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SALETTE: MULHER ATENTA AOS QUE SÃO ABANDONADOS

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LA <strong>SALETTE</strong><br />

BIBLIOTECA VIRTUAL<br />

<strong>SALETTE</strong>: <strong>MULHER</strong> <strong>ATENTA</strong><br />

<strong>AOS</strong> <strong>QUE</strong> <strong>SÃO</strong> <strong>ABANDONADOS</strong><br />

Ir. <strong>Emerson</strong> José Aguiar da SIlva<br />

1<br />

O coração de Maria, aberto à ação do Espírito, vai além do olhar. Contempla aquilo<br />

que a vista não é capaz de alcançar. Maria, mulher e mãe – duplamente atenta! Atenta à<br />

agitação febril da sociedade de ontem e de hoje. Uma rápida olhada à aparição de Maria em<br />

Salette bastará para mostrar sua sensibilidade maternal para com os filhos mais<br />

marginalizados e necessitados. Tomemos três exemplos bem conhecidos: em La Salette,<br />

novamente, Deus se vale dos pequenos para realizar grandes coisas. Eleitos do Senhor e da<br />

Bela Senhora, dois insignificantes pastores, adolescentes ainda, mas, com identidade<br />

própria, sobreviventes da miséria humana reinante nos vales. Além das crianças que eram<br />

abandonadas, iletradas, longes da fé, mas sob o olhar atento e materno de Maria, havia a<br />

população daquela região profunda e escondida da França que passava por miséria, fome,<br />

dor e morte (física e espiritual).<br />

Um segundo exemplo bem conhecido nosso é o do pai de Maximino Giraud. A Bela<br />

Senhora lembra-se do pai de Maximino, ela é e está atenta às dores e sofrimentos de um pai<br />

que nada tem para dar de comer ao seu filho. Quando Maria pergunta a Maximino e<br />

Melânia se não viram trigo estragados, a pergunta parece insignificante e supérflua. A<br />

evocação desse episódio será para Monsieur Giraud o caminho de Conversão. Como<br />

sabemos, há muito tempo ele não punha os pés na Igreja; ele recusa ouvir do filho essa<br />

história estranha, porém, quando Maximino lhe diz: “Mas, pai, Ela falou do senhor...”.<br />

Nesse instante, tudo muda de figura. Ela lembrou-se de mim, de nós – pensa o senhor<br />

Giraud. Ela é atenta aos que são abandonados, até mesmo àqueles que não mais lembramse<br />

de Deus.<br />

O terceiro exemplo está na própria atitude de Maria. O desejo de Maria, em sua<br />

Mensagem, é atingir a todo o seu povo. Por três vezes a expressão volta em suas palavras:<br />

“Se meu povo não quer se submeter” e na conclusão, duas vezes. Pe. Marcel Schlewer, MS<br />

nos esclarece quanto a essa preocupação que a Virgem da Salette nos mostra em sua<br />

Mensagem:


LA <strong>SALETTE</strong><br />

BIBLIOTECA VIRTUAL<br />

A Virgem em Salette, se coloca nessa grande perspectiva ao falar da<br />

colheita estragada, da fome, mas também da superabundância de trigo<br />

a partir da condição: “Se se converterem...”. [...]. A Virgem em<br />

Salette no-lo diz à sua maneira, através (também) do episódio da terra<br />

de Coin, decisivo para o Monsieur Giraud: o destino espiritual de cada<br />

um está em jogo em acontecimentos aparentemente profanos como<br />

por exemplo, uma péssima colheita ou um pedaço de pão dado por um<br />

pai a seu filho faminto 1 (grifo nosso).<br />

Surge, então a pergunta: poderá existir outro caminho senão aquele que Maria vem<br />

nos mostrar? Essas três “expressões” usadas por Maria em sua Mensagem, nos mostram o<br />

peso que carrega por ser uma mulher atenta aos que são abandonados. E se o povo de Deus<br />

deu o título de Reconciliadora à Virgem da Salette, é porque compreendeu de maneira<br />

profunda esse tríplice engajamento de Maria a seu favor. Um detalhe importante que não<br />

podemos deixar de guardar em nosso coração: Maria não se contentou em rezar, Ela agiu,<br />

assumiu a aflição por nós.<br />

2<br />

Parafraseando Schlewer, dizemos: orar, afligir-se, Maria vai mais longe ainda. Ela<br />

sofre por nós. Para além de suas lágrimas, não é gostar de sofrer, mas, como Maria em<br />

Salette, estar apaixonado por Jesus Cristo que veio para dar a vida ao mundo (Jo 6, 51). Nos<br />

três casos – e a lista poderia estender-se – Maria volta-se preferencialmente para aqueles<br />

que a sociedade despreza e exclui. É o coração da mãe, que ama a todos os seus filhos e<br />

filhas, mas dedica especial atenção àqueles que têm sua vida mais ameaçada.<br />

A compaixão não consiste em conformar-se com uma situação que está mal. Ela nos<br />

leva à ação. Senão não passa de um mero sentimentalismo. É isso que Maria quer fazer com<br />

cada um de nós: ajudar-nos a que nos levantemos de nossas quedas, para que sejamos cada<br />

dia mais semelhantes ao seu Filho. Maria não descansará enquanto não formar Cristo em<br />

cada um de nós.<br />

Salette é mulher atenta aos que são abandonados. Ela compadeceu-se outrora pelos<br />

moradores de La Salette e região. Compadece-se hoje pelos que sofrem e não fazemos caso.<br />

Pela injustiça, pela fome, pela guerra e por nossa indiferença que diante das situações de<br />

abandono e descaso não agimos, nada fazemos. Na atual ladainha de Nossa Senhora da<br />

Salette, rezamos: “Mulher atenta aos que são abandonados”; que Ela nos ajude a sermos<br />

sensíveis, compassivos, atentos aos que são abandonados. Ela foi na cruz, em La Salette, é<br />

hoje e sempre será nossa Mãe compassiva e atenta às necessidades de seu povo faminto,<br />

seja de pão, seja de Deus.<br />

1 SCHLEWER, Marcel. Salette: opção de vida. Rio de Janeiro: RJ, 1999. pág. 83; 85.

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