Livro comemorativo aos 50 anos do Complexo Quimico de ... - Basf
Livro comemorativo aos 50 anos do Complexo Quimico de ... - Basf
Livro comemorativo aos 50 anos do Complexo Quimico de ... - Basf
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
BASF Guaratinguetá<br />
<strong>50</strong> <strong>anos</strong> transforman<strong>do</strong> a química da vida
BASF Guaratinguetá<br />
<strong>50</strong> <strong>anos</strong> transforman<strong>do</strong> a química da vida
BASF Guaratinguetá<br />
<strong>50</strong> <strong>anos</strong> transforman<strong>do</strong> a química da vida
BASF Guaratinguetá<br />
<strong>50</strong> <strong>anos</strong> transforman<strong>do</strong> a química da vida<br />
2009<br />
Comunicação Social da BASF para a América <strong>do</strong> Sul<br />
Diretora Responsável<br />
Gislaine Rossetti (Conrerp 3.249)<br />
Conceito e Coor<strong>de</strong>nação Geral<br />
Vladimir M. Mello e Ivania Palmeira<br />
Pesquisa histórica<br />
Realizada em 1992 pela Iconographia e<br />
atualizada em 2009 pela Ritschel Assessoria <strong>de</strong> Comunicação<br />
Edição<br />
Ritschel Assessoria <strong>de</strong> Comunicação<br />
Eduar<strong>do</strong> Ritschel (Mtb 22.191)<br />
Revisão<br />
Luiz Carlos Car<strong>do</strong>so<br />
Projeto Gráfico<br />
Marcos Cartum e Maria Rosa Juliani<br />
Tratamento <strong>de</strong> imagem<br />
Mai<strong>de</strong>sign<br />
Impressão<br />
Cromossete<br />
Fotografia<br />
Acervo da BASF
Sumário<br />
Apresentação 9<br />
A terra das garças brancas 11<br />
Trajetória da bASf no brasil 23<br />
Fundação da Idrongal<br />
Por que Guaratinguetá?<br />
Formação <strong>do</strong> capital e investimentos<br />
Construção e montagem<br />
Início das operações<br />
Fundação da BASF<br />
Com a palavra, os mestres 49<br />
As transformações <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 90 59<br />
Gestão <strong>de</strong> pessoas<br />
Relacionamento com a comunida<strong>de</strong><br />
Gestão ambiental<br />
Compromisso com a segurança<br />
Grupo bASf no mun<strong>do</strong> 87
Apresentação<br />
Só reconhecemos a verda<strong>de</strong>ira importância <strong>de</strong> um trabalho quan<strong>do</strong> o olhamos em<br />
perspectiva histórica. A celebração <strong>do</strong>s <strong>50</strong> <strong>anos</strong> <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong> Químico da BASF em<br />
Guaratinguetá representa a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer o reconhecimento justo a uma gente<br />
<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> que fez a história e <strong>de</strong>ssa forma colocou nossa empresa em posição <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>staque nesta região, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> a bem-sucedida estratégia <strong>de</strong> atuação da indústria<br />
na América <strong>do</strong> Sul.<br />
Guaratinguetá acolhe o berço da BASF no Brasil, o que <strong>de</strong>termina profun<strong>do</strong>s laços<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mútuo. Hoje, nossas histórias se confun<strong>de</strong>m e se completam,<br />
motivo <strong>de</strong> orgulho <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós. Em <strong>50</strong> <strong>anos</strong>, o caminho foi <strong>de</strong> muito trabalho. Em<br />
cada nova conquista alcançada, percebemos o profun<strong>do</strong> comprometimento da organização<br />
com suas diretrizes estratégicas e com valores muito claros <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />
em relação a seus colabora<strong>do</strong>res, às pessoas da comunida<strong>de</strong> e ao meio ambiente.<br />
Nas próximas páginas <strong>de</strong>ste livro, que <strong>do</strong>cumenta <strong>de</strong> forma muito oportuna<br />
essa história, encontramos um relato sensível e humano da jornada percorrida. São<br />
retratos <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s por personagens que moldaram muito <strong>do</strong> que somos hoje. Mais<br />
<strong>do</strong> que um empreendimento feito <strong>de</strong> fábricas e produtos, tomamos contato com<br />
verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>sbrava<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res que colocaram seu máximo<br />
esforço para tornar real a oportunida<strong>de</strong> para brasileiros <strong>de</strong>sta região <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Impossível enten<strong>de</strong>r nossa realida<strong>de</strong> hoje sem um olhar atento para esse passa<strong>do</strong>.<br />
Eu tenho muito orgulho <strong>de</strong> convidá-los a percorrer conosco esse caminho. Nele, vamos<br />
conhecer o que faz da BASF a principal indústria química <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, transforman<strong>do</strong><br />
a química da vida.<br />
Boa leitura.<br />
Rolf-Dieter Acker<br />
Presi<strong>de</strong>nte da BASF para a América <strong>do</strong> Sul<br />
9
10<br />
Vista <strong>de</strong> Guaratinguetá,<br />
década <strong>de</strong> 60
A terra das garças brancas<br />
Situada numa região que os indígenas chamavam <strong>de</strong> Hepacaré, Guaratinguetá – Terra<br />
das Garças Brancas, em tupi-guarani – tem a história da sua fundação cercada <strong>de</strong><br />
controvérsias.<br />
É, no entanto, consenso entre os pesquisa<strong>do</strong>res que as origens da cida<strong>de</strong> estão inseridas<br />
no ciclo <strong>de</strong> exploração e, mais particularmente, nas incursões <strong>de</strong> Jacques Félix,<br />
o Moço, pelo sertão <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba.<br />
A Jacques Félix, o Velho, fora concedida, em 1628, uma sesmaria (gleba <strong>de</strong> terra<br />
<strong>do</strong>ada pelo representante <strong>do</strong> rei) com algumas “datas <strong>de</strong> terras” no sertão <strong>do</strong> rio<br />
Paraíba. Sen<strong>do</strong> ele verea<strong>do</strong>r em São Paulo, coube a seu neto e homônimo ocupar a<br />
terra e promover seu povoamento. Surgia assim a Vila <strong>de</strong> São Francisco das Chagas<br />
<strong>de</strong> Taubaté, o primeiro núcleo urbano vale-paraibano, que se constituiria no centro<br />
irradia<strong>do</strong>r da ocupação <strong>de</strong> toda a região.<br />
Atribui-se a Jacques Félix, o Moço, funda<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Taubaté, a construção da capela<br />
<strong>de</strong> Santo Antonio, no alto <strong>do</strong> outeiro, em 1630, ao re<strong>do</strong>r da qual viria crescer o povoamento<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />
11
12<br />
Em 1641, Manoel João Branco obtém<br />
<strong>do</strong> Rei Afonso VI “uma data <strong>de</strong> onze<br />
léguas <strong>de</strong> terra em quadra” na região <strong>de</strong><br />
Guaratinguetá. 1<br />
Dois <strong>anos</strong> mais tar<strong>de</strong>, em 1643, o<br />
capitão Domingos Luiz Leme requereu<br />
e obteve, <strong>do</strong> capitão-mor Francisco da<br />
Fonseca Falcão, uma sesmaria nos “sertões<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá”. 2<br />
Não se po<strong>de</strong> afirmar, porém, que a ocupação<br />
das terras tenha ocorri<strong>do</strong> imediatamente<br />
após as concessões, razão pela qual<br />
se ten<strong>de</strong> a consi<strong>de</strong>rar Álvaro Rodrigues o<br />
primeiro mora<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Guaratinguetá. Seu<br />
estabelecimento na região se <strong>de</strong>u em data<br />
ignorada, mas há indícios <strong>de</strong> que tenha<br />
ocorri<strong>do</strong> antes <strong>de</strong> 1644.<br />
Conforme <strong>do</strong>cumentos oficiais, naquele<br />
ano instala-se em Guaratinguetá João<br />
<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> Martins, com sua família. No seu<br />
pedi<strong>do</strong>, solicita à <strong>do</strong>natária, D. Mariana<br />
<strong>de</strong> Souza Guerra, Con<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong> Vimieiro,<br />
que lhe conceda “meia légua <strong>de</strong> terras<br />
em Guaratinguetá, partin<strong>do</strong> com Álvaro<br />
Rodrigues rio acima corren<strong>do</strong> o mesmo<br />
rumo Lesueste (margem <strong>do</strong> Paraíba), duas<br />
léguas <strong>do</strong> que receberá mercê, entenda-se<br />
meia légua <strong>de</strong> terras rumo direito com todas<br />
as pontas que <strong>de</strong>scerem ao rio...” 3<br />
“Dou as terras que o suplicante pe<strong>de</strong><br />
em nome da dita senhora D. Mariana, e<br />
<strong>de</strong>las passo-lhe carta na forma que requer.<br />
São Francisco da Chapas, <strong>aos</strong> 20 dias <strong>de</strong><br />
julho <strong>de</strong> 1644 <strong>anos</strong>. Jacques Félix.” 4<br />
O que se tem <strong>de</strong> certo é que, a 13 <strong>de</strong><br />
fevereiro <strong>de</strong> 1651, Domingos Luiz Leme<br />
consegue a elevação <strong>do</strong> pequeno povoa<strong>do</strong><br />
à condição <strong>de</strong> vila.<br />
Sen<strong>do</strong> zona <strong>de</strong> passagem às Minas<br />
Gerais e sem nenhum interesse direto<br />
para a Metrópole, a vila, assim como<br />
toda a região valeparaibana, vive da<br />
economia <strong>de</strong> subsistência manten<strong>do</strong><br />
apenas um rudimentar comércio <strong>de</strong><br />
beira <strong>de</strong> estrada. O exce<strong>de</strong>nte é negocia<strong>do</strong><br />
com minera<strong>do</strong>ras e viajantes em<br />
troca <strong>de</strong> sal, teci<strong>do</strong>s e instrumentos<br />
para a lavoura.<br />
A população, bastante rarefeita, estabelece-se<br />
ao re<strong>do</strong>r da vila e ao longo <strong>do</strong>s<br />
caminhos que levam às minas e ao mar.<br />
A estrutura profissional – pre<strong>do</strong>minantemente<br />
agrícola – é caracterizada<br />
pela ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s membros das pequenas<br />
e pobres famílias que tiram da terra<br />
o seu próprio sustento.<br />
Ainda na segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século<br />
XVII, com a <strong>de</strong>scoberta das minas <strong>de</strong><br />
1 PASIN, José Luiz – O povoamento das terras e sertões <strong>de</strong> Guaratinguetá. Monografia. Série Guaratinguetá<br />
História X. Museu Frei galvão, s/d<br />
2 HERMANN, Lucila – Evolução da estrutura social <strong>de</strong> Guaratinguetá num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trezentos <strong>anos</strong>.<br />
Edição fac-similar. São Paulo, IPE/USP, 1986. p. 16.<br />
3 HERMANN, Lucila - Evolução da estrutura social <strong>de</strong> Guaratinguetá num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trezentos <strong>anos</strong>.<br />
Edição fac-similar. São Paulo, IPE/USP, 1986. p. 16.<br />
4 PASIN, José Luiz - op. cit.
ouro <strong>do</strong>s Cataguás (MG), é <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada<br />
uma marcha minera<strong>do</strong>ra que, até<br />
os princípios <strong>do</strong> século XVIII, vai <strong>de</strong>terminar<br />
a evolução urbana <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />
Paraíba. As vilas se transformam em<br />
verda<strong>de</strong>iras bases <strong>de</strong> abastecimento <strong>do</strong>s<br />
sertões mineiros, com as áreas rurais<br />
produzin<strong>do</strong> suprimentos e os núcleos<br />
urb<strong>anos</strong> fornecen<strong>do</strong> mão <strong>de</strong> obra.<br />
O ouro é transporta<strong>do</strong> pelo caminho<br />
que liga Guaratinguetá às outras vilas<br />
<strong>do</strong> vale, através da Freguesia <strong>do</strong> Facão<br />
(Cunha), chegan<strong>do</strong> a Paraty, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>,<br />
por via marítima, é embarca<strong>do</strong> para o<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro ou mesmo, diretamente<br />
para a Europa.<br />
Guaratinguetá representava, então,<br />
importante ponto <strong>de</strong> ligação <strong>do</strong>s que seguiam<br />
às gerais. Na primeira década <strong>do</strong><br />
século XVIII, porém, eclo<strong>de</strong> a Guerra<br />
<strong>do</strong>s Emboabas entre paulistas e forasteiros<br />
instala<strong>do</strong>s nas Minas.<br />
A guerra, juntamente com outros<br />
fatores, contribui para o fechamento <strong>do</strong><br />
porto <strong>de</strong> Paraty e da entrada para Minas<br />
Gerais pelo Vale <strong>do</strong> Paraíba. Por <strong>de</strong>terminação<br />
real, a comunicação com a<br />
Metrópole passa a ser feita unicamente<br />
pelo porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Em 1702 havia si<strong>do</strong> concluída a<br />
abertura <strong>de</strong> um novo acesso que, partin<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Nova Iguaçu, seguia direto até<br />
Paraíba <strong>do</strong> Sul e daí alcançava Minas.<br />
Era um caminho mais curto, que permitia<br />
maior controle fiscal sobre a saída <strong>do</strong><br />
ouro, fato que <strong>de</strong>terminou a sua abertura<br />
e, ainda, evitava a ação <strong>de</strong> piratas, muito<br />
freqüentes no litoral <strong>de</strong> Paraty.<br />
Coma <strong>de</strong>terminação real, o “caminho<br />
novo”, como era chama<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixara<br />
<strong>de</strong> ser uma alternativa, para se constituir<br />
no único acesso permiti<strong>do</strong> para as Minas<br />
Gerais. Se por um la<strong>do</strong>, essa medida beneficiou<br />
a mineração, por outro representou<br />
um hiato no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das vilas valeparaibanas que haviam encontra<strong>do</strong><br />
no movimento minera<strong>do</strong>r um<br />
meio <strong>de</strong> afirmação econômica.<br />
Apesar das consequências benéficas<br />
trazidas pelo ciclo da mineração, muito<br />
poucas alterações significativas se fizeram<br />
sentir na região, cujo po<strong>de</strong>r econômico<br />
está nas mãos <strong>do</strong>s senhores <strong>de</strong> terras<br />
e, no plano político, é monopólio <strong>do</strong>s<br />
capitães-mores, representantes locais da<br />
Coroa portuguesa.<br />
A concentração <strong>de</strong> população jovem<br />
é gran<strong>de</strong>, mas ainda se verifica certo<br />
conformismo com as técnicas e estilo<br />
<strong>de</strong> comportamento <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>corren<strong>do</strong><br />
daí uma lentidão na mudança<br />
<strong>do</strong>s padrões culturais, que permanecem<br />
praticamente inaltera<strong>do</strong>s até fins <strong>do</strong> século<br />
XVIII.<br />
Por volta <strong>de</strong> 1775 é introduzida a<br />
cultura da cana-<strong>de</strong>-açúcar. Tem início a<br />
transição da economia <strong>de</strong> subsistência<br />
para a <strong>do</strong>s engenhos, o que se processa<br />
<strong>de</strong> forma rápida marcada pelo caráter <strong>de</strong><br />
substituição voluntária. Não se tratava<br />
da a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> uma nova ativida<strong>de</strong> econômica<br />
imposta pelo esgotamento da ante-<br />
13
Aquarela <strong>de</strong> J. B. Debret<br />
retrata Guaratinguetá<br />
em 1820<br />
rior, como se observará nos subsequentes<br />
ciclos <strong>do</strong> café e da economia mista.<br />
A chegada <strong>do</strong>s canaviais e <strong>do</strong>s engenhos<br />
marca a entrada maciça da mão<br />
<strong>de</strong> obra escrava, fazen<strong>do</strong> surgir as casasgran<strong>de</strong>s<br />
e o patriarcalismo rural 5 .<br />
Ao la<strong>do</strong> da lavoura <strong>de</strong> subsistência,<br />
que supria as necessida<strong>de</strong>s da terra e da<br />
população da vila, implanta-se então a<br />
agricultura <strong>de</strong> exploração comercial, visan<strong>do</strong><br />
ao abastecimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s e à<br />
acumulação <strong>de</strong> capitais. A produção <strong>de</strong><br />
açúcar aumenta rapidamente e, além <strong>do</strong><br />
suprimento regional, começa a ter boa<br />
acolhida nos merca<strong>do</strong>s da Corte.<br />
O comércio com outros centros<br />
possibilita contatos econômicos e sociais<br />
que concorrem para profundas transformações<br />
nos padrões culturais e <strong>de</strong><br />
comportamento <strong>do</strong>s habitantes da vila.<br />
Forma-se uma aristocracia rural, <strong>do</strong>minante<br />
econômica e socialmente.<br />
“Des<strong>de</strong> a nossa partida <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, notamos aqui as primeiras vidraças,<br />
que no interior <strong>do</strong> Brasil sempre<br />
significam abastança e até mesmo luxo...”,<br />
observariam Spix e Martius, respectivamente,<br />
zoólogo e botânico alemães em<br />
missão científica no Brasil, ao passarem<br />
por Guaratinguetá em 1817.<br />
Se em <strong>anos</strong> anteriores vinham da<br />
Corte somente o sal, a pólvora e teci<strong>do</strong>s<br />
mo<strong>de</strong>stos, o mesmo já não se verifica no<br />
ciclo <strong>do</strong>s engenhos. O Levantamento <strong>de</strong><br />
1798 (quantificação oficial <strong>do</strong>s aspectos<br />
populacionais e econômicos da colônia)<br />
registra a importação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias finas<br />
tais como peças <strong>de</strong> linho, fazendas<br />
5 VIANA, Oliveira - Populações meridionais <strong>do</strong> Brasil, p. 26, nota Saint-hilaire, Voyages, p. 497.
<strong>de</strong> lã e algodão, meias <strong>de</strong> seda e chapéus.<br />
Verifica-se ainda, nesse perío<strong>do</strong>, a intensificação<br />
das profissões artesanais e<br />
comerciais, necessárias para aten<strong>de</strong>r ao<br />
luxo das elites.<br />
No Levantamento <strong>de</strong> 1805, além<br />
daqueles produtos, existem referências<br />
às importações <strong>de</strong> linho da Bretanha,<br />
azeite <strong>do</strong>ce, vinhos, vinagre e papel. As<br />
lojas da vila se abastecem com gran<strong>de</strong>s<br />
varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias e as negras<br />
mais habili<strong>do</strong>sas aprimoram suas artes.<br />
Aumenta a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ren<strong>de</strong>iras,<br />
borda<strong>de</strong>iras, costureiras e sapateiros.<br />
Armand Julien Pallière, pintor e <strong>de</strong>senhista<br />
francês que fixou residência no<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, nos dá uma i<strong>de</strong>ia bastante<br />
clara <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />
em 1821: “... tem uma venda, casa em<br />
que se ven<strong>de</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que em Paris é<br />
vendi<strong>do</strong> por um merceeiro ou um merca<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong> vinho...”<br />
As novas exigências revelam a ineficiência<br />
das velhas estruturas. Surgem<br />
as classes sociais, alargam-se as famílias,<br />
reduz-se o monopólio das funções jurídico-administrativas<br />
e <strong>de</strong>cresce a asfixia<br />
<strong>do</strong> controle religioso, surgin<strong>do</strong> os “Becos<br />
<strong>do</strong>s Prazeres”, a promiscuida<strong>de</strong> das senzalas,<br />
a miscigenação racial em larga escala,<br />
o luxo nos vestuários.<br />
“As sinhás das casas-gran<strong>de</strong>s, <strong>do</strong>s<br />
engenhos, proprieda<strong>de</strong>s rurais e da vila,<br />
trocam suas longas saias <strong>de</strong> baba<strong>do</strong>s, fei-<br />
6 HERMANN, Lucila - op. cit., p. 56.<br />
tas <strong>de</strong> pano <strong>de</strong> algodão, chita e baeta, pelos<br />
tufos <strong>de</strong> rendas, saí<strong>do</strong>s da habilida<strong>de</strong><br />
negra, ou pelas amplas saias rodadas<br />
<strong>de</strong> seda, sob cujas barras sobressaem os<br />
franzi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> rendas das anáguas. Muito<br />
diferente, sem dúvida, <strong>do</strong> quadro que a<br />
pastoral religiosa <strong>do</strong> ciclo anterior pintava<br />
com as cores negras da excomunhão,<br />
para as pobres mulherzinhas que ‘usavam<br />
saias tão curtas que se lhes viam os<br />
artelhos <strong>do</strong>s pés’ ou aquelas abomináveis<br />
‘saias em forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>grau <strong>de</strong> sepulcro,<br />
aparecen<strong>do</strong> a mais anterior, nova moda<br />
que com escândalo <strong>de</strong> toda a modéstia e<br />
honestida<strong>de</strong> tem entreti<strong>do</strong> o <strong>de</strong>mônio’.” 6<br />
Guaratinguetá evolui econômica,<br />
social e culturalmente, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> valores<br />
que proporcionam a seus habitantes<br />
a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar e superar os<br />
rígi<strong>do</strong>s padrões <strong>do</strong> ciclo minera<strong>do</strong>r.<br />
Os primeiros <strong>anos</strong> <strong>do</strong> século XIX<br />
registram, no entanto, sensível queda<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> açucareiro que, embora em<br />
baixa, continuaria sen<strong>do</strong> a principal fonte<br />
<strong>de</strong> receita <strong>de</strong> Guaratinguetá até seu<br />
colapso total. Em 1836 as exportações<br />
<strong>do</strong> açúcar seriam amplamente superadas<br />
pelas <strong>do</strong> café, cujo cultivo alcançara<br />
o Vale <strong>do</strong> Paraíba por volta <strong>de</strong> 1805.<br />
Ao contrário da cana, que fora cultivada<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início nas gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s,<br />
o café invadiu primeiro as<br />
pequenas e, só <strong>aos</strong> poucos, foi sen<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong><br />
nas maiores sob a forma <strong>de</strong><br />
15
16<br />
cultura mista. Afinal, os pequenos proprietários,<br />
que não haviam se beneficia<strong>do</strong><br />
diretamente com a prosperida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
açúcar, eram menos resistentes à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
uma nova cultura na região. Além disso,<br />
vislumbravam possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ganhos<br />
sem os vultosos investimentos em<br />
equipamentos e benfeitorias exigi<strong>do</strong>s na<br />
montagem <strong>do</strong>s engenhos.<br />
“Ambrósio Fernan<strong>de</strong>s Brandão, autor<br />
<strong>do</strong>s Diálogos das gran<strong>de</strong>zas <strong>do</strong> Brasil<br />
(1618), afirma-nos que um bom engenho<br />
<strong>de</strong>veria contar, no mínimo, com<br />
cinquenta escravos, quinze juntas <strong>de</strong><br />
bois, além <strong>de</strong> muita lenha e dinheiro.” 7<br />
A prosperida<strong>de</strong> trazida pelo café intensifica<br />
a entrada <strong>de</strong> imigrantes vin<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> outros pontos <strong>do</strong> país e mesmo da<br />
Europa. Expan<strong>de</strong>-se a cida<strong>de</strong> e acentuase<br />
o povoamento das áreas rurais, em<br />
<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> novas e concorridas ocupações<br />
da terra, com lavouras se <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong><br />
ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os caminhos<br />
que saem da cida<strong>de</strong>.<br />
Auguste <strong>de</strong> Saint-Hilaire, naturalista<br />
francês <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à botânica, em<br />
viagem realizada em 1822 <strong>de</strong> Lorena a<br />
Guaratinguetá, relata: “... <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lugar <strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> partimos, até aqui, viam-se muitas<br />
casas, à direita e esquerda <strong>do</strong> caminho...”.<br />
Com a expansão <strong>do</strong>s cafezais, Guaratin<br />
guetá volta a enriquecer. Forma-se nova<br />
elite rural, agora com gran<strong>de</strong> influ-<br />
ência política, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> seu prestígio<br />
por to<strong>do</strong> país. Durante o ciclo cafeeiro<br />
nasce, em 1848, o seu filho mais ilustre,<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula Rodrigues Alves, eleito<br />
duas vezes presi<strong>de</strong>nte da República.<br />
O comércio com o exterior se intensifica,<br />
registran<strong>do</strong> expressivos superávits.<br />
As exportações se multiplicam, superan<strong>do</strong><br />
em muito as importações que,<br />
além <strong>de</strong> altas, tendiam cada vez mais à<br />
sofisticação, pois era gran<strong>de</strong> o luxo e a<br />
ostentação da aristocracia cafeeira. O<br />
país, agora in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e com seus<br />
portos abertos, intensificava o comércio<br />
com o mun<strong>do</strong> e Guaratinguetá consome<br />
couro <strong>de</strong> lontra da Rússia, arreios com<br />
chinelas <strong>de</strong> ouro e prata, cartolas, vinhos<br />
finos e outras especiarias, além <strong>do</strong> tradicional<br />
bacalhau.<br />
A socieda<strong>de</strong> apresentava-se mais<br />
complexa e oferece maior mobilida<strong>de</strong><br />
em sua estrutura. Além das quatro<br />
classes <strong>de</strong>finidas no ciclo açucareiro –<br />
gran<strong>de</strong>s proprietários, foreiros (agricultores<br />
que cultivam em terras cedidas<br />
temporariamente por terceiros) e escravos<br />
– gravitam em torno <strong>de</strong>las gran<strong>de</strong><br />
número <strong>de</strong> indivíduos exercen<strong>do</strong> outras<br />
ativida<strong>de</strong>s.<br />
A lavoura <strong>do</strong> café oferece às classes<br />
inferiores, por exemplo, a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cultivo em terra alheia, cuja produção<br />
é escoada no comércio <strong>de</strong> beira <strong>de</strong><br />
7 MENDES JR., Antonio, RONCARI, Luiz e MARANHÃO, Ricar<strong>do</strong> - Brasil História - Texto e Consulta<br />
- Colônia. 2ª edição. São Paulo, Brasiliense, 1977, p. 100.
estrada, agora florescente. Mesmo sem<br />
beneficiamento, o café era um produto<br />
<strong>de</strong> venda certa, que <strong>de</strong>mandava baixíssimo<br />
investimento.<br />
Nas áreas rurais, outros fatores favorecem<br />
essa mobilida<strong>de</strong>: a policultura, o<br />
plantio e beneficiamento <strong>do</strong> algodão e o<br />
próprio cultivo da cana. Na zona urbana,<br />
os caminhos da ascensão social estavam<br />
representa<strong>do</strong>s pelo artesanato, pequeno<br />
comércio ou pesca.<br />
A década <strong>de</strong> 1840 foi marcada, no<br />
Brasil, por uma sucessão <strong>de</strong> lutas <strong>de</strong> acentua<strong>do</strong><br />
espírito liberal. No Sul, a revolta<br />
<strong>do</strong>s Farroupilhas. No Norte, a Balaiada<br />
e, no Nor<strong>de</strong>ste, a Revolução Praieira.<br />
Em São Paulo eclo<strong>de</strong>, no ano <strong>de</strong><br />
1842, a Revolução Liberal, que teve no<br />
Vale <strong>do</strong> Paraíba uma frente <strong>de</strong> violentos<br />
combates. Terminan<strong>do</strong> o levante com a<br />
<strong>de</strong>rrota <strong>do</strong>s liberais paulistas, é baixa<strong>do</strong><br />
um <strong>de</strong>creto imperial <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong><br />
“que os municípios <strong>de</strong> Cunha, Bananal,<br />
Areias, Queluz, Silveira, Lorena e Guara<br />
tinguetá fiquem <strong>de</strong>sanexa<strong>do</strong>s da Província<br />
<strong>de</strong> São Paulo, e incorpora<strong>do</strong>s à <strong>do</strong><br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, enquanto durarem as circunstâncias<br />
que tornam indispensáveis<br />
esta providência”. 8<br />
Essa medida durou pouco mais <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>is meses, sen<strong>do</strong> revogada em 29 <strong>de</strong><br />
agosto <strong>de</strong> 1842 e, excetuan<strong>do</strong> os saques<br />
8 MAIA, Tom - Quan<strong>do</strong> Guaratinguetá foi fluminense.<br />
Monografia. Série Guaratinguetá História<br />
XXV. Museu Frei Galvão, s/d.<br />
promovi<strong>do</strong>s pelas tropas imperiais, que<br />
muito constrangeram a população, nada<br />
representou no <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />
da região.<br />
Guaratinguetá prospera e, com o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s comerciais,<br />
expan<strong>de</strong> sua população urbana. Em<br />
1844, pouco mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is séculos após a<br />
instalação <strong>do</strong> seu primeiro mora<strong>do</strong>r, a<br />
vila é elevada à condição <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.<br />
No ciclo canavieiro, as distâncias e o<br />
esta<strong>do</strong> precário <strong>do</strong>s acessos, provocavam<br />
certo isolamento das proprieda<strong>de</strong>s agrícolas,<br />
que viviam quase exclusivamente<br />
<strong>do</strong>s seus próprios recursos. Produzin<strong>do</strong><br />
Centro <strong>de</strong> Guaratinguentá<br />
Década <strong>de</strong> 60<br />
17
18<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> alimentos até utensílios, as casasgran<strong>de</strong>s<br />
eram o centro <strong>de</strong> produção – e<br />
consumo – da gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens<br />
necessários ao seu funcionamento.<br />
O café, agora no apogeu, traz o primeiro<br />
incentivo ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
urbano, com fazen<strong>de</strong>iros construin<strong>do</strong><br />
sobra<strong>do</strong>s resi<strong>de</strong>nciais na cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />
passam parte <strong>do</strong> seu tempo, sobretu<strong>do</strong><br />
por ocasião das festas religiosas. Essas<br />
casas marcariam, ainda nos primórdios<br />
<strong>do</strong> século XX, a área resi<strong>de</strong>ncial mais luxuosa<br />
da cida<strong>de</strong>.<br />
Intensificam-se a vida social e cultural<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá, aumentan<strong>do</strong> o<br />
número <strong>de</strong> escolas e fazen<strong>do</strong> surgir clubes<br />
literários e recreativos. No âmbito<br />
administrativo, seus reflexos se fariam<br />
sentir no melhor atendimento às <strong>de</strong>mandas<br />
sociais e remo<strong>de</strong>lação <strong>do</strong>s serviços<br />
públicos que, ao que parece, muito<br />
se faziam necessários. Augusto Emílio<br />
Zaluar, escritor nasci<strong>do</strong> em Portugal e<br />
aqui radica<strong>do</strong>, <strong>de</strong> passagem pela cida<strong>de</strong><br />
em 1860, observou que “... as necessida<strong>de</strong>s<br />
mais urgentes <strong>do</strong> lugar são: primeiro<br />
<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, a construção <strong>de</strong> um chafariz,<br />
pois que to<strong>do</strong>s bebem ali unicamente a<br />
água <strong>do</strong> rio Paraíba...”.<br />
Em 1877 é inaugurada a linha Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro-São Paulo da Estrada <strong>de</strong> Ferro<br />
Central <strong>do</strong> Brasil. Para aten<strong>de</strong>r principalmente<br />
ao escoamento da produção<br />
<strong>de</strong> café, exportan<strong>do</strong> pelo porto <strong>do</strong> Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, três estações são construídas<br />
no município: Guaratinguetá, Roseira e<br />
Aparecida, as duas últimas ainda distritos<br />
guaratinguetaenses.<br />
A ligação mais fácil com São Paulo e<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, somada às facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
transporte interno, por meio da instalação<br />
da linha <strong>de</strong> bon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá a<br />
Aparecida em 1898, dinamiza ainda mais<br />
a vida comercial e social da cida<strong>de</strong>.<br />
A velha vila, agora emancipada, estampa<br />
o seu charme e elegância nas fachadas<br />
<strong>de</strong> seus casarões e nas roupas <strong>de</strong><br />
suas mulheres. Pela primeira vez em sua<br />
história, assume importância maior que<br />
as áreas rurais, praticamente igualan<strong>do</strong><br />
sua população à <strong>do</strong> campo.<br />
A cida<strong>de</strong> assiste ainda, no ciclo cafeeiro,<br />
ao surgimento <strong>do</strong> seu primeiro jornal<br />
– O Mosaico, funda<strong>do</strong> em 1858 -, <strong>do</strong><br />
Parti<strong>do</strong> Republicano, em 1880, e <strong>do</strong> núcleo<br />
colonial <strong>do</strong> Piaguí, uma colônia implantada<br />
em 1892, <strong>de</strong>stinada ao assentamento<br />
<strong>de</strong> imigrantes estrangeiros.<br />
Embora se verifique nesse perío<strong>do</strong><br />
um incremento da ativida<strong>de</strong> econômica,<br />
segui<strong>do</strong> da a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> novos hábitos <strong>de</strong><br />
comportamento, o ciclo <strong>do</strong> café é caracteriza<strong>do</strong>,<br />
<strong>de</strong> forma mais acentuada, pela<br />
consolidação <strong>do</strong>s padrões esboça<strong>do</strong>s,<br />
ainda, no ciclo canavieiro.<br />
A partir <strong>do</strong> final da década <strong>de</strong> 1880,<br />
as exportações <strong>do</strong> café valeparaibano<br />
começam a entrar em <strong>de</strong>clínio. O esgotamento<br />
da terra, a abolição da escravatura<br />
e a competição com novas áreas<br />
cafeeiras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo concorrem<br />
para a aceleração <strong>de</strong>sse processo.
O Censo <strong>de</strong> 1920 mostra uma clara pre<strong>do</strong>minância<br />
<strong>do</strong> café, porém <strong>de</strong>ixa entrever<br />
uma forte tendência à pecuária.<br />
Durante to<strong>do</strong> ciclo cafeeiro, a agricultura<br />
mista se impôs como uma necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> abastecimento das fazendas<br />
para alimentação <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s contingentes<br />
<strong>de</strong> escravos. A partir da segunda<br />
década <strong>do</strong> século XX, entretanto, ela começa<br />
a se estabelecer como alternativa<br />
econômica.<br />
Praticamente meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtores<br />
rurais <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, inclusive<br />
os <strong>de</strong> Guaratinguetá, aban<strong>do</strong>na, ou ainda,<br />
associa, conforme a região, outras<br />
lavouras à <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte cultura <strong>do</strong> café.<br />
Plantam-se arroz, milho, feijão, tabaco,<br />
cana e, principalmente, cria-se ga<strong>do</strong>, o<br />
que vai <strong>de</strong>terminar a transformação <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s cafezais em áreas <strong>de</strong><br />
pastagens.<br />
Mais uma vez a nova tendência é<br />
aceita primeiro pelos pequenos proprietários,<br />
que não haviam atingi<strong>do</strong>,<br />
com o café, uma condição <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança<br />
econômico-social.<br />
Já se observa, no entanto, que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
urbano exerce maior<br />
atração sobre os estrangeiros e brasileiros<br />
vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> outras regiões. De 1934<br />
a 1940 registra-se queda <strong>do</strong> número <strong>de</strong><br />
habitantes. A população urbana mantém-se<br />
praticamente estável (15.169 pessoas<br />
em 1934 contra 15.365 em 1940),<br />
enquanto a rural, nesse mesmo perío<strong>do</strong>,<br />
apresenta sensível queda (<strong>de</strong> 15.184<br />
para 13.9<strong>50</strong> habitantes), apesar da afluência<br />
<strong>de</strong> mineiros e fluminenses atraí<strong>do</strong>s<br />
pela pecuária. Os estrangeiros que chegam<br />
instalam-se, quase exclusivamente,<br />
na área urbana. São sírios, alemães,<br />
itali<strong>anos</strong>, portugueses e espanhóis, entre<br />
outros.<br />
Por três séculos Guaratinguetá assistiu<br />
à pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong> regime familiar<br />
<strong>de</strong> produção. No ciclo da economia<br />
<strong>de</strong> subsistência os recursos e o produto<br />
da terra eram suficientes para o sustento<br />
da família e da proprieda<strong>de</strong>, nos mol<strong>de</strong>s<br />
da simplicida<strong>de</strong> econômica <strong>do</strong> ambiente<br />
social. No ciclo <strong>do</strong>s engenhos e em gran<strong>de</strong><br />
parte <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> café, o luxo inva<strong>de</strong><br />
Guaratinguetá, mas as proprieda<strong>de</strong>s<br />
agrícolas, firmadas sob o regime escravocrata,<br />
produziam quase tu<strong>do</strong> o que<br />
era necessário para o seu abastecimento.<br />
As fazendas eram unida<strong>de</strong>s isoladas e<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
A agonia da lavoura cafeeira <strong>de</strong>termina<br />
a substituição <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> economia<br />
<strong>de</strong> autosuficiência pelo intervencionismo<br />
<strong>do</strong> governo, por meio <strong>do</strong><br />
estabelecimento <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crédito e,<br />
posteriormente, pelo controle <strong>do</strong> preço<br />
e da produção. Ao mesmo tempo, a<br />
chegada da indústria à área urbana exige<br />
um sistema capitalista e <strong>de</strong> empresas<br />
coletivas, caracterizadas pela tecnologia<br />
que, substituin<strong>do</strong> a força humana pela<br />
mecanização, colocam o capital acumula<strong>do</strong><br />
à disposição <strong>de</strong> diversos processos<br />
<strong>de</strong> produção.<br />
19
Bon<strong>de</strong> ligava Guaratinguetá<br />
a Aparecida. Na foto, ao<br />
fun<strong>do</strong>, Igreja Matriz <strong>de</strong> Santo<br />
Antônio, na década <strong>de</strong> 60<br />
20<br />
O sistema <strong>de</strong> companhia penetra<br />
também nas áreas rurais, embora com<br />
menor intensida<strong>de</strong>. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamento<br />
estimula o surgimento <strong>de</strong><br />
bancos e cooperativas <strong>de</strong> crédito.<br />
Com a implantação da pecuária em<br />
larga escala, Guaratinguetá assiste a uma<br />
nova alteração na estrutura das proprieda<strong>de</strong>s<br />
rurais. As técnicas da economia<br />
cria<strong>do</strong>ra exigem menos mão <strong>de</strong> obra. O<br />
homem, chefe <strong>de</strong> família, é a única força<br />
<strong>de</strong> trabalho necessária. Prioriza-se o<br />
solteiro ou o casal sem filhos, alteran<strong>do</strong><br />
mais uma vez o próprio mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> família.<br />
Registra-se, ainda, gran<strong>de</strong> êxo<strong>do</strong><br />
rural, com famílias inteiras se <strong>de</strong>slocan-<br />
<strong>do</strong> para as novas áreas <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> café,<br />
no próprio Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Na zona<br />
urbana, essa alteração é evi<strong>de</strong>nciada pela<br />
acelerada supressão das ativida<strong>de</strong>s artesanais,<br />
que agora sofrem a concorrência<br />
<strong>do</strong>s produtos industrializa<strong>do</strong>s.<br />
Nas duas últimas décadas <strong>do</strong> século<br />
XIX, já começava a se <strong>de</strong>linear a<br />
tendência industrial <strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />
Registros <strong>de</strong> 1890 indicam a existência<br />
<strong>de</strong> 20 estabelecimentos que fabricavam<br />
tijolos, pedras artificiais, artigos <strong>de</strong> couro,<br />
colchões, joias etc. As próprias características<br />
<strong>do</strong>s produtos levam a supor<br />
uma total ausência, ou ainda um baixíssimo<br />
grau <strong>de</strong> mecanização. É certo, porém,<br />
que os méto<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s já se<br />
distinguiam <strong>do</strong>s processos artesanais <strong>de</strong><br />
produção.<br />
A edição <strong>de</strong> 1904 <strong>do</strong> Anuário <strong>de</strong><br />
Guaratinguetá assinala a existência <strong>de</strong> 13<br />
instalações fabris. Se por um la<strong>do</strong> houve<br />
a queda <strong>do</strong> número <strong>de</strong> estabelecimentos,<br />
por outro se observa o surgimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />
que utilizam sistemas mecaniza<strong>do</strong>s.<br />
São, entre outras, fábricas <strong>de</strong> alimentos<br />
e máquinas <strong>de</strong> beneficiar café.<br />
A partir daí, a mecanização se impõe<br />
<strong>de</strong> forma em prece<strong>de</strong>ntes, quer na<br />
zona rural, que na urbana. Entre 1910 e<br />
1920 são instaladas duas gran<strong>de</strong>s tecelagens.<br />
Em 1925 já eram 79 indústrias em<br />
operação na cida<strong>de</strong>. Em 1938, esse número<br />
se eleva para 102, com marcante<br />
presença <strong>do</strong> imigrante europeu nos<br />
empreendimentos.
Cresce a massa <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res emprega<strong>do</strong>s<br />
em Guaratinguetá. Nenhum<br />
<strong>do</strong>s ciclos anteriores havia registra<strong>do</strong><br />
tamanha concentração <strong>de</strong> trabalho urbano.<br />
Para se ter uma idéia, uma única<br />
indústria empregava, por volta <strong>de</strong> 1938,<br />
cerca <strong>de</strong> 1.400 operários. Consta que<br />
essa empresa, Companhia <strong>de</strong> Teci<strong>do</strong>s<br />
e Fiação <strong>de</strong> Guaratinguetá, teria realiza<strong>do</strong>,<br />
nesse ano, a primeira exportação<br />
<strong>de</strong> manufatura<strong>do</strong>s da história da cida<strong>de</strong>:<br />
10 mil cobertores encomenda<strong>do</strong>s pela<br />
Espanha.<br />
Os da<strong>do</strong>s oficiais registraram queda<br />
<strong>do</strong> número <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s fabris em 19<strong>50</strong> 9<br />
9 92 indústrias. Censo Industrial: Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 19<strong>50</strong>.<br />
10 72 indústrias. recenseamento Geral <strong>de</strong> 1960.<br />
e 1960 10 , porém evi<strong>de</strong>nciam maior soli<strong>de</strong>z<br />
<strong>do</strong> parque industrial da cida<strong>de</strong>, que<br />
passa a ser opção <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> empresas que ali se instalam<br />
para produzir <strong>de</strong> minerais não metálicos<br />
a produtos químicos.<br />
Inúmeros fatores contribuíram para<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento da economia urbana.<br />
Mas, sem dúvida alguma, a expansão e<br />
diversificação <strong>do</strong> comércio, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>do</strong>s transportes urb<strong>anos</strong>, a ampliação<br />
das oportunida<strong>de</strong>s para as profissões<br />
liberais e burocráticas e, principalmente,<br />
a indústria, <strong>de</strong>terminaram a vocação <strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />
21
22<br />
Vista aérea <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong> Químico <strong>de</strong><br />
Guaratingeutá – década <strong>de</strong> 80
Trajetória da bASf no brasil<br />
Em Guaratinguetá está localiza<strong>do</strong> o principal parque industrial da BASF na América<br />
Latina, ocupan<strong>do</strong> uma área total <strong>de</strong> 382 hectares, sen<strong>do</strong> 39 hectares <strong>de</strong> área construída<br />
e urbanizada, 90 hectares urbanizáveis e 188 hectares <strong>de</strong> área <strong>de</strong> preservação<br />
ambiental.<br />
Nesse complexo, on<strong>de</strong> trabalham cerca <strong>de</strong> 1.<strong>50</strong>0 pessoas em 13 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção,<br />
são fabrica<strong>do</strong>s mais <strong>de</strong> 1.<strong>50</strong>0 produtos diferentes.<br />
A trajetória da BASF em Guaratinguetá teve início há <strong>50</strong> <strong>anos</strong>, mas a história das<br />
relações da empresa com o Brasil remonta ao final <strong>do</strong> século XIX.<br />
Ainda sob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Badische Anilin & Soda Fabrik, iniciais da BASF,<br />
a empresa efetuava negócios com o país <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1890, ano em que 0,1% <strong>do</strong> seu faturamento<br />
foi representa<strong>do</strong> por vendas realizadas a empresas brasileiras.<br />
Já no ano <strong>de</strong> 1893, a BASF tinha seus produtos representa<strong>do</strong>s pelas firmas<br />
Ro<strong>do</strong>lpho Fechner & Companhia, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e Bernhard Bluhn & Companhia,<br />
no Maranhão.<br />
23
24<br />
No início <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, em<br />
1911, foi instalada a primeira representação<br />
oficial da BASF no Brasil. Com<br />
se<strong>de</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro, era dirigida por<br />
Paulo Zsigmondy e com a morte <strong>de</strong>ste,<br />
por Max Hamers, um jovem comerciante<br />
<strong>de</strong> Ludwigshafen.<br />
Após a Primeira Guerra Mundial<br />
foi fundada, na Alemanha, a IG<br />
Farbenindustrie, por meio da fusão <strong>de</strong> diversas<br />
indústrias químicas alemãs, entre<br />
elas a Bayer, a Hoeschst e a própria BASF.<br />
No ano <strong>de</strong> 1927, a IG Farbenindustrie estabelecia,<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, uma representação,<br />
a Aliança Comercial <strong>de</strong> Anilinas<br />
Ltda. Sob a direção <strong>de</strong> Hamers, essa representação<br />
atuou até a entrada <strong>do</strong> Brasil na<br />
Segunda Guerra Mundial, quan<strong>do</strong> foram<br />
suspensas as operações <strong>de</strong> todas as empresas<br />
alemãs no país. Terminan<strong>do</strong> o conflito,<br />
tem início, na Alemanha, um processo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>smembramento das empresas que<br />
formavam a IG Farbenindustrie.<br />
Em 1951, era constituí<strong>do</strong> no Brasil<br />
o grupo Alfred Jurzykowski que, com<br />
escritórios no Rio <strong>de</strong> Janeiro e em São<br />
Paulo, passaria a distribuir os produtos<br />
BASF para to<strong>do</strong> o país.<br />
No ano seguinte, a BASF readquire<br />
seu registro comercial na Alemanha e se<br />
constitui numa das três empresas sucessoras<br />
da IG Farbenindustrie.<br />
Dan<strong>do</strong> início a mais uma fase da sua<br />
atuação no Brasil, em 1953 a BASF instala<br />
nova representação <strong>de</strong> vendas com<br />
escritórios no Rio <strong>de</strong> Janeiro e em São<br />
Paulo, a <strong>Quimico</strong>lor Cia. <strong>de</strong> Corantes e<br />
Produtos Químicos, cuja composição<br />
acionária estabelecia 40% para a BASF e<br />
60% para Max Hamers, fican<strong>do</strong> a cargo<br />
<strong>de</strong>ste a sua direção.<br />
Max Hamers, alemão naturaliza<strong>do</strong><br />
brasileiro, aqui chegara em 1911 estimula<strong>do</strong><br />
pela própria BASF. Era o início <strong>de</strong><br />
uma relação que, oscilan<strong>do</strong> entre harmonia<br />
e divergências episódicas, haveria<br />
<strong>de</strong> se prolongar por mais <strong>de</strong> <strong>50</strong> <strong>anos</strong>, até<br />
a sua morte em 1962.<br />
Dota<strong>do</strong> <strong>de</strong> espírito empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r,<br />
Hamers havia funda<strong>do</strong> na década <strong>de</strong><br />
1930 sua própria empresa – a Companhia<br />
<strong>de</strong> Produtos Químicos Industriais M.<br />
Hamers – cuja ativida<strong>de</strong> se centrava na<br />
fabricação <strong>de</strong> produtos auxiliares para os<br />
ramos têxtil e <strong>de</strong> couro, segun<strong>do</strong> formulações<br />
autorizadas pela BASF.<br />
Apesar <strong>de</strong> ter acumula<strong>do</strong> uma razoável<br />
fortuna com o negócio, Hamers<br />
parecia até então não se interessar<br />
pela ampliação da sua linha <strong>de</strong> produtos,<br />
nem tampouco se preocupar<br />
com a mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong>s processos e<br />
equipamentos.<br />
A partir <strong>de</strong> 1953, a experiência na<br />
<strong>Quimico</strong>lor lhe <strong>de</strong>sperta a atenção para<br />
a perspectiva <strong>de</strong> uma íntima colaboração<br />
com a BASF no âmbito da sua própria<br />
empresa. Passa então a cogitar da<br />
ampliação e mo<strong>de</strong>rnização técnica das<br />
suas fábricas – uma no Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />
outra em Nilópolis – também em socieda<strong>de</strong><br />
com a empresa alemã.
No início <strong>de</strong> 1954, Hamers promove<br />
as primeiras sondagens sobre o assunto<br />
e oferece à BASF uma participação em<br />
seus negócios.<br />
No final <strong>de</strong>sse mesmo ano, porém,<br />
os negócios da <strong>Quimico</strong>lor não andavam<br />
bem. Surgiam dificulda<strong>de</strong>s para a<br />
importação <strong>de</strong> certos produtos da BASF,<br />
ao mesmo tempo em que se acirrava a<br />
concorrência, num merca<strong>do</strong> já dispu-<br />
ta<strong>do</strong> por empresas suíças, francesas, inglesas,<br />
americanas e até mesmo alemãs,<br />
como a Bayer e a Hoechst.<br />
Além <strong>de</strong>sses problemas, a BASF entendia<br />
que somente a participação <strong>de</strong><br />
Hamers era insuficiente para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
seus interesses no Brasil. Concluiu-se<br />
daí que a expansão <strong>do</strong>s empreendimentos<br />
no país só seria possível por meio <strong>de</strong><br />
outra companhia.<br />
Bairro <strong>do</strong> Engenheiro Neiva,<br />
com a fábrica da BASF<br />
ao fun<strong>do</strong> – década <strong>de</strong> 60<br />
25
26<br />
Placa colocada na Ro<strong>do</strong>via<br />
Presi<strong>de</strong>nte Dutra indica<br />
a localização da Idrongal<br />
Fundação da Idrongal<br />
No início <strong>de</strong> 1955, Julius Overhoff, diretor<br />
<strong>do</strong> setor <strong>de</strong> vendas da BASF na<br />
Alemanha, viaja ao Brasil em visita à<br />
<strong>Quimico</strong>lor. Três pontos centrais motivaram<br />
sua vinda: análise <strong>do</strong>s projetos<br />
da Companhia <strong>de</strong> Produtos Químicos<br />
Industriais M. Hamers e da <strong>Quimico</strong>lor;<br />
conversações com Hamers sobre a concorrência<br />
– embora parcial – das ativi-<br />
da<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong>ssas duas empresas;<br />
coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> uma estrutura<br />
industrial da BASF no Brasil, especialmente<br />
para a fabricação <strong>de</strong> produtos<br />
cuja importação era, ou po<strong>de</strong>ria vir a ser,<br />
difícil.<br />
Naturalmente que da agenda <strong>de</strong> viagem<br />
<strong>de</strong> Julius Overhoff fazia parte também<br />
a avaliação da proposta <strong>de</strong> Hamers<br />
<strong>de</strong> uma associação com a BASF, que,<br />
ao mesmo tempo, interessava num pla-
no global maior. Overhoff vê com bons<br />
olhos essa possibilida<strong>de</strong> e meses <strong>de</strong>pois,<br />
o negócio seria efetivamente concretiza<strong>do</strong>,<br />
com a BASF adquirin<strong>do</strong> um terço<br />
das ações da M. Hamers.<br />
O centro <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões em Ludwigshafen<br />
conclui, porém, que, paralelamente<br />
ao <strong>de</strong>senvolvimento da estrutura <strong>de</strong><br />
produção da M. Hamers, <strong>de</strong>veria ser<br />
fun dada uma nova companhia que fabricaria<br />
produtos não cogita<strong>do</strong>s por aquela<br />
empresa. Prevê-se, nessa companhia,<br />
uma participação <strong>de</strong> Hamers com aproximadamente<br />
um terço <strong>do</strong> capital.<br />
Planejava-se, a princípio, a produção<br />
<strong>de</strong> colas, ureia, formol, hidrossulfito,<br />
rongalit e dispersões plásticas. Maior<br />
urgência <strong>de</strong>veria ser dada à implantação<br />
<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> hidrossulfito<br />
e <strong>de</strong> rongalit, pois se sabia <strong>do</strong>s pl<strong>anos</strong> da<br />
Bunge & Born para fabricá-los no Brasil.<br />
Em março <strong>de</strong> 1955 é finalmente formaliza<strong>do</strong>,<br />
entre Hamers e a BASF, o acor<strong>do</strong><br />
para a constituição da nova empresa.<br />
A 22 <strong>de</strong> agosto é fundada a Companhia<br />
<strong>de</strong> Produtos Idrongal S.A. Hamers indicou<br />
o nome Idrongal, abreviação <strong>de</strong> hidrossulfito<br />
e rongalit, os <strong>do</strong>is produtos<br />
que foram padrinhos da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> implantação<br />
da fábrica.<br />
A matriz na Alemanha pensava inicialmente<br />
numa produção <strong>de</strong> 700 toneladas/ano.<br />
Hamers, com longa experiência<br />
no merca<strong>do</strong> brasileiro, <strong>de</strong>saconselhava<br />
uma instalação <strong>de</strong>sse porte. Pelos seus<br />
cálculos, a capacida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>veria ser<br />
inferior a 1.000 toneladas/ano para o hidrossulfito<br />
<strong>de</strong> sódio e 275 toneladas/ano<br />
para o rongalit.<br />
Com o planejamento <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />
em Ludwigshafen, on<strong>de</strong> os estu<strong>do</strong>s para<br />
a viabilização <strong>de</strong> uma fábrica semelhante<br />
na Argentina se encontravam em estágio<br />
bastante adianta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>-se construir<br />
as duas unida<strong>de</strong>s com a mesma<br />
capacida<strong>de</strong>: 1.400 toneladas/ano <strong>de</strong> hidrossulfito<br />
e 300 toneladas/ano <strong>de</strong> rongalit.<br />
Diferentemente da sua co-irmã da<br />
Argentina, a Idrongal é privilegiada com<br />
uma instalação adicional para a produção<br />
<strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> enxofre, substância<br />
responsável pelo processamento <strong>do</strong> áci<strong>do</strong><br />
sulfúrico.<br />
As providências se <strong>de</strong>senrolavam<br />
conforme o planeja<strong>do</strong>, principalmente<br />
na Alemanha. O governo autoriza a<br />
BASF a participar societariamente <strong>de</strong><br />
uma empresa no Brasil e aprova a remessa<br />
<strong>de</strong> capital. Como uma parcela <strong>de</strong>sse<br />
capital seria integralizada por meio <strong>do</strong><br />
fornecimento <strong>de</strong> máquinas e equipamentos,<br />
as autorida<strong>de</strong>s alemãs conce<strong>de</strong>m<br />
uma licença especial para exportação<br />
sem a respectiva cobertura cambial,<br />
exigin<strong>do</strong> apenas o parecer <strong>de</strong> uma comissão<br />
mista teuto-brasileira. Esta, por<br />
sua vez, <strong>de</strong>u, <strong>de</strong> pronto, sua aprovação.<br />
Os estatutos da nova companhia foram<br />
elabora<strong>do</strong>s por Hamers. Ela iniciaria<br />
com um capital social <strong>de</strong> 10 milhões<br />
<strong>de</strong> cruzeiros, cerca <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> marco<br />
alemão, e teria a participação <strong>de</strong> 64% da<br />
27
28<br />
Vista <strong>do</strong> centro<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />
Ao fun<strong>do</strong>, a torre da<br />
estação ferroviária<br />
– década <strong>de</strong> 60<br />
BASF, 36% <strong>de</strong> Hamers, com mais cinco<br />
acionistas minoritários. A diretoria seria<br />
constituída por um presi<strong>de</strong>nte, um diretor<br />
técnico e um diretor comercial.<br />
Faziam parte da primeira diretoria:<br />
Max Hamers, ocupan<strong>do</strong> a presidência,<br />
e o Sr. Shoene, da área <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong><br />
Ludwigshafen, como diretor comercial.<br />
Cuidan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s interesses da BASF, principalmente<br />
na área técnica <strong>de</strong> montagem,<br />
foi nomea<strong>do</strong> o Sr. Kertscher, um<br />
ex-funcionário da <strong>Quimico</strong>lor.<br />
O custo total da implantação da fábrica,<br />
incluin<strong>do</strong> terreno, equipamentos<br />
e montagem, estava estima<strong>do</strong> em 8 milhões<br />
<strong>de</strong> marcos alemães. O governo alemão<br />
conce<strong>de</strong>ra todas as facilida<strong>de</strong>s para<br />
a transferência <strong>de</strong>sse capital, estabelecen<strong>do</strong>,<br />
porém, um cronograma para a<br />
sua efetivação. Havia, portanto, a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> que as <strong>de</strong>cisões fossem tomadas<br />
com bastante rapi<strong>de</strong>z.<br />
Por que Guaratinguetá?<br />
A questão <strong>de</strong> maior importância,<br />
agora, passava a ser a localização da fábrica.<br />
Hamers havia encontra<strong>do</strong> várias<br />
opções <strong>de</strong> terrenos próximos às instalações<br />
<strong>de</strong> sua empresa no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
conforme ele próprio preferia. No entanto,<br />
não queren<strong>do</strong> tomar uma <strong>de</strong>cisão<br />
unilateral, solicitou à BASF que cre<strong>de</strong>nciasse<br />
uma pessoa para auxiliá-lo na<br />
escolha.<br />
Como se tratava <strong>de</strong> iniciar a fabricação<br />
<strong>de</strong> produtos inorgânicos, a BASF indicou<br />
o Sr. Wilhelm Pfannmueller, responsável<br />
pela área em Ludwigshafen.<br />
Uma série <strong>de</strong> aspectos fundamentais<br />
nortearia a escolha <strong>do</strong> terreno:<br />
• o clima da região <strong>de</strong>veria ser seco;<br />
• disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia elétrica<br />
suficiente e próxima;<br />
• vizinhança <strong>de</strong> ro<strong>do</strong>via e ferrovia<br />
para abastecimento <strong>de</strong> matéria-prima<br />
e escoamento da produção;<br />
• existência <strong>de</strong> rio nas cercanias<br />
para captação <strong>de</strong> água e <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong><br />
efluentes;<br />
• localização em terras altas, livres <strong>de</strong><br />
enchentes;<br />
• topografia a mais plana possível;<br />
• proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> centro urbano on<strong>de</strong><br />
pu<strong>de</strong>ssem residir trabalha<strong>do</strong>res<br />
e houvesse infraestrutura <strong>de</strong> hospitais,<br />
escolas etc.
Chegan<strong>do</strong> ao Brasil, Pfannmueller<br />
inicia com Hamers uma série <strong>de</strong> viagens<br />
pelo interior <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo e<br />
<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, num raio <strong>de</strong> 100 km a<br />
partir <strong>de</strong> suas respectivas capitais.<br />
Nessas viagens são feitos inúmeros<br />
contatos e percorridas diversas cida<strong>de</strong>s.<br />
No Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro passam<br />
por Vargem Alegre, Volta Re<strong>do</strong>nda<br />
e Resen<strong>de</strong>. Em São Paulo, visitam Poá,<br />
Guarulhos, Suzano, Jacareí, Arujá, Itaim<br />
Paulista, Campinas, Jundiaí, Caçapava e<br />
São José <strong>do</strong>s Campos, além <strong>de</strong> algumas<br />
áreas na periferia da capital.<br />
Ao contrário <strong>de</strong> Hamers que tinha<br />
clara preferência pelo Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Pfannmueller se inclinava mais por São<br />
Paulo on<strong>de</strong>, aliás, os terrenos eram mais<br />
caros.<br />
Pesquisan<strong>do</strong> o setor químico no<br />
país, Hamers e Pfannmueller tiveram<br />
acesso a um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por uma<br />
empresa <strong>do</strong> ramo, que indicava a região<br />
<strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Campos como uma das<br />
melhores <strong>do</strong> país para a implantação <strong>de</strong><br />
uma indústria química.<br />
Após alguns dias <strong>de</strong> permanência<br />
em São Paulo, os <strong>do</strong>is <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m retornar<br />
ao Rio <strong>de</strong> Janeiro. Era 10 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />
1955. A viagem iria durar cerca <strong>de</strong> 11<br />
horas, pois efetuariam diversas paradas<br />
em cida<strong>de</strong>s situadas ao longo da Ro<strong>do</strong>via<br />
Presi<strong>de</strong>nte Dutra, visitan<strong>do</strong> localida<strong>de</strong>s<br />
que não haviam si<strong>do</strong> previamente programadas.<br />
Uma <strong>de</strong>ssas paradas se <strong>de</strong>u<br />
em Guaratinguetá.<br />
Os <strong>do</strong>is alemães entraram na cida<strong>de</strong>.<br />
Após algumas voltas, atravessaram a ponte<br />
<strong>de</strong> ferro e <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio – provavelmente<br />
on<strong>de</strong> está hoje a Vila Paraíba<br />
– tiveram “uma linda vista da cida<strong>de</strong>”,<br />
conforme observou Pfannmueller.<br />
Retornan<strong>do</strong> ao centro da cida<strong>de</strong>,<br />
dirigiram-se à prefeitura. Encontraram<br />
também com o verea<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong><br />
Cavalca, autor <strong>de</strong> um projeto para implantação<br />
<strong>de</strong> um distrito industrial cinco<br />
quilômetros abaixo da correnteza <strong>do</strong> Rio<br />
Paraíba – exatamente on<strong>de</strong> atualmente<br />
se situa o bairro <strong>de</strong> Engenheiro Neiva.<br />
À tar<strong>de</strong>, em companhia <strong>de</strong> Geral<strong>do</strong><br />
Cavalca e <strong>do</strong> corretor Francisco Galvão<br />
Freire, foram conhecer a região.<br />
Visitaram primeiramente uma área<br />
<strong>de</strong> cinco alqueires, que tinha o problema<br />
<strong>de</strong> ser baixa e registrar a ocorrência<br />
<strong>de</strong> enchentes. Em seguida, foram-lhes<br />
apresentadas duas outras áreas. Uma<br />
<strong>de</strong>las com 30 mil m 2 , pertencente a<br />
Antonio L. Barbosa e outra, anexa, com<br />
aproximadamente 25 alqueires, pertencente<br />
a José Pires <strong>de</strong> Castro. Eram ambas<br />
a<strong>de</strong>quadas, “apresentan<strong>do</strong> apenas<br />
o inconveniente <strong>de</strong> se ter <strong>de</strong> negociar<br />
com <strong>do</strong>is proprietários”, conforme observou<br />
Pfannmueller.<br />
A notícia da chegada <strong>de</strong> <strong>do</strong>is forasteiros<br />
que procuravam terreno para<br />
instalar uma fábrica se espalhou com<br />
a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um raio. Tanto quanto<br />
as autorida<strong>de</strong>s, muitos perceberam <strong>de</strong><br />
pronto a oportunida<strong>de</strong> e os benefícios<br />
29
30<br />
que isso traria: empregos para a comunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá e geração <strong>de</strong> impostos,<br />
urgentemente necessita<strong>do</strong>s, para<br />
a cida<strong>de</strong>. Até então, apenas duas gran<strong>de</strong>s<br />
indústrias haviam ali se instala<strong>do</strong>,<br />
ao contrário <strong>do</strong> que ocorria na região <strong>de</strong><br />
Resen<strong>de</strong> e Volta Re<strong>do</strong>nda, on<strong>de</strong> surgia<br />
uma fábrica após outra.<br />
Em <strong>do</strong>is relatórios pormenoriza<strong>do</strong>s<br />
envia<strong>do</strong>s à diretoria na Alemanha,<br />
Pfannmueler informou sobre a pesquisa<br />
para a instalação da fábrica e justificou<br />
a escolha <strong>do</strong> local, em Guaratinguetá,<br />
<strong>de</strong>cidida com Hamers. Nas suas palavras,<br />
“a visita a essas duas áreas resultou<br />
numa completa conveniência para<br />
as nossas intenções. Duzentos e cinquenta<br />
metros <strong>de</strong> margem no Paraíba,<br />
com uma boa água, apesar <strong>de</strong> um pouco<br />
lo<strong>do</strong>sa no perío<strong>do</strong> das chuvas. Livre<br />
<strong>de</strong> enchentes. Praticamente plana. A<br />
cinco quilômetros <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>zinha<br />
limpa – Guaratinguetá – com 38 mil<br />
habitantes, prefeitura, correio, médicos,<br />
farmácias, comércio, hotel, indústrias<br />
e escolas. As autorida<strong>de</strong>s incentivam<br />
o estabelecimento <strong>de</strong> indústrias<br />
através da minimização <strong>de</strong> impostos.<br />
Boas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />
trabalha<strong>do</strong>res, estan<strong>do</strong> inclusive planeja<strong>do</strong>s<br />
a construção <strong>de</strong> moradias para<br />
operários numa das áreas da cida<strong>de</strong>. O<br />
clima é seco. Altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 530 m acima<br />
<strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar. Aproximadamente a<br />
um quilômetro da auto-estrada. Situase<br />
a 230 quilômetros <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
e 170 km <strong>de</strong> São Paulo. A quase <strong>do</strong>is<br />
quilômetros, está o Clube <strong>do</strong>s <strong>50</strong>0, com<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tênis, piscina etc. Em<br />
linha aérea, a uns 700 m, localiza-se<br />
uma estação. A ligação ferroviária po<strong>de</strong><br />
ser feita, caso se pretenda, através da<br />
construção <strong>de</strong> um ramal, sen<strong>do</strong> possível<br />
chegar com este até a fábrica. Água<br />
potável po<strong>de</strong>rá ser obtida com facilida<strong>de</strong><br />
perfuran<strong>do</strong>-se poços. A ligação <strong>de</strong><br />
energia elétrica é capacitada para 30<br />
mil volts e está a mil metros a oeste <strong>do</strong><br />
terreno. A linha telefônica também se<br />
encontra bem próxima.”<br />
Pfannmueller segue com seu relatório<br />
fazen<strong>do</strong> observações sobre a<br />
montagem da fábrica: “Creio <strong>de</strong>vemos<br />
começar logo com a fábrica <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> áci<strong>do</strong> sulfúrico e uma eletrólise<br />
cloro-álcali para provável produção <strong>de</strong><br />
20 toneladas/ano <strong>de</strong> hidróxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> sódio,<br />
a fim <strong>de</strong> se obter in<strong>de</strong>pendência.<br />
Instalação <strong>de</strong> uma cal<strong>de</strong>ira com queima<br />
<strong>de</strong> óleo para o processamento da<br />
síntese <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> clorídrico. Com isso se<br />
obteriam <strong>de</strong> imediato os produtos básicos.<br />
Mais adiante será absolutamente<br />
necessário um gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> emergência a<br />
diesel com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 kW. E, finalmente,<br />
a instalação <strong>de</strong> tanques para<br />
armazenamento <strong>de</strong> formol e metanol<br />
adquiri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> terceiros.”<br />
Justamente ali, em Guaratinguetá,<br />
Pfannmueller e Hamers encontraram<br />
o terreno i<strong>de</strong>al, a poucos quilômetros,<br />
entre o Rio Paraíba ao norte, a via fér-
ea e a auto-estrada ao sul. Perceberam<br />
imediatamente que aquele era o melhor<br />
local <strong>de</strong>ntre to<strong>do</strong>s os vistos até então.<br />
Na parte oeste, antiga plantação<br />
<strong>de</strong> café, encontrava-se então um laranjal<br />
cujos frutos foram distribuí<strong>do</strong>s <strong>aos</strong><br />
funcionários das empresas Hamers e<br />
<strong>Quimico</strong>lor. A parte leste, por sua vez,<br />
era um terreno baldio que assumiria<br />
papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância nos primeiros<br />
<strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das<br />
instalações da Idrongal.<br />
Além <strong>do</strong>s relatórios, <strong>de</strong> caráter mais<br />
formal, Pfannmueller fez anotações em<br />
diário pessoal que hoje se constitui em<br />
excelente fonte <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para o resgate<br />
da história da Idrongal: “A auto-estrada<br />
e a via férrea ligam a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo, com quatro milhões <strong>de</strong> habitantes,<br />
a 800 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, à cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, com as mesmas dimensões,<br />
ao nível <strong>do</strong> mar”.<br />
Tanto a auto-estrada como a via<br />
férrea se esten<strong>de</strong>m ao longo <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />
Paraíba que corre entre duas cordilheiras<br />
que atingem até 2.000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.<br />
O vale é cerca<strong>do</strong> por cida<strong>de</strong>s históricas<br />
que, na época colonial, serviam <strong>de</strong> base<br />
a garimpeiros e caravanas <strong>de</strong> escravos e<br />
per<strong>de</strong>ram, então, sua importância.<br />
No meio <strong>do</strong>s aproximadamente<br />
400 km que separam as cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> São Paulo está situada<br />
Guaratinguetá, cercada <strong>de</strong> pastos<br />
e ga<strong>do</strong>, guardan<strong>do</strong> certa semelhança<br />
com os Alpes.<br />
Guaratinguetá é uma cida<strong>de</strong>zinha<br />
velha com um passa<strong>do</strong> tumultua<strong>do</strong>. A<br />
antiga estrada entre Rio e São Paulo<br />
atravessava a cida<strong>de</strong>, cujo hotel era uma<br />
conhecida pousada. Agora, uma nova<br />
estrada – a Via Dutra – passa ao la<strong>do</strong><br />
da cida<strong>de</strong>.<br />
Para Heinz Mayer, um jovem colabora<strong>do</strong>r<br />
da BASF nos <strong>anos</strong> <strong>50</strong>, que<br />
ocuparia a presidência <strong>do</strong> Conselho <strong>do</strong><br />
Grupo três décadas mais tar<strong>de</strong>, “a escolha<br />
final <strong>de</strong> Pfannmueller e Hamers por<br />
Guaratinguetá se baseou em matemática<br />
simples... O município estava situa<strong>do</strong><br />
a 1/3 da distância <strong>de</strong> São Paulo e 2/3<br />
<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, pólos que formavam<br />
o eixo industrial que iria consumir a<br />
produção da futura fábrica, a uma razão<br />
<strong>de</strong> 2/3 para São Paulo e 1/3 para o<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro”.<br />
O abastecimento <strong>de</strong> água era vital<br />
para uma indústria química e esse fato<br />
foi <strong>de</strong>cisivo para que se optasse pelo<br />
terreno <strong>de</strong> Guaratinguetá. Apesar <strong>de</strong><br />
estreito, nesse trecho, o rio Paraíba oferecia<br />
um volume <strong>de</strong> água suficiente, resolven<strong>do</strong><br />
os problemas <strong>de</strong> abastecimento<br />
e <strong>de</strong>spejo. Para a obtenção <strong>de</strong> água<br />
potável, seriam perfura<strong>do</strong>s três poços<br />
profun<strong>do</strong>s.<br />
O terreno maior era o mais conveniente,<br />
porém não chegava até a<br />
margem <strong>do</strong> rio. Conduziram, então,<br />
as negociações para a compra <strong>de</strong><br />
uma faixa <strong>de</strong> 10,6 mil m 2 <strong>do</strong> terreno<br />
maior.<br />
31
32<br />
Vista aérea <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong><br />
Químico – década 60<br />
Concluídas as tratativas, a Idrongal<br />
obtém a opção <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> 200 mil<br />
m 2 até o começo <strong>de</strong> 1956, com possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> adquirir parcelas remanescentes<br />
<strong>do</strong> terreno em outras ocasiões, o<br />
que, <strong>de</strong> fato, ocorreria. Em 1957, foram<br />
compra<strong>do</strong>s mais 180 mil m 2 e, em 1959,<br />
mais 220 mil m 2 , totalizan<strong>do</strong> assim 600<br />
mil m 2 . Pouco mais <strong>de</strong> 20 <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois,<br />
em 1980, seria adquiri<strong>do</strong> 1 milhão <strong>de</strong> m 2<br />
anexos à área original, totalizan<strong>do</strong> 1,6<br />
milhão <strong>de</strong> m 2 .<br />
Com a concordância <strong>de</strong> Hamers<br />
e a aprovação da se<strong>de</strong> da BASF em<br />
Ludwigshafen, o contrato <strong>de</strong> compra<br />
pô<strong>de</strong> ser assina<strong>do</strong> no final <strong>de</strong> janeiro<br />
<strong>de</strong> 1956. Com o prefeito, Dr. André<br />
Alckmin Filho, recém-empossa<strong>do</strong>, brin<strong>do</strong>u-se<br />
a “uma amiza<strong>de</strong> teuto-brasileira<br />
para sempre”.
Formação <strong>do</strong> capital<br />
e investimentos<br />
Logo após o fechamento <strong>do</strong> contrato foram<br />
inicia<strong>do</strong>s os trabalhos <strong>de</strong> exploração<br />
<strong>do</strong> terreno, on<strong>de</strong> seriam encontradas<br />
trincheiras e balas <strong>de</strong> fuzil, lembranças<br />
da Revolução <strong>de</strong> 32, quan<strong>do</strong> a região foi<br />
palco <strong>de</strong> combates intensos.<br />
Os trabalhos <strong>de</strong> preparação <strong>do</strong> terreno<br />
ficaram a cargo da Serveng, empresa<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá, sob a supervisão<br />
da Grumbilf <strong>do</strong> Brasil, responsável pela<br />
administração e execução das obras.<br />
Nessa etapa proce<strong>de</strong>u-se ao nivelamento<br />
<strong>de</strong> 130 mil m 2 , o que exigiu uma movimentação<br />
<strong>de</strong> aproximadamente 75<br />
mil m 3 <strong>de</strong> terra.<br />
A BASF <strong>de</strong>veria fornecer máquinas<br />
e equipamentos como parte da sua integralização<br />
<strong>do</strong> capital. Esses equipamentos<br />
seriam importa<strong>do</strong>s, pois ainda não<br />
eram fabrica<strong>do</strong>s no país.<br />
Heinz Mayer lembra-se <strong>de</strong> que “já<br />
em 1955, a BASF, em Ludwigshafen, tinha<br />
indicações da vitória <strong>de</strong> Juscelino<br />
Kubitschek nas eleições presi<strong>de</strong>nciais.<br />
Quan<strong>do</strong> JK assumiu, em 1956, seu<br />
programa econômico, ‘<strong>50</strong> <strong>anos</strong> em 5’,<br />
visava metas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. A<br />
Instrução 113 da Superintendência<br />
da Moeda e <strong>do</strong> Crédito (SUMOC), em<br />
especial, foi a alavanca para esse <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
para a vinda das empresas<br />
multinacionais. E assim viemos<br />
nós...”.<br />
As autorida<strong>de</strong>s brasileiras, no entanto,<br />
trabalhavam <strong>de</strong> forma lenta e complicada.<br />
Uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> listagens <strong>de</strong>veria<br />
ser traduzida. Nesse momento tem<br />
início uma verda<strong>de</strong>ira maratona burocrática.<br />
A isenção <strong>de</strong> taxas alfan<strong>de</strong>gárias,<br />
prometida pelas autorida<strong>de</strong>s econômicas<br />
<strong>do</strong> governo JK para novas empresas que<br />
se instalassem no país, e regulamentada<br />
por meio da instrução SUMOC 113,<br />
tinha <strong>de</strong> ser requerida pelos caminhos<br />
morosos da burocracia. Muitas vezes o<br />
êxito <strong>de</strong>pendia da sorte <strong>de</strong> apertar a mão<br />
certa no ministério certo...<br />
Especialmente para resolver essa difícil<br />
tarefa fora instala<strong>do</strong> um escritório<br />
em São Paulo. Sua direção foi confiada<br />
ao Sr. E. Von Mueller, um ex-funcionário<br />
da <strong>Quimico</strong>lor, que possuía vastos<br />
conhecimentos da burocracia brasileira<br />
e contava com um círculo <strong>de</strong> relacionamento<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> à situação.<br />
Finalmente, na primavera <strong>de</strong> 1956,<br />
eram liberadas as guias <strong>de</strong> importações e<br />
o equipamento, no valor <strong>de</strong> 4 milhões <strong>de</strong><br />
marcos alemães, pô<strong>de</strong> ser encomenda<strong>do</strong><br />
à Alemanha. O cronograma já estava, no<br />
entanto, com seis meses <strong>de</strong> atraso.<br />
Era evi<strong>de</strong>nte, porém, que Ludwigshafen<br />
não via a Idrongal como mera<br />
produtora <strong>de</strong> hidrossulfito <strong>de</strong> sódio e<br />
rongalit. Assim, no início <strong>de</strong> 1957, planejou-se<br />
um segun<strong>do</strong> passo: a fabricação<br />
<strong>de</strong> dispersões sintéticas <strong>de</strong> monômeros<br />
<strong>de</strong> acrilato que, importa<strong>do</strong>s<br />
da BASF, <strong>de</strong>veriam ser polimeriza<strong>do</strong>s<br />
33
34<br />
na Idrongal. Como a aparelhagem e o<br />
processo <strong>de</strong> polimerização eram relativamente<br />
simples, <strong>de</strong>cidiu-se pela sua<br />
implantação antes mesmo da produção<br />
<strong>do</strong>s materiais redutores (hidrossulfito<br />
<strong>de</strong> sódio e rongalit).<br />
Logo no princípio <strong>do</strong>s trabalhos<br />
técnicos se percebeu que o capital previamente<br />
estabeleci<strong>do</strong> não seria suficiente.<br />
Estu<strong>do</strong>u-se, então, a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> aumentar o capital em 40 milhões<br />
<strong>de</strong> cruzeiros (padrão monetário da<br />
época). Em Ludwigshafen, porém, surgiam<br />
dúvidas quanto à possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Hamers cumprir com a sua parte na<br />
integralização.<br />
Quan<strong>do</strong> Hamers se retirou da presidência<br />
da Idrongal três <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois, sua<br />
participação havia encolhi<strong>do</strong> para menos<br />
<strong>de</strong> 5%.<br />
Deu-se início, então, ao planejamento<br />
<strong>do</strong> terceiro passo: a fabricação<br />
<strong>de</strong> prepara<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pigmentos – Helizarin<br />
– <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à indústria têxtil, composto<br />
<strong>de</strong> base produzida pela BASF, na<br />
Alemanha, e pigmentos nacionais.<br />
Importa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ludwigshafen, os<br />
pigmentos já eram utiliza<strong>do</strong>s no país.<br />
Soube-se então que um gran<strong>de</strong> concorrente<br />
– Schilling-Hillier – pretendia iniciar<br />
no Brasil a produção <strong>de</strong> monômeros<br />
utiliza<strong>do</strong>s na polimerização das pastas<br />
<strong>de</strong> estamparia têxtil. Isso acarretaria um<br />
aumento das taxas alfan<strong>de</strong>gárias sobre<br />
os monômeros que a BASF viria a fornecer<br />
à Idrongal.<br />
A BASF, lí<strong>de</strong>r mundial no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
e produção <strong>de</strong> corantes, necessitava<br />
estabelecer uma base nesse setor<br />
também no Brasil. Cogitou-se, então, em<br />
uma ação conjunta com a Bayer, que já<br />
havia nacionaliza<strong>do</strong> um produto similar.<br />
Algumas dúvidas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m comercial,<br />
somadas à convicção <strong>de</strong> que a produção<br />
<strong>de</strong> corantes Helizarin era uma <strong>de</strong>cisão<br />
acertada, levam a BASF à opção <strong>de</strong> conduzir<br />
esse projeto sem a participação <strong>de</strong><br />
terceiros. O custo <strong>de</strong> instalação seria <strong>de</strong><br />
1 milhão <strong>de</strong> marcos alemães para uma<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>50</strong> toneladas/ano.<br />
Havia, ainda, outra questão a ser resolvida:<br />
o poliestireno expansí vel – Styropor® –,<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em Ludwigshafen no início<br />
<strong>do</strong>s <strong>anos</strong> <strong>50</strong>, que havia <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong> gran<strong>de</strong><br />
interesse no Brasil. Matéria-prima utilizada<br />
na fabricação <strong>de</strong> um material isolante<br />
– o isopor – aplica<strong>do</strong> na produção<br />
<strong>de</strong> frigoríficos, caminhões refrigera<strong>do</strong>s e,<br />
ainda, em início <strong>de</strong> utilização na indústria<br />
e construção civil, o Styropor® vinha<br />
sen<strong>do</strong> importa<strong>do</strong> para suprir a crescente<br />
<strong>de</strong>manda <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro.<br />
Por questões <strong>de</strong> cumprimento da<br />
legislação <strong>de</strong> patentes, a BASF tinha<br />
<strong>de</strong> lançar o produto, já processa<strong>do</strong> no<br />
Brasil, até mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1958. Hamers<br />
viu-se obriga<strong>do</strong> a produzi-lo na sua<br />
fábrica em Nilópolis (Rio <strong>de</strong> Janeiro),<br />
com aparelhos experimentais. Definiuse<br />
uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4 toneladas/mês.<br />
Ludwigshafen forneceu o equipamento<br />
e prestou assistência técnica.
O interesse <strong>de</strong> Hamers nessa indústria,<br />
mo<strong>de</strong>rna, não era muito gran<strong>de</strong>, a<br />
ponto <strong>de</strong> não querer tal linha <strong>de</strong> produção<br />
em sua fábrica. Esse fato, associa<strong>do</strong><br />
à constatação <strong>de</strong> que a Huls, juntamente<br />
com a Koppers, tinha intenção<br />
<strong>de</strong> produzir o Styropor® no Brasil, levam<br />
Ludwigshafen a incluir esse projeto<br />
nos pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> expansão da Idrongal.<br />
Previa-se inicialmente uma produção<br />
<strong>de</strong> 80 tonelada/ano. O custo das instalações<br />
ficaria próximo <strong>do</strong>s 4 milhões <strong>de</strong><br />
marcos alemães.<br />
No começo <strong>de</strong> 1958, com os trabalhos<br />
<strong>de</strong> planejamento já concluí<strong>do</strong>s e as<br />
obras em franco andamento, a BASF,<br />
encarregada das instalações, emite, na<br />
Alemanha, novos pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> máquinas<br />
e equipamentos. Alguns procedimentos<br />
<strong>de</strong> caráter formal também são executa<strong>do</strong>s<br />
e a Idrongal é licenciada para a produção<br />
<strong>de</strong>:<br />
1.400 toneladas/ano – hidrossulfito <strong>de</strong><br />
sódio<br />
300 toneladas/ano – rongalit<br />
900 toneladas/ano – dispersões sintéticas<br />
960 toneladas/ano – Styropor®<br />
<strong>50</strong> toneladas/ano – corantes Helizaren<br />
O valor <strong>de</strong> venda <strong>de</strong>sses produtos<br />
foi estima<strong>do</strong> em 10 milhões <strong>de</strong> marcos<br />
alemães por ano. Ficou estabeleci<strong>do</strong> um<br />
pagamento anual fixo <strong>de</strong> royalties no valor<br />
<strong>de</strong> 700 mil marcos alemães.<br />
Com os níveis <strong>de</strong> produção já <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s,<br />
aumenta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capital.<br />
Estima-se, agora, que o investimento<br />
total será da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 14 milhões <strong>de</strong><br />
marcos alemães. Já não se podia pensar<br />
numa participação <strong>de</strong> Hamers. O aporte<br />
financeiro cabia quase integralmente<br />
à BASF e Ludwigshafen aprova a expansão<br />
<strong>do</strong> capital para 15 milhões <strong>de</strong> marcos<br />
alemães.<br />
Des<strong>de</strong> 1958, as obras<br />
nas instalações estão<br />
em rápi<strong>do</strong> andamento<br />
35
36<br />
Até mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1957 o capital integraliza<strong>do</strong><br />
havia se presta<strong>do</strong> apenas a saldar<br />
os compromissos já assumi<strong>do</strong>s, o<br />
que gerava certa insegurança sobre os<br />
investimentos futuros.<br />
Um novo sócio alemão – a BASF<br />
Tran satlântica, com se<strong>de</strong> no Panamá –<br />
participará com <strong>50</strong>0 mil marcos alemães<br />
e mais 1 milhão <strong>de</strong> marcos alemães um<br />
ano <strong>de</strong>pois, caben<strong>do</strong> à BASF arcar com<br />
dívidas estimadas em cerca <strong>de</strong> 7 milhões<br />
<strong>de</strong> marcos alemães.<br />
Com o avanço das obras em<br />
Guaratinguetá surge a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> novos investimentos. São construí<strong>do</strong>s<br />
um prédio para a administração<br />
e casas para mestres e gerentes.<br />
Executam-se, ao mesmo tempo, trabalhos<br />
na área técnica, ten<strong>do</strong> em vista<br />
a segurança <strong>do</strong> abastecimento interno<br />
<strong>de</strong> energia elétrica em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>.<br />
Ao custo adicional <strong>de</strong> 1,5<br />
milhão <strong>de</strong> marcos alemães, tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>verá<br />
ser executa<strong>do</strong> antes <strong>do</strong> início da<br />
produção.<br />
Nesse quadro, Ludwigshafen <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>,<br />
em 1958, um novo aumento <strong>de</strong> capital,<br />
da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> marcos<br />
alemães integraliza<strong>do</strong> pela BASF<br />
Transatlântica. Com este, que seria o último<br />
aporte <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>ssa fase, haviase<br />
atingi<strong>do</strong> 20 milhões <strong>de</strong> marcos alemães<br />
<strong>de</strong> investimento total.<br />
Quan<strong>do</strong> a fábrica entrou em operação,<br />
no final <strong>de</strong> 1959, a BASF respondia<br />
por 93% <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o investimento.<br />
Construção e montagem<br />
Detentora da tecnologia empregada nos<br />
diversos processos <strong>de</strong> fabricação e, ao<br />
mesmo tempo, fornece<strong>do</strong>ra das instalações,<br />
a BASF seria também responsável<br />
pelo planejamento e ocupação <strong>do</strong> terreno,<br />
a construção da fábrica, a montagem<br />
<strong>do</strong> equipamento e o início <strong>do</strong> seu funcionamento.<br />
Assim, ao longo <strong>de</strong>sse processo,<br />
dá-se a transferência <strong>de</strong> um contingente<br />
<strong>de</strong> especialistas <strong>de</strong> Ludwigshafen<br />
para o Brasil. Vinham acompanhar o<br />
andamento das obras, controlar e coor<strong>de</strong>nar<br />
os serviços das contratações brasileiras,<br />
ajudar a aconselhar on<strong>de</strong> se fizessem<br />
necessários. Esse estreito contato<br />
entre Ludwigshafen e Guaratinguetá no<br />
setor técnico continuou após o início da<br />
produção.<br />
À medida que os trabalhos técnicos<br />
<strong>de</strong> montagem e instalação vão sen<strong>do</strong><br />
concluí<strong>do</strong>s, o setor químico assume um<br />
plano mais relevante nas <strong>de</strong>cisões.<br />
Primeiramente, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
recrutar um gerente químico qualifica<strong>do</strong>.<br />
Ele <strong>de</strong>ve ser orienta<strong>do</strong> sobre o estágio<br />
em que se encontra a montagem<br />
e <strong>de</strong>ve planejar as ações futuras. No final<br />
<strong>de</strong> 1958, Pfannmueller contrata, na<br />
Alemanha, o químico Ernest Fackler,<br />
com vastos conhecimentos na América<br />
<strong>do</strong> Sul. Poucas semanas <strong>de</strong>pois ele chegava<br />
a Guaratinguetá.<br />
Especialistas brasileiros, com knowhow<br />
sobre o processo <strong>de</strong> implantação
<strong>de</strong> indústrias no país, indicavam que a<br />
área <strong>de</strong> Guaratinguetá era uma das melhores<br />
<strong>de</strong>ntre todas escolhidas por outras<br />
empresas alemãs estabelecidas no<br />
país. Muitas questões, no entanto <strong>de</strong>veriam<br />
ser rapidamente solucionadas: fornecimento<br />
<strong>de</strong> matéria-prima, estu<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica, reuniões com<br />
clientes potenciais e empresas nacionais<br />
presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> engenharia,<br />
além da contratação <strong>de</strong> operários. Para<br />
isso Fackler contou com a valiosa cooperação<br />
<strong>do</strong>s gerentes da <strong>Quimico</strong>lor e<br />
<strong>de</strong> Max Hamers. Apoiava-se, ainda, no<br />
escritório <strong>de</strong> São Paulo como suporte<br />
para o encaminhamento das questões<br />
administrativas.<br />
Ainda nesse ano <strong>de</strong> 1958 são contrata<strong>do</strong>s<br />
os primeiros colabora<strong>do</strong>res da<br />
Idrongal. São 17 ao to<strong>do</strong>. No final <strong>do</strong><br />
ano seguinte esse quadro já era composto<br />
<strong>de</strong> 95 pessoas, inclusive <strong>do</strong>is en-<br />
Com know-how alemão,<br />
empresas brasileiras e<br />
especialistas alemães<br />
mantêm estreito contato no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das obras<br />
37
38<br />
Obras na área <strong>de</strong><br />
captação <strong>de</strong> água<br />
<strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong><br />
Sul – década <strong>de</strong> <strong>50</strong><br />
fermeiros que, revezan<strong>do</strong>-se em turnos,<br />
davam plantão permanente na fábrica. A<br />
Idrongal a<strong>do</strong>ta a filosofia da BASF que,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1866, contava com um serviço <strong>de</strong><br />
atendimento médico em suas instalações<br />
<strong>de</strong> Ludwigshafen.<br />
Três <strong>anos</strong> após a fundação da<br />
Idrongal, numa reunião extraordinária,<br />
é eleita uma nova diretoria. Max Hamers<br />
é confirma<strong>do</strong> na presidência, Schoene<br />
na diretoria comercial e para a diretoria<br />
técnica é indica<strong>do</strong> Ernest Fackler, que<br />
substitui Kertschner.<br />
No outono <strong>de</strong> 1959, o objetivo maior<br />
– o funcionamento da fábrica – estava<br />
próximo <strong>de</strong> ser alcança<strong>do</strong>. Mas Fackler<br />
a<strong>do</strong>ece gravemente e é obriga<strong>do</strong> a voltar<br />
para a Alemanha, on<strong>de</strong> faleceria poucas<br />
semanas <strong>de</strong>pois.<br />
Provisoriamente, o gerente da seção<br />
<strong>de</strong> materiais auxiliares <strong>de</strong> redutores em<br />
Ludwigshafen, A. Janson, assume a ge-<br />
rência em Guaratinguetá, cuidan<strong>do</strong> para<br />
que não houvesse qualquer interrupção<br />
na montagem <strong>do</strong>s equipamentos.<br />
Erich Wen<strong>de</strong>l, um <strong>do</strong>s primeiros<br />
mestres alemães <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s para a<br />
Idrongal, nessa ocasião envolvi<strong>do</strong> na<br />
montagem da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispersões, relata<br />
a gravida<strong>de</strong> da situação: “A fábrica<br />
ficou cerca <strong>de</strong> três meses sem uma direção<br />
e quan<strong>do</strong> veio o substituto, <strong>de</strong>correu<br />
certo tempo <strong>de</strong> adaptação, pois ele<br />
não possuía pleno conhecimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />
os projetos em execução. Tratava-se<br />
apenas <strong>de</strong> uma medida provisória, enquanto<br />
era prepara<strong>do</strong> o substituto efetivo”.<br />
Complementa o seu relato, afirman<strong>do</strong><br />
que as dificulda<strong>de</strong>s foram atenuadas<br />
pela ação <strong>do</strong>s “auxiliares brasileiros <strong>do</strong><br />
Dr. Fackler que, na sua ausência, prestaram<br />
gran<strong>de</strong> ajuda <strong>aos</strong> mestres, especialmente<br />
na área técnica”.<br />
É certo, porém, que tais dificulda<strong>de</strong>s<br />
não se restringiam <strong>aos</strong> aspectos técnicos.<br />
Havia fatores que se encontravam<br />
totalmente fora <strong>de</strong> controle das equipes<br />
<strong>de</strong> montagem, como as frequentes interrupções<br />
no fornecimento <strong>de</strong> energia<br />
elétrica, falta <strong>de</strong> guindastes e, ainda, as<br />
constantes alterações climáticas.<br />
Edgar Friess, primeiro mestre mecânico<br />
alemão, observa que “no perío<strong>do</strong><br />
das chuvas, as condições <strong>de</strong> trabalho<br />
nas unida<strong>de</strong>s mais distantes da estrada<br />
principal se tornavam bastante difíceis.<br />
Nas áreas on<strong>de</strong> estavam o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />
enxofre e o gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> emergência, por
exemplo, chegava-se a afundar em um<br />
metro <strong>de</strong> lama.”<br />
O próprio Friess lembra que “as condições<br />
<strong>de</strong> trabalho eram bem <strong>de</strong>sconfortáveis,<br />
em todas as situações. A temperatura<br />
era alta, os prazos aperta<strong>do</strong>s, havia<br />
dificulda<strong>de</strong>s materiais, eram constantes<br />
as interrupções no fornecimento <strong>de</strong> energia<br />
elétrica, faltavam guindastes etc.”.<br />
Como sucessor <strong>de</strong> Fackler foi nomea<strong>do</strong><br />
o Dr. E. Voekl, químico <strong>de</strong><br />
Ludwigshafen. Ao seu la<strong>do</strong> estava um<br />
jovem alemão que vivia havia já algum<br />
tempo no Brasil, J. Versemann, a quem<br />
caberia a supervisão das áreas administrativa<br />
e comercial.<br />
A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> todas limitações e dificulda<strong>de</strong>s,<br />
os trabalhos avançam e, em<br />
mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1959, as construções são praticamente<br />
concluídas. As instalações<br />
encontram-se, nesse momento, em fase<br />
final <strong>de</strong> montagem. To<strong>do</strong>s os edifícios,<br />
armazéns <strong>de</strong> matéria-prima e produtos<br />
acaba<strong>do</strong>s necessários para o início <strong>de</strong><br />
produção, estão prontos. Para o fornecimento<br />
<strong>de</strong> energia na obtenção da síntese<br />
<strong>do</strong> áci<strong>do</strong> sulfúrico fora instalada uma<br />
cal<strong>de</strong>ira. O abastecimento <strong>de</strong> água conta<br />
com um sistema <strong>de</strong> captação no Rio<br />
Paraíba, uma gran<strong>de</strong> caixa d´água e três<br />
poços profun<strong>do</strong>s. A central elétrica, já ligada<br />
à re<strong>de</strong>, recebe a energia necessária<br />
e, para eventuais interrupções, está equipada<br />
com um sistema gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> emergência.<br />
Tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as orientações<br />
iniciais <strong>de</strong> Pfannmueller.<br />
Início das Operações<br />
Na primavera <strong>de</strong> 1959 é inaugurada a<br />
fábrica com uma solenida<strong>de</strong> simples. A<br />
diretoria da Idrongal transfere-se <strong>de</strong>finitivamente<br />
<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro para<br />
Guaratinguetá. Como os gran<strong>de</strong>s centros<br />
industriais eram distantes, instala-se uma<br />
oficina bem equipada que, sob a direção<br />
<strong>do</strong> mestre Edgar Friess, fazia os reparos<br />
necessários e consertos <strong>do</strong>s aparelhos e<br />
equipamentos, manten<strong>do</strong> para isso um<br />
estoque <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição que, apesar<br />
da varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> itens, nem sempre era<br />
suficiente para o atendimento das necessida<strong>de</strong>s.<br />
Friess ressalta que naquele estágio<br />
das operações, havia momentos em<br />
que “faltavam peças <strong>de</strong> reposição para a<br />
maioria <strong>do</strong>s equipamentos”.<br />
No início da produção, algumas<br />
dificulda<strong>de</strong>s são logo <strong>de</strong>tectadas em<br />
Guaratinguetá. Problemas com manutenção<br />
na fábrica <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> enxofre,<br />
por exemplo, levaram a danificar componentes<br />
internos <strong>do</strong>s equipamentos<br />
<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> superaquecimento ou<br />
corrosão.<br />
Não era <strong>de</strong> estranhar que ocorressem<br />
fatos <strong>de</strong>ssa natureza, pois como bem<br />
lembra Hans Borowski, sul-africano <strong>de</strong><br />
origem alemã e primeiro mestre “brasileiro”<br />
da Idrongal, como ele se auto<strong>de</strong>nomina,<br />
“as instalações eram pequenas,<br />
fora da realida<strong>de</strong> da BASF, já naquela<br />
época. Em <strong>de</strong>corrência disso, certos<br />
processos emprega<strong>do</strong>s eram diferentes<br />
39
40<br />
Fábrica <strong>de</strong> Styropor®<br />
Década <strong>de</strong> 60<br />
<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s na matriz. O trato com esses<br />
processos, distintos <strong>do</strong>s já conheci<strong>do</strong>s,<br />
tinha que ser aprendi<strong>do</strong>. Era, enfim,<br />
uma outra forma <strong>de</strong> produção”.<br />
A aparelhagem instalada em<br />
Guaratinguetá, também tinha características<br />
distintas das utilizadas<br />
em Ludwigshafen. Conforme explica<br />
Borowski, “nós começamos aqui com<br />
um reator <strong>de</strong> 3 metros cúbicos, num sistema<br />
<strong>de</strong> agitação que <strong>de</strong>veria ser univer-<br />
sal. Deveria, portanto, aten<strong>de</strong>r ao processamento<br />
<strong>de</strong> materiais com flui<strong>de</strong>z muito<br />
baixa e alta viscosida<strong>de</strong>. Acontece que<br />
essa universalida<strong>de</strong> causa alguns problemas,<br />
limitan<strong>do</strong>, por exemplo, algumas<br />
adaptações. Esses problemas se agravam<br />
ainda mais quan<strong>do</strong> se dispõe <strong>de</strong> um único<br />
equipamento para uma gama muito<br />
gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos”.<br />
Concordan<strong>do</strong> com Borowski,<br />
Wen<strong>de</strong>l lembra que “na Alemanha, <strong>de</strong>n-
tro <strong>do</strong> meu setor, fabricavam-se 10 produtos<br />
diferentes, contan<strong>do</strong> para isso com<br />
cinco equipamentos diferentes”.<br />
Além <strong>de</strong>sses aspectos técnicos e meto<strong>do</strong>lógicos,<br />
existia o agravante <strong>de</strong> se<br />
trabalhar com matérias primas diferentes<br />
das utilizadas em Ludwigshafen. A<br />
soda cáustica, importada da Inglaterra,<br />
vinha sólida e tinha que ser diluída em<br />
tanques antes <strong>de</strong> entrar nas respectivas<br />
soluções. Outras ainda, adquiridas aqui<br />
mesmo no Brasil, apresentavam muitas<br />
impurezas. “O sal, por exemplo, entrava<br />
em solução, mas a areia, que vinha com<br />
ele, ficava misturada à massa <strong>do</strong>s cristais<br />
<strong>de</strong> hidrossulfito”, lembra Borowski.<br />
Era natural, portanto, que, enquanto<br />
não houvesse total assimilação <strong>de</strong>sses<br />
“novos” processos <strong>de</strong> produção e, principalmente,<br />
não se alcançassem níveis<br />
mais toleráveis na qualida<strong>de</strong> das matérias<br />
primas, o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />
peças ocorresse com uma frequência<br />
muito acima <strong>do</strong> normal.<br />
À medida que os problemas surgiam,<br />
concentravam-se to<strong>do</strong>s os esforços<br />
no encontro <strong>de</strong> suas soluções. Para<br />
as matérias primas procuravam-se novos<br />
fornece<strong>do</strong>res e para as questões <strong>de</strong>correntes<br />
da utilização <strong>do</strong> equipamento<br />
encontravam-se formas que nem sempre<br />
passavam pelos conceitos técnicos<br />
convencionais.<br />
Mais diretamente liga<strong>do</strong> à montagem<br />
e à manutenção <strong>do</strong>s equipamentos,<br />
Friess ressalta a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s colabo-<br />
ra<strong>do</strong>res na busca <strong>de</strong> soluções alternativas,<br />
observan<strong>do</strong> que “a improvisação<br />
era diária e estava presente em tu<strong>do</strong>.<br />
Nessas situações, a melhor i<strong>de</strong>ia era a<br />
que <strong>de</strong>veria ser aplicada e isso entusiasmava<br />
a to<strong>do</strong>s”.<br />
Comentan<strong>do</strong> essa afirmação, com<br />
a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem viveu <strong>de</strong> perto<br />
aquelas experiências, Borowski enfatiza<br />
que “para os espíritos mais aventureiros,<br />
esses aspectos da improvisação<br />
se constituíam na mola que os incentivava,<br />
pois proporcionavam, aqui em<br />
Guaratinguetá, uma maior abrangência<br />
e, portanto, maior liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação, o<br />
que resultava num envolvimento muito<br />
mais profun<strong>do</strong> <strong>do</strong> que na casa matriz,<br />
on<strong>de</strong> a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação era mais<br />
limitada”.<br />
De qualquer forma, com as instalações<br />
já funcionan<strong>do</strong> plenamente, uma<br />
gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> passa a recair<br />
sobre os ombros <strong>do</strong>s gerentes, engenheiros<br />
e mestres alemães. To<strong>do</strong>s se empenham<br />
em superar os problemas, pois<br />
agora não se podia correr risco <strong>de</strong> atraso<br />
no atendimento <strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s. Após meses<br />
<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s, técnicos alemães e<br />
profissionais brasileiros alcançaram, finalmente,<br />
um <strong>de</strong>sempenho satisfatório<br />
da unida<strong>de</strong> industrial <strong>de</strong> Guaratinguetá.<br />
O merca<strong>do</strong> aguardava. A Idrongal<br />
previa conquistá-lo totalmente, liberan<strong>do</strong><br />
os consumi<strong>do</strong>res das importações.<br />
Mas, ainda assim, trabalhava-se no<br />
vermelho.<br />
41
42<br />
Ao contrário <strong>do</strong> que se imaginava na<br />
matriz, poucos funcionários especializa<strong>do</strong>s<br />
– exclusivamente mestres – têm que<br />
ser <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ludwigshafen. Sua estada<br />
em Guaratinguetá se resume a colocar<br />
a fábrica em funcionamento e orientar<br />
o início da produção, tarefa assumida em<br />
seguida pelos técnicos brasileiros. Apenas<br />
a fabricação <strong>de</strong> materiais redutores, dispersões<br />
plásticas e Styropor® permaneceriam<br />
sob os cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um especialista<br />
<strong>de</strong> Ludwigshafen durante 10 <strong>anos</strong>. Para a<br />
administração comercial foram contrata<strong>do</strong>s<br />
funcionários brasileiros que se adaptaram<br />
<strong>de</strong> pronto ao sistema.<br />
Uma das preocupações da direção<br />
da Idrongal era proporcionar condições<br />
<strong>de</strong> vida a<strong>de</strong>quada para os funcionários<br />
vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ludwigshafen com suas famílias.<br />
São construídas casas e, <strong>de</strong>pois, uma<br />
piscina para amenizar o processo <strong>de</strong> sua<br />
adaptação. Com isso, ficava garanti<strong>do</strong> o<br />
clima <strong>de</strong> convívio a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, fundamental<br />
para o cotidiano <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong><br />
trabalho estrangeiro.<br />
Em maio <strong>de</strong> 1960, após cinco <strong>anos</strong> na<br />
presidência da Idrongal, Hamers solicitou<br />
seu afastamento. É constituída uma nova<br />
diretoria. Dr. Macha<strong>do</strong> assume a presidência.<br />
Dr. Voelkl a vice-presidência.<br />
Como diretores são indica<strong>do</strong>s Verseman<br />
e Schoene, este <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> mais às relações<br />
da Idrongal com a <strong>Quimico</strong>lor.<br />
Longos <strong>anos</strong> <strong>de</strong> esforço junto às autorida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras resultaram num<br />
consi<strong>de</strong>rável aumento das taxas alfan<strong>de</strong>-<br />
gárias para os produtos importa<strong>do</strong>s similares<br />
<strong>aos</strong> produzi<strong>do</strong>s na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Guaratinguetá e, com isso, a Idrongal<br />
alcançou uma posição privilegiada com<br />
base para o futuro.<br />
Novos méto<strong>do</strong>s e equipamentos<br />
para a produção <strong>do</strong>s agentes redutores<br />
foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s em Ludwigshafen,<br />
proporcionan<strong>do</strong> à Idrongal rentabilida<strong>de</strong><br />
ainda maior. Esse fato assumiu gran<strong>de</strong><br />
importância na medida em que a<br />
produção <strong>do</strong>s materiais redutores <strong>de</strong>veria<br />
servir como propaganda para outros<br />
produtos. E foi o que <strong>de</strong> fato ocorreu.<br />
Novos produtos iam sen<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong>s<br />
nas linhas da Idrongal e, em consequência,<br />
novos investimentos se faziam<br />
necessários para sustentar sua expansão.<br />
Entre os <strong>anos</strong> <strong>50</strong> e 70, verifica-se um<br />
acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da indústria<br />
química no Brasil. Programas <strong>do</strong> governo<br />
contemplam o setor com generosos<br />
investimentos, especialmente na petroquímica,<br />
produtora <strong>de</strong> insumos básicos.<br />
Ainda assim era muito acanhada a base<br />
nacional <strong>de</strong> matéria-prima.<br />
No seu <strong>do</strong>mínio – o <strong>do</strong>s agentes redutores<br />
– a Idrongal <strong>de</strong>pendia muito das<br />
importações. Nem to<strong>do</strong>s os insumos<br />
eram encontra<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> brasileiro.<br />
O enxofre e o pó <strong>de</strong> zinco, por exemplo,<br />
eram adquiri<strong>do</strong>s no exterior. O pó<br />
<strong>de</strong> zinco, especialmente, era caro e, seu<br />
preço, fator prepon<strong>de</strong>rante no custo <strong>de</strong><br />
produção daqueles agentes. Importa<strong>do</strong><br />
da Alemanha e da Bélgica, esse produ-
to representava ainda inconvenientes,<br />
como flutuação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, fato que,<br />
tanto quanto o custo, se refletia diretamente<br />
na rentabilida<strong>de</strong> da operação.<br />
O zinco metálico em barras podia<br />
ser encontra<strong>do</strong> no país. Sua transformação<br />
em pó metálico <strong>de</strong>veria ser uma<br />
operação lucrativa. Assim, em mea<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 60 foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s na<br />
Alemanha, equipamentos para produzir<br />
o pó <strong>de</strong> zinco. Um ano após a sua instalação<br />
em Guaratinguetá, já estavam<br />
supridas todas as necessida<strong>de</strong>s da área:<br />
a Idrongal produzia a quantida<strong>de</strong> suficiente,<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
exigi<strong>do</strong>s. Esse fato foi marcante, pois<br />
pela primeira vez a Idrongal financiava<br />
um projeto com recursos próprios.<br />
Após meia década <strong>de</strong> operação, a<br />
empresa estava <strong>de</strong>finitivamente consolidada.<br />
O resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua produção<br />
alcançou os limites das projeções<br />
apontadas nos estu<strong>do</strong>s preliminares e a<br />
comercialização era satisfatória, apesar<br />
da instabilida<strong>de</strong> política e econômica<br />
reinante no país.<br />
Com o fornecimento <strong>de</strong> corantes<br />
à indústria têxtil brasileira a Idrongal<br />
exercia um papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento da indústria nacional.<br />
Logo teve seu nome respeita<strong>do</strong> tanto<br />
no setor químico como junto ao merca<strong>do</strong>.<br />
Sua direção estava agora nas mãos<br />
<strong>de</strong> sete pessoas (químicos, engenheiros<br />
e mestres), <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ludwigshafen,<br />
assim permanecen<strong>do</strong> por muitos <strong>anos</strong>.<br />
Por volta <strong>de</strong> 1964, mais <strong>de</strong> 200 pessoas<br />
já trabalhavam na produção e nos escritórios<br />
<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo. A<br />
maioria <strong>do</strong>s 170 funcionários e operários<br />
da fábrica era nascida em Guaratinguetá<br />
ou nas re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas. O serviço técnico<br />
numa indústria química era novida<strong>de</strong><br />
para eles. Sua adaptação, porém, se dava<br />
relativamente em pouco tempo.<br />
A Idrongal tornou-se parte da cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá on<strong>de</strong>, até então,<br />
existiam apenas duas outras fábricas <strong>de</strong><br />
porte: uma que produzia cobertores e<br />
outra <strong>de</strong> laticínios.<br />
Os administra<strong>do</strong>res públicos mantinham<br />
boas relações com a empresa, pois<br />
sabiam avaliar as vantagens <strong>de</strong> sua instalação<br />
no município.<br />
Conforme <strong>de</strong>terminava a lei, as indústrias<br />
tinham que contribuir para fun<strong>do</strong>s<br />
escolares, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o número<br />
<strong>de</strong> seus funcionários. Assim, foi constituída,<br />
próximo à Idrongal, uma escola<br />
frequentada tanto pelos filhos <strong>do</strong>s seus<br />
funcionários como pelas crianças mora<strong>do</strong>ras<br />
no bairro.<br />
A empresa ainda contribuía financeiramente<br />
na edificação <strong>de</strong> uma pequena<br />
igreja nas re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas.<br />
A imprensa local – um jornal diário<br />
e algumas folhas semanais e mensais –<br />
<strong>de</strong>stacava com frequência as vantagens<br />
que o empreendimento havia trazi<strong>do</strong><br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong>.<br />
Havia duas emissoras <strong>de</strong> rádio que<br />
veiculavam notícias locais. Por meio<br />
43
Construção da<br />
captação <strong>de</strong> água,<br />
na década <strong>de</strong> <strong>50</strong><br />
<strong>de</strong>ssas emissoras convocavam-se operários<br />
e trabalha<strong>do</strong>res especializa<strong>do</strong>s.<br />
Por ocasião <strong>do</strong> centenário <strong>de</strong> fundação<br />
da BASF foi programada uma solenida<strong>de</strong>,<br />
seguida <strong>de</strong> festejos, com participação<br />
<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o pessoal da fábrica. Uma <strong>de</strong>ssas<br />
emissoras transmitiu palestras e músicas.<br />
Toda Guaratinguetá e arre<strong>do</strong>res<br />
estava ouvin<strong>do</strong>, provavelmente pela primeira<br />
vez, notícias e informações sobre<br />
a gran<strong>de</strong> matriz da empresa <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>:<br />
a BASF em Ludwigshafen.<br />
O ritmo <strong>de</strong> crescimento da economia<br />
brasileira vai <strong>de</strong>terminar os rumos<br />
da Idrongal, que pô<strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong><br />
<strong>aos</strong> negócios com o mesmo êxito <strong>do</strong>s primeiros<br />
cinco <strong>anos</strong> e, ao mesmo tempo,<br />
sustentar sua expansão. Em 1968, a empresa<br />
<strong>de</strong> Hamers é totalmente absorvida,<br />
transferin<strong>do</strong>-se a produção <strong>do</strong>s produtos<br />
auxiliares <strong>de</strong> couro para Guaratinguetá.<br />
Fundação da BASF<br />
Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a uma política <strong>de</strong> expansão<br />
das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Grupo BASF no<br />
país, em 1969 a razão social da Idrongal<br />
é alterada para BASF Brasileira S/A.<br />
Avolumam-se os investimentos, seja<br />
pela ampliação das ativida<strong>de</strong>s já instaladas,<br />
seja pela incorporação <strong>de</strong> outras<br />
empresas e a consequente transferência<br />
<strong>de</strong> sua produção para Guaratinguetá.<br />
Ainda em 1969, a BASF Brasileira adquiriu<br />
todas as ações da Brasitex-Polimer<br />
Indústrias Químicas S.A., empresa sediada<br />
em São Caetano <strong>do</strong> Sul, São Paulo.<br />
Dois <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois, a produção <strong>de</strong> taninos<br />
e resinas <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação da Brasitex seria<br />
<strong>de</strong>slocada para Guaratinguetá.<br />
O surto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />
Brasil na década <strong>de</strong> 70 abre novas perspectivas<br />
<strong>de</strong> merca<strong>do</strong>. A BASF Brasileira,<br />
acreditan<strong>do</strong> no crescimento da economia<br />
e enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que não podia permanecer<br />
à margem <strong>de</strong>sse processo, inicia,<br />
em 1973, a produção <strong>de</strong> fitas magnéticas<br />
e fitas cassete, para gravação e reprodução<br />
sonora. Essa unida<strong>de</strong> seria transferida<br />
para Manaus em 1991.<br />
Pela mesma época, a BASF já havia<br />
solidifica<strong>do</strong> a posição <strong>de</strong> maior contribuinte<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá. No ano<br />
seguinte, 1974, é construída uma instalação<br />
para líqueres sintéticos, seguida,<br />
em 1975, pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação <strong>do</strong>s<br />
pigmentos orgânicos – ftalocianinas.<br />
Os esforços e investimentos da BASF
Brasileira na área <strong>do</strong>s corantes haviam<br />
si<strong>do</strong> tão significativos que, em 1979, essa<br />
linha <strong>de</strong> produtos representava 31% <strong>do</strong><br />
faturamento da empresa.<br />
Estamos em 1980. Vinte e cinco<br />
<strong>anos</strong> passaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira visita <strong>de</strong><br />
Pfannmueller e Hamers a Guaratinguetá.<br />
A euforia econômica <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 70 havia<br />
cedi<strong>do</strong> lugar ao início <strong>de</strong> um processo<br />
recessivo que inspirava cuida<strong>do</strong>s.<br />
No começo da década entra em<br />
operação a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poliesteróis e corantes<br />
à base <strong>de</strong> dispersões e inicia-se a<br />
fabricação <strong>de</strong> fitas magnéticas para computa<strong>do</strong>r,<br />
também transferida posteriormente<br />
para Manaus.<br />
No plano comercial, a BASF Brasileira<br />
revoluciona os conceitos merca<strong>do</strong>lógicos<br />
da indústria química no país.<br />
Enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que as características <strong>de</strong> um<br />
produto transcen<strong>de</strong>m a sua tangibilida<strong>de</strong>,<br />
a direção da empresa cria o Centro <strong>de</strong><br />
Aplicação Técnica e Desenvolvimento<br />
<strong>de</strong> Dispersões Plásticas. Com ele, o enfoque<br />
<strong>de</strong> venda se concentra mais nos<br />
efeitos, na expectativa que se tem <strong>do</strong><br />
produto, <strong>do</strong> que nele próprio. A i<strong>de</strong>ia é<br />
simples: <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas<br />
para cada área industrial a que se <strong>de</strong>stinam<br />
os produtos (têxtil, papel, a<strong>de</strong>sivos,<br />
tintas etc.) e a simulação em laboratório<br />
das suas utilizações nas mesmas<br />
condições das aplicações nas linhas <strong>de</strong><br />
produção da indústria em geral. Hoje,<br />
o Centro presta assistência técnica às<br />
unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e representações<br />
comerciais da BASF instaladas em vários<br />
países da América <strong>do</strong> Sul.<br />
Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expansão,<br />
em 1981 é instalada uma unida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> reaproveitamento <strong>de</strong> solventes<br />
que, passan<strong>do</strong> por um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>puração,<br />
são reutiliza<strong>do</strong>s na fabricação <strong>de</strong><br />
fitas magnéticas. Desloca-se a produção<br />
<strong>de</strong> corantes especiais <strong>de</strong> São Caetano <strong>do</strong><br />
Sul para Guaratinguetá, fato que se re-<br />
45
46<br />
petiria três <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois com os produtos<br />
<strong>de</strong> dispersões. Ainda nesse ano, tem<br />
início o processamento <strong>de</strong> Calpan e das<br />
vitaminas A e E, insumos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à<br />
produção <strong>de</strong> ração animal.<br />
Em abril <strong>de</strong> 1984, passa<strong>do</strong>s quatro<br />
<strong>anos</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a aquisição <strong>do</strong> terreno adicional<br />
<strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> m 2 e o investimento <strong>de</strong> 10<br />
milhões <strong>de</strong> marcos alemães, entra em operação<br />
a Estação <strong>de</strong> Tratamento Biológico.<br />
Ocupan<strong>do</strong> uma área <strong>de</strong> 65 mil m 2 , é uma<br />
das maiores <strong>do</strong> país, ten<strong>do</strong> capacida<strong>de</strong> para<br />
aten<strong>de</strong>r ao tratamento <strong>de</strong> esgoto <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong><br />
com o equivalente a 100 mil habitantes<br />
(ver texto na página 79).<br />
Os investimentos da BASF no Brasil,<br />
a maior parte <strong>de</strong>les em Guaratinguetá,<br />
atingem em 1987 a cifra <strong>de</strong> 200 milhões<br />
<strong>de</strong> dólares. Ainda nesse ano, tem início<br />
a produção <strong>de</strong> Bentazon. Em 1989 entra<br />
em funcionamento uma segunda unida<strong>de</strong><br />
para a produção <strong>de</strong> soluções e dispersões<br />
plásticas.<br />
Mais uma vez está presente a preocupação<br />
com o meio ambiente. Essa segunda<br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> dispersões<br />
plásticas <strong>de</strong>man<strong>do</strong>u investimentos<br />
<strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> dólares, <strong>do</strong>s quais 1,5<br />
milhão, cerca <strong>de</strong> 15% <strong>do</strong> investimento<br />
total, correspon<strong>de</strong> à instalação <strong>de</strong> equipamentos<br />
<strong>de</strong> controle das emanações<br />
e preservação <strong>do</strong> ar. Instalou-se nessa<br />
unida<strong>de</strong> um sistema central <strong>de</strong> exaustão<br />
e lavagem <strong>de</strong> gases, eliminan<strong>do</strong>-se<br />
por completo os riscos <strong>de</strong> contaminação<br />
da atmosfera.<br />
Unida<strong>de</strong> produz Dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Enxofre, matéria-prima para a<br />
fábrica <strong>de</strong> Hidrossulfito <strong>de</strong> Sódio
48<br />
Mestre Ludwig Fahrschon: diferenças<br />
culturais, mas o mesmo <strong>de</strong>safio
Com a palavra, os mestres<br />
Até agora se falou em mestrias, mestres e na importância <strong>de</strong> seu papel na implantação<br />
e início das operações da Idrongal. Mas quem eram esses homens? O que os motivara<br />
a sair da Alemanha e vir para Guaratinguetá? O que faziam no âmbito <strong>de</strong> seu trabalho?<br />
Como se relacionavam no trabalho e fora <strong>de</strong>le, conviven<strong>do</strong> com diferenças culturais<br />
e linguísticas? Quais foram suas primeiras impressões da cida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> país?<br />
“Mestre” era uma <strong>de</strong>signação genérica para técnicos com alto grau <strong>de</strong> especialização<br />
em <strong>de</strong>terminadas áreas, direta ou indiretamente ligadas à produção. Respondiam<br />
por setores específicos com atribuições bastante amplas nas áreas em que atuavam.<br />
Entre os primeiros mestres que vieram <strong>de</strong> Ludwigshafen estavam os Srs. Ludwig<br />
Fahrnschon, Erich Wen<strong>de</strong>l e Edgar Friess, cujos <strong>de</strong>poimentos, soma<strong>do</strong>s às impressões<br />
e comentários <strong>do</strong> Sr. Hans Borowski, contribuíram <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva para a reconstituição<br />
da história da Idrongal sob a ótica das relações pessoais. Uma visão mais humana,<br />
portanto.<br />
Li<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> e orientan<strong>do</strong> pessoas, os mestres <strong>de</strong>finiam processos, estabeleciam<br />
critérios e <strong>de</strong>cidiam, entre outras coisas, sobre procedência e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matérias<br />
49
<strong>50</strong><br />
primas, liberação <strong>de</strong> produtos, níveis <strong>de</strong><br />
estoque, méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fabricação ou ampliação<br />
<strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> pessoal.<br />
Borowski dá uma i<strong>de</strong>ia clara sobre a<br />
abrangência da ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mestres ao<br />
afirmar que “eram gerentes com po<strong>de</strong>res<br />
amplia<strong>do</strong>s, talvez até com po<strong>de</strong>res mais<br />
amplos que gerências <strong>de</strong> hoje”.<br />
Fahrschon, Wen<strong>de</strong>l e, posteriormente,<br />
Borowski, ocuparam mestrias na<br />
produção, enquanto Friess foi o primeiro<br />
mestre da área mecânica.<br />
É curioso observar a maneira como<br />
eles, especialmente os alemães, <strong>de</strong>ram início<br />
a essa experiência. Wen<strong>de</strong>l, que ficou<br />
na Idrongal <strong>de</strong> 1959 a 1962, já era mestre<br />
em Ludwigshafen e foi incentiva<strong>do</strong> a assumir<br />
a mestria <strong>de</strong> dispersões no Brasil.<br />
Fahrnschon, que aqui permaneceu<br />
durante toda a década <strong>de</strong> 1960, era operário<br />
especializa<strong>do</strong> da fábrica da BASF<br />
em Oppau, vizinha a Ludwigshafen, na<br />
área <strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> nitrogênio. Ele<br />
havia conheci<strong>do</strong> o Dr. Voelkl, que a essa<br />
época, mais precisamente em 1959, já<br />
tinha acerta<strong>do</strong> sua transferência para a<br />
Idrongal. No primeiro semestre <strong>de</strong> 1960,<br />
encontraram-se casualmente na estação<br />
ferroviária <strong>de</strong> Ludwigshafen, quan<strong>do</strong> o<br />
Dr. Voelkl lhe disse, em tom insinuante,<br />
que estava recrutan<strong>do</strong> pessoas para<br />
trabalhar no Brasil. “A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
um trabalho no exterior mexeu comigo”,<br />
afirma Fahrnschon, que continua: “Eu<br />
era jovem e a estada, por um perío<strong>do</strong>, no<br />
exterior era interessante”.<br />
Durante cinco meses Fahrnschon ficou<br />
em treinamento na matriz, estagian<strong>do</strong><br />
em diversas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção<br />
que fabricavam os produtos que estavam<br />
nos pl<strong>anos</strong> da Idrongal. Em setembro <strong>de</strong><br />
1960 veio para Guaratinguetá. Quan<strong>do</strong><br />
chegou a fábrica <strong>de</strong> Hidrossulfito,<br />
cuja mestria ele assumiria, já estava<br />
funcionan<strong>do</strong>.<br />
Friess, que não era funcionário da<br />
BASF, candidatou-se especialmente para<br />
<strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s no exterior. Foi<br />
contrata<strong>do</strong> em 1958 ocupan<strong>do</strong>, ainda<br />
na Alemanha, o cargo <strong>de</strong> mestre auxiliar.<br />
Tinha todas as características para<br />
chegar à posição <strong>de</strong> mestre especialista,<br />
o que ocorreu em fevereiro <strong>de</strong> 1959. Em<br />
Guaratinguetá, na condição <strong>de</strong> mestre<br />
mecânico, supervisionou a montagem <strong>de</strong><br />
todas as unida<strong>de</strong>s instaladas entre outubro<br />
<strong>de</strong> 1959 e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1962. “A razão<br />
que me levou a candidatar-me a esse emprego<br />
foi o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ganhar experiência<br />
com trabalho em outro país, especialmente<br />
numa gran<strong>de</strong> área <strong>de</strong> montagem técnica<br />
<strong>de</strong> instalações industriais”, afirma.<br />
Borowski já residia no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
década <strong>de</strong> 1940. Com formação técnica<br />
em química, foi integra<strong>do</strong> <strong>aos</strong> quadros<br />
<strong>de</strong> assistência técnica da <strong>Quimico</strong>lor,<br />
em São Paulo, on<strong>de</strong> trabalhou <strong>de</strong> 1960<br />
a 1962, ano em que se transferiu para a<br />
Idrongal. “Era política da empresa, sempre<br />
que possível, a substituição <strong>do</strong>s mestres<br />
alemães por técnicos brasileiros.<br />
Acabei sen<strong>do</strong> o primeiro a ser convi-
da<strong>do</strong> para <strong>de</strong>senvolver as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
mestre, em substituição ao especialista<br />
alemão que havia implanta<strong>do</strong> a unida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> preparação pigmentária”.<br />
Àquela época, Guaratinguetá contava<br />
com apenas duas gran<strong>de</strong>s indústrias,<br />
o que, obviamente, restringia bastante a<br />
formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra operária, especialmente<br />
para uma indústria química.<br />
“Eram pessoas muito simples, <strong>de</strong>scalças.<br />
Realmente eram bem ru<strong>de</strong>s, muitos<br />
<strong>de</strong>les recém-saí<strong>do</strong>s da lavoura”, observa<br />
Fahrnschon, que sem qualquer preparo<br />
prévio no idioma, lembra: “Imagine<br />
treinar e instruir esses homens sem falar<br />
português”.<br />
A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>ssa limitação,<br />
Fahrnschon, saiu-se muito bem nas explicações<br />
sobre o controle analítico <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produto. Treinava o pessoal<br />
<strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>, em laboratório, as<br />
análises <strong>do</strong> hidrossulfito.<br />
Mesmo ten<strong>do</strong> algumas<br />
noções <strong>de</strong> português,<br />
Friess recorda os problemas<br />
encontra<strong>do</strong>s na comunicação<br />
com seus colabora<strong>do</strong>res:<br />
“Com algumas<br />
palavras que aprendi na<br />
Alemanha, consegui suplantar<br />
as dificulda<strong>de</strong>s<br />
iniciais. Recebi muito<br />
apoio <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />
brasileiros. Às vezes,<br />
o esforço era tão gran<strong>de</strong><br />
que chegávamos a nos ex-<br />
pressar com as mãos e os pés para nos<br />
fazer compreen<strong>de</strong>r. De qualquer mo<strong>do</strong>,<br />
os meus auxiliares eram pessoas dóceis<br />
e talentosas. Aprendiam com muita facilida<strong>de</strong><br />
e em pouco tempo se transformavam<br />
em excelentes operários. Eu<br />
também pu<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r muito com eles.<br />
Tenho que reconhecer isso”.<br />
Wen<strong>de</strong>l, ao contrário, ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong><br />
uma preparação prévia no português,<br />
não encontrou maiores entraves na comunicação.<br />
Igualmente, reforça o aspecto<br />
ru<strong>de</strong> das pessoas, mas diz que “essa<br />
aparência muito pobre das pessoas havia<br />
melhora<strong>do</strong> à época <strong>do</strong> meu retorno<br />
para a Alemanha, pois o pessoal já tinha<br />
emprego e ganhava algum dinheiro. Às<br />
vezes percebia-se a intenção <strong>de</strong> imitar<br />
o vestuário <strong>do</strong>s alemães... De qualquer<br />
forma, era notória a melhoria <strong>de</strong> padrão<br />
estético das pessoas”.<br />
Mestres anotavam<br />
em ca<strong>de</strong>rnos as<br />
receitas <strong>de</strong> produção
Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul e estrutura<br />
<strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água<br />
52<br />
Ainda sobre as condições sociais e<br />
familiares, Fahrnschon observa que, além<br />
<strong>de</strong> muito humil<strong>de</strong>, o operário possuía uma<br />
prole bastante numerosa. Preocupa<strong>do</strong> em<br />
promover alguma satisfação a essas famílias,<br />
ele convocou um <strong>do</strong>s seus colabora<strong>do</strong>res<br />
procuran<strong>do</strong> saber o que po<strong>de</strong>ria ser<br />
feito nesse senti<strong>do</strong>.<br />
Após algumas conversas, lembra<br />
Fahrnschon, “<strong>de</strong>cidimos juntar papel<br />
velho na fábrica, que foi vendi<strong>do</strong><br />
no final <strong>do</strong> ano. Com o dinheiro obti<strong>do</strong><br />
compramos uma novilha e promovemos<br />
um churrasco por ocasião <strong>do</strong>s<br />
festejos natalinos. Nessa época, contatei<br />
a Luchesi, firma <strong>de</strong> plásticos e brinque<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá, conseguin<strong>do</strong><br />
adquirir, em condições especiais, bolas,<br />
bonecas, carrinhos, enfim, diversos tipos<br />
<strong>de</strong> brinque<strong>do</strong>s que foram distribuí<strong>do</strong>s<br />
<strong>aos</strong> filhos <strong>do</strong>s funcionários”. Esse<br />
fato ocorreu em 1965 e, muito prova-
velmente, foi a primeira festa <strong>de</strong> confraternização<br />
na Idrongal.<br />
No plano das relações sociais, as dificulda<strong>de</strong>s<br />
não foram menores, Com o<br />
passar <strong>do</strong> tempo, porém, o processo <strong>de</strong><br />
adaptação às novas condições e ao próprio<br />
idioma, foi se consolidan<strong>do</strong>.<br />
No princípio, lembra Friess, “os contatos<br />
com a população local restringiamse<br />
ao pa<strong>de</strong>iro, ao <strong>do</strong>no <strong>do</strong> armazém e ao<br />
pessoal <strong>do</strong> hotel”. Os <strong>anos</strong> que passou<br />
em Guaratinguetá, no entanto, foram<br />
suficientes para o estabelecimento <strong>de</strong><br />
relações com pessoas <strong>de</strong> diversos níveis<br />
sociais e culturais, proporcionan<strong>do</strong>-lhes<br />
condições <strong>de</strong> observar que “a população<br />
é muito espontânea, aberta e receptiva.<br />
Quanto mais pobre, mas respeitosa”.<br />
Fahrnschon atribui as dificulda<strong>de</strong>s<br />
<strong>do</strong>s primeiros contatos às suas limitações<br />
com o idioma, mas lembra que,<br />
por vezes, observan<strong>do</strong>, com seus companheiros<br />
alemães, o “footing” na praça<br />
Rodrigues Alves, ponto <strong>de</strong> encontro da<br />
juventu<strong>de</strong>, eram convida<strong>do</strong>s para tomar<br />
cafezinho.<br />
Menciona algumas amiza<strong>de</strong>s com<br />
comerciantes, padres, médicos e famílias<br />
<strong>de</strong> origem alemã, citan<strong>do</strong> carinhosamente<br />
a sua aproximação com um atleta<br />
da Esportiva, time <strong>de</strong> futebol local. “Esse<br />
clube havia subi<strong>do</strong> para a primeira divisão<br />
naquela época. Um <strong>do</strong>s primeiros<br />
jogos foi com o Santos, <strong>do</strong> famoso Pelé.<br />
Como eu gostava <strong>de</strong> futebol, fui ao estádio<br />
e lá travei amiza<strong>de</strong> com o golei-<br />
ro <strong>do</strong> time <strong>de</strong> Guaratinguetá”, lembra<br />
Fahrnschon.<br />
Se as opiniões <strong>do</strong>s mestres alemães<br />
sobre os trabalha<strong>do</strong>res e as dificulda<strong>de</strong>s<br />
iniciais são consenso, o mesmo já não<br />
ocorre com as primeiras impressões sobre<br />
a cida<strong>de</strong>.<br />
Friess comenta que “as impressões<br />
sobre o Brasil foram muito boas <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o início. Uma terra bonita, magnífica<br />
até, às vezes parecen<strong>do</strong> infindável”.<br />
Particularizan<strong>do</strong> a análise, diz que “a cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá tinha coisas muito diferentes<br />
<strong>do</strong> que era costume na Alemanha.<br />
Tu<strong>do</strong> parecia mais lento e às vezes o seu<br />
povo parecia um pouco sonha<strong>do</strong>r. As pessoas,<br />
contu<strong>do</strong>, eram amigas e sempre que<br />
podiam <strong>de</strong>monstravam isso”.<br />
Acrescente-se ainda ‘que as possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> compra na cida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong><br />
limitadas, não se po<strong>de</strong> dizer que fossem<br />
ruins. Guaratinguetá contava com um<br />
Satisfação <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res<br />
e das famílias brasileiros era<br />
preocupação <strong>do</strong>s mestres<br />
53
Funcionan<strong>do</strong> dia e<br />
noite, a supervisão<br />
<strong>de</strong> todas as<br />
ativida<strong>de</strong>s na fábrica<br />
era responsabilida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>s mestres<br />
bom merca<strong>do</strong>, algumas lojas <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s e<br />
estabelecimentos <strong>de</strong> artigos <strong>do</strong>mésticos.<br />
É evi<strong>de</strong>nte que produtos especiais – certas<br />
roupas ou gêneros alimentícios semelhantes<br />
<strong>aos</strong> consumi<strong>do</strong>s na Alemanha<br />
– tinham que ser adquiri<strong>do</strong>s em centros<br />
maiores. Para isso a empresa colocava<br />
um automóvel à disposição das esposas<br />
<strong>do</strong>s mestres e gerentes que, uma vez por<br />
mês, viajavam para São Paulo, on<strong>de</strong> realizavam<br />
compras maiores”.<br />
A respeito <strong>de</strong>ssas viagens, Borowski<br />
acrescenta que “com isso as esposas tinham<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quebrar a rotina.<br />
Em algumas <strong>de</strong>ssas viagens, até aproveitavam<br />
para ir ao cinema ou ao teatro.<br />
Talvez o contato mais frequente com um<br />
gran<strong>de</strong> centro, lhes proporcionasse uma<br />
atualização cultural maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>s<br />
próprios mari<strong>do</strong>s que, pelas exigências<br />
<strong>do</strong> trabalho, se afastavam mais esporadicamente<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá”.<br />
De forma bastante crítica, Fahrnschon<br />
lembra que “naquela época, as condições<br />
<strong>de</strong> compra na cida<strong>de</strong> eram muito precárias,<br />
só havia arroz, feijão e lentilhas que<br />
eram vendi<strong>do</strong>s a granel e embaladas após<br />
a pesagem, em sacos <strong>de</strong> papel”. Suas observações<br />
tornam-se ainda mais severas quan<strong>do</strong><br />
se refere <strong>aos</strong> açougues, “on<strong>de</strong> as carnes<br />
permaneciam muito expostas. Fiquei <strong>de</strong><br />
tal forma perturba<strong>do</strong> com as condições <strong>de</strong><br />
higiene que durante as seis primeiras semanas<br />
<strong>de</strong>pois da chegada comia apenas<br />
pão branco com sardinha em lata”.<br />
Bem mais adapta<strong>do</strong> à realida<strong>de</strong> brasileira,<br />
Borowski rebate veementemente<br />
essa colocação: “Nem sempre concor<strong>do</strong><br />
com essas opiniões. Elas saíram <strong>de</strong> uma<br />
ótica europeia e, sem dúvida, a distância<br />
era muito gran<strong>de</strong>. Acredito, porém, que<br />
não apenas Fahrnschon, mas também<br />
alguns outros acabam externan<strong>do</strong> os aspectos<br />
que lhes causaram maior impacto.<br />
Por isso, eles ficaram mais fixa<strong>do</strong>s em<br />
suas memórias. Outras situações igualmente<br />
distintas <strong>de</strong> seus hábitos, <strong>de</strong> mais<br />
fácil solução, não ficaram tão fortemente<br />
marcadas na memória ou, ainda, foram<br />
completamente esquecidas”.<br />
Geralmente esses homens vinham<br />
sozinhos da Alemanha, alguns meses<br />
antes das respectivas famílias, fato agrava<strong>do</strong><br />
pelo excessivo volume <strong>de</strong> trabalho<br />
que lhes causava certa inquietação.<br />
É compreensível, portanto, que algumas<br />
questões, até corriqueiras, assumissem<br />
proporções <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s problemas.
De qualquer forma é muito interessante<br />
olhar para trás e observar a<br />
opinião <strong>de</strong> Fahrnschon sobre a cida<strong>de</strong>,<br />
quan<strong>do</strong> hoje sabemos que ele foi o único<br />
mestre alemão a permanecer 10 <strong>anos</strong><br />
em Guaratinguetá. Dez <strong>anos</strong> que, com<br />
certeza, acabaram mudan<strong>do</strong> muito suas<br />
primeiras impressões, conforme ele próprio<br />
afirma: Fiquei muito satisfeito com<br />
o perío<strong>do</strong> que lá passei, tanto com a cida<strong>de</strong>,<br />
quanto com as pessoas e as chefias.<br />
Gostaria até <strong>de</strong> passar uns <strong>do</strong>is <strong>anos</strong> ainda<br />
no Brasil”.<br />
Apesar <strong>de</strong> todas as dificulda<strong>de</strong>s,<br />
parece que esses pioneiros da Idrongal<br />
perceberam algo muito importante manifesta<strong>do</strong><br />
no <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Friess: “A<br />
gente <strong>de</strong>ve observar que na Alemanha o<br />
açúcar não é mais <strong>do</strong>ce e nem o piche é<br />
mais negro”.<br />
Ao chegar a Guaratinguetá, alguns<br />
<strong>do</strong>s primeiros mestres residiram num<br />
hotel no centro da cida<strong>de</strong>. Em fins <strong>de</strong><br />
1959, foi concluída a construção das<br />
suas residências no terreno da fábrica,<br />
para on<strong>de</strong> se mudaram.<br />
O ritmo <strong>de</strong> trabalho era fatigante. A<br />
fábrica <strong>de</strong> dispersões, por exemplo, trabalhava<br />
em <strong>do</strong>is turnos, forçan<strong>do</strong> a mestria,<br />
Wen<strong>de</strong>l no caso, a uma jornada que<br />
se estendia às 22 horas. “Era necessário<br />
que se acompanhasse o pessoal até que o<br />
trabalho fosse totalmente assimila<strong>do</strong>, o<br />
que ocorreu em poucos meses”, recorda.<br />
Borowski observa que “a fábrica funcionava<br />
dia e noite, inclusive <strong>aos</strong> <strong>do</strong>min-<br />
gos. As unida<strong>de</strong>s eram pequenas e não<br />
havia muita condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação. Hoje<br />
é diferente. As unida<strong>de</strong>s cresceram e equipes<br />
foram sen<strong>do</strong> montadas, possibilitan<strong>do</strong><br />
a<strong>do</strong>tar processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação muito<br />
distintos daqueles <strong>do</strong>s primeiros tempos.<br />
A supervisão da produção <strong>de</strong> hoje encontra-se<br />
diluída em diversos “olhos” que<br />
têm que enxergar e diversas “inteligências”<br />
que têm que perceber. Àquela época,<br />
tu<strong>do</strong> se concentrava na maestria, na<br />
pessoa que estava diretamente à frente<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento e que tinha, portanto,<br />
gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> técnica”.<br />
“Morar <strong>de</strong>ntro da fábrica”, continua<br />
Borowski, “nos impunha uma vida<br />
um pouco diferente. Não conseguíamos<br />
nos <strong>de</strong>sligar <strong>do</strong> trabalho em momento<br />
nenhum”.<br />
“Tenho que dar razão ao Farhnschon<br />
quan<strong>do</strong> ele afirma que o trabalho, naquele<br />
início, era <strong>de</strong> sol a sol. Eu até diria<br />
55
Abaixo, fábrica <strong>de</strong> Styropor®.<br />
Na página ao la<strong>do</strong>, estrutura<br />
<strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água<br />
56<br />
que não se parava nunca. Você tinha a<br />
cama no trabalho e o telefone <strong>de</strong> serviço<br />
ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>la. Qualquer coisa que acontecesse,<br />
você era chama<strong>do</strong>, mesmo que<br />
não tivesse, diretamente, nada a ver com<br />
o problema. Ocorria um incêndio, você<br />
era aciona<strong>do</strong>. Faltava leite na cantina,<br />
você também era aciona<strong>do</strong>...”<br />
No começo da década <strong>de</strong> 1960 eram,<br />
ao to<strong>do</strong>, sete famílias residin<strong>do</strong> na área da<br />
fábrica. Três mestres e quatro gerentes.<br />
Sobre os aspectos <strong>de</strong> convivência<br />
social entre essas famílias, Borowski recorda<br />
que “as residências tinham um<br />
bom padrão. O local<br />
era sempre protegi<strong>do</strong>,<br />
embora se constituísse<br />
numa forma perigosa<br />
<strong>de</strong> viver. Essa maneira<br />
criou muitos problemas.<br />
Quem não tivesse<br />
ocupação– coisa comum<br />
às esposas, que<br />
passavam o dia em<br />
casa, longe da cida<strong>de</strong><br />
– acabava envolvi<strong>do</strong><br />
numa convivência<br />
forçada, que em certos<br />
casos chegou a provocar<br />
inimiza<strong>de</strong>s”.<br />
Borowski ainda<br />
afirma que “o importante<br />
era criar ativida<strong>de</strong>s<br />
para a família. Eu<br />
mesmo entrei para o<br />
Rotary e minha espo-<br />
sa ingressou na faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lorena. Os<br />
filhos gostavam. Era um lugar seguro<br />
e para eles o dia era bom. Chegava um<br />
momento, porém, que esse excesso <strong>de</strong><br />
proteção acabava sen<strong>do</strong> prejudicial, preocupante<br />
até para a educação”.<br />
Recordan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma bem humorada,<br />
sua mudança para outro local, fora<br />
da fábrica, conclui: “No final <strong>de</strong> 1979, eu<br />
percebia que meus nervos estavam abala<strong>do</strong>s.<br />
Foi quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>cidi sair, não só pela<br />
educação <strong>do</strong>s filhos, mas também pela<br />
minha conveniência. O “barulho” <strong>do</strong> toque<br />
<strong>do</strong> telefone me levantava a uma altura<br />
<strong>de</strong> meio metro da cama”.<br />
Manifestan<strong>do</strong> suas impressões gerais,<br />
esses homens são unânimes em<br />
lembrar com carinho a experiência pioneira<br />
vivida em Guaratinguetá. Chegase<br />
a perceber, nas entrelinhas <strong>de</strong> suas entrevistas,<br />
que se lhes fossem permiti<strong>do</strong><br />
um retorno no tempo gostariam <strong>de</strong> repetir<br />
a “aventura”.<br />
Enfático, Friess presta homenagem a<br />
seus pares colabora<strong>do</strong>res, ao afirmar que<br />
“se tu<strong>do</strong> isso se transformou numa unida<strong>de</strong><br />
em funcionamento, <strong>de</strong>ve-se à perseverança<br />
<strong>de</strong> um punha<strong>do</strong> <strong>de</strong> alemães<br />
que <strong>de</strong>ram o melhor <strong>de</strong> si, tanto quanto<br />
<strong>de</strong> nossos colabora<strong>do</strong>res brasileiros, <strong>aos</strong><br />
quais tenho muito que agra<strong>de</strong>cer”.<br />
“Se tivéssemos que entregar comendas,<br />
com certeza, haveria muitos veter<strong>anos</strong><br />
com medalhas em Guaratinguetá<br />
e Lorena, que po<strong>de</strong>riam olhar para trás<br />
com muito orgulho e altivez”.
58<br />
Vista aérea <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong><br />
Químico – 2000
As transformações <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 90<br />
A BASF dá prosseguimento a seus pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> investimento, participan<strong>do</strong> ativamente<br />
da economia da cida<strong>de</strong> com expressivo recolhimento <strong>de</strong> impostos. Da<strong>do</strong>s disponíveis<br />
<strong>de</strong> 1987 indicam que quase 60% <strong>de</strong> toda a arrecadação <strong>de</strong> ICM no município havia<br />
si<strong>do</strong> recolhida pela BASF, o que correspon<strong>de</strong> a mais <strong>de</strong> quatro vezes a arrecadação<br />
proveniente <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o comércio da cida<strong>de</strong> nesse mesmo perío<strong>do</strong>.<br />
Mas o início da década <strong>de</strong> 90 marca mudanças institucionais significativas no cenário<br />
econômico, induzin<strong>do</strong> a uma gran<strong>de</strong> reorganização <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s. A estabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> preços e as privatizações mudaram radicalmente o marco institucional <strong>do</strong> país,<br />
moldan<strong>do</strong> novas condutas e re<strong>de</strong>finin<strong>do</strong> os padrões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s principais<br />
agentes econômicos.<br />
As exigências urgentes por aquisição <strong>de</strong> capacitação tecnológica e busca <strong>de</strong> eficiência<br />
produtiva vêm na esteira da abertura econômica, expressa, mais especificamente,<br />
pela liberalização comercial e, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, pela Política Industrial e <strong>de</strong><br />
Comércio Exterior (Pice).<br />
59
Fábrica <strong>de</strong><br />
Ftalocianinas,<br />
na década <strong>de</strong> 80<br />
Para a BASF não foi diferente e é<br />
possível <strong>de</strong>terminar o início <strong>de</strong> uma<br />
nova etapa para a empresa com alterações<br />
significativas em seu mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
gestão e na estratégia <strong>de</strong> investimentos e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s negócios.<br />
A Pice foi uma resposta <strong>do</strong> governo<br />
fe<strong>de</strong>ral para o esgotamento <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> Substituição <strong>de</strong> Importações. A estratégia<br />
a<strong>do</strong>tada foi a da inserção competitiva<br />
da economia brasileira no mun<strong>do</strong><br />
e o principal instrumento para efetuar a<br />
abertura econômica foi a liberalização<br />
<strong>do</strong> comércio exterior.<br />
A abertura econômica representou<br />
um ponto <strong>de</strong> inflexão na trajetória<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> país, ao mudar<br />
profundamente as regras <strong>do</strong> jogo econômico<br />
e promover a passagem <strong>de</strong> uma<br />
economia fechada, ou semifechada, para<br />
uma economia aberta.<br />
As empresas respon<strong>de</strong>ram com programas<br />
<strong>de</strong> racionalização <strong>de</strong> custos e<br />
busca incessante <strong>de</strong> eficiência, com o intuito<br />
básico <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus merca<strong>do</strong>s.<br />
O reflexo <strong>de</strong>ste processo foi a redução<br />
<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> produção e emprego. É a luta<br />
pela sobrevivência econômica diante <strong>do</strong>s<br />
rigores <strong>do</strong> ambiente, em que muitas não<br />
conseguiram se adaptar, <strong>de</strong>saparecen<strong>do</strong>.<br />
No final da década <strong>de</strong> 80, a fábrica <strong>de</strong><br />
fitas da BASF foi transferida para Manaus,<br />
aproveitan<strong>do</strong> as condições específicas da<br />
Zona Franca. A mudança provocou o primeiro<br />
impacto na redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong><br />
trabalha<strong>do</strong>res na unida<strong>de</strong>.<br />
Se em 1989 o <strong>Complexo</strong> Industrial<br />
da BASF em Guaratinguetá conta com<br />
1.927 funcionários, entre efetivos, temporários,<br />
presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços e estagiários,<br />
esse número cai para 1.345, em<br />
1992, e para 940 em 2000.<br />
Tornam-se imprescindíveis o trabalho<br />
em equipe, os tempos compartilha<strong>do</strong>s,<br />
a troca constante <strong>de</strong> informação e a<br />
participação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res na gestão<br />
da produção. Procura-se a to<strong>do</strong> custo a<br />
eliminação <strong>do</strong>s tempos perdi<strong>do</strong>s com a<br />
preparação das máquinas, com limpeza e<br />
manutenção e com outras interrupções,<br />
buscan<strong>do</strong> o máximo <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>.<br />
Uma segunda fase teve início principalmente<br />
a partir <strong>de</strong> 1993 na qual o estímulo<br />
pre<strong>do</strong>minante foi a exploração <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s econômicas abertas pelo<br />
aprofundamento da difusão <strong>do</strong> ambiente<br />
pós-abertura.
Para explorar novas oportunida<strong>de</strong>s<br />
econômicas, é necessário fazer investimentos<br />
A partir <strong>de</strong> sucessivas aquisições<br />
<strong>de</strong> áreas adjacentes ao terreno da empresa,<br />
iniciadas em 1992, foi estrutura<strong>do</strong><br />
um plano diretor que contempla as necessida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> espaço para investimentos<br />
futuros e o distanciamento das ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> maior risco da comunida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> entorno, o <strong>Complexo</strong> conta com 382<br />
hectares, sen<strong>do</strong> 39 ha construí<strong>do</strong>s e urbaniza<strong>do</strong>s,<br />
65 ha urbaniza<strong>do</strong>s e disponíveis,<br />
90 ha urbanizáveis e 188 ha <strong>de</strong> área<br />
<strong>de</strong> preservação.<br />
Dentro <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> acompanhamento<br />
muito próximo <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, a fábrica <strong>de</strong> Bentazon<br />
é <strong>de</strong>sativada em 1994 e a pioneira produção<br />
<strong>de</strong> Hidrossulfito encerra as ativida<strong>de</strong>s<br />
em 1996, junto com a produção<br />
<strong>de</strong> Dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Enxofre. Em 1997, são<br />
<strong>de</strong>sativadas as fábricas <strong>de</strong> Lacas (usa<strong>do</strong><br />
em couros), Cloreto <strong>de</strong> Colina (produto<br />
que fazia parte <strong>de</strong> ração animal) e<br />
Poliesteróis.<br />
As novas produções reaparecem intensamente<br />
em 1998 consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> novas<br />
operações, mudanças e <strong>de</strong>sativações,<br />
<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a evolução das necessida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> negócios. Nesse ano, inauguram<br />
as produções <strong>de</strong> Neopolen (espuma <strong>de</strong><br />
polipropileno, usada para a formatação<br />
<strong>de</strong> peças), Formulações Agro, Vitaminas<br />
Food (produto para nutirção humana,<br />
<strong>de</strong>sativada em 2002), Kresoximmethyl<br />
(produto para o combate <strong>de</strong><br />
fungos), Kumulus (combate ao ácaro)<br />
e Dispersões II (ingrediente da produção<br />
<strong>de</strong> resinas, substituída em 2001 por<br />
Acrilato <strong>de</strong> Butila, substância utilizada<br />
para o fábrica <strong>de</strong> resinas aplicadas no<br />
segmento <strong>de</strong> tintas).<br />
A operação <strong>de</strong> DyStar (fábrica <strong>de</strong> corantes<br />
orgãnicos) é inaugurada em 2001<br />
e a fábrica <strong>de</strong> Vitaminas Feed, iniciada<br />
em 2002, é substituída por Fipronil (fungicida)<br />
em 2004.<br />
Em 2008, o <strong>Complexo</strong> Químico <strong>de</strong><br />
Guaratinguetá conta com as seguintes<br />
unida<strong>de</strong>s produtivas:<br />
• Acrilato <strong>de</strong> Butila: Têxteis, Couro e<br />
Papel<br />
• Multipropósito Agro: Fungicida<br />
• Kumulus: Fungicida<br />
• Formulações: Agricultura<br />
• Fipronil: Agricultura<br />
• Dispersões Plásticas: Têxteis, Papel,<br />
A<strong>de</strong>sivos e Carpete<br />
Fábrica <strong>de</strong> Corantes,<br />
na década <strong>de</strong> 80<br />
61
62<br />
Inauguração da<br />
conexão da BASF<br />
com gasoduto<br />
• Ftalocianinas: Plástico e Tintas para<br />
impressão<br />
• Preparação Pigmentaria Aquosa:<br />
Têxteis, Couro e Especialida<strong>de</strong>s<br />
• Monicolor: Tintas<br />
• Eupolen: Plástico<br />
• Auxiliares: Têxteis, Couro e Papel<br />
• Styropor®: Embalagens e Materiais<br />
isolantes<br />
• Neopolen: Automobilístico e<br />
embalagens<br />
Uma série <strong>de</strong> investimentos estruturais<br />
amplia a capacida<strong>de</strong> da BASF para<br />
receber em Guaratinguetá novos investimentos<br />
em condições cada vez mais competitivas.<br />
Em 1998, a BASF foi uma das<br />
primeiras empresas da região a conectar-se<br />
ao gasoduto, que interliga os esta<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> São Paulo e Rio Janeiro, mudan<strong>do</strong><br />
sua matriz energética <strong>de</strong> óleo combustível<br />
para gás natural, o que significou a minimização<br />
das emissões gasosas.<br />
A construção <strong>do</strong> ramal e terminal<br />
ferroviário, em 2000, ligan<strong>do</strong> o complexo<br />
químico da BASF à linha férrea, que<br />
faz a ligação da unida<strong>de</strong> com o Porto <strong>de</strong><br />
Santos, é um marco e relembra os primeiros<br />
<strong>anos</strong> da empresa, quan<strong>do</strong> havia<br />
uma linha férrea nas imediações <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />
hoje funciona a portaria social.<br />
A estrutura passou a ser utilizada<br />
duas vezes por semana para o transporte<br />
<strong>de</strong> matérias-primas importadas e nacionais<br />
e para a exportação <strong>de</strong> produtos<br />
acaba<strong>do</strong>s. O trem possui entre 22 e 28<br />
vagões. Cada vagão transporta <strong>do</strong>is containers<br />
<strong>de</strong> 20’ ou um <strong>de</strong> 40’. São transportadas<br />
por viagem pelo menos 1.100<br />
toneladas <strong>de</strong> produtos.<br />
A BASF investiu cerca <strong>de</strong> 2 milhões<br />
<strong>de</strong> dólares no projeto e foi a primeira<br />
indústria química da região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />
Paraíba a utilizar o modal ferroviário. O<br />
ramal liga o complexo químico ao Porto<br />
<strong>de</strong> Santos, com o objetivo <strong>de</strong> aperfeiçoar<br />
a segurança e agilizar o transporte <strong>de</strong><br />
seus produtos. Na área <strong>de</strong> logística, a iniciativa<br />
representa um gran<strong>de</strong> diferencial<br />
<strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para a empresa.<br />
Ele contempla 1.800 metros lineares<br />
<strong>de</strong> percurso e um terminal com 12<br />
mil metros quadra<strong>do</strong>s com capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> armazenar cerca <strong>de</strong> 600 conteineres,<br />
construí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />
mais rígidas normas <strong>de</strong> segurança e basea<strong>do</strong>s<br />
em projeto aprova<strong>do</strong> pela MRS<br />
Logística, empresa que tem a concessão<br />
da Re<strong>de</strong> Ferroviária para exploração <strong>do</strong>
trecho que abrange os esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São<br />
Paulo, Minas Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Com a implantação <strong>do</strong> ramal, a BASF<br />
retirou mais <strong>de</strong> sete mil caminhões por<br />
ano da Ro<strong>do</strong>via Presi<strong>de</strong>nte Dutra. Odilon<br />
Ern, diretor da BASF em Guaratinguetá<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992, <strong>de</strong>staca que “a BASF tem pro-<br />
cura<strong>do</strong> disponibilizar esta infraestrutura<br />
para outras empresas da região, diretamente,<br />
ou por meio <strong>de</strong> parceria, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
a clientes da MRS Logística e GAFOR.<br />
Isso permite que a empresa aperfeiçoe a<br />
iniciativa, reduzin<strong>do</strong> custos, impactos<br />
ambientais e riscos à segurança”.<br />
Ramal ferroviário na<br />
década <strong>de</strong> 60, <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong>,<br />
e o novo ramal e terminal<br />
construí<strong>do</strong>s em 2000
64<br />
No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2008, a BASF<br />
investiu no complexo mais <strong>de</strong> 257 milhões<br />
<strong>de</strong> reais, sen<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 205 milhões<br />
na produção (ampliações <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />
e adaptações ou mo<strong>de</strong>rnizações<br />
<strong>de</strong> processos) e mais <strong>de</strong> 52 milhões <strong>de</strong><br />
reais em infraestrutura – <strong>de</strong>stes, mais <strong>de</strong><br />
31 milhões <strong>de</strong> reais foram aloca<strong>do</strong>s em<br />
ações <strong>de</strong> meio ambiente.<br />
Guaratinguetá abriga hoje a maior instalação<br />
da BASF na América <strong>do</strong> Sul, com<br />
13 unida<strong>de</strong>s e disponibilização <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />
1.<strong>50</strong>0 produtos para as mais diversas aplicações,<br />
aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às indústrias <strong>do</strong>s segmentos<br />
têxtil, papel, carpetes, couros, tintas,<br />
agricultura, plásticos, estamparias, embalagens,<br />
automobilística, <strong>de</strong>ntre outras.<br />
Com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> 288 mil toneladas anuais <strong>de</strong> produtos,<br />
no <strong>Complexo</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />
são opera<strong>do</strong>s sofistica<strong>do</strong>s e mo<strong>de</strong>rnos<br />
equipamentos, 24 horas por dia.<br />
Em julho <strong>de</strong> 2009, estavam registra<strong>do</strong>s<br />
894 colabora<strong>do</strong>res, 94 estagiários e 653<br />
profissionais terceiriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> empresas<br />
presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviços.<br />
“Nós temos uma história que combina<br />
parceria e responsabilida<strong>de</strong> com sucesso<br />
econômico, ambiental e social”, diz<br />
Odilon Ern, que começou na BASF como<br />
estagiário, em 1976, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992 é o diretor<br />
<strong>do</strong> <strong>Complexo</strong> Químico, passan<strong>do</strong> a<br />
respon<strong>de</strong>r <strong>do</strong>is <strong>anos</strong> <strong>de</strong>pois pela diretoria<br />
<strong>de</strong> segurança, saú<strong>de</strong> e meio ambiente
para a América <strong>do</strong> Sul. “É asssim que promovemos<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável,<br />
já que também estamos atentos às necessida<strong>de</strong>s<br />
das gerações futuras”, conclui.<br />
Gestão <strong>de</strong> pessoas<br />
Na era da informação e da globalização,<br />
a estrutura organizacional das gran<strong>de</strong>s<br />
empresas passou por profundas mudanças<br />
a partir da década <strong>de</strong> 90. As organizações<br />
começaram a conviver com a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver profissionais<br />
polivalentes e equipes multifuncionais<br />
<strong>de</strong> trabalho, com metas bem <strong>de</strong>finidas,<br />
mas sem a segurança no emprego que<br />
caracterizava o perío<strong>do</strong> anterior.<br />
Nesse renova<strong>do</strong> contexto empresarial,<br />
passou a pre<strong>do</strong>minar um novo discurso<br />
entre os responsáveis pela gestão<br />
<strong>do</strong> trabalho. Observan<strong>do</strong> os objetivos estabeleci<strong>do</strong>s<br />
em cada uma das unida<strong>de</strong>s<br />
da fábrica <strong>de</strong> Guaratinguetá, percebe-se<br />
a crescente preocupação em promover<br />
a integração <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res com os<br />
programas globais da empresa e os programas<br />
específicos das respectivas áreas.<br />
A permanente preocupação com a<br />
excelência nas operações, que assegura a<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos e serviços, passa<br />
a exigir o permanente investimento no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento das pessoas.<br />
Como diretriz estabelecida internacionalmente<br />
em 2003, a BASF comprometeu-se<br />
a formar a melhor equipe<br />
na indústria. A premissa é a <strong>de</strong> que<br />
a empresa química lí<strong>de</strong>r mundial, para<br />
manter sua posição, precisa reter e atrair<br />
talentos, que reproduzam os compromissos<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />
A consequência <strong>de</strong>ssa estratégia po<strong>de</strong><br />
ser publicamente reconhecida por meio da<br />
conquista <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s mais importantes<br />
prêmios nacionais <strong>de</strong> gestão, como o<br />
“Melhores Empresas Para Você Trabalhar”,<br />
da revista Exame/Você SA, edições <strong>de</strong><br />
2006 a 2008; a Fortune’s Global Top <strong>50</strong>0<br />
com o título e o prêmio “Boa Cidadania<br />
Corporativa”, entre 2004 e 2008.<br />
Lembran<strong>do</strong> a política <strong>de</strong> respeito<br />
ao homem e <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> a atuação di-<br />
65
66<br />
Em 1965, mora<strong>do</strong>res entram<br />
e conhecem pela primeira<br />
vez as instalações da então<br />
Idrongal.<br />
Filosofia <strong>de</strong> Portas Abertas<br />
marca realização <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>s eventos <strong>de</strong> visita <strong>de</strong><br />
familiares <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>res<br />
ao <strong>Complexo</strong> Químico<br />
Restaurante <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong><br />
Químico na década <strong>de</strong> 80<br />
reta da BASF junto à comunida<strong>de</strong>, o Sr.<br />
Emanuel Fausto Caltabiano <strong>de</strong> Barros,<br />
diretor presi<strong>de</strong>nte da Transcorre e fornece<strong>do</strong>r<br />
da BASF <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua implantação<br />
em Guaratinguetá, afirma: “Dá orgulho<br />
ter uma fábrica <strong>de</strong>ssas na cida<strong>de</strong>. Uma<br />
multinacional que mostrou para outros<br />
empresários da região que a finalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma indústria não se resume ao lucro,<br />
<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> também o la<strong>do</strong> social da<br />
atuação <strong>de</strong> uma empresa”.<br />
Em 2004, a empresa implementou um<br />
novo conceito <strong>de</strong> gestão integrada <strong>de</strong> sua<br />
infraestrutura, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Site Virtual.<br />
Des<strong>de</strong> então, a competência técnica e o<br />
relacionamento das equipes <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong><br />
Químico <strong>de</strong> Guaratinguetá são <strong>de</strong>cisivos<br />
para a plena execução <strong>de</strong>sse conceito, sustenta<strong>do</strong><br />
na atitu<strong>de</strong> das pessoas, sinergia<br />
<strong>do</strong>s processos, compartilhamento <strong>de</strong> conhecimento<br />
e otimização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s,<br />
abrangen<strong>do</strong> todas as unida<strong>de</strong>s produtivas<br />
da empresa na América <strong>do</strong> Sul.
Relacionamento com<br />
a comunida<strong>de</strong><br />
Se a partir <strong>do</strong> início <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 90 são necessárias<br />
novas políticas empresariais e<br />
novos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> trabalho, o<br />
ambiente acaba por influenciar as relações<br />
com os públicos estratégicos. Isso<br />
ocorre principalmente nas indústrias<br />
químicas, em que o relacionamento passa<br />
a contribuir para a gestão <strong>do</strong>s riscos<br />
e para a construção da reputação <strong>do</strong><br />
segmento.<br />
Assim, a reivindicação inicial da socieda<strong>de</strong><br />
por processos produtivos seguros<br />
evolui para a gestão <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> vida<br />
<strong>do</strong> produto – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua concepção até<br />
o <strong>de</strong>scarte final da embalagem – levan<strong>do</strong><br />
as entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> segmento a estruturar<br />
um programa global <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong><br />
Responsible Care®. No Brasil, ele é lança<strong>do</strong><br />
em 1990 pela Associação Brasileira<br />
da Indústria Química (Abiquim) como<br />
Programa Atuação Responsável®, com<br />
um processo contínuo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res para a gestão <strong>de</strong><br />
aspectos como a saú<strong>de</strong>, segurança e<br />
meio ambiente nas indústrias química,<br />
até mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 2000 e atualmente<br />
com um foco mais amplo que abrange<br />
outros critérios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>.<br />
Uma das primeiras signatárias, a<br />
BASF a<strong>de</strong>riu ao Programa em 1992. Na<br />
cida<strong>de</strong>, como parte <strong>do</strong> processo inicial <strong>de</strong><br />
diálogo, a BASF estruturou o Programa<br />
BASF & Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá,<br />
67
Representantes<br />
da socieda<strong>de</strong><br />
estabelecem<br />
diálogo formal<br />
com a empresa a<br />
partir <strong>do</strong>s <strong>anos</strong> 90<br />
inicialmente basea<strong>do</strong> nem parcerias para<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento local.<br />
Naquele ano, a empresa se reuniu pela<br />
primeira vez com representantes da socieda<strong>de</strong><br />
e ouviu suas opiniões, preocupações,<br />
anseios e necessida<strong>de</strong>s. Além <strong>de</strong> começar<br />
a abastecer a imprensa local com informações<br />
e <strong>de</strong> manter-se aberta ao diálogo. A<br />
BASF também passou a estar representada<br />
em reuniões periódicas com a Polícia<br />
Militar, Civil e Florestal, com a Socieda<strong>de</strong><br />
Amigos <strong>do</strong> Bairro <strong>do</strong> Engenheiro Neiva.<br />
A participação nas reuniões tinham como<br />
objetivo aproximar-se da comunida<strong>de</strong><br />
para sempre que possível explicar, <strong>de</strong> maneira<br />
mais didática, a gestão <strong>de</strong> segurança<br />
e meio ambiente da univa<strong>de</strong>. Os encontros<br />
serviram para que os vários agentes<br />
sociais reconhecessem os riscos inerentes<br />
<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> produtos<br />
químicos, mas, ao mesmo tempo, <strong>de</strong>ixava<br />
claro que a empresa estava atenta para tais<br />
questões e procurou os meios <strong>de</strong> prevenção<br />
mais eficientes.<br />
Estruturan<strong>do</strong> ainda mais o processo<br />
<strong>de</strong> diálogo, ainda em 1992 a BASF cria<br />
o serviço telefônico Disque Ecologia.<br />
Datam <strong>de</strong>sta época também os primeiros<br />
da<strong>do</strong>s passa<strong>do</strong>s pela comunida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Engenheiro Neiva para a coleta seletiva,<br />
com a BASF orientan<strong>do</strong> sobre como realizar<br />
a separação, <strong>do</strong>an<strong>do</strong> os tambores<br />
para disposição <strong>do</strong>s materiais e promoven<strong>do</strong><br />
um concurso entre as entida<strong>de</strong>s,<br />
asseguran<strong>do</strong> uma premiação anual em<br />
valor equivalente ao coleta<strong>do</strong>.<br />
Em 1998, a empresa realiza a primeira<br />
pesquisa para avaliar o seu relacionamento<br />
com a comunida<strong>de</strong> e colher<br />
impressões sobre suas ativida<strong>de</strong>s e percepção<br />
<strong>de</strong> sua gestão ambiental. No ano<br />
seguinte, em 1999 a empresa edita o jornal<br />
“BASF Comunida<strong>de</strong>”, publicação sobre<br />
temas relaciona<strong>do</strong>s à saú<strong>de</strong>, segurança<br />
e meio ambiente, segui<strong>do</strong>, em 2000,<br />
da organização seu primeiro Conselho<br />
Comunitário Consultivo, forma<strong>do</strong> por<br />
representantes da empresa e da comunida<strong>de</strong><br />
local, entre lí<strong>de</strong>res comunitários,<br />
dirigentes escolares, por exemplo,<br />
No segmento químico, essas iniciativas<br />
da BASF foram pioneiras e ocorreram<br />
também antes <strong>de</strong> as empresas<br />
passarem a a<strong>do</strong>tar o conceito <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />
social corporativa, a fim <strong>de</strong><br />
contribuir também para a geração <strong>de</strong> riqueza<br />
para a socieda<strong>de</strong>.<br />
No caso da BASF, lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong> segmento<br />
químico mundial, o diálogo com a comunida<strong>de</strong><br />
e a <strong>de</strong>finição da estratégia <strong>de</strong>
investimento social consi<strong>de</strong>raram um<br />
fator adicional na dinâmica das relações<br />
sociais. Li<strong>de</strong>rar um segmento pouco conheci<strong>do</strong><br />
da população em geral, como o<br />
químico, pressupõe excelência não apenas<br />
na produção e controle das operações<br />
como também no entendimento<br />
pela socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas peculiarida<strong>de</strong>s.<br />
A que mundialmente a química e seus<br />
meandros são pouco conheci<strong>do</strong>s e entendi<strong>do</strong>s,<br />
geran<strong>do</strong> julgamentos e preconceitos<br />
que têm como base o <strong>de</strong>sconhecimento<br />
<strong>do</strong>s processos científicos.<br />
Para superar esse <strong>de</strong>sconhecimento,<br />
a BASF construiu um relacionamento<br />
com a comunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> suas<br />
unida<strong>de</strong>s produtivas mediante ações que<br />
vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma simples <strong>do</strong>ação até o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> programas <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />
social, em que no conteú<strong>do</strong><br />
são aborda<strong>do</strong>s os aspectos e impactos <strong>de</strong><br />
suas ativida<strong>de</strong>s, e conta com a participação<br />
efetiva da direção da empresa.<br />
Em Guaratinguetá, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da unida<strong>de</strong> trouxe naturalmente preocupação<br />
à comunida<strong>de</strong> local, ainda que<br />
a empresa contribuísse para a prosperida<strong>de</strong><br />
da região. A atuação como parceira<br />
da cida<strong>de</strong>, com investimentos em infraestrutura<br />
urbana, educação, saú<strong>de</strong> e comunicação,<br />
contribuíram para que a BASF<br />
construísse uma imagem positiva, mas<br />
não impediram que segmentos da comunida<strong>de</strong><br />
local tivessem a percepção <strong>de</strong> que<br />
ela é uma empresa responsável, mas ao<br />
mesmo tempo “perigosa” e “polui<strong>do</strong>ra”.<br />
No bairro que recebia a BASF, a<br />
presença nas questões sociais é ativa.<br />
Por volta <strong>de</strong> 1984, a BASF faria a <strong>do</strong>ação<br />
<strong>de</strong> uma verba à Prefeitura, possibilitan<strong>do</strong><br />
com isso a expansão da re<strong>de</strong> pública<br />
<strong>de</strong> água até o bairro <strong>de</strong> Engenheiro<br />
Neiva, benefician<strong>do</strong> assim toda a população<br />
daquela região. Em complemento<br />
a essa ação, realizou em 1994 investimentos<br />
no valor total <strong>de</strong> 680 mil reais<br />
na construção <strong>de</strong> uma passarela e uma<br />
adutora interligan<strong>do</strong> as duas margens<br />
<strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul entre os bairros<br />
Beira Rio II e Jardim Primavera, localiza<strong>do</strong>s<br />
próximos das suas instalações em<br />
Guaratinguetá.<br />
No ano seguinte, a construção <strong>do</strong><br />
quartel <strong>do</strong> corpo <strong>de</strong> bombeiros contou<br />
com o apoio <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público <strong>do</strong> município,<br />
da Associação Comercial e Industrial<br />
e da BASF. O investimento total foi <strong>de</strong><br />
340 mil reais e a nova estrutura permitiu<br />
a reclassificação <strong>de</strong> Guaratinguetá no<br />
Bairro <strong>do</strong> Engenheiro<br />
Neiva, que recebe o<br />
<strong>Complexo</strong> Químico,<br />
inaugura escola no<br />
final <strong>de</strong> 1960<br />
69
70<br />
IRB (Instituto <strong>de</strong> Resseguros <strong>do</strong> Brasil)<br />
<strong>do</strong> nível quatro para <strong>do</strong>is, amplian<strong>do</strong>, assim,<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> município atrair<br />
novos investimentos.<br />
Em 1997, a BASF colaborou com a<br />
Escola Estadual Ernesto Quissak, crian<strong>do</strong><br />
uma sala <strong>de</strong> informática com oito<br />
microcomputa<strong>do</strong>res para o ensino <strong>de</strong><br />
a<strong>do</strong>lescentes. Salas semelhantes foram<br />
<strong>do</strong>adas para as escolas municipais Zezé<br />
Figueire<strong>do</strong>, Professora Luzia Mitidiere e<br />
Aliete Gonçalves. Esse projeto foi chama<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Informática na Comunida<strong>de</strong> e teve<br />
um investimento total <strong>de</strong> 200 mil reais. No<br />
ano seguinte, a empresa <strong>do</strong>ou uma nova<br />
creche para o município, com 346 m², que<br />
beneficiou inicialmente 30 crianças das<br />
re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas <strong>do</strong> bairro Engenheiro Neiva,<br />
no valor <strong>de</strong> 200 mil reais. Atualmente são<br />
atendidas 80 crianças.<br />
Outra ação <strong>de</strong>senvolvida pela BASF<br />
a partir <strong>de</strong> 1999, através <strong>de</strong> uma parceria<br />
com a prefeitura, é o Centro <strong>de</strong><br />
Atendimento ao Deficiente Visual<br />
“Professora Maria Maciel Soares Vieira”.<br />
Além <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estímulo à integração<br />
<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ficientes na socieda<strong>de</strong>,<br />
com ações embasadas em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
comunicação, expressão e mobilida<strong>de</strong>, o<br />
centro conta com uma sala <strong>de</strong> fisioterapia.<br />
O investimento total <strong>de</strong> 60 mil reais<br />
permite aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> aproximadamente<br />
100 pessoas por ano.<br />
A comunicação constante com os<br />
diversos públicos buscou reverter o quadro<br />
que havia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecimento so-<br />
bre as ativida<strong>de</strong>s e riscos <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong><br />
uma indústria química.<br />
Essa estratégia e a evolução da percepção<br />
<strong>de</strong>ste relacionamento pu<strong>de</strong>ram<br />
ser avaliadas em três pesquisas realizadas<br />
com a comunida<strong>de</strong> local em 1996,<br />
1998, 2002 e 2005.<br />
A imagem extremamente positiva<br />
da empresa não bastava para a BASF, já<br />
que ela contrastava com a falta <strong>de</strong> informação<br />
a<strong>de</strong>quada sobre o meio ambiente<br />
e a sua área <strong>de</strong> atuação, a química. Mais<br />
<strong>do</strong> que a aprovação da cida<strong>de</strong>, a BASF<br />
passou a buscar também a compreensão<br />
e conhecimento crítico, inserin<strong>do</strong><br />
em sua estratégia uma comunicação que<br />
pretendia eliminar as barreiras para o<br />
completo entendimento.<br />
O fato é que as pessoas, pela falta<br />
<strong>de</strong> conhecimento e entendimento sobre<br />
questões científicas, viam a BASF como<br />
uma empresa polui<strong>do</strong>ra. Por isso, mesmo<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> contar com a aprovação da<br />
comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá e <strong>de</strong> ter a<br />
sua atuação responsável reconhecida pelas<br />
pessoas <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral em to<strong>do</strong>s<br />
os segmentos, a empresa buscou aprofundar<br />
esse relacionamento, in<strong>do</strong> ao cerne<br />
da questão para enten<strong>de</strong>r o que estava<br />
por trás <strong>de</strong>sta percepção equivocada: a<br />
falta <strong>de</strong> conhecimento sobre a ci~encia,<br />
o segmento químico e a química em si, o<br />
distanciamento entre ensino escolar e a<br />
vida das pessoas.<br />
Assim, na verda<strong>de</strong>, “o perigo” não estava<br />
diretamente relaciona<strong>do</strong> à empresa,
mas à própria química e seu segmento,<br />
já que a gestão ambiental, <strong>de</strong> segurança<br />
e saú<strong>de</strong> da BASF é também reconhecida<br />
como eficientes pela cida<strong>de</strong>.<br />
Neste ponto, então, estava o <strong>de</strong>safio.<br />
E, para encará-lo, foi necessário que<br />
a empresa a<strong>do</strong>tasse uma comunicação<br />
para além <strong>do</strong>s meios formais, incentivan<strong>do</strong><br />
o diálogo e a promoção da educação<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s cidadãos,<br />
a partir <strong>de</strong> 2003.<br />
Essa estratégia ganhou as ruas da cida<strong>de</strong>,<br />
com a homenagem realizada pela<br />
escola <strong>de</strong> samba Embaixada <strong>do</strong> Morro<br />
para a empresa, no carnaval <strong>de</strong> 2004, ao<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o enre<strong>do</strong> “Na química da vida,<br />
samba, amor e arte são forças da comunida<strong>de</strong>”.<br />
A emoção contagiante tomou<br />
contas <strong>do</strong>s sambistas, carnavalescos e<br />
torcida, fazen<strong>do</strong> tremular a ban<strong>de</strong>ira<br />
vermelha e branca com a sigla BASF em<br />
toda a Avenida Getúlio Vargas e asseguran<strong>do</strong><br />
a conquista <strong>de</strong> 13º. campeonato<br />
pela escola.<br />
Também em 2004, a empresa investiu<br />
na formação <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res comunitários<br />
e representantes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s sociais,<br />
por meio <strong>do</strong> Programa Gestores Sociais<br />
<strong>do</strong> Futuro.<br />
A partir <strong>de</strong> 2005, a BASF passou a<br />
contribuir diretamente para a melhoria<br />
da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> ciências e<br />
sobre questões ambientais, sua ação social<br />
contribuiu para a conscientização<br />
<strong>de</strong> professores, estudantes e suas famílias,<br />
por meio <strong>do</strong>s programas Semente<br />
<strong>do</strong> Amanhã e ReAção, que atuam na formação<br />
<strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res para melhor compreensão<br />
e questionamento <strong>de</strong> aspectos<br />
ambientais e da ciência.<br />
A BASF, <strong>de</strong>ssa forma, começava a<br />
construir uma nova etapa <strong>do</strong> relacionamento<br />
com a comunida<strong>de</strong>, apostan<strong>do</strong><br />
em sua criticida<strong>de</strong> e contribuição para a<br />
construção <strong>de</strong> uma base comum <strong>de</strong> conhecimento<br />
e a evolução <strong>do</strong> diálogo.<br />
O Programa Ambiental Interativo<br />
Semente <strong>do</strong> Amanhã e o Programa<br />
ReAção foram inseri<strong>do</strong>s no currículo<br />
escolar das escolas municipais <strong>de</strong><br />
Guaratinguetá, precedi<strong>do</strong>s pela capacitação<br />
<strong>do</strong>s profissionais da educação.<br />
O Semente <strong>do</strong> Amanhã oferece educação<br />
ambiental para alunos da re<strong>de</strong> pública<br />
<strong>de</strong> ensino na cida<strong>de</strong>. Já o ReAção<br />
prepara professores para a abordagem<br />
<strong>de</strong> temas científicos e o ensino da<br />
Química nas escolas locais, utilizan<strong>do</strong> a<br />
meto<strong>do</strong>logia da organização <strong>do</strong> pensamento,<br />
que permite o aprendiza<strong>do</strong> e ensinamento<br />
<strong>de</strong> questões complexas <strong>de</strong> um<br />
mo<strong>do</strong> simples.<br />
O primeiro foi implementa<strong>do</strong> já<br />
em 2005, e o segun<strong>do</strong> contou com<br />
um processo <strong>de</strong> planejamento das au-<br />
71
Programa Reação:<br />
formação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res<br />
para melhor compreensão e<br />
questionamento <strong>de</strong> aspectos<br />
ambientais e da ciência<br />
72<br />
las inicia<strong>do</strong> naquele ano, mas coloca<strong>do</strong><br />
em prática como piloto em 2006.<br />
O presi<strong>de</strong>nte mundial da BASF, Jürgen<br />
Hambrecht participou <strong>do</strong> lançamento<br />
<strong>do</strong> Programa no Instituto <strong>de</strong> Química<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em novembro<br />
daquele ano.<br />
Assim, além <strong>de</strong> ser percebida na comunida<strong>de</strong><br />
como empresa socialmente<br />
responsável, a BASF visa contribuir para<br />
o entendimento <strong>do</strong> meio ambiente e <strong>do</strong>s<br />
impactos causa<strong>do</strong>s por todas as ativida<strong>de</strong>s,<br />
estimulan<strong>do</strong> a corresponsabilida<strong>de</strong>.<br />
Também busca a compreensão mais<br />
clara <strong>do</strong> que é a ciência e quais são seus<br />
processos e seus benefícios para a socieda<strong>de</strong>,<br />
promoven<strong>do</strong> um julgamento<br />
mais consciente <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s.<br />
Atualmente é possível perceber um gran<strong>de</strong><br />
interesse na cida<strong>de</strong> pela ciência <strong>de</strong><br />
uma forma geral e pela química especificamente,<br />
durante o dia semanal que as
escolas <strong>de</strong> Guaratinguetá <strong>de</strong>dicam para<br />
a investigação: o Dia <strong>de</strong> Pensar Ciência.<br />
Também nas festas juninas ou julhinas,<br />
a Barraca da Ciência é um <strong>do</strong>s atrativos<br />
que <strong>de</strong>mostra o interesse <strong>do</strong>s estudantes<br />
e seus familiares pelo tema.<br />
As iniciativas, pioneiras na cida<strong>de</strong>,<br />
foram reconhecidas pelos profissionais<br />
da educação e pais <strong>de</strong> alunos como uma<br />
importante contribuição para a melhoria<br />
da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino.<br />
Outras ações <strong>de</strong>senvolvidas pela<br />
empresa são:<br />
Projeto Crescer<br />
Des<strong>de</strong> 1998, beneficia a<strong>do</strong>lescentes <strong>de</strong><br />
escolas públicas <strong>de</strong> Guaratinguetá. O<br />
objetivo é promover a preparação <strong>de</strong><br />
jovens para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e a<br />
transmissão <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> cidadania e<br />
valorização da vida. Des<strong>de</strong> 1982, quan<strong>do</strong><br />
o projeto foi inicia<strong>do</strong> em São Bernar<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Campo, já foram beneficia<strong>do</strong>s 873 jovens<br />
das duas cida<strong>de</strong>s.<br />
Alfabetização Solidária<br />
Realiza<strong>do</strong> em parceria com a SABEN,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, já beneficiou cerca <strong>de</strong> 6<strong>50</strong><br />
adultos que conseguiram apren<strong>de</strong>r a ler<br />
e escrever ou retomar os estu<strong>do</strong>s.<br />
Cooperativa Amigos <strong>do</strong> Lixo<br />
Des<strong>de</strong> sua fundação, em 2002, a BASF<br />
apoia a instituição <strong>do</strong>an<strong>do</strong> materiais recicláveis.<br />
Com os recursos consegui<strong>do</strong>s,<br />
a entida<strong>de</strong> já adquiriu um caminhão e<br />
uma perua Kombi utilizada na coleta <strong>de</strong><br />
seletiva em bairros da cida<strong>de</strong>.<br />
Conselho Comunitário<br />
Des<strong>de</strong> 1999, a empresa conta com um<br />
Conselho Comunitário Consultivo,<br />
elo entre a BASF e a comunida<strong>de</strong>.<br />
Reúne colabora<strong>do</strong>res, li<strong>de</strong>ranças comunitárias<br />
e representantes <strong>de</strong> órgãos<br />
públicos <strong>do</strong>s bairros próximos<br />
à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá. O grupo<br />
73
74<br />
Programa Semente<br />
<strong>do</strong> Amanhã: Educação<br />
Ambiental para alunos<br />
<strong>do</strong> ensino público<br />
analisa e propõe ações para a melhoria<br />
das questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, meio ambiente,<br />
segurança e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />
Programa <strong>de</strong> Visitas<br />
Cerca <strong>de</strong> 1.400 estudantes visitam anualmente<br />
a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá,<br />
conhecen<strong>do</strong> sua gestão ambiental e <strong>de</strong><br />
segurança, além <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />
processo produtivo.<br />
Dia <strong>de</strong> Portas Abertas<br />
Evento que reúne cerca <strong>de</strong> 5 mil colabora<strong>do</strong>res<br />
e familiares, autorida<strong>de</strong>s e li<strong>de</strong>ranças<br />
comunitárias visitam o <strong>Complexo</strong><br />
Industrial da BASF, quan<strong>do</strong> conhecem<br />
a segurança <strong>do</strong>s processos, os riscos e<br />
oportunida<strong>de</strong>s da indústria química.<br />
Acontece <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998 e permite ao visi-<br />
tante conhecer o ciclo <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s produtos,<br />
o sistema <strong>de</strong> gestão ambiental e a<br />
presença da BASF na linha <strong>de</strong> produtos<br />
<strong>do</strong>s clientes presente no merca<strong>do</strong>.<br />
Disque Ecologia – 0800112273<br />
Serviço <strong>de</strong> atendimento à comunida<strong>de</strong>,<br />
que funciona 24 horas por dia <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1992, que recebe as informações, sugestões<br />
e críticas e encaminha para as diversas<br />
áreas. Quan<strong>do</strong> a ligação é motivada<br />
por críticas, o serviço é complementa<strong>do</strong><br />
pela presença <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> comunicação,<br />
<strong>de</strong> segurança e meio ambiente<br />
na residência <strong>do</strong> reclamante.<br />
Resíduo hospitalar e farmacêutico<br />
Em junho <strong>de</strong> 1994, a BASF iniciou as ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> um incinera<strong>do</strong>r com o objeti-
vo <strong>de</strong> dar <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>aos</strong> resíduos<br />
sóli<strong>do</strong>s. Des<strong>de</strong> então, a empresa também<br />
oferece a estrutura para incinerar gratuitamente<br />
o lixo hospitalar e farmacêutico<br />
gera<strong>do</strong> nos municípios <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />
e Potim. Além <strong>do</strong>s benefícios ambientais,<br />
esse projeto amplia a infraestrutura <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>stinação <strong>do</strong> lixo <strong>do</strong> município.<br />
Referência mundial em<br />
relacionamento com a comunida<strong>de</strong><br />
Além das quatro pesquisas realizadas<br />
pela BASF, o <strong>Complexo</strong> Químico <strong>de</strong><br />
Guaratinguetá foi escolhi<strong>do</strong> em 2002 para<br />
ser o piloto da BASF em âmbito mundial<br />
<strong>de</strong> uma pesquisa sobre impacto da pre-<br />
sença da companhia para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sócio-econômico <strong>do</strong> município.<br />
Essa pesquisa foi realizada pela<br />
Empresa Júnior da Fundação Getúlio<br />
Vargas. Na verificação <strong>do</strong>s impactos da<br />
BASF em Guaratinguetá, alguns pontos<br />
são fundamentais para a conclusão <strong>de</strong>ste<br />
relatório:<br />
• Des<strong>de</strong> a sua instalação em Guaratinguetá,<br />
a BASF propiciou diversos<br />
benefícios para a cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o aumento da arrecadação <strong>do</strong> município,<br />
a atrativida<strong>de</strong> para outras<br />
empresas se instalarem na região e,<br />
principalmente, a implementação<br />
<strong>de</strong> projetos sociais sustentáveis.<br />
Portas Abertas<br />
reúne cerca <strong>de</strong> 5 mil<br />
colabora<strong>do</strong>res, familiares.<br />
autorida<strong>de</strong>s e li<strong>de</strong>ranças<br />
comunitárias
76<br />
• A produção e os riscos das ativida<strong>de</strong>s<br />
da BASF na cida<strong>de</strong> já são<br />
compreendi<strong>do</strong>s.<br />
• Nos encontros da BASF com a comunida<strong>de</strong>,<br />
por meio <strong>do</strong> Conselho<br />
Comunitário Consultivo, a gestão<br />
ambiental e os sistemas <strong>de</strong> segurança<br />
da empresa são <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s.<br />
• Já há uma percepção da comunida<strong>de</strong><br />
sobre a BASF como indústria<br />
química e <strong>de</strong> que a empresa trabalha<br />
para gerenciar os riscos <strong>de</strong>ssa atuação<br />
e valoriza o diálogo efetivo com<br />
a comunida<strong>de</strong>.<br />
Orgulho <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res<br />
Também para os colabora<strong>do</strong>res da BASF<br />
em Guaratinguetá, o impacto das ações<br />
socioambientais é positivo. Os resulta<strong>do</strong>s<br />
da pesquisa realizada pelo Instituto Great<br />
Place to Work em 2008 são inequívocos:<br />
• 83% <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res disseram que<br />
se sentem muito bem com a forma<br />
pela qual a empresa contribui para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da comunida<strong>de</strong>.<br />
• 95% disseram que o relacionamento<br />
com a comunida<strong>de</strong>, clientes, fornece<strong>do</strong>res<br />
e meio ambiente é motivo<br />
<strong>de</strong> orgulho.<br />
Personagem Zé <strong>do</strong> Paraíba<br />
participa <strong>do</strong> Programa<br />
Semente <strong>do</strong> Amanhã<br />
na Feira Ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2004
Projeto Mata Viva:<br />
área mantida pela empresa<br />
em seu terreno<br />
Gestão ambiental<br />
Des<strong>de</strong> os <strong>anos</strong> 80, a questão ecológica,<br />
sempre presente nas preocupações <strong>do</strong><br />
Grupo BASF em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, está<br />
na pauta das reuniões da empresa no<br />
Brasil. Análises <strong>do</strong>s pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> expansão<br />
da produção em Guaratinguetá, implanta<strong>do</strong>s<br />
a partir <strong>de</strong> 1978, <strong>de</strong>ixam claro que<br />
a eficiência <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Tratamento<br />
Primário <strong>de</strong> Efluentes, instala<strong>do</strong> em mea<strong>do</strong>s<br />
daquela década, estaria comprometida<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns <strong>anos</strong> caso não fossem<br />
tomadas providências no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
redimensioná-lo.<br />
Imediatamente são iniciadas negociações<br />
com proprietários das áreas<br />
circunvizinhas, resultan<strong>do</strong> daí a aquisição<br />
<strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> m 2 anexos ao terreno<br />
da fábrica. Nessa nova área seria<br />
construída a Estação <strong>de</strong> Tratamento<br />
Biológico.<br />
Os <strong>anos</strong> 90 trouxeram a globalização<br />
da economia e, por conseguinte,<br />
<strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> gestão, como a a<strong>do</strong>ção<br />
mundial da série ISO 9000 e também<br />
<strong>do</strong>s conceitos relativos ao meio ambiente.<br />
Iniciou-se, assim, a fase <strong>do</strong> gerenciamento<br />
ambiental.<br />
A Conferência da ONU sobre o<br />
meio ambiente, a Rio-92, realizada no<br />
Brasil em 1992, trouxe como compromisso<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, o<br />
trato da Biodiversida<strong>de</strong> e o acor<strong>do</strong> para
a eliminação gradual <strong>de</strong> cloro-flúor-carbono<br />
– CFCs – substância que <strong>de</strong>strói a<br />
camada <strong>de</strong> ozônio e que é utilizada em<br />
produtos <strong>do</strong>mésticos como o aerossol.<br />
Em 1996, são aprovadas no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro as normas ISO 14000 e as empresas<br />
passam a ser administradas consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />
a questão ambiental. Essas<br />
normas preveem a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> um conjunto<br />
<strong>de</strong> procedimentos e técnicas para<br />
implantação da política ambiental interna,<br />
ten<strong>do</strong> como objetivo a melhoria<br />
da qualida<strong>de</strong> ambiental, diminuição da<br />
poluição e uso planeja<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos<br />
naturais. Ao cumprir to<strong>do</strong>s os procedimentos<br />
as empresas recebem um certifica<strong>do</strong><br />
ambiental.<br />
A promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sustentável é uma diretriz global e um<br />
conceito intrínseco à história e à estratégia<br />
<strong>de</strong> negócio da BASF. Em todas as<br />
unida<strong>de</strong>s da BASF, o gerenciamento ambiental<br />
obe<strong>de</strong>ce <strong>aos</strong> mesmos princípios,<br />
valores e códigos <strong>de</strong> conduta. Pelo gerenciamento<br />
sistemático <strong>de</strong> seus processos,<br />
a empresa consegue reduzir a geração <strong>de</strong><br />
efluentes, emissões e resíduos.<br />
“No <strong>Complexo</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá, a<br />
gestão ambiental contempla to<strong>do</strong> o ciclo<br />
<strong>de</strong> tratamento e disposição <strong>de</strong> resíduos<br />
industriais, ten<strong>do</strong> como base a prevenção<br />
e minimização <strong>de</strong> resíduos”, explica<br />
Wilson Antonio Chini Junior, gerente <strong>de</strong><br />
Meio Ambiente e Segurança da unida<strong>de</strong>.<br />
O sistema é composto <strong>de</strong>:<br />
Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes<br />
(ETE)<br />
Trata to<strong>do</strong> o efluente industrial gera<strong>do</strong><br />
no <strong>Complexo</strong>, antes <strong>do</strong> lançamento<br />
no Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. São trata<strong>do</strong>s, em<br />
média, 2<strong>50</strong> m3/hora. A ETE possui capacida<strong>de</strong><br />
inicial para processar o equivalente<br />
ao tratamento <strong>de</strong> efluente gera<strong>do</strong><br />
por uma cida<strong>de</strong> com cerca <strong>de</strong> 100 mil<br />
habitantes.<br />
79
80<br />
Incinera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> resíduos<br />
Com capacida<strong>de</strong> para incinerar 3.600<br />
toneladas/ano, processa os resíduos classe<br />
1 (perigosos) gera<strong>do</strong>s em várias unida<strong>de</strong>s<br />
da BASF no Brasil e aten<strong>de</strong> também<br />
outras empresas. Além disso, a<br />
BASF também incinera gratuitamente<br />
seis toneladas <strong>de</strong> resíduos hospitalares<br />
e farmacêuticos gera<strong>do</strong>s pela cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Guaratinguetá.<br />
Aterro Industrial<br />
Destina<strong>do</strong> para a disposição <strong>de</strong> resíduos<br />
classe II-A (não-perigosos), o aterro conta<br />
com três células, que possuem dupla impermeabilização<br />
<strong>de</strong> argila e manta <strong>de</strong> polietileno,<br />
incluin<strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong> chorume<br />
gera<strong>do</strong>, com capacida<strong>de</strong> para 140 mil<br />
m3 / célula. O sistema permite o gerenciamento<br />
da <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> resíduos não<br />
perigosos, compon<strong>do</strong> com o Incinera<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong> Resíduos e a Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong><br />
Efluentes um sistema integra<strong>do</strong> e completo<br />
<strong>de</strong> controle ambiental.<br />
Além disso, o uso <strong>de</strong> uma ferramenta<br />
<strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> resíduos, a ECO-T<br />
(Environmental Cost Optmization Tool),<br />
permite a prevenção <strong>de</strong> poluição, minimizan<strong>do</strong><br />
a geração <strong>de</strong> resíduos, efluentes<br />
e emissões gasosas e, consequentemente,<br />
reduzin<strong>do</strong> os custos ambientais e econômicos<br />
<strong>do</strong>s processos.<br />
Des<strong>de</strong> 2003, apenas no <strong>Complexo</strong><br />
Químico da BASF, foram investi<strong>do</strong>s 31<br />
milhões <strong>de</strong> reais em meio ambiente,<br />
principalmente na construção das bacias<br />
<strong>de</strong> primeira lavagem, saneamento das<br />
galerias <strong>de</strong> águas pluviais e efluentes, segunda<br />
e terceira células <strong>do</strong> aterro industrial<br />
e na automação e outras melhorias<br />
na Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes.<br />
No <strong>Complexo</strong>, os indica<strong>do</strong>res ambientais<br />
têm melhora<strong>do</strong> ano após ano,<br />
influencian<strong>do</strong> sobremaneira os resulta<strong>do</strong>s<br />
nacionais. Nos últimos sete <strong>anos</strong> no<br />
Brasil, os indica<strong>do</strong>res apontam:<br />
• 41% <strong>de</strong> redução no consumo específico<br />
<strong>de</strong> água.<br />
• 38 % <strong>de</strong> redução na geração específica<br />
<strong>de</strong> efluentes, no mesmo perío<strong>do</strong>.<br />
Coleta Seletiva <strong>de</strong> Lixo<br />
Inicialmente, em 1998, o programa envolveu<br />
a associação <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res e as<br />
escolas estaduais e municipais <strong>do</strong> bairro<br />
Engenheiro Neiva, requeren<strong>do</strong> da BASF<br />
um investimento anual <strong>de</strong> cerca <strong>do</strong> 20<br />
mil reais. Essa ação preten<strong>de</strong> conscientizar<br />
a população a respeito da importância<br />
da coleta seletiva e da separação
<strong>do</strong> lixo, promoven<strong>do</strong>, assim, a educação<br />
ambiental, permitin<strong>do</strong> que em 2009 a<br />
coleta seletiva municipal fosse iniciada<br />
no bairro <strong>do</strong> Engenheiro Neiva, sen<strong>do</strong><br />
expandida posteriormente para os <strong>de</strong>mais<br />
bairros da cida<strong>de</strong>.<br />
25 <strong>anos</strong> <strong>de</strong> Mata Viva<br />
O projeto envolve a reconstituição<br />
da mata ciliar <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul.<br />
Teve início em 1984 e já foram recupera<strong>do</strong>s<br />
128 hectares, com o plantio <strong>de</strong> mais<br />
<strong>de</strong> 200 mil mudas <strong>de</strong> árvores, em cerca<br />
<strong>de</strong> 4 quilômetros da margem direita <strong>do</strong><br />
rio. As espécies escolhidas foram: paubrasil,<br />
jequitibá, cedro, genipapo, ingás,<br />
embaúba, aroeira, pau-rei, graviola, entre<br />
outras.<br />
O projeto possibilitou, com a recuperação<br />
da flora, o repovoamento da<br />
área por répteis, aves e mamíferos <strong>de</strong><br />
pequeno porte. Ele contribuiu ainda<br />
para a manutenção <strong>do</strong> hábitat das garças<br />
brancas, aves-símbolo <strong>do</strong> município,<br />
que hoje po<strong>de</strong>m ser vistas com mais frequência<br />
nas proximida<strong>de</strong>s da empresa.<br />
Esse projeto recebe investimentos anuais<br />
da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> <strong>50</strong> mil reais.<br />
Em 2004, a área começou a receber<br />
a visita <strong>de</strong> estudantes, <strong>de</strong> forma geral e<br />
como piloto, com a contribuição da Polícia<br />
Militar Ambiental. A experiência serviu<br />
como base para a realização <strong>do</strong> Programa<br />
Semente <strong>do</strong> Amanhã, a partir <strong>de</strong> 2005.<br />
Em 2007, o projeto foi amplia<strong>do</strong><br />
pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> culti-<br />
vos, que passou a <strong>de</strong>senvolvê-lo junto<br />
às cooperativas agrícolas, por meio<br />
da DEG – Deutsche Investitions – und<br />
Entwicklungusgesellschaft GmbH (Banco<br />
<strong>de</strong> Investimentos Alemão). A implementação<br />
ficou sob a responsabilida<strong>de</strong><br />
da Fundação Espaço ECO, iniciativa da<br />
BASF <strong>de</strong> 2005.<br />
Inaugurada na área <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong> <strong>de</strong><br />
Tintas e Vernizes em São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Campo (SP), a Fundação ECO é fruto da<br />
parceria da BASF com a GTZ (agência <strong>do</strong><br />
governo alemão para a cooperação internacional)<br />
e recebeu apoio da Prefeitura <strong>de</strong> São<br />
Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, <strong>do</strong> SENAI (Serviço<br />
Social da Indústria) e <strong>do</strong> SESI (Serviço<br />
Nacional <strong>de</strong> Aprendizagem Industrial).<br />
Início da Coleta<br />
Seletiva em 1998<br />
81
82<br />
Em 2004, alunos<br />
da creche Maria<br />
Tavares conhecem<br />
a Mata Ciliar<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> excelência<br />
em <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, que<br />
abriga um centro <strong>de</strong> ecoeficiência para<br />
a América Latina e on<strong>de</strong> são realiza<strong>do</strong>s<br />
projetos <strong>de</strong> educação sócio-ambiental,<br />
<strong>de</strong>senvolvimento comunitário e <strong>de</strong><br />
reflorestamento.<br />
A Fundação ocupa uma área <strong>de</strong> preservação<br />
ambiental <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 290 mil<br />
m², consi<strong>de</strong>rada reserva da biosfera – zonas<br />
<strong>de</strong> ecossistemas terrestres reconhecidas<br />
internacionalmente pelo Programa<br />
sobre o Homem e a Biosfera (MAB) da<br />
UNESCO. Até o final 2009, estão previstos<br />
o investimento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$ 3 milhões<br />
para a conclusão <strong>do</strong> projeto.<br />
Com o projeto Mata Viva, a BASF<br />
planeja recuperar até o final <strong>de</strong> 2009
aproximadamente 3<strong>50</strong> hectares em 35<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> 14 municípios<br />
brasileiros. Em 2008 foram plantadas<br />
mais <strong>de</strong> 300 mil mudas <strong>de</strong> espécies nativas.<br />
O programa também capacita novos<br />
profissionais para ampliar sua re<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> atuação.<br />
Compromisso com a segurança<br />
A segurança na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />
recebe por parte da BASF um tratamento<br />
bastante especial. No plano industrial e<br />
patrimonial são manti<strong>do</strong>s diversos programas<br />
<strong>de</strong> treinamento que, dirigi<strong>do</strong>s a<br />
seus colabora<strong>do</strong>res e também a presta<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> serviço externos à empresa, objetivam<br />
manter atualiza<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> manuseio <strong>do</strong>s produtos.<br />
Como to<strong>do</strong> sistema preventivo, minimiza,<br />
mas não elimina completamente<br />
os riscos. Por isso, a BASF mantém<br />
um bem treina<strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Bombeiros<br />
composto por um engenheiro, três bombeiros<br />
profissionais, 14 brigadistas (colabora<strong>do</strong>res<br />
que <strong>de</strong>senvolvem outras<br />
ativida<strong>de</strong>s e são aciona<strong>do</strong>s em caso <strong>de</strong><br />
emergência) e quatro caminhões equipa<strong>do</strong>s<br />
especialmente para aten<strong>de</strong>r às exigências<br />
<strong>de</strong> risco em uma indústria química<br />
<strong>de</strong>sse porte.<br />
O Programa <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Aten dimento<br />
Externo (SAE), foi cria<strong>do</strong> para<br />
fornecer suporte técnico e operacional<br />
<strong>de</strong> ocorrências que envolvem transporte<br />
<strong>de</strong> produtos químicos perigosos sob a<br />
responsabilida<strong>de</strong> da BASF, seja com informações,<br />
seja com ação da equipe no<br />
próprio local.<br />
O Plano <strong>de</strong> Emergência da BASF estabelece<br />
procedimentos que extrapolam<br />
os limites da empresa, juntan<strong>do</strong>-se com<br />
os pl<strong>anos</strong> <strong>de</strong> emergência <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong><br />
Bombeiros, Defesa Civil e outros órgãos<br />
envolvi<strong>do</strong>s.<br />
Embora esse Corpo <strong>de</strong> Bombeiros<br />
seja manti<strong>do</strong> exclusivamente pela BASF<br />
para aten<strong>de</strong>r a casos <strong>de</strong> vazamento, incêndio,<br />
<strong>de</strong>rramamento e, mesmo, salvamento<br />
individual, ele po<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r também,<br />
na medida <strong>de</strong> sua disponibilida<strong>de</strong>,<br />
a sinistros externos, quan<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong><br />
por órgão oficial, em associação com<br />
o Corpo <strong>de</strong> Bombeiros, a polícia local,<br />
Agência Ambiental, em benefício da comunida<strong>de</strong><br />
e <strong>de</strong> clientes.<br />
O Centro <strong>de</strong> Treinamento <strong>de</strong><br />
Emergências simula diversas situações<br />
<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes numa área <strong>de</strong> 5 mil m 2 ,<br />
uma das maiores <strong>do</strong> país. A Central <strong>de</strong><br />
Comunicação (CECOM), implantada<br />
em 1995, recebe as ligações que indicam<br />
emergências internas. A estrutura<br />
também reúne a inteligência <strong>de</strong> gestão<br />
<strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Crises,<br />
integran<strong>do</strong> as ligações <strong>do</strong> Disque<br />
Ecologia, <strong>do</strong> SAE, e <strong>do</strong> Sistema Mútuo<br />
<strong>de</strong> Ajuda (RINEM).<br />
Além <strong>de</strong>sses programas e investimentos<br />
volta<strong>do</strong>s para a segurança própria<br />
e da comunida<strong>de</strong>, a BASF também<br />
contribui regularmente, como <strong>do</strong>ação<br />
83
84<br />
<strong>de</strong> rádios portáteis, para a Defesa Civil<br />
<strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Guaratinguetá. A BASF<br />
também estruturou com o apoio <strong>do</strong>s órgãos<br />
públicos, como bombeiros e Defesa<br />
Civil, além <strong>do</strong> Conselho Comunitário,<br />
um Plano <strong>de</strong> Segurança Comunitária,<br />
que apresenta as medidas que serão a<strong>do</strong>tadas<br />
pela empresa em caso <strong>de</strong> emergência<br />
e também como as pessoas <strong>de</strong>vem<br />
agir. Periodicamente são feitos simula<strong>do</strong>s<br />
com a população para avaliação <strong>do</strong><br />
plano <strong>de</strong> ação comunitária.<br />
Atuação Responsável®<br />
A<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990 pela<br />
ABIQUIM (Associação Brasileira <strong>de</strong><br />
Indústrias Química), o Programa <strong>de</strong><br />
Atuação Responsável® busca promover<br />
o aperfeiçoamento da gestão das empresas<br />
químicas brasileiras e <strong>de</strong> sua ca<strong>de</strong>ia<br />
<strong>de</strong> valor, <strong>de</strong> forma a assegurar a sustentabilida<strong>de</strong><br />
ambiental. econômica e social<br />
<strong>de</strong> seus processos e produtos, bem como<br />
contribuir para a permanente melhoria<br />
da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da socieda<strong>de</strong>,<br />
crian<strong>do</strong> uma relação <strong>de</strong> confiança por<br />
meio <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> verificação das<br />
ações <strong>do</strong> programa.<br />
Como uma das primeiras participantes<br />
<strong>do</strong> programa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992, a BASF<br />
prioriza a Saú<strong>de</strong>, Segurança e Meio Ambiente,<br />
buscan<strong>do</strong>: o compro metimen to <strong>de</strong><br />
toda a empresa com o processo; diálogo<br />
permanente e trans parente com a comunida<strong>de</strong>;<br />
prevenção <strong>de</strong> riscos e impactos à<br />
saú<strong>de</strong>, segurança e meio ambiente; com<br />
transmissão sistemática <strong>de</strong> informações<br />
e intercâmbio <strong>de</strong> experiências.<br />
”O equilíbrio <strong>do</strong>s aspectos ambientais,<br />
sociais e econômicos é um <strong>de</strong>safio<br />
permanente para a BASF, como indústria<br />
química. Ele exige um processo permanente<br />
<strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> nossos potenciais<br />
<strong>de</strong> impacto. Nos últimos <strong>50</strong> <strong>anos</strong>, temos<br />
atua<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma a contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>do</strong>s nossos negócios, mas<br />
da própria comunida<strong>de</strong>”, explica Odilon<br />
Ern, diretor da BASF.
Em 2003, crianças conhecem a estrutura <strong>do</strong> Corpo<br />
<strong>de</strong> Bombeiros durante o Dia <strong>de</strong> Portas Abertas<br />
85
86<br />
Se<strong>de</strong> da BASF em<br />
Ludwigshafen, Alemanha
Grupo bASf no mun<strong>do</strong><br />
Des<strong>de</strong> a sua fundação em 1865, na Alemanha, a BASF se manteve como uma das indústrias<br />
que mais crescem no mun<strong>do</strong> e é hoje a lí<strong>de</strong>r mundial <strong>do</strong> segmento químico.<br />
Sua postura em oferecer soluções inteligentes e produtos <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> sob medida<br />
para cada cliente é um diferencial e uma fórmula <strong>de</strong> sucesso.<br />
O grupo oferece <strong>de</strong>s<strong>de</strong> químicos, plásticos, produtos <strong>de</strong> performance, produtos<br />
para agricultura e química fina até petróleo e gás natural. Com seus produtos e soluções,<br />
a BASF está habilitada para encontrar respostas a <strong>de</strong>safios globais como proteção<br />
climática, eficiência energética, nutrição e mobilida<strong>de</strong>. A BASF conta com aproximadamente<br />
97.000 colabora<strong>do</strong>res e contabilizou suas vendas em mais <strong>de</strong> 62 bilhões<br />
<strong>de</strong> euros em 2008. As ações da BASF são atualmente negociadas nas bolsas <strong>de</strong> valores<br />
<strong>de</strong> Frankfurt (Alemanha), Londres (Inglaterra) e Zurique (Suíça).<br />
A BASF está presente em to<strong>do</strong>s os países da América <strong>do</strong> Sul, exceto nas Guianas e no<br />
Suriname. As vendas na região totalizaram aproximadamente 2.99 bilhões <strong>de</strong> euros em<br />
2008, envolven<strong>do</strong> os negócios realiza<strong>do</strong>s pelas empresas <strong>do</strong> grupo incluin<strong>do</strong> a Wintershall<br />
– empresa situada na Argentina, voltada a produção <strong>de</strong> óleo cru e gás. Na América <strong>do</strong> Sul,<br />
a BASF contava com mais <strong>de</strong> 5.000 colabora<strong>do</strong>res em 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008.<br />
87
<strong>Complexo</strong> Químico <strong>de</strong> Guaratinguetá<br />
Início das ativida<strong>de</strong>s: 1959<br />
Número <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>res efetivos: 894 (julho 2009)<br />
Número <strong>de</strong> estagiários: 94 (julho/2009)<br />
Capacida<strong>de</strong> total: 288 kt / ano<br />
Número <strong>de</strong> produtos: 1.<strong>50</strong>0<br />
Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio Unida<strong>de</strong>s produtivas Aplicação <strong>do</strong> produto<br />
Dispersões e pigmentos Dispersões Plásticas Têxteis, papel, a<strong>de</strong>sivos e carpete<br />
Dispersoes e pigmentos Ftalocianinas Plástico e tintas para impressão<br />
Dispersões e pigmentos Preparação Pigmentaria Aquosa Têxteis, couro e especialida<strong>de</strong>s<br />
Dispersões e pigmentos Monicolor Tintas<br />
Dispersões e pigmentos Eupolen® Plástico<br />
Polímeros <strong>de</strong> Performance Styropor® Embalagens e materiais isolantes<br />
Polímeros <strong>de</strong> Performance Neopolen® Automobilístico e embalagens<br />
Proteção <strong>de</strong> Cultivos Multipropósito Agro Agricultura<br />
Proteção <strong>de</strong> Cultivos Kumullus Agricultura<br />
Proteção <strong>de</strong> Cultivos Formulações Agricultura<br />
Proteção <strong>de</strong> Cultivos Fipronil® Agricultura<br />
Químicos <strong>de</strong> Performance Auxiliares Têxteis, couro e papel<br />
Químicos Industriais Acrilato <strong>de</strong> Butila Têxteis, couro e papel<br />
Iniciativas socioambientais Benefícios Início<br />
Captação <strong>de</strong> água <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul Construção <strong>de</strong> infraestrutura para captação <strong>de</strong> água para uso no processo produtivo e higiene 1959<br />
Recomposição da Mata Ciliar <strong>do</strong> Rio Recomposição da mata ciliar em área <strong>de</strong> 128 hectares <strong>do</strong> <strong>Complexo</strong>, o com o plantio <strong>de</strong> 200 mil mudas <strong>de</strong> plantas 1984<br />
Paraíba <strong>do</strong> Sul<br />
nativas da região.<br />
Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes Tratamento <strong>do</strong>s efluentes líqui<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s pelas Unida<strong>de</strong>s produtivas no <strong>Complexo</strong> antes <strong>do</strong> envio para o Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul 1984<br />
Incineração resíduos hospitalares e 70 toneladas <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> Guaratinguetá são incinera<strong>do</strong>s anualmente pela BASF, mediante parceria com a 1994<br />
laboratoriais municipais<br />
Prefeitura Municipal<br />
Construção da se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Construção da se<strong>de</strong> e aquisição <strong>de</strong> equipamentos, permitin<strong>do</strong> a edução <strong>do</strong>s riscos e impactos, melhoria da infra-estrutura 1995<br />
Bombeiros<br />
municipal para atração <strong>de</strong> novos investimentos. Parceria com a Prefeitura Municipal, Associação Comercial e Industrial <strong>de</strong><br />
Guaratinguetá e Corpo <strong>de</strong> Bombeiros <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />
Creche Maria Tavares <strong>de</strong> Mello Construção da unida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r as famílias <strong>do</strong> bairro <strong>do</strong> Engenheiro Neiva 1998<br />
Dia <strong>de</strong> Portas Abertas O relacionamento entre empresa e comunida<strong>de</strong> é aspecto estratégico na gestão ambiental da organização 1998<br />
Centro <strong>de</strong> Deficientes Visuais A<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> espaço, que funciona como ponto <strong>de</strong> apoio à inserção <strong>de</strong> pessoas porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s especiais,<br />
em parceria com a Prefeitura Municipal<br />
1999<br />
Organização <strong>do</strong> Conselho Comunitário Formação <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s principais instrumentos <strong>de</strong> diálogo entre empresa e comunida<strong>de</strong>, forma<strong>do</strong> por representantes <strong>do</strong>s 1999<br />
Consultivo<br />
mora<strong>do</strong>res<br />
Projeto Crescer Bolsa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que contribuem para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong> baixa renda, no momento em que<br />
concluem o ensino médio, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> inicialmente cursos técnicos e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008, direciona<strong>do</strong>s para o<br />
empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo e para o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> ciências, por meio da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências. Parceria: Prefeitura<br />
<strong>de</strong> Guaratinguetá, SEBRAE, Banco REAL, entre outros.<br />
1999<br />
Centro <strong>de</strong> Referência Ambiental Construção <strong>de</strong> área para educação ambiental no Parque Municipal Antero <strong>do</strong>s Santos 2001<br />
Programa <strong>de</strong> Coleta Seletiva (parceria Campanhas <strong>de</strong> conscientização ambiental com estímulos às práticas que permitam a redução <strong>do</strong>s impactos ambientais 2002<br />
Conselho Comunitário Consultivo ) da comunida<strong>de</strong>. Parceria com o Serviço <strong>de</strong> Águas, Esgotos e Resíduos e Cooperativa Amigos <strong>do</strong> Lixo<br />
Programa Gestores Sociais <strong>do</strong> Futuro Curso <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> gestores <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> Guaratinguetá 2004<br />
Avaliação Online da Qualida<strong>de</strong> da Água Parceria com o Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais para o monitormaneto e diagnóstico da qualida<strong>de</strong> da água 2005<br />
<strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul<br />
<strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, contribuin<strong>do</strong> para a gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos<br />
Programa Semente <strong>do</strong> Amanhã Processo <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res municipais <strong>de</strong> 1a. a 4a. série para a abordagem <strong>de</strong> temas ambientais em<br />
parceria com a Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Guaratinguetá, Serviço <strong>de</strong> Águas e Esgotos, Cooperativa Amigos <strong>do</strong> Lixo, Grupo<br />
<strong>de</strong> Apoio e Proteção <strong>aos</strong> Animais, Polícia Militar Ambiental, além <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos (Fehidro).<br />
2005<br />
Programa ReAção Processo <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res municipais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a educação infantil até o final <strong>do</strong> ensino fundamental, para<br />
a abordagem <strong>de</strong> temas relaciona<strong>do</strong>s à ciência em parceria com o Instituto <strong>de</strong> Química da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />
2006