tambores pra n'zinga, de Nina Rizzi - Germina
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nina rizzi<br />
NINA RIZZI<br />
UM CASO APOLÍNEA, MESMO ELLENÍA<br />
Ao longo da história da literatura e das artes <strong>de</strong> um modo geral, poetas, escritores<br />
e artistas têm estabelecido, em diferentes períodos, correspondências<br />
entre linguagens. Com essa atitu<strong>de</strong>, promovem uma nova realida<strong>de</strong> artística<br />
pela combinação <strong>de</strong> imagens pictóricas, olfativas, táteis, <strong>de</strong>gustativas, sonoras<br />
e rítmicas. A explicação é simples: a recepção <strong>de</strong> imagens pelas percepções<br />
humanas, bem como a sua representação em arte, não é uma ativida<strong>de</strong><br />
exclusiva a uma ou a outra forma <strong>de</strong> expressão. Entretanto, apesar dos laços<br />
<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> entre as linguagens, é preciso consi<strong>de</strong>rar que cada expressão<br />
artística é portadora <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>s. É nessa direção <strong>de</strong> análise que Charles<br />
Bau<strong>de</strong>laire (1821-1867), contrapondo-se às i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> hegemonia <strong>de</strong> uma ou<br />
<strong>de</strong> outra forma <strong>de</strong> expressão, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ra a tese <strong>de</strong> que cada arte contém especificida<strong>de</strong>s<br />
próprias, muito embora possa haver, em uma mesma realida<strong>de</strong><br />
artística, “correspondências entre linguagens”. Tendo em vista que, na visão<br />
do poeta, “os perfumes, as cores e os sons se correspon<strong>de</strong>m”.<br />
Por outro lado, é, igualmente, pela linguagem que os sujeitos tornam<br />
os sentimentos, pensamentos e acontecimentos humanos comunicáveis. E<br />
assim exercem a condição <strong>de</strong> sujeitos portadores <strong>de</strong> historicida<strong>de</strong>. Especialmente<br />
por resolver, pela linguagem, segundo Walter Benjamin, a dicotomia<br />
existente entre universalida<strong>de</strong> e singularida<strong>de</strong>. Haja vista que em uma expressão<br />
humana encontram-se presentes, além da subjetivida<strong>de</strong> individualizada,<br />
muitas outras “vozes”, cujos diálogos, para ganharem sentidos e abrirem<br />
perspectivas ao futuro, requerem um esforço <strong>de</strong> compreensão das múltiplas<br />
relações que estabelecem.