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Saber Madeira

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<strong>Saber</strong> <strong>Madeira</strong><br />

01­10­2012<br />

António Marinho Pinto<br />

A cumprir o seu segundo mandanto à frente dos destinos da<br />

Ordem dos Advogados António Marinho Pinto é conhecido<br />

pelas suas opiniões críticas sobre a justiça e os seus<br />

protagonistas Orgulha se de ter levado a democracia para<br />

dentro da Ordem e defende a honestidade como condição<br />

essencial para o exercício da advocacia<br />

Entrevista com o Bastonário que defende com unhas e dentes<br />

a sua classe mas que não hesita em criticar aquilo a que<br />

chama de mercantilização de parte da advocacia<br />

Natália Faria<br />

Fotos Fábio Marques<br />

O Dr é conhecido por dizer aquilo<br />

que pensa sem paninhos quen<br />

tes sem medos Esta sua faceta<br />

tem lhe trazido dissabores…<br />

Em primeiro lugar não digo tudo<br />

o que penso nem posso dizer tudo o<br />

que penso Em segundo lugar pro<br />

curo introduzir mais verdade no<br />

debate público O debate público em<br />

Portugal faz se muito em torno de<br />

mitos em torno de meias verdades<br />

em torno de mentiras em torno de<br />

teatralizações mais ou menos gro<br />

tescas e eu procuro introduzir ver<br />

dade no debate público Nem toda a<br />

verdade pode ir para o debate públi<br />

co mas aquilo que se debater tem<br />

que ser verdade Nós devemos falar<br />

verdade ao povo falar verdade uns<br />

com os outros é isto que tenho pro<br />

curado fazer e isto de facto tem me<br />

trazido alguns dissabores Basta ver<br />

os insultos que pessoas a quem eu<br />

nunca me referi e com quem nunca<br />

falei me fazem E fazem me esses<br />

insultos ao serviço de outras pesso<br />

as que não têm coragem de o fazer<br />

publicamente Há jornalistas em<br />

Lisboa com quem eu nunca falei e<br />

nunca tive o mínimo contacto e que<br />

Periodicidade: Mensal<br />

Temática: Justiça<br />

Classe:<br />

Âmbito:<br />

Tiragem:<br />

Informação Geral<br />

Regional<br />

15000<br />

me insultam permanentemente nos<br />

jornais me agridem moralmente<br />

porque estão ao serviço de outras<br />

pessoas Não estão ao serviço da<br />

informação não estão ao serviço<br />

do jornalismo estão ao serviço de<br />

outros interesses privados ou polí<br />

ticos de outras pessoas Portam se<br />

esses jornalistas como lacaios des<br />

sas pessoas e isto é grave porque um<br />

jornalista deve ser isento deve ser<br />

independente O jornalista não deve<br />

misturar se com a realidade que vai<br />

noticiar deve ser objetivo Portan<br />

to traz me muitos disssabores mui<br />

tos incómodos muitas ofensas mui<br />

tos insultos sou muito ofendido mas<br />

é um preço que em Portugal tem<br />

que se pagar para se ser verdadeiro<br />

Teve alguma situação limite em<br />

que sentiu medo<br />

Não Eu tenho esse defeito Eu<br />

só tenho medo das coisas quando a<br />

minha consciência me acusa de ter<br />

violado os princípios por que sempre<br />

orientei a minha vida Eu não violo<br />

esses princípios vivo bem de acordo<br />

com a minha consciência vivo tran<br />

quilo com a minha consciência faço<br />

o que esta me diz e portanto não<br />

Dimensão: 2659<br />

Imagem:<br />

Página (s): 1/4 a 8<br />

tenho medo Já fui ameaçado muitas<br />

vezes Tenho sido ameaçado de for<br />

ma anónima e de forma não anóni<br />

ma mesmo por pessoas que me dão<br />

conselhos que são evidência de ame<br />

aças Paciência só se morre uma<br />

vez isso não me preocupa O que<br />

me preocupa é levar mais verdade e<br />

mais honestidade ao debate público<br />

em Portugal<br />

Foi por isso que se dedicou mais<br />

à advocacia e à justiça Deixou o<br />

jornalismo por causa disso<br />

Não Eu deixei o jornalismo por<br />

que assumi funções na Ordem dos<br />

Advogados que eu considero incom<br />

patíveis Como Bastonário da Ordem<br />

dos Advogados não devo estar a<br />

exercer mais nenhuma atividade de<br />

forma profissional e portanto sus<br />

pendi a docência na universidade de<br />

Coimbra onde era professor auxi<br />

S/Cor<br />

liar convidado suspendi o jornalis<br />

mo no Expresso onde era colabo<br />

rador permanente era bem pago<br />

Suspendi estas atividades para me<br />

dedidar exclusivamente à advoca<br />

cia e dediquei me a este cargo que é<br />

absorvente e o tempo que tenho não<br />

chega A dada altura da minha vida<br />

a advocacia começou a ter mais pre<br />

ponderância e passei a dedicar me<br />

mais aos problemas da justiça e às<br />

questões da justiça do que às ques<br />

tões do jornalismo e da informação<br />

porque a justiça em Portugal esta<br />

va e está pelas ruas da amargura A<br />

justiça em Portugal é uma vergonha<br />

no Estado de Direito democrático e<br />

portanto acho que eu sentir me ia a<br />

mentir a mim próprio se continuasse<br />

calado perante a degradação que a<br />

justiça atingiu perante a degenere<br />

cência que a justiça atingiu Portan

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