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2017_Destaques

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<strong>Destaques</strong> do Parque Nacional da Gorongosa em<br />

<strong>2017</strong><br />

www.gorongosa.org


Outubro <strong>2017</strong><br />

Conteúdo<br />

2<strong>2017</strong> Em Foco–Uma Realização de Trabalho de Equipa 3<br />

Missão<br />

Conservação, Ciência, Ecoturismo, Desenvolvimento Humano na Zona Tampão<br />

Mensagem de Mateus Mutemba<br />

O Parque– Um Pedaço do Paraíso 8<br />

Parque Nacional da Gorongosa e a Zona Tampão<br />

Conservação, Fauna Bravia, Infraestrutura, Crimes de Fauna Bravia e Florestais<br />

Ciência, Avaliações de Biodiversidade, Paleontologia,<br />

Educação Cientifica, Ecoturismo, Gorongosa Collection / Turismo de Gorongosa, Acampamento Ecológico Muzimu, Centro de Actividades<br />

Emprego, Projecto de Agro-silvicultura do Café de Sombra<br />

A Zona Tampão– As Pessoas são Importantes 18<br />

Desenvolvimento Humano, Saúde<br />

Instalações de Assistência Comunitária, Educação e Clubes de Raparigas<br />

Projectos microempresariais, GCRN, Conservações, Democratização, Agricultura dos Pequenos Proprietários<br />

Perfis–Promoção do Sucesso 24<br />

Dominique Goncalves; Josefa Joaquim Moguene; Olga Alberto Tomo Aniceto; Jacinto Mathe;<br />

Cesária Tupo Pedro; Albano Vasco Chonze; Tonga Torcida<br />

Indicadores de Desempenho - Medidas de Sucesso 26<br />

Finanças Para Onde Vai o Dinheiro 28<br />

O Todo é Maior que a Soma das Partes 30<br />

2


<strong>2017</strong> Em Foco –<br />

Uma Realização de Trabalho de Equipa<br />

Missão<br />

Assegurar a restauração e a protecção da biodiversidade e<br />

dos processos naturais do Parque Nacional da Gorongosa e<br />

da sua Zona Tampão, e contribuir para o<br />

desenvolvimento humano e a atenuação da pobreza<br />

através de uma abordagem integrada da educação, o<br />

acesso melhorado aos serviços de saúde, a melhoria das<br />

práticas agrícolas e desenvolvimento do ecoturismo com<br />

base na restauração da biodiversidade e dos processos<br />

ecológicos.<br />

O Projeto da Gorongosa abrange quatro áreas<br />

fundamentais:<br />

Conservação<br />

Protecção do<br />

nosso património para as<br />

gerações futuras<br />

Ecoturismo<br />

Emprego, receita,<br />

sustentabilidade<br />

económica<br />

A Comunicação e a Media<br />

‘Se não fizermos algo para evitá-lo, os animais de África e os lugares em que vivem,<br />

serão definitivamente perdidos para o nosso mundo e seus filhos. Antes que seja tarde demais,<br />

precisamos da vossa ajuda para estabelecer a fundação que irá preservar este legado precioso<br />

muito tempo depois de aqui termos estado.’<br />

Nelson Mandela<br />

Ciência<br />

Conservação e gestão<br />

fundamentadas<br />

Desenvolvimento humano<br />

Cuidados de saúde,<br />

educação, assistência<br />

aos agricultores,<br />

bem-estar<br />

económico<br />

3


Conservação<br />

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Uma contagem aérea de vida selvagem de 51,6% do Parque em Outubro de 2016 resultou em 78.627 herbívoros<br />

entre 19 espécies contadas: pivas – 45.000; pala-palas – mais de 800; número de elefantes, búfalos, impalas, cudos<br />

e inhalas substancialmente superior ao de 2014.<br />

Foi recebido financiamento para construir o QG do Norte, postos para os fiscais e nova infraestrutura dos portões.<br />

Duzentos e vinte grupos de patrulha, constituídos por um total de 228 fiscais, percorreram 9.725 quilómetros em<br />

quatro sectores.<br />

Foram encontrados menos 50 por cento de armadilhas e laços relativamente ao ano anterior.<br />

Cinquenta recrutas, nos quais se incluem três mulheres, fizeram formação este ano.<br />

Ciência<br />

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Uma segunda fase do Laboratório de Biodiversidade E.O. Wilson foi concluída, com a adição de uma sala de aulas,<br />

laboratório genético, sala de recolha zoológica e alojamento estudantil.<br />

Setenta investigadores de mais de 20 universidades Moçambicanas e internacionais ocuparam-se com uma diversidade<br />

de projectos no Parque.<br />

O quinto e o sexto levantamentos sistemáticos de biodiversidade ocorreram durante Março-Abril de <strong>2017</strong>, resultando<br />

em adições significativas ao número de espécies conhecidas do Parque e sua Zona Tampão.<br />

O programa de Educação Científica apoiou cinco bolseiros Moçambicanos a tempo inteiro na condução de projectos<br />

de investigação independentes de biodiversidade e cinco jovens estagiários da Zona Tampão.<br />

Um total de 10 seminários de ciência avançada para estudantes e jovens profissionais Moçambicanos foi realizado na<br />

Gorongosa desde Maio até Dezembro de <strong>2017</strong>.<br />

O planeamento foi finalizado para o estabelecimento de um mestrado credenciado em Biologia de Conservação em<br />

2018.<br />

Ecoturismo<br />

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Após o anúncio de tréguas e negociações de paz em <strong>2017</strong>, cerca de 5.790 visitantes participaram nas nossas<br />

excursões.<br />

Setenta e cinco indivíduos, (96% dos quais Moçambicanos), são empregados do Parque, na indústria do turismo.<br />

A Gorongosa Collection, uma iniciativa do Parque, foi lançada para gerar receita para o mesmo e criar emprego para<br />

a população local.<br />

Um acampamento de luxo com 12 camas está a ser estabelecido em Muzimu, ao longo do Rio Mussicadzi.<br />

Tem havido uma expansão dos serviços turísticos através das actividades da Gorongosa Collection e do Montebelo<br />

Gorongosa.<br />

Têm vindo a ser criados laços mais formais com parceiros associados do sector do turismo.<br />

Ao adoptar um modelo de conservação do Século XXI, apostado num equilíbrio entre<br />

as necessidades da fauna bravia e das pessoas, estamos a proteger e salvaguardar esta<br />

bela região selvagem, devolvendo-a ao seu lugar legítimo como um dos<br />

maiores parques africanos.<br />

4<br />

Centro: Sua Excelência Carlos Agostinho do Rosário,<br />

o Primeiro-Ministro de Moçambique. Com ele estão Mateus<br />

Mutemba, Administrador do Parque e Patrícia Guerra.<br />

O Primeiro-Ministro visitou o pessoal do Parque<br />

na feira em Maputo.


Desenvolvimento Humano na<br />

ZonaTampão<br />

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Mais de 10.000 habitantes locais participaram em<br />

programas de EA [Educação Ambiental].<br />

O Programa Agrícola foi lançado oficialmente e apoia<br />

4.200 pequenos agregados familiares que vivem da<br />

agricultura.<br />

A Agro-florestação recuperou a sua dinâmica na Serra<br />

da Gorongosa; 15.000 pés de café foram plantados<br />

e as plantações anteriores estão novamente a ser<br />

trabalhadas.<br />

A plantação de árvores indígenas como espécies de<br />

sombra em plantações de café foi retomada.<br />

Vinte e três novos profissionais de saúde comunitária<br />

elevaram o seu número para 235, servindo quase<br />

87.000 habitantes nas suas comunidades.<br />

O lançamento oficial dos clubes de raparigas teve a<br />

presença da Primeira-Dama Moçambicana, Isaura<br />

Nyusi, que se tornou na sua patrona.<br />

Há agora 680 meninas em 17 clubes de raparigas em<br />

dois distritos na ZonaTampão, planeando-se o seu<br />

crescimento para 2018.<br />

Doze meninas receberam bolsas de estudo para<br />

frequentar o ensino médio através de um projecto<br />

piloto.<br />

Em Junho, a segunda maratona de 12km na selva foi<br />

realizada no Parque, com 1.400 participantes,<br />

incluindo alguns dos melhores atletas de<br />

Moçambique.<br />

5


Mensagem de<br />

Mateus Mutemba<br />

Administrador do Parque –<br />

Parque Nacional da Gorongosa<br />

Estou particularmente orgulhoso<br />

do facto de que, da equipa de<br />

funcionários a tempo inteiro, 98% são<br />

Moçambicanos, dos quais 82% são<br />

de distritos vizinhos e que todas as<br />

pessoas que trabalham a tempo<br />

parcial são dos distritos<br />

circundantes.<br />

6<br />

Caros amigos e apoiantes<br />

Os parques nacionais servem como motores de desenvolvimento humano,<br />

promovendo investimentos nacionais e internacionais e criando emprego nas<br />

diferentes actividades, ciência e turismo. O desenvolvimento é fundamental<br />

para o sucesso da conservação da biodiversidade, uma vez que as<br />

comunidades empobrecidas dependem fortemente dos recursos naturais<br />

em detrimento das áreas protegidas. No Parque Nacional da Gorongosa,<br />

reconhecemos estas sinergias entre o desenvolvimento e a conservação,<br />

mas, acima de tudo, reconhecemos o desenvolvimento humano como uma<br />

missão crítica e urgente, por direito próprio.<br />

O ano <strong>2017</strong> tem sido dominado por ventos de mudança e esperança. Após<br />

mais de dois anos, a tensão político-militar em partes do distrito da<br />

Gorongosa, na nossa bela Serra da Gorongosa, chegou ao fim. Tenho a<br />

satisfação de informar que durante este ano, de acordo com o nosso Plano<br />

de Gestão do Parque 2016-20, tivemos a capacidade de ampliar todas as<br />

nossas operações assim como fomos capazes de retomar muito do nosso<br />

trabalho, mesmo nos lugares mais seriamente afectados na ZonaTampão do<br />

Parque.<br />

O governo de Moçambique tem vindo a apresentar resultados no seu<br />

objectivo de encontrar parceiros dedicados para a gestão dos seus Parques<br />

Nacionais, tal como estabelecido no Plano Estratégico para a Administração<br />

Nacional das Áreas de Conservação para o período de 2015-24. Aqui na<br />

Gorongosa, estamos particularmente gratos por uma parceria única com<br />

Greg Carr, que se tem dedicado juntamente com a sua Fundação a tornar<br />

a Gorongosa novamente grandiosa como um motor de desenvolvimento<br />

para a província de Sofala. O Greg está a trabalhar com toda a equipa da<br />

Gorongosa e uma infinidade de intervenientes públicos e privados para criar<br />

a Visão da Grande Gorongosa. Enquanto o Parque constitui o polo de<br />

desenvolvimento da região, as pessoas que vivem na Zona Tampão do<br />

Parque permanecem no cerne da visão.<br />

Com a assistência dos nossos valiosos parceiros temos sido capazes de<br />

expandir tanto a infraestrutura como o nosso trabalho com 16 comunidades<br />

em seis distritos ao longo da Zona Tampão de 5.333 km2, que inclui cerca<br />

de 177.000 pessoas. Apesar de desafios tais como pestes, os pequenos<br />

agricultores têm vindo a beneficiar da melhoria da produção e do acesso ao<br />

mercado e a produção de café na Serra da Gorongosa foi restabelecida.<br />

Os nossos contributos educacionais desde a escola primária até ao nível<br />

universitário aumentaram substancialmente, e incluíram o lançamento oficial<br />

da iniciativa dos “Clubes de Raparigas” destinados a reter as meninas na<br />

escola e reduzir a gravidez infantil. O evento foi conduzido pela<br />

Primeira-Dama de Moçambique, Isaura Nyusi, que se tornou patrona do<br />

programa.<br />

No campo da conservação, os nossos números de fauna bravia estão a<br />

aumentar substancialmente. A mobilização dos nossos fiscais e<br />

equipamentos juntamente com o reforço das capacidades e incentivos<br />

financeiros, uma maior consciência e colaboração com o sistema judiciário<br />

e a polícia da República tem resultado num acréscimo de detenções e casos<br />

criminais devidamente condenados por crimes cometidos contra a fauna<br />

bravia.<br />

O nosso número de pessoal efectivo está a crescer tanto em quantidade<br />

como em qualidade. Actualmente temos 592 empregados a tempo inteiro e<br />

210 a tempo parcial a trabalhar no Parque, não incluindo os 75<br />

empregados do Montebelo Gorongosa Lodge & Safari. Apraz-me em especial<br />

o facto que, do pessoal a tempo inteiro, 98% são Moçambicanos, dos quais<br />

88% são de distritos vizinhos e todo o contingente de pessoal a tempo parcial<br />

é proveniente dos distritos circundantes.<br />

No sector do turismo, demos início à construção do primeiro acampamento<br />

turístico de gama alta, Muzimu, com a imagem de marca da Gorongosa<br />

Collection, estando previsto que dê início à sua actividade no decorrer do<br />

primeiro semestre de 2018.<br />

O Laboratório de Biodiversidade EO Wilson foi alargado e prosseguiu com<br />

o crescimento do seu papel na educação científica e aplicámos os nossos<br />

esforços na diversificação do campo de investigação e no envolvimento de<br />

instituições de investigação nacional e internacional no Parque.<br />

A nível nacional e internacional, o Parque recebeu incentivos encorajadores<br />

através de prémios internacionais tanto para o Greg Carr como para mim,<br />

como Administrador do Parque e uma porção de convites para fazer<br />

apresentações e partilhar experiências em conferências e seminários.<br />

Ao terminar este ano de desafios e muitas conquistas, quero expressar a<br />

minha gratidão a toda a equipa do Parque Nacional da Gorongosa pelo<br />

seu trabalho árduo e compromisso incomparável para com a nossa missão.<br />

Gratidão semelhante é estendida a todos os níveis governamentais (distrital,<br />

provincial e central), bem como às comunidades locais, cujo apoio foi<br />

fundamental em tudo o no que temos conseguido em <strong>2017</strong>.<br />

Com tanto a acontecer em <strong>2017</strong>, podemos definitivamente olhar em frente<br />

para uma actividade ainda maior em 2018. Agradecemos pela continuidade<br />

do vosso apoio e aguardamos com expectativa para unirmos novamente as<br />

nossas forças no novo ano!


O Parque–Um Pedaço do Paraíso<br />

O Projecto da Gorongosa<br />

7


A forma como estamos a restaurar o<br />

Parque Nacional da Gorongosa (PNG) - Provavelmente a maior<br />

história de restauração da vida selvagem de África.<br />

Clínicas Móveis – Cuidados de saúde para milhares<br />

Moçambique<br />

Escolas com Clubes de Raparigas – Aumentar a qualidade de vida<br />

Educação Comunitária – O conhecimento é poder<br />

Áreas de Conservação Comunitárias – A cidadania na gestão<br />

Zona Tampão da Gorongosa – Onde vivem os vizinhos<br />

Parque Nacional da Gorongosa – O mais diversificado do mundo<br />

Apoio Agrícola – Do consumo à produção<br />

Santuário –Um refúgio seguro<br />

8


A floresta húmida<br />

A serra<br />

Os “Inselbergs” Bunga –<br />

afloramentos de granito<br />

Nhandue River<br />

EN1 to Caia<br />

A zona tampão, onde vivem os<br />

nossos vizinhos<br />

As fazendas do bravio à nossa volta<br />

Inhaminga<br />

Onde cresce o café<br />

O corredor de ligação das<br />

duas áreas<br />

As florestas de Cheringoma<br />

Vunduzi River<br />

A nossa sede a norte<br />

Origens, Paleontologia<br />

Vila Gorongosa<br />

Condue<br />

Falésias calcárias,<br />

desfiladeiros deslumbrantes<br />

O Parque - onde está a fauna bravia<br />

A nossa sede e onde ficam<br />

os turistas<br />

Pungue River<br />

Mussicadzi Riv e<br />

r<br />

Camp Muzimu<br />

Acampamento de Chitengo<br />

Lake Urema<br />

Muanza<br />

Postos de fiscalização<br />

Inchope<br />

Onde ficam os vizinhos em<br />

que mais nos focamos<br />

Nhamatanda<br />

EN6 to Beira<br />

Urema River<br />

A Gorongosa possui uma variedade notável de diferentes<br />

ecossistemas, cada um com o seu próprio<br />

“elenco de personagens”<br />

9


Parque Nacional da Gorongosa e Zona Tampão<br />

Conservação<br />

Uma grande parte do nosso esforço de trabalho centra-se na aplicação da lei, embora estejamos empenhados em<br />

desenvolver um sistema baseado em incentivos para desencorajar os crimes contra a vida selvagem e as florestas. Em <strong>2017</strong>,<br />

conseguimos assegurar um financiamento adicional para nos ajudar a implementar uma estratégia de conservação mais<br />

refinada e a ampliar a nossa capacidade de aplicação da lei. A equipa de conservação é composta por 228 fiscais, dos<br />

quais 186 patrulham activamente. Em 2016 e <strong>2017</strong>, um esforço dedicado foi feito para incluir pessoal feminino na equipa.<br />

Temos agora nove mulheres na equipa de fiscais do Parque.<br />

Um dos principais desafios no decurso do ano tem sido o grande afluxo de pessoas que se instalam no Parque, muitas<br />

vezes desbravando extensões substanciais de terra, especialmente perto da nossa fronteira norte. Muitas destas pessoas<br />

fugiram da instabilidade política ao redor da Serra da Gorongosa. Continua a ser difícil para o Parque conseguir impor<br />

fronteiras definidas e a caça ilegal de animais de pequeno porte para a carne de caça é predominante. Temos no entanto<br />

uma equipa muito dedicada e estamos orgulhosos de todas as nossas conquistas em termos de conservação.<br />

Fauna bravia<br />

Uma contagem de fauna bravia aérea foi realizada em Outubro de 2016. A contagem anterior teve lugar em 2014. Incidiu<br />

particularmente no Vale do Rift nos sectores sul, ocidental e central do Parque. O levantamento cobriu 51,6% do Parque.<br />

Um total de 78.627 herbívoros de 19 espécies foi contado – o que representa o número mínimo de animais de grande<br />

porte existentes no Parque. O número de facoceros, imbabalas, oribis e changos diminuiu relativamente à contagem<br />

anterior, provavelmente devido a uma seca de dois anos. As pivas tèm continuado a aumentar havendo agora mais de<br />

45.000. As impalas, os cudos e as inhalas também aumentaram substancialmente desde 2014. Estamos bastante orgulhosos<br />

que a nossa população de pala-palas é agora superior a 800 indivíduos, com tendência para subir. O número de elefantes<br />

e de búfalos também se encontra em crescimento. A seca foi quebrada por boas chuvas no final de 2016 e no início de<br />

<strong>2017</strong>. Embora a próxima contagem aérea esteja apenas prevista para 2018, as indicações são de que <strong>2017</strong> tem sido um<br />

bom ano para as espécies afectadas pela seca poderem recuperar em número.<br />

A nossa população de leões está a estabilizar e é continuamente controlada em toda a área fundamental de estudo de<br />

900 km2 por meio de coleiras de satélite, câmaras remotas e observações directas. Planeamento e coordenação de uma<br />

Estratégia de Recuperação de Leopardos recém-lançada teve lugar para reintrodução de leopardos selvagens, incluindo<br />

uma operação de coleiras e avaliação do número de leopardos no corredor. Continuamos a acompanhar as alterações e<br />

sucessões ecológicas e a verificar como o Parque Nacional da Gorongosa se vai reabilitando.<br />

Como parte do programa para reabastecer outras áreas de conservação empobrecidas em Moçambique, um total de 412<br />

pivas, 99 facoceros e 53 changos foram capturados e realocados para o Parque Nacional do Zinave e Reserva Especial de<br />

Maputo em 2016. Em <strong>2017</strong>, mais 413 pivas e 91 changos foram realocados para o Zinave, e foi feita a translocação de<br />

810 pivas e 101 facoceros para a Reserva Especial de Maputo.<br />

10<br />

O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) em Moçambique é talvez a maior<br />

história de recuperação de vida selvagem em África


Infraestrutura<br />

Durante o ano passado, tivemos a sorte de garantir o<br />

financiamento para melhorar a nossa infraestrutura do<br />

Parque, especialmente nas partes situadas a Norte e Este.<br />

Este foi um grande impulso para o desenvolvimento da<br />

nossa sede do Norte, novos portões de entrada do Parque<br />

e vários postos de fiscais. Estes aspectos são essenciais,<br />

não só para a conservação, mas também para melhorar a<br />

nossa assistência comunitária, bem como para a criação de<br />

oportunidades para o turismo. Os desenhos técnicos estão<br />

agora completos e esperamos prosseguir com a construção<br />

dos vários edifícios em 2018. O estabelecimento da sede<br />

do Norte e do centro de educação comunitária associado<br />

trará mudanças profundas para o nosso trabalho e equipa,<br />

permitindo-nos voltar a melhorar o nível de qualidade das<br />

nossas operações.<br />

Crimes contra a Fauna Bravia e<br />

as Florestas<br />

A Gorongosa enfrenta desafios relacionados com a<br />

exploração de madeira ilegal, bem como a pesca e o<br />

comércio de carne de caça (os dois últimos principalmente<br />

para o mercado interno). Uma equipa de 228 fiscais<br />

dedicados patrulha mais de 4000 km2 de terreno dentro<br />

do Parque, bem como em comunidades da Zona Tampão,<br />

mobilizando os chefes locais e educando as suas<br />

comunidades. O número de laços e armadilhas metálicas<br />

encontradas dentro do perímetro do Parque diminuíram<br />

mais de 50% em 2016/<strong>2017</strong>. Neste período estivemos<br />

envolvidos numa série de casos sérios de crimes contra<br />

a fauna bravia e as florestas, durante os quais autores do<br />

contrabando de marfim, madeira ilegal e casos de caça<br />

furtiva de pangolins foram apanhados e processados.<br />

Moçambique tem estado geralmente nas manchetes dos<br />

crimes mais organizados e em grande escala contra a fauna<br />

bravia e as florestas sendo considerado um dos países<br />

mais importantes de trânsito do comércio ilegal de fauna<br />

bravia para o Extremo Oriente. Acreditamos firmemente<br />

que os nossos esforços concertados podem ter um impacto<br />

noutras áreas em Moçambique, e orgulhamo-nos de ter<br />

uma boa relação de trabalho a este respeito com outros<br />

parques e com a Autoridade das Zonas Protegidas<br />

Moçambicanas.<br />

11


Ciência<br />

O Laboratório E.O. Wilson, fundado em 2014, está a<br />

prosperar, e a sua expansão tem assegurado que uma<br />

das mais modernas instalações de investigação na África<br />

Austral se encontra agora no meio da selva. Em <strong>2017</strong>,<br />

tivemos 70 investigadores formalmente estabelecidos no<br />

laboratório para realizar diversos estudos. Estes<br />

investigadores estão associados a mais de 20 universidades<br />

e instituições locais e internacionais, incluindo a<br />

Universidade Eduardo Mondlane (Maputo) e a<br />

Universidade Lúrio (Pemba), ambas em Moçambique,<br />

assim como instituições internacionais como a<br />

Universidade de Princeton (EUA), Universidade de Oxford<br />

(Reino Unido), Universidade de Edimburgo (Reino Unido),<br />

Universidade de Yale (EUA), Universidade de Idaho<br />

(EUA), Universidade do Estado de Boise (EUA) e o CIBIO<br />

(Portugal). Estas equipas de investigação multinacionais e<br />

multidisciplinares também estão envolvidas nos nossos<br />

projectos de educação científica.<br />

Durante <strong>2017</strong>, ampliámos com sucesso o nosso foco em<br />

ciências sociais, políticas e de saúde, que são<br />

especialmente importantes para o nosso trabalho na Zona<br />

Tampão do Parque. Um levantamento de base de todas as<br />

16 comunidades na Zona Tampão criou um forte ponto de<br />

partida para controlar futuros projectos de desenvolvimento.<br />

Além disso, o desenvolvimento de uma componente de<br />

educação cívica, tanto no nosso programa de educação<br />

científica, como no Centro de Educação<br />

Comunitária, visa apoiar o processo de paz e democratização<br />

na Gorongosa.<br />

Todos os anos, descobrimos novas razões<br />

pelas quais a Gorongosa é verdadeiramente<br />

especial. E porque precisa de uma<br />

protecção verdadeiramente especial.<br />

12


Avaliações de biodiversidade<br />

A Gorongosa é um Parque com uma enorme diversidade. Enquanto ainda estamos a desenvolver um esforço para reabilitar<br />

as suas grandes populações de fauna bravia, também nos temos concentrado nos “pequenos detalhes”. Como o Professor<br />

E.O. Wilson, um dos líderes mundiais em biologia da conservação, diz: “O segredo para uma permanente diversidade de<br />

espécies no planeta é proteger áreas cruciais como a Gorongosa.” Continuamos a implementar levantamentos sistemáticos<br />

de biodiversidade no Parque e na área da grande Gorongosa para compreender melhor a biodiversidade de toda a área.<br />

Em <strong>2017</strong>, uma expedição fez um levantamento da Coutada 12, uma concessão de caça que faz parte do Ecossistema da<br />

Grande Gorongosa que será formalmente ligada ao Parque. As faunas de roedores e morcegos eram ricas e interessantes<br />

sendo que um dos destaques do levantamento foi encontrar uma família de morcegos (Emballonuridae ou Saccopteryx<br />

bilineata) que nunca foi registada na Gorongosa. As aves estavam igualmente bem representadas, com 165 espécies<br />

registadas. Outro destaque foi encontrar a Pita de Angola que, apesar da sua época de reprodução ter acabado, ainda<br />

estava presente na coutada.<br />

Mais de 30 espécies de anfíbios e répteis foram registados. Nelas estão incluidas quatro espécies de serpentes, incluindo a<br />

maior serpente cega de África, a Afrotyphlops mucroso. A fauna dos insectos era rica e abundante. Alguns dos destaques<br />

incluíram duas espécies de grilos do mato que anteriormente haviam sido conhecidas apenas de alguns espécimes<br />

recolhidos no centro de Moçambique nos anos 50. Um segundo levantamento da biodiversidade teve como alvo as grutas<br />

de pedra calcária do sistema do Rio Codzo no corredor entre o Parque e a Coutada 12. O levantamento incidiu sobre a<br />

fauna das grutas, incluindo os morcegos e incluiu uma triagem virológica de mais de 300 morcegos para a presença de<br />

potenciais agentes patogénicos zoonóticos. Identificámos um número surpreendente de 27 espécies de morcegos,<br />

incluindo uma redescoberta do Pipistrellus grandideri, uma espécie que não era vista há mais de 100 anos. Pelo menos 154<br />

espécies de borboletas diurnas e 300 espécies de mariposas foram registadas. Uma espécie de lagarto subterrâneo, nova na<br />

ciência, foi também descoberta.<br />

Paleontologia<br />

O Projeto Paleo-Primata da Gorongosa (PPG) começou em 2016. Uma equipa que abrange disciplinas tais como<br />

geologia, primatologia, paleobotânica, paleozoologia, arqueologia e espeleologia realizou um levantamento inicial em 2016<br />

e começou com escavações de teste em <strong>2017</strong>. A equipa descobriu novas e importantes localizações paleontológicas dentro<br />

do Parque. Os lugares ainda precisam de ser devidamente datados, mas pensa-se que sejam da idade Mio-Pliocena.<br />

Embora os espécimes paleontólogos descobertos até agora sejam fragmentados e ainda não tenham sido estudados em<br />

detalhe, eles representam as primeiras colecções significativas de ossos e dentes fósseis alguma vez relatados desta parte do<br />

sistema do Rift da África Oriental. Isto indica que é altamente provável que espécimes adicionais e mais completos venham<br />

a ser encontrados uma vez que as escavações apropriadas tenham lugar. Este trabalho é extremamente relevante para a<br />

Gorongosa e ajuda-nos a desenvolver a visão a longo prazo de como a evolução e a ecologia moldaram o nosso meioambiente<br />

actual. Estamos também particularmente entusiasmados por associar a investigação aos desenvolvimentos<br />

culturais desta parte de Moçambique – um aspecto importante da nossa herança local.<br />

13


Educação Cientifica<br />

Durante <strong>2017</strong>, o Programa de Educação Científica apoiou cinco bolseiros de pesquisa em tempo integral e cinco<br />

estagiários, todos eles jovens Moçambicanos. Além disso, um número de estagiários trabalhou no Parque para os seus<br />

projectos de fim de curso. Realizámos um total de 10 seminários de ciência avançada sobre Temas de Biologia de<br />

Conservação para estudantes Moçambicanos e jovens profissionais de Maio a Dezembro de <strong>2017</strong>. Os 113 participantes (54<br />

mulheres) nos seminários de estudo avançado vieram de 26 universidades e instituições diferentes em todo Moçambique.<br />

Os cursos foram completamente gratuitos para os candidatos aprovados. Foram finalizadas negociações para uma colaboração<br />

adicional com instituições académicas para o Programa de BioEducação em 2018. Estes incluem: Instituto Politécnico<br />

de Manica, Universidade Zambeze e Universidade de Lisboa, Portugal. Com o apoio dos doadores, vamos expandir o<br />

programa de educação científica para incluir cursos de ensino superior em educação cívica, democracia e paz, em<br />

consonância com o Carr Center associado à Harvard Kennedy School. Este é um desenvolvimento particularmente<br />

empolgante e esperamos que tal investimento contribua significativamente para a consolidação da paz em Moçambique.<br />

Ecoturismo<br />

A indústria do turismo em Moçambique é um dos sectores económicos de crescimento mais rápido do país, contribuindo<br />

com cerca de 7,2% para o PIB (2015), que é um aumento de 5% em relação aos 2,1% de 2005. No entanto, o<br />

desenvolvimento do turismo em Moçambique tem sido dificultado por uma série de condições de enquadramento difícil.<br />

Na Gorongosa, os números dos visitantes caíram significativamente de 7.000 visitantes em 2011 para 2.293 em 2015<br />

devido à situação política insegura. No entanto, durante a primeira metade de <strong>2017</strong>, logo após a negociação de uma<br />

trégua no final de Dezembro de 2016, os números de turismo no parque aumentaram substancialmente e este ano tivemos<br />

cerca de 5.700 visitantes.<br />

Prevê-se que a entrada de turistas na África Austral suba para 36 milhões em 2020, um aumento de mais de 10%. Se<br />

Moçambique entrar num período de paz, poderá ser o provável destino de uma boa proporção deste aumento. Em <strong>2017</strong>,<br />

fizemos investimentos significativos na reconstrução e expansão do potencial turístico da Gorongosa para garantir que o<br />

sector do turismo contribua para a sustentabilidade financeira do Parque a longo prazo.<br />

Gorongosa Collection / Turismo de Gorongosa, Acampamento<br />

Ecológico Muzimu<br />

O Turismo de Gorongosa, empresa turística pertencente ao parque, foi registado em <strong>2017</strong>. Operando sob a marca “The<br />

Gorongosa Collection”, o primeiro acampamento ecológico de gama alta está a ser construído em Muzimu. Têm havido<br />

progressos significativos – o local foi selecionado e o seu levantamento foi feito, as avaliações ambientais foram concluídas<br />

e a aprovação regulatória necessária foi obtida. Infraestruturas, tais como as tendas foram adquiridas, e as reservas iniciais<br />

estão a ser recebidas. Assim que o acampamento estiver completamente operacional, irá proporcionar pelo menos 34<br />

empregos directos. Muzimu é apenas o primeiro acampamento ecológico de uma série de três que estão em fase de<br />

planeamento avançado. Acreditamos firmemente que o turismo pode tornar-se na maior fonte de receita para a Gorongosa<br />

e o seu programa da Zona Tampão – um verdadeiro motor de desenvolvimento.<br />

14


Centro de Actividades<br />

No decurso de <strong>2017</strong>, o Centro de Actividades em<br />

Chitengo foi gerido pela Colecção Gorongosa. Em <strong>2017</strong>,<br />

(para uma temporada de 8 meses) tiveram lugar 806<br />

actividades para os visitantes, com aproximadamente<br />

5.700 pessoas a participarem nos nossos safaris. Enquanto<br />

estamos actualmente limitados a relativamente poucas<br />

rotas, temos no entanto planos para estimular a<br />

experiência dos visitantes. Este ano, elaborámos e<br />

desenvolvemos propostas de financiamento para<br />

estabelecer em Chitengo um centro de ciências para os<br />

visitantes e pretendemos construir por perto uma<br />

caminhada à altura da copa das árvores. Pretendemos criar<br />

uma experiência inesquecível para os visitantes – vindos<br />

da Zona Tampão do Parque, bem como para os turistas<br />

nacionais e internacionais – tanto virados para a natureza<br />

como para a cultura de Moçambique.<br />

SAFARIS DE LUXO<br />

Ecoturismo é uma força poderosa que ajuda<br />

a conservação. Se visitar a Gorongosa para um<br />

Safari em Moçambique, está a contribuir para<br />

salvá-la!<br />

15


Emprego<br />

Investir em infraestruturas de turismo e activos do Parque<br />

promove a criação de empregos sustentáveis no turismo,<br />

que por sua vez irão apoiar os agricultores e empresários<br />

locais. Além disso, as oportunidades de formação para<br />

o pessoal local em turismo irão proporcionar às pessoas<br />

da Zona Tampão oportunidades de emprego a longo<br />

prazo, reduzindo os níveis de pobreza nas comunidades<br />

vizinhas. Com isso em mente, <strong>2017</strong> tem sido um ano de<br />

planeamento de novas iniciativas no turismo. Estas incluem<br />

instalações sofisticadas no Muzimu, onde se estima que<br />

34 membros do pessoal e três guias qualificados serão<br />

empregados. Três acampamentos móveis com tendas de<br />

gama alta estão previstos a longo prazo, com cada um a<br />

empregar um número semelhante de pessoal. O aumento<br />

das taxas de ocupação no Montebelo Gorongosa poderá<br />

levar ao emprego de 12 guias qualificados e pessoal de<br />

hospitalidade adicional. Actualmente, 75 indivíduos, (96%<br />

Moçambicanos), estão empregados na indústria do turismo<br />

no Parque. As receitas geradas pelo turismo, tais como<br />

taxas de concessão e entrada, serão aplicadas no Parque<br />

da Gorongosa.<br />

O financiamento está a ser feito para estabelecer a única<br />

Academia de orientação de safaris de Moçambique, que<br />

irá formar Moçambicanos para servir o sector do turismo<br />

de alto nível e de luxo. Este é um imperativo para estabelecer<br />

as capacidades necessárias para guias com um<br />

padrão de nível internacional e garantir um fluxo<br />

consistente de guias qualificados para os novos<br />

estabelecimentos de hospitalidade à medida que estes<br />

forem surgindo. Se tudo correr bem, a academia também<br />

irá fornecer cursos básicos de gestão doméstica e outros<br />

aspectos de hospitalidade para a nossa força laboral local<br />

a partir da Zona Tampão da Gorongosa.<br />

16


Projecto de Agro-silvicultura do Café de Sombra<br />

O Projecto da Gorongosa tem investido no desenvolvimento de plantações de café de sombra nas encostas da Serra da<br />

Gorongosa para ‘out-growers’ (pequenos agricultores locais subcontratados) e uma cadeia de valor de café, ligando o café<br />

Arábica de alta qualidade, cultivado localmente, aos mercados internacionais lucrativos. Como resultado do conflito<br />

político na área durante os últimos dois anos, o projecto de café teve de restringir o seu programa-piloto de três anos, que<br />

era para plantar 20ha de café em cada um dos três anos, mas voltou a ganhar um novo impulso em <strong>2017</strong>.<br />

Os pequenos agricultores locais na montanha plantaram 15.000 pés de café, e estão novamente a trabalhar nas plantações<br />

previamente estabelecidas para cada um deles. Em cada hectare de café, 90 árvores nativas da floresta tropical e<br />

produzidas em viveiros adjacentes ao viveiro de café, foram entremeadas nos campos de café para produzir sombra e<br />

auxiliar no processo de reflorestamento. Os serviços de apoio funcional, como um viveiro de mudas, instalações de<br />

processamento seco e a micro-torrefacção sob a marca da Gorongosa estão prontos. Os grandes investimentos tiveram<br />

continuidade, e com um promissor processo de paz em andamento, a cadeia de valor completa para o café pode ser<br />

retomada. Estima-se que dentro de um período de cinco anos, o café pode vir a fornecer um retorno em numerário<br />

aproximado de 500,00 US$ para os pequenos agricultores envolvidos.<br />

Para garantir um futuro promissor para o Parque Nacional da Gorongosa, temos<br />

de melhorar a vida do seu povo. Pretendemos famílias saudáveis com uma melhoria da<br />

segurança alimentar, meios de subsistência alternativos, sustentáveis e uma redução da<br />

pressão populacional em torno da Gorongosa.<br />

17


Parque Nacional da Gorongosa<br />

Parque Nacional da Gorongosa<br />

A Zona Tampão – As Pessoas são Importantes<br />

Desenvolvimento Humano<br />

A Zona Tampão é uma zona dedicada ao desenvolvimento humano, integrada com os objectivos de conservação do<br />

Parque. O Plano de Gestão do PNG 2015–2020 implementa a Lei de Conservação de 2014 e apoia o Plano de<br />

Desenvolvimento Provincial de Sofala (O Plano Económico e Social e Orçamento de Estado Provincial, 2014),<br />

incorporando uma visão detalhada do desenvolvimento humano. Um Plano de Gestão consagrado à Zona Tampão está<br />

ainda por ser desenvolvido.<br />

A região da Gorongosa foi especificamente afectada pela recente agitação civil em Moçambique, mas está presentemente<br />

em curso um processo de paz. Os serviços de extensão nas áreas de conflito foram interrompidos e as comunidades<br />

tiveram de depender de si próprias nos últimos dois anos. Durante os anos de conflito, o Projecto da Gorongosa foi uma<br />

das únicas organizações que continuaram a operar na área, com um programa de desenvolvimento humano que visa a<br />

saúde, a educação, a capacitação das raparigas e as medidas de apoio ao cultivo dos pequenos agricultores.<br />

Actualmente, cerca de 177.000 pessoas residem na Zona Tampão, consistindo em cerca de 26.000 agregados familiares<br />

que abrangem seis distritos. Considera-se que cerca de 65% das pessoas na Zona Tampão vivem abaixo da linha de<br />

pobreza. O Projecto da Gorongosa está a criar um novo modelo para o Parque Nacional da Gorongosa. Em vez de<br />

funcionar apenas como um santuário de vida selvagem, pretende servir como um motor de desenvolvimento. Em <strong>2017</strong>, a<br />

equipa da Gorongosa fez um esforço concertado para fomentar o investimento numa região remota com poucas<br />

oportunidades de desenvolvimento.<br />

Nomeadamente, um levantamento de base detalhado foi implementado em todas as 16 comunidades da Zona Tampão,<br />

recolhendo informações básicas sobre as economias domésticas, saúde, serviços básicos, educação e outros parâmetros<br />

fundamentais de desenvolvimento. Esta informação é crucial para dar mais formação ao programa de desenvolvimento<br />

humano e também para acompanhar as realizações das intervenções do programa. O Parque apoia a população que<br />

compartilha o grande ecossistema e, por sua vez, a população apoia os objectivos do Parque.<br />

2.a Edição da Maratona na Selva<br />

Gorongosa<br />

Parque Nacional da<br />

114<br />

2.a Edição da Maratona na Selva<br />

2.a Edição da Maratona na Selva<br />

18


Saúde<br />

O Projecto da Gorongosa implementa uma variedade de<br />

serviços de saúde e comunitários na Zona Tampão do<br />

Parque, com o objectivo de aumentar a cobertura dos<br />

serviços de saúde e nutrição de impacto elevado através<br />

do aumento do número de profissionais de saúde<br />

comunitária e das clínicas móveis. As unidades de saúde<br />

móvel (com pessoal médico público) e os profissionais de<br />

saúde comunitária são apoiados pelo sistema nacional de<br />

saúde para visitar povoações remotas regularmente para<br />

administrar serviços básicos de saúde. O planeamento<br />

familiar e as actividades de saúde infantil estão em curso,<br />

assim como a educação de saúde materna, que incentiva<br />

as mulheres grávidas a utilizarem as maternidades ao longo<br />

da Zona Tampão. ‘Mães modelo’ estão a ser preparadas<br />

para ajudar a divulgar mensagens importantes de saúde,<br />

nutrição, educação e conservação, havendo um grupo<br />

de madrinhas a fornecer informações sobre planeamento<br />

familiar para raparigas jovens e a colaborar com clubes<br />

de raparigas. Além disso, 23 novos profissionais de saúde<br />

comunitária foram lançados no terreno, 37 assistentes<br />

de parto tradicionais foram formadas para atender uma<br />

comunidade periférica, e uma reestruturação completa da<br />

equipa de saúde teve lugar no início de <strong>2017</strong>.<br />

Através de clínicas médicas móveis,<br />

damos assistência a algumas das famílias<br />

mais vulneráveis em algumas das áreas mais<br />

remotas da região da Gorongosa.<br />

Estas clínicas salvam muitas vidas.<br />

19


Instalações de Assistência<br />

Comunitária<br />

O Centro de Educação Comunitária (CEC) da<br />

Gorongosa está situado mesmo à saída dos limites do<br />

Parque, a poucos quilómetros do portão principal de<br />

entrada do Parque, sendo o esteio do nosso programa de<br />

desenvolvimento humano da Zona Tampão. Acolhe não<br />

somente os escritórios do Parque e muito do seu pessoal,<br />

mas acima de tudo, muitos dos nossos eventos de<br />

assistência e educação comunitária. Em <strong>2017</strong>, um total<br />

de 2.384 indivíduos participou em eventos de formação e<br />

cursos no centro.<br />

O CEC investe especificamente em educação ambiental e<br />

viabiliza as visitas dos membros da comunidade e<br />

especialmente as crianças em idade escolar. Este ano,<br />

mais 25 professores da Zona Tampão foram treinados para<br />

formar eco clubes, que estão localizados em 36<br />

escolas em dois distritos, e actualmente têm uma adesão<br />

de 260 alunos. Está a ser planeada a formação de mais 100<br />

professores para a viabilização de clubes ecológicos até<br />

o fim do ano. Além disso, 130 anciãos das comunidades<br />

visitaram o centro para compartilhar a ética tradicional de<br />

conservação local com o pessoal do centro. Neste período,<br />

2.434 membros da comunidade foram patrocinados para<br />

visitar o Parque para ver a sua vida selvagem e vivenciar a<br />

beleza da natureza, sendo que desta feita, da perspectiva<br />

de um parque.<br />

Paralelamente ao crescente programa de desenvolvimento<br />

humano, um numeroso contingente de pessoal adicional<br />

foi recrutado. Foi garantido financiamento para construir<br />

escritórios adequados para acomodar o pessoal, o que irá<br />

permitir que saiam do seu alojamento em contentores.<br />

Enquanto a construção só irá ter lugar em 2018, trata-se<br />

de uma grande conquista e mais apoio “operacional” desta<br />

natureza é necessário para o futuro. Outro CEC, um centro<br />

comunitário semelhante, ainda que menor, irá ficar situado<br />

perto da sede do Norte, para ajudar a superar a logística<br />

de viajar longas distâncias de e para comunidades e locais<br />

no terreno. Os planos para o novo CEC foram preparados,<br />

e a construção vai começar em 2018.<br />

20


Educação e Clubes de Raparigas<br />

As meninas e as mulheres da Gorongosa são desproporcionalmente impactadas pela pobreza e estão entre as mais<br />

vulneráveis nas comunidades da Zona Tampão. As meninas adolescentes e pobres em Moçambique têm uma maior<br />

probabilidade de abandonar a escola primária, devido a uma série de normas culturais e sociais, incluindo a prática do<br />

casamento precoce e a alta taxa de gravidezes na infância. O projecto opera clubes de raparigas, que são programas<br />

pós-escolares que incidem sobre a alfabetização de base em matéria de leitura e cálculo e saúde, e a identificação de<br />

oportunidades de carreira. Os clubes de raparigas têm provado incentivar jovens adolescentes a permanecer na escola e<br />

continuar no ensino médio, reduzindo potencialmente a incidência do casamento e gravidez infantil.<br />

Primeira Dama de Moçambique Isaura Ferrão Nyusi<br />

Greg Carr Mateus Mutemba<br />

O conceito de Clubes de Raparigas foi implementado em 17 escolas primárias, atingindo cerca de 680 meninas. Nos<br />

clubes, elas são ensinadas e orientadas por Moçambicanas ligeiramente mais velhas, ‘Promotoras’, que completaram o<br />

ensino médio e são apoiadas por 340 ‘Madrinhas’ em assuntos relacionados com a família e a comunidade. Foram<br />

atribuídos fundos para apoiar mais 33 clubes de raparigas nos distritos a sul do Parque ao longo dos próximos três anos e<br />

mais tarde para incluir as restantes 43 escolas da Zona Tampão, especialmente em áreas onde o impacto do conflito civil<br />

tem sido mais severo para as comunidades locais.<br />

Este ano, no decurso de um projecto-piloto, 12 bolsas foram concedidas a meninas, membros dos clubes de raparigas,<br />

seleccionadas para frequentar o ensino médio. Enquanto o programa dos clubes de raparigas será redimensionado<br />

lentamente, os progressos realizados durante <strong>2017</strong> são significativos. Acreditamos que o enfoque na educação e<br />

capacitação das meninas trará uma verdadeira transformação nestas comunidades.<br />

Em 2016, a escola primária Samora Machel em Mussinhá, foi reconstruída para se tornar uma escola primária moderna<br />

abrangendo da 1a à 7a classe. A escola consiste em cinco salas de aula, um salão, um bloco administrativo, sanitários e<br />

uma casa para o director. Melhorou consideravelmente o acesso das crianças locais ao ensino primário completo. A nova<br />

escola iniciou as operações no início deste ano.<br />

CLUBES DE RAPARIGAS<br />

PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA<br />

Esperamos moldar o futuro através da educação.<br />

No Parque Nacional da Gorongosa, ensinamos à população local (especialmente as crianças)<br />

os princípios e os valores da conservação ambiental para que eles queiram e sejam capazes<br />

de nos ajudar a proteger o Parque no futuro.<br />

21


Projectos microempresariais<br />

Durante 2016, vinte membros das comunidades de Nhambita, Nhanguo e Mucombezi participaram da formação em<br />

gestão de pequenas empresas no CEC. Finda a formação, estes novos Animadores Comunitários receberam produtos de<br />

mercearia para darem início com eles aos seus negócios micro empresariais. Em Março de <strong>2017</strong>, uma reunião de avaliação<br />

foi realizada com os beneficiários deste projecto empreendedor em curso: dos 47 micro-empresários, 38 ainda<br />

continuavam com o seu negócio. Foi decidido reduzir o esforço de manutenção para ver quantos continuariam com o<br />

negócio sem apoio.<br />

No início de <strong>2017</strong>, o programa concentrou a sua atenção na colheita e compra de mel de 40 apicultores, e o Projecto<br />

da Gorongosa realizou a sua Colheita de Mel inaugural. O mel foi colhido a partir de 30 colmeias na pequena floresta de<br />

Miombo no Centro de Educação Comunitária. No final de Março, o programa tinha adquirido mais de 400kg de mel de<br />

membros das comunidades locais.<br />

A maioria dos vegetais consumidos no refeitório do CEC (que serve em média 160 refeições por dia) e no refeitório de<br />

Chitengo, é agora proveniente de agricultores locais em Vinho e Nhambita.<br />

GCRN, Conservações, Democratização<br />

A Gestão Comunitária de Recursos Naturais (GCRN) é considerada uma via produtiva para gerar benefícios económicos<br />

directos para as comunidades locais na Zona Tampão. A equipa da Gorongosa tem estado envolvida com várias<br />

comunidades há algum tempo para discutir opções de negócios baseados em recursos naturais. A gestão sustentável da<br />

floresta, o ecoturismo baseado na Comunidade e a produção de carne de caça são oportunidades que estão actualmente a<br />

ser investigadas com acuidade. Estão também a ser consideradas ligações agroflorestais entre a conservação e a agricultura.<br />

Em determinadas áreas, a delimitação formal de uma forma de “conservação comunitária” está também a ser explorada em<br />

associação com a Autoridade das Áreas Protegidas Moçambicanas, a ANAC.<br />

A compreensão e o estabelecimento de estruturas de governação equitativas para tais entidades de GCRN são críticas e<br />

precisam de estar ligadas aos comités de recursos naturais existentes ao nível de Regulado e uma maior descentralização<br />

para um nível Sapanda ou Fumo (ambos subestruturas tradicionais ao nível de aldeia) está prevista. O Projecto da<br />

Gorongosa é agora capaz de se envolver com os 16 Comités de Recursos Naturais existentes na Zona Tampão para iniciar<br />

os primeiros passos de sensibilização sobre a governação democrática e criação de estruturas relevantes para estabelecer<br />

iniciativas de GCRN.<br />

+258 82 308 2252<br />

www.gorongosa.org<br />

100% puro, mel orgânico da selva Africana colhido<br />

pelas comunidades à volta do Parque Nacional da<br />

Gorongosa e trazido até si por Produtos Naturais da<br />

Gorongosa, Província de Sofala, Moçambique.<br />

Gorongosa<br />

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Pure Natural Honey<br />

100% pure, organic African bush honey harvested by<br />

the communities around Gorongosa National Park and<br />

brought to you by Produtos Naturais da Gorongosa,<br />

Sofala Province, Moçambique.<br />

Parte do nosso trabalho de<br />

conservação mais importante<br />

é feito fora do Parque,<br />

nas comunidades e<br />

aldeias, nas escolas e<br />

clínicas de saúde.<br />

22


Agricultura dos Pequenos<br />

Proprietários<br />

Durante <strong>2017</strong>, o Projecto da Gorongosa aperfeiçoou ainda<br />

mais a abordagem do programa dos pequenos proprietários<br />

agrícolas. Oitocentos pequenos agricultores estão a ser<br />

apoiados tanto no sul como no norte da Zona Tampão. Ao<br />

trabalhar com mais de 60 ‘agricultores líderes ‘, dos quais<br />

quase metade são mulheres, as melhores práticas<br />

relacionadas com a agricultura inteligente em termos<br />

climáticos, novas intervenções através da promoção dos<br />

primeiros executantes das recomendações, e formação<br />

foram postas à disposição. Os agricultores também<br />

receberam alfaias e materiais para a sementeira. Foram<br />

estabelecidas duas parcelas de ensaio de sementes<br />

dedicadas e estão a ser utilizadas como campos de<br />

demonstração, servindo para investigar quais os<br />

tratamentos agrícolas eficazes em sistemas específicos<br />

agro-ecológicos na Zona Tampão.<br />

É evidente que os principais nós de estrangulamento para<br />

os pequenos agricultores são o acesso aos mercados, bem<br />

como desbloquear cadeias de valor total para os seus<br />

produtos. A equipa da Gorongosa está a trabalhar<br />

arduamente para identificar essas cadeias de valor e ajudar<br />

os agricultores a aumentar o valor dos seus produtos.<br />

O potencial de estabelecer uma indústria local da<br />

castanha de caju está a ser investigado e experimentado,<br />

incluindo a adição do valor, tal como uma instalação de<br />

embalamento para as castanhas. A equipa da Gorongosa<br />

tem como objectivo específico injectar conhecimento e<br />

abordagens de agricultura comercial através da “Produtos<br />

Naturais” da Gorongosa, uma empresa agrícola comercial.<br />

Acredita-se que esses investimentos se tornarão<br />

economicamente viáveis se for incutida uma perspectiva<br />

comercial no desenvolvimento agrícola dos pequenos<br />

proprietários. Estima-se que no Ano 5, a produção anual<br />

de castanhas de caju a partir da Zona Tampão apenas,<br />

será de 1.840 toneladas métricas. Isto iria injectar um<br />

montante anual em dinheiro de 1,84 million US$ para os<br />

agricultores na Zona Tampão. Se as castanhas forem ainda<br />

processadas numa fábrica de processamento pertencente<br />

ao Projecto da Gorongosa (fora da casca, não assada), este<br />

valor pode aumentar até seis vezes.<br />

23


Perfis –<br />

Promoção do Sucesso<br />

Dominique Gonçalves<br />

Mestrado em Ciências<br />

O projecto serviu de apoio para o ensino<br />

superior de quatro estudantes Moçambicanos<br />

no estrangeiro e sete em Moçambique.<br />

Josefa Joaquim Moguene<br />

de Bebedo – Madrinha<br />

Trezentas e quarenta Madrinhas apoiam<br />

680 meninas de 17 Clubes de Raparigas<br />

Olga Alberto Tomo –Membro<br />

do Clube de Raparigas Aniceto<br />

Doze meninas dos Clubes de Raparigas receberam<br />

bolsas para continuarem os seus estudos na escola<br />

secundária.<br />

Dominique<br />

Nasci na Beira e estudei Ecologia e Conservação<br />

da Biodiversidade Terrestre na Universidade<br />

Eduardo Mondlane, em Maputo. Completei o<br />

meu mestrado em Biologia da Conservação no<br />

“Durrell Institute” de Conservação e Ecologia<br />

da “University of Kent”, no Reino Unido. Nessa<br />

altura eu era uma bolseira trabalhando com e a<br />

receber formação de pessoas que eu realmente<br />

admiro no Projecto Elefantes no Parque Nacional<br />

da Gorongosa. Apresentei resultados da pesquisa<br />

na conferência de Resiliência para o Desenvolvimento<br />

em Joanesburgo e participei no reforço<br />

das capacidades de Transformação do Conflito<br />

Homem-Fauna Bravia. Também fui convidada<br />

para intervir nas Conversas com Mulheres<br />

Excepcionais no “Altura Institute” em Idaho, EUA<br />

em Setembro deste ano. Aspiro a prosseguir a<br />

minha educação e a obter mais experiência no<br />

terreno para melhor servir o PNG e a<br />

conservação no seu todo, especialmente dos<br />

elefantes, e incentivar os jovens a trabalhar na<br />

conservação. A minha visão leva-me a envolver<br />

em actividades onde as capacidades que adquiri<br />

sejam uma mais-valia e produzam os melhores<br />

resultados.<br />

Alguns trabalhadores do Parque reuniram-se com<br />

a nossa comunidade e contaram-nos sobre o<br />

Projecto dos Clubes de Raparigas.<br />

Perguntaram-nos se alguém estava interessado<br />

em tornar-se numa “Madrinha” - é uma posição<br />

voluntária, mas tanto as minhas colegas como eu<br />

queríamos ajudar as meninas da nossa<br />

comunidade e assim submetemos a nossa<br />

aplicação. Incentivamos as meninas a<br />

permanecer na escola; visitamos as meninas em<br />

suas casas e falamos com elas sobre a<br />

importância de continuar a ir para a escola e<br />

evitar casamentos precoces. Se uma menina<br />

fica na escola, ela pode conseguir um emprego<br />

melhor e ajudar a sua família, e não se tornar<br />

dependente de um marido. Ela pode até ajudar<br />

o marido se ele não estiver a trabalhar!<br />

A educação concede uma base forte para o<br />

futuro. O projecto também ajuda a recuperar a<br />

cultura que existia nas comunidades há muito<br />

tempo. A comunidade tem-nos elogiado assim<br />

como as nossas actividades. Agora querem que a<br />

gente converse com as suas filhas e as aconselhe!<br />

Tenho 16 anos e vivo em Bebedo com o meu pai, a<br />

minha mãe e dez irmãos. O tio Barreto e a tia<br />

Gloria vieram à minha escola e contaram-nos sobre o<br />

Clube de Raparigas. Eu associei-me logo. No clube eu<br />

aprendi como é importante não casar demasiado cedo<br />

e estudar e continuar na escola. Dessa forma podemos<br />

ter um bom emprego e ajudar os nossos pais. Sem o<br />

Clube de Raparigas e a bolsa, eu já não estaria na<br />

escola, porque os meus pais não podem pagar para eu<br />

continuar os meus estudos. Eu espero que no futuro<br />

eu seja como o tio Barreto e a tia Gloria; ajudando os<br />

outros.<br />

Josefa<br />

Olga<br />

Jac<br />

24


Jacinto Mathe<br />

Bolseiro de Ciências<br />

Estudantes e cientistas experientes, entre<br />

os quais cinco Moçambicanos e 70<br />

internacionais, têm estado baseados no<br />

Laboratório Wilson, na Gorongosa.<br />

Cesária Tupo Pedro<br />

Promotora<br />

Em <strong>2017</strong>, 680 meninas participaram nos<br />

Clubes de Raparigas<br />

Tonga Torcida<br />

Técnico de Fauna Bravia<br />

Este ano o Parque tem 592 membros de<br />

pessoal a tempo inteiro, dos quais 98 por<br />

cento são Moçambicanos.<br />

Albano Vasco Chonze<br />

Fiscal<br />

Há 228 fiscais e batedores, principalmente<br />

da Zona Tampão, incluindo as primeiras 9<br />

mulheres fiscais.<br />

Completei a minha licenciatura em ciências<br />

veterinárias na UEM em Maputo em Junho<br />

de 2016 e fiz um estágio em fauna bravia<br />

na Gorongosa de Setembro a Dezembro,<br />

começando como bolseiro em Fevereiro de<br />

<strong>2017</strong>. Eu trabalho em paleontologia e estou<br />

ligado ao Projecto dos Primatas. Fizemos uma<br />

visita de campo em Agosto, que foi muito boa.<br />

Tivemos alguns resultados interessantes, mas<br />

ainda estamos a fazer o processamento dos<br />

resultados. É trabalho árduo, trabalhamos todos<br />

os dias da semana em Chitengo. Também<br />

guiamos visitas ao laboratório. Conheci novos<br />

amigos e fiz novos contactos que pretendo<br />

visitar um dia. Gostaria de dar continuidade<br />

aos meus estudos, talvez fazer um mestrado<br />

na UEM, mas gostaria realmente de fazer um<br />

mestrado na Universidade de Coimbra em<br />

primatologia/paleontologia. É o meu sonho. Se<br />

eu pudesse tornar-me um estagiário lá, poderia<br />

ganhar algum dinheiro e aprender algo sobre<br />

o país.<br />

Tenho 21 anos de idade. Vivo na Gorongosa e<br />

gostaria de me tornar uma engenheira florestal.<br />

Estava a ponderar sobre o que fazer depois da<br />

escola e li sobre como se tornar uma promotora<br />

no Parque. Quando li que envolvia trabalhar<br />

com raparigas, isso motivou-me mais. Ser uma<br />

promotora significa ser uma irmã mais velha<br />

que está lá para ajudar as raparigas a aprender<br />

e crescer academicamente, aconselhando-as<br />

sobre coisas como higiene pessoal, saúde<br />

reprodutiva sexual, rapazes e outras coisas<br />

durante a vida adolescente.<br />

Ao longo do meu tempo aqui, aprendi que as<br />

pessoas têm medo da mudança e que temos<br />

uma grande responsabilidade para proteger<br />

essas meninas e de certificarmo-nos que elas<br />

estão preparadas para o mundo real lá fora.<br />

Mesmo no mundo actual há muitos pais que<br />

não deixam os seus filhos ir para a escola. Se<br />

tivermos oportunidade de aconselhá-los, estou<br />

certo que eles mudariam de ideias, porque<br />

muitos deles estão simplesmente a seguir a<br />

tradição, sem realmente entenderem as<br />

consequências.<br />

Eu trabalho no Departamento de Conservação<br />

do Parque Nacional da Gorongosa. Em Agosto<br />

de <strong>2017</strong>, voltei do Mweka Wildlife College na<br />

Tanzania, onde recebi a minha licenciatura em<br />

Gestão de Fauna Bravia. Mweka é fantástico<br />

pois aprendem-se muitas coisas práticas.<br />

Visitámos vários parques e trabalhámos com<br />

as equipas de gestão dos parques locais. No<br />

início, o meu maior desafio foi a barreira<br />

linguística, não só Inglês, mas também Swahili.<br />

Agora posso afirmar que falo seis línguas! Os<br />

meus deveres aqui no Parque incluem a organização<br />

de patrulhas e o envio do<br />

corpo de fiscais. Eu também faço o controlo e<br />

rastreio dos grandes carnívoros, como parte do<br />

nosso Projecto dos Grandes Carnívoros. Tenho<br />

grandes expectativas sobre a conservação em<br />

Moçambique. Acredito sinceramente que a<br />

maravilhosa abordagem da Gorongosa de<br />

partilhar os benefícios do Parque com a<br />

população local pode ser aplicada em outras<br />

áreas de conservação também. Eu gostaria, de<br />

facto, de fazer parte dessa iniciativa.<br />

Antes de trabalhar como fiscal, trabalhei no<br />

Parque como agente de conservação. Eu queria<br />

reconstruir, mas também queria proteger o<br />

Parque, então em 2011 eu candidatei-me<br />

para uma formação para ser fiscal. Gostaria de<br />

incentivar outros a tornarem-se fiscais, porque<br />

para além de proteger o nosso ambiente, a<br />

nossa casa, a nossa Gorongosa, também somos<br />

pagos pelo nosso trabalho e podemos sustentar<br />

as nossas famílias e investir na educação dos<br />

nossos filhos. Alguns outros fiscais têm investido<br />

em melhor habitação e transporte para eles e<br />

suas famílias. O que eu mais gosto sobre o meu<br />

trabalho é ver a satisfação dos turistas e<br />

fornecer apoio aos cientistas enquanto eles<br />

fazem o seu trabalho no campo. É muito<br />

motivador. Penso que, no futuro, um programa<br />

de intercâmbio de trabalho entre parques<br />

nacionais e internacionais melhoraria<br />

consideravelmente a minha experiência<br />

profissional como fiscal.<br />

Jacinto<br />

Cesária<br />

Tonga<br />

Albano<br />

25


Indicadores de Desempenho –<br />

Medidas de Sucesso<br />

Indicadores de Desempenho<br />

1. Número de turistas que visitam o Parque<br />

<strong>2017</strong> - 5,700<br />

2016 - 1,992<br />

2015 - 2,597<br />

2014 - 1,247<br />

2013 - 1,244<br />

2012 - 6,311<br />

2011 - 7,000<br />

2011<br />

2012<br />

2013<br />

2014<br />

2015<br />

2016<br />

<strong>2017</strong><br />

2. Número de membros das comunidades da Zona Tampão que visitam<br />

o Parque<br />

<strong>2017</strong> - 2,713<br />

2016 - 2,434<br />

2015 - 347<br />

3. Número de participantes inscritas nos Clubes de Raparigas<br />

Membros CR: 680<br />

Bolseiras ensino secundário: 12<br />

CLUBES DE RAPARIGAS<br />

PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA<br />

26


4. Número de espécies documentadas no Parque Nacional da Gorongosa<br />

<strong>2017</strong> - 5 001<br />

2016 - 4 874<br />

2015 - 4 300<br />

2014 - 3 208<br />

2013 - 2 074<br />

5. Ecologia – Resultados da contagem de fauna bravia<br />

Espécies 2014 2016<br />

Boi-cavalo (ou Gnu) 361 363<br />

Búfalo 670 696<br />

Imbabala 2,277 2,022<br />

Porco-do-mato 167 108<br />

Chango 11,871 10,451<br />

Cabrito cinzento 61 49<br />

Cabrito vermelho 26 21<br />

Elande 105 94<br />

Elefante 535 567<br />

Gondonga 613 562<br />

Hipopótamo 436 440<br />

Impala 2,727 4,705<br />

Cudo 1,200 1,466<br />

Inhala 945 1,299<br />

Oribi 4,485 3,884<br />

Pala-pala 757 810<br />

Facocero 9,086 5,383<br />

Inhacoso (ou Piva) 34,482 44,948<br />

Zebra 33 34<br />

TOTAL 70,837 77,902<br />

27


Finanças<br />

Onde Vai o Dinheiro<br />

Finanças<br />

Durante <strong>2017</strong>, conseguimos diversificar significativamente a nossa<br />

base de apoio e temos agora um número considerável de parceiros<br />

de cooperação bi e multilateral, apoiando<br />

especialmente o nosso programa de desenvolvimento humano.<br />

Através de um esforço concertado de indivíduos empenhados e<br />

fundações filantrópicas, podemos continuar a melhorar e<br />

dimensionar a nossa agenda de conservação e desenvolvimento<br />

O Clube Empresarial da Gorongosa tem feito contribuições<br />

essenciais para a nossa carteira de trabalho e esperamos que no<br />

futuro, a receita do turismo cresça, contribuindo para o<br />

financiamento sustentável do Parque. Gostaríamos de agradecer<br />

a cada um dos nossos apoiantes e esperamos dar continuidade a<br />

esta maravilhosa cooperação no futuro.<br />

Encontram-se entre os nossos doadores:<br />

A Carr Foundation, o Zoo Boise, o Howard Hughes Medical<br />

Institute, a Cooperação Portuguesa, a Oak Foundation, a Rizwan<br />

Adatia Foundation, a Iniciativa dos Grandes Felinos da National<br />

Geographic, uSAID, A Embaixada Real da Noruega, Irish Aid, o<br />

Fundo Mundial para o Ambiente (GEF/ UNDP), o nosso Clube<br />

Empresarial no seu todo e vários doadores diversificados.<br />

Finanças da Gorongosa <strong>2017</strong><br />

Receitas <strong>2017</strong><br />

27%<br />

3%<br />

5%<br />

Fundações, filantropia, doações $6,422,000<br />

Parceiros de cooperação bi/multi-lateral$2,680,000<br />

Receitas de turismo $ 282,840<br />

Clube Empresarial da Gorongosa $ 435,000<br />

$9,819,840<br />

65%<br />

Despesas <strong>2017</strong><br />

10%<br />

13%<br />

9%<br />

17%<br />

4%<br />

26%<br />

21%<br />

Infra-estruturas turísticas $2,500,000<br />

Operações $2,069,722<br />

Conservação $1,694,262<br />

Comunidades $1,324,468<br />

Ciência $ 979,774<br />

Agricultura $ 859,224<br />

Outros $ 363,240<br />

$9,790,690<br />

28


Co-patrocínio de<br />

actividades específicas<br />

Junte-se ao círculo de<br />

contribuintes anuais, i.e.<br />

torne-se um membro do<br />

Clube Empresarial da<br />

Gorongosa<br />

Como colaborar<br />

Há muitas formas, através das quais, pode dar o seu contributo ao trabalho<br />

desenvolvido pela equipa da Gorongosa. Por favor contacte-nos se pretende fazer a<br />

sua contribuição.<br />

Faça uma doação através<br />

do nosso apoio às<br />

comunidades<br />

Apoie através de uma<br />

doação única<br />

Patrocine a educação<br />

de uma criança da Zona<br />

Tampão<br />

Organize os seus próprios<br />

eventos de angariação de<br />

fundos<br />

A protecção e conservação do Parque Nacional da Gorongosa<br />

e suas comunidades circundantes não seria possível<br />

sem o apoio e a generosidade dos nossos parceiros.<br />

Promova o Parque e<br />

ajude a identificar novos<br />

amigos<br />

Estamos gratos pelo seu empenho na nossa missão e no<br />

sucesso futuro do Parque Nacional da Gorongosa.<br />

29


A Equipa<br />

O Todo é Maior que a Soma das Partes<br />

Conselho de Administração<br />

Comité de Supervisão<br />

Gregory C. Carr<br />

Bernardo Beca Jofrisse<br />

Conselho de Administração<br />

Gregory C. Carr Presidente (Projecto Gorongosa)<br />

Calista Terezinha da Silva (Coordenadora Nacional;<br />

ONG Mulher e Lei na África Austral)<br />

Jennifer Garvey (Consultora Assuntos Jurídicos:<br />

Energias Renováveis e Recursos Naturais)<br />

Mateus Mutemba (Administrador do Parque Nacional da Gorongosa)<br />

Fernando Sumbana (Economista e Antigo Ministro do Turismo)<br />

Robert Pringle Ph.D. (Professor Assistente da Princeton University)<br />

Christopher Parker, (OAK Foundation)<br />

30


Equipa do Projecto<br />

Gorongosa<br />

GOVERNO DE MOÇAMBIQUE<br />

MITADER<br />

PROJECTO DA GORONGOSA<br />

ADMINISTRADOR DO PARQUE<br />

Mateus Mutemba<br />

Ligação Recursos<br />

Humanos<br />

Desenvolvimento<br />

Humano<br />

Manuel Mutimucuio<br />

Operações<br />

Mike Marchington<br />

Conservação<br />

Pedro Muagura<br />

Serviços Científicos<br />

Marc Stalmans<br />

Comunicação<br />

e Media<br />

Vasco Galante<br />

Gestão Recursos<br />

Naturais Base<br />

Comunitária<br />

Finanças, Compras,<br />

Relatórios e Relações<br />

Doadores<br />

Colaboração com<br />

Concessões Vizinhas<br />

Investigação Biofísica<br />

e Socio-económica<br />

Ligação Parceiros<br />

Turísticos<br />

Educação<br />

Oficinas, Frota<br />

Veículos, Estradas, Air<br />

Gorongosa<br />

Fiscalização<br />

Aconselhamento<br />

e Monitoramento<br />

Ecológico<br />

Comunicação<br />

Saúde<br />

Infra-estrutura e<br />

Manutenção,<br />

Construção, IT<br />

Gestão Ecológica<br />

Avaliação de Impacto<br />

Ambiental e<br />

Zoneamento Turístico<br />

Clube Empresarial da<br />

Gorongosa<br />

Agricultura<br />

Salários, Segurança<br />

Trabalho, Formação<br />

Coexistência<br />

Homem-Fauna Bravia<br />

Coordenação do Plano<br />

de Gestão do Parque<br />

Áreas de Conservação<br />

Comunitária<br />

Licenças Comerciais,<br />

Produtos Naturais,<br />

Turismo da Gorongosa,<br />

Fundo da Gorongosa<br />

Serra da Gorongosa<br />

Laboratório Wilson /<br />

Escola de Ciência<br />

Santuários<br />

Fauna Bravia<br />

Gestão de<br />

Carnívoros<br />

31


Contactos<br />

Projecto Gorongosa<br />

Av. Martires da Revoluçao, N.1539<br />

Bairro de Macuti<br />

Beira, Moçambique<br />

www.gorongosa.org<br />

https://www.facebook.com/gorongosa<br />

Vasco Galante<br />

Director de Comunicação e Turismo<br />

vasco@gorongosa.net<br />

www.gorongosa.org

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