ORQUESTRA NACIONAL RUSSA JOSÉ ... - Cultura Artística
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como o pai, o rapaz aprendeu alemão e alguns rudimentos<br />
de música em várias localidades. Isso, antes de<br />
alcançar a capital, Praga, onde frequentou a Escola de<br />
Órgão e aperfeiçoou sua técnica da viola. A partir de<br />
1860, Dvorák começou a escrever obras cuja fama não<br />
ultrapassava os muros da cidade. Em 1863, sua maior<br />
façanha foi a de integrar o naipe das violas da orquestra<br />
regida por um ídolo seu, Richard Wagner, de passagem<br />
pela cidade. Mais tarde, ele trocaria sua paixão wagneriana<br />
por um profundo amor pela fi gura e pela música<br />
de Johannes Brahms.<br />
Em 1877, o crítico vienense Eduard Hanslick, respeitado<br />
pelo saber e pelo ódio que tinha por Wagner, escreveu<br />
a Dvorák, contando-lhe da boa impressão causada<br />
em Brahms por sua música. Foi assim que, sendo editado<br />
em Viena por recomendação do artista mais velho,<br />
Dvorák, aos 36 anos, começou uma nova carreira, repleta<br />
de sucessos. Viajou pelo continente e esteve mais de<br />
uma vez na Inglaterra. Suas estadas na longínqua Nova<br />
York foram-lhe especialmente felizes e resultaram em<br />
obras gloriosas.<br />
O catálogo deixado por Dvorák é bastante extenso e<br />
compreende nove sinfonias, sete concertos e numerosas<br />
peças para orquestra que incluem vários poemas sinfônicos.<br />
Estão presentes também cantatas, missas e oratórios,<br />
além de muitas partituras para piano e para conjuntos<br />
de câmara. A voz mereceu dele enorme atenção, desde<br />
o seu emprego em canções, árias e duetos até o campo<br />
operístico, no qual se destaca Rusalka, de 1900.<br />
Uma das mais belas sinfonias de Dvorák é a de número<br />
oito, composta entre agosto e novembro de 1889. Talvez<br />
porque a tonalidade de Sol maior fosse considerada<br />
“leve demais” para uso em uma sinfonia, os compositores<br />
românticos a rejeitaram em peso. Só mesmo no<br />
Classicismo ela havia recebido a merecida atenção de<br />
um sinfonista — Joseph Haydn, que a utilizou em doze<br />
de suas 107 sinfonias. Apenas Dvorák e, mais tarde,<br />
Mahler tiveram a coragem de escrever obras sinfônicas<br />
de intensa luminosidade em Sol maior. (Ambas resultaram<br />
em obras-primas).<br />
A Oitava Sinfonia de Dvorák tem início com o andamento<br />
Allegro con brio. Muito ambíguo no seu permanente<br />
jogo de tonalidades maiores e menores, esse movimento<br />
repleto de ímpeto segue, entretanto, a forma-<br />
-sonata, sob o signo da alegria provocada pelo contato<br />
com os prados fl oridos da terra do compositor.<br />
A seção seguinte é um Adagio em Dó menor, que emprega<br />
o Mi bemol maior em seu início. Vários temas conotam,<br />
cada qual por sua vez, corais religiosos e ruídos<br />
da natureza. Quando, porém, a tonalidade muda para<br />
Dó maior, aparece o ritmo de uma dança muito animada,<br />
que torna a paisagem em algo um bocado pastoril.<br />
Com mão decidida, o compositor muda o quadro ao<br />
introduzir uma marcha cavalheiresca, de tom lendário<br />
e progresso lento, que os metais graves exibem com alguma<br />
petulância. Reaparecem temas e motivos já ouvidos,<br />
agora com outros refl exos de cor. O ritmo dançante<br />
volta, então, à tona e chega-se, assim, ao fi nal do festivo<br />
movimento.<br />
Vem em seguida aquele que é, possivelmente, o movimento<br />
mais cativante de toda a obra, à maneira de<br />
uma dança popular da Europa Central — do próprio<br />
Dvorák ou, então, de seu padrinho Brahms, quando este<br />
revestia a imaginação com moldura húngara e cigana.<br />
É o Scherzo, com a indicação de andamento Allegretto<br />
grazioso, escrito em formato tradicional (ABA). Difícil<br />
é saber qual o momento mais bonito dessa música que<br />
encanta já à primeira audição: se o animado Scherzo<br />
de abertura, com toda a sua vitalidade, ou o Trio de<br />
expressão camponesa, em tom apaixonado, com seus<br />
fl oreios bem melódicos.<br />
O último movimento da Oitava Sinfonia — Allegro<br />
ma non troppo — tem início de maneira espantosa: um<br />
rebrilhante motivo do trompete parece anunciar algo<br />
grandioso, cheio de cerimônia. Contudo, o que vem em<br />
seguida é um tema de andamento pacato, conduzido<br />
pelos violoncelos e que o compositor submete a variações.<br />
Na verdade, são duas séries distintas de variações.<br />
A primeira série mescla seriedade e humor, culminando<br />
com uma bacanal bastante animada. A orquestração é,<br />
a partir desse ponto, transformada em algo mais leve,<br />
confi gurando uma espécie de intermezzo que deixa a<br />
escuta do ouvinte em suspenso. A segunda série de variações<br />
é bastante diversa da primeira, pois ela é mais<br />
melódica e elegíaca, valorizando os timbres orquestrais<br />
de maneira isolada. O clima de bacanal volta à cena<br />
com nova iluminação, e a sinfonia é encerrada em clave<br />
de alegria sem sombras.<br />
PIOTR ILICH TCHAIKOVSKY (1840-1893)<br />
Serenata para Cordas<br />
Depois de fi car em dúvida — sinfonia ou quinteto de<br />
cordas? —, Tchaikovsky optou pela formação de cordas<br />
para sua nova obra, a qual seria ouvida pela primeira vez<br />
em Moscou, no fi nal de 1880. Mas não se tratava de<br />
música de câmara, e sim de obra sinfônica, ainda que<br />
sem os instrumentos de sopro habituais de uma obra<br />
congênere. Mesmo partindo de modelos do Classicismo<br />
vienense — serenata, divertimento —, o resultado é