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A Compreensão do Corpo na Dança: um olhar para a ...

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Através da <strong>Dança</strong> transpõe-se o físico <strong>para</strong> fisicalidade e corporeidade.<br />

Quan<strong>do</strong> assim se faz, a relação que é então estabelecida entre quem faz e quem observa<br />

o movimento de <strong>Dança</strong> pode suscitar vários outros entendimentos.<br />

Não vê só uns corpos etéreos a fazer alg<strong>um</strong>as coisas que<br />

ninguém consegue mas começa a espiar-se e a ter <strong>um</strong>a reflexão de si próprio<br />

no palco. O corpo <strong>do</strong> bailarino, quan<strong>do</strong> no palco, é espiação <strong>para</strong> o público no<br />

senti<strong>do</strong> deste ver-se ali refleti<strong>do</strong> (OR);<br />

A Teoria da Motricidade H<strong>um</strong>a<strong>na</strong> propõe que é no encontro com o outro que<br />

descobrimos “inúmeras virtualidades <strong>para</strong> completar a [nossa] subjetividade” (Sérgio,<br />

2000, p. 65). Ao ass<strong>um</strong>ir a fisicalidade <strong>do</strong> <strong>Corpo</strong> em situação de <strong>Dança</strong> como o<br />

movimento personifica<strong>do</strong> que cria senti<strong>do</strong> à ação, podemos entender que a espiação da<br />

qual fala Olga Roriz não deixa de ser <strong>um</strong>a atitude de apreensão de si mesmo pelo fazer<br />

<strong>do</strong> outro <strong>na</strong> busca pela compreensão <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> próprio de cada existir.<br />

Ao relacio<strong>na</strong>r-se com quem dança o sujeito tem acesso a <strong>um</strong>a forma de<br />

conhecimento que nem sempre é possível explicitar por meio da linguagem ou da escrita.<br />

Vieira (2009) chama a este conhecimento de “tácito”. É <strong>um</strong> conhecimento que<br />

está presente, mas que dificilmente poderá ser explicita<strong>do</strong> por meio discursivo. As<br />

diferentes linguagens corporais estão impreg<strong>na</strong>das <strong>do</strong> conhecimento tácito, <strong>na</strong> verdade,<br />

toda obra de arte o possui.<br />

[…] o grande pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conhecimento tácito se encontra <strong>na</strong><br />

arte. Eu insisto neste ponto. Se conhecimento é <strong>um</strong>a necessidade de<br />

sobrevivência, o conhecimento tácito também é e muito pra nossa espécie.<br />

Nosso grande problema é levar adiante a propagação <strong>do</strong> conhecimento tácito.<br />

Nós já estamos satura<strong>do</strong>s de discurso. (Vieira, 2009, p. 17)<br />

A <strong>Dança</strong> pode aqui ocupar mais <strong>um</strong> espaço. Perceber, confrontar-se e ou<br />

produzir este conhecimento é possível por meio da fisicalidade, ou melhor, <strong>do</strong> <strong>Corpo</strong> em<br />

ato.<br />

Como nos diz Sérgio (2000, p. 144) “a linguagem corporal concentra-se em<br />

recuperar a visão origi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> homem remontan<strong>do</strong> às verdades primogénitas e<br />

fundamentais […] <strong>do</strong>nde ressalta a superior importância <strong>do</strong> existir.” Assim, o observa<strong>do</strong>r<br />

ao relacio<strong>na</strong>r-se com o <strong>Corpo</strong> <strong>do</strong> outro que está a dançar, vê-se ali refleti<strong>do</strong>, e pode não<br />

só buscar apreender o conhecimento presente <strong>na</strong>quele <strong>Corpo</strong> que dança, mas conhecer-<br />

se por meio deste.<br />

O trabalho de Pi<strong>na</strong> Bausch (1940 -2009) pode ser utiliza<strong>do</strong> como exemplo da<br />

necessidade da presença física <strong>do</strong> bailarino mas que vai além desta. Em sua fisicalidade,<br />

os corpos <strong>do</strong> quotidiano almejam comunicar, mas a comunicação discursiva só não<br />

basta, é necessário a presença, a força e vitalidade de cada <strong>um</strong> no momento da sua<br />

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