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Arte, poder e religião nos tempos medievais A identidade de ...

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Os principais encomendadores <strong>de</strong>sta nova arquitectura foram os bispos (das dioceses então restauradas e das quais faziam parte as<br />

dioceses <strong>de</strong> Lamego e <strong>de</strong> Viseu], os priores e os aba<strong>de</strong>s dos mosteiros.<br />

A arquitectura religiosa oci<strong>de</strong>ntal, durante o período medieval, <strong>de</strong>senvolveu-se através da constante alteração e mutação dos próprios<br />

sistemas construtivos que possibilitaram a sua materialização e exequibilida<strong>de</strong>. Esta mutação foi realizada segundo uma articulação<br />

espacial e formal progressiva, <strong>de</strong> acordo com O pensamento oci<strong>de</strong>ntal, associada a uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> progresso contínuo. A activida<strong>de</strong><br />

construtiva coeva foi vasta e intensa, possibilitando a edificação <strong>de</strong> Catedrais, Mosteiros, Igrejas e Capelas, isto é possibilitando a pequena<br />

e gran<strong>de</strong> escala no âmbito da arquitectura religiosa.<br />

De Facto, a igreja medieval apresenta diferenças, nâo só <strong>de</strong> nação para nação, como também <strong>de</strong> região para região, po<strong>de</strong>ndo-se<br />

referenciar uma leitura, plena <strong>de</strong> variantes na região das Beiras, que ao mesmo tempo <strong>de</strong>nota as suas origens regionais e rurais, bem<br />

características e pertencentes ao que se po<strong>de</strong> apelidar <strong>de</strong> românico evolutivo, segundo factores inerentes ao próprio estilo arquitectónico,<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento formal e construtivo, mas também ã cronologia, isto é, ao próprio Tempo. Como refere Carlos A. Ferreira <strong>de</strong> Almeida:<br />

"Mais que em qualquer outro regiõo, o arquitectura romõnica portuguesa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os catedrais às igrejas mo<strong>nos</strong>terais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os costelos ÕS<br />

paroquiais e õs ermidas que consogrom sítios <strong>de</strong> hierofanios, <strong>de</strong> <strong>de</strong>voçõo ermítico ou <strong>de</strong> protecçõo õs comunido<strong>de</strong>s ogrícolas e <strong>de</strong> pastares,<br />

tem <strong>de</strong> ser sentido e apreciodo in situ e <strong>nos</strong> seus contor<strong>nos</strong> geográficos e históricos. Só assim, inserido no paisagem e no hobitot local, ele<br />

é verda<strong>de</strong>iromente compreensível e só assim se tem uma rico liçõo poro contor."(2]<br />

No que respeita à construção do edificado religioso medieval, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> progresso contínuo evi<strong>de</strong>ncia-se e consubstancia-se nas<br />

superfícies autoportantes e murais, permitindo cada vez mais a articulação <strong>de</strong>stas superfícies com a mutação associada a uma evolução<br />

da espacialida<strong>de</strong> arquitectónica propriamente dita, ou seja, associada a uma mutação e evolução do muro autoportante e contínuo até a<br />

<strong>de</strong>smaterialização do mesmo e permitindo a utilização <strong>de</strong> outro tipo <strong>de</strong> soluções estruturais abobadadas.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se sintetizar este facto na variável relação estabelecida pelo binómio ábsi<strong>de</strong>-transepto uma vez que esta é a articulação<br />

responsável pela diferenciação e distinções não só espaciais mas também funcionais. Em alguns casos o transepto assume-se quase<br />

como mais uma nave, mas esta agora transversal, em oposição ao elemento longitudinal e <strong>de</strong> carácter basilical, que conforma a nave<br />

propriamente dita e à absi<strong>de</strong> que se encontra no seu seguimento. No entanto, as arquitecturas religiosas românicas, <strong>de</strong> carácter mais rural<br />

e interior apresentam, <strong>de</strong> certo modo, a antítese do que foi referido ao ser anulada esta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diálogo arquitectónico dado o<br />

seu diminuto porte.<br />

A importância do transepto é também marcante na <strong>de</strong>finição da funcionalida<strong>de</strong> atribuída à absi<strong>de</strong>, seja ela complexa ou <strong>de</strong> rasgos mais<br />

simples, po<strong>de</strong>ndo para isso assumir diferentes distanciamentos e posicionamentos em relação à cabeceira. É esta relação [(ábsi<strong>de</strong>+nave]<br />

- transepto] que <strong>de</strong>termina a planimetria dando origens às distintas conformações das plantas inerentes a estas arquitecturas, tais como<br />

a planta <strong>de</strong> cruz latina ou planta <strong>de</strong> cruz grega, consoante a dimensão da relação do binómio referido.<br />

[2) Cit. ALMEIOA, Carlos Alberto Ferreira <strong>de</strong> - Arquitectura. In Nos confins da Ida<strong>de</strong> Média. IPM, 1992, p.75.<br />

p6g.49 arte, <strong>po<strong>de</strong>r</strong> e <strong>religião</strong> <strong>nos</strong> <strong>tempos</strong> <strong>medievais</strong>

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