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A corrupção e a viorencia a nível de suboficiais no Paraguai<br />

Sabino montanaro,<br />

ministro do Interior, e<br />

Pastor Coronel, chefe<br />

de Policia, comandam o<br />

terror e a depravação<br />

"Nas Comissarias,<br />

cFmàva-nos a atenço<br />

o sistema empre;do pelo<br />

regime de Stroessner<br />

para o recrutamento do<br />

quadro de sub-oficiais.<br />

Víamos que, periodicamente,<br />

alguns presos por<br />

delitos comuns, em idades<br />

que oscilavam entre<br />

e 30 anos, eram tirados<br />

de suas celas e levados à<br />

barbearia. Depois de um<br />

bom banho, recebiam<br />

flamantes uniformes de<br />

cabo e sargento.<br />

Ao banho físico se<br />

seguia um intenso "banho<br />

mental", que no jargão<br />

strosniSta se conhece<br />

por "academia", onde se<br />

faz a célebre lavagem cerebral,<br />

que consiste de<br />

um sermâo diário em que<br />

se repete que "com<br />

Stroessner se fez a paz, a<br />

tranquilidade e o progresso",<br />

e que, em contrapartida,<br />

"os comunistas querem<br />

provocar o caos". O<br />

mundo é apresentado dividido<br />

entre o bem e o<br />

mal - o primeiro representado<br />

pelos Estados<br />

Unidos e o segundo, pela<br />

União Soviética. Nesse<br />

contexto, o Paraguai aparece<br />

ao lado do bem, tendo<br />

Stroessner como seu<br />

profeta.<br />

As mensagens de felicitações<br />

ao tirano por<br />

motivo de seu aniversário<br />

nao eram passados semente<br />

pelos meios massivos<br />

de comunicação,<br />

mas também eram lidos e<br />

comentados nas longas<br />

sessões das "academias".<br />

Eram motivo de especial<br />

orgulho os telegramas de<br />

felicitações recebidos do<br />

presidente norte-americano,<br />

de Pinochet, Vide-<br />

Ia, Duvalier e do presidente<br />

da África do Sul.<br />

O inspetor Ignácio<br />

Fernández repetia sem<br />

cansar que o progresso<br />

mesmo é um caldo de<br />

cultivo da delinquência,<br />

que a uma maior educaçao<br />

e cultura corresponde<br />

um maior foco de subverso<br />

e que por isso é necessário<br />

desconfiar dos<br />

intelectuais e, sobretudo,<br />

vigiá-los.<br />

Nós éramos o exemplo<br />

favorito de Fernández,<br />

que dizia: "Observem<br />

quem está nesta ceia.<br />

A maioria sao advogados,<br />

médicos, engenheiros,<br />

professores, intelectuais<br />

e, p r um absurdo,<br />

alguns sao cobrados que,<br />

graças ao general Stroessrler,<br />

foram ao exterior e<br />

voltaram subversivos -<br />

fato inexplicável e imperdoável".<br />

Recordo que na 1'<br />

Comssaria éramos 43<br />

presos políticos numa cela,<br />

dos quais três eram<br />

professores universitários,<br />

um médico recentemente<br />

graduado, quatro<br />

advogados,um economista,um<br />

dirigente operário,<br />

um ex-dipiomáta (1° secretário<br />

da Embaixada do<br />

Paraguai em Buenos Aires),<br />

seis estudantes que<br />

passaram pelas universidades<br />

argentinas de La<br />

Plata e Córdoba, e o resto<br />

agricultores das Ligas<br />

Agrárias. Destes últimos,<br />

Fernández dizia que "foram<br />

estupidamente enganados<br />

pelos podres<br />

comunistas espanhóis,<br />

especialmente jesuítas,<br />

como Miguel San Marti. o<br />

guerrilheiro, e o padre Oliva,<br />

cérebro do movimento<br />

revolucionário".<br />

KARA TÊ E<br />

ANTICOMUNISMO<br />

Os professores da<br />

"academia" sempre chegavam<br />

à concluso que<br />

nós éramos uns ingênuos<br />

sonhadores querendo<br />

endireitar o que estava<br />

torto e que por isso havíamos<br />

sido conquistados<br />

por Havana, Pequim e<br />

Moscou, responsáveis<br />

por nossa condio de<br />

anti-sociais, vidas-tortas,<br />

idiotas úteis...<br />

A"academia" anticomunista<br />

seguia-se a de<br />

Karatõ, sob a direço do<br />

famoso especialista na<br />

matéria, comissário Rafael<br />

Barrios Borja,4° Dan,<br />

conhecido torturador.<br />

Os sub-oficiais recém-recrutados<br />

que sabem<br />

ler e escrever so<br />

candidatos seguros a alunos<br />

da escola técnica de<br />

mandos médios "Carlos<br />

A. López", mediante prévia<br />

aprovaÇao nos cursos<br />

de anticomunismo e Karatê.<br />

Nessa escola vocacional<br />

aprendem eletricidade,<br />

metalurgia, carpintria<br />

e alvenaria. Na escola<br />

de policia "General<br />

Eduvigis Diaz" completam<br />

sua formaço em investigaçO<br />

policial, treinamento<br />

para a luta antisubversiva,<br />

etc.<br />

Os sub-oficiais "acána',<br />

isto é, os de coeficiente<br />

intelectual zero,<br />

so enviados à escola de<br />

educaçO física da polícia<br />

para receber "academia"<br />

de seu diretor Rafael Livio<br />

Ramirez. Quando "se formam"<br />

passam a ser guarda-costas<br />

dos chefes<br />

strOnistas ou torturadores<br />

no Escritório de Investigações<br />

a cargo de Pastor<br />

Coronel.<br />

Os c'e passam pelos<br />

testes do "critório da<br />

Antonio Campos Alum,<br />

Direço Técnica Anticomunista,<br />

têm a possibilidade<br />

de ingressar como<br />

alunos regulares na Escola<br />

de Polícia, vo com<br />

beca à Escola de Carabineiros<br />

de Pinochet, no<br />

Chile, ou diretamente às<br />

instituições especializadas<br />

da América do Norte,<br />

onde se formam os quadros<br />

repressivos.<br />

Os sub-oficiais que<br />

acusam um rendimento<br />

intelectual aceitável, com<br />

certificados expedidos<br />

pela Escola Técnica Vocacional,<br />

normalmente<br />

so destinados às comissanas<br />

e ali distribuídos às<br />

casas das autoridades para<br />

trabalhar na construço<br />

ou manutenço de<br />

suas mans,es palacianas.<br />

Recebem salário muito<br />

baixo, a exemplo dos<br />

agricultores e operários,<br />

mas com a grande vantagem<br />

de terem acesso aos<br />

ganhos extras (propinas)<br />

mensais. Isso significa o<br />

direito a uma raço em espécie,<br />

como por exemplo<br />

uma certa quantidade de<br />

garrafas de whisky, cigarros<br />

americanos, sacos de<br />

farinha, etc., confiscados<br />

dos contrabandistas nao<br />

autorizados.<br />

OPOSITORES E<br />

SUBVERSIVOS<br />

Esses produtos, por<br />

sua vez, so colocados no<br />

mercado negro pelas esposas<br />

e pelos filhos dos<br />

sub-oficiais. Desse modo,<br />

a atividade policial comercial<br />

torna-se um assunto<br />

familiar. Assim, os guardies<br />

da ordem pública de<br />

hierarquia inferior tem um<br />

salário em efetivo e outro<br />

em espécie, sem prejuízo<br />

do benefício da rubrica<br />

conhecida scb o título de<br />

"inicativas pessoais",<br />

com o estimulo de seus<br />

superiores. Nesse sentido,<br />

pode-se citar a famosa<br />

instituição do sequestro<br />

da carteira de motorista.<br />

Inventam infrações<br />

nas leis de trânsito, intervêm<br />

energicamente, exi-<br />

gem que o motorista entregue<br />

os documentos e,<br />

conforme a cara do motorista,<br />

estabelecem a multa,<br />

que vai parar em seus<br />

bolsos.<br />

A licença de caráter<br />

internacional para dirigir<br />

automóveis é um assunto<br />

reservado unicamente ao<br />

circulo muito reservado<br />

de chefes strosnistas, onde<br />

os sub-oficiais inter.<br />

vêm como simples gestores.<br />

O nome de um certo<br />

Gerard Kurt aparece como<br />

o cérebro da operaço<br />

"registro", que consiste<br />

na expOrtaçao da referida<br />

permissao paraguaia<br />

àqueles que foram<br />

privados legalmente do<br />

direito de dirigir na Alemanha<br />

Federal, logicamente<br />

mediante o pagamento<br />

de uma soma em<br />

dólares.<br />

O grupo "acé-né",<br />

convertido em agente da<br />

policia política comandada<br />

por Pastor Coronel,<br />

mais conhecido como<br />

"pyragué' (dedo-duro), é<br />

famoso pela grande habilidade<br />

de roubar carteiras<br />

e pastas nos transportes e<br />

lugares públicos. De acordo<br />

com ordens superiores,<br />

seus alvos devem ser<br />

os contras (adversários<br />

de Stroessner) e os turistas<br />

estrangeiros. Os papéis<br />

e documentos pessoais<br />

sequestrados so entregues<br />

a Pastor Coronel ,mas<br />

o dinheiro fica com os policiais.<br />

Tal método permite<br />

ao aparato repressivo<br />

manter os opositores<br />

afastados e identificar<br />

subversivos disfarçados<br />

de turistas.<br />

Outra atividade reservada<br />

aos sub-oficiais,<br />

sempre sob a rubrica de<br />

"iniciativas pessoais", é a<br />

contribuiço forçada que<br />

impõe aos pequenos<br />

comerciantes (bolicheiros<br />

em geral), jornaleiros, engraxates<br />

e prostíbulos.<br />

Normalmente, essas atividades<br />

acabam sendo<br />

exploadas pelos uniformizados<br />

de cabos e sargentos.<br />

Quando saci denunciados<br />

à opinío pública,<br />

os sub-oficiais sao castigados<br />

exemplarmente -<br />

no pelo abuso cometido,<br />

mas por deixar-se surpreender<br />

ou descobrir, o que<br />

na linguagem stronista se<br />

chama de "castigado<br />

oor ser frouxo".<br />

Parece que este original<br />

sistema de recrutamento<br />

de sub-oficiais foi<br />

inaugurado pelo cérebro<br />

do terror, Edgar lnsfrán,<br />

ex-ministro do Interior,<br />

assistido pelo general torturador<br />

Ramón Duarte<br />

Vera, na época seu. hefe<br />

de policia, hoje embaixador<br />

paraguaio na<br />

Bolívia. A instituiço "delinquência/autoridade"<br />

foi aperfeiçoada por Sabino<br />

Montanaro, atual ministro<br />

do Interior, assistido<br />

por seu chefe de investigações,<br />

Pastor Coronel,<br />

logicamente com a<br />

aprova ção do campeo<br />

do anticomunismo internacional,<br />

o general Alfredo<br />

Stroessner."<br />

(Assunção, 3 de<br />

novembro de 1985.<br />

Ass.: Roberto L. Aratiri)<br />

UM GRANDE PASSO<br />

A ligaçO do Brasil e da<br />

Argentina através da ponte internacional<br />

construída pelos<br />

dois países sobre o rio Iguaçu<br />

representa mais um grande<br />

passo rumo à uniO, coopera<br />

ç' o e integraç o dos povos -<br />

ideal superior que animou os<br />

libertadores da América e que<br />

deve sempre inspirar nossas<br />

ações.<br />

Comungando desse espírito<br />

e atuando na direçO do intercâmbio<br />

comercial, a HER-<br />

MES MACEDO S/A saúda a<br />

importante obra hoje entregue<br />

aos povos das Três Fronteiras<br />

e enaltece a capacidade de<br />

aliZaÇaO de brasileiros e argentinos.<br />

[HM<br />

HERMES MACEDIU<br />

00 NO *0 OAN0I NO

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