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CHICO GADELHA<br />

REPORTAGEM_CIDADES CRIATIVAS<br />

MAIO_36_PáGInA <strong>22</strong><br />

A singulari<strong>da</strong>de cultural aponta caminhos para o<br />

desenvolvimento. A "ecologia criativa" <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des<br />

inclui de agentes econômicos à atmosfera <strong>da</strong>s ruas<br />

p o r Carolina Derivi # f o t o s A<strong>da</strong>lberto Leister, Chico Gadelha, Jor<strong>da</strong>n Ficher, Luz A. Villa<br />

Era o caminho mais improvável para o sucesso. Em pleno País do Carnaval,<br />

escolheram o período <strong>da</strong> folia para um festival de jazz e blues. Não nos centros<br />

manjados do Sudeste, com infraestrutura adequa<strong>da</strong> para atender às necessi<strong>da</strong>des<br />

de um evento internacional, mas o estado do Ceará. E não a capital<br />

Fortaleza, mas 100 quilômetros interior adentro, na pequenina Guaramiranga,<br />

com cerca de 5 mil habitantes.<br />

Havia algo de especial na ci<strong>da</strong>dezinha que cativou a antropóloga Rachel Galhena,<br />

sócia-fun<strong>da</strong>dora <strong>da</strong> produtora Via de Comunicação. Composto basicamente de uma<br />

única via pavimenta<strong>da</strong>, o lugar tinha já dois teatros, herança dos tempos em que a<br />

oligarquia cearense do começo do século XX subia a serra no verão para aproveitar o<br />

“friozinho” de 15 a 20 graus, e matava o tempo fazendo saraus.<br />

Cerca<strong>da</strong> de remanescentes protegidos de Mata Atlântica, nem as tentativas de<br />

sobreviver <strong>da</strong> produção do café vingavam e Guaramiranga era uma ci<strong>da</strong>de estagna<strong>da</strong>.<br />

Para Rachel, a memória cultural <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, combina<strong>da</strong> ao fato de que o Ceará não<br />

tinha mesmo vocação para o Carnaval, mas era berço de excelentes instrumentistas,<br />

compunha o chamado para uma vira<strong>da</strong> extraordinária.<br />

Em 11 edições, o festival selou encontros de músicos do gabarito de Stanley Jor<strong>da</strong>n<br />

e Jean-Jacques Milteau com feras nacionais como Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e<br />

Ivan Lins, além, é claro, dos talentos regionais. “No primeiro ano, ou hospe<strong>da</strong>va o público<br />

ou os músicos. Não tinha leito suficiente. Também não tinha onde comer, só uma Kombi<br />

que vendia hot dog. Hoje tem restaurante italiano, alemão, gaúcho, várias pousa<strong>da</strong>s. E<br />

agora a gente contrata ca<strong>da</strong> vez mais mão de obra local”, comemora Rachel.<br />

Em 2005, por exemplo, o festival gerou mais de R$ 3 milhões de receita para o<br />

município, o equivalente a dez meses de arreca<strong>da</strong>ção em impostos. Hoje, quase a metade<br />

<strong>da</strong> população trabalha não mais na prefeitura, mas na cadeia produtiva do turismo<br />

cultural e ecológico, que, por sua vez, gerou a revitalização urbana e o aprimoramento<br />

dos serviços públicos.

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