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Pode ver-se apenas como cicatriz da<br />
pós-modernidade. Pode não tocar minimamente<br />
o âmago da fé. Mas anda<br />
por aí a corroer entusiasmos e a retrair<br />
corag<strong>em</strong>. A dúvida.<br />
Para quê? Partir para África ou Ásia?<br />
Arriscar a vida, a carreira, a saúde, para<br />
anunciar o que pouco diz a outra cultura<br />
e a um povo diferente? Para quê gerar<br />
confrontos étnicos, religiosos, morais,<br />
se Deus <strong>em</strong> cada um lançou germes do<br />
seu Reino e abriu caminhos de salvação?<br />
Partir para curar o corpo e ferir a alma?<br />
Ou apenas para apoiar um desenvolvimento<br />
que cada vez menos se sabe<br />
o que é ? Para quê fazer, com o rótulo<br />
religioso, o que tantos já faz<strong>em</strong> a título<br />
humanitário, com resultados aparent<strong>em</strong>ente<br />
mais efi cazes e pacífi cos? Não<br />
será útil perguntar, nos t<strong>em</strong>pos que corr<strong>em</strong>,<br />
o que quer dizer “ide por todo o<br />
mundo e baptizai todos os povos”?<br />
Passei por quase todos os lugares onde<br />
trabalharam os missionários portugueses.<br />
Estive ao lado de muitos e colhi<br />
test<strong>em</strong>unhos de vida heróicos que nunca<br />
encontraram outro sentido para a<br />
existência que não fosse o mergulho na<br />
aventura de Deus e essa viag<strong>em</strong> s<strong>em</strong> cajado<br />
n<strong>em</strong> duas túnicas, com pés cansados<br />
de anunciar a Paz e o Reino. E nessa<br />
proximidade aprendi a mais entusiástica<br />
lição sobre o Reino.<br />
Hoje muitos perguntam: aposta errada?<br />
T<strong>em</strong>po perdido? Estar<strong>em</strong>os numa espécie<br />
de regresso de mãos vazias, fi m de<br />
estação, entardecer desiludido do que foi<br />
uma dádiva eclesial ao mundo, mormente<br />
na história mais <strong>em</strong>polgante do nosso<br />
país ao dar “novos mundos ao mundo”?<br />
A t<strong>em</strong>pestade<br />
das dúvidas<br />
Os restos do império deixam-nos no<br />
olhar apenas ruínas da fé? Obviamente<br />
que não. Mas é t<strong>em</strong>po de aprofundar velhos<br />
e novos métodos de <strong>Missão</strong>.<br />
Há muitos anos que a <strong>Missão</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />
se interroga. Em cada ano pára,<br />
congrega, reza, refl ecte, aprofunda e<br />
parte de novo. A inquietação nunca<br />
deixou ninguém <strong>em</strong> terra. Mas este<br />
ano, ao propor um Congresso para<br />
<strong>Missão</strong> a <strong>Igreja</strong> quis juntar quantas<br />
perguntas estão expressas ou secretas<br />
no coração missionário do nosso país,<br />
para agradecer aos que ousaram partir<br />
e continuam a partir, para test<strong>em</strong>unhar<br />
outros modos de missão, para compreender<br />
que novos desafi os se lançam,<br />
para renunciar a erros cometidos no<br />
passado, para mobilizar a <strong>Igreja</strong> que<br />
está aqui mas n<strong>em</strong> por isso dispensada<br />
da missão, para enquadrar os novos<br />
valores que o mundo moderno oferece,<br />
para dar ânimo aos desamparados, para<br />
se alegrar com as imensas searas que<br />
<strong>em</strong> todos os continentes foram s<strong>em</strong>eadas<br />
e cantar os frutos do Evangelho<br />
proclamado. E para dizer aos jovens<br />
que esta é a sua hora. Tudo isso aconteceu<br />
neste histórico Congresso. No coração<br />
de Fátima. Em clima de oração e<br />
de festa. Tudo isso acontece um pouco<br />
neste número especial da AGÊNCIA<br />
ECCLESIA sobre <strong>Missão</strong>. <strong>Missão</strong> e Palavra<br />
como arma única de qu<strong>em</strong> parte<br />
para anunciar o Reino. Desta vez sob a<br />
inspiração de Paulo, missionário.<br />
António Rego<br />
Director do Secretariado Nacional<br />
das Comunicações Sociais<br />
editorial<br />
Estar<strong>em</strong>os numa espécie<br />
de regresso de mãos vazias,<br />
fi m de estação, entardecer<br />
desiludido do que foi<br />
uma dádiva eclesial<br />
ao mundo, mormente na<br />
história mais <strong>em</strong>polgante<br />
do nosso país ao dar<br />
“novos mundos<br />
ao mundo”? Os restos<br />
do império deixam-nos<br />
no olhar apenas ruínas<br />
da fé? Obviamente que não.<br />
Mas é t<strong>em</strong>po de aprofundar<br />
velhos e novos métodos<br />
de <strong>Missão</strong>.<br />
ecclesia especial 5