breve reflexão sobre a História dos Açores - Repositório da ...
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FÁTIMA SEQUEIRA DIAS<br />
Não se refere a falta de conduta empresarial (embora paradoxalmente<br />
pareça não escassear motivação empresarial nos <strong>Açores</strong>) 70 .<br />
Não se menciona a falta de integração <strong>da</strong> economia insular.<br />
Não se recor<strong>da</strong> a fragili<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> merca<strong>dos</strong> insular e continental<br />
pela debili<strong>da</strong>de do rendimento <strong>da</strong>s famílias…<br />
Não se lamenta a falta de instrução e de educação de um povo, traduzi<strong>da</strong>s<br />
na incapaci<strong>da</strong>de de uma rápi<strong>da</strong> reconversão <strong>da</strong> sua economia.<br />
Não se penaliza o precário regime de organização económica e<br />
administrativa do território.<br />
São estes, quanto a nós, os principais estrangulamentos de to<strong>dos</strong> os<br />
tempos, no arquipélago <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong> (e no território continental).<br />
O diagnóstico não é difícil. A dificul<strong>da</strong>de radica na explicação<br />
desse diagnóstico, pois, citando mais uma vez, Alain Peyrifitte "é<br />
humilhante admitir que os nossos atrasos ou falhanços remetem para<br />
o que temos de mais íntimo, a educação, a impregnação mental, aquilo<br />
que recebemos <strong>dos</strong> familiares e amigos, <strong>dos</strong> pais, <strong>da</strong> nossa comuni<strong>da</strong>de"<br />
71 .<br />
E pergunta-se, por que motivo tem sido assim? Por que razão não<br />
tem sido possível lutar contra essa permanência? Perscrutando de novo a<br />
<strong>História</strong> <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, encontram-se personali<strong>da</strong>des de eleição que sonharam<br />
uma reali<strong>da</strong>de diferente para os <strong>Açores</strong>. Por que motivo, então, as<br />
suas ideias não chegaram a ter impacto duradoiro, nas ilhas 72 ?<br />
O problema seria <strong>da</strong> ausência de uma ver<strong>da</strong>deira elite, como acusava<br />
António Sérgio para a reali<strong>da</strong>de portuguesa, ou <strong>da</strong>s circunstâncias políticas<br />
nacionais sempre adversas ao desenvolvimento insular?<br />
70 Luís Carlos Pereira Silvestre, Motivações empresariais nos <strong>Açores</strong>, 1996, 2 vols.<br />
(tese de Mestrado defendi<strong>da</strong> no ISCTE, <strong>da</strong>ctilografa<strong>da</strong>).<br />
71 Alain Peyrefitte, O milagre em economia, op.cit., p. 8.<br />
72 Cf: João Soares de Albergaria de Sousa, Corografia Açórica, (1822), Prefácio de<br />
José Guilherme Reis Leite, Ponta Delga<strong>da</strong>, Jornal de Cultura, 1995; Aristides <strong>da</strong> Mota,<br />
Autonomia Administrativa <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, (1993), Ponta Delga<strong>da</strong>, Jornal de Cultura, 1994;<br />
Mont' Alverne de Sequeira, Questões Açorianas, (1894), Ponta Delga<strong>da</strong>, Jornal de Cultura,<br />
1994; Francisco d' Athayde M. de Faria e Maia, Em Prol <strong>da</strong> descentralização, (1932),<br />
Ponta Delga<strong>da</strong>, Jornal de Cultura,1994; Grémio <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, Livro do I Congresso<br />
Açoriano que se reuniu em Lisboa de 8 a 15 de Maio de 1938, Ponta Delga<strong>da</strong>, Jornal de<br />
Cultura, 1995; Urbano Mendonça Dias, Peço a Palavra, (1944), Ponta Delga<strong>da</strong>, Jornal de<br />
Cultura, 1994; José Bruno Carreiro, A autonomia administrativa <strong>dos</strong> distritos <strong>da</strong>s ilhas<br />
adjacentes, (1952), Ponta Delga<strong>da</strong>, Jornal de Cultura, 1994, (....).<br />
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