos relevos inseridos na platiban<strong>da</strong>. É umedifício horizontal com vitral central trabalhado que retratam fatos <strong>da</strong> história <strong>de</strong> Goiás,como a flora, a fauna, o <strong>de</strong>sbravamento do cerrado, a entra<strong>da</strong> dos ban<strong>de</strong>irantes,especialmente, a conquista do Anhanguera. Pilares com cantos arredon<strong>da</strong>dos foraminseridos paralelamente na entra<strong>da</strong> principal. O revestimento em mica dá a essaconstrução uma co<strong>no</strong>tação muito especial: a massa <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> pedra é <strong>de</strong> brilho peculiar, <strong>de</strong>duração quase eterna. Sua cor ver<strong>de</strong> garante à edificação o codi<strong>no</strong>me “Casa Ver<strong>de</strong>”. Outracaracterística que merece <strong>de</strong>staque são as janelas com venezianas tipo Copacabana, quelembram as usa<strong>da</strong>s nas edificações em art déco do bairro <strong>de</strong> mesmo <strong>no</strong>me, <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro. Três vigas horizontais (beiras retangulares) sobrepostas às janelas protegem-nasdo sol e <strong>da</strong> chuva. A balaustra<strong>da</strong>, colunas sem capitéis e uma cobertura na entra<strong>da</strong>lembrando uma lodja, faz alusão a outros estilos anteriores ao art déco. Em to<strong>da</strong>s asedificações ergui<strong>da</strong>s na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> construção do complexo arquitetônico <strong>da</strong> Praça Dr.Pedro Ludovico Teixeira – antiga Praça Cívica, foram utiliza<strong>da</strong>s a taipa e o adobe,estruturas mistas <strong>de</strong> concreto e alvenaria. As lajes e as esca<strong>da</strong>s foram construí<strong>da</strong>s emconcreto armado, e os terraços impermeabilizados com três cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> feltro blumi<strong>no</strong>so,intercala<strong>da</strong>s com asfalto, <strong>de</strong> fabricação americana, já as esquadrias em ma<strong>de</strong>ira foramfeitas aqui. FONTE: <strong>Secretaria</strong> Municipal <strong>de</strong> Cultura – Divisão do Patrimônio Histórico,sem nº <strong>de</strong> páginas.Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico <strong>de</strong> Goiás, pela Lei nº 8.915 <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong>maio <strong>de</strong> 1980. Teve tombamento reformado pelo Decreto nº 4943 <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong>1998, fun<strong>da</strong>mentado na Lei nº 13.312 <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1998.70


3.1.2 “Praça do Ban<strong>de</strong>irante” e o Ban<strong>de</strong>iranteGoiás, Anhanguera, Ban<strong>de</strong>irante se encontram e <strong>de</strong>sencontram <strong>no</strong> ponto central <strong>de</strong>Goiânia, o comercial, <strong>no</strong> planejamento e previsão <strong>de</strong> Attílio Corrêa Lima. “Como centrocomercial <strong>de</strong>signamos a área mais central <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> gravita o comércio, on<strong>de</strong> aconstrução é mais <strong>de</strong>nsa” (LIMA, 1937).Esta Praça foi concebi<strong>da</strong>, para ser o ponto central <strong>da</strong> Capital, o encontro com ela mesma ecom outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Duas aveni<strong>da</strong>s concretizaram este encontro, a Aveni<strong>da</strong> Goiás, <strong>no</strong> sentidoNorte/Sul e a Aveni<strong>da</strong> Anhanguera, <strong>no</strong> sentido Leste/Oeste. Outro símbolo importante e polêmicona atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> marca culturalmente a Praça: a estátua do Ban<strong>de</strong>irante.DESCRIÇÃO DO PATRIMÔNIO: O monumento: Estátua com 2,50 por 2,0 metros, altura <strong>de</strong> 2,50metros, fundi<strong>da</strong> em bronze. Base <strong>de</strong> granito vermelho e placa com os dizeres: “aos goia<strong>no</strong>s, <strong>no</strong>bre estirpedos Ban<strong>de</strong>irantes – Centro Acadêmico XI <strong>de</strong> Agosto”. (FONTES: Correio Oficial <strong>de</strong> 20-10-1942, nº4453, p.1 e O POPULAR <strong>de</strong> 30-09-2003,p5).Tombado como patrimônio pela Lei Municipal nº 6962 <strong>de</strong> 21/06/1991Fig. 5. Praça do Ban<strong>de</strong>irante. Autor: Hélio <strong>de</strong> Oliveira. Déc. 1950. Goiânia. SEPLANPor ser o Centro do Centro <strong>de</strong> Goiânia esta praça tem gran<strong>de</strong> importância naestruturação do todo urba<strong>no</strong>, na comunicação e acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Além <strong>de</strong>stesfatores, e principalmente pelo aspecto estratégico, a “Praça do Ban<strong>de</strong>irante” já foi palco <strong>de</strong>várias manifestações sociais, <strong>de</strong>ntre estas, as do Movimento Estu<strong>da</strong>ntil que ao longo <strong>da</strong>história <strong>de</strong> Goiânia, se utilizou <strong>de</strong>sse espaço para suas reivindicações.71


A Praça do Ban<strong>de</strong>irante já sofreu várias modificações na sua forma e em 2003,<strong>de</strong>ntro do projeto <strong>de</strong> revitalização <strong>da</strong> Av. Goiás, sua área foi reduzi<strong>da</strong> para facilitar aacessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforme discurso oficial, mas quase inviabiliza as manifestações sociais.O pe<strong>de</strong>stal que sustenta a estátua do ban<strong>de</strong>irante foi modificado e elevado para uma altura<strong>de</strong> seis metros, permanecendo distante do público que circula diariamente pelo local. Mas,Ele - o Ban<strong>de</strong>irante - ícone urba<strong>no</strong> e patrimônio material polêmico <strong>de</strong> Goiânia continuaapontando para o Oeste <strong>no</strong> Centro <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, simbolicamente <strong>de</strong>monstrando que a Marchapara Oeste continua...Professor(a), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> 6, na Sequência Didática Memória <strong>da</strong> Infância: Brinquedos eBrinca<strong>de</strong>iras como Patrimônio, estamos trabalhando com o Patrimônio que po<strong>de</strong> ser material eimaterial. As ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s são repletas <strong>de</strong> ambos. Assim, sugerimos que, a partir do conhecimento<strong>de</strong>stes dois ícones urba<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Goiânia, você incentive uma pesquisa com o Patrimônio Material<strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo, inclusive, começar pela própria escola.Outra sugestão é referente a Biografias. Na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, aquela concepção <strong>de</strong> heróis <strong>da</strong> Histórianão está em evidência. Pedro Ludovico Teixeira e Attílio Corrêa Lima não construíram Goiâniasozinhos. Será que não havia com eles pedreiros, pintores, engenheiros, cozinheiros e outraspessoas? A ênfase na construção coletiva é muito importante, mas importante também são asBiografias e cremos que estas po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser trabalha<strong>da</strong>s. Conhecer os <strong>no</strong>mes <strong>da</strong>s pessoasque estão marca<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s monumentos e na História <strong>da</strong> sua Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é muito importante para areflexão história, pois é a partir do presente que nós olhamos o passado.Desta forma, além <strong>da</strong> pesquisa sobre o Patrimônio Material, sugerimos também uma pesquisasobre a Biografia dos “inventores” <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.3.2 Brasília, Lucio Costa e o Pla<strong>no</strong> PilotoFig. 7 No concurso para a construção <strong>de</strong> Brasília, concorrendo com gran<strong>de</strong>s empresas internacionais,que apresentaram projetos coloridos <strong>de</strong> alto efeito, Lúcio Costa entregou à Comissão Julgadora apenasum rabisco a lápis, feito displicentemente sobre o papel, <strong>da</strong>ndo à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> a aparência <strong>de</strong> um avião, comasa <strong>no</strong>rte, asa sul, cabine e corpo. O projeto encantou os gran<strong>de</strong>s arquitetos internacionais queformavam a comissão e levou o prêmio vencedor.http://www.pitoresco.com/espelho/<strong>de</strong>staques/lucio_costa/lucio_costa.htm72


A idéia <strong>da</strong> Nova Capital nascia sob a égi<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esta <strong>de</strong>veria estarimpressa num pla<strong>no</strong> urba<strong>no</strong> contemporâneo e a<strong>de</strong>quado a locali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A comissão queescolheria o Pla<strong>no</strong> era forma<strong>da</strong> pelo Arquiteto Oscar Niemeyer, um representante doInstituto <strong>de</strong> Arquitetos do Brasil, outro, do Clube <strong>de</strong> Engenharia do Brasil, e urbanistasinternacionais. O projeto escolhido foi o <strong>de</strong> Lúcio Costa, Arquiteto e Urbanista <strong>de</strong>stacandoo encontro <strong>de</strong> dois eixos. Para os Urbanistas, um conceito simples e universal.Para estes, Lúcio Costa planejou uma Brasília mo<strong>de</strong>rna, volta<strong>da</strong> para o futuro, masao mesmo tempo "bucólica e urbana, lírica e funcional". Ele elimi<strong>no</strong>u cruzamentos paraque o tráfego dos automóveis fluísse mais livremente, concebeu os prédios resi<strong>de</strong>nciaiscom gabarito uniforme e construídos sobre pilotis para não impedir a circulação <strong>de</strong>pessoas. Uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> rodoviária com amplas aveni<strong>da</strong>s e vasto horizonte, valorizando opaisagismo e os jardins.Po<strong>de</strong>mos dizer que Brasília não tem um Centro, ela é o próprio Centro do DistritoFe<strong>de</strong>ral e do Brasil.3.2.1 Oscar Niemeyer e a Arquitetura Patrimônio Cultural <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>Congresso Nacional em Construçãowww.camara.gov.br/internet/infDoc/.../congresso.htm, acessado em 26/11/2009Falar <strong>de</strong> Oscar Niemeyer é muito difícil, melhor seria mostrar imagens do vastoacervo arquitetônico que criou <strong>no</strong> Brasil e em alguns lugares do mundo. Arquiteto eUrbanista que faz do concreto, material moldável a sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong> em projetar e construirformas sinuosas e curvas estonteantes é a gran<strong>de</strong> expressão <strong>da</strong> Forma Mo<strong>de</strong>rnaarquitetonicamente, <strong>da</strong> Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> como mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> e uma <strong>da</strong>s maiores figuras doséculo vinte.Quando Jusceli<strong>no</strong> Kubitschek assumiu a Presidência <strong>da</strong> República e iniciou oprocesso <strong>de</strong> construção <strong>da</strong> Nova Capital Fe<strong>de</strong>ral, <strong>no</strong>meou, em 1956, Niemeyer como73


Diretor do Departamento <strong>de</strong> Arquitetura <strong>da</strong> Companhia Urbanizadora <strong>da</strong> Nova Capital(NOVACAP), empresa encarrega<strong>da</strong> <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> Brasília.Respeitando o projeto do Pla<strong>no</strong> Piloto <strong>de</strong> Lucio Costa, Niemeyer elaborou um dosmais importantes exemplares <strong>da</strong> arquitetura mundial contemporânea, símbolo maior <strong>da</strong>arquitetura e do urbanismo brasileiros. Projetou, entre outros edifícios e logradouros, oPalácio <strong>da</strong> Alvora<strong>da</strong> – residência oficial do Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República; a Praça dos TrêsPo<strong>de</strong>res; o Congresso Nacional; o Palácio do Planalto, se<strong>de</strong> do gover<strong>no</strong> fe<strong>de</strong>ral, o Palácio<strong>da</strong> Justiça, a Esplana<strong>da</strong> dos Ministérios (1956-1958). Também são <strong>de</strong> sua autoria osprojetos <strong>da</strong> Catedral <strong>de</strong> Brasília (1958-1970); o Palácio dos Arcos (1959-1967), e o TeatroNacional (1960-1963)).Devido ao conjunto <strong>da</strong> obra (Urbanismo e Arquitetura), Brasília foi tomba<strong>da</strong> comoPatrimônio Cultural <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong><strong>de</strong> trinta a<strong>no</strong>s após sua inauguração, numa tentativa <strong>da</strong>preservação <strong>de</strong> uma época, “risca<strong>da</strong>” <strong>no</strong> solo Central do Brasil.4- Região do Botafogo em Goiânia e as Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s Satélites <strong>de</strong> Brasília: os NãoCentros e o valor <strong>da</strong> Terra MercadoriaCientistas analisam o que é um centro geográfico, planejado ou não. Alegam queeste Centro só se torna realmente centro <strong>no</strong> processo histórico. Planejá-lo num Pla<strong>no</strong>Urbanístico, <strong>no</strong> caso <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s-capitais, não significa que, ao longo do tempo, elerealmente se tornará centro. Isto só acontece quando os que vierem habitá-lo oreconhecerem como tal.Alegam que um Centro só existe se houver um Não-Centro.Mas, o que significa tudo isto?Para enten<strong>de</strong>r esta idéia é simples.Desenhe <strong>no</strong> seu ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> um ponto. Olhe-o e verifique que ele não é na<strong>da</strong> mais doque um ponto. Agora, faça ao redor <strong>de</strong>sse ponto um circulo e este se transformará numcentro. Assim, para que ele exista como centro ele precisa <strong>da</strong> periferia geométrica que oconsagre como tal. (VILLAÇA, 1998).Quando falamos <strong>de</strong> centro e periferia em relação à ocupação urbana, não estamosdizendo que, quem mora na periferia é pobre, até porque os condomínios fechados,geralmente, se localizam nas regiões periféricas. Falamos <strong>da</strong> periferia que dá sentido aoCentro.Mas, em relação à história <strong>de</strong> Goiânia e <strong>de</strong> Brasília, os operários, trabalhadores quevieram construí-la, foram geográfica e socialmente, alijados do Centro e expulsos para aperiferia: Região do Botafogo em Goiânia e Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s Satélites em Brasília.Para enten<strong>de</strong>r o porquê <strong>de</strong>ste processo, precisamos enten<strong>de</strong>r o avanço <strong>da</strong>s forçascapitalistas na região central do Brasil. Como é do seu conhecimento, o Capitalismo é umsistema econômico que tem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si a contradição. Esta é o seu motor e faz parte dosistema. Desta forma, quando o Capital olhou mais intensamente para o Centro do Brasilna Era Vargas e posteriormente <strong>no</strong>s outros gover<strong>no</strong>s presi<strong>de</strong>nciais, a Terra passou a ter umvalor comercial maior do que tinha. O chão vermelho do Sertão passou a ter valor <strong>de</strong>Terra-Mercadoria.Com a construção <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, implantação <strong>da</strong> estrutura urbana e viabilização <strong>da</strong>re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes, o valor <strong>de</strong>sta Terra ficou maior, pois a este foi acrescido o valor <strong>da</strong>acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Como é uma região central, a valorização foi, e continua sendo, intensa.74


4.1 Botafogo e Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s SatélitesQuando o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> Goiânia teve início na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1930, vierampara a região mais <strong>de</strong> 4000 trabalhadores, sendo que a maioria do Nor<strong>de</strong>ste. O Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong>Attílio Corrêa Lima não previa um espaço para estes trabalhadores. Eles ocuparam umaregião que ficava “do outro lado do centro”, a região do Botafogo. Esta durante muitotempo foi discrimina<strong>da</strong> pelos moradores <strong>de</strong> Goiânia <strong>de</strong>vido sua origem. Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1940a região foi reconheci<strong>da</strong> oficialmente pelo gover<strong>no</strong> e transforma<strong>da</strong> em bairro conhecidocomo Vila Nova.Na construção <strong>de</strong> Brasília, déca<strong>da</strong>s 1950/1960, aconteceu o mesmo processo. OPla<strong>no</strong> Piloto não previa espaço para os trabalhadores que aceitaram o convite para viver aaventura <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> uma Capital Fe<strong>de</strong>ral.As ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s satélites surgiram pela urgência imposta pelas invasões. O termo<strong>de</strong>signa um conjunto <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s que vivem em função <strong>de</strong> outra. Em junho <strong>de</strong> 1958, nasciaa primeira ci<strong>da</strong><strong>de</strong> satélite, Taguatinga, construí<strong>da</strong> às pressas para abrigar 50.000 pessoas,em sua maioria operários com suas famílias. As Satélites, aos poucos, se transformariamem importantes centros econômicos. Depois <strong>de</strong> Taguatinga, Israel Pinheiro iniciou aconstrução <strong>de</strong> outras Satélites: Sobradinho, Para<strong>no</strong>á e Gama.Para Arrais, geógrafo,Mesmo com as diferenças entre as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s satélites, elassão resultado <strong>da</strong> periferização e fragmentação do tecidourba<strong>no</strong> do Distrito Fe<strong>de</strong>ral. [...] O Distrito Fe<strong>de</strong>ral, emesmo Brasília, está muito distante do eldorado que muitosimaginam. A mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> população tem sidoproporcional à mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos problemas, e o sonho <strong>de</strong>uma capital igualitária se dissolve, na medi<strong>da</strong> que ossucessivos gover<strong>no</strong>s do Distrito Fe<strong>de</strong>ral não colocam comopriori<strong>da</strong><strong>de</strong> uma política social conjunta, que englobe nãoapenas a primeira periferia <strong>de</strong> Brasília, mas também oEntor<strong>no</strong> goia<strong>no</strong> <strong>de</strong> Brasília. (ARRAIS, 2004, p. 148)A região do Entor<strong>no</strong> é um gran<strong>de</strong> exemplo <strong>da</strong> ocupação <strong>da</strong>s forças capitalistas naTerra e sua transformação em mercadoria.75


___________________________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASARRAIS, Ta<strong>de</strong>u Alencar. Geografia Contemporânea <strong>de</strong> Goiás. Goiânia: Vieira, 2004.CAMPOS, Itami. Mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> Capital: Uma estratégia <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r, In BOTELHO, Tarcísio(Org). Goiânia. Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pensa<strong>da</strong>. Goiânia: Editora UFG, 2002.p 170 – 184.FONTANEZI, Janete Roma<strong>no</strong>. Centro Principal <strong>de</strong> uma Capital Planeja<strong>da</strong>: Forma,História e Memória <strong>de</strong> Goiânia (1933-1969). 2004. 209 f. Dissertação (Mestrado emHistória) – Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Humanas e Filosofia, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás,2004.GRAEFF, Edgar Albuquerque. 1983. Goiânia: 50 a<strong>no</strong>s. Goiânia: Editora <strong>da</strong> UCG, 1983.LEPETIT, Bernard. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna na França: ensaio <strong>da</strong> história imediata. InSALGUEIRO, Heliana Angotti (Org.). Por uma <strong>no</strong>va história urbana. Bernard Lepetit.São Paulo: EDUSP, 2001, p. 45 – 85.LIMA. Attlio Corrêa. Relatório - Pla<strong>no</strong> Diretor <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. In. MONTEIRO, OféliaSócrates do Nascimento. Como nasceu Goiânia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1938,136 – 146.________________. Goiânia: a <strong>no</strong>va capital <strong>de</strong> Goiás. Revista <strong>de</strong> Arquitetura eUrbanismo-jan./fev.1937-In. MANSO, Celina Fernan<strong>de</strong>s Almei<strong>da</strong>. Produção do espaçourba<strong>no</strong> <strong>de</strong> Goiânia, pla<strong>no</strong>s e projetos (1933- 1938). 1999. 358 f. Dissertação (Mestrado emArquitetura) – Pontifica Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas. Campinas, 1999, anexos.MENDONÇA, J. G. C. . A Assembléia Constituinte Goiana <strong>de</strong> 1935 e o Mu<strong>da</strong>ncismoCondicionado. 1ª. ed. Goiânia: Editora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás, 2008.MONTEIRO, Ofélia Sócrates do Nascimento. Como nasceu Goiânia. São Paulo: Revistados Tribunais, 1938.SANTA DICA, Agen<strong>da</strong> Cultural, <strong>Secretaria</strong> Municipal <strong>de</strong> Cultura <strong>de</strong> Goiânia. Maio <strong>de</strong>2004, nº 22, não numera<strong>da</strong>.SILVA, Colemar Natal. Goiânia, Origem – Projetos – Concretização. Goiânia: Editora <strong>da</strong>UFG, 1993.VESENTINI, José Willian.A capital <strong>da</strong> geopolítica. 2. ed. São Paulo: Ática, 1987.VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-Urba<strong>no</strong> <strong>no</strong> Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 1998SITES:www.a-enciclopedia-livre.info/?title=Goiáswww.sct.embrapa.br/auni<strong>da</strong><strong>de</strong>/localizacao2.htmhttp://www.pitoresco.com/espelho/<strong>de</strong>staques/lucio_costa/lucio_costa.htmwww.Can<strong>da</strong>go.com.brwww.portalbrasil.net/brasil_ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s_brasilia.htmwww.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia76

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!