4 Editorial www.mundo<strong>dos</strong>animais.com Edição nº 2 | Junho de 2007 A luta pelos direitos <strong>dos</strong> <strong>Animais</strong>, extremamente difícil e desigual, está a triunfar. Associações e entidades de todo o mundo estão agora, mais do que nunca, a unirem esforços para atingirem melhor e mais eficazmente os objectivos comuns a todas. Um desses grandes exemplos ocorreu aqui no nosso país, nos passa<strong>dos</strong> dias 17, 18 e 19 de Maio. Dia 17 foi a manifestação anti-touradas, em frente ao Campo Pequeno. 25 organizações e mais de 700 pessoas estiveram ali, de pé e confinadas ao pequeno espaço que as autoridades reservaram para o protesto, firmes e convictas, tendo faltado ás suas obrigações de trabalhadores ou estudantes para marcarem a sua posição. Muito mais saudáveis do que as pessoas que estavam dentro do recinto, bem sentadinhas esperando o espectáculo de sangue. Estive lá e é uma sensação incrível ouvir tamanha moldura humana a gritar pelos direitos <strong>dos</strong> animais! A indústria tauromáquica, assustada com o anúncio desta manifestação internacional (num presságio do sucesso da mesma), enviou um apelo desespera<strong>dos</strong> a to<strong>dos</strong> os apoiantes das touradas para encherem o Campo Pequeno e demonstrarem a sua “força”. Não encheu, nem perto disso esteve, um claro sinal de que as touradas estão a enfraquecer e o seu tão desejado fim está cada vez mais próximo. Nos dois dias seguintes, realizou-se a Cimeira Internacional, participada pelas 25 organizações envolvidas. Daí surgiu a criação da Rede Mundial para a Abolição das Touradas, que operando em todo o mundo, tem grandes possibilidades de pôr um fim a este negócio bárbaro. Realizava-se a cimeira e, no Equador, declarava-se a primeira cidade antitouradas do continente americano, juntando-se ás 44 cidades e vilas europeias que já adquiriram oficialmente esse louvável estatuto. Noutro canto do mundo, no Japão, a quarta maior empresa de pescas do mercado nipónico cessou a venda de carne e outros produtos de baleias, o que vai diminuir significativamente o número de baleias mortas e abalar toda esta indústria. Alunos de escolas e universidades em todo o mundo têm-se unido para recolher assinaturas em nome do bem-estar animal, tendo já sido contabilizadas mais de 500 mil, governos incluí<strong>dos</strong>. Uma pesquisa nos 27 Esta<strong>dos</strong> da União Europeia mais a Croácia e a Turquia revelaram que 62% trocariam seus hábitos de compra de forma a adquirir mercadorias amigáveis aos animais; 77% das pessoas acham que mais pode ser feito nos seus países e 89% acham que produtos importa<strong>dos</strong> deveriam ser produzi<strong>dos</strong> nas mesmas condições de bem-estar animal <strong>dos</strong> origina<strong>dos</strong> na UE. O governo espanhol anulou a construção de uma auto-estrada de 300 quilómetros para proteger espécies de animais em perigo, como o lince ibérico. A polícia britânica criou novos dispositivos para protecção <strong>dos</strong> animais. Na Alemanha, e perante uma ameaça de morte a um urso polar bebé, montaram um dispositivo de segurança de 15 guarda-costas para proteger o animal. Não, não são tudo boas notícias e continuam-se a maltratar animais, destruir habitats, extinguir espécies... o mundo ainda está longe de ser um lugar perfeito e com uma população global consciente e sensibilizada, mas é inegável que todo o esforço, que por vezes até parecia em vão ou inglório, está a dar cada vez mais frutos. As “meias dúzias de gatos pinga<strong>dos</strong>”, como eram (e são) apelida<strong>dos</strong> os grupos de defensores <strong>dos</strong> animais, estão a ganhar notoriedade e a vencer batalhas importantes. O que não podemos nunca é abrandar: pessoas com cifrões nos olhos estão à espreita e perante qualquer falha, vão atacar de forma a poderem desrespeitar os direitos <strong>dos</strong> animais livremente. Carlos Gandra Edição nº 0 | Fevereiro de 2007 5 www.mundo<strong>dos</strong>animais.com