Baixar - Brasiliana USP
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O sombrio Eduardo<br />
JÉRÔME—Você já se mudou outra vez, Roger?<br />
ROGER—Decerto. Era impossível viver naquella<br />
casa. Elias eram cinco — um verdadeiro dispensario.<br />
Aqui, ao menos...<br />
JÉRÔME—E quando veio você para cá?<br />
ROGER—Ha dez dias.<br />
JÉRÔME—Aposto que trez, no «ainimo, já conhecem<br />
o novo endereço.<br />
ROGER—Não as mesmas.<br />
JÉRÔME—Se você continuar assim, nestes dez annos<br />
terão passado pelo seu coração todas as mulheres de<br />
Paris.<br />
ROGER—Faço votos.<br />
JÉRÔME—Don Juan!<br />
ROGER—Um penetra!<br />
JÉRÔME—Casanova!<br />
ROGER—Um tratante!<br />
JÉRÔME—Qual outro, então?<br />
ROGER—O coronel Gerard.<br />
JÉRÔME—O caçador de leões?<br />
ROGER—Sim, o matador da grande fera tímida<br />
e temível, crédula e astuciosa. E dizer que toda a mulher<br />
é presa fácil... Depende de uma circumstancia,<br />
de uma palavra, ou de um olhar. Descobrir essa circumstancia,<br />
essa palavra, esse olhar, abalar a alma mais<br />
pura, mais subtil, ousar a luta, forjar a armadilha...<br />
Quem se arrisca nesse jogo, embora nelle perca a alma,<br />
ganha ainda.<br />
JÉRÔME—Quantas mulheres você amou ?<br />
ROGER—Quantos livros você leu?<br />
JÉRÔME—Difficil dizer . . mas . Mais ou menos ?<br />
ROGER—Não sei... \ Duzentas, duzehtas e cincoenta...<br />
As que pude.<br />
JÉRÔME—E você não *as torna a ver ?<br />
ROGER—Voluntariamente, não. Porque, se a comedia<br />
é sempre outra, o scenario é sempre o mesmo.<br />
JÉRÔME—O Coronel Gerard era mais caridoso<br />
para com os leões : matava-os.<br />
ROGER—Elias não me pedem tanto.<br />
JÉRÔME—Engana-se. Pedem tanto quanto dfio,<br />
e ceio ou tarde..<br />
ROGER—(interrompendo-o). Então, que seja mais<br />
tarde, meu caro. Agora...<br />
JÉRÔME—Você espera alguma? "-<br />
ROGER—A pequenina sra. Dubreuil. 1 !<br />
(Roger veste um bello palelolde pyjama)<br />
JÉRÔME—A flamula de guerra...<br />
ROGER—O estandarte antes da batalha.<br />
JÉRÔME—Então, evacuemos o campo.<br />
ROGER—Nfio, nfio, fique. Fizeram-me jurar que<br />
cão me encontrariam só.<br />
JÉRÔME—Primeiro encontro ?<br />
ROGER—Aqui em casa, sim. (olhando o relógio)<br />
Cinco e cinco.<br />
DE JACQUES DEVAL<br />
TRADUCÇÂO DE MERCADO JÚNIOR<br />
ROGER LASSERRE — 30 annos<br />
JÉROME BOUDRIOT— 32 annos<br />
EDUARDO DUBREUIL—40 annos<br />
Paris — Casa de Roger<br />
ARLEQÜIM<br />
JÉRÔME—Ella está reflectindo ...<br />
ROGER—Por isso, virá.<br />
JÉRÔME—Presumpçoso. Então nunca falhou alguma?<br />
ROGER—Eu me esqueço dos não. Essa, porém,<br />
virá. Tem medo do marido, mas virá.<br />
JÉRÔME—E você não o tem?<br />
ROGER—Nem temor nem piedade. Risco profissional,<br />
ossos do oficio.<br />
JÉRÔME—Você conhece o sr. Dubreuil?<br />
ROGER—Ella m'o descreveu como um monstro<br />
desconfiado. Chama-o "o sombrio Eduardo". Mas,<br />
com os maridos, você bem sabs, pouco me importo.<br />
Sou um amante organizado e consciente. Abaixo os<br />
maridos enganados! Meu mestre, Don Juan, matou<br />
dezoito. Eu espero o décimo nono (Toque de campai-