Novos temas no ensino de História - Secretaria da Educação
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Governador do Estado <strong>de</strong> GoiásAlci<strong>de</strong>s Rodrigues Filho<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Estado <strong>da</strong> EducaçãoMilca Severi<strong>no</strong> PereiraSuperinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Educação BásicaJosé Luiz DominguesNúcleo <strong>de</strong> Desenvolvimento CurricularFlávia Osório <strong>da</strong> SilvaMaria do Carmo Ribeiro AbreuCoor<strong>de</strong>nadora do Ensi<strong>no</strong> Fun<strong>da</strong>mentalMaria Luíza Batista Bretas VasconcelosGerente Técnico-Pe<strong>da</strong>gógica do 1º ao 9ºa<strong>no</strong>Maria <strong>da</strong> Luz Santos RamosElaboração do DocumentoEquipe do Núcleo <strong>de</strong> DesenvolvimentoCurricularEquipe <strong>de</strong> Apoio Pe<strong>da</strong>gógicoMaria Soraia Borges,Wilmar Alves <strong>da</strong> SilvaEquipe Técnica <strong>da</strong>s SubsecretariasRegionais <strong>de</strong> Educação do Estado <strong>de</strong>GoiásAnápolis, Apareci<strong>da</strong> <strong>de</strong> Goiânia, CamposBelos, Catalão, Ceres, Formosa, Goianésia,Goiás, Goiatuba, Inhumas, Iporá, Itaberaí,Itapaci, Itapuranga, Itumbiara, Jataí, Jussara,Luziânia, Metropolitana, Minaçu, Mineiros,Morrinhos, Palmeiras <strong>de</strong> Goiás, Piracanjuba,Piranhas, Pires do Rio, Planaltina <strong>de</strong> Goiás,Porangatu, Posse, Quirinópolis, Rio Ver<strong>de</strong>,Rubiataba, Santa Helena <strong>de</strong> Goiás, São Luís<strong>de</strong> Montes Belos, São Miguel do Araguaia,Silvânia, Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, UruaçuEquipes escolaresDiretores, secretários, coor<strong>de</strong>nadorespe<strong>da</strong>gógicos, professores, funcionários,alu<strong>no</strong>s, pais e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>Assessoria (6º ao 9º a<strong>no</strong>)Centro <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas emEducação, Cultura e Ação Comunitária(CENPEC)Presi<strong>de</strong>nte do Conselho Administrativo:Maria Alice SetubalSuperinten<strong>de</strong>nte:Maria do Carmo Brant <strong>de</strong> CarvalhoCoor<strong>de</strong>nadora Técnica:Maria Amábile MansuttiGerente <strong>de</strong> Projetos:Anna Helena Altenfel<strong>de</strong>rCoor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> Projeto:Meyri Venci ChieffiAssessoria Pe<strong>da</strong>gógica:Maria José ReginatoAssessoria <strong>da</strong> Coor<strong>de</strong>nação:Adria<strong>no</strong> VieiraAssessoria por área <strong>de</strong> conhecimento:Adria<strong>no</strong> Vieira (Educação Física), AnnaJosephina Ferreira Dorsa (Matemática),Antônio Aparecido Primo (História),Conceição Apareci<strong>da</strong> Cabrini (História),Flávio Augusto Desgranges (Teatro),Humberto Luís <strong>de</strong> Jesus (Matemática), IsabelMarques (Dança), Lenir Morgado <strong>da</strong> Silva(Matemática), Luiza Esmeral<strong>da</strong> Fausti<strong>no</strong>ni(Língua Inglesa), Margarete Artacho <strong>de</strong> AyraMen<strong>de</strong>s (Ciências), Maria Terezinha TelesGuerra (Arte), Silas Martins Junqueira(Geografia)Apoio Administrativo:Solange Jesus <strong>da</strong> SilvaParceriaFun<strong>da</strong>ção Itaú SocialVice-Presi<strong>de</strong>nte: Antonio Jacinto MatiasDiretora: Ana Beatriz PatrícioCoor<strong>de</strong>nadoras do Programa: Isabel CristinaSantana e Maria Carolina Nogueira DiasDocentes <strong>da</strong> UFG, PUC-GO e UEGAdria<strong>no</strong> <strong>de</strong> Melo Ferreira (Ciências/UEG),Agostinho Potencia<strong>no</strong> <strong>de</strong> Souza (LínguaPortuguesa/UFG), Alice Fátima Martins(Artes Visuais/UFG), Anegleyce TeodoroRodrigues (Educação Física/UFG), DarcyCor<strong>de</strong>iro (Ensi<strong>no</strong> Religioso/CIERGO), DeniseÁlvares Campos (CEPAE/UFG), ElianeCarolina <strong>de</strong> Oliveira (Língua Inglesa/UEG),Eduardo Gusmão <strong>de</strong> Quadros (Ensi<strong>no</strong>Religioso/PUC-GO), Eguimar FelícioChaveiro (Geografia/UFG), LucielenaMendonça <strong>de</strong> Lima (Letras/UFG), MariaBethânia S. Santos (Matemática/UFG), NoéFreire San<strong>de</strong>s (História/UFG)Digitação e Formatação <strong>de</strong> Texto (versãopreliminar)Equipes <strong>da</strong>s áreas do Núcleo <strong>de</strong>Desenvolvimento Curricular
ReferênciasABREU, Martha. SOIHET, Rachel. Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> história: conceitos, temáticas emetodologia. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Casa <strong>da</strong> Palavra/FAPERJ, 2003.FREIRE, Paulo. Pe<strong>da</strong>gogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1970.FREIRE, Paulo. Educação como prática <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. São Paulo: Paz e Terra. 1996.SILVA, Marcos. FONSECA, Selva Guimarães. Ensinar história <strong>no</strong> século XXI: em buscado tempo entendido. São Paulo: Papirus, 2007.5
SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO BÁSICASEQUÊNCIA DIDÁTICA: 8º ANO5FESTAS E IDENTIDADE: DO DOCUMENTO PESSOAL AOREGISTRO DA MEMÓRIA COLETIVAEquipe <strong>de</strong> História:Amélia Cristina <strong>da</strong> Rocha Teles 6Janete Roma<strong>no</strong> Fontanezi 7Márcia Apareci<strong>da</strong> Vieira Andra<strong>de</strong> 8Maria Geral<strong>da</strong> <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Moreira 9FESTAS E IDENTIDADE: DO DOCUMENTO PESSOAL AOREGISTRO DA MEMÓRIA COLETIVAEixos TemáticosDiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural: encontros e <strong>de</strong>safios;Mundo dos ci<strong>da</strong>dãos: lutas sociais e conquistas.Terra proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>: po<strong>de</strong>r e resistência.5Disponível em: http://purl.pt/182/1/bad-538-p_JPG/bad-538-p_JPG_08-G-R0072/bad-538-p_0003_rosto_t08-G-R0072.jpg6 Especialista em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC7 Mestre em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC8 Especialista em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC9 Mestre em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC e <strong>da</strong> UEG.6
Expectativas <strong>de</strong> aprendizagem <strong>da</strong> Matriz Curriculari<strong>de</strong>ntificar o patrimônio cultural <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s indígenas e negras do Estado <strong>de</strong>Goiás com vistas a sua valorização;<strong>de</strong>screver os elementos que compõem o patrimônio imaterial do Estado festas,cantigas, culinária...);discutir as representações sociais dos sujeitos coloniais (brancos, negros, índios emulheres) na literatura brasileira em sua fase romântica;refletir sobre os limites <strong>da</strong> soberania política <strong>de</strong> uma nação marca<strong>da</strong> pelocolonialismo.Compreen<strong>de</strong>r os conceitos <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e nação <strong>no</strong> seu cotidia<strong>no</strong>.Recursos Pe<strong>da</strong>gógicos* Aparelho <strong>de</strong> som, cd, papel, cola, barbante, mapas, livros, revistas e internet.Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aulas17 aulasApresentação <strong>da</strong> PropostaEsta sequência didática foi pensa<strong>da</strong> para você professor (a), realizar na sala <strong>de</strong> aulacom estu<strong>da</strong>ntes do 8º a<strong>no</strong> <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> Estadual, na implementação <strong>da</strong> Reorientação Curricularem curso <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> Goiás. O fato <strong>de</strong> o currículo ter sido repensado a partir <strong>de</strong> trêseixos: leitura e escrita; cultura local e cultura juvenil levou a equipe <strong>de</strong> História a pensar osdocumentos e os ritos (festas), como elementos constitutivos <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong>nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>.A sequência preten<strong>de</strong> discutir a representação do Brasil como nação. Assim,escolhemos uma marcha carnavalesca <strong>de</strong> Lamartine Babo, que brinca com a invenção doBrasil. A rica simbologia, reunindo as imagens <strong>de</strong>finidoras <strong>da</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Ceci, Peri,Feijoa<strong>da</strong> e Parati) serviram <strong>de</strong> suporte para pensar essa invenção que <strong>no</strong>s <strong>de</strong>fine e,conforme a música sugere, está cola<strong>da</strong> na imaginação e na festa e não <strong>no</strong>s ritos oficiais7
<strong>de</strong>marcados pela historiografia. A festa, portanto, foi toma<strong>da</strong> como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para<strong>no</strong>ssa reflexão. O acompanhamento dos festejos populares po<strong>de</strong> ser pensado como indício<strong>da</strong> formação <strong>de</strong> um sentido comum, compartilhado pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> formular umsentido <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>. Vale a pena insistir que o conceito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser usadosempre <strong>no</strong> plural, pois ao valorizar o sentido <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> que a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> comporta correseo risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a percepção <strong>da</strong> diferença que impulsiona o sentido <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nçae <strong>da</strong> plurali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Insistindo na marchinha <strong>de</strong> Lamartine Babo, ressalte-se que nela o compositorin<strong>da</strong>ga sobre quem inventou o Brasil, invertendo a tradicional questão que ocupou oshistoriadores: quem e como o Brasil foi <strong>de</strong>scoberto. Assim,a nação aparece comoproblema, para além do discurso do historiador que preten<strong>de</strong> documentar o “nascimento doBrasil”. Nessa direção, indicamos os documentos pessoais como problema parainvestigação: a certidão <strong>de</strong> nascimento, como reconhecimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Ressaltamosas formas e fontes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que legitimavam esses registros: a Igreja e o Estado. Atrajetória histórica <strong>de</strong>sses registros revela formas <strong>de</strong> sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> próprias à dinâmica <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira entre os séculos XIX e XX.Em segui<strong>da</strong> trabalhamos, em largos traços, sobre o processo <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendênciarealçando o sentido <strong>de</strong> ruptura e <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> que marcaram o processo <strong>de</strong> constituiçãodo Estado Nacional. Os documentos selecionados permitem refletir sobre momentosessenciais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do ci<strong>da</strong>dão: o batismo, o casamento e a morte. Neles se apresentampráticas sociais reveladoras <strong>da</strong>s diferentes formas em que os sujeitos sociaisexperimentavam o sentido e o limite <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> que o conceito <strong>de</strong> nação comporta.Tais conceitos po<strong>de</strong>m aju<strong>da</strong>r na compreensão dos aspectos comuns bem como <strong>da</strong>diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> presente na formação <strong>da</strong> Nação como elementos que enriquecem a culturanacional e tornam-se essenciais na formação <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> coletiva e individual.8
SensibilizaçãoProfessor (a), discutir a invenção do Brasil po<strong>de</strong> ser uma estratégia instigante pararefletir sobre a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional que formamos. Essa é uma questão controverti<strong>da</strong>,pois os brasileiros se imaginam unidos em ritos exter<strong>no</strong>s: nas comemorações <strong>de</strong>correntes<strong>da</strong> conquista <strong>da</strong> copa do mundo sentimos que a vitória <strong>da</strong> seleção canarinho pertence atodos nós, brasileiros. E assim <strong>no</strong>s i<strong>de</strong>ntificamos com o que achamos que <strong>no</strong>s representa:o futebol, a feijoa<strong>da</strong>, a música, a literatura. O sentimento coletivo que <strong>no</strong>s unifica comopovo – festas, ritos, cultura – encobre a e<strong>no</strong>rme diferença social que <strong>no</strong>s divi<strong>de</strong>. Enfim, oque po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> é o modo como <strong>no</strong>s imaginamos como nação, umacomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong>finidos por culturas, línguas e um território.A música po<strong>de</strong> ser ouvi<strong>da</strong> <strong>no</strong> site do You tubehttp://www.youtube.com/watch?v=eJH8GlAvhlQ&feature=related e a letra esta disponível <strong>no</strong> sitehttp://vagalume.uol.com.br/lamartine-babo/historia-do-brasil-archacarnaval.html.Professor (a) a sensibilização será realiza<strong>da</strong> por meio <strong>de</strong> uma marchinha <strong>de</strong>carnaval, com a qual se preten<strong>de</strong> discutir a invenção do Brasil enquanto nação.A canção <strong>de</strong>ve ser ouvi<strong>da</strong> e li<strong>da</strong> coletivamente pelo grupo, em segui<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve-se in<strong>da</strong>garsobre o significado <strong>da</strong>s comparações presentes na música a partir dos questionamentos aseguir.História do Brasil (marcha/carnaval)Lamartine BaboComposição: Lamartine Babo - 1934Quem foi que inventou o Brasil?Foi seu Cabral!Foi seu Cabral!No dia vinte e um <strong>de</strong> abrilDois meses <strong>de</strong>pois do carnavalDepoisCeci amou PeriPeri beijou CeciAo som...Ao som do Guarani!Do Guarani ao guaranáSurgiu a feijoa<strong>da</strong>E mais tar<strong>de</strong> o ParatyDepoisCeci virou IaiáPeri virou IoiôDe lá...Pra cá tudo mudou!Passou-se o tempo <strong>da</strong> vovóQuem man<strong>da</strong> é a SeveraE o cavalo Mossoró9
Lamartine Babo - Lamartine <strong>de</strong> Azeredo Babo - o Lalá - nasceu <strong>no</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro em 08 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1904. Foi o mais versátil <strong>de</strong> todos oscompositores do começo do século. Começou a compor aos 14 a<strong>no</strong>s - umavalsa. Quando foi para o Colégio São Bento <strong>de</strong>dicou-se a músicas religiosas -<strong>de</strong>pois foi a vez <strong>da</strong>s operetas. Contudo, ficou conhecido como o Rei doCarnaval, vencendo, por a<strong>no</strong>s consecutivos, com suas marchinhas diverti<strong>da</strong>s -canta<strong>da</strong>s até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega, Grau 10, Lin<strong>da</strong> Morena, e AMarchinha do Gran<strong>de</strong> Galo. Fez também a maioria dos hi<strong>no</strong>s dos gran<strong>de</strong>stimes brasileiros - sendo o primeiríssimo em seu coração, o América.Essa canção fez sucesso <strong>no</strong> carnaval <strong>de</strong> 1934. A marchinha, bem comoo carnaval, brinca com o que é levado a sério para certa concepção <strong>de</strong>conhecimento histórico, afinal, gastou-se muita tinta em tor<strong>no</strong> <strong>da</strong> questão do<strong>de</strong>scobrimento. Mas a brinca<strong>de</strong>ira também revela um modo <strong>de</strong> pensar,sobretudo questiona a representação <strong>de</strong> um acontecimento, <strong>no</strong> caso o chamadoAtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> “<strong>de</strong>scobrimento” 1 do Brasil.Professor (a) você <strong>de</strong>ve explicar o significado <strong>de</strong> representação aos estu<strong>da</strong>ntes. Faletambém sobre a Ópera <strong>de</strong> Carlos Gomes – Guarani. Depois peça que levantem hipótese, váa<strong>no</strong>tando as respostas, monte um painel com as várias falas e verifique se apareceram asdéias <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, nação e representação.• Após a leitura <strong>da</strong> música discuta por que as palavras Ceci, Peri, Guaraná e Parati sãochaves para representar o Brasil.• Discuta também como o personagem Cabral e a referência à Ópera, Guarani po<strong>de</strong>mrepresentar o Brasil.• Para você isso tudo é uma representação <strong>de</strong> nação.Professor (a), solicite aos estu<strong>da</strong>ntes para realizarem uma pesquisa na literaturabrasileira sobre os personagens que aparecem na música.DiagnósticoProfessor (a), o momento do diagnóstico é essencial para observar as “leituras <strong>de</strong>mundo”, para usar uma frase <strong>de</strong> Paulo Freire, que os alu<strong>no</strong>s possuem referentes aosconceitos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, nação e nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Estes saberes, provenientes do sensocomum, não <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scartados, mas servir <strong>de</strong> base para a discussão e ampliação dosconhecimentos sobre o tema.10
Para levantar esses conhecimentos é interessante propor uma situação-problema,pois, como diz Rubem Alves (1985), em Filosofia <strong>da</strong> Ciência, um carro sem problemas não<strong>no</strong>s preocupa, mas quando ele apresenta algum problema, não quer mais an<strong>da</strong>r, que <strong>no</strong>smovimentamos para encontrar a solução do problema. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em sala <strong>de</strong>vem partir<strong>de</strong> uma questão que leve à investigação, discussão e construção coletiva do saber.Nesta sequência didática, o diagnóstico se <strong>da</strong>rá por intermédio <strong>da</strong>s imagens, pormeio <strong>da</strong> qual se verificará o conhecimento prévio dos estu<strong>da</strong>ntes a partir <strong>da</strong> exposição oral<strong>da</strong>s suas idéias sobre i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, nação, nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Professor(a) é bom conversar com os estu<strong>da</strong>ntes, pois elesfazem parte <strong>de</strong> um grupo, e são vistos como pertencentes auma “tribo” (por exemplo, Hip Hop, Dark, Góticos,Metaleiros). Procure saber qual e que elementos osindivíduos que participam <strong>de</strong>ssa tribo compartilham. Vocêtambém po<strong>de</strong> levar para a sala outras imagens locais pararealizar esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que preten<strong>de</strong> refletir um poucosobre a cultura juvenil.1010 Imagem 1- http://alexxavier.files.wordpress.com/2008/02/gralhas_festa_do_pinhao.jpg. Imagem 2 - persivo.blogspot.com11
Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 2Aqui se busca trabalhar com imagens enquanto documento histórico, tendo comofoco a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> do povo brasileiro.Para você trabalhar com os estu<strong>da</strong>ntes as imagens é preciso apresentá-las em umatransparência ou impressas e em segui<strong>da</strong> solicite que i<strong>de</strong>ntifique o que contem ca<strong>da</strong> uma<strong>da</strong>s imagens.O objetivo é verificar se os estu<strong>da</strong>ntes i<strong>de</strong>ntificam aspectos <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong>i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira presentes nas imagens.Peça que olhe e analise individualmente as imagens e veja o que elas retratam.Pergunte aos estu<strong>da</strong>ntes se eles conseguem i<strong>de</strong>ntificar elementos <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong>i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira nas imagens.Vocês já viram algo parecido? Dançam algo semelhante? Com que freqüência?De quais <strong>da</strong>nças vocês mais gostam?O que você enten<strong>de</strong> por i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>?Professor(a) vá a<strong>no</strong>tando as respostas para <strong>de</strong>pois retomá-las em outro momento.Ampliação dos conhecimentosProfessor(a), o diagnóstico foi realizado a partir <strong>da</strong>s imagens <strong>de</strong> festejos para pensara cultura e a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> do povo brasileiro. No texto a seguir, a festa continua sendoelemento importante para pensar a plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> presente nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que formam asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.Nesse momento <strong>da</strong> sequência se <strong>da</strong>rá o contato inicial com os conceitos-chave(nação, i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pendência) conforme se realiza, o trabalho verifique se estáocorrendo a compreensão dos mesmos.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 3 – Trabalhando com o texto “I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e Festas”Professor (a) antes <strong>da</strong> leitura:é interessante promover uma conversa sobre o mesmo, para <strong>de</strong>spertar o interesse,aguçar a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.12
levantar hipóteses sobre o conteúdo, o títulose tem conhecimento sobre o autor (a) e do texto.faça a leitura coletiva do texto. Converse com os estu<strong>da</strong>ntes para <strong>de</strong>stacar asprincipais idéias e a<strong>no</strong>te-as <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>.Durante a leituraProfessor(a) é hora <strong>de</strong> ler o texto I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e festas <strong>de</strong> DAMASCENO, AdrianeÁlvaro. Como o texto é um pouco longo, é interessante que esta leitura seja dialoga<strong>da</strong>,por blocos <strong>de</strong> sentido, <strong>de</strong> forma que após ca<strong>da</strong> bloco lido, você coor<strong>de</strong>na a discussão dogrupo.A seguir, sugerimos um roteiro <strong>de</strong> Leitura:1ª para<strong>da</strong> – No final do 6º parágrafo, promova uma discussão para verificar oentendimento do texto. Peça aos estu<strong>da</strong>ntes que vá a<strong>no</strong>tando o que consi<strong>de</strong>rar maisimportante.2ª para<strong>da</strong> – No final do 10º parágrafo, é interessante você <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> asdiscussões referentes às comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s indígenas <strong>no</strong> Brasil e em Goiás e aos tipos <strong>de</strong>festas realiza<strong>da</strong>s por eles.Você po<strong>de</strong> iniciar um <strong>de</strong>bate também referente as imagens conti<strong>da</strong>s <strong>no</strong> texto.quem é o autor <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> imagem?o que se vê nas imagens?o que elas contam?tem semelhanças e diferenças entre elas?há uma legen<strong>da</strong> nestas imagens?há ligação entre as imagens e o texto?3ª para<strong>da</strong> – até o final do texto.- dê continui<strong>da</strong><strong>de</strong> às discussões sobre festa popular, festas enquanto transmissão <strong>de</strong>valores, patrimônio imaterial.13
I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e festasDAMASCENO, Adriane Álvaro 11Professor (a), antes <strong>de</strong> iniciar a discussão sobrei<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e festas, comentar se é somenteatravés <strong>de</strong> documentos escritos que se conhece ai<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um povo. Fale sabre às festas,ritos, mitos que também constroem a <strong>no</strong>ssai<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>.Você po<strong>de</strong> buscar <strong>no</strong> livro didático subsídiospara a contextualização do momento estu<strong>da</strong>do.Todos nós fazemos aniversário e algumas vezes comemoramos com uma festinha.Festa <strong>de</strong> aniversário diz respeito à comemoração <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso nascimento, mas também secomemora o aniversário <strong>de</strong> diversos eventos.Quando a pessoa produziu algo consi<strong>de</strong>rado muito importante, acreditem secomemora o aniversário <strong>de</strong> morte <strong>de</strong>sta pessoa (a comemoração <strong>da</strong> morte é uma forma <strong>de</strong>enaltecer a vi<strong>da</strong> e as realizações do homenageado). A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que moramos faz aniversário,personagens <strong>de</strong> história em quadrinhos, canal <strong>de</strong> TV, inclusive <strong>no</strong>sso país também fazemaniversário (uns contam a partir do “<strong>de</strong>scobrimento,” outros <strong>da</strong> “in<strong>de</strong>pendência”). Po<strong>de</strong>mosaté fazer uma narrativa histórica tecendo fios que <strong>no</strong>s apontam as festas ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong>história, pois a comemoração <strong>de</strong> um evento como o aniversário faz parte <strong>de</strong> diversasculturas.Comemorar um evento significa or<strong>de</strong>nar as lembranças que pertencem ao conjunto<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos comemorar, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> rememoração, até mesmo a morte <strong>de</strong>alguém, cuja vi<strong>da</strong> marcou um tempo. Os historiadores e jornalistas publicaram refletiram,em agosto <strong>de</strong> 2004 sobre a presença do Presi<strong>de</strong>nte Getúlio Vargas em <strong>no</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,quando completou 50 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> sua morte. No a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2000 comemoramos 500 a<strong>no</strong>s <strong>da</strong><strong>de</strong>scoberta do Brasil. Essas lembranças, diferente dos aniversários <strong>da</strong>s pessoas, sãolembra<strong>da</strong>s por meio <strong>de</strong> pesquisas e do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> que tais <strong>da</strong>tas representem o <strong>no</strong>ssopassado. Lembrar <strong>da</strong>s referências do passado significa reforçar os laços <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>que organizam uma cultura. Esse tipo <strong>de</strong> comemoração faz parte <strong>de</strong> diversas culturas.Se fecharmos os olhos por alguns instantes e pensarmos em festas, seremoscapazes <strong>de</strong> lembrarmos <strong>de</strong> pelo me<strong>no</strong>s três festas que <strong>no</strong>s vêem a mente. A escola tambémtem um calendário só com as <strong>da</strong>tas festivas você sabe quais são?11 Doutoran<strong>da</strong> em Geografia pela UFG.14
Já imagi<strong>no</strong>u se ca<strong>da</strong> pessoa tivesse um jeito próprio <strong>de</strong>contar os dias, os a<strong>no</strong>s? Afinal <strong>de</strong> contas, como seria parafestejar um aniversário? Quantos a<strong>no</strong>s se comemorariam? Senão soubéssemos em que dia estamos e que dia será <strong>da</strong>qui aalgumas semanas, como po<strong>de</strong>ríamos marcar uma festa, umpasseio ou mesmo um teste? Ufa! Que bom que estu<strong>da</strong>mos<strong>no</strong>sso calendário <strong>no</strong> 6º a<strong>no</strong>, lembra? Senão, que tal umapesquisa rápi<strong>da</strong> para po<strong>de</strong>rmos festejar melhor?A festa é um ato social, político e histórico e revela um momento e o espaço <strong>de</strong>comemoração que implica música, <strong>da</strong>nça, brinca<strong>de</strong>iras e até jogos. A festa, como jáfalamos, serve muitas vezes para celebrar <strong>no</strong>sso nascimento ou o reconhecimento <strong>de</strong>alguma coisa, reafirmando <strong>no</strong>ssa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> que é ao mesmo tempo individual e coletiva,não é estanque e sim dinâmica, está sempre em construção assim como a <strong>no</strong>ssa ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.Nós po<strong>de</strong>mos fazer <strong>no</strong>ssa própria lista <strong>de</strong> eventos festivos, ligados à <strong>no</strong>ssa vivência ouvivencia <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssos familiares.Quando se pesquisa sobre festa, vemos que há autores que <strong>de</strong>finem três tipos <strong>de</strong>festas: carnaval, festas dos santos e festas cívicas. Há outros que divi<strong>de</strong>m <strong>de</strong> outra maneira:populares, sagra<strong>da</strong>s, profanas, <strong>de</strong> trabalho ou <strong>de</strong> ócio. Seja qual for a <strong>de</strong><strong>no</strong>minação,sabemos que muitas <strong>de</strong>las estão presentes <strong>no</strong> Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a colônia e foram <strong>de</strong>scritasprimeiramente por memorialistas e por viajantes que vinham ao Brasil conhecer sua fauna,flora e também o povo e seus costumes. Só <strong>de</strong>pois é que alguns jornais passaram a serfonte <strong>de</strong> pesquisa.“Os primeiros jornais surgiram em Goiás <strong>no</strong> século XIX, e neles recolhemos muitas informaçõessobre festas nesse período. No Matutina Meiapontense, porque era <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> chama<strong>da</strong> MeiaPonte, atual Pirenópolis, encontramos algumas <strong>no</strong>tícias sobre festas que você nem é capaz <strong>de</strong>imaginar...Você acredita que em Goiás, muito distante <strong>da</strong> corte do Rio <strong>de</strong> Janeiro, capital doBrasil <strong>da</strong> época, faziam-se festas para comemorar o aniversário do rei, ou <strong>de</strong> sua família,casamentos e batizados, sendo que o rei nunca esteve em Goiás” (Deus e Silva, 2003, p.18).Não po<strong>de</strong>mos esquecer que mesmo antes <strong>da</strong> colonização do Brasil, <strong>de</strong>veria haveruma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> celebrações indígenas. Diante <strong>da</strong> e<strong>no</strong>rme quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> populaçõesindígenas presentes em terras brasileiras, dá para imaginar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> festas que ca<strong>da</strong>uma realizava, afinal “todo dia era dia <strong>de</strong> índio” e seus rituais festivos muitas vezesduravam dias, semanas ou meses.Muitos povos indígenas celebravam e ain<strong>da</strong> celebram a passagem <strong>da</strong> infância paraa puber<strong>da</strong><strong>de</strong> tanto dos meni<strong>no</strong>s quanto <strong>da</strong>s meninas (é que eles não comemoram15
aniversários como nós). Estamos falando do Hetohoky, festa <strong>de</strong> iniciação dos meni<strong>no</strong>s dopovo Karajá, que simboliza a transição <strong>da</strong> fase criança para a fase adulta masculina, on<strong>de</strong> omeni<strong>no</strong> será preparado para <strong>de</strong>senvolver habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> caça, pesca, canto, <strong>da</strong>nça e outras.Durante a festa o meni<strong>no</strong> tem o corpo pintado e cabelo cortado...Fique Ligado:Uma equipe <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Cultural do Tocantins, juntamentecom técnicos do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional– IPHAN, estará acompanhando o ritual dos índios Karajá,na Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Santa Izabel, na ilha do Bananal, que marca apassagem do meni<strong>no</strong> para a fase adulta, conhecido comoHetoroky (lê-se retorrokã, que significa Casa Gran<strong>de</strong>).Oobjetivo <strong>da</strong> visita é fazer a captação <strong>de</strong> imagens do ritual,para o estudo e instrução do processo <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> bensCulturais <strong>de</strong> Natureza Imaterial que constituem oPatrimônio Cultural Brasileiro.Fonte: http://cultura.to.gov.br/<strong>no</strong>ticia.Foto: Emerson Silva. Fonte: in: http://cultura.to.gov.br/<strong>no</strong>ticia.php?id=52Há na <strong>no</strong>ssa formação histórica e social uma gran<strong>de</strong> circulari<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural entre ospovos, por meio <strong>de</strong> gestos, cantos, <strong>da</strong>nças e linguagens. Vocês <strong>de</strong>vem conhecer ou jáouviram falar <strong>de</strong> cateretê ou catira. Estudiosos apontam essas <strong>da</strong>nças <strong>de</strong> origem indígenaadvindos como parte <strong>da</strong> influencia indígena na própria cultura goiana. Outro exemplomarcante é a conga<strong>da</strong>, que mostra a emergência <strong>da</strong> cultura negra <strong>no</strong> território <strong>da</strong> religiãocatólica, on<strong>de</strong> se inaugura uma forma <strong>de</strong> rezar que é cantado e <strong>da</strong>nçado com tons e ritmosafrica<strong>no</strong>s."Catira – Revivendo Memórias";Conga<strong>da</strong> <strong>de</strong> Catalão em Goiânia. Foto: Adriane DamascenaEscola Estadual Washignton Barros França-Jatai - Fonte:http://www.educacao.go.gov.br/educacao/especiais/vivaereviva/jatai/trabalho08.aspA junção inicialmente compulsória <strong>de</strong> indígenas, africa<strong>no</strong>s e portugueses, produziu,além <strong>de</strong> celebres confrontos ao longo <strong>de</strong> séculos, muitos ritmos e festas, tais como aconga<strong>da</strong>, folia <strong>de</strong> reis, festa junina, festa do divi<strong>no</strong>, catira, samba, sussa e tantas outrasformas <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> alegria e resistência.16
“As Festas do Divi<strong>no</strong> <strong>no</strong> Brasil acontecem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, <strong>de</strong> maneiras muito diferentes. Em São Luis doMaranhão, por exemplo, elas são comemora<strong>da</strong>s em terreiros <strong>de</strong> candomblé, chamados <strong>de</strong> Tambor <strong>de</strong> Mina.Em Rondônia, numa região chama<strong>da</strong> Vale do Guaporé, na divisa do Brasil com a Bolívia, essa festa érealiza<strong>da</strong> com procissões em barcos, em que mulheres carregam ban<strong>de</strong>iras do Divi<strong>no</strong>” (Deus eSilva,2003,p.20).Carlos Julião (por volta <strong>de</strong> 1740-1811 ou1814) Cortejo <strong>da</strong> Rainha Negra na Festa <strong>de</strong> Reis.Rugen<strong>da</strong>s. Congado. Fonte: In: pt.wikipedia.org/wiki/Chico_ReiNão po<strong>de</strong>mos esquecer que muitas pessoas e alguns grupos que estão à frente <strong>da</strong>sfestas ditas populares, muitas vezes não tem o domínio <strong>da</strong> escrita. Assim, sua comunicaçãoe registro se dão por meio <strong>de</strong> <strong>da</strong>nças, cantos e muitas rimas para facilitar a memorização.Desta forma, o povo preserva sua memória que é sempre atualiza<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong>s festasque transmitem valores, regras e crenças. Assim, quando festejamos também apren<strong>de</strong>mos eensinamos. É o apren<strong>de</strong>r brincando.Professor/a, nesse momento, retomar a discussão<strong>da</strong> importância <strong>da</strong> leitura e escrita como um direitoe um exercício <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Uma <strong>da</strong> metas <strong>da</strong>Reorientação Curricular como compromisso <strong>de</strong>to<strong>da</strong>s às áreas.O processo <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> conhecimentos por meio <strong>da</strong>s festas é tambémconhecido como educação não formal que se dá por meio <strong>da</strong> tradição oral na qual,geralmente, os mais velhos tem o conhecimento e transmite aos mais <strong>no</strong>vos. Esse tipo <strong>de</strong>prática é comum em populações que não tem o domínio <strong>da</strong> escrita, o que <strong>no</strong>s faz tambémrepensar o que chamamos <strong>de</strong> documentos históricos. Assim, os cantos, as rezas, as cantigas<strong>de</strong> ninar, saberes fornecidos por meio <strong>da</strong> orali<strong>da</strong><strong>de</strong> também são reconhecidos como17
documentos que revelam uma época, um povo, um lugar, portanto, são históricos. Umaoutra barreira também foi quebra<strong>da</strong> quando foram reconheci<strong>da</strong>s as produções <strong>da</strong>spopulações que vinham “escrevendo” sua história, <strong>no</strong>s corpos, <strong>no</strong>s cantos, nas <strong>da</strong>nças, nascomi<strong>da</strong>s, <strong>no</strong>s instrumentos musicais e <strong>de</strong> trabalho e claro nas festas, como patrimônioimaterial.Professor(a), estes textos são para você.Afinal, o que é o patrimônio imaterial?“Patrimônio ImaterialA Unesco <strong>de</strong>fine como Patrimônio Cultural Imaterial "as práticas, representações,expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos,artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, osgrupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante <strong>de</strong>seu patrimônio cultural."O Patrimônio Imaterial é transmitido <strong>de</strong> geração em geração e constantementerecriado pelas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e grupos em função <strong>de</strong> seu ambiente, <strong>de</strong> suainteração com a natureza e <strong>de</strong> sua história, gerando um sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>e continui<strong>da</strong><strong>de</strong>, contribuindo assim para promover o respeito à diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>cultural e à criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana”. (www.iphan.gov.br)O IPHAN E O REGISTRODepois <strong>de</strong> muita discussão e reivindicação política <strong>de</strong> diversos movimentos sociais e órgãos internacionais como aUNESCO. O Estado brasileiro toma para si a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do registro do patrimônio imaterial, por meio doórgão competente que é o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Instituiu para isso oRegistro <strong>de</strong> Bens culturais <strong>de</strong> natureza imaterial, que é materializado em 4 livros: O livro dos saberes, O livro <strong>da</strong>scelebrações, O livro <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> expressões e por fim o livro dos lugares.Saiba mais visitando o site: http://www.revista.iphan.gov.br/e agora, para on<strong>de</strong> vamos?Gran<strong>de</strong>s <strong>no</strong>mes <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa literatura, <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa música, <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa poesia, <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas artes plásticas estãojustamente se voltando para as culturas populares. José <strong>de</strong> Alencar, o romantismo brasileiro, a <strong>de</strong>scoberta dos<strong>no</strong>ssos índios, Eucli<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Cunha escrevendo Os Sertões e trazendo para o Brasil todo o modo <strong>de</strong> ser e viver <strong>da</strong>sgentes dos fundos <strong>da</strong> Bahia, mais tar<strong>de</strong> Mario <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> saindo para o Brasil, pesquisando com equipamentosprecaríssimos os <strong>no</strong>ssos negros, os <strong>no</strong>ssos indígenas, as <strong>no</strong>ssas músicas e festas tradicionais.O movimento que vem do século 19, <strong>de</strong> re<strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas raízes, <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas maneiras indígenas, negras,populares <strong>de</strong> ser, mas <strong>de</strong> certa maneira impermeável à educação.Hoje nós estamos vivendo um momento, não só aqui <strong>no</strong> Brasil, mas em vários lugares do mundo inteiro, nós<strong>de</strong>scobrimos que a única maneira <strong>de</strong> nós <strong>no</strong>s universalizarmos, uma palavra melhor do que globalizar éestabelecermos diálogos entre nós e com aquilo que <strong>no</strong>s é próprio e peculiar, que está na raiz <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>,<strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa maneira <strong>de</strong> ser.Carlos Rodrigues BrandãoFonte: http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/entrevistas/carlos_bran<strong>da</strong>o.htm18
3.1 - Depois <strong>da</strong> leitura do texto “I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e Festas”Professor(a) para fazer uma síntese como está sendo pedido <strong>de</strong>ve-se primeirotrabalhar com os procedimentos <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> imagens (indicado na SD do 7º a<strong>no</strong>). Éimportante você encaminhar a pesquisa sobre a participação <strong>da</strong>s mulheres <strong>no</strong> século XIX.Como sugestão algumas questões para o trabalho: a mulher era excluí<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssas festas ouhavia funções especificas para homens e para mulheres?• com os estu<strong>da</strong>ntes faça uma síntese sobre a leitura <strong>de</strong> imagens.• a autora fala que a comemoração <strong>da</strong>s festas faz parte <strong>de</strong> diversas culturas. Explique isso.• qual o tipo <strong>de</strong> celebração é realizado pelos índios Karajás? Estas celebrações sãoimportantes? Justifique.• a conga<strong>da</strong> é muito conheci<strong>da</strong> em Goiás? Como esta festa chegou aqui? Fale um poucosobre ela.• o que você enten<strong>de</strong> por Festa Popular?• você acha que a tradição oral é importante para o estudo <strong>da</strong>s festas? Explique.• o que é Patrimônio Imaterial?• faça uma lista <strong>da</strong>s festas cita<strong>da</strong>s <strong>no</strong> texto.• pesquise um pouco <strong>da</strong> história <strong>da</strong>s festas cita<strong>da</strong>s que você não conhece.• faça um <strong>de</strong>senho que represente os principais eventos festivos ligados a você e suafamília. Exponha seu <strong>de</strong>senho <strong>no</strong> varal <strong>de</strong> idéias na sala <strong>de</strong> aula.• faça uma pesquisa em trio na biblioteca <strong>da</strong> sua escola, <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e/ou <strong>no</strong> laboratório<strong>de</strong> informática. Como era a participação <strong>da</strong>s mulheres nas festas <strong>de</strong> sua região <strong>no</strong> séculoXlX?• socializar com a turma.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 4 - Festa do Divi<strong>no</strong>.uma pergunta.Professor(a) ao trabalhar com a Festa do Divi<strong>no</strong> é importante que você inicie com• você conhece ou já ouviu falar sobre a Festa do Divi<strong>no</strong>?• leia o trecho do texto do livro <strong>de</strong> Hugo <strong>de</strong> Carvalho Ramos, Tropas e Boia<strong>da</strong>s:“Folias do Divi<strong>no</strong>, com cantorias louvaminheiras <strong>de</strong> crianças à frente <strong>da</strong>s filarmônicas,os peditórios <strong>de</strong> porta em porta por meni<strong>no</strong>s e cavalheiros revestidos <strong>de</strong> balandrau e opaencarna<strong>da</strong>, o cetro, a coroa e a ban<strong>de</strong>ira do Divi<strong>no</strong> passea<strong>da</strong>s <strong>de</strong> lar em lar, aos ósculos19
extáticos <strong>da</strong> multidão e moe<strong>da</strong>s e cédulas que se iam amontoando nas salvas, mal aspodiam apreciar, através <strong>da</strong>s persianas do monastério, a cuja saleta exígua recebiamalgumas freiras o farrancho” (RAMOS, 1998, p.94.)Professor(a) divi<strong>da</strong> a turma em dois grupos para realizar uma pesquisa.• faça uma pesquisa sobre as festas existentes em seu município. Descreva-as.• em segui<strong>da</strong> verifique as semelhanças e diferenças <strong>da</strong>s festas realiza<strong>da</strong>s em sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>com a apresenta<strong>da</strong> <strong>no</strong> livro Tropas e boia<strong>da</strong>s.• peça aos estu<strong>da</strong>ntes para fazer uma síntese <strong>da</strong>s discussões apresenta<strong>da</strong>s.Professor (a) é importante verificar se as festas apresenta<strong>da</strong>s na pesquisa apontamrememorações <strong>de</strong> cunho político, religioso, cívicas, indígenas e afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.• calendário na mão <strong>da</strong>s festas oficiais comemora<strong>da</strong>s na sua escola. Junto com um/umacolega, fiquem atentos a este calendário e façam uma reflexão se to<strong>da</strong>s as etnias <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> estão presentes nas festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que você conseguiu i<strong>de</strong>ntificar. E sua locali<strong>da</strong><strong>de</strong>está bem representa<strong>da</strong>? Ela <strong>de</strong>ve ser incorpora<strong>da</strong> nas <strong>da</strong>tas e eventos escolares? Vamosfazer um <strong>no</strong>vo calendário?Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 5 - SarauProfessor (a) prepare seus alu<strong>no</strong>s para um sarau histórico.O Sarau é uma reunião festiva, geralmente <strong>no</strong>turna, para ouvir música, produçõesliterárias (poesias, causos, histórias...), conversas e <strong>da</strong>nças. Quase sempre é realizado emcasa <strong>de</strong> particulares, on<strong>de</strong> os poetas, músicos, reúnem os amigos e conhecidos paraapresentarem seus textos, músicas ou apenas conversarem.Para realizar o sarau converse antecipa<strong>da</strong>mente com os alu<strong>no</strong>s para <strong>de</strong>cidirem arespeito <strong>da</strong>s letras <strong>da</strong>s musicas locais, regionais, nacionais, <strong>da</strong>s <strong>da</strong>nças típicas,apresentações teatrais ou contadores <strong>de</strong> história e causos. Explique que o objetivo éapresentar aos colegas <strong>de</strong> outras turmas <strong>da</strong> escola um pouco do que apren<strong>de</strong>u sobre asfestivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Para tanto professor (a), faz-se necessário orientar bem os estu<strong>da</strong>ntes nestaativi<strong>da</strong><strong>de</strong>:• planejar a <strong>da</strong>ta, o público que irá assistir, o local <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar;• listar as canções, os poemas, as histórias ou causos,as <strong>da</strong>nças a serem apresentados ao público.20
• realizar votações para <strong>de</strong>cidir a programação do sarau.• faça uma parceria com o professor <strong>de</strong> arte, educação física, Língua Portuguesa (se tiver oprofessor <strong>de</strong> música e bom convidá-lo também) para a montagem do Sarau.• apresentação do sarau.Professor(a) marque o horário e os dias <strong>de</strong> ensaio.Marcar o dia <strong>de</strong> acontecer o sarau. Fazer os convites e enviar para ospais.Realizar a apresentação <strong>no</strong> sarau e <strong>de</strong>pois em sala <strong>de</strong> aula realizarjunto aos alu<strong>no</strong>s uma avaliação do mesmo.Professor (a)as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s anteriores buscam mostrar a relação entre i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> efesta. A seguir abor<strong>da</strong>remos a questão <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> a partir do texto “Documentos comoelemento <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia”?. Nessa direção indicamos como questão para refletir sobre osdocumentos pessoais: a certidão <strong>de</strong> nascimento, como reconhecimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e asformas e fontes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que legitimam esses registros são: a igreja e o Estado.Este enfoque ficará mais claro a partir <strong>da</strong> leitura e análise do texto “Documento comoelemento <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia”?Documentos como elemento <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia?A certidão <strong>de</strong> nascimento é o primeiro documento que to<strong>da</strong> pessoa tem direito legale é por meio <strong>de</strong>la que se dá o reconhecimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. É um documento quecertifica o nascimento <strong>da</strong> pessoa, em registro guar<strong>da</strong>do <strong>no</strong> cartório. Na certidão consta onúmero e a página do livro on<strong>de</strong> o registro foi assentado, a <strong>da</strong>ta, o local e hora donascimento, o sexo, o <strong>no</strong>me <strong>da</strong> pessoa, o <strong>no</strong>me dos pais, do avô e <strong>da</strong> avó, e do <strong>de</strong>clarante,<strong>no</strong>rmalmente o pai que, mediante uma <strong>de</strong>claração do hospital ou <strong>de</strong> um médico, caso ofilho tenha nascido em casa, registra o filho. Com a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> estrutura familiar nemsempre teremos todos estes <strong>da</strong>dos, pois hoje temos diferentes formas <strong>de</strong> convívio familiar.Consta também o <strong>no</strong>me <strong>da</strong>s testemunhas e a <strong>da</strong>ta do registro. Por fim, a assinaturado oficial responsável pelo cartório, com direito a carimbo. Tantas informações sãotranspostas para o papel timbrado em que se vê escrito República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil,Estado tal, Município tal.Esse é um documento que guar<strong>da</strong>mos com cui<strong>da</strong>do. Serve para tudo: matrícula naescola, vacina, hospitais, etc. Por meio <strong>de</strong>le sabemos o que foi <strong>de</strong>clarado sobre <strong>no</strong>ssa21
pessoa, pois não <strong>no</strong>s lembramos <strong>de</strong> na<strong>da</strong> disso. Aparecemos <strong>no</strong> papel com um <strong>no</strong>me que<strong>no</strong>s foi <strong>da</strong>do pelos <strong>no</strong>ssos pais e com as informações por eles registra<strong>da</strong>s. Enfim, é umdocumento <strong>no</strong> duplo sentido: garante que o que foi afirmado por mim é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, edocumenta o ingresso <strong>da</strong> pessoa <strong>no</strong> mundo <strong>da</strong> lei. O cartório é o lugar, <strong>de</strong>finido legalmente,como capaz <strong>de</strong> comprovar a fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> do que foi registrado. Por fim, o papel timbradoafirma: República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil, <strong>de</strong>pois informa o Estado e o município em que sefirmou tal <strong>de</strong>claração.Isso quer dizer que você nasceu em um lugar específico que tem o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> Brasil,uma república fe<strong>de</strong>rativa, e em um Estado Fe<strong>de</strong>rado, por exemplo, Goiás. Muitas vezestemos que informar a nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Nação) e a naturali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Estado) e recorremos, então,ao que está registrado.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 6 – Trabalhando com o texto “Documento como elemento <strong>de</strong>ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia”?Professor (a) organize os estu<strong>da</strong>ntes em duplas para que possam conversar arespeito <strong>da</strong>s questões abaixo. Em segui<strong>da</strong> proponha que respon<strong>da</strong>m <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> as questões.• grife as palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e faça a pesquisa <strong>de</strong> seus significados <strong>no</strong> dicionário.• qual a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> certidão <strong>de</strong> nascimento?• e quem não tem certidão?• A certidão é uma garantia do atendimento aosdireitos?• on<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos os direitos do ci<strong>da</strong>dão?• o que significa viver numa República Fe<strong>de</strong>rativa?• ser nacional, ser natural <strong>de</strong>... O que significa?Professor (a), discutir com osalu<strong>no</strong>s a situação <strong>de</strong> quem nãopossui certidão <strong>de</strong> nascimento,falar <strong>da</strong> Lei N° 9.534/97 quegarante a gratui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sta.Explique o que é uma RepúblicaFe<strong>de</strong>rativa e dê exemplos <strong>de</strong>países que possui esse mo<strong>de</strong>lopolítico.Outra sugestão para discutir aquestão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia é o livroCi<strong>da</strong>dão <strong>de</strong> Papel <strong>de</strong> G.Dimeinstein.• em uma ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversa: discuta a percepção do ci<strong>da</strong>dão como portador <strong>de</strong> direitos.Professor(a) para <strong>da</strong>rmos continui<strong>da</strong><strong>de</strong> aos estudos sobre i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, buscamos umtexto jornalístico <strong>de</strong> caráter informativo para refletirmos a respeito <strong>da</strong> certidão <strong>de</strong>nascimento, enquanto elemento importante para o reconhecimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.Ao realizar a leitura do texto “Crianças sem certidão <strong>de</strong> nascimento em Goiás”, éimportante fazer a antecipação <strong>da</strong> leitura: com base <strong>no</strong> título o que o autor quer apresentar?22
CRIANÇAS SEM CERTIDÃO DE NASCIMENTO EM GOIÁS.Campanha quer atrair 11% sem registroÉrica FerreiraCa<strong>de</strong>r<strong>no</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s- 18/11/2008Em Goiás, 119 comarcas e 258 cartórios <strong>de</strong> Registro Civil estão mobilizados naCampanha Mês pelo Registro Civil, inicia<strong>da</strong> ontem (17), <strong>no</strong> Cartório Antônio Prado, emGoiânia, com a presença do presi<strong>de</strong>nte do Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Goiás (TJ-GO),<strong>de</strong>sembargador José Lenar <strong>de</strong> Melo Ban<strong>de</strong>ira, e o corregedor-geral <strong>da</strong> Justiça <strong>de</strong> Goiás,<strong>de</strong>sembargador Floria<strong>no</strong> Gomes <strong>da</strong> Silva Filho. A campanha, que tem o objetivo <strong>de</strong>erradicar o sub-registro, foi instituí<strong>da</strong> pelo Conselho Nacional <strong>de</strong> Justiça (CNJ) e, emGoiás, é coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> pelo 2º juiz-corregedor Wilson Safatle Faiad.Em 2005, o sub-registro estimado para Goiás foi <strong>de</strong> 14,3%, número maior que amédia nacional, calcula<strong>da</strong> em 11,5%, revela o Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia eEstatística (IBGE). “A falta <strong>de</strong> informação sobre a gratui<strong>da</strong><strong>de</strong> do documento é o gran<strong>de</strong>fator que emperra o registro civil”, <strong>de</strong>clarou o coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> campanha em Goiás.Segundo o juiz-corregedor, a gratui<strong>da</strong><strong>de</strong> do Registro Civil está garanti<strong>da</strong> na Lei9.534/97, que <strong>de</strong>u <strong>no</strong>va re<strong>da</strong>ção ao art. 30 <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Registros Públicos (Lei 6.015/73),isentando a cobrança <strong>de</strong> taxas e emolumentos na emissão <strong>da</strong> certidão <strong>de</strong> nascimento etambém na certidão <strong>de</strong> óbito.O ven<strong>de</strong>dor Geraldo Junior <strong>de</strong> Moraes, 36, foi ao cartório registrar a sua filhaGabriely Pereira <strong>de</strong> Carvalho Moraes, nasci<strong>da</strong> <strong>no</strong> último dia 9. “Acho importantíssima essacampanha porque ain<strong>da</strong> existem pessoas que não sabem <strong>da</strong> gratui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Certidão <strong>de</strong>Nascimento e <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> registrar suas crianças por dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s financeiras”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> oven<strong>de</strong>dor.A certidão <strong>de</strong> nascimento é o passaporte oficial para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, sem ela a pessoanão po<strong>de</strong> retirar outros documentos, não tem acesso aos programas sociais e às políticaspúblicas, não po<strong>de</strong> ingressar na vi<strong>da</strong> escolar e ain<strong>da</strong> ficam comprometi<strong>da</strong>s viagens,vacinações e assistência médica. “Além disso, a ausência do documento dificulta olevantamento <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos ca<strong>da</strong>strais <strong>de</strong> pessoas para que o gover<strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolva campanhassociais efetivas para melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do brasileiro”, <strong>de</strong>staca Faiad.O coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> campanha comentou que os maiores problemas relacionados àfalta <strong>de</strong> registro civil em Goiás ficam <strong>no</strong> interior, como, por exemplo, Niquelândia e23
Cavalcante, que possuem gran<strong>de</strong> extensão territorial, com muitos povoados e zonas ruraisdistantes e <strong>de</strong> difícil acesso. Moraes tem um exemplo em casa. A sua mulher, LucianaPereira <strong>de</strong> Carvalho, nasci<strong>da</strong> na zona rural <strong>de</strong> Firminópolis, só foi registra<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>muitos meses <strong>de</strong> nasci<strong>da</strong>, uma vez que a localização do cartório <strong>de</strong> registros tinhalocalização inviável.Dados do IBGE indicam que todos os a<strong>no</strong>s cerca <strong>de</strong> 500 mil bebês permanecemsem certidão <strong>de</strong> nascimento até o primeiro a<strong>no</strong> <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em 2005, o subregistro estimadopara o País foi <strong>de</strong> 11,5%, o que significou aproxima<strong>da</strong>mente 374.540 crianças sem acertidão <strong>de</strong> nascimento. Entre os Estados brasileiros, os percentuais mais elevados foramobservados em Roraima (37,1%), <strong>no</strong> Amapá (32,1%) e <strong>no</strong> Pará (31,5%). Por outro lado, osmais baixos níveis <strong>de</strong> subregistro ocorreram <strong>no</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral (-1,8%), em São Paulo(1,8%) e <strong>no</strong> Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (3,1%), segundo o IBGE.A campanha, que preten<strong>de</strong> erradicar 100% o subregistro, termina dia 17 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro. Orientações sobre a emissão <strong>de</strong> documentos básicos como Registro Geral (RG),Ca<strong>da</strong>stro <strong>de</strong> Pessoa Física (CPF) e Carteira <strong>de</strong> Trabalho e Previdência Social (CTPS)também serão repassa<strong>da</strong>s à população durante a realização <strong>da</strong> campanha.Fonte: Hoje - 18/11/2008http://www.mp.go.gov.br/portalweb/conteudo.jsp?page=11&pageLink=1&conteudo=<strong>no</strong>ticia/9efcefed4e8633787314b23606386415.html. Acesso em: 27/04/2009Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 7 - Após a leitura do texto Crianças sem certidão <strong>de</strong> nascimento em Goiás.• quais sujeitos sociais estão presentes <strong>no</strong> texto?• quais os espaços citados <strong>no</strong> texto?• <strong>de</strong> que trata o texto?• você conhece alguém que não tenha registro <strong>de</strong> nascimento?• por que o registro é importante?• professor (a), em conjunto com o professor (a) <strong>de</strong> matemática construir um gráfico outabela com os <strong>da</strong>dos disponíveis <strong>no</strong> texto.Professor (a) para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a discussão sobre documentos é necessárioqualificar os vários tipos <strong>de</strong> documentos que conhecemos: documentos escritos (certidão<strong>de</strong> nascimento, <strong>de</strong> batismo, cartas e outros) e não escritos (fotografias, gravuras). Nas24
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ágrafas, que não usam a escrita, a história <strong>da</strong>s pessoas é lembra<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>memória oral, sendo os mais velhos os guardiões do conhecimento sobre seus integrantes,portanto a rememoração do passado também po<strong>de</strong> documentar as vivências <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Na <strong>no</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, a escrita é uma <strong>da</strong>s formas mais comuns <strong>de</strong> registro <strong>da</strong>sexperiências, o que <strong>no</strong>s permite preservar a memória e aju<strong>da</strong> a construir a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>pessoal e social. Por fim temos que <strong>de</strong>ixar claro que os documentos, como fontes para acompreensão do passado, não falam por si mesmos. Interessa, portanto, quais as questõesque po<strong>de</strong>mos formular para o documento em busca <strong>de</strong> respostas para a compreensão <strong>da</strong>relação entre presente e passado e os procedimentos que possam garantir, <strong>de</strong> algum modo,o compromisso <strong>da</strong> história com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, sem que isso implique em veto a subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>presente na prática historiadora.Documentos: a construção do conhecimento em sala <strong>de</strong> aulaRegistros sociaisOs registros oficiais <strong>de</strong>claram apenas o que a lei exige que seja <strong>de</strong>clarado. Vale apena pensar que o Brasil, como nação, tem uma história que se iniciou com ain<strong>de</strong>pendência em 1822: formamos um Império, havia o Rei e os súditos que eramrepresentados pela lei. Entretanto, índios e escravos não eram consi<strong>de</strong>rados portadores <strong>de</strong>direitos. No século XIX, não havia um documento como a certidão <strong>de</strong> nascimento. A Igrejacatólica era responsável pelo registro <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social: o batismo, o casamento e óbito.A Igreja também se preocupava com o batismo <strong>de</strong> negros e índios, finalmente eramalmas que interessavam a religião, mas não tinham direitos. Os escravos eram mercadoriasvendi<strong>da</strong>s em praça pública. Os mercadores, aproveitando-se <strong>da</strong>s guerras tribais na África,passaram a comprar os vencidos transportando-os em massa para América. O registro <strong>da</strong>história pessoal, portanto, está relacionado com a forma como ca<strong>da</strong> povo concebeu para siuma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e uma forma <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 8 – Trabalhando com os documentos <strong>de</strong> épocaProfessor(a) divi<strong>da</strong> a turma em grupo e distribua os documentos. Solicite que faça aleitura e analise os documentos, escolha um representante do grupo para a<strong>no</strong>tar e <strong>de</strong>poisfalar sobre o mesmo para a turma.25
É bom bater um papo com os estu<strong>da</strong>ntes a respeito <strong>da</strong> importância dos documentospara o trabalho <strong>de</strong> estudiosos em uma pesquisa histórica. É necessário verificar a autoria <strong>da</strong>fonte, as <strong>da</strong>tas existentes <strong>no</strong> texto ou documento. Quem escreveu? Qual a finali<strong>da</strong><strong>de</strong>?• faça leitura dos documentos e a<strong>no</strong>te as palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s.• pesquisar o significado <strong>da</strong>s palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e a<strong>no</strong>tar <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>.Documento 1: Certidão <strong>de</strong> Batismo <strong>de</strong> homens livres e <strong>de</strong> escravosO vigário padre Ma<strong>no</strong>el Ribeiro <strong>de</strong> Freitasao primeiro <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> mil oitocentos e quarenta equatro (01.11.1844), baptizei solemnemente e pus osOleos a Mariain<strong>no</strong>cente, filha legítima <strong>de</strong> Antônio <strong>de</strong> S. AnnaCoelhoe Maria Rosa Marques, nasci<strong>da</strong> a <strong>no</strong>ve <strong>de</strong> Maiodo corrente, foram padrinhos Joaquim Francisco<strong>de</strong> Bessa e Anna Thereza dos Reis 12 .Documento 2: Certidão <strong>de</strong> Óbitos<strong>de</strong> homens livres e <strong>de</strong> escravosAos 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1848 falesceo Maria doRozário viúva <strong>de</strong> Joze <strong>da</strong> Silva, <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> 54 an<strong>no</strong>s,par<strong>da</strong>livre: amortalha<strong>da</strong> em hábito branco, digopreto, recommen<strong>da</strong><strong>da</strong> e supulta<strong>da</strong> nesta Matriz.Aos 10 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1848 falesceo Ma<strong>no</strong>el filholegítimo <strong>de</strong> Antonio Lopes, e Anna Firmina, <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> 7 an<strong>no</strong>s, pardo livre, amortalhado em habito branco,recommen<strong>da</strong>do, Sepultado <strong>no</strong> pateo <strong>de</strong>sta Matriz;grátis.Aos 25 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1850 falesceo DomingosAlvares <strong>de</strong> Magalhães, homem, branco, casado comAntonia Eufrazia <strong>de</strong> Olivª., <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 39 an<strong>no</strong>s poucomais, ou me<strong>no</strong>s, morador <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta Villa, on<strong>de</strong> vivia<strong>de</strong> negócio <strong>de</strong> Taverna: amortalhado em hábito preto,recommen<strong>da</strong>do, sepultado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta Matriz 13 .O Vigª. Silvestre Alvares <strong>da</strong> Silva.12 Documento n. 167. Livro <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Batizados <strong>de</strong> Jaraguá – 1836 a 1881. 13 B. Disponível <strong>no</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e EstudosHistóricos do Brasil Central <strong>da</strong> PUC <strong>de</strong> Goiás. Rua 233, N. 141, Setor Universitário.13 Documentos retirados do livro <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Óbitos <strong>de</strong> Jaraguá <strong>de</strong> 1843 a 1860. IPHH-BC/PUC/GO.26
Documento 3: Certidão <strong>de</strong> Casamento <strong>de</strong> homens livres e <strong>de</strong> escravosAos <strong>no</strong>ve <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> mil setecentos e oitenta e três(09.05.1783) nesta Matriz <strong>de</strong> Nossa do Rosário pelas<strong>no</strong>ve horas do dia com Provisão do Reverendo Vigário<strong>da</strong> Vara e minha Licença na presença do ReverendoBernardo Telles <strong>de</strong> Queiroz recebeo em matrimônio porpalavras <strong>de</strong> presente Pedro <strong>da</strong> Silva Moreira, natural<strong>de</strong>sta freguesia, filho legítimo <strong>de</strong> João Pinto <strong>de</strong>Alvarenga e <strong>de</strong> Anna Moreira <strong>da</strong> Silva com ClaraMaria natural <strong>de</strong>sta mesma freguesia e filha <strong>de</strong> Anna <strong>de</strong>Carvalho e <strong>de</strong> Pay incongnito, re receberão as bençõesna forma <strong>de</strong> Ritual, Sendo por testemunhas presentes oTenente João <strong>de</strong> Campos Cardozo e Simão <strong>da</strong> CostaTeixeira que este Com migo assignarão.Aos <strong>de</strong>z, digo, aos trez <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> mil setecentos eoitenta e três nesta Matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora doRosário pelas <strong>de</strong>z horas do dia na presença doReverendo Padre Joaquim Gomes <strong>de</strong> Lima, <strong>da</strong> licençaminha se recebeo em Matrimônio por palavras dopresente na forma <strong>de</strong> Igreja Simplicia<strong>no</strong> Criolo comLuisa criola ambos escravos <strong>de</strong> Dona Teresa Maria <strong>de</strong>Jesus: forão testemunhas Simão <strong>da</strong> Costa, e João LuisCorrea, que aqui assignarão 14 .O vigª. Joze Correa Leitão.Cartas <strong>de</strong> Alforriafol.77]Digo eu Ma<strong>no</strong>el <strong>de</strong> Souza Magalhães queentre os bens livres e <strong>de</strong>sembargados <strong>de</strong> quesou legítimo senhor e possuidor, é uma escravamestiça <strong>de</strong> <strong>no</strong>me Joanna filha <strong>de</strong>minha escrava Helena criola, que agocontaalias tem <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> treze an<strong>no</strong>s,a qual escrava Joanna , <strong>de</strong>ve acompanhar-meatte o dia em que eu a cazarou fallecer, e sendo que a mesma <strong>de</strong>scre[?]e tenha filhos, tanto ella como seus filhosgozarão <strong>da</strong> mesma liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, cuja liber<strong>da</strong><strong>de</strong>é do dia <strong>de</strong> minha morte por diantecomo si <strong>de</strong> ventre livre nascesse; e não[fol.78]não po<strong>de</strong>rão meus her<strong>de</strong>iros prezentes efucturos contradizerem esta liber<strong>da</strong><strong>de</strong> que a faço <strong>de</strong> minha livre vonta<strong>de</strong>sem constrangimento algum, e sim pelomuito amor que lhe tenho pela tercreado como filha, e alem disso me terservido completamente; e havendo duvi<strong>da</strong>14 Documento retirado do livro <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Casamentos <strong>de</strong> Pirenópolis (1768 a 1795). IPHH-BC/PUC/GO.27
sobre o pon<strong>de</strong>rado recebo a dita escrava em minha terça pela quantia<strong>de</strong> cento e vinte mil reis, e <strong>de</strong>claro quepresentemente o posso fazer por possuirbens aun<strong>da</strong>ntes que bem chegãopara esta liber<strong>da</strong><strong>de</strong>: e para tituloman<strong>de</strong>i passar a presente que pediao Senhor Jose Thomaz <strong>de</strong> Aqui<strong>no</strong> [...]Referência Arquivística:LAG/C1ºOF – Livro <strong>de</strong> Notas – Cx 109403/01/1829Eu, abaixo assigna<strong>da</strong>, <strong>de</strong>sejando <strong>da</strong>r uma prova <strong>de</strong> gratidãodo quanto <strong>de</strong>vo a minha escrava Ignacia Africana, <strong>de</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> quarenta a<strong>no</strong>s, pouco mais ou me<strong>no</strong>s, pelamaneira <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> com que me tem servidoaté hoje, d´esta <strong>da</strong>ta em diante tenho resolvido, em conta<strong>de</strong> minha terça, como me faculta as Leis, conce<strong>de</strong>r à referi<strong>da</strong>minha escrava a sua liber<strong>da</strong><strong>de</strong>; com a condiçãoporém <strong>de</strong> me acompanhar até a minha, aliás, até amorte, <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> qual gosará, como se <strong>de</strong> ventre livrenascesse, <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> que pela presente lhe concêdo<strong>de</strong> minha livre e espontanea vonta<strong>de</strong>. E como não saibaler nem escrever pe<strong>de</strong> ao Senhor Ignácio <strong>de</strong> Souza Valladãoeste [...]Referência Arquivística:MAR/C1ºOF- Livro <strong>de</strong> <strong>no</strong>tas – Cx 849 - 16/06/1868 15Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> - 8.1.Professor(a) a seguir algumas questões para trabalhar com os estu<strong>da</strong>ntes tendocomo base os documentos, você po<strong>de</strong> acrescentar outras que achar necessário.• a morte era segui<strong>da</strong> por <strong>de</strong>terminações or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s por quem?• como ocorriam as alforrias? Quais as condições impostas aos escravos para a obtenção <strong>da</strong>alforria?• em quais documentos aparecem à alforria? Como aparece?• como eram enterrados os mortos? On<strong>de</strong> eram enterrados?• você já ouviu falar em mortalha? Justifique.• o que você mais gostou ao fazer a leitura dos documentos? Explique.• quem eram os responsáveis, pelo registro social na época do Império em Goiás?28
Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 9 – “In<strong>de</strong>pendência do Brasil (1822) e organização do EstadoNacional: ser brasileiro, eis a questão”.Professor(a) a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia nacional tem origem na formação do Estadonacional. A partir <strong>da</strong> formação do Estado Nação surge com ele a idéia <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>,uma nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e alguns documentos para comprovar o pertencimento <strong>de</strong> seus ci<strong>da</strong>dãos.No texto a seguir abor<strong>da</strong>remos a in<strong>de</strong>pendência do Brasil e a formação do Estado e <strong>da</strong> idéia<strong>de</strong> nação brasileira.Oriente-os estu<strong>da</strong>ntes para que façam a leitura individual e silenciosa do texto“In<strong>de</strong>pendência do Brasil (1822) e organização do Estado Nacional: ser brasileiro, eis aquestão”, e em segui<strong>da</strong> faça uma discussão coletiva. Peça para comentarem livremente otexto, usando as questões a seguir ou elaborando outras.• apresente o título do texto e solicite aos alu<strong>no</strong>s que apresente hipóteses sobre o mesmo.• quem é o autor do texto? Você conhece?• <strong>de</strong> que trata o texto?In<strong>de</strong>pendência do Brasil (1822) e organização do Estado Nacional:ser brasileiro, eis a questão.SANDES, Noé 16A imaginação nacional organiza, portanto, uma forma <strong>de</strong> conhecimento comum atodos os brasileiros, principalmente por meio <strong>da</strong> história. Finalmente quando po<strong>de</strong>mosfalar do Brasil como nação? A in<strong>de</strong>pendência, em 1822, organiza o Estado Nacional. Antesnão havia propriamente brasileiros. Quem nascia na América portuguesa (Brasil) erai<strong>de</strong>ntificado como súdito do império português, obe<strong>de</strong>cia à legislação portuguesa. Mas aospoucos os portugueses, os do<strong>no</strong>s <strong>de</strong> terras e <strong>de</strong> escravos, ampliaram seus negócios <strong>no</strong>Brasil a tal ponto que não fazia mais sentido retornar ao velho continente: os interesses dosportugueses resi<strong>de</strong>ntes <strong>no</strong> Brasil e em Portugal aos poucos se tornaram distintos e atémesmo opostos. Para os que enriqueceram <strong>no</strong> Brasil importava ven<strong>de</strong>r seus produtosdiretamente ao mundo europeu aumentando seus lucros, enquanto para os habitantes do16 Professor Associado <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> História <strong>da</strong> UFG.29
ei<strong>no</strong> (Portugal) interessava o controle dos negócios comerciais <strong>da</strong> colônia, fonte <strong>de</strong> lucro<strong>da</strong> metrópole. Nesse cenário conflituoso, po<strong>de</strong>-se concluir que os brasileiros queriam sersomente brasileiros e assim estariam livres <strong>da</strong>s or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> PortugalA in<strong>de</strong>pendência, proclama<strong>da</strong> em 1822, é, portanto, um movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong>liber<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica dos gran<strong>de</strong>s proprietários <strong>de</strong> terra. Não se trata propriamente <strong>de</strong> ummovimento contra a metrópole, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1808 o Brasil era o centro do Impérioportuguês. Nesse processo, os escravos e homens pobres livres acompanharam o<strong>de</strong>senrolar dos acontecimentos com gran<strong>de</strong> expectativa, mas foram afastados do centro <strong>da</strong>s<strong>de</strong>cisões, excluídos <strong>da</strong> dimensão <strong>de</strong> agentes históricos.Quem é brasileiro nesse período? Todos os portugueses livres que a<strong>de</strong>rissem ànação que se formava seriam consi<strong>de</strong>rados brasileiros. Escravos e índios eramconsi<strong>de</strong>rados brasileiros? Não. A e<strong>no</strong>rme população <strong>de</strong> escravos e índios ficou <strong>de</strong> fora <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que se formava, portanto não faziam parte do povo brasileiro.A escravidão era consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> pela elite proprietária um mal necessário: índios enegros eram consi<strong>de</strong>rados inferiores, não po<strong>de</strong>riam participar <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional quese formava. Foi necessário um longo período <strong>de</strong> lutas para que a escravidão africana seextinguisse, em 1888, e ain<strong>da</strong> hoje percebemos a <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>, os preconceitos e asatitu<strong>de</strong>s racistas que persistem em <strong>no</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 9.1. Após a leitura do texto proponha aos estu<strong>da</strong>ntes:• grifar as palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e consultar <strong>no</strong> dicionário.• você gostou do texto, que parte achou mais importante?• pergunte quais outros títulos possíveis?• peça para compararem a concepção <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dão em 1822 e hoje, fixando em um quadro assemelhanças e diferenças.• proponha a discussão do significado <strong>de</strong> ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.Professor (a) procure trabalhar a in<strong>de</strong>pendência do Brasil como um processo que se<strong>de</strong>u ao longo <strong>de</strong> vários a<strong>no</strong>s e por meio <strong>de</strong> diferentes estratégias.30
Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 9.2. Produção <strong>de</strong> texto:Professor (a), com base <strong>no</strong> resultado <strong>da</strong>s discussões orientem os estu<strong>da</strong>ntes paraproduzir um texto individual ou em dupla. Para tanto sugerimos a seguinte questão: odocumento é uma i<strong>de</strong>ntificação ci<strong>da</strong>dã?• em segui<strong>da</strong> os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>vem socializar o texto com os colegas, fazendo as <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>sa<strong>no</strong>tações.• o texto final <strong>de</strong>ve ser reescrito pela dupla, observando as a<strong>no</strong>tações/observações eacréscimos feitos pelos colegas e as suas próprias conclusões.• o professor (a) recolhera o texto para realiza as correções dos mesmos.• após a correção do professor, se necessário for, propor uma reescrita.Sistematização do conhecimentoPorque sistematizar?Sistematizar permite uma melhor compreensão <strong>da</strong>s experiências realiza<strong>da</strong>s visandoaperfeiçoar a própria prática <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr do processo, permitindo visualizar avanços ounão, avaliando a própria prática visando a superação <strong>de</strong> repetições rotineiras <strong>de</strong> certasmetodologias e a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> perspectivas em relação ao sentido <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa prática.Quando se fala <strong>de</strong> sistematização estamos <strong>no</strong>s referindo a experiências práticasconcretas, experiências vitais carrega<strong>da</strong>s <strong>de</strong> uma e<strong>no</strong>rme riqueza acumula<strong>da</strong>: <strong>de</strong> elementos,valores e crenças que em ca<strong>da</strong> caso representam processos inéditos e irrepetíveis.“A sistematização é um processo permanente, cumulativo, <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>conhecimento a partir <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa intervenção numa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social como um primeiro nível<strong>de</strong> teorização sobre a prática. Nesse sentido, a sistematização apresenta uma articulaçãoentre a teoria e a prática mostrando como melhorá-la. De outro modo, enriquece, confrontae modifica o conhecimento teórico existente, contribuindo para convertê-lo em umaferramenta realmente útil para enten<strong>de</strong>r e transformar a <strong>no</strong>ssa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>” (SIMON, 2008, p.2) 17 .17 SISTEMATIZAÇÃO DE PROCESSOS PARTICIPATIVOS E EDUCATIVOS - Álvaro Afonso Simon1. Disponível em:br.geocities.com/grupopeap/artigos/Simon_sem_a<strong>no</strong>_RAC.pdf. Acesso em: 15.05.09.31
Professor (a) para a sistematização <strong>de</strong>sta sequência sugerimos:• construção <strong>de</strong> um jornal com informes sobre as festas que se realizam em suaci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Instruções para a construção do jornal:O estu<strong>da</strong>nte po<strong>de</strong>rá aproveitar o texto escrita na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 10 e transformá-lo emartigo. Relacionar a festa como elemento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> construção <strong>da</strong> nação (sempreem sentido plural). Isso po<strong>de</strong> ser feito junto ao professor <strong>de</strong> Língua Portuguesa. Paratrabalhar com jornal é importante discutir o que é jornal – suporte jornal (periódico,semanal, mensal). Nele comportam vários gêneros <strong>de</strong> texto. Ver site:http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/documentos/Bibliped/EnsFundMedio/CicloII/LerEscrever?Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>Orientacaodi<strong>da</strong>tica_historia.pdf.• divi<strong>da</strong> a turma em grupos, ou se preferir trabalhe com todos os estu<strong>da</strong>ntes.• utilize o material disponível (pesquisas, textos, imagens e outras) para construir asreportagens e matérias sobre as festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e ou região. Po<strong>de</strong>m tambémconstruir <strong>no</strong>tícias que gostariam <strong>de</strong> ler um dia. Estas po<strong>de</strong>m ser ilustra<strong>da</strong>s com <strong>de</strong>senhos echarges para enriquecer e complementar a produção.• o <strong>no</strong>me do Jornal po<strong>de</strong> ser escolhido por votação.• o jornal po<strong>de</strong> ser afixado <strong>no</strong> mural <strong>da</strong> escola e ou distribuído para outras turmas e atépara a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> verbas.AvaliaçãoAqui a avaliação é diagnóstica, processual e contínua. É feita por meio <strong>de</strong>observação pontual <strong>no</strong>s <strong>de</strong>bates, registros dos ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s, produções coletivas. Também pormeio <strong>da</strong> participação nas leituras dos textos (diferentes gêneros) individuais, coletivos: <strong>da</strong>leitura <strong>de</strong> mapas <strong>da</strong> consulta na internet, <strong>no</strong>s <strong>de</strong>bates.Sugerimos também um processo <strong>de</strong> autoavaliação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> alu<strong>no</strong>: organize um roteiro paraque ca<strong>da</strong> um possa se autoavaliar.Destaque a importância dos trabalhos coletivos e a postura necessária para que issoaconteça.Sugerimos algumas consi<strong>de</strong>rações que o professor po<strong>de</strong> fazer: por meio <strong>da</strong>sobservações <strong>da</strong> leitura dos trabalhos dos estu<strong>da</strong>ntes:32
• como os estu<strong>da</strong>ntes conseguiram posicionar-se na discussão coletiva?• como os estu<strong>da</strong>ntes construíram o texto?• os estu<strong>da</strong>ntes conseguiram interpretar os documentos (<strong>de</strong> época, canção).• como os estu<strong>da</strong>ntes leram e interpretaram os textos (didáticos expositivo, reportagem)?• como os estu<strong>da</strong>ntes leram e interpretaram as imagens?• quais <strong>no</strong>ções foram construí<strong>da</strong>s e quais os alu<strong>no</strong>s têm dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s?Sugestão <strong>de</strong> leitura para o estu<strong>da</strong>nteSugestão para professor(a)BURKE, Peter, Cultura Popular na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna. Tradução: Denise Bottancran. SãoPaulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1989.ESTEVES, Ângela M. C. M. A festa <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa Senhora D´Abadia e sua importância sócioculturalem Ipameri. Goiânia: 2005. Mo<strong>no</strong>grafia <strong>de</strong> final <strong>de</strong> curso. UCG.NOGUEIRA, Ricardo Augusto. O sertão na visão <strong>de</strong> Bernardo Guimarães. Goiânia: 2005.Mo<strong>no</strong>grafia <strong>de</strong> final <strong>de</strong> curso. UCG.SANDES, Noé Freire. A invenção <strong>da</strong> nação: entre a monarquia e a república. Goiânia:UFG, 2002SILVA, Mônica Martins. A Festa do Divi<strong>no</strong>: Romanização, Patrimônio e Tradição emPirenópolis (1890-1980). Goiânia: Agepel, 2001.Festas Cívicas- http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/55.pdf33
ReferênciasALMEIDA, Jaime <strong>de</strong>. To<strong>da</strong>s as festas. In: SWAIN, Tânia N. (org.) História <strong>no</strong> Plural.Brasília: UNB, 1994.BRANDÃO, Carlos Rodrigues. De tão longe eu venho vindo: símbolos, gestos e rituais docatolicismo popular em Goiás. Goiânia: UFG, 2004.DEUS, Maria do Socorro. & SILVA, Mônica Martins. História <strong>da</strong>s festas e religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>em Goiás. Goiânia: Alternativa, 2003.ITANI, A. Festas e calendários. São Paulo: UNESP, 2003.MEC- SECAD. Apren<strong>de</strong>r e ensinar nas festas populares. Salto para o Futuro. Boletim 02,abril <strong>da</strong> 2007.RAMOS, Hugo <strong>de</strong> Carvalho. Tropas e Boia<strong>da</strong>s. Goiânia: UFG, 1998.SILVA, M Mônica Martins. História, narrativas e representações na escrita do folcloreem Goiás. Fonte: http://www.anpuh.uepg.br/xxiiisimposio/anais/textos/MONICA%20MARTINS%20DA%20SILVA.pdf.Acessado em23/03/2009.34
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOCOORDENAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTALREORIENTAÇÃO CURRICULAR NA PRÁTICASEQUÊNCIA DIDÁTICA DO 9º ANOTerra: ocupação, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r e resistência <strong>no</strong> Brasil Central(1930-1979)Eixo TemáticoDiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural; encontro e <strong>de</strong>safios;Terra proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>: po<strong>de</strong>r e resistência;Mundo dos ci<strong>da</strong>dãos: lutas sociais e conquistas.Equipe <strong>de</strong> História:Amélia Cristina <strong>da</strong> Rocha Teles 18Janete Roma<strong>no</strong> Fontanezi 19Márcia Apareci<strong>da</strong> Vieira Andra<strong>de</strong> 20Maria Geral<strong>da</strong> <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Moreira 2118 Especialista em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC19 Mestre em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC20 Especialista em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC21 Mestre em História, Professora <strong>da</strong> SEDUC e <strong>da</strong> UEG.35
Expectativa <strong>de</strong> aprendizagem <strong>da</strong> Matriz CurricularAvaliar os movimentos sociais <strong>no</strong> campo e na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> como reação ao <strong>de</strong>scaso comque o Estado tratava as questões sociais.I<strong>de</strong>ntificar as ações dos movimentos sociais em favor <strong>da</strong> Reforma Agrária.Avaliar o alcance dos movimentos <strong>de</strong> resistência em Goiás (Trombas e Formoso;Guerrilha do Araguaia).Avaliar os movimentos em <strong>de</strong>fesa dos direitos civis na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60 e <strong>no</strong>s atuais.Reconhecer diferentes fontes históricas: escritas, orais, ico<strong>no</strong>gráficas, imagéticas,materiais e eletrônicas.I<strong>de</strong>ntificar a construção <strong>de</strong> Goiânia e <strong>de</strong> Brasília como parte do processo <strong>de</strong>ocupação do centro-oeste brasileiro.Material necessário e EquipamentosAparelho <strong>de</strong> som, cd, dvd, livros, folha <strong>de</strong> papel sulfite, mapas.Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aulasAproxima<strong>da</strong>mente14 aulas1) Apresentação <strong>da</strong> propostaEsta sequência didática foi pensa<strong>da</strong> para você, professor (a), realizar na sala <strong>de</strong> aulacom estu<strong>da</strong>ntes do 9º a<strong>no</strong> <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> Estadual, na implementação <strong>da</strong> Reorientação Curricularem curso <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> Goiás.A sequência preten<strong>de</strong> discutir os movimentos sociais <strong>da</strong> terra e os seus sujeitos<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> política <strong>de</strong> ocupação dos sertões através <strong>da</strong> “Marcha para Oeste”. Assim,trabalharemos com as seguintes categorias <strong>de</strong> analise: movimentos sociais; reformaagrária; latifúndio; estado; <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social; proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>; posse; ocupação; expansãoagrícola; urbanização; <strong>de</strong>smatamento e cerrado procurando compreen<strong>de</strong>r como esseprocesso interfere atualmente nas relações estabeleci<strong>da</strong>s entre campo e ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.36
Devido à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar recortes historiográficos, optamos por trabalharcom dois eventos importantes que envolvem a terra. O primeiro, uma experiência <strong>de</strong>assentamento realizado pelo Estado Novo que objetivava ocupar a região do Brasil Centrale aten<strong>de</strong>r a uma política <strong>de</strong> segurança nacional do período <strong>de</strong> guerra e a outra o Movimento<strong>de</strong> Camponeses <strong>de</strong> Trombas e Formoso.Tais discussões po<strong>de</strong>m aju<strong>da</strong>r na compreensão dos movimentos ligados a terra e doprocesso <strong>de</strong> ocupação capitalista do centro oeste e sua relação com a construção <strong>da</strong>sci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e a <strong>de</strong>struição do cerrado.2) Sensibilização – Ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> conversaProfessor(a) organize os estu<strong>da</strong>ntes para conversarem sobre a migração, os movimentossociais <strong>da</strong> terra e o cerrado.Você po<strong>de</strong> usar uma pergunta <strong>no</strong>rteadora (On<strong>de</strong> você nasceu?) e em segui<strong>da</strong> expor asquestões abaixo para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à conversa. As perguntas po<strong>de</strong>m ser escritas <strong>no</strong>quadro ou em tarjas <strong>de</strong> papel distribuí<strong>da</strong>s aos estu<strong>da</strong>ntes que <strong>de</strong>vem ler a pergunta queestiverem segurando e começar a falar sobre a mesma e <strong>de</strong>pois passar a vez ao colega.Professor(a) se <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> conversa não surgir a migração do campo para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>e sua relação com a <strong>de</strong>struição do cerrado você <strong>de</strong>ve falar sobre isso com os estu<strong>da</strong>ntes.Movimento Sem Terra (MST) e Sem Teto: você sabe quem é consi<strong>de</strong>rado sem teto?On<strong>de</strong> você mora tem alguém que não possui teto?Você nasceu na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> em que mora? E seus pais? E seus avós? Se não nasceramsabe dizer por que vieram para ci<strong>da</strong><strong>de</strong>?Já ouviram falar a palavra latifúndio? Mo<strong>no</strong>cultura?Já ouviram falar em Cerrado? O que sabem sobre isso?37
3) Diagnóstico: Trabalhando com o Filme “Cadê Profíro” <strong>de</strong> AlanRodriguesProfessor é bom conversar sobre a produção do filme e do assunto tratado.O documentário é uma fonte para o estudo <strong>da</strong> história, é a representação <strong>de</strong> um fato apartir <strong>de</strong> fragmentos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.É importante, contextualizar a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50 em Goiás e a revolta camponesa <strong>de</strong>Trombas e Formoso. Fale um pouco sobre o lí<strong>de</strong>r camponês, José Porfírio <strong>de</strong> Souza.Sugestão para trabalhar com ví<strong>de</strong>oProblematização/motivaçãoNesse instante, preten<strong>de</strong>- se provocar <strong>no</strong> educando o interesse pelo tema, procuretambém propiciar ao grupo conhecimento e /ou informações sobre o conteúdo que seráabor<strong>da</strong>do.Exibição do filme (ví<strong>de</strong>o)Assistir coletivamente o ví<strong>de</strong>oO educando assiste à fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o que fala <strong>da</strong> temática em questão. As cenas retratam areali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> luta social <strong>no</strong> campo levando-o a refletir sobre situações do cotidia<strong>no</strong> e asrelações sociais já estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.Leitura <strong>de</strong> imagem e contextualizaçãoÉ o momento em que o educando estabelecerá correlações entre os conteúdos dotema abor<strong>da</strong>do, as imagens veicula<strong>da</strong>s e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. As imagens são uma representação.Nesse momento, o educador tem vários propósitos:Aguçar o olhar do educando para uma maior exploração e compreensão <strong>da</strong>simagens e dos sons.Estimular a formação <strong>de</strong> um telespectador critico.Levar o educando a <strong>de</strong>screver, refletir e contextualizar as imagens mostra<strong>da</strong>s.Estimular o pensamento, a fala e o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.38
ObjetivoAnalisar a partir do documentário a vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>no</strong> campo e sua luta pela posse<strong>da</strong> terra em Trombas e Formoso <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> Goiás.Ficha técnicaNome do filme documentário “Cadê Profíro?”Gênero: __________________________________________________________________Tempo <strong>de</strong> duração: _________________________________________________________Direção: _________________________________________________________________Produção: ________________________________________________________________A<strong>no</strong> <strong>de</strong> lançamento: ________________________________________________________Cenário: _________________________________________________________________Música: __________________________________________________________________Si<strong>no</strong>pse: _________________________________________________________________Professor(a), a seguir seguem sugestões para trabalhar o filme, enquanto veículo <strong>de</strong>comunicação e documento histórico, você po<strong>de</strong>r acrescentar, modificar ou retirar. A partir<strong>de</strong>stas questões o estu<strong>da</strong>nte constrói conceitos e emite opiniões.Assistindo o ví<strong>de</strong>o Descreva o que<strong>de</strong>scobrimos sobre aquestão <strong>da</strong> terra aoassistir o filme.O documentário exerce bem a suafunção ao trabalhar a questão <strong>da</strong>terra?Quais meios <strong>de</strong> transporte aparecem<strong>no</strong> documentário?Qual a localização geográfica <strong>de</strong>on<strong>de</strong> se passa o documentário?Quais os instrumentos <strong>de</strong> trabalhoque aparecem <strong>no</strong> documentário?Cite-os.Como é retratado o meio ambiente<strong>no</strong> documentário?Quais os agentes sociais que sãoretratados <strong>no</strong> documentário?Descreva a função social e política<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um.E o que <strong>de</strong>ve serpesquisado paramelhor enten<strong>de</strong>r aquestão <strong>da</strong> terra.39
Como era o dia a dia dos homens emulheres retratados <strong>no</strong>documentário?Como era vista a questão <strong>da</strong> terraquando os camponeses chegaram naregião e a mesma questão <strong>no</strong> finaldo documentário?No filme aparece a figura <strong>de</strong> GetúlioVargas e referências a Marcha paraOeste. Comente <strong>de</strong> acordo com ofilme.Quais períodos do século XX ofilme retrata? O que acontece nessesperíodos?Professor(a) <strong>da</strong>ndo continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a discussão sobre os movimentos sociais e a terra,trabalhados <strong>no</strong> documentário “Cadê Profíro?”, a seguir sugerimos um texto para ampliar adiscussão sobre o tema.Proponha aos estu<strong>da</strong>ntes a construção <strong>de</strong> um texto tendo como base os <strong>da</strong>dos do quadroacima. Orientem os estu<strong>da</strong>ntes para produzir um texto individual ou em dupla. Para tantosugerimos a seguinte questão: movimento social <strong>da</strong> terra em Goiás ou <strong>no</strong> seu município.4) Ampliação dos ConhecimentosTrabalhando com o texto: A Colônia Agrícola <strong>de</strong> Goiás● Faça leitura coletiva do texto.● Após a leitura coletiva, converse com os estu<strong>da</strong>ntes sobre a temática conti<strong>da</strong> <strong>no</strong> texto.● Alguém já tinha conhecimento do assunto. Explique.● Faça uma <strong>no</strong>va leitura do texto orientando-os a circular as palavras <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e<strong>de</strong>pois procure <strong>no</strong> dicionário fazendo um glossário.40
A Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> GoiásMaria Geral<strong>da</strong> <strong>de</strong> A. Moreira 22Você já ouviu falar <strong>da</strong> CANG? Bom, a partir <strong>de</strong> agora conversaremos um poucosobre a questão agrária começando pela Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> Goiás (CANG).Esta fazia parte <strong>de</strong> um projeto do Gover<strong>no</strong> Vargas, que na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 40, buscavaimpulsionar a ocupação <strong>da</strong> região central do país através <strong>da</strong> “Marcha para o Oeste”.Nesse período, o mundo vivenciava a 2º Guerra Mundial e o país preocupava-secom a questão <strong>da</strong> segurança nacional, com a ocupação dos “gerais”, assentandocamponeses pobres e construindo estra<strong>da</strong>s para ligar o sertão ao litoral.O assentamento <strong>de</strong> camponeses, não seria “a torto e a direito”, mas, através <strong>da</strong>sColônias Agrícolas Nacionais. A Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> Goiás foi a primeira <strong>de</strong>uma serie <strong>de</strong> oito instala<strong>da</strong>s pelo Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral em vários estados (Amazonas, Pará,Maranhão, Paraná, Mato Grosso (Antiga Ponta Grossa), Minas Gerais e Goiás). A terrapara a instalação <strong>da</strong> CANG foi cedi<strong>da</strong> por meio do Decreto n° 3704, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong>1940, do Gover<strong>no</strong> Estadual ao Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral. Para administrar a CANG, foi <strong>no</strong>meado oengenheiro agrô<strong>no</strong>mo Bernardo Sayão Carvalho <strong>de</strong> Araújo que ficou responsável pela faseinicial do projeto, <strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>da</strong> <strong>de</strong> “<strong>de</strong>sbravamento”. Sayão participou, pessoalmente, <strong>da</strong>escolha do local <strong>de</strong> implantação <strong>da</strong> colônia, as matas do São Patrício, região banha<strong>da</strong> portrês rios: São Patrício (rio que dá <strong>no</strong>me a região), Ver<strong>de</strong> e Almas e, portanto, propicio paraum projeto <strong>de</strong> assentamento que <strong>de</strong>senvolveria a prática <strong>da</strong> agricultura e <strong>da</strong> pecuáriaextensiva; <strong>da</strong> <strong>de</strong>rruba<strong>da</strong> <strong>da</strong> mata, com machados e motos-serra para construir os primeirosalojamentos, para plantar as roças e construir estra<strong>da</strong>s, ligando a colônia aos centrosurba<strong>no</strong>s próximos.A <strong>no</strong>tícia <strong>de</strong> que o gover<strong>no</strong> estava assentando trabalhadores corria <strong>de</strong> boca em bocae via on<strong>da</strong>s do rádio, chegando aos rincões <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> Brasil. Os camponeses, sonhandocom um pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> chão para plantar sem pagar arrendo, nem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> patrões“rumam-se” em direção ao <strong>no</strong>rte <strong>de</strong> Goiás, a pé, a cavalo, <strong>de</strong> ca<strong>no</strong>a ou em “pau-<strong>de</strong>-arara”.Os trabalhadores que não conseguiram se instalar na CANG ocuparam as terras <strong>de</strong>volutas<strong>da</strong> região, terras especialmente férteis e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> riqueza florestal, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os a<strong>no</strong>s 20 jáatraíam imigrantes.22 Mestre em História, professora <strong>da</strong> SEDUC e <strong>da</strong> UEG/Anápolis. Pesquisadora do Grupo <strong>de</strong> Estudos do Caribe do CNPQ.41
Chegando a região do São Patrício, os camponeses se <strong>de</strong>paravam com uma lista <strong>de</strong>requisitos, <strong>no</strong>s quais teriam que se enquadrar para pleitear um lote na CANG, como: serbrasileiro, maior <strong>de</strong> 18 a<strong>no</strong>s, não possuir terra, ser reconheci<strong>da</strong>mente pobre, possuiraptidões para o trabalho <strong>no</strong> campo e ser casado. Os selecionados receberiam gratuitamenteos lotes <strong>de</strong> 26 a 32 hectares <strong>de</strong> terra e assistência do Estado. Os colo<strong>no</strong>s não po<strong>de</strong>riam, <strong>no</strong>entanto, ven<strong>de</strong>r, nem <strong>de</strong>smatar to<strong>da</strong> a área recebi<strong>da</strong>. As promessas do estado eram muitas,mas poucas se concretizaram levando ao insucesso, praticamente, to<strong>da</strong>s as colônias. Esse<strong>de</strong>scaso do estado para com as colônias é <strong>de</strong>nunciado em 1951 através <strong>de</strong> um manifestoque <strong>de</strong>monstra a situação na qual se encontravam os trabalhadores <strong>da</strong> CANG....passamos o a<strong>no</strong> inteiro trabalhando em <strong>no</strong>ssas roças <strong>de</strong>baixo do sol e <strong>da</strong>chuva, sofrendo maleita e outras doenças. Não recebemos nenhuma aju<strong>da</strong><strong>da</strong> administração <strong>da</strong> colônia, nem do gover<strong>no</strong>... não recebemos máquinas,ferramentas, sementes, remédios, não temos crédito... agora chegou acolheita, irmãos lavradores, e muitos <strong>de</strong> nós estamos per<strong>de</strong>ndo <strong>no</strong>ssoarroz porque não temos dinheiro para arranjar peão 23 .Os trabalhadores que não se encaixavam nas <strong>no</strong>rmas ou não quisessem ficar naCANG, passavam a ocupar as terras próximas ou distantes, como as <strong>da</strong> região <strong>da</strong>s Trombas(atualmente municípios <strong>de</strong> Trombas e Formoso).Devido a diversos problemas, a colônia foi extinta em 1955. Da transformação <strong>da</strong>mata tosca e fértil em espaços cultivados ou não, surgiram aglomerados urba<strong>no</strong>s que foram<strong>de</strong><strong>no</strong>minados <strong>de</strong> Ceres 24 (<strong>de</strong>usa <strong>da</strong> agricultura) e Rialma, situa<strong>da</strong>s na região do <strong>no</strong>rte <strong>de</strong>Goiás. “Embora com muitos <strong>de</strong> seus objetivos iniciais frustrados, a CANG teve um papelsignificativo em termos <strong>de</strong> ocupação e expansão <strong>da</strong>s fronteiras agrícolas 25 ”.Goiás.Agora que você já sabe um pouco sobre a CANG vamos localizá-la <strong>no</strong> mapa <strong>de</strong>Professor(a) você po<strong>de</strong> distribuir os mapas para os estu<strong>da</strong>ntes ou colocar em umatransparência para mostrar os espaços analisados <strong>no</strong> texto.23 Manifesto do Partido Comunista aos Camponeses <strong>da</strong> Colônia em 1951. In: PESSOA, Jadir <strong>de</strong> M. . A igreja <strong>da</strong> <strong>de</strong>nuncia e o silenciodo fiel : um estudo antropológico sobre as relações entre uma igreja católica pos-conciliar e os diferentes grupos e praticasdo catolicismo popular na região <strong>de</strong> Ceres, em Goiás. Dissertação <strong>de</strong> mestrado em Antropologia Social. Campinas: Unicamp,1990.24 O surgimento <strong>de</strong> um núcleo urba<strong>no</strong>, a partir <strong>da</strong> se<strong>de</strong> <strong>da</strong> colônia, já era previsto <strong>no</strong> <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>sta em 1941.25 REVISTA DA ACICER. Bernando Sayão, o homem que iniciou a história. Edição histórica: 1999-2000. Ceres: A<strong>no</strong> 1 nº1.Abril <strong>de</strong> 2000. p. 542
● Solicite aos estu<strong>da</strong>ntes para fazerem uma leitura e analise <strong>da</strong> representação cartográficaabaixo e a<strong>no</strong>tar o que acharem importante.● Peça para elaborarem uma legen<strong>da</strong> para o mapa <strong>de</strong> acordo com a leitura do texto e <strong>da</strong>analise <strong>da</strong> representação cartográfica.Professor(a), saber ler mapas permite que os estu<strong>da</strong>ntes enten<strong>da</strong>m diversos fatos efenôme<strong>no</strong>s que o auxiliam a compreen<strong>de</strong>r e atuar em uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Aleitura inicia com a <strong>de</strong>codificação, para isso, é necessário que o estu<strong>da</strong>nte:● construa o significado <strong>da</strong>s legen<strong>da</strong>s que representam os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>;● construa e interprete diferentes tipos <strong>de</strong> gráficos.● conheça as visões oblíqua, vertical e lateral;● construa a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> escala compreen<strong>de</strong>ndo que se trata <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> proporção;● construa <strong>no</strong>ções <strong>de</strong> orientação e <strong>de</strong> localização;Na leitura <strong>de</strong> mapas e plantas, é importante que o alu<strong>no</strong> apren<strong>da</strong> a interpretar asinformações e a estabelecer relações. Uma <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> ajudá-lo na construção <strong>de</strong>stacompetência é, por exemplo, a produção <strong>de</strong> um texto informativo a partir dos <strong>da</strong>dosapresentados.Professor(a) se necessário solicite a aju<strong>da</strong> do professor(a) <strong>de</strong> geografia para realizar estetrabalho com mapas.43
1- Mapa <strong>de</strong> Goiás com as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ceres, Rialma e Formoso.2626 http://www.agroecologica.tur.br/up/mapas/jat/mapa_goias.jpg. Acesso em: 13.01.1044
2- Mapa <strong>de</strong> localização <strong>da</strong> CANG (localizar as estra<strong>da</strong>s, as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o acampamento)27Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Leitura dos mapas● Faça a leitura <strong>da</strong> representação cartográfica, tendo como referência o texto e o mapa 2 ea<strong>no</strong>te tudo que você consi<strong>de</strong>rar importante <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>.● Com to<strong>da</strong>s as informações referentes aos dois mapas, crie uma tabela retratando ospontos positivos e negativos em relação à CANG.27 In: PESSOA, Jadir <strong>de</strong> M. A igreja <strong>da</strong> <strong>de</strong>nuncia e o silencio do fiel: um estudo antropológico sobre as relações entre umaigreja católica pos-conciliar e os diferentes grupos e praticas do catolicismo popular na região <strong>de</strong> Ceres, em Goiás.Dissertação <strong>de</strong> mestrado em Antropologia Social. Campinas: Unicamp, 199045
Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa: Marcha para OesteProfessor(a) organize a turma para realizarem uma pesquisa sobre a “Marcha paraOeste” na biblioteca <strong>da</strong> escola ou <strong>no</strong> laboratório <strong>de</strong> informática. Relacione a Marcha paraOeste com a ocupação <strong>da</strong> região central do Brasil <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> Vargas, em especial <strong>no</strong>Estado Novo (1937-1945). Esse movimento <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas frentes <strong>de</strong> expansão foiacompanhado <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças fun<strong>da</strong>mentais na or<strong>de</strong>nação territorial do Estado <strong>de</strong> Goiás, coma mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> capital <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás para Goiânia e com a construção <strong>de</strong> Brasília. Oprocesso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização avançava <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> para o campo, valorizando as áreas docerrado 28 .Estabeleça com eles os pontos <strong>da</strong> pesquisa, <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> entrega e <strong>da</strong> socialização.Estabeleça um paralelo entre a agricultura na época <strong>da</strong> Colônia Agrícola em Goiás,com a que hoje predomina na região, atento para a <strong>no</strong>va relação entre o espaço urba<strong>no</strong> erural.Faça uma relação entre a pecuária na Colônia Agrícola <strong>de</strong> Goiás e a pecuáriapratica<strong>da</strong> nas fazen<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s dias <strong>de</strong> hoje.Discuta como era retrata<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> posse <strong>da</strong> terra, tendo como base o texto.Professor(a) agora que os estu<strong>da</strong>ntes já conhecem a história <strong>da</strong> CANG, você po<strong>de</strong>iniciar a discussão sobre a Revolta <strong>de</strong> Trombas e Formoso, pois o processo <strong>de</strong> migraçãoque <strong>de</strong>u origem à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>pois ocasio<strong>no</strong>u a revolta teve início com a intensamigração em função <strong>da</strong>s <strong>no</strong>tícias <strong>de</strong> assentamento <strong>de</strong> camponeses em Goiás.Leitura do texto “Escrevendo certo por linhas tortas: a revolta camponesa <strong>de</strong>Trombas e Formoso”Professor (a) proponha aos estu<strong>da</strong>ntes antes <strong>da</strong> leitura do texto, uma conversasobre o mesmo, para <strong>de</strong>spertar o interesse, aguçar a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso,levantar hipóteses sobre o conteúdo; o título; se tem conhecimento do autor (a) e dotexto.Ao fazer a leitura do texto, oriente-os para que risquem as palavras<strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s e procurem seu significado <strong>no</strong> glossário e <strong>no</strong> dicionário.28 Professor(a) esse tema é abor<strong>da</strong>do <strong>no</strong> texto em anexo.46
ESCREVENDO CERTO POR LINHAS TORTAS: A REVOLTA CAMPONESA DETROMBAS E FORMOSORenato Dias <strong>de</strong> Souza 29Em Goiás é <strong>no</strong> campo, como em outras regiões do país, que temos as raízes <strong>da</strong>s lutassociais. Foi na beira <strong>de</strong> córregos que <strong>no</strong>ssos antepassados buscavam água, lavavam suasroupas, erguiam seus ranchos e serviam-se dos recursos naturais para o atendimento <strong>da</strong>ssuas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Nas manhãs e tar<strong>de</strong>s tinham que pegar <strong>no</strong> cabo <strong>da</strong> “sem graça”, suando<strong>no</strong> dia-a-dia para tirar <strong>da</strong> li<strong>da</strong> na terra seu sustento e as condições para criar seus filhos.Nas <strong>no</strong>ites <strong>da</strong>nçavam, cantavam e contavam histórias em ro<strong>da</strong>s. Um tempo em queacor<strong>da</strong>va-se cedo, “dormia-se com as galinhas” e muitos acreditavam ser joguetes nasmãos <strong>de</strong> Deus.Em Trombas e Formoso, <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte <strong>de</strong> Goiás, foi em meio a essas circunstâncias que oscamponeses <strong>de</strong>cidiram “escrever” sua própria história e resistir à expulsão <strong>da</strong>s suas“posses”. Nos <strong>de</strong>ram um <strong>no</strong>vo capítulo nas lutas sociais em que a posse <strong>da</strong> terra era oobjetivo principal. Foram antecedidos por Canudos (1896-1897) na Bahia, Contestado(1912-1916) entre Santa Catarina e Paraná, e tantos outros.Na revolta camponesa <strong>de</strong> Trombas e Formoso entre os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 1950-1964 a organizaçãodo campesinato surpreen<strong>de</strong>u o país em um tempo em que se dizia: “Deus escreve certo porlinhas tortas”. Porém, em condições adversas os camponeses <strong>de</strong>monstraram que são oshomens e mulheres que fazem a história e a partir <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana e dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>senfrenta<strong>da</strong>s na roça se organizaram para a luta. Mutirões e “traições”, aspectos <strong>da</strong> culturacamponesa, foram fun<strong>da</strong>mentais na construção <strong>de</strong> soluções para os problemas queenfrentavam.Eram imigrantes que tomaram o caminho <strong>de</strong> Trombas e Formoso sonhando conquistar“terra para trabalhar”. Chegaram à região após ser explorados, expulsos <strong>de</strong> outrasproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou não ter encontrado lugar na Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> Goiás (CANG).Tinham a expectativa <strong>de</strong> não viver “mais do mesmo” e construir uma vi<strong>da</strong> livre <strong>da</strong>exploração promovi<strong>da</strong> pelos gran<strong>de</strong>s proprietários rurais. Defen<strong>de</strong>ram seu direito às “terraslivres” contrariando quem pretendia cobrar-lhes o arrendo e viver do suor do camponês.Portanto não se sujeitaram a vonta<strong>de</strong> dos fazen<strong>de</strong>iros que <strong>de</strong>cidiram expulsá-los e com issoter “terra para cercar” esten<strong>de</strong>ndo o tamanho <strong>da</strong> sua proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> para explorar outros ouven<strong>de</strong>r terras.Estavam <strong>de</strong>cididos a resistir já que haviam chegado até ali, sabiam ter direito às terras<strong>de</strong>volutas e foram atraídos pelas propagan<strong>da</strong>s dos gover<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Getúlio Vargas para o“povoamento” do oeste do país. O sonho <strong>de</strong> se livrar <strong>da</strong> exploração que os gran<strong>de</strong>sproprietários <strong>de</strong> terras lhes impunham com a cobrança do arrendo e a expectativa <strong>de</strong> <strong>da</strong>rcontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> à existência <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> <strong>no</strong> campo fez com que procurassem to<strong>da</strong>s as formaspara se manter camponeses, o que quer dizer, ter acesso à terra, po<strong>de</strong>r trabalhar com suafamília, produzir para o atendimento <strong>da</strong>s suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e ter auto<strong>no</strong>mia para gerir seutempo <strong>de</strong> trabalho <strong>no</strong> campo.29 Historiador formado na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás (UEG) e mestrando em História pelaUniversi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (UFG).47
Em todo o Brasil, temos terras <strong>de</strong>volutas que os camponeses ocuparam, ergueram seusranchos, começaram a cultivar e colher. Dando-lhes importância por seu valor <strong>de</strong> uso, ouseja, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se retirar <strong>de</strong>la o produto necessário para o atendimento <strong>da</strong>s suasnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Os levando-os a pegar <strong>no</strong> “pau furado” para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>rcontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> a sua existência <strong>no</strong> campo. Uma situação <strong>de</strong> conflitos em que a realização doobjetivo dos camponeses entrava em contradição com os interesses dos fazen<strong>de</strong>iros que<strong>da</strong>vam importância a terra por seu valor <strong>de</strong> troca, <strong>no</strong> caso, sua utilização como mercadoriaque possibilitasse acumular ren<strong>da</strong> e concentrar a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> terra.No primeiro momento a revolta camponesa <strong>de</strong> Trombas e Formoso é caracteriza<strong>da</strong> pelaresistência espontânea contra a cobrança do arrendo e a luta pela posse <strong>da</strong> terra (1950-1954). Tanto que José Firmi<strong>no</strong> (Formoso) e José Porfírio (Trombas) foramrespectivamente à Goiânia e ao Rio <strong>de</strong> Janeiro buscar garantias legais para que eles e osoutros pu<strong>de</strong>ssem continuar nas suas posses.Certo dia os fazen<strong>de</strong>iros tentaram obrigar Nego Carreiro a pagar o arrendo ou sair <strong>da</strong>sterras. Na companhia <strong>de</strong> jagunços e <strong>da</strong> polícia militar foram até seu rancho e quando osargento Nelson ameaçou sacar sua arma contra esse camponês ele se antecipou a ação dopolicial e <strong>de</strong>sferiu um tiro que levou a morte do sargento. Então a luta arma<strong>da</strong> se espalhouna região, motivando outros a resistir e unirem-se contra a expulsão. O episódio foi umareação a queima <strong>de</strong> ranchos, mortes e expulsões <strong>da</strong> terra promovi<strong>da</strong>s contra oscamponeses. Foi a luta arma<strong>da</strong> produto <strong>de</strong>ssas circunstâncias “tortas” em que seencontravam e toparam o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> “escrever” sua história, como escrevemos a <strong>no</strong>ssa diaa-dia.Juntaram-se a esses camponeses membros do Partido Comunista Brasileiro; João Soares,Geraldo Marques, José Ribeiro e Dirce Machado. Participaram <strong>da</strong> criação dos Conselhos<strong>de</strong> Córregos, <strong>da</strong> Associação <strong>de</strong> Lavradores, a mobilização <strong>da</strong> imprensa e outros recursosque lhes possibilitassem permanecer na terra. O segundo momento (1954-1958) se inicioucom a atuação do Partido Comunista Brasileiro na revolta arma<strong>da</strong> inicia<strong>da</strong> peloscamponeses contra os fazen<strong>de</strong>iros. Nesse período ocorreu a Batalha do Tataíra, umatentativa <strong>de</strong> invasão <strong>da</strong> polícia e dos jagunços na região, que pretendia expulsar oscamponeses. Porém, esses saíram vencedores e se espalhou a <strong>no</strong>tícia <strong>de</strong> que estavamorganizados e não pretendiam abandonar suas posses.Apesar <strong>de</strong> ter havido momentos <strong>de</strong> tréguas a situação ficava insuportável <strong>no</strong>s períodos <strong>da</strong>scolheitas quando os fazen<strong>de</strong>iros, grileiros, procuravam tomar dos camponeses suaprodução. Foi sua teimosia em não abandonar a terra fun<strong>da</strong>mental para em um terceiromomento exercerem o gover<strong>no</strong> <strong>da</strong> região através <strong>da</strong> Associação <strong>de</strong> Lavradores e dosConselhos <strong>de</strong> Córregos. Quando tomavam as <strong>de</strong>cisões políticas acerca dos caminhos paraaten<strong>de</strong>r suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>no</strong> território que conquistaram. Esse períodoficou conhecido como a “república camponesa <strong>de</strong> Formoso e Trombas” e durouaproxima<strong>da</strong>mente <strong>de</strong> 1958-1964. Representou a vitória sobre esses gran<strong>de</strong>s proprietáriosrurais <strong>de</strong> Porangatu, Uruaçu, e advogados que tomavam parte na trama contra oscamponeses.No período em que governaram a região também ocorreram conflitos entre osCamponeses e o Partido Comunista Brasileiro. Houve aqueles que com a garantia <strong>da</strong>proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> terra após a luta arma<strong>da</strong> passaram a agir como fazen<strong>de</strong>iros que buscavam48
“terra para cercar”.Cooperativas, exploração do trabalho <strong>de</strong> outros, produzir para aten<strong>de</strong>ros interesses do mercado, ter mais terras e a aproximação com o gover<strong>no</strong> Mauro Borges(1961-1964) que reprimiu violentamente a luta <strong>de</strong> outros camponeses pela posse <strong>da</strong> terra,são alguns exemplos <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças pelas quais passou Trombas e Formoso. Foramcoloca<strong>da</strong>s em segundo pla<strong>no</strong> as práticas <strong>de</strong> participação direta nas <strong>de</strong>cisões sobre a vi<strong>da</strong>social <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> pelos Conselhos <strong>de</strong> Córregos e a Associação <strong>de</strong> Lavradores.Contribuindo na <strong>de</strong>rrota <strong>de</strong>finitiva do campesinato <strong>de</strong> Trombas e Formoso que foicomplementa<strong>da</strong> pela vitória do autoritarismo militar com o golpe <strong>de</strong> 1964. Levando aexpulsão <strong>de</strong> camponeses e um <strong>no</strong>vo momento <strong>de</strong> concentração <strong>da</strong> terra nas mãos <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s proprietários.Fica ligado, Uai ! (glossário)Arrendo: parte <strong>da</strong> produção, um aluguel, cobrado pelo suposto proprietário <strong>da</strong> terra paraque outro possa utilizá-la.Dormir com as galinhas: dormir cedo, poucas horas após o pôr do sol.Grileiro: falsificador que procura se tornar do<strong>no</strong> <strong>de</strong> terras através <strong>de</strong> documentos falsos oucom isso busca favorecer a outros.Joguetes: instrumentos manipulados e para o divertimento <strong>de</strong> quem o manipula.Mutirões: ocasião em que se reuniam vários camponeses para aju<strong>da</strong>r o vizinho na li<strong>da</strong>diária <strong>da</strong> roça. Depois <strong>de</strong> trabalhar juntos durante todo o dia geralmente faziam festas ecomemoravam.Pau furado: apelido <strong>da</strong>do a armas como as carabinas, por exemplo.Posse: o direito <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> ou a faixa <strong>de</strong> terra que se é proprietário e que tinha comofunção produzir para o atendimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> família camponesa.Sem graça: apelido <strong>da</strong>do à enxa<strong>da</strong>.Terras livres: terra vaga, <strong>de</strong>sabita<strong>da</strong>, <strong>de</strong>socupa<strong>da</strong>, improdutiva e o mesmo que terras<strong>de</strong>volutas.Traição: espécie <strong>de</strong> mutirão que se diferenciava pelo segredo que envolvia sua preparaçãoe a surpresa que provocava em quem recebia o auxílio dos <strong>de</strong>mais camponeses. Só se<strong>de</strong>scobria a “armação” quando sua casa se enchia <strong>de</strong> vizinhos que chegavam para trabalhare aju<strong>da</strong>r nas tarefas <strong>da</strong> roça o camponês que precisava.Após a leitura do texto:Professor(a) é importante você usar o livro didático para contextualizar a Era Vargas,Partido Comunista Brasileiro. Explique aos estu<strong>da</strong>ntes o significado histórico <strong>da</strong>cooperativa.49
Professor (a), após a leitura aju<strong>de</strong> os estu<strong>da</strong>ntes:● fazer uma tabela com os sujeitos históricos e sociais presentes <strong>no</strong> texto e analisar <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>um.● fazer um <strong>de</strong>senho representando as marcações <strong>de</strong> tempo presentes <strong>no</strong> texto.● i<strong>de</strong>ntificar e registrar quais são os espaços citados <strong>no</strong> texto? Localize-os em um mapa.● <strong>de</strong>screver como era a vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>no</strong> campo <strong>de</strong> acordo com o texto e procure verificarse existe relação com o cotidia<strong>no</strong> do homem do campo hoje.● <strong>de</strong> que trata o texto?● i<strong>de</strong>ntificar quais informações históricas po<strong>de</strong>mos colher do texto?● outros títulos possíveis.Além <strong>de</strong>ssas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s você po<strong>de</strong> elaborar outras que achar necessário. Depoissolicite aos alu<strong>no</strong>s uma produção <strong>de</strong> texto que po<strong>de</strong> ser em dupla ou trio utilizando omaterial estu<strong>da</strong>do (filmes, textos, pesquisas). Lembre aos estu<strong>da</strong>ntes os passos necessáriospara a produção <strong>de</strong> um texto presente na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do diagnóstico.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa: Movimentos SociaisAtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa em dupla ou trio: pesquisar os movimentos sociais queenvolvem a terra e o meio ambiente na sua região e suas propostas.Professor(a) se você já tiver conhecimento dos movimentos existentes em suaregião, você po<strong>de</strong> estipular um movimento para ca<strong>da</strong> grupo ou um para ca<strong>da</strong> dois grupos.Deci<strong>da</strong> com os estu<strong>da</strong>ntes o período para realização <strong>da</strong> pesquisa, as fontes (pesquisaoral, na biblioteca <strong>da</strong> escola, <strong>no</strong> laboratório <strong>da</strong> informática, em arquivos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e outras)e a forma <strong>de</strong> registro <strong>da</strong> mesma.Depois <strong>de</strong> realiza<strong>da</strong> a pesquisa socializar os resultados com a turma.Faça com eles um cartaz com as idéias principais do texto, a partir <strong>da</strong>s quais elesescreveriam a história <strong>de</strong> Trombas e Formoso.Professor(a), <strong>da</strong>ndo continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a <strong>no</strong>ssa discussão, a partir <strong>de</strong> agorabuscaremos relacionar a ocupação do sertão goia<strong>no</strong> com o processo ca<strong>da</strong> vez maisintenso <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do bioma Cerrado, principalmente pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pecuária eagricultura. Assim, o texto que segue é um subsidio para você fazer a ligação entre os<strong>temas</strong> discutidos com seus alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> forma mais prática.50
A ocupação do Cerrado e a sua transformação por meio <strong>da</strong>s ações humanasA ocupação do interior fazia parte dos pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Vargas e foi efetiva<strong>da</strong> através <strong>da</strong>“Marcha para Oeste” com a criação <strong>da</strong>s Colônias Agrícolas Nacionais. A Colônia AgrícolaNacional <strong>de</strong> Goiás intensificou o processo <strong>de</strong> migração para o Estado. Bernardo Sayão,administrador <strong>da</strong> CANG, empenhou em construir estra<strong>da</strong>s que possibilitassem oescoamento <strong>da</strong> produção para regiões próximas, assim esten<strong>de</strong>u a estra<strong>da</strong> que ligavaAnápolis a Jaraguá até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Uruaçu, <strong>da</strong>ndo início à Belém-Brasília, na época<strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>da</strong> <strong>de</strong> “a fe<strong>de</strong>ral”.A ocupação capitalista <strong>da</strong> região ganhou mais força com a construção <strong>de</strong> Goiânia eBrasília, pois junto a elas chegaram melhorias na infra-estrutura que possibilitaram aintensificação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agropecuárias na região do Cerrado. Assim, o sertão goia<strong>no</strong>que era visto até então como local <strong>de</strong> atraso, do <strong>de</strong>sconhecido, selvagem, passou a servalorizado, suas terras, a maioria até então <strong>de</strong>volutas, tornaram-se objetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>vidoao seu valor <strong>de</strong> mercado, gerando conflitos como o <strong>de</strong> Trombas e Formoso.A mu<strong>da</strong>nça na forma <strong>de</strong> representar esse sertão, através <strong>da</strong>s propagan<strong>da</strong>s do Estado,<strong>da</strong> construção <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e rodovias impulsio<strong>no</strong>u o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> região. Por outrolado, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, tornaram-se ca<strong>da</strong> vez mais <strong>no</strong>civas ao meio ambiente,levando em poucas déca<strong>da</strong>s a alteração <strong>de</strong> 40% do seu ambiente natural, o Cerrado.Segundo os <strong>da</strong>dos do Ministério do Meio Ambiente, divulgado em 2007, com baseem análises <strong>de</strong> imagens do satélite Landsat, <strong>de</strong> 2002, aproxima<strong>da</strong>mente, 39,5% <strong>da</strong> área dobioma Cerrado já tinham sido convertidos em diferentes formas <strong>de</strong> uso. As pastagenscultiva<strong>da</strong>s e a agricultura ocupavam, em 2002, 26,5% e 10% do Cerrado,respectivamente 30 .De acordo com o “relatório "Estimativas <strong>de</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong> área do Cerrado brasileiro",lançado pela ONG Conservação Internacional em julho <strong>de</strong> 2004, o total <strong>de</strong> soja planta<strong>da</strong> <strong>no</strong>Cerrado subiu <strong>de</strong> 45 mil quilômetros quadrados, em 1995, para 100 mil km² em 2002. Aárea correspon<strong>de</strong> ao território do estado <strong>de</strong> Pernambuco, e significa 5% <strong>da</strong> área total doCerrado, que abrange 2 milhões <strong>de</strong> km²” 31 . Atualmente, temos além <strong>da</strong> soja, <strong>da</strong> pecuária a30 Dados disponível em: http://www.eco<strong>de</strong>bate.com.br/2009/02/16/cerrado-a-busca-por-numeros-<strong>da</strong>-<strong>de</strong>vastacao-artigo<strong>de</strong>-cristina-cal<strong>da</strong>s/.Acesso em: 30.12.09.31 Disponível em: http://www.reporterbrasil.com.br/imprimir.php?escravo=1&id=688. Acesso em: 30.12.09.51
intensificação do cultivo <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar para fabricação do biodiesel e a micro-região<strong>de</strong> Ceres <strong>de</strong>staca-se por possuir 12, <strong>da</strong>s 21 usinas instala<strong>da</strong>s em Goiás 32 .ReferênciasJORNAL DIÁRIO DA MANHÃ. “Proibido plantio <strong>da</strong> cana em 81% do País”.Disponível em: http://www.dm.com.br/materias/show/t/proibido_plantio_<strong>da</strong>_cana_em_81_do_pas. Acesso em: 30.12.09.PESSOA, Jadir <strong>de</strong> M. A igreja <strong>da</strong> <strong>de</strong>nuncia e o silencio do fiel : um estudo antropológico sobre as relações entre uma igreja católica posconciliare os diferentes grupos e praticas do catolicismo popular na região <strong>de</strong> Ceres, em Goiás. Dissertação <strong>de</strong> mestrado emAntropologia Social. Campinas: Unicamp, 1990REVISTA DA ACICER. Bernando Sayão, o homem que iniciou a história. Edição histórica: 1999-2000. Ceres: A<strong>no</strong> 1 nº1. Abril <strong>de</strong>2000. p. 533Professor(a), você po<strong>de</strong> utilizar os <strong>da</strong>dos acima para analisar com osestu<strong>da</strong>ntes o aumento <strong>da</strong> área cultiva<strong>da</strong>, buscando relacionar asativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s anteriores com as seguintes.32 Dado apresentado <strong>no</strong> fórum <strong>de</strong> ciências e tec<strong>no</strong>logias <strong>no</strong> cerrado. Disponível em: TV- web Aduf.33 A reportagem completa cujo título é “Proibido plantio <strong>da</strong> cana em 81% do País” po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> <strong>no</strong> sit:http://www.dm.com.br/materias/show/t/proibido_plantio_<strong>da</strong>_cana_em_81_do_pas. Acesso em: 30.12.09.52
Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Ocupação e <strong>de</strong>smatamento do cerrado.1. Que ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas tem <strong>de</strong>struindo o bioma Cerrado <strong>no</strong> estado <strong>de</strong> Goiás?2. Como preservar o bioma cerrado?3. De acordo com seus conhecimentos, <strong>de</strong>screva com o maior número <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhespossíveis, a fisio<strong>no</strong>mia <strong>da</strong> vegetação que constitui o cerrado.4. Explique como são os troncos <strong>da</strong>s árvores, as folhas e os frutos. Cite também queformas <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> (árvores, arbustos, ervas e lianas) existem <strong>no</strong> cerrado.5. Cite animais encontrados em áreas <strong>de</strong> cerrado.6. Cite exemplares <strong>de</strong> plantas característicos do cerrado.7. As queima<strong>da</strong>s empobrecem o solo?8. O que acontece com a vegetação durante as queima<strong>da</strong>s?9. Qual o manejo i<strong>de</strong>al do fogo em uma área do cerrado?10. Com a mo<strong>de</strong>rnização <strong>da</strong> agricultura, o que ocorre com o bioma cerrado?Sequência <strong>de</strong> mapas do cerrado em vários tempos.Anais XIII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Sensoriamento Remoto, Florianópolis Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p.3877-3883.53
A <strong>de</strong>struição do bioma Cerrado em três momentosFERREIRA, Manuel Eduardo. Et all. Desmatamentos <strong>no</strong> bioma Cerrado: uma análise temporal (2001-2005) com base<strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos MODIS - MOD13Q1. In: http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2006/11.15.21.21/doc/3877-3883.pdf. Acessoem: 12.01.10.Professor(a) os mapas acima representam a <strong>de</strong>struição do bioma Cerrado em trêsmomentos diferentes que possibilitam a análise temporal dos <strong>de</strong>smatamentos <strong>de</strong>ste. A corver<strong>de</strong> indica os remanescentes <strong>de</strong> Cerrado; a cor vermelha indica áreas <strong>de</strong> agricultura,pastagem e outras formas <strong>de</strong> uso.Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 1Professor(a), realize está ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em trio. Oriente-os estu<strong>da</strong>ntes para que discutamca<strong>da</strong> uma, tendo como base os mapas acima e em segui<strong>da</strong> a<strong>no</strong>te <strong>no</strong> ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> asconsi<strong>de</strong>rações.● I<strong>de</strong>ntifique o título do mapa e explique-o.● As informações representa<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s diferentes mapas são sempre as mesmas? Quais?● Observar os três mapas <strong>de</strong> diferentes períodos, e dizer quais mu<strong>da</strong>nças que ocorreram?Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 2Professor(a) esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> você po<strong>de</strong> utilizar como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> diversifica<strong>da</strong>para aten<strong>de</strong>r os estu<strong>da</strong>ntes com uma aprendizagem mais avança<strong>da</strong>.● Organizar os alu<strong>no</strong>s em grupos.● Estu<strong>da</strong>nte, pesquisar em revistas, jornais, livros didáticos, Almanaque Socioambiental,Atlas Geográfico Escolar – IBGE, sobre as diversas fitofisio<strong>no</strong>mias constituintes docerrado e a sua <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção.54
Pesquisa site IBGE- www.ibge.gov.br1. Para abor<strong>da</strong>r os aspectos gerais do Bioma Cerrado:a) Os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>verão confeccionar dois cartazes, sendo que um vai ilustrar asdiversas fitofisio<strong>no</strong>mias constituintes do Cerrado e outro exemplificando a atualsituação do referente Bioma, por meio <strong>de</strong> uma comparação entre o seu estadooriginal e o que ele é atualmente;b) Os estu<strong>da</strong>ntes em grupos, com base na pesquisa realiza<strong>da</strong>, vão elaborar umrelatório, um texto argumentativo ou informativo e socializar com a turma.5) SistematizaçãoProfessor(a) após a leitura dos textos, <strong>da</strong>s discussões, dos trabalhos realizados emsala e fora <strong>de</strong>la, a proposta é organizar um “júri simulado” em tor<strong>no</strong> <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> terra <strong>no</strong>Brasil Central.Definir com os estu<strong>da</strong>ntes o que <strong>de</strong>ve ser julgado. É importante que o professor(a)coloque as propostas.Uma vez <strong>de</strong>finido o que será julgado, os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>ve ser distribuídos em 3grupos: acusação, <strong>de</strong>fesa e júri. A sugestão é que se discuta a questão <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>terra. O grupo <strong>de</strong> acusação po<strong>de</strong> voltar-se contra os movimentos sociais com base naexigência <strong>de</strong> cumprimento <strong>da</strong> lei e <strong>da</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong>, o segundo grupo po<strong>de</strong><strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a ação política dos sujeitos sociais envolvidos na luta pela terra em Trombas eFormoso e, finalmente, o júri, <strong>de</strong>ve manifestar-se por escrito <strong>de</strong>finindo a solução doproblema e as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização ou penas. Seria interessante consultar o que aConstituição <strong>de</strong>fine acerca <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> terra.Os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>vem buscar na História os argumentos para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r suas idéias,principalmente na CANG e <strong>no</strong> Movimento <strong>de</strong> Trombas e Formoso.Se for necessário, nessa etapa, os estu<strong>da</strong>ntes po<strong>de</strong>m retomar a leitura dos textospara fun<strong>da</strong>mentar a argumentação sobre a questão <strong>da</strong> terra e <strong>da</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social <strong>no</strong> país.O fun<strong>da</strong>mental não é o veredicto, mas a argumentação. Nesse trabalho, po<strong>de</strong>m serlembra<strong>da</strong>s a força <strong>da</strong>s palavras e a beleza que po<strong>de</strong> conter um discurso argumentativo.O professor(a) precisa ter todo um cui<strong>da</strong>do, ao abor<strong>da</strong>r esta temática, pois elaremete à vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> pessoas do campo que luta por seus direitos e <strong>de</strong>veres em um mundomarcado pelas <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s.55
Professor (a), seu acompanhamento <strong>no</strong> planejamento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, na construção eorganização dos argumentos é <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental importância para o sucesso <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Énecessário também observar as características <strong>da</strong> turma, <strong>da</strong> escola, <strong>de</strong> forma a permitir um<strong>de</strong>bate que pense essas questões. A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser apresenta<strong>da</strong> para outra turma.Participantes:Juiz: dirige e coor<strong>de</strong>na as intervenções e o an<strong>da</strong>mento do júri.Jurados: ouvirão todo o processo e <strong>no</strong> final <strong>da</strong>s exposições, <strong>de</strong>claram o vencedor,estabelecendo a pena ou in<strong>de</strong>nização a se cumprir.Advogados <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa: <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o “réu” (ou assunto) e respon<strong>de</strong>m às acusações feitaspelos promotores.Promotores (advogados <strong>de</strong> acusação): <strong>de</strong>vem acusar o “réu” (ou assunto), a fim <strong>de</strong>con<strong>de</strong>ná-lo.Testemunhas: falam a favor ou contra o acusado, pondo em evidência as contradições eargumentando junto com os promotores ou advogados <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.Descrição <strong>da</strong> dinâmica:1. Divi<strong>de</strong>m os participantes em dois grupos. Grupos - todos os participantes (exceto o juize os jurados) po<strong>de</strong>m ser testemunhas.2. Os promotores <strong>de</strong>vem acusar o latifúndio 34 , a partir <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> concreta <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>/bairro - município. Definir o latifúndio como causa do <strong>de</strong>semprego, <strong>da</strong> fome,<strong>da</strong> violência e <strong>da</strong> miséria em que vive a maioria <strong>da</strong> população.3. Os advogados <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o latifúndio. Este representa o respeito às liber<strong>da</strong><strong>de</strong>sindividuais, ao patrimônio e ao sujeito.4. As testemunhas <strong>de</strong>vem colaborar nas discussões, havendo um revezamento entre aacusação e a <strong>de</strong>fesa, sendo que os advogados po<strong>de</strong>m interrogar a testemunha “adversária”.5. Terminado o tempo <strong>da</strong>s discussões e argumentações dos dois lados, os jurados <strong>de</strong>vem<strong>de</strong>cidir sobre a sentença. Ca<strong>da</strong> jurado <strong>de</strong>ve argumentar, justificando sua <strong>de</strong>cisão.6. Avaliação e comentários <strong>de</strong> todos sobre o assunto discutido.*Obs.: é importante fixar o tema, bem como os fatos que serão matérias do julgamento.Para isso po<strong>de</strong>rá haver uma combinação anterior com to<strong>da</strong>s as partes, preparando comantecedência, os argumentos a serem apresentados.34Professor(a) este é apenas uma sugestão, você po<strong>de</strong> discutir e <strong>de</strong>finir com os estu<strong>da</strong>ntes outros elementos a seremjulgados, o movimento social analisado, ou mesmo um que tenha ocorrido na sua região.56
Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> texto: Artigo <strong>de</strong> opiniãoProfessor(a) após o Júri Simulado proponha aos estu<strong>da</strong>ntes a construção <strong>de</strong> umartigo <strong>de</strong> opinião em dupla, trio ou individual. Para tanto é necessário utilizar todo material(textos, pesquisas, mapa, filme). Faça um esquema com os estu<strong>da</strong>ntes. Po<strong>de</strong>-se partir <strong>da</strong>seguinte in<strong>da</strong>gação: como é trata<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> terra <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> Goiás ou em seumunicípio?O artigo <strong>de</strong> opinião é um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante <strong>de</strong>algum tema atual e <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> muitos. Neste o autor <strong>de</strong>ve; i<strong>de</strong>ntificar, analisar eapresentar a questão polemica e posicionar-se a respeito <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo um ponto <strong>de</strong>vista com argumentos convincentes. É preciso <strong>de</strong>ixar clara a posição assumi<strong>da</strong>, buscarinformações sobre o tema. È importante trazer para o texto outras opiniões, valorizando-asou questionando-as.O artigo <strong>de</strong>ve ser socializado por meio <strong>de</strong> um varal ou <strong>no</strong> mural <strong>da</strong> escola.6) AvaliaçãoImportante avaliar os conceitos e habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s: movimentos sociais;reforma agrária; latifúndio; estado; <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social; proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>; posse; ocupação;expansão agrícola; urbanização; <strong>de</strong>smatamento; cerrado;Habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s: leituras: <strong>de</strong> texto verbal escrito – expositivo didático, historiográfico; mapa;pesquisa: entrevista; bibliográfica e internet.Produção <strong>de</strong> texto- verbal, escrito e elaboração <strong>de</strong> cartazes.Produção oral: <strong>de</strong>bate; argumento; questionamentos; participação <strong>no</strong> júri.Levantamento <strong>de</strong> hipótese: “conhecimento prévio”.Em to<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> é realiza<strong>da</strong> sistematização parcial.Sugestões <strong>de</strong> Filmes:Titulo Original: O Anel <strong>de</strong> TucumGênero: NacionalDuração:País: BraA<strong>no</strong>: 1994Direção: Conrado BerningDistribuição: Verbo57
Titulo Original: Terra para Rose.Gênero: NacionalDuração: 84minPaís: BraA<strong>no</strong>: 1987Direção: Tetê MoraesDistribuição:Titulo Original: Sonho <strong>de</strong> Rose – 10 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois.Gênero: NacionalDuração:País: BraA<strong>no</strong>: 2000Direção: Tetê MoraesDistribuição:Sugestões <strong>de</strong> leitura para o professor (a)ANDRADE, Nair L. <strong>de</strong>. História e histórias <strong>da</strong> CANG (meu rincão por adoção).FERNANDES, Bernardo M. STEDILE, João P. Brava gente: a trajetória do MST e a lutapela terra <strong>no</strong> Brasil. São Paulo: Fun<strong>da</strong>ção Perseu Abramo, 1996.PESSOA, Jadir <strong>de</strong> M. A igreja <strong>da</strong> <strong>de</strong>nuncia e o silencio do fiel: um estudo antropologicosobre as relações entre uma igreja catolica pos-conciliar e os diferentes grupos e praticasdo catolicismo popular na região <strong>de</strong> Ceres, em Goiás. Dissertação <strong>de</strong> mestrado emAntropologia Social. Campinas: Unicamp, 1990. Disponível em:http://libdigi.unicamp.br/document/?co<strong>de</strong>=000028649. Acesso em: 16.11.09.REVISTA DA ACICER. Bernando Sayão, o homem que iniciou a história. Ediçãohistórica: 1999-2000. Ceres: A<strong>no</strong> 1 nº1. Abril <strong>de</strong> 2000.SANTOS, José Alves dos. As aventuras do Dr. Bernardo Sayão na construção <strong>da</strong> Belém-Brasília.SAYÃO, Léa. Meu pai, Bernardo Sayão. Brasília: Editora do Senado Fe<strong>de</strong>ral, 1994.58
ANEXO PARA O PROFESSOR E A PROFESSORA DE HISTÓRIAProfessor (a), este texto foi elaborado objetivando contribuir com a sua prática pe<strong>da</strong>gógicacotidiana. Ele abor<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> terra pelo viés urba<strong>no</strong>. Não aprofun<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong>luta pela posse urbana, pelo direito a moradia, condição fun<strong>da</strong>mental para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,<strong>de</strong>ixando esta questão para que você a amplie <strong>de</strong> acordo com a sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.O texto enfatiza a questão <strong>da</strong> ocupação <strong>da</strong> terra <strong>no</strong> centro geográfico do Brasil, <strong>no</strong>processo <strong>da</strong> Marcha para Oeste, com o planejamento, construção e consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> duasci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais do século vinte: Goiânia e d Brasília. Estas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s são estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s comoprotagonistas <strong>da</strong> História, pois, segundo Lepetit (2001), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>vem <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser palco e cenário <strong>da</strong> História para ocupar o papel <strong>de</strong> protagonista.Como é do seu conhecimento, é muito importante para o/a estu<strong>da</strong>nte compreen<strong>de</strong>r que ofato histórico é o resultado <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> historiadora. Os acontecimentos não sãohistóricos em si, mas tornam-se históricos pela ação e reflexão coletiva, portanto nãopo<strong>de</strong>m ser pensados isola<strong>da</strong>mente. Os fatos históricos são o resultado <strong>da</strong> ação e <strong>da</strong>reflexão dos homens situados em um lugar (i<strong>de</strong>ológico, político, social) que influencia oprocesso <strong>de</strong> reflexão histórica.Desta forma, o estudo histórico <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais planeja<strong>da</strong>s <strong>no</strong> Brasil <strong>no</strong> século vinte,é fonte para enten<strong>de</strong>rmos a ocupação <strong>da</strong> região central do país <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> avanço <strong>da</strong>sforças capitalistas, a Mo<strong>de</strong>rnização e na Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> expressa na Forma Urbana <strong>de</strong>Goiânia e Brasília.O estudo contribui também para que os/as jovens olhem para suas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s com o olharhistórico, pois é <strong>da</strong> competência <strong>da</strong> História registrar o processo <strong>de</strong>construção/<strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>stas.Desta forma, o/a convi<strong>da</strong>mos, para revisitarmos o processo histórico <strong>de</strong> Goiânia eBrasília, ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais do Sertão, hoje Cerrado brasileiro, pois, assim como os guiasturísticos apresentam a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> para o visitante, nós historiadores somos os guias doTEMPO <strong>no</strong>s estudos urba<strong>no</strong>s, e como todo guia, precisamos <strong>de</strong> mapas. Portanto,iniciamos a leitura do texto por intermédio <strong>de</strong> dois mapas que apontam a direção <strong>da</strong>sci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais menciona<strong>da</strong>s. Sugerimos que você os “leia” como documentos históricos,com as marcas do seu tempo.Mas, antes vamos revisitar sucintamente dois conceitos fun<strong>da</strong>mentais paracompreen<strong>de</strong>rmos o processo histórico <strong>de</strong> ocupação <strong>da</strong> região central do Brasil e <strong>da</strong>valorização acelera<strong>da</strong> <strong>da</strong> terra urbana: Mo<strong>de</strong>rnização e Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>.59
Mo<strong>de</strong>rnização e Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>: teoria e prática <strong>no</strong> Brasil CentralNo Estado <strong>de</strong> Goiás, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> trinta do século vinte, o grupo político<strong>de</strong><strong>no</strong>minado <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>ncista, precisava convencer a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> goiana e a brasileira, <strong>de</strong> queera uma boa idéia a criação e transferência <strong>da</strong> Capital do Estado para uma região central.Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> cinqüenta <strong>de</strong>ste mesmo século, o grupo que apoiava Jusceli<strong>no</strong> Kubitschek,também precisava convencer o povo brasileiro <strong>de</strong> que era importante para o país, a criaçãoe transferência <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral do litoral para o centro do Brasil. Assim, paraenfatizarem seus argumentos, ambos utilizavam as idéias <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização e Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Vamos refletir um pouco sobre a importância <strong>de</strong>stes conceitos para a História doBrasil Central?Mo<strong>de</strong>rnização é o processo <strong>de</strong> avanço <strong>da</strong>s forças capitalistas sobre uma regiãoconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> atrasa<strong>da</strong>. Esse atraso está relacionado com as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicaspratica<strong>da</strong>s neste espaço, geralmente uma agricultura e pecuária <strong>de</strong> subsistência e compouca expressão comercial. Interessa, sobretudo, enten<strong>de</strong>r que a relação entremo<strong>de</strong>rnização e a criação <strong>de</strong> uma estrutura econômica é capaz <strong>de</strong> dinamizar a eco<strong>no</strong>miaproduzindo fluxos econômicos orientados para a reprodução do sistema capitalista. Atraso,portanto, significa a permanência <strong>de</strong> espaços econômicos regidos por outra lógica distinta<strong>da</strong> acumulação capitalista.Mo<strong>de</strong>rnizar também exige a formação <strong>de</strong> uma mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> distinta, aberta aosmecanismos <strong>de</strong>finidores <strong>da</strong> lógica do capital. A idéia <strong>de</strong> progresso, contraposta a <strong>de</strong> atraso,permite a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s volta<strong>da</strong>s à aplicação <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logia e, principalmente, <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes que viabilize a comercialização dos produtos produzidos nesse espaço econcretize a localização, ponto <strong>de</strong> chega<strong>da</strong> e <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>, <strong>de</strong> viabilização econômica ecomercial.A mo<strong>de</strong>rnização tem o sentido funcional, <strong>de</strong> resultados. Ao se implantar amo<strong>de</strong>rnização, as relações capitalistas são aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s e a divisão entre ricos e pobres, osque possuem bens e os <strong>de</strong>spossuídos é acirra<strong>da</strong>. Com a transformação <strong>da</strong> terra emmercadoria cobiça<strong>da</strong>, a luta pela mesma torna-se mais intensa.Em Goiânia e Brasília, a Mo<strong>de</strong>rnização esteve, e está, presente <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>ocupação <strong>da</strong> terra. Na transformação <strong>de</strong>sta <strong>de</strong> “espaço vazio” para espaço urba<strong>no</strong>valorizado rápi<strong>da</strong> e intensamente, seja pela implantação <strong>de</strong> uma infra-estrutura promovi<strong>da</strong>pelo Estado, ou pela migração para esta região.Os cartazes publicitários a seguir, elaborados pelos grupos mu<strong>da</strong>ncistas,<strong>de</strong>monstram a expectativa <strong>de</strong> ocupação <strong>da</strong> região central e do sistema capitalista. Ambosconclamavam as pessoas a construir seus sonhos em ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais em construção. Oprimeiro exaltava a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do enriquecimento rápido pela compra <strong>de</strong> lotes urba<strong>no</strong>s ea certeza <strong>da</strong> sua valorização e o segundo, o enriquecimento pelo trabalho. Ambos retratama questão <strong>da</strong> terra.60
Primeiro Cartaz Publicitário: anuncia a ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> lotesem Goiânia, à época <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.www.a-enciclopedia-livre.info/title=GoiásSegundo Cartaz Publicitário: anuncia a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ascensão econômica e social que a futuracapital propiciava a quem aceitasse o convite.Fonte:www.CPDOC. FGV.61
Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> é tema amplo, profundo e polêmico. È uma mu<strong>da</strong>nça lenta eirreversível na mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> Oci<strong>de</strong>ntal, colocando esta como um mo<strong>de</strong>lo universal, quandoutiliza<strong>da</strong> em comparação a distintas culturas. A própria expressão pós-mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>,aplica<strong>da</strong> aos estudos <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s lati<strong>no</strong>-americanas, gera muito <strong>de</strong>bate e conflito. Portanto,não vamos a<strong>de</strong>ntrar na especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa expressão e <strong>de</strong> suas representações. Como esteestudo é urba<strong>no</strong>, vamos apenas apresentar como ela está expressa na Forma <strong>da</strong>s duasci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, pois, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a partir do final do século XIX e início do XX,passou a ser a vitrine <strong>de</strong>sta mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>, por meio do Urbanismo e <strong>da</strong> Arquitetura.Em Goiânia, a Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> está associa<strong>da</strong> à mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> representa<strong>da</strong> peloplanejamento, pela metodologia utiliza<strong>da</strong> na sua concepção e implantação,arquitetonicamente expressa <strong>no</strong> estilo Art Déco e urbanisticamente na funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>,zoneamento, na facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação e integração <strong>da</strong>s partes ao todo urba<strong>no</strong>.Art Déco é uma expressão francesa referente à arte <strong>de</strong>corativa e a um estilo querapi<strong>da</strong>mente se tor<strong>no</strong>u modismo internacional. Associa sua imagem a tudo que se <strong>de</strong>finecomo mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>, industrial, cosmopolita e exótico. Por estar ligado à vi<strong>da</strong> cotidiana –objeto, mobiliários, tecidos, vitrais, painéis pintados – associa-se à Arquitetura,Urbanismo, Paisagismo, Arquitetura <strong>de</strong> Interiores, Design, Ce<strong>no</strong>grafia, Publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, ArtesGráficas, Caricatura, Mo<strong>da</strong> e Vestuário. Teve sua origem em Paris, com a gran<strong>de</strong> mostraExpositon Universelle dés Arts Décoratifs, em 1925. (Agen<strong>da</strong> Cultural Santa Dica, Maio<strong>de</strong> 2004, nº 22, não numera<strong>da</strong>, <strong>da</strong> <strong>Secretaria</strong> Municipal <strong>de</strong> Cultura).Em Brasília, a Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> também está associa<strong>da</strong> a criação, implantação emanutenção <strong>de</strong> um Pla<strong>no</strong> Urbanístico consi<strong>de</strong>rado pelos especialistas como simples emo<strong>de</strong>r<strong>no</strong> e a uma arquitetura exuberante, funcional e mo<strong>de</strong>rna <strong>no</strong>s traços e na composiçãodo conjunto. Referente aos Pla<strong>no</strong>s Urbanísticos <strong>de</strong> Goiânia e Brasília e seus autores, estesserão mencionados posteriormente.As imagens a seguir <strong>de</strong>monstram a presença <strong>da</strong> Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> nas duas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>scapitais, por meio <strong>da</strong> Arquitetura.Primeira imagem - Art Déco. Autor: Wolney Unes. Déc. 19--. Goiânia. Dossiê <strong>de</strong> TombamentoArt Déco Goiânia Acervo pessoal.Goiânia é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a capital <strong>da</strong> Art Déco. Seu acervo arquitetônico e urbanísticoé o mais significativo conjunto do País. Ele foi construído nas déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1940 e 1950 e foitombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em <strong>no</strong>vembro<strong>de</strong> 2003. Estão incluídos 22 prédios e monumentos públicos, o centro original <strong>de</strong> Goiânia e62
o núcleo pioneiro <strong>de</strong> Campinas, locali<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>u origem à capital goiana e que hoje éum bairro.Na <strong>no</strong>va capital do Brasil – Brasília, inaugura<strong>da</strong> em 1960, o Po<strong>de</strong>r Legislativoganhou uma <strong>no</strong>va se<strong>de</strong>: O Palácio do Congresso Nacional. O autor do projeto, OscarNiemeyer, assim <strong>de</strong>finiu sua concepção arquitetônica para a obra:"Arquitetura não constitui uma simples questão <strong>de</strong> engenharia,mas uma manifestação do espírito, <strong>da</strong> imaginação e <strong>da</strong> poesia”.No Palácio do Congresso, por exemplo, a composição seformulou em função <strong>de</strong>sse critério, <strong>da</strong>s conveniências <strong>da</strong>arquitetura e do urbanismo, dos volumes, dos espaços livres, <strong>da</strong>oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> visual e <strong>da</strong>s perspectivas e, especialmente, <strong>da</strong>intenção <strong>de</strong> lhe <strong>da</strong>r o caráter <strong>de</strong> monumentali<strong>da</strong><strong>de</strong>, com asimplificação <strong>de</strong> seus elementos e a adoção <strong>de</strong> formas puras egeométricas. Daí <strong>de</strong>correu todo o projeto do Palácio e oaproveitamento <strong>da</strong> conformação local, <strong>de</strong> maneira a criar <strong>no</strong>nível <strong>da</strong>s aveni<strong>da</strong>s que o la<strong>de</strong>iam uma monumental esplana<strong>da</strong> esobre ela fixar as cúpulas que <strong>de</strong>viam hierarquicamentecaracterizá-lo.Oscar Niemeyerwww.camara.gov.br/internet/infDoc/.../congresso.htm, acessado em 26/11/200963
Segun<strong>da</strong> imagem: visão atual do Congresso Nacional.www.observatorio<strong>de</strong>seguranca.org/seguranca/leis, acessado em 26/11/200964
CENTRO DO BRASIL: Goiânia e Brasília, ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitais do SertãoJanete Roma<strong>no</strong> Fontanezi 35Fig. 1 Mapa do Brasil. Destaque para a localização central <strong>de</strong> Goiânia.Déc.1940. Goiânia. IBGEFig. 2. Mapa com <strong>de</strong>staque para Brasília <strong>no</strong> cento do Brasil, fonte <strong>de</strong> pesquisa: em 22-11-2009.www.embrapa.br/ acessado35 Mestre em História pela UFG. Professora <strong>no</strong> Núcleo <strong>de</strong> Reorientação Curricular, área <strong>de</strong>História <strong>da</strong> SEDUC, professora <strong>de</strong> História na EAJA <strong>da</strong> <strong>Secretaria</strong> Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong>Goiânia e voluntária <strong>no</strong> Movimento Social Pastoral dos Migrantes, área <strong>de</strong> Urba<strong>no</strong>s.65
1- Goiânia, <strong>no</strong> centro <strong>de</strong> Goiás e do BrasilGoiânia foi a primeira ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-capital planeja<strong>da</strong> <strong>no</strong>Brasil <strong>no</strong> século vinte. Ela nasceu <strong>da</strong> idéia dos mu<strong>da</strong>ncistas,grupo político pós-1930, que <strong>de</strong>sejava transferir a Capital doEstado <strong>de</strong> Goiás para outro local: um local central.A idéia <strong>de</strong> transferir a capital <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás paraoutra região era antiga. No período colonial, D. Marcos <strong>de</strong>Noronha, primeiro Inten<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Capitania <strong>de</strong> Goiás, em1753 cogitou em transferir a se<strong>de</strong> administrativa <strong>da</strong> Capitaniapara a região do município <strong>de</strong> Pirenópolis. No Império, aidéia <strong>da</strong> transferência foi abor<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo Marechal <strong>de</strong> Campo,Miguel Li<strong>no</strong> <strong>de</strong> Moraes, segundo presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Província(1827-1831), que propôs sua mu<strong>da</strong>nça para a região <strong>de</strong>Niquelândia. Em 1863, o também presi<strong>de</strong>nte, José VieiraCouto <strong>de</strong> Magalhães <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a idéia <strong>da</strong> transferência <strong>da</strong>Capital para as margens do rio Araguaia. Na República, foiincorpora<strong>da</strong>, <strong>no</strong> anteprojeto <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> 1891, e <strong>no</strong> textoconstitucional <strong>da</strong>s reformas <strong>de</strong> 1898 e 1918, artigo 5 o . – “aci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiaz continuará a ser a capital do Estadoenquanto outra causa não <strong>de</strong>liberar o Congresso”.Mas, foi com a ascensão <strong>de</strong> Pedro Ludovico Teixeira,em 22 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1930, como Interventor Fe<strong>de</strong>ral emGoiás, <strong>no</strong>meado por Getulio Vargas, e dos mu<strong>da</strong>ncistas, quea idéia antiga se transformou em um projeto político, comadversários ferrenhos, os antimu<strong>da</strong>ncistas, grupo que apoiavaas oligarquias anteriores e que tinha seu reduto político naentão Capital do Estado.Para fortalecer a idéia <strong>da</strong> transferência, PedroLudovico enfatizava <strong>no</strong>s seus discursos e relatórios aimportância <strong>de</strong> uma Capital Mo<strong>de</strong>rna para Goiás e criticavaas condições gerais <strong>da</strong> então Capital, utilizando para tantosua linguagem <strong>de</strong> Médico.Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1727,por BartolomeuBue<strong>no</strong> <strong>da</strong> Silva, oArraial <strong>de</strong>Sant’Anna,posteriormente VilaBoa (atualmentemunicípio <strong>de</strong> Goiás),foi capital do estadoaté 1933. A AntigaGoiás, ou GoiásVelho, como éconheci<strong>da</strong>carinhosamente pelopovo goa<strong>no</strong>, surgiu<strong>da</strong> garimpagem doouro, <strong>da</strong> ambiçãodos ban<strong>de</strong>irantes,patrocinados peloentão impériocolonial português.Até hoje, suaarquitetura, tomba<strong>da</strong>pelo PatrimônioCultural <strong>da</strong>Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, guar<strong>da</strong>os traços <strong>de</strong>ssaativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que <strong>no</strong>sleva a lembrar dosseus dias <strong>de</strong> glória.(ARRAIS, 2004, p.102)Assim, em 1933, enviou ao Chefe do Gover<strong>no</strong>Provisório, Getúlio Vargas, um relatório sobre a Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás justificando ainviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esta ser a Capital do Estado <strong>de</strong>vido a diversos problemas por elediag<strong>no</strong>sticados. Destes, dois merecem <strong>de</strong>staque: a frágil saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> na época(construção <strong>da</strong>s casas, abastecimento <strong>de</strong> água e saneamento básico) e a inviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> emrecuperá-la; a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação entre a Capital e o Estado e o País, por causa <strong>da</strong>precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos transportes e <strong>de</strong> sua localização <strong>de</strong>vido ao ponto on<strong>de</strong> se encontra, navisão do Interventor.Historicamente, po<strong>de</strong>mos afirmar que esses argumentos, urba<strong>no</strong>s e sanitários, emrelação à Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás, são secundários. A questão maior era <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política.66
Era uma questão estratégica <strong>da</strong> manutenção do po<strong>de</strong>r por Ludovico, pois ele oobteve pela via revolucionária, sem gran<strong>de</strong> respaldo popular e com forte oposição <strong>de</strong>grupos organizados, e, precisava mantê-lo. Para tanto, paulatinamente, o Interventor foi“fechando” os espaços dos grupos que lhe faziam frente. “Foi, porém, com a questão <strong>da</strong>mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> capital que ele alijou <strong>de</strong>finitivamente seus contendores” (CAMPOS, 2002,p.180).Para Campos, cientista político, em relação à transferência,“Ludovico não colocou a questão política como causaprimordial <strong>da</strong> transferência <strong>da</strong> capital, <strong>de</strong>stacando osproblemas: sanitário, “inviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiáscontinuar hospe<strong>da</strong>ndo o Gover<strong>no</strong>”; econômico,“incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás <strong>de</strong> promover o progressodo Estado”, vindo a colocar a questão política somente em1942 <strong>no</strong> discurso <strong>de</strong> inauguração oficial, quanto todo ogover<strong>no</strong> já estava instalado.”(CAMPOS, 2002, p. 181)O Interventor argumentava que uma Capital Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong>veria ser construí<strong>da</strong> numlocal central do Estado para facilitar a acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e comunicação e ser pólo irradiador<strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nomeou uma comissão, pelo <strong>de</strong>creto nº 2.737 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1932, para escolher este local. A Comissão escolheu Campinas, hoje umbairro <strong>de</strong> Goiânia, como local central, “Consi<strong>de</strong>rando que Campinas se acha situa<strong>da</strong> <strong>no</strong>ponto centrico <strong>da</strong> parte mais povoa<strong>da</strong> do Estado, e a sua topografia <strong>da</strong>s mais apropria<strong>da</strong>s ebelas para a construção <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> urbanamente mo<strong>de</strong>rna [...]” (MONTEIRO, 1938, p.44).Pelo <strong>de</strong>creto nº 3.359 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1933, Artigo 1º, foi <strong>de</strong>marcado o sítio naárea escolhi<strong>da</strong> pela Comissão.“A região ás margens do córrego Botafogo, compreendi<strong>da</strong>nas fazen<strong>da</strong>s <strong>de</strong><strong>no</strong>mina<strong>da</strong>s “Crimeía”, Vaca Brava” e“Botafogo”, <strong>no</strong> município <strong>de</strong> Campinas, fica escolhi<strong>da</strong> paranela ser edifica<strong>da</strong> a futura Capital do Estado, <strong>de</strong>vendo ogover<strong>no</strong> man<strong>da</strong>r organizar o pla<strong>no</strong> <strong>de</strong>finitivo <strong>da</strong> <strong>no</strong>vaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. [...]” (SILVA, 1993, p.19)Em 24/10/1933, foi lança<strong>da</strong> a Pedra Fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> futura Capital,na expectativa <strong>da</strong> transformação do solo rural em urba<strong>no</strong>. A mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> capital foiincorpora<strong>da</strong> à constituição estadual em 1935, o que implicou acordo entre Pedro Ludovicoe as li<strong>de</strong>ranças políticas contrárias a mu<strong>da</strong>nça. Em 23/03/1937, pelo Decreto nº 1816,houve a transferência <strong>de</strong>finitiva <strong>da</strong> Capital <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás para Goiânia. Em05/07/1942 aconteceu o Batismo Cultural <strong>de</strong> Goiânia e sua entregue solene para o Brasil.Nesse momento ela não era apenas a promessa, mas o prenúncio <strong>da</strong> concretização.Goiânia, a primeira ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-capital planeja<strong>da</strong> do século vinte <strong>no</strong> Brasil foiconstruí<strong>da</strong> com Idéias, Relatórios, Pla<strong>no</strong>s mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s, Leis e Decretos do Estado <strong>de</strong> Goiás,na vigência <strong>da</strong> Era Vargas. Planeja<strong>da</strong> para 50.000 mil habitantes, <strong>no</strong> final do século vinte,abrigava mais <strong>de</strong> 1.000.000 <strong>de</strong> moradores. Contemplou a expectativa dos seusi<strong>de</strong>alizadores, dos mu<strong>da</strong>ncistas, graças à força <strong>de</strong>ssa gente (GRAEF, 1983), pioneiros,67
chegantes que vieram <strong>de</strong> vários lugares do Estado, do Brasil e do Mundo, construir a suahistória na poeira, <strong>no</strong> chão vermelho, <strong>no</strong> “vazio” <strong>no</strong> “na<strong>da</strong>”, <strong>no</strong> Sertão, hoje Cerrado <strong>da</strong>região central do Brasil.2- Brasília, <strong>no</strong> centro do BrasilBrasília foi a segun<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> capital planeja<strong>da</strong> <strong>no</strong> Brasil <strong>no</strong> século vinte. Ela nasceu<strong>da</strong> idéia do grupo político ligado a Jusceli<strong>no</strong> Kubitschek, presi<strong>de</strong>nte do Brasil (1956-1961)na i<strong>de</strong>ologia Nacional Desenvolvimentista expressa <strong>no</strong> Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Metas que tinha comoslogan “50 a<strong>no</strong>s em 5”. O Pla<strong>no</strong> era <strong>no</strong>vo, a idéia <strong>da</strong> transferência <strong>da</strong> Capital do litoral parauma região interior do país, antiga.Des<strong>de</strong> a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1891, “Art. 3º Fica pertencendo à União, <strong>no</strong>planalto central <strong>da</strong> República, uma zona <strong>de</strong> 14.400 kilômetros quadrados, que seráoportunamente, <strong>de</strong>marca<strong>da</strong>, para nella estabelecer-se a futura Capital Fe<strong>de</strong>ral.(Constituição <strong>da</strong> República dos Estados Unidos do Brasil, promulga<strong>da</strong> a 24 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>1891, In. ARRAIS, 2004,p. 136).Mas, foi com a campanha presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Jusceli<strong>no</strong> Kubitschek pauta<strong>da</strong> naMo<strong>de</strong>rnização e na Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, que a idéia ganhou força. Eleito Presi<strong>de</strong>nte do Brasiliniciou o processo <strong>de</strong> construção e transferência <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral e, em 21 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong>1960, ela foi inaugura<strong>da</strong>.Vesentini, analisa a construção <strong>de</strong> Brasília.“As condições econômicas, sociais e políticas que dãosentido a este ato – embora ele não seja “<strong>de</strong>duzível”a partir<strong>de</strong>las – [...] po<strong>de</strong>m ser assim esquematizados: o <strong>no</strong>vomomento <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> capital, com maiorinternacionalização <strong>da</strong> eco<strong>no</strong>mia; a i<strong>de</strong>ologia nacional<strong>de</strong>senvolvimentista<strong>no</strong> gover<strong>no</strong> JK; a influência dopensamento geopolítico <strong>no</strong> aparato estatal e na políticaespacial do gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral; o planejamento maiscentralizado em eco<strong>no</strong>mia como o Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Metas; ocoroamento do final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1950 do processo <strong>de</strong>engendramento <strong>de</strong> um espaço geográfico nacional; asituação <strong>da</strong> luta <strong>de</strong> classes <strong>no</strong> período 1945 até o gover<strong>no</strong>JK, ressaltando-se especialmente o projeto político doempresariado industrial. Como to<strong>da</strong> ação histórica, atransferência <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral para Brasília não éexplicável por nenhuma “teoria geral”<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> capital,mas pelas <strong>de</strong>terminações específicas <strong>da</strong> situação (grifo <strong>no</strong>original) que lhe <strong>de</strong>u origem, mais como política que comonecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e sobre a qual ela - a Nova Capital -reversivamente passou a influenciar na condição <strong>de</strong> obraconsuma<strong>da</strong>.” (VESENTINI, 1987, p. 24)Segundo sua análise, nenhuma “teoria geral” po<strong>de</strong> explicar o fenôme<strong>no</strong> <strong>da</strong>construção <strong>de</strong> Brasília e a transferência <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral. Neste, estão mescladosdiscursos dos mu<strong>da</strong>ncistas: racionais, geopolíticos, econômicos, militares e outros. É difíciltambém explicar o porquê milhares <strong>de</strong> pessoas aten<strong>de</strong>ram ao chamado do gover<strong>no</strong> epartiram do seu lugar <strong>de</strong> origem para o Centro do Brasil. Talvez, movi<strong>da</strong>s pela esperançaou pelo sentimento <strong>da</strong> aventura.68
A 3 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1956, armaram-se as primeiras barracas <strong>de</strong> lona e ergueram-secasas <strong>de</strong> tábua para abrigar os primeiros trabalhadores <strong>da</strong> obra.“Os can<strong>da</strong>ngos – <strong>no</strong>me utilizado para <strong>de</strong>signar essestrabalhadores – vão chegando <strong>de</strong> inúmeros recantos do País,principalmente do Nor<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>de</strong> Goiás edo Mato Grosso. O número <strong>de</strong> pessoas na área do <strong>no</strong>voDistrito Fe<strong>de</strong>ral passou <strong>de</strong> 12.238 em julho <strong>de</strong> 1957 para28.804 em fevereiro <strong>de</strong> 1958 e 64.314 em maio <strong>de</strong> 1959 (...)O ritmo <strong>de</strong> trabalho foi intenso até 1960. Os grupos <strong>de</strong>operários revezavam-se continuamente sem interrupções[...]” (VESENTINI, 1987, p. 108)Esses trabalhadores, hoje moradores <strong>da</strong>s áreas periféricas do Centro Brasília,conheci<strong>da</strong>s como ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s satélites e i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Regiões Administrativas do DistritoFe<strong>de</strong>ral, são os ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros construtores <strong>da</strong> Capital Fe<strong>de</strong>ral.3- Pla<strong>no</strong>s urbanísticos e Arquitetura: Formas e História doBrasil Central3.1 Attílio Corrêa Lima e os Centros do Centro <strong>de</strong> GoiâniaAttílio Corrêa Lima foi o Arquiteto-Urbanista contratado pelo Gover<strong>no</strong> <strong>de</strong> PedroLudovico Teixeira para planejar e administrar a construção <strong>da</strong> futura ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-capital <strong>de</strong>Goiás. Após análise <strong>da</strong> área, fez um Pla<strong>no</strong> para a futura Capital. Neste Pla<strong>no</strong>, planejou doiscentros: um por ele <strong>de</strong><strong>no</strong>minado <strong>de</strong> “cabeça”, a Praça Pedro Ludovico Teixeira, conheci<strong>da</strong>como Praça Cívica e o outro a Praça Attílio Corrêa Lima, conheci<strong>da</strong> como Praça doBan<strong>de</strong>irante.3.1.1 “Praça Cívica” e o Palácio <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>sEsta praça foi concebi<strong>da</strong> com a função <strong>de</strong> administrar o Estado. Todos os órgãosadministrativos foram planejados para ficar ao redor do Palácio, a mora<strong>da</strong> do dirigente. Otermo “cabeça” faz parte <strong>da</strong> concepção <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> na época, inicio do século vinte, que a viacomo um corpo com funções <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s e interliga<strong>da</strong>s.Para concebê-la o Arquiteto-Urbanista seguiu mo<strong>de</strong>los europeus a<strong>da</strong>ptando-os ascondições do Sertão goia<strong>no</strong>, geográfica, política, econômica e culturalmente, expressa nascondições materiais para sua concretização, e Criou um monumento, símbolo <strong>da</strong> época ena atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>: o Palácio <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>s.69
Fig. 4 Palácio <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>s. Autor: Aníbal Machado. Déc 1940. Goiânia. MZA/MIS-GODescrição do Patrimônio. O Palácio <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>s é a edificação mais central <strong>da</strong>ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e chama a atenção por seus altos e baixos relevos inseridos na platiban<strong>da</strong>. É umedifício horizontal com vitral central trabalhado que retratam fatos <strong>da</strong> história <strong>de</strong> Goiás,como a flora, a fauna, o <strong>de</strong>sbravamento do cerrado, a entra<strong>da</strong> dos ban<strong>de</strong>irantes,especialmente, a conquista do Anhanguera. Pilares com cantos arredon<strong>da</strong>dos foraminseridos paralelamente na entra<strong>da</strong> principal. O revestimento em mica dá a essaconstrução uma co<strong>no</strong>tação muito especial: a massa <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> pedra é <strong>de</strong> brilho peculiar, <strong>de</strong>duração quase eterna. Sua cor ver<strong>de</strong> garante à edificação o codi<strong>no</strong>me “Casa Ver<strong>de</strong>”. Outracaracterística que merece <strong>de</strong>staque são as janelas com venezianas tipo Copacabana, quelembram as usa<strong>da</strong>s nas edificações em art déco do bairro <strong>de</strong> mesmo <strong>no</strong>me, <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro. Três vigas horizontais (beiras retangulares) sobrepostas às janelas protegem-nasdo sol e <strong>da</strong> chuva. A balaustra<strong>da</strong>, colunas sem capitéis e uma cobertura na entra<strong>da</strong>lembrando uma lodja, faz alusão a outros estilos anteriores ao art déco. Em to<strong>da</strong>s asedificações ergui<strong>da</strong>s na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> construção do complexo arquitetônico <strong>da</strong> Praça Dr.Pedro Ludovico Teixeira – antiga Praça Cívica, foram utiliza<strong>da</strong>s a taipa e o adobe,estruturas mistas <strong>de</strong> concreto e alvenaria. As lajes e as esca<strong>da</strong>s foram construí<strong>da</strong>s emconcreto armado, e os terraços impermeabilizados com três cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> feltro blumi<strong>no</strong>so,intercala<strong>da</strong>s com asfalto, <strong>de</strong> fabricação americana, já as esquadrias em ma<strong>de</strong>ira foramfeitas aqui. FONTE: <strong>Secretaria</strong> Municipal <strong>de</strong> Cultura – Divisão do Patrimônio Histórico,sem nº <strong>de</strong> páginas.Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico <strong>de</strong> Goiás, pela Lei nº 8.915 <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong>maio <strong>de</strong> 1980. Teve tombamento reformado pelo Decreto nº 4943 <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong>1998, fun<strong>da</strong>mentado na Lei nº 13.312 <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1998.70
3.1.2 “Praça do Ban<strong>de</strong>irante” e o Ban<strong>de</strong>iranteGoiás, Anhanguera, Ban<strong>de</strong>irante se encontram e <strong>de</strong>sencontram <strong>no</strong> ponto central <strong>de</strong>Goiânia, o comercial, <strong>no</strong> planejamento e previsão <strong>de</strong> Attílio Corrêa Lima. “Como centrocomercial <strong>de</strong>signamos a área mais central <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> gravita o comércio, on<strong>de</strong> aconstrução é mais <strong>de</strong>nsa” (LIMA, 1937).Esta Praça foi concebi<strong>da</strong>, para ser o ponto central <strong>da</strong> Capital, o encontro com ela mesma ecom outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Duas aveni<strong>da</strong>s concretizaram este encontro, a Aveni<strong>da</strong> Goiás, <strong>no</strong> sentidoNorte/Sul e a Aveni<strong>da</strong> Anhanguera, <strong>no</strong> sentido Leste/Oeste. Outro símbolo importante e polêmicona atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> marca culturalmente a Praça: a estátua do Ban<strong>de</strong>irante.DESCRIÇÃO DO PATRIMÔNIO: O monumento: Estátua com 2,50 por 2,0 metros, altura <strong>de</strong> 2,50metros, fundi<strong>da</strong> em bronze. Base <strong>de</strong> granito vermelho e placa com os dizeres: “aos goia<strong>no</strong>s, <strong>no</strong>bre estirpedos Ban<strong>de</strong>irantes – Centro Acadêmico XI <strong>de</strong> Agosto”. (FONTES: Correio Oficial <strong>de</strong> 20-10-1942, nº4453, p.1 e O POPULAR <strong>de</strong> 30-09-2003,p5).Tombado como patrimônio pela Lei Municipal nº 6962 <strong>de</strong> 21/06/1991Fig. 5. Praça do Ban<strong>de</strong>irante. Autor: Hélio <strong>de</strong> Oliveira. Déc. 1950. Goiânia. SEPLANPor ser o Centro do Centro <strong>de</strong> Goiânia esta praça tem gran<strong>de</strong> importância naestruturação do todo urba<strong>no</strong>, na comunicação e acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Além <strong>de</strong>stesfatores, e principalmente pelo aspecto estratégico, a “Praça do Ban<strong>de</strong>irante” já foi palco <strong>de</strong>várias manifestações sociais, <strong>de</strong>ntre estas, as do Movimento Estu<strong>da</strong>ntil que ao longo <strong>da</strong>história <strong>de</strong> Goiânia, se utilizou <strong>de</strong>sse espaço para suas reivindicações.71
A Praça do Ban<strong>de</strong>irante já sofreu várias modificações na sua forma e em 2003,<strong>de</strong>ntro do projeto <strong>de</strong> revitalização <strong>da</strong> Av. Goiás, sua área foi reduzi<strong>da</strong> para facilitar aacessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforme discurso oficial, mas quase inviabiliza as manifestações sociais.O pe<strong>de</strong>stal que sustenta a estátua do ban<strong>de</strong>irante foi modificado e elevado para uma altura<strong>de</strong> seis metros, permanecendo distante do público que circula diariamente pelo local. Mas,Ele - o Ban<strong>de</strong>irante - ícone urba<strong>no</strong> e patrimônio material polêmico <strong>de</strong> Goiânia continuaapontando para o Oeste <strong>no</strong> Centro <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, simbolicamente <strong>de</strong>monstrando que a Marchapara Oeste continua...Professor(a), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> 6, na Sequência Didática Memória <strong>da</strong> Infância: Brinquedos eBrinca<strong>de</strong>iras como Patrimônio, estamos trabalhando com o Patrimônio que po<strong>de</strong> ser material eimaterial. As ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s são repletas <strong>de</strong> ambos. Assim, sugerimos que, a partir do conhecimento<strong>de</strong>stes dois ícones urba<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Goiânia, você incentive uma pesquisa com o Patrimônio Material<strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo, inclusive, começar pela própria escola.Outra sugestão é referente a Biografias. Na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, aquela concepção <strong>de</strong> heróis <strong>da</strong> Histórianão está em evidência. Pedro Ludovico Teixeira e Attílio Corrêa Lima não construíram Goiâniasozinhos. Será que não havia com eles pedreiros, pintores, engenheiros, cozinheiros e outraspessoas? A ênfase na construção coletiva é muito importante, mas importante também são asBiografias e cremos que estas po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser trabalha<strong>da</strong>s. Conhecer os <strong>no</strong>mes <strong>da</strong>s pessoasque estão marca<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s monumentos e na História <strong>da</strong> sua Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é muito importante para areflexão história, pois é a partir do presente que nós olhamos o passado.Desta forma, além <strong>da</strong> pesquisa sobre o Patrimônio Material, sugerimos também uma pesquisasobre a Biografia dos “inventores” <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.3.2 Brasília, Lucio Costa e o Pla<strong>no</strong> PilotoFig. 7 No concurso para a construção <strong>de</strong> Brasília, concorrendo com gran<strong>de</strong>s empresas internacionais,que apresentaram projetos coloridos <strong>de</strong> alto efeito, Lúcio Costa entregou à Comissão Julgadora apenasum rabisco a lápis, feito displicentemente sobre o papel, <strong>da</strong>ndo à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> a aparência <strong>de</strong> um avião, comasa <strong>no</strong>rte, asa sul, cabine e corpo. O projeto encantou os gran<strong>de</strong>s arquitetos internacionais queformavam a comissão e levou o prêmio vencedor.http://www.pitoresco.com/espelho/<strong>de</strong>staques/lucio_costa/lucio_costa.htm72
A idéia <strong>da</strong> Nova Capital nascia sob a égi<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esta <strong>de</strong>veria estarimpressa num pla<strong>no</strong> urba<strong>no</strong> contemporâneo e a<strong>de</strong>quado a locali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A comissão queescolheria o Pla<strong>no</strong> era forma<strong>da</strong> pelo Arquiteto Oscar Niemeyer, um representante doInstituto <strong>de</strong> Arquitetos do Brasil, outro, do Clube <strong>de</strong> Engenharia do Brasil, e urbanistasinternacionais. O projeto escolhido foi o <strong>de</strong> Lúcio Costa, Arquiteto e Urbanista <strong>de</strong>stacandoo encontro <strong>de</strong> dois eixos. Para os Urbanistas, um conceito simples e universal.Para estes, Lúcio Costa planejou uma Brasília mo<strong>de</strong>rna, volta<strong>da</strong> para o futuro, masao mesmo tempo "bucólica e urbana, lírica e funcional". Ele elimi<strong>no</strong>u cruzamentos paraque o tráfego dos automóveis fluísse mais livremente, concebeu os prédios resi<strong>de</strong>nciaiscom gabarito uniforme e construídos sobre pilotis para não impedir a circulação <strong>de</strong>pessoas. Uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> rodoviária com amplas aveni<strong>da</strong>s e vasto horizonte, valorizando opaisagismo e os jardins.Po<strong>de</strong>mos dizer que Brasília não tem um Centro, ela é o próprio Centro do DistritoFe<strong>de</strong>ral e do Brasil.3.2.1 Oscar Niemeyer e a Arquitetura Patrimônio Cultural <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>Congresso Nacional em Construçãowww.camara.gov.br/internet/infDoc/.../congresso.htm, acessado em 26/11/2009Falar <strong>de</strong> Oscar Niemeyer é muito difícil, melhor seria mostrar imagens do vastoacervo arquitetônico que criou <strong>no</strong> Brasil e em alguns lugares do mundo. Arquiteto eUrbanista que faz do concreto, material moldável a sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong> em projetar e construirformas sinuosas e curvas estonteantes é a gran<strong>de</strong> expressão <strong>da</strong> Forma Mo<strong>de</strong>rnaarquitetonicamente, <strong>da</strong> Mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> como mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> e uma <strong>da</strong>s maiores figuras doséculo vinte.Quando Jusceli<strong>no</strong> Kubitschek assumiu a Presidência <strong>da</strong> República e iniciou oprocesso <strong>de</strong> construção <strong>da</strong> Nova Capital Fe<strong>de</strong>ral, <strong>no</strong>meou, em 1956, Niemeyer como73
Diretor do Departamento <strong>de</strong> Arquitetura <strong>da</strong> Companhia Urbanizadora <strong>da</strong> Nova Capital(NOVACAP), empresa encarrega<strong>da</strong> <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> Brasília.Respeitando o projeto do Pla<strong>no</strong> Piloto <strong>de</strong> Lucio Costa, Niemeyer elaborou um dosmais importantes exemplares <strong>da</strong> arquitetura mundial contemporânea, símbolo maior <strong>da</strong>arquitetura e do urbanismo brasileiros. Projetou, entre outros edifícios e logradouros, oPalácio <strong>da</strong> Alvora<strong>da</strong> – residência oficial do Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República; a Praça dos TrêsPo<strong>de</strong>res; o Congresso Nacional; o Palácio do Planalto, se<strong>de</strong> do gover<strong>no</strong> fe<strong>de</strong>ral, o Palácio<strong>da</strong> Justiça, a Esplana<strong>da</strong> dos Ministérios (1956-1958). Também são <strong>de</strong> sua autoria osprojetos <strong>da</strong> Catedral <strong>de</strong> Brasília (1958-1970); o Palácio dos Arcos (1959-1967), e o TeatroNacional (1960-1963)).Devido ao conjunto <strong>da</strong> obra (Urbanismo e Arquitetura), Brasília foi tomba<strong>da</strong> comoPatrimônio Cultural <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong><strong>de</strong> trinta a<strong>no</strong>s após sua inauguração, numa tentativa <strong>da</strong>preservação <strong>de</strong> uma época, “risca<strong>da</strong>” <strong>no</strong> solo Central do Brasil.4- Região do Botafogo em Goiânia e as Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s Satélites <strong>de</strong> Brasília: os NãoCentros e o valor <strong>da</strong> Terra MercadoriaCientistas analisam o que é um centro geográfico, planejado ou não. Alegam queeste Centro só se torna realmente centro <strong>no</strong> processo histórico. Planejá-lo num Pla<strong>no</strong>Urbanístico, <strong>no</strong> caso <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s-capitais, não significa que, ao longo do tempo, elerealmente se tornará centro. Isto só acontece quando os que vierem habitá-lo oreconhecerem como tal.Alegam que um Centro só existe se houver um Não-Centro.Mas, o que significa tudo isto?Para enten<strong>de</strong>r esta idéia é simples.Desenhe <strong>no</strong> seu ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> um ponto. Olhe-o e verifique que ele não é na<strong>da</strong> mais doque um ponto. Agora, faça ao redor <strong>de</strong>sse ponto um circulo e este se transformará numcentro. Assim, para que ele exista como centro ele precisa <strong>da</strong> periferia geométrica que oconsagre como tal. (VILLAÇA, 1998).Quando falamos <strong>de</strong> centro e periferia em relação à ocupação urbana, não estamosdizendo que, quem mora na periferia é pobre, até porque os condomínios fechados,geralmente, se localizam nas regiões periféricas. Falamos <strong>da</strong> periferia que dá sentido aoCentro.Mas, em relação à história <strong>de</strong> Goiânia e <strong>de</strong> Brasília, os operários, trabalhadores quevieram construí-la, foram geográfica e socialmente, alijados do Centro e expulsos para aperiferia: Região do Botafogo em Goiânia e Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s Satélites em Brasília.Para enten<strong>de</strong>r o porquê <strong>de</strong>ste processo, precisamos enten<strong>de</strong>r o avanço <strong>da</strong>s forçascapitalistas na região central do Brasil. Como é do seu conhecimento, o Capitalismo é umsistema econômico que tem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si a contradição. Esta é o seu motor e faz parte dosistema. Desta forma, quando o Capital olhou mais intensamente para o Centro do Brasilna Era Vargas e posteriormente <strong>no</strong>s outros gover<strong>no</strong>s presi<strong>de</strong>nciais, a Terra passou a ter umvalor comercial maior do que tinha. O chão vermelho do Sertão passou a ter valor <strong>de</strong>Terra-Mercadoria.Com a construção <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, implantação <strong>da</strong> estrutura urbana e viabilização <strong>da</strong>re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes, o valor <strong>de</strong>sta Terra ficou maior, pois a este foi acrescido o valor <strong>da</strong>acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Como é uma região central, a valorização foi, e continua sendo, intensa.74
4.1 Botafogo e Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s SatélitesQuando o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> Goiânia teve início na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1930, vierampara a região mais <strong>de</strong> 4000 trabalhadores, sendo que a maioria do Nor<strong>de</strong>ste. O Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong>Attílio Corrêa Lima não previa um espaço para estes trabalhadores. Eles ocuparam umaregião que ficava “do outro lado do centro”, a região do Botafogo. Esta durante muitotempo foi discrimina<strong>da</strong> pelos moradores <strong>de</strong> Goiânia <strong>de</strong>vido sua origem. Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1940a região foi reconheci<strong>da</strong> oficialmente pelo gover<strong>no</strong> e transforma<strong>da</strong> em bairro conhecidocomo Vila Nova.Na construção <strong>de</strong> Brasília, déca<strong>da</strong>s 1950/1960, aconteceu o mesmo processo. OPla<strong>no</strong> Piloto não previa espaço para os trabalhadores que aceitaram o convite para viver aaventura <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> uma Capital Fe<strong>de</strong>ral.As ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s satélites surgiram pela urgência imposta pelas invasões. O termo<strong>de</strong>signa um conjunto <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s que vivem em função <strong>de</strong> outra. Em junho <strong>de</strong> 1958, nasciaa primeira ci<strong>da</strong><strong>de</strong> satélite, Taguatinga, construí<strong>da</strong> às pressas para abrigar 50.000 pessoas,em sua maioria operários com suas famílias. As Satélites, aos poucos, se transformariamem importantes centros econômicos. Depois <strong>de</strong> Taguatinga, Israel Pinheiro iniciou aconstrução <strong>de</strong> outras Satélites: Sobradinho, Para<strong>no</strong>á e Gama.Para Arrais, geógrafo,Mesmo com as diferenças entre as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s satélites, elassão resultado <strong>da</strong> periferização e fragmentação do tecidourba<strong>no</strong> do Distrito Fe<strong>de</strong>ral. [...] O Distrito Fe<strong>de</strong>ral, emesmo Brasília, está muito distante do eldorado que muitosimaginam. A mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> população tem sidoproporcional à mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos problemas, e o sonho <strong>de</strong>uma capital igualitária se dissolve, na medi<strong>da</strong> que ossucessivos gover<strong>no</strong>s do Distrito Fe<strong>de</strong>ral não colocam comopriori<strong>da</strong><strong>de</strong> uma política social conjunta, que englobe nãoapenas a primeira periferia <strong>de</strong> Brasília, mas também oEntor<strong>no</strong> goia<strong>no</strong> <strong>de</strong> Brasília. (ARRAIS, 2004, p. 148)A região do Entor<strong>no</strong> é um gran<strong>de</strong> exemplo <strong>da</strong> ocupação <strong>da</strong>s forças capitalistas naTerra e sua transformação em mercadoria.75
___________________________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASARRAIS, Ta<strong>de</strong>u Alencar. Geografia Contemporânea <strong>de</strong> Goiás. Goiânia: Vieira, 2004.CAMPOS, Itami. Mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> Capital: Uma estratégia <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r, In BOTELHO, Tarcísio(Org). Goiânia. Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pensa<strong>da</strong>. Goiânia: Editora UFG, 2002.p 170 – 184.FONTANEZI, Janete Roma<strong>no</strong>. Centro Principal <strong>de</strong> uma Capital Planeja<strong>da</strong>: Forma,História e Memória <strong>de</strong> Goiânia (1933-1969). 2004. 209 f. Dissertação (Mestrado emHistória) – Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Humanas e Filosofia, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás,2004.GRAEFF, Edgar Albuquerque. 1983. Goiânia: 50 a<strong>no</strong>s. Goiânia: Editora <strong>da</strong> UCG, 1983.LEPETIT, Bernard. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna na França: ensaio <strong>da</strong> história imediata. InSALGUEIRO, Heliana Angotti (Org.). Por uma <strong>no</strong>va história urbana. Bernard Lepetit.São Paulo: EDUSP, 2001, p. 45 – 85.LIMA. Attlio Corrêa. Relatório - Pla<strong>no</strong> Diretor <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. In. MONTEIRO, OféliaSócrates do Nascimento. Como nasceu Goiânia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1938,136 – 146.________________. Goiânia: a <strong>no</strong>va capital <strong>de</strong> Goiás. Revista <strong>de</strong> Arquitetura eUrbanismo-jan./fev.1937-In. MANSO, Celina Fernan<strong>de</strong>s Almei<strong>da</strong>. Produção do espaçourba<strong>no</strong> <strong>de</strong> Goiânia, pla<strong>no</strong>s e projetos (1933- 1938). 1999. 358 f. Dissertação (Mestrado emArquitetura) – Pontifica Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas. Campinas, 1999, anexos.MENDONÇA, J. G. C. . A Assembléia Constituinte Goiana <strong>de</strong> 1935 e o Mu<strong>da</strong>ncismoCondicionado. 1ª. ed. Goiânia: Editora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás, 2008.MONTEIRO, Ofélia Sócrates do Nascimento. Como nasceu Goiânia. São Paulo: Revistados Tribunais, 1938.SANTA DICA, Agen<strong>da</strong> Cultural, <strong>Secretaria</strong> Municipal <strong>de</strong> Cultura <strong>de</strong> Goiânia. Maio <strong>de</strong>2004, nº 22, não numera<strong>da</strong>.SILVA, Colemar Natal. Goiânia, Origem – Projetos – Concretização. Goiânia: Editora <strong>da</strong>UFG, 1993.VESENTINI, José Willian.A capital <strong>da</strong> geopolítica. 2. ed. São Paulo: Ática, 1987.VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-Urba<strong>no</strong> <strong>no</strong> Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 1998SITES:www.a-enciclopedia-livre.info/?title=Goiáswww.sct.embrapa.br/auni<strong>da</strong><strong>de</strong>/localizacao2.htmhttp://www.pitoresco.com/espelho/<strong>de</strong>staques/lucio_costa/lucio_costa.htmwww.Can<strong>da</strong>go.com.brwww.portalbrasil.net/brasil_ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s_brasilia.htmwww.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia76