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Cultura<br />
Rubens Domingos e a arte de<br />
mostrar os recantos do Brasil<br />
Eduardo Dias<br />
O<br />
termo "Resistência<br />
Cultural" continua<br />
sendo um dos capítulos<br />
nos debates e análises em torno<br />
da aventura cultural na Região Oeste.<br />
E nesse contexto, algumas personalidades<br />
traduzem esse termo, esse<br />
efeito no olhar e no entendimento<br />
do público. Um deles é Rubens Domingos,<br />
63, que com suas esculturas<br />
tem mostrado na Região Oeste os<br />
caminhos da vocação, do talento, da<br />
jornada em busca de personagens<br />
desse Brasil e do imaginário coletivo.<br />
Na próxima segunda feira, 10,<br />
no Hall da Câmara Municipal de<br />
Barueri (Av. Wagih Salles Nemer<br />
-200- Centro Comercial de Barueri)<br />
o público terá a oportunidade de<br />
conferir esse talento. E tudo por<br />
conta da exposição do artista e do<br />
pintor Paulo Makobeba, que juntos,<br />
mostrarão os caminhos da criação e<br />
seus temas mais contundentes.<br />
a ExPoSIção E SEuS<br />
TEmaS<br />
O artista, que conversou<br />
com este articulista no último<br />
domingo, 2, destacou que a<br />
exposição terá 40 peças. "As<br />
minhas peças foram produzidas<br />
com material como madeira<br />
e pedra sabão. Gosto de trabalhar<br />
com este material, gera<br />
um efeito especial no público<br />
e as pessoas gostam do que<br />
vêem", destacou. Na sequência,<br />
Rubens Domingos refletiu<br />
sobre seus temas principais e os<br />
efeitos que eles tem no público.<br />
"Nessa exposição, o público<br />
perceberá que os meus temas<br />
são o homem rural e a realidade<br />
afro-brasileira. Com essa<br />
exposição completo 35 anos de<br />
trajetória artística, expondo em<br />
vários locais e lugares. Os meus<br />
trabalhos já foram exibidos na<br />
novela "Essas Mulheres", da<br />
Rede Record e também em<br />
vários programas como o "Sr.<br />
Brasil", do Rolando Boldrin,<br />
pela TV Cultura. Lá, Boldrin ficou<br />
com a peça "Boi Bandido" e<br />
eu fui buscá-la na casa dele, aqui<br />
próximo em Cotia. Quer dizer,<br />
o meu trabalho fala desse Brasil,<br />
Destacando temas animais, o artista contribui com a discussão sobre diversidade do território nacional<br />
Glória Perez e o<br />
desrespeito com o público<br />
É<br />
muito "Pecado Capital". Só que isso,<br />
leitor, era um talento nato da<br />
"Usineira dos Sonhos", como<br />
complicado<br />
quando um autor<br />
resolve adotar o<br />
estilo de outro, o jeito de conduzir<br />
e criar histórias. Glória<br />
Perez, desde a sua primeira<br />
novela, segue o estilo da mestra<br />
Janete Clair. Só que uma<br />
coisa é você tentar imitar, a<br />
outra é conseguir a mesma<br />
genialidade e honestidade da<br />
escritora, que entre os anos 70<br />
e 80, fez muito sucesso, produzindo<br />
suas histórias sozinha<br />
em uma máquina de escrever.<br />
Janete Clair, para quem não<br />
sabe ou não é da época, conseguia<br />
produzir uma história<br />
inspirada em uma breve notícia,<br />
um pequeno pedaço de<br />
papel rasgado. Foi assim que<br />
nasceu um dos seus clássicos,<br />
tão amplo e com tantas histórias<br />
para contar", comentou.<br />
ImaGENS E HISTorIaS<br />
Segundo Domingos, a sua arte<br />
está repleta de cavalos, de bois e<br />
inúmeros animais desse universo<br />
do campo. "Os pesquisadores e<br />
o próprio público gostam dos<br />
meus animais, da forma que produzo,<br />
pois detalho tudo, desde os<br />
ângulos dos olhos até chegar as<br />
patinhas. Ficaram abismados com<br />
as patinhas do elefante que fiz,<br />
mas para mim, isso é a busca da<br />
verdade na arte, de como entendo<br />
tudo isso", sublinhou. "Mas também,<br />
nessa esposição, o público<br />
vai ver imagens de "Engenho de<br />
Cana, "Roda D´ água, um busto<br />
de Juscelino Kubitschek e tantos<br />
outros, gosto de reafirmar que<br />
são 40 trabalhos, tenho uma boa<br />
produção", comentou. " Eu não<br />
sou o típico artista acomodado, sou<br />
uma pessoa que busca caminhos,<br />
oportunidades, estou fazendo essa<br />
exposição, juntamente com Paulo<br />
Makobeba, porque fui atrás e pedi<br />
o espaço, produzo minha história<br />
Carlos Drummond de Andrade<br />
a definiu.<br />
No caso de Glória Perez, é<br />
tudo muito pretensioso, artificial,<br />
criar uma história sobre a<br />
cultura da Índia, depois de ter<br />
ficado uns dias no país, é muita<br />
arrogância, e por mais que seja<br />
exagero avaliar a novela desse<br />
jeito, o que sobra é uma leitura<br />
muito artificial de uma cultura<br />
tão complexa, tão antiga. Tudo<br />
vira caricato nessa novela "Caminho<br />
das Índias", tudo serve<br />
como um belo deboche, já que<br />
a novelista só mostra o lado<br />
colorido da cultura e não suas<br />
complexidades, não estou fa-<br />
Caio Blat (Ravi) e Isís Valverde (Camila) em uma cena da novela<br />
Rubens Domingos, com suas esculturas, mostra o Brasil ao Brasil<br />
como artista desde os 14 anos, não<br />
fico esperando os políticos me ajudarem.<br />
Só gosto de lembrar o ano<br />
de 1999, quando o Mário Covas me<br />
entregou um prêmio. Foi no MIS<br />
(Museu da Imagem e do Som), mas<br />
essa foi uma outra história....<br />
aS DIFICulDaDES DE<br />
um arTISTa<br />
Quanto as dificuldades no<br />
seu processo de trabalho, Rubens<br />
Domingos, nascido sob o signo<br />
de Libra, é categórico e afirma<br />
que gostaria de ter estudado desenho.<br />
"Seria mais fácil produzir<br />
as minhas esculturas, se eu tivesse<br />
feito um curso de desenho, mas<br />
não fiz, perdi tempo, ganhei muito<br />
dinheiro, mas gastei tudo nas<br />
farras e perdi essa oportunidade<br />
de estudar, de me aprimorar",<br />
pontuou. "E nessa jornada, aprendi<br />
muito vendo as imagens de<br />
Aleijadinho, do próprio Benedito<br />
Carlos do Amaral, são pessoas,<br />
que com suas produções, influenciaram<br />
bastante o meu trabalho",<br />
comentou. Rubens Domingos,<br />
lando só da questão dos dalites<br />
e das outras "castas", mas de<br />
como a autora está ignorando<br />
costumes, histórias e tradições.<br />
Tudo bem, sabemos que algumas<br />
coisas não precisam ser<br />
mostradas, mas destacar a Índia<br />
como um belíssimo centro<br />
turístico, com todo aquele caos<br />
urbano, me parece exagero, um<br />
desrespeito com a inteligência<br />
dos telespectadores.<br />
Isso sem contar o tempo<br />
na história. Leitor, uma viagem<br />
do Brasil até a Ìndia, na novela,<br />
mostra os personagens indo<br />
e voltando com uma rapidez<br />
absurda. Por favor, me falem<br />
o nome da empresa aérea,<br />
que no mínimo, ela utiliza um<br />
outro recurso de velocidade.<br />
E não me perguntem, que<br />
nem imagino qual, só Glória<br />
Perez sabe. O outro aspecto é<br />
como os personagens da Índia<br />
conseguem falar tão bem com<br />
brasileiros? Existem cursos<br />
intensivos, era impressionante<br />
ver Camila (Isis Valverde) e<br />
Ravi (Caio Blat) conversando,<br />
sem barreiras idiomáticas.<br />
Quer dizer, alguma coisa está<br />
estranha no psiquismo da<br />
autora. Ou ela acha que vale<br />
tudo em uma telenovela, ou<br />
não conhece as distâncias, as<br />
diferenças culturais (e ai não<br />
Flávio Migliaccio, Tony Ramos e André Vilon em um momento na telenovela "Caminho das Índias"<br />
nessa entrevista especial à editoria<br />
de cultura do "<strong>Correio</strong> <strong>Paulista</strong>"<br />
também destacou que gostaria<br />
de viajar mais. "Os meus trabalhos<br />
já foram para vários lugares,<br />
mas eu não, acho um absurdo<br />
não ter apoio, não ter incentivo<br />
nesse sentido. Tenho peças na<br />
Itália, Alemanha, Japão, Portugal,<br />
Dinamarca, França, Angola, mas<br />
só as minhas peças fizeram essas<br />
viagens, eu não", reclamou. Na<br />
reta final do bate-papo, Domingos<br />
falou de outras exposições.<br />
"A minha agenda está repleta de<br />
eventos. No dia 16, estarei na feira<br />
da Vila Madalena e nos dias 21,22<br />
e 23 na Feira da Água Branca",<br />
revelou esse artista que mora em<br />
Carapicuíba há 26 anos. Como<br />
se vê, o artista está produzindo,<br />
mostrando histórias e movimentando<br />
o cenário cultural não só<br />
da Região Oeste. É a força da<br />
"Resistência Cultural" mostrando<br />
seus nomes, suas jornadas e, principalmente,<br />
suas discussões em<br />
torno da "Identidade Cultural".<br />
Informações 4187.0971<br />
Sexta-feira, 7 de agosto de 2009<br />
Uma das peças de Rubens<br />
Domingos, que faz parte do<br />
repertório de brasilidade<br />
Glória Peres se mostra pretenciosa com a narrativa de "Caminho das Índias"<br />
é aquela que ela esboça, que<br />
ela faz questão de apontar).<br />
Fico imaginando que seria<br />
mais fácil, a novelista colocar<br />
a eterna palavra da personagem<br />
Emilia do "Sítio do Pica Pau<br />
Amarelo", ..... "Pirlimpimpim",<br />
que não existam barreiras idiomáticas<br />
entre brasileiros e os<br />
indianos, só assim é possível<br />
acreditar em algumas cenas<br />
desse núcleo da novela, que<br />
diga-se de passagem, é o diferencial<br />
dessa trama. Outro<br />
aspecto negativo é o excesso<br />
de dança. Meu Deus !!!! Eles<br />
só sabem fazer isso, não lêem<br />
um livro, não discutem outros<br />
temas, só isso, que gente chata.....<br />
Bom fico por aqui, um<br />
grande abraço e até o próximo<br />
"Espelho Mágico"....