Fábulas do Tempo e da Eternidade - Edição 2 - Tarja Editorial
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FÁBULAS DO TEMPO E DA ETERNIDADE<br />
O que não significa que Maya não tivesse se arrisca<strong>do</strong>. Arriscara-se,<br />
e muito! Muitas senhas rouba<strong>da</strong>s. Muitas portas escancara<strong>da</strong>s.<br />
Muitos rastros por encobrir. Por pura diversão, um deleite intelectual<br />
<strong>do</strong> qual Marcos era cúmplice. Maya furtara senhas de acesso<br />
de tantas outras virtuali<strong>da</strong>des: jogos de simulação, parques temáticos,<br />
ilhas oníricas, lugares de sonho; locais para os quais as metaci<strong>da</strong>des<br />
de fun<strong>da</strong>ção real eram apenas a porta de entra<strong>da</strong>, uma moradia<br />
etérea e acolhe<strong>do</strong>ra para as almas assusta<strong>da</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> material.<br />
Maya o conduzira pelos furos <strong>da</strong> segurança, através de atalhos<br />
esqueci<strong>do</strong>s, falhas de sistema, erros de programação, tocas de<br />
rato nos servi<strong>do</strong>res ocupa<strong>do</strong>s. Ela o levara aos bancos de <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
mais longínquos e inimagináveis e, tapean<strong>do</strong> os softwares de fiscalização,<br />
mostrara-lhe tu<strong>do</strong> o que havia de mais espetacular já arquiteta<strong>do</strong><br />
pela mente humana. Madruga<strong>da</strong>s em metaci<strong>da</strong>des vertiginosas,<br />
epopéias oníricas, mun<strong>do</strong>s feitos <strong>da</strong> matéria <strong>da</strong> ficção, reconstruções<br />
de universos fantásticos, acesso às câmeras <strong>da</strong>s melhores<br />
casas de concerto e aos <strong>do</strong>mínios secretos <strong>do</strong>s arquitetos <strong>da</strong><br />
virtuali<strong>da</strong>de. Turismo livre pela rede sem pagar um mísero centavo.<br />
E, como se não bastasse, ain<strong>da</strong> deixaram grava<strong>do</strong> um debocha<strong>do</strong><br />
“M&M” no registro <strong>do</strong> software de vigilância <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r central<br />
<strong>da</strong> MetaCities. O que não deixava de ser uma afronta. Uma<br />
forma de anarquismo virtual.<br />
Sinal de que Maya não era uma garota bem-comporta<strong>da</strong>.<br />
Heroína ou traíra?<br />
Só havia uma forma de saber: logan<strong>do</strong>-se na conta dela.<br />
Enquanto o dilema reverberava pelas sinapses de Marcos,<br />
Ander já o devia estar espian<strong>do</strong> através <strong>do</strong> olho-mágico <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.<br />
Ele, supostamente, deveria fazer o mesmo. Fazer uma visita a<br />
Ander. Conhecer a face material de Maya.<br />
Estava prepara<strong>do</strong> para isso? Era melhor não pensar.<br />
AnderWS. C647FN9JM1.<br />
Login váli<strong>do</strong>. Senha ver<strong>da</strong>deira. Sim, ela o amava! Não o enganara!<br />
Marcos mergulhou num mar de calafrios ao incorporar-se<br />
no avatar de sua ama<strong>da</strong>. Marcos era Maya. Maya era Marcos.<br />
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