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A arte de um mestre<br />

Weydson Barros Leal<br />

Diante de uma gravura de Samico, a primeira sensação é de encanto e estranhamento.<br />

Suas imagens, minuciosamente gravadas na madeira e impressas no<br />

papel, são registros de um mundo particular que ao mesmo tempo é íntimo e<br />

universal, e por isso também humano. Esse humanismo, refletido em símbolos<br />

e figuras, será mais claro ou menos distante para aqueles que o reconhecerem<br />

com o pensamento sensível, muito antes do mero arcabouço erudito. Sim, a sua<br />

erudição está lá, depositada em cada traço do desenho, escondida sob a tinta<br />

preta ou nas cores que se abrem como frases sublinhadas para clarear um sentido.<br />

A moldura que circunda essas cenas é uma janela para o mistério, e nesse<br />

mistério todas as paisagens são espelhos de sua invenção. Daí se conclui que o<br />

que há numa gravura de Samico é poesia – a poesia que só encontra expressão<br />

em seus personagens e construções, em seus enredos e cenários.<br />

Se estou diante de uma gravura como A caça, de 2003, reconheço que o índio<br />

da cena também sou eu. A sua intenção, com o arco em punho buscando o cervo<br />

já alvejado, é um ato de sobrevivência e se confunde com a inocência diante<br />

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