autores - Familia Borba Pinheiro

Uma pessoa normal,
Com tudo o que há de normal,
Em ser-se feliz e pobre de espírito.
Seria feliz e casava.
Seria feliz por ter a carne
De minha própria carne,
E por ter uma profissão.
E à noite, sentado
No meu harém caseiro,
Sentir-me-ia realizado por tão pouco.
Ah! Não acreditem no que escrevo!
Raiva... Ter raiva desgasta.
Ter amor é um esforço
Que não quero.
Ser feliz é contrariar a sorte.
E ser normal, como tudo tão igual,
É uma náusea que dispenso.
Ai raiva, para isso tudo!
E p’ra esta coisa a quem chamam de vida.
Bip-bip-bip-bip… Interjeição!!!
Ai, se eu retivesse, em minhas mãos,
Os meus intentos nocturnos...!
Se eu me detivesse...
Outra vez, esta melancolia,
De dias talvez felizes,
Me vem à lembrança;
Outra vez, este romantismo,
Na criança que já fui,
Me invade;
E dentro destas quatro paredes,
De azul-agressivo pintadas,
Há vidas efémeras,
Como golpes fracos de asas.
Seco, seco, seco...