13.04.2013 Views

Livro Primeiro de Lolita - Bem-vindo à Editora IDEL

Livro Primeiro de Lolita - Bem-vindo à Editora IDEL

Livro Primeiro de Lolita - Bem-vindo à Editora IDEL

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O padre conduziu-o, pacientemente, a sentar-se próximo ao<br />

confessionário. Ali, sem dizer qualquer palavra, Padre<br />

Olegário retirou um envelope <strong>de</strong> sob a batina e esten<strong>de</strong>u-o ao<br />

marido furioso. Eram fotografias e transcrições <strong>de</strong> fitas<br />

gravadas. Muitas fotografias. Ele, Olinto, estava em todas,<br />

geralmente pelado, geralmente atracado com a sobrinha mais<br />

nova, no quarto <strong>de</strong>la. Na única transcrição que começou a ler,<br />

reconheceu suas frases e ditos chulos para a menina.<br />

Enfureceu-se ainda mais, agora querendo saber que palhaçada<br />

era aquela, como o padre tinha aquele material em suas mãos.<br />

Nesse momento Nezinha saiu <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do confessionário.<br />

Era evi<strong>de</strong>nte quem tinha feito aquilo tudo. Mas como? Aquela<br />

mulherzinha burra, medrosa, como havia urdido toda aquela<br />

trama? Olinto esbravejou, ergueu o braço para espancá-la, mas<br />

o padre, com sinistra calma, avisou:<br />

– Pedofilia, sedução <strong>de</strong> menor, com o agravante <strong>de</strong> ser<br />

sobrinha abrigada em sua casa. O senhor não acha que isso dá<br />

ca<strong>de</strong>ia suficiente? Quer mais uns anos por agressão, com o<br />

agravante <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>ntro da minha igreja? E ainda tem a outra<br />

menina, que só tem quinze anos. Seu... seu... monstro!<br />

Olinto <strong>de</strong>u um urro <strong>de</strong> fera acuada, compreen<strong>de</strong>ndo enfim a<br />

gravida<strong>de</strong> da situação em que estava metido e, dando meia<br />

volta, danou a correr para fora da igreja. .<br />

Quando, uma hora <strong>de</strong>pois, Nezinha e o padre chegaram em<br />

casa, souberam que Olinto havia passado ali como um<br />

relâmpago. Em quinze minutos saiu correndo, com uma mala<br />

na mão e a sobrinha mais velha na outra. Depois, foi o tempo<br />

<strong>de</strong> passar no armazém, pegar o dinheiro do caixa, cheques e<br />

promissórias do cofre. Montou uma caixa com vários objetos,<br />

gêneros e livros contábeis. E saiu em um táxi que mandara<br />

chamar no ínterim, levando as bagagens e a sobrinha, toda<br />

sorri<strong>de</strong>nte e feliz. Para o aeroporto, revelou, <strong>de</strong>pois, o taxista.<br />

Certamente, como tutor legal da menina, Olinto po<strong>de</strong>ria levá-la<br />

em viagem consigo, sem qualquer problema com as<br />

autorida<strong>de</strong>s. Sumiram no mundo.<br />

Olinto adorou. Estava livre daquela megera. E, melhor ainda,<br />

daquele seu negócio que estava bichado, raramente dava lucro.<br />

Os seus poucos luxos eram sustentados pelo dinheiro dos<br />

impostos que sonegava há décadas. Tinha um monte <strong>de</strong><br />

duplicatas e contas a pagar, vencidas e a vencer. Que ficassem<br />

para a mulher, azar <strong>de</strong>la. Sorria imaginando a surpresa <strong>de</strong>la ao<br />

<strong>de</strong>scobrir a situação pré-falimentar do negócio. O bem-bom,<br />

dinheiro em caixa, <strong>de</strong>pósito em banco, títulos a receber, isso<br />

tudo estava agora com ele. Ficasse Nezinha com o armazém,<br />

afinal era sócia nominal, o contador achara melhor assim.<br />

A menina adorou. Estava, <strong>de</strong> fato, enrabichada pelo tio.<br />

Descobrira a glória do sexo na flor da ida<strong>de</strong>, quando o tio a<br />

iniciou aos treze anos incompletos. Com vigor insuspeitado,<br />

máquina <strong>de</strong> gozar, fêmea jovem sempre em pleno cio, via ali a<br />

sua gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>: livrar-se da chatice da tia, da chatice<br />

da irmã, da chatice maior que era a escola, e ir embora com um<br />

homem cheio <strong>de</strong> dinheiro, louco por ela. On<strong>de</strong> ia ele conseguir<br />

outra menininha da sua ida<strong>de</strong>, ele já quase cinqüentão? Era<br />

bonita <strong>de</strong> rosto e <strong>de</strong> corpo, faceira e sensual, sabia da força que<br />

exercia sobre os homens, estava segura dos seus encantos.<br />

Olinto babava por ela, faria qualquer coisa que ela quisesse...<br />

Nezinha adorou. Estava, num passe <strong>de</strong> mágica, livre do<br />

estrupício, do monstro, do peidorreiro, do mulherengo, do<br />

grosso. A casa <strong>de</strong> comércio agora era <strong>de</strong>la, haveria <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!