Diagnóstico da <strong>Incontinência</strong> <strong>Urinária</strong> Introdução <strong>Incontinência</strong> urinária (IU), bexiga hiperativa e outros sintomas do trato urinário inferior são altamente prevalentes e representam condições que impactam sobremaneira na qualidade de vida, tanto pela saúde do paciente quanto pelo impacto social, uma vez que a incontinência urinária gera diversos problemas psicossociais, como a perda da auto-estima, isolamento social, e o embaraço. Pelo fato de haver milhões de pessoas acometidas por esta desordem, o interesse no conhecimento de suas implicações sociais, nas alternativas propedêuticas e nas modernas técnicas terapêuticas tem crescido consideravelmente. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), estima-se que uma em cada 25 pessoas apresente sintomas de incontinência e 40% das mulheres em idade pós menopausa tenham algum tipo de incontinência urinária. Já no universo masculino, a SBU estima que 10 % dos homens idosos apresentem IU, sendo que na maioria dos casos a <strong>Incontinência</strong> está associada a cirurgias prévias na uretra ou próstata. O impacto econômico da IU é difícil de estimar. Além dos custos diretos relativos à investigação, tratamento e cuidados rotineiros, os gastos associado à morbidade (ex: fratura por queda ocasionada por urgência noturna) e com a perda da produtividade também devem ser considerados. Tipos de IU e avaliação clínica Basicamente, são quatro as causas de incontinência urinária: alterações vesicais, anormalidades uretrais, incontinência por transbordamento e incontinência extra-uretral. As alterações da bexiga incluem detrusor hiperativo e baixa complacência vesical. As anormalidades uretrais compreendem a insuficiência esfincteriana e a hipermobilidade uretral. A IU por transbordamento é a perda urinária quando a bexiga está com a capacidade acima do normal. Na IU extra-uretral a perda se dá por outra via que não a uretral, como nos casos de fístula urinária. O histórico pode usualmente revelar o tipo, a intensidade e o grau de incômodo da IU. Outras informações importantes são a ingestão líquida, queixas de infecção urinária pregressa, dificuldade miccional, tratamentos prévios, antecedentes obstétricos, cirurgias pél vicas ou abdominais, o uso de medicamentos, presença de prolapso pélvico e incontinência fecal concomitante. O exame físico pode auxiliar no sentido de excluir prolapsos ou massas pélvicas e identificar perda urinária durante o teste de esforço. Alterações atróficas podem ser detectadas, assim como sinais neurológicos focais representados por alterações sensitivas ou perda de reflexos. Avaliação urodinâmica O estudo urodinâmico avalia a capacidade de armazenamento e de esvaziamento vesical, além da atividade esfincteriana. A análise isolada do sintoma de incontinência urinária de esforço coincide em 79% dos casos com os achados urodinâmicos, mostrando que este exame é dispensável nos casos de sintomas típicos. Ao passo que sintomas de urgência miccional coincidem em 37% das vezes com hiperatividade do detrusor nos achados urodinâmicos, reforçando a indicação desta análise. Os seguintes testes podem ter importância na avaliação dos pacientes com IU: 1. Estudo fluxo-pressão. Consiste na medida da pressão vesical, da pressão abdominal e da fluxometria durante a micção. Fluxo urinário abaixo de 10 mL/seg é considerado anormal, podendo denotar obstrução infravesical. 2. Urina residual. Presença de urina residual considerável persistente (acima de 150 mL), após cirurgia corretiva de IU, pode representar obstrução uretral. 3. Perfil pressórico uretral: pode auxiliar no diagnóstico de IU esfincteriana quando a perda ocorre com pressões menores de 60 cmH2O. O diário miccional, representado pela anotação de toda ingestão hídrica, número e volume das micções, os episódios de perda urinária e uso de absorventes, por um período aproximado de três dias pode ser útil em casos mais complexos. O exame de urina é mandatório para se afastar infecção urinária concomitante, além de trazer outras informações importantes como presença de glicosúria. 4. Eletromiografia. A principal informação obtida é quanto à integridade da inervação do esfíncter externo e da musculatura do assoalho pélvico. Este exame deve fazer parte da avaliação de todo paciente com disfunção vesical de causa neurológica. 5. Cistometria. Através deste exame podem-se obter informações dos seguintes parâmetros: a) Atividade do detrusor: Pode ser detectada hiperatividade do detrusor, caracterizada por contrações involuntárias. Quando tais contrações estão relacionadas a lesão neurológica denomina-se hiperreflexia. Nos casos em que não se identifica a causa categoriza-se como instabilidade. b) Sensibilidade vesical: Quando ocorre o primeiro desejo de urinar. O valor tido como normal é entre 150 e 250 mL. c) Complacência vesical: Avalia se a bexiga armazena urina com baixa pressão. Valores acima de 10 mL/cmH2O são considerados normais. d) Capacidade vesical: Representa a quantidade de urina que a bexiga pode conter. No adulto, varia de 300 a 600 mL. Diagnóstico da <strong>Incontinência</strong> <strong>Urinária</strong>