Rendas de Bilros de Vila do Conde Um Património a Preservar Cap ...
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Motivos <strong>de</strong> <strong>Vila</strong> <strong>do</strong> Con<strong>de</strong><br />
Mesmo que outros elementos não houvesse, a riqueza <strong>do</strong> vocabulário<br />
liga<strong>do</strong> à gramática <strong>de</strong>corativa das <strong>Rendas</strong> <strong>de</strong> <strong>Bilros</strong> traduz,<br />
exemplarmente, toda a expressão <strong>do</strong> centro ren<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> <strong>Vila</strong> <strong>do</strong> Con<strong>de</strong>. A<br />
varieda<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> termos encontra<strong>do</strong>s só vem confirmar a<br />
profunda e enraizada especificida<strong>de</strong> que a manufactura das rendas <strong>de</strong><br />
bilros adquiriu em <strong>Vila</strong> <strong>do</strong> Con<strong>de</strong> ao longo <strong>de</strong> quatrocentos anos.<br />
Nas rendas, qualquer que seja a sua forma ou função, po<strong>de</strong>m-se sempre<br />
distinguir um campo ou fun<strong>do</strong> on<strong>de</strong> se inscrevem os motivos. O fun<strong>do</strong><br />
(palavra mais comum em <strong>Vila</strong> <strong>do</strong> Con<strong>de</strong>) significa assim uma parte da<br />
renda, on<strong>de</strong> ganham maior realce os motivos que ali se encontram. Estes<br />
motivos po<strong>de</strong> ser mais naturalistas ou mais geométricos. Em qualquer <strong>do</strong>s<br />
casos, rendilheira dá-lhes nomes, uns mais óbvios que outros, e chama<br />
fantasia a to<strong>do</strong>s aqueles que não conhece ou que não têm <strong>de</strong>nominação<br />
própria.<br />
Mas fantasia é também o nome que dá a qualquer renda, em que se<br />
juntam vários motivos, mesmo que comuns e reconheci<strong>do</strong>s, numa<br />
associação variável ou invulgar. Do mesmo mo<strong>do</strong> chama fantasia àquelas<br />
rendas mais antigas <strong>de</strong> <strong>Vila</strong> <strong>do</strong> Con<strong>de</strong>, que têm <strong>de</strong>senho próprio e fogem,<br />
por completo, à utilização <strong>do</strong>s motivos mais banais e comummente<br />
usa<strong>do</strong>s. Todavia, ou a fantasia não significasse um <strong>de</strong>safio <strong>do</strong> real, em <strong>Vila</strong><br />
<strong>do</strong> Con<strong>de</strong> renda da fantasia significa ainda, o nome <strong>de</strong> uma renda com um<br />
motivo específico !<br />
Participan<strong>do</strong> plenamente da realida<strong>de</strong> cultural nortenha, em <strong>Vila</strong> <strong>do</strong><br />
Con<strong>de</strong> os diminutivos são usa<strong>do</strong>s em quantida<strong>de</strong>s generosas, colorin<strong>do</strong><br />
afectivamente o mun<strong>do</strong> das rendas, juntan<strong>do</strong>-lhe, além <strong>do</strong> mais, uma<br />
significativa expressivida<strong>de</strong>. Os mesmos motivos, ou até mesmo o nome<br />
<strong>do</strong>s pontos, po<strong>de</strong> passar a ser chama<strong>do</strong>s pelo seu diminutivo, para o que<br />
basta apresentarem-se em tamanho reduzi<strong>do</strong>, numa linha mais fina, etc.<br />
Não foi possível apresentar, para cada motivo, o número <strong>de</strong> voltas<br />
necessárias à sua execução, pois se verifica alguma variação <strong>de</strong><br />
rendilheira para rendilheira e nenhuma aceitou esse <strong>de</strong>safio. O número<br />
<strong>de</strong> bilros apresenta<strong>do</strong> diz respeito à amostra reproduzida, muitas <strong>de</strong>las<br />
apresentan<strong>do</strong> vários motivos. De facto é a diversa associação <strong>do</strong><br />
vocabulário <strong>de</strong>corativo existente que dá à gramática <strong>de</strong> <strong>Vila</strong> <strong>do</strong> Con<strong>de</strong> a<br />
sua forte individualida<strong>de</strong> e consistência, <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> se pediu<br />
que se individualizassem alguns motivos, os quais, na maior parte das<br />
vezes, a rendilheira executa em associações pre<strong>de</strong>terminadas, não lhes<br />
foi fácil correspon<strong>de</strong>rem a essa solicitação, <strong>de</strong> tal forma lhes parece<br />
bizarro e contra-natura separar elementos que sempre conheceram<br />
conjuga<strong>do</strong>s com outros.<br />
Nas medidas das amostras apresenta-se sempre, em primeiro lugar, o<br />
comprimento e em segun<strong>do</strong> lugar a largura. O comprimento, foi medi<strong>do</strong><br />
ao longo da ourela - nos casos em que esta exista, ou na maior dimensão<br />
amostra. A largura foi sempre medida na sua maior expressão, na<br />
perpendicular da ourela ou da linha <strong>de</strong>finida pela maior dimensão <strong>do</strong><br />
comprimento.