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LITERATURA BRASILEIRA DE EXPRESSÃO PIAUIENSE

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PROF. ALEX ROMERO<br />

<strong>LITERATURA</strong><br />

<strong>BRASILEIRA</strong><br />

<strong>DE</strong><br />

<strong>EXPRESSÃO</strong><br />

<strong>PIAUIENSE</strong><br />

Lei 5.464, de 11 de julho de 2005.<br />

Art. 1º - Fica instituída a<br />

obrigatoriedade do ensino de<br />

literatura brasileira de expressão<br />

piauiense, no ensino Fundamental<br />

e Médio, nas escolas das redes<br />

pública estadual e privada, no<br />

Estado do Piauí.


BARROCO/<br />

NEOCLASSICISMO<br />

1808 / 1866<br />

MERIDIANO<br />

1950<br />

<strong>LITERATURA</strong> <strong>PIAUIENSE</strong><br />

ROMANTISMO<br />

1866 / 1917<br />

FASE ACADÊMICA<br />

1917 / 1940<br />

MO<strong>DE</strong>RNISMO<br />

1940 / ?<br />

VANGUARDISTAS CLIP PÓS-69/MIMEÓGRAFO<br />

UM CONCEITO EM CONSTRUÇÃO


BARROCO / NEOCLASSICISMO<br />

(1808 / 1866)<br />

“Poemas” – Ovídio Saraiva<br />

CONTEXTO:<br />

Oeiras é a capital sob as bênçãos de N.S.da Vitória,<br />

Oeiras é a capital sob as bênçãos de N.S.da Vitória,<br />

padroeira da cidade e do Piauí;<br />

A Educação no Piauí... / isolamento cultural, geográfico,<br />

político e social;<br />

As fazendas: “A chamada civilização do couro”;<br />

Perseguição e extermínio das nações indígenas;<br />

Migração de piauienses para estudar na Europa;<br />

Emancipação do Piauí em relação ao Maranhão (1718);<br />

A Batalha do Jenipapo (13-03-1823, Campo Maior);<br />

Transferência da capital para Teresina (1852).


PRINCIPAIS REPRESENTANTES<br />

Ovídio Saraiva<br />

Leonardo Castelo Branco<br />

Teodoro Castelo Branco


SONETO LXII / Ovídio Saraiva<br />

Passaram lustros três, e mais três anos,<br />

Que à Estância dos mortais volvi do nada;<br />

Mas bem que ainda não seja adiantada<br />

Minha idade, sofrido hei já mil danos:<br />

Além dos torvos mares desumanos,<br />

Recebi dos meus Pais a vida ervada,<br />

E contando anos seis, à Pátria amada,<br />

Arrancaram-me os Pais com vis enganos:<br />

Desde então me arrepela a voz maldita,<br />

Da desgraça letal o braço forte,<br />

E sobre os tetos meus o Mocho grita;<br />

E se não me enganei nos Céus... ó sorte!<br />

Esta sentença li, com sangue escrita,<br />

“Em breve lutarás com a torva morte.”


Teodoro Castelo Branco<br />

poeta-caçador<br />

►Transição entre o Arcadismo<br />

e o Romantismo;<br />

►Bucólico / árcade sertanejo;<br />

►Poesia de estilo popular em<br />

versos redondilhos;<br />

►Retrata os costumes do Piauí.


LEONARDO DA SENHORA DAS DORES<br />

CASTELO BRANCO<br />

• Poeta, militar e mecânico inventivo;<br />

• Preso (Oeiras / São Luís / Portugal);<br />

• Estilo que mescla Barroco, Arcadismo<br />

e Romantismo (predominante).<br />

• PRINCIPAIS PRINCIPAIS OBRAS: OBRAS:<br />

- A Criação Universal<br />

(linguagem rebuscada / cientificismo);<br />

- O Ímpio Confundido<br />

- O Santíssimo Milagre: poema épico- religioso /<br />

duas versões: decassílabos eruditos e brancos e<br />

versos populares (heptassílabos e tetrassílabos).


ROMANTISMO ( 1866 / 1917 )<br />

“Flores da Noite” – Lycurgo de Paiva<br />

CONTEXTO HISTÓRICO:<br />

• O Piauí na Guerra do Paraguai;<br />

• O Piauí na Guerra do Paraguai;<br />

• Fundação de jornais;<br />

• Seca de 1877;<br />

• Piauienses na Escola de Recife;<br />

• Inauguração do Theatro 4 de Setembro (1894);<br />

• Polêmica ideológica entre o clero e a maçonaria;<br />

• A importância da navegação do Rio Parnaíba.


CARACTERÍSTICAS E TEMAS:<br />

• A bacia do Rio Parnaíba, as riquezas e a exuberância<br />

da natureza: fauna, flora, clima, solo...<br />

• A identificação literária com a natureza piauiense: ora<br />

soturna e ameaçadora, ora nativista e sentimental;<br />

• A Literatura registra a expressiva cultura popular;<br />

• Imagem do Piauí para leitores europeus e da Corte, no<br />

Rio de Janeiro.<br />

PRINCIPAIS REPRESENTANTES:<br />

- Lycurgo de Paiva<br />

- Francisco Gil Castelo Branco<br />

- Luíza Amélia de Queiroz Brandão: ”Princesa Romântica do<br />

Piauí” – “Flores Incultas” (1875) / “Georgina ou os Efeitos do Amor” (1893).<br />

- Hermínio Castelo Branco


Hermínio Castelo Branco<br />

OBRA: “LIRA SERTANEJA”<br />

Poeta popular / linguagem regionalista, simples e agreste /<br />

uso das redondilhas / retrata os costumes do Piauí.<br />

Sua Lira é orgulho dos cantadores populares.<br />

“Eu sou rude sertanejo:<br />

Só falo a língua das selvas<br />

Onde impera a natureza<br />

Não sei fazer epopéias,<br />

Não entendo de poemas,<br />

Nem choramingo pobreza.<br />

(...)<br />

E quem não for sertanejo,<br />

E queira compreender<br />

A beleza da expressão,<br />

Consulte dicionários<br />

Da língua chã, verdadeira,<br />

Do homem cá do sertão”.<br />

(...)


FASE ACADÊMICA (1917 / 1940)<br />

1917– ZODÍACO, do poeta-maior Da Costa e Silva<br />

CONTEXTO HISTÓRICO:<br />

• Polêmica entre a Maçonaria e o Clero, na provinciana<br />

cidade de Teresina;<br />

• Ciclo da borracha de maniçoba;<br />

• Reflexos da seca de 1915;<br />

• O Rio Parnaíba como via econômica, cultural,<br />

política, social...<br />

• Fundação da Academia Piauiense de Letras (1917);<br />

• Faculdade de Direito no Piauí (1931) tendo como<br />

modelo a famosa Escola de Recife;<br />

• Reflexos políticos, ideológicos e sociais do Estado<br />

Novo.


CARACTERÍSTICAS E TEMAS<br />

► Manifestações tardias de Romantismo,<br />

Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e<br />

Simbolismo;<br />

►Prosa de visão crítica da sociedade<br />

teresinense;<br />

►Poesia que conserva a musicalidade<br />

simbolista e o rigor estético parnasiano;<br />

►É um longo período de transição para<br />

o Modernismo.


PRINCIPAIS REPRESENTANTES<br />

Lucídio Freitas<br />

Abdias Neves<br />

Da Costa e Silva<br />

Martins Napoleão<br />

Félix Pacheco<br />

Amélia de Freitas Beviláqua (1ª mulher a tentar<br />

“entrar” na A.B.L.)<br />

Celso Pinheiro<br />

Jônatas Batista (fundador do teatro piauiense)


DA COSTA E SILVA: POETA ELEGÍACO<br />

• O Piauí / A terra natal: Amarante;<br />

• O Rio Parnaíba / Infância / Natureza;<br />

• Mãe: amor materno / saudade;<br />

• Poesia intimista / subjetiva / formal;<br />

• Intensa plasticidade (descritivismo);<br />

• “Príncipe dos Poetas Piauienses”;<br />

• Autor do Hino do Piauí.<br />

Fase Acadêmica (1917-1940)<br />

Pré-Modernismo (1902-1922)


OBRA:<br />

► Sangue (1908) – SIMBOLISMO<br />

► Zodíaco (1917)<br />

SIMBOLISMO / PARNASIANISMO<br />

► Pandora (1919)<br />

PARNASIANISMO<br />

► Verônica (1927)<br />

ROMÂNTICO<br />

► Alhambra (incompleta: 1925-1933)<br />

MO<strong>DE</strong>RNISMO


AMARANTE (in: Zodíaco) Zodíaco<br />

A minha terra é um céu, se há um céu sobre a terra:<br />

É um céu sob outro céu tão límpido e tão brando,<br />

Que eterno sonho azul parece estar sonhando<br />

Sobre o vale natal, que o seio à luz descerra...<br />

Que encanto natural o seu aspecto encerra!<br />

Junto à paisagem verde, a igreja branca, o bando<br />

Das casas, que se vão, pouco a pouco, apagando<br />

Com o nevoento perfil nostálgico da serra...<br />

Com o seu povo feliz, que ri das próprias mágoas,<br />

Entre os três rios, lembra uma ilha, alegre e linda,<br />

A cidade sorrindo aos ósculos das águas.<br />

Terra para se amar com o grande amor que eu tenho!<br />

Terra onde tive o berço e de onde espero ainda<br />

Sete palmos de gleba e os dois braços de um lenho!


RIO DAS GARÇAS (in: Sangue) Sangue<br />

No verde catedral da floresta, num coro<br />

Triste de cantochão, pelas naves da mata.<br />

Desce o rio a chorar o seu perpétuo choro...<br />

E o amplo e fluido lençol das lágrimas desata...<br />

Caudaloso a rolar, desde o seu nascedouro,<br />

Num rumor de orações no silêncio da oblata,<br />

Ao sol – lembra um rocal todo irisado de ouro,<br />

Ao luar – rendas de luz com vidrilhos de prata.<br />

Alvas garças a piar, arrepiadas de frio,<br />

Seguem de absorto olhar a vítrea correnteza,<br />

Pendem ramos em flor sobre o espelho do rio...<br />

É o Parnaíba, assim carpindo as suas mágoas,<br />

− Rio da minha terra, ungido de tristeza,<br />

Refletindo o meu ser à flor móvel das águas.


ABDIAS NEVES Político, professor, jornalista.<br />

Realista / Naturalista / criticou o Clero e o atraso<br />

social de Teresina.<br />

PRINCIPAIS OBRAS:<br />

• A Guerra do Fidié (1907)<br />

• O Padre Perante a História (1908)<br />

• Um Manicaca (1909): tese documental positivista /<br />

1º romance sobre Teresina / crítica ao Clero / adultério.<br />

• O Piauí na Confederação do Equador (1921)


• FÉLIX PACHECO (simbolista que pertenceu à A.B.L).<br />

• Foi político, jornalista e fundou o Instituto de Impressões<br />

Digitais no estado do Rio de Janeiro.<br />

Principais Obras: Chicotadas, Via Crucis, Marta, Aliança de<br />

Prata...)<br />

ESTRANHAS LÁGRIMAS<br />

Lágrimas... Noutras épocas verti-as.<br />

Não tinha o olhar enxuto como agora.<br />

Eu próprio então me aconselhava: “Chora,<br />

Que o pranto é um refrigério às agonias”.<br />

Vinham do oceano da alma, estranho e fundo,<br />

Quentes, num debulhar sincero e franco.<br />

Mal reprimindo a minha angústia louca.<br />

Ah! quantas vezes, pelas faces frias,<br />

Melancolicamente, hora trás hora,<br />

Gota a gota rolando, elas outrora<br />

Marcaram noites, e marcaram dias!<br />

Nos olhos, hoje, as elimino e estanco.<br />

Jorram, no entanto, sem que as veja o mundo<br />

Sob a forma de risos, pela boca!


MARTINS NAPOLEÃO<br />

Político, professor,<br />

jornalista e tradutor.<br />

• Presidiu a Academia Piauiense de Letras;<br />

• Poesia de vastos temas: Religiosidade; telurismo; amor...<br />

“Se me fosse possível definir-me, diria que sou um<br />

neoclássico – um clássico renovado e em permanente<br />

renovação: romântico no fundo e clássico na forma”.<br />

Principais obras:<br />

• Copa de Ébano (1927)<br />

• Poemas Ocultos (1930)<br />

• Camões (1981)<br />

• Epopéia Camoniana (1981)<br />

• Cancioneiro Geral (1981)


CAMÕES<br />

Rei sem coroa, junto a verdadeiros<br />

e grandes reis viveste, e sem ventura!<br />

Mas passaram os reis como luzeiros<br />

que se consomem numa noite escura.<br />

Grande, só tu ficaste entre os primeiros,<br />

Orgulhoso na tua desventura,<br />

Bem mais que a espada dos teus companheiros,<br />

a glória do teu cântico fulgura!<br />

Revive, neste nosso chão selvagem,<br />

quando a cantar de amor se faz mais triste,<br />

teu puro idioma de tão doce imagem.<br />

Unes dois mundos através da língua,<br />

e ainda és maior que os reis a quem serviste,<br />

fazendo versos e morrendo à míngua.


MO<strong>DE</strong>RNISMO<br />

MO<strong>DE</strong>RNISMO<br />

MO<strong>DE</strong>RNISMO (a partir de 1940)<br />

“Sapé” (1940) – Permínio Asfora<br />

CONTEXTO HISTÓRICO / CARACTERÍSTICAS:<br />

•O Piauí na Era Vargas e 2ª Guerra Mundial;<br />

•Incêndios criminosos de casas de palha em Teresina;<br />

•Fundação da Universidade Federal do Piauí (1969);<br />

•Reflexos da Ditadura Militar / Emissoras de rádio e TV;<br />

•Exercício da consciência crítica e social dos espaços do<br />

homem: a aldeia e o universo / Discurso metalingüístico;<br />

•Olhar contemporâneo do artista sobre a linguagem e a<br />

condição humana.


PRINCIPAIS REPRESENTANTES<br />

• Alvina Gameiro – prosa regionalista / linguagem<br />

revolucionária / retrata o sertanejo.<br />

PRINCIPAIS OBRAS: A vela e o Temporal<br />

(romance) / Chico Vaqueiro do Meu Piauí (romance<br />

em verso) / Curral de Serras (romance).<br />

• Arimatéia Tito Filho (Teresina (Teresina meu meu Amor);<br />

• Permínio Asfora: Fogo Verde / Sapé / Noite<br />

Grande (romances ideológicos e sociais).<br />

• Vítor Gonçalves Neto – conto social Fogo –<br />

abordagem crítica dos incêndios criminosos da<br />

década de 40 / verossimilhança.


GRUPO MERIDIANO<br />

Final da década de 1940<br />

“Revista Cadernos de Letras Meridiano”<br />

PRINCIPAIS REPRESENTANTES<br />

H. Dobal<br />

O. G. Rego de Carvalho<br />

M. Paulo Nunes


POETA<br />

TELÚRICO<br />

H.DOBAL<br />

ECUMÊNICO


“Sou um piauiense cem por cento,<br />

desses que dizem:<br />

está bonito pra chover.<br />

Mas Mas minha minha província província<br />

É o Universo.”<br />

não é só o Piauí.


Hindemburgo Dobal Teixeira - “Um poeta<br />

ecumênico e não apenas telúrico”. Poeta e<br />

cronista. Homenageado pela A.B.L.(2002) e<br />

à A.P.L. Registra a oralidade e os costumes<br />

do nordestino. *1927- †2008.<br />

PRINCIPAIS OBRAS:<br />

• O Tempo Conseqüente - livro de estréia; o poeta<br />

trabalha, quase sempre, o mesmo tema: o homem e a<br />

terra. Encontramos o Piauí –o homem e os outros bichos.<br />

• O Dia Sem Presságios / A Serra das<br />

Confusões / A Cidade Substituída / Um<br />

Homem Particular / Os Signos e as Siglas /<br />

Ephemera / Gleba de Ausentes / Lírica


FAZENDA / H. Dobal<br />

São trinta cabeças<br />

de gado cabrum.<br />

Criação miúda<br />

sem qualquer ciência.<br />

Somente um chiqueiro<br />

defesa noturna<br />

que bem cedo aberto<br />

o dia lhes dá.<br />

Rústicas a vida<br />

de qualquer maneira<br />

sabem extrair<br />

Mas vem da morte<br />

sua serventia<br />

o couro e a carne para o homem<br />

mais pobre do que elas.


RÉQUIEM<br />

Nestes verões jaz o homem<br />

sobre a terra. E a dura terra<br />

sob os pés lhe pesa. E na pele<br />

curtida in vivo arde-lhe o sol<br />

destes outubros. Arde o ar<br />

deste campo maior desta lonjura<br />

onde entanguidos bois pastam a poeira.<br />

E se tem alma não lhe arde o desespero<br />

de ser dono de nada. Tão seco é o homem<br />

nestes verões. E tão curtida é a vida,<br />

tão revertida ao pó nesta paisagem<br />

neste campo de cinza onde se plantam<br />

em meio às obras-de-arte do DNOCS<br />

o homem e os outros bichos esquecidos


AMOR À VENDA (In: A província deserta)<br />

Eis a carne alegre<br />

a carne maltratada<br />

a carne trabalhada<br />

que passeia na rua<br />

o seu trote de amor.<br />

O caçador caçado<br />

nas esperas do prazer<br />

sabe a força do amor.<br />

Sabe o seu jogo<br />

de dar, e negar,<br />

de vender, de esconder,<br />

de nunca ser o mesmo.<br />

E aceita as tarifas<br />

do amor. A verdade<br />

nas calçadas da vida:<br />

são transações.<br />

Jamais uma troca de fantasias.


O HERÓI<br />

TRAIÇÃO<br />

A SERRA DAS CONFUSÕES<br />

Pedro Caboco,<br />

matador de onça<br />

não era caçador:<br />

era contador de histórias.<br />

Saul Carneiro,<br />

separado da mulher,<br />

encontrava-se com ela<br />

às escondidas.<br />

Teodoro Gomes<br />

dizia dele:<br />

-É o único homem no mundo<br />

Que bota chifre em si mesmo.<br />

O AMOR<br />

Lula Cantuária<br />

foi fulminado pelo amor.<br />

A mulher o traía.<br />

Ele aceitava tudo,<br />

explicava tudo:<br />

- Quem ama não tem vergonha.<br />

O INDIGNADO<br />

Debaixo da ponte<br />

dois homens fazendo<br />

o que melhor fora feito<br />

por um homem e uma mulher.<br />

Sandoval Menezes gritou indignado:<br />

- Larga o homem, cabra safado!


POEMA IMPERFEITO<br />

Encurralado<br />

entre ilhotas e Parkinson<br />

eu me entrego ao meu destino,<br />

já me falta o tesão das pernas<br />

como dizia o Pe. Vieira<br />

e já também me faltam outros tesões propriamente dito.<br />

O <strong>DE</strong>SEJO<br />

O desejo é o verdadeiro amor<br />

e é por isso que quando o tempo<br />

abafa o amor, ele antes o destrói devagar<br />

Nenhum Viagra pode sem ele fazer milagre.<br />

As revistas de nus tentam inutilmente revivê-lo.<br />

Sem ele Marilyng Monroe, Caterine Deneuve,<br />

E Creusa Dobal, passariam por mim.<br />

Incólumes.


O. G. REGO <strong>DE</strong> CARVALHO<br />

• Escritor de destaque no Piauí e na Moderna ficção<br />

brasileira;<br />

• Linguagem enxuta / precisa / clássica;<br />

• Sondagem psicológica / introspecção / Loucura;<br />

• Abordagem dos dramas humanos / Oeiras;<br />

• Descritivismo / reflexão social / prosa poética.<br />

OBRA:<br />

Ulisses entre o Amor e a Morte (novela, 1953);<br />

Rio Subterrâneo (romance, 1967);<br />

Somos Todos Inocentes (romance, 1971).<br />

Amarga Solidão (conto).


VANGUARDISTAS ( meados dos anos 50)<br />

1955 – “O Homem e Sua Hora” – Mário Faustino<br />

PRINCIPAIS REPRESENTANTES<br />

Mário Faustino<br />

Torquato Neto<br />

Álvaro Pacheco<br />

Assis Brasil<br />

Fontes Ibiapina<br />

Magalhães da Costa – contista memorialista /<br />

regionalista / contador de causos / “Traquinagem”.


MÁRIO FAUSTINO: “Repetir para<br />

aprender, criar para renovar”.<br />

Tradutor Tradutor / Jornalista / Professor Professor; CLÁSSICO X MO<strong>DE</strong>RNO; MO<strong>DE</strong>RNO<br />

Crítico Crítico – poeta / Poeta – crítico crítico;<br />

Estudou Estudou Teoria da Literatura e foi correspondente do JB<br />

nos EUA EUA.<br />

Entre Entre 1956 e 1959 foi o responsável pela página “Poesia Poesiaexperiência<br />

experiência” no SDJB, espaço de caráter instrumental e<br />

didático, voltado para o processo de criação poética. poética<br />

Divulgou Divulgou os poetas novos e a poesia concretista concretista.<br />

“O “O HOMEM E SUA HORA” – único livro publicado em<br />

vida vida; reflexão teórica sobre a criação poética.<br />

poética


PREFÁCIO / Mário Faustino<br />

Quem fez esta manhã, quem penetrou<br />

À noite os labirintos do tesouro,<br />

Quem fez esta manhã predestinou<br />

Seus temas a paráfrases do touro,<br />

A traduções do cisne: fê-la para<br />

Abandonar-se a mitos essenciais,<br />

Desflorada por ímpetos de rara<br />

Metamorfose alada, onde jamais<br />

Se exaure o deus que muda, que transvive.<br />

Quem fez esta manhã fê-la por ser<br />

Um raio a fecundá-la, não por lívida<br />

Ausência sem pecado e fê-la ter<br />

Em si princípio e fim: ter entre aurora<br />

E meio-dia um homem e sua hora.


TORQUATO NETO – poeta, cineasta e letrista<br />

• O mais ativo e competente do Grupo Baiano no<br />

Movimento Musical, Cultural e Político: Tropicalismo.<br />

• Uma leitura diferente do mundo e do Brasil, utilizando<br />

a colagem, comparações, intertextualidades....<br />

• Estilo oswaldiano no uso da paródia; carnavalizou a<br />

arte, a vida e a morte.<br />

• A composição Geléia Geral é uma espécie de<br />

manifesto-síntese do pensamento renovador da época<br />

ditatorial.<br />

OBRA:<br />

Os Últimos dias de Paupéria (1973) - publicação póstuma.<br />

O Fato e a Coisa (inédito) / Torquatália (vol. 1 e 2).


POEMA DO AVISO FINAL<br />

É preciso que haja alguma coisa<br />

Alimentando meu povo;<br />

Uma vontade<br />

Uma certeza<br />

Uma qualquer esperança.<br />

É preciso que alguma coisa atraia<br />

A vida ou a morte<br />

Ou tudo será posto de lado<br />

E na procura da vida<br />

A morte virá na frente<br />

E abrirá caminho.<br />

É preciso que haja algum respeito<br />

Ao menos um esboço<br />

Ou a dignidade humana se firmará<br />

A machadadas.


LET’S PLAY THAT<br />

quando eu nasci<br />

um anjo louco muito louco<br />

veio ler a minha mão<br />

não era um anjo barroco<br />

era um anjo muito louco, torto<br />

com asas de avião<br />

eis que esse anjo me disse<br />

apertando a minha mão<br />

com um sorriso entre dentes<br />

vai bicho desafinar<br />

o coro dos contentes<br />

vai bicho desafinar<br />

o coro dos contentes<br />

let’s play that


ASSIS BRASIL: POLÍGRAFO<br />

• JORNALISTA, PROFESSOR, HISTORIADOR.<br />

• VIVE EXCLUSIVAMENTE DA PROFISSÃO <strong>DE</strong> ESCRITOR.<br />

• FOI AGRACIADO COM O PRÊMIO MACHADO <strong>DE</strong> ASSIS<br />

DA A.B.L., ANO 2004.<br />

• METALINGUÍSTICO / NARRATIVAS PSICOLÓGICAS.<br />

• FUN<strong>DE</strong> O REGIONALISMO COM O UNIVERSAL.<br />

• TEMATIZA A CONDIÇÃO HUMANA / A OPRESSÃO<br />

SOCIAL E POLÍTICA;<br />

• DIVI<strong>DE</strong> SUAS OBRAS EM CICLOS:<br />

TETRALOGIA <strong>PIAUIENSE</strong> (“BEIRA RIO BEIRA VIDA”),<br />

CICLO DO TERROR (“OS QUE BEBEM COMO OS CÃES”).


FONTES IBIAPINA<br />

• A terra, o folclore, as lendas, os<br />

costumes do caboclo do Piauí em<br />

linguagem regional (Terreiro de Fazenda);<br />

•Descritivismo / enredos simples.<br />

PRINCIPAIS OBRAS:<br />

CONTOS: “CHÃO <strong>DE</strong> MEU <strong>DE</strong>US” / “BROCOTÓS”.<br />

ROMANCES: “VIDA GEMIDA EM SAMBAMBAIA” / “TOMBADOR” /<br />

“PALHA <strong>DE</strong> ARROZ”.<br />

• 2º romance enfatizando o espaço da cidade de Teresina;<br />

• Pano de fundo histórico: incêndios criminosos;<br />

• Obra de ficção e realidade (verossimilhança).


GRUPO DO CLIP<br />

1967 – “Círculo Literário Piauiense”<br />

PRINCIPAIS REPRESENTANTES<br />

Hardi Filho<br />

Francisco Miguel de Moura<br />

Herculano Moraes<br />

“Trabalham com a estética modernista, mas incluem o poema<br />

concreto e alguma assimilação das vanguardas brasileiras dos<br />

anos 50 50; na prosa, reutilização e renovação do regionalismo”.<br />

regionalismo”<br />

(MOURA, 2001, 2001 P. 270)<br />

270


HARDI FILHO<br />

• Sonetista moderno / tema amoroso valorizado;<br />

• Poesia simples / lirismo do cotidiano;<br />

• É membro da Academia Piauiense de Letras.<br />

SE...<br />

Se o nosso amor um dia terminasse<br />

sei que, a partir desse tristonho dia,<br />

em tua face a dor se estamparia,<br />

a dor se estamparia em minha<br />

face.<br />

A se acabar um dia esta harmonia<br />

era melhor que o mundo desabasse.<br />

Na vida o amor a todo instante<br />

nasce,<br />

mas outro igual ao nosso nasceria?<br />

PRINCIPAIS OBRAS:<br />

• Suicídio do Tempo (1991)<br />

• Estação 14 (1997)<br />

• Veneno das Horas (2000)


AMOR PERFEITO / Hardi Filho<br />

Nunca me canso de dizer que te amo!<br />

Por que calar o que me vai no peito<br />

se a vida me é mais vida deste jeito?<br />

se neste sentimento é que me inflamo?<br />

Quem ama como eu amo tem direito<br />

de proclamá-lo assim como proclamo,<br />

porque é escravo e ao mesmo tempo é amo<br />

nos labirintos de um amor perfeito.<br />

- Com que medida meço o teu valor,<br />

paixão! E o tempo que te quero assim!<br />

Ai, o que andamos entre espinho e flor.<br />

Nas chamas deste fogo que arde em mim<br />

amor, eu me convenço: nosso amor,<br />

como o tempo e o espaço, não tem fim!


FRANCISCO MIGUEL <strong>DE</strong> MOURA<br />

• Poeta e ficcionista / regionalista renovado;<br />

• Poesia concreta, social, cotidiana e lírica;<br />

• É membro da Academia Piauiense de Letras.<br />

PRINCIPAIS OBRAS:<br />

• Vir@gens (poesia - 2001)<br />

• Sonetos escolhidos (poesia - 2003)<br />

• Laços do Poder (romance - 1991)<br />

• Ternura (romance – 1993)


PRO-TESTES<br />

protesto contra a bomba<br />

atesto contra a bomba<br />

teste contra a bomba<br />

este contra a bomba<br />

mais norte e sul<br />

e oeste<br />

e o<br />

bum<br />

bum<br />

contra a bomba<br />

o samba<br />

a tumba<br />

aos céus ausentes mandamos<br />

as bombas A a Z – (T)<br />

...guenta,deusão!...zummmmmmmmmmmmm...


GERAÇÃO PÓS – 69 / CONTEMPORÂNEOS<br />

• Profunda consciência dos processos<br />

experimentalistas da linguagem.<br />

• Aguda visão crítica dos problemas literários,<br />

políticos, sociais, históricos, geográficos das<br />

cidades e do campo.<br />

• Publicações de livros e revistas dentro e fora do<br />

circuito editorial oficial.<br />

• Nomes de nossos autores em praças, ruas,<br />

prédios...<br />

• Fundação de Academias literárias...<br />

• Autores piauienses publicados por grandes<br />

editoras e estudados por críticos renomados...<br />

• Realização de Salões de livros em Teresina e<br />

outras cidades...


Cineas Santos Professor / poeta / cronista;<br />

• um homem dedicado à cultura do Piauí / editor;<br />

• projeto “Cara Alegre” / poesia simples / humor;<br />

• social e crítico / autor do Hino de Teresina.<br />

PRINCIPAIS OBRAS:<br />

• Miudezas em Geral (poesia);<br />

• Tinha que acontecer (contos);<br />

• ABC da Ecologia (cordel);<br />

• O Menino que Descobriu as Palavras (infantil);<br />

• As Despesas do Envelhecer (crônicas);<br />

• Nada Além (2008 – poesia).


CUMPLICIDA<strong>DE</strong><br />

Eu nada sei de ti<br />

a não ser que, às vezes, me sorris<br />

e me olhas assim:<br />

como se buscasses<br />

algo mais que a ternura<br />

com que te visto por inteira.<br />

Eu nada sei de mim,<br />

a não ser que habitas em mim<br />

cada vez mais senhora de mim<br />

com a cumplicidade dos meus sentidos.<br />

NADA ALÉM<br />

O amor bate à porta<br />

e tudo é festa.<br />

O amor bate a porta<br />

e nada resta.


HINO <strong>DE</strong> TERESINA<br />

Risonha entre dois rios que te abraçam,<br />

rebrilhas sob o sol do Equador.<br />

és terra promissora, onde se lançam<br />

sementes de um porvir pleno de amor.<br />

Do verde exuberante que te veste,<br />

ao sol que doura a pele à tua gente,<br />

refulges, cristalina, em chão agreste;<br />

lírio orvalhado, resplandente.<br />

"Verde que te quero verde!“ (Refrão)<br />

Verde que te quero glória, BIS<br />

Ver-te que te quero altiva,<br />

Como um grito de vitória!<br />

O nome de rainha, altivo e nobre,<br />

realça a faceirice nordestina<br />

na graça jovial que te recobre,<br />

Teresa, eternizada TERESINA!<br />

Cidade generosa - a tez morena,<br />

um povo honrado, alegre, acolhedor;<br />

a vida no teu seio é mais amena,<br />

na doce calidez do amor.<br />

(Refrão)<br />

Teresina, eterno raio de sol:<br />

manhãs de claro azul no céu de anil;<br />

és fruto do labor da gente simples,<br />

humilde, entre os humildes do Brasil!<br />

(Refrão)


Paulo Machado Poeta / contista / historiador;<br />

• intelectual / social / crítico / estilo “marginal”;<br />

• responsável pela revista “Pulsar”.<br />

PRINCIPAIS OBRAS:<br />

• Tá pronto, seu lobo? (poesia – 1978-2002);<br />

• Tá pronto, seu lobo? (poesia – 1978-2002);<br />

• A Paz do Pântano (poesia -1982)<br />

• As Trilhas da Morte (2002 – pesquisa histórica sobre<br />

a extinção criminosa dos índios do Piauí)<br />

• O Anjo Proscrito (vol. 6 da Coleção Contar – 2002)


ALGUNS REPRESENTANTES<br />

Salgado Maranhão<br />

Climério Ferreira<br />

Airton Sampaio (contista social e crítico – “Contos da terra do sol”)<br />

William Mello Soares<br />

Elmar Carvalho<br />

Graça Vilhena (contista social / poeta – “Em todo canto”)<br />

Rogério Newton<br />

Oton Lustosa (romancista - “Vozes da ribanceira”)<br />

Anfrísio Lobão (“Mandu Ladino” – romance histórico)<br />

(...)<br />

“Canário da terra” / “O jornaleiro de gesso”


Poema Comum<br />

A moça do sim entrou no bar<br />

olhou em volta, o coração em flor<br />

enfeitava-lhe os cabelos<br />

cuspiu semente de noite pelos olhos<br />

e preparou a boca ardentemente<br />

para os beijos mudos.<br />

Desapareceu na noite<br />

gargalhou a madrugada<br />

e voltou sozinha na manhã.<br />

Tentou escarrar seu destino<br />

no ralo da pia<br />

mas o peso da lágrima<br />

foi mais forte.<br />

Transfigurada,<br />

recolheu o coração<br />

murcho de engano<br />

fugiu no sono<br />

e sonhou que vivia.

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