a poesia de rocha pita na academia brasílica dos esquecidos anexo
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Instituiu o nosso ínclito Protetor invicto César Lusitano esta Aca<strong>de</strong>mia do Brasil,<br />
elegendo-lhe por Mestres os talentos maiores, que hoje se acham <strong>na</strong> América Portuguesa os<br />
Senhores quatro eruditos Lentes, cujas elevadas pe<strong>na</strong>s têm servido aos remonta<strong>dos</strong> vôos da<br />
fama em outros elegantíssimos escritos, e cujos nomes não repito por estarem já pelo<br />
meritíssimo Secretário rubrica<strong>dos</strong>, e esculpi<strong>dos</strong> neste soberbo Obelisco, que se vai erigindo<br />
às suas memórias, ou neste eterno Monumento, que se vai consagrando à nossa posterida<strong>de</strong>.<br />
Tudo conseguiremos pelo Esclarecido Protetor que logramos, em quem estão tanto<br />
em Equilíbrio o valor, e a ciência, que faz se não diferenciem a armas, e as Letras mais que<br />
nos instrumentos, assim como só no nome se distinguem Palas, e Minerva: Herói a todas as<br />
luzes gran<strong>de</strong>, que por to<strong>dos</strong> os Hemisférios traz ocupado os clarins da fama. Para as ce<strong>na</strong>s<br />
das ruí<strong>na</strong>s <strong>de</strong> Pompeu foram necessárias as três partes do Mundo até então <strong>de</strong>scobertas;<br />
quatro partes ainda não bastam para teatros das glórias do nosso César, que soube encher os<br />
atributos do seu apelido melhor, que Fábio Máximo as medidas do seu nome.Hércules <strong>de</strong><br />
maior emprego, Aquiles com melhor fortu<strong>na</strong>, Alexandre que achou mais Mun<strong>dos</strong> que<br />
domi<strong>na</strong>r, e César que não acha contrários a quem vencer.<br />
Cuida<strong>dos</strong>o, e vacilante o meu pensamento no assunto que havia <strong>de</strong> tomar para fazer<br />
a minha oração nesta preclaríssima Aca<strong>de</strong>mia, cujo sistema <strong>de</strong>ixa ao arbítrio <strong>dos</strong><br />
Presi<strong>de</strong>ntes a eleição da matéria em que hão <strong>de</strong> discorrer se me ofereceram muitas à<br />
imagi<strong>na</strong>ção. Já se me representava digno objeto do discurso o emprego <strong>de</strong> alguns Heróis,<br />
que celebrou a gentilida<strong>de</strong>, cujas ações <strong>na</strong>s Fábulas correm com licença <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s, e fazêlas<br />
possíveis com o verda<strong>de</strong>iro exemplo <strong>dos</strong> generosos feitos <strong>de</strong> tantos Heróis Portugueses,<br />
que a memória sobre as Asas da fama levou à imortalida<strong>de</strong>.<br />
Parecia-me mostrar, que as peregri<strong>na</strong>ções do nosso Infante Dom Pedro foram<br />
maiores, que as jor<strong>na</strong>das <strong>de</strong> Teseu, que as aventuras do nosso Cavaleiro andante Dom<br />
Álvaro Vaz <strong>de</strong> Almada, exce<strong>de</strong>ram as empresas <strong>de</strong> Hércules, que as observações do nosso<br />
Infante Dom Henrique falando com as Estrelas, e medindo os Mares se avantajaram às do<br />
Gigante da Mauritânia, que pela contínua contemplação <strong>dos</strong> Astros fingiram que tinha o<br />
Céu aos ombros, que as viagens <strong>dos</strong> Argo<strong>na</strong>utas Lusitanos Dom Vasco da Gama, e<br />
Fer<strong>na</strong>ndo <strong>de</strong> Magalhães <strong>de</strong>ixaram muito atrás as do Grego Jason, e as <strong>dos</strong> Cartagineses<br />
Hanon, e Magon.<br />
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