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Livro comemorativo aos 50 anos do Complexo Quimico de ... - Basf

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BASF Guaratinguetá<br />

<strong>50</strong> <strong>anos</strong> transforman<strong>do</strong> a química da vida


BASF Guaratinguetá<br />

<strong>50</strong> <strong>anos</strong> transforman<strong>do</strong> a química da vida


BASF Guaratinguetá<br />

<strong>50</strong> <strong>anos</strong> transforman<strong>do</strong> a química da vida


BASF Guaratinguetá<br />

<strong>50</strong> <strong>anos</strong> transforman<strong>do</strong> a química da vida<br />

2009<br />

Comunicação Social da BASF para a América <strong>do</strong> Sul<br />

Diretora Responsável<br />

Gislaine Rossetti (Conrerp 3.249)<br />

Conceito e Coor<strong>de</strong>nação Geral<br />

Vladimir M. Mello e Ivania Palmeira<br />

Pesquisa histórica<br />

Realizada em 1992 pela Iconographia e<br />

atualizada em 2009 pela Ritschel Assessoria <strong>de</strong> Comunicação<br />

Edição<br />

Ritschel Assessoria <strong>de</strong> Comunicação<br />

Eduar<strong>do</strong> Ritschel (Mtb 22.191)<br />

Revisão<br />

Luiz Carlos Car<strong>do</strong>so<br />

Projeto Gráfico<br />

Marcos Cartum e Maria Rosa Juliani<br />

Tratamento <strong>de</strong> imagem<br />

Mai<strong>de</strong>sign<br />

Impressão<br />

Cromossete<br />

Fotografia<br />

Acervo da BASF


Sumário<br />

Apresentação 9<br />

A terra das garças brancas 11<br />

Trajetória da bASf no brasil 23<br />

Fundação da Idrongal<br />

Por que Guaratinguetá?<br />

Formação <strong>do</strong> capital e investimentos<br />

Construção e montagem<br />

Início das operações<br />

Fundação da BASF<br />

Com a palavra, os mestres 49<br />

As transformações <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 90 59<br />

Gestão <strong>de</strong> pessoas<br />

Relacionamento com a comunida<strong>de</strong><br />

Gestão ambiental<br />

Compromisso com a segurança<br />

Grupo bASf no mun<strong>do</strong> 87


Apresentação<br />

Só reconhecemos a verda<strong>de</strong>ira importância <strong>de</strong> um trabalho quan<strong>do</strong> o olhamos em<br />

perspectiva histórica. A celebração <strong>do</strong>s <strong>50</strong> <strong>anos</strong> <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong> Químico da BASF em<br />

Guaratinguetá representa a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer o reconhecimento justo a uma gente<br />

<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> que fez a história e <strong>de</strong>ssa forma colocou nossa empresa em posição <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque nesta região, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> a bem-sucedida estratégia <strong>de</strong> atuação da indústria<br />

na América <strong>do</strong> Sul.<br />

Guaratinguetá acolhe o berço da BASF no Brasil, o que <strong>de</strong>termina profun<strong>do</strong>s laços<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mútuo. Hoje, nossas histórias se confun<strong>de</strong>m e se completam,<br />

motivo <strong>de</strong> orgulho <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós. Em <strong>50</strong> <strong>anos</strong>, o caminho foi <strong>de</strong> muito trabalho. Em<br />

cada nova conquista alcançada, percebemos o profun<strong>do</strong> comprometimento da organização<br />

com suas diretrizes estratégicas e com valores muito claros <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

em relação a seus colabora<strong>do</strong>res, às pessoas da comunida<strong>de</strong> e ao meio ambiente.<br />

Nas próximas páginas <strong>de</strong>ste livro, que <strong>do</strong>cumenta <strong>de</strong> forma muito oportuna<br />

essa história, encontramos um relato sensível e humano da jornada percorrida. São<br />

retratos <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s por personagens que moldaram muito <strong>do</strong> que somos hoje. Mais<br />

<strong>do</strong> que um empreendimento feito <strong>de</strong> fábricas e produtos, tomamos contato com<br />

verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>sbrava<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res que colocaram seu máximo<br />

esforço para tornar real a oportunida<strong>de</strong> para brasileiros <strong>de</strong>sta região <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Impossível enten<strong>de</strong>r nossa realida<strong>de</strong> hoje sem um olhar atento para esse passa<strong>do</strong>.<br />

Eu tenho muito orgulho <strong>de</strong> convidá-los a percorrer conosco esse caminho. Nele, vamos<br />

conhecer o que faz da BASF a principal indústria química <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, transforman<strong>do</strong><br />

a química da vida.<br />

Boa leitura.<br />

Rolf-Dieter Acker<br />

Presi<strong>de</strong>nte da BASF para a América <strong>do</strong> Sul<br />

9


10<br />

Vista <strong>de</strong> Guaratinguetá,<br />

década <strong>de</strong> 60


A terra das garças brancas<br />

Situada numa região que os indígenas chamavam <strong>de</strong> Hepacaré, Guaratinguetá – Terra<br />

das Garças Brancas, em tupi-guarani – tem a história da sua fundação cercada <strong>de</strong><br />

controvérsias.<br />

É, no entanto, consenso entre os pesquisa<strong>do</strong>res que as origens da cida<strong>de</strong> estão inseridas<br />

no ciclo <strong>de</strong> exploração e, mais particularmente, nas incursões <strong>de</strong> Jacques Félix,<br />

o Moço, pelo sertão <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba.<br />

A Jacques Félix, o Velho, fora concedida, em 1628, uma sesmaria (gleba <strong>de</strong> terra<br />

<strong>do</strong>ada pelo representante <strong>do</strong> rei) com algumas “datas <strong>de</strong> terras” no sertão <strong>do</strong> rio<br />

Paraíba. Sen<strong>do</strong> ele verea<strong>do</strong>r em São Paulo, coube a seu neto e homônimo ocupar a<br />

terra e promover seu povoamento. Surgia assim a Vila <strong>de</strong> São Francisco das Chagas<br />

<strong>de</strong> Taubaté, o primeiro núcleo urbano vale-paraibano, que se constituiria no centro<br />

irradia<strong>do</strong>r da ocupação <strong>de</strong> toda a região.<br />

Atribui-se a Jacques Félix, o Moço, funda<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Taubaté, a construção da capela<br />

<strong>de</strong> Santo Antonio, no alto <strong>do</strong> outeiro, em 1630, ao re<strong>do</strong>r da qual viria crescer o povoamento<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />

11


12<br />

Em 1641, Manoel João Branco obtém<br />

<strong>do</strong> Rei Afonso VI “uma data <strong>de</strong> onze<br />

léguas <strong>de</strong> terra em quadra” na região <strong>de</strong><br />

Guaratinguetá. 1<br />

Dois <strong>anos</strong> mais tar<strong>de</strong>, em 1643, o<br />

capitão Domingos Luiz Leme requereu<br />

e obteve, <strong>do</strong> capitão-mor Francisco da<br />

Fonseca Falcão, uma sesmaria nos “sertões<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá”. 2<br />

Não se po<strong>de</strong> afirmar, porém, que a ocupação<br />

das terras tenha ocorri<strong>do</strong> imediatamente<br />

após as concessões, razão pela qual<br />

se ten<strong>de</strong> a consi<strong>de</strong>rar Álvaro Rodrigues o<br />

primeiro mora<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Guaratinguetá. Seu<br />

estabelecimento na região se <strong>de</strong>u em data<br />

ignorada, mas há indícios <strong>de</strong> que tenha<br />

ocorri<strong>do</strong> antes <strong>de</strong> 1644.<br />

Conforme <strong>do</strong>cumentos oficiais, naquele<br />

ano instala-se em Guaratinguetá João<br />

<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> Martins, com sua família. No seu<br />

pedi<strong>do</strong>, solicita à <strong>do</strong>natária, D. Mariana<br />

<strong>de</strong> Souza Guerra, Con<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong> Vimieiro,<br />

que lhe conceda “meia légua <strong>de</strong> terras<br />

em Guaratinguetá, partin<strong>do</strong> com Álvaro<br />

Rodrigues rio acima corren<strong>do</strong> o mesmo<br />

rumo Lesueste (margem <strong>do</strong> Paraíba), duas<br />

léguas <strong>do</strong> que receberá mercê, entenda-se<br />

meia légua <strong>de</strong> terras rumo direito com todas<br />

as pontas que <strong>de</strong>scerem ao rio...” 3<br />

“Dou as terras que o suplicante pe<strong>de</strong><br />

em nome da dita senhora D. Mariana, e<br />

<strong>de</strong>las passo-lhe carta na forma que requer.<br />

São Francisco da Chapas, <strong>aos</strong> 20 dias <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 1644 <strong>anos</strong>. Jacques Félix.” 4<br />

O que se tem <strong>de</strong> certo é que, a 13 <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 1651, Domingos Luiz Leme<br />

consegue a elevação <strong>do</strong> pequeno povoa<strong>do</strong><br />

à condição <strong>de</strong> vila.<br />

Sen<strong>do</strong> zona <strong>de</strong> passagem às Minas<br />

Gerais e sem nenhum interesse direto<br />

para a Metrópole, a vila, assim como<br />

toda a região valeparaibana, vive da<br />

economia <strong>de</strong> subsistência manten<strong>do</strong><br />

apenas um rudimentar comércio <strong>de</strong><br />

beira <strong>de</strong> estrada. O exce<strong>de</strong>nte é negocia<strong>do</strong><br />

com minera<strong>do</strong>ras e viajantes em<br />

troca <strong>de</strong> sal, teci<strong>do</strong>s e instrumentos<br />

para a lavoura.<br />

A população, bastante rarefeita, estabelece-se<br />

ao re<strong>do</strong>r da vila e ao longo <strong>do</strong>s<br />

caminhos que levam às minas e ao mar.<br />

A estrutura profissional – pre<strong>do</strong>minantemente<br />

agrícola – é caracterizada<br />

pela ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s membros das pequenas<br />

e pobres famílias que tiram da terra<br />

o seu próprio sustento.<br />

Ainda na segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século<br />

XVII, com a <strong>de</strong>scoberta das minas <strong>de</strong><br />

1 PASIN, José Luiz – O povoamento das terras e sertões <strong>de</strong> Guaratinguetá. Monografia. Série Guaratinguetá<br />

História X. Museu Frei galvão, s/d<br />

2 HERMANN, Lucila – Evolução da estrutura social <strong>de</strong> Guaratinguetá num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trezentos <strong>anos</strong>.<br />

Edição fac-similar. São Paulo, IPE/USP, 1986. p. 16.<br />

3 HERMANN, Lucila - Evolução da estrutura social <strong>de</strong> Guaratinguetá num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trezentos <strong>anos</strong>.<br />

Edição fac-similar. São Paulo, IPE/USP, 1986. p. 16.<br />

4 PASIN, José Luiz - op. cit.


ouro <strong>do</strong>s Cataguás (MG), é <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada<br />

uma marcha minera<strong>do</strong>ra que, até<br />

os princípios <strong>do</strong> século XVIII, vai <strong>de</strong>terminar<br />

a evolução urbana <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />

Paraíba. As vilas se transformam em<br />

verda<strong>de</strong>iras bases <strong>de</strong> abastecimento <strong>do</strong>s<br />

sertões mineiros, com as áreas rurais<br />

produzin<strong>do</strong> suprimentos e os núcleos<br />

urb<strong>anos</strong> fornecen<strong>do</strong> mão <strong>de</strong> obra.<br />

O ouro é transporta<strong>do</strong> pelo caminho<br />

que liga Guaratinguetá às outras vilas<br />

<strong>do</strong> vale, através da Freguesia <strong>do</strong> Facão<br />

(Cunha), chegan<strong>do</strong> a Paraty, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>,<br />

por via marítima, é embarca<strong>do</strong> para o<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro ou mesmo, diretamente<br />

para a Europa.<br />

Guaratinguetá representava, então,<br />

importante ponto <strong>de</strong> ligação <strong>do</strong>s que seguiam<br />

às gerais. Na primeira década <strong>do</strong><br />

século XVIII, porém, eclo<strong>de</strong> a Guerra<br />

<strong>do</strong>s Emboabas entre paulistas e forasteiros<br />

instala<strong>do</strong>s nas Minas.<br />

A guerra, juntamente com outros<br />

fatores, contribui para o fechamento <strong>do</strong><br />

porto <strong>de</strong> Paraty e da entrada para Minas<br />

Gerais pelo Vale <strong>do</strong> Paraíba. Por <strong>de</strong>terminação<br />

real, a comunicação com a<br />

Metrópole passa a ser feita unicamente<br />

pelo porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Em 1702 havia si<strong>do</strong> concluída a<br />

abertura <strong>de</strong> um novo acesso que, partin<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Nova Iguaçu, seguia direto até<br />

Paraíba <strong>do</strong> Sul e daí alcançava Minas.<br />

Era um caminho mais curto, que permitia<br />

maior controle fiscal sobre a saída <strong>do</strong><br />

ouro, fato que <strong>de</strong>terminou a sua abertura<br />

e, ainda, evitava a ação <strong>de</strong> piratas, muito<br />

freqüentes no litoral <strong>de</strong> Paraty.<br />

Coma <strong>de</strong>terminação real, o “caminho<br />

novo”, como era chama<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixara<br />

<strong>de</strong> ser uma alternativa, para se constituir<br />

no único acesso permiti<strong>do</strong> para as Minas<br />

Gerais. Se por um la<strong>do</strong>, essa medida beneficiou<br />

a mineração, por outro representou<br />

um hiato no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das vilas valeparaibanas que haviam encontra<strong>do</strong><br />

no movimento minera<strong>do</strong>r um<br />

meio <strong>de</strong> afirmação econômica.<br />

Apesar das consequências benéficas<br />

trazidas pelo ciclo da mineração, muito<br />

poucas alterações significativas se fizeram<br />

sentir na região, cujo po<strong>de</strong>r econômico<br />

está nas mãos <strong>do</strong>s senhores <strong>de</strong> terras<br />

e, no plano político, é monopólio <strong>do</strong>s<br />

capitães-mores, representantes locais da<br />

Coroa portuguesa.<br />

A concentração <strong>de</strong> população jovem<br />

é gran<strong>de</strong>, mas ainda se verifica certo<br />

conformismo com as técnicas e estilo<br />

<strong>de</strong> comportamento <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>corren<strong>do</strong><br />

daí uma lentidão na mudança<br />

<strong>do</strong>s padrões culturais, que permanecem<br />

praticamente inaltera<strong>do</strong>s até fins <strong>do</strong> século<br />

XVIII.<br />

Por volta <strong>de</strong> 1775 é introduzida a<br />

cultura da cana-<strong>de</strong>-açúcar. Tem início a<br />

transição da economia <strong>de</strong> subsistência<br />

para a <strong>do</strong>s engenhos, o que se processa<br />

<strong>de</strong> forma rápida marcada pelo caráter <strong>de</strong><br />

substituição voluntária. Não se tratava<br />

da a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> uma nova ativida<strong>de</strong> econômica<br />

imposta pelo esgotamento da ante-<br />

13


Aquarela <strong>de</strong> J. B. Debret<br />

retrata Guaratinguetá<br />

em 1820<br />

rior, como se observará nos subsequentes<br />

ciclos <strong>do</strong> café e da economia mista.<br />

A chegada <strong>do</strong>s canaviais e <strong>do</strong>s engenhos<br />

marca a entrada maciça da mão<br />

<strong>de</strong> obra escrava, fazen<strong>do</strong> surgir as casasgran<strong>de</strong>s<br />

e o patriarcalismo rural 5 .<br />

Ao la<strong>do</strong> da lavoura <strong>de</strong> subsistência,<br />

que supria as necessida<strong>de</strong>s da terra e da<br />

população da vila, implanta-se então a<br />

agricultura <strong>de</strong> exploração comercial, visan<strong>do</strong><br />

ao abastecimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s e à<br />

acumulação <strong>de</strong> capitais. A produção <strong>de</strong><br />

açúcar aumenta rapidamente e, além <strong>do</strong><br />

suprimento regional, começa a ter boa<br />

acolhida nos merca<strong>do</strong>s da Corte.<br />

O comércio com outros centros<br />

possibilita contatos econômicos e sociais<br />

que concorrem para profundas transformações<br />

nos padrões culturais e <strong>de</strong><br />

comportamento <strong>do</strong>s habitantes da vila.<br />

Forma-se uma aristocracia rural, <strong>do</strong>minante<br />

econômica e socialmente.<br />

“Des<strong>de</strong> a nossa partida <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, notamos aqui as primeiras vidraças,<br />

que no interior <strong>do</strong> Brasil sempre<br />

significam abastança e até mesmo luxo...”,<br />

observariam Spix e Martius, respectivamente,<br />

zoólogo e botânico alemães em<br />

missão científica no Brasil, ao passarem<br />

por Guaratinguetá em 1817.<br />

Se em <strong>anos</strong> anteriores vinham da<br />

Corte somente o sal, a pólvora e teci<strong>do</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>stos, o mesmo já não se verifica no<br />

ciclo <strong>do</strong>s engenhos. O Levantamento <strong>de</strong><br />

1798 (quantificação oficial <strong>do</strong>s aspectos<br />

populacionais e econômicos da colônia)<br />

registra a importação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias finas<br />

tais como peças <strong>de</strong> linho, fazendas<br />

5 VIANA, Oliveira - Populações meridionais <strong>do</strong> Brasil, p. 26, nota Saint-hilaire, Voyages, p. 497.


<strong>de</strong> lã e algodão, meias <strong>de</strong> seda e chapéus.<br />

Verifica-se ainda, nesse perío<strong>do</strong>, a intensificação<br />

das profissões artesanais e<br />

comerciais, necessárias para aten<strong>de</strong>r ao<br />

luxo das elites.<br />

No Levantamento <strong>de</strong> 1805, além<br />

daqueles produtos, existem referências<br />

às importações <strong>de</strong> linho da Bretanha,<br />

azeite <strong>do</strong>ce, vinhos, vinagre e papel. As<br />

lojas da vila se abastecem com gran<strong>de</strong>s<br />

varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias e as negras<br />

mais habili<strong>do</strong>sas aprimoram suas artes.<br />

Aumenta a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ren<strong>de</strong>iras,<br />

borda<strong>de</strong>iras, costureiras e sapateiros.<br />

Armand Julien Pallière, pintor e <strong>de</strong>senhista<br />

francês que fixou residência no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, nos dá uma i<strong>de</strong>ia bastante<br />

clara <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />

em 1821: “... tem uma venda, casa em<br />

que se ven<strong>de</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que em Paris é<br />

vendi<strong>do</strong> por um merceeiro ou um merca<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> vinho...”<br />

As novas exigências revelam a ineficiência<br />

das velhas estruturas. Surgem<br />

as classes sociais, alargam-se as famílias,<br />

reduz-se o monopólio das funções jurídico-administrativas<br />

e <strong>de</strong>cresce a asfixia<br />

<strong>do</strong> controle religioso, surgin<strong>do</strong> os “Becos<br />

<strong>do</strong>s Prazeres”, a promiscuida<strong>de</strong> das senzalas,<br />

a miscigenação racial em larga escala,<br />

o luxo nos vestuários.<br />

“As sinhás das casas-gran<strong>de</strong>s, <strong>do</strong>s<br />

engenhos, proprieda<strong>de</strong>s rurais e da vila,<br />

trocam suas longas saias <strong>de</strong> baba<strong>do</strong>s, fei-<br />

6 HERMANN, Lucila - op. cit., p. 56.<br />

tas <strong>de</strong> pano <strong>de</strong> algodão, chita e baeta, pelos<br />

tufos <strong>de</strong> rendas, saí<strong>do</strong>s da habilida<strong>de</strong><br />

negra, ou pelas amplas saias rodadas<br />

<strong>de</strong> seda, sob cujas barras sobressaem os<br />

franzi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> rendas das anáguas. Muito<br />

diferente, sem dúvida, <strong>do</strong> quadro que a<br />

pastoral religiosa <strong>do</strong> ciclo anterior pintava<br />

com as cores negras da excomunhão,<br />

para as pobres mulherzinhas que ‘usavam<br />

saias tão curtas que se lhes viam os<br />

artelhos <strong>do</strong>s pés’ ou aquelas abomináveis<br />

‘saias em forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>grau <strong>de</strong> sepulcro,<br />

aparecen<strong>do</strong> a mais anterior, nova moda<br />

que com escândalo <strong>de</strong> toda a modéstia e<br />

honestida<strong>de</strong> tem entreti<strong>do</strong> o <strong>de</strong>mônio’.” 6<br />

Guaratinguetá evolui econômica,<br />

social e culturalmente, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> valores<br />

que proporcionam a seus habitantes<br />

a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar e superar os<br />

rígi<strong>do</strong>s padrões <strong>do</strong> ciclo minera<strong>do</strong>r.<br />

Os primeiros <strong>anos</strong> <strong>do</strong> século XIX<br />

registram, no entanto, sensível queda<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> açucareiro que, embora em<br />

baixa, continuaria sen<strong>do</strong> a principal fonte<br />

<strong>de</strong> receita <strong>de</strong> Guaratinguetá até seu<br />

colapso total. Em 1836 as exportações<br />

<strong>do</strong> açúcar seriam amplamente superadas<br />

pelas <strong>do</strong> café, cujo cultivo alcançara<br />

o Vale <strong>do</strong> Paraíba por volta <strong>de</strong> 1805.<br />

Ao contrário da cana, que fora cultivada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início nas gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s,<br />

o café invadiu primeiro as<br />

pequenas e, só <strong>aos</strong> poucos, foi sen<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong><br />

nas maiores sob a forma <strong>de</strong><br />

15


16<br />

cultura mista. Afinal, os pequenos proprietários,<br />

que não haviam se beneficia<strong>do</strong><br />

diretamente com a prosperida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

açúcar, eram menos resistentes à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

uma nova cultura na região. Além disso,<br />

vislumbravam possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ganhos<br />

sem os vultosos investimentos em<br />

equipamentos e benfeitorias exigi<strong>do</strong>s na<br />

montagem <strong>do</strong>s engenhos.<br />

“Ambrósio Fernan<strong>de</strong>s Brandão, autor<br />

<strong>do</strong>s Diálogos das gran<strong>de</strong>zas <strong>do</strong> Brasil<br />

(1618), afirma-nos que um bom engenho<br />

<strong>de</strong>veria contar, no mínimo, com<br />

cinquenta escravos, quinze juntas <strong>de</strong><br />

bois, além <strong>de</strong> muita lenha e dinheiro.” 7<br />

A prosperida<strong>de</strong> trazida pelo café intensifica<br />

a entrada <strong>de</strong> imigrantes vin<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> outros pontos <strong>do</strong> país e mesmo da<br />

Europa. Expan<strong>de</strong>-se a cida<strong>de</strong> e acentuase<br />

o povoamento das áreas rurais, em<br />

<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> novas e concorridas ocupações<br />

da terra, com lavouras se <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong><br />

ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os caminhos<br />

que saem da cida<strong>de</strong>.<br />

Auguste <strong>de</strong> Saint-Hilaire, naturalista<br />

francês <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à botânica, em<br />

viagem realizada em 1822 <strong>de</strong> Lorena a<br />

Guaratinguetá, relata: “... <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lugar <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> partimos, até aqui, viam-se muitas<br />

casas, à direita e esquerda <strong>do</strong> caminho...”.<br />

Com a expansão <strong>do</strong>s cafezais, Guaratin<br />

guetá volta a enriquecer. Forma-se nova<br />

elite rural, agora com gran<strong>de</strong> influ-<br />

ência política, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> seu prestígio<br />

por to<strong>do</strong> país. Durante o ciclo cafeeiro<br />

nasce, em 1848, o seu filho mais ilustre,<br />

Francisco <strong>de</strong> Paula Rodrigues Alves, eleito<br />

duas vezes presi<strong>de</strong>nte da República.<br />

O comércio com o exterior se intensifica,<br />

registran<strong>do</strong> expressivos superávits.<br />

As exportações se multiplicam, superan<strong>do</strong><br />

em muito as importações que,<br />

além <strong>de</strong> altas, tendiam cada vez mais à<br />

sofisticação, pois era gran<strong>de</strong> o luxo e a<br />

ostentação da aristocracia cafeeira. O<br />

país, agora in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e com seus<br />

portos abertos, intensificava o comércio<br />

com o mun<strong>do</strong> e Guaratinguetá consome<br />

couro <strong>de</strong> lontra da Rússia, arreios com<br />

chinelas <strong>de</strong> ouro e prata, cartolas, vinhos<br />

finos e outras especiarias, além <strong>do</strong> tradicional<br />

bacalhau.<br />

A socieda<strong>de</strong> apresentava-se mais<br />

complexa e oferece maior mobilida<strong>de</strong><br />

em sua estrutura. Além das quatro<br />

classes <strong>de</strong>finidas no ciclo açucareiro –<br />

gran<strong>de</strong>s proprietários, foreiros (agricultores<br />

que cultivam em terras cedidas<br />

temporariamente por terceiros) e escravos<br />

– gravitam em torno <strong>de</strong>las gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> indivíduos exercen<strong>do</strong> outras<br />

ativida<strong>de</strong>s.<br />

A lavoura <strong>do</strong> café oferece às classes<br />

inferiores, por exemplo, a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cultivo em terra alheia, cuja produção<br />

é escoada no comércio <strong>de</strong> beira <strong>de</strong><br />

7 MENDES JR., Antonio, RONCARI, Luiz e MARANHÃO, Ricar<strong>do</strong> - Brasil História - Texto e Consulta<br />

- Colônia. 2ª edição. São Paulo, Brasiliense, 1977, p. 100.


estrada, agora florescente. Mesmo sem<br />

beneficiamento, o café era um produto<br />

<strong>de</strong> venda certa, que <strong>de</strong>mandava baixíssimo<br />

investimento.<br />

Nas áreas rurais, outros fatores favorecem<br />

essa mobilida<strong>de</strong>: a policultura, o<br />

plantio e beneficiamento <strong>do</strong> algodão e o<br />

próprio cultivo da cana. Na zona urbana,<br />

os caminhos da ascensão social estavam<br />

representa<strong>do</strong>s pelo artesanato, pequeno<br />

comércio ou pesca.<br />

A década <strong>de</strong> 1840 foi marcada, no<br />

Brasil, por uma sucessão <strong>de</strong> lutas <strong>de</strong> acentua<strong>do</strong><br />

espírito liberal. No Sul, a revolta<br />

<strong>do</strong>s Farroupilhas. No Norte, a Balaiada<br />

e, no Nor<strong>de</strong>ste, a Revolução Praieira.<br />

Em São Paulo eclo<strong>de</strong>, no ano <strong>de</strong><br />

1842, a Revolução Liberal, que teve no<br />

Vale <strong>do</strong> Paraíba uma frente <strong>de</strong> violentos<br />

combates. Terminan<strong>do</strong> o levante com a<br />

<strong>de</strong>rrota <strong>do</strong>s liberais paulistas, é baixa<strong>do</strong><br />

um <strong>de</strong>creto imperial <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong><br />

“que os municípios <strong>de</strong> Cunha, Bananal,<br />

Areias, Queluz, Silveira, Lorena e Guara<br />

tinguetá fiquem <strong>de</strong>sanexa<strong>do</strong>s da Província<br />

<strong>de</strong> São Paulo, e incorpora<strong>do</strong>s à <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, enquanto durarem as circunstâncias<br />

que tornam indispensáveis<br />

esta providência”. 8<br />

Essa medida durou pouco mais <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>is meses, sen<strong>do</strong> revogada em 29 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1842 e, excetuan<strong>do</strong> os saques<br />

8 MAIA, Tom - Quan<strong>do</strong> Guaratinguetá foi fluminense.<br />

Monografia. Série Guaratinguetá História<br />

XXV. Museu Frei Galvão, s/d.<br />

promovi<strong>do</strong>s pelas tropas imperiais, que<br />

muito constrangeram a população, nada<br />

representou no <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />

da região.<br />

Guaratinguetá prospera e, com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s comerciais,<br />

expan<strong>de</strong> sua população urbana. Em<br />

1844, pouco mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is séculos após a<br />

instalação <strong>do</strong> seu primeiro mora<strong>do</strong>r, a<br />

vila é elevada à condição <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.<br />

No ciclo canavieiro, as distâncias e o<br />

esta<strong>do</strong> precário <strong>do</strong>s acessos, provocavam<br />

certo isolamento das proprieda<strong>de</strong>s agrícolas,<br />

que viviam quase exclusivamente<br />

<strong>do</strong>s seus próprios recursos. Produzin<strong>do</strong><br />

Centro <strong>de</strong> Guaratinguentá<br />

Década <strong>de</strong> 60<br />

17


18<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> alimentos até utensílios, as casasgran<strong>de</strong>s<br />

eram o centro <strong>de</strong> produção – e<br />

consumo – da gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens<br />

necessários ao seu funcionamento.<br />

O café, agora no apogeu, traz o primeiro<br />

incentivo ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

urbano, com fazen<strong>de</strong>iros construin<strong>do</strong><br />

sobra<strong>do</strong>s resi<strong>de</strong>nciais na cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

passam parte <strong>do</strong> seu tempo, sobretu<strong>do</strong><br />

por ocasião das festas religiosas. Essas<br />

casas marcariam, ainda nos primórdios<br />

<strong>do</strong> século XX, a área resi<strong>de</strong>ncial mais luxuosa<br />

da cida<strong>de</strong>.<br />

Intensificam-se a vida social e cultural<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá, aumentan<strong>do</strong> o<br />

número <strong>de</strong> escolas e fazen<strong>do</strong> surgir clubes<br />

literários e recreativos. No âmbito<br />

administrativo, seus reflexos se fariam<br />

sentir no melhor atendimento às <strong>de</strong>mandas<br />

sociais e remo<strong>de</strong>lação <strong>do</strong>s serviços<br />

públicos que, ao que parece, muito<br />

se faziam necessários. Augusto Emílio<br />

Zaluar, escritor nasci<strong>do</strong> em Portugal e<br />

aqui radica<strong>do</strong>, <strong>de</strong> passagem pela cida<strong>de</strong><br />

em 1860, observou que “... as necessida<strong>de</strong>s<br />

mais urgentes <strong>do</strong> lugar são: primeiro<br />

<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, a construção <strong>de</strong> um chafariz,<br />

pois que to<strong>do</strong>s bebem ali unicamente a<br />

água <strong>do</strong> rio Paraíba...”.<br />

Em 1877 é inaugurada a linha Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro-São Paulo da Estrada <strong>de</strong> Ferro<br />

Central <strong>do</strong> Brasil. Para aten<strong>de</strong>r principalmente<br />

ao escoamento da produção<br />

<strong>de</strong> café, exportan<strong>do</strong> pelo porto <strong>do</strong> Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, três estações são construídas<br />

no município: Guaratinguetá, Roseira e<br />

Aparecida, as duas últimas ainda distritos<br />

guaratinguetaenses.<br />

A ligação mais fácil com São Paulo e<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, somada às facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

transporte interno, por meio da instalação<br />

da linha <strong>de</strong> bon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá a<br />

Aparecida em 1898, dinamiza ainda mais<br />

a vida comercial e social da cida<strong>de</strong>.<br />

A velha vila, agora emancipada, estampa<br />

o seu charme e elegância nas fachadas<br />

<strong>de</strong> seus casarões e nas roupas <strong>de</strong><br />

suas mulheres. Pela primeira vez em sua<br />

história, assume importância maior que<br />

as áreas rurais, praticamente igualan<strong>do</strong><br />

sua população à <strong>do</strong> campo.<br />

A cida<strong>de</strong> assiste ainda, no ciclo cafeeiro,<br />

ao surgimento <strong>do</strong> seu primeiro jornal<br />

– O Mosaico, funda<strong>do</strong> em 1858 -, <strong>do</strong><br />

Parti<strong>do</strong> Republicano, em 1880, e <strong>do</strong> núcleo<br />

colonial <strong>do</strong> Piaguí, uma colônia implantada<br />

em 1892, <strong>de</strong>stinada ao assentamento<br />

<strong>de</strong> imigrantes estrangeiros.<br />

Embora se verifique nesse perío<strong>do</strong><br />

um incremento da ativida<strong>de</strong> econômica,<br />

segui<strong>do</strong> da a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> novos hábitos <strong>de</strong><br />

comportamento, o ciclo <strong>do</strong> café é caracteriza<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong> forma mais acentuada, pela<br />

consolidação <strong>do</strong>s padrões esboça<strong>do</strong>s,<br />

ainda, no ciclo canavieiro.<br />

A partir <strong>do</strong> final da década <strong>de</strong> 1880,<br />

as exportações <strong>do</strong> café valeparaibano<br />

começam a entrar em <strong>de</strong>clínio. O esgotamento<br />

da terra, a abolição da escravatura<br />

e a competição com novas áreas<br />

cafeeiras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo concorrem<br />

para a aceleração <strong>de</strong>sse processo.


O Censo <strong>de</strong> 1920 mostra uma clara pre<strong>do</strong>minância<br />

<strong>do</strong> café, porém <strong>de</strong>ixa entrever<br />

uma forte tendência à pecuária.<br />

Durante to<strong>do</strong> ciclo cafeeiro, a agricultura<br />

mista se impôs como uma necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> abastecimento das fazendas<br />

para alimentação <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s contingentes<br />

<strong>de</strong> escravos. A partir da segunda<br />

década <strong>do</strong> século XX, entretanto, ela começa<br />

a se estabelecer como alternativa<br />

econômica.<br />

Praticamente meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtores<br />

rurais <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, inclusive<br />

os <strong>de</strong> Guaratinguetá, aban<strong>do</strong>na, ou ainda,<br />

associa, conforme a região, outras<br />

lavouras à <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte cultura <strong>do</strong> café.<br />

Plantam-se arroz, milho, feijão, tabaco,<br />

cana e, principalmente, cria-se ga<strong>do</strong>, o<br />

que vai <strong>de</strong>terminar a transformação <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s cafezais em áreas <strong>de</strong><br />

pastagens.<br />

Mais uma vez a nova tendência é<br />

aceita primeiro pelos pequenos proprietários,<br />

que não haviam atingi<strong>do</strong>,<br />

com o café, uma condição <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança<br />

econômico-social.<br />

Já se observa, no entanto, que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

urbano exerce maior<br />

atração sobre os estrangeiros e brasileiros<br />

vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> outras regiões. De 1934<br />

a 1940 registra-se queda <strong>do</strong> número <strong>de</strong><br />

habitantes. A população urbana mantém-se<br />

praticamente estável (15.169 pessoas<br />

em 1934 contra 15.365 em 1940),<br />

enquanto a rural, nesse mesmo perío<strong>do</strong>,<br />

apresenta sensível queda (<strong>de</strong> 15.184<br />

para 13.9<strong>50</strong> habitantes), apesar da afluência<br />

<strong>de</strong> mineiros e fluminenses atraí<strong>do</strong>s<br />

pela pecuária. Os estrangeiros que chegam<br />

instalam-se, quase exclusivamente,<br />

na área urbana. São sírios, alemães,<br />

itali<strong>anos</strong>, portugueses e espanhóis, entre<br />

outros.<br />

Por três séculos Guaratinguetá assistiu<br />

à pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong> regime familiar<br />

<strong>de</strong> produção. No ciclo da economia<br />

<strong>de</strong> subsistência os recursos e o produto<br />

da terra eram suficientes para o sustento<br />

da família e da proprieda<strong>de</strong>, nos mol<strong>de</strong>s<br />

da simplicida<strong>de</strong> econômica <strong>do</strong> ambiente<br />

social. No ciclo <strong>do</strong>s engenhos e em gran<strong>de</strong><br />

parte <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> café, o luxo inva<strong>de</strong><br />

Guaratinguetá, mas as proprieda<strong>de</strong>s<br />

agrícolas, firmadas sob o regime escravocrata,<br />

produziam quase tu<strong>do</strong> o que<br />

era necessário para o seu abastecimento.<br />

As fazendas eram unida<strong>de</strong>s isoladas e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

A agonia da lavoura cafeeira <strong>de</strong>termina<br />

a substituição <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> economia<br />

<strong>de</strong> autosuficiência pelo intervencionismo<br />

<strong>do</strong> governo, por meio <strong>do</strong><br />

estabelecimento <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crédito e,<br />

posteriormente, pelo controle <strong>do</strong> preço<br />

e da produção. Ao mesmo tempo, a<br />

chegada da indústria à área urbana exige<br />

um sistema capitalista e <strong>de</strong> empresas<br />

coletivas, caracterizadas pela tecnologia<br />

que, substituin<strong>do</strong> a força humana pela<br />

mecanização, colocam o capital acumula<strong>do</strong><br />

à disposição <strong>de</strong> diversos processos<br />

<strong>de</strong> produção.<br />

19


Bon<strong>de</strong> ligava Guaratinguetá<br />

a Aparecida. Na foto, ao<br />

fun<strong>do</strong>, Igreja Matriz <strong>de</strong> Santo<br />

Antônio, na década <strong>de</strong> 60<br />

20<br />

O sistema <strong>de</strong> companhia penetra<br />

também nas áreas rurais, embora com<br />

menor intensida<strong>de</strong>. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamento<br />

estimula o surgimento <strong>de</strong><br />

bancos e cooperativas <strong>de</strong> crédito.<br />

Com a implantação da pecuária em<br />

larga escala, Guaratinguetá assiste a uma<br />

nova alteração na estrutura das proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais. As técnicas da economia<br />

cria<strong>do</strong>ra exigem menos mão <strong>de</strong> obra. O<br />

homem, chefe <strong>de</strong> família, é a única força<br />

<strong>de</strong> trabalho necessária. Prioriza-se o<br />

solteiro ou o casal sem filhos, alteran<strong>do</strong><br />

mais uma vez o próprio mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> família.<br />

Registra-se, ainda, gran<strong>de</strong> êxo<strong>do</strong><br />

rural, com famílias inteiras se <strong>de</strong>slocan-<br />

<strong>do</strong> para as novas áreas <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> café,<br />

no próprio Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Na zona<br />

urbana, essa alteração é evi<strong>de</strong>nciada pela<br />

acelerada supressão das ativida<strong>de</strong>s artesanais,<br />

que agora sofrem a concorrência<br />

<strong>do</strong>s produtos industrializa<strong>do</strong>s.<br />

Nas duas últimas décadas <strong>do</strong> século<br />

XIX, já começava a se <strong>de</strong>linear a<br />

tendência industrial <strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />

Registros <strong>de</strong> 1890 indicam a existência<br />

<strong>de</strong> 20 estabelecimentos que fabricavam<br />

tijolos, pedras artificiais, artigos <strong>de</strong> couro,<br />

colchões, joias etc. As próprias características<br />

<strong>do</strong>s produtos levam a supor<br />

uma total ausência, ou ainda um baixíssimo<br />

grau <strong>de</strong> mecanização. É certo, porém,<br />

que os méto<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s já se<br />

distinguiam <strong>do</strong>s processos artesanais <strong>de</strong><br />

produção.<br />

A edição <strong>de</strong> 1904 <strong>do</strong> Anuário <strong>de</strong><br />

Guaratinguetá assinala a existência <strong>de</strong> 13<br />

instalações fabris. Se por um la<strong>do</strong> houve<br />

a queda <strong>do</strong> número <strong>de</strong> estabelecimentos,<br />

por outro se observa o surgimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

que utilizam sistemas mecaniza<strong>do</strong>s.<br />

São, entre outras, fábricas <strong>de</strong> alimentos<br />

e máquinas <strong>de</strong> beneficiar café.<br />

A partir daí, a mecanização se impõe<br />

<strong>de</strong> forma em prece<strong>de</strong>ntes, quer na<br />

zona rural, que na urbana. Entre 1910 e<br />

1920 são instaladas duas gran<strong>de</strong>s tecelagens.<br />

Em 1925 já eram 79 indústrias em<br />

operação na cida<strong>de</strong>. Em 1938, esse número<br />

se eleva para 102, com marcante<br />

presença <strong>do</strong> imigrante europeu nos<br />

empreendimentos.


Cresce a massa <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res emprega<strong>do</strong>s<br />

em Guaratinguetá. Nenhum<br />

<strong>do</strong>s ciclos anteriores havia registra<strong>do</strong><br />

tamanha concentração <strong>de</strong> trabalho urbano.<br />

Para se ter uma idéia, uma única<br />

indústria empregava, por volta <strong>de</strong> 1938,<br />

cerca <strong>de</strong> 1.400 operários. Consta que<br />

essa empresa, Companhia <strong>de</strong> Teci<strong>do</strong>s<br />

e Fiação <strong>de</strong> Guaratinguetá, teria realiza<strong>do</strong>,<br />

nesse ano, a primeira exportação<br />

<strong>de</strong> manufatura<strong>do</strong>s da história da cida<strong>de</strong>:<br />

10 mil cobertores encomenda<strong>do</strong>s pela<br />

Espanha.<br />

Os da<strong>do</strong>s oficiais registraram queda<br />

<strong>do</strong> número <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s fabris em 19<strong>50</strong> 9<br />

9 92 indústrias. Censo Industrial: Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 19<strong>50</strong>.<br />

10 72 indústrias. recenseamento Geral <strong>de</strong> 1960.<br />

e 1960 10 , porém evi<strong>de</strong>nciam maior soli<strong>de</strong>z<br />

<strong>do</strong> parque industrial da cida<strong>de</strong>, que<br />

passa a ser opção <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> empresas que ali se instalam<br />

para produzir <strong>de</strong> minerais não metálicos<br />

a produtos químicos.<br />

Inúmeros fatores contribuíram para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento da economia urbana.<br />

Mas, sem dúvida alguma, a expansão e<br />

diversificação <strong>do</strong> comércio, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong>s transportes urb<strong>anos</strong>, a ampliação<br />

das oportunida<strong>de</strong>s para as profissões<br />

liberais e burocráticas e, principalmente,<br />

a indústria, <strong>de</strong>terminaram a vocação <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />

21


22<br />

Vista aérea <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong> Químico <strong>de</strong><br />

Guaratingeutá – década <strong>de</strong> 80


Trajetória da bASf no brasil<br />

Em Guaratinguetá está localiza<strong>do</strong> o principal parque industrial da BASF na América<br />

Latina, ocupan<strong>do</strong> uma área total <strong>de</strong> 382 hectares, sen<strong>do</strong> 39 hectares <strong>de</strong> área construída<br />

e urbanizada, 90 hectares urbanizáveis e 188 hectares <strong>de</strong> área <strong>de</strong> preservação<br />

ambiental.<br />

Nesse complexo, on<strong>de</strong> trabalham cerca <strong>de</strong> 1.<strong>50</strong>0 pessoas em 13 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção,<br />

são fabrica<strong>do</strong>s mais <strong>de</strong> 1.<strong>50</strong>0 produtos diferentes.<br />

A trajetória da BASF em Guaratinguetá teve início há <strong>50</strong> <strong>anos</strong>, mas a história das<br />

relações da empresa com o Brasil remonta ao final <strong>do</strong> século XIX.<br />

Ainda sob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Badische Anilin & Soda Fabrik, iniciais da BASF,<br />

a empresa efetuava negócios com o país <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1890, ano em que 0,1% <strong>do</strong> seu faturamento<br />

foi representa<strong>do</strong> por vendas realizadas a empresas brasileiras.<br />

Já no ano <strong>de</strong> 1893, a BASF tinha seus produtos representa<strong>do</strong>s pelas firmas<br />

Ro<strong>do</strong>lpho Fechner & Companhia, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e Bernhard Bluhn & Companhia,<br />

no Maranhão.<br />

23


24<br />

No início <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, em<br />

1911, foi instalada a primeira representação<br />

oficial da BASF no Brasil. Com<br />

se<strong>de</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro, era dirigida por<br />

Paulo Zsigmondy e com a morte <strong>de</strong>ste,<br />

por Max Hamers, um jovem comerciante<br />

<strong>de</strong> Ludwigshafen.<br />

Após a Primeira Guerra Mundial<br />

foi fundada, na Alemanha, a IG<br />

Farbenindustrie, por meio da fusão <strong>de</strong> diversas<br />

indústrias químicas alemãs, entre<br />

elas a Bayer, a Hoeschst e a própria BASF.<br />

No ano <strong>de</strong> 1927, a IG Farbenindustrie estabelecia,<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro, uma representação,<br />

a Aliança Comercial <strong>de</strong> Anilinas<br />

Ltda. Sob a direção <strong>de</strong> Hamers, essa representação<br />

atuou até a entrada <strong>do</strong> Brasil na<br />

Segunda Guerra Mundial, quan<strong>do</strong> foram<br />

suspensas as operações <strong>de</strong> todas as empresas<br />

alemãs no país. Terminan<strong>do</strong> o conflito,<br />

tem início, na Alemanha, um processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>smembramento das empresas que<br />

formavam a IG Farbenindustrie.<br />

Em 1951, era constituí<strong>do</strong> no Brasil<br />

o grupo Alfred Jurzykowski que, com<br />

escritórios no Rio <strong>de</strong> Janeiro e em São<br />

Paulo, passaria a distribuir os produtos<br />

BASF para to<strong>do</strong> o país.<br />

No ano seguinte, a BASF readquire<br />

seu registro comercial na Alemanha e se<br />

constitui numa das três empresas sucessoras<br />

da IG Farbenindustrie.<br />

Dan<strong>do</strong> início a mais uma fase da sua<br />

atuação no Brasil, em 1953 a BASF instala<br />

nova representação <strong>de</strong> vendas com<br />

escritórios no Rio <strong>de</strong> Janeiro e em São<br />

Paulo, a <strong>Quimico</strong>lor Cia. <strong>de</strong> Corantes e<br />

Produtos Químicos, cuja composição<br />

acionária estabelecia 40% para a BASF e<br />

60% para Max Hamers, fican<strong>do</strong> a cargo<br />

<strong>de</strong>ste a sua direção.<br />

Max Hamers, alemão naturaliza<strong>do</strong><br />

brasileiro, aqui chegara em 1911 estimula<strong>do</strong><br />

pela própria BASF. Era o início <strong>de</strong><br />

uma relação que, oscilan<strong>do</strong> entre harmonia<br />

e divergências episódicas, haveria<br />

<strong>de</strong> se prolongar por mais <strong>de</strong> <strong>50</strong> <strong>anos</strong>, até<br />

a sua morte em 1962.<br />

Dota<strong>do</strong> <strong>de</strong> espírito empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r,<br />

Hamers havia funda<strong>do</strong> na década <strong>de</strong><br />

1930 sua própria empresa – a Companhia<br />

<strong>de</strong> Produtos Químicos Industriais M.<br />

Hamers – cuja ativida<strong>de</strong> se centrava na<br />

fabricação <strong>de</strong> produtos auxiliares para os<br />

ramos têxtil e <strong>de</strong> couro, segun<strong>do</strong> formulações<br />

autorizadas pela BASF.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter acumula<strong>do</strong> uma razoável<br />

fortuna com o negócio, Hamers<br />

parecia até então não se interessar<br />

pela ampliação da sua linha <strong>de</strong> produtos,<br />

nem tampouco se preocupar<br />

com a mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong>s processos e<br />

equipamentos.<br />

A partir <strong>de</strong> 1953, a experiência na<br />

<strong>Quimico</strong>lor lhe <strong>de</strong>sperta a atenção para<br />

a perspectiva <strong>de</strong> uma íntima colaboração<br />

com a BASF no âmbito da sua própria<br />

empresa. Passa então a cogitar da<br />

ampliação e mo<strong>de</strong>rnização técnica das<br />

suas fábricas – uma no Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />

outra em Nilópolis – também em socieda<strong>de</strong><br />

com a empresa alemã.


No início <strong>de</strong> 1954, Hamers promove<br />

as primeiras sondagens sobre o assunto<br />

e oferece à BASF uma participação em<br />

seus negócios.<br />

No final <strong>de</strong>sse mesmo ano, porém,<br />

os negócios da <strong>Quimico</strong>lor não andavam<br />

bem. Surgiam dificulda<strong>de</strong>s para a<br />

importação <strong>de</strong> certos produtos da BASF,<br />

ao mesmo tempo em que se acirrava a<br />

concorrência, num merca<strong>do</strong> já dispu-<br />

ta<strong>do</strong> por empresas suíças, francesas, inglesas,<br />

americanas e até mesmo alemãs,<br />

como a Bayer e a Hoechst.<br />

Além <strong>de</strong>sses problemas, a BASF entendia<br />

que somente a participação <strong>de</strong><br />

Hamers era insuficiente para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

seus interesses no Brasil. Concluiu-se<br />

daí que a expansão <strong>do</strong>s empreendimentos<br />

no país só seria possível por meio <strong>de</strong><br />

outra companhia.<br />

Bairro <strong>do</strong> Engenheiro Neiva,<br />

com a fábrica da BASF<br />

ao fun<strong>do</strong> – década <strong>de</strong> 60<br />

25


26<br />

Placa colocada na Ro<strong>do</strong>via<br />

Presi<strong>de</strong>nte Dutra indica<br />

a localização da Idrongal<br />

Fundação da Idrongal<br />

No início <strong>de</strong> 1955, Julius Overhoff, diretor<br />

<strong>do</strong> setor <strong>de</strong> vendas da BASF na<br />

Alemanha, viaja ao Brasil em visita à<br />

<strong>Quimico</strong>lor. Três pontos centrais motivaram<br />

sua vinda: análise <strong>do</strong>s projetos<br />

da Companhia <strong>de</strong> Produtos Químicos<br />

Industriais M. Hamers e da <strong>Quimico</strong>lor;<br />

conversações com Hamers sobre a concorrência<br />

– embora parcial – das ativi-<br />

da<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong>ssas duas empresas;<br />

coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> uma estrutura<br />

industrial da BASF no Brasil, especialmente<br />

para a fabricação <strong>de</strong> produtos<br />

cuja importação era, ou po<strong>de</strong>ria vir a ser,<br />

difícil.<br />

Naturalmente que da agenda <strong>de</strong> viagem<br />

<strong>de</strong> Julius Overhoff fazia parte também<br />

a avaliação da proposta <strong>de</strong> Hamers<br />

<strong>de</strong> uma associação com a BASF, que,<br />

ao mesmo tempo, interessava num pla-


no global maior. Overhoff vê com bons<br />

olhos essa possibilida<strong>de</strong> e meses <strong>de</strong>pois,<br />

o negócio seria efetivamente concretiza<strong>do</strong>,<br />

com a BASF adquirin<strong>do</strong> um terço<br />

das ações da M. Hamers.<br />

O centro <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões em Ludwigshafen<br />

conclui, porém, que, paralelamente<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento da estrutura <strong>de</strong><br />

produção da M. Hamers, <strong>de</strong>veria ser<br />

fun dada uma nova companhia que fabricaria<br />

produtos não cogita<strong>do</strong>s por aquela<br />

empresa. Prevê-se, nessa companhia,<br />

uma participação <strong>de</strong> Hamers com aproximadamente<br />

um terço <strong>do</strong> capital.<br />

Planejava-se, a princípio, a produção<br />

<strong>de</strong> colas, ureia, formol, hidrossulfito,<br />

rongalit e dispersões plásticas. Maior<br />

urgência <strong>de</strong>veria ser dada à implantação<br />

<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> hidrossulfito<br />

e <strong>de</strong> rongalit, pois se sabia <strong>do</strong>s pl<strong>anos</strong> da<br />

Bunge & Born para fabricá-los no Brasil.<br />

Em março <strong>de</strong> 1955 é finalmente formaliza<strong>do</strong>,<br />

entre Hamers e a BASF, o acor<strong>do</strong><br />

para a constituição da nova empresa.<br />

A 22 <strong>de</strong> agosto é fundada a Companhia<br />

<strong>de</strong> Produtos Idrongal S.A. Hamers indicou<br />

o nome Idrongal, abreviação <strong>de</strong> hidrossulfito<br />

e rongalit, os <strong>do</strong>is produtos<br />

que foram padrinhos da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> implantação<br />

da fábrica.<br />

A matriz na Alemanha pensava inicialmente<br />

numa produção <strong>de</strong> 700 toneladas/ano.<br />

Hamers, com longa experiência<br />

no merca<strong>do</strong> brasileiro, <strong>de</strong>saconselhava<br />

uma instalação <strong>de</strong>sse porte. Pelos seus<br />

cálculos, a capacida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>veria ser<br />

inferior a 1.000 toneladas/ano para o hidrossulfito<br />

<strong>de</strong> sódio e 275 toneladas/ano<br />

para o rongalit.<br />

Com o planejamento <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />

em Ludwigshafen, on<strong>de</strong> os estu<strong>do</strong>s para<br />

a viabilização <strong>de</strong> uma fábrica semelhante<br />

na Argentina se encontravam em estágio<br />

bastante adianta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>-se construir<br />

as duas unida<strong>de</strong>s com a mesma<br />

capacida<strong>de</strong>: 1.400 toneladas/ano <strong>de</strong> hidrossulfito<br />

e 300 toneladas/ano <strong>de</strong> rongalit.<br />

Diferentemente da sua co-irmã da<br />

Argentina, a Idrongal é privilegiada com<br />

uma instalação adicional para a produção<br />

<strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> enxofre, substância<br />

responsável pelo processamento <strong>do</strong> áci<strong>do</strong><br />

sulfúrico.<br />

As providências se <strong>de</strong>senrolavam<br />

conforme o planeja<strong>do</strong>, principalmente<br />

na Alemanha. O governo autoriza a<br />

BASF a participar societariamente <strong>de</strong><br />

uma empresa no Brasil e aprova a remessa<br />

<strong>de</strong> capital. Como uma parcela <strong>de</strong>sse<br />

capital seria integralizada por meio <strong>do</strong><br />

fornecimento <strong>de</strong> máquinas e equipamentos,<br />

as autorida<strong>de</strong>s alemãs conce<strong>de</strong>m<br />

uma licença especial para exportação<br />

sem a respectiva cobertura cambial,<br />

exigin<strong>do</strong> apenas o parecer <strong>de</strong> uma comissão<br />

mista teuto-brasileira. Esta, por<br />

sua vez, <strong>de</strong>u, <strong>de</strong> pronto, sua aprovação.<br />

Os estatutos da nova companhia foram<br />

elabora<strong>do</strong>s por Hamers. Ela iniciaria<br />

com um capital social <strong>de</strong> 10 milhões<br />

<strong>de</strong> cruzeiros, cerca <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> marco<br />

alemão, e teria a participação <strong>de</strong> 64% da<br />

27


28<br />

Vista <strong>do</strong> centro<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />

Ao fun<strong>do</strong>, a torre da<br />

estação ferroviária<br />

– década <strong>de</strong> 60<br />

BASF, 36% <strong>de</strong> Hamers, com mais cinco<br />

acionistas minoritários. A diretoria seria<br />

constituída por um presi<strong>de</strong>nte, um diretor<br />

técnico e um diretor comercial.<br />

Faziam parte da primeira diretoria:<br />

Max Hamers, ocupan<strong>do</strong> a presidência,<br />

e o Sr. Shoene, da área <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong><br />

Ludwigshafen, como diretor comercial.<br />

Cuidan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s interesses da BASF, principalmente<br />

na área técnica <strong>de</strong> montagem,<br />

foi nomea<strong>do</strong> o Sr. Kertscher, um<br />

ex-funcionário da <strong>Quimico</strong>lor.<br />

O custo total da implantação da fábrica,<br />

incluin<strong>do</strong> terreno, equipamentos<br />

e montagem, estava estima<strong>do</strong> em 8 milhões<br />

<strong>de</strong> marcos alemães. O governo alemão<br />

conce<strong>de</strong>ra todas as facilida<strong>de</strong>s para<br />

a transferência <strong>de</strong>sse capital, estabelecen<strong>do</strong>,<br />

porém, um cronograma para a<br />

sua efetivação. Havia, portanto, a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> que as <strong>de</strong>cisões fossem tomadas<br />

com bastante rapi<strong>de</strong>z.<br />

Por que Guaratinguetá?<br />

A questão <strong>de</strong> maior importância,<br />

agora, passava a ser a localização da fábrica.<br />

Hamers havia encontra<strong>do</strong> várias<br />

opções <strong>de</strong> terrenos próximos às instalações<br />

<strong>de</strong> sua empresa no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

conforme ele próprio preferia. No entanto,<br />

não queren<strong>do</strong> tomar uma <strong>de</strong>cisão<br />

unilateral, solicitou à BASF que cre<strong>de</strong>nciasse<br />

uma pessoa para auxiliá-lo na<br />

escolha.<br />

Como se tratava <strong>de</strong> iniciar a fabricação<br />

<strong>de</strong> produtos inorgânicos, a BASF indicou<br />

o Sr. Wilhelm Pfannmueller, responsável<br />

pela área em Ludwigshafen.<br />

Uma série <strong>de</strong> aspectos fundamentais<br />

nortearia a escolha <strong>do</strong> terreno:<br />

• o clima da região <strong>de</strong>veria ser seco;<br />

• disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia elétrica<br />

suficiente e próxima;<br />

• vizinhança <strong>de</strong> ro<strong>do</strong>via e ferrovia<br />

para abastecimento <strong>de</strong> matéria-prima<br />

e escoamento da produção;<br />

• existência <strong>de</strong> rio nas cercanias<br />

para captação <strong>de</strong> água e <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong><br />

efluentes;<br />

• localização em terras altas, livres <strong>de</strong><br />

enchentes;<br />

• topografia a mais plana possível;<br />

• proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> centro urbano on<strong>de</strong><br />

pu<strong>de</strong>ssem residir trabalha<strong>do</strong>res<br />

e houvesse infraestrutura <strong>de</strong> hospitais,<br />

escolas etc.


Chegan<strong>do</strong> ao Brasil, Pfannmueller<br />

inicia com Hamers uma série <strong>de</strong> viagens<br />

pelo interior <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo e<br />

<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, num raio <strong>de</strong> 100 km a<br />

partir <strong>de</strong> suas respectivas capitais.<br />

Nessas viagens são feitos inúmeros<br />

contatos e percorridas diversas cida<strong>de</strong>s.<br />

No Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro passam<br />

por Vargem Alegre, Volta Re<strong>do</strong>nda<br />

e Resen<strong>de</strong>. Em São Paulo, visitam Poá,<br />

Guarulhos, Suzano, Jacareí, Arujá, Itaim<br />

Paulista, Campinas, Jundiaí, Caçapava e<br />

São José <strong>do</strong>s Campos, além <strong>de</strong> algumas<br />

áreas na periferia da capital.<br />

Ao contrário <strong>de</strong> Hamers que tinha<br />

clara preferência pelo Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

Pfannmueller se inclinava mais por São<br />

Paulo on<strong>de</strong>, aliás, os terrenos eram mais<br />

caros.<br />

Pesquisan<strong>do</strong> o setor químico no<br />

país, Hamers e Pfannmueller tiveram<br />

acesso a um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por uma<br />

empresa <strong>do</strong> ramo, que indicava a região<br />

<strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Campos como uma das<br />

melhores <strong>do</strong> país para a implantação <strong>de</strong><br />

uma indústria química.<br />

Após alguns dias <strong>de</strong> permanência<br />

em São Paulo, os <strong>do</strong>is <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m retornar<br />

ao Rio <strong>de</strong> Janeiro. Era 10 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1955. A viagem iria durar cerca <strong>de</strong> 11<br />

horas, pois efetuariam diversas paradas<br />

em cida<strong>de</strong>s situadas ao longo da Ro<strong>do</strong>via<br />

Presi<strong>de</strong>nte Dutra, visitan<strong>do</strong> localida<strong>de</strong>s<br />

que não haviam si<strong>do</strong> previamente programadas.<br />

Uma <strong>de</strong>ssas paradas se <strong>de</strong>u<br />

em Guaratinguetá.<br />

Os <strong>do</strong>is alemães entraram na cida<strong>de</strong>.<br />

Após algumas voltas, atravessaram a ponte<br />

<strong>de</strong> ferro e <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio – provavelmente<br />

on<strong>de</strong> está hoje a Vila Paraíba<br />

– tiveram “uma linda vista da cida<strong>de</strong>”,<br />

conforme observou Pfannmueller.<br />

Retornan<strong>do</strong> ao centro da cida<strong>de</strong>,<br />

dirigiram-se à prefeitura. Encontraram<br />

também com o verea<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong><br />

Cavalca, autor <strong>de</strong> um projeto para implantação<br />

<strong>de</strong> um distrito industrial cinco<br />

quilômetros abaixo da correnteza <strong>do</strong> Rio<br />

Paraíba – exatamente on<strong>de</strong> atualmente<br />

se situa o bairro <strong>de</strong> Engenheiro Neiva.<br />

À tar<strong>de</strong>, em companhia <strong>de</strong> Geral<strong>do</strong><br />

Cavalca e <strong>do</strong> corretor Francisco Galvão<br />

Freire, foram conhecer a região.<br />

Visitaram primeiramente uma área<br />

<strong>de</strong> cinco alqueires, que tinha o problema<br />

<strong>de</strong> ser baixa e registrar a ocorrência<br />

<strong>de</strong> enchentes. Em seguida, foram-lhes<br />

apresentadas duas outras áreas. Uma<br />

<strong>de</strong>las com 30 mil m 2 , pertencente a<br />

Antonio L. Barbosa e outra, anexa, com<br />

aproximadamente 25 alqueires, pertencente<br />

a José Pires <strong>de</strong> Castro. Eram ambas<br />

a<strong>de</strong>quadas, “apresentan<strong>do</strong> apenas<br />

o inconveniente <strong>de</strong> se ter <strong>de</strong> negociar<br />

com <strong>do</strong>is proprietários”, conforme observou<br />

Pfannmueller.<br />

A notícia da chegada <strong>de</strong> <strong>do</strong>is forasteiros<br />

que procuravam terreno para<br />

instalar uma fábrica se espalhou com<br />

a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um raio. Tanto quanto<br />

as autorida<strong>de</strong>s, muitos perceberam <strong>de</strong><br />

pronto a oportunida<strong>de</strong> e os benefícios<br />

29


30<br />

que isso traria: empregos para a comunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá e geração <strong>de</strong> impostos,<br />

urgentemente necessita<strong>do</strong>s, para<br />

a cida<strong>de</strong>. Até então, apenas duas gran<strong>de</strong>s<br />

indústrias haviam ali se instala<strong>do</strong>,<br />

ao contrário <strong>do</strong> que ocorria na região <strong>de</strong><br />

Resen<strong>de</strong> e Volta Re<strong>do</strong>nda, on<strong>de</strong> surgia<br />

uma fábrica após outra.<br />

Em <strong>do</strong>is relatórios pormenoriza<strong>do</strong>s<br />

envia<strong>do</strong>s à diretoria na Alemanha,<br />

Pfannmueler informou sobre a pesquisa<br />

para a instalação da fábrica e justificou<br />

a escolha <strong>do</strong> local, em Guaratinguetá,<br />

<strong>de</strong>cidida com Hamers. Nas suas palavras,<br />

“a visita a essas duas áreas resultou<br />

numa completa conveniência para<br />

as nossas intenções. Duzentos e cinquenta<br />

metros <strong>de</strong> margem no Paraíba,<br />

com uma boa água, apesar <strong>de</strong> um pouco<br />

lo<strong>do</strong>sa no perío<strong>do</strong> das chuvas. Livre<br />

<strong>de</strong> enchentes. Praticamente plana. A<br />

cinco quilômetros <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>zinha<br />

limpa – Guaratinguetá – com 38 mil<br />

habitantes, prefeitura, correio, médicos,<br />

farmácias, comércio, hotel, indústrias<br />

e escolas. As autorida<strong>de</strong>s incentivam<br />

o estabelecimento <strong>de</strong> indústrias<br />

através da minimização <strong>de</strong> impostos.<br />

Boas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>res, estan<strong>do</strong> inclusive planeja<strong>do</strong>s<br />

a construção <strong>de</strong> moradias para<br />

operários numa das áreas da cida<strong>de</strong>. O<br />

clima é seco. Altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 530 m acima<br />

<strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar. Aproximadamente a<br />

um quilômetro da auto-estrada. Situase<br />

a 230 quilômetros <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

e 170 km <strong>de</strong> São Paulo. A quase <strong>do</strong>is<br />

quilômetros, está o Clube <strong>do</strong>s <strong>50</strong>0, com<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tênis, piscina etc. Em<br />

linha aérea, a uns 700 m, localiza-se<br />

uma estação. A ligação ferroviária po<strong>de</strong><br />

ser feita, caso se pretenda, através da<br />

construção <strong>de</strong> um ramal, sen<strong>do</strong> possível<br />

chegar com este até a fábrica. Água<br />

potável po<strong>de</strong>rá ser obtida com facilida<strong>de</strong><br />

perfuran<strong>do</strong>-se poços. A ligação <strong>de</strong><br />

energia elétrica é capacitada para 30<br />

mil volts e está a mil metros a oeste <strong>do</strong><br />

terreno. A linha telefônica também se<br />

encontra bem próxima.”<br />

Pfannmueller segue com seu relatório<br />

fazen<strong>do</strong> observações sobre a<br />

montagem da fábrica: “Creio <strong>de</strong>vemos<br />

começar logo com a fábrica <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> áci<strong>do</strong> sulfúrico e uma eletrólise<br />

cloro-álcali para provável produção <strong>de</strong><br />

20 toneladas/ano <strong>de</strong> hidróxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> sódio,<br />

a fim <strong>de</strong> se obter in<strong>de</strong>pendência.<br />

Instalação <strong>de</strong> uma cal<strong>de</strong>ira com queima<br />

<strong>de</strong> óleo para o processamento da<br />

síntese <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> clorídrico. Com isso se<br />

obteriam <strong>de</strong> imediato os produtos básicos.<br />

Mais adiante será absolutamente<br />

necessário um gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> emergência a<br />

diesel com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 kW. E, finalmente,<br />

a instalação <strong>de</strong> tanques para<br />

armazenamento <strong>de</strong> formol e metanol<br />

adquiri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> terceiros.”<br />

Justamente ali, em Guaratinguetá,<br />

Pfannmueller e Hamers encontraram<br />

o terreno i<strong>de</strong>al, a poucos quilômetros,<br />

entre o Rio Paraíba ao norte, a via fér-


ea e a auto-estrada ao sul. Perceberam<br />

imediatamente que aquele era o melhor<br />

local <strong>de</strong>ntre to<strong>do</strong>s os vistos até então.<br />

Na parte oeste, antiga plantação<br />

<strong>de</strong> café, encontrava-se então um laranjal<br />

cujos frutos foram distribuí<strong>do</strong>s <strong>aos</strong><br />

funcionários das empresas Hamers e<br />

<strong>Quimico</strong>lor. A parte leste, por sua vez,<br />

era um terreno baldio que assumiria<br />

papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância nos primeiros<br />

<strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

instalações da Idrongal.<br />

Além <strong>do</strong>s relatórios, <strong>de</strong> caráter mais<br />

formal, Pfannmueller fez anotações em<br />

diário pessoal que hoje se constitui em<br />

excelente fonte <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para o resgate<br />

da história da Idrongal: “A auto-estrada<br />

e a via férrea ligam a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo, com quatro milhões <strong>de</strong> habitantes,<br />

a 800 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, à cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, com as mesmas dimensões,<br />

ao nível <strong>do</strong> mar”.<br />

Tanto a auto-estrada como a via<br />

férrea se esten<strong>de</strong>m ao longo <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />

Paraíba que corre entre duas cordilheiras<br />

que atingem até 2.000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.<br />

O vale é cerca<strong>do</strong> por cida<strong>de</strong>s históricas<br />

que, na época colonial, serviam <strong>de</strong> base<br />

a garimpeiros e caravanas <strong>de</strong> escravos e<br />

per<strong>de</strong>ram, então, sua importância.<br />

No meio <strong>do</strong>s aproximadamente<br />

400 km que separam as cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> São Paulo está situada<br />

Guaratinguetá, cercada <strong>de</strong> pastos<br />

e ga<strong>do</strong>, guardan<strong>do</strong> certa semelhança<br />

com os Alpes.<br />

Guaratinguetá é uma cida<strong>de</strong>zinha<br />

velha com um passa<strong>do</strong> tumultua<strong>do</strong>. A<br />

antiga estrada entre Rio e São Paulo<br />

atravessava a cida<strong>de</strong>, cujo hotel era uma<br />

conhecida pousada. Agora, uma nova<br />

estrada – a Via Dutra – passa ao la<strong>do</strong><br />

da cida<strong>de</strong>.<br />

Para Heinz Mayer, um jovem colabora<strong>do</strong>r<br />

da BASF nos <strong>anos</strong> <strong>50</strong>, que<br />

ocuparia a presidência <strong>do</strong> Conselho <strong>do</strong><br />

Grupo três décadas mais tar<strong>de</strong>, “a escolha<br />

final <strong>de</strong> Pfannmueller e Hamers por<br />

Guaratinguetá se baseou em matemática<br />

simples... O município estava situa<strong>do</strong><br />

a 1/3 da distância <strong>de</strong> São Paulo e 2/3<br />

<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, pólos que formavam<br />

o eixo industrial que iria consumir a<br />

produção da futura fábrica, a uma razão<br />

<strong>de</strong> 2/3 para São Paulo e 1/3 para o<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro”.<br />

O abastecimento <strong>de</strong> água era vital<br />

para uma indústria química e esse fato<br />

foi <strong>de</strong>cisivo para que se optasse pelo<br />

terreno <strong>de</strong> Guaratinguetá. Apesar <strong>de</strong><br />

estreito, nesse trecho, o rio Paraíba oferecia<br />

um volume <strong>de</strong> água suficiente, resolven<strong>do</strong><br />

os problemas <strong>de</strong> abastecimento<br />

e <strong>de</strong>spejo. Para a obtenção <strong>de</strong> água<br />

potável, seriam perfura<strong>do</strong>s três poços<br />

profun<strong>do</strong>s.<br />

O terreno maior era o mais conveniente,<br />

porém não chegava até a<br />

margem <strong>do</strong> rio. Conduziram, então,<br />

as negociações para a compra <strong>de</strong><br />

uma faixa <strong>de</strong> 10,6 mil m 2 <strong>do</strong> terreno<br />

maior.<br />

31


32<br />

Vista aérea <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong><br />

Químico – década 60<br />

Concluídas as tratativas, a Idrongal<br />

obtém a opção <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> 200 mil<br />

m 2 até o começo <strong>de</strong> 1956, com possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> adquirir parcelas remanescentes<br />

<strong>do</strong> terreno em outras ocasiões, o<br />

que, <strong>de</strong> fato, ocorreria. Em 1957, foram<br />

compra<strong>do</strong>s mais 180 mil m 2 e, em 1959,<br />

mais 220 mil m 2 , totalizan<strong>do</strong> assim 600<br />

mil m 2 . Pouco mais <strong>de</strong> 20 <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois,<br />

em 1980, seria adquiri<strong>do</strong> 1 milhão <strong>de</strong> m 2<br />

anexos à área original, totalizan<strong>do</strong> 1,6<br />

milhão <strong>de</strong> m 2 .<br />

Com a concordância <strong>de</strong> Hamers<br />

e a aprovação da se<strong>de</strong> da BASF em<br />

Ludwigshafen, o contrato <strong>de</strong> compra<br />

pô<strong>de</strong> ser assina<strong>do</strong> no final <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 1956. Com o prefeito, Dr. André<br />

Alckmin Filho, recém-empossa<strong>do</strong>, brin<strong>do</strong>u-se<br />

a “uma amiza<strong>de</strong> teuto-brasileira<br />

para sempre”.


Formação <strong>do</strong> capital<br />

e investimentos<br />

Logo após o fechamento <strong>do</strong> contrato foram<br />

inicia<strong>do</strong>s os trabalhos <strong>de</strong> exploração<br />

<strong>do</strong> terreno, on<strong>de</strong> seriam encontradas<br />

trincheiras e balas <strong>de</strong> fuzil, lembranças<br />

da Revolução <strong>de</strong> 32, quan<strong>do</strong> a região foi<br />

palco <strong>de</strong> combates intensos.<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> preparação <strong>do</strong> terreno<br />

ficaram a cargo da Serveng, empresa<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá, sob a supervisão<br />

da Grumbilf <strong>do</strong> Brasil, responsável pela<br />

administração e execução das obras.<br />

Nessa etapa proce<strong>de</strong>u-se ao nivelamento<br />

<strong>de</strong> 130 mil m 2 , o que exigiu uma movimentação<br />

<strong>de</strong> aproximadamente 75<br />

mil m 3 <strong>de</strong> terra.<br />

A BASF <strong>de</strong>veria fornecer máquinas<br />

e equipamentos como parte da sua integralização<br />

<strong>do</strong> capital. Esses equipamentos<br />

seriam importa<strong>do</strong>s, pois ainda não<br />

eram fabrica<strong>do</strong>s no país.<br />

Heinz Mayer lembra-se <strong>de</strong> que “já<br />

em 1955, a BASF, em Ludwigshafen, tinha<br />

indicações da vitória <strong>de</strong> Juscelino<br />

Kubitschek nas eleições presi<strong>de</strong>nciais.<br />

Quan<strong>do</strong> JK assumiu, em 1956, seu<br />

programa econômico, ‘<strong>50</strong> <strong>anos</strong> em 5’,<br />

visava metas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. A<br />

Instrução 113 da Superintendência<br />

da Moeda e <strong>do</strong> Crédito (SUMOC), em<br />

especial, foi a alavanca para esse <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

para a vinda das empresas<br />

multinacionais. E assim viemos<br />

nós...”.<br />

As autorida<strong>de</strong>s brasileiras, no entanto,<br />

trabalhavam <strong>de</strong> forma lenta e complicada.<br />

Uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> listagens <strong>de</strong>veria<br />

ser traduzida. Nesse momento tem<br />

início uma verda<strong>de</strong>ira maratona burocrática.<br />

A isenção <strong>de</strong> taxas alfan<strong>de</strong>gárias,<br />

prometida pelas autorida<strong>de</strong>s econômicas<br />

<strong>do</strong> governo JK para novas empresas que<br />

se instalassem no país, e regulamentada<br />

por meio da instrução SUMOC 113,<br />

tinha <strong>de</strong> ser requerida pelos caminhos<br />

morosos da burocracia. Muitas vezes o<br />

êxito <strong>de</strong>pendia da sorte <strong>de</strong> apertar a mão<br />

certa no ministério certo...<br />

Especialmente para resolver essa difícil<br />

tarefa fora instala<strong>do</strong> um escritório<br />

em São Paulo. Sua direção foi confiada<br />

ao Sr. E. Von Mueller, um ex-funcionário<br />

da <strong>Quimico</strong>lor, que possuía vastos<br />

conhecimentos da burocracia brasileira<br />

e contava com um círculo <strong>de</strong> relacionamento<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> à situação.<br />

Finalmente, na primavera <strong>de</strong> 1956,<br />

eram liberadas as guias <strong>de</strong> importações e<br />

o equipamento, no valor <strong>de</strong> 4 milhões <strong>de</strong><br />

marcos alemães, pô<strong>de</strong> ser encomenda<strong>do</strong><br />

à Alemanha. O cronograma já estava, no<br />

entanto, com seis meses <strong>de</strong> atraso.<br />

Era evi<strong>de</strong>nte, porém, que Ludwigshafen<br />

não via a Idrongal como mera<br />

produtora <strong>de</strong> hidrossulfito <strong>de</strong> sódio e<br />

rongalit. Assim, no início <strong>de</strong> 1957, planejou-se<br />

um segun<strong>do</strong> passo: a fabricação<br />

<strong>de</strong> dispersões sintéticas <strong>de</strong> monômeros<br />

<strong>de</strong> acrilato que, importa<strong>do</strong>s<br />

da BASF, <strong>de</strong>veriam ser polimeriza<strong>do</strong>s<br />

33


34<br />

na Idrongal. Como a aparelhagem e o<br />

processo <strong>de</strong> polimerização eram relativamente<br />

simples, <strong>de</strong>cidiu-se pela sua<br />

implantação antes mesmo da produção<br />

<strong>do</strong>s materiais redutores (hidrossulfito<br />

<strong>de</strong> sódio e rongalit).<br />

Logo no princípio <strong>do</strong>s trabalhos<br />

técnicos se percebeu que o capital previamente<br />

estabeleci<strong>do</strong> não seria suficiente.<br />

Estu<strong>do</strong>u-se, então, a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aumentar o capital em 40 milhões<br />

<strong>de</strong> cruzeiros (padrão monetário da<br />

época). Em Ludwigshafen, porém, surgiam<br />

dúvidas quanto à possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Hamers cumprir com a sua parte na<br />

integralização.<br />

Quan<strong>do</strong> Hamers se retirou da presidência<br />

da Idrongal três <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois, sua<br />

participação havia encolhi<strong>do</strong> para menos<br />

<strong>de</strong> 5%.<br />

Deu-se início, então, ao planejamento<br />

<strong>do</strong> terceiro passo: a fabricação<br />

<strong>de</strong> prepara<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pigmentos – Helizarin<br />

– <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à indústria têxtil, composto<br />

<strong>de</strong> base produzida pela BASF, na<br />

Alemanha, e pigmentos nacionais.<br />

Importa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ludwigshafen, os<br />

pigmentos já eram utiliza<strong>do</strong>s no país.<br />

Soube-se então que um gran<strong>de</strong> concorrente<br />

– Schilling-Hillier – pretendia iniciar<br />

no Brasil a produção <strong>de</strong> monômeros<br />

utiliza<strong>do</strong>s na polimerização das pastas<br />

<strong>de</strong> estamparia têxtil. Isso acarretaria um<br />

aumento das taxas alfan<strong>de</strong>gárias sobre<br />

os monômeros que a BASF viria a fornecer<br />

à Idrongal.<br />

A BASF, lí<strong>de</strong>r mundial no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e produção <strong>de</strong> corantes, necessitava<br />

estabelecer uma base nesse setor<br />

também no Brasil. Cogitou-se, então, em<br />

uma ação conjunta com a Bayer, que já<br />

havia nacionaliza<strong>do</strong> um produto similar.<br />

Algumas dúvidas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m comercial,<br />

somadas à convicção <strong>de</strong> que a produção<br />

<strong>de</strong> corantes Helizarin era uma <strong>de</strong>cisão<br />

acertada, levam a BASF à opção <strong>de</strong> conduzir<br />

esse projeto sem a participação <strong>de</strong><br />

terceiros. O custo <strong>de</strong> instalação seria <strong>de</strong><br />

1 milhão <strong>de</strong> marcos alemães para uma<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>50</strong> toneladas/ano.<br />

Havia, ainda, outra questão a ser resolvida:<br />

o poliestireno expansí vel – Styropor® –,<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em Ludwigshafen no início<br />

<strong>do</strong>s <strong>anos</strong> <strong>50</strong>, que havia <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong> gran<strong>de</strong><br />

interesse no Brasil. Matéria-prima utilizada<br />

na fabricação <strong>de</strong> um material isolante<br />

– o isopor – aplica<strong>do</strong> na produção<br />

<strong>de</strong> frigoríficos, caminhões refrigera<strong>do</strong>s e,<br />

ainda, em início <strong>de</strong> utilização na indústria<br />

e construção civil, o Styropor® vinha<br />

sen<strong>do</strong> importa<strong>do</strong> para suprir a crescente<br />

<strong>de</strong>manda <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro.<br />

Por questões <strong>de</strong> cumprimento da<br />

legislação <strong>de</strong> patentes, a BASF tinha<br />

<strong>de</strong> lançar o produto, já processa<strong>do</strong> no<br />

Brasil, até mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1958. Hamers<br />

viu-se obriga<strong>do</strong> a produzi-lo na sua<br />

fábrica em Nilópolis (Rio <strong>de</strong> Janeiro),<br />

com aparelhos experimentais. Definiuse<br />

uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4 toneladas/mês.<br />

Ludwigshafen forneceu o equipamento<br />

e prestou assistência técnica.


O interesse <strong>de</strong> Hamers nessa indústria,<br />

mo<strong>de</strong>rna, não era muito gran<strong>de</strong>, a<br />

ponto <strong>de</strong> não querer tal linha <strong>de</strong> produção<br />

em sua fábrica. Esse fato, associa<strong>do</strong><br />

à constatação <strong>de</strong> que a Huls, juntamente<br />

com a Koppers, tinha intenção<br />

<strong>de</strong> produzir o Styropor® no Brasil, levam<br />

Ludwigshafen a incluir esse projeto<br />

nos pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> expansão da Idrongal.<br />

Previa-se inicialmente uma produção<br />

<strong>de</strong> 80 tonelada/ano. O custo das instalações<br />

ficaria próximo <strong>do</strong>s 4 milhões <strong>de</strong><br />

marcos alemães.<br />

No começo <strong>de</strong> 1958, com os trabalhos<br />

<strong>de</strong> planejamento já concluí<strong>do</strong>s e as<br />

obras em franco andamento, a BASF,<br />

encarregada das instalações, emite, na<br />

Alemanha, novos pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> máquinas<br />

e equipamentos. Alguns procedimentos<br />

<strong>de</strong> caráter formal também são executa<strong>do</strong>s<br />

e a Idrongal é licenciada para a produção<br />

<strong>de</strong>:<br />

1.400 toneladas/ano – hidrossulfito <strong>de</strong><br />

sódio<br />

300 toneladas/ano – rongalit<br />

900 toneladas/ano – dispersões sintéticas<br />

960 toneladas/ano – Styropor®<br />

<strong>50</strong> toneladas/ano – corantes Helizaren<br />

O valor <strong>de</strong> venda <strong>de</strong>sses produtos<br />

foi estima<strong>do</strong> em 10 milhões <strong>de</strong> marcos<br />

alemães por ano. Ficou estabeleci<strong>do</strong> um<br />

pagamento anual fixo <strong>de</strong> royalties no valor<br />

<strong>de</strong> 700 mil marcos alemães.<br />

Com os níveis <strong>de</strong> produção já <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s,<br />

aumenta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capital.<br />

Estima-se, agora, que o investimento<br />

total será da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 14 milhões <strong>de</strong><br />

marcos alemães. Já não se podia pensar<br />

numa participação <strong>de</strong> Hamers. O aporte<br />

financeiro cabia quase integralmente<br />

à BASF e Ludwigshafen aprova a expansão<br />

<strong>do</strong> capital para 15 milhões <strong>de</strong> marcos<br />

alemães.<br />

Des<strong>de</strong> 1958, as obras<br />

nas instalações estão<br />

em rápi<strong>do</strong> andamento<br />

35


36<br />

Até mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1957 o capital integraliza<strong>do</strong><br />

havia se presta<strong>do</strong> apenas a saldar<br />

os compromissos já assumi<strong>do</strong>s, o<br />

que gerava certa insegurança sobre os<br />

investimentos futuros.<br />

Um novo sócio alemão – a BASF<br />

Tran satlântica, com se<strong>de</strong> no Panamá –<br />

participará com <strong>50</strong>0 mil marcos alemães<br />

e mais 1 milhão <strong>de</strong> marcos alemães um<br />

ano <strong>de</strong>pois, caben<strong>do</strong> à BASF arcar com<br />

dívidas estimadas em cerca <strong>de</strong> 7 milhões<br />

<strong>de</strong> marcos alemães.<br />

Com o avanço das obras em<br />

Guaratinguetá surge a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> novos investimentos. São construí<strong>do</strong>s<br />

um prédio para a administração<br />

e casas para mestres e gerentes.<br />

Executam-se, ao mesmo tempo, trabalhos<br />

na área técnica, ten<strong>do</strong> em vista<br />

a segurança <strong>do</strong> abastecimento interno<br />

<strong>de</strong> energia elétrica em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>.<br />

Ao custo adicional <strong>de</strong> 1,5<br />

milhão <strong>de</strong> marcos alemães, tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>verá<br />

ser executa<strong>do</strong> antes <strong>do</strong> início da<br />

produção.<br />

Nesse quadro, Ludwigshafen <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>,<br />

em 1958, um novo aumento <strong>de</strong> capital,<br />

da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> marcos<br />

alemães integraliza<strong>do</strong> pela BASF<br />

Transatlântica. Com este, que seria o último<br />

aporte <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>ssa fase, haviase<br />

atingi<strong>do</strong> 20 milhões <strong>de</strong> marcos alemães<br />

<strong>de</strong> investimento total.<br />

Quan<strong>do</strong> a fábrica entrou em operação,<br />

no final <strong>de</strong> 1959, a BASF respondia<br />

por 93% <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o investimento.<br />

Construção e montagem<br />

Detentora da tecnologia empregada nos<br />

diversos processos <strong>de</strong> fabricação e, ao<br />

mesmo tempo, fornece<strong>do</strong>ra das instalações,<br />

a BASF seria também responsável<br />

pelo planejamento e ocupação <strong>do</strong> terreno,<br />

a construção da fábrica, a montagem<br />

<strong>do</strong> equipamento e o início <strong>do</strong> seu funcionamento.<br />

Assim, ao longo <strong>de</strong>sse processo,<br />

dá-se a transferência <strong>de</strong> um contingente<br />

<strong>de</strong> especialistas <strong>de</strong> Ludwigshafen<br />

para o Brasil. Vinham acompanhar o<br />

andamento das obras, controlar e coor<strong>de</strong>nar<br />

os serviços das contratações brasileiras,<br />

ajudar a aconselhar on<strong>de</strong> se fizessem<br />

necessários. Esse estreito contato<br />

entre Ludwigshafen e Guaratinguetá no<br />

setor técnico continuou após o início da<br />

produção.<br />

À medida que os trabalhos técnicos<br />

<strong>de</strong> montagem e instalação vão sen<strong>do</strong><br />

concluí<strong>do</strong>s, o setor químico assume um<br />

plano mais relevante nas <strong>de</strong>cisões.<br />

Primeiramente, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

recrutar um gerente químico qualifica<strong>do</strong>.<br />

Ele <strong>de</strong>ve ser orienta<strong>do</strong> sobre o estágio<br />

em que se encontra a montagem<br />

e <strong>de</strong>ve planejar as ações futuras. No final<br />

<strong>de</strong> 1958, Pfannmueller contrata, na<br />

Alemanha, o químico Ernest Fackler,<br />

com vastos conhecimentos na América<br />

<strong>do</strong> Sul. Poucas semanas <strong>de</strong>pois ele chegava<br />

a Guaratinguetá.<br />

Especialistas brasileiros, com knowhow<br />

sobre o processo <strong>de</strong> implantação


<strong>de</strong> indústrias no país, indicavam que a<br />

área <strong>de</strong> Guaratinguetá era uma das melhores<br />

<strong>de</strong>ntre todas escolhidas por outras<br />

empresas alemãs estabelecidas no<br />

país. Muitas questões, no entanto <strong>de</strong>veriam<br />

ser rapidamente solucionadas: fornecimento<br />

<strong>de</strong> matéria-prima, estu<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica, reuniões com<br />

clientes potenciais e empresas nacionais<br />

presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> engenharia,<br />

além da contratação <strong>de</strong> operários. Para<br />

isso Fackler contou com a valiosa cooperação<br />

<strong>do</strong>s gerentes da <strong>Quimico</strong>lor e<br />

<strong>de</strong> Max Hamers. Apoiava-se, ainda, no<br />

escritório <strong>de</strong> São Paulo como suporte<br />

para o encaminhamento das questões<br />

administrativas.<br />

Ainda nesse ano <strong>de</strong> 1958 são contrata<strong>do</strong>s<br />

os primeiros colabora<strong>do</strong>res da<br />

Idrongal. São 17 ao to<strong>do</strong>. No final <strong>do</strong><br />

ano seguinte esse quadro já era composto<br />

<strong>de</strong> 95 pessoas, inclusive <strong>do</strong>is en-<br />

Com know-how alemão,<br />

empresas brasileiras e<br />

especialistas alemães<br />

mantêm estreito contato no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das obras<br />

37


38<br />

Obras na área <strong>de</strong><br />

captação <strong>de</strong> água<br />

<strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong><br />

Sul – década <strong>de</strong> <strong>50</strong><br />

fermeiros que, revezan<strong>do</strong>-se em turnos,<br />

davam plantão permanente na fábrica. A<br />

Idrongal a<strong>do</strong>ta a filosofia da BASF que,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1866, contava com um serviço <strong>de</strong><br />

atendimento médico em suas instalações<br />

<strong>de</strong> Ludwigshafen.<br />

Três <strong>anos</strong> após a fundação da<br />

Idrongal, numa reunião extraordinária,<br />

é eleita uma nova diretoria. Max Hamers<br />

é confirma<strong>do</strong> na presidência, Schoene<br />

na diretoria comercial e para a diretoria<br />

técnica é indica<strong>do</strong> Ernest Fackler, que<br />

substitui Kertschner.<br />

No outono <strong>de</strong> 1959, o objetivo maior<br />

– o funcionamento da fábrica – estava<br />

próximo <strong>de</strong> ser alcança<strong>do</strong>. Mas Fackler<br />

a<strong>do</strong>ece gravemente e é obriga<strong>do</strong> a voltar<br />

para a Alemanha, on<strong>de</strong> faleceria poucas<br />

semanas <strong>de</strong>pois.<br />

Provisoriamente, o gerente da seção<br />

<strong>de</strong> materiais auxiliares <strong>de</strong> redutores em<br />

Ludwigshafen, A. Janson, assume a ge-<br />

rência em Guaratinguetá, cuidan<strong>do</strong> para<br />

que não houvesse qualquer interrupção<br />

na montagem <strong>do</strong>s equipamentos.<br />

Erich Wen<strong>de</strong>l, um <strong>do</strong>s primeiros<br />

mestres alemães <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s para a<br />

Idrongal, nessa ocasião envolvi<strong>do</strong> na<br />

montagem da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispersões, relata<br />

a gravida<strong>de</strong> da situação: “A fábrica<br />

ficou cerca <strong>de</strong> três meses sem uma direção<br />

e quan<strong>do</strong> veio o substituto, <strong>de</strong>correu<br />

certo tempo <strong>de</strong> adaptação, pois ele<br />

não possuía pleno conhecimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os projetos em execução. Tratava-se<br />

apenas <strong>de</strong> uma medida provisória, enquanto<br />

era prepara<strong>do</strong> o substituto efetivo”.<br />

Complementa o seu relato, afirman<strong>do</strong><br />

que as dificulda<strong>de</strong>s foram atenuadas<br />

pela ação <strong>do</strong>s “auxiliares brasileiros <strong>do</strong><br />

Dr. Fackler que, na sua ausência, prestaram<br />

gran<strong>de</strong> ajuda <strong>aos</strong> mestres, especialmente<br />

na área técnica”.<br />

É certo, porém, que tais dificulda<strong>de</strong>s<br />

não se restringiam <strong>aos</strong> aspectos técnicos.<br />

Havia fatores que se encontravam<br />

totalmente fora <strong>de</strong> controle das equipes<br />

<strong>de</strong> montagem, como as frequentes interrupções<br />

no fornecimento <strong>de</strong> energia<br />

elétrica, falta <strong>de</strong> guindastes e, ainda, as<br />

constantes alterações climáticas.<br />

Edgar Friess, primeiro mestre mecânico<br />

alemão, observa que “no perío<strong>do</strong><br />

das chuvas, as condições <strong>de</strong> trabalho<br />

nas unida<strong>de</strong>s mais distantes da estrada<br />

principal se tornavam bastante difíceis.<br />

Nas áreas on<strong>de</strong> estavam o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />

enxofre e o gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> emergência, por


exemplo, chegava-se a afundar em um<br />

metro <strong>de</strong> lama.”<br />

O próprio Friess lembra que “as condições<br />

<strong>de</strong> trabalho eram bem <strong>de</strong>sconfortáveis,<br />

em todas as situações. A temperatura<br />

era alta, os prazos aperta<strong>do</strong>s, havia<br />

dificulda<strong>de</strong>s materiais, eram constantes<br />

as interrupções no fornecimento <strong>de</strong> energia<br />

elétrica, faltavam guindastes etc.”.<br />

Como sucessor <strong>de</strong> Fackler foi nomea<strong>do</strong><br />

o Dr. E. Voekl, químico <strong>de</strong><br />

Ludwigshafen. Ao seu la<strong>do</strong> estava um<br />

jovem alemão que vivia havia já algum<br />

tempo no Brasil, J. Versemann, a quem<br />

caberia a supervisão das áreas administrativa<br />

e comercial.<br />

A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> todas limitações e dificulda<strong>de</strong>s,<br />

os trabalhos avançam e, em<br />

mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1959, as construções são praticamente<br />

concluídas. As instalações<br />

encontram-se, nesse momento, em fase<br />

final <strong>de</strong> montagem. To<strong>do</strong>s os edifícios,<br />

armazéns <strong>de</strong> matéria-prima e produtos<br />

acaba<strong>do</strong>s necessários para o início <strong>de</strong><br />

produção, estão prontos. Para o fornecimento<br />

<strong>de</strong> energia na obtenção da síntese<br />

<strong>do</strong> áci<strong>do</strong> sulfúrico fora instalada uma<br />

cal<strong>de</strong>ira. O abastecimento <strong>de</strong> água conta<br />

com um sistema <strong>de</strong> captação no Rio<br />

Paraíba, uma gran<strong>de</strong> caixa d´água e três<br />

poços profun<strong>do</strong>s. A central elétrica, já ligada<br />

à re<strong>de</strong>, recebe a energia necessária<br />

e, para eventuais interrupções, está equipada<br />

com um sistema gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> emergência.<br />

Tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as orientações<br />

iniciais <strong>de</strong> Pfannmueller.<br />

Início das Operações<br />

Na primavera <strong>de</strong> 1959 é inaugurada a<br />

fábrica com uma solenida<strong>de</strong> simples. A<br />

diretoria da Idrongal transfere-se <strong>de</strong>finitivamente<br />

<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro para<br />

Guaratinguetá. Como os gran<strong>de</strong>s centros<br />

industriais eram distantes, instala-se uma<br />

oficina bem equipada que, sob a direção<br />

<strong>do</strong> mestre Edgar Friess, fazia os reparos<br />

necessários e consertos <strong>do</strong>s aparelhos e<br />

equipamentos, manten<strong>do</strong> para isso um<br />

estoque <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição que, apesar<br />

da varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> itens, nem sempre era<br />

suficiente para o atendimento das necessida<strong>de</strong>s.<br />

Friess ressalta que naquele estágio<br />

das operações, havia momentos em<br />

que “faltavam peças <strong>de</strong> reposição para a<br />

maioria <strong>do</strong>s equipamentos”.<br />

No início da produção, algumas<br />

dificulda<strong>de</strong>s são logo <strong>de</strong>tectadas em<br />

Guaratinguetá. Problemas com manutenção<br />

na fábrica <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> enxofre,<br />

por exemplo, levaram a danificar componentes<br />

internos <strong>do</strong>s equipamentos<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> superaquecimento ou<br />

corrosão.<br />

Não era <strong>de</strong> estranhar que ocorressem<br />

fatos <strong>de</strong>ssa natureza, pois como bem<br />

lembra Hans Borowski, sul-africano <strong>de</strong><br />

origem alemã e primeiro mestre “brasileiro”<br />

da Idrongal, como ele se auto<strong>de</strong>nomina,<br />

“as instalações eram pequenas,<br />

fora da realida<strong>de</strong> da BASF, já naquela<br />

época. Em <strong>de</strong>corrência disso, certos<br />

processos emprega<strong>do</strong>s eram diferentes<br />

39


40<br />

Fábrica <strong>de</strong> Styropor®<br />

Década <strong>de</strong> 60<br />

<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s na matriz. O trato com esses<br />

processos, distintos <strong>do</strong>s já conheci<strong>do</strong>s,<br />

tinha que ser aprendi<strong>do</strong>. Era, enfim,<br />

uma outra forma <strong>de</strong> produção”.<br />

A aparelhagem instalada em<br />

Guaratinguetá, também tinha características<br />

distintas das utilizadas<br />

em Ludwigshafen. Conforme explica<br />

Borowski, “nós começamos aqui com<br />

um reator <strong>de</strong> 3 metros cúbicos, num sistema<br />

<strong>de</strong> agitação que <strong>de</strong>veria ser univer-<br />

sal. Deveria, portanto, aten<strong>de</strong>r ao processamento<br />

<strong>de</strong> materiais com flui<strong>de</strong>z muito<br />

baixa e alta viscosida<strong>de</strong>. Acontece que<br />

essa universalida<strong>de</strong> causa alguns problemas,<br />

limitan<strong>do</strong>, por exemplo, algumas<br />

adaptações. Esses problemas se agravam<br />

ainda mais quan<strong>do</strong> se dispõe <strong>de</strong> um único<br />

equipamento para uma gama muito<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos”.<br />

Concordan<strong>do</strong> com Borowski,<br />

Wen<strong>de</strong>l lembra que “na Alemanha, <strong>de</strong>n-


tro <strong>do</strong> meu setor, fabricavam-se 10 produtos<br />

diferentes, contan<strong>do</strong> para isso com<br />

cinco equipamentos diferentes”.<br />

Além <strong>de</strong>sses aspectos técnicos e meto<strong>do</strong>lógicos,<br />

existia o agravante <strong>de</strong> se<br />

trabalhar com matérias primas diferentes<br />

das utilizadas em Ludwigshafen. A<br />

soda cáustica, importada da Inglaterra,<br />

vinha sólida e tinha que ser diluída em<br />

tanques antes <strong>de</strong> entrar nas respectivas<br />

soluções. Outras ainda, adquiridas aqui<br />

mesmo no Brasil, apresentavam muitas<br />

impurezas. “O sal, por exemplo, entrava<br />

em solução, mas a areia, que vinha com<br />

ele, ficava misturada à massa <strong>do</strong>s cristais<br />

<strong>de</strong> hidrossulfito”, lembra Borowski.<br />

Era natural, portanto, que, enquanto<br />

não houvesse total assimilação <strong>de</strong>sses<br />

“novos” processos <strong>de</strong> produção e, principalmente,<br />

não se alcançassem níveis<br />

mais toleráveis na qualida<strong>de</strong> das matérias<br />

primas, o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />

peças ocorresse com uma frequência<br />

muito acima <strong>do</strong> normal.<br />

À medida que os problemas surgiam,<br />

concentravam-se to<strong>do</strong>s os esforços<br />

no encontro <strong>de</strong> suas soluções. Para<br />

as matérias primas procuravam-se novos<br />

fornece<strong>do</strong>res e para as questões <strong>de</strong>correntes<br />

da utilização <strong>do</strong> equipamento<br />

encontravam-se formas que nem sempre<br />

passavam pelos conceitos técnicos<br />

convencionais.<br />

Mais diretamente liga<strong>do</strong> à montagem<br />

e à manutenção <strong>do</strong>s equipamentos,<br />

Friess ressalta a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s colabo-<br />

ra<strong>do</strong>res na busca <strong>de</strong> soluções alternativas,<br />

observan<strong>do</strong> que “a improvisação<br />

era diária e estava presente em tu<strong>do</strong>.<br />

Nessas situações, a melhor i<strong>de</strong>ia era a<br />

que <strong>de</strong>veria ser aplicada e isso entusiasmava<br />

a to<strong>do</strong>s”.<br />

Comentan<strong>do</strong> essa afirmação, com<br />

a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem viveu <strong>de</strong> perto<br />

aquelas experiências, Borowski enfatiza<br />

que “para os espíritos mais aventureiros,<br />

esses aspectos da improvisação<br />

se constituíam na mola que os incentivava,<br />

pois proporcionavam, aqui em<br />

Guaratinguetá, uma maior abrangência<br />

e, portanto, maior liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação, o<br />

que resultava num envolvimento muito<br />

mais profun<strong>do</strong> <strong>do</strong> que na casa matriz,<br />

on<strong>de</strong> a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação era mais<br />

limitada”.<br />

De qualquer forma, com as instalações<br />

já funcionan<strong>do</strong> plenamente, uma<br />

gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> passa a recair<br />

sobre os ombros <strong>do</strong>s gerentes, engenheiros<br />

e mestres alemães. To<strong>do</strong>s se empenham<br />

em superar os problemas, pois<br />

agora não se podia correr risco <strong>de</strong> atraso<br />

no atendimento <strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s. Após meses<br />

<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s, técnicos alemães e<br />

profissionais brasileiros alcançaram, finalmente,<br />

um <strong>de</strong>sempenho satisfatório<br />

da unida<strong>de</strong> industrial <strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />

O merca<strong>do</strong> aguardava. A Idrongal<br />

previa conquistá-lo totalmente, liberan<strong>do</strong><br />

os consumi<strong>do</strong>res das importações.<br />

Mas, ainda assim, trabalhava-se no<br />

vermelho.<br />

41


42<br />

Ao contrário <strong>do</strong> que se imaginava na<br />

matriz, poucos funcionários especializa<strong>do</strong>s<br />

– exclusivamente mestres – têm que<br />

ser <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ludwigshafen. Sua estada<br />

em Guaratinguetá se resume a colocar<br />

a fábrica em funcionamento e orientar<br />

o início da produção, tarefa assumida em<br />

seguida pelos técnicos brasileiros. Apenas<br />

a fabricação <strong>de</strong> materiais redutores, dispersões<br />

plásticas e Styropor® permaneceriam<br />

sob os cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um especialista<br />

<strong>de</strong> Ludwigshafen durante 10 <strong>anos</strong>. Para a<br />

administração comercial foram contrata<strong>do</strong>s<br />

funcionários brasileiros que se adaptaram<br />

<strong>de</strong> pronto ao sistema.<br />

Uma das preocupações da direção<br />

da Idrongal era proporcionar condições<br />

<strong>de</strong> vida a<strong>de</strong>quada para os funcionários<br />

vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ludwigshafen com suas famílias.<br />

São construídas casas e, <strong>de</strong>pois, uma<br />

piscina para amenizar o processo <strong>de</strong> sua<br />

adaptação. Com isso, ficava garanti<strong>do</strong> o<br />

clima <strong>de</strong> convívio a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, fundamental<br />

para o cotidiano <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong><br />

trabalho estrangeiro.<br />

Em maio <strong>de</strong> 1960, após cinco <strong>anos</strong> na<br />

presidência da Idrongal, Hamers solicitou<br />

seu afastamento. É constituída uma nova<br />

diretoria. Dr. Macha<strong>do</strong> assume a presidência.<br />

Dr. Voelkl a vice-presidência.<br />

Como diretores são indica<strong>do</strong>s Verseman<br />

e Schoene, este <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> mais às relações<br />

da Idrongal com a <strong>Quimico</strong>lor.<br />

Longos <strong>anos</strong> <strong>de</strong> esforço junto às autorida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras resultaram num<br />

consi<strong>de</strong>rável aumento das taxas alfan<strong>de</strong>-<br />

gárias para os produtos importa<strong>do</strong>s similares<br />

<strong>aos</strong> produzi<strong>do</strong>s na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Guaratinguetá e, com isso, a Idrongal<br />

alcançou uma posição privilegiada com<br />

base para o futuro.<br />

Novos méto<strong>do</strong>s e equipamentos<br />

para a produção <strong>do</strong>s agentes redutores<br />

foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s em Ludwigshafen,<br />

proporcionan<strong>do</strong> à Idrongal rentabilida<strong>de</strong><br />

ainda maior. Esse fato assumiu gran<strong>de</strong><br />

importância na medida em que a<br />

produção <strong>do</strong>s materiais redutores <strong>de</strong>veria<br />

servir como propaganda para outros<br />

produtos. E foi o que <strong>de</strong> fato ocorreu.<br />

Novos produtos iam sen<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong>s<br />

nas linhas da Idrongal e, em consequência,<br />

novos investimentos se faziam<br />

necessários para sustentar sua expansão.<br />

Entre os <strong>anos</strong> <strong>50</strong> e 70, verifica-se um<br />

acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da indústria<br />

química no Brasil. Programas <strong>do</strong> governo<br />

contemplam o setor com generosos<br />

investimentos, especialmente na petroquímica,<br />

produtora <strong>de</strong> insumos básicos.<br />

Ainda assim era muito acanhada a base<br />

nacional <strong>de</strong> matéria-prima.<br />

No seu <strong>do</strong>mínio – o <strong>do</strong>s agentes redutores<br />

– a Idrongal <strong>de</strong>pendia muito das<br />

importações. Nem to<strong>do</strong>s os insumos<br />

eram encontra<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> brasileiro.<br />

O enxofre e o pó <strong>de</strong> zinco, por exemplo,<br />

eram adquiri<strong>do</strong>s no exterior. O pó<br />

<strong>de</strong> zinco, especialmente, era caro e, seu<br />

preço, fator prepon<strong>de</strong>rante no custo <strong>de</strong><br />

produção daqueles agentes. Importa<strong>do</strong><br />

da Alemanha e da Bélgica, esse produ-


to representava ainda inconvenientes,<br />

como flutuação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, fato que,<br />

tanto quanto o custo, se refletia diretamente<br />

na rentabilida<strong>de</strong> da operação.<br />

O zinco metálico em barras podia<br />

ser encontra<strong>do</strong> no país. Sua transformação<br />

em pó metálico <strong>de</strong>veria ser uma<br />

operação lucrativa. Assim, em mea<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 60 foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s na<br />

Alemanha, equipamentos para produzir<br />

o pó <strong>de</strong> zinco. Um ano após a sua instalação<br />

em Guaratinguetá, já estavam<br />

supridas todas as necessida<strong>de</strong>s da área:<br />

a Idrongal produzia a quantida<strong>de</strong> suficiente,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

exigi<strong>do</strong>s. Esse fato foi marcante, pois<br />

pela primeira vez a Idrongal financiava<br />

um projeto com recursos próprios.<br />

Após meia década <strong>de</strong> operação, a<br />

empresa estava <strong>de</strong>finitivamente consolidada.<br />

O resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua produção<br />

alcançou os limites das projeções<br />

apontadas nos estu<strong>do</strong>s preliminares e a<br />

comercialização era satisfatória, apesar<br />

da instabilida<strong>de</strong> política e econômica<br />

reinante no país.<br />

Com o fornecimento <strong>de</strong> corantes<br />

à indústria têxtil brasileira a Idrongal<br />

exercia um papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento da indústria nacional.<br />

Logo teve seu nome respeita<strong>do</strong> tanto<br />

no setor químico como junto ao merca<strong>do</strong>.<br />

Sua direção estava agora nas mãos<br />

<strong>de</strong> sete pessoas (químicos, engenheiros<br />

e mestres), <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ludwigshafen,<br />

assim permanecen<strong>do</strong> por muitos <strong>anos</strong>.<br />

Por volta <strong>de</strong> 1964, mais <strong>de</strong> 200 pessoas<br />

já trabalhavam na produção e nos escritórios<br />

<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo. A<br />

maioria <strong>do</strong>s 170 funcionários e operários<br />

da fábrica era nascida em Guaratinguetá<br />

ou nas re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas. O serviço técnico<br />

numa indústria química era novida<strong>de</strong><br />

para eles. Sua adaptação, porém, se dava<br />

relativamente em pouco tempo.<br />

A Idrongal tornou-se parte da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá on<strong>de</strong>, até então,<br />

existiam apenas duas outras fábricas <strong>de</strong><br />

porte: uma que produzia cobertores e<br />

outra <strong>de</strong> laticínios.<br />

Os administra<strong>do</strong>res públicos mantinham<br />

boas relações com a empresa, pois<br />

sabiam avaliar as vantagens <strong>de</strong> sua instalação<br />

no município.<br />

Conforme <strong>de</strong>terminava a lei, as indústrias<br />

tinham que contribuir para fun<strong>do</strong>s<br />

escolares, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o número<br />

<strong>de</strong> seus funcionários. Assim, foi constituída,<br />

próximo à Idrongal, uma escola<br />

frequentada tanto pelos filhos <strong>do</strong>s seus<br />

funcionários como pelas crianças mora<strong>do</strong>ras<br />

no bairro.<br />

A empresa ainda contribuía financeiramente<br />

na edificação <strong>de</strong> uma pequena<br />

igreja nas re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas.<br />

A imprensa local – um jornal diário<br />

e algumas folhas semanais e mensais –<br />

<strong>de</strong>stacava com frequência as vantagens<br />

que o empreendimento havia trazi<strong>do</strong><br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong>.<br />

Havia duas emissoras <strong>de</strong> rádio que<br />

veiculavam notícias locais. Por meio<br />

43


Construção da<br />

captação <strong>de</strong> água,<br />

na década <strong>de</strong> <strong>50</strong><br />

<strong>de</strong>ssas emissoras convocavam-se operários<br />

e trabalha<strong>do</strong>res especializa<strong>do</strong>s.<br />

Por ocasião <strong>do</strong> centenário <strong>de</strong> fundação<br />

da BASF foi programada uma solenida<strong>de</strong>,<br />

seguida <strong>de</strong> festejos, com participação<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o pessoal da fábrica. Uma <strong>de</strong>ssas<br />

emissoras transmitiu palestras e músicas.<br />

Toda Guaratinguetá e arre<strong>do</strong>res<br />

estava ouvin<strong>do</strong>, provavelmente pela primeira<br />

vez, notícias e informações sobre<br />

a gran<strong>de</strong> matriz da empresa <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>:<br />

a BASF em Ludwigshafen.<br />

O ritmo <strong>de</strong> crescimento da economia<br />

brasileira vai <strong>de</strong>terminar os rumos<br />

da Idrongal, que pô<strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong><br />

<strong>aos</strong> negócios com o mesmo êxito <strong>do</strong>s primeiros<br />

cinco <strong>anos</strong> e, ao mesmo tempo,<br />

sustentar sua expansão. Em 1968, a empresa<br />

<strong>de</strong> Hamers é totalmente absorvida,<br />

transferin<strong>do</strong>-se a produção <strong>do</strong>s produtos<br />

auxiliares <strong>de</strong> couro para Guaratinguetá.<br />

Fundação da BASF<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a uma política <strong>de</strong> expansão<br />

das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Grupo BASF no<br />

país, em 1969 a razão social da Idrongal<br />

é alterada para BASF Brasileira S/A.<br />

Avolumam-se os investimentos, seja<br />

pela ampliação das ativida<strong>de</strong>s já instaladas,<br />

seja pela incorporação <strong>de</strong> outras<br />

empresas e a consequente transferência<br />

<strong>de</strong> sua produção para Guaratinguetá.<br />

Ainda em 1969, a BASF Brasileira adquiriu<br />

todas as ações da Brasitex-Polimer<br />

Indústrias Químicas S.A., empresa sediada<br />

em São Caetano <strong>do</strong> Sul, São Paulo.<br />

Dois <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois, a produção <strong>de</strong> taninos<br />

e resinas <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação da Brasitex seria<br />

<strong>de</strong>slocada para Guaratinguetá.<br />

O surto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

Brasil na década <strong>de</strong> 70 abre novas perspectivas<br />

<strong>de</strong> merca<strong>do</strong>. A BASF Brasileira,<br />

acreditan<strong>do</strong> no crescimento da economia<br />

e enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que não podia permanecer<br />

à margem <strong>de</strong>sse processo, inicia,<br />

em 1973, a produção <strong>de</strong> fitas magnéticas<br />

e fitas cassete, para gravação e reprodução<br />

sonora. Essa unida<strong>de</strong> seria transferida<br />

para Manaus em 1991.<br />

Pela mesma época, a BASF já havia<br />

solidifica<strong>do</strong> a posição <strong>de</strong> maior contribuinte<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá. No ano<br />

seguinte, 1974, é construída uma instalação<br />

para líqueres sintéticos, seguida,<br />

em 1975, pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação <strong>do</strong>s<br />

pigmentos orgânicos – ftalocianinas.<br />

Os esforços e investimentos da BASF


Brasileira na área <strong>do</strong>s corantes haviam<br />

si<strong>do</strong> tão significativos que, em 1979, essa<br />

linha <strong>de</strong> produtos representava 31% <strong>do</strong><br />

faturamento da empresa.<br />

Estamos em 1980. Vinte e cinco<br />

<strong>anos</strong> passaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira visita <strong>de</strong><br />

Pfannmueller e Hamers a Guaratinguetá.<br />

A euforia econômica <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 70 havia<br />

cedi<strong>do</strong> lugar ao início <strong>de</strong> um processo<br />

recessivo que inspirava cuida<strong>do</strong>s.<br />

No começo da década entra em<br />

operação a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poliesteróis e corantes<br />

à base <strong>de</strong> dispersões e inicia-se a<br />

fabricação <strong>de</strong> fitas magnéticas para computa<strong>do</strong>r,<br />

também transferida posteriormente<br />

para Manaus.<br />

No plano comercial, a BASF Brasileira<br />

revoluciona os conceitos merca<strong>do</strong>lógicos<br />

da indústria química no país.<br />

Enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que as características <strong>de</strong> um<br />

produto transcen<strong>de</strong>m a sua tangibilida<strong>de</strong>,<br />

a direção da empresa cria o Centro <strong>de</strong><br />

Aplicação Técnica e Desenvolvimento<br />

<strong>de</strong> Dispersões Plásticas. Com ele, o enfoque<br />

<strong>de</strong> venda se concentra mais nos<br />

efeitos, na expectativa que se tem <strong>do</strong><br />

produto, <strong>do</strong> que nele próprio. A i<strong>de</strong>ia é<br />

simples: <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas<br />

para cada área industrial a que se <strong>de</strong>stinam<br />

os produtos (têxtil, papel, a<strong>de</strong>sivos,<br />

tintas etc.) e a simulação em laboratório<br />

das suas utilizações nas mesmas<br />

condições das aplicações nas linhas <strong>de</strong><br />

produção da indústria em geral. Hoje,<br />

o Centro presta assistência técnica às<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e representações<br />

comerciais da BASF instaladas em vários<br />

países da América <strong>do</strong> Sul.<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expansão,<br />

em 1981 é instalada uma unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reaproveitamento <strong>de</strong> solventes<br />

que, passan<strong>do</strong> por um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>puração,<br />

são reutiliza<strong>do</strong>s na fabricação <strong>de</strong><br />

fitas magnéticas. Desloca-se a produção<br />

<strong>de</strong> corantes especiais <strong>de</strong> São Caetano <strong>do</strong><br />

Sul para Guaratinguetá, fato que se re-<br />

45


46<br />

petiria três <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois com os produtos<br />

<strong>de</strong> dispersões. Ainda nesse ano, tem<br />

início o processamento <strong>de</strong> Calpan e das<br />

vitaminas A e E, insumos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à<br />

produção <strong>de</strong> ração animal.<br />

Em abril <strong>de</strong> 1984, passa<strong>do</strong>s quatro<br />

<strong>anos</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a aquisição <strong>do</strong> terreno adicional<br />

<strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> m 2 e o investimento <strong>de</strong> 10<br />

milhões <strong>de</strong> marcos alemães, entra em operação<br />

a Estação <strong>de</strong> Tratamento Biológico.<br />

Ocupan<strong>do</strong> uma área <strong>de</strong> 65 mil m 2 , é uma<br />

das maiores <strong>do</strong> país, ten<strong>do</strong> capacida<strong>de</strong> para<br />

aten<strong>de</strong>r ao tratamento <strong>de</strong> esgoto <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong><br />

com o equivalente a 100 mil habitantes<br />

(ver texto na página 79).<br />

Os investimentos da BASF no Brasil,<br />

a maior parte <strong>de</strong>les em Guaratinguetá,<br />

atingem em 1987 a cifra <strong>de</strong> 200 milhões<br />

<strong>de</strong> dólares. Ainda nesse ano, tem início<br />

a produção <strong>de</strong> Bentazon. Em 1989 entra<br />

em funcionamento uma segunda unida<strong>de</strong><br />

para a produção <strong>de</strong> soluções e dispersões<br />

plásticas.<br />

Mais uma vez está presente a preocupação<br />

com o meio ambiente. Essa segunda<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> dispersões<br />

plásticas <strong>de</strong>man<strong>do</strong>u investimentos<br />

<strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> dólares, <strong>do</strong>s quais 1,5<br />

milhão, cerca <strong>de</strong> 15% <strong>do</strong> investimento<br />

total, correspon<strong>de</strong> à instalação <strong>de</strong> equipamentos<br />

<strong>de</strong> controle das emanações<br />

e preservação <strong>do</strong> ar. Instalou-se nessa<br />

unida<strong>de</strong> um sistema central <strong>de</strong> exaustão<br />

e lavagem <strong>de</strong> gases, eliminan<strong>do</strong>-se<br />

por completo os riscos <strong>de</strong> contaminação<br />

da atmosfera.<br />

Unida<strong>de</strong> produz Dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Enxofre, matéria-prima para a<br />

fábrica <strong>de</strong> Hidrossulfito <strong>de</strong> Sódio


48<br />

Mestre Ludwig Fahrschon: diferenças<br />

culturais, mas o mesmo <strong>de</strong>safio


Com a palavra, os mestres<br />

Até agora se falou em mestrias, mestres e na importância <strong>de</strong> seu papel na implantação<br />

e início das operações da Idrongal. Mas quem eram esses homens? O que os motivara<br />

a sair da Alemanha e vir para Guaratinguetá? O que faziam no âmbito <strong>de</strong> seu trabalho?<br />

Como se relacionavam no trabalho e fora <strong>de</strong>le, conviven<strong>do</strong> com diferenças culturais<br />

e linguísticas? Quais foram suas primeiras impressões da cida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> país?<br />

“Mestre” era uma <strong>de</strong>signação genérica para técnicos com alto grau <strong>de</strong> especialização<br />

em <strong>de</strong>terminadas áreas, direta ou indiretamente ligadas à produção. Respondiam<br />

por setores específicos com atribuições bastante amplas nas áreas em que atuavam.<br />

Entre os primeiros mestres que vieram <strong>de</strong> Ludwigshafen estavam os Srs. Ludwig<br />

Fahrnschon, Erich Wen<strong>de</strong>l e Edgar Friess, cujos <strong>de</strong>poimentos, soma<strong>do</strong>s às impressões<br />

e comentários <strong>do</strong> Sr. Hans Borowski, contribuíram <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva para a reconstituição<br />

da história da Idrongal sob a ótica das relações pessoais. Uma visão mais humana,<br />

portanto.<br />

Li<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> e orientan<strong>do</strong> pessoas, os mestres <strong>de</strong>finiam processos, estabeleciam<br />

critérios e <strong>de</strong>cidiam, entre outras coisas, sobre procedência e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matérias<br />

49


<strong>50</strong><br />

primas, liberação <strong>de</strong> produtos, níveis <strong>de</strong><br />

estoque, méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fabricação ou ampliação<br />

<strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> pessoal.<br />

Borowski dá uma i<strong>de</strong>ia clara sobre a<br />

abrangência da ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mestres ao<br />

afirmar que “eram gerentes com po<strong>de</strong>res<br />

amplia<strong>do</strong>s, talvez até com po<strong>de</strong>res mais<br />

amplos que gerências <strong>de</strong> hoje”.<br />

Fahrschon, Wen<strong>de</strong>l e, posteriormente,<br />

Borowski, ocuparam mestrias na<br />

produção, enquanto Friess foi o primeiro<br />

mestre da área mecânica.<br />

É curioso observar a maneira como<br />

eles, especialmente os alemães, <strong>de</strong>ram início<br />

a essa experiência. Wen<strong>de</strong>l, que ficou<br />

na Idrongal <strong>de</strong> 1959 a 1962, já era mestre<br />

em Ludwigshafen e foi incentiva<strong>do</strong> a assumir<br />

a mestria <strong>de</strong> dispersões no Brasil.<br />

Fahrnschon, que aqui permaneceu<br />

durante toda a década <strong>de</strong> 1960, era operário<br />

especializa<strong>do</strong> da fábrica da BASF<br />

em Oppau, vizinha a Ludwigshafen, na<br />

área <strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> nitrogênio. Ele<br />

havia conheci<strong>do</strong> o Dr. Voelkl, que a essa<br />

época, mais precisamente em 1959, já<br />

tinha acerta<strong>do</strong> sua transferência para a<br />

Idrongal. No primeiro semestre <strong>de</strong> 1960,<br />

encontraram-se casualmente na estação<br />

ferroviária <strong>de</strong> Ludwigshafen, quan<strong>do</strong> o<br />

Dr. Voelkl lhe disse, em tom insinuante,<br />

que estava recrutan<strong>do</strong> pessoas para<br />

trabalhar no Brasil. “A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um trabalho no exterior mexeu comigo”,<br />

afirma Fahrnschon, que continua: “Eu<br />

era jovem e a estada, por um perío<strong>do</strong>, no<br />

exterior era interessante”.<br />

Durante cinco meses Fahrnschon ficou<br />

em treinamento na matriz, estagian<strong>do</strong><br />

em diversas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção<br />

que fabricavam os produtos que estavam<br />

nos pl<strong>anos</strong> da Idrongal. Em setembro <strong>de</strong><br />

1960 veio para Guaratinguetá. Quan<strong>do</strong><br />

chegou a fábrica <strong>de</strong> Hidrossulfito,<br />

cuja mestria ele assumiria, já estava<br />

funcionan<strong>do</strong>.<br />

Friess, que não era funcionário da<br />

BASF, candidatou-se especialmente para<br />

<strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s no exterior. Foi<br />

contrata<strong>do</strong> em 1958 ocupan<strong>do</strong>, ainda<br />

na Alemanha, o cargo <strong>de</strong> mestre auxiliar.<br />

Tinha todas as características para<br />

chegar à posição <strong>de</strong> mestre especialista,<br />

o que ocorreu em fevereiro <strong>de</strong> 1959. Em<br />

Guaratinguetá, na condição <strong>de</strong> mestre<br />

mecânico, supervisionou a montagem <strong>de</strong><br />

todas as unida<strong>de</strong>s instaladas entre outubro<br />

<strong>de</strong> 1959 e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1962. “A razão<br />

que me levou a candidatar-me a esse emprego<br />

foi o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ganhar experiência<br />

com trabalho em outro país, especialmente<br />

numa gran<strong>de</strong> área <strong>de</strong> montagem técnica<br />

<strong>de</strong> instalações industriais”, afirma.<br />

Borowski já residia no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

década <strong>de</strong> 1940. Com formação técnica<br />

em química, foi integra<strong>do</strong> <strong>aos</strong> quadros<br />

<strong>de</strong> assistência técnica da <strong>Quimico</strong>lor,<br />

em São Paulo, on<strong>de</strong> trabalhou <strong>de</strong> 1960<br />

a 1962, ano em que se transferiu para a<br />

Idrongal. “Era política da empresa, sempre<br />

que possível, a substituição <strong>do</strong>s mestres<br />

alemães por técnicos brasileiros.<br />

Acabei sen<strong>do</strong> o primeiro a ser convi-


da<strong>do</strong> para <strong>de</strong>senvolver as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

mestre, em substituição ao especialista<br />

alemão que havia implanta<strong>do</strong> a unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> preparação pigmentária”.<br />

Àquela época, Guaratinguetá contava<br />

com apenas duas gran<strong>de</strong>s indústrias,<br />

o que, obviamente, restringia bastante a<br />

formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra operária, especialmente<br />

para uma indústria química.<br />

“Eram pessoas muito simples, <strong>de</strong>scalças.<br />

Realmente eram bem ru<strong>de</strong>s, muitos<br />

<strong>de</strong>les recém-saí<strong>do</strong>s da lavoura”, observa<br />

Fahrnschon, que sem qualquer preparo<br />

prévio no idioma, lembra: “Imagine<br />

treinar e instruir esses homens sem falar<br />

português”.<br />

A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>ssa limitação,<br />

Fahrnschon, saiu-se muito bem nas explicações<br />

sobre o controle analítico <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produto. Treinava o pessoal<br />

<strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>, em laboratório, as<br />

análises <strong>do</strong> hidrossulfito.<br />

Mesmo ten<strong>do</strong> algumas<br />

noções <strong>de</strong> português,<br />

Friess recorda os problemas<br />

encontra<strong>do</strong>s na comunicação<br />

com seus colabora<strong>do</strong>res:<br />

“Com algumas<br />

palavras que aprendi na<br />

Alemanha, consegui suplantar<br />

as dificulda<strong>de</strong>s<br />

iniciais. Recebi muito<br />

apoio <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

brasileiros. Às vezes,<br />

o esforço era tão gran<strong>de</strong><br />

que chegávamos a nos ex-<br />

pressar com as mãos e os pés para nos<br />

fazer compreen<strong>de</strong>r. De qualquer mo<strong>do</strong>,<br />

os meus auxiliares eram pessoas dóceis<br />

e talentosas. Aprendiam com muita facilida<strong>de</strong><br />

e em pouco tempo se transformavam<br />

em excelentes operários. Eu<br />

também pu<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r muito com eles.<br />

Tenho que reconhecer isso”.<br />

Wen<strong>de</strong>l, ao contrário, ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong><br />

uma preparação prévia no português,<br />

não encontrou maiores entraves na comunicação.<br />

Igualmente, reforça o aspecto<br />

ru<strong>de</strong> das pessoas, mas diz que “essa<br />

aparência muito pobre das pessoas havia<br />

melhora<strong>do</strong> à época <strong>do</strong> meu retorno<br />

para a Alemanha, pois o pessoal já tinha<br />

emprego e ganhava algum dinheiro. Às<br />

vezes percebia-se a intenção <strong>de</strong> imitar<br />

o vestuário <strong>do</strong>s alemães... De qualquer<br />

forma, era notória a melhoria <strong>de</strong> padrão<br />

estético das pessoas”.<br />

Mestres anotavam<br />

em ca<strong>de</strong>rnos as<br />

receitas <strong>de</strong> produção


Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul e estrutura<br />

<strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água<br />

52<br />

Ainda sobre as condições sociais e<br />

familiares, Fahrnschon observa que, além<br />

<strong>de</strong> muito humil<strong>de</strong>, o operário possuía uma<br />

prole bastante numerosa. Preocupa<strong>do</strong> em<br />

promover alguma satisfação a essas famílias,<br />

ele convocou um <strong>do</strong>s seus colabora<strong>do</strong>res<br />

procuran<strong>do</strong> saber o que po<strong>de</strong>ria ser<br />

feito nesse senti<strong>do</strong>.<br />

Após algumas conversas, lembra<br />

Fahrnschon, “<strong>de</strong>cidimos juntar papel<br />

velho na fábrica, que foi vendi<strong>do</strong><br />

no final <strong>do</strong> ano. Com o dinheiro obti<strong>do</strong><br />

compramos uma novilha e promovemos<br />

um churrasco por ocasião <strong>do</strong>s<br />

festejos natalinos. Nessa época, contatei<br />

a Luchesi, firma <strong>de</strong> plásticos e brinque<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá, conseguin<strong>do</strong><br />

adquirir, em condições especiais, bolas,<br />

bonecas, carrinhos, enfim, diversos tipos<br />

<strong>de</strong> brinque<strong>do</strong>s que foram distribuí<strong>do</strong>s<br />

<strong>aos</strong> filhos <strong>do</strong>s funcionários”. Esse<br />

fato ocorreu em 1965 e, muito prova-


velmente, foi a primeira festa <strong>de</strong> confraternização<br />

na Idrongal.<br />

No plano das relações sociais, as dificulda<strong>de</strong>s<br />

não foram menores, Com o<br />

passar <strong>do</strong> tempo, porém, o processo <strong>de</strong><br />

adaptação às novas condições e ao próprio<br />

idioma, foi se consolidan<strong>do</strong>.<br />

No princípio, lembra Friess, “os contatos<br />

com a população local restringiamse<br />

ao pa<strong>de</strong>iro, ao <strong>do</strong>no <strong>do</strong> armazém e ao<br />

pessoal <strong>do</strong> hotel”. Os <strong>anos</strong> que passou<br />

em Guaratinguetá, no entanto, foram<br />

suficientes para o estabelecimento <strong>de</strong><br />

relações com pessoas <strong>de</strong> diversos níveis<br />

sociais e culturais, proporcionan<strong>do</strong>-lhes<br />

condições <strong>de</strong> observar que “a população<br />

é muito espontânea, aberta e receptiva.<br />

Quanto mais pobre, mas respeitosa”.<br />

Fahrnschon atribui as dificulda<strong>de</strong>s<br />

<strong>do</strong>s primeiros contatos às suas limitações<br />

com o idioma, mas lembra que,<br />

por vezes, observan<strong>do</strong>, com seus companheiros<br />

alemães, o “footing” na praça<br />

Rodrigues Alves, ponto <strong>de</strong> encontro da<br />

juventu<strong>de</strong>, eram convida<strong>do</strong>s para tomar<br />

cafezinho.<br />

Menciona algumas amiza<strong>de</strong>s com<br />

comerciantes, padres, médicos e famílias<br />

<strong>de</strong> origem alemã, citan<strong>do</strong> carinhosamente<br />

a sua aproximação com um atleta<br />

da Esportiva, time <strong>de</strong> futebol local. “Esse<br />

clube havia subi<strong>do</strong> para a primeira divisão<br />

naquela época. Um <strong>do</strong>s primeiros<br />

jogos foi com o Santos, <strong>do</strong> famoso Pelé.<br />

Como eu gostava <strong>de</strong> futebol, fui ao estádio<br />

e lá travei amiza<strong>de</strong> com o golei-<br />

ro <strong>do</strong> time <strong>de</strong> Guaratinguetá”, lembra<br />

Fahrnschon.<br />

Se as opiniões <strong>do</strong>s mestres alemães<br />

sobre os trabalha<strong>do</strong>res e as dificulda<strong>de</strong>s<br />

iniciais são consenso, o mesmo já não<br />

ocorre com as primeiras impressões sobre<br />

a cida<strong>de</strong>.<br />

Friess comenta que “as impressões<br />

sobre o Brasil foram muito boas <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o início. Uma terra bonita, magnífica<br />

até, às vezes parecen<strong>do</strong> infindável”.<br />

Particularizan<strong>do</strong> a análise, diz que “a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá tinha coisas muito diferentes<br />

<strong>do</strong> que era costume na Alemanha.<br />

Tu<strong>do</strong> parecia mais lento e às vezes o seu<br />

povo parecia um pouco sonha<strong>do</strong>r. As pessoas,<br />

contu<strong>do</strong>, eram amigas e sempre que<br />

podiam <strong>de</strong>monstravam isso”.<br />

Acrescente-se ainda ‘que as possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> compra na cida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong><br />

limitadas, não se po<strong>de</strong> dizer que fossem<br />

ruins. Guaratinguetá contava com um<br />

Satisfação <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res<br />

e das famílias brasileiros era<br />

preocupação <strong>do</strong>s mestres<br />

53


Funcionan<strong>do</strong> dia e<br />

noite, a supervisão<br />

<strong>de</strong> todas as<br />

ativida<strong>de</strong>s na fábrica<br />

era responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s mestres<br />

bom merca<strong>do</strong>, algumas lojas <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s e<br />

estabelecimentos <strong>de</strong> artigos <strong>do</strong>mésticos.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que produtos especiais – certas<br />

roupas ou gêneros alimentícios semelhantes<br />

<strong>aos</strong> consumi<strong>do</strong>s na Alemanha<br />

– tinham que ser adquiri<strong>do</strong>s em centros<br />

maiores. Para isso a empresa colocava<br />

um automóvel à disposição das esposas<br />

<strong>do</strong>s mestres e gerentes que, uma vez por<br />

mês, viajavam para São Paulo, on<strong>de</strong> realizavam<br />

compras maiores”.<br />

A respeito <strong>de</strong>ssas viagens, Borowski<br />

acrescenta que “com isso as esposas tinham<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quebrar a rotina.<br />

Em algumas <strong>de</strong>ssas viagens, até aproveitavam<br />

para ir ao cinema ou ao teatro.<br />

Talvez o contato mais frequente com um<br />

gran<strong>de</strong> centro, lhes proporcionasse uma<br />

atualização cultural maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>s<br />

próprios mari<strong>do</strong>s que, pelas exigências<br />

<strong>do</strong> trabalho, se afastavam mais esporadicamente<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá”.<br />

De forma bastante crítica, Fahrnschon<br />

lembra que “naquela época, as condições<br />

<strong>de</strong> compra na cida<strong>de</strong> eram muito precárias,<br />

só havia arroz, feijão e lentilhas que<br />

eram vendi<strong>do</strong>s a granel e embaladas após<br />

a pesagem, em sacos <strong>de</strong> papel”. Suas observações<br />

tornam-se ainda mais severas quan<strong>do</strong><br />

se refere <strong>aos</strong> açougues, “on<strong>de</strong> as carnes<br />

permaneciam muito expostas. Fiquei <strong>de</strong><br />

tal forma perturba<strong>do</strong> com as condições <strong>de</strong><br />

higiene que durante as seis primeiras semanas<br />

<strong>de</strong>pois da chegada comia apenas<br />

pão branco com sardinha em lata”.<br />

Bem mais adapta<strong>do</strong> à realida<strong>de</strong> brasileira,<br />

Borowski rebate veementemente<br />

essa colocação: “Nem sempre concor<strong>do</strong><br />

com essas opiniões. Elas saíram <strong>de</strong> uma<br />

ótica europeia e, sem dúvida, a distância<br />

era muito gran<strong>de</strong>. Acredito, porém, que<br />

não apenas Fahrnschon, mas também<br />

alguns outros acabam externan<strong>do</strong> os aspectos<br />

que lhes causaram maior impacto.<br />

Por isso, eles ficaram mais fixa<strong>do</strong>s em<br />

suas memórias. Outras situações igualmente<br />

distintas <strong>de</strong> seus hábitos, <strong>de</strong> mais<br />

fácil solução, não ficaram tão fortemente<br />

marcadas na memória ou, ainda, foram<br />

completamente esquecidas”.<br />

Geralmente esses homens vinham<br />

sozinhos da Alemanha, alguns meses<br />

antes das respectivas famílias, fato agrava<strong>do</strong><br />

pelo excessivo volume <strong>de</strong> trabalho<br />

que lhes causava certa inquietação.<br />

É compreensível, portanto, que algumas<br />

questões, até corriqueiras, assumissem<br />

proporções <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s problemas.


De qualquer forma é muito interessante<br />

olhar para trás e observar a<br />

opinião <strong>de</strong> Fahrnschon sobre a cida<strong>de</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> hoje sabemos que ele foi o único<br />

mestre alemão a permanecer 10 <strong>anos</strong><br />

em Guaratinguetá. Dez <strong>anos</strong> que, com<br />

certeza, acabaram mudan<strong>do</strong> muito suas<br />

primeiras impressões, conforme ele próprio<br />

afirma: Fiquei muito satisfeito com<br />

o perío<strong>do</strong> que lá passei, tanto com a cida<strong>de</strong>,<br />

quanto com as pessoas e as chefias.<br />

Gostaria até <strong>de</strong> passar uns <strong>do</strong>is <strong>anos</strong> ainda<br />

no Brasil”.<br />

Apesar <strong>de</strong> todas as dificulda<strong>de</strong>s,<br />

parece que esses pioneiros da Idrongal<br />

perceberam algo muito importante manifesta<strong>do</strong><br />

no <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Friess: “A<br />

gente <strong>de</strong>ve observar que na Alemanha o<br />

açúcar não é mais <strong>do</strong>ce e nem o piche é<br />

mais negro”.<br />

Ao chegar a Guaratinguetá, alguns<br />

<strong>do</strong>s primeiros mestres residiram num<br />

hotel no centro da cida<strong>de</strong>. Em fins <strong>de</strong><br />

1959, foi concluída a construção das<br />

suas residências no terreno da fábrica,<br />

para on<strong>de</strong> se mudaram.<br />

O ritmo <strong>de</strong> trabalho era fatigante. A<br />

fábrica <strong>de</strong> dispersões, por exemplo, trabalhava<br />

em <strong>do</strong>is turnos, forçan<strong>do</strong> a mestria,<br />

Wen<strong>de</strong>l no caso, a uma jornada que<br />

se estendia às 22 horas. “Era necessário<br />

que se acompanhasse o pessoal até que o<br />

trabalho fosse totalmente assimila<strong>do</strong>, o<br />

que ocorreu em poucos meses”, recorda.<br />

Borowski observa que “a fábrica funcionava<br />

dia e noite, inclusive <strong>aos</strong> <strong>do</strong>min-<br />

gos. As unida<strong>de</strong>s eram pequenas e não<br />

havia muita condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação. Hoje<br />

é diferente. As unida<strong>de</strong>s cresceram e equipes<br />

foram sen<strong>do</strong> montadas, possibilitan<strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>tar processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação muito<br />

distintos daqueles <strong>do</strong>s primeiros tempos.<br />

A supervisão da produção <strong>de</strong> hoje encontra-se<br />

diluída em diversos “olhos” que<br />

têm que enxergar e diversas “inteligências”<br />

que têm que perceber. Àquela época,<br />

tu<strong>do</strong> se concentrava na maestria, na<br />

pessoa que estava diretamente à frente<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento e que tinha, portanto,<br />

gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> técnica”.<br />

“Morar <strong>de</strong>ntro da fábrica”, continua<br />

Borowski, “nos impunha uma vida<br />

um pouco diferente. Não conseguíamos<br />

nos <strong>de</strong>sligar <strong>do</strong> trabalho em momento<br />

nenhum”.<br />

“Tenho que dar razão ao Farhnschon<br />

quan<strong>do</strong> ele afirma que o trabalho, naquele<br />

início, era <strong>de</strong> sol a sol. Eu até diria<br />

55


Abaixo, fábrica <strong>de</strong> Styropor®.<br />

Na página ao la<strong>do</strong>, estrutura<br />

<strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água<br />

56<br />

que não se parava nunca. Você tinha a<br />

cama no trabalho e o telefone <strong>de</strong> serviço<br />

ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>la. Qualquer coisa que acontecesse,<br />

você era chama<strong>do</strong>, mesmo que<br />

não tivesse, diretamente, nada a ver com<br />

o problema. Ocorria um incêndio, você<br />

era aciona<strong>do</strong>. Faltava leite na cantina,<br />

você também era aciona<strong>do</strong>...”<br />

No começo da década <strong>de</strong> 1960 eram,<br />

ao to<strong>do</strong>, sete famílias residin<strong>do</strong> na área da<br />

fábrica. Três mestres e quatro gerentes.<br />

Sobre os aspectos <strong>de</strong> convivência<br />

social entre essas famílias, Borowski recorda<br />

que “as residências tinham um<br />

bom padrão. O local<br />

era sempre protegi<strong>do</strong>,<br />

embora se constituísse<br />

numa forma perigosa<br />

<strong>de</strong> viver. Essa maneira<br />

criou muitos problemas.<br />

Quem não tivesse<br />

ocupação– coisa comum<br />

às esposas, que<br />

passavam o dia em<br />

casa, longe da cida<strong>de</strong><br />

– acabava envolvi<strong>do</strong><br />

numa convivência<br />

forçada, que em certos<br />

casos chegou a provocar<br />

inimiza<strong>de</strong>s”.<br />

Borowski ainda<br />

afirma que “o importante<br />

era criar ativida<strong>de</strong>s<br />

para a família. Eu<br />

mesmo entrei para o<br />

Rotary e minha espo-<br />

sa ingressou na faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lorena. Os<br />

filhos gostavam. Era um lugar seguro<br />

e para eles o dia era bom. Chegava um<br />

momento, porém, que esse excesso <strong>de</strong><br />

proteção acabava sen<strong>do</strong> prejudicial, preocupante<br />

até para a educação”.<br />

Recordan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma bem humorada,<br />

sua mudança para outro local, fora<br />

da fábrica, conclui: “No final <strong>de</strong> 1979, eu<br />

percebia que meus nervos estavam abala<strong>do</strong>s.<br />

Foi quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>cidi sair, não só pela<br />

educação <strong>do</strong>s filhos, mas também pela<br />

minha conveniência. O “barulho” <strong>do</strong> toque<br />

<strong>do</strong> telefone me levantava a uma altura<br />

<strong>de</strong> meio metro da cama”.<br />

Manifestan<strong>do</strong> suas impressões gerais,<br />

esses homens são unânimes em<br />

lembrar com carinho a experiência pioneira<br />

vivida em Guaratinguetá. Chegase<br />

a perceber, nas entrelinhas <strong>de</strong> suas entrevistas,<br />

que se lhes fossem permiti<strong>do</strong><br />

um retorno no tempo gostariam <strong>de</strong> repetir<br />

a “aventura”.<br />

Enfático, Friess presta homenagem a<br />

seus pares colabora<strong>do</strong>res, ao afirmar que<br />

“se tu<strong>do</strong> isso se transformou numa unida<strong>de</strong><br />

em funcionamento, <strong>de</strong>ve-se à perseverança<br />

<strong>de</strong> um punha<strong>do</strong> <strong>de</strong> alemães<br />

que <strong>de</strong>ram o melhor <strong>de</strong> si, tanto quanto<br />

<strong>de</strong> nossos colabora<strong>do</strong>res brasileiros, <strong>aos</strong><br />

quais tenho muito que agra<strong>de</strong>cer”.<br />

“Se tivéssemos que entregar comendas,<br />

com certeza, haveria muitos veter<strong>anos</strong><br />

com medalhas em Guaratinguetá<br />

e Lorena, que po<strong>de</strong>riam olhar para trás<br />

com muito orgulho e altivez”.


58<br />

Vista aérea <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong><br />

Químico – 2000


As transformações <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 90<br />

A BASF dá prosseguimento a seus pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> investimento, participan<strong>do</strong> ativamente<br />

da economia da cida<strong>de</strong> com expressivo recolhimento <strong>de</strong> impostos. Da<strong>do</strong>s disponíveis<br />

<strong>de</strong> 1987 indicam que quase 60% <strong>de</strong> toda a arrecadação <strong>de</strong> ICM no município havia<br />

si<strong>do</strong> recolhida pela BASF, o que correspon<strong>de</strong> a mais <strong>de</strong> quatro vezes a arrecadação<br />

proveniente <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o comércio da cida<strong>de</strong> nesse mesmo perío<strong>do</strong>.<br />

Mas o início da década <strong>de</strong> 90 marca mudanças institucionais significativas no cenário<br />

econômico, induzin<strong>do</strong> a uma gran<strong>de</strong> reorganização <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s. A estabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> preços e as privatizações mudaram radicalmente o marco institucional <strong>do</strong> país,<br />

moldan<strong>do</strong> novas condutas e re<strong>de</strong>finin<strong>do</strong> os padrões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s principais<br />

agentes econômicos.<br />

As exigências urgentes por aquisição <strong>de</strong> capacitação tecnológica e busca <strong>de</strong> eficiência<br />

produtiva vêm na esteira da abertura econômica, expressa, mais especificamente,<br />

pela liberalização comercial e, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, pela Política Industrial e <strong>de</strong><br />

Comércio Exterior (Pice).<br />

59


Fábrica <strong>de</strong><br />

Ftalocianinas,<br />

na década <strong>de</strong> 80<br />

Para a BASF não foi diferente e é<br />

possível <strong>de</strong>terminar o início <strong>de</strong> uma<br />

nova etapa para a empresa com alterações<br />

significativas em seu mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

gestão e na estratégia <strong>de</strong> investimentos e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s negócios.<br />

A Pice foi uma resposta <strong>do</strong> governo<br />

fe<strong>de</strong>ral para o esgotamento <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> Substituição <strong>de</strong> Importações. A estratégia<br />

a<strong>do</strong>tada foi a da inserção competitiva<br />

da economia brasileira no mun<strong>do</strong><br />

e o principal instrumento para efetuar a<br />

abertura econômica foi a liberalização<br />

<strong>do</strong> comércio exterior.<br />

A abertura econômica representou<br />

um ponto <strong>de</strong> inflexão na trajetória<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> país, ao mudar<br />

profundamente as regras <strong>do</strong> jogo econômico<br />

e promover a passagem <strong>de</strong> uma<br />

economia fechada, ou semifechada, para<br />

uma economia aberta.<br />

As empresas respon<strong>de</strong>ram com programas<br />

<strong>de</strong> racionalização <strong>de</strong> custos e<br />

busca incessante <strong>de</strong> eficiência, com o intuito<br />

básico <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus merca<strong>do</strong>s.<br />

O reflexo <strong>de</strong>ste processo foi a redução<br />

<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> produção e emprego. É a luta<br />

pela sobrevivência econômica diante <strong>do</strong>s<br />

rigores <strong>do</strong> ambiente, em que muitas não<br />

conseguiram se adaptar, <strong>de</strong>saparecen<strong>do</strong>.<br />

No final da década <strong>de</strong> 80, a fábrica <strong>de</strong><br />

fitas da BASF foi transferida para Manaus,<br />

aproveitan<strong>do</strong> as condições específicas da<br />

Zona Franca. A mudança provocou o primeiro<br />

impacto na redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>res na unida<strong>de</strong>.<br />

Se em 1989 o <strong>Complexo</strong> Industrial<br />

da BASF em Guaratinguetá conta com<br />

1.927 funcionários, entre efetivos, temporários,<br />

presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços e estagiários,<br />

esse número cai para 1.345, em<br />

1992, e para 940 em 2000.<br />

Tornam-se imprescindíveis o trabalho<br />

em equipe, os tempos compartilha<strong>do</strong>s,<br />

a troca constante <strong>de</strong> informação e a<br />

participação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res na gestão<br />

da produção. Procura-se a to<strong>do</strong> custo a<br />

eliminação <strong>do</strong>s tempos perdi<strong>do</strong>s com a<br />

preparação das máquinas, com limpeza e<br />

manutenção e com outras interrupções,<br />

buscan<strong>do</strong> o máximo <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>.<br />

Uma segunda fase teve início principalmente<br />

a partir <strong>de</strong> 1993 na qual o estímulo<br />

pre<strong>do</strong>minante foi a exploração <strong>de</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>s econômicas abertas pelo<br />

aprofundamento da difusão <strong>do</strong> ambiente<br />

pós-abertura.


Para explorar novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

econômicas, é necessário fazer investimentos<br />

A partir <strong>de</strong> sucessivas aquisições<br />

<strong>de</strong> áreas adjacentes ao terreno da empresa,<br />

iniciadas em 1992, foi estrutura<strong>do</strong><br />

um plano diretor que contempla as necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> espaço para investimentos<br />

futuros e o distanciamento das ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> maior risco da comunida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> entorno, o <strong>Complexo</strong> conta com 382<br />

hectares, sen<strong>do</strong> 39 ha construí<strong>do</strong>s e urbaniza<strong>do</strong>s,<br />

65 ha urbaniza<strong>do</strong>s e disponíveis,<br />

90 ha urbanizáveis e 188 ha <strong>de</strong> área<br />

<strong>de</strong> preservação.<br />

Dentro <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> acompanhamento<br />

muito próximo <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, a fábrica <strong>de</strong> Bentazon<br />

é <strong>de</strong>sativada em 1994 e a pioneira produção<br />

<strong>de</strong> Hidrossulfito encerra as ativida<strong>de</strong>s<br />

em 1996, junto com a produção<br />

<strong>de</strong> Dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Enxofre. Em 1997, são<br />

<strong>de</strong>sativadas as fábricas <strong>de</strong> Lacas (usa<strong>do</strong><br />

em couros), Cloreto <strong>de</strong> Colina (produto<br />

que fazia parte <strong>de</strong> ração animal) e<br />

Poliesteróis.<br />

As novas produções reaparecem intensamente<br />

em 1998 consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> novas<br />

operações, mudanças e <strong>de</strong>sativações,<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a evolução das necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> negócios. Nesse ano, inauguram<br />

as produções <strong>de</strong> Neopolen (espuma <strong>de</strong><br />

polipropileno, usada para a formatação<br />

<strong>de</strong> peças), Formulações Agro, Vitaminas<br />

Food (produto para nutirção humana,<br />

<strong>de</strong>sativada em 2002), Kresoximmethyl<br />

(produto para o combate <strong>de</strong><br />

fungos), Kumulus (combate ao ácaro)<br />

e Dispersões II (ingrediente da produção<br />

<strong>de</strong> resinas, substituída em 2001 por<br />

Acrilato <strong>de</strong> Butila, substância utilizada<br />

para o fábrica <strong>de</strong> resinas aplicadas no<br />

segmento <strong>de</strong> tintas).<br />

A operação <strong>de</strong> DyStar (fábrica <strong>de</strong> corantes<br />

orgãnicos) é inaugurada em 2001<br />

e a fábrica <strong>de</strong> Vitaminas Feed, iniciada<br />

em 2002, é substituída por Fipronil (fungicida)<br />

em 2004.<br />

Em 2008, o <strong>Complexo</strong> Químico <strong>de</strong><br />

Guaratinguetá conta com as seguintes<br />

unida<strong>de</strong>s produtivas:<br />

• Acrilato <strong>de</strong> Butila: Têxteis, Couro e<br />

Papel<br />

• Multipropósito Agro: Fungicida<br />

• Kumulus: Fungicida<br />

• Formulações: Agricultura<br />

• Fipronil: Agricultura<br />

• Dispersões Plásticas: Têxteis, Papel,<br />

A<strong>de</strong>sivos e Carpete<br />

Fábrica <strong>de</strong> Corantes,<br />

na década <strong>de</strong> 80<br />

61


62<br />

Inauguração da<br />

conexão da BASF<br />

com gasoduto<br />

• Ftalocianinas: Plástico e Tintas para<br />

impressão<br />

• Preparação Pigmentaria Aquosa:<br />

Têxteis, Couro e Especialida<strong>de</strong>s<br />

• Monicolor: Tintas<br />

• Eupolen: Plástico<br />

• Auxiliares: Têxteis, Couro e Papel<br />

• Styropor®: Embalagens e Materiais<br />

isolantes<br />

• Neopolen: Automobilístico e<br />

embalagens<br />

Uma série <strong>de</strong> investimentos estruturais<br />

amplia a capacida<strong>de</strong> da BASF para<br />

receber em Guaratinguetá novos investimentos<br />

em condições cada vez mais competitivas.<br />

Em 1998, a BASF foi uma das<br />

primeiras empresas da região a conectar-se<br />

ao gasoduto, que interliga os esta<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> São Paulo e Rio Janeiro, mudan<strong>do</strong><br />

sua matriz energética <strong>de</strong> óleo combustível<br />

para gás natural, o que significou a minimização<br />

das emissões gasosas.<br />

A construção <strong>do</strong> ramal e terminal<br />

ferroviário, em 2000, ligan<strong>do</strong> o complexo<br />

químico da BASF à linha férrea, que<br />

faz a ligação da unida<strong>de</strong> com o Porto <strong>de</strong><br />

Santos, é um marco e relembra os primeiros<br />

<strong>anos</strong> da empresa, quan<strong>do</strong> havia<br />

uma linha férrea nas imediações <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

hoje funciona a portaria social.<br />

A estrutura passou a ser utilizada<br />

duas vezes por semana para o transporte<br />

<strong>de</strong> matérias-primas importadas e nacionais<br />

e para a exportação <strong>de</strong> produtos<br />

acaba<strong>do</strong>s. O trem possui entre 22 e 28<br />

vagões. Cada vagão transporta <strong>do</strong>is containers<br />

<strong>de</strong> 20’ ou um <strong>de</strong> 40’. São transportadas<br />

por viagem pelo menos 1.100<br />

toneladas <strong>de</strong> produtos.<br />

A BASF investiu cerca <strong>de</strong> 2 milhões<br />

<strong>de</strong> dólares no projeto e foi a primeira<br />

indústria química da região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />

Paraíba a utilizar o modal ferroviário. O<br />

ramal liga o complexo químico ao Porto<br />

<strong>de</strong> Santos, com o objetivo <strong>de</strong> aperfeiçoar<br />

a segurança e agilizar o transporte <strong>de</strong><br />

seus produtos. Na área <strong>de</strong> logística, a iniciativa<br />

representa um gran<strong>de</strong> diferencial<br />

<strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para a empresa.<br />

Ele contempla 1.800 metros lineares<br />

<strong>de</strong> percurso e um terminal com 12<br />

mil metros quadra<strong>do</strong>s com capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> armazenar cerca <strong>de</strong> 600 conteineres,<br />

construí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />

mais rígidas normas <strong>de</strong> segurança e basea<strong>do</strong>s<br />

em projeto aprova<strong>do</strong> pela MRS<br />

Logística, empresa que tem a concessão<br />

da Re<strong>de</strong> Ferroviária para exploração <strong>do</strong>


trecho que abrange os esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São<br />

Paulo, Minas Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Com a implantação <strong>do</strong> ramal, a BASF<br />

retirou mais <strong>de</strong> sete mil caminhões por<br />

ano da Ro<strong>do</strong>via Presi<strong>de</strong>nte Dutra. Odilon<br />

Ern, diretor da BASF em Guaratinguetá<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992, <strong>de</strong>staca que “a BASF tem pro-<br />

cura<strong>do</strong> disponibilizar esta infraestrutura<br />

para outras empresas da região, diretamente,<br />

ou por meio <strong>de</strong> parceria, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

a clientes da MRS Logística e GAFOR.<br />

Isso permite que a empresa aperfeiçoe a<br />

iniciativa, reduzin<strong>do</strong> custos, impactos<br />

ambientais e riscos à segurança”.<br />

Ramal ferroviário na<br />

década <strong>de</strong> 60, <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong>,<br />

e o novo ramal e terminal<br />

construí<strong>do</strong>s em 2000


64<br />

No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2008, a BASF<br />

investiu no complexo mais <strong>de</strong> 257 milhões<br />

<strong>de</strong> reais, sen<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 205 milhões<br />

na produção (ampliações <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />

e adaptações ou mo<strong>de</strong>rnizações<br />

<strong>de</strong> processos) e mais <strong>de</strong> 52 milhões <strong>de</strong><br />

reais em infraestrutura – <strong>de</strong>stes, mais <strong>de</strong><br />

31 milhões <strong>de</strong> reais foram aloca<strong>do</strong>s em<br />

ações <strong>de</strong> meio ambiente.<br />

Guaratinguetá abriga hoje a maior instalação<br />

da BASF na América <strong>do</strong> Sul, com<br />

13 unida<strong>de</strong>s e disponibilização <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />

1.<strong>50</strong>0 produtos para as mais diversas aplicações,<br />

aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às indústrias <strong>do</strong>s segmentos<br />

têxtil, papel, carpetes, couros, tintas,<br />

agricultura, plásticos, estamparias, embalagens,<br />

automobilística, <strong>de</strong>ntre outras.<br />

Com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> 288 mil toneladas anuais <strong>de</strong> produtos,<br />

no <strong>Complexo</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />

são opera<strong>do</strong>s sofistica<strong>do</strong>s e mo<strong>de</strong>rnos<br />

equipamentos, 24 horas por dia.<br />

Em julho <strong>de</strong> 2009, estavam registra<strong>do</strong>s<br />

894 colabora<strong>do</strong>res, 94 estagiários e 653<br />

profissionais terceiriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> empresas<br />

presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviços.<br />

“Nós temos uma história que combina<br />

parceria e responsabilida<strong>de</strong> com sucesso<br />

econômico, ambiental e social”, diz<br />

Odilon Ern, que começou na BASF como<br />

estagiário, em 1976, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992 é o diretor<br />

<strong>do</strong> <strong>Complexo</strong> Químico, passan<strong>do</strong> a<br />

respon<strong>de</strong>r <strong>do</strong>is <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois pela diretoria<br />

<strong>de</strong> segurança, saú<strong>de</strong> e meio ambiente


para a América <strong>do</strong> Sul. “É asssim que promovemos<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável,<br />

já que também estamos atentos às necessida<strong>de</strong>s<br />

das gerações futuras”, conclui.<br />

Gestão <strong>de</strong> pessoas<br />

Na era da informação e da globalização,<br />

a estrutura organizacional das gran<strong>de</strong>s<br />

empresas passou por profundas mudanças<br />

a partir da década <strong>de</strong> 90. As organizações<br />

começaram a conviver com a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver profissionais<br />

polivalentes e equipes multifuncionais<br />

<strong>de</strong> trabalho, com metas bem <strong>de</strong>finidas,<br />

mas sem a segurança no emprego que<br />

caracterizava o perío<strong>do</strong> anterior.<br />

Nesse renova<strong>do</strong> contexto empresarial,<br />

passou a pre<strong>do</strong>minar um novo discurso<br />

entre os responsáveis pela gestão<br />

<strong>do</strong> trabalho. Observan<strong>do</strong> os objetivos estabeleci<strong>do</strong>s<br />

em cada uma das unida<strong>de</strong>s<br />

da fábrica <strong>de</strong> Guaratinguetá, percebe-se<br />

a crescente preocupação em promover<br />

a integração <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res com os<br />

programas globais da empresa e os programas<br />

específicos das respectivas áreas.<br />

A permanente preocupação com a<br />

excelência nas operações, que assegura a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos e serviços, passa<br />

a exigir o permanente investimento no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das pessoas.<br />

Como diretriz estabelecida internacionalmente<br />

em 2003, a BASF comprometeu-se<br />

a formar a melhor equipe<br />

na indústria. A premissa é a <strong>de</strong> que<br />

a empresa química lí<strong>de</strong>r mundial, para<br />

manter sua posição, precisa reter e atrair<br />

talentos, que reproduzam os compromissos<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />

A consequência <strong>de</strong>ssa estratégia po<strong>de</strong><br />

ser publicamente reconhecida por meio da<br />

conquista <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s mais importantes<br />

prêmios nacionais <strong>de</strong> gestão, como o<br />

“Melhores Empresas Para Você Trabalhar”,<br />

da revista Exame/Você SA, edições <strong>de</strong><br />

2006 a 2008; a Fortune’s Global Top <strong>50</strong>0<br />

com o título e o prêmio “Boa Cidadania<br />

Corporativa”, entre 2004 e 2008.<br />

Lembran<strong>do</strong> a política <strong>de</strong> respeito<br />

ao homem e <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> a atuação di-<br />

65


66<br />

Em 1965, mora<strong>do</strong>res entram<br />

e conhecem pela primeira<br />

vez as instalações da então<br />

Idrongal.<br />

Filosofia <strong>de</strong> Portas Abertas<br />

marca realização <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s eventos <strong>de</strong> visita <strong>de</strong><br />

familiares <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>res<br />

ao <strong>Complexo</strong> Químico<br />

Restaurante <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong><br />

Químico na década <strong>de</strong> 80<br />

reta da BASF junto à comunida<strong>de</strong>, o Sr.<br />

Emanuel Fausto Caltabiano <strong>de</strong> Barros,<br />

diretor presi<strong>de</strong>nte da Transcorre e fornece<strong>do</strong>r<br />

da BASF <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua implantação<br />

em Guaratinguetá, afirma: “Dá orgulho<br />

ter uma fábrica <strong>de</strong>ssas na cida<strong>de</strong>. Uma<br />

multinacional que mostrou para outros<br />

empresários da região que a finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma indústria não se resume ao lucro,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> também o la<strong>do</strong> social da<br />

atuação <strong>de</strong> uma empresa”.<br />

Em 2004, a empresa implementou um<br />

novo conceito <strong>de</strong> gestão integrada <strong>de</strong> sua<br />

infraestrutura, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Site Virtual.<br />

Des<strong>de</strong> então, a competência técnica e o<br />

relacionamento das equipes <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong><br />

Químico <strong>de</strong> Guaratinguetá são <strong>de</strong>cisivos<br />

para a plena execução <strong>de</strong>sse conceito, sustenta<strong>do</strong><br />

na atitu<strong>de</strong> das pessoas, sinergia<br />

<strong>do</strong>s processos, compartilhamento <strong>de</strong> conhecimento<br />

e otimização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s,<br />

abrangen<strong>do</strong> todas as unida<strong>de</strong>s produtivas<br />

da empresa na América <strong>do</strong> Sul.


Relacionamento com<br />

a comunida<strong>de</strong><br />

Se a partir <strong>do</strong> início <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 90 são necessárias<br />

novas políticas empresariais e<br />

novos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> trabalho, o<br />

ambiente acaba por influenciar as relações<br />

com os públicos estratégicos. Isso<br />

ocorre principalmente nas indústrias<br />

químicas, em que o relacionamento passa<br />

a contribuir para a gestão <strong>do</strong>s riscos<br />

e para a construção da reputação <strong>do</strong><br />

segmento.<br />

Assim, a reivindicação inicial da socieda<strong>de</strong><br />

por processos produtivos seguros<br />

evolui para a gestão <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> vida<br />

<strong>do</strong> produto – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua concepção até<br />

o <strong>de</strong>scarte final da embalagem – levan<strong>do</strong><br />

as entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> segmento a estruturar<br />

um programa global <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong><br />

Responsible Care®. No Brasil, ele é lança<strong>do</strong><br />

em 1990 pela Associação Brasileira<br />

da Indústria Química (Abiquim) como<br />

Programa Atuação Responsável®, com<br />

um processo contínuo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res para a gestão <strong>de</strong><br />

aspectos como a saú<strong>de</strong>, segurança e<br />

meio ambiente nas indústrias química,<br />

até mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 2000 e atualmente<br />

com um foco mais amplo que abrange<br />

outros critérios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

Uma das primeiras signatárias, a<br />

BASF a<strong>de</strong>riu ao Programa em 1992. Na<br />

cida<strong>de</strong>, como parte <strong>do</strong> processo inicial <strong>de</strong><br />

diálogo, a BASF estruturou o Programa<br />

BASF & Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá,<br />

67


Representantes<br />

da socieda<strong>de</strong><br />

estabelecem<br />

diálogo formal<br />

com a empresa a<br />

partir <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 90<br />

inicialmente basea<strong>do</strong> nem parcerias para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento local.<br />

Naquele ano, a empresa se reuniu pela<br />

primeira vez com representantes da socieda<strong>de</strong><br />

e ouviu suas opiniões, preocupações,<br />

anseios e necessida<strong>de</strong>s. Além <strong>de</strong> começar<br />

a abastecer a imprensa local com informações<br />

e <strong>de</strong> manter-se aberta ao diálogo. A<br />

BASF também passou a estar representada<br />

em reuniões periódicas com a Polícia<br />

Militar, Civil e Florestal, com a Socieda<strong>de</strong><br />

Amigos <strong>do</strong> Bairro <strong>do</strong> Engenheiro Neiva.<br />

A participação nas reuniões tinham como<br />

objetivo aproximar-se da comunida<strong>de</strong><br />

para sempre que possível explicar, <strong>de</strong> maneira<br />

mais didática, a gestão <strong>de</strong> segurança<br />

e meio ambiente da univa<strong>de</strong>. Os encontros<br />

serviram para que os vários agentes<br />

sociais reconhecessem os riscos inerentes<br />

<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> produtos<br />

químicos, mas, ao mesmo tempo, <strong>de</strong>ixava<br />

claro que a empresa estava atenta para tais<br />

questões e procurou os meios <strong>de</strong> prevenção<br />

mais eficientes.<br />

Estruturan<strong>do</strong> ainda mais o processo<br />

<strong>de</strong> diálogo, ainda em 1992 a BASF cria<br />

o serviço telefônico Disque Ecologia.<br />

Datam <strong>de</strong>sta época também os primeiros<br />

da<strong>do</strong>s passa<strong>do</strong>s pela comunida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Engenheiro Neiva para a coleta seletiva,<br />

com a BASF orientan<strong>do</strong> sobre como realizar<br />

a separação, <strong>do</strong>an<strong>do</strong> os tambores<br />

para disposição <strong>do</strong>s materiais e promoven<strong>do</strong><br />

um concurso entre as entida<strong>de</strong>s,<br />

asseguran<strong>do</strong> uma premiação anual em<br />

valor equivalente ao coleta<strong>do</strong>.<br />

Em 1998, a empresa realiza a primeira<br />

pesquisa para avaliar o seu relacionamento<br />

com a comunida<strong>de</strong> e colher<br />

impressões sobre suas ativida<strong>de</strong>s e percepção<br />

<strong>de</strong> sua gestão ambiental. No ano<br />

seguinte, em 1999 a empresa edita o jornal<br />

“BASF Comunida<strong>de</strong>”, publicação sobre<br />

temas relaciona<strong>do</strong>s à saú<strong>de</strong>, segurança<br />

e meio ambiente, segui<strong>do</strong>, em 2000,<br />

da organização seu primeiro Conselho<br />

Comunitário Consultivo, forma<strong>do</strong> por<br />

representantes da empresa e da comunida<strong>de</strong><br />

local, entre lí<strong>de</strong>res comunitários,<br />

dirigentes escolares, por exemplo,<br />

No segmento químico, essas iniciativas<br />

da BASF foram pioneiras e ocorreram<br />

também antes <strong>de</strong> as empresas<br />

passarem a a<strong>do</strong>tar o conceito <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

social corporativa, a fim <strong>de</strong><br />

contribuir também para a geração <strong>de</strong> riqueza<br />

para a socieda<strong>de</strong>.<br />

No caso da BASF, lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong> segmento<br />

químico mundial, o diálogo com a comunida<strong>de</strong><br />

e a <strong>de</strong>finição da estratégia <strong>de</strong>


investimento social consi<strong>de</strong>raram um<br />

fator adicional na dinâmica das relações<br />

sociais. Li<strong>de</strong>rar um segmento pouco conheci<strong>do</strong><br />

da população em geral, como o<br />

químico, pressupõe excelência não apenas<br />

na produção e controle das operações<br />

como também no entendimento<br />

pela socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas peculiarida<strong>de</strong>s.<br />

A que mundialmente a química e seus<br />

meandros são pouco conheci<strong>do</strong>s e entendi<strong>do</strong>s,<br />

geran<strong>do</strong> julgamentos e preconceitos<br />

que têm como base o <strong>de</strong>sconhecimento<br />

<strong>do</strong>s processos científicos.<br />

Para superar esse <strong>de</strong>sconhecimento,<br />

a BASF construiu um relacionamento<br />

com a comunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> suas<br />

unida<strong>de</strong>s produtivas mediante ações que<br />

vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma simples <strong>do</strong>ação até o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> programas <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

social, em que no conteú<strong>do</strong><br />

são aborda<strong>do</strong>s os aspectos e impactos <strong>de</strong><br />

suas ativida<strong>de</strong>s, e conta com a participação<br />

efetiva da direção da empresa.<br />

Em Guaratinguetá, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da unida<strong>de</strong> trouxe naturalmente preocupação<br />

à comunida<strong>de</strong> local, ainda que<br />

a empresa contribuísse para a prosperida<strong>de</strong><br />

da região. A atuação como parceira<br />

da cida<strong>de</strong>, com investimentos em infraestrutura<br />

urbana, educação, saú<strong>de</strong> e comunicação,<br />

contribuíram para que a BASF<br />

construísse uma imagem positiva, mas<br />

não impediram que segmentos da comunida<strong>de</strong><br />

local tivessem a percepção <strong>de</strong> que<br />

ela é uma empresa responsável, mas ao<br />

mesmo tempo “perigosa” e “polui<strong>do</strong>ra”.<br />

No bairro que recebia a BASF, a<br />

presença nas questões sociais é ativa.<br />

Por volta <strong>de</strong> 1984, a BASF faria a <strong>do</strong>ação<br />

<strong>de</strong> uma verba à Prefeitura, possibilitan<strong>do</strong><br />

com isso a expansão da re<strong>de</strong> pública<br />

<strong>de</strong> água até o bairro <strong>de</strong> Engenheiro<br />

Neiva, benefician<strong>do</strong> assim toda a população<br />

daquela região. Em complemento<br />

a essa ação, realizou em 1994 investimentos<br />

no valor total <strong>de</strong> 680 mil reais<br />

na construção <strong>de</strong> uma passarela e uma<br />

adutora interligan<strong>do</strong> as duas margens<br />

<strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul entre os bairros<br />

Beira Rio II e Jardim Primavera, localiza<strong>do</strong>s<br />

próximos das suas instalações em<br />

Guaratinguetá.<br />

No ano seguinte, a construção <strong>do</strong><br />

quartel <strong>do</strong> corpo <strong>de</strong> bombeiros contou<br />

com o apoio <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público <strong>do</strong> município,<br />

da Associação Comercial e Industrial<br />

e da BASF. O investimento total foi <strong>de</strong><br />

340 mil reais e a nova estrutura permitiu<br />

a reclassificação <strong>de</strong> Guaratinguetá no<br />

Bairro <strong>do</strong> Engenheiro<br />

Neiva, que recebe o<br />

<strong>Complexo</strong> Químico,<br />

inaugura escola no<br />

final <strong>de</strong> 1960<br />

69


70<br />

IRB (Instituto <strong>de</strong> Resseguros <strong>do</strong> Brasil)<br />

<strong>do</strong> nível quatro para <strong>do</strong>is, amplian<strong>do</strong>, assim,<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> município atrair<br />

novos investimentos.<br />

Em 1997, a BASF colaborou com a<br />

Escola Estadual Ernesto Quissak, crian<strong>do</strong><br />

uma sala <strong>de</strong> informática com oito<br />

microcomputa<strong>do</strong>res para o ensino <strong>de</strong><br />

a<strong>do</strong>lescentes. Salas semelhantes foram<br />

<strong>do</strong>adas para as escolas municipais Zezé<br />

Figueire<strong>do</strong>, Professora Luzia Mitidiere e<br />

Aliete Gonçalves. Esse projeto foi chama<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Informática na Comunida<strong>de</strong> e teve<br />

um investimento total <strong>de</strong> 200 mil reais. No<br />

ano seguinte, a empresa <strong>do</strong>ou uma nova<br />

creche para o município, com 346 m², que<br />

beneficiou inicialmente 30 crianças das<br />

re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas <strong>do</strong> bairro Engenheiro Neiva,<br />

no valor <strong>de</strong> 200 mil reais. Atualmente são<br />

atendidas 80 crianças.<br />

Outra ação <strong>de</strong>senvolvida pela BASF<br />

a partir <strong>de</strong> 1999, através <strong>de</strong> uma parceria<br />

com a prefeitura, é o Centro <strong>de</strong><br />

Atendimento ao Deficiente Visual<br />

“Professora Maria Maciel Soares Vieira”.<br />

Além <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estímulo à integração<br />

<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ficientes na socieda<strong>de</strong>,<br />

com ações embasadas em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

comunicação, expressão e mobilida<strong>de</strong>, o<br />

centro conta com uma sala <strong>de</strong> fisioterapia.<br />

O investimento total <strong>de</strong> 60 mil reais<br />

permite aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> aproximadamente<br />

100 pessoas por ano.<br />

A comunicação constante com os<br />

diversos públicos buscou reverter o quadro<br />

que havia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecimento so-<br />

bre as ativida<strong>de</strong>s e riscos <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong><br />

uma indústria química.<br />

Essa estratégia e a evolução da percepção<br />

<strong>de</strong>ste relacionamento pu<strong>de</strong>ram<br />

ser avaliadas em três pesquisas realizadas<br />

com a comunida<strong>de</strong> local em 1996,<br />

1998, 2002 e 2005.<br />

A imagem extremamente positiva<br />

da empresa não bastava para a BASF, já<br />

que ela contrastava com a falta <strong>de</strong> informação<br />

a<strong>de</strong>quada sobre o meio ambiente<br />

e a sua área <strong>de</strong> atuação, a química. Mais<br />

<strong>do</strong> que a aprovação da cida<strong>de</strong>, a BASF<br />

passou a buscar também a compreensão<br />

e conhecimento crítico, inserin<strong>do</strong><br />

em sua estratégia uma comunicação que<br />

pretendia eliminar as barreiras para o<br />

completo entendimento.<br />

O fato é que as pessoas, pela falta<br />

<strong>de</strong> conhecimento e entendimento sobre<br />

questões científicas, viam a BASF como<br />

uma empresa polui<strong>do</strong>ra. Por isso, mesmo<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> contar com a aprovação da<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá e <strong>de</strong> ter a<br />

sua atuação responsável reconhecida pelas<br />

pessoas <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral em to<strong>do</strong>s<br />

os segmentos, a empresa buscou aprofundar<br />

esse relacionamento, in<strong>do</strong> ao cerne<br />

da questão para enten<strong>de</strong>r o que estava<br />

por trás <strong>de</strong>sta percepção equivocada: a<br />

falta <strong>de</strong> conhecimento sobre a ci~encia,<br />

o segmento químico e a química em si, o<br />

distanciamento entre ensino escolar e a<br />

vida das pessoas.<br />

Assim, na verda<strong>de</strong>, “o perigo” não estava<br />

diretamente relaciona<strong>do</strong> à empresa,


mas à própria química e seu segmento,<br />

já que a gestão ambiental, <strong>de</strong> segurança<br />

e saú<strong>de</strong> da BASF é também reconhecida<br />

como eficientes pela cida<strong>de</strong>.<br />

Neste ponto, então, estava o <strong>de</strong>safio.<br />

E, para encará-lo, foi necessário que<br />

a empresa a<strong>do</strong>tasse uma comunicação<br />

para além <strong>do</strong>s meios formais, incentivan<strong>do</strong><br />

o diálogo e a promoção da educação<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s cidadãos,<br />

a partir <strong>de</strong> 2003.<br />

Essa estratégia ganhou as ruas da cida<strong>de</strong>,<br />

com a homenagem realizada pela<br />

escola <strong>de</strong> samba Embaixada <strong>do</strong> Morro<br />

para a empresa, no carnaval <strong>de</strong> 2004, ao<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o enre<strong>do</strong> “Na química da vida,<br />

samba, amor e arte são forças da comunida<strong>de</strong>”.<br />

A emoção contagiante tomou<br />

contas <strong>do</strong>s sambistas, carnavalescos e<br />

torcida, fazen<strong>do</strong> tremular a ban<strong>de</strong>ira<br />

vermelha e branca com a sigla BASF em<br />

toda a Avenida Getúlio Vargas e asseguran<strong>do</strong><br />

a conquista <strong>de</strong> 13º. campeonato<br />

pela escola.<br />

Também em 2004, a empresa investiu<br />

na formação <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res comunitários<br />

e representantes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s sociais,<br />

por meio <strong>do</strong> Programa Gestores Sociais<br />

<strong>do</strong> Futuro.<br />

A partir <strong>de</strong> 2005, a BASF passou a<br />

contribuir diretamente para a melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> ciências e<br />

sobre questões ambientais, sua ação social<br />

contribuiu para a conscientização<br />

<strong>de</strong> professores, estudantes e suas famílias,<br />

por meio <strong>do</strong>s programas Semente<br />

<strong>do</strong> Amanhã e ReAção, que atuam na formação<br />

<strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res para melhor compreensão<br />

e questionamento <strong>de</strong> aspectos<br />

ambientais e da ciência.<br />

A BASF, <strong>de</strong>ssa forma, começava a<br />

construir uma nova etapa <strong>do</strong> relacionamento<br />

com a comunida<strong>de</strong>, apostan<strong>do</strong><br />

em sua criticida<strong>de</strong> e contribuição para a<br />

construção <strong>de</strong> uma base comum <strong>de</strong> conhecimento<br />

e a evolução <strong>do</strong> diálogo.<br />

O Programa Ambiental Interativo<br />

Semente <strong>do</strong> Amanhã e o Programa<br />

ReAção foram inseri<strong>do</strong>s no currículo<br />

escolar das escolas municipais <strong>de</strong><br />

Guaratinguetá, precedi<strong>do</strong>s pela capacitação<br />

<strong>do</strong>s profissionais da educação.<br />

O Semente <strong>do</strong> Amanhã oferece educação<br />

ambiental para alunos da re<strong>de</strong> pública<br />

<strong>de</strong> ensino na cida<strong>de</strong>. Já o ReAção<br />

prepara professores para a abordagem<br />

<strong>de</strong> temas científicos e o ensino da<br />

Química nas escolas locais, utilizan<strong>do</strong> a<br />

meto<strong>do</strong>logia da organização <strong>do</strong> pensamento,<br />

que permite o aprendiza<strong>do</strong> e ensinamento<br />

<strong>de</strong> questões complexas <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>do</strong> simples.<br />

O primeiro foi implementa<strong>do</strong> já<br />

em 2005, e o segun<strong>do</strong> contou com<br />

um processo <strong>de</strong> planejamento das au-<br />

71


Programa Reação:<br />

formação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res<br />

para melhor compreensão e<br />

questionamento <strong>de</strong> aspectos<br />

ambientais e da ciência<br />

72<br />

las inicia<strong>do</strong> naquele ano, mas coloca<strong>do</strong><br />

em prática como piloto em 2006.<br />

O presi<strong>de</strong>nte mundial da BASF, Jürgen<br />

Hambrecht participou <strong>do</strong> lançamento<br />

<strong>do</strong> Programa no Instituto <strong>de</strong> Química<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em novembro<br />

daquele ano.<br />

Assim, além <strong>de</strong> ser percebida na comunida<strong>de</strong><br />

como empresa socialmente<br />

responsável, a BASF visa contribuir para<br />

o entendimento <strong>do</strong> meio ambiente e <strong>do</strong>s<br />

impactos causa<strong>do</strong>s por todas as ativida<strong>de</strong>s,<br />

estimulan<strong>do</strong> a corresponsabilida<strong>de</strong>.<br />

Também busca a compreensão mais<br />

clara <strong>do</strong> que é a ciência e quais são seus<br />

processos e seus benefícios para a socieda<strong>de</strong>,<br />

promoven<strong>do</strong> um julgamento<br />

mais consciente <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Atualmente é possível perceber um gran<strong>de</strong><br />

interesse na cida<strong>de</strong> pela ciência <strong>de</strong><br />

uma forma geral e pela química especificamente,<br />

durante o dia semanal que as


escolas <strong>de</strong> Guaratinguetá <strong>de</strong>dicam para<br />

a investigação: o Dia <strong>de</strong> Pensar Ciência.<br />

Também nas festas juninas ou julhinas,<br />

a Barraca da Ciência é um <strong>do</strong>s atrativos<br />

que <strong>de</strong>mostra o interesse <strong>do</strong>s estudantes<br />

e seus familiares pelo tema.<br />

As iniciativas, pioneiras na cida<strong>de</strong>,<br />

foram reconhecidas pelos profissionais<br />

da educação e pais <strong>de</strong> alunos como uma<br />

importante contribuição para a melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino.<br />

Outras ações <strong>de</strong>senvolvidas pela<br />

empresa são:<br />

Projeto Crescer<br />

Des<strong>de</strong> 1998, beneficia a<strong>do</strong>lescentes <strong>de</strong><br />

escolas públicas <strong>de</strong> Guaratinguetá. O<br />

objetivo é promover a preparação <strong>de</strong><br />

jovens para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e a<br />

transmissão <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> cidadania e<br />

valorização da vida. Des<strong>de</strong> 1982, quan<strong>do</strong><br />

o projeto foi inicia<strong>do</strong> em São Bernar<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Campo, já foram beneficia<strong>do</strong>s 873 jovens<br />

das duas cida<strong>de</strong>s.<br />

Alfabetização Solidária<br />

Realiza<strong>do</strong> em parceria com a SABEN,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, já beneficiou cerca <strong>de</strong> 6<strong>50</strong><br />

adultos que conseguiram apren<strong>de</strong>r a ler<br />

e escrever ou retomar os estu<strong>do</strong>s.<br />

Cooperativa Amigos <strong>do</strong> Lixo<br />

Des<strong>de</strong> sua fundação, em 2002, a BASF<br />

apoia a instituição <strong>do</strong>an<strong>do</strong> materiais recicláveis.<br />

Com os recursos consegui<strong>do</strong>s,<br />

a entida<strong>de</strong> já adquiriu um caminhão e<br />

uma perua Kombi utilizada na coleta <strong>de</strong><br />

seletiva em bairros da cida<strong>de</strong>.<br />

Conselho Comunitário<br />

Des<strong>de</strong> 1999, a empresa conta com um<br />

Conselho Comunitário Consultivo,<br />

elo entre a BASF e a comunida<strong>de</strong>.<br />

Reúne colabora<strong>do</strong>res, li<strong>de</strong>ranças comunitárias<br />

e representantes <strong>de</strong> órgãos<br />

públicos <strong>do</strong>s bairros próximos<br />

à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá. O grupo<br />

73


74<br />

Programa Semente<br />

<strong>do</strong> Amanhã: Educação<br />

Ambiental para alunos<br />

<strong>do</strong> ensino público<br />

analisa e propõe ações para a melhoria<br />

das questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, meio ambiente,<br />

segurança e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Programa <strong>de</strong> Visitas<br />

Cerca <strong>de</strong> 1.400 estudantes visitam anualmente<br />

a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá,<br />

conhecen<strong>do</strong> sua gestão ambiental e <strong>de</strong><br />

segurança, além <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

processo produtivo.<br />

Dia <strong>de</strong> Portas Abertas<br />

Evento que reúne cerca <strong>de</strong> 5 mil colabora<strong>do</strong>res<br />

e familiares, autorida<strong>de</strong>s e li<strong>de</strong>ranças<br />

comunitárias visitam o <strong>Complexo</strong><br />

Industrial da BASF, quan<strong>do</strong> conhecem<br />

a segurança <strong>do</strong>s processos, os riscos e<br />

oportunida<strong>de</strong>s da indústria química.<br />

Acontece <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998 e permite ao visi-<br />

tante conhecer o ciclo <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s produtos,<br />

o sistema <strong>de</strong> gestão ambiental e a<br />

presença da BASF na linha <strong>de</strong> produtos<br />

<strong>do</strong>s clientes presente no merca<strong>do</strong>.<br />

Disque Ecologia – 0800112273<br />

Serviço <strong>de</strong> atendimento à comunida<strong>de</strong>,<br />

que funciona 24 horas por dia <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1992, que recebe as informações, sugestões<br />

e críticas e encaminha para as diversas<br />

áreas. Quan<strong>do</strong> a ligação é motivada<br />

por críticas, o serviço é complementa<strong>do</strong><br />

pela presença <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> comunicação,<br />

<strong>de</strong> segurança e meio ambiente<br />

na residência <strong>do</strong> reclamante.<br />

Resíduo hospitalar e farmacêutico<br />

Em junho <strong>de</strong> 1994, a BASF iniciou as ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> um incinera<strong>do</strong>r com o objeti-


vo <strong>de</strong> dar <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>aos</strong> resíduos<br />

sóli<strong>do</strong>s. Des<strong>de</strong> então, a empresa também<br />

oferece a estrutura para incinerar gratuitamente<br />

o lixo hospitalar e farmacêutico<br />

gera<strong>do</strong> nos municípios <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />

e Potim. Além <strong>do</strong>s benefícios ambientais,<br />

esse projeto amplia a infraestrutura <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stinação <strong>do</strong> lixo <strong>do</strong> município.<br />

Referência mundial em<br />

relacionamento com a comunida<strong>de</strong><br />

Além das quatro pesquisas realizadas<br />

pela BASF, o <strong>Complexo</strong> Químico <strong>de</strong><br />

Guaratinguetá foi escolhi<strong>do</strong> em 2002 para<br />

ser o piloto da BASF em âmbito mundial<br />

<strong>de</strong> uma pesquisa sobre impacto da pre-<br />

sença da companhia para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sócio-econômico <strong>do</strong> município.<br />

Essa pesquisa foi realizada pela<br />

Empresa Júnior da Fundação Getúlio<br />

Vargas. Na verificação <strong>do</strong>s impactos da<br />

BASF em Guaratinguetá, alguns pontos<br />

são fundamentais para a conclusão <strong>de</strong>ste<br />

relatório:<br />

• Des<strong>de</strong> a sua instalação em Guaratinguetá,<br />

a BASF propiciou diversos<br />

benefícios para a cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o aumento da arrecadação <strong>do</strong> município,<br />

a atrativida<strong>de</strong> para outras<br />

empresas se instalarem na região e,<br />

principalmente, a implementação<br />

<strong>de</strong> projetos sociais sustentáveis.<br />

Portas Abertas<br />

reúne cerca <strong>de</strong> 5 mil<br />

colabora<strong>do</strong>res, familiares.<br />

autorida<strong>de</strong>s e li<strong>de</strong>ranças<br />

comunitárias


76<br />

• A produção e os riscos das ativida<strong>de</strong>s<br />

da BASF na cida<strong>de</strong> já são<br />

compreendi<strong>do</strong>s.<br />

• Nos encontros da BASF com a comunida<strong>de</strong>,<br />

por meio <strong>do</strong> Conselho<br />

Comunitário Consultivo, a gestão<br />

ambiental e os sistemas <strong>de</strong> segurança<br />

da empresa são <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s.<br />

• Já há uma percepção da comunida<strong>de</strong><br />

sobre a BASF como indústria<br />

química e <strong>de</strong> que a empresa trabalha<br />

para gerenciar os riscos <strong>de</strong>ssa atuação<br />

e valoriza o diálogo efetivo com<br />

a comunida<strong>de</strong>.<br />

Orgulho <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res<br />

Também para os colabora<strong>do</strong>res da BASF<br />

em Guaratinguetá, o impacto das ações<br />

socioambientais é positivo. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

da pesquisa realizada pelo Instituto Great<br />

Place to Work em 2008 são inequívocos:<br />

• 83% <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res disseram que<br />

se sentem muito bem com a forma<br />

pela qual a empresa contribui para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da comunida<strong>de</strong>.<br />

• 95% disseram que o relacionamento<br />

com a comunida<strong>de</strong>, clientes, fornece<strong>do</strong>res<br />

e meio ambiente é motivo<br />

<strong>de</strong> orgulho.<br />

Personagem Zé <strong>do</strong> Paraíba<br />

participa <strong>do</strong> Programa<br />

Semente <strong>do</strong> Amanhã<br />

na Feira Ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2004


Projeto Mata Viva:<br />

área mantida pela empresa<br />

em seu terreno<br />

Gestão ambiental<br />

Des<strong>de</strong> os <strong>anos</strong> 80, a questão ecológica,<br />

sempre presente nas preocupações <strong>do</strong><br />

Grupo BASF em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, está<br />

na pauta das reuniões da empresa no<br />

Brasil. Análises <strong>do</strong>s pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> expansão<br />

da produção em Guaratinguetá, implanta<strong>do</strong>s<br />

a partir <strong>de</strong> 1978, <strong>de</strong>ixam claro que<br />

a eficiência <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Tratamento<br />

Primário <strong>de</strong> Efluentes, instala<strong>do</strong> em mea<strong>do</strong>s<br />

daquela década, estaria comprometida<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns <strong>anos</strong> caso não fossem<br />

tomadas providências no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

redimensioná-lo.<br />

Imediatamente são iniciadas negociações<br />

com proprietários das áreas<br />

circunvizinhas, resultan<strong>do</strong> daí a aquisição<br />

<strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> m 2 anexos ao terreno<br />

da fábrica. Nessa nova área seria<br />

construída a Estação <strong>de</strong> Tratamento<br />

Biológico.<br />

Os <strong>anos</strong> 90 trouxeram a globalização<br />

da economia e, por conseguinte,<br />

<strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> gestão, como a a<strong>do</strong>ção<br />

mundial da série ISO 9000 e também<br />

<strong>do</strong>s conceitos relativos ao meio ambiente.<br />

Iniciou-se, assim, a fase <strong>do</strong> gerenciamento<br />

ambiental.<br />

A Conferência da ONU sobre o<br />

meio ambiente, a Rio-92, realizada no<br />

Brasil em 1992, trouxe como compromisso<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, o<br />

trato da Biodiversida<strong>de</strong> e o acor<strong>do</strong> para


a eliminação gradual <strong>de</strong> cloro-flúor-carbono<br />

– CFCs – substância que <strong>de</strong>strói a<br />

camada <strong>de</strong> ozônio e que é utilizada em<br />

produtos <strong>do</strong>mésticos como o aerossol.<br />

Em 1996, são aprovadas no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro as normas ISO 14000 e as empresas<br />

passam a ser administradas consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />

a questão ambiental. Essas<br />

normas preveem a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> um conjunto<br />

<strong>de</strong> procedimentos e técnicas para<br />

implantação da política ambiental interna,<br />

ten<strong>do</strong> como objetivo a melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> ambiental, diminuição da<br />

poluição e uso planeja<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos<br />

naturais. Ao cumprir to<strong>do</strong>s os procedimentos<br />

as empresas recebem um certifica<strong>do</strong><br />

ambiental.<br />

A promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável é uma diretriz global e um<br />

conceito intrínseco à história e à estratégia<br />

<strong>de</strong> negócio da BASF. Em todas as<br />

unida<strong>de</strong>s da BASF, o gerenciamento ambiental<br />

obe<strong>de</strong>ce <strong>aos</strong> mesmos princípios,<br />

valores e códigos <strong>de</strong> conduta. Pelo gerenciamento<br />

sistemático <strong>de</strong> seus processos,<br />

a empresa consegue reduzir a geração <strong>de</strong><br />

efluentes, emissões e resíduos.<br />

“No <strong>Complexo</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá, a<br />

gestão ambiental contempla to<strong>do</strong> o ciclo<br />

<strong>de</strong> tratamento e disposição <strong>de</strong> resíduos<br />

industriais, ten<strong>do</strong> como base a prevenção<br />

e minimização <strong>de</strong> resíduos”, explica<br />

Wilson Antonio Chini Junior, gerente <strong>de</strong><br />

Meio Ambiente e Segurança da unida<strong>de</strong>.<br />

O sistema é composto <strong>de</strong>:<br />

Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes<br />

(ETE)<br />

Trata to<strong>do</strong> o efluente industrial gera<strong>do</strong><br />

no <strong>Complexo</strong>, antes <strong>do</strong> lançamento<br />

no Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. São trata<strong>do</strong>s, em<br />

média, 2<strong>50</strong> m3/hora. A ETE possui capacida<strong>de</strong><br />

inicial para processar o equivalente<br />

ao tratamento <strong>de</strong> efluente gera<strong>do</strong><br />

por uma cida<strong>de</strong> com cerca <strong>de</strong> 100 mil<br />

habitantes.<br />

79


80<br />

Incinera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> resíduos<br />

Com capacida<strong>de</strong> para incinerar 3.600<br />

toneladas/ano, processa os resíduos classe<br />

1 (perigosos) gera<strong>do</strong>s em várias unida<strong>de</strong>s<br />

da BASF no Brasil e aten<strong>de</strong> também<br />

outras empresas. Além disso, a<br />

BASF também incinera gratuitamente<br />

seis toneladas <strong>de</strong> resíduos hospitalares<br />

e farmacêuticos gera<strong>do</strong>s pela cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Guaratinguetá.<br />

Aterro Industrial<br />

Destina<strong>do</strong> para a disposição <strong>de</strong> resíduos<br />

classe II-A (não-perigosos), o aterro conta<br />

com três células, que possuem dupla impermeabilização<br />

<strong>de</strong> argila e manta <strong>de</strong> polietileno,<br />

incluin<strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong> chorume<br />

gera<strong>do</strong>, com capacida<strong>de</strong> para 140 mil<br />

m3 / célula. O sistema permite o gerenciamento<br />

da <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> resíduos não<br />

perigosos, compon<strong>do</strong> com o Incinera<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> Resíduos e a Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong><br />

Efluentes um sistema integra<strong>do</strong> e completo<br />

<strong>de</strong> controle ambiental.<br />

Além disso, o uso <strong>de</strong> uma ferramenta<br />

<strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> resíduos, a ECO-T<br />

(Environmental Cost Optmization Tool),<br />

permite a prevenção <strong>de</strong> poluição, minimizan<strong>do</strong><br />

a geração <strong>de</strong> resíduos, efluentes<br />

e emissões gasosas e, consequentemente,<br />

reduzin<strong>do</strong> os custos ambientais e econômicos<br />

<strong>do</strong>s processos.<br />

Des<strong>de</strong> 2003, apenas no <strong>Complexo</strong><br />

Químico da BASF, foram investi<strong>do</strong>s 31<br />

milhões <strong>de</strong> reais em meio ambiente,<br />

principalmente na construção das bacias<br />

<strong>de</strong> primeira lavagem, saneamento das<br />

galerias <strong>de</strong> águas pluviais e efluentes, segunda<br />

e terceira células <strong>do</strong> aterro industrial<br />

e na automação e outras melhorias<br />

na Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes.<br />

No <strong>Complexo</strong>, os indica<strong>do</strong>res ambientais<br />

têm melhora<strong>do</strong> ano após ano,<br />

influencian<strong>do</strong> sobremaneira os resulta<strong>do</strong>s<br />

nacionais. Nos últimos sete <strong>anos</strong> no<br />

Brasil, os indica<strong>do</strong>res apontam:<br />

• 41% <strong>de</strong> redução no consumo específico<br />

<strong>de</strong> água.<br />

• 38 % <strong>de</strong> redução na geração específica<br />

<strong>de</strong> efluentes, no mesmo perío<strong>do</strong>.<br />

Coleta Seletiva <strong>de</strong> Lixo<br />

Inicialmente, em 1998, o programa envolveu<br />

a associação <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res e as<br />

escolas estaduais e municipais <strong>do</strong> bairro<br />

Engenheiro Neiva, requeren<strong>do</strong> da BASF<br />

um investimento anual <strong>de</strong> cerca <strong>do</strong> 20<br />

mil reais. Essa ação preten<strong>de</strong> conscientizar<br />

a população a respeito da importância<br />

da coleta seletiva e da separação


<strong>do</strong> lixo, promoven<strong>do</strong>, assim, a educação<br />

ambiental, permitin<strong>do</strong> que em 2009 a<br />

coleta seletiva municipal fosse iniciada<br />

no bairro <strong>do</strong> Engenheiro Neiva, sen<strong>do</strong><br />

expandida posteriormente para os <strong>de</strong>mais<br />

bairros da cida<strong>de</strong>.<br />

25 <strong>anos</strong> <strong>de</strong> Mata Viva<br />

O projeto envolve a reconstituição<br />

da mata ciliar <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul.<br />

Teve início em 1984 e já foram recupera<strong>do</strong>s<br />

128 hectares, com o plantio <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 200 mil mudas <strong>de</strong> árvores, em cerca<br />

<strong>de</strong> 4 quilômetros da margem direita <strong>do</strong><br />

rio. As espécies escolhidas foram: paubrasil,<br />

jequitibá, cedro, genipapo, ingás,<br />

embaúba, aroeira, pau-rei, graviola, entre<br />

outras.<br />

O projeto possibilitou, com a recuperação<br />

da flora, o repovoamento da<br />

área por répteis, aves e mamíferos <strong>de</strong><br />

pequeno porte. Ele contribuiu ainda<br />

para a manutenção <strong>do</strong> hábitat das garças<br />

brancas, aves-símbolo <strong>do</strong> município,<br />

que hoje po<strong>de</strong>m ser vistas com mais frequência<br />

nas proximida<strong>de</strong>s da empresa.<br />

Esse projeto recebe investimentos anuais<br />

da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> <strong>50</strong> mil reais.<br />

Em 2004, a área começou a receber<br />

a visita <strong>de</strong> estudantes, <strong>de</strong> forma geral e<br />

como piloto, com a contribuição da Polícia<br />

Militar Ambiental. A experiência serviu<br />

como base para a realização <strong>do</strong> Programa<br />

Semente <strong>do</strong> Amanhã, a partir <strong>de</strong> 2005.<br />

Em 2007, o projeto foi amplia<strong>do</strong><br />

pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> culti-<br />

vos, que passou a <strong>de</strong>senvolvê-lo junto<br />

às cooperativas agrícolas, por meio<br />

da DEG – Deutsche Investitions – und<br />

Entwicklungusgesellschaft GmbH (Banco<br />

<strong>de</strong> Investimentos Alemão). A implementação<br />

ficou sob a responsabilida<strong>de</strong><br />

da Fundação Espaço ECO, iniciativa da<br />

BASF <strong>de</strong> 2005.<br />

Inaugurada na área <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong> <strong>de</strong><br />

Tintas e Vernizes em São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Campo (SP), a Fundação ECO é fruto da<br />

parceria da BASF com a GTZ (agência <strong>do</strong><br />

governo alemão para a cooperação internacional)<br />

e recebeu apoio da Prefeitura <strong>de</strong> São<br />

Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, <strong>do</strong> SENAI (Serviço<br />

Social da Indústria) e <strong>do</strong> SESI (Serviço<br />

Nacional <strong>de</strong> Aprendizagem Industrial).<br />

Início da Coleta<br />

Seletiva em 1998<br />

81


82<br />

Em 2004, alunos<br />

da creche Maria<br />

Tavares conhecem<br />

a Mata Ciliar<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> excelência<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, que<br />

abriga um centro <strong>de</strong> ecoeficiência para<br />

a América Latina e on<strong>de</strong> são realiza<strong>do</strong>s<br />

projetos <strong>de</strong> educação sócio-ambiental,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento comunitário e <strong>de</strong><br />

reflorestamento.<br />

A Fundação ocupa uma área <strong>de</strong> preservação<br />

ambiental <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 290 mil<br />

m², consi<strong>de</strong>rada reserva da biosfera – zonas<br />

<strong>de</strong> ecossistemas terrestres reconhecidas<br />

internacionalmente pelo Programa<br />

sobre o Homem e a Biosfera (MAB) da<br />

UNESCO. Até o final 2009, estão previstos<br />

o investimento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$ 3 milhões<br />

para a conclusão <strong>do</strong> projeto.<br />

Com o projeto Mata Viva, a BASF<br />

planeja recuperar até o final <strong>de</strong> 2009


aproximadamente 3<strong>50</strong> hectares em 35<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> 14 municípios<br />

brasileiros. Em 2008 foram plantadas<br />

mais <strong>de</strong> 300 mil mudas <strong>de</strong> espécies nativas.<br />

O programa também capacita novos<br />

profissionais para ampliar sua re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> atuação.<br />

Compromisso com a segurança<br />

A segurança na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />

recebe por parte da BASF um tratamento<br />

bastante especial. No plano industrial e<br />

patrimonial são manti<strong>do</strong>s diversos programas<br />

<strong>de</strong> treinamento que, dirigi<strong>do</strong>s a<br />

seus colabora<strong>do</strong>res e também a presta<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> serviço externos à empresa, objetivam<br />

manter atualiza<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> manuseio <strong>do</strong>s produtos.<br />

Como to<strong>do</strong> sistema preventivo, minimiza,<br />

mas não elimina completamente<br />

os riscos. Por isso, a BASF mantém<br />

um bem treina<strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Bombeiros<br />

composto por um engenheiro, três bombeiros<br />

profissionais, 14 brigadistas (colabora<strong>do</strong>res<br />

que <strong>de</strong>senvolvem outras<br />

ativida<strong>de</strong>s e são aciona<strong>do</strong>s em caso <strong>de</strong><br />

emergência) e quatro caminhões equipa<strong>do</strong>s<br />

especialmente para aten<strong>de</strong>r às exigências<br />

<strong>de</strong> risco em uma indústria química<br />

<strong>de</strong>sse porte.<br />

O Programa <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Aten dimento<br />

Externo (SAE), foi cria<strong>do</strong> para<br />

fornecer suporte técnico e operacional<br />

<strong>de</strong> ocorrências que envolvem transporte<br />

<strong>de</strong> produtos químicos perigosos sob a<br />

responsabilida<strong>de</strong> da BASF, seja com informações,<br />

seja com ação da equipe no<br />

próprio local.<br />

O Plano <strong>de</strong> Emergência da BASF estabelece<br />

procedimentos que extrapolam<br />

os limites da empresa, juntan<strong>do</strong>-se com<br />

os pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> emergência <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong><br />

Bombeiros, Defesa Civil e outros órgãos<br />

envolvi<strong>do</strong>s.<br />

Embora esse Corpo <strong>de</strong> Bombeiros<br />

seja manti<strong>do</strong> exclusivamente pela BASF<br />

para aten<strong>de</strong>r a casos <strong>de</strong> vazamento, incêndio,<br />

<strong>de</strong>rramamento e, mesmo, salvamento<br />

individual, ele po<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r também,<br />

na medida <strong>de</strong> sua disponibilida<strong>de</strong>,<br />

a sinistros externos, quan<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong><br />

por órgão oficial, em associação com<br />

o Corpo <strong>de</strong> Bombeiros, a polícia local,<br />

Agência Ambiental, em benefício da comunida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> clientes.<br />

O Centro <strong>de</strong> Treinamento <strong>de</strong><br />

Emergências simula diversas situações<br />

<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes numa área <strong>de</strong> 5 mil m 2 ,<br />

uma das maiores <strong>do</strong> país. A Central <strong>de</strong><br />

Comunicação (CECOM), implantada<br />

em 1995, recebe as ligações que indicam<br />

emergências internas. A estrutura<br />

também reúne a inteligência <strong>de</strong> gestão<br />

<strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Crises,<br />

integran<strong>do</strong> as ligações <strong>do</strong> Disque<br />

Ecologia, <strong>do</strong> SAE, e <strong>do</strong> Sistema Mútuo<br />

<strong>de</strong> Ajuda (RINEM).<br />

Além <strong>de</strong>sses programas e investimentos<br />

volta<strong>do</strong>s para a segurança própria<br />

e da comunida<strong>de</strong>, a BASF também<br />

contribui regularmente, como <strong>do</strong>ação<br />

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84<br />

<strong>de</strong> rádios portáteis, para a Defesa Civil<br />

<strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Guaratinguetá. A BASF<br />

também estruturou com o apoio <strong>do</strong>s órgãos<br />

públicos, como bombeiros e Defesa<br />

Civil, além <strong>do</strong> Conselho Comunitário,<br />

um Plano <strong>de</strong> Segurança Comunitária,<br />

que apresenta as medidas que serão a<strong>do</strong>tadas<br />

pela empresa em caso <strong>de</strong> emergência<br />

e também como as pessoas <strong>de</strong>vem<br />

agir. Periodicamente são feitos simula<strong>do</strong>s<br />

com a população para avaliação <strong>do</strong><br />

plano <strong>de</strong> ação comunitária.<br />

Atuação Responsável®<br />

A<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990 pela<br />

ABIQUIM (Associação Brasileira <strong>de</strong><br />

Indústrias Química), o Programa <strong>de</strong><br />

Atuação Responsável® busca promover<br />

o aperfeiçoamento da gestão das empresas<br />

químicas brasileiras e <strong>de</strong> sua ca<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> valor, <strong>de</strong> forma a assegurar a sustentabilida<strong>de</strong><br />

ambiental. econômica e social<br />

<strong>de</strong> seus processos e produtos, bem como<br />

contribuir para a permanente melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da socieda<strong>de</strong>,<br />

crian<strong>do</strong> uma relação <strong>de</strong> confiança por<br />

meio <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> verificação das<br />

ações <strong>do</strong> programa.<br />

Como uma das primeiras participantes<br />

<strong>do</strong> programa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992, a BASF<br />

prioriza a Saú<strong>de</strong>, Segurança e Meio Ambiente,<br />

buscan<strong>do</strong>: o compro metimen to <strong>de</strong><br />

toda a empresa com o processo; diálogo<br />

permanente e trans parente com a comunida<strong>de</strong>;<br />

prevenção <strong>de</strong> riscos e impactos à<br />

saú<strong>de</strong>, segurança e meio ambiente; com<br />

transmissão sistemática <strong>de</strong> informações<br />

e intercâmbio <strong>de</strong> experiências.<br />

”O equilíbrio <strong>do</strong>s aspectos ambientais,<br />

sociais e econômicos é um <strong>de</strong>safio<br />

permanente para a BASF, como indústria<br />

química. Ele exige um processo permanente<br />

<strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> nossos potenciais<br />

<strong>de</strong> impacto. Nos últimos <strong>50</strong> <strong>anos</strong>, temos<br />

atua<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma a contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong>s nossos negócios, mas<br />

da própria comunida<strong>de</strong>”, explica Odilon<br />

Ern, diretor da BASF.


Em 2003, crianças conhecem a estrutura <strong>do</strong> Corpo<br />

<strong>de</strong> Bombeiros durante o Dia <strong>de</strong> Portas Abertas<br />

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86<br />

Se<strong>de</strong> da BASF em<br />

Ludwigshafen, Alemanha


Grupo bASf no mun<strong>do</strong><br />

Des<strong>de</strong> a sua fundação em 1865, na Alemanha, a BASF se manteve como uma das indústrias<br />

que mais crescem no mun<strong>do</strong> e é hoje a lí<strong>de</strong>r mundial <strong>do</strong> segmento químico.<br />

Sua postura em oferecer soluções inteligentes e produtos <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> sob medida<br />

para cada cliente é um diferencial e uma fórmula <strong>de</strong> sucesso.<br />

O grupo oferece <strong>de</strong>s<strong>de</strong> químicos, plásticos, produtos <strong>de</strong> performance, produtos<br />

para agricultura e química fina até petróleo e gás natural. Com seus produtos e soluções,<br />

a BASF está habilitada para encontrar respostas a <strong>de</strong>safios globais como proteção<br />

climática, eficiência energética, nutrição e mobilida<strong>de</strong>. A BASF conta com aproximadamente<br />

97.000 colabora<strong>do</strong>res e contabilizou suas vendas em mais <strong>de</strong> 62 bilhões<br />

<strong>de</strong> euros em 2008. As ações da BASF são atualmente negociadas nas bolsas <strong>de</strong> valores<br />

<strong>de</strong> Frankfurt (Alemanha), Londres (Inglaterra) e Zurique (Suíça).<br />

A BASF está presente em to<strong>do</strong>s os países da América <strong>do</strong> Sul, exceto nas Guianas e no<br />

Suriname. As vendas na região totalizaram aproximadamente 2.99 bilhões <strong>de</strong> euros em<br />

2008, envolven<strong>do</strong> os negócios realiza<strong>do</strong>s pelas empresas <strong>do</strong> grupo incluin<strong>do</strong> a Wintershall<br />

– empresa situada na Argentina, voltada a produção <strong>de</strong> óleo cru e gás. Na América <strong>do</strong> Sul,<br />

a BASF contava com mais <strong>de</strong> 5.000 colabora<strong>do</strong>res em 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008.<br />

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<strong>Complexo</strong> Químico <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />

Início das ativida<strong>de</strong>s: 1959<br />

Número <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>res efetivos: 894 (julho 2009)<br />

Número <strong>de</strong> estagiários: 94 (julho/2009)<br />

Capacida<strong>de</strong> total: 288 kt / ano<br />

Número <strong>de</strong> produtos: 1.<strong>50</strong>0<br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio Unida<strong>de</strong>s produtivas Aplicação <strong>do</strong> produto<br />

Dispersões e pigmentos Dispersões Plásticas Têxteis, papel, a<strong>de</strong>sivos e carpete<br />

Dispersoes e pigmentos Ftalocianinas Plástico e tintas para impressão<br />

Dispersões e pigmentos Preparação Pigmentaria Aquosa Têxteis, couro e especialida<strong>de</strong>s<br />

Dispersões e pigmentos Monicolor Tintas<br />

Dispersões e pigmentos Eupolen® Plástico<br />

Polímeros <strong>de</strong> Performance Styropor® Embalagens e materiais isolantes<br />

Polímeros <strong>de</strong> Performance Neopolen® Automobilístico e embalagens<br />

Proteção <strong>de</strong> Cultivos Multipropósito Agro Agricultura<br />

Proteção <strong>de</strong> Cultivos Kumullus Agricultura<br />

Proteção <strong>de</strong> Cultivos Formulações Agricultura<br />

Proteção <strong>de</strong> Cultivos Fipronil® Agricultura<br />

Químicos <strong>de</strong> Performance Auxiliares Têxteis, couro e papel<br />

Químicos Industriais Acrilato <strong>de</strong> Butila Têxteis, couro e papel<br />

Iniciativas socioambientais Benefícios Início<br />

Captação <strong>de</strong> água <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul Construção <strong>de</strong> infraestrutura para captação <strong>de</strong> água para uso no processo produtivo e higiene 1959<br />

Recomposição da Mata Ciliar <strong>do</strong> Rio Recomposição da mata ciliar em área <strong>de</strong> 128 hectares <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong>, o com o plantio <strong>de</strong> 200 mil mudas <strong>de</strong> plantas 1984<br />

Paraíba <strong>do</strong> Sul<br />

nativas da região.<br />

Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes Tratamento <strong>do</strong>s efluentes líqui<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s pelas Unida<strong>de</strong>s produtivas no <strong>Complexo</strong> antes <strong>do</strong> envio para o Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul 1984<br />

Incineração resíduos hospitalares e 70 toneladas <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> Guaratinguetá são incinera<strong>do</strong>s anualmente pela BASF, mediante parceria com a 1994<br />

laboratoriais municipais<br />

Prefeitura Municipal<br />

Construção da se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Construção da se<strong>de</strong> e aquisição <strong>de</strong> equipamentos, permitin<strong>do</strong> a edução <strong>do</strong>s riscos e impactos, melhoria da infra-estrutura 1995<br />

Bombeiros<br />

municipal para atração <strong>de</strong> novos investimentos. Parceria com a Prefeitura Municipal, Associação Comercial e Industrial <strong>de</strong><br />

Guaratinguetá e Corpo <strong>de</strong> Bombeiros <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

Creche Maria Tavares <strong>de</strong> Mello Construção da unida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r as famílias <strong>do</strong> bairro <strong>do</strong> Engenheiro Neiva 1998<br />

Dia <strong>de</strong> Portas Abertas O relacionamento entre empresa e comunida<strong>de</strong> é aspecto estratégico na gestão ambiental da organização 1998<br />

Centro <strong>de</strong> Deficientes Visuais A<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> espaço, que funciona como ponto <strong>de</strong> apoio à inserção <strong>de</strong> pessoas porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s especiais,<br />

em parceria com a Prefeitura Municipal<br />

1999<br />

Organização <strong>do</strong> Conselho Comunitário Formação <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s principais instrumentos <strong>de</strong> diálogo entre empresa e comunida<strong>de</strong>, forma<strong>do</strong> por representantes <strong>do</strong>s 1999<br />

Consultivo<br />

mora<strong>do</strong>res<br />

Projeto Crescer Bolsa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que contribuem para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong> baixa renda, no momento em que<br />

concluem o ensino médio, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> inicialmente cursos técnicos e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008, direciona<strong>do</strong>s para o<br />

empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo e para o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> ciências, por meio da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências. Parceria: Prefeitura<br />

<strong>de</strong> Guaratinguetá, SEBRAE, Banco REAL, entre outros.<br />

1999<br />

Centro <strong>de</strong> Referência Ambiental Construção <strong>de</strong> área para educação ambiental no Parque Municipal Antero <strong>do</strong>s Santos 2001<br />

Programa <strong>de</strong> Coleta Seletiva (parceria Campanhas <strong>de</strong> conscientização ambiental com estímulos às práticas que permitam a redução <strong>do</strong>s impactos ambientais 2002<br />

Conselho Comunitário Consultivo ) da comunida<strong>de</strong>. Parceria com o Serviço <strong>de</strong> Águas, Esgotos e Resíduos e Cooperativa Amigos <strong>do</strong> Lixo<br />

Programa Gestores Sociais <strong>do</strong> Futuro Curso <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> gestores <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> Guaratinguetá 2004<br />

Avaliação Online da Qualida<strong>de</strong> da Água Parceria com o Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais para o monitormaneto e diagnóstico da qualida<strong>de</strong> da água 2005<br />

<strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul<br />

<strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, contribuin<strong>do</strong> para a gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos<br />

Programa Semente <strong>do</strong> Amanhã Processo <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res municipais <strong>de</strong> 1a. a 4a. série para a abordagem <strong>de</strong> temas ambientais em<br />

parceria com a Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Guaratinguetá, Serviço <strong>de</strong> Águas e Esgotos, Cooperativa Amigos <strong>do</strong> Lixo, Grupo<br />

<strong>de</strong> Apoio e Proteção <strong>aos</strong> Animais, Polícia Militar Ambiental, além <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos (Fehidro).<br />

2005<br />

Programa ReAção Processo <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res municipais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a educação infantil até o final <strong>do</strong> ensino fundamental, para<br />

a abordagem <strong>de</strong> temas relaciona<strong>do</strong>s à ciência em parceria com o Instituto <strong>de</strong> Química da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

2006

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