18.04.2013 Views

12ª edição da revista porta-luvas - Duzis

12ª edição da revista porta-luvas - Duzis

12ª edição da revista porta-luvas - Duzis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

22<br />

No acervo de milhares de<br />

títulos <strong>da</strong> maior vídeo-locadora<br />

de São Carlos os grandes clássicos<br />

do cinema têm espaço nobre. Ao<br />

lado de obras-primas de diretores<br />

como Federico Fellini e Francis<br />

Ford Coppola, surpreendentemente,<br />

está um filme produzido e<br />

ro<strong>da</strong>do em São Carlos na déca<strong>da</strong><br />

de 1960. “Testemunha oculta” é<br />

um drama escrito e dirigido por<br />

José de Oliveira, o Zé Pintor.<br />

Ao contrário dos demais<br />

títulos, o aluguel é grátis. Trata-se<br />

de um título do chamado cinema<br />

comunitário. O DVD editado pela<br />

Universi<strong>da</strong>de Federal de São<br />

Carlos é, também, o resgate de<br />

uma história de paixão pelo cinema<br />

de cinco déca<strong>da</strong>s.<br />

Aos 81 anos, Zé Pintor é<br />

um tipo esguio, cabeleira grisalha.<br />

Ele vive só. Mora há 58 anos na<br />

mesma edícula nos fundos de<br />

uma sapataria. É difícil se acostumar<br />

à pobreza do lugar.<br />

Zé Pintor veste uma calça<br />

bege. Usa um sapato velho, mas<br />

polido. O paletó é de tecido grosso,<br />

antigo. Em pé no alpendre, relembra<br />

a aventura cinematográfica. O<br />

primeiro média-metragem foi<br />

ro<strong>da</strong>do em 1961. “Uma voz na<br />

consciência” é um western como<br />

tantos que ele assistiu no cine<br />

São José. O elenco era formado<br />

Porta-Luvas<br />

>> Cinema<br />

Roberto Prioste<br />

por amigos e atores amadores. O<br />

segundo filme só surgiu oito anos<br />

depois. “Testemunha oculta” é um<br />

filme mudo de suspense ro<strong>da</strong>do<br />

em 1969. Na época a sonorização<br />

era grava<strong>da</strong> separa<strong>da</strong> <strong>da</strong> imagem<br />

e o cineasta não tinha o equipamento<br />

para gravar o som. Esta é<br />

a grande frustração de Zé Pintor.<br />

- Foi um serviço pela<br />

metade – diz Zé, com irritação.<br />

“Eu não gravava os diálogos, nem<br />

os ruídos. Mas também era muita<br />

coisa para pensar. Dirigir, ficar na<br />

câmera, estu<strong>da</strong>r os cenários, luzes<br />

e ain<strong>da</strong> pensar em áudio. Eu tinha<br />

que ter um técnico de som”.<br />

- O senhor se considera<br />

um cineasta?<br />

- Ah não! Está tudo incompleto.<br />

Cineasta ver<strong>da</strong>deiro é aquele<br />

que termina o filme, paga os artistas<br />

e coloca no cinema ou na televisão.<br />

Foi um fracasso. Setenta ou oitenta<br />

por cento do filme é o som.<br />

Zé Pintor diz isso agora.<br />

Mas na época o desejo era continuar<br />

exercendo o fascínio pela sétima<br />

arte. Tanto é que, em 1974, fez<br />

“Sublime fascinação”, um romance<br />

carregado de espiritismo. Conta<br />

a história de uma garota que<br />

descobre que vai morrer, mas<br />

antes disso passa a se comunicar<br />

com uma enti<strong>da</strong>de que só ela via.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!