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CENTRO DE MEMÓRIA - J. Macêdo

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tecnologia do fazer pode ser comprada<br />

em qualquer lugar, mas o que se é não.<br />

Diálogo. Levando em consideração a<br />

questão da identidade e dos valores,<br />

qual a importância da empresa ter sua<br />

história organizada para desenvolver<br />

suas estratégias?<br />

Flávia. Em planejamento, você tem que<br />

pensar no que você vai ser no futuro,<br />

mas para fazer isso tem que saber o<br />

que você foi no passado, o que é hoje<br />

e quais são os seus limites. Então, o planejamento<br />

estratégico exige um conhecimento<br />

próprio muito grande. Quem<br />

não se conhece, uma empresa que não<br />

tem noção do que ela é, das suas limitações<br />

e potencialidades, não consegue<br />

se pensar. E isso é básico.<br />

Diálogo. E a história é uma ferramenta<br />

para a empresa se conhecer e projetar<br />

seu futuro....<br />

Flávia. Isso, a empresa precisa saber o<br />

que ela é. E a história é uma das ferramentas<br />

para isso, mas não é a única.<br />

Há outras ferramentas, como pesquisas<br />

de mercado, pesquisas com consumidores<br />

e uma série de análises que você<br />

usa num planejamento estratégico. A<br />

história é uma das coisas, porque ela te<br />

dá elementos para você saber da trajetória<br />

da empresa a longo prazo. Essa<br />

visão de longo prazo, que traz os contextos<br />

todos, faz com que se consiga<br />

ver movimentos e tendências através<br />

do tempo.<br />

Diálogo. Já aconteceu com vocês, no<br />

processo de organização do acervo de<br />

empresas, de funcionários terem documentos,<br />

registros, saberes e memórias<br />

que eles não sabiam que eram de valor<br />

histórico e até estratégico?<br />

Flávia. Isso é muito comum. As pessoas<br />

não têm noção do que é um documento.<br />

Primeiro elas acham que documento<br />

é só aquilo que é oficial, ou uma<br />

fotografia. Qualquer coisa num suporte<br />

diferente, um objeto, um recorte de jornal,<br />

um folheto, elas acham que não é<br />

documento.<br />

Diálogo. Vocês podem dar exemplos<br />

para que nossos funcionários saibam o<br />

que são documentos importantes com<br />

os quais eles podem contribuir para o<br />

Centro de Memória?<br />

Clarice. Muitas vezes, correspondências<br />

podem ser muito importantes,<br />

catálogos de produtos, publicações internas<br />

da instituição, um jornalzinho,<br />

vídeos que tenham sido feitos para um<br />

produto ou para treinamentos, informações<br />

sobre lançamentos de produtos<br />

e serviços, folhetos de eventos, projetos<br />

desenvolvidos.<br />

Diálogo. E as pessoas se surpreendem<br />

quando vêem isso ser valorizado e às vezes<br />

até exposto ao público?<br />

Clarice. É engraçado que muitos funcionários<br />

de empresas com as quais já<br />

trabalhamos dizem “olha, eu sempre fui<br />

criticado porque eu guardava as coisas,<br />

mas agora isso está sendo útil”.<br />

Quando<br />

você conta<br />

a história<br />

da empresa,<br />

a história das<br />

pessoas também<br />

está sendo<br />

contada.<br />

Flávia. Teve um caso, deste livro sobre<br />

o papel que produzimos para a Klabin,<br />

onde ninguém da diretoria e da família<br />

proprietária tinha mais as fotos antigas<br />

da empresa, e havia um senhor que<br />

guardava tudo. Ele me falou: “eu sempre<br />

fui criticado, todo mundo dizia que<br />

eu guardava velharia”. E o que ele guardava<br />

eram fotos maravilhosas que nos<br />

mostram processos que não existem<br />

mais na produção da celulose e nós só<br />

pudemos usar isso no livro porque este<br />

senhor guardou.<br />

Diálogo. Uma vez criado o Centro de<br />

Memória, como evitar que se percam<br />

os documentos que estão sendo produzidos<br />

no dia-a-dia, as coisas que estão<br />

sendo criadas hoje, por exemplo?<br />

Flávia. Uma das coisas que a gente faz<br />

quando entra em uma empresa, além<br />

de recolher documentos, organizar e higienizar,<br />

é sistematizar estes documentos<br />

que estão dispersos na empresa. Então<br />

criamos uma norma. Nesta norma<br />

estão descritos todos os documentos de<br />

valor histórico, explicando como devem<br />

ser tratados, catalogados e arquivados<br />

dali em diante.<br />

Diálogo. Isso para que guardá-los<br />

passe a ser processo cotidiano dentro<br />

da companhia e esta memória seja<br />

conservada....<br />

Flávia. Exatamente, para passar a ser<br />

processo. Então a gente tem um instrumento<br />

específico que se chama tabela<br />

de temporalidade. Esta tabela é feita<br />

para cada setor, avaliando os documentos<br />

que se produzem ali. A partir desta<br />

avaliação, definem-se quais são os prazos<br />

de retenção e de guarda de cada documento.<br />

Assim, você define, por exemplo,<br />

que um material como um boletim,<br />

ou a revista Diálogo, é fundamental, então<br />

têm que ser guardadas pelo menos<br />

duas unidades para o acervo.<br />

Clarice. Quando você tem o processo,<br />

tem a garantia de que esta guarda e este<br />

registro vão estar institucionalizados e<br />

de que tudo vai ser guardado de forma<br />

ordenada, catalogado, disponibilizado,<br />

e não só empilhado num canto. Porque<br />

a questão não é só guardar. Se eu tenho<br />

tudo num quartinho da memória, mas<br />

não faço mais nada com o material, não<br />

organizo, não divulgo e não crio ferramentas<br />

para as pessoas poderem consultar,<br />

não adianta nada.<br />

Diálogo. Um centro de memória pode<br />

ser só um espaço físico onde as coisas<br />

são organizadas e arquivadas com método<br />

e com processos. Mas pode dar<br />

origem também a diversos produtos,<br />

como livros ou exposições, não é?<br />

Flávia. Sim, pode dar origem a livros,<br />

sites na internet, exposições e até matérias<br />

jornalísticas como esta que você<br />

está fazendo agora. Pode servir também<br />

para auxiliar o desenvolvimento de um<br />

plano de comunicação ou de campanhas<br />

publicitárias. O centro de memória<br />

que desenvolvemos para a Klabin, por<br />

exemplo, ele não tinha a finalidade de<br />

publicação de livro nem nada, foi feito<br />

como uma coisa prática, como uma es-<br />

Trabalho de higienização<br />

de documentos na biblioteca<br />

da J. <strong>Macêdo</strong> na Lapa<br />

tratégia de negócio mesmo. Ele faz parte<br />

da necessidade da empresa de registrar<br />

os projetos que estão acontecendo.<br />

Diálogo. O que vocês estão colocando<br />

mostra que a história não só tem um valor,<br />

mas ela mesma é um valor para a organização.<br />

Como os valores e princípios<br />

de uma empresa se traduzem nestes<br />

documentos que vocês coletam quando<br />

vão organizar um centro de memória?<br />

Clarice. A história permite identificar<br />

em que momentos do fazer da empresa<br />

estes valores e princípios estão presentes.<br />

Por exemplo: a empresa pode declarar<br />

que a inovação é um valor importante.<br />

Mas ela tem sido mesmo inovadora<br />

ao longo da sua trajetória? A história vai<br />

responder a esta pergunta.<br />

Diálogo. E vocês percebem esta congruência<br />

entre o que está expresso<br />

no Código de Ética e de Conduta da<br />

J.<strong>Macêdo</strong> e o que mostra a pesquisa histórica<br />

feita para o Centro de Memória?<br />

Clarice. Sim, com certeza. É muito interessante<br />

contar isso, porque eu não<br />

havia lido ainda o Código de Ética da<br />

J.<strong>Macêdo</strong>, mas já estava trabalhando<br />

com o acervo e já tinha identificado alguns<br />

valores e princípios presentes na<br />

Companhia. Depois, vi que estes valores<br />

estão expressos no Código. Ou seja: o<br />

Código só foi formalizado em 2008, mas<br />

o que ele expressa já faz parte da trajetória<br />

da empresa. é o caso, por exemplo,<br />

da questão da inovação, do empreendedorismo,<br />

o não ter medo de entrar em<br />

novas frentes. Isso tudo está impresso<br />

no Código, mas muito antes já estava<br />

impresso na história da J.<strong>Macêdo</strong>.<br />

Diálogo. E a divulgação disso entre os<br />

próprios funcionários tem uma contribuição<br />

para o alinhamento, na medida<br />

em que permite às pessoas saberem<br />

melhor do que elas fazem parte?<br />

Clarice. O que acontece, geralmente,<br />

é que o funcionário está fazendo algo,<br />

mas ele não entende, muitas vezes, que<br />

aquilo tem a ver com a estratégia que foi<br />

decidida numa reunião de diretoria. Ele<br />

não tem essa noção. E isso tudo vai mudando<br />

à medida que as empresas estão<br />

se preocupando em comunicar mais e<br />

registrar mais o que é produzido.<br />

Neste pouco tempo que estou trabalhando<br />

junto à empresa, eu percebo no<br />

dia-a-dia da J.<strong>Macêdo</strong> que está havendo<br />

uma mudança. A empresa está num<br />

movimento de criar e formalizar mais os<br />

processos. E isso é muito importante.<br />

A peculiaridade que<br />

nos chama mais a<br />

atenção na J.<strong>Macêdo</strong><br />

é este dinamismo, este gosto<br />

pelo desafio de estar sempre<br />

buscando novos negócios,<br />

novas oportunidades e novos<br />

caminhos.<br />

Diálogo. Para a gente finalizar nossa<br />

conversa, gostaria de saber quais<br />

peculiaridades vocês estão vendo na<br />

história da J.<strong>Macêdo</strong>, a partir deste<br />

trabalho de pesquisa e organização do<br />

acervo para o Centro de Memória.<br />

Flávia. A peculiaridade que nos chama<br />

mais a atenção na J.<strong>Macêdo</strong> é este<br />

dinamismo, este gosto pelo desafio de<br />

estar sempre buscando novos negócios,<br />

novas oportunidades e novos caminhos.<br />

O Jacques Marcovitch, autor<br />

de vários livros sobre empreendedorismo,<br />

fala o seguinte: existem pessoas<br />

que entram num labirinto, não encontram<br />

o caminho, ficam desesperadas<br />

e saem. Existem aquelas que entram<br />

no labirinto, encontram a saída e estão<br />

conformadas. E existem as pessoas<br />

que entram no labirinto, encontram a<br />

saída, entram novamente, encontram<br />

outra saída, entram mais uma vez,<br />

buscam uma nova saída e seguem assim.<br />

Estes são os verdadeiros empreendedores.<br />

Clarice. O grande desafio hoje para a<br />

J.<strong>Macêdo</strong> é crescer e profissionalizar-se<br />

cada vez mais, sem nunca perder este<br />

espírito, que já faz parte do DNA do<br />

Grupo, de buscar sempre novas saídas<br />

do labirinto. n<br />

12 | Diálogo | NOVEMBRO/<strong>DE</strong>ZEMBRO 2008 www.petybon.com.br www.donabenta.com.br<br />

NOVEMBRO/<strong>DE</strong>ZEMBRO 2008 | Diálogo | 1

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