À EsPEra DE manutEnção os PaIs são “CInCo EstrElas” - Junta de ...
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Você faz milagres!<br />
Numa esquina da Rua Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sabug<strong>os</strong>a<br />
fica o “Sapateiro Remen<strong>de</strong>iro”, loja explorada<br />
há oito an<strong>os</strong> por Orlando Carneiro,<br />
que conheceu o ofício em 1977 e não mais<br />
lhe per<strong>de</strong>u o g<strong>os</strong>to.<br />
“Comecei na Fábrica <strong>de</strong> Calçado Italus, no Saldanha,<br />
tinha 17 an<strong>os</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>”, recorda Orlando Carneiro,<br />
que nasceu em Alcântara há 51 an<strong>os</strong>, e após uma<br />
passagem pelo Jardim da Parada, em Campo <strong>de</strong> Ourique,<br />
rumou a Alvala<strong>de</strong> atrás <strong>de</strong> uma boa oportunida<strong>de</strong>.<br />
Homem que não vira a cara a <strong>de</strong>safi<strong>os</strong>, g<strong>os</strong>ta <strong>de</strong> arriscar<br />
e agarrar trabalh<strong>os</strong> difíceis, convencido da perícia<br />
que anima a sua arte, e na expetativa <strong>de</strong> ouvir<br />
da boca do cliente uma frase <strong>de</strong> reconhecimento já<br />
repetida, que acalenta a alma <strong>de</strong> artista: “Você faz<br />
milagres!”<br />
Os trabalh<strong>os</strong> que as mã<strong>os</strong> <strong>de</strong> artífice não asseguram<br />
ou <strong>os</strong> mei<strong>os</strong> disponíveis não permitem vão direit<strong>os</strong> à<br />
fábrica e a máquinas que não falham. É que o risco<br />
tem limites e não há nada mais importante do que<br />
servir bem o cliente.<br />
Perante a qualida<strong>de</strong> maioritariamente duvid<strong>os</strong>a do<br />
calçado que invadiu o mercado, on<strong>de</strong> o consumidor<br />
se <strong>de</strong>ixa seduzir pelo preço, e ainda que o produto<br />
nacional conheça otim<strong>os</strong> exempl<strong>os</strong>, que resistem<br />
“a<strong>os</strong> plástic<strong>os</strong> e sintétic<strong>os</strong>”, Orlando Carneiro elogia<br />
a excelência d<strong>os</strong> italian<strong>os</strong>, que também custam <strong>os</strong><br />
olh<strong>os</strong> da cara… Esses, com boa pele, dá prazer reparar.<br />
Em temp<strong>os</strong> difíceis, como <strong>são</strong> aqueles que hoje vivem<strong>os</strong>,<br />
importa que <strong>os</strong> preç<strong>os</strong> não afugentem a procura.<br />
Daí que o “Sapateiro Remen<strong>de</strong>iro” mantenha<br />
a tabela à medida da crise, com tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> valores<br />
congelad<strong>os</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da ativida<strong>de</strong>, exceção feita<br />
às capas, as únicas reparações que sofreram o necessário<br />
ajuste.<br />
Relativamente ao futuro da profis<strong>são</strong>, com o filho a<br />
trabalhar ao seu lado, Orlando Carneiro confia que<br />
esteja acautelado, mas não arrisca a resp<strong>os</strong>ta e dá<br />
com orgulho a palavra ao aprendiz, que já é meio<br />
oficial, e que reconhece no pai o mestre que também<br />
um dia ambiciona ser:<br />
“Eu não me vejo a fazer outra coisa…”.<br />
Edição N.º 21 - Dezembro <strong>de</strong> 2012 | 15<br />
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