Ementas do curso - PUC-Rio

A Forma e suas Aventuras – Morfogênese e Sistemas Complexos (Luiz Alberto Oliveira)
Os últimos cem anos tiveram como marco característico a consolidação e disseminação de uma série de idéias
inovadoras, resultantes da profunda Revolução Científica ocorrida no começo do século XX, a partir da qual os
cientistas se tornaram progressivamente capazes de sondar, analisar e modelar certas classes de fenômenos
inacessíveis aos instrumentos (e conceitos) do passado. Avanços como a mensuração indeterminista, as
matemáticas deslineares e a evolução cósmica deslocaram as figuras clássicas do sujeito e do objeto do
conhecimento, tornando insuficientes ou obsoletos os pressupostos epistêmicos de cunho positivista que
informavam a cosmovisão moderna. Essas inovações foram surpreendentes, pois diversas noções
tradicionalmente usadas para representar o mundo natural e estabelecer nele nossa posição de sujeitos do
conhecimento - como Espaço, Tempo, Substância, Indivíduo, Todo, Parte, Universo, Vazio - acabaram por
sofrer autênticas transmutações, e hoje dispomos de uma imagem radicalmente nova da Natureza, seus
sistemas, ritmos e processos.
Em particular, pode-se afirmar que a noção de Forma passou por uma profunda transmutação: quer se trate
da constituição, da conformação ou do comportamento dos sistemas materiais, os eventos neles manifestos
adquiriram uma 'espessura existencial' (que Gilbert Simondon denominou de 'Pré-Individual') que parece
sugerir, ou requerer, a substituição das noções de Substância e de Lei Geral pelos conceitos renovadores de
Processo e Problema. Nosso objetivo será assim o de compor, a partir da crítica seminal de Simondon à
concepção tradicional de morfogênese, uma perspectiva renovada acerca da criação de formas no âmbito dos
estudos contemporâneos sobre os Sistemas Complexos.
As estações do percurso serão as seguintes:
1. História das concepções tradicionais para a geração de formas
2. Simondon e a crítica da Individuação
3. Processos deslineares de organização complexa das matérias
4. Potências de invenção na Cultura contemporânea
Bibliografia sugerida:
Antonio Damasio, O Erro de Descartes (Companhia das Letras, São Paulo, 1996).
Daniel Boorstin, Os Descobridores (Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1989).
Daniel Dennett, A Perigosa Idéia de Darwin (Rocco, Rio de Janeiro, 1998).
David Deutsch, A Essência da Realidade (Makron, São Paulo 2000).
Douglas R. Hofstadter, Gödel, Escher & Bach (EdUnB, Brasilia, 2001).
Elias Canetti, Massa e Poder (Cia das Letras, São Paulo, 1995).
Fayga Ostrower, A Sensibilidade do Intelecto (Campus, Rio de Janeiro, 1998).
Gilbert Simondon, L’individu et sa Gènese Physico-Biologique (Millon, Grenoble, 1995).
Gilbert Simondon, L’individuation Psychiche et Collective (Aubier, Paris, 1989).
Gilles Deleuze, Diferença e Repetição (Graal, Rio de Janeiro, 1988).
Henri Atlan, Entre o Cristal e a Fumaça (Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1991)
Ian Stewart, Será que Deus joga dados? (Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1991).
Ilya Prigogine & Isabelle Stengers, A Nova Aliança (EdUnB, Brasília, 1984).
Italo Calvino, Seis Propostas para o Próximo Milênio (Cia das Letras, São Paulo, 1990).
James Gleick, Caos (Campus, Rio de Janeiro, 1990).
John Holland, A Ordem Oculta (Gradiva, Lisboa, 1997).
Mário Novello, Os Jogos da Natureza (Campus, Rio de Janeiro, 2004).
Ray Kurzweil, A Era das Máquinas Espirituais (Aleph, São Paulo, 2007).
Sean Carroll, Infinitas Formas de Grande Beleza (Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2006).
Stephen Jay Gould, Vida Maravilhosa (Cia das Letras, São Paulo, 1990).
Steven Johnson, Emergência (Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2003).
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